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PROJETO E CONSULTORIA

Projetos de sistemas de tratamento de ar


para laboratórios COMPARTILHE

MARÇO 6, 2019

Últimas Notícias

CONTEÚDO PATROCINADO

LG Business Solutions apresenta


novidades em climatização durante
evento em SP
Introdução
QUALIDADE DO AMBIENTE INTERNO

Este texto apresenta conceitos técnicos e de Ecoquest cria unidade de negócios


gestão aplicáveis a projetos e a operação de exclusiva para combate ao mofo
laboratórios e tem o objetivo de alertar
CLIMATIZAÇÃO
projetistas e consultores, fabricantes de
Gree investe em nova linha com
equipamentos, instaladores, empresas de
R-32
comissionamento e certificação,
empreendedores, órgãos reguladores e
usuários de laboratórios para a necessidade de
aplicação de normas técnicas em projetos de
sistemas de tratamento de ar para laboratórios,
antes de sua construção, ou quando houver a
necessidade de implantar melhorias e reformas
em instalações existentes.

Recentemente o ASHRAE Technical Committee Conheça a Revista


9.10 – Laboratory Systems – Laboratory
Classification Subcommittee em parceria com a
American Chemical Society (ACS) – Division of
Chemical Health and Safety e com a American
Industrial Hygiene Association (AIHA) –
Laboratory Health and Safety Committee
publicaram um documento denominado
“Classification of Laboratory Ventilation Design
Levels” ou, em tradução livre, “Classificação de
Níveis de projeto de sistemas de tratamento de
ar para Laboratórios”. É recomendável a leitura
ANUNCIAR ASSINAR
do documento original que está disponível no
site da ASHRAE (free download).

Esta matéria técnica toma o guia da ASHRAE


como referência para apresentar reflexões,
interpretações e estudos de caso que poderão
ser úteis para os profissionais envolvidos em
projetos, construção, inspeção e operação de
laboratórios.

A publicação da ASHRAE tem adesão com as


informações de publicações da ACGIH
(American Conference of Governmental
Industrial Hygienists), OSHA (Occupational
Safety and Health Administration) e
ANSI/ASHRAE Std. 62.1 – Ventilation for
Acceptable Indoor Air Quality, entre outras.

Projetos integrados de laboratórios


O título “Projetos de sistemas de tratamento de
ar para laboratórios”, por si só, pode levar a uma
interpretação conceitual equivocada, pois gerir
a construção de um laboratório de forma
compartimentada, sem integrar os profissionais
das demais disciplinas que deveriam se associar
para a construção do laboratório é fonte segura
de falhas.

É certo que os sistemas de tratamento de ar


têm importância relevante para alcançar os
requisitos do usuário, mas é necessário que a
especificação de portas, paredes, tetos e pisos,
o leiaute do laboratório, seu mobiliário,
equipamentos de processo, equipamentos de
exaustão, fluxo de pessoas e materiais,
procedimentos operacionais, requisitos de
ensaios para a certificação formal de
desempenho e avaliações dos especialistas em
análise de risco estejam harmonicamente
integrados e as suas decisões estejam
detalhadamente registradas nos diversos
documentos que compõem o projeto do
laboratório.

Tal como ocorre em projetos de salas limpas, o


investimento na formação de uma equipe
multidisciplinar é fonte segura de sucesso no
resultado final do empreendimento e reservar
tempo adequado para as etapas do projeto
conceitual, básico e executivo, aumenta a
chance de sucesso do empreendimento.

Este texto dá foco para questões relativas a


sistemas de ventilação, exaustão e ar
condicionado de projetos de laboratórios, mas é
importante ratificar que os sistemas de
tratamento de ar sozinhos não podem
assegurar o controle de todos os riscos
químicos do laboratório e meio ambiente.

O National Institute for Occupational Safety and


Health (NIOSHI) trata da hierarquia de controles
das exposições a riscos ocupacionais.
Engenheiros especializados em análise de risco
devem estar integrados à equipe multidisciplinar
desde a etapa conceitual do projeto.

