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CURSO CAPACITAÇÃO TEOLÓGICA

INTRODUÇÃO GERAL À BÍBLIA

PANORAMA HISTÓRICO E GEOGRÁFICO DO MUNDO


BÍBLICO
Destacaremos os principais povos que entraram em contato com o povo israelita:

a) EGITO

No egípcio (Haixuptã) era referente à uma pequena região do Mênfis. Em


grego (Aygiptos) e em hebraico (Mizraym), que significam “2 regiões” ou “2 distritos”. É
citado na Bíblia neste sentido. Pois em hebraico a terminação Aym significa um dual, ou
seja, sempre se refere a duas coisas. No caso do Egito, é devido à sua divisão em alto e
baixo Egito.

O Egito é rodeado pelos Penedos. Esses Penedos são uma série de


montanhas rochosas. A maior largura desse corredor de pedras é de 19 Km, mas em
alguns locais são apenas algumas centenas de metros. O rio Nilo passa por toda esta
extensão. Tradicionalmente considera-se que o rio Nilo nasce no Lago Vitória (Uganda).
Contudo, o próprio Lago Vitória tem como principal tributário o rio Kagera, que é por
causa disso considerado como fonte mais remota do Nilo, e o rio Kagera nasce no
Burundi. Ao desemborcar no baixo Egito, o Nilo se divide em 2 braços e recebe o nome
de delta do Nilo.

A área produtiva do Egito é muito pequena. São apenas 4% da região. Os demais


96% são desertos e desabitados. Esta pequena área que é produtiva é totalmente
dependente do rio Nilo. Por isso, o rio é considerado como um deus.

Os historiadores dividem a história egípcia em dinastias. Dinastia era o período


que uma família governava. Maneto (sacerdote egípcio), por exemplo, dividiu a história
egípcia assim:
• Período Pré-Dinástico – Antes de 3050 a.C.

• Egito Arcaico - 3050 a 2686 a.C. (1a e 2a dinastias).


Reino Antigo – 2686 a 2181 a.C. (3a a 6a dinastias). As pirâmides foram
construídas neste período.

• Primeiro Período Intermediário – 2181 a 2040 a.C. (7a a 10a dinastias).

• Reino Médio – 2040 a 1782 a.C. (11a e 12a dinastias).

• Segundo Período Intermediário – 1782 a 1570 a.C. (13a a 17a dinastias).


Segundo historiadores bíblicos, este é o período que o povo hebreu esteve no Egito.

• Novo Reino – 1570 a 1070 a.C. (18a a 20a dinastias). O êxodo de Israel se deu
em 1456 a.C., na 18a dinastia.

• Terceiro período Intermediário – 1070 a 664 a.C. (21a a 25a dinastias).

• Egito Posterior – 664 a 332 a.C. (21a a 31a dinastias). Em 332 a.C. o exército
de Alexandre, o Grande, invadiu o Egito. Após esta conquista, o Egito foi entregue nas
mãos dos Selêucidas.

Os egípcios produziram muitas literaturas de sabedoria. Eram conselhos e


provérbios para aconselhamentos gerais, que se diferenciam dos bíblicos (os de Salomão)
porque estes últimos se baseiam na sabedoria divina. Porém, vários provérbios de
Salomão são idênticos aos egípcios.

Os egípcios eram politeístas. Haviam deuses para todas as ramificações da vida


(deus da morte, da fertilidade, do casamento, etc...).

No período do faraó Akenaton, os egípcios se tornaram monoteístas, pois


conforme decisão deste faraó, só se devia adorar ao deus-sol. Isto ocorreu na 19a dinastia,
após o êxodo de Israel.

b) ASSÍRIA

Não devemos confundi-los com a Síria, que era um pequeno povo. Os Assírios
foram um grande império que conquistou o povo hebreu.
Era o nome da região que ocupava os dois lados do rio Tigre. Era também,
próximo ao rio Eufrates. A primeira capital foi Assur. Ao norte, a 97 km, se encontrava a
cidade de Nínive, que se tornou uma grande capital. Entre as duas cidades havia a cidade
de Calah, que também foi a capital por algum tempo.

Os assírios eram formados por uma mistura de raças. Eram pessoas do Norte, que
se uniram a babilônicos. A história dos assírios se divide em 3 períodos:

Antigo Império Assírio – 1950 a 1500 a.C. (período de expansão cultural e
territorial). Inicialmente se falava a língua assíria. Posteriormente, tribos semi-nômades
foram se integrando e incluíram línguas semíticas. Dentre estes povos destacamos os
amorreus, cujo líder Hamurabe, se tornou rei e criou o conhecido código de Hamurabe,
escrito em escrita cuneiforme (em forma de “cunha”). Ele estabeleceu o seu governo na
Babilônia. Eles subjugaram Babilônia em 1900 a.C.

