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A humanização na atenção a saúde do idoso.

INTRODUCÃO

No ano de 2003 nasceu no Brasil, a Política Nacional de Humanização, com o


fundamento de efetivação dos princípios estabelecimentos pelo Sistema Único de
Saúde (SUS), a humanização na atenção à saúde pode ser entendida como uma
qualificação das práticas de saúde, tais como o acolhimento, vinculo e valorização
dos usuários do sistema (ZÜGE, 2012).

Para Puccini e Cecílio (2004), a humanização é a valorização e priorização da


responsabilidade pela paciente, do zelar e da dedicação do profissional de saúde
pelo paciente, para eles o profissional deve superar a integralidade a realização
de técnicas assistências. A humanização pode ser entendida como um princípio
de base humanística e ética, metodologia para o cuidado na assistência à saúde
com base no respeito e na valorização do ser humano.

A humanização é uma preocupação dos profissionais de saúde e usuários,


principalmente em relação aos idosos, devido às condições especiais que esses
pacientes apresentam, e também pelo fato do Brasil apresentar um grande
quantitativo de idosos, para se ter uma ideia em 2010 os idosos representavam
10,8% da população total, aproximadamente 79,6 milhões de pessoas. A
estimativa é de que, em 2025, seremos o sexto país em números de idosos, com
aproximadamente 32 milhões de pessoas da terceira idade, este dado aumenta
a ideia da necessidade de humanizar o serviço prestado a pessoa idoso (BRASIL,
2017).

A HUMANIZAÇÃO NA ATENÇÃO A SAÚDE

A humanização, enquanto política pública de saúde, vem sendo discutida como


criação de espaços que alteram as formas de produzir saúde, tomando como
princípios o aumento do grau de comunicação entre sujeitos e equipes, ou seja,
tornando o atendimento mais adequado e satisfatório ao cliente (MORREIRA et
al. 2015).
A Política de Humanização visa à reorganização dos processos de trabalho em
saúde, propondo, centralmente, transformações nas relações sociais, que
envolvem trabalhadores e gestores em sua experiência cotidiana de organização
e condução de serviços; e transformações nas formas de produzir e prestar
serviços à população. Pelo lado da gestão, busca- se implantar instâncias
colegiadas e horizontalizarão das “linhas de comando”, valorizando a participação
dos atores, o trabalho em equipe, a chamada “comunicação lateral”, e
democratizando os processos decisórios, com co-responsabilização de gestores,
trabalhadores e usuários. E traz como fundamental a participação dos
profissionais da saúde na elaboração de planos e ações (HUMANIZASUS,2010).

A política de humanização surge em um cenário de desafios, ainda presentes na


construção do SUS que exige mudanças no modelo de gestão e de atenção à
saúde. Dentre eles, destacam-se: vínculo frágil nos grupos de
trabalhadores versus usuários e controle social rudimentar, relações de trabalho
precárias e pouca nenhuma, participação dos trabalhadores na gestão dos
serviços, baixo investimento em educação permanente, desestímulo ao trabalho
em equipe e despreparo dos profissionais para lidar com questões subjetivas que
toda prática de saúde envolve (HENNINGTON, 2008).

IDOSO E A CONSTITUIÇÃO

A Política Nacional do Idoso (PNI), lei nº 8.842, de 4 de janeiro de 1994, define


idoso como qualquer pessoa de 60 anos ou mais, a partir dessa idade a
Constituição Federal permiti ao idoso ter proteção do Estado de Direito contra
discriminação, tendo sua dignidade resguardada e a proteção às suas
necessidades específicas, através do Estatuto do Idoso, estabelecido pela lei nº
10.741, de 1 de outubro de 2003 .

O Estatuto do Idoso em seu artigo 18 coloca que as instituições de saúde devem


estar aptas aos critérios mínimos para atendimento ao idoso, promovendo o
treinamento e a capacitação dos profissionais, esses critérios são essências para
o desenvolvimento da humanização. O Estatuto do Idoso inovou ao permitir ao
idoso que se proteja e, passou a ser visto como sujeito ativo de direitos, sendo
pressuposta sua autonomia na defesa dos seus direitos (BRASIL, 2003).

A lei nº 10.741, de 1 de outubro de 2003 estabelece ainda que, o atendimento


de qualidade ao idoso nas Unidades de Saúde é imprescindível para estimular um
envelhecimento ativo e saudável entre a população brasileira, através do
desenvolvimento de práticas de saúde adequada para cada indivíduo.

