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Abano

Assertivas

Ancestal

Enviado por Alberto Kanjongo aos Sex, 07/17/2009 - 20:48

A abordagem conceptual da categoria etnia, e as acções práticas dela derivadas,


encontram-se, em Angola, profundamente matizadas pelo paradigma colonial.
Sabe-se que em Angola os vários grupos étnicos, tal como aconteceu noutras
paragens, foram agrupados em função de critérios linguísticos o que, durante o
regime colonial, permitiu utilizar tal facto para um maior domínio e exploração dos
mesmos.
A questão da etnia, e a sua análise dentro de categorias como o particular e o
geral, também tem sido considerada aquando da tentativa epistemológica de
compreender alguns factos da nossa história mais recente como a guerra que se
seguiu à independência nacional. Autores como John Marcum, René Pélissier e
Gerard Ghaliane, na transposição para o terreno da política de categorias
histórico-culturais, apegaram-se em categorias como a etnia e a raça,
contrapondo-se a Colin Legun, Arthur Klinghofeer e Gerald Bender para os quais
todos estes problemas de carácter político e ideológico foram derivados do
condicionamento histórico internacional. Qualquer ponto de vista, seja para
defender uma acção unipolar, seja para defender a acção bipolar, conflui sempre
numa única ideia: a concepção de etnia e da raça, herdada da cosmovisão
colonial, não permitiu dar, até ao momento, respostas às questões que se
levantam em torno da Nação para a adopção de estratégias que vão ao encontro
dos interesses, necessidades e expectativas dos angolanos.
Tal como se disse acima, as categorias como etnia e raça foram utilizadas pela
administração colonial da forma mais subtil para a manutenção do poder neste
território. Por um lado, as autoridades coloniais direccionaram as suas acções em
relação aos grupos étnicos mais representativos, no sentido de agudizarem e
amplificarem as querelas já existentes entre os mesmos. Por outro lado, foram
privilegiando um e outro grupo no sentido de o apresentarem como uma “casta”
superior dentro do complexo e contraditório mosaico etnolinguístico angolano. Foi
neste sentido que enquanto a administração colonial se pugnava por acções de
assimilação do grupo étnico Ambundu, que foi praticamente o centro de
assimilação ao ponto de os ambaquistas (de ambaca, dialecto Kimbundu usado
nas regiões entre o rio Cuanza e Dande) se (auto) denominaram por “mudele”, ia
tratando outros grupos de maneira diferente.
Nos anos que se seguiram ao deflagrar da luta de libertação nacional, muito
destes “mundelizados” eram vistos nas vilas e nas cidades do interior do país
vestidos na capa de funcionários públicos da administração colonial que, em
acções paralelas mas perfeitamente concertadas, foi, por um lado, convertendo
certos grupos, como os Ovimbundu, em mão-de-obra barata, (utilizados
maioritariamente na limpeza da cidade capital, nas roças de café, nas plantações
de algodão e pescarias) e, por outro lado, marginalizando outros grupos. Note-se
que numa altura em que os Bakongo e os Lunda-Tchokue procuravam refúgio nos
países limítrofes, outros grupos como os Herero (Kuvale) sofriam as piores
campanhas para a sua extinção. Daí que os efeitos do Estatuto dos Indígenas
Portugueses das Províncias da Guiné, Angola e Moçambique, aprovado por
Decreto-lei de 20 de Maio de 1954, que consignava as modalidades segundo as
quais qualquer «indígena» das colónias portuguesas podia ser «elevado» à
condição de «assimilado»m se tenham feito mais sentir nas populações da zona
costeira, com destaque de Luanda. Nas palavras de Adriano Moreira, a ideia de
assimilação implicava a “adopção por parte do africano da lei comum e da conduta
nos moldes do povo colonizador”. Em teoria, qualquer indivíduo que soubesse ler
e escrever em português, e demonstrasse possuir actividade laboral remunerada,
poderia aceder a essa condição. É claro que se isso era mais fácil para os
angolanos que habitavam nas cidades e extremamente difícil para os que viviam
no campo. Quanto ao Centro e Sul de Angola, reconhece-se que se não fosse a
intervenção das Missões Protestantes, sob a égide dos missionários americanos,
canadianos e suíços, o fosso entre os grupos étnicos do interior e os da zona
costeira seria ainda maior. Daí que tenha prevalecido no imaginário angolano –
que ainda hoje continua embora com menos força – a ideia de os quimbundos
estarem mais ligados às funções administrativas nas cidades e aos modismos,
enquanto os umbundos estariam mais arraigados ao trabalho do campo com
fortes nuances de carácter tribal. A modernidade ou, se quisermos, a urbanidade,
estaria mais próxima dos quimbundos na mesma proporção em que os
ovimbundos e outros grupos étnicos continuavam agarrados e amarrados aos
seus laços tribais.
Os portugueses, diferentemente de outro tipo de colonização, iriam introduzir mais
um elemento para baralhar jogo: o mestiço. Foi, de facto, este elemento que,
juntamente com as elite africanas assimiladas viria, pela primeira vez, a pôr na
ordem do dia, em Angola, a problemática da crioulidade, de igual modo elemento
chave na política colonial cujo mote foi, como se sabe, “dividir para melhor reinar”.
Logicamente que estes aspectos todos vieram a ter repercussões na génese dos
movimentos de libertação e nos processos que mais tarde se lhe seguiram. Não
espanta, por isso que o Mpla, um partido nascido em Luanda, tenha tido a sua
base de apoio nos negros assimilados, mestiços, brancos e a população
originária do grupo étnico Ambundu. A Fnla, por sua vez, teve apoio de elementos
maioritariamente Bakongo e a Unita, os Lunda-Chokwe e os Ovimbundu.
Logo após a ascensão de Angola à independência, muito longe de serem
dirimidas as contradições derivadas dos problemas étnicos, estes vieram a
acirraram-se, e memo hoje ainda estão longe de serem resolvidos. Uma das
razões para isso é o facto de, desde a ascendência do país à independência ao
momento actual, ter prevalecido única e exclusivamente o projecto de sociedade
delineado pelo Mpla. Este projecto peca por defeito por implicar o fim necessário
das etnias e por revelar, da parte dos seus ideólogos, um certo receio,
desconhecimento e desprezo dos valores culturais africanos. Pode citar-se, como
exemplo, o posicionamento dúbio e hesitante do Mpla para com as línguas
africanas (nacionais) e o projecto absurdo do Presidente Agostinho Neto,
declarado aquando da fundação da União dos Escritores Angolanos, em
Dezembro de 75 (um mês depois da independência), no qual dizia que, a médio
prazo, era necessário substituir a Língua Portuguesa por uma nova língua feita “da
amálgama dos dialectos angolanos”. Isso numa altura em que a comunidade
cientifica já havia reconhecido o fracasso do Esperanto, para o caso da Europa,
e Afrihili no Gana, e já se faziam ouvir vozes no sentido de as línguas africanas
(nacionais) angolanas serem o lado mais visível e inequívoco da identidade
cultural deste povo.
Torna-se assim premente pensar numa nova abordagem das etnias em Angola,
despindo-a de um carácter redutor ou extremista, porquanto se sabe que a etnia,
muito longe de ser vista como algo pernicioso para a sociedade angolana, faz
parte da sua vitalidade e, como tal, deve ser preservada e inserida no projecto de
sociedade que se pretende construir. Por outras palavras, o problema étnico
angolano é incontornável na construção da nação angolana.
A História e a Antropologia angolanas dizem-nos que a diferença fundamental
entre os noves grupos étnicos mais representativos angolanos é de ordem
linguística. Daí que se torna relevante olharmos para Angola como uma sociedade
multicultural onde existe uma maioria, ou grupo maioritário, e as minorias. O grupo
maioritário é constituído pela comunidade angolana de origem Bantu que coexiste
com as minorias não-bantu (de origem africana e europeia).
Pensando em conformidade com o multiculturalismo, Angola, longe de ser vista
como um país fragmentado por cerca de uma dezena de grupos étnicos e
centenas de subgrupos, deveria ser encarada como uma sociedade multicultural e
multiétnica com duas culturas: a cultura bantu e a cultura não-bantu.
Consequentemente, a grande tarefa do Estado Angolano seria a de determinar e
concretizar os aspectos gerais e representativos da cultura Bantu a introduzir no
projecto de sociedade que visa a construção da nação angolana.
Não agindo assim, estar-se-á a manter vigente o status quo colonial que, em
termos culturais, levou a que os angolanos continuassem ( e ainda continuam) a
questionar-se da sua angolanidade, numa altura em que é dado adquirido que as
maiorias (sociedade maioritária) são o pilar de qualquer sociedade, cabendo-lhes
a honrosa tarefa de integrarem as minorias étnicas, sociais, culturais e religiosas.

