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RESENHA DE LIVRO

Marketing Rebellion
De Mark Schaefer
INTRODUÇÃO autores com ideias originais, analisando as práticas de mercado,
propondo reflexões e apontando caminhos. Ele passou décadas
Mark Schaefer é uma das figuras mais interessantes do content como executivo de multinacionais e agora se dedica à vida de autor.
marketing mundial. Assistir a uma palestra dele é ter a sensação de
que o tradicional e o inovador podem perfeitamente caminhar lado Neste documento, o que você vai encontrar é uma resenha do
a lado. Ler um de seus sete livros é ter a certeza disso. Marketing Marketing Rebellion. Diferentemente de um resumo, uma resenha
Rebellion – The Most Human Company Wins significa algo como traz não apenas a condensação das ideias centrais do livro, mas
“Rebelião do Marketing – As Empresas Mais Humanas Vencem”, também a contribuição de quem a escreve. No caso, a minha
numa tradução livre. contribuição.

Trata-se de um livro que provoca uma reflexão urgente neste Boa leitura!
momento em que os hipsters do marketing chegaram para insinuar
que nada do que as empresas aprenderam durante décadas serve Cassio Politi
mais. É como se toda a experiência anterior tivesse sido inútil, como
se o DNA humano tivesse sido reprogramado a partir do momento
em que inventaram automação de marketing, geração de lead,
growth hacking e outras ferramentas da era digital.

Tem sido assim há mais ou menos dez anos. No Brasil, inclusive. Ou


no Brasil principalmente. Porque o nível de informação aqui é muito
inferior ao dos Estados Unidos. Digo isso com base em um indicador
de desempenho inquestionável: a quantidade de livros publicados
aqui e lá. Vou me ater à minha área: content marketing. Não
chegamos a dez na última década. Os americanos lançam mais de
dez por ano.

Não é por acaso que faltam Mark Schaefer por aqui. Refiro-me a
O FIM DO CONTROLE sabonete artesanal de uma marca regional pouco conhecida — e
mais caro que os demais.
A marca de sabonetes Ivory nasceu em 1878, sendo vendidos em
barras individuais. Naquele momento, o grande desafio da sua Ele ficou intrigado. Ora, Dove, Dial, Ivory e outras marcas fizeram
fabricante, a Procter & Gamble, era vencer o hábito dos americanos propaganda na TV focadas naquelas pessoas a vida toda. Na hora de
de comprar mercadorias de mãos conhecidas. Se fossem comprar comprar, eles escolheram outra marca.
sabonete, que fosse de um produtor local cuja família eles
conhecessem e na qual eles confiassem. Ninguém estava habituado a — Por que vocês adoram essa marca? — perguntou Mark.
comprar algo de desconhecidos.
— Não acho que adoro a marca. Mas acho que adoro as mãos que
Durante a década de 1880, o caminho encontrado pela P&G para fizeram esse sabonete. Conheço os donos e sei que eles têm um
vencer essa barreira cultural foi criar a massificação não apenas da compromisso de fazer um negócio saudável e sustentável —
produção, mas também da comunicação. respondeu a jovem esposa.

O sabonete Ivory foi um caso icônico do final do século retrasado Mark perguntou se eles já tinham visto alguma vez algum anúncio
nos Estados Unidos. Ele representa a explosão da mídia de massa, daquela marca local.
usada por milhares de outras marcas e produtos, e que gerou
— Não. Na verdade, não me lembro da última vez que vi algum
resultados fabulosos. O Ivory chegou a ter 50% de market share.
anúncio de qualquer coisa.
Outras empresas também entraram na disputa. Com a alta
competição, sua participação caiu para 20% na década de 1970 — o No fundo Marketing Rebellion faz coro a uma corrente do content
que ainda era significativo. Hoje, porém, não chega a pífios 3%. marketing à qual pertence não apenas Mark Schaefer mas também
Como explicar esse declínio? autores como Joe Pulizzi, Robert Rose, Ann Handley, Andrew Davis,
Jay Baer, Jay Acunzo e tantos outros. Eles têm notado a perda de
Bem, Mark Schaefer tem uma explicação menos acadêmica e mais
eficiência da publicidade tradicional.
pragmática. Ele estava visitando sua cidade natal, Knoxville, no
Tennessee. Acompanhado de um casal de amigos bem mais jovem, O fato é que, ao mesmo tempo em que se fala da perda de eficiência,
ele foi a um comércio local e notou que eles compraram um nota-se o crescimento do volume de publicidade sendo exposta no

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mundo. Há mais propaganda sendo exibida em redes sociais, Um rápido adendo: a rebelião do marketing pode ter ocorrido mais
YouTube, podcasts e em outras mídias. E os gastos com publicidade de cem anos atrás, mas o seu efeito é perene. As pessoas não
online são crescentes segundo o IAB (Interactive Advertising engolem mentiras, mas as marcas por vezes se esquecem disso.
Bureau).
Quem comprava um picolé da marca brasileira Diletto podia ler uma
Em uma edição do podcast PNR This Old Marketing, Robert Rose e emocionante história das origens da empresa estampada na
Joe Pulizzi fizeram, em 2017, uma análise esclarecedora desse embalagem de cada produto. O nonno Vittorio, avô do fundador da
número. O fato de haver mais gastos com publicidade não significa empresa, tinha vindo da Itália antes da Segunda Guerra Mundial. Na
que ela está mais eficiente. É o contrário. Significa que as empresas terra natal, havia aprendido a fabricar sorvete misturando frutas
precisam gastar mais para ter o mesmo nível de eficiência. frescas e neve da região do Vêneto.

