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REVISTA

JULHO 2021
EDIÇÃONº02
A REVISTA DO OPERADOR DE
SEGURANÇA PÚBLICA E PRIVADA

O seminário aconteceu
COBERTURA
TEM A VER COM DO OS noVOCÊ
evento É OTexas
QUE VOCÊ Expo &
Tiro junto com o
II SEMINÁRIO
INGREDIENTES DE COME
I encontro de mulheres
APHA ChefDE COMBATE
Leia dá dicas de como
escolher os melhores | 39
Viver e comer de forma saudável
atiradoras notão
nunca foi assim período
fácil | 54 de
23 a 25 de Julho em
Joinvile / SC
HOOP
QUANTO VALE SEU
CONHECIMENTO?
AGORA SABEMOS QUE VALE
E MUITO!!!

Devido a enorme procura pela


nossa última edição, ratificamos
a grande necessidade dos
operadores das diversas áreas
da segurança pública e privada
em ter periódicos de qualidade,
que transmitam conhecimentos Os eventos aconteceram de 23 a
objetivos e principalmente 25 de Julho em Joinville / SC.
expressados por operadores
que realmente vivenciaram e Estas iniciativas mostram que
vivenciam seus relatos e temos que fomentar e divulgar
diretrizes de trabalho. cada vez mais eventos como este,
para que se retome o espírito de
Nessa edição poderemos patriotismo e defesa do cidadão.
experimentar mais artigos Evento de altíssimo nível com
desses operadores e gestores convidados e expositores de
congruentes com a realidade grande renome e prestígio.
atrelada ao conhecimento.

Traremos ainda a cobertura do


evento Texas Expo & Tiro que
ocorreu em conjunto com o
II Seminário de APH de Combate Gustavo Carvalho Griffo.
e com o I Encontro de Mulheres Editor-chefe Mtb 41272/RJ
Atiradores. @gustavogriffo

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E D I T O R I A L
Esta edição da revista Ope-S é dedicada a esses heróis que
para muitos não são anônimos, tem nome, sobrenome e
fazem muita falta para seus familiares, amigos e cidadãos
de bem.
Esses destemidos combatentes que prometem defender a
sociedade, as famílias e a ordem, mesmo com o sacrifício
da vida.
Tudo isso em prol de uma coletividade mais pacífica e
ordeira para todos.
Esses heróis nunca podem ser esquecidos e sempre que
possível homenageados.
Nesta edição faremos esta homenagem para representar
todos esses guerreiros que tiveram as vidas ceifadas ou
que adquiriram alguma consequência grave de seus
atentados.
As instituições de segurança são a última barreira entre a
ordem e a barbare. Se eles caírem o que será de nós?
Para representar esses abdicados heróis lembraremos do
inspetor André Leonardo de Mello Frias, do Soldado
Sérgio Magalhães Belchior e do Cabo Helder Augusto
Gonçalves Silveira. Que perderam suas vidas em serviço.

MUITO OBRIGADO POR NOS PROTEGER!!!

@revistaopes

Revista Ope-S

WWW.REVISTAOPES.COM.BR
SUMÁRIO
06 33
Cobertura do II seminário de APH de combate A velha escola e o treinamento
do Texas Expo & Tiro e do I encontro de operacional, como evoluiu com a
mulheres atiradoras chegada da tecnologia?

11 37
A Difusão doutrinária do Atendimento Pré- Qual é o X do problema de segurança
hospitalar em combate e sua importância na pública no Brasil?
vida do operador.

17 41
Qual nosso campo de batalha? Trafalgar - um ensinamento para
equipes de alto rendimento
22
Versatilidade 49
Supressores/Silenciadores Conceitos Básicos
28
Sair do carro ou ficar no carro

17 22 11

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M uito empolgante
presenciar a
retomada de uma
cultura a tempos
esquecida, que é o
apreço do brasileiro por
armas, pelo mundo
operacional e pelo
esporte do tiro.
essa retomada se dá
com um marco na
história recente que é o
ressurgimento de
eventos relacionados a
esse nicho.
Felicidade enorme em
termos participado
disso, a revista Ope-S
incentiva essa iniciativa.
No mês de julho
aconteceu o Texas Expo
& Tiro no Parque de
eventos Hansen e no
Old West Shooting Club
em Joinville/SC, em
conjunto com o,
II Seminário de APH de Combate e com o
I Encontro de Mulheres Atiradoras nos dias 23, 24
e 25. Os eventos foram preparados e executados
com grande profissionalismo e qualidade. O
evento Texas promovido pela Texas Gun House,
contou com inúmeras marcas do mercado nacional
e internacional. Armamento, munições, cutelaria,
alvos, torniquetes, vestuário, acessórios entre
outros. Tudo direcionado ao mundo operacional,
tático e do tiro. Além de palestrantes da área,
clínicas práticas e clínicas com disparos reais.
O Texas Expo & Tiro teve seu foco principal na
fomentação da cultura armamentista em todas
suas vertentes, do tiro policial ao esportivo
O evento contou com a presença de celebridades
do mundo do tiro, figuras públicas da área,
artistas, atletas e políticos, tudo em um ambiente
harmônico muito seguro e organizado.

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II SEMINÁRIO DE APH DE COMBATE

Em conjunto com o Texas Expo & Tiro A proposta do evento foi disseminar a
aconteceu o seminário de APH importância e doutrinas do APH de combate
(Atendimento Pré Hospitalar) de Combate e seus procedimentos, matéria essa tão
que está em sua segunda edição. Tiveram fundamental para o operador.
palestras relacionadas ao tema com De maneira intercalada com as palestras, o
operadores excelentes que atuam evento teve a iniciativa de trazer a
realmente na área do APH de Combate, audiência mais para perto da temática,
trazendo assim uma proposta não tão proporcionando oficinas práticas, onde o
somente acadêmica, mas sim vivencial. espectador deixava sua tranquilidade de
Os palestrantes atuam tanto de forma lado e exercia a função de um atendimento.
operativa em unidades como BOPE, Os “Alunos” puderam fazer procedimentos
CHOQUE e GESAR, quanto na função de de preenchimento de ferimento, passagem
difundir conhecimento. de cânula nasofaringe e aplicação de
Foram palestras de temas variados torniquete tático.
direcionados ao APH, com palestrantes Além de se espantarem com a realidade dos
de vários estados como SP, MG, RJ entre ferimentos criados nos modelos de acidente.
outros, todos com exímio conhecimento Tudo supervisionado pelos palestrantes que
da temática. estavam no momento na função de
instrutores podendo assim exemplificar na
prática os temas de suas palestras.

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Concluindo com um belo evento, tivemos o I Encontro de Mulheres Atiradoras.
Para movimentar e incentivar as mulheres, este encontro evidencia que o mundo do
tiro e operacional não é somente para homens.
Mostrando a qualidade em suas oratórias em uma mesa de debates, as mulheres do
primeiro encontro mostraram o quanto estão inseridas nesse mecanismo do tiro.
Policiais, competidoras, militares e CACs todas com suas experiências, vivências e
forma diferenciada de visão sobre o mundo do tiro.
Para eternizar o evento a frase que ficou é:
“Leoas andam com Leoas”

A revista Ope-S teve o grande prazer de cobrir esses maravilhosos eventos que
trazem à tona a necessidade e mais incentivo e reconhecimento ao mundo
operacional e do tiro no país.
Mundo esse que fomenta crescimento comercial, empregos e diversão.

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A DIFUSÃO DOUTRINÁRIA DO ATENDIMENTO
PRÉ-HOSPITALAR EM COMBATE E SUA
IMPORTÂNCIA NA VIDA DO OPERADOR.

