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TÍTULO

COMUNIDADE AMPLIADA DE PESQUISA: SABERES E PRÁTICAS DE


TRABALHADORES DE SAÚDE COM FOCO NA POLÍTICA NACIONAL DE
HUMANIZAÇÃO.
OBJETO

Reflexões e prática dos trabalhadores de saúde;


Política Nacional de Humanização;
Comunidade ampliada de pesquisa.

JUSTIFICATIVA

Pessoal
A identificação da insatisfação dos pacientes em relação à falta de
humanização de alguns profissionais de saúde;
Científica
Servirá como base de informações referentes aos conhecimentos e práticas
profissionais sobre a PNH para os diversos profissionais de saúde para
efetivação do cuidado e melhoria da qualidade da assistência;
Pedagógica
Se insere na Linha de Pesquisa do Processo Ensino Aprendizagem de saúde,
do Curso de Mestrado em Ensino na Saúde.

RELEVÂNCIA
O estudo se mostra relevante por contemplar categorias pertinentes ao
conhecimento e reflexão bem como a realidade das práticas profissionais nos
serviços de saúde para transformação da realidade para melhoria da qualidade
ofertada aos pacientes.
PROBLEMATIZAÇÃO
Pergunta: O que os profissionais de saúde sabem sobre a Política de
Humanização? E de fato eles a utilizam na execução de seus serviços?

HIPOTESE
Os profissionais de saúde refletirão sobre seus conhecimentos e execução de
suas práticas voltadas à PNH na assistência aos pacientes.

OBJETIVO GERAL
Verificar os saberes e práticas dos profissionais de saúde sobre a PNH do Serviço de
Obstetrícia do Hospital Regional de Iguatu

OBJETIVOS ESPECÍFICOS
Analisar a integração entre conhecimento e prática dos profissionais;
Identificar os motivos que dificultam a prática da PNH pelos profissionais de
saúde;
Propiciar a atuação de todos os envolvidos coletivamente na pesquisa
através da CAPE para efetividade da PNH

REVISÃO DE LITERATURA
PNH;
PRÁTICAS PROFISSIONAIS DE SAÚDE;
NECESSIDADES DOS PACIENTES

1. REVISÃO DE LITERATURA
1.1 POLÍTICA NACIONAL DE HUMANIZAÇÃO

O desenvolvimento da humanização de acordo com o progresso


cronológico histórico brasileiro tem seu oriente ainda no processo de reformas
sanitárias, movimento esse que gerou diversos agravos de comunicação entre
sociedade - massa social que necessitava dos cuidados emergenciais de
infraestrutura e saúde, e gestão – governo que possuía total controle dos
procedimentos a serem tomados. E tornou-se durante um tempo, uma marcha
que teoricamente deveria ser do bem, em um acontecimento revolucionário que
necessitava urgentemente de reformas e comunicação entre os indivíduos
participantes diretamente deste processo de forma holística, e, não tão
somente como portadores de patologias ou agravos à saúde.
Diante disso, posteriormente com o estabelecimento da constituição de
1988, onde o governo afirmou a saúde como um direito do povo e dever do
estado, fundamentando o Sistema Único de Saúde – SUS outorgou o
reestabelecimento prático e teórico funcional da saúde, que nesse momento
deixou de ser vista de forma unidirecional, e passou a ser um conjunto de
fatores que mantem a integridade do cidadão no que desrespeito a sua saúde,
bem estar físico, social e mental. Para tanto, a ideia de humanização passou a
ser compreendida como “a valorização dos diferentes sujeitos implicados no
processo de produção de Saúde” (SUS/PNH 2004). Entende-se ainda,
engajado nessa conceituação, que, a humanização tem seu valor mensurável e
positivo na criação de um serviço de qualidade, seja ele qual for, mas
principalmente no âmbito da saúde. Destacando sua valia imprescindivelmente
ao indivíduo, sujeito esse que será, se não o único, o que mais necessita e
será abrangido por ela em todos os serviços, desde a prevenção de saúde até
sua promoção e recuperação.
Com isso, ao tratarmos do ser humano, põem-se necessário considerar a
cultura e os valores que circundam as práticas em saúde. Nesse contexto,
entendemos como características que formam o cuidado idealizado, aquele
que oferece situações que proporcionam o bem estar para o outro e que é
fortalecido no dia a dia.

