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Em junho de 1942, a batalha naval mais decisiva da Segunda Guerra Mundial foi deflagrada entre os EUA e o

lmpério Japonês. Travada inteiramente por porta-aviões, separados por centenas de quilômetros, a Batalha de Midway
foi o primeiro grande combate, envolvendo frotas em que navios de ambos os lados nunca chegaram ao alcance visual
uns dos outros. A vitória ou a derrota não dependia dos grandes canhões dos encouraçados, mas de bombardeiros e
torpedeiros transportados em porta-aviões, que sobrevoavam grandes extensões de mar para localizar e destruir seus
alvos. Midway foi o começo de uma nova era na guerra naval. Para o Japão, a Batalha de Midway deveria ser o ponto de
partida de uma grandiosa campanha, estenderia as fronteiras do lmpério pelo Pacífico. A ilha de Midway, um
importante posto avançado americano, seria atacada e invadida. E a frota americana do Pacífico viria em sua defesa com
os escassos e preciosos porta-aviões americanos, que seriam emboscados e destruídos. Se o que restava do poder naval
americano pudesse finalmente ser arruinado, o domínio japonês no Pacífico não poderia mais ser desafiado. Na
realidade, na Batalha de Midway, a frota japonesa de porta-aviões, a mais poderosa então existente, seria totalmente
destruída, e o Japão sofreria sua maior derrota em 300 anos. Em Midway, o Japão, no auge de seu poderio militar,
perderia não apenas um combate naval importante, mas em um só dia, empurraria o lmpério Japonês para a catástrofe
e a derrota.

Prelúdio da batalha
Desde o início da década de 1930, as conquistas japonesas na China haviam causado um aumento gradativo do atrito
com os EUA. Em meados de 1940, os americanos proibiram as exportações de armas, sucata de ferro e outros materiais
estratégicos para o lmpério Japonês. Então, em julho de 1941, a América liderou um embargo internacional de petróleo
e congelou todos os bens japoneses no exterior. O efeito foi devastador. Até então, 90% de todo o petróleo japonês era
importado e seus estoques estavam rapidamente se esgotando. Correndo contra o tempo, uma decisão fatídica foi
tomada pelas lideranças japonesas: invadir e conquistar territórios vizinhos, ricos em petróleo e outras matérias-primas.
Primeiro, o maior obstáculo deveria ser eliminado: a frota americana do Pacífico, ancorada no Havaí. Um pouco antes do
amanhecer do dia 7 de dezembro de 1941, 360 bombardeiros e caças levantaram vôo dos porta-aviões japoneses,
posicionados 370 km ao norte do Havaí. Os alvos eram três porta-aviões e oito encouraçados da frota americana do
Pacífico, baseados em Pearl Harbor. Em duas horas, 18 navios de guerra americanos, incluindo 6 encouraçados, foram
afundados, e outras 90 embarcações foram danificadas por bombas ou torpedos. Quase 200 aviões foram destruídos
ainda no chão e mais de 3,5 mil americanos acabaram mortos ou feridos. Os japoneses perderam apenas 29 aeronaves.
Foi uma vitória assombrosa. Pouco depois do meio-dia do dia seguinte, os EUA declararam guerra ao lmpério Japonês.
Com a destruição da frota americana do Pacífico, o caminho estava aberto para a campanha de conquista do Japão.
Guarnições em toda a região foram secretamente reforçadas, e milhares de soldados foram reunidos em preparação
para o ataque. Horas depois do ataque a Pearl Harbor, aviões japoneses bombardearam bases aéreas americanas nas
ilhas de Wake, Guam e Luzon, nas Filipinas. Com absoluta superioridade aérea, os japoneses lançaram suas invasões.
Forças na lndochina, já ocupada pelo Japão, avançaram rapidamente para a Tailândia e Burma. Tropas da ilha de Hainan
desembarcaram na Malásia. No mesmo dia, uma força avançada de ataque invadiu as Filipinas, seguida por mais
desembarques em peso. Em 3 semanas, as ilhas de Wake e Hong Kong foram capturadas pelos japoneses. Bornéu e
Celebes foram invadidas, e Sumatra foi ocupada. No dia 19 de fevereiro, os porta-aviões japoneses lançaram um ataque-
relâmpago contra Port Darwin, no norte da Austrália, afundando 12 navios mercantes e eliminando Darwin como valiosa
base aliada. O começo de março foi o clímax da expansão japonesa, com a ocupação de Java. Em pouco mais de 3
meses, o Japão conquistou um quarto do oceano Pacífico. Assegurando um suprimento estável de petróleo e
aumentando seu perímetro defensivo territorial, o Japão alcançou todos os objetivos imediatos. Apesar da
grandiosidade das vitórias japonesas, havia ainda uma ameaça à segurança das conquistas no Pacífico. Três porta-aviões
da frota americana tinham escapado do massacre de Pearl Harbor e, em algumas semanas, cada um deles tornou-se o
núcleo de uma força-tarefa. Depois de ataques menores nas ilhas Marshall e Gilbert, dois desses porta-aviões saíram
para uma das missões mais audaciosas da guerra no Pacífico: bombardear Tóquio, o coração do lmpério Japonês. No
começo de abril de 1942, o porta-aviões Hornet seguiu para o oeste da base naval americana em Alameda, na Califórnia,
para se encontrar com o porta-aviões Enterprise, que zarpara de Pearl Harbor. Habilmente evitando a cadeia protetora
de ilhas ocupadas pelos japoneses, o Hornet e o Enterprise chegaram a 1,3 mil km da costa do Japão. Às 8h24 do dia 18
de abril, 16 bombardeiros Mitchell levantaram vôo do Hornet e seguiram com destino à capital japonesa. Voando baixo,
eles evitaram as defesas dos caças e 15 aeronaves despejaram suas bombas na cidade. Somente um dos Mitchells não
conseguiu escapar em segurança para espaço aéreo chinês ou russo. Como resultado do ataque que ficou conhecido,
por causa de seu comandante, como o ""Ataque Doolittle"", houve consternação entre os líderes militares japoneses.
Apesar de ter causado poucos danos, o ataque significou um duro golpe no orgulho nacional japonês. A proteção do
imperador era a razão de ser das Forças Armadas. A humilhação tomou conta do Alto-Comando. Os líderes do Japão
concluíram que havia apenas uma maneira
de a pátria e o imperador serem adequadamente protegidos. As fronteiras do lmpério teriam de se estender ainda mais
através do Pacífico.
Os líderes
Em outubro de 1941, o general Hideki Tojo foi nomeado primeiro-ministro do Japão imperial. Como chefe do
Estado-Maior do Exército, a grande ambição de Tojo era concluir de forma bem-sucedida a campanha japonesa na China.
E ele estava convencido de que a única maneira de alcançar esse objetivo era conquistar uma vitória esmagadora sobre
as potências ocidentais. Mesmo nomeado primeiro-ministro, o general Tojo manteve seu posto como chefe do Estado-
Maior e continuou como ministro da Guerra. Contudo, apesar de ser um homem extremamente poderoso, Tojo não
tinha completo controle sobre a política do governo. Num gabinete em que todas as Forças Armadas estavam
representadas, ele contava apenas com o apoio do Exército. E a maioria das decisões, ao final, eram acordos entre o
Exército e a Marinha. Mesmo antes do ""Ataque de Doolittle"", a expansão do lmpério no Pacífico era uma ambição
almejada pela influente facção naval. Depois do ataque, as discussões entre o Exército e a Marinha acabaram. Uma vez
que a operação proposta teria pouca participação do Exército, Tojo finalmente deu seu aval.
Franklin Delano Roosevelt foi eleito presidente dos EUA em 1932. Contrário à política de isolacionismo, Roosevelt
acreditava que a América deveria ter um papel ativo nas grandes questões internacionais. Mesmo antes do início da
guerra na Europa, Roosevelt avisou sobre as perigosas ambições da Alemanha nazista. Depois da conquista alemã de
parte do continente, em 1940, Roosevelt, apesar da oposição nacional, apoiou a Grã-Bretanha cada vez mais em sua luta
pela sobrevivência. Também foi Roosevelt, em retaliação às ações japonesas contra a China, quem impôs o embargo de
petróleo e comércio ao Japão. Como ex-secretário-assistente da Marinha, e agora seu comandante-em-chefe, Roosevelt
tinha um interesse especial pela força. Ele escolheu seus próprios generais e oficiais do Estado-Maior e estava tão
convencido de que a Marinha deveria ser encabeçada pelo melhor homem para o serviço que selecionou um membro
do oposicionista Partido Republicano, Frank Knox, para ser o líder do Departamento da Marinha. Sob o comando de
Roosevelt e Knox, o orçamento naval aumentou continuamente. Mesmo depois de Pearl Harbor, Roosevelt acreditava,
ao contrário da população americana, que a guerra na Europa deveria ter prioridade sobre as ações no Pacífico. Ele
entendeu que recursos enormes seriam necessários para deter a seqüência de conquistas japonesas e, até que todo o
poder industrial americano pudesse ser usado, os EUA teriam de se concentrar em manter suas posições. Roosevelt
insistiu no fato de que futuras expansões japonesas deveriam ser contidas a todo custo.

