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LUTAS

JEAN LUCAS ROSA


EXPEDIENTE

Coordenador(a) de Conteúdo Revisão Textual


Mara Cecilia Rafael Lopes Cristina Maria Costa Wecker
Projeto Gráfico e Capa Elaine Machado
Arthur Cantareli Silva Letícia Krieck
Editoração Tatiane Schmitt Costa
Alexandre Vinnycius Silva Donzelli Ilustração
Design Educacional Eduardo Aparecido Alves
Amanda Peçanha dos Santos Geison Ferreira da Silva
Curadoria Fotos
Carla Fernanda Marek Shutterstock e Envato
Cléber Rafael Lopes Lisboa

FICHA CATALOGRÁFICA

N964 Núcleo de Educação a Distância. ROSA, Jean Lucas 1;


Lutas / Jean Lucas Rosa 1 - Florianópolis, SC: Arqué, 2023.

224 p.

ISBN papel 978-65-6083-090-5


ISBN digital 978-65-6083-091-2

1. Lutas 2. Educação 3. Física 4. EaD. I. Título.

CDD - 613.7148

Bibliotecária: Leila Regina do Nascimento - CRB- 9/1722.

Ficha catalográfica elaborada de acordo com os dados fornecidos pelo(a) autor(a).

Impresso por:
02511528
RECURSOS DE IMERSÃO

P E N SA N D O JU NTO S APROFU NDANDO

Este item corresponde a uma proposta Utilizado para temas, assuntos ou con-
de reflexão que pode ser apresentada por ceitos avançados, levando ao aprofun-
meio de uma frase, um trecho breve ou damento do que está sendo trabalhado
uma pergunta. naquele momento do texto.

ZOOM NO CONHECIMENTO

PRODUTOS AUDIOVISUAIS Utilizado para desmistificar pontos


Os elementos abaixo possuem recursos que possam gerar confusão sobre o
audiovisuais. Recursos de mídia dispo- tema. Após o texto trazer a explicação,
níveis no conteúdo digital do ambiente essa interlocução pode trazer pontos
virtual de aprendizagem.
adicionais que contribuam para que
o estudante não fique com dúvidas
sobre o tema.

P L AY N O CO NH E C I M E NTO

Professores especialistas e con-


INDICAÇÃO DE FIL ME
vidados, ampliando as discus-
sões sobre os temas por meio de
Uma dose extra de
fantásticos podcasts.
conhecimento é sempre
bem-vinda. Aqui você
terá indicações de filmes
E U I ND I CO
que se conectam com o
Utilizado para agregar um con- tema do conteúdo.
teúdo externo.

INDICAÇÃO DE L IVRO
E M FO CO

Utilizado para aprofundar o Uma dose extra de

conhecimento em conteúdos conhecimento é sempre

relevantes utilizando uma lingua- bem-vinda. Aqui você

gem audiovisual. terá indicações de livros


que agregarão muito na
sua vida profissional.

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CAMINHOS DE APRENDIZAGEM

7UNIDADE 1

CONCEITUAÇÃO DE LUTAS E AS PRINCIPAIS MODALIDADES


APERFEIÇOADAS NO BRASIL . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 8

29UNIDADE 2

MODALIDADES OLÍMPICAS DE LUTAS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 30

ELEMENTOS COMUNS NAS MODALIDADES DE LUTAS E ARTES MARCIAIS . . . . . . . 52

75UNIDADE 3

A ADOÇÃO DAS LUTAS COMO ESTRATÉGIA PARA A PROMOÇÃO DA SAÚDE


E DA QUALIDADE DE VIDA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 76

LUTAS E ARTES MARCIAIS NO PROCESSO EDUCACIONAL . . . . . . . . . . . . . . . . . . 98

121
UNIDADE 4

METODOLOGIA DO ENSINO DE LUTAS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 122

AS LUTAS ENQUANTO CAMPO DE ATUAÇÃO PROFISSIONAL . . . . . . . . . . . . . . . 140

173
UNIDADE 5

PEDAGOGIA DO JOGO NO PROCESSO DE ENSINO-APRENDIZAGEM . . . . . . . . . . 174

O ENSINO-APRENDIZAGEM DE LUTAS PARA PESSOAS COM DEFICIÊNCIA . . . . . . 198

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UNIDADE 1
TEMA DE APRENDIZAGEM 1

CONCEITUAÇÃO DE LUTAS E
AS PRINCIPAIS MODALIDADES
APERFEIÇOADAS NO BRASIL

MINHAS METAS

Refletir sobre as dimensões históricas e sociais das lutas.

Conceituar o termo arte marcial.

Conceituar o termo lutas.

Conceituar o termo esportes de combate.

Apresentar a modalidade Capoeira.

Apresentar a modalidade Jiu-jitsu.

Apresentar a modalidade Mixed Martial Arts.

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UN I C ES UMA R

INICIE SUA JORNADA


A prática de lutas e artes marciais é uma tradição ancestral em muitas cul-
turas, sendo um reflexo da necessidade humana de se proteger e defender.
Desde as civilizações antigas, as lutas foram utilizadas como uma forma de trei-
namento militar e, muitas vezes, se tornaram um aspecto importante da cultura
e das tradições de uma sociedade. E em nosso país, temos alguma arte marcial
que faz parte da nossa cultura?
No Brasil, temos o privilégio de possuir al-
Ao estudar as lutas
gumas lutas que são reconhecidas em todo o
e artes marciais,
mundo. A capoeira, por exemplo, é uma arte
podemos aprender
marcial que nasceu no país durante o período muito sobre a
colonial e tem raízes na cultura africana e indí- história, a cultura
gena. Já o Jiu-jitsu é uma arte marcial que se de- e a sociedade
senvolveu a partir de técnicas de luta japonesas e
foi aprimorada no Brasil, tornando-se uma das mais populares artes marciais
do mundo. E o MMA (Mixed Martial Arts) é uma modalidade de luta que
surgiu no Brasil na década de 1990, e é uma combinação de diversas técnicas
de artes marciais, como boxe, Jiu-jitsu e muay thai.
Ao estudar as lutas e artes marciais, podemos aprender muito sobre a his-
tória, a cultura e a sociedade. Além disso, é importante valorizar e preservar
as tradições culturais e esportivas do nosso país. Então, vamos aproveitar essa
disciplina para aprender sobre a história e os benefícios das lutas e artes mar-
ciais e apreciar o que elas têm a nos oferecer.

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T E MA D E APRE N D IZAGEM 1

VAMOS RECORDAR?
As lutas estão presentes desde os primórdios da civilização, sendo utilizadas como
formas de se proteger, guerrear, se conectar com o transcendente, para melhora
do condicionamento físico, disciplina e autocontrole, desenvolvimento mental e
emocional, como forma de competição e para desenvolvimento pessoal.
Por causa disso, é muito importante que conheçamos melhor sobre a temática,
aprofundando, inclusive, na conceituação dos termos lutas, artes marciais e
esportes de combate.
Atualmente, existem diversas modalidades de lutas que são praticadas ao
redor do mundo, sendo que algumas possuem mais destaque nas mídias,
as tornando mais populares. Um exemplo é o Karatê, que foi propagado pelo
mundo a partir de filmes que marcaram a infância de muitas pessoas, como
a saga Karatê Kid. Outro exemplo é o MMA, que se tornou muito popular e
ajudou também na popularização de outras artes marci-
ais que são demonstradas pelos lutadores.
Para iniciarmos, indicamos um texto escrito por João Car-
los Cavalcanti e publicado na revista digital Tatame, intitu-
lado Como as artes marciais se popularizam no Brasil e sua
história ao longo dos anos.

DESENVOLVA SEU POTENCIAL


DIMENSÕES HISTÓRICO-SOCIAIS DAS LUTAS

As Lutas e Artes Marciais têm origens distintas e ainda são um mistério para mui-
tos estudiosos, porém é sabido que desde os primórdios da humanidade o homem
precisou lutar para atender as suas necessidades fisiológicas e garantir seu espaço,
como, na busca por alimento, luta por terras e sua defesa. Desde épocas antigas,
há relatos de lutas em duplas. Uma das histórias mais detalhadas é a de Davi, que
matou Golias com uma pedra atirada por uma funda (SANTANA et al., 2019).

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Na Grécia antiga, havia uma forma de luta chamada Pancrácio, presente nos pri-
meiros Jogos Olímpicos. Os Gladiadores Romanos utilizavam técnicas corporais
de luta e armas em combates um a um. Os Espartanos, retratados em filmes, como
300, tinham um regime militar de treinamento rígido. Na Índia e China, surgiram
as primeiras formas organizadas de combate. A história dessas modalidades foi
distorcida ao longo do tempo, já que os antigos mestres não compartilhavam
facilmente seus conhecimentos e poucos registros foram documentados. As tra-
dições eram passadas oralmente, de mestre para discípulo ou de pai para filho.


As Lutas e Artes Marciais eram manifestadas em muitas culturas em
cerimônias, caças, defesas de aldeias e tribos e festividades (MAZ-
ZONI; OLIVEIRA JUNIOR, 2011, s. p.).

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A P RO F UNDA NDO

Existem diversas razões que motivam a busca pelas lutas e artes marciais, in-
cluindo aprimorar a qualidade de vida, manter o condicionamento físico, pro-
mover a saúde, disciplinar a mente, aprender autodefesa, aprimorar habilidades
de combate corporal, praticar meditação e desenvolver o caráter, entre outras
(BRANDT et al., 2015; BU et al.,2010).

CONCEITUANDO ARTES MARCIAIS, LUTAS E ESPORTES DE


COMBATE

Os termos "lutas", Para iniciarmos nossa conversa, precisamos con-


"artes marciais" ceituar os termos “lutas”, “artes marciais” e “esportes
e "esportes de de combate”.
combate"

Artes Marciais

O termo “artes marciais” é usado para se referir a várias disciplinas e sistemas de


combate, que podem incluir técnicas de luta e defesa pessoal. As artes marciais
são frequentemente praticadas como esportes ou atividades físicas, mas também
podem ter uma dimensão filosófica ou espiritual.

A prática das artes marciais estão embasadas na chamada “metáfora de guerra”,


tendo em vista que derivam de técnicas de guerra. Portanto, embora todas as artes
marciais envolvam algum tipo de luta, nem todas as lutas podem ser consideradas
como uma arte marcial. A distinção entre esses termos pode variar dependendo
do contexto em que são usados e das técnicas específicas a que se referem (COR-
REIA; FRANCHINI, 2010; RUFINO; DARIDO, 2011).

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ZO O M N O CO NHEC I M ENTO

De acordo com o DICIO, Dicionário Online de Português, podemos definir os ter-


mos “Artes” e “Marciais” da seguinte forma:
Artes:
Artes é o plural de arte. O mesmo que: cuidados, prendas, astúcias, diabruras,
dissimulações, enganos, fingimentos, jeitos, maneiras.
Aptidão inata para aplicar conhecimentos, usando talento ou habilidade, na
demonstração uma ideia, um pensamento; o resultado dessa demonstração:
essa escultura representa a arte de Michelangelo (ARTES, 2023, on-line).
Marciais:
Marciais é o plural de marcial. O mesmo que: bélicos, guerreiros.
Que tem ar guerreiro: aspecto marcial.
De teor belicoso; relacionado com guerras, guerreiros.
[Por Extensão] Que tende a entrar em guerra; resoluto (MARCIAIS, 2023, on-line).


Marcial – de Marte, deus romano da guerra (CORREIA; FRAN-
CHINI, 2010, p. 9).

ZO O M N O CO NHEC I M ENTO

As artes marciais surgiram a muitos séculos. Os guerreiros tribais perceberam


a importância do treinamento físico em lutas para vencer os combates e as ha-
bilidades eram treinadas em tempos de paz. As artes marciais evoluíram com o
tempo, mas ainda mantêm traços tradicionais (FETT; FETT, 2009).

Lutas

O termo “luta” possui uma diversidade de significados, lutas físicas/


sendo aplicado em diversos contextos. Para essa discipli- corporais com
na, adotaremos o sentido de lutas físicas/corporais com o o objetivo de
subjugar o
objetivo de subjugar o oponente a partir de conflitos inter-
oponente a partir
pessoais. As lutas podem ocorrer em diversos contextos,
de conflitos
como competições esportivas, defesa pessoal ou em situa- interpessoais.
ções de combate real (CORREIA; FRANCHINI, 2010).

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ZO O M N O CO NHEC I M ENTO

Significado de Luta
substantivo feminino
[Esporte] Combate de dois atletas, corpo a corpo, sem armas.
[Por Extensão] Ação de combater, com armas ou sem elas (LUTA, 2023, on-line).

Esportes de Combate

A denominação Esportes de Combate se refere a uma configuração das práticas


de lutas, artes marciais e sistemas de combate sistematizados em expressões cul-
turais modernas, baseadas nas propostas das instituições esportivas. A moderna
evolução das práticas de combate, baseada em tradições seculares, engloba ele-
mentos como competição, utilização de conceitos científicos, análise de resulta-
dos, estabelecimento de regras, busca pela otimização física e ênfase na expressão
corporal espetacularizada (CORREIA; FRANCHINI, 2010).

PRINCIPAIS MODALIDADES DE LUTAS APERFEIÇOADAS NO


BRASIL

Existem diversas lutas que foram desenvolvidas no Brasil. Neste material, trata-
remos de duas que são bem conhecidas, até mesmo por quem nunca praticou
nenhuma delas: a Capoeira, Jiu-jitsu Brasileiro e o MMA.

Capoeira

A capoeira é uma arte marcial brasileira que combi-


A capoeira é
na elementos de dança, música e luta. Sua origem é
uma arte marcial
controversa, mas acredita-se que tenha surgido du- brasileira que
rante o período da escravidão no Brasil, como forma combina elementos
de defesa e resistência dos escravos africanos contra de dança, música
seus opressores, possuindo inúmeras características e luta
da cultura e religião dos povos escravizados.

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A capoeira foi proibida por muitos anos no país, sendo considerada uma prática
marginalizada e perigosa, mas a partir da década de 1930, foi reconhecida como
patrimônio cultural brasileiro e passou a ser valorizada e estudada. Hoje em dia, a
capoeira é praticada em todo o mundo, como uma forma de expressão cultural e
esportiva, e é considerada uma importante manifestação da cultura afro-brasilei-
ra (REIS; PATRICIO; TELLES, 2020; CUNHA et al., 2014).

Figura 1 – O berimbau, mestre da roda de capoeira

Descrição da Imagem: trata-se de uma fotografia que apresenta um homem, sem camisa, de pele negra, onde
aparece sua cintura, peito e parte do braço e mãos. Em sua mão direita, ele segura um berimbau e, com os dedos
polegar e indicador, uma pedra. Em sua mão esquerda, ele segura um caxixi e, com os dedos polegar, indicador e
médio, uma vareta. O homem está à esquerda da foto, um pouco inclinado, mais ao fundo aparece as mãos abertas
de outra pessoa, onde a mão esquerda está em cima de um atabaque. Fim da descrição.

Uma das características marcantes da capoeira é a


Uma das
musicalidade. Como uma luta disfarçada de dança, características
ela traz consigo uma organização instrumental, cha- marcantes da
mada de bateria, formada basicamente pelo berim- capoeira é a
bau, o atabaque, o pandeiro, o agogô e o reco-reco. musicalidade

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E U IN D ICO

O vídeo a seguir mostra como tocar um berimbau. O berimbau


é quem comanda o ritmo da roda, podendo ser chamado, in-
clusive, de o mestre da roda. Esse instrumento é construído
a partir de uma madeira flexível, envergada por um arame. Na
sua extremidade inferior, existe uma cabaça cortada presa ao
berimbau através de uma corda. Os sons são emitidos a partir
da batida de uma baqueta no arame. Para complementar e
variar os sons, é utilizada uma pedra ou um dobrão, alternando
entre sons agudos e graves. Na mão que segura a baqueta,
comumente é utilizado o caxixi, uma espécie de chocalho.

ZO O M N O CO NHEC I M ENTO

Durante muitos anos, a prática da Capoeira foi considerada como crime no Bra-
sil. A seguir, um trecho do Código Penal de 1890, que tipifica o delito:
“Art. 402. Fazer nas ruas e praças públicas exercício de agilidade e destreza cor-
poral conhecida pela denominação de Capoeiragem: andar em carreiras, com
armas ou instrumentos capazes de produzir lesão corporal, provocando tumulto
o desordens, ameaçando pessoa certa ou incerta, ou incutindo temor de algum
mal; Pena de prisão celular por dois a seis meses.
Parágrafo único. É considerado circunstância agravante pertencer a capoeira
em alguma banda ou malta” (BRASIL, 1890, s. p.).

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UN I C ES UMA R

A história da Capoeira é marcada pelos nomes de História da Capoeira


dois importantes ícones: Mestre Pastinha e Mestre é marcada pelos
Bimba. Mestre Pastinha é considerado o patriarca nomes de dois
da Capoeira Angola, enquanto Mestre Bimba é co- importantes ícones:
nhecido por ter criado a Capoeira Regional, tam- Mestre Pastinha e
bém chamada de luta regional baiana. A partir da Mestre Bimba
criação da Capoeira Regional, surgiu uma divisão
entre a Capoeira tradicional (Angola) e a Capoeira moderna (Regional), conforme
apresentado de forma esquemática por Viera (1998 apud NATIVIDADE, 2005).
O quadro a seguir, adaptado de Natividade (2005), mostra, de maneira bem
didática, as principais diferenças que eram vistas entre a Capoeira Angola e a
Capoeira Regional. Até hoje, a maioria dessas diferenças ainda são evidentes.

CAPOEIRA ANGOLA CAPOEIRA REGIONAL

Original Moderna

Tradicional Descaracterizada

Jogo baixo Jogo alto

Jogo lento Jogo rápido

Recreativa e maliciosa Agressiva e sem malícia

Envolta de religiosidade e misticis- Secularizada e isenta de símbolos religio-


mo sos

Praticada pelas camadas margina- Praticada pelos estratos sociais médios e


lizadas superiores

Quadro 1 – Diferenciação entre os estilos Capoeira Angola e Capoeira Regional / Fonte: adaptado de
Natividade (2005).

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E U IN D ICO

Os vídeos indicados a seguir mostram os jogos de Capoeira nos estilos Angola,


Regional de Bimba e Regional Contemporânea. Percebe-se uma diferenciação
quanto à estética, estilo de jogo, malícia aplicada e, até mesmo, o misticismo
muito mais evidente no jogo de Angola.

Jogo de Capoeira Angola:

Jogo de Capoeira Regional de Bimba:

Jogo de Capoeira Regional Contemporânea:

VOCÊ SABE RESPONDER?


A partir do que conversamos até aqui, você acha que a capoeira pode ser
definida como uma arte marcial?

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UN I C ES UMA R

Jiu-jitsu Brasileiro

O Jiu-jitsu é uma luta esportiva individual que envolve técnicas de torções, estran-
gulamentos, rotações, chaves nas articulações e imobilizações, com o objetivo de
vencer o adversário por finalização ou pontos. A palavra Jiu-jitsu vem da combi-
nação de “ju”, que significa suavidade ou via de ceder, e “jutsu”, que significa arte
ou prática, e pode ser traduzida como “arte suave”.

A origem do Jiu-jitsu é controversa, mas uma teoria aceita é que ele surgiu na
Índia como uma forma de defesa usada por monges budistas contra bandidos.
O Jiu-jitsu se espalhou para outros países orientais antes de chegar ao Japão e
se tornar a arte marcial mais importante na segunda metade do século XVI, antes
de emigrar para o Ocidente (SILVA; SILVA; OLIVEIRA, 2019). A modalidade é carac-
terizada pela execução de golpes de alavancas, torções e pressões, possuindo a
finalidade de dominar o oponente (LENZ; EL HAJJAR, 2020).

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Em 1914 chega ao Brasil o Conde Koma (Mitsuyo


Em 1914 chega
Maeda), conhecendo Gastão Gracie, que o ajudou ao Brasil o
a se estabelecer no país. Em troca da ajuda, Koma Conde Koma
ensinou Jiu-jitsu aos filhos de Gracie. O texto (Mitsuyo Maeda),
também menciona que Hélio Gracie, um dos fi- conhecendo Gastão
lhos de Gastão, aperfeiçoou a técnica do Jiu-jitsu, Gracie
dando-lhe uma forma mais agressiva e criando o
Gracie Jiu-jitsu ou Brazilian Jiu-jitsu. Hélio Gra-
cie tornou-se famoso por derrotar todos os adversários que surgiram como
desafiantes, especialmente mestres de outras modalidades de lutas, e por sua
inovação técnica como instrutor (SILVA; SILVA; OLIVEIRA, 2019).

E U IN D ICO

Este vídeo mostra um resumo de como acontece a pontuação


em uma competição de Jiu-jitsu:

MMA (Artes Marciais Mistas)

A história das Artes Marciais Mistas (MMA) tem suas


A história das Artes
raízes na Grécia Antiga, onde a luta livre e o pugilismo
Marciais Mistas
eram populares em competições esportivas. No entan- (MMA) tem suas
to, o termo “MMA” só foi cunhado na década de 1990, raízes na Grécia
quando as artes marciais mistas se tornaram populares Antiga
como uma forma de competição esportiva.

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UN I C ES UMA R

Em 1993, o Ultimate Fighting Championship (UFC) foi criado por Rorion Gracie,
um membro da família Gracie, famosa por seu envolvimento no desenvolvimento
do Jiu-jitsu brasileiro. O objetivo das primeiras competições de MMA era determi-
nar qual arte marcial era a melhor em um combate sem regras, onde praticamente
qualquer técnica poderia ser utilizada.

Inicialmente, as competições de MMA foram criticadas por serem brutais e


desorganizadas, mas, à medida que o esporte crescia em popularidade, foram
estabelecidas regras e regulamentos para tornar as lutas mais seguras e justas.
Em 2001, o UFC adotou o conjunto de regras do Unified Rules of Mixed Mar-
tial Arts, que ainda é utilizado atualmente. Desde então, o MMA se tornou um
dos esportes de luta mais populares do mundo, com eventos em todo o mundo
e sendo reconhecido por sua espetacularização do esporte (VASQUES, 2013).

E U IN D ICO

Ao contrário do que muitos pensam, no MMA não “vale tudo”.


Existem regras bem claras, que tem por objetivo zelar pela
integridade dos atletas e promover um combate justo e que
chame a atenção do público. Conheça um resumo dessas re-
gras:
https://www.youtube.com/watch?v=6PIHH515gMA

Apesar de o Jiu-jitsu e o MMA serem lutas originárias de outros países, é bem


claro e estabelecido que foi no Brasil que elas foram aperfeiçoadas e moldadas
conforme as conhecemos hoje.
Por isso, pode-se afirmar com segurança que as modalidades Capoeira,
Jiu-jitsu Brasileiro e MMA são lutas de origem brasileira e devem ser valori-
zadas quanto a isso.

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T E MA D E APRE N D IZAGEM 1

NOVOS DESAFIOS
Como vimos, existe toda uma gama de possibilidades de atuação no contexto
das lutas. A partir do conhecimento teórico acerca da origem das lutas e artes
marciais e das principais lutas de origem brasileira, é possível pensar em diversas
formas de atuação profissional na área: professor de lutas (exige uma formação
específica na modalidade), gestor de academias e centros de lutas, organizador
de eventos de lutas, atleta profissional de lutas, dentre muitas outras.
Essas são apenas algumas das diversas oportunidades de atuação profissional
na área das lutas e artes marciais. Cada uma dessas áreas exige um conjunto espe-
cífico de habilidades e conhecimentos, e é importante buscar formação adequada
e experiência prática para se destacar profissionalmente.
Cabe ao profissional se especializar e buscar entender a origem e a história
de como a arte marcial que ele pratica ou atua profissionalmente foi construída.

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VAMOS PRATICAR

1. A denominação __________________ se refere a uma configuração das práticas


de lutas, artes marciais e sistemas de combate sistematizados em expressões culturais
modernas, baseadas nas propostas das instituições esportivas, envolvendo aspectos
como competição, mensuração, aplicação de conceitos científicos, entre outros.

Complete a sentença com a alternativa correta:

a) Esportes de combate.
b) MMA.
c) Capoeira.
d) Lutas.
e) Artes Marciais.

2. A capoeira é uma arte marcial que combina elementos de dança, música e luta. Essa
arte marcial já foi proibida durante muitos anos no país, sendo considerada uma prá-
tica marginalizada e perigosa, mas, a partir da década de 1930, foi reconhecida como
patrimônio cultural brasileiro e passou a ser valorizada e estudada.

Qual a mais provável origem da capoeira?

a) Foi criada por colonizadores portugueses, no Brasil, durante o período colonial.


b) Surgiu na África e foi trazida pelos escravos para o Brasil durante o período da escravidão.
c) Foi desenvolvida por índios brasileiros como forma de defesa contra os colonizadores.
d) É uma criação recente, surgida no século XX no Brasil.
e) Foi criada por escravos africanos em território brasileiro durante o período da escravidão.

3. O Jiu-jitsu se espalhou para outros países orientais antes de chegar ao Japão e se


tornar a arte marcial mais importante na segunda metade do século XVI, antes de
emigrar para o Ocidente.

Qual é a teoria aceita sobre a origem do Jiu-jitsu?

a) Foi criado por samurais no Japão feudal como forma de defesa pessoal.
b) Foi desenvolvido por lutadores de rua na China.
c) Surgiu na Índia como uma forma de defesa usada por monges budistas contra ban-
didos.
d) Foi criado por lutadores de sumô no Japão antigo.
e) Nenhuma das opções anteriores.

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REFERÊNCIAS

ARTES. In: DICIO. Dicionário Online de Português. Porto: 7Graus, 2023. Disponível em: https://
www.dicio.com.br/artes/. Acesso em: 10 maio 2023.

BRANDT, R. et al. Humor pré-competitivo em atletas brasileiros de Jiu-jitsu. Caderno de


Educação Física e Esporte, [s. l.], v. 13, n. 1, p. 21-30, 2015.

BRASIL. Decreto 847, de 11 de outubro de 1890. Promulga o Código Penal. Disponível em:
https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/1851-1899/D847.htmimpressao.htm. Acesso
em: 10 maio. 2023.

BU, B. et al. Effects of martial arts on health status: a systematic review. Journal of Eviden-
ce-Based Medicine, [s. l.], v. 3, n. 4, p. 205-219, 2010.

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CUNHA, I. M. C. F. et al. Capoeira: a memória social construída por meio do corpo. Movimen-
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FETT, C. A.; FETT, W. C. Filosofia, ciência e a formação do profissional de artes marciais. Mo-
triz, Rio Claro, v. 15, n. 1, p. 173-184, jan./mar. 2009.

LENZ, J.; EL HAJJAR, N. Prevalências de lesões em praticantes de jiu-jitsu em acade-


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LUTA. In: DICIO. Dicionário Online de Português. Porto: 7Graus, 2023. Disponível em: https://
www.dicio.com.br/luta/. Acesso em: 10 maio 2023.

MARCIAIS. In: DICIO. Dicionário Online de Português. Porto: 7Graus, 2023. Disponível em:
https://www.dicio.com.br/marciais/. Acesso em: 10 maio 2023.

MAZZONI, A. V.; OLIVEIRA JUNIOR, J. L. Lutas: da pré-história à pós-modernidade. São Pau-


lo: GEPEF/USP, 2011. Disponível em: https://www.gpef.fe.usp.br/teses/agenda_2011_04.
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NATIVIDADE, L. A atuação do profissional de educação física em relação às lutas no ambiente


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RUFINO, L. G. B.; DARIDO, S. C. Lutas, artes marciais e modalidades esportivas de combate:


uma questão de terminologia. EFDeportes, [s. l.], v. 16, n. 158, 2011.

SANTANA, W. B. et al. Uma análise sobre a prática pedagógica do ensino das lutas.
Campina Grande: Realize Editora, 2019. Disponível em: https://editorarealize.com.br/artigo/
visualizar/64741>. Acesso em: 17 abr. 2023.

SILVA, D. S.; SILVA, C. M.; OLIVEIRA, D. L. Jiu-jitsu: arte suave e estilo de vida. Ciência Atual,
[s. l.], v. 13, n. 1, p. 2-26, 2019.

VASQUES, D. G. As artes marciais mistas (MMA) como esporte moderno: entre a busca da
excitação e a tolerância à violência. Esporte e Sociedade, [s. l.], v. 8, n. 22, p. 1-23, 2013.

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CONFIRA SUAS RESPOSTAS

1. A.

A denominação “Esportes de Combate” se refere a uma configuração das práticas de


lutas, artes marciais e sistemas de combate sistematizados em expressões culturais
modernas, baseadas nas propostas das instituições esportivas, envolvendo aspectos
como competição, mensuração, aplicação de conceitos científicos, entre outros.

2. E.

A capoeira é uma arte marcial brasileira que combina elementos de dança, música e
luta. Sua origem é controversa, mas acredita-se que tenha surgido durante o período
da escravidão no Brasil, como forma de defesa e resistência dos escravos africanos
contra seus opressores, possuindo inúmeras características da cultura e religião dos
povos escravizados.

3. C.

A origem do Jiu-jitsu é controversa, mas uma teoria aceita é que ele surgiu na Índia
como uma forma de defesa usada por monges budistas contra bandidos.

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MEU ESPAÇO

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UNIDADE 2
TEMA DE APRENDIZAGEM 2

MODALIDADES OLÍMPICAS DE
LUTAS

MINHAS METAS

Apresentar uma introdução sobre as modalidades de lutas nos Jogos


Olímpicos.

Descrever a modalidade olímpica Judô.

Descrever a modalidade olímpica Taekwondo.

Descrever a modalidade olímpica Boxe.

Descrever a modalidade Luta Olímpica.

Descrever a modalidade olímpica Karatê.

Conhecer as regras básicas das modalidades.

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UN I C ES UMA R

INICIE SUA JORNADA


Quando assistimos filmes de artes marciais, ficamos impressionados com os mo-
vimentos feitos por artistas marciais, como Bruce Lee em seus longas-metragens
e Jean-Claude Van Damme, mais especificamente, no filme O Grande Dragão
Branco, onde lutadores de vários estilos ao redor do mundo lutavam entre si
clandestinamente no kumite em Hong Kong para um deles ser o campeão.
Estudante, você já imaginou presenciar o que vimos em filmes, em uma
competição esportiva real, onde podemos observar uma combinação perfeita
de força, estratégia e técnica em ação dos atletas-lutadores?
As modalidades de lutas nas Olimpíadas são um verdadeiro espetáculo de
habilidades atléticas impressionantes, capazes de prender a atenção de qualquer
espectador. Desde os agarramentos e arremessos da luta greco-romana, até a
velocidade e fluidez dos golpes na luta livre e, até mesmo, a imprevisibilidade e
versatilidade do Karatê. Essas competições reúnem atletas de elite de todo o mun-
do em uma demonstração incrível de talento e destreza. Além disso, as técnicas
utilizadas nas lutas olímpicas são fundamentais para a autodefesa e podem ser
aplicadas em situações reais.
Isso nos leva a valorizar não apenas a beleza e a emoção das
competições esportivas, mas também a importância de adquirir
habilidades práticas que possam ser aplicadas em diferentes
aspectos da vida. Assim como os atletas-lutadores se
dedicam ao treinamento para aprimorar
suas habilidades, nós também pode-
mos buscar a excelência em nossos
próprios campos de interesse.
Então, prepare-se
para descobrir um uni-
verso fascinante de lutas
e combates nos Jogos
Olímpicos, onde cada
movimento pode mudar
o rumo de uma disputa e onde a
emoção está sempre presente.

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T E MA D E APRE N D IZAGEM 2

VAMOS RECORDAR?
Sempre que se iniciam os Jogos Olímpicos, nossos olhos
se enchem ao vermos as modalidades de lutas. Os atletas
de elite dos países entram em combate corporal para ten-
tar descobrir quem é o melhor.
Quais são as modalidades de luta que mais te chamam a
atenção nas Olimpíadas?
Para iniciarmos nossa conversa, recomendamos a leitu-
ra de um texto que narra, de forma resumida, a história dos Jogos Olímpicos
da Era Moderna: http://rededoesporte.gov.br/pt-br/megaeventos/olimpiadas/
uma-disputa-milenar

DESENVOLVA SEU POTENCIAL

AS LUTAS NOS JOGOS OLÍMPICOS

VOCÊ SABE RESPONDER?


Dê uma escapadinha da aula e pesquise na internet: quando as lutas começa-
ram a compor os Jogos Olímpicos?

As lutas estão presentes nos Jogos Olímpicos desde a antiguidade, sendo que a
Luta Livre integra o quadro dos cinco esportes disputados nos primeiros Jogos
Olímpicos da Era Moderna, realizados em Atenas, em 1896. Essas modalidades
esportivas de combate exigem uma alta capacitação técnica e tática, além de um
excelente preparo físico, mental e uma capacidade de adaptação às situações de
combate em tempo real (RUBIO, 2010).

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Durante os Jogos Olímpicos, as lutas proporcionam


A luta é um esporte
um incrível espetáculo, reunindo lutadores de altís- emocionante e
simo nível para competir pela tão sonhada medalha intenso
de ouro. Na ocasião, também é possibilitado que seja
valorizada a vertente cultural e histórica dessas lutas,
que são praticadas em diversas culturas em todo o mundo ao longo de séculos.
Nos Jogos Olímpicos, a luta é um esporte emocionante e intenso, com atletas
demonstrando sua capacidade de superação e determinação ao lutar em nome
de suas nações. É uma prova de força, coragem e habilidade que sempre encanta
e empolga o público presente.

JUDÔ

O judô é um esporte de combate que consiste em projetar o adversário ao solo a


partir de técnicas aplicadas em pé, além de permitir finalizações no solo, como
estrangulamentos, chaves de articulação e imobilizações. Jigoro Kano desenvol-

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veu o judô com o propósito educacional, no entanto, como outras modalidades,


passou por um processo de esportivização. Isso acarretou mudanças nos aspectos
técnicos, métodos de ensino e na relação entre professores e alunos, e levou a
mudanças nos objetivos da prática da modalidade, com foco no resultado es-
portivo. Como resultado, o judô é amplamente praticado em clubes, academias
e associações (CIRINO; PEREIRA, 2021).

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AP RO F U NDA NDO

Ao longo de sua vida, Jigoro Kano trabalhou constantemente para garantir o de-
senvolvimento do atletismo e do esporte japonês de uma maneira geral e, como
resultado de seus esforços, muitas vezes é chamado de “Pai dos Esportes Japone-
ses”. Em 1935, ele foi premiado com o prêmio Asahi por sua excepcional contribuição
para a organização do esporte no Japão durante sua vida (NUNES, [202-?]).

O mestre Jigoro Kano, por sua vez, dedicou-se por O mestre Jigoro
anos a estudar as antigas formas de autodefesa. Ele Kano, por sua vez,
procurou explicar cientificamente os golpes, ba- dedicou-se por
seando-se nas leis de dinâmica, ação e reação. As- anos a estudar as
sim, selecionou e classificou as melhores técnicas antigas formas de
autodefesa
dos vários sistemas de Ju-jutsu em um novo estilo
chamado de Judô, que significa “caminho suave”:
Ju (suave) e Do (caminho ou via). Em 1882, Kano fundou o Instituto Kodokan.
Esse nome significa “um lugar para estudar o caminho”, e reflete a intenção do
fundador da arte. Além de transformar o ensino da arte marcial em um esporte,
Kano desenvolveu uma linha filosófica baseada no conceito ippon-shobu (luta
pelo ponto perfeito) e um código moral. Seu objetivo era fortalecer o físico, a
mente e o espírito de forma integrada (NUNES, [202-?]) .

O Judô foi introduzido no Brasil por volta do século passado e atualmente é pra-
ticado por cerca de dois milhões de pessoas. Os primeiros imigrantes japoneses
trouxeram o judô para o Brasil como uma forma de manter a sua cultura e como
diversão. Aos poucos, a prática foi permitida aos brasileiros natos. Outra versão é
que a modalidade foi introduzida por professores-lutadores, como Mitsuyo Maeda
e Soishiro Satake, representantes da Kodokan, que chegaram ao Brasil em 1914.
Eles fizeram demonstrações e desafios em diversas cidades antes de se estabele-
cerem em Belém e Manaus, respectivamente (NUNES; RUBIO, 2012).

Durante esse período, as demonstrações e desafios eram a forma mais comum


de divulgação dos esportes de combate, permitindo que os lutadores demons-
trassem a superioridade de suas técnicas e estilos. Maeda e Satake utilizavam o
estilo do Judô Kodokan. A transformação do antigo jiu-jítsu japonês em judô,
ou jiu-jítsu Kano, ocorreu gradualmente.

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O jiu-jítsu era ensinado principalmente por meio da observação vi-
sual e o foco era nos resultados em combates reais, enquanto Kano
propunha um método de ensino sistemático com princípios que bus-
cavam o aprimoramento da sociedade (NUNES; RUBIO, 2012, s. p.).