Tem-se ainda que a humanização pode ocupar vários espações dentro de


um mesmo conceito. E para OLIVEIRA (2006) “É a valorização dos diferentes
sujeitos implicados no processo de produção de saúde: usuários, trabalhadores
e gestores; fomento da autonomia e do protagonismo desses sujeitos”. Assim
sendo, mesmo com a criação do SUS, sistema que garante acesso à saúde
equânime e integral a todos os indivíduos, viu-se que este não era um recurso
permanente de garantia à utilização correta e almejada para o conceito
idealizado para humanização.
E diante dos desafios encontrados no decorrer da história, nasce a Política
Nacional de Humanização- PNH, ponto crucial para garantir não somente uma
teoria bonita, mas principalmente uma prática sólida e eficaz. A mesma foi
criada em 2003, e simplificadamente busca garantir e efetivar os princípios do
SUS. Para tanto, mesmo criando uma política regada de princípios, objetivos,
métodos e diretrizes. Para torná-lo essencialmente efetivo é necessário à
participação de todos que de alguma forma estejam ligados, unam-se criando
forças para um mesmo propósito.
De acordo com SANTOS (2009) “A PNH pode ser compreendida como um
conjunto de princípios e instrumentos que pretendem influir na qualidade dos
serviços de saúde”. E por essa razão a PNH pode gerir a problemática acerca
da importância dessa qualidade nos serviços. E nesse contexto a humanização
seria a ferramenta política ideal para instauração dentro das instituições de
afago, liberdade, qualidade da assistência e união de servidores e pacientes na
busca permanente da melhor assistência de saúde, dando significado a
presença e ação propriamente dita dos gestores, dos profissionais e, sobretudo
dos clientes que mais necessitam desta aplicação, criando uma cadeia
benéfica e eficaz de ações singulares que só vem para melhorar a qualidade
de vida de toda a sociedade. Segundo o Ministério de Saúde (2011) “A
proposta de humanização da assistência à saúde é um valor para a conquista
de uma melhor qualidade de atendimento à saúde do usuário e de melhores
condições de trabalho para os profissionais”. Posto isso, encontra-se uma
correlação não só entre protagonistas do evento, mas também uma
necessidade brusca de confronto entre realidade e idealização.
De acordo, ainda, com o Ministério de Saúde (2011) “A iniciativa de criação
deste programa expressa uma decisão firme do Ministério de enfrentar os
grandes desafios de melhoria da qualidade do atendimento público à saúde e
de valorização do trabalho dos profissionais desta área”. Portanto, na evolução
e transformação histórica embrincada neste processo, é notório não tão
somente segundo o estado, mas visivelmente através de práticas que os
profissionais estão tão ligados e são positivamente responsáveis pela boa ou
não humanização empregada até os dias de hoje, quanto os pacientes. Ou
seja, profissionais não só devem praticar humanização, mas também receber.
Devendo neste caso estimular as ações dos mesmos através da valorização,
posto que os mesmos vão encontrar desafios nesta trajetória de busca da
melhor assistência de saúde possível.

