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Universidades Lusíada

Melo, Mariana Pereira da Silva de Lemos


Guimarães de Lacerda e, 1991-
Arquitetura no desporto : piscinas como caso de
estudo
http://hdl.handle.net/11067/5913

Metadados
Data de Publicação 2021
Resumo O seguinte trabalho de investigação incide sobre a particularidade da
arquitetura desportiva, com especial enfoque na arquitetura das piscinas –
estrututra arquitetónica pouco estudada e que muito contribuiu e contribui
para o desenvolvimento desportivo do nosso país – e sobre o modo como
este tipo de arquitetura evoluiu até aos dias de hoje. A escolha deste tema
passa não só pela perceção das potencialidades do mesmo, visto ser uma
parte da nossa arquitetura pouco estudada, como do facto de ter...
The following research focuses on the particularity of sports architecture,
with a special focus on the architecture of swimming pools – This
architectural structure that was not studied in depth has contributed to the
sports development of our country - and on how this type of architecture
has evolved until to today. The choice of this theme depends not only on
the perception of its potential, since it is a part of our architecture that was
not studied extensively, but also on the fact that the...
Palavras Chave Piscinas - Projectos e construção, Piscinas - Portugal - Projectos e
construção, Instalações desportivas - Projectos e construção
Tipo masterThesis
Revisão de Pares Não
Coleções [ULL-FAA] Dissertações

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http://repositorio.ulusiada.pt
UNIVERSIDADE LUSÍADA
FACULDADE DE ARQUITETURA E ARTES
Mestrado Integrado em Arquitetura

Arquitetura no desporto: piscinas como caso de estudo

Realizado por:
Mariana Pereira da Silva de Lemos Guimarães de Lacerda Mello

Orientado por:
Prof. Doutor Arqt. Rui Manuel Reis Alves

Constituição do Júri:

Presidente: Prof. Doutor Horácio Manuel Pereira Bonifácio


Orientador: Prof. Doutor Arqt. Rui Manuel Reis Alves
Arguente: Prof. Doutor Arqt. Bernardo d'Orey Manoel

Dissertação aprovada em: 28 de maio de 2021

Lisboa

2021
U N I V E R S I D A D E L U S Í A D A

F ACULDADE DE A RQUITETURA E A RTES

Mestrado Integrado em Arquitetura

Arquitetura no desporto:
piscinas como caso de estudo

Mariana Pereira da Silva de Lemos Guimarães de Lacerda e Mello

Lisboa

fevereiro 2021
U N I V E R S I D A D E L U S Í A D A

F ACULDADE DE A RQUITETURA E A RTES

Mestrado Integrado em Arquitetura

Arquitetura no desporto:
piscinas como caso de estudo

Mariana Pereira da Silva de Lemos Guimarães de Lacerda e Mello

Lisboa

fevereiro 2021
Mariana Pereira da Silva de Lemos Guimarães de Lacerda e Mello

Arquitetura no desporto:
piscinas como caso de estudo

Dissertação apresentada à Faculdade de Arquitetura e


Artes da Universidade Lusíada para a obtenção do grau
de Mestre em Arquitetura.

Orientador: Prof. Doutor Arqt. Rui Manuel Reis Alves

Lisboa

fevereiro 2021
FICHA TÉCNICA
Autora Mariana Pereira da Silva de Lemos Guimarães de Lacerda e Mello
Orientador Prof. Doutor Arqt. Rui Manuel Reis Alves
Título Arquitetura no desporto: piscinas como caso de estudo
Local Lisboa
Ano 2021

MEDIATECA DA UNIVERSIDADE LUSÍADA - CATALOGAÇÃO NA PUBLICAÇÃO

MELO, Mariana Pereira da Silva de Lemos Guimarães de Lacerda e, 1991-

Arquitetura no desporto : piscinas como caso de estudo / Mariana Pereira da Silva de Lemos
Guimarães de Lacerda e Mello ; orientado por Rui Manuel Reis Alves. - Lisboa : [s.n.], 2021. -
Dissertação de Mestrado Integrado em Arquitetura, Faculdade de Arquitetura e Artes da Universidade
Lusíada.

I - ALVES, Rui Manuel Reis, 1964-

LCSH
1. Piscinas - Projetos e construção
2. Piscinas - Portugal - Projetos e construção
3. Instalações desportivas - Projetos e construção
4. Universidade Lusíada. Faculdade de Arquitetura e Artes - Teses
5. Teses - Portugal - Lisboa

1. Swimming pools - Design and construction


2. Swimming pools - Portugal - Design and construction
3. Sports facilities - Design and construction
4. Universidade Lusíada. Faculdade de Arquitetura e Artes - Dissertations
5. Dissertations, Academic - Portugal - Lisbon

LCC
1. TH4763.M45 2021
“El agua es principio de todas las cosas.”

MILETO, Tales (625 – 545 a.C.) – Aquea Fundación.


AGRADECIMENTOS

É um sentimento estranho, olhar para trás e relembrar os anos que se passaram desde
o íncio desta jornada que começou há 11 anos atrás. É estranho imaginarmo-nos no
início, e compreendermos tudo o que vivemos, o que aprendemos, o quanto crescemos
e a pessoa diferente em que nos tornámos. No entanto, não haveria melhor forma de
fechar este capítulo do que com a finalização deste trabalho, no qual foi investido tanto
tempo e dedicação.

Primeiramente, gostaria de agradecer aos meus pais, eternos tutores da minha vida, por
todo o amor incondicional que me deram até hoje, por todas as oportunidades que me
ofereceram, por sempre me apoiarem e exigirem de mim nada menos do que aquilo que
posso ser, e por me ensinarem a nunca desistir. Serão sempre e para sempre os meus
heróis. Ao meu irmão, por ter crescido a meu lado e ter tornado a minha vida milhões
de vezes melhor só por existir, será sempre o meu eterno companheiro. À minha irmã
Maria, por toda a preocupação e gestos de carinho grandes e pequenos ao longo da
minha existência.

Ao meu marido José Maria, pelas constantes manhãs de trabalho, pela paciência, por
acreditar em mim, por todos os sorrisos dos quais é o culpado e por me querer fazer ser
a cada dia cada vez melhor, com alguém assim ao nosso lado, tudo se torna mais fácil.
Aos meus filhos António e Madalena, que apesar de tão pequeninos me fizeram
acreditar que era capaz de acabar este trabalho que muito significa para mim.

Aos meus colegas de Universidade, que através de imensas horas de trabalho e de


convívio se tornaram grandes amigos, Sandra e Leonor e tantos outros, obrigada por
me relembrarem que a amizade é o maior presente desta vida. Sei que vos levarei daqui
para a frente sempre comigo, mas se fosse necessário faria tudo outra vez, ao vosso
lado, e seria novamente inesquecível. Não podia deixar de agradecer de uma forma
especial à Leonor que levarei comigo para o resto da vida: obrigada por todas as horas
perdidas comigo e por toda a ajuda dada durante estes anos, obrigada por estrares
sempre lá e me dares todo o apoio de forma inigualável.

Não posso deixar de agradecer à Patricia Martins, uma pessoa que considero a minha
segunda mãe, que me dá concelhos tão sábios e que, muitas vezes, sem se aperceber,
me ajudou a chegar mais longe nesta caminhada.
Uma palavra de agradecimento a todos os municípios que mostraram interesse neste
trabalho e às pessoas que dali me forneceram todo o material necessário para a sua
execução. Queria deixar um obrigada especial à bibliotecária Fátima Coelho, da Ordem
dos Arquitectos, que sempre mostrou interesse no trabalho e ajudou com o fornecimento
de muitas fotografias, artigos e desenhos aqui presentes.

Ao meu orientador, o Prof. Doutor Rui Reis Alves, extraordinário no seu trabalho, por ter
sido incansável no acompanhamento e apoio constante a esta dissertação e à minha
pessoa, obrigada Professor. À Universidade Lusíada de Lisboa, por me formar cidadã,
aluna e futura arquitecta desta sociedade.

Por fim, deixo um último agradecimento a todos os que de alguma maneira fizeram parte
directa ou indirecta deste trabalho, que não existiria sem a presença de todas as
pessoas acima mencionadas.

Resta-me desejar a quem o abrir, que goste de o ler, tanto quanto o gosto que me deu
realizá-lo, e que através deste possam conhecer um pouco mais sobre a arquitectura
no desporto, e especificamente sobre a arquitetura das piscinas em Portugal.

Espero que gostem,

Mariana
“A arquitectura é um tema de espaço e de
relacionamento, de infindável
relacionamento. A arquitectura define-se
pelas relações que estabelece, algumas
involuntárias.”

Siza, Álvaro, outubro de 2003.


APRESENTAÇÃO

A arquitectura no desporto – Piscinas como caso de Estudo

Mariana Pereira da Silva de Lemos Guimarães de Lacerda e Mello

O seguinte trabalho de investigação incide sobre a particularidade da arquitetura


desportiva, com especial enfoque na arquitetura das piscinas – estrututra arquitetónica
pouco estudada e que muito contribuiu e contribui para o desenvolvimento desportivo
do nosso país – e sobre o modo como este tipo de arquitetura evoluiu até aos dias de
hoje. A escolha deste tema passa não só pela perceção das potencialidades do mesmo,
visto ser uma parte da nossa arquitetura pouco estudada, como do facto de ter sido
atleta de alta competição de Natação, que consideramos ser uma mais valia na
elaboração deste trabalho. Assim, em primeiro lugar, iremos contextualizar o
aparecimento deste tipo de arquitetura no território nacional, questão determinante nos
modos de vida e na evolução deste equipamento. Consequentemente, e terminando no
tempo presente, seguimos com a análise da evolução do desporto em Portugal, a par
do desenvolvimento da arquitetura desportiva portuguesa, e de como ambos têm
contribuido para o exercício da disciplina arquitetónica portuguesa. Convergindo na
realidade específica de quatro tipos diferentes de piscinas, tendo como casos de estudo
as Piscinas do Campo Grande (do Arquiteto Francisco Keil do Amaral), o Equipamento
Desportivo Ribera-Serrallo em Cornellà de Lobregat, Barcelona, Espanha (do arquiteto
Álvaro Siza Vieira), o complexo das Piscinas Municipais de Abrantes (dos arquitetos
Julião Azevedo, Paulo Azevedo, Luís Durão, Isabel Azevedo) e, por fim, as Piscinas
Oceânicas do Tamariz (do arquiteto Manuel Taínha).

Palavras-chave: Portugal; Arquitectura Desportiva, Piscinas, Natação, Equipamento


Público.
PRESENTATION

A Arquitectura no desporto – Piscinas como caso de Estudo

Mariana Pereira da Silva de Lemos Guimarães de Lacerda e Mello

The following research focuses on the particularity of sports architecture, with a special
focus on the architecture of swimming pools – This architectural structure that was not
studied in depth has contributed to the sports development of our country - and on how
this type of architecture has evolved until to today. The choice of this theme depends not
only on the perception of its potential, since it is a part of our architecture that was not
studied extensively, but also on the fact that the author has been a high swimming
competition athlete, which we consider to be an asset in the elaboration of this work. So,
first of all, we will contextualize the appearance of this type of architecture in the national
territory, a determining issue in the ways of life and in the evolution of this equipment.
Consequently, and ending at the present time, we continue with the analysis of the
evolution of sports in Portugal, alongside the development of Portuguese sports
architecture, and how both have contributed to the exercise of Portuguese architectural
discipline. Converging in the specific reality of four different types of swimming pools,
with the case studies of Piscinas do Campo Grande (by architect Francisco Keil do
Amaral), o Equipamento Desportivo Ribera-Serrallo in Cornellà de Lobregat, Barcelona,
Spain (by architect Álvaro Siza Vieira) , o complexo das Piscinas Municipais de Abrantes
(by architects Julião Azevedo, Paulo Azevedo, Luís Durão, Isabel Azevedo) and, finally,
as Piscinas Oceânicas do Tamariz (by architect Manuel Taínha).

Keywords: Portugal; Sports Architecture, Swimming Pools, Swim, Public Equipment.


LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Ilustração 1 - Recibo do Real Gymanásio Club Portuguez. ([Adaptado a partir de:]


Arquivo digital de Cascais).......................................................................................... 44
Ilustração 2 – Logótipo do Real Club Naval de Lisboa fundado a 30 de abril de 1856.
([Adaptado a partir de:] Associação Naval de Lisboa). ................................................ 44
Ilustração 3 - Capa do jornal O Sport de 23 de março de 1894. ([Adaptado a partir de:]
Arquivo do Ginásio Clube português). ........................................................................ 46
Ilustração 4 – Revista Quinzenal A Bicycleta de 1 de maio de 1895. ([Adaptado a partir
de:] Ciclismo em Portugal - wikiwand .......................................................................... 46
Ilustração 5 - Domínio Público Marítimo Português ([Adaptado a partir de] Direção –
Geral de Recursos Naturais, Segurança e Serviços Marítimos). ................................. 47
Ilustração 6 – Escola de Natação na Trafaria ([Adaptado a partir de:] Federação
portuguesa de natação). ............................................................................................. 47
Ilustração 7 – Campeonato Nacional de Natação “Meia Milha”, 1906, Fonte:
http://gcp.pt/gcp/história/1900-1910 ([Adaptado a partir de:] ....................................... 48
Ilustração 8 - Piscina Sport Algés e Dafundo, 1930, ([Adaptado a partir de:]
https://www.sportalgesedafundo.com/natacao-hist-aquatica)...................................... 48
Ilustração 9 – Construção Piscina - Solário do Atlântico ([Adaptado a partir de:]
Contributos Para a História da Natação em Espinho) ................................................. 50
Ilustração 10 – Construção da Piscina do Sport Algés e Dafundo, em 1929. ([Adaptado
a partir de:]: https://restosdecoleccao.blogspot.com/2014/05/piscina-municipal-dos-
olivais.html?m=1) ........................................................................................................ 52
Ilustração 11 - Piscina Sport Algés e Dafundo, 1930, Bancadas por terminar. ([Adaptado
a partir de:]: https://restosdecoleccao.blogspot.com/2014/05/piscina-municipal-dos-
olivais.html?m=1 ......................................................................................................... 52
Ilustração 12 - Estádio Náutico iluminado. ([Adaptado a partir de:]:
https://restosdecoleccao.blogspot.com/2014/05/piscina-municipal-dos-
olivais.html?m=1). ....................................................................................................... 53
Ilustração 13 - Piscina do Sport Algés e Atual. ([Adaptado a partir de:]
https://restosdecoleccao.blogspot.com/2014/05/piscina-municipal-dos-olivais.html?m=1
................................................................................................................................... 54
Ilustração 14 - Piscina Sport Algés e Dafundo Atual ([Adaptado a partir de:]
https://restosdecoleccao.blogspot.com/2014/05/piscina-municipal-dos-olivais.html?m=
................................................................................................................................... 54
Ilustração 15 - Piscinas Municipais Inauguradas em Portugal Continental. Atual
([Adaptado a partir de:] Cunha, Luís, Os Espaços Do Desporto – UMA GESTÃO PARA
O DESENVOLVIMENTO HUMANO............................................................................ 55
Ilustração 16 - Mapa de Portugal com a localização das diversas Piscinas Municipais.
Fonte: Nossa .............................................................................................................. 58
Ilustração 17 – Prova de natação realizada em Leixões. ( Adaptado a partir de: A
História da Natação Portuguesa) ................................................................................ 59
Ilustração 18 – Piscina Municipal do Areeiro. ( Adaptado a partir de:
https://restosdecoleccao.blogspot.com/2014/08/piscina-municipal-do-areeiro.html). .. 61
Ilustração 19 – Piscina dos Olivais. ( Adaptado a partir de:
https://restosdecoleccao.blogspot.com/2014/05/piscina-municipal-dos-
olivais.html?m=1). ....................................................................................................... 61
Ilustração 20 – Piscina do Campo Grande. ( Adaptado a partir de:
https://restosdecoleccao.blogspot.com/2014/08/piscina-infantil-do-campo-grande.html).
................................................................................................................................... 61
Ilustração 21 – Piscina Quinta da Conceição. ( Adaptado a partir de:
http://www.matosinhosport.com/gca/?id=501. ............................................................. 61
Ilustração 22 – Localização da Piscina do Areeiro na Avenida de Roma. ( Adaptado a
partir de: Nossa). ....................................................................................................... 62
Ilustração 23 - Piscina Municipal do Areeiro em Construção. ( Adaptado a partir de:
Arquivo Municipal de Lisboa). ..................................................................................... 62
Ilustração 24 – Inauguração da Piscina Municipal do Areeiro. ( Adaptado a partir de:
Arquivo Municipal de Lisboa. ...................................................................................... 63
Ilustração 25 – Prova de Natação da Piscina Municipal do Areeiro. ( Adaptado a partir
de: Arquivo Municipal de Lisboa. ............................................................................... 63
Ilustração 26 – Parte da Bancada da Piscina Municipal do Areeiro. ( Adaptado a partir
de: Arquivo Municipal de Lisboa). .............................................................................. 63
Ilustração 27 – Verão na Piscina municipal do Areeiro. ( Adaptado a partir de: Arquivo
Municipal de Lisboa). .................................................................................................. 63
Ilustração 28 - Estado de degradação da Piscina Municipal do Areeiro (2012).
( Adaptado a partir de: http://lisboasos.blogspot.com/2012/06/comedia-de-costa-e-o-
seu-livro-dos.html). ..................................................................................................... 64
Ilustração 29 - Estado de degradação da Piscina Municipal do Areeiro (2012).
( Adaptado a partir de: http://lisboasos.blogspot.com/2012/06/comedia-de-costa-e-o-
seu-livro-dos.html). ..................................................................................................... 64
Ilustração 30 - Estado de degradação da Piscina Municipal do Areeiro (2012).
( Adaptado a partir de: https://restosdecoleccao.blogspot.com/2014/08/piscina-
municipal-do-areeiro.html). ......................................................................................... 64
Ilustração 31 - Estado de degradação da Piscina Municipal do Areeiro (2012).
( Adaptado a partir de: https://restosdecoleccao.blogspot.com/2014/08/piscina-
municipal-do-areeiro.html). ......................................................................................... 64
Ilustração 32 – Complexo Desportivo Supera do Areeiro. ( Adaptado a partir de:
https://www.centrosupera.com/wp-content/uploads/2015/04/noticias2lisboa.jpg)........ 65
Ilustração 33 – Vista interior dos tanques artificiais do Complexo Desportivo Supera.
( Adaptado a partir de: https://pt.centrosupera.com/lisboa/). ...................................... 65
Ilustração 34 – Ginásio do complexo Desportivo Municipal Supera do Areeiro.
( Adaptado a partir de: https://pt.centrosupera.com/lisboa/). ...................................... 66
Ilustração 35 – Aula de aprendizagem de natação a decorrer no tanque de
aprendizagem do Complexo Desportivo Municipal Suoera do Areeiro. ( Adaptado a
partir de: https://nit.pt/fit/01-08-2016-sabe-qual-e-o-ginasio-mais-perto-de-
si/attachment/24493). ................................................................................................. 66
Ilustração 36 - Localização da Piscina dos Olivais. ( Adaptado a partir de: Google
maps). ........................................................................................................................ 67
Ilustração 37 – Maqueta da Piscina dos Olivais. ( Adaptado a partir de: Arquivo
Municipal de Lisboa). .................................................................................................. 68
Ilustração 38 - Prova de natação realizada aquando da inauguração das piscinas dos
Olivais. . ( Adaptado a partir de: Arquivo Municipal de Lisboa): ................................. 69
Ilustração 39 - Calendario da Realização de Provas de Natação. ( Adaptado a partir de:
Relatório e Contas 1967, Gerencia 1966, FPN)). ........................................................ 69
Ilustração 40 – Banhistas na piscina dos Olivais. ( Adaptado a partir de: Arquivo0
Municipal de Lisboa). .................................................................................................. 70
Ilustração 41 – Banhistas na Prancha de Saltos da piscina dos Olivais. ( Adaptado a
partir de: Arquivo Municipal de Lisboa). ..................................................................... 70
Ilustração 42 – Vista noturna da piscina dos Olivais. ( Adaptado a partir de: Arquivo
Municipal de Lisboa). .................................................................................................. 70
Ilustração 43 – Prova de Natação noturna realizada na piscina dos Olivais. ( Adaptado
a partir de: Arquivo Municipal de Lisboa). .................................................................. 70
Ilustração 44 - Estado de degradação da piscinas dos Olivais. ( Adaptado a partir de:
https://www.publico.pt/2012/02/02/jornal/piscinas-do-areeiro-olivais-e-campo-grande-
nao-reabrem-no-verao-como-prometido-23907239. ................................................... 71
Ilustração 45 - Abandono das Piscinas dos Olivais. ( Adaptado a partir de:
https://restosdecoleccao.blogspot.com/2014/05/piscina-municipal-dos-olivais.html .... 71
Ilustração 46 – Piscina dos Olivais. ( Adaptado a partir de: Arquivo Municipal de Lisboa).
................................................................................................................................... 73
Ilustração 47 - Intervenção do Arquiteto Jorge Barata Martinez, Go fit Olivais. ( Adaptado
a partir de: Memória Construtiva do Centro Desportivo GO FIT Olivais). .................... 73
Ilustração 48 - Intervenção proposta pelo Arquiteto Jorge Barata Martinez para as
antigas Piscinas dos Olivais atual GO FIT Olivais, ( Adaptado a partir de: Memória
Construtiva do Centro Desportivo GO FIT Olivais). ..................................................... 73
Ilustração 49 – Planta do Anteprojeto do Jardim do Campo Grande. ( Adaptado a partir
de: Arquivo Municipal de Lisboa). .............................................................................. 74
Ilustração 50– Planta topográfica do Campo Grande (1907) ( Adaptado a partir de:
Arquivo Municipal de Lisboa). ..................................................................................... 75
Ilustração 51 – Piscina Infantil do Campo Grande. ( Adaptado a partir de: Arquivo
Municipal de Lisboa). .................................................................................................. 75
Ilustração 52 – Piscina Infantil do Campo Grande. ( Adaptado a partir de: Arquivo
Municipal de Lisboa). .................................................................................................. 75
Ilustração 53 – Piscina Infantil do Campo Grande em estado de degradação. ( Adaptado
a partir de: http://ceramicamodernistaemportugal.blogspot.com/2011/12/painel-da-
piscina-do-campo-grande.html). ................................................................................. 76
Ilustração 54- Piscina Infantil do Campo Grande em estado de degradação. ( Adaptado
a partir de: http://ceramicamodernistaemportugal.blogspot.com/2011/12/painel-da-
piscina-do-campo-grande.html). ................................................................................. 76
Ilustração 55 – Localização da Quinta da Conceição. ( Adaptado a partir de: Google
maps). ........................................................................................................................ 77
Ilustração 56 - Planta Quinta da Conceição (1958,60). ( Adaptado a partir de:
Dissertação de Mestrado Ricardo Cerqueira). ............................................................ 79
Ilustração 57 – Localização das entradas da Quinta da Conceição. ( Adaptado a partir
de: Dissertação de Mestrado Ricardo Cerqueira). ..................................................... 79
Ilustração 58 – Piscina Quinta da Conceição. ( Adaptado a partir de:
https://www.behance.net/gallery/17069137/Piscina-da-Quinta-da-Conceicao-
Arquitecto-Siza-Vieira). ............................................................................................... 80
Ilustração 59 – Bar / Restaurante da Quinta da Conceição.
https://www.behance.net/gallery/17069137/Piscina-da-Quinta-da-Conceicao-
Arquitecto-Siza-Vieira ................................................................................................. 80
Ilustração 60 – Avenida de acesso à capela e pátio da capela. ( Adaptado a partir de:
Dissertação de Mestrado Ricardo Cerqueira). ............................................................ 80
Ilustração 61 – Pavilhão e campo de ténis da Quinta da Conceição. ( Adaptado a partir
de Arquivo Municipal do Porto). ................................................................................. 80
Ilustração 62 – Plantas e Alçados do Pavilhão e Campo de Ténis da Quinta da
Conceição. ( Adaptado a partir de Arquivo Municipal do Porto). ................................ 81
Ilustração 63 – Parque Infantil da Quinta da Conceição. ( Adaptado a partir de
http://passeiosdacaramulinha.blogspot.com/2008/11/quinta-da-conceio-02-11-2008-
1.html). ....................................................................................................................... 81
Ilustração 64 – Jardim da Entrada da Quinta da Conceição. ( Adaptado a partir de
https://www.leca-palmeira.com/quinta-da-conceicao-2/). ............................................ 81
Ilustração 65 – Antigo Claustro. ( Adaptado a partir de https://www.leca-
palmeira.com/quinta-da-conceicao-2/). ....................................................................... 81
Ilustração 66 – Pórtico Manuelino. ( Adaptado a partir de :
http://carlosalbuquerquecastro.com/gallery/1422). ...................................................... 81
Ilustração 67 - Pórtico Manuelino. ( Adaptado a partir de :
http://carlosalbuquerquecastro.com/gallery/1422). ...................................................... 81
Ilustração 68 – Cruzamento entre o caminho Principal e o caminho Secundário
“Amarelo”. ( Adaptado a partir de : http://carlosalbuquerquecastro.com/gallery/1422).
................................................................................................................................... 82
Ilustração 69 – Alçado do Museu com referência do pórtico Manuelino ( Adaptado a
partir de : : Dissertação de Mestrado de Juan António Ortiz Orueta p. 50). ............... 82
Ilustração 70 – Planta do museu projetada à volta do antigo claustro e incorporado na
edificação anexa ao pórtico Manuelino ( Adaptado a partir de : Dissertação de Mestrado
de Juan António Ortiz Orueta p. 50)............................................................................ 83
Ilustração 71 – Anteprojeto da Piscina da Quinta da Conceição de Álvaro Siza Vieira.
( Adaptado a partir de Dissertação de Mestrado de Juan António Ortiz Orueta p. 62).
................................................................................................................................... 84
Ilustração 72 – Planta atual da Quinta da Conceição projetada pelo Arquiteto Álvaro Siza
Vieira. ( Adaptado a partir de https://spa.archinform.net/projekte/3646.htm). ............. 85
Ilustração 73 – Muros Brancos que “escondem” a Piscina da Quinta da Conceição.
( Adaptado a partir de http://arquitecturafotos.blogspot.com/2012/07/piscinas-da-
quinta-da-conceicao.html). .......................................................................................... 86
Ilustração 74 – Muros Brancos da Piscina (outra vista). ( Adaptado a partir de :
http://arquitecturafotos.blogspot.com/2012/07/piscinas-da-quinta-da-conceicao.html).86
Ilustração 75 – Vista do topo da escadaria das instalações sanitárias. ( Adaptado a partir
de http://arquitecturafotos.blogspot.com/2012/07/piscinas-da-quinta-da-
conceicao.html)........................................................................................................... 86
Ilustração 76 – Vista da entrada da Piscina através do acesso das instalações sanitárias.
( Adaptado a partir de http://arquitecturafotos.blogspot.com/2012/07/piscinas-da-quinta-
da-conceicao.html). .................................................................................................... 86
Ilustração 77 – Vista do interior das instalações sanitárias. ( Adaptado a partir de
http://arquitecturafotos.blogspot.com/2012/07/piscinas-da-quinta-da-conceicao.html).87
Ilustração 78- Vista do Interior do Balneário. ( Adaptado a partir de
http://arquitecturafotos.blogspot.com/2012/07/piscinas-da-quinta-da-conceicao.html).87
Ilustração 79 – Vista de outro acesso ao recinto da Piscina. ( Adaptado a partir de
http://arquitecturafotos.blogspot.com/2012/07/piscinas-da-quinta-da-conceicao.html).87
Ilustração 80 – Piscina da Quinta da Conceição em manutenção. ( Adaptado a partir de
http://arquitecturafotos.blogspot.com/2012/07/piscinas-da-quinta-da-conceicao.html).87
Ilustração 81 – Piscina da Quinta da Conceição em funcionamento. ( Adaptado a partir
de http://arquitecturafotos.blogspot.com/2012/07/piscinas-da-quinta-da-
conceicao.html)........................................................................................................... 88
Ilustração 82 – Piscina da Quinta da Conceição. ( Adaptado a partir de
http://arquitecturafotos.blogspot.com/2012/07/piscinas-da-quinta-da-conceicao.html).88
Ilustração 83 – Vista dos diferentes acessos ao recinto da Piscina. ( Adaptado a partir
de http://arquitecturafotos.blogspot.com/2012/07/piscinas-da-quinta-da-
conceicao.html)........................................................................................................... 88
Ilustração 84 – Entrada da Piscina Municipal da Povoação. ( Adaptado a partir
de https://www.plataformaarquitectura.cl/cl/02-78525/piscinas-municipales-de-
povoacao-barbosa-guimaraes). .................................................................................. 89
Ilustração 85 – Piscina Municipal de Mirandela. ( Adaptado a partir de
https://guiastecnicos.turismodeportugal.pt/pt/contemporaneo/ver/Piscina-Municipal). 89
Ilustração 86 – Piscina Municipal de Montemor – O - Velho. ( Adaptado a partir de
http://arquitecturafotos.blogspot.com/2011/06/piscinas-municipais-de-montemor-o-
velho.html). ................................................................................................................. 89
Ilustração 87 – Piscina Municipal de Outurela. ( Adaptado a partir de
https://oeirasviva.pt/desporto/?id=61&title=piscina-municipal-de-outurela-portela....... 89
Ilustração 88 – Localização das Piscinas Municipais da Povoação a diferentes escalas.
( Adaptado a partir de https://www.plataformaarquitectura.cl/cl/02-78525/piscinas-
municipales-de-povoacao-barbosa-guimaraes). ......................................................... 90
Ilustração 89 – Implantação das Piscinas Municipais da Povoação. ( Adaptado a partir
de https://www.plataformaarquitectura.cl/cl/02-78525/piscinas-municipales-de-
povoacao-barbosa-guimaraes). .................................................................................. 90
Ilustração 90 – Corte do Projeto representando a sua envolvente. ( Adaptado a partir
de Revista En Blanco, Nº8, p.100). ............................................................................ 91
Ilustração 91 – Volumes da Piscina Municipal da Povoação. ( Adaptado a partir de
https://www.plataformaarquitectura.cl/cl/02-78525/piscinas-municipales-de-povoacao-
barbosa-guimaraes). ................................................................................................... 91
Ilustração 92 – Vista Superior da Piscina Municipal da Povoação. ( Adaptado a partir de
Revista En Blanco, Nº8, p.99). .................................................................................... 91
Ilustração 93 -Alçado Norte. ( Adaptado a partir de Revista En Blanco, Nº8, p.100).. 92
Ilustração 94- Corte longitudinal. Do edifício da Piscina. ( Adaptado a partir de Revista
En Blanco, Nº8, p.100). .............................................................................................. 92
Ilustração 95 – Corte Transversal da Piscina Municipal da Povoação. ( Adaptado a partir
de Revista En Blanco, Nº8, p.100). ............................................................................ 92
Ilustração 96 – Araucária Presente na entrada da piscina Municipal da Povoação.
( Adaptado a partir de https://guiasdearquitectura.com/pt/produtos/packs-azores-
archipelago/_37). ........................................................................................................ 93
Ilustração 97 – Acesso à Piscina Municipal da Povoação. ([Adaptado a partir de]
https://guiasdearquitectura.com/pt/produtos/packs-azores-archipelago/_375). ........... 93
Ilustração 98 – Planta do Piso Principal. ([Adaptado a partir de] Revista En Blanco, Nº8,
p. 98). ......................................................................................................................... 93
Ilustração 99 – Vista do Interior das Piscinas. ([Adaptado a partir de]
https://inhabitat.com/green-roofed-municipal-pools-create-an-enchanting-public-space-
in-povoacao-portugal/municipal-pools-of-povoacao-1). ............................................... 94
Ilustração 100 - Tanque de aprendizagem da Piscina da Povoação. ([Adaptado a partir
de] Revista En Blanco, Nº8, p. 104). ........................................................................... 94
Ilustração 101 – Interiores dos Balneários da Piscina. ([Adaptado a partir de]
https://inhabitat.com/green-roofed-municipal-pools-create-an-enchanting-public-space-
in-povoacao-portugal/municipal-pools-of-povoacao-1). ............................................... 94
Ilustração 102 - Interiores dos Balneários da Piscina. ([Adaptado a partir de]
https://inhabitat.com/green-roofed-municipal-pools-create-an-enchanting-public-space-
in-povoacao-portugal/municipal-pools-of-povoacao-1). ............................................... 94
Ilustração 103 – Balneário da Piscina Municipal da Povoação. ([Adaptado a partir de]
Revista En Blanco, Nº8, p. 104.). ................................................................................ 94
Ilustração 104 – Vista do Bar da Piscina. ([Adaptado a partir de]
https://inhabitat.com/green-roofed-municipal-pools-create-an-enchanting-public-space-
in-povoacao-portugal/municipal-pools-of-povoacao-1). ............................................... 95
Ilustração 105 – Interior da Piscina Municipal de Povoação. ([Adaptado a partir de]
Revista En Blanco, Nº8, p.106). .................................................................................. 95
Ilustração 106 – Interior da Piscina da Povoação. ([Adaptado a partir de]
https://inhabitat.com/green-roofed-municipal-pools-create-an-enchanting-public-space-
in-povoacao-portugal/municipal-pools-of-povoacao-1). ............................................... 95
Ilustração 107 – Interior da Piscina da Povoação. ([Adaptado a partir de]
https://inhabitat.com/green-roofed-municipal-pools-create-an-enchanting-public-space-
in-povoacao-portugal/municipal-pools-of-povoacao-1). ............................................... 95
Ilustração 108 – Tanques da Piscina Municipal da Povoação. ([Adaptado a partir de]
Revista En Blanco, nº8, p. 105). ................................................................................. 95
Ilustração 109 – Vista do Hall de entrada das piscinas. ([Adaptado a partir de]
https://inhabitat.com/green-roofed-municipal-pools-create-an-enchanting-public-space-
in-povoacao-portugal/municipal-pools-of-povoacao-1). ............................................... 96
Ilustração 110 – Vista da Cobertura da Piscina. ([Adaptado a partir de] Revista En
Blanco, nº8, p.103). .................................................................................................... 96
Ilustração 111 – Vista noturna da Piscina da Povoação. ([Adaptado a partir de]
https://inhabitat.com/green-roofed-municipal-pools-create-an-enchanting-public-space-
in-povoacao-portugal/municipal-pools-of-povoacao-1). ............................................... 96
Ilustração 112 – Maqueta da Piscina Municipal da Povoação. ([Adaptado a partir de]
https://inhabitat.com/green-roofed-municipal-pools-create-an-enchanting-public-space-
in-povoacao-portugal/municipal-pools-of-povoacao-1). ............................................... 96
Ilustração 113 - Maqueta da Piscina Municipal da Povoação. ([Adaptado a partir de]
https://inhabitat.com/green-roofed-municipal-pools-create-an-enchanting-public-space-
in-povoacao-portugal/municipal-pools-of-povoacao-1). ............................................... 96
Ilustração 114 – Localização da Piscina Municipal de Mirandela a diferentes escalas.
([Adaptado a partir de] Google maps. Edição Nossa). ................................................ 97
Ilustração 115 .- As três Valências da Piscina Municipal de Mirandela. ...................... 98
Ilustração 116 – Desenho do Arquiteto Filipe Oliveira Dias das Piscinas de Mirandela.
([Adaptado a partir de] 15 anos de Obra Publica - Atelier Filipe Oliveira Dias). ........... 98
Ilustração 117- – Planta Geral do piso 0 da Piscina Municipal de Mirandela. ([Adaptado
a partir de] 15 anos de Obra Publica - Atelier Filipe Oliveira Dias). ............................. 99
Ilustração 118 - Piscina Municipal de Mirandela (podemos ver o tanque de competição
assim como a sua fachada envidraçada ao longo do comprimento da piscina).
([Adaptado a partir de] 15 anos de Obra Publica - Atelier Filipe Oliveira Dias). ......... 100
Ilustração 119 – Corte Longitudinal. ([Adaptado a partir de] 15 anos de Obra Publica -
Atelier Filipe Oliveira Dias). ....................................................................................... 100
Ilustração 120 – Fachada da Piscina Municipal de Mirandela. ([Adaptado a partir de] 15
anos de Obra Publica - Atelier Filipe Oliveira Dias). .................................................. 100
Ilustração 121 - Localização das Piscinas de Montemor – o – Velho a diferentes escalas.
([Adaptado a partir de] Google maps, Edição Nossa). .............................................. 101
Ilustração 122 - Alçado Norte e Alçado Poente da Piscina de Montemor -o – Velho.
([Adaptado a partir de] Disponibilizado pelo Município de Montemor – o - Velho). .... 101
Ilustração 123 – Planta de cobertura da Piscina de Montemor -o- Velho. ([Adaptado a
partir de] Disponibilizado pelo Município de Montemor – o - Velho). ......................... 102
Ilustração 124 – Planta Piso 0. ([Adaptado a partir de] Disponibilizado pelo Município de
Montemor-o-Velho). .................................................................................................. 103
Ilustração 125 – Planta Piso 1. ([Adaptado a partir de] Disponibilizado pelo Município de
Montemor-o-Velho). .................................................................................................. 103
Ilustração 126 – Cortes I, J e K das Piscinas de Montemor – o – Velho. ([Adaptado a
partir de] Disponibilizado pelo Município de Montemor – o - Velho). ......................... 104
Ilustração 127 – Alçados Sul e Nascente. ([Adaptado a partir de] Disponibilizado pelo
Município de Montemor – o- Velho). ......................................................................... 105
Ilustração 128 – Corte A e B. ([Adaptado a partir de] Disponibilizado pelo Município de
Montemor – o- Velho). .............................................................................................. 105
Ilustração 129 – Corte C e D. ([Adaptado a partir de] Disponibilizado pelo Município de
Montemor – o- Velho). .............................................................................................. 106
Ilustração 130 – Cortes “E” e “F”. ([Adaptado a partir de] Disponibilizado pelo Município
de Montemor – o- Velho). ......................................................................................... 106
Ilustração 131 – Cortes G e H. ([Adaptado a partir de] Disponibilizado pelo Município de
Montemor – o- Velho). .............................................................................................. 106
Ilustração 132 – Localização da piscina Municipal de Outurela – Portela a diferentes
escalas. ([Adaptado a partir de] Google Maps, edição Nossa. .................................. 107
Ilustração 133 – Planta de implantação e plantas do piso 1 e 2 da Piscina Municipal de
Outurela- Portela. ([Adaptado a partir de] Jornal Arquitectos nº 215). ....................... 107
Ilustração 134 – imagem do Interior da Piscina. ([Adaptado a partir de] Jornal Arquitectos
nº 215). ..................................................................................................................... 108
Ilustração 135 – Vista da Fachada Principal da Piscina Municipal de Outurela.
([Adaptado a partir de] Jornal Arquitectos nº 215). .................................................... 108
Ilustração 136 – Cortes do Projeto da Piscina Municipal de Outurela. ([Adaptado a partir
de] Jornal Arquitectos nº 215). .................................................................................. 109
Ilustração 137 – Alçados da Piscina. ([Adaptado a partir de] Jornal Arquitectos nº 215).
................................................................................................................................. 110
Ilustração 138 – Enquadramento da Piscina Municipal da Outurela na malha da cidade.
([Adaptado a partir de] Jornal Arquitectos nº 215). .................................................... 110
Ilustração 139 – Detalhe da fachada da Piscina Municipal de Outurela. ([Adaptado a
partir de] Jornal Arquitectos nº 215). ......................................................................... 111
Ilustração 140 – Piscina Municipal de Outurela. ([Adaptado a partir de] Jornal Arquitectos
nº 215). ..................................................................................................................... 111
Ilustração 141 – Vista aérea da Piscina Municipal de Águeda. ([Adaptado a partir de]
google maps, edição nossa). .................................................................................... 113
Ilustração 142 – Planta de Implantação do Complexo de Piscinas Municipais de Águeda.
([Adaptado a partir de] DWG disponibilizado pela Câmara Municipal de Águeda). ... 114
Ilustração 143 – Os Três blocos “desconstruídos” ([Adaptado a partir de] DWG
Disponibilizado pela Câmara). .................................................................................. 115
Ilustração 144 – Planta do Piso 1 da Piscinas Municipal de Águeda. ([Adaptado a partir
de] DWG Disponibilizado pela Câmara). ................................................................... 115
Ilustração 145 – Planta piso 2 da Piscina Municipal de Águeda. ([Adaptado a partir de]
DWG Disponibilizado pela Câmara).......................................................................... 116
Ilustração 146 – Alçados da Piscina Municipal de Águeda. ([Adaptado a partir de] DWG
Disponibilizado pela Câmara). .................................................................................. 116
Ilustração 147 – Vista do Alçado Principal. ([Adaptado a partir de]
https://www.allaboutportugal.pt/es/agueda/deportes/piscina-municipal-de-agueda). . 116
Ilustração 148 – Piscina Exterior do complexo de Piscinas Municipais de Águeda.
([Adaptado a partir de] http://www.rotadabairrada.pt/irt/show/piscina-municipal-de-
agueda_es_1694). .................................................................................................... 116
Ilustração 149- Pavilhão de Llobregat. ([Adaptado a partir de] El País, 5 Ene 2006). 118
Ilustração 150- Fachada do Pavilhão de Llobregat. ([Adaptado a partir de] Revista El
Croquis ..................................................................................................................... 119
Ilustração 151 – Localização das Piscinas da Mealhada a diferentes escalas. ([Adaptado
a partir de] Direcção Geral do território, edição nossa). ............................................ 120
Ilustração 152 – Tanque desportivo da Piscina Municipal da Mealhada ([Adaptado a
partir de] http://www.cm-mealhada.pt/menu/407/piscinas-municipais-de-mealhada). 121
Ilustração 153 – Interior da Piscina Municipal da Mealhada. ([Adaptado a partir de]
http://www.cm-mealhada.pt/menu/407/piscinas-municipais-de-mealhada). .............. 121
Ilustração 154 – Piscina Municipal da Mealhada com a cobertura totalmente aberta.
([Adaptado a partir de] http://www.cm-mealhada.pt/menu/407/piscinas-municipais-de-
mealhada)................................................................................................................. 121
Ilustração 155 – Piscina Municipal da Mealhada com parte da cobertura aberta.
([Adaptado a partir de] .............................................................................................. 121
Ilustração 156 - Localização da Piscina Municipal de Abrantes a diferentes escalas.
([Adaptado a partir de] Direcção Geral do território, edição nossa). .......................... 122
Ilustração 157 - Ortofotomapa das Piscinas Municipais de Abrantes. 1- Complexo das
Piscinas, 2- Campo de basebol, 3- Estádio Municipal de Abrantes, 4- Campo de Futebol
nº2. ([Adaptada a partir de] google maps, edição Nossa........................................... 123
Ilustração 158 – Tanque desportivo da Piscina Municipal de Abrantes. ([Adaptado a
partir de] Município de Abrantes). ............................................................................. 123
Ilustração 159 – Tanque exterior da Piscina Municipal de Abrantes. ([Adaptado a partir
de] http://cm-abrantes.pt/index.php/pt/instalacoes-desportivas/piscinas). ................. 123
Ilustração 160 – Planta do Estádio Universitário de Lisboa. ([Adaptado a partir de]
http://www.apada.org/ACTIVIDADES/LocalEUL?idioma=1-). ................................... 125
Ilustração 161 – Alçado Sul, Entrada das Piscinas do EUL. ([Adaptado a partir de] fonte
Nossa). ..................................................................................................................... 126
Ilustração 162 - Vale do Jamor visto de Nascente para Poente antes do início das obras
1938 – 1939. ([Adaptado a partir de] Andresen, Teresa (cord. Editorial) – op. cit. P.152).
................................................................................................................................. 127
Ilustração 163 - Plano Inicial – 1939 ([Adaptado a partir de] Tese de Mestrado “O Estádio
Nacional e os novos paradigmas do culto” Cruz, Luís, 2005).................................... 128
Ilustração 164 - Antiga Piscina do Complexo Desportivo do Jamor. ([Adaptado a partir
de] Panfleto “complexo Desportivo do Jamor “ed. ME e INDESP, s/d). .................... 128
Ilustração 165 – Vista aérea do município de Oeiras e Complexo Desportivo de Jamor.
[(Adaptado a partir de:] Google maps ....................................................................... 129
Ilustração 166 - Plano gráfico, definição de macro zonas de intervenção, 1988
([Adaptado a partir de] Direcção Geral dos Desportos – op. cit. P.71). ..................... 130
Ilustração 167 – Bancada da Piscina Principal do Complexo Desportivo do Jamor.
([Adaptado a partir de] IPDJ) .................................................................................... 131
Ilustração 168 – Diversas Utilizações da Piscina de Saltos do Complexo Desportivo do
Jamor. ([Adaptado a partir de] IPDJ) ......................................................................... 131
Ilustração 169 – Vista dos dois tanques do Complexo Desportivo do Jamor. ([Adaptado
a partir de] IPDJ)....................................................................................................... 131
Ilustração 170 – Tanque principal de 50 metros do Complexo Desportivo do Jamor.
([Adaptado a partir de] IPDJ) .................................................................................... 131
Ilustração 171 - Fachada Lateral do Complexo das Piscinas do Jamor. ([Adaptado a
partir de] IPDJ).......................................................................................................... 132
Ilustração 172 - Fachada Tardoz do Complexo das Piscinas do Jamor. ([Adaptado a
partir de] IPDJ).......................................................................................................... 132
Ilustração 173 – Fachada Principal do Complexo das Piscinas do Jamor. ([Adaptado a
partir de] IPDJ).......................................................................................................... 132
Ilustração 174 – Parte da Fachada do Complexo das Piscinas do Jamor. ([Adaptado a
partir de] IPDJ).......................................................................................................... 132
Ilustração 175 –Complexo das Piscinas do Jamor visto de dentro do parque Desportivo.
([Adaptado a partir de] IPDJ) .................................................................................... 132
Ilustração 176 - Localização das piscinas de Pataias em diferentes escalas, Fonte:
Imagem nossa [(adaptada a partir de:)] Direção Geral do Território). ....................... 133
Ilustração 177 – Maqueta das piscinas de Pataias. ([Adaptado a partir de] Habitar
Portugal 2006-2008). ................................................................................................ 134
Ilustração 178 – Planta de Implantação das Piscinas de Pataias. ([Adaptado a partir de]
Habitar Portugal 2006-2008). .................................................................................... 134
Ilustração 179 – Planta piso -1 das Piscinas de Pataias. ([Adaptado a partir de] Habitar
Portugal 2006-2008). ................................................................................................ 135
Ilustração 180 – Planta Piso 0 das Piscinas de Pataias. ([Adaptado a partir de] Habitar
Portugal 2006-2008). ................................................................................................ 135
Ilustração 181 – Planta piso 1 das Piscinas de Pataias. ([Adaptado a partir de] Habitar
Portugal 2006-2008). ................................................................................................ 135
Ilustração 182 – Planta de cobertura das Piscinas de Pataias. ([Adaptado a partir de]
Habitar Portugal 2006-2008). .................................................................................... 135
Ilustração 183 – Alçado Norte das Piscinas de Pataias. ([Adaptado a partir de] Habitar
Portugal 2006-2008). ................................................................................................ 135
Ilustração 184 – Vista do lado Norte das Piscinas de Pataias. ([Adaptado a partir de]
Habitar Portugal 2006-2008). .................................................................................... 136
Ilustração 185 – Alçado Sul das Piscinas de Pataias. ([Adaptado a partir de] Habitar
Portugal 2006-2008). ................................................................................................ 136
Ilustração 186 – Vista do lado sul das Piscinas de Pataias. ([Adaptado a partir de] Habitar
Portugal 2006-2008). ................................................................................................ 136
Ilustração 187 – Alçado Poente das Piscinas de Pataias. ([Adaptado a partir de] Habitar
Portugal 2006-2008). ................................................................................................ 136
Ilustração 188 – Vista do lado Poente das Piscinas de Pataias. ([Adaptado a partir de]
Habitar Portugal 2006-2008). .................................................................................... 137
Ilustração 189 – Vista interior das Piscinas de Pataias. ([Adaptado a partir de] Habitar
Portugal 2006-2008). ................................................................................................ 138
Ilustração 190 – Piscina Principal. ([Adaptado a partir de] Habitar Portugal 2006-2008).
................................................................................................................................. 138
Ilustração 191 – Tanque de aprendizagem. ([Adaptado a partir de] Habitar Portugal
2006-2008). .............................................................................................................. 138
Ilustração 192 – Vista da Piscina de Pataias. ([Adaptado a partir de]:
https://ultimasreportagens.com/ultimas.php). ............................................................ 139
Ilustração 193 - Vista da Piscina de Pataias. ([Adaptado a partir de]:
https://ultimasreportagens.com/ultimas.php). ............................................................ 139
Ilustração 194 – Vista noturna da Piscina de Pataias. ([Adaptado a partir de]:
https://ultimasreportagens.com/ultimas.php). ............................................................ 139
Ilustração 195 – Vista da Piscina de Pataias. ([Adaptado a partir de]:
https://ultimasreportagens.com/ultimas.php). ............................................................ 140
Ilustração 196– Vista da Piscina de Pataias. ([Adaptado a partir de]:
https://ultimasreportagens.com/ultimas.php). ............................................................ 140
Ilustração 197 – Vista da Entrada das Piscinas de Pataias. ([Adaptado a partir de]:
https://ultimasreportagens.com/ultimas.php). ............................................................ 140
Ilustração 198 – Vista interior e exterior das Piscinas de Pataias. ([Adaptado a partir de]:
https://ultimasreportagens.com/ultimas.php). ............................................................ 140
Ilustração 199 – Localização das Piscinas de Campo Maior a diferentes escalas.
([Adaptado a partir de] Direcção Geral do território). ................................................. 141
Ilustração 200 - Desenho da Implantação das Piscinas realizado pelo arquiteto.
([Adaptado a partir de] (da Graça, João Luís Carrilho, Byrne, Gonçalo, Carrilho da Graça,
p.26). ........................................................................................................................ 142
Ilustração 201 – Relação Visual entre o Castelo e a Piscina. ([Adaptado a partir de]:
http://hiddenarchitecture.net/campo-maior-swimming-poo/). ..................................... 142
Ilustração 202 – Relação visual entre o Convento de Santo António e a Piscina.
([Adaptado a partir de]: Marques, Tânia, Os planos na Arquitectura de João Luís Carrilho
da Graça: suspensão e abstracção). ........................................................................ 142
Ilustração 203 – Relação Visual da Piscina com a Vila de Campo Maior. ([Adaptado a
partir de]: Marques, Tânia, Os planos na Arquitectura de João Luís Carrilho da Graça:
suspensão e abstracção). ......................................................................................... 143
Ilustração 204 – Relações Visuais da Piscina. ([Adaptado a partir de]: “Carrilho da
Graça”, p.32). ........................................................................................................... 143
Ilustração 205 – Planta das Piscinas de Campo Maior. ([Adaptado a partir de]:
http://hiddenarchitecture.net/campo-maior-swimming-poo/ ....................................... 143
Ilustração 206 - Planta das Piscinas de Campo Maior. ([Adaptado a partir de]: “Carrilho
da Graça”, p. 28)....................................................................................................... 143
Ilustração 207 – Vista área da Piscina de Campo Maior. ([Adaptado a partir de]: Google
maps, edição Nossa). ............................................................................................... 144
Ilustração 208 – Maqueta das Piscinas de Campo Maior. ([Adaptado a partir de]:
https://elarafritzenwalden.tumblr.com/post/172009536506/piscinas-municipais-de-
campo-maior-swimming-pools .................................................................................. 144
Ilustração 209 – Vista da Piscina de Campo Maior. ([Adaptado a partir de]:
http://hiddenarchitecture.net/campo-maior-swimming-pool). ..................................... 144
Ilustração 210 – Piscina de Campo Maior. ([Adaptado a partir de]:
http://hiddenarchitecture.net/campo-maior-swimming-pool). ..................................... 144
Ilustração 211 – Piscinas de Campo Maior. ([Adaptado a partir de]:
http://hiddenarchitecture.net/campo-maior-swimming-pool). ..................................... 145
Ilustração 212 – Pérgola suportada pelos pilares. ([Adaptado a partir de]” Carrilho da
Graça”, p.31). ........................................................................................................... 146
Ilustração 213 – Alçado Sul. ([Adaptado a partir de] da Graça, João Carrilho, Byrne,
Gonçalo, “Carrilho da Graça”, p.30). ......................................................................... 147
Ilustração 214 - Vista da Pérgola da Piscina. ([Adaptado a partir de]
https://elarafritzenwalden.tumblr.com/post/172009536506/piscinas-municipais-de-
campo-maior-swimming-pools .................................................................................. 147
Ilustração 215 – Alçado Nascente. ([Adaptado a partir de] da Graça, João Carrilho,
Byrne, Gonçalo, “Carrilho da Graça”, p.30). .............................................................. 147
Ilustração 216 – Pormenores do Alçado Nascente onde podemos ver alguns dos planos
suspensos assim como o plano que contêm os rasgos horizontais. ([Adaptado a partir
de] Marques, Tânia, Os planos na Arquitectura de João Luís Carrilho da Graça:
suspensão e abstração). ........................................................................................... 148
Ilustração 217 – Esquema representativo em planta, dos momentos de rotação dos
quadrados, nas Piscinas de Campo Maior ( Adaptado a partir de: Matos, Madalena
Cunha, “Piscinas Errantes”, p.85) ............................................................................. 148
Ilustração 218 – Alçado Sul. ([Adaptado a partir de]” Carrilho da Graça”, p.30). ....... 149
Ilustração 219 – Desenhos Técnicos. ([Adaptado a partir de]” Carrilho da Graça”, p.30).
................................................................................................................................. 149
Ilustração 220 - Um dos Rasgos Existentes no Alçado Nascente. ([Adaptado a partir de]:
http://hiddenarchitecture.net/campo-maior-swimming-poo/). ..................................... 149
Ilustração 221 - Piscinas de Campo Maior, o plano horizontal (Pérgola) que se
transforma num plano vertical. ([Adaptado a partir de]:
http://hiddenarchitecture.net/campo-maior-swimming-poo/). ..................................... 150
Ilustração 222 – Acesso ao Piso Superior da Piscina de Campo Maior. ([Adaptado a
partir de]: http://hiddenarchitecture.net/campo-maior-swimming-poo/). ..................... 151
Ilustração 223 – Rasgo no Alçado Nascente. ([Adaptado a partir de]: “Carrilho da Graça”,
p.30). ........................................................................................................................ 151
Ilustração 224 – Escadas de acesso ao piso superior das Piscinas de Campo Maior.
([Adaptado a partir de]: “carrilho da Graça”, p.29). .................................................... 151
Ilustração 225 – Chapinheiro da Piscina de Campo Maior. ([Adaptado a partir de]:
http://hiddenarchitecture.net/campo-maior-swimming-poo/). ..................................... 151
Ilustração 226 - Tanque Infantil das Piscinas de Campo Maior. ([Adaptado a partir de]:
http://hiddenarchitecture.net/campo-maior-swimming-poo/). ..................................... 151
Ilustração 227 – Tanque principal da Piscina de Campo Maior. ([Adaptado a partir de:]
http://hiddenarchitecture.net/campo-maior-swimming-poo/). ..................................... 152
Ilustração 228 – Piscinas de Campo Maior. ([Adaptado a partir de:]
http://hiddenarchitecture.net/campo-maior-swimming-poo/). ..................................... 152
Ilustração 229 – Piscina de Campo Maior. ([Adaptado a partir de]: “Carrilho da Graça”,
p.33). ........................................................................................................................ 152
Ilustração 230 – Piscinas de Campo Maior. ([Adaptado a partir de]: “Carrilho da Graça”,
p.31). ........................................................................................................................ 152
Ilustração 231 – Piscinas de Campo Maior. ([Adaptado a partir de]: “Carrilho da Graça”,
p.27). ........................................................................................................................ 152
Ilustração 232 – Uma das vistas que podemos contemplar nas Piscinas de Campo
Maior. ([Adaptado a partir de:]
https://www.flickr.com/photos/carolinebarreira/8637941486). ................................... 153
Ilustração 233 – Vista do Parque aquático Aqualand. ([Adaptado a partir de:]
https://www.aqualand.pt/). ........................................................................................ 154
Ilustração 234 – Vista do Parque aquático Aquashow. ([Adaptado a partir de:]
https://aquashowpark.com/). ..................................................................................... 154
Ilustração 235 – Vista do Parque aquático Zoomarine. ([Adaptado a partir de:]
https://www.barlavento.pt/)........................................................................................ 154
Ilustração 236 – Vista do Parque aquático Slide&Splash. ([Adaptado a partir de:]
https://www.timeout.pt/). ........................................................................................... 154
Ilustração 237 – Algumas das diversões existentes no Slide&Splash. ([Adaptado a partir
de:] https://www.slidesplash.com/). ........................................................................... 155
Ilustração 238 - Algumas das diversões existentes no Slide&Splash. ([Adaptado a partir
de:] https://www.slidesplash.com/). ........................................................................... 155
Ilustração 239 - Algumas das diversões existentes no Slide&Splash para crianças.
([Adaptado a partir de:] https://www.slidesplash.com/). ............................................. 155
Ilustração 240 - Algumas das diversões existentes no Slide&Splash para crianças.
([Adaptado a partir de:] https://www.slidesplash.com/). ............................................. 155
Ilustração 241 – Nesta imagem podemos ver a Piscina de Saltos do Jamor a ser utilizada
por utentes que praticam uma aula de hidroginástica, para que tal seja possível o fundo
amovível encontra-se fechado. ([Adaptado a partir de:] IPDJ). ................................. 157
Ilustração 242 – Localização das Piscinas Oceânicas e naturais em Portugal. ([Adaptado
a partir de:] Google maps, edição Nossa). ................................................................ 160
Ilustração 243 – Vista aérea das Piscinas de Leça da Palmeira. ([Adaptado a partir de:]
https://www.archdaily.com/875678/7-established-architects-advice-for-young-
professionals-and-students/59662ba4b22e38a4e1000188-7-established-architects-
advice-for-young-professionals-and-students-image)................................................ 161
Ilustração 244 - Esquiço das Piscinas de Leça da Palmeira elaborado pelo Arquiteto
Álvaro Siza Vieira. ([Adaptado a partir de:]
https://portuguesearchitectures.wordpress.com/). ..................................................... 162
Ilustração 245 – Planta das Piscinas de Leça da Palmeira. ([Adaptado a partir de:]
https://portuguesearchitectures.wordpress.com/). ..................................................... 162
Ilustração 246 – Rampa de acesso - Piscinas das de Leça da Palmeira. ([Adaptado a
partir de:] https://portuguesearchitectures.wordpress.com/). ..................................... 163
Ilustração 247 - Rampa de acesso - Piscinas das de Leça da Palmeira. ([Adaptado a
partir de:] https://portuguesearchitectures.wordpress.com/). ..................................... 163
Ilustração 248 - Rampa de acesso - Piscinas das de Leça da Palmeira. ([Adaptado a
partir de:] https://portuguesearchitectures.wordpress.com/). ..................................... 163
Ilustração 249 - Rampa de acesso - Piscinas das de Leça da Palmeira. ([Adaptado a
partir de:] https://portuguesearchitectures.wordpress.com/). ..................................... 163
Ilustração 250 – Piscina dos adultos. ([Adaptado a partir de:]
https://portuguesearchitectures.wordpress.com/). ..................................................... 163
Ilustração 251 - Piscina das crianças. ([Adaptado a partir de:]
https://portuguesearchitectures.wordpress.com/). ..................................................... 163
Ilustração 252 – Vista área das Piscinas de Leça da Palmeira onde se pode ver a
localização das duas piscinas. Vista aérea das Piscinas de Leça da Palmeira.
([Adaptado a partir de:] https://www.archdaily.com/875678/7-established-architects-
advice-for-young-professionals-and-students/59662ba4b22e38a4e1000188-7-
established-architects-advice-for-young-professionals-and-students-image). ........... 164
Ilustração 253 – Piscinas do Tamariz 1957. ([Adaptado a partir de:]
https://restosdecoleccao.blogspot.com/2017/09/piscinas-do-tamariz.html). .............. 165
Ilustração 254 – Restaurante Tamariz e Piscina. ([Adaptado a partir de:]
https://restosdecoleccao.blogspot.com/2017/09/piscinas-do-tamariz.html). .............. 165
Ilustração 255 – Antigo Chalet Schroeter mais tarde transformado em restaurante.
([Adaptado a partir de:] https://restosdecoleccao.blogspot.com/2017/09/piscinas-do-
tamariz.html). ............................................................................................................ 165
Ilustração 256 – See pool de Eduardo Anahory. ([Adaptado a partir de:]
https://restosdecoleccao.blogspot.com/2017/09/piscinas-do-tamariz.html). .............. 166
Ilustração 257 – Vista aérea da praia das Maçãs e do complexo Concha (1956).
([Adaptado a partir de:] Arquivo Municipal de Lisboa). .............................................. 167
Ilustração 258 - Vista aérea da praia das Maçãs e do complexo Concha (Atual).
([Adaptado a partir de:] Google maps, adaptação Nossa). ........................................ 168
Ilustração 259 – Vista aérea da Praia das Maçãs. ([Adaptado a partir de:] Arquivo
Municipal de Lisboa). ................................................................................................ 168
Ilustração 260 – Piscinas Oceânicas da praia das Maçãs. ([Adaptado a partir de:]
Arquivo Municipal de Lisboa). ................................................................................... 169
Ilustração 261 – Projeto das Piscinas, Balneários, Bar e Restaurante. ([Adaptado a partir
de:] O Traço do Arquitecto em Sintra, Câmara Municipal de Sintra). ........................ 170
Ilustração 262 - Planta do Restaurante e Solário. ([Adaptado a partir de:] O Traço do
Arquitecto em Sintra, Câmara Municipal de Sintra). .................................................. 170
Ilustração 263 – Restaurante do Complexo Concha na praia das Maçãs. ([Adaptado a
partir de:] Arquivo Municipal de Lisboa). ................................................................... 171
Ilustração 264 – Cartaz do Restaurante Concha de 11 de junho de 1960. ([Adaptado a
partir de:] Arquivo Municipal de Lisboa). ................................................................... 171
Ilustração 265 – Cartaz do Restaurante Concha de 9 de julho de 1960 ([Adaptado a
partir de:] Arquivo Municipal de Lisboa). ................................................................... 171
Ilustração 266 - Imagens do Complexo Sintra Sol. ([Adaptado a partir de:] Sintra Sol).
................................................................................................................................. 172
Ilustração 267 - Piscinas da praia das Maçãs atualmente. ([Adaptado a partir de:] Sintra
Sol). .......................................................................................................................... 172
Ilustração 268 - Planta do conjunto. ([Adaptado a partir de:] Arquivo Municipal de
Lisboa). ..................................................................................................................... 173
Ilustração 269 - Vista geral do conjunto. ([Adaptado a partir de:] Arquivo Municipal de
Lisboa). ..................................................................................................................... 173
Ilustração 270 – Alçado do conjunto sobre as piscinas. ([Adaptado a partir de:] Arquivo
Municipal de Lisboa). ................................................................................................ 173
Ilustração 271 - Conjunto dos Alçados Posteriores. ([Adaptado a partir de:] Arquivo
Municipal de Lisboa). ................................................................................................ 174
Ilustração 272 - Construção da piscina da praia das Maçãs. ([Adaptado a partir de:]
Arquivo Municipal de Lisboa). ................................................................................... 174
Ilustração 273 - Placa com identificação da obra. ([Adaptado a partir de:] Arquivo
Municipal de Lisboa). ................................................................................................ 175
Ilustração 274 - Apresentação do projeto num jornal. ([Adaptado a partir de:] Arquivo
Municipal de Lisboa). ................................................................................................ 175
Ilustração 275 - Inauguração da piscina da praia das Maçãs. ([Adaptado a partir de:]
Arquivo Municipal de Lisboa). ................................................................................... 175
Ilustração 276 - Praia de São Pedro de Moel antes da construção das Piscinas (1964).
([Adaptado a partir de:] Arquivo Municipal da Marinha Grande). ............................... 176
Ilustração 277 - Praia de São Pedro de Moel depois da construção das Piscinas.
([Adaptado a partir de:] Arquivo Municipal da Marinha Grande). ............................... 177
Ilustração 278 - Piscinas de São Pedro de Moel (1967). ([Adaptado a partir de:] Jornal
de Leiria)................................................................................................................... 178
Ilustração 279 - Piscinas de São Pedro de Moel em abandono. ([Adaptado a partir de:]
Jornal de Leiria). ....................................................................................................... 178
Ilustração 280 - Esquema de circulação à cota 10,00 e 11,5m. ([Adaptado a partir de:]
Câmara Municipal Marinha-Grande). ........................................................................ 179
Ilustração 281 - Esquema de circulação à cota 14,00m. ([Adaptado a partir de:] Câmara
Municipal Marinha-Grande)....................................................................................... 180
Ilustração 282 - Planta de circulação à cota 18,00m. ([Adaptado a partir de:] Câmara
Municipal Marinha-Grande)....................................................................................... 181
Ilustração 283 - Alçado Nascente. ([Adaptado a partir de:] Câmara Municipal Marinha-
Grande). ................................................................................................................... 182
Ilustração 284 -Alçado Poente. ([Adaptado a partir de:] Câmara Municipal Marinha-
Grande). ................................................................................................................... 182
Ilustração 285 - Planta de localização. ([Adaptado a partir de:] Câmara Municipal
Marinha-Grande). ..................................................................................................... 183
Ilustração 286 - Planta de implantação Existente. ([Adaptado a partir de:] Câmara
Municipal Marinha-Grande)....................................................................................... 184
Ilustração 287 - Planta de Implantação Amarelos e Vermelhos. ([Adaptado a partir de:]
Câmara Municipal Marinha-Grande). ........................................................................ 184
Ilustração 288 - Planta de Implantação Proposta. ([Adaptado a partir de:] Câmara
Municipal Marinha-Grande)....................................................................................... 185
Ilustração 289 - Conjunto da Promoel. ([Adaptado a partir de:] Câmara Municipal
Marinha-Grande). ..................................................................................................... 185
Ilustração 290 - Conjunto das Piscinas da Praia de São Pedro de Moel. ([Adaptado a
partir de:] Câmara Municipal Marinha-Grande). ........................................................ 186
Ilustração 291 - Estado de degradação / vandalismo dos edifícios (2009). ([Adaptado a
partir de:] Blog os Abandonados). ............................................................................. 187
Ilustração 292 - Estado de degradação / vandalismo dos edifícios (2009). ([Adaptado a
partir de:] Blog os Abandonados). ............................................................................. 187
Ilustração 293 -Estado de degradação / vandalismo dos edifícios / Piscina (2009).
([Adaptado a partir de:] Blog os Abandonados)......................................................... 188
Ilustração 294 - Estado de degradação / vandalismo dos edifícios / Piscina (2009).
([Adaptado a partir de:] Blog os Abandonados)......................................................... 188
Ilustração 295 - Estado de degradação / vandalismo dos edifícios / Piscina (2009).
([Adaptado a partir de:] Blog os Abandonados)......................................................... 189
Ilustração 296 - Estado de degradação / vandalismo dos edifícios / Piscina (2009).
([Adaptado a partir de:] Blog os Abandonados)......................................................... 189
Ilustração 297 - Estado de degradação / vandalismo dos edifícios / Piscina (2019).
([Adaptado a partir de:] Til Magazine). ...................................................................... 190
Ilustração 298 - Localização das Piscinas. ([Adaptado a partir de:] Revista arq./a,
outubro 2007). .......................................................................................................... 191
Ilustração 299 - Antigo forno de Cal. ([Adaptado a partir de:] Revista arq./a, outubro
2007). ....................................................................................................................... 192
Ilustração 300 - Indústria artesanal de secagem de Peixe. ([Adaptado a partir de:]
Revista arq./a, outubro 2007).................................................................................... 192
Ilustração 301 - Fotografia do conjunto do sítio. ([Adaptado a partir de:] Revista Jornal
Arquitectos / 227, p.104). .......................................................................................... 192
Ilustração 302 – Esboço do Projeto. ([Adaptado a partir de:] Revista Arq./ a outubro
2007, p.40). .............................................................................................................. 193
Ilustração 303 - Uma plataforma em betão, de geometria precisa. ([Adaptado a partir
de:] Revista Arquitectura & Construção, janeiro 2007, p.110). .................................. 193
Ilustração 304 - Piscina e Restaurante. ([Adaptado a partir de:] Jornal Arquitectos,
p.107). ...................................................................................................................... 194
Ilustração 305 - Acesso ao Restaurante. ([Adaptado a partir de:] Revista Arquitectura e
Vida, nº82, maio 2007, p.89). .................................................................................... 194
Ilustração 306 - "Caminho da trincheira". ([Adaptado a partir de:] Revista Arquitectura e
Vida, nº82, maio 2007, p.88). .................................................................................... 195
Ilustração 307 - Planta de Implantação. ([Adaptado a partir de:] Revista Arquitectura &
Construção, janeiro 2007, p.111). ............................................................................. 196
Ilustração 308 - Alçado geral. ([Adaptado a partir de:] Revista Arquitectura & Construção,
janeiro 2007, p.111). ................................................................................................. 196
Ilustração 309 - Plantas Gerais. ([Adaptado a partir de:] Revista Arquitectura &
Construção, janeiro 2007, p.111). ............................................................................. 197
Ilustração 310 - Planta do Restaurante piso-1. ([Adaptado a partir de:] Jornal dos
Arquitectos/ 227, p.108). ........................................................................................... 198
Ilustração 311 - Planta do Restaurante piso -1. ([Adaptado a partir de:] Jornal dos
Arquitectos/ 227, p.108). ........................................................................................... 198
Ilustração 312 - Planta das Piscinas. ([Adaptado a partir de:] Jornal dos Arquitectos/ 227,
p.106). ...................................................................................................................... 199
Ilustração 313 - Cortes Gerais. ([Adaptado a partir de:] Revista Arquitectura &
Construção, janeiro 2007, p.111). ............................................................................. 199
Ilustração 314 - Cortes totais Piscinas. ([Adaptado a partir de:] Jornal dos Arquitectos/
227, p.106). .............................................................................................................. 200
Ilustração 315 - Alçado / Corte. ([Adaptado a partir de:] Revista arq./a, outubro 2007,
p.45). ........................................................................................................................ 200
Ilustração 316 - Piscina das Azenhas do Mar. ([Adaptado a partir de:] Junta de Freguesia
de Colares). .............................................................................................................. 201
Ilustração 317 - Vista da piscina. ([Adaptado a partir de:] jornal Correio da manhã). 202
Ilustração 318 - Vista da piscina. ([Adaptado a partir de:] NiT). ................................. 202
Ilustração 319 - Piscina da Prainha. ([Adaptado a partir de:] Aldeamento Prainha). . 205
Ilustração 320 - Piscina da Prainha. ([Adaptado a partir de:] Aldeamento Prainha). . 205
Ilustração 321- Piscina da Prainha. ([Adaptado a partir de:] Aldeamento Prainha). .. 205
Ilustração 322 – Península de Troia, Setúbal. Levantamento Francisco Keil do Amaral,
1963. ([Adaptado a partir de:] Arquivo Ana Tostões)................................................. 207
Ilustração 323 - Troia Bases Urbanísticas para a Criação dum Centro Turístico,
Francisco Keil do Amaral, 1963. ([Adaptado a partir de:] Dissertação de Mestrado de
Susana Maria Tavares dos Santos Henriques). Legenda: C- clube; H- Hotel; HL- Hotel
de Luxo; R- Restaurante Esplanada; Azul- Campismo; Verde – Zonas verdes Principais).
................................................................................................................................. 209
Ilustração 324 - Ilustração 327 - Troia Bases Urbanísticas para a Criação dum Centro
Turístico, Francisco Keil do Amaral, 1963. ([Adaptado a partir de:] Dissertação de
Mestrado de Susana Maria Tavares dos Santos Henriques). Legenda: C- clube; H-
Hotel; HL- Hotel de Luxo; R- Restaurante Esplanada; Azul- Campismo; Verde – Zonas
verdes Principais). .................................................................................................... 209
Ilustração 325 - Maqueta Geral, 1963. ([Adaptado a partir de:] AMARAL, Francisco Pires
Keil Amaral (coordenação), Keil Amaral Arquitecto: 1910-1975, Lisboa, Associação dos
Arquitectos Portugueses, 1992, p. 12). ..................................................................... 210
Ilustração 326 – Plano de Desenvolvimento da Península de Troia. Estruturação
Urbanística, Esquema Básico (João Andresen, 1965). ([Adaptado a partir de:] Briz, Maria
da Graça Gonzalez, Dissertação de doutoramento em História da Arte Contemporânea).
................................................................................................................................. 211
Ilustração 327 -Urbanização de Troia Núcleo I, Plano aprovado para a ponta do Adoxe,
Atelier Conceição Silva, 1973. ([Adaptado a partir de:] Arquivo Conceição Silva). .... 213
Ilustração 328 - Vista aérea da Piscina das Lulas, 1973. ([Adaptado a partir de:]
Francisco da Conceição Silva arquitecto: 1922/1982, Lisboa, SNBA, 1987, pp. 151 e
153). ......................................................................................................................... 214
Ilustração 329 - Vista aérea da Piscina da Galé, 1973. ([Adaptado a partir de:] Francisco
da Conceição Silva arquitecto: 1922/1982, Lisboa, SNBA, 1987, pp. 151 e 153)...... 214
Ilustração 330 – Vista aérea do Conjunto da Galé (Troia). ([Adaptado a partir de:] Atelier
Conceição Silva. “Conjunto da Gale (troia), p.241). .................................................. 215
Ilustração 331 - Aspeto do anfiteatro. ([Adaptado a partir de] Atelier Conceição Silva.
“Conjunto da Gale (troia), p.245)............................................................................... 216
Ilustração 332 - Vista do túnel de ligação à praia, pela passagem que leva às piscinas.
([Adaptado a partir de] Atelier Conceição Silva. “Conjunto da Gale (Troia), p.245). .. 216
Ilustração 333 - Imagens das piscinas da Galé nos anos 80. ([Adaptado a partir de] Blog
a procura eterna). ..................................................................................................... 216
Ilustração 334 - Imagens das piscinas da Galé nos anos 80. ([Adaptado a partir de] Blog
a procura eterna). ..................................................................................................... 217
Ilustração 335 - Piscinas da Galé ao abandono. ([Adaptado a partir de] Blog a procura
eterna). ..................................................................................................................... 218
Ilustração 336- tanque de Saltos da Piscina da Galé ao abandono. ([Adaptado a partir
de] Blog a procura eterna). ....................................................................................... 218
Ilustração 337- Piscinas da Galé ao abandono. ([Adaptado a partir de] Blog a procura
eterna). ..................................................................................................................... 218
Ilustração 338 – Torre de Saltos da Piscinas da Galé ao abandono. ([Adaptado a partir
de] Blog a procura eterna). ....................................................................................... 219
Ilustração 339 – Piscinas de saltos da Galé ao abandono. ([Adaptado a partir de] Blog a
procura eterna). ........................................................................................................ 220
Ilustração 340- Piscina de natação da Galé ao abandono. ([Adaptado a partir de] Blog a
procura eterna). ........................................................................................................ 220
Ilustração 341 - Mapa dos tanques existentes em Portugal na década de 20. ([Adaptado
a partir de] Nossa). ................................................................................................... 221
Ilustração 342- Mapa das piscinas existentes em Portugal nas décadas de 30 e 40.
([Adaptado a partir de] Nossa). ................................................................................. 222
Ilustração 343 - Piscina do Sport Algés e Dafundo. ([Adaptado a partir de] Blog restos
de coleção). .............................................................................................................. 223
Ilustração 344 - Piscina de Espinho. ([Adaptado a partir de] Museu municipal de
Espinho). .................................................................................................................. 223
Ilustração 345 - Mapa das piscinas existentes em Portugal nas décadas de 50 e 60.
([Adaptado a partir de] Nossa). ................................................................................. 224
Ilustração 346 - Piscina do Areeiro. ([Adaptado a partir de] Arquivo Municipal de Lisboa).
................................................................................................................................. 225
Ilustração 347 - Piscinas dos Olivais. ([Adaptado a partir de] Arquivo Municipal de
Lisboa). ..................................................................................................................... 225
Ilustração 348 - Piscina Infantil do Campo Grande. ([Adaptado a partir de] Arquivo
Municipal de Lisboa). ................................................................................................ 225
Ilustração 349 - Piscina Quinta da Conceição. ([Adaptado a partir de] Arquivo Municipal
porto). ....................................................................................................................... 226
Ilustração 350 - Piscina Oceânica da Praia das Maçãs. ([Adaptado a partir de] Arquivo
Municipal de Sintra). ................................................................................................. 226
Ilustração 351 - Piscina Oceânica do Tamariz. ([Adaptado a partir de] Blog restos de
coleção). ................................................................................................................... 226
Ilustração 352 -Piscina Oceânica de Leça da Palmeira. ([Adaptado a partir de] Arch
daily). ........................................................................................................................ 227
Ilustração 353 - Piscina Oceânica de São Pedro de Moel. ([Adaptado a partir de] Arquivo
Municipal da Marinha Grande). ................................................................................. 227
Ilustração 354 - Mapa das piscinas existentes em Portugal na década de 70. ([Adaptado
a partir de] Nossa). ................................................................................................... 228
Ilustração 355 - Piscinas da Galé (Troia). ([Adaptado a partir de] CDN imprensa). ... 229
Ilustração 356 - Piscina da Prainha. ([Adaptado a partir de] prainha.net). ................. 229
Ilustração 357 - Piscina da Prainha. ([Adaptado a partir de] prainha.net). ................. 229
Ilustração 358- Mapa das piscinas existentes em Portugal na década de 80. ([Adaptado
a partir de] Nossa). ................................................................................................... 230
Ilustração 359 - Piscina de Campo Maior. ([Adaptado a partir de] Guia de Arquitectura).
................................................................................................................................. 231
Ilustração 360 - Piscina de Campo Maior. ([Adaptado a partir de] Guia de Arquitectura).
................................................................................................................................. 231
Ilustração 361 - Mapa das piscinas existentes em Portugal na década de 90. ([Adaptado
a partir de] Nossa). ................................................................................................... 232
Ilustração 362 - Piscina do Complexo Desportivo do Jamor. ([Adaptado a partir de]
IPDJ). ....................................................................................................................... 233
Ilustração 363 - Piscina do Complexo Desportivo do Estádio Universitário. ([Adaptado a
partir de] Estádio Universitário). ................................................................................ 233
Ilustração 364 - Mapa das piscinas existentes em Portugal na década de 2000.
([Adaptado a partir de] Nossa). ................................................................................. 234
Ilustração 365 – Piscinas Oceânicas do Atlântico do arquiteto Paulo David. ([Adaptado
a partir de] Arch lovers)............................................................................................. 235
Ilustração 366 - Piscina da Povoação. ([Adaptado a partir de] e-architect). .............. 235
Ilustração 367 - Piscina Municipal de Mirandela. ([Adaptado a partir de] Câmara
Municipal de Mirandela). ........................................................................................... 236
Ilustração 368 - Piscina Municipal de Montemor - o - Velho. ([Adaptado a partir de] Blog
Fotos de Arquitectura). ............................................................................................. 236
Ilustração 369- Piscina Municipal de Outurela. ([Adaptado a partir de] Câmara
Municipal). ................................................................................................................ 236
Ilustração 370 - Piscina Municipal de Pataias. ([Adaptado a partir de] Arch lovers). . 236
Ilustração 371- Piscina Municipal da Mealhada (Convertível). ([Adaptado a partir de]
Câmara Municipal da Mealhada). ............................................................................. 236
Ilustração 372- Piscina Municipal de Abrantes (Convertível). ([Adaptado a partir de]
Câmara Municipal de Abrantes). ............................................................................... 236
Ilustração 373 - Piscina Municipal Olímpica de Vila Franca de Xira. ([Adaptado a partir
de] Câmara Municipal de Vila Franca de Xira). ......................................................... 237
Ilustração 374- Piscina Municipal Olímpica de Coimbra. ([Adaptado a partir de] Câmara
Municipal de Coimbra). ............................................................................................. 237
Ilustração 375 - Piscina Municipal Olímpica da Póvoa do Varzim. ([Adaptado a partir de]
Câmara Municipal da Póvoa do Varzim). .................................................................. 237
Ilustração 376 - Piscina Olímpica de Rio Maior. ([Adaptado a partir de] Centro de Alto
Rendimento de Rio Maior). ....................................................................................... 237
Ilustração 377 - Piscina Olímpica do Funchal. ([Adaptado a partir de] Câmara Municipal
do Funchal)............................................................................................................... 237
Ilustração 378 - Ilustração do Estoril. ([Adaptado a partir de:] Arquivo Municipal de
Cascais).................................................................................................................... 240
Ilustração 379 - Planta do projeto. ([Adaptado a partir de:] Arquiteto Rodrigo Lino
Gaspar)..................................................................................................................... 241
Ilustração 380 – Fotografia aérea com o Casino S.A., entre 1930 e 1932. ([Adaptado a
partir de:] Arquivo Municipal de Cascais). ................................................................. 242
Ilustração 381 - Jardim do Casino do Estoril. ([Adaptado a partir de:] Arquivo Municipal
de Cascais). .............................................................................................................. 243
Ilustração 382 – Projeto urbano, desenho síntese do período de 1927 – 1950.
([Adaptado a partir de:] Arquiteto Rodrigo Lino Gaspar). .......................................... 244
Ilustração 383 - Piscinas do Tamariz 1950. ([Adaptado a partir de:] Arquivo Municipal de
Cascais).................................................................................................................... 245
Ilustração 384 - Corte pela parte mais profunda das piscinas. ([Adaptado a partir de:]
Revista Binário nº3, junho de 1958). ......................................................................... 246
Ilustração 385- (1) - Planta geral do construído; (2) - Planta geral do concurso.
([Adaptado a partir de] Livro Projectos, Taínha, Manuel, Piscinas do Tamariz, p. 40).
................................................................................................................................. 247
Ilustração 386 - Cortes longitudinais apresentados em concurso. ([Adaptado a partir de]
Livro Projectos, Taínha, Manuel, Piscinas do Tamariz, p. 40). .................................. 248
Ilustração 387 - Planta dos vestiários - no topo superior - homens- no topo inferior -
senhoras. ([Adaptado a partir de:] revista binário nº3, junho, 1958). ......................... 249
Ilustração 388 - Piscinas do Tamariz. ([Adaptado a partir de:] revista binário nº3, junho,
1958). ....................................................................................................................... 250
Ilustração 389 - Corte e planta da escada. ([Adaptado a partir de:] Livro Projectos,
Taínha, Manuel, Piscinas do Tamariz). ..................................................................... 252
Ilustração 390 - Detalhe da escada. ([Adaptado a partir de:] revista binário nº3, junho,
1958). ....................................................................................................................... 252
Ilustração 391 - Escadas da piscina do Tamariz. ([Adaptado a partir de:] Livro Projectos,
Taínha, Manuel, Piscinas do Tamariz). ..................................................................... 253
Ilustração 392 - Piscinas do Tamariz já sem escadas. ([Adaptado a partir de:] Reverse
Pool). ........................................................................................................................ 253
Ilustração 393 - Planta e cortes da Piscina do Tamariz. ([Adaptado a partir de:] revista
binário nº3, junho, 1958). .......................................................................................... 254
Ilustração 394 - Entrada das Piscinas do Tamariz. ([Adaptado a partir de:] revista binário
nº3, junho, 1958). ..................................................................................................... 255
Ilustração 395 - Desenhos do Bar / Esplanada. ([Adaptado a partir de:] revista binário
nº3, junho, 1958). ..................................................................................................... 256
Ilustração 396 - Detalhes do metal e alçado dos balneários infantis. ([Adaptado a partir
de:] revista binário nº3, junho, 1958). ........................................................................ 257
Ilustração 397 - Cortes das Piscinas. ([Adaptado a partir de:] revista binário nº3, junho,
1958). ....................................................................................................................... 258
Ilustração 398 - Imagens das escavações. ([Adaptado a partir de:] revista binário nº3,
junho, 1958). ............................................................................................................. 259
Ilustração 399 - Tanque infantil, 1958. ([Adaptado a partir de:] revista binário nº3, junho,
1958). ....................................................................................................................... 260
Ilustração 400 - Tanque infantil atualmente. ([Adaptado a partir de:] Reverse Pool. . 260
Ilustração 401 - Tanque dos adultos, 1958. ([Adaptado a partir de:] revista binário nº3,
junho, 1958). ............................................................................................................. 260
Ilustração 402 - Tanque atualmente. ([Adaptado a partir de:] Reverse Pool. ............ 260
Ilustração 403 - Fotografia aérea Zona do Campo grande. ([Adaptado a partir de:]
Arquivo Municipal de Lisboa). ................................................................................... 261
Ilustração 404 - Vista do lago. ([Adaptado a partir de:] Tostões, Ana, Francisco Keil do
Amaral, p.56). ........................................................................................................... 262
Ilustração 405 - Vista do lago. ([Adaptado a partir de:] Tostões, Ana, Francisco Keil do
Amaral, p.56). ........................................................................................................... 263
Ilustração 406 - Piscina Infantil do Campo Grande. ([Adaptado a partir de:] arquivo
Municipal de Lisboa). ................................................................................................ 263
Ilustração 407 – Planta das Piscinas. ([Adaptado a partir de:] Tostões, Ana, Francisco
Keil do Amaral). ........................................................................................................ 264
Ilustração 408 - Piscina Infantil do Campo Grande com os Balneários atrás, onde
podemos ver a materialidade do Tijolo. ([Adaptado a partir de:] Arquivo Municipal de
Lisboa). ..................................................................................................................... 265
Ilustração 409 – Bar / Esplanada da Piscina Infantil do Campo Grande. ([Adaptado a
partir de:] Arquivo Municipal de Lisboa). ................................................................... 266
Ilustração 410 - Cortes e Alçados da Piscina Infantil do Campo Grande. ([Adaptado a
partir de:] Arquivo Municipal de Lisboa). ................................................................... 267
Ilustração 411 - Tanque da Piscina Infantil do Campo Grande. ([Adaptado a partir de:]
Arquivo Municipal de Lisboa). ................................................................................... 268
Ilustração 412 - Estado de degradação da Piscina Infantil do Campo Grande. ([Adaptado
a partir de:] Blog Resto de Colecção). ...................................................................... 270
Ilustração 413 - Imagens atuais da Piscina Infantil do Campo Grande, (transformada no
Ginásio Go Fit Campo Grande). ([Adaptado a partir de:] Go Fit Campo Grande). ..... 272
Ilustração 414 - Fotografia aérea da Zona do Estádio Universitário de Lisboa. ([Adaptado
a partir de:] Google maps edição Nossa). ................................................................. 273
Ilustração 415 – Implantação das Piscinas do EUL. ([Adaptado a partir de:] Camara
Municipal de Lisboa. ................................................................................................. 274
Ilustração 416 - Implantação das Piscinas do EUL. ([Adaptado a partir de:] Google Earth
Pro 2007 ................................................................................................................... 274
Ilustração 417 - Planta piso 0 das Piscinas EUL. ([Adaptado a partir de:] Atelier FV
Arquitectos). ............................................................................................................. 274
Ilustração 418 - Corte Transversal. ([Adaptado a partir de:] Atelier FV Arquitectos). . 275
Ilustração 419 - Tanque de Competição das Piscinas do EUL. ([Adaptado a partir de:]
Dissertação de Mestrado Conceção de Piscinas em Portugal). ................................ 276
Ilustração 420 - Planta da ampliação e piso 3 das piscinas do EUL. ([Adaptado a partir
de:] Atelier FV Arquitectos). ...................................................................................... 277
Ilustração 421 - Plantas piso -1, 1 e 2 das piscinas do EUL. ([Adaptado a partir de:]
Atelier FV Arquitectos). ............................................................................................. 278
Ilustração 422 - Maqueta de Corte Transversal piscinas EUL. .................................. 280
Ilustração 423 - Alçado Sul das piscinas do EUL. ([Adaptado a partir de:] Atelier FV
Arquitectos). ............................................................................................................. 280
Ilustração 424 - Alçado Sul/ Entrada das piscinas do EUL. ([Adaptado a partir de:]
Dissertação de Mestrado Conceção de Piscinas em Portugal)). ............................... 281
Ilustração 425 - Alçado Poente das piscinas do EUL. ([Adaptado a partir de:] Dissertação
de Mestrado Conceção de Piscinas em Portugal)). .................................................. 281
Ilustração 426 - Alçado Nascente das piscinas do EUL. ([Adaptado a partir de:]
Dissertação de Mestrado Conceção de Piscinas em Portugal)). ............................... 282
Ilustração 427 - Alçado Norte das piscinas do EUL. ([Adaptado a partir de:] Dissertação
de Mestrado Conceção de Piscinas em Portugal). .................................................... 282
Ilustração 428 - Tanque de Aprendizagem das piscinas do EUL. ([Adaptado a partir de:]
Dissertação de Mestrado Conceção de Piscinas em Portugal). ................................ 283
Ilustração 429 - Tanque de iniciação à atividade natatória das piscinas do EUL.
([Adaptado a partir de:] Dissertação de Mestrado Conceção de Piscinas em Portugal).
................................................................................................................................. 283
Ilustração 430 - Circulações da Piscina do EUL. ([Adaptado a partir de:] Dissertação de
Mestrado Conceção de Piscinas em Portugal).......................................................... 284
Ilustração 431 - Balneários / Vestiários das piscinas do EUL. ([Adaptado a partir de:]
Dissertação de Mestrado Conceção de Piscinas em Portugal). ................................ 284
Ilustração 432 - Ginásio e Estúdio das Piscinas do EUL. ([Adaptado a partir de:]
Dissertação de Mestrado Conceção de Piscinas em Portugal). ................................ 284
Ilustração 433 - Vista aérea da cidade de Abrantes com o Complexo de Piscinas a Cor.
([Adaptado a partir de:] Google Earth edição Nossa). ............................................... 285
Ilustração 434 - Piscina de Abrantes. ([Adaptado a partir de:] Flickr "piscina, Abrantes").
................................................................................................................................. 286
Ilustração 435 - Planta piso 1 das piscinas Municipais de Abrantes. ([Adaptado a partir
de:] Câmara Municipal de Abrantes, edição Nossa). ................................................ 287
Ilustração 436 - Alçado Noroeste das piscinas Municipais de Abrantes. ([Adaptado a
partir de:] Câmara Municipal de Abrantes). ............................................................... 287
Ilustração 437 - Planta piso 0 das piscinas Municipais de Abrantes. ([Adaptado a partir
de:] Câmara Municipal de Abrantes). ........................................................................ 289
Ilustração 438 - Detalhe da Caleira Finlandesa. ([Adaptado a partir de:] Câmara
Municipal de Abrantes). ............................................................................................ 290
Ilustração 439 - Fotografia da Caleira finlandesa da piscina Municipal de Abrantes.
([Adaptado a partir de:] Câmara Municipal de Abrantes)........................................... 290
Ilustração 440 - Planta piso 1 das piscinas Municipais de Abrantes. ([Adaptado a partir
de:] Câmara Municipal de Abrantes). ........................................................................ 291
Ilustração 441- Planta piso 2 das piscinas Municipais de Abrantes. ([Adaptado a partir
de:] Câmara Municipal de Abrantes). ........................................................................ 291
Ilustração 442 - Planta piso 1 das piscinas Municipais de Abrantes. ([Adaptado a partir
de:] Câmara Municipal de Abrantes, edição Nossa). ................................................ 292
Ilustração 443 - Tanques exteriores das piscinas Municipais de Abrantes. ([Adaptado a
partir de:] Câmara Municipal de Abrantes). ............................................................... 293
Ilustração 444 - Tanques interiores das piscinas Municipais de Abrantes. ([Adaptado a
partir de:] Câmara Municipal de Abrantes). ............................................................... 294
Ilustração 445 - Cobertura da piscina Municipal de Abrantes. ([Adaptado a partir de:]
Câmara Municipal de Abrantes). ............................................................................... 295
Ilustração 446 - Corte DD da piscina Municipal de Abrantes. ([Adaptado a partir de:]
Câmara Municipal de Abrantes). ............................................................................... 295
Ilustração 447 - Cobertura da piscina Municipal de Abrantes (aberta). ([Adaptado a partir
de:] Câmara Municipal de Abrantes). ........................................................................ 296
Ilustração 448 - Corte AA das Piscinas Municipais de Abrantes. ([Adaptado a partir de:]
Câmara Municipal de Abrantes). ............................................................................... 297
Ilustração 449 - Corte BB e EE da piscina Municipal de Abrantes. ([Adaptado a partir
de:] Câmara Municipal de Abrantes). ........................................................................ 297
Ilustração 450 - Tanques exteriores da piscina Municipal de Abrantes. ([Adaptado a
partir de:] Câmara Municipal de Abrantes). ............................................................... 297
Ilustração 451 - Tanques interiores da piscina Municipal de Abrantes. ([Adaptado a partir
de:] Câmara Municipal de Abrantes). ........................................................................ 298
Ilustração 452 - Esboço do complexo Ribera - Serrallo. ([Adaptado a partir de:] Revista
el Croquis). ............................................................................................................... 299
Ilustração 453 - Plano de localização. ([Adaptado a partir de:] Siza, Álvaro,
Apontamentos de uma arquitectura sensível, p.115). ............................................... 300
Ilustração 454 - Rampas de acesso ao complexo. ([Adaptado a partir de:] Revista el
Croquis). ................................................................................................................... 301
Ilustração 455 - Planta piso 0. ([Adaptado a partir de:] revista El croquis). ................ 302
Ilustração 456 - Planta Piso 1. ([Adaptado a partir de:] revista El croquis). ............... 302
Ilustração 457 - Vista interior da piscina interior. ([Adaptado a partir de:] revista El
croquis). .................................................................................................................... 303
Ilustração 458 - Vista do vão de separação da piscina interior e exterior. ([Adaptado a
partir de:] revista El croquis). .................................................................................... 304
Ilustração 459 - Piscina exterior. ([Adaptado a partir de:] En Blanco nº1. Álvaro Siza
Vieira). ...................................................................................................................... 305
Ilustração 460 - Vista da piscina interior com as pistas "montadas”. ([Adaptado a partir
de:] revista El croquis). ............................................................................................. 306
Ilustração 461 - Imagem do complexo à noite. ([Adaptado a partir de:] En Blanco nº1.
Álvaro Siza Vieira). ................................................................................................... 307
LISTA DE ABREVIATURAS, SIGLAS E ACRÓNIMOS