Adeilson Viana

arquivo do autor

A imagem amplamente difundida pela


televisão de soldados americanos
arrastados pelas ruas e o rosto contundido
e ensanguentado do piloto Mike Durant
sequestrado na ação após a queda de seu
helicóptero, caía como uma bomba nos
lares americanos, mais do que isso,

1993
motivou uma mudança vital nos atuais
, em Mogadíscio, capital da protocolos e técnicas de atendimento pré-
Somália, uma sangrenta batalha entre hospitalar voltado para cenários
forças norte-americanas e combatentes conflagrados. O estudo instituído e
Somalis apresenta um saldo perturbador: gerenciado pelo Departamento de Defesa
18 americanos mortos e pelo lado Somali dos EUA foi concluído em 1996 com a
a perda total estimada oscilava em mais edição de normas técnicas voltadas para
de 300 mortos. cenários de combate.

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M esmo diante destes esforços,
durante anos os operadores de saúde
O próprio nome deriva da seqüência
de ações simples a serem realizadas
em situações de conflito utilizaram os
pelo operador de socorro quando em
protocolos civis de atendimento ao
situação de combate. A sigla “MARC”
trauma, o que gerava um atraso crucial
constitui um mnemônico que significa
para a abordagem de lesões fatais,
sangramento massivo, vias aéreas,
porém tratáveis, como por exemplo as
respiração e calor, guiando os
hemorragias massivas, sob o custo
operadores de forma simples e objetiva
terrível de perdas de vidas em campo.
durante o atendimento. Tem o “1” na
Com isso em mente algumas
composição do mnemônico em função
organizações passaram a se dedicar a
de ser o primeiro de três níveis, que
pesquisar formas adequadas de
são adotados com base na capacitação
abordagem a este tipo de ocorrência,
técnica e formação profissional do
como o CoTCCC (Committe on Tactical
operador (são 03 níveis). Pela
Combat Casualty Care) com recursos e
simplicidade e adaptabilidade para
incentivos oriundos do Departamento de
diversos cenários e ocorrências
Defesa dos EUA (DoD) e a SOMA
tornou-se uma importante e acessível
(Special Operations Medical
capacitação para os mais diversos
Association), que reúne operadores e
segmentos da área de segurança,
algumas das maiores autoridades
como descrito a seguir:
técnicas em resgate e atendimento
médico em combate, sendo que em
Sangramento massivo (M):
nosso país temos como um dos seus
Constitui a principal causa de morte
filiados o Dr. Sérgio Maniglia, que
evitável, e por isso assume a condição
baseado nesta necessidade, e visando
de primeira providência a ser tomada
adaptar as ações para o fácil
por ocasião de uma abordagem pré-
entendimento e a realidade policial
hospitalar em cenário de combate.
brasileira, idealizou e implementou o
Figuram no arsenal de ações a serem
protocolo MARC3 CoFFE, que trata da
desencadeadas nesta primeira fase
sequência de abordagem e tratamento
além do torniquete, as gazes contínuas
completo em campo, adotada em sua
(a metro) impregnadas ou não de
totalidade por operadores avançados,
substâncias coagulantes e as ataduras
porém visando atender a um público
de combate, estas tendo a função de
composto por policiais não especialistas
estabilizar o curativo no local, não
(leigos), foi criado o mnemônico
tendo por si só função hemostática.
MARC1.

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Vias aéreas (A): Diz respeito a manutenção da Respiração (R):Observação
permeabilidade das vias aéreas facilitando a de fatores que possam interferir
chegada do ar nos pulmões. São ações realizadas na dinâmica ventilatória, tais
para este fim a elevação do mento e a colocação como o pneumotórax, onde são
da vítima em posição lateral de segurança, além da aplicados os selos
inserção da cânula nasofaringe, quando não se (preferencialmente valvulados),
apresentam condições que contra-indiquem tal além da manobra de “BURP”
ação (ex: suspeita de fraturas de base do crânio) onde é realizada uma pressão
bilateral nos arcos costais na
fase expiratória, sendo antes
disso ocluidas as vias aéreas,
forçando a saída do ar residual
pelo orifício da ferida torácica,
sendo necessário tomar o
cuidado de ao realizar esse
procedimento, abrir o selo (em
caso de não ser o valvulado) a
fim de possibilitar a saída de ar
pelo orifício.

Calor (C): Trata-se da


prevenção da hipotermia,
aquecendo e mantendo o calor
da vítima retirando dela as suas
vestes úmidas e provendo o
isolamento e proteção térmica
com cobertores ou mantas
aluminizadas, utilizando ainda
fontes de calor portáteis que
serão colocadas próximas aos
sítios de passagem dos grandes
vasos da vítima, sabe-se
atualmente que a permanência
da vítima em estado hipotérmico
contribui grandemente para um
prognóstico ruim da mesma.

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"A SIMPLICIDADE E A CAPILARIZAÇÃO DOS ENSINAMENTOS
TENDO COMO DIFUSORES ALÉM DOS 'COBRAS' - OPERADORES
ESPECIALIZADOS"

S omadas às intervenções pontuais


descritas no MARC, temos as que são
institucionais que propagam a doutrina
relacionada ao atendimento do operador
desenvolvidas frente a prevalência do em cenário tático, fato que vem
cenário, que são descritas como a fase de influenciando significativamente na
cuidados prolongados em campo que dentro redução de óbitos de policiais.
do protocolo assume o mnemônico CoFFE,
que envolvem em sua sequência de ações Por fim, o que fica óbvio é que em se
além da administração de medicações tratando de difusão doutrinária do
especificas, estando a equipe com a atendimento pré-hospitalar em combate,
presença de operador médico, ou existe apenas um norte a ser seguido,
devidamente regulada por este profissional, capacitar para salvar! E nesse propósito
o tratamento de feridas diversas, fraturas e temos outras importantíssimas ações
o planejamento da evacuação do ferido com nesse contexto, originadas na Academia
a devida interação com a unidade destino. Nacional de Polícia, onde é ministrado o
A simplicidade e a capilarização dos Curso de Primeiros Socorros na Atividade
ensinamentos tendo como difusores além Policial (PSAP), Grupamento de Operações
dos “COBRAS” - operadores especializados Especiais da Guarda Municipal do Rio de
formados pela Escola Superior de Polícia Janeiro (GOE) onde são treinados além de
Civil do Paraná em conjunto com grupo seus componentes outros operadores de
T.I.G.R.E (são 89 ao todo, cada um em suas diversas instituições além de profissionais
respectiva unidade operacional) também são de saúde da área de emergência,
responsáveis pela capacitação de suas
instituições inúmeros multiplicadores

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VITA IN
PUGNA!

A cademia de Polícia Militar de Minas Gerais,


na Polícia Militar de São Paulo (PMESP) e
também a pioneira atuação do Grupamento
Especial de Salvamento e Ações de Resgate da
Polícia Militar do Rio de Janeiro (GESAR) que
já a décadas atua em ações de socorro a
policiais feridos e na capacitação de agentes ADEILSON VIANA
para atuação em conflitos, dentre outras GUARDA MUNICIPAL DA
CIDADE DO RIO DE JANEIRO
instituições que promovem ações de educação PÓS GRADUADO EM APH
continuada em atendimento pré-hospitalar em POLICIAL PELA ESCOLA
SUPERIOR DE POLÍCIA
combate. Que sigamos firmes nessa nobre CIVIL DO PARANÁ
missão, nos mantendo sólidos e unidos para
que assim, cada vez mais operadores sejam @ADEILSONCRUZ
treinados a salvar!
VITA IN PUGNA!

