Você está na página 1de 6

1

GUERRA DO PARAGUAI

A Guerra do Paraguai teve seu início no ano de 1864 a partir da ambição do


ditador Francisco Solano Lopes, cujo objetivo era aumentar o território paraguaio e
obter uma saída para o Oceano Atlântico, através dos rios da Bacia do Prata. Ele
iniciou o confronto com a criação de inúmeros obstáculos impostos às embarcações
brasileiras que se dirigiam a Mato Grosso através da capital paraguaia.

Visando a província de Mato Grosso, o ditador paraguaio aproveitou-se da fraca


defesa brasileira naquela região para invadi-la e conquistá-la, fez isso sem grandes
dificuldades e, após esta batalha, sentiu-se motivado a dar continuidade à expansão do
Paraguai através do território que pertencia ao Brasil. Seu próximo alvo foi o Rio
Grande do Sul, mas, para atingi-lo, necessitava passar pela Argentina. Então, invadiu e
tomou Corrientes, província Argentina, naquela época, era governada por Mitre.

Decididos a não mais serem ameaçados e dominados pelo ditador Solano


Lopes, Argentina, Brasil e Uruguai uniram suas forças em 1° de maio de 1865 por
acordo conhecido como a Tríplice Aliança. A partir daí, os três países lutaram juntos
para deterem o Paraguai, vencido na batalha naval de Riachuelo e também na luta de
Uruguaiana.

Esta guerra durou seis anos; contudo, já no terceiro ano, o Brasil via-se em
grandes dificuldades com a organização de sua tropa, pois além do inimigo, os soldados
brasileiros tinham que lutar contra a falta de alimentos, de Comunicação e ainda
contra as epidemias que os derrotavam na maioria das vezes. Diante deste quadro,
Caxias foi chamado para liderar o Exército Brasileiro. Sob seu comando, a tropa foi
reorganizada e conquistou várias vitórias até chegar em Assunção no ano de 1869.
Apesar de seu grande êxito, a última batalha foi liderada pelo Conde D'Eu (genro de D.
Pedro II). Por fim, no ano de 1870, a guerra chega ao seu final com a morte de
Francisco Solano Lopes em Cerro Cora.

Conclusão: Antes da guerra, o Paraguai era uma potência econômica na América


do Sul. Além disso, era um país independente das nações europeias. Para a Inglaterra,
um exemplo que não deveria ser seguido pelos demais países latino-americanos, que
eram totalmente dependentes do império inglês. Foi por isso, que os ingleses ficaram ao
lado dos países da Tríplice Aliança, emprestando dinheiro e oferecendo apoio militar.
Era interessante para a Inglaterra enfraquecer e eliminar um exemplo de sucesso e
independência na América Latina. Após este conflito, o Paraguai nunca mais voltou a
2

ser um país com um bom índice de desenvolvimento econômico, pelo contrário, passa
atualmente por dificuldades políticas e econômicas.

A RETIRADA DA LAGUNA E RETOMADA DE CORUMBÁ

Foi, sem dúvida, a página mais brilhante escrita pelo Exército Brasileiro em toda
a Guerra da Tríplice Aliança. O Visconde de Taunay, que dela participou, imortalizou-a
num dos mais famosos livros da literatura brasileira. A retomada de Corumbá foi outra
página brilhante escrita pelas nossas armas nas lutas da Guerra da Tríplice Aliança. O
presidente da Província, então o Dr. Couto de Magalhães, decidiu organizar três corpos
de tropa para recuperar a nossa cidade que há quase dois anos se encontrava em mãos
do inimigo. O 1º corpo partiu de Cuiabá a 15.05/1867, sob as ordens do Ten. Cel.
Antônio Maria Coelho.

