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Naum

A vingança de Deus contra a Assíria – Aula 1


Naum
Estrutura do aula:
- Profecia contra Nínive (Assíria)
- O império neo-assírio
- Assíria, Israel, e Judá nos séculos 8 e 7 a.C.
- As palavras de Naum contra Assíria

Escultura de pedra sabão do profeta Naum feita por


Antônio Francisco Lisboa (Aleijadinho). Congonhas,
MG (1800-1805)
Naum e o Império Neo-Assírio
“Sentença contra Nínive. Livro da visão de Naum (Heb. “conforto”), da cidade
de Elcos. O Senhor é Deus zeloso e vingador, o Senhor é vingador e cheio de
ira; o Senhor toma vingança contra os seus adversários e reserva indignação
para os seus inimigos. O Senhor é tardio em irar-se, mas grande em poder e
jamais inocenta o culpado. O Senhor tem o seu caminho na tormenta e na
tempestade, e as nuvens são a poeira dos seus pés.” (1:1-3)

O livro começa com uma mensagem oposta àquela do fim do livro de Miquéias
(7:18-20), que exalta a misericórdia e compaixão divinas. Naum foca na justiça
de Deus contra poderes opressores sobre a face da terra, nesse caso, a
Assíria.
Império Neo-Assírio,
cobrindo um território
correspondente a
partes da Turquia,
Iraque, Irã, Kwait,
Síria, Líbano, Israel,
Jordânia e Egito
Naum e o Império Neo-Assírio

Lista de todos os monarcas do império


neo-assírio desde o 9o século a.C. até
o final do 7o a.C.
Naum e o Império Neo-Assírio
Assíria, Israel e Judá nos séculos 8 e 7 a.C.

Assíria foi responsável por aniquilar o reino de


Israel na época do rei Tiglat-Pileser III (734-732
a.C.) e Salmaneser V (722 a.C.) e Sargão II (720
a.C.)

O rei Assírio Senaquerique fez uma campanha


militar no ano 701 a.C. contra o reino de Judá que
resultou numa destruição em massa do reino do
sul (inúmeras cidades destruidas e milhares de
judaítas deportados para Mesopotâmia).
Senaqueribe (esquerda) e Sargão II.
Louvre (Paris)
Naum e o Império Neo-Assírio
Assíria, Israel e Judá nos séculos 8 e 7 a.C.

Judá viveu sob o jugo da Assíria até o fim desse


poderoso império no 7o século a.C.

Em Naum, Deus pune a Assíria por sua: violência


(2:12; 3:1, 4), idolatria (2:14), negócios desonestos
(3:16), materialismo (2:9; 3:4) e crueldade (3:19).

Senaqueribe (esquerda) e Sargão II.


Louvre (Paris)
Naum e o Império Neo-Assírio
As violentas práticas militares dos assírios:

“Eu construí uma coluna contra a cidade deles, arranquei a pele de todos os chefes que
se revoltaram contra e cobri a coluna com a pele deles. Emparedei alguns dentro da
coluna, empalei alguns em estacas na coluna, e amarrei outros em estacas ao redor da
coluna. ... Cortei os braços e pernas dos oficiais, dos oficiais reais que se rebelaram. ...
Queimei muitos cativos de entre eles a fogo e levei muitos cativos. Cortei o nariz, as
orelhas e os dedos de alguns; furei os olhos de muitos. Fiz uma coluna com os vivos e
outra de cabeças, e amarrei suas cabeças aos troncos das árvores ao redor da
cidade. Queimei no fogo seus jovens e servos. Capturei vinte homens vivos e os
emparedei nas paredes de seu palácio.”

D. D. Luckenbill, Ancient Records of Assyria and Babylonia Volume 1: Historical Records


of Assyria From the Earliest Times to Sargon (Chicago: University of Chicago Press,
1926), 109-110.
Naum e o
Império Neo-Assírio

Algumas das represetanções iconográficas da


violência do exército assírios durante suas
camapnhas militares.
Naum e o
Império Neo-Assírio

Algumas das representações iconográficas da


violência do exército assírio durante suas
camapnhas militares.
Naum e o Império Neo-Assírio

Banquete de Assurbanipal e sua esposa com um “convidado” inesperado. British Museum (Londres)
Naum e o Império Neo-Assírio
Muitas dessas represetações
decoravam as paredes dos palácios
reais de reis assírios em Nimrud e
Nínive.

Imagine o impacto que elas tinham nos


oficiais de províncias que anualmente
traziam seus tributos e impostos!
Qualquer povo que tentasse se rebelar
contra Assíria teria um fim semelhante.

Palácio real de Nínive (Frederick Cooper, artista que


acompanhou Layard nas excavaões de Kuyunjuk)
Naum e o Império Neo-Assírio
A erudição do rei assírio
Assurbanipal (668-627 a.C.)

