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SENADO FEDERAL

ANAIS DO SENADO

ANO DE 1961
LIVRO 1

Secretaria Especial de Editoração e Publicações - Subsecretaria de Anais do Senado Federal

TRANSCRIÇÃO
1ª SESSÃO DA 2ª SESSÃO LEGISLATIVA EXTRAORDINÁRIA, DA 4ª LEGISLATURA, EM 10 DE
JANEIRO DE 1961

PRESIDÊNCIA DO SENHOR FILINTO MÜLLER.

Às 14 horas e 30 minutos, acham-se O SR. PRESIDENTE: – A lista de presença


presentes os Senhores Senadores: registra o comparecimento de 40 Senhores
Mourão Vieira. Senadores.
Vivaldo Lima.
Zacharias de Assumpção. Havendo número regimental, declaro aberta a
Lobão da Silveira. sessão.
Victorino Freire. O Senhor Primeiro Secretário vai proceder à
Sebastião Archer. leitura do Expediente.
Eugênio Barros.
Mendonça Clark. O Senhor Terceiro Secretário, servindo de
Joaquim Parente. Primeiro, dá conta do seguinte:
Menezes Pimentel.
Sérgio Marinho. EXPEDIENTE
Dix-Huit Rosado.
Argemiro de Figueiredo.
João Arruda. Mensagens
Ruy Carneiro.
Novaes Filho. Números 1 a 3 do corrente ano, restituindo
Antônio Baltar. autógrafos dos seguintes Projetos de Lei da Câmara,
Rui Palmeira. já sancionados:
Silvestre Pérlcles.
Heribaldo Vieira. Nº 28, de 1960, que isenta do impôsto de
Paulo Fernandes. importação material importado pela firma Alimonda
Arlindo Rodrigues. Irmãos S. A.
Miguel Couto. Nº 85, de 1960, que autoriza o Poder
Caiado de Castro. Executivo a abrir, pelo Ministério da Viação e
Gilberto Marinho.
Benedito Valadares. Obras Públicas, os créditos especiais de Cr$
Nogueira da Gama. 600.000.000,00 e Cruzeiros 100.000.000,00, para
Moura Andrade. atender, respectivamente, às despesas com a
Lino de Mattos. execução de obras de saneamento
Pedro Ludovico. aproveitamento do Rio das Velhas, no Estado de
Coimbra Bueno.
Taciano de Mello. Minas Gerais; estudos, projetos e
Filinto Müller. desapropriações para captação e aproveitamento
Fernando Corrêa. das águas do Rio Motuca, Estado de Mato
Alô Guimarães. Grosso.
Gaspar Velloso. Nº 3, de 1960, que autoriza o Poder
Nelson Maculan.
Francisco Gallotti. Executivo a abrir ao Poder Judiciário –
Saulo Ramos. Tribunal Superior do Trabalho – o crédito
Guido Mondim. – (40) especial de Cr$ 125.580.000,00 (cento e vin-
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te cinco milhões, quinhentos e oitenta mil cruzeiros), 3. Durante a sua carreira exerceu as
para o fim a que se reporta e dá outras providências. seguintes funções no exterior; Segundo-Secretário
da Legação na China; Segundo-Secretário da
MENSAGEM Embaixada em Portugal; Segundo-Secretário da
Nº 4, DE 1961 Embaixada na Inglaterra; Segundo-Secretário da
Legação no Egito; Encarregado de Negócios no
(Número de ordem na Presidência da República: Egito; Cônsul-Adjunto em Antuérpia; Ministro-
543) Conselheiro da Embaixada na Índia; Encarregado
de Negócios na índia; Enviado Extraordinário e
Senhores Membros do Senado Federal: Ministro Plenipotenciário no Líbano; Cônsul-Geral
De acôrdo com o preceito constitucional, tenho em Londres; Cônsul-Geral em São Francisco;
a honra de submeter à aprovação de Vossas. Encarregado de Negócios no Haiti.
Excelências a nomeação que desejo lazer do Senhor 4. Além dessas funções, foi designado para
Frederico de Chermont Lisboa para exercer a função as seguintes missões e comissões: Designado
de Enviado Extraordinário e Ministro Plenipotenciário para integrar a Comissão de Recepção ao
do Brasil junto ao Governador da União Sul-Africana. Presidente do Uruguai, em 1934. Designado para
Os méritos do Senhor Frederico de Chermont integrar a Comissão de Recepção ao Senador
Lisboa, que me induziram a escolhê-lo para o Marconi, em 1935. Designado para servir na
desempenho dessa elevada função, constam da Delegação do Brasil junto à Comissão de Inquérito
anexa informação do Ministério das Relações nos Balcãs, em 1949. À disposição da Missão
Exteriores. Especial do México, por ocasião da posse do
Brasília, em 16 de dezembro de 1960. – Presidente Getúlio Vargas, em 1951. Chefe da
Juscelino Kubitschek de Oliveira. Divisão de Passaportes, em 1952. À disposição do
Dr. Alberto Lieras Camargo, Secretário-Geral da
CURRICÚLUM VITAE Organização dos Estados Americanos, na sua
visita oficial ao Brasil, em 1952. Designado para
Frederico de Chermont Lisboa acompanhar o Presidente da República do Líbano,
1. Nascido em Belém, Estado do Pará, em 1º de em sua visita ao Brasil, em 1954. – Heitor Soares
novembro de 1905. Bacharel em Ciências Jurídicas e de Moura Filho, Chefe-substituto, da Divisão do
Sociais pela Faculdade de Direito do Rio de Janeiro. Pessoal.
Diplomado pela Escola Superior de Guerra. À Comissão de Relações Ex-teriores.
2. Ingressou no Ministério das Relações
Exteriores, como Auxiliar Contratado, em 22 de julho MENSAGEM
de 1933; foi nomeado Cônsul de 3ª classe em 19 de Nº 5, DE 1961
fevereiro de 1934; promovido a Segundo-Secretário,
por merecimento em 31 de agôsto de 1936; (Número de ordem na Presidência da República:
promovido a Primeiro Secretário, por antiguidade, em 524)
10 de dezembro de 1945; Conselheiro em 14 de
junho de 1951; promovido a Ministro de Segunda- Excelentíssimo Senhor Presidente do Senado
classe, por merecimento, em 11 de junho de 1952. Federal:
–3–

Tenho a honra de comunicar a Vossa samparo das partes interessadas no andamento de


Excelência que, no uso da atribuição que me processos na esfera administrativa, de vez que a
conferem os artigos 70, § 1º, e 87, II, da própria Constituição, no seu artigo 141, parágrafo 36,
Constituição Federal, resolvi vetar, parcialmente, lhes assegura o direito de interferir em defesa de
o Projeto de Lei da Câmara nº 399, de 1959 (no seus interêsses, quer pelo direito de petição, quer
Senado nº 57, de 1960), que "dispõe sôbre a pelo de vista do processo, ou pela intervenção de
entrega de autos aos advogados dá outras defensor constituído. Acrescente-se, ainda, fique os
providências". processos administrativos não têm caráter
O projeto em causa altera os Códigos de contencioso, de vez que não há obrigatoriedade,
Processos, no que tange à entrega de autos aos como ocorre judicialmente, de contratação de
advogados, medida há muito pleiteada pela classe, advogado para defender as partes interessadas. Por
objetivando propiciar a êsses profissionais as outro lado, a amplitude da norma inserta no projeto
facilidades necessárias ao desempenho de seu criaria sérios problemas, ensejando óbices
mandato. Entretanto, projeto, dispondo sôbre previsíveis, no curso normal dos processos em
medidas do âmbito judiciário, estende sua aplicação andamento, tumultuando a sua boa marcha e dando
às repartições públicas autárquicas, o que margem a que, em certos casos de maior
certamente acarretará graves danos à Administração repercussão, ficasse a Administração à mercê das
Pública, impondo-se, portanto, os vetos abaixo partes interessadas ou não. Ocorre salientar que
enumerados: processos há, na esfera administrativa, de interêsse
I) – No artigo 1º, as expressões in fine: público, que só podem ser do conhecimento de
" ... Repartições Públicas e Autarquias". determinados funcionários, não se concebendo que
II) – No parágrafo único do artigo 1º, as dêles tenham conhecimento pessoas estranhas, o
expressões: que vem reforçar quão danoso seria o
"...e, na esfera administrativa, quaisquer prevalecimento das expressões vetadas.
outros de natureza interna reservada ou São estas as razões que me levaram a vetar
confidencial, casos em que o exame só poderá ser os dispositivos assinalados por considerá-los
feito mediante a apresentação de procuração da contrários aos interêsses nacionais, e que ora
parte interessada". submeto à elevada consideração dos Senhores
III) – O art. 4º – total. Membros do Congresso Nacional.
IV) – No art. 5º, as expressões: Brasília, 14 de dezembro de 1960. – Juscelino
"...ou administrativo..." Kubitschek.
Os vetos referidos situarão o projeto dentro da À Comissão Mista incumbida de relatar o veto.
esfera do Poder Judiciário, evitando a aplicação de
seus dispositivos no setor da Administração Pública, Ofícios
o que seria contrário à boa técnica, considerando-se
que os processos administrativos possuem rito Da Câmara dos Deputados números 1.075,
próprio, inteiramente diverso dos judiciários. Cabe 1.076, 1.078, 1.079 e 1.080, do corrente ano,
assinalar que os vetos em tela não ocasionarão o de- encaminhando autógrafos dos seguintes:
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PROJETO DE LEI DA CÂMARA las, do sistema ferroviário federal no Estado de


Nº 1, DE 1961 Santa Catarina.
Art. 2º– Revogam-se as disposições em
Abre um crédito especial de Cr$ contrário.
30.000.000,00 ao Ministério da Viação e Obras, Câmara dos Deputados, em dezembro de 1960.
Públicas, para obras do Túnel do Palatinato, em À Comissão de Finanças.
Petrópolis, Estado do Rio de Janeiro.
PROJETO DE LEI DA CÂMARA
O Congresso Nacional decreta: Nº 3, DE 1961
Art. 1º – É aberto, pelo Ministério da Viação e
Obras Públicas, o crédito especial de Cruzeiros (Nº 1.895-A-60, na Câmara)
30.000.000,00 (trinta milhões de cruzeiros), para
custear as obras do Túnel do Palatínato, em Destaca, dos recursos de que trata o art. 15,
Petrópolis, Estado do Rio de Janeiro, a serem feitas primeira alínea, da Lei nº 2.976, de 28 de novembro
pelo Departamento Nacional de Obras e de 1956, o mínimo de dez milhões de cruzeiros
Saneamento. anuais para obras, equipamentos e custeio de
Art. 2º – Esta lei entrará em vigor na data de atividades, em partes iguais, dos Institutos de
sua publicação, revogadas as disposições em Patologia e de Pesquisas Bioquímicas da Faculdade
contrário. de Medicina de Santa Maria, no Estado do Rio
À Comissão de Finanças. Grande do Sul.

PROJETO DE LEI DA CÂMARA O Congresso Nacional decreta:


Nº 2, DE 1981 Art. 1º – Serão destacados, dos recursos de
que trata a Lei nº 2.976, de 28 de novembro de 1956,
Revigora, por dois exercícios, a autorização artigo 15, primeira alínea, no mínino de Cr$
concedida pela Lei nº 3.317, de 18 de novembro 10.000.000,00 (dez milhões de cruzeiros) anuais
de 1957, que abre crédito destinado ao para obras, equipamentos e custeio de atividades,
prosseguimento de obra ferroviária no Estado de em partes iguais, dos Institutos de Patologia e de
Santa Catarina. Pesquisas Bioquímicas da Faculdade de Medicina de
Santa Maria, Rio Grande do Sul.
O Congresso Nacional decreta: Art. 2º – A contribuição prevista no art. 1º será
Art. 1º – Fica revigorada, por dois exercícios, classificada na unidade orçamentária relativa à
a autorização concedida, pela Lei nº 3.317, de 18 Universidade do Rio Grande do Sul, com
de novembro de 1957, ao Poder Executivo para movimentação de exclusiva competência da Divisão
abrir o crédito especial de Cr$ 30.000.000,00 de Orçamento do Ministério da Educação e Cultura,
(trinta milhões de cruzeiros), destinado ao sob o regime da Lei nº 3.614, de 12 de agôsto de
prosseguimento da retificação do trecho 1959.
Blumenau-Subida, da zona do Vale do Itajaí, obras Art. 3º – Esta lei entrará em vigor na data de
de arte, trilhos e acessórios, empedramento, sua publicação, revogadas as disposições em
inclusive desapropriação e pagamento de contrário.
diferenças devidas por reajustamento de tabe- À Comissão de Finanças.
–5–

PROJETO DE LEI DA CÂMARA público federal, Professor da Escola Técnica de


Nº 4, DE 1961 Curitiba, do Ministério da Educação e Cultura.
Parágrafo único. A beneficiária a quem se
(Nº 1.139-B, DE 1959, na Câmara) refere êste artigo não poderá receber outros
proventos dos cofres públicos federais.
Concede pensão vitalícia de Cr$ 8.000,00 Art. 2º – O pagamento da pensão de que trata
esta lei correrá por conta da verba orçamentária do
mensais a Ana Aguiar Barbosa da Cruz, viúva do
Ministério da Fazenda, destinada aos pensionistas
engenheiro e Professor Henrique Barbosa da
da União.
Cruz. Art. 3º – Esta lei entrará em vigor na data de sua
publicação, revogadas as disposições em contrário.
O Congresso Nacional decreta: À Comissão de Constituição e Justiça e de
Art. 1º – É concedida pensão vitalícia de Cr$ Finanças.
8.000,00 (oito mil cruzeiros) mensais a Ana Aguiar
Barbosa da Cruz, viúva do Engenheiro e Professor COMISSÃO DE REDAÇÃO
Henrique Barbosa da Cruz.
Parágrafo único. Em caso de morte da PARECER
beneficiária, a pensão reverterá em favor de sua Nº 1, DE 1961
filha, incapacitada, Abigail Barbosa da Cruz.
Art. 2º – O pagamento da pensão de que trata Redação Final do Projeto de Resolução nº 44,
esta lei correrá à conta da verba orçamentária do de 1960.
Ministério da Fazenda destinada aos pensionistas da
Relator: Sr. Menezes Pimentel.
União.
A Comissão apresenta a Redação Final (fl.
Art. 3º – Esta lei entrará em vigor na data de
anexa) do Projeto de Resolução nº 44, de 1960, de
sua publicação revogadas as disposições em iniciativa do Senado Federal.
contrário. Sala das Comissões, em 5 de dezembro de
À Comissão de Constituição e Justiça e de 1960. Sebastião Archer, Presidente. – Menezes
Finanças. Pimentel, Relator. – Daniel Krieger.

PROJETO DE LEI DA CÂMARA ANEXO AO PARECER


Nº 5, DE 1961 Nº 1, DE 1961

(Nº 2.589-C, de 1957, na Câmara) Redação Final do Projeto de Resolução nº 44,


de 1960.
Autoriza o Poder Executivo a conceder pensão
especial de Cr$ 5.000,00 (cinco mil cruzeiros) Faço saber que o Senado Federal aprovou e
eu, nos têrmos do artigo 47, letra p, do Regimento
mensais a Hercília Carpes de Medeiros, viúva de
Interno, promulgo a seguinte:
Olavo Cassiano de Medeiros.
RESOLUÇÃO
O Congresso Nacional decreta: Nº .... –1960
Art. 1º – É concedida a pensão de
Cr$ 5.000,00 (cinco mil cruzeiros) mensais a Suspende a execução do parágrafo único do
Hercília Carpes de Medeiros, viúva de art. 68, e a dos artigos 69 e 74 da Constituição do
Olavo Cassiano de Medeiros, ex-funcionário Estado do Piauí.
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Art. 1º – É suspensa a execução do parágrafo na Câmara e nº 87, de 1960, no Senado) que estima
único do artigo 68, e a dos artigos 69 e 74 da a Receita e fixa a Despesa da União para o exercício
Constituição do Estado do Piauí, que foram julgadas financeiro de 1961.
inconstitucionais pelo Supremo Tribunal Federal, em Dia 27, às 21 horas:
decisão definitiva, na Representação nº 102, em Veto presidencial (parcial) ao Projeto de Lei
acórdão de 24 de novembro de 1948. (nº 1.797, de 1960, na Câmara e nº 82, de 1960,
Art. 2º – Revogam-se as disposições em no Senado) que autoriza o Poder Executivo a
contrário. abrir, ao Tribunal de Contas, o crédito especial de
O SR. PRESIDENTE: – Nas últimas sessões Cr$ 130.000.000,00, para ocorrer às despesas
do ano anterior a Mesa teve oportunidade de dar com a transferência daquele Tribunal para
conhecimento à Casa de quatro vetos presidenciais Brasília.
cuja apreciação, pelo Congresso Nacional, não podia Dia 27, às 22,30 horas:
ser feita na sessão legislativa então em curso pela Veto presidencial (parcial) ao Projeto de Lei
impossibilidade de ser observado o prazo estipulado (nº 399, de 1959, na Câmara e nº 57, de 1960, no
pelo artigo 45 do Regimento Comum. Senado) que dispõe sôbre a entrega de autos aos
Durante o recesso chegou ao Senado mais um advogados e dá outras providências.
veto – o referente ao projeto de lei que dispõe sôbre Em relação aos quatro primeiros vetos já
a entrega de autos aos advogados e dá outras houve designação dos representantes desta Casa
providências. nas Comissões Mistas que os deverão relatar.
São, portanto, cinco os vetos presidenciais Quanto ao último, a Mesa designa, nesta
que aguardam pronunciamento. oportunidade, os Senhores Senadores Ruy Carneiro,
A fim dé apreciá-los esta Presidência convoca Nogueira da Gama e Rui Palmeira.
sessões conjuntas do Congresso Nacional para os Está finda a leitura do Expediente.
dias 25, 26 e 27 do corrente mês, sendo: Há oradores inscritos.
Dia 25, às 21 horas: Tem a palavra o nobre Senador Miguel Couto.
Veto presidencial (parcial) ao Projeto de Lei O SR. MIGUEL COUTO (lê o seguinte
(nº 2.275, de 1960, na Câmara e nº 91, de 1960, no discurso): – Senhor Presidente, Senhores
Senado), que dispõe sôbre os novos níveis de Senadores, um acontecimento transcendental está
vencimentos dos funcionários civis do Poder em vésperas de se concretizar no Estado do Rio de
Executivo e dá outras providências. Janeiro, com larga repercussão em todo o País e no
Dia 26, às 21 horas: estrangeiro. Vai ser inaugurada grande parte da
Veto presidencial (total) ao Projeto de Lei (nº gigantesca refinaria da Petrobrás em Duque de
4.959, de 1954, na Câmara e nº 107, de 1959, no Caxias, no meu Estado.
Senado) que cria, no Ministério da Marinha os Tive a fortuna de ver idealizado, estudado e
quadros complementares dos Corpos da firmada, definitivamente planejado todo êsse programa de
Fuzileiros Navais e Intendentes de Marinha. expansão da Petrobrás durante meu Govêrno. Devo
Dia 26, às 22,30 horas: de público enaltecer o mérito do principal artífice
Veto presidencial (parcial) ao dêsse planejamento, o General Janary Nunes,
Projeto de Lei (nº 1.880, de 1960, coadjuvado pela sua preciosa equipe técnica,
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que, com larga clarividência do futuro, souberam to dessa obra monumental. As críticas que se
enquadrar dentro dos preceitos de rigorosa conduta fizeram contra a sua localização nas planícies de
técnica êsse programa industrial. Caxias, terrenos na época considerados
desfavoráveis pela necessidade de estaqueamento
Àrea de distribuição geoeconômica para proteção das edificações, tinham a contrariá-las
uma série de vantagens, que realmente somam
Rigoroso sigilo foi mantido durante o tempo fortes fatôres positivos, de grande vulto: – terrenos
necessário aos estudos definitivos para a localização absolutamente planos, de alto mérito funcional e de
dessa grande refinaria, com capacidade para baixo custo, com uma extensão imensa – dez
noventa mil barris diários, que terá que abastecer milhões de metros quadrados – capaz não só de
uma larga região geoeconômica, talvez a mais localizar a refinaria, mas de comportar também uma
importante do País, abrangendo o Estado da Iarga expansão futura, inclusive explêndidas áreas
Guanabara, o Estado do Rio, do Espírito Santo, Sul para os seus derivados e subprodutos, borracha
da Bahia, Minas Gerais e parte de Goiás. sintética, adubos amoniacais e indústrias
Eram fortíssimos os interêsses em jôgo, subsidiárias. Área preciosa próxima da Guanabara,
disputando sua localização. Foi para mim o dia mais servida pela rodovia Rio-Petrópolis e pela rêde
feliz do meu Govêrno aquêle em que recebi no ferroviária nacional em linha mista, bitola larga e
Palácio Itaboraí, em Petrópolis, a última visita do estreita, ligada ainda ao fundo da Baía da
Presidente da Petrobrás, o meu eminente amigo Guanabara, por canal marítimo para barcos até mil
General Janary Nunes, para anunciar-me toneladas.
oficialmente a localização definitiva da refinaria em
disputa, no território fluminense, no Município de Investigação
Duque de Caxias. Essa vitória da Velha Província fêz
exultar de contentamento o Govêrno Fluminense. Agora, Senhor Presidente, quando se
anunciava para breve a inauguração parcial da.
Nascimento de uma obra Refinaria de Duque de Caxias, surgiram sérias
criticas aos trabalhos de sua construção,
No Teatro Municipal de Niterói preparamos, proclamando que sua anunciada inauguração não
então, uma conferência para que o Presidente da passaria de uma fantasiosa festa demagógica,
Petrobrás fizesse uma exposição detalhada de todo adrede preparada pela Petrobrás para agradar ao
o espetacular planejamento da refinaria para Duque atual Govêrno da República.
de Caxias e seus resultados econômicos com a Senhor Presidente – na qualidade de
exploração de seus derivados, inclusive a grande representante do Estado do Rio no Senado Federal e
fábrica de borracha sintética, projetada para 40 mil ainda como ex-Governador fluminense, e
toneladas por ano. Essa conferência causou acompanhando, com o máximo interêsse o
profunda impressão aos membros da Assembléia desenvolver de todo êsse notável empreendimento,
Estadual e viva satisfação à opinião pública senti-me na obrigação de apurar essas alegações,
fluminense. investigasndo "in loco", pessoalmente, tôda a
Com orgulho patriótico, acompanhei verdade sôbre a situação das referidas obras, e as
o início o o desenvolvimen- reais possibilidades de seu próximo funcionamento.
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Sem qualquer ligação pessoal cem os atuais e mão-de-obra, quando agora, em Caxias, quase
dirigentes e responsáveis pelo desenvolvimento tudo é genuìnamente brasileiro. Justo motivo para
dessa Refinaria, mas sòmente em busca da verdade, nos congratularmos com a nossa gente operária.
fui visitá-la detalhadamente. Com integral A parte agora a ser inaugurada, está
independência, senti-me à vontade para apreciar o totalmente concluída para os testes e
hercúleo esfôrço que vem fazendo a atual funcionamento, e representa a maior parte do
administração da Petrobrás naquelas obras, e quero planejamento total a começar pelo terminal
destacar a solicitude com que me recebeu o oceânico para a Guanabara, com 17 quilômetros
Presidente Idálio Sandenberg, prontificando-se a me de extensão, cuja estação de operação foi
fazer acompanhar na visita à refinaria, pelo seu prevista para os maiores navios do mundo, de
diretor-técnico, General Arthur Levy. capacidade para 110 mil toneladas. Todos os
oleodutos e 18 reservatórios de 217 mil barris
Obra monumental para óleo bruto e suas canalizações estão
prontos. A refinaria, pròpriamente dita, será
Nessa minuciosa visita, que demorou mais de inaugurada em 20 do corrente e os produtos
três horas, fiz-me acompanhar para melhor anotar acabados serão recolhidos em outros grandes
minhas investigações, do assessor técnico, tanques também já terminados, para guardar os
superintendente de minhas indústrias particulares no diversos tipos vendáveis.
Estado do Rio, Dr. Omar Fontoura, que, Existe já asfaltada uma larga e imponente
imparcialmente, documentava tôdas as observações. avenida central ladeada de outra para abrigar o óleo
Assim, posso, Senhor Presidente, com absoluta bruto que chega e dos derivados preparados e
fidelidade, assegurar ao Senado da República ser exportáveis. A rêde de tubulação é facilitada pela
realmente extraordinário e surpreendente o volume natureza do terreno, absolutamente plano, um dos
das obras já concluídas e o elevado grau de fatôres de sua escolha.
adiantamento da segunda etapa do planejamento A refinaria está preparada para trabalhar
referente ao craqueamento catalítico. qualquer tipo de óleo, quer seja o venezuelano, o
A primeira impressão de admiração que se mais fino e apurado, quer seja o baiano, mais
tem é quanto à rapidez e segurança dos trabalhos. pesado e espêsso. Devemos ainda salientar as
Iniciados em junho de 1959, com apenas 18 instalações espalhadas por todos os recantos da
meses, já se realizou uma obra monumental. Para Refinaria para a segurança do trabalho e
se ter idéia da grandeza dos investimentos, basta preservação ao fogo, em que todos os detalhes são
citar o valor do seu custo que é de doze bilhões de previstos, com observância da mais alta técnica.
cruzeiros, agora acrescido de mais dois bilhões Ainda que pareça incrível, pelo curto prazo de
pelos recentes encarecimentos dos materiais e trabalho, a primeira etapa da refinaria está
mão-de-obra. Para se ter também uma impressão pràticamente terminada e já é avançado o
de nossa emancipação técnica, convém anotar andamento da segunda a ser concluída até os fins
a informação do Diretor Arthur Levy, que nos de 1961, quando a refinaria deverá fornecer cêrca de
dizia que nas primeiras refinarias do Brasil 25 por cento da produção nacional.
quase tudo era estrangeiro, inclusive técnicos Senhor Presidente – É impres-
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sionante a movimentação que se observa hoje nas melhores metas do Govêrno Juscelino Kubltschek
obras da refinaria de Caxias. Dezenas de firmas pela sua alta finalidade e segurança da investimento,
brasileiras se incumbem de setôres os mais ràpidamente recuperável. Está por tudo isto, de
especializados e o fazem com admirável perfeição. parabéns o Estado do Rio de Janeiro e, como seu
Todos os modernos meios de contrôle são representante no Senado Federal, sinto-me feliz e
empregados para a observância da boa qualidade orgulhoso de ter podido constatar a magnificência
dos materiais e na exatidão dos trabalhos. dessa gigantesca obra, que dignifica a
nacionalidade.
O valor da técnica nacional
A Refinaria e as finanças fluminense
Cêrca de oito mil e duzentos homens se
dedicam no momento naquele extraordinário Senhor Presidente, para os bons governantes
empreendimento, que vai constituir precioso fator na nada é mais útil do que receber as boas
emancipação econômica do Brasil. O operário ponderações e as críticas honestas. Mas, quando
brasileiro, inteligente, fàcilmente aprendendo as levianas e injustas, devem ser repelidas. Eis o
melhores técnicas, torna-se precioso colaborador motivo, nobres Senadores, por que pronuncio êste
dessa obra espetacular. discurso, depoimento do que observei na construção
Ali, Diretores, engenheiros, operários, todos se da refinaria de Duque de Caxias.
mostram cônscios de suas responsabilidades, para Finalmente, Senhores Senadores, – para
com a Pátria. Nunca senti tão exata e verdadeira a comprovar o alto valor econômico dessa refinaria,
bela definição do Professor Miguel Couto – basta que se examinem os seguintes algarismos: a
"Patriotismo é cada qual trabalhar com o maior produção diária de 90 mil barris, durante 330 dias de
devotamente no seu ofício". trabalho no ano, tendo cada barril 159 litros, e
considerando o preço médio de sete cruzeiros por
Transformação de Duque de Caxias litro, dará um faturamento de 33 bilhões, 56 milhões
e 100 mil cruzeiros anualmente. Tudo isto, afora o
O Município de Duque de Caxias tornar-se-á, importante faturamento anual de 40 mil toneladas de
dentro em pouco, um dos mais prosperos do Brasil. borracha sintética e demais derivados do petróleo,
A Petrobrás está instalando ali serviços de altamente compensadores, que oferecerão ao
energia elétrica e água que dariam para uma cidade Estado vultosas contribuições capazes de consolidar
de 250 mil habitantes. O potencial elétrico será de em definitivo o futuro de suas finanças. Realmente
22.500 Kw, distribuídos por três unidades, e a água são assombrosas essas perspectivas para a
dará uma vazão de 700 litros por segundo, em nada economia nacional.
pesando ao Govêrno do Estado. Senhor Presidente, com alto orgulho
Ao lado e nas vizinhanças da refinaria surgirão patriótico, quero revelar desta tribuna tôda a minha
importantes iniciativas industriais, oferecendo trabalho e admiração ao esfôrço da extraordinária equipe de
riquezas, amenizando os problemas sociais da região. técnicos chefiada pelo dinâmico diretor dessa
A metarmofose da baixada fluminense é espetacular. Refinaria, General Arthur Levy, provecto técnico, já
Considero a refinaria de Caxias como uma das consagrado pela sua notável obra em São Paulo
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na construção do oleoduto de Cubatão-Santos-São do meu coração – se fôsse detentor de uma cadeira


