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Questões - Pontuação.

Disparidade na saúde: como a desigualdade social afeta o acesso à saúde

A desigualdade social é um fator debilitante em qualquer comunidade. E, assim como afeta o padrão de vida
das pessoas e a atenção dedicada aos cuidados mais básicos dos indivíduos, ocorre uma disparidade na saúde que não
pode ser ignorada.
1O acesso à saúde é um problema que afeta não apenas os países em desenvolvimento, mas nações tidas

como superpotências. É o caso dos EUA, que já vêm relatando estudos cujos prejuízos são calculados aos montes em
decorrência da desigualdade social.
Em 2011, um estudo foi conduzido e mostrou que os custos no setor teriam uma economia anual de US$
15,6 bilhões se não houvesse essa disparidade na saúde. Isso ocorreu por conta da análise de que certas doenças
(como diabetes, hipertensão, derrame, entre outras) não afetariam as camadas mais carentes da sociedade se elas
tivessem o mesmo acesso à saúde do que os cidadãos com mais poder aquisitivo.
2No Brasil não é diferente. O baixo investimento – apenas 10,7% do orçamento total dos governos – no setor

é um grande contraste com a necessidade de uso do sistema público de saúde do país, o SUS.
Pesquisa aponta que sete em cada dez brasileiros usam o SUS, e o país ainda acumula uma carência com
cerca de 30 milhões de pessoas sem acesso à saúde.
3Há, portanto, uma disparidade na saúde que pode e deve ser analisada com base nos desafios, seus

impactos e as soluções para reduzi-la gradualmente.

Fragmento. Disponível em: https://nexxto.com/disparidade-na-saude-como-a-desigualdade-social-afeta-o-acesso-a-


saude/ Acesso em: 25 out. 2021.
1. “No Brasil não é diferente. O baixo investimento – apenas 10,7% do
orçamento total dos governos – no setor é um grande contraste com
a necessidade de uso do sistema público de saúde do país, o SUS.”
(ref. 2).

No fragmento acima, o emprego do travessão tem como justificativa:


a) Indicar quebra na sequência de ideias.
b) Apresentar o discurso dos cidadãos.
c) Separar orações com sujeitos diferentes.
d) Enumerar fatos em uma progressão temporal.
e) Destacar uma informação complementar.
2. “O criminoso pode alegar que foi o segundo eu o autor do crime.”
(Carlos Drummond de Andrade. O avesso das coisas, 1990.)

Transpondo-se para a voz passiva a oração centrada na locução verbal


sublinhada, surge a forma verbal:
a) pôde ser alegado.
b) pode alegar.
c) é alegado.
d) pode ser alegado.
e) foi alegado.
Avanços nas cirurgias com os pacientes acordados desvendam o cérebro

Análises abrem uma avenida de descobertas em torno do mais fascinante órgão do corpo humano

Por Giulia Vidale - Atualizado em 13 mar 2020, 10h43 - Publicado em 13 mar 2020, 06h00.

O neurocirurgião americano Henry Marsh, autor de um best-seller sobre sua atividade, Não Faças Mal, de 2014, costuma descrever a sala de um centro
cirúrgico como um “teatro”. Foi nesse teatro que a alemã Dagmar Turner, de 53 anos, executou ao violino trechos de canções clássicas de George Gershwin,
da Sinfonia Nº 5 de Gustav Mahler e alguma coisa do repertório de Julio Iglesias, porque ninguém é de ferro. O espetáculo durou três horas. 1O detalhe:
Dagmar estava sendo submetida a uma intervenção cerebral com o crânio aberto no hospital King’s College, em Londres. O vídeo viralizou nas redes sociais
— com o perdão pelo uso de uma expressão um tanto indelicada em tempos de coronavírus.

A vigília é fundamental porque, dados os conhecimentos cada vez mais amplos sobre o funcionamento do cérebro, que o escritor Bill Bryson chama de “a coisa
mais extraordinária do universo”, é imperativo acompanhar a atividade neurológica permanentemente, como se os especialistas fossem o maestro de uma
sinfonia executada por um órgão com mais de 100 bilhões de neurônios, que formam 100 trilhões de conexões. “O encéfalo aberto permite verificar, em tempo
real, a resposta de quem está sendo operado e é sinônimo de redução de danos neurológicos”, diz o neurocirurgião Eduardo Carvalhal Ribas, do Hospital
Albert Einstein. Em pacientes com Parkinson, por exemplo, o médico precisa implantar um eletrodo no lugar exato do cérebro que causa os tremores. 2A única
forma de saber se o implante está no local correto, e se houve sucesso, é verificar se o paciente parou de tremer. E isso só pode ser feito com atenção
máxima. Já no zelo com tumores, como no caso de Dagmar, há controle absoluto de funções essenciais e delicadas, como a de emitir notas musicais das
cordas de um instrumento. A resposta é simples e rápida: se o eletrodo atingir uma região associada a essa função, imediatamente o paciente parará de tocar
ou errará. Dessa forma, o médico sabe que não deve remover determinado ponto para manter uma habilidade tão específica. “Além da redução do risco de
sequelas graves, os benefícios desse tipo de cirurgia incluem melhores resultados no tratamento, período menor de internação e recuperação mais rápida”, diz
o neurocirurgião Guilherme Carvalhal Ribas, do Hospital Albert Einstein. Em tempo: sem dor, porque na carcaça do edifício cerebral não há terminações
nervosas.