Bibliografia

MOREIRA A. (1961) Politica ultramarina. Lisboa. Junta de Investigações do Ultramar.

BITTENCOURT, M (2001) A história contemporânea de Angola: seus achados e suas armadilhas. Luanda
CMCDP.

NETO, A. (1976) Discursos. União dos Escritores Angolanos.

Categoria

Crónicas

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Etnias

angola

Angola.
Antes da chegada dos europeus, ao longo de séculos o território de Angola foi ocupado por
diferentes povos independentes e com características diversas, habitando territórios próximos, de
modo que não se pode falar em Angola como uma unidade histórica.

De acordo com Helder Ponte, em Introdução ao Estudo da História de Angola (2006), “Angola não
começou como ‘Angola’, mas sim como ‘Congo’, mais propriamente, o território do Antigo Reino do
Congo, geralmente definido pelos rios Zaire a Norte, Cuango a Leste, e Dande a Sul, e pela costa
atlântica a Oeste [...]. Só com a carta de doação da capitania de Angola a Paulo Dias de Novais em
1571 e a sua chegada à região em 1575 [...] e com a fundação da povoação de S. Paulo de Loanda,
é que Angola começou a existir como possessão negreira portuguesa, e como entidade política,
econômica e militar no quadro geopolítico do Atlântico Sul e da África Central e Austral desse
tempo”.

Benguela.

Benguela era uma extensão dos domínios de Angola.

A ocupação portuguesa do Reino de Benguela deu-se a partir de 1578. A região foi convertida
rapidamente em mercado fornecedor de cobre e, principalmente de mão-de-obra para o tráfico de
escravos. Em São Felipe de Benguela havia vassalos, aliados nativos e, inclusive, as residências e
um administrador e um ouvidor português, tamanha a importância do comércio que se realizava
ali, especialmente o do entreposto escravista.

A carta donatária de Paulo Dias de Novais, datada de 1571, esclarece Pontes, “continha o esboço
do território original do Reino de Angola, que incluía então a região entre a Barra do Dande (a
norte de Luanda) e a Barra do Quanza, na actual região da Quissama (a sul de Luanda)”.

E o Reino de Benguela, afirma o autor, foi assim denominado pelos portugueses, referindo-se à
região costeira ao sul dos reinos da Quissama e do Libolo, passando pela baía do Quicombo, até à
foz do Rio Caporolo, a sul da atual cidade de Benguela.

A expansão em direção a Benguela era uma alternativa para os comerciantes portugueses que
buscavam expandir a área de domínio, a captura e o tráfico, ampliando assim as fontes
fornecedoras do Congo e de Angola e garantindo o abastecimento dos mercados coloniais do
Brasil.

Bantos e Sudaneses: multiplicidade de povos e culturas.

