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A PSORÍASE: TRATAMENTO PELA FISIOTERAPIA


DERMATO FUNCIONAL – REVISÃO DE LITERATURA

PSORIASIS: TREATMENT FOR DERMATO FUNCTIONAL PHYSIOTHERAPY –


REVIEW OF THE LITERATURE

Sylvia Beatriz Alesse Carvalho1


Deborah Ariza2
Naudimar Di Pietro Simões3

Resumo: A psoríase é uma doença crônica inflamatória da pele que atinge ambos os
sexos em qualquer década de vida. Não foi encontrada sua cura, mas se sabe que possui
aspectos com envolvimento genético, imunológicos e fatores ambientais. Tem impacto
negativo na qualidade de vida de seus portadores e, portanto, busca-se a remissão do
quadro através de recursos terapêuticos utilizados pela Fisioterapia Dermato Funcional.
Objetivos: Revisão de literatura sobre a psoríase e os mais comuns tratamentos
realizados pela Fisioterapia Dermato Funcional para a sua remissão. Métodos: estudo de
revisão bibliográfica. Resultados: não foi encontrado na literatura nenhum artigo sobre
psoríase e o seu tratamento pela Fisioterapia Dermato Funcional, somente existindo
citações, quanto a este último em trabalhos destinados a dermatologistas e psicólogos.
Conclusões: Sugere-se que sejam realizadas novas pesquisas com vista a descobertas ou
validações de novos tratamentos para o uso fisioterapêutico no que diz respeito à
psoríase.

Palavras-chave: Psoríase, tratamento, Dermato Funcional

Abstract: Psoriasis is a chronic inflammatory skin disease that affects both sexes in any
decade of life. Not found your healing, but if you know who owns genetic,
immunological aspects with involvement and environmental factors. Have negative
impact on quality of life of its carriers and therefore search-if the remission of the frame
through therapeutic resources used by the Dermato Functional Physiotherapy. Goals:
review of the literature about psoriasis and the most common treatments performed by
Dermato Functional for the remission of psoriasis. Methods: the study of literature
review. Results: has not been found in literature no article about psoriasis and its
treatment by functional, only existing Dermato Functional citations, on the latter, work
to dermatologists and psychologists. Conclusions: It is suggested that further research
be conducted with a view to discoveries or validations of new treatments for using
physiotherapeutic device with respect to psoriasis.

Key words: Psoriasis, treatments, Dermato Functional.

1
Fisioterapeuta, aluna de pós-graduação nível em especialização em Dermato Funcional do Instituto Brasileiro de
Therapias e Ensino - IBRATE.
2
Fisioterapeuta, Mestre em Farmacologia (UFPR), professora do Instituto Brasileiro de Therapias e Ensino –
IBRATE.
3
Fisioterapeuta, Mestre em Tecnologia em Saúde (PUC), coordenadora e professora do Instituto Brasileiro de
Therapias e Ensino – IBRATE.
2