1.2 O PROCESSO DE HUMANIZAÇÃO E SUA RELAÇÃO COM OS


PROFISSIONAIS
De acordo com SANTOS (2009) “A qualidade precisa englobar
mudanças em diversos âmbitos, abarcando desde a organização e as relações
institucionais de trabalho até as características da prestação de serviços e dos
produtos oferecidos à população”. Neste caso, todos devem estar envolvidos. A
humanização refere-se á praticas simples voltada ao sujeito, desde a recepção
do mesmo no ambiente hospitalar, valorizando-o como ser que pensa e sente,
perpassando por todo o processo de admissão, consulta e internamento, até
sua alta hospitalar ou morte. Considerando todos os aspectos de conforto físico
até mesmo suas individualidades emocionais e psíquicas, valorizando seu
pensamento crítico e comum, dores, lamentos e até evoluções e atentar ainda
seu enfoque para seus familiares e amigos que compõem a construção
individual do ser humano.
Para CAMPOS (2000) “A humanização como práticas de saúde, volta-
se para as práticas concretas comprometidas com a produção de saúde e
produção de sujeitos”. E nesse aspecto, para concretização do mesmo, todos
os envolvidos no processo devem estar comprometidos a finco para que a
assistência tenha qualidade do início ao fim. Recepcionistas, maqueiros,
auxiliar de serviços gerais, toda a equipe multidisciplinar e gestores devem
compor uma equipe engajada e forte. Pois a humanização caminha desde o
planejamento até a execução. Desde o papel até o toque de pele. Desde o
recebimento do paciente até a saída do mesmo e seu acompanhamento após a
saída.
E só havendo um circuito de afinidade é que se pode compor
permanentemente uma equipe, e não somente um grupo de trabalho. E a
importância de uma equipe, fazendo literalmente jus ao nome, é para que um
sirva de pilar e sustentação para o outro, para que o exemplo se perpetue e
atinja humanizando em efeito ‘dominó’ um a um, até que todos sintam a
necessidade de humanizar e humanizar-se sem depender obrigatoriamente de
outrem, continuamente.
Porém, tem-se um embate tanto dos profissionais quanto dos usuários
que podem criar maneiras defensivas para enfrentar a desumanização do dia-
a-dia. A enfermagem veste a ‘armadura’ supondo-se inenarravelmente imune
contra o sofrimento dos pacientes para também não sofrerem posteriormente
de depressão ou ansiedade. E os pacientes criam proteções contra seus
sentimentos no período hospitalar, para amenizar o próprio sofrimento e
solidão. Sucateando seus sentimentos, fingindo estar tudo bem, agravando o
quadro de saúde e decaindo os serviços oferecidos. Ao negligenciar a dor
alheia, a enfermagem torna-se imune ao sofrimento. E este é um dos pontos
que faz decair uma assistência de qualidade. A falta de empatia é uma forma
de não humanizar.
O ideal neste caso é que os gestores devam ouvir e planejar baseado na
realidade encontrada através dos profissionais, instituições e pacientes. Estar à
disposição da sociedade é algo importante, pois a humanização também
baseia-se em ouvir. Segundo o Ministério da Saúde (2011) “O ato de escuta,
execução e avaliação de ações deve constituir um movimento inseparável,
sempre com o caráter de avaliar coletivamente para produzir sinais indicativos
dos rumos que precisam ser redirecionados”. Os recepcionistas devem garantir
o acesso integral e igualitário, respeitando as diferenças de cada ser humano,
mas sempre obedecendo às diretrizes da política. Os responsáveis pela
limpeza hospitalar devem garantir um ambiente confortável, limpo e adequado
para recuperação do paciente. A equipe multidisciplinar deve garantir a melhor
assistência possível, com prestação de serviços de qualidades e o máximo de
atenção possível ao paciente. E no mesmo âmbito, o cliente deverá portar-se
com paciência, respeitar o serviço e os profissionais que ali estão, entender as
normas da instituição e portar-se como cidadão para que tenha os seus
devidos direitos. Falar com educação e ouvir com atenção, e agir com
amabilidade e respeito aos outros pacientes, respeitando suas peculiaridades,
preferências e patologias. A humanização também se atem ao respeito.
Segundo o Ministério da Saúde (2011) “Para “atrair” o interesse desses
atores é necessário que a PNH se apresente e se institua em uma dimensão
de planificação, explicitando objetivos e metas afinadas com os múltiplos
interesses institucionais”. Ou seja, considerar os interesses e a importância de
cada um dentro dessa política. Fortalecendo a organização do serviço e a
inclusão de cada um dos que são imprescindíveis no serviço.
De acordo com a Política Nacional de Humanização (Brasil, 2005), “A
humanização é um pacto, uma construção coletiva que só pode acontecer a
partir da construção e troca de saberes, através do trabalho em rede com
equipes multiprofissionais”. Ou seja, participação dos protagonistas ativos e
usuários nas ações de saúde.