Acrônimos, conceitos e terminologia

O documento do ASHRAE TC 9.1 referenciado


na introdução apresenta algumas informações
importantes para o entendimento de projetos de
sistemas de tratamento de ar para laboratórios.
Alguns destes conceitos estão apresentados a
seguir, em tradução livre:

Produtos químicos perigosos


aerotransportados (airborne chemical
hazards): Substâncias químicas suspensas ou
misturadas no ar e que apresentam riscos que
podem ser controlados com técnicas de
ventilação. São gases e vapores de substâncias
químicas voláteis que apresentam
inflamabilidade, corrosividade, reatividade,
riscos de toxicidade, patogenicidade ou
problemas de odor. Outros tipos de
contaminantes transportados pelo ar podem
incluir partículas, fumos e aerossóis que podem
demandar estratégias de controle distintas das
requeridas para o controle de gases e vapores.

Perigo (hazard): Qualquer elemento no local de


trabalho que tenha o potencial de prejudicar as
pessoas, a propriedade ou o meio ambiente. Os
riscos podem incluir objetos de trabalho, como
maquinário ou produtos químicos, materiais
biológicos e radioisótopos. Com relação aos
perigos no ar, a gravidade do perigo é inerente
às propriedades do material aerotransportado.

Faixa de controle (control banding): Sistema


de identificação e avaliação de riscos que
organiza as informações sobre perigos e
processos em grupos, com base em sua
relevância com relação a preocupação de saúde
e segurança. Os fatores a considerar ao fazer
essa designação no contexto da ventilação de
laboratório incluem risco químico, quantidade e
o potencial de emissões transmitidas pelo ar
nos laboratórios e na construção. É importante
notar que alguns processos podem ficar fora de
um sistema específico de faixas de controle
devido a riscos ou aplicações incomuns.
Determinar se uma área, um dispositivo ou um
processo específico é apropriado para a faixa de
controle é o primeiro passo para se fazer uma
atribuição de faixa de controle.

Laboratório ou ambiente em escala de


laboratório (Laboratory Scale): são
ambientes onde as reações, transferências e
outras tarefas são realizadas utilizando-se
recipientes que podem ser facilmente
manipulados de forma segura e sem restrições
por uma pessoa. Ao mesmo passo que esta
definição não limita os tipos ou a gravidade dos
riscos químicos, ela limita a quantidade de
materiais potencialmente liberados no ambiente
em cerca de 4 L ou menos, por processo
(OSHA). Ambientes utilizados para a produção
comercial de produtos químicos não fazem
parte desta definição.

Risco (risk): Quando o contato com uma dada


concentração de contaminantes no ar é
suficiente para causar danos às pessoas (morte,
ferimento ou doença), propriedade (degradação
ou corrosão) e ao meio ambiente (poluição).

Eficácia da ventilação (ventilation


effectiveness): A capacidade de reduzir o
acúmulo de concentrações inseguras através
dos mecanismos combinados de diluição e
remoção de contaminantes em toda a sala do
laboratório. A obtenção de um ambiente com
boa diluição é uma função da taxa de renovação
de ar, enquanto a eficácia da ventilação é uma
função dos padrões de fluxo de ar resultantes de
como o ar é suprido e exaurido do espaço
controlado. Aumentar a taxa de renovação de ar
pode não ter um efeito positivo na eficácia da
ventilação. A vazão de ar novo e a difusão do ar
no interior do laboratório devem ser
cuidadosamente projetados para assegurar a
eficácia da ventilação, evitando-se zonas mortas
ou com jatos de ar que interfiram no
funcionamento de capelas de exaustão de gases
e vapores, coifas e outros sistemas de
segregação do laboratório.

Acrônimos adotados neste texto:

LACS – Laboratory Airflow Control System.


Será traduzido neste texto como Sistema de
Tratamento de Ar do Laboratório (STAL).

ECD – Exposure Control Device (ASHRAE) ou


Separative Device (conforme ISO 14644-7)
serão traduzidos neste texto como Dispositivo
de Segregação (DS). São equipamentos ou
dispositivos utilizados em processos com
emanações de maior risco como capelas de
exaustão de gases e vapores, armários de
solventes ou produtos químicos, braços de
extração com campânula, coifas, cabines de
segurança biológica, glove-boxes e cabines
(mini-environments) que deverão ter seus
projetos integrados ao projeto do laboratório.

LVDL: Laboratory Ventilation Design Level


(Nível de Projeto de STAL). Neste texto
manteremos o acrônimo do texto original da
ASHRAE.