Disponível em: https://veja.abril.com.br/ciencia/avancos-nas-cirurgias-com-os-pacientes-acordados-desvendam-o-cerebro/. Acesso em: 03 jun. 2020.


3. Considere o trecho:

“O detalhe: Dagmar estava sendo submetida a uma intervenção cerebral com o


crânio aberto no hospital King’s College, em Londres.” (ref. 1):

A justificativa do emprego de dois-pontos no trecho acima é:


a) Separar orações com sujeitos diferentes
b) Apresentar o discurso direto de um personagem
c) Enumerar fatos em progressão temporal
d) Indicar quebra na sequência de ideias
e) Explicitar o que foi anteriormente anunciado
Muito do que gastamos (e nos desgastamos) nesse consumismo feroz podia ser negociado com a gente mesmo: uma
hora de alegria em troca daquele sapato. Uma tarde de amor em troca da prestação do carro do ano; um fim de semana
em família em lugar daquele trabalho extra que está me matando e ainda por cima detesto.
Não sei se sou otimista demais, ou fora da realidade. Mas, à medida que fui gostando mais do meu jeans, camiseta e
mocassins, me agitando menos, querendo ter menos, fui ficando mais tranquila e mais divertida. Sapato e roupa
simbolizam bem mais do que isso que são: representam uma escolha de vida, uma postura interior.
Nunca fui modelo de nada, graças a Deus. Mas amadurecer me obrigou a fazer muita faxina nos armários da alma e na
bolsa também. Resistir a certas tentações é burrice; mas fugir de outras pode ser crescimento, e muito mais alegria.

LUFT, L. Pensar é transgredir. Rio de Janeiro: Record, 2011.

4. Nesse texto, há duas ocorrências de dois-pontos. Na primeira, eles anunciam uma enumeração das negociações que
podemos fazer conosco. Na segunda, eles introduzem uma
a) opinião sobre o uso de jeans, camiseta e mocassins.
b) explicação sobre a simbologia de sapatos e roupas.
c) conclusão acerca da oposição entre otimismo e realidade.
d) comparação entre ostentação e conforto em termos de vestuário.
e) retomada da ideia de negociação discutida no primeiro parágrafo.
O ouro do século 21

Cério, gadolínio, lutécio, promécio e érbio; sumário, térbio e disprósio; hólmio, túlio e itérbio. Essa lista de nomes
esquisitos e pouco conhecidos pode parecer a escalação de um time de futebol, que ainda teria no banco de reservas
lantânio, neodímio, praseodímio, európio, escândio e ítrio. Mas esses 17 metais, chamados de terras-raras, fazem parte
da vida de quase todos os humanos do planeta. Chamados por muitos de “ouro do século 21”, “elementos do futuro” ou
“vitaminas da indústria”, eles estão nos materiais usados na fabricação de lâmpadas, telas de computadores, tablets e
celulares, motores de carros elétricos, baterias e até turbinas eólicas. Apesar de tantas aplicações, o Brasil, dono da
segunda maior reserva do mundo desses metais, parou de extraí-los e usá-los em 2002. Agora, volta a pensar em
retomar sua exploração.

SILVEIRA, E. Disponível em: www.revistaplaneta.com.br. Acesso em: 6 dez. 2017 (adaptado).

5. As aspas sinalizam expressões metafóricas empregadas intencionalmente pelo autor do texto para
a) imprimir um tom irônico à reportagem.
b) incorporar citações de especialistas à reportagem.
c) atribuir maior valor aos metais, objeto da reportagem.
d) esclarecer termos científicos empregados na reportagem.
e) marcar a apropriação de termos de outra ciência pela reportagem.
Na década de 1950, quando iniciava seu governo, Juscelino Kubitschek prometeu “50 anos em 5”. Na
campanha do atual governo o slogan ficou assim: “O Brasil voltou, 20 anos em dois”. A ‘tradução’ não
tinha como dar certo; era como comparar vinho com água. E mais: havia uma vírgula no meio do
caminho. Na propaganda, apenas uma vírgula impede que a leitura, ao invés de ser positiva e associada
ao progressismo de Juscelino, se transforme numa mensagem de retrocesso: o Brasil de fato ‘voltou’
muito nesses últimos dois anos; para trás.