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HONNEY CORDEIRO

QUAL NOSSO E mbora os homens de Operações


Especiais trabalhem dentro da tríade treinar

CAMPO DE
-dar treinamento - operar, certamente é no
“operar” que nos sentimos verdadeiramente
vivos. É onde somos testados em nossas

BATALHA? habilidades técnica e tática, em nossa


consciência situacional e em nosso controle
emocional. Nas operações, temos a
oportunidade não apenas de colocar em
prática os ensinamentos aprendidos nos
treinamentos, como também de mostrar
nossos valores. Como costumamos dizer,
todo OE gosta mesmo é de uma “guerra”.

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VISÃO

“Para que treinar em


ambiente diferente
daquele onde vai
operar?”
D e forma geral, os cursos de
operações especiais são compostos
por etapas que submetem os alunos a
variados ambientes e biomas, tanto A resposta é que, já que os
futuros OE são treinados para aquilo
aqueles que fazem parte da região
onde ele vive e trabalha, quanto os que mais gostam de fazer, ou seja,
que têm clima e condições ambientais para o combate, nada mais justo e
gerais bem distintas daqueles. No necessário que eles experimentem e
Brasil, essas etapas itinerantes vivenciem profundamente todos os
acontecem em variadas regiões e seus possíveis campos de batalha com os
biomas: caatinga, floresta, pantanal, quais poderão se deparar quando
montanha, rios e mares, áreas rurais e estiverem operando. Isto porque
urbanas. muitas vezes o inimigo não está
apenas do outro lado do campo de
É comum que esta característica batalha. Há ocasiões em que o
dos cursos desperte curiosidade e próprio campo de batalha e suas
questionamentos de pessoas que peculiaridades representa um dos
ainda não fazem parte do mundo maiores inimigos na guerra.
operacional. São rotineiras as
perguntas do tipo: “por que tudo
isso?”; “Para que treinar em ambiente
diferente daquele onde vai operar?”.

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C alor escaldante, frio extenuante,
terrenos alagados ou rochosos...
Quantas vezes, em cursos, foram
estes os fatores que levaram os
alunos a síncopes e lesões que os
desligaram dos cursos... e em tantas
outras estes fatores e o desconforto
causado os levaram a tocar o sino.

Qual a chance de êxito de uma


operação no sertão nordestino sem
que os operadores tenham antes
experimentado as condições
climáticas deste bioma? Não há
como não ser afetado pela
temperatura, pela escassez de
recursos, e somente o treinamento e
a vivência prévia podem atenuar o
impacto desses fatores sobre o
operador. Quanto mais profunda e abrangente for a
gama de treinamentos e vivências, maior
Da mesma forma, como operar a experiência e, consequentemente,
em região de montanha, sem antes maiores chances de sucesso.
experimentar as dificuldades da Hoje, uma pergunta inquieta todos nós,
pedra, que apenas a experiência de homens de OE. Devemos travar apenas
uma escalada em montanhas pode essa guerra, para a qual somos treinados
trazer? Ou, ainda, como realizar e experimentados? Será que devemos
disparos a partir de uma ficar somente nesse campo de batalha?
embarcação em movimento sem
Sabe-se que os maiores e melhores
antes passar por esse treinamento
resultados no combate ao nosso inimigo,
específico?
que, em suma, é a criminalidade em todas
O fato é que, muito embora um
as suas nuances e esferas, são
verdadeiro OE sempre irá encarar os
alcançados com ações indiretas e
desafios que lhe surgirem, um
multidirecionais. Diante disso, faz-se
treinamento anterior será
necessário levarmos nossa força e nossos
importante, e por vezes
valores para novos campos de batalha. É
determinante, para o sucesso de
urgente a necessidade de colocarmos
operações em condições muito
homens e mulheres de operações
específicas.
especiais para atuarem também nos níveis
estratégicos e políticos.

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O campo de batalha, a ponta da
lança, o projetil disparado hoje é
Não há outra forma de vermos nossos
valores e características presentes
nossa zona de conforto. Nosso desafio em todas as etapas do sistema,
iminente é coordenar e conduzir a enquanto ocuparmos apenas a “ponta
batalha, é dirigir estrategicamente a da lança”. Não é possível explicarmos
“guerra” e, para isso, temos de sair em teoria o que só adquirimos em
desta zona, enfrentar as críticas prática. Não é sequer razoável
internas e externas, inclusive dos cobrarmos a postura e a visão de um
próprios pares, e dar, aos que ainda operador especial a quem não passou
não o têm, a ciência sobre a pela mesma forja.
importância desta luta.

Homens Homens de OE são


– e mulheres – forjados e treinados
de OE, em via de para estarem a frente,
regra e por natureza, com visão de futuro,
são fortes resilientes, aptos a enfrentar
honestos e leais. São situações críticas
profissionais que têm e ambientes
iniciativa e flexibilidade. inóspitos.
Mas também o são no campo Precisamos,
pessoal. Aliás, um OE de verdade não portanto, lançar mão de nossa
faz distinção entre seus valores resiliência e flexibilidade, sair da
pessoais e profissionais. Ele não nossa zona de conforto, estudar o
ATUA daquela forma, ele É daquela inimigo, conhecer profundamente
forma. São pessoas com capacidade esse novo campo de batalha e buscar
ímpar não apenas para executar as melhores estratégias para
tarefas, mas também, na mesma avançarmos, unidos em um propósito
medida, para planejá-las. Portanto, maior.
são pessoas que, por saberem que FORÇA E HONRA!
essa guerra não é simples e nem
tampouco pequena, trarão excelentes
resultados se ocuparem não apenas o HONNEY CORDEIRO
“front”, mas também o “gabinete de
AGENTE DE POLÍCIA DA
guerra”. POLÍCIA CIVIL DO DISTRITO
FEDERAL

@honney_oe
O criador das obras de arte das
mais conceituadas instituições
Publicas e Privadas
camachoartesao@gmail.com
(21) 964284780
@camachoartesão
A versatilidade, sob o
prisma dos Grupos de
Operações Especiais, é
tão importante, que
constitui o 11º
mandamento. Esses
mandamentos são pilares
fundamentais que
sustentam a doutrina de

VERSATILIDADE.
todo Combatente de
Operações Especiais
(O.E.). A despeito de ser
o último mandamento
mencionado na lista, ela
se equivale, em nível de
JÚLIO CÉSAR
importância, aos outros
dez mandamentos, pois
essa classificação não é
relacionada com o grau
de importância.
CRÉDITOS - MAGÁ JR

PÁGINA 22 REVISTA OPE-S


N esse sentido, na visão do
O.E., a Versatilidade traz em
seu cerne um significado muito
mais amplo do que aqueles
descritos nos dicionários -
“Característica ou qualidade
do que é versátil, flexível, que
pode ser alvo de mudança, de
alterações e variações;
flexibilidade”. Esses conceitos
gramaticais não satisfazem
por completo a visão
operacional, eles vão além,
pois englobam o espírito da
sobrevivência e da evolução
(antifragilidade).

CRÉDITOS - MAGÁ JR
CRÉDITOS - MAGÁ JR

Com relação à sobrevivência ” Essa frase, atribuída a


podemos fazer uma analogia Darwin, sintetiza bem sua
com o conceito criado por teoria. Por exemplo: uma
Charles Darwin, pai da teoria da espécie que possui uma
evolução das espécies. Essa dieta versátil terá maior
teoria parte de uma premissa de probabilidade de
que as mudanças são sobrevivência, caso haja
constantes. O universo muda, o escassez de alimentos.
ambiente muda e aquelas Notem que a versatilidade
espécies que não estiverem deve ser pretérita às
adaptadas para a nova mudanças.
realidade, certamente deixarão
de existir. Não é o mais forte
que sobrevive, nem o mais
rápido, mas aquele que melhor
se adapta às mudanças.
CRÉDITOS - MAGÁ JR

PÁGINA 23 REVISTA OPE-S


CRÉDITOS - MAGÁ JR

Assim também deve ser o Operador Especial.