É disso que Mark Schaefer fala quando cita o caso do Ivory. A história perdurou só até 2014. Em outubro daquele ano, uma
reportagem da revista Exame esclareceu que era tudo cascata. O
Marketing Rebellion explica que esse fenômeno não é nada novo. Em nonno Vittorio nunca existiu. A história foi toda inventada como
1900, a indústria da propaganda já movimentava o equivalente a uma jogada de publicidade. A repercussão negativa do caso gerou
US$ 2 bilhões anuais nos Estados Unidos nos valores de hoje. um arranhão na imagem da Diletto.
Já naquele tempo, havia fraudes também. O Clark Stanley era um Voltando à linha do tempo traçada em Marketing Rebellion, a
milagroso linimento de óleo de cobra que prometia curar todo tipo segunda rebelião inclui o fim dos segredos, e isso tem relação
de doença em campanhas massivamente comunicadas nos jornais com a tecnologia. Tudo começou com a Zenith, antiga fabricante de
americanos da época. Em 1905, porém, uma série de 11 artigos TV. Foi ela quem criou o primeiro controle remoto na década de
publicados pela revista Collier’s Weekly desmascarou o óleo. 1950. Na época, era um controle ainda com fio, dentro do que a
Chamou-o de fraude e provou que não curava nada. Era puro tecnologia disponível na época permitia. Foi o primeiro e ainda
charlatanismo. tímido ato para transferir (literalmente) o controle para as mãos do
consumidor.
A fraude gerou revolta popular. A partir disso, criaram-se regras e
leis para regular a propaganda. É isso que Mark Schaefer chama de a Muita coisa aconteceria nesse sentido depois, como você bem sabe:
primeira rebelião do marketing: o fim das mentiras.

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controle remoto sem fio, videocassete, DVD, internet e por aí vai. O no ar. Ali, o McDonald’s respondeu a mais de 30 mil perguntas de
caso mais emblemático do fim dos segredos foi o do McDonald’s. O todos os tipos — especialmente as mais cabeludas. É disso que trata
império da rede de fast foods alcançou seu auge em meados dos o fim dos segredos.
anos 1990, quando 20 mil restaurantes estavam espalhados por 101
países. Em tempo: esta parte do Marketing Rebellion tem conexão com um
outro livro, o Youtility, cuja resenha também está disponível para
O budget de US$ 101 bilhões anuais em propaganda era suficiente download no site da Tracto. Nele, Jay Baer, o autor, fala da
para calar qualquer voz contrária à empresa. Boatos, inclusive. importância de as empresas agirem com “transparência radical”
diante de seus públicos se quiserem sobreviver no mercado hoje.
Informações falsas sobre o uso de globos oculares e vermes de vaca São apenas nomes diferentes para o mesmo conceito.
em hambúrgueres se espalharam pela web. Vídeos caseiros com a
intenção de mostrar supostos maus tratos a animais viralizaram. Voltando ao Marketing Rebellion, a terceira rebelião diz respeito ao
Rumores surgiram sobre funcionários mal remunerados servindo fim do controle por parte das empresas.
comida que engordavam americanos. Para piorar, havia o boato
mais persistente de todos: os McNuggets de frango e os Por mais de um século, construímos nossas maiores marcas com
hambúrgueres eram feitos de slime rosa — pedaços de carne base no acúmulo de impressões de publicidade. Acontece que hoje é
transformados em pasta e tratados com uma solução de amônia. diferente. As marcas precisam ser construídas tendo como alicerce o
acúmulo de impressões humanas.
A empresa tentou reagir de todas as formas munida apenas do
conhecimento que detinha naquele momento. Aumentou salários de Uma pesquisa da McKinsey mostra que dois terços dos touch points
funcionários, fez campanhas internas e na mídia, criou slogans e que acontecem durante a fase de avaliação da compra envolvem
hashtags. Mas a coisa só piorava. Quanto mais o McDonald’s se atividades de marketing direcionadas ao ser humano, como análises
comunicava, mais a massa de revoltados nas redes sociais gritava e da Internet, conversas nas redes sociais e recomendações boca a
parecia abarcar mais gente na corrente de manifestantes. boca entre amigos, familiares e especialistas on-line. Na prática, isto
significa que dois terços do seu marketing… não são o seu
A solução para a crise veio com o lançamento de uma campanha que marketing.
tinha em seu centro o hot site Our Food. Your Questions, ainda hoje

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TODAS AS COISAS SÃO HUMANAS
Como consultor e professor, Mark Schaefer conversa todos os dias
com profissionais de marketing. Ele ouve que as coisas
simplesmente não andam funcionando mais como costumavam
funcionar.

É aí que está o problema: a maioria dos profissionais de marketing


não reconhece o impacto da terceira rebelião. Eles não se dão conta
de que a transformação está ocorrendo com os seus clientes.

Um estudo conduzido por Tom Farrell nos Estados Unidos, Reino


Unido e Austrália e apresentado na Martech Series ilustra como os
profissionais de marketing hoje falham na hora de se conectar com
seus clientes:

A McKinsey revisitou esse relatório e, depois de estudar mais de 125 ● As empresas acreditam que apenas 13% das mensagens
mil jornadas de decisão do consumidor em 350 marcas de 30 enviadas pelos seus times de marketing não foram
setores, concluiu que a fidelidade do cliente é mais evasiva do que solicitadas pelas pessoas. No entanto, os consumidores
sempre foi. Noventa por cento das categorias não mostraram sentem que 85% das mensagens que recebem das empresas
fidelidade alguma. são SPAM.

Estamos nos movendo em direção a um mundo livre de assinaturas, ● As empresas acreditam que 81% das suas mensagens de
mais humano, mais emocional, livre de anúncios, sem funil, livre de marketing são relevantes e úteis, mas 84% dos consumidores
fidelidade a grandes marcas. Mark Schaefer, então, nos alerta para o dizem que essas comunicações não são nada úteis.
fato de que os clientes estão no comando. Eles são o departamento
de marketing.

