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leituras obrigatórias
UFRGS
2023
enf.
SUMÁRIO
Deixe o quarto como está, Amilcar Bettega 03
Lisístrata, Aristófanes 32
Gabarito 113
enf.
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Exílio: 1º pessoa; um homem é dono de uma loja que quase não tem
movimento. A loja é sufocante, meio sinistra e, com a pouca freguesia,
o homem precisa diminuir os custos.
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PERSONAGENS IMPORTANTES:
Ponciá Vicêncio: semelhanças com o avô; vazio existencial na cidade,
felicidade no campo; carinho com o trabalho de barro; introspectiva e
fechada
Maria Vicêncio: mãe de Ponciá; sempre teve voz em casa, mesmo
sendo mulher; trabalha o barro com Ponciá
Pai de Ponciá: antes de morrer (morre de repente), trabalhava na "terra
dos brancos”"; era um pouco distante da família
Luandi José Vicêncio: irmão de Ponciá; trabalha na “terra dos brancos"
com o pai; vai para a cidade, assim como Ponciá, para ter uma vida
melhor; carinho pelo Soldado Nestor
Vô Vicêncio: ex-escravo; característica marcante de rir e chorar ao
mesmo tempo; mata a esposa enquanto escravo em forma de
rebelião (se desesperou) e arranca seu braço; semelhanças com
Ponciá (a herança)
Nêngua Kainda: família de Ponciá a procura para obter respostas da
vida
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PONCIÁ VICÊNCIO
Soldado Nestor: soldado negro; é um grande exemplo para Luandi na
cidade de trabalho e homem; ajuda Luandi a aprender a escrever;
Homem de Ponciá: ela o conhece na cidade; é violento e se irrita com
a passividade de Ponciá;
Biliza: prostituta que Luandi se apaixona; é assassinada
CONSTRUÇÃO
SOBRE O CANTOR: Chico Buarque de Hollanda é um cantor, ator e
escritor brasileiro, considerado um dos grandes nomes do MPB. Seu
primeiro momento como músico apresentou uma temática voltada para a
diversão da população com músicas que buscam fugir da realidade,
como “A Banda”. Por outro lado, sua segunda fase foi marcada por uma
forte crítica social decorrente do contexto do Brasil na época: a Ditadura
Militar. É nesse momento que o álbum Construção foi lançado, desafiando
a censura, na maioria das vezes de forma sutil, e dando voz à parcela da
população marginalizada.
CONSTRUÇÃO
A tendência é de que as músicas com uma opinião mais forte e que
estejam bem contextualizadas na Ditadura apareçam na prova.
Lado A:
Deus lhe pague: o personagem da música é um oprimido social que
tem consciência da classe em que está e busca, através da ironia,
denunciar essa opressão; na primeira parte, ele agradece a Deus pelas
coisas básicas, o pão para comer e o chão para dormir (ironia), como
se fosse uma oração; na segunda parte, muda o ritmo da música e vira
um agradecimento em forma de denúncia, um obrigada pela fumaça
que a gente tem que tossir e pelos andaimes que a gente tem que
cair; o final faz uma referência sutil à morte, como se fosse a única
saída da vida infeliz; tem uma quantidade significativa de adjetivos
negativos e verbos no imperativo na música, a fim de reforçar as
consequências do regime militar; Deus lhe pague volta no final da
música “Construção” e elas dialogam perfeitamente, já que ambas
expõem a vida do proletário.
Cotidiano: música alegre que representa a repetitividade dos dias; o
tom sempre é o mesmo, como se o dia estivesse passando; marcação
de um homem rotineiro no trabalho e de uma mulher feliz e ativa em
casa.
Desalento: desalento significa falta de ânimo, abatimento; com
participação de Vinícius de Moraes, nessa música, é possível perceber
um arrependimento da parte do homem por ter feito algo com a
mulher e está mal por isso, querendo-a de volta.
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CONSTRUÇÃO
Construção: todos os versos com 12 sílabas (dodecassílabos)
terminados em palavras proparoxítonas; as palavras proparoxítonas
mudam de verso, trocando o sentido das frases ao longo da música; a
construção diz respeito à obra em que o personagem trabalha, mas
também à letra, pois foi composta de uma forma bem fechada, com
versos dodecassílabos e permutação das proparoxítonas; a temática
da música é um operário oprimido em seu dia de trabalho que não
vale nada dentro do sistema, é condenado a morrer trabalhando;
quando o trabalhador vai descansar, cai do andaime e morre na rua,
atrapalhando o tráfego, ou seja, é insignificante; no decorrer da
canção, é possível perceber que os versos são cantados em função
do dia do operário (antes do trabalho, durante, depois); no final da
música, entra Deus lhe pague, com um ritmo mais frenético, fechando
o enredo.
Lado B:
Cordão: a música faz uma referência quase explícita à censura,
cantando que ninguém vai acorrentá-lo enquanto ele puder cantar,
sorrir e ser ouvido.
Olha Maria: com participação de Vinícius de Moraes e melodia de Tom
Jobim, Olha Maria mostra um homem dizendo a uma mulher para ela
partir e viver a vida dela independente da tristeza dele; representa a
libertação da mulher.
Samba de Orly: com participação de Toquinho e Vinícius de Moraes
(os versos de Vinícius foram censurados), Samba de Orly representa
um recado de Chico a Toquinho, após a dupla passar uma temporada
na Itália (saem do Brasil após o AI-5); Toquinho está voltando para o
Brasil e Chico canta para ele que está com saudades do Rio de Janeiro
e que gostaria de ouvir uma notícia boa do país; na música, há uma
referência aos militares “para os da pesada”.
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CONSTRUÇÃO
Valsinha: com participação de Vinícius de Moraes, Valsinha faz
referência ao movimento hippie que estava em ascensão na década de
70; os versos apresentam um homem que ama sem pudor, que é livre e
que dança; representa bem a liberdade pregada pelos hippies,
rompendo o conservadorismo.
Minha história (Gesú Bambino): composta originalmente por Lúcio Dalla
na Itália, no início da década de 70, Minha história conta a história de
uma mãe solteira, sob a percepção do filho, que se relaciona com
estrangeiros; quando engravida, a mulher coloca o nome do filho de
Jesus, de onde vem o nome da canção original, Gesú Bambino, que
significa Menino Jesus (pode ser comparado com Jesus, que não teve a
figura paterna); percebe-se claramente a posição da mulher nessa
música, principalmente no verso “esperando, parada, pregada na porta
do porto, com seu único vestido, cada dia mais curto”.
Acalanto: canção bem curta, com poucos versos, retrata a inocência da
infância; ela é dedicada à filha de Chico, Helena, após a volta dele da
Itália, o que mostra o saudosismo dele com filha recém nascida.
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QUESTÕES DE CONSTRUÇÃO
1. (ENTREINAFEDERAL) Leia as seguintes afirmações sobre as músicas “Construção” e
“Deus lhe pague” do álbum Construção, de Chico Buarque.
I - Em ambas as músicas, o personagem é um oprimido social.
II - Em “Construção”, os versos terminam com palavras proparoxítonas.
III- Em “Deus lhe pague”, há uma troca de ritmo do início para o final da música.
Quais estão corretas?
A) Apenas I.
B) Apenas II.
C) Apenas III.
D) Apenas I e III.
E) I, II e III.
QUESTÕES DE CONSTRUÇÃO
A) F – V – F – F.
B) V – V – V – F.
C) V – F – V – V.
D) F – V – V – V.
E) V – F – V – F.
A) F – V – F – F.
B) V – V – V – F.
C) V – F – V – V.
D) F – V – V – V.
E) V – F – V – F.
LISÍSTRATA
SOBRE O AUTOR: Aristófanes nasceu por volta de 445 a.C. e apresentou
cerca de quarenta comédias.
LISÍSTRATA
No entanto, os homens velhos, ficam indignados com a atitude delas,
profanam xingamentos e pretendem atear fogo para que elas
evacuem o local. Com isso, as mulheres, que observam de longe,
percebem que há fogo e direcionam-se para a Acrópole, lá Corifeu e
Corifeia (indivíduos que mais se destacam dos seus grupos) começam
a discutir novamente. Nesse momento, surge o Comissário junto com
seus soldados, os quais entram em defesa dos homens contra as
mulheres. O chefe instrui que os homens lutem, entrando à força na
Acrópole, mas Lisístrata abre a porta bem na hora.
Assim, os dois começam a discutir, já que o Comissário tem uma
posição agressiva e Lisístrata tem uma posição de resistência. Com
isso, todos os homens começam a ter receio das mulheres, porque
quando enfrentam-as, elas resistem e afrontam-os. Dessa maneira,
sem terem sucesso para lutar contra elas, o Comissário decide
questionar o motivo delas tomarem a Acrópole e Lisístrata diz que
sem dinheiro, não existiria guerra. O Comissário indignado com a
astúcia das mulheres, indaga o porquê dessa atitude. Lisístrata diz que
a guerra é uma insensatez, a qual traz mortes, sem ter paz. Ela
completa que as mulheres nunca tiveram voz para opinar nessas
questões com os maridos, os quais sempre eram ríspidos e
mandavam elas não se meterem nesses assuntos, mas Lisístrata diz
que chegou ao fim essa sujeição, que está na hora das mulheres
cuidarem da paz e dos bens, assim ela explica que elas irão governar
como se fosse um novelo de lã “A tecelagem é uma lição política”.