EUL - Estádio Universitário de Lisboa


FINA - Federação Internacional de Natação
FPN - Federação Portuguesa de Natação
ISA - Instituto Superior de Agronomia
ASOFAP - Asociación Española de profesionales del sector Piscinas
OA - Ordem dos Arquitectos
SPA - Saúde pelas Águas
CNQ - Catálogo Nacional de Qualificações
CML - Câmara Municipal de Lisboa
IPPAR - Instituto Português do Património Arquitectónico
CDNJ - Centro Desportivo Nacional do Jamor
CAR - Centro de Alto Rendimento
DGSU - Direcção Geral dos Serviços de Urbanização
NATO - North Atlantic Treaty Organization
SONAE - Sociedade Nacional de Estratificados
FV - Frederico Valsassina
SUMÁRIO
1. Introdução .............................................................................................................. 40
2. Enquadramento histórico........................................................................................ 42
2.1. O panorama Desportivo em Portugal no século XIX ........................................ 42
2.2. Início da Natação em Portugal ........................................................................ 47
2.3. Primeiros complexos desportivos destinados à prática desportiva da natação em
Portugal .................................................................................................................. 51
3. Enquadramento Arquitetónico ................................................................................ 60
3.1. Classificação das Piscinas .............................................................................. 60
3.1.1. Piscinas ao ar livre.................................................................................... 61
3.1.2. Piscinas cobertas ..................................................................................... 89
3.1.3. Piscinas combinadas .............................................................................. 113
3.1.4. Piscinas convertíveis .............................................................................. 120
Tipologia funcional das piscinas ............................................................................ 124
3.1.5. Tanques desportivos .............................................................................. 124
3.1.6. Tanques de aprendizagem e recreio ...................................................... 133
3.1.7. Tanques infantis ou chapinheiros ........................................................... 141
3.1.8. Tanques de recreio e diversão ............................................................... 154
3.1.9. Tanques polifuncionais ou polivalentes................................................... 157
3.2. Piscinas de recreio: Piscinas Oceânicas e as Piscinas Privadas ................... 158
3.2.1. Piscinas Oceânicas ................................................................................ 161
3.2.2. Piscinas Privadas ................................................................................... 203
3.3. Organização cronológica e tipológica das piscinas estudadas ...................... 221
3.4. Projetos / Arquitetos Envolvidos .................................................................... 238
4. Casos de Estudo .................................................................................................. 240
4.1. Piscina Oceânica do Tamariz ........................................................................ 240
4.2. Piscina Infantil do Campo Grande ................................................................. 261
4.3. Piscina do Estádio Universitário de Lisboa .................................................... 273
4.4. Complexo Municipal de Piscinas de Abrantes ............................................... 285
5. Uma obra de referência de um arquiteto português fora de Portugal ................... 299
5.1. Equipamento Desportivo Ribera – Serrallo .................................................... 299
6. Considerações finais ............................................................................................ 308
Referências .............................................................................................................. 314
Anexos ..................................................................................................................... 321
Lista de anexos......................................................................................................... 323
Anexo A ................................................................................................................ 325
A Arquitectura no Desporto – Piscinas como caso de Estudo

1. INTRODUÇÃO

Com a presente dissertação pretende-se uma reflexão e exposição do enquadramento


e das questões de investigação relativas aos equipamentos desportivos de Piscinas em
Portugal.

Para estudarmos este tipo de equipamentos é necessário compreender o contexto sócio


- económico de Portugal, pois isso influenciará a maneira de fazer arquitectura e o
desenvolvimento deste tipo de equipamentos.

Começámos, portanto, a estudar o Panorama desportivo em Portugal no século XIX, a


compreender o estado do país e as razões para o aparecimento das piscinas.
Investigámos o início da Natação em Portugal, para perceber a verdadeira dimensão do
“problema” que Portugal tinha em mãos e posteriormente estudámos os primeiros
complexos desportivos em Portugal para de uma melhor forma entendermos como estes
equipamentos foram evoluindo ao longo das décadas.

Tendo as questões históricas sido estudadas e apresentadas, entraremos então na


classificação das várias tipologias e funcionalidades deste tipo de equipamento,
inicialmente dividimos estes equipamentos em quatro grupos, partindo assim para um
agrupamento mais específico das suas características arquitetónicas.

Subsequentemente continuamos com a categorização das piscinas, desta vez, em cinco


grupos em função das suas funcionalidades e, desta forma, conseguimos ter uma
primeira noção de como estão organizados os equipamentos desportivos de Piscinas
em Portugal.

De seguida, entraremos pelo tema das Piscinas de recreio e aí, dividimo-las em dois
grupos, as piscinas privadas e as piscinas oceânicas. Finalizamos esta parte com o tipo
de equipamentos discriminados, dos anos 20 aos anos 2000, para que o leitor consiga
ter um conhecimento ligeiramente mais abrangente da maneira como este tipo de
equipamento foi surgindo em Portugal, assim como a noção de quais os arquitetos mais
envolvidos neste tipo de arquitetura ao longo das décadas.

Por fim, abordaremos com maior pormenor os casos de estudo, que por sua vez foram
escolhidos por consideramos que são obras arquitetónicas muito bem conseguidas, ou
da perspetiva estética e/ou da sua funcionalidade otimizada, seja porque ainda que não
tão apelativos, do nosso entendimento constituem marcos e referências para o objeto
de estudo ou ainda, e referimo-nos ao caso específico do Complexo desportivo Ribera

Mariana Pereira da Silva de Lemos Guimarães de Lacerda e Mello 40


A Arquitectura no Desporto – Piscinas como caso de Estudo

– Serrallo (Pavilhão de Llobregat) Barcelona, Espanha, porque nos aparece como uma
criação impar por parte do arquiteto Siza Vieira. (Na verdade, esta é a única piscina
estudada que não se situa em território português, mas atenta a sua importância para o
objeto em análise considerámos que seria uma mais-valia trazer o nosso estudo sobre
o complexo a esta tese, apesar de este não contribuir para as considerações finais para
o estudo das piscinas em Portugal).

O processo de trabalho iniciou-se com a recolha dos dados históricos relativos à natação
e aos espaços destinados à prática deste desporto, recorrendo-se a arquivos históricos,
livros e publicações em revistas temáticas, entre outros. Seguidamente passou-se a
uma vasta pesquisa sobre as piscinas existentes em Portugal e daquelas que, de
alguma forma, faria sentido estarem retratadas neste trabalho. Para tanto, recorreu-se
não só a arquivos, mas também ao contacto com vários municípios do nosso país, de
forma a conseguirmos recolher toda a informação necessária para a elaboração deste
trabalho.

Mariana Pereira da Silva de Lemos Guimarães de Lacerda e Mello 41


A Arquitectura no Desporto – Piscinas como caso de Estudo

2. ENQUADRAMENTO HISTÓRICO

2.1. O PANORAMA DESPORTIVO EM PORTUGAL NO SÉCULO XIX

É importante compreender o panorama desportivo em Portugal no séc. XIX, pois foi


nessa época que começaram a surgir as primeiras práticas de natação em Portugal. No
final do século XIX o panorama desportivo em Portugal não era animador. A prática
desportiva era algo praticamente desconhecido e inacessível para a maioria da
população. Só algumas classes sociais como a burguesia e a aristocracia é que eram
adeptas da prática desportiva e, mesmo estas, enfrentavam o preconceito dos seus
pares sociais.

Todavia, este problema nascia no século XVIII onde, por motivos aparentemente
inexplicáveis, os jogos e as atividades ao ar livre deixaram de fazer parte dos hábitos
dos portugueses, como nos referem diferentes figuras emblemáticas: O Padre Manuel
Bernardes1 com o seu poema “Degeneração de Portugal” (em Nova Floresta), José
Duarte Ramalho Ortigão2 que em 1875 publica o Texto sobre os efeitos que a inatividade
física tinha na juventude:

Os vossos filhos, vimo-los no liceu, no dia do primeiro exame, pálidos de concentração


e de susto, imóveis, estáticos, com os olhos pasmados na espessura dos seus juízos,
lembrando-se um pouco mais das orações que vós rezastes por eles, ó mães, do que
das lições que vós lhe destes, ó mestres! ... Elas e eles são pálidos, têm gengivas
esbranquiçadas, os dentes baços, as pestanas longas, as pálparas oftálmicas, os cantos
da boca levemente feridos, o sorriso triste, os movimentos indecisos e fracos, o olhar
quebrado. Precisam de tomar Banhos frios, de comer carne ao almoço, de beber uma
colher de óleo de fígado de bacalhau todos os dias, de fazer ginástica e de que lhe se
corte o cabelo. ... Não estão habituados à fadiga das marchas, não sabem defender-se
se os esbofetearem, não sabem nadar, desconhecem os princípios mais rudimentares
da higiene... (Simões e Serpa, 1995,p.V-VIII).

As espadas largas degenerárão em cotós, e os capacetes se trocarão em perucas; já o


pente em vez de se fincar na barba ensanguentada, se finca publicamente na cabelleira,
alvejando com polvlhos. Cheirão os homens a mulheres; não a Marte, mas a Venus.
Quem havia de imitar ao grande Albuquerque, prendendo a barba no cinto, se já não ha

1 Padre Manuel Bernardes Nasceu em Lisboa em 1644, escritor orador e religioso. Estudou filosofia e Direito
Canónico em Coimbra. Foi modelo da oratória sagrada tal como o Padre António Vieira. Morreu em Lisboa
em 1710. Das suas obras destaca-se Exercícios Espirituais e Meditações da Vida Purgativa (1686), Luz e
calor: Obra Espiritual para os que tratam do Exercício de Virtudes e caminhos da Perfeição (1896). Armas
de Castidade (1699), Nova Floresta ou Silva de Vários Apotegmas (cinco volumes publicados entre 1706-
1728), Estímulo Prático para seguir o Bem e fugir do Mal (1730).
2 José Duarte Ramalho Ortigão nasceu a 24 de Novembro de 1836 no Porto, Portugal, era um homem de

letras. Frequentou o curso de Direito na Universidade de Coimbra. Começa por lecionar francês no colégio
da Lapa e mais tarde colabora em vários periódicos, como a Gazeta Literária do Porto, a Revista
Contemporânea e o Jornal do Porto. Autor de vários livros de viagens como, Pela terra Alheia (1878 –
1880), Banhos de Caldas e Águas Minerais (1875), As Praias de Portugal (1876), entre outros. Morreu em
Lisboa, Portugal, a 27 de Setembro de 1915.

Mariana Pereira da Silva de Lemos Guimarães de Lacerda e Mello 42


A Arquitectura no Desporto – Piscinas como caso de Estudo

novas de cintos, nem de barbas? Quem haveria de sahir aos leões em Africa, se é mais
gostoso estar no camarote em Lisboa, gracejando com as farçantas, e atirando-lhes já
com chiste, já com dobrões? Ou como se havião adestrar em ambas as sellas, andando
pelas ruas bamboleando nas seges. Amoleceu-nos a infusão dos costumes estrangeiros,
que veneramos, devendo aborrecêl-os; e nós, que estamos no fim da terra, ficamos no
meio do mar de suas depravações. (Bernardes, 1865,p.172).

E ainda Eça de Queiroz3 na sua obra Os Maias, quando nos dá a conhecer a intenção
que a sua personagem Afonso da Maia tem em tornar a tourada um desporto nacional,
de forma a incutir na juventude o vigor e a coragem que a arte de lidar o Toiro acarreta:

O verdadeiro patriotismo seria, em lugar de corridas, fazer uma boa tourada ... Cada
raça possui o seu “Sport” próprio, e o nosso é o toiro ... A vantagem da Tourada é ser
uma grande escola de força, coragem e de destreza. Em Portugal não há instituição que
tenha uma importância igual à tourada de curiosos ... Não temos o “cricket”, nem o
“Football”, nem o “running”, como os ingleses; não temos a ginástica como ela se faz em
França; Não temos o serviço obrigatório, que é o que torna o alemão sólido... (Queiroz,
2017, p.210-211).

No entanto, e apesar da fraca tradição desportiva em Portugal oitocentista, começam a


formar-se as primeiras associações ligadas à prática desportiva. Como é o caso da Real
Associação Naval de Lisboa, fundada a 30 de Abril de 1856, sendo a coletividade mais
antiga da Península Ibérica ligada aos desportos náuticos como o remo e a vela.
Contudo, a prática de desportos náuticos não se limitava só à capital do país, também
no Mondego, ao largo da Figueira da Foz, e no Douro se organizavam regatas, sendo
desta forma que em 1876 surge o clube Fluvial Portuense. No decorrer da década de
1870 começam a ser fundados outros clubes ligados a diversas atividades físicas como
é exemplo o Real Ginásio Clube Português, fundado em 1875, clube histórico que
perdurou até aos dias de hoje, essencialmente vocacionado para os desportos
acrobáticos. Outro clube que surge nesta mesma época e que muito contribui para a
evolução do desporto em Portugal foi a Casa Pia de Lisboa, fundada a 3 de Julho de
1780, no reinado de D. Maria I, no contexto dos problemas sociais decorrentes do
terramoto de 1755 que devastou a cidade de Lisboa. Provisoriamente instalada no
Castelo de São Jorge, Lisboa, recebe crianças, órfãs e abandonadas.

A casa Pia de Lisboa integrava a ginástica e o desporto na sua política desportiva,


cumprindo uma tradição lúdica, inicialmente ligada à preparação militar dos alunos que,
apartados das deficientes condições de vida da maior parte das famílias portuguesas,
beneficiavam de um regime saudável e, por isso, podiam manter regular exercício físico.
(Serpa, 2017, p.34).

3José Maria Eça de Queiroz nasceu a 25 de Novembro de 1845, na Póvoa do Varzim, Portugal; era escritor.
Tirou o curso de Direito em Coimbra. Fundador do Jornal Distrito de Évora (1866) e colaborador na Gazeta
de Portugal. Autor de várias obras romanescas, consagradas à critica da vida social Portuguesa, de onde
se destacam O Primo Basílio (1878), O Crime do Padre Amaro (2ª edição em livro, 1880), A Relíquia (1887)
e os Maias (1888), este último considerado a sua obra-prima. Morre a 16 de Agosto de 1900 em Paris,
França.

Mariana Pereira da Silva de Lemos Guimarães de Lacerda e Mello 43


A Arquitectura no Desporto – Piscinas como caso de Estudo

Ilustração 1 - Recibo do Real Gymanásio Club Portuguez. Ilustração 2 – Logótipo do Real Club Naval de Lisboa fundado a
([Adaptado a partir de:] Arquivo digital de Cascais). 30 de abril de 1856. ([Adaptado a partir de:] Associação Naval de
Lisboa).

Podemos então dizer que foi na segunda metade do século XIX, mas mais
decididamente no último quartel, que se esboçaram os primeiros movimentos do
desporto associativo ou minimamente organizado, reunindo em torno de algumas
modalidades os pioneiros da vela, remo, ginástica, atletismo, ciclismo e futebol, desporto
de expressão coletiva que, pela leitura fácil que dele o povo fazia, ganhou
preponderância. No entanto, não tirando mérito ao povo português, temos de salientar
que muitos dos desportos referidos acima foram trazidos pelos Ingleses (como nos
refere Homero Serpa no seu livro História do Desporto em Portugal). “Pelo saudável
vício Inglês, foram introduzidas em Portugal vários desportos que os rapazes da alta,
como diria Cândido de Oliveira, adoptaram imediatamente” (Serpa,2007, p.36).

Embora, inicialmente, todas as disciplinas desportivas tivessem sido protagonizadas, de


um modo geral, pela colónia Inglesa, habituada ao exercício físico, a que se juntaram
áulicos e rapazes de famílias abastadas, a verdade é que o exemplo chamou a atenção
da camada da população menos privilegiada. (Serpa, 2007, p.40).

Apesar do aparecimento destas primeiras associações desportivas, Portugal continuava


muito “inculto” face ao desporto que se praticava no resto do Mundo. Em 1896, aquando
da realização dos I jogos Olímpicos da era Moderna, onde entraram modalidades como
o atletismo, a esgrima, o ciclismo de estrada e de pista, a natação, o ténis, o tiro, a
ginástica e a halterofilia, Portugal nem sonhava com os jogos Olímpicos e só uma
percentagem relativa da população é que se deixou impressionar pelos feitos
alcançados nos jogos olímpicos de Atenas.

Na realidade só a parte pouco significativa da população, exatamente a que aceitava o


desporto como disciplina importante da cultura e o praticava na Associação Naval, no
Ginásio Clube Português, na Casa Pia, aqueles que começavam a descobrir o benefício
do ar puro e da água salgada nas praias de Belém e de Pedrouços.

Mariana Pereira da Silva de Lemos Guimarães de Lacerda e Mello 44


A Arquitectura no Desporto – Piscinas como caso de Estudo

Portugal não concorreu, obviamente, aos jogos de Atenas ... Os portugueses não
tinham hábitos desportivos, nem o país tinha um mínimo de condições para eleger uma
equipa, mesmo modesta que fosse, porque os governos não fomentavam a prática do
desporto nem sequer a ginástica nas escolas, essencial à educação dos jovens. Havia
sim, desporto praticado por elites, caso dos velejadores e remadores da Real Associação
Naval (Lisboa, 1856), o clube mais antigo da Península, dos atletas do eclético Ginásio
Clube Português, fundado em 1875. (Serpa, 2007, p.29-30).

Com o passar do tempo o povo português foi tomando consciência dos benefícios da
prática desportiva e das vantagens que esta trazia para toda a população, em especial,
para os jovens que podiam frequentar a escola. Surgem também os primeiros jornais
Desportivos como o “Tiro Civil”, “O Sport”, fundado em 1894 no seio do Ginásio Clube
Português, “A Bycicleta”, revista quinzenal que apareceu a 1 de Maio de 1895, estes
Jornais assumiram especificidades desportivas sem, terem conquistado número
significativo de leitores.

Ao pioneirismo do desporto, feito de aventuras e dedicação, corresponde a paixão pelo


Jornalismo desportivo, idealizado e servido por atletas - jornalistas, como aconteceu na
Casa Pia. Padejaram o mesmo cereal, utilizaram a mesma amassaria e fabricaram os
idealismos de onde tudo partiu. (Serpa, 2007, p.55).

Assim, aos poucos, o desporto apesar de incipiente, ganhou espaço às touradas,


entretenimento principal dos Lisboetas, as touradas não podiam, nem podem ter
estatuto desportivo, a lógica classifica-os como espetáculos. Mas quando o desporto
alvesceu, timidamente, em Lisboa, a cidade não tinha outros divertimentos populares
semelhantes a ludismo que não estivesse ligado às touradas e às esperas de touros. “A
corrida de Touros é uma diversão eminente característica é o genuíno divertimento
nacional...”. (Serpa, 2007, p.82).

Concluindo

o século XIX foi um tempo de enorme sofrimento, de desestabilização social, de sangue


e fome. Foram as invasões francesas, as guerras civis, as lutas extremadas entre
facções, as intervenções constantes e, por vezes, obscenas, da Igreja na vida do País,
o ultimato Inglês, as perseguições politicas, as insuperáveis dificuldades financeiras, o
confronto permanente, agudizado, entre imprensa e as censuras, entre os homens que
queriam ser livres e a garra que pretendia estrangular-lhes a voz, as descontroladas
emigrações que despovoaram o território - enfim, uma série interminável de anomalias
que cravaram no povo dolorosas esquírolas do desalento e a indomável vontade de fugir
do pélago onde se atolava. Foram cem anos de desastres sociais, de sismos políticos,
de heroísmos revolucionários e platónicos, de fervores patrióticos, de confrontos entre
progressistas e conservadores e de republicanos e monárquicos.(Serpa, 2007, p.50).

Mariana Pereira da Silva de Lemos Guimarães de Lacerda e Mello 45


A Arquitectura no Desporto – Piscinas como caso de Estudo

Ilustração 3 - Capa do jornal O Sport de 23 de março de


1894. ([Adaptado a partir de:] Arquivo do Ginásio Clube Ilustração 4 – Revista Quinzenal A Bicycleta de 1 de maio
português). de 1895. ([Adaptado a partir de:] Ciclismo em Portugal -
wikiwand

Apesar de todos estes contratempos quando falamos de desporto em Portugal

falamos de Lisboa, falamos de Sociedade e dos seus hábitos. É a atividade lúdica da


vivência dos Lisboetas de outras eras, arrancando à história páginas importantes do
processo de evolução social que os homens foram escrevendo com maior ou menor
vocação. Lisboa foi sempre uma cidade importante, tão importante e invulgar que os
iberistas pensavam nela para capital de um estado peninsular formado por diversas
Repúblicas. Mas efabulações à parte, os seus habitantes levaram uma eternidade antes
de compreenderem, aliás lentamente, que a cidade lhes oferecia condições excecionais
para a prática de exercício físico. (Serpa, 2007, p.70 e 71).

Em 1974, com a Revolução dos Cravos4, o povo Português muda a sua maneira de
estar e de ser e ganha uma nova visão do mundo: Surgem os primeiros equipamentos
essenciais à evolução física dos cidadãos, confere-se ao povo Português a
oportunidade de se desenvolver a nível desportivo, tal como acontece na generalidade
dos outros países da Europa.

Até que a revolução dos cravos propôs ao povo o reforço da entidade nacional, e
simultaneamente, a modificação das mentalidades, até ali dominadas por princípios
retrógrados ... Para compreendermos melhor as transformações que se operaram, a
partir daquela data, na área do desporto e das relações humanas, recorde-se a pressa
em dotar o País de equipamentos essenciais à evolução física dos cidadãos. Mas, em
determinados lugares, foi mais fácil construir pavilhões e fazer o aproveitamento de
recintos ao ar livre do que mentalizar as pessoas em utilizá-los. (Serpa, 2007, p.37).

4A revolução dos cravos foi o movimento que derrubou o regime salazarista em Portugal, e ocorreu no ano
de 1974, de forma a estabelecer liberdade democráticas, como intuito de promover transformações sociais
no país.

Mariana Pereira da Silva de Lemos Guimarães de Lacerda e Mello 46


A Arquitectura no Desporto – Piscinas como caso de Estudo

2.2. INÍCIO DA NATAÇÃO EM PORTUGAL

Em Portugal, a relação do homem com a terra e com as forças da Natureza exerceu


influência cultural sobre o desporto.(Cunha, 2007) O homem português, desde cedo,
começou a ter contacto com este elemento natural, a água, derivado das suas atividades
praticadas diariamente como a pesca, e a navegação de rio e de mar.

O contacto diário com este elemento levou ao despertar de uma curiosidade


relativamente à sua utilização como meio para uma prática desportiva, assim, em 1856
surge a Real Associação Naval de Lisboa, a primeira coletividade desportiva ligada ao
mar, como já referido anteriormente.

É também neste século que surgem as primeiras disposições sobre o Domínio Público
Marítimo5. Pretendia-se assim que a população portuguesa se ligasse mais ao mar/água
e aí se praticassem mais atividades desportivas. “O desporto relativamente organizado
chegou ao Tejo, impulsionado pela Associação Naval” (Serpa, 2007, p.69).

Ilustração 5 - Domínio Público Marítimo Português ([Adaptado a Ilustração 6 – Escola de Natação na Trafaria ([Adaptado a partir
partir de] Direção – Geral de Recursos Naturais, Segurança e de:] Federação portuguesa de natação).
Serviços Marítimos).

Em 1902 o Real Gimnasio Clube Português, com sede em Lisboa, abre a primeira classe
de natação nas praias portuguesas, mais propriamente na Trafaria, no entanto, tal
tentativa saiu frustrada devido à fraca aderência do povo português. Não obstante, e

5 “Em 31 de dezembro de 1864 surgiu um Decreto Real cujo principal propósito consistia em salvaguardar
os bens de interesse público da venda arbitrária a que tinham vindo a ser sujeitos por decisão sustentada
pelo poder absoluto do rei, por vezes, não coincidente com o interesse do próprio Estado.
Concomitantemente, o Decreto veio tornar públicas (do Estado) as águas do mar e respetivos leitos e
margens, devido ao seu reconhecido interesse público para o país, na perspetiva da relevância estratégica
da costa, quer no âmbito da defesa nacional, quer no âmbito económico da proteção da atividade pesqueira,
e na perspetiva da relevância estratégica das águas interiores navegáveis, como vias de comunicação de
transporte de pessoas e bens. O Domínio Público Marítimo em Portugal é atualmente regido pela Lei
54/2005 de 15 de novembro e pela Lei n.º 58/2005 de 29 de dezembro.” (Ambiente, [s.d.]).

Mariana Pereira da Silva de Lemos Guimarães de Lacerda e Mello 47


A Arquitectura no Desporto – Piscinas como caso de Estudo

apesar disso, organiza-se em Portugal a primeira prova de natação (ocorrida) a 14 de


Outubro de 1906, dando-lhe o nome de Meia Milha.6

O real Gimnasio Club Português guiava-se por métodos ortodoxos. Em 1902, montou na
Trafaria uma escola de natação dirigida por credenciados professores, entre os quais o
tenente Joaquim Costa. Mas louvável intenção de ensinar os lisboetas a nadar acabou
frustrada pela pouca afluência de alunos (Serpa, 2007 p.339).

Na nossa abençoada periferia, a primeira prova de Natação organizada foi a meia milha
do Real Gimnasio Club Português disputado, naturalmente, no rio Tejo, a 14 de Outubro
de 1906. Mas a participação naquela competição de nadadores do Porto, Aveiro e
Figueira da Foz sugere uma certa habituação a provas locais... (Serpa, 2007, p.341).

Quando o Real Ginásio Clube Português promoveu o primeiro campeonato de Portugal


de natação, no dia 14 de Outubro de 1906, estava a lançar as bases para uma futura
entidade que viesse a gerir os destinos da natação portuguesa... (Federação Portuguesa
da natação, 2015).

Ilustração 7 – Campeonato Nacional de Natação “Meia Milha”, Ilustração 8 - Piscina Sport Algés e Dafundo, 1930, ([Adaptado
1906, Fonte: http://gcp.pt/gcp/história/1900-1910 ([Adaptado a a partir de:] https://www.sportalgesedafundo.com/natacao-hist-
partir de:] aquatica)

Um ano após a realização da prova, numa reunião efetuada por vários representantes
dos diferentes clubes portugueses, Álvaro Lacerda, em nome do Real Vela Clube do
Porto, propõe que seja criada a Liga de Natação, e era assim lançada a primeira pedra
para o desenvolvimento da natação em Portugal. Contudo, esta liga só ganharia forma
em 1908, sendo a sua sede em Lisboa, mais propriamente nas instalações do Ginásio
Clube Português.7

Por estas alturas, o inconformado Real Vela Club do Porto lançou a ideia de se organizar
a Liga de Natação. A iniciativa fundamentava-se na necessidade de haver um organismo
aglutinador dos clubes de natação, mas, mais uma vez, nas estruturas do desporto em
Portugal, pretende-se construir a casa pelo telhado. A iniciativa não deixava de ter
alguma lógica uma vez que disputavam provas, embora sem calendarização rigorosa,
em Lisboa, no Porto, em Aveiro, em Leixões, na Póvoa do Varzim, Figueira da Foz, etc.
Contudo, realmente, fazer evoluir a natação com a colaboração dos diferentes polos de

6 A meia Milha é uma competição, num percurso de 926 metros, (meia milha), a primeira prova realizou-se
em 1906, na baía do Alfeite, foi ganha por A. Rumsey, do Porto, em 19 minutos. Alinharam oito concorrentes
e Mário Duarte classificou-se em 5.º lugar.
7 “A sede era em Lisboa (durante muitos anos, foi o Ginásio Clube Português a permitir que a sede da liga

fosse nas suas instalações” (F.P.N, 2015).