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● As empresas acreditam que 75% das suas comunicações viagem até lá. Meu carro tinha saído da revisão poucos dias antes,
corporativas são personalizadas, mas só 17% dos mas percebi um leve desalinhamento no volante. Levei-o de volta à
consumidores sentem o mesmo. concessionária. Fizeram os testes e realinharam, mas antes de
descer o carro da rampa, o funcionário me alertou: “seus pneus
As três rebeliões de marketing acabaram com mentiras, segredos e estão ficando velhos. É melhor trocar”. Será?
controles de marketing. Com mais poder, os consumidores são
menos fieis e mais bem informados. Por isso, eles confiam menos em O funcionário começou a dar uma explicação técnica, mas com um
empresas e marcas hoje do que confiaram em qualquer outro quê de vendas, ampliando meu problema: “vai que pega uma chuva,
momento da história. tem de ter cuidado com a segurança da família”. Sem muita
cerimônia, achei um vídeo no YouTube que explica didaticamente
Essa afirmação me fez pensar numa experiência recente. É uma como avaliar o desgaste dos pneus com base nas marcas TWI.
experiência pessoal, que vou pedir licença para contar apenas Concluí que todos os quatro estavam quase no limite. Na checagem,
porque cai como uma luva para o conceito desenvolvido por Mark notei, ainda, um pequeno corte na lateral de um dos pneus. Outro
Schaefer em seu livro. vídeo no YouTube era claro: com rasgos como aquele, o pneu deve
ser trocado porque pode estourar do nada.
Antes preciso dizer que, ao começar a ler o livro, tinha dúvida sobre
não existir fidelidade do cliente. Eu me considerava fiel à Honda e Pedi um orçamento ao vendedor da Honda. Enquanto ele levantava
sabia explicar o porquê: Ayrton Senna. Passei a adolescência vendo preços, encontrei no Google Maps uma loja concorrente, da rede
a câmera onboard da McLaren do Senna com aquela logomarca da Dellavia, especializada em pneus, a 800 metros dali. Telefonei e pedi
Honda no centro do volante. A Honda teve papel decisivo nos três um orçamento. Minutos depois, tinha em mãos os dois orçamentos.
títulos mundiais de Fórmula 1 do nosso herói. Eram praticamente iguais.
Depois de alguns anos de carreira, quando finalmente tive condições Havia duas diferenças nas propostas. A primeira: a Dellavia
financeiras para tal, comprei um Honda. E hoje ainda tenho um. Pois finalizaria o serviço em duas horas e a Honda, em quatro horas. A
bem, era antevéspera de Natal de 2019 e eu precisaria viajar para a segunda: os reviews da marca dos pneus vendidos pela Dellavia
cidade da família da minha esposa, no interior de Minas Gerais, a eram melhores na internet. Além disso, mandei um WhatsApp para
550 km de São Paulo, como fazemos todos os anos. Seria uma longa um amigo que entende de carros. Ele também me recomendou a

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marca de pneus oferecidos pela Dellavia. Pronto, a decisão estava longo do tempo.”
tomada.
Os consumidores se rebelam contra as nossas mentiras, segredos e
Minha fidelidade à Honda não estava mais invicta a partir daquele controle há cem anos quando não damos a eles o que eles sempre
momento. Foi a primeira vez que fiz um serviço fora da quiseram. Não é a empresa mais automatizada nem a melhor
concessionária — na qual, aliás, continuo confiando. Mas o fato é tecnologia que vai vencer. Também não é o funil de vendas mais
que Mark Schaefer está coberto de razão. Ao usar a tecnologia, o cuidadosamente planejado que vai ganhar. É a empresa mais
consumidor não apenas aprende coisas novas sobre o mercado. Ele humana.
assume o completo controle das suas decisões e passa, inclusive, a
usar a tecnologia para manipular as tendências, seja para melhor ou O marketing, em sua essência, é a interseção de todas as coisas
para pior. humanas.

Observe os casos da Ivory e da Honda. Há um forte componente


humano que nos faz pensar que, mais do que entender sobre a
evolução tecnológica, as empresas precisam entender sobre seres
humanos. Ou, ampliando essa análise, mais do que que observar o
que vai mudar, as empresas precisam observar o que não vai mudar.

Numa entrevista à Inc. Magazine em janeiro de 2018, o fundador da


Amazon, Jeff Bezos, disse algo que precisa ser lido e memorizado
porque vale para a vida.

“Sempre me perguntam o que vai mudar nos próximos dez anos. Ok, é
uma pergunta interessante. Mas quase nunca recebo esta pergunta: ‘O
que NÃO vai mudar nos próximos dez anos?’. Eu digo que esta segunda
pergunta é a mais importante entre as duas porque você pode criar
uma estratégia de negócios em torno das coisas que são estáveis ao Isso quem está dizendo em Marketing Rebellion não é Mark

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Schaefer, o que já seria uma fonte de suficiente credibilidade. Mas
ele está bem amparado em lições de Philip Kotler e Jim Ferry, que se
baseiam em duas boas lições humanas de estratégia de marketing:

● Os profissionais de marketing precisam aproveitar a


tecnologia para atender os clientes, e não abusar deles.

● Nossos princípios orientadores devem ser baseados em


constantes necessidades humanas, não em forças
tecnológicas oportunistas.

Na prática, como aplicar essas ideias hoje? Bem, é preciso


considerar que as pessoas querem:

● Se sentir amadas;

● Pertencer a alguma coisa;

● Proteger seus próprios interesses; Philip Kotler é o maior autor de marketing de todos os tempos. Em
participação no podcast do Marketing Book, aos 87 anos, ele
● Encontrar significado;
concordou com os outros experts com a ideia de que, ao
● Ser respeitadas. supervalorizar a tecnologia, muitos profissionais perdem o foco no
ser humano.
O marketing realmente trata de todas as coisas humanas. É uma
questão, então, de fazer a conexão entre os três campos de estudos “O que os consumidores estão perdendo em nosso mundo de alta
das ciências humanas e a essência do marketing, que é satisfazer às tecnologia é o alto toque. Eles estão perdendo a satisfação de
necessidades das pessoas. Aonde se chega? A isto: relacionamentos reais e sabendo que outras pessoas se importam. Se
eu encarar um balconista indiferente à minha presença ou comer em

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um restaurante onde tudo é entregue mecanicamente — onde até os O FIM DA FIDELIDADE DO CLIENTE
sorrisos são mecânicos —, eu não vou me sentir muito próximo dessa
empresa. Os consumidores estão sentindo falta de emoção. Os clientes precisam de apego emocional à marca. Diferentemente
do comportamento no passado, isto conta mais do que qualquer
Antigamente, uma marca costumava se posicionar como uma solução atributo do produto. Para reforçar esta ideia, Mark Schaefer conta
perfeita para uma necessidade bem compreendida. Mas, ao afirmar uma passagem pitoresca relacionada a hospedagem em hotéis. Para
isto, acabamos desapontando as pessoas porque vendemos uma ele, todas as redes são iguais. Hyatt, Marriott, Hilton: todos esses
fantasia. Nossa mensagem vira algo como: ‘este carro fará você ser hotéis são iguais em preço, aparência e demais atributos. O que
tão atraente para o sexo oposto que você precisa comprá-lo’. O conta na hora da escolha é a localização e o preço.
marketing tem feito promessas excessivas.
Mas existe um — apenas um — hotel diferente nesse mar de
Acreditávamos que, se vendêssemos, não deveríamos nos preocupar monotonia. É o Hyatt da cidade de New Brunswick, onde se hospeda
com o que as pessoas pensariam depois — e isso é um erro. Em um sempre que dá aulas na Universidade de Rutgers. Porque é lá que
mundo hiperconectado, você não pode ignorar que o consumidor é seu uma simpática senhora chamada Terry Olivera o recepciona com um
advogado mais importante. Há uma fome por verdadeira intimidade e largo sorriso e cabelos grisalhos sempre que ele chega à recepção:
experiência. "Olá, Sr. Schaefer!".
As marcas precisam ser mais humanas e autênticas. Elas deveriam Certa vez, já perto do Natal, Mark Schaefer fazia sua última viagem
parar de tentar ser perfeitas. Marcas centradas no ser humano devem do ano para aquela cidade. A viagem atrasou por causa de uma
tratar os clientes como amigos, tornando-se parte integrante de seu nevasca. Seu assento no avião estava ao lado de uma criança doente
estilo de vida. Marcas devem ser mais parecidas com seres humanos: que não parava de gritar. Os trens para New Brunswick acabaram
acessíveis, agradáveis, vulneráveis.” saindo atrasados do aeroporto por causa do mau tempo. Para
piorar, da caminhada da estação de metrô até o hotel, seus sapatos
se encheram de lama e neve. Quando o cumprimentou, Terry
percebeu que Mark Schaefer estava exausto e morrendo de fome.

