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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MARINGÁ

CENTRO DE TECNOLOGIA
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL

VIGA DE CONCRETO ARMADO REFORÇADA AO CISALHAMENTO


COM POLÍMEROS REFORÇADOS COM FIBRAS

Projeto de pesquisa apresentado como parte dos


requisitos necessários para aprovação no
componente curricular Trabalho de Conclusão do
Curso de Engenharia Civil da Universidade
Estadual de Maringá.

Aluno(a): AUGUSTO OTA POLIDORIO


Orientador(a): Prof. Dr. Vladimir José Ferrari

MARINGÁ
2023
1

1 INTRODUÇÃO

Dentre as várias técnicas existentes para o reforço de estruturas de concreto, merece


particular ênfase a técnica de reforço por colagem externa de Polímeros Reforçados com Fibras
(PRF) devido à elevada resistência à tração, baixo peso, espessura reduzida e durabilidade
(imune à corrosão).
Os PRFs têm-se revelado eficientes para aumentar a capacidade resistente ao
cisalhamento de vigas de concreto por meio do envolvimento completo ou envolvimento parcial
da seção transversal (Malvar et al., 1995; Chajes et al., 1995; Norris et al., 1997; Kachalev &
McCurry, 2000).
A capacidade resistente adicional ao cisalhamento de uma viga de concreto é obtida por
meio da orientação transversal das fibras poliméricas em relação ao eixo da viga ou
perpendicularmente a fissuração de cisalhamento (Sato et al., 1996).
O fenômeno do cisalhamento em estruturas de concreto armado é complexo devido a
sua dependência com o desenvolvimento de mecanismos internos. Segundo o ACI 440.2R
(2017), um aumento na resistência ao cisalhamento pode ser necessário quando se implementa
um reforço à flexão em uma viga.
Segundo Orlando (2019), várias normas e recomendações foram desenvolvidas no
Canadá, Japão, EUA e Europa sobre o uso do PRF na construção civil, tendo como base as
normas de concreto armado já existentes. Ainda segundo o autor, a distinta abordagem do uso
do material PRF pelas normas deve-se as propriedades mecânicas dos polímeros e pelas
equações empíricas baseadas na ainda pouca experiência no reforço de estruturas com os
materiais poliméricos.
Conforme Gamino et al., (2009), as principais recomendações de projeto para o cálculo
do reforço de estruturas com PRF são: Committee 440 do American Concrete Institute (ACI) e
o Bulletin número 14 da Féderation Internationale du Béton (FIB).
Países como o Brasil que, ainda não contam com normalização própria específica sobre
o tema, adotam critérios e recomendações internacionais e especificações de fabricantes.
Mediante o exposto, a interpretação, o conhecimento e o emprego para avaliar cada uma das
principais recomendações de projeto para o reforço de estruturas de concreto com PRF é
relevante para um contexto geral e o estabelecimento de diretrizes a serem recomendadas no
país.
Então, o presente trabalho tem por objetivo geral, apresentar e empregar três distintas
metodologias normativas, são elas: a proposta do ACI 440.2R (2017), o boletim da FIB-14
2

(2001) e o guia de projeto italiano CN-RDT200 (2004). As metodologias serão empregadas no


dimensionamento do reforço ao cisalhamento de vigas de concreto armado procurando-se
comparar os resultados obtidos, analisando-se os pontos em comuns e as divergências entre as
metodologias.
Além das referidas metodologias normativas, será aqui também empregado o modelo
proposto por Chen et al., (2012), pois é uma metodologia que considera a interação da
contribuição do PRF com os estribos. Assim, os resultados obtidos com esse modelo, serão
também comparados com aqueles resultados obtidos pelas metodologias normativas.

1.1 OBJETIVOS
1.1.1 Objetivo geral

Apresentar modelos analíticos fundamentados nas normas americana da American


Concrete Institute (ACI), na europeia da Fédération Internationale Du Béton (FIB), na italiana
(CN-RDT200) e no modelo proposto por Chen et al. para o dimensionamento de reforço ao
cisalhamento de vigas de concreto armado pela aplicação de polímeros reforçados com fibras
de carbono.

