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Revista Açoriana de Investigação em Enfermagem

O poder da investigação na prática de enfermagem


Autor: Laura Furtado Costa, n. º 2022113715

“[…] Precisamos de enfermeiros investigadores como de “pão para a boca”.” (Lopes, 2022)

Assim como em qualquer área de estudo, a Enfermagem necessita constantemente de renovar


o seu conjunto de conhecimentos, sendo isto apenas possível através da investigação. Sendo assim,
para garantir o avanço tanto científico quanto humano da profissão de enfermagem é essencial
adotar uma prática que se baseie em evidências. Isso não apenas nos permite acompanhar e
antecipar o progresso, mas também contribuir para a sua construção, sendo que a investigação em
Enfermagem desempenha um papel fundamental na produção de conhecimento científico.
Portanto, é importante incentivar uma reflexão sobre a investigação em enfermagem. (Vieira, 2015)

De acordo com o regulamento do exercício profissional do enfermeiro, no decreto-lei n.º 161/96,


de 4 de setembro “A enfermagem registou entre nós, no decurso dos últimos anos, uma evolução,
quer ao nível da respetiva formação de base, quer no que diz respeito à complexificação e
dignificação do seu exercício profissional, que torna imperioso reconhecer como de significativo
valor o papel do enfermeiro no âmbito da comunidade científica de saúde e, bem assim, no que
concerne à qualidade e eficácia da prestação de cuidados de saúde.”. A investigação tem grande
contributo para esta evolução, através dos trabalhos de investigação na qual os enfermeiros
contribuem, promovem e participam, visando o progresso da enfermagem em particular e da saúde
em geral. (REPE, 1996)

Considera-se ainda, de acordo com a ordem dos enfermeiros (2006) que “A investigação em
Enfermagem é um processo sistemático, científico e rigoroso que procura incrementar o
conhecimento nesta disciplina, respondendo a questões ou resolvendo problemas para benefício
dos utentes, famílias e comunidades. Engloba todos os aspetos da saúde que são de interesse para
a Enfermagem. Inclui, por isso, a promoção da saúde, a prevenção da doença, o cuidado à pessoa
ao longo do ciclo vital, durante problemas de saúde e processos de vida, ou visando uma morte
digna e serena.”

Segundo Manuel Lopes (2022), “O enfermeiro investigador assume-se, assim, como um


contribuinte por excelência para a construção da disciplina e da profissão. Precisamos, por isso, de
aumentar exponencialmente o número de enfermeiros investigadores, uma vez que só uma ampla
“massa crítica” garantirá uma sistemática produção de conhecimento que robusteça a disciplina e
a profissão. Apenas neste cenário a enfermagem pode ombrear paritariamente com as restantes
disciplinas-profissões, principalmente as da área da saúde, e com elas tentar construir uma
perspetiva pluri, quiçá, transdisciplinar em saúde.” Desta forma, considero que no âmbito da
enfermagem, a investigação desempenha um papel crucial, pois é fundamental contar com as
melhores evidências científicas para tomar decisões, especialmente no que diz respeito à
identificação das necessidades das pessoas e a nível da prescrição das intervenções de enfermagem.

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Ana Paula Sousa Santos
Uma vez que a saúde das pessoas não pode ser posta em causa com “experimentalismos”, é
necessário que a investigação dê suporte às ações dos enfermeiros nas suas áreas de atuação. Por
exemplo, para a identificação de um diagnóstico e para a eficácia das intervenções de enfermagem,
estão envolvidas diversas variáveis reforçando a necessidade de investigação para determinar quais
dados são essenciais e quais intervenções proporcionam os maiores benefícios para os pacientes.