1. INTRODUÇÃO

Definida como toda e qualquer alteração das mucosas, pele e seus anexos¹, as
dermatoses, por serem aparentes e atingirem uma das partes mais expostas e visíveis do
corpo, qual seja, a pele, provocam impacto na vida emocional, nos relacionamentos e
nas atividades de vida diária dos seus portadores. Prejudicam a autoimagem, e podem
levar a um quadro de depressão e ansiedade2,3. Pessoas portadoras de tais afecções não
se enquadram nos padrões estéticos atuais que são definidos por um determinado grupo
social, que preconiza mais a beleza exterior do que outras características de
personalidade, sendo elas então, expostas a preconceitos e estigmas por parte da
população que acredita e busca os padrões impostos de beleza4,5.
A psoríase é uma dessas afecções e, segundo Borelli6, é uma doença crônica
inflamatória da pele, eritêmato-descamativa e de caráter recorrente. Benigna, não
contagiosa, sem cura, têm suas manifestações clínicas e gravidade variáveis7,8. Atinge
de 1 a 3% da população mundial, havendo somente no Brasil a estimativa de que haja
mais de três milhões de portadores de tal afecção9,3,10. O componente inflamatório
crônico da psoríase pode conduzir a um quadro de alterações metabólicas e
cardiovasculares. Tem sido associada com fatores de risco para síndromes metabólicas
como: diabetes tipo II, dislipidemia, hipertensão e obesidade11.
Além do desconforto físico decorrente dos sintomas causados pela psoríase,
dentre eles o prurido, descamações e as lesões na pele, a mesma leva seus portadores a
sofrerem, como em toda dermatose, com o preconceito daqueles que não conhecem a
doença e acreditam que ela é contagiosa. Devido a isso não compartilham abraços,
apertos de mão, não se sentam próximos, bem como não utilizam os mesmos objetos
que foram usados por algum portador da psoríase4,12. Seus portadores, principalmente
crianças e adolescentes, sofrem com os prejuízos psicológicos e evidente
comprometimento da qualidade de vida13. Estudos realizados por Mingorance14 relatam
que as atividades de vida diária, trabalho e a prática de atividades físicas são as áreas
mais vulneráveis para quem tem a doença e quanto maior for a área afetada do seu
corpo e menor a idade desse paciente, menor é a sua qualidade de vida. Raiva,
vergonha, ansiedade, maior consumo de álcool e tabaco e a depressão são alguns dos
sentimentos exacerbados quando ocorre o surto da doença5.
Devido aos problemas enfrentados por seus portadores, sejam eles psicológicos,
físicos e ou estéticos, é que se mostra a necessidade de priorizar os estudos das doenças
3

dermatológicas, de modo que sejam alcançados os objetivos de melhora na qualidade


de vida e remissão dessas enfermidades5. Encontra-se na Fisioterapia Dermato
Funcional um caminho para atingi-los, haja vista que ela tem a sua atuação na
prevenção e recuperação física funcional dos distúrbios endócrino-metabólicos,
dermatológicos e músculos-esqueléticos15. A partir desta definição, tem-se que a
psoríase se enquadra dentro das disfunções que podem e devem ser tratadas por essa
especialização, justamente por ser uma doença de cunho dermatológico. Quando há a
remissão da doença, o paciente reestrutura seu lado emocional, até então, abalado.
Poucos estudos se fazem atuais com relação aos tratamentos, a etiologia e a
fisiopatologia da psoríase. Encontram-se nas bases da internet ou em revistas científicas,
vários artigos de uma, duas décadas atrás, o mesmo ocorrendo com os livros. Tal
panorama passa ao leitor pouca confiança, haja vista que ditas publicações, porque
desatualizadas, fazem o leitor questionar a idoneidade do conteúdo lá descrito.
A motivação para a realização desse trabalho se deve ao fato da psoríase ser uma
doença que pode ser tratada pela Dermato Funcional devido, repita-se, ao seu cunho
dermatológico e serem escassos os estudos sobre a matéria.
O objetivo geral deste estudo foi revisar os mais comuns tratamentos realizados
pela Fisioterapia Dermato Funcional para a remissão da psoríase, sendo os objetivos
específicos: revisar as manifestações clínicas, os aspectos etiológicos da psoríase e
descrever seus tipos.

2. REVISÃO DE LITERATURA

Datado de 1550 a.C, o Papiro de Ebers foi o primeiro documento a trazer a


descrição e o tratamento para a psoríase. Lesões características da doença foram
encontradas em corpos mumificados no início da Era Cristã. Celsus (25 a.C.-45 d.C.)
também fez breves relatos sobre ela. Hipócrates (460-375 d.C.) a relatou como uma
lesão de erupção escamosa, a qual chamou de lopoi. Galeno (133-200 d.C) foi quem
denominou a doença como psoríase, palavra derivada do grego psoriasis que significa
erupção sarnenta. Desde essa época até o final do século XVIII era confundida com a
hanseníase e todo o preconceito que havia pelos portadores desta doença acometeu os
portadores da psoríase. No início do século XIX, Willian fez um minucioso estudo
4

sobre a patologia, na qual foram descritos suas características e seus diferentes tipos.
Em 1818, Alibert percebeu a associação da doença com o comprometimento articular, a
psoríase artropática. Mas somente em 1841 é que Ferdinand Von Hebra fez a separação
definitiva da psoríase e da hanseníase descrevendo as diferenças entre as duas
doenças13,16,3.