Banto é uma classificação linguística, referente aos povos cuja língua originou-se da cultura Nok –
de Camarões à Nigéria –, abrangendo diferentes grupos humanos que ao longo de séculos (VI-XIX)
migraram e se espalharam pela África Central e Austral, incluindo, portanto, a região de Angola.
Além dessa referência cultural, há o acréscimo do contato com os povos pigmeus e os khoisan,
habitantes da região.

Os estudos sobre a formação étnico-cultural da região estão confirmando a hipótese de que os


bakongos, vindos do Norte nos séculos XII e XIII, teriam sido os primeiros a chegar ao atual
território de Angola, estabelecendo-se posteriormente nas margens do Rio Zaire e, a seguir,
espalhando-se até a margem do Rio Dande.

O povoamento banto da região deu-se por meio da organização de povoações independentes, sem
centralização política até o século XIV quando se formaram as bases do que seria mais tarde o
antigo Reino do Congo.

Os ambundos, vindos pela margem do Rio Cuango expandiram-se pelas bacias dos Rios Lucala e
Cuanza, estabelecendo sobados independentes que formariam o Reino de Angola. Grande parte
do território foi dominada pelos povos de raiz linguística Banto, marcando culturalmente a
composição atual da população angolana.

Foram chamados bantos os indivíduos originários de diferentes grupos humanos, dos quais fazem
parte os angola-congoleses e os moçambiques, localizados em Angola, no Congo, no Zaire e em
Moçambique, e que no Brasil, submetidos à exploração escravista, foram distribuídos nos
mercados escravos de Pernambuco, Alagoas, Maranhão, Pará, Rio de Janeiro e São Paulo.

Sudaneses e guineanos-sudaneses são povos originários da Nigéria, Daomé e Costa do Ouro, dos
quais faziam parte os iorubás ou nagôs, jêjes, fanti-ashanti. Os islamizados fulas ou filanis,
mandingas, haussas e tapas foram destinados principalmente aos mercados da Bahia.

Os malês, responsáveis pelo Levante de 1835 na Bahia, eram negros de diferentes origens, como
haussas e fulanis, convertidos ao islamismo. A denominação “male” ainda não teve sua
procedência desvendada, podendo ser associada aos indivíduos do Mali, reino islamizado, ou à
palavra iorubá imale, que designava os muçulmanos.

O fato é que há, ainda, dificuldades para a identificação das origens étnicas, geográficas e culturais
da variedade dos africanos e afrodescendentes do Brasil.

Kabengele Munanga, em Origens africanas do Brasil Contemporâneo (2009), faz referência a três
áreas geográfico-culturais nas quais se situam os grupos cuja contribuição pode ser constatada no
Brasil:
A dificuldade em identificar mais claramente as etnias, dentre outros aspectos, reside no fato de
que “embora cada porto concentrasse preferencialmente as presas das vizinhanças, a necessidade
de manter portos de embarque afastados, para driblar a vigilância quando o tráfico começou a
ficar ilegal, primeiro em certos segmentos da costa africana, mais tarde em todo o litoral, fez com
que partidas de escravos alcançassem os portos depois de percorrer a pé, pelo interior, longos
trajetos. Isso complicava a identificação do escravo, pois sua origem através do porto de embarque
podia não mais corresponder a sua origem verdadeira”, como afirmou Reginaldo Brandi.

Essa ausência de referências mais específicas passou, com o tempo, a constituir parte da formação
identitária daqueles sujeitos e de seus descendentes, de modo que os referenciais de identidade
pautados na origem étnica foram aqui reelaborados, tanto pelas denominações atribuídas por
terceiros, quanto pelas relações estabelecidas a partir do trajeto atlântico e do novo contexto
vivido no Novo Mundo escravista.

Concluindo.

As atividades portuguesas no tráfico de escravos concentraram-se, primeiramente na região do


Reino do Congo, do Reino de Angola do Reino de Benguela, expandindo-se pela África subsaariana.

Se o objetivo inicial estava ligado aos metais preciosos e outros produtos valorizados nos mercados
internacionais – e abundantes na costa africana –, a expansão do comércio mercantilista, a
colonização e a busca de acúmulo de riquezas motivaram os investimentos no tráfico escravista, de
modo que os traficantes passaram os séculos seguintes explorando essa fonte de riqueza que
julgavam ser inesgotável.
Considerando apenas os dados disponíveis registrados entre os séculos XVI e XVII, cerca de
1.350.000 pessoas foram traficadas para produzir riqueza nos trabalhos ligados à produção da
cana-de-açúcar; no século XVIII, foram mais 600.000, trazidos para a exploração mineradora; no
século XIX, cerca de 250.000 para a cafeicultura e 1.100.000 para as produções de fumo, algodão e
outras obrigações.

Ou seja, aproximadamente 3,5 milhões de pessoas foram traficadas para o Brasil, sendo maior
ainda o número de escravos quando somados seus filhos, considerados igualmente propriedades
dos seus senhores, e o comércio ilegal não registrado.

Em números aproximados, os dados oferecidos pela publicação da UNESCO, História Geral da


África (2010), apontam que a composição populacional do Brasil no século final da exploração
escravista são:

Eram homens e mulheres da Costa da Mina (Ajudá) e Angola (Congo, Luanda e Benguela), bantos
do centro e do sul, sudaneses do centro e noroeste da África, bem como seus descendentes. Eram
seres humanos e, com seu trabalho, foram responsáveis pela produção, pelas construções, pelos
serviços domésticos e outros tantos que não se pode contabilizar.

Nas últimas décadas as pesquisas históricas, antropológicas, arqueológicas e linguísticas têm


contribuído enormemente para responder muitas das indagações sobre o tema, superando séculos
de silêncio em relação às etnias e à diáspora africana nas Américas, apresentando resultados
significativos, do ponto de vista acadêmico e humano.

Para saber mais sobre o assunto.

ALENCASTRO, Luiz Felipe. O trato dos viventes. Formação do Brasil no Atlântico Sul. São Paulo: Cia.
das Letras, 2000.