A IMPORTÂNCIA DA HUMANIZAÇÃO NA TERCEIRA IDADE

Sabemos que o processo de envelhecer é um fenômeno natural que ocorre com


todos os seres humanos, desde o nascimento, este ocorre de modo progressivo,
pode ser acelerando conforme o estilo de vida, no decorrer desse processo a
pessoa passa por mudanças biológicas, psicológicas e sócias, este não pode ser
considerado como doença, lembre-se é um acontecimento natural dos seres
humanos, que necessita de muitos cuidados (SOUZA et al, 2014).

Segundo Silva e colaboradores (2013), o cuidado humanizado é um tema muito


abordado em eventos científicos e eventos do governo, esse tema tem uma
importância maior quando se fala em saúde do idoso, esta é vista como um eixo
norteador para a promoção da assistência holística a pessoa idosa. Para a
efetivação do atendimento humanizado do idoso é preciso atendimento
prioritário, respeito a sua autonomia e independência.

O idoso tem o direito de atendimento especial, e este é apenas uma maneira de


prevenir e promover a saúde do idoso ainda na atenção básica, este proporciona
um tratamento adequado ao idoso, ao cuidador e ao familiar, tudo isso resulta
na humanização da assistência. A humanização deve acontecer nas unidades de
atenção básica, nas unidades de permanecia, nos hospitais públicos e privados,
não deve haver a discriminação ou a falta de cuidado adequado com os pacientes
(SILVA et al, 2013).

Queiroz e Prado, (2010), acreditam que a importância da humanização pois a


hospitalização pelos idosos é dada como uma mudança em seu cotidiano,
havendo troca de condições usuais de habitação por um ambiente estranho e
geralmente ameaçador, eles perdem suas roupas usuais, passam a uma condição
de passividade e impotência, e geralmente são apenas informados sobre seu
tratamento, a humanização então pode mudar essa realidade vivida pelos idosos.

Durante o período de hospitalização, os profissionais de saúde devem se


preocupar com o processo de recuperação do paciente, contribuindo para a
criação de um ambiente adequado e proporcionando a sensação de
relacionamento com esse mundo e não de isolamento. O paciente idoso requer
uma atenção especial, exige um cuidado diferenciado com maior sensibilidade,
considerando suas peculiaridades, suas alterações orgânicas normais,
psicológicas e sociais. Deve-se considerar que cada idoso percebe a sua condição
de maneira diferente, pois alguns reagem individualmente ao sofrimento,
exigindo do profissional a capacidade para intervir em momentos de crises. O
compromisso com a humanização no ambiente hospitalar não deve ser
considerado um ato passivo, pois requer um processo permanente e gradual de
ação e inserção na realidade, através do esforço dinâmico e participativo
(MONTEIRO, 2014).

O cuidado humanizado não é uma técnica ou artifício, mas uma vivência que
deve ser passada em toda atividade dos profissionais com propósitos de oferecer
e realizar o melhor tratamento ao ser humano. Consiste na compreensão e na
valorização da pessoa da melhor forma possível. Além de envolver o cuidado ao
paciente, estendem-se a todos aqueles que estão envolvidos no processo saúde-
doença, que são: a família, a equipe multidisciplinar e o ambiente. Quando o
paciente é idoso, é necessário o preparo técnico e acolhimento humanizado para
o cuidado integral a este ser, não esquecendo que deve haver cumplicidade entre
os envolvidos para uma melhor qualidade na assistência (BACKES; LUNARDI
FILHO; LUNARDI, 2005).

REFERÊNCIAS

ZUGE EMANOELI. A HUMANIZAÇÃO NOS SERVIÇOS DE SAÚDE. Porto Alegre, RS


2012

PUCCINI.P. T; CECÍLIO.L.C.O A. A HUMANIZAÇÃO DOS SERVIÇOS E DO


DIREITO À SAÚDE. Cadernos de saúde publica, Rio de Janeito, 2004.

BRASIL. AÇÃO CAPACITAÇÃO DOS PROFISSIONAIS DA ATENÇÃO BÁSICA


SOBRE A SAÚDE DA PESSOAS IDOSA. Caderno de formação. São Paulo,
2017. Disponível em
<http://portalarquivos,saude.gov.br/images/pdf/2017/setembro/20/cadrno-
caderneta-HCor.pdf>
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Núcleo
Técnico da Política Nacional de Humanização.HumanisaSUS: Documento
base para gestores e trabalhadores do SUS / Ministério da Saúde –
Brasília, 2010/. Disponível
em<http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/humanizasus_documento_gest
ores_trabalhadores_sus.pdf

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