1.1.2 Objetivos específicos

• Utilizar as normas da ACI, da FIB e da CN-RDT200 e o modelo proposto por Chen et


al. para calcular e dimensionar um reforço ao cisalhamento para três modelos de vigas
de concreto armado.
• Comparar os resultados obtidos pelos modelos derivados das normas da ACI, da FIB e
da CN-RDT200 e do modelo proposto por Chen et al.

2 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

Este trabalho propõe realizar uma pesquisa exploratória para apresentar modelos
analíticos para o dimensionamento de reforço ao cisalhamento de vigas de concreto armado
pela aplicação de polímeros reforçados com fibras de carbono fundamentados nas normas
americana (ACI), europeia (FIB), italiana (CN-RDT200) e no modelo proposto por Chen et al.
De modo que será feito um estudo de caso acerca de três vigas de concreto armado em que
serão aplicados estes modelos para calcular o reforço.
3

Assim, neste item apresenta-se a metodologia de cálculo indicada pelas normas ACI
440.2R (2017), Bulletin 14 (2001), pelo guia de projeto Italiano CN-RDT200 (2004) e pelo
modelo proposto por Chen et al. (2012), utilizadas para o dimensionamento de vigas reforçadas
ao cisalhamento com o uso do sistema de colagem externa EBR.

2.1 RESISTÊNCIA AO CISALHAMENTO DE VIGAS SEGUNDO O ACI 440.2R (2017)

O procedimento de cálculo do reforço ao cisalhamento de uma viga de concreto armado


conforme a metodologia do ACI 440.2R (2017) consiste em determinar uma parcela de
resistência adicional ao cisalhamento devido à contribuição do PRF.
A capacidade resistente de projeto ao cisalhamento (Vn) de uma seção reforçada com
sistema PRF deve exceder a solicitação de cisalhamento (Vu) conforme Equação (1).

∅𝑉𝑛 ≥ 𝑉𝑢 (1)

Em que:
• ∅: fator de redução da capacidade resistente (∅ = 0,85 conforme ACI 318);
A capacidade de uma seção transversal reforçada com PRF (∅Vn) é composta por três
parcelas resistentes representadas pela Equação (2).

∅𝑉𝑛 ≥ ∅(𝑉𝑐 + 𝑉𝑠 + 𝜓𝑓 𝑉𝑓 ) (2)

Em que:
• Vc: parcela resistente dada pela contribuição do concreto ao corte. Numa seção
fissurada, essa contribuição é dada pelos efeitos do intertravamento dos agregados,
efeito arco da armadura longitudinal e da resistência à tração da região não fissurada;
• Vs: parcela resistente dada pela contribuição da armadura transversal ao corte;
• Vf: parcela resistente dada pela contribuição do PRF;
• 𝑓 : coeficiente de redução da contribuição do PRF. É função do tipo de envolvimento
da seção com o PRF (conforme indicado na Figura 2.1). Para envolvimento completo
da seção deve-se considerar f = 0,95 e para envolvimento em U ou colagem apenas
nas laterais da viga, f = 0,85;
4

Segundo o ACI 440.2R (2017), todos os três tipos de envolvimento podem ser utilizados
para o reforço ao cisalhamento, pois possibilitam aumentar a capacidade de vigas, entretanto, o
envolvimento completo da seção é o mais eficiente, seguido pelo envolvimento em U (nas três
faces da seção) e, por último em termos de eficiência, tem-se a colagem do PRF apenas nas
faces laterais da viga.
Apesar da maior eficiência, a solução pelo envolvimento completo da seção nem sempre
é viável devido a presença da laje adjacente a viga que gera a necessidade de trabalhos
adicionais para execução de furos e seu posterior fechamento. Nesse sentido, o envolvimento
em U, não envolve a perfuração da laje, e torna-se uma alternativa muito desejada em termos
de menor volume de trabalho na execução do reforço.
Em todos os três tipos de envolvimento da seção transversal, o PRF pode ser instalado
de forma contínua em todo o vão da viga ou discretamente. O ACI 440.2R (2017) salienta que
se deve ter atenção especial as condições de umidade do substrato de concreto da viga na
condição de disposição contínua do PRF.