2. Médio Império Assírio – 1500 a 900 a.C.

3. Novo Império Assírio – 900 a 612 a.C. Destacamos neste período os


seguintes reis:

Assurnasirpal II (885 a 860 a.C.). Conquistou o Líbano, os filisteus e parte oriental da


Babilônia.

Salmanazar III (Filho de Assurnasirpal). Lutou contra os israelitas. Governou de 859 a


825 a.C. Lutou contra a Síria, contra o rei Acabe e venceu os israelitas.

Tiglate Pileser III (745 a 727 a.C.). Na Bíblia é chamado de rei Pul. Lutou contra Samaria
(II Reis 15:19). Após a sua morte, o rei de Samaria (Oséias) resolveu não mais pagar os
tributos aos assírios.

Salmanazar V (726 a 722 a.C.). Sitiou a cidade de Samaria e destruiu o reino de Israel do
Norte.

Sargão II (722 a 704 a.C.). Deu seqüência ao cerco de Samaria e venceu a batalha.

Senaqueribe (704 a 681 a.C.). Filho de Sargão II. Alguns estudiosos dizem que matou o
pai para poder reinar.

Em 625 a.C., Nabopolassar (pai de Nabucodonossor) expulsou os assírios de Babilônia.


Em 6l4 a.C., os babilônicos tomaram a cidade de Assur. Em 612 a.C., tomaram a cidade
de Nínive (conforme profecia de Naum).

Assim, exterminou-se o poder assírio.

c) BABILÔNIA

Descendente de Babel (porta do céu) na língua acadiana.

Principais fases do império babilônico:

• Pré-História - ? a 2800 a.C.

• Dinástico Antigo – 2800 a 2500 a.C.


• Acadiano – 2500 a 2100 a.C. (domínio semítico). A língua acadiana era
composta de 2000 símbolos.

• Terceira Dinastia de Ur – 2100 a 2000 a.C. Neste período, uma dinastia da


cidade de Ur assumiu o poder sobre a Babilônia. O chamado de Abraão foi neste período.

• Período Amorreu – 1900 a 1600 a.C. Tribos Nômades migraram do deserto


árabe, liderados por Hamurabe e conquistaram a Babilônia.

• Domínio Cassita – 1600 a 1170 a.C. Foi invadida por povos orientais
(cossianos). Neste período, a Babilônia era fraca e Josué entrou na Palestina.

• 1150 a.C. – O rei Nabucodonossor I expulsou os Cassitas.

• 745 a 626 a.C. – O povo Assírio dominou toda a região Babilônica por

• 626 a 539 a.C. – Período Neo-Babilônico. O rei Nabopolassar assumiu o trono


Babilônico.

•605 a.C. – O filho de Nabopolassar, Nabucodonossor II que era líder do exército,


foi a Jerusalém e levou Daniel e os demais israelitas cativos. Neste ano, Nabopolassar
morreu e Nabucodonossor atravessou o deserto a cavalo, em 15 dias, até Babilônia, para
assumir o reinado. Se ele não fosse com urgência, outra pessoa assumiria o trono no seu
lugar.

d) MÉDIA E PÉRSIA

No ano de 539 a.C., o exército de Ciro invadiu a Babilônia. O rei Nabonido estava
viajando e seu filho Belsasar assumiu o trono temporariamente. Ele fez uma festa na qual
surgiu a escrita na parede. Belsasar era o 2o no reino. A confirmação disto é que ele
ofereceu a Daniel o 3o lugar no reino, se este conseguisse decifrar a inscrição na parede.

Os Assírios tinham como política de domínio infiltrar outros povos entre os


conquistados para enfraquecer a cultura dos povos dominados.

Os Babilônicos levavam cativos e exilavam os principais líderes conquistados.

Já os Persas, davam liberdade aos povos conquistados para que reconstruíssem


suas cidades e reorganizassem suas culturas. Dominavam com liberdade, amizade e
respeito. Assim, os israelitas puderam reconstruir suas cidades, como narram Esdras e
Neemias. A capital dos Medos era a cidade Ecbátana.

Seus governantes mais proeminentes foram:


•Ciáxares – Foi o mais importante. Se uniu a Nabucodonossor e conquistaram a
cidade de Nínive e os Assírios.
• Astíages – Sua filha casou-se com o rei Persa Cambises I. Deste casamento
nasceu Ciro.
• O rei Persa mais importante foi Artaxerxes. Os Persas dividiram o império em
127 satrápias ou províncias (Livro de Ester). Fundaram um sistema de correios, criaram
moeda corrente, língua universal (aramaico) e construíram até estradas.

e) GRÉCIA

Em 340 a.C., Felipe II, governador macedônico, unificou a Grécia. Ela era
formada por cidades-estados.

