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AROMATERAPIA COMO COADJUVANTE NO TRATAMENTO PARA PSORÍASE

Ângela Maria Alves Fávaro Martin¹, Kely Cristina Santos2

1 Acadêmica do curso de Tecnologia em Estética e Imagem Pessoal da Universidade Tuiuti do


Paraná (Curitiba, PR);
2 Farmacêutica, Prof. Msc. Universidade Tuiuti do Paraná

Endereço para correspondência: Ângela Maria Alves Fávaro Martin, angela.favarom@gmail.com

RESUMO: A psoríase é uma doença inflamatória crônica, eritemato-escamosa, não


contagiosa, recorrente, que acomete a pele. As lesões psoriáticas podem ser únicas ou
formar grandes placas e eventualmente apresentam pruridos. Por se tratar de uma doença
inestética, a estigmatização em relação à aparência física da pessoa afetada é vista como
um fator estressante. Dados da literatura sugerem que estresse emocional e psicológico tem
relação direta com o aparecimento ou agravamento das lesões. A psoríase não tem cura,
portanto o tratamento visa melhorar a qualidade de vida do paciente, prolongando o tempo
das recidivas e controlando o tamanho e quantidade de lesões. A aromaterapia como
coadjuvante no tratamento da psoríase, auxilia tanto a reduzir a gravidade e extensão das
lesões, como no alivio do estresse emocional. Esse artigo tem o objetivo de apresentar, por
meio de uma revisão bibliográfica, informações sobre o uso dos óleos essenciais como
coadjuvante no tratamento dos sintomas físicos e psíquicos decorrentes da psoríase.

Palavras-chave: Aromaterapia, Psoríase, Óleos Essenciais


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ABSTRACT: Psoriasis is a, erythematous-squamous, non-contagious, chronic and recurrent
inflammatory disease that affects the skin. The psoriatic lesions may be itchy and be unique
or form large plaques. Because it is a unsightly disease stigmatization regarding the physical
appearance of the person with psoriasis is seen as a stressor. Literature data show that
emotional and psychological stress is directly related to the onset or aggravation of injuries.
Psoriasis has no cure, so treatment aims to improve the quality of life of patients, prolonging
the time of relapses and controlling the size and number of lesions. The aromatherapy as an
adjunct in the treatment of psoriasis, helps both to reduce the severity and extent of injuries,
as the alleviation of emotional stress. This article has the objective to present, through a
literature review, informations regarding the use of essential oils as an adjunct in the
treatment of physical and psychological symptoms resulting from psoriasis.

Keywords: Aromatherapy, Psoriasis, Essential Oils


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INTRODUÇÃO
A psoríase é uma dermatose inflamatória, recorrente, causada por
hiperproliferação celular crônica, que acomete principalmente o couro cabeludo
e articulações como joelhos e cotovelos. Não é contagiosa e não tem cura,
portanto o tratamento visa melhorar a qualidade de vida do paciente,
prolongando o tempo das recidivas e controlando o tamanho e quantidade de
lesões. Para isso utilizam-se medicamentos de uso tópico, fototerapia, e para
casos específicos é indicado o tratamento sistêmico (SILVA; SILVA, 2007;
MOREIRA; SOUZA, 2008).
Silva (2006) e Silva (2007) destacaram que a pele é considerada um
órgão de choque, onde alterações emocionais podem se manifestar. A
psoríase é classificada como uma psicodermatose, de forma em que o estresse
emocional pode atuar no aparecimento e agravamento da mesma.
A psoríase atinge a pele, parte mais exposta do corpo. Desta forma
apresente um impacto negativo no bem-estar físico e psicossocial ocasionando
prejuízo na qualidade de vida. Estudos comprovam que mais de 60% dos
pacientes psoriáticos descrevem que o desencadeamento e agravamento dos
quadros clínicos tem relação direta com o estresse emocional
(RODRIGUES;TEIXEIRA, 2009).
A aromaterapia é um tratamento que utiliza óleos essenciais em
benefício do bem-estar físico e emocional. Como coadjuvante na terapêutica da
psoríase, auxilia tanto no aspecto emocional quanto na redução a gravidade e
extensão das lesões. (BENSOULIAH, 2003)
Os óleos essenciais têm duas grandes áreas de atuação: ao nível
fisiológico, pois têm efeitos anti-inflamatório, estimulante, calmante, entre
outros; ao nível psicológico, pois atuam sobre o estado emocional e mental
trazendo equilíbrio pela estimulação ou sedação (CRUZ, 2002).
Esse artigo tem como objetivo investigar o uso dos óleos essenciais
como coadjuvante no tratamento dos sintomas físicos e emocionais
decorrentes da psoríase por meio de uma revisão bibliográfica.