Figura 2.1 - Tipos de envolvimento da seção transversal de viga para reforço ao


cisalhamento

Fonte: ACI 440.2R (2017)

A parcela de contribuição do PRF na capacidade resistente ao cisalhamento do elemento


estrutural é dada pela Equação (3) que se baseia na orientação das fibras e numa configuração
de fissura conforme Khalifa et al. (1998). Segundo os autores, a parcela de contribuição “Vf”
do PRFC (polímero reforçado com fibras de carbono) depende da rigidez do compósito
polimérico, da qualidade da resina, da resistência à compressão do concreto, do número de
camadas, do tipo de envolvimento e da orientação das fibras.

𝐴𝑓𝑣 . 𝑓𝑓𝑒 . 𝑑𝑓
𝑉𝑓 = . (𝑠𝑒𝑛𝛼 + 𝑐𝑜𝑠𝛼) (3)
𝑠𝑓
5

Os parâmetros indicados na Equação (3) são descritos na sequência e também


representados por meio da Figura 2.1.
• Afv: área efetiva da seção transversal do PRF. É calculado pela Equação (4);

𝐴𝑓𝑣 = 2. 𝑛. 𝑡𝑓 . 𝑤𝑓 (4)

• sf: espaçamento entre os PRFs, eixo a eixo;


• df: profundidade do PRF;
• n: número de camadas de reforço;
• tf: espessura de uma camada de reforço;
• wf: largura do reforço polimérico;
• ffe: tensão efetiva no reforço. É diretamente proporcional ao nível de deformação
específica desenvolvida no PRF (fe) conforme Equação (5);

𝑓𝑓𝑒 = 𝐸𝑓 . 𝜀𝑓𝑒 (5)

• Ef: módulo de elasticidade do PRF;

Figura 2.2 - Parâmetros de cálculo do reforço ao cisalhamento

Fonte: ACI 440.2R (2017)

O valor da deformação efetiva no PRF (fe) representa a deformação máxima que pode
ser alcançada no reforço polimérico sob carga última, e é função do modo de ruptura da seção
reforçada. Logo, deve-se considerar todos os possíveis modos de ruptura e empregar
deformações efetivas que represente modos mais críticos de ruptura.
6

Para seções com envolvimento completo com o PRF, a perda do efeito do mecanismo
de intertravamento de agregados do concreto da viga ocorre em níveis de deformação inferiores
a deformação de ruptura do compósito polimérico (fu). Então, para evitar esse efeito, a
deformação efetiva a ser utilizada para cálculo do reforço deve ser limitada em 4‰ conforme
indicado pela Equação (6) e recomendado por Preistley et al., (1996).

𝜀𝑓𝑒 = 0,004 ≤ 0,75. 𝜀𝑓𝑢 (6)

Para o envolvimento da seção em U ou colagem apenas nas faces laterais, o


descolamento do PRF do substrato de concreto da viga ocorre ainda antes da perda do efeito do
intertravamento dos agregados. Assim, para tais casos, a deformação efetiva é prevista pela
Equação (7) considerando-se um fator de redução da aderência (v) para atender a possibilidade
de ruptura prematura conforme Equação (8).

𝜀𝑓𝑒 = 𝜅𝑣 . 𝜀𝑓𝑢 ≤ 0,004 (7)


1 . 2 . 𝐿𝑒
𝑣 = ≤ 0,75 (8)
11900. 𝜀𝑓𝑢

Os coeficientes “1” e “2” consideram a resistência do concreto à compressão (f’c) e o


tipo de envolvimento da seção, respectivamente. As Equações (9) e (10) indicam como esses
coeficientes podem ser calculados (unidades em “N” e “mm”).

