Você está na página 1de 16

ORDEM DOS MÉDICOS

DE ANGOLA N.º 0 ‑ JUNHO DE 2008

Prof. Dr. Carlos Alberto Pinto de Sousa


«Reforço da ética profissional para preservar
a boa imagem do médico» Pág. 4

O Bastonário da Ordem dos Médicos, Prof. Dr. Carlos Alberto Pinto de Sousa, considera que a dig‑
nificação da classe médica passa, entre outros aspectos, pela defesa da classe médica, visando a
melhoria da carreira profissional, aspectos remuneratórios, condições de trabalho, formação continua
e pós‑graduada. Em entrevista ao “Boletim da Ordem dos Médicos de Angola”, anuncia ainda que no
aspecto deontológico será promovido um maior rigor e atenção às carreiras médicas, com a definição de
uma política de incentivos e de estímulos apropriados à dignificação e à permanência no serviço. 

Congresso internacional Álcool causa 3,7% das mortes


dos médicos recomenda anuais no mundo
requalificação da rede sanitária
P elo menos 2,3 milhões de pessoas morrem por ano em
todo o mundo devido a problemas relacionados com
o consumo de álcool, o que totaliza 3,7% da mortalidade
mundial, segundo um relatório elaborado pela Organização
Mundial da Saúde (OMS). No relatório, a OMS afirma que
“o consumo de álcool provoca grandes problemas de saúde
pública”. O produto é a quinta causa de morte prematura e de
incapacidade no mundo todo e provoca 4,4% das doenças em
todo o planeta. Além disso, o álcool foi relacionado a 6,1% das
mortes de homens ocorridas em todo o mundo em 2002, e de
Pág. 8
1,1% entre as mulheres. Entre as mortes dos menores de 60
anos, a percentagem atribuível à ingestão de álcool sobe para
O IV Congresso Internacional dos Médicos angolanos
que decorreu em Luanda, recomendou a requalificação
da rede sanitária do País, a sua expansão em todo o territó‑
5% (7,5% entre os homens e 1,7% entre as mulheres). 

rio nacional, bem como a aprovação do estatuto do Serviço


Pág. 14
Nacional de Saúde. Reunidos no Palácio dos Congressos, em
Luanda, os médicos defenderam ainda a actualização da Po‑
lítica Nacional de Saúde, a descentralização administrativa,
um efectivo sistema de referência e de contra‑referência e
um sistema de financiamento para as despesas com a saúde,
de modo a aproximar‑se dos valores recomendados inter‑
nacionalmente. No domínio da formação, o IV Congresso
propôs a criação de um hospital universitário onde possa
ser efectuado o ensino pré‑graduado em condições de boa
relação ensino‑aprendizagem, assim como a construção de
mais escolas de medicina pública. Ainda neste domínio, os
médicos recomendaram a abordagem profunda e a actuali‑
zação das questões jurídicas colocadas ao Direito Médico,
a efectuar pelos organismos directamente envolvidos nesta
matéria, “uma vez que se exige, nas ciência médicas, o re‑
forço de uma sociedade sustentada no Direito”. O encontro
constatou que Angola carece de muitos médicos, além de
haver uma má distribuição dos que existem. Deste modo,
recomendou a necessidade de perspectivar uma formação
orientada para um projecto inovador e estimulante adapta‑
do à realidade do país. 
Ed i t o r i a l
2 N.º 0 ‑ JUNHO DE 2008

Uma renovada afirmação


da classe médica

A Ordem dos Médicos de Angola dá início à publicação do Boletim Infor‑


mativo, como resposta a uma das intenções que a minha candidatura a
Bastonário, e corresponde a uma necessidade imperiosa de divulgação das
preocupações e dos sucessos da classe médica. Constitui um meio privile‑
giado de divulgação da realização de eventos, da apresentação de notícias
que interessem genericamente à situação sanitária do nosso País, e doutras
áreas do Mundo, designadamente SADC e CPLP, nas matérias as mais di‑
versas no âmbito da saúde. Segundo os seus Estatutos, a Ordem dos Médi‑
cos deve cumprir o seu papel na defesa da Medicina em Angola, o significa
levar por diante, de forma escrupulosa, a defesa da qualidade e da indepen‑
dência do exercício da profissão médica. Também lhe cumpre, estatutaria‑
mente, contribuir para o reforço e aperfeiçoamento constante do Serviço
Nacional de Saúde e colaborar na definição da Política Nacional de Saúde.
Mais particularmente, compete‑lhe melhorar e ou desenvolver as estrutu‑
ras que velem pela ética, deontologia e qualificação profissional médicas e,
ainda, estabelecer os instrumentos que orientam a actividade dos médicos,
na componente disciplinar, regulação, validação e certificação dos médicos,
bem como a qualidade da prática clínica, a formação e a avaliação.

«Segundo os seus Estatutos, a Ordem dos Médicos deve cumprir


o seu papel na defesa da Medicina em Angola, o significa levar
por diante, de forma escrupulosa, a defesa da qualidade e da
independência do exercício da profissão médica»
Prof. Dr. Carlos Alberto Pinto de Sousa
Desejo vincar, neste momento de renovação por que passa a Ordem dos Bastonário da Ordem dos Médicos de Angola
Médicos de Angola, que os interesses dos médicos se identificam com os
interesses dos doentes / utentes, e que as relações entre doentes e médicos
se pautam por valores e princípios que ultrapassam uma relação pura e es‑ «A medicina, nos nossos dias, apresenta
tritamente sinalagmática. Ou seja: o médico não pode limitar‑se a prestar uma grande vulnerabilidade porque po‑
um serviço “contratado”, individualmente ou numa instituição; é‑lhe exigi‑ dem acontecer brechas no edif ício ético
do, pela natureza desta mesma relação, uma entrega e um empenhamento
e deontológico que sustentam o exercício
esclarecidos, muitas vezes com prejuízo para a sua saúde, que não vislum‑
bramos em qualquer outra actividade humana. Desejo chamar a atenção, de profissional, pelo que se exige dos médi‑
uma forma muito aberta, que o médico, na sua actuação, assume a obrigação cos a prática transparente dos seus ac‑
de utilizar conhecimentos adequados e observar métodos cientificamente tos, de acordo com o velho ensinamento
aceites, demonstrados e comprovados, bem como orientar a sua conduta em hipocrático»
condições de prudência e imparcialidade, de acordo com o estado das artes
e com os meios de que dispõe, a fim de alcançar os objectivos inerentes à A Ordem dos Médicos de Angola promoverá a
medicina, tendo sempre presente que o doente é o centro das suas decisões. criação de parcerias com suas congéneres e com
A medicina, nos nossos dias, apresenta uma grande vulnerabilidade porque as outras Ordens de classe existentes no País, pro‑
podem acontecer brechas no edif ício ético e deontológico que sustentam o curando a valorização decorrente do intercâmbio
exercício profissional, pelo que se exige dos médicos a prática transparente para melhoria e aperfeiçoamento profissional dos
dos seus actos, de acordo com o velho ensinamento hipocrático. médicos. Adoptará também mecanismos claros
de comunicação com os media, procurando que a
«O médico não pode limitar‑se a prestar um serviço “contratado”, informação sobre as actividades da Ordem sejam
individualmente ou numa instituição; é‑lhe exigido, pela natu‑ veiculadas de forma transparentes. É este espírito
franco, exigente e participativo, desenhado de for‑
reza desta mesma relação, uma entrega e um empenhamento es‑ ma genérica, que preside à acção da Ordem dos
clarecidos, muitas vezes com prejuízo para a sua saúde, que não Médicos de Angola. Na qualidade de seu Basto‑
vislumbramos em qualquer outra actividade humana» nário, formulo votos de que os médicos saberão
dar os seus valiosos contributos à prossecução
Compreender‑se‑á, portanto, uma particular atenção por parte dos seus órgãos da grande finalidade da Ordem dos Médicos de
e, em particular, do Bastonário, relativamente à prática da medicina, o que pres‑ Angola e dos objectivos que foram delineados na
supõe uma Ordem forte, unida em volta de objectivos comuns, inovadora nas minha candidatura e sufragados pela Classe Mé‑
suas actividades. É pressuposto também que faça emergir colaborações com dica no acto eleitoral democrático. Os médicos e
outros organismos e entidades, nacionais e estrangeiras, designadamente com outros profissionais deverão partilhar, neste Bole‑
os serviços do MINSA, ajudando a criar uma imagem responsável, técnica e tim Informativo, as suas ideias, os seus anseios, e
científica, junto das populações e da comunidade médica internacional. preocupações e os seus êxitos. 
S u m á r i o
N.º 0 ‑ JUNHO DE 2008 3

Entrevista: Prof. Dr. Carlos Alberto Pinto de Sousa


«Reforço da ética profissional para preservar a boa imagem do médico»................... 4
Descentralização da pós-graduação . .......................................................................................... 4
Prémio para a investigação ........................................................................................................... 5
Médicos cardiologistas precisam‑se! .......................................................................................... 6
«Governo tem feito muito para melhorar o sistema de saúde».............................................. 6
Perfil . ................................................................................................................................................. 7

IV Congresso Internacional dos Médicos


«Defender a saúde com qualidade e modernidade»................................................................. 8
Presidente da AN garante apoio às iniciativas de melhoria da saúde .................................. 9

Notícias
Bastonário quer mais faculdades de medicina . ......................................................................10
Estudos de medicina em Angola nos séc. XVIII e XIX..........................................................10
“Piercings” na boca provocam complicações...........................................................................10
Laboratório português busca parcerias em Angola................................................................11
Boa saúde: EUA apoiam Angola com 30 milhões de dólares................................................11
Combate à doença melhora vida no continente......................................................................11
Saúde em Benguela reforçada com 25 médicos cubanos . ....................................................12
V Congresso Internacional da Ordem dos Médicos de Angola ..........................................12
Notificados 102 novos casos de bócio no Kuando‑Kubango................................................12
Actividades desenvolvidas e em curso . ....................................................................................12
Desaconselhado solários a menores de 18 anos .....................................................................13
Campanha de investigação em medicamentos para crianças...............................................13
Comunidade Médica de Língua Portuguesa reúne em Lisboa.............................................13
Agenda ............................................................................................................................................13

Relatórios OMS
Álcool causa 3,7% das mortes anuais no mundo.....................................................................14
Epidemia global do tabaco ..........................................................................................................14
OMS reconhece avanços de Angola . ........................................................................................15
Tuberculose continua a matar.....................................................................................................15
Grupo César e Filhos patrocina prémio de investigação biomédica...................................15

Estatutos.......................................................................................................................................16

Ficha técnica
Propriedade: Ordem dos Médicos de Angola Secretariado: Beatriz e Catarina. Produção:
Director: Prof. Dr. Carlos Alberto Pinto de Sousa Rua Amílcar Cabral, 151-153 Edições XIETU, Lda.
Tel: (- 244) 222 392 352 (Revista XIETU Angola)
Directores adjuntos: Miguel Bettencourt e Isabel Massocolo Fax: (- 244) 222 391 631 geral@revistaxietu.com
Directora Executiva: Mariana Afonso E-mail: secretariaormed@gmail.com Grafismo
Interdita a reprodução, mesmo parcial, de textos, fotografias ou ilustrações sob quaisquer meios, António Salsinha
e quaisquer fins.
En t r e v i s ta
4 N.º 0 ‑ JUNHO DE 2008

Prof. Dr. Carlos Alberto Pinto de Sousa


«Reforço da ética profissional para preservar a boa imagem do médico»
O Bastonário da Ordem dos Médicos, Prof. Dr. Carlos Alberto Pinto de Sousa, considera que a dignificação
da classe médica passa, entre outros aspectos, pela defesa da classe médica, visando a melhoria da carrei‑
ra profissional, remuneratória, condições de trabalho, formação continua e pós‑graduada. Em entrevista
ao “Boletim da Ordem dos Médicos de Angola”, anuncia ainda que no aspecto deontológico será promovido
um maior rigor e atenção as carreiras médicas, com a definição de uma politica de incentivos e de estímu‑
los apropriados a dignificação e a permanência no serviço.