Alexandre Magno (o Grande), que era filho de Felipe II, estudou com o mestre
Aristóteles e teve o desejo de expandir a cultura grega por todo o mundo. Reuniu um
grande exército para vingar a derrota que a Pérsia havia imposta aos gregos, 150 anos
antes. Assim, derrotou a Pérsia e se tornou o maior conquistador da época. Um dos
maiores feitos foi a implantação da língua grega em todo o mundo. Ao invadir a Palestina,
os dominou com brandura. Morreu aos 34 anos, de bebedice. Após a sua morte, a Grécia
foi dividida entre os seguintes líderes:

•Selêuco – Estabeleceu-se na Síria. Chegou a oferecer sacrifícios com carne de
porco, em desonra aos hábitos judeus. Em 170 a.C., Judas Macabeus estabeleceu um
reinado independente (Judéia).

• Ptolomeu – Estabeleceu-se no Egito, Palestina e parte da Síria.

• Lisímaco – Ficou com a Trácia e ampla parte da Ásia Menor.

• Cassandro – Ficou com a Macedônia.

O período do império grego foi inter-bíblico, isto é, não foi escrito nenhum livro
inspirado neste período. Os únicos livros bíblicos escritos foram apócrifos: Macabeus,
Sabedoria, etc.

f) ROMA

Os romanos se orgulhavam de estabelecer a todo o mundo a Pax-romana (paz


romana). Eles dominaram o mundo e não estabeleciam fronteiras. As pessoas podiam ir
a qualquer lugar. Só que esta “paz” era ilusória, pois dominavam com pulso forte e com
o ferro de suas lanças.

Os principais imperadores foram:



•Otávio Augusto (27 a.C. a 14 a.D.) – Foi o primeiro imperador. Decretou o
recenseamento, que levou José e Maria até Belém.

•Tibério (14 a 37 a.D.) – Filho adotivo de Augusto. Assumiu o poder com 56
anos. Foi um governador cruel. No 15o ano do seu governo, João Batista começou o seu
ministério e morreu. Jesus Cristo, também morreu na época do seu governo.

• Calígula (37 a 41 a.D.) – Filho de Tibério. Incompetente, insensível e pervertido.


Chegou a eleger o “seu cavalo” como senador. Foi assassinado por um oficial da guarda
pretoriana.

• Cláudio (41 a 50 a.D.) – Tio de Calígula. Assumiu o poder apoiado pela guarda
pretoriana. Foi o mais culto dos imperadores. Sua esposa Agripina, o matou envenenado.
Ela o assassinou porque queria que o seu filho Nero fosse o imperador; embora fosse filho
de outro homem.

• Nero (54 a 68 a.D.) – Deu início à perseguição aos cristãos. Mandou incendiar
Roma e colocou a culpa nos cristãos. Matou os apóstolos Pedro e Paulo. Chegou a matar
a sua mãe e abriu-lhe o ventre para ver de onde houvera nascido. Suicidou-se.


•Ano de 69 A.D. – 4 imperadores lutaram para obter o poder. Foi um período de
anarquia: Virgínio Rufo, Galba, Oto e Vespasiano.

• Vespasiano (69 a 79 a.D.) – O seu filho, o general Tito, destruiu a cidade de


Jerusalém, sob sua ordem.

• Tito (79 a 81 a.D.) – Hábil soldado, colocou fim à guerra dos judeus. Morreu
prematuramente.

• Domiciano (81 a 96 a.D.) – Irmão mais novo de Tito. Neste período, o apóstolo
João foi exilado na ilha de Patmos; após a tentativa de ser morto, sob a ordem do
imperador, ao ser jogado dentro de um caldeirão com óleo fervendo. Perseguiu aos
cristãos e aos senadores de Roma.

Depois deste período, sucederam-se outros imperadores sem muita importância


para o estudo bíblico. São eles; Nerva, Trajano, Adriano, Antônio Pio e Marco Aurélio.

ESCRITOS ANTIGOS

•Arquivos Hititas – A capital dos Hititas era Hattusas. Hoje é a região da
Turquia. O pacto que os reis faziam com os seus vassalos era idêntico ao demonstrado na
Bíblia entre Deus e Israel.