2/3
𝑓′𝑐
1 = ( ) (9)
27

𝑑𝑓𝑣 − 𝐿𝑒
, para envolvimento em "U"
𝑑𝑓𝑣
2 = (10)
𝑑𝑓𝑣 − 2𝐿𝑒
, para colagem nas laterais
{ 𝑑𝑓𝑣

O valor de “Le” representa o comprimento sobre o qual as tensões de aderência do PRF


ao concreto são desenvolvidas. Seu valor pode ser previsto pela Equação (11).
7

23300
𝐿𝑒 = 0,58 (11)
(𝑛. 𝑡𝑓 . 𝐸𝑓 )

2.2 RESISTÊNCIA AO CISALHAMENTO DE VIGAS REFORÇADAS COM PRF


SEGUNDO O FIB14 (2001)

O reforço ao cisalhamento de elementos de concreto armado pode ser obtido pela


colagem das fibras poliméricas na direção das máximas tensões de tração afim de maximizar o
efeito do reforço. Na maioria dos casos, o carregamento dos elementos estruturais é aplicado
perpendicularmente à linha neutra e as tensões máximas de tração, em regiões onde o esforço
cortante é máximo, formam ângulos de 45 com o eixo longitudinal do elemento. Entretanto,
existe uma maior praticidade em aplicar o reforço perpendicularmente à linha neutra como
ilustrado na Figura 2.3 (FIB14, 2001).

Figura 2.3 - Ilustração do esquema de reforço ao cisalhamento com PRF

Fonte: FIB14 (2001)

Segundo o FIB14 (2001), pesquisas a respeito do reforço ao cisalhamento de estruturas


de concreto com PRF são limitadas e a maioria delas idealiza o reforço polimérico com analogia
a armadura transversal interna, assumindo que a contribuição do reforço para a capacidade
resistente provém diretamente da capacidade das fibras em absorver tensões de tração.
Conforme o modelo de Triantafillou (1998) e Taljsten (1999), o PRF colado
externamente pode ser tratado em analogia a armadura interna, assumindo que no Estado Limite
8

Último (ELU) por cisalhamento (tração diagonal no concreto) o PRF desenvolve uma
deformação efetiva (fe), em geral, menor do que a deformação de ruptura por tração (fu)
(FIB14, 2001).
O valor de projeto da força cortante resistente da seção reforçada da viga (VRd) é
calculado pela equação (12), considerando a contribuição do concreto (Vcd), da armadura
interna (Vswd) e do PRF (Vfd), devendo ser limitado pelo valor “VRd,max”.

𝑉𝑅𝑑 = 𝑉𝑐𝑑 + 𝑉𝑠𝑤𝑑 + 𝑉𝑓𝑑 ≤ 𝑉𝑅𝑑,𝑚𝑎𝑥 (12)

A capacidade resistente à força cortante pela contribuição do PRF (Vfd) é dada pela
Equação (13) tendo como referência a Figura 2.4.

𝑉𝑓𝑑 = 0,9. 𝜀𝑓𝑑,𝑒 . 𝐸𝑓𝑢 . 𝜌𝑓 . 𝑏𝑤 . 𝑑. (𝑐𝑜𝑡𝑔𝜃 + 𝑐𝑜𝑡𝑔𝛼). 𝑠𝑒𝑛𝛼 (13)

Figura 2.4 - Contribuição do PRF para o reforço ao cisalhamento

Fonte: FIB14 (2001)

Em que:
• sf: espaçamento entre os PRFs, eixo a eixo;
• fd,e: valor de projeto da deformação efetiva no PRF;
• Efu: módulo de elasticidade do PRF na direção da fibra;
• f: relação do reforço de PRF conforme equações (14) e (15) para reforço contínuo ou
descontínuos na forma de estribos, respectivamente;

2𝑡𝑓 . 𝑠𝑒𝑛𝛼
𝜌𝑓 = (14)
𝑏𝑤

2𝑡𝑓 . 𝑏𝑓
𝜌𝑓 = (15)
𝑏𝑤 . 𝑠𝑓
9

• bw: largura da seção da viga


• tf, bf e sf: espessura, largura e espaçamento das tiras de PRF;
• d: altura útil da seção da viga;
• : ângulo entre a fissura diagonal e o eixo do elemento estrutural;
• : ângulo entre a orientação a fibra e o eixo do elemento estrutural;
O valor de projeto da deformação específica do PRF (fd,e) é o valor característico (fk,e)
dividido pelo coeficiente de segurança parcial (f) conforme Equações (16) e (17).