Mariana Pereira da Silva de Lemos Guimarães de Lacerda e Mello 48


A Arquitectura no Desporto – Piscinas como caso de Estudo

desenvolvimento, que seriam incipientes, mas não deixavam de ser importantes...


(Serpa, 2007,p.342,343).

Os anos 30 e 40 foram anos de expansão das atividades aquáticas (natação pura, saltos
e polo aquático), surgindo assim a primeira piscina do país, situada no estádio náutico
do Sport Algés e Dafundo. Esta tinha 33 metros, mas muito contribuiu para o
desenvolvimento da natação em Portugal, eram poucos os clubes que se dedicavam à
prática da modalidade, e apesar do reduzido número de clubes fora de Lisboa, os
Campeonatos Nacionais passam a ser realizados por todo o país, nalguns casos,
recorrendo-se a piscinas fluviais, como em Coimbra ou em Leiria, e começam
verdadeiramente a surgir novas piscinas, como é o caso de Curia, Luso, Espinho ou
Coimbra, e também estas passam a receber os alulidos Campeonatos Nacionais.

Apesar do reduzido número de clubes fora de Lisboa, os campeonatos Nacionais


passam a percorrer o país, como jornadas de promoção da modalidade. Nalguns caos,
usam-se piscinas fluviais, como em Coimbra ou Leiria; as novas piscinas que foram
sendo construídas também receberam estas provas: Curia, Luso, Espinho ou Coimbra
(1949). (F.P.N, 2015).

Uma das piscinas que, a par com a do “Estádio Náutico” do Sport Algés e Dafundo,
muito contribui para o desenvolvimento da natação em Portugal, neste caso no norte do
país, foi a Piscina de Espinho. Esta teve o seu Concurso Público a 6 de Outubro de
1940 (dez anos depois da construção do Estádio Náutico).

Finalmente, temos o gôsto de transmitir aos nossos leitores a notícia de ter a nossa
Câmara resolvido pôr a concurso a construção de uma piscina-solário e um campo de
ténis. A êste importante assunto a que se refere o edital que noutro lugar publicamos,
nos referiremos, mais detalhadamente, no próximo número. In Primeira Página do Jornal,
Defesa de Espinho, de 6 de Outubro de 1940. (Almeida, 2016, p.42).

Passados três anos (1943) saía a notícia de que a Piscina seria inaugurada no mês de
Julho, tinha como programa: ”2 tanques (adultos e crianças) - 50x22 metros – piscina
grande (1,5 a 5 metros de profundidade); – 20x10 metros piscina pequena ( 60 a 90
centímetros de profundidade); - 300 cabines individuais, além das cabines colectivas
para crianças e adultos dos dois sexos; – torre de saltos com 10 metros de altura com
pranchas a 6 e a 3,60 metros; – solário com uma dotação de 600 lugares, com uma
secção reservada para nudismo integral; – terraços que comportam aproximadamente
outros 600 lugares; – ginásio; – restaurante; - dancing. “(Almeida, 2016, p.46).

A piscina-solário Atlântico foi oficialmente inaugurada a 10 de Julho de 1943. A sua


inauguração contou com alguns eventos desportivos entre os quais provas de natação.
Nestas participaram vários clubes de diferentes zonas do país (Sport Algés e Dafundo,
Associação Aveirense de Natação, Associação de Natação de Coimbra, Associação

Mariana Pereira da Silva de Lemos Guimarães de Lacerda e Mello 49


A Arquitectura no Desporto – Piscinas como caso de Estudo

Portuense de Natação), a Piscina de Espinho passa então a ser uma referência para a
Natação no Norte do País.

... Podemos até considerar que, tendo em conta a monumentalidade das suas
instalações, durante quase duas décadas “todos os Caminhos” da natação do Norte do
País passaram pela Piscina- Solário Atlântico (Almeida, 2016,p.51).

Ilustração 9 – Construção Piscina - Solário do Atlântico ([Adaptado a partir de:] Contributos Para a História da Natação em Espinho)

Mariana Pereira da Silva de Lemos Guimarães de Lacerda e Mello 50


A Arquitectura no Desporto – Piscinas como caso de Estudo

2.3. PRIMEIROS COMPLEXOS DESPORTIVOS DESTINADOS À PRÁTICA


DESPORTIVA DA NATAÇÃO EM PORTUGAL

As piscinas, enquanto serviço público, têm uma longa história. Os relatos mais remotos
de que há registo são de grandes tanques encontrados junto às pirâmides no Antigo
Egito, no ano 2500 A.C. A sua construção objectivou-se inicialmente para efeito
decorativo, associado ao luxo e com designs deslumbrantes, mas rapidamente foram
aparecendo outras utilizações, entre as quais os banhos públicos, onde a natação,
enquanto atividade física, surge pela primeira vez. A prática desenvolveu-se mais tarde
na Grécia e na Roma Antiga, ao ser integrada na educação de crianças em idade
escolar, cabendo aos romanos a iniciativa de construírem as primeiras termas que
separavam as piscinas desportivas dos banhos públicos.

No entanto, a piscina cai em desuso durante a Idade Média após o aparecimento de


diversos problemas de saúde associados à sua utilização. Historicamente, estas foram
as principais responsáveis pela contaminação de grande parte da população da Roma
antiga com altos níveis de chumbo, provenientes das tubagens utilizadas na época.

Com o desenvolvimento de técnicas de higiene e de desinfeção de água, o uso público


de piscinas ressurge em finais do século XVIII, na Europa, mais concretamente entre os
anos 1761 e 1781. Porém, só a partir de 1837 é que a sua popularidade desponta, com
a construção de seis piscinas dotadas de prancha de salto, num clube recreativo no
centro de Londres. Anos mais tarde, a prática de natação, ganhou fama com a
integração desta nas provas dos Primeiros Jogos Olímpicos da Época Moderna, em
1896.

Em Portugal, o desenvolvimento de competições aquáticas levou à construção das


primeiras piscinas na década de 1920. Em Lisboa, inauguram-se os tanques situados
na Casa Pia e no convento de Mafra. Porém, a falta de condições para a prática
desportiva levou à construção de um terceiro tanque no Palácio do Jardim Colonial, que
viria a ser palco de treino da equipa que participou nos Jogos Olímpicos. No Porto, a
primeira piscina construída nessa época ficou conhecida como a Piscina do Carvalhido8.
No entanto, este tanque foi abandonado em 1936, uma vez que não incluía um circuito
de tratamento de águas e a sua utilização só era possível quando a qualidade da mesma
o permitia. Foi apenas em 1930 que uma piscina com condições sanitárias aceitáveis
abriu em Lisboa. Pertencia ao Sport Algés e Dafundo e ficou conhecida como Estádio

8A Piscina do Carvalhido está situada na localidade do Carvalhido, Porto, Portugal, e desta apenas
aparecem imagens documentadas de 1923, não se sabendo por isso o seu ano de construção/ inauguração.

Mariana Pereira da Silva de Lemos Guimarães de Lacerda e Mello 51


A Arquitectura no Desporto – Piscinas como caso de Estudo

Náutico, a sua autoria pertence à dupla Raúl9 e Diamantino Tojal10. Seria então a
primeira piscina lisboeta com condições sanitárias. Para que esta piscina fosse possível,
o então presidente do clube Sport Algés e Dafundo, Rodrigo Bessone Bastos (nadador
do clube que venceu entre 1916 e 1926 todas as provas de rio, as famosas travessiasd,
únicas que eram possíveis de realizar por não haver piscinas (Boavida, 2004, p.54)),
desloca-se a Paris a fim de estudar a Piscina Municipal de Paris, cuja inauguração data
de 1919.

Chegado a Portugal Bessone Bastos encontra-se com o seu amigo Basílio Santos
(também ele nadador do clube e membro da direção liderada por Rodrigo Bessone
Bastos), e os dois esboçam, através de fotografias que Rodrigo Bessone Bastos tinha
trazido de Paris, aquela que viria a ser a Piscina do Sport Algés e Dafundo.

Bessone Bastos deslocou-se a Paris, onde examinou demoradamente a Piscina


Municipal, inaugurada em 1919. De regresso a Portugal o portador de uma série de
fotografias, esboçou, juntamente com Basílio dos Santos, o que deveria ser a piscina do
Algés e Dafundo nas suas linhas gerais.(Boavida, 2004, p.54).

Ilustração 10 – Construção da Piscina do Sport Algés e Ilustração 11 - Piscina Sport Algés e Dafundo, 1930, Bancadas
Dafundo, em 1929. ([Adaptado a partir de:]: por terminar. ([Adaptado a partir de:]:
https://restosdecoleccao.blogspot.com/2014/05/piscina- https://restosdecoleccao.blogspot.com/2014/05/piscina-
municipal-dos-olivais.html?m=1) municipal-dos-olivais.html?m=1

Após a elaboração deste primeiro esboço da piscina, Bessone Bastos chama o arquiteto
Raul Tojal e o seu irmão Diamantino Tojal e pede que estes façam então o projeto da
Piscina do Sport Algés e Dafundo. Posto isto, os dois irmãos começam a estudar o

9 Raul Tojal – Nasceu em Lisboa, a 19 de dezembro de 1900, vindo a morrer em 1969. Arquiteto Português,
Raul Tojal, teve como mestre o arquiteto José Luís Monteiro, das suas obras podemos destacar a Piscina
e cinema do Clube Sport Algés e Dafundo, as remodelações do Conservatório Nacional de Lisboa, o Hotel
Estoril-Sol em Cascais, as remodelações e arranjos do forte São Julião da Barra, entre outros.
10 Diamantino Tojal – Nasceu em Lisboa, a 24 de janeiro de 1897, onde viria a falecer a 23 de fevereiro de

1958. Construtor civil destaca-se em obras como a piscina e o Cinema do Clube Sport Algés e Dafundo, o
Instituto Português de Oncologia, o Hotel Ritz entre outros.

Mariana Pereira da Silva de Lemos Guimarães de Lacerda e Mello 52


A Arquitectura no Desporto – Piscinas como caso de Estudo

espaço elaborado pelos dois amigos (Rodrigo Bessone e Basílio dos Santos), alterando
alguns aspetos, mas mantendo o príncipio geral de uma piscina com bancadas.

... Daí nasceu a planta, que Raul e Diamantino Tojal modificaram aqui e ali, mas sempre
no seio do mesmo princípio geral: uma piscina com bancadas, aproveitando os baixos
das mesmas para instalações várias. (Boavida, 2004, p.55)

Aquando da inauguração, esta ainda não se encontrava totalmente terminada, faltavam


as bancadas, circunstância que não constituiu impedimento para a realização da
primeira prova na piscina do Sport Algés e Dafundo.

A prova de 4x200 metros contou com atletas do “Club Sportivo Pedrouços”, o “Sport
Lisboa e Benfica”, o “Club Nacional de Natação”, o “Club de Futebol Os Belenenses” e
o “Casa Pia Atlético Club”, sendo ganha por atletas da casa.

Ilustração 12 - Estádio Náutico iluminado. ([Adaptado a partir de:]: https://restosdecoleccao.blogspot.com/2014/05/piscina-municipal-dos-


olivais.html?m=1).

A conceção e construção da infraestrututra em causa orientou-se, precisamente, para


servir o clube nas funções que visava cumprir, todavia em termos arquitetónicos não
passaria disso mesmo: uma piscina com bancadas.

Ora, o facto de ser a primeira piscina construida de raíz em Portugal, para fins natatórios
e prática de atividades atinentes, não se traduziu propriamente numa originalidade, nem
tão pouco num projeto de criação distinto, dado que os arquitetos a quem foi entregue
tal “ideia” se encontravam iminentemente condicionados e limitados pela noção muito
específica que o cliente (então presidente do clube) tinha trazido de Paris e que

Mariana Pereira da Silva de Lemos Guimarães de Lacerda e Mello 53


A Arquitectura no Desporto – Piscinas como caso de Estudo

pretendia, embora adaptada, ver realizada na “encomenda” feita aos mesmos


arquitetos.

Na história mais recente do “Estádio Náutico”, destaca-se ainda a inauguração da


Piscina de Inverno, em 1968, e a construção da cobertura da piscina, em 1977, onde
foram igualmente instalados um Pavilhão Gimnodesportivo e dois amplos ginásios
dotados das estruturas de apoio àquelas atividades físicas.(Boavida, 2004).

Hoje o “Sport Algés e Dafundo” é um clube desportivo amador, de perfil eclético e


vocação competitiva e olímpica. Fomenta a prática de muitas e diversas modalidades
desportivas, nos mais diversos escalões etários. Trata-se de uma coletividade com
grande impacto na juventude da sua região, não só do ponto de vista desportivo, como
também do da integração social dos jovens.(Boavida, 2004).

Ilustração 13 - Piscina do Sport Algés e Atual. ([Adaptado a


Ilustração 14 - Piscina Sport Algés e Dafundo Atual ([Adaptado a
partir de:]
partir de:] https://restosdecoleccao.blogspot.com/2014/05/piscina-
https://restosdecoleccao.blogspot.com/2014/05/piscina-
municipal-dos-olivais.html?m=
municipal-dos-olivais.html?m=1

Desde então (1930), o número de clubes onde é possível a prática de atividades


natatórias teve um crescimento exponencial, passando de poucas dezenas, nos
primórdios do séc. XX, para cerca de 1176 na década de 1970 e já passando os dois
milhares no início dos anos 1980.

A partir desta década, as práticas desportivas aquáticas passaram a estender-se a todo


o território nacional, resultando na proliferação de piscinas municipais pelo país.

... Daí a razão pela qual se assistiu a partir da década de 80/90 ao arranque de um
surto construtivista resultante na proliferação de piscinas e de pavilhões polidesportivos
muito edificados na base da mesma tipologia, até do mesmo projetco e dimensão
(Cunha, 2003, p.105)

Mariana Pereira da Silva de Lemos Guimarães de Lacerda e Mello 54


A Arquitectura no Desporto – Piscinas como caso de Estudo

Ilustração 15 - Piscinas Municipais Inauguradas em Portugal Continental. Atual ([Adaptado a partir de:] Cunha, Luís, Os Espaços Do
Desporto – UMA GESTÃO PARA O DESENVOLVIMENTO HUMANO

A Taça Latina11 foi a primeira grande competição internacional organizada no nosso país
e decorreu em Lisboa. Este evento deu origem à construção da primeira cobertura
amovível para uma piscina olímpica, nos Olivais, que passa a permitir aos clubes de
Lisboa o treino durante o Inverno em piscina de 50 metros.

Nas últimas décadas, observaram-se condições fundamentais para o desenvolvimento


da natação em Portugal, com a construção de infra-estruturas várias para o efeito, como
é o caso da inauguração da Piscina do Estádio Universitário de Lisboa, em 1977, que
seria a primeira construção de raiz de uma piscina olímpica coberta no país. Seguiram-
se outras construções como o complexo do Jamor (1998), Póvoa do Varzim (2001), Rio
Maior (2003), Funchal (2004), Vila Franca de Xira (2004) e Coimbra (2005).

Quando da última edição da Taça Latina, em Buenos Aires, formos indigitados para
organizar a prova em 1983. Sabíamos das dificuldades a ultrapassar; preparar uma
piscina de 50 metros, cobri-la e aquecê-la! Ah não foi fácil. Muito tempo disponibilizado
por alguns elementos da direcção do F.P.N foi perdida em entrevistas. Foi somente a
Câmara Municipal de Lisboa que, com ampla visão de interesse que tal prova tem, para
o país e para a natação portuguesa em particular, que se dispôs (ainda que a resolução
fosse demorada) a cobrir e a aquecer a água da Piscina dos Olivais. É, pois, graças à
Taça Latina que, pela primeira vez, haverá em Portugal uma piscina de 50 metros com
condições mínimas para que se possam realizar provas desta envergadura... (F.P.N,
1982).

A contabilização atual de piscinas para uso público e privado em Portugal é de cerca de


60.000, atualmente. No domínio da oferta pública, podemos contar hoje com cerca de
700 piscinas (em especial, as piscinas municipais) distribuídas por 512 instalações.
Apesar da área per capita reservada à prática de atividades aquáticas ainda se situar
abaixo dos países vizinhos, o desenvolvimento recente na área das piscinas faz com

11 A Taça Latina surge da necessidade de existirem mais competições Internacionais, no inicio (1973)
apenas 5 países Latinos (Brasil, Espanha, França, Itália e México) faziam parte desta taça. A competição
teve a sua primeira realização no Brasil em 1973.

Mariana Pereira da Silva de Lemos Guimarães de Lacerda e Mello 55


A Arquitectura no Desporto – Piscinas como caso de Estudo

que a disponibilização destes serviços atinja contemporaneamente, níveis de qualidade


iguais ou superiores às de outros países Europeus.

Contudo, e para termos uma pequena noção do fraco investimento que o nosso país
(ainda) faz em algumas modalidades desportivas, e neste caso na natação e nos seus
equipamentos. Em Espanha, a primeira Piscina Coberta surge no ano de 1923 e
pertence ao Clube de Natação de Barcelona, que tem a sua data de fundação em 1907,
ou seja, passados 16 anos desde a sua fundação este clube (já) tinha a sua primeira
piscina coberta. Em Portugal, olhando para o clube mais emblemático na história do
desenvolvimento da natação, o Sport Algés e Dafundo, que foi fundado a 19 de Junho
de 1915, pela junção de duas equipas de Futebol Algés e Dafundo que jogavam na
praia, e que acabariam por formar então este grande clube de natação, só passados 15
anos (1930) tiveram a sua primeira piscina com condições sanitárias, esta, no entanto
sem cobertura.

Não podemos deixar de concluir que Portugal começa com largos anos de atraso o seu
desenvolvimento no que diz respeito a este tipo de equipamentos (incluindo coberturas
e serviços de apoio à prática natatória), face ao nosso país vizinho, Espanha. “Com o
Sport Algés e Dafundo, o nosso maior clube de natação, a história regista a curiosidade
de ter saído de dois pequenos clubes de futebol” (Serpa, 2007, p.349).

Tal atraso continuaria a aumentar no séc - XX e perdura ainda nos dias de hoje. Em
Espanha existem 1.2 milhões de piscinas para lazer e desporto, cerca de 100.000 (cem
mil) são públicas (dados do último “Estudio base del parque de piscinas de uso público
y colectivo en España” realizado por “el salón Piscina & wellness Barcelona y la
Asociación Española de Profisionales del sector Piscinas (ASOFAP). (Ramos, 2018)).

Para termos uma ideia mais clara destes números em Espanha existe 1 piscina para
cada 39 cidadãos.

España es el cuarto pais del mundo y el segundo de Europa en número de piscinas de


uso residencial, con un parque actual que-según las últimas estimaciones – cuenta con
1.018.000 unidades. Sumando las piscinas y uso residencial, público y colectivo, el
número de piscinas en España ascende a casi 1,2 millones de unidades
(ASOFAP)12(Ramos, 2018).

12 Espanha é o quarto país do mundo e o segundo da Europa em maior número de piscinas para uso
residencial, com um parque atual que, de acordo com as últimas estimativas, tem 1.018.000 unidades.
Somando as piscinas para uso residencial, público e coletivo, o número de piscinas em Espanha totaliza
quase 1,2 milhão de unidades. (Tradução Nossa)

Mariana Pereira da Silva de Lemos Guimarães de Lacerda e Mello 56


A Arquitectura no Desporto – Piscinas como caso de Estudo

Quando olhamos para os números portugueses a realidade é bem diferente. “Portugal


tem cerca de 60 000 piscinas (para uso público e privado). A área per capita estritamente
reservada à prática de atividades aquáticas encontra-se abaixo da de países vizinhos,
tais como Espanha e França.

No domínio das piscinas públicas (e em especial municipais), o desenvolvimento foi


distinto. De uma oferta inicial de apenas 36 piscinas (das quais 8 cobertas) em 1965,
até ao total de 680 (das quais 360 cobertas) em 2005, distribuídas por cerca de 500
instalações. No distrito do Porto para um total de 1.522.763 habitantes (censos de 2001),
existem 43 piscinas municipais. Compreendem 93 tanques de vários tipos e dimensões,
90% dos quais são cobertos ou convertíveis, e correspondem no seu conjunto a uma
área total de 21242m2, o que equivale a um valor de 13.8m2 de água para fins
recreativos por 1000 habitantes, ligeiramente acima do valor recomendado pela
Amateur Swimming Association, do Reino Unido, de 13m2/1000 habitantes
(CDCP,2009)”.(Matos, [s.d.]).

Mariana Pereira da Silva de Lemos Guimarães de Lacerda e Mello 57


A Arquitectura no Desporto – Piscinas como caso de Estudo

Ilustração 16 - Mapa de Portugal com a localização das diversas Piscinas Municipais. Fonte: Nossa

Mariana Pereira da Silva de Lemos Guimarães de Lacerda e Mello 58


A Arquitectura no Desporto – Piscinas como caso de Estudo

Recorremos, pois, a um parágrafo do Livro História do Desporto em Portugal de Homero


Serpa, que faz refletir sobre o atraso de Portugal face ao desenvolvimento de
equipamentos Aquáticos, neste caso as Piscinas.
Promover a const rução de piscinas onde se pudesse prat icar nat ação durant e todo o ano; E
Sugerir ao Ministério da Guerra a implement ação de provas de nat ação exclusivament e dest inadas a soldados e
marinheiros R
Se tivesse
Em obediência sido realizaram-
a este plano aproveitado o entusiasmo
se em detomuitos
Lisboa e no Por Portugueses
campeonatos pela
locais de 10 0 e natação, que não
50 0 met ros.
era apenas um desejo de competir, mas, essencialmente, a percepção da sua utilidade, À
No Por to:
até ao nível da sobrevivência dos indivíduos, não teríamos chegado aos últimos vinte e d

cinco anos do século XX como um país de marinheiros que não sabia nadar. Não era da
N
tradição dos governos monárquicos fomentar o ensino público, a I República, apesar do
c
seu declarado interesse pela revolução e expansão da escola, viveu assoberbada por
complexos problemas sem a resolução dos quais era difícil lançar uma política desportiva N
baseada em valores sociais e pedagógicos, e o império nacionalista lançado a partir de r
28 de Maio de 1926 tinha outras preocupações e intenções afastadas da cultura do povo.
Foi um conjunto de circunstâncias que manteve o desporto português numa zona de T
G
mediocridade de onde, esporadicamente, saiu em virtude de rasgos individuais, alguns
deles aproveitados de uma forma obscena pelos propagandistas do regime.
R
F
E a natação oferecia condições excepcionais a uma expansão programada pelo menos M
em lugares privilegiados do litoral. Por aí se devia ter começado. Tratava-se sobretudo
de apoiar com meios materiais e técnicos um largo contingente de pioneiros que
traçaram “piscinas” com boias de cortiça
Figura 20 - Grupo de concorrent es às
nas docas e nos rios, utilizaram batelões como
Figura 21 - Primeiros classif icados na prova do Por t o,
bases de apoio, fizeram das praias pontos
provas realizadas no Por t o. ao cent ro W à esquerda
right ,de Tait e à direit a Villares.
associativismo e organizaram provas.
(Serpa, 2007, p. 346, 347)

Ilustração 17 – Prova de natação realizada em Leixões. ( Adaptado a partir de: A História da Natação Portuguesa)

Figura 22 - Desenrolar das provas em Leixões. É de not ar que o espaço da corrida


era balizado por barcos colocados ao longo do percurso.

p.2 8

Mariana Pereira da Silva de Lemos Guimarães de Lacerda e Mello 59


A Arquitectura no Desporto – Piscinas como caso de Estudo

3. ENQUADRAMENTO ARQUITETÓNICO

3.1. CLASSIFICAÇÃO DAS PISCINAS

As piscinas têm uma vasta dimensão de utilização, que vão desde a aprendizagem, ao
treino e à competição de natação, até as atividades ligadas à medicina e ao lazer, entre
outros. Face a esta diversidade de usos, têm sido várias as propostas de classificação
por diversos órgãos nacionais e internacionais, Segundo a Diretiva CNQ Nº23/93 as
piscinas podem ser classificadas com base em dois grandes grupos: Ambiente ou
Tipologia construtiva e Valência ou Tipologia funcional. Estes dois grandes critérios vão
ajuda -nos a entender um pouco melhor este mundo da arquitetura das piscinas.

Quando falamos de ambiente ou tipologia construtiva, estamos a referir-nos a Piscinas


ao Ar Livre, às Piscinas Cobertas, às Combinadas e ainda às Convertíveis. Já quando
falamos em Valência ou tipologia Funcional, referimo-nos ao seu funcionamento, isto é,
“para que servem” como é exemplo a Piscina Desportiva, a de Aprendizagem e Recreio,
as Infantis ou Chapinheiros, as de Recreio e Diversão e, por fim, as Polifuncionais ou
Polivalentes. Toda e qualquer tipologia de piscina tem uma valência funcional,
circunstância determinante de que os dois grandes critérios de diferenciação andem,
por sua vez, sempre interligados.

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3.1.1. PISCINAS AO AR LIVRE

São piscinas ao ar livre todas as áreas de planos de água (tanques artificiais)13 para
banhos ou atividades aquáticas não confinados por estruturas de cobertura e envolvente
fixos e permanentes, como era o caso da Piscina do Areeiro, do arquiteto Alberto José
Pessoa, da Piscina dos Olivais, dos arquitetos Aníbal Barros da Fonseca e Eduardo
Paiva Lopes, da Piscina Infantil do Campo Grande do arquiteto Francisco Keil do
Amaral14 (que durante muitos anos foram referências para os lisboetas) e da Piscina da
Quinta da Conceição, do arquiteto Álvaro Siza15.

Ilustração 18 – Piscina Municipal do Areeiro. ( Adaptado a partir Ilustração 19 – Piscina dos Olivais. ( Adaptado a partir de:
de: https://restosdecoleccao.blogspot.com/2014/08/piscina- https://restosdecoleccao.blogspot.com/2014/05/piscina-
municipal-do-areeiro.html). municipal-dos-olivais.html?m=1).

Ilustração 20 – Piscina do Campo Grande. ( Adaptado a partir de: Ilustração 21 – Piscina Quinta da Conceição. ( Adaptado a
https://restosdecoleccao.blogspot.com/2014/08/piscina-infantil-do- partir de: http://www.matosinhosport.com/gca/?id=501.
campo-grande.html).

13 Tanque – Infraestrutura construtiva onde está contida a água e em que se desenvolvem as atividades
aquáticas
14 Francisco Keil do Amaral (Lisboa, 1910-1975), homem da resistência antifascista, é uma figura referencial

para a classe dos arquitetos. Resistente à aplicação direta dos códigos das vanguardas do Movimento
Moderno, a referência Arquitetura holandesa de Dudok está patente na sua vasta obra que assenta no
desenvolvimento de uma terceira via feita entre o local e o internacional, conjugando o valor do lugar com
uma austera economia de meios criando espaços de qualificada intimidade.
15 Álvaro Joaquim de Melo Siza Vieira (Matosinhos, 1933 -), estudou na Faculdade de Arquitetura da

Universidade do Porto (1949-1955), teve o seu primeiro projeto em 1954, um ano antes de ter terminado o
seu curso. Colaborou no atelier do arquiteto Fernando Távora assim que concluiu os seus estudos em 1955
e por lá permaneceu até 1958. Autor de numerosos projetos quer a nível nacional, quer a nível internacional.

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Piscina Municipal do Areeiro

A Piscina Municipal do Areeiro está localizada na Avenida de Roma, em Lisboa. Foi


projetada pelo arquiteto Alberto José Pessoa16 e teve a sua inauguração a 17 de abril
de 1966. Foi a primeira piscina coberta mandada construir pelo município de Lisboa,
sendo considerada por alguns como uma obra emblemática da arquitetura Moderna
Portuguesa dos anos 60.

Ilustração 22 – Localização da Piscina do Areeiro na Avenida de Roma. ( Adaptado a partir de: Nossa).

Dotada de um tanque de 25 metros e 6 pistas, de bancadas com capacidade para 300


pessoas, dispunha ainda de dois balneários, um para senhoras, no primeiro andar, e
outro no piso térreo, para homens. Durante muitos anos foi a única piscina
permanentemente coberta e com bancadas para o público em Portugal. As suas
características permitiam a realização de provas de natação, quer regionais quer
nacionais (e até mesmo algumas internacionais).

Ilustração 23 - Piscina Municipal do Areeiro em Construção. ( Adaptado a partir de: Arquivo Municipal de Lisboa).

16 Alberto José Pessoa nasceu em Coimbra em 1919, estudou os primeiros anos em Coimbra, mas foi em
Lisboa que acabaria por tirar o seu curso de arquitetura na Escola de Belas Artes de Lisboa, em 1943.
Alberto José Pessoa marca a arquitetura de Lisboa com múltiplas obras emblemáticas como as
urbanizações da Avenida Infante Santo, da Avenida de Paris e da Praça Pasteur, a Piscina Municipal do
Areeiro, o anfiteatro ao ar livre de Monsanto ou o Parque Infantil do Alvito, para além de ter integrado a
equipa de arquitetos que projetou a Fundação Calouste Gulbenkian. Morre em Lisboa em 1985. (Cf.
Machado, Paula, Camara Municipal de Lisboa, Comissão Municipal toponímia, Alberto José Pessoa, 2005)

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Ilustração 24 – Inauguração da Piscina Municipal do Areeiro. Ilustração 25 – Prova de Natação da Piscina Municipal do
( Adaptado a partir de: Arquivo Municipal de Lisboa. Areeiro. ( Adaptado a partir de: Arquivo Municipal de Lisboa.

Ilustração 26 – Parte da Bancada da Piscina Municipal do Ilustração 27 – Verão na Piscina municipal do Areeiro.
Areeiro. ( Adaptado a partir de: Arquivo Municipal de Lisboa). ( Adaptado a partir de: Arquivo Municipal de Lisboa).

Encerrada pelo município em 2001, assim permaneceu durante alguns anos. O seu
estado de degradação aumentou, chegando mesmo a ser ameaçada de demolição total.
Aquando do anúncio por parte da autarquia do abate desta e de mais duas piscinas
emblemáticas na cidade de Lisboa (Olivais e Campo Grande), muitas foram as pessoas
que contestaram tal decisão, entre elas, Helena Roseta, presidente da Ordem dos
Arquitetos, à data de tal decisão. A arquiteta alertou o então presidente da Câmara
Municipal de Lisboa, Carmona Rodrigues, da importância emblemática destas obras
arquitetónicas. Na missiva escrita, “Helena Roseta recorda que as Piscinas do Areeiro,
dos Olivais e do Campo Grande são «hoje uma referência para os arquitectos e para as
populações que, durante décadas serviram»”.(CUNHA, 2006). Para Helena Roseta
trata-se de obras “executadas com um cuidado extremo, quanto à funcionalidade, à
articulação com as artes plásticas e à pormenorização construtiva que relevam a
destreza e inteligência da arquitectura produzida no país durante a década de
60.”(CUNHA, 2006)

Acrescentou ainda que os arquitetos autores destes projetos “desempenharam um


papel significativo na cultura portuguesa num período politico em que o imobilismo era
real.” (CUNHA, 2006)

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Ilustração 28 - Estado de degradação da Piscina Municipal do Ilustração 29 - Estado de degradação da Piscina Municipal
Areeiro (2012). ( Adaptado a partir de: do Areeiro (2012). ( Adaptado a partir de:
http://lisboasos.blogspot.com/2012/06/comedia-de-costa-e-o-seu- http://lisboasos.blogspot.com/2012/06/comedia-de-costa-e-o-
livro-dos.html). seu-livro-dos.html).

Ilustração 30 - Estado de degradação da Piscina Municipal do Ilustração 31 - Estado de degradação da Piscina Municipal
Areeiro (2012). ( Adaptado a partir de: do Areeiro (2012). ( Adaptado a partir de:
https://restosdecoleccao.blogspot.com/2014/08/piscina-municipal- https://restosdecoleccao.blogspot.com/2014/08/piscina-
do-areeiro.html). municipal-do-areeiro.html).

No entanto, a piscina viria mesmo a ser demolida dando lugar ao Complexo Desportivo
Supera do Areeiro, gerido pelo grupo Galega Sidecu. O Complexo Desportivo Supera
do Areeiro abre portas a 14 de Julho de 2015 e desde desse dia oferece aos seus
clientes dois tanques artificiais, um de 25 metros por 12,5 metros e outro de 12,5 metros
por 8 metros, denominado “tanque de aprendizagem”. Oferece ainda uma zona de Spa
e uma sala de fitness com cerca de 900m2. Não sendo propriamente a opção ideal para
a recuperação da antiga Piscina do Areeiro, este complexo desportivo veio, no entanto,
colmatar a falta de equipamentos desportivos de que a população de Lisboa sofria.

E se a nível arquitetónico podemos dizer que a qualidade não é brilhante, como afirma
“o próprio presidente do júri do concurso internacional lançado pela autarquia, Pedro
Brandão”(Henriques, 2011b), também é certo que o município em causa não dispunha
de orçamento para a modernização e adequação do espaço às regras de higiene e

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segurança atualmente vigentes. A demolição total da piscina gerou controvérsia, muitos


foram os que disseram que a nova obra, ela mesma, não respeitava o plano diretor
municipal e o vereador do CDS-PP, António Carlos Monteiro, chegou mesmo a afirmar
“O projecto vencedor é susceptível de violar o Plano Director Municipal, uma vez que
ocupa o terreno adjacente, o chamado logradouro. (Henriques, 2011a). Por sua vez, o
director do departamento municipal do Desporto da Câmara de Lisboa, Mário
Guimarães, defendeu ser inviável manter a piscina do Areeiro, uma vez que a empresa
espanhola se propunha “construir no local uma cave com três pisos de estacionamento,
o que desde logo impossibilitaria a manutenção do antigo tanque.”(Ribeiro, 2013)

O sucedido foi a demolição da dita piscina do Areeiro. No seu lugar surgiu um edificio
que desvirtua a Avenida de Roma. A empresa que o projetou parece não ter mostrado
interesse (ou sensibilidade, aduzimos nós) em manter a “traça da rua”, mas sim o aspeto
funcional com que pretendia dotar o projeto, e a realidade é que o Ginásio Supera, deste
ponto de vista, cumpre as funcionalidades que a Câmara de Lisboa pedia (Ginásio, Spa,
Piscina).

Mas ele também já não respeitava as actuais regras de segurança e higiene. E substituir
o tanque de uma piscina é muito mais caro do que fazer uma nova cuba”, referiu ainda
o director do departamento municipal do Desporto. (Ribeiro, 2013).

À questão da qualidade arquitectónica dos projectos - o próprio presidente do júri do


concurso internacional lançado pela autarquia, Pedro Brandão, admite que “não é
brilhante”(Henriques, 2011a).

A filosofia do Supera Areeiro é aproximar o desporto a pessoas de todas as idades,


estando particularmente vocacionado para a família. E quer fazê-lo com altíssimos
índices de qualidade, com os melhores equipamentos desportivos e com profissionais
altamente qualificados, a um preço, muito acessível. A Supera aspira converter-se num
dinamizador da vida social da freguesia, onde a família vai fazer desporto, criando
emprego e oferecendo um lazer responsável que emerge de uma melhoria da saúde e
bem-estar da população.(Barbosa, 2015,p.30).

Ilustração 32 – Complexo Desportivo Supera do Areeiro. Ilustração 33 – Vista interior dos tanques artificiais do
( Adaptado a partir de: https://www.centrosupera.com/wp- Complexo Desportivo Supera. ( Adaptado a partir de:
content/uploads/2015/04/noticias2lisboa.jpg). https://pt.centrosupera.com/lisboa/).

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A Arquitectura no Desporto – Piscinas como caso de Estudo

Ilustração 34 – Ginásio do complexo Desportivo Municipal Supera Ilustração 35 – Aula de aprendizagem de natação a
do Areeiro. ( Adaptado a partir de: decorrer no tanque de aprendizagem do Complexo
https://pt.centrosupera.com/lisboa/). Desportivo Municipal Suoera do Areeiro. ( Adaptado a
partir de: https://nit.pt/fit/01-08-2016-sabe-qual-e-o-
ginasio-mais-perto-de-si/attachment/24493).

Da nossa perspetiva, tendemos a acompanhar as críticas empreendidas ao projeto.


Pensamos que a salvaguarda, mesmo que parcial, da traça do edifício existente, de
valor histórico e arquitetónico reconhecidos, e ainda que ampliado e reconvertido, de
modo a que se adequasse à regulamentação atual, seria uma aposta respeitadora tanto
do ambiente urbano envolvente, como da história que a própria piscina albergava e
cumpriria, com certeza, as funcionalidades para a prática desportiva em geral, e
natatória, em particular.

Na realidade, a circunstância de se construir um estacionamento subterrâneo não


constituiria necessariamente obstáculo à preservação do edifício (como é do
conhecimento geral, vários são os pontos de Lisboa, e mesmo até da Baixa Pombalina
– que por si só colocam questões mais complexas na execução dos projetos – em que
se erigiram parques de estacionamento salvaguardando o património à superfície),
poderia implicar a renovação dos tanques existentes, substituindo-os por novos e
diferentes, mas tal não se traduziria necessariamente no sacrifício integral de uma
infraestrutura como era a das Piscinas do Areeiro, implicando a perda de uma memória
que merecia ser perpetuada.

Em todo o caso, e se nos debruçarmos apenas na utilidade prática do equipamento não


podemos deixar de reconhecer que, de certo modo, estas piscinas e complexo
desportivo, vieram colmatar uma necessidade premente nas Avenidas Novas, partindo
do pressuposto de que estes equipamentos público / privados em muito contribuem para
a saúde física e mental e o desenvolvimento de ambas, entre a população deles
beneficiária.

Resta-nos apenas fazer uma referência à circunstância da integração das Piscinas do


Areeiro neste capítulo onde predominam os tanques ao ar livre. Optámos por elencar
as mesmas neste capítulo tendo em conta a sua funcionalidade e a lógica de estudo e

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A Arquitectura no Desporto – Piscinas como caso de Estudo

observação a par com outras piscinas lisboetas da mesma época e que tanto
representaram para várias gerações de munícipes, da segunda metade do séc. XX, da
cidade de Lisboa.

Piscina dos Olivais

A Piscina dos Olivais está localizada, tal como o seu nome indica, na freguesia dos
Olivais do município de Lisboa. Pertencente à zona oriental da capital e com cerca de
51 036 habitantes, é uma das freguesias mais populosas da cidade de Lisboa.

Ilustração 36 - Localização da Piscina dos Olivais. ( Adaptado a partir de: Google maps).

Cheia de história para Lisboa e para Portugal, a Piscina dos Olivais foi a primeira Piscina
Olímpica (50 metros) construída no nosso país, como já havíamos referenciado
anteriormente. Foi projetada pelos arquitetos Aníbal Barros da Fonseca17 e Eduardo
Paiva Lopes18 (projetam ainda obras como o conjunto arquitetónico do “Hotel Lutécia”,
“Cinema Vox” e “Teatro Maria Matos”), e cedo se tornou “A Piscina” de Lisboa, não só
pelo seu tamanho, mas também pela importância desportiva que deteve, uma vez que
era aqui que se realizavam as mais importantes provas de natação, ocorridas em
Portugal, quer a nível nacional, quer a nível internacional.

17 Aníbal Barros da Fonseca (1928 – 2000) arquiteto Português responsável por obras como a Piscina dos
Olivais e o Teatro Maria Matos em Lisboa. Formou-se na escola superior de Belas Artes de Lisboa em 1955.
18 Eduardo Paiva Lopes arquiteto Português responsável por obras como a Piscina dos Olivais e o Edifício

do Banco Crédit Franco- Portugais (projeto conjunto com o arquiteto Manuel Silva Fernandes) premiado
com o prémio Valmor em 1985. A ordem, não dispõem de informação sobre a sua data de nascimento.

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A Arquitectura no Desporto – Piscinas como caso de Estudo

Ilustração 37 – Maqueta da Piscina dos Olivais. ( Adaptado a partir de: Arquivo Municipal de Lisboa).

Inaugurada a 25 de Julho de 1967, viria a receber, passados uns dias, o “Torneio das 6
Nações “19, em natação. A Piscina dos Olivais foi um marco importante para muitos
atletas da natação portuguesa: nela foram batidos 12 recordes Nacionais, e ali treinaram
muitos outros atletas, com sonhos de chegar a lugares internacionais. No entanto, nem
tudo era “ouro” e cada vez mais se começava a notar a nossa falta de mentalidade
desportiva nacional, assim como o fraco investimento das autarquias na manutanção
destes equipamentos de interesse público.

Por isso reafirmamos que a natação desportiva, no estado actual de mentalidade das
autarquias municipais, apenas poderá contar com as piscinas dos clubes, para o seu
desenvolvimento e expansão, já que aquelas entidades apenas se preocupam com a
exploração comercial das suas Piscinas. (F.P.N, 1967,p.13).

Será possível que alguma vez em Portugal exista uma edilidade que proceda como fez
o “Ayuntamiento” de Barcelona, que estabeleceu um programa de construção de 18
piscinas no valor de cerca de 33.000 contos a edificar em 2 anos e que à medida que
vão sendo inauguradas, as entrega à orientação de clubes da área onde se situam?
(F.P.N. ,1967, p.13).

19Torneio realizado todos os anos, contava com a presença de seis países (Portugal, Espanha, Noruega,
Bélgica, Suíça, e País de Gales). De salientar que no ano de 1966 o torneio das 6 nações tinha-se realizado
em Oslo e a “Natação portuguesa espelhou nas águas muito límpidas da Piscina do Fragnerpark todo o
seu atraso e falta de nível internacional” (relatório e Contas 1967, Gerência de 1966)

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Ilustração 38 - Prova de natação realizada aquando da Ilustração 39 - Calendario da Realização de Provas de


inauguração das piscinas dos Olivais. . ( Adaptado a partir de: Natação. ( Adaptado a partir de: Relatório e Contas 1967,
Arquivo Municipal de Lisboa): Gerencia 1966, FPN)).

Durante anos a Piscina dos Olivais serviu alguns dos clubes de natação da região de
Lisboa, na medida em que nela os praticantes treinavam em piscina olímpica, no
entanto, esta possibilidade só aconteceria nos meses mais quentes (verão), uma vez
que a piscina não tinha qualquer cobertura. Esta mesma cobertura só viria a ser
projetada e construída no ano de 1983, aquando da realização da primeira Taça Latina
em Lisboa. Tratava-se de uma cobertura amovível, e viria a permitir aos clubes de
Lisboa treinarem numa Piscina de 50 metros também nos meses de Inverno.

É importante salientar que a Piscina dos Olivais não se destinava apenas à prática de
natação, era também amplamente utilizada como piscina de recreio e lazer por centenas
de lisboetas, fundamentalmente nos meses mais quentes do ano.

As minhas memórias e as de muitas pessoas que habitavam Lisboa, e não só, é que a
piscina dos Olivais era “A Piscina”. Para começar tinha 50m, coisa rara na altura. Aliás,
elas foram construídas por causa do torneio das Seis Nações em natação que se realizou
dois ou três dias depois da sua inauguração (a 25 Julho de 1967). Foi a primeira grande
competição internacional. Depois, porque era um lugar de convívio, com espaço para
jogos e piqueniques, tinha um polidesportivo e ténis. A partir de 2000, passou a ter uma
piscina de 25 metros coberta. Na piscina exterior, a certa altura, colocou-se uma
cobertura, muito grande, que as pessoas chamavam de igloo, para manter a temperatura
a um nível adequado para banhista e atletas.(cf. Costa, 2015).

Mariana Pereira da Silva de Lemos Guimarães de Lacerda e Mello 69


A Arquitectura no Desporto – Piscinas como caso de Estudo

Ilustração 41 – Banhistas na Prancha de Saltos da piscina dos


Ilustração 40 – Banhistas na piscina dos Olivais. ( Adaptado a
Olivais. ( Adaptado a partir de: Arquivo Municipal de Lisboa).
partir de: Arquivo0 Municipal de Lisboa).

Ilustração 42 – Vista noturna da piscina dos Olivais. ( Adaptado a Ilustração 43 – Prova de Natação noturna realizada na piscina
partir de: Arquivo Municipal de Lisboa). dos Olivais. ( Adaptado a partir de: Arquivo Municipal de
Lisboa).

Em 2005 a piscina dos Olivais é encerrada e nem a recente piscina de 25 m, inaugurada


no ano de 2000 escapa ao seu encerramento. Fechava assim as portas uma das mais
emblemáticas piscinas de Lisboa. Foi um finilizar de várias décadas de histórias e
partilhas, quer desportivas quer de lazer. nós próprios, enquanto atletas de alta
competição de natação, lembramo-nos das primeiras provas realizadas nesta piscina,
estavamos nervosos, afinal tudo era novo, uma piscina descoberta (lembramo-nos de
que era verão), o dobro do tamanho 50 metros (não nos podemos esquecer que poucos
eram os clubes que podiam treinar em piscinas de 50m, afinal, a deslocações a Lisboa
saíam caras aos clubes e não se tinha a certeza de que compensasse, visto haver tão
poucas piscinas olímpicas no país, sendo a maioria das competições (provas de
natação) realizadas nas piscinas de 25 metros), a juntar a tudo isto decorria o ano de
1999, e nós apenas tinhamos 8 anos.

Tal como nós, muitos são os atletas que por lá passaram, tantas são as memórias que
levamos connosco e mesmo se a piscina se fecha, as memórias, essas, permanecem
vivas.

Mariana Pereira da Silva de Lemos Guimarães de Lacerda e Mello 70


A Arquitectura no Desporto – Piscinas como caso de Estudo

No ano de 2009, o município decide dar uma nova vida à Piscina dos Olivais (e não só);
para isso, recorre a um concurso público para a requalificação das 3 principais piscinas
de Lisboa (Areeiro, Campo Grande e Olivais).

Para surpresa do então Presidente da Câmara da altura, ninguém concorreu; este


“desinteresse” dá-se devido às normas que o concurso apresentava, ou seja estava
condicionado à circunstância de as piscinas não poderem ser exploradas isoladamente:
quem ganhasse o concurso teria de requalificar as três piscinas, o que para qualquer
empresa seria um investimento muito elevado e cujo retorno a curto médio prazo seria
difícil de antecipar.

Assim, e face ao sucedido, a Câmara Municipal de Lisboa decide lançar novo concurso,
desta vez a nível internacional e com normas diferentes: decorria então o ano de 2010
quando o grupo Ingesport ganha a concessão das Piscinas dos Olivais e do Campo
Grande (já a piscina do Areeiro seria ganha pelo Grupo Galega Sidecu, consoante já
desenvolvemos).

Em 2005 deu-se o encerramento. Porquê? Primeiro, porque as despesas eram muito


superiores às receitas. Sendo descoberta só era rentabilizada no verão. Conservação e
manutenção foram descuradas e, a certa altura, a decadência das infraestruturas era tal,
que só havia duas maneiras de resolver o problema ou se faziam obras de grande
envergadura, que a CML não estava em condições de o fazer, ou se promovia um
concurso para se reabilitar e gerir o espaço. (cf Costa, 2015, p.31).

Ilustração 44 - Estado de degradação da piscinas dos Olivais. Ilustração 45 - Abandono das Piscinas dos Olivais. ( Adaptado a
( Adaptado a partir de: partir de: https://restosdecoleccao.blogspot.com/2014/05/piscina-
https://www.publico.pt/2012/02/02/jornal/piscinas-do-areeiro- municipal-dos-olivais.html
olivais-e-campo-grande-nao-reabrem-no-verao-como-prometido-
23907239.

Passados dez anos do seu encerramento e consequente abandono, a Piscina dos


Olivais abre novamente portas a 3 de Fevereiro de 2015, com inauguração a 14 de
Fevereiro de 2015 do mesmo ano.

Mariana Pereira da Silva de Lemos Guimarães de Lacerda e Mello 71


A Arquitectura no Desporto – Piscinas como caso de Estudo

Ao contrário do que viria a acontecer com a piscina do Areeiro, a Ingesport tentou


“manter” acesa a alma desta piscina tão emblemática para tantos lisboetas. Podemos
constatar tal facto, lendo a memória construtiva do Centro Desportivo Go Fit Olivais.

O complexo desportivo das Piscinas dos Olivais é uma referência profundamente


enraizada na memória coletiva de várias gerações de Lisboetas. As particularidades
físicas e arquitetónicas do conjunto fazem com que se destaque de outas instalações
desportivas: trata-se de um conjunto de edificações situadas numa parcela de 29 000
m2, a meio caminho entre o aeroporto e a “Expo”, com um pulmão verde que envolve os
edifícios projetados nos anos 60 pelos Arquitetos Eduardo Paiva Lopes e Aníbal Barros
da Fonseca, cuja arquitetura de grande qualidade constitui o eixo sobre o qual gira toda
a intervenção realizada. ... Depois de décadas de uso, a deterioração tornou-se
evidente e um abandono completo propiciou atos de vandalismo, entre os quais se conta
um incêndio na antiga sala de judo, desmantelamento de materiais e destruição das
próprias instalações, a adaptação do antigo pavilhão a uma pista de skate e a
proliferação de grafitis. A intervenção proposta consiste na renovação do complexo
desportivo, mantendo e reabilitando as edificações originais, incorporando novos usos e
novas edificações que permitam completar um programa desportivo muito ambicioso.
... Este conjunto de intervenções enquadra-se numa reabilitação arquitetónica das
edificações originais, onde o desafio principal era o respeito pelas pré-existentes e a
incorporação de novos usos, que determinavam novas necessidades e instalações: foi
mantido o esqueleto e a envolvente, renovaram-se completamente os sistemas, os
órgãos, os circuitos, tendo-se dotado todos os espaços de novas instalações elétricas,
canalizações, gestão técnica, acústica, climatização, etc.. ... A segunda parte da
intervenção consistiu na adequação das piscinas exteriores, uma grande piscina
olímpica descoberta e um tanque de saltos aos quais, uma vez que o uso como
instalação de alta competição deixou de fazer sentido, deveriam converter-se em várias
piscinas adequadas a usos e utilizadores distintos. Neste sentido, o conjunto da piscina
olímpica foi dotado de uma nova cobertura ... que alberga quatro piscinas climatizadas
dentro do antigo vaso de 50m. Na piscina de natação, de 25m, planeou-se desde início
deixar duas pistas de 50m, como vestígio da piscina original.

Alterou-se a profundidade do tanque de saltos para adaptá-lo ao uso recreativo,


mantendo-se como piscina de verão. A intervenção completa-se com a conservação e
valorização de elementos singulares como a plataforma de saltos, a antiga bancada e
respetiva cobertura, agora convertidas numa pérgula solar, a qual aloja numerosos
painéis solares que servem a piscina. ... O resultado final é um complexo de 7400m2,
numa parcela com uma área de 24 800m2, que representa uma aposta forte no desporto
para todos, incorporando novos usos e espaços e respeitando as singulares Piscinas
dos Olivais e as suas edificações notáveis. O miúdo que ali aprendeu a nadar nos anos
70, quando hoje lá for com os seus filhos, reconhecerá num relance as piscinas dos
Olivais. Dispostas a receber novas gerações de Lisboetas. (cf. Martinez, 2015).

Mariana Pereira da Silva de Lemos Guimarães de Lacerda e Mello 72


A Arquitectura no Desporto – Piscinas como caso de Estudo

Ilustração 46 – Piscina dos Olivais. ( Adaptado a partir de: Ilustração 47 - Intervenção do Arquiteto Jorge Barata Martinez,
Arquivo Municipal de Lisboa). Go fit Olivais. ( Adaptado a partir de: Memória Construtiva do
Centro Desportivo GO FIT Olivais).

Ilustração 48 - Intervenção proposta pelo Arquiteto Jorge Barata Martinez para as antigas Piscinas dos Olivais atual GO FIT Olivais,
( Adaptado a partir de: Memória Construtiva do Centro Desportivo GO FIT Olivais).

O complexo Desportivo Go Fit dos Olivais veio assim servir a população da zona oriental
de Lisboa e colmatar um vazio urbano nessa mesma área. Com uma área de 934m2
dividida em 4 piscinas, 3 interiores e 1 exterior; uma sala de fitness com
aproximadamente 1000m2, e mais uma área de aproximadamente 800m2 para salas de
desporto, este equipamento público/privado (uma vez que a CML assegurou a
concessão da infraestrutura com direito de superfície por 35 anos) (Barbosa, 2015) veio
dar nova vida as “antigas piscinas dos Olivais” e “ajudar” a colmatar a falta de
equipamentos desportivos deste tipo que se sente em Portugal.

Basta observar visualmente o espaço, comparativamente, entre as antigas piscinas e o


novo complexo desportivo, para que sejamos capazes de identificar os seus traços
arquitetónicos singulares. O arquiteto Jorge Barata Martinez tenta respeitar e
salvaguardar o existente e adequá-lo às novas funcionalidades do conjunto.

Sem que se optasse por fazer tábua rasa de tudo quanto ali existia, optou-se pela sua
adequação aos novos tempos e ao conforto agora exigido na utilização de tais
equipamentos.

Mariana Pereira da Silva de Lemos Guimarães de Lacerda e Mello 73


A Arquitectura no Desporto – Piscinas como caso de Estudo

O enormíssimo vaso pré-existente foi compartimentado e permitiu quer a manutenção


de pistas de 50 m e a coordenação com pistas de 25 m e ainda a inserção de uma zona
de spa e de dois tanques de aprendizagem com virtualidade de utilização por pessoas
com mobilidade reduzida. Não descurando até o uso recreativo, manteve-se descoberta
a piscina de saltos, orientando-a para o lazer dos veraneantes em complemento com o
ginásio enorme que ali veio a ser instalado.

Apesar da solução arquitetónica poder ser um pouco contorversa de opiniões, uma vez
que muitos são aqueles que dizem que a manutenção das insfraestruturas apenas foram
“palas” para os Lisboetas, não podemos deixar de louvar a tentativa de preservação do
património. O novo equipamento apresenta uma massa arquitetónica elevada em
comparação à anterior, e por si só desvirtua o “vazio” que ali se fazia sentir, no entanto,
não podemos esquecer que a sociedade evolui e o equipamento outrora existente já
não servia a comunidade na totalidade tendo o seu programa de ser alterado.

Ora, trata-se em nosso entendimento de um belíssimo exemplo de como é possível


preservar o património construído, incluindo as suas marcas distintivas, modernizando-
- o simultaneamente, e nele plasmando o cunho do arquiteto que projeta a atualização
do equipamento.

Piscina Infantil do Campo Grande

A piscina do Campo Grande está localizada na zona sul do Jardim do Campo Grande.
“Que é o maior jardim do centro de Lisboa e tem uma área de 11 hectares 1.200m de
comprimento por 200m de largura”.(Jardim, 2020)

Ilustração 49 – Planta do Anteprojeto do Jardim do Campo Grande. ( Adaptado a partir de: Arquivo Municipal de Lisboa).

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A Arquitectura no Desporto – Piscinas como caso de Estudo

Ilustração 50– Planta topográfica do Campo Grande (1907) ( Adaptado a partir de: Arquivo Municipal de Lisboa).

Projetada pelo arquiteto Francisco Keil do Amaral, a Piscina do Campo Grande foi
durante muitos anos (e a par da Piscina dos Olivais) a piscina de referência dos
lisboetas, principalmente, durante a época de Verão.

Em Setembro de 2006 foi encerrada por falta de condições de utilização, tal como
aconteceu com as outras piscinas “históricas” da cidade de Lisboa. Em 2012 foi
assinado o contrato de reabilitação da piscina, passando esta a ser explorada pelo grupo
Espanhol Ingesport.

Ilustração 51 – Piscina Infantil do Campo Grande. ( Adaptado a partir Ilustração 52 – Piscina Infantil do Campo Grande. ( Adaptado a
de: Arquivo Municipal de Lisboa). partir de: Arquivo Municipal de Lisboa).

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A Arquitectura no Desporto – Piscinas como caso de Estudo

Ilustração 53 – Piscina Infantil do Campo Grande em estado de Ilustração 54- Piscina Infantil do Campo Grande em estado de
degradação. ( Adaptado a partir de: degradação. ( Adaptado a partir de:
http://ceramicamodernistaemportugal.blogspot.com/2011/12/painel- http://ceramicamodernistaemportugal.blogspot.com/2011/12/pain
da-piscina-do-campo-grande.html). el-da-piscina-do-campo-grande.html).

A Piscina Infantil do Campo Grande ganha um novo nome e renovada vida: passa a
chamar-se Go Fit Lisboa – Campo Grande, e disponibiliza aos seus utentes 4.600m2
com uma piscina de 25 metros, uma piscina de aprendizagem, 900m2 de sala fitness,
680m2 repartidos em 4 salas de atividades coletivas, um spa com hidromassagem,
sauna duches de contrastes e banho turco, bem como vestiários.

No Campo Grande, à obra de Keil do Amaral serão acrescentados 500 metros quadrados
de construção, num edifício de três andares que deverá albergar, além de uma piscina
de 25 metros, um tanque de aprendizagem para bebés, uma sala de Fitness de 1000
metros quadrados, jacuzzi e um estacionamento semi-enterrado de 200 lugares. A
Ingesport gostava de “colonizar o jardim e convertê-lo numa zona desportiva ao ar livre,
mantendo a vegetação” (Henriques, 2011b).

Uma vez mais neste caso, e à imagem do já observado a propósito da Piscina dos
Olivais, a intervenção em causa optou pela perservação dos elementos essenciais
anteriormente existentes, integrando-se no Jardim do Campo Grande sem se impor
através de um edifício que não se integrasse na zona envolvente, acrescentando-lhe
agora, por ampliação neste caso, um edifício que possibilita a realização de diversas
atividades desportivas, entre as quais a natação, mantendo, em boa parte, a vocação
da piscina que ali existiu há quase meio século. Mas destes e de outros aspetos
falaremos mais á frente no capítulo dos casos de estudo.

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A Arquitectura no Desporto – Piscinas como caso de Estudo

Piscina Quinta da Conceição

Situada no distrito do Porto, mais propriamente em Leça da Palmeira, a Piscina da


Quinta da Conceição, está inserida, tal como o seu nome indica no espaço da Quinta
que lhe dá nome. A Quinta da Conceição, virada para o porto de Leixões, é repleta de
vegetação e circundada pela Rua de Vila Franca e pela Avenida Antunes de Guimarães.
Surge na margem norte do rio Leça, num terreno cuja pendente é bastante acentuada,
o que aparentemente o torna bastante inóspito, daí a quase nula “humanização”
verificada no espaço físico em causa. (Cerqueira, 2018) Está neste momento
Classificada pelo Instituto Português do Património Arquitectónico, IPPAR.20

Ilustração 55 – Localização da Quinta da Conceição. ( Adaptado a partir de: Google maps).

Em meados do séc. XV, a Quinta da Conceição, outrora denominada como Quinta da


Granja, foi o local eleito pelos frades franciscanos para construir um convento, o
Convento de Nossa Senhora da Conceição da Ordem de São francisco, uma vez que
foram forçados a abandonar o convento de S. Clemente das Penhas (Boa-Nova) devido
às dificuldades criadas pela proximidade do mar relativamente a este.(Cerqueira, 2018).

Com o extinguir das ordens religiosas, os frades retiram-se e o convento fica ao


abandono por longos anos, até ser vendido em hasta pública no século XIX a Manuel
Guimarães. Finalmente e já no século XX, a quinta é cedida à Administração dos Portos
do Douro e Leixões, que a irá arrendar à comissão de turismo da Câmara Municipal de
Matosinhos, para a criação de um parque. (Cerqueira, 2018)

20 Jornal de Notícias, 24 de junho 2004. “IPPAR protege Obras”

Mariana Pereira da Silva de Lemos Guimarães de Lacerda e Mello 77


A Arquitectura no Desporto – Piscinas como caso de Estudo

É nesta altura e com este intuito que é solicitada ao arquiteto “Fernando Távora21,
contando com a colaboração de José Pacheco22, Álvaro Siza Vieira, Alberto Neves23 e
Vasco Cunha24, a elaboração de um plano de melhoramento da quinta.(Cerqueira, 2018)

Uma vez no local, o arquiteto depara-se com um terreno onde a vegetação era
abundante e que se encontrava repleto de “relíquias” deixadas pelos frades franciscanos,
como a capela de S. Francisco, o Portal de Estilo Manuelino, o Claustro, a avenida que
fazia a ligação entre as diversas obras, os tanques destinados à irrigação, um pináculo
e até algumas estátuas. (Cerqueira, 2018)

O parque foi um convento de Frades que se instalaram ali no sec. XV e, depois uma
propriedade particular. Existiam a avenida, a capela, o claustro, os tanques e, portanto,
havia já elementos que garantiam uma estrutura a manter. (apud Trigueiros, 1993,p.66).