Bastonário defende reforço da ética profissional

O que é a Ordem dos Médicos de Angola cultura médica e concorrer para o reforço e aperfeiçoamen‑
e qual é o fundamento da sua existência? to constante do Serviço Nacional de Saúde, colaborando na
A Ordem dos Médicos de Angola é uma instituição de direi‑ Política Nacional de Saúde em todos os aspectos, nomeada‑
to público que goza de personalidade jurídica, de autonomia mente no ensino médico e nas carreiras médicas; dar parecer
administrativa, financeira e patrimonial, de âmbito nacional, sobre todos os assuntos relacionados com o ensino, com o
tem a sua sede em Luanda e é constituída por quatro regiões exercício da medicina e com a organização dos serviços que
(norte, centro, leste e sul). Tem por finalidades defender a se ocupem da saúde, sempre que julgue conveniente fazê‑lo,
ética, a deontologia e a qualificação profissional médicas a junto das entidades oficiais competentes ou quando por estas
fim de assegurar e fazer respeitar o direito dos utentes a uma for consultada; velar pelo exacto cumprimento do Estatuto e
medicina qualificada; fomentar e defender os interesses da dos Regulamentos; emitir a cédula profissional e promover
profissão médica a todos os níveis, nomeadamente no res‑ a qualificação profissional dos médicos pela concessão de tí‑
peitante a promoção sócio‑profissional, a segurança social tulos de diferenciação e pela participação activa no ensino
e as relações de trabalho; promover o desenvolvimento da pós‑graduado.

Descentralização da pós-graduação

O Bastonário da Ordem dos Médicos de Angola, Prof. Dr. Carlos Alberto Pinto de Sousa, defende a descentralização da
pós-graduação, para que os médicos das províncias tenham a oportunidade de a fazer sem terem de se deslocar a Lu‑
anda. Em entrevista à Angop, salientou que a descentralização da especialização consta dos objectivos da Ordem, porque
como defensora da classe, “pensa-se que é necessário que se reflicta sobre as carreiras médicas para que se descentralize a
pós-graduação, por forma a que colegas que estejam no interior tenham a mesma oportunidade sem terem que se deslocar
das suas áreas para Luanda”. Acrescentou que a descentralização da pós-graduação pode ser um incentivo que fará com
que o médico após dois anos de periferia não venha a Luanda para a fazer, acabando por aqui se fixar, em detrimento da
província em que esteve. “A descentralização da pós-graduação vai fazer com que as especialidades sejam levadas às prin‑
cipais regiões do país, pois o governo está a investir na reabilitação e apetrechamento das grandes unidades das províncias
do Huambo, Benguela, Malanje, Cabinda e Huíla”, frisou. 
En t r e v i s ta
N.º 0 ‑ JUNHO DE 2008 5

Qual é o programa estabelecido para resolver o queixas, graças ao trabalho que têm sido feito com a classe
problema dos médicos em Angola? médica no sentido se valorizar mais os princípios éticos e de‑
ontológicos e nunca se esquecer do juramento de Hipócrates
A dignificação da Classe Médica passa por 1) Defesa da Classe
que todos nós fizemos. É este trabalho que está a ser feito, e
Médica visando a melhoria da carreira profissional, remunera‑
se está a preparar-se um projecto no sentido de se promo‑
tória, condições de trabalho, formação continua e pós‑gradu‑
verem seminários no âmbito dos princípios que norteiam a
ada, reconhecimento da especialização , criação e promoção
de actividades cientificas e formativas através dos Colégios de actividade médica.
especialidade; 2) Deontologia Médica ‑ neste domínio promo‑ Qual é a base das relações entre a Ordem e o governo
veremos um maior rigor e atenção as carreiras médicas, com angolano, no caso, Ministério da Saúde, sobretudo
a definição de uma politica de incentivos e de estímulos apro‑ na resolução dos problemas sócias e económicos dos
priados a dignificação e a permanência no serviço; zelar pelo médicos em Angola?
reforço da ética e deontologia profissionais para preservação
da boa imagem do médico; consagrar a competência da Or‑ A Ordem dos Médicos de Angola é um parceiro do Governo
dem dos Médicos no combate ao exercício ilegal da medicina de Angola e dará todo o seu apoio para os desafios no campo
e a publicidade enganosa relacionada com a saúde e a doença da saúde, para a o alcance das metas do milénio e na solução
dos cidadãos; promover a adopção de um sistema mais justo dos problemas que afectam a Classe Médica
que mantenha os médicos disponíveis para prestarem serviços Quais são as grandes dificuldades que enfrenta
ao Estado e aos outros sectores essenciais ao desenvolvimento a Ordem na extinção do fenómeno gasosa ainda
do País. 3) Colaboração com as Estruturas Governamentais; em rigor nalgumas unidades hospitalares do País?
4) Interacção com a Comunidade; 5) Cooperação Internacio‑
nal em especial com as congéneres da SADC e CPLP. Esse fenómeno tem diminuído muito e tem tendência a desa‑
parecer. Desde que coloquemos mais serviços a disposição da
Quantos médicos controla a Ordem (nacionais população e a haja maior consciencialização dos profissionais
e estrangeiros) e quais são as modalidades de ingresso? de saúde o fenómeno tenderá a desaparecer.
Estão inscritos na Ordem dos Médicos de Angola cerca de Para quando os doutoramentos em medicina
2.174 médicos dos quais 1.746 angolanos e 428 estrangeiros. em Angola?
O exercício da medicina depende da inscrição na Ordem dos
Médicos. A inscrição na Ordem dos Médicos é requerida pelo Este assunto é da competência das Instituições de Ensino Su‑
interessado e só podem inscrever‑se os angolanos e estran‑ perior. Mas penso, acho, que antes deveremos dar maior aten‑
geiros licenciados em medicina por escola superior angolana ção a criação e apetrechamento de laboratórios para pesquisa
ou estrangeira, desde que, neste último caso, tenham obtido operacional na área de saúde.
equivalência oficial do curso devidamente reconhecida pela Como está o aumento de Instituições de formação de
Ordem dos Médicos.
médicos no País, já que o índice de população
Quais têm sido as medidas da Ordem, quando por médico é assustador no País?
informada sobre um possível comportamento antiético
Existem actualmente duas instituições formadoras de médicos
de um dos seus associados?
em Angola. Precisamos de uma Faculdade de Medicina para
Sempre que da prática do exercício da medicina resulte vio‑ cada 2.000.000 habitantes, ou seja, para o nosso caso precisa‑
lação de normas de natureza deontológica é reconhecida a ríamos de pelo menos sete Faculdades de Medicina. Pelo facto
Ordem dos Médicos a possibilidade de instaurar inquérito que da formação médica ser demorada e de elevado custo te‑
ou processo disciplinar ao abrigo do Estatuto. Mas, nos úl‑ mos que apostar na formação técnico profissional de forma a
timos anos, temos visto uma certa redução do número de aumentar rapidamente a cobertura sanitária. 

Prémio para a investigação

A Ordem dos Médicos de Angola pretende instituir prémios de incentivos de investigação e pesquisa científica para a
classe médica angolana. O galardão visa rebuscar o amor ao próximo, há muito perdido e criar o desenvolvimento
científico do País, segundo o Bastonário Prof. Dr. Carlos Alberto Pinto de Sousa. Prof. Dr. Carlos Alberto Pinto de
Sousa salienta a importância de relevar a investigação e a pesquisa científica pelo facto de o País precisar do progresso
humano, “insubstituível para o seu desenvolvimento”. Insatisfeito com a falta de solidariedade com o sofrimento do
próximo a quem os médicos consagram na sua profissão, Prof. Dr. Carlos Alberto Pinto de Sousa acha importante
terminar o espírito desumano e mercantilista de alguns membros na classe e lembra que a melhoria das condições
sanitárias do País é de bastante sacrif ício, manifestando interesse em contribuir para a melhoria do Sistema Nacional
de Saúde, o que, no seu entender, “pode contribuir em grande para mudança e o desenvolvimento sanitário do País”.
Espera bater‑se por uma transparência à todos os níveis, e espera que “as pessoas não se apeguem na falta de recursos
como panaceia e ineficácia do Sistema Nacional de Saúde de que somos partes integrantes na sua resolução”. A intenção
de institucionalização de um prémio para promover o melhor empenho da classe médica foi recebido com satisfação
por parte do Governo, através do ministro da Saúde Ruben, Sicato, que, para ele, o prémio pode servir de estímulo,
concorrência e o cumprimento da deontologia médica em Angola. Relembrou que os prémios sempre foram meios que
estimularam os esforços de técnicos em qualquer sociedade, pelo que considerou útil e aceite a iniciativa. 
En t r e v i s ta
6 N.º 0 ‑ JUNHO DE 2008

Médicos cardiologistas precisam‑se!