𝜀𝑓𝑘,𝑒
𝜀𝑓𝑑,𝑒 = (16)
𝛾𝑓
𝜀𝑓𝑘,𝑒 = 𝑘. 𝜀𝑓𝑒 (17)

Segundo o FIB14 (2001), devido à falta de dados, o fator de redução “k” pode ser
tomado igual a 0,8 e o coeficiente “f” 1,20 ou 1,35 para PRFC aplicado como laminados pré-
fabricados e mantas em condições normais de qualidade, respectivamente (para casos de ruína
que envolve o PRF). Para casos em que o peeling-off é o modo predominante de ruína, f = 1,30.
Pesquisadores (Priestley & Seible, 1995; Khalifa et al., 1998) recomendam que a
deformação efetiva deva ser limitada ao valor máximo, na ordem de 0,006, para manter a
integridade do concreto e assegurar a ativação do mecanismo de intertravamento dos agregados
(FIB14, 2001).
Pelo FIB14 (2001), a deformação efetiva do PRFC é calculada por meio das Equações
(18) e (19).

Para 0,3
2/3
𝑓𝑐𝑚
envolvimento 𝜀𝑓,𝑒 = 0,17 ∙ ( ) ∙ 𝜀𝑓𝑢 (18)
𝐸𝑓𝑢 . 𝜌𝑓
total da seção:

Para
envolvimento 2/3 0,56 2/3 0,3
𝑓𝑐𝑚 −3
𝑓𝑐𝑚
em U ou 𝜀𝑓,𝑒 = 𝑚𝑖𝑛í𝑚𝑜 [0,65. ( ) . 10 ; 0,17. ( ) . 𝜀𝑓𝑢 ] (19)
𝐸𝑓𝑢 . 𝜌𝑓 𝐸𝑓𝑢 . 𝜌𝑓
apenas nas
faces laterais:
10

Sendo “fcm” em MPa e “Efu” em GPa.


Segundo consta no FIB14 (2001), se prevalecer o valor do primeiro termo da Equação
(19) o indicativo é de ruína por peeling-off, entretanto, se prevalecer o valor do outro termo, a
ruína é por fratura do PRF seguida pelo concreto. Ainda o FIB comenta que, para a maioria dos
casos, as deformações efetivas indicadas pelas equações anteriores, resultam em valores acima
da deformação de escoamento da armadura transversal interna.

2.3 RESISTÊNCIA AO CISALHAMENTO DE VIGAS REFORÇADAS CONFORME


GUIA DE PROJETO CN-RDT200 (2004)

O guia de projeto italiano para o cálculo da contribuição do reforço polimérico é baseado


nas pesquisas desenvolvidas por Monti (2007). A contribuição da parcela resistente devido ao
reforço polimérico é dada pela Equação (20).

1 𝑤𝑓
𝑉𝑅𝑑,𝑓 = 0,9. 𝑑. 𝑓𝑓𝑒𝑑 . 2. 𝑡𝑓 . (𝑐𝑜𝑡𝑔𝜃 + 𝑐𝑜𝑡𝑔𝛽). (20)
𝛾𝑅𝑑 𝑃𝑓

Em que:
• 𝛾𝑅𝑑 = 1,2 (fator parcial);
• 𝑓𝑓𝑒𝑑 : tensão efetiva da fibra. Considerando ruptura por descolamento, esse valor de
tensão é estimado pela Equação (21).

1 𝑙𝑒 . 𝑠𝑒𝑛𝛽
𝑓𝑓𝑒𝑑 = 𝑓𝑓𝑑𝑑 . {1 − . } (21)
3 𝑚𝑖𝑛{0,9𝑑; ℎ𝑚 }

Em que:
• 𝑙𝑒 : comprimento efetivo de ancoragem conforme Equação (22);
• 𝑓𝑓𝑑𝑑 : resistência de descolamento de projeto para o reforço conforme Equação (23);

𝐸𝑓 . 𝑡𝑓
𝑙𝑒 = √ (22)
2. 𝑓𝑚𝑡𝑚

1 2. 𝐸𝑓 . Γ𝐹𝐾
𝑓𝑓𝑑𝑑 = .√ (23)
𝛾𝑓𝑑 . √𝛾𝑚 𝑡𝑓
11

O valor característico da energia específica de fratura (Γ𝐹𝐾 ) é calculado pela Equação


(24).

