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FERRARI, Vladimir José (1); PADARATZ, Ivo José (2); LORIGGIO, Daniel
Domingues (3)
(1) Aluno do Programa de Pós Graduação em Engenharia Civil da Universidade Federal de Santa
Catarina
email: vladimirjf@hotmail.com
Resumo
O uso do reforço à flexão de vigas de concreto armado com laminados de PRF
(materiais plásticos reforçados com fibras) vêm crescendo cada vez mais no Brasil e
em outros países. O desprendimento deste tipo de reforço do bordo tracionado das
vigas é um problema complexo e indesejável, pois ocorre sem aviso antecipando a
ruína da viga reforçada e impossibilitando o total aproveitamento das propriedades
resistentes à tração do reforço. Esse problema tem sido observado em diversas
pesquisas realizadas sobre o assunto. Neste trabalho estuda-se o comportamento
de vigas de concreto armado reforçadas externamente à flexão mediante a técnica
de colagem de manta de fibra de carbono com adesivo epoxídico no bordo
tracionado das vigas, e avalia-se a incorporação de sistemas construtivos colocados
na extremidade das vigas reforçadas (denominados de mecanismos de incremento
de ancoragem), com objetivo de evitar o desprendimento prematuro da manta de
fibra de carbono. Os resultados experimentais mostraram que com a adição de
adequados mecanismos de incremento de ancoragem pode-se evitar o
desprendimento do reforço e permitir que a ruína da viga reforçada se dê por ruptura
da manta de fibra de carbono resultando em incremento na resistência à flexão da
viga.
1 Introdução
Devido ao avanço na tecnologia dos materiais de construção, em especial da
tecnologia do concreto, juntamente com o avanço das técnicas construtivas e
implementação de ferramentas computacionais sofisticadas, tem-se permitido
projetar e executar estruturas mais arrojadas com elementos estruturais cada vez
mais esbeltos.
Este fato faz com que as estruturas de concreto armado de hoje, sejam mais
sensíveis diante de defeitos dos materiais ou erros cometidos durante qualquer uma
das fases do processo construtivo (planejamento, projeto, produção de materiais e
componentes, construção e utilização).
De uma maneira crescente, os engenheiros de estruturas vêm se defrontando com a
presença das mais variadas formas de danos em elementos estruturais. A situação
chega a tal ponto, de não ser raro, encontrar obras que nem tendo sido ocupadas já
estão virtualmente condenadas. Muitos dos diagnósticos elaborados por
engenheiros especialistas em patologia de estruturas de concreto apontam para a
correção da manifestação patológica através do reforço estrutural do elemento
danificado. As causas da necessidade de reforço em estruturas de concreto armado
são variadas, porém as preponderantes dizem respeito à falhas de concepção e
execução do projeto. Outras causas podem ser citadas, tais como: alteração da
utilização da edificação; desgaste natural da edificação; falhas durante a elaboração
dos projetos (falta de controle no limite de flechas, etc.).
Os PRFC são os mais apropriados para o reforço de vigas de concreto armado por
causa do alto desempenho mecânico das fibras de carbono representado na figura
3; resistência à corrosão, pois o carbono é inerte; grande leveza (peso específico da
ordem de 1,8 kN/m3); alta resistência à tração e grande rigidez.
5.000
iii
1 2 3 4 5 6
Deformação (%)
Figura 3 – Representação das curvas típicas de tração versus deformação das fibras
(conforme dados do ACI 440, 2000)
3 Programa experimental
3.1 Descrição das vigas
Para realização dos ensaios foram moldadas nove vigas com seção transversal
retangular de 150x200 mm e comprimento total de 1800 mm, correspondendo a um
vão livre de 1650 mm. Essas vigas foram igualmente armadas à flexão e ao
cisalhamento, tendo como armadura longitudinal inferior duas barras de aço CA 50,
com 8mm de diâmetro, correspondendo a uma taxa de armadura de 0,34%. A
armadura superior foi composta por dois fios de aço CA 60, com 6,0mm de diâmetro.
A armadura transversal consistiu de estribos de aço CA 60 com 6,0mm de diâmetro
espaçados a cada 80 mm. A tabela 1 apresenta a distribuição das nove vigas em
cinco grupos.