Pouco tempo depois, ele saiu e foi cumprir seus compromissos

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profissionais. Ao retornar mais tarde ao hotel, foi deliciosamente da Tracto, do outro. Todas as manhãs, ia a uma padaria chamada
surpreendido por um prato de frutas e queijo esperando por ele em Redenção, que sempre prezou pela qualidade do atendimento.
seu quarto. Havia, ainda, uma jarra de vinho e uma nota manuscrita Provavelmente por habilidade e boa gestão dos donos, os
de Terry com seus desejos para um dia seguinte mais alegre. O funcionários costumam trabalhar lá por muitos anos e são ótimos no
sentimento de gratidão obviamente preencheu-lhe o peito. atendimento ao público. Conhecem os clientes habituais pelo nome.
Mais do que isso, sabem o prato e a bebida preferida de cada um
Como se não bastasse, na manhã seguinte, Terry saiu de trás do deles — a minha, inclusive.
balcão da recepção e lhe deu um abraço de despedida. Talvez nem
todos considerassem isso politicamente correto — ponderou Mark Essa sempre foi a única padaria da região. Mas alguns anos atrás,
Schaefer no livro —, mas ele realmente precisava daquele abraço. uma rede conhecida de São Paulo — a Dona Deôla — abriu uma
unidade na mesma avenida, a duas quadras da Redenção.
Todo aquele calor humano o levou a publicar em seu post um blog Inicialmente, muitos vizinhos recearam que a concorrência pudesse
intitulado "Como fui abraçado por uma marca. Literalmente". decretar o fim da simpática padaria de bairro. Afinal, a nova
concorrente é sofisticada, grande, tem estacionamento, garçons,
O post viralizou e o Hyatt o destacou em seu site corporativo. No dia pizza com forno a lenha, buffet e outras vantagens competitivas. É
seguinte, Terry recebeu uma ligação quando estava em casa. Alguém quase uma padaria gourmet.
avisou que ela deveria ir imediatamente ao hotel. Chegando lá, o
presidente da rede estava no Hyatt pessoalmente para Sabe o que aconteceu com o movimento da Redenção depois da
cumprimentá-la. Meses depois, ela foi condecorada e recebeu o estreia da sua grande concorrente? Nada. Manteve-se
título de Funcionária do Ano. rigorosamente igual — e é fácil entender o porquê.
O fato é que ninguém ama de verdade um logotipo ou um jingle. Nós, Não há nada de errado com a nova e moderna padaria. Ela foi muito
seres humanos, nos envolvemos emocionalmente com pessoas. bem-vinda ao bairro. Mas a Dona Deôla não tem os três chapeiros da
Essas são as verdadeiras relações humanas. Isso acontece manhã (Jura, Catolé e Anderson), que sabem que gosto de suco de
corriqueiramente nas nossas vidas. Basta olharmos ao nosso redor. laranja com mamão, pão na chapa com manteiga e, aos sábados, pão
de queijo com requeijão. Não preciso nem sequer fazer o pedido.
Morei por mais de 15 anos no mesmo endereço na Zona Sul de São Quando estou sozinho, me distraio batendo papo com eles.
Paulo. Meu apartamento ficava de um lado da avenida e o escritório

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Geralmente, aquele bate-papo bem-humorado sobre generalidades, COLABORADOR COMO PROMOTOR (CUIDADO!)
que eles acabam levando com todos que eles conhecem ali no balcão
e — por que não? — com um ou outro desconhecido também. Se os clientes são menos fieis por falta de conexão emocional, será
que não seria possível estabelecer esse vínculo incentivando os
A Dona Deôla também não tem o Gringo, o repositor que brinca com funcionários a promover o relacionamento com clientes?
cada cliente — no caso da minha esposa, é porque ela demora
escolhendo a lata mais gelada. Não tem o William, o gerente que Bem, cabe aqui um alerta. É importante deixar claro que o
chama você pelo nome e pendura a conta sempre que você precisa. treinamento de eficácia das mídias sociais é diferente de programas
Não tem o chapeiro da noite, o Zeca, que sabe a preferência do de employee advocacy — em que funcionários são estimulados e
sanduíche de cada cliente — e capricha no tamanho da porção para treinados para agir como defensores da empresa nas redes sociais a
os mais chegados. partir de suas contas pessoais. Veja: a maioria dos esforços de
employee advocacy é projetada para fornecer aos funcionários o
Eu me mudei para outro bairro em 2018 e, sempre que estou pela conteúdo da empresa, de modo que eles o distribuam em suas redes
região, passo na Redenção para almoçar ou tomar um lanche. A sociais. Alguns dos programas são "gamificados" com tabelas de
única coisa da qual sinto falta em meu novo bairro é essa padaria. classificação e prêmios para quem compartilhar mais.
Não pelo pão, não pelo lanche, mas pela mesmíssima razão que fez
Mark Schaefer colocar o Hyatt de New Brunswick num lugar Não há pesquisas confiáveis e independentes que comprovem o
especial em sua lista de empresas preferidas. sucesso desses programas. Porém, Mark Schaefer ouviu de um
funcionário de uma empresa listada no ranking da Fortune 100
Tudo isso tem fundamento científico. Pesquisadores da americana uma opinião que possivelmente representa a sua
Universidade de Princeton, nos Estados Unidos, concluíram que nós, própria: “fazer um programa de employee advocacy é mais perigoso
seres humanos, fazemos nossos julgamentos com base em dois para uma marca do que não fazer absolutamente nada”.
fatores principais: calor humano e competência. O Hyatt e a
Redenção têm isso de sobra. Os pesquisadores concluíram, ainda, Em vez disso, empresas podem permitir ou encorajar seus
que estabelecemos relações com as marcas da mesma maneira. colaboradores a criar conteúdo em blogs pessoais ou da própria
Esperamos interagir com as empresas da mesma forma como empresa sobre os temas nos quais elas são experts. Eventualmente,
interagimos com seres humanos reais. elas podem até lançar livros. É um ganho para ambos. O colaborador