1.3 HUMANIZAÇÃO HOSPITALAR


A Saúde Pública passou por inúmeros avanços no cenário brasileiro,
principalmente ao longo das ultimas duas décadas, no entanto, as práticas de
saúde divergem com a teoria estabelecida e as necessidades dos usuários
(BRASIL, 2004).
O objetivo de humanizar, em todos os sentidos e lugares, mas
preferencialmente no caso da saúde, quer dizer reconhecer que nessa área
existem problemas e lacunas de muitas condições exigidas pela conceituação
de humanização e organização do cuidado da saúde da sociedade, tanto por
parte dos gestores, como da sociedade como um todo. Entendemos que a cura
e a saúde depende de muitos fatores que em alguns casos não estão em
nossas mãos, porém, o cuidado, acolhimento e empatia, sim. E no âmbito
hospitalar assim como a desumanização pode agravar o quadro clínico de um
paciente, a humanização pode alavancar com positividade o mesmo quadro.
O processo de humanizar destaca o cuidado com o ser humano frente à
fragilidade holística: corpo, mente e espírito, contemplando a qualidade na
relação entre o profissional de saúde e o paciente. A solidariedade passa a ser
uma das habilidades diante de tantas indiferenças existentes, além de
fortalecer vínculos afetivos imprescindíveis à situação do outro (PESSINI;
BERTACHINI, p.4, 2004).
O autor supracitado refere ainda, que o recinto hospitalar faz alusão a
um ambiente de recuperação de saúde onde se necessita de organização,
silêncio, paz, limpeza e uma boa gestão. E a humanização num sentido amplo,
além de melhorar a condição física e mental do indivíduo, proporcionando a
cura, trata-se ainda de incentivar e estimular todas as condições possíveis de
união profissional e interdisciplinar da equipe contra a falta de respeito e
inumanidade para com os outros, e atuar na autonomia estatal dos
governantes oferecendo assim maior segurança para os pacientes.
Porém, para que se implemente efetivamente esta política é fundamental
a sensibilização dos gestores e dirigentes do hospitais para um modelo
permanente que reflita no desenvolvimento da instituição. Ou seja, dentro das
instituições é primordial a iniciativa dos dirigentes na participação ativa da
transformação de realidades hospitalares. O primeiro passo deve ser do gestor
para que ele ‘plante’ a ideia e todos possam colher. O resultado desse
processo será a melhoria em todos os setores implantados e satisfação de
pacientes que nem sempre eram bem cuidados, tratados ou ouvidos
(HENNING, 2006).

1.4 NECESSIDADES DOS PACIENTES


Diz-se paciente, o cliente que sofre de algum agravo à saúde, que
necessita e aguarda cuidados.
Para Moraes 2004, uma internação hospitalar torna o paciente inquieto
pelo próprio processo de adoecimento, mas este ainda poderá sofrer
influências mais fortes sob seus aspectos psicológicos. A experiência torna-se
na maioria das vezes desagradável frente à utilização de recursos
tecnológicos, sendo estes muitas vezes dolorosos e invasivos, bem como a
inserção em um ambiente complexo, no convívio de pessoas fora do convívio,
aumentando assim a ansiedade do paciente.
Durante o processo de agravos à saúde ou adoecimento, as atenções
dos profissionais de saúde tendem a voltar-se quase sempre para a patologia,
sinais e sintomas que o indivíduo apresenta. Esquecendo-se que há uma vida
que porta tais características. Desta forma, a especificidade do cliente é
despersonalizada, não cabendo um enfoque geral ou amplo, que reconheça
em um olhar a angústia trazida por ele, suas inseguranças, medos, incertezas
e necessidades. Dificultando a participação do paciente na composição de sua
história e no enfrentamento autônomo da circunstância. Desvalorizando a
importância do ser humano, inibindo seus sentimentos e anseios e afastando-o
cada vez mais dos profissionais que ali estão.
A enfermagem assume por vezes o papel de elo entre serviços,
servidores e pacientes, e nesses casos, a integração da assistência faz-se,
mais que nunca, essencial e única para a filtração dos desejos dos clientes e
oportunizando a ligação e criação de espaços que permitirão a coleta de dados
fidedigna, aproximação com os pacientes e procedimentos com maior
segurança e ‘intimidade’ posta em uma relação cliente-profissional.
Aproximação esta que favorecerá também o profissional. E trará ainda um bem
estar emocional para o paciente que não é acostumado a ser tratado com
atenção e está em uma posição de vulnerabilidade tanto física quanto
psicológica.
O acolhimento e atenção são de longe os principais ensejos dos
pacientes. Eles precisam sentir-se o mais próximos de casa pra recuperar-se
rapidamente e possam retornar, de fato, para suas residências, local onde eles
sentem-se seguros e confortáveis. Visto que, perpassando por situações de
doença, estar em um ambiente hospitalar com pessoas desconhecidas, torna-
se ainda pior e desfavorável essa situação, abatendo emocionalmente o
cliente, e, em alguns casos, fisicamente também.
A ética e o sigilo dos procedimentos compõem também o pódio de
atitudes esperadas pelos clientes. O ser humano necessita sentir confiança no
outro, para que só então consiga desabafar seus medos e angústias. A
privacidade de seu diagnóstico, quadro clínico e até mesmo de seu corpo na
hora do banho ou realização de procedimentos são fundamentais nesse elo de
confiança. Que assegura não só alegria e conforto para o paciente. Mas
profissionalismo e respeito do profissional com seu paciente e trabalho.