Paulo. no Senado, se me dispunha a depô-la nas mãos do
As minhas palavras obedecem assim ao povo goiano para que êste pudesse homenagear, e
imperativo de um dever – fazer justiça aos que trazer para esta grande Casa, o maior dos
trabalham pela grandeza da Pátria. (Muito bem). Presidentes que o Brasil já teve, o grande brasileiro
O SR. PRESIDENTE: – Tem a palavra o nobre Juscelino Kubitschek de Oliveira.
Senador Taciano de Mello. OS SRS. SENADORES FRANCISCO
O SR. TACIANO DE MELLO (*): – Senhor GALLOTTI E RUY CARNEIRO: – (Muito bem!).
Presidente, a data de hoje representará, para mim, O SR. TACIANO DE MELLO: – Não foi outra
no decurso de tôda minha vida pública que já vai minha intenção.
além dos trinta anos, um marco fundamental. O destino, que me trouxe do Estado das
A Nação já está inteirada da minha resolução Alagoas, recém-formado, para o de Goiás – onde
inabalável de dar possibilidade ao povo goiano de iniciei minha clínica, que oito meses depois se
prestar uma homenagem sincera e à altura do seu tornaria uma das maiores existentes àquela época e
valor moral e cívico, ao brasileiro que mais continuaria com a mesma intensidade durante vinte
beneficíos lhe fêz até hoje no transcorrer de tôda a e cinco anos – minha vida de homem simples, de
História do Brasil. homem que ama o trabalho, se viu por volta de
Realmente, Senhor Presidente, a vidas muitas 1935, ligada aos destinos políticos do Estado de
vêzes, nos coloca em situação privilegiada; e eu Goiás.
considero um grande privilégio a maneira pela qual Era, então, Interventor do Estado o maior
vou deixar esta Casa que sempre considerei o Governador vivo; não me acanho de fadar e nem
cenáculo, o tabernáculo das maiores virtudes cívicas é preciso, porque todos sabem que não sou
do povo brasileiro. homem que lisonjeie a quem quer que seja, por
O Senado, para mim, através dos tempos, tem interêsses inferiores ou mesmo por necessidade
sido aquêle ambiente onde as ondas dos desatinos de amparo a certas atitudes que porventura
vêm esbarrar, mantendo nossa Pátria, muitas vêzes, venha a ter na minha vida. Sou homem
numa constante de fidelidade ao regime republicano acostumado a lutar sòzinho, por mim mesma, e
e ao regime liberal democrático. contribuir com aquilo que possuía para o bem da
O Senado da República, para mim, é a maior sociedade, no exercício da minha profissão de
organização que o País possui. Entretanto, apesar médico.
de tudo isso, Senhor Presidente, não hesitei um só Foi assim que conheci um homem de
segundo quando me procuraram, pela primeira vez, envergadura moral que queria dar vida e progresso
indagando se eu podia – confirmando aquelas idéias ao Estado de Goiás; convidou-me para disputar
que tinha, ainda quando Deputado, na oportunidade uma cadeira de Deputado estadual e acedi, e o
da votação da Lei dos Conselheiros, em que povo goiano, na sua benevolência, deu-me votação
falava com o patriotismo que eu sentia dentro regular. Naquela ocasião, como Deputado
estadual, ainda nas vésperas da instalação do
__________________ Congresso, assisti a uma cena a que tenho feito
(*) – Não foi revista pelo orador. referência algumas vêzes e agora a reproduzo,
– 11 –

para que conste dos Anais desta Casa. maior quilometragem. E assim, sucessivamente, as
O Senador Pedro Ludovico, então Interventor condições de vida do povo de Goiás foi melhorando,
Federal e candidato a Governador, reuniu os graças à mudança da Capital.
Deputados que o apoiavam, em número de Senhor Presidente, meu destino ficou ligado
dezesseis e vinte e quatro, e lhes fêz sentir que só às mudanças de capitais. Naquela época ainda
aceitaria o cargo sob a condição de ninguém se opor môço, eleito Deputado, exerci apenas um ano, e
à efetiva mudança da Capital do Estado de Goiás. meio o meu mandato, porque precisava voltar à
Tornou o compromisso de honra de um a um. Fora clínica para poder sustentar minha família. Pouco
dessa condição, não o aceitaria, e ficaríamos com a depois, se deu a eleição municipal e, por
liberdade de escolher outro candidato. unanimidade o povo de Pires do Rio exigiu fôsse eu
Senhor Presidente, num País em que muitos seu Prefeito, cargo em que permaneci até 1945,
homens colocam seus interêsses políticos acima dos contribuindo com o valor daquela gente para que, de
interêsses da coletividade fiquei comovido, naquela simples distrito de casas de tábuas, se formasse –
ocasião, por ver que o Estado de Goiás, em cuja não tenho receio de afirmar – a mais bela Cidade do
política eu acabava de ingressar, contava com um Estado, depois de Goiânia.
homem capaz de conduzi-lo a seus destinos Sobrevindo a luta democrática das eleições de
gloriosos, 1947, novamente volvi ao cenário estadual após ter
Deu-se a eleição do atual Senador Pedro apresentado a minha primeira renúncia. Meu Partido,
Ludovico e mudou-se a Capital do Estado. tendo escolhido para Governador do Estado o Sr.
Naquela época Goiás possuía de renda José Ludovico de Almeida, viu-se em dificuldades,
apenas seis milhões de cruzeiros, e era a maior das porque o registro do candidato fôra impugnado sob a
temeridades enfrentar problema, daquela natureza; alegação de que havia exercido eventualmente o
entretanto, o Senador Pedro Ludovico enfrentou-a e Govêrno, a menos de três meses das eleições.
venceu. Havia apenas um ginásio em todo Estado; Fui escolhido, em Convenção, para substituí-lo
existia uma única casa de saúde, em Anápolis, à sob a condição de que uma vez ganha a causa pelo
qual pròpriamente não se poderia dar essa candidato real, na instância superior, eu renunciaria
denominação, tal a precariedade de suas à indicação do cargo, para que por Sua Excelência
instalações. fôsse disputado.
Decorridos poucos anos, com a mudança da sua Senhor Presidente, nessa época, eu não
Capital, tornou-se Goiás um dos Estados mais prósperos pretendia reingressar na política. Senti que me faltavam
da União. Em cada Município pode dizer-se em tese há pendores para ela. Diante porém, do argumento
hoje uma casa de saúde, porque em muitos dêles que me apresentaram, de que nomes para candidato
existem diversas. Colégios e ginásios pululam por tôda a Governador existiam muitos, mas capazes de
parte, Grupos escolares ministram ensino e educação a renunciar à candidatura, depois de escolhidos,
tôda população goiana. As estradas que não existiam talvez não houvesse muitos – e eu era encarado
apareceram e Goiás é hoje um dos Estados com sob êste prisma como seu preferido – não tive co-
– 12 –

mo deixar de aceitar minha indicação. O SR. TACIANO DE MELLO: – Com


O SR. PEDRO LUDOVICO: – Dá Vossa satisfação.
Excelência licença para um aparte? O SR. PAULO FERNANDES: – Apenas para
O SR. TACIANO DE MELLO: – Pois não. expressar o pensamento de outras Bancadas nesta
O SR. PEDRO LUDOVICO: – Lamento Casa. Não estamos tanto quanto o nobre Senador
profundamente o afastamento de Vossa Pedro Ludovico a par da atuação de Vossa
Excelência do convívio do Senado. Aliás, estou Excelência em Goiás, como político, homem público
habituado a êsse convívio há muitos anos na e cidadão; mas, como companheiro, acredito,
política do Estado de Goiás. Fêz se Vossa lamenta o Senado o seu afastamento e o
Excelência merecedor do cargo que ora exerce compreende. Verificamos, com satisfação, que
no Senado da República, através da sua atuação Vossa Excelência que tão bem desempenhou o seu
política, sempre leal e decente. De Prefeito de mandato, nesta Casa, representando com fidelidade
Pires do Rio a Deputado estadual, a candidato a as aspirações e o pensamento do povo goiano, dela
Governador, a Deputado Pederal e depois a se retira procurando prestar mais um serviço, dando
Senador, Vossa Excelência sempre contou ao povo goiano oportunidade de premiar com uma
comigo. Na verdade, fui um dos soldados que o cadeira no Senado Federal o Presidente que, como
acompanharam nas causas pelas quais Vossa Vossa Excelência afirmou, mais realizou em favor
Excelência se bateu, principalmente no terreno daquele Estado.
político. É com sinceridade e emoção que, hoje, O SR. TACIANO DE MELLO: – Agradeço,
também me despeço de Vossa Excelência, sensibilizado, o aparte de Vossa Excelência que
porque em disciplina, lealdade e amizade traduz, certamente, a generosidade, caraceterístico
ninguém pode superá-lo como cidadão e politico. do povo fluminense.
Faço esta declaração para que conste dos Anais Senhor presidente, com o assentamento
desta Casa, como prova de que Vossa Excelência definitivo da candidatura do Senhor José Ludovico
sempre mereceu alto conceito de minha parte. de Almeida, o aspirante a Debutado, por minha zona,
Lamento, repito, o afastamento definitivo de retirou-se do pleito e eu solidário com o candidato do
Vossa Excelência do Senado, como da política meu Partido, vi-me na contingência de incluir, na
brasileira. última hora, meu nome na chapa para Deputado.
O SR. TACIANO DE MELLO: – Agradeço as Daí a minha volta, à política do Estado de
palavras de Vossa Excelência que vêm fortalecer a Goiás. Não quis com esta atitude, pairasse qualquer
certeza de que a minha vida de homem público desconfiança de que me teria desgostado por não ter
pautou-se sempre nos princípios sadios do sido o apontado à Governança do Estado.
corretismo, da lealdade e da solidariedade pessoal e Deu-me o povo goiano uma votação, se não
política, às causas abraçadas pelo meu Partido sob a me engano, a maior na ocasião. Meus companheiros,
orientação de Vossa Excelência. tendo perdido a eleição de Governador, conduziram-me,
O SR. PAULO FERNANDES: – Permite por unanimidade, à Presidência da Constituinte.
Vossa Excelência um aparte? Lutamos cêrca de quatro anos na Oposição, muitas vê-
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zes difícil e muitas vêzes agradável, porque meiros passos para a mudança da Capital.
obtínhamos sôbre o Govêrno verdadeiras vitórias O entusiasmo do povo goiano manifestou-se
democráticas. de forma tal, que as correntes partidárias que nunca
Terminado meu mandato, voltei as vistas para se entenderam deram-se as mãos para obedecer a
minha cidade, para Pires do Rio, onde me vi eleito uma só vontade para o bem da Nação.
Prefeito. Ao projeto da criação da Companhia
Durante o exercício dessa função, aumentei a Urbanizadora da Capital Federal, da futura Brasília,
capacidade de consumo de luz elétrica, iniciei os foi dado apoio integral na Câmara dos Deputados.
serviços de água canalizada, executei calçamentos Digo integral porque os poucos elementos que dêle
de suas ruas e melhoramentos de suas estradas de discordavam mantiveram-se silenciosos. Naquela
rodagem. ocasião, Senhor Presidente, despertou-se no povo
Hoje, posso afirmar, Senhor Presidente, sem goiano, como em tôda a imprensa do País o
mêdo de contestação, que Pires do Rio é uma das sentimento de gratidão àquele a quem deve o
cidades mais prósperas de Goiás, de seus trinta Estado, o maior dos favores.
anos de administração, quatorze me pertencem. Surgiu então a idéia de homenagear a
Tenho certeza, que oitenta por cento das realizações Presidente da República. Exercia eu o mandato de
ali existentes constituem obras da minha modesta e Deputado Federal. Uma vez terminado o meu
humilde administração. mandato fui eleito Senador num pleito renhido, numa
Posteriormente eleito Deputado Federal, meu luta democrática como poucas somos capazes de
destino, ligou-se à mudança da Capital. Líder de minha executar.
Bancada, fui procurado pelo meu colega Deputado Percorremos todo o Estado, numa campanha
Fonseca e Silva em nome do Deputado José Maria sem ofensas aos nossos adversários e da qual
Alkimim, no sentido de, como goianos, preparássemos saímos vitoriosos.
os primeiros projetos de lei para a mudança da Capital, Elementos os mais categorizados do meu
a pedido do Sr. Presidente da República que ainda não Estado perguntaram-me se eu seria capaz de manter
se havia empossado do cargo. a minha idéia de renunciar para que o o povo goiano
Pusemo-nos a trabalhar e depois de muitos tivesse ensejo de homenagear o Senhor Presidente
esforços – pois somos ambos médicos – da República. A minha resposta foi sempre
conseguimos a formulação de uma lei, com o auxílio afirmativa. Hoje aqui estou cumprindo a minha
de juristas goianos e não goianos. Apresentada ao palavra e o meu desejo que, tenho certeza, é o da
Congresso Nacional, obteve aprovação unânime da totalidade do povo goiano.
Comissão de Constituição e Justiça. O SR. BENEDITO VALADARES: – Permite
Foi o projeto de lei à presença do Sr. Juscelino Vossa Excelência um aparte ?
Kubitschek de Oliveira à véspera da sua partida para a O SR. TACIANO DE MELLO: – Com todo o
Europa. Naquela ocasião ouvimos de Sua Excelência, prazer.
que, aprovado o referido projeto, dentro de sessenta O SR. BENEDITO VALADARES: – O Partido
dias, ao iniciar o seu Govêrno, seriam dados os pri- Social Democrático sinceramente lamenta o afastamen-
– 14 –

