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4. ……............................................……….

MEDIÇÃO DE DISTÂNCIAS

4.1. UNIDADES DE DISTÂNCIAS. Determinar a distância entre dois pontos compreende um


processo que pretende-se apurar o número de vezes que a unidade de medição cabe no intervalo
entre os dois pontos.

As medições que se fazem na topografia mineira para se fixar a posição de um ponto em relação
ao outro estão sempre contidas no plano horizontal que contêm as verticais desses dois pontos.

O metro abreviado m,é a unidade de medição linear adoptado para o Sistema Internacional (Le
Système International d'Unités) – SI, que é universalmente imutável.

Por acordo internacional, o metro padrão foi definido como sendo a distância entre duas linhas
finas na barra de mistura de platina-iridio. Esta distância é sensivelmente igual à décima-
milionésima parte de um quarto do meridiano terrestre, avaliada com extremo rigor no século
passado por uma comissão internacional de geodesistas.

Na conferência realizada em 1960, o metro foi redefinido como tendo 1.650.763,73 de


comprimento de ondas da luz avermelhado-alaranjado emitidas por um isótope cripto-86. Em
1983, este termo foi de novo redefinido como o comprimento de passagem percorrido pela luz
em vácuo durante o intervalo de tempo 1/299.792,458 de segundo.

Observação: Originalmente se pretendia que o metro representasse uma décima milionésima (1/10
000 000) parte da distância do equador aos pólos. Agora ela é definida duma forma diferente por
ter sido realizado novas medições de quadrante de meridiano da terra demonstrando que a
distância calculada no qual se baseou o metro era imprecisa.

Na prática para a medição da distância utilizamos apenas unidades de quilómetro (km), metro
(m) e milímetro (mm).

1quilómetro (km) = 1 000 metro (m).


1 metro (m) = 1 000 milímetro (mm).

Consideremos dois pontos A e B, do terreno, cujas verticais são Z e Z′ respectivamente (ver


figura 4.1). A intersecção do plano Z e Z´com a superfície do terreno, é uma linha ondulada
AMNB que se chama perfil do terreno.

Fig. 4.1 – Perfil do terreno.

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A distância entre A-B medida sobre este perfil é a distância natural (inclinada) entre os dois
pontos.

Chama-se distância geométrica de dois pontos à distância medida sobre a linha recta que os
une.

A projecção horizontal A-C ou Z-Z´ da distância geométrica, que é ainda a projecção horizontal
do perfil, chama-se distância horizontal ou distância reduzida ao horizonte.

4.2. MÉTODOS DE MEDIÇÃO. Para efectuar a medição de distância utiliza-se vários


métodos que se podem reduzir em dois grupos:

a) Método directo

b) Métodos indirectos ou ópticos

Os primeiros são duma maneira geral mais precisa e são aplicados em operações de grande
rigor.

Os segundos são mais rápidos (seguros em terrenos acidentados) e hoje já existem processos
que permitem abrigar resultados muito satisfatórios para as operações topográficas.

4.3 MÉTODO DIRECTO. Este método compreende uma caminhada ao longo da linha a ser
medida. Por esta razão, antes de efectuarmos qualquer medição pelo método directo, temos de
traçar o alinhamento entre os dois pontos cuja distância é pretendida, o que é materializado por
estacas ou bandeirola (ver figura 4.2).

Bandeirolas são hastes de ferro ou madeira, pintadas com duas cores contrastantes, branco e
encarnado, em intervalos que vão de 20 cm ou 50 cm, tendo na extremidade inferior um
ponteiro de ferro para permitir a cravação no terreno.

Fig. 4.2 – Bandeirola posicionado num ponto.

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4.3.1 MEDIÇÃO COM FITAS. A medição da distância horizontal com fitas consiste numa
operação onde se aplica uma fita de graduação conhecida na linha do alinhamento, os números
de vezes que for necessário.

As fitas mais usadas são as de pano, de pano com reforço metálico interior, de aço e de invar
(aço e níquel), em comprimentos de 15, 20, 30, 50 ou 100 metros.

