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Apostila de GPR

(Ground Penetrating Radar)

Prof.Paulo Roberto Antunes Aranha


Departamento de Geologia
Instituto de Geociências - UFMG

Belo Horizonte
Setembro - 2021
Paulo Roberto Antunes Aranha – IGC/UFMG

Analogia dos contrários é a relação


que vai da luz à sombra, do vértice ao abismo, do pleno ao vazio.
A alegoria, mãe de todos os dogmas, é a substituição
da impressão pelo selo, da sombra pela realidade,
é a mentira da verdade e a verdade da mentira.”

(Eliphas Levi, Dogme de la Haute Magie, Paris, Baillére, 1856, XXII, 22.
In: Pêndulo de Foucault, Humberto Eco, 1988)
Apostila GPR 2019.
MÉTODO GPR E SUAS APLICAÇÕES

O equipamento de Georadar emite ondas de rádio no solo, com freqüências variando de 10 a


3.500 MHz, resultando na obtenção de uma imagem da subsuperfície que permite identificar as
estruturas e as feições do subsolo. O campo eletromagnético (EM), que varia no tempo, consiste no
acoplamento dos campos elétrico (𝐸⃑ ) e magnético (𝐻
⃑ ) (Figura 3.1). O modo com que o campo EM
interage com os materiais naturais controla o espalhamento e a atenuação do mesmo no solo. Em grande
parte das situações geológicas as propriedades elétricas são os fatores dominantes que controlam a
resposta do solo ao campo EM uma vez que as variações magnéticas são, em sua maioria, muito fracas
e, portanto, suas contribuições são desprezíveis, não sendo consideradas (Daniels et al., 1988).

Figura 1 – Onda eletromagnética propagando-se na direção “X”, na qual se observa o


⃑ e magnético 𝐻
acoplamento entre os campos elétrico 𝐸 ⃑ . (Modificado de Hippel, 1954).

A ação de um campo 𝐸⃑ no terreno dá início à movimentação de cargas elétricas (corrente


elétrica). Existem dois tipos de corrente (ou carga): a) corrente por condução (Figura 2a); b) corrente
por deslocamento (Figura 2b). Ao se aplicar um campo 𝐸⃑ no material inicia-se a distribuição do
momento dipolo intrínseco ao mesmo (Hippel, 1954) e no qual a separação de cargas é descrita em
termos da densidade do momento dipolo:

⃑ = 𝜀 ⃑⃑⃑⃑
𝐷 ∙ 𝐸; (1)

para  = permissividade dielétrica.

Como a criação e a distribuição do momento dipolo no material estão associadas à


movimentação de cargas, existe uma corrente elétrica associada a esta movimentação e é referida
como corrente por deslocamento (𝐽𝐷 ), isto é, a razão da variação da densidade de momento dipolo no
tempo:

𝑑𝐷 𝑑(.𝐸) 𝑑𝐸
JD =  JD =  JD = . . (2)
𝑑𝑡 𝑑𝑡 𝑑𝑡

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a) b)
Figura 2 – Efeito da presença de campo EM na distribuição de cargas em corpo condutor: a) distribuição de
cargas por condução; b) distribuição de cargas por deslocamento (Modificado de Annan, 1992) .

A outra forma de carga, corrente por condução (Jc), é definida como:

JC= . 𝐸; (3)

sendo “” a condutividade.

Em qualquer material natural a corrente que flui nele em resposta à aplicação (presença) de um
campo elétrico é a composição das correntes de deslocamento (2) e de condução (3) (Figura 3). Assim,
tem-se que:

𝑑𝐸
JT = JD+JC  J=. ( ) + . 𝐸. (4)
𝑑𝑡

Figura 3 - Gráfico das correntes de condução, deslocamento e


total, em função da frequência (modificado de Annan, 1992)
Apostila GPR 2019.

As unidades em eletromagnetismo são:

Em materiais simples, com condutividade e permissividade dielétricas constantes, existe uma


frequência de transição − FT -, na qual Jc = Jd. Para as frequências acima dessa, a corrente por
deslocamento é dominante; contudo, deve-se ressaltar que as propriedades condutivas e dielétricas dos
materiais não são independentes da frequência de excitação “”(Annan, 1992), uma vez que

𝜔= .(5)

Acima da frequência de transição − Domínio de Deslocamento −, a energia se propaga como


onda sem nenhuma ou com pouca dispersão. Abaixo da frequência de transição − Domínio de Condução
−, a energia se difunde para o material (Figura 4).

Figura 4 – Gráfico de Log da velocidade por Log da freqüência,


mostrando a frequência de transição (FT), e as zonas de dispersão e de
propagação das ondas EM. (Adaptado de Davis e Annan, 1989).

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Quando se está operando na frequência acima de “FT”, a velocidade (V) e a atenuação () da
onda são relacionadas com a permissividade relativa e com a condutividade elétrica (Annan, 1992):

V=(3x108)/√𝑘 (6) e  = 1,64. dB/m; (7)
√𝑘

para “K”, a constante dielétrica do material, sendo definida como

K =  / 0 , (8)

na qual 0= permissividade dielétrica no vácuo e = permissividade dielétrica do material.

1 - REFLEXÃO E REFRAÇÃO DA ONDA-EM

Uma onda-EM que se propaga na subsuperfície, ao incidir sobre uma superfície de separação
de dois meios, reflete-se e se refrata. A onda incidente, a onda refletida e a onda refratada estão
interconectadas pelas condições de contorno: as componentes tangenciais dos campos E e H devem ser
contínuas ao longo da superfície de separação de dois meios. Estas, na realidade, são duas condições,
visto que as amplitudes e as fases também devem ser contínuas (Hippel, 1954). Os coeficientes de
reflexão para os campos E e H são definidos como

RE=E1/E0 (9) e RH=H1/H0 (10),

sendo as equações (9) e (10) a razão entre as amplitudes refletidas (E1, H1) e incidentes (E0, H0).
Similarmente, os coeficientes de transmissão para os dois campos são definidos como:

TE=E2/E0 (11) e TH=H2/H0 (12),

sendo as equações (11) e (12) a razão entres as amplitudes transmitidas e incidentes.