to de Vossa Excelência desta Casa do Congresso, turma de 27. Separamo-nos naquela data. Os anos
onde com a sua inteligência, cultura e espírito transcorreram e o alagoano de nascimento é
público, prestou inestimáveis serviços ao País. adotado pelo Estado de Goiás. Tornou-se seu filho, e
Elogio o nobre gesto de Vossa Excelência, que dá lá desempenhou altas funções com aquela
ensejo ao Presidente Juscelino Kubitschek de dedicação e aquêles espírito humanitário dos
representar no Senado o grande Estado de Goiás, homens da chamada Velha Guarda no terreno da
ao qual também prestou inestimáveis serviços. medicina, não esquecendo o juramento feito naquele
O SR. TACIANO DE MELLO: – Agradeço ao inesquecível dia da colação de grau, o juramento de
eminente Líder do meu Partido, um dos maiores Hipócrates. Vossa Excelência dedicou-se a uma
chefes da nossa organização nacional e grande tarefa nobilitante. O povo que o adotara
brasileiro, estas palavras que tanto me comovem e reconhecendo sua índole, seu espírito público e sua
tanta significação têm para mim. formação moral; foi procurá-lo para lhe oferecer
Sei, nobre Senador, que as palavras de Vossa posições na administração pública, onde se tornou
Excelência casam-se perfeitamente com as vitorioso cada vez que exercia nova função, Cumpriu
manifestaçoes do Diretório do meu Partido no setor sua missão de homem que se consagrou na política
estadual é, também, com aquelas do setor municipal do Estado; foi Líder da sua nova Capital e aqui está
com quem mais convivência tive, e por isso lhe com assento no Senado da República. Mais uma vez
agradeço, de coração, suas generosas expressões, tem essa glória, porque seu nome se encontra na
que me confortam e dão ânimo para prosseguir no própria História do Brasil, através dos cuidados e do
trabalho em bem da minha Pátria. interêsse pessoal dêsse Governante brasileiro,
O SR. VIVALDO LIMA: – Permite Vossa criador de uma Capital de Estado, de um político de
Excelência um aparte? alta estirpe e envergadura. Vossa Excelência
O SR. TACIANO DE MELLO: – Com todo o desempenhou também outros altos postos na
prazer. administração e política do Estado. Presentemente,
O SR. VIVALDO LIMA: – Estive ouvindo, com exerce um dos mais altos mandatos da vida pública
tôda a atenção e interêsse, as palavras de Vossa brasileira, o de Senador da República.
Excelência. Não quis interrompê-lo, porque Vossa Vossa Excelência, no momento, renunciando
Excelência estava apresentando ao Senado o ao mandato, que conta mais seis anos, priva
currículo de um homem público. Chegou, entretanto, a Nação dos grandes serviços que poderia esperar
ao remate e anuncia a sua decisão inabalável de não de Vossa Excelência. Adotando, porém, êsse
prosseguir no exercício do mandato de Senador da gesto altamente dignificante, Vossa Excelência se
República. O gesto de Vossa Excelência é do sacrifica para que o Presidente da República, ao
conhecimento desta Casa e da Nação. Lembre-se findar o seu Govêrno, venha fazer parte desta Casa,
Vossa Excelncia de que juntos freqüentamos a a fim de que daqui aprecie um dos monumentos d
velha faculdade da Bahia, de 1922 a 1927, a sua obra administrativa. Demonstrou realmente
onde conquistamos o diploma de médico. Sua Excelência grande coragem e espírito
Vossa Excelência foi um dos bons alunos da indômito ao transferir a Capital da República para
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êsse altiplano goiano, sua terra adotiva, onde iniciou a elas responder. São frutos da sua formação e do seu
sua carreira pública, plantando esta civilização que caráter de brasileiro que cultiva e honra as virtudes
aqui está com o nome de Brasília. Vossa Excelência cívicas em que fomos criados, baseados em nossa
desta forma, quer homenagear o Presidente da religião, que tem por base o Supremo Senhor, que é
República, quer agradecer àquele homem que trouxe aquêle que nos governa, o Nosso Senhor Jesus Cristo.
para seu Estado adotivo a Capital da República, O S R . VICTORINO FREIRE: – Dá Vossa
plantando-a e consolidando-a nesta região. A essa Excelência licença para um aparte?
homenagem a Nação dá seu aplauso, recebendo O SR. TACIANO DE MELLO: – Pois não.
êsse gesto de desprendimento e de renúncia de O SR. VICTORINO FREIRE: – A
Vossa Excelência como um dos raríssimos representação do Estado do Maranhão não
observadores no País. Leve o nobre Colega êste deseja que Vossa Excelência se afaste do nosso
testemunho e êste depoimento que lhe está dando convívio sem ouvir sua palavra cordial e amiga. O
um velho companheiro de acadêmia, colega de PSD maranhense sempre manteve com o PSD
turma, que muito o apreciava naqueles antigos goiano, através do seu grande chefe, o nobre
tempos, naqueles idos de 1922 a 1927. Fito-o neste Senador Pedro Ludovico, solidariedade inabalável
momento com os olhos da amizade, admirando a nos momentos de alegria e nas horas de
personalidade invulgar de Vossa Excelência. Êsse provação. O gesto de Vossa Excelência, Senador
gesto, todos apreciam, porque Vossa Excelência não Taciano de Mello, renunciando a sua cadeira
só presta ao Sr. Juscelino Kubitschek de Oliveira a para dar oportunidade ao Sr. Presidente
homenagem do seu Estado como a do próprio Brasil. Juscelino Kubitschek de Oliveira de representar o
Aceite a solidariedade de um trabalhista que fala, Estado de Goiás nesta Casa, o gesto de Vossa
agora, no exercício da Liderança, em nome da sua Excelência, repito, só a posteridade poderá
própria Bancada. Vossa Excelência deixa o Senado, julgar. Em louvor de Vossa Excelência desejo
afasta-se dos seus companheiros, mas não se ainda acentuar que se o Senhor Juscelino
despede, porque irá ocupar outro pôsto na Kubitschek tivesse feito pelo Estado do Maranhão
administração pública, aqui mesmo, na nova sede da um têrço do que fêz pelo de Goiás, qualquer um
Capital da República. Vossa Excelência estará de nós da representação maranhense abriria mão
portanto, em constante convívio conosco, pois nossa de seu mandato a fim de possibilitar a eleição de
admiração é perene e Vossa Excelência poderá Sua Excelência. Ao deixar o nobre colega esta
contar sempre com os seus antigos companheiros do Casa, seus companheiros do Maranhão o
Senado, que aqui ficam saudosos, mas com homenageiam como político exemplar, pela
admiração pelo alto gesto de Vossa Excelência. lealdade e correção com que sempre se
O SR. TACIANO DE MELLO: – Agradeço comportou dentro de seu Partido e perante seu
sensibilizado o aparte do meu eminente colega Chefe.
e companheiro de turma na Faculdade da Bahia. O SR. TACIANO DE MELLO: – Agradeço as
São tão generosas as palavras de Sua Excelência palavras de Vossa Excelência e grava-las-ei para
que não encontro têrmos com que possa sempre em meu coração.
– 16 –

O SR. FRANCISCO GALLOTTI: – Permite sos ao grande brasileiro. Dessa forma, findo o seu
Vossa Excelência um aparte? mandato, poderá o Senhor Juscelino Kubitschek
O SR. TACIANO DE MELLO: – Com muito continuar, no Senado da República, seu trabalho
prazer. pela grandeza do Brasil e pela felicidade de nosso
O SR. FRANCISCO GALLOTTI: – povo. A Vossa Excelência, que vai ocupar alto cargo
Compreendo bem a emoção de Vossa Excelência na vida pública brasileira, todo o Senado formula
neste instante, porque já vivi momento igual, quando votos pela sua felicidade pessoal. Aqui deixará o
renunciei meu mandato de Senador. Atendendo a nobre colega recordação perene como homem digno
apêlo que me foi formulado pelo então Presidente e a todos nós, do Partido Social Democrático, um
Café Filho, deixei esta Casa a fim de voltar a dirigir o exemplo de lealdade partidária. As suas atitudes nos
Pôrto do Rio de Janeiro que, naquele instante, deixam cativos e nos fazem prêsa, em qualquer lugar
atravessava crise fique parecia insanável. Assim, sei em que Vossa Excelência esteja.
bem como está o coração do nobre colega ao se O SR. TACIANO DE MELLO: – Muito
despedir do Senado. obrigado a Vossa Excelência, que certamente
Louvo o gesto de Vossa Excelência, o qual vê neste humilde Senador as qualidades que
possibilitará venha o Senado da República honrar-se desejaria tivessem todos os brasileiros – profundo
com a presença dá Presidente Juscelino Kubitschek, amor à sua Pátria e noção exata do cumprimento
que também sentir-se-á honrado, estou certo, em do dever.
integrar a Câmara Alta do Brasil. Falou Vossa O SR. ALÔ GUIMARÃES: – Permite Vossa
Excelência, há pouco, na gratidão do povo goiano ao Excelência um aparte.
grande Presidente que ora finda seu mandato. O SR. TACIANO DE MELLO: – Com muito
Certas as palavras do nobre Colega como certas as prazer.
referências ao grande condutor político de Goiás, o O SR. ALÔ GUIMARÃES: – Trago o
nobre Senador Pedro Ludovico. pensamento do Partido Social Democrático do
O SR. PEDRO LUDOVICO: – Muito grato a Paraná e da representação paranaense nesta Casa.
Vossa Excelência. Falo em meu nome, e nos dos nobres Senadores
O SR. FRANCISCO GALLOTTI: – É mister, Gaspar Velloso e Nelson Maculan. Com pesar, nobre
porém, salientar, com voz mais alta, o gesto significativo Senador Taciano de Mello, vemos Vossa Excelência
do povo goiano que, através de tôdas as correntes afastar-se de nosso convívio. Os poucos anos
políticas, mesmo as adversárias – e ressalto a União em que convivemos com o nobre Colega trouxeram-
Democrática Nacional, sempre em oposição ao nosso nos o exemplo de sua inteligência, de seu descortino
Partido e aos nossos políticos – vem de consagrar o e de seu patriotismo. Vossa Excelência é bem
nome do Presidente Juscelino Kubitschek como a símbolo do homem público modesto, capaz,
seu candidato à Senatoria. Nossos louvores também vigilante e atento que realmente prestou inestimáveis
ao nobre Senador Coimbra Bueno, Presidente do serviços à sua terra, o Estado de Goiás, à sua
Diretório goiano da União Democrática Nacional gente e ao povo brasileiro. Receba Vossa Excelência
que, estou certo, foi o guia dêsse movimento de aplau- neste instante a manifestação de solidarie-
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dade da Bancada paranaense por êsse ato de Kubitschek, eleito pelo glorioso povo goiano, venha
renúncia, com que, mais uma vez, Vossa Excelência para o nosso convívio. O atual Presidente da
demonstra à Nação ser homem da fibra e da República, no dia 31 de janeiro, deixará o seu pôsto
dignidade de que há de se forjar a geração nova do depois de haver realizado uma notável obra que
Brasil. Receba, pois, Vossa Excelência o apoio da beneficiou todo o Brasil. Assim Sua Excelência será
Bancada paranaense. eleito de maneira admirável pela unanimidade do
O SR. TACIANO DE MELLO: – Muito povo goiano, para representar o grande Estado de
sensibilizado agradeço as palavras do nobre Vossa Excelência no Senado da República. Vossa
representante da Bancada do Paraná. Peço a Excelência agiu muito bem e merece os aplausos
Deus que me dê fôrças a fim de as palavras de não só dos seus Colegas como – e disto estou
Vossa Excelência se transformem em realidade no absolutamente convicto – de todo o Brasil. Como
futuro. disse o ilustre Senador Victorino Freire, o Presidente
O SR. RUY CARNEIRO: – Permite Vossa Juscelino Kubitschek deu ao Estado de Goiás novo
Excelência um aparte? desenvolvimento, grandeza e prosperidade, pois, em
O SR. TACIANO DE MELLO: – Pois não. vez de ter levado a Capital da República para o
O SR. RUY CARNEIRO: – Vossa Excelência, Triângulo Mineiro, Paraíba, Maranhão, ou qualquer
é indiscutivelmente grande representante do seu outra região, preferiu transferi-la para o Planalto
Estado e de nosso Partido, o Partido Social goiano onde, agora, temos Brasília, obra que vem
Democrático. Quando o nosso eminente Líder, empolgando o mundo inteiro.
Senador Moura Andrade, convocou Vossa Vossa Excelência recebe de todos nós – e,
Excelência para fazer parte da liderança, como Vice- estou certo, de todo o Brasil, sobretudo daqueles que
Líder da Maioria, certamente foi por ser Vossa têm essa noção de gratidão como Vossa Excelência
Excelência parlamentar atento aos seus trabalhos, tem, como eu tenho, e acredito todos nossos colegas
homem capaz, brilhante, e brasileiro cheio de tenham – recebe o aplauso, a exaltação dos que
patriotismo. Sentimos, conseqüentemente, a vêem, no gesto de Vossa Excelência, êsse
ausência de Vossa Excelência do Senado da sentimento dos mais nobres da Humanidade: a
República. As manifestações que ouvimos gratidão.
expressam nossa admiração pela atuação de Vossa O SR. TACIANO DE MELLO: – Muito
Excelência e pelo que tem realizado no Parlamento. obrigado a Vossa Excelência. Não sei como exprimir
Quer no Estado da Guanabara – velha Capital – quer minha satisfação, dentro da emoção em que me
em Brasília – jovem Capital da República, tem Vossa encontro, ao ouvir de um Líder da altitude de Vossa
Excelência agido admiràvelmente. Sou sentimental e Excelência essas palavras de elogio, que até me
afetivo. Acredito na sinceridade das criaturas e por inibem de dizer o que ainda teria que proferir, em
isso, julgo que o nobre colega andou agradecimento á gentileza de Vossa Excelência.
explêndidamente quando resolveu abrir mão do seu O SR MENDONÇA CLARK: –
mandato para que o grande Presidente Juscelino Permite um aparte, nobre Senador?
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O SR. TACIANO DE MELLO: – Pois não ! Democrática Nacional no meu Estado, para que fiquem
O SR. MENDONÇA CLARK: – Falo em nome esclarecidas as acusações recentemente feitas a nós
da Bancada do Partido Republicano e no meu goianos, da Oposição e em particular à minha pessoa,
próprio. Nós lamentamos, sinceramente, a saída em relação à atitude recentemente por nós tomada no
de Vossa Excelência do nosso convívio. Sabe Estado. Antes de mais nada, gostaria de agradecer aos
Vossa Excelência da amizade expontânea que nos apartes que ouvi, proferidos pelos diversos aparteantes e
une. Faço uma prece a Deus para que o nobre por Vossa Excelência, quanto às atitudes tomadas pelas
gesto de Vossa Excelência seja perfeitamente Oposições Coligadas em Goiás. Em boa hora invoca
correspondido. Vossa Excelência o testemunho de Deus para a atitude
O SR. TACIANO DE MELLO: – Muito que ora toma e que diz respeito, à sua própria
agradecido a Vossa Excelência. consciência. Não sou daqueles que se atrevem, a um
Também não tenho expressões para dizer da julgamento contemporâneo, mormente, condenando
gratidão com que recebo as palavras incentivadoras precipitadamente atitudes pelo simples encadeamento
que Vossa Excelência me dirige. de aparências. Estamos acostumados a ver, através dos
Continuo na minha exposição, Senhor julgamentos apressados homens públicos brasileiros
Presidente. Além do grande motivo, que é a gratidão serem injustiçados a cada passo. Verdadeiro histerismo
do povo goiano àquele que teve o privilégio de trazer apossou-se de muitas correntes, e homens públicos são
para o seu território a Capital da República – liminarmente condenados sem uma análise profunda
benefício que igual jamais alguém poderá fazer… dos fatos. Os acusadores ficam impunes, porque,
O SR. RUY CARNEIRO: – Muito bem. infelizmente, o Código Penal brasileiro não nos aparelha
O SR. TACIANO DE MELLO: – …porque de para enfrentarmos os detratores. Que não o fazemos,
Brasília irradiar-se-á todo progresso nacional, e para procurando amparo na lei para castigar os levianos,
que se dê a convergência dessa irradiação é forçoso caímos até no ridículo e não temos para quem apelar.
atravessar, necessária e fatalmente, o território Homens com passado de vinte a trinta anos de bons
goiano – além daquele motivo singular, tenho serviços prestados ao País são, da noite para o dia,
convicção profunda de que o Govêrno do atual julgados pelas aparências muitas vêzes, engenhosa ou
Presidente foi mais revolucionário do que, de início, o maldosamente conjugadas, para condená-los. Parece
foi o do Presidente Getúlio Vargas. que a sina de todos os homens públicos dêste País, é
O SR. COIMBRA BUENO: – Permite Vossa escolher entre quatro maus destinos, que não me atrevo
Excelência um aparte? a expor em público porque são traduzidos em palavras
O SR. TACIANO DE MELLO: – Com prazer. de baixo calão. A preocupação dominante em certos
O SR. COIMBRA BUENO: – Falo em meios e veículos é reduzir a zero a reputação justamente
meu nome pessoal. Como sabe Vossa Excelência, dos que se arriscam enfrentando os problemas e suas
no momento, afastei-me da direção da União soluções.
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Todos nós, porém, nada devemos, nada O SR. COIMBRA BUENO: – Muito agradeço a
temos a temer e haveremos de superar essas Vossa Excelência, mas peço licença para uma
dificuldades: o momento é oportuno para lembrar a retificação. O idealismo que naquela época nos ligou
necessidade de reformar-se o Código Penal numa grande equipe de trabalho e fé quando moços
Brasileiro, a fim de que possamos, realmente, éramos, é o mesmo que nos associou novamente na
castigar pronta e radicalmente aquêles que acusam obra de Brasília, em que a Nação assiste a um
infundadamente e não fiquemos desarmados ante o espetáculo que ficará registrado na História: todos nós
poder demolidor de acusações injustificadas que de Goiás, acusado de ser um dos Estados
desmoralizam não só os homens públicos como os subdesenvolvidos, nos unimos numa frente única, em
da iniciativa privada, vítimas indefesas de ataques à face de um problema de salvação nacional qual o da
sua dignidade, à sua bôlsa e à sua honra em construção de Brasília. Não houve no Parlamento uma
detrimento do regime democrático e da livre voz goiana discordante, em relação a essa realização
iniciativa. Lembro com saudades, os trabalhos de homérica para a nacionalidade brasileira. A gratidão do
equipe que fizemos, quando Vossa Excelência era povo goiano ao atual Presidente da República deve ser
Deputado Estadual, o nobre Senador Pedro Ludovico compreendida principalmente pelos homens que estão
Interventor de Goiás, eu e o Engenheiro Abelardo acostumados a comer lentilhas no Rio de Janeiro, no
Coimbra Bueno os responsáveis pela direção da litoral, esquecidos dos seus irmãos, levados, em eras
construção de Goiânia. Formamos naquela época, priscas, para o interior para desbravar e ocupar nosso
com muitos goianos, brasileiros e estrangeiros imenso território, onde foram abandonados, sobretudo
dedicados, até às últimas, aquela obra que foi um nós, descendentes dos paulistas. São os paulistas hoje
esfôrço agigantado do povo goiano, uma equipe que donos do café, mas esquecem-se de que além das
se revelou capaz, realizadora, que deu a Goiás a sua divisas de São Paulo existem milhares e milhares de
nova Capital. Infelizmente, no dia em que quilômetros quadrados que devem e têm que ser
terminamos aquela obra, aquêles que viviam reconquistados. É êste o momento de integrarmos esta
flanando, aquêles que viviam ao longe, como meros Nação. Este, o sentido da manifestação coletiva do
espectadores... povo goiano, porque o que assisti, enquanto exerci até
O SR. PEDRO LODUVICO: – Permite o nobre poucos dias a direção da Seção da UDN de Goiás, da
orador um contra-aparte, para que eu assinale que o qual me afastei há poucos dias, foi os Líderes da UDN
Senador Coimbra Bueno e seu irmão, e mais uma ao regressarem do interior trazer a palavra do
equipe de engenheiros vindos do Rio de Janeiro, sertanejo, udenistas que lutam, há 20 anos em situação
prestaram um grande serviço na construção de das mais difíceis sem nunca se terem curvado,
Goiânia. mantendo como têm mantido Oposição ao
Mesmo porque Sua Excelência era, na época, situacionismo, em posição talvez a mais difícil em todo
um jovem de 23 anos, cheio de idealismo e nos o País.
trouxe uma grande contribuição técnica para que se Verificaram que aquêles homens
efetivasse a construção de Goiânia. É meu dever pertencendo a uma região desenhada no
fazer essa manisfestação de público, neste mapa do País como terra de ninguém, até
momento, em que somos adversários políticos. 1956 cobrindo 3/4 da superfície de nosso terra-
– 20 –

tório, pela primeira vez assistiam atônitos, viam com zes como as mais capazes e cultas como as mais
os seus próprios olhos, às portas de seus lares, com cultas do País, a palavra de ordem do povo altivo,
a presença vivificadora do Govêrno Federal, o que sofredor, livre e corajoso do interior de Goiás. Iremos
jamais haviam sentido. Compreendo – colocando-me certamente apoiar, pela vontade dos homens
na situação de alguns coestaduanos, que vivem no beneficiados do ex-sertão, o atual Presidente da
analfabetismo, longe da civilização – que o sertanejo, República, que rasgou o nosso grande território, de
que o udenista, o católico, o prêto, o branco, o grandes rodovias de primeira classe, trouxe como já
elemento de qualquer Partido ou credo, se sinta disse a presença do Govêrno Federal, pela primeira
grato a quem lhe trouxe pela primeira vez grandes e vez a esta ex-terra de ninguém, que cobria 2/3 do
inesperados benefícios. O homem do interior, nosso território, até recentemente abandonado pelos
abandonado nos sertôes, não cogita de saber a que homens do litoral. Termino o meu aparte, que é
Partido ou credo pertence, mas apenas se interessa quase um discurso, pelo que peço desculpas a
por aquêle que lhe trouxe de fato, o benefício. Vossa Excelência, rememorando o trabalho conjunto,
Gostaria de informar aos Senhores Senadores que o número incontável de vêzes que, juntos,
há cêrca de 50 novas pontes nos nossos rios e que assinamos, como quatro representantes de Goiás
nesses cruzamentos caudalosos morriam assuntos e providências que diziam respeito ao
anualmente ao transpô-los de canoa, a braço ou em engrandecimento de nossa terra e ao problema de
montarias, dezenas e dezenas de sertanejos. Hoje, Brasília que sempre proclamamos ser de salvação
ao atravessá-los, pelas pontes ali construídas, nacional. Digo quatro, porque o nobre Senador
sentem êles gratidão a quem promoveu a sua Caiado de Castro sempre formou na Bancada de
construção. Goiás, como descendente de varão Ilustre, sertanista
Êsse o sentido do apoio que o povo goiano emérito, que foi juiz no Acre e governou nosso
levou aos seus Líderes, em uma manifestação Estado com dignidade, por muitos anos. Assim
quase unânime. Em Goiás, quer queiram quer não, sempre consideramos a Bancada Goiana integrada
estamos dando o exemplo de democracia e de por quatro Senadores, incluindo o nobre Senador
compreensão, ao apoiarmos como devemos apoiar, Caiado de Castro como um dos nossos
a indicação do nome do atual Presidente da representantes nesta Casa, Despeço-me de Vossa
República, no seu lançamento oficial a Senador por Excelência neste momento, acentuando o fato de ter
Goiás, pelo seu Partido. (Muito bem; muito bem!). invocado o testemunho de Deus, que é nosso pai e
As críticas são prematuras, porque até hoje Senhor para a decisão de consciência, que Vossa
a Seção de Goiás, não se manifestou oficialmente. Excelência acaba de tomar.
O próprio Partido Social Democrático a fique O SR. FRANCISCO GALLOTTI: – Grande
pertence o Senhor Juscelino Kubitschek de Oliveira. aparte de Vossa Excelência
Só agora, cogita do lançamento oficial dessa O SR. TACIANO DE MELLO: – Agradeço e
candidatura já publicamente assentada. Trago, Vossa Excelência as palavras que trouxe ao meu
verdadeiro, testemunho dos representantes de modesto discurso.
tôdas as correntes oposicionistas de Goiás, Senhor Presidente, merece êste
honradas como as mais honradas do País, capa- grande, êste poderoso Govêrno, não
– 21 –

só em razão sentimental, a gratidão, mas, aí estão Hoje, é com orgulho que vemos as maiores pontes
os grandes feitos nacionais do atual Presidente da construídas neste País e por assim dizer, no Mundo,
República, continuador incontestável da obra do projetadas e executadas por engenheiros de vinte ou
imortal Getúlio Vargas que libertou da escravidão trinta anos
branca o povo brasileiro, abolindo o trabalho forçado É a mocidade que aí está, é o futuro à nossa
gratuito e à custa de chicote, no interior de todo o frente, com a Petrobrás e outras realizações, quer de
País, dando à Nação leis sociais, continuadas, ordem material quer de ordem intelectual, como, por
agora, pelo eminente Juscelino Kubitschek de exemplo, as Universidades que semeou pelo País
Oliveira quando, secundando os brasileiros que já se inteiro, inclusive na querida Goiânia que possui hoje
encontravam de pé, trazidos pelas mãos generosas duas Universidades para orgulho e gáudio de todos
de Vargas, os lançou na correria de sua nós que habitamos a região. Sei, Senhor Presidente,
industrialização. que há quem duvide das minhas palavras e da
E o Brasil está correndo; é preciso que todos sinceridade das mesmas, mas aquêles que me
tomem conhecimento de que êle não pode parar; conhecem e que conviveram anos comigo, sabem
qualquer movimento neste sentido, tenho a que sou incapaz de pronunciar uma palavra da qual
impressão, será para lançar o País no caos, na não esteja sentindo, verdadeiramente, sua
revolução. significação. Sou um homem simples um homem do
Ninguém, Senhor Presidente, tem o direito de povo, e nunca tive tanto prazer como quando
atirar o País à anarquia. Vejo, portanto, com ingressei nesta Casa; e hoje, quando dela me
satisfação a mais profunda do meu ser o apoio total despeço, Sr. Presidente, quero que V. Exa. traduza
de tôdas as correntes políticas ao nome do aquela gratidão do homem simples, do homem que
Presidente Juscelino Kubitschek, como parte da veio pelo seu próprio esfôrço, subindo – por assim
maior organização democrática do País, que é o dizer – as escadarias do poder político até chegar a
Senado da República. esta Casa, e, por deferência dos meus nobres
Êle aqui trará sua experiência, poderá companheiros ocupa o alto pôsto do Partido
conduzir as correntes políticas com a coragem ímpar dominante, do Partido, da situação; quero Senhor
que possui e com aquela generosidade imensa de Presidente, que Vossa Excelência agradeça por mim
que seu coração está cheio. É homem que não teme, aos Senhores Senadores que apoiaram o meu nome
que não vacila; mas não é homem que provoca. para o cargo de Ministro do Tribunal de
Encontrou o País à beira do caos, da anarquia; as Contas, porque tenho certeza que por mais
fôrças nacionais divididas; os brasileiros não sabiam esfôrço que faça não poderei encontrar
como iriam amanhecer, se dentro de seus lares, ou palavras capazes de traduzir a gratidão e a
no meio da rua sob as bombas cia desordem e da emoção que me privou, naquela ocasião, de
anarquia. manifestar êsse meu sentimento pessoal. E a Vossa
Quando assumiu a Presidência entretanto, Excelência, Senhor Presidente, quero deixar o
com sua paciência e coragem, aos poucos, conduziu testemunho perante a sua pessoa e perante o Cristo
o País para a pacificação e dentro dêle conseguiu que se superpõe a Vossa Excelência e a todos nós,
movimentar as fôrças vivas da inteligência nacional. no momento em que estou me despedin-
– 22 –

