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Enem 2019

Para Maquiavel, quando um homem decide dizer a verdade pondo em risco a própria
integridade física, tal resolução diz respeito apenas a sua pessoa. Mas se esse mesmo
homem é um chefe de Estado, os critérios pessoais não são mais adequados para
decidir sobre ações cujas consequências se tornam tão amplas, já que o prejuízo não
será apenas individual, mas coletivo. Nesse caso, conforme as circunstâncias e os fins
a serem atingidos, pode-se decidir que o melhor para o bem comum seja mentir.

ARANHA, M. L. Maquiavel: a lógica da força. São Paulo: Moderna, 2006 (adaptado).

O texto aponta uma inovação na teoria política na época moderna expressa na


distinção entre

Alternativas

a) idealidade e efetividade da moral.

b) nulidade e preservabilidade da liberdade.

c) ilegalidade e legitimidade do governante.

d) verificabilidade e possibilidade da verdade.

e) objetividade e subjetividade do conhecimento

Enem 2012

Não ignoro a opinião antiga e muito difundida de que o que acontece no mundo é decidido
por Deus e pelo acaso. Essa opinião é muito aceita em nossos dias, devido às grandes
transformações ocorridas, e que ocorrem diariamente, as quais escapam à conjectura
humana. Não obstante, para não ignorar inteiramente o nosso livre-arbítrio, creio que se
pode aceitar que a sorte decida metade dos nossos atos, mas [o livre-arbítrio] nos permite
o controle sobre a outra metade.
MAQUIAVEL, N. O Príncipe. Brasília: EdUnB, 1979 (adaptado).

Em O Príncipe, Maquiavel refletiu sobre o exercício do poder em seu tempo. No trecho


citado, o autor demonstra o vínculo entre o seu pensamento político e o humanismo
renascentista ao

1. A

a) valorizar a interferência divina nos acontecimentos definidores do seu tempo.


b) rejeitar a intervenção do acaso nos processos políticos.
c) afirmar a confiança na razão autônoma como fundamento da ação humana.
d) romper com a tradição que valorizava o passado como fonte de aprendizagem.
e) redefinir a ação política com base na unidade entre fé e razão

Enem 2013

Nasce daqui uma questão: se vale mais ser amado que temido ou temido que amado.
Responde-se que ambas as coisas seriam de desejar; mas porque é difícil juntá-las, é muito
mais seguro ser temido que amado, quando haja de faltar uma das duas. Porque dos
homens se pode dizer, duma maneira geral, que são ingratos, volúveis, simuladores,
covardes e ávidos de lucro, e enquanto lhes fazes bem são inteiramente teus, oferecem-te
o sangue, os bens, a vida e os filhos, quando, como acima disse, o perigo está longe; mas
quando ele chega, revoltam-se.

MAQUIAVEL, N. O príncipe. Rio de Janeiro: Bertrand, 1991.

A partir da análise histórica do comportamento humano em suas relações sociais e


políticas. Maquiavel define o homem como um ser

a) munido de virtude, com disposição nata a praticar o bem a si e aos


outros.
b) possuidor de fortuna, valendo-se de riquezas para alcançar êxito na
política.
c) guiado por interesses, de modo que suas ações são imprevisíveis e
inconstantes.
d) naturalmente racional, vivendo em um estado pré-social e portando
seus direitos naturais.
e) sociável por natureza, mantendo relações pacíficas com seus pares.

Enem 2010
O príncipe, portanto, não deve se incomodar com a reputação de cruel, se
seu propósito é manter o povo unido e leal. De fato, com uns poucos
exemplos duros poderá ser mais clemente de outros que, por muita
piedade, permitem os distúrbios que levam ao assassinato e ao roubo.
MAQUIAVEL, N. O Príncipe, São Paulo: Martin Claret, 2009.

No século XVI, Maquiavel escreveu “O Príncipe”, reflexão sobre a Monarquia


e a função do governante.

A manutenção da ordem social, segundo esse autor, baseava-se na

a) inércia do julgamento de crimes polêmicos.


b) bondade em relação ao comportamento dos mercenários.
c) compaixão quanto à condenação de transgressões religiosas.
d) neutralidade diante da condenação dos servos.
e) conveniência entre o poder tirânico e a moral do príncipe

Unespar 2016

Maquiavel, pensador político do período moderno, faz severas críticas ao


modo de se fazer política no período grego e, sobretudo, no período
moderno, isso porque, de acordo com esse pensador político, a política do
seu tempo era tomada no sentido aristotélico, ou seja, pensava a partir do
que se denomina de dever-ser, em outros termos, pensando o homem, a
partir da visão aristotélica, como um animal político, isto é, nascido para a
política, uma espécie de o homem como ser comunitário. Por essa razão,
Maquiavel, em 1513, escreveu sua famosa obra O Príncipe e, no contexto
dessa obra, o autor apresenta a seguinte discussão:

“Necessitando, portanto, um príncipe saber usar bem o animal, desse deve


tomar como modelos a raposa e o leão, porque o leão não sabe se
defender das armadilhas e a raposa não tem defesa contra os lobos. É
preciso, portanto, ser raposa para conhecer as armadilhas e leão para
aterrorizar os lobos. Aqueles que usam apenas os modos do leão, nada
entendem dessa arte”

(MAQUIAVEL. O Príncipe. São Paulo: abril cultural, 978, p. 108. Coleção os


pensadores)

Desse modo:

I. Para Maquiavel, a noção de lobo representa o uso da força e, nesse


sentido, deve demonstrar coragem e, acima de tudo, poder para aniquilar
os lobos.