2.1 MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS

Segundo o Consenso Brasileiro de Psoríase17,as manifestações da psoríase (seja


ela uma única pápula ou uma extensa placa) se caracterizam por apresentar eritema,
escamação e elevação. O eritema será vermelho vivo, claro ou rosa intenso, podendo ser
nos membros inferiores de cor violácea. As escamas são branco prateadas, estratificadas
e seu acúmulo pode fazer com elas tenham a cor acinzentada ou amarelada. São elas
removidas por tratamento ou pelo ato de coçar, no qual revela o sinal característico de
sangramento puntiforme5.
Ainda no Consenso17, há a citação de que as lesões são semelhantes entre si e
elas mostram as mesmas alterações em todos os seus pontos. As lesões são bem
demarcadas, com bordas nítidas, fator este que se perde com o progresso do tratamento.
Alguns pacientes podem apresentar prurido.
Afeta mais frequentemente a superfície extensora dos cotovelos, dos joelhos e
troncos, bem como o couro cabeludo, áreas lombossacras, unhas e o sulco interglúteo,
cabendo salientar, entretanto, que qualquer área cutânea pode ser atingida e em
existindo a generalização por toda a pele, há a denominação de psoríase eritrodérmica
5,18
. Halo ou anel de Woronoff pode ser observado ao redor das lesões, formando uma
área pálida, decorrente de uma provável constrição vascular19.
Normalmente, a doença não causa complicações mais sérias. Porém, em alguns
casos, pode causar calafrios, vermelhidão dolorosas, rachadura da pele ao redor das
articulações e formação de grandes áreas de pele descamada. Na maioria das vezes
apenas a pele é acometida, não tendo alcançando outros órgãos ou sistemas5.

2.2 HISTOPATOLOGIA E MORFOLOGIA


5

Mesmo com o avanço da tecnologia, a causa da psoríase ainda é desconhecida.


Pode atingir ambos os sexos, em qualquer idade, sendo mais freqüente nas segundas e
terceiras décadas de vida4.
É uma doença inflamatória crônica da pele e inclusive das articulações,
imunomediada, caracterizada por complexas alterações no crescimento, diferenciação
epidérmica e muitas anormalidades imunológicas, vasculares e bioquímicas. Também
há a relação não compreendida entre a psoríase e os problemas emocionais, que
frequentemente leva ao seu surgimento ou ao seu agravamento, podendo ser citado o
estresse, o uso de alguns medicamentos e mudanças climáticas como fatores
desencadeadores. De todos que são portadores de psoríase, 30% delas tem histórico de
familiares com a mesma doença13,20.
A histopatologia da psoríase é caracterizada por paraceratose (produção de
escamas sem tempo necessário para haver a descamação normal), ausência de
granulose, acantose regular dos cones interpapilares, atrofia das áreas suprapapilares,
presença de polimorfonucleares (imediatamente abaixo do estrato córneo paraceratótico
e entre as células epidérmicas, que estão edematosas). Frisa-se, ainda, que pequenas
coleções de neutrófilos configuram a pústula espongiforme de Kojoj. A presença destes
neutrófilos agregados em meio a células paraceratósicas ou nas camadas mais
superiores da epiderme (camadas granulosa e espinhosa) são sempre encontrados21,22,10.
Para Azulay23 a psoríase é considerada como uma doença inflamatória mediada
pelo linfócito T. A epiderme tem sua proliferação de forma lenta, mas, se necessário,
mostra rápida redução no tempo do turnover celular, observado na cicatrização de
feridas quando há hiperproliferação dos queratinócitos, causando sua imaturidade e
queratinização incompleta e, portanto, uma grande produção de escamas (paraceratose),
não havendo tempo para a descamação das células mortas, as quais se acumulam e
formam as lesões típicas da doença. Na psoríase, o ciclo da epiderme tem aumento em
duas vezes, sendo assim, o queratinócito que se encontra na camada basal encurtam o
período de chegada nas camadas superiores, o que mormente ocorre em 28 dias, para
aproximadamente 2 a 4 dias15. A velocidade de mitose é de 100 horas na psoríase,
enquanto na pele normal é de 200 horas. Essa formação exagerada de queratinócitos
leva a formação de proteínas marcadoras de queratinização, tais como a involucrina,
queratolinina e a trasnsglutaminase-1. A hiperproliferação dos queratinócitos é
estimulada pelas citocinas liberadas pelos linfócitos T e pelos próprios queratinócitos.
6

