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A civilização “pós-moderna” culminou em um progresso inegável, que não foi percebido antecipadamente, em

sua inteireza. Ao mesmo tempo, sob o “mau uso” da ciência, da tecnologia e da capacidade de invenção nos precipitou
na miséria moral inexorável. Os que condenam a ciência, a tecnologia e a invenção criativa por essa miséria ignoram os
desafios que explodiram com o capitalismo monopolista de sua terceira fase.
Em páginas secas premonitórias, E. Mandel1 apontara tais riscos. O “livre jogo do mercado” (que não é e
nunca foi “livre”) rasgou o ventre das vítimas: milhões de seres humanos nos países ricos e uma carrada maior de
milhões nos países pobres. O centro acabou fabricando a sua periferia intrínseca e apossou-se, como não sucedeu nem
sob o regime colonial direto, das outras periferias externas, que abrangem quase todo o “resto do mundo”.
1: Ernest Ezra Mandel (1923-1995): economista e militante político belga.
1º) O emprego de aspas em uma dada expressão pode servir, inclusive, para indicar que ela
I. foi utilizada pelo autor com algum tipo de restrição;
II. pertence ao jargão de uma determinada área do conhecimento;
III. contém sentido pejorativo, não assumido pelo autor.
Considere as seguintes ocorrências de emprego de aspas presentes no texto:
A. “pós-moderna” (L. 1);
B. “mau uso” (L. 2);
C. “livre jogo do mercado” (L.6);
D. “livre” (L. 7);
E. “resto do mundo” (L. 9).
As modalidades I, II e III de uso de aspas, elencadas acima, verificam-se, respectivamente, em
a) A, C e E
b) B, C e D
c) C, D e E
d) A, B e E
e) B, D e A

De vez em quando, nas redes sociais, a gente se pega compartilhando notícias falsas, fotos modificadas, boatos
de todo tipo. O problema é quando a matéria é falsa. E, pior ainda, se é uma matéria falsa que não foi criada por
motivos humorísticos ou literários (sim, considero o “jornalismo ficcional” uma interessante forma de literatura), mas
para prejudicar a imagem de algum partido ou de algum político, não importa de que posição ou tendência. Inventa-se
uma arbitrariedade ou falcatrua, joga-se nas redes sociais e aguarda-se o resultado. Nesse caso, a multiplicação da
notícia falsa (que está sempre sujeita a ser denunciada juridicamente como injúria, calúnia ou difamação) se dá em
várias direções. Antes de curtir, comentar ou compartilhar, procuro checar as fontes, ir aos links originais. 
TAVARES, B. Disponível em: www.cartafundamental.com.br. Acesso em: 20 jan. 2015 (adaptado).

2º) O texto expõe a preocupação de uma leitora de notícias on-line de que o compartilhamento de conteúdos falsos pode
ter como consequência a
a) displicência natural das pessoas que navegam pela internet.
b) desconstrução das relações entre jornalismo e literatura.
c) impossibilidade de identificação da origem dos textos.
d) disseminação de ações criminosas na internet.
e) obtenção de maior popularidade nas redes.

Qual a influência da comunicação nos fluxos migratórios?


Denise Cogo, doutora em comunicação, discute a relação entre as tecnologias digitais e as migrações no
mundo.
Para a especialista, grande parte das representações e das experiências que conhecemos dos imigrantes chega
pela mídia. “A mídia é mediadora das relações”, explica.
O imigrante não é só um sujeito econômico, mas, explica Cogo, um sujeito sociocultural. Portanto, a
comunicação integra a trajetória das migrações dentro de um processo histórico. “Desde o planejamento e o estudo das
políticas migratórias para o país de destino até o contato com amigos e familiares, o encontro dos fluxos migratórios
com as tecnologias digitais traz novas perspectivas para os sujeitos. Também se abre a possibilidade para que, com um
celular na mão, os próprios imigrantes possam narrar suas histórias, construindo novos caminhos”, analisa.
Disponível em: http://operamundi.uol.com.br. Acesso em: 6 dez. 2017 (adaptado).

3º) Ao trazer as novas perspectivas acionadas pelos sujeitos na escrita de suas histórias, o texto apresenta uma visão
positiva sobre a presença da(s):
a) economia na formação cultural dos sujeitos.
b) manifestações isoladas nos processos de migração.
c) narrações oficiais sobre os novos fluxos migratórios.
d) abordagens midiáticas no tratamento das informações.
e) tecnologias digitais nas formas de construção da realidade.

