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RESUMOS

leituras obrigatórias
UFRGS
2023

enf.
SUMÁRIO
Deixe o quarto como está, Amilcar Bettega 03

Ponciá Vicêncio, Conceição Evaristo 10

Construção, Chico Buarque 19

Caderno de Memórias Coloniais, Isabela Figueiredo 26

Lisístrata, Aristófanes 32

Várias histórias, Machado de Assis 37

A Falência, Júlia Lopes de Almeida 57

Coral e outros poemas, Sophia de Mello 65

Água funda, Ruth Guimarães 73

Um útero é do tamanho de um punho, Angélica Freitas 78

Cem anos de solidão, Gabriel García Márquez 86

A terra dos mil povos, Kaká Werá 102

Gabarito 113

enf.
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DEIXE O QUARTO COMO ESTÁ


SOBRE O AUTOR: Amiílcar Bettega é um escritor gaúcho, nascido em São
Gabriel, que apresenta em suas obras uma autoconsciência crítica. À
violência, elementos fantásticos e o brutalismo estão presentes em suas
obras, principalmente em “Deixa o quarto como está”.

ASPECTOS PRINCIPAIS DOS CONTOS: "Deixa o quarto como está" não


está incluído em um determinado contexto histórico, mas a obra trabalha
bastante com a questão da violência, de situações anormais e surrealistas.

A epigrafe do livro introduz os contos e explica o título da obra: “Deixe


o quarto como está. Agora, está tudo pronto. Quer ir?"
A obra está dividida em 14 contos: 3 contos em 3º pessoa e o resto em
1º pessoa;

DICA: saiba que “Autorretrato”, “O encontro" e “Para salvar Beth" são em


terceira pessoa.

Autorretrato: 3º pessoa; em uma casa bem grande e sinistra, uma


mulher e seu homem "cão de guarda" estão embaixo de uma árvore,
quando dois garotos entram no terreno da casa O homem,
primeiramente, fica parado e não faz nada, mas, então a mulher olha
para o homem e ele sai correndo atrás dos dois garotos. O homem
bate a cabeça de um garoto com a do outro, fazendo com que eles
desmaiem, e os leva para a mulher que faz um carinho neles, então os
garotos são levados até o portão da casa pelo homem, que os dá uma
bala e eles vão embora. O "cão de guarda" volta para a árvore e
desconta a raiva em um saco de areia.

Exílio: 1º pessoa; um homem é dono de uma loja que quase não tem
movimento. A loja é sufocante, meio sinistra e, com a pouca freguesia,
o homem precisa diminuir os custos.
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DEIXE O QUARTO COMO ESTÁ


O pensamento de sair da cidade sempre passou pela cabeça do dono da
loja, pois a cidade é deserta e sua loja não tem clientes. Certo dia, ele
decide pegar o trem da noite e, automaticamente, sentiu uma sensação de
alívio por sair daquele lugar. Ele dormiu no trem e, quando acordou,
percebeu que não tinha saído da cidade, ele estava preso (elemento
fantástico). Desistiu de ficar no trem e pegou um de volta para a mesma
cidade.

Aprendizado: 1º pessoa; o conto conta a história de um homem que está


todo ferrado na vida, miséria atrás de miséria. Ele acaba de transar com
uma mulher do trabalho e ela diz que o patrão vai demiti-lo. O homem
resolve ir para casa, mas a atmosfera está ruim, pois a mãe está doente
e o pai é um ex-alcoólatra. Ele decide, então, ir para um bar e leva um
soco por conta de uma dívida; logo, ele sai do bar e vai encontrar um
amigo em uma farmácia para pedir remédios para a mãe (um remédio
que usa em cavalos). Ele entra em uma fila de hospital de pessoas que
compram o lugar na fila, então ele vende seu lugar e paga 15 reais da
dívida. Na volta para ver seus pais, chuta um mendigo e, quando chega
em casa, percebe que sua mãe morreu.
Insistência: 1º pessoa; um grupo de homens tenta, constantemente,
invadir um lugar privado e é expulso (os dois grupos brigam uns com os
outros até o grupo de fora ser expulso). O narrador está nesse grupo e
quer entrar nesse lugar também. Um dia, o narrador recebe a proposta
de ficar nesse lugar privado, deixando seu grupo para trás. Ele aceita a
proposta, mas logo começa a se irritar com essa dinâmica de um grupo
opressor e o outro oprimido e é expulso desse grupo.
Hereditário: 1º pessoa; o pai de um homem morre e ele fica com uma
herança dele, uma caixa com uma geleia. A geleia gruda na mão dele e
ele se isola da sociedade, ficando no porão de sua casa. Certo dia,
quando ele para de ouvir barulho na casa, ele sai
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DEIXE O QUARTO COMO ESTÁ


do porão. Ninguém na rua enxerga a geleia além dele mesmo. No fim, a
geleia some e entra para dentro do corpo dele. Podemos entender esse
conto como a atenção que o filho não deu para o pai.
O crocodilo: 1º pessoa; um homem está dentro de um quarto abafado
e sufocante, que possui uma parede que está refrescante. De repente,
aparece um crocodilo na cama e ele o chuta. O crocodilo começa a
chorar e se agarra no homem, que sente uma sensação de frescor
com o corpo do crocodilo. O interfone começa a tocar, o crocodilo
atende e é o zelador afirmando que o homem está sendo despejado.
O homem sai do apartamento com suas coisas e o crocodilo nas
costas, quando percebe que precisa de um cinto para amarrá-lo. Ele
vê que outras pessoas têm animais nas costas, mas ele é diferente,
pois tem um crocodilo.
O crocodilo II: 1º pessoa; passou anos na vida do homem e ele ficou
rico; ele entrou em uma empresa que ascendeu muito rápido e
ganhou a confiança do diretor, pois ambos têm um crocodilo nas
costas. O homem constrói uma família e o filho quer ter um crocodilo
que nem o pai.
A cura: 1º pessoa; o conto conta a história de uma pandemia de um
vírus do cansaço. Esse vírus não afeta nenhum órgão, apenas deixa as
pessoas cansadas. A cidade entra em caos, ninguém mais recolhe o
lixo (agravado com as chuvas) e as pessoas começam a perder a
memória. O rio da cidade é aberto para escoar a água da chuva e
isolar a população. O narrador diz, no final do conto, que a cura irá
chegar.
O rosto: 1º pessoa; o conto se passa em uma casa labirinto que cria
novos quartos. Dentro da casa, tem um rosto que persegue o narrador
e o narrador consegue colocar esse rosto em uma gaiola. O rosto foge
da gaiola em um momento de distração do narrador e foge da casa,
fazendo um buraco na janela.
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DEIXE O QUARTO COMO ESTÁ


O narrador quer ir atrás do rosto e prende o próprio rosto no buraco
(agora o narrador virou o rosto).
A visita: 1º pessoa; o narrador vai em um jantar no lugar do irmão. Esse
jantar é em uma casa bem maluca e estranha. A Duquesa e o Capitão.
recebem o narrador e mostram a casa para ele. Em cada cômodo da
casa, tem uma cena diferente e esquisita, como homens nus fazendo
musculação. Em certo momento, eles vão para o calabouço, onde tem
um homem amarrado com uma coleira para o chicotearem. O
narrador é possuído e fica louco chicoteando o homem com a coleira.
O encontro: 3º pessoa; um casal chega em uma cidade para um
encontro e decidem procurar uma casa para esse encontro. Eles
acham uma casa e tem um jovem que os mandam voltar na próxima
semana. Eles voltam e, novamente, dizem para eles voltarem nos
próximos dias. De repente, todas as pessoas somem da cidade. O
homem vai buscar pão e se perde no caminho de volta, batendo o
nariz em uma muralha.
Correria: 1º pessoa; é uma corrida que nunca acaba. Amigos do
corredor ficam motivando a corrida, mesmo que ele esteja sentindo
dor. O narrador nunca consegue parar de correr.
Espera: 1º pessoa; uma mulher está no banho cantando e o homem a
espera. O canto da mulher encanta o homem e ele fica com sono, mas
não queria dormir. Ele acaba dormindo e não consegue esperá-la.
Para salvar Beth: 3º pessoa; Gil está desempregado e começa a cuidar
de uma cadelinha chamada Beth que precisa de tratamento na Pet
Shop. Ele não gostava de cachorros, mas começou a ficar apegado a
Beth e, quando foi dispensado de cuidar de Beth, ficou triste. No fim,
ele vai para a Pet Shop para pedir informações de Beth.
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QUESTÕES DE DEIXE O
QUARTO COMO ESTÁ
1. (ENTREINAFEDERAL) Considere as seguintes afirmações sobre o conto
*Autorretrato", de Amílcar Bettega.
I - O conto é escrito em primeira pessoa pelo homem que expulsa os
garotos que invadem a casa.
II - Assim como a maioria dos contos de "Deixa o quarto como está",
Autorretrato apresenta uma atmosfera sinistra com acontecimentos
incomuns.
III - A mulher não age no conto. apenas dita ordens para o homem.
Quais estão corretas?
A) Apenas I.
B) Apenas II.
C) Apenas I e III.
D) Apenas II e III.
E) I, II e III.

2. (ENTREINAFEDERAL) Sobre o livro Deixa o quarto como está, de


Amílcar Bettega, assinale com V (verdadeiro) ou F (falso) as seguintes
afirmações.
( ) Em “"O crocodilo", um crocodilo aparece de repente para um homem e
eles ficam grudados um no outro.
( ) Em “Exílio”, o homem não consegue sair da cidade, mesmo após pegar
o trem.
( ) Em “A cura”, o vírus afeta os órgãos respiratórios da população.
( ) O livro apresenta elementos fantásticos e alguns acontecimentos que
não são usuais no cotidiano.
A sequência correta de preenchimento dos parênteses, de cima para
baixo, é
A) V-F-F-V.
B) F-V-V-F.
C) F-V-F-V.
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QUESTÕES DE DEIXE O
QUARTO COMO ESTÁ
D) F-F-V-F.
E) V-V-F-V.

3. (ENTREINAFEDERAL) Assinale a alternativa correta sobre o livro Deixa o


quarto como está, de Amílcar Bettega.
A) O livro é composto por 14 contos escritos em primeira pessoa com
cenas de elementos fantásticos e violência.
B) O conto "O Crocodilo II" relata a ascensão social do personagem.
C) O conto "Espera' retrata o cotidiano conturbado de um casal que nunca
consegue se encontrar.
D) O conto 'A visita" conta a história de uma pandemia de um vírus do
cansaço.
E) O primeiro conto do livro é "Aprendizado' e conta a história de um
homem que consegue vencer os obstáculos de sua vida.

4. (UFRGS 2022) Sobre o livro Deixe o quarto como está, de Amilcar


Bettega Barbosa, considere as seguintes afirmações.
I - A maior parte dos contos está narrada em primeira pessoa, em que o
narrador masculino expõe suas reações a situações que são descritas
com detalhes realistas, embora surjam fatos e comentários que
desorganizam o que seria considerado normal.
II - Os contos em sua maioria expõem os dilemas de um casal envolvido
em episódios bizarros em que o ambiente urbano de Porto Alegre
assume uma dinâmica lenta e pesada, a revelar um cotidiano pleno de
torpeza e agressões sexuais.
III - O enunciado filosofante e sério dos narradores expõe situações um
tanto cômicas em que disputas ferozes por fama e poder alternam com
recapitulações da infância no interior do estado, em tom amargo e
nostálgico.
Quais estão corretas?
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QUESTÕES DE DEIXE O
QUARTO COMO ESTÁ
A) Apenas I.
B) Apenas III.
C) Apenas I e II.
D) Apenas II e III.
E) I, II e III.

5. (UFRGS 2023) No bloco superior abaixo, estão listados títulos de alguns


contos da obra Deixe o quarto como está, de Amilcar Bettega Barbosa; no
inferior, fragmentos de textos a eles relacionados.
Associe adequadamente o bloco inferior ao superior.
1 -"“Exílio”
2 - “Hereditário”
3 - “Insistência”
4 -“O encontro”
5 -“Para salvar Beth”
( )“É um trabalho simples”, ele disse, “é só levar o cachorrinho lá e ficar
esperando.” “Mas você nunca gostou de cachorro, Gil, lembra aquela vez
que eu ganhei um filhote da Cris, quer dizer, da cadela da Cris?” Ela riu.
( ) Das poucas coisas que meu pai deixou, a mim coube uma pequena
caixa recoberta por um veludo puído, dessas onde se guardavam os anéis
de diamantes, pulseiras ou coisas assim.
( ) Chegaram à cidade com noite e cansaço e um táxi os tirou da chuva
para pousá-los num quarto de pensão desconfortável, à espera de que
uma noite de sono os refizesse novos e prontos para o encontro que não
deveria tardar.
( ) “Vou fechar a loja e ir embora da cidade.” Quantas vezes esse
pensamento já havia me rondado!
Não que eu não gostasse da cidade, mas a loja ali não se sustentava.
A sequência correta de preenchimento dos parênteses, de cima para
baixo, é
(A) 3-1-2-4. (B) 5-2-4-1. (C) 2-3-4-5. (D) 1-4-2-5. (E) 4-3-5-1.
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PONCIÁ VICÊNCIO
SOBRE A AUTORA: Conceição Evaristo é professora, escritora e militante
ativa dos movimentos de valorização da cultura negra. Seus livros têm
forte influência de outras autoras negras, como Carolina Maria de Jesus
com "Quarto de Despejo”.

CONTEXTO HISTÓRICO: Ponciá Vicêncio conta a história de três gerações


familiares no Brasil pós-abolição da escravatura. É importante salientar
que, mesmo com a abolição, os negros não foram incluídos na sociedade
e o livro mostra justamente essa luta da família de Ponciá para conseguir
sobreviver com essa falta de inclusão e reparação histórica na época.
Outro aspecto importante é o começo do êxodo rural, com o começo da
transição de Brasil rural para Brasil urbano.

PERSONAGENS IMPORTANTES:
Ponciá Vicêncio: semelhanças com o avô; vazio existencial na cidade,
felicidade no campo; carinho com o trabalho de barro; introspectiva e
fechada
Maria Vicêncio: mãe de Ponciá; sempre teve voz em casa, mesmo
sendo mulher; trabalha o barro com Ponciá
Pai de Ponciá: antes de morrer (morre de repente), trabalhava na "terra
dos brancos”"; era um pouco distante da família
Luandi José Vicêncio: irmão de Ponciá; trabalha na “terra dos brancos"
com o pai; vai para a cidade, assim como Ponciá, para ter uma vida
melhor; carinho pelo Soldado Nestor
Vô Vicêncio: ex-escravo; característica marcante de rir e chorar ao
mesmo tempo; mata a esposa enquanto escravo em forma de
rebelião (se desesperou) e arranca seu braço; semelhanças com
Ponciá (a herança)
Nêngua Kainda: família de Ponciá a procura para obter respostas da
vida
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PONCIÁ VICÊNCIO
Soldado Nestor: soldado negro; é um grande exemplo para Luandi na
cidade de trabalho e homem; ajuda Luandi a aprender a escrever;
Homem de Ponciá: ela o conhece na cidade; é violento e se irrita com
a passividade de Ponciá;
Biliza: prostituta que Luandi se apaixona; é assassinada

ASPECTOS PRINCIPAIS DA OBRA: Ponciá Vicêncio é escrito em 3º pessoa,


com um narrador onisciente (acompanha os pensamentos de Ponciá e
conta a história dos outros personagens). A escrita é simples e nasce das
memórias e da experiência da autora como mulher negra, mesmo não
sendo uma autobiografia.

Ponciá relembra as memórias da infância e as lembranças do avô: ela


o conheceu muito pequena, mas lembra mais dele do que do próprio
pai
No livro, percebe-se três gerações: o avô de Ponciá, que era escravo;
o pai de Ponciá, nascido após a Lei do Ventre Livre; Ponciá, nascida
após a abolição
A narração se concentra nas memórias do passado e do presente de
Ponciá Vicêncio e dos outros personagens
Ponciá vivia com sua família em Vila Vicêncio (campo); seu irmão e
seu pai iam trabalhar na “terra dos brancos'" e ela ficava com sua mãe
manuseando o barro
O nome do lugar que moram é Vila Vicêncio, pois o homem que era
dono das terras e dos escravos tinha o nome de Vicêncio e a família
carregou o sobrenome dele
O pai, mesmo nascido após a Lei do Ventre Livre, sofria na “terra dos
brancos”". Quando era criança, um menino branco urinou em sua boca
(Conceição apresenta uma forte denúncia à escravidão)
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PONCIÁ VICÊNCIO
A protagonista, à medida que cresce e amadurece, sofre por não
conhecer quem ela é e entra em negação
Ponciá vai para a cidade, a fim de encontrar sua identidade e adquirir
melhores condições de vida. Essa viagem é um pouco problemática,
ela pega um trem e não conhece ninguém, acaba sofrendo muito com
essa mudança drástica de vida
Quando se muda para a cidade, ela vira moradora de rua por um
tempo e, logo, consegue um emprego como empregada doméstica
A situação de Ponciá na cidade revela a exclusão social dos negros
pós-abolição, que não foram garantidos direitos que pudessem lhes
colocar em sociedade
Ponciá, desde que foi para a cidade, queria reencontrar sua mãe e seu
irmão, então, pegou o trem de volta para o campo. Quando chegou lá,
encontrou a casa vazia, então vai falar com Nêngua Kainda
Nêngua Kainda aconselha Ponciá a seguir seu coração, então, Ponciá
volta para a cidade e ingressa em um casamento infeliz e doloroso.
Estava, cada vez mais, depressiva e vazia por dentro
O relacionamento de Ponciá parece ser apenas por conveniência.
Depois que Ponciá entrou em um vazio existencial, o marido começou
a se irritar, cada vez mais, com o jeito dela, agredindo-a
Ponciá engravida sete vezes e aborta todas elas, já que seu corpo não
tinha capacidade de aguentar ter os filhos. Vale destacar que ela ficou
indiferente em todas as vezes que abortou;
Nêngua Kainda aponta que em qualquer lugar que Ponciá for, a
herança do avô se manifestaria nela
A herança que Nêngua Kainda diz é a própria loucura do avô
(ocasionada, aparentemente, pela vida de escravo)
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PONCIÁ VICÊNCIO
Enquanto a jornada de Ponciá acontecia, Luandi decide ir à cidade em
busca da irmã. Ele não esperava que a cidade seria tão grande e tem
dificuldades em encontrar Ponciá, então consegue um emprego
como faxineiro em uma delegacia
Quando Luandi começa a trabalhar na delegacia, ele conhece
Soldado Nestor, que vira um exemplo para ele. Luandi começa a
desejar ser soldado também, então Nestor começa a ensiná-lo a
escrever (um dos requisitos para ser soldado)
Luandi se apaixona por Biliza e o sentimento é recíproco, mas um dos
homens que a contratava não aceitou essa relação e a matou
Luandi volta para o campo, na casa de sua família e, assim como
Ponciá, encontra Nêngua Kainda. Ela diz a ele que ele precisa
encontrar Ponciá antes que a herança do avô (a loucura) se manifeste
nela e que o cargo de soldado não serve a ele. Ele ignora o conselho
de Nêngua, volta para a cidade e consegue o cargo de soldado na
estação de trem
Agora, para a visão da mãe de Ponciá: enquanto tudo estava
acontecendo, ela decide ir atrás dos filhos, que foram embora para a
cidade. Nêngua Kainda entrega o endereço de Luandi para a mãe
Vicêncio (Luandi já tinha ido conversar com Nêngua)
Nêngua Kainda fala para mãe de Ponciá que ela já estava rendida à
herança do avô e que teria que voltar para suas origens, o barro, para
se reencontrar
Ponciá, com tanto sofrimento do seu casamento e sem conseguir
pertencer à cidade, resolve voltar para o campo novamente e vai para
a estação
O encontro de Ponciá, Luandi e a mãe: os três se encontram na
estação e Ponciá se sente completa novamente
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PONCIÁ VICÊNCIO
Luandi desiste do cargo de soldado após reencontrar Ponciá e
perceber as semelhanças dela com o avô. Para Luandi, não adiantava
mais ter o cargo de soldado, pois não podia se desconectar de sua
ancestralidade, a do povo negro
Ponciá volta a manusear o barro, símbolo de suas origens e de sua
verdadeira identidade
Um ponto importante do livro é a violência manifestada em diversas
figuras: a violência doméstica do marido de Ponciá, o assassinato de
Biliza, o ocorrido com o pai de Ponciá
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QUESTÕES DE PONCIÁ VICÊNCIO
1. (ENTREINAFEDERAL) No bloco superior abaixo, estão listadas
personagens do livro Ponciá Vicêncio; no inferior, características dessas
personagens. Associe adequadamente o bloco inferior ao superior.
1. Ponciá Vicêncio
2. Luandi José Vicêncio
3. Vô Vicêncio
() Apresenta semelhanças com sua neta, a quem conheceu apenas
quando criança.
( ) Vai para a cidade em busca de uma vida melhor e se envolve com uma
mulher.
( ) Sofre com um vazio existencial e tenta achar sua identidade.
() É ex-escravo e sofreu o resto de sua vida com as heranças deixadas
pela escravidão.
A sequência correta, de preenchimento dos parênteses, de cima para
baixo, é
A) 3-2-1-3.
B) 2-3-3-2
C) 2-3-3-1
D) 1-2-1-2.
E) 3-2-1-2

2. (ENTREINAFEDERAL) Considere as seguintes afirmações sobre o livro


Ponciá Vicêncio, de Conceição Evaristo.
|- A obra é escrita em primeira pessoa por Ponciá Vicêncio, uma mulher
nascida na cidade que migra para a Vila Vicêncio em busca de uma vida
melhor.
II - O avô de Ponciá Vicêncio é ex-escravo e mata a esposa em forma de
rebelião.
III - Ponciá Vicêncio carrega muitas semelhanças com seu pai e ele a
deixou uma herança.
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QUESTÕES DE PONCIÁ VICÊNCIO
Quais estão corretas?
A) Apenas I.
B) Apenas II.
C) Apenas I e III.
D) Apenas II e III.
E) I, II e III.

