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CENTRO DE TECNOLOGIA
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL
MARINGÁ
2023
1
1 INTRODUÇÃO
1.1 OBJETIVOS
1.1.1 Objetivo geral
2 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
Este trabalho propõe realizar uma pesquisa exploratória para apresentar modelos
analíticos para o dimensionamento de reforço ao cisalhamento de vigas de concreto armado
pela aplicação de polímeros reforçados com fibras de carbono fundamentados nas normas
americana (ACI), europeia (FIB), italiana (CN-RDT200) e no modelo proposto por Chen et al.
De modo que será feito um estudo de caso acerca de três vigas de concreto armado em que
serão aplicados estes modelos para calcular o reforço.
3
Assim, neste item apresenta-se a metodologia de cálculo indicada pelas normas ACI
440.2R (2017), Bulletin 14 (2001), pelo guia de projeto Italiano CN-RDT200 (2004) e pelo
modelo proposto por Chen et al. (2012), utilizadas para o dimensionamento de vigas reforçadas
ao cisalhamento com o uso do sistema de colagem externa EBR.
∅𝑉𝑛 ≥ 𝑉𝑢 (1)
Em que:
• ∅: fator de redução da capacidade resistente (∅ = 0,85 conforme ACI 318);
A capacidade de uma seção transversal reforçada com PRF (∅Vn) é composta por três
parcelas resistentes representadas pela Equação (2).
Em que:
• Vc: parcela resistente dada pela contribuição do concreto ao corte. Numa seção
fissurada, essa contribuição é dada pelos efeitos do intertravamento dos agregados,
efeito arco da armadura longitudinal e da resistência à tração da região não fissurada;
• Vs: parcela resistente dada pela contribuição da armadura transversal ao corte;
• Vf: parcela resistente dada pela contribuição do PRF;
• 𝑓 : coeficiente de redução da contribuição do PRF. É função do tipo de envolvimento
da seção com o PRF (conforme indicado na Figura 2.1). Para envolvimento completo
da seção deve-se considerar f = 0,95 e para envolvimento em U ou colagem apenas
nas laterais da viga, f = 0,85;
4
Segundo o ACI 440.2R (2017), todos os três tipos de envolvimento podem ser utilizados
para o reforço ao cisalhamento, pois possibilitam aumentar a capacidade de vigas, entretanto, o
envolvimento completo da seção é o mais eficiente, seguido pelo envolvimento em U (nas três
faces da seção) e, por último em termos de eficiência, tem-se a colagem do PRF apenas nas
faces laterais da viga.
Apesar da maior eficiência, a solução pelo envolvimento completo da seção nem sempre
é viável devido a presença da laje adjacente a viga que gera a necessidade de trabalhos
adicionais para execução de furos e seu posterior fechamento. Nesse sentido, o envolvimento
em U, não envolve a perfuração da laje, e torna-se uma alternativa muito desejada em termos
de menor volume de trabalho na execução do reforço.
Em todos os três tipos de envolvimento da seção transversal, o PRF pode ser instalado
de forma contínua em todo o vão da viga ou discretamente. O ACI 440.2R (2017) salienta que
se deve ter atenção especial as condições de umidade do substrato de concreto da viga na
condição de disposição contínua do PRF.
𝐴𝑓𝑣 . 𝑓𝑓𝑒 . 𝑑𝑓
𝑉𝑓 = . (𝑠𝑒𝑛𝛼 + 𝑐𝑜𝑠𝛼) (3)
𝑠𝑓
5
𝐴𝑓𝑣 = 2. 𝑛. 𝑡𝑓 . 𝑤𝑓 (4)
O valor da deformação efetiva no PRF (fe) representa a deformação máxima que pode
ser alcançada no reforço polimérico sob carga última, e é função do modo de ruptura da seção
reforçada. Logo, deve-se considerar todos os possíveis modos de ruptura e empregar
deformações efetivas que represente modos mais críticos de ruptura.
6
Para seções com envolvimento completo com o PRF, a perda do efeito do mecanismo
de intertravamento de agregados do concreto da viga ocorre em níveis de deformação inferiores
a deformação de ruptura do compósito polimérico (fu). Então, para evitar esse efeito, a
deformação efetiva a ser utilizada para cálculo do reforço deve ser limitada em 4‰ conforme
indicado pela Equação (6) e recomendado por Preistley et al., (1996).
