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Data de Publicação 2021
Resumo O seguinte trabalho de investigação incide sobre a particularidade da
arquitetura desportiva, com especial enfoque na arquitetura das piscinas –
estrututra arquitetónica pouco estudada e que muito contribuiu e contribui
para o desenvolvimento desportivo do nosso país – e sobre o modo como
este tipo de arquitetura evoluiu até aos dias de hoje. A escolha deste tema
passa não só pela perceção das potencialidades do mesmo, visto ser uma
parte da nossa arquitetura pouco estudada, como do facto de ter...
The following research focuses on the particularity of sports architecture,
with a special focus on the architecture of swimming pools – This
architectural structure that was not studied in depth has contributed to the
sports development of our country - and on how this type of architecture
has evolved until to today. The choice of this theme depends not only on
the perception of its potential, since it is a part of our architecture that was
not studied extensively, but also on the fact that the...
Palavras Chave Piscinas - Projectos e construção, Piscinas - Portugal - Projectos e
construção, Instalações desportivas - Projectos e construção
Tipo masterThesis
Revisão de Pares Não
Coleções [ULL-FAA] Dissertações
http://repositorio.ulusiada.pt
UNIVERSIDADE LUSÍADA
FACULDADE DE ARQUITETURA E ARTES
Mestrado Integrado em Arquitetura
Realizado por:
Mariana Pereira da Silva de Lemos Guimarães de Lacerda Mello
Orientado por:
Prof. Doutor Arqt. Rui Manuel Reis Alves
Constituição do Júri:
Lisboa
2021
U N I V E R S I D A D E L U S Í A D A
Arquitetura no desporto:
piscinas como caso de estudo
Lisboa
fevereiro 2021
U N I V E R S I D A D E L U S Í A D A
Arquitetura no desporto:
piscinas como caso de estudo
Lisboa
fevereiro 2021
Mariana Pereira da Silva de Lemos Guimarães de Lacerda e Mello
Arquitetura no desporto:
piscinas como caso de estudo
Lisboa
fevereiro 2021
FICHA TÉCNICA
Autora Mariana Pereira da Silva de Lemos Guimarães de Lacerda e Mello
Orientador Prof. Doutor Arqt. Rui Manuel Reis Alves
Título Arquitetura no desporto: piscinas como caso de estudo
Local Lisboa
Ano 2021
Arquitetura no desporto : piscinas como caso de estudo / Mariana Pereira da Silva de Lemos
Guimarães de Lacerda e Mello ; orientado por Rui Manuel Reis Alves. - Lisboa : [s.n.], 2021. -
Dissertação de Mestrado Integrado em Arquitetura, Faculdade de Arquitetura e Artes da Universidade
Lusíada.
LCSH
1. Piscinas - Projetos e construção
2. Piscinas - Portugal - Projetos e construção
3. Instalações desportivas - Projetos e construção
4. Universidade Lusíada. Faculdade de Arquitetura e Artes - Teses
5. Teses - Portugal - Lisboa
LCC
1. TH4763.M45 2021
“El agua es principio de todas las cosas.”
É um sentimento estranho, olhar para trás e relembrar os anos que se passaram desde
o íncio desta jornada que começou há 11 anos atrás. É estranho imaginarmo-nos no
início, e compreendermos tudo o que vivemos, o que aprendemos, o quanto crescemos
e a pessoa diferente em que nos tornámos. No entanto, não haveria melhor forma de
fechar este capítulo do que com a finalização deste trabalho, no qual foi investido tanto
tempo e dedicação.
Primeiramente, gostaria de agradecer aos meus pais, eternos tutores da minha vida, por
todo o amor incondicional que me deram até hoje, por todas as oportunidades que me
ofereceram, por sempre me apoiarem e exigirem de mim nada menos do que aquilo que
posso ser, e por me ensinarem a nunca desistir. Serão sempre e para sempre os meus
heróis. Ao meu irmão, por ter crescido a meu lado e ter tornado a minha vida milhões
de vezes melhor só por existir, será sempre o meu eterno companheiro. À minha irmã
Maria, por toda a preocupação e gestos de carinho grandes e pequenos ao longo da
minha existência.
Ao meu marido José Maria, pelas constantes manhãs de trabalho, pela paciência, por
acreditar em mim, por todos os sorrisos dos quais é o culpado e por me querer fazer ser
a cada dia cada vez melhor, com alguém assim ao nosso lado, tudo se torna mais fácil.
Aos meus filhos António e Madalena, que apesar de tão pequeninos me fizeram
acreditar que era capaz de acabar este trabalho que muito significa para mim.
Não posso deixar de agradecer à Patricia Martins, uma pessoa que considero a minha
segunda mãe, que me dá concelhos tão sábios e que, muitas vezes, sem se aperceber,
me ajudou a chegar mais longe nesta caminhada.
Uma palavra de agradecimento a todos os municípios que mostraram interesse neste
trabalho e às pessoas que dali me forneceram todo o material necessário para a sua
execução. Queria deixar um obrigada especial à bibliotecária Fátima Coelho, da Ordem
dos Arquitectos, que sempre mostrou interesse no trabalho e ajudou com o fornecimento
de muitas fotografias, artigos e desenhos aqui presentes.
Ao meu orientador, o Prof. Doutor Rui Reis Alves, extraordinário no seu trabalho, por ter
sido incansável no acompanhamento e apoio constante a esta dissertação e à minha
pessoa, obrigada Professor. À Universidade Lusíada de Lisboa, por me formar cidadã,
aluna e futura arquitecta desta sociedade.
Por fim, deixo um último agradecimento a todos os que de alguma maneira fizeram parte
directa ou indirecta deste trabalho, que não existiria sem a presença de todas as
pessoas acima mencionadas.
Resta-me desejar a quem o abrir, que goste de o ler, tanto quanto o gosto que me deu
realizá-lo, e que através deste possam conhecer um pouco mais sobre a arquitectura
no desporto, e especificamente sobre a arquitetura das piscinas em Portugal.
Mariana
“A arquitectura é um tema de espaço e de
relacionamento, de infindável
relacionamento. A arquitectura define-se
pelas relações que estabelece, algumas
involuntárias.”
The following research focuses on the particularity of sports architecture, with a special
focus on the architecture of swimming pools – This architectural structure that was not
studied in depth has contributed to the sports development of our country - and on how
this type of architecture has evolved until to today. The choice of this theme depends not
only on the perception of its potential, since it is a part of our architecture that was not
studied extensively, but also on the fact that the author has been a high swimming
competition athlete, which we consider to be an asset in the elaboration of this work. So,
first of all, we will contextualize the appearance of this type of architecture in the national
territory, a determining issue in the ways of life and in the evolution of this equipment.
Consequently, and ending at the present time, we continue with the analysis of the
evolution of sports in Portugal, alongside the development of Portuguese sports
architecture, and how both have contributed to the exercise of Portuguese architectural
discipline. Converging in the specific reality of four different types of swimming pools,
with the case studies of Piscinas do Campo Grande (by architect Francisco Keil do
Amaral), o Equipamento Desportivo Ribera-Serrallo in Cornellà de Lobregat, Barcelona,
Spain (by architect Álvaro Siza Vieira) , o complexo das Piscinas Municipais de Abrantes
(by architects Julião Azevedo, Paulo Azevedo, Luís Durão, Isabel Azevedo) and, finally,
as Piscinas Oceânicas do Tamariz (by architect Manuel Taínha).
1. INTRODUÇÃO
De seguida, entraremos pelo tema das Piscinas de recreio e aí, dividimo-las em dois
grupos, as piscinas privadas e as piscinas oceânicas. Finalizamos esta parte com o tipo
de equipamentos discriminados, dos anos 20 aos anos 2000, para que o leitor consiga
ter um conhecimento ligeiramente mais abrangente da maneira como este tipo de
equipamento foi surgindo em Portugal, assim como a noção de quais os arquitetos mais
envolvidos neste tipo de arquitetura ao longo das décadas.
Por fim, abordaremos com maior pormenor os casos de estudo, que por sua vez foram
escolhidos por consideramos que são obras arquitetónicas muito bem conseguidas, ou
da perspetiva estética e/ou da sua funcionalidade otimizada, seja porque ainda que não
tão apelativos, do nosso entendimento constituem marcos e referências para o objeto
de estudo ou ainda, e referimo-nos ao caso específico do Complexo desportivo Ribera
– Serrallo (Pavilhão de Llobregat) Barcelona, Espanha, porque nos aparece como uma
criação impar por parte do arquiteto Siza Vieira. (Na verdade, esta é a única piscina
estudada que não se situa em território português, mas atenta a sua importância para o
objeto em análise considerámos que seria uma mais-valia trazer o nosso estudo sobre
o complexo a esta tese, apesar de este não contribuir para as considerações finais para
o estudo das piscinas em Portugal).
O processo de trabalho iniciou-se com a recolha dos dados históricos relativos à natação
e aos espaços destinados à prática deste desporto, recorrendo-se a arquivos históricos,
livros e publicações em revistas temáticas, entre outros. Seguidamente passou-se a
uma vasta pesquisa sobre as piscinas existentes em Portugal e daquelas que, de
alguma forma, faria sentido estarem retratadas neste trabalho. Para tanto, recorreu-se
não só a arquivos, mas também ao contacto com vários municípios do nosso país, de
forma a conseguirmos recolher toda a informação necessária para a elaboração deste
trabalho.
2. ENQUADRAMENTO HISTÓRICO
Todavia, este problema nascia no século XVIII onde, por motivos aparentemente
inexplicáveis, os jogos e as atividades ao ar livre deixaram de fazer parte dos hábitos
dos portugueses, como nos referem diferentes figuras emblemáticas: O Padre Manuel
Bernardes1 com o seu poema “Degeneração de Portugal” (em Nova Floresta), José
Duarte Ramalho Ortigão2 que em 1875 publica o Texto sobre os efeitos que a inatividade
física tinha na juventude:
1 Padre Manuel Bernardes Nasceu em Lisboa em 1644, escritor orador e religioso. Estudou filosofia e Direito
Canónico em Coimbra. Foi modelo da oratória sagrada tal como o Padre António Vieira. Morreu em Lisboa
em 1710. Das suas obras destaca-se Exercícios Espirituais e Meditações da Vida Purgativa (1686), Luz e
calor: Obra Espiritual para os que tratam do Exercício de Virtudes e caminhos da Perfeição (1896). Armas
de Castidade (1699), Nova Floresta ou Silva de Vários Apotegmas (cinco volumes publicados entre 1706-
1728), Estímulo Prático para seguir o Bem e fugir do Mal (1730).
2 José Duarte Ramalho Ortigão nasceu a 24 de Novembro de 1836 no Porto, Portugal, era um homem de
letras. Frequentou o curso de Direito na Universidade de Coimbra. Começa por lecionar francês no colégio
da Lapa e mais tarde colabora em vários periódicos, como a Gazeta Literária do Porto, a Revista
Contemporânea e o Jornal do Porto. Autor de vários livros de viagens como, Pela terra Alheia (1878 –
1880), Banhos de Caldas e Águas Minerais (1875), As Praias de Portugal (1876), entre outros. Morreu em
Lisboa, Portugal, a 27 de Setembro de 1915.
novas de cintos, nem de barbas? Quem haveria de sahir aos leões em Africa, se é mais
gostoso estar no camarote em Lisboa, gracejando com as farçantas, e atirando-lhes já
com chiste, já com dobrões? Ou como se havião adestrar em ambas as sellas, andando
pelas ruas bamboleando nas seges. Amoleceu-nos a infusão dos costumes estrangeiros,
que veneramos, devendo aborrecêl-os; e nós, que estamos no fim da terra, ficamos no
meio do mar de suas depravações. (Bernardes, 1865,p.172).
E ainda Eça de Queiroz3 na sua obra Os Maias, quando nos dá a conhecer a intenção
que a sua personagem Afonso da Maia tem em tornar a tourada um desporto nacional,
de forma a incutir na juventude o vigor e a coragem que a arte de lidar o Toiro acarreta:
O verdadeiro patriotismo seria, em lugar de corridas, fazer uma boa tourada ... Cada
raça possui o seu “Sport” próprio, e o nosso é o toiro ... A vantagem da Tourada é ser
uma grande escola de força, coragem e de destreza. Em Portugal não há instituição que
tenha uma importância igual à tourada de curiosos ... Não temos o “cricket”, nem o
“Football”, nem o “running”, como os ingleses; não temos a ginástica como ela se faz em
França; Não temos o serviço obrigatório, que é o que torna o alemão sólido... (Queiroz,
2017, p.210-211).
3José Maria Eça de Queiroz nasceu a 25 de Novembro de 1845, na Póvoa do Varzim, Portugal; era escritor.
Tirou o curso de Direito em Coimbra. Fundador do Jornal Distrito de Évora (1866) e colaborador na Gazeta
de Portugal. Autor de várias obras romanescas, consagradas à critica da vida social Portuguesa, de onde
se destacam O Primo Basílio (1878), O Crime do Padre Amaro (2ª edição em livro, 1880), A Relíquia (1887)
e os Maias (1888), este último considerado a sua obra-prima. Morre a 16 de Agosto de 1900 em Paris,
França.
Ilustração 1 - Recibo do Real Gymanásio Club Portuguez. Ilustração 2 – Logótipo do Real Club Naval de Lisboa fundado a
([Adaptado a partir de:] Arquivo digital de Cascais). 30 de abril de 1856. ([Adaptado a partir de:] Associação Naval de
Lisboa).
Podemos então dizer que foi na segunda metade do século XIX, mas mais
decididamente no último quartel, que se esboçaram os primeiros movimentos do
desporto associativo ou minimamente organizado, reunindo em torno de algumas
modalidades os pioneiros da vela, remo, ginástica, atletismo, ciclismo e futebol, desporto
de expressão coletiva que, pela leitura fácil que dele o povo fazia, ganhou
preponderância. No entanto, não tirando mérito ao povo português, temos de salientar
que muitos dos desportos referidos acima foram trazidos pelos Ingleses (como nos
refere Homero Serpa no seu livro História do Desporto em Portugal). “Pelo saudável
vício Inglês, foram introduzidas em Portugal vários desportos que os rapazes da alta,
como diria Cândido de Oliveira, adoptaram imediatamente” (Serpa,2007, p.36).
Portugal não concorreu, obviamente, aos jogos de Atenas ... Os portugueses não
tinham hábitos desportivos, nem o país tinha um mínimo de condições para eleger uma
equipa, mesmo modesta que fosse, porque os governos não fomentavam a prática do
desporto nem sequer a ginástica nas escolas, essencial à educação dos jovens. Havia
sim, desporto praticado por elites, caso dos velejadores e remadores da Real Associação
Naval (Lisboa, 1856), o clube mais antigo da Península, dos atletas do eclético Ginásio
Clube Português, fundado em 1875. (Serpa, 2007, p.29-30).
Com o passar do tempo o povo português foi tomando consciência dos benefícios da
prática desportiva e das vantagens que esta trazia para toda a população, em especial,
para os jovens que podiam frequentar a escola. Surgem também os primeiros jornais
Desportivos como o “Tiro Civil”, “O Sport”, fundado em 1894 no seio do Ginásio Clube
Português, “A Bycicleta”, revista quinzenal que apareceu a 1 de Maio de 1895, estes
Jornais assumiram especificidades desportivas sem, terem conquistado número
significativo de leitores.
Concluindo
Em 1974, com a Revolução dos Cravos4, o povo Português muda a sua maneira de
estar e de ser e ganha uma nova visão do mundo: Surgem os primeiros equipamentos
essenciais à evolução física dos cidadãos, confere-se ao povo Português a
oportunidade de se desenvolver a nível desportivo, tal como acontece na generalidade
dos outros países da Europa.
Até que a revolução dos cravos propôs ao povo o reforço da entidade nacional, e
simultaneamente, a modificação das mentalidades, até ali dominadas por princípios
retrógrados ... Para compreendermos melhor as transformações que se operaram, a
partir daquela data, na área do desporto e das relações humanas, recorde-se a pressa
em dotar o País de equipamentos essenciais à evolução física dos cidadãos. Mas, em
determinados lugares, foi mais fácil construir pavilhões e fazer o aproveitamento de
recintos ao ar livre do que mentalizar as pessoas em utilizá-los. (Serpa, 2007, p.37).
4A revolução dos cravos foi o movimento que derrubou o regime salazarista em Portugal, e ocorreu no ano
de 1974, de forma a estabelecer liberdade democráticas, como intuito de promover transformações sociais
no país.
É também neste século que surgem as primeiras disposições sobre o Domínio Público
Marítimo5. Pretendia-se assim que a população portuguesa se ligasse mais ao mar/água
e aí se praticassem mais atividades desportivas. “O desporto relativamente organizado
chegou ao Tejo, impulsionado pela Associação Naval” (Serpa, 2007, p.69).
Ilustração 5 - Domínio Público Marítimo Português ([Adaptado a Ilustração 6 – Escola de Natação na Trafaria ([Adaptado a partir
partir de] Direção – Geral de Recursos Naturais, Segurança e de:] Federação portuguesa de natação).
Serviços Marítimos).
Em 1902 o Real Gimnasio Clube Português, com sede em Lisboa, abre a primeira classe
de natação nas praias portuguesas, mais propriamente na Trafaria, no entanto, tal
tentativa saiu frustrada devido à fraca aderência do povo português. Não obstante, e
5 “Em 31 de dezembro de 1864 surgiu um Decreto Real cujo principal propósito consistia em salvaguardar
os bens de interesse público da venda arbitrária a que tinham vindo a ser sujeitos por decisão sustentada
pelo poder absoluto do rei, por vezes, não coincidente com o interesse do próprio Estado.
Concomitantemente, o Decreto veio tornar públicas (do Estado) as águas do mar e respetivos leitos e
margens, devido ao seu reconhecido interesse público para o país, na perspetiva da relevância estratégica
da costa, quer no âmbito da defesa nacional, quer no âmbito económico da proteção da atividade pesqueira,
e na perspetiva da relevância estratégica das águas interiores navegáveis, como vias de comunicação de
transporte de pessoas e bens. O Domínio Público Marítimo em Portugal é atualmente regido pela Lei
54/2005 de 15 de novembro e pela Lei n.º 58/2005 de 29 de dezembro.” (Ambiente, [s.d.]).
O real Gimnasio Club Português guiava-se por métodos ortodoxos. Em 1902, montou na
Trafaria uma escola de natação dirigida por credenciados professores, entre os quais o
tenente Joaquim Costa. Mas louvável intenção de ensinar os lisboetas a nadar acabou
frustrada pela pouca afluência de alunos (Serpa, 2007 p.339).
Na nossa abençoada periferia, a primeira prova de Natação organizada foi a meia milha
do Real Gimnasio Club Português disputado, naturalmente, no rio Tejo, a 14 de Outubro
de 1906. Mas a participação naquela competição de nadadores do Porto, Aveiro e
Figueira da Foz sugere uma certa habituação a provas locais... (Serpa, 2007, p.341).
Ilustração 7 – Campeonato Nacional de Natação “Meia Milha”, Ilustração 8 - Piscina Sport Algés e Dafundo, 1930, ([Adaptado
1906, Fonte: http://gcp.pt/gcp/história/1900-1910 ([Adaptado a a partir de:] https://www.sportalgesedafundo.com/natacao-hist-
partir de:] aquatica)
Um ano após a realização da prova, numa reunião efetuada por vários representantes
dos diferentes clubes portugueses, Álvaro Lacerda, em nome do Real Vela Clube do
Porto, propõe que seja criada a Liga de Natação, e era assim lançada a primeira pedra
para o desenvolvimento da natação em Portugal. Contudo, esta liga só ganharia forma
em 1908, sendo a sua sede em Lisboa, mais propriamente nas instalações do Ginásio
Clube Português.7
Por estas alturas, o inconformado Real Vela Club do Porto lançou a ideia de se organizar
a Liga de Natação. A iniciativa fundamentava-se na necessidade de haver um organismo
aglutinador dos clubes de natação, mas, mais uma vez, nas estruturas do desporto em
Portugal, pretende-se construir a casa pelo telhado. A iniciativa não deixava de ter
alguma lógica uma vez que disputavam provas, embora sem calendarização rigorosa,
em Lisboa, no Porto, em Aveiro, em Leixões, na Póvoa do Varzim, Figueira da Foz, etc.
Contudo, realmente, fazer evoluir a natação com a colaboração dos diferentes polos de
6 A meia Milha é uma competição, num percurso de 926 metros, (meia milha), a primeira prova realizou-se
em 1906, na baía do Alfeite, foi ganha por A. Rumsey, do Porto, em 19 minutos. Alinharam oito concorrentes
e Mário Duarte classificou-se em 5.º lugar.
7 “A sede era em Lisboa (durante muitos anos, foi o Ginásio Clube Português a permitir que a sede da liga
Os anos 30 e 40 foram anos de expansão das atividades aquáticas (natação pura, saltos
e polo aquático), surgindo assim a primeira piscina do país, situada no estádio náutico
do Sport Algés e Dafundo. Esta tinha 33 metros, mas muito contribuiu para o
desenvolvimento da natação em Portugal, eram poucos os clubes que se dedicavam à
prática da modalidade, e apesar do reduzido número de clubes fora de Lisboa, os
Campeonatos Nacionais passam a ser realizados por todo o país, nalguns casos,
recorrendo-se a piscinas fluviais, como em Coimbra ou em Leiria, e começam
verdadeiramente a surgir novas piscinas, como é o caso de Curia, Luso, Espinho ou
Coimbra, e também estas passam a receber os alulidos Campeonatos Nacionais.
Uma das piscinas que, a par com a do “Estádio Náutico” do Sport Algés e Dafundo,
muito contribui para o desenvolvimento da natação em Portugal, neste caso no norte do
país, foi a Piscina de Espinho. Esta teve o seu Concurso Público a 6 de Outubro de
1940 (dez anos depois da construção do Estádio Náutico).
Finalmente, temos o gôsto de transmitir aos nossos leitores a notícia de ter a nossa
Câmara resolvido pôr a concurso a construção de uma piscina-solário e um campo de
ténis. A êste importante assunto a que se refere o edital que noutro lugar publicamos,
nos referiremos, mais detalhadamente, no próximo número. In Primeira Página do Jornal,
Defesa de Espinho, de 6 de Outubro de 1940. (Almeida, 2016, p.42).
Passados três anos (1943) saía a notícia de que a Piscina seria inaugurada no mês de
Julho, tinha como programa: ”2 tanques (adultos e crianças) - 50x22 metros – piscina
grande (1,5 a 5 metros de profundidade); – 20x10 metros piscina pequena ( 60 a 90
centímetros de profundidade); - 300 cabines individuais, além das cabines colectivas
para crianças e adultos dos dois sexos; – torre de saltos com 10 metros de altura com
pranchas a 6 e a 3,60 metros; – solário com uma dotação de 600 lugares, com uma
secção reservada para nudismo integral; – terraços que comportam aproximadamente
outros 600 lugares; – ginásio; – restaurante; - dancing. “(Almeida, 2016, p.46).
Portuense de Natação), a Piscina de Espinho passa então a ser uma referência para a
Natação no Norte do País.
... Podemos até considerar que, tendo em conta a monumentalidade das suas
instalações, durante quase duas décadas “todos os Caminhos” da natação do Norte do
País passaram pela Piscina- Solário Atlântico (Almeida, 2016,p.51).
Ilustração 9 – Construção Piscina - Solário do Atlântico ([Adaptado a partir de:] Contributos Para a História da Natação em Espinho)
As piscinas, enquanto serviço público, têm uma longa história. Os relatos mais remotos
de que há registo são de grandes tanques encontrados junto às pirâmides no Antigo
Egito, no ano 2500 A.C. A sua construção objectivou-se inicialmente para efeito
decorativo, associado ao luxo e com designs deslumbrantes, mas rapidamente foram
aparecendo outras utilizações, entre as quais os banhos públicos, onde a natação,
enquanto atividade física, surge pela primeira vez. A prática desenvolveu-se mais tarde
na Grécia e na Roma Antiga, ao ser integrada na educação de crianças em idade
escolar, cabendo aos romanos a iniciativa de construírem as primeiras termas que
separavam as piscinas desportivas dos banhos públicos.
8A Piscina do Carvalhido está situada na localidade do Carvalhido, Porto, Portugal, e desta apenas
aparecem imagens documentadas de 1923, não se sabendo por isso o seu ano de construção/ inauguração.
Náutico, a sua autoria pertence à dupla Raúl9 e Diamantino Tojal10. Seria então a
primeira piscina lisboeta com condições sanitárias. Para que esta piscina fosse possível,
o então presidente do clube Sport Algés e Dafundo, Rodrigo Bessone Bastos (nadador
do clube que venceu entre 1916 e 1926 todas as provas de rio, as famosas travessiasd,
únicas que eram possíveis de realizar por não haver piscinas (Boavida, 2004, p.54)),
desloca-se a Paris a fim de estudar a Piscina Municipal de Paris, cuja inauguração data
de 1919.
Chegado a Portugal Bessone Bastos encontra-se com o seu amigo Basílio Santos
(também ele nadador do clube e membro da direção liderada por Rodrigo Bessone
Bastos), e os dois esboçam, através de fotografias que Rodrigo Bessone Bastos tinha
trazido de Paris, aquela que viria a ser a Piscina do Sport Algés e Dafundo.