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PSORÍASE:

A psoríase é uma doença inflamatória crônica, não contagiosa,


recorrente, que acomete a pele, principalmente couro cabeludo, e articulações
como joelhos, cotovelos. A manifestação da doença ocorre pela inflamação nos
queratinócitos que ativa os linfócitos T. Estes liberam as citocinas que aceleram
a proliferação das células da pele. De transmissão genética, a psoríase
acomete cerca de 1 a 3% da população mundial, igualmente em homens e
mulheres. Manifesta-se por placas eritematosas e com escamas bem
delimitadas, ocasionalmente com prurido. Essas manifestações agravam-se
por fatores endócrinos, genéticos, mas principalmente emocionais (ARNDT,
1990; MOREIRA et.al, 2008; ARRUDA; CAMPBELL; TAKAHASHI, 2001;
SILVA, 2013).
As lesões psoriáticas normalmente são bem delimitadas, espessas
sobre a pele, podendo haver pruridos e serem únicas ou formar grandes
placas. Qualquer área do corpo pode acometer as lesões, porém preferem
áreas de extensão como joelhos e cotovelos e couro cabeludo, áreas de
traumas e unhas. São caracterizadas por apresentarem eritema, escama e
pápula. (ARRUDA; CAMPBELL; TAKAHASHI, 2001; SILVA; SILVA, 2007)
Os eritemas apresentam-se de cor vermelho vivo ou rosa,
apresentando-se algumas vezes violáceo, dependendo da região afetada, e é
mais perceptível quando a escamação está diminuída. Estas lesões
escamosas são causadas pela proliferação anormal de queratinócitos em
conjunto com a infiltração de células inflamatórias na derme e na epiderme.
Essas escamas causadas pela acantose epitelial são normalmente de cor
branca prateadas, de acúmulo variável. Os hábitos como coçar podem removê-
las, ocasionando sangramento. (TAKAHASHI, 2006; BENSOULAH, 2003)
Dentre os fatores agravantes locais, encontra-se o trauma local, de
qualquer tipo, tais como, físico, químico e mecânico. A luz solar, por sua vez,
ao mesmo tempo em que trata, pode agravar as lesões quando em excesso,
sendo assim, é importante que esse tratamento seja supervisionado. O
estresse, medicamentos, álcool, obesidade, fumo e clima também podem
desencadear ou agravar as lesões. (RODRIGUES, 2009)

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A psoríase se apresenta em diferentes formas clínicas e suas
características clínicas, diagnóstico diferencial e fatores agravantes estão
relacionadas, no Quadro I, segundo o Consenso Brasileiro de Psoríase (2009).
A psoríase vulgar, a mais comum, atinge em torno de 80% dos casos, pode ter
períodos de remissão total, evoluindo em episódios separados e imprevisíveis.
Na psoríase gotata, (pode ser encontrada na literatura também como gutata) as
lesões são pequenas entre 0,5 a 1,5 cm, porém numerosas, em formato de
gota, principalmente em crianças, adolescentes, e jovens adultos, normalmente
a psoríase pediátrica se manifesta nesse tipo. A pustulosa, ou pustular para
alguns autores, diferente da forma vulgar, tem 3 fases: eritema, formação de
pústula e descamação; o pus existente consiste em glóbulos brancos
acumulados, pode ser localizada, normalmente na área palmo-plantar, ou
generalizada. A forma eritrodérmica da patologia caracteriza-se por lesões
generalizadas, acomete 75% da área corpórea ou mais, chegando a totalidade.
As lesões tem aparência de queimadura, pois se apresenta como vermelhidão
e escamas finas, acompanhada de prurido e dor. (RODRIGUES; TEIXEIRA,
2009; ARRUDA; CAMPBELL; TAKAHASHI, 2001)