Na figura 4.3 pode-se observar uma fita metálica e de pano.

Fig. 4.3 – Fita metálica e de pano.

As fitas de pano são empregues em trabalhos de pouca precisão e estão sujeito a estragaram-se e
deformarem-se facilmente com o tempo. As fitas de aço são aquelas que oferecem medições de
grande precisão, bastando, no entanto, observar os cuidados necessários.

A operação de medição pode ser efectuada com a fita completamente assente sobre o terreno ou
estando suspensa.

À distância pretendida é apurada somando o total de vezes que ela cabe na linha mais a sobra.
Se a fita for esticada n vezes e com a sobra d, a distância D deste troço é igual:

D=lxn+d
Sendo, l o comprimento total da fita.

Fig. 4.4. Exemplo de fita de 30 m, graduada em cm

4.3.2. MEDIÇÃO COM MIRAS E RÉGUAS. Durante muito tempo as medições mais
rigorosas eram executadas com régua e mira de comprimento variáveis, de 2 a 6 metros. Sendo
cada metro pintado com cores diferentes e alguns decímetros divididos em centímetros e
milímetros.

Durante a operação de medição, a posição da mira e régua deve ser horizontal, sendo o
comprimento entre os dois pontos a soma da respectiva mira ou réguas mais a sobra d.

A fig. 4.5 ilustra como se pode medir uma distância numa inclinação.

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Fig. 4.5 Distância A-B (é igual a M x 3 + d)

Por comodidade de trabalho nas minas onde por várias vezes as distâncias são pequenas se
adopta a utilização destes instrumentos, que confere uma boa precisão.

4.3.3. MEDIÇÃO COM OUTROS APARELHOS. Em certos trabalhos onde não se exige
uma maior precisão, por exemplo, nos trabalhos de reconhecimento, as medições das distâncias
por métodos expeditos, são ainda usadas.

Passos
Antes de efectuar a medição com a fita, torna-se necessário fazer outra medição a fim de
aferirmos o comprimento do nosso passo, que normalmente tem 70 cm, ou seja, cerca de 130
passos em cada 100 metros.

Embora as medições obtidas sejam pouco rigorosas, este método é utilizado quotidianamente
pelos topógrafos como instrumento de auxílio nos trabalhos mais rigorosos, por exemplo, para
colocação da estadia de inovar, miras de nivelamento e outros.

Pedómetro
Este aparelho, por intermédio de um contrapeso ou balanceiro, transmite a um ponteiro que gira
num mostrador, o número de impulsos que damos ao corpo, sempre que se dá um passo. Para
medirmos a distância, basta multiplicar o número de passos marcado pelo aparelho, pelo valor
médio dos passos do indivíduo que os executou.

Roda
Para medir as distâncias em terrenos planos, usa-se também a roda, que é adaptada com um
contador de rotação que, multiplicando ao perímetro da roda pode-se apurar a distância. Nos
últimos tempos existem rodas com manómetros digitais (Fig. 4.6) para leitura da distância
percorrida.

Fig. 4.6 Roda

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4.4. REDUÇÃO DE MEDIÇÃO AO HORIZONTE. Como já dissemos, todas as medições
feitas no terreno terão que ser reduzidas ao horizonte, isto é, a projecção horizontal dos dois
pontos entre os quais se medem as distâncias.

Suponhamos que a distância (inclinada) medida entre os pontos A e B é l, a distância reduzida


ao horizonte, S, terá que sofrer uma correcção, que é sempre negativa (ver a figura 4.7):

Fig. 4.7. .Redução de distância no horizonte

A partir da distância inclinada l:


S = l cos
S = l-S = l-l x cos = l(1-cos)
S = l-S
A partir da diferença de altura h:
l 2 = S 2 + h 2 = ( l - S) 2 + h 2

l 2 = l 2 + S 2 - 2 l . S + h 2
e como  S 2 é muito pequeno, a equação passa:

h2
h 2 = 2 l .S = 0  S = c = 2 l

4.5. ERROS E CORRECÇÕES SISTEMÁTICAS NA MEDIÇÃO DAS DISTÂNCIAS.


Em quase todas as medições nós cometemos um erro identificável, chamado erro sistemático. A
natureza assim como outros aspectos sobre “erros” serão abordados detalhadamente no capítulo
do mesmo nome. Apenas queremos focar aqui, que, as condições climáticas (temperatura,
vento, por exemplo) e a forma da terra (curvatura, altitude,...) são contribuintes para estes tipos
de erros. Vejamos:

4.5.1. CORRECÇÃO DE AFERIÇÃO - COMPARAÇÃO. Este erro é derivado das


diferentes condições climáticas durante a fabricação da fita e daquelas que surgem durante o
trabalho de medição, da idade da fita e da conservação da fita. O valor do erro é apurado
comparando a distância padrão de referência (protótipo) com a distância dos extremos da fita.
Isto é feito submetendo na fita assente sobre o plano de base (protótipo) à tensão de trabalho.
Nas fitas modernas este erro é minimizado

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4.5.2. CORRECÇÃO DA TEMPERATURA Como a temperatura, a que se efectua a medição
é diferente da aferição, é necessário sempre aplicar ao valor medido a uma destas correcções, de
seguinte maneira:
lt = lo [(1+ (t-to )],

lt = +  . lt (t-to )

sendo; lt, o comprimento medido,


t, a temperatura durante a leitura,
to, a temperatura da aferição,
, o coeficiente de dilatação.

4.5.3. CORRECÇÃO DA CURVATURA - CATENÁRIA. Durante o processo de medição


nem sempre a fita fique assente no terreno, mas sim suspensa e apoiada apenas nas
extremidades, então a fita toma forma de curva a que se chama "catenária".

Este caso exige que introduzamos também uma correcção que é evidentemente sempre negativa.
Sem querer entrar em pormenor, esta correcção é dada segundo a fórmula reduzida da fig. 4.8
da seguinte maneira:

Fig. 4.8 - "Catenária".

2 3
1 1 p l
lcat  * 2
n 24 T
Sendo, l - comprimento medido (m),
(p - peso da fita por metro linear N/m),
T - tensão aplicada na fita (N),
n - número de vezes que a fita for suspensa.

Exemplo: Foi medida uma distância de 20m, com uma fita de aço suspensa uma vez. O peso da fita é de
20gm/m, a tensão nela aplicada é de 10N, qual é a correcção catenária.

2 3
1 1 p l
Desde que, lcat  * 2
n 24 T

Se a ligação A-B é sob um ângulo de inclinação , a fórmula será:

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2 3
p l
1 1 cos 2 
l cat   * 2
n 24
T

4.5.4. CORRECÇÃO DA DIFERENÇA DE NÍVEL - ALTITUDE. Consoante a altitude que


realizamos as medições (ls), as distâncias se diferenciam dos comprimentos no plano de
projecção (ver a fig. 4.9), exigindo assim uma correcção para apurarmos o comprimento
correcto.

Fig. 4.9 – Diferença de nível (altitude)

A partir da fig. 7.9, é evidente que,

l : lo – (R + h) : R ,

de maneira que,
Rh h
l  lo (1  R ),
R

h
l  lo  lo
R

Obteremos então a correcção da seguinte maneira:

h
l  l  lo  lo * ,
alt R

h
lalt  l  lo  lox
R

e como os valores se aproximam ( l  lo ) podemos os substituir, e teremos:

h
l alt  l  l o   l o *
R

h
l  l  lo   lx
R

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4.5.5. CORRECÇÃO DO COFICENTE DE PROJECÇÃO. É o resultado da transferência
da distância esférica da superfície da terra e a distância projectada no plano de projecção (ver a
fig 4.10.)

Fig. 4.10 – Erro do coeficiente de projecção

O erro de projecção é dado relativo num (1) metro, assim,

de modo que para uma distância qualquer Si o erro Z é igual a Z = Si . Z

O erro se comporta segundo a projecção cartográfica e a distância a partir da origem do


sistema de coordenadas.

O valor de Z pode se representar graficamente ou em tabela, eventualmente se pode


determinar de relação simples.