Figura – 5 – Modelo esquemático da reflexão da onda EM numa superfície de


separação entre dois meios. (Modificado de Hippel, 1954)
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O caso geral da reflexão e refração de ondas planas incidindo obliquamente sobre uma interface
entre dois materiais tem resultados muito complexos (Hippel, 1954); para uma aproximação razoável,
com a utilização do GPR, pode-se simplificar admitindo a incidência normal, o que ocorre na maioria
dos levantamentos com GPR (Annan, 1992), então: K1

𝑅 = (√𝑘1 − √𝑘2 )/(√𝑘1 + √𝑘2 ), (13)


Em situações normais da subsuperfície pode-se ter vários caminhos para onda EM percorrer, na figura
6 são mostrados alguns desses caminhos

Figura 6 – Figuras mostrando os possíveis caminhos da onda EM quando se propaga em


subsuperfície

2 - CARACTERÍSTICAS DA ONDA-EM

A velocidade e a atenuação são os fatores que descrevem a propagação de ondas de rádio de alta
frequência no solo (Ulriksen, 1982) e esses fatores dependem das propriedades dielétricas e condutivas
do solo.

Os campos EM mudam de características com a distância a partir da fonte (Antena), o que gera
duas regiões, o campo perto e campo distante. O campo perto pode ser definido como

2
𝑅 < 2𝐷 ⁄⋮ 𝜆 (14);

2
𝑅 > 2𝐷 ⁄⋮ 𝜆 (15);
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Onde R é a distância que limita as duas regiões, D a maior dimensão da antena, e  o comprimento de
onda da frequência central da antena. (Figura 7). A região de radiação do campo próximo (Região
de Fresnel) é uma região de transição onde predomina o campo radiado, mas a sua orientação
espacial depende da distância à antena; esta região pode não existir se a maior dimensão da
antena (D) não for muito maior que o comprimento de onda de trabalho. A região do campo
Distante, também denominada de Região de Fraunhofer, ocorre para distâncias maiores (eq. 15)
nesta região a orientação espacial do campo não depende da distância à antena. É a região de
maior interesse do ponto de vista da radiação da onda para a subsuperfície.

a)

b)
Figura 7 – Esquema de distribuição das regiões produzidas
pela emissão de uma onda EM por uma antena, campo perto
e o campo distante. a) Visão lateral; b) Visão de cima.
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As propriedades Elétricas da Rocha-Solo e os Fluidos controlam a velocidade de propagação
da onda EM e suas amplitudes:

– Densidade
– Composição Química
– Estado da Matéria
– Conteúdo de água e sua distribuição

No entanto, para condutividades menores que 100 mS/m, a velocidade permanece constante
entre as frequências de 10 a 3.500 MHz (Figura 8).

Figura 8 – Gráfico da relação entre a frequência e a velocidade da onda-EM;


em meios com resistividades diferentes, observa-se a faixa de frequência na
qual a velocidade é constante. (Adaptado de Davis e Annan, 1989).

A onda gerada pelo GPR é caracterizada pela sua faixa de banda em relação à sua frequência
central. Normalmente a onda é função do tipo de antena que se está utilizando, sendo a mais usada a
antena dipolo (bistatic) e, quando esta é colocada no solo ou ligeiramente suspensa no ar, o padrão de
onda gerado é fortemente influenciado pelas propriedades dielétricas do solo.

3 - SISTEMA DE GPR

O equipamento de GPR é formado por quatro elementos principais − a unidade de transmissão,


a unidade de recepção, a unidade de controle e a unidade de visualização − (Figura 9). O transmissor
produz um pulso de alta voltagem com mínima duração; este é aplicado na antena transmissora que o
irradia para o solo. A antena é confeccionada para propiciar a irradiação do sinal com a maior fidelidade,
de modo que o pulso que está penetrando no terreno seja razoavelmente factível com o pulso gerado
eletronicamente (Daniels et al., 1988). O sinal transmitido propaga-se no solo e os sinais refletidos
retornam à superfície, sendo então detectados pela antena receptora e repassados para o sistema de
recepção de sinal. O sistema receptor amplifica o sinal e o acondiciona para ser visualizado na tela
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(Davis e Annan, 1989). Podem ser utilizadas antenas com diferentes frequências centrais para a
execução dos levantamentos.

Figura 9 – Bloco diagrama mostrando os elementos que compõem o GPR.


(Adaptado de Annan, 1992)

As antenas são colocadas no terreno, elas estão linearmente polarizadas, com o campo Elétrico
da antena transmissora e da receptora paralelos, e estas também colocadas paralelamente ao solo, e
preferencialmente se deslocam perpendiculares à direção do campo Elétrico (Figura 10).

a)
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b)
Figura 10 – a) Modelo da área de incidência de uma onda EM
transmitida para a subsuperfície pelo GPR. Nota-se o tamanho
da área da onda com a profundidade (modificado de Davis &
Annan 1989); b) Modelo com as componentes Elétricas e
Magnéticas da onda EM.

Segundo Annan (1992), Davis e Annan (1989), e outros, existem elementos no sistema que
causam impacto na utilização do radar, destacando-se:

3.1 - Fator de performance

- O fator de performance do sistema é caracterizado por “Q”, isto é, a medida da razão


(usualmente expressa em decibéis) entre a potência da fonte e a potência do ruído recebido. A
razão pela qual esse fator é tão importante é que ele controla primariamente a sensibilidade com
a qual o radar consegue ou não detectar o objeto e o seu tamanho. Pode ser calculado como:

Q = 10 LOG10 [potência da fonte / potência do ruído recebido] dB; (16)

ou

Q = 20 LOG10 [voltagem de transmissão / voltagem recebida] dB. (17)

Davis e Annan (1989), ainda apresentam a equação com a quantificação dos vários elementos
que influenciam na determinação da sensibilidade de aplicação do radar. Pode-se inferir que, para um
dado valor do fator de performance do sistema, a soma total de todas as perdas de energia ao longo de
todo o percurso que o sinal passa não deve excedê-lo, caso contrário, o alvo não será detectável.