BRANDI, Reginaldo. De africano a afro-brasileiro: etnia, identidade, religião. Revista USP, São Paulo,
nº 46, pp. 52-65, jun./ago. 2000. Disponível em: http://www.usp.br/revistausp/46/04-
reginaldo.pdf

BOXER, Charles. O Império Colonial Português (1415-1825). Lisboa: Edições 70, 1981.

FARIA, Sheila do Castro. O cotidiano dos negros no Brasil escravista. Disponível


em: http://www.larramendi.es/v_centenario/i18n/catalogo_imagenes/grupo.cmd?path=1000209
LOPES, Nei. Enciclopédia Brasileira da Diáspora Africana. São Paulo: Selo Negro, 2004.

MATTOS, Regiane Augusto de. De cassange, mina, benguela a gentio da Guiné:grupos étnicos e
formação de identidades africanas na cidade de São Paulo (1800-1850). São Paulo: Serviço de
Comunicação Social, FFLCH/USP, 2009 (Publicação acadêmica premiada).

MOURA, Clovis. Dicionário da Escravidão Negra no Brasil. São Paulo: EDUSP, 2004.

MUNANGA, Kabengele. Uma abordagem conceitual das noções de raça, racismo, identidade e
etnia. In: Inclusão social: um debate necessário? Disponível
em: https://www.ufmg.br/inclusaosocial/?p=59

MUNANGA, Kabengele. Origens africanas do Brasil Contemporâneo. Histórias, Línguas, Culturas e


Civilizações. São Paulo: Global, 2009.

PONTE, Helder Fernando de Pinto. Introdução ao Estudo da História de Angola. Disponível


em: http://introestudohistangola.blogspot.com.br/2006_05_01_archive.html

SALVADOR, José Gonçalves. Os magnatas do tráfico negreiro: séculos XVI e XVII. São Paulo,
Pioneira/ EDUSP, 1981.

SÃO PAULO (Cidade). Secretaria Municipal de Educação. Diretoria de Orientação


Técnicas. Orientações Curriculares: expectativas de aprendizagem para a educação étnico-racial na
educação infantil, ensino fundamental e médio. São Paulo: SME/DOT, 2008.

SCHLEUMER, Fabiana. Entre mortos, enfermos e “feiticeiros”. Um estudo sobre a presença africana
no contexto da diáspora. São Paulo – século XVIII. Disponível em:
Governo e política
Ver artigo principal: Política de Angola

Administração

O Capitólio de Angola, em Luanda, sede da Assembleia Nacional.

O regime político vigente em Angola é o presidencialismo, em que o Presidente da República é


igualmente chefe do Governo, que tem ainda poderes legislativos. O ramo executivo do governo é
composto pelo presidente João Lourenço, pelo vice-presidente Bornito de Sousa e pelo Conselho de
Ministros. Os governadores das 18 províncias são nomeados pelo presidente e executam as suas
directivas. A Lei Constitucional de 1992 estabelecia as linhas gerais da estrutura do governo e enquadra
os direitos e deveres dos cidadãos. O sistema legal baseia-se no português e direito consuetudinário,
mas é fraco e fragmentado. Existem tribunais só em 12 dos mais de 140 municípios do país.
Entre os aspectos que merecem uma atenção especial estão os decorrentes das políticas chamadas de
descentralização e desconcentração, adoptadas nos últimos anos, e que remetem para a necessidade
de analisar a realidade política a nível regional (sobe tudo provincial) e local [nota 16]. Por outro lado,
começa a fazer sentir-se um certo peso internacional de Angola, particularmente a nível regional, devido
à sua força económica e ao seu poderia militar.[61]
O que estes mecanismos significam na prática só pode ser compreendido contra o pano de fundo do
peso esmagador, em termos de resultados eleitorais e de detenção e exercício do poder, do partido que
se impôs no processo de descolonização e na guerra civil que se lhe seguiu, o MPLA. Com efeito, o
regime acima descrito situa-se na categoria de sistema de partido dominante que tudo faz para
perpetuar-se.[62]
Em 2014, Angola subiu dois lugares no ranking mundial de E-Government, de acordo com o relatório do
Índice de Desenvolvimento de E-Government publicado pela ONU, que analisa o uso da tecnologia de
informação e comunicação por parte dos governos na divulgação de informações e serviços públicos
na Internet. A média no Índice de Desenvolvimento de E-Government em África é de 0,27. Angola
encontra-se acima da média africana com um índice de desenvolvimento de 0,3. [63][64]

Problemas

Manuel Domingos Vicenteexonerado Vice-Presidentede 2012 a 2017

Entretanto, a guerra civil de 27 anos causou grandes danos às instituições políticas e sociais do país.
As Nações Unidas estimam em 1,8 milhão o número de pessoas internamente deslocadas, enquanto
que o número mais aceite entre as pessoas afectadas pela guerra atinge os 4 milhões. As condições de
vida quotidiana em todo o país e especialmente em Luanda (que tem uma população de cerca de 4
milhões, embora algumas estimativas não oficiais apontem para um número muito superior) espelham o
colapso das infraestruturas administrativas bem como de muitas instituições sociais. A grave situação
económica do país inviabiliza um apoio governamental efectivo a muitas instituições sociais. Há
hospitais sem medicamentos ou equipamentos básicos, há escolas que não têm livros e é frequente que
os funcionários públicos não tenham à disposição aquilo de que necessitam para o seu trabalho. Além
disso, o país foi classificado como "não-livre" pela Freedom House em seu relatório Freedom in the
World de 2013, onde a organização também observa que as eleições parlamentares de agosto 2012,
em que o Movimento Popular de Libertação de Angola ganhou mais de 70% dos votos, teve graves
falhas, como listas de eleitores desatualizadas e imprecisas. [65] Além disso, o país também é classificado
como um "regime autoritário" e como uma das nações menos democráticas do mundo, ao ficar na 133ª
posição entre os 167 países analisados pelo Índice de Democracia de 2011, calculado pela Economist
Intelligence Unit.[66] Angola também ficou em uma posição ruim no Índice Ibrahim de Governança
Africana de 2013, quando foi classificada na 39ª posição entre os 52 países da África Subsaariana, com
uma avaliação particularmente ruim em áreas como "Participação e Direitos Humanos", "Oportunidade
Económica Sustentável" e "Desenvolvimento Humano". O Índice Ibrahim utiliza uma série de variáveis
diferentes para compilar sua classificação, que reflete o estado dos governos na África. [67] Angola
também é considerada um dos mais corruptos do mundo pela Transparência Internacional.[9][12]
Aparentemente inspirada pelas revoltas populares em diferentes países árabes, correram em
Fevereiro/Março de 2011 iniciativas para organizar pela Internet, em Luanda, demonstrações de protesto
contra o regime.[68] [nota 17]. Uma nova manifestação, visando em particular a pessoa do Presidente, teve
lugar em inícios de Setembro de 2011.[69]