Para distâncias maiores, o Zo se determina através da média de ..... do ponto inicial


apartir da distância Zi e Zt , no qual adjudicamos peso quádruplo:

4.6. OBSTÁCULOS NAS MEDIÇÕES DIRECTAS. Nos trabalhos topográficos, nós


deparamos sempre com certas dificuldades, causadas pela cobertura e o relevo do terreno. Estes
problemas criam impossibilidades na realização das medições directas sem recorrer a outras
medições fazendo caminhadas fora do nosso alinhamento para posteriormente calcular as
distâncias desejadas ou medir ângulos, aplicando os princípios da geometria plana.

Um dos obstáculos que pode ocorrer é por exemplo, a existência de certos objectos no terreno
que prejudicam a visibilidade e impedem a realização de medições.

Variadíssimos são os casos de obstáculos que são agrupados em três grupos:

a) Obstáculo que obstrui o traçado do alinhamento, mas não impede a aplicação da fita,

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b) Obstáculo que obstrui a aplicação da fita no alinhamento (obstáculo descontinuo),

c) Obstáculo que obstrui ao mesmo tempo o traçado e a aplicação da fita no alinhamento


(caso a e b).

Vamos observar apenas alguns exemplos dos casos a cima citados nas alíneas assegurar:

a) Obstáculo que obstrui o traçado do alinhamento, mas não impede a aplicação da fita,

i) Quando ambos os pontos dos extremos são vistos no intermédio do alinhamento.

Conforme a figura 4.10, os pontos A e B são pontos extremos do alinhamento. Este alinhamento
não pode ser materializado por razões de configuração do terreno, mas, parando nos pontos C1 e
D1 aproximadamente no alinhamento, os dois pontos dos extremos serão vistos. Do C1 faz-se o
alinhamento para B trazendo depois o ponto D1 no D2 neste alinhamento. Depois, faz-se o
alinhamento AD2 transferindo o C1 no C2 neste alinhamento. O processo se repete até que o C D
pode ser visto estando no alinhamento com A, isto quer dizer conseguimos materializar o
alinhamento AB passando pelos pontos C e D.

Fig. 4.10 Traçado do alinhamento a partir dos pontos intermédios

ii) Quando ambos os pontos dos extremos não são vistos no intermédio do alinhamento.

Caso não seja possível a visualização dos dois pontos dos extremos a partir de um ponto
qualquer intermédio então, realizamos a medição através duma linha aleatória como podemos
ver na fig. 4.11.

Fig. 4.11-Traçado do alinhamento fora da linha do alinhamento

Aqui depois de traçar a linha aleatória AB1 e a perpendicular desta linha (AB1 BB1), medimos
as distâncias AB1 e BB1. Basta medir mais uma distância nos triângulos, teremos elementos
suficientes para o cálculos das outras distâncias a partir da seguinte fórmula:

AB AC AD
 
BB' CC' DD'

b) Obstáculo que obstrui a aplicação da fita no alinhamento (obstáculo descontinuo),


- Quando temos como exemplo um objecto que impede a passagem no alinhamento tal como
uma lagoa.

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Caso 1 (Fig. 4.12) AB = AC + DE + FB

Fig. 4.12

Caso 2 (Fig. 4.13) AB AC2  BC2 AB =  AC’ +BA’

Fig. 4.13

Caso 3 (Fig. 4.14) AB BC2  AC2 AB =  BC’ - AC’

Fig. 4.14

- Quando temos como exemplo um objecto que impede o acesso do outro ponto, por exemplo,
noutra margem do alinhamento (obstáculo continuo).

AB .AE
Caso n 4 (Fig. 4.15)  ,
CD CE

e se, AE  2EC , então


AB 2CE

CD CE

AB 2CD

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Fig. 4.15

AC AB BD  AC
Caso nº 5 (Fig. 4.16)   AB  ,
EC BD EC

AC AB BD AC
  AB =
EC BD EC

Fig. 4.16

AB AC ED
Caso nº 6 (Fig. 4.17)  , AB  AC 
ED CD CD

Fig. 4.17
c)Obstáculo que obstrui ao mesmo tempo o traçado e a aplicação da fita no alinhamento

Tomamos um exemplo no qual, numa situação de dois pontos A e B anteparados por um


edifício (ver fig. 4.18) impedindo a visibilidade e passagem entre eles.