Em Portugal, enfrenta-se a ausência de informações confiáveis relacionadas a vários indicadores


que refletem o estado de saúde e as necessidades dos cuidados de enfermagem em diferentes
grupos populacionais-alvo. Por outro lado, os recursos financeiros destinados à investigação em
enfermagem são escassos em comparação com outras áreas de saúde, devido à história de
enfermagem que foi sustentada pelo conhecimento produzido por outras áreas da ciência, levando
a uma menor necessidade de produção de conhecimento através de “consumo” próprio. No
entanto, atualmente, através dos doutoramentos, a enfermagem possui capacidade para identificar
as necessidades de conhecimento, produzindo-o, de modo a aprimorar as práticas e contribuir para
outras disciplinas ao destacar as necessidades de intervenção que podem proporcionar ganhos
significativos em saúde. (Sequeira, Néné, 2022)

Carlos Sequeira e Manuela Néné (2022) argumentam que “É fundamental que as entidades
académicas e de prestação de cuidados se articulem no sentido de otimizarem os recursos de
investigação em prol de uma melhor saúde para os cidadãos, a nível da promoção da saúde e da
prevenção da doença, facilitando as diversas transições que decorrem do ciclo de desenvolvimento,
do contexto ou da sua situação”. Realçando que a cooperação entre instituições acadêmicas e
organizações de cuidados de saúde poderiam resultar em pesquisas mais eficazes e aplicáveis,
contribuindo, assim, para melhorar a saúde e bem-estar dos cidadãos.

A investigação é essencial para a profissão e disciplina de enfermagem, pois pode contribuir para
diversos fatores, tais como: Incentivar os profissionais a refletir sobre as suas práticas de
enfermagem, promovendo a qualidade contínua e a prática; Reforçar a base de conhecimento da
enfermagem, garantindo que as intervenções sejam baseadas em evidências científicas e práticas
atualizadas; Garantir que as intervenções de enfermagem sejam aplicadas de forma igualitária a
todas as pessoas, independentemente das suas características; Integrar os resultados da pesquisa
e estudos na prática clínica, garantindo a conexão entre a teoria e a prática; Avaliar a eficácia da
gestão de um serviço de enfermagem, identificando áreas de melhoria e implementar mudanças
para otimizar os estudos. Todos estes fatores desempenham um papel crucial na abordagem das
necessidades básicas e emocionais das pessoas, fornecendo cuidado e suporte adequado para
promover a qualidade de vida e bem-estar. (Sequeira, Néné, 2022)

Em suma, é fundamental pensar-se numa estratégia prospetiva que favoreça uma articulação
mais eficiente entre os distintos domínios, nomeadamente a formação, a investigação e a prática
clínica, assegurando uma implementação mais eficaz da evidência científica nos cenários clínicos. A
busca por meios eficazes de disseminação do conhecimento é essencial para facilitar a sua aplicação
prática. Ao seguir este percurso, estaremos, de facto, a contribuir para a essência fundamental da
profissão de enfermagem, que é a promoção de ganhos em saúde para as pessoas e, por
conseguinte, para a sociedade como um todo. Esta abordagem integrada e alinhada com as
evidências científicas não apenas fortalece a qualidade dos cuidados de enfermagem, mas também
consolida a posição da profissão como um agente vital na promoção da saúde e no bem-estar da
comunidade. Desta forma, na saúde é essencial que toda a margem de erro seja minimizada, o que
só é possível com uma prática clínica suportada em investigação de qualidade. (Sequeira, Néné,
2022)

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Referências Bibliográficas:

- Vieira, J. (2015). EDITORIAL - A INVESTIGAÇÃO EM ENFERMAGEM. Revista Clínica Do Hospital


Prof. Doutor Fernando Fonseca, EPE, Amadora, Portugal

- Ordem dos enfermeiros. (2006) Investigação em enfermagem. Tomada de Posição


Enquadramento. Disponível em:
https://www.ordemenfermeiros.pt/arquivo/tomadasposicao/Documents/TomadaPosicao_26Abr
2006.pdf

- REPE. Lei nº 161/96, de 4 de setembro. Com as alterações introduzidas pelo Decreto-lei nº


104/98 de 21 de Abril.

- Néné, M., Sequeira, C. (2022). INVESTIGAÇÃO EM ENFERMAGEM (Lidel – Edições Técnicas, Lda,
Ed.) [Review of INVESTIGAÇÃO EM ENFERMAGEM].

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