Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
CULTURAL
31 vizualizações 0
Cultura
Partilhar no Facebook
Twitter
Whatsapp
Instagram
Luanda – Quando se fala em balanço dos 45 anos da
independência nacional, a primeira sensação é revisitar
o que marcou o país em termos políticos, económicos e
sociais, mas há um sector fulcral que jamais deverá ser
dissociado desta análise global: a Cultura.
(Por Venceslau Mateus, editor da Angop)
Entretanto, também foi pela mesma cultura que muitos dos melhores filhos da
Pátria (conhecidos e anónimos), tais como religiosos e políticos, criaram, de
forma clandestina, verdadeiras "armas de arremesso" contra os propósitos das
autoridades portuguesas.
Quem não se lembra, a esse respeito, dos históricos escritos do "poeta maior",
António Agostinho Neto, das canções de exaltação dos Ngola Ritmos e do Grupo
Nzaji, da tenacidade de Kimpa Vita, Simão Toco, Gaspar de Almeida e Jesse
Chiula Chipenda (só para citar alguns), que recorreram à cultura, às tradições e à
espiritualidade para combater o regime português, ante um cenário de privações
e cadeias?
Uma das maiores matrizes do país é a sua diversidade linguística, sendo que
estudiosos apontam para a existência de 42 idiomas regionais, além da língua
oficial (português) sendo, neste particular, considerado uma excepção dentro do
continente africano.
Foi neste particular da afirmação das línguas nativas que Angola sentiu os
maiores obstáculos na época colonial, com resquícios que se arrastaram desde
os primeiros anos de liberdade até aos dias actuais, exigindo, do Governo, a
adopção de políticas mais eficazes de promoção dos idiomas locais.
Outro ponto marcante ao longo dos últimos 45 anos foi a primeira manifestação
popular ao ar livre, organizada por angolanos, em Março de 1978, ou seja, o
chamado "Carnaval da Vitória".
A iniciativa surgiu de um veemente apelo lançado pelo primeiro Presidente da
República, António Agostinho Neto, aquando da proclamação da independência
nacional, a 11 de Novembro de 1975, no sentido do retorno imediato às
verdadeiras tradições e raízes do povo angolano.
Era um momento marcante de rompimento total com uma cultura imposta pelos
colonizadores portugueses, numa festa popular que levou às ruas milhares de
angolanos, eufóricos por expressar a sua própria forma de ser, de vestir, de
cantar e de tocar, através da dança e do canto.
Literatura
Um dos mais notáveis marcos deste domínio foi a criação da União dos
Escritores Angolanos, na senda de um importante movimento de artistas, entre
os anos 70 e 80, embora a literatura de Angola tenha começado a afirmar-se
ainda antes da independência nacional.
Música
Com Bonga como uma das principais figuras, a música angolana ganhou espaço
no Mundo, nas últimas três décadas, mercê do talento de vários artistas da velha
e nova geração, entre os quais Paulo Flores, Eduardo Paim, Yuri da Cunha,
Anselmo Ralph e Matias Damásio e outras referências.
Fruto do trabalho destes e de outros artistas, a kizomba, semba e o kuduro, por
exemplo, ultrapassaram barreiras e deixaram, hoje, de ser somente de consumo
interno.
Noutra direcção, Angola tem vindo a conquistar prémios e a entrar para a lista do
património mundial, como se deu com a recente inscrição do Centro Histórico de
Mbanza Kongo na lista da UNESCO.
No domínio das artes plásticas, que tem em “Vitex” uma das suas principais
figuras, Angola espantou o mundo com a conquista do Leão de Ouro na Bienal de
Veneza, em 2013.
Presente no evento, pela primeira vez, o país espantou o mundo com um projecto
"Luanda, Cidade Enciclopédica", tendo como foco, para além de obras de pintura,
um conjunto de quadros fotográficos.
Isso obrigou a uma correria do público ao pavilhão angolano para ver de perto as
bases que levaram a organização a atribuir o mais elevado de apetecível prémio.
Joía da coroa cultural do país, a secular cidade de Mbanza Kongo, antiga capital
do Reino do Kongo, tornou-se, em 2017, no orgulho de angolanos e da RD
Congo, Congo Brazzaville e Gabão, com a sua inscrição na lista do património
mundial da UNESCO.
Se, no domínio das artes, diversos são os nomes que deram e dão o melhor de si
em prol da afirmação de Angola, no mundo da moda o país deu o ar da sua graça
com a eleição da jovem Leila Lopes como Miss Universo, em 2011, num dos mais
expressivos ganhos dos últimos 20 anos.