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3.2 - Frequência central

- A frequência de operação do sistema é dada geralmente pela frequência central da banda do


sinal (Figura 8). O fator associado a este é a largura da banda de faixa de frequência utilizada.
A frequência tem o maior impacto na profundidade de penetração do sinal (Olhoeft, 1984),
contudo, não se pode diminuí-la muito para a que radiação EM não fique abaixo da frequência
de transição, passando para um ambiente de difusão ao invés de ficar em um ambiente de
propagação. A frequência de operação também tem relação direta com resolução vertical do
radar: quanto maior a frequência central do pulso menor é a penetração, porém, maior é a
capacidade de se detectar alvos menores. A resolução teórica seria de ¼ do comprimento de
onda λ, entretanto, segundo Beres e Haeni (1991), devido à variação da forma da onda durante
a sua propagação no solo, a resolução vertical estaria na ordem de ½ a ⅓ do comprimento de
onda λ.

Figura 8 – Espectro de amplitude de onda EM gerada por uma antena


de 100 MHz.

3.3 - Largura de banda da onda

- Para a utilização dos sistemas de GPR em solos e rochas, o objetivo é atingir a razão entre a
largura da banda e a frequência central em torno da unidade (1). O que significa que a radiação
de um pulso contém uma energia que varia de a frequência central de 0,5 a 1,5 vezes a frequência
central.

3.4 - Processamento do sinal


Apostila GPR 2019.
- O processamento do sinal é um fator integral na definição do sistema GPR, passando pela
capacidade de detecção do sinal, análise do pulso sintético, AGC – controle de ganho
automático, amostragem digital do sinal, digitalização do sinal recebido, reconstrução do sinal
etc., tendo implicações na performance do sistema em modo de aquisição de dados.

3.5 - Padrão de irradiação da antena

- O padrão da antena do sistema indica como o radar pode ser utilizado para detectar objetos.
Basicamente, a antena indica em qual direção o sistema é mais sensível e qual a área na
subsuperfície do solo que está sendo sondada (detectada) pelo sistema. As antenas são colocadas
no solo ou suspensas no ar, próximas à superfície e, normalmente, interagem com o solo, sendo
que o padrão de irradiação é controlado por essa interação (Figura 9).

Figura 9 – Padrões de antena para dipolos na superfície do solo.


Modificado de Davis & Annan, 1989.

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a)

b)
Figura 10 - a) Padrão de Irradiação da antena e amplitude, à esquerda campo
Elétrico, à direita campo Magnético b) Padrão de Irradiação da antena com
blindagem, à esquerda campo Elétrico, à direita campo Magnético.

3.4 - O SOLO DO PONTO DE VISTA EM

Segundo Daniels et al. (1988), nos solos existem contribuições para a absorção da onda-EM,
tanto do efeito da condução quanto do efeito dielétrico. Não é possível separar essas duas componentes
de perda com medições de frequência única. Ainda segundo o autor, o solo não é somente uma mistura
de dielétricos e, mesmo quando se conhece a composição de uma amostra em termos de seus
componentes e propriedades individuais, isto, por si só, não é suficiente para definir sua natureza
dielétrica. O tamanho das partículas, a natureza eletroquímica de seus contornos e a distribuição do
conteúdo de água, física e quimicamente no interior da matriz do solo, afetam o comportamento do
mesmo com relação à onda-EM. O GPR, apesar de sua grande versatilidade e precisão, tem limitações
em função das características do terreno a ser analisado, principalmente em relação à condutividade
(Katzuo et al., 1995; Warner et al., 1990 e 1994). Em terrenos mais condutores, a profundidade de
penetração da onda é drasticamente reduzida (Figura 11).

Nos materiais geológicos a presença de água é um dos mais importantes fatores determinantes
das propriedades elétricas, de modo que suas propriedades dielétricas são primariamente controladas
pelo seu conteúdo de água (Telford et al., 1990). A molécula de água possui um momento dipolar
intrínseco, e isso faz com que tenha permissividade relativa alta à baixa freqüência. Ocorre, também,
que os íons dissolvidos na água aumentam o mecanismo de condução elétrica, influenciando na sua
resposta na presença de campo EM; em termos de aproximação, a condutividade é proporcional ao total
de sólidos dissolvidos na água – TDS (Annan, 1992).
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O solo pode ser definido como um sistema constituído da mistura de uma matriz de solo, ar e
água. A proporção da água e do ar nos espaços porosos da matriz pode variar enormemente as
propriedades elétricas do material. A equação da lei de Archie generalizada (Telford et al., 1990)
incorpora os mecanismos superficiais de condução e o termo de porosidade,

 = 𝑎. 𝑚 . 𝑆 𝑛 − 𝑤 + 𝑐 , (16)

na qual: m = porosidade; m = constante variando entre 1,3 e 2,5; a = constante (0,4 a 2,0); Sn = fração
de poros saturada com água; n = constante ( 2); w = condutividade nos poros com água; e c =
condutividade superficial dos grãos de solo. Com a equação (16) é possível estimar, a priori, a
condutividade de um solo e, assim, a provável atenuação do sinal de radar ao ser aplicado àquele.

Figura 11 – Tabela de valores típicos das constantes dielétricas, condutividades elétricas,


velocidades e atenuações, que são observadas em alguns materiais geológicos a 100 MHz.