A hipertensão arterial constitui uma das principais doen‑


ças cardiovasculares e está entre as causas que provocam
maior número de morte, particularmente nos centros urba‑
O clínico geral sai da Faculdade de Medicina preparado para
atender estas situações. O que acontece é que, quando há si‑
tuações mais específicas, nomeadamente aquelas que sejam
nos. Em recente entrevista ao Jornal de Angola, o Bastonário do domínio exclusivo do especialista, o cardiologista dá se‑
Prof. Dr. Carlos Alberto Pinto de Sousa, embora a cardiolo‑ guimento ao trabalho iniciado pelo colega. O que temos de
gia não seja sua especialidade, teve a seguinte opinião: fazer em termos de prioridade é exactamente dar maior aten‑
ção à prevenção das doenças cardiovasculares. Isto é de bai‑
Como médico, qual seria o número de médicos xo custo, tem resultados rápidos e pode ser feito até a nível
cardiologistas desejável para o país? da rede primária. É necessário que se criem programas que,
Nós deveríamos ter em cada unidade sanitária um número a nível da rede primária, se preocupem em fazer educação
de cardiologistas em função da demanda, não só em Luanda da população voltada para os factores de risco que, habitual‑
como a nível de todo o país. Temos uma relação médico/pa‑ mente, estão envolvidos na hipertensão arterial, e aconselhar
ciente que anda à volta de um médico em geral para 20 mil os doentes, aqueles que são hipertensos, a nunca abandona‑
habitantes. Naturalmente, nas especialidades, este número rem o seu tratamento e os que têm familiares hipertensos
é menor. Temos poucos cardiologistas e a relação teria que que façam periodicamente controlo.
andar de um médico para cada oito mil habitantes, mais ou Havendo défice de cardiologistas, defende o recurso
menos. Estou a falar de médicos de clínica geral. Em termos para o exterior de doentes graves?
de cardiologia, provavelmente um pouco menos. Mas, estou
em crer que, pela dimensão do país e pelo número de hos‑ Não! Eu defendo que, ao invés de se enviar pacientes para
pitais, devíamos ter entre 150 e 200 cardiologistas para ser o exterior, que se criem condições para que haja maior for‑
mação de médicos. E nós podemos fazer também o senti‑
fazer uma cobertura nacional razoável.
do inverso. Portanto, ao invés de os pacientes irem para o
Que implicação tem para a assistência à população o exterior, os hospitais terciários podem fazer geminação com
reduzido número de médicos cardiologistas? outros hospitais internacionais de reconhecido valor técnico

«Governo tem feito muito para melhorar o sistema de saúde»


O que acha do Sistema Nacional de Saúde que temos deslocar‑se às diversas províncias para fazer o diagnóstico da
e que insuficiências tem? situação para depois intervirem nalgumas situações em acções
de cirurgias e acompanhamento de todos os pacientes que
O Governo tem feito muito para melhorar o sistema de saú‑ acorrerem às unidades hospitalares. É um projecto sério, que
de. Nós temos acompanhado esta realidade e os resultados são vai fazer com que haja redução das listas de espera, ou seja,
visíveis: o número de hospitais que foram reabilitados e ape‑ os doentes que estão fora de Luanda, e que eventualmente
trechados em termos de rede primária, secundária e terciária. precisam de vir para Luanda, em grandes unidades hospita‑
Também temos acompanhado que se está a fazer a descentra‑ lares, fazer cirurgia, já não virão para Luanda. Nós faremos o
lização da formação médica e a pós‑graduada. Mas o objectivo inverso. Enviaremos equipes que vão fazer serviços, formação
é sempre chegar o mais longe possível. Por esta razão, esta‑ e investigação. Dentro deste programa, está‑se a fazer a gemi‑
mos a apresentar vários projectos para que, no curto e médio nação entre as principais unidades terciárias de Luanda e os
prazo, possamos atingir as metas do milénio, que é a redução hospitais provinciais, para que este trabalho seja contínuo e
das taxas de mortalidade materno/infantil. Mas o Governo haja um acompanhamento de doentes em toda a dimensão do
tem trabalhado neste sentido. Os investimentos são enormes. país. Este é o maior projecto que a Ordem dos Médicos está a
E devo dizer que, por conta destes investimentos, muitos dos levar a cabo em parceria com o MINSA.
nossos indicadores melhoraram. Já não são aqueles que tive‑
mos há alguns anos. Por conta também da paz que o país vive Quais serão as vantagens?
neste momento. Durante os seis anos de tranquilidade, o Go‑ As vantagens são várias. Por um lado, nós estamos a levar o
verno reabilitou estruturas sanitárias, formou mais quadros,
“know how” a estes locais. As equipes, que se vão deslocar a es‑
houve melhorias dos indicadores. À medida que se aumenta a
tes locais, são altamente qualificadas. Para além da prestação de
cobertura, os indicadores tendem a melhorar.
serviço, têm uma fase de intervenção directa. Eles vão fazer for‑
Que propostas a nova direcção da Ordem tem mação e, naturalmente, deixam conhecimentos. Vão reorgani‑
para melhor o Sistema Nacional de Saúde? zar aquelas unidades que necessitarem de intervenção. Trata‑se
Nós estamos a desenvolver com o Ministério da Saúde um de um trabalho contínuo. Portanto, nós começamos a fazer um
programa de assistência hospitalar especializada, um progra‑ movimento inverso. Isto vai permitir com que muitos médicos
ma conjunto com o objectivo de reduzir as listas de espera das criem apetência de optar por ficar fora de Luanda. É necessário
consultas de especialidades fora de Luanda. Portanto, é um que os nossos especialistas, que contam com o apoio da classe,
projecto que terá uma cobertura nacional. Estão a ser cria‑ estejam disponíveis para se deslocar ao interior, para evitar que
das equipas móveis, em função do cronograma previamente os pacientes venham a Luanda com os familiares, acarretando
elaborado. Por via de um plano de trabalho, as equipas irão uma série de problemas que todos conhecemos. 
En t r e v i s ta
N.º 0 ‑ JUNHO DE 2008 7

e científico, no sentido de que estas equipes venham fazer não se confine só a Luanda, mas que seja levada para outros
a sua intervenção dentro das nossas unidades hospitalares. extremos do país, por forma a que o médicos que estejam
Isto irá fazer, por um lado, que haja maior rentabilização dos lá possam realizar as suas especialidades e também fixar os
meios e, por outro, criar um “now how” interno. Estas equi‑ médicos nas referidas localidades.
pes que vêm de fora, para além de terem uma componen‑
Defende que o Estado deva investir mais na medicina
te de prestação de serviço, têm também uma componente
de formação, porque iriam deixar ficar conhecimentos aos
preventiva do que na curativa?
nossos médicos. Isto é possível ser feito. E o outro aspecto Eu penso que deve haver mais investimentos na medicina
é aumentar a formação dos médicos. O que temos de fazer preventiva, porque é de baixo custo e os resultados são mui‑
é aumentar a formação interna através dos procedimentos to mais rápidos e com a possibilidade de se poder atingir
acima referidos. um maior número de pessoas. Por isso é que defendo que
devemos estruturar, de forma muito organizada e siste‑
Que propostas a Ordem dos Médicos tem feito ao
mática, a rede primária, por ser ali onde estão os serviços
Ministério da Saúde (MINSA) em relação à política
básicos de saúde e onde se mantém o primeiro ponto de
de formação de médicos especialistas? contacto com a população. Se tivermos estruturas da rede
Nós estamos a trabalhar com o MINSA neste sentido. Por primária fortes, com serviços de prevenção lá implantados,
um lado, para descentralizar a pós‑graduação, uma vez que estaremos a reduzir grande parte dos nossos indicadores
o Governo está a fazer uma grande investimento em grandes que nós conhecemos. É isto que se faz habitualmente. Por
unidades hospitalares, em diversas províncias, como, por um lado, reduzimos o fluxo de doentes para os outros níveis
exemplo, Malanje, Huíla, Benguela e Cabinda. Estas unida‑ e aumentamos a cobertura sanitária, porque a rede sani‑
des, para além da componente prestação de serviços, deve‑ tária primária pode ser facilmente estendida para todas as
rão ter também as componentes formação e investigação. regiões do país. As redes secundárias e terciárias são, natu‑
Por isso é que estamos a propor que a pós‑graduação, no‑ ralmente, para aquelas situações que merecem uma atenção
meadamente a especialização, seja descentralizada, para que mais especializada. 

n  embro da Assembleia
M n  urso de Investigação em
C n  urso de Didáctica
C
da Faculdade de Medicina da Serviços de Saúde Faculdade ‑ Faculdade de Medicina
Universidade Agostinho Neto de Medicina da Universidade da Universidade
n Membro do Conselho de São Paulo, Brasil; de São Paulo, Brasil
Perfil de Direcção da Faculdade
de Medicina da Universidade
n Curso de Metodologia
Epidemiológica ‑ Faculdade
n Especialista em Saúde
Pública pela Faculdade
Agostinho Neto de Medicina da Universidade
Nome: de Medicina da Universidade
n Regente da disciplina de São Paulo, Brasil; de São Paulo, Brasil;
Carlos Alberto Pinto de Sousa de Epidemiologia
n Curso de Métodos n Especialista em Saúde
Idade: 49 anos Cargos anteriores:
Quantitativos em Medicina Pública pelo Colégio
Naturalidade: Malanje n Director do Hospital do de Pós‑graduação de Angola
Preventiva ‑ Faculdade
Estado Civil: Casado Caminho‑de‑ferro de Medicina da Universidade n Doutor em Saúde Pública
Profissão: de Benguela
de São Paulo, Brasil; pela Faculdade de Medicina
Doutorado em Saúde Pública n Administrador da CLIDOPA
n Curso de Epidemiologia da Universidade
pela Universidade (Clínica do Corpo de São Paulo, Brasil.
de São Paulo/Brasil Diplomático e Petróleos) das Doenças Transmissíveis
Cargos actuais: n Médico da Clínica do Prenda
‑ Faculdade de Medicina Participação docente
da Universidade de São no exterior:
n Bastonário da Ordem dos Organismos Nacionais Paulo, Brasil;
Médicos de Angola, Reitor e Internacionais n Professor Convidado na
da Universidade Privada de de que é membro: n Curso de Fundamentos Disciplina de Epidemiologia
Angola (UPRA) e Professor n Associação Brasileira
Epistemológicos da Pesquisa da Faculdade de Medicina
Titular da Universidade de Saúde Colectiva ‑ Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo
Agostinho Neto (ABRASCO) da Universidade no período de 1995‑1997
n Chefe de Departamento de n Associação Americana
de São Paulo, Brasil; Pesquisa que desenvolve:
Saúde Pública da Faculdade de Saúde Pública n Curso de Meta‑ n Co‑Orientador da Tese
de Medicina da Universidade ‑Epidemiologia: Análise
Agostinho Neto n Conselho Superior de Doutoramento sobre
de Ciência e Tecnologia Critica do Método Factores de Risco no
n Membro Efectivo de Angola Epidemiológico ‑ Faculdade Câncer do Colo Uterino
do Conselho Cientifico de Medicina da Universidade
n Conselho de Reitores da População de Luanda
da Faculdade de Medicina
de Angola de São Paulo, Brasil; – Pesquisa conjunta com
da Universidade
Agostinho Neto Pós‑graduação: n Curso de Metodologia a Universidade do Porto,
de Investigação em Medicina Portugal.
n Membro do Conselho n Curso de Planejamento
Pedagógico da Faculdade em Saúde Faculdade Social Faculdade de n Factores de Risco na
de Medicina da Universidade de Medicina da Universidade Medicina da Universidade Schistosomiase Hematóbica,
Agostinho Neto de São Paulo, Brasil; de São Paulo, Brasil; na província do Bengo.
Co n g r ess o
8 N.º 0 ‑ JUNHO DE 2008

«Defender a saúde com qualidade e modernidade»