“Eu trabalhei com problemas


matemáticos complexos que não
tinham solução. Eu li textos
elaborados em que o Sumeriano era
obscuro e o Acadiano era difícil de
interpretar. Eu estudei inscrições
pré-diluvianas, e uma variedade de
enigmas.”
Naum e o Império Neo-Assírio
A erudição do rei assírio
Assurbanipal (668-627 a.C.)

Ordenou que tabletes cuneiformes


espalhados ao redor do seu império
fossem reunidos em dois lugares:
seu palácio e no templo de Nabû
(deus dos escribas e da sabedoria).
Entre 15 e 25 mil tabletes
aproximadamente. Sua biblioteca se
tornou a maior do mundo antigo
(muitos dos textos dela estão no
Museu Britânico, em Londres)
Naum e o Império Neo-Assírio
A erudição do rei assírio
Assurbanipal (668-627 a.C.)

“para minha vida, para o bem-estar


da minha alma, para evitar doença,
para sustentar o fundamento do meu
trono, e para minha leitura real.”
Naum e o Império Neo-Assírio

Parte da biblioteca de Assurbanipal (Museu Britânico, Londres)


Naum e o Império Neo-Assírio
Vários volumes acadêmicos na
biblioteca de Assurbanipal: Enuma
Elish, Atrahasis, Gilgamesh, Enuma
Anu-Enlil, textos médicos, divinação,
listas léxicas, receitas para fazer
vidro, aromas, textos mitológicos e
textos históricos, hinos e orações à
deuses, rituais de exorcismo,
necromancia, poemas de amor,
lamentos, etc.
Naum e o Império Neo-Assírio
“O Senhor é bom, é fortaleza no dia da angústia e
conhece os que nele se refugiam. Mas, com
inundação transbordante, acabará de uma vez com o
lugar dessa cidade; com trevas, o Senhor perseguirá
os seus inimigos.” (1:7-8)

O dia da punição da Assíria foi o também o dia de


livramento daqueles que se refugiavam no Senhor!

“Inundação transbordante” é uma metáfora que os reis


assírios usavam para descrever suas façanhas
militares. Aqui em Naum é o oposto, Deus usa uma
”inundação trasnbordante” para destruir a poderosa Representação artística de Nínive publicada numa das
obras de Sir Austin Henry Layard (1853)
Assíria.
Naum e o Império Neo-Assírio
“De você, Nínive, saiu um que planeja o mal contra o
Senhor , alguém que aconselha a maldade. Assim diz o
Senhor : "Por mais seguros que estejam e por mais
numerosos que eles sejam, ainda assim serão
exterminados e passarão. Meu povo, embora eu o tenha
afligido, não o afligirei mais. Quebrarei o jugo deles que
pesa sobre você e romperei os laços que o prendem.”
(1:11-13)

Israel e Judá sofreram nas mãos de reis assírios por


décadas. Mas Deus colocaria um ponto final nessa
opressão.

Os assírios chamavam o controle politico que eles


Representação artística de Nínive publicada numa das
exerciam sobre uma nação de ‘jugo’ (Acadiano nīrum). obras de Sir Austin Henry Layard (1853)
Deus promote retirá-lo do Seu povo.
Naum e o Império Neo-Assírio
“Porém contra você, Assíria, o Senhor deu ordem
para que não haja posteridade que leve o seu
nome; do templo dos seus deuses exterminarei as
imagens de escultura e de fundição. Farei a sua
sepultura, porque você é desprezível.” (1:14)

“Eis sobre os montes os pés do que anuncia


boas-novas, do que anuncia a paz! Celebre as
suas festas, ó Judá, cumpra os seus votos, porque
o ímpio não mais passará por você; ele foi
inteiramente exterminado.” (1:15)
Escavações de Sir Austen Henry Layard em
Nimrud (Calaẖ) no século 19. Fonte: National
Geographic
Naum e o Império Neo-Assírio
Para Naum “boas novas” é saber que o
inimigo, aquele que trouxe dor e sofrimento
para o povo de Deus por séculos, seria
derrotado.

Na versão grega do livro de Naum


(Septuaginta, LXX), o verbo “portar boas
novas” foi traduzido pelo termo grego
euangelizō, intimamente relacionada com a
palavra ”evangelho,” que descreve o coração
da mensagem cristã. O inimigo de Deus foi
Lamassu (divindades protetoras) descobertas em
derrotado! Khorsabad pelo francês Paul Emille Botta e sua
equipe em Khorsabad no século 19.
Naum
Estrutura Básica do livro de Naum

Capítulo 1 – Anúncio da destruição de Nínive

Capítulo 2 – Descrição vívida da destruição de Nínive

Capítulo 3 – Os resultados da destruição de Nínive


Naum:
Descrição vívida da destruição de Nínive
Naum 2:1-10

Iconografia militar assíria

Exemplo: Relevos de Til Tuba –


batalha de Assurbanipal contra as
tropas de Teuman, rei de Elão às
margens do rio Ulai, na Pérsia
em 653 a.C.
Naum:
Descrição vívida da destruição de Nínive
Naum:
Descrição vívida da destruição de Nínive
Naum:
Descrição vívida da destruição de Nínive

O princípe elamita Tammaritu ajuda


seu cambaleante pai, o rei Teuman,
ferido com uma flecha nas costas.