3.5 - AQUISIÇÃO COM GEORADAR

A técnica GPR é similar, em princípio, à sísmica de reflexão. O radar produz pulsos


eletromagnéticos de altíssima frequência (10 - 1.000 MHz), que são transmitidos para o terreno através
de antena emissora. A propagação do sinal depende das propriedades dielétricas do solo no qual o sinal
− a onda eletromagnética − se propagará. O radar é sensível às variações de composição (ph, viscosidade,
temperatura etc.) dos fluidos intersticiais das rochas e às mudanças estruturais das mesmas, preenchidas
ou não com água (Davis e Annan, 1989). As mudanças nas propriedades dielétricas da rocha causam a
reflexão do sinal, que é captado pela antena receptora, na qual é amplificado, digitalizado e gravado.

Segundo Davis e Annan (1989), a velocidade e a atenuação da onda eletromagnética são fatores
que descrevem sua propagação no terreno. Esses fatores dependem das propriedades dielétricas e da
condutividade dos materiais presentes em subsuperfície e são de vital importância no processamento
dos dados para posterior interpretação.

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O modo mais usual de aquisição de dados com o GPR é o levantamento com antenas em
distância constante, conhecido como commom offset, nos quais o sistema é transportado ao longo de
uma linha (direção) mantendo-se uma distância fixa entre as antenas; desse modo, obtém-se um perfil
das reflexões versus posição (Figura 12a, b). O radar também pode ser usado de outras maneiras, tais
como: transiluminação (transillumination) – tomografia, múltiplos canais (CDP gather), CMP
(commom midpoint) − ponto médio comum, WARR (wide angle reflection refraction) – reflexão e
refração de alto ângulo.

O GPR permite a execução de perfis em modo contínuo ou descontínuo (“stack”); cada um


desses modos possui vantagens e desvantagens, as quais são devidas às características da operação e das
condições de aquisição.

b)
a)

c)
Figura 12 – a) Foto mostrando o trabalho de aquisição no modo afastamento-comum; b)
modelo geológico simplificado com posicionamento do GPR ao longo da linha no modo
descontínuo; b) radargrama sintético do modelo (Adaptado de Davis e Annan, 1989).

No modo contínuo, o conjunto de antenas (transmissora e receptora) é movido seguidamente ao


longo da linha de levantamento, utilizando como referência para a emissão da onda um mecanismo de
tempo ou um mecanismo de medição do trecho percorrido (Figura 13). Normalmente as antenas são
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colocadas em uma caixa (skidbox) para permitir a movimentação das mesmas em conjunto, mas, devido
às suas dimensões, as antenas colocadas nessa caixa devem ser as de freqüências mais altas − 200 MHz
ou acima −, uma vez que são antenas de dimensões menores, o que facilita a utilização do skidbox. Em
superfícies planas e sem muitos obstáculos, o modo contínuo é extremamente rápido e de fácil execução,
porém, em terrenos acidentados, torna-se operacionalmente difícil, aumentando consideravelmente o
tempo de execução.

No modo descontínuo, os dados são adquiridos em posições individuais, ficando as antenas


estacionadas momentaneamente em cada ponto de aquisição das medidas durante a emissão da onda.
Esse modo de aquisição é mais adequado a situações de terrenos ondulados ou a locais com pequenos
obstáculos que impedem utilização do skidbox.

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Figura 13 – Levantamento no modo contínuo com trenô e com o skidbox

Para melhorar a qualidade do sinal, faz-se uso da técnica de múltipla aquisição em cada ponto,
isto é, emitem-se “n” ondas para o solo em um curto período de tempo em cada ponto de aquisição; com
isto, espera-se aumentar a relação sinal/ruído, o que, em tese, melhora a qualidade do sinal adquirido no
campo (Annan, 1992).

Perfis 2-D, 3D tomografia poço a poço e superfície a poço

a)
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b) c)
Figura 14 – Esquemas de tomografias, a) em bancada, b) poço a poço, c) bloco

De acordo com Annan (1992) e Mala Geoscience (1997), os principais parâmetros a serem
definidos para o levantamento common offset, perfil simples, são:

3.5.1 - frequência central da antena

- A seleção da frequênciacentral não é muito simples, pois, existe nessa seleção um


compromisso intrínseco entre profundidade de penetração e resolução; basicamente, deve-se
selecioná-la em função

- da resolução vertical desejada:

- a resolução vertical está relacionada com a possibilidade de se separar eventos


em profundidade, isto é, de se poder reconhecer no radargrama (seção de radar)
o sinal referente a dois refletores em profundidades diferentes. Isso requer que a
duração em tempo do envelope do pulso seja menor que duas vezes a distância
em tempo entre os dois eventos. Para a definição de estruturas superficiais deve-
se utilizar antenas de maior freqüência, perdendo-se, no entanto, profundidade de
penetração da onda devido ao fato de o solo funcionar como um filtro (Davis e
Annan, 1989). Deve-se selecionar a resolução considerando a possível
profundidade dos refletores de interesse e a distância entre eles. Assumindo que
a razão entre a frequênciacentral e a largura da banda seja 1 (um), pode-se
relacionar a restrição à frequência central (Fc) na forma:

75
𝐹𝐶𝑅 > .𝑍. MHz; (17),
√𝐾

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sendo “Z” a separação espacial a ser resolvida em metros, e “K” a constante


dielétrica (ou permissividade relativa).

Figura 15 – Traços com diferentes comprimentos de onda que incidirão sobre as


superfícies do modelo geológico ao lado

- da influência do clutter:

- esta se refere às reflexões do sinal do radar ao incidir nas pequenas


heterogeneidades presentes nos solos e nas rochas. A resposta do sinal, devido às
feições de pequena escala (acamamentos finos, pequenas fraturas e juntas etc.),
aumenta rapidamente com o aumento da freqüência, o que obscurece as feições
de interesse. Para evitar essa possibilidade, deve-se minimizar a quantidade de
energia espalhada pelas feições ínfimas, utilizando um sinal com comprimento
de onda maior que as dimensões médias das pequenas heterogeneidades (clutter).
Quando as dimensões do alvo são próximas às dimensões do clutter, a correta
identificação de feições da subsuperfície fica prejudicada.