O controle de perigos no ar do laboratório e


meio ambiente

Os sistemas de tratamento de ar para


laboratórios (STAL) são a principal ferramenta
de engenharia para reduzir o potencial de danos
às pessoas, propriedades e ao meio ambiente,
controlando a acumulação e a migração de
perigos químicos gerados no laboratório e
transmitidos pelo ar. As técnicas de controle de
ventilação incluem contenção, captura, diluição
e remoção de riscos químicos no ar do
laboratório.

O projeto dos sistemas de insuflação e exaustão


de ar e a ejeção segura de contaminantes
transportados pelo ar para o exterior do edifício
também inclui o leiaute físico ou a topografia do
laboratório. Esta geometria afeta os padrões de
fluxo de ar dentro do ambiente controlado. O
grau de proteção proporcionado pelo STAL
depende do projeto, operação e uso coordenado
de todos esses componentes.
A definição dos sistemas de tratamento de ar
antes da ejeção dos contaminantes gasosos
para a atmosfera deve levar em conta diversos
fatores de risco para a vizinhança e também
para o próprio laboratório (risco de
contaminação cruzada). Análise fluidodinâmica
computacional (CFD) é uma ferramenta de
modelagem que pode ser utilizada para dar
mais segurança às decisões do projeto.

O risco de exposição a concentrações perigosas


de substâncias químicas no ar em laboratórios
pode variar de insignificante a extremo,
dependendo das atividades realizadas nos
ambientes, dos tipos de produtos químicos
perigosos, das quantidades de materiais, das
características de geração, da duração da
exposição e da proteção proporcionada pelo
fluxo de ar do laboratório e pelos sistemas de
controle de contaminantes aéreos.

O propósito dos STAL é duplo: ele deve


contribuir para conter a exposição excessiva a
riscos químicos transportados pelo ar na
condição normal de operação e também
atender aos requisitos de filtragem,
temperatura e umidade, para o conforto térmico
dos ocupantes e para atender aos requisitos dos
equipamentos de processo do laboratório e,
eventualmente, às pressões em relação à
atmosfera e a ambientes vizinhos (por exemplo:
escritórios da administração do edifício).

A introdução não controlada de ar exterior


através de furos e passagens de tubulações,
sobre forro, eletrocalhas ou, ainda, pela falta de
procedimentos de controle de acesso ou
problemas de manutenção em portas de
ingresso e egresso de pessoas e materiais do
laboratório, pode causar a introdução de
contaminantes externos e causar redução da
vida útil dos equipamentos de processo do
laboratório.

A admissão de ar exterior (ar novo ou ar de


renovação) deve ocorrer através de uma ou
mais vias projetadas para esta finalidade, com a
adequada filtragem, resfriamento e
desumidificação. A umidade excessiva e a
entrada de poeiras nos laboratórios podem
causar a formação de fungos em lentes de
equipamentos óticos ou não atender a
requisitos de equipamentos do laboratório,
interferindo na confiabilidade dos resultados das
análises.

O projeto deve especificar recursos na


instalação dos sistemas de tratamento de ar
para que a vazão de ar de renovação possa ser
verificada de forma rápida e confiável, a
qualquer tempo, através de procedimentos
metrológicos recomendados pela ASHRAE.

Para assegurar que os Limites de Tolerância de


exposição do trabalhador a agentes químicos
não sejam ultrapassados (ver NR-15 – Anexo
n°11 – Quadro n° 1 ou documento equivalente da
ACGIH) ou ainda em função das demandas de
exaustão de capelas, cabines de segurança
biológica e outros pontos de captação local do
laboratório é comum a utilização de taxas de ar
externo que impõem relevante consumo de
energia e, eventualmente, água (em torres de
resfriamento).
Nestes casos, durante o projeto conceitual é
importante que o projetista faça a avaliação de
custos e soluções técnicas para o ciclo de vida
da instalação. A utilização de sistemas de
automação que mantenham o laboratório
operando com a menor taxa de ar externo
possível, quando a totalidade das vazões de
exaustão não for necessária, e com a utilização
de capelas de exaustão preparadas para
trabalhar com sistemas de volume de ar variável
e recursos para manter a guilhotina fechada
quando não há manipulação, e, ainda, a
utilização de sistemas de recuperação de
energia, podem ser altamente compensatórios e
devem ser apresentados ao empreendedor.