(Adaptado de Lilia Schwarcz, Havia uma vírgula no meio do caminho. Nexo Jornal, 21/05/2018.)

6. Considerando o gênero propaganda institucional e o paralelo histórico traçado pela autora, é correto
afirmar que o slogan do atual governo fracassou porque
a) o uso da vírgula provocou uma leitura negativa do trecho que alude ao slogan da década de 1950.
b) a mensagem projetada pelo slogan anterior era mais clara, direta, e não exigia o uso da vírgula.
c) a alusão ao slogan anterior afasta o público jovem e provoca a perda de seu poder persuasivo.
d) o duplo sentido do verbo “voltar” gerou uma mensagem que se afasta daquela projetada pelo slogan
anterior.
MAIS IDOSOS NO MERCADO DE TRABALHO
Com mudanças no estilo de vida, aposentadoria está cada vez mais tardia

Durante toda a sua carreira, entre uma reportagem e outra, o jornalista Ricardo Moraes tinha um sonho além dos papéis: ter um bar. Há dois anos,
quando se aposentou, preferiu trocar a desaceleração de uma vida inteira de trabalho pelo desafio de recomeçar. E, aos 65 anos, acabou de inaugurar a filial
do boteco paulistano Bar Léo, no Centro do Rio.
Mas não é só ele. Segundo dados do Ministério dos Direitos Humanos, os idosos somam 23,5 milhões dos brasileiros, mais que o dobro do registrado
em 1991. E a projeção é que serão 30% da população em 2050 (em 2010, eram 10%).
Para compor a equipe, Moraes misturou a energia e a agilidade de funcionários jovens à experiência em atendimento de excelência dos mais velhos.
Para isso, chamou o também aposentado Luis Ribeiro, de 67 anos, para ser seu maître, e o garçom Francisco Carlos, que ainda não se aposentou, mas já
passou dos 50 anos.
“Eu ensino organização, senso de hierarquia e como ser mais formal e excelente no atendimento ao cliente. E eles me ensinam muito sobre
tecnologia”, conta Ribeiro, que tem 45 anos de estrada e se aposentou há três anos.
Essa mistura de gerações não é de hoje, mas prepare-se, porque ela será cada vez mais presente dentro das empresas. E por um motivo muito
simples: as pessoas estão envelhecendo mais tarde.
Com avanços da medicina e estilo de vida mais saudável, aquele senhor que, em décadas passadas, preparava-se para ficar no sofá aos 60 anos,
hoje está a todo vapor. Além disso, há a questão pessoal, de querer se manter ocupado e útil, e a financeira, pois, como se sabe, apesar da contribuição de
uma vida inteira, o retorno é quase sempre baixo em relação aos trabalhadores comuns.
Tudo isso afeta diretamente o mercado de trabalho, que passa a contar com uma força de trabalho mais madura e bem presente, e traz desafios
também. Um deles é justamente a harmonia entre gerações tão diferentes. Em tese, ambos agregam: os mais velhos com sua experiência, padrões de
qualidade sólidos e comprometimento; e os mais jovens com sua vivacidade, fácil adaptação e familiaridade à tecnologia. Na prática, porém, há outras
questões.

RIBAS, Raphaela. Mais idosos no mercado de trabalho. O Globo, São Paulo, 25 mar. 2018. Disponível em:
<https://oglobo.globo.com/economia/emprego/mais-idosos-no-mercado-de-trabalho-22520971>. Acesso em: 01 out. 2018 (adaptado).
7. Após analisar o excerto reproduzido abaixo, assinale a alternativa na qual a vírgula é
utilizada pela mesma razão que no trecho sublinhado.