Ele deve ser versátil antes de se deparar com as
dificuldades. Contudo, essa característica não é
inata. Ainda que alguns indivíduos a possuam
"UTILIZANDO-SE naturalmente, ela deve ser exercitada. Por isso,
os Cursos de Operações Especiais possuem, em
sua grade curricular, uma variedade de
DOS MEIOS DE disciplinas. Muitas delas, sem qualquer relação
umas com as outras.
Porém, somente o conhecimento múltiplo não
FORTUNA PARA fortalece a versatilidade.
É fundamental que o aluno de O.E. seja posto
em constantes missões, e que tenha sempre um
ATINGIR SEUS objetivo após o outro. Para cumprir esses
objetivos é imprescindível que o aluno seja
exposto às dificuldades e ao desconforto. Os
OBJETIVOS." recursos devem ser sempre escassos. Dessa
forma, ele terá sempre que improvisar,
utilizando-se dos meios de fortuna para atingir
seus objetivos.

| 03
PÁGINA 24 REVISTA OPE-S
"para além da sobrevivência, a Versatilidade
acaba proporcionando oportunidades"

CRÉDITOS - MAGÁ JR

Entretanto, para além da sobrevivência, a Versatilidade acaba proporcionando


oportunidades. Se há um obstáculo e, de maneira versátil, o operador O.E. transpor essa
barreira, certamente sairá mais fortalecido, pois haverá um aprendizado nesse processo.
O escritor moderno Nassim Taleb, que cunhou o neologismo “Antifrágil”, esmiúça esse
fortalecimento em seu livro, de mesmo nome. Na obra, se depreende que esse termo em
nada tem a ver com o antônimo de frágil, tampouco significa ser algo resistente.
Para Taleb, existem as características frágil, resiliente e a antifrágil. Na primeira, quando
o frágil é exposto à pressão, se quebra facilmente, não retornando ao seu estágio
anterior. Tal qual a uma taça de cristal, que uma vez quebrada, se torna inútil.
A segunda – resiliente, constitui algo que é bem resistente à pressão e tende a
retomar o estado anterior. Funciona como uma esponja, que se adapta a pressão
exercida contra ela e, cessada a pressão, retorna ao estágio anterior. O autor
exemplificou como uma Fênix, figura da mitologia grega que, quando morria, realizava
uma autocombustão e ressurgia viva das cinzas. No entanto, ao ressurgir mantinha as
mesmas características anteriores. Não havia nenhum ganho ou evolução nesse
processo.

PÁGINA 25 REVISTA OPE-S


CRÉDITOS - MAGÁ JR

TOUR
L.A. WORLD
YOUNG DJ "antifragilidade
se beneficia da
dificuldade."

Já a característica da antifragilidade
se beneficia da dificuldade. É algo que se
fortalece com o estresse sofrido. Podemos
exemplificar o antifrágil com o nosso
sistema imunológico, que após combater
um vírus invasor, por exemplo, ganha
memória imunológica e se fortalece para
CRÉDITOS - MAGÁ JR
futuras Invasões. Taleb exemplificou como
uma Hidra, figura mitológica da Grécia que
tinha corpo de dragão e três cabeças de
serpente. Quando uma das cabeças era
decepada, nasciam duas outras em seu
lugar, ou seja, ela se beneficiava da
dificuldade, para seu crescimento e
fortalecimento.

Assim deve ser o Combatente de


Operações Especiais, ele deve encarar a
JÚLIO CÉSAR
adversidade como oportunidade de
aprendizado. Ele deve buscar a INTERVENTOR PRISIONAL
PARAQUEDISTA
característica antifrágil. GITIANO 042
Portanto, assevero a importância da OPERADOR DE CONTROLE
DE DISTÚRBIO
versatilidade como atributo fundamental,
tanto para sobrevivência do operacional, @gitiano42
quanto para o fortalecimento pessoal. Isso
justifica o fato deste nobre atributo figurar
no seleto rol dos Mandamentos de
Operações Especiais.
SAIR DO CARRO OU FICAR NO CARRO?
Ten-Cel Bruno

Quando você se vê
envolvido em um 3 – Veículos
evento crítico no qual nacionais
você está dentro de um convencionais não
veículo e seus são projetados para
agressores estão do conter disparos de
lado de fora, uma armas de fogo, sejam
dúvida muito comum e de alta ou baixa
importante surge, devo velocidade. Eles são
ficar dentro do carro ou desenvolvidos para
sair? dissipar no máximo a
energia proveniente
Se você ainda tem de acidentes de
alguma dúvida se deve trânsito. Dependendo
permanecer ou sair do da estrutura metálica
carro em casos de do veículo, já
confrontos armados, provamos para os
seja por emboscada operadores que
contra você e sua frequentam nossos
família ou em situações cursos que até mesmo
em que você se o calibre .22 LR na
antecipou ao ataque configuração mais
que irá acontecer, ela básica da CBC
será dirimida agora, consegue transfixar a
fique conosco. porta do carro.

4 – A Balística
Alguns pontos Terminal aplicada as
devem ser esclarecidos estruturas veiculares
previamente (vidros e metais) não
2 – Ambientes confinados limitam seus
é favorável para os
1 – Alvos em movimentos e prejudicam seu campo
ocupantes do carro.
movimento são mais visual. O interior do veículo é uma caixa
De forma muito
difíceis de atingir. Em metálica onde você e sua família estão
resumida, o que
um confronto armado presos. Enquanto você está dentro dessa
acontece é que os
se você se movimenta caixa, que limita suas ações e sua visão,
disparos feitos de
você vence, dentro do seu agressor está do lado de fora com
dentro do carro para
caro você está maior mobilidade e melhor visão do cenário
fora tendem a subir
confinado. geral.

PÁGINA 28 REVISTA OPE-S


"OS DISPAROS FEITOS DE DENTRO DO
CARRO PARA FORA TENDEM A SUBIR"
e não acertar o agressor e, de forma Sabido que o veículo é na verdade
uma proteção balística de qualidade

S-EPO ATSIVER
inversa, os disparos que vem de fora do
veículo para dentro mudam sua menor e que se mostra apenas como
trajetória ao romperem o vidro frontal, uma barricada temporária, vale
desviando os disparos de seu discorrer brevemente sobre a dinâmica
confrontante para o tórax e as pernas dos confrontos armados dentro ou ao
do motorista ou passageiro frontal, isto redor de um veículo.
é, seus disparos não vão acertar e os Estando você embarcado e um
do seu agressor, sim. evento crítico se constrói a sua frente,
primeiramente você deve colher as
5 – O carro é um alvo grande e
informações que estão disponíveis a
fácil de ser acertado e que geralmente
você: quantos agressores são,
está parado, sem movimento e
quantos estão armados, se podem
justamente por causa disso a atenção
existir outros, qual o posicionamento e
do agressor, que está prejudicada por
a distância deles em relação ao
causa do estresse da ação criminosa e
veículo, ânimos ou exaltação dos
do confronto armado, se concentra
criminosos, se ao desembarcar as
nessa massa metálica, que funciona
barricadas a serem usadas estão
como uma espécie de “imã de chumbo”.
próximas, longe ou simplesmente elas
Os disparos do agressor se
não existem.
concentrarão nessa massa metálica e
você está dentro dela.
Saiba que talvez você consiga
colher pouquíssimas informações por
causa de uma das características
essenciais dos combates veiculares,
que é a CURTA DURAÇÃO. Para
compreender mais sobre as
características do VCQB procure
pelos artigos de nosso amigo e
difundidor do combate veicular no
Brasil, o Policial Marcelo Esperandio.