- da profundidade de sondagem:

- deve ser escolhida de modo que a energia possa incidir sobre o refletor e retornar
com amplitude (energia) suficiente para ser captada pelo sistema. Outro aspecto
a ser considerado relaciona-se às características do alvo, ou alvos, quando estes
estão muito próximos para que possam ser detectados pelo GPR. Como referência
podem ser utilizadas tabelas derivadas da experiência de campo, quando as
informações anteriores sobre as características dielétricas do meio a ser sondado
não estão/são disponíveis (Annan, 1992; Davis e Annan, 1989; e outros).
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Figura 16 – Radargramas obtidos com diferentes antenas, 25 e 50 MHz,


respectivamente. A seta vermelha mostra o refletor numa profundidade
maior no primeiro radargrama ( Modificado de Bristow, 1994)

3.5.2 - Janela de tempo

- A janela de tempo deve ser estimada baseando-se na profundidade esperada do alvo e nas
propriedades elétricas do meio, de modo que o sistema capte as ondas que se propagam de
volta após refletir no alvo, captando todas as informações possíveis antes que o sistema cesse
a amostragem do sinal. Uma janela de tempo muito longa faz com que se perca espaço de
memória de computador desnecessariamente; por outro lado, numa janela de tempo
excessivamente pequena o sistema pode interromper a aquisição dos dados antes que as
reflexões provenientes do alvo atinjam a antena receptora (superfície). Alguns sistemas de
GPR não utilizam a definição da janela de tempo como uma função isolada, e sim acoplada
com a escolha da velocidade da onda EM no meio, ou então na definição das propriedades
dielétricas da subsuperfície, na parametrização dos dados de aquisição.

3.5.3 - Intervalo de amostragem temporal

- Um dos parâmetros importantes para a configuração do sistema no levantamento é a escolha


do intervalo de amostragem dos pontos da onda registrada (recebida). Esse intervalo é função
da frequência de Nyquist, isto é, deve ser, no mínimo, metade do período da mais alta que o
sinal recebido possui. Devido à razão entre a largura da banda e a frequência ser igual à

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unidade, e para se contar com uma margem de segurança, a relação para o intervalo temporal
a se utilizar como referência é dada por (Annan, 1992):

T=1000/(6.𝐹𝐶 ) , (18)

sendo “Fc”a frequência central em MHz e “T” o intervalo de amostragem em “ns” (nano-
segundos).

3.5.4 - Espaçamento entre as estações

- A seleção do espaçamento entre as estações, ao se utilizar o levantamento de radar em modo


discreto (espacialmente), está relacionada com a frequência central da antena e com as
propriedades dielétricas da subsuperfície. Para se assegurar que a resposta do terreno não
esteja espacialmente em alias, o intervalo de amostragem de Nyquist não deve ser excedido.
Esse intervalo é definido como um quarto do comprimento de onda no material:

𝑐 75
𝑥 = 4.𝐹 = por metro; (19)
𝐶 .√𝑘 𝐹𝐶 −√𝑘

se o intervalo de amostragem for superior à frequência de Nyquist espacial os dados não


definirão adequadamente os refletores inclinados (mergulhantes) ou os lobos das difrações.
Por outro lado, em áreas com refletores planos, esse intervalo não exercerá muita influência
na amostragem, entretanto, no levantamento de detalhe − de feições reduzidas em tamanho
−, corre-se o risco de amostrá-las inadequadamente. Contudo, sob o ponto de vista prático,
ao se reduzir o intervalo de amostragem, o volume de dados e o tempo de aquisição crescem
consideravelmente, e não adianta muito ter uma feição extremamente amostrada se metade
(ou talvez um terço) dos dados já seria suficiente para se reconstruir (interpretar)
corretamente a feição de interesse. Desse modo, o intervalo de amostragem deve ser
cuidadosamente definido em função do tipo de alvo e de suas características espaciais.
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a) b)

c)
Figura 17 – Radargramas adquiridos com espaçamentos diferentes: a) 1,0; b ) 0,5 e c) 0,25 m.
3.5.5 - Espaçamento entre as antenas

- Os sistemas de GPR, normalmente utilizam duas antenas, uma para transmitir e outra para
receber o sinal (bistatic operation). A possibilidade de se utilizar espaçamentos diferentes
com a mesma antena é uma ferramenta útil na otimização de levantamentos para a detecção
de alguns tipos de alvos. Para maximizar o acoplamento no alvo, as antenas devem ser
espaçadas de modo que o pico da refração fique focalizado no ponto comum em
profundidade que se está sondando para um determinado espaçamento entre as antenas,
devido ao fato da propagação máxima da onda estar relacionado com o ângulo crítico da
interface solo-ar (Annan et al., 1975); uma estimativa pode ser dada por:

2 . 𝑝𝑟𝑜𝑓𝑢𝑛𝑑𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒
𝑆= (20)
√𝐾−1

Por outro lado, aumentando-se o espaçamento entre as antenas dificulta-se o aparecimento


do efeito de transmit pulse blanking, ou seja, o efeito de distorção ocasionado pela
impossibilidade de se detectar eventos rasos porque o sistema pode estar captando a onda
emitida pela antena transmissora juntamente com a chegada de reflexões rasas e, sendo a
amplitude desta última muito menor que a da onda aérea, as reflexões não serão corretamente
captadas. Portando, deve-se adotar uma distância mínima correspondente à metade do
comprimento de onda da frequência central da antena. Em meios nos quais a onda é muito
atenuada, deve-se considerar o efeito dessa atenuação sobre o caminho da onda ao se utilizar
uma separação grande entre as antenas, de modo que o sinal tenha energia suficiente para
retornar à superfície e ser captado pelo sistema. Deve-se considerar, também, o aspecto

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logístico de operação do sistema, principalmente em locais que apresentam restrições em


relação ao espaçamento entre as antenas.