Haveria um sinalizador no queratinócito que desencadeia uma resposta exagerada, seja


por agentes internos (mediadores inflamatórios) ou agentes externos (traumas)
provocando a infiltração de células T inflamatórias ou a expressão de antígenos que
estimulariam as células T de memória21,19,3,24.
As escamas em placas que recobrem as lesões são células mortas e a
vermelhidão das mesmas é devida ao aumento da irrigação sanguínea no local da lesão
para auxiliar, mesmo que indevidamente, o crescimento acelerado das novas células15,25.

2.3 TIPOS DE PSORÍASE

Podem ser descritos vários tipos de psoríase. São eles:

- Psoríase vulgar ou em placas: é o tipo de psoríase que ocorre com mais freqüência e
segundo o Consenso de Psoríase17 atinge até 90% dos portadores dessa doença. Sua
lesão se caracteriza por placas eritêmato-descamativas (placas elevadas, inflamadas,
recobertas por escamas esbranquiçadas) que podem permanecer por meses ou anos e
quando removidas mecanicamente, levam ao aparecimento do sinal de Ausitz que são
pequenos pontos de sangramento formados pelo afinamento da epiderme sobre as
pontas das papilas dérmicas. Tais lesões tendem à simetria e podem ser únicas ou
múltiplas e seu limite é bem demarcado. Normalmente assintomática, porém pode haver
ardor e prurido de intensidade moderada. Tem preferência pelos joelhos, cotovelos,
couro cabeludo e área lombar6,17,23.

- Psoríase gotejada, gutada ou em gotas: as lesões caracterizam por pequenas pápulas


eritêmato-descamativa (pontos vermelhos) de 0,5 a 1,5cm de diâmetro que tem
preferência pelo tronco a outras partes do corpo. Geralmente tem início abrupto após
uma infecção estreptocócica das vias aéreas superiores, sendo mais freqüente até os 30
anos de idade. Costuma regredir entre 2 e 3 semanas, mas também pode evoluir para um
quadro de psoríase em placas6,22.

- Psoríase inversa ou invertida: é o tipo de psoríase que ocorre nas áreas flexoras. As
lesões se encontram nas dobras cutâneas, axilas, virilha, embaixo da mama, dobra do
7

cotovelo. São planas, inflamadas e sem escamação. Ocorre com mais freqüência em
portadores de HIV positivo15,22.

- Psoríase eritrodérmica: é a forma generalizada da psoríase, afetando toda superfície


corporal, com grande eritema e com descamação menor que a psoríase em placas.
Ocorre de forma abrupta ou como agudização da psoríase em placas, podendo ocorrer,
nos casos mais graves alterações na termorregulação, na hemodinâmica, nos equilíbrios
hidrossalino e protéico23,6.

- Psoríase pustular ou pustulosa: considerada o tipo mais grave desta enfermidade. É


caracterizada por pústulas estéreis (lesões com pus não infeccioso que são glóbulos
brancos acumulados) subcórneas sobrepostas em uma base eritematosa. Subdividida em
duas formas: localizada e generalizada. A primeira tem uma única lesão ou é constituída
de poucas pústulas que em geral não evoluem para a outra forma. A pustolose
palmoplantar caracteriza-se por eritema, descamação e pústulas. A forma generalizada
ou psoríase de von Zumbusch é caracterizada por uma erupção abrupta de pústulas de 2
a 3 mm de diâmetro que ocupam todo o corpo com exceção da face. Normalmente elas
iniciam isoladamente, multiplicando-se logo após. Pode estar associada à febre,
comprometimento do estado geral, podendo levar ao óbito6,22,26.

- Psoríase ungueal: esse tipo de psoríase pode ser de localização exclusiva ou poderá
estar associada a outros tipos de psoríase. As lesões poder ser mínimas (depressões
puntiformes ou pittings) ou intensas (onicólise, onicorrexe, ceratose subungueal e
descoloração com aparência de marfim velho). Pode estar acometida uma, poucas ou
todas as unhas23,19.