No entanto, é importante lembrar que a


segurança laboratorial é um requisito inviolável
e não deve ser sacrificada por ganhos de
produtividade ou eficiência operacional.

Há instalações em locais com deficiências


importantes na qualificação dos profissionais de
manutenção. Nestes casos, sistemas
complexos poderão perder a sua eficiência com
o passar dos anos e talvez seja melhor optar por
STAL “menos inteligentes”, mas que sejam bem
manejados pela equipe de manutenção e
operação. Esta é uma decisão que deve ser
tomada pelo empreendedor, com a orientação
do projetista.

O laboratório deve ser instrumentalizado para


que os trabalhadores tenham condição de
monitoramento dos parâmetros críticos dos
sistemas de tratamento de ar a qualquer tempo.
Sistemas de alarme sonoro e visual devem estar
presentes nas capelas de exaustão e
dispositivos de segregação e exaustão (DS) em
geral e também nos ambientes do laboratório
para alertar o trabalhador em caso de falhas.

Caso ocorram acidentes com derramamento de


produtos químicos pode-se prever modos de
funcionamento dos STAL para condições de
contingência, com aumento da taxa de ar
exterior, associando-se a controles
administrativos, de proteção pessoal e controles
de engenharia.

Componentes típicos dos Sistemas de


Tratamento de Ar de Laboratórios

A Figura 1 apresenta um caso típico de projeto


de laboratório com 70,5 m² e que tem seis
capelas de exaustão de gases e vapores, com
100% de renovação de ar. Os principais
resultados de cálculo são apresentados no
fluxograma de ar. É possível identificar alguns
engineering checks que alertam sobre o
impacto energético diferenciado de projetos de
laboratórios quando operam a plena carga, em
condição de verão.

2,6 m²/TR; 219 m³/(h.TR); 28 renovações/h; 82


m³/(h.m²) de ar novo

Figura 1 -Fluxograma esquemático de um


laboratório com 6 capelas de exaustão de
gases

O controle de umidade relativa máxima e a


utilização do laboratório em condição de inverno
pode requerer a utilização de baterias de
resistências elétricas ou serpentinas de
aquecimento que também são consumidores de
energia. O engenheiro mecânico deve avaliar a
possibilidade de utilização de bombas de calor
ou sistemas de desacoplamento de calor
sensível do calor latente, ou outras técnicas que
permitam reduzir o consumo de energia do
laboratório, lembrando que há instalações com
dezenas de capelas de exaustão e sistemas de
captação local.

A publicação Laboratory Design Guide –


Planning and Operation of Laboratory HVAC
Systems da ASHRAE é uma referência de
estudo para projetistas e usuários. Cabe ao
engenheiro mecânico responsável pelo projeto
avaliar a melhor solução junto com o seu cliente.

A Figura 2 apresenta um laboratório com


capelas de exaustão que operam com caixas de
volume de ar variável em função da posição da
guilhotina. O STAL modula a vazão da unidade
de tratamento de ar externo de forma a otimizar
o consumo de energia do laboratório, quando a
demanda de exaustão é reduzida.
Ensaio de contenção em capelas de
exaustão e o consumo de energia

Métodos de ensaio para avaliação de


desempenho de capelas de exaustão de gases e
vapores são recomendados pela EN 14175 –
Fume cupboards (partes 1 a 7) e pela ASHRAE
Std. 110-2016 – Method of testing performance
of laboratory fume hoods.

Estes documentos recomendam a aplicação de


ensaios desafiadores para assegurar que a
capela “em fábrica” ou “como instalada” tenha
desempenho adequado.

O ensaio de contenção (containment test ou


tracer gas test) utilizando o hexafluoreto de
enxofre (SF6) é aplicado para validar o
desempenho aerodinâmico das capelas e
consolidar as vazões de ar de exaustão que
deverão ser mantidas para assegurar a
segregação do contaminante no interior da
capela. Para estas vazões de trabalho o
fabricante fornece também a perda de carga da
capela que deverá ser considerada para a
seleção do exaustor.(Figura 3)
Estas normas não especificam a taxa de vazão
de face mínima (m³/h.m² ou m³/h.m) ou a
velocidade de face mínima, permitindo que os
fabricantes e projetistas trabalhem juntos para
manter a capacidade de contenção da capela,
mesmo com vazão de face menor que as
referenciadas em manuais de engenharia de
ventilação como a taxa de vazão de face de 1463
a 1829 m³/h.m² (80 a 100 cfm/ft²),
apresentada pela ACGIH em sua publicação
Industrial Ventilation, para certas condições de
difusão do ar do ambiente do laboratório.