IV Congresso Internacional dos Médicos
O Palácio dos Congressos, em Luanda, o IV Congresso Internacional dos Médicos em Angola, promovido e
organizado pela Ordem dos Médicos de Angola, nos dias 24 e 25 de Janeiro de 2008, e cuja sessão solene de
abertura foi presidida por Sua Excelência Dr. João Baptista Kussuma, Ministro da Assistência e Reinser‑
ção Social, em representação do Governo de Angola. O Congresso decorreu sob o lema «Defender a Saúde
com Qualidade e Modernidade», e teve a participação de 865 Médicos Angolanos de todo o País e de 61
Convidados estrangeiros: do Brasil, Cabo Verde, Cuba e Portugal. A anteceder este Evento, foram realiza‑
dos quatro Cursos Pré‑Congresso: Dermatologia Básica, Mortalidade Materna, Mortalidade Infantil e
Mortalidade por Malária, com a participação de 67 Profissionais.
Recomendações: c) Reforço dos Cuidados Primários de
1. Capítulo Saúde
Medicina Hospitalar: Desafios d) Diversificação das Fontes de Financia‑
do Presente e do Futuro mento
Este tema foi apresentado em Conferên‑ e) Melhoria da Organização e Gestão do
cia por Sua Excelência Vice‑ministra da SNS
Saúde, que abordou o roteiro da Lei de 3. Painéis
Bases do Serviço Nacional de Saúde. O Discurso de encerramento pelo Presidente da Assembleia Nacional.
3.1. Ensino, Formação, Exercício
Congresso reconheceu como priorida‑
Profissional e Ética
des a Requalificação da Rede Sanitária, a (ii) Criação de mais escolas de Medi‑
sua Expansão bem como a aprovação do a) A Deontologia e a Bioética estão na
cina Pública.
Estatuto do SNS, a Actualização da Polí‑ ordem do dia pelas implicações trazi‑
das pelo crescente conhecimento das d) No que respeita aos Desafios da Edu‑
tica Nacional de Saúde, a Descentraliza‑
populações sobre os seus direitos e cação Médica em Angola, foi enfati‑
ção Administrativa, um efectivo Sistema
pela mutabilidade técnico‑científica. A zada a escassez de médicos, a sua má
de Informação e Avaliação, a Funciona‑
abordagem sobre Deontologia e Ética distribuição, a desactualização dos
lidade de um Sistema de Referência e
Profissional foi direccionada no tipo e currículos da licenciatura, a não co‑
de Contra‑Refrência, e um Sistema de
características de responsabilidade ju‑ ordenação com outros profissionais
Financiamento para as despesas com a
rídica que se estabelece entre o médico de saúde e salientada a necessidade
Saúde de modo a aproximar‑se dos valo‑
e o doente, o médico e a instituição e permanente de adaptação à mudança,
res recomendados internacionalmente.
entre o doente e a instituição. em termos científicos e pedagógicos.
2. Capítulo Recomendou‑se o aprofundamento/
O SNS como Factor de Solidariedade A recomendação formulada é a abor‑
dagem profunda e a actualização das alteração dos curricula da licencia‑
e Coesão Social tura, a formação e a articulação com
questões jurídicas colocadas ao Direi‑
Este tema foi apresentado em Conferên‑ to Médico, uma vez que se exige, nas outros profissionais da saúde.
cia por Sua Excelência Vice‑Ministro da ciências médicas, o reforço de uma e) N
 o que respeita à Cobertura e For‑
Saúde, que abordou a Evolução do Servi‑ sociedade sustentada no Direito. mação Médica e Sanitária em Angola,
ço Nacional de Saúde enquanto elemento recomenda‑se a necessidade de refor‑
estruturante e decisivo de solidariedade e b) Sobre o tema Formação Médica: De‑
safios e Perspectivas, a recomendação çar esta capacidade em licenciados
coesão social, da protecção dos doentes, em medicina, além da criação de in‑
da promoção da qualidade do exercício formulada pelo Congresso é no sen‑
tido de perspectivar uma formação centivos para a fixação de quadros na
da Medicina e da interligação com outros periferia e que a formação dos médi‑
sectores e participação activa da Comu‑ orientada para projectos inovadores e
estimulantes adaptados à realidade e cos assuma uma feição de modernida‑
nidade. Neste domínio são consideradas de e de adaptabilidade às constantes
prioritárias as seguintes Áreas: necessidades do País.
transformações tecnológicas e uma
c) Sobre o tema Formação Médica particular atenção às exigências de
a) Combate às Grandes Endemias
Pré‑graduada, foi apresentado o pa‑ natureza ética.
b) Oferta de Recursos Humanos Espe‑ norama do número de licenciados
cializados existentes, as instituições formado‑ 3. 2. P
 ainel sobre o Serviço Nacional
ras desde a fundação da primeira de Saúde
escola de medicina, e a partir da in‑ Foram‑nos trazidos os panoramas vi‑
dependência, e feito um estudo in‑ vidos por diferentes realidades, filoso‑
ternacional comparativo extenso. A fias distintas e patamares de evolução
recomendação foi dirigida em torno diversos no Brasil, Cuba, e Portugal. O
de duas orientações: (i) Reforço das Congresso recomendou o imperativo de
capacidades formadoras, designada‑ gerar um modelo moderno de Serviço
mente a criação de um hospital uni‑ Nacional de Saúde em Angola, com o es‑
versitário onde possa ser efectuado o tabelecimento de cenários de evolução
ensino pré‑graduado em condições adaptáveis, de forma gradativa, à reali‑
Discurso do Bastonário da Ordem dos Médicos. de boa relação ensino‑aprendizagem; dade angolana.
Co n g r ess o
N.º 0 ‑ JUNHO DE 2008 9

Encerramento do Congresso.

4. Comunicações Livres 5. Saúde Pública mais diversas especialidades, dada a


4.1. Área Clínica a) Os trabalhos sobre a Criança em Risco necessidade de cobrir o País em quan‑
de Vida, sobre a Saúde e os Movimen‑ tidade e qualidade.
4.1.1. Cirurgia
tos Migratórios, sobre as Consequên‑ Recomenda‑se como prioritária a for‑
Foram identificadas casuísticas em Ci‑ cias para a Saúde Mental das Expe‑ mação contínua e periódica dos clí‑
rurgia Plástica e Reconstrutiva, nos riências Traumáticas da Guerra em nicos gerais com atendimento de ur‑
Substitutos da Pele e Regeneração Cutâ‑ Angola e sobre a Saúde no Ambiente gência, a estruturação dos internatos
nea, as Afecções da Área da Ortopedia de Trabalho – constituem uma abor‑ de especialidade no País e a criação de
e Traumatologia e Cirurgia Cardíaca. O dagem simultaneamente social, psico‑ centros especializados.
Congresso recomendou o aumento do lógica e sanitária, que exigem vigilân‑
interesse e do aperfeiçoamento nestas c) O Insucesso Escolar (IE) ‑ O Con‑
cia e intervenção clínica por razões de gresso formulou a necessidade de
áreas cirúrgicas quer a nível individual natureza social e de reinserção social.
quer a nível institucional. existir uma efectiva uma inter‑rela‑
b) As comunicações apresentadas, na ção das estruturas envolvidas na for‑
4.1.2. Medicina área materno‑infantil, demonstram mação básica quanto à reformulação
a) Quanto às Doenças Emergentes, de‑ claramente a sua relevância social e dos currículos escolares e às situa‑
signadamente VIH 1 e VIH 2 e Gran‑ económica, exigindo uma vigilância ções e currículos escolares colocados
des Endemias, e ao Perfil de Atendi‑ permanente e actuante por parte das a montante. No final foi marcada a
mento em Consultas de Neurologia, autoridades sanitárias do País e um realização do V Congresso Interna‑
foi sugerida uma intervenção urgente grande investimento na educação das cional dos Médicos de Angola para
da classe médica e das Instituições e mães, aleitamento materno, vacinação os dias 26 e 27 de Janeiro de 2009,
Autoridades Governamentais, uma e planeamento familiar. Foi recomenda‑ comemorando‑se, na oportunidade,
vez que se trata de doenças emergen‑ da a necessidade de acompanhamento o Dia Nacional do Médico de Angola.
tes e re‑emergentes. e tratamento para evitar a transmissão A Sessão de encerramento foi presi‑
b) Quanto à Doença Vascular Periférica vertical. E ainda a necessidade celebrar dida por Sua Excelência Dr. Roberto
na Diabetes Mellitus foram valorizadas um Pacto pela Vida das nossas mães e Vítor de Almeida, Presidente da As‑
as inter‑relações com outras patolo‑ das nossas crianças. sembleia Nacional da República de
gias, causas e complicações, que cons‑ 6. C ontributos dos Médicos Angola, que proferiu um discurso
tituem já um grave problema, pois um e das Ordens Profissionais que faz parte integrante do Texto Fi‑
doente com DVP apresenta problemas na Gestão da Saúde nal do Congresso. 
ao nível cardíaco, cerebral ou renal. Foi a) F oram abordados modelos ao nível
salientada a importância dos aspectos da Gestão, do Financiamento, da Re‑
organizativos da consulta, da equipa e gulação e da Prestação de Cuidados,
da interdisciplinaridade. face aos desafios sociais colocados aos
c) Os estudos das neoplasias mais fre‑ sistemas de saúde modernos. O Con‑
quentes e das aplicações das técnicas gresso recomendou que seja aumen‑
cirúrgicas plástico ‑ reconstrutivas res‑ tada a capacidade e profissionalização
pectivas demonstram a necessidade de dos gestores, no terreno; e que sejam
uma vigilância no rastreio efectivo e no apresentados cursos de curta duração
aperfeiçoamento de técnicas cirúrgicas. sobre gestão administrativa de servi‑
Recomendou‑se também a introdução ços clínicos para os responsáveis.
da vacina contra o HPV para prevenir b) Foi abordada a questão da Cobertura Ministro da Reinserção João Baptista Kussumua.
o cancro do colo do útero. Médica Especializada em Angola nas

Presidente da AN garante apoio às iniciativas de melhoria da saúde


O presidente da Assembleia Nacional, Roberto Victor da Almeida, garantiu, no discurso de encerramento do Con‑
gresso Internacional, apoio incondicional da instituição que dirige a todas iniciativas a favor da elevação do nível
da saúde da população.
“A Assembleia Nacional, no âmbito das suas competências, apoiará as iniciativas de carácter transectorial a favor da ele‑
vação do nível de vida de toda a população”, disse o líder do parlamento angolano, para quem é tempo de encontrar um
novo paradigma do conceito de saúde, o qual deve estar centrado na ampla mobilização dos múltiplos sectores da activi‑
dade. O presidente da Assembleia Nacional fez saber que os médicos estão muito preocupados com a saúde pública, com
destaque para os cuidados primários, cuidados do segundo e terceiro níveis. Segundo Roberto de Almeida, o lema que
dominou o evento, “Defender a Saúde com Qualidade e Modernidade”, é uma das preocupações da Ordem dos Médicos e
dos médicos, em geral. “Isso é: promoção de estilo de vida saudável, a atenção aos riscos ambientais com efeitos na saúde
pública, a problemática das doenças crónicas, a saúde materna infantil, o apoio aos idosos etc.”, frisou. Disse ainda que
as estratégias da saúde devem ser construídas com base em consenso, e serem acompanhadas, monitorizadas e avaliadas
num amplo compromisso que permita evidenciar as iniquidades e que possibilite o diagnóstico profundo das várias causas
que colocam em perigo a saúde das populações. 
Not í c i a s
10 N.º 0 ‑ JUNHO DE 2008