Quadro I: Classificação da psoríase


FATORES
FORMA CLINICA CARACTERISTICAS CLINICAS
DESENCADEANTES
Psoríase em Placas eritematosas, espessas, escamas Estresse, infecção, trauma,
placas prateadas no couro cabeludo e áreas de medicações, xerose
extensão.
Psoríase gotata Pápulas eritematosas, escamativas, Infecção estreptocócica na
usualmente no tronco, poupando as orofaringe
palmas e plantas
Psoríase Pápulas e/ou placas eritematosas, Estresse, infecção,
Pustulosa pustulosas, usualmente nas palmas e medicamentos
Localizada plantas (psoríase pustulosa palmoplantar)
Psoríase Pústulas isoladas ou sobre pápulas e/ou Estresse, infecções,
Pustulosa placas, disseminadas. Pode estar medicamentos
Generalizada associadas a comprometimento sistêmicos
como febre, dor no corpo, diarreia.
Psoríase Eritema intenso, escamas, cobrindo todo o Estresse, infecções,
Eritrodérmica corpo. Frequentemente associada a medicamentos
sintomas sistêmicos. Pode ou não haver
psoríase pré-existente.
Fonte: Consenso Brasileiro de Psoríase, 2009

Para a escolha do tratamento mais adequado, deve-se considerar a


gravidade e extensão do quadro clínico, eficácia, tempo de uso, efeitos

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colaterais do medicamento; acessibilidade ao tratamento, além da preferência
do paciente e sua qualidade de vida. Nas formas leves a moderadas, utiliza-se
tratamento tópico, apenas medicamentos ou alternada com outras terapêuticas;
nas formas moderadas a graves, associa-se terapia sistêmica com fototerapia
a fim de causar alívio ao paciente. (BENSOULAH, 2003)
Normalmente, para o tratamento tópico são indicados os corticosteroides
de diferentes níveis de potência, apresentados nas formas farmacêuticas, de
pomadas, cremes, loções, fita oclusiva e xampus, indicados de acordo com o
local da lesão. Porém, essas substâncias quando utilizadas de forma
prolongada podem causar efeitos colaterais, mesmo que usado somente em
forma tópica (MARTINS, 2009).
Segundo o Consenso Brasileiro de Psoríase, as terapias sistêmicas são
indicadas quando não há resposta ao tratamento tópico e/ou quando ocorre em
áreas que comprometem a qualidade de vida do paciente como pés, mãos e
face. São exemplos: Metotrexatro, que possui ação imunossupressora, inibindo
a síntese de DNA em células imunocompetentes; Acitretina, retinóide sintético
que age na hiperqueratinização, crescimento e diferenciação celular
epidérmica; Ciclosporina, que impede a proliferação das células T. No entanto,
esses ativos podem causar efeitos colaterais potencialmente graves, toxicidade
e tem contraindicações importantes.
No programa terapêutico deverão ser incluídos emolientes ou
umectantes como coadjuvantes e até mesmo na fase assintomática, pois
ajudam a manter a pele úmida (SILVA; SILVA, 2007).
Bensouilah (2003) e Silva (2007) destacam pesquisas que indicam que o
estresse agrava o quadro clínico da doença. Dados da literatura demonstram
que estresse emocional e psicológico tem relação direta com o agravamento
das lesões causando desconforto físico, afetando a imagem, levando a
estigmatização social, que por sua vez afeta a qualidade de vida que é vista
como um fator estressante. Sentimentos de ser pouco atraente, sujos,
intocável, rejeição social, situações de insucesso na carreira, objeção de
momentos de lazer, são fatores de impacto emocional que atormentam os
portadores da doença os fazendo alvo de preconceito e descriminação
constante, por isso os autores ressaltam a importância de controle de estresse.

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AROMATERAPIA
“A arte e a ciência de utilizar óleos essenciais para proporcionar bem
estar físico, mental e emocional.“
(René-Maurice Gattefosse, 1920)