BS  s  seno 6R  2 / 2, SC  s  seno 6R  2 / 2

BC  BS  SC  2s  sen6R  2 / 2

AD  AB 2s  sen6R  2 / 2  CD

Fig. 4.18

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4.7. MÉTODOS INDIRECTOS. Como em trabalhos de grande extensão e nos terrenos
perigosos, seria muito moroso efectuar-se medições directas de todas as distâncias necessárias e
para estes casos, nós recorremos o método de medição indirecta.

Embora a precisão deste método seja inferior em relação aquela conseguida pelos métodos
directos, existe hoje em dia, aparelhos que conseguem resultados muito precisos para fins
topográficos, tendo a vantagem da rapidez de execução da determinação das distâncias, mesmo
nas partes inacessíveis.

Distanciómetros são todos os aparelhos que permitem a medição de distância pelo método
indirecto, isto é, sem necessidade de percorrer os respectivos alinhamentos.

Duma maneira geral, podemos ainda classificar os método indirectos em:


1. Métodos trigonométricos,
2. Métodos ópticos – de ângulos paralíticos, luneta ou prisma,
3. Métodos físicos.

4.7.1. PRINCÍPIO DA ESTADIAMÉTRIA. “Estadiametria” ou simples “estadia” vem da


palavra grega, de unidade de distância originalmente usada para medir distâncias nas
competições de atletismo nos tempos passados, originando assim os nossos modernos
“estádios.” A palavra significava 600 unidades gregas, equivalente actualmente aos 185m.

O princípio estadiamétrico é actualmente a base de construção dos aparelhos de medições de


distâncias pelo método indirecto – distanciómetro ou ainda nas alidades e níveis.

A seguir na fig. 4.19 é apresentado o princípio de estadia que se pode-se demonstrar o seguinte:

Fig. 4.19 – O princípio de construção de estadias

Suponhamos uma porta retículo existente num plano P, no qual existem 2 ou 3 fios paralelos de
tal forma que o plano seja vertical aos fios horizontais.

A partir do ponto O, observamos a linha imaginária ab que une os dois fios extremos, vê-lo sob
o ângulo aOb, cujos lados Oa e Ob prolongados, determinarão sob uma mira vertical um
segmento AB, dependente, fixos os mais elementos, da distância OC a que se encontra esta mira.

Os triângulos Oab e OAB assim formados, são sempre semelhantes, quaisquer que seja as
dimensões dos elementos que as compõem, dar-nos-ão o seguinte, e se:

Oc = f (focal),
ab = s, (ac = bc),

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AB = S,
OC = D.

OC f f
  D CA
CA ac ac

então, a fórmula desta nos permite determinar a distância D desde que haja um instrumento em
que sejam constantes duas das 3 quantidade f, s, ou S.

Chama-se estadia a todo o instrumento que permite calcular as distâncias por método de
medição indirecta.

Pela estadia se permite rápida determinação de distâncias suficientemente precisas para


nivelamento trigonométrico nas minas, algumas poligonais, e a localização de detalhes
topográficos. Além disso, dois ou três pessoas pode substituir três ou quatro pessoas
normalmente necessárias para medição de distâncias por métodos directos com fita.

4.7.2. MEDICÃO COM ESTADIA NAS VISADAS HORIZONTAIS. O método de estadia


para a distância horizontal entre o instrumento e a mira é ilustrado na fig. 4.20, que mostra
graficamente o caso simples de uma lente convergente telescópio externo numa uma vista
horizontal.