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trabalha a sua imagem e a empresa conta com colaboradores mais CICLO DE CONSTANTE CONSIDERAÇÃO
valiosos aos olhos do cliente e do mercado como um todo.
As empresas precisam se acostumar à ideia de que elas não são
proprietárias de seus públicos como elas podem imaginar. Na
realidade, uma pesquisa da McKinsey mostra que somente 13% dos
clientes são hoje fieis a uma marca.

Quem determina a jornada do consumidor é o próprio consumidor.


O novo trabalho do marketing é ajudar o cliente a levar as histórias

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da marca adiante nessa tempestade de conversas que virou o 3. Concentre-se no marketing gerado pelo consumidor,
ambiente digital. incluindo recomendações, conversas, publicações nas mídias
sociais, referências e reviews que ocorrem após a compra.
Por meio de uma parceria com a Verto Analytics, o Google analisou o
comportamento de 2.989 clientes num período de seis meses após
eles fazerem opt-in. Para isso, usou um painel de dados chamado
Verto Smart Cross-Device Audience Measurement Panel. Conclusão:
não houve duas jornadas de compra iguais nessa mostra.

Isto significa que o funil de vendas, tão adorado pelos


profissionais de marketing digital, simplesmente não existe.

Até mesmo dentro da mesma categoria de negócios, as jornadas dos


clientes assumem formas diferentes. As pessoas não limpam mais
um caminho de forma linear no ciclo que vai do awareness à
consideração de compra.

Nesse cenário, uma forma interessante de encarar esse novo ciclo de


constante consideração é observar o mercado como sendo um
grande ambiente de conversas. Afinal, pessoas confiam em pessoas.
Existem, assim, três boas práticas para se adaptar a um mundo com
fidelidade reduzida:

1. Cuide com carinho dos 13% de seus clientes que são


realmente fieis;
2. Priorize os esforços de marketing que manterão você entre
as principais marcas na mente do consumidor;

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CONTEÚDO CORPORATIVO NÃO CONTA HISTÓRIA publicitário de uma marca, mas pela sinceridade da conexão que ela
é capaz de gerar com as pessoas. Publicidade é impessoal, uniforme
Faça um teste simples. Corra os olhos pelo seu feed do Instagram e intrusiva. Quando feito de forma local ou regional, o
sem se concentrar em quem postou a foto e tente adivinhar quais relacionamento ganha um quê de afetuosidade, reciprocidade e
postagens são de conteúdo patrocinado e quais são de autoria de confiança. Os localistas não acreditam em histórias corporativas
seus amigos. Você certamente vai conseguir distinguir umas das porque não acreditam em nada que não aconteça em sua
outras. Sabe por quê? Porque as fotos postadas por marcas ainda se comunidade. Eles precisam testemunhar ações que apoiem seus
parecem com anúncios enquanto as fotos dos seus amigos são de interesses próprios. Não querem apenas ouvir palavras plásticas de
conteúdo puro. alguma agência de publicidade distante.

Esse é o problema das empresas. Elas não conseguem ser reais, A pesquisa “Por que confiança e transparência são componentes
mesmo quando tentam parecer reais. Ou principalmente quando cruciais do sucesso da marca”, da eConsultancy, publicada em abril
tentam parecer reais. de 2018, mostra que 58% dos adultos não confiam em uma marca
até que vejam a "prova do mundo real" de que ela cumpriu suas
Aqui, no Brasil, nada é mais patético do que os bancos que se dizem promessas.
sustentáveis plantando árvores. Nós sabemos o que bancos fazem:
prestam serviços e oferecem soluções financeiras — e não há nada Isto engloba um conceito que Mark Schaefer gosta de chamar de
de errado nisso. “marketing artesanal”. Baseia-se na ideia de que, se você representa
uma marca na qual as pessoas acreditam tangivelmente, elas estão
Pode ser que, no passado, na era offline, as campanhas publicitárias dispostas a lutar por você e até a pagar mais pelo seu produto.
fossem capazes de nos emocionar porque éramos — por falta de “Artesanal” é uma daquelas palavras que já foram usadas na web,
opção — quase obrigados a assistir aos intervalos comerciais. Hoje como “marca pessoal” e “best-seller".
dificilmente alguém vai cair nessa conversa. Os consumidores estão
imunes às campanhas publicitárias e às mentiras que as marcas O marketing artesanal tem estas características:
contam.
• É tão convincentemente autêntico, crível e natural que as
O sucesso não é mais medido pelo tamanho do orçamento pessoas vão querer levar a história da sua marca adiante;