Γ𝐹𝐾 = 0,03. 𝐾𝑏 . √𝑓𝑚𝑘 . 𝑓𝑚𝑡𝑚 (24)

𝑏𝑓
2−
𝐾𝑏 = √ 𝑏 ≥1 (25)
𝑏𝑓
1+
400
𝑓𝑚𝑡𝑚 = 0,1. 𝑓𝑚𝑘 (26)

Os parâmetros envolvidos no equacionamento indicado acima são representados na


Figura 2.5.

Figura 2.5 - Parâmetros de cálculo do reforço ao cisalhamento

Fonte: CN-RDT200, 2004

2.4 RESISTÊNCIA AO CISALHAMENTO DE VIGAS REFORÇADAS COM PRF


SEGUNDO O MODELO DE CHEN ET AL., (2012)

O procedimento de cálculo do reforço ao cisalhamento de uma viga de concreto armado


conforme a metodologia proposta por Chen et al., (2012) busca quantificar uma parcela de
12

resistência adicional ao cisalhamento resultante da contribuição da fibra e sua interação com os


estribos.
O valor da resistência nominal das vigas (𝑉𝑢 ) é baseado no princípio de superposição
das contribuições de resistência do concreto (𝑉𝑐 ), aço (𝑉𝑠 ) e a fibra (𝑉𝑓 ), de modo que para
considerar a interação da fibra com os estribos, multiplica-se a parcela de resistência
proporcionada pela fibra por um fator de interação 𝐾 ∗ , conforme a Equação (27) e a Equação
(28).
𝑉𝑢 = 𝑉𝑐 + 𝑉𝑠 + 𝐾 ∗ ∙ 𝑉𝑓 (27)
𝑉𝑓 = 𝐾 ∗ ∙ 𝑉𝑓.𝑝 (28)

Em que o fator de interação 𝐾 ∗ juntamente com o fator de mobilização do aço (𝐾𝑠 ) são
definidos pelas Equações (29), (30), (31) e (32). De modo que, para o fator de mobilização do
aço, por meio do parâmetro 𝛼 ∗ , foi levado em conta a altura efetiva da fibra (ℎ𝑓,𝑒 ), a tensão de
escoamento do aço (𝑓𝑦 ) e o diâmetro do estribo (𝜙𝑠 ).

𝐾 ∗ = 𝐾𝑓 + (𝐾𝑠 − 1) ∙ 𝜇 (29)
1,4
𝜔𝑒,𝑝
𝐾𝑠 = 1,4 (30)
𝛼 ∗ + 𝜔𝑒,𝑝
𝐴
𝛼∗ = (31)
(𝐶𝑜𝑠𝜃)1,4

4,94[ln(ℎ𝑓,𝑒 ) − 3,34] ∙ (𝑓𝑦 − 173)(Φ𝑠 + 0,935)


𝐴= (32)
10000

De acordo com Rojas (2017), para o fator de mobilização de tensões para a fibra (𝐾𝑓 ),
definido pela Equação (33), considera-se o nível de tensão efetiva na fibra a qualquer momento
do carregamento (𝜎𝑓𝑒 ).

𝜎𝑓,𝑒
𝐾𝑓 = (33)
𝑓𝑓

O parâmetro que define a interação entre os estribos e as fibras (𝜇) da Equação (29), é
obtido por meio da Equação (34) que, por sua vez, depende das propriedades físicas e
geométricas dos materiais utilizados no reforço.
13

𝑓𝑦 𝐴𝑠,𝑝
𝜇= (34)
𝑓𝑓,𝑒 𝐴𝑓𝑟𝑝

Para o cálculo do reforço, faz-se necessário determinar a tensão na fibra que, por sua
vez, é calculada por meio do mecanismo de ruptura. Assim, este modelo propõe que a ruptura
pode ocorrer de duas maneiras, pelo descolamento da fibra ou pelo rasgamento da fibra
(ROJAS, 2017). Dessa forma, pode-se calcular a tensão na fibra por meio da Equação (35) para
ambos os casos.