3.5.6 - Posição e espaçamento entre as linhas

- A posição das linhas e o espaçamento entre as mesmas são fatores importantes no


planejamento do levantamento com radar. Deve-se utilizar um padrão de coordenadas para
o posicionamento das linhas e das estações, de modo a permitir o conhecimento preciso do
local onde os dados foram adquiridos. Geralmente, as linhas são planejadas para serem
executadas perpendicularmente à direção principal do alvo para diminuir a quantidade das
mesmas. O espaçamento entre as linhas depende da variação lateral das propriedades do alvo.
Nos locais onde estas variam pouco, as linhas podem ser distanciadas ao máximo, reduzindo
assim o seu número e o tempo de aquisição de dados. De todo modo, a localização, a
orientação e o espaçamento entre as linhas devem ser definidos de tal modo que maximizem
a detecção do alvo de interesse.

3.5.7 - Orientação das antenas

- Normalmente as antenas dipolares são orientadas de modo que o campo elétrico fique
polarizado paralelamente ao longo do eixo da direção principal do alvo. Esta é a situação
mais usual, porém, deve-se testar outras orientações (em linha, perpendiculares e outras)
visando à redução do nível de ruído local, melhoria na qualidade dos dados, possibilidade
de eventos laterais etc. (Annan, 1992). Esse fator não é considerado como essencial,
contudo, não deve ser completamente descartado quando se planejam os trabalhos de
campo.
Apostila GPR 2019.

Figura 18 – Padrões de configurações de antenas

Figura 18b. Ilustração das componentes da onda EM com as antenas com orientação paralela.

3.6 - OBTENÇÃO DO PERFIL DE VELOCIDADE

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Paulo Roberto Antunes Aranha – IGC/UFMG

Os modos de aquisição de dados CMP e WARR são os modos eletromagnéticos equivalentes


da sísmica de refração na obtenção da velocidade do sinal com a profundidade (Figura 3.6). A onda-
EM, ao se propagar pela subsuperfície, incide sobre as superfícies com diferentes características
dielétricas, refletindo de volta para a superfície – Onda Refletida −; ela também se propaga logo abaixo
da superfície do solo, indo diretamente para a antena receptora sem sofrer reflexão ou refração – Onda
Direta. A onda ascendente, ao incidir na interface solo/ar, é refratada criticamente, propagando-se no ar
logo acima da superfície do solo – Onda Aérea Criticamente Refratada.

Figura 19 – Modelo simplificado de duas camadas, mostrando as ondas presentes


durante a execução de levantamento com o GPR. A onda sendo gerada no contato
entre a superfície e o ar. (Modificado de Davis e Annan, 1989).

A técnica CMP consiste em se movimentar as antenas conjuntamente em intervalos iguais


(x/2) em relação a um ponto fixo central, sendo x o intervalo de amostragem espacial (Figura 3.7).
Na técnica WARR, uma das antenas permanece fixa em uma posição no terreno, e a outra é deslocada
com um espaçamento x em relação à antena fixa. A separação máxima de sondagem deve ser, pelo
menos, equivalente a uma ou duas vezes a profundidade do alvo (Annan, 1992). As ondas diretas, aéreas
e refratadas criticamente apresentam um caráter linear, isto é, apresentam dependência linear com a
separação das antenas.
Apostila GPR 2019.

Figura 20 – Diagrama mostrando a execução de um perfil CMP. (Modificado de Annan, 1992)

A técnica CMP, teoricamente, é a mais apropriada devido ao fato da reflexão do sinal, em


subsuperfície, acontecer em uma área “fixa”, o que não ocorre com a técnica WARR, porque nesta, à
medida que se afasta em relação a um ponto fixo, o ponto de sondagem em profundidade desloca-se na
direção da antena que se move.

A obtenção da velocidade de propagação da onda-EM na subsuperfície e da profundidade do


refletor está baseada na técnica desenvolvida para levantamento sísmico proposta por Green (1938),
conhecida como método x2–t2, que se baseia no Normal Move-Out. Para isso, utiliza-se as equações para
reflexão:

𝑇𝑡 = 𝑇𝑑 + 𝑇𝑠 (21)

que significando que o tempo total de trânsito da onda “Tt” é igual á soma dos tempos de descida “Td”
(onda incidente) e subida “Ts” (onda refletida) dividido pela velocidade de propagação da onda no meio;
tem-se então que:
1
𝑥 2 2
2
𝑇𝑑 = 𝑇𝑠 = [(2) + 𝑑 ] , (22)
1
(𝑥 2 +4𝑑 2 )2
e 𝑡= ; (23)
𝑉

elevando ao quadrado ambos os membros da equação (23), tem-se:

𝑥 2 +4𝑑 2 𝑥
𝑡2 = = 𝑇0 + , (24)
𝑉2 𝑉2

que representa uma função linear. Fazendo-se a plotagem em um gráfico com escala 𝑥 2 − 𝑡 2 dos vários
pontos de dados, obtém-se os pontos alinhados. A inclinação da reta que passa por estes pontos fornece
o inverso do quadrado da velocidade, o ponto t0 é encontrado projetando-se a reta até encontrar o eixo
das ordenadas (t2). A profundidade é definida como:
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Paulo Roberto Antunes Aranha – IGC/UFMG
𝑡0 𝑉
𝐷= ; (25)
2

sendo a constante dielétrica definida como:

0,15
 = ((𝑡 2
) (26)
0 𝑑)

3.7 - PROCESSAMENTO DO SINAL

O processamento dos dados de radar tem como objetivo melhorar a qualidade dos dados obtidos
no campo, para que a interpretação das imagens tenha melhor precisão e maior correspondência com a
realidade. Normalmente o processamento envolve três estágios: a) edição; b) processamento básico; c)
processamento avançado (Interpex, 1996). Esses estágios podem ser visualizados no fluxograma da
figura 3.8, no qual se percebe que, após o processamento básico, pode-se obter uma imagem com
qualidade tal que permita uma interpretação segura e, assim, a elaboração de um modelo da
subsuperfície. Os dados de GPR são usualmente tratados como uma grandeza escalar, contudo, o campo
eletromagnético, que é a base do método, é uma grandeza vetorial. Desse modo, os dados são mais
análogos aos dados de reflexão sísmica de onda “S” (cisalhante) que de onda “P” (compressional).
Entretanto, as técnicas de processamento de dados para as ondas “P” são utilizadas a partir da adaptação
de programas destinados ao processamento de dados sísmicos para o processamento de dados de GPR
(Fisher et al., 1992a e 1992b; Maijala, 1992; Rees e Glover, 1992; Young e Sun, 1995).

