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João Ferreira Annes d'Almeida ; (ou como outros Joões, poderia vir escrito de modo mais
arcaico, como se segue) Ioaõ Ferreira Annes d'Almeida ou Yoam Ferreira Annes
d'Almeida (Torre de Tavares, Várzea de Tavares, Portugal, 1628 – Java, Indonésia, 1691), mais
conhecido como João Ferreira de Almeida, foi um ex-padre católico, estudioso das línguas,
ministro protestante da Igreja Reformada Holandesa, missionário e escritor religioso de grande
personalidade que colaborou para oprotestantismo português, especialmente por ter
traduzido a Bíblia para a língua portuguesa.
Biografia
Anos iniciais
Antes mesmo de receber o possível título de cristão protestante. Na verdade o Padre João
Ferreira de Almeida durante sua juventude estudou teologia na escola teológica católica de
sua época e também estudou várias línguas que posteriormente se tornaram muito relevantes
para ajudar na sua tradução da bíblia e criar a então bíblia sagrada na linguagem que
entendemos hoje. João Ferreira de Almeida foi Padre e até seus últimos dias de vida ainda
sustentou com orgulho seu título e seu ofício de Padre. Não é de se admirar já que em sua
época aqueles que divergiam dos preceitos da igreja católica eram condenados a morte na
fogueira pelo poderio da igreja.
O Título de Padre
João Ferreira de Almeida era do clero da Igreja Católica Reformada que em sua época ainda
tinha muitas semelhanças com a sua igreja católica mãe, portanto não eram chamados de
hereges mais sim de rebeldes por terem se desvinculados da igreja ortodoxa.
A Igreja Católica Reformada não deve ser confundida com a Igreja Reformada que é como são
conhecidas até hoje as Igrejas Evangélicas Protestantes oriúndas da Reforma
Protestante Alemã de Martinho Lutero e do Movimento Reformado de de Ulrico Zuínglio, que
posteriormente foi liderado por João Calvino, mais para frente, após sua morte, passando a se
chamar de Calvinismo. João Ferreira de Almeida, posteriormente, se tornaria um pastor do
protestantismo.
A conversão ao protestantismo
Tradutor da Bíblia
Dois anos mais tarde, João Ferreira de Almeida lançou-se num enorme projeto: a tradução
do Novo Testamento para o português usando como base parte dos Evangelhos e das Cartas
do Novo Testamento em espanhol da tradução de Reyna Valera, 1569, pois no Brasil não havia
Bíblia para a língua portuguesa. Almeida usou também como fontes nessa tradução as versões
latina (de Beza), francesa ( Genebra, 1588) e italiana (Diodati, 1641). O trabalho foi concluído
em menos de um ano, quando Almeida tinha apenas 16 anos de idade. Terminada em 1645,
essa tradução não foi publicada. Mas o tradutor fez cópias à mão do trabalho, as quais foram
mandadas para as congregações deMalaca, Batávia e Ceilão (hoje Sri Lanka). Apesar da sua
juventude, enviou uma cópia do texto ao governador-geral holandês, em Batávia. Crê-se que a
cópia teria sido enviada para Amesterdão mas que o responsável pela publicação do texto
faleceu resultando no desaparecimento do trabalho de Almeida. Em 1651, ao lhe ser solicitada
uma cópia da sua tradução para a Igreja Reformada na ilha de Ceilão, Almeida descobriu que o
original desaparecera. Lançando-se de novo ao trabalho, partindo de uma cópia ou rascunhos
anteriores do seu trabalho, Almeida concluiu no ano seguinte uma versão revista dos
Evangelhos e do livro de Actos dos Apóstolos. Em 1654, completou todo o Novo Testamento
mas, uma vez mais, nada foi feito para imprimir a tradução, sendo realizadas apenas algumas
poucas cópias manuscritas.