3. (UFVJM 2011) O romance Ponciá Vicêncio, de Conceição Evaristo,


caracteriza-se por ser uma narrativa tecida por retalhos de lembrança da
vida pessoal e familiar da narradora.
Assinale a alternativa na qual essa marca não esteja presente.
A) "Quando Ponciá Vicêncio viu o arco-iris no céu, sentiu um calafrio.
Recordou o medo que tivera durante toda a sua infância. Diziam que
menina que passasse por debaixo do arco-íris virava menino." p. 13
B) "Ponciá Vicêncio apertou a trouxa contra o peito e olhou novamente
para o fogão. À cobra estava calma, enrolada lá dentro. Ponciá saiu
lentamente puxando a porta devagarzinho como se não quisesse acordar
ninguém.' p. 58
C) "Escutou também, por diversas vezes, a história dolorosa, que ela já
sabia, da morte da avó pelas mãos do avô. (..) Falavam também do ódio
que o pai dela tinha por Vô Vicêncio ter matado a mãe dele. Ponciá sabia
dessas histórias e de outras ainda, mas ouvia tudo como se fosse pela
primeira vez." p. 63
D) "Revisitando todos os sinais da casa, Luandi olhou à distância o outro
cômodo onde o pai e a mãe dormiam. Nunca havia cruzado a soleira
daquela porta. Se precisasse de um dos dois, chamava cá fora. Quando o
pai morreu, a irmã passou a dormir lá dentro com a mãe e aquela parte da
casa continuou desconhecida para ele." p. 89
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QUESTÕES DE PONCIÁ VICÊNCIO
4. (UFRGS 2022) O excerto abaixo é retirado de Ponciá Vicêncio, de
Conceição Evaristo.
Considere-o, no contexto do enredo do romance.
Ponciá Vicêncio gostava de ficar sentada perto da janela olhando o nada.
Às vezes, sedistraía tanto que até se esquecia da janta e, quando via, o seu
homem estava chegando do trabalho. Ela gastava todo o tempo com o
pensar, com o recordar. Relembrava a vida passada, pensava no presente,
mas não sonhava e nem inventava nada para o futuro. O amanhã de Ponciá
era feito de esquecimento. Em tempos outros, havia sonhado tanto!
Quando mais nova, sonhara até um novo nome para si. Não gostava
daquele que lhe deram. Menina, tinha o hábito de ir para a beira do rio e lá,
se mirando nas águas, gritava o seu próprio nome. Ponciá Vicêncio! Ponciá
Vicêncio! Sentia-se como se estivesse chamando outra pessoa. Não ouvia
seu nome responder dentro de si. Inventava outros. Pandá, Malenga, Quieti;
nenhum lhe pertencia também. Ela, inominada, tremendo de medo, temia a
brincadeira, mas insistia. A cabeça rodava no vazio, ela vazia se sentia sem
nome. Sentia-se ninguém. Tinha então vontades de choros e risos.
Assinale a alternativa correta sobre o excerto.
A) A voz narrativa em terceira pessoa descreve Ponciá Vicêncio a partir de
uma focalização onisciente, que não permite entrar no universo psicológico
da personagem.
B) Ponciá Vicêncio assim era chamada porque herdara o nome de seu avô
Vicêncio, com quem tinha grande semelhança física.
C) A frase "O amanhã de Ponciá era feito de esquecimento" diz respeito à
perda de memória da personagem, devido a traumas provocados por
separações familiares, maus-tratos e trabalho escravo na fazenda.
D) O vazio sentido por Ponciá no início da narrativa é preenchido quando
sua mãe e seu irmão Luandi deixam a fazenda e vão se encontrar com ela
na cidade.
E) A atitude da personagem de ficar parada na janela olhando para o nada
está associada ao tempo da memória, ao trabalho de “acordar-se para
dentro”.
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QUESTÕES DE PONCIÁ VICÊNCIO
5. (UFRGS 2023) Os excertos abaixo, relativos aos momentos iniciais da narrativa, foram
retirados de Ponciá Vicêncio, de Conceição Evaristo. Considere-os, no contexto do
enredo da obra.
I.
Filho de ex-escravo, crescera na fazenda levando a mesma vida dos pais. Era pajem do
sinhô-moço. Tinha a obrigação de brincar com ele. Era o cavalo onde o mocinho
galopava sonhando conhecer todas as terras do pai. Tinham a mesma idade. Um dia o
coronelzinho exigiu que ele abrisse a boca, pois queria mijar dentro. O pajem abriu. A
urina do outro caía escorrendo quente por sua goela e pelo canto de sua boca. Sinhô-
moço ria, ria. Ele chorava e não sabia o que mais lhe salgava a boca, se o gosto da
urina ou se o sabor de suas lágrimas.
II.
Um dia o coronelzinho, que já sabia ler, ficou curioso para ver se negro aprendia os
sinais, as letras de branco e começou a ensinar o pai de Ponciá. O menino respondeu
logo ao ensinamento do distraído mestre. Em pouco tempo reconhecia todas as letras.
Quando Sinhô-moço se certificou de que o negro aprendia, parou a brincadeira. Negro
aprendia sim! Mas o que o negro ia fazer com o saber do branco?
III.
Quando mais nova, sonhara até um outro nome para si. Não gostava daquele que lhe
deram. Menina, tinha o hábito de ir à beira do rio e lá, se mirando nas águas, gritava o
próprio nome: Ponciá Vicêncio! Ponciá Vicêncio! Sentia-se como se estivesse
chamando outra pessoa. Não ouvia o seu nome responder dentro de si. Inventava
outros. Panda, Molenga, Quieti, nenhum lhe pertencia também. Ela, inominada,
tremendo de medo, temia a brincadeira, mas insistia. A cabeça rodava no vazio, ela
vazia se sentia sem nome. Sentia-se ninguém.
Sobre os excertos, considere as seguintes afirmações.
I - No fragmento 1, identificam-se as relações de opressão e de poder entre os
senhores e os povos escravizados.
II - No fragmento II, percebe-se a prática racista e discriminatória que, na época,
subtraía dos povos negros o acesso à leitura e à escrita.
III - No fragmento III, reconhece-se a postura questionadora e sonhadora da
protagonista no que tange à busca pela identidade.
Quais estão corretas?
A) Apenas I. D) Apenas II e III.
B) Apenas III. E) I, III e III.
C) Apenas I e II.
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CONSTRUÇÃO
SOBRE O CANTOR: Chico Buarque de Hollanda é um cantor, ator e
escritor brasileiro, considerado um dos grandes nomes do MPB. Seu
primeiro momento como músico apresentou uma temática voltada para a
diversão da população com músicas que buscam fugir da realidade,
como “A Banda”. Por outro lado, sua segunda fase foi marcada por uma
forte crítica social decorrente do contexto do Brasil na época: a Ditadura
Militar. É nesse momento que o álbum Construção foi lançado, desafiando
a censura, na maioria das vezes de forma sutil, e dando voz à parcela da
população marginalizada.

CONTEXTO HISTÓRICO: Construção foi lançado em 1971, no governo de


Emílio Médici, os “Anos de Chumbo”. Seu mandato foi marcado pela forte
repressão, motivo que fez o álbum de Chico ser tão crítico e ter passado
pela censura diversas vezes.

ASPECTOS PRINCIPAIS DO ÁLBUM: Construção apresenta um caráter


extremamente crítico ao regime da época, entretanto, nem todas suas
músicas foram censuradas, visto que Chico não foi tão explícito no que
desejava dizer. Apesar da resistência e da luta contra a opressão, o álbum
possui músicas sobre amor e sobre a vida a dois. Participações muito
relevantes, como Vinícius de Moraes, Tom Jobim, o coro de MPB4 e
arranjos de Rogério Duprat aparecem nas canções e dialogam com o
momento que Buarque estava passando na época, como em Samba de
Orly.
Construção é constituído por dois lados: o Lado A e o Lado B (como em
um disco de vinil). O Lado A é muito interessante, pois a primeira música e
a última se completam, criando um enredo no álbum.

Lado A: Deus lhe pague; Cotidiano; Desalento; Construção.


Lado B: Cordão; Olha Maria; Samba de Orly; Valsinha; Minha história (Gesú
Bambino); Acalanto
20

CONSTRUÇÃO
A tendência é de que as músicas com uma opinião mais forte e que
estejam bem contextualizadas na Ditadura apareçam na prova.

Lado A:
Deus lhe pague: o personagem da música é um oprimido social que
tem consciência da classe em que está e busca, através da ironia,
denunciar essa opressão; na primeira parte, ele agradece a Deus pelas
coisas básicas, o pão para comer e o chão para dormir (ironia), como
se fosse uma oração; na segunda parte, muda o ritmo da música e vira
um agradecimento em forma de denúncia, um obrigada pela fumaça
que a gente tem que tossir e pelos andaimes que a gente tem que
cair; o final faz uma referência sutil à morte, como se fosse a única
saída da vida infeliz; tem uma quantidade significativa de adjetivos
negativos e verbos no imperativo na música, a fim de reforçar as
consequências do regime militar; Deus lhe pague volta no final da
música “Construção” e elas dialogam perfeitamente, já que ambas
expõem a vida do proletário.
Cotidiano: música alegre que representa a repetitividade dos dias; o
tom sempre é o mesmo, como se o dia estivesse passando; marcação
de um homem rotineiro no trabalho e de uma mulher feliz e ativa em
casa.
Desalento: desalento significa falta de ânimo, abatimento; com
participação de Vinícius de Moraes, nessa música, é possível perceber
um arrependimento da parte do homem por ter feito algo com a
mulher e está mal por isso, querendo-a de volta.
21

CONSTRUÇÃO
Construção: todos os versos com 12 sílabas (dodecassílabos)
terminados em palavras proparoxítonas; as palavras proparoxítonas
mudam de verso, trocando o sentido das frases ao longo da música; a
construção diz respeito à obra em que o personagem trabalha, mas
também à letra, pois foi composta de uma forma bem fechada, com
versos dodecassílabos e permutação das proparoxítonas; a temática
da música é um operário oprimido em seu dia de trabalho que não
vale nada dentro do sistema, é condenado a morrer trabalhando;
quando o trabalhador vai descansar, cai do andaime e morre na rua,
atrapalhando o tráfego, ou seja, é insignificante; no decorrer da
canção, é possível perceber que os versos são cantados em função
do dia do operário (antes do trabalho, durante, depois); no final da
música, entra Deus lhe pague, com um ritmo mais frenético, fechando
o enredo.

Lado B:
Cordão: a música faz uma referência quase explícita à censura,
cantando que ninguém vai acorrentá-lo enquanto ele puder cantar,
sorrir e ser ouvido.
Olha Maria: com participação de Vinícius de Moraes e melodia de Tom
Jobim, Olha Maria mostra um homem dizendo a uma mulher para ela
partir e viver a vida dela independente da tristeza dele; representa a
libertação da mulher.
Samba de Orly: com participação de Toquinho e Vinícius de Moraes
(os versos de Vinícius foram censurados), Samba de Orly representa
um recado de Chico a Toquinho, após a dupla passar uma temporada
na Itália (saem do Brasil após o AI-5); Toquinho está voltando para o
Brasil e Chico canta para ele que está com saudades do Rio de Janeiro
e que gostaria de ouvir uma notícia boa do país; na música, há uma
referência aos militares “para os da pesada”.
22

CONSTRUÇÃO
Valsinha: com participação de Vinícius de Moraes, Valsinha faz
referência ao movimento hippie que estava em ascensão na década de
70; os versos apresentam um homem que ama sem pudor, que é livre e
que dança; representa bem a liberdade pregada pelos hippies,
rompendo o conservadorismo.
Minha história (Gesú Bambino): composta originalmente por Lúcio Dalla
na Itália, no início da década de 70, Minha história conta a história de
uma mãe solteira, sob a percepção do filho, que se relaciona com
estrangeiros; quando engravida, a mulher coloca o nome do filho de
Jesus, de onde vem o nome da canção original, Gesú Bambino, que
significa Menino Jesus (pode ser comparado com Jesus, que não teve a
figura paterna); percebe-se claramente a posição da mulher nessa
música, principalmente no verso “esperando, parada, pregada na porta
do porto, com seu único vestido, cada dia mais curto”.
Acalanto: canção bem curta, com poucos versos, retrata a inocência da
infância; ela é dedicada à filha de Chico, Helena, após a volta dele da
Itália, o que mostra o saudosismo dele com filha recém nascida.
23

QUESTÕES DE CONSTRUÇÃO
1. (ENTREINAFEDERAL) Leia as seguintes afirmações sobre as músicas “Construção” e
“Deus lhe pague” do álbum Construção, de Chico Buarque.
I - Em ambas as músicas, o personagem é um oprimido social.
II - Em “Construção”, os versos terminam com palavras proparoxítonas.
III- Em “Deus lhe pague”, há uma troca de ritmo do início para o final da música.
Quais estão corretas?
A) Apenas I.
B) Apenas II.
C) Apenas III.
D) Apenas I e III.
E) I, II e III.

2. (ENTREINAFEDERAL) Assinale a alternativa correta sobre o álbum “Construção”.


A) O álbum possui 10 músicas dispostas em dois lados, A e B, e não apresenta
participações de outros cantores.
B) Chico Buarque lançou o álbum em 1971, no contexto da Ditadura Militar, motivo que
levou o cantor a denunciar a censura e a opressão.
C) O álbum não apresenta temáticas de amor, ele é voltado apenas para a crítica social.
D) A música “Cotidiano” revela o cotidiano dos trabalhadores no regime militar.
E) O álbum não possui alternância nos ritmos, todas as músicas são sambas leves e
voltadas ao cotidiano feliz da população.

3. (ENTREINAFEDERAL) Assinale com V (verdadeiro) ou F (falso) as seguintes afirmações


sobre o álbum Construção, de Chico Buarque.
( ) “Cotidiano” apresenta a rotina de um casal militante na Ditadura Militar.
( ) “Construção" é uma referência `as obras urbanas, mas também `a própria construção
da letra da música.
( ) “Minha história” conta as dificuldades da criação de um filho por uma mãe solteira.
( ) “Deus lhe pague” dialoga com a música "Construção", dado que ambas apresentam a
mesma temática.
A sequência correta de preenchimento dos parênteses, de cima para baixo, é
24

QUESTÕES DE CONSTRUÇÃO
A) F – V – F – F.
B) V – V – V – F.
C) V – F – V – V.
D) F – V – V – V.
E) V – F – V – F.

4. (ENTREINAFEDERAL) Leia as seguintes afirmações sobre as músicas “Samba de Orly” e


“Deus lhe pague” do álbum Construção, de Chico Buarque.
I - Em ambas as músicas, Chico Buarque conta dos seus sentimentos sobre a Ditadura
Militar.
II - Em “Samba de Orly”, há participação de Toquinho e Vinícius de Moraes.
III - Em “Deus lhe pague”, há diversos adjetivos negativos, reforçando o pessimismo dos
trabalhadores durante a Ditadura Militar.
Quais estão corretas?
A) Apenas I.
B) Apenas II.
C) Apenas III.
D) Apenas II e III.
E) I, II e III.

5. (ENTREINAFEDERAL) Assinale a alternativa correta sobre o álbum “Construção”.


A) O álbum, embora escrito durante a Ditadura Militar, não foi lançado nesse período, pois
sofreu forte censura do governo Médici.
B) Há participações de grandes nomes da música brasileira, como Elis Regina e Caetano
Veloso.
C) A música "Construção" diz respeito às mudanças das relações de trabalho instauradas
no regime militar.
D) A música “Desalento" canta o pessimismo do homem brasileiro diante da rotina
exaustiva de trabalhador.
E) "Cordão" é a única música que não diz respeito ao contexto histórico.
25
QUESTÕES DE CONSTRUÇÃO
6. (UFRGS 2022) Considere as seguintes afirmações sobre Construção, álbum de Chico
Buarque.
I - A canção “Construção” vale-se de proparoxítonas no fim dos versos para narrar um dia
na vida de um trabalhador que tem um desfecho trágico; a sequência da narrativa é
reconstruída em três estrofes muito elaboradas que aludem à exploração desse
trabalhador.
II - “Deus lhe pague”, um agradecimento sarcástico ao autoritarismo; “Construção”, com
seu trabalhador embrutecido e explorado; e “Samba de Orly”, que pede perdão pela
omissão forçada de quem está fora do Brasil, formam um conjunto que remete à
experiência do país sob a ditadura civil militar.
III - “Desalento” e “Valsinha” são canções amorosas em que o eu lírico apela à amada para
que aceite retomar a relação interrompida pelo ciúme e pelas acusações mútuas; em
“Desalento”, porém, as investidas resultam em fracasso emocional de quem fala,
enquanto em “Valsinha”, o casal retoma a vida suburbana e estável.
Quais estão corretas?
A) Apenas I.
B) Apenas II.
C) Apenas III.
D) Apenas I e II.
E) I, II e III.

7. (UFRGS 2023) Considere as afirmações abaixo, sobre a canção “Minha história


(Gesubambino)”, do álbum Construção, de Chico Buarque.
I - O sujeito cancional conta a vida de abandono dele e da mãe, o que representa a
realidade de muitas crianças que não conhecem o pai biológico.
II - A canção reforça o apelo cristão da história, através de rimas como “amor/Nosso
Senhor”, “cruz/Jesus”.
III - O pai era um marinheiro estrangeiro, que se tornou dono de bar.
Quais estão corretas?
A) Apenas I.
B) Apenas III.
C) Apenas I e II.
D) Apenas II e III.
E) I, II e III.
26
CADERNO DE MEMÓRIAS
COLONIAIS
SOBRE A AUTORA: Isabela Figueiredo é uma jornalista, escritora e
professora portuguesa, que nasceu em Lourenço Marques (atual Maputo),
Moçambique, e foi para Portugal na condição de retornada (cidadãos das
colônias portuguesas que retornaram à Portugal). Ela escreveu Caderno
de Memórias Coloniais como uma forma de reflexão sobre seu passado e
de compreender as contradições do período colonial.

CONTEXTO HISTÓRICO: o livro autobiográfico tem como foco principal a


colonização de Moçambique e a modernização com o regime salazarista
português. Durante a história, Isabela Figueiredo cita alguns
acontecimentos, como a Guerra de Independência de Moçambique (1964)
e a Revolução dos Cravos (quando as colônias portuguesas foram
libertadas em 1974). O contexto histórico e suas consequências
contribuíram para a tomada de consciência de Isabela em relação ao
colonialismo patriarcal e ao racismo.

ASPECTOS PRINCIPAIS DA OBRA: Caderno de Memórias Coloniais foi


escrito por Isabela Figueiredo com o intuito de expor as contradições do
processo colonial moçambicano através do olhar de Isabela, que viveu no
país durante sua infância. O livro é uma autobiografia dedicada ao pai de
Isabela, em forma de crítica, mas também de memória. A partir do pai, a
autora começa a analisar a sociedade, visto que ele simbolizava o
patriarcalismo e a posição do homem branco “privilegiado” perante o
homem negro.

O livro é escrito no formato de relatos, então, a cada capítulo,


descobrimos algo sobre Isabela e seu processo de análise pessoal e
social. Os principais temas do livro que são abordados por ela são: a
descoberta da sexualidade; a relação com o pai; o racismo e a segregação
racial e o processo de descolonização de Moçambique.
27
CADERNO DE MEMÓRIAS
COLONIAIS
Como Caderno de Memórias Coloniais não é formatado como uma
história com começo, meio e fim, a tendência da UFRGS é cobrar os
aspectos gerais que marcaram essa jornada de autoconhecimento de
Isabela Figueiredo. Então, vou listar alguns pontos importantes que
podem aparecer na prova:
O processo de escrita do livro é interessante, pois revela a visão da
autora como mulher, branca, filha de pai colono, que busca
compreender as raízes do preconceito e encontrar seu lugar
A autora escreve de forma despojada, com um estilo lírico e, na última
edição, a maioria dos capítulos são intercalados com fotografias
Um dos pontos muito importantes do livro é a dominação das
mulheres na sociedade patriarcal: as mulheres brancas submissas aos
maridos; as mulheres negras numa posição de objetificação, sem
nenhum direito sobre seus corpos
Os acontecimentos da vida de Isabela expostos no livro auxiliaram o
processo de busca pela identidade e de busca pelo próprio
posicionamento diante do machismo e do racismo
A sexualidade da mulher é algo presente no livro de forma bem
objetiva e detalhada, em um contraste com sua curiosidade para
descobrir o que é menstruação e o que é sexo, e o “tabu” que a
sociedade coloca em cima desse assunto
Conceito de “negro assimilado” ou “os assimilados”: aqueles que
conseguiram cidadania portuguesa
O preconceito racial em Moçambique é exposto pela segregação dos
espaços (Apartheid) e das relações: mulheres negras não podem se
relacionar com homens brancos (não é nem pensado) e vice-versa
28
CADERNO DE MEMÓRIAS
COLONIAIS
Em 1975, com 12 anos, Isabela foi para Portugal morar com sua avó,
porém sofreu preconceito por ser da África (mesmo sendo branca), já
que veio de uma colônia
Em Portugal, além de sofrer com o preconceito, Isabela sofreu
episódios de assédio, motivos os quais fizeram com que ela tivesse
uma perda identitária
Vale destacar que Isabela não enxerga o pai como vilão, ela apenas
queria compreendê-lo e, ao mesmo tempo, desafiá-lo
29
CADERNO DE MEMÓRIAS
COLONIAIS
1. (ENTREINAFEDERAL) Considere as afirmações abaixo, sobre Caderno de Memórias
Coloniais.
I - A obra tem um caráter autobiográfico, sem deixar de abordar questões sociais, que
causam momentos de reflexão na autora.
II - Isabela Figueiredo dedicou o livro ao seu pai, pois nunca o perdoou pelas atitudes
preconceituosas.
III - No decorrer do enredo, pode-se perceber uma tomada de consciência de Isabela
Figueiredo ao refletir sobre as contradições da sociedade moçambicana.
Quais estão corretas?
A) Apenas I.
B) Apenas II.
C) Apenas III.
D) Apenas I e III.
E) I, II e III.

2. (ENTREINAFEDERAL) Assinale a alternativa correta sobre o livro “Caderno de Memórias


Coloniais”.
A) A obra se passa majoritariamente em Portugal, lugar onde Isabela Figueiredo nasceu.
B) O livro não apenas retrata as reflexões da autora, mas também aponta de modo
explícito os preconceitos do período colonial.
C) A temática da sexualidade presente no livro é apresentada pela autora de forma
subjetiva.
D) Em determinado momento da história, Isabela Figueiredo vem para o Brasil, lugar para
onde foi deportada.
E) O período que Isabela permaneceu em Portugal a fez perceber que não pertence a
Moçambique.

3. (ENTREINAFEDERAL) Assinale com V (verdadeiro) ou F (falso) as seguintes afirmações


sobre Caderno de Memórias Coloniais, de Isabela Figueiredo.

( ) O livro expõe as contradições do processo colonial moçambicano pelas vivências de


Isabela Figueiredo.
( ) O pai de Isabela Figueiredo era uma figura que representava a sociedade patriarcal e o
colonialismo.
( ) O enredo mostra a busca de identidade da autora ao aprender a se posicionar diante do
machismo e racismo de Moçambique.
30
CADERNO DE MEMÓRIAS
COLONIAIS
( ) Isabela Figueiredo escreveu o livro em homenagem a sua avó, por conta dos
preconceitos que ela sofreu quando morava em Portugal.

A sequência correta de preenchimento dos parênteses, de cima para baixo, é

A) F – V – F – F.
B) V – V – V – F.
C) V – F – V – V.
D) F – V – V – V.
E) V – F – V – F.

4. (UFRGS 2022) Assinale a alternativa correta em relação ao romance Caderno de


memórias coloniais, de Isabela Figueiredo.
I - A narrativa compõe-se de uma mescla de gêneros, entre diário, biografia, crônica e
ensaio, ilustrada com fotografias da escritora e da cidade onde nasceu, misturando
memórias pessoais e coletivas da colonização portuguesa na África.
II - A autora faz um acerto de contas com o passado colonial português, colocando em
cena a figura do pai, que trabalha para o desenvolvimento da cidade de Lourenço
Marques e luta contra a exploração e a falta de direitos da população negra.
III - Os episódios narrados contrapõm-se às versões oficiais da colonização portuguesa na
África, que silenciam a respeito da realidade de violência, segregação e exclusão da
população negra local.
Quais estão corretas?
A) Apenas I.
B) Apenas II.
C) Apenas III.
D) Apenas I e III.
E) I, II e III.