Ilustração 10 – Construção da Piscina do Sport Algés e Ilustração 11 - Piscina Sport Algés e Dafundo, 1930, Bancadas
Dafundo, em 1929. ([Adaptado a partir de:]: por terminar. ([Adaptado a partir de:]:
https://restosdecoleccao.blogspot.com/2014/05/piscina- https://restosdecoleccao.blogspot.com/2014/05/piscina-
municipal-dos-olivais.html?m=1) municipal-dos-olivais.html?m=1
Após a elaboração deste primeiro esboço da piscina, Bessone Bastos chama o arquiteto
Raul Tojal e o seu irmão Diamantino Tojal e pede que estes façam então o projeto da
Piscina do Sport Algés e Dafundo. Posto isto, os dois irmãos começam a estudar o
9 Raul Tojal – Nasceu em Lisboa, a 19 de dezembro de 1900, vindo a morrer em 1969. Arquiteto Português,
Raul Tojal, teve como mestre o arquiteto José Luís Monteiro, das suas obras podemos destacar a Piscina
e cinema do Clube Sport Algés e Dafundo, as remodelações do Conservatório Nacional de Lisboa, o Hotel
Estoril-Sol em Cascais, as remodelações e arranjos do forte São Julião da Barra, entre outros.
10 Diamantino Tojal – Nasceu em Lisboa, a 24 de janeiro de 1897, onde viria a falecer a 23 de fevereiro de
1958. Construtor civil destaca-se em obras como a piscina e o Cinema do Clube Sport Algés e Dafundo, o
Instituto Português de Oncologia, o Hotel Ritz entre outros.
espaço elaborado pelos dois amigos (Rodrigo Bessone e Basílio dos Santos), alterando
alguns aspetos, mas mantendo o príncipio geral de uma piscina com bancadas.
... Daí nasceu a planta, que Raul e Diamantino Tojal modificaram aqui e ali, mas sempre
no seio do mesmo princípio geral: uma piscina com bancadas, aproveitando os baixos
das mesmas para instalações várias. (Boavida, 2004, p.55)
A prova de 4x200 metros contou com atletas do “Club Sportivo Pedrouços”, o “Sport
Lisboa e Benfica”, o “Club Nacional de Natação”, o “Club de Futebol Os Belenenses” e
o “Casa Pia Atlético Club”, sendo ganha por atletas da casa.
Ora, o facto de ser a primeira piscina construida de raíz em Portugal, para fins natatórios
e prática de atividades atinentes, não se traduziu propriamente numa originalidade, nem
tão pouco num projeto de criação distinto, dado que os arquitetos a quem foi entregue
tal “ideia” se encontravam iminentemente condicionados e limitados pela noção muito
específica que o cliente (então presidente do clube) tinha trazido de Paris e que
... Daí a razão pela qual se assistiu a partir da década de 80/90 ao arranque de um
surto construtivista resultante na proliferação de piscinas e de pavilhões polidesportivos
muito edificados na base da mesma tipologia, até do mesmo projetco e dimensão
(Cunha, 2003, p.105)
Ilustração 15 - Piscinas Municipais Inauguradas em Portugal Continental. Atual ([Adaptado a partir de:] Cunha, Luís, Os Espaços Do
Desporto – UMA GESTÃO PARA O DESENVOLVIMENTO HUMANO
A Taça Latina11 foi a primeira grande competição internacional organizada no nosso país
e decorreu em Lisboa. Este evento deu origem à construção da primeira cobertura
amovível para uma piscina olímpica, nos Olivais, que passa a permitir aos clubes de
Lisboa o treino durante o Inverno em piscina de 50 metros.
Quando da última edição da Taça Latina, em Buenos Aires, formos indigitados para
organizar a prova em 1983. Sabíamos das dificuldades a ultrapassar; preparar uma
piscina de 50 metros, cobri-la e aquecê-la! Ah não foi fácil. Muito tempo disponibilizado
por alguns elementos da direcção do F.P.N foi perdida em entrevistas. Foi somente a
Câmara Municipal de Lisboa que, com ampla visão de interesse que tal prova tem, para
o país e para a natação portuguesa em particular, que se dispôs (ainda que a resolução
fosse demorada) a cobrir e a aquecer a água da Piscina dos Olivais. É, pois, graças à
Taça Latina que, pela primeira vez, haverá em Portugal uma piscina de 50 metros com
condições mínimas para que se possam realizar provas desta envergadura... (F.P.N,
1982).
11 A Taça Latina surge da necessidade de existirem mais competições Internacionais, no inicio (1973)
apenas 5 países Latinos (Brasil, Espanha, França, Itália e México) faziam parte desta taça. A competição
teve a sua primeira realização no Brasil em 1973.
Contudo, e para termos uma pequena noção do fraco investimento que o nosso país
(ainda) faz em algumas modalidades desportivas, e neste caso na natação e nos seus
equipamentos. Em Espanha, a primeira Piscina Coberta surge no ano de 1923 e
pertence ao Clube de Natação de Barcelona, que tem a sua data de fundação em 1907,
ou seja, passados 16 anos desde a sua fundação este clube (já) tinha a sua primeira
piscina coberta. Em Portugal, olhando para o clube mais emblemático na história do
desenvolvimento da natação, o Sport Algés e Dafundo, que foi fundado a 19 de Junho
de 1915, pela junção de duas equipas de Futebol Algés e Dafundo que jogavam na
praia, e que acabariam por formar então este grande clube de natação, só passados 15
anos (1930) tiveram a sua primeira piscina com condições sanitárias, esta, no entanto
sem cobertura.
Não podemos deixar de concluir que Portugal começa com largos anos de atraso o seu
desenvolvimento no que diz respeito a este tipo de equipamentos (incluindo coberturas
e serviços de apoio à prática natatória), face ao nosso país vizinho, Espanha. “Com o
Sport Algés e Dafundo, o nosso maior clube de natação, a história regista a curiosidade
de ter saído de dois pequenos clubes de futebol” (Serpa, 2007, p.349).
Tal atraso continuaria a aumentar no séc - XX e perdura ainda nos dias de hoje. Em
Espanha existem 1.2 milhões de piscinas para lazer e desporto, cerca de 100.000 (cem
mil) são públicas (dados do último “Estudio base del parque de piscinas de uso público
y colectivo en España” realizado por “el salón Piscina & wellness Barcelona y la
Asociación Española de Profisionales del sector Piscinas (ASOFAP). (Ramos, 2018)).
Para termos uma ideia mais clara destes números em Espanha existe 1 piscina para
cada 39 cidadãos.
12 Espanha é o quarto país do mundo e o segundo da Europa em maior número de piscinas para uso
residencial, com um parque atual que, de acordo com as últimas estimativas, tem 1.018.000 unidades.
Somando as piscinas para uso residencial, público e coletivo, o número de piscinas em Espanha totaliza
quase 1,2 milhão de unidades. (Tradução Nossa)
Ilustração 16 - Mapa de Portugal com a localização das diversas Piscinas Municipais. Fonte: Nossa
cinco anos do século XX como um país de marinheiros que não sabia nadar. Não era da
N
tradição dos governos monárquicos fomentar o ensino público, a I República, apesar do
c
seu declarado interesse pela revolução e expansão da escola, viveu assoberbada por
complexos problemas sem a resolução dos quais era difícil lançar uma política desportiva N
baseada em valores sociais e pedagógicos, e o império nacionalista lançado a partir de r
28 de Maio de 1926 tinha outras preocupações e intenções afastadas da cultura do povo.
Foi um conjunto de circunstâncias que manteve o desporto português numa zona de T
G
mediocridade de onde, esporadicamente, saiu em virtude de rasgos individuais, alguns
deles aproveitados de uma forma obscena pelos propagandistas do regime.
R
F
E a natação oferecia condições excepcionais a uma expansão programada pelo menos M
em lugares privilegiados do litoral. Por aí se devia ter começado. Tratava-se sobretudo
de apoiar com meios materiais e técnicos um largo contingente de pioneiros que
traçaram “piscinas” com boias de cortiça
Figura 20 - Grupo de concorrent es às
nas docas e nos rios, utilizaram batelões como
Figura 21 - Primeiros classif icados na prova do Por t o,
bases de apoio, fizeram das praias pontos
provas realizadas no Por t o. ao cent ro W à esquerda
right ,de Tait e à direit a Villares.
associativismo e organizaram provas.
(Serpa, 2007, p. 346, 347)
Ilustração 17 – Prova de natação realizada em Leixões. ( Adaptado a partir de: A História da Natação Portuguesa)
p.2 8
3. ENQUADRAMENTO ARQUITETÓNICO
As piscinas têm uma vasta dimensão de utilização, que vão desde a aprendizagem, ao
treino e à competição de natação, até as atividades ligadas à medicina e ao lazer, entre
outros. Face a esta diversidade de usos, têm sido várias as propostas de classificação
por diversos órgãos nacionais e internacionais, Segundo a Diretiva CNQ Nº23/93 as
piscinas podem ser classificadas com base em dois grandes grupos: Ambiente ou
Tipologia construtiva e Valência ou Tipologia funcional. Estes dois grandes critérios vão
ajuda -nos a entender um pouco melhor este mundo da arquitetura das piscinas.
São piscinas ao ar livre todas as áreas de planos de água (tanques artificiais)13 para
banhos ou atividades aquáticas não confinados por estruturas de cobertura e envolvente
fixos e permanentes, como era o caso da Piscina do Areeiro, do arquiteto Alberto José
Pessoa, da Piscina dos Olivais, dos arquitetos Aníbal Barros da Fonseca e Eduardo
Paiva Lopes, da Piscina Infantil do Campo Grande do arquiteto Francisco Keil do
Amaral14 (que durante muitos anos foram referências para os lisboetas) e da Piscina da
Quinta da Conceição, do arquiteto Álvaro Siza15.
Ilustração 18 – Piscina Municipal do Areeiro. ( Adaptado a partir Ilustração 19 – Piscina dos Olivais. ( Adaptado a partir de:
de: https://restosdecoleccao.blogspot.com/2014/08/piscina- https://restosdecoleccao.blogspot.com/2014/05/piscina-
municipal-do-areeiro.html). municipal-dos-olivais.html?m=1).
Ilustração 20 – Piscina do Campo Grande. ( Adaptado a partir de: Ilustração 21 – Piscina Quinta da Conceição. ( Adaptado a
https://restosdecoleccao.blogspot.com/2014/08/piscina-infantil-do- partir de: http://www.matosinhosport.com/gca/?id=501.
campo-grande.html).
13 Tanque – Infraestrutura construtiva onde está contida a água e em que se desenvolvem as atividades
aquáticas
14 Francisco Keil do Amaral (Lisboa, 1910-1975), homem da resistência antifascista, é uma figura referencial
para a classe dos arquitetos. Resistente à aplicação direta dos códigos das vanguardas do Movimento
Moderno, a referência Arquitetura holandesa de Dudok está patente na sua vasta obra que assenta no
desenvolvimento de uma terceira via feita entre o local e o internacional, conjugando o valor do lugar com
uma austera economia de meios criando espaços de qualificada intimidade.
15 Álvaro Joaquim de Melo Siza Vieira (Matosinhos, 1933 -), estudou na Faculdade de Arquitetura da
Universidade do Porto (1949-1955), teve o seu primeiro projeto em 1954, um ano antes de ter terminado o
seu curso. Colaborou no atelier do arquiteto Fernando Távora assim que concluiu os seus estudos em 1955
e por lá permaneceu até 1958. Autor de numerosos projetos quer a nível nacional, quer a nível internacional.
Ilustração 22 – Localização da Piscina do Areeiro na Avenida de Roma. ( Adaptado a partir de: Nossa).
Ilustração 23 - Piscina Municipal do Areeiro em Construção. ( Adaptado a partir de: Arquivo Municipal de Lisboa).
16 Alberto José Pessoa nasceu em Coimbra em 1919, estudou os primeiros anos em Coimbra, mas foi em
Lisboa que acabaria por tirar o seu curso de arquitetura na Escola de Belas Artes de Lisboa, em 1943.
Alberto José Pessoa marca a arquitetura de Lisboa com múltiplas obras emblemáticas como as
urbanizações da Avenida Infante Santo, da Avenida de Paris e da Praça Pasteur, a Piscina Municipal do
Areeiro, o anfiteatro ao ar livre de Monsanto ou o Parque Infantil do Alvito, para além de ter integrado a
equipa de arquitetos que projetou a Fundação Calouste Gulbenkian. Morre em Lisboa em 1985. (Cf.
Machado, Paula, Camara Municipal de Lisboa, Comissão Municipal toponímia, Alberto José Pessoa, 2005)
Ilustração 24 – Inauguração da Piscina Municipal do Areeiro. Ilustração 25 – Prova de Natação da Piscina Municipal do
( Adaptado a partir de: Arquivo Municipal de Lisboa. Areeiro. ( Adaptado a partir de: Arquivo Municipal de Lisboa.
Ilustração 26 – Parte da Bancada da Piscina Municipal do Ilustração 27 – Verão na Piscina municipal do Areeiro.
Areeiro. ( Adaptado a partir de: Arquivo Municipal de Lisboa). ( Adaptado a partir de: Arquivo Municipal de Lisboa).
Encerrada pelo município em 2001, assim permaneceu durante alguns anos. O seu
estado de degradação aumentou, chegando mesmo a ser ameaçada de demolição total.
Aquando do anúncio por parte da autarquia do abate desta e de mais duas piscinas
emblemáticas na cidade de Lisboa (Olivais e Campo Grande), muitas foram as pessoas
que contestaram tal decisão, entre elas, Helena Roseta, presidente da Ordem dos
Arquitetos, à data de tal decisão. A arquiteta alertou o então presidente da Câmara
Municipal de Lisboa, Carmona Rodrigues, da importância emblemática destas obras
arquitetónicas. Na missiva escrita, “Helena Roseta recorda que as Piscinas do Areeiro,
dos Olivais e do Campo Grande são «hoje uma referência para os arquitectos e para as
populações que, durante décadas serviram»”.(CUNHA, 2006). Para Helena Roseta
trata-se de obras “executadas com um cuidado extremo, quanto à funcionalidade, à
articulação com as artes plásticas e à pormenorização construtiva que relevam a
destreza e inteligência da arquitectura produzida no país durante a década de
60.”(CUNHA, 2006)
Ilustração 28 - Estado de degradação da Piscina Municipal do Ilustração 29 - Estado de degradação da Piscina Municipal
Areeiro (2012). ( Adaptado a partir de: do Areeiro (2012). ( Adaptado a partir de:
http://lisboasos.blogspot.com/2012/06/comedia-de-costa-e-o-seu- http://lisboasos.blogspot.com/2012/06/comedia-de-costa-e-o-
livro-dos.html). seu-livro-dos.html).
Ilustração 30 - Estado de degradação da Piscina Municipal do Ilustração 31 - Estado de degradação da Piscina Municipal
Areeiro (2012). ( Adaptado a partir de: do Areeiro (2012). ( Adaptado a partir de:
https://restosdecoleccao.blogspot.com/2014/08/piscina-municipal- https://restosdecoleccao.blogspot.com/2014/08/piscina-
do-areeiro.html). municipal-do-areeiro.html).
No entanto, a piscina viria mesmo a ser demolida dando lugar ao Complexo Desportivo
Supera do Areeiro, gerido pelo grupo Galega Sidecu. O Complexo Desportivo Supera
do Areeiro abre portas a 14 de Julho de 2015 e desde desse dia oferece aos seus
clientes dois tanques artificiais, um de 25 metros por 12,5 metros e outro de 12,5 metros
por 8 metros, denominado “tanque de aprendizagem”. Oferece ainda uma zona de Spa
e uma sala de fitness com cerca de 900m2. Não sendo propriamente a opção ideal para
a recuperação da antiga Piscina do Areeiro, este complexo desportivo veio, no entanto,
colmatar a falta de equipamentos desportivos de que a população de Lisboa sofria.
E se a nível arquitetónico podemos dizer que a qualidade não é brilhante, como afirma
“o próprio presidente do júri do concurso internacional lançado pela autarquia, Pedro
Brandão”(Henriques, 2011b), também é certo que o município em causa não dispunha
de orçamento para a modernização e adequação do espaço às regras de higiene e
O sucedido foi a demolição da dita piscina do Areeiro. No seu lugar surgiu um edificio
que desvirtua a Avenida de Roma. A empresa que o projetou parece não ter mostrado
interesse (ou sensibilidade, aduzimos nós) em manter a “traça da rua”, mas sim o aspeto
funcional com que pretendia dotar o projeto, e a realidade é que o Ginásio Supera, deste
ponto de vista, cumpre as funcionalidades que a Câmara de Lisboa pedia (Ginásio, Spa,
Piscina).
Mas ele também já não respeitava as actuais regras de segurança e higiene. E substituir
o tanque de uma piscina é muito mais caro do que fazer uma nova cuba”, referiu ainda
o director do departamento municipal do Desporto. (Ribeiro, 2013).
Ilustração 32 – Complexo Desportivo Supera do Areeiro. Ilustração 33 – Vista interior dos tanques artificiais do
( Adaptado a partir de: https://www.centrosupera.com/wp- Complexo Desportivo Supera. ( Adaptado a partir de:
content/uploads/2015/04/noticias2lisboa.jpg). https://pt.centrosupera.com/lisboa/).
Ilustração 34 – Ginásio do complexo Desportivo Municipal Supera Ilustração 35 – Aula de aprendizagem de natação a
do Areeiro. ( Adaptado a partir de: decorrer no tanque de aprendizagem do Complexo
https://pt.centrosupera.com/lisboa/). Desportivo Municipal Suoera do Areeiro. ( Adaptado a
partir de: https://nit.pt/fit/01-08-2016-sabe-qual-e-o-
ginasio-mais-perto-de-si/attachment/24493).
observação a par com outras piscinas lisboetas da mesma época e que tanto
representaram para várias gerações de munícipes, da segunda metade do séc. XX, da
cidade de Lisboa.
A Piscina dos Olivais está localizada, tal como o seu nome indica, na freguesia dos
Olivais do município de Lisboa. Pertencente à zona oriental da capital e com cerca de
51 036 habitantes, é uma das freguesias mais populosas da cidade de Lisboa.
Ilustração 36 - Localização da Piscina dos Olivais. ( Adaptado a partir de: Google maps).
Cheia de história para Lisboa e para Portugal, a Piscina dos Olivais foi a primeira Piscina
Olímpica (50 metros) construída no nosso país, como já havíamos referenciado
anteriormente. Foi projetada pelos arquitetos Aníbal Barros da Fonseca17 e Eduardo
Paiva Lopes18 (projetam ainda obras como o conjunto arquitetónico do “Hotel Lutécia”,
“Cinema Vox” e “Teatro Maria Matos”), e cedo se tornou “A Piscina” de Lisboa, não só
pelo seu tamanho, mas também pela importância desportiva que deteve, uma vez que
era aqui que se realizavam as mais importantes provas de natação, ocorridas em
Portugal, quer a nível nacional, quer a nível internacional.
17 Aníbal Barros da Fonseca (1928 – 2000) arquiteto Português responsável por obras como a Piscina dos
Olivais e o Teatro Maria Matos em Lisboa. Formou-se na escola superior de Belas Artes de Lisboa em 1955.
18 Eduardo Paiva Lopes arquiteto Português responsável por obras como a Piscina dos Olivais e o Edifício
do Banco Crédit Franco- Portugais (projeto conjunto com o arquiteto Manuel Silva Fernandes) premiado
com o prémio Valmor em 1985. A ordem, não dispõem de informação sobre a sua data de nascimento.
Ilustração 37 – Maqueta da Piscina dos Olivais. ( Adaptado a partir de: Arquivo Municipal de Lisboa).
Inaugurada a 25 de Julho de 1967, viria a receber, passados uns dias, o “Torneio das 6
Nações “19, em natação. A Piscina dos Olivais foi um marco importante para muitos
atletas da natação portuguesa: nela foram batidos 12 recordes Nacionais, e ali treinaram
muitos outros atletas, com sonhos de chegar a lugares internacionais. No entanto, nem
tudo era “ouro” e cada vez mais se começava a notar a nossa falta de mentalidade
desportiva nacional, assim como o fraco investimento das autarquias na manutanção
destes equipamentos de interesse público.
Por isso reafirmamos que a natação desportiva, no estado actual de mentalidade das
autarquias municipais, apenas poderá contar com as piscinas dos clubes, para o seu
desenvolvimento e expansão, já que aquelas entidades apenas se preocupam com a
exploração comercial das suas Piscinas. (F.P.N, 1967,p.13).
Será possível que alguma vez em Portugal exista uma edilidade que proceda como fez
o “Ayuntamiento” de Barcelona, que estabeleceu um programa de construção de 18
piscinas no valor de cerca de 33.000 contos a edificar em 2 anos e que à medida que
vão sendo inauguradas, as entrega à orientação de clubes da área onde se situam?
(F.P.N. ,1967, p.13).
19Torneio realizado todos os anos, contava com a presença de seis países (Portugal, Espanha, Noruega,
Bélgica, Suíça, e País de Gales). De salientar que no ano de 1966 o torneio das 6 nações tinha-se realizado
em Oslo e a “Natação portuguesa espelhou nas águas muito límpidas da Piscina do Fragnerpark todo o
seu atraso e falta de nível internacional” (relatório e Contas 1967, Gerência de 1966)
Durante anos a Piscina dos Olivais serviu alguns dos clubes de natação da região de
Lisboa, na medida em que nela os praticantes treinavam em piscina olímpica, no
entanto, esta possibilidade só aconteceria nos meses mais quentes (verão), uma vez
que a piscina não tinha qualquer cobertura. Esta mesma cobertura só viria a ser
projetada e construída no ano de 1983, aquando da realização da primeira Taça Latina
em Lisboa. Tratava-se de uma cobertura amovível, e viria a permitir aos clubes de
Lisboa treinarem numa Piscina de 50 metros também nos meses de Inverno.
É importante salientar que a Piscina dos Olivais não se destinava apenas à prática de
natação, era também amplamente utilizada como piscina de recreio e lazer por centenas
de lisboetas, fundamentalmente nos meses mais quentes do ano.
As minhas memórias e as de muitas pessoas que habitavam Lisboa, e não só, é que a
piscina dos Olivais era “A Piscina”. Para começar tinha 50m, coisa rara na altura. Aliás,
elas foram construídas por causa do torneio das Seis Nações em natação que se realizou
dois ou três dias depois da sua inauguração (a 25 Julho de 1967). Foi a primeira grande
competição internacional. Depois, porque era um lugar de convívio, com espaço para
jogos e piqueniques, tinha um polidesportivo e ténis. A partir de 2000, passou a ter uma
piscina de 25 metros coberta. Na piscina exterior, a certa altura, colocou-se uma
cobertura, muito grande, que as pessoas chamavam de igloo, para manter a temperatura
a um nível adequado para banhista e atletas.(cf. Costa, 2015).
Ilustração 42 – Vista noturna da piscina dos Olivais. ( Adaptado a Ilustração 43 – Prova de Natação noturna realizada na piscina
partir de: Arquivo Municipal de Lisboa). dos Olivais. ( Adaptado a partir de: Arquivo Municipal de
Lisboa).
Tal como nós, muitos são os atletas que por lá passaram, tantas são as memórias que
levamos connosco e mesmo se a piscina se fecha, as memórias, essas, permanecem
vivas.
No ano de 2009, o município decide dar uma nova vida à Piscina dos Olivais (e não só);
para isso, recorre a um concurso público para a requalificação das 3 principais piscinas
de Lisboa (Areeiro, Campo Grande e Olivais).
Assim, e face ao sucedido, a Câmara Municipal de Lisboa decide lançar novo concurso,
desta vez a nível internacional e com normas diferentes: decorria então o ano de 2010
quando o grupo Ingesport ganha a concessão das Piscinas dos Olivais e do Campo
Grande (já a piscina do Areeiro seria ganha pelo Grupo Galega Sidecu, consoante já
desenvolvemos).
Ilustração 44 - Estado de degradação da piscinas dos Olivais. Ilustração 45 - Abandono das Piscinas dos Olivais. ( Adaptado a
( Adaptado a partir de: partir de: https://restosdecoleccao.blogspot.com/2014/05/piscina-
https://www.publico.pt/2012/02/02/jornal/piscinas-do-areeiro- municipal-dos-olivais.html
olivais-e-campo-grande-nao-reabrem-no-verao-como-prometido-
23907239.
Ilustração 46 – Piscina dos Olivais. ( Adaptado a partir de: Ilustração 47 - Intervenção do Arquiteto Jorge Barata Martinez,
Arquivo Municipal de Lisboa). Go fit Olivais. ( Adaptado a partir de: Memória Construtiva do
Centro Desportivo GO FIT Olivais).
Ilustração 48 - Intervenção proposta pelo Arquiteto Jorge Barata Martinez para as antigas Piscinas dos Olivais atual GO FIT Olivais,
( Adaptado a partir de: Memória Construtiva do Centro Desportivo GO FIT Olivais).
O complexo Desportivo Go Fit dos Olivais veio assim servir a população da zona oriental
de Lisboa e colmatar um vazio urbano nessa mesma área. Com uma área de 934m2
dividida em 4 piscinas, 3 interiores e 1 exterior; uma sala de fitness com
aproximadamente 1000m2, e mais uma área de aproximadamente 800m2 para salas de
desporto, este equipamento público/privado (uma vez que a CML assegurou a
concessão da infraestrutura com direito de superfície por 35 anos) (Barbosa, 2015) veio
dar nova vida as “antigas piscinas dos Olivais” e “ajudar” a colmatar a falta de
equipamentos desportivos deste tipo que se sente em Portugal.
Sem que se optasse por fazer tábua rasa de tudo quanto ali existia, optou-se pela sua
adequação aos novos tempos e ao conforto agora exigido na utilização de tais
equipamentos.