Com as informações que você


conseguiu colher você irá planejar
uma ação de acordo com o cenário
que se apresenta à sua frente para
então agir, executar aquilo que você
desenhou mentalmente. Não há uma
receita de bolo a ser seguida, pois
tudo é rápido e dinâmico e você
deve ser flexível para ter a mínima
chance de obter sucesso nessa
empreitada de vida ou morte.
Você pode tirar o cinto e atirar,
pode atirar primeiro e tirar o cinto
depois, pode descer e ir direto para
uma barricada mais segura que o
carro ou simplesmente acelerar o
veículo, seja para fugir ou para usá-
lo como uma arma.

PÁGINA 30 REVISTA OPE-S


Precisamos destacar que existem
grandes diferenças de protocolos de ação
a serem usados para quando você está
sozinho e para quando você está com
sua família, em outro momento iremos
abordar e discorrer sobre assunto.

Diante de tudo que explanamos acima


meu caro amigo, se você pensar de forma
racional, se você não se entregar à
paixão pelo seu instrutor preferido, pelo
seu YouTuber do coração ou aos apelos
de seu amigo operacional que está
desatualizado, você só tem uma ação a
ser tomada ao ser emboscado dentro de
um veículo, que é SAIR DE SEU
INTERIOR O MAIS RÁPIDO POSSÍVEL,
mas como já dito, sem uma “receita de
bolo”. Observe, planeje, faça sua janela
de oportunidade e aja. Sua vida e de sua
família está em suas mãos e seu
treinamento prévio irá mostrar o caminho
para sua vitória.

O assunto é longo, importante e


complexo, nos cursos ministrados pelo
1911 ARMAS DE FOGO aqui em Goiânia
e pelo Brasil à fora, mostramos e falamos TEN - CEL BRUNO
sobre isso e muito mais, mas com certeza INSTRUTOR DE TIRO
você já tem muito para pensar e para POLICIAL, TIRO
DESPORTIVO, COMBATE
começar a formar seu Condicionamento VEICULAR E RETENÇÃO
Neuromuscular e assim estar pronto DEFENSIVA.

quando o momento chegar. @ten.coronel.bruno

♠ SE VOCÊ TREINA ♠
♠ VOCÊ SALVA VIDAS ♠

PÁGINA 31 REVISTA OPE-S


(61)991844139
@rhinokydex_
A velha escola e o treinamento operacional,
como evolui com a chegada da tecnologia?
Sandro Meneses

Diante de tantos avanços da tecnologia vivemos um mundo digital 30 horas por


dia, com essa corrente da evolução onde paramos e como iremos lidar com os
cibernéticos? Pare agora!
Identifique, decida e aja, pois seremos engolidos pelas branduras legais garantistas
e aqueles que idolatram o crime. Sim, este “CRIME” que evolui, cresce, transcende,
migra dia a dia, nos monitora e tem prerrogativas de proteção legal.

PÁGINA 33 REVISTA OPE-S


"Alguém lembra dos

treinamentos das técnicas de

meados de 70, 80?"

É preciso elencar a tremenda banalização


da vida com a grande mídia acobertando
Lázaro descaradamente. Um psicopata, uma
pessoa que mata, estupra, rouba (não
necessariamente nesta ordem) e repete tais
atos inúmeras vezes. Onde a degradação
moral nos levará? Leiam "Ponerologia
psicopatas no poder". Você descobrirá o
porquê existe interesse em exaltar Seriais
killers.

Alguém lembra dos treinamentos das


técnicas de meados de 70, 80? Quando
ainda comprávamos revistas americanas
israelenses alemãs para visualizarmos
técnicas; comprávamos fitas de vídeo
cassete e por ali as informações e
instruções aconteciam. Tínhamos algumas
técnicas oriundas do nosso valoroso
exército que também buscava evolução,
tínhamos da nossa Marinha e da nossa
Aeronáutica. Pois bem, lá estávamos
estudando técnicas de tiro - e algumas
absurdas - e nada protetivas para o agente
de segurança pública ou privada, em todos
seus segmentos (Giraldi) questionem... pois
bem, passamos por interrupções em várias
técnicas que, simplesmente, burocratas ou
Especialistas de plantão criticavam e nos
negavam a utilização, (política também na
proteção da nossa vida), mas vamos lá.

PÁGINA 34 REVISTA OPE-S


"GUERREIRO OU
GUERREIRA,
PÚBLICO OU
PRIVADA"
Técnicas de embarque, desembarque, tiro
embarcado, proteções, cobertura,
entradas em dupla (menor fração
constituída) ou as técnicas de grupos
Táticas ou operações especias. Também
entradas explosivas, varreduras
angulação, fatiamento, subida de escada,
descida, uso da lanterna.

Ficaria horas e horas escrevendo e parece


que estou falando com você que está
lendo, é bem verdade. Grande quantidade de amigos estão
quebrados de treinar, treinar e treinar
Guerreiro ou Guerreira, público ou igual este que escreve o texto. Muitos
privada, passamos por gerações esquecidos. Mas o objetivo dessas
treinando. Tivemos a oportunidade de ver linhas escritas com emoção e admiração
até a evolução dos coldres você lembra? aos jovens de verdade - que são reais e
Até hoje há muitos que não usam. E o não personagens - é dizer para você, se
socorro tático? Pois é!... já está nessa abençoada e nobre
missão de multiplicar: "você pode ser
Evoluímos, ok, mas vamos lá quanto verdadeiro, justo e colocar-se no lugar
tempo hoje a informação leva para chegar daquele que irá arriscar a vida onde for,
até você? E tente imaginar como até por quem não conhece, escoltar um
conseguíamos lotar uma turma de delinquente, morrer por um passional".
segurança pública ou privada sem
internet, rede social ou WhatsApp. Vá e vença. E, se quiser, venha
conosco para podermos fazer a
Sim, pode rir, só que estamos aqui com diferença... força e honra! Brasil !
você.

Muitos saudosos irmãos infelizmente não


estão mais nesse plano terrestre e, SANDRO MENESES
acredite, jovens vem e vão. CHOQUEANO
DOUTOR EM CIÊNCIA DA
SEGURANÇA, ESPECIALISTA EM
SEGURANÇA PÚBLICA E PRIVADA

@SANDROMENESES_
Qual é o X do problema
de segurança pública no
Brasil?
Luiz Carlos Ramiro Junior

Há quatro aspectos que merecem A transformação da sociedade


destaque para responder a essa pergunta. brasileira
Primeiro, a transformação da sociedade
brasileira nas últimas décadas, sobretudo João Camilo de Oliveira, um dos
a partir dos anos 1960. Segundo, o efeito nossos grandes historiadores do século
da Constituição de 1988, que trouxe XX, afirmava que o Brasil é fruto de um
consigo problemas antigos, e, além de consenso. Ele diferencia, por exemplo, a
não apresentar soluções para saná-los, formação brasileira da formação dos
permitiu o surgimento de outros. Terceiro, demais países latino-americanos. Acaba
a atuação do profissional de Segurança sendo esdrúxula a comparação entre D.
Pública, que é também fruto de um grave Pedro I e Simon Bolívar, por exemplo.
desequilíbrio constitucional. E, quarto, em Bolívar chegou a sitiar cidades
parte outra consequência da Constituição colombianas, ao passo que no Brasil o
de 1988, a ideologização e politização Grito do Ipiranga foi em São Paulo, por
das polícias, suplantando meio de um acordo, e antes precisou
recorrentemente o aspecto técnico. passar por Minas para costurar relações e
aceites.