Foi essa tropa levada pelos vapores “Antônio João”, “Alfa”, “Jauru” e “Corumbá”
até o lugar denominado Alegre. Dali em diante seguiria sozinha, através dos Pantanais,
em canoas, utilizando o Paraguai-Mirim, braço do rio Paraguai que sai abaixo de
Corumbá e era confundido com uma “boca de baía”. Desconfiado de que os inimigos
poderiam pressentir a presença dos brasileiros na área, Antônio Maria resolveu, com
seus Oficiais, desfechar o golpe com o uso exclusivo do 1º Corpo, de apenas 400
homens e lançou a ofensiva de surpresa. E com essa estratégia e muita luta corpo a
corpo, consegui o Comandante a recuperação da praça, com o auxílio, inclusive, de
duas mulheres que o acompanhavam desde Cuiabá e que atravessaram trincheiras
paraguaias a golpes de baionetas. Quando o 2º Corpo dos voluntários da Pátria chegou
a Corumbá, já encontrou em mãos dos brasileiros. Isso foi a 13/06/1867. No entanto,
com cerca de 800 homens às suas ordens, o Presidente Couto de Magalhães, que
participava do 2º Corpo, teve de mandar evacuar a cidade, pois a varíola nela grassava,
fazendo muitas vítimas. O combate do Alegre foi outro episódio notável da guerra.
Quando os retirantes de Corumbá, após a retomada, subiam o rio no rumo de Cuiabá,
encontravam-se nesse porto “carneando”, ou seja, abastecendo-se de carne para a
alimentação da tropa, eis que surgem, de surpresa, navios paraguaios tentando uma
abordagem sobre os nossos. A soldadesca brasileira, da barranca, iniciou uma viva
fuzilaria e após vários confrontos, venceram as tropas comandadas pela coragem e
sangue-frio do Comandante José Antônio da Costa. Com essa vitória chegaram os da
retomada de Corumbá à Capital da Província (Cuiabá), transmitindo a varíola ao povo
cuiabano, perdendo a cidade quase a metade de sua população. Terminada a guerra,
3

com a derrota e morte de Solano Lopez nas “Cordilheiras” (Cerro Corá), a 1º de março
de 1870, a notícia do fim do conflito só chegou a Cuiabá no dia 23 de março, pelo vapor
“Corumbá”, que chegou ao porto embandeirado e dando salvas de tiros de canhão.
Dezenove anos após o término da guerra, foi o Brasil sacudido pela Proclamação da
República, cuja notícia só chegou a Cuiabá na madrugada de 9 de dezembro de 1889.

FORTE JUNQUEIRA

Corumbá, situada a margem direta do Rio Paraguai, e brasileira por caprichosa


circunstância geológica, já que a margem esquerda do grande Rio e extremamente
baixa, e os portugueses se viram obrigados a transpor aquela que deveria ter sido a
Fronteira natural entre as Colônia lusa e espanhola a fim se estabelecerem na imensa
formação calcária que obriga o rio a fazer um longo desvio para leste antes de seguir
para o sul, onde forma o Prata juntamente com o Paraná, a mais de 1.000 a jusante da
cidade “branca”.

Corumbá foi uma das cidades brasileira conquistada pelos paraguaios na guerra
da Tríplice Aliança (1861 a 1870) e delimitou o ponto mais ao norte do avanço dos
comandados de Solano Lopez. Esse motivo que transformou Corumbá em uma das
mais importantes praças de guerra do Centro-Oeste brasileiro.

Em 1871, logo após a guerra da Tríplice Aliança, foi criada a comissão de


Engenheiros Militares de Mato Grosso, visando efetuar a reorganização defensiva da
região e de suas Fronteiras. Com relação a Corumbá, para melhor defender o núcleo
urbano, a comissão decidiu executar um plano de defesa definitivo formado por uma
Rede de Fortificações posicionadas desde a embocadura do Canal de Tamengo até a
localidade de Ladário. Foram construídos cinco Fortes que, segundo o Gen R/1 Lécio
Gomes de Souza. Escritor e Historiador, se construídos antes, teriam mudado em parte
a feição da guerra nessa área, evitando o episódio da tomada de Corumbá pelos
paraguaios e sua posterior retomada por ANTÔNIO MARIA COELHO. Concluídos uns
nas na administração do Sr Conselheiro Ten Coronel Francisco José Cardoso e outros
na do Gen Hermes da Fonseca, receberam aqueles a denominação de Limoeiro e
Pólvora e estes a denominação Conde D`Eu, Duque de Caxias e Major Gama.