5. (UFRGS 2023) Considere o excerto abaixo, extraído de Caderno de memórias coloniais,


de Isabela Figueiredo.
[...] As pretas não eram sérias, as pretas tinham a cona larga, as pretas gemiam alto,
porque as cadelas gostavam daquilo. Não valiam nada. As brancas eram mulheres sérias.
Que ameaça constituía para elas uma negra? Que diferença havia entre uma negra e uma
coelha? Que branco perfilhava filhos a uma negra? Como é que uma negra descalça, de
31
CADERNO DE MEMÓRIAS
COLONIAIS
teta pendurada, vinda do caniço a saber dizer, sim, patrão, certo, patrão, dinheiro, patrão,
sem bilhete de identidade, sem caderneta de assimilada, poderia provar que o patrão era
o pai da criança? [...]
Os brancos entravam no caniço e pagavam cerveja, tabaco ou capulana a metro à negra
que lhes apetecesse. A bem ou mal. Depois abotoavam a braguilha e desapareciam para
as suas honestas casas de família.
Considere as seguintes afirmações sobre o excerto.
I - As personagens pretas são sexualmente objetificadas e se constituem como uma grave
ameaça às tradicionais famílias brancas.
II - A primeira atitude do colonizador era reconhecer os filhos gerados com suas escravas.
III- A mulher preta é usada como objeto sexual, enquanto a mulher branca é a dona de
casa, a esposa e a mãe imaculada.
Quais estão corretas?
A) Apenas I.
B) Apenas II.
C) Apenas III.
D) Apenas I e III.
E) I, II e III
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LISÍSTRATA
SOBRE O AUTOR: Aristófanes nasceu por volta de 445 a.C. e apresentou
cerca de quarenta comédias.

CONTEXTO HISTÓRICO: durante a Antiguidade Grega, realizaram-se


concursos dramáticos, em que o gênero tragédia era predominante, mas,
em 478 a.C., surgiu o gênero comédia, o qual era considerado de menor
prestígio pelos eruditos. A comédia tratava de assuntos cotidianos, como
o andamento da guerra (principalmente, do Peloponeso). Nesse contexto,
surge Lisístrata em 411 a.C., a qual encena um fato histórico, em 415 a.C. os
atenienses decidiram enviar uma expedição de auxílio à Segesta que
lutava contra Selinonte (ambas em Sicília), a fim de ter acesso ao outro
lado do mediterrâneo, mas Atenas foi derrotada por Siracusa, o que gerou
uma guerra civil na Cidade-Estado. Assim, as mulheres - que nunca foram
consideradas cidadãs - decidem sobre o futuro de Atenas, tomando uma
atitude drástica.

ASPECTOS PRINCIPAIS DA OBRA:

Lisístrata convoca uma reunião com as mulheres de Atenas, Esparta,


Corinto, Beócia, com intuito de propor uma solução para o fim da
guerra que estava acontecendo. Ela propõe que as mulheres façam
uma greve de sexo, já que os homens passavam mais tempo na
guerra do que em suas casas, deixando-as sozinhas, cumprindo
apenas tarefas designadas para elas, as quais não tinham direitos.
Assim, elas decidem privar-se do prazer e opor-se aos homens
mesmo que sejam obrigadas “a cumprir seu dever”. Para iniciar a luta
pela paz, as mulheres decidem tomar a Acrópole, já que lá estava
contida todas as riquezas que poderiam ser usadas para continuar a
guerra.
33

LISÍSTRATA
No entanto, os homens velhos, ficam indignados com a atitude delas,
profanam xingamentos e pretendem atear fogo para que elas
evacuem o local. Com isso, as mulheres, que observam de longe,
percebem que há fogo e direcionam-se para a Acrópole, lá Corifeu e
Corifeia (indivíduos que mais se destacam dos seus grupos) começam
a discutir novamente. Nesse momento, surge o Comissário junto com
seus soldados, os quais entram em defesa dos homens contra as
mulheres. O chefe instrui que os homens lutem, entrando à força na
Acrópole, mas Lisístrata abre a porta bem na hora.
Assim, os dois começam a discutir, já que o Comissário tem uma
posição agressiva e Lisístrata tem uma posição de resistência. Com
isso, todos os homens começam a ter receio das mulheres, porque
quando enfrentam-as, elas resistem e afrontam-os. Dessa maneira,
sem terem sucesso para lutar contra elas, o Comissário decide
questionar o motivo delas tomarem a Acrópole e Lisístrata diz que
sem dinheiro, não existiria guerra. O Comissário indignado com a
astúcia das mulheres, indaga o porquê dessa atitude. Lisístrata diz que
a guerra é uma insensatez, a qual traz mortes, sem ter paz. Ela
completa que as mulheres nunca tiveram voz para opinar nessas
questões com os maridos, os quais sempre eram ríspidos e
mandavam elas não se meterem nesses assuntos, mas Lisístrata diz
que chegou ao fim essa sujeição, que está na hora das mulheres
cuidarem da paz e dos bens, assim ela explica que elas irão governar
como se fosse um novelo de lã “A tecelagem é uma lição política”.
Nisso, o Comissário continua a desrespeitar as mulheres, então elas
começam a jogar poeira e atirar coisas sobre ele, revoltado diz que irá
ao Tribunal para se apresentar aos homens e achar uma solução.
34

LISÍSTRATA
Lisístrata está preocupada, porque as outras mulheres não querem
mais fazer a greve de sexo e estão inventando desculpas para
escapar. Assim, Lisístrata lê a profecia do Oráculo, o que incentiva as
mulheres a ficarem unidas. Nesse tempo, o marido de Mirrina,
Cinésias, chega e Lisístrata orienta-a a seduzi-lo para provocá-lo.
Cinésias implora para Mirrina voltar a sua casa que o filho está
descuidado e clama pela sua mãe, além de que o marido está cheio
de desejos. Assim, ele implora para que a esposa deite-se com ele e
diz que fará o tratado de paz. Com isso, Mirrina encena que irá ficar
com ele, mas ela deixa-o mais ansioso, porque sai em busca de
objetos para o conforto do momento, como travesseiro e cobertor.
Antes do momento tão esperado acontecer, Corifeu encontra Cinésias
em um estado deplorável, “cheio das vontades”. Junto a esse
momento, chega um Espartano no mesmo estado de Cinésias. Assim,
Arauto traz a proposta de paz, visto que todos os homens estão
sofrendo de uma ereção universal, porque Lampito e as mulheres
seduziram-os.
Enquanto isso, Corifeu e Corifeia continuam brigando, mas ela o ajuda
e eles selaram um beijo de paz. Assim, começa a ser selado um Coro
de Paz, uma vez que todos homens gregos encontram-se no mesmo
estado e a única opção é assinar a paz em toda a Grécia.
Lisístrata discursa pela paz e dessa forma os homens começam a
valorizá-la pelas suas palavras e atitudes. A peça termina com um
banquete ateniense e Lisístrata encontrando seu marido.
35
QUESTÕES DE LISÍSTRATA
1. (ESTUDIDI) Sobre o livro Lisístrata - a greve do sexo, de Aristófanes, assinale com V
(verdadeiro) ou F (falso) as seguintes afirmações.
( ) Lisístrata decide reunir as mulheres de toda Grécia para achar uma solução para o
fim da guerra
( ) A peça é uma tragédia grega que trata das aflições causada nas mulheres pela
guerra
( ) As mulheres decidem invadir a Acrópole para usarem como fortaleza militar
( ) Durante toda a obra, as mulheres possui uma atitude agressiva perante ao homens
A sequência correta de preenchimento dos parênteses, de cima para baixo, é
A) V – F – F – V.
B) F – V – V – F.
C) V – V – F – V.
D) F – F – V – F.
E) V – F – F – F

2. (ESTUDIDI) Sobre a obra Lisístrata - a greve do sexo, de Aristófanes, assinale a


alternativa correta a respeito do romance.
A) O romance inicia com Lisístrata tentando convencer seu marido que a guerra era
uma solução ruim, mas este ignora-a e sai para lutar.
B) Lampito e outras mulheres vão de seus homens, porque estão com uma grande
vontade sexual, enquanto Lisístrata fica na cidade coordenando as tarefas na Acrópole.
C) A peça grega mostra a força feminina em um momento que elas nem eram
consideradas cidadãs.
D) O Coro de Velhos sentia empatia pelas mulheres, já que eles também não
participavam da guerra e presenciavam de fora o sofrimento da população.
E) O acordo de paz é selado quando os homens compadecem-se pela tristeza de suas
esposas, as quais sofriam com a greve de sexo.

3. (UFRGS 2023) Assinale com V (verdadeiro) ou F (falso) as seguintes afirmações sobre


a comédia Lisístrata, de Aristófanes.
( ) O contexto histórico da peça é a guerra dos atenienses contra os espartanos,
iniciada em 413 a.C.
( ) A disposição inicial das mulheres de manter a greve de sexo permanece inalterada
durante toda a peça.
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QUESTÕES DE LISÍSTRATA
( ) As falas de Lisístrata enfatizam a inteligência das mulheres, em contraste com a
condição subalterna que ocupam na sociedade.
( ) As metáforas relativas à sexualidade, como “espada rígida”, “apagar o fogo”,
mantêm-se muito atuais.
A sequência correta de preenchimento dos parênteses, de cima para baixo, é
A) F – V – F – F.
B) V – V – F – V.
C) V – F – V – V.
D) F – F – V – F.
E) F – V – V – F.
37

VÁRIAS HISTÓRIAS
SOBRE O AUTOR: Machado de Assis foi um escritor brasileiro considerado
o maior nome da literatura brasileira do século XX. Sua escrita possui
destaque nos romances e contos. O escritor foi o principal fundador da
Academia Brasileira de Letras. O autor foi o responsável por inaugurar o
Realismo no Brasil.
CONTEXTO HISTÓRICO: o livro é publicado em 1896 nos anos
subsequentes à abolição da escravatura e à promulgação da primeira
constituição do Brasil em 1891, a maioria das histórias passa-se na
segunda metade do século XIX. Faz parte do período realista do autor, o
que pode ser visto principalmente no conto Trio em Lá Menor – o anseio
da perfeição que isola o indivíduo. Nos contos, há bastante
intertextualidade, o que pode ser visto em referências a teatros, músicas,
histórias bíblicas.
ASPECTOS PRINCIPAIS DOS POEMAS: Várias Histórias é uma coletânea
que reúne dezesseis contos de Machado de Assis que foram publicados
na Gazeta de Notícias entre 1884 e 1891.
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VÁRIAS HISTÓRIAS
A CARTOMANTE
Rita falou a Camilo que foi na cartomante, pois estava em dúvida do amor
dele. A vidente disse ser bobagem e que ela deveria conversar com ele,
com isso o narrador cita que antes Camilo acreditava nas crendices de
sua mãe e depois de 20 anos parou de crer. Mas Rita cita o que Hamlet
disse para Horácio “há mais coisas no céu e na terra do que se possa
sonhar”. Rita é casada com Vilela (fez magistrado) que é amigo de infância
de Camilo (trabalha como funcionário público). Ao cansar do magistrado,
Vilela abre um escritório de advocacia. Vilela e Camilo se aproximam mais
após a morte da mãe de Camilo. No decorrer do conto, Camilo recebe
uma carta anônima dizendo que se era sabido de seu caso com Rita,
então este resolve se afastar de Vilela, não indo mais em sua casa, o
amigo fica sem entender e triste com o afastamento. Neste momento,
Rita fica preocupada com Camilo e procura a cartomante para saber o
que havia ocorrido. Rita acha melhor que Camilo volte a visitar seu marido
regularmente para que não se levantem suspeitas, mas ele pensa que
deve se manter afastado. Camilo recebe uma carta de Vilela falando que
deve se apressar para ir na sua casa, no caminho ele resolve ir até a casa
da cartomante e visitá-la. A cartomante falou coisas que o tranquiliza,
assim ele paga uma boa quantia de dinheiro, saindo de lá calmo até se
culpando pela demora para chegar na casa do amigo, já que pensava que
seria morto. Ao chegar na casa de Vilela a porta se abre com ele se
desculpando pela demora, e, olhando para dentro, enxerga Rita morta.
Em seguida seu amigo acaba por o agarrá-lo e dar dois tiros fatais em
Camilo.

Final: “Vilela não lhe respondeu; tinha as feições decompostas; fez-lhe


sinal, e foram para uma saleta interior. Entrando, Camilo não pôde sufocar
um grito de terror: ao fundo, sobre o canapé, estava Rita morta e
ensanguentada. Vilela pegou-o pela gola, e, com dois tiros de revólver,
estirou-o morto no chão.”
39

VÁRIAS HISTÓRIAS
ENTRE SANTOS
Ao ser capelão de São Francisco de Paula, o senhor sempre fechava a
igreja ao ir dormir. Um certo dia, ao fechar enxergou uma luz saindo de uma
das portas e decidiu se aproximar destas (pensando ser um ladrão), porém
havia uma luz diferente das velas. Ele percebe que se encontram santos
conversando e andando pela sala. Estes ficam discutindo o que ocorreu e
sobre o coração das pessoas, algumas sendo bondosas e outras não,
enquanto o capelão fica escondido ouvindo a todos. Os santos conseguem
ler as almas das pessoas enquanto estas rezam e fazem pedidos, então
São José conta sobre uma mulher que com luxúria desejava se desfazer do
namorado, começa a chorar, então a oração começa a se esvair. Santo
Sales começa a contar a história de um senhor também chamado Sales
que é muito pão duro e está a ponto de perder a esposa que junto com sua
escrava são as únicas pessoas à sua volta. Esta escrava acaba por ser de
seu pertencimento, quando ela faleceu, ele a enterra como uma mulher
livre para não ter mais gastos. Então Sales pediu ao santo que salvasse sua
mulher, a pessoa que realmente amava. O homem mal consegue formar
frases pedindo o salvamento de sua mulher principalmente quando deve
oferecer algo em troca. Então o pobre homem promete rezar mais de mil
“ave maria”. Assim os santos começam a rir com o fim da história e o
capelão não ouve mais nada e cai ao chão, acordando e abrindo as janelas
para espantar os sonhos.
Final: “Depois, não pude ouvir mais nada. Caí redondamente no chão.
Quando dei por mim era dia claro.... Corri a abrir todas as portas e janelas da
igreja e da sacristia, para deixar entrar o sol, inimigo dos maus sonhos.”

UNS BRAÇOS
O pai (barbeiro) de Inácio resolve que este deveria começar a trabalhar no
fórum junto ao solicitador Borges, enviando documentos e ofícios, o jovem
se muda para morar com chefe e sua esposa, Severina.
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VÁRIAS HISTÓRIAS
Após cinco semanas, Borges ainda não gosta do trabalho do garoto, já que
ele é desatento. Durante as refeições, Inácio começa a se encantar pelos
braços a mostra de dona Severina, que a única coisa que vale a pena é
poder ver seu braço três vezes. Cansado do trabalho, pensa em fugir, porém
reflete que não seria bom, pois perderia de vista tais braços. Dona Severina
começa a perceber os olhares e resolve contar ao marido, porém não o faz,
porque vê que Inácio realmente a desejada, mas é uma criança, assim
decide ser mais rude com o jovem. Inácio fica aflito por ser diariamente
menosprezado pelo Borges e deseja por ir embora, mas nunca realiza tal ato
por medo de deixar de ver os braços. Um certo dia, Inácio ao ler um livro
acaba por derrubá-lo e sonha que a via. Neste momento, ela espera que seu
marido vá embora e vai em direção ao quarto de Inácio lembrando que este
não jantou e vê ele dormindo com um folheto caído, assim fica observando
seu sono e nota que realmente parece uma criança dormindo. Ela se
aproxima e dá um beijo nele, mas sai atordoada e não o acorda. Após esse
acontecimento, começa a usar um chalé para cobrir seus braços. Um belo
dia, Borges dispensa Inácio que sai sem entender o que ocorreu. Borges
pede que volte outro dia para se despedir de Severina, tratando-o bem pela
primeira vez. Ele vai embora com a sensação de um beijo, pensando ter sido
apenas um sonho.
Final: "Inácio saiu sem entender nada. Não entendia a despedida, nem a
completa mudança de D. Severina, em relação a ele, nem o xale, nem nada.
Estava tão bem! falava-lhe com tanta amizade! Como é que, de repente...
Tanto pensou que acabou supondo de sua parte algurn olhar indiscreto,
alguma distração que a ofendera, não era outra cousa; e daqui a cara
fechada e o xale que cobria os braços tão bonitos... Não importa; levava
consigo o sabor do sonho. E através dos anos, por meio de outros amores,
mais efetivos e longos, nenhuma sensação achou nunca igual à daquele
domingo, na Rua da Lapa, quando ele tinha quinze anos. Ele mesmo
exclama às vezes, sem saber que se engana: E foi um sonho! um simples
sonho!"
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VÁRIAS HISTÓRIAS
UM HOMEM CÉLEBRE
Sinhazinha Mota está em um sarau íntimo de aniversário da Viúva Camargo.
Ela reconhece Pestana por causa de uma amiga e pede para ele tocar uma
música famosa deste, ele toca contrariado (contrapondo com a alegria da
“canção”). Depois, ele alega estar com dor de cabeça e sai para sua casa,
fugindo de sua música. Sua casa é cheia de quadros (músicos e de um
velho padre que o ensinou sobre a música – acham que era seu pai). O
sonho de Pestana é criar uma música clássica, ele tentou, mas não
conseguiu. No dia seguinte, acordou e fez uma polca que o deixou
orgulhoso. Mas, passado os dias, começou a não gostar de sua música
(pavor de quando pediram para ouvir). Enquanto isso, Sinhazinha Mota
pensava nele e ele não se lembrava dela. Pestana queria tocar um clássico,
mas sem conseguir isso, resolveu-se casar com uma viúva cantora
("recebeu-a como esposa espiritual do seu gênio") com a esperança de
realizar seu sonho. Um dia, ele consegue tocar uma clássica, mas Maria diz
que é um clássico de Chopin , ele lembrou depois e fica novamente
frustrado. Assim, se rende e resolve tocar polca anonimamente, nem a
mulher sabia que ele tocava. Pestana não gostava do nome dado a sua
música, mas depois começou a não se importar mais. Sua esposa falece,
então Pestana fica 2 anos sem tocar, até que recebe uma proposta a qual
aceitou (por conta de dívidas). Compôs e até que começou a gostar da
primeira polca que era para os liberais. Quando estava no leito de morte, o
editor foi pedir uma música para os conservadores que subiram no poder.
Assim, Pestana diz que irá fazer uma polca para quando os liberais
voltassem para o poder e morre.

Final: "— Olhe, disse o Pestana, como é provável que eu morra por estes
dias, faço- lhe logo duas polcas; a outra servirá para quando subirem os
liberais.
Foi a única pilhéria que disse em toda a vida, e era tempo, porque expirou
na madrugada seguinte, às quatro horas e cinco minutos, bem com os
homens e mal consigo mesmo."
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VÁRIAS HISTÓRIAS
A DESEJADA DAS GENTES
Conselheiro resolve contar a história de Quintília, ele a conheceu na sua
faculdade de medicina, ela tinha 30 anos, porém não aparentava. Conta
que ele e seu colega, Nóbrega, já se conheciam e que a senhora causou
a briga deles. Um dia, o conselheiro ouviu um grupo falando sobre ela e
disseram que tentavam alguma coisa, mas nunca tinham sucesso. Ele
conta que Nóbrega tinha presunção de ser um espírito sonhador. Assim,
eles acordam que vão “romper essa fortaleza” e decidem conquistar a
moça, mas não esperavam que ambos seriam conquistados por ela e em
pouco tempo estariam brigados e mentindo para si, o amigo até acaba
indo para Bahia, morrendo lá. Conselheiro e Quintília tinha uma relação
próxima, quando seus parentes faleceram, ambos se compadeceram um
pelo outro. Ele acredita que há amor nessa relação, então resolve pedir
ela em casamento, mas ela nega dizendo que já é velha e quer manter a
amizade, Conselheiro conta da briga com o amigo e ela o repreende. Ele
então decide por sair por um tempo da cidade, quando volta acha uma
carta dela para que fosse visitá-la. Eles mantém a amizade e ela promete
que não se casará com nenhum outro. Logo ela adoece e eles ficam mais
próximos, até que no seu leito de morte finalmente casam-se. No que
durou pouco a união, pois logo ela falece, sendo o contato íntimo breve.

Final: "— Não sei o que dirá a sua fisiologia. A minha, que é de profano, crê
que aquela moça tinha ao casamento uma aversão puramente física.
Casou meio defunta, às portas do nada. Chame-lhe monstro, se quer, mas
acrescente divino."

A CAUSA SECRETA
Garcia, Fortunato e Maria Luísa estão sem se falar. A história volta no
tempo quando Garcia e Fortunato se conheceram na faculdade de
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VÁRIAS HISTÓRIAS
medicina. Garcia gostava de ir ao teatro e um dia Fortunato apareceu lá, o
médico envolvia-se com a peça como se identifica-se. Até que levantou e foi
embora, Garcia foi atrás dele, mas não o encontrou.

Um dia, um empregado do arsenal sofre um acidente, e o médico que


aparece é Fortunato (primeira vez que ele se apresenta), enquanto Garcia
ainda estuda de medicina. Fortunato continua visitando o doente até que ele
se recupera e o médico some. Tempos depois, Garcia e Fortunato se
encontram, Fortunato convida Garcia para jantar em sua casa e conhecer
sua esposa. Lá Garcia nota que o Fortunato continua frio, já Maria Luísa é
meiga, conversando ele relata como foi o primeiro encontro oficial dos dois.
No início, ela se encanta pelo bom coração do marido, depois quando ele
relata com zombaria, ela fica desconsolada. Então, Fortunato convida Garcia
para eles abrirem um consultório juntos, ele nota que Fortunato é muito
dedicado ao seu trabalho. As visitas de Garcia a família tornam-se mais
frequentes e ele vai vendo a solidão que Maria Luísa se encontra. Ela pede
para que ele converse com seu marido para que pare de fazer experimentos
nos animais, pois fazia mal a ela. Contudo, quando Garcia volta a casa, ela
está apavorada, porque o marido está torturando um rato, Garcia fica
chocado com a maneira sádica do médico, o qual nem repara na visita,
depois quando se da conta e desconversa. Esse é o momento que inicia a
história, com os três em completo silêncio. Com o tempo, Maria Luísa
descobre que está com tísica, o marido fica aturdido. Quando ela morre,
Fortunato dorme e quando acorda vê Garcia beijando o cadáver, mas o
marido não sentiu ciúmes, quando Garcia rompeu em lágrimas, ele saboreou
tranquilo.