Estratégia de ataque
A extensão do perímetro defensivo japonês no Pacífico, apesar de logisticamente complexa, era vista pelo Alto-Comando
como algo que representaria poucos problemas. Nas ilhas a serem invadidas, as forças inimigas eram fracas e, no mar,
parecia que havia pouco a temer em relação a americanos e britânicos. A Marinha japonesa, força motriz por trás do
plano, estava extremamente confiante. O primeiro estágio do plano de conquista japonês era completar a ocupação da
Nova Guiné. Em abril de 1942, a Nova Guiné já tinha sido parcialmente conquistada, e os japoneses estavam ansiosos
para negar aos Aliados qualquer acesso à ilha. Uma força avançada de ataque, composta de transportes de tropas e
cruzadores pesados, iria se reunir em Rabaul com três porta-aviões vindos de Truk. A força de Rabaul navegaria para o
sul e depois se separaria em duas divisões. A primeira capturaria Tulagi, nas ilhas Salomão. A segunda, apoiada por um
dos porta-aviões de Truk, capturaria Port Moresby. Os outros dois porta-aviões entrariam no mar de Coral e fariam
frente a qualquer inimigo estacionado ali. Assim que Nova Guiné fosse ocupada, Nova Caledônia, Fiji e Samoa poderiam
ser facilmente capturadas. Estendendo a linha japonesa ao norte, três ilhas do arquipélago das Aleutas, Attu, Kiska e
Adak, seriam acrescentadas à lista de conquistas. O próximo estágio do avanço japonês previa a ocupação da ilha de
Midway, nas mãos dos americanos. Situada 1.800 km a oeste do Havaí, a captura de Midway daria ao lmpério uma base
aérea para atacar a força naval americana em Pearl Harbor. Apesar de a captura de Midway garantir uma plataforma de
lançamento vital para futuras ações contra o Havaí, a operação teria outro objetivo tão importante quanto este. Midway
seria usada para atrair os porta-aviões para fora de Pearl Harbor e forçá-los a lutar uma batalha que terminaria com sua
destruição. O plano de capturar Midway e derrotar a frota de porta-aviões americanos era uma combinação complexa e
elaborada de invasão, ação diversionária e emboscada. O primeiro passo da ofensiva de Midway consistia no envio da
frota de submarinos japoneses para estabelecer dois cordões de reconhecimento, um 800 km a oeste de Pearl Harbor e
outro entre o Havaí e Midway. Enquanto os submarinos tomavam suas posições, a força de ocupação de Midway,
composta de navios de tropas, apoiados por uma divisão de cruzadores pesados, sairiam das ilhas Marianas e seguiriam
rumo a nordeste, em direção ao alvo. Para destruir as defesas de Midway e emboscar a frota de porta-aviões
americanos, uma força de ataque foi criada com quatro porta-aviões, apoiados por encouraçados, cruzadores pesados e
uma poderosa cobertura de destróieres. Os porta-aviões e seus apoios navegariam a leste, através do canal de Bungo.
Seriam seguidos pela força principal de seis encouraçados. Ao norte, as ilhas Aleutas seriam atacadas por uma segunda
força composta de porta-aviões e transportes, escoltados por cruzadores, destróieres e encouraçados. A operação das
Aleutas tinha um segundo propósito. Distrairia os americanos do iminente ataque a Midway, induzindo-os a enviar um
porta-aviões para o norte. Para interceptar navios de guerra dos EUA que deixassem Pearl Harbor, a frota japonesa seria
reposicionada e ficaria à espreita. Ao sul, a força de porta-aviões chegaria a 400 km de Midway e atacaria a base aérea,
hangares e instalações costeiras. A invasão seguiria rapidamente. Enquanto os desembarques em Midway estivessem
em progresso, a força de ataque de porta-aviões e a força principal de encouraçados, reposicionadas a 800 km da ilha,
aguardariam a hora da emboscada. Quando os americanos zarpassem de Pearl Harbor e fossem detectados pela linha de
submarinos em volta do Havaí, ou pelas patrulhas aéreas de longo alcance das ilhas Marshall, os porta-aviões japoneses
atacariam. Os grandes canhões da força principal de encouraçados eliminariam o que sobrasse do poderio naval
americano no Pacífico.

Informação e contra informação


Na primavera de 1942,

o código naval japonês JN25

já tinha sido parcialmente decodificado pela inteligência naval dos EUA.

Porém o código era complexo

e muitas mensagens ainda eram de dificil compreensão.

O comandante Joseph Rochefort

estava à frente da unidade de inteligência de comunicações navais em Pearl Harbor.

Foi Rochefort quem finalmente obteve sucesso,

ao descobrir uma parte do quebra-cabeça

do código vital para a operação Midway.

No começo de maio,

a partir de mensagens japonesas parcialmente decodificadas,

Rochefort estava certo

de que um enorme ataque a Midway havia sido planejado,

mas a confirmação era dificil,

e outras interpretações podiam ser feitas.

O código que os japoneses usavam para representar a ilha era desconhecido,

mas ele suspeitava de que fossem as letras ""AF"".

Rochefort sugeriu um truque simples,

que foi autorizado por seus superiores.

Midway não tinha água fresca.

Então, Rochefort pediu que uma mensagem urgente fosse enviada da ilha,

pedindo um navio-tanque com água potável.

Dois dias mais tarde, em 12 de maio,

um posto de escuta americano interceptou uma mensagem de rádio japonesa:

""AF com pouca água"".


Estava claro que as mensagens codificadas sobre um ataque a ""AF""

significavam que Midway era o verdadeiro objetivo

da próxima operação japonesa.

A partir de então, o plano do Japão estava fatalmente comprometido.

Estratégia de defesa
Embora os americanos estivessem em desvantagem numérica nesta batalha,

graças aos decodificadores em Pearl Harbor,

eles agora teriam pelo menos uma idéia de quando os japoneses atacariam,

algo esperado entre os dias 4 e 8 de junho.

Sabendo que a invasão japonesa das Aleutas era apenas um truque,

a frota do Pacífico poderia concentrar sua maior força naval na área de Midway.

Mais ainda, pelo fato de saber

que os porta-aviões japoneses estariam à espreita,

os americanos poderiam ignorar a força invasora

e atacar os porta-aviões inimigos.

Os EUA tinham um precioso patrimônio na própria ilha de Midway.

Bombardeiros de mergulho, torpedeiros e até mesmo pesados B-17

poderiam ser baseados ali para atacar a frota japonesa.

A ilha tinha um valor inestimável como uma faixa de terra firme,

para desembarques de emergência de porta-aviões avariados

ou que estivessem sem combustível.

Além disso,

Midway possuía dois radares antigos, mas poderosos,

que podiam ser usados para detectar e rastrear os ataques japoneses.

O plano naval dos EUA em resposta à operação japonesa contra Midway

foi cuidadosamente planejado

para usufruir de todas as vantagens possíveis.

A defesa americana de Midway


dependeria da habilidade de duas forças-tarefas de porta-aviões

para localizar e destruir a frota japonesa.


A Força-Tarefa 16, baseada nos porta-aviões Enterprise e Hornet,

seria a primeira a zarpar de Pearl Harbor.

A Força-Tarefa 17, com o porta-aviões Yorktown,

seguiria dois dias depois.

Os três porta-aviões iriam se encontrar em Point Luck,

520 km a nordeste de Midway.

Quando a força de ataque de porta-aviões japonesa se aproximasse da área,

o problema dos americanos seria encontrá-la.

O radar nos porta-aviões americanos tinha alcance de apenas 240 km

e, se as patrulhas de reconhecimento dos porta-aviões

falhassem em estabelecer contato,

a frota teria de contar com as aeronaves de longo alcance,

baseadas na ilha de Midway.

Os Catalinas de patrulha de Midway voariam até 1.000 km fora da ilha

para encontrar os japoneses.

Se a frota inimiga fosse descoberta, os Catalinas a seguiriam

até que estivesse dentro do alcance da estação de radar de Midway.

O radar de Midway manteria os porta-aviões americanos no encalço

e totalmente informados.

Uma ação maciça poderia ser precisamente calculada

para destruir a força de ataque japonesa.

Os comandantes
O almirante lsoroku Yamamoto,

autor do plano para derrotar a Marinha dos EUA em Midway,

foi nomeado comandante-em-chefe da Frota Combinada japonesa em 1939.

Com uma personalidade dinâmica e forte,

Yamamoto tinha pouco respeito pelas habilidades de seus superiores


e sabia que eles estavam intimidados pela fama de seus feitos.

O sucesso devastador de Yamamoto como gênio do ataque a Pearl Harbor

e as vitórias que se seguiram no Pacífico

deram-lhe liberdade quase total para planejar

e implementar estratégias ofensivas.

Yamamoto era tão determinado a fazer as coisas a seu próprio modo,

que freqüentemente ameaçava se demitir, caso seus planos não fossem aceitos.

Na juventude, estudou na Universidade de Harvard

e, depois de se formar, serviu com adido naval em Washington.

Conhecendo os EUA intimamente,

Yamamoto temia o poderio industrial americano.

Antes de Pearl Harbor, tentou convencer seus superiores

do risco que o Japão enfrentaria em qualquer conflito demorado com os EUA.

Porém, quando percebeu que o Japão estava comprometido com a guerra,

Yamamoto decidiu vencer a sua maneira.

Com a destruição da frota americana em Midway,

o Japão ganharia um tempo valioso.

O sonho de Yamamoto era o Kantai Kessen,

a grande batalha decisiva,

que forçaria os americanos a negociar a paz.

Ele sabia que um combate entre frotas era uma aposta arriscada.

Mas, como jogador inveterado de pôquer e shogi,

estava convencido de que a única possibilidade de vitória

era apostar tudo numa só cartada.