A partir da inclusão do judô nos Jogos Olímpicos em 1964/1972, a maneira de


promover e apresentar esse esporte mudou, deixando de lado as demonstrações e
os desafios e passando a enfatizar a participação em competições oficiais. Gradual-
mente, o judô se tornou uma atividade popular com características próprias e, a
partir da década de 50, se tornou a arte marcial mais conhecida, deixando o antigo
jiu-jítsu em segundo plano. Diversas escolas de jujutsu (“ryu”) no Brasil adotaram
o Kodokan desde a sua fundação por Kano em 1882. No entanto, surgiu uma nova
escola no Brasil, o Jiu-jítsu Brasileiro, que enfatiza a luta de solo e os combates de
vale-tudo e é uma derivação do antigo Jiu-jítsu Kano (NUNES; RUBIO, 2012).
O conceito original do judô busca a formação do indivíduo, mas atualmente
a sua prática está mais voltada para a efetividade como esporte competitivo. É
importante entender como podemos definir a essência do judô, de forma que a
sua prática não seja prejudicial. No contexto competitivo, o ensino do judô pode
ser muito rígido, submetendo o corpo do praticante a pressões psicológicas, fi-
siológicas, anatômicas, sociais e nutricionais. O objetivo é treinar o corpo para
atingir metas competitivas e ter sucesso em competições (FERREIRA, 2021).
Visando fortalecer o caráter filosófico da prática do judô e fazer com que
os praticantes do judô cresçam como pessoas, o mestre Jigoro Kano idealizou
um código moral baseado em oito princípios básicos, conforme a Confederação
Brasileira de Judô (2017/2025 apud NUNES, [202-?], on-line) nos apresenta:

- cortesia, para ser educado no trato com os outros;


- coragem, para enfrentar as dificuldades com bravura;
- honestidade, para ser verdadeiro em seus pensamentos e ações;
- honra, para fazer o que é certo e se manter de acordo com seus princípios;
- modéstia, para não agir e pensar de maneira egoísta;
- respeito, para conviver harmoniosamente com os outros;
- autocontrole, para estar no comando das suas emoções;
- amizade, para ser um bom companheiro e amigo.

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E U IN D ICO

Conheça o regulamento nacional de eventos da Confederação


Brasileira de Judô

TAEKWONDO

O Taekwondo é uma arte marcial coreana que sig- O Taekwondo é uma


nifica “a arte de usar os pés e as mãos na luta”, tendo arte marcial coreana
sua origem há mais de dois mil anos, quando o rei que significa “a arte
Ching Heung formou uma tropa de elite chamada de usar os pés e as
Hwa Rang Do. Durante a dinastia Koryo, os mestres mãos na luta”
desenvolveram 25 posturas de luta que formaram a
base do taekwondo atual. Após a proibição das artes
marciais na Coreia durante a invasão japonesa, o taekwondo foi retomado após
a Segunda Guerra Mundial.
Na década de 1950, o general Choi Hong-hi uniu diferentes estilos de arte
marcial sob uma única luta, batizada de taekwondo. Em 1970, a modalidade che-
gou ao Brasil com a chegada do mestre Song Min Cho em São Paulo, e o primeiro
Campeonato Brasileiro ocorreu em 1973.
Em 1973, a World Taekwondo Federation (WTF) foi fundada na Coreia do
Sul, e organizou o primeiro Campeonato Mundial no mesmo ano. O taekwondo
participou como esporte de exibição nas Olimpíadas de Seul-1988 e Barcelo-
na-1992, e foi incluído no programa olímpico em Sydney-2000, quando passou
a valer medalhas (REDE DO ESPORTE, [202-?]).

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E U IN D ICO

Assista a final olímpica do Taekwondo em Tokyo 2020, na ca-


tegoria Masculino Peso Pesado (+80kg). A luta é entre o russo
Vladislav Larin e o macedônico Dejan Georgievsk.

O Taekwondo é uma arte


marcial coreana sistemática
e científica que ensina mais
do que habilidades físicas de
luta. Atualmente, é um espor-
te global bem estabelecido e
uma competição oficial nas
Olimpíadas. O Taekwondo é
caracterizado pela unidade
do corpo, mente e vida, bem
como pela unidade da postu-
ra e confrontações. Ao pra-
ticar a luta, deve-se pacificar
a mente e sincronizá-la com
os movimentos, estendendo
essa harmonia para a vida e
a sociedade. Assim, no Taek-
wondo, o princípio dos mo-
vimentos físicos, o princípio
do treinamento da mente e o
princípio da vida tornam-se
um só (MCM, [202-?]).

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Princípios do Taekwondo

CORTESIA

este princípio tem como objetivo mostrar ao aluno a relação de respeito que ele
deve ter com todas as pessoas, sejam elas praticantes de taekwondo ou não.
Quanto à relação que ele deve ter com os outros praticantes, se trata de estar
sempre ciente da hierarquia que existe no taekwondo, respeitando seus superio-
res e ser sempre educado, justo e nunca tratar os outros com desprezo.

INTEGRIDADE

o princípio da integridade existe para tentar conscientizar o aluno sobre o que é


certo ou errado. Ele mostra que o aluno deve sempre agir de maneira correta, buscar
seus objetivos de maneira justa e nunca tentar demonstrar ser superior a ninguém.

PERSEVERANÇA

a perseverança tenta mostrar ao aluno que ele não deve desistir de seus ideais
por mais difíceis que eles pareçam. Ele deve sempre lutar pelo que deseja con-
quistar e nunca desanimar perante as dificuldades.

AUTOCONTROLE

ter autocontrole, ou seja, ter domínio de si mesmo, é imprescindível quando


nos deparamos com situações difíceis. Esse princípio vem mostrar que o maior
adversário que temos que vencer são os nossos próprios medos e temores para
conseguirmos controlar certa situação.

ESPÍRITO INDOMÁVEL

este princípio retrata a luta contra quem quer que seja, pela verdade, pelo que é
justo, agindo sempre com obstinação (MCM, [202-?]).

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E U IN D ICO

Conheça as normas e regulamentos da Confederação Brasi-


leira de Taekwondo

BOXE

A primeira documentação conhecida do pugilismo remonta ao Egito antigo, em


cerca de 3000 a.C., quando lutadores nus participaram de um evento durante as
festividades do rei. Desde então, o Boxe evoluiu ao longo dos anos e se tornou uma
modalidade olímpica em 688 a.C., na edição dos Jogos Olímpicos da Antiguidade
em Olímpia, Grécia. Onosmastos de Esmirna tornou-se o primeiro campeão de
Boxe dos Jogos Olímpicos, há mais de 2.600 anos. Desde a introdução do Boxe nos
Jogos Olímpicos da Antiguidade, a nobre arte permaneceu no programa olímpico.
A primeira competição de Boxe nos Jogos Olímpicos da Era Moderna ocorreu em
1904, em St. Louis (EUA), com sete categorias de peso (CBBOXE, [202-?]).

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Desde os Jogos Olímpicos de Los Angeles em 1984, os Os capacetes


passaram a ser
capacetes passaram a ser utilizados no boxe amador,
utilizados no boxe
ao contrário do que acontece no boxe profissional.
amador
Essa diferença foi mantida até os Jogos de Londres
em 2012. Entretanto, a partir dos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro em 2016, os
capacetes deixaram de ser utilizados e o sistema de pontuação se aproximou do
utilizado no boxe profissional.
Essa distinção entre o “boxe profissional” e o “boxe olímpico” gerou duas cate-
gorias de atletas, uma vez que os boxeadores olímpicos não podem competir com
os profissionais. No Brasil, até 2013, tanto o boxe profissional quanto o olímpico
eram regulados pela Confederação Brasileira de Boxe (CBBoxe). Atualmente, a
CBBoxe é responsável apenas pelo boxe olímpico (ALMEIDA, 2016).

Apesar de não receberem prêmios em dinheiro em competições, os boxeadores


que optam pelo boxe olímpico já possuem salários e recebem apoio dos Comitês
Olímpicos Nacionais. Isso levanta questões sobre como a dicotomia entre amado-
rismo e profissionalismo no boxe olímpico influencia na carreira dos atletas. Além
disso, é importante questionar se o amadorismo no boxe olímpico de fato existe,
ou se os atletas que disputam essa modalidade são apenas profissionais vincula-
dos a uma entidade diferente dos “profissionais” (ALMEIDA, 2016).

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Conheça as regras técnicas e de competição da International


Boxing Association (IBA)

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LUTA OLÍMPICA

A Luta Olímpica, também conhecida como Cada estilo busca


Olympic Wrestling, é um esporte que remonta ao imobilizar o
ano 704 a.C. nos Jogos Olímpicos da Antiguidade, oponente com as
e é considerado um dos mais antigos do mundo, costas no solo
ao lado da maratona. Cada estilo busca imobilizar
o oponente com as costas no solo, o que é chamado de encostamento, e isso en-
cerra imediatamente a luta. Outras expressões, como Touché e Pin, também são
usadas para se referir ao golpe. Caso nenhum dos dois atletas consiga imobilizar
o oponente, a decisão será tomada com base na pontuação acumulada nos dois
rounds de três minutos (CBW, [202-?], s. p.).


A modalidade é dividida em duas categorias no programa olímpico:
estilo Livre e estilo Greco-Romano. O termo wrestling, em inglês, é
usado para se referir à luta olímpica em ambos os estilos. A palavra
significa agarrar, prender e imobilizar (COB, [202-?]).

Com exceção do atletismo, o estilo greco-romano da luta olímpica é considerado


o esporte mais antigo do mundo. Pinturas em cavernas que datam de 3000 a.C.
retratam lutadores praticando a modalidade. A luta greco-romana apareceu nos
Jogos Olímpicos da Antiguidade em 708 a.C. e foi incluída na primeira edição
dos Jogos Olímpicos da Era Moderna, em Atenas, em 1896. O esporte esteve
presente em todas as edições dos Jogos Olímpicos, exceto em Paris, em 1900. Em
Sydney, em 2000, o programa da luta greco-romana foi modificado para ter oito
categorias de peso em vez das dez presentes em Munique, em 1972. A partir de
Atenas, em 2004, as lutas passaram a ser disputadas em sete categorias e, a partir
da Rio 2016, em seis divisões de peso (COB, [202-?]).
A Luta é um esporte antigo, ao lado da maratona, e seu início remonta
ao período Micênico da Grécia Antiga. Acredita-se que a Luta começou a ser
praticada há mais de 4000 anos. Atletas lutavam nus e os registros e imagens data-
dos de 2000 a.C. têm movimentos similares aos utilizados atualmente. A expansão

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territorial dos romanos é apontada como um dos fatores de propagação da luta.


A Luta estreou nos Jogos Olímpicos da era antiga no ano de 704 a.C. Os atletas
lutavam nus e com mistura de azeite de oliva e terra no corpo. Ainda era feita uma
divisão de faixa etária entre rapazes e adultos. Com o domínio do Império Romano
sobre os gregos e o fim dos Jogos Olímpicos, a luta permaneceu na cultura romana e
atravessou os séculos. A Luta Olímpica é um dos esportes mais populares em todo o
mundo e foi um dos elos entre o passado e o presente quando foi incluída nos Jogos
Olímpicos da era moderna. Em 2013, a Luta Olímpica foi indicada para deixar de
figurar entre os esportes olímpicos a partir de 2020, mas, após uma mobilização
intensa, permaneceu nos Jogos Olímpicos (COB, [202-?]).

Curiosidades sobre a Luta Olímpica

O estilo livre foi desenvolvido a partir de performances realizadas em feiras e fes-


tivais no Reino Unido e nos Estados Unidos. Desde os Jogos Olímpicos Antuérpia
1920, o esporte esteve presente em todas as edições do evento.
No estilo livre, é permitido utilizar as pernas para atacar e defender, enquanto
no estilo greco-romano só é permitido atacar e defender com os braços e com
golpes do tronco para cima, não podendo utilizar as pernas para derrubar o
adversário e nem evitar ataques.
Com a diminuição de dez para sete categorias, as mulheres começaram a com-
petir em quatro eventos desde Atenas 2004. Desde os Jogos Rio 2016, os estilos gre-
co-romano, livre feminino e livre masculino possuem seis categorias de peso cada.

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Conheça as regras adotadas pela United World Wrestling

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KARATÊ

O Karatê passou a integrar o quadro de esportes O Karatê passou a


olímpicos nos Jogos de Tóquio 2020. A história integrar o quadro de
do karatê remonta ao arquipélago de Okinawa, esportes olímpicos
que pertencia à China durante a dinastia Ming. O nos Jogos de Tóquio
monge indiano Bodhidharma viajou até Okinawa 2020
para fundar um mosteiro budista e trouxe consigo
uma técnica de luta sem armas para manutenção da saúde e autodefesa, dando
origem às artes marciais. Quando o Japão ocupou Okinawa, proibiu-se o uso de
armas na região, atraindo mais praticantes de karatê que passaram a ensiná-lo de
forma secreta. Durante a primeira década do século XIX, o karatê foi praticado
com enfoque em educação física. Assim como outras artes marciais, o karatê foi
introduzido no Brasil com a chegada de imigrantes japoneses no começo do sé-
culo XX, mas apenas em 1956, Mitsuke Harada (Shotokan) instalou o primeiro
dojô em São Paulo (COB, [202-?]).

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O ensino do karatê moderno é dividido em kihon (técnicas básicas), kata (se-


quência de técnicas que simulam luta com várias aplicações práticas) e kumitê
(combate propriamente dito).

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Assista o karateca japonês Ryo Kiyuna fazendo o kata na final


do Campeonato Mundial de Karatê de 2016.

Existem vários estilos de karatê, incluindo Shito-ryu, Shotokan, Goju-ryu e


Wado-ryu, todos reconhecidos pela Federação Mundial de Karatê e criados na
primeira metade do século XX. Muitos filmes apresentaram técnicas de karatê,
como Karatê Kid, ou tiveram as técnicas representadas nas telas com atores como
Chuck Norris e Jean-Claude Van Damme. Lyoto Machida, ex-campeão dos meio
pesados do UFC, é um dos karatecas mais famosos do Brasil (COB, [202-?]).

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Conheça os regulamentos da Confederação Brasileira de Karatê

As modalidades de lutas nos Jogos Olímpicos proporcionam uma exibição emo-


cionante e inspiradora de habilidade atlética, força mental e disciplina. Essas
competições representam uma rica diversidade cultural e histórica. Além de
celebrar o espírito competitivo, as lutas olímpicas incentivam o respeito mútuo,
a busca pela excelência e o desenvolvimento pessoal. Com cada atleta represen-
tando seu país, as lutas nos Jogos Olímpicos unem o mundo em um espetáculo
esportivo de coragem, técnica e determinação.

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NOVOS DESAFIOS
Como vimos, são várias as lutas presentes nos Jogos Olímpicos. E várias também
são as possibilidades de atuação profissional nelas.
As modalidades de lutas nos Jogos Olímpicos não apenas proporcionam uma
exibição emocionante de habilidades atléticas, mas também oferecem oportunida-
des de carreira para os atletas de elite e para todos os membros da equipe técnica.
Os competidores são apoiados por equipes de preparação física e téc-
nica, como professores da modalidade, preparadores físicos e treinadores
de competição. Para integrar esse quadro de profissionais, é necessária uma
densa formação teórico-prática.
Além disso, é possível se especializar em arbitragem ou como juízes em com-
petições, contribuindo para o desenvolvimento e a justiça esportiva. Outras op-
ções de carreira incluem o papel de comentarista esportivo, transmitindo suas
experiências e análises para o público, ou até mesmo como escritor especializado
em lutas olímpicas, fornecendo artigos e reportagens para jornais e revistas.
Além disso, é possível trabalhar as lutas dentro do contexto escolar, pois elas
compõem a Base Nacional Comum Curricular (BNCC). Inclusão das lutas nas
diretrizes curriculares reconhece seu valor na promoção de valores como respei-
to, disciplina e trabalho em equipe, além de contribuir para a consciência corporal
e o condicionamento físico dos alunos. Essa medida representa um avanço na
construção de uma educação mais inclusiva e diversa.
Assim, as modalidades de lutas nos Jogos Olímpicos abrem portas para
uma variedade de oportunidades profissionais relacionadas ao mundo das
artes marciais e das lutas.

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VAMOS PRATICAR

1. O judô é um esporte de combate que consiste em projetar o adversário ao solo a partir


de técnicas aplicadas em pé, além de permitir finalizações no solo, como estrangula-
mentos, chaves de articulação e imobilizações. Jigoro Kano desenvolveu o judô com o
propósito educacional, no entanto, como outras modalidades, passou por um processo
de esportivização.

Com base nas informações fornecidas, qual das alternativas a seguir descreve correta-
mente uma mudança ocasionada pelo processo de esportivização do judô?

a) A inclusão de técnicas de chutes e socos, tornando o judô uma modalidade híbrida


com o boxe e o kickboxing.
b) A ênfase na educação e no desenvolvimento pessoal, com a competição esportiva
sendo deixada em segundo plano.
c) A mudança nos objetivos da prática da modalidade, com foco no resultado esportivo.
d) A exclusão das técnicas de projeção e finalização no solo, limitando a prática do judô
apenas às técnicas aplicadas em pé.
e) A utilização de kimonos de melhor qualidade e cores padronizadas.

2. O taekwondo participou como esporte de exibição nas Olimpíadas de Seul-1988 e Bar-


celona-1992.

Qual foi o ano em que o Taekwondo foi incluído no programa olímpico?

a) 1970.
b) 1988.
c) 1902.
d) 2023.
e) 2000.

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VAMOS PRATICAR

3. O Taekwondo é uma arte marcial coreana sistemática e científica que ensina mais do
que habilidades físicas de luta. Atualmente, é um esporte global bem estabelecido e
uma competição oficial nas Olimpíadas. Ele apresenta alguns princípios fundamentais.

Com base nas informações apresentadas, avalie as asserções a seguir e a relação


proposta entre elas:

I - O princípio da integridade existe para tentar conscientizar o aluno sobre o que é certo
ou errado.

PORQUE

II - Ele mostra que o foco da luta é a briga e que não existe uma conversa ou diálogo
com o adversário.

A respeito dessas asserções, assinale a opção correta:

a) As asserções I e II são verdadeiras, e a II é uma justificativa correta da I.


b) As asserções I e II são verdadeiras, mas a II não é uma justificativa correta da I.
c) A asserção I é uma proposição verdadeira e a II é uma proposição falsa.
d) A asserção I é uma proposição falsa e a II é uma proposição verdadeira.
e) As asserções I e II são falsas.

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REFERÊNCIAS

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Devir, [s. l.], v. 5, n. 1, 2016.

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CIRINO, C.; PEREIRA, M. P. V. C. Conteúdos de aprendizagem do judô: da prática tradicional


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Deportes, [s. l.], v. 26, n. 285, 2021.

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tes,os%20jogos%20oficiais%20nas%20olimp%C3%ADadas. Acesso em: 10 ago. 2023.

NUNES, A. V.; RUBIO, K. As origens do judô brasileiro: a árvore genealógica dos medalhistas olím-
picos. Revista Brasileira de Educação Física e Esporte, [s. l.], v. 26, n. 4, p. 667-678, 2012.

NUNES, V. A. História do Judô. CBJ Brasil, [202-?]. Disponível em: https://cbj.com.br/histo-


ria_do_judo/. Acesso em: 10 ago. 2023.

REDE DO ESPORTE. Taekwondo. Página inicial, [202-?]. Disponível em: http://rededoesporte.


gov.br/pt-br/megaeventos/olimpiadas/modalidades/taekwondo. Acesso em: 10 ago. 2023.

RUBIO, K. Jogos olímpicos da era moderna: uma proposta de periodização. Revista Brasi-
leira de Educação Física e Esporte, [s. l.], v. 24, n. 1, p. 55-68, mar. 2010.

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CONFIRA SUAS RESPOSTAS

1. Opção C.

O judô é um esporte de combate que consiste em projetar o adversário ao solo a partir de


técnicas aplicadas em pé, além de permitir finalizações no solo, como estrangulamentos,
chaves de articulação e imobilizações. Jigoro Kano desenvolveu o judô com o propósito
educacional, no entanto, como outras modalidades, passou por um processo de esporti-
vização. Isso acarretou mudanças nos aspectos técnicos, métodos de ensino e na relação
entre professores e alunos, e levou a mudanças nos objetivos da prática da modalidade,
com foco no resultado esportivo. Como resultado, o judô é amplamente praticado em
clubes, academias e associações.

2. Opção E.

O taekwondo participou como esporte de exibição nas Olimpíadas de Seul-1988 e Bar-


celona-1992, e foi incluído no programa olímpico em Sydney-2000, quando passou a
valer medalhas.

3. Opção C.

O princípio da integridade existe para tentar conscientizar o aluno sobre o que é certo ou
errado. Ele mostra que o aluno deve sempre agir de maneira correta, buscar seus objetivos
de maneira justa e nunca tentar demonstrar ser superior a ninguém.

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MEU ESPAÇO

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TEMA DE APRENDIZAGEM 3

ELEMENTOS COMUNS NAS


MODALIDADES DE LUTAS E ARTES
MARCIAIS

MINHAS METAS

Tratar da filosofia das artes marciais.

Conduzir a discussão apontando para a disciplina das artes marciais.

Mostrar os valores morais das artes marciais.

Descrever o conceito de não violência das artes marciais.

Demonstrar a promoção do respeito das artes marciais.

Mostrar a característica combate corporal.

Demonstrar alguns sistemas de graduação.

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UN I C ES UMA R

INICIE SUA JORNADA


Em uma tarde ensolarada, três amigos de longa data, João, Lindomar e Luiz, se reu-
niram em um café acolhedor. Enquanto trocavam histórias e atualizações sobre suas
vidas, eles descobriram um elo surpreendente: todos estavam envolvidos no mundo
das artes marciais. E então, cada um deles decidiu mostrar que sua arte marcial era
única e se destacava sobre as demais. Você também acredita nessa competição?

João compartilhou sua jornada no Taekwondo. Ele falou animadamente sobre os


chutes altos e os movimentos acrobáticos que desafiavam seus limites físicos.
Lindomar revelou sua paixão pelo Judô. Ele descreveu a sensação de graciosa-
mente lançar e imobilizar seu oponente usando a força e o equilíbrio a seu favor.
Luiz falou sobre o Karatê, sua modalidade de escolha. Ele destacou os movimen-
tos precisos e a filosofia por trás de cada golpe.

Enquanto ouviam uns aos outros, João, Lindomar e Luiz perceberam que, em-
bora praticassem diferentes modalidades, as características comuns nas artes
marciais eram notáveis. A disciplina, a paciência e o respeito mútuo eram valores
essenciais compartilhados entre eles. Eles entenderam que, independentemente
da escolha de modalidade, as artes marciais eram uma jornada de autodesenvol-
vimento, superação e construção de caráter.

VAMOS RECORDAR?
Você certamente já se deparou com uma modalidade de luta e ficou intrigado com
seus movimentos ágeis e precisos, seja nos filmes de ação, nas academias ou em
qualquer outro lugar, as artes marciais exercem um poderoso fascínio sobre nós.
Das milenares técnicas orientais aos modernos estilos ocidentais, existem inú-
meras modalidades de lutas praticadas em todo o mundo. Mas o que todas elas
têm em comum? É exatamente isso que vamos explorar.

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T E MA D E APRE N D IZAGEM 3

DESENVOLVA SEU POTENCIAL

FILOSOFIA DAS ARTES MARCIAIS

As artes marciais possuem um aspecto filosófico intrínseco ao seu aprendizado,


que deve sempre ser explorado por professores, mestres, senseis e todos aqueles
envolvidos nas lutas e artes marciais. Elas sempre foram vistas como algo muito
mais profundo e significativo do que o mero desenvolvimento técnico para mol-
dar o corpo e executar golpes perfeitos. Para os primeiros praticantes, o cultivo de
virtudes como fidelidade, tolerância e disciplina promovia o autoconhecimento
e guiava as condutas na vida cotidiana (LOPES; DANUCALOV, 2016).

VOCÊ SABE RESPONDER?


Qual modalidade de luta combina melhor com o seu estilo e personalidade?

Cada modalidade de luta possui sua própria es-


Cada modalidade
sência e processo de aprendizado, que são evi-
de luta possui sua
denciados através dos golpes utilizados. Algu-
própria essência
mas lutas são baseadas em técnicas de quedas,
projeções e desequilíbrio, enquanto outras se
concentram em defesas ou ataques, como socos e chutes. Há também aquelas
que envolvem o uso de equipamentos, como espadas e bastões. Essas caracte-
rísticas distintas são fundamentais para cada modalidade, contribuindo para
a sua essência e proporcionando diferentes oportunidades de aprendizado
em cada uma delas (FERNANDES, 2013).
Ela vai além das técnicas de combate e abrange uma série de princípios e valo-
res que moldam a mentalidade e o comportamento dos praticantes. Embora exis-
tam diferentes estilos e escolas de artes marciais, há certos princípios filosóficos
que são comumente compartilhados entre elas, como o autocontrole e o respeito.

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UN I C ES UMA R

Considerando que as regras e as técnicas são transmitidas por indivíduos mais


experientes, que podem ser chamados de mestres, professores, senseis, existe um
aprendizado que se assemelha a uma relação de pai para filho, professor para
aluno e mestre para aprendiz. Nesse processo, de maneira simples ou intencio-
nal, é transmitida uma filosofia que envolve o respeito às regras, ao professor, ao
oponente e aos companheiros de equipe.


A filosofia das artes marciais não se limita apenas ao contexto de
combate físico, mas também se estende ao desenvolvimento pes-
soal, ao cultivo de virtudes e à busca por uma vida equilibrada e
significativa. Cada praticante pode interpretar e aplicar esses prin-
cípios de acordo com suas próprias experiências e objetivos indivi-
duais (FERNANDES, 2013, s. p.).

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T E MA D E APRE N D IZAGEM 3

PROMOÇÃO DE VALORES MORAIS

Dentro do contexto das várias atividades físicas, as artes marciais destacam-se por
aspectos positivos que são adquiridos por meio de sua prática. É frequente encontrar
nas campanhas promocionais de diversas escolas a afirmação de que as artes marciais
fomentam a disciplina e auxiliam no controle da agressividade (SANTOS, 2021).

Na realidade, todas as artes marciais têm como base a Todas as artes


ideia de educação, no sentido de transmitir conhecimen- marciais têm como
tos daqueles que possuem maior experiência nos funda- base a ideia de
mentos da tradição para aqueles que possuem menos. educação


Não é por acaso que as artes marciais mais tradicionais ainda utili-
zam os termos “mestre” e “discípulo”, mesmo que esses termos se-
jam, muitas vezes, mal vistos em nossa sociedade atual, que tende
a reduzir o papel do professor a uma função técnica ou de simples
“mediador”, como muitos afirmam (FERNANDES, 2019, s. p.).

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IN D ICAÇ ÃO DE FI LM E

Ip Man
Sinopse: o filme Ip Man – O Grande Mestre, de 2008, é basea-
do na história real do mestre de Wing Chun, Ip Man, mestre do
ator e lutador Bruce Lee, e retrata sua jornada e seu compro-
misso com os valores das artes marciais, incluindo respeito,
humildade e compaixão.
Comentário: embora o filme Ip Man – O Grande Mestre seja um
filme de ação, ele demonstra importantes princípios e filosofias
das artes marciais, como a disciplina, o respeito e a humildade.

A presença de um conjunto de valores morais é o que permite transcender a na-


tureza das artes marciais, evitando que sejam reduzidas apenas à dimensão física
do combate. A arte marcial não se limita à prática de movimentos específicos,
mas também possui um conteúdo intelectual e um sistema de valores baseado
em uma visão particular do universo e do papel do ser humano nele. Assim, a
prática das artes marciais carrega consigo a busca pela consciência de si mesmo,
do mundo e dos companheiros, proporcionando um exercício que visa aprimorar
a concentração, a percepção e a atenção (SANTOS, 2021).

PROMOÇÃO DA NÃO VIOLÊNCIA

As lutas são confrontos nos quais os oponentes buscam subjugar um ao outro,


utilizando técnicas e estratégias de desequilíbrio, contusões, imobilização ou
exclusão de determinado espaço, por meio de ações de ataque e defesa. Elas se
distinguem por possuírem regulamentações específicas, com o objetivo de coibir
comportamentos violentos e desleais (LOPES; PONTES; CAMPOS, 2015).
As artes marciais vão muito além de simples técnicas de autodefesa e condi-
cionamento físico, embora muitas pessoas se sintam atraídas por esses motivos ao
praticá-las. No entanto, é importante fazer uma distinção entre arte marcial,
defesa pessoal, práticas de combate, esportes de combate e luta. Embora al-
gumas dessas práticas possam estar presentes dentro de uma arte marcial, as artes

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T E MA D E APRE N D IZAGEM 3

marciais não se limitam apenas à autodefesa. Na verdade, em nossa compreensão


de arte marcial, até mesmo o conceito de autodefesa deve ser ampliado. Afinal,
sempre precisamos nos defender, mas nem sempre as ameaças que enfrentamos
no mundo contemporâneo se limitam a ataques físicos diretos. E mesmo quando
lidamos com esse tipo de ameaça, nem sempre a resposta adequada é recorrer ao
combate corporal individual (FERNANDES, 2019).
A diferenciação entre as diversas artes marciais está na sistematização corpo-
ral de cada uma e em sua função específica em relação às outras. Em determina-
das modalidades, o objetivo do golpe pode ser imobilizar ou projetar o adversário,
como no caso do Jiu-Jítsu e do Judô. Em outras, o foco é na aplicação de golpes
com diferentes partes do corpo, com a intenção de nocaute ou enfraquecer o
oponente, como no Karatê, Boxe e Muay Thai. Podemos dizer, então, que há um
duplo objetivo nessa sistematização: golpear o oponente e evitar ser golpeado
(LOPES; DANUCALOV, 2016).


Analisando o contexto das lutas, encontramos frases e campanhas
com slogans como “Quem luta, não briga”. Dentro dessa frase há
uma grande importância filosófica e educacional, que estabelece
uma regra e um comportamento para lutadores e praticantes de
artes marciais, incentivando-os a não brigar e a utilizar as técnicas
marciais apenas no âmbito próprio das artes marciais, com o devido
respeito (FERNANDES, 2013, s. p.).

No entanto, é importante destacar que a adesão à violência é meramente figu-


rativa no contexto marcial, pois existe uma linha tênue que separa a violência e a
brutalidade, contradizendo a intenção e o aprimoramento natural dos praticantes.
Devemos compreender que o duelo através do combate é apenas um estímulo para
a qualificação e adaptação aos objetivos e subjetivos que visam à preservação da inte-
gridade moral e física dos praticantes, levando-os à consciência e responsabilidade de
uma conduta ético-corporal para a manutenção e desenvolvimento do ser humano,
tanto consigo mesmo quanto com seu oponente (LOPES; DANUCALOV, 2016).

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Cada arte marcial possui uma objetividade característica distinta, e no contexto


atual de nossa sociedade, entendemos que é necessário praticá-las constante-
mente para alcançar a perfeição e o controle. Nesse sentido, um dos caminhos
para atingir esse objetivo é o duelo, que aproxima os participantes de situações e
comportamentos reais, permitindo a aplicação eficiente das técnicas desenvolvi-
das em cada arte marcial (LOPES; DANUCALOV, 2016).

As lutas não devem ser associadas à violência, pois, em sua essência, elas não
possuem nenhuma relação direta com tal comportamento. É importante ressaltar
que a violência, muitas vezes, é o resultado de comportamentos inadequados por
parte de alguns praticantes, que utilizam as lutas de forma equivocada. Infeliz-
mente, essa associação errônea contribui para que a sociedade relacione essas
práticas à violência. Além disso, a forma como as artes marciais são retratadas
pela mídia também desempenha um papel importante, pois pode influenciar na
percepção pública sobre o assunto (LOPES; PONTES; CAMPOS, 2015).

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DIFUSÃO DO RESPEITO

Nas artes marciais, a integração entre corpo e mente


é fundamental e não é separada. Além disso, há um A integração entre
corpo e mente é
grande respeito pela figura do “educador”, o mestre,
fundamental e não é
e pelo relacionamento com seus discípulos. É nessa
separada
relação que a continuidade dos ensinamentos cons-
truídos e acumulados é garantida. O papel do professor vai além de simplesmente
apresentar conceitos. Ele também desempenha o papel de incentivar e estimular
os alunos a recriarem, de forma criativa, esses conceitos apresentados, além de es-
perar que eles desenvolvam seus próprios conceitos. É semelhante a um discípulo
de uma arte marcial que aprende com seu mestre, mas não pode simplesmente
imitar os movimentos do mestre como se fosse uma coreografia e esperar que
sejam eficazes em uma situação real de confronto. O mestre de artes marciais
ensinará os “golpes”, mas saber os golpes não é suficiente. Há algo na relação
entre mestre e discípulo que transcende a ideia limitada que temos do professor
como alguém que apenas transmite informações (FERNANDES, 2019).


As lutas são caracterizadas por atitudes de respeito, mesmo durante
os combates, em que os lutadores se cumprimentam ao finalizar a
luta. Princípios como esses, juntamente com outros, como não gol-
pear um oponente que esteja caindo no boxe ou não atingir abaixo
da cintura, são filosofias que são exploradas dentro das regras de
cada modalidade (FERNANDES, 2013, s. p.).

O mestre tem como objetivo incentivar seus discípulos a descobrirem sua própria
maneira de utilizar as técnicas transmitidas, deixando sua própria marca na forma
como executam os golpes, sempre com autenticidade, legitimidade e autonomia.

Um bom mestre deseja que seu discípulo não dependa dele eternamente, mas
sim que aprenda e se torne um mestre por si mesmo, continuando assim a tarefa
de educar.

Por sua vez, um bom discípulo não guarda os ensinamentos apenas para si, mas
os transmite para as próximas gerações e os utiliza para intervir no mundo real.

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Dessa forma, toda arte marcial é uma arte de viver bem, uma tentativa de se
moldar ao mundo e resolver os problemas que surgem (FERNANDES, 2019).

COMBATE CORPORAL

Cada arte marcial e modalidade de luta possui suas próprias técnicas de combate
distintas, que abrangem uma variedade de movimentos, como golpes, chutes, so-
cos, bloqueios, arremessos, quedas e imobilizações. Essas técnicas são ensinadas
e praticadas com o objetivo de aprimorar as habilidades de combate e autodefesa.

A P RO F UNDA NDO

SUMÔ
O sumô é um esporte tradicional do Japão que remonta a séculos atrás, des-
crito no livro Kojiki. Atualmente, as regras e tradições do sumô permanecem
praticamente inalteradas, mantendo a homenagem aos deuses e o desejo por
uma boa colheita. A luta ocorre em um círculo com solo duro, e o objetivo é fazer
com que o oponente saia do círculo ou toque o chão com uma parte do corpo
que não seja a sola do pé. As lutas são rápidas, variando de alguns segundos a,
no máximo, 3 minutos.
Embora aparentemente simples, o sumô possui uma tradição profunda, prepa-
rações exaustivas e uma organização impressionante, envolvendo altos cus-
tos financeiros. Os lutadores, conhecidos como rikishis, vivem em academias
onde treinam intensamente, comendo e dormindo no local. A admissão nas
academias é rigorosa, com idade entre 12 e 15 anos. Os treinos são intensos,
começando às 5 horas da manhã, e incluem uma refeição especial chamada
“chanco-nabe”. A temporada oficial de sumô é composta por seis campeonatos
anuais, com aproximadamente 850 lutadores divididos em seis categorias.
Os lutadores de sumô são gigantes, com média de 150 kg na divisão superior.
Os campeões yokozuna são considerados semideuses na cultura japonesa e
têm prestígio até mesmo junto ao Imperador. No Brasil, o sumô começou a ser
praticado em 1912, e existe um Campeonato Brasileiro de Sumô que ocorre há
50 anos. Alguns brasileiros lutam profissionalmente no Japão, representando o
país nessa arte marcial tradicional (CULTURA JAPONESA, [202-?], on-line).

Fonte: https://www.culturajaponesa.com.br/index.php/esportes/artes-mar-
ciais/sumo/

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SISTEMA DE GRADUAÇÃO

Cada arte marcial possui um sistema próprio de


Cada arte marcial
graduação. A graduação nas artes marciais serve
possui um
como um sistema de reconhecimento e progres- sistema próprio de
so para os praticantes. É uma forma de avaliar e graduação
classificar o nível de habilidade, conhecimento e
experiência de um indivíduo dentro da prática da arte marcial específica.
A seguir, conheceremos, de forma breve, o sistema de graduação de algumas
modalidades.

Judô

Na prática do Judô, a graduação é determinada com Judô é baseada


base nos conhecimentos adquiridos em relação à no mérito e no
história e filosofia da arte marcial, nos princípios cumprimento
do espírito do Judô, no domínio e habilidades na desses requisitos
execução das técnicas, bem como na contribuição específicos

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para a divulgação e progresso do Judô. Os praticantes são autorizados a usar faixas


coloridas de acordo com esses critérios estabelecidos nesse regulamento. Para ser
promovido nas graduações subsequentes, é necessário atender simultaneamente
aos critérios de tempo mínimo na graduação anterior e à idade mínima estabele-
cida. Dessa forma, a progressão na graduação no Judô é baseada no mérito e no
cumprimento desses requisitos específicos, que visam avaliar tanto o conhecimento
teórico quanto o desempenho prático dos praticantes (CBJ BRASIL, 2021).

E U IN D ICO

Conheça o documento que discrimina o regulamento para


exame e outorga de faixas e graus da Confederação Bra-
sileira de Judô.
Nele, é mostrado, inclusive, um referencial teórico que justifica
o formato de graduação do Judô.

Capoeira

Na capoeira, a graduação segue um sistema específico, utilizando o cordão, corda


ou cordel. Entretanto, não existe uma padronização oficial e que seja adotado
por todos os praticantes da modalidade, havendo muitas variações, a depender
da região ou grupo.

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Muay Thai

Com o crescimento global do Muay Thai, foi estabelecido um sistema de gradua-


ção que reflete a progressão dos praticantes nessa arte marcial. A graduação é re-
presentada por meio do Kruang, uma faixa colocada no braço (bíceps) do lutador,
correspondente a sua respectiva cor de graduação. A mudança de graduação ocorre
de acordo com o progresso do praticante nas lutas, normalmente em um período
máximo de três meses. Esse sistema de graduação proporciona uma forma visível de
reconhecimento e incentivo à evolução dos lutadores de Muay Thai (CMTB, [202-?]).