3.7.1 - Edição dos dados

- A rotina de obtenção dos dados de radar ocasiona, muitas vezes, o aparecimento de erros na
aquisição, tais como a emissão da onda antes que as antenas estejam apoiadas no solo − ou
em lugar correto ou, ainda, sem a correta distância entre elas. A edição compreende a
organização dos dados, a correção deles (retirada de traços incorretamente adquiridos, traços
redundantes), a concatenação de arquivos obtidos de perfis seqüenciais, a inclusão das
informações de topografia, o posicionamento das linhas, as inflexões das linhas etc; edição
do cabeçalho dos arquivos, reversão da direção dos perfis (quando desejado), inclusão de
comentários nos arquivos de dados, mudanças na polaridade dos traços (quando desejado).
Apostila GPR 2019.

Figura 21 – Fluxograma do processamento de dados de GPR.

3.7.2 - Processamento básico

- Envolve manipulações fundamentais aplicadas aos dados para torná-los produtos mais
aceitáveis para a interpretação inicial e para a avaliação dos dados. Essa manipulação
compreende:

a) Decliping − devido ao fato de a maioria dos instrumentos de radar registrarem os


dados no formato inteiro de 16 bits, e também devido às amplitudes das ondas aéreas e
diretas terem muito mais energia (amplitude) que as ondas refletidas, a forma da onda
nas primeiras amostras podem estar clipadas, isto é, acima de uma determinada
amplitude elas são cortadas. A função decliping recupera a forma da onda realizando a
interpolação dos dados. Esta função deve ser aplicada antes da filtragem.

b) Filtragem DC (Dewow) − é uma filtragem para remoção dos componentes de


baixíssima frequência presentes nos dados; esses componentes estão associados aos
fenômenos de indução ou aos limites eletrônicos da instrumentação na manipulação dos
dados durante a aquisição. Esses ruídos tipicamente ocorrem como resultado da
saturação dos instrumentos eletrônicos quando do registro das ondas aéreas e diretas,
normalmente é o segundo estágio no processamento.

c) Marcação do “tempo zero” − identificação nos dados do tempo de referência com


relação à superfície do terreno; isso é realizado identificando-se o tempo inicial de
chegada da onda direta.

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Paulo Roberto Antunes Aranha – IGC/UFMG

Figura 22a - Radargramas sem marcação do Figura 22b - Radargramas com marcação do
tempo zero tempo zero

d) Ganhos temporais − o sinal de radar é rapidamente atenuado em sua propagação pelo


subsolo. Existem vários tipos de filtros temporais que aplicam ganhos aos dados; são
eles: lineares, exponencial, exponencial esférico, constante e AGC (automactic gain
control). Este último é muito utilizado apesar de “destruir” as relações de amplitude na
seção, não permitindo aplicação de técnicas de interpretação baseadas na variação da
amplitude − AVO (amplitude versus offset). As reflexões provenientes de grandes
profundidades têm pouquíssima amplitude (mais fracas); inversamente, as reflexões
provenientes dos refletores mais superficiais têm amplitudes mais fortes. Para a
visualização desses refletores mais profundos deve-se aplicar ganho variável com
profundidade para que aquelas reflexões com amplitudes mais fracas (que sejam de
interesse) sejam visualizadas conjuntamente com as reflexões mais fortes. Uma forma
de equalizar essas amplitudes é escolher uma janela de tempo na qual as amplitudes do
sinal sejam normalizadas em relação à máxima amplitude − AGC. Esse procedimento
é executado ao longo de todo o traço.
Apostila GPR 2019.

Figura 23a - Radargrama com Ganho Linear

Figura 23b – Radargramas com ganho AGC


3.7.3 - Processamento avançado

- Após a execução do processamento básico, a imagem obtida serve de parâmetro na definição


da estratégia para se melhorar a qualidade. Essa estratégia consiste em escolher os próximos
passos no processamento, de acordo com os objetivos ou com os interesses na imagem que
se deseja realçar para facilitar a interpretação. Essas etapas normalmente consistem de:

a) Deconvolução − embora seja também uma filtragem, a deconvolução é tratada


separadamente, em função de utilizar as características e parâmetros da onda emitida

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Paulo Roberto Antunes Aranha – IGC/UFMG

para a execução da filtragem. É muito utilizada no processamento de dados sísmicos,


mas pouco utilizada nos dados de radar.

b) Migração – é uma técnica de processamento que consiste em aplicar um operador


matemático ao longo da seção a fim de reposicionar os eventos, que aparecem na seção
de radar, no lugar correto em tempo ou em profundidade. Apesar de ser uma ferramenta
muito útil na melhoria da qualidade das seções de radar, para ser eficiente necessita que
se tenha um perfil de velocidade da área com boa precisão, o que nem sempre é possível
em razão de diversos fatores. Além disso, é uma técnica que requer grande performance
computacional, o que nem sempre está disponível. Existem várias técnicas de migração,
entre elas, destacam-se: migração no domínio do tempo, no domínio da freqüência, pré-
empilhamento, pós-empilhamento, em profundidade etc. (Fisher et al., 1992b; Botelho
e Mufti, 1995; Pestana e Botelho, 1997; e outros).