PÁGINA 37 REVISTA OPE-S


A nossa formação teve esse caráter,
embora houvesse excepcionalidades
e momentos de conflitos agudos,
sem, contudo, terem sido tão cruciais a
ponto de serem comparados à imensa
maioria dos países americanos. Para
tratar da transformação da sociedade
brasileira é oportuno pesquisar se esse
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consenso original do Brasil, de alguma
maneira, não foi quebrado com o
processo de urbanização que ganhou
força a partir dos anos 1960. A
transformação da sociedade brasileira é
muito robusta a partir desse período.
Por volta de 1963 o Brasil já não era
mais rural do que urbano, estávamos no
meio a meio. Desde aqueles anos um
importante processo de êxodo rural,
mudança de comportamento, revolução
cultural - com destaque para o
fenômeno do divórcio, pela lei de 1977 - CRÉDITOS - REPRODUÇÃO DA INTERNET

mudou o país. Foi na verdade uma série


de transformações que as instituições,
ou mesmo todo o aparato estatal, não
estavam prontos ou não estavam em
condições de resolver. Cidades como
São Paulo e o Rio de Janeiro realmente
tiveram um crescimento muito maior que
as outras. Mais do que isso, cresceram
e se tornaram muito mais complexas, ou
melhor, confusas.

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PÁGINA 38 REVISTA OPE-S


A CONSTITUIÇÃO DE 1988 E isso a Constituição de 1988 não ajudou,
COMO PROBLEMA mas atrapalhou. Na Segurança Pública o
problema foi mais agudo. Aquilo que diz
respeito a algo fundamental referente a lei e
O regime militar de 1964 a 1984
ordem, que é a base para a existência das
represou demandas liberais, de matriz
polícias, foi abafado. A interpretação
social-democrático. Com o fim de um
constitucional voltou-se aos princípios
ciclo político o seguinte começou
constitucionais progressistas, e em meio ao
abrindo as comportas para que uma
turbilhão de demandas “cidadãs”, os atributos
nova Constituição resolvesse os
de estabilidade no convívio público não
problemas antigos, daí que todo um rol
tiveram lugar.
de demandas “sociais” fora tratado de
forma principal naquela que ganharia o
apelido de “Constituição Cidadã”. Há uma solução para essa
Cidadania era o termo da moda. tragédia?
O problema não foi a intenção de
inserir o social no meio do jurisdiquês. A
Não há como escapar dos efeitos da crise,
questão era política. E a
que é muito grave e atinge diretamente as
democratização não deveria ser
pessoas, o cotidiano, o ir e vir. Aqueles que
sinônimo de desordem. A complexidade
estão na linha de frente sofrem ainda mais,
da sociedade urbana brasileira, até
como se observa na alta letalidade policial. É
então conduzida politicamente pelo
700 vezes mais fácil um policial do Rio de
regime político de militares, demandava
Janeiro morrer, seja na folga ou em combate,
alguma ordem.
do que qualquer exército hoje em ação.
Portanto, o diagnóstico é mesmo terrível
porque há uma deterioração da noção de
autoridade. Não há, dentro da previsão
político-constitucional atual, uma solução.
Como o problema tem origem nesse impasse, a
solução deve ser política no sentido de uma
recomposição estrutural, o que só pode ocorrer
através de uma reforma constitucional.

LUIZ RAMIRO
PROFESSOR NO TECNÓLOGO EM
SEGURANÇA PÚBLICA UFF/CEDERJ
BACHAREL EM CIÊNCIAS SOCIAIS
(UFRJ)

@LUCHORAMIRO

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VICTOR BOMFIM

TRAFALGAR – UM ENSINAMENTO
PARA EQUIPES DE ALTO
RENDIMENTO
Nas últimas décadas do século XVIII, a - aos 24 anos de idade - ao posto de
França passava por um período de General de Brigada, por ocasião dos
grandes transformações, culminando no seus feitos militares na campanha
período denominado de Revolução denominada “Cerco de Toulon”. Aos 30
Francesa, que iniciou em 1789 com a anos de idade, no dia 09 de novembro
convocação dos Estados Gerais da de 1799, Napoleão - que tinha
França, até 1799 com o golpe regressado da campanha do Egito como
conhecido como “18 de Brumário”. um herói nacional (apesar da derrota a
Na época em que se iniciou a qual foi submetido) gozando de prestígio
Revolução Francesa, Napoleão e renome - tornou-se um dos três
Bonaparte estava com 19 anos e servia cônsules à assumir o governo francês
ao Exército Francês como Tenente de através do já citado Golpe de Estado “18
Artilharia.Nos anos seguintes, Napoleão de Brumário”.
teve uma carreira de rápida
ascendência no Exército Francês, e foi
promovido em 21 de dezembro de 1793
"DECLARAÇÃO DE GUERRA

"IGUALDADE,
POR PARTE DA
INGLATERRA NO DIA 18 DE
MAIO DE 1803."
FRATERNIDADE E
LIBERDADE" Nos anos seguintes, Napoleão
Bonaparte, como cônsul da
França – na prática governando
sozinho - inicia diversas
reformas no país, proclamando
a Constituição com base nos
pilares da "igualdade,
fraternidade e liberdade". O
avanço contínuo proporcionado
por Napoleão era incontestável,
mas ele queria muito mais. A
Inglaterra vivia nesta época o
auge da Revolução Industrial e,
como potência econômica, fazia
muito bem o seu papel de
exportar os seus produtos para
toda a Europa. O domínio
econômico da Inglaterra passou
a ser visto como uma ameaça à
tentativa de expansão
econômica do Império Francês.
A França, então, recusou-se a
abrir os portos para a Inglaterra
e fortaleceu suas guarnições na
Itália, fazendo com que as
hostilidades entre os dois
países voltassem - o que, entre
outros fatores, resultou na
declaração de guerra por parte
da Inglaterra no dia 18 de maio
de 1803.

PÁGINA 42 REVISTA OPE-S


Napoleão então se preparou para invadir a
"114 mil homens Inglaterra, e para isso, em setembro de 1803,
reuniu um exército de 114 mil homens (que
(que logo seriam logo seriam 160 mil), 7100 cavalos e 432
canhões. Porém, para que colocasse o seu
160 mil), 7100 exército contra o pequeno exército inglês,
Napoleão precisaria atravessá-lo pelo Canal
cavalos e 432 da Mancha, enfrentando a Armada Britânica.

canhões" Esta, por sua vez, buscava manter a frota


francesa sob vigilância e, para isso, vigiava
os portos franceses, tanto no Atlântico,
quanto no Mediterrâneo, se posicionando
estrategicamente e evitando com isso que a
frota do Mediterrâneo se reunisse com a frota
do Atlântico.
"EM DEZEMBRO DE 1804, A
ESPANHA ENTRA NA
GUERRA AO LADO DA
FRANÇA E, DESCONTROLA
TODOS OS CÁLCULOS
BRITÂNICOS"

Como se não bastasse, o Almirante


Para vigiar a frota francesa no Nelson, além de ser considerado um
Mediterrâneo, a Inglaterra contava com herói nacional, era um dos maiores
o experiente Almirante Horatio Nelson, líderes militares da história,
a comando de uma frota próxima ao contrastando claramente com o
porto de Toulon. Para vigiar os portos comandante das frotas francesas, que
do Atlântico, os ingleses contavam com não inspirava a menor confiança, tanto
uma frota comandada pelo almirante por parte dos oficiais franceses, quanto
William Cornwallis, outro respeitado futuramente, dos oficiais espanhóis.
oficial. Já os franceses não contavam
com a mesma sorte: o oficial que
Em dezembro de 1804, a Espanha
estava no comando da frota no
entra na guerra ao lado da França e,
mediterrâneo era o vice-almirante
descontrola todos os cálculos
Pierre de Villeneuve, conhecido por
britânicos, pois Napoleão passa a ter
suas ações covardes. Além da grande
102 (cento e dois) navios de linha
diferença dos atributos morais entre os
contra 83 (oitenta e três) navios de
comandantes ingleses e o comandante
linha britânicos. No entanto, Napoleão
francês, ainda havia a grande diferença
encontrava dificuldades em reunir esta
da experiente tripulação inglesa em
frota, que se encontrava espalhada por
desfavor da inexperiente tripulação
diversos portos.
francesa.

