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Para Maquiavel, quando um homem decide dizer a verdade pondo em risco a própria
integridade física, tal resolução diz respeito apenas a sua pessoa. Mas se esse mesmo
homem é um chefe de Estado, os critérios pessoais não são mais adequados para
decidir sobre ações cujas consequências se tornam tão amplas, já que o prejuízo não
será apenas individual, mas coletivo. Nesse caso, conforme as circunstâncias e os fins
a serem atingidos, pode-se decidir que o melhor para o bem comum seja mentir.
Alternativas
Enem 2012
Não ignoro a opinião antiga e muito difundida de que o que acontece no mundo é decidido
por Deus e pelo acaso. Essa opinião é muito aceita em nossos dias, devido às grandes
transformações ocorridas, e que ocorrem diariamente, as quais escapam à conjectura
humana. Não obstante, para não ignorar inteiramente o nosso livre-arbítrio, creio que se
pode aceitar que a sorte decida metade dos nossos atos, mas [o livre-arbítrio] nos permite
o controle sobre a outra metade.
MAQUIAVEL, N. O Príncipe. Brasília: EdUnB, 1979 (adaptado).
1. A
Enem 2013
Nasce daqui uma questão: se vale mais ser amado que temido ou temido que amado.
Responde-se que ambas as coisas seriam de desejar; mas porque é difícil juntá-las, é muito
mais seguro ser temido que amado, quando haja de faltar uma das duas. Porque dos
homens se pode dizer, duma maneira geral, que são ingratos, volúveis, simuladores,
covardes e ávidos de lucro, e enquanto lhes fazes bem são inteiramente teus, oferecem-te
o sangue, os bens, a vida e os filhos, quando, como acima disse, o perigo está longe; mas
quando ele chega, revoltam-se.
Enem 2010
O príncipe, portanto, não deve se incomodar com a reputação de cruel, se
seu propósito é manter o povo unido e leal. De fato, com uns poucos
exemplos duros poderá ser mais clemente de outros que, por muita
piedade, permitem os distúrbios que levam ao assassinato e ao roubo.
MAQUIAVEL, N. O Príncipe, São Paulo: Martin Claret, 2009.
Unespar 2016
Desse modo:
III. A arte política é, no sentido apresentado por Maquiavel, uma forma ética
de lidar com os adversários, pois, para esse autor, o homem é um animal
político e por isso se traduz como um ser comunitário.
Enem 2020
Montaigne deu o nome para um novo gênero literário; foi dos primeiros a instituir na
literatura moderna um espaço privado, o espaço do “eu”, do texto íntimo. Ele cria um novo
processo de escrita filosófica, no qual hesitações, autocríticas, correções entram no próprio
texto.
“Aqui está um livro de boa-fé, leitor. Ele te adverte, desde o início, que não
me propus outro fim além do doméstico e privado. Nele não tive nenhuma
consideração por servir-te nem por minha glória: mi-nhas forças não são
capazes de tal desígnio. Dediquei-o ao uso particular de meus parentes e
amigos, a fim de que, tendo-me perdido, possam aqui encontrar alguns
traços de minhas atitudes e humores, e que por esse meio nutram, mais
completo e mais vivo, o conhecimento que têm de mim. Se fosse para
buscar os favores do mundo, teria me enfeitado de belezas emprestadas.
Quero que me vejam aqui em meu modo simples, natural e corrente, sem
pose nem artifício: pois é a mim que retrato” (MONTAIGNE, Michel de.
Ensaios. São Paulo: Companhia das Letras, 2010, p. 37. Adaptado).
Montaigne representa o ceticismo humanista do Renascimento.
No trecho acima dos Ensaios, isso fica claro porque ele relata
a) as suas verdades pessoais, as únicas que devem valer para todo o mundo.
b) as suas vivências pelo mundo, para que sua família se lembre dele.
Enem 2002
protestantes
“(...) não vejo nada de bárbaro ou selvagem no que dizem daqueles povos;
terra. ( ...) Não me parece excessivo julgar bárbaros tais atos de crueldade
[o canibalismo], mas que o fato de condenar tais defeitos não nos leve à
Estimo que é mais bárbaro comer um homem vivo do que o comer depois
fé, como não somente o lemos mas vimos ocorrer entre vizinhos nossos
barbaridades.”
MONTAIGNE, Michel Eyquem de, Ensaios, São Paulo: Nova Cultural, 1984.