Com base nestes requisitos podemos


considerar que uma capela convencional com
largura nominal de 1,2 m (largura útil de 1 m) e
altura de abertura da guilhotina de 500 mm teria
de manter velocidade de face média de 0,41 a
0,51 m/s ou 738 a 918 m³/h.m para atender a
recomendação do Industrial Ventilation.

É prática corrente a especificação de velocidade


de face mínima de 0,5 m/s partindo de usuários
e de alguns fabricantes de capelas de exaustão.
Talvez esta seja uma prática que tenha de ser
reavaliada, pois também temos fabricantes que
utilizam velocidades de face significativamente
menores em capelas de alta eficiência.

Uma capela de alta eficiência com largura


nominal de 1,2 m (largura útil de 1,15 m) pode
operar com velocidade de face mínima de 0,24
m/s e altura de abertura da guilhotina de 500
mm. Desta forma o equipamento pode trabalhar
com 497 m³/h ou 432 m³/h.m. Estes dados
podem ser encontrados em catálogos de
fabricantes que investiram no desenvolvimento
de capelas com melhor desempenho
aerodinâmico. Estas capelas são certificadas
em conformidade com a EN 14175 e têm
contenção assegurada com aproximadamente
metade da vazão das capelas convencionais.

Sequer podemos afirmar que capelas


convencionais que operam com velocidades de
face de 0,5 m/s são eficientes, pois
normalmente não temos estes equipamentos
submetidos aos ensaios de contenção com o
hexafluoreto de enxofre, que é a referência de
ensaio de maior credibilidade para assegurar o
desempenho das capelas de exaustão.

O engenheiro mecânico responsável pelo


projeto do STAL deve utilizar softwares de
simulação de consumo energético para verificar
a viabilidade de investir em capelas de exaustão
certificada e de alta eficiência energética.

Antes da tomada de decisão do investimento os


empreendedores devem ser orientados com
relação a importância do custo de energia ao
longo da vida útil da instalação e no
investimento em equipamentos que tenham
passado por processos de certificação previstos
nas normas EN 14175 e ASHRAE Std 110. Via de
regra o ônus de comprovar que o trabalho
ocorre em um ambiente salubre é do
empregador e toda evidência de que as normas
técnicas e as boas práticas de engenharia estão
sendo atendidas acrescentam segurança para
as relações entre o empregador e o trabalhador.

A compra das capelas de exaustão de forma


desconectada do projeto do STAL não é
recomendada. Via de regra a compra de capelas
e de braços extratores está sob a gestão do time
que está cuidando da compra do mobiliário do
laboratório. É recomendável que estes
profissionais façam parte da equipe
multidisciplinar.

No Brasil a ABNT/CB-55 tem uma Comissão de


Estudo (CE-055:002.001) trabalhando no
projeto “Capelas de exaustão química – Método
de ensaio”. Trata-se de um esforço de nossos
fabricantes, usuários, projetistas, órgãos de
governo e entidades de classe para melhorar a
qualidade de nossos produtos e serviços.

Dispositivo de segregação especiais

Existem equipamentos de laboratório com


geometrias excêntricas ou com superfícies
quentes, onde a emanação de contaminantes
pode ocorrer de forma não convencional.
Nestes casos, soluções comerciais de
segregação dos contaminantes, como capelas
de exaustão ou braços extratores com mini
coifas, podem não ser suficientes para reter os
contaminantes de forma eficiente.

Coifas e mini coifas com braços extratores são


dispositivos cujo desempenho pode ser
significativamente impactado por determinadas
condições do ambiente do laboratório e
também por sua posição em relação à fonte de
emanação de contaminantes.

A simples existência de um ponto de exaustão


localizada não assegura a proteção do
trabalhador.

O cuidado com a difusão de ar do ambiente do


laboratório e os procedimentos operacionais
associados a manipulação devem ser
cuidadosamente planejados para que estes
dispositivos segreguem o contaminante de
forma eficiente.