Apesar da solução arquitetónica poder ser um pouco contorversa de opiniões, uma vez
que muitos são aqueles que dizem que a manutenção das insfraestruturas apenas foram
“palas” para os Lisboetas, não podemos deixar de louvar a tentativa de preservação do
património. O novo equipamento apresenta uma massa arquitetónica elevada em
comparação à anterior, e por si só desvirtua o “vazio” que ali se fazia sentir, no entanto,
não podemos esquecer que a sociedade evolui e o equipamento outrora existente já
não servia a comunidade na totalidade tendo o seu programa de ser alterado.
A piscina do Campo Grande está localizada na zona sul do Jardim do Campo Grande.
“Que é o maior jardim do centro de Lisboa e tem uma área de 11 hectares 1.200m de
comprimento por 200m de largura”.(Jardim, 2020)
Ilustração 49 – Planta do Anteprojeto do Jardim do Campo Grande. ( Adaptado a partir de: Arquivo Municipal de Lisboa).
Ilustração 50– Planta topográfica do Campo Grande (1907) ( Adaptado a partir de: Arquivo Municipal de Lisboa).
Projetada pelo arquiteto Francisco Keil do Amaral, a Piscina do Campo Grande foi
durante muitos anos (e a par da Piscina dos Olivais) a piscina de referência dos
lisboetas, principalmente, durante a época de Verão.
Em Setembro de 2006 foi encerrada por falta de condições de utilização, tal como
aconteceu com as outras piscinas “históricas” da cidade de Lisboa. Em 2012 foi
assinado o contrato de reabilitação da piscina, passando esta a ser explorada pelo grupo
Espanhol Ingesport.
Ilustração 51 – Piscina Infantil do Campo Grande. ( Adaptado a partir Ilustração 52 – Piscina Infantil do Campo Grande. ( Adaptado a
de: Arquivo Municipal de Lisboa). partir de: Arquivo Municipal de Lisboa).
Ilustração 53 – Piscina Infantil do Campo Grande em estado de Ilustração 54- Piscina Infantil do Campo Grande em estado de
degradação. ( Adaptado a partir de: degradação. ( Adaptado a partir de:
http://ceramicamodernistaemportugal.blogspot.com/2011/12/painel- http://ceramicamodernistaemportugal.blogspot.com/2011/12/pain
da-piscina-do-campo-grande.html). el-da-piscina-do-campo-grande.html).
A Piscina Infantil do Campo Grande ganha um novo nome e renovada vida: passa a
chamar-se Go Fit Lisboa – Campo Grande, e disponibiliza aos seus utentes 4.600m2
com uma piscina de 25 metros, uma piscina de aprendizagem, 900m2 de sala fitness,
680m2 repartidos em 4 salas de atividades coletivas, um spa com hidromassagem,
sauna duches de contrastes e banho turco, bem como vestiários.
No Campo Grande, à obra de Keil do Amaral serão acrescentados 500 metros quadrados
de construção, num edifício de três andares que deverá albergar, além de uma piscina
de 25 metros, um tanque de aprendizagem para bebés, uma sala de Fitness de 1000
metros quadrados, jacuzzi e um estacionamento semi-enterrado de 200 lugares. A
Ingesport gostava de “colonizar o jardim e convertê-lo numa zona desportiva ao ar livre,
mantendo a vegetação” (Henriques, 2011b).
Uma vez mais neste caso, e à imagem do já observado a propósito da Piscina dos
Olivais, a intervenção em causa optou pela perservação dos elementos essenciais
anteriormente existentes, integrando-se no Jardim do Campo Grande sem se impor
através de um edifício que não se integrasse na zona envolvente, acrescentando-lhe
agora, por ampliação neste caso, um edifício que possibilita a realização de diversas
atividades desportivas, entre as quais a natação, mantendo, em boa parte, a vocação
da piscina que ali existiu há quase meio século. Mas destes e de outros aspetos
falaremos mais á frente no capítulo dos casos de estudo.
É nesta altura e com este intuito que é solicitada ao arquiteto “Fernando Távora21,
contando com a colaboração de José Pacheco22, Álvaro Siza Vieira, Alberto Neves23 e
Vasco Cunha24, a elaboração de um plano de melhoramento da quinta.(Cerqueira, 2018)
Uma vez no local, o arquiteto depara-se com um terreno onde a vegetação era
abundante e que se encontrava repleto de “relíquias” deixadas pelos frades franciscanos,
como a capela de S. Francisco, o Portal de Estilo Manuelino, o Claustro, a avenida que
fazia a ligação entre as diversas obras, os tanques destinados à irrigação, um pináculo
e até algumas estátuas. (Cerqueira, 2018)
O parque foi um convento de Frades que se instalaram ali no sec. XV e, depois uma
propriedade particular. Existiam a avenida, a capela, o claustro, os tanques e, portanto,
havia já elementos que garantiam uma estrutura a manter. (apud Trigueiros, 1993,p.66).
Uma vez que a Quinta continha um enorme declive, o arquiteto Fernando Távora decide
tirar o máximo partido desse facto ao criar um jogo de plataformas, hierarquizadas pelos
percursos propostos, onde cada espaço continha um tema, preservando as memórias
vivas daquele passado no local, decide contemplá-lo com elementos pré-existentes,
reconstruindo-os e distribuindo-os pelos espaços criados, consoante sucedeu com o
portal monástico de estilo Manuelino, com o claustro, as fontes monumentais e suas
estátuas, entre outros.(Cerqueira, 2018)
Quando comecei o Projecto do Parque, dei-me conta de que o plano de acessos do Porto
de Leixões o afectava. A Zona do Claustro era cortada e no viário tinha um conflito frontal
que era desastroso. Decidi levar ao Director-Geral do Porto uma solução para o traçado
dos acessos e resolver o problema do nó que havia dectado. Ele ficou encantado. (apud
Távora, [s.d.], p.66).
21 Fernando Luís Cardoso Meneses de Tavares e Távora, nasceu no Porto a 25 de agosto de 1923.
Diplomado em Arquitetura pela Escola Superior de Belas Artes do Porto em 1952. Os seus projetos
arquitetónicos construídos, tais como o Mercado Municipal de Santa Maria da Feira (1953-59), o Pavilhão
de Ténis da Quinta da Conceição , em Matosinhos (1956-1960), a Casa de férias no Pinhal de Ofir, em Fão
(1957-1958), a ampliação das instalações da Assembleia da República, em Lisboa (1994- 1999) ou a casa
da Câmara / casa dos 24, no Porto (1995-2002), refletem um forte sentido de responsabilidade social na
forma como associa a criatividade à criteriosa abordagem ao sítio, aos pormenores técnicos e à
funcionalidade da Obra. Morreu no dia 3 de setembro de 2005, em Matosinhos. (Sobral et al., 2009)
22 José Rocha dos Santos Pacheco (José Pacheko, como assinava) nasceu a 24 de abril de 1885 em
Lisboa, estudou na Escola de Belas Artes de Lisboa e mais tarde ingressou na Escola de Arquitetura de
Paris, onde foi um aluno laureado.
23 Alberto Augusto da Silva Neves, nasceu a 25 de julho de 1930, formou-se na Escola de Belas Artes do
Porto
24 Vasco Jorge Antunes da Cunha nasceu a 16 de julho de 1933 em Angola. Vem para Portugal em 1942
apenas com 8 anos, onde fica a viver em casa do seu tio em Lisboa, mais tarde, muda-se para Coimbra
onde acaba por ingressar na Escola Superior de Belas Artes do Porto (devido a proximidade) no curso de
Arquitetura decorria o ano de 1952. Em 1955 é convidado para ser colaborador do Arquiteto Fernando
Távora, com este, participou em vários projetos como é o caso do Mercado Municipal de Santa Maria da
Feira (1953-59) onde foi responsável pelo desenho das caixilharias, o Pavilhão de Ténis da Quinta da
Conceição (1956- 1960) (trigueiras,1933, p.188). Os seus projetos a nível individual predominam
geograficamente na cidade de Coimbra.
“Fernando Távora decide, pois, criar cinco pontos de entrada para a Quinta, sendo que
dois se situam a Poente, um a Norte e outro a Nascente. A entrada principal orienta-se
a partir do Sul do Parque. (Ilustração 57)” (Cerqueira, 2018).
Ilustração 57 – Localização das entradas da Quinta da Conceição. ( Adaptado a partir de: Dissertação de
Mestrado Ricardo Cerqueira).
A uma cota superior verifica-se a ligação à Piscina (Ilustração 58), projetada pelo
Arquiteto Siza Vieira, assim como ao Bar-Restaurante (Ilustração 59), ambos junto à
entrada Norte. (Cerqueira, 2018)
Mais abaixo temos um segundo pátio, onde se encontra a capela (Ilustração 60), e dali
surgem dois caminhos, um para o Court de Ténis (Ilustração 61 e 62) e outro para uma
alameda principal que colidirá com a alameda secundária, enfatizando a real diferença
entre a tipologia dos percursos, fluindo numa zona de lazer, o Parque Infantil (Ilustração
63) e a entrada Nascente. (Cerqueira, 2018)
Por fim, na cota mais baixa vislumbra-se o último pátio, que dá acesso à entrada
principal (a Sul). Constitui um espaço amplo repleto de verdura (Ilustração 64) e
consolidado com elementos antigos, como tanques e lajes de granito. Daqui serve
também de ligação com o antigo claustro (Ilustração 65) e com um espaço conventual,
marcado pela porta manuelina preservada (Ilustração 66 e 67), obtendo-se desta forma
a “combinação perfeita entre o passado, o presente, o programa e o lugar”.(Cerqueira,
2018).
Ilustração 58 – Piscina Quinta da Conceição. ( Adaptado a Ilustração 59 – Bar / Restaurante da Quinta da Conceição.
partir de: https://www.behance.net/gallery/17069137/Piscina- https://www.behance.net/gallery/17069137/Piscina-da-Quinta-da-
da-Quinta-da-Conceicao-Arquitecto-Siza-Vieira). Conceicao-Arquitecto-Siza-Vieira
Ilustração 60 – Avenida de acesso à capela e pátio da capela. Ilustração 61 – Pavilhão e campo de ténis da Quinta da Conceição.
( Adaptado a partir de: Dissertação de Mestrado Ricardo ( Adaptado a partir de Arquivo Municipal do Porto).
Cerqueira).
Ilustração 62 – Plantas e Alçados do Pavilhão e Campo de Ilustração 63 – Parque Infantil da Quinta da Conceição.
Ténis da Quinta da Conceição. ( Adaptado a partir de Arquivo ( Adaptado a partir de
Municipal do Porto). http://passeiosdacaramulinha.blogspot.com/2008/11/quinta-da-
conceio-02-11-2008-1.html).
Ilustração 64 – Jardim da Entrada da Quinta da Conceição. Ilustração 65 – Antigo Claustro. ( Adaptado a partir de
( Adaptado a partir de https://www.leca-palmeira.com/quinta- https://www.leca-palmeira.com/quinta-da-conceicao-2/).
da-conceicao-2/).
Ilustração 66 – Pórtico Manuelino. ( Adaptado a partir de : Ilustração 67 - Pórtico Manuelino. ( Adaptado a partir de :
http://carlosalbuquerquecastro.com/gallery/1422). http://carlosalbuquerquecastro.com/gallery/1422).
Ilustração 68 – Cruzamento entre o caminho Principal e o caminho Secundário “Amarelo”. ( Adaptado a partir de :
http://carlosalbuquerquecastro.com/gallery/1422).
Piscina. 2ª Fase
Museu. 5ª Fase
Ilustração 69 – Alçado do Museu com referência do pórtico Manuelino ( Adaptado a partir de : : Dissertação de Mestrado de Juan
António Ortiz Orueta p. 50).
Ilustração 70 – Planta do museu projetada à volta do antigo claustro e incorporado na edificação anexa ao pórtico Manuelino ( Adaptado
a partir de : Dissertação de Mestrado de Juan António Ortiz Orueta p. 50).
A Piscina da Quinta da Conceição é uma obra do Arquiteto Álvaro Siza Vieira, tal como
já referimos anteriormente. Inaugurada em 1965, localiza-se na zona mais elevada da
Quinta da Conceição, está “protegida” por grandes muros brancos que proporcionam
privacidade a quem disfruta destes equipamentos (piscina e solarium) desenhado por
um dos mais importantes arquitetos portugueses.
25Távora, Fernando, “Memória Descritiva do anteprojecto”, setembro 1958, citado por Krüger, Maria, Quinta
da Conceição, em AA.VV. Porto 1901-2001, Guia de Arquitectura Moderna, Civilização e Ordem dos
Arquitectos, Porto 2001
Ilustração 71 – Anteprojeto da Piscina da Quinta da Conceição de Álvaro Siza Vieira. ( Adaptado a partir de Dissertação de Mestrado
de Juan António Ortiz Orueta p. 62).
O arquiteto Álvaro Siza Vieira explora o potencial de todo o local e gera todo um conjunto
de plataformas, escadas e jardins, tal como viria ulteriormente a acontecer nos seus
futuros trabalhos (são exemplo a Casa de Chá da Boa Nova e, inclusive, as Piscinas de
Leça de Palmeira, que falaremos mais à frente) que complementam o achado pré-
existente, estando absolutamente integradas neste, num traço original deste arquiteto
eminente.
Ao visitarmos a Piscina nas duas épocas do ano (de inverno encerrada, de verão em
funcionamento), podemos constatar que esta se encontra envolvida num certo mistério,
para quem a vê do exterior, uma vez que o edifício se encontra escondido,
proporcionando a discrição necessária.
Ilustração 72 – Planta atual da Quinta da Conceição projetada pelo Arquiteto Álvaro Siza Vieira. ( Adaptado a partir de
https://spa.archinform.net/projekte/3646.htm).
Ilustração 73 – Muros Brancos que “escondem” a Piscina da Quinta da Conceição. ( Adaptado a partir de
http://arquitecturafotos.blogspot.com/2012/07/piscinas-da-quinta-da-conceicao.html).
Ilustração 75 – Vista do topo da escadaria das instalações Ilustração 76 – Vista da entrada da Piscina através do acesso
sanitárias. ( Adaptado a partir das instalações sanitárias. ( Adaptado a partir
de http://arquitecturafotos.blogspot.com/2012/07/piscinas-da- de http://arquitecturafotos.blogspot.com/2012/07/piscinas-da-
quinta-da-conceicao.html). quinta-da-conceicao.html).
Ilustração 77 – Vista do interior das instalações sanitárias. Ilustração 78- Vista do Interior do Balneário. ( Adaptado a partir
( Adaptado a partir de de http://arquitecturafotos.blogspot.com/2012/07/piscinas-da-
http://arquitecturafotos.blogspot.com/2012/07/piscinas-da- quinta-da-conceicao.html).
quinta-da-conceicao.html).
Ilustração 84 – Entrada da Piscina Municipal da Povoação. Ilustração 85 – Piscina Municipal de Mirandela. ( Adaptado a
( Adaptado a partir partir de
de https://www.plataformaarquitectura.cl/cl/02-78525/piscinas- https://guiastecnicos.turismodeportugal.pt/pt/contemporaneo/ver/
municipales-de-povoacao-barbosa-guimaraes). Piscina-Municipal).
Ilustração 86 – Piscina Municipal de Montemor – O - Velho. Ilustração 87 – Piscina Municipal de Outurela. ( Adaptado a
( Adaptado a partir de partir de https://oeirasviva.pt/desporto/?id=61&title=piscina-
http://arquitecturafotos.blogspot.com/2011/06/piscinas- municipal-de-outurela-portela
municipais-de-montemor-o-velho.html).
Localizada no arquipélago dos Açores, no extremo sul da Ilha de São Miguel, a Piscina
Municipal encontra-se protegida do mar por uma encosta ali existente.
Ilustração 88 – Localização das Piscinas Municipais da Povoação a diferentes escalas. ( Adaptado a partir
de https://www.plataformaarquitectura.cl/cl/02-78525/piscinas-municipales-de-povoacao-barbosa-guimaraes).
Ilustração 90 – Corte do Projeto representando a sua envolvente. ( Adaptado a partir de Revista En Blanco, Nº8, p.100).
Ilustração 91 – Volumes da Piscina Municipal da Povoação. Ilustração 92 – Vista Superior da Piscina Municipal da
( Adaptado a partir de Povoação. ( Adaptado a partir de Revista En Blanco, Nº8,
https://www.plataformaarquitectura.cl/cl/02-78525/piscinas- p.99).
municipales-de-povoacao-barbosa-guimaraes).
26 Atelier Barbosa & Guimarães, Lda. – Atelier composto pelo Arquiteto José António Vidal Afonso Barbosa
nascido a 1967 no Porto e Pedro Luís Martins Lino Lopes Guimarães nascido no Porto no ano de 1969.
Ambos frequentaram o curso de Arquitetura na Faculdade de Arquitectura da Universidade do Porto.
27 Abertura no teto de um edifício para deixar entrar ar e luz. Tem o mesmo significado de claraboia. Cf.
Ilustração 94- Corte longitudinal. Do edifício da Piscina. ( Adaptado a partir de Revista En Blanco, Nº8, p.100).
Ilustração 95 – Corte Transversal da Piscina Municipal da Povoação. ( Adaptado a partir de Revista En Blanco, Nº8, p.100).
28 Araucária – Planta conífera das regiões tropicais (Cf. Dicionário da Língua Portuguesa)
Ilustração 96 – Araucária Presente na entrada da piscina Ilustração 97 – Acesso à Piscina Municipal da Povoação.
Municipal da Povoação. ( Adaptado a partir ([Adaptado a partir de]
de https://guiasdearquitectura.com/pt/produtos/packs-azores- https://guiasdearquitectura.com/pt/produtos/packs-azores-
archipelago/_37). archipelago/_375).
Ilustração 98 – Planta do Piso Principal. ([Adaptado a partir de] Revista En Blanco, Nº8, p. 98).
Ilustração 99 – Vista do Interior das Piscinas. ([Adaptado a Ilustração 100 - Tanque de aprendizagem da Piscina da
partir de] https://inhabitat.com/green-roofed-municipal-pools- Povoação. ([Adaptado a partir de] Revista En Blanco, Nº8, p.
create-an-enchanting-public-space-in-povoacao- 104).
portugal/municipal-pools-of-povoacao-1).
Ilustração 101 – Interiores dos Balneários da Piscina. Ilustração 102 - Interiores dos Balneários da Piscina. ([Adaptado
([Adaptado a partir de] https://inhabitat.com/green-roofed- a partir de] https://inhabitat.com/green-roofed-municipal-pools-
municipal-pools-create-an-enchanting-public-space-in- create-an-enchanting-public-space-in-povoacao-
povoacao-portugal/municipal-pools-of-povoacao-1). portugal/municipal-pools-of-povoacao-1).
Ilustração 103 – Balneário da Piscina Municipal da Povoação. ([Adaptado a partir de] Revista En Blanco, Nº8, p. 104.).
Ilustração 104 – Vista do Bar da Piscina. ([Adaptado a partir de] Ilustração 105 – Interior da Piscina Municipal de Povoação.
https://inhabitat.com/green-roofed-municipal-pools-create-an- ([Adaptado a partir de] Revista En Blanco, Nº8, p.106).
enchanting-public-space-in-povoacao-portugal/municipal-pools-
of-povoacao-1).
Ilustração 106 – Interior da Piscina da Povoação. Ilustração 107 – Interior da Piscina da Povoação. ([Adaptado a
([Adaptado a partir de] https://inhabitat.com/green-roofed- partir de] https://inhabitat.com/green-roofed-municipal-pools-
municipal-pools-create-an-enchanting-public-space-in- create-an-enchanting-public-space-in-povoacao-
povoacao-portugal/municipal-pools-of-povoacao-1). portugal/municipal-pools-of-povoacao-1).
Ilustração 108 – Tanques da Piscina Municipal da Povoação. ([Adaptado a partir de] Revista En Blanco, nº8, p. 105).
Ilustração 109 – Vista do Hall de entrada das piscinas. Ilustração 110 – Vista da Cobertura da Piscina. ([Adaptado a
([Adaptado a partir de] https://inhabitat.com/green-roofed- partir de] Revista En Blanco, nº8, p.103).
municipal-pools-create-an-enchanting-public-space-in-
povoacao-portugal/municipal-pools-of-povoacao-1).
Ilustração 111 – Vista noturna da Piscina da Povoação. Ilustração 112 – Maqueta da Piscina Municipal da Povoação.
([Adaptado a partir de] https://inhabitat.com/green-roofed- ([Adaptado a partir de] https://inhabitat.com/green-roofed-
municipal-pools-create-an-enchanting-public-space-in-povoacao- municipal-pools-create-an-enchanting-public-space-in-povoacao-
portugal/municipal-pools-of-povoacao-1). portugal/municipal-pools-of-povoacao-1).
Ilustração 113 - Maqueta da Piscina Municipal da Povoação. ([Adaptado a partir de] https://inhabitat.com/green-roofed-municipal-pools-
create-an-enchanting-public-space-in-povoacao-portugal/municipal-pools-of-povoacao-1).
Situada no distrito de Bragança, Mirandela é uma cidade portuguesa com 658,96 km2
de área e 23 850 habitantes. Dispõe de duas piscinas municipais: uma coberta (Piscina
Municipal de Mirandela) e outra ao ar livre (Piscina Maravilha).
Ilustração 114 – Localização da Piscina Municipal de Mirandela a diferentes escalas. ([Adaptado a partir de] Google maps. Edição
Nossa).
29Filipe Oliveira Dias nasceu no Porto a 16 de outubro de 1963, licenciou-se em arquitetura no ano de 1989
na ESAP – Escola Superior Artística do Porto, e fez o seu doutoramento na Universidade de Sevilha.
Arquiteto de uma obra marcada por cine-tetros, foi no domínio da habitação social que recebeu em 2004 o
Prémio Instituto Nacional de Habitação (em conjunto com o arquiteto Rui Almeida) pelo projeto de
habitações sociais para o monte de São João, no Porto. Faleceu a 15 de outubro de 2014
Ilustração 116 – Desenho do Arquiteto Filipe Oliveira Dias das Piscinas de Mirandela. ([Adaptado a partir de] 15 anos de Obra Publica -
Atelier Filipe Oliveira Dias).
Ilustração 117- – Planta Geral do piso 0 da Piscina Municipal de Mirandela. ([Adaptado a partir de] 15 anos de Obra Publica - Atelier
Filipe Oliveira Dias).
Ilustração 118 - Piscina Municipal de Mirandela (podemos ver o tanque de competição assim como a sua fachada envidraçada ao longo
do comprimento da piscina). ([Adaptado a partir de] 15 anos de Obra Publica - Atelier Filipe Oliveira Dias).
O arquiteto utiliza um arco biarticulado para conseguir vencer um vão de 57 metros sem
pilares intermédios. Trata-se de um edifício monumental que se impõe na magnitude da
paisagem sem no entanto a “confrontar”: o diálogo permanente entre exterior e interior
é em nosso entendimento muito bem conseguido através da visão longitudinal do plano
do tanque de competição, seja a partir do interior, seja do lado de fora do edifício.
Ilustração 119 – Corte Longitudinal. ([Adaptado a partir de] 15 anos de Obra Publica - Atelier Filipe Oliveira Dias).
Ilustração 120 – Fachada da Piscina Municipal de Mirandela. ([Adaptado a partir de] 15 anos de Obra Publica - Atelier Filipe Oliveira
Dias).
Ilustração 121 - Localização das Piscinas de Montemor – o – Velho a diferentes escalas. ([Adaptado a partir de] Google maps, Edição
Nossa).
Projetada sobre um terreno com um ligeiro declive e um talude mais acentuado para a
zona arborizada, constitui um coberto vegetal que o arquiteto Julião Azevedo considerou
primordial preservar. O conceito da piscina Municipal tem na inserção de objeto
construído que tira partido dessa envolvente arbórea, da topografia do terreno e das
vistas panorâmicas uma mais-valia imanente.
Trata-se de um terreno de ligeiro declive com um talude mais acentuado para a zona
arborizada, coberto vegetal esse que se pretende preservar se possível, imediatamente
além dos limites de implantação do edifício das piscinas, tendo a solução arquitectónica
adoptado precisamente o conceito de inserção de um objecto construído que tira partido
dessa envolvente arbórea, da topografia do terreno e das vistas panorâmicas para a Vila
e para o Castelo. (Azevedo, 2002, p.2).
Ilustração 122 - Alçado Norte e Alçado Poente da Piscina de Montemor -o – Velho. ([Adaptado a partir de] Disponibilizado pelo
Município de Montemor – o - Velho).
Ilustração 123 – Planta de cobertura da Piscina de Montemor -o- Velho. ([Adaptado a partir de] Disponibilizado pelo Município de
Montemor – o - Velho).
Ilustração 124 – Planta Piso 0. ([Adaptado a partir de] Disponibilizado pelo Município de Montemor-o-Velho).
Ilustração 125 – Planta Piso 1. ([Adaptado a partir de] Disponibilizado pelo Município de Montemor-o-Velho).
no piso térreo. Os dois níveis são assim desligados ou por amplas superfícies
envidraçadas, correspondente à nave e aos serviços de apoio ou por paramentos
recolhidos, criando a noção de grande leveza e de transparência, numa forte relação
plástica entre o interior e exterior, cuja pretensão conseguida foi desde logo assumida
pelo arquiteto na Memória Descritiva e Justificativa das Piscinas de Montemor-o-Velho.