Uma vez que a Quinta continha um enorme declive, o arquiteto Fernando Távora decide
tirar o máximo partido desse facto ao criar um jogo de plataformas, hierarquizadas pelos
percursos propostos, onde cada espaço continha um tema, preservando as memórias
vivas daquele passado no local, decide contemplá-lo com elementos pré-existentes,
reconstruindo-os e distribuindo-os pelos espaços criados, consoante sucedeu com o
portal monástico de estilo Manuelino, com o claustro, as fontes monumentais e suas
estátuas, entre outros.(Cerqueira, 2018)

Quando comecei o Projecto do Parque, dei-me conta de que o plano de acessos do Porto
de Leixões o afectava. A Zona do Claustro era cortada e no viário tinha um conflito frontal
que era desastroso. Decidi levar ao Director-Geral do Porto uma solução para o traçado
dos acessos e resolver o problema do nó que havia dectado. Ele ficou encantado. (apud
Távora, [s.d.], p.66).

21 Fernando Luís Cardoso Meneses de Tavares e Távora, nasceu no Porto a 25 de agosto de 1923.
Diplomado em Arquitetura pela Escola Superior de Belas Artes do Porto em 1952. Os seus projetos
arquitetónicos construídos, tais como o Mercado Municipal de Santa Maria da Feira (1953-59), o Pavilhão
de Ténis da Quinta da Conceição , em Matosinhos (1956-1960), a Casa de férias no Pinhal de Ofir, em Fão
(1957-1958), a ampliação das instalações da Assembleia da República, em Lisboa (1994- 1999) ou a casa
da Câmara / casa dos 24, no Porto (1995-2002), refletem um forte sentido de responsabilidade social na
forma como associa a criatividade à criteriosa abordagem ao sítio, aos pormenores técnicos e à
funcionalidade da Obra. Morreu no dia 3 de setembro de 2005, em Matosinhos. (Sobral et al., 2009)
22 José Rocha dos Santos Pacheco (José Pacheko, como assinava) nasceu a 24 de abril de 1885 em

Lisboa, estudou na Escola de Belas Artes de Lisboa e mais tarde ingressou na Escola de Arquitetura de
Paris, onde foi um aluno laureado.
23 Alberto Augusto da Silva Neves, nasceu a 25 de julho de 1930, formou-se na Escola de Belas Artes do

Porto
24 Vasco Jorge Antunes da Cunha nasceu a 16 de julho de 1933 em Angola. Vem para Portugal em 1942

apenas com 8 anos, onde fica a viver em casa do seu tio em Lisboa, mais tarde, muda-se para Coimbra
onde acaba por ingressar na Escola Superior de Belas Artes do Porto (devido a proximidade) no curso de
Arquitetura decorria o ano de 1952. Em 1955 é convidado para ser colaborador do Arquiteto Fernando
Távora, com este, participou em vários projetos como é o caso do Mercado Municipal de Santa Maria da
Feira (1953-59) onde foi responsável pelo desenho das caixilharias, o Pavilhão de Ténis da Quinta da
Conceição (1956- 1960) (trigueiras,1933, p.188). Os seus projetos a nível individual predominam
geograficamente na cidade de Coimbra.

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A Arquitectura no Desporto – Piscinas como caso de Estudo

Ilustração 56 - Planta Quinta da Conceição (1958,60). ( Adaptado a partir de:


Dissertação de Mestrado Ricardo Cerqueira).

“Fernando Távora decide, pois, criar cinco pontos de entrada para a Quinta, sendo que
dois se situam a Poente, um a Norte e outro a Nascente. A entrada principal orienta-se
a partir do Sul do Parque. (Ilustração 57)” (Cerqueira, 2018).

Ilustração 57 – Localização das entradas da Quinta da Conceição. ( Adaptado a partir de: Dissertação de
Mestrado Ricardo Cerqueira).

Os percursos principais encontram-se centralizados na quinta. A centralização é


absolutamente propositada, pois a avenida descortinada encontra-se subdividida em
três pátios, a três cotas diferentes e é a partir daqui que vão “nascer” os percursos
secundários, que farão a ligação a todas as zonas e equipamentos previstos no espaço.

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A Arquitectura no Desporto – Piscinas como caso de Estudo

A uma cota superior verifica-se a ligação à Piscina (Ilustração 58), projetada pelo
Arquiteto Siza Vieira, assim como ao Bar-Restaurante (Ilustração 59), ambos junto à
entrada Norte. (Cerqueira, 2018)

Mais abaixo temos um segundo pátio, onde se encontra a capela (Ilustração 60), e dali
surgem dois caminhos, um para o Court de Ténis (Ilustração 61 e 62) e outro para uma
alameda principal que colidirá com a alameda secundária, enfatizando a real diferença
entre a tipologia dos percursos, fluindo numa zona de lazer, o Parque Infantil (Ilustração
63) e a entrada Nascente. (Cerqueira, 2018)

Por fim, na cota mais baixa vislumbra-se o último pátio, que dá acesso à entrada
principal (a Sul). Constitui um espaço amplo repleto de verdura (Ilustração 64) e
consolidado com elementos antigos, como tanques e lajes de granito. Daqui serve
também de ligação com o antigo claustro (Ilustração 65) e com um espaço conventual,
marcado pela porta manuelina preservada (Ilustração 66 e 67), obtendo-se desta forma
a “combinação perfeita entre o passado, o presente, o programa e o lugar”.(Cerqueira,
2018).

Ilustração 58 – Piscina Quinta da Conceição. ( Adaptado a Ilustração 59 – Bar / Restaurante da Quinta da Conceição.
partir de: https://www.behance.net/gallery/17069137/Piscina- https://www.behance.net/gallery/17069137/Piscina-da-Quinta-da-
da-Quinta-da-Conceicao-Arquitecto-Siza-Vieira). Conceicao-Arquitecto-Siza-Vieira

Ilustração 60 – Avenida de acesso à capela e pátio da capela. Ilustração 61 – Pavilhão e campo de ténis da Quinta da Conceição.
( Adaptado a partir de: Dissertação de Mestrado Ricardo ( Adaptado a partir de Arquivo Municipal do Porto).
Cerqueira).

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A Arquitectura no Desporto – Piscinas como caso de Estudo

Ilustração 62 – Plantas e Alçados do Pavilhão e Campo de Ilustração 63 – Parque Infantil da Quinta da Conceição.
Ténis da Quinta da Conceição. ( Adaptado a partir de Arquivo ( Adaptado a partir de
Municipal do Porto). http://passeiosdacaramulinha.blogspot.com/2008/11/quinta-da-
conceio-02-11-2008-1.html).

Ilustração 64 – Jardim da Entrada da Quinta da Conceição. Ilustração 65 – Antigo Claustro. ( Adaptado a partir de
( Adaptado a partir de https://www.leca-palmeira.com/quinta- https://www.leca-palmeira.com/quinta-da-conceicao-2/).
da-conceicao-2/).

Ilustração 66 – Pórtico Manuelino. ( Adaptado a partir de : Ilustração 67 - Pórtico Manuelino. ( Adaptado a partir de :
http://carlosalbuquerquecastro.com/gallery/1422). http://carlosalbuquerquecastro.com/gallery/1422).

Mariana Pereira da Silva de Lemos Guimarães de Lacerda e Mello 81


A Arquitectura no Desporto – Piscinas como caso de Estudo

Ilustração 68 – Cruzamento entre o caminho Principal e o caminho Secundário “Amarelo”. ( Adaptado a partir de :
http://carlosalbuquerquecastro.com/gallery/1422).

É de salientar que o projeto geral da Quinta da Conceição se refletiu numa série de


intervenções no âmbito do próprio parque, numeradas por fases:

Pavilhão e cortes de ténis. Reabilitação da Capela. 1ª Fase

Piscina. 2ª Fase

Pista de Patinagem e Parque Infantil. 3ª Fase

Teatro ao ar Livre. 4ª Fase

Museu. 5ª Fase

Sucede porém que, não obstante a importância e abrangência do projeto, apenas as


duas primeiras fases foram concretizadas.

A falta de verbas, essencialmente, implicou que não se executassem os restantes


projetos, apesar de existirem até os desenhos do projetado museu (Ilustração 69 e 70).

Ilustração 69 – Alçado do Museu com referência do pórtico Manuelino ( Adaptado a partir de : : Dissertação de Mestrado de Juan
António Ortiz Orueta p. 50).

Mariana Pereira da Silva de Lemos Guimarães de Lacerda e Mello 82


A Arquitectura no Desporto – Piscinas como caso de Estudo

Ilustração 70 – Planta do museu projetada à volta do antigo claustro e incorporado na edificação anexa ao pórtico Manuelino ( Adaptado
a partir de : Dissertação de Mestrado de Juan António Ortiz Orueta p. 50).

A Piscina da Quinta da Conceição é uma obra do Arquiteto Álvaro Siza Vieira, tal como
já referimos anteriormente. Inaugurada em 1965, localiza-se na zona mais elevada da
Quinta da Conceição, está “protegida” por grandes muros brancos que proporcionam
privacidade a quem disfruta destes equipamentos (piscina e solarium) desenhado por
um dos mais importantes arquitetos portugueses.

Quem percorre os caminhos da Quinta da Conceição (reorganizada pelo arquiteto


Távora entre 1956 e 1960) poderá não se aperceber que ele guarda na colina, por trás
de muros altos brancos, um recinto com piscina e solarium públicos. Esta obra foi
realizada entre 1958 e 1965 pelo arquiteto Álvaro Siza e tem particularidade de ter sido
reabilitada, muito recentemente, de forma fiel ao projeto original. Há uma vida interior
neste espaço público – recinto dentro de um recinto, reduto de intimidade, de exposição
(solar e não só ...) e seguramente de muitas memórias.(Joana Couceiro , Valentim,
2019).

O anteprojeto da piscina propunha uma disposição da piscina em forma de “L”, um


pouco mais aberta, mas praticamente a mesma que hoje mostra o corpo do bar e das
casas de banho, em relação aos balneários/ vestiários, de modo que a área envolvente
da piscina ficasse, tanto quanto possível, protegida dos ventos predominantes. 25

25Távora, Fernando, “Memória Descritiva do anteprojecto”, setembro 1958, citado por Krüger, Maria, Quinta
da Conceição, em AA.VV. Porto 1901-2001, Guia de Arquitectura Moderna, Civilização e Ordem dos
Arquitectos, Porto 2001

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A Arquitectura no Desporto – Piscinas como caso de Estudo

Ilustração 71 – Anteprojeto da Piscina da Quinta da Conceição de Álvaro Siza Vieira. ( Adaptado a partir de Dissertação de Mestrado
de Juan António Ortiz Orueta p. 62).

O arquiteto Álvaro Siza Vieira explora o potencial de todo o local e gera todo um conjunto
de plataformas, escadas e jardins, tal como viria ulteriormente a acontecer nos seus
futuros trabalhos (são exemplo a Casa de Chá da Boa Nova e, inclusive, as Piscinas de
Leça de Palmeira, que falaremos mais à frente) que complementam o achado pré-
existente, estando absolutamente integradas neste, num traço original deste arquiteto
eminente.

Nestes primeiros trabalhos foi nascendo a sensação irreprimível e decisiva de que a


arquitectura não termina em nenhum momento, vai do objecto ao espaço e,
consequentemente, à relação entre os espaços, até ao encontro com a natureza.(Vieira,
2012).

Ao visitarmos a Piscina nas duas épocas do ano (de inverno encerrada, de verão em
funcionamento), podemos constatar que esta se encontra envolvida num certo mistério,
para quem a vê do exterior, uma vez que o edifício se encontra escondido,
proporcionando a discrição necessária.

A instalação… tem uma influência marcante da caligrafia de Aalto..., reflete um interesse


por a arquitectura popular Portuguesa, mas o seu significado só se entende ao ver como
esta está implantada, quando o observador, que chega por trás e a um nível inferior,
encontra-se numa situação criada por muros brancos que revelam doseadamente os
sinais que indicam o caminho para o núcleo da construção.(Gregotti, 1972).

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A Arquitectura no Desporto – Piscinas como caso de Estudo

Ilustração 72 – Planta atual da Quinta da Conceição projetada pelo Arquiteto Álvaro Siza Vieira. ( Adaptado a partir de
https://spa.archinform.net/projekte/3646.htm).

O desenho e as descrições bastariam para nos deslumbrar a conceção e o bem


conseguido projeto elaborado nesta fase do Parque da Quinta da Conceição. Os jogos
de sombra e cor, mesmo no branco cálido dos seus muros impõe a consideração de
que o “sitio” é também arquitetura. Do interior assistimos a uma fuga visual em direção
à quinta, que se estabelece andando ou nadando, pelo o eixo configurado desde o bar
até ao tanque infantil, e que nos permite perceber tanto a contenção do recinto como a
sua explosão em direção à vegetação do próprio parque, uma perfeita interação entre
interior e exterior, estabelecendo fronteiras do mesmo espaço, que se fundem uns nos
outros.

Sem deixar perceber ostensivamente o que acolhem, os muros permitem igualmente


um convite ao ingresso, à descoberta e ao desfrute da paisagem, do ambiente e da
envolvência, num modo de contemplar e intervir no espaço do modo como viria a ser
tão característico da sua obra, Álvaro Siza deixou indelevelmente a sua marca neste
projeto da Quinta da Conceição, cujo som e aroma se podem sentir, cada qual de seu
passo e forma, seja no Inverno ou no Verão.
Sem dúvida que não deixamos de considerar que aqui se denota como a arquitetura,
mesmo a referente a um equipamento absolutamente artificial, como o é uma piscina
pode, ainda assim, constituir obra de arte pública e destinada ao usufruto dos mais
variados públicos.

Mariana Pereira da Silva de Lemos Guimarães de Lacerda e Mello 85


A Arquitectura no Desporto – Piscinas como caso de Estudo

Ilustração 73 – Muros Brancos que “escondem” a Piscina da Quinta da Conceição. ( Adaptado a partir de
http://arquitecturafotos.blogspot.com/2012/07/piscinas-da-quinta-da-conceicao.html).

Ilustração 74 – Muros Brancos da Piscina (outra vista). ( Adaptado a partir de : http://arquitecturafotos.blogspot.com/2012/07/piscinas-


da-quinta-da-conceicao.html).

Ilustração 75 – Vista do topo da escadaria das instalações Ilustração 76 – Vista da entrada da Piscina através do acesso
sanitárias. ( Adaptado a partir das instalações sanitárias. ( Adaptado a partir
de http://arquitecturafotos.blogspot.com/2012/07/piscinas-da- de http://arquitecturafotos.blogspot.com/2012/07/piscinas-da-
quinta-da-conceicao.html). quinta-da-conceicao.html).

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A Arquitectura no Desporto – Piscinas como caso de Estudo

Ilustração 77 – Vista do interior das instalações sanitárias. Ilustração 78- Vista do Interior do Balneário. ( Adaptado a partir
( Adaptado a partir de de http://arquitecturafotos.blogspot.com/2012/07/piscinas-da-
http://arquitecturafotos.blogspot.com/2012/07/piscinas-da- quinta-da-conceicao.html).
quinta-da-conceicao.html).

Ilustração 79 – Vista de outro acesso ao recinto da Piscina. ( Adaptado a partir de


http://arquitecturafotos.blogspot.com/2012/07/piscinas-da-quinta-da-conceicao.html).

Ilustração 80 – Piscina da Quinta da Conceição em manutenção. ( Adaptado a partir de


http://arquitecturafotos.blogspot.com/2012/07/piscinas-da-quinta-da-conceicao.html).

Mariana Pereira da Silva de Lemos Guimarães de Lacerda e Mello 87


A Arquitectura no Desporto – Piscinas como caso de Estudo

Ilustração 81 – Piscina da Quinta da Conceição em Ilustração 82 – Piscina da Quinta da Conceição. ( Adaptado a


funcionamento. ( Adaptado a partir de partir de http://arquitecturafotos.blogspot.com/2012/07/piscinas-
http://arquitecturafotos.blogspot.com/2012/07/piscinas-da-quinta- da-quinta-da-conceicao.html).
da-conceicao.html).

Ilustração 83 – Vista dos diferentes acessos ao recinto da Piscina. ( Adaptado a partir de


http://arquitecturafotos.blogspot.com/2012/07/piscinas-da-quinta-da-conceicao.html).

Mariana Pereira da Silva de Lemos Guimarães de Lacerda e Mello 88


A Arquitectura no Desporto – Piscinas como caso de Estudo

3.1.2. PISCINAS COBERTAS

São piscinas cobertas todos os tanques artificiais integrados numa construção


empreendida por recurso a estruturas fixas; permanentes ou móveis, como é o caso da
maioria das Piscinais Municipais espalhadas pelo nosso país. Alguns dos exemplos
mais elucidativos desta tipologia são as Piscinas Municipais da Povoação do atelier
Barbosa & Guimarães, as Piscinas Municipais de Mirandela, do arquiteto Filipe Oliveira
Dias, as Piscinas Municipais de Montemor-o-Velho do arquiteto Julião Azevedo e a
Piscina Municipal de Outurela do arquiteto Manuel Vicente.

Ilustração 84 – Entrada da Piscina Municipal da Povoação. Ilustração 85 – Piscina Municipal de Mirandela. ( Adaptado a
( Adaptado a partir partir de
de https://www.plataformaarquitectura.cl/cl/02-78525/piscinas- https://guiastecnicos.turismodeportugal.pt/pt/contemporaneo/ver/
municipales-de-povoacao-barbosa-guimaraes). Piscina-Municipal).

Ilustração 86 – Piscina Municipal de Montemor – O - Velho. Ilustração 87 – Piscina Municipal de Outurela. ( Adaptado a
( Adaptado a partir de partir de https://oeirasviva.pt/desporto/?id=61&title=piscina-
http://arquitecturafotos.blogspot.com/2011/06/piscinas- municipal-de-outurela-portela
municipais-de-montemor-o-velho.html).

Mariana Pereira da Silva de Lemos Guimarães de Lacerda e Mello 89


A Arquitectura no Desporto – Piscinas como caso de Estudo

Piscina Municipal da Povoação

Localizada no arquipélago dos Açores, no extremo sul da Ilha de São Miguel, a Piscina
Municipal encontra-se protegida do mar por uma encosta ali existente.

Ilustração 88 – Localização das Piscinas Municipais da Povoação a diferentes escalas. ( Adaptado a partir
de https://www.plataformaarquitectura.cl/cl/02-78525/piscinas-municipales-de-povoacao-barbosa-guimaraes).

O equipamento desportivo ocupa um lote composto por uma plataforma plana e


retangular, que era anteriormente utilizada pelo município para a realização de
atividades desportivas ao ar livre. Esta plataforma só se tornou possível por se
“sacrificar” um talude, impondo assim um corte que distorce o seu volume natural e
beneficia a construção nela implantada.

Ilustração 89 – Implantação das Piscinas Municipais da Povoação. ( Adaptado a partir de https://www.plataformaarquitectura.cl/cl/02-


78525/piscinas-municipales-de-povoacao-barbosa-guimaraes).

Mariana Pereira da Silva de Lemos Guimarães de Lacerda e Mello 90


A Arquitectura no Desporto – Piscinas como caso de Estudo

Os arquitetos (Barbosa & Guimarães)26 aproveita(ra)m o corte pré-existente para


projetarem o edifício ao longo do seu comprimento, na busca de uma “fusão” entre a
nova construção e a paisagem envolvente.

Ilustração 90 – Corte do Projeto representando a sua envolvente. ( Adaptado a partir de Revista En Blanco, Nº8, p.100).

O edifício está fragmentado em vários volumes revestidos de pedra basalto, que


correspondem aos diferentes grupos funcionais do programa. Os telhados incorporam
o verde dos campos circundantes, marcados por lucernas27 que garantem a iluminação
natural dos espaços interiores

Ilustração 91 – Volumes da Piscina Municipal da Povoação. Ilustração 92 – Vista Superior da Piscina Municipal da
( Adaptado a partir de Povoação. ( Adaptado a partir de Revista En Blanco, Nº8,
https://www.plataformaarquitectura.cl/cl/02-78525/piscinas- p.99).
municipales-de-povoacao-barbosa-guimaraes).

26 Atelier Barbosa & Guimarães, Lda. – Atelier composto pelo Arquiteto José António Vidal Afonso Barbosa
nascido a 1967 no Porto e Pedro Luís Martins Lino Lopes Guimarães nascido no Porto no ano de 1969.
Ambos frequentaram o curso de Arquitetura na Faculdade de Arquitectura da Universidade do Porto.
27 Abertura no teto de um edifício para deixar entrar ar e luz. Tem o mesmo significado de claraboia. Cf.

Pant. De Aveiro, Itiner, 273, (2^a ed.).

Mariana Pereira da Silva de Lemos Guimarães de Lacerda e Mello 91


A Arquitectura no Desporto – Piscinas como caso de Estudo

Ilustração 93 -Alçado Norte. ( Adaptado a partir de Revista En Blanco, Nº8, p.100).

Ilustração 94- Corte longitudinal. Do edifício da Piscina. ( Adaptado a partir de Revista En Blanco, Nº8, p.100).

Uma Araucária28ganha uma nova importância dentro da composição, marcando o


regime do seu acesso. A sua verticalidade e a carga simbólica anunciam e atualizam o
novo espaço público.

Ilustração 95 – Corte Transversal da Piscina Municipal da Povoação. ( Adaptado a partir de Revista En Blanco, Nº8, p.100).

28 Araucária – Planta conífera das regiões tropicais (Cf. Dicionário da Língua Portuguesa)

Mariana Pereira da Silva de Lemos Guimarães de Lacerda e Mello 92


A Arquitectura no Desporto – Piscinas como caso de Estudo

Ilustração 96 – Araucária Presente na entrada da piscina Ilustração 97 – Acesso à Piscina Municipal da Povoação.
Municipal da Povoação. ( Adaptado a partir ([Adaptado a partir de]
de https://guiasdearquitectura.com/pt/produtos/packs-azores- https://guiasdearquitectura.com/pt/produtos/packs-azores-
archipelago/_37). archipelago/_375).

No interior, o programa é organizado a partir das piscinas de competição e de treino,


mantendo o basalto como material predominante em toda a composição. No piso
superior encontramos ainda um bar, com uma esplanada ao ar livre, que permite a vista
para o mar.

Ilustração 98 – Planta do Piso Principal. ([Adaptado a partir de] Revista En Blanco, Nº8, p. 98).

Mariana Pereira da Silva de Lemos Guimarães de Lacerda e Mello 93


A Arquitectura no Desporto – Piscinas como caso de Estudo

Ilustração 99 – Vista do Interior das Piscinas. ([Adaptado a Ilustração 100 - Tanque de aprendizagem da Piscina da
partir de] https://inhabitat.com/green-roofed-municipal-pools- Povoação. ([Adaptado a partir de] Revista En Blanco, Nº8, p.
create-an-enchanting-public-space-in-povoacao- 104).
portugal/municipal-pools-of-povoacao-1).

Ilustração 101 – Interiores dos Balneários da Piscina. Ilustração 102 - Interiores dos Balneários da Piscina. ([Adaptado
([Adaptado a partir de] https://inhabitat.com/green-roofed- a partir de] https://inhabitat.com/green-roofed-municipal-pools-
municipal-pools-create-an-enchanting-public-space-in- create-an-enchanting-public-space-in-povoacao-
povoacao-portugal/municipal-pools-of-povoacao-1). portugal/municipal-pools-of-povoacao-1).

Ilustração 103 – Balneário da Piscina Municipal da Povoação. ([Adaptado a partir de] Revista En Blanco, Nº8, p. 104.).

Mariana Pereira da Silva de Lemos Guimarães de Lacerda e Mello 94


A Arquitectura no Desporto – Piscinas como caso de Estudo

Ilustração 104 – Vista do Bar da Piscina. ([Adaptado a partir de] Ilustração 105 – Interior da Piscina Municipal de Povoação.
https://inhabitat.com/green-roofed-municipal-pools-create-an- ([Adaptado a partir de] Revista En Blanco, Nº8, p.106).
enchanting-public-space-in-povoacao-portugal/municipal-pools-
of-povoacao-1).

Ilustração 106 – Interior da Piscina da Povoação. Ilustração 107 – Interior da Piscina da Povoação. ([Adaptado a
([Adaptado a partir de] https://inhabitat.com/green-roofed- partir de] https://inhabitat.com/green-roofed-municipal-pools-
municipal-pools-create-an-enchanting-public-space-in- create-an-enchanting-public-space-in-povoacao-
povoacao-portugal/municipal-pools-of-povoacao-1). portugal/municipal-pools-of-povoacao-1).

Ilustração 108 – Tanques da Piscina Municipal da Povoação. ([Adaptado a partir de] Revista En Blanco, nº8, p. 105).

Mariana Pereira da Silva de Lemos Guimarães de Lacerda e Mello 95


A Arquitectura no Desporto – Piscinas como caso de Estudo

Ilustração 109 – Vista do Hall de entrada das piscinas. Ilustração 110 – Vista da Cobertura da Piscina. ([Adaptado a
([Adaptado a partir de] https://inhabitat.com/green-roofed- partir de] Revista En Blanco, nº8, p.103).
municipal-pools-create-an-enchanting-public-space-in-
povoacao-portugal/municipal-pools-of-povoacao-1).

Ilustração 111 – Vista noturna da Piscina da Povoação. Ilustração 112 – Maqueta da Piscina Municipal da Povoação.
([Adaptado a partir de] https://inhabitat.com/green-roofed- ([Adaptado a partir de] https://inhabitat.com/green-roofed-
municipal-pools-create-an-enchanting-public-space-in-povoacao- municipal-pools-create-an-enchanting-public-space-in-povoacao-
portugal/municipal-pools-of-povoacao-1). portugal/municipal-pools-of-povoacao-1).

Ilustração 113 - Maqueta da Piscina Municipal da Povoação. ([Adaptado a partir de] https://inhabitat.com/green-roofed-municipal-pools-
create-an-enchanting-public-space-in-povoacao-portugal/municipal-pools-of-povoacao-1).

O cuidado da integração do edifício na paisagem é absolutamente evidente, majorando-


-se a partir da cobertura tão singular que foi eleita. Do mesmo passo, a simplicidade das
linhas e a sua conjugação com os materiais, que se evidencia até a partir da mera
observação fotográfica, a par da funcionalidade obtida através das ligações interiores
entre os tanques de treino e de competição, não descurando o desfrute potenciado pela
esplanada concebida, assumem-se como pedra de toque.
Tudo isto nos permite concluir que se trata de um dos equipamentos desportivos
certamente mais bem conseguidos, quer do ponto de vista estético, quer da vertente
funcional, em Portugal. Afigura-se-nos tanto adequado à população que visa servir como

Mariana Pereira da Silva de Lemos Guimarães de Lacerda e Mello 96


A Arquitectura no Desporto – Piscinas como caso de Estudo

igualmente potenciador de “visitas desportivas”, de atletas que pretendam obter uma


preparação física específica para determinada prova ou realizar um estágio exclusivo
que as condições insulares tão bem propiciam.
Parece-nos, pois, que o investimento empreendido na realização do projeto se traduz
numa mais-valia indiscutível para a população local e para a melhoria do ambiente e da
qualidade de vida envolventes.

Piscina Municipal de Mirandela

Situada no distrito de Bragança, Mirandela é uma cidade portuguesa com 658,96 km2
de área e 23 850 habitantes. Dispõe de duas piscinas municipais: uma coberta (Piscina
Municipal de Mirandela) e outra ao ar livre (Piscina Maravilha).

Ilustração 114 – Localização da Piscina Municipal de Mirandela a diferentes escalas. ([Adaptado a partir de] Google maps. Edição
Nossa).

A Piscina Municipal de Mirandela constitui assim uma infraestrutura desportiva


vocacionada para o desenvolvimento de atividades aquáticas durante todo o ano, nas
áreas formativa, recreativa e de competição. O edifício localiza-se numa área de
expansão da cidade, e assume-se como elemento fundamental para o desenvolvimento
sustentado de apoio ao desporto, à escolaridade e ao lazer.

Concebida pelo Arquiteto Filipe Oliveira Dias29, teve a sua inauguração a 11 de


Novembro de 2004 e foi galardoada com o 1º prémio no concurso Internacional de
conceção/construção, em 2003. O edifício é essencialmente um espaço desportivo e
potenciador do desenvolvimento da qualidade de vida comunitária.

29Filipe Oliveira Dias nasceu no Porto a 16 de outubro de 1963, licenciou-se em arquitetura no ano de 1989
na ESAP – Escola Superior Artística do Porto, e fez o seu doutoramento na Universidade de Sevilha.
Arquiteto de uma obra marcada por cine-tetros, foi no domínio da habitação social que recebeu em 2004 o
Prémio Instituto Nacional de Habitação (em conjunto com o arquiteto Rui Almeida) pelo projeto de
habitações sociais para o monte de São João, no Porto. Faleceu a 15 de outubro de 2014

Mariana Pereira da Silva de Lemos Guimarães de Lacerda e Mello 97


A Arquitectura no Desporto – Piscinas como caso de Estudo

Ilustração 115 .- As três Valências da Piscina Municipal de Mirandela.

Tratando-se de um edifício pensado e desenhado de “raiz”, observa-se a preocupação


de que este tivesse condições de otimização energética. Para isso, o arquiteto teve em
conta não só a orientação solar do edifício, como também a sua implantação. Composto
por dois volumes distintos, ambos com linhas exteriores quase totalmente retas, o
projeto é pensado de forma a que a sua distribuição funcional seja prática e facilitada.
Assim, o primeiro volume alberga as piscinas, e como tal, assume a função principal,
cuja a forma se define quer pelas dimensões requeridas quer pela imagem singular que
se obtém pela expressividade adquirida. O segundo volume caracteriza-se por um
monólito que encerra todas as funções de apoio, permitindo circulações e distribuições
claras e diretas.

O edifício das piscinas de Mirandela será essencialmente um espaço de juventude e


potenciador do desenvolvimento da qualidade de vida comunitária. O património
edificado, com rigor urbanístico, qualidade arquitetónica e eficácia tecnológica,
contribuirá para a formação dos cidadãos de Mirandela, em sucessivas gerações.
(Oliveira Dias, 2004, p.246).

Ilustração 116 – Desenho do Arquiteto Filipe Oliveira Dias das Piscinas de Mirandela. ([Adaptado a partir de] 15 anos de Obra Publica -
Atelier Filipe Oliveira Dias).

Mariana Pereira da Silva de Lemos Guimarães de Lacerda e Mello 98


A Arquitectura no Desporto – Piscinas como caso de Estudo

No edifício podemos distinguir quatro áreas de utilização coordenadas a partir do hall


de entrada: a primeira área destina-se à assistência e aos acompanhantes dos
utilizadores da piscina, que se articula de forma independente de todas as restantes
áreas funcionais, ainda que esteja relacionada visualmente com o tanque de
aprendizagem e, sequencialmente, com a piscina. A segunda área de utilização prende-
se com os balneários e a todas as funções que estes integram (instalações sanitárias,
chuveiros e vestiários). Existem quatro no seu total (dois masculinos e dois femininos),
estando cada um diretamente ligado a ambos os tanques. Numa terceira área podemos
encontrar os serviços de apoio direto aos tanques. Esta área destina-se aos formadores,
aos socorristas e aos técnicos, estes últimos com uma sala de monotorização de acesso
direto à cave do edifício, local onde se encontra a maioria das máquinas de tratamento
das águas e de suporte ao funcionamento do edifício desportivo. Por fim, a quarta área
é aquela onde se localizam os tanques. A essência e finalidade de todo o projeto, e
como tal é uma área destinada ao lazer e ao desporto. Nesta grande nave podemos
encontrar uma enorme fachada envidraçada ao longo de todo o comprimento do edifício
levando-nos a um contacto permanente com a natureza envolvente e permitindo
simultaneamente a constante entrada de luz solar/natural.

A segunda área de utilização prende-se com os vestiários, sanitários e chuveiros, que


permitem aceder comodamente a ambos os tanques. Uma terceira área destina-se aos
formadores, socorristas e técnicos. A quarta, as piscinas, destina-se ao lazer e ao
desporto. Sendo a área mais nobre, é também por excelência um necessário
investimento que a câmara realiza para os seus munícipes. (Oliveira Dias,2004, p.246).

Ilustração 117- – Planta Geral do piso 0 da Piscina Municipal de Mirandela. ([Adaptado a partir de] 15 anos de Obra Publica - Atelier
Filipe Oliveira Dias).

Mariana Pereira da Silva de Lemos Guimarães de Lacerda e Mello 99


A Arquitectura no Desporto – Piscinas como caso de Estudo

Ilustração 118 - Piscina Municipal de Mirandela (podemos ver o tanque de competição assim como a sua fachada envidraçada ao longo
do comprimento da piscina). ([Adaptado a partir de] 15 anos de Obra Publica - Atelier Filipe Oliveira Dias).

A piscina de Mirandela apresenta na sua estrutura construtiva uma combinação de


materiais, como é o caso da madeira laminada e do betão.

O arquiteto utiliza um arco biarticulado para conseguir vencer um vão de 57 metros sem
pilares intermédios. Trata-se de um edifício monumental que se impõe na magnitude da
paisagem sem no entanto a “confrontar”: o diálogo permanente entre exterior e interior
é em nosso entendimento muito bem conseguido através da visão longitudinal do plano
do tanque de competição, seja a partir do interior, seja do lado de fora do edifício.

Ilustração 119 – Corte Longitudinal. ([Adaptado a partir de] 15 anos de Obra Publica - Atelier Filipe Oliveira Dias).

Ilustração 120 – Fachada da Piscina Municipal de Mirandela. ([Adaptado a partir de] 15 anos de Obra Publica - Atelier Filipe Oliveira
Dias).

Mariana Pereira da Silva de Lemos Guimarães de Lacerda e Mello 100


A Arquitectura no Desporto – Piscinas como caso de Estudo

Piscina Municipal de Montemor-o-Velho

Montemor-o-Velho é uma vila portuguesa, do distrito de Coimbra, situada na província


da Beira Litoral e com cerca de 3100 habitantes. A Piscina Municipal de Montemor-o-
Velho está implantada num terreno a Norte do Campo de Futebol e a sudeste da Escola
Secundária.

Ilustração 121 - Localização das Piscinas de Montemor – o – Velho a diferentes escalas. ([Adaptado a partir de] Google maps, Edição
Nossa).

Projetada sobre um terreno com um ligeiro declive e um talude mais acentuado para a
zona arborizada, constitui um coberto vegetal que o arquiteto Julião Azevedo considerou
primordial preservar. O conceito da piscina Municipal tem na inserção de objeto
construído que tira partido dessa envolvente arbórea, da topografia do terreno e das
vistas panorâmicas uma mais-valia imanente.

Trata-se de um terreno de ligeiro declive com um talude mais acentuado para a zona
arborizada, coberto vegetal esse que se pretende preservar se possível, imediatamente
além dos limites de implantação do edifício das piscinas, tendo a solução arquitectónica
adoptado precisamente o conceito de inserção de um objecto construído que tira partido
dessa envolvente arbórea, da topografia do terreno e das vistas panorâmicas para a Vila
e para o Castelo. (Azevedo, 2002, p.2).

Ilustração 122 - Alçado Norte e Alçado Poente da Piscina de Montemor -o – Velho. ([Adaptado a partir de] Disponibilizado pelo
Município de Montemor – o - Velho).

Mariana Pereira da Silva de Lemos Guimarães de Lacerda e Mello 101


A Arquitectura no Desporto – Piscinas como caso de Estudo

Esta Piscina Municipal funciona como um complemento da educação e


desenvolvimento físico e cultural da população a que se destina, vocacionando as
piscinas para a prática da competição, aprendizagem, adaptação ao meio aquático e
até para lazer comunitário.

A configuração de base rectangular foi determinada, para além das condicionantes


económicas e funcionais, pela simplicidade das formas, de modo a melhor se integrar no
espaço envolvente, sem agressões visuais ou ambientais, tomando especial atenção à
topografia e morfologia do terreno, os respectivos acessos e a proximidade das
construções existentes a Nascente (Azevedo, 2012, p.2 ).

Ilustração 123 – Planta de cobertura da Piscina de Montemor -o- Velho. ([Adaptado a partir de] Disponibilizado pelo Município de
Montemor – o - Velho).

O edifício, que alberga as piscinas cobertas e os respetivos serviços de apoio, é


constituído por dois corpos prismáticos elevados e fechados, paralelos entre si e de
volumetria diversa, de acordo com o volume interior dos sectores da nave e dos serviços
de apoio ao público.

Mariana Pereira da Silva de Lemos Guimarães de Lacerda e Mello 102


A Arquitectura no Desporto – Piscinas como caso de Estudo

Ilustração 124 – Planta Piso 0. ([Adaptado a partir de] Disponibilizado pelo Município de Montemor-o-Velho).

Ilustração 125 – Planta Piso 1. ([Adaptado a partir de] Disponibilizado pelo Município de Montemor-o-Velho).

Os corpos assentam em paredes transversais, que constituem a estrutura que suporta


e simultaneamente delimita o sector dos serviços de apoio aos nadadores, implantado

Mariana Pereira da Silva de Lemos Guimarães de Lacerda e Mello 103


A Arquitectura no Desporto – Piscinas como caso de Estudo

no piso térreo. Os dois níveis são assim desligados ou por amplas superfícies
envidraçadas, correspondente à nave e aos serviços de apoio ou por paramentos
recolhidos, criando a noção de grande leveza e de transparência, numa forte relação
plástica entre o interior e exterior, cuja pretensão conseguida foi desde logo assumida
pelo arquiteto na Memória Descritiva e Justificativa das Piscinas de Montemor-o-Velho.

Ilustração 126 – Cortes I, J e K das Piscinas de Montemor – o – Velho. ([Adaptado a partir de] Disponibilizado pelo Município de
Montemor – o - Velho).

A materialidade da piscina adota características tradicionais, utilizando elementos de


betão armado e elementos constituídos por blocos de betão e tijolo cerâmico, de barro
branco.

A construção deste edifício será de características tradicionais, aplicando-se uma


estrutura resistente de elementos de betão armado e alvenarias de blocos de betão e
tijolos cerâmicos de barro branco, adoptando materiais característicos da região.
(Azevedo, 2002).

Do conjunto, não podemos deixar de destacar também soluções originais e que


contribuem para a diferenciação desta Piscina Municipal, por confronto com as já
abordadas e aquelas que de seguida analisaremos, como seja a estrutura de madeira
lamelada e entrelaçada que, em complemento dos materiais já elencados se evidencia
no edifício.

Mariana Pereira da Silva de Lemos Guimarães de Lacerda e Mello 104


A Arquitectura no Desporto – Piscinas como caso de Estudo

Ilustração 127 – Alçados Sul e Nascente. ([Adaptado a partir de] Disponibilizado pelo Município de Montemor – o- Velho).

Ilustração 128 – Corte A e B. ([Adaptado a partir de] Disponibilizado pelo Município de Montemor – o- Velho).

Mariana Pereira da Silva de Lemos Guimarães de Lacerda e Mello 105


A Arquitectura no Desporto – Piscinas como caso de Estudo

Ilustração 129 – Corte C e D. ([Adaptado a partir de] Disponibilizado pelo Município de Montemor – o- Velho).

Ilustração 130 – Cortes “E” e “F”. ([Adaptado a partir de] Disponibilizado pelo Município de Montemor – o- Velho).

Ilustração 131 – Cortes G e H. ([Adaptado a partir de] Disponibilizado pelo Município de Montemor – o- Velho).

Mariana Pereira da Silva de Lemos Guimarães de Lacerda e Mello 106


A Arquitectura no Desporto – Piscinas como caso de Estudo

Piscina Municipal de Outurela

Localizada na freguesia de Carnaxide e Queijas, em Oeiras, distrito de Lisboa, com um


aglomerado populacional de 9577 habitantes. A piscina encontra-se “numa zona de
grande densidade habitacional e empresarial, junto ao Parque Desportivo”(Oeiras Viva,
2020).

Ilustração 132 – Localização da piscina Municipal de Outurela – Portela a diferentes escalas. ([Adaptado a partir de] Google Maps,
edição Nossa.

A Piscina Municipal de Outurela, construída em 2002, é da autoria do arquitecto Manuel


Vicente30. Instalada na pendente mais suave de um vale, a Piscina encontra-se inserida
numa plataforma mais alta desta mesma pendente. O arquitecto tenta, com o menor
movimento de terras possível, resolver todo o programa que lhe é proposto.

Instalámos, na pendente suave de um fundo de vale, esta Piscina e um polidesportivo


descoberto, ajardinado consistentemente todo o espaço não edificado do lote que os
contém. Escolhendo uma plataforma mais alta para pousar a Piscina e as suas áreas
ancilares, conseguimos, com movimentos de terra pouco significativos, reservar a sul,
na parte mais baixa, uma área com dimensões adequadas às necessidades das
instalações mecânicas requeridas. (Vicente, 2004, p.82).

Ilustração 133 – Planta de implantação e plantas do piso 1 e 2 da Piscina Municipal de Outurela- Portela. ([Adaptado a partir de] Jornal
Arquitectos nº 215).

30 Manuel Vicente (Lisboa 1934 – 2013), Formou-se na Escola de Belas Artes de Lisboa em 1962. Foi na
Universidade da Pensilvânia, Estados Unidos, que termina os seus estudos em 1969. Nesta altura teve o
privilégio de estudar com Louis Kahn. Conhecido como o “arquitecto de Macau”, foi responsável de obras
como o conjunto Fai Chi Ke, que lhe valeu a medalha de Ouro da ARCASIA, ou a Casa dos Bicos. Ao longo
da sua carreira trabalhou como nomes conhecidos da arquitetura portuguesa como Nuno Teotónio Pereira,
Conceição Silva, Chorão Ramalho ou Fernando Távora.

Mariana Pereira da Silva de Lemos Guimarães de Lacerda e Mello 107


A Arquitectura no Desporto – Piscinas como caso de Estudo

Da forma como observamos a piscina de Outurela, podemos dizer que esta é composta
por dois volumes cruzados; já no seu interior constatamos que o volume mais alongado
alberga os dois tanques (piscina de competição e tanque de aprendizagem) e o mais
curto acomoda todo o restante núcleo necessário de apoio à piscina.

A forma são duas caixas de sapatos, cruzando-se segundo direcções traçadas, o volume
norte – sul prevalecendo sobre o noroeste – sudeste. Dos dois volumes entre cruzados,
o mais alongado, abriga a piscina e o tanque de aprendizagem; o outro, mais curto e
mais longo, acomoda tudo o resto com a ajuda de um primeiro piso parcial. (Vicente,
2004, p.82).

Ilustração 134 – imagem do Interior da Piscina. ([Adaptado a partir de] Jornal Arquitectos nº 215).

Ilustração 135 – Vista da Fachada Principal da Piscina Municipal de Outurela. ([Adaptado a partir de] Jornal Arquitectos nº 215).

A sua materialidade é “limpa”, dando à obra uma leitura eficaz do seu discurso. O
arquiteto utiliza materiais como o betão e o mosaico grés.

Mariana Pereira da Silva de Lemos Guimarães de Lacerda e Mello 108


A Arquitectura no Desporto – Piscinas como caso de Estudo

Entendemos fixar, depois, um vocabulário conveniente à comunicação eficaz deste


discurso. Nesta procura, perseguimos, sobretudo imagens citáveis analogias
identificáveis, releituras descodificantes da execpcionalidade, sempre oculta no banal:

- As Coberturas, em casca de betão - os alinhamentos da praxe trocados um pouco - o


intradorso, virado mais para a luz, trazendo-a para dentro;

- O betão mal-acabado;

- O ocasional mosaico grés, polido ou baço;

- A cor, numa paleta tentativa, buscando a fonética, mais do que a semântica.

Por fim, embora antes de tudo, o corpo físico, visível, afirmando – tanto pela dimensão,
como pela escala – uma evidência irrecusável, onde o inefável genius loci se possa
querer revelar. (Vicente, 2004, p.82).

Ilustração 136 – Cortes do Projeto da Piscina Municipal de Outurela. ([Adaptado a partir de] Jornal Arquitectos nº 215).

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A Arquitectura no Desporto – Piscinas como caso de Estudo

Ilustração 137 – Alçados da Piscina. ([Adaptado a partir de] Jornal Arquitectos nº 215).

Ilustração 138 – Enquadramento da Piscina Municipal da Outurela na malha da cidade. ([Adaptado a partir de] Jornal Arquitectos nº
215).

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A Arquitectura no Desporto – Piscinas como caso de Estudo

Ilustração 139 – Detalhe da fachada da Piscina Municipal de Outurela. ([Adaptado a partir de] Jornal Arquitectos nº 215).

Ilustração 140 – Piscina Municipal de Outurela. ([Adaptado a partir de] Jornal Arquitectos nº 215).

Não podemos deixar de concluir este título com uma consideração relativa à
originalidade de projetos que, à imagem daqueles que elencámos, nortearam no início
do séc. XXI a construção de diversas piscinas municipais pelo país fora. Na realidade,

Mariana Pereira da Silva de Lemos Guimarães de Lacerda e Mello 111


A Arquitectura no Desporto – Piscinas como caso de Estudo

verifica-se que se tratou de uma oportunidade única e muito bem aproveitada, daquilo
que nos pudemos aperceber do nosso estudo, de concretizar a construção de
equipamentos desportivos de utilização comunitária e utilitária óbvias, sem que se
descurasse a qualidade arquitetónica e, em cada projeto concreto, a envolvência do
espaço onde haviam de integrar-se.
Por si só, parece-nos constituir em si mesmo um caso de estudo, a conceção e o fazer
acontecer nestes espaços de treino, competição e lazer de atividades aquáticas,
beneficiando as populações do acesso a espaços funcionalmente adequados e
simultaneamente proporcionando a existência de conjuntos arquitetónicos de valor que
a história provavelmente se encarregará de lhes conferir.

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A Arquitectura no Desporto – Piscinas como caso de Estudo

3.1.3. PISCINAS COMBINADAS

Quando falamos em piscinas combinadas, referimo-nos a equipamentos que nas suas


infraestruturas têm tanques ao ar livre e tanques cobertos utilizáveis em simultâneo. No
nosso país é exemplo disso a Piscina Municipal de Águeda (uma obra financiada e
realizada pela Câmara Municipal de Águeda). Outro exemplo com estas características
é o Pavilhão de Llobregat em Barcelona, Espanha, do arquiteto Álvaro Siza Vieira (caso
de Estudo).

Piscina Municipal de Águeda

A Piscina Municipal de Águeda localiza-se, tal como o seu nome indica, na cidade
portuguesa de Águeda. Com uma população de cerca de 1400 habitantes (2016),
pertence à região de Aveiro.

Ilustração 141 – Vista aérea da Piscina Municipal de Águeda. ([Adaptado a partir de] google maps, edição nossa).

Esta instalação desportiva vem servir a população de Águeda, de modo a

contribuir para a melhoria da qualidade de vida comunitária, servindo os cidadãos através


de atividades formativas, de treino e de lazer, com vista à satisfação das suas

Mariana Pereira da Silva de Lemos Guimarães de Lacerda e Mello 113


A Arquitectura no Desporto – Piscinas como caso de Estudo

necessidades de aprendizagem, desportivas e competitivas, tal como de uma ocupação


saudável dos tempos livres.(Águeda.Câmara Municipal, 2020).

O complexo das Piscinas Municipais de Águeda dispõe de dois tanques interiores, um


deles desportivo (tendo 25 metros de comprimento e 6 pistas), e outro (de 12,5 metros)
destinado à aprendizagem. Conta ainda com um tanque exterior de recreio e diversão.
Inserida num lote de 2200m2,, dos quais 1800m2 correspondem à implantação do edifício
que alberga os tanques de treino/aprendizagem, e os restantes 400m2 à área exterior
onde está inserida a piscina ao ar livre.

Ilustração 142 – Planta de Implantação do Complexo de Piscinas Municipais de Águeda. ([Adaptado a partir de] DWG disponibilizado
pela Câmara Municipal de Águeda).

Ao estudarmos o projeto do Complexo das Piscinas de Águeda, podemos constatar que


este pode ser “desconstruído” em três blocos unidos entre si: o primeiro e mais pequeno
diz respeito a uma área mais técnica, nele estão albergadas a casa das máquinas, a
sala da administração e as instalações sanitárias públicas, num segundo bloco temos o
átrio, o hall de entrada, a secretaria e os balneários com todas as suas funções
(instalações sanitárias, zona de duches, vestiários...), neste bloco situam-se ainda a
sauna e o jacuzzi, finalmente, no terceiro (e maior) bloco estão localizados os tanques
(desportivo e de aprendizagem) assim como a sala de professores e a sala de material

Mariana Pereira da Silva de Lemos Guimarães de Lacerda e Mello 114


A Arquitectura no Desporto – Piscinas como caso de Estudo

de apoio à aprendizagem da atividade natatória. No segundo piso encontramos o bar,


com vista para os dois tanques cobertos.

Ilustração 143 – Os Três blocos “desconstruídos” ([Adaptado a partir de] DWG Disponibilizado pela Câmara).

Ilustração 144 – Planta do Piso 1 da Piscinas Municipal de Águeda. ([Adaptado a partir de] DWG Disponibilizado pela Câmara).

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A Arquitectura no Desporto – Piscinas como caso de Estudo

Ilustração 145 – Planta piso 2 da Piscina Municipal de Águeda. ([Adaptado a partir de] DWG Disponibilizado pela Câmara).

Ilustração 146 – Alçados da Piscina Municipal de Águeda. ([Adaptado a partir de] DWG Disponibilizado pela Câmara).

Ilustração 147 – Vista do Alçado Principal. ([Adaptado a partir Ilustração 148 – Piscina Exterior do complexo de Piscinas
de] https://www.allaboutportugal.pt/es/agueda/deportes/piscina- Municipais de Águeda. ([Adaptado a partir de]
municipal-de-agueda). http://www.rotadabairrada.pt/irt/show/piscina-municipal-de-
agueda_es_1694).

Mariana Pereira da Silva de Lemos Guimarães de Lacerda e Mello 116


A Arquitectura no Desporto – Piscinas como caso de Estudo

Relativamente ao valor arquitetónico das piscinas municipais de Àgueda pouco


podemos referir, uma vez que tal como referenciamos em cima o projeto foi financiado
pela Câmara com custos controlados, o pensamento foi única e exclusivamente cumprir
o programa a que ela se destinava.

Podemos analisar contudo que houve algum cuidado na sua integração paisagistica
respeitando as cérceas das restantes construções existentes, no entanto, como
podemos constatar o lote a ela destinado encontra-se numa zona residencial, acabando
as piscinas por ficarem como que “entaladas” no meio de construções verticais. As
piscinas de Àgueda são um excelente exemplo daquilo que se tem vindo a passar com
alguns dos equipamentos desportivos em Portugal, isto é, as autarquias não investem
neste tipo de equipamentos e apenas querem que estes cubram na sua íntegra a sua
função descorando a parte arquitetónica, isto leva a dois fatores, ou o arquiteto a quem
é entregue o projeto consegue “dar a volta” com os poucos meios disponíveis cria obra
arquitetónica e “integra” o equipamento na cidade ou, não o consegue fazer e limita-se
a cumprir o programa e os custos a ele destinados, causando, muitas vezes, “feridas”
visuais na malha urbana da cidade.

Pavilhão de Llobregat Barcelona

O Pavilhão de Llobregat Barcelona é uma obra do arquiteto português Álvaro Siza


Vieira, situada na cidade de Barcelona, Espanha. O pavilhão veio colmatar a falta de
um equipamento desportivo que a população de Cornellà de Llobregat sentia.

Cornellà de Llobregat estrena el Parc Esportiu, un gran equipamiento deportivo de


40.000 metros cuadrados diseñado el prestigioso arquitecto portugués Álvaro Siza. El
Ayuntamiento ha invertido 20 millones de euros en el edificio para responder a la
demanda de los ciudadanos que quieren practicar deporte. El complejo cuenta con un
gran pabellón con pistas adaptables a diferentes deportes en equipo y eventos. Tiene
capacidad para 2.500 espectadores y dos salas de fitnessde 200 metros cuadrados y
otras dos similares para actividades dirigidas. (Ayuso, 2006).31

31Cornellà de Llobregat estreia o Parque Desportivo, um grande equipamento desportivo de 40.000 metros
quadrados desenhados pelo prestigiado arquiteto português Álvaro Siza. O ajuntamento (as nossas
câmaras) investiu 20 milhões de euros no edifício para responder à necessidade dos cidadãos que querem
praticar desporto. O complexo conta com um grande pavilhão com pisos adaptáveis a diferentes desportos
em equipa e eventos. Tem capacidade para 2.500 espectadores e duas salas de fitness de 200 metros
quadrados e outras duas salas similares para atividades específicas. (Tradução nossa)

Mariana Pereira da Silva de Lemos Guimarães de Lacerda e Mello 117


A Arquitectura no Desporto – Piscinas como caso de Estudo

Ilustração 149- Pavilhão de Llobregat. ([Adaptado a partir de] El País, 5 Ene 2006).

Composto por um grande pavilhão com “pisos adaptáveis” a vários desportos de equipa
e eventos diversos, duas salas de fitness e duas para atividades específicas, mas é na
sua piscina que o pavilhão ganha um maior destaque. Com uma área de 3.500 metros
quadrados, o tanque do pavilhão de Llobregat tem a característica de ser tanto interior
como exterior, isto é, parte da sua área encontra-se dentro do pavilhão enquanto a outra
parte se encontra fora, quase invadindo o seu exterior. Todavia consitui-se de um único
tanque. (Estudaremos a fundo este complexo mais à frente na nossa dissertação)

El aspecto más sobresaliente del complejo es la piscina, de 3.500 metros cuadrados: por
un extremo está cubierta y recibe luz natural a través de aberturas en el techo, y por el
otro permite la salida al exterior en verano y tiene una zona de baño al aire libre. El
edificio dispone de paneles solares y sistema de recogida de aguas pluviales.32 (Ayuso,
2006).

O arquiteto Álvaro Siza pretendia com esta obra dar um pequeno contributo à qualidade
de vida da população de Cornellá.

32 O aspeto mais marcante do complexo é a piscina, de 3.500 metros quadrados: num extremo é coberta
e recebe luz natural através de aberturas no teto, e por o outro, permite a saída ao exterior no verão e tem
uma zona de banho ao ar livre. O edifício dispõe de painéis solares e sistema de recolha de águas pluviais.
(tradução nossa)

Mariana Pereira da Silva de Lemos Guimarães de Lacerda e Mello 118


A Arquitectura no Desporto – Piscinas como caso de Estudo

Álvaro Siza, ganador del Premio Pritzker de arquitectura en 1992, firma el singular
proyecto. En una visita que realizó ayer al complejo, definió el equipamiento como un
"pequeño tributo a la calidad de vida de Cornellà". … (Ayuso, 2006).

Ilustração 150- Fachada do Pavilhão de Llobregat. ([Adaptado a partir de] Revista El Croquis

Mariana Pereira da Silva de Lemos Guimarães de Lacerda e Mello 119


A Arquitectura no Desporto – Piscinas como caso de Estudo

3.1.4. PISCINAS CONVERTÍVEIS

Neste tipo de tanques artificiais, os elementos ambientais da envolvente permitem que


as atividades se desenvolvam ao ar livre ou em espaço coberto, em função das
condições atmosféricas existentes e predominantes em cada momento. Este é o caso
da Piscina Municipal da Mealhada e da Piscina Municipal de Abrantes. Desta tipologia
foi também exemplo, durante muitos anos, a Piscina dos Olivais (no início era uma
piscina ao ar livre, mais tarde e devido à necessidade de realização de treinos dos
atletas portugueses de natação transformou-se numa piscina convertível, tal como já
referimos anteriormente).

Piscina Municipal da Mealhada

Localizada na Mealhada, distrito de Aveiro, a Piscina Municipal encontra-se inserida na


zona desportiva da Mealhada. A escassos metros da estação de comboios e da saída
da Autoestrada A1, as piscinas são uma infraestrutura de fácil acesso.

Ilustração 151 – Localização das Piscinas da Mealhada a diferentes escalas. ([Adaptado a partir de] Direcção Geral do território, edição
nossa).

Com condições excelentes para receber a organização de provas e competições de


elevado nível, a piscina da Mealhada, possui tecnologia que faz dela uma piscina
moderna e inovadora, tendo ganho no ano de 2019 o prémio “Instalação Desportiva do
Ano”. (Mealhada. Câmara Municipal, 2019).

A Piscina Municipal da Mealhada foi uma das quatro a ser distinguida com o prémio
Instalação Desportiva do Ano no decorrer do seminário organizado pela plataforma
Cidade Social. Para a atribuição do galardão terão contribuído diversos fatores, desde
as instalações à dinamização de atividades desta infraestrutura ... De sublinhar que,

Mariana Pereira da Silva de Lemos Guimarães de Lacerda e Mello 120


A Arquitectura no Desporto – Piscinas como caso de Estudo

neste último ano, a Piscina Municipal da Mealhada registou um crescimento exponencial


de utentes, chegando aos 1200. (Boletim a Mealhada,2019, p.8).(Bolet)

A Piscina Municipal da Mealhada possui uma cobertura telescópica com um sistema


deslizante que permite a sua abertura durante os meses mais quentes, tornando-se
numa piscina ao ar livre. Composta por dois tanques, um desportivo de 25x18 metros
com 2 metros de profundidade, e outro de aprendizagem com 18x10 metros e uma
profundidade mínima de 0,60 metros e máxima de 1,25 metros.

A Piscina da Mealhada constitui assim uma mais valia, tanto para a população do
concelho da Mealhada, como para toda a vasta região centro que visa servir.

Ilustração 152 – Tanque desportivo da Piscina Municipal da Ilustração 153 – Interior da Piscina Municipal da Mealhada.
Mealhada ([Adaptado a partir de] http://www.cm- ([Adaptado a partir de] http://www.cm-
mealhada.pt/menu/407/piscinas-municipais-de-mealhada). mealhada.pt/menu/407/piscinas-municipais-de-mealhada).

Ilustração 154 – Piscina Municipal da Mealhada com a cobertura Ilustração 155 – Piscina Municipal da Mealhada com parte da
totalmente aberta. ([Adaptado a partir de] http://www.cm- cobertura aberta. ([Adaptado a partir de]
mealhada.pt/menu/407/piscinas-municipais-de-mealhada).

A piscina Municipal da Mealhada aparece com exemplo ilustrativo de um tanque


convertível. Quanto à sua arquitetura pouco podemos falar pois não contemos
informação suficiente para o analisar, apenas podemos constatar aquilo que os nossos
olhos observam, trata-se de um equipamento igualmente feito para cumprir a sua
função. Daquilo que observamos conseguimos constatar que o Alçado principal é
composto por um corredor envidraçado, que serve de distribuição aos balneários, atrás
deste encontra-se a área destinada aos tanques de aprendizagem com ligação visual
ao jardim.

Mariana Pereira da Silva de Lemos Guimarães de Lacerda e Mello 121


A Arquitectura no Desporto – Piscinas como caso de Estudo

A sua cobertura telescópica confere-lhe um traço referencial distintivo, apesar da


robustez que, ao mesmo tempo, lhe confere uma impressão visual de leveza e
transparência.

Piscina Municpal de Abrantes

Localizada em Abrantes, distrito de Santarém, a piscina municipal da autoria do


Arquitecto Julião Azevedo veio servir uma população de 18.600 habitantes. Localizada
num terreno pertencente à câmara Municipal de Abrantes e numa zona de expansão da
cidade, com boas acessibilidades, as Piscinas Municipais de Abrantes vieram
necessariamente contribuir para o aumento da atividade física da cidade.

Ilustração 156 - Localização da Piscina Municipal de Abrantes a diferentes escalas. ([Adaptado a partir de] Direcção Geral do território,
edição nossa).

As piscinas são um complemento dos equipamentos do Parque Desportivo, de que


também fazem parte o Pavilhão, os campos de ténis e o campo de Futebol n.º 2.

As Piscinas serão um complemento dos equipamentos do Parque Desportivo,


nomeadamente o Pavilhão Desportivo que se implantará a Sul, os campos de ténis e o
campo de Futebol nº2 cuja implantação está prevista a Norte. (Azevedo, 2002, p.3).