• Arquivos Egípcios – Amarna era a cidade do faraó Akinaton. As cartas de


Amarna foram escritas em torno de 1370 a.C. Eram cartas de pedido de socorro feitos
pelos vassalos de Canaã ao faraó contra a invasão do povo de Hapiru (os hebreus).
• Rolos do Mar Morto – Foi a descoberta mais valiosa da arqueologia para os
cristãos. Em 1947 d.C., um beduíno ao procurar uma de suas cabras, ao jogar uma pedra
dentro de uma das cavernas, escutou o barulho de algo se quebrando; e, ao entrar na
caverna, encontrou alguns jarros de barro e, dentro destes, alguns rolos. Dizem, que à
noite, usou alguns dos rolos para fazer uma fogueira, pois desconhecia a valiosa
descoberta feita. Isto aconteceu em Qumram. Excedendo o livro de Ester, todos os livros
do Cânon hebraico foram encontrados. Somente os livros de Isaías e Levítico estavam
completos. Alguns livros apócrifos, preservados em grego, foram encontrados. São os
livros de Tobias e Eclesiástico.

• TARGUNS - do século II também foram encontrados em Qumram. Esses


targuns são comentários traduzidos do hebraico para o aramaico.

Foram encontrados também muitos manuscritos apócrifos do Judaísmo pré-


cristão.
São eles: Enoque, Jubileus e alguns testamentos dos patriarcas.

HISTÓRIA DO TEXTO BÍBLICO

O Antigo Testamento foi escrito em hebraico, e algumas porções em aramaico


(especialmente em Daniel - 2:4 até 7:28; também em aramaico: Esdras 4:8 até 6:18;
Esdras 7:12 a 26; Jeremias 10:11; Gênesis 31:47). O alfabeto usado para o Pentateuco foi
inventado por volta do século XVIII a.C. Os primeiros caracteres alfabéticos foram
achados em cavernas de extração de cobre no Sinai. A partir do século VII a.C. o aramaico
se tornou língua universal, substituindo ao acadiano.

As línguas mundiais, em ordem cronológica são: Acadiano, Aramaico, Grego,


Latim, Francês e Inglês.

Materiais de Escrita
Nos tempos bíblicos se usavam:


•Pedras – No Túnel de Siloé foram encontradas inscrições em pedras. As tábuas
da lei foram escritas em pedras, e em Jó 19:24, cita-se também, as pedras.

• Tabletes de Argila Mole – Eram feitos escritos em cuneiforme (forma de cunha)


com estilete, muito usado pelos babilônicos.

• Ostracon – Eram cacos de cerâmica. No plural é chamado de ostraca.

• Rolos de Couro e Papiro – No 3o milênio a.C., no Egito, já se escrevia em


papiro. No couro, escrevia-se, de preferência, nos de cabra e ovelha. A partir do ano 200
a.C. descobriu-se uma técnica especial de tratar o couro, que passou a ser chamado de
pergaminho. Mas, só foi usado em grande escala a partir do século IV
d.C. Alcançavam até 7 metros.

•Papel – Foi inventado pelos Chineses, mas só foi utilizado a partir do século
VIII a.D.

• Códice – Várias tiras de couro ou papiro, que eram montadas em forma de


caderno e costuradas na extremidade. A partir do século IV a.D., passou a ser usado pelos
cristãos, que escreveram todo o Novo Testamento neste tipo de material.

Instrumentos Para Escrever

✓Estilete com ponta de diamante para escrever em pedras.

✓Talo de junco esmagado (pincel).

✓Fuligem de lâmpada a óleo (tinta).

Transmissão do Texto

Autógrafo é o texto original, ou seja, o que foi escrito pelo próprio autor (Moisés,
por exemplo). Hoje, não temos os “autógrafos” de nenhum livro da Bíblia, mas apenas
cópias destes originais.

Texto Consonantal – As línguas Semíticas não usavam vogais. Os Massoretas


pontuaram as vogais nas consoantes, criando-se o texto vocalizado. Não haviam ditongos
e sempre vinha uma vogal após uma consoante.

Família de Textos é a transformação de um texto após ser copiado várias vezes.


Nos textos bíblicos, temos as famílias babilônica, egípcia e da palestina:

✓ Babilônia – Texto Massorético.

✓Egito – Septuaginta (ou LXX)- era a tradução do Velho Testamento para o grego.

✓Palestina – Pentateucos Samaritanos.

Os textos mais fiéis aos autógrafos são os Massoréticos (escritos pelos massoretas).