Ilustração 126 – Cortes I, J e K das Piscinas de Montemor – o – Velho. ([Adaptado a partir de] Disponibilizado pelo Município de
Montemor – o - Velho).
Ilustração 127 – Alçados Sul e Nascente. ([Adaptado a partir de] Disponibilizado pelo Município de Montemor – o- Velho).
Ilustração 128 – Corte A e B. ([Adaptado a partir de] Disponibilizado pelo Município de Montemor – o- Velho).
Ilustração 129 – Corte C e D. ([Adaptado a partir de] Disponibilizado pelo Município de Montemor – o- Velho).
Ilustração 130 – Cortes “E” e “F”. ([Adaptado a partir de] Disponibilizado pelo Município de Montemor – o- Velho).
Ilustração 131 – Cortes G e H. ([Adaptado a partir de] Disponibilizado pelo Município de Montemor – o- Velho).
Ilustração 132 – Localização da piscina Municipal de Outurela – Portela a diferentes escalas. ([Adaptado a partir de] Google Maps,
edição Nossa.
Ilustração 133 – Planta de implantação e plantas do piso 1 e 2 da Piscina Municipal de Outurela- Portela. ([Adaptado a partir de] Jornal
Arquitectos nº 215).
30 Manuel Vicente (Lisboa 1934 – 2013), Formou-se na Escola de Belas Artes de Lisboa em 1962. Foi na
Universidade da Pensilvânia, Estados Unidos, que termina os seus estudos em 1969. Nesta altura teve o
privilégio de estudar com Louis Kahn. Conhecido como o “arquitecto de Macau”, foi responsável de obras
como o conjunto Fai Chi Ke, que lhe valeu a medalha de Ouro da ARCASIA, ou a Casa dos Bicos. Ao longo
da sua carreira trabalhou como nomes conhecidos da arquitetura portuguesa como Nuno Teotónio Pereira,
Conceição Silva, Chorão Ramalho ou Fernando Távora.
Da forma como observamos a piscina de Outurela, podemos dizer que esta é composta
por dois volumes cruzados; já no seu interior constatamos que o volume mais alongado
alberga os dois tanques (piscina de competição e tanque de aprendizagem) e o mais
curto acomoda todo o restante núcleo necessário de apoio à piscina.
A forma são duas caixas de sapatos, cruzando-se segundo direcções traçadas, o volume
norte – sul prevalecendo sobre o noroeste – sudeste. Dos dois volumes entre cruzados,
o mais alongado, abriga a piscina e o tanque de aprendizagem; o outro, mais curto e
mais longo, acomoda tudo o resto com a ajuda de um primeiro piso parcial. (Vicente,
2004, p.82).
Ilustração 134 – imagem do Interior da Piscina. ([Adaptado a partir de] Jornal Arquitectos nº 215).
Ilustração 135 – Vista da Fachada Principal da Piscina Municipal de Outurela. ([Adaptado a partir de] Jornal Arquitectos nº 215).
A sua materialidade é “limpa”, dando à obra uma leitura eficaz do seu discurso. O
arquiteto utiliza materiais como o betão e o mosaico grés.
- O betão mal-acabado;
Por fim, embora antes de tudo, o corpo físico, visível, afirmando – tanto pela dimensão,
como pela escala – uma evidência irrecusável, onde o inefável genius loci se possa
querer revelar. (Vicente, 2004, p.82).
Ilustração 136 – Cortes do Projeto da Piscina Municipal de Outurela. ([Adaptado a partir de] Jornal Arquitectos nº 215).
Ilustração 137 – Alçados da Piscina. ([Adaptado a partir de] Jornal Arquitectos nº 215).
Ilustração 138 – Enquadramento da Piscina Municipal da Outurela na malha da cidade. ([Adaptado a partir de] Jornal Arquitectos nº
215).
Ilustração 139 – Detalhe da fachada da Piscina Municipal de Outurela. ([Adaptado a partir de] Jornal Arquitectos nº 215).
Ilustração 140 – Piscina Municipal de Outurela. ([Adaptado a partir de] Jornal Arquitectos nº 215).
Não podemos deixar de concluir este título com uma consideração relativa à
originalidade de projetos que, à imagem daqueles que elencámos, nortearam no início
do séc. XXI a construção de diversas piscinas municipais pelo país fora. Na realidade,
verifica-se que se tratou de uma oportunidade única e muito bem aproveitada, daquilo
que nos pudemos aperceber do nosso estudo, de concretizar a construção de
equipamentos desportivos de utilização comunitária e utilitária óbvias, sem que se
descurasse a qualidade arquitetónica e, em cada projeto concreto, a envolvência do
espaço onde haviam de integrar-se.
Por si só, parece-nos constituir em si mesmo um caso de estudo, a conceção e o fazer
acontecer nestes espaços de treino, competição e lazer de atividades aquáticas,
beneficiando as populações do acesso a espaços funcionalmente adequados e
simultaneamente proporcionando a existência de conjuntos arquitetónicos de valor que
a história provavelmente se encarregará de lhes conferir.
A Piscina Municipal de Águeda localiza-se, tal como o seu nome indica, na cidade
portuguesa de Águeda. Com uma população de cerca de 1400 habitantes (2016),
pertence à região de Aveiro.
Ilustração 141 – Vista aérea da Piscina Municipal de Águeda. ([Adaptado a partir de] google maps, edição nossa).
Ilustração 142 – Planta de Implantação do Complexo de Piscinas Municipais de Águeda. ([Adaptado a partir de] DWG disponibilizado
pela Câmara Municipal de Águeda).
Ilustração 143 – Os Três blocos “desconstruídos” ([Adaptado a partir de] DWG Disponibilizado pela Câmara).
Ilustração 144 – Planta do Piso 1 da Piscinas Municipal de Águeda. ([Adaptado a partir de] DWG Disponibilizado pela Câmara).
Ilustração 145 – Planta piso 2 da Piscina Municipal de Águeda. ([Adaptado a partir de] DWG Disponibilizado pela Câmara).
Ilustração 146 – Alçados da Piscina Municipal de Águeda. ([Adaptado a partir de] DWG Disponibilizado pela Câmara).
Ilustração 147 – Vista do Alçado Principal. ([Adaptado a partir Ilustração 148 – Piscina Exterior do complexo de Piscinas
de] https://www.allaboutportugal.pt/es/agueda/deportes/piscina- Municipais de Águeda. ([Adaptado a partir de]
municipal-de-agueda). http://www.rotadabairrada.pt/irt/show/piscina-municipal-de-
agueda_es_1694).
Podemos analisar contudo que houve algum cuidado na sua integração paisagistica
respeitando as cérceas das restantes construções existentes, no entanto, como
podemos constatar o lote a ela destinado encontra-se numa zona residencial, acabando
as piscinas por ficarem como que “entaladas” no meio de construções verticais. As
piscinas de Àgueda são um excelente exemplo daquilo que se tem vindo a passar com
alguns dos equipamentos desportivos em Portugal, isto é, as autarquias não investem
neste tipo de equipamentos e apenas querem que estes cubram na sua íntegra a sua
função descorando a parte arquitetónica, isto leva a dois fatores, ou o arquiteto a quem
é entregue o projeto consegue “dar a volta” com os poucos meios disponíveis cria obra
arquitetónica e “integra” o equipamento na cidade ou, não o consegue fazer e limita-se
a cumprir o programa e os custos a ele destinados, causando, muitas vezes, “feridas”
visuais na malha urbana da cidade.
31Cornellà de Llobregat estreia o Parque Desportivo, um grande equipamento desportivo de 40.000 metros
quadrados desenhados pelo prestigiado arquiteto português Álvaro Siza. O ajuntamento (as nossas
câmaras) investiu 20 milhões de euros no edifício para responder à necessidade dos cidadãos que querem
praticar desporto. O complexo conta com um grande pavilhão com pisos adaptáveis a diferentes desportos
em equipa e eventos. Tem capacidade para 2.500 espectadores e duas salas de fitness de 200 metros
quadrados e outras duas salas similares para atividades específicas. (Tradução nossa)
Ilustração 149- Pavilhão de Llobregat. ([Adaptado a partir de] El País, 5 Ene 2006).
Composto por um grande pavilhão com “pisos adaptáveis” a vários desportos de equipa
e eventos diversos, duas salas de fitness e duas para atividades específicas, mas é na
sua piscina que o pavilhão ganha um maior destaque. Com uma área de 3.500 metros
quadrados, o tanque do pavilhão de Llobregat tem a característica de ser tanto interior
como exterior, isto é, parte da sua área encontra-se dentro do pavilhão enquanto a outra
parte se encontra fora, quase invadindo o seu exterior. Todavia consitui-se de um único
tanque. (Estudaremos a fundo este complexo mais à frente na nossa dissertação)
El aspecto más sobresaliente del complejo es la piscina, de 3.500 metros cuadrados: por
un extremo está cubierta y recibe luz natural a través de aberturas en el techo, y por el
otro permite la salida al exterior en verano y tiene una zona de baño al aire libre. El
edificio dispone de paneles solares y sistema de recogida de aguas pluviales.32 (Ayuso,
2006).
O arquiteto Álvaro Siza pretendia com esta obra dar um pequeno contributo à qualidade
de vida da população de Cornellá.
32 O aspeto mais marcante do complexo é a piscina, de 3.500 metros quadrados: num extremo é coberta
e recebe luz natural através de aberturas no teto, e por o outro, permite a saída ao exterior no verão e tem
uma zona de banho ao ar livre. O edifício dispõe de painéis solares e sistema de recolha de águas pluviais.
(tradução nossa)
Álvaro Siza, ganador del Premio Pritzker de arquitectura en 1992, firma el singular
proyecto. En una visita que realizó ayer al complejo, definió el equipamiento como un
"pequeño tributo a la calidad de vida de Cornellà". … (Ayuso, 2006).
Ilustração 150- Fachada do Pavilhão de Llobregat. ([Adaptado a partir de] Revista El Croquis
Ilustração 151 – Localização das Piscinas da Mealhada a diferentes escalas. ([Adaptado a partir de] Direcção Geral do território, edição
nossa).
A Piscina Municipal da Mealhada foi uma das quatro a ser distinguida com o prémio
Instalação Desportiva do Ano no decorrer do seminário organizado pela plataforma
Cidade Social. Para a atribuição do galardão terão contribuído diversos fatores, desde
as instalações à dinamização de atividades desta infraestrutura ... De sublinhar que,
A Piscina da Mealhada constitui assim uma mais valia, tanto para a população do
concelho da Mealhada, como para toda a vasta região centro que visa servir.
Ilustração 152 – Tanque desportivo da Piscina Municipal da Ilustração 153 – Interior da Piscina Municipal da Mealhada.
Mealhada ([Adaptado a partir de] http://www.cm- ([Adaptado a partir de] http://www.cm-
mealhada.pt/menu/407/piscinas-municipais-de-mealhada). mealhada.pt/menu/407/piscinas-municipais-de-mealhada).
Ilustração 154 – Piscina Municipal da Mealhada com a cobertura Ilustração 155 – Piscina Municipal da Mealhada com parte da
totalmente aberta. ([Adaptado a partir de] http://www.cm- cobertura aberta. ([Adaptado a partir de]
mealhada.pt/menu/407/piscinas-municipais-de-mealhada).
Ilustração 156 - Localização da Piscina Municipal de Abrantes a diferentes escalas. ([Adaptado a partir de] Direcção Geral do território,
edição nossa).
Ilustração 157 - Ortofotomapa das Piscinas Municipais de Abrantes. 1- Complexo das Piscinas, 2- Campo de basebol, 3- Estádio
Municipal de Abrantes, 4- Campo de Futebol nº2. ([Adaptada a partir de] google maps, edição Nossa.
Com uma área de implantação de 3.272,40m2, a que corresponde a uma área bruta de
construção decorrente do somatório do piso 0 (3.192,60m2), piso 1 (876,95m2) e do piso
2 (160,00m2) de 4.229,55m2, articulando separadamente dois edifícios independentes,
organizados em função de um átrio exterior comum, permitem uma gestão eficaz e
controlada, com acessos diferenciados para os atletas e o público.
Nas próximas páginas iremos voltar a falar do projeto das Piscinas Municipais de
Abrantes de forma a estudá-lo mais detalhadamente.
Ilustração 158 – Tanque desportivo da Piscina Municipal de Ilustração 159 – Tanque exterior da Piscina Municipal de
Abrantes. ([Adaptado a partir de] Município de Abrantes). Abrantes. ([Adaptado a partir de] http://cm-
abrantes.pt/index.php/pt/instalacoes-desportivas/piscinas).
Tal como referimos anteriormente, a tipologia funcional das piscinas refere-se tanto à
sua morfologia como à sua função. Sinteticamente, a tipologia funcional não é mais do
que a forma como os tanques são utilizados e das características específicas a que
cada um deles tem de “obedecer”, a nível construtivo.
O Estádio Universitário de Lisboa (EUL), com uma área de ocupação de 40 hectares foi
inaugurado a 27 de Maio de 1956. Apesar de ter mais de sessenta anos é ainda hoje
um moderno complexo desportivo, dotado de um amplo conjunto de infra-estruturas e
equipamentos desportivos de grande qualidade (ao serviço da comunidade
universitária, em particular e da sociedade em geral), distribuídos de forma harmoniosa
num vasto espaço de excelência para a prática de actividades de lazer e manutenção.
excelentes condições para o convívio e para a prática de desportos náuticos, tendo por
isso um elevado número de utentes.
Ilustração 161 – Alçado Sul, Entrada das Piscinas do EUL. ([Adaptado a partir de] fonte Nossa).
Um corte com a paisagem rural que ocupava na época o vale do rio Jamor, com as suas
Quintas de Recreio e a produção, o plano do estádio Nacional absorve e apesar de tudo
respeita algumas reminiscências culturais, históricas e paisagísticas do local, preserva
os núcleos das antigas quintas senhoriais, as pontes seiscentistas, os antigos moinhos,
os faróis e capelas, mas revolve e destrói totalmente a estrutura fundiária e a sua
articulação com os núcleos urbanos envolventes, desenha e constrói uma Paisagem
ideal e coloca essas reminiscência no contexto de cenários e espaços de recreio e lazer,
integrados em jardins amplos manchas arborizadas. (Cruz, Luís, 2005).
Ilustração 162 - Vale do Jamor visto de Nascente para Poente antes do início das obras 1938 – 1939. ([Adaptado a partir de] Andresen,
Teresa (cord. Editorial) – op. cit. P.152).
O plano inicial do Estádio Nacional data do ano de 1939. Entre outras infraestruturas
observa-se a intenção da construção da piscina. O edifício principal do conjunto – o
Estádio de Atletismo e Futebol ou Estádio de Honra ou ainda Estádio Nacional – deu o
seu nome a todo o conjunto, cuja totalidade dos edifícios previstos nunca chegou a ser
construída.
Ilustração 163 - Plano Inicial – 1939 ([Adaptado a partir de] Tese de Mestrado “O Estádio Nacional e os novos paradigmas do culto”
Cruz, Luís, 2005).
A primeira piscina do Estádio Nacional foi construída na década de 60, mas rapidamente
se tornou umas das situações problemáticas do plano inicial, uma vez que se encontrava
localizada na área mais baixa do vale o que fazia com que, em alturas de cheia do Rio
Tejo ou da Ribeira do Jamor, o tanque ficasse inundado de água castanha, provocando
inúmeros prejuízos constantemente e constituia uma desafio permanente para a sua
manutenção.
Ilustração 164 - Antiga Piscina do Complexo Desportivo do Jamor. ([Adaptado a partir de] Panfleto “complexo Desportivo do Jamor “ed.
ME e INDESP, s/d).
Ilustração 165 – Vista aérea do município de Oeiras e Complexo Desportivo de Jamor. [(Adaptado a partir de:] Google maps
33 Resolução do Concelho de Ministros nº13/09 (DR nº63, I série, 16-03-89), autoriza a elaboração do
projecto de uma Nave Desportiva).
Ilustração 166 - Plano gráfico, definição de macro zonas de intervenção, 1988 ([Adaptado a partir de] Direcção Geral dos Desportos –
op. cit. P.71).
Para além da piscina olímpica e da piscina de saltos, o complexo inclui ainda vários
ginásios e salas de uso diverso. Foi a primeira instalação coberta em Portugal capaz de
acolher provas nacionais e internacionais de qualquer disciplina da natação. A autoria
do projecto é de Karel Marivoet34 e Jesus Noivo35. A arquitectura do Complexo de
Piscinas teve em conta todo o tipo de utilizadores, sejam eles atletas de alta competição
ou cidadãos comuns, assim como todas as realizações desportivas que nela possam
ser realizadas, nomeadamente eventos internacionais. Este complexo inclui também as
intalações do Centro de Alto Rendimento (CAR).
A Piscina olímpica tem 50x25m, 10 pistas e uma profundidade que varia entre os 2 e os
2,2 metros enquanto que a Piscina de saltos tem 25x20m, com uma profundidade de 5m,
dispondo de uma torre de saltos com plataformas no 10, nos 7,5, nos 5, nos 3 e 1 metro
de altura e trampolins de 3m e 1m de altura. [...]. A piscina de Saltos é dotada de um
fundo móvel, servindo para o aquecimento, no caso da realização de competições na
34 Karel Philippe Marivoet (1955 – 1994) Autor da remodelação do estádio de Honra da cidade Universitária
de Lisboa em 1994. Formou-se em 1978 na Ecole Supérieure des Arts Saint – Luc – Bélgica. Foi admitido
na Ordem dos Arquitectos em 1980. (Cf. Ordem dos Arquitectos).
35 Arquiteto com mais de 30 anos de experiência coordenou e projetou obras de destaque como Estádio
Ilustração 167 – Bancada da Piscina Principal do Ilustração 168 – Diversas Utilizações da Piscina de Saltos do
Complexo Desportivo do Jamor. ([Adaptado a partir de] Complexo Desportivo do Jamor. ([Adaptado a partir de] IPDJ)
IPDJ)
Ilustração 169 – Vista dos dois tanques do Complexo Ilustração 170 – Tanque principal de 50 metros do Complexo
Desportivo do Jamor. ([Adaptado a partir de] IPDJ) Desportivo do Jamor. ([Adaptado a partir de] IPDJ)
Ilustração 171 - Fachada Lateral do Complexo das Piscinas Ilustração 172 - Fachada Tardoz do Complexo das Piscinas do Jamor.
do Jamor. ([Adaptado a partir de] IPDJ) ([Adaptado a partir de] IPDJ)
Ilustração 173 – Fachada Principal do Complexo das Ilustração 174 – Parte da Fachada do Complexo das Piscinas do
Piscinas do Jamor. ([Adaptado a partir de] IPDJ) Jamor. ([Adaptado a partir de] IPDJ)
Ilustração 175 –Complexo das Piscinas do Jamor visto de dentro do parque Desportivo. ([Adaptado a partir de] IPDJ)
Ilustração 176 - Localização das piscinas de Pataias em diferentes escalas, Fonte: Imagem nossa [(adaptada a partir de:)] Direção
Geral do Território).
36Secil – A Secil é uma empresa de referência na indústria cimenteira, a principal atividade da Secil é a
produção de cimento e desenvolvimento de aplicações para este produto de excelência. Os materiais de
construção de base cimentícia podem ter várias utilizações.
Os vários planos criados por esta “folha branca” encontram-se paralelos aos eixos das
estradas delimitantes do território de intervenção, que geram assim, os ângulos agudos,
característicos do edifício. Entre estes planos surgem dois volumes diferenciados: um
volume em betão preto que corresponde à área técnica e um volume com revestimento
em óxido de ferro que agrega as áreas de apoio para os praticantes. (Delgado, 2006)
Ilustração 181 – Planta piso 1 das Piscinas de Pataias. ([Adaptado Ilustração 182 – Planta de cobertura das Piscinas de Pataias.
a partir de] Habitar Portugal 2006-2008). ([Adaptado a partir de] Habitar Portugal 2006-2008).
Com um número de utilizadores superior a 1200 pessoas, e uma grande procura por
parte de escolas e centros de dia para idosos, as piscinas tornaram-se um caso de
sucesso na região. A sua integração no local e a relação visual e morfológica com a
envolvente natural é umas das características fundamentais do edifício.
Numa região com as maiores ciclovias do país este edifício tornou-se um ponto central
e de incentivo à pratica desportiva com a sua grande diversidade de atividades.
Ilustração 183 – Alçado Norte das Piscinas de Pataias. ([Adaptado a partir de] Habitar Portugal 2006-2008).
Ilustração 184 – Vista do lado Norte das Piscinas de Pataias. ([Adaptado a partir de] Habitar Portugal 2006-2008).
Ilustração 185 – Alçado Sul das Piscinas de Pataias. ([Adaptado a partir de] Habitar Portugal 2006-2008).
Ilustração 186 – Vista do lado sul das Piscinas de Pataias. ([Adaptado a partir de] Habitar Portugal 2006-2008).
Ilustração 187 – Alçado Poente das Piscinas de Pataias. ([Adaptado a partir de] Habitar Portugal 2006-2008).
Ilustração 188 – Vista do lado Poente das Piscinas de Pataias. ([Adaptado a partir de] Habitar Portugal 2006-2008).
Ilustração 189 – Vista interior das Piscinas de Pataias. ([Adaptado a partir de] Habitar Portugal 2006-2008).
Ilustração 190 – Piscina Principal. ([Adaptado a partir de] Habitar Ilustração 191 – Tanque de aprendizagem. ([Adaptado a partir de]
Portugal 2006-2008). Habitar Portugal 2006-2008).
Para concluirmos, podemos uma vez mais questionar se o facto de este tipo de
equipamento, nem sempre projetado por um arquiteto, mas integrando-se
necessariamente na malha urbana, que em muito altera a sua imagem e o seu
funcionamento, não deveria ser sempre pensado, imaginado e projetado por aqueles
que “estudam a cidade” e a “embelezam”.
Ilustração 192 – Vista da Piscina de Pataias. ([Adaptado a partir Ilustração 193 - Vista da Piscina de Pataias. ([Adaptado a partir de]:
de]: https://ultimasreportagens.com/ultimas.php). https://ultimasreportagens.com/ultimas.php).
Ilustração 194 – Vista noturna da Piscina de Pataias. ([Adaptado a partir de]: https://ultimasreportagens.com/ultimas.php).
Ilustração 195 – Vista da Piscina de Pataias. ([Adaptado a partir Ilustração 196– Vista da Piscina de Pataias. ([Adaptado a partir
de]: https://ultimasreportagens.com/ultimas.php). de]: https://ultimasreportagens.com/ultimas.php).
Ilustração 197 – Vista da Entrada das Piscinas de Pataias. ([Adaptado a partir de]: https://ultimasreportagens.com/ultimas.php).
Ilustração 198 – Vista interior e exterior das Piscinas de Pataias. ([Adaptado a partir de]: https://ultimasreportagens.com/ultimas.php).
Situada no Alto Alentejo, no distrito de Portalegre, Campo Maior é uma vila alentejana
próxima da fronteira com Espanha. Numa região onde na paisagem predominam as
planícies, as piscinas municipais encontram-se na extremidade da vila podendo usufruir
de magníficas vistas. O lugar escolhido para as piscinas tem uma relação visual evidente
com o castelo e com a cidade antiga, circunstância que foi mantida e realçada no projeto.
Ilustração 199 – Localização das Piscinas de Campo Maior a diferentes escalas. ([Adaptado a partir de] Direcção Geral do território).
37 João Luís Carrilho da Graça nasceu em 1952 em Portalegre. Em 1977 termina o seu curso de Arquitetura
na Escola de Belas Artes de Lisboa, é também nesse ano que inicia a sua vida profissional. Ao longo da
sua carreira tem sido distinguido com muitos louvores e prémios, de entre alguns prémios está o prémio
Internacional de Críticos de Arte (AICA) em 1992, a Ordem de Mérito da República Portuguesa em 1999, o
Prémio Pessoa em 2008, o título de Chevalier des Arts des Lettres da República Francesa em 2010, e uma
bolsa Internacional do Royal Institute of British Architect em 2015. (Tradução Nossa, Fonte:
https://www.tccuadernos.com/83_carrilho-da-graca)
da interpretação fazendo coincidir pontos de fuga com pontos de vista, o sítio aparece
como “natural” e o individuo como desvelador dessa “essência”. (Gomes, 1991, p.86).
Ilustração 200 - Desenho da Implantação das Piscinas realizado pelo arquiteto. ([Adaptado a partir de] (da Graça, João Luís Carrilho,
Byrne, Gonçalo, Carrilho da Graça, p.26).
Ilustração 201 – Relação Visual entre o Castelo e a Piscina. ([Adaptado a partir de]: http://hiddenarchitecture.net/campo-maior-
swimming-poo/).
Ilustração 202 – Relação visual entre o Convento de Santo António e a Piscina. ([Adaptado a partir de]: Marques, Tânia, Os planos na
Arquitectura de João Luís Carrilho da Graça: suspensão e abstracção).
Ilustração 203 – Relação Visual da Piscina com a Vila de Campo Maior. ([Adaptado a partir de]: Marques, Tânia, Os planos na
Arquitectura de João Luís Carrilho da Graça: suspensão e abstracção).
Ilustração 204 – Relações Visuais da Piscina. ([Adaptado a partir de]: “Carrilho da Graça”, p.32).
O programa das piscinas consiste em três tanques: um mais pequeno com a forma
circular (chapinheiro), um outro destinado a crianças e ainda uma piscina para adultos.
No piso semienterrado encontramos a receção e os balneários (feminino e masculino),
um restaurante/sala polivalente, com uma cozinha e bar, que ocupam a área
correspondente ao piso intermédio, e no exterior à localização dos tanques, existindo
ainda um piso superior, que se debruça sobre as piscinas.