Bastonário quer mais faculdades de medicina

O bastonário da Ordem dos Médicos de Angola, Prof. Dr. Carlos Alberto Pinto de Sousa, defendeu, no
Uíje, a abertura de mais faculdades de medicina.
Para Prof. Dr. Carlos Alberto Pinto de Sousa, que fazia parte da delegação que acompanhou a vice‑ministra
da ­Saúde para a área Hospitalar, Evelise Frestas, ao Uíje, a criação de condições para a formação profissional
dos técnicos de saúde poderá contribuir para que seja melhorado o nível de assistência que as unidades
sanitárias municipais oferecem às populações locais. O bastonário da Ordem dos Médicos reconheceu que
a única faculdade de medicina do País dispõe de boas condições. Segundo ele, há necessidade de se apostar
na formação técnico‑profissional, a nível da rede primária, no caso os postos de saúde, centros médicos
e hospitais municipais, para que os técnicos médios de saúde ali colocados possam dar resposta às várias
situações que ocorrem nas localidades. Os estudantes da Faculdade de Medicina recém‑formados, defendeu,
deviam ter pelo menos dois anos de periferia, pois são uma grande escola, já que aí são submetidos a contacto
directo com a realidade, e com o nosso contexto. Isso fá‑los‑ia crescer, tanto do ponto de vista técnico, de conhecimentos, como de
competências profissionais. Referiu ainda ser necessário dotar os profissionais de saúde de conhecimentos sobre gestão hospitalar,
no sentido de não só assegurarem a assistência sanitária da população enferma, nos postos de saúde, centros médicos e hospitais
municipais, por exemplo, mas também, no sentido de assegurarem a gestão destas unidades. 

Estudos de medicina em Angola nos séc. XVIII e XIX

O s estudos de medicina em Angola tiveram o seu início no século XVIII, quando, sob orientações da
Rainha D. Maria I foi fundado em 1791, o curso superior de Medicina sob a designação de “ Aula de
Medicina e Anatomia de Luanda”. “ Nos termos duma Carta Patente assinada por D. Maria I, foi nomeado
aos 24 de Abril de 1789, o médico José Pinto de Azeredo para as funções de Físico Mor do então Reino
de Angola, com a obrigação de curar para além do corpo militar do Reino, os doentes do Hospital e
igualmente abrir uma escola de medicina para os que se quisessem empregar no exercício e prática da
medicina”. (MANUEL, Carlos ‑ 1997). Foi proferido então o acto inaugural da Aula de Medicina, a Oração
de Sapiência, a 11 de Setembro de 1791. O curso estava constituído por aulas de Anatomia, Fisiologia,
Química, Matéria Médica e Prática de Medicina. “ Aos 29 de Dezembro de 1836, Lisboa, (...), aprovou e
publicou a lei sobre a Instrução Superior nas Províncias Insulares. Essa lei parece ter sido criada em especial
para o ensino da Medicina e ordenou a constituição de uma Escola Médico‑Cirúrgica... ”. (MANUEL, Carlos
‑ 1997). Esta escola leccionaria duas cadeiras. A primeira consistiria em Anatomia, Fisiologia, Operações
Cirúrgicas e Arte Obstétrica. A segunda cadeira consistiria em Patologia, Matéria Médica e Terapêutica.
Essa lei regularizava também o quadro orgânico da Escola, o nível académico dos docentes e pessoal auxiliar,
regência das cadeiras, salários e autorizava a formação de Farmacêuticos. Aos 2 de Abril de 1845, a Rainha e o Ministro dos
Negócios da Marinha e do Ultramar, assinaram, publicaram e mandaram executar o Plano de Organização e Regulamento
do Ensino Médico nas Províncias Portuguesas de África, que de entre outros aspectos, limitava a natureza das intervenções
cirúrgicas que os recém cursados poderiam realizar, em virtude da inferior diferenciação profissional dos mesmos. 

“Piercings” na boca provocam complicações

C erca de 30 por cento dos “piercings” colocados na cavidade oral (língua e lábios) provocam complicações, como hemorragias,
infecções e inchaço. Há casos em que os problemas só são sanados com a remoção do “piercing”.
Orlando Monteiro da Silva, bastonário da Ordem dos Médicos Dentistas de Portugal, discorda que se proíbam estes artefactos,
mas realça a necessidade de informação. Os perigos são muitos e os cuidados a ter também.
A língua é uma das regiões do corpo mais atravessadas por vasos sanguíneos e nervos e é
fortemente colonizada por bactérias. Trespassá‑la, de um lado ao outro, com um objecto metálico,
sem anestesia, pode ser uma intervenção bastante agressiva e perigosa, se não for feita nas ideais
condições de assepsia. De acordo com Orlando Monteiro da Silva, aos consultórios de medicina
dentária chegam muitas complicações que só se resolvem com a retirada do “piercing”. Não há
estatísticas nem notícias de casos graves porque a maioria das situações é resolvida em consultórios
particulares, acrescenta o bastonário dos dentistas. Em termos imediatos, os riscos mais frequentes
são hemorragia (sangramento) descontrolada, edema (inchaço) da língua ‑ que pode provocar graves
dificuldades em respirar e engolir ‑ e infecções, além da dor, que varia consoante a sensibilidade e
tolerância de cada pessoa.
Durante o período de cicatrização, que demora entre quatro a seis semanas, o inchaço pode
acentuar‑se, o risco de infecção aumenta, podem ocorrer fracturas dos dentes (por contacto com o
objecto metálico) e retracção das gengivas. A higiene bucal fica também dificultada e há casos de
perda de sensibilidade do paladar. 
Not í c i a s
N.º 0 ‑ JUNHO DE 2008 11

Laboratório português busca parcerias


em Angola

U m grupo farmacêutico português que se dedica à produção, comercialização de


medicamentos e de matéria‑prima, bem como à prestação de serviços de informação
médica, pretende criar parcerias com as instituições nacionais do ramo da saúde. Atral
Cipan é o nome do grupo que este ano faz 60 anos de existência. A essa altura, segundo
o responsável pelo Departamento Internacional, Albino Lopes Avelelas, estaria a
fazer 58 anos de existência no País, se não fossem os conflitos coloniais em 1949, que
obrigaram o fim da parceria com as instituições nacionais. Neste momento, interessa
ao grupo Atral Cipan retomar a parceria para que os angolanos tenham acesso aos seus
produtos (medicamentos e matéria prima para a sua fabricação) e serviços (prestação de
informação médica) e, consequentemente, melhorar a qualidade de vida e aumentem os
conhecimentos técnicos – científicos sobre diferentes patologias e respectivos fármacos
para as combater. A classe médica é o principal grupo alvo dos serviços disponíveis, razão
pela qual o grupo Atral Cipan estreita relações com a Ordem dos Médicos de Angola e
as faculdades de medicina da Universidade Agostinho Neto e Jean Piaget, no sentido de
o envolver em acções que visem o aumento do conhecimento técnico e científico. 

Boa saúde: eua apoiam Angola com 30 milhões de dólares

T rinta milhões de dólares foram investidos, nos últimos dos anos, pelo governo dos Estados Unidos no combate de
várias doenças e na promoção da boa saúde em Angola. O embaixador americano no País, Dan Mozena, que falava no
acto do lançamento oficial de um novo produto desinfectante de água denominado “Certeza”, ocorrido no município de
Cacuaco, disse que este montante tem sido usado para apoiar o governo de Angola no combate à malária, na prevenção do
VIH/Sida, redução da mortalidade materno‑infantil, assim como na imunização das crianças e fortalecimento do sector
da saúde. Para o embaixador dos Estados Unidos em Angola, o novo produto de tratamento de água fará grande diferença,
uma vez que dará, por um mês, água potável a uma família de seis pessoas. “Quero dizer com isto que 40 por cento de
angolanos que usam água de fonte não segura têm agora um meio fácil de purificá‑la antes de a beber”. Dan Mozena
lembrou que as doenças causadas por água contaminada, tal como doenças diarreicas e cólera, que matam milhares de
crianças e mulheres grávidas, podem ser prevenidas com uma simples gota do “Certeza”. “A saúde é uma das necessidades
básicas do ser humano, e o alicerce de todas as sociedades”, referiu Dan Mozena, realçando que cidadãos doentes não
podem participar numa democracia, não estão em condições de trabalhar, de contribuir para a paz e a segurança e não
podem desfrutar da vida. As doenças provocadas pela água contaminada contribuem directamente para a infecção da
diarreia, que é a segunda causa de morte de crianças abaixo de cinco anos em Angola. 

Combate à doença melhora vida


no continente

O vice‑ministro da Saúde, José Van‑Dúnem, considerou a


luta contra o paludismo uma forma de contribuir para
a melhoria da qualidade de vida nos países africanos. O
governante, que discursava, no município do Alto Zambeze,
Moxico, na cerimónia de lançamento da expedição “Fazer
recuar o paludismo”, acção levada a cabo ao longo do rio
Zambeze, referiu que a malária constitui um sério problema
para as famílias angolanas e um forte entrave ao combate à
pobreza. “Quando estamos com paludismo não podemos
trabalhar nem produzir riqueza. Os filhos enfermos não
podem ir à escola. As grávidas, muitas vezes, perdem os filhos e acabam também
por morrer devido a esta doença”, disse. O vice‑ministro realçou que a doença
constitui uma preocupação para o seu Ministério, que, segundo afirma, tem feito
muitos esforços para melhorar a situação do paludismo junto das comunidades.
José Van‑Dúnem disse que os casos de paludismo têm estado a diminuir em relação aos
anos anteriores, admitindo, contudo, que muita coisa há ainda por fazer. É importante,
afirma, que as pessoas tenham conhecimento da doença, assim como da importância
dos mosquiteiros tratados e da higiene, para, em conjunto, se combater a malária. 
Not í c i a s
12 N.º 0 ‑ JUNHO DE 2008

Saúde em Benguela reforçada com 25 médicos cubanos


O sector da Saúde na província de Benguela vai contar com mais 25 médicos cubanos, que vão reforçar o quadro de técnicos
especialistas do centro de oftalmologia, recentemente construído e que vai atender 50 pacientes por dia, segundo o director
clínico do Hospital Central de Benguela, Tomás João. “As consultas na especialidade de oftalmologia serão feitas nos hospitais
de Benguela e do Lobito, onde já existem equipamentos de última geração, para consultar e realizar intervenções cirúrgicas”.
O director clínico reconheceu que a província de Benguela enfrentava muitos problemas para tratar pacientes com problemas
visuais. “Com o funcionamento deste centro estaremos a resolver um problema crucial, uma vez que anteriormente os pacientes
tinham que ser evacuados para Luanda”. O Centro oftalmológico de Benguela vai igualmente atender doentes de outras regiões
do país, sobretudo do Huambo, Lubango, Kwanza‑ Sul e Moxico. O director clínico deu a conhecer que as obras de reabilitação
e a construção de novas dependências do Hospital Central de Benguela decorrem a bom ritmo e aguarda‑se pela entrada em
funcionamento ainda este ano. Os médicos cubanos vão também dar aulas na faculdade de Medicina de Benguela, informação
que foi bem acolhida pelos futuros estudantes. “Com a presença de docentes cubanos no sistema pedagógico da Faculdade de
Medicina de Benguela, vamos ter alguma melhoria no processo de ensino e aprendizagem”, disse o candidato João António. 