Sistema eleitoral

José Eduardo dos Santos, foi presidente de Angola de 1979 a 2017

Em 5 e 6 de Setembro de 2008 foram realizadas eleições legislativas, as primeiras eleições desde 1992.
As eleições decorreram sem sobressaltos e foram consideradas válidas pela comunidade internacional,
não sem antes diversas ONG e observadores internacionais terem denunciado algumas irregularidades.
O MPLA obteve mais de 80% dos votos, a UNITA cerca de 10%, sendo os restantes votos distribuídos
por uma série de pequenos partidos, dos quais apenas um (PRS, regional da Lunda) conseguiu eleger
um deputado. O MPLA pode portanto neste momento governar com uma esmagadora maioria {{Nota de
rodapé|Uma descrição da situação daí resultante encontra-se em «BTI 2010 - Angola Country Report».
BTI. Consultado em 25 de agosto de 2011..
De acordo com a nova Constituição, aprovada em Janeiro de 2010,[70] passam a não se realizar eleições
presidenciais, sendo o Presidente e o Vice-presidente os cabeças-de-lista do partido que tiver a maioria
nas eleições legislativas.[71][72] A nova constituição tem sido criticada por não consolidar a democracia e
usar os símbolos do MPLA como símbolos nacionais[73][74] [nota 18].
O regime angolano realizou as primeiras Eleições Gerais a 31 de agosto de 2012, um modelo
constitucional novo, que surge na sequência da junção das eleições legislativas com as presidenciais,
[76]
respeitando pela primeira vez o prazo constitucional de 4 anos entre eleições. Para além dos 5
partidos com assento na Assembleia Nacional - MPLA, UNITA, PRS (Partido da Renovação Social),
FNLA, ND (Nova Democracia) - existiam mais 67 partidos em princípio habilitados para concorrer.
[77]
José Eduardo dos Santos anunciou em dado momento a sua intenção de não ser novamente
candidato, mas acabou por encabeçar a lista do seu partido. Como o MPLA ganhou novamente as
eleições, com cerca de 71% (175 deputados), ele foi automaticamente eleito Presidente, em
conformidade com as regras constitucionais em vigor. A UNITA aumentou a sua cota para cerca de 18%
(32 deputados), e a Convergência Ampla para a Salvação de Angola (CASA), recentemente fundada
por Abel Epalanga Chivukuvuku, obteve 6% (8 deputados). Para além destes três partidos, conseguiram
ainda entrar no parlamento, com votações ligeiramente inferiores a 2%, o Partido da Renovação Social
(PRS, 3 deputados) e a FNLA (2 deputados).[78] São muito significativas as disparidades entre regiões,
especialmente quanto aos resultados dos partidos da oposição: nas províncias de Cabinda e de Luanda,
a oposição obteve p.ex. cerca de 40% dos votos, e a parte da UNITA foi de cerca de 30% no Huambo e
em Luanda, e de 36% no Bié.[79] A taxa de abstenção foi a mais alta verificada desde o início das
eleições multipartidárias: 37.2%, contra 12.5% em 2008.

A nação étnica-territorial e a étnica-


genealógica
11Este autor põe em relevo duas dimensões na abordagem do conceito
nação: a étnica-territorial e a étnica-genealógica, uma
multidimensionalidade que, no entender de Smith, transformou a
identidade nacional numa força tão flexível e persistente da vida e da
política moderna, tendo permitido que ela se associasse eficazmente a
outras ideologias e movimentos modernos sem perder as suas
características. Dito de outro modo, a identidade nacional cultivada,
quer numa, quer noutra dimensão, passou a ser a base de legitimação
do poder político fosse qual fosse a ideologia ou o regime político em
vigor. Hitler invocou a superioridade da raça ariana para tentar se
vingar da humilhação que os aliados da Primeira Guerra Mundial
impuseram à Alemanha. Durante a Guerra-Fria, os regimes totalitários
em África, Ásia, América Latina e Europa do Leste, também,
apregoaram a identidade comum para galvanizar a vontade nacional
contra qualquer acção externa ou interna, hostil ao poder vigente.
Agindo desse modo, «o apelo à identidade nacional tornou-se principal
legitimação para a solidariedade e a ordem social dos nossos dias»
(id., ibid.: 31).
12Smith estrutura as duas dimensões em funções externas e internas.
As primeiras têm a ver com as territoriais, económicas e políticas. Na
função territorial, as nações definem, em primeiro lugar, um espaço
social, dentro do qual os seus membros vivem e trabalham num
território histórico onde todos veneram os mesmos antepassados. Trata-
se de uma comunidade fixa no tempo e no espaço, proporcionando aos
indivíduos centros sagrados bem como objectos de peregrinação
espiritual e histórica.