“Há dois anos, quando se aposentou, preferiu trocar a desaceleração de uma vida
inteira de trabalho pelo desafio de recomeçar” (1º parágrafo).
a) “Na prática, porém, há outras questões” (7º parágrafo).
b) “Segundo dados do Ministério dos Direitos Humanos, os idosos somam 23,5 milhões
dos brasileiros [...]” (2º parágrafo).
c) “Para compor a equipe, Moraes misturou a energia e a agilidade de funcionários
jovens à experiência em atendimento de excelência dos mais velhos” (3º parágrafo).
d) “Além disso, há a questão pessoal, de querer se manter ocupado e útil […]” (6º
parágrafo).
e) “em décadas passadas, preparava-se para ficar no sofá aos 60 anos” (6º parágrafo).
O PODER DA LITERATURA José Castello
1Em um século dominado pelo virtual e pelo instantâneo, que poder resta à literatura? Ao contrário das imagens, que nos jogam para fora e para as
superfícies, a literatura nos joga para dentro. Ao contrário da realidade virtual, que é compartilhada e se baseia na interação, 2a literatura é um ato solitário, nos
aprisiona na introspecção. Ao contrário do mundo instantâneo em que vivemos, dominado pelo “tempo real” e pela rapidez, a literatura é lenta, é indiferente às
pressões do tempo, ignora o imediato e as circunstâncias.
Vivemos em um mundo dominado pelas respostas enfáticas e poderosas, enquanto a literatura se limita a gaguejar perguntas frágeis e vagas. A
literatura, portanto, parece caminhar na contramão do contemporâneo. Enquanto o mundo se expande, se reproduz e acelera, 3a literatura contrai, pedindo que
paremos para um mergulho “sem resultados” em nosso próprio interior. Sim: a literatura – no sentido prático – é inútil. 4Mas ela apenas parece inútil.
A literatura não serve para nada – é o que se pensa. A indústria editorial tende a reduzi-la a um entretenimento para a beira de piscinas e as salas de
espera dos aeroportos. De outro lado, a universidade – em uma direção oposta, mas igualmente improdutiva – transforma a literatura em uma “especialidade”,
destinada apenas ao gozo dos pesquisadores e dos doutores. Vou dizer com todas as letras: são duas formas de matá-la. A primeira, por banalização. A
segunda, por um esfriamento que a asfixia. Nos dois casos, a literatura perde sua potência. 5Tanto quando é vista como “distração”, quanto quando é vista
como “objeto de estudos”, 6a literatura perde o principal: seu poder de interrogar, interferir e desestabilizar a existência. 7Contudo, desde os gregos, a literatura
conserva um poder que não é de mais ninguém. 8Ela lança o sujeito de volta para dentro de si e o leva a encarar o horror, as crueldades, a imensa
instabilidade e 9o igualmente imenso vazio que carregamos em nosso espírito. Somos seres “normais”, como nos orgulhamos de dizer. Cultivamos nossos
hábitos, manias e padrões. Emprestamos um grande valor à repetição e ao Mesmo. Acreditamos que somos donos de nós mesmos!
Mas 10leia Dostoievski, leia Kafka, leia Pessoa, leia Clarice – 11e você verá que rombo se abre em seu espírito. Verá o quanto tudo isso é mentiroso.
12Vivemos imersos em um grande mar que chamamos de realidade, mas que – a literatura desmascara isso – não passa de ilusão. A “realidade” é apenas um

pacto que fazemos entre nós para suportar o “real”. A realidade é norma, é contrato, é repetição, ela é o conhecido e o previsível. O real, ao contrário, é
instabilidade, surpresa, desassossego. O real é o estranho.
(...)
A literatura não tem o poder dos mísseis, dos exércitos e das grandes redes de informação. Seu poder é limitado: é subjetivo. 13Ao lançá-lo para
dentro, e não para fora, ela se infiltra, como um veneno, nas pequenas frestas de seu espírito. Mas, 14nele instalada pelo ato da leitura, 15que escândalos, que
estragos, 16mas também que descobertas e que surpresas ela pode deflagrar.
Não é preciso ser um especialista para ler uma ficção. Não é preciso ostentar títulos, apresentar currículos, ou credenciais. A literatura é para todos.
Dizendo melhor: é para os corajosos ou, pelo menos, para aqueles que ainda valorizam a coragem.
(...).
8. Assinale a alternativa que apresenta uma explicação INCORRETA.
a) Em “Tanto quando é vista como distração, quanto quando é vista como objeto
de estudos...” (ref. 5), os termos em destaque estabelecem uma relação de
comparação entre as duas situações relacionadas.
b) Os dois pontos foram utilizados no excerto “...a literatura perde o principal: seu
poder de interrogar, interferir e desestabilizar...” (ref. 6) para introduzir ideias que
foram resumidas em um termo anterior.
c) A vírgula presente em “...a literatura é um ato solitário, nos aprisiona na
introspecção.” (ref. 2) foi utilizada para marcar a elipse de um termo.
d) No período “...mas também que descobertas e que surpresas ela pode
deflagrar.” (ref. 16) , se o sujeito fosse para o plural, a locução verbal ficaria: pode
deflagrarem.

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