Nisso, o Comissário continua a desrespeitar as mulheres, então elas
começam a jogar poeira e atirar coisas sobre ele, revoltado diz que irá
ao Tribunal para se apresentar aos homens e achar uma solução.
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LISÍSTRATA
Lisístrata está preocupada, porque as outras mulheres não querem
mais fazer a greve de sexo e estão inventando desculpas para
escapar. Assim, Lisístrata lê a profecia do Oráculo, o que incentiva as
mulheres a ficarem unidas. Nesse tempo, o marido de Mirrina,
Cinésias, chega e Lisístrata orienta-a a seduzi-lo para provocá-lo.
Cinésias implora para Mirrina voltar a sua casa que o filho está
descuidado e clama pela sua mãe, além de que o marido está cheio
de desejos. Assim, ele implora para que a esposa deite-se com ele e
diz que fará o tratado de paz. Com isso, Mirrina encena que irá ficar
com ele, mas ela deixa-o mais ansioso, porque sai em busca de
objetos para o conforto do momento, como travesseiro e cobertor.
Antes do momento tão esperado acontecer, Corifeu encontra Cinésias
em um estado deplorável, “cheio das vontades”. Junto a esse
momento, chega um Espartano no mesmo estado de Cinésias. Assim,
Arauto traz a proposta de paz, visto que todos os homens estão
sofrendo de uma ereção universal, porque Lampito e as mulheres
seduziram-os.
Enquanto isso, Corifeu e Corifeia continuam brigando, mas ela o ajuda
e eles selaram um beijo de paz. Assim, começa a ser selado um Coro
de Paz, uma vez que todos homens gregos encontram-se no mesmo
estado e a única opção é assinar a paz em toda a Grécia.
Lisístrata discursa pela paz e dessa forma os homens começam a
valorizá-la pelas suas palavras e atitudes. A peça termina com um
banquete ateniense e Lisístrata encontrando seu marido.
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QUESTÕES DE LISÍSTRATA
1. (ESTUDIDI) Sobre o livro Lisístrata - a greve do sexo, de Aristófanes, assinale com V
(verdadeiro) ou F (falso) as seguintes afirmações.
( ) Lisístrata decide reunir as mulheres de toda Grécia para achar uma solução para o
fim da guerra
( ) A peça é uma tragédia grega que trata das aflições causada nas mulheres pela
guerra
( ) As mulheres decidem invadir a Acrópole para usarem como fortaleza militar
( ) Durante toda a obra, as mulheres possui uma atitude agressiva perante ao homens
A sequência correta de preenchimento dos parênteses, de cima para baixo, é
A) V – F – F – V.
B) F – V – V – F.
C) V – V – F – V.
D) F – F – V – F.
E) V – F – F – F
VÁRIAS HISTÓRIAS
SOBRE O AUTOR: Machado de Assis foi um escritor brasileiro considerado
o maior nome da literatura brasileira do século XX. Sua escrita possui
destaque nos romances e contos. O escritor foi o principal fundador da
Academia Brasileira de Letras. O autor foi o responsável por inaugurar o
Realismo no Brasil.
CONTEXTO HISTÓRICO: o livro é publicado em 1896 nos anos
subsequentes à abolição da escravatura e à promulgação da primeira
constituição do Brasil em 1891, a maioria das histórias passa-se na
segunda metade do século XIX. Faz parte do período realista do autor, o
que pode ser visto principalmente no conto Trio em Lá Menor – o anseio
da perfeição que isola o indivíduo. Nos contos, há bastante
intertextualidade, o que pode ser visto em referências a teatros, músicas,
histórias bíblicas.
ASPECTOS PRINCIPAIS DOS POEMAS: Várias Histórias é uma coletânea
que reúne dezesseis contos de Machado de Assis que foram publicados
na Gazeta de Notícias entre 1884 e 1891.
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VÁRIAS HISTÓRIAS
A CARTOMANTE
Rita falou a Camilo que foi na cartomante, pois estava em dúvida do amor
dele. A vidente disse ser bobagem e que ela deveria conversar com ele,
com isso o narrador cita que antes Camilo acreditava nas crendices de
sua mãe e depois de 20 anos parou de crer. Mas Rita cita o que Hamlet
disse para Horácio “há mais coisas no céu e na terra do que se possa
sonhar”. Rita é casada com Vilela (fez magistrado) que é amigo de infância
de Camilo (trabalha como funcionário público). Ao cansar do magistrado,
Vilela abre um escritório de advocacia. Vilela e Camilo se aproximam mais
após a morte da mãe de Camilo. No decorrer do conto, Camilo recebe
uma carta anônima dizendo que se era sabido de seu caso com Rita,
então este resolve se afastar de Vilela, não indo mais em sua casa, o
amigo fica sem entender e triste com o afastamento. Neste momento,
Rita fica preocupada com Camilo e procura a cartomante para saber o
que havia ocorrido. Rita acha melhor que Camilo volte a visitar seu marido
regularmente para que não se levantem suspeitas, mas ele pensa que
deve se manter afastado. Camilo recebe uma carta de Vilela falando que
deve se apressar para ir na sua casa, no caminho ele resolve ir até a casa
da cartomante e visitá-la. A cartomante falou coisas que o tranquiliza,
assim ele paga uma boa quantia de dinheiro, saindo de lá calmo até se
culpando pela demora para chegar na casa do amigo, já que pensava que
seria morto. Ao chegar na casa de Vilela a porta se abre com ele se
desculpando pela demora, e, olhando para dentro, enxerga Rita morta.
Em seguida seu amigo acaba por o agarrá-lo e dar dois tiros fatais em
Camilo.
VÁRIAS HISTÓRIAS
ENTRE SANTOS
Ao ser capelão de São Francisco de Paula, o senhor sempre fechava a
igreja ao ir dormir. Um certo dia, ao fechar enxergou uma luz saindo de uma
das portas e decidiu se aproximar destas (pensando ser um ladrão), porém
havia uma luz diferente das velas. Ele percebe que se encontram santos
conversando e andando pela sala. Estes ficam discutindo o que ocorreu e
sobre o coração das pessoas, algumas sendo bondosas e outras não,
enquanto o capelão fica escondido ouvindo a todos. Os santos conseguem
ler as almas das pessoas enquanto estas rezam e fazem pedidos, então
São José conta sobre uma mulher que com luxúria desejava se desfazer do
namorado, começa a chorar, então a oração começa a se esvair. Santo
Sales começa a contar a história de um senhor também chamado Sales
que é muito pão duro e está a ponto de perder a esposa que junto com sua
escrava são as únicas pessoas à sua volta. Esta escrava acaba por ser de
seu pertencimento, quando ela faleceu, ele a enterra como uma mulher
livre para não ter mais gastos. Então Sales pediu ao santo que salvasse sua
mulher, a pessoa que realmente amava. O homem mal consegue formar
frases pedindo o salvamento de sua mulher principalmente quando deve
oferecer algo em troca. Então o pobre homem promete rezar mais de mil
“ave maria”. Assim os santos começam a rir com o fim da história e o
capelão não ouve mais nada e cai ao chão, acordando e abrindo as janelas
para espantar os sonhos.
Final: “Depois, não pude ouvir mais nada. Caí redondamente no chão.
Quando dei por mim era dia claro.... Corri a abrir todas as portas e janelas da
igreja e da sacristia, para deixar entrar o sol, inimigo dos maus sonhos.”
UNS BRAÇOS
O pai (barbeiro) de Inácio resolve que este deveria começar a trabalhar no
fórum junto ao solicitador Borges, enviando documentos e ofícios, o jovem
se muda para morar com chefe e sua esposa, Severina.
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VÁRIAS HISTÓRIAS
Após cinco semanas, Borges ainda não gosta do trabalho do garoto, já que
ele é desatento. Durante as refeições, Inácio começa a se encantar pelos
braços a mostra de dona Severina, que a única coisa que vale a pena é
poder ver seu braço três vezes. Cansado do trabalho, pensa em fugir, porém
reflete que não seria bom, pois perderia de vista tais braços. Dona Severina
começa a perceber os olhares e resolve contar ao marido, porém não o faz,
porque vê que Inácio realmente a desejada, mas é uma criança, assim
decide ser mais rude com o jovem. Inácio fica aflito por ser diariamente
menosprezado pelo Borges e deseja por ir embora, mas nunca realiza tal ato
por medo de deixar de ver os braços. Um certo dia, Inácio ao ler um livro
acaba por derrubá-lo e sonha que a via. Neste momento, ela espera que seu
marido vá embora e vai em direção ao quarto de Inácio lembrando que este
não jantou e vê ele dormindo com um folheto caído, assim fica observando
seu sono e nota que realmente parece uma criança dormindo. Ela se
aproxima e dá um beijo nele, mas sai atordoada e não o acorda. Após esse
acontecimento, começa a usar um chalé para cobrir seus braços. Um belo
dia, Borges dispensa Inácio que sai sem entender o que ocorreu. Borges
pede que volte outro dia para se despedir de Severina, tratando-o bem pela
primeira vez. Ele vai embora com a sensação de um beijo, pensando ter sido
apenas um sonho.