𝑓𝑓,𝑒 = 𝜎𝑓,max 𝐷𝑓𝑟𝑝 (35)

A ruptura por descolamento da fibra é relacionada com a máxima capacidade de


aderência oferecida pela resina, de modo que a máxima tensão do sistema (𝜎𝑓,max ) não deve
exceder a capacidade da superfície de aderência da resina. Em outras palavras, a tensão máxima
do sistema deve ser limitada pela tensão máxima suportada na superfície de aderência
(𝜎𝑑𝑑,𝑚𝑎𝑥 ), a qual é uma função dos comprimentos de ancoragem, de forma que estes dependem
das propriedades geométricas do reforço (ROJAS, 2017). Assim, é possível calcular a tensão
na superfície de aderência por meio da Equação (36).

2𝐸𝑓 𝐺𝑓
√ 𝐿max ≥ 𝐿𝑒
𝑡𝑓
𝜎𝑑𝑑,𝑚𝑎𝑥 (36)
𝜋 𝐿 2𝐸𝑓 𝐺𝑓
sin ( )√ 𝐿max < 𝐿𝑒
{ 2 𝐿𝑒 𝑡𝑓

Em que 𝐿max representa o comprimento máximo de ancoragem da fibra e 𝐿𝑒 representa


o comprimento efetivo de aderência, sendo definidos, respectivamente, pelas Equações (37) e
(38).

ℎ𝑓,𝑒 + ℎ𝑡 + ℎ𝑏
, para reforço apenas nas laterais
𝑠𝑖𝑛𝛽
𝐿𝑚𝑎𝑥 (37)
ℎ𝑓,𝑒 + ℎ𝑡 + ℎ𝑏
, para reforço em "U"
{ 𝑠𝑖𝑛𝛽
14

𝐸𝑓 ∙ 𝑡𝑓
𝐿𝑒 = √ (38)
√𝑓𝑐′

Desse modo, para o cálculo do fator de distribuição de tensões nas fibras (𝐷𝑓𝑟𝑝 ) proposto
por Chen e Teng (2003), utiliza-se a Equação (39) em que depende de alguns parâmetros, tais
como a altura efetiva da fibra e a distância vertical da ponta da fissura até o ponto de interseção
entre a frente de descolamento e a fissura crítica de cisalhamento (ℎ𝑑𝑓 ). De forma que estes
parâmetros podem ser calculados por meio das Equações (40 – 47) para o reforço feito em “U”.

𝜋 ℎ𝑑𝑓
𝐷𝑓𝑟𝑝 = 1 − (1 − ) (39)
4 ℎ𝑓,𝑒

ℎ𝑓,𝑒
ℎ𝑑𝑓 = 2𝛿𝑓 ∙ (40)
𝑤𝑒,𝑝 sin(𝜃 + 𝛽)

𝜋 ℎ𝑓,𝑒
1+2( − 1)
𝐿𝑒 𝑠𝑖𝑛𝛽 (41)
𝑤𝑒,𝑝 = 𝛿𝑓 ∙
sin(𝜃 + 𝛽)

2𝐺𝑓
𝛿𝑓 = (42)
𝜏𝑓

𝐺𝑓 = 0,308𝛽𝑤 √𝑓𝑡 (43)

𝜏𝑓 = 1,5𝛽𝑤 𝑓𝑡 (44)

2 − 𝑤𝑓 /(𝑠𝑓 𝑠𝑖𝑛𝛽)
𝛽𝑤 = √ (45)
1 + 𝑤𝑓 /(𝑠𝑓 𝑠𝑖𝑛𝛽)

0,55
𝑓𝑡 = 0,395𝑓𝑐𝑢 (46)

Para o reforço feito em “U”, o fator de distribuição de tensões nas fibras, além de
depender da altura efetiva da fibra e da distância vertical da ponta da fissura até o ponto de
interseção entre a frente de descolamento e a fissura crítica de cisalhamento (ℎ𝑑𝑓 ), depende
também da distância vertical do final da fissura até o ponto de interseção entre a tira de PRF
15

descolada mais à direita e a fissura crítica de cisalhamento (ℎ𝑑𝑏 ). Dessa forma, o fator de
distribuição de tensões nas fibras é dado pelas Equações (47 – 51).