E U IN D ICO

Conheça o sistema de graduação do Muay Thai regulamenta-


do pela Confederação Brasileira de Muay Thai (CMTB)

As artes marciais possuem uma profunda filosofia e são fundamentadas na


disciplina. Além de treinar o corpo, elas buscam desenvolver a mente e o espírito
dos praticantes. Por meio de princípios como respeito, humildade, autocontrole e
perseverança, as artes marciais incentivam valores morais e éticos, promovendo
o crescimento pessoal e a busca por um equilíbrio interior. A disciplina é uma
parte essencial desse processo, exigindo comprometimento, dedicação e rigor
no treinamento. Através da prática constante e do respeito às regras e tradições,
as artes marciais oferecem um caminho para o autodesenvolvimento e a auto-
transformação, promovendo não apenas habilidades físicas, mas também uma
mentalidade forte e resiliente.

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Sumô: uma arte marcial que enfatiza força, técnica e


estratégia em confrontos de luta corporal.

Karatê: uma arte marcial caracterizada por golpes po-


derosos e precisos com punhos, cotovelos, joelhos e
pernas.

Judô: uma arte marcial que se concentra em técnicas


de arremesso e controle do oponente usando a força e
o movimento eficientes.

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Capoeira: uma arte marcial que combina elementos


de luta, dança, acrobacia e música, desenvolvendo
força, flexibilidade e ritmo.

Muay Thai: uma arte marcial que enfatiza golpes po-


derosos com os punhos, cotovelos, joelhos e pernas,
além de clinches e técnicas de defesa.

Kung Fu (Wing Chun): um estilo de kung fu chinês


que enfatiza movimentos rápidos, ataques diretos e
técnicas de defesa próximas, com foco na eficiência e
economia de movimentos.

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NOVOS DESAFIOS
A filosofia, disciplina e valores morais promovidos pelas artes marciais podem
ser uma estratégia adotada até mesmo para o trabalho fora dos tatames, cabendo
ao profissional extrapolar esses conceitos para a vida de seus alunos ou clientes.
A aplicação desses conceitos é possível até mesmo no mundo corporativo, fa-
zendo com que a organização empresarial e a gestão de recursos financeiros e hu-
manos sejam embasadas nos princípios milenares propostos pelas artes marciais.
Os princípios filosóficos, a disciplina e os valores morais promovidos pelas ar-
tes marciais podem influenciar positivamente não apenas nas habilidades físicas,
mas também em diversas profissões. Algumas possíveis atuações profissionais
que podem lançar mão desses conceitos: Coaching Empresarial, Instrutor de
Treinamento de Equipes, Consultor em Gestão de Conflitos, Palestrante Moti-
vacional e Consultor de Desenvolvimento Pessoal.

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VAMOS PRATICAR

1. Além de técnicas de autodefesa e condicionamento físico, as artes marciais abrangem


uma série de outros aspectos.

Sobre as artes marciais e sua relação com a autodefesa, assinale a alternativa correta:

a) As artes marciais são exclusivamente voltadas para a autodefesa física e não possuem
outras dimensões além disso.
b) A autodefesa é o único objetivo das artes marciais, não havendo espaço para a ex-
pressão artística ou o desenvolvimento pessoal.
c) Embora a autodefesa seja uma parte das artes marciais, essas práticas também
abrangem outras dimensões e enfrentam ameaças além dos ataques físicos diretos.
d) As artes marciais são apenas uma forma de luta esportiva e não têm relação com a
autodefesa ou outros aspectos mais amplos.
e) A autodefesa não tem relevância nas artes marciais, que se concentram principal-
mente em atividades físicas e condicionamento do corpo.

2. No Judô, a graduação dos praticantes é determinada levando em consideração diver-


sos critérios.

Analise as afirmativas a seguir sobre a progressão na graduação no Judô:

I - A graduação no Judô é determinada com base no conhecimento teórico sobre a


história e filosofia da arte marcial, bem como no domínio e habilidades na execução
das técnicas.
II - A progressão na graduação no Judô é baseada no mérito e no cumprimento de requisitos
específicos, que avaliam tanto o conhecimento teórico quanto o desempenho prático.
III - Os praticantes de Judô são promovidos automaticamente para a próxima graduação
após um período mínimo estabelecido.

É correto o que se afirma em:

a) I, apenas.
b) III, apenas.
c) I e II, apenas.
d) II e III, apenas.
e) I, II e III.

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VAMOS PRATICAR

3. A prática das artes marciais vai além dos movimentos físicos e possui um conjunto de va-
lores morais que possibilitam transcender sua dimensão de combate. Esses valores têm
como objetivo desenvolver a consciência de si mesmo, do mundo e dos companheiros.

Considerando essas informações, assinale a alternativa correta sobre a filosofia das


artes marciais:

a) A filosofia das artes marciais se restringe à prática de movimentos físicos e não envolve
um sistema de valores ou uma visão particular do universo.
b) A filosofia das artes marciais visa apenas ao aprimoramento da concentração e da
percepção, não estando relacionada à consciência de si mesmo ou aos valores morais.
c) A filosofia das artes marciais é baseada em uma visão particular do universo e busca
o desenvolvimento da consciência de si mesmo, do mundo e dos companheiros, além
de possuir um conjunto de valores morais.
d) A filosofia das artes marciais se limita ao exercício físico, não estando associada à
percepção ou à atenção.
e) A filosofia das artes marciais não possui um conteúdo intelectual e está exclusiva-
mente focada nos movimentos específicos da prática, sem considerar valores morais.

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REFERÊNCIAS

CBJ BRASIL. Confederação Brasileira de Judô. Regulamento para exame e outorga


de faixas e graus – 2021. 2021. Disponível em: https://cbj.com.br/painel/arquivos/nor-
mas_e_regulamentos/arquivo_cbj_175635110822.pdf. Acesso em: 11 ago. 2023.

CMTB. Confederação de Muay Thai do Brasil. Graduação. [202-?]. Disponível em: https://
www.cmtb.com.br/graduacao. Acesso em: 11 ago. 2023.

CULTURA JAPONESA. Sumô. Artes Marciais, [202-?]. Disponível em: https://www.culturaja-


ponesa.com.br/index.php/esportes/artes-marciais/sumo/. Acesso em: 11 ago. 2023.

FERNANDES, D. S. Lutas e suas possibilidades. EFDeportes, Buenos Aires, ano 18, n. 180,
maio 2013.

FERNANDES, F. A. Desafiando os problemas: um diálogo entre filosofia, educação e artes


marciais. Ítaca, [s. l.], v. 34, 2019.

LOPES, J. C.; DANUCALOV, M. A. D. Filosofia, ética e moral: um estudo dos valores inerentes
às artes marciais. American Journal of Sports Training, [s. l.], 2016.

LOPES, R. R.; PONTES, J. A. M.; CAMPOS, W. M. Lutas marciais: briga, luta ou caminho à edu-
cação. FIEP Bulletin, [s. l.], v. 85, n. 2, 2015.

SANTOS, G. O. Arte marcial, cinema e moralidade: impulsos do corpo e o cultivo de si. Movi-
mento, [s. l.], v. 27, n. e27051, 2021.

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CONFIRA SUAS RESPOSTAS

1. Opção C.

As artes marciais vão muito além de simples técnicas de autodefesa e condicionamento


físico, embora muitas pessoas se sintam atraídas por esses motivos ao praticá-las. No
entanto, é importante fazer uma distinção entre arte marcial, defesa pessoal, práticas de
combate, esportes de combate e luta. Embora algumas dessas práticas possam estar
presentes dentro de uma arte marcial, as artes marciais não se limitam apenas à auto-
defesa. Na verdade, em nossa compreensão de arte marcial, até mesmo o conceito de
autodefesa deve ser ampliado. Afinal, sempre precisamos nos defender, mas nem sempre
as ameaças que enfrentamos no mundo contemporâneo se limitam a ataques físicos
diretos. E mesmo quando lidamos com esse tipo de ameaça, nem sempre a resposta
adequada é recorrer ao combate corporal individual (FERNANDES, 2019).

2. Opção C.

Na prática do Judô, a graduação é determinada com base nos conhecimentos adquiri-


dos em relação à história e filosofia da arte marcial, nos princípios do espírito do Judô,
no domínio e habilidades na execução das técnicas, bem como na contribuição para a
divulgação e progresso do Judô. Os praticantes são autorizados a usar faixas coloridas
de acordo com esses critérios estabelecidos nesse regulamento. Para ser promovido nas
graduações subsequentes, é necessário atender simultaneamente aos critérios de tempo
mínimo na graduação anterior e à idade mínima estabelecida. Dessa forma, a progressão
na graduação no Judô é baseada no mérito e no cumprimento desses requisitos especí-
ficos, que visam avaliar tanto o conhecimento teórico quanto o desempenho prático dos
praticantes (CBJ BRASIL, 2021).

3. Opção C.

A presença de um conjunto de valores morais é o que permite transcender a natureza


das artes marciais, evitando que sejam reduzidas apenas à dimensão física do combate.
A arte marcial não se limita à prática de movimentos específicos, mas também possui um
conteúdo intelectual e um sistema de valores baseados em uma visão particular do uni-
verso e do papel do ser humano nele. Assim, a prática das artes marciais carrega consigo
a busca pela consciência de si mesmo, do mundo e dos companheiros, proporcionando
um exercício que visa aprimorar a concentração, a percepção e a atenção (SANTOS, 2021).

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MEU ESPAÇO

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MEU ESPAÇO

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UNIDADE 3
TEMA DE APRENDIZAGEM 4

A ADOÇÃO DAS LUTAS COMO


ESTRATÉGIA PARA A PROMOÇÃO DA
SAÚDE E DA QUALIDADE DE VIDA

MINHAS METAS

Ilustrar que as artes marciais vão muito além do combate corporal.

Relacionar artes marciais e qualidade de vida.

Relacionar artes marciais e aptidão física.

Relacionar artes marciais e liderança.

Relacionar artes marciais e saúde cardiovascular.

Relacionar artes marciais, autoestima e autoconfiança.

Relacionar artes marciais, ansiedade e estresse.

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INICIE SUA JORNADA


A prática regular de determinada arte marcial proporciona inúmeros benefícios
para a saúde e, consequentemente, contribui para a melhora na percepção da qua-
lidade de vida. Além disso, as artes marciais são reconhecidas por promoverem
valores como disciplina, respeito e humildade, além de fortalecerem a autoestima
e a confiança. Assim, fica evidente que a prática regular de artes marciais pro-
porciona um vasto leque de benefícios, que vão muito além das habilidades de
combate e que exploraremos, juntos, nessa unidade.
Antes de iniciarmos, vamos conhecer a história de Lucas, que sempre foi uma
pessoa com uma personalidade tímida e insegura, o que o deixava constantemen-
te ansioso e com baixa autoestima.
Certo dia, Lucas conheceu um amigo que o convidou para experimentar uma
aula de judô. Inicialmente, ele relutou, pois tinha em mente apenas a imagem das
lutas e combates corporais. No entanto, seu amigo insistiu que as artes marciais
iam muito além disso, sendo uma jornada de autodesenvolvimento e bem-estar.
Curioso e disposto a fazer uma mudança em sua vida, Lucas decidiu embarcar
nessa aventura. Na primeira aula, ele foi recebido por um mestre que transmitia
não apenas a técnica dos golpes, mas também a filosofia por trás das artes mar-
ciais. O mestre enfatizou que o verdadeiro combate estava dentro de si mesmo,
lutando contra medos, inseguranças e limitações.
À medida que Lucas mergulhava nas artes marciais, ele começou a notar mu-
danças surpreendentes em sua vida. O treinamento constante não apenas
fortalecia seu corpo, mas também sua mente. Ele desenvolveu habi-
lidades de concentração, foco e disciplina, aprendendo a superar
desafios e persistir diante das dificuldades.
Com o tempo, Lucas percebeu que as artes

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marciais eram uma poderosa ferramenta de promoção da saúde e qualidade de


vida. Ele não apenas se tornou mais forte fisicamente, mas também desenvolveu
uma confiança inabalável em si mesmo. Sua autoestima cresceu, permitindo que
ele enfrentasse desafios em todas as áreas de sua vida com coragem e determinação.
A jornada pela prática de uma arte marcial pode ser verdadeiramente trans-
formadora, convidando-nos a olhar para dentro de nós mesmos e despertando
reflexões profundas sobre quem somos e como enfrentamos os desafios da vida.
Você já experimentou a prática de alguma arte marcial? Se sim, tente refletir
sobre as experiências que viveu enquanto estava praticando e quais foram as
consequências, positivas ou negativas, para sua vida.

VAMOS RECORDAR?
Talvez influenciados pelo cinema, geralmente temos a percepção de que as
artes marciais se resumem ao combate corporal e à defesa pessoal, não per-
cebendo a amplitude de benefícios que podem ser ocasionados a partir de
sua prática de maneira regular. Essa percepção limitada das artes marciais é
compreensível, uma vez que muitas vezes somos expostos apenas às cenas
de lutas espetaculares nos filmes, relegando outras dimensões igualmente im-
portantes dessas práticas. No entanto, é fundamental ressaltar que as artes
marciais são muito mais do que meros combates físicos; são disciplinas que
abrangem aspectos físicos, mentais e emocionais, com potencial para promo-
ver uma transformação holística na vida dos praticantes.
Quais são suas percepções acerca do tema? Já pensou nas artes marciais
como algo que vai muito além do combate corporal?

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DESENVOLVA SEU POTENCIAL

ARTES MARCIAIS ALÉM DO COMBATE CORPORAL

A prática de artes marciais tem sido reconhecida como uma forma de promover
não apenas a saúde física, mas também o bem-estar psicológico dos seus pratican-
tes. Estudos sobre os benefícios psicossociais das artes marciais começaram a surgir
no final dos anos 60, com o objetivo de investigar a relação entre traços de perso-
nalidade, desempenho e nível de habilidade dos praticantes (GOMES et al., 2019).
Ao longo da vida, a prática de artes marciais e lutas como modali-
dades esportivas pode trazer benefícios significativos para a saúde e o
bem-estar dos praticantes. Essa prática não se restringe apenas à juventude,
mas também pode ser mantida durante a terceira idade, proporcionando um
estilo de vida ativo e saudável.

Além dos benefícios físicos, como o desenvolvimento da força, flexibilidade e re-


sistência, a prática de artes marciais também desempenha um papel importante
na socialização e nas relações interpessoais. O convívio com outras pessoas en-
gajadas na mesma atividade promove o estabelecimento de vínculos sociais sig-
nificativos, que podem ajudar a reduzir os níveis de ansiedade e depressão (TOIGO;
JESUS; MORALES, 2022).

Em geral, os praticantes de Artes Marciais exibem características psicológicas


que coincidem com aquelas mencionadas na literatura marcial, como aumento
da concentração, autoconfiança, autocontrole, desenvolvimento de habilidades
sociais e, acima de tudo, respeito mútuo.


A prática das Artes Marciais tem mostrado um efeito positivo na redu-
ção da ansiedade, depressão e estresse, ajudando a prevenir a Síndrome
de Burnout e a procrastinação (MARTINS; FERREIRA, 2023, s. p.).

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QUALIDADE DE VIDA

Qualidade de vida refere-se à percepção que o in-


divíduo possui sobre sua posição na vida, levando Saúde física, o
estado psicológico,
em consideração o contexto cultural e os valores
o nível de
do sistema em que está inserido, em relação às
independência
suas metas, expectativas, padrões e preocupações.
Esse conceito abrange diversos aspectos, incluindo a saúde física, o estado psico-
lógico, o nível de independência, os relacionamentos sociais, as crenças pessoais
e as questões relacionadas ao ambiente em que se vive. Em suma, a qualidade
de vida é uma perspectiva ampla que engloba múltiplas dimensões e reflete a
percepção subjetiva do indivíduo em relação ao seu bem-estar global.
Quando se trata de qualidade de vida, é importante reconhecer que esse
conceito é subjetivo e depende da percepção individual. Cabe ao próprio in-
divíduo assumir a responsabilidade pela construção da sua qualidade de vida. A
escolha da atividade a ser praticada desempenha um papel crucial para alcançar
os resultados desejados e observar melhorias.

A busca pelas artes marciais


é motivada por diversos
fatores, que incluem a me-
lhoria da qualidade de vida,
manutenção do condicio-
namento físico, promoção
da saúde, disciplina mental,
autodefesa, combate corpo-
ral, meditação, desenvolvi-
mento do caráter, entre ou-
tros. No caso específico do
jiu-jitsu, essa modalidade
contribui significativamen-
te para a melhoria da qualidade de vida, abrangendo diferentes aspectos, como o fí-
sico, o psicológico, as relações sociais, o meio ambiente e a qualidade de vida global.

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A prática do jiu-jitsu oferece benefícios físicos, como o aprimoramento do con-


dicionamento físico, o aumento da força e flexibilidade, além de contribuir para o
controle do peso e a melhoria da saúde cardiovascular. No aspecto psicológico, o
jiu-jitsu pode proporcionar um maior equilíbrio emocional, redução do estresse e
aumento da autoconfiança. As relações sociais também são fortalecidas por meio
da interação com outros praticantes, promovendo o senso de pertencimento e
a construção de amizades. Além disso, o jiu-jitsu incentiva o respeito ao meio
ambiente e estimula a adoção de um estilo de vida saudável, contribuindo para a
qualidade de vida global do praticante.

Em resumo, a prática do jiu-jitsu apresenta uma série de benefícios que abrangem


diferentes áreas da qualidade de vida. Por meio do desenvolvimento físico, mental
e social proporcionado por essa arte marcial, é possível alcançar uma melhoria
significativa na qualidade de vida de quem a pratica (ROSA; PEIXOTO, 2018).

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Veja alguns exercícios específicos do jiu-jitsu, chamados


“Drills”, e que contribuem para o condicionamento físico.

Tai Chi Chuan

O Tai Chi Chuan, uma arte marcial chinesa milenar, abrange uma abordagem
multifacetada, incluindo aspectos culturais, rituais religiosos, exercício físico e
defesa pessoal. Seus movimentos suaves e contínuos tornam-no adequado para
pessoas de diferentes idades e capacidades físicas. A prática regular do Tai Chi
Chuan traz diversos benefícios, tais como o fortalecimento muscular, melhora do
equilíbrio, aprimoramento da função cognitiva e aumento da coordenação moto-
ra. Esses resultados positivos tornam-no uma atividade benéfica para pessoas de
todas as idades, especialmente idosos, contribuindo para a saúde e o bem-estar
geral (LINHARES et al., 2022).

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Conheça alguns movimentos básicos de Tai Chi Chuan.

Portanto, o Tai Chi Chuan oferece uma ampla gama de benefícios para in-
divíduos de todas as idades, incluindo idosos. Os ganhos de força muscular,
equilíbrio, melhora da função cognitiva e coordenação motora são reconhecidos
como resultados positivos da prática regular dessa arte marcial chinesa, propor-
cionando não apenas benefícios físicos, mas também contribuindo para a saúde
e o bem-estar geral (LINHARES et al., 2022).

APTIDÃO FÍSICA

É crucial que um técnico ou professor de artes marciais tenha um controle máximo


sobre a aptidão física de seus alunos, a fim de compreender suas limitações e
potenciais. Dessa forma, o profissional poderá auxiliar o atleta em seu desem-
penho esportivo, desenvolvendo estratégias de combate mais eficazes. Para tornar
isso uma realidade, a avaliação da aptidão física e seus protocolos desempenham
um papel primordial. Sem a aplicação de todos os recursos disponíveis para suprir
as necessidades do atleta, não haverá resultados positivos nem melhoria em seu
desempenho esportivo, dificultando a conquista do sucesso almejado.

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A P RO F UNDA NDO

A aptidão física se refere à capacidade que uma pessoa possui para realizar
atividades físicas com eficiência, minimizando o esforço necessário, tanto nas
tarefas simples do cotidiano como em atividades estruturadas, como exercícios
físicos e esportes. Em termos mais específicos, ela engloba um conjunto de
atributos relacionados aos aspectos funcionais do corpo humano. O conceito
de aptidão física se divide em duas categorias: aptidão física relacionada à per-
formance/desempenho e aptidão física relacionada à saúde.
A aptidão física relacionada à performance/desempenho está diretamente liga-
da aos atributos necessários para uma melhor execução das atividades físicas,
sejam elas realizadas durante momentos de lazer, trabalho, exercícios físicos ou
esportes. Os principais atributos que compõem essa categoria são: agilidade,
equilíbrio, velocidade, potência, coordenação e tempo de reação.
Por outro lado, a aptidão física relacionada à saúde engloba os atributos consi-
derados essenciais para uma vida ativa e saudável. Esses elementos influenciam
na prevenção de doenças, na capacidade de realizar as atividades diárias com
disposição e na promoção de uma vida autônoma e longeva. Os principais atribu-
tos que compõem essa categoria são: força e resistência muscular, flexibilidade,
aptidão cardiorrespiratória e composição corporal (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2022).


Nesse sentido, a avaliação física se torna uma ferramenta essencial. É
necessário avaliar os atletas de forma objetiva, a fim de compreender
seu estágio atual de condicionamento físico e, em seguida, moni-
torar seu progresso. Isso permite identificar se é necessário realizar
adaptações ao planejamento original, garantindo que o treinamento
seja efetivo e direcionado às necessidades específicas de cada atleta
(BUENO; LOPES; MARTÍNEZ-ÁVILA, 2018).

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Ouça o episódio Artes marciais, meditação, sonhos e saúde,


do canal Mergulho mental. Nele, é tratado da temática das ar-
tes marciais e saúde sob o ponto de vista ocidental e oriental.

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LIDERANÇA

Existem várias experiências, formações e vivências que podem influenciar


o desenvolvimento de comportamentos de liderança. Uma dessas experiências
é a prática de Artes Marciais, que pode ter um impacto positivo na redução da
agressividade de adolescentes nas aulas de Educação Física e na prática das ar-
tes marciais. Isso contribui para o autocontrole dos alunos, sua formação como
cidadãos e até mesmo como uma ferramenta para o desenvolvimento humano.
Não é suficiente que alguém tenha títulos, cursos e certificados para se tornar
um líder. Embora as habilidades técnicas (hard skills) sejam importantes, também
é crucial que um líder desenvolva habilidades comportamentais (soft skills). Um
bom líder é aquele que se preocupa com seus membros da equipe, os respeita,
cuida deles e se concentra no desenvolvimento pessoal das pessoas. Esses são
aspectos que podem ser trabalhados através da prática esportiva, como as Artes
Marciais (MARTINS; FERREIRA, 2023).

O suporte social e a interação com outros praticantes são elementos que contri-
buem para a saúde mental e emocional, proporcionando um senso de pertenci-
mento e fortalecendo a autoestima e as artes marciais são excelentes ferramen-
tas para estimular isso. Além disso, a prática de artes marciais pode ser uma forma
de expressão pessoal e de autodesenvolvimento. Ela estimula o autoconhecimen-
to, a disciplina e o controle emocional, habilidades que são importantes para lidar
com os desafios do dia a dia. A superação de obstáculos físicos e mentais durante
o treinamento também promove um senso de realização pessoal e confiança nas
próprias capacidades (TOIGO; JESUS; MORALES, 2022).

Benefícios do Jiu-Jitsu para crianças

Muitos pais incentivam seus filhos a praticarem esportes como uma forma sau-
dável de canalizar sua energia. O Jiu-Jitsu é uma opção popular para prepará-los
para situações desafiadoras. A idade ideal para iniciar é geralmente a partir dos 6
anos, quando as crianças estão mais desenvolvidas fisicamente e têm habilidades
motoras básicas. A decisão de começar deve ser baseada no interesse e disposição
da criança, com orientação de profissionais capacitados.

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Acompanhe uma aula de jiu-jitsu com crianças, ministrada de


maneira lúdica, mas estimulando inúmeras capacidades.

O Jiu-Jitsu vai além das técnicas de defesa pessoal, ensinando disciplina, respeito,
perseverança e autocontrole. Promove o condicionamento físico, coordenação
motora e equilíbrio, contribuindo para um crescimento saudável e melhoria da
saúde geral da criança.
Os pais devem acompanhar de perto a jornada esportiva de seus filhos, assegu-
rando que a prática seja em um ambiente seguro e supervisionado, com instrutores
qualificados. Os treinos de Jiu-Jitsu envolvem diversos movimentos que desen-
volvem o corpo e a mente das crianças, além de estimular a interação social com
outros parceiros de treino, promovendo o companheirismo e trabalho em equipe.
Além de aprimorar as habilidades físicas, o Jiu-Jitsu ensina valo-
res como disciplina, autocontrole, foco e confiança, contribuindo para
o desenvolvimento pessoal e emocional da criança. É uma atividade que
oferece benefícios abrangentes em diferentes aspectos da vida das crianças
(SILVA; SILVA; ESPÍNDOLA, 2015).

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SAÚDE CARDIOVASCULAR

Os problemas cardiovasculares afetam milhões de Estão a elevação da


pessoas em todo o mundo, e o sedentarismo é um frequência cardíaca
dos principais gatilhos para alterações prejudiciais e pressão arterial
no sistema cardiovascular. Entre essas alterações, es-
tão a elevação da frequência cardíaca e pressão arterial, que estão associadas às
principais doenças decorrentes da falta de atividade física.

A prática regular de exercícios físicos é a principal forma de combater esses efei-


tos negativos e garantir uma melhora gradual na saúde do indivíduo. Nesse con-
texto, as artes marciais têm se destacado como uma opção dinâmica que vem
conquistando adeptos em todo o mundo.

Uma dessas modalidades é o Judô, que não apenas oferece um treinamento físico
completo, mas também se baseia em princípios de disciplina, respeito e auto-
controle. Esses aspectos combinados promovem benefícios tanto para o corpo
quanto para a mente dos praticantes.
Ao praticar o Judô, os indivíduos se engajam em atividades físicas que en-
volvem força, resistência, flexibilidade e coordenação, o que contribui para o
fortalecimento do sistema cardiovascular. Além disso, a prática dessa arte marcial
estimula a concentração, a tomada de decisões rápidas e a melhoria da autoesti-
ma, promovendo um equilíbrio entre o aspecto físico e mental.

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Assista um treinamento de força e condicionamento físico es-


pecífico para o Judô.

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Dessa forma, o Judô se apresenta como uma opção valiosa para aqueles que dese-
jam melhorar sua saúde cardiovascular, desenvolver habilidades físicas e mentais,
e desfrutar dos benefícios gerais proporcionados pela prática regular de exercícios
físicos (PAMPLONA; FRANÇA, 2021).

Benefícios do Muay Thai para a saúde

As artes marciais, especialmente o Muay Thai, têm impactos notáveis tanto no


aspecto físico quanto no mental dos praticantes. Além de proporcionar plenitu-
de mental, melhorar a interação em grupo e aprimorar estratégias, essa prática
também desenvolve uma percepção cognitiva de ameaça, reduzindo a ansiedade
e aperfeiçoando o desempenho em situações desafiadoras.
Essa modalidade não se restringe apenas ao condicionamento físico; é
capaz de despertar valores como responsabilidade social e liderança, benefi-
ciando pessoas de todas as idades, desde crianças até idosos. Os princípios de
gratidão e respeito incorporados à filosofia do Muay Thai contribuem para
uma transformação positiva, valorizando o indivíduo como um todo, e não
apenas suas habilidades de combate.

E U IN D ICO

Conheça um pouco mais das técnicas de Muay Thai através de


um vídeo de treinamento.

Portanto, o Muay Thai transcende os aspectos meramente físicos, abran-


gendo uma dimensão mental e espiritual. Sua prática não apenas fortalece o
corpo, mas também promove valores importantes, como respeito e disciplina,
culminando em bem-estar e crescimento integral para os praticantes.

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AUTOESTIMA E AUTOCONFIANÇA

O Jiu-jitsu pode desempenhar um papel importante na promoção da autoestima


e autoconfiança dos indivíduos. Através da prática regular, os praticantes desen-
volvem habilidades técnicas, aprendem a lidar com desafios físicos e mentais, e
conquistam um maior domínio sobre o próprio corpo. Essas conquistas podem
contribuir para o fortalecimento da autoimagem e da confiança nas próprias
capacidades, o que tem reflexos positivos na vida cotidiana (GOMES et al., 2019).

ZO O M N O CO NHEC I M ENTO

A autoestima refere-se às atitudes e comportamentos positivos ou negativos que


um indivíduo possui em relação a si mesmo. Verifica-se uma correlação entre
maiores pontuações de autoestima e níveis mais elevados de envolvimento nas
artes marciais, indicando que praticantes mais experientes apresentam uma au-
toestima mais elevada em comparação aos iniciantes (GOMES et al., 2019).
A autoconfiança é a convicção que um indivíduo tem em sua capacidade de
realizar uma tarefa específica e está associada à prática de artes marciais. Ob-
serva-se que uma intervenção de 10 semanas resulta em um aumento na au-
toconfiança, e aqueles que têm mais tempo de treinamento exibem níveis mais
altos de autoconfiança (GOMES et al., 2019).

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O Jiu-jitsu desempenha um papel crucial na promoção da autoestima e auto-


confiança dos praticantes. Através da prática regular, eles adquirem habilidades
técnicas, superam desafios e ganham domínio sobre o próprio corpo, o que for-
talece a autoimagem e a crença em suas capacidades.

Benefício do Jiu-Jitsu para idosos

Na velhice, é comum que os movimentos do corpo se tornem mais lentos e os


reflexos menos ágeis, o que aumenta a vulnerabilidade a quedas e outros acidentes
comuns nessa fase da vida. Muitas pessoas, ao se aposentarem, acabam se tornando
sedentárias e deixam de realizar atividades físicas regularmente, levando a uma
sensação de inatividade e falta de estímulo para o corpo. O envelhecimento cro-
nológico naturalmente resulta no enfraquecimento do corpo, por isso a prática
de atividade física se torna essencial para manter a musculatura e o corpo “ativos”.

Aprender a técnica do Jiu-Jitsu Brasileiro não apenas ajuda a lidar com situações
de agressão, mas também previne acidentes domésticos. No caso de uma queda,
por exemplo, um idoso que conheça as técnicas de queda adequadas pode mi-
nimizar o risco de se machucar ou reduzir os danos causados pelo impacto. Além
disso, o aprendizado das técnicas desafia o cérebro a ir além das tarefas diárias
habituais, promovendo uma atividade mental mais intensa e estimulante.

Ao praticar Jiu-Jitsu Brasileiro, o idoso não só adquire habilidades de autodefesa,


mas também estimula seu cérebro a trabalhar de forma mais eficiente. A memori-
zação das técnicas exige concentração, atenção e coordenação, desafiando o cérebro
de forma positiva. Essa atividade mental associada à atividade física contribui para
um envelhecimento saudável e ajuda a manter o cérebro ativo e funcional.
É importante ressaltar que a prática do Jiu-Jitsu para idosos deve ser adaptada
de acordo com as necessidades e capacidades individuais, levando em conside-
ração a condição física e eventuais limitações. É recomendado buscar orientação
de profissionais qualificados e adaptar os treinos de acordo com as características
de cada pessoa (SILVA; SILVA; ESPÍNDOLA, 2015).

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O Jiu-Jitsu Brasileiro pode ser uma valiosa ferramenta para os idosos en-
frentarem os desafios do envelhecimento de forma ativa e saudável. Ao
aprender as técnicas apropriadas, eles podem reduzir o risco de quedas e aci-
dentes, mantendo sua musculatura e reflexos mais ágeis.

ZO O M N O CO NHEC I M ENTO

É válido ressaltar que a prática de artes marciais para a pessoa idosa deve ser
adaptada às necessidades e capacidades individuais, levando em consideração
a saúde física e eventuais limitações. É recomendado buscar a orientação de
profissionais qualificados e adequar os treinos de acordo com as características
de cada pessoa, garantindo uma prática segura e benéfica ao longo do tempo
(TOIGO; JESUS; MORALES, 2022).

O estímulo mental proporcionado pelo aprendizado das técnicas desafia o cérebro


de maneira positiva, mantendo-o ativo e funcional. No entanto, é essencial
adaptar a prática às necessidades individuais, buscando orientação profissional
e adequando os treinos conforme as capacidades de cada pessoa.

ANSIEDADE E ESTRESSE

A prática do Jiu-Jitsu e de outras artes marciais pode auxiliar na redução dos


níveis de ansiedade. O treinamento proporciona uma oportunidade de liberação
de tensões e estresse acumulados, permitindo que os praticantes canalizem suas
energias de forma saudável. A concentração exigida durante a prática também
pode ajudar a acalmar a mente e proporcionar um senso de tranquilidade e equi-
líbrio emocional (GOMES et al., 2019).

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A ansiedade engloba sensações de medo, insegurança e apreensão (sintomas


cognitivos), bem como dores musculares, hiperventilação (sintomas somáticos) e
outras condições psicológicas e fisiológicas associadas a esse estado emocional.
Ao comparar praticantes experientes com iniciantes, observa-se que os pratican-
tes experientes apresentam níveis mais baixos de ansiedade (GOMES et al., 2019).

A prática do jiu-jitsu também contribui para a redução do estresse percebido,


inclusive em seus domínios, como a aceitação social; sobrecarga; irritabilidade,
tensão e fadiga; energia e alegria; medo e ansiedade; realização e satisfação pes-
soal; e índice de estresse percebido. Em situações similares, indivíduos podem
manifestar respostas distintas ao estresse, enquanto que em circunstâncias diver-
sas, podem exibir comportamentos semelhantes.

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A prática regular de atividade física desempenha um papel significativo na re-


dução do estresse e da ansiedade, proporcionando benefícios como melhora
da autoestima, autoconceito, imagem corporal, funções cognitivas e interação
social. Há uma relação positiva entre a prática de atividade física e a promoção
de um melhor padrão de qualidade de vida. Além da atividade física recreativa
com amigos, outros fatores essenciais no enfrentamento e controle do estresse
incluem uma alimentação equilibrada, relacionamentos familiares saudáveis,
boa qualidade de sono e descanso adequado. Essas medidas combinadas são
fundamentais para lidar com o estresse de forma eficaz (ROSA; PEIXOTO, 2018).

NOVOS DESAFIOS
As artes marciais vão além de uma prática esportiva e de autodefesa. Elas ofere-
cem um vasto campo de atuação profissional, focado na promoção da saúde e
qualidade de vida das pessoas.
Diversas áreas se beneficiam das habilidades e conhecimentos adquiridos
nas artes marciais. Profissionais de educação física podem se especializar
em programas de treinamento baseados em artes marciais, proporcionando
condicionamento físico, fortalecimento muscular e melhoria da resistência
cardiovascular aos seus clientes.
Além disso, a educação também se beneficia das artes marciais. Professores
podem introduzir princípios de disciplina, respeito e autodisciplina em seus alu-
nos, promovendo um ambiente de aprendizado saudável e equilibrado.
Empresas e organizações também estão reconhecendo o potencial das artes
marciais para melhorar o bem-estar de seus colaboradores. Programas de treina-
mento corporativo baseados nas artes marciais podem ajudar a reduzir o estresse,
aumentar a produtividade e promover um ambiente de trabalho mais saudável.

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VAMOS PRATICAR

1. A prática de artes marciais tem sido reconhecida como uma forma de promover não
apenas a saúde física, mas também o bem-estar psicológico dos seus praticantes.

Qual dos seguintes benefícios psicossociais pode ser alcançado pela prática de artes
marciais?

a) Aumento da força muscular.


b) Melhora da capacidade de concentração e foco.
c) Prevenção de doenças cardíacas.
d) Aumento da densidade óssea.
e) Nenhuma das opções acima.

2. Qualidade de vida refere-se à percepção que o indivíduo possui sobre sua posição na
vida, levando em consideração o contexto cultural e os valores do sistema em que
está inserido, em relação às suas metas, expectativas, padrões e preocupações. Esse
conceito abrange diversos aspectos, incluindo a saúde física, o estado psicológico, o
nível de independência, os relacionamentos sociais, as crenças pessoais e as ques-
tões relacionadas ao ambiente em que se vive. Em suma, a qualidade de vida é uma
perspectiva ampla que engloba múltiplas dimensões e reflete a percepção subjetiva
do indivíduo em relação ao seu bem-estar global.

Quando se trata de qualidade de vida, é importante reconhecer que esse conceito é sub-
jetivo e depende da percepção individual. Cabe ao próprio indivíduo assumir a responsa-
bilidade pela construção da sua qualidade de vida. A escolha da atividade a ser praticada
desempenha um papel crucial para alcançar os resultados desejados e observar melhorias.

Com base nas informações apresentadas, analise as afirmações a seguir:

I - A qualidade de vida abrange aspectos como saúde física, estado psicológico, relacio-
namentos sociais e ambiente em que se vive.
II - A qualidade de vida é uma perspectiva objetiva e universal, independente da percep-
ção individual.
III - A escolha da atividade a ser praticada não tem influência significativa na busca por
uma melhor qualidade de vida.

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VAMOS PRATICAR

É correto o que se afirma em:

a) I, apenas.
b) III, apenas.
c) I e II, apenas.
d) II e III, apenas.
e) I, II e III.

3. A busca pelas artes marciais é motivada por diversos fatores, que incluem a melhoria
da qualidade de vida, manutenção do condicionamento físico, promoção da saúde,
disciplina mental, autodefesa, combate corporal, meditação, desenvolvimento do ca-
ráter, entre outros.

Qual dos seguintes aspectos não é abrangido pela prática das artes marciais em relação
à melhoria da qualidade de vida?

a) Aspecto físico.
b) Aspecto psicológico.
c) Aspecto das relações sociais.
d) Aspecto da qualidade de vida.
e) Aspecto da competição sem limites.

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REFERÊNCIAS

BUENO, C. A. M.; LOPES, J. C.; MARTÍNEZ-ÁVILA, D. Protocolos de testes utilizados para ava-
liação de parâmetros de aptidão física em atletas de taekwondo: um estudo de revisão de
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GOMES, S. T. et al. Autoestima, autoconfiança e ansiedade em praticantes de Jiu-jitsu. Co-


nexões: Educação Física, Esporte e Saúde, v. 17, n. e019034, p. 1-10, 2019.