do, de que o ensejo que estou dando ao grande la lealdade com que desempenhava seus
Presidente para assumir uma cadeira no Senado da deveres, pela fidelidade ao pensamento do seu
República, é para que Sua Excelência continue no povo, e pela solidariedade aos seus companheiros
objetivo de conduzir nosso País aos destinos de Bancada. Afirmou-se essencialmente
gloriosos de ser uma espécie de denominador por princípios de sabedoria, dessa sabedoria
comum para que nossa Pátria não saia da paz e da que caracteriza os homens de
tranqüilidade em que está, porque só dentro dela é eleição.
que nós poderemos ter progresso, caminhando para Senhor Presidente, Goiás vive, realmente,
destinos gloriosos e tornando-se uma das maiores nesta hora, o grande momento da sua prosperidade.
nações do globo. Outrora, os homens vinham a Goiás buscar riquezas
Era o que tinha a dizer, Sr. Presidente. (Muito e semear pobrezas. Hoje, graças à sabedoria de
bem! Muito bem! Palmas! O orador é vivamente seus filhos, de seus chefes, e graças à ação
cumprimentado e abraçado). patriótica do Presidente Juscelino Kubitschek, vêm-
O SR. PRESIDENTE: – Tem a palavra, o se a Goiás para trazer riquezas. Goiás, antes
nobre Senador Moura Andrade, Líder da Maioria. espoliado, antes esquecido, Goiás hoje recebe de
O SR. MOURA ANDRADE (*): – Senhor volta aquilo que a História do Brasil lhe devia, aquilo
Presidente, Senhores Senadores, tôda a Nação tinha que o passado lhe ficou devendo, aquilo que êle
conhecimento do ato que iria ser praticado e que adiantou e não recebeu, aquilo que entregou e que
acaba de sê-lo, pelo eminente Senador Taciano de jamais lhe foi restituído; recebe, com a transferência
Mello. da capital, com as estradas que hoje cortam o seu
Renuncia S. Exa. ao alto mandato que lhe foi território, no que foi caminho outrora de
conferido pelo povo goiano; e o fêz através de bandeirantes, hoje é menos que a trilha do passado,
emocionado discurso em que procurou justificar seu a estrada do futuro, projetada no seu território, não
gesto, esquecido entretanto, de que vemos nessa apenas do futuro do seu Estado, mas do futuro dêste
sua manifestação a grandeza do sentimento País.
daquele povo e a profundidade e a solidez do caráter Todos temos de reconhecer que no dia em
do nobre renunciante. Sua Excelência tem, que é conquistado, para integração nacional, o
ainda, seis anos de mandato, que deveriam ser território goiano, está, conquistada, para a integração
cumpridos; nos dois anos que se passaram prestou econômica do Brasil, a própria Amazônia; e dois
serviços extraordinários a esta Casa. Na condição terços do território brasileiro passam a pertencer à
de Líder da Maioria, devo prestar êste depoimento, vida ativa e útil da nossa Pátria. Então, Senhor
nesta hora, perante o Senado e perante a Nação. Presidente, a grande integração nacional teria
Foi o nobre Senador Taciano mesmo que se, realizar por um destino histórico,
de Mello, membro efetivo da Comissão dentro de Goiás; e Goiás deu exemplo antecipado
de Finanças. Exerceu, em outras Comissões, quando, no Govêrno do nobre Interventor da época,
como suplente, fecundo e persistente hoje Senador Pedro Ludovico, realizou a mudança
trabalho; caracterizou-se pela assiduidade, pe- da sua Capital como a dizer ao Brasil:
se nós, que somos tão pequeninos, tão pobres,
__________________ pudemos mudar a nossa própria Capital, construir
(*) – Não foi revisto pelo orador. uma Capital nova, como não poderá o
– 23 –

Brasil, que é a representação de fôrça de vinte e um de consciência de cada um daqueles que nêle
irmãos unidos, realizar no seio da Pátria, para votou. Realmente, Senhor Presidente, é
integração da Pátria, para a prosperidade e escala vertical da dignidade dos homens e, mais que
independência da Pátria, a Capital que precisa ser isso, o sentimento de gratidão que marca, hoje,
fincada no território, para que possa abrir, em grande perante todo o Brasil, o povo goiano, num gesto
leque, os rumos do progresso e da consolidação excepcional.
nacional em tôdas as partes mais distantes do Senhor Presidente, a sabedoria dos chefes do
território nacional. Estado goiano, dos chefes do povo goiano, levou
Então, Senhor Presidente, compreendemos para seu território e para sua gente os benefícios de
todos o gesto do nobre Senador Taciano de Mello; que hoje goza, e que no futuro serão muito maiores,
compreendemos e admiramos; compreendemos, e se estenderão por todo Brasil.
principalmente, a emoção, com que Sua Excelência O sentimento de gratidão do povo goiano,
produziu seu discurso de despedida; e ouvimos Senhor Presidente, é que levou hoje a ouvirmos o
emocionadamente essa oração. discurso de renúncia do nobre Senador Taciano de
É um grande companheiro, um grande lutador, Mello. Não me resta, como Líder da Maioria e em
um grande patriota, um homem profundamente nome de todos os companheiros senão agradecer ao
dedicado aos seus deveres, não apenas aos deveres nobre Senador Taciano de Mello pelos trabalhos que
materiais da sua vida, mas aos deveres mais realizou nesta Casa, pelos serviços formidáveis que
recônditos, aquêles deveres mais escondidos, mais prestou a seu País, pela maneira como se conduziu,
íntimos, deveres de consciência. Neste instante, no entre nós, por aquilo que fêz nas Comissões, por
gesto de renúncia, Sua Excelência está abrindo as tudo quanto produziu neste Plenário, por aquilo que
comportas de sua consciência para que aquêles êle representou como autêntico chefe político do seu
deveres surjam, porque entende como sendo um povo e como um grande e real parlamentar dentro do
dever muito do seu âmago, êsse de praticar o gesto Congresso Brasileiro. (Muito bem).
que praticou. Resta-me agradecer-lhe ainda pelo que
Senhor Presidente, de fato Sua Excelência dá êle é, como Deus lhe deu nas suas características
oportunidade a que o ilustre Presidente do Brasil, próprias; pela bondade que possui, pela firmeza
Juscelino Kubitscheck de Oliveira venha ocupar, com que atua, pela cordialidade e, acima de
nesta Casa, essa cadeira. tudo, por essa fôrça de caráter formidável que
Mas, Senhor Presidente, o que precisa fêz com que, durante todo tempo em que aqui estêve
ficar claro é que se torna ainda muito mais jamais cometesse a menor falha de solidariedade
sensível aos nossos corações e aos ou de lealdade para com os seus companheiros,
nossos sentimentos e ainda mais emocionante empenhados nos trabalhos de realização
na História Parlamentar do Brasil, o gesto do legislativa e da construção nacional. (Apoiados).
nobre Senador Taciano de Mello, pelo fato de que Agradeço, em nome da Maioria o
se tratou de uma atitude espontânea e coletiva brilhante mandato que por dois anos
do seu povo: um gesto de gratidão de todo povo desempenhou no Senado Federal o nobre
goiano. A imposição de consciência de um Senador Senador Taciano de Mello. Mas, Senhor
de renunciar como conseqüência da imposição Presidente, diante do gesto de Sua Excelência
– 24 –

nada mais me resta senão acolher e respeitar das pelo Senado ao nobre Senador Taciano de
êsse sentimento de gratidão do povo goiano e, Mello, Deixa Sua Excelência nesta Casa, onde
ao mesmo tempo, exaltar a virtude e a sabedoria dos sempre trabalhou com alta dignidade, grandes
chefes dêsse povo, que tão bem conduziram amizades.
o Estado de Goiás para a conquista de uma nova A Mesa do Senado formula votos pela
era na sua vida econômica. felicidade pessoal e na vida pública do eminente
Senhor Presidente, sentiremos grande Senador Taciano de Mello. (Palmas prolongadas).
falta de um bom companheiro, ótimo Tem a palavra o nobre Senador Antônio
companheiro, magnífico companheiro, como o Baltar.
Senador Taciano de Mello. Sabemos que Sua O SR. ANTONIO BALTAR (*): – Senhor
Excelência sentirá grande falta desta Casa; mas os Presidente, o povo de Pernambuco, em nome do
nossos sentimentos de saudade não são maiores – qual me dirijo ao Senado, neste momento, com
muito menores são – do que os sentimentos de expressa autorização e solidariedade do nobre
admiração que hoje nós dedicaremos ao Senador Senador Novaes Filho, recebeu, estarrecido, a
Taciano de Mello e ao bravo povo goiano. (Muito notícia de que as autoridades do Ministério da
bem; muito bem. Palmas). Educação estariam determinando a transferência do
O SR. PRESIDENTE: – Sôbre a mesa Curso de Geologia que, há alguns anos, funciona na
comunicação do nobre Senador Taciano de Mello, cidade do Recife, para Curitiba.
que vai ser lida pelo Senhor Primeiro Secretário. Entende-se do noticiário dos jornais e mesmo
É lida a seguinte: dos contatos que algumas autoridades
pernambucanas procuram manter com os dirigentes
Comunicação daquele Ministério, que essa transferência se prende
ainda à crise estudantil surgida naquele curso, em
Exmo. Senhor Presidente: dias do ano passado, quando alunos do terceiro ano
O abaixo assinado, Senador pele desentenderam-se com um dos Professôres norte-
Estado de Goiás, com mandato de 1959 a americanos que ali lecionavam e empreenderam um
1967, portador da carteira número 49, de acôrdo movimento grevista que terminou com o afastamento
com o artigo 28 do Regimento Interno, vem daquele Professor.
renunciar ao restante do seu mandato. Circunstâncias especiais, Senhor Presidente,
Brasília, 10 de janeiro de 1961. – entre as quais avulta a de ser eu modesto Professor
Taciano Gomes de Mello. da Universidade do Recife, fizeram com que
O SR. PRESIDENTE: – A declaração acompanhasse de perto, passo a passo os diversos
do nobre Senador Taciano de Mello, nos têrmos incidentes então verificados. Devo, pois, dar meu
do Regimento, está com firma testemunho, antes de qualquer outro, de que, na
reconhecida. Independe de aprovação do Senado; realidade, os estudantes não tinham razão e, ainda
mas só se tornará efetiva e irretratável depois de lida mais, não se conduziram, durante o movimento que
e publicada no "Diário do Congresso Nacional". empreenderam, com a necessária correção.
A renúncia vai à publicação.
A Mesa se associa __________________
às homenagens de afeto e admiração presta- (*) – Não foi revisto pelo orador.
– 25 –

Acusaram aquêle Professor norte-americano afastamento do Professor norte-americano, já


de falta de critério na aposição de notas e no foram os estudantes que o
julgamento de duas das 18 provas realizadas, promoveram suficientemente castigados: todos, sem
apresentando o assunto ao público em têrmos exceção, se não estou enganado, foram,
escandalosos, retratando-o por um prisma que não reprovados e não ascenderam, portanto,
correspondia à verdade dos fatos. Na realidade, ao ano posterior do Curso de
havia o Professor realizado dois trabalhos escolares Geologia.
de caráter diferente dos outros quinze ou dezesseis Não se compreende, assim, que ainda em
anteriormente promovidos, tendo anunciado conseqüência dêsses remotos acontecimentos
previamente aos estudantes que, por se tratar de venha agora, cêrca de um ano depois, o Ministério
testes de conhecimentos gerais, a serem realizados da Educação a determinar providência administrativa
em casa, em longo período, o critério no julgamento que, na realidade, constitui um segundo castigo para
das duas provas seria diferente e, em conseqüência, quem já sofreu pena por possível delito cometido,
mais rigoroso. como também um castigo injusto, para outros,
Pois bem, os estudantes apresentaram ao porque o Curso de Geologia do Recife é uma
público de Recife êsse julgamento diferente como instituição que serve não sòmente a Pernambuco
falta de critério, daquele Professor. É evidente que mas a tôda região nordestina.
não seria um representante socialista nesta Casa do As notícias que chegavam ao Recife, Sr.
Congresso quem viria tomar, nesta altura dos Presidente, dão a entender que foi a CAEG –
acontecimentos históricos brasileiros, a defesa de Comissão de Assistência aos Estudos de Geologia
um Professor norte-americano. A verdade, porém – e sob a presidência do Dr. Jurandir Leoli, que tomou a
esta, de justiça, deve ser proclamada – é que tendo iniciativa de propor essa providência.
seguido, passo a passo, como acentuei, os Parece-me pelo menos até o momento, que
incidentes dessa greve, posso afirmar que os meu grande amigo Dr. Clóvis Salgado vai dar
estudantes não tinham razão nas acusações acolhida à medida, o que, positivamente, será
formuladas. Por conseqüência, a greve deflagrada lamentável. Tenho, entretanto, esperança de que o
foi, a meu ver, movimento altamente Ministro Clóvis Salgado, cujo descortino na gestão
incompreensível. da sua pasta não terá constrangimento – pois Sua
Tenho defendido, nesta Casa, o direito de Excelência se tem havido com raro equilíbrio, ao
greve dos operários quando procuram por êste meio mesmo tempo que procura
a melhoria dos seus salários. Entretanto não movimentar eficientemente os diversos setores
sòmente como Professor universitário, mas também do Ensino a ela subordinados, tenho esperanças
como simples cidadão, jamais consegui entender de que Sua Excelência ponderará devidamente
que estudantes promovessem greves sôbre os graves incovenientes da medida proposta
reivindicatórias. e encontrará meios de dotar a cidade de Curitiba
Esta greve, porém, como reafirmei, de um curso de geologia, sem que seja
não tinha razão de ser, não tinha cabimento. necessário privar Recife, digo melhor, privar todo
Melhor seria, não houvesse sido deflagrada. o Nordeste brasileiro dos benefícios
Em decorrência, no entanto, que aquêle curso lhe vem proporcionando.
do movimento, que terminou com o A medida, além de inconvenien-
– 26 –

te, denota uma política evidentemente errada, pois, Casa, não aceitaria a criação de um curso
num País como o Brasil não será à custa da universitário em Curitiba se tal criação custasse o
supressão de um curso que já funciona em preço da supressão de outro curso já instalado no
determinada localidade para a abertura de outro que Nordeste.
se resolverá o problema do subdesenvolvimento Tem o nobre representante do Paraná tôda a
nacional. razão. A falta de geólogos, no Brasil, é lastimável e
Estou certo de que os nobres representantes se exprime em números verdadeiramente
do Paraná, que ainda há pouco se encontravam neste estarrecedores. Nem a China, a Índia, que há
Plenário, não concordariam com a instalação de um apenas poucos anos arrancaram, digamos assim, na
curso de geologia em Curitiba se tivesse de custar ao linha do desenvolvimento, têm cotas tão baixas de
Nordeste o preço da supressão de um curso já em profissionais da Geologia para, através dêles,
funcionamento nessa região. Os paranaenses, assim conhecer melhor seu subsolo e, futuramente extrair
como os pernambucanos, têm arraigado espírito de as riquezas que êle contenha.
regionalismo mas a êsse espírito regionalista Ao Nordeste, sobretudo, interessa de maneira
sobrepõe-se, sem dúvida, o patriotismo que nos une a vital, definitiva, o desenvolvimento do estudo da
todos, como brasileiros. Geologia, porquanto se o Nordeste, como um todo,
O SR. NELSON MACULAN: – Permite Vossa pode se dizer que é um pouco desconhecido, na
Excelência um aparte? realidade o grande desconhecido do Nordeste é o
O SR ANTONIO BALTAR: – Com prazer. seu subsolo, cujas riquezas se supõem existam mas
O SR. NELSON MACULAN: – O não figuram, ainda perfeitamente inventariadas,
lamentável é que isto aconteça em nosso País. devidamente medidas, em nenhum arrolamento feito
Há poucos dias li em jornais, referência ao com o necessário caráter científico. E êsse
número de geólogos no Brasil que, se não me arrolamento das riquezas do subsolo não se pode
engano, é insignificante para atender às nossas traçar, numa região como a do Nordeste – que tem
necessidades. No momento em que nosso mais da quarta parte do território nacional – senão
progresso depende principalmente das riquezas com a cooperação de uma equipe numerosíssima de
do subsolo, como fechar uma escola de Geólogos geólogos, formada e treinada exatamente em
em Recife a pretexto de greve estudantil? O que trabalhos dessa natureza.
se precisa fazer é conservar a de Pernambuco e Era essa equipe de geólogos que, pouco a pouco,
abrir outras, em Curitiba e em outros pontos do através da cooperação da Universidade do Recife e
País. Nós da Bancada paranaense estaremos órgãos do Ponto IV, de auxílio técnico norte-americano,
solidários com nosso colega de Pernambuco, que se começava a formar. Exatamente neste momento
posso afirmá-lo. em que a Superintendência do Desenvolvimento
O SR. ANTONIO BALTAR: – Agradeço o Econômico do Nordeste procura enquadrar no
aparte de Vossa Excelência, nobre Senador Nelson seu planejamento de desenvolvimento daquela
Maculan, que vem confirmar o que eu dizia, isto é, região uma exploração intensiva e de caráter mais
que a representação do Estado do Paraná nesta racional e econômico das riquezas do subsolo exata-
– 27 –

mente nesse momento o Govêrno Federal nos Clóvis Salgado, em seguimento às tão
ameaça, através do Ministério da Educação e esclarecidas medidas que vem tomando
Cultura, com a supressão daquela fonte de técnicos como Ministro da Educação, sustará a supressão
com que contaríamos para, finalmente, conhecer do Curso de Geologia do Recife, e conseguirá
perfeitamente nosso sobsolo! meios para implantar nôvo e igual curso em Curitiba,
Mas, como dizia, Senhor Presidente, nós, sem o sacrifício daquele que, há alguns anos,
pernambucanos, esperamos da clarividência do vem funcionando na Capital de Pernambuco.
Senhor Ministro da Educação que não venha a (Muito bem! Muito bem! Palmas).
sugerir, em difinitivo, ao Exmo. Senhor Presidente da O SR. PRESIDENTE: – Tem a palavra o
República, medida tão desastrada. nobre Senador Victorino Freire, último orador
Posso afirmar ao Senado qual o inscrito.
estarrecimento das classes mais representativas do O SR. VICTORINO FREIRE (*): – Senhor
Estado de Pernambuco diante da noticia de que a Presidente, ausente dos trabalhos desta Casa em
providência ia ser tomada com a mais acelerada missão no exterior, bem como colegas de
tramitação, eis que o próprio vestibular do Curso de representação do Maranhão, tomei conhecimento, já
Geologia não foi realizado, sob alegação da tardiamente, nos Estados Unidos, do falecimento do
propalada transferência. As classes mais ex-Senador pelo meu Estado, Dr. José Neiva de
representativas de Pernambuco, repito, estão Souza.
alarmadas com a providência, e asseguro ao Senado Juiz no meu Estado, aposentou-se
da República que não a deixarão passar ingressando na política, elegendo-se Deputado à
indiferentemente, se concretizada. As classes Constituinte de 46 pelo meu Partido. Ao término do
produtoras, aquilo que de melhor existe no espírito mandato, foi indicado pelo PSD candidato à cadeira
empreendedor do Nordeste – e que estão, até certo de Senador. Eleito, cumpriu seu mandato.
ponto, sediadas em Pernambuco – os estudantes Contingências da política maranhense e atendendo a
universitários e os estudantes secundários estão conselhos mal avisados, divergiu do Partido, embora
todos, já mobilizados para um protesto formal, sempre mantivéssemos as melhores relações
protesto que poderá chegar até a violência, se pessoais. Mais tarde as urnas não lhe foram
aquela providência se concretizar, porque ferirá favoráveis. Faleceu quando ainda exercia a chefia
fundamente os interêsses do Nordeste. oposicionista de uma vasta área do sertão
Embora pacífico cidadão, e detentor de um maranhense.
mandato que muito me honra e que sempre tenho Senhor Presidente, solicita a representação
procurado dignificar com o meu desempenho, federal do Maranhão nesta Casa ainda que
embora temporàriamente, eu não saberia como tardiamente, porque sòmente agora reabrem-se os
desaprovar essa violência, ou pelo menos a trabalhos do Senado, se telegrafe ao Senhor
veemência do protesto, se a medida se efetivar, Governador do Maranhão e à família do extinto,
porque não sòmente Pernambuco, mas tôda uma manifestando o pesar da representação maranhense
Região ficará fundamente ferida nos seus legítimos e do Senado.
interêsses.
Mas, repito – e com esta repetição termino __________________
meu discurso – confiamos ainda em que o ilustre Sr.
3
(*) – Não foi revisto pelo orador.
– 28 –

O SR. JOAQUIM PARENTE: – dariedade do eminente Líder do PSD da Paraíba.