Alterações Textuais

A partir do século V a.C., os Massoretas (para evitarem erros) contavam quantas


palavras e letras haviam no original. Mas, mesmo assim, houveram alterações:

Alterações Não Intencionais

• Em I Crônicas 1:7 e Gênesis 10:4 foram trocados os nomes Rodamim e


Dodamim. Isto deve ter sido devido a letras similares do alfabeto quadrado.

✓Haplografia – Escrevia-se uma vez o que deveria ser escrito duas vezes
(Juízes 20:13) 

✓Ditografia – Escrevia duas vezes o que deveria ser escrito apenas uma vez
(Levítico 20:10). 

✓Homeoteleuco – É a omissão de uma passagem intermediária, porque o olho


do copista pulou de uma palavra no fim de uma linha, para outra semelhante em outra
linha. Ex: em I Samuel 14:41, o copista deixou de escrever 19 palavras hebraicas. 

Alterações Intencionais

Exemplo:

Após o exílio babilônico, em vez de falar YHWH, diziam Adonai, para não tomar
o nome de Deus em vão. A palavra Jeová foi a junção dessas duas palavras pelos
Massoretas.

Manuscritos do Velho Testamento


• Qunram - Foram descobertos os mais antigos manuscritos já conhecidos. Foram
encontrados 600 manuscritos; destes, 200 eram bíblicos. Foram encontrados em 11
cavernas diferentes. 15% em papiro e 85% em couro. Eles confirmaram a exatidão da
Bíblia que usamos hoje.

Designação Técnica

11 Q Is a

11 – Número da caverna.
Q – Qunram.
Is – Livro bíblico (Isaías)
A – Manuscrito “a”.


•Muraba’t – São manuscritos. Em 1951 a.D., um grupo de beduínos descobriu
manuscritos em Wadi Muraba’at (Córregos Temporais). Foi encontrado um rolo com
textos dos profetas menores datados do 2º século a.D. que, correspondem, quase que
perfeitamente, ao texto massorético.

• Papiro de Nash – Antes da descoberto dos rolos do Mar Morto, esta era a mais antiga
testemunha do texto hebraico. Foi adquirido no Egito por W. L. Nash em 1902 a.D. Foi
doado à biblioteca da Universidade de Cambridge. Contém uma cópia danificada dos 10
mandamentos de Êxodo 20:1 a 17 e de Deuteronômio 5:6 a 21. Contém, também o Shemá
(Deuteronômio 6:4), que é o credo do judaísmo.
• Códice de Leningrado – Encontra-se na Biblioteca de São Pettersburgo. É o
B19A ou L. É o mais antigo manuscrito da Bíblia hebraica completa. Segundo o seu
Colofão (nota final feita pelos copistas), foi copiado no ano 1008 a.D. Foi copiado da
família de escribas no século IX, no Tiberíades, por Ben Asher. É o texto base da Bíblia
hebraica de Sttutgard (uma das mais conceituadas).

•Pentateuco Samaritano – Em algum momento, após o período pós- exílico,


ocorreu uma separação em definitivo entre os judeus e os samaritanos. A partir disso, os
samaritanos passaram a preservar e produzir os seus próprios manuscritos. Só aceitavam
o Pentateuco. Quando os manuscritos do Mar Morto foram descobertos, confirmou-se
que os pentateucos samaritanos eram distorcidos.

FORMAÇÃO DO CÂNON DO ANTIGO TESTAMENTO


(Por Nix e Geisler)

Os Livros Aceitos por Todos (HOMOLOGOUMENA)

A canonicidade (aceitação de um livro inspirado para fazer parte das Escrituras)


de alguns livros do AT nunca foi desafiada por nenhum dos mais importantes rabis
(mestres) da comunidade judaica. Os únicos que sofreram alguma “rejeição” (chamados
de ANTILEGOMENA) foram Cantares, Eclesiastes, Ester, Ezequiel e Provérbios. Porém
nenhum deles foi alvo de objeções tão sérias que comprometesse sua aceitação no
Cânon (lista de livros inspirados).

Os Livros Rejeitados por Todos (PSEUDEPÍGRAFOS)


Grande número de documentos religiosos que circulavam entre a antiga
comunidade judaica são conhecidos como “pseudepígrafos”, porém nem todos eram
“falsos”. De fato, a maior parte desses documentos surgiu de dentro de um contexto de
fantasia, tradição religiosa ou especulação espiritual. Eles representam os extremos da
fantasia religiosa, expressos entre 200 a.C. e 200 d.C.
Alguns pseudepígrafos são inofensivos (ex.: Salmo 151), porém há outros que
contêm erros grosseiros, tanto do ponto de vista histórico quanto teológico.