Ilustração 207 – Vista área da Piscina de Campo Maior. Ilustração 208 – Maqueta das Piscinas de Campo Maior.
([Adaptado a partir de]: Google maps, edição Nossa). ([Adaptado a partir de]:
https://elarafritzenwalden.tumblr.com/post/172009536506/pisci
nas-municipais-de-campo-maior-swimming-pools
As piscinas de Campo Maior do arquiteto João Luís Carrilho da Graça foram idealizadas
num plateau de forma quadrada. O espaço exterior que integra as piscinas é definido
por uma pérola branca que configura o espaço, contornando o limite do quadrado da
base. A disposição espacial exterior serve para acentuar o sentido de belvedere38. A
ideia foi manter uma relação forte com a paisagem envolvente e acentuá-la.
“ ... A construção da piscina tem a ver com essa ideia de Miradouro. Do miradouro
mesmo como imagem, como forma física quer como sinal na paisagem visto de fora,
quer como referência quando se está lá em relação ao exterior” (informação verbal).39
Ilustração 209 – Vista da Piscina de Campo Maior. ([Adaptado a Ilustração 210 – Piscina de Campo Maior. ([Adaptado a partir
partir de]: http://hiddenarchitecture.net/campo-maior-swimming- de]: http://hiddenarchitecture.net/campo-maior-swimming-pool).
pool).
38 Belvedere é uma palavra italiana que serve para descrever um terraço alto, uma zona de observação,
digamos um miradouro.
39 Informação fornecida pelo arquiteto João Luís Carrilho da Graça, João Luís na Magazine de Arquitectura
e decoração RTP,1993.
O projecto das piscinas foi realizado com Carlos Miguel Dias40 e surgiu através de
influências do construtivismo russo.41
40 Carlos Miguel Dias (Moçambique, 1957) é um arquiteto com atelier próprio sediado em Lisboa. Formou-
se em Arquitectura pela Escola Superior de Belas Artes de Lisboa em 1983. Colaborou em vários projetos
no atelier do Arquiteto Carrilho da Graça entre 1983 e 1987, vindo também a ser coautor em alguns projetos.
Foi professor da cadeira de projeto na Faculdade de Arquitectura da Universidade Técnica de Lisboa de
1986 a 1994. É diretor do seu atelier desde 1987 e sócio-gerente da C.M. Dias Arquitetos desde 1996. Foi
também professor de projeto na Universidade Moderna, Polo de Setúbal – Departamento de Arquitectura
entre 1998 e 2006. Entre 2007 e 2008, foi professor convidado na disciplina de História da Arquitectura
contemporânea na Universidade Lusófona de Humanidades e tecnologias – curso de Arquitetura. Da sua
obra arquitetónica podemos destacar o Farol Design Hotel, em Cascais; Casa na Herdade da Comporta,
Quartel de Bombeiros Voluntários de Águas de Moura, Casas na Quinta do Peru, em Sesimbra (ISSUU,
2016).
41O Construtivismo Russo foi um período revolucionário [datado sensivelmente entre 1913 e 1930], evidente
na Europa, principalmente na Rússia. Foi um movimento cujos artistas pensavam na pintura e na escultura
como construções – próximas de arquitetura. Os artistas abdicaram da conceção artística contemplativa,
indo ao encontro de formas de expressões que pudessem transformar a arte num novo paradigma,
criticando as técnicas tradicionais. A ideia do movimento construtivista caracterizou-se na abstração e pela
geometria de maneira acentuada, onde as cores primárias, novas formas [o uso constante de formas
geométricas] e fotomontagens eram evidenciadas. O construtivismo teve uma forte influência na arquitetura,
inserindo-se nas vanguardas do início do século XX. Outros movimentos influenciaram-se e consideraram
especificações do construtivismo, como o estilo De Stijl, artistas como Piet Mondrian e Theo van Doesburg,
falando também no Suprematismo fundado por Malevich.
é suportado discretamente por pilares, parecendo que fica suspenso; e “ ... o mais leve
(a pérgola), pelo contrário, é de facto suportado pelos pilares ... ”. (Gomes, 1991, p.92).
Os planos definem esta obra arquitetónica. O sector que contém a sala polivalente “
recusa ser um bloco ou “corpo” ... ” (Gomes, 1991, p.92), os planos de fachada descem
mas sem tocar no chão, salientando assim a “ ... imponderabilidade que ecoa
surdamente a leveza do pórtico” (Matos, 1991, p.76). Os rasgos horizontais, do alçado
nascente, que caracterizam o sector, são estreitas aberturas horizontais que
generosamente trazem a luz para o lado das piscinas e contêm a funcionalidade do
enquadramento. O alçado oposto organiza-se de um modo peculiar. A estrutura leve
que percorre o espaço onde se encontram as piscinas, os planos suportados por pilares,
os percursos visuais possíveis são multiplicados através dos espaços abertos.
Ilustração 212 – Pérgola suportada pelos pilares. ([Adaptado a partir de]” Carrilho da Graça”, p.31).
Ilustração 213 – Alçado Sul. ([Adaptado a partir de] da Graça, João Carrilho, Byrne, Gonçalo, “Carrilho da Graça”, p.30).
Ilustração 215 – Alçado Nascente. ([Adaptado a partir de] da Graça, João Carrilho, Byrne, Gonçalo, “Carrilho da Graça”, p.30).
Ilustração 216 – Pormenores do Alçado Nascente onde podemos ver alguns dos planos suspensos assim como o plano que contêm
os rasgos horizontais. ([Adaptado a partir de] Marques, Tânia, Os planos na Arquitectura de João Luís Carrilho da Graça: suspensão e
abstração).
“ ... 1. O quadrado maior fornece uma grelha que enquadra tudo o que é essencial: o
corpo construído, o coração, a piscina maior, a cerca a cota superior. ...
3. Num terceiro momento, ele reduziu-se ainda mais e rodou muito mais. Precisa-se uma
definição volumétrica: um diedro cuja base é a piscina pequena e cujos lados empurram
e perfuram, em altura e em profundidade, a grande fachada inicial, ... (Matos, 1991,
p.76-79).
Ilustração 217 – Esquema representativo em planta, dos momentos de rotação dos quadrados, nas Piscinas de Campo Maior
( Adaptado a partir de: Matos, Madalena Cunha, “Piscinas Errantes”, p.85)
Ilustração 218 – Alçado Sul. ([Adaptado a partir de]” Carrilho da Graça”, p.30).
Ilustração 219 – Desenhos Técnicos. ([Adaptado a partir de]” Carrilho da Graça”, p.30).
Ilustração 220 - Um dos Rasgos Existentes no Alçado Nascente. ([Adaptado a partir de]: http://hiddenarchitecture.net/campo-maior-swimming-
poo/).
Ilustração 221 - Piscinas de Campo Maior, o plano horizontal (Pérgola) que se transforma num plano vertical. ([Adaptado a partir de]:
http://hiddenarchitecture.net/campo-maior-swimming-poo/).
Para concluirmos, podemos dizer que a obra das piscinas de Campo Maior reúne a
combinação de diversas formas elementares: o quadrado, o retângulo, o círculo, o
triângulo, que são explorados na plenitude, e na sua expressão em obra, atingem
geometrias tridimensionais. Os planos cénicos exteriorizam esta linguagem: “ ... o
edifício, que apesar da sua geometria complexa é toda muito ortogonal, formaliza-se a
partir de uma tridimensionalidade proveniente de planos ... ”.(Graça, 2008).
... as vistas de Campo Maior organizam muito bem a paisagem elas aparecem como
uma espécie de acrópole ali em relação a Campo Maior mas depois existe uma espécie
de cenário construído para se ver o que está á volta, é também um grande Miradouro
... (informação verbal).42
42Informação fornecida por Manuel Graça Dias e Isabel colaço em “João Luís Carrilho
da Graça”, RTP2 1992).
Ilustração 223 – Rasgo no Alçado Nascente. ([Adaptado a partir Ilustração 224 – Escadas de acesso ao piso superior das
de]: “Carrilho da Graça”, p.30). Piscinas de Campo Maior. ([Adaptado a partir de]: “carrilho da
Graça”, p.29).
Ilustração 225 – Chapinheiro da Piscina de Campo Maior. Ilustração 226 - Tanque Infantil das Piscinas de Campo Maior.
([Adaptado a partir de]: http://hiddenarchitecture.net/campo- ([Adaptado a partir de]: http://hiddenarchitecture.net/campo-
maior-swimming-poo/). maior-swimming-poo/).
Ilustração 227 – Tanque principal da Piscina de Campo Maior. Ilustração 228 – Piscinas de Campo Maior. ([Adaptado a partir
([Adaptado a partir de:] http://hiddenarchitecture.net/campo- de:] http://hiddenarchitecture.net/campo-maior-swimming-poo/).
maior-swimming-poo/).
Ilustração 229 – Piscina de Campo Maior. ([Adaptado a partir de]: Ilustração 230 – Piscinas de Campo Maior. ([Adaptado a partir
“Carrilho da Graça”, p.33). de]: “Carrilho da Graça”, p.31).
Ilustração 231 – Piscinas de Campo Maior. ([Adaptado a partir de]: “Carrilho da Graça”, p.27).
Ilustração 232 – Uma das vistas que podemos contemplar nas Piscinas de Campo Maior. ([Adaptado a partir de:]
https://www.flickr.com/photos/carolinebarreira/8637941486).
As profundidades destes tanques serão inferiores a 1.30 m em pelo menos dois terços
da sua superfície, com o máximo de 2.0 m nas zonas mais profundas.
Podemos encontrar estes tanques nos parques aquáticos espalhados por Portugal,
sendo que a maioria destes se localizam no sul do país. Apresentamos como exemplos
o Aqualand Algarve, situado em Alcantarilha, o Aquashow Park Hotel situado em
Quarteira, o Zoomarine Oceans of Fun, situado na Guia (Albufeira) e o Slide&Splash,
situado em Lagoa, todos no Algarve.
Ilustração 233 – Vista do Parque aquático Aqualand. ([Adaptado a Ilustração 234 – Vista do Parque aquático Aquashow. ([Adaptado a
partir de:] https://www.aqualand.pt/). partir de:] https://aquashowpark.com/).
Ilustração 235 – Vista do Parque aquático Zoomarine. ([Adaptado a Ilustração 236 – Vista do Parque aquático Slide&Splash.
partir de:] https://www.barlavento.pt/). ([Adaptado a partir de:] https://www.timeout.pt/).
urbano e regional e tende a promover a qualidade de vida das populações dos territórios
onde se insere(m). Naturalmente, procuram também uma grande afluência de
utilizadores, o que se traduz numa grande rentabilidade para os seus promotores.
Um dos mais famosos parques aquáticos em Portugal é o Slide & Splash. Inaugurado a
10 de junho de 1986, este conta actualmente com uma área total de 10 hectares, tendo
ao dispor vários divertimentos aquáticos para todos os gostos e idades, bem como áreas
de descanso relvadas e/ou com espreguiçadeiras, espaços para espétaculos com
animais, massagens e “fish spa”, vários pontos de restauração servem os utilizadores,
tal como uma loja de venda de produtos associados.
Ilustração 237 – Algumas das diversões existentes no Ilustração 238 - Algumas das diversões existentes no
Slide&Splash. ([Adaptado a partir de:] Slide&Splash. ([Adaptado a partir de:]
https://www.slidesplash.com/). https://www.slidesplash.com/).
Ilustração 239 - Algumas das diversões existentes no Ilustração 240 - Algumas das diversões existentes no
Slide&Splash para crianças. ([Adaptado a partir de:] Slide&Splash para crianças. ([Adaptado a partir de:]
https://www.slidesplash.com/). https://www.slidesplash.com/).
Na realidade, pouco há a referir a respeito deste tipo de tanques. O que aqui se pretende
é disponibilizar de maneira utilitária e massificada o acesso a uma multiplicidade de
diversões, maioritariamente no Verão e relacionadas com a utilização de piscinas (água
contida em tanques artificiais) que podem assumir múltiplos tamanhos, formas, cores e
suportes e estão orientadas à possibilidade de as pessoas se refrescarem enquanto
passam algum tempo de evasão.
Não se pretende uma lógica do “esteticamente belo” ou permanente, mas antes a
sensação de variedade e de desfrute de “brincadeiras aquáticas”, em segurança e com
Ilustração 241 – Nesta imagem podemos ver a Piscina de Saltos do Jamor a ser utilizada por utentes que praticam uma aula de
hidroginástica, para que tal seja possível o fundo amovível encontra-se fechado. ([Adaptado a partir de:] IPDJ).
Portugal tem uma vasta orla costeira de livre acesso (instituída pelo decreto relativo ao
Domínio Público Marítimo, de 1898). As atividades recreativas nestes espaços foram
aumentando, assim como o interesse das pessoas pelas atividades aquáticas,
principalmente nos meses mais quentes.
A percepção que temos e a catividade que damos ao litoral têm mudado ao longo dos
tempos. Outrora, a orla costeira, ainda que pontilhada de algumas cidades e vilas, era
na sua maior extensão um território vazio, evitado, ignorado, habitado por uma população
diminuta de pescadores. Com o aparecimento da moda dos “banhos de mar”, o espaço
litorâneo passou a ser local de atracção e divertimento, sendo procurado sazonalmente
por grandes massas populacionais... . (Freitas, 2007, p.105).
Uma das piscinas oceânicas mais conhecidas do nosso país situa-se em Leça da
Palmeira, Matosinhos. Trata-se de uma das primeiras obras do arquiteto Álvaro Siza
Vieira. O projeto e construção foram desenvolvidos em várias fases, ao longo de catorze
anos: a 1ª fase começa em 1959 e a 4ª fase termina em 1973.
Para além das duas piscinas já referidas, podemos ainda destacar a Piscina da Praia
das Maçãs, do arquiteto Raul Tojal e João Guilherme Faria da Costa, projetadas em
1955, as Piscinas de São Pedro de Moel, projetadas pelo Arquiteto Egas de Vidigal
Vieira e Vitor Manuel Rodrigues, inauguradas em 1967, a Piscina do Atlântico, do
Arquiteto Paulo David, e ainda as Piscinas das Azenhas do Mar que, apesar de não
haver registo arquitetónico da sua conceção e construção, são sem dúvida um marco
paisagístico na sua região e até no nosso país.
Ilustração 242 – Localização das Piscinas Oceânicas e naturais em Portugal. ([Adaptado a partir de:] Google maps, edição Nossa).
Este conjunto tornou-se um dos projectos mais reconhecidos do Arquiteto Álvaro Siza
Vieira e, em 2011, foi classificado como Monumento Nacional.
Ilustração 243 – Vista aérea das Piscinas de Leça da Palmeira. ([Adaptado a partir de:]
https://www.archdaily.com/875678/7-established-architects-advice-for-young-professionals-and-
students/59662ba4b22e38a4e1000188-7-established-architects-advice-for-young-professionals-and-students-
image).
Ilustração 244 - Esquiço das Piscinas de Leça da Palmeira elaborado pelo Arquiteto Álvaro Siza Vieira. ([Adaptado a partir de:]
https://portuguesearchitectures.wordpress.com/).
Ilustração 245 – Planta das Piscinas de Leça da Palmeira. ([Adaptado a partir de:] https://portuguesearchitectures.wordpress.com/).
Ilustração 246 – Rampa de acesso - Piscinas das de Leça da Ilustração 247 - Rampa de acesso - Piscinas das de Leça da
Palmeira. ([Adaptado a partir de:] Palmeira. ([Adaptado a partir de:]
https://portuguesearchitectures.wordpress.com/). https://portuguesearchitectures.wordpress.com/).
Ilustração 248 - Rampa de acesso - Piscinas das de Leça da Ilustração 249 - Rampa de acesso - Piscinas das de Leça da
Palmeira. ([Adaptado a partir de:] Palmeira. ([Adaptado a partir de:]
https://portuguesearchitectures.wordpress.com/). https://portuguesearchitectures.wordpress.com/).
As bordas das piscinas são baixas e em betão, de modo a que se “misturem” com as
formações rochosas naturais, que também elas servem de limite à piscina (o nível da
água da piscina parece sempre o mesmo que o do mar). Desta maneira é criada uma
indefinição intencional, que confunde a compreensão real do limite criado e aumenta
visualmente a extensão do espaço. A piscina das crianças é ligada a uma parede curva
de betão numa das bordas, enquanto a outra, destinada a adultos, está ligada a uma
ponte e a grandes rochas, sendo que a das crianças, está localizada numa zona mais
recolhida do mar.
Ilustração 250 – Piscina dos adultos. ([Adaptado Ilustração 251 - Piscina das crianças. ([Adaptado
a partir de:] a partir de:]
https://portuguesearchitectures.wordpress.com/). https://portuguesearchitectures.wordpress.com/).
Ilustração 252 – Vista área das Piscinas de Leça da Palmeira onde se pode ver a localização das duas piscinas. Vista aérea das
Piscinas de Leça da Palmeira. ([Adaptado a partir de:] https://www.archdaily.com/875678/7-established-architects-advice-for-young-
professionals-and-students/59662ba4b22e38a4e1000188-7-established-architects-advice-for-young-professionals-and-students-
image).
Nas piscinas de Leça da Palmeira, Siza demonstra à evidência a conexão com o natural,
mantendo a individualidade da sua intervenção, o que acrescentamos, antecipa já o que
será um dos marcos da linha arquitetónica de um dos melhores arquitetos portugueses
de todos os tempos. De resto, o projeto é internacionalmente reconhecido e ainda hoje
mantém a sua integridade e perenidade.
Em razão da obra e do modo tão bem concebido como se assume na paisagem, mas
também da sua virtualidade de utilização, que se mantém atual há mais de cinquenta
anos. Considerando as imagens propostas e a descrição já feita, não se nos oferece
outro comentário que não o de que a mesma “fala por si”, e de que poucos projetos de
piscinas terão atingido de maneira tão perene e vantajosa os seus objetivos próprios,
como sucedeu com este conjunto laboriosamente criado.
Piscinas do Tamariz
As piscinas do Tamariz, foram projectadas em 1954 pelo arquiteto Manuel Tainha, com
a colaboração do arquiteto António Pinto de Freitas. Inauguradas no ano de 1956, na
praia do Tamariz, no Estoril, estas piscinas, uma para adultos e outra para crianças
eram abastecidas de água salgada. As piscinas do Tamariz são atualmente pertença da
“Sociedade Estoril-Sol”.
Ilustração 254 – Restaurante Tamariz e Ilustração 255 – Antigo Chalet Schroeter mais
Piscina. ([Adaptado a partir de:] tarde transformado em restaurante. ([Adaptado a
https://restosdecoleccao.blogspot.com/2017/0 partir de:]
9/piscinas-do-tamariz.html). https://restosdecoleccao.blogspot.com/2017/09/pis
cinas-do-tamariz.html).
A 23 de Junho de 2016 a piscina do Tamariz, após profundas transformações a nível
exterior, passa a designar-se “Reverse Pool & Beach Lounge”, a partir de uma ideia de
Importa referenciar ainda uma outra piscina oceânica que, ao que parece, teve uma
existência efémera, mas constituiu na sua época um vanguardismo de sublinhar:
Em Julho de 1970 era inaugurada na praia do Tamariz uma “praia piscina flutuante” (a
cerca de trezentos metros do areal). Foi projetada por Eduardo Anahory, artista plástico
e gráfico, que batizou a sua invenção com o nome “SeaPool”. Tratava-se de uma
enorme “jangada”, no centro da qual existia uma piscina com paredes e fundo de rede
nylon, por onde a água era constatemente renovada e filtrada. Em torno da piscina havia
um amplo deck, com uma área de 400 metros quadrados, o que permitia acomodar
confortavelmente cerca de 150 pessoas, sem sofrer possibilidades de adornar,
mantendo-se à tona da água por efeito de dois flutuadores laterais, ao longo de todo o
comprimento da mesma piscina. Daquilo que apurámos a mesma funcionou, pelo
menos, durante dois anos, não havendo notícia de que tenha tornado a ser montada
(uma vez que era constituída por elementos modulados, permitindo a montagem para
cada época balnear e correspondente desmontagem e armazenamento no Inverno).
Ilustração 257 – Vista aérea da praia das Maçãs e do complexo Concha (1956). ([Adaptado a partir de:] Arquivo
Municipal de Lisboa).
43 João Guilherme Faria da Costa, nasceu em Sintra a 16 de abril de 1906, considerado o primeiro arquiteto
urbanista português com formação internacional. Diplomado em urbanismo pelo Instituto de Urbanismo da
Universidade de Paris em 1935, e em arquitetura pela Escola Superior de Belas Artes de Lisboa (ESBAL)
em 1936, foi autor de obras como: o plano de arranjo, embelezamento e extensão da Figueira da Foz (1935
(tese final de curso do Instituto de Urbanismo da Universidade de Paris)).; Plano diretor de Lisboa (1938-
1948); Plano Geral da Urbanização de Lisboa: Estudo para o Bairro do Restelo ( plano da Encosta da Ajuda
1938/40), Estudo para o Martim Moniz (1943); estudo para o Bairro do Areeiro (1938); Estudo para o Bairro
de Alvalade (1945), elaborou alguns planos territoriais como é o caso da Costa do Sol (Lisboa- Cascais);
Faixa Marginal do Tejo- Moscavide a Vila Franca de Xira e do Seixal ao Montijo; concelho de Almada; Cova
do Vapor; Trafaria e costa da Caparica (1947). De entre os seus projetos arquitetónicos podemos destacar
a Piscina da Praia das Maçãs; a casa na praia das Maçãs no Bairro dos Arquitetos (anos 30); Cinema
Carlos Alberto, Portela de Sintra; Restaurante na curva da Marginal, Jamor; Edifício “Bloco da Mãe d`Água”
no Rato- Lisboa; Edifício na Avenida do Restelo, nº 23 e 23ª (projeto conjunto com Fernando Silva) Prémio
Valmor, 1952)). Morre em Lisboa a 19 de janeiro de 1971.
Ilustração 258 - Vista aérea da praia das Maçãs e do complexo Concha (Atual). ([Adaptado a partir de:] Google
maps, adaptação Nossa).
Ilustração 259 – Vista aérea da Praia das Maçãs. ([Adaptado a partir de:] Arquivo Municipal de Lisboa).
Tal projeto foi promovido pela empresa “Turismo Sintra Litoral, S.A.R.L.” e inseriu-se em
dois estudos encomendados pela Câmara Municipal de Sintra: o Plano Geral de Arranjo
da Praia das Maçãs e o Estudo de Valorização da Praia das Maçãs, elaborados entre
1949 e 1955.
O complexo “Concha” é composto por duas piscinas oceânicas, uma para adultos
(50x25m), com uma prancha de saltos de oito metros de altura, e outra mais pequena
para crianças (48x12m), para além de numerosos balneários.
Ilustração 260 – Piscinas Oceânicas da praia das Maçãs. ([Adaptado a partir de:] Arquivo Municipal de Lisboa).
Ilustração 261 – Projeto das Piscinas, Balneários, Bar e Restaurante. ([Adaptado a partir de:] O Traço do Arquitecto em Sintra,
Câmara Municipal de Sintra).
Do complexo fazem parte, para além das piscinas, um restaurante, um salão de chá e
de dança (com conjunto privativo), todos de dimensões generosas. Anos mais tarde e
do lado oposto a este edifício, viria a ser construído um parque de bungalows da
“Orbitur”.
Ilustração 262 - Planta do Restaurante e Solário. ([Adaptado a partir de:] O Traço do Arquitecto em Sintra, Câmara Municipal de Sintra).
Ilustração 263 – Restaurante do Complexo Concha na praia das Maçãs. ([Adaptado a partir de:] Arquivo Municipal de Lisboa).
Ilustração 264 – Cartaz do Restaurante Concha de 11 Ilustração 265 – Cartaz do Restaurante Concha de 9 de
de junho de 1960. ([Adaptado a partir de:] Arquivo julho de 1960 ([Adaptado a partir de:] Arquivo Municipal
Municipal de Lisboa). de Lisboa).
Ilustração 266 - Imagens do Complexo Sintra Sol. ([Adaptado a partir de:] Sintra Sol).
Ilustração 267 - Piscinas da praia das Maçãs atualmente. ([Adaptado a partir de:] Sintra Sol).
Ilustração 268 - Planta do conjunto. ([Adaptado a partir de:] Arquivo Municipal de Lisboa).
Ilustração 269 - Vista geral do conjunto. ([Adaptado a partir de:] Arquivo Municipal de Lisboa).
Ilustração 270 – Alçado do conjunto sobre as piscinas. ([Adaptado a partir de:] Arquivo Municipal de Lisboa).
Ilustração 271 - Conjunto dos Alçados Posteriores. ([Adaptado a partir de:] Arquivo Municipal de Lisboa).
Ilustração 272 - Construção da piscina da praia das Maçãs. ([Adaptado a partir de:] Arquivo Municipal de Lisboa).
Ilustração 273 - Placa com identificação da obra. ([Adaptado Ilustração 274 - Apresentação do projeto num jornal. ([Adaptado a partir
a partir de:] Arquivo Municipal de Lisboa). de:] Arquivo Municipal de Lisboa).
Ilustração 275 - Inauguração da piscina da praia das Maçãs. ([Adaptado a partir de:] Arquivo Municipal de Lisboa).
Ilustração 276 - Praia de São Pedro de Moel antes da construção das Piscinas (1964). ([Adaptado a partir de:] Arquivo Municipal da
Marinha Grande).