Mariana Pereira da Silva de Lemos Guimarães de Lacerda e Mello 122


A Arquitectura no Desporto – Piscinas como caso de Estudo

Ilustração 157 - Ortofotomapa das Piscinas Municipais de Abrantes. 1- Complexo das Piscinas, 2- Campo de basebol, 3- Estádio
Municipal de Abrantes, 4- Campo de Futebol nº2. ([Adaptada a partir de] google maps, edição Nossa.

Com uma área de implantação de 3.272,40m2, a que corresponde a uma área bruta de
construção decorrente do somatório do piso 0 (3.192,60m2), piso 1 (876,95m2) e do piso
2 (160,00m2) de 4.229,55m2, articulando separadamente dois edifícios independentes,
organizados em função de um átrio exterior comum, permitem uma gestão eficaz e
controlada, com acessos diferenciados para os atletas e o público.

Nas próximas páginas iremos voltar a falar do projeto das Piscinas Municipais de
Abrantes de forma a estudá-lo mais detalhadamente.

Ilustração 158 – Tanque desportivo da Piscina Municipal de Ilustração 159 – Tanque exterior da Piscina Municipal de
Abrantes. ([Adaptado a partir de] Município de Abrantes). Abrantes. ([Adaptado a partir de] http://cm-
abrantes.pt/index.php/pt/instalacoes-desportivas/piscinas).

Mariana Pereira da Silva de Lemos Guimarães de Lacerda e Mello 123


A Arquitectura no Desporto – Piscinas como caso de Estudo

TIPOLOGIA FUNCIONAL DAS PISCINAS

Tal como referimos anteriormente, a tipologia funcional das piscinas refere-se tanto à
sua morfologia como à sua função. Sinteticamente, a tipologia funcional não é mais do
que a forma como os tanques são utilizados e das características específicas a que
cada um deles tem de “obedecer”, a nível construtivo.

3.1.5. TANQUES DESPORTIVOS

Nestes tanques, as características geométricas e construtivas carecem de adequar-se


à prática da natação e modalidades derivadas, no âmbito do treino e da competição
desportiva, devendo respeitar as características e normas específicas delineadas pela
FPN (Federação Portuguesa de Natação) e pela FINA (Federação Internacional de
Natação Amadora), para além de outras normas oficiais que vigorem relativamente a
infraestruturas desportivas e à organização de competições e de espetáculos
desportivos.

As profundidades são determinadas pelas modalidades praticáveis, sendo certo que,


pelos mínimos, em qualquer caso deverão fixar-se em 1.0 metro.

São exemplo disso as piscinas do Estádio Universitário de Lisboa, as Piscinas do


Complexo Desportivo do Jamor, as Piscinas de Vila Franca de Xira, as Piscinas de
Coimbra, as Piscinas de Póvoa do Varzim, as Piscinas de Rio Maior e as Piscinas do
Funchal.

Mariana Pereira da Silva de Lemos Guimarães de Lacerda e Mello 124


A Arquitectura no Desporto – Piscinas como caso de Estudo

Piscinas do Estádio Universitário de Lisboa

O Estádio Universitário de Lisboa (EUL), com uma área de ocupação de 40 hectares foi
inaugurado a 27 de Maio de 1956. Apesar de ter mais de sessenta anos é ainda hoje
um moderno complexo desportivo, dotado de um amplo conjunto de infra-estruturas e
equipamentos desportivos de grande qualidade (ao serviço da comunidade
universitária, em particular e da sociedade em geral), distribuídos de forma harmoniosa
num vasto espaço de excelência para a prática de actividades de lazer e manutenção.

Ilustração 160 – Planta do Estádio Universitário de Lisboa. ([Adaptado a partir de]


http://www.apada.org/ACTIVIDADES/LocalEUL?idioma=1-).

De entre os equipamentos desportivos, o complexo de piscinas foi inaugurado a 10 de


Julho de 1997. Edificado pelo arquiteto Frederico Valssasina, o complexo de piscinas é
visto hoje em dia como um dos valores da capital portuguesa, pelo facto de dispor

Mariana Pereira da Silva de Lemos Guimarães de Lacerda e Mello 125


A Arquitectura no Desporto – Piscinas como caso de Estudo

excelentes condições para o convívio e para a prática de desportos náuticos, tendo por
isso um elevado número de utentes.

Composto por uma piscina olímpica coberta, vocacionada para a competição


desportiva, foi talvez a primeira piscina olímpica coberta construída “de raiz” em
Portugal.

Ilustração 161 – Alçado Sul, Entrada das Piscinas do EUL. ([Adaptado a partir de] fonte Nossa).

O complexo de Piscinas do EULisboa é composto por uma piscina olímpica de 50x25m,


uma piscina de 25x12,5 metros com rampa de acesso para deficientes motores, e ainda
um tanque de aprendizagem e recreio de 11x5,5m. Nas suas instalações podemos
ainda encontrar uma sala de exercício com 250m2 e dois estúdios com 40m2 cada. Para
dar apoio a todos estes equipamentos a nave central possui 1200 lugares sentados,
com uma bancada VIP com 70 lugares sentados, oito balneários para uso dos
praticantes desportivos, dois balneários específicos para bebés e crianças, dois
balneários para uso dos técnicos, sala de reuniões, gabinetes técnicos, sala de
primeiros socorros, secretaria e ainda um restaurante/ bar /esplanada.

Mariana Pereira da Silva de Lemos Guimarães de Lacerda e Mello 126


A Arquitectura no Desporto – Piscinas como caso de Estudo

Piscinas do Estádio Nacional do Jamor

Localizadas no vale do Jamor, as piscinas encontram-se inseridas no plano inicial do


Estádio Nacional, que segundo Rodrigo Alves Dias representa

Um corte com a paisagem rural que ocupava na época o vale do rio Jamor, com as suas
Quintas de Recreio e a produção, o plano do estádio Nacional absorve e apesar de tudo
respeita algumas reminiscências culturais, históricas e paisagísticas do local, preserva
os núcleos das antigas quintas senhoriais, as pontes seiscentistas, os antigos moinhos,
os faróis e capelas, mas revolve e destrói totalmente a estrutura fundiária e a sua
articulação com os núcleos urbanos envolventes, desenha e constrói uma Paisagem
ideal e coloca essas reminiscência no contexto de cenários e espaços de recreio e lazer,
integrados em jardins amplos manchas arborizadas. (Cruz, Luís, 2005).

Ilustração 162 - Vale do Jamor visto de Nascente para Poente antes do início das obras 1938 – 1939. ([Adaptado a partir de] Andresen,
Teresa (cord. Editorial) – op. cit. P.152).

O plano inicial do Estádio Nacional data do ano de 1939. Entre outras infraestruturas
observa-se a intenção da construção da piscina. O edifício principal do conjunto – o
Estádio de Atletismo e Futebol ou Estádio de Honra ou ainda Estádio Nacional – deu o
seu nome a todo o conjunto, cuja totalidade dos edifícios previstos nunca chegou a ser
construída.

Mariana Pereira da Silva de Lemos Guimarães de Lacerda e Mello 127


A Arquitectura no Desporto – Piscinas como caso de Estudo

Ilustração 163 - Plano Inicial – 1939 ([Adaptado a partir de] Tese de Mestrado “O Estádio Nacional e os novos paradigmas do culto”
Cruz, Luís, 2005).

A primeira piscina do Estádio Nacional foi construída na década de 60, mas rapidamente
se tornou umas das situações problemáticas do plano inicial, uma vez que se encontrava
localizada na área mais baixa do vale o que fazia com que, em alturas de cheia do Rio
Tejo ou da Ribeira do Jamor, o tanque ficasse inundado de água castanha, provocando
inúmeros prejuízos constantemente e constituia uma desafio permanente para a sua
manutenção.

Ilustração 164 - Antiga Piscina do Complexo Desportivo do Jamor. ([Adaptado a partir de] Panfleto “complexo Desportivo do Jamor “ed.
ME e INDESP, s/d).

Mariana Pereira da Silva de Lemos Guimarães de Lacerda e Mello 128


A Arquitectura no Desporto – Piscinas como caso de Estudo

A construção de um novo complexo de piscinas cobertas, integrado por uma piscina


olímpica e por uma piscina de saltos, tornou-se a primeira instalação coberta em
Portugal capaz de acolher provas nacionais e internacionais de qualquer disciplina da
natação. Inauguradas a 22 de Julho de 1998, este novo complexo veio permitir a
demolição do antigo tanque e, por conseguinte, a requalificação do espaço onde este
se encontrava (e que atualmente integra o parque urbano do Jamor).

Se em 1940 se considerava a localização do Estádio Nacional bastante distante de


Lisboa, hoje tal não acontece, e o complexo encontra-se cercado pela malha urbana
das freguesias de Cruz Quebrada e Dafundo, Linda-a-Velha, Queijas e com acessos
pela Estrada Marginal e Auto-Estrada A5 da Costa do Estoril, e da ligação entre estas
rodovias.

Ilustração 165 – Vista aérea do município de Oeiras e Complexo Desportivo de Jamor. [(Adaptado a partir de:] Google maps

A organização e configuração do espaço, bem como as instalações hoje existentes no


CDNJ (Centro Desportivo Nacional do Jamor) são resultado de numerosas intervenções
ao longo dos anos, desde o plano inicial de 1939.

O novo complexo de Piscinas é de certo modo, herdeiro do:

“Projecto Nave desportiva e infra estruturas complementares desportivas anexas do


Complexo Desportivo do Jamor/Estádio Nacional [...] o implantar na zona da antiga
estação ferroviária, paralelamente à avenida Pierre de Coubertin, e áreas envolventes”
(DGD).33

33 Resolução do Concelho de Ministros nº13/09 (DR nº63, I série, 16-03-89), autoriza a elaboração do
projecto de uma Nave Desportiva).

Mariana Pereira da Silva de Lemos Guimarães de Lacerda e Mello 129


A Arquitectura no Desporto – Piscinas como caso de Estudo

Ilustração 166 - Plano gráfico, definição de macro zonas de intervenção, 1988 ([Adaptado a partir de] Direcção Geral dos Desportos –
op. cit. P.71).

Para além da piscina olímpica e da piscina de saltos, o complexo inclui ainda vários
ginásios e salas de uso diverso. Foi a primeira instalação coberta em Portugal capaz de
acolher provas nacionais e internacionais de qualquer disciplina da natação. A autoria
do projecto é de Karel Marivoet34 e Jesus Noivo35. A arquitectura do Complexo de
Piscinas teve em conta todo o tipo de utilizadores, sejam eles atletas de alta competição
ou cidadãos comuns, assim como todas as realizações desportivas que nela possam
ser realizadas, nomeadamente eventos internacionais. Este complexo inclui também as
intalações do Centro de Alto Rendimento (CAR).

A Piscina olímpica tem 50x25m, 10 pistas e uma profundidade que varia entre os 2 e os
2,2 metros enquanto que a Piscina de saltos tem 25x20m, com uma profundidade de 5m,
dispondo de uma torre de saltos com plataformas no 10, nos 7,5, nos 5, nos 3 e 1 metro
de altura e trampolins de 3m e 1m de altura. [...]. A piscina de Saltos é dotada de um
fundo móvel, servindo para o aquecimento, no caso da realização de competições na

34 Karel Philippe Marivoet (1955 – 1994) Autor da remodelação do estádio de Honra da cidade Universitária
de Lisboa em 1994. Formou-se em 1978 na Ecole Supérieure des Arts Saint – Luc – Bélgica. Foi admitido
na Ordem dos Arquitectos em 1980. (Cf. Ordem dos Arquitectos).
35 Arquiteto com mais de 30 anos de experiência coordenou e projetou obras de destaque como Estádio

Universitário de Lisboa, o Complexo de Piscinas Olímpicas do Jamor e a urbanização quinta da Cavaleira


em Sintra entre outros. Cf. Jesus Noivo Arquitectura e Planeamento, LDA.

Mariana Pereira da Silva de Lemos Guimarães de Lacerda e Mello 130


A Arquitectura no Desporto – Piscinas como caso de Estudo

Piscina Olímpica. O controlo de acesso à plataforma de saltos é automático, não


permitindo a passagem se o fundo estiver a menos de 5 metros. Esta piscina será ainda
equipada com um elevador para deficientes. [...] A zona da piscina Olímpica e da Piscina
de Saltos possuiu 1650 lugares sentados, uma bancada VIP e bancadas próprias para
atletas e deficientes. A imprensa dispõem de uma bancada monitorizada com imagens
das piscinas e cronometragem com sistema de vídeo interno e visionamento em
videowall e uma régie que faz o tratamento da imagem e respectiva emissão para os
carros de exterior. A captação de imagens subaquáticas é possível uma vez que as
piscinas estão equipadas com câmaras que permitem a visualização abaixo do nível de
água. Existe uma sala polivalente para Seminários, treino, recepção VIP, e uma sala
para Organização de Eventos Desprtivos, bem como, Serviço de Secretariado. Os
serviços de apoio incluem vestiários individuais para atletas, vestiários colectivos,
balneários, saunas, e áreas destinadas ao Centro de Alto Rendimento. (Simões, 1998,
p.4-11).

Ilustração 167 – Bancada da Piscina Principal do Ilustração 168 – Diversas Utilizações da Piscina de Saltos do
Complexo Desportivo do Jamor. ([Adaptado a partir de] Complexo Desportivo do Jamor. ([Adaptado a partir de] IPDJ)
IPDJ)

Ilustração 169 – Vista dos dois tanques do Complexo Ilustração 170 – Tanque principal de 50 metros do Complexo
Desportivo do Jamor. ([Adaptado a partir de] IPDJ) Desportivo do Jamor. ([Adaptado a partir de] IPDJ)

Mariana Pereira da Silva de Lemos Guimarães de Lacerda e Mello 131


A Arquitectura no Desporto – Piscinas como caso de Estudo

Ilustração 171 - Fachada Lateral do Complexo das Piscinas Ilustração 172 - Fachada Tardoz do Complexo das Piscinas do Jamor.
do Jamor. ([Adaptado a partir de] IPDJ) ([Adaptado a partir de] IPDJ)

Ilustração 173 – Fachada Principal do Complexo das Ilustração 174 – Parte da Fachada do Complexo das Piscinas do
Piscinas do Jamor. ([Adaptado a partir de] IPDJ) Jamor. ([Adaptado a partir de] IPDJ)

Ilustração 175 –Complexo das Piscinas do Jamor visto de dentro do parque Desportivo. ([Adaptado a partir de] IPDJ)

Mariana Pereira da Silva de Lemos Guimarães de Lacerda e Mello 132


A Arquitectura no Desporto – Piscinas como caso de Estudo

3.1.6. TANQUES DE APRENDIZAGEM E RECREIO

Apresentam os requisitos morfológicos e funcionais adequados para as atividades


formativas e propedêuticas das disciplinas natatórias, para o jogo, o recreio e a
manutenção. A profundidade máxima destes tanques é de 1.50 m, e não devem
apresentar, em pelo menos 2/3 (dois terços) da sua superfície, profundidades superiores
a 1.10 m. (Delgado, 2006)

Piscina Municipal em Pataias

Localizada na Vila Portuguesa de Pataias, concelho de Alcobaça, as Piscinas


Municipais de Pataias foram inauguradas em 2008. Projetadas pelo Arquiteto Hélder
Santos Delgado, estas piscinas da zona centro do país, resultam de “um protocolo
estabelecido entre o Município de Alcobaça e a Secil36”(Delgado, 2006).

Ilustração 176 - Localização das piscinas de Pataias em diferentes escalas, Fonte: Imagem nossa [(adaptada a partir de:)] Direção
Geral do Território).

O protocolo estabelecido levou a que as piscinas tivessem como condicionante a


utilização de materiais de origem cimentícia produzidos pela empresa Secil. O facto da
envolvente ser constituída por uma grande área de pinhal fez com que o arquiteto
tivesse aqui uma outra condicionante.

36Secil – A Secil é uma empresa de referência na indústria cimenteira, a principal atividade da Secil é a
produção de cimento e desenvolvimento de aplicações para este produto de excelência. Os materiais de
construção de base cimentícia podem ter várias utilizações.

Mariana Pereira da Silva de Lemos Guimarães de Lacerda e Mello 133


A Arquitectura no Desporto – Piscinas como caso de Estudo

A construção das Piscinas de Pataias resulta de um protocolo estabelecido entre o


Município de Alcobaça e a Secil, sendo uma das premissas para o projecto, a inclusão
de materiais do universo Secil. (Delgado, 2006)

Implantadas num terreno relativamente plano, com limites irregulares e um número


reduzido de referências arquitetónicas, deram, a possibilidade ao arquiteto de projetar
um edifício com um caracter plástico e escultural para o qual o uso de betão contribuiu.
O projeto foi pensado tendo em conta o peso inerente ao betão e o seu sentido de
massa, mas de forma a desconstruir o volume. Assim sendo, o processo de conceção
passou pelo conceito de uma folha em branco, que é recortada e dobrada em vários
planos e depois pousada sobre o terreno como podemos ler na memória descritiva do
projeto.

Conjugando a possibilidade de usar o betão branco, num território plano e praticamente


descartado de referências arquitetónicas, surgiu a vontade de desenhar um edifício com
caracter plástico e escultural. Assim, e contrariando o sentido de massa e peso inerente
ao betão, imaginou-se uma “folha Branca “ que se recordou e se dobrou em vários
planos, e que depois se pousou sobre o terreno. (Delgado, 2006).

Ilustração 177 – Maqueta das piscinas de Pataias. ([Adaptado a


partir de] Habitar Portugal 2006-2008). Ilustração 178 – Planta de Implantação das Piscinas
de Pataias. ([Adaptado a partir de] Habitar Portugal
2006-2008).

Os vários planos criados por esta “folha branca” encontram-se paralelos aos eixos das
estradas delimitantes do território de intervenção, que geram assim, os ângulos agudos,
característicos do edifício. Entre estes planos surgem dois volumes diferenciados: um
volume em betão preto que corresponde à área técnica e um volume com revestimento
em óxido de ferro que agrega as áreas de apoio para os praticantes. (Delgado, 2006)

Os planos de “folha Branca” encontram paralelismo com os eixos das estradas


adjacentes e a geometria dos ângulos agudos pretende imprimir dinâmica ao
equipamento desportivo. Dentro dos espaços delimitados pela “folha branca” surgem 2
volumes autónomos: um volume em betão preto que corresponde à área técnica; e um
outro volume em betão óxido de ferro que agrega a área para os atletas e público
(Delgado, 2008).

Mariana Pereira da Silva de Lemos Guimarães de Lacerda e Mello 134


A Arquitectura no Desporto – Piscinas como caso de Estudo

Ilustração 179 – Planta piso -1 das Piscinas de Pataias.


([Adaptado a partir de] Habitar Portugal 2006-2008).
Ilustração 180 – Planta Piso 0 das Piscinas de Pataias.
([Adaptado a partir de] Habitar Portugal 2006-2008).

Ilustração 181 – Planta piso 1 das Piscinas de Pataias. ([Adaptado Ilustração 182 – Planta de cobertura das Piscinas de Pataias.
a partir de] Habitar Portugal 2006-2008). ([Adaptado a partir de] Habitar Portugal 2006-2008).

Com um número de utilizadores superior a 1200 pessoas, e uma grande procura por
parte de escolas e centros de dia para idosos, as piscinas tornaram-se um caso de
sucesso na região. A sua integração no local e a relação visual e morfológica com a
envolvente natural é umas das características fundamentais do edifício.

Numa região com as maiores ciclovias do país este edifício tornou-se um ponto central
e de incentivo à pratica desportiva com a sua grande diversidade de atividades.

Ilustração 183 – Alçado Norte das Piscinas de Pataias. ([Adaptado a partir de] Habitar Portugal 2006-2008).

Mariana Pereira da Silva de Lemos Guimarães de Lacerda e Mello 135


A Arquitectura no Desporto – Piscinas como caso de Estudo

Ilustração 184 – Vista do lado Norte das Piscinas de Pataias. ([Adaptado a partir de] Habitar Portugal 2006-2008).

Ilustração 185 – Alçado Sul das Piscinas de Pataias. ([Adaptado a partir de] Habitar Portugal 2006-2008).

Ilustração 186 – Vista do lado sul das Piscinas de Pataias. ([Adaptado a partir de] Habitar Portugal 2006-2008).

Ilustração 187 – Alçado Poente das Piscinas de Pataias. ([Adaptado a partir de] Habitar Portugal 2006-2008).

Mariana Pereira da Silva de Lemos Guimarães de Lacerda e Mello 136


A Arquitectura no Desporto – Piscinas como caso de Estudo

Ilustração 188 – Vista do lado Poente das Piscinas de Pataias. ([Adaptado a partir de] Habitar Portugal 2006-2008).

Atualmente as piscinas têm dois tanques artificiais, um tanque de 25 metros com 6


pistas e outro, de aprendizagem e prática de hidroginástica, com a particularidade de
possuir uma rampa para utentes com mobilidade condicionada. As áreas
correspondentes ao bar, às bancadas, à receção e à sala de monitores têm todas elas
relação visual direta com as piscinas. A área da receção serve como elo de ligação para
as zonas mais “privadas” como é o caso da sala de administração, a área técnica e de
manutenção.

Ao longo do tempo o edifício foi-se adaptando a novas funcionalidades e características,


“transformando” alguns dos espaços existentes e orientando-os à realização de
atividades como aulas de pilates (adaptação da sala de reuniões), o tiro ao alvo
(adaptação das dimensões do bar) ou ainda um (outro) espaço para organização de
eventos. O edifício foi sucessivamente evidenciando as suas características
multifuncionais, consubstanciando atualmente um elemento central do tecido urbano,
apesar da sua distância física do centro e a sua integração numa zona natural.

Na realidade, a redescoberta do espaço físico envolvente e dos espaços interiores


permitiram a plasticidade da obra. Sem nunca se afastar da génese com que foi criada,
adaptou-se paulatinamente às necessidades comunitárias que foram surgindo,
apelando ao estabelecimento de uma relação privilegiada da população com a
arquitetura constituinte e traduzindo um diálogo vivido que nos parece entre a obra em
si e aqueles que dela beneficiam, usufruindo das suas valências (que ultrapassam hoje,
transbordando, a enunciando inicial das mesmas).

Mariana Pereira da Silva de Lemos Guimarães de Lacerda e Mello 137


A Arquitectura no Desporto – Piscinas como caso de Estudo

Ilustração 189 – Vista interior das Piscinas de Pataias. ([Adaptado a partir de] Habitar Portugal 2006-2008).

Ilustração 190 – Piscina Principal. ([Adaptado a partir de] Habitar Ilustração 191 – Tanque de aprendizagem. ([Adaptado a partir de]
Portugal 2006-2008). Habitar Portugal 2006-2008).

Para concluirmos, podemos uma vez mais questionar se o facto de este tipo de
equipamento, nem sempre projetado por um arquiteto, mas integrando-se
necessariamente na malha urbana, que em muito altera a sua imagem e o seu
funcionamento, não deveria ser sempre pensado, imaginado e projetado por aqueles
que “estudam a cidade” e a “embelezam”.

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A Arquitectura no Desporto – Piscinas como caso de Estudo

Ilustração 192 – Vista da Piscina de Pataias. ([Adaptado a partir Ilustração 193 - Vista da Piscina de Pataias. ([Adaptado a partir de]:
de]: https://ultimasreportagens.com/ultimas.php). https://ultimasreportagens.com/ultimas.php).

Ilustração 194 – Vista noturna da Piscina de Pataias. ([Adaptado a partir de]: https://ultimasreportagens.com/ultimas.php).

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A Arquitectura no Desporto – Piscinas como caso de Estudo

Ilustração 195 – Vista da Piscina de Pataias. ([Adaptado a partir Ilustração 196– Vista da Piscina de Pataias. ([Adaptado a partir
de]: https://ultimasreportagens.com/ultimas.php). de]: https://ultimasreportagens.com/ultimas.php).

Ilustração 197 – Vista da Entrada das Piscinas de Pataias. ([Adaptado a partir de]: https://ultimasreportagens.com/ultimas.php).

Ilustração 198 – Vista interior e exterior das Piscinas de Pataias. ([Adaptado a partir de]: https://ultimasreportagens.com/ultimas.php).

Mariana Pereira da Silva de Lemos Guimarães de Lacerda e Mello 140


A Arquitectura no Desporto – Piscinas como caso de Estudo

3.1.7. TANQUES INFANTIS OU CHAPINHEIROS

Esta tiplogia de piscinas preenche os requisitos funcionais e construtivos idóneos para


a utilização autónoma por crianças até aos 6 anos de idade, e dispõe de profundidades
não superiores a 0,45 m, com o máximo de 0,20 m junto aos bordos. Quando se
prevejam dois ou mais tanques infantis, próximos entre si, um deles poderá ter
profundidade máxima de 0,60 m. Constituem-se sempre como tanques independentes
e convenientemente afastados dos tanques destinados a outros usos. Podemos dar
como um magnífico exemplo deste tipo, a Piscina Municipal de Campo Maior, do
Arquiteto João Luís Carrilho da Graça37 que, apesar de não ser uma piscina estritamente
destinada ao uso de crianças, tem na sua composição dois tanques destinados
unicamente aos utentes mais novos.

Piscina Municipal de Campo Maior

Situada no Alto Alentejo, no distrito de Portalegre, Campo Maior é uma vila alentejana
próxima da fronteira com Espanha. Numa região onde na paisagem predominam as
planícies, as piscinas municipais encontram-se na extremidade da vila podendo usufruir
de magníficas vistas. O lugar escolhido para as piscinas tem uma relação visual evidente
com o castelo e com a cidade antiga, circunstância que foi mantida e realçada no projeto.

Ilustração 199 – Localização das Piscinas de Campo Maior a diferentes escalas. ([Adaptado a partir de] Direcção Geral do território).

... a perspectiva é precisamente aquilo que constitui o sítio ( e ao mesmo tempo dá


lugar ao observador como sujeito desse sítio). O sítio só existe para um individuo através

37 João Luís Carrilho da Graça nasceu em 1952 em Portalegre. Em 1977 termina o seu curso de Arquitetura
na Escola de Belas Artes de Lisboa, é também nesse ano que inicia a sua vida profissional. Ao longo da
sua carreira tem sido distinguido com muitos louvores e prémios, de entre alguns prémios está o prémio
Internacional de Críticos de Arte (AICA) em 1992, a Ordem de Mérito da República Portuguesa em 1999, o
Prémio Pessoa em 2008, o título de Chevalier des Arts des Lettres da República Francesa em 2010, e uma
bolsa Internacional do Royal Institute of British Architect em 2015. (Tradução Nossa, Fonte:
https://www.tccuadernos.com/83_carrilho-da-graca)

Mariana Pereira da Silva de Lemos Guimarães de Lacerda e Mello 141


A Arquitectura no Desporto – Piscinas como caso de Estudo

da interpretação fazendo coincidir pontos de fuga com pontos de vista, o sítio aparece
como “natural” e o individuo como desvelador dessa “essência”. (Gomes, 1991, p.86).

Complexo de Piscinas localiza-se no local das antigas fortificações defensivas, que


apresenta relações visuais com a cidade de Campo Maior. As referências visuais com o
centro da cidade velha, com o castelo e com o convento de Santo António são notáveis
a partir das Piscinas. A articulação das formas geométricas da obra foi projectada de
modo a manter esse alinhamento visual. (Koulermos et al, 1995, p.129).

Ilustração 200 - Desenho da Implantação das Piscinas realizado pelo arquiteto. ([Adaptado a partir de] (da Graça, João Luís Carrilho,
Byrne, Gonçalo, Carrilho da Graça, p.26).

Ilustração 201 – Relação Visual entre o Castelo e a Piscina. ([Adaptado a partir de]: http://hiddenarchitecture.net/campo-maior-
swimming-poo/).

Ilustração 202 – Relação visual entre o Convento de Santo António e a Piscina. ([Adaptado a partir de]: Marques, Tânia, Os planos na
Arquitectura de João Luís Carrilho da Graça: suspensão e abstracção).

Mariana Pereira da Silva de Lemos Guimarães de Lacerda e Mello 142


A Arquitectura no Desporto – Piscinas como caso de Estudo

Ilustração 203 – Relação Visual da Piscina com a Vila de Campo Maior. ([Adaptado a partir de]: Marques, Tânia, Os planos na
Arquitectura de João Luís Carrilho da Graça: suspensão e abstracção).

Ilustração 204 – Relações Visuais da Piscina. ([Adaptado a partir de]: “Carrilho da Graça”, p.32).

O programa das piscinas consiste em três tanques: um mais pequeno com a forma
circular (chapinheiro), um outro destinado a crianças e ainda uma piscina para adultos.
No piso semienterrado encontramos a receção e os balneários (feminino e masculino),
um restaurante/sala polivalente, com uma cozinha e bar, que ocupam a área
correspondente ao piso intermédio, e no exterior à localização dos tanques, existindo
ainda um piso superior, que se debruça sobre as piscinas.

Ilustração 206 - Planta das Piscinas


Ilustração 205 – Planta das Piscinas de
de Campo Maior. ([Adaptado a
Campo Maior. ([Adaptado a partir de]:
partir de]: “Carrilho da Graça”, p.
http://hiddenarchitecture.net/campo-maior-
swimming-poo/ 28).

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A Arquitectura no Desporto – Piscinas como caso de Estudo

Ilustração 207 – Vista área da Piscina de Campo Maior. Ilustração 208 – Maqueta das Piscinas de Campo Maior.
([Adaptado a partir de]: Google maps, edição Nossa). ([Adaptado a partir de]:
https://elarafritzenwalden.tumblr.com/post/172009536506/pisci
nas-municipais-de-campo-maior-swimming-pools

As piscinas de Campo Maior do arquiteto João Luís Carrilho da Graça foram idealizadas
num plateau de forma quadrada. O espaço exterior que integra as piscinas é definido
por uma pérola branca que configura o espaço, contornando o limite do quadrado da
base. A disposição espacial exterior serve para acentuar o sentido de belvedere38. A
ideia foi manter uma relação forte com a paisagem envolvente e acentuá-la.

“ ... A construção da piscina tem a ver com essa ideia de Miradouro. Do miradouro
mesmo como imagem, como forma física quer como sinal na paisagem visto de fora,
quer como referência quando se está lá em relação ao exterior” (informação verbal).39

Ilustração 209 – Vista da Piscina de Campo Maior. ([Adaptado a Ilustração 210 – Piscina de Campo Maior. ([Adaptado a partir
partir de]: http://hiddenarchitecture.net/campo-maior-swimming- de]: http://hiddenarchitecture.net/campo-maior-swimming-pool).
pool).

38 Belvedere é uma palavra italiana que serve para descrever um terraço alto, uma zona de observação,
digamos um miradouro.
39 Informação fornecida pelo arquiteto João Luís Carrilho da Graça, João Luís na Magazine de Arquitectura

e decoração RTP,1993.

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A Arquitectura no Desporto – Piscinas como caso de Estudo

Ilustração 211 – Piscinas de Campo Maior. ([Adaptado a partir de]: http://hiddenarchitecture.net/campo-maior-swimming-pool).

O projecto das piscinas foi realizado com Carlos Miguel Dias40 e surgiu através de
influências do construtivismo russo.41

... são evidentes as dissociações, as disjunções e as geometrias, a instabilidade, a


autonomia das partes, até mesmo algumas formas emblemáticas da corrente que é
alimentada por essa busca filosófica (Matos, 1991, p.76).

Os elementos arquitetónicos das piscinas de Campo Maior passam por uma


decomposição quase total, isto é, o volume correspondente ao bar e à sala polivalente

40 Carlos Miguel Dias (Moçambique, 1957) é um arquiteto com atelier próprio sediado em Lisboa. Formou-
se em Arquitectura pela Escola Superior de Belas Artes de Lisboa em 1983. Colaborou em vários projetos
no atelier do Arquiteto Carrilho da Graça entre 1983 e 1987, vindo também a ser coautor em alguns projetos.
Foi professor da cadeira de projeto na Faculdade de Arquitectura da Universidade Técnica de Lisboa de
1986 a 1994. É diretor do seu atelier desde 1987 e sócio-gerente da C.M. Dias Arquitetos desde 1996. Foi
também professor de projeto na Universidade Moderna, Polo de Setúbal – Departamento de Arquitectura
entre 1998 e 2006. Entre 2007 e 2008, foi professor convidado na disciplina de História da Arquitectura
contemporânea na Universidade Lusófona de Humanidades e tecnologias – curso de Arquitetura. Da sua
obra arquitetónica podemos destacar o Farol Design Hotel, em Cascais; Casa na Herdade da Comporta,
Quartel de Bombeiros Voluntários de Águas de Moura, Casas na Quinta do Peru, em Sesimbra (ISSUU,
2016).
41O Construtivismo Russo foi um período revolucionário [datado sensivelmente entre 1913 e 1930], evidente

na Europa, principalmente na Rússia. Foi um movimento cujos artistas pensavam na pintura e na escultura
como construções – próximas de arquitetura. Os artistas abdicaram da conceção artística contemplativa,
indo ao encontro de formas de expressões que pudessem transformar a arte num novo paradigma,
criticando as técnicas tradicionais. A ideia do movimento construtivista caracterizou-se na abstração e pela
geometria de maneira acentuada, onde as cores primárias, novas formas [o uso constante de formas
geométricas] e fotomontagens eram evidenciadas. O construtivismo teve uma forte influência na arquitetura,
inserindo-se nas vanguardas do início do século XX. Outros movimentos influenciaram-se e consideraram
especificações do construtivismo, como o estilo De Stijl, artistas como Piet Mondrian e Theo van Doesburg,
falando também no Suprematismo fundado por Malevich.

Mariana Pereira da Silva de Lemos Guimarães de Lacerda e Mello 145


A Arquitectura no Desporto – Piscinas como caso de Estudo

é suportado discretamente por pilares, parecendo que fica suspenso; e “ ... o mais leve
(a pérgola), pelo contrário, é de facto suportado pelos pilares ... ”. (Gomes, 1991, p.92).

Os planos definem esta obra arquitetónica. O sector que contém a sala polivalente “
recusa ser um bloco ou “corpo” ... ” (Gomes, 1991, p.92), os planos de fachada descem
mas sem tocar no chão, salientando assim a “ ... imponderabilidade que ecoa
surdamente a leveza do pórtico” (Matos, 1991, p.76). Os rasgos horizontais, do alçado
nascente, que caracterizam o sector, são estreitas aberturas horizontais que
generosamente trazem a luz para o lado das piscinas e contêm a funcionalidade do
enquadramento. O alçado oposto organiza-se de um modo peculiar. A estrutura leve
que percorre o espaço onde se encontram as piscinas, os planos suportados por pilares,
os percursos visuais possíveis são multiplicados através dos espaços abertos.

... a pérgola que envolve as piscinas, forma um cotovelo de confluência de prespectivas


e planos que, longe de unir e resolver, volta a dispensar os vectores do desenho (Gomes,
1991, p.92).

Ilustração 212 – Pérgola suportada pelos pilares. ([Adaptado a partir de]” Carrilho da Graça”, p.31).

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A Arquitectura no Desporto – Piscinas como caso de Estudo

Ilustração 213 – Alçado Sul. ([Adaptado a partir de] da Graça, João Carrilho, Byrne, Gonçalo, “Carrilho da Graça”, p.30).

Ilustração 214 - Vista da Pérgola da Piscina. ([Adaptado a partir de]


https://elarafritzenwalden.tumblr.com/post/172009536506/piscinas-municipais-de-campo-maior-swimming-pools

Ilustração 215 – Alçado Nascente. ([Adaptado a partir de] da Graça, João Carrilho, Byrne, Gonçalo, “Carrilho da Graça”, p.30).

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A Arquitectura no Desporto – Piscinas como caso de Estudo

Ilustração 216 – Pormenores do Alçado Nascente onde podemos ver alguns dos planos suspensos assim como o plano que contêm
os rasgos horizontais. ([Adaptado a partir de] Marques, Tânia, Os planos na Arquitectura de João Luís Carrilho da Graça: suspensão e
abstração).

O quadrado da base do plateau, é manipulado passando por alguns momentos de


rotação e diminuição, como enuncia Madalena Cunha Matos:

“ ... 1. O quadrado maior fornece uma grelha que enquadra tudo o que é essencial: o
corpo construído, o coração, a piscina maior, a cerca a cota superior. ...

2. Um momento depois, ele roda e diminui. Começa a libertinagem: explode para o


exterior em organizações não finitas de linhas e planos predominantemente verticais, os
quais são retidos numa adjacência imediata ao plano gerador.

3. Num terceiro momento, ele reduziu-se ainda mais e rodou muito mais. Precisa-se uma
definição volumétrica: um diedro cuja base é a piscina pequena e cujos lados empurram
e perfuram, em altura e em profundidade, a grande fachada inicial, ... (Matos, 1991,
p.76-79).

Ilustração 217 – Esquema representativo em planta, dos momentos de rotação dos quadrados, nas Piscinas de Campo Maior
( Adaptado a partir de: Matos, Madalena Cunha, “Piscinas Errantes”, p.85)

Em planta, como podemos ver na ilustração 215, o complexo corresponde ao deslizar


de dois quadrados, um sobre o outro. É um projeto que “ganha” em ser lido em planos
e não em volumes. “ ... até os alçados ganha em ser lidos “na Horizontal” ... (Gomes,
1991, p.88).

A conjunção e articulação destes planos resulta numa combinação de dois conceitos


opostos, já mencionados no texto intitulado Estranha leveza por Gonçalo Byrne:

Mariana Pereira da Silva de Lemos Guimarães de Lacerda e Mello 148


A Arquitectura no Desporto – Piscinas como caso de Estudo

Belvedere e enquadramento, abertura e limitação (respetivamente). O Arquiteto João


Luís Carrilho da Graça consegue deste modo conjugar na mesma obra dois temas
distintos “ ... que atingem um efeito de rara beleza ... ”. (Graça e Byrne, 1995, p.10).

A delimitação dos planos de águas numa plataforma quadrada sobrelevada, espécie de


nave ancorada, reforçada, na extensa horizontalidade das aberturas e da pala
contornante, um enquadramento referencial de tal modo intenso que torna estática e
abstracta a própria água, em conforto com o oceano seco e ondulante de planície
alentejana e a vizinha cidade, reduzida a margem ou escarpa pétrea desse vasto mar.
(Graça e Byrne, 1995, p.10).

Ilustração 218 – Alçado Sul. ([Adaptado a partir de]” Carrilho da Graça”, p.30).

Ilustração 219 – Desenhos Técnicos. ([Adaptado a partir de]” Carrilho da Graça”, p.30).

Ilustração 220 - Um dos Rasgos Existentes no Alçado Nascente. ([Adaptado a partir de]: http://hiddenarchitecture.net/campo-maior-swimming-
poo/).

Mariana Pereira da Silva de Lemos Guimarães de Lacerda e Mello 149


A Arquitectura no Desporto – Piscinas como caso de Estudo

Ilustração 221 - Piscinas de Campo Maior, o plano horizontal (Pérgola) que se transforma num plano vertical. ([Adaptado a partir de]:
http://hiddenarchitecture.net/campo-maior-swimming-poo/).

Para concluirmos, podemos dizer que a obra das piscinas de Campo Maior reúne a
combinação de diversas formas elementares: o quadrado, o retângulo, o círculo, o
triângulo, que são explorados na plenitude, e na sua expressão em obra, atingem
geometrias tridimensionais. Os planos cénicos exteriorizam esta linguagem: “ ... o
edifício, que apesar da sua geometria complexa é toda muito ortogonal, formaliza-se a
partir de uma tridimensionalidade proveniente de planos ... ”.(Graça, 2008).

A sua expressão na paisagem da planície alentejana, límpida e cristalina, da brancura


que caracteriza a região, em planos geométricos sobrepostos, piscinas sobranceiras ao
castelo e ao casario da vila e, simultaneamente, por contraponto aos modelos
arquitetónicos sugeridos pelo próprio aglomerado populacional que visam servir,
assumem-se como uma “lufada de ar fresco” que valoriza a zona e melhora, em muito,
a vivência estival da população, dos mais pequenos aos mais idosos.

Concludente é também a opinião de Manuel Graça Dias que afirma que

... as vistas de Campo Maior organizam muito bem a paisagem elas aparecem como
uma espécie de acrópole ali em relação a Campo Maior mas depois existe uma espécie
de cenário construído para se ver o que está á volta, é também um grande Miradouro
... (informação verbal).42

42Informação fornecida por Manuel Graça Dias e Isabel colaço em “João Luís Carrilho
da Graça”, RTP2 1992).

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A Arquitectura no Desporto – Piscinas como caso de Estudo

Ilustração 222 – Acesso ao Piso Superior da Piscina de Campo


Maior. ([Adaptado a partir de]:
http://hiddenarchitecture.net/campo-maior-swimming-poo/).

Ilustração 223 – Rasgo no Alçado Nascente. ([Adaptado a partir Ilustração 224 – Escadas de acesso ao piso superior das
de]: “Carrilho da Graça”, p.30). Piscinas de Campo Maior. ([Adaptado a partir de]: “carrilho da
Graça”, p.29).

Ilustração 225 – Chapinheiro da Piscina de Campo Maior. Ilustração 226 - Tanque Infantil das Piscinas de Campo Maior.
([Adaptado a partir de]: http://hiddenarchitecture.net/campo- ([Adaptado a partir de]: http://hiddenarchitecture.net/campo-
maior-swimming-poo/). maior-swimming-poo/).

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A Arquitectura no Desporto – Piscinas como caso de Estudo

Ilustração 227 – Tanque principal da Piscina de Campo Maior. Ilustração 228 – Piscinas de Campo Maior. ([Adaptado a partir
([Adaptado a partir de:] http://hiddenarchitecture.net/campo- de:] http://hiddenarchitecture.net/campo-maior-swimming-poo/).
maior-swimming-poo/).

Ilustração 229 – Piscina de Campo Maior. ([Adaptado a partir de]: Ilustração 230 – Piscinas de Campo Maior. ([Adaptado a partir
“Carrilho da Graça”, p.33). de]: “Carrilho da Graça”, p.31).

Ilustração 231 – Piscinas de Campo Maior. ([Adaptado a partir de]: “Carrilho da Graça”, p.27).

Mariana Pereira da Silva de Lemos Guimarães de Lacerda e Mello 152


A Arquitectura no Desporto – Piscinas como caso de Estudo

Ilustração 232 – Uma das vistas que podemos contemplar nas Piscinas de Campo Maior. ([Adaptado a partir de:]
https://www.flickr.com/photos/carolinebarreira/8637941486).

Mariana Pereira da Silva de Lemos Guimarães de Lacerda e Mello 153


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3.1.8. TANQUES DE RECREIO E DIVERSÃO

Têm características morfológicas e funcionais que os tornam particularmente


adequados ao recreio e à diversão aquática, nomeadamente através de acessórios
lúdicos tais como escorregas, cascatas, sistema de formação de ondas, de produção de
repuxos e/ou jatos de água, ou outros dispositivos de animação permanentes.

As profundidades destes tanques serão inferiores a 1.30 m em pelo menos dois terços
da sua superfície, com o máximo de 2.0 m nas zonas mais profundas.

Podemos encontrar estes tanques nos parques aquáticos espalhados por Portugal,
sendo que a maioria destes se localizam no sul do país. Apresentamos como exemplos
o Aqualand Algarve, situado em Alcantarilha, o Aquashow Park Hotel situado em
Quarteira, o Zoomarine Oceans of Fun, situado na Guia (Albufeira) e o Slide&Splash,
situado em Lagoa, todos no Algarve.

Ilustração 233 – Vista do Parque aquático Aqualand. ([Adaptado a Ilustração 234 – Vista do Parque aquático Aquashow. ([Adaptado a
partir de:] https://www.aqualand.pt/). partir de:] https://aquashowpark.com/).

Ilustração 235 – Vista do Parque aquático Zoomarine. ([Adaptado a Ilustração 236 – Vista do Parque aquático Slide&Splash.
partir de:] https://www.barlavento.pt/). ([Adaptado a partir de:] https://www.timeout.pt/).

A “Aqua Splash” é a única empresa em Portugal (há mais de 20 anos) especializada na


conceção, instalação e construção de Parques de Diversão Aquática. É responsável por
grande parque dos recintos de diversão aquática, construídos no país.

Cada recinto aquático é personalizado e distinto de qualquer outro existente. A sua


construção influencia a valorização turística, a paisagem local, o desenvolvimento

Mariana Pereira da Silva de Lemos Guimarães de Lacerda e Mello 154


A Arquitectura no Desporto – Piscinas como caso de Estudo

urbano e regional e tende a promover a qualidade de vida das populações dos territórios
onde se insere(m). Naturalmente, procuram também uma grande afluência de
utilizadores, o que se traduz numa grande rentabilidade para os seus promotores.

Um dos mais famosos parques aquáticos em Portugal é o Slide & Splash. Inaugurado a
10 de junho de 1986, este conta actualmente com uma área total de 10 hectares, tendo
ao dispor vários divertimentos aquáticos para todos os gostos e idades, bem como áreas
de descanso relvadas e/ou com espreguiçadeiras, espaços para espétaculos com
animais, massagens e “fish spa”, vários pontos de restauração servem os utilizadores,
tal como uma loja de venda de produtos associados.

Ilustração 237 – Algumas das diversões existentes no Ilustração 238 - Algumas das diversões existentes no
Slide&Splash. ([Adaptado a partir de:] Slide&Splash. ([Adaptado a partir de:]
https://www.slidesplash.com/). https://www.slidesplash.com/).

Ilustração 239 - Algumas das diversões existentes no Ilustração 240 - Algumas das diversões existentes no
Slide&Splash para crianças. ([Adaptado a partir de:] Slide&Splash para crianças. ([Adaptado a partir de:]
https://www.slidesplash.com/). https://www.slidesplash.com/).

Na realidade, pouco há a referir a respeito deste tipo de tanques. O que aqui se pretende
é disponibilizar de maneira utilitária e massificada o acesso a uma multiplicidade de
diversões, maioritariamente no Verão e relacionadas com a utilização de piscinas (água
contida em tanques artificiais) que podem assumir múltiplos tamanhos, formas, cores e
suportes e estão orientadas à possibilidade de as pessoas se refrescarem enquanto
passam algum tempo de evasão.
Não se pretende uma lógica do “esteticamente belo” ou permanente, mas antes a
sensação de variedade e de desfrute de “brincadeiras aquáticas”, em segurança e com

Mariana Pereira da Silva de Lemos Guimarães de Lacerda e Mello 155


A Arquitectura no Desporto – Piscinas como caso de Estudo

qualidade, em termos higiénicos e de acesso a serviços complementares, seja de


massagens ou até de refeições.
Podemos, pois, referir que se trata, se é que se pode assim nomear, de uma arquitetura
absolutamente funcional, orientada às finalidades que visa servir e sem quaisquer outros
critérios de conceção ou construção que não os funcionais, pelo menos do que pudemos
aperceber-nos no estudo empreendido a respeito de tais equipamentos em território
nacional.

Mariana Pereira da Silva de Lemos Guimarães de Lacerda e Mello 156


A Arquitectura no Desporto – Piscinas como caso de Estudo

3.1.9. TANQUES POLIFUNCIONAIS OU POLIVALENTES

Apresentam soluções geométricas e construtivas que combinam características de


diferentes tipologias de tanques, ou que dispõem de paredes e fundos móveis ou outros
dispositivos de reconversão morfológica. Permitem, assim, variar as suas
características próprias e adaptá-las a diferentes categorias de utentes e de atividades,
com exceção dos usos de vocações previstos exclusivamente para chapinheiros.

Um dos exemplos paradigmáticos deste tipo de tanques é a piscina de saltos do


Complexo do Estádio Nacional. Este tanque possui um fundo amovível que permite que
o mesmo tanque seja utilizado tanto para saltos, quando o fundo se encontra aberto
como para outras modalidades, quando o fundo se encontra fechado.

Ilustração 241 – Nesta imagem podemos ver a Piscina de Saltos do Jamor a ser utilizada por utentes que praticam uma aula de
hidroginástica, para que tal seja possível o fundo amovível encontra-se fechado. ([Adaptado a partir de:] IPDJ).

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3.2. PISCINAS DE RECREIO: PISCINAS OCEÂNICAS E AS PISCINAS


PRIVADAS

Tal como já temos vindo a descrever, a prática desportiva da natação desenvolveu-se


nas diversas piscinas que, ao longo do último século, foram sendo construídas pelo
país. No entanto, o conceito de banho como evento social e de recreio, que teve origem
nos banhos romanos (e foi ulteriormente abandonado na Idade Média até ressurgir na
época contemporânea), ganha uma nova importância com as piscinas oceânicas:

Portugal tem uma vasta orla costeira de livre acesso (instituída pelo decreto relativo ao
Domínio Público Marítimo, de 1898). As atividades recreativas nestes espaços foram
aumentando, assim como o interesse das pessoas pelas atividades aquáticas,
principalmente nos meses mais quentes.

Neste sentido, começam a surgir as primeiras piscinas oceânicas, que aproveitam o


acesso na orla marítima à água salgada e, através de obras de pequena monta,
permitem a circunscrição da entrada e saída de água, de forma mais ou menos
controlada e, por isso, o acesso a banhos de um modo mais confortável.

Aproveitando a sua localização privilegiada junto ao Oceano Atlântico e a existência dos


recursos fundamentais, a água salgada da orla costeira, o território portugês tem várias
e muito diversificadas piscinas oceânicas:

A percepção que temos e a catividade que damos ao litoral têm mudado ao longo dos
tempos. Outrora, a orla costeira, ainda que pontilhada de algumas cidades e vilas, era
na sua maior extensão um território vazio, evitado, ignorado, habitado por uma população
diminuta de pescadores. Com o aparecimento da moda dos “banhos de mar”, o espaço
litorâneo passou a ser local de atracção e divertimento, sendo procurado sazonalmente
por grandes massas populacionais... . (Freitas, 2007, p.105).

Actualmente, é através de construção e aproveitamento do acesso quase irrestrito à


água salgada que, ao longo de toda a costa litoral portuguesa é possível encontrar uma
grande variedade de piscinas oceânicas, incrementando-se por esta via a relação que
todo o nosso país tem com o oceano.

Uma das piscinas oceânicas mais conhecidas do nosso país situa-se em Leça da
Palmeira, Matosinhos. Trata-se de uma das primeiras obras do arquiteto Álvaro Siza
Vieira. O projeto e construção foram desenvolvidos em várias fases, ao longo de catorze
anos: a 1ª fase começa em 1959 e a 4ª fase termina em 1973.

No entanto, já em 1954, haviam sido projectadas em Lisboa, concelho de Cascais,


freguesia do Estoril, as Piscinas do Tamariz, da autoria do arquiteto Manuel Tainha e

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A Arquitectura no Desporto – Piscinas como caso de Estudo

com a colaboração do arquiteto António Pinto de Freitas. Inauguradas no ano de 1956,


estas piscinas, uma para adultos e outra para crianças, eram abastecidas de água
salgada, e em muito contribuiram para as “idas a banhos” nas proximidades da capital
portuguesa.

Para além das duas piscinas já referidas, podemos ainda destacar a Piscina da Praia
das Maçãs, do arquiteto Raul Tojal e João Guilherme Faria da Costa, projetadas em
1955, as Piscinas de São Pedro de Moel, projetadas pelo Arquiteto Egas de Vidigal
Vieira e Vitor Manuel Rodrigues, inauguradas em 1967, a Piscina do Atlântico, do
Arquiteto Paulo David, e ainda as Piscinas das Azenhas do Mar que, apesar de não
haver registo arquitetónico da sua conceção e construção, são sem dúvida um marco
paisagístico na sua região e até no nosso país.

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A Arquitectura no Desporto – Piscinas como caso de Estudo

Ilustração 242 – Localização das Piscinas Oceânicas e naturais em Portugal. ([Adaptado a partir de:] Google maps, edição Nossa).

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A Arquitectura no Desporto – Piscinas como caso de Estudo

3.2.1. PISCINAS OCEÂNICAS

Piscinas de Leça da Palmeira

As Piscinas foram construidas na orla marítima de Leça da Palmeira, em Matosinhos.


Foram projetadas pelo arquiteto Álvaro Siza Vieira quando este tinha apenas 26 anos e
ficaram concluídas em 1966. Têm no seu conjunto, vestiários, café e duas piscinas –
uma para adultos e outra para crianças.

Este conjunto tornou-se um dos projectos mais reconhecidos do Arquiteto Álvaro Siza
Vieira e, em 2011, foi classificado como Monumento Nacional.

Ilustração 243 – Vista aérea das Piscinas de Leça da Palmeira. ([Adaptado a partir de:]
https://www.archdaily.com/875678/7-established-architects-advice-for-young-professionals-and-
students/59662ba4b22e38a4e1000188-7-established-architects-advice-for-young-professionals-and-students-
image).

Ao projetar as piscinas o arquiteto tira partido das depressões naturais do terreno


rochoso para aí implantar os tanques de água salgada. As piscinas chegam ao oceano
e misturam-se com as outras formações naturais presentes ao longo da costa de
Matosinhos.

Os volumes integram-se quase perfeitamente na paisagem, escondendo-a e


enquadrando-a em alguns momentos, mas demarcando claramente a intervenção
humana sobre o sítio natural. O arquiteto Álvaro Siza Vieira trabalha com uma
“contraposição proposital entre a organicidade das pedras e a geometria acentuada da
arquitectura”.(Souza, 2016) A edificação é projectada paralelamente à estrada e numa

Mariana Pereira da Silva de Lemos Guimarães de Lacerda e Mello 161


A Arquitectura no Desporto – Piscinas como caso de Estudo

cota inferior, deixando assim o horizonte completamnete livre a partir da estrada. O


acesso àquelas é feito através de uma rampa suave que nos leva a “entrar” entre duas
paredes que formam uma espécie de “túnel sem tecto”, e onde a vista do mar é perdida.
Ao sair dos vestiários entra-se numa série de plataformas e a água assume-se
novamente a vista dominante, com as piscinas a aparecerem entre o vasto oceano e a
edificação propriamente.

Ilustração 244 - Esquiço das Piscinas de Leça da Palmeira elaborado pelo Arquiteto Álvaro Siza Vieira. ([Adaptado a partir de:]
https://portuguesearchitectures.wordpress.com/).

Ilustração 245 – Planta das Piscinas de Leça da Palmeira. ([Adaptado a partir de:] https://portuguesearchitectures.wordpress.com/).

Mariana Pereira da Silva de Lemos Guimarães de Lacerda e Mello 162


A Arquitectura no Desporto – Piscinas como caso de Estudo

Ilustração 246 – Rampa de acesso - Piscinas das de Leça da Ilustração 247 - Rampa de acesso - Piscinas das de Leça da
Palmeira. ([Adaptado a partir de:] Palmeira. ([Adaptado a partir de:]
https://portuguesearchitectures.wordpress.com/). https://portuguesearchitectures.wordpress.com/).

Ilustração 248 - Rampa de acesso - Piscinas das de Leça da Ilustração 249 - Rampa de acesso - Piscinas das de Leça da
Palmeira. ([Adaptado a partir de:] Palmeira. ([Adaptado a partir de:]
https://portuguesearchitectures.wordpress.com/). https://portuguesearchitectures.wordpress.com/).

As bordas das piscinas são baixas e em betão, de modo a que se “misturem” com as
formações rochosas naturais, que também elas servem de limite à piscina (o nível da
água da piscina parece sempre o mesmo que o do mar). Desta maneira é criada uma
indefinição intencional, que confunde a compreensão real do limite criado e aumenta
visualmente a extensão do espaço. A piscina das crianças é ligada a uma parede curva
de betão numa das bordas, enquanto a outra, destinada a adultos, está ligada a uma
ponte e a grandes rochas, sendo que a das crianças, está localizada numa zona mais
recolhida do mar.

Ilustração 250 – Piscina dos adultos. ([Adaptado Ilustração 251 - Piscina das crianças. ([Adaptado
a partir de:] a partir de:]
https://portuguesearchitectures.wordpress.com/). https://portuguesearchitectures.wordpress.com/).

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A Arquitectura no Desporto – Piscinas como caso de Estudo

Ilustração 252 – Vista área das Piscinas de Leça da Palmeira onde se pode ver a localização das duas piscinas. Vista aérea das
Piscinas de Leça da Palmeira. ([Adaptado a partir de:] https://www.archdaily.com/875678/7-established-architects-advice-for-young-
professionals-and-students/59662ba4b22e38a4e1000188-7-established-architects-advice-for-young-professionals-and-students-
image).

Os edifícios de apoio à piscina foram construídos em betão, sendo as suas cofragens


feitas com tábuas de madeira, de modo a que o betão fique marcado de modo evidente.
O tom de betão utilizado é mais claro do que o das rochas no terreno, evidenciando a
acção do homem sobre o ambiente natural. As coberturas são feitas em madeira,
revestidas com chapas de cobre, sobre telas asfálticas.

Nas piscinas de Leça da Palmeira, Siza demonstra à evidência a conexão com o natural,
mantendo a individualidade da sua intervenção, o que acrescentamos, antecipa já o que
será um dos marcos da linha arquitetónica de um dos melhores arquitetos portugueses
de todos os tempos. De resto, o projeto é internacionalmente reconhecido e ainda hoje
mantém a sua integridade e perenidade.

Em razão da obra e do modo tão bem concebido como se assume na paisagem, mas
também da sua virtualidade de utilização, que se mantém atual há mais de cinquenta
anos. Considerando as imagens propostas e a descrição já feita, não se nos oferece
outro comentário que não o de que a mesma “fala por si”, e de que poucos projetos de
piscinas terão atingido de maneira tão perene e vantajosa os seus objetivos próprios,
como sucedeu com este conjunto laboriosamente criado.

Mariana Pereira da Silva de Lemos Guimarães de Lacerda e Mello 164


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Piscinas do Tamariz

As piscinas do Tamariz, foram projectadas em 1954 pelo arquiteto Manuel Tainha, com
a colaboração do arquiteto António Pinto de Freitas. Inauguradas no ano de 1956, na
praia do Tamariz, no Estoril, estas piscinas, uma para adultos e outra para crianças
eram abastecidas de água salgada. As piscinas do Tamariz são atualmente pertença da
“Sociedade Estoril-Sol”.

Ilustração 253 – Piscinas do Tamariz 1957. ([Adaptado a partir de:] https://restosdecoleccao.blogspot.com/2017/09/piscinas-do-


tamariz.html).

O espaço ocupado pela piscina do Tamariz é contíguo ao restaurante respetivo, antigo


“Chalet Schroeter”. Na altura em que o chalet foi construído, e no mesmo lugar das
atuais piscinas existia anteriormente outra piscina, entretanto demolida (que deu lugar
às presentes).

Ilustração 254 – Restaurante Tamariz e Ilustração 255 – Antigo Chalet Schroeter mais
Piscina. ([Adaptado a partir de:] tarde transformado em restaurante. ([Adaptado a
https://restosdecoleccao.blogspot.com/2017/0 partir de:]
9/piscinas-do-tamariz.html). https://restosdecoleccao.blogspot.com/2017/09/pis
cinas-do-tamariz.html).
A 23 de Junho de 2016 a piscina do Tamariz, após profundas transformações a nível
exterior, passa a designar-se “Reverse Pool & Beach Lounge”, a partir de uma ideia de

Mariana Pereira da Silva de Lemos Guimarães de Lacerda e Mello 165


A Arquitectura no Desporto – Piscinas como caso de Estudo

Carminda Hortigueira, que possuia uma clínica de tratamentos estéticos precisamente


acima da mesma piscina. Para concretização da remodelação a “Sociedade Estoril- Sol”
concessionou o equipamento ao “Grupo Reverse”.

Importa referenciar ainda uma outra piscina oceânica que, ao que parece, teve uma
existência efémera, mas constituiu na sua época um vanguardismo de sublinhar:

Em Julho de 1970 era inaugurada na praia do Tamariz uma “praia piscina flutuante” (a
cerca de trezentos metros do areal). Foi projetada por Eduardo Anahory, artista plástico
e gráfico, que batizou a sua invenção com o nome “SeaPool”. Tratava-se de uma
enorme “jangada”, no centro da qual existia uma piscina com paredes e fundo de rede
nylon, por onde a água era constatemente renovada e filtrada. Em torno da piscina havia
um amplo deck, com uma área de 400 metros quadrados, o que permitia acomodar
confortavelmente cerca de 150 pessoas, sem sofrer possibilidades de adornar,
mantendo-se à tona da água por efeito de dois flutuadores laterais, ao longo de todo o
comprimento da mesma piscina. Daquilo que apurámos a mesma funcionou, pelo
menos, durante dois anos, não havendo notícia de que tenha tornado a ser montada
(uma vez que era constituída por elementos modulados, permitindo a montagem para
cada época balnear e correspondente desmontagem e armazenamento no Inverno).