No tempo de Almeida, um tradutor para a língua portuguesa era muito útil para as igrejas
daquela região. Além de o português ser o idioma comumente usado nas congregações
presbiterianas, era o mais falado em muitas partes da Índia e do Sudeste da Ásia. Acredita-se,
no entanto, que o português empregado por Almeida tanto em pregações como na tradução
da Bíblia fosse bastante erudito e, portanto, difícil de entender para a maioria da população.
Essa impressão é reforçada por uma declaração dada por ele na Batávia, quando se propôs a
traduzir alguns sermões, segundo palavras, "para a língua portuguesa adulterada, conhecida
desta congregação".
Em 1656, ordenado pastor, foi indicado para o Presbitério do Ceilão na Índia, para onde seguiu
com um colega, chamado Baldaeus. Durante os três anos seguintes, trabalhou na revisão da
tradução de partes do Novo Testamento feita anteriormente. Depois de passar por um exame
preparatório e de ter sido aceito como candidato ao pastorado, Almeida acumulou novas
tarefas: dava aulas de português a pastores, traduzia livros e ensinava catecismo a professores
de escolas primárias.
Ao que tudo indica, esse foi o período mais agitado da vida do tradutor. Durante o pastorado
em Galle (Sul do Ceilão), Almeida assumiu uma posição tão forte contra o que ele chamava de
"superstições papistas", que o governo local resolveu apresentar uma queixa a seu respeito ao
governo de Batávia (provavelmente por volta de 1657). Entre 1658e 1661, época em que foi
pastor em Colombo, voltou a enfrentar problemas com o governo, o qual tentou, sem sucesso,
impedi-lo de pregar em português. O motivo dessa medida não é conhecido, mas supõe-se que
estivesse novamente relacionado com as ideias fortemente anticatólicas do tradutor. [carece de
fontes]
A passagem de Almeida por Tuticorin (Sul da Índia), onde foi pastor por cerca de um ano,
também parece não ter sido das mais tranquilas. Tribos da região negaram-se a ser batizadas
ou ter seus casamentos abençoados por ele. De acordo com seu amigo Baldaeus, o fato
aconteceu porque a Inquisição havia ordenado que um retrato de Almeida fosse queimado
numa praça pública em Goa. Foi também durante a estada no Ceilão que, provavelmente, o
tradutor conheceu sua mulher e casou-se. Vinda do catolicismo romano para o
protestantismo, como ele, chamava-se Lucretia Valcoa de Lemmes (ou Lucrécia de Lamos). Um
acontecimento curioso marcou o começo de vida do casal: numa viagem através do Ceilão,
Almeida e Dona Lucretia foram atacados por um elefante e escaparam por pouco da morte.
Mais tarde, a família completou-se, com o nascimento de um menino e de uma menina.
Ideias e personalidade
Sendo considerado um dos primeiros missionários protestantes a visitar aquele país, visto que
servia como missionário convertido, ao serviço de um país estrangeiro, e ainda devido à
exposição directa do que considerava serem doutrinas falsas da Igreja Católica, bem como à
denúncia de corrupção moral entre o clero, muitos entre as comunidades de língua portuguesa
passaram a considerará-lo apóstata e traidor. Esses confrontos resultaram num julgamento
por um tribunal da Inquisição em Goa, Índia, em 1661, sendo sentenciado à morte por heresia.
O governador-geral da Holanda chamou-o de volta a Batávia, evitando assim a consumação da
sentença.
Exemplares destruídos
Apesar das ordens recebidas da Holanda, nem todos os exemplares recebidos na Batávia
foram destruídos. Alguns deles foram corrigidos à mão e enviados às congregações da região
(um desses volumes pode ser visto hoje no Museu Britânico, em Londres). O trabalho de
revisão e correção do Novo Testamento foi iniciado e demorou dez longos anos para ser
terminado. Somente após a morte de Almeida, em 1693, é que essa segunda versão foi
impressa, na própria Batávia, e distribuída.