Lista dos Pseudepígrafos

O livro do Jubileu
Epístola de Aristéias
O livro de Adão e Eva
O martírio de Isaías
1Enoque
Testamentos dos doze patriarcas
O oráculo sibilino
Assunção de Moisés
2Enoque, ou O livro dos segredos de Enoque
2Baruque, ou O apocalipse siríaco de Baruque
3Baruque, ou O apocalipse grego de Baruque
3Macabeus
4Macabeus
Pirque Abote
A história de Aicar
Salmos de Salomão
Salmo 151
Fragmentos de uma obra de Sadoque. (Tsadoq, que significa "Justo" ou Sadoc,
Zadoc, Sadoque, Zadok conforme a tradução bíblica foi Sumo Sacerdote de
Israel, sucedendo a Abiatar, filho de Aimeleque).

Os Livros Aceitos por Alguns (APÓCRIFOS)

Em suma, estes livros são aceitos pelos Católicos Romanos como canônicos, mas
são rejeitados pelos Protestantes e judeus. No grego clássico, apocrypha significava
“oculto” ou “difícil de entender”. Posteriormente, a palavra tomou o sentido de
“esotérico” (algo que só os “iniciados” podem entender, não os “de fora”). Nos tempos
de Ireneu e Jerônimo (séc. III e IV), o termo apocrypha passou a ser aplicado aos livros
não-canônicos do AT. Desde a Reforma Protestante, essa palavra tem sido usada para
denotar os escritos judaicos não- canônicos originários do período intertestamentário
(entre os dois Testamentos).
Seja qual for o valor devocional ou eclesiástico que os apócrifos tiveram, eles não
são canônicos pelos seguintes fatos:

•A comunidade judaica jamais os aceitou como canônicos.


• Não foram aceitos por Jesus, nem pelos autores do NT.
• A maior parte dos primeiros grandes Pais da Igreja rejeitou sua canonicidade.
• Nenhum concílio da Igreja os considerou canônicos, senão no final do séc. IV.
• Jerônimo, o grande especialista bíblico e tradutor da Vulgata (tradução para o
latim), rejeitou fortemente os livros apócrifos.
• Muitos estudiosos católicos romanos, ainda ao longo da Reforma, rejeitaram os
livros apócrifos.
• Nenhuma igreja ortodoxa grega, anglicana ou protestante, até a presente data,
reconheceu os apócrifos como inspirados e canônicos, no sentido integral dessas palavras.

Além do mais, segundo os critérios elevados da canonicidade, aos apócrifos


ainda falta o seguinte:

• Os apócrifos não reivindicam serem proféticos.


• Não detêm a autoridade de Deus.

•Contêm erros históricos (cf. Tobias 1:3-5; 14:11) e graves heresias teológicas,
como a oração pelos mortos (cf. 2Macabeus 12:45-46; 4).
• Embora seu conteúdo tenha algum valor para edificação nos momentos
devocionais, na maior parte se trata de texto repetitivo, ou seja, são textos que já se
encontram nos livros canônicos.
• Há evidente ausência de profecia, o que não ocorre nos livros canônicos.
• Nada acrescentam ao nosso conhecimento das verdades messiânicas.
• O povo de Deus, a quem os apócrifos teriam sido originalmente apresentados,
recusou-os terminantemente.

Lista dos Livros Apócrifos


Versão Revista Padrão Versão de Douai

Sabedoria de Salomão O livro da Sabedoria


Eclesiástico (Siraque) Eclesiástico
Tobias Tobias
Judite Judite
1Esdras 3Esdras
1Macabeus 1Macabeus
2Macabeus 2Macabeus
Baruque Baruque 1-5
Epístola de Jeremias Baruque 6
2Esdras 4Esdras
Adições a Ester Ester 10:4-16:24
Oração de Azarias Daniel 3:24-90
Susana Daniel 13
Bel e o Dragão Daniel 14
Oração de Manassés Oração de Manassés

FORMAÇÃO DO CÂNON DO NOVO TESTAMENTO


(Por Nix e Geisler)

Os Livros Aceitos por Todos (HOMOLOGOUMENA)

Assim como o AT, a maioria dos livros do Novo Testamento foi aceita pela Igreja
logo de início, sem objeções. Todos os Pais da Igreja se pronunciavam favoravelmente
pela sua canonicidade.