LINHARE, D. G. et al. Efeito das artes marciais em variáveis físicas em idosos: um es-
tudo de revisão sistemática. 2022. Disponível em: https://www.researchgate.net/publica-
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SOS-_UM_ESTUDO_DE_REVISAO_SISTEMATICA/stats. Acesso em: 24 ago. 2023.

MARTINS, M. C.; FERREIRA, A. L. Relação entre liderança e a prática de artes marciais. Revis-
ta E&S, v. 4, n. e20230002, p. 1-9, 2023.

MINISTÉRIO DA SAÚDE. Glossário Saúde Brasil. Aptidão física: capacidade do corpo humano
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PAMPLONA, D. W. S.; FRANÇA, M. S. Os efeitos do treinamento do judô e jiu jitsu na frequência


cardíaca e pressão arterial: uma revisão sistemática. Revista Brasileira de Prescrição e
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ROSA, J. L.; PEIXOTO, N. Praticantes de jiu-jitsu têm menor nível de estresse percebido e
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SILVA, T. E .L.; SILVA, M. G. G.; ESPÍNDOLA, W. C. F. Os benefícios do jiu-jitsu para a saúde: um


incentivo para a prática esportiva. Revista Científica da FASETE, 2015.

SOUSA, D. K. S.; SANTOS, A. R. M. Os benefícios físicos e comportamentais da prática do Muay


Thai: uma revisão bibliográfica. Brutus Science Facol, s.d.

TOIGO, J. I. M.; JESUS, E. E. D.; MORALES, P. J. C. Perfil do estilo de vida dos praticantes de
artes marciais. Scientia Generalis, v. 3, n. 2, p. 173-178, 2022.

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CONFIRA SUAS RESPOSTAS

1. Opção B.

A prática de artes marciais tem sido reconhecida como uma forma de promover não ape-
nas a saúde física, mas também o bem-estar psicológico dos seus praticantes. Estudos
sobre os benefícios psicossociais das artes marciais começaram a surgir no final dos anos
60, com o objetivo de investigar a relação entre traços de personalidade, desempenho e
nível de habilidade dos praticantes (GOMES et al., 2019).
Ao longo da vida, a prática de artes marciais e lutas como modalidades esportivas pode
trazer benefícios significativos para a saúde e o bem-estar dos praticantes. Essa prática
não se restringe apenas à juventude, mas também pode ser mantida durante a terceira
idade, proporcionando um estilo de vida ativo e saudável.

2. Opção C.

Além dos benefícios físicos, como o desenvolvimento da força, flexibilidade e resistência,


a prática de artes marciais também desempenha um papel importante na socialização e
nas relações interpessoais. O convívio com outras pessoas engajadas na mesma atividade
promove o estabelecimento de vínculos sociais significativos, que podem ajudar a reduzir
os níveis de ansiedade e depressão (TOIGO; JESUS; MORALES, 2022).
Em geral, os praticantes de Artes Marciais exibem características psicológicas que coin-
cidem com aquelas mencionadas na literatura marcial, como aumento da concentração,
autoconfiança, autocontrole, desenvolvimento de habilidades sociais e, acima de tudo,
respeito mútuo. Além disso, a prática das Artes Marciais tem mostrado um efeito positi-
vo na redução da ansiedade, depressão e estresse, ajudando a prevenir a Síndrome de
Burnout e a procrastinação (MARTINS; FERREIRA, 2023).

3. Opção E.

A busca pelas artes marciais é motivada por diversos fatores, que incluem a melhoria da
qualidade de vida, manutenção do condicionamento físico, promoção da saúde, disciplina
mental, autodefesa, combate corporal, meditação, desenvolvimento do caráter, entre
outros. No caso específico do jiu-jitsu, essa modalidade contribui significativamente
para a melhoria da qualidade de vida, abrangendo diferentes aspectos, como o físico, o
psicológico, as relações sociais, o meio ambiente e a qualidade de vida global.

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MEU ESPAÇO

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TEMA DE APRENDIZAGEM 5

LUTAS E ARTES MARCIAIS NO


PROCESSO EDUCACIONAL

MINHAS METAS

Mostrar a importância da inclusão das lutas no currículo escolar.

Discutir sobre as dificuldades enfrentadas pelos professores de Educação Física ao abor-


dar as lutas nas aulas.

Mostrar os benefícios físicos, mentais e emocionais das lutas no desenvolvimento


dos alunos.

Discutir sobre as restrições e preconceitos em relação às práticas de lutas nas escolas.

Verificar alguns desafios e justificativas para a inclusão das lutas no ambiente escolar.

Mostrar os valores e habilidades promovidos pelas lutas.

Demonstrar que as lutas estão incluídas na Base Nacional Comum Curricular (BNCC).

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UN I C ES UMA R

INICIE SUA JORNADA


A utilização de características e elementos das lutas e artes marciais no processo
educacional tem sido um tema de crescente interesse e debate nos últimos anos.
Imagine uma pequena escola em uma cidade tranquila, onde um grupo de alunos
desmotivados e com dificuldades de concentração enfrenta desafios no processo
de aprendizagem. As notas estão abaixo da média, a indisciplina é frequente e os
professores lutam para manter a atenção dos estudantes.
Em meio a essa realidade desafiadora, um professor de educação física, apai-
xonado pelas artes marciais, decide utilizar características e elementos dessa prá-
tica ancestral como uma forma de engajar e transformar a vida de seus alunos.
Ele cria um programa inovador, integrando as artes marciais ao currículo es-
colar. Com entusiasmo, ele apresenta aos alunos as técnicas básicas de disciplina,
respeito, autocontrole e concentração presentes nas artes marciais.
Conforme os meses passam, o ambiente na escola começa a mudar. Os alunos
se sentem valorizados, confiantes e responsáveis por seu próprio progresso. As
artes marciais se tornam uma metáfora para a vida, ensinando lições valiosas
sobre superação pessoal e trabalho em equipe.
À medida que os alunos se tornam mais comprometidos, a escola
experimenta um aumento notável na participação em sala de aula, nas notas e
no comportamento geral dos estudantes. Os professores testemunham uma nova
energia, um respeito mútuo e uma colaboração que antes pareciam impossíveis.

VAMOS RECORDAR?
Por uma vivência pessoal, ou através do conhecimento adquirido, sabemos que
as lutas e artes marciais estão inseridas, ou deveriam estar, no processo edu-
cacional. Ao abordarmos essas disciplinas na prática pedagógica, buscamos
compreender como sua aplicação pode aprimorar o desenvolvimento motor,
a capacidade cardiovascular e a coordenação dos alunos. Também contribuí-
mos para o estímulo de aspectos cognitivos, como o raciocínio estratégico e a
tomada de decisões rápidas e para a formação de valores éticos e sociais nos
educandos, tornando-os cidadãos mais completos e conscientes do papel do
esporte na educação integral.

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T E MA D E APRE N D IZAGEM 5

DESENVOLVA SEU POTENCIAL

AS AULAS DE LUTAS NO CONTEXTO EDUCACIONAL

Apesar dos benefícios que as modalidades de lutas proporcionam aos seus prati-
cantes, os professores que trabalham no ambiente escolar, especialmente nas aulas
de educação física, enfrentam dificuldades ao abordar os conteúdos relacionados
às lutas em suas aulas. Essas dificuldades são decorrentes da falta de formação es-
pecífica, da pouca experiência prática com as modalidades de lutas, do preconceito
em relação a essas práticas e da escassez de materiais didáticos que possam apoiar
as ações pedagógicas voltadas para o ensino e a aprendizagem dos alunos.

Além disso, durante o processo de formação dos professores de Educação Física


nas instituições de Ensino Superior, muitos currículos formativos não atendem às
necessidades para que eles se tornem efetivamente capazes de ensinar as lutas
aos estudantes. Essas lacunas na formação e no suporte pedagógico dificultam a
inclusão das lutas no ambiente escolar, limitando a exploração desse conteúdo e
os benefícios que ele pode proporcionar aos alunos (TERLUK; ROCHA, 2021).

P E N SA N D O J UNTO S

Você já pensou sobre o papel das lutas no ambiente escolar? Se houvesse aulas
de lutas durante sua educação básica, isso poderia impactar sua formação e
amadurecimento?

VOCÊ SABE RESPONDER?


Agora é a sua vez de compartilhar sua visão! Acredita que as lutas são bené-
ficas para os alunos? Elas ajudam no desenvolvimento de habilidades físicas
e emocionais?

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UN I C ES UMA R

A utilização de características e elementos das lutas e artes marciais no processo


educacional tem sido um tema de crescente interesse e debate nos últimos anos.
Essas práticas milenares têm sido reconhecidas por sua capacidade de promover
não apenas o desenvolvimento físico, mas também habilidades mentais e emo-
cionais essenciais para a formação integral dos indivíduos.

A presença das lutas nas escolas é limitada, muitas vezes ministrada por terceiros,
separadamente da disciplina de Educação Física, como atividade extracurricular
ou por meio de grupos de treinamento. Professores justificam essa restrição devi-
do à falta de experiência no tema, receio de que a violência seja inerente às lutas
e possa estimular agressividade nos alunos.

Outras razões incluem a falta


de estudos aprofundados, for-
mação insuficiente e escassez
de materiais disponíveis. A
agressividade, indisciplina e
violência são desafios enfren-
tados pela escola contempo-
rânea, exigindo atenção dos
pesquisadores e educadores
(SO; BETTI, 2013).
Uma das principais razões
pelas quais as lutas e artes mar-
ciais têm sido incorporadas
no ambiente educacional é a
sua capacidade de promover
valores como disciplina,
respeito, autocontrole e
perseverança. Essas são carac-
terísticas fundamentais que
auxiliam no desenvolvimento
pessoal e na formação de cida-
dãos responsáveis e éticos. Ao
envolver os alunos em práticas

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marciais, os educadores têm a oportunidade de transmitir esses valores de forma


prática e vivencial. Além disso, as lutas e artes marciais também proporcionam
uma excelente forma de atividade física, contribuindo para a promoção da saúde
e do bem-estar dos alunos. A prática regular dessas atividades estimula o condi-
cionamento físico, a coordenação motora, o equilíbrio e a flexibilidade. Ao mes-
mo tempo, fortalece os músculos e ossos, melhora a resistência cardiovascular e
ajuda a reduzir o estresse (COSTA et al., 2019).

No aspecto cognitivo, as lutas exigem concentração, raciocínio estratégico e to-


mada de decisões rápidas. Durante os treinos e combates, os alunos devem ava-
liar a situação, identificar oportunidades e planejar suas ações, o que desenvolve
habilidades mentais essenciais para o aprendizado e o desenvolvimento pessoal.
As lutas também contribuem para a formação do caráter dos estudantes. Através
da prática marcial, eles aprendem valores como disciplina, respeito, autocontrole e
perseverança. Esses valores são transferíveis para outras áreas da vida, auxiliando
na construção de cidadãos responsáveis e éticos (SO; BETTI, 2013).

As lutas também proporcionam um ambiente propício para o desenvolvimento


de habilidades sociais e de trabalho em equipe. Embora sejam práticas indivi-
duais em sua essência, muitas vezes são realizadas em grupo, o que estimula a
interação entre os participantes.


Os alunos aprendem a respeitar e trabalhar em conjunto com os co-
legas, a lidar com a competitividade de forma saudável e a valorizar
o esforço coletivo. Essas habilidades são fundamentais para a vida
em sociedade e para o sucesso profissional (SO; BETTI, 2013, s. p.).

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A inclusão das lutas e artes marciais no currículo


Não é necessário
escolar pode gerar certo receio e confusão inicial-
ser um lutador
mente para alguns atores do ambiente escolar, como profissional para
professores, pais, gestores, funcionários e alunos. Isso ensinar lutas na
ocorre devido à falta de familiaridade com o tema e escola
à associação equivocada entre lutas e violência. No
entanto, apesar de ser um assunto intrigante, ele é pouco explorado nas aulas de
Educação Física, principalmente devido à falta de conhecimento dos professores
sobre como abordar esse conteúdo ou à insegurança decorrente da falta de ex-
periência prática ou conhecimento sobre artes marciais. Além disso, a escassez
de estudos sobre esse tema também limita o trabalho com lutas e artes marciais
nas escolas.
É importante destacar que não é necessário ser um lutador profissional para
ensinar lutas na escola, uma vez que o objetivo não é formar atletas ou lutadores,
mas sim transmitir valores, conceitos e atitudes.


No entanto, é comum que educadores e até mesmo os pais dos alu-
nos questionem a inclusão das lutas como conteúdo escolar, espe-
cialmente em um mundo já tão violento (SO; BETTI, 2013, s. p.).

No contexto educacional, a utilização das lutas e artes marciais pode ocorrer


de diversas maneiras. Uma delas é a inserção dessas práticas como disciplinas ou
atividades extracurriculares nas escolas. Através de aulas regulares, os alunos têm a
oportunidade de aprender as técnicas específicas das diferentes modalidades, bem
como os princípios filosóficos e éticos que as fundamentam. Essa vivência contribui
para a construção de uma visão mais ampla do mundo e do ser humano.

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IN D ICAÇÃO DE FI LM E

Esporte Sangrento
Comentário: indicamos o filme Esporte Sangrento (Only the
Strong), de 1993. A história gira em torno de Louis Stevens,
um ex-soldado das Forças Especiais do Exército dos Estados
Unidos, que retorna ao seu antigo bairro para ser professor
substituto em uma escola pública deteriorada. Ao perceber a
violência e a influência das gangues sobre os alunos, Louis
decide usar suas habilidades em capoeira, uma arte marcial
brasileira, para inspirar e guiar os jovens em uma jornada de
autodescoberta e superação.

Há argumentos convincentes que destacam a importância das lutas como conteúdo


educacional. As lutas têm uma longa tradição histórica e cultural, e ao explorar essa
dimensão, os alunos podem se conectar com diferentes aspectos da sociedade e
compreender a importância das práticas marciais em diferentes culturas ao longo
do tempo. As lutas oferecem uma abordagem única para o desenvolvimento inte-
gral dos alunos, tanto física quanto mentalmente. Ao praticar lutas, os estudantes
têm a oportunidade de aprimorar suas habilidades motoras, como coordenação,
equilíbrio e agilidade. Além disso, as lutas promovem a resistência física, fortalecen-
do o corpo e estimulando o condicionamento cardiovascular (SO; BETTI, 2013).

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AP RO F U NDA NDO

Segundo Costa et al. (2019), que citam Alencar et al. (2015) em um estudo pros-
pectivo, foram apresentados argumentos para justificar a ausência do conteúdo
das lutas nas escolas. Entre esses argumentos, destacam-se os seguintes pontos:

• Infraestrutura inadequada, incluindo a falta de espaço físico ade-


quado, materiais e vestimentas apropriadas para a prática das lutas.
• Carência de conhecimento e familiaridade com o conteúdo das lutas
durante a formação acadêmica dos professores de Educação Física.
• Associação das lutas a questões de violência, o que pode gerar
resistência por parte dos educadores e da comunidade escolar.

Esses fatores contribuem para a exclusão das lutas do currículo escolar, impe-
dindo que os alunos tenham acesso a esse conteúdo. No entanto, é importan-
te ressaltar que superar esses desafios requer investimentos em infraestrutura
adequada, formação profissional voltada para as lutas e uma compreensão mais
ampla e desassociada de preconceitos em relação à violência, reconhecendo as
lutas como práticas esportivas com potencial educativo.

No entanto, existem justificativas para incluir o trabalho com lutas e artes mar-
ciais no ambiente escolar.

Os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs) de Educação Física destacam o ter-


mo “Lutas” como uma possibilidade de desenvolvimento dentro dos blocos de
conteúdo recomendados para essa área.

Além disso, na esfera social mais ampla, encontramos uma ampla exposição
dessas práticas por meio da mídia, como novelas, seriados e programas de tele-
visão que abordam lutas e artes marciais. A presença de academias e escolas de
educação infantil que oferecem atividades extracurriculares nessas áreas também
demonstra a relevância desse tema na sociedade. No meio acadêmico, observa-se
um crescente interesse e número de artigos e profissionais voltados para essa
manifestação corporal (NUNES, 2013).

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AP RO F U N DA NDO

As lutas estão previstas na Base Nacional Comum Curricular (BNCC) do Brasil,


que define os direitos de aprendizagem dos estudantes. Dentro da disciplina de
Educação Física, as lutas são consideradas como um conteúdo que contribui
para a formação integral dos alunos.
A presença das lutas na BNCC demonstra o reconhecimento dos seus valores
educacionais e formativos. Ao praticar lutas, os alunos têm a oportunidade de
desenvolver habilidades físicas, cognitivas, emocionais e sociais. Essa prática
promove a conexão entre o corpo e a mente, estimula a concentração, a disci-
plina, o respeito às regras e aos limites, além de permitir a vivência de valores
como ética, cooperação e valorização da diversidade.
Dentro das lutas mencionadas na BNCC, podemos destacar o judô, karatê,
taekwondo, jiu-jitsu, boxe e capoeira, entre outras modalidades. Cada uma de-
las possui características e objetivos específicos, mas todas têm o potencial de
contribuir para a formação integral dos alunos.
Para incluir as lutas no currículo escolar, é importante realizar um planejamen-
to pedagógico adequado, com profissionais capacitados para o ensino dessas
modalidades. É fundamental que as aulas de lutas sejam conduzidas de forma
segura, levando em consideração as características e limitações individuais de
cada aluno (NUNES, 2013).

AS LUTAS E A EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR

Pressupondo que você compreendeu a importância As lutas surgem


de inserir a temática das lutas na educação física, va- como um conteúdo
mos dar um passo adiante e explorar os elementos de relevante para os
capacitação. Prontos para seguir em frente? professores
A Educação Física escolar desempenha um papel
fundamental na formação dos alunos, abrangendo desde aspectos relacionados ao
corpo e movimento até questões socioculturais. Nesse contexto, as lutas surgem
como um conteúdo relevante para os professores. O trabalho do professor de Edu-
cação Física é desafiador, e explorar novas metodologias de ensino, como a inclusão
de lutas, artes marciais e esportes de combate, pode enriquecer o campo escolar.
Ao introduzir esse tipo de conhecimento, o professor proporciona aos alunos uma
ampla variedade de movimentos, complementando suas próprias experiências in-
tuitivas e habilidades (FERREIRA et al., 2022).

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Ao discutir sobre os conteúdos a serem abordados nas aulas de Educação Física,


especificamente no contexto escolar, é evidente que existe uma falta de clareza
por parte da maioria dos professores em relação às vantagens pedagógicas do
movimento como expressão dos aspectos sociais e culturais da humanidade.
Além disso, ainda não há consenso entre pesquisadores, acadêmicos e professores
sobre quais conteúdos da cultura do movimento seriam mais adequados para
serem ensinados, seja o jogo, o esporte, a atividade rítmica/dança, a ginástica ou
a luta (SO; BETTI, 2013).

A aprendizagem, por sua vez, é resultado da observação e percepção. As crianças


começam observando um objeto através de seus sentidos, o que alimenta sua
intuição (mente) com informações que permitem a construção de hipóteses e a
produção de conhecimento. Para que suas habilidades e capacidades atinjam um
desenvolvimento adequado para sua idade cronológica, as crianças precisam de
estímulos adequados (ANDRADE et al., 2017).

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E U IN D ICO

Confira o artigo “As artes marciais no discurso de professores


de Educação Física Escolar: nem sempre o currículo dá cer-
to”, escrito por Lázaro Rocha Oliveira, Marlene Guirado e Walter
Roberto Correia e publicado na Revista Brasileira de Educação
Física e Esporte, em 2022 (v. 36).

É perceptível que, em contextos não formais, Os estudos


como academias e clubes, os conteúdos indicam que os
relacionados às lutas são tradicionalmente procedimentos
desenvolvidos por meio de práticas pedagógicas deveriam estar
que enfatizam as técnicas, colocando o professor centrados no aluno
como o centro da aprendizagem e estabelecendo
uma relação verticalizada entre professor e aluno, desconectada da realidade.
No entanto, estudos mais recentes têm mostrado que os professores também
poderiam utilizar práticas pedagógicas nos contextos não formais que valori-
zassem as experiências e vivências culturais dos alunos, considerando os as-
pectos históricos, filosóficos e corporais das lutas, com uma abordagem crítica
e reflexiva sobre sua importância social (TERLUK; ROCHA, 2021).
No que diz respeito às metodologias de ensino relacionadas às lutas e aos
esportes de combate, os estudos indicam que os procedimentos deveriam estar
centrados no aluno, atribuindo significado por meio de jogos e brincadeiras lú-
dicas, levando em consideração os aspectos históricos, culturais e pedagógi-
cos, bem como os conhecimentos prévios e interesses dos alunos. É importante
contextualizar o conteúdo, estimular a criatividade e adaptar as práticas de acordo
com as necessidades dos estudantes. Por outro lado, dois estudos utilizaram uma
abordagem tradicional, com ênfase na disciplina, hierarquia professor aluno e
na técnica dos movimentos (TERLUK; ROCHA, 2021).

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O ensino do esporte não deve se basear em metodologias rígidas, fixas e redutoras.


Pelo contrário, é necessário ampliar a visão sobre o esporte e adotar abordagens que
coloquem o aluno como o principal agente desse processo de ensino. Portanto, um
dos desafios a serem superados no ensino das lutas é fazer com que os professores
compreendam que essa disciplina deve ser ensinada por meio de procedimentos
pedagógicos claros e objetivos, utilizando jogos e brincadeiras como estratégias.


Avaliar e refletir sobre a prática pedagógica é fundamental para
avançar e melhorar o processo de ensino e aprendizagem das lutas
(COSTA et al., 2019, s. p.).

É importante repensar as abordagens pedagógicas utilizadas no ensino das lutas,


tanto em contextos formais como informais. É fundamental adotar uma postura
mais inclusiva, participativa e contextualizada, valorizando as experiências e co-
nhecimentos dos alunos, de forma a promover uma aprendizagem mais significa-
tiva e engajadora. Dessa forma, os benefícios das lutas como ferramenta educa-
cional podem ser plenamente aproveitados, contribuindo para o desenvolvimento
integral dos estudantes.

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Dentre as estratégias de ensino das lutas, artes marciais e esportes de combate, as


atividades lúdicas e brincadeiras são amplamente mencionadas nas pesquisas. Ao
incorporar jogos e brincadeiras nas aulas de lutas, os alunos têm a oportunida-
de de se expressar livremente, adquirir novos conhecimentos e desenvolver sua
afetividade. Isso cria um ambiente propício para trabalhar com regras e limites,
permitindo que a imaginação e a realidade se entrelacem. Além disso, o ato de
brincar para as crianças significa autonomia, imaginação e liberdade para expres-
sar movimentos, gestos e emoções, proporcionando que elas sejam elas mesmas
e vivenciem experiências que contribuirão para seu desenvolvimento integral.
Algumas pesquisas indicam que os jogos de oposição podem ser utilizados
como estratégias para o ensino e aprendizagem das lutas. Os jogos de oposição
envolvem atividades individuais ou coletivas em que a ênfase está na ação de se
opor, sem enfatizar a vitória ou a derrota no jogo. Esses jogos devem ser desen-
volvidos de forma lúdica, com uma dinâmica agradável e flexível, permitindo que
os alunos criem e elaborem suas próprias atividades (TERLUK; ROCHA, 2021).

E U IN D ICO

Os jogos de oposição são atividades lúdicas que envolvem a


interação entre dois ou mais participantes, onde o objetivo
é superar ou resistir às ações do oponente. Esses jogos são
caracterizados pela competição saudável, onde os jogado-
res utilizam estratégias, habilidades físicas e mentais para
vencer o adversário.
Neste vídeo, é possível conhecer alguns exemplos de jogos
de oposição:

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Gonzáles, Darido e Oliveira (2014) dão dicas preciosas de como ensinar


lutas na escola:

FORMAS DE APRESENTAÇÃO DAS INFORMAÇÕES:

o processo de transmitir informações pode ser abordado de três maneiras distin-


tas: a aprendizagem através da observação das ações do professor (observação);
a explanação verbal do professor enquanto os alunos tentam replicar as ações
(instrução verbal); e a orientação tátil, onde o professor instrui e faz correções
físicas nos alunos (dicas táteis).
A observação desempenha um papel crucial na promoção do aprendizado, per-
mitindo que os alunos visualizem as ações do professor e as incorporem em seus
próprios procedimentos. Essa abordagem não se limita a simplesmente imitar o
professor, mas sim a ilustrar as possibilidades tangíveis de execução, servindo
como um guia para diversas situações. Ademais, recursos visuais, como imagens
e vídeos, também podem complementar esse processo educativo.

A QUESTÃO DE GÊNERO:

a questão de gênero é um dos princípios que demanda especial atenção ao ensi-


nar as artes marciais. É essencial desafiar a construção cultural que sugere que
meninas não podem se envolver em lutas. Apesar de ser um desafio complexo,
diversas estratégias podem ser adotadas, como a coeducação, onde meninos
e meninas praticam juntos, promovendo igualdade. O professor pode adaptar
atividades e agrupar alunos com base em critérios como tamanho, idade e até
mesmo gênero, se apropriado. A participação conjunta de ambos os sexos nas
lutas e a discussão sobre a importância da convivência social são cruciais.

CUIDADOS E SEGURANÇA:

a atenção aos cuidados e à segurança é fundamental ao ensinar lutas. Embora


acidentes ocorram, a existência de preconceitos em relação às artes marciais
pode levar a lesões graves, prejudicando o ensino dessas práticas. Aspectos
como infraestrutura, qualidade dos materiais e locais adequados para executar
procedimentos (como superfície do solo) devem ser considerados. Manter a
motivação dos alunos em níveis controlados é igualmente crucial, para evitar
movimentos descontrolados que resultem em lesões. Tais precauções devem ser
constantemente discutidas com os alunos.

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INCLUSÃO:

o princípio da inclusão deve ser central em todas as aulas. Isso implica em criar
aulas que atendam a todos os alunos, independentemente de suas circunstân-
cias individuais. Mesmo que não haja alunos com deficiências, outros fatores
como obesidade ou falta de habilidades podem demandar adaptações nos
procedimentos. A participação de todos é crucial e, em algumas situações, pode
exigir modificações por parte do professor.

AVALIAÇÃO:

a avaliação das aulas de luta requer atenção por parte do professor. Manter regis-
tros individuais, aplicar questionários de opinião dos alunos e conduzir avaliações
conceituais são abordagens que devem ocorrer de forma constante, ao invés de
serem realizadas somente em períodos específicos. Eventos e festivais também
podem oferecer oportunidades de avaliação, destacando o progresso e as dificul-
dades dos alunos de maneira contínua. A apresentação do desenvolvimento dos
alunos deve ser um pilar fundamental do processo educativo.

ORIENTAÇÕES PARA MODIFICAR AS ATIVIDADES CONFORME A FAIXA ETÁRIA


DOS ALUNOS:

entender as diferenças nas idades dos alunos é crucial para adaptar o ensino das
lutas. Ensinar lutas para uma criança de 6 anos é substancialmente diferente do
que ensinar a um adolescente de 16, mesmo com objetivos semelhantes. O es-
tágio de desenvolvimento e as experiências anteriores variam, portanto as aulas
devem ser adaptadas a essas diferenças.

Gonzáles, Darido e Oliveira (2014) também apresentam, em sua obra, diversas


sugestões de planos de aula para serem trabalhadas na escola, como uma aula
sobre a diferenciação das lutas de brigas, iniciando com uma roda de conversas
e em seguida propondo atividades para desenvolver o tema.

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Exemplo de atividade:

Pega-pega das lutas: os alunos deverão pendurar em suas cinturas uma fita de aproxi-
madamente 30 cm que pode ser de diversos materiais como TNT, plástico, borracha,
papel crepom, entre outros. O objetivo da atividade será conquistar o maior número
de fitas das outras pessoas sem, com isso, perder a própria fita. Os alunos não poderão
encostar uns nos outros, apenas nas fitas penduradas na cintura. Os que forem per-
dendo as fitas podem continuar na brincadeira buscando conquistar o maior número
de fitas possível. Ganha aquele que conquistar o maior número de fitas no prazo de
tempo estipulado pelo professor. Explique para os alunos que o objetivo é algo preso
na outra pessoa, ou seja, o foco está na outra pessoa e é móvel, pois ela se desloca,
aspectos que encontramos de modo geral nas lutas.
Essas abordagens pedagógicas, aliadas à ludicidade e à flexibilidade, proporcio-
nam uma experiência mais significativa e envolvente no ensino das lutas. Ao incor-
porar elementos históricos, filosóficos e contextuais, os alunos têm a oportunidade
não apenas de aprender técnicas e habilidades, mas também de compreender o sig-
nificado cultural e social das lutas. Isso contribui para o desenvolvimento integral dos
alunos, promovendo a valorização da diversidade cultural, o respeito às diferenças e
a construção de uma visão crítica sobre as artes marciais (TERLUK; ROCHA, 2021).

NOVOS DESAFIOS
Na dinâmica educacional contemporânea, a presença em expansão das lutas e artes
marciais dentro das instituições de ensino revela um terreno fértil de desafios ins-
tigantes e perspectivas empolgantes. A criação de métodos educativos inovadores,
embasados nas artes marciais, pode não só estimular o crescimento físico, emocional
e social dos estudantes, mas também abrir caminho para carreiras multifacetadas.
Como instrutores ou treinadores, habilitados por uma formação sólida, os profis-
sionais podem impulsionar jovens atletas em direção a conquistas esportivas, enquan-
to cultivam valores cruciais como trabalho em equipe, resiliência e ética esportiva.

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As artes marciais são uma área cheia de desafios e oportunidades, onde o


conhecimento técnico se une à capacidade de educar e inspirar. Os profissio-
nais que atuam nesse campo têm a chance de impactar positivamente a
vida dos alunos, ajudando-os a desenvolver habilidades fundamentais para
o seu crescimento pessoal e acadêmico.

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VAMOS PRATICAR

1. A utilização de características e elementos das lutas e artes marciais no processo edu-


cacional tem sido um tema de crescente interesse e debate nos últimos anos. Essas
práticas milenares têm sido reconhecidas por sua capacidade de promover não apenas
o desenvolvimento físico, mas também habilidades mentais e emocionais essenciais
para a formação integral dos indivíduos.

Qual das seguintes dificuldades é enfrentada pelos professores que trabalham no am-
biente escolar ao abordar os conteúdos relacionados às lutas em suas aulas?

a) Grande interesse dos alunos em praticar lutas.


b) Facilidade em encontrar locais adequados para realizar as aulas de luta.
c) Escassez de materiais didáticos sobre as modalidades de lutas.
d) Restrições legais que proíbem a prática de lutas nas escolas.
e) Excesso de carga horária das aulas de educação física, facilitando a inclusão das lutas.

2. A presença das lutas nas escolas é bastante limitada, e quando ocorre, muitas vezes é
ministrada por terceiros e separada da disciplina de Educação Física, sendo oferecida
como atividade extracurricular ou por meio de grupos de treinamento. A restrição da
prática de lutas nas escolas, segundo o texto, pode ser justificada pelos seguintes
motivos, EXCETO:

a) Falta de experiência dos professores de Educação Física em relação ao tema.


b) Crença de que a violência é inerente às lutas e pode estimular a agressividade nos alunos.
c) Escassez de materiais e recursos disponíveis.
d) Existência de estudos aprofundados que comprovem os benefícios das lutas na
educação.
e) Formação inadequada dos professores de Educação Física.

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VAMOS PRATICAR

3. No que diz respeito às metodologias de ensino relacionadas às lutas e aos esportes de


combate, os estudos indicam que os procedimentos deveriam estar centrados no aluno.

Analise as afirmativas:

I - As metodologias de ensino das lutas e dos esportes de combate não levam em con-
sideração os aspectos históricos, culturais e pedagógicos.
II - É importante adaptar as práticas de acordo com as necessidades dos estudantes.
III - Todos os estudos utilizaram uma abordagem tradicional, com ênfase na disciplina e
hierarquia professor-aluno.
IV - Os estudos indicam que as metodologias de ensino relacionadas às lutas e aos es-
portes de combate devem ser centradas no aluno.

É correto o que se afirma em:

a) I, apenas.
b) II e IV, apenas.
c) III e IV, apenas.
d) I, II e III, apenas.
e) I, II, III e IV.

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REFERÊNCIAS

ANDRADE, J. R.; MARQUES JUNIOR, N. R. P. C.; MENEZES, R. R.; SIQUEIRA, T. D. A. A arte


marcial do jiu-jitsu como fator preponderante para educação e o autoconhecimento. BIUS,
v. 8, n. 3, p. 74-84, 2017.

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FERREIRA, H. S.; LOPES, J. C.; BARROSO-JÚNIOR, F. S.; OLIVEIRA, M. A.; FROSI, T. O.; REIS-
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GONZÁLES, F. J.; DARIDO, S. C.; OLIVEIRA, A. A. B. Lutas, capoeira e práticas corporais de


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NUNES, H. C. B. Lutas e artes marciais: possibilidades pedagógicas na Educação Física esco-


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Física e Esporte, v. 19, n. 1, p. 49-54, 2021.

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CONFIRA SUAS RESPOSTAS

1. Opção B.

A utilização de características e elementos das lutas e artes marciais no processo edu-


cacional tem sido um tema de crescente interesse e debate nos últimos anos. Essas
práticas milenares têm sido reconhecidas por sua capacidade de promover não apenas
o desenvolvimento físico, mas também habilidades mentais e emocionais essenciais para
a formação integral dos indivíduos.
Apesar dos benefícios que as modalidades de lutas proporcionam aos seus praticantes,
os professores que trabalham no ambiente escolar, especialmente nas aulas de educação
física, enfrentam dificuldades ao abordar os conteúdos relacionados às lutas em suas
aulas. Essas dificuldades são decorrentes da falta de domínio dos conteúdos específicos,
da pouca experiência prática com as modalidades de lutas, do preconceito em relação a
essas práticas e da escassez de materiais didáticos que possam apoiar as ações pedagó-
gicas voltadas para o ensino e a aprendizagem dos alunos. Além disso, durante o processo
de formação dos professores de Educação Física nas instituições de Ensino Superior, o
currículo não atende às necessidades para que eles se tornem efetivamente capazes
de ensinar as lutas aos estudantes. Essas lacunas na formação e no suporte pedagó-
gico dificultam a inclusão das lutas no ambiente escolar, limitando a exploração desse
conteúdo e os benefícios que ele pode proporcionar aos alunos (TERLUK; ROCHA, 2021).

2. Opção D.

A presença das lutas nas escolas é bastante limitada, e quando ocorre, muitas vezes é mi-
nistrada por terceiros e separada da disciplina de Educação Física, sendo oferecida como
atividade extracurricular ou por meio de grupos de treinamento. Existem duas principais
justificativas apresentadas pelos professores de Educação Física para essa restrição da
prática de lutas na escola. A primeira é a falta de experiência dos próprios docentes em
relação ao tema, tanto em sua formação acadêmica quanto em suas histórias de vida. A
segunda justificativa é a crença de que a violência é inerente às lutas, e que sua prática
poderia estimular a agressividade nos alunos. No entanto, é importante ressaltar que
existem outras razões para essa restrição, como a falta de estudos aprofundados sobre
o tema, a formação inadequada dos professores, a escassez de materiais e recursos
disponíveis, entre outros fatores. De fato, a agressividade, a indisciplina e a violência são
problemas enfrentados pela escola contemporânea, sendo apontados por pesquisadores
e educadores como desafios significativos a serem abordados (SO; BETTI, 2013).

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CONFIRA SUAS RESPOSTAS

3. Opção B.

No que diz respeito às metodologias de ensino relacionadas às lutas e aos esportes de


combate, os estudos indicam que os procedimentos deveriam estar centrados no aluno,
atribuindo significado por meio de jogos e brincadeiras lúdicas, levando em consideração
os aspectos históricos, culturais e pedagógicos, bem como os conhecimentos prévios e
interesses dos alunos. É importante contextualizar o conteúdo, estimular a criatividade
e adaptar as práticas de acordo com as necessidades dos estudantes. Por outro lado,
dois estudos utilizaram uma abordagem tradicional, com ênfase na disciplina, hierarquia
professor-aluno e na técnica dos movimentos (TERLUK; ROCHA, 2021).

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UNIDADE 4
TEMA DE APRENDIZAGEM 6

METODOLOGIA DO ENSINO
DE LUTAS

MINHAS METAS

Provocar sobre as diferentes formas de ensino e treinamento de lutas.

Discutir sobre as dificuldades pedagógicas no ensino das lutas.

Mostrar a importância da formação técnica e científica dos professores.

Introduzir as estratégias para o ensino de lutas.

Mostrar o método tradicional de ensino das artes marciais.

Discutir sobre a visão pedagógica das artes marciais para crianças.

Apresentar um plano de treinamento para o Jiu-Jitsu brasileiro.

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INICIE SUA JORNADA


O ensino e treinamento de lutas têm se tornado cada vez mais relevantes no
contexto educacional, proporcionando não apenas o desenvolvimento físico dos
alunos, mas também estimulando habilidades cognitivas, emocionais e sociais.
No entanto, essa área pedagógica enfrenta diversos desafios e demanda estratégias
específicas para garantir a eficácia e a inclusão no processo de aprendizagem.
Um dos principais obstáculos enfrentados pelos professores é a supera-
ção do preconceito em relação às práticas de luta que, muitas vezes, são vistas
como violentas ou inadequadas no ambiente educacional. Além disso, a falta
de materiais didáticos apropriados dificulta a elaboração de ações pedagógicas
eficazes. É necessário, portanto, incentivar os professores a adotarem abordagens
mais inclusivas e contextualizadas, considerando as particularidades de cada
aluno e estimulando sua participação ativa no processo de aprendizagem.
Outra questão crucial é a formação técnica e científica dos professores. O
currículo nas instituições de ensino superior muitas vezes não atende plenamen-
te às necessidades de ensino das lutas, focando apenas nas
técnicas e no desempenho individual, deixando de lado
a compreensão mais ampla das lutas como manifesta-
ções culturais, históricas e filosóficas. É fundamental
promover uma formação contínua dos professores,
oferecendo oportunidades de atualização e aprofun-
damento nos conhecimentos relacionados às lutas,
além do acesso a materiais didáticos adequados.
Para superar esses desafios, estratégias específi-
cas podem ser adotadas no ensino de lutas. A utiliza-
ção de jogos de oposição, atividades lúdicas e brinca-
deiras tem se mostrado eficaz, proporcionando aos
alunos liberdade de expressão e oportunidades
de aprendizado. Além disso, é fundamental
contextualizar as lutas, trabalhando
os aspectos históricos, filosóficos e
culturais, a fim de proporcionar aos
alunos uma compreensão mais profun-
da e crítica dessas modalidades.