Final: "Inácio saiu sem entender nada. Não entendia a despedida, nem a
completa mudança de D. Severina, em relação a ele, nem o xale, nem nada.
Estava tão bem! falava-lhe com tanta amizade! Como é que, de repente...
Tanto pensou que acabou supondo de sua parte algurn olhar indiscreto,
alguma distração que a ofendera, não era outra cousa; e daqui a cara
fechada e o xale que cobria os braços tão bonitos... Não importa; levava
consigo o sabor do sonho. E através dos anos, por meio de outros amores,
mais efetivos e longos, nenhuma sensação achou nunca igual à daquele
domingo, na Rua da Lapa, quando ele tinha quinze anos. Ele mesmo
exclama às vezes, sem saber que se engana: E foi um sonho! um simples
sonho!"
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VÁRIAS HISTÓRIAS
UM HOMEM CÉLEBRE
Sinhazinha Mota está em um sarau íntimo de aniversário da Viúva Camargo.
Ela reconhece Pestana por causa de uma amiga e pede para ele tocar uma
música famosa deste, ele toca contrariado (contrapondo com a alegria da
“canção”). Depois, ele alega estar com dor de cabeça e sai para sua casa,
fugindo de sua música. Sua casa é cheia de quadros (músicos e de um
velho padre que o ensinou sobre a música – acham que era seu pai). O
sonho de Pestana é criar uma música clássica, ele tentou, mas não
conseguiu. No dia seguinte, acordou e fez uma polca que o deixou
orgulhoso. Mas, passado os dias, começou a não gostar de sua música
(pavor de quando pediram para ouvir). Enquanto isso, Sinhazinha Mota
pensava nele e ele não se lembrava dela. Pestana queria tocar um clássico,
mas sem conseguir isso, resolveu-se casar com uma viúva cantora
("recebeu-a como esposa espiritual do seu gênio") com a esperança de
realizar seu sonho. Um dia, ele consegue tocar uma clássica, mas Maria diz
que é um clássico de Chopin , ele lembrou depois e fica novamente
frustrado. Assim, se rende e resolve tocar polca anonimamente, nem a
mulher sabia que ele tocava. Pestana não gostava do nome dado a sua
música, mas depois começou a não se importar mais. Sua esposa falece,
então Pestana fica 2 anos sem tocar, até que recebe uma proposta a qual
aceitou (por conta de dívidas). Compôs e até que começou a gostar da
primeira polca que era para os liberais. Quando estava no leito de morte, o
editor foi pedir uma música para os conservadores que subiram no poder.
Assim, Pestana diz que irá fazer uma polca para quando os liberais
voltassem para o poder e morre.
Final: "— Olhe, disse o Pestana, como é provável que eu morra por estes
dias, faço- lhe logo duas polcas; a outra servirá para quando subirem os
liberais.
Foi a única pilhéria que disse em toda a vida, e era tempo, porque expirou
na madrugada seguinte, às quatro horas e cinco minutos, bem com os
homens e mal consigo mesmo."
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VÁRIAS HISTÓRIAS
A DESEJADA DAS GENTES
Conselheiro resolve contar a história de Quintília, ele a conheceu na sua
faculdade de medicina, ela tinha 30 anos, porém não aparentava. Conta
que ele e seu colega, Nóbrega, já se conheciam e que a senhora causou
a briga deles. Um dia, o conselheiro ouviu um grupo falando sobre ela e
disseram que tentavam alguma coisa, mas nunca tinham sucesso. Ele
conta que Nóbrega tinha presunção de ser um espírito sonhador. Assim,
eles acordam que vão “romper essa fortaleza” e decidem conquistar a
moça, mas não esperavam que ambos seriam conquistados por ela e em
pouco tempo estariam brigados e mentindo para si, o amigo até acaba
indo para Bahia, morrendo lá. Conselheiro e Quintília tinha uma relação
próxima, quando seus parentes faleceram, ambos se compadeceram um
pelo outro. Ele acredita que há amor nessa relação, então resolve pedir
ela em casamento, mas ela nega dizendo que já é velha e quer manter a
amizade, Conselheiro conta da briga com o amigo e ela o repreende. Ele
então decide por sair por um tempo da cidade, quando volta acha uma
carta dela para que fosse visitá-la. Eles mantém a amizade e ela promete
que não se casará com nenhum outro. Logo ela adoece e eles ficam mais
próximos, até que no seu leito de morte finalmente casam-se. No que
durou pouco a união, pois logo ela falece, sendo o contato íntimo breve.
Final: "— Não sei o que dirá a sua fisiologia. A minha, que é de profano, crê
que aquela moça tinha ao casamento uma aversão puramente física.
Casou meio defunta, às portas do nada. Chame-lhe monstro, se quer, mas
acrescente divino."
A CAUSA SECRETA
Garcia, Fortunato e Maria Luísa estão sem se falar. A história volta no
tempo quando Garcia e Fortunato se conheceram na faculdade de
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VÁRIAS HISTÓRIAS
medicina. Garcia gostava de ir ao teatro e um dia Fortunato apareceu lá, o
médico envolvia-se com a peça como se identifica-se. Até que levantou e foi
embora, Garcia foi atrás dele, mas não o encontrou.
Final: "Entretanto, Garcia inclinou-se ainda para beijar outra vez o cadáver;
mas então não pôde mais. O beijo rebentou em soluços, e os olhos não
puderam conter as lágrimas, que vieram em borbotões, lágrimas de amor
calado, e irremediável desespero. Fortunato, à porta, onde ficara, saboreou
tranquilo essa explosão de dor moral que foi longa, muito longa,
deliciosamente longa."
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VÁRIAS HISTÓRIAS
TRIO EM LÁ MENOR
Capítulo primeiro - Adágio Cantabile
Maria Regina está pensando amorosamente em dois homens, um de 27
anos (Maciel) e outro de 50 (Miranda). Ela era considerada desmiolada,
com bom coração, mas muita imaginação. Um dia os dois foram visitá-la e
ela tocou uma peça clássica de piano, Miranda fez análises da música e
Maciel apenas concordou polidamente. Ela estava lembrando da situação
(palavras de Miranda e olhos de Maciel).
Capítulo segundo - Allegro ma non Troppo
Um dia, ela e a avó estavam andando de carruagem e um menino quase
foi atropelado por outro veículo, mas um homem o salvou, era Maciel.
Maria Regina se comove com ele e oferece seu lenço. Ele visita ela mais
tarde e ambos ficam trocando olhares, a avó resolve trocar de assunto
para interromper o gesto.
Capítulo terceiro - Allegro Appassionato
Maciel está contando as fofocas da sociedade. Mas, ao longo das
histórias, Maria Regina vai desapegando dele e pensa num ser perfeito
que seria a fusão de Maciel com Miranda. Nisto, Miranda chega e pouco
depois Maciel vai embora. Miranda já é grisalho com fisionomia mais dura.
A avó acha-o muito frio. Maria Regina toca piano para ele, mas não
consegue olhá-lo, e, novamente, ela pensa numa fusão dos dois.
Capítulo quarto - Minuetto
Maria Regina continua sem saber qual escolher, assim eles vão embora
para nunca mais voltar. Ela, olhando as estrelas, vê dentro de si uma
estrela dupla que separadas valiam bastante e juntas davam um astro
esplêndido. Ela resolver dormir após ver um gato com dois olhos como
astros, ela sonha e uma voz surge do abismo “É a tua pena, alma curiosa
de perfeição; a tua pena é oscilar por toda a eternidade entre dois astros
incompletos, ao som desta velha sonata do absoluto: lá, lá, lá…”
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VÁRIAS HISTÓRIAS
ADÃO E EVA
Por volta de 1700, a senhora de engenho vai servir um doce e todos ficam
curiosos, assim começa a discussão de quem foi a culpa de Adão e Eva
terem sido expulso do paraíso por causa da curiosidade (como se fosse
um pecado).
O senhor Veloso decide contar a história da criação, em que o Diabo foi o
real criador do mundo, porque ele começou criando a escuridão, então
Deus foi e criou a luz. Assim ficou uma “competição" entre eles, até
mesmo na criação do homem e mulher, em que o Diabo fez tudo de ruim
e Deus foi lá e fez tudo de bom.