Permite Vossa Excelência um aparte? Senhor Presidente estas as palavras que
O SR. VICTORINO FREIRE: – Pois desejava deixar nos Anais do Senado, em
não. homenagem à memória do ex-Senador José Neiva
O SR. JOAQUIM FREIRE: – Em nome de Souza – (Muito bem!)
da Bancada do meu Estado, associo-me O SR. PRESIDENTE: – A Mesa aguarda o
às homenagens que o Maranhão presta requerimento de Vossa Excelência. (Pausa).
neste momento ao ex-Senador José Neiva de Souza. O nobre Senador Victorino Freire enviou à
Peço a Vossa Excelência, em nome da Bancada Mesa requerimento, que vai ser lido pelo Senhor
do Piauí, transmita ao Govêrno do Maranhão Primeiro Secretário.
nossos pesares. É lido e apoiado o seguinte:
O SR. VICTORINO FREIRE: –
Senhor Presidente, agradeço o aparte do REQUERIMENTO
eminente Senador Joaquim Parente, Nº 1, DE 1961
da representação do Piauí, Estado vizinho, com
que mantêm todos os Partidos do meu Estado Pelo falecimento do Sr. José Neiva de Souza,
as melhores relações. que com alta dignidade representou o Estado do
O SR. GILBERTO MARINHO: – Dá licença Maranhão nesta Casa, requeremos as seguintes
para um aparte? homenagens:
O SR. VICTORINO FREIRE: – Pois não. 1) inclusão em Ata de um voto de profundo
O SR. GILBERTO MARINHO: – Permito-me pesar;
incluir na oração de Vossa Excelência o pesar da 2) apresentação de condolências à família e
seção do Estado da Guanabara, do Partido que ao Estado do Maranhão. – Victorino Freire, Novaes
ambos temos a honra de pertencer. Filho, Heribaldo Vieira, Francisco Gallotti, Eugênio
O SR. VICTORINO FREIRE: – Agradeço a Barros, Ruy Carneira, Menezes Pimentel, Sérgio
manifestação de pesar da Seção do PSD do Estado Marinho, Alô Guimarães.
da Guanabara, representada pelo eminente colega, O SR. PRESIDENTE: – A Mesa solidariza-se
Senador Gilberto Marinho. com as homenagens que o Senado acaba de prestar
O SR. RUY CARNEIRO: – Permite Vossa à memória do saudoso ex-Senador José Neiva.
Excelência um aparte? Exerceu Sua Excelência, com grande discrição,
O SR. VICTORINO FREIRE: – Com prazer. dignidade e patriotismo, o mandato que lhe foi
O SR. RUY CARNEIRO: – Trago a conferido pelo povo maranhense.
solidariedade da seção do Partido Social Tem a palavra o nobre Senador Gilberto
Democrático à manifestação de pesar que Vossa Marinho.
Excelência presta à memória do ilustre morto. Discurso pronunciado pelo Senhor Senador
O SR. VICTORINO FREIRE: – Gilberto Marinho que, entregue à revisão do orador,
Agradeço a manifestação de soli- será publicado posteriormente.
– 29 –

O SR. PRESIDENTE: – Não há mais oradores taxa de despacho aduaneiro para o equipamento
inscritos. (Pausa).
Nada mais havendo que tratar vou encerrar a de um órgão litúrgico doado ao Colégio Santa
sessão, designando antes, para a próxima, a Marcelina, do Rio de Janeiro, tendo Parecer (nº
seguinte:
501, de 1960), da Comissão de Constituição e
ORDEM DO DIA Justiça, pela inconstitucionalidade.
Discussão preliminar (art. 265 do Regimento Está encerrada a sessão.
Interno) do Projeto de Lei do Senado nº 38, de 1959,
Levanta-se a sessão às 16 horas e 40
que concede isenção dos impostos de
importação e de consumo e da minutos.
2ª SESSÃO DA 2ª SESSÃO LEGISLATIVA EXTRAORDINÁRIA, DA 4ª LEGISLATURA, EM 11 DE
JANEIRO DE 1961

PRESIDÊNCIA DOS SRS. FILINTO MÜLLER E GILBERTO MARINHO

Às 14 horas e 30 minutos, acham-se O SR. PRESIDENTE: – A lista de


presentes os Srs. Senadores: presença acusa o comparecimento de 39
Mourão Vieira. Srs. Senadores. Havendo número legal,
Vivaldo Lima. declaro aberta a sessão.
Zacharias de Assumpção. Vai ser lida a Ata.
Lobão da Silveira. O Sr. Primeiro Suplente, servindo
Victorino Freire. de 2º Secretário, procede à leitura da
Sebastião Archer. Ata da sessão anterior, que é aprovada
Eugênio Barros. sem debates.
Mendonça Clark. O Sr. Quarto Secretário, servindo de
Joaquim Parente. 1º, lê o seguinte:
Menezes Pimentel.
Sérgio Marinho. EXPEDIENTE
Dix-Huit Rosado.
Ruy Carneiro. Ofício
Novaes Filho.
Antônio Baltar. Do Supremo Tribunal Federal,
Rui Palmeira. nos seguintes têrmos:
Silvestre Péricles.
Heribaldo Vieira. SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL
Aloysio de Carvalho.
Ary Vianna. Oficio nº 8.
Paulo Fernandes.
Arlindo Rodrigues. Em 5 de janeiro de 1961.
Caiado de Castro. Senhor Presidente:
Gilberto Marinho. A fim de instruir o Mandado de
Benedito Valadares. Segurança nº 8.505, impetrado pelo Dr.
Nogueira da Gama. Mário Pinotti contra ato do Senado
Moura Andrade. Federal, solicito de V. Exa. com a
Lino de Mattos. máxima urgência e dentro do prazo regulamentar,
Pedro Ludovico. as necessárias providências no sentido de
Coimbra Bueno. me serem fornecidas as informações sôbre
João Villasbôas. as alegações constantes da petição inicial
Filinto Müller. cuja cópia segue junta.
Fernando Corrêa. Aproveito a oportunidade para
Alô Guimarães. apresentar a V. Exa. os meus protestos
Gaspar Velloso. de estima e alta consideração. – Ministro Villas
Nelson Maculan.
Bôas.
Francisco Gallotti.
Saulo Ramos. Exmo. Sr. Ministro Presidente
Guido Mondim. – (39). do Supremo Tribunal Federal:
– 31 –

O Dr. Mário Pinotti, brasileiro, casado, médico, respeito ,dos quais a lei confiou a matéria à discrição
residente e domiciliado no Estado da Guanabara, prudencial do poder e o exercício dela não lesa
vem, sob o amparo do art. 141, § 24, da Constituição direitos constitucionais do indivíduo. Em prejuízo
Federal e art. 1º, da Lei nº 1533, de 1951, impetrar dêstes, o direito constitucional não permite arbítrio a
Mandado de Segurança contra o ato do Senado nenhum dos poderes". (Com. Const. Fed. col. e. ord..
Federal que decidiu não convocar o Impetrante como por Homero Pires, ed. 1933, vol. IV, pág. 192).
suplente de Senador pelo Estado do Pará, eleito Por isso, originário do Senado Federal, o ato
pelo Partido Social Democrático, em virtude de impugnado, conquanto seja político, não o é
licença do titular do mandato efetivo, violando estritamente, vez que incide sôbre direito de natureza
seu direito, líquido e certo consagrado no art. constitucional assegurado ao impetrante,
52, combinado com o § 4º, do art. 60, da consubstanciando lesão de direito individual,
Constituição Federal, tudo pelas razões e atendendo ao pressuposto constitucional de apreciação
para os fins adiante expostos; pelo Poder Judiciário.
Aliás, a hipótese já tem precedente nesta Col.
A Competência do Poder Judiciário Côrte, no célebre caso do impedimento do
Presidente João Café Filho, onde foi admitida a
I – "A lei não poderá excluir da apreciação do apreciação do ato do Congresso Nacional pelo Poder
Poder Judiciário qualquer lesão de direito individual". Judiciário, apesar de seu aspecto político, por incidir
(Constituição Federal, art. 141, § 4º). na esfera de direitos individuais.
Sòmente as questões ditas exclusivamente Tratando-se de ilegalidade, afetando direito
políticas podem evadir-se ao conhecimento do Poder líquido e certo do impetrante, é indisputável que o
Judiciário, vale dizer, aquêles atos administrativos mandado de segurança constitui-se em instrumento
que não alcancem direitos individuais explicitamente hábil para a impugnação.
reconhecidos, consoante a feliz definição de Seabra
Fagundes, distinguindo o ato político do ato Histórico
estritamente político, exemplificando:
"Ato político, mas não estritamente político, é a II – O impetrante é suplente de Senador pelo
cassação de mandato de Deputado ou senador. Estado do Pará, eleito pelo Partido Social Democrático,
Político pelo sentido, interfere, no entanto, com possuindo o respectivo diploma, expedido pelo Tribunal
direito subjetivo (direito ao exercício do mandato). Regional daquele Estado, sem impugnação ou recurso
("O Contrôle dos Atos Administrativos pelo Poder de quem quer que seja, desde o registro da
Judiciário", 3ª ed. Rev. For., 1957, pág. 187, nota 8). candidatura até a expedição do diploma.
A lição, aliás, já era a do grande Ruy, com a Posteriormente, o Partido Social Progressista
sua peculiar clareza: requereu o registro do impetrante como candidato a
"Atos políticos do Congresso ou do Executivo, suplente do seu candidato a Senador, ao que se
na acepção que êsse qualificativo traduz, exceção à opôs o Partido Socialista Brasileiro, cuja impugnação
competência da Justiça, consideram-se aquêles a foi rejeitada pelo Tribunal Regional Elei-
– 32 –

toral e acolhida pelo Egrégio Tribunal Superior te, há de prevalecer o diploma expedido ao
Eleitoral, por via de recurso apropriado, pretendendo- impetrante pela própria Justiça Eleitoral. Obstáculo
se estender os efeitos daquele julgado, após as intransponível, portanto, à formação da coisa
eleições e respectiva diplomação, ao registro antes julgada, constitui a interposição de recurso ordinário
deferido ao Partido Social Democrático. Dessa contra a decisão do Egrégio Tribunal Superior
decisão foi interposto, pelo impetrante, recurso Eleitoral.
ordinário para êste Pretório Excelso. IV – A vista do exposto, requer o impetrante seja
Vale ressaltar, para que o absurdo não fique notificada a autoridade responsável, a fim de, no prazo
sem a devida ressalva, que, apesar do sistema de cinco (5) dias, prestar as informações que entender
partidário previsto na lei para a eleição de suplente necessárias, prosseguindo-se até final, na forma da lei,
de Senador (art. 60, § 4º da Constituição Federal e quando deverá ser deferida a ordem para assegurar ao
art. 52, do Código Eleitoral), o Partido Social impetrante o pleno exercício do seu direito de
Democrático, sob cuja legenda foi eleito o convocação como suplente de Senador pelo Estado do
impetrante, não tem e jamais teve, qualquer ciência Pará, tôdas as vêzes que se configurar uma das
daquela impugnação e demais incidentes hipóteses de substituição previstas em lei.
processuais. Têrmos em que,
Isto pôsto, licenciando-se o Senador de que o P. deferimento.
impetrante é suplente, o Senado Federal, por ato Brasília, 4 de janeiro de 1961. – Ruy Cesar
publicado no "Diário do Congresso" datado de 26 de Nunes Pereira.
outubro de 1960, entendeu de não convocá-lo à O SR. PRESIDENTE: – Vão ser lidos diversos
substituição, porque a validade de sua eleição era requerimentos de informações, de autoria do Sr.
objeto daquele litígio. João Villasbôas.
São lidos e deferidos os seguintes:
O direito líquido e certo
REQUERIMENTO
III – Embora no ato impugnado não se Nº 2, DE 1961
revele propósito de desrespeito ao direito de
terceiros, não é possível a sua subsistência, por Sr. Presidente.
implicar violação a direito individual assegurado em Requeiro sejam solicitadas ao Sr. Ministro da
lei e representado por um diploma conferido pela Agricultura as seguintes informações:
própria. Justiça, cuja validade não pode sofrer 1ª qual a produção anual do trigo, no Brasil, a
contestação pelo simples fato da existência daquele partir de 1945;
litígio, vez que não existe decisão transitada em 2ª qual o preço fixado para o trigo nacional no
julgado, condição essencial à exeqüibilidade dos ano de 1961;
acórdãos da Justiça Eleitoral, nos têrmos do art. 166, 3ª qual a taxa cambial em relação ao dólar
do Código Eleitoral: para a importação de trigo;
"A execução de qualquer acórdão só poderá 4ª qual a tonelagem de trigo importado,
ser feita após o seu trânsito em julgado". anualmente a partir de 1945.
Por isso, enquanto não se Sala das Sessões do Senado Federal, 11 de
configurar a coisa julgada, òbviamen- janeiro de 1961. – Senador João Villasbôas.
– 33 –

REQUERIMENTO REQUERIMENTO
Nº 3, DE 1961 Nº 5, DE 1961

Sr. Presidente. Requeiro sejam solicitadas ao Sr. Ministro da


Requeiro sejam solicitadas ao Sr. Ministro da Viação e Obras Públicas as seguintes informações:
Agricultura as seguintes informações: 1ª quantas admissões de empregados foram
1ª qual a produção anual de borracha, no feitas no Lloyd Brasileiro a partir de 1º de julho de
Brasil, a partir de 1945; 1960 até 31 de dezembro do mesmo ano;
2ª qual o preço fixado para a borracha 2ª quais os nomes dos admitidos, forma da
nacional no ano de 1961; admissão, cargos e funções a que tais admissões se
3ª qual a taxa cambial em relação ao dólar destinaram e quais os vencimentos mensais dêsses
para a importação de borracha; cargos ou funções;
4ª qual a tonelagem da borracha importada, 3ª quais dessas admissões se destinaram a
anualmente, a partir de 1945. preencher vagas já existentes no quadro funcional do
Sala das Sessões no Senado Federal, 11 de Lloyd Brasileiro, quais os novos cargos e quando e
janeiro de 1961 – Senador – João Villasbôas. por quem foram êstes criados;
4ª quais dessas admissões foram autorizadas
REQUERIMENTO pelo Presidente da República e quais as que não o
Nº 4, DE 1961 foram.
Sala das Sessões do Senado Federal, 11 de
Sr. Presidente. janeiro de 1961. – Senador João Villasbôas.
Requeiro sejam solicitadas ao Sr. Ministro da
Educação e Cultura as seguintes informações: REQUERIMENTO
1ª O inteiro teor da lei, decreto ou outro ato Nº 6, DE 1961
legislativo ou administrativo que criou o Instituto
Superior de Estudos Brasileiros – ISEB, Sr. Presidente:
2ª O inteiro teor do ato legislativo ou Requeiro sejam solicitadas ao Sr. Ministro da
administrativo que deu organização ao ISEB, criando Agricultura as seguintes informações:
o seu corpo de professôres e o seu quadro de 1ª quantas admissões de funcionários foram
funcionários e lhes estabeleceu os respectivos feitas no Serviço de Proteção aos Índios – S.P.I., em
vencimentos ou gratificações; todo o Brasil, a partir de 1º de julho de 1960 até 31
3ª por que dotação orçamentária são de dezembro do mesmo ano;
realizadas as despesas com a manutenção do ISEB 2ª quais os nomes dos admitidos, forma da
e a quanto montam anualmente essas despesas, em admissão, cargos e funções a que tais admissões se
pessoal e material, separadamente. destinaram e quais os vencimentos mensais dêsses
4ª se o ISEB tem patrimônio próprio, quais as cargos e funções;
respectivas espécies, por que verbas foram 3ª quais dessas admissões se destinaram a
adquiridas. preencher vagas já existentes no quadro funcional do
Sala das Sessões do Senado Federal, 11 de Serviço de Proteção aos Índios, quais os novos
janeiro de 1961. – Senador – João Villasbôas. cargos e quando e por quem foram êstes criados;
– 34 –

4ª quais dessas admissões foram autorizadas destinaram e quais os vencimentos mensais dêsses
pelo Presidente da República e quais as que não o cargos e funções;
foram. 3ª quais dessas admissões se destinaram a
Sala das Sessões do Senado Federal, 11 de preencher vagas já existentes no quadro funccional
janeiro de 1961. – Senador João Villasbôas. do Instituto, quais os novos cargos e quando e por
quem foram êstes criados;
REQUERIMENTO 4ª quais dessas admissões foram autorizadas
Nº 7, DE 1961 pelo Presidente da República e quais as que não o
foram.
Sr. Presidente: Sala das Sessões do Senado Federal, 11 de
Requeiro sejam solicitadas ao Sr. Ministro da janeiro de 1961. – Senador João Villasbôas.
Agricultura as seguintes informações:
1ª quantas admissões de funcionários foram REQUERIMENTO
feitas no Instituto Nacional de Imigração e Nº 9, DE 1961
Colonização – INIC, em todo o Brasil, a partir
de 1º de julho de 1960 até 31 de dezembro do Sr. Presidente:
mesmo ano; Requeiro sejam solicitadas ao Sr. Ministro do
2ª quais os nomes dos admitidos, forma de Trabalho, Indústria e Comércio as seguintes
admissão, os cargos e funções a que tais admissões Informações:
se destinaram e quais os vencimentos mensais 1ª quantas admissões de funcionários foram
dêsses cargos e funções; feitas no Serviço de Alimentação da Previdência
3ª quais dessas admissões se destinaram a Social – SAPS – em todo o Brasil, a partir do dia 1º
preencher vagas já existentes no quadro funcional do de julho de 1960 até o dia 31 de dezembro do
instituto, quais os novos cargas e quando e por quem mesmo ano;
foram êstes criados; 2ª quais os nomes dos admitidos, forma da
4ª quais dessas admissões foram autorizadas admissão, os cargos e funções a que tais admissões
pelo Presidente da República e quais as se destinaram e quais os vencimentos mensais
que não o foram. Sala das Sessões do Senado dêsses cargos e funções;
Federal, 11 de janeiro de 1961. – Senador João 3ª quais dessas admissões se destinaram a
Villasbôas. preencher vagas já existentes no quadro funcional do
Serviço de Alimentação da Previdência Social –
REQUERIMENTO SAPS – quais os novos cargos e quando e por quem
Nº 8, DE 1961 foram êstes criados.
4ª quais dessas admissões foram autorizadas
Sr. Presidente: pelo Presidente da República e quais as que não o
Requeiro sejam solicitadas ao Sr. Ministro do foram.
Trabalho, Indústria e Comércio as seguintes Sala das Sessões do Senado Federal, 11 de
informações: janeiro de 1961. – Senador João Villasbôas.
1ª quantas admissões de funcionários foram
feitas no Instituto de Aposentadoria e Pensões REQUERIMENTO
dos Comerciários, IAPC, em todo o Brasil, a partir de Nº 10, DE 1961
1º de julho de 1960 até 31 de dezembro do mesmo
ano; Sr. Presidente:
2ª quais os nomes dos admitidos, forma da Requeiro sejam solicitadas ao
admissão, cargos e funções a que tais admissões se Sr. Ministro do Trabalho, Indústria
– 35 –

é Comércio as seguintes informações: vos cargos, quando e por quem foram êstes criados;
1ª quantas admissões de funcionários foram 4ª quais dessas admissões foram autorizadas
feitas no Instituto de Aposentadoria e Pensões dos pelo Presidente da República e quais as que não o
Ferroviários do Serviço Público – IAPFESP – outrora foram.
CAPFESP, em todo o Brasil, a partir do dia 1º de Sala das Sessões de Senado Federal, 11 de
julho de 1960 até o dia 31 de dezembro do mesmo janeiro de 1961. – Senador João Villasbôas.
ano;
2ª quais os nomes dos admitidos, forma da REQUERIMENTO
admissão, os cargos e funções a que tais admissões Nº 12, DE 1961
se destinaram e quais os vencimentos mensais
dêsses cargos e funções; Sr. Presidente:
3ª quais dessas admissões se destinaram a Requeiro sejam solicitadas ao Sr. Ministro do
preencher vagas já existentes no quadro funcional do Trabalho, Indústria Comércio as seguintes
Instituto de Aposentadoria e Pensões dos informações.
Ferroviários do Serviço Público – IAPFESP, quais os 1ª quantas admissões de funcionários foram
novos cargos e quando e por quem foram êstes feitas no Instituto da Aposentadoria e Pensões dos
criados; Empregados em Transportes e Cargas – IAPETC –
4ª quais dessas admissões foram autorizadas em todo o Brasil, a partir de 1º de julho de 1960, até
pelo Presidente da República e quais as que não o 31 de dezembro do mesmo ano;
foram. 2ª quais os nomes dos admitidos, forma da
Sala das Sessões do Senado Federal, 11 de admissão, os cargos s funções a que tais admissões
janeiro de 1961. – Senador João Villasbôas. se destinaram e quais os vencimentos mensais
dêsses cargos e funções;
REQUERIMENTO 3ª quais dessas admissões se destinaram a
Nº 11, DE 1961 preencher vagas já existentes no quadro funcional do
Instituto, quais os novos cargos e quando e por
Sr. Presidente: quem foram êstes criados;
Requeiro sejam solicitadas ao Sr, Ministro do 4ª quais dessas admissões foram autorizadas
Trabalho, Indústria e Comércio as seguintes pelo Presidente da República e quais as que não o
informações: foram.
1ª quantas admissões de funcionários foram Sala das Sessões do Senado Federal, 11 de
feitas na Comissão Federal de Abastecimento e janeiro de 1961. – Senador João Villasbôas.
Preços – COFAP – em todo o Brasil, a partir do dia
1º de julho de 1960 até o dia 31 de dezembro do REQUERIMENTO
mesmo ano; Nº 13, DE 1961
2ª quais os nomes dos admitidos, forma da
admissão, os cargos e funções a que tais admissões Sr. Presidente:
se destinaram e quais os vencimentos mensais Requeiro sejam solicitadas ao Sr. Ministro do
dêsses cargos e funções; Trabalho, Indústria e Comer seguintes informações:
3ª quais dessas admissões se destinaram a 1ª quantas admissões de funcionários foram
preencher vagas já existentes no quadro feitas no Instituto de Aposentadoria e Pensões dos
funcional da Comissão Federal de Abastecimento Marítimos – IAPM – em todo o Brasil, a partir de 1º
e Preços – COFAP – quais os no- de julho de 1960 até dezembro do mesmo ano;
– 36 –