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• Fornece uma experiência única, notável e significativa em A BUSCA DE UM SIGNIFICADO
nível pessoal;
• Distribui um benefício óbvio, que se conecta ao interesse De acordo com uma pesquisa publicada na Harvard Business
próprio de uma pessoa. Ajuda de maneira tangível uma Review em maio de 2012, existem três mitos comuns sobre
pessoa ou sua comunidade a ganhar dinheiro, economizar fidelidade do cliente.
dinheiro, proteger o meio ambiente, tornar-se mais saudável,
tornar-se mais feliz, se divertir, melhorar a autoestima e 1. Mito: os clientes querem ter relacionamentos com as marcas.
assim por diante. Verdade: 77% não querem relacionamento coisa nenhuma.
Eles querem descontos.
É o caso do sabonete Ivory, contado no início do livro. 2. Mito: o envolvimento do cliente cria relacionamentos.
Verdade: não, não cria. Seus clientes já sofrem com o excesso
De certa forma, o marketing artesanal se contrapõe ao conceito de de informações.
storytelling, que dizem ter morrido. Para ser mais preciso, uma das 3. Mito: quanto mais interações com a marca, melhor.
pessoas que disseram que a contação de histeorias morreu foi o Verdade: não há correlação entre o número de interações
CMO do Mastercard, Raja Rajamannar. “O storytelling está morto com um cliente e fidelidade dele com a marca.
pelo menos no contexto comercial. Os clientes encaram a
publicidade como um aborrecimento, uma interrupção de sua A mesma pesquisa mostrou que apenas uma consideração é de
experiência. A publicidade os irrita. Portanto, a solução inicial era o longe o principal fator de fidelidade do cliente: “significado
DVR (digital vídeo recorder), que permitia às pessoas pular os compartilhado”. Mas o que é exatamente isso?
anúncios. Agora existem bloqueadores de anúncios. Se você
observar bem, a escala do bloqueio de anúncios é enorme”, disse É uma crença em comum que o consumidor e a marca têm sobre os
Rajamannar. valores da própria marca — ou sobre uma filosofia mais ampla. É
possível observar esse fenômeno, por exemplo, na P&G, que lançou
a campanha “We See Equal”. Foi uma campanha projetada para
combater o viés de gênero e desigualdade no local de trabalho.

Uma pesquisa realizada pela Edelman em outubro de 2018, com 8

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mil entrevistados, mostrou que 67% dos consumidores 2. Crie um alinhamento sólido. Hoje, o marketing não é apenas
experimentam uma marca pela primeira vez apenas porque sobre o seu porquê, mas também sobre o porquê do cliente.
concordam com sua posição em um tópico polêmico. E 65% 3. Assuma um risco calculado. Se você decidir se posicionar,
disseram que não comprarão de uma marca quando ela se calar não mude de ideia sob o risco de se tornar um meme — ou
sobre um assunto que consideram importante. pior.
4. Seja congruente. O posicionamento político tende a ser um
Apesar de os exemplos e os dados indicarem que as pessoas tiro que sai pela culatra se parecer que a posição é uma
esperam que as marcas se posicionem, um outro estudo também de tentativa de a empresa apenas chamar a atenção. Em todos
2018 — este da Universidade de Duke junto com a Deloitte — os casos em que a estratégia de suporte à marca foi bem-
mostra que 83% dos gestores de marketing americanos não sucedida, a empresa demonstrou seus valores de várias
consideram apropriado uma marca assumir uma posição maneiras, continuamente, ao longo do tempo.
controversa. Ou seja, eles não estão dançando conforme a música. 5. Enfatize a ação sobre as palavras. As empresas precisam
estar ativas e visíveis em suas comunidades de clientes,
Em seus livros, Joe Pulizzi — principal autor de content marketing lutando por suas causas preferidas.
em âmbito mundial — também não se cansa de dizer que empresas 6. Tome cuidado com tratamentos criativos. A apresentação
precisam ter um ponto de vista. E os gestores de marketing também desses valores de marca / consumidor deve ser confiante,
vão na contramão do que ele prega. mas sensível.
7. Esteja pronto para quando o clima esquentar. A empresa
Isto significa que toda empresa precisa se posicionar diante de
deve estar completamente alinhada em todos os níveis
polêmicas? É claro que não. Cabe a todo gestor tomar uma decisão
operacionais e preparada para repercussões quando,
lógica que seja melhor para a empresa. Para agir com sensatez,
previsivelmente, certos grupos de consumidores se
tenha em mente as seguintes recomendações: rebelarem contra ela.
1. Seja claro em seus valores. Descubra o seu propósito. Por que 8. Considere a vantagem de fazer o primeiro movimento. Se
você faz o que faz? Valide a tensão social. Como ela se conecta seus clientes esperam que você tome uma posição para
aos seus clientes? Use a sua voz única. alinhar com os valores dele — e você não está, na verdade, se
posicionando, também aí você pode se tornar vulnerável.

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9. Tenha um plano de gerenciamento de crise. Em nosso mundo MARKETING CONSENSUAL
de rápida mudança e complexo, é necessário estar preparado
para todas as eventualidades. Pode soar estranho e até agressivo, mas é a pura verdade: a
tecnologia se tornou inimiga do marketing.

Bem... o problema com a tecnologia é que ela é excelente. É tão


eficiente e fácil que tendemos a atribuir todos os problemas de
marketing a uma solução tecnológica — mesmo quando não
deveríamos. E isso é apenas o começo do problema.

Há quatro maneiras de nos enganarmos usando a tecnologia de


modo a desrespeitar os nossos clientes.

1. O ciclo do aborrecimento: muitas empresas demandam que


você informe seu nome, email, cargo e telefone para permitir
que você baixe um PDF ou se inscreva num evento. Mark
Schaefer conta que, dia desses, fez isso. Nas 24 horas
seguintes, recebeu um telefonema não solicitado de um
representante de vendas, um email do mesmo vendedor
(depois de já ter dito que não estava interessado), um convite
para um webinar e uma newsletter. Conto regularmente em
aulas e podcasts da Tracto uma situação parecida. Baixei o
ebook de uma empresa de software de finanças de Santa
Catarina. Antes mesmo de o ebook chegar ao meu email, um
representante de vendas já havia me telefonado.
2. Só porque você pode, não significa que deve. Um exemplo
são anúncios pop-up. É possível e fácil instalá-los em seu

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site? Sim. Você deve fazer isso? Não. Mas se você perguntar a garantir que a confiança não será quebrada. A confiança precisa
um profissional de marketing por que ele faz isso, ele diz conduzir a relação entre marca e consumidores.
“porque eles funcionam”. Mas as pessoas os odeiam. “Mas
eles funcionam”. E por aí vai o diálogo interminável, ilógico,
improdutivo e irracional.
3. A tecnologia não se resume a um botão fácil. Sabemos que
a conexão humana é insubstituível e, ainda assim, estamos
em uma marcha inexorável em direção ao mítico “botão fácil”
de marketing, que tenta eliminar os humanos dos processos
de nossos clientes. A tecnologia nos tornou preguiçosos e
letárgicos.
4. O convidado que não foi convidado. Quando as pessoas
reclamam de que "o marketing estraga tudo", na maioria das
vezes elas estão realmente condenando os anúncios
programáticos que as interrompem. Estão se referindo ao
dilúvio de emails com SPAM, à mala direta que atravessa a
caixa de correio e às mensagens telefônicas intermináveis e
irritantes dos call centers robotizados.