O almirante Chester Nimitz,

um excepcional estrategista e organizador,

foi nomeado comandante-em-chefe da frota americana no Pacífico

no dia 31 de dezembro de 1941,

imediatamente após o ataque japonês a Pearl Harbor.


Nimitz acreditava que o desastre de Pearl Harbor

não fora resultado de incompetência.

E sua política subseqüente, de manter todos os oficiais em seus postos,

aumentou muito o moral da frota americana do Pacífico.

O estilo de gerenciamento de Nimitz

e sua capacidade de confiar em seus subordinados,

sem interferir no desempenho de suas tarefas,

seriam cruciais na iminente batalha.

Depois de Pearl Harbor, foi Chester Nimitz

quem percebeu que a era dos encouraçados com enormes canhões havia acabado.

A força de ataque da Marinha americana,

no futuro, dependeria de seus porta-aviões.

Na gestão de Nimitz,

o programa americano de construção de porta-aviões foi acelerado.

Mas, naquele momento, ele teria de se contentar com o que tinha:

apenas quatro porta-aviões e suas embarcações de apoio.

Apesar dos recursos escassos,

Nimitz manteve-se fiel à doutrina que sempre defendeu.

Para porta-aviões, a melhor defesa é o ataque.

Para a Marinha japonesa,

não havia dúvida sobre o resultado da próxima batalha.

Até então, a guerra havia sido uma série ininterrupta de vitórias,

e a certeza de mais uma vitória era compartilhada por todos.

A confiança era tamanha,

que havia um verdadeiro medo entre alguns oficiais-generais

de que os americanos não ousassem lutar

e se recusassem a deixar a segurança de Pearl Harbor.

Um esquadrão avançado de hidroaviões até mandou uma mensagem a seu QG,

pedindo que toda a futura correspondência fosse enviada para Midway.


Os resultados dos jogos de guerra, simulando essa próxima batalha,

também foram ignorados.

Quando uma dessas simulações resultou na intervenção

de bombardeiros americanos de Midway,

e no afundamento de dois porta-aviões japoneses,

o resultado foi julgado inaceitável e cancelado pelo árbitro.

Para a enorme empreitada que expandiria o lmpério Japonês

e destruiria a Marinha dos EUA no Pacífico,

o Japão podia contar com quase toda a sua Frota Combinada.

Os 9 encouraçados da frota, junto com 11 porta-aviões,

participariam das operações que se seguiriam.

Desses, quatro porta-aviões participariam da Batalha de Midway. O Akagi, ou "Castelo Vermelho", foi lançado como
cruzador de batalha em 1920. Dois anos mais tarde, foi convertido em porta-aviões. Em 1934, o Akagi foi amplamente
modificado para acomodar mais 30 aeronaves, aumentando seu efetivo aéreo para 91 aviões. O Akagi era apenas um
dos porta-aviões construídos com a ponte de comando a bombordo. O Kaga, ou "Alegria Ampliada", foi originalmente
construído como encouraçado. Mas, em 1924, teve início o trabalho para convertê-lo num porta-aviões. O trabalho foi
concluído em 1928. Mais tarde, o convés triplo do Kaga foi substituído por um convés único e mais longo, após um
grande reaparelhamento. Sua capacidade aumentou de 60 para 90 aeronaves. O Soryu, "Dragão Verde", foi lançado em
1935. Construído dentro das limitações do Tratado Naval de Washington, era pequeno e apertado. Mesmo assim, podia
carregar 63 aeronaves e seu desenho obteve tanto sucesso, que serviu de modelo para todos os outros porta-aviões
japoneses. O Hiryu, "Dragão Voador", assim como o Akagi, tinha sua ponte de comando a bombordo. Por causa da
tendência universal de os pilotos virarem à esquerda numa emergência, esse desenho causava maior número de
acidentes no pouso. O Hiryu, porém, era muito melhor de navegar do que seus antecessores. Sua capacidade era de 63
aeronaves.

O caça Mitsubishi A6M Zero

era o mais potente e visível símbolo do poder japonês na guerra do Pacífico.

Projetado como caça naval

que podia operar de bases terrestres, ou a partir de porta-aviões,

o Zero adquirira uma reputação assombrosa.

Ele tinha a fuselagem extremamente limpa

e não pesava muito.

O resultado combinava alta velocidade e economia de combustível.

Porém essas vantagens sacrificavam a proteção ao piloto.

O Zero não tinha blindagem

nem tanques auto-selantes de combustível.


Seriam construídos mais Zeros

do que qualquer outro tipo de aeronave japonesa.

O Aichi D3AVal, de dois lugares,

foi o primeiro bombardeiro de mergulho totalmente de metal

a ingressar no serviço naval japonês.

Nas mãos de um perito, o Val era uma arma formidável,

com precisão de ataque de 80% durante as primeiras conquistas japonesas.

O Val era tão forte e manobrável que,

mesmo com um trem de pouso fixo carenado,

se tornava um caça eficiente depois de descarregar suas bombas.

Apesar de o Nakajima B5N Kate ser lento e levemente protegido,

era, na época de Midway, a melhor aeronave de seu tipo no mundo.

Ao ser introduzido, em 1937, tinha muitos itens avançados,

como asas dobráveis, trem de pouso retrátil

e tanques de combustível integrados às asas.

Eficaz como bombardeiro convencional,

o Kate era devastador como torpedeiro.

Aaeronave estava armada com o excelente torpedo Tipo 91.

Ele podia ser lançado a uma velocidade de 320 km/h

e de até 300 metros de altura,

uma proteção valiosa contra fogo antiaéreo.

Os pilotos navais que se preparavam para as operações em Nova Guiné e Midway

eram veteranos do ataque a Pearl Harbor.

Haviam participado de missões de combate no Pacífico

e no oceano Índico.

Para os pilotos japoneses,

os intervalos entre as operações de combate

eram preenchidos totalmente por horas de treinamento.

O lema era treinar duro para lutar tranqüilo.


A determinação japonesa

de alcançar os mais altos padrões no combate aéreo naval

cobrava seu preço.

O treinamento de pilotos era demorado e caro.

Apenas 100 pilotos navais se formavam por ano

nas escolas de treinamento,

pouco para suprir a demanda incessante

das forças dos porta-aviões japoneses.

Desde o início da guerra,

as tripulações aéreas navais não recebiam férias.

O treinamento dos marinheiros japoneses e da equipe de convés de vôo

era mais árduo que o recebido por seus pares na Força Aérea.

Os homens eram conscritos endurecidos por uma rígida disciplina,

e os incessantes treinos de combate

significavam que um navio podia estar a postos para a ação

e uma força de ataque completa poderia ser lançada em 5 minutos.

Durante o calor da batalha,

um vôo poderia ser rearmado, reabastecido e estar no ar novamente

em apenas de uma hora.

Apesar da prontidão para o combate dos marinheiros e aviadores japoneses,

havia uma fraqueza nos preparos feitos pela Marinha

para as futuras operações.

Antes de Pearl Harbor,

as tripulações aéreas haviam treinado quatro bombardeios por dia,

e era estimado que os bombardeiros tivessem 80% de acerto, ou mais.

Houve também extensas manobras de frota.

Com a falta de combustível que havia tornado a guerra ainda pior,

manobras e treinos de bombardeios estavam restritos.

Em Midway,
as conseqüências para a Marinha lmperial seriam catastróficas.

Logo após o ataque a Pearl Harbor,

ficou claro para os mais experientes comandantes navais americanos que,

apesar dos graves danos sofridos,

a ação não representou o golpe fatal que os japoneses esperavam.

Os valiosos porta-aviões da frota do Pacífico tinham escapado.

Os japoneses não conseguiram destruir os estaleiros de reparo,

e eles ignoraram os depósitos da base,

deixando intactas grandes quantidades de combustível.

Apesar de todos os esforços dos japoneses,

Pearl Harbor ainda figurava

como uma presença do poderio naval americano.

O Havaí era a base

para os três porta-aviões da frota americana do Pacífico,

mais um quarto transferido da frota do Atlântico.

Todos os porta-aviões eram apoiados

por uma cobertura de até dois cruzadores pesados

e cinco destróieres.

Quase 20 submarinos protegiam as águas em volta das ilhas de Oahu e Midway.

Como o almirante Nimitz estava convencido

de que a grande superioridade da Marinha japonesa

não permitia nada além de ataques do tipo ""bater e correr´",

os lentos encouraçados da frota do Pacífico

não participariam dessa operação.

Aqueles reparados depois do ataque a Pearl Harbor

foram enviados para São Francisco a fim de patrulhar a costa oeste dos EUA.

Tudo agora dependeria da velocidade e do poder de ataque de longo alcance

dos porta-aviões americanos.

Todos os três porta-aviões que participaram da Batalha de Midway


eram da classe Yorktown.

Colocados em serviço em outubro de 1941,

os navios eram o Yorktowm, o Hornet e o Enterprise.

Apesar de um pouco mais lento que seu equivalente japonês,

o classe Yorktown era capaz de carregar 20 aeronaves extras.

Os porta-aviões Yorktown

destacavam-se por seus avançados sistemas de controle de danos.

Para minimizar o risco de fogo, as linhas de combustível de aeronaves

podiam ser preenchidas com dióxido de carbono

na iminência de um ataque inimigo.

Os conveses dos porta-aviões também foram projetados

para condições de combate.