Assim, o Diabo vê a serpente como um modo de solucionar os seus
problemas (o bem). Já que Adão e Eva não poderiam tocar na árvore,
Tinhoso diz para a serpente oferecer um fruto dela. A serpente vai falar
com Eva, mas ela nega o fruto e Adão concorda com a decisão de Eva,
assim eles saem daquele espaço. Deus vê tudo e manda o arcanjo levar
eles para o paraíso, pois eles não cederam às obras de Tinhoso. Com isso,
a Terra fica sob domínio da cobra e de todo mal. O juiz acaba a história e
pede mais doce a D. Leonor, ela tem dúvida se realmente aconteceu o
que Senhor Veloso contou. Então Veloso completa que se tivesse
acontecido, não estavam saboreando aquele doce.
Final: "E o juiz-de-fora, levando à boca uma colher de doce: — Pensando
bem, creio que nada disso aconteceu; mas também, D. Leonor, se tivesse
acontecido, não estaríamos aqui saboreando este doce, que está, na
verdade, uma cousa primorosa. É ainda aquela sua antiga doceira de
Itapagipe?"
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VÁRIAS HISTÓRIAS
O ENFERMEIRO
Ele começa a narrar uma história que aconteceu em 1860, mas não quer
que a história seja exposta antes da sua morte. Ele era estudante de
teologia e foi convidado para servir de enfermeiro na casa do Coronel,
Felisberto, agressivo e de mal com a vida. Ele começa a trabalhar com o
Coronel, nos primeiros sete dias, eles têm uma relação boa, o Coronel até
elogia-o para o vigário. No entanto, a partir do oitavo dia, o Coronel
começa a mostrar que é mau também, xinga e agride. O enfermeiro até
resolve ir embora, mas o Coronel convence ele a ficar, alegando que é
apenas um velho. Assim, ele continua cuidando dele e cada vez mais o
Coronel está envelhecendo, fazendo até seu testamento. Procópio diz
que ficará apenas mais um mês com o velho, mas no meio tempo, o
Coronel tem um surto e atira um objeto no rosto do enfermeiro, este
revida e põem as mãos no pescoço do velho. Assim, estoura o aneurisma
e o Coronel vem a óbito. Procópio tem medo que as pessoas descubram
que foi ele, então não sai do lado do cadáver. O enfermeiro, mesmo não
sendo religioso, manda rezar uma missa para o falecido por causa da
culpa que sentia. Logo, ele volta para a Corte, no Rio, e lá ele recebe o
testamento do Coronel, seria o herdeiro universal do velho. De início, ele
pensa em doar tudo, mas com o tempo, pensa que o Coronel já ia morrer,
que as coisas aconteceram como deveriam ser. Assim, a sua culpa vai
diminuindo e ele doa apenas uma parte da herança à caridade e para
construir um túmulo de mármore ao Coronel, de resto, fica sem culpa.
Final: "Adeus, meu caro senhor. Se achar que esses apontamentos valem
alguma coisa, pague-me também com um túmulo de mármore, ao qual
dará por epitáfio esta emenda que faço aqui ao divino sermão da
montanha: "Bem-aventurados os que possuem, porque eles serão
consolados."
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VÁRIAS HISTÓRIAS
O DIPLOMÁTICO
Sr. Rangel era leitor de livro de sorte, está na casa de D. Adelaide fazendo
isso. Ele disse que D. Felismina iria encontrar alguém que a ama em
segredo, como ela já tinha 40 anos, sai esperançosa. Rangel se dedicou
até os 41 anos ao celibato, assim era solteiro, frequentou alguns bailes,
mas não encontrou ninguém. Chamado de diplomático, porque presumia
de grande maneira as coisas, mas, na verdade, todas suas histórias eram
fábulas e ele era discreto e pacato. Rangel não tinha nenhuma noiva, mas
começou a se apaixonar por Joaninha, 19 anos. Ele a viu crescer e até a
pegou no colo. Então na casa de D. Adelaide resolve entregá-la uma carta
de amor. Mas, nisso, chega algumas pessoas e estraga o momento. Então,
eles vão jogar prendas. Logo depois, Queirós chega, um homem bonito
que encanta todas as moças. Joaninha não tira os olhos dele, o que o
deixa desconfortável. Ele resolve ir embora, mas Joaninha pede para ele
ficar jogando com eles. À princípio, ele acha que está tudo bem entre eles
e cogita entregar a carta, mas não entrega. No dia seguinte, Rangel vê os
dois de mãos dadas e seu mundo desaba, fica inacreditado em como
uma noite mudou tudo. Seis meses depois é o casamento de Joaninha e
Rangel, ele continua triste e até cogita se alistar na guerra do Paraguai,
mas continua no mesmo lugar.
VÁRIAS HISTÓRIAS
MARIANA
Capítulo 1:
Em 1890, Evaristo volta da Europa depois de 18 anos, porque um repórter
na Europa o perguntou da revolução do Rio de Janeiro, assim ele decide ir
até o RJ, para ver de perto. Logo, ele se lembra de Mariana, uma menina
que eles tiveram um termino ruim, deixou-o doido e quase a deixou morta.
Capítulo 2:
Ele entra na casa e tudo está do mesmo jeito da última vez, até o quadro de
quando ela era jovem. Assim, como se ela saísse do quadro, eles começam
a conversar. Eles conversam com amor, mas Evaristo quer se separar,
porque acha que Mariana ainda ama seu marido. Então ela conta que fez de
tudo para casar com ele, mas com o tempo a relação dos dois foi esfriando
e ela não sentia mais nada. Assim, eles ficam bem próximos, mas são
acordados, dizendo “faz o favor de entrar”.
Capítulo 3:
Evaristo acorda do seu sonho e percebe que tudo aquilo aconteceu no
tempo que estavam juntos. Ele só não sonhou com a separação (causa da
pela mãe dela). Ele vê que Xavier, marido de Mariana está acamado e que
ela está junto dele. Decide ir embora e ela o trata como um qualquer.
Depois de um dia, ele volta e Xavier morre. Mariana se desespera e Evaristo
fica chocado com aquela demonstração de amor. No enterro, ela não vai,
mas todos comentam que o amor do casal era lindo. Eles se encontram na
rua, e ela tenta ignorar e trata ele com indiferença. Logo, ele se da conta de
que foi um amor passageiro.
Final: "Nem os acontecimentos, nem os anos lhe mudaram a índole.
Quando rompeu a guerra do Paraguai, teve ideia muitas vezes de alistar-se
como oficial de voluntários; não o fez nunca; mas é certo que ganhou
algumas batalhas e acabou brigadeiro."
49
VÁRIAS HISTÓRIAS
CONTO DE ESCOLA
Em 1840, o menino estava na dúvida da onde iria brincar no dia seguinte,
decidiu que seria a escola. O mestre da escola se chamava Policarpo e
seu filho, Raimundo, aprendia tardiamente e tinha medo do pai. Pilar é um
bom aluno, mas diz estar arrependido de ter ido à aula, sente-se preso
enquanto poderia estar no campo ou no morro. Raimundo quer contar
algo para Pilar, mas toda vez tem alguém olhando. Uma hora, ele
consegue mostrar para ele uma moeda de prata do tempo do imperador
(viviam no período regencial), assim Raimundo pergunta se Pilar quer
fazer uma troca: a moeda em troca de ajuda nas lições. Pilar demora para
pegar a moeda, mas depois aceita e começa a dar lições. Mas Curvelo,
um aluno mais velho, está observando-os de modo cruel. Então o
professor chama Pilar e Raimundo para saber da história da troca. O
mestre xingou-os e bateu com palmatória, além de proferir ameaças. Até
Curvelo parecia amedrontado com a situação, Pilar queria bater nele, mas
não o achou. No dia seguinte, resolve ir à escola para procurar a moeda
mas acaba mudando seu rumo quando um grupo de fuzileiros passa
marchando por ele. Pilar resolve seguir junto e não vai, depois ele retorna
para casa, mais feliz do que imaginava pelo novo conhecimento de vida.
Final: "Na rua encontrei uma companhia do batalhão de fuzileiros, tambor
à frente, rufando. Não podia ouvir isto quieto. Os soldados vinham
batendo o pé rápido, igual, direita, esquerda, ao som do rufo; vinham,
passaram por mim, e foram andando. Eu senti uma comichão nos pés, e
tive ímpeto de ir atrás deles. Já lhes disse: o dia estava lindo, e depois o
tambor... Olhei para um e outro lado; afinal, não sei como foi, entrei a
marchar também ao som do rufo, creio que cantarolando alguma coisa:
Rato na casaca... Não fui à escola, acompanhei os fuzileiros, depois enfiei
pela Saúde, e acabei a manhã na Praia da Gamboa. Voltei para casa com
as calças enxovalhadas, sem pratinha no bolso nem ressentimento na
alma. E contudo a pratinha era bonita e
50
VÁRIAS HISTÓRIAS
foram eles, Raimundo e Curvelo, que me deram o primeiro conhecimento,
um da corrupção, outro da delação; mas o diabo do tambor..."