Profissionais que desenvolvam as habilidades emocionais, e que


sejam capazes de sensibilizar-se com as situações vivenciadas em
seu cotidiano, evitando prestar um cuidado tecnicista, mas
preparados para oferecer um cuidado humanizado ao cliente, sem
exploração, domínio ou desconfiança (Amestoy, 2004)

Ou seja, profissionais que conseguem estabelecer uma relação de


confiança com seus pacientes, promovem simultaneamente mais rapidez e
eficiência nos seus tratamentos. Além de garantirem que os mesmos tenham
para sempre uma visão favorável a seu respeito e façam sempre relações com
seus nomes quando fora do ambiente hospitalar se tratando do bom
atendimento.
Contudo, o ‘aconchego’ trazido pela posição dos profissionais como um
“bom dia” ou um sorriso, adequação do paciente a seu leito feito pelo
especialista, conscientização do seu quadro clínico, explicitação do
procedimento e suas possíveis reações, lavagem das mãos como medida de
segurança para ambos e limpeza do ambiente, são medidas esperadas e que
preservam o bem estar do paciente, deixando-os confortáveis e seguros.
1.5- DESAFIOS E PRÁTICAS DE PROFISSIONAIS
A tarefa de formar profissionais para atuar no sistema de saúde sempre foi
um desafio. É fundamental a prática do dia a dia de profissionais e sua inter-
relação com usuários e gestores para a resolução dos problemas encontrados
na assistência à saúde, bem como para a qualificação do cuidado prestado.
É sabido que os profissionais da área da saúde estão particularmente
sujeitos ao estresse, esse fato dá-se relacionado à complexidade de suas
atividades e suas condições dentro das instituições, bem como remuneração e
fragilidade de situações vivenciadas no cotidiano. Mas independentemente
deste fato, os profissionais de saúde tornam-se protagonistas da realidade
existencial nesse setor, estando diretamente envolvidos nas ações
estabelecidas em todos os níveis de atenção.
No âmbito hospitalar e nas práticas de profissionais, destaca-se a categoria
de Enfermagem, com predominação de auxiliares e técnicos na execução dos
serviços. Para Waldow (2008), apesar dessa classe profissional representar a
maioria do serviço, ainda há uma sobrecarga de funções e tarefas que acabam
automatizando o cuidado, fazendo com que a preocupação seja voltada
exclusivamente para a reabilitação da saúde, por muitas vezes física,
ocasionando uma má assistência nas ações humanizadas e psicológicas
deixando o serviço carente desses cuidados.
Outro fator que se deve levar em consideração é a evolução mundial, que
desde o século XIX, com a imersão da industrialização e capitalização,
‘coisifica’ as ações e as pessoas. No ambiente hospitalar a tecnologia como
forma de inovação e mecanização do trabalho humano, mostra várias vezes,
que os melhores hospitais, são aqueles com tecnologia de ponta, e esquecem-
se dos homens que por fim as criam. As máquinas surgem como alta
tecnologia e são bastante eficientes para realização de exames, para garantir
maior conforto e até para produzir maior segurança em alguns diagnósticos.
Porém, mesmo com todas as tecnologias existentes, e estas sendo
ofertadas e executadas, ainda assim, jamais irão suprir a necessidade do
cuidado humano como, quando se trata de um olhar, um sorriso, um toque ou a
possibilidade de escutar que permite ao paciente a troca de informações
precisas, subjetivas, que permite ao paciente falar de seus anseios, medos,
arrependimentos, mágoas, esperanças, planos futuros, enfim, tudo que
caracteriza o ser humano.