O convés de vôo não tinha blindagem

e era construído com pranchas de madeira de teca de 15 cm,

mais fáceis de consertar que as de metal,

e havia uma chance menor de causar ferimentos por estilhaços nos tripulantes.

Diferentemente dos porta-aviões japoneses,

todos os Yorktowns estavam equipados com radar,

que podia detectar aeronaves voando a até 9 mil metros de altitude,

num raio de mais de 160 km.

Apesar de o Lexington não ter participado da Batalha de Midway,

ele teria um papel importante na ação preliminar,

a Batalha do Mar de Coral.

O Lexington fora lançado como cruzador de batalha em 1921

e convertido durante sua construção.

Tornou-se o primeiro porta-aviões dos EUA

e um dos maiores porta-aviões do mundo.

Como o Lexington era uma nave pioneira,

seu espaço de convés e hangaragem era pequeno


e ele carregava somente 63 aviões.

Originalmente desenhado para ser um caça biplano de porta-aviões,

o Grumman Wildcat foi reprojetado como monoplano de asa média.

A aeronave entrou em serviço na Marinha dos EUA em 1939

e foi produzida primeiramente pela Grumman

e, mais tarde, pela General Motors.

Com motor radial Wright Cyclone, de nove cilindros,

o Wildcat era mais lento que seu adversário, o Zero.

Porém sua manobrabilidade, seus seis canhões pesados,

a blindagem eficiente e a construção robusta

significavam que o Wildcat podia resistir a danos de batalha

que seriam um desastre para qualquer outro caça.

Cerca de 8 mil Wildcats entrariam em serviço

na Segunda Guerra Mundial.

Desde sua introdução, em junho de 1940,

o Douglas Dauntless

foi um dos mais importantes aviões americanos de combate na guerra.

No primeiro semestre de 1942,

o Dauntless esteve mais em ação do que qualquer outra aeronave.

Ele era um bombardeiro de mergulho com blindagem pesada,

pára-brisa à prova de balas e tanques auto-selantes de combustível.

Tinha motor radial Wright Cyclone, de nove cilindros.

Por causa de sua grande estabilidade de vôo,

a aeronave era afetuosamente chamada de ""barcaça"" por seus pilotos.

Quando entrou em serviço na Marinha dos EUA,

o Dauntless era o melhor bombardeiro de porta-aviões do mundo.

Essa aeronave afundaria mais navios japoneses

do que qualquer outra arma aliada.

Em Midway, seria responsável por todas as perdas navais japonesas.


O Douglas Devastator de três tripulantes,

primeiro monoplano americano em porta-aviões,

entrou em serviço em 1937 e, em 1942, já estava obsoleto.

Era lento, levemente armado

e tinha uma razão de subida muito pequena.

Em Midway, os Devastators sofreriam perdas terríveis,

e a batalha seria a última atuação desta aeronave na guerra.

O Grumman TBF foi concebido para substituir o Devastator

e, apesar de ter sido projetado rapidamente,

iria se provar o mais bem-sucedido bombardeiro-torpedeiro

da Segunda Guerra Mundial.

O TBF era uma aeronave robusta e poderosa, com três assentos.

Foi a primeira aeronave naval americana a possuir uma torre mecânica

e a única a carregar seu torpedo internamente.

O TBF entrou em serviço no começo de 1942,

mas apenas seis estavam disponíveis para a Batalha de Midway.

Todos estavam baseados na ilha.

Seria a primeira ação em combate dos TBF

e, em memória dos homens perdidos na batalha,

a aeronave seria rebatizada ""Vingador"".

O Consolidated PBY Catalina

iria se tornar um dos hidroaviões mais bem-sucedidos da Segunda Guerra

e um dos mais numerosos de todos os tempos.

O Catalina foi o primeiro a possuir asas cantilever,

que não precisavam de longarinas de apoio.

Também tinha flutuadores estabilizadores

que podiam ser recolhidos,

para formar as pontas de asa durante o vôo.

A eficiência aerodinâmica significava velocidade e longo alcance.


Depois dos primeiros quatro modelos de hidroaviões PBY,

a aeronave recebeu um trem de pouso triciclo retrátil,

que lhe conferia capacidade anfibia.

Apesar de carregar uma carga pesada de bombas,

na Batalha de Midway,

a capacidade de patrulhamento de longo alcance do Catalina

iria se provar inestimável para os americanos.

Durante a batalha,

os Catalinas também salvariam muitos pilotos americanos abatidos.

O B-17, um bombardeiro quadrimotor pesado,

entrou em serviço com o Exército dos EUA,

em junho de 1939.

A aeronave ganharia fama como bombardeiro estratégico,

mas, por razões políticas, as especificações originais

eram para uma arma antinavio de longo alcance,

papel que, de fato, cumpriria na Batalha de Midway.

O B-17E fez jus a sua designação de ""Fortaleza Voadora"".

Voando em formações autodefensivas,

o B-17E tinha duas torres hidráulicas,

uma delas, uma bolha retrátil embaixo da aeronave.

Ao todo, a Fortaleza tinha 11 metralhadoras,

tanques auto-selantes de combustível e blindagem pesada.

Para uma aeronave tão grande e poderosa,

o B-17 tinha uma carga alar baixa

e, mesmo sofrendo grandes danos em combate,

era mais capaz de levar sua tripulação de volta para casa

que qualquer outra aeronave de sua categoria.

Na Batalha de Midway,

19 modelos B-17 da Força Aérea do Exército dos EUA


operariam contra os japoneses.

Para aumentar seu alcance,

os B-17 carregariam tanques de combustível extras

e metade de sua capacidade de bombas.

O ataque japonês a Pearl Harbor uniu o povo americano de uma só vez.

Militares e civis compartilhavam um desejo amargo

de ver os japoneses totalmente derrotados.

Por todo o país, centenas de milhares inundaram os centros de recrutamento.

O golpe japonês foi sentido mais pelos homens da Marinha dos EUA,

e a humilhação teve um efeito extraordinário

até nos exercícios mais banais.

Diferentemente do Japão,

cujos pilotos navais em treinamento eram uma elite,

selecionados aos 14 anos de idade,

os americanos recrutavam de um segmento bem mais amplo da população.

Nos EUA havia muito mais recrutas apropriadamente educados

e com as qualidades mentais e fisicas talhadas

para um piloto de porta-aviões.

Quando os EUA ingressaram na guerra,

as escolas de treinamento foram expandidas

sem uma perda sensível de qualidade.

Após 3 meses de instrução básica de vôo,

o candidato a piloto naval receberia mais 3 meses de treinamento.

Seguiam-se períodos em mais duas escolas de vôo,

e apenas os melhores eram selecionados para o treinamento de piloto de porta-aviões.

Apesar da excelência do treinamento de vôo da Marinha dos EUA,

os pilotos de porta-aviões americanos entrariam na batalha

com um pouco mais da metade das 700 horas de vôo acumuladas

por seus adversários japoneses.


Eles também tinham visto pouco combate até então.

Alguns haviam participado dos ataques às ilhas de Gilbert e Marshall,

que tinham sido planejados tanto para treinamento e efeito moral

como por razões estratégicas,

mas as ações foram pequenas e houve pouca resistência.

Do lado da tripulação de convés,

o desempenho americano era tão eficiente quanto o dos japoneses.

Seus homens eram capazes

de lançar uma onda de aeronaves de ataque em 5 minutos.

Os americanos levavam vantagem sobre o inimigo

no controle de danos.

Grupos de controle de danos eram altamente treinados

e sua habilidade de enfrentar fogo,

a maior ameaça para qualquer navio de guerra,

era inigualável.

Na Batalha de Midway,

as habilidades em controle de danos de ambos os lados

seriam um fator-chave para decidir o resultado da luta.

No final de abril de 1942,

os preparativos para a campanha japonesa estavam adiantados.

As instalações navais no porto de Rabaul foram amplamente expandidas

e milhares de soldados foram reunidos,

prontos para a conquista de Nova Guiné e Tulagi.

Os transportes de tropas estavam prontos para zarpar

junto com suas escoltas de cruzadores e destróieres.

Os japoneses esperavam pouca oposição em Tulagi

e, uma vez que a ilha fosse capturada, Port Moresby seria atacada.

Em ambos os casos,

os japoneses esperavam que o elemento-surpresa


estivesse a seu lado.

Enquanto os três porta-aviões japoneses, que haviam se reunido em Truk,

preparavam-se para executar suas ordens,

um para escoltar a força invasora de Port Moresby

e os outros dois para se posicionarem no mar de Coral,

os americanos agiram decisivamente.

Uma força-tarefa com os porta-aviões Yorktown e Lexington

foi enviada às pressas para interceptar os japoneses.

No dia 1º de maio, ao sul das ilhas Salomão,

os porta-aviões uniram-se

a uma poderosa força de cruzadores australianos.

O palco estava pronto para a Batalha do Mar de Coral,

o primeiro embate de um confronto épico

que mudaria o curso da guerra no Pacífico.

A captura da ilha de Tulagi, no dia 3 de maio de 1942,

foi como os japoneses esperavam:

uma simples questão de lançar âncoras e desembarcar as tropas.

A pequena guarnição de australianos de Tulagi

já havia sido evacuada.

O primeiro lance da campanha de expansão do Japão

aparentemente havia se desenrolado de acordo com o plano.

O que os japoneses não sabiam era que o porta-aviões americano Yorktown,

com o almirante Fletcher a bordo,

fora avisado dos eventos em Tulagi e estava navegando para o norte.

Às 7 horas, depois dos desembarques em Tulagi,

o Yorktown atacou.

