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Lição 8

O livro de Naum
Texto base: Naum 1.1-8
Dia Leitura Diária
Segunda Na 1.2 Deus é sério, e com ele não se brinca

Terça Na 1.3 Mesmo sendo paciente, Deus não deixa de punir os culpados

Quarta Na 1.7 Deus conhece e protege os que nele confiam

Quinta Na 1.12 Não há lugar seguro para se esconder do Senhor

Sexta Na 2.1 Deus se apresenta como destruidor para os que fazem o mal

Sábado Na 3.4-5 Deus desmascara e humilha quem pratica a injustiça

Introdução
1 – Propósito geral do livro
Naum, do hebraico , (Naḥūm), significa
“Consolo”, ou “Consolador”. Não há outras refe- O livro tem como objetivo mostrar que Deus é
rências bíblicas sobre o profeta Naum. Um ances- o Senhor, situado muito acima das atividades
tral de Jesus com esse nome não era o profeta. A humanas. O capítulo primeiro de Naum é um
única coisa que se sabe sobre Naum é sua cidade salmo de exaltação do nome e do poder do Se-
natal, Elcós. Um marcador histórico para a época nhor. Tirando o primeiro versículo, que declara o
em que o livro foi escrito é o saque de Tebas em propósito do livro, todo o primeiro capítulo consis-
663 AC, 50 anos antes da destruição de Nínive. O te em um salmo que começa exaltando os atribu-
livro tem 3 capítulos curtos. Seguindo um padrão tos divinos, condenando de forma genérica o
comum nos profetas menores, o texto apresenta a pecado e a impiedade e encorajando Judá a
condenação ao pecado de Nínive permeada por confiar no Senhor e em seu livramento.
declarações da justiça e misericórdia de Deus. Os dois capítulos seguintes descrevem com
O livro foi escrito em uma época muito pro- detalhes a destruição de Nínive, capital da Assíria,
blemática para o povo de Israel, pois a Assíria apresentando os motivos dessa destruição. As
palavras cheias de comparações e metáforas no
tinha levado o Reino do Norte para o cativeiro. Há
controvérsias sobre a localização de Elcós, mas texto mostram a forma violenta com que os assí-
se for mesmo posicionada ao lado de Tiro, pesso- rios travava suas guerras, e como por várias
as muito próximas do profeta Naum foram violen- vezes tinham se voltado contra Israel. No capítulo
tamente arrastadas pelos assírios. Por isso, o 2, o profeta mostra que desde sempre os assírios
profeta fala sem rodeios sobre a destruição de foram um problema para Israel, mas que agora
Nínive, capital da Assíria, deixando lições impor- ultrapassaram os limites, e por isso seriam humi-
tantes para nós na atualidade. lhados e destruídos.
Profetas Menores – Lição 8 – Página 2 – O livro de Naum
pilar, e cortei os membros dos oficiais, dos oficiais
2 – O que estava acontecendo
reais que se haviam rebelado. A muitos cativos
Não tem como estudar Naum sem pensar em dentre eles queimei no fogo, e a muitos levei
Jonas. A Nínive a quem Naum está condenando é
como cativos vivos” (LUCKENBILL, 1927).
a mesma a quem Deus mandou Jonas para anun- Após a morte de Assurbanipal em 627 a.C., e
ciar a destruição, e que acabou se arrependendo
a queda de Tebas (Egito) o império se desorgani-
e sendo liberta. Só que agora, Nínive, capital da
zou e acabou sendo atacado e derrotado por uma
Assíria, mandou exércitos para saquear, destruir e
coligação militar medo-persa e babilônica.
levar como cativos o reino do Norte. Todo Israel,
2.1 Curiosidades no livro de Naum
exceto as duas tribos do Sul, foi destruído pela
Assíria. E Naum nasceu em uma das cidades 1) A septuaginta posiciona Naum depois de
destruídas. Jonas, pela evidente ligação entre os textos.
Como estudamos no livro de Miquéias, o Rei- Todas as demais tradições o mantém entre Mi-
no do Norte tentou dominar Judá, com o apoio da quéias e Habacuque;
Síria. Judá pede ajuda à Assíria, que domina 2) A palavra “peso”, em Nanum 1.1 é usada
Samaria, no reino do Norte e depois tenta voltar- para iniciar um oráculo ou proclamação, normal-