Final: "Entretanto, Garcia inclinou-se ainda para beijar outra vez o cadáver;
mas então não pôde mais. O beijo rebentou em soluços, e os olhos não
puderam conter as lágrimas, que vieram em borbotões, lágrimas de amor
calado, e irremediável desespero. Fortunato, à porta, onde ficara, saboreou
tranquilo essa explosão de dor moral que foi longa, muito longa,
deliciosamente longa."
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VÁRIAS HISTÓRIAS
TRIO EM LÁ MENOR
Capítulo primeiro - Adágio Cantabile
Maria Regina está pensando amorosamente em dois homens, um de 27
anos (Maciel) e outro de 50 (Miranda). Ela era considerada desmiolada,
com bom coração, mas muita imaginação. Um dia os dois foram visitá-la e
ela tocou uma peça clássica de piano, Miranda fez análises da música e
Maciel apenas concordou polidamente. Ela estava lembrando da situação
(palavras de Miranda e olhos de Maciel).
Capítulo segundo - Allegro ma non Troppo
Um dia, ela e a avó estavam andando de carruagem e um menino quase
foi atropelado por outro veículo, mas um homem o salvou, era Maciel.
Maria Regina se comove com ele e oferece seu lenço. Ele visita ela mais
tarde e ambos ficam trocando olhares, a avó resolve trocar de assunto
para interromper o gesto.
Capítulo terceiro - Allegro Appassionato
Maciel está contando as fofocas da sociedade. Mas, ao longo das
histórias, Maria Regina vai desapegando dele e pensa num ser perfeito
que seria a fusão de Maciel com Miranda. Nisto, Miranda chega e pouco
depois Maciel vai embora. Miranda já é grisalho com fisionomia mais dura.
A avó acha-o muito frio. Maria Regina toca piano para ele, mas não
consegue olhá-lo, e, novamente, ela pensa numa fusão dos dois.
Capítulo quarto - Minuetto
Maria Regina continua sem saber qual escolher, assim eles vão embora
para nunca mais voltar. Ela, olhando as estrelas, vê dentro de si uma
estrela dupla que separadas valiam bastante e juntas davam um astro
esplêndido. Ela resolver dormir após ver um gato com dois olhos como
astros, ela sonha e uma voz surge do abismo “É a tua pena, alma curiosa
de perfeição; a tua pena é oscilar por toda a eternidade entre dois astros
incompletos, ao som desta velha sonata do absoluto: lá, lá, lá…”
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VÁRIAS HISTÓRIAS
ADÃO E EVA
Por volta de 1700, a senhora de engenho vai servir um doce e todos ficam
curiosos, assim começa a discussão de quem foi a culpa de Adão e Eva
terem sido expulso do paraíso por causa da curiosidade (como se fosse
um pecado).
O senhor Veloso decide contar a história da criação, em que o Diabo foi o
real criador do mundo, porque ele começou criando a escuridão, então
Deus foi e criou a luz. Assim ficou uma “competição" entre eles, até
mesmo na criação do homem e mulher, em que o Diabo fez tudo de ruim
e Deus foi lá e fez tudo de bom.
Assim, o Diabo vê a serpente como um modo de solucionar os seus
problemas (o bem). Já que Adão e Eva não poderiam tocar na árvore,
Tinhoso diz para a serpente oferecer um fruto dela. A serpente vai falar
com Eva, mas ela nega o fruto e Adão concorda com a decisão de Eva,
assim eles saem daquele espaço. Deus vê tudo e manda o arcanjo levar
eles para o paraíso, pois eles não cederam às obras de Tinhoso. Com isso,
a Terra fica sob domínio da cobra e de todo mal. O juiz acaba a história e
pede mais doce a D. Leonor, ela tem dúvida se realmente aconteceu o
que Senhor Veloso contou. Então Veloso completa que se tivesse
acontecido, não estavam saboreando aquele doce.
Final: "E o juiz-de-fora, levando à boca uma colher de doce: — Pensando
bem, creio que nada disso aconteceu; mas também, D. Leonor, se tivesse
acontecido, não estaríamos aqui saboreando este doce, que está, na
verdade, uma cousa primorosa. É ainda aquela sua antiga doceira de
Itapagipe?"
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VÁRIAS HISTÓRIAS
O ENFERMEIRO
Ele começa a narrar uma história que aconteceu em 1860, mas não quer
que a história seja exposta antes da sua morte. Ele era estudante de
teologia e foi convidado para servir de enfermeiro na casa do Coronel,
Felisberto, agressivo e de mal com a vida. Ele começa a trabalhar com o
Coronel, nos primeiros sete dias, eles têm uma relação boa, o Coronel até
elogia-o para o vigário. No entanto, a partir do oitavo dia, o Coronel
começa a mostrar que é mau também, xinga e agride. O enfermeiro até
resolve ir embora, mas o Coronel convence ele a ficar, alegando que é
apenas um velho. Assim, ele continua cuidando dele e cada vez mais o
Coronel está envelhecendo, fazendo até seu testamento. Procópio diz
que ficará apenas mais um mês com o velho, mas no meio tempo, o
Coronel tem um surto e atira um objeto no rosto do enfermeiro, este
revida e põem as mãos no pescoço do velho. Assim, estoura o aneurisma
e o Coronel vem a óbito. Procópio tem medo que as pessoas descubram
que foi ele, então não sai do lado do cadáver. O enfermeiro, mesmo não
sendo religioso, manda rezar uma missa para o falecido por causa da
culpa que sentia. Logo, ele volta para a Corte, no Rio, e lá ele recebe o
testamento do Coronel, seria o herdeiro universal do velho. De início, ele
pensa em doar tudo, mas com o tempo, pensa que o Coronel já ia morrer,
que as coisas aconteceram como deveriam ser. Assim, a sua culpa vai
diminuindo e ele doa apenas uma parte da herança à caridade e para
construir um túmulo de mármore ao Coronel, de resto, fica sem culpa.

Final: "Adeus, meu caro senhor. Se achar que esses apontamentos valem
alguma coisa, pague-me também com um túmulo de mármore, ao qual
dará por epitáfio esta emenda que faço aqui ao divino sermão da
montanha: "Bem-aventurados os que possuem, porque eles serão
consolados."
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VÁRIAS HISTÓRIAS
O DIPLOMÁTICO
Sr. Rangel era leitor de livro de sorte, está na casa de D. Adelaide fazendo
isso. Ele disse que D. Felismina iria encontrar alguém que a ama em
segredo, como ela já tinha 40 anos, sai esperançosa. Rangel se dedicou
até os 41 anos ao celibato, assim era solteiro, frequentou alguns bailes,
mas não encontrou ninguém. Chamado de diplomático, porque presumia
de grande maneira as coisas, mas, na verdade, todas suas histórias eram
fábulas e ele era discreto e pacato. Rangel não tinha nenhuma noiva, mas
começou a se apaixonar por Joaninha, 19 anos. Ele a viu crescer e até a
pegou no colo. Então na casa de D. Adelaide resolve entregá-la uma carta
de amor. Mas, nisso, chega algumas pessoas e estraga o momento. Então,
eles vão jogar prendas. Logo depois, Queirós chega, um homem bonito
que encanta todas as moças. Joaninha não tira os olhos dele, o que o
deixa desconfortável. Ele resolve ir embora, mas Joaninha pede para ele
ficar jogando com eles. À princípio, ele acha que está tudo bem entre eles
e cogita entregar a carta, mas não entrega. No dia seguinte, Rangel vê os
dois de mãos dadas e seu mundo desaba, fica inacreditado em como
uma noite mudou tudo. Seis meses depois é o casamento de Joaninha e
Rangel, ele continua triste e até cogita se alistar na guerra do Paraguai,
mas continua no mesmo lugar.

Final: "Nem os acontecimentos, nem os anos lhe mudaram a índole.


Quando rompeu a guerra do Paraguai, teve ideia muitas vezes de alistar-
se como oficial de voluntários; não o fez nunca; mas é certo que ganhou
algumas batalhas e acabou brigadeiro."
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VÁRIAS HISTÓRIAS
MARIANA
Capítulo 1:
Em 1890, Evaristo volta da Europa depois de 18 anos, porque um repórter
na Europa o perguntou da revolução do Rio de Janeiro, assim ele decide ir
até o RJ, para ver de perto. Logo, ele se lembra de Mariana, uma menina
que eles tiveram um termino ruim, deixou-o doido e quase a deixou morta.
Capítulo 2:
Ele entra na casa e tudo está do mesmo jeito da última vez, até o quadro de
quando ela era jovem. Assim, como se ela saísse do quadro, eles começam
a conversar. Eles conversam com amor, mas Evaristo quer se separar,
porque acha que Mariana ainda ama seu marido. Então ela conta que fez de
tudo para casar com ele, mas com o tempo a relação dos dois foi esfriando
e ela não sentia mais nada. Assim, eles ficam bem próximos, mas são
acordados, dizendo “faz o favor de entrar”.
Capítulo 3:
Evaristo acorda do seu sonho e percebe que tudo aquilo aconteceu no
tempo que estavam juntos. Ele só não sonhou com a separação (causa da
pela mãe dela). Ele vê que Xavier, marido de Mariana está acamado e que
ela está junto dele. Decide ir embora e ela o trata como um qualquer.
Depois de um dia, ele volta e Xavier morre. Mariana se desespera e Evaristo
fica chocado com aquela demonstração de amor. No enterro, ela não vai,
mas todos comentam que o amor do casal era lindo. Eles se encontram na
rua, e ela tenta ignorar e trata ele com indiferença. Logo, ele se da conta de
que foi um amor passageiro.
Final: "Nem os acontecimentos, nem os anos lhe mudaram a índole.
Quando rompeu a guerra do Paraguai, teve ideia muitas vezes de alistar-se
como oficial de voluntários; não o fez nunca; mas é certo que ganhou
algumas batalhas e acabou brigadeiro."
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VÁRIAS HISTÓRIAS
CONTO DE ESCOLA
Em 1840, o menino estava na dúvida da onde iria brincar no dia seguinte,
decidiu que seria a escola. O mestre da escola se chamava Policarpo e
seu filho, Raimundo, aprendia tardiamente e tinha medo do pai. Pilar é um
bom aluno, mas diz estar arrependido de ter ido à aula, sente-se preso
enquanto poderia estar no campo ou no morro. Raimundo quer contar
algo para Pilar, mas toda vez tem alguém olhando. Uma hora, ele
consegue mostrar para ele uma moeda de prata do tempo do imperador
(viviam no período regencial), assim Raimundo pergunta se Pilar quer
fazer uma troca: a moeda em troca de ajuda nas lições. Pilar demora para
pegar a moeda, mas depois aceita e começa a dar lições. Mas Curvelo,
um aluno mais velho, está observando-os de modo cruel. Então o
professor chama Pilar e Raimundo para saber da história da troca. O
mestre xingou-os e bateu com palmatória, além de proferir ameaças. Até
Curvelo parecia amedrontado com a situação, Pilar queria bater nele, mas
não o achou. No dia seguinte, resolve ir à escola para procurar a moeda
mas acaba mudando seu rumo quando um grupo de fuzileiros passa
marchando por ele. Pilar resolve seguir junto e não vai, depois ele retorna
para casa, mais feliz do que imaginava pelo novo conhecimento de vida.
Final: "Na rua encontrei uma companhia do batalhão de fuzileiros, tambor
à frente, rufando. Não podia ouvir isto quieto. Os soldados vinham
batendo o pé rápido, igual, direita, esquerda, ao som do rufo; vinham,
passaram por mim, e foram andando. Eu senti uma comichão nos pés, e
tive ímpeto de ir atrás deles. Já lhes disse: o dia estava lindo, e depois o
tambor... Olhei para um e outro lado; afinal, não sei como foi, entrei a
marchar também ao som do rufo, creio que cantarolando alguma coisa:
Rato na casaca... Não fui à escola, acompanhei os fuzileiros, depois enfiei
pela Saúde, e acabei a manhã na Praia da Gamboa. Voltei para casa com
as calças enxovalhadas, sem pratinha no bolso nem ressentimento na
alma. E contudo a pratinha era bonita e
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VÁRIAS HISTÓRIAS
foram eles, Raimundo e Curvelo, que me deram o primeiro conhecimento,
um da corrupção, outro da delação; mas o diabo do tambor..."

UM APÓLOGO
É um conto que tem conversa entre a agulha e o novelo de linha.
Discutem para saber quem é o mais importante. A linha diz que une os
tecidos, já a agulha diz que ela fura o pano e inicia o processo. A linha
compara que os batedores vão antes do imperador. Essa história
acontece na casa da baronesa. Ambas estão orgulhosas de seu trabalho.
Então a agulha questiona se a linha continua achando que é melhor, já
que a costureira se importa apenas com a agulha, manuseia ela. Assim, a
roupa fica pronta e a linha questiona se a agulha não vê que a linha irá ao
baile, enquanto ela volta para a caixa de costuras. Assim, o alfinete fala
que a agulha é tola, abre o caminho para outros que irão gozar da vida.

Final: "Parece que a agulha não disse nada; mas um alfinete, de cabeça
grande e não menor experiência, murmurou à pobre agulha: — Anda,
aprende, tola. Cansas-te em abrir caminho para ela e ela é que vai gozar
da vida, enquanto aí ficas na caixinha de costura. Faze como eu, que não
abro caminho para ninguém. Onde me espetam, fico. Contei esta história a
um professor de melancolia, que me disse, abanando a cabeça: —
Também eu tenho servido de agulha a muita linha ordinária!"
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VÁRIAS HISTÓRIAS
D. PAULA
D. Paula foi visitar a sobrinha e quando ela chegou, a jovem estava
chorando, porque brigou com o marido por ciúme. Assim, D. Paula resolve
ir conversar com Conrado, marido. Ele reclama que a mulher é leviana e
tinha um namorado. Ele quer a separação, mas a tia faz uma proposta:
eles se reconciliam e Venancinha iria ficar 1 ou 2 meses com ela para que
a senhora a ensinasse os deveres da esposa. O marido comenta que ela
tem um caso com Vasco Maria Portela, filho de um diplomata, D. Paula
fica surpresa, pois amou o diplomata. A tia se vê na sobrinha e fica na
dúvida se restitui o casamento. Assim, nove dias depois o marido vai
visitá-la, mas continua frio. Um dia, a tia e a sobrinha vão passear e o
Vasco está no local. Assim ela conta a história para a tia, que ele falava
palavras amigáveis, mas que com o tempo seu coração começou a bater
mais forte. D. Paula está escutando a sobrinha falar, depois pergunta se
eles se amam, a sobrinha diz que não, mas que um dia, no teatro, ele
proferiu duas palavras para ela que ficaram em sua mente. A tia escutou
tudo, e várias vezes identificava-se com a história, mas deu um sermão
sobre castidade e amor na sobrinha, a qual saiu chorando. Assim, a tia
resolve ir à janela, questiona se ainda se lembra do outro tempo, que se
assemelhava e distanciava daquela noite. Mas lá na outra casa era como
se observassem e falassem “Sinhá velha hoje deita tarde como o diabo”.

Final: "Lembrar, lembrava, mas aquela sensação de há pouco, reflexo


apenas, tinha agora cessado. Em vão repetia as palavras da sobrinha,
farejando o ar agreste da noite: era só na cabeça que achava algum
vestígio, reminiscências, cousas truncadas. O coração empacara de novo,
o sangue ia outra vez com a andadura do costume. Faltava-lhe o contacto
moral da outra. E continuava, apesar de tudo, diante da noite, que era
igual às outras noites de então, e nada tinha que se parecesse
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VÁRIAS HISTÓRIAS
com as do tempo da Stoltz e do Marquês de Paraná; mas continuava, e lá
dentro as pretas espalhavam o sono contando anedotas, e diziam, uma ou
outra vez, impacientes:
—Sinhá velha hoje deita tarde como diabo!"

VIVER!
Ahasverus está feliz com o fim do mundo, porque ele é o último que restou
e finalmente vai morrer depois de milhares de anos. No entanto, chega
Prometeu, que é um imortal, indagando qual o motivo da felicidade de
Ahasverus. Então, o “mortal” conta que era de Jerusalém e ele ajudou com a
crucificação de Cristo, assim a sua pena foi andar para sempre até o fim do
mundo. Mas Prometeu diz que foi uma pena benévola, porque os outros
homens leram da vida um capítulo e ele leu o livro inteiro. Ahasverus fica
indignado com o que Prometeu disse, porque ele peregrinou a vida toda,
mas não importava o quão longe ele fosse, ele sempre via as mesmas
coisas. Assim, Prometeu qual foi o seu crime: criar os homens e depois
roubar o fogo do Olimpo para eles, seu castigo foi que uma águia comesse
seu fígado pouco a pouco, mas sem nunca ser todo. Ahasverus fica
indignado, já que Moisés mentiu pra ele sobre a criação dos homens. Além
de se indignar com Prometeu também, pois a culpa de todo sofrimento
terrestre era dele.
Prometeu conta que Hércules desagrilhou ele. Assim Ahasverus diz que
Hércules precisará de novo desfazer o desagrilho, porque quem sofre clama
por isso. Prometeu xinga-o porque ele está negando um trono, sem
entender o mortal questiona. Assim, Prometeu diz que o mundo atual de
está extinguindo, mas um novo com novas espécies está surgindo e que
Ahasverus é a melhor pessoa para governar, já que viveu por milhares de
anos, manter a tradição do mundo velho. “O desprezado dos homens
governará os homens”. Ele fica surpreso e feliz por viver uma vida nova
depois de tanto sofrimento. Contudo, não passava de um sonho.
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VÁRIAS HISTÓRIAS
Final: "PROMETEU. - Rei eleito de uma raça eleita.
AHASVERUS. - Não é demais para resgatar o profundo desprezo em que
vivi. Onde uma vida cuspiu lama, outra vida porá uma auréola. Anda, fala
mais... fala mais... (Continua sonhando. As duas águias aproximam-se.)

UMA ÁGUIA. - Ai, ai, ai deste último homem, está morrendo e ainda sonha
com a vida.
A OUTRA. - Nem ele a odiou tanto, senão porque a amava muito."

Extra: texto aproxima-se do gênero teatral

O CÔNEGO OU METAFÍSICA DO ESTILO

Cônego Matias estava sempre procurando em sua cabeça um substantivo


e um adjetivo. Ele pede para o leitor não julgá-lo, porque o dia da
conversão chegará. Acredita que, por volta de 2222, as academias farão um
pequeno livro sobre e que ela será ensinada nos ginásios, apagando a
antiga filosofia. Um dia, pedem para ele escrever um sermão, seu processo
de escrita é variado às vezes rápido e outras lento, fica com dificuldade
para escolher o adjetivo. Assim, ele acredita que no cérebro os adjetivos
(feminino) nascem de um lado, e os substantivos (masculino) de outro, e
toda a sorte de vocábulos está assim dividida por motivo da diferença
sexual. Dessa união entre as classes, surgiria o estilo. Sílvio e Sílvia vivem
procurando-se, mas nem no inconsciente eles conseguem se encontrar.
Eles apenas se encontram no papel, quando Cônego escreve-os, vivem
uma união feliz, tornando-se completo o substantivo com o adjetivo no
consciente.

Final: "Nisto, o cônego estremece. O rosto ilumina-se-lhe. A pena cheia de


comoção e respeito completa o substantivo com o adjetivo. Sílvia
caminhará agora ao pé de Sílvio, no sermão que o cônego vai pregar um
dia destes, e irão juntinhos ao prelo, se ele coligir os seus escritos, o que
não se sabe."
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QUESTÕES DE VÁRIAS HISTÓRIAS
1. (UFPR 2017) Considere o parágrafo abaixo, extraído do conto “D. Paula”, que integra a
coletânea Várias Histórias, de Machado de Assis:
“Já se entende que o outro Vasco, o antigo, também foi moço e amou. Amaram-se,
fartaram-se um do outro, à sombra do casamento, durante alguns anos, e, como o vento
que passa não guarda a palestra dos homens, não há meio de escrever aqui o que então
se disse da aventura. A aventura acabou; foi uma sucessão de horas doces e amargas, de
delícias, de lágrimas, de cóleras, de arroubos, drogas várias com que encheram a esta
senhora a taça das paixões. D. Paula esgotou-a inteira e emborcou-a depois para não mais
beber. A saciedade trouxe-lhe a abstinência, e com o tempo foi esta última fase que fez a
opinião. Morreu-lhe o marido e foram vindo os anos. D. Paula era agora uma pessoa
austera e pia, cheia de prestígio e consideração.”
Sobre Várias Histórias, assinale a alternativa correta.
A) “D. Paula” e “Entre santos” distinguem-se tematicamente dos demais contos da
coletânea por tratarem do adultério feminino, antecipando assim o tema do ciúme de
maridos enganados, que apareceria no romance Dom Casmurro, de Machado de Assis.
B) O encantamento de um adolescente por D. Severina (no conto “Uns braços”) e a história
revelada pela sobrinha à tia (em “D. Paula”) perturbam essas mulheres, por acenderem
nelas, respectivamente, o desejo e a lembrança de sua realização.
C) Nos contos “A Cartomante” e “D. Paula”, o narrador onisciente apresenta em detalhes os
acontecimentos passados, dando a conhecer os fatos e o julgamento social sobre eles,
permitindo que o leitor antecipe os desdobramentos da trama.
D) Os personagens Evaristo (do conto “Mariana”) e D. Paula (do conto homônimo)
lembram-se de episódios antigos de suas vidas afetivas. Referindo-se a esses episódios,
os contos trazem digressões moralizantes a respeito das virtudes do casamento no século
XIX.
E) Nos contos desse livro, a moral cristã do século XIX impele as mulheres a viverem “à
sombra do casamento”, isto é, distantes de aventuras extraconjugais, satisfeitas com a
vida de prestígio e consideração que o matrimônio lhes assegura.

2. (ESTUDIDI) Sobre o livro Várias Histórias, de Machado de Assis, assinale com V


(verdadeiro) ou F (falso) as seguintes afirmações.
( ) No conto A Cartomante, após Camilo receber a carta anônima, ele deixa de visitar seu
amigo de infância, Vilela, porque se arrependeu da traição.
( ) No conto Entre Santos, Sales é um homem egoísta, vendo a sua mulher a beira da
morte, ele apenas consegue prometer mil ave-marias para que o santo salve-a.
55
QUESTÕES DE VÁRIAS HISTÓRIAS
( ) No conto Um Homem Célebre, Pestana sonha em tocar música clássica, mas ele
apenas realiza esse sonho após se casar com uma cantora viúva.
( ) No conto A Desejada das Gentes, Conselheiro e Nóbrega sempre foram amigos, mas
acabam brigando por causa de Quintília, ela acaba por se casar com Conselheiro no leito
de sua morte.
( ) No conto A Causa Secreta, Fortunato, marido de Maria Luísa, sofre quando sua esposa
morre e sente muito ciúmes quando vê seu amigo, Garcias, sofrendo por ela.
A sequência correta de preenchimento dos parênteses, de cima para baixo, é
A) V – F – F – V - V.
B) F – V – V – F - F.
C) F – V – F – V - F.
D) F – F – V – F - V.
E) V – F – F – F - V.

3. (ESTUDIDI) Considere as seguintes afirmações sobre a obra Várias Histórias, de


Machado de Assis.
I - O conto Trio em lá Menor é um exemplo de conto realista, porque anseia a perfeição,
mas acaba isolando-se.
II - O conto Adão e Eva, diferentemente, da história original, mostra Tinhoso como o
Criador do mundo e Deus era quem tentava consertar o mal criado.
III - O conto O Enfermeiro, narra a história de Procópio, o qual herda toda fortuna do
Coronel Felisberto mesmo após ter matado-o.
Quais estão corretas?
A) Apenas I.
B) Apenas II.
C) Apenas I e III.
D) Apenas II e III.
E) I, II e III.

4. (ESTUDIDI) Sobre o livro Várias Histórias, de Machado de Assis, assinale com V


(verdadeiro) ou F (falso) as seguintes afirmações.
( ) No conto O Diplomático, o Sr. Rangel consegue casar com sua amada, Joaninha, após
entregar a carta de amor para ela.
56
QUESTÕES DE VÁRIAS HISTÓRIAS
( ) No conto Mariana, mesmo após a morte de seu marido, Xavier, ela não quer manter
contato com Evaristo, já que amava seu esposo.
( ) No conto Conto da Escola, Pilar sente-se arrependido, depois de seu professor agredi-
lo com a palmatória.
( ) No conto O Apólogo, há a personificação da agulha e da linha.
( ) No conto O Cônego ou Metafísica do Estilo, Cônego acredita que o substantivo e o
verbo formam um par sexual e que o casamento deles, gera o estilo.
A sequência correta de preenchimento dos parênteses, de cima para baixo, é
A) V – F – F – V - V.
B) F – V – V – F - F.
C) F – V – F – V - F.
D) F – F – V – F - V.
E) V – F – F – F - V.