Quarenta das aeronaves de Fletcher

foram lançadas contra a frota japonesa ancorada

e a força de ocupação.
Em pouco mais de uma hora,

bombardeiros e torpedeiros americanos

afundaram ou danificaram um destróier,

três caça-minas, várias embarcações de desembarque

e alguns hidroaviões.

Para os japoneses, foi a primeira evidência preocupante

de que porta-aviões americanos estavam na região.

Com apenas dois dias de operações,

a situação havia mudado de forma sombria para os japoneses.

No dia seguinte,

o Yorktown e suas escoltas voltaram a se reunir com o Lexington.

Os dois grupos de escolta agora se uniram

para formar uma cobertura única em volta dos porta-aviões.

Eles se juntaram bem na hora.

Os porta-aviões japoneses Shokaku e Zuikaku

tinham ingressado no mar de Coral,

e as duas frotas estavam a apenas 100 km de distância.

Na manhã do dia 7 de maio,

a força-tarefa americana de porta-aviões,

com o Lexington e o Yorktown, navegava no curso noroeste.

Os porta-aviões japoneses Shokaku e Zuikaku

navegavam num curso paralelo.

Nenhuma das frotas estava ciente da presença da outra.

Os aviões de patrulha americanos enviados para o nordeste

não encontraram os porta-aviões japoneses,

mas um avião de patrulha enviado para o noroeste

reportou um contato.

lmediatamente,

os americanos lançaram uma força de ataque de 93 aeronaves.


De fato, os navios encontrados eram cruzadores e destróieres

da força de invasão da Nova Guiné,

mas logo o porta-aviões Shoho foi avistado,

a apenas 40 km de distância, e o ataque foi redirecionado.

O Shoho foi atingido por 13 bombas e 7 torpedos

e afundou em poucos minutos.

Para a Marinha lmperial, a perda do Shoho foi traumática.

Os comandantes japoneses ficaram tão chocados

que a invasão de Port Moresby foi imediatamente cancelada,

e os navios de tropas regressaram a Rabaul.

Do lado americano, houve comemoração.

Uma mensagem de rádio de um piloto sobre o afundamento do Shoho,

""Menos um porta-aviões"",

se tornaria a senha mais famosa da guerra no Pacífico.

Depois do afundamento do Shoho,

o almirante Fletcher não lançou de imediato

outro ataque contra a frota de invasão japonesa.

Um ataque aos porta-aviões Shokaku e Zuikaku

era seu objetivo principal

e, em todo caso,

os japoneses talvez lançassem seu próprio ataque.

Nesse caso, ele precisaria de todos os aviões para se defender.

Enquanto o dia corria,

o tempo fechou sobre os porta-aviões japoneses.

Mesmo assim,

o comandante da força de ataque, almirante Tagaki,

estava determinado a destruir os americanos

antes que eles infligissem ainda mais danos

à frota de invasão japonesa, que recuava.


Escolhendo seus melhores pilotos noturnos,

Tagaki lançou seu ataque no final da tarde.

As aeronaves teriam de retornar e pousar no escuro.

Os pilotos japoneses, apesar do mau tempo,

passaram perto do grupo de porta-aviões americanos.

Os americanos, com a vantagem do radar,

facilmente detectaram as formações inimigas

e direcionaram seus caças para interceptá-las.

Numa série de ferozes combates aéreos,

10 aeronaves japonesas foram abatidas.

Outras 11 acabariam se espatifando depois da missão,

na tentativa de pousar na escuridão.

Para os japoneses, o ataque foi um fiasco.

Como conseqüência desse primeiro embate

entre a Marinha lmperial e a frota americana do Pacífico,

ambos os lados consideraram executar um ataque noturno

com seus cruzadores e destróieres.

Os dois finalmente rejeitaram a idéia,

com medo da falta de cobertura defensiva.

Em vez disso, ambos recuaram,

adiando o confronto principal por mais um dia.

Na manhã do dia 8 de maio,

as frotas americanas e japonesas estavam a 160 km de distância.

Os japoneses tinham o beneficio de uma cobertura baixa de nuvens,

enquanto os americanos estavam expostos sob um céu aberto e azul.

Às 6 horas, ambos lançaram suas aeronaves de patrulha

e, em duas horas, cada frota havia descoberto a outra.

Do lado dos americanos,

o Yorktown e o Lexington lançaram 70 bombardeiros e torpedeiros


e 6 caças.

Quase na mesma hora,

o Shokaku e o Zuikaku lançaram 50 aeronaves de ataque e 20 caças.

Apesar de os dois porta-aviões japoneses estarem perto um do outro,

o Zuikaku estava escondido por nuvens

e o Shokaku foi atacado pelos americanos.

Ele foi atingido por três bombas e ficou tão avariado

que, depois disso, não ofereceria condições de pouso para seus aviões.

A maioria das aeronaves seria forçada a pousar no mar.

Os porta-aviões americanos, usando seus radares,

detectaram os atacantes japoneses a 100 km.

Doze caças Wildcats levantaram vôo,

mas só três alcançaram altitude suficiente para atacar

e nenhuma aeronave japonesa foi destruída.

O Yorktown foi o primeiro a ser atingido.

Uma única bomba encontrou o alvo.

A vítima seguinte foi o maior, e menos manobrável, Lexington.

Duas bombas atingiram seu convés, causando poucos danos.

Bem mais sério

foi o impacto de dois torpedos que o acertaram a bombordo.

Mesmo depois que as bombas e os torpedos japoneses explodiram,

o Lexington continuou a lutar.

Mas, logo após a batalha, ele começou a inclinar a bombordo.

Bombeando óleo de um lado para o outro do porta-aviões,

a tripulação conseguiu endireitar a embarcação

e logo ela foi capaz de manter uma velocidade de 45 km/h.

Parecia que o Lexington ainda seria capaz de chegar ao porto

com suas próprias forças.

Porém, às 14h45, uma explosão sacudiu o porta-aviões,


e logo surgiram incêndios incontroláveis.

A ordem para abandonar o navio foi dada

e, uma vez que a tripulação tinha saído,

um destróier recebeu a ordem de afundar o casco em chamas com torpedos.

Trinta e oito aeronaves ainda estavam a bordo.

A destruição do Lexington significava que a Batalha do Mar de Coral

fora uma vitória tática dos japoneses.

O porta-aviões leve Shoho

havia sido trocado pelo formidável Lexington.

Porém, a Marinha lmperial foi bem mais danificada do que parecia.

O porta-aviões Shokaku estava fora de ação

e a tripulação aérea do Zuikaku fora massacrada.

Como resultado,

nenhum dos dois porta-aviões teria condições de participar

da batalha decisiva, prestes a ser deflagrada em Midway.

Após a Batalha do Mar de Coral, os japoneses cometeram um erro fatal.

Eles sabiam que haviam afundado o Lexington,

mas também acreditaram que o Yorktown

estava danificado demais para ser reparado.

Mesmo com dois de seus porta-aviões fora de ação e a perda do Shoho,

tinham certeza de que a vantagem ainda estava a seu favor.

Os outros porta-aviões japoneses,

apoiados por encouraçados e cruzadores pesados,

ainda teriam poder de fogo suficiente

para mandar a frota americana no Pacífico para o fundo do mar.

A força principal dos japoneses para a Batalha de Midway

estava baseada em Hashirajima, no Japão.

Ela era comandada pelo próprio almirante Yamamoto.

Yamamoto tinha 7 encouraçados, 3 cruzadores leves,


2 embarcações para hidroaviões,

1 porta-aviões leve e 20 destróieres.

Junto a essa força principal

estava a força de ataque dos porta-aviões do almirante Chuichi Nagumo,

a mais poderosa frota de porta-aviões no mundo.

Seus porta-aviões pesados, Hiryo, Soryu, Akagi e Kaga,

seriam escoltados por 2 encouraçados rápidos,

3 cruzadores e 11 destróieres.

A força de invasão de Midway

era comandada pelo almirante Nobutake Kondo.

Seu corpo principal consistia de dois encouraçados,

quatro cruzadores pesados, um porta-aviões leve e sete destróieres.

Subordinada ao almirante Kondo, estava a força de ocupação de Midway,

comandada pelo contra-almirante Raizo Tanaka.

Tanaka tinha 12 transportes com 5 mil soldados

e a cobertura de 1 cruzador leve, 10 destróieres e 3 lanchas de patrulha.

Em Guam, nas ilhas Marianas, estava a força de apoio a Midway,

sob o comando do contra-almirante Takeo Kurita.

Kurita possuía quatro cruzadores pesados e dois destróieres.

Assim como suas tropas em Midway,

o almirante Yamamoto também comandava toda a frota das Aleutas,

baseada no ancoradouro em Ominato, na ilha do norte da pátria japonesa.

Ela consistia de uma força de ataque

com um porta-aviões pesado e outro leve,

dois cruzadores e três destróieres.

Havia também uma frota de invasão de quatro transportes,

com capacidade para mil soldados,

acompanhados de uma cobertura reforçada com sete destróieres.

Com o Lexington afundado


e o Yorktown seriamente avariado no mar de Coral,

a frota americana do Pacífico estava criticamente enfraquecida.

O Yorktown fora enviado para a doca seca em Pearl Harbor,

com danos que exigiriam pelo menos 3 meses de reparos.

Nas docas, porém, operou-se um verdadeiro milagre.

O trabalho foi concluído em 3 dias,

com 1,5 mil homens trabalhando 24 horas por dia.