se contra Judá, no cerco de Jerusalém realizado mente de condenação, com algumas exceções;
por Senaqueribe. A famosa parábola diz que “o 3) O escritor utiliza ironias (3.1; 3.14), metáfo-
inimigo de meu inimigo é meu amigo, só que não”. ras e símiles em várias passagens;
A Assíria existiu como reino por mais de dois 4) É provável que a profecia contra Nínive não
mil anos, na forma de cidade-estado, mas teve teve como alvo os ninivitas como em Jonas, mas
seu auge como império por cerca de 200 anos, sim Judá, para encorajá-los;
entre 931 e 722 antes de Cristo. Nessa época, a 5) O primeiro capítulo é um salmo, com estru-
Assíria dominou Babilônia, Síria, Palestina e todos tura literária em acróstico no original. A organiza-
os povos árabes até o Egito. Só que quando ção do texto e traduções quebraram esse acrósti-
tentou dominar Judá, a Assíria já estava enfra- co.
quecida, sendo derrotada por Babilônia, cumprin- 6) Os nomes de Naum e Neemias possuem
do-se assim a profecia de Naum (BAKER, 2001). originais hebraicos semelhantes. Enquanto que
As conquistas militares dos assírios era base- Naum significa “consolo” ou “consolador”, Neemi-
ada na violência e no terror. Assurnasirpal, rei da as significa “conforto”, ou “aquele que é conforta-
Assíria, descreve da seguinte forma a punição que do” por pelo Senhor.
infligiu a diversas cidades rebeldes: “Construí um O significado do nome de Naum nos leva a
pilar em frente à porta de sua cidade e esfolei pensar que de fato o livro se dirigiu a Judá, que
todos os chefes que se haviam revoltado, e reco- estava sendo ameaçada pela Assíria. Mostra que
bri o pilar com sua pele; a alguns emparedei den- por mais que a Assíria fosse violenta e sanguiná-
tro do pilar, a alguns empalei em estacas sobre o ria, quem está no controle é o Senhor.
Profetas Menores – Lição 8 – Página 3 – O livro de Naum
Ao mesmo tempo, Naum aponta que a segu-
3 – O sentido geral do livro
rança está na submissão ao Senhor. Israel ficaria
O livro de Naum destaca o poder e soberania bem se, em vez de confiar em parcerias com as
de Deus (1.2-8). Apresenta o Senhor como o nações ao redor, se rendesse humildemente aos
criador e controlador de todas as coisas. As nu- pés do Senhor. Da mesma forma, a igreja na
vens, tempestades e todo o mundo estão abaixo atualidade só poderá se libertar das ideologias e
de seus pés. Deus é apresentado como miseri- heresias mundanas se render-se à graça miseri-
cordioso, longânimo, mas justo. Por isso, não cordiosa de Deus. A fidelidade ao Senhor e às
deixa sem resposta os atos de maldade pratica- Escrituras é que traz segurança à Igreja (Jo 15.7-
dos pelas pessoas e nações. Deus não é somente 9).
o Senhor de Israel, mas de todas as nações. Ele
3.2 O estilo de Naum
tem o controle de todas as coisas em suas mãos.
Dessa forma, os Assírios não escapariam do Pode parecer que Naum dirige palavras ex-
castigo de Deus. Enquanto os Assírios eram cessivamente duras contra Nínive e ignora os
condenados e destruídos, Judá, poderia ficar em pecados de Judá. Na verdade, Judá estava con-
paz, livre de um opressor sanguinário. De fato, denada ao exílio tanto quanto as nações no Norte,
mais tarde Judá foi para o cativeiro, levada por como deixam claro outros profetas, anteriores a
Babilônia. Mas os babilônios eram menos violen- Naum. Profetas contemporâneos, como Obadias,
tos que os assírios, o que representou um ato de Sofonias e Habacuque também condenam o
misericórdia da parte de Deus. pecado de Judá, mas com um toque de conforto,
O Senhor “está aplicando o seu padrão uni- reconhecendo que o Senhor age punindo o peca-
versal contra o mal, não importa quem seja res- dor, mas não deixa de exercer misericórdia.
ponsável (cf. Am 1.3-2.16). Embora Deus tenha Para um povo que estava em pânico diante da
escolhido a Assíria para agir como instrumento de destruição do Reino do Norte pelos assírios,