2ª quais os nomes dos admitidos, forma da REQUERIMENTO


admissão, os cargos e funções a que tais admissões Nº 15, DE 1961
se destinaram e quais os vencimentos mensais
dêsses cargos e funções; Sr. Presidente:
3ª quais dessas admissões se destinaram a Requeiro sejam solicitadas ao Sr. Ministro do
preencher vagas já existentes no quadro funcional do Trabalho, Indústria e Comércio as seguintes
informações:
Instituto, quais os novas cargos e quando e por
1ª quantas admissões de funcionários foram
quem foram êstes criados;
feitas no Instituto de Aposentadoria e Pensões dos
4ª quais dessas admissões foram autorizadas Bancários – I.A.P.B. – em todo o Brasil, a partir de 1º
pelo Presidente da República e quais as que não o de julho de 1960 até 31 de dezembro do mesmo ano;
foram. 2ª quais os nomes dos admitidos, forma da
Sala das Sessões do Senado Federal, 11 de admissão, os cargos e funções a que tais admissões
janeiro de 1961 – Senador João Villasbôas. se destinaram e quais os vencimentos mensais
dêsses cargos e funções;
REQUERIMENTO 3ª quais dessas admissões se destinaram a
Nº 14, DE 1961 preencher vagas já existentes no quadro funcional do
Instituto, quais os novos cargos e quando e por
Sr. Presidente: quem foram êstes criados.
Requeiro sejam solicitadas ao Sr. Ministro do 4ª quais dessas admissões foram autorizadas
pelo Presidente da República e quais as que não o
Trabalho, Indústria e Comércio as seguintes
foram.
informações: Sala das Sessões do Senado Federal, 11 de
1ª quantas admissões de funcionários foram janeiro de 1961. – Senador João Villasbôas.
feitas no Serviço de Assistência Médica Domiciliar de
Urgência – S.A.M.D.U. – em todo o Brasil, a partir de REQUERIMENTO
1º de julho de 1960 até 31 de dezembro do mesmo Nº 16, DE 1961
ano;
2ª quais os nomes dos admitidos, forma da Sr. Presidente:
admissão, os cargos e funções a que tais admissões Requeiro sejam solicitadas ao Sr. Ministro do
se destinaram e quais os vencimentos mensais Trabalho, Indústria e Comércio as seguintes
dêsses cargos e funções; informações:
3ª quais dessas admissões se destinaram a 1ª quantas admissões de funcionários foram
preencher vagas já existentes no quadro funcional do feitas no Instituto de Aposentadoria e Pensões dos
Industriários – I.A.P.I. – em todo o Brasil, a partir de 1º
SAMDU, quais os novos cargos e quando e por
de julho de 1960 até 31 de dezembro do mesmo ano;
quem foram êstes criados.
2ª quais os nomes dos admitidos, forma da
4ª quais dessas admissões foram autorizadas admissão, os cargos e funções a que tais admissões
pelo Presidente da República e quais as que não o se destinaram e quais os vencimentos mensais
foram. dêsses cargos e funções;
Sala das Sessões do Senado Federal, 11 de 3ª quais dessas admissões se destinaram a
janeiro de 1961. – Senador João Villasbôas. preencher vagas já existentes no quadro funcional do
– 37 –

Instituto, quais os novos cargos e quando e por 1956 e, uns poucos a 1957. ilegível esclarecimentos
quem foram êstes criados; prestados, informalmente, por um dos chefes de
4ª quais dessas admissões foram autorizadas seção ouvidos, soubemos, porém, não ter havido
pelo Presidente da República e quais as que não o melhoria dos índices da mortalidade infantil nos
foram. últimos anos especialmente nas regiões Norte e
Sala das Sessões do Senado Federal, 11 de Nordeste.
janeiro de 1961. – Senador João Villasbôas. Diz mais êste mesmo artigo que a região do
O SR. PRESIDENTE: – Há oradores inscritos. Nordeste conserva mesmas taxas de alguns ano
Tem a palavra o nobre Senador Mendonça atrás, comparáveis aos da Ásia e África numa média
Clark. de 200/1.00
O SR. MENDONÇA CLARK (*): – Sr. Sr. Presidente, devo declarar a Senado e à
Presidente, Srs. Senadores, inscrevi-me para falar Nação que o índice de duzentos por mil, considerado
sôbre assunto de interêsse exclusivo dos Estados do m dia no Brasil, é, com relação a Estado do Piauí, ou
Piauí e do Maranhão. Contudo, ao ler o "Correio da em certas zonas do Estado, muito modesto.
Manhã" de hoje, deparou-se-me artigo de fundo e o Verifiquei, em 1956, quando tive de apresentar
noticiário, sôbre a iniciativa de um repórter, do tese na Escola Superior de Guerra, que o índice de
mesmo jornal, com relação à mortalidade infantil em mortalidade infantil no meu Estado, era de trezentos
nosso País. e cinqüenta a quatrocentos por mil. Fácil, é chegar-
Sendo um dos maiores problemas do Piauí a se à conclusão dêsse tão elevado índice. O
mortalidade infantil, resolvi deixar de lado meu Piauí, infelizmente continua com serviços de
propósito inicial para tratar, dada a oportunidade, da água esgôto deficientes; há regiões em que não
mortalidade infantil no Brasil. existem êsses serviços. A cidade de Teresina,
Diz o "Correio da Manhã" que o Govêrno pela elevada temperatura e falta de um serviço
Federal está sem elementos estatísticos para perfeito de abastecimento de água esgotos, constitui
formular combate à mortalidade infantil e acrescenta: um dos centros de maior índice de mortalidade
Não dispõe o govêrno de elementos estatísticos infantil.
oficiais seguros, capazes de possibilitar a formulação Gostaria, Sr. Presidente, constasse dos Anais
das diretrizes de uma politica de amparo à infância, desta Casa, como confirmação à reportagem, cujo
quer pelo exame dos coeficientes de mortalidade trecho acabo de ler, o editorial do "Correio da
infantil quer pela interpretação das "causa-mortis"' Manhã" de hoje, publicado na sua última página sob
mais freqüentes. Em vão a reportagem buscou o seguinte título "Morte desnecessária".
ontem conseguir tais dados, devidamente Assim se exprime o redator daquele matutino:
atualizados. Percorreu cinco repartições do Ministério Estamos ainda, no Brasil, tãc subdesenvolvidos,
da Saúde. Obteve apenas elementos referentes a que problemas considerados do passado, em
países mais atualizados continuam gravíssimos
__________________ aqui. Um dêsses problemas, um dos maiores
(*) – Não foi revisto pelo orador. de todos pelo seu conteúdo profundamente humano,
– 38 –

é o da mortalidade infantil. Num ambiente bastante mente colocada entre as mais altas do mundo.
civilizado, como bem sabe a classe média das Na última página dêste jornal publicamos hoje
cidades mais importantes do Brasil, êsse problema as andanças de um repórter do "Correio da Manhã"
está até certo ponto resolvido. É da essência da que tentou saber qual o estágio do problema da
condição humana não se ter certeza dos golpes mortalidade infantil entre nós. Percorreu cinco
inesperados da sorte. Assim, sempre haverá os repartições do Ministério da Saúde, obtendo apenas
casos em que crianças, por maior que seja o socorro dados referentes a 1956, e, uns poucos, a 1957. De
que uma sociedade lhes pode proporcionar, um modo geral o que se pode afirmar é que, a
desaparecerão do convívio de suas famílias. Mas se despeito de todos os métodos e medicamentos
há um terreno, que justifica o maior otimismo êsse é novos, não se alteraram os níveis da alta mortalidade
exatamente o das possibilidades crescentes de infantil no Brasil. Continua a hecatombe de
salvá-las. Moléstias consideradas antigamente como "anjinhos".
altamente ameaçadoras, um pediatra pode tratá-las O departamento que mais informou foi o
hoje pelo telefone, graças ao fantástico Serviço de Educação e Divulgação do Departamento
desenvolvimento das vacinas, e, especialmente dos Nacional da Criança. Segundo os dados do Instituto
antibióticos. Brasileiro de Geografia e Estatística para 1956, a
Mas se as novas drogas criaram uma nova mortalidade infantil dêsse ano foi da ordem de 160
tranqüilidade para as classes abastadas e para a crianças por 1.000 o que é péssimo. Mas êsse
classe média, que podem pagar o preço péssimo não é o pior, pois os dados menos
freqüentemente abusivo dos remédios, permanece merecedores de confiança são no caso, os do Norte
desprotegida tôda a zona daqueles que, mal e Nordeste, onde, como se sabe, mais altos são os
equipados para o dever fundamental de afugentar a índices da mortalidade infantil no Brasil. Acontece,
fome, não podem lançar mão de tôda essa no entanto, que no mundo inteiro uma taxa de 100
farmacopéia que surgiu principalmente a partir da óbitos infantis por 1.000 é considerada excessiva.
Segunda Guerra Mundial. Êsse grande segmento, É a taxa encontradiça na Ásia e na África. As
econômicamente incapaz do proletariado urbano, e, nossas 180 crianças mortas representam, portanto,
sobretudo, das massas rurais, continua a freqüentar um exagêro. No Nordeste, aliás, ao que se sabe,
os herbanários, o catimbó e a macumba e a tentar empatamos com aréas realmente sacrificadas de
combater as infecções e a paralisia infantil com Ásia e África, com a mortalidade de crianças de até
poções e mezinhas. um ano de idade na zona das 200 por 1.000.
Ou estaremos exagerando? A verdade é Em São Paulo, temos, naturalmente, níveis
que o Govêrno anda tão ausente do problema melhores de 60 por 1.000 e em Santa Catarina níveis
que não pode sequer fornecer dados positivos ótimos de 40 por 1.000. No Brasil, em geral, a
sôbre a mortalidade infantil no Brasil, sabida- situação continua a ser de calamidade.
– 39 –

E o mais grave da situação não é mo médico escolar no Rio de Janeiro, perdia tempo
propriamente a mortalidade infantil em si: é, isto sim, apenas na faina de isolar as crianças saudáveis das
o evidente descaso com que o Brasil trata o portadoras de doenças contagiosas. Teve, então, a
problema. O primeiro cuidado que uma situação idéia de criar uma clínica escolar, onde se começasse a
assim grave impõe é seu conhecimento perfeito, é a examinar as crianças do Distrito Federal.
noção exasperante mais promissora de se saber de Sr. Presidente, pra Senadores, não pensem
cor o mal que nos acomete. A consciência perfeita que foi fácil. As autoridades procuradas – Prefeito.
do mal é o melhor encaminhamento para sua Ministros de Estado e até o Sr. Presidente da
erradicação. O escasso conhecimento que se tem República – não tinham idéia do problema; e o
sôbre a mortalidade dos nossos pré-cidadãos (que resultado foi que, depois de muito esfôrço, conseguiu
só serão cidadãos plenos e votantes se um prédio velho da Prefeitura, que ninguém queria
atravessarem a barreira da morte de infantes, quase mais; e nêsse prédio velho, despendendo alguns
desnecessária hoje em dia) é a prova melhor, e a milhares de cruzeiros, conseguiu instalar a primeira
mais triste, de que continuarão, simplesmente, a clínica do Distrito Federal, a única que deve existir,
morrer. até hoje, no Brasil. Isso pelos idos de 1935, quando
Sr. Presidente, êsse artigo do "Correio da a Prefeitura não pagava os médicos. Êle então
Manhã" faz-me lembrar que, desde os meus dez reunia os Colegas e começava a trabalhar,
anos de idade, a título de passeio, acompanhava juntamente com Martins Pereira, Lúcio de Mendonça,
meu pai, nas suas andanças como Inspetor Médico Nelson Mendes e outros, que trabalharam dez anos
Escolar no Rio de Janeiro, em visitas às escolas do de graça, examinando cento e tantas mil crianças,
antigo Distrito Federal. Andávamos num fordeco de pràticamente sem qualquer auxilio do Govêrno, que
bigode, como se chamava àquele tempo, por não pagava nem os vencimentos dos médicos.
Cascadura, Meier, Mangaratiba, Guaratiba e Chegou, então, à conclusão de que, já àquela
Sepetiba, visitando-lhes as escolas públicas. Desde época, antes do aparecimento dos remédios
essa época, portanto, e durante dois ou três anos, modernos, as crianças cariocas não aprendiam o
pude verificar, sem qualquer obrigação pessoal, ABC por estarem cheias de vermes e passando
únicamente para ver o que se passava naquelas fome. A doença principal era a fome, a miséria; e a
escolas – professôres, fazendo esforços tremendos real, a verminose.
para ensinar o ABC às crianças cariocas. Convenientemente tratadas, voltavam essas
Via, então, meu pai, sem qualquer recurso crianças para a escola um pouco melhor.
para afastar das escolas as crianças com tracoma ou Continuavam, porém, com fome e não podiam
outras doenças contagiosas, podendo prejudicar a aprender o que as professôras com grande
saúde das demais. O simples afastamento, porém e tenacidade, procuravam incutir-lhes.
nada mais, porque não tinha recursos para medicá- Surgiu a idéia de, com pequena contribuição –
las. dez tostões, naquela época – da parte dos que
Depois de anos, Sr. Presidente, podiam dá-la, instituir-se o primeiro copo de leite ou
chegou êle à conclusão de que, co- a sopa, alimentos que satisfariam às crianças sem
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custar muito caro. Com êsse simples copo de leite e assim, os chefes militares adotar também a sopa,
com essa sopa houve crianças que, em um mês, sem despesa alguma para a Nação. Utilizando os
engordaram três quilos, conseguindo ainda um ossos com a carne que os acompanhava, fazia-se a
aproveitamento escolar muito superior ao dos anos sopa que ficou célebre na zona de Deodoro,
anteriores. Melhor alimentadas, estavam mais aptas Magalhães Bastos e outros. Essa feliz iniciativa,
a aprender o que lhes era ensinado. porém, originou-se da idéia e do trabalho do pai de
Entretanto, Sr. Presidente, nunca foi possível V. Exa., cujas virtudes de homem ilustre e dedicado
melhorar as instalações escolares de General à causa pública hoje proclamamos. Atualmente, na
Canabarro. Depois de muitos anos aquela iniciativa Guanabara, a situação é bem diferente, embora
evoluiu um pouco e foi construído o Hospital-Escola, ainda existam algumas das deficiências a que V.
onde a criança era tratada, alimentada e recebia Exa. se referiu.
aulas, nos fundos da clínica. Os resultados foram Temos, além do copo de leite, vitaminas em
surpreendentes. As crianças passaram a assimilar drágeas, que possuem as mesmas qualidades dêste
muito melhor os ensinamentos recebidos. Internadas alimento; cada uma delas dá para cinqüenta
na clínica, tornaram-se sadias. crianças. Sôbre êsse assunto não posso discorrer
Infelizmente, ficou na Clínica Hospitalar e no por não ser médico. Tive oportunidade de, durante
Hospital-Escola de General Canabarro o esfôrço minha última estada no Estado da Guanabara,
daqueles que, dirigidos por meu pai, durante tantos verificar que o Ministério da Saúde encomendou
anos trabalharam no atual Estado da Guanabara. milhares dêsse produto. Aliás, a titulo de curiosidade
O SR. CAIADO DE CASTRO: – Permite V. trouxe uma drágea para mostrar aos amigos em
Exa. um aparte? Brasília. O Exército, naturalmente mediante convênio
O SR. MENDONÇA CLARK: – Com muito com o Ministério da Saúde, ofereceu grande
prazer. quantidade dessas vitaminas a fim de serem
O SR. CAIADO DE CASTRO: – Estou utilizadas nas escolas públicas. Concordo
ouvindo, com a maior atenção, o discurso de V. Exa. integralmente com V. Exa. Pretendi com meu aparte,
Conheço de perto o trabalho desenvolvido por seu homenagear seu ilustre genitor e demonstrar que os
ilustre genitor. Estou sobretudo a par dos ótimos ensinamentos que recebemos, não pessoalmente,
resultados com a instituição da merenda escolar. mas através da propaganda que êle fêz não foram
Difundida em várias organizações, acabou a idéia perdidos. Posso mesmo afirmar que deram grandes
sendo aplicada no meio militar. Seguindo justamente resultados para o País; e que nós da Guanabara
o exemplo do ilustre pai de V. Exa., iniciamos muito os aproveitamos, aplicando-os na medida das
na Vila Militar, o fornecimento da sopa escolar. nossas fôrças. Embora, o Estado da Guanabara não
Também ali chegamos à conclusão de que grande esteja ainda em ótimas condições nesse particular, a
parte das faltas verificadas durante o ano letivo freqüência escolar é maior e dia adia aumenta
nas escolas dos subúrbios, naquela zona, extraordinàriamente. Dizem os técnicos que isso
decorriam da fome. As crianças chegavam ocorre em conseqüência da prática da merenda
ao colégio tão subnutridas que não conseguiam escolar e utilização das vitaminas fornecidas pelo
prestar atenção às aulas. Decidiram, Exército às escolas públicas.
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O SR. MENDONÇA CLARK: – Muito grato não é comum. É um verdadeiro crime! No entanto,
pelo aparte do ilustre Senador Caiado de Castro. está demonstrado que a criança brasileira passa
E para mim motivo de grande satisfação saber fome, que a criança brasileira tem doenças
da iniciativa do Exército na Vila Militar procurando, fàcilmente curáveis, agora mais do que nunca, e, no
naturalmente, amparar as crianças que freqüentam entanto, no Brasil, continua-se a nascer para morrer.
as escolas daquela zona. O fato, de tôdas as Essa a verdadeira expressão: a criança nasce
maneiras, vem comprovar o que eu vinha dizendo para morrer! Morrer, sim, porque é o que ocorre no
sôbre a fome que constitui motivo de impedimento meu Estado onde chegam a morrer trezentas e
para que as crianças aprendam. cinqüenta a quatrocentas crianças por mil. Não há,
Assim, Sr. Presidente, depois dos esforços, pois, o direito de crescer e sim o de nascer para
para a criação da clínica escolar para o Estado da morrer.
Guanabara, depois de criada escola hospitalar, não A maneira de salvar-se essas crianças é
só para fazer exames mas para dar o direito de simples. Além da sopa, do copo de leite e, agora, da
crescer a essas crianças, não foi possível irradiar merenda escolar, ministrar-lhes óleo-defigado-de-
pelo Brasil a idéia aplicada no Estado da Guanabara. bacalhau de mistura com o ferro reduzido a pó.
As autoridades federais, desde o Presidente da Vi importados por meu saudoso pai, tambores
República, Ministro da Saúde e Prefeito, foram e mais tambores dêsse produto norueguês e também
convidadas, para ver com os próprios olhos, os mais de quinhentos quilos de ferro reduzido a pó.
resultados dessa instituição no Estado da Guanabara. Essa mistura dava à criança brasileira tal estado de
Não se trata de uma organização suntuosa, mas de saúde que não permitia mais continuasse a
uma entidade pobre, sem recursos, mas cuja mortalidade infantil a ceifar vidas indefinidamente. O
eficiência foi comprovada. Não satisfeito com seus exemplo, entretanto, foi esquecido. Morto meu
últimos trabalhos, a fim de disseminar suas idéias no genitor em 1948, de lá para cá, salvo raras e
Brasil, comprou uma propriedade agrícola, por sua honrosas exceções, o problema da mortalidade
própria conta, no Estado do Rio, e uma escola infantil apenas de vez em quando vem ao
hospital. Esta já foi inaugurada. Vi com meus próprios conhecimento do público.
olhos, crianças morrerem de tuberculose óssea e Na verdade, no Estado da Guanabara o nível
outras doenças graves. Muitas delas, tiradas a tempo do seu povo é outro, melhorou muito. Sua
das enfermarias da Santa Casa de Misericórdia e capacidade de socorro é notável. Mas o Estado do
levadas para Araruama, no Estado do Rio, seis meses Piauí permanece como estava, na Guanabara, em
depois estavam mais fortes, mais sadias, mais 1925 ou 1930: em completo abandono.
capazes do que crianças da classe média, crianças O próprio leite que o F.I.S.I. fornece ao Brasil,
ricas do Rio de Janeiro. de graça, demora a chegar ao seu destino. Eu
Relativamente ao problema da mortalidade próprio, por duas ou três vêzes interferi junto ao
infantil, a situação está como retrata o "Correio da Ministério da Fazenda, para liberar o produto nos
Manhã": o próprio Govêrno se encontra portos do Maranhão e Ceará, onde tem ficado
desaparelhado para saber, inclusive, quantas retido de oito a dez meses! Discute-se o pagamento
crianças morrem no País. A situação não é simples, ou não de direitos alfandegários enquanto
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a criança brasileira carece do produto. nicípio de Eirunepé. Tive ocasião, neste Plenário, em
Consegue-se a liberação junto ao Ministério da aparte, de advertir a Nação quanto ao que ocorre
Fazenda mas a pobreza do Piauí é tal que não nesse município amazonense: de mil crianças que
existem recursos para a chegada do leite à Capital e nascem, oitocentas morrem! Fiz essa advertência
distribuí-lo pelo interior. neste Plenário, repito, dirigindo-me ao então Ministro
O leite fica um, dois ou três meses retido na da Saúde, Senhor Mário Pinotti; e a reiterei várias
Capital do Estado, sem poder ser distribuído às vêzes, pessoalmente, a S. Exa. Infelizmente,
crianças do meu Estado; fica sob a dependência de nenhuma providência foi tomada a esse respeito. É
alguém de boa vontade que se decida mandá-lo para um pequeno exemplo da incúria ministerial quanto
o interior. ao problema da criança no Brasil, permitindo que
Com estas observações, desejo congratular- num município o sacrificio da população infantil
me com o "Correio da Manhã". Que êsse grande seja de tal monta. V. Exa. agora traz exemplos de
órgão da imprensa nacional possa manter viva, bem municípios do seu Estado. Tal acontece sobretudo
viva, essa campanha, que se pode considerar como nas regiões Norte e Nordeste do País, onde a
ponto primordial da existência de um jornal da Saúde Pública apenas aparece nominalmente. As
importância do "Correio da Manhã", ao chamar a verbas são podadas e mal empregadas. A
atenção do Govêrno para problemas como o da Merenda Escolar já daria para alguma coisa, para
mortalidade infantil, apontando soluções fáceis, a criança ir conseguir ultrapassar a primeira etapa
desde que sejam realmente bem equacionadas. da vida, a mais delicada. A criança comparece às
Já dizia Miguel Pereira e Miguel Couto por escolas pràticamente faminta, inanida. A merenda
vêzes repetia, que o Brasil é um grande hospital. é que lhe daria alguma fôrça e resistência para
Disse meu pai que no Brasil nasce-se para morrer. assimilar as lições ministradas. Digo a V. Exa.,
Não é possível, a esta altura, num País que já se dentro de um modesto exemplo: na própria cidade
considera em fase de desenvolvimento, continuar a do Rio de Janeiro, tive que instituir, na Cruz
morrer no meu Estado de trezentas a quatrocentas Vermelha Brasileira, uma cantina para atender as
crianças por mil, pela fome, pela pobreza, pela falta crianças que apareciam nos ambulatórios da
de amparo do Govêrno. instituição acompanhando seus genitores em
Tão falho é o Serviço com relação ao órgão de busca de tratamento, já que não poderiam
defesa da criança nacional, que o "Correio da permanecer sòzinhas em casa. Senti que cairiam
Manhã" frisa não ter sido possível coligir dados junto de inanição. Então, estabeleci a sopa, o suco de
ao Govêrno Federal, capazes de afirmar o índice de vitaminas. De alguns anos para cá, tôda e
mortalidade infantil em nosso País. qualquer criança, ou mesmo adulto, que
O SR. VIVALDO LIMA: – Permite V. Exa. um comparece aos ambulatórios daquela instituição
aparte pode dirigir-se à Cantina ao lado, onde encontrará
O SR. MENDONÇA CLARK: – Com prazer. alimento para poder esperar seus genitores. Se
O SR. VIVALDO LIMA: – U'a amostra tal fato ocorre na antiga Capital da República,
do descaso em que se tem êste hoje Estado da Guanabara, imagine-se o que
crucial problema nacional é o Mu- acontece no resto do Brasil, principalmente no
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Norte e Nordeste. Não há palavras suficientes para mos aumentá-la. Pelo menos há um setor trabalhando
exprimir a revolta e o pesar pelo que ocorre em no sentido de socorrer a infância dêste país.
matéria de saúde pública, sobretudo no tocante à O SR. MENDONÇA CLARK: – Agradeço o
assistência à criança brasileira. aparte do nobre Senador Guido Mondim, em que S. Exa.
O O SR. MENDONÇA CLARK: – Agradeço o revela pontos realmente interessantes do problema da
aparte que acabo de receber do nobre Senador merenda escolar. Direi mais, agora, a S. Exa e ao
Vivaldo Lima, não só porque S. Exa. é um grande Senado: quando se pensou em alguma medida no
médico, responsável por uma organização de âmbito sentido de iniciar o fornecimento de merenda – sopa,
internacional, como porque conhece e vive leite ou coisa parecida – admitiu-se a hipótese da criança
profundamente o problema. levá-la, por inteiro ou em parte, para casa; mas chegou-
O SR. VIVALDO LIMA: – Muito obrigado. se à convicção, comprovada, de que os pais e os irmãos
O SR. GUIDO MONDIM: – Permite o nobre tomavam também uma parte da merenda, tirando-a da
orador um aparte? criança que recebia da escola.
O SR. MENDONÇA CLARK: – Pois não. Por essa razão foi proibida por meu pai a ida
O SR. GUIDO MONDIM: – Por certo, V. Exa. da merenda para casa, dada a impossibilidade de
vem acompanhando a atuação dessa organização controlar o uso da merenda pela criança, em sua
benemérita, que é a Campanha Nacional da própria casa.
Merenda Escolar. Ainda no Rio de Janeiro, Ora, quando o pai ou a mãe é capaz de tirar
tivemos oportunidade de, mais de uma vez, da boca do filho parte da merenda que êle recebe na
participar dos trabalhos dela e tomar conhecimento escola, a situação de fome é um fato consumado.
de fatos verdadeiramente dolorosos que explicam A merenda convenientemente dada à criança,
a razão dessa mortalidade. Há, por exemplo, mais ainda agora, com os novos inventos, é um fator
casos desta natureza: a criancinha, já em idade decisivo para a melhora do aprendizado, da saúde,
escolar, recebe a merenda e é surpreendida, com do crescimento da criança brasileira.
freqüência, guardando no aventalzinho metade O SR. LOBÃO DA SILVEIRA: – Permite V.
dela para levá-la ao irmãozinho que ficou em casa Exa. um aparte?
e não tem o que comer. Há outro aspecto ainda O SR. MENDONÇA CLARK: – Com
muito doloroso: as crianças, na época das férias, satisfação concedo-o a Vossa Excelência.
emagrecem porque já não têm em casa o mesmo O SR. LOBÃO DA SILVEIRA: – Estou
recurso que a merenda escolar lhes dá. Veja o ouvindo atentamente o discurso de V Exa. porque
nobre colega que isso não pode prosseguir. É um o problema, de fato, é dos mais importantes e
libelo aos homens públicos dêste País; não é considero inadiável sua solução, para o futuro de
possível assistir a fatos desta natureza, sem uma um País como o nosso, cuja população é a que
providência. Por isto vi com satisfação, no mais aumenta no mundo e precisa de braços para
Orçamento da República, aprovada sem restrição, trabalhar. Mas sou dos que pensam que em
a verba para merenda escolar; mas precisa- grande parte essa falta de assistência não re-
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sulta de incúria do Govêrno. Se V. Exa. consultar o nicípios, à porta dêsse médico, um verdadeiro
orçamento do Ministério da Saúde verá que o Brasil abnegado. Nem os serviços médicos dos Institutos,
gasta em leite e remédios verbas consideráveis, do Govêrno ou do Ministério da Saúde, ou de quem
capazes de suprir em grande parte essa assistência. quer que seja, atingem o interior do Brasil, via de
Acontece que os órgãos intermediários, encarregados regra.
da distribuição, por dissídia ou pela burocracia, são O SR. RUY CARNEIRO: – Permite V. Exa. um
responsáveis pelo desvio e aplicação dêsses socorros. aparte?
O SR. GUIDO MONDIM: – Se V. Exa. me O SR. MENDONÇA CLARK: – Com todo o
permite, direi que importamos leite em pó, dos prazer.
Estados Unidos, para atendimento da Campanha O SR. RUY CARNEIRO: – É de real
Nacional da Merenda Escolar, mas a Carteira de importância a merenda escolar; é, indiscutìvelmente,
Câmbio do Banco do Brasil, às vêzes por não uma necesidade, sobretudo nos Estados como o de
satisfazer com a devida presteza as solicitações da V. Exa., na minha Paraíba, no Rio Grande do Norte,
Campanha, obriga-nos a renovar contratos que Ceará, Maranhão. Quando na chefia do Govêrno do
temos com as firmas nos Estados Unidos. Ainda meu Estado, tratamos com cuidado extraordinário da
recentemente tive oportunidade de intervir junto à assistência à criança. Instituímos a merenda escolar,
Carteira, com o Dr. Paulo Pook Correia, que foi mantida pela Legião Brasileira de Assistência, sob a
solícito e concedeu câmbio para podermos cumprir presidência de minha senhora. Nos grupos escolares
nossa parte nos contratos de fornecimento. Há, instalamos pequenas cozinhas, tipo kitchnet para
portanto, necessidade de não titubearmos, um fornecer merenda às crianças. Essa providência na
minuto, no atendimento de problema tão sério. cidade de João Pessoa aumentou
O SR. MENDONÇA CLARK: – Agradeço os consideràvelmente a freqüência dos alunos. Grande
apartes dos nobres colegas do Pará, e do Rio número deixava de comparecer às aulas em
Grande do Sul. Peço, entretanto, licença ao nobre determinados dias, para, com a venda de balas e
representante do Pará, para dizer que, no ano bolos, suprir parte das necessidades da família. A
passado, visitando 50 municípios piauienses, merenda escolar, pela forma como a instituímos,
constatei que em 90% dêsses municípios, havia total resultou em grande benefício para a nossa
falta de assistência, já não digo à criança, mas ao população escolar. Testemunhou êsse fato o nobre
homem do campo; não há médicos, não há postos colega, representante do Estado do Pará, Marechal
de saúde, não há remédios. O homem vive Zacharias Assumpção.
completamente abandonado. E no Município de O SR. ZACHARIAS ASSUMPÇÃO: – É a
Água Branca, o Prefeito Cel. Benedicto da Luz viu-se verdade. Conheço as obras assistenciais do Estado.
forçado a pedir a um médico, se não me engano O SR. RUY CARNEIRO: – Quando S. Exa.
cearense, o favor de atender às pessoas do seu estêve na Paraíba, era o comandante da Guarnição
município. Federal da Brigada Militar do Estado. Pôde ali
Formavam, então, imensas filas de observar nosso interêsse e devotamento à questão
pessoas, vindas de outros mu- das obras assistenciais no Estado. Posso afirmar
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sem falsa modéstia, que, nesse setor, meu Govêrno O SR. MENDONÇA CLARK: – Agradeço as
marcou época. Não sei o que ocorre no Piauí. Êsse palavras do nobre colega, afirmando-lhe que durante
assunto, entretanto, deve ser constantemente o meu discurso poderá apartear-me quantas vêzes
tratado, para que não deixemos de amparar as quiser. Honra-me muito com isso.
crianças, as mulheres, enfim, a população pobre das O SR. LOBÃO DA SILVEIRA: – Permite
nossas regiões. É um dever que se impõe. A FISI, a V.Exa. um aparte?
que se referiu o Senador Guido Mondim, tem O SR. MENDONÇA CLARK: – Com todo o
contrato com o Govêrno Brasileiro para fornecimento prazer
do leite em pó, o que já é de grande ajuda, mas é O SR. LOBÃO DA SILVEIRA: – Depois do
necessário que os responsáveis façam a distribuição meu primeiro aparte, V. Exa. fez uma série de
como deve ser feita. considerações a respeito de municípios de vários
O SR. MENDONÇA CLARK: – Agradeço o Estado. Havia eu afirmado, em tese, que havia falta
aparte do nobre Senador Ruy Carneiro, que valoriza de entrosamento entre as autoridades estaduais e
minhas palavras quanto à questão da mortalidade federais para que a obra assistencial infantil no Brasil
infantil no Brasil. funcionasse adequadamente nos Estados. Percorri
O SR. RUY CARNEIRO: – A Merenda Escolar todo o meu Estado e posso afirmar que o problema,
não só aumenta a freqüência escolar como depende realmente de entrosamento entre as
evita a mortalidade infantil, extraordinàriamente Estados e as autoridades federais.
agravada pela falta de alimentação das nossas O SR. MENDONÇA CLARK: – É êste
crianças. entrosamento a que acaba de se referir o próprio
O SR. MENDONÇA CLARK: – Sr. Presidente, Senador Lobão da Silveira, que julgo forçoso existir
chamo a atenção do Senado e da Nação para o fato entre os setores federais, estaduais e municipais.
de que a merenda escolar isoladamente constituída É necessário que a merenda seja dada de
da sopa ou do copo de leite não resolve preferência à criança mais ou menos sã, para que se
definitivamente o planejamento do combate à possa. obter melhor resultado do esfôrço despendido.
mortalidade infantil. Sr. Presidente, antes de terminar, devo dizer
O SR. RUY CARNEIRO: – Melhora muito. àqueles que hoje se empenham no combate à
SR. MENDONÇA CLARK: – Melhora mortalidade infantil no Brasil, através do grande
consideràvelmente sem dúvida. É imprescindível órgão da imprensa nacional, o Correio da Manhã,
sejam as crianças examinadas, curadas de que me sinto plenamente tranqüilo com relação a
verminoses para que a merenda escolar não perca tôdas as minhas observações.
parte de sua finalidade. Em 1955, no primeiro ano que estive no
O SR. RUY CARNEIRO: – Perfeitamente. Senado, a minha principal preocupação foi – já
Criamos, na Paraíba em quase todo o Estado, inúmeros que meu pai falecera em 1948 – baseado nos seus
postos de puericultura. Muito trabalhei neste setor; estudos de quarenta anos e em cinco ou seis
digo-o sem falsa modéstia, sem mêdo de contestação de seus livros publicados, apresentar um pro-
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jeto que consubstanciasse as suas idéias e as que tratam do que há de mais importante no País,
disseminasse por todo o Brasil, a exemplo do que foi que é a criança, deviam merecer a maior atenção.
feito no Estado da Guanabara. O Projeto de Lei do Tratam da siderurgia, tratam do petróleo;
Senado tomou o nº 2.055 e criava escolas e brigam pela siderurgia, pela Petrobrás e pela
hospitais em todos os Estados e Territórios federais indústría automobilística nacional, mas não pensam
para menores de 7 a 16 anos. A proposição, sequer em estudar o projeto, ou ao menos evitar que
apresentada em 3-11-1955, foi à Redação Final, desapareça, como aconteceu duas ou três vêzes.
aprovada com brilhantes pareceres de tôdas as O SR. LOBÃO DA SILVEIRA: – Permite V.
Comissões do Senado Federal. Exa. mais um aparte?
Desde que saiu desta Casa, por duas ou três O SR. MENDONÇA CLARK: – Pois não.
vêzes, tenho pedido a sua reconstituição, porque ao O SR. LOBÃO DA SILVEIRA: – Como V.
que consta desapareceu na Câmara Federal, Trata-se Exa. está tratando de assunto de magna
de proposição que beneficiaria cada Estado ou importância convém ressaltar que há meia dúzia de
Território federal com escolas e hospitais para 300 a anos foi iniciada, com grande sucesso, uma
400 crianças. Há quase cinco anos está ela na campanha patrocinada pelos Diários Associados
Câmara Federal e tôda vez que me interesso pelo seu sob a direção do Senhor Assis Chateaubriand, para
andamento a resposta é sempre "não é encontrada". a criação de postos de puericultura em quase todos
Volto a insistir na sua renovação e pedir cópias. Em os municípios do País. Lamentàvelmente essa
dezembro, voltei à Câmara e lá pedi um ofício do iniciativa não foi levada avante, mas estava dando
Deputado José Bonifácio, solicitando a reconstituição ótimos resultados.
do projeto, porque êste não era encontrado. O SR. ZACHARIAS DE ASSUMPÇÃO: – Os
Quantas crianças no Brasil inteiro, Sr. Presidente, postos foram construídos mas não estão
poderiam ter sido salvas de morte prematura, se projetos funcionando.
dessa natureza, que interessam a todos os Estados da O SR. LOBÃO DA SILVEIRA: – Muitos estão.
Federação tivessem melhor andamento e merecessem O SR. MENDONÇA CLARK: – Agradeço o
consideração na Câmara dos Deputados? nôvo aparte do nobre Senador Mendonça Clark.
É injustificável e incompreensível um fato Declaro mais uma vez, Sr. Presidente, que
dêsses. Talvez alguém, um adversário político, para me estou esperando que a Assessoria desta Casa
fazer mal – não sei – tenha feito desaparecer o projeto. reconstitua o projeto para que eu o possa levar
Mas não é a mim que prejudica, absolutamente; novamente à Câmara Federal. Desta vez o
sacrifica milhares de crianças em todo o Brasil; entregarei pessoalmente ao Deputado José
crianças pobres, morrendo de fome e de doenças, que Bonifácio e pedirei a S. Exa. que se esforce para
estariam sendo tratadas nessas escolas e hospitais, se evitar que novamente desapareça.
o projeto merecesse aprovação na Câmara dos É um crime contra a Nação brasileira.
Deputados e execução pelo Govêrno Federal. Aquêles que dão sumiço a projetos aquêles
Foi um ato da Maioria que não têm tempo para estudar proposições
governamental. Projetos dessa natureza, dessa natureza, que não têm elevação
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para perceber a importância da salvação da criança O SR. CAIADO DE CASTRO: – Então, se