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T E MA D E APRE N D IZAGEM 6

No ensino das artes marciais, é comum observar a prevalência do método tradicional,


baseado em cópias das práticas orientais e com pouca interação entre professor e
aluno. Essa abordagem pode levar a erros metodológicos e à alienação dos estudan-
tes em relação a sua própria cultura. Portanto, é necessário repensar a metodologia
de ensino, buscando uma abordagem mais inclusiva, crítica e contextualizada, que
valorize a autonomia dos alunos e promova a reflexão e o pensamento crítico.
Por fim, o treinamento de lutas, como o Jiu-Jitsu brasileiro demanda uma
periodização adequada, considerando a preparação para os eventos competiti-
vos. É necessário estabelecer um plano de treinamento que leve em conta a carga
de trabalho, as fases de resistência, condicionamento metabólico, treinamento
técnico e tático, além de estratégias de recuperação. Essas etapas devem ser acom-
panhadas por profissionais qualificados, buscando maximizar o desempenho e
minimizar o risco de lesões.

P L AY N O CO NHEC I M ENTO

Neste episódio, mergulharemos no universo do jogo e do lúdico no contexto das


lutas nas aulas de Educação Física escolar e veremos como a ressignificação
dos significados iniciais, por meio de jogos de lutas, possibilitou a mobilização
dos alunos, transformando o medo em prazer e diversão. Recursos de mídia
disponíveis no conteúdo digital do ambiente virtual de aprendizagem.

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VAMOS RECORDAR?
Em uma pequena cidade onde as artes marciais eram uma parte importante
da cultura local, a academia de lutas era um lugar de encontro para os en-
tusiastas de todas as idades, desde crianças curiosas até adultos dedicados.
Nessa cidade, havia dois mestres de lutas renomados: o mestre Antônio e
o mestre Bruno. Ambos tinham uma vasta experiência e conhecimento em
artes marciais, mas possuíam abordagens completamente diferentes quando
se tratava de ensino e treinamento.
O mestre Antônio era conhecido por sua abordagem tradicional. Ele acreditava na
disciplina rigorosa, na repetição e no domínio das técnicas básicas. Seus alunos
passavam horas praticando movimentos fundamentais, aperfeiçoando a forma e
a precisão. O mestre Antônio valorizava a tradição e enfatizava os valores, como
respeito, humildade e autocontrole. Seus alunos desenvolviam uma base sólida
e eram habilidosos nas técnicas tradicionais das artes marciais.
Por outro lado, o mestre Bruno tinha uma abordagem mais moderna. Ele acre-
ditava na adaptação às diferentes situações e estilos de luta. Seus treinos eram
intensos e dinâmicos, com ênfase na aplicação prática das técnicas. Os alunos
do mestre Bruno eram encorajados a explorar diferentes estilos de luta e a de-
senvolver seu próprio estilo único. Ele incentivava a criatividade e a inovação,
encorajando seus alunos a experimentarem e adaptarem as técnicas de acordo
com suas habilidades e preferências.
À medida que o tempo passava, a popularidade de ambos os mestres crescia
e atraía diferentes tipos de alunos. Alguns preferiam a abordagem mais tradi-
cional do mestre Antônio, valorizando a disciplina e a conexão com as raízes
históricas das artes marciais, outros se sentiam atraídos pela abordagem mais
moderna do mestre Bruno, buscando uma experiência prática e adaptável.
Os dois mestres respeitavam as diferenças um do outro e reconheciam que
não havia uma abordagem única para o ensino e treinamento de lutas. Eles
frequentemente compartilhavam conhecimentos e trocavam ideias, reconhe-
cendo que cada aluno tinha suas próprias necessidades e preferências.
Com o tempo, ficou claro que ambas as abordagens tinham méritos e benefí-
cios únicos. Alguns alunos buscavam a tradição e a disciplina, enquanto ou-
tros buscavam a adaptação e a criatividade. A cidade era felizarda por ter dois
mestres tão diferentes, oferecendo aos lutadores uma variedade de opções
para explorar e aprender.

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DESENVOLVA SEU POTENCIAL

O MÉTODO TRADICIONAL DE ENSINO DAS ARTES MARCIAIS

O modelo convencional de instrução em artes marciais, caracterizado por uma


abordagem disciplinada que enfatiza repetição e aperfeiçoamento das técnicas
fundamentais, demonstra eficácia na promoção do desenvolvimento de habili-
dades técnicas e disciplina. No entanto, alguns alunos podem se sentir desmoti-
vados com essa abordagem, pois ela pode ser percebida como monótona e pouco
desafiadora. Além disso, a repetição excessiva pode levar a lesões musculares,
especialmente em alunos iniciantes.
A escolha entre métodos tradicionais e contemporâneos de ensino de lutas
deve ser baseada nas necessidades e preferências individuais dos alunos. Os mé-
todos tradicionais são eficazes para alunos que valorizam a disciplina e a tradição,
enquanto os métodos contemporâneos são mais adequados para alunos que bus-
cam uma experiência mais dinâmica e desafiadora. Para encontrar um equilíbrio
adequado entre os dois métodos, é importante que os professores sejam flexíveis
e adaptem suas aulas às necessidades dos alunos. Por exemplo, os professores
podem alternar entre exercícios de repetição e exercícios mais dinâmicos ou
podem oferecer aulas de diferentes níveis de intensidade (ANDREATO, 2010).
A formação contínua dos professores também é essencial, proporcionando
oportunidades de atualização e aprofundamento nos conhecimentos relacionados
às lutas, bem como o acesso a materiais didáticos adequados. Parcerias entre as
instituições de ensino superior, academias e entidades esportivas podem contri-
buir para o desenvolvimento de programas de capacitação e troca de experiências,
fortalecendo a formação docente nessa área específica. Ao superar as dificuldades
mencionadas e adotar uma abordagem mais ampla e contextualizada no ensino das
lutas, os professores podem proporcionar aos alunos uma experiência enriquecedo-
ra, promovendo não apenas o desenvolvimento físico, mas também o crescimento
pessoal e a compreensão cultural (TERLUK; ROCHA, 2021).

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P E N SA N DO J UNTO S

Qual é a importância da formação em Educação Física para os professores de


luta e como isso pode afetar a qualidade do ensino e treinamento?
Recursos de mídia disponíveis no conteúdo digital do ambiente virtual de
aprendizagem.

As estratégias de ensino das lutas, artes marciais e esportes de combate têm valoriza-
do cada vez mais a utilização de jogos de oposição. Essas abordagens proporcionam
aos alunos a liberdade de expressão e a oportunidade de aprender e assimilar novas
informações, além de favorecer o desenvolvimento afetivo. O uso de brincadeiras
e jogos lúdicos nas aulas de lutas cria um ambiente propício para trabalhar com
regras e limites, estimulando a imaginação e a distinção entre a fantasia e a reali-
dade. Para as crianças, brincar significa autonomia, imaginação e liberdade para
expressar movimentos, gestos e sentimentos, permitindo que sejam elas mesmas e
vivenciem experiências que promovam o desenvolvimento integral.
Outra metodologia de ensino que tem sido adotada nas aulas de lutas é a ex-
ploração de novos gestos e movimentos, assim como a liberdade de expressão. Ao
criar gestos e movimentos, os alunos desenvolvem conhecimentos e experiências,
estimulando a aprendizagem, a criatividade e a atribuição de significados às lutas
em seu cotidiano (TERLUK; ROCHA, 2021).

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Os estudos mostram que contextualizar as lutas, trabalhando os aspectos históri-


cos, filosóficos e o contexto em que o aluno está inserido são estratégias eficientes
para o ensino e a aprendizagem dessas modalidades. As lutas possuem conheci-
mentos e saberes que foram socialmente construídos ao longo do tempo, esses
conhecimentos só ganham significado quando são transmitidos em um contexto
específico. Existem várias concepções e entendimentos diferentes sobre as lutas e,
portanto, contextualizá-las de acordo com a realidade do aluno permite que eles
conheçam e ressignifiquem os contextos, personagens, valores e filosofias dessas
artes milenares (TERLUK; ROCHA, 2021).
Algumas pesquisas também destacam os jogos de oposição como estratégias
para o ensino e a aprendizagem das lutas. Os jogos de oposição envolvem atividades
corporais individuais ou coletivas em que a ênfase está na própria ação de oposição,
não no resultado do jogo (ganhar ou perder). Esses jogos devem ser desenvolvidos
de maneira lúdica, com uma dinâmica agradável e flexível, permitindo que os alu-
nos criem e elaborem suas próprias atividades (TERLUK; ROCHA, 2021).

E U IN D ICO

Neste vídeo, é mostrado um jogo de oposição em que as mãos são utilizadas


como apoio e como ferramenta para ganhar do adversário: https://www.youtu-
be.com/watch?v=-b9e7i066aA. Recursos de mídia disponíveis no conteúdo
digital do ambiente virtual de aprendizagem.

Ao utilizar essas estratégias de ensino, os professores podem promover um ambien-


te de aprendizagem mais envolvente, estimulando a participação ativa dos alunos,
o desenvolvimento de habilidades motoras, a compreensão dos aspectos culturais
das lutas e o fortalecimento dos valores de respeito, cooperação e superação pessoal.

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IN D ICAÇÃO DE FI LM E

Creed: nascido para lutar (2015)


Este filme pertence à franquia Rocky. No filme, Adonis Creed,
filho do lendário lutador Apollo Creed, busca se tornar um
boxeador profissional e treina com o lendário Rocky Balboa.
O filme retrata o treinamento rigoroso, a superação de de-
safios e a relação entre mentor e aluno.

O MÉTODO TRADICIONAL DE ENSINO DAS ARTES MARCIAIS

Apesar do progresso notável das atividades físicas relacionadas às artes marciais


no campo da Educação Física, com uma abordagem mais científica, a metodo-
logia tradicional ainda prevalece como a mais adotada pelos professores. Muitas
vezes, as aulas são meras cópias das ministradas nos dojôs orientais (locais de
treinamento). No entanto, essa abordagem pode levar a erros metodológicos
que vão além do ensino e se tornam perigosos para a vida dos alunos, como a
proibição de hidratação durante uma sessão de treinamento.

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Outro aspecto comum nessa metodologia é a falta de interação e diálogo entre


professor e aluno, pois a tradição prega que isso pode comprometer a disciplina.
Há uma ausência de reflexão e questionamento por parte dos alunos, que se
tornam “cegos discípulos de seus mestres” (JAMES, 2014).
Em relação à transmissão de conhecimentos, na metodologia tradicional, ela
ocorre de maneira unidirecional, em que o professor é o detentor dos métodos e
do conhecimento e o aluno deve simplesmente “retirá-los”, em vez de construir
formas individuais de aprendizagem.

Muito do que é praticado no ensino das artes marciais em nosso país deriva de sua
estreita relação com o modo de vida das culturas orientais, das quais foram trazidas
para o Brasil. Um perigo comum nessa prática, que merece atenção, é o aluno se
distanciar completamente da realidade sociocultural de seu próprio país e tentar se
apropriar de outra cultura, no caso, a oriental, o que transformaria a prática em alie-
nação. Esse equívoco recorrente no ensino das artes marciais é a alienação dos estu-
dantes em relação ao contexto sociocultural de sua própria nação. Ao entrar na sala
de treinamento, é como se atravessássemos uma “porta mágica” que nos transporta
para um Japão, China ou Coreia em miniatura, cuja cultura desses países se torna
mais importante que a cultura nacional, tanto para o aluno quanto para o professor.

Devido a essa alienação, ainda existem práticas autoritárias decorrentes do mé-


todo tradicional de ensino das artes marciais, como rituais mecânicos sem uma
abordagem pedagógica sobre a ação que está sendo realizada, uma relação ver-
tical entre Sempai (mestre) e Kohai (aluno), misticismo nas práticas filosóficas e
falta de aplicabilidade do conhecimento adquirido para a vida cotidiana.
Para superar esses desafios, é essencial repensar a metodologia de ensino das
artes marciais para crianças, buscando uma abordagem mais inclusiva, crítica e
contextualizada. Os professores devem ser incentivados a adotar uma postura
mais participativa, estimulando o diálogo, a reflexão e o pensamento crítico dos
alunos. Além disso, é importante integrar os princípios éticos e filosóficos das ar-
tes marciais de forma significativa, relacionando-os com a vida cotidiana dos es-
tudantes. Dessa forma, o ensino das artes marciais pode se tornar uma ferramenta
poderosa para o desenvolvimento integral das crianças, promovendo não apenas
o crescimento físico e técnico, mas também o desenvolvimento social, cognitivo,
psicológico e afetivo (REZENDE; CATANHEDE; NASCIMENTO, 2010).

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IN D ICAÇ ÃO DE FI LM E

Ong-Bak: guerreiro sagrado (2023)


Este filme tailandês de ação segue a jornada de um jovem
lutador chamado Ting, que precisa recuperar a cabeça
sagrada de uma estátua de Buda roubada de sua vila. O filme
destaca o treinamento tradicional de Muay Thai.

UMA VISÃO PEDAGÓGICA SOBRE AS ARTES MARCIAIS


PARA CRIANÇAS

O ensino das artes marciais para crianças requer uma abordagem pedagógica cui-
dadosa, que leve em consideração não apenas os aspectos técnicos e físicos, mas
também os aspectos sociais, cognitivos e afetivos dos alunos. O professor desempe-
nha um papel de guia e facilitador no processo de desenvolvimento dos praticantes,
buscando promover a autonomia e o crescimento integral de cada um.
Ao planejar as atividades, o professor deve considerar a realidade cotidiana
dos alunos, relacionando as práticas de artes marciais com seus conhecimentos
prévios e vivências. Isso ajuda a valorizar a bagagem individual de cada criança
e a estabelecer conexões significativas entre a arte marcial e sua vida diária. Além
disso, é fundamental fornecer informações éticas e princípios que auxiliem os
alunos a tomar decisões responsáveis e a lidar com situações desafiadoras tanto
dentro como fora do tatame (JAMES, 2014).
Estimular o pensamento crítico é um objetivo importante no ensino das artes
marciais para crianças. Os alunos devem ser encorajados a questionar, refletir e
compreender os fundamentos por trás dos movimentos e das técnicas. Dessa
forma, eles desenvolvem não apenas habilidades físicas, mas também uma com-
preensão mais profunda das artes marciais como um todo.

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A formação em Educação Física vai além de habilidades técnicas e aborda questões


mais amplas, como o desenvolvimento integral dos alunos, a promoção de valores
éticos e a compreensão das dinâmicas socioculturais envolvidas nas artes marciais.

Os profissionais de Educação Física estão preparados para uma interação peda-


gógica mais rica e inclusiva, que valoriza a individualidade dos alunos, estimula
o aprendizado ativo e busca a aplicabilidade dos conhecimentos adquiridos no
contexto da vida cotidiana.

Em suma, o professor de artes marciais para crianças desempenha um papel


crucial no desenvolvimento dos alunos. Uma abordagem pedagógica embasada
cientificamente, aliada à valorização do conhecimento prévio dos alunos, ao
estímulo do pensamento crítico e à formação acadêmica adequada, contribui
para um ensino mais efetivo e enriquecedor das artes marciais, possibilitando o
crescimento integral e a formação de praticantes autônomos e conscientes (RE-
ZENDE; CATANHEDE; NASCIMENTO, 2010).
Em suma, o ensino e treinamento de lutas requerem abordagens pedagógicas
específicas, que considerem as dificuldades pedagógicas, a formação dos profes-
sores, estratégias de ensino, métodos tradicionais, particularidades no ensino para
crianças, modelos de treinamento e estratégias de recuperação. Ao adotar abor-
dagens inclusivas, contextuais e cientificamente embasadas, é possível promover
uma experiência enriquecedora no ensino e treinamento de lutas, contribuindo
para o desenvolvimento integral dos alunos em diversos aspectos de suas vidas
(REZENDE; CATANHEDE; NASCIMENTO, 2010).

E M FO CO

Confira a aula referente a este tema. Recursos de mídia disponíveis no con-


teúdo digital do ambiente virtual de aprendizagem.

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NOVOS DESAFIOS
As diferentes formas de ensino e treinamento de lutas oferecem amplas oportu-
nidades profissionais para aqueles que desejam seguir carreira nesse campo. Os
profissionais qualificados têm a possibilidade de se tornarem instrutores em acade-
mias especializadas, escolas de artes marciais, clubes esportivos ou até mesmo em
academias de autodefesa. Eles podem compartilhar seus conhecimentos técnicos e
experiência prática com os alunos, ajudando-os a desenvolver suas habilidades físi-
cas e mentais, promovendo a disciplina, o condicionamento físico e a autoconfiança.
Além disso, há também a oportunidade de se tornar um treinador ou prepa-
rador físico em equipes de competição de artes marciais, seja em nível amador
ou profissional. Nessa função, os profissionais podem trabalhar com atletas de
alto rendimento, auxiliando-os no desenvolvimento de suas habilidades técnicas,
na preparação física específica para a modalidade e na elaboração de estratégias
para competições. Essa área exige um profundo conhecimento das técnicas de
luta, bem como habilidades de comunicação e liderança para orientar e motivar
os atletas. As oportunidades profissionais na área de ensino e treinamento de lutas
são diversificadas e podem se adaptar aos interesses e habilidades individuais. A
escolha do ambiente profissional dependerá dos objetivos e da especialização de
cada pessoa interessada em seguir carreira nesse campo.

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VAMOS PRATICAR

1. As dificuldades enfrentadas pelos professores no ensino das lutas vão além da falta
de domínio dos conteúdos e da pouca experiência prática com as modalidades. Outro
desafio é lidar com o preconceito em relação às práticas de luta, muitas vezes vistas
como violentas ou inadequadas no contexto educacional. Além disso, a escassez de
materiais didáticos apropriados dificulta a elaboração de ações pedagógicas eficazes
para o ensino e a aprendizagem dos alunos nessa área. Quais estratégias podem ser
adotadas pelos professores para promover um ensino mais inclusivo e contextualizado
das lutas?

a) Enfatizar apenas o desempenho individual dos alunos.


b) Utilizar apenas abordagens pedagógicas tradicionais.
c) Incentivar a prática das lutas de forma violenta.
d) Explorar recursos e estratégias que levem em consideração as particularidades dos
alunos e seus valores.
e) Utilizar apenas abordagens pedagógicas revolucionárias.

2. No processo de formação dos professores em Educação Física nas instituições de En-


sino Superior, é evidente que o currículo não atende plenamente às necessidades para
que eles sejam capazes de ensinar as lutas de forma efetiva. Considerando a formação
dos professores em Educação Física para o ensino das lutas, qual é a abordagem su-
gerida para uma prática pedagógica mais abrangente e efetiva?

a) Focar apenas nas técnicas e no desempenho individual dos alunos.


b) Desconsiderar as manifestações culturais, históricas e filosóficas das lutas.
c) Valorizar as experiências e vivências culturais dos alunos, contextualizando as lutas
no âmbito histórico, filosófico e corporal.
d) Excluir os instrutores experientes que não possuem formação acadêmica.
e) Nenhuma das opções.

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VAMOS PRATICAR

3. No processo de formação dos professores em Educação Física nas instituições de En-


sino Superior, é evidente que o currículo não atende plenamente às necessidades para
que eles sejam capazes de ensinar as lutas de forma efetiva. Além da formação inicial,
qual é outro aspecto essencial para os professores de Educação Física no ensino das
lutas, visando uma prática mais enriquecedora para os alunos?

a) Exclusivamente o desempenho físico dos alunos nas lutas.


b) A desconsideração das parcerias com academias e entidades esportivas.
c) A formação acadêmica como único requisito para a capacitação dos professores.
d) A formação contínua, oportunizando atualização e aprofundamento nos conhecimen-
tos relacionados às lutas, além de parcerias para troca de experiências.
e) A ênfase apenas nas técnicas e habilidades individuais dos alunos nas lutas.

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REFERÊNCIAS

ANDREATO, L. V. Bases para a prescrição do treinamento desportivo aplicado ao Brazilian


Jiu-Jitsu. Conexões, Campinas, v. 8, n. 2, p. 174-186, 2010. Disponível em: https://perio-
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JAMES, L. P. An evidenced-based training plan for Brazilian Jiu-Jitsu. Strength and Con-
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TERLUK, M. G.; ROCHA, R. E. R. Metodologias e estratégias pedagógicas para o ensino das lu-
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Física, Marechal Cândido Rondon, v. 19, n. 1, p. 49-54, 2021. Disponível em: https://e-re-
vista.unioeste.br/index.php/cadernoedfisica/article/view/26445. Acesso em: 25 out. 2023.

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CONFIRA SUAS RESPOSTAS

1. Opção D.

As dificuldades enfrentadas pelos professores no ensino das lutas vão além da falta de
domínio dos conteúdos e da pouca experiência prática com as modalidades. Outro de-
safio é lidar com o preconceito em relação às práticas de luta, muitas vezes vistas como
violentas ou inadequadas no contexto educacional. Além disso, a escassez de materiais
didáticos apropriados dificulta a elaboração de ações pedagógicas eficazes para o ensino
e a aprendizagem dos alunos nessa área.
Nesse sentido, é fundamental que os professores sejam encorajados a explorar abor-
dagens pedagógicas mais inclusivas e contextualizadas, que levem em consideração
as particularidades de cada aluno e estimulem sua participação ativa no processo de
aprendizagem. Isso implica em utilizar diferentes recursos e estratégias, como discussões,
reflexões, análise de vídeos e textos, além de incentivar a prática das lutas de forma ética
e respeitosa, enfatizando os valores de colaboração, resiliência e autocontrole.

2. Opção C.

No processo de formação dos professores em Educação Física nas instituições de Ensino


Superior, é evidente que o currículo não atende plenamente às necessidades para que eles
sejam capazes de ensinar as lutas de forma efetiva. O foco, muitas vezes, recai apenas
nas técnicas e no desempenho individual, deixando de lado a compreensão mais ampla
das lutas como manifestações culturais, históricas e filosóficas. É importante perceber
que os conteúdos das lutas também podem ser desenvolvidos em contextos não formais,
como academias e clubes, por meio de práticas pedagógicas mais abrangentes. Em vez
de uma abordagem centrada apenas no professor e nas técnicas, é possível valorizar
as experiências e vivências culturais dos alunos, contextualizando as lutas no âmbito
histórico, filosófico e corporal. Dessa forma, os estudantes podem ter um olhar crítico e
reflexivo sobre a importância social das lutas, compreendendo-as como manifestações
de identidade, resistência e inclusão.
A formação acadêmica fornece uma base sólida de conhecimento e competências nas
áreas relacionadas ao ensino das artes marciais, incluindo aspectos pedagógicos, fisio-
lógicos, socioculturais e éticos. Embora alguns instrutores experientes possam ter sido
excluídos inicialmente pela regulamentação da profissão, é importante reconhecer a
importância da formação acadêmica para o aprimoramento da prática de ensino.

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CONFIRA SUAS RESPOSTAS

3. Opção D.

A formação contínua dos professores também é essencial, proporcionando oportunidades


de atualização e aprofundamento nos conhecimentos relacionados às lutas, bem como
o acesso a materiais didáticos adequados. Parcerias entre as instituições de Ensino
Superior, academias e entidades esportivas podem contribuir para o desenvolvimento
de programas de capacitação e troca de experiências, fortalecendo a formação docente
nessa área específica. Ao superar as dificuldades mencionadas e adotar uma abordagem
mais ampla e contextualizada no ensino das lutas, os professores podem proporcionar
aos alunos uma experiência enriquecedora, promovendo não apenas o desenvolvimento
físico, mas também o crescimento pessoal e a compreensão cultural.

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MEU ESPAÇO

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TEMA DE APRENDIZAGEM 7

AS LUTAS ENQUANTO CAMPO DE


ATUAÇÃO PROFISSIONAL

MINHAS METAS

Verificar as oportunidades profissionais na área das lutas.

Discutir sobre a formação acadêmica necessária para atuar como professor de lutas.

Explorar as competências e habilidades necessárias para atuar na área das lutas.

Conhecer sobre a regulamentação da profissão do instrutor/professor de lutas.

Explanar sobre o planejamento e execução de aulas de lutas para diferentes faixas etárias.

Citar a preparação física e técnica de atletas de diferentes modalidades de lutas.

Discutir sobre as perspectivas e tendências no campo das lutas na Educação Física.

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UN I C ES UMA R

INICIE SUA JORNADA


Ao adentrar no campo das lutas, é fundamental compreender a complexidade
e diversidade das modalidades existentes, tais como o boxe, judô, karatê, taek-
wondo, MMA, entre outras. Cada uma delas possui suas particularidades, regras
e características próprias, exigindo dos profissionais conhecimentos específicos
e habilidades técnicas diferenciadas.
Pedro era um estudante dedicado e curioso que tinha uma paixão especial por
esportes e atividades físicas. Durante seus anos de escola, ele se envolveu em várias
modalidades esportivas, mas havia algo nas lutas que o fascinava profundamente.
Pedro começou a praticar artes marciais como uma forma de canalizar sua
energia e disciplinar sua mente. Ele mergulhou de cabeça, aprendendo técnicas,
treinando duro e competindo em torneios locais. À medida que progredia em
sua jornada, Pedro percebeu que seu amor pelas lutas ia além da prática pessoal.
Um dia, enquanto assistia a uma competição de lutas, Pedro notou a presença de
um grupo de profissionais envolvidos na organização e orientação dos atletas. Eles
eram treinadores, árbitros e preparadores físicos dedicados a apoiar e guiar os lu-
tadores em sua jornada. Aquele momento foi um verdadeiro despertar para Pedro.
Ele percebeu que as lutas não eram apenas sobre a competição, mas também
sobre a oportunidade de ajudar outras pessoas a alcançarem seu potencial máxi-
mo. Pedro sentiu uma chama dentro de si, uma vontade de se tornar parte desse
mundo e contribuir para o desenvolvimento dos praticantes de lutas.
Determinado, Pedro buscou conhecimento e formação na área das lutas. Ele
estudou as diferentes modalidades, aprimorou suas habilidades técnicas e buscou
compreender as estratégias de treinamento e competição. Além disso, ele também
se dedicou a aprender sobre as responsabilidades e competências dos árbitros, e
como as regras e critérios de avaliação eram aplicados nas diferentes modalidades.
Hoje, Pedro é um profissional respeitado no campo das lutas. Ele atua como
treinador, orientando jovens atletas a desenvolverem suas habilidades físicas e
mentais. Além disso, ele também se tornou árbitro, aplicando as regras com justiça
e imparcialidade durante as competições.

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T E MA D E APRE N D IZAGEM 7

VAMOS RECORDAR?
As diversas modalidades de lutas têm desempenhado um papel fundamental
tanto na esfera esportiva quanto na área da saúde e bem-estar, mas quais são
as perspectivas e áreas de atuação para um profissional nessa área?
A crescente demanda por profissionais especializados nesse campo destaca a
importância de compreender a relevância social, cultural e terapêutica dessas
práticas, bem como suas potencialidades para aprimorar o condicionamento
físico, promover a autoconfiança e atuar na prevenção e reabilitação de lesões.

DESENVOLVA SEU POTENCIAL

EXPLORANDO O UNIVERSO DAS LUTAS E DAS ARTES


MARCIAIS

As lutas têm uma história milenar e uma presença significativa em diferentes


culturas ao redor do mundo. Além de sua importância histórica e cultural, elas
também oferecem benefícios físicos, emocionais e sociais.


O crescente interesse e reconhecimento desses benefícios têm im-
pulsionado a busca por profissionais qualificados e especializados
nas lutas (TAVARES JÚNIOR; DRIGO, 2018, s. p.).

VOCÊ SABE RESPONDER?


Você já imaginou fazer parte do universo das lutas e artes marciais como um
profissional especializado?

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Em um mundo onde a busca por atividades físicas e esportivas está em constante


crescimento, o campo das lutas oferece uma gama de oportunidades. Seja atuando
como professor, treinador, preparador físico, árbitro ou pesquisador, a área das
lutas proporciona um leque de possibilidades para aqueles que desejam se espe-
cializar e contribuir para o desenvolvimento dos praticantes e atletas.

VOCÊ SABE RESPONDER?


Qual a formação acadêmica necessária para atuar como professor de lutas?

FORMAÇÃO DO PROFISSIONAL DE LUTAS

Para atuar como profissional na área de lutas, é crucial desenvolver uma série
de competências e habilidades específicas. Em primeiro lugar, é fundamental
possuir um amplo conhecimento das modalidades de lutas escolhidas, com-
preendendo suas técnicas, regras e estratégias. Além disso, é importante ter uma
base sólida em educação física, incluindo conhecimentos de anatomia, fisiologia,
biomecânica e treinamento desportivo. A capacidade de comunicar-se efetiva-
mente com os praticantes de lutas e de adaptar os
métodos de ensino às diferentes faixas etárias e
níveis de habilidade é igualmente essencial.
Outras habilidades importantes incluem
liderança, capacidade de motivar e ins-
pirar os atletas, gerenciamento de equi-
pe, tomada de decisão rápida e precisão
(DIAS; NASSIF, 2022).
A formação acadêmica e profissional
em lutas desempenha um papel fun-
damental para aqueles que dese-
jam atuar nessa área. Por meio

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de cursos e especializações específicas, os profissionais têm a oportunidade de


adquirir conhecimentos teóricos e práticos, técnicos e táticos, sobre as diferen-
tes modalidades de lutas, bem como desenvolver as competências e habilidades
necessárias para oferecer serviços de qualidade. Nesse contexto, é essencial com-
preender a importância da formação acadêmica e profissional em lutas, analisar
os cursos e especializações disponíveis nessa área e explorar as competências e
habilidades requeridas para se tornar um profissional bem-sucedido.

AP RO F U N DA NDO

Regulamentação da profissão do instrutor/professor de lutas


O Conselho Federal de Educação Física (CONFEF, 2002, on-line), em sua Reso-
lução nº 46 de 18/2/2002, define as atividades de Educação Física, bem como
as prerrogativas dos profissionais de Educação Física, reza em seu Artigo 1º que:
“O Profissional de Educação Física é especialista em atividades físicas, nas suas
diversas manifestações – ginásticas, exercícios físicos, desportos, jogos, lutas,
capoeira, artes marciais...”.
Entretanto, “as artes marciais não são fiscalizadas pelo Conselho Federal e pelos
Conselhos Regionais, tendo em vista que Reafirmamos que não fiscalizamos
Artes Marciais por ser uma ARTE DE GUERRA, e a nossa Constituição Federal
impede atividades de guerra” (CONFEF, 2017, on-line). Assim, os profissionais
que ensinam as artes marciais não estão incluídos no quadro daqueles que são
regulamentados pelo conselho de educação física.

A regulamentação da profissão do instrutor/professor de lutas é um tema relevante


e em discussão na área da Educação Física. Propostas legislativas, como o Proje-
to de Lei 3649/2020, buscam preencher essa lacuna e estabelecer critérios e dire-
trizes para a atuação desses profissionais, garantindo uma abordagem qualificada e
segura para os praticantes e alunos interessados em participar dessas modalidades
Existe profissionais das artes marciais que possuem autorização para exer-
cerem suas atividades sob a supervisão do Conselho de Educação Física, apesar
de não possuírem formação em Educação Física. O termo “provisionado” é uti-
lizado para descrever aqueles que não possuem formação de nível superior em
Educação Física, mas que conseguem obter registro funcional após demonstrar

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experiência na área por um período mínimo de três anos, antecedendo a regula-


mentação da profissão, estabelecida em 1998 pela Lei Nº 9696/98.

E U IN D ICO

O Projeto de Lei 3649/2020, que está aguardando o parecer do relator na Co-


missão de Trabalho, dispõe sobre exercício da profissão de professor de artes
marciais ou de esportes de combate. Recursos de mídia disponíveis no con-
teúdo digital do ambiente virtual de aprendizagem.

Para aqueles que buscam se especializar em lutas, existem diversos cursos e es-
pecializações disponíveis. Esses programas oferecem uma ampla gama de co-
nhecimentos, abordando aspectos teóricos e práticos relacionados às diferentes
modalidades de lutas, incluindo boxe, jiu-jitsu, taekwondo, judô, entre outras.
Esses cursos englobam temas como técnicas de combate, estratégias de treina-
mento, regras e regulamentos, nutrição esportiva e primeiros socorros. Além
disso, muitos programas também incluem estágios práticos, permitindo que os
estudantes apliquem os conhecimentos adquiridos em um ambiente real.
A atuação como professor de lutas requer habilidades específicas no plane-
jamento e execução de aulas direcionadas a diferentes faixas etárias. Além disso,
é essencial adaptar os conteúdos e métodos pedagógicos para atender às neces-
sidades e características dos alunos. Além do papel de professor, também há a
possibilidade de ser treinador de atletas de lutas, assumindo a responsabilidade
de desenvolver o potencial dos lutadores e prepará-los para competições. Nesse
contexto, é importante analisar as competências necessárias para atuar como
professor de lutas, o planejamento e execução de aulas para diferentes faixas
etárias, a adaptação de conteúdos e métodos pedagógicos, bem como a função
de treinador de atletas de lutas.

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E U IN D ICO

Descubra o caminho para se tornar um faixa preta de Karatê e estar pronto para
ensinar. Recursos de mídia disponíveis no conteúdo digital do ambiente
virtual de aprendizagem.

PLANEJAMENTO E EXECUÇÃO DE AULAS DE LUTAS PARA


DIFERENTES FAIXAS ETÁRIAS

No papel de professor de lutas, é fundamental


É fundamental
realizar um planejamento adequado das aulas,
realizar um
levando em consideração a faixa etária dos alu-
planejamento
nos. Para crianças, por exemplo, as aulas devem adequado das aulas
ser lúdicas e focadas no desenvolvimento motor,
habilidades básicas de movimento e aspectos cognitivos e socioemocionais. Já
para adolescentes e adultos, as aulas podem ser mais técnicas e estratégicas, vi-
sando ao aprimoramento das técnicas de combate, condicionamento físico e
preparação para competições. O professor deve adaptar os exercícios e atividades
de acordo com o nível de habilidade e experiência dos alunos, proporcionando
um ambiente seguro e desafiador para o aprendizado e progresso.

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Assista a um exemplo de aula de Karatê ministrado para crianças. Recursos de


mídia disponíveis no conteúdo digital do ambiente virtual de aprendiza-
gem.

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A adaptação de conteúdos e métodos pedagógi-


O professor deve ser
cos é um aspecto crucial para o ensino das lutas. capaz de ajustar seu
Cada aluno é único, com diferentes habilidades, plano de ensino e
estilos de aprendizagem e necessidades. O profes- abordagem
sor deve ser capaz de ajustar seu plano de ensino
e abordagem, levando em consideração esses fatores. Isso envolve selecionar e
organizar os conteúdos de forma progressiva, ensinar as técnicas de forma clara
e acessível, oferecer feedback individualizado e utilizar estratégias de ensino va-
riadas, como demonstrações, atividades práticas, jogos e simulações de combate.
O uso de recursos visuais, áudio e táteis, também pode ser benéfico para facilitar
a compreensão e o aprendizado dos alunos.

E U IN D ICO

Em Uberlândia são ministradas aulas de Capoeira para pessoas idosas. Assista e


conheça um pouco melhor o trabalho com essa população. Recursos de mídia
disponíveis no conteúdo digital do ambiente virtual de aprendizagem.

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Gonzáles, Darido e Oliveira (2014) oferecem um quadro de orientações que abor-


da as atividades de lutas em diferentes faixas etárias. Suas orientações contribuem
com a compreensão sobre como adaptar e planejar estrategicamente essas práti-
cas, levando em consideração as necessidades de desenvolvimento de cada grupo
etário. Com base nessa base teórica, é possível conceber abordagens mais eficazes
e envolventes, garantindo que as experiências de aprendizado sejam pertinentes
e estimulantes para todos os alunos.

ORIENTAÇÕES DE ATIVIDADES DE LUTAS POR FAIXA ETÁRIA E SUAS PRINCIPAIS


CARACTERÍSTICAS

FAIXA FASE DE DESENVOL- PRINCIPAIS CARAC- O QUE ENFATIZAR NO


ETÁRIA VIMENTO TERÍSTICAS ENSINO DAS LUTAS

Atividades básicas
como brincadeiras
Habilidades funda-
gerais, atividades
mentais (correr, sal-
de empurrar, rolar,
tar, pular, rolar etc.),
Fase do movimento correr e pegar de
5-7 proficientes, coorde-
fundamental (estágio modo lúdico, indo
anos nadas e controladas,
de proficiência) do abstrato para o
construção de suas
concreto, ou seja,
representações
jogos mais gerais
mentais.
para jogos mais
específicos.

Início do processo de
Combinação de mo-
ensino dos aspectos
vimentos fundamen-
gerais, brincadeiras
tais em situações
Fase do movimento de oposição, movi-
7-10 esportivas e recrea-
especializado (está- mentos de distância
anos tivas com maior
gio de transição) curta, média e longa,
precisão e controle e
diversidade de jogos
maior relação com os
de oposição em
outros.
duplas e grupos.