Os Livros Rejeitados por Todos (PSEUDEPÍGRAFOS)

Vários livros questionáveis surgiram entre os séc. II e III, e receberam o nome de


Pseudepígrafos, ou “escritos falsos”. Eusébio (historiador cristão da época) disse que tais
livros eram “totalmente absurdos e ímpios”.
O número exato desses livros é difícil de apurar, pois por volta do séc. XIX já havia
cerca de 280 obras relacionadas nesta categoria. E de lá para cá muitas outras
apareceram.
Lista dos Mais Importantes

O evangelho de Tomé, O evangelho dos ebionitas, O evangelho de Pedro, O proto-


evangelho de Tiago, O evangelho dos egípcios, O evangelho arábico da infância, O
evangelho de Nicodemos, O evangelho do carpinteiro José, A história do carpinteiro José,
O passamento de Maria, O evangelho da natividade de Maria, O evangelho de um
Pseudo- Mateus, Evangelho dos doze (além do Barnabé, de Bartolomeu, dos hebreus, de
Marcião, de André, de Matias, de Felipe, etc.), Os atos de Pedro, Os atos de João, Os atos
de André, Os atos de Paulo, Atos de Matias, de Felipe, de Tadeu, A carta atribuída a
nosso Senhor, A carta perdida aos coríntios, As seis cartas de Paulo a Sêneca, A carta de
Paulo aos laodicenses, Apocalipse de Pedro, Apocalipse de Paulo, Apocalipse de Tomé,
Apocalipse de Estêvão, Segundo Apocalipse de Tiago, Apocalipse de Messos, Apocalipse
de Dositeu, Livro secreto de João, Tradições de Matias, Diálogo do Salvador, etc.

Os Livros Aceitos por Alguns (APÓCRIFOS)

Os apócrifos do NT tiveram o que se chamou de “canonicidade temporal e local”.


Haviam sido aceitos por um número limitado de cristãos, durante um tempo limitado,
mas nunca receberam um reconhecimento amplo ou permanente. O valor de esses
livros possuírem mais valor que os pseudepígrafos sem dúvida explica a mais elevada
estima de que gozavam entre os cristãos. Há diversas razões porque são importantes, e
faziam parte das bibliotecas devocionais e homiléticas das igrejas primitivas: 1) revelam
os ensinos da Igreja do séc. II; 2) fornecem documentação da aceitação dos 27 livros
canônicos do NT; 3) fornecem outras informações históricas a respeito da Igreja
Primitiva, no que se refere à sua doutrina e liturgia.

Lista Abreviada

Epístola do Pseudo-Barnabé, Epístola aos coríntios, Homilia antiga, O pastor de


Hermas, O didaquê, Apocalipse de Pedro, Atos de Paulo e de Tecla, Carta aos
laodicenses, Evangelho segundo os hebreus, Epístola de Policarpo aos filipenses, Sete
epístolas de Inácio.

VERSÕES/TRADUÇÕES DA BÍBLIA
(Adaptado de Geisler e Nix)
Versões ou Traduções Antigas

Septuaginta – O código é LXX. É a versão mais antiga para o grego. Existe uma história
que ela foi escrita por setenta pessoas em setenta dias. Foi escrita na Alexandria, Egito;
porque havia uma colônia judaica que falava o grego. O pentateuco foi traduzido por volta
do III século a.C. Foi a Bíblia dos cristãos primitivos. Foi uma ponte entre o hebraico e o
grego.

Aquila (130 a.D.) – Os judeus não queriam usar a versão que os cristãos usavam e criaram
esta tradução. Mas, às vezes, era incompreensível. O que restou desta tradução são
fragmentos hexapláricos e palimpsestos (Raspar um texto e escrever por cima - foram
encontrados no Cairo, especialmente nos escritos em couro).
Símaco (170 a.D.) – Era uma versão literal do texto hebraico e um pouco melhor que a
de Aquila. Só existem fragmentos.

Teodócio (Final do séc. II a.D.) – Era um prosélito (gentio que se converteu ao judaísmo)
e fez uma revisão para os judeus. São encontrados apenas fragmentos da hexapla.

Hexapla – (Séc. II a.D.) – Produzida por Orígenes. Foi uma obra em 6 colunas
(semelhante à versão “Trilíngüe” que temos em Português): Texto hebraico; Texto
hebraico transliterado; Septuaginta; Aquila; Símaco; Teodócio.

Targuns (Aramaico) - Foram traduções livres da Bíblia para o aramaico. Há evidências


de que os escribas, já nos tempos de Esdras (cf. Nee. 8:1-8), estavam escrevendo
paráfrases das Escrituras hebraicas em aramaico. Eles não estavam produzindo traduções,
mas textos explicativos da linguagem arcaica da Torá (Pentateuco).

Vulgata Latina – Os numerosos textos da Antiga Latina (uma das mais antigas traduções
conhecidas das Escrituras hebraicas, no Ocidente), que apareceram ao redor da segunda
metade do séc. IV, induziram a uma situação intolerável. Em virtude disso, o bispo
Dâmaso, de Roma (366-384), providenciou uma revisão do texto da Antiga Latina,
revisão esta realizada por Jerônimo O resultado chamou-se Vulgata Latina (tradução da
Bíblia para o latim).