13Na económica, as nações comprometem-se à pesquisa de controlo


sobre as riquezas territoriais, incluindo o potencial humano, enquanto
politicamente, a identidade nacional sustenta o estado e os seus órgãos,
ou os seus equivalentes pré-políticos nas nações que não possuem
estados próprios. Smith classifica, como função política mais
proeminente da identidade nacional, a legitimação de direitos e deveres
comuns de instituições legais que definem o carácter e os valores
peculiares da nação e reflectem os antiquíssimos costumes e práticas do
povo.

14Na dimensão interna (mais íntima para os indivíduos da comunidade),


a mais óbvia é a socialização dos membros como nacionais e cidadãos,
um processo permanente só conseguido através de escolas, meios de
comunicação de massa, partidos políticos e forças militares e
paramilitares. Como veremos adiante, a socialização dos membros da
comunidade desempenha um múltiplo papel: serve para promover,
exaltar e preservar a identidade nacional, ao mesmo tempo que produz
uma cultura política, geoestratégica e geopolítica.

15Assim, a identidade nacional, que consiste no facto de os iguais (os


mesmos) serem diferentes dos outros, através de valores, símbolos,
memória colectiva e território comum (MATOSO 2003), «é um poderoso
meio para definir e posicionar pessoas individuais no mundo, através do
prisma da personalidade colectiva e da sua cultura distinta. É uma
cultura única e partilhada que nos permite saber “quem somos” no
mundo contemporâneo» (SMITH 1997: 31).

16O excerto acima remete-nos à questão inicial: é possível a existência


de uma identidade nacional num «estado-não-nação» ou multiétnico,
como é o caso da maioria dos Estados africanos?
 1 Como reconhece Henry Kissinger (2003b: 189-191), muitas
vezes, as potências coloniais dividiram gru (...)

17Anthony Smith define um grupo étnico como «um tipo de


colectividade cultural, colectividade essa que sublinha o papel de mitos
de descendência e de memórias históricas, e que é reconhecida por uma
ou mais diferenças culturais, como a religião, os costumes, a língua ou
as instituições». Se atentarmos para esta definição, concluiremos que
um grupo étnico equivale à nação, embora o primeiro venha a ser
objecto de alterações e sirva muitas vezes para instrumento de
subversão, como acontece com vários países africanos, ou ainda para
evitar que as populações se unam em torno de um projecto contra uma
força de ocupação, como aconteceu em vários territórios
colonizados.1 O segundo, considerado também um fenómeno cultural,
muitas vezes, é uma criação do poder político com o fito de promover a
identidade nacional e a consequente harmonização dos interesses
nacionais.

18Portanto, tanto a nação como a etnia são uma comunidade que se


define pela pretensão do território, mas sobretudo pela construção
simbólica — é história, é memória colectiva, assente em símbolos e
mitos — e por um conjunto de normas (consuetudinárias ou formais)
que regula a convivência dos seus membros.

1.2. A «invenção» da nação


Para Smith, o Estado e as elites políticas têm a responsabilidade de
criação da nação, através da aglutinação dos vários vectores que unem
os diferentes grupos e a rejeição dos que os distinguem. Ou seja, um
grupo pode estar ligado por convivência e por consanguinidade, através
de elementos subjectivos (mitos, lendas, a consciência colectiva e
consciência nacional) e objectivos (recursos, população e posição
geográfica).

20Aliás, Henry Kissinger (2003: 189) é pragmático em relação a isso,


quando diz que o Estado precede a nação e «tem de ir buscar a
“consciência nacional” a uma pletora de tribos, grupos étnicos e, em
muitos casos, a religiões diferentes» para construir a identidade
nacional, fundada na nação, a nova nação, aquela que passará a ter
nova memória colectiva, nos heróis, símbolos, significados e, sobretudo,
um quadro legal comum.

21Anthony Smith designa isso por «invenção» da nação, por surgir da


via cívica territorial, em oposição e/ou posterior ao étnico genealógico.
Naquele processo, o território constitui o elemento fundamental para a
aglutinação de diversas etnias que passarão a invocar uma memória
colectiva, símbolos, valores e, sobretudo, a preservação do seu espaço,
«a terra dos nossos antepassados». O autor identifica duas vias para a
criação dessas nações cívicas e territoriais:

1. O modelo dominante, no qual a cultura da comunidade


étnica central do novo estado se torna o pilar mais importante
das novas comunidades e identidades nacionais. Apesar de
outras culturas continuarem a florescer, a identidade da
comunidade política emergente é moldada pela cultura histórica
da etnia dominante.

2. O modelo supra-étnico, onde não existe etnia dominante


para subordinar a nova comunidade política (o Estado). Esta
última via parece a mais adequada ao nosso objecto de estudo e
daí que se torne fundamental para a nossa análise. Embora este
modelo não tenha sucesso para vários estados como a Nigéria e
Uganda, por ter dificuldade de retirar a lealdade dos indivíduos
para com os seus símbolos, tem a virtude de se promover uma
identidade política nacional que fará dos indivíduos detentores
de uma memória histórica colectiva, embora não se perca a
diversidade cultural que se vai esbatendo ao longo das várias
gerações. Exemplos para ilustrar este facto abundam em África:
a Tanzânia, o Ghana, o Egipto e inclusive a própria Angola,
graças à legitimação de nação territorial («de Cabinda ao
Cunene, um só povo e uma só nação») e da identidade política
que a acompanha. Ou seja, a comunidade política desses novos
estados preservam os limites do território deixado pela potência
colonial (um espaço uno e indivisível), impondo nas elites dos
diversos grupos étnicos o respeito pelas fronteiras físicas do
país, embora, e quase sempre, esses limites físicos não estejam
em conformidade com os limites étnicos. A base deste
compromisso com o território, como sublinhou o autor, é a
crença na importância da residência e da afinidade, por oposição
à descendência e à genealogia. Ou seja:

«Viver em conjunto e estar enraizado num terreno e num solo


particulares tornam-se os critérios de cidadania e as bases de uma
comunidade política. A nação é concebida como uma pátria territorial, o
local do nosso nascimento e da nossa infância, a extensão do coração e
do lar. É também o local dos nossos antepassados e dos heróis e das
culturas, da nossa antiguidade. Daí que, do ponto de vista de um
nacionalista territorial, seja bastante legítimo anexar os monumentos e
os artefactos de civilizações anteriores no mesmo local, usurpando as
suas conquistas culturais para diferenciar e glorificar a nação territorial»
(SMITH 1997: 146).