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Movimentos mais
avançados como
combinação de
Maior tomada de socos e chutes,
decisão, ampliação aprendizagem de es-
da relação com a quivas, movimentos
tarefa e o ambiente, de defesa e contra-
Fase do movimento
11-13 e maior ênfase na golpes, aplicação de
especializado (está-
anos forma, habilidade e movimentos como
gio de aplicação)
precisão, ampliando rolamentos, agarres
as atividades especí- e toques em situa-
ficas e ampliação de ções de oposição
sua autonomia. direta, jogos espe-
cializados e algumas
modalidades de luta
adaptada.

Ampliação dos mo-


Uso do repertório vimentos e combi-
motor aprendido nações, aprendiza-
desde o nascimento, gem da lógica das
14 Fase do movimento movimentos mais diferentes modali-
anos especializado (está- refinados e aplica- dades, caracterís-
ou gio de utilização ao dos aos esportes e ticas semelhantes
mais longo da vida) utilização ao longo e diferentes entre
da vida com maior as modalidades e
criticidade e criativi- aprendizagem das
dade. práticas de distância
mista.

Quadro 1 – Atividades de lutas: abordagens específicas para diferentes faixas etárias / Fonte: Gonzáles,
Darido e Oliveira (2014, p. 45).

ATUAÇÃO COMO TREINADOR DE LUTADORES

Além de atuar como professor, também há a possibilidade de se tornar treinador


de atletas de lutas. Nesse papel, o profissional assume a responsabilidade de de-
senvolver o potencial dos lutadores e prepará-los para competições. Isso envolve
o aprimoramento das habilidades técnicas e táticas dos atletas, o desenvolvimento

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do condicionamento físico específico para as lutas, a periodização do treinamen-


to, a análise e correção de movimentos, a definição de estratégias de combate e a
preparação psicológica dos lutadores. O treinador deve ser capaz de identificar
as necessidades individuais de cada atleta e adaptar o treinamento de acordo,
visando o seu crescimento e sucesso nas competições.

A atuação como professor de lutas requer habilidades no planejamento e execução


de aulas adaptadas a diferentes faixas etárias, bem como na adaptação de conteú-
dos e métodos pedagógicos para o ensino das lutas. Além disso, há a possibilidade
de se tornar treinador de atletas de lutas, assumindo a responsabilidade de desen-
volver o potencial dos lutadores e prepará-los para competições. É fundamental
possuir conhecimentos técnicos sólidos, habilidades de comunicação eficazes e
capacidade de adaptação para atender às necessidades dos alunos e atletas. Por
meio dessas competências, o professor e treinador poderão contribuir para o cresci-
mento e desenvolvimento dos praticantes de lutas em diferentes níveis.

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A preparação física e técnica é um componente


A preparação física
essencial para o desempenho e sucesso dos atletas
visa desenvolver as
de diversas modalidades de lutas. Nesse contexto, capacidades físicas
o treinador desempenha um papel fundamental necessárias
na elaboração e implementação de estratégias de
treinamento e competição eficazes. A preparação física visa desenvolver as ca-
pacidades físicas necessárias, como força, resistência, velocidade e flexibilida-
de, enquanto a preparação técnica visa aprimorar as habilidades específicas das
modalidades de lutas. Nessa redação, discutiremos a importância da preparação
física e técnica, bem como as estratégias de treinamento e competição utilizadas
para otimizar o desempenho dos atletas.

E U IN D ICO

Conheça um pouco sobre a preparação física de atletas de alto nível de Jiu-


-jitsu. No vídeo, é possível ver o treinamento do multicampeão Micael Galvão.
Recursos de mídia disponíveis no conteúdo digital do ambiente virtual de
aprendizagem.

A preparação física é essencial para garantir que os atletas de lutas adquiram as ca-
pacidades físicas necessárias para enfrentar os desafios da modalidade. Por meio
do treinamento físico adequado, os atletas podem desenvolver força muscular,
resistência cardiovascular, explosão, agilidade e flexibilidade. Essas capacidades
são cruciais para realizar movimentos técnicos com eficiência e resistir ao estresse
físico durante os combates. Além disso, a preparação técnica é fundamental para
aprimorar as habilidades específicas da modalidade, como golpes, defesas, quedas
e estratégias de combate. A combinação de preparação física e técnica adequadas
permite que os atletas alcancem seu máximo potencial no esporte.

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IN D ICAÇÃO DE FI LM E

Conor MCGregor: além do octógono


Sinopse: indicamos a série “Conor MCGregor: além do
octógono”. Nesta produção Netflix, são exploradas todas as
nuances da carreira do renomado lutador de MMA, Conor
McGregor. A série oferece uma visão abrangente sobre a vida
de um profissional das lutas, destacando os desafios enfrenta-
dos e as demandas intensas que vêm junto com o sucesso e a
fama mundial, e destaca a dedicação e superação do lutador
no mundo das artes marciais, refletindo sobre as oportuni-
dades profissionais nesse campo.

MODELO DE TREINAMENTO PARA O JIU-JITSU BRASILEIRO

Atualmente, o condicionamento físico está se tornando cada vez mais crucial,


sendo um fator determinante para alcançar o sucesso em esportes que exigem
habilidades físicas, muitas vezes superando o talento natural. Nesse sentido, mui-
tos atletas, treinadores e preparadores físicos estão atribuindo cada vez mais im-
portância à preparação física. Esportes competitivos, como o Brazilian Jiu-Jitsu,
demandam treinamentos intensos, resultando em uma sobrecarga significativa
para o corpo humano, especialmente em esportes de contato em que há o peso
adicional do oponente. Cabe ao preparador físico criar condições ideais para os
atletas, buscando alcançar o desempenho máximo e preservar a saúde.


A preparação física é identificada como o fator mais importante no
processo de desenvolvimento das habilidades dos atletas, especial-
mente em termos de aprendizado, aprimoramento técnico e aqui-
sição de estratégias para competições (ANDREATO, 2010, s. p.).

O autor James (2014), apresenta, de maneira bem clara, um plano de treinamento


baseado em evidências para o Jiu-jitsu Brasileiro, a partir do processo de periodização.
A periodização é um conjunto de princípios utilizados para gerenciar os estres-
sores do treinamento, permitindo que um atleta atinja o pico em momentos prede-

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terminados ao longo de um plano de treinamento. Assim, o atleta de Jiu-Jitsu deve


selecionar e priorizar seus eventos competitivos com antecedência. Um mesociclo
pode, então, ser dedicado à preparação para um torneio selecionado. A duração
desse ciclo dependerá da frequência e do nível de competição. Por exemplo, um
competidor novato pode competir com mais frequência, participando de vários
torneios regionais, que são frequentemente programados, enquanto os atletas de
faixa-preta de elite podem competir apenas algumas vezes por ano. Depois que os
eventos são selecionados, a carga de treinamento pode ser ajustada para garantir o
gerenciamento adequado do estímulo e da fadiga. Vejamos:

ESTRUTURA DO PLANO

Foi observado que uma estrutura de periodização sequencial resulta em


ganhos de desempenho superiores em atletas que realizam treinamento si-
multâneo e é sugerida como o design ideal para competidores de esportes de
combate. Como tal, o mesociclo será dividido em três blocos de treinamento
menores. A carga de trabalho geral de cada bloco aumentará para fornecer
sobrecarga progressiva ao longo do tempo. Para cada um desses períodos,
serão priorizados os diversos fatores de treinamento realizados pelo atleta de
Jiu-Jitsu. As qualidades fisiológicas aprimoradas em cada bloco potencializa-
rão o desenvolvimento dos atributos desejados no bloco seguinte. Em última
análise, isso garantirá o desenvolvimento ideal das habilidades que sustentam
o desempenho do Jiu-Jitsu a tempo da competição.

COMPETIDORES DE ELITE

No caso de um atleta de elite do Jiu-Jitsu, recomenda-se um mesociclo de 18


semanas, dividido em 6 semanas para cada bloco. Um padrão de carga incremen-
tal será usado, com as primeiras 4 semanas aumentando a carga de trabalho. Nas
2 semanas finais, a carga de trabalho é reduzida para proporcionar descanso e
permitir que as adaptações sejam realizadas antes do próximo bloco.

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COMPETIDORES AMADORES

Para o atleta de Jiu-Jitsu subelite, uma série de mesociclos de 9 semanas per-


mitirá vários picos para as frequentes competições realizadas ao longo do ano.
Aqui, 3 semanas devem ser alocadas para cada um dos 3 blocos de treinamento.
Um padrão de carga incremental será novamente usado, no qual a carga de tra-
balho geral é aumentada nas primeiras 2 semanas, enquanto a semana final con-
tém uma carga de trabalho menor para permitir a recuperação antes do aumento
do estresse do bloco seguinte.

Bloco 1

TREINAMENTO DE RESISTÊNCIA

De acordo com a teoria da periodização sequencial, a ênfase do treinamento


resistido na fase inicial desse mesociclo é o aumento da hipertrofia muscular. Essa
melhoria na área transversal contribui para o desenvolvimento de força no bloco
seguinte. Além disso, melhorias nessa qualidade são importantes para o atleta de
Jiu-Jitsu, pois foi relatado que os competidores de elite nesse esporte possuem
baixa gordura corporal e alta massa livre de gordura. Assim, o estímulo hipertrófico
e a demanda metabólica experimentada durante esse treinamento são componen-
tes importantes no desenvolvimento do atleta de Jiu-Jitsu. Embora o foco desse
bloco de treinamento de resistência seja a hipertrofia, cargas de manutenção de
força e potência são incluídas para minimizar qualquer perda dessas qualidades.
Ao longo de todos os blocos, os exercícios estruturais e outras variantes do le-
vantamento de peso são enfatizados devido a sua capacidade superior de ativar a
massa muscular máxima e promover adaptações de força e potência.

CONDICIONAMENTO METABÓLICO

Nessa fase, os treinos de condicionamento metabólico serão projetados de acor-


do com a proporção Hi:Lo para cada período de trabalho. Isso enfatiza o desen-
volvimento do metabolismo oxidativo, que é um dos principais contribuintes para
o fornecimento de energia durante uma luta de Jiu-Jitsu, considerando a inten-
sidade intermitente do esporte. Tais melhorias são provocadas por aumentos na
afinidade da hemoglobina, difusão pulmonar, volume sistólico, débito cardíaco e
volume sanguíneo. Essas adaptações centrais interferem menos nas adaptações
mais periféricas resultantes do treinamento de hipertrofia concomitante.

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TREINAMENTO TÉCNICO E TÁTICO

Consistente com os princípios da periodização, a distribuição relativa e propor-


cional do treinamento técnico e tático é baixa durante esse período inicial do
mesociclo, devido aos aumentos consideráveis que ocorrerão posteriormente no
plano de treinamento. Isso promove adaptações contínuas ao longo do mesociclo
e permite o aumento da carga de volume característico das atividades de treina-
mento de hipertrofia realizadas durante esse bloco. Nas sessões específicas do
esporte, o volume de “rolling” de alta intensidade (sparring) provavelmente será
menor durante esse período, com foco na melhoria da proficiência técnica.

Bloco 2

TREINAMENTO DE RESISTÊNCIA

A carga de trabalho proporcional do treinamento resistido nesse bloco diminui


com o aumento concomitante do treinamento esportivo específico. Essa diminui-
ção do volume alto experimentado no bloco anterior permite que o treinamento
de resistência agora se concentre no desenvolvimento da força. As adaptações
são principalmente do sistema nervoso central e incluem aumentos na ativação
muscular máxima e taxa de desenvolvimento de força. Cargas de manutenção
de hipertrofia e potência são incluídas para prevenir a perda de massa magra e a
capacidade de geração rápida de força, respectivamente.

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CONDICIONAMENTO METABÓLICO

Nesse bloco, o condicionamento metabólico torna-se fisiologicamente mais


específico para a competição de Jiu-Jitsu. Assim, essas atividades irão consi-
derar as fases de esforço de maior e menor intensidade dentro de cada período
de trabalho, além da própria relação trabalho/descanso. O condicionamento é
baseado no entendimento de que dois períodos de trabalho com duração de 117 a
170 segundos são normalmente executados e separados por, aproximadamente,
20 segundos de descanso. Além disso, esses períodos de trabalho contêm uma
proporção Hi:Lo de aproximadamente 1:8 a 1:5, representada por períodos de alta
intensidade com duração de aproximadamente 3 a 5 segundos, seguidos por 25
segundos de atividade de baixa intensidade. Essas tarefas provocam maiores
adaptações periféricas do que os métodos de condicionamento do bloco anterior,
como aumento dos estoques de glicogênio muscular, enzimas oxidativas e den-
sidade capilar e mitocondrial. Essas adaptações periféricas são menos propensas
a interferir nas adaptações predominantemente neurais ao treinamento de força
prescrito neste período.

TREINAMENTO TÉCNICO E TÁTICO

À medida que o mesociclo avança, tanto o treinamento técnico quanto o tático


aumentam em prioridade. Isso ocorre por meio do aumento da carga de trabalho
e da intensidade. Desenvolver o repertório de fugas, finalizações, estratégias
de posicionamento e outras manobras do atleta torna-se o foco. As sessões de
rolamento aumentam em volume e intensidade, dando ao lutador oportunidades
estendidas para aplicar técnicas recém-aprendidas. Isso também prepara o atle-
ta para um treinamento mais tático e estratégico no bloco seguinte. É necessária
uma comunicação eficaz entre os treinadores de força e condicionamento e os
treinadores de esportes específicos, para garantir a aplicação das estratégias
incrementais de carga e descarga mencionadas anteriormente.

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Bloco 3

TREINAMENTO DE RESISTÊNCIA

O treinamento para atingir a potência neuromuscular máxima torna-se o foco do


treinamento de resistência desse bloco. Como tal, os componentes de força e ve-
locidade são visados ​​por meio da combinação de cargas, modalidades e padrões
de movimento. As adaptações altamente neurais resultantes desse treinamento
complementam as adaptações predominantemente periféricas do condiciona-
mento metabólico de alta intensidade, realizado simultaneamente nesse bloco.
Um volume relativamente mínimo é usado durante esse período para o treina-
mento técnico e tático, além do condicionamento metabólico, que aumentam
em prioridade à medida que o torneio se aproxima. Embora de baixa prioridade,
cargas de manutenção de hipertrofia e força são incluídas para minimizar a perda
dessas qualidades.

CONDICIONAMENTO METABÓLICO

Exercícios de condicionamento fisiologicamente específicos continuam nesse


bloco. Foi relatado que o baixo estresse cardiovascular representado por frequ-
ências cardíacas de 165 a 166 batimentos por minuto é experimentado por atle-
tas de Jiu-Jitsu em resposta a uma luta simulada, com uma avaliação de esforço
percebido de baixo a um pouco duro. No entanto, valores consideravelmente
mais altos de frequência cardíaca foram registrados em resposta à competição
real. Assim, exercícios de condicionamento de alta intensidade são críticos, pois
fornecem um estímulo fisiológico que replica mais de perto as demandas de uma
luta de Jiu-Jitsu do que o próprio treinamento específico do esporte. Durante
esse bloco, a frequência dessas sessões diminui, enquanto a duração aumenta
para se assemelhar mais a uma estrutura de torneio de Jiu-Jitsu, onde várias
lutas devem ser disputadas durante o evento.

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TREINAMENTO TÉCNICO E TÁTICO

A prioridade desse bloco é o treinamento tático. Muitas vezes, isso será ditado pela
proficiência técnica do atleta e pelas regras do torneio. Níveis mais altos de cortisol
foram relatados em competidores de Jiu-Jitsu antes e depois da competição oficial
em comparação com lutas simuladas. Isso sugere que os atletas de Jiu-Jitsu experi-
mentam maiores quantidades de estresse psicológico e físico durante a competição do
que nos treinos. Normalmente, as sessões de Jiu-Jitsu duram períodos prolongados e
consistem em intervalos mínimos, com todos os lutadores lutando o tempo todo. Como
tal, a intensidade é, inerentemente, menor do que a de um torneio. Períodos de alta
intensidade de rolamento ao vivo com maior duração de recuperação atenderiam me-
lhor às demandas fisiológicas de um torneio e, portanto, devem ser considerados pelos
treinadores. Uma estrutura de torneio poderia ser imitada, onde apenas um único par
de atletas rolaria de acordo com as regras do torneio, enquanto os outros observariam.
Tal estrutura também aumentaria o estresse psicológico imposto ao lutador.

ESTRATÉGIAS DE RECUPERAÇÃO

Como os atletas de Jiu-Jitsu têm altas cargas de trabalho e frequentemente par-


ticipam de várias sessões diárias, estratégias de recuperação são necessárias para
minimizar o impacto da fadiga no treinamento e no desempenho da competição. Um
dos aspectos mais críticos da recuperação é um período de descanso projetado cor-
retamente para permitir que o atleta atinja o pico no torneio selecionado. Tem sido
sugerido que os atletas de Jiu-Jitsu devam reduzir o treinamento de resistência,
isoladamente, na semana anterior à competição, enquanto o treinamento esportivo
específico e de resistência permanece inalterado. Isso está em contraste com os
dados de metanálise, que indicam que uma redução geral no volume de treinamento
de 40% a 60% deve ser prescrita aos atletas durante os 8 a 14 dias que antecedem
a competição. Assim, a remoção apenas do treinamento de resistência de baixo
volume resultaria em uma redução mínima na carga geral de treinamento e, prova-
velmente, resultaria em altos níveis de fadiga residual, interferindo no desempenho.
As estratégias de carga propostas, que incluem períodos de descanso, seguem
essas recomendações de redução gradual, permitindo a dissipação da fadiga e a
maximização dos ganhos de desempenho.
Além do gerenciamento da carga de treinamento, o uso de imersão em água
fria também é uma opção atraente para os lutadores. Esse tratamento relatou
diminuir os marcadores de dano muscular, como creatina fosfoquinase sérica e
lactato desidrogenase, e manter a força isométrica em maior extensão do que as
condições de controle em atletas de Jiu-Jitsu. No entanto, o tópico da nutrição
vai além do escopo deste artigo. Assim, a nutrição é recomendada como uma
área de pesquisa em discussões futuras sobre o desempenho do Jiu-Jitsu.

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AQUECIMENTO E FLEXIBILIDADE

A inclusão de um aquecimento adequado é um componente crucial de todas as


sessões de treinamento e eventos competitivos. Essa parte da sessão deve ser
centrada em atividades dinâmicas que visam melhorar o controle motor e a mo-
bilidade. Essas tarefas envolvem levar ativamente as articulações por amplitudes
de movimento crescentes, com controle motor, por meio de uma variedade de
padrões de movimento, incluindo aqueles que serão encontrados na sessão de
treinamento ou evento. Esses métodos são conhecidos por melhorar o desem-
penho e reduzir o risco de lesões. Além disso, métodos de relaxamento, como
atividade aeróbica de intensidade moderada, podem auxiliar na recuperação e,
portanto, podem ser considerados para inclusão em uma sessão de treinamento
ou após uma competição.

E U IN D ICO

Quer se aprofundar ainda mais nos estudos das bases para treinamento do Jiu-
-jitsu? Indicamos o artigo “Bases para a prescrição do treinamento desportivo
aplicado ao Brazilian Jiu-jitsu”, escrito pelo professor Leonardo Vidal Andreato,
e que trata das bases para a prescrição do treinamento desportivo aplicado ao
Brazilian Jiu-jitsu.
Fonte: ANDREATO, L. V. Bases para a prescrição do treinamento desportivo apli-
cado ao Brazilian Jiu-jitsu. Conexões, v. 8, n. 2, p. 174-186, 2010. Recursos de
mídia disponíveis no conteúdo digital do ambiente virtual de aprendiza-
gem.

ARBITRAGEM EM LUTAS

A arbitragem desempenha um papel fundamen-


A arbitragem
tal nas competições de lutas, garantindo que as
desempenha um
regras sejam cumpridas e as disputas sejam jus- papel fundamental
tas e seguras. Os árbitros são responsáveis por nas competições
aplicar as regras específicas de cada modalidade de lutas
de luta, avaliar o desempenho dos lutadores e
tomar decisões imparciais durante as competições. Nesta redação, discutiremos

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T E MA D E APRE N D IZAGEM 7

a importância da arbitragem em lutas, os critérios de avaliação nas diferentes


modalidades e as responsabilidades e competências do árbitro.

E U IN D ICO

Conheça os gestos utilizados na arbitragem do Judô.


Recursos de mídia disponíveis no conteúdo digital do ambiente virtual
de aprendizagem.

E U IN D ICO

Conheça os critérios e requisitos para o exame de árbitros da Confederação


Brasileira de Judô. Recursos de mídia disponíveis no conteúdo digital do
ambiente virtual de aprendizagem.

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Cada modalidade de luta possui suas próprias regras e critérios de


avaliação. Por exemplo:

Boxe: os árbitros devem levar em consideração a precisão dos golpes, a técnica,


a defesa e a conduta dos lutadores. Pontos são concedidos com base nos golpes
efetivos desferidos no adversário, enquanto penalidades são aplicadas para in-
frações às regras.

Judô: os árbitros avaliam o controle do adversário, a execução técnica dos golpes


e a demonstração de espírito esportivo. Pontos são atribuídos com base em arre-
messos bem-sucedidos e imobilizações, e penalidades são dadas por comporta-
mento antiético ou violações das regras. É essencial que os árbitros tenham um
profundo conhecimento das regras e critérios específicos de cada modalidade
para garantir um julgamento justo e consistente.

Os árbitros têm diversas responsabilidades e competências durante as competi-


ções de lutas. Primeiramente, eles devem estar bem familiarizados com as regras
da modalidade em questão e garantir que os lutadores as cumpram. Isso inclui
monitorar a conduta dos lutadores, identificar infrações e aplicar penalidades
quando necessário. Os árbitros também devem garantir a segurança dos lutado-
res, interrompendo a luta se houver risco de lesões graves ou se um dos lutado-
res estiver em desvantagem significativa. Além disso, eles têm a tarefa de avaliar
o desempenho dos lutadores com base nos critérios estabelecidos, atribuindo
pontos ou penalidades de acordo com as ações observadas. Para exercer essas
responsabilidades, os árbitros devem ter uma visão clara do ringue ou do tatame,
agilidade para se moverem e tomarem decisões rápidas, além de uma postura
imparcial e respeito pelas regras e competidores.

PERSPECTIVAS E TENDÊNCIAS NO CAMPO DAS LUTAS NA


EDUCAÇÃO FÍSICA

O campo das lutas na Educação Física tem passado por transformações significa-
tivas, impulsionadas por novas abordagens, metodologias inovadoras e a crescen-

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T E MA D E APRE N D IZAGEM 7

te compreensão dos benefícios das lutas para o desenvolvimento físico, emocional


e social dos indivíduos. É preciso explorar as perspectivas e tendências no campo
das lutas na Educação Física, destacando as novas abordagens e metodologias de
ensino das lutas, bem como as oportunidades de atuação profissional e pesquisa
nessa área em constante evolução (RONCAGLIO; BEYENKE; ANTUNES, 2021).

E U IN D ICO

Assista este episódio de Podcast, onde o professor de Jiu-jitsu Fábio Gurgel


conversa com Luís Amoroso, especialista no mercado de academias, sobre ar-
tes marciais e negócios. Recursos de mídia disponíveis no conteúdo digital
do ambiente virtual de aprendizagem.

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O ensino das lutas tem evoluído além da abordagem tradicional focada apenas
no aspecto competitivo. Novas abordagens pedagógicas têm surgido, buscando
promover a aprendizagem significativa, a inclusão e o desenvolvimento integral
dos alunos. Uma abordagem comum é a “educação lúdica”, que incorpora jogos e
atividades recreativas que ensinam os fundamentos das lutas de forma divertida
e motivadora. Além disso, a abordagem educacional enfatiza a importância dos
valores e ética nas práticas de lutas, promovendo o respeito, a responsabilidade
e a cooperação entre os alunos. O uso de tecnologias digitais, como aplicativos e
vídeos interativos, também tem sido explorado para enriquecer a experiência de
aprendizado e facilitar a compreensão dos conceitos e técnicas das lutas.

As perspectivas profissionais na área das lutas têm se expandido, oferecendo


oportunidades para profissionais qualificados. Além de atuar como professores de
lutas em escolas, academias e clubes, os especialistas em lutas também podem
encontrar oportunidades como treinadores, preparadores físicos, consultores téc-
nicos e árbitros em competições. A crescente conscientização sobre os benefícios
das lutas tem ampliado o interesse em programas de lutas inclusivas, como aulas
adaptadas para pessoas com deficiência, idosos e crianças em situação de vul-
nerabilidade social. Isso cria espaço para atuação em projetos sociais, promoção
da saúde e inclusão por meio das lutas.

ZO O M N O CO NHEC I M ENTO

Tornar-se um profissional de lutas altamente qualificado requer a realização de


uma formação especializada em uma arte marcial específica, adquirindo a gra-
duação necessária para obter conhecimentos técnicos e táticos abrangentes,
essenciais para instruir e lecionar essa modalidade com excelência. A formação
em uma arte marcial é o primeiro passo para desenvolver uma base sólida de
habilidades e compreender os princípios fundamentais dessa disciplina (RON-
CAGLIO; BEYENKE; ANTUNES, 2021).

Além das oportunidades profissionais, a pesquisa nessa área tem se expandido,


contribuindo para o avanço do conhecimento e o aprimoramento das práticas
de ensino e treinamento em lutas. As investigações científicas têm explorado

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T E MA D E APRE N D IZAGEM 7

os benefícios físicos, cognitivos e sociais das lutas, além de examinar os efeitos


de diferentes abordagens pedagógicas e estratégias de treinamento. A pesquisa
também tem buscado compreender as necessidades e os desafios específicos de
diferentes populações, como crianças, adolescentes, idosos e pessoas com defi-
ciência, a fim de desenvolver abordagens mais inclusivas e eficazes.
As perspectivas e tendências no campo das lutas na Educação Física demons-
tram um movimento em direção a abordagens mais inclusivas, lúdicas e éticas
no ensino das lutas. Essas abordagens valorizam não apenas o aspecto competi-
tivo, mas também o desenvolvimento integral dos alunos, promovendo valores,
habilidades sociais e emocionais por meio das práticas de lutas. Além disso, as
oportunidades de atuação profissional estão se expandindo, oferecendo possibili-
dades de trabalho em diferentes contextos e com populações diversas. A pesquisa
científica desempenha um papel fundamental no avanço do conhecimento nessa
área, fornecendo evidências para embasar práticas de ensino e treinamento mais
eficazes. Com essa evolução contínua, a área das lutas na Educação Física pro-
move um ambiente propício para o desenvolvimento integral dos indivíduos e o
crescimento profissional dos especialistas nesse campo.

NOVOS DESAFIOS
Oportunidades de atuação profissional no campo das lutas e artes marciais são
abundantes. Com o constante crescimento da busca por atividades físicas e esporti-
vas, a área das lutas oferece uma ampla gama de possibilidades para aqueles que de-
sejam se especializar e contribuir para o desenvolvimento dos praticantes e atletas.
Uma das principais oportunidades de atuação profissional está na fun-
ção de professor de lutas. Para exercer essa atividade, é crucial possuir um
amplo conhecimento das modalidades de lutas escolhidas, incluindo suas
técnicas, regras e estratégias. Além disso, é importante ter uma base sólida
em educação física, com conhecimentos de anatomia, fisiologia, biomecânica
e treinamento desportivo. A capacidade de comunicar-se, efetivamente, com
os praticantes de lutas e adaptar os métodos de ensino às diferentes faixas
etárias e níveis de habilidade é, igualmente, essencial.

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Outra oportunidade de atuação profissional está na área de treinamento, em que


é possível se tornar um preparador físico de lutadores. Nesse papel, o profissional
é responsável por desenvolver o condicionamento físico específico para as lutas,
elaborar estratégias de treinamento, analisar e corrigir movimentos, e preparar
os lutadores, tanto fisicamente quanto psicologicamente, para competições.
Além disso, há também a possibilidade de atuar como árbitro em compe-
tições de lutas. Os árbitros desempenham um papel fundamental na garantia
do cumprimento das regras e na imparcialidade das disputas. Eles avaliam o
desempenho dos lutadores, aplicam as regras específicas de cada modalidade e
tomam decisões durante as competições.
Para aproveitar essas oportunidades de atuação profissional, é necessário investir
em formação acadêmica e profissional na área das lutas. Existem diversos cursos e
especializações disponíveis, nos quais os profissionais podem adquirir conhecimentos
teóricos e práticos sobre as diferentes modalidades de lutas, além de desenvolver as
competências e habilidades necessárias para oferecer serviços de qualidade.

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VAMOS PRATICAR

1. Ao adquirir as competências e habilidades necessárias, os profissionais estarão pre-


parados para oferecer um ensino de qualidade, promover o desenvolvimento dos pra-
ticantes de lutas e contribuir para o avanço da área como um todo.

Qual é a importância da formação acadêmica e profissional em lutas para aqueles que


desejam seguir carreira nessa área?

a) A formação acadêmica não é relevante, desde que o profissional tenha experiência


prática nas modalidades de lutas.
b) A formação acadêmica é fundamental para obter reconhecimento na área, mas a
experiência prática é dispensável.
c) A formação acadêmica e profissional em lutas é essencial para adquirir conhecimen-
tos teóricos e práticos, desenvolver habilidades e oferecer um ensino de qualidade.
d) A formação acadêmica em lutas é importante apenas para aqueles que desejam se
tornar lutadores profissionais, não para atuar como instrutores ou treinadores.
e) A formação acadêmica em lutas é totalmente desinteressante e desnecessária.

2. Cada modalidade de luta possui suas próprias regras e critérios de avaliação.

Considere as características de avaliação em diferentes modalidades de luta:

I - No boxe, os árbitros atribuem pontos com base na precisão dos golpes desferidos
no adversário, levando em consideração também a técnica, a defesa e a conduta
dos lutadores.
II - No judô, os árbitros avaliam o controle do adversário, a execução técnica dos golpes
e a demonstração de espírito esportivo, sendo que pontos são atribuídos por arre-
messos bem-sucedidos e imobilizações.
III - O conhecimento das regras e critérios específicos de cada modalidade é irrelevante
para os árbitros, uma vez que o julgamento é subjetivo e baseado na experiência de
cada um.

É correto o que se afirma em:

a) I, apenas.
b) III, apenas.
c) I e II, apenas.
d) II e III, apenas.
e) I, II e III.

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VAMOS PRATICAR

3. A atuação como professor de lutas requer habilidades específicas no planejamento e


execução de aulas direcionadas a diferentes faixas etárias.

Quais são as competências necessárias para atuar como professor de lutas e treinador
de atletas de lutas?

a) Conhecimento em primeiros socorros e nutrição esportiva.


b) Experiência como lutador profissional e habilidades de comunicação.
c) Domínio apenas das técnicas de lutas escolhidas.
d) Capacidade de adaptação e planejamento de aulas.
e) Todas as alternativas anteriores.

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REFERÊNCIAS

ANDREATO, L. V. Bases para a prescrição do treinamento desportivo aplicado ao Brazilian


Jiu-jitsu. Conexões, v. 8, n. 2, p. 174-186, 2010.

CONFEF. Conselho Federal de Educação Física. Artes marciais, capoeira, dança e ioga: en-
tenda a decisão do STJ. Confef, 2017. Notícias. Disponível em: https://www.confef.org.br/
confef/comunicacao/noticias/1116. Acesso em: 13 set. 2023.

CONFEF. Conselho Federal de Educação Física. Resolução CONFEF


046/2002. Dispõe sobre a Intervenção do Profissional de Educação Física
e respectivas competências e define os seus campos de atuação profissional. Rio de Janeiro,
2002. Disponível em: https://www.confef.org.br/confef/resolucoes/82. Acesso em: 13 set. 2023.

DIAS, L. S.; NASSIF, V. M. J. O empreendedor de artes marciais: entre a effectuation e o medo,


a luta para empreender. Revista da Micro e Pequena Empresa, v. 16, n. 2, p. 91-113, 2022.

GONZÁLES, F. J.; DARIDO, S. C.; OLIVEIRA, A. A. B. Lutas, capoeira e práticas corporais de


aventura. Práticas Corporais e a Organização do Conhecimento, Maringá, v. 4, p. 6-138,
2014. Disponível em: https://lume.ufrgs.br/handle/10183/134875. Acesso em: 13 set. 2023.

JAMES, L. P. An evidenced-based training plan for Brazilian Jiu-jitsu. Strength & Condi-
tioning Journal, v. 36, n. 4, p. 14-22, 2014.

RONCAGLIO, G.; BEYENKE, R. D.; ANTUNES, F. R. Lutas: visões e entendimentos de um pro-


fissional de educação física. Revista Saúde Viva, v. 4, n. 6, p. 32-38, 2021.

TAVARES JÚNIOR, A. C.; DRIGO, A. J. Percepção sobre a importância da formação profissio-


nal por treinadores de judô de elite. Caderno de Educação Física e Esporte, v. 16, n. 1, p.
1-8, 2018.

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CONFIRA SUAS RESPOSTAS

1. Para aqueles que buscam se especializar em lutas, existem diversos cursos e especia-
lizações disponíveis. Esses programas oferecem uma ampla gama de conhecimentos,
abordando aspectos teóricos e práticos relacionados às diferentes modalidades de lutas,
incluindo boxe, jiu-jitsu, taekwondo, judô, entre outras. Esses cursos englobam temas
como técnicas de combate, estratégias de treinamento, regras e regulamentos, nutrição
esportiva e primeiros socorros. Além disso, muitos programas também incluem estágios
práticos, permitindo que os estudantes apliquem os conhecimentos adquiridos em um
ambiente real. A formação acadêmica e profissional em lutas desempenha um papel vital
para aqueles que desejam seguir carreira nessa área. por meio de cursos e especializações
específicas, os profissionais têm a oportunidade de aprofundar seus conhecimentos e
desenvolver as habilidades necessárias para atuar como instrutores, treinadores ou pre-
paradores físicos de lutadores. É importante buscar programas de qualidade que ofereçam
uma combinação equilibrada entre teoria e prática, além de estágios que proporcionem
experiência no campo. Ao adquirir as competências e habilidades necessárias, os pro-
fissionais estarão preparados para oferecer um ensino de qualidade, promover o desen-
volvimento dos praticantes de lutas e contribuir para o avanço da área como um todo.

2. Opção C.

Cada modalidade de luta possui suas próprias regras e critérios de avaliação. Por exemplo,
no boxe, os árbitros devem levar em consideração a precisão dos golpes, a técnica, a
defesa e a conduta dos lutadores. Pontos são concedidos com base nos golpes efetivos
desferidos no adversário, enquanto penalidades são aplicadas para infrações às regras.
No judô, por outro lado, os árbitros avaliam o controle do adversário, a execução técnica
dos golpes e a demonstração de espírito esportivo. Pontos são atribuídos com base em
arremessos bem-sucedidos e imobilizações, e penalidades são dadas por comportamen-
to antiético ou violações das regras. É essencial que os árbitros tenham um profundo
conhecimento das regras e critérios específicos de cada modalidade para garantir um
julgamento justo e consistente.

3. Opção E.

As competências necessárias para atuar como professor de lutas e treinador de atletas


de lutas incluem o conhecimento em primeiros socorros e nutrição esportiva, experiência
como lutador profissional, habilidades de comunicação, domínio das técnicas de lutas
escolhidas, capacidade de adaptação e planejamento de aulas.

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MEU ESPAÇO

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MEU ESPAÇO

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UNIDADE 5
TEMA DE APRENDIZAGEM 8

PEDAGOGIA DO JOGO NO
PROCESSO DE ENSINO-
APRENDIZAGEM

MINHAS METAS

Introduzir a temática da regulamentação das lutas.

Incorporar a temática da arbitragem em lutas.

Explicar um resumo das regras do boxe.

Apresentar um resumo das regras do MMA.

Expor um resumo das regras do karatê.

Apresentar um resumo das regras do judô.

Discutir sobre a segurança e os equipamentos de proteção.

Introduzir a temática da organização de eventos esportivos.

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UN I C ES UMA R

INICIE SUA JORNADA


Em um cenário em constante evolução das artes marciais, como podemos equi-
librar a necessidade de regulamentação rigorosa e arbitragem imparcial para
garantir a segurança e a integridade dos atletas com a preservação das tradições
culturais e autenticidade das diferentes modalidades de lutas? Como encontrar o
ponto de equilíbrio entre a padronização necessária para a segurança e a singu-
laridade que torna cada arte marcial única, garantindo que os eventos esportivos
de lutas continuem a promover uma competição justa e emocionante?
A regulamentação, arbitragem e organização de eventos esportivos de lutas
são aspectos essenciais para a prática segura e competitiva das diversas artes
marciais. Ao longo dos séculos, as lutas evoluíram desde formas brutais e de-
sorganizadas até competições altamente regulamentadas e profissionais. Com
o crescimento do interesse em artes marciais e a popularidade de eventos como
o UFC (Ultimate Fighting Championship), a importância de estabelecer regras
claras, garantir imparcialidade nas decisões e organizar eventos
de alto nível tornou-se ainda mais evidente. Converse com
os praticantes dessa modalidade de diferentes níveis de
habilidade e faixas etárias, e você vai notar que a prá-
tica regular de MMA pode ter impactos positivos na
saúde mental e física, incluindo o gerenciamento do
estresse, o aumento da autoestima, melhor condicio-
namento físico e níveis reduzidos de agressão.
Vamos, agora, explorar a importância e a evolu-
ção da regulamentação das lutas, o papel crucial
da arbitragem para garantir a justiça nas
competições e a complexidade envol-
vida na organização de eventos
esportivos de lutas, proporcio-
nando uma visão aprofundada
do cenário esportivo das artes
marciais, atualmente.