𝜋 ℎ𝑑𝑓 ℎ𝑑𝑏
𝐷𝑓𝑟𝑝 = 1 − (1 − ) − (47)
4 ℎ𝑓,𝑒 ℎ𝑓,𝑒

ℎ𝑓,𝑒 − ℎ𝑑𝑏
ℎ𝑑𝑓 = π (48)
1 + (𝑘ℎ − 1)
2

ℎ𝑑𝑏 = 𝐿𝑚 𝑠𝑖𝑛𝛽 − ℎ𝑏 (49)

𝐿𝑚 = 𝑘ℎ ∙ 𝐿𝑒 (50)

2 𝜋 𝜋 𝜋 𝜋 ℎ𝑓,𝑒 + ℎ𝑏 2
𝑘ℎ = √(1 − ) (1 − ) + (1 − ) + +1− (51)
𝜋 4 2 2 4 𝐿𝑒 𝑠𝑖𝑛𝛽 𝜋

Para o caso da ruptura por rasgamento da fibra, a tensão na fibra será equivalente à sua
tensão máxima, sendo o fator de distribuição de tensões nas fibras calculado da mesma maneira
para o caso da ruptura por descolamento da fibra (ROJAS, 2017). Assim, baseado na Equação
(35), é possível calcular a contribuição da fibra ao cortante com base na Equação (52).

ℎ𝑓,𝑒 ∙ (𝑐𝑜𝑡𝜃 + 𝑐𝑜𝑡𝛽) ∙ 𝑠𝑖𝑛𝛽


𝑉𝑓𝑝 = 2 ∙ 𝑓𝑓,𝑒 ∙ 𝑡𝑓 ∙ 𝑊𝑓 ∙ (52)
𝑆𝑓
16

3 CRONOGRAMA

Atividades Mês
Jun Jul Ago Set Out Nov Dez Jan Fev Mar
Definição do orientador X
Curso de metodologia da pesquisa X X
Levantamento bibliográfico X
Elaboração projeto de pesquisa X X X
Entrega Projeto para comissão do TCC X
Defesa projeto TCC X
Analise dos dados X
Elaboração e entrega Artigo parcial X
Elaboração e entrega Artigo Final X X
Defesa Artigo final X
Correções X
17

REFERÊNCIAS

AMERICAN CONCRETE INSTITUTE. ACI 440.2R-17: Guide for the Design and
Construction of Externally Bonded FRP Systems for Strengthening Concrete Structures.
Michigan, 2017.

Araújo, A. S. Reforço ao cisalhamento de vigas “T” de concreto armado com fibra de


carbono com dois tipos de ancoragem, Dissertação de Mestrado, Universidade de Brasília,
2002;

Chen, JF. e JG. Teng (2003). “Shear capacity of fiber-reinforced polymer-strengthened


reinforced concrete beams: fiber reinforced polymer rupture”. Journal of Structural
Engineering 129.5, pp. 615–625.

Chen, GM, JG. Teng e JF Chen (2012). Shear strength model for FRP-strengthened RC beams
with adverse FRP-steel interaction. Em: Journal of Composites for Construction 17.1, pp.
50–66.

FÉDÉRATION INTERNATIONALE DU BÉTON. FIB Bulletin 14: Ecternally bonded FRP


reinforcement for RC structures. Lausanne, 2001.

Khalifa, A., Gold, W. J., Nanni, A. and Aziz, A. M. I. (1998), Contribution of externally bonded
FRP to shear capacity of rc flexural members. ASCE Journal of Composites for Construction,
2(4), 195-202.

Monti, G. Tests and design equations for FRP-strengthening in shear. Construction and
Buildings Materials 21, 4, pp. 799-809;

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