PÁGINA 44 REVISTA OPE-S


Temendo a força naval da Graças à incompetência e ao medo de
Inglaterra, Napoleão elaborou um plano Villeneuve, somados à astúcia e à
para reunir a sua frota e conseguir competência dos ingleses, os planos
superioridade naval no Canal da de Napoleão no mar estavam à beira
Mancha. O plano consistia em reunir as do colapso. Isso fez com que
suas forças marítimas e iludir os Napoleão desistisse
franceses sobre um ataque nas momentaneamente da Inglaterra e
colônias inglesas no Mar do Caribe, focasse seus esforços em terra. Foi aí
forçando os ingleses a se deslocarem que Napoleão tomou duas decisões: a
para lá atravessando o Atlântico e primeira era de que iria usar a frota
dispenderem esforços da sua armada comandada por Villeneuve para ações
para proteger as suas colônias. Assim, no mediterrâneo (especificamente um
segundo o plano de Napoleão, a frota ataque à Nápoles); a segunda é que
francesa deveria ludibriar a frota iria mudar o comando da frota,
inglesa e retornar para a Europa para, substituindo Villeneuve (pois já não
aí sim, iniciar o ataque no Canal da confiava mais no oficial) pelo
Mancha contra a Marinha Britânica já Almirante François Étienne de Rosily-
vulnerável. Mesros. No entanto, no dia 19 de
Napoleão ordenou Villeneuve a outubro de 1805, Villeneuve, com o
deslocar-se de Toulon para o Mar do objetivo de não ser substituído,
Caribe e encontrar lá as frotas que contrariando as ordens de Napoleão e
estavam anteriormente atracadas nos os conselhos do Espanhóis, deixa
portos do Atlântico (Ferrol, Rochefort e Cádiz e inicia a navegação com a sua
Brest). Villeneuve conseguiu romper o frota de 33 navios de linha em direção
cerco de Nelson, mas a frota que ao Estreito de Gibraltar. A saída de
estava no porto de Brest não teve a Villeneuve foi imediatamente
mesma sorte e permaneceu sitiada. identificada pelos britânicos liderados
Villeneuve, ao chegar no Caribe, por Nelson, que já estavam com os
retornou para prestar apoio às tropas planos de ataque prontos. Aos
que estavam em Brest (e também para ingleses, bastou apenas dar meia
fugir do Almirante Nelson que estava volta, aproveitar o vento a favor e
no seu encalço). seguir no encalço da frota francesa. A
No caminho, Villeneuve não teve perseguição durou dois dias e, no dia
sorte e foi interceptado por uma frota 21 de outubro de 1805, Nelson coloca
Britânica, a qual o obrigou a fugir o seu plano em execução.
(perdendo dois navios), inicialmente
para Ferrol, na Espanha, e
posteriormente – mesmo recebendo
ordens claras de Napoleão de ir para
Brest – para o porto de Cádiz (também
na Espanha).
Os planos de Nelson eram extremamente
ousados, e demonstravam o quanto
confiava em sua liderança, na liderança
dos seus oficiais e na coragem e
experiência da sua tripulação. Nelson agiu
de forma não convencional e disruptiva,
ao fazer duas colunas de navios se
deslocarem diretamente para o combate
aproximado contra a frota francesa, a
qual os aguardava com a tradicional
formação de combate naval, que utilizava
duas linhas paralelas para favorecer o
disparo dos canhões - que se localizavam
em sua grande maioria na lateral dos
navios. Apesar da estarem na ofensiva
com desvantagem numérica, a doutrina
inglesa favorecia esse tipo de ataque, pois
os seus comandados efetuavam disparos
mais rápidos e mais precisos, causando
muito mais destruição do que os
inexperientes franceses que tinham como
doutrina atingir as velas dos navios
inimigos (para auxiliar em uma possível
fuga).
A Batalha de Trafalgar durou apenas
algumas horas, o suficiente para que a
frota britânica subjugasse toda a frota
francesa. A França perdeu todos os seus
33 navios e teve quase 12.000 baixas. A
Inglaterra perdeu 05 navios e teve
aproximadamente 1.800 baixas, entre
elas, o Almirante Nelson.
A referida batalha iniciou uma série de
derrotas de Napoleão em combate. A
Inglaterra, após se sagrar vitoriosa,
assumiu de vez o controle do Atlântico.
Nos anos que se seguiram, Napoleão,
ainda abalado pela derrota, decidiu
realizar o bloqueio econômico da Europa
contra a Inglaterra e posteriormente
invadir Portugal, por não ter cumprido o
bloqueio, fazendo com que a família real
portuguesa fugisse para o Brasil, em
1807.
Em termos políticos e militares, a
presente batalha e a posterior vinda da
família real portuguesa, acabaram por
influenciar diversas mudanças no cenário
nacional brasileiro, como a criação do
Ministério da Guerra e da Marinha e a
criação da Academia Real Militar e da
Academia da Marinha.
A Batalha de Trafalgar foi um marco na
história das guerras.

A forma com que o Almirante Nelson e


seus comandados lidaram com o
chamado “Gerenciamento do Caos”
(citado inclusive pelo General Stanley
McChrystal em seu livro “Team of
Teams”) serve de exemplo até os dias
atuais para equipes de alto rendimento
(em especial para unidades de Operações VICTOR BOMFIM
Esepciais). Aprofunde-se sobre essa MAJOR DA POLÍCIA MILITAR
CAVEIRA 12
batalha e você OPERAÇÕES ESPECIAIS
colherá ensinamentos valiosos para o OPERAÇÕES DE CHOQUE
ambiente volátil, incerto, complexo e PATAMO
ambíguo dos dias atuais! Força e Honra! @CAVEIRA_12

PÁGINA 47 REVISTA OPE-S


CRÉDITOS - REPRODUÇÃO DA INTERNET

SUPRESSORES/SILENCIADORES
CONCEITOS BÁSICOS
DOC MANIGLIA

CRÉDITOS - REPRODUÇÃO DA INTERNET


O Supressor de som ou, como foi patenteado, o
silenciador é um dispositivo que
se acopla no final do cano da sua arma, com
objetivo de diminuir o som, onda de
choque e flash que a queima do propelente da
munição faz quando ocorre um
disparo. Ele possui várias câmaras internas que
aprisionam o som e o fogo para
ajudar nos seus objetivos, isso pode mudar de
acordo com o design do projeto,
objetivo principal e relação diretamente proporcional
entre o tamanho e a
supressão.

PÁGINA 49 REVISTA OPE-S


"SÉRIES DE TV
TAMBÉM NÃO
A
palavra silenciador pode levar
AJUDARAM A
CONTER MITOS"
a um entendimento errado do
que esses dispositivos podem
realizar, tanto para mais, quanto
para menos. Os filmes e séries de
TV também não ajudaram a conter
mitos e concepções erradas sobre
o seu uso, principalmente
associado a matadores de aluguel
ou espiões. Portanto, chama-lo de
supressor, na minha concepção é
mais adequado, pois suprime o
som, onda de choque e o flash,
apesar de chama-lo de silenciador
não é errado. Achar que não
existe barulho usando supressor é
ser um tanto ingênuo, o barulho
continua alto e, se contínuo, pode
danificar a sua audição
permanentemente. Apesar de
algumas combinações de
munições e calibres específicos
poderem chegar a ter um nível
sonoro aceitável sem uso de
protetores auditivos, isso não CRÉDITOS - REPRODUÇÃO DA INTERNET

é a regra.