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T E MA D E APRE N D IZAGEM 8

VAMOS RECORDAR?
Vamos relembrar que há muitos séculos, as lutas eram realizadas sem regras
definidas, sem equipamentos de proteção e em cenários caóticos. Os com-
petidores se lançavam em combates brutais, onde a vitória era alcançada a
qualquer custo, resultando em frequentes lesões graves. A necessidade de
regulamentação tornou-se evidente, pois era preciso equilibrar a paixão pela
luta com a preservação da integridade física dos praticantes.
Com o passar dos anos, sábios e experientes mestres das artes marciais re-
uniram-se para desenvolver um conjunto de regras que equilibrasse a com-
petitividade e a segurança. Surgiram, então, as primeiras regulamentações,
proibindo golpes em áreas perigosas do corpo e exigindo o uso de equipamen-
tos de proteção adequados. As lutas tornaram-se mais estratégicas e menos
selvagens, valorizando a técnica e a inteligência em igual medida.
No entanto, mesmo com as regras estabelecidas, a justiça nas competições
ainda era uma questão delicada. A interpretação subjetiva dos árbitros, muitas
vezes, gerava controvérsias e descontentamentos. Diante dessa problemáti-
ca, a arbitragem foi profissionalizada, e juízes especializados foram treinados
para aplicar as regras de forma imparcial e precisa. Essa mudança trouxe maior
credibilidade ao esporte e garantiu que os competidores fossem julgados de
maneira justa, independentemente de sua nacionalidade ou popularidade.
Em tempos modernos, a regulamentação, arbitragem e organização de even-
tos esportivos de lutas se tornaram aspectos essenciais para a prática segura
e competitiva das diversas artes marciais. Através da evolução das regras, do
aprimoramento dos árbitros e juízes, e da excelência na organização, as lutas
conquistaram um lugar de destaque no cenário esportivo mundial. Atualmente,
os competidores podem mostrar suas habilidades em um ambiente controlado
e seguro, sabendo que serão julgados com justiça, e que o público desfrutará
de uma experiência emocionante e enriquecedora. Ao assistir um combate de
determinada luta, você fica atento e busca conhecer as regras dela?

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DESENVOLVA SEU POTENCIAL

ARBITRAGEM EM LUTAS

A regulamentação das lutas é um aspecto fundamental para garantir a segurança


dos competidores e a integridade das competições. Ao longo da história, as regras
das artes marciais evoluíram significativamente, passando de combates brutais
e sem restrições para sistemas mais estruturados e seguros. Atualmente, existem
diversas organizações e federações internacionais que estabelecem e atualizam,
regularmente, as regras das lutas. Essas regulamentações incluem a definição de
golpes permitidos e proibidos, o uso de equipamentos de proteção adequados e
as categorias de peso. Além disso, as regras também visam promover a equidade
e a justiça nas competições, tornando-as acessíveis a todos os praticantes, inde-
pendentemente de seu nível de habilidade.
O papel dos árbitros e juízes é essencial para garantir um desfecho justo e
imparcial nas lutas. Eles devem estar plenamente familiarizados com as regras
específicas de cada arte marcial e serem capazes de tomar decisões rápidas e
precisas durante as lutas. A pontuação é um aspecto fundamental da arbitragem
em muitas artes marciais, onde os juízes avaliam os golpes e técnicas executadas
pelos competidores. A decisão final pode ser baseada em pontos acumulados,
finalizações ou nocautes.

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A imparcialidade e a ética são princípios fundamentais para os árbitros, e eles


devem garantir que todas as decisões sejam tomadas de maneira objetiva, in-
dependentemente da nacionalidade ou popularidade dos lutadores envolvidos.

RESUMO DAS REGRAS DE ALGUMAS MODALIDADES

Boxe

No esporte do boxe, existe um árbitro presente dentro do ringue que tem como
responsabilidade supervisionar a luta e garantir a segurança física dos lutadores.
Esse árbitro emite comandos específicos, tais como “box” para dar início ou reiniciar
a luta, “stop” para interrompê-la temporariamente e “break” quando os lutadores
ficam em agarramento e precisam parar de golpear, se separar e reiniciar a luta.
Em volta do quadrilátero, encontram-se os juízes, cuja função é avaliar os
golpes desferidos pelos lutadores e atribuir pontuações correspondentes ao de-
sempenho de cada um deles. Além disso, há um cronometrista responsável por
controlar o início e o fim dos rounds, tocando a campainha ou gongo. Também
temos um diretor técnico, cujas atribuições incluem autorizar o início da luta,
revisar as decisões dos juízes antes de divulgar o resultado e tomar decisões gerais
relacionadas ao evento do combate (DICIONÁRIO OLÍMPICO, [202-?]).
No boxe, os torneios são organizados em categorias de peso, com cada lutador
competindo contra adversários de sua faixa de peso.
Antes da Olimpíada de Londres, em 2012, os atletas profissionais não podiam
participar do boxe nos Jogos Olímpicos. No entanto, a partir da Olimpíada do
Rio de Janeiro, em 2016, a Federação Internacional de Boxe (AIBA) aprovou
uma mudança na regra que permitiu a participação de lutadores profissionais
nos Jogos pela primeira vez. Existem três formas de vitória no boxe: nocaute,
nocaute técnico ou vitória por pontos. Os juízes atribuem 10 pontos ao vencedor
de cada round, enquanto o perdedor recebe entre seis e nove pontos, dependendo
de seu desempenho. A pontuação leva em consideração diversos fatores, como
o número de golpes conectados no adversário, domínio da luta, superioridade
técnica e tática, além de infrações às regras (ANDRADE, [202-?]a).

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Os placares dos rounds podem ser definidos da seguinte forma:

- 10 x 9: round equilibrado, com uma leve vantagem para um dos lutadores.


- 10 x 8: round com um vencedor claro.
- 10 x 7: domínio total de um dos lutadores.
- 10 x 6: vitória declarada de um dos lutadores.
Ao final da luta, se não houver um nocaute, a vitória é determinada pela pontuação
dada pelos juízes. O boxeador que receber mais pontos da maioria dos juízes é
declarado vencedor.

Em lutas profissionais, três juízes são responsáveis pela contagem dos golpes,
enquanto no boxe olímpico, são cinco juízes. A partir da Olimpíada de Tóquio, a
pontuação de todos os cinco juízes será considerada. Além do sistema de pontos,
existem outras formas de determinar o vencedor no boxe:

NOCAUTE:

- Quando o adversário é derrubado no chão e não consegue se levantar até o final


da contagem de dez segundos do árbitro.
- Derrubar o adversário duas a três vezes no mesmo round (dependendo
da competição).

NOCAUTE TÉCNICO:

quando um dos lutadores é golpeado várias vezes em sequência e o árbitro con-


sidera que ele não pode continuar a luta.

DESISTÊNCIA DO COMBATE:

se um dos treinadores jogar a toalha ao chão, o que significa a desistência


do pugilista.

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E U IN D ICO

Conheça os principais equipamentos de segurança utilizados no treinamento


de boxe. Recursos de mídia disponíveis no conteúdo digital do ambiente
virtual de aprendizagem.

No boxe, os golpes só são considerados pontuáveis se forem acertados na frente ou na


lateral da cabeça ou abdômen do adversário. Golpes nos braços não são contabiliza-
dos como pontos válidos. É estritamente proibido dar socos na nuca, agarrar ou des-
ferir golpes abaixo da cintura. Quando essas infrações acontecem, o árbitro adverte o
pugilista. Se o comportamento persistir, o pugilista corre o risco de ser desqualificado.
O pugilista não pode atacar o adversário enquanto ele estiver no chão, o que
é considerado uma falta grave. Mordidas também são motivo de advertência e
podem levar à desqualificação do pugilista.
No boxe profissional, a quantidade de rounds em uma luta pode ser deter-
minada pelos organizadores e, geralmente, as lutas duram até 12 rounds de 3
minutos cada. Por outro lado, nos Jogos Olímpicos, a duração das lutas é signifi-
cativamente mais curta. A partir da Olimpíada de Tóquio em 2020, tanto as lutas
masculinas quanto as femininas consistem em três rounds de 3 minutos cada.

MMA

As Regras Unificadas das Artes Marciais Mistas (MMA) foram propostas e


acordadas por diversas comissões atléticas nos anos 2000, com o objetivo de criar
um conjunto consistente de regras para as competições profissionais de MMA
sob a jurisdição de várias comissões atléticas e órgãos reguladores. Diversas co-
missões atléticas estaduais dos EUA adotaram essas regras em seus eventos, e o
MMA ganhou popularidade globalmente.

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UN I C ES UMA R

As regras e regulamentações continuam sendo atualizadas e adaptadas conforme


a evolução do esporte e os requisitos específicos de cada país ou região. Vale res-
saltar que a história e as origens das artes marciais remontam há milhares de anos
em várias culturas ao redor do mundo, mas o MMA moderno, como conhecemos
hoje, é um fenômeno relativamente recente, com suas fundações sendo lançadas
no final do século XX (IACMMA, [202-?]).

As técnicas permitidas no MMA incluem todos os golpes de punhos, pernas,


joelhos e cotovelos. Os golpes com cotovelos são permitidos, com exceção da-
queles aplicados de cima para baixo. Contudo, é importante mencionar que as
regras unificadas foram aperfeiçoadas e, atualmente, permitem qualquer tipo de
ataque com cotovelos, exceto em áreas do corpo onde o contato não é permitido.
Certas manobras são passíveis de advertência pelo árbitro do combate, e se um
competidor persistir em cometer infrações, a advertência pode se transformar em
punição, podendo resultar na perda de pontos ou até mesmo na desclassificação.
Algumas das infrações passíveis de advertência ou punição incluem:

- Segurar ou se pendurar nas cordas ou grades do ringue ou octógono.

- Segurar as luvas ou calções do oponente para obter vantagem.

- A presença de mais de um cornermen (assessor do lutador) dentro do perímetro


da área de luta durante o combate, o que pode interferir na dinâmica da luta.

É essencial seguir as regras e regulamentações do MMA para garantir a integri-


dade física dos atletas e a justiça nas competições. As regras do MMA estão em
constante evolução, buscando proporcionar um ambiente seguro e competitivo
para os lutadores e o público.
Essas são as infrações e atos que constituem falta em uma competição
ou exibição de Artes Marciais Mistas (MMA) e podem resultar em pena-
lidades, a critério do árbitro, se cometidos:

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- Dar cabeçada.
- Qualquer tipo de golpe com os dedos no olho do adversário.
- Morder ou cuspir no oponente.
- Inserir o dedo ou a mão na boca ou narina do adversário.
- Puxar o cabelo do oponente.
- Arremessar o adversário contra a lona pela cabeça ou pescoço.
- Golpear a espinha ou a parte de trás da cabeça (golpe ilegal
chamado “golpe na nuca”).
- Qualquer golpe na garganta e/ou agarrar a traqueia.
- Usar os dedos esticados contra o rosto ou olhos do oponente
(golpe chamado “olho de águia”).
- Golpear com o cotovelo de cima para baixo (golpe chamado
“cotovelada de cima para baixo”).
- Qualquer tipo de ataque à virilha do adversário.
- Dar joelhada e/ou chutar a cabeça de um oponente caído.
- Pisar em um oponente caído.
- Segurar a luva ou os shorts do oponente.
- Segurar ou se pendurar na grade com a mão ou os dedos dos pés.
- Manipular pequenas juntas (dedos, dedões, dedos dos pés etc.).
- Arremessar o oponente para fora do ringue ou área de luta.
- Intencionalmente, colocar o dedo em qualquer orifício ou corte
ou laceração do oponente.
- Agarrar, beliscar ou torcer a pele ou carne do oponente.
- Timidez (evitar contato com o adversário, intencionalmente ou
constantemente deixar cair o protetor bucal ou fingir uma lesão).
- Usar linguagem abusiva na área de luta.
- Desrespeitar, flagrantemente, as instruções do árbitro.
- Ter conduta antidesportiva que cause lesão ao oponente.
- Atacar o oponente depois do gongo marcar o fim do round.
- Atacar o oponente durante o intervalo.
- Atacar o oponente enquanto ele estiver sob os cuidados do árbitro.
- Interferência do córner ou de segundos auxiliares do lutador no
córner.
- Aplicar qualquer substância estranha no cabelo ou no corpo
para obter vantagem.

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Pontuação

Os critérios estabelecidos para julgar uma luta de MMA são baseados em dois
principais elementos: trocação (golpes em pé) e luta agarrada (no chão). O
lutador que produzir o maior impacto em qualquer uma dessas áreas deve ser
considerado o vencedor. A qualidade e efetividade dos golpes têm maior impor-
tância do que a quantidade. Quando os elementos de trocação e luta agarrada
são muito parelhos, outros critérios podem ser considerados na seguinte ordem:
agressividade e controle do octógono.
Para facilitar a pontuação dos rounds, três “D” são considerados básicos:
Dano, Domínio e Duração.

A COMBINAÇÃO DESSES CRITÉRIOS AUXILIA NA PONTUAÇÃO DOS ROUNDS.


POR EXEMPLO:

- Se o lutador A tiver maior domínio da luta e causar mais danos ao lutador B em


um round, o round deverá ser pontuado em 10-08 para o lutador A.
- Se o lutador A tiver domínio da luta por uma longa duração do round, também
deverá receber um 10-08 em seu favor.
- Se algum desses critérios tiver apenas uma pequena vantagem a favor de um
lutador, o round poderá ser pontuado como 10-09.

A PARTIR DESSES CRITÉRIOS, CADA ROUND PODE SER PONTUADO DA SEGUIN-


TE FORMA:

- 10-10 é a pontuação de um round absolutamente parelho.


- 10-09 é a pontuação de um round vencido por uma margem muito pequena por
um dos lutadores.
- 10-08 é a pontuação de um round vencido por uma ampla margem por um
dos lutadores.
- 10-07 é a pontuação de um round vencido de forma esmagadora e dominante
por um dos lutadores.
Esses critérios são utilizados pelos jurados para avaliar a performance dos luta-
dores em cada round e determinar o vencedor da luta. A pontuação é fundamen-
tal para garantir a justiça e a objetividade nas decisões dos combates de MMA.

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OS RESULTADOS DAS LUTAS DE MMA PODEM SER DEFINIDOS DA SEGUINTE


FORMA:

- Desqualificação ou Desclassificação: ocorre quando um dos lutadores aplica


intencionalmente algum golpe ilegal, como cabeçadas, golpes na região genital,
golpes na região anterior à cabeça, ou realiza algum movimento proibido de
acordo com as regras (exemplo: segurar nas grades de forma repetitiva). Caso o
combate não possa prosseguir ou o lutador insista em não obedecer às regras,
ele será desclassificado.
- Finalização ou Submissão: acontece quando um lutador aplica uma técnica
característica da luta no chão, como chaves e estrangulamentos (jiu-jitsu, judô,
sambo, entre outros), e o oponente demonstra clara desistência. Isso pode ser
feito através de batidas no chão do ringue com os pés ou mãos, ou através de
desistência verbal, indicando que não deseja mais continuar.
- Finalização por Desistência: o lutador usa sua mão para indicar que não deseja
mais continuar o combate.
- Finalização por Desistência Verbal: o lutador anuncia verbalmente que não
deseja mais continuar.

É importante mencionar que, no caso de estrangulamentos, se o lutador não


desistir, ele pode desmaiar. Nessa situação, o árbitro intervém, e a finalização é
decretada da mesma forma (COSTA, 2013).

Karatê

As regras do karatê são divididas em duas modalidades principais: kata e kumite


(ANDRADE, [202-?]b).

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ZO O M N O CO NHEC I M ENTO

Modalidade Kata:
No kata, não há contato físico entre os competidores. Cinco juízes avaliam o
carateca com base na execução correta e na velocidade dos movimentos, atri-
buindo pontos de acordo com o desempenho. Além disso, existem apresenta-
ções em trios, onde a sincronia entre os membros da equipe é observada. Essa
modalidade de competição se assemelha ao que ocorre na ginástica artística.
Modalidade Kumite:
No kumite, dois caratecas lutam em combate direto. As lutas têm duração de
dois a cinco minutos. Pontos são concedidos pelos golpes desferidos, e o valor
da pontuação pode variar dependendo da área do corpo do adversário atingida
pelo golpe (ANDRADE, [202-?]b).

O objetivo no kumite é somar mais pontos que o adversário, e a luta só é encer-


rada antes do fim do tempo regulamentar caso um atleta abra oito pontos de
vantagem. A duração de um round de luta no karatê é de 3 minutos nos combates
masculinos, enquanto nas lutas femininas e juvenis, o round tem 2 minutos.
Antes do início da luta, os atletas devem fazer a saudação entre si e, também,
saudar o árbitro. A luta é iniciada pelo comando do árbitro, quando ele diz “haji-
me”. Para marcar pontos, os golpes devem ser limpos, potentes e executados com
qualidade técnica.
As pontuações no kumite são divididas em yuko, waza-ari e ippon:

YUKO:

1 ponto. Corresponde a um soco na área do abdômen, do peito, do rosto ou costas.

WAZA-ARI:

2 pontos. Equivale a um chute nas áreas das costas, do abdômen ou do peito, ou


chute nas laterais do tronco.

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IPPON:

3 pontos. Ao contrário do judô, o ippon não encerra a luta no karatê. Corre-


sponde a um chute na cabeça ou nas laterais do pescoço ou a uma queda
seguida de um ataque tecnicamente correto. É importante ressaltar que a
pontuação pelo soco no rosto é atribuída pela técnica e não pela força. Não é
permitido machucar o adversário.

Se um atleta abrir uma vantagem de oito pontos sobre o adversário, a luta será
encerrada antes do tempo ser esgotado. Após uma técnica ser aplicada, o árbitro
central deve paralisar a luta e o cronômetro. Em seguida, ele observa a reação
dos quatro juízes posicionados nos cantos do tatame, que seguram bandeiras
vermelhas e azuis para indicar a pontuação. Se dois ou mais juízes concordarem,
a pontuação será assinalada para o carateca.
Além disso, se um competidor pontuar com mais de uma técnica, consecu-
tivamente, antes de o árbitro paralisar a luta, será considerada a técnica válida de
maior valor, independentemente da sequência das técnicas. Por exemplo, se um
carateca desferir um golpe de punho seguido por um chute, será pontuado apenas
o chute, já que ele vale mais pontos do que o golpe de punho.
Nas competições de Karatê na modalidade Kata, existem competições in-
dividuais e por equipes, compostas por três atletas. Não há competições mistas,
sendo cada equipe exclusivamente masculina ou feminina. O desempenho dos
competidores ou equipes é avaliado pelos juízes considerando tanto a perfor-
mance técnica quanto a performance atlética.
Durante as apresentações, os karatecas devem demonstrar técnica, velocidade
nos movimentos e controle dos golpes. Nas competições por equipes, a sincronia
entre os membros da equipe também é levada em conta. O sistema de pontuação
do kata envolve eliminar as duas notas mais altas e as duas mais baixas, tanto
para o desempenho técnico quanto para o desempenho atlético, e, em seguida,
calcular a pontuação total.
O desempenho técnico tem um peso de 70%, enquanto o desempenho atlé-
tico tem um peso de 30% na pontuação final. Ambos os desempenhos recebem

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pontuações separadas em uma escala de 5 a 10. A nota 5 representa o desempe-


nho mais baixo permitido em um kata, enquanto 10 representa uma performance
perfeita. A avaliação da performance começa desde a saudação no início do kata
até a saudação final.

Pontos são perdidos caso um atleta:

■ perca o equilíbrio;
■ execute um movimento de forma incorreta;
■ realize um movimento não sincronizado;
■ deixe a faixa frouxa;
■ provoque perda de tempo, como uma saudação prolongada ou uma pausa
antes de iniciar a apresentação.

Judô

No judô, o judoca pode receber diferentes pontuações, dependendo da técnica


aplicada e do resultado obtido. Existem três tipos de pontuação: ippon, wazari e
yuko (DICIONÁRIO OLÍMPICO, [202-?]).

IPPON:

é a pontuação mais alta e acontece quando o golpe é executado com força, veloci-
dade e controle, fazendo o oponente cair perfeitamente de costas no tatame ou
quando é imobilizado por 20 segundos. Um ippon encerra imediatamente a luta.

WAZARI:

ocorre quando o golpe não atende a todos os critérios do ippon, mas, ainda as-
sim, é bem executado. Além disso, o wazari é atribuído quando a imobilização do
adversário dura de 15 a 19 segundos.

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YUKO:

é a pontuação mais baixa, concedida quando o atleta projeta o oponente e ele cai
de lado, ou quando a imobilização dura de 10 a 14 segundos.

O wazari e o yuko não encerram a luta, mas permitem ao judoca acumular pontos
para vencer. Na contagem, um wazari tem maior valor do que qualquer quanti-
dade de yuko. Dois wazari equivalem a um ippon.

Penalidades
Durante uma luta de judô, o árbitro pode interromper o combate para aplicar
penalidades ou advertências aos competidores, caso eles não respeitem as regras da
modalidade. As situações em que um judoca pode ser penalizado são as seguintes:

FALTA DE COMBATIVIDADE:

quando o competidor não demonstra esforço em tentar derrubar o adversário e


fica apenas se esquivando.

DESARRUMAR O JUDOGUI (KIMONO) DE PROPÓSITO:

tentativa de desarrumar o uniforme de forma intencional para que o árbitro inter-


rompa a luta.

COLOCAR OS DEDOS POR DENTRO DAS MANGAS DO ADVERSÁRIO:

é proibido colocar os dedos dentro das mangas do judogui do oponente.

COLOCAR MÃOS, PÉS OU PERNAS DIRETAMENTE NO ROSTO DO OPONENTE:

não é permitido o contato direto com o rosto do adversário.

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TENTAR UMA IMOBILIZAÇÃO ENVOLVENDO A CABEÇA OU PESCOÇO


DO ADVERSÁRIO:

manobras que envolvam a cabeça ou o pescoço do oponente são proibidas.

A cada infração cometida, o judoca acumula um shido, que é considerado apenas


uma advertência. No entanto, quando o judoca recebe dois shidos, o adversário
recebe um yuko, e com três shidos, o adversário recebe um wazari, aumentando a
pontuação. Se o judoca receber quatro shidos, o adversário é declarado vencedor
por ippon, e a luta é encerrada.
É importante destacar que existem infrações mais graves, chamadas de
hansoku make, que resultam em desclassificação imediata do torneio (REGRAS
DOS ESPORTES, 2021). Um judoca pode receber um hansoku make se:

■ Ofender ou discutir com o árbitro da luta.


■ Agredir o adversário, colocando em risco sua integridade física.
■ Utilizar objetos por baixo do judogui, o que é estritamente proibido.
■ Receber um hansoku make significa a vitória direta do adversário e a
exclusão do competidor infrator do torneio.

SEGURANÇA E EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO

A segurança dos competidores é de suma importância em eventos esportivos de


lutas. Os equipamentos de proteção desempenham um papel crucial na preven-
ção de lesões graves. Capacetes, protetores bucais, luvas, caneleiras e coletes de
proteção são alguns dos itens comumente utilizados para minimizar os riscos
durante as lutas. Além disso, protocolos de segurança devem ser estabelecidos
para garantir um ambiente controlado e preparado para emergências médicas,
caso ocorram acidentes durante as competições.

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Os organizadores também devem fornecer atendimento médico qualificado no


local e estar preparados para lidar com situações de emergência de forma rápida
e eficiente. A segurança dos competidores é uma prioridade e contribui para um
ambiente esportivo mais saudável e responsável.

VOCÊ SABE RESPONDER?


Você sabe responder qual a função da bandagem em modalidades em que os
atletas utilizam luvas e trocam socos?

As bandagens são de extrema importância em diversas modalidades de com-


bate, servindo especialmente para proteger os ossos e tendões das mãos e
punhos. Seu uso correto é crucial, principalmente para os iniciantes nessas
modalidades, pois ajudam a evitar lesões, como fraturas e torções. Além
disso, as bandagens desempenham um papel fundamental na prevenção de

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machucados na pele das mãos, que podem ocorrer ao golpear sacos de pan-
cadas ou aparadores de soco sem a proteção adequada. Assegurar o uso das
bandagens adequadamente é essencial para garantir a integridade física dos
praticantes, permitindo-lhes desfrutar da prática das modalidades de com-
bate de forma segura e eficaz (TUDO SOBRE MUAY THAI, 2020).
Outro aspecto relevante para a segurança nas lutas é o treinamento adequado
dos competidores. Os lutadores devem ser instruídos sobre técnicas de golpea-
mento e finalização seguras, bem como aprender a proteger-se adequadamente
durante os treinos e competições. A consciência sobre os limites físicos e a im-
portância de não os ultrapassar é essencial para evitar lesões desnecessárias. Os
árbitros e juízes também têm um papel a desempenhar na segurança dos com-
petidores, pois devem estar atentos a qualquer sinal de lesão ou fadiga excessiva
durante as lutas. Combinando o uso adequado de equipamentos de proteção,
treinamento técnico e supervisão responsável, é possível promover um ambiente
mais seguro e protegido para os praticantes de artes marciais em todas as faixas
etárias e níveis de habilidade.

IN D ICAÇÃO DE FI LM E

Redbelt
Sinopse: Mike Terry é praticante de jiu-jitsu e instrutor de au-
todefesa. Terry ensina a seus alunos as habilidades para per-
severar, e a lutar e lidar com as dificuldades em suas vidas.
Uma série de circunstâncias faz com que Terry entre em con-
tato com o ator de cinema Chet Frank e com muitas pessoas
poderosas na indústria do entretenimento. Terry logo se des-
cobre vítima de um golpe e é pressionado a lutar dentro de um
ringue devido a sua situação financeira.
Comentário: o filme “Redbelt” (2008) traz a história de um pro-
fessor de jiu-jitsu brasileiro que busca manter sua integridade
e ética no meio de uma indústria corrupta de lutas. O filme
aborda questões de ética, competição e os desafios enfrenta-
dos por profissionais no cenário das artes marciais.

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ORGANIZAÇÃO DE EVENTOS ESPORTIVOS DE LUTAS

A organização de eventos esportivos de lutas requer meticuloso planejamento e


execução eficiente. Desde a seleção do local até a promoção do evento, cada deta-
lhe deve ser cuidadosamente considerado para garantir o sucesso do espetáculo.
Escolher uma arena adequada para acomodar o público e os competidores é
crucial, pois proporciona uma experiência melhor para todos os envolvidos. Além
disso, os organizadores devem garantir que os equipamentos necessários estejam
disponíveis, como ringues ou tatames de qualidade. A promoção e divulgação
do evento são essenciais para atrair o público e os patrocinadores, criando uma
atmosfera emocionante e uma oportunidade para os lutadores demonstrarem
suas habilidades em alto nível.

A organização de eventos de lutas também envolve a gestão de recursos humanos,


como equipe de segurança, médicos, árbitros e pessoal de apoio. Todos devem
estar devidamente treinados e preparados para lidar com qualquer situação que
possa surgir durante o evento. A logística também é um fator-chave, incluindo o
transporte dos competidores, acomodações e alimentação adequada. Além disso,
a infraestrutura do local deve permitir fácil acesso e conforto para o público,
criando uma experiência agradável para todos os presentes.

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A temática da regulamentação, arbitragem e organização de eventos esportivos


de lutas transcende o mero aspecto competitivo e adentra o campo profissional,
abrindo portas para diversas atuações especializadas nessa área dinâmica e em-
polgante. Os avanços nas regras e regulamentos têm criado demanda por profis-
sionais capacitados para interpretar e aplicar com precisão as diretrizes em com-
petições locais e internacionais. A profissionalização da arbitragem, por sua vez,
abre caminho para carreiras como árbitro ou juiz, possibilitando que especialistas
em artes marciais contribuam para a imparcialidade e justiça no desenrolar dos
combates.

Além disso, a organização de eventos esportivos de lutas se tornou uma atividade


multifacetada, exigindo profissionais em diversas áreas. Produtores de eventos,
gerentes de marketing e relações públicas, equipe de logística e segurança, entre
outros, são essenciais para garantir o sucesso e a qualidade das competições. Essa
área de atuação proporciona oportunidades para aqueles que têm paixão pelo
esporte e habilidades em gestão, planejamento e execução de eventos.

NOVOS DESAFIOS
Na área de regulamentação, arbitragem e organização de eventos esportivos de
lutas, diversas oportunidades profissionais se destacam. Árbitros e juízes desem-
penham um papel crucial ao aplicar as regras de forma imparcial durante as com-
petições, assegurando a integridade dos combates. Por outro lado, a organização
de eventos requer uma equipe de profissionais especializados, desde produtores,
gerentes de marketing, relações públicas, logística até a equipe de segurança. Esses
profissionais trabalham em conjunto para planejar e executar os eventos, garan-
tindo a excelência em sua realização e a satisfação de todos os envolvidos. Além
disso, o campo do direito esportivo abre espaço para advogados e especialistas
que lidam com questões legais e contratuais relacionadas aos competidores e
organizações. A segurança dos lutadores também é assegurada por profissionais
de saúde, como médicos, fisioterapeutas e paramédicos, que estão prontos para
fornecer atendimento médico qualificado em caso de necessidade. Juntos, esses
profissionais contribuem para o crescimento, profissionalismo e sucesso das artes
marciais em todo o mundo.

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VAMOS PRATICAR

1. A regulamentação das lutas é um aspecto fundamental para garantir a segurança dos


competidores e a integridade das competições.

Qual é o papel fundamental dos árbitros e juízes nas lutas das artes marciais?

a) Treinar os competidores antes das lutas.


b) Controlar o tempo de duração das lutas.
c) Registrar as estatísticas dos competidores.
d) Avaliar os golpes e técnicas executadas pelos competidores.
e) Fornecer equipamentos de proteção para os competidores.

2. A regulamentação das lutas é um aspecto fundamental para garantir a segurança dos


competidores e a integridade das competições. Ao longo da história, as regras das
artes marciais evoluíram significativamente, passando de combates brutais e sem
restrições para sistemas mais estruturados e seguros.

Considerando o texto base sobre a importância da regulamentação das lutas nas artes
marciais, elabore uma dissertação expondo sua opinião sobre como as regras são es-
senciais para garantir a segurança dos competidores e a integridade das competições.

3. As regras do karatê são divididas em duas modalidades principais: kata e kumite.

Diferencie o kata do kumite.

I - No kata não há contato físico entre os competidores, enquanto no kumite os caratecas


lutam em combate direto.
II - No kata os pontos são concedidos com base na execução correta e na velocidade
dos movimentos.
III - No kumite os pontos são concedidos pelos golpes desferidos, e o valor da pontuação
pode variar dependendo da área do corpo do adversário atingida pelo golpe.
IV - No kata os caratecas lutam em trios, enquanto o kumite é uma apresentação individual.

É correto o que se afirma em:

a) I, apenas.
b) II e IV, apenas.
c) III e IV, apenas.
d) I, II e III, apenas.
e) I, II, III e IV.

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REFERÊNCIAS

ANDRADE, G. Saiba todas as regras do boxe profissional e do boxe olímpico. Esportelandia,


[202-?]a. Disponível em: https://www.esportelandia.com.br/artes-marciais/regras-do-bo-
xe/. Acesso em: 14 set. 2023.

ANDRADE, G. Regras do karatê: como funcionam as modalidades kumite e kata. Esporte-


landia, [202-?]b. Disponível em: https://www.esportelandia.com.br/artes-marciais/regras-
-do-karate/. Acesso em: 14 set. 2023.

COSTA, M. História, evolução e regras do MMA e do UFC. Educação Física e esportes.


Blog Profº Marcio Costa, nov. 2013. Disponível em: https://profmarciocosta.blogspot.
com/2013/11/origem-evolucao-e-regras-do-mma.html. Acesso em: 14 set. 2023.

DICIONÁRIO OLÍMPICO. Boxe. Arbitragem. [202-?]. Home. Disponível em: https://www.di-


cionarioolimpico.com.br/boxe/cenario/arbitragem-11. Acesso em: 13 set. 2023.

DICIONÁRIO OLÍMPICO. Judô. Pontuação. [202-?]. Home. Disponível em: http://www.di-


cionarioolimpico.com.br/judo/cenario/pontuacao-3#:~:text=H%C3%A1%20tr%C3%AAs%20
tipos%20de%20pontua%C3%A7%C3%A3o,ippon%2C%20a%20luta%20est%C3%A1%20en-
cerrada. Acesso em: 13 set. 2023.

IACMMA. Regras unificadas de conduta no MMA. [202-?]. Disponível em: https://iacmma.


com.br/wp-content/uploads/2020/09/Regras-IACMMA.pdf. Acesso em: 14 set. 2023.

REGRAS DOS ESPORTES. Regras do judô. c2021. Disponível em: http://www.regrasdoses-


portes.com/regras-do-judo/. Acesso em: 14 set. 2023.

TUDO SOBRE MUAY THAI. Pra que serve e como colocar a bandagem no muay thai.
c2020. Disponível em: https://tudosobremuaythai.com/blog/pra-que-serve-e-como-colo-
car-a-bandagem-no-muay-thai/. Acesso em: 14 set. 2023.

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CONFIRA SUAS RESPOSTAS

1. Opção D.

O papel dos árbitros e juízes é essencial para garantir um desfecho justo e imparcial nas
lutas. Eles devem estar plenamente familiarizados com as regras específicas de cada
arte marcial e serem capazes de tomar decisões rápidas e precisas durante as lutas. A
pontuação é um aspecto fundamental da arbitragem em muitas artes marciais, onde os
juízes avaliam os golpes e técnicas executadas pelos competidores. A decisão final pode
ser baseada em pontos acumulados, finalizações ou nocautes.

2. A regulamentação das lutas é um aspecto fundamental para garantir a segurança dos


competidores e a integridade das competições. Ao longo da história, as regras das artes
marciais evoluíram significativamente, passando de combates brutais e sem restrições
para sistemas mais estruturados e seguros. Atualmente, existem diversas organizações
e federações internacionais que estabelecem e atualizam regularmente as regras das
lutas. Essas regulamentações incluem a definição de golpes permitidos e proibidos, o uso
de equipamentos de proteção adequados e as categorias de peso. Além disso, as regras
também visam promover a equidade e justiça nas competições, tornando-as acessíveis
a todos os praticantes, independentemente de seu nível de habilidade.

3. Opção D.

No kata não há contato físico entre os competidores. Cinco juízes avaliam o carateca com
base na execução correta e na velocidade dos movimentos, atribuindo pontos de acordo
com o desempenho. Além disso, existem apresentações em trios, onde a sincronia entre
os membros da equipe é observada. Essa modalidade de competição se assemelha ao
que ocorre na ginástica artística. No kumite dois caratecas lutam em combate direto. As
lutas têm duração de dois a cinco minutos. Pontos são concedidos pelos golpes des-
feridos, e o valor da pontuação pode variar dependendo da área do corpo do adversário
atingida pelo golpe.

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MEU ESPAÇO

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TEMA DE APRENDIZAGEM 9

O ENSINO-APRENDIZAGEM DE
LUTAS PARA PESSOAS COM
DEFICIÊNCIA

MINHAS METAS

Discutir sobre a inclusão de pessoas com deficiência nas artes marciais.

Apresentar os benefícios das artes marciais para as pessoas com deficiência.

Introduzir o esporte adaptado.

Mostrar algumas estratégias pedagógicas para ensino-aprendizagem.

Adentrar a modalidade capoeira adaptada.

Aprofundar a modalidade judô adaptado.

Introduzir a modalidade karatê adaptado.

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INICIE SUA JORNADA


Embora a abordagem do ensino-aprendizagem de lutas para pessoas com deficiên-
cia seja considerada um campo empolgante e transformador no âmbito esportivo
e social, ela também levanta questões complexas e desafiadoras. Como podemos
garantir a inclusão efetiva de pessoas com deficiência em atividades de lutas, levan-
do em consideração suas necessidades individuais e capacidades físicas? Até que
ponto a ênfase na competitividade e no desempenho pode comprometer o aspecto
inclusivo dessas práticas esportivas? Além disso, quais são os desafios relacionados
à segurança e à adaptação das técnicas de luta para atender às demandas específicas
de diferentes tipos de deficiências? Enquanto reconhecemos o potencial transfor-
mador dessas abordagens, é fundamental examinar, de forma crítica, os obstáculos
que podem surgir no caminho da inclusão e do desenvolvimento pessoal das pes-
soas com deficiência no contexto das artes marciais e das lutas.
Ao unir o poder das artes marciais com a inclusão, essa temática busca pro-
mover não apenas o desenvolvimento físico, mas também a autoestima, a auto-
confiança e a integração de indivíduos com diferentes habilidades.
O poder das artes marciais com a inclusão está na capacidade de propor-
cionar oportunidades de crescimento e empoderamento para todas as pessoas,
independentemente de suas habilidades físicas. Elas não apenas permitem que
indivíduos com deficiência participem ativamente, mas também contribuem
para uma sociedade mais inclusiva e consciente das necessidades e potenciais
de todos os seus membros.

VAMOS RECORDAR?
Relembramos que, frequentemente, subestimamos as habilidades e potenciais
das pessoas com deficiência, caindo em preconceitos que as categorizam de
maneira homogênea, sem considerar as notáveis diferenças entre as variadas
deficiências e seus graus de comprometimento. No entanto, ao testemunhar-
mos competições esportivas como os Jogos Paralímpicos, deparamo-nos com
realizações que desafiam a imaginação. Nessas ocasiões, fica evidente que es-
ses indivíduos são capazes de feitos verdadeiramente extraordinários.

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T E MA D E APRE N D IZAGEM 9

DESENVOLVA SEU POTENCIAL

INCLUSÃO DE PESSOAS COM DEFICIÊNCIA NAS ARTES


MARCIAIS

Entre os vários significados importantes ligados às lutas, artes marciais e esportes


de combate, a inclusão de indivíduos com deficiência está emergindo como uma
abordagem inovadora para que eles se conectem com seus próprios corpos e ha-
bilidades. Isso abre portas para que possam participar e se envolver em ambientes
que anteriormente não eram tão acessíveis, como clubes e academias.

Diversas abordagens esportivas podem ser oferecidas às pessoas com deficiên-


cia. Exploram abordagens criativas para encarar o esporte como um fenômeno
educacional de relevância, uma ferramenta prática para capacitar indivíduos a su-
perar desafios do dia a dia, por meio da aplicação de conhecimentos adquiridos,
além das experiências vivenciadas no ambiente esportivo que têm impacto na
esfera social.