V Congresso Internacional da Ordem dos Médicos de Angola


O V Congresso Internacional dos Médicos de Angola, que decorrerá sob o lema “Equidade, Ética e Direito à Saúde: Articulação
entre Saúde Publica e Medicina Hospitalar”, vai realizar-se nos dias 26 e 27 de Janeiro de 2009. A introdução dos aspectos
éticos, deontológicos e jurídicos, consubstancia as magnas questões do direito à saúde, de equidade no acesso e no tratamento,
de responsabilidade pelas deliberações clínicas cada vez mais partilhadas, segundo o Bastonário da Ordem dos Médicos de
Angola, Prof. Dr. Carlos Alberto Pinto de Sousa, para quem, “não devemos nos esquecer que em saúde, a busca incessante de
resultados se fundamenta na discussão construtiva, na partilha de saberes, na auscultação de modelos de trabalho em saúde
pública e nas áreas médicas e cirúrgicas”. Nesse sentido, solicita aos membros da classe, que pretendem apresentar intervenções,
que estas devem ser encaminhadas para a Comissão Científica do Congresso até 30 de Setembro, onde o regulamento se encontra
disponível. Adianta que o programa provisório será oportunamente divulgado. 

Notificados 102 novos casos de bócio no Kuando‑Kubango


C ento e dois novos casos de bócio, doença originada pelo consumo de sal não iodizado, foram detectados durante o primeiro
trimestre de 2008 na cidade de Menongue, Kuando‑Kubango. O coordenador da comissão provincial da iodização do sal,
Manuel Pinto José, afirmou que o bairro Paz, situado na periferia de Menongue, é o mais atingido pela doença. Fez saber que,
no mesmo período a sua instituição apreendeu oito toneladas de sal não iodizado que, depois de preparado com “iodato de
potássio” e retirado de um kit apropriado para a iodização do sal, o mesmo foi distribuído gratuitamente à população. Realçou
que o consumo de sal não iodizado pode causar doenças como o bócio, impotência sexual, abortos constantes nas mulheres
grávidas, fraco desenvolvimento dos bebés e pouca assimilação. Para se evitar o pior, disse, o seu organismo, em coordenação
com o departamento provincial de Saúde Pública, está a realizar, com alguma intensidade, seminários de sensibilização sobre os
perigos do consumo do sal não iodizado, tendo como alvo as mulheres grávidas, comerciantes, estudantes e a população. 

Actividades desenvolvidas e em curso Acções de formação promovidas


pela Ordem dos Médicos
n Análise do Estatuto da ORMED e a sua formulação
n Instalação dos colégios de Especialidade.
n Descentralização / reorganização da ORMED
nas províncias, estando neste momento a serem
A Ordem dos Médicos de Angola informa que pro‑
move diversas acções de formação (em modalida‑
des formativas distintas), devidamente acreditadas,
criadas as condições de instalação e funcionamento por formadores com experiência, para instituições
nas quatro regiões de acordo com os Estatutos. que entendam oportuno realizar , designadamente:
n Colaboração com o MINSA em diversas acções,
designadamente, na implementação de missões nA  cção de “Sensibilização à Problemática
medicas especializadas nas províncias do Uíge, dos Planos de Emergência Internos
Kwanza Sul, Lunda Sul, Malanje e Kuando Kubango. e de Catástrofes”.............................................. 6 horas
n Colaboração com o MINSA na elaboração de
diversos pareceres. n Curso de “Gestão de Serviços
n Estudo e implementação de diversas parcerias e Racionalidade Económica”........................ 18 horas
com orga­nismos nacionais e estrangeiros na área nC  urso de “Higiene , Limpeza
de formação pós-graduada de médicos. e Segurança e suas implicações
n Apresentação da candidatura da ORMED a membro da Associação no ambiente interno e externo”...................30 horas
Medica Mundial.
n Encontro sobre “Deontologia e Ética
n Preparação do V Congresso Internacional da ORMED.
Profissional - da Ética à Bioética”................. 4 horas
n Elaboração do regulamento do prémio de Biomedicina.
n Palestra no curso de gestão clínica promovido pelo MINSA subordinado nE  ncontro sobre “Os Direitos da Pessoa
ao tema: Internatos Médicos e Gestão Clínica. Doente - Perspectivas Diversas”................... 4 horas
n Patrocínio de uma Acção de sensibilização sobre Plano de Emergência nC  urso de “Planeamento e de Gestão
Interno. de Laboratórios”............................................. 30 horas
n Elaboração de várias propostas na área de formação pós-graduada
de médicos. n Curso de “Planeamento e Gestão
nP  articipação no acto de tomada de posse do primeiro Bastonário da de Serviços de Imageologia”........................ 30 horas
Ordem dos Médicos de Moçambique, Dr. Aurélio Amândio Zilhão. As Instituições interessadas poderão contactar
nR  eunião dos membros da CPLP em Lisboa nos dias 10 e 12 de Maio. a Ordem dos Médicos por carta.
Not í c i a s
N.º 0 ‑ JUNHO DE 2008 13

Desaconselhado solários a menores


de 18 anos
A Organização Mundial de Saúde (OMS) desaconselhou esta a utilização de
solários por menores de 18 anos devido ao risco de cancro da pele associado
a este tipo de equipamento. Em comunicado, a OMS alertou que alguns solários
podem emitir raios ultravioletas com uma intensidade muito mais elevada do que a emitida pelo sol ao meio‑dia na maior parte
dos países. A exposição de menores de 18 anos à radiação ultravioleta e o número de queimaduras da pele que sofrem durante
a infância e adolescência, seja devido à excessiva exposição ao sol ou à frequência de solários, aumentam o risco de virem a
desenvolver de cancro cutâneo na idade adulta. 

Campanha de investigação em medicamentos para crianças


A Organização Mundial de Saúde (OMS) lançou uma campanha para promover mais investigação
em fármacos adaptados a crianças, visto que, segundo a OMS, há crianças a morrer todos os
dias por não existirem medicamentos especificamente produzidos para elas. Mais de metade dos
medicamentos usados nos países industrializados para tratar doenças em crianças só foram testados
em adultos, apesar das crianças metabolizarem as drogas de modo diferente. Por outro lado, a
Organização alerta para a maior gravidade deste problema nos países em desenvolvimento onde os
preços dos medicamentos são incomportáveis para as populações, que vêem morrer seis milhões de
crianças, por ano, com doenças consideradas ligeiras. Isto, porque as poucas terapias contra a sida
dedicadas a crianças custam três vezes mais do que as existentes para adultos. Assim, no âmbito
desta campanha, a OMS lançou a primeira “lista internacional de medicamentos essenciais para crianças”, onde constam 206
fármacos dedicados a doenças da infância, tidas como prioritárias. Entre os medicamentos essenciais a Organização destaca
vários antibióticos, fármacos para a asma e analgésicos e considera entre as prioridades a investigação de medicamentos para a
sida, malária e tuberculose, adaptados a crianças. A outra iniciativa desta campanha é o lançamento de um portal na Internet
com informação sobre ensaios clínicos em curso, de medicamentos para crianças. Tendo em conta a controvérsia existente no
âmbito dos ensaios clínicos de medicamento para crianças, nomeadamente com a relutância mostrada pelas farmacêuticas em
fazê‑lo, pelas autorizações exigidas neste âmbito, quer a União Europeia quer os Estados Unidos já oferecem regalias especiais,
em termos de extensão da duração da protecção das patentes, a quem fizer este tipo de ensaios clínicos. 

Comunidade Médica de Língua Portuguesa reúne em Lisboa


O s médicos da Comunidade Médica de Língua Portuguesa (CMLP) estiveram reunidos de 10 a 11 de Maio, na sede da Ordem
dos Médicos, em Lisboa, para traçar os preparativos para realização do III Congresso da organização. Durante os dois dias,
os participantes abordaram vários assuntos, entre os quais o desenvolvimento da CMLP e o seu Centro de Formação Médica
Especializada, sedeado em Cabo Verde. Esta instituição tem como objectivo, dedicar-se a formação homogénea de quadros
médicos de todos os países membros da organização. No magno evento, saiu ainda uma definição das linhas gerais que irão
enformar o III Congresso da Comunidade Médica de Língua Portuguesa.
Durante a reunião foram propostos, discutidos e analisados os principais temas para o III Congresso da organização, que irá se
realizar no primeiro trimestre de 2009 em Portugal.
nP
 rograma Provisório do III Congresso CMLP. nS
 istema Nacional de Saúde: experiência e expectativas.
nO
 s médicos e o desenvolvimento humano. nA
 ética médica – desafios do séc. XXI.
Direito à Saúde – que futuro? nE
 specialidades médicas no mundo global e lusófono.
nC
 onferência inaugural: medicina e desenvolvimento nO
 rganização do trabalho e qualidade de vida dos médicos.
dos povos – objectivos do milénio.
nC
 entro de Formação Médica Pós-Graduada da CMLP
nP
 olíticas de saúde pública. Papel das associações médicas. – O nosso modelo de formação.
nR
 esponsabilidade civil e penal dos médicos.