O marketing para os nativos digitais deve ser consensual.


Concordamos em fornecer algo (dados, feedback, dinheiro) em troca
de um bem ou serviço proporcional. Mas, por meio do uso
generalizado da automação de marketing, o equilíbrio de poder
passou dos clientes para os anunciantes que coletam os dados. A
troca de valor geralmente não existe. E isso estraga tudo.

Alguém no topo da sua empresa precisa colocar os pés no chão e

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MARKETING CENTRADO NO HUMANO rebelião.

Pesquisas de 2015 da McKinsey mostram que a tecnologia é bem 1. Pare de fazer o que os clientes odeiam. Vá lá e descubra o que
utilizada quando ela serve não para interromper o consumidor, mas os clientes amam. Faça (ao menos) isso.
para tornar o seu caminho até o produto mais fácil ou mais rápido. 2. Tecnologia deveria ser invisível para os clientes e ser usada
Nesse aspecto, ter sucesso significa criar um processo mais apenas para ajudar a sua empresa a ser mais compassiva,
transparente, fazendo com que o consumidor confie na empresa. receptiva, fascinante e útil.
3. Você não pode ser o dono dos seus clientes, nem da jornada
A tecnologia pode facilitar a jornada do cliente. Mas como podemos deles nem de um funil de vendas. Busque o seu espaço no
usar a tecnologia para realmente construir confiança? Não há mercado e ajude as pessoas a pertencerem a ele.
pessoa melhor para responder à pergunta do que Christopher S. 4. Nunca intercepte, nunca interrompa. Mereça receber um
Penn, cofundador e CEO da Trust Insights. “O uso de Inteligência convite.
Artificial faz três coisas muito bem: aceleração, precisão e 5. Seja relevante, consistente e superior. Construa confiança em
automação. E, assim, muitos dos nossos processos de marketing, tudo o que você faz.
como análise, análise preditiva e previsão ficarão muito mais fáceis 6. Seja fã dos seus fãs. Faça com que eles sejam os heróis da sua
e levarão menos tempo”. Nada além disso. história.
7. Transcenda a desconfiança inerente do público sobre a sua
Acontece que os humanos ainda são melhores em descobrir as empresa por meio da honestidade implacável.
quantidades desconhecidas, os insights que podem realmente 8. Não esteja "dentro" da comunidade do cliente. Seja "da"
expandir nossos negócios. As máquinas não serão capazes de comunidade do cliente.
canalizar empatia, ética, julgamento ou agregar experiência de vida 9. Marketing nunca é voltado para o seu porquê. É voltado para
tão cedo. o porquê dos seus clientes.
10. A empresa mais humana vence.
Daí vem a importância de um marketing centrado em humanos — e
não em tecnologia. Mark Schaefer criou, assim, o Manifesto para o
Marketing Centrado no Humano. São dez leis que, se você seguir,
estará praticando o marketing em conformidade com a terceira

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SEUS CLIENTES SÃO SEUS PROMOTORES aeroporto foi eleito o melhor dos Estados Unidos pelo The Wall
Street Journal.
Como muitos SAAS, o Spotify oferece um plano freemium. Vamos
então comparar a taxa de conversão de usuários gratuitos em pagos Isto significa mais gente publicando posts, fotos e vídeos em suas
do Spotify com outros softwares freemium (Dropbox e Evernote) redes sociais, criando uma atmosfera positiva em torno do
bastante populares: aeroporto. O mesmo vale para o primeiro exemplo, do Spotify.
Perceba como a experiência com o cliente oferece oportunidades
• Spotify: 27%; para contar uma história com conteúdo gerado não pela própria
• Evernote 4%; marca, mas pelos usuários.
• Dropbox 4%.
Foi isso que, em 2011, quando mergulhou em content marketing, a
O Spotify usa o aprendizado de máquina para prever a música que Coca-Cola chamou de conteúdo líquido. É a isso que Mark Schaefer
você quer ouvir, quando quiser. Este é um bom exemplo de uso se refere quando diz que clientes podem ser os geradores de
inteligente da tecnologia para criar uma conexão emocional com um conteúdo. Existem diversas formas de fazer isso, como veremos a
produto que dura. seguir.

Outro exemplo é o aeroporto internacional de Denver, que investiu Conteúdo gerado pelo usuário
milhões de dólares em um sistema wi-fi de alta velocidade e
adicionou 10 mil tomadas sob os assentos da sala de espera. Além Conteúdo gerado pelo usuário significa simplesmente pessoas
disso, incentivou lojas e restaurantes a disponibilizar quartos para postando de forma autêntica e honesta sobre seu amor pelo seu
mães que amamentam. produto. Uma foto no Instagram, uma postagem no blog e um evento
do Facebook Live em seu hotel ou conferência podem representar
De quebra, o aeroporto construiu uma praça pública que possui uma uma defesa autêntica. É o caso do aeroporto de Denver.
pista de patinação no gelo e um campo de minigolfe — ambos
gratuitos. "Um passageiro feliz gasta mais dinheiro", justifica Kim De acordo com a Netsphere Strategies, 63% dos consumidores
Day, CEO do aeroporto. Resultado: o gasto médio por passageiro americanos e 66% dos britânicos confiam mais nas fotos dos
cresceu de US$ 10,82 em 2013 para US$ 12,37 em 2017. Em 2018, o produtos dos clientes do que naquelas publicadas pelas marcas.
Sempre que você escolhe hotéis para a sua viagem e visita o

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TripAdvisor, existem as opções de ver fotos publicadas pelos Momentos de pico
próprios hotéis ou pelos viajantes. As dos viajantes normalmente
são as mais confiáveis aos olhos do público. Experiências memoráveis de pico são aquelas que a marca
proporciona deliberadamente a seus clientes e que eles podem
Marketing boca a boca compartilhar com outras pessoas. Um diagnóstico simples para
avaliar se você transcendeu o comum é se as pessoas sentem a
O marketing boca a boca é a maneira mais antiga de promover um necessidade de retirar seus celulares do bolso e fotografar ou filmar
produto e ainda pode ser o mais eficaz. A Engagement Lab descobriu aquele momento.
que cerca de 10% das pessoas são “supercompartilhadoras” de
conteúdo. Elas organizam suas vidas para falar aos outros sobre Pode ser um evento, uma apresentação, uma palestra ou qualquer
coisas novas e interessantes que descobriram. coisa que mova as pessoas a registrar, guardar ou compartilhar
aquele momento especial.
Como tirar proveito disso? Por meio de insights e pesquisas, crie
histórias sobre sua empresa que sejam autênticas, interessantes, Propriedade psicológica
relevantes e repetíveis. Conecte essas histórias ao público-alvo ideal,
que as compartilhará organicamente à medida que surgirem É uma situação em que a empresa envolve os consumidores no
oportunidades. Desenvolva internamente a capacidade de desenvolvimento de um conceito, produto ou serviço, de modo que
compartilhar continuamente essa história em ambientes on e ele se sinta parte da ideia ou a mesmo uma espécie de proprietário
offline. dela. Dali a ele se tornar advogado da marca é um pulo. Os
consumidores se sentem tão envolvidos em um produto que ele se
Observação de pares torna uma extensão de suas identidades.