No contexto da Educação Física, é essencial estabelecer metas específicas para a


inclusão das lutas, artes marciais e esportes de combate no repertório de ativida-
des destinadas a pessoas com deficiência. Isso tem como objetivo desmistificar
não apenas as conquistas possíveis para os praticantes, mas também os princípios
fundamentais e sua aplicação.

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Certamente, é possível englobar várias modalidades esportivas que abrangem


uma diversidade de participantes, incluindo pessoas com deficiência e aqueles
com diferentes características físicas e biotipos. Isso não apenas promove a in-
clusão, mas também desafia os estereótipos e preconceitos que frequentemente
limitam a participação em atividades físicas e esportivas.
Essa abordagem pode ser implementada em diversos cenários, como esco-
las, clubes, associações, parques e academias, onde a prática esportiva pode ser
adaptada para atender às necessidades e objetivos específicos de cada grupo. Di-
ferentes significados e metas podem ser atribuídos ao esporte, abrangendo desde
a iniciação esportiva, lazer, saúde e bem-estar até a busca pelo alto rendimento.
Essa diversificação não apenas torna as atividades esportivas mais acessíveis,
mas também reconhece a importância de atender às diversas motivações e as-
pirações das pessoas em relação à atividade física. Ao abranger essa variedade
de pessoas, características e cenários, o esporte pode se tornar uma ferramenta
poderosa para promover a inclusão, saúde, socialização e realização pessoal em
um espectro amplo de contextos.

Ao promover uma abordagem mais holística que valorize as habilidades cogniti-


vas, perceptivas e estratégicas, é possível desmontar a crença negativa de que as
pessoas com deficiência não são adequadas para a prática dessas modalidades.
Isso cria um ambiente de aprendizado mais inclusivo e capacita esses indivíduos
a se envolverem plenamente nas lutas, artes marciais e esportes de combate,
redefinindo suas perspectivas e superando desafios percebidos.

Torna-se evidente a necessidade de estabelecer novos espaços em uma variedade


de contextos e cenários. Esses espaços devem abarcar tanto os princípios essen-
ciais da pedagogia esportiva – como imprevisibilidade, criatividade, complexi-
dade, autonomia, inclusão, cooperação e diversificação – quanto os princípios
intrínsecos ao próprio esporte, incluindo suas diferentes manifestações, como o
alto rendimento (ANTUNES et al., 2017).

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ESTRATÉGIAS PEDAGÓGICAS PARA ENSINO-


APRENDIZAGEM DE PESSOAS COM DEFICIÊNCIA

As estratégias de ensino-aprendizagem representam os métodos pelos quais algo


é ensinado. Elas não apenas envolvem a criação de situações de aprendizagem
alinhadas com o conteúdo e os objetivos desejados, mas também são influencia-
das por fatores mutáveis e imprevisíveis. Esses fatores podem requerer ajustes e
conquistas não planejadas como resultado.
Em outras palavras, as estratégias de ensino-aprendizagem não são estáticas,
mas dinâmicas, e devem se adaptar às circunstâncias em evolução. Elas podem ser
moldadas por fatores como as características individuais dos alunos, as condições
do ambiente de aprendizado e os desafios que surgem durante o processo de ensi-
no. Essas estratégias podem precisar ser ajustadas de acordo com as necessidades
emergentes para otimizar a eficácia do ensino e a compreensão dos alunos.

Ao desenvolver abordagens de ensino, é crucial adotar uma visão holística do ser hu-
mano. Isso implica que as propostas educacionais não devem se limitar apenas ao
ensino de aspectos físicos, técnicos ou táticos. É preciso reconhecer a pessoa como
um todo, considerando não somente os aspectos físicos, mas também os cognitivos,
emocionais e sociais. Dessa forma, as abordagens de ensino devem ser construídas
com a intenção de promover o crescimento e o desenvolvimento completo dos indi-
víduos, em alinhamento com os valores da pedagogia esportiva e considerando tanto
as particularidades do esporte quanto os objetivos do alto rendimento.

Uma estratégia altamente eficaz para ensinar lutas, artes marciais e esportes de
combate é apresentar e explorar essas atividades de maneira que os alunos com-
preendam, pratiquem e participem ativamente das ações e decisões. No entanto,
é crucial combinar essas abordagens com as características únicas de cada mo-
dalidade, como judô, esgrima, wushu e parataekwondo, para preparar os alunos,
individualmente ou em grupos, para uma prática de alta qualidade. Isso não só
implica no aprimoramento das habilidades específicas dessas modalidades, mas
também no desenvolvimento cognitivo, motor, social e psicológico dos praticantes.

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Quando se trata de iniciação esportiva e de aplicar uma abordagem pedagógica


baseada na pedagogia da complexidade, que inclui imprevisibilidade, criativida-
de, diversificação, complexidade crescente, autonomia, cooperação e inclusão,
é fundamental incorporar atividades lúdicas e princípios da psicomotricidade.
Essas atividades auxiliam consideravelmente o praticante a se ambientar, com-
preendendo o meio, as pessoas e os objetos ao seu redor. Isso, por sua vez, de-
sempenha um papel crucial em seu desenvolvimento neuropsicomotor.
Essas iniciativas têm o efeito de facilitar a compreensão das regras, objetivos,
técnicas e táticas específicas da modalidade, permitindo que a pessoa pratique
e compreenda os estímulos motores, visuais, auditivos e cognitivos solicitados
durante a prática. Algumas ações pedagógicas recomendadas para as lutas, artes
marciais e esportes de combate incluem a orientação e a mobilidade no ambiente
da prática, jogos sensoriais e atividades específicas da modalidade em questão.
Integrar esses elementos proporciona uma abordagem completa e enriquecedora,
ajudando os alunos a desenvolverem um entendimento profundo das modalida-
des esportivas e aprimorarem suas habilidades de maneira abrangente.

A orientação e mobilidade desempenham um papel fundamental na promoção


da segurança e independência de pessoas com diferentes graus de deficiência.
Isso é especialmente relevante para o desenvolvimento de habilidades motoras
essenciais para a prática esportiva, permitindo que essas pessoas ganhem au-
tonomia progressivamente. A relação entre o participante, seu corpo, o espaço e
o tempo, mediada pelos sentidos restantes, deve ser constantemente fortaleci-
da. Isso inclui garantir uma quantidade adequada de estímulos durante a prática,
permitindo ao participante ter consciência de seu movimento, compreender seus
objetivos e escolher as formas mais dinâmicas e eficazes para alcançá-los.

Quando se trata de jogos sensoriais, é necessário explorar os estímulos sensoriais


residuais, especialmente para pessoas com deficiência visual. Isso pode envolver
a percepção de sons, odores, informações táteis, fontes de luz e calor. No entanto,
é importante adaptar a complexidade das informações de acordo com o nível
de compreensão do praticante. A implementação de atividades específicas para
jogos pode ser baseada nos fundamentos das próprias modalidades esportivas,
como no caso do judô, esgrima, parataekwondo e wushu.

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E U IN D ICO

Veja algumas atividades que podem ser utilizadas para pessoas com deficiên-
cia visual. Recursos de mídia disponíveis no conteúdo digital do ambiente
virtual de aprendizagem.

Um exemplo específico pode ser dado no judô para pessoas com deficiência visual.
Utilizar informações táteis pode facilitar o aprendizado de forma mais precisa. Su-
gere-se também a utilização de colegas tutores que auxiliem no desenvolvimento
das aulas, visando o crescimento abrangente de todos os praticantes envolvidos.
Esses colegas podem ensinar os movimentos necessários por meio de instruções
verbais, auditivas e cinestésicas, como permitir que o aluno sinta o movimento no
corpo do tutor ou que o tutor execute o movimento no corpo do aluno.
Um outro exemplo é o ensino da esgrima, onde é viável trabalhar a modali-
dade com adaptações de materiais, usando “espadinhas” feitas de jornal ou EVA.
Todos os alunos, incluindo aqueles com deficiência, podem participar de con-
frontos sentados, o que também ajuda a desenvolver a motricidade fina da mão
não dominante com a arma.

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Neste vídeo, é possível ver a proposta de atividades divertidas para o ensino da


Esgrima. Recursos de mídia disponíveis no conteúdo digital do ambiente
virtual de aprendizagem.

Ao adaptar estratégias pedagógicas e abordagens específicas de modalidades


esportivas, é possível proporcionar uma experiência inclusiva e enriquecedora
para todas as pessoas, independentemente de suas características ou deficiências.

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O papel do professor é construído com base em um conjunto de competências


que devem ser desenvolvidas em conjunto com o conhecimento abrangente que
compõe a prática educacional. Isso envolve a integração de saberes da pedago-
gia, ciência e os aspectos técnicos e táticos específicos da atividade, como lu-
tas, artes marciais e esportes de combate. Ensinar alunos com deficiência requer
que o professor esteja disposto a realizar ajustes durante suas aulas e adaptar
suas estratégias metodológicas. No entanto, as adaptações devem ser realizadas
com base na participação ativa e nas necessidades de mudanças mais amplas,
abrangendo o cenário, os alunos (com e sem deficiência) e o ambiente, incluindo
outros funcionários, docentes e não docentes, pais e demais partes envolvidas.

O professor deve possuir um entendimento profundo das necessidades indivi-


duais dos alunos com deficiência, identificando as melhores abordagens para
promover seu desenvolvimento integral. Isso pode envolver a modificação de
atividades, a criação de recursos adaptados e a aplicação de métodos pedagógicos
diferenciados. Além disso, a colaboração com outros profissionais e o diálogo
contínuo com os alunos e suas famílias são essenciais para criar um ambiente de
aprendizado inclusivo e eficaz.
A adaptabilidade e a sensibilidade para responder às necessidades variadas
dos alunos são características cruciais de um professor bem-sucedido ao traba-
lhar com alunos com deficiência. Isso requer não apenas compreensão técnica e
pedagógica, mas também empatia, paciência e uma abordagem colaborativa. Ao
adotar uma abordagem holística e inclusiva, o professor pode desempenhar um
papel significativo no desenvolvimento e no sucesso de cada aluno, independen-
temente de suas características individuais (ANTUNES et al., 2017).

INTRODUÇÃO AO ESPORTE ADAPTADO

O esporte adaptado é um fenômeno global que atrai atenção devido a suas carac-
terísticas singulares, proporcionando oportunidades de ascensão social, prática
em condições equitativas, melhorias na aptidão física e condições de saúde para
pessoas com deficiência.

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ZO O M N O CO NHEC I M ENTO

Dentro desse contexto, a reabilitação é um direito fundamental das pessoas


com deficiência. A Lei Federal nº 13.146, de 6 de julho de 2015, estabelece que
o processo de reabilitação tem como objetivo desenvolver as potencialidades,
talentos, habilidades e aptidões físicas, cognitivas, sensoriais, psicossociais,
atitudinais, profissionais e artísticas que contribuam para que a pessoa com de-
ficiência conquiste autonomia e participe plenamente na sociedade, em igual-
dade de condições e oportunidades com as demais pessoas (SIBIRKIN, 2018).

O esporte adaptado é um componente significativo da reabilitação, permitindo


que as pessoas com deficiência explorem suas capacidades e habilidades físicas,
cognitivas e emocionais de maneira construtiva e inclusiva. Ele desempenha um
papel crucial no desenvolvimento físico e psicológico das pessoas com deficiên-
cia, promovendo sua independência e empoderamento.
Ao oferecer a oportunidade de participar em atividades esportivas adapta-
das, as pessoas com deficiência podem experimentar os benefícios da atividade
física, interação social, superação de desafios e melhoria da autoestima. A prática
esportiva adaptada não só contribui para o bem-estar físico e emocional, mas
também quebra barreiras e preconceitos, promovendo uma visão mais inclusiva
e igualitária da sociedade.

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O esporte adaptado desempenha um papel fundamental no processo de reabi-


litação e inclusão das pessoas com deficiência, permitindo-lhes alcançarem seu
potencial máximo e participarem plenamente da vida social e esportiva.
Sem dúvida, as pesquisas científicas (SILVA; HOWE, 2018; SIMIM et al.,
2018) têm destacado que o esporte adaptado desempenha um papel essencial ao
proporcionar às pessoas com deficiência oportunidades significativas de reabili-
tação física, independência pessoal, fortalecimento da autoestima e desenvolvi-
mento da confiança necessária para enfrentar suas atividades diárias. Além disso,
contribui de maneira substancial para o processo de inclusão social.
No cenário internacional, um momento crucial na evolução do esporte adap-
tado para pessoas com deficiência foi após o término da Segunda Guerra Mundial
(1939-1945). Muitos soldados retornaram as suas nações de origem com limitações
motoras, visuais e auditivas decorrentes dos conflitos. Isso demandou dos governos
a necessidade de tomar medidas para atender às necessidades dessas pessoas, e,
assim, muitos começaram a ter acesso a atividades e práticas esportivas adaptadas.
No entanto, mesmo antes do pós-guerra, já existiam algumas iniciativas rela-
cionadas ao esporte adaptado. Um exemplo notável é o caso dos Estados Unidos,
em que, por volta de 1870, foram organizadas as primeiras atividades esportivas
para pessoas surdas, organizadas por escolas especiais. Em 1924, ocorreram em
Paris os “Jogos do Silêncio”, que reuniram atletas de diferentes países com defi-
ciência auditiva. Já em 1932, na Inglaterra, foi fundada uma associação de joga-
dores de golfe para amputados unilaterais de membros superiores.

Após o término da Segunda Guerra Mundial, diversas iniciativas no campo do


esporte adaptado começaram a emergir. Um exemplo notável foi em Londres, em
1948, com a realização dos primeiros Jogos de Stoke Mandeville para paraplégicos.
Esses jogos marcaram o início das competições internacionais de esporte em
cadeira de rodas para pessoas com deficiência física.

No cenário brasileiro, o esporte adaptado surgiu em 1958 com a criação de dois


clubes de esporte em cadeira de rodas, um em São Paulo e outro no Rio de Janei-
ro. No entanto, foi apenas em 1972 que o Brasil começou a participar oficialmente
dos Jogos Paraolímpicos, uma competição de renome internacional que ocorreu
na Alemanha.

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Esses marcos históricos demonstram o crescente reconhecimento da importância


do esporte adaptado como um meio de promover a inclusão, a reabilitação e a
superação de desafios por parte das pessoas com deficiência em todo o mundo. O
esporte adaptado não apenas oferece oportunidades para desenvolver habilidades
físicas e emocionais, mas também contribui para mudar atitudes e perspectivas
em relação à deficiência, além de capacitar os atletas para alcançar metas signi-
ficativas em suas vidas (SIBIRKIN, 2018).

IN D ICAÇÃO DE FI LM E

Pódio para Todos


Sinopse: indicamos o documentário “Pódio para Todos (Rising
phoenix)” – 2020 da Netflix, onde atletas de elite, dirigentes
e ativistas refletem sobre os Jogos Paralímpicos e o seu im-
pacto global na forma como vemos a deficiência, diversidade
e excelência.

CAPOEIRA ADAPTADA

VOCÊ SABE RESPONDER?


Qual é o impacto da adaptação da capoeira para pessoas com deficiências em
relação ao desenvolvimento integral dos alunos e à promoção da inclusão social?

O trabalho corporal na capoeira desempenha um papel crucial ao integrar os


aspectos cognitivos, motores e psíquicos, contribuindo significativamente para
o processo de aprendizagem dos alunos. Além disso, a capoeira é um meio al-
tamente eficaz para o desenvolvimento das habilidades corporais, o que levanta
a possibilidade de uma abordagem adaptada da capoeira para pessoas com de-
ficiência. Por meio dessa adaptação, é possível incluir um grupo de alunos com
uma ampla variedade de condições psicomotoras.

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O elemento central da capoeira, a roda de capoeira, oferece um ambiente e uma


proposta inerentemente inclusiva para todos os seus participantes, a depender
da perspectiva metodológica do professor. A roda simboliza a interação, a cola-
boração e a comunicação entre os praticantes, independentemente de suas ha-
bilidades ou deficiências. Essa interação na roda de capoeira proporciona uma
oportunidade única para a participação ativa de todos os alunos, incentivando o
respeito mútuo e a cooperação.

O processo de ensino-aprendizagem da capoeira é profundamente enraizado


na observação. Os iniciantes (aprendizes) buscam imitar os movimentos, gestos
e atitudes dos mais experientes (mestres), enquanto os mestres fornecem aos
aprendizes as informações necessárias para executar os gestos e movimentos de
forma adequada (TOMAZ et al., 2016).
Abordar a capoeira no contexto do jogo pode ter um impacto positivo na
formação do autoconceito de alunos com deficiência intelectual. Isso permite que
esses alunos avaliem seu crescimento em cada atividade. De acordo com Oliveira
e Santos (2017, p. 56),


ao utilizar jogos no contexto da educação física, é dada à criança
com deficiência intelectual a oportunidade de se movimentar e se
perceber como um ser social.

Os jogos em grupo são uma ferramenta valiosa para promover o desenvolvimen-


to cognitivo, social e moral. Eles estimulam atitudes de cooperação e respeito
mútuo entre os participantes. A cooperação e o respeito pelo próximo são apenas
alguns dos princípios fundamentais que regem uma roda de capoeira.

Os jogos de oposição na capoeira são atividades interativas envolvendo dois ou


mais capoeiristas e são cruciais para o aprimoramento das habilidades técnicas,
táticas e estratégicas nesta arte. Eles podem ser aplicados de diversas maneiras:
para o desenvolvimento de habilidades técnicas, como o gingado, floreio ou gol-
pes; para aprimorar habilidades táticas, com jogos que exigem tomada de decisão,
como capoeira com armas ou com obstáculos; e para refinamento de habilidades
estratégicas, como é feito no jogo de capoeira com música, que demanda análise
da situação. Essas práticas aprofundam o entendimento e o domínio da capoeira,
contribuindo para a formação integral dos praticantes (OLIVEIRA; SANTOS, 2017).

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JUDÔ ADAPTADO

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Conheça as principais características do Judô Paralímpico em um resumo pre-


parado pelo Comitê Paralímpico Brasileiro.
Recursos de mídia disponíveis no conteúdo digital do
ambiente virtual de aprendizagem.

O judô é uma modalidade que tem se mostrado inclusiva ao incluir pessoas com
deficiência visual. Na Paraolimpíada, atletas com deficiência visual participam
nessa modalidade, e uma das adaptações realizadas diz respeito ao início do com-
bate. No judô paraolímpico, a adaptação ocorre no momento inicial da luta, em
que os atletas começam o combate com as mãos em forma de pegada no judogui
(o quimono utilizado no judô) (VIEIRA; SOUZA JÚNIOR, 2006).
Essa adaptação assegura que os atletas com deficiência visual tenham um ponto
de contato tátil desde o início do combate, permitindo uma orientação mais precisa
para iniciar o confronto. Se um dos atletas perder o domínio da pegada do opo-
nente, o cronômetro é pausado para que o juiz possa orientar a pegada de ambos
os atletas, assegurando que eles mantenham contato durante a luta.

E U IN D ICO

Neste vídeo, um atleta experimenta as sensações de se praticar o parajudô.


Recursos de mídia disponíveis no conteúdo digital do ambiente virtual de
aprendizagem.

Além disso, é importante notar que, diferentemente das regras convencionais, no


judô paraolímpico, os atletas não são penalizados caso saiam da área de competi-
ção permitida (tatame). Em vez disso, o juiz instrui os atletas a retornarem à área
adequada para continuar a luta, sem aplicar penalizações.

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Essas adaptações no judô paraolímpico visam garantir a participação significa-


tiva e justa de atletas com deficiência visual, ao mesmo tempo em que mantêm
os princípios e a essência da modalidade. A inclusão de pessoas com deficiência
visual no judô é um exemplo de como as adaptações podem permitir que dife-
rentes grupos participem plenamente de uma atividade esportiva.

No judô adaptado para pessoas com deficiência, diversas estratégias podem ser
implementadas para tornar a prática inclusiva. Para aqueles com deficiência visual,
faixas coloridas podem ser empregadas para sinalizar a posição do oponente, além
de assistentes visuais ou táteis para auxiliar na orientação no tatame. Pessoas com
deficiência motora podem se beneficiar de adaptações, como cintos ou proteções,
que facilitam a execução dos movimentos, bem como técnicas modificadas que
exigem menos esforço físico. Para aqueles com deficiência intelectual, a comuni-
cação mais simples e um tempo estendido para aprender os movimentos podem
ser oferecidos. Já para indivíduos com deficiência mental, atividades alternativas
no judô, como o canto ou o uso de instrumentos musicais, podem ser exploradas,
promovendo inclusão e participação ativa na modalidade esportiva.

O judô é uma modalidade esportiva que acolhe a todos, desde que trabalhado
com uma metodologia inclusiva, independentemente de suas habilidades físicas
ou deficiências, pois, de acordo com o Estatuto da Criança e do Adolescente
(ECA), o esporte é um direito de todos. O judô proporciona ensinamentos valio-
sos para os praticantes, sejam eles fortes, menos habilidosos ou com deficiências.
Os alunos que praticam judô aprendem princípios como “ceder para vencer”, per-
severança, superação e resiliência, valores que são aplicados tanto na luta quanto
na vida cotidiana. Esses princípios são abrangentes e podem ser incorporados
por todos os praticantes.

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Assista ao vídeo promocional produzido pelo Comitê Paralímpico Internacional


para os Jogos Paralímpicos de Tokyo 2020.
Recursos de mídia disponíveis no conteúdo digital do ambiente virtual de
aprendizagem.

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Os benefícios do judô são amplos e se estendem a todos que se dedicam a essa


arte. A modalidade não foi criada exclusivamente para aqueles que buscam me-
lhorar a estética corporal, combater a ociosidade, aprender defesa pessoal ou
aprimorar a qualidade de vida física e mental. Os valores e lições que o judô
oferece são valiosos para todas as pessoas, independentemente de seus objetivos
pessoais ao praticar a atividade.
Portanto, o judô vai além de meros aspectos físicos e técnicos, sendo uma disci-
plina que promove o desenvolvimento integral e a formação de valores importantes
para todos os praticantes, independentemente de suas características individuais.

Algumas pessoas com mobilidade reduzida podem acabar se rotulando como in-
capazes devido às deficiências que possuem. No entanto, as Paraolimpíadas nos
apresentam uma impressionante demonstração de superação, com atletas que
enfrentam desafios, sejam eles desde o nascimento ou adquiridos ao longo da
vida. Muitos deles, em algum momento, podem ter sentido que não eram mais
ninguém e que a vida tinha perdido seu significado após sofrerem lesões ou ad-
quirirem deficiências. A inclusão do esporte tem o poder de mudar essa percep-
ção, permitindo que os alunos/atletas com deficiência se sintam capazes de reali-
zar as mesmas atividades que as pessoas sem comprometimentos.

No tatame, onde ocorrem as lutas de judô, tudo se transforma em aprendizado.


Os praticantes avançam na modalidade, mas também adquirem lições valiosas
para a vida. Eles aprendem enquanto treinam e, ao mesmo tempo, ensinam aos
outros que tudo é possível e que a superação é uma força poderosa. O judô vai além
de ser apenas uma arte marcial; é um princípio fundamental do comportamento
humano. A aplicação desse princípio não se limita apenas à defesa e aos ataques
durante a prática no dojô (local onde se pratica judô), como também se estende à
vida cotidiana (ANINHA et al., 2019).
O judô ensina lições de autodisciplina, respeito mútuo, empatia e perseveran-
ça, a partir das lições práticas e teóricas de cada aula. Os praticantes não apenas
ganham habilidades técnicas e físicas, mas também desenvolvem um senso de
responsabilidade e determinação que os acompanhará em todas as áreas da vida.
A inclusão esportiva desempenha um papel fundamental em mostrar que as
pessoas com mobilidade reduzida ou deficiências podem alcançar conquistas
notáveis e que sua capacidade vai muito além das limitações que possam enfren-
tar (SILVA; CARVALHO; OLIVEIRA, 2018).

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KARATÊ ADAPTADO

As raízes do karatê remontam aos séculos V e VI a.C., onde foram encontrados


os primeiros indícios de técnicas de luta na Índia. Essa forma de luta era chama-
da de Vajramushti, cuja tradução aproximada seria: “aquele cujo punho cerrado
é inflexível”. O Vajramushti era o estilo de luta praticado pelos Kshatrivas, uma
classe de guerreiros na Índia.
A prática regular do karatê proporciona fortalecimento e condicionamento
físico, exercita a mente, especialmente trabalhando aspectos emocionais, além de
desenvolver a força e velocidade do praticante. Além disso, estudos têm demonstra-
do que a prática esportiva adequada também ajuda a aliviar o estresse e a ansiedade.

O karatê desempenha um papel crucial no processo de inclusão social de pessoas


com deficiência, por meio da prática de valores como respeito, disciplina e solida-
riedade, funcionando como uma modalidade esportiva que contribui para a saúde
psicológica e física do praticante. No contexto atual, onde a ideia de inclusão é
altamente valorizada, a perspectiva do esporte adaptado, especialmente o karatê,
é de extrema importância.

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Assista a uma demonstração de Karatê adaptado realizada pelos alunos da


APAE Nova Andradina. Recursos de mídia disponíveis no conteúdo digital
do ambiente virtual de aprendizagem.

No caso do karatê adaptado, é essencial considerar as habilidades e potencia-


lidades do atleta, levando em consideração a sua deficiência. Por exemplo, um
atleta com movimentação de membros superiores pode ter mais oportunidades
de competir em modalidades de kata (sequência de movimentos simulando uma
luta) em comparação com atletas que não possuem movimentação nos membros
superiores. Isso se justifica pela maior utilização dos membros superiores nessa
modalidade competitiva. Dessa forma, a modalidade pode ser adaptada de acor-
do com o desempenho individual do atleta, sem gerar frustrações e respeitando
os princípios da inclusão social (SIBIRKIN, 2018).

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Conheça o Karatê adaptado. Recursos de mídia disponíveis no conteúdo di-


gital do ambiente virtual de aprendizagem.

Algumas dicas práticas de como introduzir o ensino das lutas para pessoas com
deficiência:

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AVALIAÇÃO INDIVIDUAL:

antes de começar, é importante avaliar as necessidades e capacidades de cada


pessoa com deficiência. Isso ajudará a adaptar a abordagem e os exercícios con-
forme necessário.

INSTRUÇÃO VISUAL E TÁTIL:

use demonstrações visuais e instruções táteis para explicar movimentos e técni-


cas. Isso é especialmente útil para pessoas com deficiência visual.

APOIO FÍSICO:

algumas pessoas podem precisar de apoio físico para realizar movimentos espe-
cíficos. É importante garantir que haja assistência disponível, se necessário.

ADAPTAÇÃO DE MOVIMENTOS:

modifique os movimentos da luta para atender às habilidades individuais.

USO DE CADEIRA DE RODAS:

para pessoas que usam cadeira de rodas é possível adaptar movimentos e criar
exercícios que envolvam a cadeira. A capoeira em cadeira de rodas é uma vari-
ante que pode ser explorada.

COMUNICAÇÃO CLARA:

as instruções devem ser comunicadas de forma clara e compreensível para to-


dos. Use sinais, palavras e linguagem corporal que sejam acessíveis.

ATIVIDADES EM GRUPO:

promova a interação entre os participantes.

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APOIO PSICOLÓGICO:

reconheça as necessidades emocionais e psicológicas dos participantes com


deficiência. Às vezes, pode ser útil oferecer apoio emocional adicional.

ACESSIBILIDADE FÍSICA:

certifique-se de que o local onde as aulas são ministradas seja acessível a pes-
soas com deficiência. Isso inclui rampas, banheiros adaptados e outras medidas
de acessibilidade.

FOCO NAS HABILIDADES:

concentre-se nas habilidades individuais e no progresso de cada participante,


em vez de compará-los aos outros. Isso ajuda a criar um ambiente positivo
e encorajador.

A temática do ensino-aprendizagem de lutas para pessoas com deficiência re-


presenta um campo de grande importância e potencial transformador. Por meio
de estratégias pedagógicas adaptadas, a capoeira, o judô, o karatê e outras mo-
dalidades ganham um novo significado ao possibilitar que indivíduos com dife-
rentes tipos de deficiência vivenciem experiências enriquecedoras. A história de
superação dos atletas paralímpicos, aliada aos avanços pedagógicos, nos inspira
a continuar explorando e ampliando as fronteiras do ensino das lutas para todos,
reforçando a convicção de que cada pessoa, independentemente de suas limita-
ções, possui um potencial único a ser descoberto e celebrado no cenário esportivo
e na sociedade como um todo.

NOVOS DESAFIOS
A temática do ensino-aprendizagem de lutas para pessoas com deficiência abre
um horizonte empolgante e humanitário para profissionais atuarem nesse campo.
Dentre as diversas carreiras relacionadas, dois exemplos notáveis são a de profis-

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sionais de educação física especializados em adaptação esportiva e treinadores


de artes marciais adaptadas. Esses profissionais não só atuam como instrutores
técnicos, mas também desempenham o papel fundamental de facilitadores do
crescimento pessoal e da inclusão social.
Compreender as necessidades individuais, ajustar abordagens pedagógicas
e criar ambientes acolhedores são alicerces essenciais para moldar uma expe-
riência de aprendizado enriquecedora para pessoas com deficiência. Ao abraçar
essa missão, os profissionais de educação física e treinadores contribuem para o
desenvolvimento físico e habilidades motoras, além de promoverem a autocon-
fiança, a autoestima e o senso de pertencimento dos praticantes.
Essas carreiras além de expandirem horizontes esportivos, deixam um im-
pacto duradouro na vida das pessoas com deficiência, fomentando a igualdade, a
superação de desafios e a construção de um mundo mais inclusivo e compassivo.

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VAMOS PRATICAR

1. Certamente, é possível englobar várias modalidades esportivas que abrangem uma


diversidade de participantes, incluindo pessoas com deficiência e aqueles com dife-
rentes características físicas e biotipos.

Assinale a alternativa que se refere a um dos principais propósitos de englobar uma


variedade de modalidades esportivas que incluem pessoas com deficiência e diferentes
características físicas e biotipos:

a) Limitar a participação em atividades físicas e esportivas.


b) Reforçar os estereótipos e preconceitos existentes.
c) Promover a exclusão de grupos específicos.
d) Desafiar estereótipos e preconceitos e promover a inclusão.
e) Ignorar as diferentes motivações das pessoas em relação à atividade física.

2. As estratégias de ensino-aprendizagem representam os métodos pelos quais algo é


ensinado. Elas não apenas envolvem a criação de situações de aprendizagem alinhadas
com o conteúdo e os objetivos desejados, mas também são influenciadas por fatores
mutáveis e imprevisíveis. Esses fatores podem requerer ajustes e conquistas não pla-
nejadas como resultado.

Quando se trata do desenvolvimento de abordagens de ensino, por que é importante


adotar uma visão holística do ser humano:

I - Para considerar os aspectos físicos, cognitivos, emocionais e sociais.


II - Para seguir uma abordagem tradicional de ensino.
III - Para limitar o ensino às características individuais dos alunos.

É correto o que se afirma em:

a) I, apenas.
b) III, apenas.
c) I e II, apenas.
d) II e III, apenas.
e) I, II e III.

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VAMOS PRATICAR

3. Ao promover uma abordagem mais holística que valorize as habilidades cognitivas,


perceptivas e estratégicas, é possível desmontar a crença negativa de que as pessoas
com deficiência não são adequadas para a prática dessas modalidades. Isso cria um
ambiente de aprendizado mais inclusivo e capacita esses indivíduos a se envolverem
plenamente nas lutas, artes marciais e esportes de combate, redefinindo suas pers-
pectivas e superando desafios percebidos.

Como a abordagem inclusiva nos cenários esportivos pode influenciar positivamente


a participação de pessoas com deficiência e diferentes aspirações:

a) Restringindo a prática esportiva a atividades de alto rendimento.


b) Enfatizando a necessidade de excluir pessoas com deficiência das atividades esportivas.
c) Focando apenas nas aspirações esportivas individuais.
d) Priorizando exclusivamente a abordagem competitiva nas modalidades esportivas.
e) Tornando as atividades esportivas mais acessíveis e valorizando diversas motivações.

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REFERÊNCIAS

ANINHA, A. C. et al. Significado do judô paralímpico: um estudo de caso. Cuadernos de


Psicología del Deporte, v. 19, n. 2, p. 198-208, 2019.
ANTUNES, M. et al. Lutas para as pessoas com deficiência: uma possibilidade de intervenção
na educação física. Corpoconsciência, v. 21, n. 2, p. 107-116, 2017.
OLIVEIRA, M. A.; SANTOS, S. L. C. Educação com jogos de oposição: uma análise sobre sua
influência na motivação de alunos a virem a praticar lutas/esportes de combate. Educação
& Linguagem, v. 20, n. 2, p. 95-105, 2017.
SIBIRKIN, E. O karatê e a inclusão da pessoa com deficiência: um olhar sobre a literatura. Rev.
Assoc. Bras. Ativ. Mot. Adapt., v. 19, n. 2, p. 141-154, 2018.
SILVA, C. F.; HOWE, D. The social empowerment of difference: the potential influence of
parasport. Physical Medicine and Rehabilitation Clinics, v. 29, n. 2, p. 397-408, 2018.
SILVA, K. M. F.; CARVALHO, J. O. G.; OLIVEIRA, A. C. S. O judô adaptado a pessoas com defi-
ciência visual e física. Revista Científica da FASETE, v. 12, n. 15, p. 265-281, 2018.
SIMIM, M. A. M. et al. O estado da arte das pesquisas em esportes coletivos para pessoas
com deficiência: uma revisão sistemática. Arquivos de Ciências do Esporte, v. 6, n. 1, p.
5-10, 2018.
TOMAZ, A. S. et al. Pedagogia histórico-crítica e educação física no Ensino Fundamental:
um trabalho educativo com a capoeira. Nuances – Estudos sobre Educação, v. 27, n. 1, p.
87–107, 2016.
VIEIRA, C. S.; SOUZA JÚNIOR, W. R. Judô paraolímpico: manual de orientação para profes-
sores de educação física. Brasília: Comitê Paraolímpico
Brasileiro, 2006. Disponível em: http://www.educacaofisica.seed.pr.gov.br/arquivos/File/re-
latos/judo_paraolimpico.pdf. Acesso em: 14 set. 2023.

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CONFIRA SUAS RESPOSTAS

1. Opção D.

Certamente, é possível englobar várias modalidades esportivas que abrangem uma di-
versidade de participantes, incluindo pessoas com deficiência e aqueles com diferentes
características físicas e biotipos. Isso não apenas promove a inclusão, mas também
desafia os estereótipos e preconceitos que frequentemente limitam a participação em
atividades físicas e esportivas.
Essa abordagem pode ser implementada em diversos cenários, como escolas, clubes,
associações, parques e academias, onde a prática esportiva pode ser adaptada para
atender às necessidades e objetivos específicos de cada grupo. Diferentes significados
e metas podem ser atribuídos ao esporte, abrangendo desde a iniciação esportiva, lazer,
saúde e bem-estar até a busca pelo alto rendimento.
Essa diversificação não apenas torna as atividades esportivas mais acessíveis, mas
também reconhece a importância de atender às diversas motivações e aspirações das
pessoas em relação à atividade física. Ao abranger essa variedade de pessoas, caracte-
rísticas e cenários, o esporte pode se tornar uma ferramenta poderosa para promover a
inclusão, saúde, socialização e realização pessoal em um espectro amplo de contextos.

2. Opção A.

Ao desenvolver abordagens de ensino, é crucial adotar uma visão holística do ser huma-
no. Isso implica que as propostas educacionais não devem se limitar apenas ao ensino
de aspectos físicos, técnicos ou táticos. É preciso reconhecer a pessoa como um todo,
considerando não somente os aspectos físicos, mas também os cognitivos, emocionais
e sociais. Dessa forma, as abordagens de ensino devem ser construídas com a intenção
de promover o crescimento e o desenvolvimento completo dos indivíduos, em alinha-
mento com os valores da pedagogia esportiva e considerando tanto as particularidades
do esporte quanto os objetivos do alto rendimento.

3. Opção E.

Essa abordagem pode ser implementada em diversos cenários, como escolas, clubes,
associações, parques e academias, onde a prática esportiva pode ser adaptada para
atender às necessidades e objetivos específicos de cada grupo. Diferentes significados
e metas podem ser atribuídos ao esporte, abrangendo desde a iniciação esportiva, lazer,
saúde e bem-estar até a busca pelo alto rendimento.
Essa diversificação não apenas torna as atividades esportivas mais acessíveis, mas
também reconhece a importância de atender às diversas motivações e aspirações das
pessoas em relação à atividade física. Ao abranger essa variedade de pessoas, caracte-
rísticas e cenários, o esporte pode se tornar uma ferramenta poderosa para promover a

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CONFIRA SUAS RESPOSTAS

inclusão, saúde, socialização e realização pessoal em um espectro amplo de contextos.


Ao promover uma abordagem mais holística que valorize as habilidades cognitivas, per-
ceptivas e estratégicas, é possível desmontar a crença negativa de que as pessoas com
deficiência não são adequadas para a prática dessas modalidades. Isso cria um ambiente
de aprendizado mais inclusivo e capacita esses indivíduos a se envolverem plenamente
nas lutas, artes marciais e esportes de combate, redefinindo suas perspectivas e supe-
rando desafios percebidos.
Torna-se evidente a necessidade de estabelecer novos espaços em uma variedade de
contextos e cenários. Esses espaços devem abarcar tanto os princípios essenciais da
pedagogia esportiva – como imprevisibilidade, criatividade, complexidade, autonomia,
inclusão, cooperação e diversificação – quanto os princípios intrínsecos ao próprio esporte,
incluindo suas diferentes manifestações, como o alto rendimento.

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MEU ESPAÇO

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MEU ESPAÇO

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