- Psoríase artropática ou artrite psoriásica: na maioria dos casos os sintomas aparecem


depois das alterações da pele ocasionadas por outro tipo de psoríase. A lesão mais
característica é a placa eritemato-escamosa de bordas bem definidas, que varia em
número e em tamanho, estando presente particularmente sobre as superfícies extensoras
dos membros e do couro cabeludo. Há comprometimento periférico, de pequenas
articulações e espondiloartropatias com alteração axial. Os sintomas incluem artralgia,
dor na inserção dos tendões e ligamentos (entesites), fadiga e dificuldades para realizar
8

tarefas do dia-a-dia. Edema, eritema e dor à mobilização da articulação acometida


também são achados clínicos apresentados por esses pacientes, bem como a dactilite
também conhecida como “dedo em salsicha”. Estudos mostram que quanto mais grave
for a doença cutânea, maior é a prevalência da artrite psoriásica. É caracterizada por
uma artrite soronegativa. Sua forma mais grave pode levar a um quadro de
mutilação6,27,28,29.

2.4 TRATAMENTO

Não há cura para a psoríase. Seu tratamento deve visar o controle da


enfermidade e a melhora da qualidade de vida do doente. Poderá ocorrer remissão
espontânea ou em decorrência do tratamento que se está seguindo. Os períodos de
remissão podem durar dias ou anos, mas as recorrências inevitavelmente ocorrerão
novamente6,13,3.
Segundo o Consenso Brasileiro de Psoríase17, o tratamento da psoríase depende
da forma clínica da doença, da gravidade, da extensão, do grau de comprometimento da
qualidade de vida, da idade, sexo, escolaridade e das condições do paciente em relação à
saúde geral. Sendo assim, o tratamento deve ser individualizado.
Os quadros leves e com lesões localizadas podem ser tratados apenas com
medicações tópicas. Neste tipo de psoríase poderá ser utilizada também como
tratamento fototerapia ou medicação sistêmica. Na psoríase moderada e na grave, a
fototerapia deve ser a primeira opção terapêutica, conjuntamente com a medicação
sistêmica6,17.
Após confirmado o diagnóstico, é necessário realizar o tratamento conforme
descrito pelo médico. Deve-se, ainda, esclarecer ao doente que a psoríase não é
contagiosa, além de mostrar sobre a possibilidade de controle. Cabe ressaltar ao
paciente o prejuízo da manipulação e escoriação das lesões que agravam o aspecto da
doença. Além disso, indicar o uso de hidratantes ou óleos que recuperam a função de
barreira oferecida pela pele, que está comprometida na psoríase, permitem também
hidratação do extrato córneo e diminuem a descamação evitando rachaduras. O sol
também se torna um aliado à remissão da doença, desde que observada à exposição
moderada realizada antes das dez horas da manhã e após as quatro horas da tarde,
9

diminuindo os riscos de envelhecimento precoce e câncer de pele, tornando a radiação


solar menos perigosa ao paciente19,17,30.

2.4.1Tratamento Fisioterapêutico

- Método Göckerman – indicada para psoríase em placas. É associado o uso de uma


pomada de Coaltar (efeito anti-inflamatório e antipruriginoso, com odor desagradável
que pode manchar tecidos) que deve ser aplicada nas placas e ser removida horas após,
para logo em seguida realizar a aplicação de luz ultravioleta tipo B. É necessário após a
sua utilização lavar o local das escamas para que estas sejam retiradas e, então, reaplicar
a pomada. A radiação poderá ser aplicada diariamente ou em dias alternados, sendo
utilizado UV de banda estreita 311nm e laser de 308nm, pois estudos mostram serem
menos carcinogênicos, além do que, diminuem o risco de queimaduras e preservam as
áreas de pele normal, pois somente são expostas a elas as áreas lesionadas. Total de 20 a
30 sessões para clareamento das lesões, podendo ser continuado para a manutenção.
Estudos mostram que o método inibe a síntese do DNA13,6,19.