5. (UFRGS 2023) No bloco superior abaixo, estão listados títulos de alguns contos da obra
Várias histórias, de Machado de Assis; no inferior, informações sobre esses contos.
Associe adequadamente o bloco inferior ao superior.
1 - “O cônego”
2 - “Trio em lá menor”
3 - “Uns braços”
4 - “Um homem célebre”
( ) Maria Regina está igualmente interessada por dois pretendentes, Maciel e Miranda.
( ) Renomado compositor de polcas não consegue criar obra prima erudita.
( ) Reverendo Matias escreve sermões, a partir de teoria estilística muito peculiar.
( ) Jovem Inácio relembra situação inusitada vivida com D. Severina, que se confunde com
um sonho.
A sequência correta de preenchimento dos parênteses, de cima para baixo, é
A) 4 – 1 – 3 – 2.
B) 2 – 4 – 1 – 3.
C) 3 – 1 – 4 – 2.
D) 2 – 4 – 3 – 1.
E) 3 – 1 – 2 – 4.
57

A FALÊNCIA
SOBRE O AUTOR: Júlia Lopes de Almeida é uma escritora brasileira do
realismo-naturalismo, foi uma das escritoras que mais ajudou no
desenvolvimento da literatura do Brasil, se empenhou no processo de
fundação da Academia Brasileira de Letras, mas teve seu nome banido
por ser mulher.
CONTEXTO HISTÓRICO: O livro foi inscrito durante a proclamação da
república em 1889 que encerrou o período da monarquia no Brasil. Tal
período foi conhecido como República da Espada que são evidenciados
no livro como os valores sociais da época. O livro transita entre o
naturalismo e o realismo, por conta disso tem objetivação,
antropocentrismo, determinismo.
PERSONAGENS IMPORTANTES:
Francisco Teodoro: era descrito como um burguês satisfeito, gordo e
calvo, emigrante português que fez sua fortuna no Brasil com a
produção cafeeira
Camila: esposa de Francisco, uma mulher de beleza notável que tem
um caso com o médico da família, Gervásio
Gervásio: médico da família que se apaixonou por Camila, após
moldá-la a seu gosto, rico e egocêntrico, ele ocupa o lugar de
Francisco
Mário: filho de Francisco e Camila, é um libertino e tem pavor ao
trabalho
Ruth: filha de Francisco e Camila, se dedica as artes e pela
estabilidade financeira, nem pensa em casamento mesmo sendo nova
Raquel e Lia: são as filhas gêmeas de Francisco e Camila
Nina: sobrinha do casal que vive com eles na casa, apaixonada por
Mário, mas é ignorada, seu pai, Joca, mandou ela nova para a família
Noca é a governanta da casa, sabe de tudo que acontece e é quem
mais apoia Nina
58

A FALÊNCIA
Capitão Rino: também apaixonado por Camila, não gosta de Gervásio
por isso
Catarina: irmã de Rino, sente magoa do pai e da madrasta, porque ele
assassinou sua mãe depois que ela o traiu
Baronesa da Lage e Paquita: importantes no final do livro, já que
Paquita casa-se com Mário
Inocêncio Braga: trabalhava com Francisco Teodoro, ele é um homem
pequenino, magro, quase imperceptível, mas considerado um
espertalhão (menos por Francisco).
Itelvina e Joana: são as tias de Camila, Joana é muito religiosa, passa
os dias em volta da igreja, diferente da outra irmã que só quer
dinheiro. Elas têm uma relação fria.
Sancha: é a "empregada" delas, tratada como escrava e espancada
por Itelvina.

ASPECTOS PRINCIPAIS DA OBRA:

No verão do Rio de Janeiro de 1891, a produção cafeeira estava em


alta. No armazém de Francisco Teodoro (um dos mais importantes)
não era diferente, a porta estava sempre movimentada. Em toda rua,
todos trabalhavam com muito esforço, apenas algumas mulheres
ficavam naquela rua, levando sacas na cabeça, a maioria era homens
negros.
As gêmeas vão junto com Noca visitar a tia de Mila, Dona Joana mal
conversa com elas, pois está de saída para a igreja. Enquanto isso, a
outra tia reclama da falta de visitas da sobrinha. Na saída, a quitandeira
conta que Itelvina cavava o pátio em busca de tesouros, elas passam
necessidade. Sancha pede para Noca trazer arsênico para ela da
próxima vez que fosse visitar.
Francisco Teodoro pede para que Gervásio visite um funcionário seu
que está machucado. Gervásio vai com Ribas visitar o paciente, Mota e
fica surpreso com a pobreza local. Depois encontra D. Joana, ela
reclama
59

A FALÊNCIA
que Camila é afastada da igreja e diz que Gervásio está empurrando a
sobrinha para o inferno (sobre da traição), fica atordoado por saberem de
seu romance.
Depois de Francisco Teodoro reclamar do filho ser fanfarrão, Camila
repreende Mário e manda-o largar a mulher, Mário diz que a mãe não
tem direito de reclamar, porque trai seu pai e ela fica abalada.
Teodoro, Mila e Ruth vão passear no Netuno, Gervásio valoriza os
adornos de Camila. Enquanto isso, nota-se que Ruth é sonhadora e
que se fosse homem seria marinheiro, Esse comentário dela, direciona
o assunto para a inaptidão de Mário ao trabalho.
Eles encontram o capitão Rino e sua irmã Catarina. Eles começam a
conversar, enquanto Teodoro não perdoava a República, Rino gostava.
Teodoro afirma que as mulheres devem ser recatadas (discutem a
emancipação) e do lar, sendo fiéis ao marido. Catarina diz que prefere
ficar no seu canto cuidando dos animais e roseiras, o que desagrada a
opinião Teodoro.
Gervásio está com ciúmes por Rino e Mila percebe, assim começam a
conversar na rua, nesse momento, passa uma ex-amante de Gervásio,
e Mila surta, ele só diz que a mulher morreu para ele.
Noca continua observando tudo que se passa na casa: a nova mulher
de Mário (como isso deixava Nina triste) e a tristeza de Camila desde o
passeio marítimo no Netuno.
Teodoro oferece a Mila uma grande festa de aniversário, mas ela está
fria, então Gervásio se oferece para coordenar o evento. Assim ele fica
diariamente na casa e Camila vai esquecendo do ciúme. Teodoro
questiona a ira de Mário ao ver o médico e ele quase fala sobre a
traição. Irritado, sai de casa para curtir, Teodoro se aborrece e manda
trancar as portas para Mário não entrar (tempestade se aproximando).
Nina abre a porta para Mário e derruba o xale, ele vê seu ombro (se
pergunta se foi de propósito, já que sua mãe era da má vida). Ela volta
para seu quarto correndo, mas não consegue dormir, enquanto Mário
e Teodoro dormem tranquilos.
60

A FALÊNCIA
A Baronesa de Lage e Paquita fazem uma visita a Mila para pedir que
Ruth toque no concerto dela. Baronesa dá a entender a irmã gosta de
Mário.
Rino diz que está de mudança para o Pará e não poderá se despedir da
família. Ele decidiu que iria embora para nunca mais ver Camila. Rino
chega à casa da madrasta, os irmãos conversam sobre Mila e a tragédia
em que o pai matou a mãe (traíra ele), mas que ele foi absolvido por ser
homem (diferença de gênero). Catarina comenta que não gosta da
madrasta, desrespeito com sua mãe. Por fim, os irmãos se despedem
tristes.
Ruth visita o pai e diz que é aniversário de Nina, está triste porque
ninguém nunca da nada para ela, sendo que ela faz de tudo por todos.
Então Teodoro decide dá-la uma casa para que com os aluguéis possa
comprar vestidos.
Mila comenta do baile e da insistência de Paquita para que Mário vá.
Mário diz que ela quer casar com ele, e ele que não quer, Nina fica
tensa enquanto isso.
Gervásio está bem envolvido e tudo que ele faz, Mila gosta. Ruth
resolve passar 2 dias no castelo. Itelvina questiona-o sobre o que está
acontecendo no palacete, inocente ela conta das intervenções de
Gervásio a velha, quando D. Joana chega, Itelvina rouba as esmolas da
irmã. Sancha fica triste que Noca não lhe levou o arsênico. D. Joana está
está contando histórias religiosas à Ruth sobre um freira do convento
que foge por amor, mas se arrepende.
Ruth acorda de noite com Itelvina batendo em Sancha (“ela merece”). a
menina vai defender ela e diz para Sancha fugir e depois ir para a casa
dela. Ruth vai a igreja e se pergunta sobre as desigualdades (raciais e
socias) da vida, roga por Sancha. A tia Joana considera bobagem e acha
que a vida de Sancha é boa. Ao voltar, Itelvina leva Ruth para ver as
estrelas, ela fica impressionada e a tia acha um exagero. Vão dormir e
Ruth acorda com os berros da tia, porque Sancha fugiu. Quando Noca
chega para buscar ela sente a libertação.
61

A FALÊNCIA
Mila conversa com o marido sobre casamento de Mário e Paquita.
Mário aceita. Teodoro conversa com Meireles da inaptidão de Mário,
Meireles o tranquiliza, diz que o levará para Europa e ele voltará com
gosto pelo trabalho. Nina está desolada após voltar do casamento de
Mário. No dia do casamento, um espelho quebra (mal presságio).
Depois, o preço do café cai, Teodoro está preocupado afinal tinha
investido dinheiro na proposta de Inocêncio, na bolsa. Meireles diz que
é preocupante a situação de café e que Inocêncio é um ladrão. Dias
depois, a família Teodoro declara falência. Enquanto isso, Inocêncio
está mais rico (vai para Europa). Teodoro decide que Gervásio conte a
Mila a falência. Ele conta e de início ela recebe com revolta, mas
depois acaba "aceitando" a situação. Teodoro chega em casa
atordoado. Mila já estava dormindo. Então, Nina oferece a casa que ele
tinha posto no nome dela para eles morarem, ele chora pelo gesto,
mas continua com medo que a família abandone-o. Teodoro culpa a
República e se compara a Jó. Escuta o violino de Ruth, começa a
chorar e pega o revólver. Teodoro suicidou-se na frente de Mila. Ela se
sente culpada de não ter chegado antes para ver o marido e ter
evitado. Só Gervásio compreendia a tristeza dela no enterro, os outros
achavam falsidade.
Mudam-se um mês depois. para a casa simples de móveis baratos, e
a Nina que organizou tudo. Nina tenta agradar a todos a qualquer
custo, mas ela continua abalada.
O sustento está acabando, Noca começa a lavar e passar roupas para
ajudar no sustento, Nina cuida de toda a casa e Ruth tem uma
discípula de violino, Gervásio e Mila vão se afastando, permanecendo
só a amizade, mas um dia o furgor do olhar dos dois se encontra. A
paixão dos dois floresce bem no momento em que Mário chega,
ficando aborrecido de encontrar o médico, diz que Paquita está
grávida. Paquita e Mário planejaram a vida de todos, as irmãs gêmeas
(a cunhada cuidaria), Ruth ficaria com eles, Nina deveria voltar para o
pai e Mila se casar.
62

A FALÊNCIA
Mila decide ir ver Gervásio para se casar com ele, enquanto as
gêmeas foram morar com a irmã de Paquita. Ela pede-o em
casamento, mas ele diz que já é casado com a mulher que eles
encontraram após Netuno. Na época, casou por amor, mas ela
enganava-o, ele deixou-a, quis se divorciar, mas ela não aceitou. Mila
sai aturdida da casa, considera sua segunda viuvez, passou a noite
triste, mas quando acorda pede para lhe arranjarem um trabalho, e
buscar as gêmeas (vida nova). Todos da casa concordam com sua
atitude.
A história termina com Rino voltando 2 anos depois ao Rio, ele vê o
anúncio do concerto de Ruth, mas ele está diferente, a irmã pergunta
se ele irá visitar Mila e ele responde “Para quê?”.
63
QUESTÕES DE A FALÊNCIA
1. (ESTUDIDI) Em relação a obra A Falência, de Júlia Lopes de Almeida, Ruth compara
Sancha a si mesma, “que direitos teriam uns a todas as primícias e regalos da vida, se
havia outros que nem por uma nesga viam a felicidade?”.
Essa comparação é feita, porque
A) Sancha sempre teve liberdade em sua vida para escolher entre o casamento e a
arte da música, sendo simplesmente feliz
B) Sancha, mesmo com a abolição da escravatura, era tratada como escrava sem
nunca ver a felicidade
C) Ruth tinha inveja de Sancha, já que ela vivia no castelo com as tias de Camila e era
feliz lá
D) Sancha apesar de trabalhar na casa das tias de Camila, era tratada bem, diferente
de Ruth que era tratada mal
E) Ruth via-se obrigada a ir em busca de um casamento, enquanto Sancha era livre
para fazer suas escolhas

2. (ESTUDIDI) Sobre o livro A Falência, de Júlia Lopes de Almeida, assinale com V


(verdadeiro) ou F (falso) as seguintes afirmações.
( ) Gervásio apaixonou-se por Camila à primeira vista.
( ) Nina consegue no final do livro casar com Mário seu grande amor desde o início.
( ) Dona Joana, tia de Camila, está sempre em busca de fortuna, até cava o pátio para
encontrar tesouro, já sua irmã Itelvina é muito religiosa.
( ) Após entrar em falência, Francisco Teodoro suicida-se.
A) F – F – F – V .
B) F – V – V – F .
C) V – V – F – V .
D) F – F – V – F .
E) V – F – F – F .

3. (UFRGS 2023) Considere os fragmentos do romance A falência, de Júlia Lopes de


Almeida.

I.
Quando entrou no seu escritório, o guarda-livros estendeu-lhe um telegrama: A casa
Mendes e Wilson, de Santos, declarava falência, arrastando na queda grandes capitais
de Teodoro.
64
QUESTÕES DE A FALÊNCIA
[...]
Quinze dias mais tarde anunciava-se o fim de tudo – a grande casa Teodoro teve de
declarar falência.
[...]
Resumindo os seus pensamentos de vencido, Francisco Teodoro disse alto, num
suspiro:
- Trabalhei, trabalhei, trabalhei, e aqui estou como Jó!

II.
Debruçada sobre a mesa, Ruth escrevia em papel de pauta, preparando lições para
duas discípulas novas. Toda a sua indolência antiga se transformara em atividade. Nina
cosia à máquina e, no meio da casa, Noca borrifava a roupa para o engomado. Ela
[Camila] olhou para todos. Ruth estava feiosa, muito magrinha; mas a sua coragem
iluminava-lhe a fronte, uma fronte de homem, vasta e pensadora; as outras pareciam
até mais bonitas naquele afã. Estavam na sua atmosfera.
Assinale com V (verdadeiro) ou F (falso) as seguintes afirmações sobre os fragmentos
acima.
( ) O fragmento I aborda aspectos da atividade laboral de Francisco Teodoro, que se
tornou um dos mais importantes empresários açucareiros na sociedade carioca do
século XVIII.
( ) O fragmento I representa a derrocada de Francisco Teodoro ao ambicionar o posto
de português mais importante do Brasil e ingressar na sociedade oferecida por Braga.
( ) Os fragmentos I e II são narrados em terceira pessoa com uma visão onisciente e
com posição externa à narrativa.
( ) O fragmento II, para a época em que foi escrita a obra, revela um desfecho
inesperado ao colocar um grupo de mulheres como protagonistas de seus destinos.
A sequência correta de preenchimento dos parênteses, de cima para baixo, é
A) F – V – F – F.
B) V – F – F – V.
C) V – V – F – F.
D) F – V – V – V.
E) F – F – V – F.
65
CORAL E OUTROS POEMAS
SOBRE O AUTOR: Sophia de Mello Breyner Andresen conseguiu ser a
primeira mulher portuguesa que recebeu o mais importante prêmio literário
da língua portuguesa, o Prêmio Camões, no ano de 1999. Suas obras se
baseiam em poesias líricas e intervenções cívicas contra a ditadura de
Salazar que dominava seu país.
CONTEXTO HISTÓRICO: durante a escrita da obra, a autora recebeu
influências do final da Segunda Guerra Mundial, 1948, o período ditatorial
de Salazar e Marcelo Caetano em Portugal de 1933 a 1974. E outros fatos,
como a queda do muro de Berlim em 1989 e o fim da União Soviética em
1991.
ASPECTOS GERAIS DOS POEMAS:
Figuras de linguagem: personificação, metáfora, antítese;
Metalinguagem (arte poética);
Temas centrais: elementos marítimos, política (Salazarismo), natureza,
cidade, Grécia Antiga, memória;
Assume posição lírica com musicalidade;
Temas místicos e mitológicos;
Versos livres e estrofes com diferentes tamanhos;
Algumas dialogam com outros escritores, como Fernando Pessoa e
Luís de Camões;
Há uma quebra da hierarquia entre o humano e o natural,
indiferenciação entre natureza e palavra.
ASPECTOS PRINCIPAIS DOS POEMAS: A obra Coral e Outros Poemas é uma
seleção de poemas da autora feita por Eucanaã Ferraz. Os livros são Poesia
(1944), Dia do Mar (1947), Coral (1950), No Tempo Dividido (1954), Mar Novo
(1958), O Cristo Cigano (1961), Livro Sexto (1962), Geografia (1967), Dual
(1972), O Nome das Coisas (1977), Navegações(1983), Ilhas (1989), Musa
(1994), O Búzio de Cós e Outros Poemas (1997). Além desses, foram
incluídos Artes Poéticas, alguns poemas diversos e outros inéditos. Dentro
de cada livro, estão os poemas com as características principais.
66
CORAL E OUTROS POEMAS
DE POESIA, 1944 - clareza e nitidez de temas que aparecem em toda
obra.

Apesar das ruínas e da morte


Superação frente as ruínas e morte
Segunda Guerra Mundial

Mar
Conexão com a natureza, busca apenas o grito das ondas

Evohé Bakkhos
Com o que Deus oferece, conseguem ter consciência múltipla e divina

Apolo Musageta
Personificação da natureza (coração batendo)

Cidade
Contrapõem cidade com a natureza, podia estar em contato com ela,
mas está presa entre paredes

Jardim
Passagem do tempo

Há cidades acesas na distância


Há cidades com exaltação, há cidades que se sente seguro, mas
precisa partir para saber quem é

DE DIA DO MAR, 1947 - temas anteriores, contrapor a cidade com a


natureza.

Mar sonoro
A beleza do mar aumenta quando estão só (para ele)
67
CORAL E OUTROS POEMAS
As rosas
Consegue prender as coisas boas quando trinca as rosas

Navio naufragado
O mar guarda o capitão virou esqueleto, os elementos do mar
pertencem ao navio, elementos místicos (sereias)

Reza da manhã de maio


Pede ao Senhor, inocência, harmonia e força da natureza, para se
dissolver na perfeição

Eurydice
A noite arrasta o ser, manifesta a natureza e atravessa servindo os
pesadelos, triste;

DE CORAL, 1950 - temas anteriores permanecem

Coral
Trata dos movimentos da maré, ir e vir
Sugere um concerto de vozes, o que o mar fala

DE NO TEMPO DIVIDIDO, 1954 - brevidade, síntese e musicalidade

Poema de amor de António e de Cleópatra


Pesa nos ombros o ouro do Sol e a palidez da Lua

DE MAR NOVO, 1958 - consciência da mudança e da permanência, luto

Encruzilhada
As deusas (parcas) tecem o destino uma marca funesta
68
CORAL E OUTROS POEMAS
Liberdade
A liberdade está na praia, onde é pura, ininterrupta e apaixonante

O CRISTO CIGANO, 1961 - poemas separados, mas que juntas formam um


longo poema narrativo sobre antiga lenda sevilhana contada a Sophia por
João Cabral de Melo Neto.

Conta a lenda que um escultor recebeu uma encomendar para fazer a


imagem ideal de Cristo, o artista optou por simular a cena que deveria
esculpir; assim, esfaqueou um homem, um cigano, de sobrenome
Cachorro, a semelhança da escultura com o modelo fez com que as
feições da vítima fossem imediatamente identificadas pelo povo; daí o
nome pelo qual se tornou conhecida a imagem — Cristo Cachorro.
Diferente dos outros poemas, com redondilha e mais obscuro

Final
Encerra a história do escultor Sevilhano
Novo mode de fazer a arte, a natureza e a vida serviriam de modelo
para se chegar a (ao rosto de) Deus, diferente do modo do escultor

DE LIVRO SEXTO, 1962 - um ritmo severo e elegante.

Exílio
Quando exilada de sua pátria, até a luz torna-se grades

Data (à maneira d’Eustache Deschamps)


É tempo de todas coisas ruins, como traição, medo, covardia.
69
CORAL E OUTROS POEMAS
O velho abutre
Trata-se sobre Salazar que tem o poder de ser mal, podre

DE GEOGRAFIA, 1967 - sobreposição de tempo e espaço, além do caráter


arquitetônico.

Manuel Bandeira
Homenagem e evoca a juventude pela liberdade que o poema dele
“As três mulheres do sabonete Araxá” trazia]

Brasília
Descrição da paisagem de Brasília com a evocação de elementos
gregos

DE DUAL, 1972

Inicial
Retorna para o mar inicial de sua vida

A paz sem vencedor e sem vencidos


Clama ao senhor a paz, aquela que nasce da verdade e da justiça,
chamada de liberdade

DE O NOME DAS COISAS, 1977

Nesta hora
Incentiva o povo a voltar do exílio em busca de uma verdade inteira,
pois antes recebiam apenas metade da verdade, ampliar o olhar

DE NAVEGAÇÕES, 1983 - comparação a navegação feita pelos


portugueses na época de Camões.
70
CORAL E OUTROS POEMAS
As ilhas
O mar continua sendo a temática central

DE ILHAS, 1989 - viagem permanece como tema central.

Carta(s) a Jorge de Sena


É sobre a história de um imigrante, diferente dos outros poemas que
só havia navegadores

DE MUSA, 1994 e DE O BÚZIO DE CÓS E OUTROS POEMAS, 1997 - ambos


tratam do mesmo aspecto formal, como a brevidade e o andamento
rítmico, tempo trouxe pacificações para quem desejou a paz.

ARTES POÉTICAS - metalinguagem.

POEMAS DISPERSOS - eram publicados em jornais e revistas.

INÉDITOS - encontrados após a morte da autora.


71
QUESTÕES DE CORAL E
OUTROS POEMAS
1. (ESTUDIDI) Leia as seguintes afirmações sobre os poemas que compõem “Cristo
Cachorro”, da obra Coral e Outros Poemas, de Sophia de Mello Breyner Andresen.
I - É composto de vários poemas que não se relacionam, possuindo temas diversos
II - Baseado na lenda antiga sevilhana que João Cabral de Melo Neto contou à Sophia
III - Os poemas têm as mesmas características das outras obras, como o verso livre.
Quais estão corretas?
A) Apenas I.
B) Apenas II.
C) Apenas III.
D) Apenas I e III.
E) I, II e III.

2. (ESTUDIDI) Sobre a obra Coral e Outros Poemas, de Sophia de Mello Breyner


Andresen. Assinale com V (verdadeiro) ou F (falso) as seguintes afirmações.
( ) Os temas centrais da obra são os elementos marítimos, natureza, cidade e
memória.
( ) No poema Coral, há uma ambiguidade entres os elementos do mar e um grupo de
vozes.
( ) O tema Salazarismo é muito presente, visto que a autora pertenceu ao grupo de
resistência.
( ) Em seus poemas, não há referência sobre a Segunda Guerra Mundial.
A) F – F – F – V .
B) V – V – V – F .
C) V – V – F – V .
D) F – F – V – F .
E) V – F – F – F .