Traduções dos Séc. XIV e XV

John Wycliffe (c. 1320-1384) – Foi chamado “a estrela d’Alva da Reforma”. Ele afastou
o latim como veículo de comunicação e dirigiu seu apelo ao povo inglês na língua comum.
A tradução do Novo Testamento foi completada em 1380, e o Antigo Testamento
apareceu em 1388. Embora esta tradução completa seja atribuída a Wycliffe, ela foi
terminada depois de sua morte, por Nícolas de Hereford.

Traduções do Séc. XVI

William Tyndale (c. 1492-1536) – Após algumas dificuldades, finalmente imprimiu o


NT em inglês, no fim de fevereiro de 1526. Em 1530 fez uma tradução do Pentateuco.
Suas obras foram atacadas na Inglaterra, pois consideravam Tyndale como seguidor de
Lutero e Wycliffe. Foi executado em 6 de outubro de 1536. Na hora de sua execução, ele
clamou: “Senhor, abre os olhos do rei da Inglaterra”.

Miles Coverdale (1488-1569) – Foi assistente e revisor de provas de Tyndale, e tornou-


se a peça-chave da impressão da primeira Bíblia completa em inglês.
As Traduções para o Português

Veremos apenas as 2 mais relevantes.

Tradução de Almeida

Coube a João Ferreira de Almeida a grandiosa tarefa de traduzir pela primeira vez
para o português o AT e o NT. Ele não tinha ainda 17 anos quando iniciou o trabalho de
tradução da Bíblia para o português, mas perdeu o manuscrito e teve que recomeçar a
tradução em 1648 (já com 20 anos de idade). Converteu-se ao protestantismo após ler um
folheto espanhol sobre as diferenças da cristandade. Por conhecer o hebraico e o grego,
Almeida pôde utilizar-se dos manuscritos dessas línguas, baseando sua tradução no
Textus Receptus, do grupo bizantino. Porém, também se utilizou das traduções holandesa,
francesa, italiana, espanhola e latina (Vulgata).
Em 1676, João Ferreira de Almeida concluiu a tradução do NT, porém, devido à
lentidão na revisão do texto, somente em 1681 é que surgiu a impressão do primeiro NT
em português.
Logo após a publicação do Novo Testamento, Almeida iniciou o trabalho de
tradução do AT, e, ao falecer em 6 de agosto de 1691, havia traduzido até Ezeq. 41:21.
Em 1748, Jacobus op den Akker, da Batávia, reiniciou o trabalho interrompido por
Almeida, e em 1753 foi impressa a primeira Bíblia completa em português, em 2 volumes.
Apesar dos erros iniciais, ao longo dos anos muitos estudiosos evangélicos têm
revisado a obra de Almeida, tornando-a a preferida dos leitores de fala portuguesa.

Tradução de Figueiredo
Nascido em 1725, nas proximidades de Lisboa, o padre Antônio Pereira de
Figueiredo traduziu integralmente a Bíblia (partindo da Vulgata), em um período de 18
anos de trabalho árduo. A primeira edição do NT saiu em 1778, em 6 volumes. Já o AT
(em 17 volumes) foi publicado entre 1783 e 1790. Em 1819 surgiu a Bíblia completa de
Figueiredo, em 7 volumes; e em 1821 ela foi publicada pela primeira vez em um só
volume.
Figueiredo incluiu em sua tradução os chamados livros apócrifos, que o Concílio
de Trento (1546) havia acrescentado aos livros canônicos. Esse fato tem contribuído para
que sua Bíblia seja ainda hoje apreciada pelos católicos romanos nos países de fala
portuguesa.
Ele realizou uma sublime obra da prosa portuguesa, pois era um grande filólogo
e latinista. Porém, por não conhecer as línguas originais, e ter baseado sua tradução
apenas na Vulgata, sua obra não tem suplantado em preferência popular o texto de
Almeida.

BIBLIOGRAFIA BÁSICA E COMPLEMENTAR:

Geisler, Norman, e William Nix. Introdução Bíblica - como a Bíblia chegou até nós. São Paulo:
Vida, 2006.
Wilson Paroschi. Crítica Textual do Novo Testamento. São Paulo: Vida Nova, 1993.
História da Bíblia. http://www.comunicandojesus.net/biblia/historia.htm.
Como a Bíblia Chegou até Nós. http://www.vivos.com.br/47.htm.

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