Ilustração 256 – See pool de Eduardo Anahory. ([Adaptado a partir de:]


https://restosdecoleccao.blogspot.com/2017/09/piscinas-do-tamariz.html).

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Piscina Praia das Maçãs

O complexo “Concha” compõe-se de um Restaurante-Dancing, Bar, Piscinas e Campos


de ténis. Foi projetado pelos arquitetos João Guilherme Faria da Costa43 (1906-1971) e
Raúl Francisco Tojal (1889-1969), localizado na Praia das Maçãs, Sintra, foi inaugurado
em 7 de julho de 1956, pelo Ministro da Marinha, o Almirante Américo Thomaz e pelo
Ministro das Obras Públicas, o Engenheiro Arantes e Oliveira.

Ilustração 257 – Vista aérea da praia das Maçãs e do complexo Concha (1956). ([Adaptado a partir de:] Arquivo
Municipal de Lisboa).

43 João Guilherme Faria da Costa, nasceu em Sintra a 16 de abril de 1906, considerado o primeiro arquiteto
urbanista português com formação internacional. Diplomado em urbanismo pelo Instituto de Urbanismo da
Universidade de Paris em 1935, e em arquitetura pela Escola Superior de Belas Artes de Lisboa (ESBAL)
em 1936, foi autor de obras como: o plano de arranjo, embelezamento e extensão da Figueira da Foz (1935
(tese final de curso do Instituto de Urbanismo da Universidade de Paris)).; Plano diretor de Lisboa (1938-
1948); Plano Geral da Urbanização de Lisboa: Estudo para o Bairro do Restelo ( plano da Encosta da Ajuda
1938/40), Estudo para o Martim Moniz (1943); estudo para o Bairro do Areeiro (1938); Estudo para o Bairro
de Alvalade (1945), elaborou alguns planos territoriais como é o caso da Costa do Sol (Lisboa- Cascais);
Faixa Marginal do Tejo- Moscavide a Vila Franca de Xira e do Seixal ao Montijo; concelho de Almada; Cova
do Vapor; Trafaria e costa da Caparica (1947). De entre os seus projetos arquitetónicos podemos destacar
a Piscina da Praia das Maçãs; a casa na praia das Maçãs no Bairro dos Arquitetos (anos 30); Cinema
Carlos Alberto, Portela de Sintra; Restaurante na curva da Marginal, Jamor; Edifício “Bloco da Mãe d`Água”
no Rato- Lisboa; Edifício na Avenida do Restelo, nº 23 e 23ª (projeto conjunto com Fernando Silva) Prémio
Valmor, 1952)). Morre em Lisboa a 19 de janeiro de 1971.

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Ilustração 258 - Vista aérea da praia das Maçãs e do complexo Concha (Atual). ([Adaptado a partir de:] Google
maps, adaptação Nossa).

Ilustração 259 – Vista aérea da Praia das Maçãs. ([Adaptado a partir de:] Arquivo Municipal de Lisboa).

Tal projeto foi promovido pela empresa “Turismo Sintra Litoral, S.A.R.L.” e inseriu-se em
dois estudos encomendados pela Câmara Municipal de Sintra: o Plano Geral de Arranjo
da Praia das Maçãs e o Estudo de Valorização da Praia das Maçãs, elaborados entre
1949 e 1955.

O complexo “Concha” é composto por duas piscinas oceânicas, uma para adultos
(50x25m), com uma prancha de saltos de oito metros de altura, e outra mais pequena
para crianças (48x12m), para além de numerosos balneários.

A água para as duas piscinas, permanente renovada, é conduzida através de uma


canalização de lusalite e pela acção de um motor localizada na Praia do Mindelo, onde

Mariana Pereira da Silva de Lemos Guimarães de Lacerda e Mello 168


A Arquitectura no Desporto – Piscinas como caso de Estudo

se contruíu, na rocha, o indispensável poço para a sua captação e filtragem através de


grandes seixos. Também serão inaugurados, na praia, novos balneários, de alvenaria,
construídos às expensas dos banheiros. A água do mar, antes de entrar nas piscinas, é
projectada a grande altura sobre um lago, formando um cogumelo líquido, que só por si,
constitui um belo e agradável espectáculo. (Leite, 2018).

Ilustração 260 – Piscinas Oceânicas da praia das Maçãs. ([Adaptado a partir de:] Arquivo Municipal de Lisboa).

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Ilustração 261 – Projeto das Piscinas, Balneários, Bar e Restaurante. ([Adaptado a partir de:] O Traço do Arquitecto em Sintra,
Câmara Municipal de Sintra).

Do complexo fazem parte, para além das piscinas, um restaurante, um salão de chá e
de dança (com conjunto privativo), todos de dimensões generosas. Anos mais tarde e
do lado oposto a este edifício, viria a ser construído um parque de bungalows da
“Orbitur”.

Ilustração 262 - Planta do Restaurante e Solário. ([Adaptado a partir de:] O Traço do Arquitecto em Sintra, Câmara Municipal de Sintra).

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A Arquitectura no Desporto – Piscinas como caso de Estudo

Ilustração 263 – Restaurante do Complexo Concha na praia das Maçãs. ([Adaptado a partir de:] Arquivo Municipal de Lisboa).

Ilustração 264 – Cartaz do Restaurante Concha de 11 Ilustração 265 – Cartaz do Restaurante Concha de 9 de
de junho de 1960. ([Adaptado a partir de:] Arquivo julho de 1960 ([Adaptado a partir de:] Arquivo Municipal
Municipal de Lisboa). de Lisboa).

Atualmente, o antigo complexo “Concha” é o “Sintra – Sol – Apartamentos Turísticos”,


que inclui bloco de apartamentos, as duas piscinas oceânicas referenciadas, uma
esplanada e cafetaria. Apesar das piscinas serem as mesmas, sofreram algumas

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A Arquitectura no Desporto – Piscinas como caso de Estudo

alterações no sentido de se “modernizarem” e conferirem maior diversão aos


utilizadores: a piscina dos adultos tem agora escorregas, enquanto na piscina das
crianças o tamanho reduziu-se, passando a medir 30x10m (em vez dos 48x12m que
tinha antigamente), mais adequada aos utentes mais novos.

Ilustração 266 - Imagens do Complexo Sintra Sol. ([Adaptado a partir de:] Sintra Sol).

Ilustração 267 - Piscinas da praia das Maçãs atualmente. ([Adaptado a partir de:] Sintra Sol).

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Ilustração 268 - Planta do conjunto. ([Adaptado a partir de:] Arquivo Municipal de Lisboa).

Ilustração 269 - Vista geral do conjunto. ([Adaptado a partir de:] Arquivo Municipal de Lisboa).

Ilustração 270 – Alçado do conjunto sobre as piscinas. ([Adaptado a partir de:] Arquivo Municipal de Lisboa).

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Ilustração 271 - Conjunto dos Alçados Posteriores. ([Adaptado a partir de:] Arquivo Municipal de Lisboa).

Ilustração 272 - Construção da piscina da praia das Maçãs. ([Adaptado a partir de:] Arquivo Municipal de Lisboa).

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Ilustração 273 - Placa com identificação da obra. ([Adaptado Ilustração 274 - Apresentação do projeto num jornal. ([Adaptado a partir
a partir de:] Arquivo Municipal de Lisboa). de:] Arquivo Municipal de Lisboa).

Ilustração 275 - Inauguração da piscina da praia das Maçãs. ([Adaptado a partir de:] Arquivo Municipal de Lisboa).

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Piscina de São Pedro de Moel

As piscinas de São Pedro de Moel foram inauguradas a 1 de junho de 1967 e


desativadas em setembro de 2013. Privado, mas aberto à comunidade, o complexo de
piscinas, bares, salões de festas e espetáculos revolucionou a paisagem do lugar e
mexeu nos hábitos de quem frequentava a vila balnear.

Ilustração 276 - Praia de São Pedro de Moel antes da construção das Piscinas (1964). ([Adaptado a partir de:] Arquivo Municipal da
Marinha Grande).

As piscinas foram um investimento repartido por 118 acionistas da burguesia local da


Marinha Grande, que tinha casas e passava férias naquela praia. Para além das
piscinas no complexo, existiam bares e discotecas. O conjunto foi projetado pelos
Arquitetos Egas Vidigal Vieira e Vitor Manuel Rodrigues.

Nos anos 60, as leis de proteção do litoral não eram tão exigentes e só isso justifica que
tenha sido erguido um complexo daquela dimensão e volumetria, praticamente em cima
da praia. A Promoel, empresa que então foi constituída, durou quase 50 anos, mas
acabaria por vender aquele património ao Grupo Oliveiras.

Este Grupo, não satisfeito com um ativo situado numa zona privilegiada, entendeu que
para o rentabilizar seria necessário acrescentar mais construção.

Mariana Pereira da Silva de Lemos Guimarães de Lacerda e Mello 176


A Arquitectura no Desporto – Piscinas como caso de Estudo

Ilustração 277 - Praia de São Pedro de Moel depois da construção das Piscinas. ([Adaptado a partir de:] Arquivo Municipal da Marinha
Grande).

Em complemento com o complexo já existente, o Grupo Oliveiras pretendeu ali construir


apartamentos turísticos e habitacionais. Todavia, tais pretensões foram indeferidas,
tendo o Ministério do Ambiente considerado que a ocupação projetada não se adequava
às disposições do Regulamento do Plano de Ordenamento da Orla Costeira entre Ovar
e Marinha Grande.

A partir de então, o local ficou ao abandono, sujeito a furtos, atos de vandalismo e à


degradação normal do tempo, acrescida por se situar numa localização próxima do mar
e dos efeitos do salitre.

Na visão do arquiteto Egas José Vieira, filho do Arquiteto Egas de Vidigal Vieira, que em
conjunto com Vítor Manuel Rodrigues projetou o complexo, as piscinas estão
“completamente enraizadas na memória colectiva” de quem conhece São Pedro de Moel
e daí a urgência de uma “situação de consenso” entre os actuais proprietários e a

Mariana Pereira da Silva de Lemos Guimarães de Lacerda e Mello 177


A Arquitectura no Desporto – Piscinas como caso de Estudo

câmara, até porque o empreendimento “está numa situação geográfica


extraordinariamente interessante”, Frisa. (Garcia, 2017).

Ilustração 278 - Piscinas de São Pedro de Moel (1967). ([Adaptado a partir de:] Jornal de Leiria).

Ilustração 279 - Piscinas de São Pedro de Moel em abandono. ([Adaptado a partir de:] Jornal de Leiria).

As piscinas de São Pedro de Moel encontram-se inseridas num terreno com um desnível
de 28 metros, entre a cota 5 (ao nível da Praia) e a cota 33 (do arruamento de acesso
ao empreendimento), optou-se por uma:

distribuição orgânica das diversas peças que compõem o programa funcional (...)
lançadas no terreno a partir de dados fixos e impostos pela imperiosidade de

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A Arquitectura no Desporto – Piscinas como caso de Estudo

conservação do valor estético regional da zona de que S. Pedro de Moel é parte


integrante, sem contudo se cair no ridículo de copiar formas ultrapassadas e por vezes
consequência de necessidades primárias dos seus povos. (Vieira, 1965, p.4-5).

O conjunto desenvolvia-se, pois, em vários planos de cotas diferentes, articulados


funcionalmente entre si, numa sucessão de plataformas que vão adossando a encosta.
Tal solução procura, de alguma forma, recriar a imagem do núcleo primitivo de S.Pedro
de Moel e integrar-se no “estudo de recuperação regional elaborado pela Direcção –
Geral dos Serviços de Urbanização para a parte antiga da vila” (Vieira, Egas, op.cit.,p.6).

À cota mais baixa (12 metros), situavam-se os tanques da piscina olímpica, com 50 por
21 metros (segundo as medidas internacionais olímpicas para competição e as
indicações fornecidas pela Federação Portuguesa de Natação) e da Piscina de Saltos,
com a respetiva torre e pranchas a 5 metros, 3 metros e 1 metro de altura.

Ilustração 280 - Esquema de circulação à cota 10,00 e 11,5m. ([Adaptado a partir de:] Câmara Municipal Marinha-Grande).

Dois metros acima, à cota 14, estavam instalados o tanque de crianças com lava-pés,
o tanque de chapinhagem, um tanque de areia e jardim infantil, o posto de socorros,
cabines com duches, instalações sanitárias e depósito de roupas (com cabides para
rapazes e raparigas), bar com esplanada, venda de gelados, de jornais e revistas e até
venda e exposição de vidros da Marinha Grande.

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A Arquitectura no Desporto – Piscinas como caso de Estudo

Ilustração 281 - Esquema de circulação à cota 14,00m. ([Adaptado a partir de:] Câmara Municipal Marinha-Grande).

À cota de 18 metros, estabelece-se o acesso principal ao Complexo de Piscinas e a


distribuição aos restantes equipamentos que compõem o programa - Restaurante,
Casino e Salão de Festas, com funcionamento independente da zona de banhos,
permitindo assim, a sua utilização nocturna, e demarcados volumetricamente por
funções.

Todos estes espaços tiram partido da vista panorâmica sobre a Praia e a Vila,
prolongando-se para o exterior em varandas/ esplanadas e um amplo solário sobre o
conjunto das piscinas.

Para o acesso automóvel, foi já então considerado um pequeno parque de


estacionamento, com capacidade para cerca de vinte viaturas, junto à portaria, servindo
na estação invernosa para encurtar a distância aos restaurantes.

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A Arquitectura no Desporto – Piscinas como caso de Estudo

Ilustração 282 - Planta de circulação à cota 18,00m. ([Adaptado a partir de:] Câmara Municipal Marinha-Grande).

Do “partido estético regionalista e ambiental” destaca-se a preocupação de integrar o


conjunto na perspectiva desfrutada desde a Praia e, no sentido inverso, a atenção dada
ao enquadramento de diferentes panorâmicas e ângulos de visão sobre o mar e a vila.
Para tal, procurou-se fragmentar o volume da massa construída pela articulação de
corpos funcionais distintos com orientações e caracterizações formais próprias, em que
a introdução do ângulo a 45º, na malha estrutural da composição, e o tratamento
individualizado das coberturas sugerem um contínuo de formas em movimento.

Porque nos encontramos embrenhados na parte pitoresca do Pinhal de Leiria em que o


seco do mato é contrariado pelo verdejante Vale do Rio que nas suas margens é dono
dos maiores eucaliptos que já foi dado ver aos autores deste trabalho, necessário se
tornava para além do emprego da madeira, criar volumes repartidos e movimentados,
mas ao mesmo tempo harmoniosos que nos permitissem disfrutar dentro ou fora do
empreendimento não de volumes avassaladores e deprimentes mas sim que o aspecto
estético contribuísse ainda para a parte recreativa a que a piscina se destina. As
coberturas foram neste caso de tenaz preocupação pois elas serão o primeiro elemento
que se depara à vista do visitante quando se abeira do seu acesso. As formas das
coberturas e os materiais de que são compostos além de demarcarem zonas de funções
distintas, enquadramentos e ângulos de visão, procuram dar escala ambiental quer no
partido estético funcional interior quer exterior.(Vieira, 1965, p.5-6).

Mariana Pereira da Silva de Lemos Guimarães de Lacerda e Mello 181


A Arquitectura no Desporto – Piscinas como caso de Estudo

Ilustração 283 - Alçado Nascente. ([Adaptado a partir de:] Câmara Municipal Marinha-Grande).

Ilustração 284 -Alçado Poente. ([Adaptado a partir de:] Câmara Municipal Marinha-Grande).

Entre o ano de 2000 e 2002 a Promoel pede ao arquiteto João Eduardo Oliveira
Mascarenhas que faça um projeto de alterações da Arquitetura, de modo a que o
Complexo Turístico das Piscinas de São Pedro de Moel, Promoel S.A, fique legalizado
conforme as novas leis existentes. Deste modo, o arquiteto não altera a fundo a
estrutura do conjunto, mas organiza-o de modo a que este cumpra todos os
regulamentos legais impostos para este tipo de empreendimento.

Salienta -se a manutenção integral da construção e a salvaguarda total da ocupação já


existente, sendo resultante traduzida em pequenas alterações, sucessivas ao longo dos
tempos, consequência das necessidades de melhorar desempenhos ou criar adaptações

Mariana Pereira da Silva de Lemos Guimarães de Lacerda e Mello 182


A Arquitectura no Desporto – Piscinas como caso de Estudo

em função de novas exigências no âmbito das actividades desenvolvidas. (Mascarenhas,


2000, p.30).

Ilustração 285 - Planta de localização. ([Adaptado a partir de:] Câmara Municipal Marinha-Grande).

Mariana Pereira da Silva de Lemos Guimarães de Lacerda e Mello 183


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Ilustração 286 - Planta de implantação Existente. ([Adaptado a partir de:] Câmara Municipal Marinha-Grande).

Ilustração 287 - Planta de Implantação Amarelos e Vermelhos. ([Adaptado a partir de:] Câmara Municipal Marinha-Grande).

Mariana Pereira da Silva de Lemos Guimarães de Lacerda e Mello 184


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Ilustração 288 - Planta de Implantação Proposta. ([Adaptado a partir de:] Câmara Municipal Marinha-Grande).

Ilustração 289 - Conjunto da Promoel. ([Adaptado a partir de:] Câmara Municipal Marinha-Grande).

Mariana Pereira da Silva de Lemos Guimarães de Lacerda e Mello 185


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Ilustração 290 - Conjunto das Piscinas da Praia de São Pedro de Moel. ([Adaptado a partir de:] Câmara Municipal Marinha-Grande).

Com o tempo e em virtude do que já se explicou (opção da proprietária) a degradação


apoderou-se do edifício, o movimento foi diminuindo paulatinamente na praia e os
comerciantes perdendo a esperança de ver recuperada a dinâmica que durante décadas
marcou o lugar.

Por nossa parte, e independentemente de considerações paisagísticas, o certo é que o


conjunto tinha uma linha arquitetónica lógica e adaptada às suas funcionalidades,
oferecia não só o acesso e desfrute das piscinas a utilizadores de todas as idades e
condições, tal como um conjunto de serviços de lazer e recreio, que muito
impulsionaram o desenvolvimento da zona e a sua frequência por pessoas que ali eram
atraídas por todos os serviços de que a infraestrutura dispunha, fosse no Verão (época
alta) como na outras estações do ano. Atualmente, ficou apenas o cenário da nostalgia
de um passado que, em muito por opção da sua proprietária, não se adaptou aos novos
tempos e nem sequer lhe foi permitido adequar-se, evoluindo, às condições de recreio
atuais.

Parece-nos, pois, que a situação é duplamente devastadora.

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A Arquitectura no Desporto – Piscinas como caso de Estudo

Por um lado, nem sequer há a exploração e manutenção de uma infraestrutura de


qualidade e que, mesmo para os padrões atuais, assume uma imponência e conferiria
um conjunto diversificado de “atrações”, o que sempre conferiria alguma vida social e
comunitária ao local – o bulício característico das zonas balneares, sempre que o Sol o
permite, num país com o clima temperado como o nosso, por outro, permanece um
“esqueleto imenso” ao abandono, numa localização tão privilegiada e tão bela como a
praia e a vila em que o complexo se enquadra.

Ilustração 291 - Estado de degradação / vandalismo dos edifícios (2009). ([Adaptado a partir de:] Blog os Abandonados).

Ilustração 292 - Estado de degradação / vandalismo dos edifícios (2009). ([Adaptado a partir de:] Blog os Abandonados).

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A Arquitectura no Desporto – Piscinas como caso de Estudo

Ilustração 293 -Estado de degradação / vandalismo dos edifícios / Piscina (2009). ([Adaptado a partir de:] Blog os Abandonados).

Ilustração 294 - Estado de degradação / vandalismo dos edifícios / Piscina (2009). ([Adaptado a partir de:] Blog os Abandonados).

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A Arquitectura no Desporto – Piscinas como caso de Estudo

Ilustração 295 - Estado de degradação / vandalismo dos edifícios / Piscina (2009). ([Adaptado a partir de:] Blog os Abandonados).

Ilustração 296 - Estado de degradação / vandalismo dos edifícios / Piscina (2009). ([Adaptado a partir de:] Blog os Abandonados).

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A Arquitectura no Desporto – Piscinas como caso de Estudo

Ilustração 297 - Estado de degradação / vandalismo dos edifícios / Piscina (2019). ([Adaptado a partir de:] Til Magazine).

Já não há mergulhos da plataforma olímpica, dias intensos e noites longas, nem verões
inesquecíveis, namoros debaixo das estrelas e brilharetes na pista de dança, já não há
Terrazo, Cheers e bebedeiras no Snoobar, nem Hot Rio, Caótica e Club In, já não há
bares, discotecas, restaurantes, festas, banquetes, cinema, concertos e partidas de
bilhar, restam as memórias coleccionadas por várias gerações. E uma ferida ao
abandono, que teima em manchar a paisagem. (Garcia, 2017).

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A Arquitectura no Desporto – Piscinas como caso de Estudo

Piscina do Atlântico

Localizada no arquipélago da Madeira, nas salinas na freguesia de Câmara de Lobos,


o projeto das Piscinas do Atlântico do arquiteto Paulo David44 faz parte das muitas
piscinas oceânicas existentes ao longo da costa daquele território insular. Do projeto
fazem parte não só as Piscinas, como o passeio marítimo e ainda um restaurante.

Ilustração 298 - Localização das Piscinas. ([Adaptado a partir de:] Revista arq./a, outubro 2007).

O sítio das Salinas – uma construção, o antigo forno de cal. Configuração – resultado
estratificação vulcânica, negra e porosa, própria do arrefecimento rápido da lava – um
raríssimo equilíbrio entre forma e lugar. O sitio ocupado – uma antiga indústria artesanal
de secagem do “peixe gata”, a extracção do sal nas rochas esculpidas empresta-lhe o
nome – salinas. (David, 2007, p.40).

44 Paulo David – Nasceu no Funchal, licenciou-se em Arquitetura pela Faculdade de Arquitectura da


Universidade Técnica de Lisboa, em 1989. Em 1996 constitui ateliê próprio no Funchal. Exerce ainda
funções de consultor no Departamento de Planeamento Estratégico da Câmara do Funchal e assistente
convidado na Universidade da Madeira, conquistou, entre outras distinções, a nomeação para o Prémio
Europeu de Arquitectura Contemporânea – Mies van der Rohe – 2005, com o Centro de Artes Casa das
Mudas | Calheta e, com o mesmo projeto, o prémio A Pedra na Arquitectura, em 2005. (Revista Arquitectura
& Construção, nº40, p. 111, janeiro de 2007).

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A Arquitectura no Desporto – Piscinas como caso de Estudo

Ilustração 299 - Antigo forno de Cal. ([Adaptado a partir de:] Revista Ilustração 300 - Indústria artesanal de secagem de Peixe.
arq./a, outubro 2007). ([Adaptado a partir de:] Revista arq./a, outubro 2007).

Ilustração 301 - Fotografia do conjunto do sítio. ([Adaptado a partir de:] Revista Jornal Arquitectos / 227, p.104).

O projecto caracteriza-se por:

Um muro longo que desenvolve e articula o limite periférico das salinas e dá continuidade
a um circuito de caminhos, “caminho da trincheira” que bordeava o mar. Um muro
espesso que suporta a falésia e abriga o conteúdo, um muro topográfico que se adoça e
limita. Um muro em pedra que contextualiza. Uma plataforma em betão, de geometria
precisa que se relaciona com o mar e contrapõe e confronta a irregularidade natural da
costa evidenciando-a (David, 2007, p. 104).

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A Arquitectura no Desporto – Piscinas como caso de Estudo

Ilustração 302 – Esboço do Projeto. ([Adaptado a partir de:] Revista Arq./ a outubro 2007, p.40).

Ilustração 303 - Uma plataforma em betão, de geometria precisa. ([Adaptado a partir de:] Revista Arquitectura & Construção, janeiro
2007, p.110).

O projeto, consoante se evidencia, enquadra-se num programa vasto que abrange todo
o lugar costeiro de Câmara de Lobos. Com funções articuladas a duas cotas, torna-se
suscetível de abrigar as novas funções do programa:

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A Arquitectura no Desporto – Piscinas como caso de Estudo

No nível mais baixo temos o bar, protegido por um muro em pedra basáltica, que
estabelece o contacto direto com a azinhaga, e ao nível superior a sala de refeições e
as cozinhas, que por sua vez estabelecem relação com o jardim e com a estrutura de
diferentes caminhos.

É diante destas funcionalidades que surge o tanque da piscina, num jogo de descoberta
que se faz capaz a partir do caminho marítimo.

Ilustração 304 - Piscina e Restaurante. ([Adaptado a partir de:] Jornal Arquitectos, p.107).

Ilustração 305 - Acesso ao Restaurante. ([Adaptado a partir de:] Revista Arquitectura e Vida, nº82, maio 2007, p.89).

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A Arquitectura no Desporto – Piscinas como caso de Estudo

Ilustração 306 - "Caminho da trincheira". ([Adaptado a partir de:] Revista Arquitectura e Vida, nº82, maio 2007, p.88).

Um corpo de geometria intrínseca coloca-se no alto, abrigado e emergente, assumindo


o contraste com a horizontalidade dos muros espessos da envolvente, procura num só
plano rasgado, a panorâmica para a espeficidade da Câmara de Lobos, descobrindo o
sítio e a essência do lugar – a orla costeira de lava basálica, o Oceano Atlântico, as
magníficas vistas. Um sistema de construção de “junta seca” realiza uma sequência de
execução simples e clara estrutura principal + sub estrutura + invólucro.

São enfim dois corpos monocromáticos: um fechado duro e metálico que realiza o
núcleo das cozinhas e águas, outro transparente, vidro e ripado de madeira maciça, que
faz a grande sala de refeições. A densidade dos materiais destaca o edifício que se
transforma na sua cor, dia após dia, embrenhando-se na paisagem envolvente sem
deixar de se impor como obra arquitetónica no ambiente natural que respeita
integralmente.

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A Arquitectura no Desporto – Piscinas como caso de Estudo

Ilustração 307 - Planta de Implantação. ([Adaptado a partir de:] Revista Arquitectura & Construção, janeiro 2007, p.111).

Ilustração 308 - Alçado geral. ([Adaptado a partir de:] Revista Arquitectura & Construção, janeiro 2007, p.111).

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A Arquitectura no Desporto – Piscinas como caso de Estudo

Ilustração 309 - Plantas Gerais. ([Adaptado a partir de:] Revista Arquitectura & Construção, janeiro 2007, p.111).

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A Arquitectura no Desporto – Piscinas como caso de Estudo

Ilustração 310 - Planta do Restaurante piso-1. ([Adaptado a partir de:] Jornal dos Arquitectos/ 227, p.108).

Ilustração 311 - Planta do Restaurante piso -1. ([Adaptado a partir de:] Jornal dos Arquitectos/ 227, p.108).

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Ilustração 312 - Planta das Piscinas. ([Adaptado a partir de:] Jornal dos Arquitectos/ 227, p.106).

Ilustração 313 - Cortes Gerais. ([Adaptado a partir de:] Revista Arquitectura & Construção, janeiro 2007, p.111).

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A Arquitectura no Desporto – Piscinas como caso de Estudo

Ilustração 314 - Cortes totais Piscinas. ([Adaptado a partir de:] Jornal dos Arquitectos/ 227, p.106).

Ilustração 315 - Alçado / Corte. ([Adaptado a partir de:] Revista arq./a, outubro 2007, p.45).

Como observamos, permite-se um lugar de recreio e lazer entre o acesso a atividades


natatórias e de desfrute das piscinas na sua proximidade com o oceano e ao mesmo
tempo, a socialidade inerente ao bar e restaurante, tudo integrado no passeio marítimo
e num jogo simultâneo de contraste e integração perfeita na envolvência especial
daquela localidade madeirense.

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Piscina Azenhas do Mar

Azenhas do Mar é uma aldeia no litoral do concelho de Sintra, freguesia de Colares. O


lugar desenvolveu-se ao longo da ribeira do Cameijo, que corre para o Atlântico e
quebra as arribas da costa, e na qual existiam várias azenhas (moinhos de água), que
por sua vez tem na base uma praia, na qual existe uma piscina oceânica.

Ilustração 316 - Piscina das Azenhas do Mar. ([Adaptado a partir de:] Junta de Freguesia de Colares).

As Azenhas do Mar foram sítio de férias do rei D. Carlos, da sua mulher, a rainha D.
Amélia e da mãe daquele, a rainha D. Maria Pia.

A atração principal da aldeia continua a ser a sua maravilhosa piscina oceânica, para
onde converge todo o pitoresco casario.

Esta piscina está em contacto quase direto com o mar e este, de quando em quando,
de onda em onda, cavalga a rocha e arrefece a água que na parte de dentro é aquecida
pelos raios do sol. A piscina oceânica das Azenhas do Mar tornou-se um ícone pela sua
beleza natural, fazendo parte dos postais que ilustram Portugal. Constatamos que não
foram poucas as vezes que a aldeia das Azenhas do Mar e as suas piscinas serviram
de inspiração a pintores e escritores como Emílio de Paula Campos, Júlio Pomar,
Alfredo Keil, Virgílio Ferreira, José Saramago, entre outros.

Mariana Pereira da Silva de Lemos Guimarães de Lacerda e Mello 201


A Arquitectura no Desporto – Piscinas como caso de Estudo

Todos os caminhos vão dar a Sintra. O viajante já escolheu o seu. Dará a volta por
Azenhas do Mar e Praia das Maçãs, espreitará primeiro as casas que descem a arriba
em cascata, depois o areal batido pelas ondas do largo. (Saramago, 2018).

Ilustração 317 - Vista da piscina. ([Adaptado a partir de:] jornal Correio da manhã).

Ilustração 318 - Vista da piscina. ([Adaptado a partir de:] NiT).

Do que se ilustra, e apesar do pouco que se sabe da conceção e simplicidade


de imposição da piscina em causa, não podíamos deixar de fazer esta referência
no âmbito das piscinas oceânicas em Portugal, tal o figurativo ícone conhecido
de todos os que tiveram já a possibilidade de conhecer tão pitoresco local.

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A Arquitectura no Desporto – Piscinas como caso de Estudo

3.2.2. PISCINAS PRIVADAS

A presença de elementos de água nunca se limitou apenas ao seu uso público, em


edifícios colectivos, a existência destes elementos em habitações remonta à ocupação
romana. Nas villas romanas surge um elemento central no pátio para recolha das águas
pluviais em torno do qual se desenvolve o espaço habitacional. Todavia, posteriormente
e durante vários séculos, este elemento não marcou presença nas casas portuguesas.
No estudo da arquitetura popular portuguesa deparamo-nos com habitações humildes
e de pequenas dimensões às quais a água apenas chegava através do transporte dos
habitantes a partir de poços e fontes locais.

No entanto, na esteira da revolução social, com a melhoria das condições de vida e com
a proliferação de uma cultura mais democrática e de procura do conforto de acesso
generalizado, assim como uma maior capacidade económica, a água chega finalmente
às habitações, e não só para usos domésticos. Começam a surgir piscinas nas
habitações portuguesas. O modernismo na arquitetura reflete os exemplos que nos
chegam da Europa onde já existiam habitações com tais estruturas.

Atualmente seja em habitações unifamiliares, multifamiliares, aldeamentos turísticos ou


hóteis é possível encontrar piscinas por todo o território nacional. As suas dimensões e
tipologias são cada vez mais diversificadas e imaginaticas. Assim, este equipamento e
elemento arquitétonico está cada vez mais presente no quotidiano da população
portuguesa seja para a prática frequente da natação como modalidade desportiva ou
apenas como actividade de recreio social.

No seguimento, apresentamos alguns exemplos que pretendemos sobejamente


ilustrativos deste equipamento, como elemento arquitetónico de valor acrescido aos
locais onde se encontram.

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A Arquitectura no Desporto – Piscinas como caso de Estudo

Piscina do Aldeamento Turístico da Prainha

Em Julho de 1963 os irmãos Vaz Pinto, Lourenço de Almeida (cunhado de Fernão), o


arquiteto António Hipólito Raposo e Francisco Fautino (dono de 6.5 hectares de terreno
na falésia que domina o mar) constituíram a base inicial de uma sociedade que foi motor
da construção de um dos primeiros aldeamentos turísticos do Algarve.

Porém, só no final da década é que o projeto do emprendimento da Prainha, com um


núceo inicial de 24 casas à volta de um grande relvado, da dupla de arquitetos sul-
africanos Ted Levy e Isaac Benjamim, e cuja decoração ficou a cargo de Maria José
Solvista, ficou concluído.

Os arquitetos responsáveis pelo projecto fizeram uma pesquisa profunda da arquitectura


tradicional e dos materiais locais e basearam-se nessa recolha para desenhar o
aldeamento. (Continelli, 2012, p.10-11).

Um dos ex libris deste emprendimento turístico é precisamente a piscina, desenhada


pelo arquiteto Gonçalo Ribeiro Telles45. A Piscina Atlântica tem a forma de uma concha
e está implantada no topo da falésia, com o oceano como fundo. “[…] os mergulhos
noturnos na “maravilhosa” piscina desenhada por Gonçalo Ribeiro Telles, debruçada
sobre o mar, um do ex librs do emprendimento…” (Continelli, 2012, p.10-11).

Do projeto arquitetónico da piscina pouco se sabe no entanto, a sua inserção no jardim


do emprendimento turístico também ele desenhado pelo arquiteto Gonçalo Ribeiro
Telles é de uma leveza impressionante, podemos mesmo dizer que a piscina é a
continuidade de um jardim à beira mar, todo ele pensado e sentido de uma maneira
única.

45 Gonçalo Pereira Ribeiro Telles – Conhecido por Gonçalo Ribeiro Telles, (Lisboa, 19922 – 2020).
Licenciou-se em Engenharia Agrónoma e terminou o curso livre de Arquitectura Paisagista, no Instituto
Superior de Agronomia da Universidade Técnica de Lisboa (ISA). Iniciou a sua vida profissional nos serviços
da Câmara Municipal de Lisboa, enquanto dava aulas no ISA. O projeto mais marcante da sua carreira é,
provavelmente, o jardim da Fundação Calouste Gulbenkian, que assinou com António Viana Barreto e que
lhe valeu, Ex aequo, o Prémio Valmor de 1975. Entre outros projetos podemos assinalar o espaço público
do Bairro das Estacas, em Alvalade e o Corredor Verde de Monsanto.

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A Arquitectura no Desporto – Piscinas como caso de Estudo

Ilustração 319 - Piscina da Prainha. ([Adaptado a partir de:] Aldeamento Prainha).

Ilustração 320 - Piscina da Prainha. ([Adaptado a partir de:] Aldeamento Prainha).

Ilustração 321- Piscina da Prainha. ([Adaptado a partir de:] Aldeamento Prainha).

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A Arquitectura no Desporto – Piscinas como caso de Estudo

Piscinas da Torralta (Troia)

O plano de criar uma cidade exclusivamente dedicada ao lazer na Península de Troia é


da iniciativa da SOLTROIA – Sociedade Imobiliária de Urbanização e Turismo, Sarl,
empresa liderada por Walter Moreira Salles, influente banqueiro brasileiro e, à altura,
Ministro da Fazenda do governo de João Goulart (1961 – 1964). Prevendo a afluência
ao Sul que a construção da Ponte sobre o Tejo (atual Ponte 25 de Abril) iria, em breve,
desencadear, a Sociedade compra, em 1962, a “Quinta da Herdade” à Sociedade
Agrícola de Tróia, com vista ao “ seu aproveitamento como zona de grande turismo
nacional e internacional”. (Soltroia, 1963, p.1).

Os primeiros estudos, realizados por urbanistas estrangeiros, são submetidos à


apreciação da Direção Geral competente (DGSU) ainda nesse ano, dividindo-se em dois
processos: Um esquema geral de urbanização de uma 1ª parte do território considerado,
e um ante-projecto relativo a uma fase imediata de realizações que incide sobre a
construção de um Clube Náutico e de um grupo de blocos de apartamento (tipo Motel).
Ambos são liminarmente reprovados pelo Gabinete do Plano Director da Região de
Lisboa, em comunicação de 15 de Fevereiro de 1963, que aconselha a “elaboração de
novos estudos”. Decisão sancionada pelo Ministro das Obras Públicas e por uma
comissão encarregada especificamente de avaliar aqueles processos.

Corriam então, de boca em boca, referências pouco elogiosas àquela empresa, suas
intenções e processos. Dizia-se que pensava espatifar, sem escrúpulos, as belezas
naturais da península para obter desmesurados lucros, que abusivamente fazia intervir
no caso altas personalidades políticas brasileiras, etc. Tinha apresentado às entidades
oficiais portuguesas um ante-plano de urbanização onde a falta de estudo e a ganância
por demais se revelavam. O plano fora totalmente reprovado por uma comissão
nomeada especialmente para o efeito e o ministro das Obras Públicas e essa comissão
firmara restrições tão severas para a elaboração dum novo plano, que bem podiam ser
tomadas como uma demonstração dos seus receios quanto às intenções da Soltroia.
(Amaral, 1964, p.1).

Vendo comprometida a sua imagem junto da opinião pública e junto do próprio governo
português, a Soltroia decide convidar, em Março de 1963, Francisco Keil do Amaral para
se ocupar da urbanização da Península. Em carta de 3 de Abril de 1963, a Soltroia
formaliza a contratação do arquitecto, na qualidade de “consultor técnico”, acordando
com a organização de:

uma equipa de, no máximo, cinco arquitectos e dois desenhadores, (...), para
procederem ao estudo e apresentação dentro do prazo de 120 dias, de um anteplano de
urbanização total da área, além do projecto de um clube naútico e grupo de
apartamentos, que poderá ser apresentado até 30 dias depois. (Soltroia, 1963, p.1).

Mariana Pereira da Silva de Lemos Guimarães de Lacerda e Mello 206


A Arquitectura no Desporto – Piscinas como caso de Estudo

Em consequência, para a elaboração de uma proposta, o arquitecto reúne à sua volta


uma pequena equipa de colaboradores de confiança: José Antunes da Silva, Orlando
Jácome da Costa (funcionário da DGSU), Mário Casimiro, Justino Morais e José Manuel
Norberto.

Numa primeira abordagem ao sítio, são analisados os valores naturais da Península,


resumindo-se, num breve esboço, a caracterização das praias, a indicação das
melhores vistas e um levantamento sumário da flora local.

Ilustração 322 – Península de Troia, Setúbal. Levantamento Francisco Keil do Amaral, 1963. ([Adaptado a partir de:] Arquivo Ana
Tostões).

Na memória descritiva do projeto, que se viria a intitular Bases Urbanísticas para a


criação de um Centro Turístico em Tróia, fixavam-se os princípios de ordem geral que
norteam o planeamento:

1) - Organizar a ocupação urbana do território não com uma cidade extensa e aparatosa,
mas com um conjunto de pequenos núcleos distintos, cada um deles para uma
população compreendida entre 3.000 e 4.000 pessoas - verdadeiras ‘vilas’ de férias, cuja
dimensão, escala e características facilitem aos seus ocupantes uma rápida integração,

Mariana Pereira da Silva de Lemos Guimarães de Lacerda e Mello 207


A Arquitectura no Desporto – Piscinas como caso de Estudo

não só num meio físico - geográfico, urbanístico e arquitectónico - mas também num
meio humano - numa vizinhança.

2) Dar a cada núcleo uma relativa auto-suficiência quanto a problemas basilares de


abastecimento, convívio e diversões.

3) Contar com a cidade de Setúbal - o seu comércio, o seu cinema, o seu estádio, os
seus restaurantes, o seu porto, etc. - para um apoio indispensável às primeiras ‘vilas’;
mas prever e promover a construção logo que o desenvolvimento geral e o número de
habitantes o justifiquem, de um centro urbano para cada grupo de seis ‘vilas’, no qual se
instalarão os edifícios e recintos de recreio e cultura, o grande comércio, os escritórios,
a igreja, a escola, as clínicas, os serviços municipalizados, bem como as pequenas
indústrias de manutenção - que cada ‘vila’ não pode comportar, nem poderia manter.
Esse núcleo, de feição nìtidamente mais citadina, deverá ter habitações, grande parte
das quais com carácter permanente, e constituirá, com as suas lojas, os seus cafés, os
seus bares, os seus dancings, exposições, espectáculos, etc., um verdadeiro fulcro de
confluência inter-’vilas’, de convívio e prazer.

4) Encarar à escala do conjunto a urbanizar a criação das instalações para recreio e


desporto cuja amplitude, ou cujas características, não permitam, ou não aconselhem, a
sua inclusão nas células previstas. É o caso, por exemplo, duma ampla doca para barcos
de recreio, dum campo de golfe, duma sociedade hípica, etc. Dessas instalações, que
deverão ser distribuídas ao sabor de conveniências topográficas e de outra natureza,
procurar-se-á tirar partido como factores de aglutinação e convívio a partir dum interesse
comum. Devem para isso conceber-se, ou funcionar, predominantemente sob a forma
de clubes, dotando-as com edifícios que facilitem essa função social.

5) Encarar o problema dos hotéis não apenas sob os pontos de vista da capacidade de
alojamento e da categoria, mas procurando integrá-los nos conceitos que se vêm
enunciando. Para tanto: distribuindo-os pelo conjunto urbanizado e prevendo alguns
deles como factores de vitalização das células. Se é certo que os hotéis beneficiam duma
autonomia que seduz muito os hóspedes (e por isso mesmo devamos localizar alguns
deles destacados), não é menos verdade que podem representar, através dos seus
restaurantes, dos seus bares, dos seus dancings, factores de encontros, de convívio e
de animação (e por isso deveremos incluir um em cada célula).

6) Assegurar a possibilidade de certas actividades ou lazeres, individuais e de grupos,


que fomentem contactos, amenizem e tornem fecundo de boas recordações o tempo de
férias. Isso depende em parte considerável, dum equipamento que é mister prever e
realizar.

7) Procurar resolver os problemas do tráfego, dando aos homens prioridade sobre as


máquinas andantes, no agenciamento dos sistemas arteriais e facilidades de
deslocações; assegurando-lhes rapidez, comodidade e segurança nos grandes
percursos, mas compensando largamente, nos sectores residenciais e de concentração,
a incomodidade de nem sempre poderem ir de automóvel até à porta de casa, do cinema,
da loja, com o inefável prazer de reencontrarem, em férias, um mundo de tranquilidade,
de relaxamento nervoso, de ‘dolce farniente’ que o dinamismo da vida actual e a
presença maciça de veículos motorizados já tornou quase impossível nas cidades de
onde saíram para repousar, ou distrair-se, num ambiente diferente. (Lobo, 2012).

Assim, numa área total de 1.500 hectares e para uma população estimada de 52.000
habitantes, é traçada uma via rápida, que estrutura longitudinalmente todo o território,

Mariana Pereira da Silva de Lemos Guimarães de Lacerda e Mello 208


A Arquitectura no Desporto – Piscinas como caso de Estudo

desde a Ponte do Adoxe até à Comporta, onde liga a Grândola e à rede rodoviária
nacional, e se distribui correspondentemente para as doze células populacionais
previstas.

Ilustração 323 - Troia Bases Urbanísticas para a Criação dum Centro Turístico, Francisco Keil do Amaral, 1963. ([Adaptado a partir
de:] Dissertação de Mestrado de Susana Maria Tavares dos Santos Henriques). Legenda: C- clube; H- Hotel; HL- Hotel de Luxo; R-
Restaurante Esplanada; Azul- Campismo; Verde – Zonas verdes Principais).

Das doze células referidas, dez são chamadas, genericamente, de “vilas” e duas de
“cidades”. Para as primeiras preconiza-se uma população de 3.000 a 4.000 habitantes
cada, e para as últimas referenciam-se 7.000 habitantes.

Ilustração 324 - Ilustração 327 - Troia Bases Urbanísticas para a Criação dum Centro Turístico, Francisco Keil do Amaral, 1963.
([Adaptado a partir de:] Dissertação de Mestrado de Susana Maria Tavares dos Santos Henriques). Legenda: C- clube; H- Hotel; HL-
Hotel de Luxo; R- Restaurante Esplanada; Azul- Campismo; Verde – Zonas verdes Principais).

A faixa sujeita à jurisdição do Domínio Público Marítimo é deixada livre. “Só no caso de
um ou outro hotel, clube ou restaurante, integrado no equipamento das praias, se fará
excepção a essa regra”.

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A Arquitectura no Desporto – Piscinas como caso de Estudo

Entre as Células 1 e 2 prevê-se a construção de um Hotel de Luxo, equipamento que


complementa a rede de Hotéis, Clubes e Restaurantes-Esplanadas espalhada por toda
a península. Junto à Célula 7, uma das duas “cidades”, instalam-se o Centro Hípico, o
Museu e a Igreja. O conjunto arqueológico das Ruínas Romanas é preservado e
valorizado como elemento de atracção. No extremo Norte, localiza-se o pontão de
atracagem dos ferry-boats provenientes de Setúbal e na Caldeira, uma ampla doca de
recreio. A Sul, são deixadas áreas de reserva para a futura expansão do centro turístico.
No centro da península, voltados para o Rio Sado, negoceiam-se os terrenos para as
futuras instalações militares da NATO.

Ilustração 325 - Maqueta Geral, 1963. ([Adaptado a partir de:] AMARAL, Francisco Pires Keil Amaral (coordenação), Keil Amaral
Arquitecto: 1910-1975, Lisboa, Associação dos Arquitectos Portugueses, 1992, p. 12).

As Bases de Tróia são aprovadas oficialmente a 6 de Janeiro de 1964, no entanto, Keil


do Amaral deixa de receber noticias do “cliente” Soltroia, e assim continuaria, até Julho
seguinte, mês em que a Soltroia reúne com o arquiteto e apresenta novos desenhos e
soluções realizados, entretanto, no atelier do arquiteto Henrique Mindlin, no Rio de
Janeiro, sob a supervisão do engenheiro André Gonçalves. Novas soluções que, com
vista a uma maior rentabilização do investimento da Soltroia, implicavam o aumento
substancial da densidade de ocupação do solo, adulterando por completo os princípios
e os conceitos urbanísticos defendidos pelo arquitecto português e pondo em causa a
coerência de todos os estudos já realizados e aprovados. Assim, a 17 de Agosto de
1964 Keil do Amaral e os seus colaboradores demitem-se por iniciativa própria.

Mariana Pereira da Silva de Lemos Guimarães de Lacerda e Mello 210


A Arquitectura no Desporto – Piscinas como caso de Estudo

Um outro estudo, intitulado Plano de Desenvolvimento Urbanístico da Península de


Tróia (PDUPT), seria finalizado em Dezembro de 1964 e aprovado pelo Ministro das
Obras Públicas, Arantes e Oliveira, a 1 de Março de 1965; o mesmo é da
responsabilidade do arquitecto João Andresen (1920-1967).

Ilustração 326 – Plano de Desenvolvimento da Península de Troia. Estruturação Urbanística, Esquema Básico (João Andresen,
1965). ([Adaptado a partir de:] Briz, Maria da Graça Gonzalez, Dissertação de doutoramento em História da Arte Contemporânea).

Com a morte de João Andresen, em 1967, a Soltroia vê-se, de novo, sem um técnico
responsável, português, que coordenasse o desenvolvimento dos estudos de
urbanização e o processo acabaria por ser suspenso. Só três anos depois, no início de
1970, se retomam os trabalhos, com a constituição da Sociedade Turística Ponta do
Adoxe (STPA), SARL, resultado de uma parceria entre a SOLTROIA - Sociedade
Imobiliária de Urbanização e Turismo, SARL, a AC - Arquitectura e Construções, SA, e
a Torralta - Club Internacional de Férias, SARL. A ligação entre as três empresas é
consequência de várias circunstâncias. Os fundadores da Torralta, Agostinho e José da
Silva, criada por escritura de 8 de Março de 1967, tinham uma participação minoritária
na Soltroia desde 1962, altura em que o seu pai havia intermediado a venda dos terrenos
da Quinta da Herdade, da Sociedade Agrícola de Tróia, a Walter Moreira Salles.

Com o sucesso da urbanização da Torralta no Alvor, os administradores da Soltroia,


procurando encontrar apoios financeiros para a realização do centro turístico de Tróia,
propõem, em 1969, a venda de parte daquela propriedade aos irmãos Silva, que
acabam por adquirir uma parcela de 100 hectares no extremo noroeste da Península.
Interessada em capitalizar o seu investimento, a Torralta decide avançar com os estudos
de pormenor respeitantes àquela área. É um dos administradores da Soltroia, o

Mariana Pereira da Silva de Lemos Guimarães de Lacerda e Mello 211


A Arquitectura no Desporto – Piscinas como caso de Estudo

advogado Mário Pais de Sousa, amigo pessoal de Francisco Conceição Silva46, que
sugere a contratação deste arquiteto para realizar aqueles estudos. Conceição Silva
que, como vimos, era, também, administrador da AC - Arquitectura e Construções,
empresa que fundara com Domingos Ribeiro da Silva.

A intervenção é estruturada, inicialmente, com base numa oferta de alojamento


exclusivamente residencial, dividida em bandas e torres de apartamentos. Este
programa seria complementado por um Núcleo Desportivo e um complexo de Piscinas,
que fazem a articulação da zona residencial com a Praia, e por um Club Náutico,
localizado a nascente da via rápida principal, junto à Caldeira. Um pequeno Pavilhão de
Pesca, com um pontão, é criado próximo da ponte-cais fluvial. Dos 40 hectares
considerados, 60.400 m2 são reservados para Habitação, 68.100 m2 para
Estacionamento e 271.500 m2 para Espaços Públicos (entre Zonas Desportivas,
Infraestruturas, Parques Infantis e Espaços Livres).

46 Francisco da Conceição Silva (1922-1982), tirou o seu curso na escola de Belas Artes de Lisboa, obtém
o diploma de arquiteto em 1949. Por volta de 1953, Conceição Silva monta o seu atelier individual. O seu
percurso singular inscreveu-se determinante no contexto da arquitetura moderna portuguesa, procurou
sempre uma atualização dos fundamentos da arquitetura, o arquiteto participou ativamente na conquista do
espaço cultural necessário ao desenvolvimento de uma arquitetura verdadeiramente moderna no nosso
país, acompanhando inclusive a vaga europeia de revisão e da adaptação à realidade local, realidade essa,
no caso português, em profunda transformação ao longo das décadas de 50,60 e 70. Teve como seus
influenciadores Le Corbusier (1887-1965), Alvar Aalto (1898-1976) e especialmente Frank Llyod Wright
(1867 – 1959). Alguma das suas obras são as torres de Alfragide, Casa Souza Pinto, no Restelo (1950,
Prémio Municipal de Arquitectura de 1951), de Keil, e o assumidamente moderno projeto CODA (concurso
para obtenção do Diploma de Arquitectura) de Fernando Távora (1950), Hotel do Mar (1960 – 1962), Hotel
da Balaia (1964-68), complexo de Troia (1970-1974). Foge para o Brasil exilado com 53 anos, acabaria por
nunca mais volta a Portugal, o seu atelier foi-se dissolvendo até terminar a sua atividade em 1980. O
arquiteto Francisco Conceição Silva morre em 1982 no Brasil.

Mariana Pereira da Silva de Lemos Guimarães de Lacerda e Mello 212


A Arquitectura no Desporto – Piscinas como caso de Estudo

Ilustração 327 -Urbanização de Troia Núcleo I, Plano aprovado para a ponta do Adoxe, Atelier Conceição Silva, 1973.
([Adaptado a partir de:] Arquivo Conceição Silva).

A 8 de Janeiro de 1971, o Diário de Lisboa dava conta do “Novo e grandioso


empreendimento da Torralta”, deste empreendimento faziam parte 6 torres de 16 pisos
e 137 apartamentos, 31 bandas de apartamentos e um Club Hotel, complementadas por
um Núcleo Desportivo, um complexo de Piscinas (denominadas Piscinas do Bico das
Lulas e Piscinas da Galé) e um Club Náutico.

Das seis torres inicialmente projetadas, só três seriam construidas, o Club Hotel nunca
chegaria a ser terminado. Os complexos de Piscinas do Bico das Lulas e da Galé, no
entanto, eram considerados na altura dos maiores da Europa.

Mariana Pereira da Silva de Lemos Guimarães de Lacerda e Mello 213


A Arquitectura no Desporto – Piscinas como caso de Estudo

Ilustração 328 - Vista aérea da Piscina das Lulas, 1973. ([Adaptado a partir de:] Francisco da Conceição Silva arquitecto: 1922/1982,
Lisboa, SNBA, 1987, pp. 151 e 153).

Ilustração 329 - Vista aérea da Piscina da Galé, 1973. ([Adaptado a partir de:] Francisco da Conceição Silva arquitecto: 1922/1982,
Lisboa, SNBA, 1987, pp. 151 e 153).

O conjunto da Galé pode servir como bom exemplo de arquitetura numa zona de praia.
Ao longe surge como uma reverberação do areal na linha do horizonte mas quando
preenche o campo visual, de quem caminha no sentido mar-rio, descobre-se como um
grande conjunto refletido no espelho azul de três grandes piscinas em forma de quarto
de circulo. (Chicó et al, 1973, p.241).

Mariana Pereira da Silva de Lemos Guimarães de Lacerda e Mello 214


A Arquitectura no Desporto – Piscinas como caso de Estudo

Ilustração 330 – Vista aérea do Conjunto da Galé (Troia). ([Adaptado a partir de:] Atelier Conceição Silva. “Conjunto da Gale (troia),
p.241).

As suas dimensões invulgares são quase imperceptíveis, mantendo-se uma sensação


de grandiosidade que nunca se torna agressiva. A cor da edificação e do mobiliário
ordena-se com o verde que se estende até à cor da areia, numa gradação perfeita de
oposições complementares. Por onde quer que se entre no conjunto da Galé verifica-se
que há uma relação constante interior-exterior que mantém uma transparência marcada
por pequenos jardins interiores que irrompem dentro de paredes de vidro a transmitir a
luz natural que pontua todo o interior.

As mesas ordenam-se por todo o recinto conduzindo o olhar até às cozinhas, que
trabalham abertas à insdiscrição dos utentes. De sector a sector: self-service,
marisqueira, gelataria e pizzaria, a sensação de diversidade numa forte unidade
avoluma-se. A saída para o exterior é gradual e fácil. É como que uma aproximação das
grandes manchas das piscinas que invadem o espaço, dominando-o na forma.

De súbito é-se supreendido pelo anfiteatro que, inventando a forma, fornece ao conjunto
mais um elemento de equilibrio. O conjunto é constituído pelos seguintes elementos:
Self- service com capacidade para servir cerca de duas mil refeições / hora; Gelataria;
Marisqueira; Pizzaria; três Piscinas; Instalações balneares completas; Anfiteatro para
espectáculos e outras manifestaçoes culturais, com capacidade para mais de 1500
pessoa; e lojas de artigos de praia.

Mariana Pereira da Silva de Lemos Guimarães de Lacerda e Mello 215


A Arquitectura no Desporto – Piscinas como caso de Estudo

Ilustração 331 - Aspeto do anfiteatro. ([Adaptado a partir de] Atelier Conceição Silva. Ilustração 332 - Vista do túnel de ligação à
“Conjunto da Gale (troia), p.245). praia, pela passagem que leva às piscinas.
([Adaptado a partir de] Atelier Conceição
Silva. “Conjunto da Gale (Troia), p.245).

.
As piscinas da Galé da autoria do arquitecto Conceição Silva e Henrique Chicó,
apresentavam assim uma toponomia fora do vulgar para a época: tinham uma forma
aproximada de quarto de círculo, uma das piscinas destinava-se à prática de natação,
com 70 metros de raio e as outras duas, funcionando a de saltos dentro da outra, com
trinta e quinze mentros respectivamente, levaram a que, não só pela sua forma, mas
também o seu tamanho incomensurável, fossem consideradas como sendo das maiores
da Europa.

Ilustração 333 - Imagens das piscinas da Galé nos anos 80. ([Adaptado a partir de] Blog a procura eterna).

Mariana Pereira da Silva de Lemos Guimarães de Lacerda e Mello 216


A Arquitectura no Desporto – Piscinas como caso de Estudo

Ilustração 334 - Imagens das piscinas da Galé nos anos 80. ([Adaptado a partir de] Blog a procura eterna).

Com a “crise do petróleo” de 1973 e a queda do Estado Novo, em 1974, a administração


da Torralta, da qual fazia parte o complexo de piscinas, é posta em causa. O governo
de então decreta a intervenção do estado na administração, os sócios da Torralta são
presos por alegadas irregularidades nas contas da empresa.

Em 1975 o arquiteto Conceição Silva chega mesmo a ser agredido à porta de sua casa,
e decide emigrar para o Brasil, onde viria a morrer.

As piscinas foram ficando ao abandono, até à degradação quase total.

Em 1997 a SONAE Turismo compra o empreendimento de Tróia e é elaborado um


“novo” plano de conceção/reestruturação, pelo arquiteto Jorge Silva, antigo colaborador
de Conceição Silva. Onze anos depois, Tróia renasce com o mesmo objetivo, nova
imagem e uma sofisticação adequada aos novos tempos.

Das piscinas que aqui apresentámos apenas restou a memória daqueles que por lá
passaram os seus verões.

Foram consideradas as maiores piscinas da Europa na década de 70. Mas foram


deixadas ao abandono e o tempo acabou por destrui-las para sempre. (informação
verbal).47.

47Informação fornecida por Isabel Osório na reportagem “troia: Um lugar incomparável” 31 de outubro de
2013 Sic Noticias.

Mariana Pereira da Silva de Lemos Guimarães de Lacerda e Mello 217


A Arquitectura no Desporto – Piscinas como caso de Estudo

Ilustração 335 - Piscinas da Galé ao abandono. ([Adaptado a partir de] Blog a procura eterna).

Ilustração 337- Piscinas da Galé ao abandono. ([Adaptado a partir de] Blog a procura eterna).

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A Arquitectura no Desporto – Piscinas como caso de Estudo

Ilustração 338 – Torre de Saltos da Piscinas da Galé ao abandono. ([Adaptado a partir de] Blog a procura eterna).

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A Arquitectura no Desporto – Piscinas como caso de Estudo

Ilustração 339 – Piscinas de saltos da Galé ao abandono. ([Adaptado a partir de] Blog a procura eterna).

Ilustração 340- Piscina de natação da Galé ao abandono. ([Adaptado a partir de] Blog a procura eterna).

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A Arquitectura no Desporto – Piscinas como caso de Estudo

3.3. ORGANIZAÇÃO CRONOLÓGICA E TIPOLÓGICA DAS PISCINAS


ESTUDADAS

Década de 20

Ilustração 341 - Mapa dos tanques existentes em Portugal na década de 20. ([Adaptado a partir de] Nossa).

Na década de 20 existiam em Portugal 4 tanques, eram eles o Tanque da Casa Pia, o


Tanque do Convento de Mafra, o Tanque do Palácio do Jardim Colonial e as Piscinas
do Carvalhido, que datam de 1923. Estes tanques só podiam ser utilizados quando as
condições da água o permitiam, eram todos eles descobertos e sem tratamento de
águas.

Mariana Pereira da Silva de Lemos Guimarães de Lacerda e Mello 221


A Arquitectura no Desporto – Piscinas como caso de Estudo

Década de 30 e 40

Ilustração 342- Mapa das piscinas existentes em Portugal nas décadas de 30 e 40. ([Adaptado a partir de] Nossa).

Na década de 30 e 40 começam a surgir as primeiras piscinas fluviais, onde eram


organizadas as chamadas travessias de rio, que mais tarde passariam a ser realizadas
em piscinas propriamente ditas e denominadas provas de natação.

É também nesta época que aparecem as primeiras piscinas com tratamento de águas
onde os atletas podiam treinar. Trata-se das então, muito raras piscinas com condições
sanitárias, que surgem todas elas ligadas aos clubes que as financiaram (construção e
manutenção), como é o caso da Piscina do Estádio Náutico do Sport Algés e Dafundo,
em 1930 e a Piscina de Espinho, em 1943.

É interessante constarmos que da década de 1920 para as décadas de 1930 e 1940


pouca coisa se tenha alterado, simplesmente deixaram de observar-se os tanques e
passou a ter-se piscina fluviais, que nada mais eram do que delimitações com bóias
dentro de um rio. Conclui-se, pois, que passamos dos tanques com águas estagnadas
para o exercício da natação em rios de água corrente.

Mariana Pereira da Silva de Lemos Guimarães de Lacerda e Mello 222


A Arquitectura no Desporto – Piscinas como caso de Estudo

As duas piscinas com condições de saneamento que surgem nestas décadas estão
ligadas a clubes de natação e foram financiadas pelos próprios clubes, o que elucida,
fraco investimento público que o nosso país fazia neste tipo de equipamento.

Ilustração 343 - Piscina do Sport Algés e Dafundo. ([Adaptado a partir de] Blog restos de coleção).