Conforme mostrado na tabela 1, das nove vigas ensaiadas, oito foram reforçadas à
flexão com manta de fibra de carbono. A primeira viga, VRE, do grupo 1 foi
desprovida de qualquer tipo de reforço e serviu de modelo de referência para que
fossem feitas comparações de incremento de rigidez e resistência quando da
aplicação do reforço nas demais vigas.
O grupo de vigas número 2, composto por duas vigas reforçadas externamente à
flexão pela colagem, em suas faces inferiores, de uma camada de manta de fibra de
carbono, foram designadas por VR1 e VR2 (figura 4). Essas duas vigas procuram
mostrar o incremento de resistência e de rigidez, quando comparadas com a viga de
referência, e também, apresentar o modo de ruína prematuro, causado pelo
desprendimento da manta de fibra de carbono do banzo tracionado das vigas.
O grupo de vigas número 3, composto por duas vigas designadas VR3 e VR4, foram
reforçadas à flexão semelhantemente às vigas do grupo 2, e dotadas de um
mecanismo externo de incremento de ancoragem. Esse mecanismo, para as vigas
desse grupo, consistiu de uma manta de fibra de carbono colada transversalmente
ao eixo longitudinal da viga sobre a manta de reforço e localizada a alguns
centímetros das suas extremidades, com um comprimento igual à largura da viga
(figura 5). Esse mecanismo, bem como os mecanismos idealizados para as vigas
dos demais grupos, através de forças de compressão transversais ao reforço têm
como finalidade aumentar a sua aderência ao substrato de concreto, evitando o
desprendimento prematuro, durante a solicitação da viga.
Seção longitudinal
perfil metálico
Seção transversal
625 550 625
OBS: medidas em mm
Seção longitudinal
perfil metálico
Seção transversal
200
Viga de concreto armado
VR3/VR4
manta de fibra de carbono 150
mecanismo externo
150 130 120 1000 120 130 150
1800
120
15
OBS: medidas em mm
perfil metálico
15
Estribo
150
120
15
150 130 120
Parafuso
Detalhes
Posição dos parafusos na chapa 150 seção transversal
80 40
30
90
Chapa
200
90
30
Seção longitudinal
perfil metálico
Seção transversal
200
VR7/VR8
100
100
120
15
OBS: medidas em mm
Foram retiradas, para cada diâmetro, três amostras de barras de aço representativas
das armaduras das vigas. Através de ensaio de tração seguindo recomendações da
NBR 6152 (1992), observou-se que as barras de aço de 8mm, da armadura
principal, apresentaram um comportamento característico de aço tipo CA-50, com
patamar de escoamento bem definido, tendo uma tensão de escoamento de 529,2
MPa para os corpos de prova representativos das vigas VRE a VR6 e uma tensão
de 562,3 para os corpos de prova representativos das vigas VR7 e VR8. Os fios de
6,0mm, da armadura transversal, não apresentaram patamar de escoamento bem
definido, registrando tensões de escoamento de 766,3MPa e 768,7MPa,
respectivamente, para as armaduras das vigas VRE a VR6 e VR7 e VR8.
2 Colagem do reforço
Os procedimentos realizados nesta etapa estão resumidamente descritos abaixo:
Figura 13 - Detalhes dos modos de ruína observados nas nove vigas ensaiadas
+66%
+97%
80 +66% 78
+66% 74
72
70 66
64 65
62
60
60
50
40 38
30
20
10
Figura VR1
VRE
grupo 1 16
grupo-2 Comparação
VR2 VR3 VR4
grupo 3 entre
VR5
cargas
grupo
VR6
4 de
VR7
ruína
grupo
VR8
5
72
68 ruptura
64 do
60 reforço
56
52
plastificação do aço
48
44 VR7
Carga (kN)
40 VRE
fissuras com grandes aberturas
36
32 plastificação do aço
28
24
20
16
início fissuração
12
8
4
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18
Deslocamento vertical no meio do tramo (mm)
5 Conclusões
6 Referências
AMERICAN CONCRETE INSTITUTE. State-of-the-art report on fiber reinforced
plastic reinforcement for concrete structures – ACI 440R-96, Detroit, Michigan,
EUA, 1996.