Danos menores ainda não haviam sido reparados,

e o porta-aviões zarpou

com um grande grupo de trabalhadores das docas embarcado.

O almirante Chester Nimitz,

comandante geral da frota americana do Pacífico,

ficaria em Pearl Harbor durante toda a Batalha de Midway,

comunicando-se com seus navios por meio de rádio.

Nimitz dividiu seus porta-aviões em duas forças-tarefas.

A Força-Tarefa 17 era comandada pelo almirante Frank Fletcher,

um veterano do mar de Coral.

Fletcher possuía o Yorktowm como sua capitânia,

dois cruzadores e seis destróieres.

Fletcher também tinha o comando operacional da Força-Tarefa 16,

dirigida pelo almirante Raymond Spruance.

Spruance tinha os porta-aviões Enterprise e Hornet

junto com 2 cruzadores e 11 destróieres.

De Pearl Harbor,

o almirante Nimitz enviou 19 submarinos de reconhecimento e ataque,

que patrulhariam o espaço entre Midway e o Havaí.

Ele também podia usar as aeronaves baseadas na própria ilha de Midway.

A Força Aérea do Exército dos EUA tinha 4 bombardeiros B-26

e 19 modelos B-17E.
Os fuzileiros navais contavam com 20 caças Buffalo

e 7 caças Wildcats.

Eles também tinham 11 Vindicators e 16 bombardeiros Dauntless.

A Marinha tinha 38 Catalinas e 6 bombardeiros-torpedeiros TBF.

A ilha também estava protegida

pelo 6º Batalhão de Defesa dos fuzileiros navais, com 3 mil homens.

Na manhã do dia 27 de maio, a força de porta-aviões do Japão,

sob o comando do almirante Nagumo, zarpou de Hashirajima.

Ao anoitecer,

havia ingressado no Pacífico e estava navegando para Midway.

No dia seguinte, a força de invasão das Aleutas

e o corpo principal de navios de guerra saíram de Ominato.

Ao mesmo tempo, bem ao sul,

a força de invasão de Midway, com sua escolta de destróieres,

e a força de apoio à invasão, com cruzadores pesados,

deixaram as ilhas Marianas.

Os últimos a zarparem, no dia 29,

foram o corpo principal da força invasora e a frota de Yamamoto,

cada uma com encouraçados, cruzadores e destróieres.

Embora o almirante Nimitz e seus comandantes superiores

soubessem que Midway seria invadida,

por razões de segurança ninguém na ilha foi informado

de que a maior concentração de poder naval da história

estava prestes a chegar.

Aos poucos,

a guarnição de fuzileiros navais foi aumentada,

e as defesas antiaéreas da ilha foram reforçadas.

Todos os dias,

os hidroaviões Catalina patrulhavam o mar em volta da ilha


em número cada vez maior,

apesar de suas tripulações não saberem exatamente

o que estavam procurando.

Os japoneses também iniciavam seus esforços de reconhecimento.

Uma força avançada de submarinos já estava em alto-mar havia muitos dias,

navegando rapidamente em direção ao Havaí.

Sua tarefa seria formar um cordão ao norte de Pearl Harbor

e comunicar a Força de qualquer frota americana enviada para Midway.

Os submarinos, porém, já estavam atrasados.

No dia 28 de maio,

a Força-Tarefa 16 deixou Pearl Harbor sem ser observada,

seguida pela Força-Tarefa 17, no dia 30.

Os dois grupos sumiram na vastidão do oceano Pacífico,

e os submarinos japoneses,

que finalmente chegariam no dia 3 de junho,

patrulhariam em vão.

No dia 2 de junho,

a Força Norte do Japão singrava pelo Pacífico norte

em direção às ilhas Aleutas.

As ilhas,

apesar da imensa importância estratégica para os EUA,

estavam esparsamente defendidas.

As únicas forças disponíveis estavam baseadas em Dutch Harbor.

Os americanos, à espera do ataque japonês,

organizavam repetidas missões de reconhecimento,

mas o mau tempo impediu que eles localizassem o inimigo.

Nos primeiros momentos, os japoneses tiveram a mesma sorte,

mas um segundo grupo de ataque conseguiu bombardear Dutch Harbor.

Nos dias seguintes,


as tropas da força especial de desembarque naval

ocuparam as ilhas de Kiska e Attu.

Embora a operação nas Aleutas tenha sido, em termos táticos,

um sucesso completo,

e a ocupação japonesa das ilhas

prometesse se tornar uma dor de cabeça para os americanos por muito tempo,

o objetivo principal da invasão japonesa não se concretizou.

Os americanos, em vez de despachar grandes forças navais para o norte,

longe de Midway, ignoraram o truque.

Um elemento importante do plano japonês falhara completamente.

Enquanto a Força Norte do Japão lançava seu ataque nas ilhas Aleutas,

centenas de quilômetros ao sul,

a força de ataque de porta-aviões de Nagumo

estava se aproximando rapidamente de Midway.

Cerca de 320 km atrás

navegava a força principal de encouraçados de Yamamoto

e, do sudoeste, chegava a frota de invasão de Midway.

Sem a cobertura das nuvens, a flotilha invasora estava exposta

e, agora, os Catalinas de Midway estavam voando

em grandes arcos de mil km, cobrindo qualquer aproximação à ilha.

Foi no dia 3 de junho, às 9h04,

que um Catalina fez o primeiro contato com os navios japoneses fora de Midway.

O piloto informou ter avistado duas embarcações de carga.

Vinte minutos mais tarde, outro Catalina,

comandado pelo piloto guarda-marinha Jack Reid,

que estava pouco além do limite de sua área de patrulha,

avistou uma grande formação de navios.

A mensagem enviada para Midway dizia: ""Corpo principal avistado"".

Alguns minutos depois,


foram enviados as coordenadas e o alcance.

Apesar de a distância de 1.000 km

estar dentro do alcance dos bombardeiros B-17 de Midway,

com seus tanques suplementares de combustível instalados,

e que já estavam armados e prontos,

os comandantes de Midway não estavam dispostos a comprometer suas forças

sem informações precisas.

Passariam-se mais duas horas de grande tensão,

antes que uma mensagem confirmasse

a localização de um grande corpo de navios de guerra japoneses.

Enquanto isso, os relatórios das patrulhas

eram repassados para os porta-aviões americanos.

As duas forças-tarefas americanas de porta-aviões

estavam esperando 520 km a nordeste de Midway.

O relatório dos Catalinas indicava

que o corpo principal japonês estava a sudoeste.

Porém, o almirante Nimitz confiava em suas fontes de inteligência

e tinha certeza de que os navios eram apenas uma força de invasão japonesa.

Nimitz informou a seus comandantes:

""A força de ataque de porta-aviões vai atacar amanhã, de noroeste"".

Fletcher ordenou que o Enterprise e o Hornet mudassem de curso

e as duas forças-tarefas foram para o sul,

para preparar uma emboscada.

Com a localização da frota de invasão japonesa confirmada,

os B-17 de Midway finalmente receberam a ordem para atacar.

Às 12h25, nove bombardeiros decolaram da ilha

para lançar o primeiro ataque da Batalha de Midway.

Levaria 4 horas até que os B-17 alcançassem a frota inimiga

e iniciassem seus bombardeios a grande altitude.


Por causa de seus tanques suplementares,

as ""Fortalezas Voadoras"" carregavam apenas 36 bombas de 230 kg.

Nenhuma atingiu seu alvo.

Por causa da altitude, era dificil julgar os efeitos,

e as tripulações relataram acertos em seis embarcações,

incluindo dois encouraçados.

Como conseqüência,

a Força Aérea do Exército dos EUA reivindicaria uma grande vitória

para os bombardeiros de grandes altitudes em bases terrestres.

Durante toda a noite de 3 de junho,

o ambiente em Midway estava tenso, mas era de confiança.

Os relatórios das tripulações dos B-17 eram encorajadores.

Todos acreditavam que pelo menos algum dano

fora infligido à frota japonesa.

Durante a noite, um ataque de torpedos

desferido pelos Catalina nos transportes de invasão

havia conseguido acertar um navio-tanque japonês,

insignificante em termos reais,

mas encorajador para os fuzileiros navais de prontidão.

À primeira luz do dia,

os Catalinas de Midway foram novamente enviados

para patrulhas de reconhecimento.

Como o ataque japonês à base aérea era praticamente certo,

os B-17 foram ordenados a levantar vôo mais uma vez,

para não serem pegos no chão.

Enquanto a força japonesa de ataque de porta-aviões

fazia sua aproximação final de Midway, a 45 km/h,

marinheiros e tripulações aéreas preparavam-se

para a provação que lhes aguardava, com os tradicionais brindes e adorações


no oratório xintoísta, a bordo de todo navio de guerra japonês.

Todos estavam conscientes

de que estavam prestes a desferir o primeiro grande golpe

de uma batalha da qual dependia não apenas suas vidas,

mas o futuro do lmpério Japonês.

Às 4h30,

o almirante Nagumo aproou seus porta-aviões em direção ao vento

e lançou sua primeira onda de ataque, com 108 aeronaves no total.

O resto, incluindo suas mais experientes tripulações aéreas, ficou de reserva,

caso qualquer navio de guerra americano fosse localizado.

Nagumo acreditava que essa possibilidade era extremamente remota.

Por isso, somente depois de enviar sua primeira onda para Midway,

ordenou que as aeronaves de reconhecimento

iniciassem patrulhas de busca no oceano a seu redor.