Nos anos 60, as leis de proteção do litoral não eram tão exigentes e só isso justifica que
tenha sido erguido um complexo daquela dimensão e volumetria, praticamente em cima
da praia. A Promoel, empresa que então foi constituída, durou quase 50 anos, mas
acabaria por vender aquele património ao Grupo Oliveiras.
Este Grupo, não satisfeito com um ativo situado numa zona privilegiada, entendeu que
para o rentabilizar seria necessário acrescentar mais construção.
Ilustração 277 - Praia de São Pedro de Moel depois da construção das Piscinas. ([Adaptado a partir de:] Arquivo Municipal da Marinha
Grande).
Na visão do arquiteto Egas José Vieira, filho do Arquiteto Egas de Vidigal Vieira, que em
conjunto com Vítor Manuel Rodrigues projetou o complexo, as piscinas estão
“completamente enraizadas na memória colectiva” de quem conhece São Pedro de Moel
e daí a urgência de uma “situação de consenso” entre os actuais proprietários e a
Ilustração 278 - Piscinas de São Pedro de Moel (1967). ([Adaptado a partir de:] Jornal de Leiria).
Ilustração 279 - Piscinas de São Pedro de Moel em abandono. ([Adaptado a partir de:] Jornal de Leiria).
As piscinas de São Pedro de Moel encontram-se inseridas num terreno com um desnível
de 28 metros, entre a cota 5 (ao nível da Praia) e a cota 33 (do arruamento de acesso
ao empreendimento), optou-se por uma:
distribuição orgânica das diversas peças que compõem o programa funcional (...)
lançadas no terreno a partir de dados fixos e impostos pela imperiosidade de
À cota mais baixa (12 metros), situavam-se os tanques da piscina olímpica, com 50 por
21 metros (segundo as medidas internacionais olímpicas para competição e as
indicações fornecidas pela Federação Portuguesa de Natação) e da Piscina de Saltos,
com a respetiva torre e pranchas a 5 metros, 3 metros e 1 metro de altura.
Ilustração 280 - Esquema de circulação à cota 10,00 e 11,5m. ([Adaptado a partir de:] Câmara Municipal Marinha-Grande).
Dois metros acima, à cota 14, estavam instalados o tanque de crianças com lava-pés,
o tanque de chapinhagem, um tanque de areia e jardim infantil, o posto de socorros,
cabines com duches, instalações sanitárias e depósito de roupas (com cabides para
rapazes e raparigas), bar com esplanada, venda de gelados, de jornais e revistas e até
venda e exposição de vidros da Marinha Grande.
Ilustração 281 - Esquema de circulação à cota 14,00m. ([Adaptado a partir de:] Câmara Municipal Marinha-Grande).
Todos estes espaços tiram partido da vista panorâmica sobre a Praia e a Vila,
prolongando-se para o exterior em varandas/ esplanadas e um amplo solário sobre o
conjunto das piscinas.
Ilustração 282 - Planta de circulação à cota 18,00m. ([Adaptado a partir de:] Câmara Municipal Marinha-Grande).
Ilustração 283 - Alçado Nascente. ([Adaptado a partir de:] Câmara Municipal Marinha-Grande).
Ilustração 284 -Alçado Poente. ([Adaptado a partir de:] Câmara Municipal Marinha-Grande).
Entre o ano de 2000 e 2002 a Promoel pede ao arquiteto João Eduardo Oliveira
Mascarenhas que faça um projeto de alterações da Arquitetura, de modo a que o
Complexo Turístico das Piscinas de São Pedro de Moel, Promoel S.A, fique legalizado
conforme as novas leis existentes. Deste modo, o arquiteto não altera a fundo a
estrutura do conjunto, mas organiza-o de modo a que este cumpra todos os
regulamentos legais impostos para este tipo de empreendimento.
Ilustração 285 - Planta de localização. ([Adaptado a partir de:] Câmara Municipal Marinha-Grande).
Ilustração 286 - Planta de implantação Existente. ([Adaptado a partir de:] Câmara Municipal Marinha-Grande).
Ilustração 287 - Planta de Implantação Amarelos e Vermelhos. ([Adaptado a partir de:] Câmara Municipal Marinha-Grande).
Ilustração 288 - Planta de Implantação Proposta. ([Adaptado a partir de:] Câmara Municipal Marinha-Grande).
Ilustração 289 - Conjunto da Promoel. ([Adaptado a partir de:] Câmara Municipal Marinha-Grande).
Ilustração 290 - Conjunto das Piscinas da Praia de São Pedro de Moel. ([Adaptado a partir de:] Câmara Municipal Marinha-Grande).
Ilustração 291 - Estado de degradação / vandalismo dos edifícios (2009). ([Adaptado a partir de:] Blog os Abandonados).
Ilustração 292 - Estado de degradação / vandalismo dos edifícios (2009). ([Adaptado a partir de:] Blog os Abandonados).
Ilustração 293 -Estado de degradação / vandalismo dos edifícios / Piscina (2009). ([Adaptado a partir de:] Blog os Abandonados).
Ilustração 294 - Estado de degradação / vandalismo dos edifícios / Piscina (2009). ([Adaptado a partir de:] Blog os Abandonados).
Ilustração 295 - Estado de degradação / vandalismo dos edifícios / Piscina (2009). ([Adaptado a partir de:] Blog os Abandonados).
Ilustração 296 - Estado de degradação / vandalismo dos edifícios / Piscina (2009). ([Adaptado a partir de:] Blog os Abandonados).
Ilustração 297 - Estado de degradação / vandalismo dos edifícios / Piscina (2019). ([Adaptado a partir de:] Til Magazine).
Já não há mergulhos da plataforma olímpica, dias intensos e noites longas, nem verões
inesquecíveis, namoros debaixo das estrelas e brilharetes na pista de dança, já não há
Terrazo, Cheers e bebedeiras no Snoobar, nem Hot Rio, Caótica e Club In, já não há
bares, discotecas, restaurantes, festas, banquetes, cinema, concertos e partidas de
bilhar, restam as memórias coleccionadas por várias gerações. E uma ferida ao
abandono, que teima em manchar a paisagem. (Garcia, 2017).
Piscina do Atlântico
Ilustração 298 - Localização das Piscinas. ([Adaptado a partir de:] Revista arq./a, outubro 2007).
O sítio das Salinas – uma construção, o antigo forno de cal. Configuração – resultado
estratificação vulcânica, negra e porosa, própria do arrefecimento rápido da lava – um
raríssimo equilíbrio entre forma e lugar. O sitio ocupado – uma antiga indústria artesanal
de secagem do “peixe gata”, a extracção do sal nas rochas esculpidas empresta-lhe o
nome – salinas. (David, 2007, p.40).
Ilustração 299 - Antigo forno de Cal. ([Adaptado a partir de:] Revista Ilustração 300 - Indústria artesanal de secagem de Peixe.
arq./a, outubro 2007). ([Adaptado a partir de:] Revista arq./a, outubro 2007).
Ilustração 301 - Fotografia do conjunto do sítio. ([Adaptado a partir de:] Revista Jornal Arquitectos / 227, p.104).
Um muro longo que desenvolve e articula o limite periférico das salinas e dá continuidade
a um circuito de caminhos, “caminho da trincheira” que bordeava o mar. Um muro
espesso que suporta a falésia e abriga o conteúdo, um muro topográfico que se adoça e
limita. Um muro em pedra que contextualiza. Uma plataforma em betão, de geometria
precisa que se relaciona com o mar e contrapõe e confronta a irregularidade natural da
costa evidenciando-a (David, 2007, p. 104).
Ilustração 302 – Esboço do Projeto. ([Adaptado a partir de:] Revista Arq./ a outubro 2007, p.40).
Ilustração 303 - Uma plataforma em betão, de geometria precisa. ([Adaptado a partir de:] Revista Arquitectura & Construção, janeiro
2007, p.110).
O projeto, consoante se evidencia, enquadra-se num programa vasto que abrange todo
o lugar costeiro de Câmara de Lobos. Com funções articuladas a duas cotas, torna-se
suscetível de abrigar as novas funções do programa:
No nível mais baixo temos o bar, protegido por um muro em pedra basáltica, que
estabelece o contacto direto com a azinhaga, e ao nível superior a sala de refeições e
as cozinhas, que por sua vez estabelecem relação com o jardim e com a estrutura de
diferentes caminhos.
É diante destas funcionalidades que surge o tanque da piscina, num jogo de descoberta
que se faz capaz a partir do caminho marítimo.
Ilustração 304 - Piscina e Restaurante. ([Adaptado a partir de:] Jornal Arquitectos, p.107).
Ilustração 305 - Acesso ao Restaurante. ([Adaptado a partir de:] Revista Arquitectura e Vida, nº82, maio 2007, p.89).
Ilustração 306 - "Caminho da trincheira". ([Adaptado a partir de:] Revista Arquitectura e Vida, nº82, maio 2007, p.88).
São enfim dois corpos monocromáticos: um fechado duro e metálico que realiza o
núcleo das cozinhas e águas, outro transparente, vidro e ripado de madeira maciça, que
faz a grande sala de refeições. A densidade dos materiais destaca o edifício que se
transforma na sua cor, dia após dia, embrenhando-se na paisagem envolvente sem
deixar de se impor como obra arquitetónica no ambiente natural que respeita
integralmente.
Ilustração 307 - Planta de Implantação. ([Adaptado a partir de:] Revista Arquitectura & Construção, janeiro 2007, p.111).
Ilustração 308 - Alçado geral. ([Adaptado a partir de:] Revista Arquitectura & Construção, janeiro 2007, p.111).
Ilustração 309 - Plantas Gerais. ([Adaptado a partir de:] Revista Arquitectura & Construção, janeiro 2007, p.111).
Ilustração 310 - Planta do Restaurante piso-1. ([Adaptado a partir de:] Jornal dos Arquitectos/ 227, p.108).
Ilustração 311 - Planta do Restaurante piso -1. ([Adaptado a partir de:] Jornal dos Arquitectos/ 227, p.108).
Ilustração 312 - Planta das Piscinas. ([Adaptado a partir de:] Jornal dos Arquitectos/ 227, p.106).
Ilustração 313 - Cortes Gerais. ([Adaptado a partir de:] Revista Arquitectura & Construção, janeiro 2007, p.111).
Ilustração 314 - Cortes totais Piscinas. ([Adaptado a partir de:] Jornal dos Arquitectos/ 227, p.106).
Ilustração 315 - Alçado / Corte. ([Adaptado a partir de:] Revista arq./a, outubro 2007, p.45).
Ilustração 316 - Piscina das Azenhas do Mar. ([Adaptado a partir de:] Junta de Freguesia de Colares).
As Azenhas do Mar foram sítio de férias do rei D. Carlos, da sua mulher, a rainha D.
Amélia e da mãe daquele, a rainha D. Maria Pia.
A atração principal da aldeia continua a ser a sua maravilhosa piscina oceânica, para
onde converge todo o pitoresco casario.
Esta piscina está em contacto quase direto com o mar e este, de quando em quando,
de onda em onda, cavalga a rocha e arrefece a água que na parte de dentro é aquecida
pelos raios do sol. A piscina oceânica das Azenhas do Mar tornou-se um ícone pela sua
beleza natural, fazendo parte dos postais que ilustram Portugal. Constatamos que não
foram poucas as vezes que a aldeia das Azenhas do Mar e as suas piscinas serviram
de inspiração a pintores e escritores como Emílio de Paula Campos, Júlio Pomar,
Alfredo Keil, Virgílio Ferreira, José Saramago, entre outros.
Todos os caminhos vão dar a Sintra. O viajante já escolheu o seu. Dará a volta por
Azenhas do Mar e Praia das Maçãs, espreitará primeiro as casas que descem a arriba
em cascata, depois o areal batido pelas ondas do largo. (Saramago, 2018).
Ilustração 317 - Vista da piscina. ([Adaptado a partir de:] jornal Correio da manhã).
No entanto, na esteira da revolução social, com a melhoria das condições de vida e com
a proliferação de uma cultura mais democrática e de procura do conforto de acesso
generalizado, assim como uma maior capacidade económica, a água chega finalmente
às habitações, e não só para usos domésticos. Começam a surgir piscinas nas
habitações portuguesas. O modernismo na arquitetura reflete os exemplos que nos
chegam da Europa onde já existiam habitações com tais estruturas.
45 Gonçalo Pereira Ribeiro Telles – Conhecido por Gonçalo Ribeiro Telles, (Lisboa, 19922 – 2020).
Licenciou-se em Engenharia Agrónoma e terminou o curso livre de Arquitectura Paisagista, no Instituto
Superior de Agronomia da Universidade Técnica de Lisboa (ISA). Iniciou a sua vida profissional nos serviços
da Câmara Municipal de Lisboa, enquanto dava aulas no ISA. O projeto mais marcante da sua carreira é,
provavelmente, o jardim da Fundação Calouste Gulbenkian, que assinou com António Viana Barreto e que
lhe valeu, Ex aequo, o Prémio Valmor de 1975. Entre outros projetos podemos assinalar o espaço público
do Bairro das Estacas, em Alvalade e o Corredor Verde de Monsanto.
Corriam então, de boca em boca, referências pouco elogiosas àquela empresa, suas
intenções e processos. Dizia-se que pensava espatifar, sem escrúpulos, as belezas
naturais da península para obter desmesurados lucros, que abusivamente fazia intervir
no caso altas personalidades políticas brasileiras, etc. Tinha apresentado às entidades
oficiais portuguesas um ante-plano de urbanização onde a falta de estudo e a ganância
por demais se revelavam. O plano fora totalmente reprovado por uma comissão
nomeada especialmente para o efeito e o ministro das Obras Públicas e essa comissão
firmara restrições tão severas para a elaboração dum novo plano, que bem podiam ser
tomadas como uma demonstração dos seus receios quanto às intenções da Soltroia.
(Amaral, 1964, p.1).
Vendo comprometida a sua imagem junto da opinião pública e junto do próprio governo
português, a Soltroia decide convidar, em Março de 1963, Francisco Keil do Amaral para
se ocupar da urbanização da Península. Em carta de 3 de Abril de 1963, a Soltroia
formaliza a contratação do arquitecto, na qualidade de “consultor técnico”, acordando
com a organização de:
uma equipa de, no máximo, cinco arquitectos e dois desenhadores, (...), para
procederem ao estudo e apresentação dentro do prazo de 120 dias, de um anteplano de
urbanização total da área, além do projecto de um clube naútico e grupo de
apartamentos, que poderá ser apresentado até 30 dias depois. (Soltroia, 1963, p.1).
Ilustração 322 – Península de Troia, Setúbal. Levantamento Francisco Keil do Amaral, 1963. ([Adaptado a partir de:] Arquivo Ana
Tostões).
1) - Organizar a ocupação urbana do território não com uma cidade extensa e aparatosa,
mas com um conjunto de pequenos núcleos distintos, cada um deles para uma
população compreendida entre 3.000 e 4.000 pessoas - verdadeiras ‘vilas’ de férias, cuja
dimensão, escala e características facilitem aos seus ocupantes uma rápida integração,
não só num meio físico - geográfico, urbanístico e arquitectónico - mas também num
meio humano - numa vizinhança.
3) Contar com a cidade de Setúbal - o seu comércio, o seu cinema, o seu estádio, os
seus restaurantes, o seu porto, etc. - para um apoio indispensável às primeiras ‘vilas’;
mas prever e promover a construção logo que o desenvolvimento geral e o número de
habitantes o justifiquem, de um centro urbano para cada grupo de seis ‘vilas’, no qual se
instalarão os edifícios e recintos de recreio e cultura, o grande comércio, os escritórios,
a igreja, a escola, as clínicas, os serviços municipalizados, bem como as pequenas
indústrias de manutenção - que cada ‘vila’ não pode comportar, nem poderia manter.
Esse núcleo, de feição nìtidamente mais citadina, deverá ter habitações, grande parte
das quais com carácter permanente, e constituirá, com as suas lojas, os seus cafés, os
seus bares, os seus dancings, exposições, espectáculos, etc., um verdadeiro fulcro de
confluência inter-’vilas’, de convívio e prazer.
5) Encarar o problema dos hotéis não apenas sob os pontos de vista da capacidade de
alojamento e da categoria, mas procurando integrá-los nos conceitos que se vêm
enunciando. Para tanto: distribuindo-os pelo conjunto urbanizado e prevendo alguns
deles como factores de vitalização das células. Se é certo que os hotéis beneficiam duma
autonomia que seduz muito os hóspedes (e por isso mesmo devamos localizar alguns
deles destacados), não é menos verdade que podem representar, através dos seus
restaurantes, dos seus bares, dos seus dancings, factores de encontros, de convívio e
de animação (e por isso deveremos incluir um em cada célula).
Assim, numa área total de 1.500 hectares e para uma população estimada de 52.000
habitantes, é traçada uma via rápida, que estrutura longitudinalmente todo o território,
desde a Ponte do Adoxe até à Comporta, onde liga a Grândola e à rede rodoviária
nacional, e se distribui correspondentemente para as doze células populacionais
previstas.
Ilustração 323 - Troia Bases Urbanísticas para a Criação dum Centro Turístico, Francisco Keil do Amaral, 1963. ([Adaptado a partir
de:] Dissertação de Mestrado de Susana Maria Tavares dos Santos Henriques). Legenda: C- clube; H- Hotel; HL- Hotel de Luxo; R-
Restaurante Esplanada; Azul- Campismo; Verde – Zonas verdes Principais).
Das doze células referidas, dez são chamadas, genericamente, de “vilas” e duas de
“cidades”. Para as primeiras preconiza-se uma população de 3.000 a 4.000 habitantes
cada, e para as últimas referenciam-se 7.000 habitantes.
Ilustração 324 - Ilustração 327 - Troia Bases Urbanísticas para a Criação dum Centro Turístico, Francisco Keil do Amaral, 1963.
([Adaptado a partir de:] Dissertação de Mestrado de Susana Maria Tavares dos Santos Henriques). Legenda: C- clube; H- Hotel; HL-
Hotel de Luxo; R- Restaurante Esplanada; Azul- Campismo; Verde – Zonas verdes Principais).
A faixa sujeita à jurisdição do Domínio Público Marítimo é deixada livre. “Só no caso de
um ou outro hotel, clube ou restaurante, integrado no equipamento das praias, se fará
excepção a essa regra”.
Ilustração 325 - Maqueta Geral, 1963. ([Adaptado a partir de:] AMARAL, Francisco Pires Keil Amaral (coordenação), Keil Amaral
Arquitecto: 1910-1975, Lisboa, Associação dos Arquitectos Portugueses, 1992, p. 12).
Ilustração 326 – Plano de Desenvolvimento da Península de Troia. Estruturação Urbanística, Esquema Básico (João Andresen,
1965). ([Adaptado a partir de:] Briz, Maria da Graça Gonzalez, Dissertação de doutoramento em História da Arte Contemporânea).
Com a morte de João Andresen, em 1967, a Soltroia vê-se, de novo, sem um técnico
responsável, português, que coordenasse o desenvolvimento dos estudos de
urbanização e o processo acabaria por ser suspenso. Só três anos depois, no início de
1970, se retomam os trabalhos, com a constituição da Sociedade Turística Ponta do
Adoxe (STPA), SARL, resultado de uma parceria entre a SOLTROIA - Sociedade
Imobiliária de Urbanização e Turismo, SARL, a AC - Arquitectura e Construções, SA, e
a Torralta - Club Internacional de Férias, SARL. A ligação entre as três empresas é
consequência de várias circunstâncias. Os fundadores da Torralta, Agostinho e José da
Silva, criada por escritura de 8 de Março de 1967, tinham uma participação minoritária
na Soltroia desde 1962, altura em que o seu pai havia intermediado a venda dos terrenos
da Quinta da Herdade, da Sociedade Agrícola de Tróia, a Walter Moreira Salles.
advogado Mário Pais de Sousa, amigo pessoal de Francisco Conceição Silva46, que
sugere a contratação deste arquiteto para realizar aqueles estudos. Conceição Silva
que, como vimos, era, também, administrador da AC - Arquitectura e Construções,
empresa que fundara com Domingos Ribeiro da Silva.
46 Francisco da Conceição Silva (1922-1982), tirou o seu curso na escola de Belas Artes de Lisboa, obtém
o diploma de arquiteto em 1949. Por volta de 1953, Conceição Silva monta o seu atelier individual. O seu
percurso singular inscreveu-se determinante no contexto da arquitetura moderna portuguesa, procurou
sempre uma atualização dos fundamentos da arquitetura, o arquiteto participou ativamente na conquista do
espaço cultural necessário ao desenvolvimento de uma arquitetura verdadeiramente moderna no nosso
país, acompanhando inclusive a vaga europeia de revisão e da adaptação à realidade local, realidade essa,
no caso português, em profunda transformação ao longo das décadas de 50,60 e 70. Teve como seus
influenciadores Le Corbusier (1887-1965), Alvar Aalto (1898-1976) e especialmente Frank Llyod Wright
(1867 – 1959). Alguma das suas obras são as torres de Alfragide, Casa Souza Pinto, no Restelo (1950,
Prémio Municipal de Arquitectura de 1951), de Keil, e o assumidamente moderno projeto CODA (concurso
para obtenção do Diploma de Arquitectura) de Fernando Távora (1950), Hotel do Mar (1960 – 1962), Hotel
da Balaia (1964-68), complexo de Troia (1970-1974). Foge para o Brasil exilado com 53 anos, acabaria por
nunca mais volta a Portugal, o seu atelier foi-se dissolvendo até terminar a sua atividade em 1980. O
arquiteto Francisco Conceição Silva morre em 1982 no Brasil.
Ilustração 327 -Urbanização de Troia Núcleo I, Plano aprovado para a ponta do Adoxe, Atelier Conceição Silva, 1973.
([Adaptado a partir de:] Arquivo Conceição Silva).
Das seis torres inicialmente projetadas, só três seriam construidas, o Club Hotel nunca
chegaria a ser terminado. Os complexos de Piscinas do Bico das Lulas e da Galé, no
entanto, eram considerados na altura dos maiores da Europa.
Ilustração 328 - Vista aérea da Piscina das Lulas, 1973. ([Adaptado a partir de:] Francisco da Conceição Silva arquitecto: 1922/1982,
Lisboa, SNBA, 1987, pp. 151 e 153).
Ilustração 329 - Vista aérea da Piscina da Galé, 1973. ([Adaptado a partir de:] Francisco da Conceição Silva arquitecto: 1922/1982,
Lisboa, SNBA, 1987, pp. 151 e 153).
O conjunto da Galé pode servir como bom exemplo de arquitetura numa zona de praia.
Ao longe surge como uma reverberação do areal na linha do horizonte mas quando
preenche o campo visual, de quem caminha no sentido mar-rio, descobre-se como um
grande conjunto refletido no espelho azul de três grandes piscinas em forma de quarto
de circulo. (Chicó et al, 1973, p.241).
Ilustração 330 – Vista aérea do Conjunto da Galé (Troia). ([Adaptado a partir de:] Atelier Conceição Silva. “Conjunto da Gale (troia),
p.241).
As mesas ordenam-se por todo o recinto conduzindo o olhar até às cozinhas, que
trabalham abertas à insdiscrição dos utentes. De sector a sector: self-service,
marisqueira, gelataria e pizzaria, a sensação de diversidade numa forte unidade
avoluma-se. A saída para o exterior é gradual e fácil. É como que uma aproximação das
grandes manchas das piscinas que invadem o espaço, dominando-o na forma.
De súbito é-se supreendido pelo anfiteatro que, inventando a forma, fornece ao conjunto
mais um elemento de equilibrio. O conjunto é constituído pelos seguintes elementos:
Self- service com capacidade para servir cerca de duas mil refeições / hora; Gelataria;
Marisqueira; Pizzaria; três Piscinas; Instalações balneares completas; Anfiteatro para
espectáculos e outras manifestaçoes culturais, com capacidade para mais de 1500
pessoa; e lojas de artigos de praia.
Ilustração 331 - Aspeto do anfiteatro. ([Adaptado a partir de] Atelier Conceição Silva. Ilustração 332 - Vista do túnel de ligação à
“Conjunto da Gale (troia), p.245). praia, pela passagem que leva às piscinas.
([Adaptado a partir de] Atelier Conceição
Silva. “Conjunto da Gale (Troia), p.245).
.
As piscinas da Galé da autoria do arquitecto Conceição Silva e Henrique Chicó,
apresentavam assim uma toponomia fora do vulgar para a época: tinham uma forma
aproximada de quarto de círculo, uma das piscinas destinava-se à prática de natação,
com 70 metros de raio e as outras duas, funcionando a de saltos dentro da outra, com
trinta e quinze mentros respectivamente, levaram a que, não só pela sua forma, mas
também o seu tamanho incomensurável, fossem consideradas como sendo das maiores
da Europa.
Ilustração 333 - Imagens das piscinas da Galé nos anos 80. ([Adaptado a partir de] Blog a procura eterna).
Ilustração 334 - Imagens das piscinas da Galé nos anos 80. ([Adaptado a partir de] Blog a procura eterna).
Em 1975 o arquiteto Conceição Silva chega mesmo a ser agredido à porta de sua casa,
e decide emigrar para o Brasil, onde viria a morrer.
Das piscinas que aqui apresentámos apenas restou a memória daqueles que por lá
passaram os seus verões.
47Informação fornecida por Isabel Osório na reportagem “troia: Um lugar incomparável” 31 de outubro de
2013 Sic Noticias.
Ilustração 335 - Piscinas da Galé ao abandono. ([Adaptado a partir de] Blog a procura eterna).