2/3
𝑓′𝑐
1 = ( ) (9)
27
𝑑𝑓𝑣 − 𝐿𝑒
, para envolvimento em "U"
𝑑𝑓𝑣
2 = (10)
𝑑𝑓𝑣 − 2𝐿𝑒
, para colagem nas laterais
{ 𝑑𝑓𝑣
23300
𝐿𝑒 = 0,58 (11)
(𝑛. 𝑡𝑓 . 𝐸𝑓 )
Último (ELU) por cisalhamento (tração diagonal no concreto) o PRF desenvolve uma
deformação efetiva (fe), em geral, menor do que a deformação de ruptura por tração (fu)
(FIB14, 2001).
O valor de projeto da força cortante resistente da seção reforçada da viga (VRd) é
calculado pela equação (12), considerando a contribuição do concreto (Vcd), da armadura
interna (Vswd) e do PRF (Vfd), devendo ser limitado pelo valor “VRd,max”.
A capacidade resistente à força cortante pela contribuição do PRF (Vfd) é dada pela
Equação (13) tendo como referência a Figura 2.4.
Em que:
• sf: espaçamento entre os PRFs, eixo a eixo;
• fd,e: valor de projeto da deformação efetiva no PRF;
• Efu: módulo de elasticidade do PRF na direção da fibra;
• f: relação do reforço de PRF conforme equações (14) e (15) para reforço contínuo ou
descontínuos na forma de estribos, respectivamente;
2𝑡𝑓 . 𝑠𝑒𝑛𝛼
𝜌𝑓 = (14)
𝑏𝑤
2𝑡𝑓 . 𝑏𝑓
𝜌𝑓 = (15)
𝑏𝑤 . 𝑠𝑓
9
𝜀𝑓𝑘,𝑒
𝜀𝑓𝑑,𝑒 = (16)
𝛾𝑓
𝜀𝑓𝑘,𝑒 = 𝑘. 𝜀𝑓𝑒 (17)
Segundo o FIB14 (2001), devido à falta de dados, o fator de redução “k” pode ser
tomado igual a 0,8 e o coeficiente “f” 1,20 ou 1,35 para PRFC aplicado como laminados pré-
fabricados e mantas em condições normais de qualidade, respectivamente (para casos de ruína
que envolve o PRF). Para casos em que o peeling-off é o modo predominante de ruína, f = 1,30.
Pesquisadores (Priestley & Seible, 1995; Khalifa et al., 1998) recomendam que a
deformação efetiva deva ser limitada ao valor máximo, na ordem de 0,006, para manter a
integridade do concreto e assegurar a ativação do mecanismo de intertravamento dos agregados
(FIB14, 2001).
Pelo FIB14 (2001), a deformação efetiva do PRFC é calculada por meio das Equações
(18) e (19).
Para 0,3
2/3
𝑓𝑐𝑚
envolvimento 𝜀𝑓,𝑒 = 0,17 ∙ ( ) ∙ 𝜀𝑓𝑢 (18)
𝐸𝑓𝑢 . 𝜌𝑓
total da seção:
Para
envolvimento 2/3 0,56 2/3 0,3
𝑓𝑐𝑚 −3
𝑓𝑐𝑚
em U ou 𝜀𝑓,𝑒 = 𝑚𝑖𝑛í𝑚𝑜 [0,65. ( ) . 10 ; 0,17. ( ) . 𝜀𝑓𝑢 ] (19)
𝐸𝑓𝑢 . 𝜌𝑓 𝐸𝑓𝑢 . 𝜌𝑓
apenas nas
faces laterais:
10
1 𝑤𝑓
𝑉𝑅𝑑,𝑓 = 0,9. 𝑑. 𝑓𝑓𝑒𝑑 . 2. 𝑡𝑓 . (𝑐𝑜𝑡𝑔𝜃 + 𝑐𝑜𝑡𝑔𝛽). (20)
𝛾𝑅𝑑 𝑃𝑓
Em que:
• 𝛾𝑅𝑑 = 1,2 (fator parcial);
• 𝑓𝑓𝑒𝑑 : tensão efetiva da fibra. Considerando ruptura por descolamento, esse valor de
tensão é estimado pela Equação (21).