Passamos por uma imensa crise de humanismo. O que está


acontecendo com as pessoas? Onde está o humano? Certos valores
passaram a ser descartáveis. Antes da humanização, tem-se o
desafio da “hominização”, ou seja, criar para os seres humanos
oportunidades de existir e viver dignamente, um desafio para ações
inovadoras (PESSINI; BERTACHINI, 2004).

A Enfermagem é considerada a “profissão do cuidado”, que pratica o


cuidado humano em sua essência (ROSELLÓ, 2009). E ainda que se faça
preciso à implantação de tecnologias para a fidedignidade de serviços
ofertados, são os indivíduos, dotados de seus inúmeros sentimentos,
inteligência e capacidade que irão operacionalizá-las. Diante disso, torna-se
óbvio que a presença humana é imprescindível. Porém, essa substituição
algumas vezes torna-se preocupação para os profissionais que neste caso vão
em busca de capacitações e instrumentos para se destacarem, ou
sobrecarregam-se para mostrar sua capacidade na empresa e acabam por
sucatear o serviço.
Na área da saúde, o trabalho é também quase uma missão. Não
são poucas as exigências: trata-se de trabalho reflexivo, que articula
dimensões técnicas, éticas e políticas, em cenários de múltiplos e
diversos atores – profissionais de formações diversas e usuários de
todas as origens e culturas (Brasil, 2004)

Mediante tantos desafios enfrentados pelos profissionais de saúde,


destaca-se ainda a carga horária que por vezes sobrecarrega o funcionário, e o
baixo salário, que, em alguns casos desestimula o profissional que opta por
permanecer no trabalho mesmo ganhando pouco, para ficar na sua área de
atuação.
Muitas são as justificativas. O ambiente insalubre, os turnos de trabalho, os
baixos salários, os plantões, e há ainda os profissionais que se preocupam
mais em ser tecnicistas e fazer seu trabalho baseado apenas nas prescrições
médicas, livros e manuais, e, nas patologias dos clientes, do que nas
evidências e necessidades individuais de cada paciente. Que não entende que
o indivíduo, algumas vezes só precisa ser ouvido e ter atenção, ainda que de
alguém que ele nem conheça. E esta, é a forma mais real de desumanização.
Pois o paciente torna-se objeto despersonalizado do sistema de saúde.
A convivência em ambientes estressantes como aqueles
observados nos hospitais, não raras vezes faz com que o profissional
da saúde se torne indiferente aos problemas e necessidades dos
pacientes e seus familiares. Em que pese às diversas razões para
que tal fato ocorra, as informações pertinentes à manutenção da
saúde e cuidados devem ser fornecidas sempre que possível e
necessárias, desempenhando o papel de cuidador, de gerenciador,
de educador ou exercendo alguma competência técnica.
(CARVALHO, 2008, p. 8)

Para Bertachini (2004) “Existe um círculo vicioso de coisificação das


pessoas e sacralização das coisas, com inversão de valores, deixando de lado
a dignidade”. Porém, este círculo vicioso foi criado através das práticas, as
práticas constituem a maior efetividade no que diz respeito a assistência de
saúde. E para tanto, existe uma forma única de reversão desta situação: a
humanização.
Acreditamos, ainda, que profissionais que se utilizam da humanização,
tratando o outro como trataria a si próprio, isto é, com igualdade e almejando
fazer o melhor, respeitando e ouvindo, conseguem desenvolver as ações
necessárias para mudanças eficazes no tratamento hospitalar do indivíduo. E
aumentando assim sua autonomia e perspicácia no ambiente de trabalho.
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