1- LIMOEIRO, depois chamado SÃO FRANCISCO, em homenagem ao então


presidente da Província, Francisco José Cardoso Júnior, inaugurado a 25 de maio de
4

1871. Teve como primeiro comandante o Major de Oliveira de Melo, herói do Forte de
Coimbra e da retirada através dos pantanais até Cuiabá. Não se tem uma ideia precisa
de sua localização. É possível ter sido erguido a uns três quilômetros a oeste de
Ladário, na Região onde se encontra o Centro Universitário de Corumbá.

2- PÓLVORA, depois chamado JUNQUEIRA, em reverência ao então Ministro da


Guerra, Dr. João José de Oliveira Junqueira, que o mandara construir. O projeto de
fortificação foi então do Major Joaquim da Gama Lobo D`Eça (Maj Gama) sendo seu
construtor Maj Júlio Anacleto Falcão da Frota. Primorosa obra militar, o Forte
Junqueira foi construído em 1872, todo em pedra rejuntada e argamassada, sobre
escarpada formação calcaria dominando longo estirão do Rio Paraguai. Seu traçado é
um polígono de lados em que cada lado maior de um retângulo. Está localizado na
parte oriental da cidade de Corumbá, na Margem direita do Rio Paraguai, em terreno do
17º Batalhão de Fronteira que é o responsável pela conservação e guarda. Seu acervo é
constituído de 11 (onze) canhões KRUPP raiados de 75 mm e de fabricação variando do
ano de 1872 a 1884, sendo a maioria deles datado de 1874.

3- CONDE D`Eu, ou SANTO ANTÔNIO como aparece em antigos documentos de


registro de propriedades nos velhos livros de tombo da Prefeitura de Corumbá,
limítrofes. O nome oficial de Conde D`Eu homenageava o genro do Imperador Pedro II,
dirigente da última fase da Guerra do Paraguai. Localizava-se no bairro do Borrowski,
no lindo da praça municipal. Ali ainda existem ruínas deste fortim. Não foi possível
encontrar documentos que definam sua posse atualmente.

4- DUQUE DE CAXIAS como justo preito ao comandante em chefe das forças


Aliadas. Há umas três décadas ainda se podia encontrar na “ponta do morro” onde se
situava, restos de fortificações. O terreno está hoje dividido entre particulares, já tendo
sido removido os últimos vestígios. Era o forte que disparavam em saudação às
autoridades, pela sua situação próxima ao cais de desembarque.

5- MAJOR GAMA, recordando a pessoa do projetista, major engenheiro Joaquim


da Gama Lobo D`Eça. Ficava em frete ao local onde se encontrava o Comando da 18ª
Brigada de Infantaria de Fronteira. Dele ainda restam alguns vestígios.

JOÃO JOSÉ DE OLIVEIRA JUNQUEIRA: nascido na Bahia em1831, falecido em


1887. Filho do Conselheiro de igual nome. Bacharel em Direito pela Faculdade de
Recife. Senador do Império pela Província de Natal. Serviu na carreira de magistratura
até juiz de direto, foi deputado em duas legislaturas e geral em quatro deste 1857.
5

Presidiu as ex-províncias do Piauí, do Rio Grande do Norte e Pernambuco, foi


Ministro da Guerra nos gabinetes de 1871 e 1885, onde fez algumas reformas úteis
como membro da Comissão Especial que formulou o parecer e projeto da lei de
liberação do Ventre Livre.