1 𝑙𝑒 . 𝑠𝑒𝑛𝛽
𝑓𝑓𝑒𝑑 = 𝑓𝑓𝑑𝑑 . {1 − . } (21)
3 𝑚𝑖𝑛{0,9𝑑; ℎ𝑚 }
Em que:
• 𝑙𝑒 : comprimento efetivo de ancoragem conforme Equação (22);
• 𝑓𝑓𝑑𝑑 : resistência de descolamento de projeto para o reforço conforme Equação (23);
𝐸𝑓 . 𝑡𝑓
𝑙𝑒 = √ (22)
2. 𝑓𝑚𝑡𝑚
1 2. 𝐸𝑓 . Γ𝐹𝐾
𝑓𝑓𝑑𝑑 = .√ (23)
𝛾𝑓𝑑 . √𝛾𝑚 𝑡𝑓
11
𝑏𝑓
2−
𝐾𝑏 = √ 𝑏 ≥1 (25)
𝑏𝑓
1+
400
𝑓𝑚𝑡𝑚 = 0,1. 𝑓𝑚𝑘 (26)
Em que o fator de interação 𝐾 ∗ juntamente com o fator de mobilização do aço (𝐾𝑠 ) são
definidos pelas Equações (29), (30), (31) e (32). De modo que, para o fator de mobilização do
aço, por meio do parâmetro 𝛼 ∗ , foi levado em conta a altura efetiva da fibra (ℎ𝑓,𝑒 ), a tensão de
escoamento do aço (𝑓𝑦 ) e o diâmetro do estribo (𝜙𝑠 ).
𝐾 ∗ = 𝐾𝑓 + (𝐾𝑠 − 1) ∙ 𝜇 (29)
1,4
𝜔𝑒,𝑝
𝐾𝑠 = 1,4 (30)
𝛼 ∗ + 𝜔𝑒,𝑝
𝐴
𝛼∗ = (31)
(𝐶𝑜𝑠𝜃)1,4
De acordo com Rojas (2017), para o fator de mobilização de tensões para a fibra (𝐾𝑓 ),
definido pela Equação (33), considera-se o nível de tensão efetiva na fibra a qualquer momento
do carregamento (𝜎𝑓𝑒 ).
𝜎𝑓,𝑒
𝐾𝑓 = (33)
𝑓𝑓
O parâmetro que define a interação entre os estribos e as fibras (𝜇) da Equação (29), é
obtido por meio da Equação (34) que, por sua vez, depende das propriedades físicas e
geométricas dos materiais utilizados no reforço.
13
𝑓𝑦 𝐴𝑠,𝑝
𝜇= (34)
𝑓𝑓,𝑒 𝐴𝑓𝑟𝑝
Para o cálculo do reforço, faz-se necessário determinar a tensão na fibra que, por sua
vez, é calculada por meio do mecanismo de ruptura. Assim, este modelo propõe que a ruptura
pode ocorrer de duas maneiras, pelo descolamento da fibra ou pelo rasgamento da fibra
(ROJAS, 2017). Dessa forma, pode-se calcular a tensão na fibra por meio da Equação (35) para
ambos os casos.
2𝐸𝑓 𝐺𝑓
√ 𝐿max ≥ 𝐿𝑒
𝑡𝑓
𝜎𝑑𝑑,𝑚𝑎𝑥 (36)
𝜋 𝐿 2𝐸𝑓 𝐺𝑓
sin ( )√ 𝐿max < 𝐿𝑒
{ 2 𝐿𝑒 𝑡𝑓
ℎ𝑓,𝑒 + ℎ𝑡 + ℎ𝑏
, para reforço apenas nas laterais
𝑠𝑖𝑛𝛽
𝐿𝑚𝑎𝑥 (37)
ℎ𝑓,𝑒 + ℎ𝑡 + ℎ𝑏
, para reforço em "U"
{ 𝑠𝑖𝑛𝛽
14
𝐸𝑓 ∙ 𝑡𝑓
𝐿𝑒 = √ (38)
√𝑓𝑐′
Desse modo, para o cálculo do fator de distribuição de tensões nas fibras (𝐷𝑓𝑟𝑝 ) proposto
por Chen e Teng (2003), utiliza-se a Equação (39) em que depende de alguns parâmetros, tais
como a altura efetiva da fibra e a distância vertical da ponta da fissura até o ponto de interseção
entre a frente de descolamento e a fissura crítica de cisalhamento (ℎ𝑑𝑓 ). De forma que estes
parâmetros podem ser calculados por meio das Equações (40 – 47) para o reforço feito em “U”.