UM APÓLOGO
É um conto que tem conversa entre a agulha e o novelo de linha.
Discutem para saber quem é o mais importante. A linha diz que une os
tecidos, já a agulha diz que ela fura o pano e inicia o processo. A linha
compara que os batedores vão antes do imperador. Essa história
acontece na casa da baronesa. Ambas estão orgulhosas de seu trabalho.
Então a agulha questiona se a linha continua achando que é melhor, já
que a costureira se importa apenas com a agulha, manuseia ela. Assim, a
roupa fica pronta e a linha questiona se a agulha não vê que a linha irá ao
baile, enquanto ela volta para a caixa de costuras. Assim, o alfinete fala
que a agulha é tola, abre o caminho para outros que irão gozar da vida.
Final: "Parece que a agulha não disse nada; mas um alfinete, de cabeça
grande e não menor experiência, murmurou à pobre agulha: — Anda,
aprende, tola. Cansas-te em abrir caminho para ela e ela é que vai gozar
da vida, enquanto aí ficas na caixinha de costura. Faze como eu, que não
abro caminho para ninguém. Onde me espetam, fico. Contei esta história a
um professor de melancolia, que me disse, abanando a cabeça: —
Também eu tenho servido de agulha a muita linha ordinária!"
51
VÁRIAS HISTÓRIAS
D. PAULA
D. Paula foi visitar a sobrinha e quando ela chegou, a jovem estava
chorando, porque brigou com o marido por ciúme. Assim, D. Paula resolve
ir conversar com Conrado, marido. Ele reclama que a mulher é leviana e
tinha um namorado. Ele quer a separação, mas a tia faz uma proposta:
eles se reconciliam e Venancinha iria ficar 1 ou 2 meses com ela para que
a senhora a ensinasse os deveres da esposa. O marido comenta que ela
tem um caso com Vasco Maria Portela, filho de um diplomata, D. Paula
fica surpresa, pois amou o diplomata. A tia se vê na sobrinha e fica na
dúvida se restitui o casamento. Assim, nove dias depois o marido vai
visitá-la, mas continua frio. Um dia, a tia e a sobrinha vão passear e o
Vasco está no local. Assim ela conta a história para a tia, que ele falava
palavras amigáveis, mas que com o tempo seu coração começou a bater
mais forte. D. Paula está escutando a sobrinha falar, depois pergunta se
eles se amam, a sobrinha diz que não, mas que um dia, no teatro, ele
proferiu duas palavras para ela que ficaram em sua mente. A tia escutou
tudo, e várias vezes identificava-se com a história, mas deu um sermão
sobre castidade e amor na sobrinha, a qual saiu chorando. Assim, a tia
resolve ir à janela, questiona se ainda se lembra do outro tempo, que se
assemelhava e distanciava daquela noite. Mas lá na outra casa era como
se observassem e falassem “Sinhá velha hoje deita tarde como o diabo”.
VÁRIAS HISTÓRIAS
com as do tempo da Stoltz e do Marquês de Paraná; mas continuava, e lá
dentro as pretas espalhavam o sono contando anedotas, e diziam, uma ou
outra vez, impacientes:
—Sinhá velha hoje deita tarde como diabo!"
VIVER!
Ahasverus está feliz com o fim do mundo, porque ele é o último que restou
e finalmente vai morrer depois de milhares de anos. No entanto, chega
Prometeu, que é um imortal, indagando qual o motivo da felicidade de
Ahasverus. Então, o “mortal” conta que era de Jerusalém e ele ajudou com a
crucificação de Cristo, assim a sua pena foi andar para sempre até o fim do
mundo. Mas Prometeu diz que foi uma pena benévola, porque os outros
homens leram da vida um capítulo e ele leu o livro inteiro. Ahasverus fica
indignado com o que Prometeu disse, porque ele peregrinou a vida toda,
mas não importava o quão longe ele fosse, ele sempre via as mesmas
coisas. Assim, Prometeu qual foi o seu crime: criar os homens e depois
roubar o fogo do Olimpo para eles, seu castigo foi que uma águia comesse
seu fígado pouco a pouco, mas sem nunca ser todo. Ahasverus fica
indignado, já que Moisés mentiu pra ele sobre a criação dos homens. Além
de se indignar com Prometeu também, pois a culpa de todo sofrimento
terrestre era dele.
Prometeu conta que Hércules desagrilhou ele. Assim Ahasverus diz que
Hércules precisará de novo desfazer o desagrilho, porque quem sofre clama
por isso. Prometeu xinga-o porque ele está negando um trono, sem
entender o mortal questiona. Assim, Prometeu diz que o mundo atual de
está extinguindo, mas um novo com novas espécies está surgindo e que
Ahasverus é a melhor pessoa para governar, já que viveu por milhares de
anos, manter a tradição do mundo velho. “O desprezado dos homens
governará os homens”. Ele fica surpreso e feliz por viver uma vida nova
depois de tanto sofrimento. Contudo, não passava de um sonho.
53
VÁRIAS HISTÓRIAS
Final: "PROMETEU. - Rei eleito de uma raça eleita.
AHASVERUS. - Não é demais para resgatar o profundo desprezo em que
vivi. Onde uma vida cuspiu lama, outra vida porá uma auréola. Anda, fala
mais... fala mais... (Continua sonhando. As duas águias aproximam-se.)
UMA ÁGUIA. - Ai, ai, ai deste último homem, está morrendo e ainda sonha
com a vida.
A OUTRA. - Nem ele a odiou tanto, senão porque a amava muito."
5. (UFRGS 2023) No bloco superior abaixo, estão listados títulos de alguns contos da obra
Várias histórias, de Machado de Assis; no inferior, informações sobre esses contos.
Associe adequadamente o bloco inferior ao superior.
1 - “O cônego”
2 - “Trio em lá menor”
3 - “Uns braços”
4 - “Um homem célebre”
( ) Maria Regina está igualmente interessada por dois pretendentes, Maciel e Miranda.
( ) Renomado compositor de polcas não consegue criar obra prima erudita.
( ) Reverendo Matias escreve sermões, a partir de teoria estilística muito peculiar.
( ) Jovem Inácio relembra situação inusitada vivida com D. Severina, que se confunde com
um sonho.
A sequência correta de preenchimento dos parênteses, de cima para baixo, é
A) 4 – 1 – 3 – 2.
B) 2 – 4 – 1 – 3.
C) 3 – 1 – 4 – 2.
D) 2 – 4 – 3 – 1.
E) 3 – 1 – 2 – 4.
57
A FALÊNCIA
SOBRE O AUTOR: Júlia Lopes de Almeida é uma escritora brasileira do
realismo-naturalismo, foi uma das escritoras que mais ajudou no
desenvolvimento da literatura do Brasil, se empenhou no processo de
fundação da Academia Brasileira de Letras, mas teve seu nome banido
por ser mulher.
CONTEXTO HISTÓRICO: O livro foi inscrito durante a proclamação da
república em 1889 que encerrou o período da monarquia no Brasil. Tal
período foi conhecido como República da Espada que são evidenciados
no livro como os valores sociais da época. O livro transita entre o
naturalismo e o realismo, por conta disso tem objetivação,
antropocentrismo, determinismo.
PERSONAGENS IMPORTANTES:
Francisco Teodoro: era descrito como um burguês satisfeito, gordo e
calvo, emigrante português que fez sua fortuna no Brasil com a
produção cafeeira
Camila: esposa de Francisco, uma mulher de beleza notável que tem
um caso com o médico da família, Gervásio
Gervásio: médico da família que se apaixonou por Camila, após
moldá-la a seu gosto, rico e egocêntrico, ele ocupa o lugar de
Francisco
Mário: filho de Francisco e Camila, é um libertino e tem pavor ao
trabalho
Ruth: filha de Francisco e Camila, se dedica as artes e pela
estabilidade financeira, nem pensa em casamento mesmo sendo nova
Raquel e Lia: são as filhas gêmeas de Francisco e Camila
Nina: sobrinha do casal que vive com eles na casa, apaixonada por
Mário, mas é ignorada, seu pai, Joca, mandou ela nova para a família
Noca é a governanta da casa, sabe de tudo que acontece e é quem
mais apoia Nina
58
A FALÊNCIA
Capitão Rino: também apaixonado por Camila, não gosta de Gervásio
por isso
Catarina: irmã de Rino, sente magoa do pai e da madrasta, porque ele
assassinou sua mãe depois que ela o traiu
Baronesa da Lage e Paquita: importantes no final do livro, já que
Paquita casa-se com Mário
Inocêncio Braga: trabalhava com Francisco Teodoro, ele é um homem
pequenino, magro, quase imperceptível, mas considerado um
espertalhão (menos por Francisco).