3. (UFRGS 2023) Leia os versos destacados de três poemas da parte “Geografia”, do


livro Coral e outros poemas, de Sophia de Mello Breyner Andresen.
Ingrina
O grito da cigarra ergue a tarde a seu cimo e o perfume do orégão invade a felicidade.
[...]
Eu me perdi
[...]
Eu me busquei no vento e me encontrei no mar
72
QUESTÕES DE CORAL E
OUTROS POEMAS
E nunca
Um navio da costa se afastou
Sem me levar
Da transparência
Senhor libertai-nos do jogo perigoso da transparência
No fundo do mar da nossa alma não há corais nem búzios
Mas sufocado sonho
[...]
Considere as seguintes afirmações sobre os versos no contexto dos poemas.
I - A poesia de Sophia está profundamente marcada pelo contato com a natureza,
muito especialmente com o mar.
II - Sophia recupera fatos históricos e míticos, através de longos poemas épicos,
repletos de elogios às figuras célebres.
III- O olhar do sujeito lírico revela dupla dimensão, que parte das pequenas coisas,
passa pela paisagem e se une ao todo, revelando a importância da existência.
Quais estão corretas?
A) Apenas I.
B) Apenas II.
C) Apenas III.
D) Apenas I e III.
E) I, II e III.
73

ÁGUA FUNDA
SOBRE O AUTOR: Ruth Guimarães foi uma escritora brasileira considerada
uma das principais escritoras negras brasileiras. Seus livros são
caracterizados por elementos folclóricos e regionalistas. Apesar da sua
influência. Somente em 2008, ela foi eleita para ocupar um lugar na
Academia Paulista de Letras.

CONTEXTO HISTÓRICO: escrito em 1946, período de industrialização.


Nesse contexto, a obra pode ser vista também como um registro e uma
forma de preservação da cultura caipira, que estava em transformação.

PERSONAGENS PRINCIPAIS:
Sinhá Carolina: dona da fazenda, uma mulher com o coração
endurecido
Sinhazinha Gertrudes: filha de Sinhá Carolina, muito alegre, tem muito
contato com os avós
Inácio Bugre: filho do capataz da fazenda
Mãe de Ouro: é mais um elemento mítico do que propriamente uma
personagem, Joca não acreditava nela, assim acharam que as pragas
eram causadas por ela.
Joca: apaixonado por Curiango; acometido pela loucura
Curiango: jovem e bela que se apaixona por Joca, neta do Miro, que é
irmão de Sinhá Carolina.

ASPECTOS PRINCIPAIS DA OBRA: O romance Água Funda tem como


espaço narrativo a fazenda Nossa Senhora dos Olhos d’Água. O tempo da
narrativa é o final do século XIX e início do século XX. A primeira parte tem
como personagem principal Sinhá Carolina e aspectos de uma fazenda
escravocrata, já a segunda, Joca, e as características da modernidade
com a chegada das Companhias. Há uma mescla do linguajar culto com
expressões e vocabulários típicos do interior paulista.
74

ÁGUA FUNDA
"Estas coisas aconteceram em qualquer tempo e em qualquer parte. O
certo é que aconteceram. E como sempre se dá, ninguém aprendeu
nada ao seu misterioso sentido."
O engenho era do tempo da escravatura, na casagrande tem o retrato
de Maria Carolina (antiga dona); o narrador sente a morte passando por
ele, ou é a alma da antiga dona que tudo cuida.
Houve uma enorme festa de casamento da Sinhazinha Carolina e do
fazendeiro. No inicio do casamento, tudo foi flores, mas depois o Sinhô
traía-a. Ele apenas mudou suas atitudes quando Sinhazinha Gertrudes
nasceu, mas aí o coração de Carolina já tinha endurecido.
Um dia, ela pediu para o marido não sair, pois havia sonhado com coisa
ruim, ele foi e morreu.
A estrada do limoeiro é o caminho mais bonito dos Olhos D’Água
(lágrimas que a mãe-d’água tem chorado), de manhã é lindo, mas de
noite se diz que a alma de Sinhazinha Gertrudes passa por lá.
Sinhazinha Gertrudes era parecida com sua mãe.
Quando Sinhazinha saiu do colégio naquele verão, iniciou namoro com
o filho do capataz.
Sinhá não queria que Gertrudes se relacionasse com o Bugre por ele
ser filho do capataz, Sinhá Maria Isabel (avó) não concordava com a
separação do casal, após discutir com Carolina, nunca mais voltou à
fazenda.
Sinhazinha sentiu-se sozinha após a morte da avó, ficou mais perto do
Bugre e fugiu com ele.
O capataz da fazenda, pai do moço que Sinhazinha fugiu, sente
vergonha do ato e se demite.
Chegou um moço na cidade, estava chovendo mostrando o mau
agouro, ele se tornou capataz da fazenda. Sinhá Carolina apaixonou-se
por ele.
Ela casou, vendeu a fazenda e nunca mais apareceu nos Olhos D’Água.
Ela não casou com separação de bens, entregou tudo ao homem, o
qual abandonou ela na estação de trem e fugiu com tudo.
75

ÁGUA FUNDA
“Tudo ficou como dantes. Foi o mesmo que Sinhá nunca tivesse
existido. A gente passa nesta vida, como canoa em água funda.”
A fazenda escravista se torna empresa em mãos alheias. A Companhia
mandou um homem (conhecido como “o Velho”) tomar conta dos Olhos
D’Água. Foi perguntada a opinião dos caboclos do que se podia
melhorar no local, o que nunca tinha sido questionado antes.
“Porque - guarde isto! - porque o homem, por mais ignorante que seja,
por mais cego, por mais bruto, gosta de ser tratado como gente".
A Companhia ficou uns 50 anos com a Fazenda e fez grandes
mudanças no local (plantações, construções, etc.). O Velho era
considerado como “um de nós” pelos camaradas, já que trabalhava
junto com eles.
Joca se apaixonou por Curiango no mutirão da coelhada (uma “festa”).
Ele reviu ela um tempo depois no casamento da prima dela, eles
dançaram e ele citou o receio que tinha de chamar ela para dançar com
medo da recusa, ela questionou qual o motivo que a faria recusar e
fixou o olhar nele. No dia seguinte, ele foi achado desacordado e disse
que ela tinha perseguido ele com seu jeito de cobra, depois foi se
benzer, acredita que Curiango será a sua perdição.
Num dia, enquanto comia jabuticaba, Mariana apareceu e pediu um
pouco para Joca. Ele pensou que ela tinha crescido rápido, mas logo
deixou o assunto de lado, pois apareceu Choca, uma velha senhora
pedindo esmola. Ele deu carona para a velha e durante o caminho não
pensava em mulher nenhuma, se sentia livre e feliz. Mas, durante a
noite, não conseguia dormir e rumou para a casa de Mariana.
Todas as noites, a rapaziada ia à casa da Julinha para jogar truco, Joca e
Zé também foram. Mariana ficava insistindo para eles irem embora.
Chegou um homem dizendo que trabalhava para uma companhia que
pagava 30 mil réis, assim todos ficam animados e pedem empregos. No
entanto, eram empregos análogos à escravidão, em que os
trabalhadores não recebiam salários, e sim vales de compras que só
eram aceitos no armazém da companhia. Só conseguiram sair de lá,
pois fugiram.
76

ÁGUA FUNDA
A história de Sinhá Carolina: ela e o Limoeiro foram para a estação de
trem e ele abandonou-a com apenas a roupa do corpo. Um homem que
trabalhava na estação levou ela para casa para ajudá-la até achar algo
para fazer, já que ela não queria voltar para Olhos D’Água. Vicente
(amigo de Joca) ficou sabendo da história, depois espalhou-se a notícia
que Choca era na verdade Sinhá.
Vicente encontrou Choca mal em sua casa e chamaram o médico, Dr.
Amadeu disse que era velhice, ela faleceu.
Houve uma sequência de desgraças: Bugre morreu, foi picado por uma
cobra. O segundo foi Antônio, na verdade, ele não morreu, mas, após
matar a esposa, Cecília, porque desconfiou de uma traição, ele
apresentou-se na cadeia e lá ficou doente. Esse homem que ele
desconfiou, era apenas um andarilho, então ela morreu por algo que
nem tinha feito. O narrador acredita ser a praga da Mãe de Ouro. Antes,
ela realmente havia traído ele.
Aparentemente, a praga tinha passado, mas Bebiano morreu na usina, a
caldeira estourou. Todos clamavam “coitado do Bebiano, quem devia
ter morrido no lugar era o outro (Joca)”, já que os dois trocaram de
cargo.
Curiango e Joca estavam juntos. Joca estava preocupado de novo com
a Mãe de Ouro, seu olhar transmitia medo. Curiango até foi rezar,
pedindo um milagre. O médico deu a entender que não tinha o que
fazer.
Um dia, Joca saiu dizendo que Mãe de Ouro estava chamando-o, ele
disse para Curiango ir junto, mas ela estava de resguardo. Vicente
encontrou ele quase morto e levou-o para o hospital.
Curiango foi visitar Joca no hospital, mas ele já tinha tido alta. O médico
também não sabia para onde ele tinha ido sem avisar. Ele teve alta, pois
não estava doente e sim louco… Joca saiu com o Vicente do hospital,
mas ficou vagando, virou andarilho.
Agora que a praga rodou por todos pode ir embora, até Curiango que
não merecia sofrer, sofreu.
“Se aconteceu, era porque era bom que acontecesse”
77
QUESTÕES DE ÁGUA FUNDA
1. (ESTUDIDI) Leia as seguintes afirmações sobre o livro “Água Funda”.
I - O narrador da história é o Joca.
II - O livro é divido em duas partes, sendo que uma delas representa o passado de uma
fazenda escravocrata e a outra a modernidade de uma empresa que gere a fazenda.
III - A Mãe de Ouro está presente durante o livro, ela é uma entidade.
Quais estão corretas?
A) Apenas I.
B) Apenas II.
C) Apenas III.
D) Apenas II e III.
E) I, II e III.

2. (ESTUDIDI) Assinale com V (verdadeiro) ou F (falso) as seguintes afirmações sobre o livro


“Água Funda”.
( ) Sinhazinha Gertrudes fugiu com Bugre após a morte da sua avó.
( ) Sinhá Carolina perdeu toda sua fortuna ao se casar com um capataz.
( ) Joca sofreu do mal da loucura, mas após o surto tudo voltou ao normal.
( ) Trabalhadores da Companhia sofriam de trabalho análogo à escravidão.
A sequência correta de preenchimento dos parênteses, de cima para baixo, é
A) F – V – F – F.
B) V – V – F – V.
C) V – F – V – V.
D) F – V – V – V.
E) V – F – V – F.
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UM ÚTERO É DO TAMANHO
DE UM PUNHO
SOBRE O AUTOR: Angélica Freitas é uma renomada poeta brasileira que
se destacou, especialmente, no século XXI. A poesia de Angélica é
conhecida por apresentar reflexões sobre temas como gênero,
sexualidade e a própria poesia.

CONTEXTO HISTÓRICO: publicado em 2012, é uma obra de Angélica


Freitas que mergulha profundamente na experiência feminina e nas
questões de gênero. Destaca-se o crescimento de movimentos feminista
e da literatura feminina.

ASPECTOS PRINCIPAIS DOS POEMAS: publicado em 2012, este livro de


poesias aprofunda a reflexão da autora sobre questões femininas e de
gênero. O título sugere tanto a anatomia feminina quanto a ideia de
resistência e luta. Angélica Freitas explora a condição feminina em suas
múltiplas facetas, desde o corpo e a sexualidade até as pressões sociais e
expectativas culturais.

Todos os nomes próprios são escritos em letra minúscula.


A obra é dividida em sete partes — todas conectadas a partir do olhar
sobre a mulher. “Uma mulher limpa”, “Mulher de”, “A mulher é uma
construção”, “Um útero é do tamanho de um punho”, “3 poemas com
auxílio do Google”, “Argentina” e “O livro rosa dos corações dos
trouxas” são os nomes das seções.
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UM ÚTERO É DO TAMANHO
DE UM PUNHO
Uma mulher limpa
Associa ao fato que uma mulher boa, é uma mulher limpa e isso se
difere dos primórdios que a mulher era suja, braba e ladrava
Uma mulher muito feia
A heroína desse poema era feia, mas muito limpa, teve uma vida
pacata, já as outras mulheres, quanto mais bonitas eram, menos limpas
também.
Uma mulher sóbria
A mulher sóbria é limpa, já a ébria não e é dela que todos se aproveitam
(como se fosse um animal)
Era uma vez uma mulher
Três mulheres diferentes se juntaram cada uma para falar de gênero,
coletivos e declinações, elas se uniram e formaram um grupo de
estudos de Celso Pedro Luft (gramático)
Gênero e Coletivos podem ser termos do português, por isso a ironia do
poema, ao invés de formarem um grupo de luta por direitos, formaram
um grupo inspirado em um homem especialista em gramática
Uma canção popular (séc XIX - XX)
A mulher quando que incomoda logo é interditada, tratada como louca,
enquanto isso seus maridos enriquecem subitamente…
Interna, enterra
Uma mulher gorda
Uma mulher gorda é uma mulher suja e ela incomoda muita gente
É o poema da mulher suja
Essa mulher estava na feira, juntando bananas e uvas que caiam do
cacho, seu rosto, mãos e cabelos estavam muito sujos
Nessa ocasião era frugívora, pois era o que tinha…
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UM ÚTERO É DO TAMANHO
DE UM PUNHO
Uma mulher insanamente bonita
Essa mulher irá ganhar as coisas (flores, automóveis) mais do que as
feias, no entanto um dia precisará vender o que ganhou
Uma mulher limpa
Ela está esperando um transplante de fígado, mas ainda não achou um
doador, enquanto isso segue limpa como uma gaveta esperando para
ser preenchida
Uma mulher gostava muito de escovar os dentes
Ela sempre escovava os dentes e recitava a sutra prajnaparamita
(budista) ou a música “If I Had a Hammer” (um hino de paz que foi muito
usado na luta pelos direitos civis afroamericanos)
Uma mulher não gostava de dizer
Jogo de palavras “uma amiga” → “mami”
Uma mulher sóbria
Ela ganhou uma bóia, mas ela não usou, não sabia o significado e
achava inútil
Era uma vez uma mulher que não perdia
Ela não perdia a chance de enfiar o dedo no ânus (no dela e no dos
outros)
Alcachofra
Amélia era uma mulher de verdade e fugiu com a mulher barbada, no
início, não tinham o que fazer. Amélia ficou na dúvida se a outra mulher
não estava mais satisfeitas mesmo sendo "livre"
A mulher barbada não dizia muito e Amélia ficava grilada.
Elas eram companheiras e Amélia tentava conversar, mas a barbada
não gostava de falar sobre ela e apenas disse "sabe uma coisa que é
boa para o estômago é chá de alcachofra"
Sobre a autora “diz-me com quem te deitas angélica freitas”
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UM ÚTERO É DO TAMANHO
DE UM PUNHO
Amélia cansou e dispensou-a. Enquanto Amélia voltou para Pinta Preta
(sua cidade) onde foi "perdoa... promovi... esfaquea..."
Mulher de vermelho
Pressupõe que se uma mulher escolheu vermelho é porque ela quer
algo e nesse caso "caro Watson, elementar: o que ela quer sou euzinho"
Crítica ao machismo
Mulher de valores
Tinha uma família e assim que eles saiam ela abria o site da bolsa de
valores, tinha feito um curso de como operar.
Mulher de posses
Tinha um jogo de chá e um faqueiro, mas nunca usava essas posses
Mulher depois
Uma mulher trans que foi para a Tailândia se operar, está escrevendo
para os pais contando sobre e diz que agora ela é mulher
Mulher de rollers
Uma mulher começa a andar de roller pelo condomínio, ninguém sabe
o por quê, mas ninguém gosta
“Essa daí vai acabar como na música de chico, atrapalhando o tráfego” -
álbum Construção
Mulher depressa
Mulher que apressa o companheiro que está no banheiro, dizendo que
o mundo está mudando e a revolução começou
Mulher de um homem só
Passa em silêncio
Poema com 3 estrofes: a primeira no passado, a sgeunda no presente e
a terceira no futuro.
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UM ÚTERO É DO TAMANHO
DE UM PUNHO
Mulher de respeito
Sobre a autora “diz-me com quem te deitas angélica freitas”
Mulher de malandro
Mulher de malandro, malandra é
Cita Henry Miller, um escritor de obras subversivas e pornográficas
Mulher de regime
Mostra a culpa de uma mulher que está acima do peso e até sua mãe
julga esse fato, ela troca a alimentação e se culpa por comer tanto
,enquanto outros passam fome.
A mulher é uma construção
Todas as mulheres são iguais, nada nunca vai mudar
Menstruação
Uma serpente com a boca cheia de colgate
Inicia com uma mulher que escova os dentes
Ítaca
Refere-se a uma ilha grega. Diz que antes de ir para lá, é necessário
planejar e reservar tudo antes, era mais barato ir para a Ilha de
Comandatuba (Bahia), mas o mar azul não é igual
Metonímia
Não queria saber o significado equivocado, apenas queria escrever um
poema contemporâneo
Figuras de lingugem: metonímia e sinedoque
Querida angélica
São mensagens para a Angélica justificando o porquê não foi ao seu
encontro, mas cada justificativa é mais absurda que a outra
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UM ÚTERO É DO TAMANHO
DE UM PUNHO
Pós
Os homens e as mulheres nascem e crescem, não sabem o que vem
depois e fazem uma pós
Sabem que um dia irão desaparecer, mas mantém a rotina
Eu durmo comigo
Refere-se que ela sempre dorme com ela e se alguém dormir junto
será ao seu lado, como se a própria companhia já bastasse
Um útero é do tamanho de um punho
Todo mundo já coube em um útero, na mão, não, ao menos que esteja
aberta… Então, o útero é mais grandioso.
Em um útero cabem todas as pessoas, até aquelas pessoas que
consideram impróprio falar sobre ele
Referência de “conhecer alguém como se conhece a palma de sua
mão”
Vermelho = você não está grávida (menstruação)
“Vini, vidi, vici”; “Veni, vidi, vici”; “vim, vi, venci”
Substitui vogais pela letra “i”
3 POEMAS COM AUXÍLIO DO GOOGLE
Os próximos 3 poemas são feitos inspirado na barra de sugestão do
Google
A mulher vai
Descreve a vida de uma mulher quando encontra alguém, mas um dia
irá ganhar um lugar ao sol e poder dirigir no Afeganistão (inovador)
A mulher pensa
Ela pensa emocionalmente em tudo, inclusive sente-se culpada por
coisas que nem aconteceram, sempre pensa nos outros em primeiro
lugar
A mulher quer
Ela quer muitas coisas: homem, sexo, segurança… e se suicidar depois
de tudo; contradições
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UM ÚTERO É DO TAMANHO
DE UM PUNHO
Argentina
Comparação com a Argentina, quando ela está lá se considera
integralmente do país, mas não se esquece do Brasil
Compara o churrasco com os homens e as mulheres com a salada;
aspecto do machismo cada um tem uma tarefa
Diz que os homens deveriam ficar com a salada e as mulheres com o
churrasco
O livro rosa do coração dos trouxas
Quando corta relações é para valer, não tem essa de briga de estádio,
as quais são constantes
Teve algumas namoradas, uma a tornava invisível e outra que
combinava o sofrimento dela com a cor de sua calcinha
Cita mulheres com quem não deveria se casar, como com alguém que
não leva para pescar ou ver o pôr-do-sol (como a fala dos homens)
Encerra como se fosse um convite de casamento com horário e
catedral da união de angélica & angélica
85
QUESTÕES DE UM ÚTERO É DO
TAMANHO DE UM PUNHO
1. (ESTUDIDI) Leia as seguintes afirmações sobre os poemas de “Um útero é do tamanho
de um punho”.
I - Há um neologismo, trocar vogais pela letra "i" .
II - Apesar dos temas críticos, há tom de humor.
III - Os temas presentes são o amor, a violência, a solidão, a falta de direitos de decidir
sobre o próprio corpo.
Quais estão corretas?
A) Apenas I.
B) Apenas II.
C) Apenas III.
D) Apenas II e III.
E) I, II e III.

2. (ESTUDIDI) Assinale com V (verdadeiro) ou F (falso) as seguintes afirmações sobre os


poemas de "Um útero é do tamanho de um punho".
( ) No poema "mulher de vermelho", é abordado o estereótipo que toda mulher que veste
vermelho tem a intenção de chamar a atenção de um homem.
( ) No poema "um útero é do tamanho de um punho", mostra o quão grandioso é o útero,
afinal todo mundo veio desse lugar.
( ) Os poemas seguem a norma culta e correções gramaticais.
( ) O movimento feminista não é citado diretamente em nenhum momento, mas em todas
as abordagens é possível identificar assuntos muito debatidos pela militância..
A sequência correta de preenchimento dos parênteses, de cima para baixo, é
A) F – V – F – F.
B) V – V – F – V.
C) V – F – V – V.
D) F – V – V – V.
E) V – F – V – F.
86
CEM ANOS DE SOLIDÃO
SOBRE O AUTOR: Gabriel García Márquez, é um dos escritores mais
renomados do século XX. Nascido na Colômbia. É reconhecido por sua
contribuição ao gênero literário do realismo mágico. Foi agraciado com o
Prêmio Nobel de Literatura em 1982.

CONTEXTO HISTÓRICO: publicado em 1967, é uma obra que apresenta


várias questões sociais, políticas e culturais que marcaram a América
Latina na época. Principalmente, características da política como governo
democráticos e ditaduras. Além disso, a obra é permeada por elementos
mágicos e míticos que têm raízes nas culturas indígenas e populares da
América Latina. A história da Colômbia é dramatizada por intermédio de
dois eventos principais: a Guerra dos Mil Dias e o massacre dos
trabalhadores bananeiros em Ciénaga, no ano de 1928.