Entre vários trabalhos publicados, citaremos: “Eleições do 5º Distrito da Bahia”,


discurso proferidos nas seções de 04 e 05 de julho de 1867 e “Reforma do Elemento
Servil”, “Reorganização Ministerial”, “Discursos”, “Discursos proferidos na Sessão de 30
janeiro 1873”, “Elemento Servil”, “Parecer e projeto de lei” apresentados na Câmara dos
Deputados na Sessão de 10 agosto de 1870 pela Comissão Especial.

(Dicionário e Enciclopédia Internacional, vol. XIV pagina 8.104)

CANHÕES DO FORTE JUNQUEIRA

- Calibre – 75mm.
- Alma raiada – 24 raias da esquerda para a direita.
- Origem – alemã.
- Fabricante – Fried Krupp.
- Modelo – Pelo menos três modelos similares existem no forte, com
pequenas diferenças.

O ano de fabricação varia de 1872 a 1874, sendo a maioria deles datada de 1874.
O Forte apresenta 12 (doze) posições de tiro, mas só existem 11 (onze) canhões. Na
entrada histórica do Btl existem mais 02 (dois) canhões semelhantes aos do Forte. As
posições de tiro do Forte não apresentam sinais de base de alvenaria originais,
destinadas à instalação fixa dos canhões. Os canhões, recentemente, receberam
pintura para melhor conservação e apresentação.

17o Batalhão de Fronteira

As origens do atual 17 B Fron remontam a 14 de maio de 1842, data da criação


do Corpo Provisório de Caçadores de Minas Gerais na cidade de Ouro Preto.

Iniciada a Guerra da Tríplice Aliança, a fusão do Corpo Provisório de Minas


Gerais com o de São Paulo, em 28 de julho de 1865, ativou o 21 BC que teria destacada
atuação como integrante da Coluna Expedicionária de Mato Grosso sob o comando do
Coronel CAMISÃO.
6

A 21 de abril de 1867, o 21 BC transpõe o rio APA penetrando território


paraguaio. Foi marcante o desempenho nos combates de LAGUNA (07 maio), BELA
VISTA (08 maio) e MACHORRA (11 maio).

Ainda no decurso da guerra, a 22 de fevereiro de 1870, o 21 BC aporta em


CORUMBÁ para vigiar a calha do rio PARAGUAI até o Forte Coimbra, onde permanece
desde então, aquartelado na capital do pantanal.

De 1908 a 1914 construiu-se o atual quartel com parte do material vindo da


Europa, particularmente as telhas.

A partir de 1920 passa a denominar-se 17 BC, mantendo a tradição do Corpo de


Caçadores e lendário 21 BC. Somente em1994, após cerca de 74 anos, recebeu a atual
denominação. Isso explica porque pessoas da comunidade ainda o chamam
carinhosamente — “17 BC”. Em 1987 recebeu também a denominação histórica de
“Batalhão ANTÔNIO MARIA COELHO”, em homenagem ao Herói da Retomada de
Corumbá durante a Campanha do Paraguai, um dos mais empolgantes feitos de armas
de que se pode orgulhar o Exército Brasileiro.

Atualmente o 17 B Fron foi designado pela Portaria Ministerial Nr 423, de 16 de


junho de 1997 como Unidade de Emprego Peculiar (UEP), apta especialmente a atuar
no ambiente do pantanal e com a missão de conduzir os Estágios de Operações no
Pantanal (EOPan), destinados a oficiais e sargentos da área do CMO.

O Patrono

Antônio Maria Coelho — Marechal do Exército


Nascimento: 08/09/1827
Local: Cuiabá
Morte: 29/08/1894
Local: Corumbá
Primeiro Governador de Mato Grosso.
1839 — Assentou praça aos 12 anos.
1847 — Promovido ao posto de Alferes.
Classificado no Corpo de Caçadores da Guarnição de Cuiabá.
1858 — Promovido ao posto de Capitão.
(Início de sua conjuntura em defesa de Corumbá)

Você também pode gostar