22Como se pode perceber do extracto acima, a construção (invenção)


da nação supra-étnica vai exigir da elite política a busca de elementos
comuns para todos os grupos étnicos, entre os quais a idade de ouro, as
conquistas heróicas, uma religião que esbata as diferenças e uma
missão ontológica que abarque a memória estratégica (o que se pensa)
e o pensamento estratégico (o que se deseja). Silva Ribeiro (2010)
designa esta dimensão por base subjectiva que integra a tradição
histórica, que dará origem à consciência nacional ou colectiva, e a
filosofia política básica de governo que se traduzem numa concepção da
vida para a sociedade política.

23A professora Fátima Amante (2011: 16) considera «as identidades


nacionais permeáveis à mudança, capazes de influenciarem e de se
deixar influenciar, pois, são abertas, relacionais em permanentes
construção». Para a reprodução de identidade nacional, a autora
sublinha a existência de duas dimensões fundamentais: de natureza
objectiva (cultura, território, memórias históricas) e de natureza
subjectiva, que compreende crença de pertença, bem como os
contornos que se atribuem essa pertença. Assim, segundo ainda Fátima
Amante, a nação impõe-se não apenas como uma comunidade
imaginada, mas sobretudo como uma construção discursiva que é
produzida e reproduzida, transformada e desmantelada
discursivamente.
24De acordo com o conceito, consagrado no final da Primeira Guerra
Mundial pela orientação do então presidente norte-americano, Woodrow
Wilson, era entendida como uma comunidade na identificação
sociológica, e avaliada como a expressão mais sólida da solidariedade
que orienta a decisão de suportar em comum as adversidades, os
desafios, os projectos, mantendo-se assim na sucessão das gerações, e
ambicionando a suficiência de meios, recursos e determinação para gerir
politicamente, com independência, os seus destinos.

25Segundo Lord Acton [i. e., John Emerich Edward Dalberg Acton,
Baron Acton], foi o Estado que deu origem à Nação, e não a Nação que
antecedeu o Estado, reservando assim uma intervenção determinante
para a variável do poder político e da relação duradoura entre a
dependência da população de uma sede do poder, e o seu envolvimento
longo num projecto estratégico de governo (BEMBE 2013).

GRUPO

O mais importante em apreendermos e registrarmos deste período é

que a ligação entre as associações culturais e a movimentação política foi o

caminho possível para se buscar a conscientização e a organização necessárias

para o início do combate ao colonialismo. Em relação ao cenário musical, uma fase

importante se dá entre décadas de 1940 e 1950, onde compositores e intérpretes

recuperaram elementos do regionalismo e a visão nacionalista da cultura foi um

dos caminhos encontrados por aqueles que tentavam driblar a censura e as


imposições da ditadura salazarista. Neste contexto de reivindicação, a produção

musical do grupo “N’gola Ritmos”, formado em 1947 pelo músico Liceu Vieira Dias,

foi salutar. Um dos objetivos era preservar a cultura angolana e, assim,

compunham e interpretavam em kimbundu[4] com a intenção de elevar a cultura

dos seus antepassados e estabelecer uma relação entre o campo e a cidade, como

podemos notar na canção abaixo “Mon’ Ami”. A letra relata o sofrimento de uma

mãe que chora a morte do filho:

Talenu ngó! O Kituxi ki ngabange?

Talunu ngó! Maka mami ma jingongo!

Ngexile Kyá ni an’ami Kiyadi

Nzambi K’andalê Ngaxala ni umoxi

Ngibanga kyebyê?! Ngaxala ngoê ni umoxi

Ngibanga kyebi? O kituxi Ki ngabangyê?!

Mona wambote wajimbirila/

Ngidila ngoê! Ngibanza ngoê! Ay, mon’ami[5]!

Em entrevista à jornalista Milonga Santos, Amadeu Amorim, ex-

integrante do “Ngola Ritmos”, enfatizou o papel desempenhado pelo grupo e a

reação das pessoas quando ouviam os intérpretes cantando em língua nacional:

“quando cantávamos em kimbundu, as pessoas viravam a cara meio

envergonhadas, chamavam-nos os mussequeiros. Parecia mal

falar kimbundu; quem o falasse era considerado atrasado, gentio” (AMORIM, s/d ).

A fala de Amorim nos remete a pensar que desde os princípios da colonização, a


colônia foi dividida em dois campos extremamente distintos e desiguais: a

sociedade colonial e a sociedade colonizada.Na situação colonial em África, a

dominação foi imposta por uma minoria estrangeira em nome de uma

superioridade étnica e cultural. Ao estabelecer categorias, como o “indígena” [6], o

“nativo” ou o “assimilado”, o colonizador prescreve categorias de identidade e

define o caráter da relação de si próprio com os que estão na situação de

dominados (SERRANO, 2008, p. 47). Tal segregação facilitou a perseguição aos

movimentos de libertação e aos movimentos culturais que ansiavam valorizar a

cultura nativa. Esta repressão gerou um preconceito contra a língua e os ritmos

musicais, então vistos como sinais de uma cultura não civilizada. Todavia,

verificamos que eram vários os intérpretes cantando em Kimbundu e assim foram

capazes de criticar o sistema colonial português. Neste sentido, a música figurou

como uma importante forma de resistência.