punição contra o Israel rebelde e recalcitrante (Is Naum apresenta o Senhor como bom e misericor-
7.17; 10.5-6), ele considera aquela nação coleti- dioso, mas que exerce justiça. Para facilitar o
vamente responsável pelos excessos e atrocida- entendimento de sua mensagem, Naum recorre a
des cometidos no desempenho desse papel (Is diversos estilos literários. Chega a escrever um
10.7-19; cf. Sf 2.14-15)” (BAKER, 2001). salmo que ocupa todo o primeiro capítulo, no bom
O livro trata da soberania de Deus em relação estilo da literatura poética dos judeus.
às nações, permitindo que eles se apresentem Ao longo do texto, usa diversos recursos de
como instrumento da justiça de Deus contra Israel linguagem, para apresentar de forma clara o
(as 10 tribos do norte), que foi pecador contumaz. poder e a soberania de Deus, e para fazer com
Mas também age punindo essas nações pelos que os judeus entendessem como Deus realizaria
excessos cometidos contra Israel, como foi o caso o castigo e a destruição dos Assírios. Naum apre-
da violência excessiva dos Assírios. senta Deus como Senhor de todas as nações.
Profetas Menores – Lição 8 – Página 4 – O livro de Naum
nhor. Nínive, em seu poder e beleza, é comparada
4 – Importância para hoje
a uma bela e sedutora prostituta, que acaba sen-
O livro de Naum apresenta um princípio que do desmascarada, humilhada e derrotada pelo
deve ser cuidadosamente observado pela igreja Senhor. Mas aqueles que foram fiéis ao senhor,
nos dias de hoje: o Senhor é Deus, e é soberano. seriam alvo de sua misericórdia.
No primeiro capítulo, Naum apresenta o caráter e
o poder de Deus. Muitas pessoas hoje se esque- Conclusão
cem de que Deus é misericordioso, mas também Naum nos mostra que não devemos nos en-
é justo. A justiça de Deus tem duas faces: em uma tregar a atos de violência e arrogância, pois por
está impressa a sua ira, e na outra se encontra a mais fortes e poderosos que possamos ser, Deus
sua maravilhosa graça. Somos alvos da graça está acima de nós. Mostra que Deus não se es-
porque a ira de Deus contra a humanidade foi queceu de nosso sofrimento, nem nos abandonou
consumada no sacrifício de Cristo. Fora de Cristo, quando estamos lidando com os efeitos de nosso
só nos restaria a manifestação plena da justiça de pecado. Como um pai amoroso que castiga seus
Deus em forma de ira. filhos para ensiná-los, assim Deus permite que
Naum apresenta Nínive como alvo da ira de nossos erros nos tragam temporário sofrimento,
Deus, enquanto que Judá está sob o efeito de sua com a finalidade de nos aperfeiçoar.
longânime misericórdia. Nínive experimentou a Se reconhecermos o Senhor como nosso
misericórdia de Deus nos tempos do profeta Jo- Deus e nos apresentarmos a ele em humilde
nas. Como sabemos o que aconteceu com Judá, adoração, encontraremos a paz, o conforto e a
fica claro que não se pode abusar da longanimi- verdadeira segurança.
dade de Deus. Longanimidade é como um copo
grande, mas que acaba se enchendo. Fontes consultadas
Com Deus não se brinca. Ele é o Senhor. Por
LUCKENBILL, Daniel David. Ancient Records of
isso, quem se aproxima de Deus precisa fazê-lo Assyria and Babylonia. The Chicago University
sabendo que ele é galardoador daqueles que o Press, Chicago 1926/1927.
buscam (Hb 11.6). Nínive entregou-se à violência BAKER, David Weston. Obadias, Naum, Haba-
e arrogância, sem considerar que o Senhor é o cuque, Sofonias. São Paulo: Vida Nova, 2001.
Deus de Israel. Israel e Judá se entregaram ao
pecado e ao mundanismo, esquecendo-se quem
era de fato o seu libertador. Judá preferiu fazer
aliança com seu pior inimigo, em vez de arrepen-
der-se e voltar-se para o Senhor.
A Assíria, por ser violenta e agir como um
predador terrível, é considerada a um leão, que
acabou sentou subjugado e derrotado pelo Se-

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