Legar a responsabilidade de avaliar o


desempenho de sistemas de exaustão especiais
para a empresa de comissionamento durante o
start-up é arriscado, pois, podemos chegar à
conclusão que o dispositivo de segregação não
tem desempenho adequado por falhas no seu
projeto justamente no momento em que está
sendo feita a entrega do STAL.

Quando um dispositivo padrão não consegue


segregar a emanação de um equipamento não
convencional é necessário que a equipe
multidisciplinar elabore um projeto de um
sistema de captação local junto com o
especialista dos sistemas de tratamento de ar.
Eventualmente o encabinamento do
equipamento do laboratório pode ser a solução
mais viável.

Após a conclusão do projeto é recomendável


construir um protótipo do sistema de captação
local e realizar ensaios desafiadores, em fábrica
e no laboratório, para validar o desempenho da
técnica que foi definida no projeto do
dispositivo. Finalmente ensaios “em operação”
servirão de referência final para reduzir o risco.

Níveis de projeto de sistemas de


tratamento de ar para laboratórios

O guia Classification of Laboratory Ventilation


Design Levels permite que o projetista defina as
principais características do STAL, desde que o
usuário forneça as características dos produtos
químicos que serão manipulados no laboratório.

A capacidade de proteção proporcionada por


um STAL deve ser compatível com o nível de
risco associado aos produtos químicos
aerotransportados.

São cinco níveis de projeto (LVDL – Laboratory


Ventilation Design Level) que variam de LVDL-0
a LVDL-4. Os atributos e especificações para
cada LVDL destinam-se a fornecer níveis
crescentes de proteção e controle de riscos
químicos transmitidos pelo ar para minimizar o
risco de superexposição. Especificamente, um
STAL com atributos e especificações
associados ao LVDL-0 oferece o nível mais
baixo de proteção para trabalhar com
substâncias químicas perigosas no ar, enquanto
um STAL projetado e operado de acordo com as
recomendações do LVDL-4 oferece o mais alto
nível e controle de contaminantes
aerotransportados.

A tabela 1 apresenta um diagrama conceitual


de associação dos cinco níveis de projeto com
os incrementos de riscos decorrentes dos
contaminantes aerotransportados e, por outro
lado, com a capacidade de proteção e com os
custos de construção e operação do STAL.
Enquanto LVDL mais altos podem aumentar a
capacidade de proteção do laboratório, eles
também aumentam os custos de construção,
resultam em maior consumo de energia,
aumentam os custos operacionais e o esforço
necessário para gerenciar e manter o
desempenho da instalação. Essas
considerações devem ser cuidadosamente
avaliadas pelo projetista e o seu cliente.

As tabelas 2 e 3 foram parcialmente extraídas


da referência de classificação de projeto da
ASHRAE (em tradução livre). Fornecem
requisitos de projeto físico e especificações
operacionais para um STAL.

Tabela 2 – Características gerais e tipos de


laboratórios associados com o LVDL
Tabela 3 – Exemplo de requisito de projeto e
operação em função no Nível de Projeto
(LVDL)

A Ficha de Informações de Segurança de


Produtos Químicos (FISPQ – NBR
14725-4:2014) fornece a Classificação GHS –
Globally Harmonized System of Classification
and Labeling of Chemicals (OSHA GHS n.d.)
onde se pode encontrar a informação dos
Elementos da Etiqueta GHS. Entre estas
informações temos as “Frases de Perigo”.

Exemplo para o Etanol:

– Frase de Perigo H225; Perigo: Líquido e vapor


facilmente inflamáveis

– Frase de Perigo H319; Perigo: Provoca


irritação ocular grave

Conhecendo as quantidades de materiais


perigosos manipulados (Quantities of hazardous
materials), o potencial de geração de
contaminantes aerotransportados (Potential for
airborne generation) e a gravidade do perigo
(Hazard Severity), o engenheiro responsável
pela análise de risco deve conduzir a definição
do Nível do Projeto do STAL, utilizando a tabela
2 do documento de classificação da ASHRAE,
apresentada neste texto de forma parcial e com
tradução livre. Este é um trabalho que deve
ocorrer em conjunto com o engenheiro
mecânico responsável pelo projeto do STAL e
com o usuário do laboratório.