Ilustração 344 - Piscina de Espinho. ([Adaptado a partir de] Museu municipal de Espinho).

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A Arquitectura no Desporto – Piscinas como caso de Estudo

Década de 50 e 60

Ilustração 345 - Mapa das piscinas existentes em Portugal nas décadas de 50 e 60. ([Adaptado a partir de] Nossa).

Na década de 1950 e 1960 começam a aparecer as primeiras piscinas ao ar livre


inseridas em parques urbanos, os espaços urbanos com tanques de água começam a
ganhar importância e as pessoas passam a deslocar-se a estes parques com a família
para lazer. As piscinas deixam de ser orientadas apenas à prática natatória e passam a
ser vistas como locais de lazer e ócio.

O mesmo acontece com as piscinas oceânicas. A população começa a deslocar-se à


praia com mais frequência, as famílias deixam de estar apenas na areia para se
aventurarem também dentro de água, a própria “roupa de banho” muda e começam a
aparecer os fatos de banho com desenho aproximado dos atuais (e os biquínis). Surge
então a necessidade de construir sítios mais resguardados e confortáveis, onde apenas
alguns grupos sociais mais diferenciados tinham capacidade de frequentar. Tal é o caso

Mariana Pereira da Silva de Lemos Guimarães de Lacerda e Mello 224


A Arquitectura no Desporto – Piscinas como caso de Estudo

da Piscina do Tamariz (1954), que era frequentada sobretudo por gente da elite social
e financeira, estrangeiros e exilados da realeza europeia deposta.

É ainda importante salientar o aparecimento da primeira piscina coberta (1966): a


piscina do Areeiro, para onde as pessoas se deslocavam não só com finalidades
recreativas, mas também para aprender a nadar. Muitos são os lisboetas que recordam
as tardes passadas nesta piscina, assim como as suas primeiras aulas de natação ali
ocorridas.

Ilustração 346 - Piscina do Areeiro. ([Adaptado a partir de] Arquivo Municipal de Lisboa).

Ilustração 347 - Piscinas dos Olivais. ([Adaptado a partir de] Arquivo Municipal de Lisboa).

Ilustração 348 - Piscina Infantil do Campo Grande. ([Adaptado a partir de] Arquivo Municipal de Lisboa).

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A Arquitectura no Desporto – Piscinas como caso de Estudo

Ilustração 349 - Piscina Quinta da Conceição. ([Adaptado a partir de] Arquivo Municipal porto).

Ilustração 350 - Piscina Oceânica da Praia das Maçãs. ([Adaptado a partir de] Arquivo Municipal de Sintra).

Ilustração 351 - Piscina Oceânica do Tamariz. ([Adaptado a partir de] Blog restos de coleção).

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A Arquitectura no Desporto – Piscinas como caso de Estudo

Ilustração 352 -Piscina Oceânica de Leça da Palmeira. ([Adaptado a partir de] Arch daily).

Ilustração 353 - Piscina Oceânica de São Pedro de Moel. ([Adaptado a partir de] Arquivo Municipal da Marinha Grande).

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A Arquitectura no Desporto – Piscinas como caso de Estudo

Década de 70

Ilustração 354 - Mapa das piscinas existentes em Portugal na década de 70. ([Adaptado a partir de] Nossa).

Na década de 70 concebem-se em Portugal as primeiras piscinas inseridas em


empreendimentos turísticos. As famílias portuguesas e os turistas com possibilidades
de períodos de férias fora de casa pretendem outro conforto e qualidade de estadia, as
piscinas começam a fazer parte do quotidiano da população. Exemplo disso são as
Piscinas da Galé, em Troia (Projeto da Torralta) e a piscina do Aldeamento Turístico da
Prainha (1970).

Mariana Pereira da Silva de Lemos Guimarães de Lacerda e Mello 228


A Arquitectura no Desporto – Piscinas como caso de Estudo

A partir desta década e até a década de 1990 as piscinas em Portugal não tiveram uma
expansão considerável, no entanto, a partir deste período observa-se um aumento
exponencial, em número e diversidade, como podemos ver nos quadros seguintes.

Ilustração 355 - Piscinas da Galé (Troia). ([Adaptado a partir de] CDN imprensa).

Ilustração 356 - Piscina da Prainha. ([Adaptado a partir de] prainha.net).

Ilustração 357 - Piscina da Prainha. ([Adaptado a partir de] prainha.net).

Mariana Pereira da Silva de Lemos Guimarães de Lacerda e Mello 229


A Arquitectura no Desporto – Piscinas como caso de Estudo

Década de 80

Ilustração 358- Mapa das piscinas existentes em Portugal na década de 80. ([Adaptado a partir de] Nossa).

Tal como referimos anteriormente nos anos de 1980 houve uma estagnação, no que diz
respeito ao crescimento da implantação de piscinas em Portugal (década de 70 - 10
piscinas década de 80 – 18 piscinas). Deste período podemos destacar a Piscina de
Campo Maior, do arquiteto João Luís Carrilho da Graça. Construída em 1989, mesmo
no final da década, esta piscina municipal ao ar livre conta com três tanques, um para
adultos, um para crianças e ainda um chapinheiro para bebés.

Mariana Pereira da Silva de Lemos Guimarães de Lacerda e Mello 230


A Arquitectura no Desporto – Piscinas como caso de Estudo

Ilustração 359 - Piscina de Campo Maior. ([Adaptado a partir de] Guia de Arquitectura).

Ilustração 360 - Piscina de Campo Maior. ([Adaptado a partir de] Guia de Arquitectura).

Mariana Pereira da Silva de Lemos Guimarães de Lacerda e Mello 231


A Arquitectura no Desporto – Piscinas como caso de Estudo

Década de 90

Ilustração 361 - Mapa das piscinas existentes em Portugal na década de 90. ([Adaptado a partir de] Nossa).

Na década de 1990 começam a aparecer os primeiros tanques desportivos, piscinas


construídas de raiz com dimensões de piscinas de competição (50m), estudadas e
projetadas para a realização de provas nacionais e internacionais.

É nesta época que Portugal começa a ter equipamentos desportivos para os nadadores
que representavam Portugal em provas internacionais poderem treinar. Este passo foi
muito importante para o desporto da natação em Portugal, pois os nadadores nacionais
começaram a ter onde treinar a nível idêntico ao de outros nadadores internacionais.
Num desporto como a natação, onde milésimos de segundo contam efetivamente, o
facto de se treinar em piscinas de 25 m ou de 50 m faz toda a diferença (num percurso
de 100 metros um nadador que treina em piscina de 25 metros tem de percorrer 4 voltas,
fazendo 3 viragens – as viragens na natação representam o momento em que o nadador
perde mais tempo de prova e onde acaba por recuperar algum esforço – numa piscina
de 50 m, o nadador apenas tem de efetuar duas viragens, logo a perda de tempo é

Mariana Pereira da Silva de Lemos Guimarães de Lacerda e Mello 232


A Arquitectura no Desporto – Piscinas como caso de Estudo

menor). Ora, quem treina diariamente em Piscina de 50m está habituado a fazer uma
distância mais longa antes da sua (viragem/paragem) enquanto o nadador que treina
regularmente em piscinas de 25m não tem essa distância tão programada no seu
“corpo”, pois ao fim de 25m o corpo sabe que por muito pouco tempo que seja tem um
momento de recuperação e de nova impulsão. Todos estes fatores são determinantes
quando um nadador vai nadar em provas internacionais e em piscinas olímpicas de 50m.

Ilustração 362 - Piscina do Complexo Desportivo do Jamor. ([Adaptado a partir de] IPDJ).

Ilustração 363 - Piscina do Complexo Desportivo do Estádio Universitário. ([Adaptado a partir de] Estádio Universitário).

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A Arquitectura no Desporto – Piscinas como caso de Estudo

Década de 2000

Ilustração 364 - Mapa das piscinas existentes em Portugal na década de 2000. ([Adaptado a partir de] Nossa).

Portugal assiste desde a década de 1990 e mais concretamente no início do novo


milénio ao “arranque de um número muito mais elevado de construções que iria resultar
na proliferação de piscinas municipais pelo país” (Cunha, 2007). Estas foram
maioritariamente edificadas na base da mesma tipologia e, por vezes, do mesmo projeto
e dimensão. Não existe ainda um estudo que identifique e determine este período com
precisão, nomeadamente quanto ao saldo dos custos de investimento, de manutenção

Mariana Pereira da Silva de Lemos Guimarães de Lacerda e Mello 234


A Arquitectura no Desporto – Piscinas como caso de Estudo

e de utilização efetiva, face aos benefícios que proporcionou às familias portuguesas. O


que podemos concluir é que, a partir do novo milénio, as piscinas municipais começam
a surgir um pouco por todo o território e a população portuguesa começa a ter um acesso
muito mais facilitado a um equipamento desportivo essencial no desenvolvimento
pessoal do ser humano.

Ilustração 365 – Piscinas Oceânicas do Atlântico do arquiteto Paulo David. ([Adaptado a partir de] Arch lovers).

Ilustração 366 - Piscina da Povoação. ([Adaptado a partir de] e-architect).

Mariana Pereira da Silva de Lemos Guimarães de Lacerda e Mello 235


A Arquitectura no Desporto – Piscinas como caso de Estudo

Ilustração 367 - Piscina Municipal de Mirandela. ([Adaptado a partir Ilustração 368 - Piscina Municipal de Montemor - o - Velho.
de] Câmara Municipal de Mirandela). ([Adaptado a partir de] Blog Fotos de Arquitectura).

Ilustração 369- Piscina Municipal de Outurela. ([Adaptado a partir Ilustração 370 - Piscina Municipal de Pataias. ([Adaptado a partir de]
de] Câmara Municipal). Arch lovers).

Ilustração 371- Piscina Municipal da Mealhada (Convertível). Ilustração 372- Piscina Municipal de Abrantes (Convertível).
([Adaptado a partir de] Câmara Municipal da Mealhada). ([Adaptado a partir de] Câmara Municipal de Abrantes).

Mariana Pereira da Silva de Lemos Guimarães de Lacerda e Mello 236


A Arquitectura no Desporto – Piscinas como caso de Estudo

Ilustração 373 - Piscina Municipal Olímpica de Vila Franca de Xira. Ilustração 374- Piscina Municipal Olímpica de Coimbra.
([Adaptado a partir de] Câmara Municipal de Vila Franca de Xira). ([Adaptado a partir de] Câmara Municipal de Coimbra).

Ilustração 375 - Piscina Municipal Olímpica da Póvoa do Varzim. Ilustração 376 - Piscina Olímpica de Rio Maior. ([Adaptado a
([Adaptado a partir de] Câmara Municipal da Póvoa do Varzim). partir de] Centro de Alto Rendimento de Rio Maior).

Ilustração 377 - Piscina Olímpica do Funchal. ([Adaptado a partir de] Câmara Municipal do Funchal).

Mariana Pereira da Silva de Lemos Guimarães de Lacerda e Mello 237


A Arquitectura no Desporto – Piscinas como caso de Estudo

3.4. PROJETOS / ARQUITETOS ENVOLVIDOS

Anos 20

1923 – Piscina do Carvalhido – Engenheiro Francisco Brito Limpo de Faria

Anos 30

1930 – Projeto da piscina do Estádio Náutico (Piscina Algés e Dafundo) – Raul e


Diamantino Tojal, Lisboa

Anos 40

1943 – Projeto da Piscina de Espinho – Eduardo Martins e Manuel Passos, Porto

Anos 50

1954 – Piscinas Oceânicas do Tamariz – Manuel Taínha, Lisboa

1955 – Piscina Oceânica da Praia das Maçãs – Raul Tojal e João Guilherme Faria da
Costa, Lisboa

1959 – Piscina Oceânica de Leça da Palmeira – Álvaro Siza Veira, Porto

Anos 60

1964 – Piscinas do Campo Grande – Francisco Keil do Amaral, Lisboa

1965 – Piscina da Quinta da Conceição – Álvaro Siza Vieira, Porto

1966 – Piscina do Areiro – Alberto José Pessoa, Lisboa

1967 – Piscina dos Olivais – Anibal Barros da Fonseca e Eduardo Paiva Lopes, LIsboa

1967 – Piscina de São Pedro de Moel – Egas Vidigal Vieira e Vitor Manuel Rodrigues,
Leiria

Anos 70

1970 – Piscina do Aldeamento Turístico da Prainha – Gonçalo Ribeiro Telles, Alvor

1970 |1974 - Piscina da Galé – Francisco Conceição Silva e Henrique Chicó, Troia

Anos 80

Mariana Pereira da Silva de Lemos Guimarães de Lacerda e Mello 238


A Arquitectura no Desporto – Piscinas como caso de Estudo

1989 – Piscina Municipal Campo Maior – João Carrilho da Graça, Portalegre

Anos 90

1997 – Complexo das Piscinas do Estádio Universitário de Lisboa – Frederico


Valsassina

1998 – Piscina do Complexo Desportivo do Jamor – Karel Mariovet

Ano 2000

2000 – Piscinas Municipais da Mealhada – Sem informação de Autor

2001 – Piscina Olímpica da Póvoa do Varzim – Sem informação de Autor

2002 – Piscina Municipal Outurela – Manuel Vicente, Lisboa

2003 – Piscina Olímpica de Rio Maior – José Amorim

2003 – Piscina Municipal de Abrantes – Julião Azevedo

2004 – Piscina Olímpica do Funchal – Sem informação de Autor

2004 – Piscina Olímpica de Vila Franca de Xira – Julião Azevedo

2004 – Piscina Municipal de Mirandela – Filipe Oliveira Dias

2004 – Piscina Oceânica do Atlântico – Paulo David, Madeira

2005 – Piscina Municipal de Montemor-o-Velho – Julião Azevedo

2005 – Piscina Olímpica de Coimbra – Atelier Sua Kay Projectos de Urbanismo, Lda.

2008 – Piscina Municipal da Povoação – Atelier Barbosa & Guimarães,

2008 – Piscina Municipal de Pataias – Helder Delgado,

2016 - Piscina Municipal de Águeda – Sem informação de Autor

Mariana Pereira da Silva de Lemos Guimarães de Lacerda e Mello 239


A Arquitectura no Desporto – Piscinas como caso de Estudo

4. CASOS DE ESTUDO

4.1. PISCINA OCEÂNICA DO TAMARIZ

A unidade urbana e paisagística que designamos por Estoril é uma marca territorial de
um projeto pensado de origem para um local específico e dotado de um programa
inovador, sem precedentes em Portugal.

O Estoril definiu uma nova centralidade que contribuiu fortemente para o


desenvolvimento urbano da Costa do Sol e do concelho de Cascais.

O Estoril é uma paisagem construída num conjunto de vales, um território que se


estende de Lisboa a Cascais, espaço natural de vigia e defesa militar da Barra do Tejo.

Porém com a introdução paulatina da prática de banhos-de-mar como hábito social, o


espaço físico em causa será palco de uma transformação radical.

A presença sazonal da elite da sociedade no final do séc. XIX provocou o interesse da


alta finança de então, que investiu no seu desenvolvimento: de um lado, as vias de
comunicação, a Estrada Real e a linha ferroviária; do outro, o desenvolvimento dos
aglomerados urbanos existentes e a criação de novos conjuntos.(Gaspar, 2019)

Ilustração 378 - Ilustração do Estoril. ([Adaptado a partir de:] Arquivo Municipal de Cascais).

Fausto de Figueiredo, empreendedor, e Henri Martinet, arquiteto paisagista, publicavam


em 1914, o folheto-álbum Estoril: estação marítima, climatérica, thermal e sportiva.

Mariana Pereira da Silva de Lemos Guimarães de Lacerda e Mello 240


A Arquitectura no Desporto – Piscinas como caso de Estudo

A ideia transformava o pinhal existente numa estância balnear e termal à escala


internacional. O projeto desenhava um conjunto cenográfico de equipamentos lúdicos
de grande escala e exceção, organizados em torno de um jardim axial perpendicular ao
mar, com grande destaque para a sua pelouse (relvado) com o Casino à cabeça do
conjunto, em modelos importados de França.(Gaspar, 2019)

Ilustração 379 - Planta do projeto. ([Adaptado a partir de:] Arquiteto Rodrigo Lino Gaspar).

As primeiras obras prosseguiam quando o arquiteto Silva Júnior é chamado a adaptar


os projetos, numa reestilização das estruturas, em defesa da arquitetura nacional em
plena 1ª Guerra Mundial. (Gaspar, 2019)

Mariana Pereira da Silva de Lemos Guimarães de Lacerda e Mello 241


A Arquitectura no Desporto – Piscinas como caso de Estudo

Perante as dificuldades financeiras do tempo, o restante pinhal seria loteado para


urbanização de residências burguesas, transformando a estância numa operação de
expansão urbana

Ilustração 380 – Fotografia aérea com o Casino S.A., entre 1930 e 1932. ([Adaptado a partir de:] Arquivo Municipal de Cascais).

A chegada do comboio Sud-Express de Paris a Lisboa coloca o Estoril no mapa


internacional. Na sequência do projeto da Estação do Cais do Sodré, a Sociedade
Estoril-Plage contratava Porfírio Pardal Monteiro e Raoul Jourde para a elaboração dos
projectos do conjunto de edifícios a concurso da Zona Permanente de Jogo (1927).

Os projetos abandonam o estilo revivalista Beaux-Arts, para construir uma nova


arquitectura Art Déco, marcada pela sua abstração geométrica e estilização formal, num
modernismo experimental possível pela nova tecnologia do betão armado.(Gaspar,
2019)

Mariana Pereira da Silva de Lemos Guimarães de Lacerda e Mello 242


A Arquitectura no Desporto – Piscinas como caso de Estudo

Ilustração 381 - Jardim do Casino do Estoril. ([Adaptado a partir de:] Arquivo Municipal de Cascais).

Outros edifícios seguem os mesmos princípios modernistas: os dois edifícios de


comunicações de Adelino Nunes, no remate com a nova Estrada Marginal; o Clube de
Ténis no terreno a norte do Hotel do Parque; o Edifício de Banhos-de-Mar que prolonga
a cota da estação na sua cobertura praticável, sobre o novo passeio marítimo. O
sucesso do empreendimento levaria a sucessivas renovações do espaço
envolvente.(Gaspar, 2019)

É assim que o projeto de Manuel Tainha para as Piscinas do Tamariz, já “na década de
1950, afirma o conjunto dos princípios do Movimento Moderno numa síntese notória. O
programa lúdico seria repetido com o protótipo da Piscina Flutuante de Eduardo Anahory
ao largo do Tamariz.”(Gaspar, 2019)

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A Arquitectura no Desporto – Piscinas como caso de Estudo

Ilustração 382 – Projeto urbano, desenho síntese do período de 1927 – 1950. ([Adaptado a partir de:] Arquiteto Rodrigo Lino
Gaspar).

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O projeto das Piscinas do Tamariz teve por génese o concurso público aberto pela
sociedade Estoril Praia, à época concessionária do Casino Estoril, e era composto por
um par de piscinas (adultos e crianças), com os respetivos locais auxiliares e suas
extensões naturais: bar, esplanada, solário, etc...

Ilustração 383 - Piscinas do Tamariz 1950. ([Adaptado a partir de:] Arquivo Municipal de Cascais).

O arquiteto Manuel Tainha, na elaboração do projeto, teve em conta alguns fatores e


importantes forças locais, que terão determinado a forma da proposta: entre eles
podemos destacar o facto de o terreno ser muito estreito, de forma vesicular, e limitado
em toda a sua extensão por dois muros de suporte intocáveis (lado praia e lado mar).
Teria de ser um recinto resguardado visualmente dos outros equipamentos balneares
existentes e respetivos locais auxiliares (balneários), relativamente à linha de comboios
e à estrada Lisboa- Cascais e, do lado desta, o desimpedimento da visão da linha do
horizonte para quem aí passa.

Outro fator muito importante era/é a presença da forte silhueta do Restaurante Tamariz,
e a preservação do máximo de árvores existentes no local (palmeiras e cedros).

O arquiteto teve ainda de caraterizar os dois tanques (adultos e crianças), assim como
consolidar estruturalmente o muro de suporte da linha de comboio, provocada pelas
profundas escavações efetuadas, tudo isto enquadrado no propósito de dotar os

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recintos daquela variedade de situações pessoais e de ambientes, proporcionada ao


tema: lazer, recreio, recolhimento, desporto espetáculo e convívio civilizado.

Ilustração 384 - Corte pela parte mais profunda das piscinas. ([Adaptado a partir de:] Revista Binário nº3, junho de 1958).

Para o arquiteto esta obra é considerada como uma “simplicidade”, sem muito por onde
a imaginação humana se possa entreter, tal como o próprio refere: “Considerada na sua
simplicidade esta obra não tem muito por onde se entretenha a imaginação humana”.
(Taínha, 1958, p.7).

Em contrapartida, é lícito acreditar que, no seu conjunto, a obra instiga ao uso dos
pequenos dotes naturais do lugar, que os homens se “esqueceram” de destruir. Em
relação à forma do terreno o arquiteto afirma:

Julgo que, tal como acontece com os cursos de água, cujas margens se geram e perfilam
ao sabor dos obstáculos, o nosso terreno sobejou por efeito desse grande acidente que
é o restaurante do Tamariz; deste, e da linha de caminho de ferro. (Taínha, 1958, p. 7).

No entanto, no entendimento do arquiteto, o importante era manter em tudo o que ali se


projetasse o estimável cunho, a um tempo, de sossego e abertura que possuía.

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Este e os fatores anteriormente mencionados levou a que a solução arquitetónica fosse


de certa forma despretensiosa, ou seja, uma solução de pouca movimentação espacial
e plástica “modéstia, aliás, perfeitamente corroborada pela não complexidade funcional
e humana do tema e pela estreiteza do terreno” (Taínha, 1958,p.7).

Ilustração 385- (1) - Planta geral do construído; (2) - Planta geral do concurso. ([Adaptado a partir de] Livro Projectos, Taínha, Manuel,
Piscinas do Tamariz, p. 40).

No entanto, modéstia e simplicidade arquitetónica não são sinónimo de modéstia e


simplicidade técnica, daí que a arquitetura não seja um mero prolongamento expressivo
da técnica ou da construção (ou mal estaríamos nos vislumbres das nossas cidades e
lugarejos mais emblemáticos).

O arquiteto orientou então todo o seu processo de pensamento para a não imposição
de massas, cuja grandeza pudesse entrar em conflito com a escala dimensional do
terreno e do lugar.

“Toda e qualquer imposição volumétrica fora dos limites da simples interpretação física
do terreno, arrastaria, além do mais, a um perigoso compromisso para o futuro, quando
se tenha que remodelar todo o conjunto do Tamariz, coisa esta que supomos estar na
ordem do dia. “(Taínha, 1958, p.7).

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Com esta afirmação, o arquiteto Manuel Tainha deixa perceber que o seu projeto
poderia durar vários anos e ser passível de alterações, sem que sofresse quebras de
identidade (tal como se verificou décadas mais tarde).

A abertura total sobre a praia e o mar, a exploração da estrutura topográfica do terreno,


a concentração de massas em elevação correspondente aos balneários e vestiários
(nas duas extremidades, para dar continuidade e dimensão ao conjunto), foram os
elementos que o arquiteto considerou importantes no sentido da permanência dos
valores do sítio.

Assim, o problema levantado continha em si mesmo os dados elementares e essenciais


para a sua própria solução.

Ilustração 386 - Cortes longitudinais apresentados em concurso. ([Adaptado a partir de] Livro Projectos, Taínha, Manuel, Piscinas do
Tamariz, p. 40).

Para enquadramento dos balneários (vista a dimensão e configuração espacial), o


arquiteto recorreu a um sistema de corredores, que faziam a divisão entre os percursos
de pé calçado e pé descalço. Quer-se dizer que entre a zona de pé calçado (entrada,
restaurante-bar e terraços) e a zona de pé descalço (recinto da piscina e solários)
interpôs-se uma zona de inversão obrigatória, qualquer que seja o movimento porque
se prossiga.

Tecnicamente o problema dos balneários resolveram-se segundo um dispositivo de


corredores e cabines que sistematicamente faziam a divisão entre a zona de pé calçado
e de pé descalço. (Taínha, 1958, p.7).

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Ilustração 387 - Planta dos vestiários - no topo superior - homens- no topo inferior - senhoras. ([Adaptado a partir de:]
revista binário nº3, junho, 1958).

Para o arquiteto Manuel Tainha a escolha dos materiais para uma piscina é algo a que
se deve dar especial atenção, principalmente em materiais de revestimento e
acabamento e quando se trate de uma piscina ao ar livre (pois não só efeito de
escorregamento se acentua com a adição de poeiras e areias, como surge um novo
elemento a exigir grande durabilidade e resistência dos materiais: a ação dos agentes
atmosféricos – higrometria elevada e a salinidade).

A presença constante de água e da areia determinou um tratamento especial e cuidado


das superfícies planas em pavimentos e escadas, no seu teor de retenção e
escoamento.

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Num conjunto deste género, a planta de pendentes (exclusivamente elaborada para a


representação do seccionamento dos planos e respectivas inclinações e pontos de
convergência) é uma peça tão importante no projecto como qualquer outra que diga
respeito ao funcionamento ou à estabilidade. (Taínha, 1958, p.9).

A atividade atmosférica a que o conjunto é totalmente exposto determinou a escolha de


materiais segundo as suas qualidades de resistência e permanência de aspeto, quer se
trate de pré-fabricados, quer se trate de tintas.

Assim, o arquiteto, utilizará materiais como vidraço e mosaico liso nas zonas tipicamente
secas, cerâmico estriado numa zona semi-molhada (pé descalço), mosaico vitroso nas
zonas tipicamente molhadas, cuja presença de juntas é no entender do arquiteto um
fator de anti escorregamento, pedra serrada nos cobertores das escadas, que
apresentam uma particularidade de desenho no que diz respeito a escoamento de
águas, o seixo rolado em paredes de encosto molhado.

Ilustração 388 - Piscinas do Tamariz. ([Adaptado a partir de:] revista binário nº3, junho, 1958).

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Quando analisamos o processo de construção das Piscinas do Tamariz, deparamo-nos


com os seguintes factos:

a) Fundações

Removida a camada de areia ou terras de aterro foi possível obter, a profundidades


médias da ordem dos 1,50 metros, terreno suficientemente duro, permitindo uma fadiga
de cerca de 3 a 4 kg/cm2 nos casos de pilares mais solicitados. Os muros de suporte
foram sempre fundados em terreno bastante resistente. O sistema de fundações
adoptado foi: - Para os pilares, um alargamento em sapata de moda, a distribuir cargas
ao terreno sem necessidade de armaduras à flexão, tendo apenas uma malha quadrada
de ferro junto ao solo e devidamente protegida do contacto com este por uma camada
de betão interposta;

- Para paredes e muros de suporte, um alargamento em alvenaria hidráulica; - para


pavimentos, uma regularização de caixa, enrocamento e massame rematado a betonilha
para permitir fácil assentamento de revestimentos; nalguns casos, como nos balneários
o pavimento ficou sendo a própria betonilha;

- Para o fundo das cuvas o massame foi substituído por uma camada de alvenaria
hidráulica conforme se pode verificar nos esquemas apresentados;

- Para o suporte do trampolim, um maciço de betão armado envolvido nos muros de


suporte dos cais respetivos, permitindo também o encastramento da super-estrutura;

- Para as escadas, um maciço de betão de amarração e encastramento no piso térreo.

b) Super- estruturas

- Entrada, esplanada e balneário. – A cobertura do caminho de acesso e de parte da


esplanada é constituída por uma laje nervurada [...]. Esta laje é apoiada em colunas de
tubo de ferro cheias de betão encastradas na estrutura inferior e na correspondência dos
pilares de betão armado desta estrutura. [...]

- Piscinas e muros de suporte. – Sob o ponto de vista técnico parece-nos ser de algum
interesse a solução encontrada para a execução das curvas das duas piscinas. Assim,
aproveitando os muros de suporte necessários para a definição do espaço onde
habitualmente se constroem uma cuva de betão armado independente, constituem esses
próprios muros de suporte o elemento resistente definidor da cuva de alvenaria assente
sobre uma camada de enrocamento e areia. [...]. (Taínha, 1958, p. 8-9).

Todos estes cuidados fazem com que ainda atualmente as Piscinas do Tamariz
apresentem a mesma estrutura, não revelando danos de maior na sua composição.
Outro elemento que permaneceu intacto até há alguns anos atrás (2006) é a escada de
betão armado de disposição helicoidal com degraus em consola e travamento deste
feito com auxílio de guarda exterior. Esta escada estabelecia a ligação direta da
esplanada com o cais da piscina principal

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Ilustração 389 - Corte e planta da escada. ([Adaptado a partir de:] Livro Projectos, Taínha, Manuel, Piscinas do Tamariz).

Ilustração 390 - Detalhe da escada. ([Adaptado a partir de:] revista binário nº3, junho, 1958).

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Ilustração 391 - Escadas da piscina do Tamariz. Ilustração 392 - Piscinas do Tamariz já sem escadas.
([Adaptado a partir de:] Livro Projectos, Taínha, Manuel, ([Adaptado a partir de:] Reverse Pool).
Piscinas do Tamariz).

As Piscinas do Tamariz são um excelente exemplo de arquitetura que perdurou até hoje,
apesar de ao longo dos anos terem sofrido algumas transformações (a nível exterior e
interior), pelo que a sua “essência” predomina a mesma, uma piscina de excelência
sobre o mar, sem afetar a paisagem do lugar.

Quem percorre a marginal não dá conta da existência destas piscinas, construídas numa
cota mais baixa do que o nível da estrada e do que a linha do comboio, e a uma cota
mais elevada do que o nível do paredão de Cascais: a piscina permite que quem a
frequenta e dela usufrui beneficie do ambiente resguardado e sossegado.

As alterações entretanto verificadas no projeto inicial de Manuel Tainha são evidentes:


o que antes era o terraço do restaurante deu lugar a um restaurante fechado, os
balneários infantis foram destruídos dando lugar a uma zona de espreguiçadeiras.

Todavia, o excelente trabalho do arquiteto Manuel Taínha fez com que as piscinas do
Tamariz nunca perdessem por completo a sua identidade, apesar de todas as mudanças
e alterações efetuadas no espaço.

Quando hoje percorremos o recinto das piscinas, o que nos damos conta é que o espaço
que antes era “leve” e “limpo”, se tornou um espaço cheio e ruidoso, dado que a
necessidade de fazer render as piscinas levou a uma construção elevada de “espaços
de estar” que retiram a leveza que outrora estas piscinas tiveram.

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Ilustração 393 - Planta e cortes da Piscina do Tamariz. ([Adaptado a partir de:] revista binário nº3, junho, 1958).

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Ilustração 394 - Entrada das Piscinas do Tamariz. ([Adaptado a partir de:] revista binário nº3, junho, 1958).

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Ilustração 395 - Desenhos do Bar / Esplanada. ([Adaptado a partir de:] revista binário nº3, junho, 1958).

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Ilustração 396 - Detalhes do metal e alçado dos balneários infantis. ([Adaptado a partir de:] revista binário nº3, junho, 1958).

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Ilustração 397 - Cortes das Piscinas. ([Adaptado a partir de:] revista binário nº3, junho, 1958).

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Ilustração 398 - Imagens das escavações. ([Adaptado a partir de:] revista binário nº3, junho, 1958).

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Ilustração 399 - Tanque infantil, 1958. ([Adaptado a partir de:] Ilustração 400 - Tanque infantil atualmente. ([Adaptado a partir
revista binário nº3, junho, 1958). de:] Reverse Pool.

Ilustração 401 - Tanque dos adultos, 1958. ([Adaptado a partir Ilustração 402 - Tanque atualmente. ([Adaptado a partir de:]
de:] revista binário nº3, junho, 1958). Reverse Pool.

O retrato de um dos primeiros equipamentos de lazer desta tipologia em Portugal


pareceu-nos essencial à compreensão da evolução da arquitetura das piscinas em
Portugal.

Este projeto oferece-se-nos como emblemático de uma era em que o acesso a estas
infraestruturas era apenas permitido a grupos sociais especialmente diferenciados e
que, no pós-Revolução de Abril, se veio progressivamente a massificar. Um pouco à
imagem do empreendimento da Prainha, no conjunto observado revela-se uma
singularidade elegante, o cuidado de garantir conforto sem confrontar, com uma lógica
arquitetónica absolutamente enquadrada no espaço em que visa inserir-se e adaptada
à escala que visava servir.

Com a evolução natural dos tempos e da sociedade em que vivemos talvez já não esteja
tão adaptada à proporção de eventuais utilizadores, mas não deixa de observar-se um
pensamento arquitetónico de base, a conceção pormenorizada de todas as
funcionalidades e serviços de apoio, para além do tanque, que em si mesmo já revela,
na sua geometria, a criatividade apoiada nas vicissitudes do terreno em que se insere –
como não podendo ser de outra forma nem de outro modelo. São, por isso e no nosso
entender, as Piscinas do Tamariz ainda hoje um ícone da arquitetura de Piscinas, daí a
integração como caso de estudo.

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4.2. PISCINA INFANTIL DO CAMPO GRANDE

No princípio dos anos 40, entre a futura Cidade Universitária e o novo bairro de Alvalade,
o campo 28 de Maio, como o Estado Novo entendeu denominá-lo, encontrava-se
degradado. Em 1945 Francisco Keil do Amaral48 é encarregue de repensar o jardim e os
seus equipamentos. (Tostões, 2013, p.55).

Fazendo reviver os centros de interesse que desde há muito tempo constituíam as


atrações do parque, limitou-se a reagrupar o arvoredo e a simplificar o traçado dos
arruamentos e canteiros, com o objetivo de alargar as perspetivas e de criar um maior
isolamento do jardim em relação à envolvente.

Ilustração 403 - Fotografia aérea Zona do Campo grande. ([Adaptado a partir de:] Arquivo Municipal de Lisboa).

Com apenas 200 metros de largura, o Campo Grande era contornado por faixas de
rodagem, que já não serviam corridas de cavalos, mas destinavam-se ao escoamento
do trânsito automóvel, do qual parecia importante proteger a estadia no jardim.

A área é ampliada em 1000m2, de modo a estabelecer um plano regular e racional.

48Francisco Keil do Amaral (Lisboa, 1910 – 1975) oriundo de uma família de artistas (bisneto de Guiseppe
Cinatti e neto de Alfredo Keil), homem da resistência antifascista, é uma figura referencial para a classe dos
arquitetos. Resistente à aplicação direta de códigos das vanguardas do movimento Moderno, a referência
à Arquitetura holandesa de Dudock está patente na sua vasta obra que assenta no desenvolvimento de
uma terceira via feita entre local e o internacional, conjugando o valor do lugar com uma austera economia
de meios criando espaços de qualificada intimidade.

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A obra seria terminada em 1948, e acabou por ser um ensaio na capital para os
primeiros relvados de carácter informal. Francisco Keil do Amaral, a par com a
recuperação do jardim, “propõe novas utilizações. Mantendo o espírito pitoresco e
romântico do Campo, uma nova ilhota foi construída com acesso por uma moderna
ponte, de modo a servir uma esplanada com bar.” (Tostões, 2013, p.55).

Na margem norte, o restaurante Alvalade, com grandes janelas envidraçadas vira-se


para o lago e para o rinque de patinagem. Foram também construídos dois “courts” de
ténis com os respetivos apoios.

Ilustração 404 - Vista do lago. ([Adaptado a partir de:] Tostões, Ana, Francisco Keil do Amaral, p.56).

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Ilustração 405 - Vista do lago. ([Adaptado a partir de:] Tostões, Ana, Francisco Keil do Amaral, p.56).

Realizada com o cuidado e o detalhe de uma pequena grande obra, a piscina encerra
um ciclo de pesquisa que vai desde o fascínio holandês, homenageado na plasticidade
da torre, à exploração inteligente do material vernáculo, como na arquitetura popular,
passando pelo gosto e pela reinvenção do desenho e do pormenor de construção.
(Tostões, 2013, p.59).

Ilustração 406 - Piscina Infantil do Campo Grande. ([Adaptado a partir de:] arquivo Municipal de Lisboa).

O arquiteto quis que o conjunto projetado, além de funcional, isto é: capaz de assegurar
um funcionamento correto e eficiente da piscina, se integrasse discretamente naquele

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ambiente de arvoredos, tivesse uma escala adequada para gente nova e fosse alegre e
acolhedor.

O arquiteto queria ainda que a piscina fosse ligeira, arejada, quase transparente, uma
vez que se tratava de uma piscina ao ar livre que só estaria aberta nos meses de Verão.
“Não entendia bem que os rapazes tivessem de atravessar uma casa fechada,
convencional, para passar do exterior para o interior”. (Amaral, [s.d.], p.2).

Quanto à forma das piscinas, o arquiteto explica que só foram definidas na altura das
sínteses e sem ideias formais preconcebidas, acrescenta ainda que são bem capazes
de “não corresponder às intenções deste e que careçam de algum mérito”.

É bem possível que não tenham traduzido as minhas intenções e careçam de mérito. Eu
próprio me chamei nomes feios, antes da obra terminada, por insuficiência de
capacidade criadora. (Amaral, [s.d.], p.2)

Ilustração 407 – Planta das Piscinas. ([Adaptado a partir de:] Tostões, Ana, Francisco Keil do Amaral).

Uma das grandes virtudes da piscina infantil do Campo Grande é o facto de esta
ter surgido no Campo Grande sem o destruir, integrando-se naturalmente, sem
violência, no ambiente existente, através de uma decomposição das massas
edificadas e da introdução de um ritmo nas capas horizontais.

O tijolo e o betão descofrado e pintado constituem os materiais dominantes no


exterior. O uso do tijolo poderia ter trazido alguns problemas de integração numa
cidade meridional, tradicionalmente clara como Lisboa, no entanto, o uso deste
resultou perfeitamente, posto em conforto unicamente com o colorido do
arvoredo, a sua plasticidade é ainda enfatizada nas suas qualidades texturais e

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tácteis, em contraste com os suportes em betão aparente, numa eficaz relação


luz-sombra.

Ilustração 408 - Piscina Infantil do Campo Grande com os Balneários atrás, onde podemos ver a materialidade do Tijolo.
([Adaptado a partir de:] Arquivo Municipal de Lisboa).

Interiormente, a envolvência conseguida através do arvoredo e da articulação da


construção permite que o espaço da piscina se furte, tanto quanto possível, à presença
das vias de circulação, do movimento e dos ruídos.

Este movimento centrípeto da organização da piscina no espaço de intervenção, se


fosse total poderia provocar uma rutura com a restante vida do Campo Grande, mas é
contrariado com a inclusão no programa de um café com esplanada abertos ao público,
cujo funcionamento não interfere com o da piscina mas que permite que visualmente se
interpenetrem, este e aquela.

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Ilustração 409 – Bar / Esplanada da Piscina Infantil do Campo Grande. ([Adaptado a partir de:] Arquivo Municipal de Lisboa).

Pensada com a ligeireza de uma piscina ao ar livre para crianças, aos volumes
fragmentados da cobertura dos vestiários sucedem, perpendiculares, o plano limpo e
horizontal dos serviços, rematado pela vigorosa e plástica torre do tratamento de água,
o todo formando um L que envolve o amplo núcleo já descrito e central do espaço aberto
das piscinas.

Do outro lado, a entrada e o pequeno bar transparente, tal como já referimos


anteriormente, participam de fluidez do espaço, acentuando a organicidade do sítio e a
escala humanizada.

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Ilustração 410 - Cortes e Alçados da Piscina Infantil do Campo Grande. ([Adaptado a partir de:] Arquivo Municipal de Lisboa).

A piscina Infantil do campo grande foi durante muitos anos a piscina de referência dos
lisboetas: pela sua localização, pela funcionalidade própria e apelativa e pela arquitetura
única que revela.

O arquiteto Francisco Keil do Amaral desenvolveu em todas as suas obras, e sobretudo


na piscina infantil do Campo Grande, uma aproximação metodológica orgânica sem
impor a nova construção no sítio, procurando de um modo natural fazê-la participar da
envolvente. “Keil do Amaral procurou olhar muito e muitas vezes para o sítio onde se
pretendia implantar e construir o tanque, e para as suas imediações.”(Gomes, 2010)

Podemos dizer que o segredo desta desejada continuidade com a paisagem, com o
sítio, estava em “aprender-lhe o carácter e respeitá-lo; descobrir-lhe as possibilidades e
explorá-las”, e só assim, é que a piscina infantil do Campo Grande ganha forma sem
destruir o Jardim homónimo. (Gomes, 2010).

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Ilustração 411 - Tanque da Piscina Infantil do Campo Grande. ([Adaptado a partir de:] Arquivo Municipal de Lisboa).

O conjunto representa antes de mais a criação de um ambiente natural, concebido para


estadias ao ar livre. Tratou-se fundamentalmente de integrar as construções num lugar
em que a envolvente natural é determinante.

Keil do Amaral apercebeu-se desde logo que "o Campo Grande é um parque de
características muito especiais: uma estreita faixa arborizada entre duas artérias de
intenso trânsito automobilístico, em que a introdução menos cuidada e atenta dum
conjunto de edificações poderia ocasionar uma brecha lamentável na continuidade do
espaço arborizado".

Para atingir a harmonia desejada e evitar a interrupção da área arborizada, a piscina foi
localizada numa área quase desguarnecida de árvores. De modo a preservar a
continuidade e o encanto do Campo Grande e a garantir um enquadramento
harmonioso.

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As edificações foram concebidas com um carácter ligeiro, disperso e de grande


horizontalidade.

A escala humanizada, a atenção aos valores do sítio e à relação do construído com a


envolvente natural, complementam-se no rigor dos desenhos de pormenor, desde os
detalhes cuidados dos balneários ao escultórico bebedouro, que todas pessoas, ainda
crianças, lisboetas que frequentaram este espaço recordam saudosamente, dada a
degradação e as transformações lesivas que viria a sofrer, entre elas a instalação de
uma cobertura insuflável nos anos 80.

(A instalação desta cobertura deveu-se à concessão por parte da câmara das piscinas
do Campo Grande a um clube desportivo que tinha como objetivo transformar as
piscinas numa “piscina-escola”). Todas estas decisões por parte da edilidade levaram
ao seu encerramento, em 2006, por falta de condições de utilização.

As piscinas permaneceram encerradas e expostas a atos de vandalismo até 2012,


quando a câmara “consegue finalmente” assinar contrato com o grupo Espanhol
“Ingesport” para a sua reabilitação, grupo este responsável também pela reabilitação
das piscinas dos Olivais.

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Ilustração 412 - Estado de degradação da Piscina Infantil do Campo Grande. ([Adaptado a partir de:] Blog Resto de Colecção).

À obra do Keil do Amaral a Ingesport aumenta

5000m2 de construção, num edifício de 3 andares que deverá albergar, para além de
uma piscina de 25 metros, um tanque de aprendizagem para bebés, uma sala de fitness
de 1000 metros quadrados, jacuzzi e um estacionamento semienterrado de 220
lugares.(Henriques, 2011b).

Apesar dos esforços por parte da Grupo Espanhol Ingesport em manter algumas das
características da obra do arquiteto Francisco Keil do Amaral (utilização do tijolo,
restauração do painel de azulejos presente na entrada das mesmas,), a verdade é que
por si só, o aumento da obra em 5000m2 e com um edifício de três pisos, veio
evidentemente desvirtuar de forma marcada e marcante aquela que era a intenção do
Arquiteto Keil do Amaral e veio impor ao Jardim do Campo Grande uma grande massa
arquitetónica, numa localização absolutamente central do jardim por aquele
perspetivado.

Todavia, é de salientar que, ao contrário do que se sucedeu no Areeiro, aqui as piscinas


do arquiteto Francisco Keil do Amaral não foram destruídas, apenas foram alteradas,
para melhor servir a população, naquilo que eram os interesses do município, assim
como do grupo Ingesport (maximização do retorno do investimento).

A estrutura dos balneários foi mantida e alberga agora diferentes estúdios de ginástica,
o tanque que outrora era descoberto, foi-lhe colocada uma cobertura para que se
pudesse permitir a prática das atividades natatórias, seja qual for a estação do ano. À
entrada permanece igualmente o painel de azulejos que nos remete para as antigas
piscinas.

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Na verdade, nada foi destruído e embora o que tenha sido acrescentado, tenha
desvirtuado o projeto anterior, se analisarmos com alguma atenção ainda vislumbramos
a presença de traços e resquícios da obra de Keil do Amaral.

Mariana Pereira da Silva de Lemos Guimarães de Lacerda e Mello 271


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Ilustração 413 - Imagens atuais da Piscina Infantil do Campo Grande, (transformada no Ginásio Go Fit Campo Grande). ([Adaptado a
partir de:] Go Fit Campo Grande).

Quem passa pela avenida pode não se aperceber que as piscinas lá continuam, mas
quem passeia pelo jardim consegue aperceber-se de algumas características pensadas
pelo arquiteto Keil do Amaral, e mantidas, se for possível e apenas nessa medida,
abstrairmo-nos do incremento brutal do volume construtivo.

Em todo o caso, e apesar de fulcralmente orientado a servir os objetivos do grupo


económico espanhol, não podemos deixar de constatar que houve algum cuidado na
escolha dos materiais, de modo a que a plasticidade antes dada ao parque não se
perdesse, total e irremediavelmente.

Enfim, já não podemos é concluir pela consideração de uma obra arquitetónica de valor,
mas tão-só a construção por ampliação de um equipamento destinado a servir a
população que dele possa retirar proveito.

Mariana Pereira da Silva de Lemos Guimarães de Lacerda e Mello 272


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4.3. PISCINA DO ESTÁDIO UNIVERSITÁRIO DE LISBOA

O edifício das piscinas do Estádio Universitário de Lisboa surgiu como caso de estudo
fundamental após uma investigação histórica inicial, a partir do momento em que
tomámos conhecimento de que estas piscinas constituíram o primeiro edifício pensado
e construído de raiz para albergar uma piscina coberta, de 50 metros de comprimento,
destinada a treinos de competição, bem como às respetivas provas.

Em 1995, o Atelier FV Arquitectos inicia o projeto para o concurso público de conceção


e construção das Piscinas do Estádio Universitário de Lisboa que seriam inauguradas a
10 de julho de 1997. Com a inauguração do complexo de piscinas, Lisboa passou a
beneficiar de uma das instalações aquáticas mais completas do país. Com uma área de
construção de 9000m2, foi a primeira piscina olímpica coberta (cobertura fixa)
vocacionada para a competição desportiva. (Ferreira, 2013)

Ilustração 414 - Fotografia aérea da Zona do Estádio Universitário de Lisboa. ([Adaptado a partir de:] Google maps edição Nossa).

A área de intervenção proposta insere-se no estádio Universitário de Lisboa existente


na zona urbana de Lisboa. Lisboa tem uma área aproximada de 100 quilómetros
quadrados, cerca de 504.000 habitantes e é a maior cidade (e capital) do país.

As piscinas do Estádio Universitário de Lisboa encontram-se numa zona privilegiada da


cidade, num local central, situado num pólo de ensino superior público (que acolhe cerca
de 40 mil estudantes), servido de bons acessos de transportes, e ademais próximo de
grandes zonas residenciais (como é o caso do Lumiar, Telheiras).

Mariana Pereira da Silva de Lemos Guimarães de Lacerda e Mello 273


A Arquitectura no Desporto – Piscinas como caso de Estudo

situado a 150 metros da estação da cidade universitária do Metro de Lisboa; Encontra-


se localizado numa zona da cidade com facilidade de acesso a vias de acesso principais
(2ª Circular, Campo Grande, Praça de Espanha, etc.). (Piscina XXI ,2004,pag.64).

Ilustração 415 – Implantação das Piscinas do EUL. Ilustração 416 - Implantação das Piscinas do EUL. ([Adaptado a partir
([Adaptado a partir de:] Camara Municipal de Lisboa. de:] Google Earth Pro 2007

O programa apresentado no concurso público indicava a intenção de construir dois


tanques de 25m, no entanto, por sugestão do próprio atelier, apresentou-se a proposta
de um tanque de 25m e de outro de 50m. Assumiu-se a diferença como uma proposta
viável, uma vez que a diferença de custos entre as duas hipóteses em alternativa (dois
tanques de 25m ou o desenho atual) não ser demasiado elevada e também por se tratar
de um complexo orientado ao ensino e prática de natação de competição.

Ilustração 417 - Planta piso 0 das Piscinas EUL. ([Adaptado a partir de:] Atelier FV Arquitectos).

A estrutura proposta, determinante para a morfologia do edifício, é composta por três


elementos: a estrutura principal com vigas que vencem o vão das piscinas apoiando em
pilares que rompem as bancadas e faz também a distribuição do ar condicionado, a
estrutura tensionada no piso 2 (que permite a distribuição das cargas da estrutura
principal e a estrutura secundária) que define o corredor de distribuição, onde apoiam as
vigas da estrutura principal no piso térreo. (Ferreira, 2013)

Mariana Pereira da Silva de Lemos Guimarães de Lacerda e Mello 274


A Arquitectura no Desporto – Piscinas como caso de Estudo

Ilustração 418 - Corte Transversal. ([Adaptado a partir de:] Atelier FV Arquitectos).

“Com esta estrutura o edifício apresenta-se como um elemento único e de referência no


território, sem ligação direta à linguagem arquitetónica do Estado Novo, presente nos
edifícios envolventes da cidade universitária.”(Ferreira, 2013).

A intenção de implantar um elemento diferenciado como marco no lugar, foi reforçada


com a solicitação de um elemento de referência e distinção efetiva (relógio), que seria
desenhado pelo atelier e está localizado à entrada do complexo.

As referências e piscinas estudadas pelos arquitetos foram-no principalmente no


estrangeiro, tendo sido realizadas várias visitas a piscinas na Europa, sendo os casos
britânicos os mais relevantes, uma vez que Inglaterra já se encontra(va) mais adiantada
e na vanguarda no que toca(va) a arquitetura de complexos de piscinas, e Portugal
estava então a “lançar-se” na construção de um equipamento da complexidade e
importância do complexo em causa.

Mariana Pereira da Silva de Lemos Guimarães de Lacerda e Mello 275


A Arquitectura no Desporto – Piscinas como caso de Estudo

Ilustração 419 - Tanque de Competição das Piscinas do EUL. ([Adaptado a partir de:] Dissertação de Mestrado Conceção de
Piscinas em Portugal).

Os acessos ao complexo foram sofrendo alterações ao longo dos anos, de modo a


melhorarem a acessibilidade que, inicialmente, surgiu como problemática devido aos
terrenos envolventes pertencerem ao centro hípico existente no local.

No final de 2003 o edifício sofreu alterações no seu funcionamento e uma ampliação,


resultante da necessidade de integrar mais uma valência ao complexo. Foi construído
um novo corpo, ligado ao edifício principal, onde se inserem (mais) quatro balneários e
um novo tanque de aprendizagem. (Ferreira, 2013)

Foi também construído um novo espaço destinado ao bar.

No piso 3, os espaços que se encontravam sem funcionalidade definida foram


adaptados para a prática desportiva, pelo que o complexo ganhou uma maior
diversidade de atividades, enfatizando a sua multivalência e adaptabilidade.

Mariana Pereira da Silva de Lemos Guimarães de Lacerda e Mello 276


A Arquitectura no Desporto – Piscinas como caso de Estudo

Ilustração 420 - Planta da ampliação e piso 3 das piscinas do EUL. ([Adaptado a partir de:] Atelier FV Arquitectos).

Atualmente, o complexo de piscinas do EUL é composto por três tanques: a piscina de


50x25m com dez pistas e uma profundidade de 2m a 2,2 m com sistema de
cronometragem eletrónica; piscina de 25x12,5m com profundidade de 0,9m a 1,3m, com
seis pistas e rampa de acesso para pessoas com mobilidade condicionada e piscina de
aprendizagem e recreio 11x5,5m, com profundidade de 0,9m.(Ferreira, 2013)

Os tanques apresentam a área técnica e de manutenção lateral, pois encontram-se


apoiados no terreno. Tal característica não permite o acesso a toda a estrutura do
tanque para uma manutenção que em construções posteriores se demonstrou mais
eficaz e facilitada. O sistema de tratamento de águas é um sistema combinado de
ultravioletas e cloro.

O projeto não englobou a aplicação de painéis solares para aquecimento de águas


(recorde-se que se tratava de projeto da segunda metade dos anos de 1990), sendo
que este é realizado através de caldeiras existentes na área técnica.

Parte da água é reutilizada nos diversos lava-pés e depositada num reservatório para
depois ser reutilizada na rega dos compostos do Estádio Universitário.

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Ilustração 421 - Plantas piso -1, 1 e 2 das piscinas do EUL. ([Adaptado a partir de:] Atelier FV Arquitectos).

O edifício apresenta agora, e consoante já referimos, outros espaços de prática


desportiva (uma sala de exercício de 250m2 e dois estúdios de 40m2 cada).

Os espaços de apoio existentes são oito balneários para praticantes, dois balneários
específicos para bebés e crianças e dois balneários para uso dos técnicos. Os

Mariana Pereira da Silva de Lemos Guimarães de Lacerda e Mello 278


A Arquitectura no Desporto – Piscinas como caso de Estudo

balneários forma dimensionados em relação às áreas dos planos de água de acordo


com a legislação que se encontrava em vigor à data do projeto, a diretiva CNQ 23/93.

As bancadas existentes para assistência das aulas e competições natatórias têm 1270
lugares sentados (1200 na nave central e 70 na bancada VIP).

O edifício inclui também secretaria, sala de imprensa, sala de reuniões, gabinetes


técnicos, sala de primeiros socorros, instalações sanitárias, bar, esplanada e lugares de
estacionamento no exterior.

As atividades desenvolvidas no complexo vão desde a natação para bebés,


aprendizagem (com níveis +7 e +15), natação avançada e sincronizada, pólo aquático,
hidroginástica e hidroterapia. Estas modalidades, com vários subníveis, totalizam 721
classes com cerca de 6000 inscrições anuais. O elevado número de utentes inscritos
neste complexo, a sua localização privilegiada e a qualidade das instalações demonstra
a viabilidade e importância do mesmo complexo, no conjunto do EUL, tornando-o um
caso de estudo fundamental no âmbito das piscinas em Portugal. (Ferreira, 2013)

O edifício, com 23 anos de funcionamento em pleno, foi apresentando problemas


característicos do uso frequente e da sua longevidade, cuja essencialidade tem sido
ultrapassada com a atenção, manutenção e beneficiação devidas, estando
perfeitamente adaptado aos tempos atuais.

As alterações empreendidas no edifício com a sua ampliação, para integrar novas


atividades e espaços de apoio, demonstram as mudanças que o programa deste tipo de
equipamento é suscetível de sofrer ao longo do tempo e de como estes edifícios (logo
na sua conceção) devem ser passiveis de adaptações, para integrarem multivalências
e se manterem sustentáveis a longo prazo.

Na realidade, aquando da construção do Estádio Universitário, a sua única valência era


a de proporcionar aos atletas condições adequadas para a prática de natação (sendo o
caso, de competição), mas com o passar dos anos o complexo teve de se ir alterando
e adaptando de forma a que o edifício se tornasse rentável e correspondesse à procura
que dele faziam os utilizadores.

Não só a prática da natação tem crescido, como várias são as gerações que utilizam as
piscinas para diferentes conceitos. Se no início as piscinas eram utlizadas para aulas e
natação por parte dos clubes de natação que a elas pertenciam, mais tarde, passaram
a ser empregues por escolas que levam os seus alunos a ter aulas de aprendizagem e

Mariana Pereira da Silva de Lemos Guimarães de Lacerda e Mello 279


A Arquitectura no Desporto – Piscinas como caso de Estudo

adaptação ao meio aquático, a utentes de utilização livre, de aulas específicas que não
a natação, o que levou a que as piscinas revelassem uma multifuncionalidade ímpar, de
modo a melhor servir (na sua multiplicidade) os seus utentes.

Ilustração 422 - Maqueta de Corte Transversal piscinas EUL.

Ilustração 423 - Alçado Sul das piscinas do EUL. ([Adaptado a partir de:] Atelier FV Arquitectos).

Na realidade, a integração de um edifício desta envergadura num conjunto já


parcialmente edificado e constituído por edifícios maioritariamente com mais de trinta
anos, destinados a outras atividades desportivas, num eixo central da capital e cujo
planeamento foi cuidadosamente estudado e executado, bem planeado para as
finalidades que veio a revelar (para além das inicialmente ponderadas), suscetível de
reinvenção e ampliação, proporcionando uma visão de modernidade na estrutura em
que se enquadra e mantendo-se atual, passados que são cerca de vinte anos da sua
entrada em funcionamento, merece um registo, pois permite o acesso a atividades
aquáticas desportivas por centenas de pessoas em simultâneo, sem que se trate de
uma “multidão”, quer pelos circuitos diferenciados quer pela adaptação dos balneários

Mariana Pereira da Silva de Lemos Guimarães de Lacerda e Mello 280


A Arquitectura no Desporto – Piscinas como caso de Estudo

às necessidades e presta, com qualidade e elevado nível, um serviço evidente à


comunidade que dele beneficia, tudo conjugado com uma arquitetura própria e que tão
bem carateriza o espaço em que se insere.

Ilustração 424 - Alçado Sul/ Entrada das piscinas do EUL. ([Adaptado a partir de:] Dissertação de Mestrado Conceção de Piscinas em
Portugal)).

Ilustração 425 - Alçado Poente das piscinas do EUL. ([Adaptado a partir de:] Dissertação de Mestrado Conceção de Piscinas em
Portugal)).

Mariana Pereira da Silva de Lemos Guimarães de Lacerda e Mello 281


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Ilustração 426 - Alçado Nascente das piscinas do EUL. ([Adaptado a partir de:] Dissertação de Mestrado Conceção de Piscinas em
Portugal)).

Ilustração 427 - Alçado Norte das piscinas do EUL. ([Adaptado a partir de:] Dissertação de Mestrado Conceção de Piscinas em
Portugal).

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Ilustração 428 - Tanque de Aprendizagem das piscinas do EUL. ([Adaptado a partir de:] Dissertação de Mestrado Conceção de Piscinas
em Portugal).

Ilustração 429 - Tanque de iniciação à atividade natatória das piscinas do EUL. ([Adaptado a partir de:] Dissertação de Mestrado
Conceção de Piscinas em Portugal).

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Ilustração 430 - Circulações da Piscina do EUL. ([Adaptado a partir de:] Dissertação de Mestrado Conceção de Piscinas em Portugal).

Ilustração 431 - Balneários / Vestiários das piscinas do EUL. ([Adaptado a partir de:] Dissertação de Mestrado Conceção de Piscinas
em Portugal).

Ilustração 432 - Ginásio e Estúdio das Piscinas do EUL. ([Adaptado a partir de:] Dissertação de Mestrado Conceção de Piscinas em
Portugal).

Mariana Pereira da Silva de Lemos Guimarães de Lacerda e Mello 284


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4.4. COMPLEXO MUNICIPAL DE PISCINAS DE ABRANTES

Destinada a implantar-se e a integrar-se no Parque Desportivo, a poente do Campo de


Futebol n.º 1, com pista de atletismo, o projeto das Piscinas Municipais de Abrantes
insere-se num terreno cuja propriedade pertence à Câmara Municipal, situa-se numa
zona de expansão da cidade, com boas acessibilidades, e está enquadrada nos
equipamentos desportivos públicos com uma vista desafogada sobre o vale do Tejo.

Abrantes, com uma área aproximada de setecentos e catorze metros quadrados,


pertence ao distrito de Santarém e, segundo os censos de 2011, tem uma população
aproximada de 40.000 pessoas.

Ilustração 433 - Vista aérea da cidade de Abrantes com o Complexo de Piscinas a Cor. ([Adaptado a partir de:] Google Earth edição
Nossa).

O Projeto das Piscinas de Abrantes, inserido do parque desportivo, como referimos,


pretende criar um diálogo com a envolvente, descobrindo aí as razões primeiras para a
sua definição, através de uma leitura atenta da topografia e morfologia do terreno e das
marcas (já) deixadas na paisagem por quem nele vive e lhe dá sentido, tirando partido,
não só da qualidade paisagística das panorâmicas envolventes como do património que
se pretende preservar e, igualmente, das boas condições de exposição solar e de
excelente localização em relação ao centro da cidade.

Mariana Pereira da Silva de Lemos Guimarães de Lacerda e Mello 285


A Arquitectura no Desporto – Piscinas como caso de Estudo

Presidiram à conceção deste complexo, preocupações ao nível da integração


paisagística no local e programáticas, relativamente às finalidades para que foi
concebido. Observou-se não só o controlo efetivo da construção do(s) edifício(s) como
também as necessidades de manutenção e gestão do equipamento. Desta forma,
esteve sempre presente na cabeça do arquiteto a diminuição de circuitos de circulação
(internos) e a otimização do número de colaboradores necessários ao regular
funcionamento das piscinas.