CRÉDITOS - REPRODUÇÃO DA INTERNET


Esse som muito alto dos disparos de
arma de fogo pode danificar a audição
do
atirador de forma temporária ou
permanente, muitas vezes associando
um zumbido nos ouvidos que podem
acompanhar o paciente por toda a
vida. Essa perda auditiva, quando
lesionado a parte neurossensorial do
ouvido interno,
pode ser irreversível e você nunca
mais ouvirá da mesma maneira que
antes, e isso se agrava mais quando
você fica mais velho, somando-se
CRÉDITOS - REPRODUÇÃO DA INTERNET com a perda auditiva da própria
idade.
Hoje em dia, o supressor é Mesmo com o uso do supressor o
considerado um EPI/C (equipamento nível de som de um fuzil pode passar
de proteção dos 130
individual e coletivo – pela equipe decibéis (160 dB em média sem
próxima), necessário para policiais supressor), onde o nível de segurança
e atiradores que fazem o uso de máximo exigido é 110 dB por no
armas de alta velocidade, como os máximo 30 minutos (OMS) ou
fuzis, com emprego constante em qualquer som acima de 140 dB tem
missões ou treinamentos. Existe possibilidade de danificar a audição
uma piora do caso quando o mesmo que por pouco tempo, como
armamento é utilizado em ambientes um som de um disparo. (Lembro que
fechados (casas e carros), onde o 10 dB de aumento é bem importante,
dano auditivo e de concussão pois por essa escala logarítmica de
cerebral é extremamente som, 10dB é um aumento 10x a
aumentado. potência em Watts).
Esse trauma auditivo mais intenso é
Controle de Som inerente em certas missões policiais
O Controle do som emitido pela que não existe a possibilidade de
arma de fogo é o mais conhecido utilizar protetores auditivos. (apesar
efeito parcialmente controlado pelo de ser indicado que sempre que
supressor, é o que vem a mente puder, você deverá utilizá-lo). Existe
quando pensamos nele. uma vantagem tática em ter o som
suprimido. Quando toda a equipe
policial possui esse dispositivo,

PÁGINA 51 REVISTA OPE-S


" C O N T R O L E
D A O N D A D E
C H O Q U E "

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Da mesma maneira que os boxers, pelos


conseguimos identificar quem está traumas contínuos ao crânio e cérebro
disparando da nossa equipe ou se esse durante as lutas e treinamentos, têm uma
disparo vem de outras pessoas. Isso nos tendência aumentada a ter problemas
ajuda a entender volume de fogo e neurológicos, nós também podemos ter
cadência, coisas que ajudam o raciocínio por essas micro concussões cerebrais
tático durante o confronto e deslocamento durante a nossa carreira.
no terreno. Mas muitas vezes o som alto Esses danos podem levar a alterações
de um disparo de fuzil pode ser cognitivas (memória e raciocínio) e
intimidador e ter função de dissuasão possivelmente alterações motoras. É uma
psicológica das ameaças imediatas. preocupação importante e que está
sendo avaliada por vários autores em
trabalhos científicos militares e civis.
Controle da Onda de Choque
Com alguns relatos anedóticos pelo
Um fator que não pensamos é sobre a
mundo, pesquisadores estão fazendo
onda de choque que se forma, mais
trabalhos para avaliar a real possibilidade
agressivamente, em armas de alta
desses danos ou não.
velocidade são muito parecidas com as
Em 2020, saiu uma revisão sistemática,
dos explosivos que também são utilizados
que é uma análise dos estudos de vários
na polícia. Obviamente, dentro das suas
autores que existem do tema, avaliando o
graduações de intensidade e frequência
que já foi publicado e tentando chegar
nas atividades diárias.
mais perto da verdade.
Esses danos não necessariamente irão
O autor da revisão sistemática Heater G.
impactar no ouvido, um outro órgão do
Belanger não conseguiu ter dados
seu corpo que é muito sensível a isso é o
suficientes para confirmar ou descartar
cérebro!
esse problema. Ainda que existam
A lesão contínua, mesmo que pequena,
indícios disso, novos trabalhos com
dessa onda de choque cobra o seu preço
grupos maiores, metodologia específica e
conforme a idade vai chegando e os
grupos de controle são necessários para
danos vão se acumulando.
ter mais segurança e uma posição
assertiva sobre o assunto.

PÁGINA 52 REVISTA OPE-S


Controle da assinatura visual
Outra vantagem tática é ter uma menor
assinatura de luz pelo flash provocado
Low-level blast exposure in humans, A pelo disparo. Apesar de existirem aparelhos
systematic review of Acute and Chronic que fazem isso, eles não o fazem tão bem
Effects. Publicado no JSOM Volume 20, quanto o supressor.
Edition 1 / Spring 2020. Temos que lembrar que 2/3 dos confrontos
Até que se tenha dados consistentes, armados dos agentes de segurança pública são
devemos fazer o uso do supressor como em ambientes de baixa luminosidade e indicar
EPI pensando também na possibilidade a sua posição no terreno, por um flash da sua
de danos cerebrais, já que o protetor arma, irá direcionar mais disparos na sua
auditivo não consegue controlar esse direção.
dano que acontece pela onda de choque Além da possibilidade do clarão do disparo da
do disparo da arma de fogo ou de arma de fogo realizar uma alteração
explosivos usados de forma repetitiva. momentânea na adaptação visual em baixa
luminosidade, prejudicando a positiva
identificação do alvo.

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Assunto ainda mais importante no caso de 2- Supressão da onda de choque diminuindo


utilização de aparelhos de visão noturna. possíveis danos cerebrais agudos e
O trabalho policial já é perigoso pela sua crônicos.
própria natureza, devemos tentar
diminuir o máximo possível das variáveis Vantagens táticas:
que podemos controlar, para que o máximo 1- Supressão de assinatura visual/de fogo.
dos agentes de segurança voltem para 2- Supressão de som para ajudar no
casa e para a sua família. entendimento do combate.
3- Aumenta a velocidade do projétil (uma
Resumo das Vantagens e Desvantagens baixa quantidade, em torno de 50 p/s)
e aumento também pequeno da precisão.
Vantagens da saúde (EPI): 4- Diminui o recuo da arma.
1- Supressão do som e consequente
diminuição da perda auditiva.

PÁGINA 53 REVISTA OPE-S


Desvantagens: - Excesso de gás
1- Aumento do peso e projetado no rosto do
do comprimento da atirador pela culatra
arma. através da alça de
2- Mudança pequena carregamento,
do ponto de impacto do prejudicando visadas
projétil com e sem consecutivas.
supressor. * Muito desses problemas
3- Acontece um podem ser mitigados pelo
excesso do retorno do uso de um gás block
gás que é responsável regulável.
pela ciclagem correta
da plataforma AR, que Finalizando, o supressor é
leva: regulado pelas Forças
- Um número maior de Armadas do Brasil, mais
panes se não especificamente pelo
observado os devidos Exército, que analisa caso
cuidados de limpeza, a caso as unidades
que, por causa do policiais que necessitam a
CRÉDITOS - REPRODUÇÃO DA INTERNET
retorno excessivo de utilização deste aparelho.
gás, a sujeira se Minha esperança é que
acumula mais dentro este artigo ajude na
da arma. decisão pela liberação
- Aumento de mais ampla do supressor,
temperatura rápida de pois como médico e
todo o armamento, policial, tenho certeza de
levando a uma que teremos um ganho na
quantidade maior de saúde dos operadores de
panes. segurança pública e, no
- Desgaste um pouco final das contas, da
maior dos mecanismos sociedade como um todo.
internos.

DOC MANIGLIA
INVESTIGADOR DE POLÍCIA E
MÉDICO DO GRUPO ESPECIAL
T.I.G.R.E.
COORDENADOR DA PÓS-
GRADUAÇÃO EM APH POLICIAL
@DOCMANIGLIA
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Nunca toque
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