- Método Puva ou fotoquimioterapia – indicada para psoríase em placas. Ingestão via


oral de droga fotoativa – metaxipsoralen- a critério médico, duas horas antes da
exposição à radiação de ondas longas, entre 320 e 400 nm capaz de alcançar a derme
profunda (UVA). Inicialmente são realizadas 2 ou 3 aplicações por semana, em doses
progressivas. Assim que as lesões são clareadas, pode-se fazer aplicações para a
manutenção em espaços de tempo maiores. Deve-se recomendar ao paciente quanto ao
uso de óculos escuros e protetor solar, pois a pele e a retina ficam sensíveis á radiação
ultra-violeta por cerca de 12 horas após a ingestão do medicamento. O procedimento
apresenta efeitos colaterais como náuseas, eritema, prurido e queimaduras. A longo
prazo, observa-se bronzeamento da pele, envelhecimento precoce e maior potencial para
desenvolvimento de carcinomas e cataratas. A sua ação se dá impedindo a
hiperproliferação dos queratinócitos13,5,19,6.

- Artrite psoriásica: Após diagnóstico positivo para artrite psoriásica, há indicação parra
início de fisioterapia para a prevenção de incapacidades funcionais e melhora da
qualidade de vida. Orientação postural, exercícios de alongamento, fortalecimentos e
10

isometria são introduzidos gradativamente à medida que há a remissão do quadro


inflamatório devido ao uso da terapia medicamentosa indicada pelo médico31.

3. METODOLOGIA

3.1 TIPO DE ESTUDO

O método adotado para realização desta pesquisa se constituiu em uma revisão


bibliográfica, tendo em vista que foi realizada para identificar estudos similares já
realizados, elaborada a partir de material já publicado32.

3.2 MATERIAIS

A coleta de dados para a realização deste estudo se deu através pesquisa em


livros, monografias e periódicos da biblioteca do Instituto Brasileiro de Therapias e
Ensino – IBRATE. Também foram utilizados periódicos pesquisados em bases de dados
da CAPEs, BIREME, SCIELO, bem como dissertações de mestrado e doutorado da
Universidade de São Paulo – USP- disponibilizados em seu site.
Foram utilizadas as seguintes palavras chave para a procura dos periódicos e
dissertações: psoríase, Dermato Funcional, Fisioterapia e o cruzamento destas palavras.
Após busca, todos os artigos, monografias e dissertações foram lidos na sua
íntegra, sendo utilizados somente aqueles que possuíam informações relevantes para o
trabalho em questão.

4. DISCUSSÃO

Para todos os autores pesquisados a psoríase é uma doença dermatológica,


crônica, inflamatória que pode ocasionalmente afetar as articulações, tem caráter
recorrente e que afeta entre 2 e 3% da população mundial, acometendo homens e
mulheres igualmente. Segundo Borelli6, é rara em negros e esquimós e nenhum caso foi
registrado em índios. Para Rodrigues3, o lugar com maior incidência da psoríase é a
11