Itelvina e Joana: são as tias de Camila, Joana é muito religiosa, passa
os dias em volta da igreja, diferente da outra irmã que só quer
dinheiro. Elas têm uma relação fria.
Sancha: é a "empregada" delas, tratada como escrava e espancada
por Itelvina.
A FALÊNCIA
que Camila é afastada da igreja e diz que Gervásio está empurrando a
sobrinha para o inferno (sobre da traição), fica atordoado por saberem de
seu romance.
Depois de Francisco Teodoro reclamar do filho ser fanfarrão, Camila
repreende Mário e manda-o largar a mulher, Mário diz que a mãe não
tem direito de reclamar, porque trai seu pai e ela fica abalada.
Teodoro, Mila e Ruth vão passear no Netuno, Gervásio valoriza os
adornos de Camila. Enquanto isso, nota-se que Ruth é sonhadora e
que se fosse homem seria marinheiro, Esse comentário dela, direciona
o assunto para a inaptidão de Mário ao trabalho.
Eles encontram o capitão Rino e sua irmã Catarina. Eles começam a
conversar, enquanto Teodoro não perdoava a República, Rino gostava.
Teodoro afirma que as mulheres devem ser recatadas (discutem a
emancipação) e do lar, sendo fiéis ao marido. Catarina diz que prefere
ficar no seu canto cuidando dos animais e roseiras, o que desagrada a
opinião Teodoro.
Gervásio está com ciúmes por Rino e Mila percebe, assim começam a
conversar na rua, nesse momento, passa uma ex-amante de Gervásio,
e Mila surta, ele só diz que a mulher morreu para ele.
Noca continua observando tudo que se passa na casa: a nova mulher
de Mário (como isso deixava Nina triste) e a tristeza de Camila desde o
passeio marítimo no Netuno.
Teodoro oferece a Mila uma grande festa de aniversário, mas ela está
fria, então Gervásio se oferece para coordenar o evento. Assim ele fica
diariamente na casa e Camila vai esquecendo do ciúme. Teodoro
questiona a ira de Mário ao ver o médico e ele quase fala sobre a
traição. Irritado, sai de casa para curtir, Teodoro se aborrece e manda
trancar as portas para Mário não entrar (tempestade se aproximando).
Nina abre a porta para Mário e derruba o xale, ele vê seu ombro (se
pergunta se foi de propósito, já que sua mãe era da má vida). Ela volta
para seu quarto correndo, mas não consegue dormir, enquanto Mário
e Teodoro dormem tranquilos.
60
A FALÊNCIA
A Baronesa de Lage e Paquita fazem uma visita a Mila para pedir que
Ruth toque no concerto dela. Baronesa dá a entender a irmã gosta de
Mário.
Rino diz que está de mudança para o Pará e não poderá se despedir da
família. Ele decidiu que iria embora para nunca mais ver Camila. Rino
chega à casa da madrasta, os irmãos conversam sobre Mila e a tragédia
em que o pai matou a mãe (traíra ele), mas que ele foi absolvido por ser
homem (diferença de gênero). Catarina comenta que não gosta da
madrasta, desrespeito com sua mãe. Por fim, os irmãos se despedem
tristes.
Ruth visita o pai e diz que é aniversário de Nina, está triste porque
ninguém nunca da nada para ela, sendo que ela faz de tudo por todos.
Então Teodoro decide dá-la uma casa para que com os aluguéis possa
comprar vestidos.
Mila comenta do baile e da insistência de Paquita para que Mário vá.
Mário diz que ela quer casar com ele, e ele que não quer, Nina fica
tensa enquanto isso.
Gervásio está bem envolvido e tudo que ele faz, Mila gosta. Ruth
resolve passar 2 dias no castelo. Itelvina questiona-o sobre o que está
acontecendo no palacete, inocente ela conta das intervenções de
Gervásio a velha, quando D. Joana chega, Itelvina rouba as esmolas da
irmã. Sancha fica triste que Noca não lhe levou o arsênico. D. Joana está
está contando histórias religiosas à Ruth sobre um freira do convento
que foge por amor, mas se arrepende.
Ruth acorda de noite com Itelvina batendo em Sancha (“ela merece”). a
menina vai defender ela e diz para Sancha fugir e depois ir para a casa
dela. Ruth vai a igreja e se pergunta sobre as desigualdades (raciais e
socias) da vida, roga por Sancha. A tia Joana considera bobagem e acha
que a vida de Sancha é boa. Ao voltar, Itelvina leva Ruth para ver as
estrelas, ela fica impressionada e a tia acha um exagero. Vão dormir e
Ruth acorda com os berros da tia, porque Sancha fugiu. Quando Noca
chega para buscar ela sente a libertação.
61
A FALÊNCIA
Mila conversa com o marido sobre casamento de Mário e Paquita.
Mário aceita. Teodoro conversa com Meireles da inaptidão de Mário,
Meireles o tranquiliza, diz que o levará para Europa e ele voltará com
gosto pelo trabalho. Nina está desolada após voltar do casamento de
Mário. No dia do casamento, um espelho quebra (mal presságio).
Depois, o preço do café cai, Teodoro está preocupado afinal tinha
investido dinheiro na proposta de Inocêncio, na bolsa. Meireles diz que
é preocupante a situação de café e que Inocêncio é um ladrão. Dias
depois, a família Teodoro declara falência. Enquanto isso, Inocêncio
está mais rico (vai para Europa). Teodoro decide que Gervásio conte a
Mila a falência. Ele conta e de início ela recebe com revolta, mas
depois acaba "aceitando" a situação. Teodoro chega em casa
atordoado. Mila já estava dormindo. Então, Nina oferece a casa que ele
tinha posto no nome dela para eles morarem, ele chora pelo gesto,
mas continua com medo que a família abandone-o. Teodoro culpa a
República e se compara a Jó. Escuta o violino de Ruth, começa a
chorar e pega o revólver. Teodoro suicidou-se na frente de Mila. Ela se
sente culpada de não ter chegado antes para ver o marido e ter
evitado. Só Gervásio compreendia a tristeza dela no enterro, os outros
achavam falsidade.
Mudam-se um mês depois. para a casa simples de móveis baratos, e
a Nina que organizou tudo. Nina tenta agradar a todos a qualquer
custo, mas ela continua abalada.
O sustento está acabando, Noca começa a lavar e passar roupas para
ajudar no sustento, Nina cuida de toda a casa e Ruth tem uma
discípula de violino, Gervásio e Mila vão se afastando, permanecendo
só a amizade, mas um dia o furgor do olhar dos dois se encontra. A
paixão dos dois floresce bem no momento em que Mário chega,
ficando aborrecido de encontrar o médico, diz que Paquita está
grávida. Paquita e Mário planejaram a vida de todos, as irmãs gêmeas
(a cunhada cuidaria), Ruth ficaria com eles, Nina deveria voltar para o
pai e Mila se casar.
62
A FALÊNCIA
Mila decide ir ver Gervásio para se casar com ele, enquanto as
gêmeas foram morar com a irmã de Paquita. Ela pede-o em
casamento, mas ele diz que já é casado com a mulher que eles
encontraram após Netuno. Na época, casou por amor, mas ela
enganava-o, ele deixou-a, quis se divorciar, mas ela não aceitou. Mila
sai aturdida da casa, considera sua segunda viuvez, passou a noite
triste, mas quando acorda pede para lhe arranjarem um trabalho, e
buscar as gêmeas (vida nova). Todos da casa concordam com sua
atitude.
A história termina com Rino voltando 2 anos depois ao Rio, ele vê o
anúncio do concerto de Ruth, mas ele está diferente, a irmã pergunta
se ele irá visitar Mila e ele responde “Para quê?”.
63
QUESTÕES DE A FALÊNCIA
1. (ESTUDIDI) Em relação a obra A Falência, de Júlia Lopes de Almeida, Ruth compara
Sancha a si mesma, “que direitos teriam uns a todas as primícias e regalos da vida, se
havia outros que nem por uma nesga viam a felicidade?”.
Essa comparação é feita, porque
A) Sancha sempre teve liberdade em sua vida para escolher entre o casamento e a
arte da música, sendo simplesmente feliz
B) Sancha, mesmo com a abolição da escravatura, era tratada como escrava sem
nunca ver a felicidade
C) Ruth tinha inveja de Sancha, já que ela vivia no castelo com as tias de Camila e era
feliz lá
D) Sancha apesar de trabalhar na casa das tias de Camila, era tratada bem, diferente
de Ruth que era tratada mal
E) Ruth via-se obrigada a ir em busca de um casamento, enquanto Sancha era livre
para fazer suas escolhas
I.
Quando entrou no seu escritório, o guarda-livros estendeu-lhe um telegrama: A casa
Mendes e Wilson, de Santos, declarava falência, arrastando na queda grandes capitais
de Teodoro.
64
QUESTÕES DE A FALÊNCIA
[...]
Quinze dias mais tarde anunciava-se o fim de tudo – a grande casa Teodoro teve de
declarar falência.