PERSONAGENS PRINCIPAIS:

José Arcádio Buendía: Patriarca da família Buendía e fundador da


cidade de Macondo, casou-se com sua prima Úrsula Iguarán. Era um
sonhador.
87
CEM ANOS DE SOLIDÃO
Úrsula Iguarán: Matriarca da família Iguarán–Buendía. Ela batalha por
sua família sem medir esforços, possui um comportamento forte e
busca a todo momento o melhor para sua família.
José Arcádio: Filho mais velho de José Arcádio Buendía e Úrsula
Iguarán
Coronel Aureliano Buendía: Segundo filho de José Arcádio Buendía e
Úrsula
Amaranta: Terceira filha de José Arcádio Buendía e Úrsula. Tem
rivalide com Rebeca.
Arcádio: Filho de José Arcádio com Pilar Ternera. Morre tentando fazer
uma revolução liberal em Macondo.
Aureliano José: Filho de Aureliano com Pilar Ternera, é morto com um
tiro nas costas ao sair correndo de uma peça teatral, depois de
desacatar um coronel em plena guerra.
Remédios, a Bela: Filha de Arcádio, a mulher mais bonita que existiu
no mundo, mesmo podendo ter qualquer homem para si, não se
envolveu com nenhum dos que a seguiam e dos que morreram por
ela
José Arcádio Segundo: irmão gêmeo de Aureliano Segundo, filho de
Arcádio e Santa Sofía de la Piedad. Úrsula crê que ambos foram
trocados na infância, pois José Arcádio possui as características dos
Aurelianos.
Aureliano Segundo: Apesar de casado com Fernanda del Carpio, era
amante de Petra Cotes. Sua morte repentina foi no mesmo instante
que a do irmão gêmeo.
Melquíades: Cigano que escreve os pergaminhos que preveem a
história da família Buendía, os quais são traduzidos por Aureliano
Babilônia.
Rebeca: Filha adotiva de Úrsula e José Arcadio.
Fernanda del Carpio: Nasceu em uma cidade distante de Macondo,
filha de uma família nobre, mas empobrecida

ASPECTOS PRINCIPAIS DA OBRA:


88
CEM ANOS DE SOLIDÃO
A história inicia com o Coronel Aureliano Buendía, no pelotão de
fuzilamento, recordando do dia que conheceu o gelo com seu pai em
Macondo. Uma vez por ano, ciganos iam até a cidade e levavam as
novidades do mundo (ímã, lupa, gelo).
O cigano Melquíades tornou-se próximo de José Arcádio Buendía, ele
deu-lhe de presente um laboratório de alquimia.
Úrsula não simpatiza com o cigano, principalmente, porque seu marido
ficou obcecado pelo laboratório.
Úrsula e José se conheceram, porque a sua bisavó ficou traumatizada
com um assalto de Pirata na cidade de Riohacha e a família decidiu se
mudar para longe do mar, onde as famílias se conheceram.
Quando eles se casaram, não mantinham relações, porque eles eram
primos e isso poderia gerar um filho "com rabo de porco". Então os
boatos se propagaram e isso fez que José brigasse e matasse
Prudêncio Aguilar. Depois disso, eles viam a assombração dele e
decidiram se mudar para muito longe, fundando Macondo (nome dado
a partir de um sonho).
Aureliano foi a primeira pessoa que nasceu em Macondo, ele tinha
algumas premonições.
José Arcádio (filho de José Arcádio) envolveu-se com Pilar Ternera,
quando ela ficou grávida, ele decidiu fugir com os ciganos.
Úrsula foi procurar seu filho, deixando, aos cuidados do esposo e do
filho, a filha Amaranta.
Aureliano anunciou que alguém chegaria, então chegou uma órfã
chamada Rebeca que se dizia parente dos Buendía.
Visitacion, uma indígena que chegou na cidade fugindo da Peste da
Insônia, reconheceu na jovem essa doença, ela acolhia Rebeca.
Assim, houve uma epidemia da peste no local, em que sem dormir as
pessoas acabavam esquecendo de tudo. Com isso, Aureliano que se
dedicava ao laboratório precisou escrever o nome dos objetos, porque
já não lembrava mais.
Um dia, um homem chegou com a cura da peste e deu para José
Arcádio, era Melquíades, o qual tinha sido dado como morto.
89
CEM ANOS DE SOLIDÃO
Francisco, o Homem, cantava músicas sobre as coisas que havia
passado, assim Úrsula descobriu que sua mãe morrera.
Aureliano ganhava mais dinheiro que sua mãe que fazia doces
(animaizinhos de caramelo).
Úrsula percebeu que Aramanta, Arcádio (filho de José Arcádio com
Pilar) e Rebeca estavam crescendo, assim decidiu ampliar a casa.
Dom Apolinar Moscote, uma autoridade do governo, chegou na cidade
trazendo ordens. José Arcádio expulsou-o, mas ele retornou com
soldados. Então fizeram um acordo para viverem em "paz".
Aureliano se “apaixonou” pela filha do alcaide, Remédios, de 9 anos,
mesmo ele sendo muito mais velho.
A família comprou uma pianola e Pietro Crespi, um especialista italiano
bem vestido, foi enviado para afinar o instrumento, junto ele deu aulas à
Rebeca e à Amaranta. Quando ele foi embora, Rebeca ficou desolada e
voltou a comer terra como fazia na infância.
Além de Rebeca, Amaranta também estava apaixonada por Pietro, isso
causou tristeza na irmã.
Aureliano conseguiu acertar o casamento com Remédios, mesmo ela
sendo impúrebe.
A família se abalou quando Melquíades faleceu afogado, Úrsula ficou
desolada. Seu enterro foi o primeiro do cemitério de Macondo, uma
grande “festividade”.
Um dia, Amaranta decidiu declarar seus sentimentos a Pietro, mesmo
ele já estando noivo de sua irmã. Ela disse que faria de tudo para
impedir o casamento.
Rebeca estava infeliz com a ameaça de sua irmã. Ela pediu ajuda de
Pilar no baralho que indicou que ela deveria enterrar os ossos de seus
pais, os quais ainda não tinha sido enterrados desde a sua chegada.
José Arcádio achou e enterrou
Com a proximidade de Pilar e Rebeca, ela passou a frequentar a casa
dos Buendia, assim Aureliano disse que daria seu nome ao Arcádio.
Aureliano ensinava sua noiva a ler e escrever, a qual de início ficou
chateada, porque tinha que abandonar suas bonecas.
90
CEM ANOS DE SOLIDÃO
Aureliano e Remédios se casaram, a família se esforçou muito para ela
deixar de ter atitudes infantis.Rebeca ficou triste, porque seu casamento
não foi celebrado junto, seu noivo recebeu uma carta falsa que sua mãe
estava doente e teve que ir vê-la, isso impediu o casamento deles.
O padre Nicanor Reyna celebrou o casamento, ele ficou impressionado
que os cidadãos viviam sem igreja e não eram batizados, por isso decidiu
construir uma igreja com a ajuda financeira da população.
José Arcádio teve um surto, então foi amarrado no castanheiro do
quintal
Remédios faleceu grávida de gêmeos. Ela era atenciosa com todo
mundo, até recebeu com carinho o filho de Aureliano e Pilar, Aureliano
José.
José Arcádio voltou, e ele e Rebeca se apaixonaram e decidiram se
casar. Pietro ficou desnorteado, assim começou a conversar mais com
Amaranta e propôs ela em casamento que negou.
Nas vésperas da eleição, Dom Apolinar Mascote estava preocupado
com a rivalidade do país entre liberais e conservadores. Ele era um
conservador e, no dia das eleições, ajudou a manipular as urnas, tirando
votos vermelhos (liberais) e deixando os azuis (conservadores).
Um dia, Aureliano estava com dor e foi visitar o médico, doutor Alirio
Noguera, o qual era um farsante, liberal exaltado que estava fugindo. Ele
incentivou que Aureliano fosse lutar, mas este se negou. Quando a
guerra começou, doutor Noguera foi fuzilado e houve várias repressões
na cidade. Esse fato, incentivou que Aureliano chamasse seus amigos e
fossem lutar, ele se autodeclarou Coronel Aurealino Buendía.
Coronel Aureliano teve 17 filhos de 17 mulheres diferentes, os quais
foram mortos um por um. Mesmo lutando muito, seu único ferimento foi
causado por ele mesmo. Morreu de velho. Negou todas honrarias de
guerra.
Aureliano deixou Arcádio no comando da cidade, mas este foi repressivo
e Úrsula cansou dele e botou ordem na cidade. Com sua solidão, Úrsula
ia conversar com José Arcadio, mas ele já não estava mais são.
91
CEM ANOS DE SOLIDÃO
Pietro cometeu suicídio quando Amaranta negou o casamento de novo.
Amaranta como penitência queimou sua própria mão, ficou com marca
pelo resto de sua vida, mas Úrsula não se importou.
Arcádio nunca soube da sua verdadeira filiação. Ele tentou seduzir Pilar
que negou dizendo que não podia, mesmo querendo. Ela mandou uma
mulher virgem na casa dele, Santa Sofia.
Santa Sofia e Arcádio tiveram três filhos: José Arcádio Segundo,
Aureliano Segundo e Remédios, a Bela.
Enquanto comandava a cidade, Arcádio botou todas propriedades da
cidade no seu nome e roubou dinheiro público para construir sua casa.
Coronel Aureliano enviou uma carta mandando Arcádio entregar a
praça sem mais guerra, mas ele não seguiu isso e foi condenado a pena
de morte, seu último pedido foi a escolha do nome dos filhos.
Em maio, terminou a guerra, prometia castigo para quem fez a guerra. O
coronel Aureliano Buendía caiu prisioneiro, enquanto estava fugindo.
Coronel Aureliano foi condenado à morte e a pena deveria ser cumprida
em Macondo.
Úrsula entrou no “quartel” (sala de aula), ela ficou surpresa que o filho já
sabia de tudo que ela contava que tinha acontecido na cidade. Ele disse
“você sabe que sou adivinho” e sentia como se já soubesse que ia
passar por aquilo.
Ainda não tinham fuzilado ele, pois tinham medo das consequências.
Estavam esperando resposta dos superiores.
Quando iam fuzilar Aureliano, José Arcádio apareceu com uma
espingarda. Assim, Aureliano Buendía conseguiu escapar e lutar contra
os conservadores, meses depois ele voltou vitorioso
Nesse meio tempo, José Arcádio morreu com um tiro, apenas Rebeca
estava em casa, ninguém nunca soube o que aconteceu, já que os dois
eram felizes e ela se tornou esquecida pela cidade.
A guerra ainda não estava ganha. Aureliano foi envenenado, mas
sobreviveu. Ele decidiu deixar seu homem de confiança no comando de
Macondo, Gerineldo Márquez, enquanto fazia uma viagem para o
interior.
92
CEM ANOS DE SOLIDÃO
Esse homem era apaixonado por Amaranta, enquanto estava preso, ela
visitava-o, mas não aceitou o pedido de casamento dele.
Amaranta cuidava dos filhos dos outros, até abriu uma creche.
Aureliano meses depois enviou uma carta dizendo que seu pai iria
falecer, dito e feito.
Aureliano José e Amaranta estavam mantendo relações, mas ela
roumpeu com ele.
O coronel Aureliano fez uma operação de destruição de arquivos em
Macondo e quando foi embora Aureliano José foi junto com ele.
Visitacion faleceu de morte natural, o padre Nicanor foi substituído pelo
padre Coronel e ninguém teve notícias do coronel Aureliano por anos
Aureliano estava nas tropas federalistas.
Aureliano José desertou e voltou para Macondo, porque queria se casar
com Amaranta, ela o negava, até quando ele ia até seu quarto de
madrugada.
Um dia chegou uma mulher com o filho para batizarem ele, já que era
filho do coronel Aureliano, a criança levou o nome de Aureliano. E assim
várias mulheres apareceram para batizar os filhos que tiveram com o
Coronel Aureliano.
Aureliano José desapaixonou-se e ficou sabendo quem era sua
verdadeira mãe, logo depois disso, ele se apaixonou por Carmelita
Montiel e foi morto quando foi ao teatro.
O coronel foi pego e mantido sobre custódia na casa de Úrsula. Ela
sentia que ele era um estranho em sua casa.
Enquanto Gerineldo queria o amor de Amaranta, Coronel Aureliano foi
se tornando cruel e se perdendo, ficou frio e não deixava que se
aproximasse dele.
Aureliano decidiu ir para Macondo e lá teve uma reunião, em que as
propostas eram: renunciar a devolução de terras para voltar a ter apoio
dos latifundiários liberais, renunciar contra a luta da influência clerical e
renunciar a ideia de filho legítimo e ilegítimo terem os mesmos direitos.
Aureliano riu com deboche e questionou “a luta é só pelo poder?”
93
CEM ANOS DE SOLIDÃO
Mesmo assim, ele assinou com ironia tais renúncias, o que causou a
irritação de Gerineldo, o qual foi condenado à morte por traição. Úrsula
ameaçou Aureliano pelo seu ato, assim o coronel foi visitar Gerineldo e
tirou-o da prisão para eles irem terminar com a guerra, o que demorou.
Aureliano assinou o armistício e depois tentou se matar, mas o tiro
atravessou sem causar nenhum dano. Depois disso, ele recebeu de
novo honrarias e prestígio, mas ele negou todos.
Anos depois, Aureliano Segundo lembrou-se de quando conheceu seu
filho José Arcádio. Úrsula não gostou muito do nome, afinal os José
Arcádio tinham fins trágicos. Já os Aurelianos eram retraídos e de
mentalidade lúcida
José Arcádio Segundo e Aureliano Segundo eram parecidos e
travessos. Úrsula acreditavam que eles estavam embaralhados desde a
infância. Durante a guerra, José queria ver os fuzilamentos, já Aureliano
quis conhecer o quarto onde Melquíades fazia suas descobertas, ele
ficava lá frequentemente.
Petra Cortes relacionou-se com os dois irmãos, mas quem sempre
esteve junto com ela foi Aureliano Segundo mesmo depois que ele se
casou com Fernanda.
Úrsula disse que iria criar José, filho de Aureliano, para ele não se
transformar nos outros Aurelianos e Josés. Prometeu que aquele jovem
seria padre para não saber dos males da vida.
Úrsula obrigava Remédios, a Bela, a sair com o rosto tapado para privar
sua beleza. Um homem muito bonito apareceu e ia apenas na missa. Ele
pediu para ficar com ela, mas ela negou e um dia encontrou o homem
morto de amor em sua janela.
O coronel Aureliano Buendía estava focado em fabricar seus peixinhos
de ouro, ele ganhava bastante dinheiro com isso. Ele estava bem
solitário, trancava-se na oficina para trabalhar.
Fernanda del Carpio. Tinha sido escolhida como a mais bela do país, e
havia sido levada a Macondo com a promessa de ser nomeada rainha
de Madagascar. Aureliano Segundo foi procurar por ela na distante
cidade onde morava com o pai, e com ela se casou em Macondo.
94
CEM ANOS DE SOLIDÃO
O casamento de Fernanda e Aureliano começou a ruir em apenas dois
meses, Aureliano mantinha relacionamento com Petra e ele até
fantasiou ela como a rainha de Madagascar, já que ela ficou com
ciúmes de Fernanda.
Fernanda foi criada sabendo que um dia seria coroada, por isso ficava
isolada das outras pessoas até no convento. Do nada, ela foi mandada
para Macondo para se casar com Aureliano, sendo um choque. Por ela
ter sido criada num convento e ter seu enxoval costurado pelas freiras,
ela tinha atitudes castas até durante o ato sexual, o que Aureliano
achou cômico.
Ela soube duas vezes da traição do marido, na primeira, foi embora e
ele buscou ela de volta, na segunda, aceitou conquanto que ele
voltasse para ela no seu leito de morte, para não morrer na amante.
A família começou a se desagradar com Fernanda, já que ela mudou a
rotina da casa para satisfazer suas vontades.
No começo, Fernanda não falava de sua família, mas depois começou a
idolatrar o pai, como uma maneira de comparação. Afinal ele sempre
mandava “presentes” no Natal, e no último Natal, ele se mandou de
presente, já morto.
Enquanto isso, coronel Aureliano Buendía foi condecorado, mas ele não
quis tal honraria. Mas no dia do ato, ele conheceu seus 17 filhos.
Apenas Aureliano Triste, filho do Coronel Aureliano ficou trabalhando na
cidade e construiu a fábrica de gelo. Ele procurava uma casa para ficar
lá, então como uma casa parecia vazia, ele entrou, mas a mulher estava
na sala e apontou uma arma para ele. Era Rebeca. Úrsula ficou surpresa
quando ele contou, pois tinha esquecido dela, mas Amaranta nunca
esquecerá.
Os 16 filhos retornaram para casa (ainda estavam marcados com a Cruz
de cinza na testa, por não terem ido na igreja, assim não conseguiram
tirar a marca)
Aureliano Triste conseguiu construir uma estrada de ferro para ter trem
em Macondo
95
CEM ANOS DE SOLIDÃO
Um dia chegou Mr. Hebert e os Buendía convidaram ele para sua casa,
ele ficou deslumbrado com o sabor da banana. Assim, decidiu abrir a
Companhia de Bananeira na cidade.
Remédios, a Bela, encantava todos os forasteiros que passavam pela
cidade que trabalhavam na indústria bananeira, mas ela nunca se
encantou por nenhum rapaz, até começou a se acreditar que todos os
homens que se encantavam demais por ela, acabavam morrendo. Um
dia, quando ela estava pálida, disse que nunca havia se sentido tão
bem, e, assim, começou a flutuar e foi embora pelos céus.
Macondo estava se tornando violento com muita repressão. O coronel
Aureliano estava indignado e gritou seu ódio, com isso seus filhos
começaram a ser assassinados. Então, decidiu fazer uma nova gguerra,
mas não teve apoio do seu amigo Coronel Gerineldo.
Úrsula ajudou a cuidar do ensinamento papal de José Arcádio,
enquanto Meme (Renata Remédios) seria mandada para o convento.
Úrsula ficou refletindo sobre seu filho Aureliano e chegou à conclusão
que ele nunca amara ninguém e que tinha feito guerras por pura
soberba.
Enquanto que Amaranta parecia fria, mas tinha um coração enorme, só
que nunca conseguir conciliar seu lado emociona e racional, por isso
não se casou com ninguém. Já Rebeca de espírito forte conseguiu ter a
força que Úrsula desejou.
Fernanda começou a coordenar a casa, isso afastou seu cunhado e seu
marido dela, o qual passou a ficar mais tempo com Petra do que com a
esposa. Aureliano Segundo comprou diversas mobílias para a amante.
Aureliano Segundo começou a participar de competições de quem
comia mais, um dia chegou uma mulher conhecida como A Elefanta,
eles competiram e Aureliano quase morreu. Assim, passou a frequentar
mais a casa da esposa e as vezes até ficava para o jantar.
Quando Meme ia passar as férias em casa, Aureliano Segundo voltava
para casa para fingir com Fernanda que eles eram ainda um casal.
José Arcádio ficava mais tempo na casa de Pilar.
96
CEM ANOS DE SOLIDÃO
Aureliano foi urinar na castanheira e viu o circo chegando, sentiu
nostalgia depois de muito tempo. No dia seguinte quando Santa Sofia
foi a castanheira, os urubus já estavam ali…
Meme ganhou diploma de clavicórdio, sua mãe pedia para ela tocar
para a cidade, mas ela gostava mesmo de ficar com suas amigas
fofocando. Ela sabia da relação dos pais e entendi seu pai, pois também
preferia o estilo de Petra.
Fernanda e Aureliano Segundo tiveram uma outra filha Amaranta
Úrsula.
Amaranta faleceu, a pessoa que ela mais amou no mundo fora o
Coronel Aureliano. Amaranta sempre pensava em Rebeca, chegou a
pedir para Deus para não morrer antes da irmã, mas morreu depois que
terminou de construir sua mortalha.
Fernanda e Aureliano estavam desconfiados da filha, que já tinha sido
pega aos beijos com um homem. Era Maurício Babilônia aprendiz de
mecânico. Sempre que ele aparecia, havia borboletas no ambiente.
Meme tinha sido posta de castigo, enquanto isso o quarto de Meme
estava infestado por borboletas. Então, Fernanda chamou a guarda
alegando que alguém roubava galinhas e Maurício foi pego e baleado.
Depois disso ele passou acamado e morreu velho.
Após Maurício levar um tiro nas vértebras, Fernanda levou Meme para o
convento em que foi criada, a qual passou o resto de sua vida muda e
pensando no Maurício.
Depois de deixar Meme no convento, quando voltava para casa viu que
tinha polícias em Macondo, porque José Arcádio Segundo estava
estimulando uma greve na companhia de bananeira, a qual reivindicava
folga aos domingos, até o padre concordou com isso.
Fernanda queria fazer sua cirurgia telepática, pois achava que tinha
câncer, mas os médicos disseram que não era possível pelos conflitos
em Macondo.
Um dia, chegou a freira com o filho de Meme, Aureliano. Quando ele
completou um ano a cidade estava tensa, pois José Arcádio Segundo e
reivindicava melhorias das moradias, chegou a ser preso.
97
CEM ANOS DE SOLIDÃO
Como cartada final para terminar a greve, foi lido um decreto que dizia
que qualquer pessoa que incitasse o conflito, deveria ser morto. Os
militares abriram fogo, no vai e vem, José acabou desmaiando e só
acordou em um trem onde tinha uns 3 mil mortos. Ele conseguiu saltar
e voltar para Macondo. Quando chegou na cidade, todos alegaram que
não tinha tido nenhum morto e que os militares tinham feito acordos e
que estava tudo bem. No entanto, durante a noite, os militares invadiam
as casas em busca de “grevistas”. José ficou escondido no quarto de
Melquíades, quando os militares foram fazer busca em sua casa, não o
viram, mas ele estava lá sentado na frente deles…
Choveu quatro anos, onze nesse e dois dias em Macondo.
Quando a chuva começou, Aureliano Segundo estava na casa de
Fernanda e decidiu ficar lá até passar a chuva. Então começou a fazer
reformas na casa e conheceu seu neto.
Nesse meio tempo, coronel Gerineldo faleceu, Úrsula dizia que estava
esperando a chuva passar para seguir o rumo de Gerineldo.
Fernanda começou a reclamar que a comida estava acabando, mas
Aureliano não deu atenção, então ela ficou reclamando, dizia que era
afilhada de um Duque e que tinha ido parar naquele fim de mundo,
reclamou de vários aspectos de sua vida. Aureliano cansou-se, quebrou
a cristaleira e foi buscar comida.
Aureliano lembrou-se do ouro que Úrsula havia escondido. Ela
esperava que o dono aparecesse, ele tentou saber onde estava, mas
ela não cedeu. Então ele começou a cavar por conta própria.
A chuva parou e ficou dez anos sem chover.
Úrsula estava ficando cega, mas reconhecia sons e cheiros, então
conseguia se deslocar pela casa.
José Arcádio Segundo continuava no quarto lendo os pergaminhos de
Melquíades. Ele não queria sair do quarto, porque tinha medo de rever o
trem cheio de mortos.
Petra e Aureliano ficavam, no tempo livre, contando o dinheiro das rifas
que faziam e depois Aureliano distribuía para família.
98
CEM ANOS DE SOLIDÃO
Úrsula amanheceu morta na quinta-feira santa, pelos cálculos devia ter
115 a 120 anos, foi enterrada numa cestinha pequena de tão miúda que
estava. Rebeca morreu no final do mesmo ano.
Os ciganos voltaram a cidade e encontraram os cidadãos tão perdidos
que mostraram os mesmo experimentos que tinham mostrado para
José Arcádio marido de Úrsula.
Fernanda fez sua cirurgia espiritual, mas os médicos invisíveis não
encontraram nada dos sintomas que ela dizia ter. Alegaram na carta
que por ela nunca dizer em palavras o que tinha, não souberam o que
era, mas depois que fizeram a cirurgia viram que era necessário só usar
um pessário, palavra que ela não sabia o significado.
Aureliano, filho de Meme, ficou próximo de José Arcádio Segundo. Ele
escutava todas as histórias de José e propagava as histórias que
chocavam Fernanda. José ensinou ele a ler e a escrever.
Aureliano Segundo sentia que estava morrendo, assim resolveu vender
mais rifas para conseguir mandar Amaranta Úrsula para estudar em
Bruxelas.
José Arcádio Segundo conversava com Aureliano e pediu para ele se
lembrar que “eram 3 mil e jogaram ao mar” e morreu. Enquanto isso,
Aureliano Segundo voltou para morrer junto com sua esposa. Petra
queria ver o corpo, mas Fernanda não deixou.
Fernanda recebia cesta de alimentos que durava uma semana por um
mensageiro que era Petra.
Santa Sofia decidiu ir embora de casa, não gostava de ficar naquela
casa enorme. Aureliano deu para ela peixinhos de ouro para que não
ficasse de mãos vazias. Fernanda se revoltou e revistou a casa para ter
certeza que ela não tinha levado nada embora. Aureliano ficou
responsável pelo serviço de casa e por preparar a comida. Cada um
vivia sozinho em sua solidão.
Fernanda vestia suas roupas antigas de rainha e sentia nostalgia. Certa
manhã quando Aureliano foi preparar o café, viu que a janta ainda
estava lá, quando foi no quarto ela estava estendida na cama. Quatro
meses mais tarde, quando José Arcádio voltou, ele encontrou-a intacta.
99
CEM ANOS DE SOLIDÃO
Aureliano tinha vaporizado mercúrio nela para manter o corpo
conservado.
José Arcádio leu as cartas escondidas e soube que Aureliano era um
bastardo.
José Arcádio afastou Aureliano, o qual ficava mais tempo no quarto de
Melquíades, ele conseguiu os livros novos, sem usar o peixinho como
troca. Enquanto isso, José Arcádio começou a vender mobílias da casa
para ter o que comer, já que ele abandonou o seminário assim que
chegou em Roma. Quando recebeu a carta que a mãe estava mal, ele
voltou no porão de um navio.
José Arcádio passou a receber um meninos de rua para brincarem em
sua casa, um dia eles acharam no quarto de Úrsula o ouro escondido.
José Arcádio expulsou eles. Os meninos voltaram e assassinaram José
Arcádio.
A relação de Aureliano e José Arcádio eram conflituosa no início, mas
depois eles se aproximaram um pouco.
Um dia Aureliano Amador chegou a casa para pedir abrigo, disse que
estava fugindo, mas eles não o conheciam e não deram, logo ele foi
morto por policiais que estavam à espreita.
Amaranta Úrsula voltou casada com um homem muito rico, Gaston. Ela
era uma moça ativa e alegre. Ela e seu marido se conheceram quando o
biplano que ele pilotava sobrevoou com certo acidente a escola de
Amaranta. Eles começaram a sair juntos. Ela sempre disse para ele que
queria se casar e viver em Macondo, por isso eles foram pra lá. Ele
achava que logo ela iria desistir da ideia, mas ela vivia contente lá.
Quando Amaranta chegou a Macondo, Aureliano ainda era virgem, cada
abraço inocente da tia, ele se encantava ainda mais. Assim decidiu ser
um amante de Nigromanta.
Ele encontrou com seus amigos um bordel, que era de Pilar Ternera, lá
ele contou sobre sua paixão e ela disse que Amaranta estaria
esperando ele. Depois que ela saiu do banho, ele foi atrás dela, numa
briga de gestos e silêncio os dois se entregaram um pro outro.
100
CEM ANOS DE SOLIDÃO
Pilar faleceu com aproximadamente 145 anos, foi enterrada sem nome
e sem ataúde.
Aureliano e Amaranta continuavam se relacionando como amantes.
Gaston estava em Bruxelas e Amaranta achava que ele não voltaria tão
cedo, quando ele disse que voltaria, ela escreveu uma carta dizendo
que não poderia viver sem Aureliano. Gaston respondeu de modo
tranquilo a carta e desejou felicidades, quase como se estivesse se
livrando dela.
Eles se amaram desde sempre. Tiveram um menino que foi feito com
amor. Ele veio com um rabo de porco.
Amaranta não parava de sangrar, acabou por falecer.
Nigroranga encontrou e acolheu Aureliano. Ele lembrou da criança e foi
atrás dela, mas não a encontrou, as formigas arrastavam a criança…
O primeiro da estirpe está amarrado a uma árvore e o último comido
pelas formigas como estava escrito nos pergaminhos de Melquíades.
Finalmente, Aureliano conseguiu decifrar as escrituras de Melquíades,
era a história da família escrita com cem anos de antecipação. Todos
coexistiam. Aureliano descobriu sobre sua descendência. Ele pulava as
páginas para saber mais rápido, mas o vento já estava muito forte.
“Porém, antes de chegar ao verso final já havia compreendido que não
sairia jamais daquele quarto, pois estava previsto que a cidade dos
espelhos (ou das miragens) seria arrasada pelo vento e desterrada da
memória dos homens no instante em que Aureliano Babilônia acabasse
de decifrar os pergaminhos, e que tudo que estava escrito neles era
irrepetível desde sempre e para sempre, porque as estirpes
condenadas a cem anos de solidão não tinham uma segunda chance
sobre a terra.”
101
QUESTÕES DE CEM ANOS DE SOLIDÃO
1. (ESTUDIDI) Leia as seguintes afirmações sobre a obra “Cem anos de solidão”.
I - Gabriel García Márquez recebeu o Nobel da Literatura.
II - O massacre dos trabalhadores bananeiros em Ciénaga, no ano de 1928, foi abordado
na temática do livro.
III - Os temas presentes são questões sociais, políticas e culturais que marcaram a
América Latina na época.
Quais estão corretas?
A) Apenas I.
B) Apenas II.
C) Apenas III.
D) Apenas II e III.
E) I, II e III.

