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Psoríase

Introdução

Em relação à sua formação, a pele tem a mesma origem embrionária que o sistema
nervoso, o que possibilita compreender como o corpo pode representar os conflitos
internos (Azambuja, 2000; Ballone, Netto & Ortolani, 2002).
Na psicanálise, Winnicott definiu que a pele tem um papel, de limite entre o eu e o não-
eu, deste modo, as doenças de pele podem significar um desejo regressivo aos cuidados
maternos, de contato constante. Assim, na idade adulta, temos a tendência de usarmos
funções regressivas, quando estamos diante de algum conflito, ou seja, quando não
conseguimos expressar ou simbolizar algum sofrimento, que são funções adquiridas, no
percurso do nosso desenvolvimento, o corpo revela a repressão de alguma emoção não
elaborada, desviando a atenção da nossa consciência para nosso corpo (Sarno, 2001).
Ao longo do tempo, têm sido realizadas inúmeras investigações, para alcançar uma
melhor compreensão da doença psoriática, e foram mencionados alguns fatores na maioria
externos, que parecem estar envolvidos no agravamento da Psoríase.
A conexão da pele e do psiquismo é um dos ramos da psicossomática que mais merece
destaque. Tal disciplina recebe o nome de Psicodermatologia, que integra conhecimentos
médicos e psicológicos no tratamento das doenças de pele, é um trabalho interdisciplinar, Isso
vem sendo uma forte tendência, uma vez que os sintomas não podem ser entendidos de
forma isolada, pois as pesquisas científicas, bem como os avanços da psiconeuroimunologia,
vêm o ser humano de forma completa, através de uma interdependência mente-corpo (Ludwig
et al., 2008).

DESENVOLVIMENTO

PSORÍASE – ETIOLOGIA

A etiologia da psoríase é desconhecida, embora se saiba que certas disfunções do


sistema imunológico e fatores genéticos estejam relacionados ao seu surgimento (MARQUES,
2009). Acredita-se que determinadas influências do ambiente, aliadas a questões genéticas,
levariam a um funcionamento desregulado do sistema imunológico, levando os linfócitos T
(células especializadas na defesa do organismo) a atacarem as células da pele, o que geraria as
lesões características.
A psoríase é uma doença que afeta em especial a qualidade de vida do sujeito,
produzindo situações de desconforto no seu dia a dia, criando alterações psicológicas, que se
traduzem, muitas vezes em isolamento social e depressão (GUPTA & GUPTA, 2000).
A psoríase, enquanto patologia dermatológica crônica foi descrita apenas no século XIX
e embora seja uma doença presente desde os primórdios da humanidade, a sua etiopatogenia
não é ainda completamente compreendida.

Psoríase e Enfrentamento do Estresse

De acordo com a abordagem psicológica, os indivíduos que possuem psoríase têm uma
tendência de não manifestar as suas emoções e, diante de um estresse, partem para a fuga, e
o autocontrole são as estratégias utilizadas por tais pacientes (Muller, 2005).
Apesar disso, o tratamento das doenças de pele, especificamente do Vitiligo e da
Psoríase, são difíceis, devido à cronicidade de tais enfermidades. Mesmo com décadas de
pesquisa, pela indústria farmacêutica, a ciência médica não conseguiu atingir uma cura
completa, pelo tratamento farmacológico. Entretanto, entender o significado do processo
curativo e dos agravantes do estado físico do doente, é fundamental para que o tratamento
seja bem sucedido, chegando, inclusive, à remissão total dos sintomas.
Delicada superfície – Distúrbios psíquicos mobilizam hormônios, interferem no equilíbrio
imunológico e desencadeiam perturbações na pele, como acne, dermatite e psoríase.

TRATAMENTO

Raramente, todavia, os médicos indicam algum tratamento psicológico, mesmo


aceitando que o estresse e a ansiedade podem agravar o quadro dessas doenças. Por esse
motivo, se faz necessário que a formação acadêmica e profissional possa oferecer aspectos
para além do biológico, que se referem ao nosso lado social, de contato com o mundo.
Novamente, é preciso lembrar que a saúde subsiste em um tratamento multidisciplinar, e não
individual.
Também, poucos são os estudos que caracterizam a Psoríase de acordo com um quadro
psicopatológico coerente, que observam a natureza da doença, a estrutura de personalidade e
os conflitos emocionais do indivíduo psoriático. Podemos pensar sob o viés de alguns
conceitos psicanalíticos importantes na conceitualização teórica da patologia psicossomática.
No que diz respeito às neuroses atuais, Freud (1962) refere à importância das características
somáticas na sintomatologia da doença.
CONCLUSÃO

A psoríase enquanto patologia dermatológica crônica é uma doença inflamatória, que


causa o aparecimento de manchas vermelhas e descamativas na pele. Foi descrita apenas no
séc. XIX e embora seja uma doença desde os primórdios da humanidade, a sua etiopatogenia
não é ainda completamente compreendida. Sendo a pele um órgão de comunicação e
percepção envolvido na expressão de sensações e emoções através do contacto corporal, “ela
é, aos olhos dos outros, um reflexo da nossa boa ou má saúde e um espelho da nossa alma”
(Anzieu, 1995, p. 39).

Referências
AZAMBUJA, R. D. (2000). Dermatologia integrativa: a pele em um nov
o contexto. Anais Brasileiros de Dermatologia, 75 (4), 393-420.
BALLONE, G. J., Neto, E. P., & Ortolani, I. V. (2002). Da
emoção à lesão: um guia de medicina psicossomática. São
Paulo: Manole.
McDOUGALL, J. (1996). Teatros do corpo: o psicossoma em
psicanálise (2ª ed). São Paulo: Martins Fontes.
MÜLLER, Marisa Campio. Psicossomática: uma visão
simbólica do vitiligo. Vetor Editora, 2005.
O eu-pele. Didier Anzieu. Casa do Psicólogo, 2000.
SARNO, John E. Healing back pain: The mind-body
connection. Hachette Digital, Inc., 2001.
Fonte:fãs da psicanalise
WINNICOTT, D. W. (1983). O ambiente e os processos de
maturação: estudos sobre a teoria do desenvolvimento
emocional. Porto Alegre, RS: Artes Médicas.

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