Na fig. 4.20:

f = distância focal
F = posição de foco anterior
i = intervalo dos fios do retículo ab
s = intervalo de mira AB
c = a distância de objectiva para o eixo de instrumento
d = distância a partir de posição focal exterior para a mira
D = distância horizontal pretendida

Fig. 4.20– medição de distâncias com estadia nas visadas horizontais

Quando visualizamos a imagem na mira, a imagem AB é formada no ab. Os raios incidentes de


A passando para F, atravessa na lente e toma direcção paralela ao eixo óptico. Igualmente com
do B. Esses raios formam dois triângulos similares, cada um com seu ápice no F. A base do
triângulo menor é no foco anterior da objectiva, sendo igual ao intervalo de estadia i.
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Da figura obte-se, por semelhança de triângulos:

B
,
s

A
d f
 , , é distância
s i

mas, d  D  f  e , f  e  c

Dc f
por tan to,  .
s i

f f
D  c  s, k
i i

então, D  k s  c, esta é a fórmula de Estádia

k é chamado, constante de multiplicação. Geralmente este constante em muitos aparelhos é


igual a 100 por motivos de ordem práticas.

O c é constante de adição de aparelho. Nos outros aparelhos, por exemplo, em aparelhos Wild,
introduz-se uma outra lente convergente (analítica) para anular o constante c (c = 0) e trabalhar
apenas com constante k para apurar as distâncias horizontais.

4.7.3. MEDICÃO COM ESTADIA NAS VISADAS INCLINADAS. Observações nas miras
colocadas numa posição inclinada (Fig. 4.21) é necessária reduzirem as distâncias medidas para
distâncias horizontais conforme a fórmula que segue:

D   k . l  c  cos 2
,

que é vantajoso para cálculos práticos.

Fig. 4.21– medição de distâncias com estadia nas visadas oblíquas

Nos distanciómetro de Wild a distância horizontal D é obtido a partir de

D  k . l . cos 2

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Ao mesmo tempo podemos determinar a distância V da seguinte maneira:

sen 
V  D . tg   k . l  . cos 2  .  k . l sen  . cos 
cos 

Ou depois de desenvolver:
1
V  k l . sen 2  .
2
4.8. MÉTODO TRIGONOMÉTRICO. Este método é constituído na base de figura(s)
formada(s) por triângulos ligados entre si, isto é, teremos de estabelecer um esqueleto
trigonométrico dos pontos no terreno. Nesta(s) figura(s) nós precisamos apenas de medir
distâncias do(s) vértice(s) escolhido(s) como base e os restantes serão calculadas a partir dos
princípios trigonométricos.

Com este método apuramos a distância l de ponto 3 até ao ponto inacessível da figura 4.22 de
seguinte maneira:

Se as coordenadas dos pontos 1, 2, 3, são conhecidas então, não temos que medir as distâncias
entre eles, bastando apenas conhecer os ângulos do esqueleto e proceder com os cálculos
conforme a fórmula seguinte:

z1.sen  z 2.sen 
l 
sen (    ) sen (    )

Fig. 4.22 – Esqueleto trigonométrico

4.9. MÉTODOS ÓPTICOS. Todos estes métodos utilizam os aparelhos que depende de
princípio estadimétrico (ver, o princípio estadiamétrico - 4.23) e são divididos em ângulos
paralíticos, de luneta e de prisma. Por falta de espaço, iremos apenas descrever em pormenor os
de ângulos paralíticos, que se dividem em:

Estadia de base variável (ângulo paraláctico constante).


Se além de f for também constante ab = s, o instrumento permite obter o valor da distância AB =
S, isto é, o comprimento variável interceptado na mira, obtém o que chamamos de estadia de
base variável.

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Fig. 4.23 - Estadia de base variável (ângulo paraláctico constante).

Neste caso as distâncias ab = s e Oc = f são constantes (consequentemente o ângulo Oab é


constante) e o elemento variável é AB = S ou A´B´ = S´ que é o elemento que se pretende medir.

Dos triângulos semelhantes; Oab  OAB  O´B´C´ deduzem as seguintes relações:


Tomando como exemplo o  Oab e OAB, teremos;

D S f
 , se,  cons tan te(c),
f s s
D  S.c

Nos casos frequentes, o valor 100 é tomado como o constante (c), basta então multiplicar o S
por este valor para apurar a distância desejada.