Aromaterapia é um tratamento que utiliza as propriedades terapêuticas


dos óleos essenciais, obtidos por cultivo de plantas medicinais, utilizando
bases carreadoras adequadas. Pode ser utilizar por estímulo olfativo, a
absorção transdérmica ou via oral. O foco do tratamento envolve tanto a área
física quanto psicológica (SILVA , 2001).
Segundo Lavabre (1993) há relatos que o uso dos óleos essenciais há
mais de 6000 anos. Os egípcios reconheciam a importância da saúde e
higiene, e conheciam os efeitos de cura das substâncias aromáticas sobre
corpo e na mente. Além de ser utilizado em embalsamentos, comprovando o
poder antisséptico dos óleos essenciais. Na Índia, a tradição do uso dos óleos
essenciais segue até hoje com a mais antiga forma de prática médica, a
medicina Ayurvédica. A aromaterapia moderna veio com o interesse pelos
poderes antissépticos e antibióticos dos óleos essenciais, na virada do século,
quando franceses, alemães, suíços e italianos, se interessaram pelos estudos
de Gattefosse.
As plantas produzem os óleos essenciais em suas flores, casca dos
frutos, folhas, grãos, casca da árvore e sementes. São naturalmente liberados
formando uma “nuvem aromática” ao seu redor, com a função de autodefesa e
atração de polinizadores. Esse composto químico pode ser extraído de forma
industrial e artesanal, por exemplo, extração a vapor, enfleurage, a vácuo, por
solvente, por óleo e prensagem. Pode ocorrer variação da composição química
de acordo com a parte extraída, o método utilizado para extração e diferente
tipo de cultivo. (WOLFFENBUTTEL, 2007)
A caracterização aromática de cada óleo essencial é devido à
prevalência de moléculas químicas com diferentes funções, como álcoois,
aldeídos, ésteres, fenóis e hidrocarbonetos (GNATTA; DORNELLAS; SILVA,
2011).
Os óleos essenciais podem ser usados em massagens, banhos,
fricções, na forma de cosméticos em máscaras faciais, cremes, loções
corporais, para cuidados com os cabelos e couro cabeludos, entre outros. São

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absorvidos pelo organismo, através da pele, inspiração e ingestão oral. Alguns
estudos sugerem que seus metabolitos podem estar no ar exalado, suor, urina
e sangue. (WOLFFENBUTTEL, 2007; LAVABRE, 1993)
Quando inaladas, uma porcentagem mínima do óleo essencial (OE)
ativa o sistema do olfato pelo bulbo e nervos olfativos, que propiciam uma
ligação direta com o Sistema Nervoso Central, levando o estímulo ao Sistema
Límbico, região do cérebro responsável pelo controle da memória, emoção,
sexualidade, impulsos e reações instintivas. O restante da quantidade inalada
trafega pelo sistema respiratório e chega à corrente sanguínea. Quando a
atuação das moléculas de óleo essencial ocorre por via cutânea, este é
absorvido e transportado pela circulação sanguínea, sendo conduzido até os
órgãos e tecidos do corpo. Pela via oral, as moléculas dos óleos essenciais são
absorvidas pelo intestino e levadas aos diversos tecidos corporais.
(TISSERAND, 1993)
Portanto, os óleos essenciais atuam de diferentes formas no organismo
e pode ser empregadas com a finalidade de melhorar o bem estar físico e
mental, equilibrando as emoções (GNATTA; DORNELLAS; SILVA, 2011).

Aromaterapia na psoríase
A aromaterapia se enquadra como coadjuvante na terapêutica da
psoríase, pois atua tanto na área fisiológica, quanto na área emocional.
Bensouilah (2003) sugere que fórmulas utilizando óleos essenciais e vegetais
atuam no abrandamento das camadas escamosas, aliviando coceira e irritação,
além de auxiliar em níveis emocionais pelo sistema límbico. Nessas
formulações podem ser misturados um ou mais óleos essenciais, de forma em
que os mesmos atuem se potencializando mutuamente. (LAVABRE, 1993) .
O estresse, leva ao desencadeamento e/ou agravamento da psoríase. A
aromaterapia oferece ajuda no combate dessa desordem emocional, pois atua
diretamente no sistema nervoso central. Lavabre (1993) concorda que os
óleos com efeitos calmantes para uso no tratamento do estresse são néroli,
lavanda e rosa e ainda completa citando ilangue-ilangue, manjerona e jasmim.
Masline (1998) sugere alguns óleos essenciais, que podem ser misturados
entre si, para melhorar a sinergia, sendo eles: Camomila romana, sálvia, erva

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doce, gerânio, lavanda, melissa, néroli, rosa, sândalo, tangerina, entre outros.
Sabe-se que devido à inflamação ocorre a proliferação dos
queratinócitos formando as placas psoriáticas. Embora não existam evidências
de que os óleos essenciais atuem como queratolíticos, alguns possuem ação
anti-inflamatória, por isso são indicados como coadjuvante no tratamento da
psoríase. Os óleos essenciais possuem moléculas pequenas e são
rapidamente absorvidos, proporcionando alívio rápido dos sintomas (PRICE;
PRICE, 1995; BENSOULAH, 2003; SUGUMARAM; VETRICHELVAN, 2008).
Masline (1998) menciona o poder anti-inflamatório do óleo essencial de
lavanda e dos derivados sesquiterpênicos como o camazuleno encontrado no
óleo essencial de camomila. Bensouilah (2003) complementa que óleos
essenciais com ação cicatrizante, antisséptica, também são indicados para o
local da lesão, sendo eles: bergamota, gerânio, melissa e sândalo. Gelmini
et.al. (2013) comprovaram o poder antipsoriático do óleo resina de copaíba.