Finlândia com 2,8% da sua população atingida e há povos com prevalência baixa ou
inexistente como os esquimós, mongóis e povos do oeste da África.
Segundo Borelli6 e Azulay23, é uma doença de causa desconhecida havendo uma
predisposição genética para se ter ou não a doença e é provavelmente multifatorial,
sendo desencadeada por inúmeros fatores como estresse, má qualidade de vida e clima
frio. Para Silva18 a hereditariedade é fator importante no seu aparecimento, havendo
uma alteração na programação genética desse indivíduo. A pessoa nasce portadora e a
doença poderá se manifestar em qualquer fase de sua vida. Em Jorge25, há a citação de
que 30% dos portadores de psoríase tem algum parente acometido pela doença e ainda
destaca que o maior fator desencadeante são os fatores emocionais. Para Silva18 este
número sobe para 50%.
Segundo Romiti13 quase um terço dos adultos que tem psoríase referem o início
da doença antes dos 16 anos. Quanto mais precoce, maior a tendência a gravidade do
quadro apresentado. Silva18 diz que a manifestação da psoríase se dá entre os 10 e 40
anos de idade, mas as outras faixas etárias podem ser acometidas. Já Mota4, cita que a
doença é mais frequente na segunda e terceira décadas de vida. O mesmo dado é
apresentado por Silva9. Em seu estudo Rodrigues3 afirma que a primeira manifestação
da doença costuma ser entre 15 e 20 anos com um segundo pico de ocorrência entre os
55 e 60 anos.
Diversas pesquisas mostram o impacto da psoríase sobre os pacientes. Taborda2
avaliou 1000 pacientes com dermatose, na qual estava incluída a psoríase, e concluiu
que as doenças dermatológicas causam grande impacto na qualidade de vida, onde
21,6% mostraram que elas causam efeito moderado, 19,3% grande efeito e 3,4 %
extremo efeito sobre ela. Em Silva9 observa-se que foi constatada que os portadores de
psoríase em comparação ao outros pacientes com doenças crônicas tem maior nível de
estresse. Ainda nessa pesquisa, ressalta-se que as características de personalidade,
caráter e valores do paciente, sua situação de vida e atitudes da sociedade são fatores a
serem analisados para se mostrar o quanto cada um é afetado pela doença. Pesquisa
realizada no Reino Unido, segundo Martins12 , mostrou que 59% dos 369 entrevistados
apresentavam grau elevado de absenteísmo em seus empregos. Em Mirongance14 as
condições psicológicas e satisfação quanto á aparência física são fatores que interferem
no impacto da doença sobre a qualidade de vida.
12

Segundo Duarte16 existe uma correlação entre a psoríase e a obesidade: esta


poderia participar no desencadeamento da psoríase, tendo por base no estado pró-
inflamatório que a causa, ou poderia ser consequência da psoríase, decorrente das
desregulações metabólicas, induzidas pelo estado pró-inflamatório da mesma. Em
Boza17 a obesidade é mais comum em pacientes com psoríase mais grave se
comparados com aqueles que apresentam formas mais leves da doença.

5.CONSIDERAÇÕES FINAIS

A comunidade científica ainda não ter a certeza da etiologia da psoríase, nem


conseguiu achar a cura definitiva desta afecção que atinge uma grande parcela da
população mundial e que tem causas multifatoriais, entre elas, o estresse, a genética e os
fatores ambientais.
Sabe-se que o maior problema da psoríase reflete-se na qualidade de vida de
seus portadores que se veem privados de muitas atividades de vida diária, tais como
nadar, usar roupas mais curtas, apertos de mão, haja vista, o preconceito de uma
sociedade que não conhece a doença e, portanto, evita a convivência com seus
portadores por receio de contaminação.
Existem avanços terapêuticos para a busca da remissão da psoríase, dentre eles o
uso de medicamentos tópicos para casos considerados de intensidade leve, a fototerapia,
as medicações sistêmicas, associadas ou não, nos casos moderados e graves.
À Fisioterapia Dermato Funcional, cabe o uso da fototerapia, nos casos de
psoríase em placas, e a cinesioterapia em casos de artrite artropática. O uso da
medicação em associação às medicações sistêmicas ou tópicas devem ser prescritas pelo
médico do paciente.
Sendo uma doença que atinge muitas pessoas e que causa tantos problemas de
convivência e psicológicos para seus portadores, tendo em vista que atinge a pele, órgão
que está normalmente em exposição, e é o alvo da Fisioterapia Dermato Funcional, era
de se esperar que houvesse na literatura acadêmica pesquisas relacionadas ao tratamento
da psoríase por essa especialização. Não foi encontrado um único artigo ou livro que
trate especificamente sobre a psoríase e a Dermato Funcional. Todos os artigos e livros
utilizados foram direcionados para médicos dermatologistas e/ou para psicólogos, fato
13

este que dificultou a realização mais elaborada deste trabalho. Sugere-se que sejam
realizadas novas pesquisas para que sejam descobertos ou validados novos tratamentos
no campo fisioterapêutico no que diz respeito a psoríase.
14

REFERÊNCIAS

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sofrimento psíquico de pacientes com diferentes dermatoses em um centro de
referência em dermatologia no sul do país. An Bras Dermatol 2010. Disponível em
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interação social de indivíduos com psoríase. Interação em Psicologia 2009.
Disponível em: http://ojs.c3sl.ufpr.br/ojs2/index.php/psicologia/article/view/10605/
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