Estadia de base constante (ângulos paralíticos variáveis).


Os distanciómetros de ângulo paralíticos variáveis, são os distanciómetros que mantêm
constante o comprimento AB tomando na mira, variando, por conseguinte o ângulo paraláctico
sob o qual a mesma é vista.

Por conseguinte esta traz-nos vantagem de ser independente do comprimento das miras,
permitindo assim maior raio da acção.

Há várias realizações deste princípio, sendo o mais utilizado o da estadia de Inovar e em


especial o da estadia da casa Wild. (ver a figura 4.24).

Fig. 4.24 O Invar de casa Wild para medições de ângulos paralíticos variáveis

Estadia de Invar é uma estadia da autoria da casa Wild como foi referido anteriormente, e
consiste numa fita de invar contida numa caixa apropriada e dobrável pelo meio, terminando por
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dois alvos formados por dois pequenos triângulos (T1, T2), cujos vértices superiores indicam os
extremos da estadia, isto é, os pontos a visar, cuja distância é rigorosamente igual a 2 metros.

Com o distanciómetro instalado noutro extremo da linha, mede-se o ângulo formado com as
direcções dos extremos da mira, e obte-se a distância horizontal pretendida D, empregando a
fórmula:

L 
D  Cotg , se , L  2 m
2 2

D  Cotg 
2

Vantagem deste tipo de estadia é, que a distância dada pela mesma é automaticamente uma
distância reduzida ao horizonte independentemente da diferença da inclinação entre os dois
extremos.

4.10. MÉTODOS FÍSICOS E PRINCÍPIOS DE DISTANCIÓMETRO


ELECTROFÍSICOS. Os maiores avanços dos últimos anos na topografia serão a construção
de instrumentos (distanciómetro) electrolíticos para medição de distâncias. Estes instrumentos
determinam as distâncias na base de variedade de fases quando a energia electromagnética, de
determinado comprimento de onda, transita na atmosfera, isto é, por comparação de
comprimento das linhas a serem observadas e de comprimento de ondas electromagnéticas
moduladas. Este princípio é igual a uma comparação de uma distância a partir de uma distância
calibrada de uma fita.

As vantagens principais dos distanciómetros electrónicos, consiste em primeiro lugar na rapidez


e precisão na observação. Estes instrumentos nos permitem medir distâncias que nos métodos
directos, não seriam possíveis. Eles nos permitem registar as leituras em forma digitais
directamente nos painéis neles montados.

A energia electromagnética se propaga na atmosfera de acordo com o esquema na figura 4.25:

Figura 4.25 – o esquema de prolongação de energia electromagnética na atmosfera

V = f , e
D = n .  + d, ou D = (V . t)/2

onde; V, é a velocidade de energia electromagnética (m/s),


f, é frequência modulada de energia em Hertz,
, é o comprimento de onda em metros.

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Os distanciómetros electrónicos são classificados conforme os seguintes critérios:

1. Segundos a energia electromagnética utilizada


a) Distanciómetro de luz,
- Visível ( = 780-300 m)
- Fora de visível ( 800 m)
b) Distanciómetros de rádio
c) Distanciómetros laser

2. Segundas as distâncias atingidas


a) Pouco alcance (até 3 km)
b) Médio alcance (até 10 km)
c) Grande alcance (superior a 15 km)

Distanciómetros da luz. Os distanciómetros da luz usam a luz modelada dentro de conhecidas


frequências por células de Kr por medir um comprimento. A luz é dirigida do instrumento (ver
fig. 4.26) a um prisma rectro-reflector (fig. 4.27), que por sua ver reflecte a luz de volta na
mesma linha ao distanciómetro.

Figura 4.26 – Distanciómetros electrónicos montados nos teodolitos

A luz reflectida é recebida no instrumento e convertida no pulso eléctrico por células foto. A
comparação é feita na relação da sua demora, e quando a relação da fase é obtida, o indicador
zero volta apontar no zero e a leitura da demora de comprimento desejado, que é, proporcional
com a distância é disparado no painel.