4º) No que diz respeito ao uso de recursos expressivos em diferentes linguagens, o cartum produz humor brincando com
a:
a) caracterização da linguagem utilizada em uma esfera de comunicação específica.
b) deterioração do conhecimento científico na sociedade contemporânea.
c) impossibilidade de duas cobras conversarem sobre o universo.
d) dificuldade inerente aos textos produzidos por cientistas.
e) complexidade da reflexão presente no diálogo.

O craque crespo
Desde que Neymar despontou no futebol, uma de suas marcas registradas é o cabelo. Sempre com um visual
novo a cada campeonato. Mas nesses anos de carreira ainda faltava o ídolo fazer uma aparição nos gramados com seu
cabelo crespo natural, que ele assumiu recentemente para a alegria e a autoestima dos meninos cacheados que sonham
ser craques um dia.
É difícil assumir os cachos e abandonar a ditadura do alisamento em um mundo onde o cabelo liso é tido como
o padrão de beleza ideal. Quando conseguimos fazer a transição capilar, esse gesto nos aproxima da nossa real
identidade e nos empodera. Falo por experiência própria. Passei 30 anos usando cabelos lisos e já nem me lembrava de
como eram meus fios naturais. Recuperar a textura crespa, para além do cuidado estético, foi um ato político, de
aceitação, de autorreconhecimento e de redescoberta da minha negritude.
O discurso dos fios naturais tem ganhado uma representação cada vez mais positiva, valorizando a volta dos
cachos sem cair no estereótipo do “exótico”, muito comum no Brasil. O cabelo crespo, definitivamente, não é uma
moda passageira. Torço que para Neymar também não seja.
Alexandra Loras é ex-consulesa da França em São Paulo, empresária, consultora de empresas e autora de livros.
LORAS, A. O craque crespo. Disponível em: http://diplomatique.org.br. Acesso em: 1 set. 2017.
5º) Considerando os procedimentos argumentativos presentes nesse texto, infere-se que o objetivo da autora é:
a) valorizar a atitude do jogador ao aderir à moda dos cabelos crespos.
b) problematizar percepções identitárias sobre padrões de beleza.
c) apresentar as novas tendências da moda para os cabelos.
d) relatar sua experiência de redescoberta de suas origens.
e) evidenciar a influência dos ídolos sobre as crianças.

 “Em um mundo marcado por conflitos em diferentes regiões, as operações de manutenção da paz das Nações
Unidas são a expressão mais visível do compromisso solidário da comunidade internacional com a promoção da paz e
da segurança.
Embora não estejam expressamente mencionadas na Carta da ONU, elas funcionam como instrumento para
assegurar a presença dessa organização em áreas conflagradas, de modo a incentivar as partes em conflito a superar suas
disputas por meio pacífico – razão pela qual não devem ser vistas como forma de intervenção armada.”
Historicamente, o Brasil envia soldados para participar de operações de paz. Em 2004, foi criada pelo
Conselho de Segurança da ONU a Missão das Nações Unidas para Estabilização do Haiti (Minustah).
6º) De acordo com o texto, essa missão foi criada para
a) restabelecer a segurança e normalidade institucional do Haiti após sucessivos episódios de turbulência política e de
violência, que marcaram esse país no início do século XXI.
b) atacar os garimpos ilegais de diamantes no interior do Haiti, que usavam mão de obra infantil nas minas onde esse
minério é encontrado.
c) combater o narcotráfico comandado pelo Cartel de Medelin, que a partir do Haiti distribuía drogas para todos os
países da América Latina.
d) acabar com os problemas ambientais crônicos no Haiti, pois esse país era o principal responsável pela poluição
ambiental no Caribe.
e) extinguir a rede de trabalho escravo existente no Haiti, que utilizava esse tipo de mão de obra nas plantações de soja e
trigo.