Quadro II - Óleos essenciais com aplicação em aromaterapia

REGENERAÇÃO
INFLAMATÓRIO
CICATRIZANTE

ANTISSÉPTICO

DEPRESSIVO
CALMANTE

ALIVIADOR

CELULAR
ANTI-

ANTI
Óleo essencial

Lavanda X X X
Camomila X X X X
Bergamota X
Gerânio X X X
Melissa X X X
Sândalo X X
Salvia
Néroli X
Copaíba X
Melaleuca X X X X
Rosa X
Fonte: LAVABRE (1993); MASLINE (1998)

Yaghoobi (2012), em sua pesquisa por análise morfológica, constatou


que há vasodilatação dérmica dentro das lesões psoriáticas. Propôs então que
o óleo essencial de Tea tree, ou melaleuca como é conhecido, pode ser uma
poderosa arma antipsoriática, cujo principal componente é o terpeno-4-ol. Esse
óleo apresenta potentes propriedades anti-inflamatórias, atua como

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vasoconstritor, diminuindo o extravasamento do plasma, e pode ser utilizado
diretamente sobre a pele, mesmo em altas concentrações. As ações
terapêuticas dos óleos essenciais estão apresentadas no Quadro II.
Os óleos essenciais, com exceção da lavanda, não podem ser aplicados
diretamente sobre a pele, então se utiliza os óleos vegetais como carreadores.
Esses são constituídos por um conjunto de ácidos graxos diferentes, sendo que
cada qual irá possuir propriedades diferentes e específicas. Formulações com
óleos carreadores ricos em fosfolipídios, fitoesteróis e ácido gama-linolênico
são indicadas por possuírem ações cicatrizantes, anti-inflamatórias e de
regeneração tecidual. Uma consideração importante na escolha do óleo
carreador é optar pelo óleo que possui maior nível de emoliência. Propõe-se
ainda que para obter melhores resultados, pode ser usado na forma
farmacêutica de pomadas, obtendo um efeito oclusivo, desde que não cause
desconforto ao paciente. Alguns óleos vegetais descritos por possuírem as
características citadas, são prímula, rosa mosqueta, borragem, amêndoas
doce, calêndula, abacate e jojoba, cujas ações estão apresentadas no Quadro
III (LAVABRE, 1993; MASLINE; CLOSE, 1998; BENSOULAH, 2003;
SUGUMARAM; VETRICHELVAN, 2008).

Quadro III – Óleos vegetais utilizados como carreadores em tratamento de


psoríase
ANTI- REGENERAÇÃO
Óleo vegetal EMOLIENTE CICATRIZANTE
INFLAMATÓRIO CELULAR
Amêndoa doce X
Prímula X X X
Rosa Mosqueta X X X
Borragem X X
Calêndula X X X
Jojoba X
Abacate X X X
Fonte: LAVABRE (1993); MASLINE (1998)

Os óleos vegetais, normalmente, não apresentam aroma forte, não


evaporam ao transmitir o aroma, e podem ficar rançosos com o tempo. Os
óleos essenciais tem um aroma concentrado que se dissipa ao ser utilizado e

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por sua vez não rançam, porém ao oxidar podem perder seus efeitos
terapêuticos. (SUGUMARAM; VETRICHELVAN, 2008).

METODOLOGIA
Foi realizada uma pesquisa bibliográfica com artigos entre os anos de
2002 a 2013, por meio dos sites da Bireme, Schollar para consulta de seus
acervos de dados como Lilacs, Medline, PubMed e Scielo, livros entre anos
1990 a 1998 contidos em acervo pessoal e da Universidade Tuiuti do Paraná, e
Consenso Brasileiro de Psoríase de 2009.