brasileira, é que poderão ser chamados de outros Deputados receberam o projeto, podiam muito
entreguistas, de traidores da pátria e outras coisas bem, ter dado sumiço ao mesmo. Antes da
mais. reconstituição, poderíamos lançar um protesto
Ao que parece, a sina da criança brasileira é contra êsse processo. Um projeto é apresentado ao
nascer para morrer sem sair da infância. Senado, foi recebido com tôda a simpatia pelos Srs.
O SR. CAIADO DE CASTRO: – Dá V. Exa. Senadores, estudado com carinho – pois me recordo
licença para um aparte? perfeitamente do carinho com que foi recebido – é
O SR. MENDONÇA CLARK: – Com prazer. aprovado, vai à Câmara, e é extraviado três vêzes.
O SR. CAIADO DE CASTRO: – Recordo-me V. Exa. concordará comigo que é difícil de se
perfeitamente do assunto, porque V. Exa. antes de compreender. Concordando mais uma vez com V.
apresentar a proposição teve a gentileza de me Exa. quero deixar aqui o meu protesto contra o que
inteirar do seu teor. Fiquei encantado com a iniciativa se está passando em relação a êste projeto, e pedir
do nobre colega, que mereceu meu integral apoio. à Mesa – já que vai examiná-lo pela terceira vez –
Estranho, assim, a declaração de V. Exa. de que êsse que faça sentir à Câmara dos Deputados o que está
projeto desapareceu duas ou três vêzes na outra acontecendo; alguém tem que ser responsabilizado
Casa do Congresso. É realmente um crime, não só por um fato desta natureza.
pela importância do projeto em si, como por se tratar O SR. MENDONÇA CLARK: – Agradeço o
de proposição aprovada pelo Senado que desaparece aparte do nobre Senador Caiado de Castro.
na outra Casa do Congresso. Pergunto eu: não seria Devo esclarecer a S. Exa. que as informações
o caso de, após a terceira reconstituição do projeto, de que o projeto foi extraviado, foram colhidas na
pedir-se uma providência à Mesa da Câmara? Alguém Câmara dos Deputados. Quando procurei o projeto,
deve ser responsabilizado por êsse crime. Será que o que deveria se encontrar na última Comissão que o
próprio Deputado que recebeu o projeto lhe deu estudaria naquela Casa do Congresso, êste já
sumiço ou êsse desaparecimento é da estava desaparecido. Não creio, absolutamente, que
responsabilidade de um funcionário? os relatores tenham sido os autores do extravio.
Quero crer que não tenha havido intenção, Conheço um ou dois relatores que emitiram seus
realmente, de fazer o projeto desaparecer para pareceres na Câmara dos Deputados, e sei que não
prejudicar a V. Exa., porque seria uma coisa tão são os culpados pelo desaparecimento.
pequenina, tão absurda, que devemos afastar a Desejo ler pela terceira vez, não por mim, mas
hipótese. Podemos acreditar – sim – que seja serviço em favor da criança, brasileira, o Projeto nº 25-55,
mal organizado; caso contrário, como explicar tal que tomou o nº 799-55 na Câmara dos Deputados, e
procedimento? Será, Sr. Senador Mendonça Clak, pedir à Mesa, em caráter particular, que acompanhe
que durante todo êsse período o Relator foi sempre o o seu andamento. Certamente em Brasília, com a
mesmo? aproximação da Câmara e do Senado, terei maiores
O SR. MENDONÇA CLARK: – Não sei. possibilidades de verificar o andamento do mesmo.
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Refiro-me ao assunto, neste momento, para no, requeiro adiamento da discussão preliminar do
salvaguardar minha responsabilidade pessoal – filho Projeto de Lei do Senado nº 38, de 1959, a fim de
que sou de um homem que dedicou tôda a vida em ser feita na sessão de 21 do corrente.
favor da criança brasileira – na hora em que o Sala das Sessões, 11 de janeiro de 1961. –
"Correio da Manhã" critica as instituições públicas e Rui Palmeira.
as elites brasileiras, porque são as responsáveis pela O SR. PRESIDENTE: – De conformidade com
falta de cuidado à nossa criança. o voto do Plenário, a matéria é retirada da pauta,
Desejo, não só ressalvar a minha para voltar à Ordem do Dia da sessão de 21 do mês
responsabilidade pessoal – repito – como a do Senado, em curso.
em particular, porque o projeto foi aprovado e assinado Esgotada a matéria da Ordem do Dia.
por sessenta e três Srs. Senadores. Que seja Há oradores inscritos.
melhorado na Câmara dos Deputados ou, mesmo, Tem a palavra o nobre Senador Gilberto
rejeitado, mas que seja estudado e discutido, porque Marinho.
dessa maneira talvez estejamos trabalhando para que O Senhor Senador Gilberto Marinho pronuncia
a criança brasileira – via de regra a pobre – nasça para discurso que, entregue à revisão do orador, será
morrer ainda na infância. (Muito bem; muito bem). publicado posteriormente.
O SR. PRESIDENTE: – Está finda a hora do O SR. NOVAES FILHO (*): – Senhor
Expediente. Presidente, os empregados da Rêde Ferroviária do
Passa-se à: Nordeste acham-se em greve. Indiscutìvelmente
resultarão graves prejuízos para a economia
ORDEM DO DIA pernambucana, sobretudo porque nos encontramos
na fase da colheita dos verdes canaviais da minha
Discussão preliminar (art. 265 do Regimento terra, ficando o açúcar sem transporte para a Capital
Interno) do Projeto de Lei do Senado nº 38, de 1959, do meu Estado além de vários outros produtos de
que concede isenção dos impostos de importação e primeira necessidade para o abastecimento do
de consumo e da taxa de despacho aduaneiro para o Recife.
equipamento de um órgão litúrgico doado ao Colégio Sr. Presidente, não cometeria a injustiça de
Santa Marcelina, do Rio de Janeiro, tendo Parecer me colocar em campo opôsto às justas
(nº 501 de 1960), da Comissão de Constituição e reivindicações dos ferroviários da minha terra.
Justiça, pela inconstitucionalidade. Considero um direito que lhes cabe o pagamento
que a lei claramente lhes assegurou.
O SR. PRESIDENTE: – Sôbre a mesa Daí porque venho a esta tribuna, como
requerimento do nobre Senador Rui Palmeira. representante de Pernambuco, formular
É lido e aprovado o seguinte: veemente apêlo ao meu eminente amigo, Ministro
Amaral Peixoto, a cujas altas qualidades de
REQUERIMENTO administrador jamais regateei aplausos, para
Nº 17, DE 1961 que intervenha junto à Superintendência da

Nos têrmos dos arts 212, letra __________________


l, e 274, letra b, do Regimento Inter- (*) – Não foi revisto pelo orador.
– 49 –

Rêde Ferroviária do Brasil, a fim de que os operários e aprêço, o movimento deflagrado e em plena
da Rêde Ferroviária do Nordeste sejam atendidos no execução, nesta hora, pelos empregados da Rêde
seu justo pedido. Ferroviária do Nordeste.
O SR. RUI PALMEIRA: – Permite V. Exa. um O SR. CAIADO DE CASTRO: – Dá V. Exa.
aparte? licença para um aparte?
O SR. NOVAES FILHO: – Com muito prazer. O SR. NOVAES FILHO:– Com muito prazer
O SR. RUI PALMEIRA: – Junte às palavras de ouvirei Vossa Excelência.
V. Exa. as expressões de solidariedade minhas e do O SR. CAIADO DE CASTRO: – Apesar de
nobre Senador Freitas Cavalcanti que, por estar todos reconhecermos que êsses movimentos
multo ligado às reivindicações dos ferroviários, grevistas, nesta fase, trazem prejuízos sérios, não
permaneceu no Rio de Janeiro, aconpanhando a podemos – e V. Exa. diz muito bem – negar apoio e
Comissão de representantes dessa classe, junto ao simpatia a êsses ferroviários, porque estamos
Superintendente da Rêde Ferroviária Federal, a fim sentindo que só recebem aquilo a que têm direito,
de assegurar o rápido reconhecimento do direito que mediante greve. Êles não estão pleiteando nada de
lhes assiste. nôvo pleiteiam direito antigo, que a lei lhes
O SR. NOVAES FILHO:– Incorporo ao meu concedeu e os chefes não querem reconhecer.
discurso o aparte do nobre representante das Infelizmente, só mediante a greve, e mantendo a
Alagoas. greve, é que os chefes reconhecem o direito que a
Sr. Presidente, os empregados da Rêde lei confere aos seus empregados. Temos verificado
Ferroviária do Nordeste pautam sempre sua conduta êste fato em vários outros setôres. Há poucos dias,
dentro dos melhores princípios da disciplina e da no Estado da Guanabara aconteceu o mesmo em
hierarquia. Eu bem posso dar êste testemunho relação à Leopoldina: os diretores só se decidiram a
porque, homem ligado às classes produtoras de pagar aquilo a que os seus empregados tinham
Pernambuco, resido exatamente no Município de direito, por lei, quando estes ameaçaram entrar em
Jaboatão, onde se concentra o maior número de greve. De maneira que eu queria, ao concordar
empregados. daquela emprêsa. com. V. Exa. manifestar minha simpatia aos
Devo adiantar à Casa que a impressão ferroviários de Pernambuco, aos quais também, de
recolhida ao contato com êles é muito boa: são certo modo, estou ligado, porque, há tempos,
homens trabalhadores, ordeiros, que, mesmo como quando servi no Estado de V. Exa., tive vários
agora, no calor e na paixão do que reinvindicam não contatos com êles e pude, então, apreciar essas
cometem atos capazes de merecer a censura de qualidades que V. Exa. tão justamente acaba de
quem quer que seja. atribuir-lhes.
À frente dêles encontra-se um môço educado, O SR. NOVAES FILHO:– Sou muito grato à
equilibrado, de espírito justo, que é o Sr. Cláudio oportuna e valiosa intervenção do eminente colega
Braga. Senador Caiado de Castro que, realmente
De sorte que nós, pernambucanos, não temos conhece a gente que trabalha na Rêde Ferroviária
razões senão para acompanhar, com nossa simpatia do Nordeste, porque serviu na 7ª Região
– 50 –