A essência da teoria democrática é a supressão de qualquer imposição de classe, fundada no postulado ou na


crença de que os conflitos e problemas humanos – econômicos, políticos, ou sociais – são solucionáveis pela educação,
isto é, pela cooperação voluntária, mobilizada pela opinião pública esclarecida. Está claro que essa opinião pública terá
de ser formada à luz dos melhores conhecimentos existentes e, assim, a pesquisa científica nos campos das ciências
naturais e das chamadas ciências sociais deverá se fazer a mais ampla, a mais vigorosa, a mais livre, e a difusão desses
conhecimentos, a mais completa, a mais imparcial e em termos que os tornem acessíveis a todos.
(Anísio Teixeira, Educação é um direito. Adaptado.)
7º) No trecho “chamadas ciências sociais”, o emprego do termo “chamadas” indica que o autor
a) vê, nas “ciências sociais”, uma panaceia, não uma análise crítica da sociedade.
b) considera utópicos os objetivos dessas ciências.
c) prefere a denominação “teoria social” à denominação “ciências sociais”.
d) discorda dos pressupostos teóricos dessas ciências.
e) utiliza com reserva a denominação “ciências sociais”.

Disponível em: www.facebook.com/omeusegredinho.Acesso em: 9 dez. 2017 (adaptado)


8º) Essa imagem ilustra a reação dos celíacos (pessoas sensíveis ao glúten) ao ler rótulos de alimentos sem glúten. Essas
reações indicam que, em geral, os rótulos desses produtos
a) trazem informações explícitas sobre a presença do glúten.
b) oferecem várias opções de sabor para esses consumidores.
c) classificam o produto como adequado para o consumidor celíaco.
d) influenciam o consumo de alimentos especiais para esses consumidores.
e) variam na forma de apresentação de informações relevantes para esse público.

TEXTO 1
Porque morrer é uma ou outra destas duas coisas: ou o morto não tem absolutamente nenhuma existência,
nenhuma consciência do que quer que seja, ou, como se diz, a morte é precisamente uma mudança de existência
e, para a alma, uma migração deste lugar para um outro. Se, de fato, não há sensação alguma, mas é como um
sono, a morte seria um maravilhoso presente. […] Se, ao contrário, a morte é como uma passagem deste para
outro lugar, e, se é verdade o que se diz que lá se encontram todos os mortos, qual o bem que poderia existir, ó
juízes, maior do que este? Porque, se chegarmos ao Hades, libertando-nos destes que se vangloriam serem juízes,
havemos de encontrar os verdadeiros juízes, os quais nos diria que fazem justiça acolá: Monos e Radamante,
Éaco e Triptolemo, e tantos outros deuses e semideuses que foram justos na vida; seria então essa viagem uma
viagem de se fazer pouco caso? Que preço não seríeis capazes de pagar, para conversar com Orfeu, Museu,
Hesíodo e Homero?
(Platão. Apologia de Sócrates, 2000.)

TEXTO 2

Ninguém sabe quando será seu último passeio, mas agora é possível se despedir em grande estilo. Uma 300C
Touring, a versão perua do sedã de luxo da Chrysler, foi transformada no primeiro carro funerário customizado
da América Latina. A mudança levou sete meses, custou R$ 160 mil e deixou o carro com oito metros de
comprimento e 2 340 kg, três metros e 540 kg além da original. O Funeral Car 300C tem luzes piscantes na já
imponente dianteira e enormes rodas, de aro 22, com direito a pequenos caixões estilizados nos raios. Bandeiras
nas pontas do capô, como nos carros de diplomatas, dão um toque refinado. Com o chassi mais longo, o banco
traseiro foi mantido para familiares acompanharem o cortejo dentro do carro. No encosto dos dianteiros, telas
exibem mensagens de conforto. O carro faz parte de um pacote de cerimonial fúnebre que inclui, além do cortejo
no Funeral Car 300C, serviços como violinistas e revoada de pombas brancas no enterro.

(Funeral tunado. Folha de S.Paulo, 28.02.2010.)

Confrontando o conteúdo dos dois textos, pode-se afirmar que:

a) embora os dois textos transmitam concepções divergentes acerca da morte, eles tratam de visões concernentes à
mesma época, a saber, a sociedade atual.

b) sob o ponto de vista filosófico, não há diferenças qualitativas entre uma e outra concepção sobre a morte.

c) os comentários do texto grego sobre a morte são coerentes com uma filosofia de forte valorização do corpo em
detrimento da alma, e do mundo sensível sobre o mundo inteligível.

d) o texto de Platão evidencia uma cultura monoteísta, enquanto que o segundo é politeísta.

e) enquanto no primeiro texto transparece a dignidade metafísica da morte, no segundo sugere-se a conversão do funeral
em espetáculo da sociedade de consumo.

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