2. (ESTUDIDI) Assinale com V (verdadeiro) ou F (falso) as seguintes afirmações sobre a


obra "Cem anos de solidão".
( ) José Arcádio (pai) consegue desvendar os pergaminhos de Melquíades, descobrindo a
história da família.
( ) Representando a realidade, as eleições entre liberais e conservadores é um tema
polêmico no livro.
( ) Cenas bíblicas como o dilúvio e o apocalipse podem ser identificados no livro, como c
quando choveu durante quatro anos, onze meses e dois dias.
( ) José Arcádio Segundo ficou traumatizado após ver o massacre da greve, em que 3 mil
mortos foram jogados em um trem.
A sequência correta de preenchimento dos parênteses, de cima para baixo, é
A) F – V – F – F.
B) V – V – F – V.
C) V – F – V – V.
D) V – V – V – V.
E) V – F – V – F.
102
A TERRA DOS MIL POVOS
SOBRE O AUTOR: Kaká Werá Jecupé é um escritor, ambientalista e
conferencista brasileiro de origem indígena, pertencente à etnia tapuia.
Além de escritor, Kaká Werá é reconhecido por sua atuação em
movimentos em prol dos direitos indígenas e da valorização e
preservação das culturas originárias do Brasil.

CONTEXTO HISTÓRICO: o livro "A Terra dos Mil Povos" situa-se em um


contexto histórico marcado por profundas transformações socioculturais
e geopolíticas. Publicado em 1998, durante um período de crescente
interesse nas explorações e estudos antropológicos, a obra reflete o
espírito de descoberta e compreensão das diversas culturas que
caracterizou a época. A busca por compreender a diversidade humana,
em meio a um mundo que testemunhava avanços tecnológicos e
expansão colonial, reflete a curiosidade intelectual e os questionamentos
sobre as relações entre os povos e as territorialidades. Nesse contexto, o
autor aborda as interações entre diferentes grupos étnicos, suas crenças,
práticas e formas de organização social, proporcionando uma visão única
das dinâmicas interculturais e das tensões resultantes das mudanças
trazidas pelo contato entre civilizações. "A Terra dos Mil Povos" emerge
como um testemunho literário dessa era de exploração intelectual e
global, que contribuiu para moldar o entendimento contemporâneo das
complexidades da humanidade e de seu vasto mosaico cultural.

ASPECTOS PRINCIPAIS DA OBRA: "Terra dos Mil Povos" é uma obra de


Kaká Werá Jecupé que aborda as histórias, mitos e sabedorias dos povos
indígenas do Brasil. O livro serve como uma ponte entre a tradição oral
indígena e a literatura escrita, trazendo à luz as narrativas ricas e
profundas desses povos originários.
103
A TERRA DOS MIL POVOS
Eu sou Kaká Werá Jecupé
Kaká explica a origem de seu nome e o significado que isso traz. Kaká é
um apelido usado como escudo. Werá Jecupé é como uma assinatura
da alma com característica da natureza.
Na crença dele já a terra (mundo material) e o céu (mundo espiritual).
Ele relata que, durante a infância, se afastou da sua tradição, uma vez
que estudava numa escola pública e aprendia o ler e escrever. Depois
se reencontrou entre os Guaranis, percorreu diversos povos para
conhecer sobre essa cultura e seus ensinamentos. Um novo ciclo tinha
começado, uma nova tribo iria amanhecer, mas era necessários que as
raízes fossem resgatadas.

O que é índio?
O índio não se chamava nem se chama de índio. Foi um nome
designado pelos europeus.
No entanto, ser índio para um índio é uma tradição do Sol, da Lua e do
Sonho, um conhecimento da ancestralidade. Para o índio, toda palavra
tem espírito, é silêncio e som.
Para eles, todos elementos estão interligados. É da natureza do índio,
reverenciar seus antepassados, um ato de gratidão feito em ritos como
comemorações e danças.
Já mais de 387 povos chamados de indígenas. Muitos desses povos
nunca se encontraram mesmo habitando o mesmo “país” há milhares
de anos. Há quatro troncos culturais básicos: tupi, karib, jê e aruak.
Há a crença que esses povos já atravessaram três estações cósmicas e
estão idno para a quarta que é a síntese das tradições anteriores,
Grande Mãe.

Índios: os negros da terra


Assim ficaram conhecidos por muitos anos por lembrarem os africanos.
Também era conhecido como brasis, pois eram escravos que extraiam
o pau-brasil.
104
A TERRA DOS MIL POVOS
A Terra dos Mil Povos
A tradição do Sol e da Lua foi ensinada como “fundamentos do ser”, a
raça vermelha seria ancestral de todos. Já a tradição do sonho foi
germinada pelos filhos da terra.

Arandu Arakuaa
Para entender o ciclo do Tupã, é necessãrio saber que os anciães
detinham a ciência do Arandu Arakuaa (lei dos ciclos).
O ciclo do Tupã é uma das quatro estações cósmicas.
O primeiro ciclo foi regido por Jakairá, responsável pelo espírito e pela
fumaça; o segundo, por Karai Ru Ete, pelo fogo e pela luz; o terceiro, por
Tupã, por raios, trovões e águas; quarto, por Namandu, pela terra.
Namandu antecede e permeia todos os ciclos. Todos são conectados,
como a tecedura da aranha.

Tupã
Ayvu Rapyta são os mitos que são passados pelas gerações.
Cada ciclo teve sua dificuldade, o desafio de Tupã foi o poder
(inteligência X sabedoria), o pensamento seria os raios e trovões em
ação. Assim, esse foi o ciclo mais difícil para a Mãe Terra, pois a
humanidade quase a extinguiu. Isso aconteceu porque os povos foram
acumulados as dificuldades dos outros ciclos, como o espírito do medo,
do sono, da escravidão...

O corpo-som do ser
Os Tupinambá e os Tupy-Guarani desenvolveram técnicas para
conectar corpo com espírito e mente por meio dos sons e danças.

O ser de cada tom


Apresenta um "alfabeto", em que as letras e seus sons representam
conexão com o espírito.
105
A TERRA DOS MIL POVOS
A memória cultural
Ela se baseia na tradição oral ou na grafia-desenhos.
Para o povo indígena, a origem da tribo humana está intimanete ligada à
formação da Terra.

Os ancestrais
As diversas tribos se comunicavam cada umade seu modo.
Houve dissidência enttre os filhos da Lua (cultuar Mãe Terra) e do Sol
(expandir-se)
Ritos são passados para sustentar a fé da Mãe Terra.

A memória da terra
Acredita-se que o florescimento civilizatório no Brasil ocorreu por volta
de 4 mil anos atrás, quando a memória cultural uniu-se com as
investigações da ciência.

Dos ancestrais aos antepassados


Há cerca de 14 mil anos, parte do território brasileiro era ocupado por
caçadores e coletores.
Yvy Mara Ey é onde os antepassados habitam por um momento após a
morte terrena.

A paisagem da memória tapuia


A terra diz aos arqueólogos que os primeiros povos brasileiros
habitaram este solo entre 16 mil e 14 mil anos atrás.

O povo da Lagoa Santa - MG


Maioria morria jovens.

O povo da flecha - Sul


Caçadores, disseminaram o arco e flecha.
Domínio da cavalaria.
Presença cultural no Sul é marcante até hoje, como a cuia do mate.
106
A TERRA DOS MIL POVOS
O povo de Humaitá, guerreiros do bumerangue - Sudeste
Pedra lascada que lembrava bumerangues.

O povo dos sambaquis - Sul


Recursos que o mar oferecia, por ter muitos recursos não precisavam
ficar mudando-se constantemente.
Construíam cabanas com as conchas.
Eram pacíficos e numerosos.
Faziam cerâmicas.

Arte e a agricultura
Desenvolveram cultivos como corantes, plantas medicinais, palmeiras e
a mais grandiosa, mandioca. Conseguiram até descobrir a forma de
extrair o veneno dela.
Na arte, a cerâmica era especialidade.

A arte da cerâmica e o mistério de Santarém


Na foz do rio Amazonas.
Não se sabe muito sobre esse povo.

O povo de Itararé
Tinham túneis subterrâneos que interligavam-se.

Os filhos do Sol, os filhos da Lua e a Grande Mãe


Os Tupinambá eram viajantes, navegadores e guerreiros, expandiram-
se por boa parte norte.
Lua: sonho, filosofia...
Sol: batalha, caça...

Os povos visitantes e a expansão Tupinambá


Muitos povos vinham ao território para comercializar ou fazer outras
operações, como egípcios, fenícios, hebreus...
107
A TERRA DOS MIL POVOS
O que não foi descoberto
Quando Pero Vaz de Caminha escreveu a famosa carta, existia no Brasil,
de 350 a 500 línguas faladas e aproximadamente 20 milhões de
habitantes.
O Tupy serviu de exemplo para os colonizadores, pois sua presença era
marcante.
A língua geral dos povos era Tupy com dialetos portugueses, mas foi
proibida em 1775, porque os portugueses queriam manter a hegemonia.
Os bandeirantes não eram portugueses, e sim mestiços ou indígenas
escravizados que adotavam nomes portugueses.
A influência Tupi ocorre até hoje.

Tapuia, Tupinambá e as canoas dos ventos


Todos os outros povos não tupis eram considerados "bárbaros" (Tapuia)
pelos portugueses.
Tupinambá ramificação dos tupis, mais no litoral.

A grande noite da terra


Nos primeiros 30 anos, não teve conflito entre índios e portugueses,
porque eles faziam escambo (pau-brasil)
Depois com as capitanias hereditárias, os índios não queriam viver
trabalhando, aí iniciou-se os conflitos; lei tupi: fornecer mão de obra de
acordo com sua liberdade e disponibilidade do tempo
Os Tapuia, os negros da terra, seriam os primeiros escravos do Brasil.

Guerra, guerreiros e escravos


Tupinambá ou Tupy-Guarani não gostavam de negociar inimigo
capturado, já que eles tinham a cultura de comê-lo.

A aldeia Tupinambá
As ocas eram contruídas em volta de um pátio, nelas havia até uma
fogueira interna. Já no pátio eram celebradas cerimônias, festas e roda
do sonho.
108
A TERRA DOS MIL POVOS
O Pajé era o líder que conseguia se conectar com o mundo espiritual.

O sonho da pacificação do branco


O líder Xavante sonhou que os brancos iriam até eles, com ajuda da
natureza conseguiram se ocultar, mas os Kayapó ajudaram os
portugueses a chegarem na aldeia, assim Xavante tiveram que fugir.

Os avanços do sonho
Os sonhos é uma comunicação para os povos indígenas.
Eles possuem mitos.

"Somos parte da terra e ela é parte de nós"


Homem e a natureza são um só.

Origem do mundo e da humanidade


Segundo o povo Dessâna, que vive entre os rios Tiquiê e Papauri, no
Amazonas
Uma mulher é a ancestral de todos povos existentes, avó da Terra.
Seus descendentes recebiam "malocas do universo", uns quartos.

Um mito tupy-guarani
O criador, cujo o coração é o Sol, fez a Mãe Terra.
Os anciães criadores transformaram-se no Sol e na Lua, são os
tataravós.

A origem do mundo segundo os Xavante


Dois homens foram postos na Terra por meio do arco-íris.
A voz do alto concedeu a eles dois pauzinhos coloridos que se
transformariam em mulheres. Assim, as cores significavam a marca do
clã.

A criação do mundo segundo os Yanomami


O Pai Grande criou as coisas do mundo.
109
A TERRA DOS MIL POVOS
Linha do Tempo

1500 - Cabral encontra os Tupinikim


1534 - Atentado contra a mulher indígena, a posse da terra e a liberdade dos
índios
1537 - Os índios são proclamados "verdadeiros homens e livres"
1540 - 60 mil Tupinambá fogem da opressão portuguesa
1549- Chega a primeira missão jesuítica com José de Anchieta; Tomé de
Souza, governador-geral, reestabelece o escambo, mas não impede a
escravidão
1553 - Violentos conflitos entre brancos e índios na Bahia
1560 - Expulsão dos franceses do Rio de Janeiro com ajuda dos Tupinambá
1563 - Consequência da guerra aos Caeté, gera fome e epidemias que
dizimam 70 mil índios na Bahia
1611 - A legislação portuguesa reconhece a liberdade dos índios, exceto se
foram aprisionados de guerras ou resgatados quando cativos
1628 - Os bandeirantes atacam reduções jesuíticas, Guarani são feitos
escravos
1653 - A constituição deixa escravizar de novo, "guerra justa"
1701 - Bandeirantes encontram jazidas e exterminam os povos locais
1750 - Os Guarani são atacados por um exército luso-espanhol para
desocuparem Sete Povos das Missões. Pelo Tratado de Madri, esse território
passa para a Coroa espanhola.
1835 - Eclode a Cabanagem na Amazônia, insurreição nativista. Tem apoio de
grupos indígenas que são combatidos após rendição.
1850 - Com a Lei de Terras, os territórios indígenas são incluidos como "terras
particulares", precisando legalizar em cartório
1910 - Fundação do Serviço de Proteção ao Índio
1967 - Instituída a Funai
1973 - Estatuto do Índio, prevê a demarcação de terras indígenas
1983 - Cresce o número de garimpos em terras indígenas
1988 - Chacina na Amazônia encomendada por madereiros
1996 - Pela primeira vez, a Universidade de Oxford convida um índio brasileiro
110
A TERRA DOS MIL POVOS
Contribuição dos filhos da terra à humanidade
O povo Tapuia foram generalizados, afinal ele é composto por
aproximadamente 206 nações indígenas.

Cultivo da terra e classificação de plantas


Os Kayapó são conhecedores dos ciclos da chuva e até faziam florestas
de plantações em pleno cerrado.
Diversas plantas foram cultivadas, tanto quanto para alimentação como
medicação.
Costumavam viver em pequenos núcleos para reduzir os impactos do
solo.

Contribuição para a saúde, a ética e a filosofia


Por terem hábitos de higiene, praticar exercício físico e comer alimentos
mais saudáveis, tinham boa saúde e longevidade.
Não havia castigo aos filhos, a liberdade individual era estimulada.
Diversos conhecimentos de uso da terra e fitoterapia.
Espírito e tribo andam juntos.
Palavra e espírito estão longe, por isso os índios não conseguiram
verdadeiramente serem catequizados. A religião é surda, pois o espírito
é mudo.
O espírito é visto pelo movimento dos ventos, dos pássaros, dos rios...
Gramática: algumas fonéticas são diferentes do português --> nome
dos povos no singular, mas artigo no plural --> Os Guarani.

Contribuições da língua indígena para o Brasil


A fauna e flora brasileira são batizadas na maioria em nomes tupis.
Termos como "chega de nhe-nhe-nhem" - (nhem = fala)

Líderes indígenas do Brasil: das capitanias hereditárias à aldeia global


Nomes portugueses ganharam destaque, enquanto os nativos foram
esquecidos da construção brasileira
111
A TERRA DOS MIL POVOS
Cunhambebe - a mulher que voa ("tradução"): foi o líder que
personificou valores da busca da igualdade e da paz. O povo Tamoio
nunca existiu, o nome é confundido com o do ancião Tamãe. Tentou
negociar paz com os jesuítas, mas ambos foram traídos pelos
bandeirantes e pelos fazendeiros.
Aimberê - o filho da liberdade: foi levado como escravo junto ao pai
para uma fazenda em São Paulo, o pai faleceu, mas ele conseguiu se
libertar. Ele se uniu na Confederação dos Tamãe e virou sucessor de
Cunhambebe. Faz aliança com os franceses para derrotar os
portugueses.
Tiaraju - o santo guerreiro: herói guarani missioneiro rio-grandense.
Chefe dos Sete Povos das Missões Jesuíticas de São Miguel.

Os líderes indígenas do Brasil contemporâneo


Mario Juruna - primeiro deputado indígena: luta pela demarcação de
terras.
Raoni - guerreiro global: porta-voz da luta pela preservação Amazônica.
Ailton Krenak - cabeça de terra: usou um prédio tombado de São Paulo
como Embaixada dos Povos da Floresta, lá havia encontros com
diversos líderes.
Álvaro Tukano - articulador da nova confederação: a catequese chegou
ao Rio Negro e mudou a dinâmica do povo, ele chegou a ser expulso
por seus parentes catequizados. Primeiro índio a tirar passaporte, teve
que se passar por descendente de japonês.
Sônia Guajajara - presença guerreira dos Tenetehara: muitos povos
indígenas ainda não aceitam mulheres como caciques. Formada em
letras e especializada em enfermagem. Ela faz duras críticas a Reserva
Natural de Cobre e Associados, a qual possuem grande valor e poderia
trazer destruição se fosse duramente explorada.
Joênia Wapichana: advogada, sofreu preconceito também da parte
indígena, afinal Wapichana é uma etnia pequena. Seu empoderamento
permitiu que outras mulheres indígenas também saíssem das aldeias.
112
QUESTÕES DE A TERRA DOS MIL POVOS
1. (ESTUDIDI) Leia as seguintes afirmações sobre a obra “A terra dos mil povos: história
indígena brasileira”.
I - É retratado a abrangência cultural entre os povos indígenas.
II - Os povos indígenas não possuem inimizades, sendo que todos conviveram e convivem
pacificamente.
III - A contribuição das palavras indígenas está presente até hoje na fauna e na flora
brasileira.
Quais estão corretas?
A) Apenas I.
B) Apenas II.
C) Apenas III.
D) Apenas I e III.
E) I, II e III.

2. (ESTUDIDI) Assinale com V (verdadeiro) ou F (falso) as seguintes afirmações sobre a


obra "A terra dos mil povos: história indígena brasileira".
( ) Cada etnia indígena possui seu mito de criação sobre a criação do mundo.
( ) A Mãe Terra é cultuada pelos povos indígenas.
( ) A luta dos principais líderes indígenas é pela demarcação de terras.
( ) Eles tinham conhecimento da natureza, os Kayapó são conhecedores dos ciclos da
chuva e até faziam florestas de plantações em pleno cerrado..
A sequência correta de preenchimento dos parênteses, de cima para baixo, é
A) F – V – F – F.
B) V – V – F – V.
C) V – F – V – V.
D) V – V – V – V.
E) V – F – V – F.
113
Gabarito
Deixe o quarto c. e. Ponciá Vicêncio Construção
1. D 1. A 1. E
2. E 2. B 2. B
3. B 3. B 3. D
4. A 4. E 4. D
5. B 5. E 5. C
6. D
7. C

Caderno de M. C. Lisístrata Várias Histórias


1. D 1. E 1. B
2. B 2. C 2. C
3. B 3. C 3. E
4. D 4. C
5. C 5. B

A Falência Coral e o. poemas Água Funda


1. B 1. B 1. D
2. A 2. B 2. B
3. D 3. D

Um útero é do t. Cem anos de s. A terra dos mil p.


de um p.

1. E 1. E 1. D
2. B 2. D 2. D
Para a leitura, análise, criação de novas
questões e dissertação dos resumos de 8
das leituras obrigatórias deste ano,
contamos com a ajuda da Diana Ghisleni,
vestibulanda de Medicina e dona do
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