Agenda
Curso de actualização Curso de actualização XXXXII World Congresso 3 Reuniões Cientificas
em Urologia em Urologia of The Internacional sobre Osteoporose
Local: Barcelona Local: Madrid Society of Hematology Local: Milão, Itália.
Data: 10 a 13 de Julho Data: 25 a 28 de Setembro Local: Banguecoque Data: 29 de Novembro
Contactos: Tel. 217 952 494 Contactos: Tel. 217 952 494 Data: 19 a 23 de Outubro Contactos: Admedic
Fax: 217 952 497 Fax: 217 952 497 Contactos: Grunenthal Tel. 218 429 710
Tel. 214 726 300
Re l at ó r i o s OM S
14 N.º 0 ‑ JUNHO DE 2008

Álcool causa 3,7% das mortes anuais


no mundo

P elo menos 2,3 milhões de pessoas morrem por ano no mundo todo devido a
problemas relacionados ao consumo de álcool, o que totaliza 3,7% da mortalidade
mundial, segundo um relatório elaborado pela Organização Mundial da Saúde (OMS).
No relatório, a OMS afirma que “o consumo de álcool provoca grandes problemas de
saúde pública”. O produto é a quinta causa de morte prematura e de incapacidade no
mundo todo e provoca 4,4% das doenças em todo o planeta. Além disso, o álcool foi
relacionado a 6,1% das mortes de homens ocorridas em todo o mundo em 2002, e de
1,1% entre as mulheres.
Entre as mortes dos menores de 60 anos, a percentagem atribuível à ingestão de álcool sobe para 5% (7,5% entre os homens
e 1,7% entre as mulheres). Os efeitos fatais do consumo de álcool são maiores entre os mais jovens de ambos os sexos,
especialmente devido a acidentes com morte. Por regiões, os mais afectados por mortes resultantes da ingestão de álcool são
os homens da Europa (10,8% das mortes), da América (8,7%) e da Oceânia (8,5%). Os que sofrem menos consequências são
os do Mediterrâneo Oriental (0,9%), da África (3,4%) e do Sudeste Asiático (3,7%). Entre as mulheres, onde há mais mortes
relacionadas ao álcool é na Europa e na América (1,7% em ambos os casos), seguidos do Oceânia (1,5%), da África (1%), do
Sudeste Asiático (0,4%) e do Mediterrâneo Oriental (0,2%). Em geral, o consumo de álcool é a terceira maior causa de doenças
nos países desenvolvidos, e a primeira entre os homens nos países em desenvolvimento com taxas de mortalidade baixas. Por
tipos de patologias, o efeito nocivo do álcool se relaciona com os transtornos neuropsiquiátricos (entre eles, o alcoolismo), que
somam 34,3% das doenças e mortes ligadas a esse hábito. Além desses problemas, o álcool está estritamente ligado a acidentes
de trânsito, queimaduras, afogamentos e quedas (25,5%), além de se relacionar ao suicídio (11%), à cirrose hepática (10,2%), às
doenças cardiovasculares (9,8%) e ao câncer (9%). Se apenas as mortes forem consideradas, as três categorias principais ligadas
ao álcool são os acidentes (25%), as doenças cardiovasculares (22%) e o câncer (20%). “Embora existam indícios de que o
consumo moderado de álcool pode reduzir a mortalidade geral e a relacionada a algumas doenças e a determinados grupos de
idade, é dif ícil estabelecer um nível para o consumo nocivo de álcool”, reconhece a OMS no relatório. A agência defende, ainda,
que, em muitas doenças ‑ entre elas, o câncer de mama ‑, o risco aumenta em função da quantidade de álcool consumido. O
documento indica, também, que “a acumulação de indícios sugere uma relação entre o consumo e as doenças infecciosas, tais
como a Sida e a tuberculose, embora essa relação ainda tenha que ser demonstrada e quantificada”. A OMS calcula que, em
2002, o custo total relacionado ao consumo nocivo de álcool pode ter chegado a 665 biliões de dólares, o que equivaleria a 2%
do Produto Interno Bruto (PIB) mundial. No entanto, a parcela mais conservadora da organização acredita que pelo menos
50 biliões de dólares desse custo seriam correspondentes a despesas derivadas de doenças, 55 biliões dólares, à mortalidade
prematura, 30 biliões de dólares, à condução sob efeito do álcool, 30 biliões de dólares, ao abandono de emprego, 80 biliões de
dólares, ao desemprego, 30 biliões de dólares, a despesas do sistema judiciário e 15 biliões de dólares, a danos à propriedade
alheia. Entre consequências sociais citadas pela OMS estão a embriaguez em público, os maus‑tratos infantis, a violência
juvenil e entre marido e mulher. A OMS alerta, ainda, que cada vez mais a produção e comércio de álcool são envolvidos pela
globalização, o que implica novos desafios para combater o problema. 

Epidemia global do tabaco

A menos que uma medida urgente seja tomada, um bilião de pessoas morrerá no mundo
todo por causa do tabagismo neste século. O tabagismo é tão devastador ao corpo humano
que constitui um factor de risco para seis das oito causas principais de morte no mundo.
A boa notícia é que essa epidemia está longe de ser inevitável e sabemos como acabar com ela.
Com base em ciência e experiência, a Organização Mundial da Saúde (OMS) identificou seis
soluções com boa relação custo‑benefício que foram comprovadas para reduzir o tabagismo
e que todo país deve implementar. Essas soluções exigem que as nações: protejam todas as
pessoas do fumo passivo com leis que exigem ambientes de trabalho e espaços públicos sem
fumaça; avisem as pessoas sobre os perigos do tabagismo com fortes advertências ilustrativas
sobre saúde nas embalagens de cigarro; decretem e coloquem em vigor proibições completas
referentes à publicidade, à promoção e a patrocínios do tabaco e ao uso de termos enganosos
como “leve’ e “baixo alcatrão; aumentem os preços dos produtos com tabaco, elevando os
impostos sobre o produto; ofereçam programas para ajudar os usuários a deixarem o vício e
monitorem o consumo do tabaco e avaliem o impacto dos esforços de prevenção e suspensão
do vício. Mais de 150 nações comprometeram‑se a implementar essas medidas, ratificando
o tratado para o controle do tabaco da OMS, a Convenção‑Quadro para o Controle do
Tabaco. Há provas científicas incontestáveis de que essas soluções funcionarão. Também, é
importante destacar que elas são viáveis e possíveis. A maioria pode ser implementada com
pouco ou nenhum custo para os governos. 
Re l at ó r i o OM S
N.º 0 ‑ JUNHO DE 2008 15

Oms reconhece avanços de Angola

A directora‑geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), Margareth Chan, reconheceu os avanços registados no domínio
da saúde, consubstanciados na assistência médica primária às populações. “Estou muito satisfeita com os resultados que
pude observar no terreno”, disse à imprensa Margareth Chan, no Aeroporto Internacional 4 de Fevereiro, antes de deixar Angola,
depois de três dias de visita ao País. A chinesa ao serviço da OMS acrescentou que a sua visita a Angola deu‑lhe uma grande
oportunidade de conhecer aquilo que se está a passar no sector da saúde em Angola. Margareth Chan disse entender que o país
acabou de sair de uma longa guerra civil, por isso, muito ainda não foi feito para melhorar todo o sistema nacional de saúde.
Há dois anos a frente dos destinos da OMS, Chan lamentou não ter tido a oportunidade de visitar os serviços de saúde noutras
províncias do país. Apesar disso, considerou “totalmente satisfatório” o trabalho desenvolvido no domínio da saúde, tendo em
conta aquilo que pôde constatar em Luanda.
“Apesar de não ter visitado o interior do país, diria que os trabalhos que até agora foram feitos no sentido de prestar uma
melhor assistência médica às pessoas são satisfatórios”, declarou Margareth Chan, confessando ter ficado especialmente muito
surpreendida com o engajamento político do Governo angolano no melhoramento do sistema nacional de saúde. 

Tuberculose continua a matar

O Secretário‑Geral da ONU, Ban Ki‑moon, assinalou o Dia Mundial da


Luta contra a Tuberculose com um apelo a mais esforços para o combate
a esta doença infecciosa. O tema deste ano é “Vou parar a Tuberculose”.
Uma luta, diz Ban, que só é possível vencer com o empenho colectivo de
milhões de pessoas. No seu mais recente relatório a OMS afirma que
o ritmo de combate contra a tuberculose está a abrandar, concluindo
que o fim da tuberculose faz parte dos desafios do Milénio tais como
definidos pela ONU. A maior parte dos casos de tuberculose ocorre
em África e na Ásia. No continente africano a área mais afectada é a
África sub‑saariana. Margaret Chan, a directora da OMS, sublinha a
necessidade de reforçar os programas públicos e outros esforços a fim
de combater a tuberculose. Em África, a tuberculose multiresistente está
a ameaçar os progressos. O combate a esta doença requer mais recursos
e tempo. Segundo a OMS, a resposta nesta área tem sido inadequada.
O enviado especial do Secretário‑Geral para a luta contra a tuberculose,
ex‑presidente de Portugal, Jorge Sampaio, apelou a mais liderança no sentido
de combinar a luta contra doença com a luta contra o HIV‑Sida. 

Grupo César e filhos patrocina prémio de investigação biomédica

A Ordem dos Médicos de Angola tem vindo a desenvolver a sua actividade normal, dentro das competências que
estatutariamente lhe estão conferidas, procurando dignificar a classe médica e colaborar no desenvolvimento de
acções que permitam melhorar a saúde das populações. A dinâmica de mudança que temos procurado implementar
enquadra-se no reforço da capacidade de intervenção das estruturas governamentais, das universidades, das organizações
privadas e da capacidade de iniciativa da sociedade civil através dos seus próprios mecanismos de iniciativa. O Prémio
de Investigação Biomédica destinado a galardoar a investigação científica relevante e pertinente no domínio da saúde
tem os seguintes objectivos: investir no desenvolvimento, a médio e longo prazo, na capacidade de investigação de
pessoas e instituições, especialmente nas áreas tradicionalmente negligenciadas como a epidemiologia e a gestão de
unidades de saúde; fomentar o trabalho investigacional de peritos interessados e motivar os mais novos para esta área
do saber; recompensar profissionalmente a boa investigação e estabelecer laços de cooperação numa vasta área da
saúde. Conforme estatui o Regulamento, estão previstos três prémios e duas menções honrosas, a atribuir de acordo
com a relevância, qualidade e com resultados na saúde das populações. Para a materialização do projecto, a Ordem
dos Médicos de Angola contou com o apoio do Grupo César e Filhos, o que desde já expressa os seus agradecimentos.
O apelo está, assim, lançado à classe médica e a outros profissionais da área da saúde, às universidades e às estruturas
governamentais e à sociedade civil. 
Es tat u t o s
16 N.º 0 ‑ JUNHO DE 2008