Observar e analisar amigos que estão comprando é uma maneira Marketing de experiência
comum e eficiente de tomar decisões de compra. Moldar as visões
de uma marca e fornecer uma influência psicológica pelo menos O marketing da experiência (ou experiencial) envolve os clientes em
igual às recomendações de produtos boca a boca costuma funcionar uma história de marca por meio de ativações divertidas, interativas
bem. e mutuamente benéficas.

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Avaliações UMA VERDADE SOBRE AS REDES SOCIAIS
Reviews, classificações e comentários sobre diversos tipos de Infelizmente, vivemos uma fase de desilusão com as mídias sociais,
produto ou serviço — ou quase tudo que estiver disponível para o que são um local onde nossos clientes se conectam com amigos,
mundo ver — também funcionam como um tipo de conteúdo gerado veem fotos de bebês, celebram conquistas, assistem a vídeos
pelo usuário com alto grau de confiabilidade. engraçados e compartilham notícias de última hora.

Marketing de influência Infelizmente, as empresas se esqueceram da palavra “social” do


termo “mídias sociais". As conversas deram lugar à transmissão de
A principal ideia por trás dessa abordagem de marketing é que as conteúdo. A mídia social se tornou uma função de TI e automatizada
marcas tomam emprestada a confiança conquistada por uma pessoa a ponto de não ter alma. Humanos com personalidades e nomes
que trabalhou por muito tempo para criar um público engajado. foram substituídos por personas corporativas e vozes de marca. O
sucesso foi medido em cliques e gostos em vez de relacionamentos.

Então, como reconsideramos a estratégia de mídia social no


contexto da terceira rebelião?

Forneça conexões humanas relevantes, forme canais de


comunicação confiáveis, expresse valores e emoções humanas —
como compaixão, compreensão e empatia. Crie experiências únicas
e divertidas. Demonstre envolvimento ativo em questões locais.
Ofereça uma maneira confiável de responder em um momento de
necessidade do cliente. Enfim, resgate o lado social das redes sociais
para que elas façam sentido para a sua empresa.

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A AUDIÊNCIA ALFA Um amigo pessoal de Mark Schaefer chamado Andrew Grill estava
hospedado no Waldorf Astoria Ras al Khaimah, nos Emirados
Como foi dito, apenas 13% dos clientes podem ser considerados Árabes Unidos, quando recebeu uma mensagem de texto da equipe
fieis na maioria das empresas. Por muitos anos, Mark Schaefer do hotel, do qual é cliente frequente. A troca de mensagens foi
perguntou aos seus alunos universitários se eles saberiam quem assim:
mais costuma compartilhar o conteúdo de suas empresas com mais
frequência. Parece incrível mas, mesmo nas maiores corporações, — Kateryna: Como está indo sua estadia até agora? Por favor, me
não são muitas pessoas. Talvez algumas centenas, no máximo. Para informe se pudermos ajudá-lo de alguma forma pelo resto de sua
muitas marcas, algumas dezenas ou menos. Esse grupo especial é a estadia. Obrigada!
Audiência Alfa.
— Andrew: Preciso de um elefante no meu quarto esta noite, por
Não deveríamos celebrar esses fãs e tratá-los de maneiras favor.
diferenciadas?
— Kateryna: Pois não, Sr. Grill. Seria um prazer conseguir um
A estratégia da Audiência Alfa é muito simples e consiste de apenas elefante para o seu quarto esta noite. Você gostaria que o elefante
duas etapas. fosse entregue em algum horário específico?

Primeiro você deve criar e manter uma rotina para encontrar — Andrew: Eu estava brincando!
metodicamente essas pessoas. Isto pode envolver o departamento
de atendimento ou criar programas de recompensas. Ou mesmo — Kateryna: Se você pede, nós entregamos!
envolver gerentes de contas para nutrirem essa rara fidelidade.
Quando Andrew Grill voltou para seu quarto naquela noite, um
O segundo passo pode ser resumido a uma palavra: surpreender. elefante de brinquedo estava esperando em seu quarto. Em cima da
cama, havia também elefantes feitos de toalhas de banho. Como não
Empresas como Ralph Lauren, Adidas e Target criaram aplicativos podia ser diferente, ele compartilhou sua história — e sua alegria —
secretos de smartphones para encantar constantemente seus por todas as suas redes sociais.
melhores clientes. Outras marcas criam programas ainda mais
ousados para surpreender. Estabelecer conexão emocional da marca com o público é mais

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importante do que em qualquer outro momento da história.
Estamos caminhando para uma era em que até mesmo esta verdade
de marketing vai se tornando obsoleta. Eventualmente, as empresas
coletarão informações pessoais sobre nós — até as especificidades
do nosso DNA.

Na rebelião do marketing, o cliente agora é o profissional de


marketing. No futuro, o cliente também poderá se tornar o mercado
em si — um mercado único, de um indivíduo só.

Em um mundo dominado pela eficiência algorítmica, o toque


humano cria significado, emoção e impacto. Quanto mais
aprendemos sobre nosso mundo tumultuado dos negócios, mais a
recomendação principal do livro de Mark Schaefer tem mais
importância para uma marca: seja mais humana.

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FICHA TÉCNICA DO LIVRO RESENHA

Título: Este resumo traduzido foi feito pela Tracto Content Marketing e
Marketing Rebellion – The Most Human Company Wins (ver site). publicado em fevereiro de 2020.

Compra pela Amazon no Brasil: Autor da resenha:


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Contato:
Autor: tracto@tracto.com.br
Mark Schaefer

Editora:
Business Grow.

Ano de publicação:
2019.

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