DISCUSSÃO
A psoríase inicialmente pode ser confundida com outras dermatites,
porém conforme a evolução, o padrão descamativo característico a torna uma
doença de fácil diagnóstico. É uma doença crônica e a piora do quadro varia de
pessoa para pessoa, pois dependem de fatores individuais como traumas,
exposição ao sol sem moderação, ingestão de álcool, alguns medicamentos,
obesidade e principalmente o estresse emocional. Como a psoríase não tem
cura, o principal objetivo do tratamento deve ser o de reduzir a gravidade e a
extensão dos sintomas, visando a qualidade do paciente (SILVA; SILVA, 2007).
Em um estudo de caso, utilizando óleo resina de copaíba, foi empregado
em um paciente administração oral de 1 ml/dia, e em outro foi administrado
aplicação tópica em forma de pomada, em ambos os casos foi constatado a
eficácia do óleo resina na melhoria dos sintomas clínicos da psoríase. Os
autores concluíram que o óleo resina de copaíba, possui componentes
sesquiterpênicos e diterpênicos com propriedades antioxidantes, anti-
inflamatória e também possui um potencial efeito anti-psoriático (GELMINI, et
al., 2013).
Segundo Silva (2007) o estresse é uma reação do organismo que ocorre
quando a pessoa se depara com situações irritantes, de medo ou confusão
mental e está relacionado, dentre outras coisas, a transtornos dermatológicos,
podendo afetar e o sistema imunológico.
Em pesquisa realizada para avaliar os níveis de estresse e estratégias
de coping (esta expressão não possui uma tradução literal para o português,

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mas pode ser entendido por “enfrentar e lidar”) em pacientes portadores da
psoríase, foi avaliado uma amostra de 115 pacientes, onde 61 tinham psoríase
e 54 outros tipos de dermatose crônica. A maioria convivia com a doença por
mais de cinco anos e 68% deles relataram que no momento do
desencadeamento da patologia, estavam passando por situação de estresse.
Confirmando assim, os dados da literatura sobre influência dos problemas
emocionais no desencadeamento de dermatoses, sendo que as mulheres
apresentam em maior número que os homens o diagnóstico de estresse. Na
pesquisa, constatou-se que a estratégia menos utilizada por ambos os grupos
é o de confronto que se descreve por tentar alterar situações de forma
agressiva; sendo que as mais utilizadas nos dois grupos, são as de
autocontrole, esforço do paciente para regular os sentimentos, e “fuga e
esquiva”, a pessoa tenta se sentir melhor, comendo, bebendo, ou seja,
realizando desejos. Os resultados reafirmam a importância de um tratamento
emocional, tendo como principal objetivo melhorar a qualidade de vida. (SILVA;
MULLER; BONAMIGO, 2006)
Em um estudo realizado em Portugal, para avaliar a eficacia da
aromaterapia na diminuição dos níveis de stresse e ansiedade, uma amostra
de 36 pacientes foi dividida em 2 grupos. No grupo 1 foi feito massagem
utilizando uma mistura sinérgica de lavanda e camomila, e no grupo 2 apenas
massagem sem óleos essenciais. Após quatorze sessões, observou-se uma
diminuição significativa de 12% no estresse, e 30% na ansiedade do grupo 1,
enquanto o grupo 2 essa diminuição foi menor, de 3% e 2,6%,
respectivamente. Comprovando assim a eficacia da aromaterapia na
diminuição de níveis de stress e ansiedade (DIAS; SOUSA; PEREIRA, 2014)

CONSIDERAÇÕES FINAIS
A psoríase causa um desconforto físico e emocional e não tem cura.
Mediante as lesões inestéticas, que normalmente interfere em hábitos simples
como se vestir, deixa o paciente vulnerável a situações estressantes, que
comprometem a adaptação social e agrava ainda mais as reincidivas.
A aromaterapia tem a finalidade de equilibrar emoções, melhorar o bem-
estar físico e mental. Este artigo relacionou os óleos essenciais e vegetais às

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suas propriedades, que são indicadas para o tratamento coadjuvante da
psoríase, pois atuam na causa, inflamação, nas características, escamação,
coceira, e no fator agravante, o estresse.
Os tecnólogos em estética e profissionais de saúde devem conhecer a
patologia, bem como o uso adequado dos óleos essenciais, e carreadores,
para desta forma auxiliar o portador da doença no tratamento, gerenciamento
das lesões, e dos fatores desencadeantes e/ou agravantes, visando desta
maneira o bem-estar e a melhora da qualidade de vida dos pacientes.

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