Conheça os Estatutos da Ordem dos Médicos de Angola


CAPÍTULO I ‑ Da denominação, natureza, da medicina e com a organização dos 4. Da deliberação do Conselho Nacional de carácter nacional, a Ordem dos Médicos
sede e âmbito serviços que se ocupem da saúde, sempre Executivo cabe recurso para os tribunais exerce a sua acção através de órgãos a nível
Art. 1.º que julgue conveniente fazê‑lo, junto das competentes. provincial, regional e nacional.
1. A Ordem dos Médicos de Angola é uma entidades oficiais competentes ou quando Art. 17.º
instituição de direito público, que goza por estas for consultada; SECÇÃO II 1. São órgãos da competência genérica da
de personalidade jurídica, de autonomia e) Velar pelo exacto cumprimento da lei, do Dos deveres e direitos Ordem dos Médicos:
administrativa, financeira e patrimonial, presente Estatuto e respectivos regula‑ Art. 13.º a) A nível provincial (unicamente nas provín‑
de âmbito nacional, tem a sua sede em mentos, nomeadamente no que se refere São deveres dos médicos: cias com um número de médicos, no pleno
Luanda e é constituída por quatro regiões ao título e à profissão de médico, promo‑ a) Cumprir o presente Estatuto e respectivos gozo dos seus direitos, superior a 15)
‑ Norte, Centro, Leste e Sul ‑ com sede, vendo procedimento judicial contra quem regulamentos; Assembleia Provincial (AP);
respectivamente, em Luanda, Huambo, o use ou a exerça ilegalmente; b) Cumprir as normas deontológicas que re‑ Conselho Provincial (CP);
Malanje e Lubango. f) Emitir a cédula profissional e promover gem o exercício da profissão médica; b) A nível regional:
2. A Ordem poderá criar, sempre que o en‑ a qualificação profissional dos médicos c) Guardar segredo profissional; Assembleia Regional (AR);
tenda necessário à prossecução dos seus pela concessão de títulos de diferencia‑ d) Participar nas actividades da Ordem e Conselho Regional (CR);
fins, secções, delegações ou outras formas ção e pela participação activa no ensino manter‑se delas informado, nomeada‑ Conselho Fiscal Regional (CFR);
de representação, nomeadamente nas Pro‑ pós‑graduado. mente tomando parte nas assembleias ou c) A nível nacional:
víncias com um número de médicos, no Art. 7.º grupos de trabalho; Presidente da Ordem dos Médicos;
pleno gozo dos seus direitos, inferior a 15. Para a prossecução dos seus fins a Ordem e) Desempenhar as funções para que cada Plenário dos Conselhos Regionais (PCR);
Art. 2.º dos Médicos deve: um for eleito ou designado; Conselho Nacional Executivo (CNE);
A Ordem dos Médicos de Angola abrange os a) Informar os médicos de tudo quanto diga f) Cumprir e fazer cumprir as deliberações Conselho Fiscal Nacional (CFN);
licenciados em medicina que, residindo no respeito às necessidades e aos interesses e decisões dos órgãos da Ordem, tomadas 2. São órgãos de competência específica:
país, exerçam, ou tenham exercido em qual‑ das populações no campo de saúde; de acordo com o Estatuto; a) Órgãos disciplinares:
quer regime de trabalho, a profissão médica. b) Criar e dinamizar estruturas que velem g) Defender o bom nome e o prestígio da Or‑ Conselho Nacional de Disciplina (CND);
Art. 3.º pela ética, pela deontologia e pela qualifi‑ dem dos Médicos; Conselho Disciplinar Regional (CDR);
A área geográfica de cada secção será defini‑ cação profissional médicas; h) Agir solidariamente em todas as circuns‑ b) Órgãos consultivos:
da tendo em atenção a descentralização dos c) Criar e dinamizar departamentos que di‑ tâncias na defesa dos interesses colectivos; Conselho Nacional de Deontologia Médica
(CNDM);
serviços de saúde, a divisão administrativa do recta ou indirectamente possam interessar i) Comunicar à Ordem dos Médicos, no
País e a deliberação expressa e fundamentada aos médicos; Conselho Nacional de Ensino e Educação
prazo máximo de trinta dias, a mudança de
Médica (CNEEM);
dos médicos nas assembleias regionais. d) Assegurar uma gestão correcta dos seus residência, a reforma e os impedimentos por
Conselho Nacional para o Serviço Nacional
fundos. doença prolongada ou serviço militar;
de Saúde (CNSNS);
Capítulo II j) Pagar as quotas e demais débitos regula‑
Conselho Nacional do Exercício da Medicina
Dos princípios fundamentais e fins Capítulo III mentares.
Privada (CNEMP);
Art. 4.º Da inscrição, deveres e direitos Art. 14.º
Conselho Nacional da Segurança Social dos
1. A Ordem dos Médicos reconhece que a Pela violação dos deveres referidos no artigo
Médicos (CNSSM);
defesa dos legítimos interesses dos médi‑ SECÇÃO I anterior ficam os médicos sujeitos às sanções
Colégios de Especialidades (CE).
cos pressupõe o exercício de uma medi‑ Da inscrição previstas no artigo 74º deste Estatuto.
Art. 18.º
cina humanizada que respeite o direito à Art. 8.º Art. 15.º
O mandato dos órgãos eleitos é de três anos,
saúde de todos os cidadãos. O exercício da medicina depende da inscri‑ São direitos dos médicos: podendo os seus membros, no todo ou em
2. A Ordem dos Médicos exerce a sua acção ção na Ordem dos Médicos. a) Eleger e ser eleitos para os órgãos da Or‑ parte, ser reeleitos, por mais um único man‑
com total independência em relação ao Art. 9.º dem ou quaisquer outros, nas condições dato.
Estado, formações políticas, religiosas ou Só podem inscrever‑se na ordem dos Médi‑ fixadas no presente Estatuto; Art. 19.º
outras organizações. cos os angolanos e estrangeiros licenciados b) Frequentar as instalações da Ordem dos A eleição dos membros dos órgãos a qual‑
3. O sistema democrático regula a orgânica em medicina por escola superior angolana Médicos; quer nível é sempre por votação em escru‑
e vida interna da Ordem dos Médicos, ou estrangeira, desde que, neste último caso, c) Participar na vida da Ordem dos Médicos, tínio secreto em assembleia convocada para
constituindo‑se o seu controle um direito tenham obtido equivalência oficial de curso nomeadamente nas reuniões dos seus gru‑ o efeito.
e um dever de todos os seus associados, devidamente reconhecida pela Ordem dos pos de trabalho, nas reuniões das assem‑ Art. 20.º
nomeadamente no que respeita à eleição e Médicos. bleias, discutindo, votando, requerendo e 1. A eleição dos órgãos será feita por listas,
destituição de todos os seus dirigentes e à Art. 10.º apresentando as moções e propostas que salvo disposição em contrário.
livre discussão de todas as questões da sua 1. A inscrição será requerida pelo interes‑ acharem convenientes; 2. Cada lista deve ser proposta por um míni‑
vida associativa. sado ao conselho regional em cuja área o d) Solicitar o patrocínio da Ordem sempre mo de 30% dos médicos inscritos na área,
4. A liberdade de opiniões e o livre jogo de‑ requerente tiver o seu domicílio fiscal. que dele careçam para a defesa dos seus legí‑ no gozo de todos os seus direitos estatu‑
mocrático previstos no número anterior e 2. A
 recusa da inscrição deve ser notificada ao timos interesses profissionais ou quando haja tários.
garantidos no presente Estatuto não jus‑ requerente, podendo este recorrer da deci‑ ofensa dos seus direitos e garantias, enquan‑ 3. Devem ser asseguradas iguais oportunida‑
tificam a constituição de quaisquer orga‑ são para o Conselho Nacional Executivo. to médicos; des a todas as listas concorrentes, devendo
nismos autónomos dentro da Ordem dos Art. 11.º e) Requerer a convocação das assembleias, constituir‑se, para fiscalizar a eleição, uma
Médicos que possam falsear ou influenciar Será anulada a inscrição na Ordem dos Mé‑ nos termos do presente Estatuto; comissão eleitoral integrando a mesa da as‑
as regras normais da democracia e possam dicos: f) R eclamar e recorrer das deliberações dos sembleia respectiva e um delegado de cada
conduzir à divisão entre os seus membros. a) Aos que hajam sido punidos com a pena órgãos da Ordem contrárias ao disposto no uma das listas.
Art. 5.º de expulsão; Estatuto e seus regulamentos; 4. Com as candidaturas deverão ser apresen‑
A Ordem dos Médicos poderá aderir a quais‑ b) Aos que solicitarem, por terem deixado, g) Recorrer de qualquer sanção que lhes seja tados os respectivos programas de acção
quer uniões ou federações de associações voluntariamente, de exercer a actividade aplicada; dos candidatos, dos quais o presidente da
médicas e deverá colaborar com os demais profissional; h) Usufruir dos sistemas de segurança so‑ mesa da assembleia correspondente dará
técnicos de saúde, através das respectivas c) Aos que deixarem de pagar as quotas du‑ cial; conhecimento a todos os médicos do nível
organizações profissionais, no interesse da rante um período de um ano e que, de‑ i) Requerer a sua cédula profissional e de‑ em eleição.
defesa e promoção da saúde. pois de notificados para as pagar, o não mais documentos necessários ao exercício Art. 21.º
Art. 6.º fizerem no prazo de três meses após a da sua profissão; 1. O mandato dos órgãos pode terminar por
A Ordem dos Médicos tem por finalidades recepção do aviso. j) Solicitar a comprovação da sua qualifica‑ deliberação das respectivas assembleias,
essenciais: Art. 12.º ção profissional; desde que convocadas expressamente
a) Defender a ética, a deontologia e a qua‑ 1. Por deliberação unânime do Conselho k) Ser informados de toda a actividade da para apreciação da actuação dos mesmos
lificação profissional médicas, a fim de Nacional Executivo, mediante parecer de Ordem dos Médicos e receber as publica‑ e quando o número total de votantes seja
assegurar e fazer respeitar o direito dos uma comissão de peritos especialmente ções periódicas e extraordinárias editadas superior a 50% dos médicos inscritos.
utentes a uma medicina qualificada; nomeada para o efeito, poderão ser impe‑ pela mesma; 2. A assembleia que destituir a totalidade ou
b) Fomentar e defender os interesses da didos de exercer, total ou parcialmente, a l) Beneficiar de isenção de quota nos perío‑ a maioria dos membros de algum dos ór‑
profissão médica a todos os níveis, no‑ sua profissão, os médicos para ela inabili‑ dos de incapacidade total para o trabalho gãos deve eleger uma comissão provisória
meadamente no respeitante à promoção tados f ísica ou mentalmente. que ultrapassem sessenta dias ou após a re‑ que transitoriamente os substitua até às
socio‑profissional, à segurança social e às 2. A comissão de peritos será constituída forma, desde que não exerçam a profissão. eleições que se devem realizar no prazo
relações de trabalho; por cinco membros, sendo dois nomeados máximo de noventa dias.
c) Promover o desenvolvimento da cultura pelo conselho regional da secção a que o Capítulo IV 3. O mandato dos órgãos eleitos nas condi‑
médica e concorrer para o reforço e aper‑ médico pertença, dois pelo interessado e Dos órgãos da Ordem ções do número anterior termina no fim
feiçoamento constante do Serviço Na‑ um pelo Conselho Nacional Executivo. do termo normal dos órgãos substituídos.
cional de Saúde, colaborando na Política 3. Se o interessado não estiver em condições SECÇÃO I Art. 22.º
Nacional de Saúde em todos os aspectos, de fazer a nomeação a que se refere o nú‑ Princípios gerais 1. O exercício dos cargos é gratuito.
nomeadamente no ensino médico e nas mero anterior, deverá a mesma ser feita Art. 16.º 2. Poderá ser atribuída uma verba de ajudas
carreiras médicas; pela pessoa a quem legalmente caberia a A fim de permitir a participação real dos de custo a fixar no Regulamento Geral dos
d) Dar parecer sobre todos os assuntos rela‑ tutela ou curatela nos casos de interdição médicos inscritos na resolução quer de pro‑ Médicos.
cionados com o ensino, com o exercício ou inabilitação judicialmente declarados. blemas locais específicos, quer de problemas  Continua no próximo número

Você também pode gostar