As buscas montadas pela força japonesa de porta-aviões

foram conduzidas por apenas sete aeronaves de cinco navios.

O Akagi e o Kaga lançaram um Val cada, às 4h30.

As duas aeronaves deveriam patrulhar até 480 km de distância

e poderiam cobrir uma área de 100 km de largura.

Ao mesmo tempo,

o encouraçado Haruna lançou um hidroavião com alcance de 240 km.

Os cruzadores Tone e Chikuma teriam de lançar dois hidroaviões cada um,

mas problemas técnicos atrasaram as aeronaves do Tone por mais de meia hora

e um dos aviões do Chikuma, com problemas de motor,

foi obrigado a retornar.

A patrulha de busca estava perigosamente incompleta.

Enquanto os japoneses patrulhavam, buscando porta-aviões americanos,

os Catalinas de Midway estavam procurando os japoneses.

Às 5h30,
um único porta-aviões inimigo fora localizado.

Na ilha de Midway e nos navios das forças-tarefas americanas,

o efeito foi eletrizante.

Os japoneses estavam exatamente onde

o almirante Nimitz esperava que eles estivessem.

Pouco depois da primeira localização,

outra informação de suma importância foi transmitida pelos Catalinas.

Uma onda de aeronaves de ataque estava se aproximando da ilha.

Para o almirante Spruance, a bordo do Enterprise,

era uma informação valiosa.

Logo depois que as aeronaves atacassem Midway,

os porta-aviões japoneses teriam de recolhê-los

para rearmá-los e reabastecê-los.

Naquele momento,

os porta-aviões estariam extremamente vulneráveis.

À medida que a onda de ataque japonesa

ingressava no alcance do radar de Midway,

todas as aeronaves da ilha decolaram.

Quando o inimigo chegasse, as pistas e os hangares estariam vazios.

Os caças de Midway estariam esperando pelos japoneses,

e uma força de bombardeiros e torpedeiros

já estaria a caminho para um ataque de revide aos porta-aviões japoneses.

Apesar dos valentes esforços dos caças quase obsoletos de Midway,

os bombardeiros e bombardeiros de mergulho japoneses

conseguiram atacar sem a perda de uma só aeronave.

Porém, tão logo os primeiros aviões

ficaram ao alcance dos canhões antiaéreos da ilha,

foram recebidos com uma chuva de fogo.

Não encontrando nenhuma aeronave americana no chão,


os bombardeiros atacaram e destruíram os estoques de petróleo de Midway,

que estavam na ilha Sand.

Ao mesmo tempo, os bombardeiros dirigiram-se

para a pista e os hangares da ilha Oriental

e destruíram todas as construções aparentes.

Com 15 dos caças que faziam a defesa de Midway já abatidos,

os caças japoneses agora estavam livres para metralhar alvos terrestres.

Eles também foram recebidos com uma chuva mortal de fogo antiaéreo.

Ao todo,

seis aeronaves japonesas tombariam perante os canhões de Midway.

Quando os japoneses retornaram a seus porta-aviões, às 6h43,

já estava claro para o líder do ataque

que, apesar da trilha de destruição que fora deixada,

eles não obtiveram êxito em relação ao objetivo principal.

Pelo rádio, ele comunicou que a maioria das aeronaves de Midway havia escapado,

e as pistas da ilha permaneciam em grande parte intactas.

Os bombardeiros de Midway

ainda representavam uma séria ameaça à frota japonesa.

Mesmo antes que a onda de ataque regressasse a seus porta-aviões,

o almirante Nagumo ordenou o segundo ataque à ilha.

Momentos antes, houvera uma confirmação dramática

da ameaça que as aeronaves de Midway representavam

para os porta-aviões de Nagumo.

Seis torpedeiros TBF americanos e quatro bombardeiros médios B-26

subitamente atacaram a frota japonesa.

A cobertura de destróieres e cruzadores

levantou uma cortina de fogo antiaéreo.

Ao mesmo tempo,

10 caças Zero da patrulha de combate aéreo do Akagi


dirigiram-se para o local do ataque.

Os TBFs conseguiram atirar contra o Akagi,

mas a execução de manobras violentas salvou o porta-aviões japonês.

Castigados pelos Zeros e por fogo antiaéreo pesado,

apenas um TBF e dois B-26 sobreviveram ao ataque.

Quase no mesmo instante em que a frota japonesa

combatia a primeira onda de ataques vinda de Midway,

as forças-tarefas americanas preparavam-se

para lançar suas próprias ondas de ataque.

O reconhecimento tinha confirmado

que não havia apenas um, mas dois porta-aviões inimigos na área.

Um alvo desse porte era uma chance boa demais para ser perdida.

Os últimos relatórios de reconhecimento

indicavam que os dois porta-aviões japoneses

estavam a mais de 320 km dos americanos.

O alcance máximo para um ataque aéreo

era de aproximadamente 240 km.

Então, a prioridade foi encurtar a distância.

Supondo que os porta-aviões de Nagumo

ainda estariam navegando em direção a Midway,

Fletcher calculou um curso de interceptação.

Apenas a Força-Tarefa 16, de Spruance, com o Enterprise e o Hornet,

seria enviada.

A Força-Tarefa 17, com o Yorktown,

esperaria para recolher seus aviões de patrulha

e seguir mais tarde.

Para os americanos alcançarem os japoneses

enquanto eles estivessem rearmando as aeronaves

que regressavam do ataque a Midway,


eles teriam de lançar a primeira onda de ataque

por volta das 7 horas.

Apesar de a distância cair rapidamente,

ainda era longe demais para que os torpedeiros Devastators atacassem

e voltassem para casa.

Mesmo assim, eles seriam enviados.

Aqueles que sobrevivessem ao ataque teriam de pousar no mar.

Ao todo,

o Hornet e o Enterprise lançaram 29 torpedeiros Devastators

e 72 bombardeiros de mergulho Dauntless.

Na cobertura aérea havia 20 Wildcats.

O almirante Spruance estava ciente de que apenas dois,

de pelo menos quatro porta-aviões japoneses,

tinham sido localizados

e deixou 36 caças para defender a força-tarefa

de qualquer contra-ataque japonês.

Enquanto os grupos de ataque do Hornet e do Enterprise

rumavam em direção à frota inimiga,

o Yorktown, agora com seus aviões de patrulha já recolhidos,

corria para alcançar a Força-Tarefa 16.

Às 8h38, o almirante Fletcher lançou suas aeronaves de ataque.

Em meia hora,

o número de aeronaves americanas voando em direção à frota japonesa

chegou a 156.

Ainda assim,

os japoneses não estavam cientes de que haviam sido localizados

e que eram alvos dos porta-aviões inimigos.

Os homens de Nagumo estavam preparando suas aeronaves

para o segundo ataque a Midway,


e o almirante acreditava que sua frota estava segura.

Seus aviões de patrulha estavam voando havia duas horas

e não tinham relatado nenhum sinal da força-tarefa americana.

De fato,

a patrulha de reconhecimento japonesa falhara desastrosamente.

Agora, a Força-Tarefa 16,

navegando a todo vapor em direção à frota de Nagumo,

havia ingressado na área de patrulha dos aviões de reconhecimento japoneses.

Porém, os hidroaviões do Chikuma passaram pelos americanos sem notá-los.

Como os aviões de patrulha do Tone não vasculharam a mesma área

no trajeto inverso de seu vôo

e como o início do vôo fora atrasado em meia hora,

o erro não foi detectado por muito tempo.

Quando foi percebido, às 7h25,

o relatório do piloto mencionou apenas embarcações inimigas de superficie.

Diante da informação,

Nagumo imaginou que não havia uma ameaça imediata

dos porta-aviões americanos.

Às 7h48,

bem na hora em que os japoneses estavam prestes a lançar

o segundo ataque a Midway,

foram subitamente atacados.

Era outra onda proveniente da ilha de Midway.

Primeiro, vieram 16 bombardeiros Dauntless

cujos pilotos, inexperientes, aproximaram-se em mergulhos rasantes.

Os Zeros da patrulha aérea de Nagumo destruíram metade deles,

antes mesmo que alcançassem os porta-aviões.

Em seguida, vieram os B-17 de Midway,

lançando suas bombas a 6 mil metros de altitude.


Nenhuma embarcação japonesa foi atingida.

Os Vindicators dos fuzileiros navais de Midway

também foram malsucedidos.

Enquanto as aeronaves americanas voltavam para casa

e Nagumo mais uma vez aproava na direção do vento,

a fim de lançar sua segunda onda contra Midway,

notícias dramáticas foram enviadas por um avião de patrulha.

O piloto tinha avistado um porta-aviões.

Para Nagumo,

a revelação não poderia ter vindo em pior hora.

Quando a segunda onda japonesa estava se preparando para ser lançada,

a primeira onda de Nagumo acabava de regressar de Midway

e começava a voar em círculos, esperando para pousar.

Também aguardava para reabastecer e se rearmar a frota de caças Zero,

que estava em ação, protegendo os porta-aviões.

Se Nagumo lançasse sua segunda onda contra o porta-aviões inimigo,

eles teriam de partir sem a cobertura aérea dos caças.

Nagumo decidiu esperar.

Ele colocaria sua segunda onda de volta no convés de baixo,

pousaria suas aeronaves em espera para reabastecer

e só depois lançaria um ataque de larga escala à frota americana.