Em Naum, são os soldados assírios


que cambaleam no campo de
batalha.
Naum:
Descrição vívida da destruição de Nínive
Onde está, agora, o covil dos leões e o lugar
onde os leõezinhos se alimentavam, onde
passeavam o leão, a leoa e o filhote do leão,
sem que ninguém os espantasse? O leão
arrebatava o bastante para os seus filhotes,
estrangulava a presa para as suas leoas, e
enchia de vítimas as suas cavernas, e os seus
covis, de rapina. "Eis que eu estou contra você",
diz o Senhor dos Exércitos; "queimarei os seus
carros de guerra, a espada devorará os seus
leõezinhos, arrancarei da terra a sua presa, e
nunca mais se ouvirá a voz dos seus
embaixadores.” (2:11-13)
Cena de Assurbanipal caçando e matando um leão
encontra no palácio real de Nínive. Museu Britânico.
Naum:
Descrição vívida da destruição de Nínive

“Ai da cidade sanguinária, toda cheia de


mentiras e de roubo e que não solta a sua
presa! Eis o estalo dos açoites, o estrondo
das rodas, o galope dos cavalos e os
carros que vão saltando! Os cavaleiros
que esporeiam, as espadas brilhantes, as
lanças reluzentes, uma multidão de
feridos, massa de cadáveres, mortos sem
fim — chegam a tropeçar sobre os Representação artística de Nínive publicada numa das
obras de Sir Austin Henry Layard (1853)
mortos.” (3:1-3)
Naum:
Descrição vívida da destruição de Nínive
Naum:
Descrição vívida da destruição de Nínive

Estela comemorativa da vitória do


“Todos os que a virem fugirão de rei assírio Esarhaddon sobre o
você e dirão: ‘Nínive está Egito em 671 a.C.

destruída!’ Quem terá compaixão


dela? De onde buscarei quem a
console?” Será que você é
melhor do que Tebas, que estava
situada junto ao Nilo, cercada de
águas, protegida pelo mar e
tendo as águas por muralha?
(3:7-8)
Naum:
Os resultados da destruição de Nínive
“Os seus negociantes eram mais numerosos do que as estrelas do
céu, mas como gafanhotos bateram asas e voaram. Os seus príncipes
eram como gafanhotos, e os seus chefes, como gafanhotos grandes,
que pousam nos muros em dias de frio; quando o sol aparece, voam
embora, e não se sabe para onde vão.” (3:16-17)

Após a destruição de Assur em 614 a.C. e de Nínive em 612 a.C., a


Assíria se tornou presa fácil nas mãos dos Medos e Caldeus
(Babilônios). Apenas o Egito socorreu o resto das tropas assírias em
Carquemis, na Síria, o que não salvou de sua complete destruição.
Naum:
Os resultados da destruição de Nínive
Fim do Império Neo-Assírio

Motivos:

• Território muito extenso (Turquia, Egito, Irã,


Iraque, Síria, Israel, Jordânia, norte da
Arábia Saudita)
• Pressão do oriente (Medos) e do sul
(Caldeus)
- Destruição de Assur em 614 a.C.
- Destruição de Nínive em 612 a.C.
Representação artística de Nínive publicada numa das
obras de Sir Austin Henry Layard (1853)
Naum:
Os resultados da destruição de Nínive
Fim do Império Neo-Assírio

A Destruição de Nínive foi tão severa que séculos mais


tarde quando Alexandre, o Grande, o passou pela região,
ele não tinha certeza onde era a localização exata de
Nínive.

Comentando sobre a destruição que Medos causaram


na Assíria, o autor de uma das crônicas Babilônicas
escreveu: “Eles infligiram uma derrota esmagadora sobre
um grande povo.”

Com a queda da Assíria, os Caldeus (Babilônios)


assumiram o controle do antigo oriente. Seu principal rei
chamava-se Nabu-kudurri-uṣur, mais conhecido como
Nabucodonosor.
Naum:
Os resultados da destruição de Nínive
“Os seus pastores dormem, ó rei da Assíria; os seus nobres cochilam.
O seu povo está espalhado pelos montes, e não há quem possa
ajuntá-lo. Não há remédio para o seu mal; o seu ferimento é grave.
Todos os que ouvirem falar do que aconteceu com você baterão
palmas. Pois quem não foi vítima da sua crueldade sem fim?”
(3:18-19)

Povo assírio espalhado como ovelhas sem pastor

Deus executou seu juízo contra Nínive (cf. Jonas 4:10-11).

“O Senhor é tardio em irar-se, mas grande em poder e jamais inocenta


o culpado.” (Naum 1:3)

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