Figura 24a - Radargrama sem migrar

Figura 24b – Radargrama migrado


c) Análise de velocidade – consiste em determinar a velocidade, ou o perfil de
velocidade, a partir dos perfis CMP’s ou WARR’s. Normalmente vale-se de programas
adequados para a elaboração do perfil de velocidade em profundidade (tempo), ou da
velocidade média. Existem várias técnicas desenvolvidas para o processamento de
Apostila GPR 2019.
dados sísmicos que podem ser utilizadas para os dados de radar (Fisher et al., 1992a; e
outros).

Figura 25a – CMP obtido com Figura 25b – Perfil de velocidade


antena de 100 MHz
d) Correção estática – consiste na utilização do perfil de velocidade, ou da velocidade
média, para corrigir o perfil de radar em relação à topografia do terreno.

Figura 26 – Radargrama ao longo de um alvéolo, Gouveia MG. 2003


e) Conversão em profundidade – consiste em converter o perfil de radar, que é obtido
em tempo x posição, em perfil de profundidade x posição, utilizando o perfil de
velocidade ou a velocidade média obtida para a área.

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Paulo Roberto Antunes Aranha – IGC/UFMG

3.7.4 - Interpretação

- A interpretação dos radargramas, após a execução do processamento, é o ponto culminante


da aplicação geofísica. A interpretação deve ter como baliza os objetivos que levaram à
utilização do radar no estudo de um problema específico e o modo como as estruturas da
subsuperfície possam aparecer nas seções. Isto é, os refletores planos da subsuperfície
aparecem como lineamentos na seção, os pontos de interrupção de camadas, ou mesmo
tubulações enterradas, aparecem como hipérboles de difração. Pode-se resumir que, para a
execução de uma interpretação consistente, o intérprete deve (Annan, 1992):

1 - ter um bom conhecimento sobre a geologia/geomorfologia da área;


2 - desenvolver (conhecer/obter) um modelo geológico/geomorfológico da subsuperfície;
3 - organizar os dados em conjunto para poder correlacioná-los com os mapas do local;
4 - obter um perfil (velocidade média) com boa aproximação para área;
5 - estimar qual a possível resposta do radar para o problema em estudo;
6 - correlacionar os dados obtidos com a geologia/geomorfologia;
7 - plotar os dados em mapas;
8 - ter em mãos dados provenientes de furos de sonda no local de estudo para aferir a seção
de radar obtida.

O produto final do levantamento com GPR, após o processamento, são radargramas,


constituindo seções semelhantes às obtidas pela sísmica de reflexão. Na sua interpretação procura-se
visualizar a geometria, o mergulho, o posicionamento, as relações entre os refletores e várias outras
características das estruturas presentes na subsuperfície.

Radares subterrâneos colocam problemas interessantes no projeto das antenas. De modo


diferente de um radar atmosférico, um radar subterrâneo deve incluir em seu caminho de transmissão na
perda, dielétrica e não homogênea a qual em alguns casos pode também ser anisotrópica. Os alvos
podem ser planares ou ter alguma outra forma bem definida; eles são geralmente de maior extensão que
a pregada da antena. Isto tem levado ao projeto de antenas casados com ambas as características do meio
de propagação e as da forma geométrica do alvo. As características de propagação do material afetam a
forma do espectro transmitido para uma profundidade de resolução requerida e uma profundidade de
penetração.

A dificuldade de utilização de uma única antena para ambas as funções de transmissão e


recepção surge porque chaves suficientemente rápidas não estão acessíveis para proteger o receptor da
potência transmitida. Esta é a principal razão porquê equipamentos de radares subterrâneos empregam
antenas separadas para transmissão e recepção. O nível de acoplamento cruzado é, portanto, um
Apostila GPR 2019.
parâmetro crítico. A configuração física da antena é também importante, já que o meio de propagação e
o alvo podem muito frequentemente estar no campo reativo e na região de radiação de campo próximo;
por isto a interação entre a antena, o meio e o alvo causam modificação de ambas as características da
antena e as assinaturas do alvo e devem ser levadas em consideração no processo de projeto.

Em geral, antenas independentes da frequência são características como segue:

a) excitação da antena da extremidade na qual altas frequências são radiadas.

b) Uma região de transmissão formada pela parte inativa da antena entre o ponto do
alimentador e a região ativa. Esta região deve produzir uma radiação desprezível.

c) Uma região ativa da qual a antena radia fortemente devido a desejável combinação da
magnitude e fases da corrente.

d) Uma região inativa ou reflectiva além da região ativa. É essencial que haja um rápido
decaimento da corrente dentro e além da região ativa. Antenas eficientes atingem estas
características por meio de radiação na região ativa ao passo que projetores menos eficientes
(bandalarga) usam técnicas de carregamento resistivo para alcançar as características
desejadas.

Uma geometria definida inteiramente pelos ângulos, como: equi-angular-planar espiral, cônico
espiral e dipolo bi-cônico. Estas antenas retêm\ mantêm sua performance sobre um conjunto de faixas
de frequências pelas suas dimensões limitadas e propicia que a resposta ao impulso estendido possa ser
aceita, o que prova ser extremamente útil. Estruturas log-periódicas não são inteiramente definidas em
termos de ângulos, mas constituem uma banda larga adequada quando a razão de alta-transformação
está próxima da unidade.

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Paulo Roberto Antunes Aranha – IGC/UFMG

Geotecnia – Talude em Rio Acima (Parizzi, 2004)

Presença de Água na Superfície (Lama) – Holcim – Dezembro/1999.


Apostila GPR 2019.

Influência de Ferragens no passeio – Figura de baixo. No alto,


perfil na via ao lado do passeio

Carstificação – Santana do Riacho – MG, Dezembro 1998.

Colúvio - Embrapa – Sete Lagoas, MG.

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Paulo Roberto Antunes Aranha – IGC/UFMG

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