Ilustração 337- Piscinas da Galé ao abandono. ([Adaptado a partir de] Blog a procura eterna).
Ilustração 338 – Torre de Saltos da Piscinas da Galé ao abandono. ([Adaptado a partir de] Blog a procura eterna).
Ilustração 339 – Piscinas de saltos da Galé ao abandono. ([Adaptado a partir de] Blog a procura eterna).
Ilustração 340- Piscina de natação da Galé ao abandono. ([Adaptado a partir de] Blog a procura eterna).
Década de 20
Ilustração 341 - Mapa dos tanques existentes em Portugal na década de 20. ([Adaptado a partir de] Nossa).
Década de 30 e 40
Ilustração 342- Mapa das piscinas existentes em Portugal nas décadas de 30 e 40. ([Adaptado a partir de] Nossa).
É também nesta época que aparecem as primeiras piscinas com tratamento de águas
onde os atletas podiam treinar. Trata-se das então, muito raras piscinas com condições
sanitárias, que surgem todas elas ligadas aos clubes que as financiaram (construção e
manutenção), como é o caso da Piscina do Estádio Náutico do Sport Algés e Dafundo,
em 1930 e a Piscina de Espinho, em 1943.
As duas piscinas com condições de saneamento que surgem nestas décadas estão
ligadas a clubes de natação e foram financiadas pelos próprios clubes, o que elucida,
fraco investimento público que o nosso país fazia neste tipo de equipamento.
Ilustração 343 - Piscina do Sport Algés e Dafundo. ([Adaptado a partir de] Blog restos de coleção).
Ilustração 344 - Piscina de Espinho. ([Adaptado a partir de] Museu municipal de Espinho).
Década de 50 e 60
Ilustração 345 - Mapa das piscinas existentes em Portugal nas décadas de 50 e 60. ([Adaptado a partir de] Nossa).
da Piscina do Tamariz (1954), que era frequentada sobretudo por gente da elite social
e financeira, estrangeiros e exilados da realeza europeia deposta.
Ilustração 346 - Piscina do Areeiro. ([Adaptado a partir de] Arquivo Municipal de Lisboa).
Ilustração 347 - Piscinas dos Olivais. ([Adaptado a partir de] Arquivo Municipal de Lisboa).
Ilustração 348 - Piscina Infantil do Campo Grande. ([Adaptado a partir de] Arquivo Municipal de Lisboa).
Ilustração 349 - Piscina Quinta da Conceição. ([Adaptado a partir de] Arquivo Municipal porto).
Ilustração 350 - Piscina Oceânica da Praia das Maçãs. ([Adaptado a partir de] Arquivo Municipal de Sintra).
Ilustração 351 - Piscina Oceânica do Tamariz. ([Adaptado a partir de] Blog restos de coleção).
Ilustração 352 -Piscina Oceânica de Leça da Palmeira. ([Adaptado a partir de] Arch daily).
Ilustração 353 - Piscina Oceânica de São Pedro de Moel. ([Adaptado a partir de] Arquivo Municipal da Marinha Grande).
Década de 70
Ilustração 354 - Mapa das piscinas existentes em Portugal na década de 70. ([Adaptado a partir de] Nossa).
A partir desta década e até a década de 1990 as piscinas em Portugal não tiveram uma
expansão considerável, no entanto, a partir deste período observa-se um aumento
exponencial, em número e diversidade, como podemos ver nos quadros seguintes.
Ilustração 355 - Piscinas da Galé (Troia). ([Adaptado a partir de] CDN imprensa).
Década de 80
Ilustração 358- Mapa das piscinas existentes em Portugal na década de 80. ([Adaptado a partir de] Nossa).
Tal como referimos anteriormente nos anos de 1980 houve uma estagnação, no que diz
respeito ao crescimento da implantação de piscinas em Portugal (década de 70 - 10
piscinas década de 80 – 18 piscinas). Deste período podemos destacar a Piscina de
Campo Maior, do arquiteto João Luís Carrilho da Graça. Construída em 1989, mesmo
no final da década, esta piscina municipal ao ar livre conta com três tanques, um para
adultos, um para crianças e ainda um chapinheiro para bebés.
Ilustração 359 - Piscina de Campo Maior. ([Adaptado a partir de] Guia de Arquitectura).
Ilustração 360 - Piscina de Campo Maior. ([Adaptado a partir de] Guia de Arquitectura).
Década de 90
Ilustração 361 - Mapa das piscinas existentes em Portugal na década de 90. ([Adaptado a partir de] Nossa).
É nesta época que Portugal começa a ter equipamentos desportivos para os nadadores
que representavam Portugal em provas internacionais poderem treinar. Este passo foi
muito importante para o desporto da natação em Portugal, pois os nadadores nacionais
começaram a ter onde treinar a nível idêntico ao de outros nadadores internacionais.
Num desporto como a natação, onde milésimos de segundo contam efetivamente, o
facto de se treinar em piscinas de 25 m ou de 50 m faz toda a diferença (num percurso
de 100 metros um nadador que treina em piscina de 25 metros tem de percorrer 4 voltas,
fazendo 3 viragens – as viragens na natação representam o momento em que o nadador
perde mais tempo de prova e onde acaba por recuperar algum esforço – numa piscina
de 50 m, o nadador apenas tem de efetuar duas viragens, logo a perda de tempo é
menor). Ora, quem treina diariamente em Piscina de 50m está habituado a fazer uma
distância mais longa antes da sua (viragem/paragem) enquanto o nadador que treina
regularmente em piscinas de 25m não tem essa distância tão programada no seu
“corpo”, pois ao fim de 25m o corpo sabe que por muito pouco tempo que seja tem um
momento de recuperação e de nova impulsão. Todos estes fatores são determinantes
quando um nadador vai nadar em provas internacionais e em piscinas olímpicas de 50m.
Ilustração 362 - Piscina do Complexo Desportivo do Jamor. ([Adaptado a partir de] IPDJ).
Ilustração 363 - Piscina do Complexo Desportivo do Estádio Universitário. ([Adaptado a partir de] Estádio Universitário).
Década de 2000
Ilustração 364 - Mapa das piscinas existentes em Portugal na década de 2000. ([Adaptado a partir de] Nossa).
Ilustração 365 – Piscinas Oceânicas do Atlântico do arquiteto Paulo David. ([Adaptado a partir de] Arch lovers).
Ilustração 367 - Piscina Municipal de Mirandela. ([Adaptado a partir Ilustração 368 - Piscina Municipal de Montemor - o - Velho.
de] Câmara Municipal de Mirandela). ([Adaptado a partir de] Blog Fotos de Arquitectura).
Ilustração 369- Piscina Municipal de Outurela. ([Adaptado a partir Ilustração 370 - Piscina Municipal de Pataias. ([Adaptado a partir de]
de] Câmara Municipal). Arch lovers).
Ilustração 371- Piscina Municipal da Mealhada (Convertível). Ilustração 372- Piscina Municipal de Abrantes (Convertível).
([Adaptado a partir de] Câmara Municipal da Mealhada). ([Adaptado a partir de] Câmara Municipal de Abrantes).
Ilustração 373 - Piscina Municipal Olímpica de Vila Franca de Xira. Ilustração 374- Piscina Municipal Olímpica de Coimbra.
([Adaptado a partir de] Câmara Municipal de Vila Franca de Xira). ([Adaptado a partir de] Câmara Municipal de Coimbra).
Ilustração 375 - Piscina Municipal Olímpica da Póvoa do Varzim. Ilustração 376 - Piscina Olímpica de Rio Maior. ([Adaptado a
([Adaptado a partir de] Câmara Municipal da Póvoa do Varzim). partir de] Centro de Alto Rendimento de Rio Maior).
Ilustração 377 - Piscina Olímpica do Funchal. ([Adaptado a partir de] Câmara Municipal do Funchal).
Anos 20
Anos 30
Anos 40
Anos 50
1955 – Piscina Oceânica da Praia das Maçãs – Raul Tojal e João Guilherme Faria da
Costa, Lisboa
Anos 60
1967 – Piscina dos Olivais – Anibal Barros da Fonseca e Eduardo Paiva Lopes, LIsboa
1967 – Piscina de São Pedro de Moel – Egas Vidigal Vieira e Vitor Manuel Rodrigues,
Leiria
Anos 70
1970 |1974 - Piscina da Galé – Francisco Conceição Silva e Henrique Chicó, Troia
Anos 80
Anos 90
Ano 2000
2005 – Piscina Olímpica de Coimbra – Atelier Sua Kay Projectos de Urbanismo, Lda.
4. CASOS DE ESTUDO
A unidade urbana e paisagística que designamos por Estoril é uma marca territorial de
um projeto pensado de origem para um local específico e dotado de um programa
inovador, sem precedentes em Portugal.
Ilustração 378 - Ilustração do Estoril. ([Adaptado a partir de:] Arquivo Municipal de Cascais).
Ilustração 379 - Planta do projeto. ([Adaptado a partir de:] Arquiteto Rodrigo Lino Gaspar).
Ilustração 380 – Fotografia aérea com o Casino S.A., entre 1930 e 1932. ([Adaptado a partir de:] Arquivo Municipal de Cascais).
Ilustração 381 - Jardim do Casino do Estoril. ([Adaptado a partir de:] Arquivo Municipal de Cascais).
É assim que o projeto de Manuel Tainha para as Piscinas do Tamariz, já “na década de
1950, afirma o conjunto dos princípios do Movimento Moderno numa síntese notória. O
programa lúdico seria repetido com o protótipo da Piscina Flutuante de Eduardo Anahory
ao largo do Tamariz.”(Gaspar, 2019)
Ilustração 382 – Projeto urbano, desenho síntese do período de 1927 – 1950. ([Adaptado a partir de:] Arquiteto Rodrigo Lino
Gaspar).
O projeto das Piscinas do Tamariz teve por génese o concurso público aberto pela
sociedade Estoril Praia, à época concessionária do Casino Estoril, e era composto por
um par de piscinas (adultos e crianças), com os respetivos locais auxiliares e suas
extensões naturais: bar, esplanada, solário, etc...
Ilustração 383 - Piscinas do Tamariz 1950. ([Adaptado a partir de:] Arquivo Municipal de Cascais).
Outro fator muito importante era/é a presença da forte silhueta do Restaurante Tamariz,
e a preservação do máximo de árvores existentes no local (palmeiras e cedros).
O arquiteto teve ainda de caraterizar os dois tanques (adultos e crianças), assim como
consolidar estruturalmente o muro de suporte da linha de comboio, provocada pelas
profundas escavações efetuadas, tudo isto enquadrado no propósito de dotar os
Ilustração 384 - Corte pela parte mais profunda das piscinas. ([Adaptado a partir de:] Revista Binário nº3, junho de 1958).
Para o arquiteto esta obra é considerada como uma “simplicidade”, sem muito por onde
a imaginação humana se possa entreter, tal como o próprio refere: “Considerada na sua
simplicidade esta obra não tem muito por onde se entretenha a imaginação humana”.
(Taínha, 1958, p.7).
Em contrapartida, é lícito acreditar que, no seu conjunto, a obra instiga ao uso dos
pequenos dotes naturais do lugar, que os homens se “esqueceram” de destruir. Em
relação à forma do terreno o arquiteto afirma:
Julgo que, tal como acontece com os cursos de água, cujas margens se geram e perfilam
ao sabor dos obstáculos, o nosso terreno sobejou por efeito desse grande acidente que
é o restaurante do Tamariz; deste, e da linha de caminho de ferro. (Taínha, 1958, p. 7).
Ilustração 385- (1) - Planta geral do construído; (2) - Planta geral do concurso. ([Adaptado a partir de] Livro Projectos, Taínha, Manuel,
Piscinas do Tamariz, p. 40).
O arquiteto orientou então todo o seu processo de pensamento para a não imposição
de massas, cuja grandeza pudesse entrar em conflito com a escala dimensional do
terreno e do lugar.
“Toda e qualquer imposição volumétrica fora dos limites da simples interpretação física
do terreno, arrastaria, além do mais, a um perigoso compromisso para o futuro, quando
se tenha que remodelar todo o conjunto do Tamariz, coisa esta que supomos estar na
ordem do dia. “(Taínha, 1958, p.7).
Com esta afirmação, o arquiteto Manuel Tainha deixa perceber que o seu projeto
poderia durar vários anos e ser passível de alterações, sem que sofresse quebras de
identidade (tal como se verificou décadas mais tarde).
Ilustração 386 - Cortes longitudinais apresentados em concurso. ([Adaptado a partir de] Livro Projectos, Taínha, Manuel, Piscinas do
Tamariz, p. 40).
Ilustração 387 - Planta dos vestiários - no topo superior - homens- no topo inferior - senhoras. ([Adaptado a partir de:]
revista binário nº3, junho, 1958).
Para o arquiteto Manuel Tainha a escolha dos materiais para uma piscina é algo a que
se deve dar especial atenção, principalmente em materiais de revestimento e
acabamento e quando se trate de uma piscina ao ar livre (pois não só efeito de
escorregamento se acentua com a adição de poeiras e areias, como surge um novo
elemento a exigir grande durabilidade e resistência dos materiais: a ação dos agentes
atmosféricos – higrometria elevada e a salinidade).
Assim, o arquiteto, utilizará materiais como vidraço e mosaico liso nas zonas tipicamente
secas, cerâmico estriado numa zona semi-molhada (pé descalço), mosaico vitroso nas
zonas tipicamente molhadas, cuja presença de juntas é no entender do arquiteto um
fator de anti escorregamento, pedra serrada nos cobertores das escadas, que
apresentam uma particularidade de desenho no que diz respeito a escoamento de
águas, o seixo rolado em paredes de encosto molhado.
Ilustração 388 - Piscinas do Tamariz. ([Adaptado a partir de:] revista binário nº3, junho, 1958).
a) Fundações
- Para o fundo das cuvas o massame foi substituído por uma camada de alvenaria
hidráulica conforme se pode verificar nos esquemas apresentados;
b) Super- estruturas
- Piscinas e muros de suporte. – Sob o ponto de vista técnico parece-nos ser de algum
interesse a solução encontrada para a execução das curvas das duas piscinas. Assim,
aproveitando os muros de suporte necessários para a definição do espaço onde
habitualmente se constroem uma cuva de betão armado independente, constituem esses
próprios muros de suporte o elemento resistente definidor da cuva de alvenaria assente
sobre uma camada de enrocamento e areia. [...]. (Taínha, 1958, p. 8-9).
Todos estes cuidados fazem com que ainda atualmente as Piscinas do Tamariz
apresentem a mesma estrutura, não revelando danos de maior na sua composição.
Outro elemento que permaneceu intacto até há alguns anos atrás (2006) é a escada de
betão armado de disposição helicoidal com degraus em consola e travamento deste
feito com auxílio de guarda exterior. Esta escada estabelecia a ligação direta da
esplanada com o cais da piscina principal
Ilustração 389 - Corte e planta da escada. ([Adaptado a partir de:] Livro Projectos, Taínha, Manuel, Piscinas do Tamariz).
Ilustração 390 - Detalhe da escada. ([Adaptado a partir de:] revista binário nº3, junho, 1958).
Ilustração 391 - Escadas da piscina do Tamariz. Ilustração 392 - Piscinas do Tamariz já sem escadas.
([Adaptado a partir de:] Livro Projectos, Taínha, Manuel, ([Adaptado a partir de:] Reverse Pool).
Piscinas do Tamariz).
As Piscinas do Tamariz são um excelente exemplo de arquitetura que perdurou até hoje,
apesar de ao longo dos anos terem sofrido algumas transformações (a nível exterior e
interior), pelo que a sua “essência” predomina a mesma, uma piscina de excelência
sobre o mar, sem afetar a paisagem do lugar.
Quem percorre a marginal não dá conta da existência destas piscinas, construídas numa
cota mais baixa do que o nível da estrada e do que a linha do comboio, e a uma cota
mais elevada do que o nível do paredão de Cascais: a piscina permite que quem a
frequenta e dela usufrui beneficie do ambiente resguardado e sossegado.
Todavia, o excelente trabalho do arquiteto Manuel Taínha fez com que as piscinas do
Tamariz nunca perdessem por completo a sua identidade, apesar de todas as mudanças
e alterações efetuadas no espaço.
Quando hoje percorremos o recinto das piscinas, o que nos damos conta é que o espaço
que antes era “leve” e “limpo”, se tornou um espaço cheio e ruidoso, dado que a
necessidade de fazer render as piscinas levou a uma construção elevada de “espaços
de estar” que retiram a leveza que outrora estas piscinas tiveram.
Ilustração 393 - Planta e cortes da Piscina do Tamariz. ([Adaptado a partir de:] revista binário nº3, junho, 1958).
Ilustração 394 - Entrada das Piscinas do Tamariz. ([Adaptado a partir de:] revista binário nº3, junho, 1958).
Ilustração 395 - Desenhos do Bar / Esplanada. ([Adaptado a partir de:] revista binário nº3, junho, 1958).
Ilustração 396 - Detalhes do metal e alçado dos balneários infantis. ([Adaptado a partir de:] revista binário nº3, junho, 1958).
Ilustração 397 - Cortes das Piscinas. ([Adaptado a partir de:] revista binário nº3, junho, 1958).
Ilustração 398 - Imagens das escavações. ([Adaptado a partir de:] revista binário nº3, junho, 1958).
Ilustração 399 - Tanque infantil, 1958. ([Adaptado a partir de:] Ilustração 400 - Tanque infantil atualmente. ([Adaptado a partir
revista binário nº3, junho, 1958). de:] Reverse Pool.
Ilustração 401 - Tanque dos adultos, 1958. ([Adaptado a partir Ilustração 402 - Tanque atualmente. ([Adaptado a partir de:]
de:] revista binário nº3, junho, 1958). Reverse Pool.
Este projeto oferece-se-nos como emblemático de uma era em que o acesso a estas
infraestruturas era apenas permitido a grupos sociais especialmente diferenciados e
que, no pós-Revolução de Abril, se veio progressivamente a massificar. Um pouco à
imagem do empreendimento da Prainha, no conjunto observado revela-se uma
singularidade elegante, o cuidado de garantir conforto sem confrontar, com uma lógica
arquitetónica absolutamente enquadrada no espaço em que visa inserir-se e adaptada
à escala que visava servir.
Com a evolução natural dos tempos e da sociedade em que vivemos talvez já não esteja
tão adaptada à proporção de eventuais utilizadores, mas não deixa de observar-se um
pensamento arquitetónico de base, a conceção pormenorizada de todas as
funcionalidades e serviços de apoio, para além do tanque, que em si mesmo já revela,
na sua geometria, a criatividade apoiada nas vicissitudes do terreno em que se insere –
como não podendo ser de outra forma nem de outro modelo. São, por isso e no nosso
entender, as Piscinas do Tamariz ainda hoje um ícone da arquitetura de Piscinas, daí a
integração como caso de estudo.
No princípio dos anos 40, entre a futura Cidade Universitária e o novo bairro de Alvalade,
o campo 28 de Maio, como o Estado Novo entendeu denominá-lo, encontrava-se
degradado. Em 1945 Francisco Keil do Amaral48 é encarregue de repensar o jardim e os
seus equipamentos. (Tostões, 2013, p.55).
Ilustração 403 - Fotografia aérea Zona do Campo grande. ([Adaptado a partir de:] Arquivo Municipal de Lisboa).
Com apenas 200 metros de largura, o Campo Grande era contornado por faixas de
rodagem, que já não serviam corridas de cavalos, mas destinavam-se ao escoamento
do trânsito automóvel, do qual parecia importante proteger a estadia no jardim.
48Francisco Keil do Amaral (Lisboa, 1910 – 1975) oriundo de uma família de artistas (bisneto de Guiseppe
Cinatti e neto de Alfredo Keil), homem da resistência antifascista, é uma figura referencial para a classe dos
arquitetos. Resistente à aplicação direta de códigos das vanguardas do movimento Moderno, a referência
à Arquitetura holandesa de Dudock está patente na sua vasta obra que assenta no desenvolvimento de
uma terceira via feita entre local e o internacional, conjugando o valor do lugar com uma austera economia
de meios criando espaços de qualificada intimidade.
A obra seria terminada em 1948, e acabou por ser um ensaio na capital para os
primeiros relvados de carácter informal. Francisco Keil do Amaral, a par com a
recuperação do jardim, “propõe novas utilizações. Mantendo o espírito pitoresco e
romântico do Campo, uma nova ilhota foi construída com acesso por uma moderna
ponte, de modo a servir uma esplanada com bar.” (Tostões, 2013, p.55).
Ilustração 404 - Vista do lago. ([Adaptado a partir de:] Tostões, Ana, Francisco Keil do Amaral, p.56).
Ilustração 405 - Vista do lago. ([Adaptado a partir de:] Tostões, Ana, Francisco Keil do Amaral, p.56).
Realizada com o cuidado e o detalhe de uma pequena grande obra, a piscina encerra
um ciclo de pesquisa que vai desde o fascínio holandês, homenageado na plasticidade
da torre, à exploração inteligente do material vernáculo, como na arquitetura popular,
passando pelo gosto e pela reinvenção do desenho e do pormenor de construção.
(Tostões, 2013, p.59).
Ilustração 406 - Piscina Infantil do Campo Grande. ([Adaptado a partir de:] arquivo Municipal de Lisboa).
O arquiteto quis que o conjunto projetado, além de funcional, isto é: capaz de assegurar
um funcionamento correto e eficiente da piscina, se integrasse discretamente naquele
ambiente de arvoredos, tivesse uma escala adequada para gente nova e fosse alegre e
acolhedor.
O arquiteto queria ainda que a piscina fosse ligeira, arejada, quase transparente, uma
vez que se tratava de uma piscina ao ar livre que só estaria aberta nos meses de Verão.
“Não entendia bem que os rapazes tivessem de atravessar uma casa fechada,
convencional, para passar do exterior para o interior”. (Amaral, [s.d.], p.2).
Quanto à forma das piscinas, o arquiteto explica que só foram definidas na altura das
sínteses e sem ideias formais preconcebidas, acrescenta ainda que são bem capazes
de “não corresponder às intenções deste e que careçam de algum mérito”.
É bem possível que não tenham traduzido as minhas intenções e careçam de mérito. Eu
próprio me chamei nomes feios, antes da obra terminada, por insuficiência de
capacidade criadora. (Amaral, [s.d.], p.2)
Ilustração 407 – Planta das Piscinas. ([Adaptado a partir de:] Tostões, Ana, Francisco Keil do Amaral).
Uma das grandes virtudes da piscina infantil do Campo Grande é o facto de esta
ter surgido no Campo Grande sem o destruir, integrando-se naturalmente, sem
violência, no ambiente existente, através de uma decomposição das massas
edificadas e da introdução de um ritmo nas capas horizontais.
Ilustração 408 - Piscina Infantil do Campo Grande com os Balneários atrás, onde podemos ver a materialidade do Tijolo.
([Adaptado a partir de:] Arquivo Municipal de Lisboa).
Ilustração 409 – Bar / Esplanada da Piscina Infantil do Campo Grande. ([Adaptado a partir de:] Arquivo Municipal de Lisboa).
Pensada com a ligeireza de uma piscina ao ar livre para crianças, aos volumes
fragmentados da cobertura dos vestiários sucedem, perpendiculares, o plano limpo e
horizontal dos serviços, rematado pela vigorosa e plástica torre do tratamento de água,
o todo formando um L que envolve o amplo núcleo já descrito e central do espaço aberto
das piscinas.
Ilustração 410 - Cortes e Alçados da Piscina Infantil do Campo Grande. ([Adaptado a partir de:] Arquivo Municipal de Lisboa).
A piscina Infantil do campo grande foi durante muitos anos a piscina de referência dos
lisboetas: pela sua localização, pela funcionalidade própria e apelativa e pela arquitetura
única que revela.
Podemos dizer que o segredo desta desejada continuidade com a paisagem, com o
sítio, estava em “aprender-lhe o carácter e respeitá-lo; descobrir-lhe as possibilidades e
explorá-las”, e só assim, é que a piscina infantil do Campo Grande ganha forma sem
destruir o Jardim homónimo. (Gomes, 2010).
Ilustração 411 - Tanque da Piscina Infantil do Campo Grande. ([Adaptado a partir de:] Arquivo Municipal de Lisboa).
Keil do Amaral apercebeu-se desde logo que "o Campo Grande é um parque de
características muito especiais: uma estreita faixa arborizada entre duas artérias de
intenso trânsito automobilístico, em que a introdução menos cuidada e atenta dum
conjunto de edificações poderia ocasionar uma brecha lamentável na continuidade do
espaço arborizado".
Para atingir a harmonia desejada e evitar a interrupção da área arborizada, a piscina foi
localizada numa área quase desguarnecida de árvores. De modo a preservar a
continuidade e o encanto do Campo Grande e a garantir um enquadramento
harmonioso.
(A instalação desta cobertura deveu-se à concessão por parte da câmara das piscinas
do Campo Grande a um clube desportivo que tinha como objetivo transformar as
piscinas numa “piscina-escola”). Todas estas decisões por parte da edilidade levaram
ao seu encerramento, em 2006, por falta de condições de utilização.
Ilustração 412 - Estado de degradação da Piscina Infantil do Campo Grande. ([Adaptado a partir de:] Blog Resto de Colecção).
5000m2 de construção, num edifício de 3 andares que deverá albergar, para além de
uma piscina de 25 metros, um tanque de aprendizagem para bebés, uma sala de fitness
de 1000 metros quadrados, jacuzzi e um estacionamento semienterrado de 220
lugares.(Henriques, 2011b).