Latim: Pronomes
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Índice
 1 Pronomes pessoais
 2 Pronomes Demonstrativos
 3 Pronomes Relativos
 4 Pronomes Indefinidos

Pronomes pessoais[editar | editar código-fonte]


Observações:
Em latim, não existem pronomes do caso reto para a 3ª pessoa do singular: faz-se o uso de
pronomes demonstrativos para indicar essa ausência). Os numerais

 Pronomes pessoais latinos no genitivo serão traduzidos para o Português


como pronomes possessivos.
 Como todos os verbos conjugam em função do número e pessoa, o uso de
pronomes pessoais como sujeito das orações latinas é opcional.
 ego
eu

Caso \ # Singular Plural

Nominativo ego nōs

Genitivo meī nostrī

Dative mihi nōbīs

Acusativo mē nōs

Ablativo mē nōbīs

"Aliena nobis, nostra plus aliis placent". (Publilius Syrus)


O que é dos outros é mais agradável para nós; o que nosso, para os outros.
 tū
tu

Caso \ # Singular Plural

Nominativo tū vōs

Genitivo tuī vestrī

Dativo tibi vōbīs

Acusativo tē vōs

Ablativo tē vōbīs

"Tu quoque Brute filii mihi?". (Júlio César)


Tu também, Brutus, meu filho?
Tibi non credo.
Não acredito em ti.
 is m.; (f. ea, n. id, pl. ei)
ele

Singula
Numero Plural
r

Caso \ Genero M. F. N. MM. FF. NN.

Nominativo is ea id eī, iī eae ea

Genitivo eius eius eius eōrum eārum eōrum

Dativo eī eī eī eīs eīs eīs

Acusativo eum eam id eōs eās ea

Ablativo eō eā eō eīs eīs eīs

Id est. (i.e.)
Isto é.
Id est mihi, id non est tibi!
Isto é meu, não teu!
Cuius regio, eius religio.
Non est ei similis.
Não existe ninguém similar a ele.
"Olim habeas eorum pecuniam, numquam eam reddis" (Primeira regra de aquisição
Ferengi)
Uma vez que tenha seu dinheiro, nunca o devolva.

Pronomes Demonstrativos[editar | editar código-fonte]


 hic m, haec f, hoc n
este, esta, isto, aqui

Numero Singular Plural

Caso \ Genero Masculino Feminino Neutro Masculino Feminino Neutro

Nominativo hic haec hoc hī hae haec

Genitivo huius huius huius hōrum hārum hōrum

Dativo huic huic huic hīs hīs hīs


Acusativo hunc hanc hoc hōs hās haec

Ablativo hōc hāc hōc hīs hīs hīs

Hic habitat felicitas.


Aqui mora a felicidade.
Post hoc ergo propter hoc.
Depois disto, logo por causa disto.
In hoc signo vinces.
Por este signo vencerás.
 iste m, ista f, istud n
esse, essa, isso

Numero Singular Plural

Caso \ Genero Masculino Feminino Neutro Masculino Feminino Neutro

Nominativo iste ista istud istī istae ista

Genitivo istīus istīus istīus istōrum istārum istōrum

Dativo istī istī istī istīs istīs istīs

Acusativo istum istam istud istōs istās ista

Ablativo istō istā istō istīs istīs istīs

 ille m, illa f, illud n


aquele, aquela, aquilo (em alguns casos, fica melhor traduzido como ele/ela)

Numero Singular Plural

Caso \ Genero Masculino Feminino Neutro Masculino Feminino Neutro

Nominativo ille illa illud illī illae illa

Genitivo illīus illīus illīus illōrum illārum illōrum

Dativo illī illī illī illīs illīs illīs

Acusativo illum illam illud illōs illās illa

Ablativo illō illā illō illīs illīs illīs


Pronomes Relativos[editar | editar código-fonte]
 quī m, quae f, quod n
quem, o que, qual

Numero Singular Plural

Caso \ Genero Masculino Feminino Neutro Masculino Feminino Neutro

Nominativo quī quae quod quī quae quae

Genitivo cuius cuius cuius quōrum quārum quōrum

Dativo cui cui cui quibus quibus quibus

Acusativo quem quam quod quōs quās quae

Ablativo quō quā quō quibus quibus quibus

Qui rogat, non errat.


Quem pergunta não erra.
Beati hispani, quibus vivere bibere est.
Sorturdos espanhóis, para os quais viver é beber. (Referência à pronúncia hispânica do
Latim).
Quo vadis?
Como vai?
Quod erat demonstrandum.
O que estava para ser demonstrado. Geralmente aparece no fim de demonstrações
geométricas, sob a sigla Q.e.d.
Quod erat faciendum.
O que estava para ser feito. Geralmente aparece sob a sigla Q.e.f.
"Difficile est tenere quae acceperis nisi exerceas". (Plínio, o jovem)
É difícil reter o que se aprende a não ser pela prática.

Pronomes Indefinidos[editar | editar código-fonte]


 nihil n
nada
indeclinável
Nos casos em que é exigida a declinação de "nihil", esta palavra é substituída por "nulla
res" (literalmente, "coisa nenhuma").
 nēmō
ninguém

Caso \ # M. ou F.

Nominativo nēmō

Genitivo nūllīus

Dativo nēminī

Acusativo nēminem

Ablativo nūllō, nūllā

"Homo nemo in cruciatum poterit dari, suppliciis atrocibus adhibendis".


(DECLARATIONEM HOMINIS IURIUM UNIVERSAM)
Ninguém será submetido a tortura nem a penas ou tratamentos cruéis, desumanos ou
degradantes. (Declaração Universal dos Direitos Humanos)
"Nemo saltat sobrius." (Cícero)
Ninguém dança sóbrio.
Ignorantia juris neminem excusat.
[A] ignorância da lei isenta ninguém.
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