[...]
Resumindo os seus pensamentos de vencido, Francisco Teodoro disse alto, num
suspiro:
- Trabalhei, trabalhei, trabalhei, e aqui estou como Jó!
II.
Debruçada sobre a mesa, Ruth escrevia em papel de pauta, preparando lições para
duas discípulas novas. Toda a sua indolência antiga se transformara em atividade. Nina
cosia à máquina e, no meio da casa, Noca borrifava a roupa para o engomado. Ela
[Camila] olhou para todos. Ruth estava feiosa, muito magrinha; mas a sua coragem
iluminava-lhe a fronte, uma fronte de homem, vasta e pensadora; as outras pareciam
até mais bonitas naquele afã. Estavam na sua atmosfera.
Assinale com V (verdadeiro) ou F (falso) as seguintes afirmações sobre os fragmentos
acima.
( ) O fragmento I aborda aspectos da atividade laboral de Francisco Teodoro, que se
tornou um dos mais importantes empresários açucareiros na sociedade carioca do
século XVIII.
( ) O fragmento I representa a derrocada de Francisco Teodoro ao ambicionar o posto
de português mais importante do Brasil e ingressar na sociedade oferecida por Braga.
( ) Os fragmentos I e II são narrados em terceira pessoa com uma visão onisciente e
com posição externa à narrativa.
( ) O fragmento II, para a época em que foi escrita a obra, revela um desfecho
inesperado ao colocar um grupo de mulheres como protagonistas de seus destinos.
A sequência correta de preenchimento dos parênteses, de cima para baixo, é
A) F – V – F – F.
B) V – F – F – V.
C) V – V – F – F.
D) F – V – V – V.
E) F – F – V – F.
65
CORAL E OUTROS POEMAS
SOBRE O AUTOR: Sophia de Mello Breyner Andresen conseguiu ser a
primeira mulher portuguesa que recebeu o mais importante prêmio literário
da língua portuguesa, o Prêmio Camões, no ano de 1999. Suas obras se
baseiam em poesias líricas e intervenções cívicas contra a ditadura de
Salazar que dominava seu país.
CONTEXTO HISTÓRICO: durante a escrita da obra, a autora recebeu
influências do final da Segunda Guerra Mundial, 1948, o período ditatorial
de Salazar e Marcelo Caetano em Portugal de 1933 a 1974. E outros fatos,
como a queda do muro de Berlim em 1989 e o fim da União Soviética em
1991.
ASPECTOS GERAIS DOS POEMAS:
Figuras de linguagem: personificação, metáfora, antítese;
Metalinguagem (arte poética);
Temas centrais: elementos marítimos, política (Salazarismo), natureza,
cidade, Grécia Antiga, memória;
Assume posição lírica com musicalidade;
Temas místicos e mitológicos;
Versos livres e estrofes com diferentes tamanhos;
Algumas dialogam com outros escritores, como Fernando Pessoa e
Luís de Camões;
Há uma quebra da hierarquia entre o humano e o natural,
indiferenciação entre natureza e palavra.
ASPECTOS PRINCIPAIS DOS POEMAS: A obra Coral e Outros Poemas é uma
seleção de poemas da autora feita por Eucanaã Ferraz. Os livros são Poesia
(1944), Dia do Mar (1947), Coral (1950), No Tempo Dividido (1954), Mar Novo
(1958), O Cristo Cigano (1961), Livro Sexto (1962), Geografia (1967), Dual
(1972), O Nome das Coisas (1977), Navegações(1983), Ilhas (1989), Musa
(1994), O Búzio de Cós e Outros Poemas (1997). Além desses, foram
incluídos Artes Poéticas, alguns poemas diversos e outros inéditos. Dentro
de cada livro, estão os poemas com as características principais.
66
CORAL E OUTROS POEMAS
DE POESIA, 1944 - clareza e nitidez de temas que aparecem em toda
obra.
Mar
Conexão com a natureza, busca apenas o grito das ondas
Evohé Bakkhos
Com o que Deus oferece, conseguem ter consciência múltipla e divina
Apolo Musageta
Personificação da natureza (coração batendo)
Cidade
Contrapõem cidade com a natureza, podia estar em contato com ela,
mas está presa entre paredes
Jardim
Passagem do tempo
Mar sonoro
A beleza do mar aumenta quando estão só (para ele)
67
CORAL E OUTROS POEMAS
As rosas
Consegue prender as coisas boas quando trinca as rosas
Navio naufragado
O mar guarda o capitão virou esqueleto, os elementos do mar
pertencem ao navio, elementos místicos (sereias)
Eurydice
A noite arrasta o ser, manifesta a natureza e atravessa servindo os
pesadelos, triste;
Coral
Trata dos movimentos da maré, ir e vir
Sugere um concerto de vozes, o que o mar fala
Encruzilhada
As deusas (parcas) tecem o destino uma marca funesta
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CORAL E OUTROS POEMAS
Liberdade
A liberdade está na praia, onde é pura, ininterrupta e apaixonante
Final
Encerra a história do escultor Sevilhano
Novo mode de fazer a arte, a natureza e a vida serviriam de modelo
para se chegar a (ao rosto de) Deus, diferente do modo do escultor
Exílio
Quando exilada de sua pátria, até a luz torna-se grades
Manuel Bandeira
Homenagem e evoca a juventude pela liberdade que o poema dele
“As três mulheres do sabonete Araxá” trazia]
Brasília
Descrição da paisagem de Brasília com a evocação de elementos
gregos
DE DUAL, 1972
Inicial
Retorna para o mar inicial de sua vida
Nesta hora
Incentiva o povo a voltar do exílio em busca de uma verdade inteira,
pois antes recebiam apenas metade da verdade, ampliar o olhar
ÁGUA FUNDA
SOBRE O AUTOR: Ruth Guimarães foi uma escritora brasileira considerada
uma das principais escritoras negras brasileiras. Seus livros são
caracterizados por elementos folclóricos e regionalistas. Apesar da sua
influência. Somente em 2008, ela foi eleita para ocupar um lugar na
Academia Paulista de Letras.
PERSONAGENS PRINCIPAIS:
Sinhá Carolina: dona da fazenda, uma mulher com o coração
endurecido
Sinhazinha Gertrudes: filha de Sinhá Carolina, muito alegre, tem muito
contato com os avós
Inácio Bugre: filho do capataz da fazenda
Mãe de Ouro: é mais um elemento mítico do que propriamente uma
personagem, Joca não acreditava nela, assim acharam que as pragas
eram causadas por ela.
Joca: apaixonado por Curiango; acometido pela loucura
Curiango: jovem e bela que se apaixona por Joca, neta do Miro, que é
irmão de Sinhá Carolina.
ÁGUA FUNDA
"Estas coisas aconteceram em qualquer tempo e em qualquer parte. O
certo é que aconteceram. E como sempre se dá, ninguém aprendeu
nada ao seu misterioso sentido."
O engenho era do tempo da escravatura, na casagrande tem o retrato
de Maria Carolina (antiga dona); o narrador sente a morte passando por
ele, ou é a alma da antiga dona que tudo cuida.
Houve uma enorme festa de casamento da Sinhazinha Carolina e do
fazendeiro. No inicio do casamento, tudo foi flores, mas depois o Sinhô
traía-a. Ele apenas mudou suas atitudes quando Sinhazinha Gertrudes
nasceu, mas aí o coração de Carolina já tinha endurecido.
Um dia, ela pediu para o marido não sair, pois havia sonhado com coisa
ruim, ele foi e morreu.
A estrada do limoeiro é o caminho mais bonito dos Olhos D’Água
(lágrimas que a mãe-d’água tem chorado), de manhã é lindo, mas de
noite se diz que a alma de Sinhazinha Gertrudes passa por lá.
Sinhazinha Gertrudes era parecida com sua mãe.
Quando Sinhazinha saiu do colégio naquele verão, iniciou namoro com
o filho do capataz.
Sinhá não queria que Gertrudes se relacionasse com o Bugre por ele
ser filho do capataz, Sinhá Maria Isabel (avó) não concordava com a
separação do casal, após discutir com Carolina, nunca mais voltou à
fazenda.
Sinhazinha sentiu-se sozinha após a morte da avó, ficou mais perto do
Bugre e fugiu com ele.
O capataz da fazenda, pai do moço que Sinhazinha fugiu, sente
vergonha do ato e se demite.
Chegou um moço na cidade, estava chovendo mostrando o mau
agouro, ele se tornou capataz da fazenda. Sinhá Carolina apaixonou-se
por ele.
Ela casou, vendeu a fazenda e nunca mais apareceu nos Olhos D’Água.
Ela não casou com separação de bens, entregou tudo ao homem, o
qual abandonou ela na estação de trem e fugiu com tudo.
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ÁGUA FUNDA
“Tudo ficou como dantes. Foi o mesmo que Sinhá nunca tivesse
existido. A gente passa nesta vida, como canoa em água funda.”