𝜋 ℎ𝑑𝑓
𝐷𝑓𝑟𝑝 = 1 − (1 − ) (39)
4 ℎ𝑓,𝑒
ℎ𝑓,𝑒
ℎ𝑑𝑓 = 2𝛿𝑓 ∙ (40)
𝑤𝑒,𝑝 sin(𝜃 + 𝛽)
𝜋 ℎ𝑓,𝑒
1+2( − 1)
𝐿𝑒 𝑠𝑖𝑛𝛽 (41)
𝑤𝑒,𝑝 = 𝛿𝑓 ∙
sin(𝜃 + 𝛽)
2𝐺𝑓
𝛿𝑓 = (42)
𝜏𝑓
𝜏𝑓 = 1,5𝛽𝑤 𝑓𝑡 (44)
2 − 𝑤𝑓 /(𝑠𝑓 𝑠𝑖𝑛𝛽)
𝛽𝑤 = √ (45)
1 + 𝑤𝑓 /(𝑠𝑓 𝑠𝑖𝑛𝛽)
0,55
𝑓𝑡 = 0,395𝑓𝑐𝑢 (46)
Para o reforço feito em “U”, o fator de distribuição de tensões nas fibras, além de
depender da altura efetiva da fibra e da distância vertical da ponta da fissura até o ponto de
interseção entre a frente de descolamento e a fissura crítica de cisalhamento (ℎ𝑑𝑓 ), depende
também da distância vertical do final da fissura até o ponto de interseção entre a tira de PRF
15
descolada mais à direita e a fissura crítica de cisalhamento (ℎ𝑑𝑏 ). Dessa forma, o fator de
distribuição de tensões nas fibras é dado pelas Equações (47 – 51).
𝜋 ℎ𝑑𝑓 ℎ𝑑𝑏
𝐷𝑓𝑟𝑝 = 1 − (1 − ) − (47)
4 ℎ𝑓,𝑒 ℎ𝑓,𝑒
ℎ𝑓,𝑒 − ℎ𝑑𝑏
ℎ𝑑𝑓 = π (48)
1 + (𝑘ℎ − 1)
2
𝐿𝑚 = 𝑘ℎ ∙ 𝐿𝑒 (50)
2 𝜋 𝜋 𝜋 𝜋 ℎ𝑓,𝑒 + ℎ𝑏 2
𝑘ℎ = √(1 − ) (1 − ) + (1 − ) + +1− (51)
𝜋 4 2 2 4 𝐿𝑒 𝑠𝑖𝑛𝛽 𝜋
Para o caso da ruptura por rasgamento da fibra, a tensão na fibra será equivalente à sua
tensão máxima, sendo o fator de distribuição de tensões nas fibras calculado da mesma maneira
para o caso da ruptura por descolamento da fibra (ROJAS, 2017). Assim, baseado na Equação
(35), é possível calcular a contribuição da fibra ao cortante com base na Equação (52).
3 CRONOGRAMA
Atividades Mês
Jun Jul Ago Set Out Nov Dez Jan Fev Mar
Definição do orientador X
Curso de metodologia da pesquisa X X
Levantamento bibliográfico X
Elaboração projeto de pesquisa X X X
Entrega Projeto para comissão do TCC X
Defesa projeto TCC X
Analise dos dados X
Elaboração e entrega Artigo parcial X
Elaboração e entrega Artigo Final X X
Defesa Artigo final X
Correções X
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REFERÊNCIAS
AMERICAN CONCRETE INSTITUTE. ACI 440.2R-17: Guide for the Design and
Construction of Externally Bonded FRP Systems for Strengthening Concrete Structures.
Michigan, 2017.
Chen, GM, JG. Teng e JF Chen (2012). Shear strength model for FRP-strengthened RC beams
with adverse FRP-steel interaction. Em: Journal of Composites for Construction 17.1, pp.
50–66.
Khalifa, A., Gold, W. J., Nanni, A. and Aziz, A. M. I. (1998), Contribution of externally bonded
FRP to shear capacity of rc flexural members. ASCE Journal of Composites for Construction,
2(4), 195-202.
Monti, G. Tests and design equations for FRP-strengthening in shear. Construction and
Buildings Materials 21, 4, pp. 799-809;
Priestley, M. J. N. and Seible, F. (1995), Design of seismic retrofit measures for concrete and
masonry structures. Construction and Building Materials, 9(6), 365-377.