Assim, o Arquiteto Julião Azevedo opta por soluções económicas, mas sempre de modo
a que o resultado final seja o de um edifício emblemático e de grande dignidade. No
entender do arquiteto, o complexo constitui um conjunto simbólico e monumental,
tendente a constituir um ex-libris da cidade de Abrantes.

Ilustração 434 - Piscina de Abrantes. ([Adaptado a partir de:] Flickr "piscina, Abrantes").

O edifício das piscinas cobertas é formado por dois corpos interdependentes, mas de
volumetria diferente. O de maior volume, que alberga os cais de acesso às piscinas, os
tanques propriamente ditos, as bancadas para o público espetador e respetivas galerias
de acesso (correspondente à nave das piscinas e cuja abertura em “abóbada” é
constituída por troços deslizantes que proporcionam a abertura de 2/3 da sua área
durante os meses de Verão).

Este volume é envolvido por outros, nas laterais do quadrante norte, que integra desta
feita o corpo dos serviços de apoio e se desenvolve em dois pisos (a que acresce ainda
um piso técnico), apresentando uma forma em “L”, com maior desenvoltura no alçado
noroeste.

Mariana Pereira da Silva de Lemos Guimarães de Lacerda e Mello 286


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Ilustração 435 - Planta piso 1 das piscinas Municipais de Abrantes. ([Adaptado a partir de:] Câmara Municipal de Abrantes, edição
Nossa).

Ilustração 436 - Alçado Noroeste das piscinas Municipais de Abrantes. ([Adaptado a partir de:] Câmara Municipal de Abrantes).

Consoante se observa, a conjugação dos dois corpos físicos interdependentes, cria


impacto e confere foco no de maior relevância atenta à funcionalidade do equipamento
– sobre as piscinas em si – e permite a unidade do conjunto, criando simultaneamente
uma sensação de “leveza” que se constata por possuir um corpo menos imponente e
significativamente destinado a complementos e serviços de apoio.

O arquiteto, ao projetar as piscinas, recorreu a soluções técnicas e construtivas que


visam evitar patologias no estado do equipamento (por efeito da passagem do tempo e
intensa utilização) através do recurso a materiais de construção, nomeadamente no que
diz respeito às caixilharias envidraçados da nave, ao correto dimensionamento das
redes de abastecimento e adução de água para as piscinas e para usos sanitários e
banhos, ao isolamento, às pontes térmicas, aos efeitos de condensações no ar interior,
etc...

O programa das piscinas interiores é então organizado em 2 pisos: no piso 0 localizam-


se os átrios de entrada/ receção, que se articulam em dois setores autónomos, a partir
de um átrio exterior comum (que servirá os dois edifícios de apoio às piscinas cobertas
e descobertas).

Mariana Pereira da Silva de Lemos Guimarães de Lacerda e Mello 287


A Arquitectura no Desporto – Piscinas como caso de Estudo

Os átrios comunicam diretamente com os serviços de secretaria e da administração,


com as instalações sanitárias para uso público, e ainda com as zonas de circulação e
os acessos verticais (escadas e elevador de ligação ao piso superior).

Neste piso térreo estão também implantadas as duas piscinas cobertas – uma
desportiva e outra destinada à aprendizagem. No exterior e à mesma cota existe uma
piscina recreativa, os respetivos cais envolventes e todos os serviços de apoio
diretamente associados aos equipamentos descritos.

Os respetivos serviços de apoio são compostos por núcleos de vestiários/ balneários/


sanitários dos utentes (de ambos os sexos), a sala de professores e vigilantes (na qual
podemos ver a integração de uma zona para prestação de primeiros socorros), a
receção/ secretaria e ainda uma sala polivalente, com vista para o interior da nave.

Sublinhe-se desde já o cuidado e sensibilidade que o arquiteto teve ao prever a


existência de um balneário para crianças entre os 2 e os 5 anos, situado precisamente
entre os dois núcleos de balneários de adultos da piscina coberta.

Com acesso direto, quer aos cais das piscinas cobertas, quer aos respetivos balneários,
concentram-se um ginásio e uma sala para apoio às competições.

O cuidado de organização espacial revela o conhecimento abrangente por parte do


arquiteto no funcionamento quotidiano de uma piscina, ou não fosse Julião Azevedo um
antigo nadador.

A circunstância revela-se exemplificativamente na previsão de todas as zonas de apoio


ao nível do cais das piscinas, evitando assim que os utentes se desloquem durante
vários metros para empreender o percurso dos balneários às piscinas (e vice-versa), ou
sofram “choques térmicos” com a passagem de um piso para o outro (o que acontece
em muitas piscinas municipais onde os balneários não se encontram ao mesmo nível
do cais das piscinas).

Ao projetar as piscinas podemos ver que o arquiteto teve especial atenção a que todas
as áreas de apoio se localizassem na mesma cota, deste modo, permite-se a facilidade
de desenvolvimento da atividade da piscina, garantindo o conforto adequado aos seus
utilizadores.

Mariana Pereira da Silva de Lemos Guimarães de Lacerda e Mello 288


A Arquitectura no Desporto – Piscinas como caso de Estudo

Ilustração 437 - Planta piso 0 das piscinas Municipais de Abrantes. ([Adaptado a partir de:] Câmara Municipal de Abrantes).

Quanto aos mais diversos serviços de manutenção do equipamento, estes são


acessíveis através de um corredor destinado às instalações técnicas, nomeadamente,
à central térmica e às casas das máquinas do tratamento de água, que por sua vez
detêm ligação direta para o exterior. A central do tratamento de ar e desumidificação
está implantada na nave do piso 2 e acede-se por uma escada privativa, localizada
precisamente ao lado do elevador.

Os circuitos de pés-calçados e de pés-descalços estão diferenciados, realizando-se o


acesso aos cais através de lava-pés.

As arrecadações gerais das piscinas cobertas estão estrategicamente localizadas sob


os degraus das bancadas.

As piscinas cobertas de competição e aprendizagem tem a forma retangular, de acordo


com as normas especificas existentes, sendo separadas entre si por uma guarda de
proteção. A piscina desportiva é destinada à pratica da natação e da competição e tem
as dimensões de 25,00m x 16,76m e oito pistas, e a sua profundidade é de 1,80m a
2,00m, apresentando muretes nos topos de viragem e caleiras finlandesas nas laterais.

A piscina de aprendizagem está implantada paralelamente ao tanque principal e é


destinada ao recreio e à aprendizagem, e tem as dimensões de 16,6m x 8,00m, e quatro
pistas. Este tanque possui ainda na sua lateral escadas para acesso a pessoas com
mobilidade reduzida, e a sua altura varia entre 1,00m e 1,30m, apresentando em todo o
seu perímetro, caleira finlandesa.

Mariana Pereira da Silva de Lemos Guimarães de Lacerda e Mello 289


A Arquitectura no Desporto – Piscinas como caso de Estudo

Ilustração 438 - Detalhe da Caleira Finlandesa. ([Adaptado a partir Ilustração 439 - Fotografia da Caleira finlandesa da piscina
de:] Câmara Municipal de Abrantes). Municipal de Abrantes. ([Adaptado a partir de:] Câmara
Municipal de Abrantes).

Quando subimos ao piso superior (piso 1 do corpo principal) encontramos o bar/cafetaria


com vista para as atividades aquáticas (das piscinas cobertas e das piscinas exteriores).
Aqui foi desenhada estrategicamente uma esplanada no terraço, que permite,
especialmente nos meses mais amenos, desfrutar dos cenários paisagísticos e de lazer
que as piscinas proporcionam.

É neste piso que podemos encontrar as instalações sanitárias de apoio ao público


espectador e a galeria de acesso às bancadas (com 488 lugares sentados e com saídas
diretas para o terraço).

O arquiteto ao projetar as bancadas num nível superior, facilita não só a visão dos
espectadores durante as competições e as aulas de natação, mas organiza também o
programa de modo a que quem não participa ativamente nas atividades natatórias tenha
delas um distanciamento equilibrado, o que permite a quem assiste um maior conforto,
dado que a libertação de gases (cloro), proveniente das piscinas, é por vezes elevada,
sobretudo quando as piscinas estão em funcionamento máximo durante várias horas, e
provoca o aquecimento do recinto.

Ora, ao colocar as bancadas num piso superior e com a abertura para os terraços,
permite-se aos espectadores o acesso facilitado ao exterior.

Mariana Pereira da Silva de Lemos Guimarães de Lacerda e Mello 290


A Arquitectura no Desporto – Piscinas como caso de Estudo

Ilustração 440 - Planta piso 1 das piscinas Municipais de Abrantes. ([Adaptado a partir de:] Câmara Municipal de Abrantes).

Finalmente, no piso 2 encontra-se a casa das máquinas de desumidificação da nave e


a casa das máquinas do elevador. O acesso a este piso é feito através de uma escada
que está localizada junto à própria caixa do elevador.

Ilustração 441- Planta piso 2 das piscinas Municipais de Abrantes. ([Adaptado a partir de:] Câmara Municipal de Abrantes).

Ao analisarmos o edifício da piscina exterior e recreativa de ar livre, damo-nos conta


(como já referimos anteriormente) que o seu acesso é feito a partir do átrio exterior e
funciona com separações físicas e acessos condicionados em relação aos serviços de
apoio das piscinas cobertas, desenvolvendo-se este e na totalidade somente num piso
térreo.

Este corpo é constituído por um corredor que parte do átrio onde se implanta a
receção/secretaria e que dá acesso aos vestiários/ balneários/sanitários dos utentes de
ambos os sexos (no próprio edifício e diferentes dos existentes na piscina coberta, pelo

Mariana Pereira da Silva de Lemos Guimarães de Lacerda e Mello 291


A Arquitectura no Desporto – Piscinas como caso de Estudo

que só a sala dos vigilantes e os primeiros socorros são “serviços partilhados” com a
piscina coberta.

A casa das máquinas de tratamento da água da piscina, tem o seu acesso pelo exterior
e está implantada, a par de uma arrecadação geral, no topo norte do complexo.

Por sua vez, a piscina exterior é composta de três zonas constituídas por:

- piscina infantil/ chapinheiro, com planta circular e profundidades variando de 0,20m


(junto aos bordos) e 0,45m;

- zona de repuxos – com profundidade máxima de 0,15m e de forma irregular;

- piscina de recreio de planta circular e profundidade variando de 0,90 a 1,60m.

Se no interior do edifício das piscinas cobertas o arquiteto se viu na contingência de


cumprir rigorosamente a forma retangular dos tanques, devido às normas
regulamentares específicas, podemos observar que no exterior o arquiteto pôde dar uso
a outras formas mais expressivas, proporcionando um desenho mais orgânico aos
tanques e conferindo simultaneamente uma linguagem diferente ao jardim.

Ilustração 442 - Planta piso 1 das piscinas Municipais de Abrantes. ([Adaptado a partir de:] Câmara Municipal de Abrantes, edição
Nossa).

Estas piscinas são circundadas por um amplo cais/solário que comunica através de
escadarias ao terraço no piso superior para que os utentes ou visitantes possam usufruir
de todas as vistas circundantes e panorâmicas sobre o vale do Tejo, num olhar que se
perde de vista na imensidão do horizonte que é possível abarcar

Mariana Pereira da Silva de Lemos Guimarães de Lacerda e Mello 292


A Arquitectura no Desporto – Piscinas como caso de Estudo

Ilustração 443 - Tanques exteriores das piscinas Municipais de Abrantes. ([Adaptado a partir de:] Câmara Municipal de Abrantes).

Na execução deste complexo o arquiteto recorreu a materiais de construção e


equipamentos adequados ao seu melhor funcionamento, apresentando
simultaneamente as soluções de custos menos onerosos em termos de consumo de
energia, e tendo sempre que possível aplicado materiais tradicionais.

Toda a estrutura, nomeadamente fundações, vigas e lajes são executadas em betão


armado.

A cobertura da nave foi executada em painéis abobadados sob uma estrutura de aço e
chapas opalinas alveoladas e policarbonato que deslizam sobre “carris”, e as coberturas
dos corpos envolventes foram executadas em laje de betão armado, devidamente
isoladas e impermeabilizadas.

As cubas dos tanques foram executadas em betão armado, bem vidrado e com aditivo
especial, para lhes dar maior coesão e impermeabilização (e garantir um acréscimo de
longevidade).

Todas as paredes exteriores são duplas e executadas com alvenaria de tijolo. As


paredes interiores são de tijolo simples. Todas as paredes onde não existe outro tipo de
acabamento são rebocadas, sendo as paredes dos balneários revestidas de materiais
cerâmicos.

Mariana Pereira da Silva de Lemos Guimarães de Lacerda e Mello 293


A Arquitectura no Desporto – Piscinas como caso de Estudo

Toda a caixilharia é de alumínio com vidro adequado a cada uso. Os vidros exteriores
são vidro antivandalismo laminado. Os envidraçados fora da nave têm a espessura de
6mm, e os envidraçados das naves são duplos.

Ilustração 444 - Tanques interiores das piscinas Municipais de Abrantes. ([Adaptado a partir de:] Câmara Municipal de Abrantes).

Todo os pavimentos são revestidos com mosaicos cerâmicos, sendo que os pavimentos
dos balneários, corredores interiores, cais das piscinas interiores e todas as cubas, são
revestidos com mosaico cerâmico antiderrapante de série para piscinas.

Trata-se, pois, de mais um elemento em que o arquiteto Julião Azevedo mostra uma
especial perspicácia, uma vez que muitas vezes este pormenor da pavimentação interior
nas piscinas é esquecido, existindo apenas piso antiderrapante em volta dos tanques,
mais suscetível de proporcionar quedas: o arquiteto, ao pavimentar todos os acessos e
espaços interiores de mosaico antiderrapante, diminui a propensão e o risco de
acidentes (seja dos utentes ou dos colaboradores).

A cobertura móvel é construída com uma estrutura formada por perfis de aço,
constituindo uma abóboda de arcos metálicos, subdividida em troços que se deslocam
a níveis diferenciados sobre carris de ferro e que “encartam” uns sobre os outros,
permitindo uma abertura de pelo menos 60% da superfície coberta.

As placas de recobrimento são em policarbonato alveolar com mínimo de 16mm, de cor


branco opalino, sendo devidamente travadas com perfis de aço e de alumínio
adequados aos fins a servir, e a proporcionar todos os remates necessários a um
perfeito acabamento, garantindo condições de estanquidade total.

Mariana Pereira da Silva de Lemos Guimarães de Lacerda e Mello 294


A Arquitectura no Desporto – Piscinas como caso de Estudo

Ilustração 445 - Cobertura da piscina Municipal de Abrantes. ([Adaptado a partir de:] Câmara Municipal de Abrantes).

A abertura é central, fazendo deslizar quatro partes, duas a duas, sobre outras faixas
implantadas nos topos da nave, recorrendo a sistema de manobra elétrica com
transmissão por “cremalheira”.

Ilustração 446 - Corte DD da piscina Municipal de Abrantes. ([Adaptado a partir de:] Câmara Municipal de Abrantes).

Mariana Pereira da Silva de Lemos Guimarães de Lacerda e Mello 295


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Ilustração 447 - Cobertura da piscina Municipal de Abrantes (aberta). ([Adaptado a partir de:] Câmara Municipal de Abrantes).

Ao analisarmos o projeto das piscinas de Abrantes conseguimos perceber que muitas


vezes, mesmo com recursos limitados e vários condicionalismos (espaciais, físicos e
regulamentares) é possível fazer boa arquitetura e ir para além das “regras” impostas.

Julião Azevedo é um arquiteto com algumas piscinas municipais construídas e em todas


elas podemos observar a sua preocupação no bom funcionamento e manutenção do
equipamento (por parte dos funcionários) mas também com a utilização confortável e
adequada por utentes. Quase sempre, revela-nos uma fachada envidraçada, com vista
para o exterior, como é o caso da piscina de Abrantes e o da piscina de Montemor-o-
Velho, assim como a colocação das bancadas numa cota mais elevada relativamente
aos tanques das piscinas.

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A Arquitectura no Desporto – Piscinas como caso de Estudo

Ilustração 448 - Corte AA das Piscinas Municipais de Abrantes. ([Adaptado a partir de:] Câmara Municipal de Abrantes).

Ilustração 449 - Corte BB e EE da piscina Municipal de Abrantes. ([Adaptado a partir de:] Câmara Municipal de Abrantes).

Ilustração 450 - Tanques exteriores da piscina Municipal de Abrantes. ([Adaptado a partir de:] Câmara Municipal de Abrantes).

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A Arquitectura no Desporto – Piscinas como caso de Estudo

No fundo, obtém-se um conjunto equilibrado, compatibilizando lazer e prática


desportiva, intercalando ambas as funcionalidades das piscinas interiores e exteriores
e admitindo o diálogo entre si – até pela “abertura da nave” de que as primeiras
beneficiam.

Ilustração 451 - Tanques interiores da piscina Municipal de Abrantes. ([Adaptado a partir de:] Câmara Municipal de Abrantes).

Acresce que perfeitamente enquadradas no Parque Desportivo, ultrapassam os seus


horizontes (um tanto quanto limitativos), até pela vista proporcionada do
terraço/esplanada respetivos.

A sua funcionalidade e aptidão para as finalidades com que se erigiram é evidente, não
só a partir dos tão utilitários circuitos diferenciados (seja para piscina interior ou exterior,
seja para praticantes/utilizadores e público) como da escolha por materiais
perfeitamente adequados (e não excessivamente dispendiosos).

A sua conceção respeita as normas regulamentares e de segurança, mas também é fiel


representante de uma linha estética que beneficia o desfrute daqueles que por ali
passam/permanecem, podendo beneficiar de uma arquitetura de qualidade – seja da
perspetiva do belo ou do sentido utilitário do projeto.

Mariana Pereira da Silva de Lemos Guimarães de Lacerda e Mello 298


A Arquitectura no Desporto – Piscinas como caso de Estudo

5. UMA OBRA DE REFERÊNCIA DE UM ARQUITETO PORTUGUÊS FORA DE


PORTUGAL

5.1. EQUIPAMENTO DESPORTIVO RIBERA – SERRALLO

O equipamento desportivo Ribera – Serralo do arquiteto Álvaro Siza Vieira está


localizado na cidade de Cornellà de Llobregat, província de Barcelona. Cornellà é um
dos municípios com mais população da Comarca de Bajo Llobregat com 88 592
habitantes, segundo os dados de 2019 do Instituto Nacional de Estatística (INE) e o
Institut d’ Estadística de Catalunya (Idescat).

Cornellà de Llobregat encontra-se na periferia da cidade, perto das vias de entrada e


saída de Barcelona.

Ilustração 452 - Esboço do complexo Ribera - Serrallo. ([Adaptado a partir de:] Revista el Croquis).

O recinto desportivo compõe-se de um grupo separado de volumes de betão, com


espaços públicos abertos de par em par. Enquadra-se numa área periférica da cidade,
próximo de acessos rodoviários e muito perto do rio Llobregat.

Este complexo está integrado num pavilhão multiusos com capacidade para 2.500
pessoas, possui um ginásio e duas piscinas, uma exterior e outra interior. O Centro
Esportivo Ribera-Serralo, faz parte de desenvolvimento do parque desportivo (que inclui
também o estádio do clube de futebol Espanyol).

Mariana Pereira da Silva de Lemos Guimarães de Lacerda e Mello 299


A Arquitectura no Desporto – Piscinas como caso de Estudo

O terreno destinado ao equipamento era antes da intervenção um retângulo plano vazio


entre as densas ruas de um bairro construído no pós-guerra, a norte, e o anel viário de
Barcelona, a Sul.

As vias de acesso separam-no de uma escola a Oeste e dos campos de jogos a Este.

Ilustração 453 - Plano de localização. ([Adaptado a partir de:] Siza, Álvaro, Apontamentos de uma arquitectura sensível, p.115).

O edifício implanta-se atrás da “borda” urbana construída e é formado pelos já


mencionados grandes volumes de betão branco entrelaçados, que expressam os
programas no interior: uma “caixa retangular” para o recinto principal com 2.500
assentos, um cilindro ovalado para a piscina e uma barra longa para as instalações
auxiliares.

O acesso ao complexo faz-se tanto pelo lado nordeste como pelo lado sudeste do
recinto, através de uma ladeira ligeiramente inclinada, delimitada pelo pavilhão
multiusos e por um volume longitudinal, a partir do qual se acede às diferentes
instalações.

As duas rampas, cada uma do tamanho de uma praça urbana, erguem-se desde o
estacionamento e unem-se numa entrada a 4 metros sobre o nível do solo.

As curvas e a materialidade monolítica do pavilhão desportivo conferem-lhe uma


singularidade única, desassociando-o desta forma de outros grandes volumes na
região, ao mesmo tempo que evocam imagens de relevo topográfico, de tal modo que

Mariana Pereira da Silva de Lemos Guimarães de Lacerda e Mello 300


A Arquitectura no Desporto – Piscinas como caso de Estudo

as rampas expressam por si só a necessidade de subir/ascender a partir do terreno pré-


existente para que se chegue a entrar no edifício.

Ilustração 454 - Rampas de acesso ao complexo. ([Adaptado a partir de:] Revista el Croquis).

O interior caracteriza-se por ser um espaço austero, branco e cinzento com um hall
espaçoso. As diferentes áreas distribuem-se, a partir deste vestíbulo, que faz a ligação
entre as diversas instalações, os serviços administrativos e o restaurante.

O pavilhão multiusos dispõe de quatro zonas, uma delas móvel, que (também) tem
acesso ao nível superior a partir do átrio principal.

Em condições normais, a entrada dos atletas realiza-se através do átrio principal,


descendo estes depois ao nível da “pista”. Nesta mesma cota situam-se os balneários
inseridos num bloco longitudinal. No entanto, quando existem competições de grande
importância, a entrada dos atletas, dos convidados especiais, dos jornalistas e mesmo

Mariana Pereira da Silva de Lemos Guimarães de Lacerda e Mello 301


A Arquitectura no Desporto – Piscinas como caso de Estudo

das unidades de assistência (bombeiros, etc), pode realizar-se pelo lado sudeste do
edifício, através de uma entrada existente ao nível da pista.

Ilustração 455 - Planta piso 0. ([Adaptado a partir de:] revista El croquis).

É também a partir do vestíbulo principal do complexo que se acede, por uma galeria, à
zona aquática (piscinas) onde se situam os vestiários, as saunas e as piscinas.

A entrada para os espaços reservados ao público faz-se por uma segunda galeria, ao
nível do vestíbulo, que tem continuidade no interior do espaço da piscina climatizada,
por uma rampa perimetral orientada a tais acessos.

Ilustração 456 - Planta Piso 1. ([Adaptado a partir de:] revista El croquis).

Mariana Pereira da Silva de Lemos Guimarães de Lacerda e Mello 302


A Arquitectura no Desporto – Piscinas como caso de Estudo

No espaço interior que alberga a piscina coberta, as claraboias permitem a entrada de


luz natural e criam uma atmosfera de tranquilidade; desenham também um bonito
padrão geométrico de luz e sombra sobre a água.

Ao fundo da piscina temos um grande vão transparente que permite a entrada de luz
natural e simultaneamente a ligação à piscina exterior.

Na realidade, colocando-nos em perspetiva no espaço, a piscina exterior surge na


continuidade da piscina interior, separada unicamente por este vão transparente.

Ilustração 457 - Vista interior da piscina interior. ([Adaptado a partir de:] revista El croquis).

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A Arquitectura no Desporto – Piscinas como caso de Estudo

Ilustração 458 - Vista do vão de separação da piscina interior e exterior. ([Adaptado a partir de:] revista El croquis).

A piscina interior está dividida em duas zonas, uma com forma retangular e divida em
pistas, onde os utentes podem nadar (com maior velocidade) e outra destinada ao lazer.

Con una zona de juego y descanso y otra compartimentada en carriles para nadar a
mayor velocidad, la piscina interior recuerda una playa urbana. Las piscinas combinan,
según su creador, un ejercicio de responsabilidad pública con una demostración de amor
a la humanidad. (SALICRÚ, 2012)

Mariana Pereira da Silva de Lemos Guimarães de Lacerda e Mello 304


A Arquitectura no Desporto – Piscinas como caso de Estudo

A piscina exterior, que é aberta nos meses de verão, destina-se quase exclusivamente
a lazer e recreio. Ora, a sua funcionalidade óbvia permitiu que esta apresentasse uma
forma orgânica que nos remete desde logo para a memória de um lago naturalmente
desenhado. No limite desta estava ainda planeada a construção de um campo de jogos
exterior, que acabou por não ser executado dando lugar a uma zona com “guarda-sol”
e espreguiçadeiras, que hoje ali podemos observar.

Ilustração 459 - Piscina exterior. ([Adaptado a partir de:] En Blanco nº1. Álvaro Siza Vieira).

Apesar de estar localizada numa zona menos qualificada da cidade de Barcelona, o


arquiteto, não descorou por isso, o empenho no trabalho realizado e nela se resume
também o conhecimento e arte que se reconhece mundialmente ao seu trabalho, assim
tornando Cornellà num dos municípios de Barcelona com a mais moderna piscina
utilitária, onde se descobre toda a mestria e estética, realizada por um arquiteto de
renome.

Sendo uma piscina dedicada sobretudo ao lazer, é interessante percebemos que o


arquiteto não se “esqueceu” daqueles que dela querem usufruir de uma maneira mais
desportiva, reservando uma área própria e precisamente destinada a pistas. A forma
encontrada para o efeito foi de tal modo prolífica que esta área passa quase como
despercebida no todo da piscina interior, não fosse nela estarem colocadas a cordas
coloridas de separação das pistas.

Mariana Pereira da Silva de Lemos Guimarães de Lacerda e Mello 305


A Arquitectura no Desporto – Piscinas como caso de Estudo

Ilustração 460 - Vista da piscina interior com as pistas "montadas”. ([Adaptado a partir de:] revista El croquis).

A marca essencial, para além da imponência exterior e lógica de acesso original,


observa-se também nos percursos transitáveis dentro do complexo. São percursos
limpos e sem “ruído”.

Apesar da sua magnitude, o complexo assenta de maneira estruturada na paisagem,


sem a denegrir, também por estar contruído num perfil limpo de betão, que se ajusta
facilmente para enquadrar a linha do topo das árvores no horizonte que se avizinha(m)
do edifício.

Os seus enormes muros brancos não deixam transparecer a paz que dentro deles se
vive, nem a intromissão do bulício exterior para dentro do equipamento, numa
frugalidade organizacional que sintetiza em si todas as funcionalidades necessárias sem
nenhum aparato superficial, como é marca exemplar do maior arquiteto português.

Infelizmente alguns dos habitantes de Cornellà não conseguiram reconhecer o benefício


que tiveram ao ser chamado o arquiteto Álvaro Siza para a realização da obra do
complexo, usando, por isso, a brancura das suas paredes envolventes para atos de puro
vandalismo como são os graffitis ai existentes (sem qualquer forma de expressão
artística).

Mariana Pereira da Silva de Lemos Guimarães de Lacerda e Mello 306


A Arquitectura no Desporto – Piscinas como caso de Estudo

Na verdade, se as imagens bem traduzem a sensação de paz e calidez ali vivida, trata-
se de uma obra incontornável que em muito beneficia de uma visita pessoal, porquanto
nenhuma descrição que aqui se possa fazer é a bastante para poder transmitir a noção
da obra no espaço, a sua clarividência e a beleza inerente do edifício com a clareza, a
graça e a simplicidade que o mesmo, sem dúvida, merece.

Não obstante não estar situado no território nacional o cariz impactante da obra e a sua
originalidade não podiam deixar de merecer este apontamento, talvez no ensejo de que
seja visitada e desfrutada num passeio a Barcelona. Com certeza não desapontará, por
muito elevadas que sejam as expectativas.

Ilustração 461 - Imagem do complexo à noite. ([Adaptado a partir de:] En Blanco nº1. Álvaro Siza Vieira).

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A Arquitectura no Desporto – Piscinas como caso de Estudo

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Chegados a este momento surge a noção de completude, de um ciclo que se encerra e


que consubstanciou fundamentalmente o nosso percurso formativo, académico mas
também enquanto cidadã, autónoma e responsável.

É certo que os planos se entrecruzam, e por entre este longo caminho, de maneira umas
vezes tímida, noutras mais assertiva, a vida já nos trouxe um esgar do que esperamos
atingir no futuro: uma vida plena e em que o trabalho em arquitetura, que vimos
ensaiando em estágios e formações específicas, constitui uma vertente fundamental.

Mas até aqui chegarmos, muito do nosso quotidiano, ao longo de cerca de 18 anos, foi
passado entre os bancos da escola e da universidade e os treinos e provas em várias
piscinas de Portugal.

Cedo nos apercebemos de que havia uma diferença notória (até em termos de
resultados atingidos) em função da preparação ser feita num ambiente amigável para o
nadador ou num equipamento que implicasse constantes alterações térmicas e de
humidade (entre os balneários e o tanque), e mais, que as próprias instalações, logo a
partir do exterior e dos átrios de entrada, conferiam um maior ou menor “à-vontade”,
eram apelativas e convidativas à prática natatória ou, ao invés, o transpor e o circular
naqueles edifícios parecia árido e desconfortável.

O desenvolvimento do conhecimento na matéria, a abordagem dos edifícios enquanto


“aprendiz de arquiteta” trouxe uma consciencialização evidente no sentido de que não
é só do utilitário que precisamos para viver bem e de forma equilibrada. O ambiente é
também criado pela noção de beleza, de equilíbrio, de proporção. Para além das modas
e da escolha dos materiais, da sua qualidade, textura, cor, etc., a própria conceção de
um edifício como um todo, impõe a problematização e o estudo de diversas questões
que necessariamente se suscitaram ao longo da sua execução e principalmente durante
a utilização deste. Orientado necessariamente às funções que ali se desenvolverão,
nem por isso deverá deixar de ser concebido como único e adaptado ao meio em que
se insere: apontando a intervenção humana no espaço e bem assim transmutando-o
mas também integrando-o na envolvente, de forma equilibrada e promotora de um
ambiente agradável à vista, e são do ponto de vista humano.

A transposição destas considerações pessoais da arquitetura, em geral, para os


equipamentos aquáticos e para as piscinas, em particular, pareceu-nos óbvia, desde
que equacionámos a possibilidade de melhor estudar estes complexos.

Mariana Pereira da Silva de Lemos Guimarães de Lacerda e Mello 308


A Arquitectura no Desporto – Piscinas como caso de Estudo

O conhecimento do funcionamento de um complexo de piscinas em regime de intenso


uso, uma parte significativa do tempo disponível passado diariamente “dentro de água”
a par e passo com a evolução nos estudos importou que a partir de um dado momento
se suscitasse a ideia de pesquisas, analisar, trabalhar e melhor compreender a
arquitetura destes equipamentos no nosso país: foi precisamente dessa deambulação
que resultou esta dissertação: o enquadramento histórico pareceu-nos essencial.

Como foi nos primórdios? Qual a génese do treino natatório em Portugal? (encontramo-
lo nas Piscinas do Algés e Dafundo e na Piscina do Carvalhido) Que desenvolvimentos
ulteriores? Construções dispersas e nem sempre bem conseguidas de piscinas de 25 e
até 50 metros em Lisboa, formando a dado momento histórico uma tríplice de
equipamentos, um deles mais virado para o recreio infantil (Piscina Infantil do Campo
Grande), outro para a aprendizagem da natação (Piscina do Areeiro) e ainda outro já
voltado para atividades de treino e competição nas várias modalidades aquáticas
(Piscinas dos Olivais).

Pelo país, um ou outro exemplo, nem sempre com relevo bastante para integrar a
dissertação, mas até ao fim da década de 1990 pouco expressivo. É precisamente nesta
altura que dois projetos de grande fôlego se assumem na capital como dando outras
condições e garantindo o treino de alta competição aos atletas nacionais. São eles o
Complexo do Jamor e as Piscinas do Estádio Universitário.

Recorde-se que à imagem das primeiras piscinas construídas de raiz para a prática da
natação em Portugal, também o atelier FV Valsassina procedeu a visitas ao estrangeiro,
com o intuito de acompanhar então o que de mais avançado encontrava desenvolvido
além-fronteiras. Neste caso, porém, já não se pretendeu (como não podia deixar de ser)
uma cópia do que havia sido visto (como sucedeu com as primeiras piscinas do Sport
Algés e Dafundo) mas antes verificar e comparar modelos, conceções e idealizações
das infra-estruturas para que, de novo por cá, se pudesse gizar um plano adequado e
ao melhor nível do que, então, se utilizava e empreendia no estrangeiro.

Pela primeira vez na história, o país detém equipamentos ao nível dos congéneres
europeus.

Foi também e precisamente nesta década que se iniciou a construção e difusão nacional
do conceito de Piscina Municipal (anteriormente pouco expressiva nas zonas mais
interiores de Portugal). Já anteriormente, e de modo precoce relativamente ao
desenvolvimento dos equipamentos, Portugal fora (a Piscina de Campo Maior é disso
expoente máximo) começam a aparecer, aqui e ali, obras de grande relevo arquitetónico

Mariana Pereira da Silva de Lemos Guimarães de Lacerda e Mello 309


A Arquitectura no Desporto – Piscinas como caso de Estudo

e importância considerável para o bem-estar das populações por elas servidas, seja ao
nível do recreio e lazer, como da prática de atividades natatórias, permitindo até, desde
idades precoces, a adaptação ao meio aquático.

Na verdade, como pudemos constatar e surge devidamente ilustrado no trabalho, são


múltiplas e variadas as piscinas municipais atualmente em funcionamento. O curioso
das construções de modelo e conceções arquitetónicas mais recentes, é que tendem a
partilhar num mesmo espaço físico o equipamento desportivo propriamente dito e a
piscina de recreio, (normalmente ao ar livre e com solário, restaurante, bar e/ou
esplanada) num mesmo programa a executar. Em quase todas observa-se que o
arquiteto toma partido das vicissitudes do terreno e da sua morfologia para enquadrar o
complexo aí a desenvolver.

Esta evolução mais próxima dos nossos dias tem permitido que populações, outrora
carecidas de infraestruturas que lhes permitissem a prática de atividades natatórias,
desenvolvam o gosto e vontade de singrar na natação (nas suas mais diversas
modalidades), nos saltos para a água, etc.

Desta maneira, vem-se combatendo inequivocamente o “atraso” que há alguns anos se


verificava no país, por comparação com o desenvolvimento e incremento destas
atividades na Europa. Não sendo ainda possível ter ao dispor da população o número
de piscinas de treino/competição ao dispor por mil habitantes como têm outros países
da Europa, como é o caso de Espanha, em todo o caso, a discrepância já não é abissal,
como foi noutros tempos não tão recuados.

Acresce que, embora acanhadamente, possamos fixar a década de 1960/ 1970 como o
arranque de empreendimentos dotados de piscinas inteiramente, ou quase
inteiramente, dedicadas ao lazer e uso recreativo: Torralta, Prainha, Praia das Maçãs,
S. Pedro de Moel, são disso exemplos. Nem sempre mantidos até à atualidade, nem
por isso deixam de refletir a importância crescente que este tipo de infra-estruturas foi
ganhando como modo de atrair fundamentalmente veraneantes que procuravam
diversão e o desfrutar de bons momentos em companhia e mediante o usufruto das
piscinas de que estes projetos beneficia(va)m.

Algumas destas piscinas possuem um desenho cuidado e inovador, de traça e


característica própria, servidas normalmente de um conjunto de meios de apoio
adequados e de boa qualidade, e certo é, que muitos foram (e são) os portugueses que
passa(ra)m a considerar essencial para uns dias de descanso ou até para uma só

Mariana Pereira da Silva de Lemos Guimarães de Lacerda e Mello 310


A Arquitectura no Desporto – Piscinas como caso de Estudo

manhã ou tarde bem passadas, os programas ao ar livre, com banhos de Sol e


mergulhos sem fim nestes equipamentos recreativos.

À imagem e semelhança, o multiplicar de parques aquáticos, com concentração


evidente no Algarve bem ilustram o crescimento da procura por este tipo de divertimento
e atração turística.

Acresce ainda a referência essencial às piscinas oceânicas. A obra que nos parece
incontornável, é sem dúvida a das piscinas de Leça da Palmeira, em Matosinhos, do
arquiteto Siza Vieira. A sua longevidade e a marca que constitui na arquitetura deste(s)
equipamento(s) é inegável, como o é, a contemporaneidade mantida ao longo de cerca
de cinquenta anos. Perduram, mantendo a sua beleza, utilidade e adaptação às
funcionalidades pensadas desde a sua conceção.

Ao longo deste discurso tentámos abranger toda a evolução histórica do


desenvolvimento da arquitetura destes equipamentos, de maneira ilustrativa e
expressiva, tendo elegido aqueles que nos pareceram suficientemente relevantes e
exemplificativos das tipologias e funcionalidades múltiplas das piscinas. Os casos de
estudo foram escolhidos pela sua singularidade, de entre os demais que abarcam
determinado conjunto de piscinas e, ao mesmo tempo, permitindo revisitar (o que já se
observa ao longo do trabalho) quer um momento temporal concreto quer uma (ou mais)
funcionalidade(s) que fosse reveladora o bastante do que já se vinha adivinhando do
corpo da dissertação.

As Piscinas do Estádio Universitário, relevam-se na importância para o treino e


competição desportiva de alto nível da natação; as Piscinas Municipais de Abrantes são
do nosso ponto de vista a materialização mais aproximada da conjugação entre uma
boa arquitetura, empática, e ao mesmo tempo absolutamente funcional, já com critérios
de eco sustentabilidade de nível elevado.

A Piscina do Tamariz permite adivinhar toda uma era, e a busca hedonista de momentos
de lazer em total comodidade e num ambiente requintado, o que não deixa de ser o que
ainda hoje se procura e pretende proporcionar em muitas das piscinas existentes em
localizações especialmente turísticas ou empreendimentos de férias e, embora com a
evolução evidente dos tempos, muito mais massificadas (mas talvez revelando não
menos preocupações com o bem-estar e condições oferecidas aos utilizadores).

As piscinas infantis do Campo Grande, pela sua importância histórica e tipologia em


causa, tal como por via do seu desenvolvimento por Keil do Amaral, não podiam

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A Arquitectura no Desporto – Piscinas como caso de Estudo

(consoante tão bem se oberva) deixar de figurar, em especial, por tratarem de um


equipamento destinado aos mais pequenos, tantas vezes esquecidos nestas matérias,
mas também pelo seu enquadramento espacial, numa localização absolutamente
central da capital portuguesa.

O Equipamento Desportivo Ribera - Serrallo, único projeto estudado para além das
fronteiras de Portugal, justificado, em parte, com o facto de nos encontrarmos
atualmente em Barcelona, a realizar formações nesta cidade, mas fundamentalmente
por constituir mais um exemplo emblemático da obra de Siza Vieira e que, por esta via,
acaba também por se enquadrar, ainda que indiretamente na nossa arquitetura de
piscinas, de valor incalculável e mais um edificío que certamente se cruzará com a
história da capital catalã.

As piscinas do EUL permitiram-nos concluir que, apesar das adaptações e mutações


que a sua tipologia sofreu, continua a existir um ritual no uso destes edificios que resulta
da estruturação e hierarquização dos diferentes espaços por onde o utenta passa e
realiza diversas acções. As alterações feitas no edifício para integrar novas actividades
e espaços de apoio demonstram também como os mesmos têm que ser passíveis de
adaptações para integrarem multivalências e serem sustentáveis a longo prazo.

As piscinas foram pensadas para serem capazes de desafiar, de chamarem utilizadores


através da sua diversão, imagem e centralidade, como um objecto pertencente à
simbólica da cidade e aos processos de identificação dos seus habitantes.

A investigação resultou assim numa perceção de uma constante transformação das


necessidades da população ao longo das décadas vindo este tipo de equipamento a
sofrer adaptações e transformações sucessivas, tínhamos como objectivo conhecer
este tipo de tipologia arquitetónica e este objectivo cumpriu-se, podemos até arriscar
dizer que esta tipologia tal como já veio a demonstrar-se será uma tipologia em
constante mutação e evolução.

A prática da natação e de actividades desportivas encontra-se em constante mutação,


a evolução faz parte da sua história como resultado da inovação construtiva e
fundamentalmente das necessidades e vontades humanas. Neste sentido, é impensável
que a sua evolução tenha chegado a um momento final e que o futuro da natação e da
construção dos espaços destinados à sua prática se limitem a uma repetição de
tipologias e linguagens existentes.

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A Arquitectura no Desporto – Piscinas como caso de Estudo

Este desporto acompanha também a evolução do pensamento e da tecnologia que


modifica a vida das pessoas nas suas decisões individuais e colectivas e, por esse
motivo, tendem a generalizar-se novas expressões para este desporto e para as suas
práticas. A inovação na motricidade, nos factores competitivos, no meio ambiente onde
se desenrola, bem como os equipamentos e meios tecnológicos que a acompanham, a
natação encontrará no futuro diversas oportunidades para evoluir. Nesse sentido, a
investigação não é fechada, mas apenas o ponto de partida para novas investigações,
fazendo surgir também um novo paradigma: a reflexão sobre as adaptações que estes
equipamentos públicos terão de sofrer a curto e longo prazo para serem uma mais -valia
para as pessoas e o país que vê o número de obras públicas reduzido e de custo
controlado. Assim, é fundamental nos anos que se seguem investigar e acompanhar o
comportamento dos utentes verificando a viabilidade de novas construções desta
tipologia.

Esperamos que este estudo tenha dado algum contributo para se concluir pelo (bom)
estado da arte, e principalmente da franca evolução, quer em termos de qualidade quer
em termos de quantidade e serviços prestados, nestes equipamentos que, se à primeira
vista nos podem parecer um tanto ou quanto indiferentes do ponto de vista do desenho
arquitetónico, quando nos deixamos a contemplar e a aprofundar o conhecimento na
matéria, rapidamente nos apercebemos da sua valia e contributo para a alteração de
hábitos de modos de estar (muito mais saudáveis) da população portuguesa.

Talvez venha daí um “até já”, mas por agora o desejo é apenas de nos lançarmos num
mergulho refrescante, quem sabe num banho marítimo, numa das piscinas oceânicas
existentes e espalhadas pela nossa costa.

Mariana Pereira da Silva de Lemos Guimarães de Lacerda e Mello 313


A Arquitectura no Desporto – Piscinas como caso de Estudo

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A Arquitectura no Desporto – Piscinas como caso de Estudo

ANEXOS

Mariana Pereira da Silva de Lemos Guimarães de Lacerda e Mello 321


A Arquitectura no Desporto – Piscinas como caso de Estudo

Mariana Pereira da Silva de Lemos Guimarães de Lacerda e Mello 322


A Arquitectura no Desporto – As Piscinas como caso de Estudo

LISTA DE ANEXOS

Anexo A - Lista de Piscinas Municipais em Portugal

Mariana Pereira da Silva de Lemos Guimarães de Lacerda e Mello 323


A Arquitectura no Desporto – As Piscinas como caso de Estudo

Mariana Pereira da Silva de Lemos Guimarães de Lacerda e Mello 324


ANEXO A
Lista de Piscinas Municipais em Portugal (Ferreira, 2013)

Mariana Pereira da Silva de Lemos Guimarães de Lacerda e Mello 325


A Arquitectura no Desporto – As Piscinas como caso de Estudo

Complexo das Piscinas Municipais de Complexo Municipal de Piscinas de


Penafiel Gueifães, Maia

Complexo de Piscinas Aqua Brito, Complexo Municipal de Piscinas de


Guimarães Leiria

Complexo de Piscinas da Reboleira, Complexo Municipal de Piscinas de


Amadora Vinhais

Complexo de Piscinas das Manteigadas Complexo Municipal Victor Santos,


Alenquer
Complexo de Piscinas de Loures
Estádio Náutico Rodrigo Bessone
Complexo de Piscinas de Santa Iria da
Basto, Oeiras
Azóia
Piscina Coberta Municipal de Alcácer do
Complexo de Piscinas de Santo António
Sal
dos Cavaleiros
Piscina das Palmeiras
Complexo de Piscinas do Estádio
Universitário de Lisboa Piscina de Azeitão

Complexo de Piscinas do Jamor, Oeiras Piscina de Vila Meã, Amarante

Complexo de Piscinas Luís Lopes da Piscina do Centro Desportivo


Conceição, Coimbra Universitário do Porto

Complexo de Piscinas Municipais de Piscina do Clube Nacional de Natação,


Águeda Complexo de Piscinas Lisboa
Municipais em Loulé
Piscina Municipal de Maiorca
Complexo Desportivo Municipal dos
Piscinas Cobertas Municipais de
Olivais Complexo Municipal de Piscinas
Aljustrel
da Portela, Lisboa

Piscina Coberta Municipal de Beja


Complexo Municipal de Piscinas de
Águas Santas, Maia Piscina Coberta Municipal de
Penamacor
Complexo Municipal de Piscinas de
Folgosa, Maia Piscinas Coberta Municipal de Borba

Piscina da Caloura, São Miguel

Mariana Pereira da Silva de Lemos Guimarães de Lacerda e Mello 326


A Arquitectura no Desporto – As Piscinas como caso de Estudo

Piscina da Constituição no Porto Piscina Municipal da Lourinhã

Piscina da Escola de Natação de Sintra Piscina Municipal da Póvoa de Santa


Iria
Piscina da Escola Náutica Infante Dom
Henrique, Oeiras Piscina Municipal da Reboleira

Piscina do Complexo Desportivo Piscina Municipal da Torre da Marinha


Rodovia, Braga Piscina Municipal da Venteira

Piscina do Pisão, Torres Vedras Piscina Municipal da Vidigueira

Piscina do Sport Club do Porto Piscina Municipal da Vila de Prado

Piscina do Tamariz, Cascais Piscina Municipal de Abrantes

Piscina e Ginásio Municipal de Arcos de Piscina Municipal de Águeda


Valdevez
Piscina Municipal de Aguiar da Beira
Piscina em Cascais
Piscina Municipal de Alcabideche
Piscina em Santa Cruz da Graciosa
Piscina Municipal de Alcanena
Piscina Interior da Delegação do
Piscina Municipal de Alfena, Valongo
Instituto do Desporto, Aveiro

Piscina Municipal de Almeirim


Piscina Municipal Alfama

Piscina Municipal de Alvaiázere


Piscina Municipal da Ameixoeira, Lisboa

Piscina Municipal de Alverca


Piscina Municipal da Branca, Albergaria
a Velha Piscina Municipal de Amares

Piscina Municipal da Buraca Piscina Municipal de Amora

Piscina Municipal da Chamusca Piscina Municipal de Ansião

Piscina Municipal da Damaia Piscina Municipal de Aprendizagem de


Arruda dos Vinhos
Piscina Municipal da Granja, Vila Nova
de Gaia Piscina Municipal de Areeiro

Piscina Municipal da Horta Piscina Municipal de Arouca

Mariana Pereira da Silva de Lemos Guimarães de Lacerda e Mello 327


A Arquitectura no Desporto – As Piscinas como caso de Estudo

Piscina Municipal de Assentos, Piscina Municipal de Crato


Portalegre
Piscina Municipal de Cuba
Piscina Municipal de Avanca, Estarreja
Piscina Municipal de Custóias,
Piscina Municipal de Baião Matosinhos

Piscina Municipal de Barcarena Piscina Municipal de Dume, Braga

Piscina Municipal de Barcelos Piscina Municipal de Ermesinde,


Valongo
Piscina Municipal de Beja
Piscina Municipal de Espinho
Piscina Municipal de Benavente
Piscina Municipal de Fafe
Piscina Municipal de Bombarral
Piscina Municipal de Faro
Piscina Municipal de Cabeceiras de
Basto Piscina Municipal de Ferreira do
Alentejo
Piscina Municipal de Calhandriz
Piscina Municipal de Grândola
Piscina Municipal de Campanhã
Piscina Municipal de Ílhavo
Piscina Municipal de Campo de
Besteiros, Tondela Piscina Municipal de Lagoa

Piscina Municipal de Carrazeda de Piscina Municipal de Lajeosa do


Ansiães Mondego, Celorico da Beira

Piscina Municipal de Castelo Branco Piscina Municipal de Linda-a-Velha,


Oeiras
Piscina Municipal de Castelo de Paiva
Piscina Municipal de Lordelo, Paredes
Piscina Municipal de Caxarias
Piscina Municipal de Macedo de
Piscina Municipal de Celorico de Basto
Cavaleiros

Piscina Municipal de Chaves


Piscina Municipal de Marteleira,

Piscina Municipal de Coimbra Lourinhã

Piscina Municipal de Constância Piscina Municipal de Martim Longo,


Alcoutim

Mariana Pereira da Silva de Lemos Guimarães de Lacerda e Mello 328


A Arquitectura no Desporto – As Piscinas como caso de Estudo

Piscina Municipal de Matosinhos Piscina Municipal de Portalegre

Piscina Municipal de Mesão Frio Piscina Municipal de Portimão

Piscina Municipal de Mira Piscina Municipal de Rebordosa,


Paredes
Piscina Municipal de Miranda do Douro
Piscina Municipal de Reguengo
Piscina Municipal de Mirandela
Piscina Municipal de Reguengo do Fetal
Piscina Municipal de Moimenta da Beira
Piscina Municipal de Ribeira de Pena
Piscina Municipal de Monção
Piscina Municipal de Samora Correia
Piscina Municipal de Montalegre
Piscina Municipal de Santarém
Piscina Municipal de Mora
Piscina Municipal de Santiago do
Piscina Municipal de Nogueira, Braga
Cacém

Piscina Municipal de Odivelas


Piscina Municipal de São domingos de

Piscina Municipal de Oleiros Rana

Piscina Municipal de Oliveira de Frades Piscina Municipal de São João de Loure

Piscina Municipal de Ourém Piscina Municipal de Sátão Andreia


Santos Ferreira
Piscina Municipal de Outurela / Portela,
Oeiras Piscina Municipal de Sernancelhe

Piscina Municipal de Ovar Piscina Municipal de Setúbal

Piscina Municipal de Palmela Piscina Municipal de Sobral de Monte


Agraço
Piscina Municipal de Paredes
Piscina Municipal de Tábua
Piscina Municipal de Paredes de Coura
Piscina Municipal de Tondela
Piscina Municipal de Penela
Piscina Municipal de Torre de Moncorvo
Piscina Municipal de Pombal
Piscina Municipal de Torres Novas
Piscina Municipal de Ponta do Sol
Piscina Municipal de Vagos

Mariana Pereira da Silva de Lemos Guimarães de Lacerda e Mello 329


A Arquitectura no Desporto – As Piscinas como caso de Estudo

Piscina Municipal de Valongo Piscina Municipal do Freixo, Ponte de


Lima
Piscina Municipal de Vendas Novas
Piscina Municipal do Pinhal Novo
Piscina Municipal de Viana do Castelo
Piscina Municipal de Vila de Rei Piscina Municipal do Sardoal

Piscina Municipal de Vila d'Este, Vila Piscina Municipal do Sul do Concelho de


Nova de Gaia Peredes

Piscina Municipal de Vila do Conde Piscina Municipal do Torrão

Piscina Municipal de Vila Flor Piscina Municipal Oliveira do Bairro,


Aveiro
Piscina Municipal de Vila Jusã, Mesão
Frio Piscina Municipal Oriente

Piscina Municipal de Vila Nova de Anços Piscina Municipal Primeira Braçada

Piscina Municipal de Vila Nova de Piscina Municipal Rego


Cerveira
Piscina na Urzelina, Ilha de São Jorge
Piscina Municipal de Vila Nova de Foz
Piscina Solário Atlântico em Espinho
Côa

Piscinas das Marés, Leça da Palmeira


Piscina Municipal de Vila Nova de Gaia

Piscinas de Caldas da Rainha


Piscina Municipal de Vila Real

Piscinas de Rio Tinto


Piscina Municipal de Vouzela

Piscinas de Santa Catarina


Piscina Municipal do Alvito

Piscinas do Atlântico, Madeira


Piscina Municipal do Atlântico, Viana do
Castelo Piscinas do Complexo da Lameira

Piscina Municipal do Barreiro Piscinas do Tramagal, Abrantes

Piscina Municipal do Cadaval Piscinas em Santo António, São Roque


do Pico
Piscina Municipal do Entroncamento

Piscinas Municipais Bragança

Mariana Pereira da Silva de Lemos Guimarães de Lacerda e Mello 330


A Arquitectura no Desporto – As Piscinas como caso de Estudo

Piscinas Municipais Cobertas de Mação Piscinas Municipais de Alcochete

Piscinas municipais Cobertas de São Piscinas Municipais de Alhadas,


Brás de Alportel Figueira da Foz

Piscinas Municipais da Batalha Piscinas Municipais de Alhos Vedros

Piscinas Municipais da Benedita Piscinas Municipais de Alijó

Piscinas Municipais da Covilhã Piscinas Municipais de Aljustrel

Piscinas Municipais da Golegã Piscinas Municipais de Almeida

Piscinas Municipais da Guarda Piscinas Municipais de Alpiarça

Piscinas Municipais da Lagoa, Rosário Piscinas Municipais de Alter do Chão

Piscinas Municipais da Lixa, Felgueiras Piscinas Municipais de Alverca

Piscinas Municipais da Lousã Piscinas Municipais de Amarante


Piscinas Municipais de Anadia
Piscinas Municipais da Madalena
Piscinas Municipais de Arraiolos
Piscinas Municipais da Marinha Grande
Piscinas Municipais de Arronches
Piscinas Municipais da Mealhada
Piscinas Municipais de Barrancos
Piscinas Municipais da Nazaré
Piscinas Municipais de Belmonte
Piscinas Municipais da Sobreda
Piscinas Municipais de Borba
Piscinas Municipais das Poças, Ilha São
Miguel Piscinas Municipais de Caldas da
Rainha
Piscinas Municipais de Alandroal
Piscinas Municipais de Caminha
Piscinas Municipais de Albergaria-a-
Velha Piscinas Municipais de Campo Maior

Piscinas Municipais de Albufeira Piscinas Municipais de Cantanhede

Piscinas Municipais de Alcabideche Piscinas Municipais de Caria, Belmonte

Piscinas Municipais de Alcobaça Piscinas Municipais de Carregal do Sal

Mariana Pereira da Silva de Lemos Guimarães de Lacerda e Mello 331


A Arquitectura no Desporto – As Piscinas como caso de Estudo

Piscinas Municipais de Castelo de Vide Piscinas Municipais de Fronteira

Piscinas Municipais de Castro Daire Piscinas Municipais de Gafanha da


Nazaré, Ílhavo
Piscinas Municipais de Castro Verde
Piscinas Municipais de Gavião Piscinas
Piscinas Municipais de Celeirós, Braga
Municipais de Gouveia

Piscinas Municipais de Celorico da Beira


Piscinas Municipais de Guimarães

Piscinas Municipais de Cernache do


Piscinas Municipais de Lamas, Braga
Bonjardim, Sertã
Piscinas Municipais de Loulé
Piscinas Municipais de Chancelaria
Piscinas Municipais de Loures
Piscinas Municipais de Cinfães
Piscinas Municipais de Lousada
Piscinas Municipais de Condeixa-a-
Nova Piscinas Municipais de Machico
Piscinas Municipais de Mafra
Piscinas Municipais de Corroios
Piscinas Municipais de Mangualde
Piscinas Municipais de Coruche
Piscinas Municipais de Manteigas
Piscinas Municipais de Elvas
Piscinas Municipais de Meda
Piscinas Municipais de Estarreja
Piscinas Municipais de Melgaço
Piscinas Municipais de Estremoz
Piscinas Municipais de Mértola
Piscinas Municipais de Évora
Piscinas Municipais de Minde, Alcanena
Piscinas Municipais de Felgueiras
Piscinas Municipais de Miranda do
Piscinas Municipais de Ferreira do
Corvo
Zêzere
Piscinas Municipais de Mondim de
Piscinas Municipais de Figueira de
Basto
Castelo Rodrigo
Piscinas Municipais de Monforte
Piscinas Municipais de Figueiró dos
Vinhos Piscinas Municipais de Monte de
Caparica
Piscinas Municipais de Forjães

Mariana Pereira da Silva de Lemos Guimarães de Lacerda e Mello 332


A Arquitectura no Desporto – As Piscinas como caso de Estudo

Piscinas Municipais de Montemor-o- Piscinas Municipais de Penalva do


Velho Castelo

Piscinas Municipais de Mortágua Piscinas Municipais de Penamacor

Piscinas Municipais de Moura Piscinas Piscinas Municipais de Peniche


Municipais de Mourão
Piscinas Municipais de Pinhel
Piscinas Municipais de Murça Piscinas
Piscinas Municipais de Ponte da Barca
Municipais de Óbidos

Piscinas Municipais de Ponte de Lima


Piscinas Municipais de Olhão

Piscinas Municipais de Ponte de Sor


Piscinas Municipais de Oliveira do
Bairro Piscinas Municipais de Portel

Piscinas Municipais de Oliveira do Piscinas Municipais de Porto de Mós


Hospital
Piscinas Municipais de Póvoa de
Piscinas Municipais de Ourique Lanhoso

Piscinas Municipais de Paço de Sousa, Piscinas Municipais de Reguengos de


Penafiel Monsaraz

Piscinas Municipais de Paços de Piscinas Municipais de Resende


Ferreira
Piscinas Municipais de Ribeirão, Vila
Piscinas Municipais de Paião Nova de Famalicão

Piscinas Municipais de Pampilhosa da Piscinas Municipais de Rio Maior


Serra Piscinas Municipais de Passos
São Julião, Braga Piscinas Municipais de Sabrosa

Piscinas Municipais de Pataias, Piscinas Municipais de Salvaterra de


Alcobaça Magos

Piscinas Municipais de Pedrógão Piscinas Municipais de Santa Marta de


Grande Penaguião

Piscinas Municipais de Penacova Piscinas Municipais de Santiago do


Cacém

Mariana Pereira da Silva de Lemos Guimarães de Lacerda e Mello 333


A Arquitectura no Desporto – As Piscinas como caso de Estudo

Piscinas Municipais de Santo António Piscinas Municipais de Vila Nova de


das Areias, Marvão Paiva

Piscinas Municipais de Santo António Piscinas Municipais de Vila Nova de


dos Cavaleiros Poiares

Piscinas Municipais de Santo Tirso Piscinas Municipais de Vila Nova de


Veiga
Piscinas Municipais de São João da
Madeira Piscinas Municipais de Vila Pouca de
Aguiar
Piscinas Municipais de Serpa
Piscinas Municipais de Vila Velha de
Piscinas Municipais de Sever do Vouga
Ródão

Piscinas Municipais de Silves Piscinas


Piscinas Municipais de Vila Viçosa
Municipais de Sines
Piscinas Municipais de Vimioso
Piscinas Municipais de Soure
Piscinas Municipais do Cartaxo
Piscinas Municipais de Taipas
Piscinas Municipais do Fundão Piscinas
Piscinas Municipais de Tarouca
Municipais do Montijo
Piscinas Municipais de Tavira
Piscinas Municipais do Parque da
Piscinas Municipais de Tomar
Cidade, Lamego

Piscinas Municipais de Trancoso


Piscinas Municipais do Redondo
Piscinas Municipais de Valbom
Piscinas Municipais do Sabugal
Piscinas Municipais de Vale de Cambra
Piscinas Naturais da Silveira, Ilha
Piscinas Municipais de Valença
Terceira

Piscinas Municipais de Valpaços


Piscinas Naturais das Cinco Ribeiras,

Piscinas Municipais de Viana do Ilha Terceira

Alentejo
Piscinas Naturais das Lages do Pico

Piscinas Municipais de Vieira do Minho


Piscinas Naturais das Quatro Ribeiras,

Piscinas Municipais de Vila Franca de Ilha Terceira

Xira

Mariana Pereira da Silva de Lemos Guimarães de Lacerda e Mello 334


A Arquitectura no Desporto – As Piscinas como caso de Estudo

Piscinas Naturais de Porto Martins, Ilha


Terceira

Piscinas Naturais de São Sebastião,


Angra do Heroísmo

Piscinas Naturais dos Biscoitos, Ilha


Terceira

Piscinas Naturais em Capelo, Ilha do


Faial

Piscinas Naturais em Criação Velha,


Ilha do Pico

Piscinas Naturais em Santa Cruz da


Graciosa, Ilha Graciosa

Piscinas Naturais em São Roque do


Pico

Piscinas Naturais em Velas, Ilha de São


Jorge

Piscinas Naturais no Carapacho, Ilha


Graciosa

Piscina Natural de Penha Garcia

Piscina Oceânica de Cascais

Piscina Oceânica do Estoril

Piscina Oceânica de Oeiras

Piscinas Oceânicas da Praia das Maçãs

Mariana Pereira da Silva de Lemos Guimarães de Lacerda e Mello 335

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