Durante o projeto conceitual, em decorrência


das definições do usuário e do engenheiro de
análise de risco, o engenheiro mecânico pode
ter de optar por STAL com técnicas de controle
de contaminantes complexas que geram custos
de construção e de operação não viáveis para o
empreendedor. Nestas situações a equipe
multidisciplinar se reúne e reavalia as
quantidades de produtos manipulados, as
técnicas para reduzir a emanação ou até
mesmo a mudança de conceito de
multifuncionalidade do laboratório para tentar
reduzir o Nível do Projeto (LVDL) e viabilizar os
custos do empreendimento, sempre tendo em
mente que a segurança laboratorial é um
requisito inviolável.

Nesta etapa de projeto se define a


simultaneidade de operação de capelas de
exaustão, os requisitos de alimentação elétrica
de emergência, de equipamentos reserva, de
sistemas recuperadores de energia, de sistemas
de automação e monitoramento e, também, os
sistemas de filtragem e tratamento de efluentes
gasosos.

Conclusões finais

Um laboratório é uma complexa ferramenta de


trabalho e não apenas um edifício onde se
incorporam equipamentos e mobiliário. São
instalações necessárias para controlar a
contaminação e proteger os trabalhadores que
ficarão expostos a produtos químicos por tempo
prolongado, proteger o patrimônio e o meio
ambiente e, também, para assegurar a
qualidade dos ensaios de matérias primas,
produtos acabados e análises em geral.

Na indústria, os laboratórios geram as


evidências de que os processos de fabricação
ocorreram em conformidade (ou em não-
conformidade) com os padrões de qualidade
especificados, o que denota a importância
complementar destas instalações.

O risco de passivos trabalhistas pode ser


reduzido quando os documentos de projeto,
comissionamento e certificação periódica são
robustos e quando as capelas de exaustão são
certificadas, atendendo os critérios da EN 14175
ou ASHRAE Sdt 110.

Infelizmente não é incomum a existência de


laboratórios que utilizam sistemas de
tratamento de ar que não estão em
conformidade com as normas técnicas, sem a
adequada renovação e difusão de ar, filtragem,
controle de pressão, temperatura e umidade e
que podem estar expondo o trabalhador, o meio
ambiente e o patrimônio a riscos. Via de regra os
laboratórios passam por processos de
certificação frágeis e pouco desafiadores e,
muitas vezes, não há recursos adequados de
monitoramento das condições ambientais.

Os projetos de sistemas de tratamento de ar de


laboratórios devem seguir a formalidade
requerida pelo sistema CONFEA-CREA, com a
emissão de Anotação de Responsabilidade
Técnica (ART) gerada por um engenheiro
mecânico que será responsável por assegurar
que os documentos do projeto contemplam as
normas técnicas, guias de boas práticas e
recomendações de órgãos reguladores.

Na sequência, e com o mesmo rigor de


rastreabilidade da responsabilidade técnica,
durante a etapa de fabricação e montagem dos
sistemas de tratamento de ar, um engenheiro
mecânico deve ser responsável por assegurar
que a construção está em conformidade com o
projeto e, finalmente, durante a etapa de
comissionamento, um engenheiro mecânico
deve desafiar os sistemas de tratamento de ar,
aplicando os ensaios dinâmicos desafiadores
previstos na etapa de projeto, “em repouso” e
“em operação”, e utilizando processos
metrológicos recomendados pela ASHRAE.

É importante que os proprietários das


instalações reconheçam que a definição do Nível
de Projeto (LVDL) durante a etapa conceitual do
projeto terá impacto sobre o tipo de atividades
que poderão ser realizadas nos laboratórios
depois de construídos.

Finalmente, devemos levar em conta que os


laboratórios sofrem mudanças frequentes em
função de ampliações, implantação de
melhorias, mudanças de requisitos de
equipamentos do laboratório e de produtos
químicos manipulados, entre tantas outras
razões. Nestes casos, é importante manter um
sistema de controle de mudanças ativo, com a
revisão dos documentos do projeto antes que
ocorram novos trabalhos perigosos nesses
espaços.

Eng. Miguel Ferreirós, Vice-Presidente do


DNPC-ABRAVA

O conteúdo da seção Projeto e consultoria é


supervisionado pelo Departamento Nacional de
Empresas Projetistas e Consultores da Abrava
(DNPC-Abrava)

Tags: laboratórios , normas técnicas ,


tratamento do ar , ventilação e exaustão

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