Figura 4.27 – Prisma rectro-reflector para distanciómetros electrónico

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Existe em cada instrumento um calibrador que converte a relação entre a tabela de tempo de
demora e a distância em metros.

O factor, “velocidade” da luz deve sempre ser considerado. A velocidade da luz no vazio é
considerada como sendo 299 792.5 km/s, além disso, a correcção de temperatura, pressão,
altitude e ângulo de inclinação na altura de medição devem ser considerados.

Distanciómetros de rádios. Estes distanciómetros trabalham com ondas rádio no intervalo de 1-


10 cm e tem vantagem de poder atingir grandes distâncias (60 km e mais) com uma precisão de
 2-5 cm. Utilizando ondas curtas traz uma outra vantagem que permite o distanciómetro rádio
poder ser utilizado durante a noite.

Outra vantagem importante é o poder de medir uma linha sem haver uma necessidade de termos
uma visibilidade directa entre os dois pontos a ser medidos. O mau tempo tem pouca influência
nas medições.

Distanciómetros laser. O termo Laser deriva da palavra inglesa Light Amplification by


Stimulated Emission of Radiation Estes distanciómetros são concebidos principalmente para
medição de grandes distâncias, acima de 15 km. Tem grande aplicação nos trabalhos de
triangulação e trilateração. Alguns destes distanciómetros atingem uma precisão de ordem de
alguns milímetros, é exemplos de algumas distâncias atingidas por: Geodimeter Modelo l8 ( até
60 km), Kvarc (até 50 km) e Geodolit (até 3 km). Mais pormenores sobre estes instrumentos
serão abordar nos capítulos sobre Princípios de equipamento topográficos.

4.11. INSTRUMENTOS “TOTAL STATION”. Os “Total estations” (Estação Total Electrónico


em português, também chamados taqueómetros electrónicos) juntam instrumentos electrónicos;
teodolitos electrónicos digitais e computador na mesma unidade. Os teodolitos digitais medem e
visualizam os ângulos horizontais e verticais. Os instrumentos “Total station” (ver fig. 4.28)
medem em simultâneo as distâncias e as direcções e transmitem os resultados automaticamente ao
computador (ou registado no cartão electrónica de registo montado no instrumento). Os ângulos
horizontais e verticais e distâncias inclinadas podem ser visualizados, e depois com ajuda de
teclado de comando, as distâncias horizontais e verticais são ao mesmo tempo calculadas e
visualizadas. Se introduzimos dados sobre as coordenadas da estação do instrumento e a referência
de azimute, as coordenadas do ponto visado são imediatamente obtidas. Esta informação pode ser
armazenada no cartão electrónico, eliminando assim a necessidade de registo manual de dados.
Estes instrumentos são de grande valor nos trabalhos topográficos.

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Figura 4.28 – Distanciómetros electrónico

Existem alguns “Total Station” com alcance de distâncias superiores a 5 km com uma precisão de 
5mm, medindo os ângulos até a precisão de  2 segundos.

4.10.1. CORRECÇÃO DE DISTÂNCIA POR MÉTODOS ELECTROFÍSICOS. As


Correcções mais importantes nas medições electrofísicos são:

a) Correcção atmosférica: A velocidade de ondas veria consoante a temperatura, humidade e


pressão de atmosfera, e quanto maior for à distância, mais significante são estes factores
acontecem. Nas distâncias maiores, os médios de observações tirados nos dois extremos são usados
para calcular a correcção. Para as distâncias curtas, a observação de atmosfera no ponto de
observação serve para corrigir o erro de correcção.

b) Correcção de inclinação: Para permitir reduzir a distância inclinada medida para horizontal, o
ângulo vertical ou zenital deve ser medido ou calculado. Nos distanciómetros modernos temos
opção para observar as distâncias inclinadas, ou horizontal.

b) Correcção de diferença de altitude: Para as distâncias maiores medidas pelos


electrodistanciómetros carecem de correcção de altura encima de plano de referência,
normalmente, o nível do mar. A correcção pode atingir valor significativo quando o nível de zona
de trabalho é muito alto.

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