Apesar dos esforços por parte da Grupo Espanhol Ingesport em manter algumas das
características da obra do arquiteto Francisco Keil do Amaral (utilização do tijolo,
restauração do painel de azulejos presente na entrada das mesmas,), a verdade é que
por si só, o aumento da obra em 5000m2 e com um edifício de três pisos, veio
evidentemente desvirtuar de forma marcada e marcante aquela que era a intenção do
Arquiteto Keil do Amaral e veio impor ao Jardim do Campo Grande uma grande massa
arquitetónica, numa localização absolutamente central do jardim por aquele
perspetivado.
A estrutura dos balneários foi mantida e alberga agora diferentes estúdios de ginástica,
o tanque que outrora era descoberto, foi-lhe colocada uma cobertura para que se
pudesse permitir a prática das atividades natatórias, seja qual for a estação do ano. À
entrada permanece igualmente o painel de azulejos que nos remete para as antigas
piscinas.
Na verdade, nada foi destruído e embora o que tenha sido acrescentado, tenha
desvirtuado o projeto anterior, se analisarmos com alguma atenção ainda vislumbramos
a presença de traços e resquícios da obra de Keil do Amaral.
Ilustração 413 - Imagens atuais da Piscina Infantil do Campo Grande, (transformada no Ginásio Go Fit Campo Grande). ([Adaptado a
partir de:] Go Fit Campo Grande).
Quem passa pela avenida pode não se aperceber que as piscinas lá continuam, mas
quem passeia pelo jardim consegue aperceber-se de algumas características pensadas
pelo arquiteto Keil do Amaral, e mantidas, se for possível e apenas nessa medida,
abstrairmo-nos do incremento brutal do volume construtivo.
Enfim, já não podemos é concluir pela consideração de uma obra arquitetónica de valor,
mas tão-só a construção por ampliação de um equipamento destinado a servir a
população que dele possa retirar proveito.
O edifício das piscinas do Estádio Universitário de Lisboa surgiu como caso de estudo
fundamental após uma investigação histórica inicial, a partir do momento em que
tomámos conhecimento de que estas piscinas constituíram o primeiro edifício pensado
e construído de raiz para albergar uma piscina coberta, de 50 metros de comprimento,
destinada a treinos de competição, bem como às respetivas provas.
Ilustração 414 - Fotografia aérea da Zona do Estádio Universitário de Lisboa. ([Adaptado a partir de:] Google maps edição Nossa).
Ilustração 415 – Implantação das Piscinas do EUL. Ilustração 416 - Implantação das Piscinas do EUL. ([Adaptado a partir
([Adaptado a partir de:] Camara Municipal de Lisboa. de:] Google Earth Pro 2007
Ilustração 417 - Planta piso 0 das Piscinas EUL. ([Adaptado a partir de:] Atelier FV Arquitectos).
Ilustração 419 - Tanque de Competição das Piscinas do EUL. ([Adaptado a partir de:] Dissertação de Mestrado Conceção de
Piscinas em Portugal).
Ilustração 420 - Planta da ampliação e piso 3 das piscinas do EUL. ([Adaptado a partir de:] Atelier FV Arquitectos).
Parte da água é reutilizada nos diversos lava-pés e depositada num reservatório para
depois ser reutilizada na rega dos compostos do Estádio Universitário.
Ilustração 421 - Plantas piso -1, 1 e 2 das piscinas do EUL. ([Adaptado a partir de:] Atelier FV Arquitectos).
Os espaços de apoio existentes são oito balneários para praticantes, dois balneários
específicos para bebés e crianças e dois balneários para uso dos técnicos. Os
As bancadas existentes para assistência das aulas e competições natatórias têm 1270
lugares sentados (1200 na nave central e 70 na bancada VIP).
Não só a prática da natação tem crescido, como várias são as gerações que utilizam as
piscinas para diferentes conceitos. Se no início as piscinas eram utlizadas para aulas e
natação por parte dos clubes de natação que a elas pertenciam, mais tarde, passaram
a ser empregues por escolas que levam os seus alunos a ter aulas de aprendizagem e
adaptação ao meio aquático, a utentes de utilização livre, de aulas específicas que não
a natação, o que levou a que as piscinas revelassem uma multifuncionalidade ímpar, de
modo a melhor servir (na sua multiplicidade) os seus utentes.
Ilustração 423 - Alçado Sul das piscinas do EUL. ([Adaptado a partir de:] Atelier FV Arquitectos).
Ilustração 424 - Alçado Sul/ Entrada das piscinas do EUL. ([Adaptado a partir de:] Dissertação de Mestrado Conceção de Piscinas em
Portugal)).
Ilustração 425 - Alçado Poente das piscinas do EUL. ([Adaptado a partir de:] Dissertação de Mestrado Conceção de Piscinas em
Portugal)).
Ilustração 426 - Alçado Nascente das piscinas do EUL. ([Adaptado a partir de:] Dissertação de Mestrado Conceção de Piscinas em
Portugal)).
Ilustração 427 - Alçado Norte das piscinas do EUL. ([Adaptado a partir de:] Dissertação de Mestrado Conceção de Piscinas em
Portugal).
Ilustração 428 - Tanque de Aprendizagem das piscinas do EUL. ([Adaptado a partir de:] Dissertação de Mestrado Conceção de Piscinas
em Portugal).
Ilustração 429 - Tanque de iniciação à atividade natatória das piscinas do EUL. ([Adaptado a partir de:] Dissertação de Mestrado
Conceção de Piscinas em Portugal).
Ilustração 430 - Circulações da Piscina do EUL. ([Adaptado a partir de:] Dissertação de Mestrado Conceção de Piscinas em Portugal).
Ilustração 431 - Balneários / Vestiários das piscinas do EUL. ([Adaptado a partir de:] Dissertação de Mestrado Conceção de Piscinas
em Portugal).
Ilustração 432 - Ginásio e Estúdio das Piscinas do EUL. ([Adaptado a partir de:] Dissertação de Mestrado Conceção de Piscinas em
Portugal).
Ilustração 433 - Vista aérea da cidade de Abrantes com o Complexo de Piscinas a Cor. ([Adaptado a partir de:] Google Earth edição
Nossa).
Assim, o Arquiteto Julião Azevedo opta por soluções económicas, mas sempre de modo
a que o resultado final seja o de um edifício emblemático e de grande dignidade. No
entender do arquiteto, o complexo constitui um conjunto simbólico e monumental,
tendente a constituir um ex-libris da cidade de Abrantes.
Ilustração 434 - Piscina de Abrantes. ([Adaptado a partir de:] Flickr "piscina, Abrantes").
O edifício das piscinas cobertas é formado por dois corpos interdependentes, mas de
volumetria diferente. O de maior volume, que alberga os cais de acesso às piscinas, os
tanques propriamente ditos, as bancadas para o público espetador e respetivas galerias
de acesso (correspondente à nave das piscinas e cuja abertura em “abóbada” é
constituída por troços deslizantes que proporcionam a abertura de 2/3 da sua área
durante os meses de Verão).
Este volume é envolvido por outros, nas laterais do quadrante norte, que integra desta
feita o corpo dos serviços de apoio e se desenvolve em dois pisos (a que acresce ainda
um piso técnico), apresentando uma forma em “L”, com maior desenvoltura no alçado
noroeste.
Ilustração 435 - Planta piso 1 das piscinas Municipais de Abrantes. ([Adaptado a partir de:] Câmara Municipal de Abrantes, edição
Nossa).
Ilustração 436 - Alçado Noroeste das piscinas Municipais de Abrantes. ([Adaptado a partir de:] Câmara Municipal de Abrantes).
Neste piso térreo estão também implantadas as duas piscinas cobertas – uma
desportiva e outra destinada à aprendizagem. No exterior e à mesma cota existe uma
piscina recreativa, os respetivos cais envolventes e todos os serviços de apoio
diretamente associados aos equipamentos descritos.
Com acesso direto, quer aos cais das piscinas cobertas, quer aos respetivos balneários,
concentram-se um ginásio e uma sala para apoio às competições.
Ao projetar as piscinas podemos ver que o arquiteto teve especial atenção a que todas
as áreas de apoio se localizassem na mesma cota, deste modo, permite-se a facilidade
de desenvolvimento da atividade da piscina, garantindo o conforto adequado aos seus
utilizadores.
Ilustração 437 - Planta piso 0 das piscinas Municipais de Abrantes. ([Adaptado a partir de:] Câmara Municipal de Abrantes).
Ilustração 438 - Detalhe da Caleira Finlandesa. ([Adaptado a partir Ilustração 439 - Fotografia da Caleira finlandesa da piscina
de:] Câmara Municipal de Abrantes). Municipal de Abrantes. ([Adaptado a partir de:] Câmara
Municipal de Abrantes).
O arquiteto ao projetar as bancadas num nível superior, facilita não só a visão dos
espectadores durante as competições e as aulas de natação, mas organiza também o
programa de modo a que quem não participa ativamente nas atividades natatórias tenha
delas um distanciamento equilibrado, o que permite a quem assiste um maior conforto,
dado que a libertação de gases (cloro), proveniente das piscinas, é por vezes elevada,
sobretudo quando as piscinas estão em funcionamento máximo durante várias horas, e
provoca o aquecimento do recinto.
Ora, ao colocar as bancadas num piso superior e com a abertura para os terraços,
permite-se aos espectadores o acesso facilitado ao exterior.
Ilustração 440 - Planta piso 1 das piscinas Municipais de Abrantes. ([Adaptado a partir de:] Câmara Municipal de Abrantes).
Ilustração 441- Planta piso 2 das piscinas Municipais de Abrantes. ([Adaptado a partir de:] Câmara Municipal de Abrantes).
Este corpo é constituído por um corredor que parte do átrio onde se implanta a
receção/secretaria e que dá acesso aos vestiários/ balneários/sanitários dos utentes de
ambos os sexos (no próprio edifício e diferentes dos existentes na piscina coberta, pelo
que só a sala dos vigilantes e os primeiros socorros são “serviços partilhados” com a
piscina coberta.
A casa das máquinas de tratamento da água da piscina, tem o seu acesso pelo exterior
e está implantada, a par de uma arrecadação geral, no topo norte do complexo.
Por sua vez, a piscina exterior é composta de três zonas constituídas por:
Ilustração 442 - Planta piso 1 das piscinas Municipais de Abrantes. ([Adaptado a partir de:] Câmara Municipal de Abrantes, edição
Nossa).
Estas piscinas são circundadas por um amplo cais/solário que comunica através de
escadarias ao terraço no piso superior para que os utentes ou visitantes possam usufruir
de todas as vistas circundantes e panorâmicas sobre o vale do Tejo, num olhar que se
perde de vista na imensidão do horizonte que é possível abarcar
Ilustração 443 - Tanques exteriores das piscinas Municipais de Abrantes. ([Adaptado a partir de:] Câmara Municipal de Abrantes).
A cobertura da nave foi executada em painéis abobadados sob uma estrutura de aço e
chapas opalinas alveoladas e policarbonato que deslizam sobre “carris”, e as coberturas
dos corpos envolventes foram executadas em laje de betão armado, devidamente
isoladas e impermeabilizadas.
As cubas dos tanques foram executadas em betão armado, bem vidrado e com aditivo
especial, para lhes dar maior coesão e impermeabilização (e garantir um acréscimo de
longevidade).
Toda a caixilharia é de alumínio com vidro adequado a cada uso. Os vidros exteriores
são vidro antivandalismo laminado. Os envidraçados fora da nave têm a espessura de
6mm, e os envidraçados das naves são duplos.
Ilustração 444 - Tanques interiores das piscinas Municipais de Abrantes. ([Adaptado a partir de:] Câmara Municipal de Abrantes).
Todo os pavimentos são revestidos com mosaicos cerâmicos, sendo que os pavimentos
dos balneários, corredores interiores, cais das piscinas interiores e todas as cubas, são
revestidos com mosaico cerâmico antiderrapante de série para piscinas.
Trata-se, pois, de mais um elemento em que o arquiteto Julião Azevedo mostra uma
especial perspicácia, uma vez que muitas vezes este pormenor da pavimentação interior
nas piscinas é esquecido, existindo apenas piso antiderrapante em volta dos tanques,
mais suscetível de proporcionar quedas: o arquiteto, ao pavimentar todos os acessos e
espaços interiores de mosaico antiderrapante, diminui a propensão e o risco de
acidentes (seja dos utentes ou dos colaboradores).
A cobertura móvel é construída com uma estrutura formada por perfis de aço,
constituindo uma abóboda de arcos metálicos, subdividida em troços que se deslocam
a níveis diferenciados sobre carris de ferro e que “encartam” uns sobre os outros,
permitindo uma abertura de pelo menos 60% da superfície coberta.
Ilustração 445 - Cobertura da piscina Municipal de Abrantes. ([Adaptado a partir de:] Câmara Municipal de Abrantes).
A abertura é central, fazendo deslizar quatro partes, duas a duas, sobre outras faixas
implantadas nos topos da nave, recorrendo a sistema de manobra elétrica com
transmissão por “cremalheira”.
Ilustração 446 - Corte DD da piscina Municipal de Abrantes. ([Adaptado a partir de:] Câmara Municipal de Abrantes).
Ilustração 447 - Cobertura da piscina Municipal de Abrantes (aberta). ([Adaptado a partir de:] Câmara Municipal de Abrantes).
Ilustração 448 - Corte AA das Piscinas Municipais de Abrantes. ([Adaptado a partir de:] Câmara Municipal de Abrantes).
Ilustração 449 - Corte BB e EE da piscina Municipal de Abrantes. ([Adaptado a partir de:] Câmara Municipal de Abrantes).
Ilustração 450 - Tanques exteriores da piscina Municipal de Abrantes. ([Adaptado a partir de:] Câmara Municipal de Abrantes).
Ilustração 451 - Tanques interiores da piscina Municipal de Abrantes. ([Adaptado a partir de:] Câmara Municipal de Abrantes).
A sua funcionalidade e aptidão para as finalidades com que se erigiram é evidente, não
só a partir dos tão utilitários circuitos diferenciados (seja para piscina interior ou exterior,
seja para praticantes/utilizadores e público) como da escolha por materiais
perfeitamente adequados (e não excessivamente dispendiosos).
Ilustração 452 - Esboço do complexo Ribera - Serrallo. ([Adaptado a partir de:] Revista el Croquis).
Este complexo está integrado num pavilhão multiusos com capacidade para 2.500
pessoas, possui um ginásio e duas piscinas, uma exterior e outra interior. O Centro
Esportivo Ribera-Serralo, faz parte de desenvolvimento do parque desportivo (que inclui
também o estádio do clube de futebol Espanyol).
As vias de acesso separam-no de uma escola a Oeste e dos campos de jogos a Este.
Ilustração 453 - Plano de localização. ([Adaptado a partir de:] Siza, Álvaro, Apontamentos de uma arquitectura sensível, p.115).
O acesso ao complexo faz-se tanto pelo lado nordeste como pelo lado sudeste do
recinto, através de uma ladeira ligeiramente inclinada, delimitada pelo pavilhão
multiusos e por um volume longitudinal, a partir do qual se acede às diferentes
instalações.
As duas rampas, cada uma do tamanho de uma praça urbana, erguem-se desde o
estacionamento e unem-se numa entrada a 4 metros sobre o nível do solo.
Ilustração 454 - Rampas de acesso ao complexo. ([Adaptado a partir de:] Revista el Croquis).
O interior caracteriza-se por ser um espaço austero, branco e cinzento com um hall
espaçoso. As diferentes áreas distribuem-se, a partir deste vestíbulo, que faz a ligação
entre as diversas instalações, os serviços administrativos e o restaurante.
O pavilhão multiusos dispõe de quatro zonas, uma delas móvel, que (também) tem
acesso ao nível superior a partir do átrio principal.
das unidades de assistência (bombeiros, etc), pode realizar-se pelo lado sudeste do
edifício, através de uma entrada existente ao nível da pista.
É também a partir do vestíbulo principal do complexo que se acede, por uma galeria, à
zona aquática (piscinas) onde se situam os vestiários, as saunas e as piscinas.
A entrada para os espaços reservados ao público faz-se por uma segunda galeria, ao
nível do vestíbulo, que tem continuidade no interior do espaço da piscina climatizada,
por uma rampa perimetral orientada a tais acessos.
Ao fundo da piscina temos um grande vão transparente que permite a entrada de luz
natural e simultaneamente a ligação à piscina exterior.
Ilustração 457 - Vista interior da piscina interior. ([Adaptado a partir de:] revista El croquis).
Ilustração 458 - Vista do vão de separação da piscina interior e exterior. ([Adaptado a partir de:] revista El croquis).
A piscina interior está dividida em duas zonas, uma com forma retangular e divida em
pistas, onde os utentes podem nadar (com maior velocidade) e outra destinada ao lazer.
Con una zona de juego y descanso y otra compartimentada en carriles para nadar a
mayor velocidad, la piscina interior recuerda una playa urbana. Las piscinas combinan,
según su creador, un ejercicio de responsabilidad pública con una demostración de amor
a la humanidad. (SALICRÚ, 2012)
A piscina exterior, que é aberta nos meses de verão, destina-se quase exclusivamente
a lazer e recreio. Ora, a sua funcionalidade óbvia permitiu que esta apresentasse uma
forma orgânica que nos remete desde logo para a memória de um lago naturalmente
desenhado. No limite desta estava ainda planeada a construção de um campo de jogos
exterior, que acabou por não ser executado dando lugar a uma zona com “guarda-sol”
e espreguiçadeiras, que hoje ali podemos observar.
Ilustração 459 - Piscina exterior. ([Adaptado a partir de:] En Blanco nº1. Álvaro Siza Vieira).
Ilustração 460 - Vista da piscina interior com as pistas "montadas”. ([Adaptado a partir de:] revista El croquis).
Os seus enormes muros brancos não deixam transparecer a paz que dentro deles se
vive, nem a intromissão do bulício exterior para dentro do equipamento, numa
frugalidade organizacional que sintetiza em si todas as funcionalidades necessárias sem
nenhum aparato superficial, como é marca exemplar do maior arquiteto português.
Na verdade, se as imagens bem traduzem a sensação de paz e calidez ali vivida, trata-
se de uma obra incontornável que em muito beneficia de uma visita pessoal, porquanto
nenhuma descrição que aqui se possa fazer é a bastante para poder transmitir a noção
da obra no espaço, a sua clarividência e a beleza inerente do edifício com a clareza, a
graça e a simplicidade que o mesmo, sem dúvida, merece.
Não obstante não estar situado no território nacional o cariz impactante da obra e a sua
originalidade não podiam deixar de merecer este apontamento, talvez no ensejo de que
seja visitada e desfrutada num passeio a Barcelona. Com certeza não desapontará, por
muito elevadas que sejam as expectativas.
Ilustração 461 - Imagem do complexo à noite. ([Adaptado a partir de:] En Blanco nº1. Álvaro Siza Vieira).
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS
É certo que os planos se entrecruzam, e por entre este longo caminho, de maneira umas
vezes tímida, noutras mais assertiva, a vida já nos trouxe um esgar do que esperamos
atingir no futuro: uma vida plena e em que o trabalho em arquitetura, que vimos
ensaiando em estágios e formações específicas, constitui uma vertente fundamental.
Mas até aqui chegarmos, muito do nosso quotidiano, ao longo de cerca de 18 anos, foi
passado entre os bancos da escola e da universidade e os treinos e provas em várias
piscinas de Portugal.
Cedo nos apercebemos de que havia uma diferença notória (até em termos de
resultados atingidos) em função da preparação ser feita num ambiente amigável para o
nadador ou num equipamento que implicasse constantes alterações térmicas e de
humidade (entre os balneários e o tanque), e mais, que as próprias instalações, logo a
partir do exterior e dos átrios de entrada, conferiam um maior ou menor “à-vontade”,
eram apelativas e convidativas à prática natatória ou, ao invés, o transpor e o circular
naqueles edifícios parecia árido e desconfortável.
Como foi nos primórdios? Qual a génese do treino natatório em Portugal? (encontramo-
lo nas Piscinas do Algés e Dafundo e na Piscina do Carvalhido) Que desenvolvimentos
ulteriores? Construções dispersas e nem sempre bem conseguidas de piscinas de 25 e
até 50 metros em Lisboa, formando a dado momento histórico uma tríplice de
equipamentos, um deles mais virado para o recreio infantil (Piscina Infantil do Campo
Grande), outro para a aprendizagem da natação (Piscina do Areeiro) e ainda outro já
voltado para atividades de treino e competição nas várias modalidades aquáticas
(Piscinas dos Olivais).
Pelo país, um ou outro exemplo, nem sempre com relevo bastante para integrar a
dissertação, mas até ao fim da década de 1990 pouco expressivo. É precisamente nesta
altura que dois projetos de grande fôlego se assumem na capital como dando outras
condições e garantindo o treino de alta competição aos atletas nacionais. São eles o
Complexo do Jamor e as Piscinas do Estádio Universitário.
Recorde-se que à imagem das primeiras piscinas construídas de raiz para a prática da
natação em Portugal, também o atelier FV Valsassina procedeu a visitas ao estrangeiro,
com o intuito de acompanhar então o que de mais avançado encontrava desenvolvido
além-fronteiras. Neste caso, porém, já não se pretendeu (como não podia deixar de ser)
uma cópia do que havia sido visto (como sucedeu com as primeiras piscinas do Sport
Algés e Dafundo) mas antes verificar e comparar modelos, conceções e idealizações
das infra-estruturas para que, de novo por cá, se pudesse gizar um plano adequado e
ao melhor nível do que, então, se utilizava e empreendia no estrangeiro.
Pela primeira vez na história, o país detém equipamentos ao nível dos congéneres
europeus.
Foi também e precisamente nesta década que se iniciou a construção e difusão nacional
do conceito de Piscina Municipal (anteriormente pouco expressiva nas zonas mais
interiores de Portugal). Já anteriormente, e de modo precoce relativamente ao
desenvolvimento dos equipamentos, Portugal fora (a Piscina de Campo Maior é disso
expoente máximo) começam a aparecer, aqui e ali, obras de grande relevo arquitetónico
e importância considerável para o bem-estar das populações por elas servidas, seja ao
nível do recreio e lazer, como da prática de atividades natatórias, permitindo até, desde
idades precoces, a adaptação ao meio aquático.
Esta evolução mais próxima dos nossos dias tem permitido que populações, outrora
carecidas de infraestruturas que lhes permitissem a prática de atividades natatórias,
desenvolvam o gosto e vontade de singrar na natação (nas suas mais diversas
modalidades), nos saltos para a água, etc.
Acresce que, embora acanhadamente, possamos fixar a década de 1960/ 1970 como o
arranque de empreendimentos dotados de piscinas inteiramente, ou quase
inteiramente, dedicadas ao lazer e uso recreativo: Torralta, Prainha, Praia das Maçãs,
S. Pedro de Moel, são disso exemplos. Nem sempre mantidos até à atualidade, nem
por isso deixam de refletir a importância crescente que este tipo de infra-estruturas foi
ganhando como modo de atrair fundamentalmente veraneantes que procuravam
diversão e o desfrutar de bons momentos em companhia e mediante o usufruto das
piscinas de que estes projetos beneficia(va)m.
Acresce ainda a referência essencial às piscinas oceânicas. A obra que nos parece
incontornável, é sem dúvida a das piscinas de Leça da Palmeira, em Matosinhos, do
arquiteto Siza Vieira. A sua longevidade e a marca que constitui na arquitetura deste(s)
equipamento(s) é inegável, como o é, a contemporaneidade mantida ao longo de cerca
de cinquenta anos. Perduram, mantendo a sua beleza, utilidade e adaptação às
funcionalidades pensadas desde a sua conceção.
A Piscina do Tamariz permite adivinhar toda uma era, e a busca hedonista de momentos
de lazer em total comodidade e num ambiente requintado, o que não deixa de ser o que
ainda hoje se procura e pretende proporcionar em muitas das piscinas existentes em
localizações especialmente turísticas ou empreendimentos de férias e, embora com a
evolução evidente dos tempos, muito mais massificadas (mas talvez revelando não
menos preocupações com o bem-estar e condições oferecidas aos utilizadores).
O Equipamento Desportivo Ribera - Serrallo, único projeto estudado para além das
fronteiras de Portugal, justificado, em parte, com o facto de nos encontrarmos
atualmente em Barcelona, a realizar formações nesta cidade, mas fundamentalmente
por constituir mais um exemplo emblemático da obra de Siza Vieira e que, por esta via,
acaba também por se enquadrar, ainda que indiretamente na nossa arquitetura de
piscinas, de valor incalculável e mais um edificío que certamente se cruzará com a
história da capital catalã.
Esperamos que este estudo tenha dado algum contributo para se concluir pelo (bom)
estado da arte, e principalmente da franca evolução, quer em termos de qualidade quer
em termos de quantidade e serviços prestados, nestes equipamentos que, se à primeira
vista nos podem parecer um tanto ou quanto indiferentes do ponto de vista do desenho
arquitetónico, quando nos deixamos a contemplar e a aprofundar o conhecimento na
matéria, rapidamente nos apercebemos da sua valia e contributo para a alteração de
hábitos de modos de estar (muito mais saudáveis) da população portuguesa.
Talvez venha daí um “até já”, mas por agora o desejo é apenas de nos lançarmos num
mergulho refrescante, quem sabe num banho marítimo, numa das piscinas oceânicas
existentes e espalhadas pela nossa costa.
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ANEXOS
LISTA DE ANEXOS
Alentejo
Piscinas Naturais das Lages do Pico
Xira