Às 9h17, com todas suas aeronaves recolhidas,

os porta-aviões japoneses, até agora navegando em direção a Midway,

tomaram o rumo leste-nordeste,

para se encontrar com as forças americanas.

O ataque de Nagumo estaria pronto para ser lançado às 10h30.

Enquanto os japoneses avançavam à velocidade de 55 km/h,

os conveses de Nagumo estavam caóticos.

As tripulações aéreas trabalhavam freneticamente


para reabastecer e rearmar suas aeronaves.

Bombas e torpedos estavam por toda parte

e não havia tempo a perder com procedimentos de segurança.

Sem o conhecimento dos japoneses, que não tinham radares,

os primeiros torpedeiros americanos estavam a apenas 3 minutos.

O grupo aéreo americano da Força-Tarefa 16

havia seguido um curso baseado na suposição

de que a frota japonesa havia continuado a navegar em direção a Midway.

Em vez disso, Nagumo tinha mudado de curso.

Como resultado,

a maioria dos bombardeiros e caças do Hornet,

45 aeronaves ao todo,

não encontraram o inimigo.

Um segundo grupo de aeronaves do Hornet,

de início, também perdeu a frota de Nagumo,

mas depois rumou para o norte

e, em poucos minutos, localizou os porta-aviões japoneses.

O primeiro alvo para os torpedeiros do Hornet foi o Akagi.

Enquanto o esquadrão se aproximava a baixa altitude, os Zeros atacaram.

Os poucos americanos que sobreviveram

foram estraçalhados pelo fogo antiaéreo da frota.

Nem um único torpedeiro ou um só piloto sobreviveu.

Minutos após o primeiro ataque,

os torpedeiros do Enterprise e do Yorktown iniciaram seus ataques.

Mais uma vez, os pilotos americanos foram massacrados

e nenhum navio inimigo foi atingido.

Apenas seis aeronaves escaparam.

Com os ataques de torpedos repelidos e sua frota ainda intocada,

Nagumo estava finalmente pronto para enviar suas aeronaves de ataque


contra os porta-aviões americanos.

No momento em que o sinal seria dado,

bombardeiros de mergulho americanos que estavam esperando no alto

atacaram os porta-aviões.

A primeira vítima foi o Kaga. Eram 10h20.

A primeira bomba que acertou o Kaga

atingiu a parte traseira de seu convés de vôo,

bem no meio dos aviões armados e esperando para decolar.

Outras duas caíram perto do elevador dianteiro.

Outra explodiu no hangar de baixo,

incendiando o combustível e detonando bombas.

O Kaga tornou-se um inferno em poucos minutos

e quase todos em sua ponte morreram.

Enquanto o Kaga queimava,

o Akagi estava lançando seus primeiros caças Zero

para o ataque que supostamente esmagaria a frota americana.

Naquele momento, três bombardeiros Dauntless atacaram.

O primeiro impacto no Akagi foi próximo ao elevador central do navio

e explodiu no hangar.

O seguinte caiu entre os aviões estacionados em seu convés.

Combustível e bombas incendiaram imediatamente,

matando a elite da frota aérea japonesa dentro de suas cabines.

Em poucos minutos, o fogo alastrou-se para a dianteira,

e a nau-capitânia de Nagumo estava condenada.

A próxima vítima dos bombardeiros de mergulho americanos foi o Soryu.

Pouco depois das 10h25,

três bombas caíram no convés de vôo do porta-aviões.

A primeira bomba caiu entre o segundo e o terceiro elevadores do Soryu.

A seguinte caiu na frente do elevador dianteiro


e penetrou até o hangar,

detonando bombas, torpedos e combustível.

A terceira atingiu a parte traseira do convés,

destruindo completamente os aviões que aguardavam para decolar.

No espaço de 5 minutos,

a mais poderosa frota de porta-aviões do mundo fora destroçada.

O almirante Nagumo, com sua nau em chamas,

foi forçado a transferir a capitania para um cruzador.

De sua magnífica força de porta-aviões, sobrara apenas o Hiryu,

e, imediatamente, foi dada a ordem para lançar suas aeronaves de ataque.

Ainda havia alguma esperança de que, mesmo agora,

um golpe devastador poderia ser desferido contra o inimigo americano.

A primeira onda da força de ataque do Hiryu

consistia de 18 bombardeiros de mergulho Val e 6 caças Zero.

Os alvos eram a Força-Tarefa 17 e o porta-aviões Yorktown.

Um pouco antes do meio-dia,

os Vals foram detectados pelo radar do Yorktown.

Doze caças Wildcats já estavam no ar, dando cobertura ao porta-aviões,

e outros 15 estavam no convés, reabastecendo.

Esses receberam a ordem de decolar sem demora.

Ao mesmo tempo,

as linhas de combustível aéreo foram fechadas

e seu sistema de supressão de fogo foi ativado.

A onda de ataque japonês, aproximando-se a 3 mil metros de altitude,

voou direto na direção dos caças que defendiam o Yorktown.

Dez foram abatidos pelos Wildcats.

Os 14 sobreviventes voaram diretamente para o porta-aviões americano.

Cinco Vals sobreviveram ao castigo imposto pelos Wildcats,

além da muralha de fogo erguida pelo Yorktown e suas escoltas.


Três bombas atingiram a capitânia de Fletcher.

A primeira bomba acertou o convés do Yorktown e explodiu.

A segunda penetrou e estourou abaixo da chaminé,

danificando as caldeiras do navio e destruindo a sala de radar.

A terceira bomba caiu através do elevador número 1 do Yorktown

até seu hangar.

Apesar de ter sido atingido por três bombas,

o controle de danos do Yorktown era tão eficiente

que os incêndios potencialmente catastróficos

foram rapidamente apagados.

Nem o combustível nem o depósito de munição haviam explodido

e, surpreendentemente, o Yorktown estava navegando a 37 km/h,

capaz de recolher e relançar seus caças

apenas 1 hora e 40 minutos após o ataque.

O porta-aviões japonês sobrevivente, o Hiryu,

lançou sua segunda onda,

uma força com 10 torpedeiros Kate e seis caças Zero.

Uma vez mais os caças Wildcats massacraram seus oponentes,

mas nove torpedeiros sobreviveram e mergulharam para o ataque.

Como o Yorktown não estava mais emitindo fumaça,

ele foi confundido com um dos navios ilesos.

Apesar de outros cinco Kates terem sido destruídos pelo fogo antiaéreo,

quatro conseguiram lançar seus torpedos.

O Yorktown foi atingido duas vezes a bombordo,

e um dos aviões jogou-se contra seu convés.

Segundos após o ataque,

o Yorktowm foi sacudido por explosões e começou a adernar a bombordo.

Às 15 horas, foi dada a ordem para abandonar o navio.

Enquanto os primeiros tripulantes do Yorktown


estavam sendo retirados por sua escolta de destróieres,

o almirante Spruance, a bordo do Enterprise,

recebia informações de uma aeronave de patrulha

que havia localizado o Hiryu.

O porta-aviões japonês estava 160 km a noroeste do condenado Yorktown.

Às 15h30,

o Enterprise lançou 24 bombardeiros Dauntless,

e o Hornet, outros 16.

Enquanto isso, o Hiryu estava se recuperando

e reabastecendo suas aeronaves restantes

para um terceiro ataque contra os porta-aviões americanos.

Às 17h05, os Dauntless,

não detectados pela patrulha aérea de combate do Hiryu,

atacaram com o sol nas costas.

O Hiryu manobrou violentamente, mas quatro bombas encontraram o alvo.

As primeiras duas bombas a acertar o alvo

destruíram o elevador número 1 do Hiryu

e deixaram o convés dianteiro em chamas.

Mais duas penetraram até o hangar,

onde bombas e combustível explodiram violentamente.

Os aviões esperando na parte traseira do convés de vôo explodiram,

matando quase todos os pilotos.

O último porta-aviões do almirante Nagumo estava acabado

e, com ele, o domínio aéreo japonês sobre o Pacífico.

Quando o almirante Yamamoto soube da catástrofe que havia atingido sua frota,

não perdeu de imediato sua esperança.

Com o impressionante poder de fogo de seus encouraçados e cruzadores,

talvez ainda fosse possível destruir os americanos numa batalha noturna.

Yamamoto gastaria energia em vão.


Naquela noite,

os porta-aviões americanos seguiriam para o leste,

e Yamamoto não poderia mais forçar uma batalha,

antes que a luz do dia expusesse seus navios aos ataques aéreos.

Às 0h55 do dia 5 de junho,

o almirante Yamamoto ordenou uma retirada geral.

Na manhã do dia 6 de junho,

ondas de ataque lançadas do Enterprise e do Hornet

adicionaram à contagem americana de quatro porta-aviões japoneses

um cruzador afundado e outro danificado.

Com eles, o número de japoneses mortos subiu para 3,5 mil homens.

Do lado americano, o custo da vitória foi o do porta-aviões Yorktown,

finalmente afundado pelos torpedos de um submarino japonês em patrulha,

e do destróier Hamman, que estava ao lado.

Ao todo, 307 aviadores, marinheiros e fuzileiros navais haviam morrido.

Para os EUA,

a Batalha de Midway seria o ponto de virada na luta contra o Japão.

lncapaz de repor os porta-aviões e aviadores perdidos,

o lmpério Japonês nunca mais seria capaz de tomar a iniciativa.

O Japão não apenas sofrera a maior derrota em sua história,

mas havia, num único dia, perdido a guerra no Pacífico.

Legendas revisadas e sincronizadas por Gustavo Fontanari

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