A fazenda escravista se torna empresa em mãos alheias. A Companhia
mandou um homem (conhecido como “o Velho”) tomar conta dos Olhos
D’Água. Foi perguntada a opinião dos caboclos do que se podia
melhorar no local, o que nunca tinha sido questionado antes.
“Porque - guarde isto! - porque o homem, por mais ignorante que seja,
por mais cego, por mais bruto, gosta de ser tratado como gente".
A Companhia ficou uns 50 anos com a Fazenda e fez grandes
mudanças no local (plantações, construções, etc.). O Velho era
considerado como “um de nós” pelos camaradas, já que trabalhava
junto com eles.
Joca se apaixonou por Curiango no mutirão da coelhada (uma “festa”).
Ele reviu ela um tempo depois no casamento da prima dela, eles
dançaram e ele citou o receio que tinha de chamar ela para dançar com
medo da recusa, ela questionou qual o motivo que a faria recusar e
fixou o olhar nele. No dia seguinte, ele foi achado desacordado e disse
que ela tinha perseguido ele com seu jeito de cobra, depois foi se
benzer, acredita que Curiango será a sua perdição.
Num dia, enquanto comia jabuticaba, Mariana apareceu e pediu um
pouco para Joca. Ele pensou que ela tinha crescido rápido, mas logo
deixou o assunto de lado, pois apareceu Choca, uma velha senhora
pedindo esmola. Ele deu carona para a velha e durante o caminho não
pensava em mulher nenhuma, se sentia livre e feliz. Mas, durante a
noite, não conseguia dormir e rumou para a casa de Mariana.
Todas as noites, a rapaziada ia à casa da Julinha para jogar truco, Joca e
Zé também foram. Mariana ficava insistindo para eles irem embora.
Chegou um homem dizendo que trabalhava para uma companhia que
pagava 30 mil réis, assim todos ficam animados e pedem empregos. No
entanto, eram empregos análogos à escravidão, em que os
trabalhadores não recebiam salários, e sim vales de compras que só
eram aceitos no armazém da companhia. Só conseguiram sair de lá,
pois fugiram.
76
ÁGUA FUNDA
A história de Sinhá Carolina: ela e o Limoeiro foram para a estação de
trem e ele abandonou-a com apenas a roupa do corpo. Um homem que
trabalhava na estação levou ela para casa para ajudá-la até achar algo
para fazer, já que ela não queria voltar para Olhos D’Água. Vicente
(amigo de Joca) ficou sabendo da história, depois espalhou-se a notícia
que Choca era na verdade Sinhá.
Vicente encontrou Choca mal em sua casa e chamaram o médico, Dr.
Amadeu disse que era velhice, ela faleceu.
Houve uma sequência de desgraças: Bugre morreu, foi picado por uma
cobra. O segundo foi Antônio, na verdade, ele não morreu, mas, após
matar a esposa, Cecília, porque desconfiou de uma traição, ele
apresentou-se na cadeia e lá ficou doente. Esse homem que ele
desconfiou, era apenas um andarilho, então ela morreu por algo que
nem tinha feito. O narrador acredita ser a praga da Mãe de Ouro. Antes,
ela realmente havia traído ele.
Aparentemente, a praga tinha passado, mas Bebiano morreu na usina, a
caldeira estourou. Todos clamavam “coitado do Bebiano, quem devia
ter morrido no lugar era o outro (Joca)”, já que os dois trocaram de
cargo.
Curiango e Joca estavam juntos. Joca estava preocupado de novo com
a Mãe de Ouro, seu olhar transmitia medo. Curiango até foi rezar,
pedindo um milagre. O médico deu a entender que não tinha o que
fazer.
Um dia, Joca saiu dizendo que Mãe de Ouro estava chamando-o, ele
disse para Curiango ir junto, mas ela estava de resguardo. Vicente
encontrou ele quase morto e levou-o para o hospital.
Curiango foi visitar Joca no hospital, mas ele já tinha tido alta. O médico
também não sabia para onde ele tinha ido sem avisar. Ele teve alta, pois
não estava doente e sim louco… Joca saiu com o Vicente do hospital,
mas ficou vagando, virou andarilho.
Agora que a praga rodou por todos pode ir embora, até Curiango que
não merecia sofrer, sofreu.
“Se aconteceu, era porque era bom que acontecesse”
77
QUESTÕES DE ÁGUA FUNDA
1. (ESTUDIDI) Leia as seguintes afirmações sobre o livro “Água Funda”.
I - O narrador da história é o Joca.
II - O livro é divido em duas partes, sendo que uma delas representa o passado de uma
fazenda escravocrata e a outra a modernidade de uma empresa que gere a fazenda.
III - A Mãe de Ouro está presente durante o livro, ela é uma entidade.
Quais estão corretas?
A) Apenas I.
B) Apenas II.
C) Apenas III.
D) Apenas II e III.
E) I, II e III.
PERSONAGENS PRINCIPAIS:
O que é índio?
O índio não se chamava nem se chama de índio. Foi um nome
designado pelos europeus.
No entanto, ser índio para um índio é uma tradição do Sol, da Lua e do
Sonho, um conhecimento da ancestralidade. Para o índio, toda palavra
tem espírito, é silêncio e som.
Para eles, todos elementos estão interligados. É da natureza do índio,
reverenciar seus antepassados, um ato de gratidão feito em ritos como
comemorações e danças.
Já mais de 387 povos chamados de indígenas. Muitos desses povos
nunca se encontraram mesmo habitando o mesmo “país” há milhares
de anos. Há quatro troncos culturais básicos: tupi, karib, jê e aruak.
Há a crença que esses povos já atravessaram três estações cósmicas e
estão idno para a quarta que é a síntese das tradições anteriores,
Grande Mãe.
Arandu Arakuaa
Para entender o ciclo do Tupã, é necessãrio saber que os anciães
detinham a ciência do Arandu Arakuaa (lei dos ciclos).
O ciclo do Tupã é uma das quatro estações cósmicas.
O primeiro ciclo foi regido por Jakairá, responsável pelo espírito e pela
fumaça; o segundo, por Karai Ru Ete, pelo fogo e pela luz; o terceiro, por
Tupã, por raios, trovões e águas; quarto, por Namandu, pela terra.
Namandu antecede e permeia todos os ciclos. Todos são conectados,
como a tecedura da aranha.
Tupã
Ayvu Rapyta são os mitos que são passados pelas gerações.
Cada ciclo teve sua dificuldade, o desafio de Tupã foi o poder
(inteligência X sabedoria), o pensamento seria os raios e trovões em
ação. Assim, esse foi o ciclo mais difícil para a Mãe Terra, pois a
humanidade quase a extinguiu. Isso aconteceu porque os povos foram
acumulados as dificuldades dos outros ciclos, como o espírito do medo,
do sono, da escravidão...
O corpo-som do ser
Os Tupinambá e os Tupy-Guarani desenvolveram técnicas para
conectar corpo com espírito e mente por meio dos sons e danças.
Os ancestrais
As diversas tribos se comunicavam cada umade seu modo.
Houve dissidência enttre os filhos da Lua (cultuar Mãe Terra) e do Sol
(expandir-se)
Ritos são passados para sustentar a fé da Mãe Terra.
A memória da terra
Acredita-se que o florescimento civilizatório no Brasil ocorreu por volta
de 4 mil anos atrás, quando a memória cultural uniu-se com as
investigações da ciência.
Arte e a agricultura
Desenvolveram cultivos como corantes, plantas medicinais, palmeiras e
a mais grandiosa, mandioca. Conseguiram até descobrir a forma de
extrair o veneno dela.
Na arte, a cerâmica era especialidade.
O povo de Itararé
Tinham túneis subterrâneos que interligavam-se.
A aldeia Tupinambá
As ocas eram contruídas em volta de um pátio, nelas havia até uma
fogueira interna. Já no pátio eram celebradas cerimônias, festas e roda
do sonho.
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A TERRA DOS MIL POVOS
O Pajé era o líder que conseguia se conectar com o mundo espiritual.
Os avanços do sonho
Os sonhos é uma comunicação para os povos indígenas.
Eles possuem mitos.
Um mito tupy-guarani
O criador, cujo o coração é o Sol, fez a Mãe Terra.
Os anciães criadores transformaram-se no Sol e na Lua, são os
tataravós.
1. E 1. E 1. D
2. B 2. D 2. D
Para a leitura, análise, criação de novas
questões e dissertação dos resumos de 8
das leituras obrigatórias deste ano,
contamos com a ajuda da Diana Ghisleni,
vestibulanda de Medicina e dona do
Instagram @estudidi.
enf.
Em 2022...
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Parabéns!
Depois de tanto esforço e dedicação, é hora
de fazer a prova!
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Presentinho?
CUPOM DE 20%
RESUMOS
VÁLIDO PARA:
Apostila UFRGS
Apostila de Naturezas ENEM
Ecobag Cursos
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