II. Raposa é, no sentido apresentado na assertiva, uma figura metafórica


que representa astúcia, sutileza e esperteza para lidar com os adversários.

III. A arte política é, no sentido apresentado por Maquiavel, uma forma ética
de lidar com os adversários, pois, para esse autor, o homem é um animal
político e por isso se traduz como um ser comunitário.

Assinale a alternativa correta, com relação aos enunciados acima:


a) Apenas a alternativa I está correta.
b) Apenas a alternativa II está correta;
c) Apenas a alternativa III está correta;
d) Todas as alternativas estão corretas;
e) As alternativas I e II estão corretas.

Enem 2020

Montaigne deu o nome para um novo gênero literário; foi dos primeiros a instituir na
literatura moderna um espaço privado, o espaço do “eu”, do texto íntimo. Ele cria um novo
processo de escrita filosófica, no qual hesitações, autocríticas, correções entram no próprio
texto.

COELHO. M. Montaigne. São Paulo: Publifolha, 2001 (adaptado).

O novo gênero de escrita aludido no texto é o(a)

a) confissão, que relata experiências de transformação.


b) ensaio, que expõe concepções subjetivas de um tema.
c) carta, que comunica informações para um conhecido.
d) meditação, que propõe preparações para o conhecimento.
e) diálogo, que discute assuntos com diferentes interlocutores.

Leia o texto a seguir:

“Aqui está um livro de boa-fé, leitor. Ele te adverte, desde o início, que não
me propus outro fim além do doméstico e privado. Nele não tive nenhuma
consideração por servir-te nem por minha glória: mi-nhas forças não são
capazes de tal desígnio. Dediquei-o ao uso particular de meus parentes e
amigos, a fim de que, tendo-me perdido, possam aqui encontrar alguns
traços de minhas atitudes e humores, e que por esse meio nutram, mais
completo e mais vivo, o conhecimento que têm de mim. Se fosse para
buscar os favores do mundo, teria me enfeitado de belezas emprestadas.
Quero que me vejam aqui em meu modo simples, natural e corrente, sem
pose nem artifício: pois é a mim que retrato” (MONTAIGNE, Michel de.
Ensaios. São Paulo: Companhia das Letras, 2010, p. 37. Adaptado).
Montaigne representa o ceticismo humanista do Renascimento.

No trecho acima dos Ensaios, isso fica claro porque ele relata

a) as suas verdades pessoais, as únicas que devem valer para todo o mundo.
b) as suas vivências pelo mundo, para que sua família se lembre dele.

c) as verdades do mundo, que são comuns a todos seres racionais.

d) os seus pensamentos pessoais, sem nenhuma pretensão de verdade


universal.

e) os seus raciocínios, tentando convencer os outros da verdade deles.

Enem 2002

Michel Eyquem de Montaigne (1533-1592) compara, nos trechos, as guerras

das sociedades Tupinambá com as chamadas “guerras de religião” dos

franceses que, na segunda metade do século XVI, opunham católicos e

protestantes

“(...) não vejo nada de bárbaro ou selvagem no que dizem daqueles povos;

e, na verdade, cada qual considera bárbaro o que não se pratica em sua

terra. ( ...) Não me parece excessivo julgar bárbaros tais atos de crueldade

[o canibalismo], mas que o fato de condenar tais defeitos não nos leve à

cegueira acerca dos nossos.

Estimo que é mais bárbaro comer um homem vivo do que o comer depois

de morto; e é pior esquartejar um homem entre suplícios e tormentos e o

queimar aos poucos, ou entregá-Io a cães e porcos, a pretexto de devoção e

fé, como não somente o lemos mas vimos ocorrer entre vizinhos nossos

conterrâneos; e isso em verdade é bem mais grave do que assar e comer

um homem previamente executado. (...) Podemos portanto qualificar esses

povos como bárbaros em dando apenas ouvidos à inteligência, mas nunca

se compararmos a nós mesmos, que os excedemos em toda sorte de

barbaridades.”

MONTAIGNE, Michel Eyquem de, Ensaios, São Paulo: Nova Cultural, 1984.

De acordo com o texto, pode-se afirmar que, para Montaigne,


a) A idéia de relativismo cultural baseia-se na hipótese da origem única
do gênero humano e da sua religião.
b) A diferença de costumes não constitui um critério válido para julgar
as diferentes sociedades.
c) Os indígenas são mais bárbaros do que os europeus, pois não
conhecem a virtude cristã da piedade.
d) A barbárie é um comportamento social que pressupõe a ausência de
uma cultura civilizada e racional.
e) A ingenuidade dos indígenas equivale à racionalidade dos europeus,
o que explica que os seus costumes são similares.

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