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11º Capítulo

Aspectos criminológicos das drogas


11.1 Toxicomanias e alcoolismo
Desde os mais longínquos tempos de que se tem
notícia, o homem utilizava drogas psicopáticvas no
seu dia a dia, para os mais diversos fins ou propósitos.
Aliás, registe-se que o vocábulo “droga” é de origem persa
e significava demónio.
Hoje seu duplo sentido, medicamento ou tóxico, vem ao
encontro de certas conceituações religiosas de demónio,
que, actuando no interior do indivíduo, menos ou mais,
inclina-o para o bem ou para o mal.
As drogas estão presentes nas histórias mais antigas de
quase todos os povos do mundo, algumas das quais
somente recentes escavações arqueológicas
permitiram descobrir.

Por exemplo, os sumerianos, na região da antiga


Mesopotâmia (Rios Tigre e Eufrates), há mais de 5.000
anos, usavam certas drogas que, sob a forma de
incensos e beberagens, teriam o condão de curar
doenças ou mesmo de elevar seus espíritos, ou ainda
de atrair a atenção dos deuses.
É sabido também que no vedantismo os deuses ingeriam o
soma, e, na civilização grega, o manjar divino era
conhecido por ambrosia. As civilizações indígenas não
fugiram à regra: utilizavam abertamente certas substâncias
psicotrópicas.
Os astecas cultuavam o peyotl, cacto mexicano mais
conhecido por peiote, donde se extrai a mescalina
(lophopora williamsi), poderoso alucinógeno; os incas
se alucinavam com a coca, retirada de um arbusto
natural dos países andinos, sobretudo Peru e Bolívia, e
também da floresta amazônica, chamado de Erytroxilon
Coca, ou simplesmente epatu ou epadu, na língua dos
índios brasileiros.
Com o passar dos séculos, a evolução da humanidade e o
progresso tecnológico, principalmente no campo das
pesquisas científicas, com os avanços da genética,
da biologia etc., o homem começou a sintetizar em
laboratórios certas drogas, cuja função inicial seria a cura
e/ou o controle de certas doenças.

É bem verdade que se alcançou um notável progresso para


a medicina, no entanto malefícios enormes foram
desencadeados colateralmente.
Esse progresso ou desenvolvimento de ponta, em todos os
seus aspectos, revolucionou a vida do homem, sobretudo
após as décadas de 1940 e 1950, quando se sintetizou
uma série infindável de fármacos, dentre os quais as
famigeradas anfetaminas (“bolinhas”) ou moderadores de
apetite; as telecomunicações evoluíram, com o rádio e a
televisão, os avanços da informática, da rede mundial de
computadores (internet); as viagens espaciais, a
robótica, enfim, tudo o que de certa forma propiciou a
facilitação da vida, mas, por outro lado, encurtou o tempo e
o espaço, retirando o ineditismo da vida.
Não só os eventos dignificantes da natureza humana, mas
também aqueles bestiais, degradantes, pornográficos, são
divulgados no globo terrestre em segundos, incitando, o
que é bem pior, uma nova série de eventos deletérios,
maliciosos, permissivos, licenciosos.
As pessoas se corrompem moral e fisicamente nos quatro
cantos do mundo.
O uso de drogas, que no passado se reduzia a uma porção
nítida da sociedade (prostitutas, marginais), passou a
aflorar indistintamente em todos os segmentos
(escolas, universidades, serviços públicos, empresas
etc.); ocorreu uma espécie de globalização de consumo de
entorpecentes.
Antes de serem conceituadas as substâncias que
determinam a dependência física ou psíquica, é bom
conhecer os principais termos utilizados nessa área.
• Tóxico é qualquer substância de origem animal, vegetal
ou mineral animal, vegetal ou mineral que, introduzida em
quantidade suficiente num organismo vivo, produz efeitos
maléficos, podendo ocasionar a morte.
• Psicotrópico (psico = mente + tropismo = atração) é toda
substância que exerce efeito sobre a mente, alterando sua
funcionalidade.
• Toxicomania, de acordo com a Organização Mundial de
Saúde (OMS), é um estado de intoxicação estado de
intoxicação periódica ou crônica, nociva ao indivíduo e à
sociedade, produzido pelo consumo repetido de uma droga
natural ou sintética.
• Dependência ou farmacodependência é umestado
psíquico e às vezes físico causado pela interação entre
um organismo vivo e um fármaco; caracteriza-se por
modificações comportamentais e outras reações que
compreendem um impulso irrefreável para tomar o
fármaco, em forma contínua ou periódica, a fim de
experimentar seus efeitos psíquicos e, às vezes, evitar
o mal-estar produzido pela privação.
A dependência pode ser ou não acompanhada de
tolerância, e se divide em dependência psíquica
(compulsão de consumo) e dependência física
(transtornos físicos e síndrome de abstinência
pela ausência de consumo da droga).
• Tolerância é a tendência a aumentar paulatinamente a
dosagem da droga para obtenção dos mesmos efeitos.
• Compulsão é o desejo irrefreável de consumir droga.
Nessa abordagem da temática sobre drogas é importante,
ainda que de forma
superficial, conhecer sua classificação. Assim, levando em
conta os efeitos que
as drogas produzem sobre o sistema nervoso central
(S.N.C.), são catalogadas
em quatro grandes grupos:
I – Psicoanaléticos
(estimulantes): são as drogas
que aceleram o sistema
nervoso central, fazendo-o
funcionar mais depressa,
causando euforia,
prolongando a vigília e dando
sensação de aceleração da
atividade do intelecto; são
exemplos as anfetaminas e
os anorexígenos.
II – Psicolépticos
(depressores): são as drogas
que deprimem o sistema
nervoso central, reduzindo
sua motricidade, sedando e
diminuindo o raciocínio e as
emoções; incluem-se aí os

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