Militar, onde deixou as melhores impressões das e justo discurso. S. Exa. como Ministro de Estado,
suas qualidades de militar e sobretudo das suas como homem público e como Chefe de um Partido,
grandes virtudes de brasileiro. tem em grande aprêço as reclamações apresentadas
O SR. CAIADO DE CASTRO: – Muito não só no Senado como na Câmara dos Deputados;
obrigado. dispensa a maior atenção às reivindicações
O OSR. NOVAES FILHO: – Sr. Presidente, se formuladas da tribuna desta e da outra Casa do
considerarmos as dificuldades tremendas que, nesta Congresso Nacional. Declaro-me inteiramente
hora, assaltam a todos quantos vivem de salários no solidário com V. Exa e dou-lhe os meus aplausos,
Brasil, diante do exorbitante custo de vida que aí como paraibano e nordestino, na certeza de que o
está, oriundo da inflação em que se debate o Brasil e Sr. Amaral Peixoto tomará as providências em prol
sôbre a qual tantas vêzes tenho, desta Tribuna, me dos reclamos dos ferroviários do Nordeste.
ocupado; e se considerarmos as circunstâncias O SR. NOVAES FILHO: – Recebo com muito
especiais que existem no Nordeste – região batida prazer o aparte do nobre representante da Paraíba, e
por sêcas sucessivas, onde as condições de vida mais ainda me sinto confiante nas providências do'
não apresentam facilidades de outras regiões mais eminente Sr. Ministro da Viação e Obras Públicas, de
prósperas e felizes, pelo clima do nosso, País – aí vez que o Senador Ruy Carneiro, prócer dos mais
então mais ainda se justifica o movimento do pessoal prestigiosos do PSD...
da Rêde Ferroviária do Nordeste, não imponde O SR. RUY CARNEIRO: – Dos mais
pedidos absurdos, não pretendendo coisas modestos.
indevidas, mas solicitando apenas o pagamento O SR. NOVAES FILHO: – ...acaba de afirmar
daquilo que a Lei lhe assegurou. que faz parte do programa do titular daquela Pasta
Espero que o eminente Sr. Ministro da Viação atender com rapidez a essas justas reivindicações,
e Obras Públicas não retarde as providências, para sobretudo quando têm eco nas duas Casas do
que sejam atendidos, como merecem, os Parlamento Nacional.
empregados da R.F.N. Sr. Presidente, é de inteira justiça, a
O SR. RUY CARNEIRO: – Permite V. Exa. um reclamação formulada pelos empregados da Rêde
aparte? Ferroviária do Nordeste, homens ordeiros, modestos
O SR. NOVAES FILHO: – Com muito prazer. trabalhadores, que estão apenas pedindo aquilo que
O SR. RUY CARNEIRO: – V. Exa. faz muito a lei lhes deu.
bem, e age acertadamente com seu espírito de Deixo esta tribuna, Sr. Presidente, certo de
solidariedade humana, defendendo os interêsses que aquêle punhado de trabalhadores do Nordeste
dos empregados da Rêde Ferroviária do Nordeste. do Brasil será atendido pelos podêres competentes.
Estou absolutamente convicto de que o Ministro (Muito bem; muito bem).
Amaral Peixoto ouvirá os reclamos dos ferroviários Durante o discurso do Sr.
da nossa região, através do seu brilhante Novaes Filho, o Sr. Filinto Mül-
– 51 –

ler deixa a presidência assumindo-a o Sr. Gilberto nos abster de quaisquer comentários para não
Marinho. prejudicar a sua votação.
O SR. PRESIDENTE: – Continua a hora do Êsse fato ocorreu no dia 7 de dezembro. Hoje
Expediente. recebo com satisfação esta mensagem do
Tem a palavra o nobre Senador Ruy Carneiro. Presidente da Câmara Municipal de Picuí o digno
O SR. RUY CARNEIRO (*): – Sr. Presidente, Vereador Paulo Hypacio.
minha presença na tribuna é apenas para fazer uma Diz o telegrama do meu ilustre amigo,
comunicação à Casa. conterrânio e correligionário, Paulo Hypacio,
Recebi do Presidente da Câmara Municipal de Presidente da Câmara Municipal de Picuí:
Picuí, na Paraíba, mensagem de aplauso à ação do "Comunico que a Câmara Municipal de Picuí
Congresso Nacional pela aprovação do projeto que aprovou hoje, por unanimidade de votos, o
federalizou a Universidade do Estado da Paraíba. requerimento de aplausos ao Congresso Nacional,
O Sr. Paulo Hypacio, Presidente daquela dando conhecimento ao Senado Federal por
Câmara de Vereadores, na zona do Cariri, envia, intermédio do eminente Senador paraibano pelo
através do humilde representante da Paraíba nesta êxito obtido com a aprovação dessa matéria que foi a
Casa os seus aplausos e agradecimentos ao lei que federalizou a universidade de nossa querida
Congresso Nacional, pela aprovação daquela lei. Paraíba. Abraços, Paulo Hypacio de Araújo,
Sr. Presidente, quando tramitou nesta Casa o Presidente da Câmara de Vereadores".
projeto de lei vindo da Câmara dos Deputados e por Aproveitando o ensejo dêsses justos
nós também aprovado, velha reivindicação da agradecimentos da Câmara Municipal de Picuí,
Paraíba, não tive oportunidade de tecer comentários na Paraíba, ao Congresso Nacional, de modo
a respeito de matéria de tanta relevância para nós particular, ao Senado da República, quero juntar
paraibanos. Achávamo-nos em fim de sessão as minhas congratulações às duas casas do
legislativa, e diante da urgência requerida pelo Parlamento pelo atendimento aos anseios dos
eminente Líder da Maioria, Sr. Auro de Moura paraíbanos com a unânime aprovação do projeto
Andrade, não seria possível tratar do assunto para que federalizou a Universidade da nossa
não retardar a votação. Tanto o Senador Argemiro terra. (Muito bem).
de Figueiredo como eu presentes à sessão, O SR. PRESIDENTE: – Nada mais havendo
trazíamos farto documentário sôbre a relevância que tratar, vou encerrar a sessão. Designo para a de
dessa proposição e o muito que aquela reivindicação amanhã a seguinte:
representava para o Estado da Paraíba,
pobre e pequeno. Tivemos no entanto que ORDEM DO DIA

__________________ 1 – Primeira discussão do Projeto


(*) – Não foi revisto pelo orador. de Lei do Senado nº 48, de
– 52 –

1956 de autoria do Sr. Senador João Villasbôas, que Comissões de Constituição e Justiça e de
declara isentos de sanções disciplinares os militares Segurança, Nacional.
reformados e os das Reservas das Fôrças Armadas, Está encerrada a sessão.
tendo Pareceres contrários, sob ns. 401 e 402, das Levanta-se a sessão às 16 horas e 5 minutos.
3ª SESSÃO DA 2ª SESSÃO LEGISLATIVA EXTRAORDINÁRIA, DA 4ª LEGISLATURA, EM 12 DE
JANEIRO DE 1961

PRESIDÊNCIA DOS SENHORES GILBERTO MARINHO E NOVAES FILHO

Às 14 horas e 30 minutos, acham-se to de 38 Senhores Senadores. Havendo número


presentes os Srs. Senadores: legal, declaro aberta a sessão.
Mourão Vieira.
Vai ser lida a Ata.
Vivaldo Lima.
Zacharias de Assumpção. O Sr. Arlindo Rodrigues, servindo de 2º
Lobão da Silveira. Secretário, procede à leitura da Ata da sessão
Victorino Freire. anterior, que é aprovada sem debates.
Sebastião Archer.
O Sr. Francisco Gallotti, servindo de 1º
Eugênio Barros.
Mendonça CIark. Secretário, lê o seguinte:
Joaquim Parente.
Fausto Cabral. EXPEDIENTE
Fernandes Távora.
Menezes Pimentel.
Sérgio Marinho. Mensagens
Dix-Huit Rosado.
Ruy Carneiro. Do Sr. Presidente da República de ns. 6 a 23 e
Novaes Filho.
de ns. 25 a 32, de 1981, restituindo autógrafos dos
Antônio Baltar.
Rui Palmeira. seguintes Projetos de Lei da Câmara, já
Silvestre Péricles. sancionados:
Heribaldo Vieira. – Nº 7, de 1958, que dispõe sôbre a
Ary Vianna.
contagem recíproca, para efeito de aposentadoria,
Paulo Fernandes.
Arlindo Rodrigues. do tempo de serviço prestado por funcionários à
Caiado de Castro. União, às Autarquias e às Sociedades de
Gilberto Marinho. Economia Mista.
Benedito Valadares.
– Nº 49, de 1959, que equipara os
Nogueira da Gama.
Moura Andrade. profissionais de Agrimensura diplomados no regime
Lino de Mattos. do Decreto nº 20.178, de 12 de dezembro de 1945,
Pedro Ludovico. aos que se diplomarem na forma da Lei nº 3.144, de
João Villasbôas.
20 de maio de 1957.
Filinto Müller.
Fernando Corrêa. – Nº 103, de 1960, que autoriza a
Alô Guimarães. abertura do crédito especial de Cr$
Gaspar Velloso. 25.000.000,00 para ocorrer às despesas com
Nelson Maculan.
material, serviços e instalações da Justiça do
Francisco Gallotti.
Guido Mondim. – (38). Distrito Federal.
O SR. PRESIDENTE: – A lista de – Nº 109, de 1960, que autoriza
presença acusa o comparecimen- o Poder Executivo a abrir, pelo
– 54 –

Ministério da Justiça e Negócios Interiores, o crédito nistério e o Instituto de Pesquisas do Brasil Central.
especial de Cr$ 150.000.000,00, destinado a atender – Nº 111 de 1960, que cria a Escola
às despesas com as solenidades de instalação do Agrotécnica de Januária; no Estado de Minas Gerais,
Govêrno Federal na nova Capital do País. e dá outras providências.
– (PLS) nº 14, de 1957, que dá ao Aeroporto – Nº 110, de 1960, que federaliza a Escola de
de Codó, no Estado do Maranhão, o nome do Farmácia e Odontologia de Alfenas, e dá outras
Aeroporto Magalhães de Almeida. providências.
– Que concede autonomia à Escola Nacional – Nº 83, de 1960, que cria Coletorias Federais
de Minas e Metalurgia, a qual, desligada da em diversos Municípios dos Estados do Rio Grande
Universidade do Brasil passará a denominar-se do Sul, Santa Catarina, Goiás, Bahia, Minas Gerais,
Escola de Minas de Ouro Prêto. Paraná, Mato Grosso, Pará, Rio de Janeiro,
– Nº 107, de 1960, que abre ao Ministério da Pernambuco, São Paulo; e dá outras providências.
Saúde o crédito especial de Cr$ 17.000.000,00 – Nº..., que transforma em estabelecimentos
destinado a auxiliar a Associação Pró-Matre, federais de ensino superior a Faculdade de Medicina
instituição beneficente sediada no ex-Distrito do Triângulo Mineiro, de Uberaba, e a Faculdade de
Federal, atual Estado da Guanabara. Direito de Sergipe.
– Nº 97, de 1960, que transforma em – Nº 68, de 1960 que cria a Ordem dos
estabelecimento federal de ensino superior a Músicos do Brasil e dispõe sôbre a regulamentação
Faculdade de Odontologia de Diamantina. do exercício da profissão de músico e dá outras
– Nº .... que cria a Universidade Federal de providências.
Goiás, e dá outras providências. – Nº 112 de 1960, que autoriza a abertura ao
– Nº 101, de 1960, que cria a Universidade Poder Judiciário – Tribunal de Justiça do Distrito
do Estado do Rio de Janeiro, e dá outras Federal – do crédito especial de Cr$ 78.000,00,
providências. destinado a atender ao pagamento de gratificação de
– Nº 102, de 1960; que federaliza a representação devida aos desembargadores,
Universidade do Rio Grande do Norte, cria a Presidente e Vice-Presidente daquele Tribunal e ao
Universidade de Santa Catarina e, dá outras Juiz Presidente do Tribunal do Júri.
providências. – Nº 114, de 1960, que aprova o plano de
– Nº 106 de 1960, que abre o crédito coordenação das atividades relacionadas com o
especial de Cruzeiros 1.082.001.445,00, para carvão mineral.
atender às indenizações decorrentes dos danos – Nº 76, de 1959 que concede auxílio especial
causados pelo extravasamento das águas do às jornadas Médico-Cirúrgicas, de Uruguaiana.
açude Orós, no Estado do Ceará, e dá outras – Nº 77, de 1957, que denomina Aeroporto
providências. Bartolomeu Lisandro o atual Aeroporto Municipal de
– Nº 108, de 1960, que altera o Quadro do Campos.
Pessoal da Secretaria do Tribunal Regional Eleitoral – Nº 115, de 1960, que estende aos
de Mato Grosso, e dá outras providências. triticultores não amparados na safra de 1959-
– Nº ..., que abre ao Ministério da 1960, pela Lei 3.551, de 13 de fevereiro de 1959,
Agricultura o crédito especial de Cr$ 500.000,00 os favores e obrigações estabelecidos
para a realização do convênio entre êsse Mi- em lei, bem como os do instrumento le-
– 55 –

gal que prorroga o prazo dos pagamentos dos novembro de 1957, ao Poder Executivo, para abrir o
débitos dos triticultoras amparados pela referida lei. crédito especial de Cr$ 30.000.000,00 (trinta milhões
– Nº 104, de 1960, que autoriza o Poder de cruzeiros), destinado ao prosseguimento da
Executivo a abrir, pelo Ministério da Educação e retificação do trecho o Blumenau – Subida da zona
Cultura, o crédito especial de Cruzeiros 8.000.000,00 do Vale do Itajaí, obras de arte, trilhos e acessórios,
para auxiliar a construção do "Dormitório do empedramento inclusive desapropriação e
Estudante", em Manaus, Estado do Amazonas. pagamento de diferenças devidas por reajustamento
– Nº 113, de 1960, que torna extensivos aos de tabelas, do sistema ferroviário federal no Estado
funcionários dos Territórios Federais dispositivos do de Santa Catarina.
Estatuto dos Funcionários Públicos da União (Lei nº Disse o Autor da Proposição, justificando-a,
1.711, de 28 de outubro de 1952), e dá outras que a Lei nº 3.317, de 18 de novembro de 1957,
providências. perdeu sua eficácia. Não foi aberto o crédito especial
autorizado, ficando, assim, inatingidos os fins
Avisos visados pela lei. E o projeto tem justamente "a
finalidade de dar nova oportunidade a que se efetive
– Do Sr. Ministro do Trabalho Indústria e o relevante serviço público".
Comércio, nº 303-224-60-GM, de 27-12-60, Sôbre a matéria constante do projeto ora
solicitando mais 30 dias de prazo para a prestação examinado já houve pronunciamento favorável desta
das informações pedidas no Requerimento nº 498- Comissão, quando foi pela mesma estudado o
60, do Sr. Senador Gilberto Marinho. projeto que resultou na mencionada Lei nº 3.317. E,
– Do Sr. Ministro da Fazenda, nº 323, do ano sem dúvida, as razões que então prevaleceram,
findo, transmitindo cópias dos esclarecimentos continuam de pé.
prestados pela Alfândega de Santos, Diretoria de Assim, face ao exposto, opinamos
Rendas Internas e Diretoria das Rendas Aduaneiras, favoràvelmente à proposição. É o nosso parecer.
com referência ao Requerimento nº 73, de 1959, do Sala das Comissões, em 11 de janeiro de
Sr. Senador João Villasbôas 1961. – Gaspar Velloso, Presidente. – Francisco
Gallotti, Relator. – Victorino Freire. – Ruy Carneiro. –
PARECER Silvestre Péricles. – Fausto Cabral. – Caiado de
Nº 2, DE 1961 Castro. – Fernandes Távora. – Ary Vianna. – Vivaldo
Lima.
Da Comissão de Finanças, sôbre Projeto de Lei O SR. PRESIDENTE: – Está finda a leitura do
da Câmara nº 2, de 1961 (na Câmara nº 1.187-I de Expediente.
1959), que revigora, por dois exercícios, a autorização Há oradores inscritos.
concedida pela Lei nº 3.317, de 18 de novembro de Tem a palavra o nobre Senador Fernando
1957, que abre crédito destinado ao prosseguimento de Corrêa, por cessão do nobre Senador Gilberto
obra ferroviária no Estado de Santa Catarina. Marinho.
O SR. FERNANDO CORRÊA (lê o seguinte
Relator: Sr. Francisco Gallotti. discurso): – Tomo a palavra, Sr. Presidente, para
O presente projeto revigora, por dois exercícios, a despedir-me desta Casa e de meus colegas, pois
autorização concedida pela Lei nº 3.317, de 18 de devo assumir a 31 dêste o Govêrno de Mato Grosso.
– 56 –

Entrei para a vida pública já homem maduro. anos, como uma solução positiva ao exercício do
Antes servia à coletividade de meu Estado, voto, quando começoa sentir-me em casa nesta
exercendo com tôda a fôrça de minha mocidade, de Casa, sou novamente convocado para disputar a
minha capacidade de trabalho e de minha primeira magistratura do Estado.
inteligência a minha sagrada profissão de médico e O SR. FILINTO MÜLLER: – Pemite V. Exa.
cirurgião. E tive nesses 25 anos de exercício de um aparte?
Medicina, de um labor diuturno; os momentos mais O SR. FERNANDO CORRÊA: – Com todo o
intensas e emocionantes e mais felizes de minha prazer.
vida. O SR. FILINTO MÜLLER: – V. Exa. é
Talvez por entrar, em contato direto com tôdas convocado pela segunda vez a exercer o Govêrno
as camadas sociais, por auscultar de perto os de Mato Groso. Disputei com V. Exa. as
anseios dos homens, sentir-lhes as deficiências preferências do eleitorado da nossa terra
econômicas, identificar com êles na luta pelo recôbro natal. Teve V. Exa. a felicidade e a honra de
à saúde, pesar o abandono em que vivem pelos ser o escolhido pelo povo de Mato Grosso. No
podêres públicos, conhecendo de perto o seu momento em que V. Exa se dirige ao Senado
sofrimento e a sua luta é que muitas vêzes o médico para apresentar despedidas aos seus Pares,
do interior, como complemento de sua atividade a mim me cabe formular, como representante
profissional é convocado à vida pública. O povo tem de Mato Grosso, os melhores votos para que
esperança que aquêle que muitas vêzes resolveu os possa V. Exa realizar um govêrno profícuo,
problemas de sua saúde e de sua família, possa promovendo o progresso do nosso Estado
solucionar ou ajudar nos problemas sociais. Daí o e a felicidade da gente matogrossense. A V. Exa.
grande número de profissionais da Medicina nas não faltam qualidades para levar a bom
duas Casas do Congresso, nas Assembléias têrmo êsse grande e nobilitante mandato. Estou
Estaduais, nas Prefeituras Municipais e nas chefias certo de que, animado de patriotismo e do mais
políticas dos Municípios. intenso amor à nossa terra, V. Exa. há de tudo
Foi assim, dentro dêsse raciocínio, que fui fazer pelo seu engrandecimento. Peço a Deus
convocado para a Prefeitura de Campo Grande, a ilumine V. Exa., para que bem se desincumba da
cidade matogrossense onde vivo, onde exerci com o tarefa a que se propôs, pela qual lutou como
meu coração e meu cérebro, a cirurgia. Onde candidato e que deverá realizar, como
nasceram meus filhos, onde empreguei tudo que a Governador. (Palmas).
minha atividade médica me deu, onde enfim me O SR. FERNANDO CORRÊA: – Muito
sentia um homem perfeitamente realizado e feliz. obrigado a Vossa Excelência.
No dia que deixava a Prefeitura de Campo V. Exa. com êsse aparte demonstra bem o seu
Grande, a 31 de janeiro de 1951, assumia o Govêrno do espírito público, a sua inteligência, o seu coração, o
Estado. Não é lugar aqui e nem o momento é próprio seu espirito bem orientado, o seu amor à coisa
para dizer da minha luta, do meu trabalho, das minhas pública matogrossense.
canseiras, para bem levar a coisa pública O SR. FILINTO MÜLLER: – Bondade de
matogrossense nesse período. Eleito Senador há dois Vossa Excelência.
– 57 –

O SR. FERNANDO CORRÊA: – E o meu A ausência de V. Exa. desfalcará êste Plenário


dilema foi o daquele Príncipe da Dinamarca, que o de um dos melhores elementos.
gênio de Shakespeare descreveu no Hamlet. Tenho acompanhado de perto a atuação de V.
O SR. VIVALDO LIMA: – Permite V. Exa. um Exa. na Comissão de Finanças, na vice-presidência
aparte? e constantemente no exercício da presidência,
O SR. FERNANDO CORRÊA: – Com muito quando se pronuncia a respeito de proposições do
prazer. mais alto interêsse para a Nação. Vejo naquele
O SR. VIVALDO LIMA: – Queira aceitar as momento, sobretudo quando prolata tais matérias o
palavras que vou pronunciar como também expressando predomínio do espírito do médico que procura
o pensamento da Bancada do Partido Trabalhista acertar, na terapêutica, para ajustá-las à Nação, a
Brasileiro, que represento neste momento. O Senador fim de que os seus órgãos funcionem dentro do
está-se desfalcando de seus elementos. Ainda ontem equilíbrio que nós, médicos exigimos do corpo
ouvimos o desdobramento de um currículo interessante humano. V. Exa. tem cooperado para que todos
de outro médico que, por sinal, foi meu companheiro de possamos consertar e equilibrar as peças da Nação,
turma da Bahia, de 1922 a 1927. Deixa seis anos de tantas vêzes desarticuladas. Sentimos saudade dos
mandato, para permitir que o Presidente da República, elementos que se despedem. Tem ainda V. Exa.
com o seu Govêrno prestes a expirar possa apreciar a alguns dias de convívio nesta Casa pois estará em
sua obra defendendo-se das criticas e aceitando os exercício até 31 do corrente mês; entretanto, pelas
louvores. Sobram-lhe poucos dias, é verdade, no palavras, pronunciadas vemos que prepara o nosso
exercício do mandato; embora de direito restam-lhe mais espírito para a despedida definitiva a verificar-se
seis anos. É que foi eleito, em expressiva votação, para dentro de poucos dias. Queira V. Exa. aceitar,
governar o Estado de Mato Grosso, para onde volta a através do meu pronunciamento a homenagem
dirigir o seu destino desfalcando, assim, a classe médica que o Partido Trabalhista Brasileiro, aqui
de mais um brilhante representante nesta Casa do representado por sua Bancada, presta a V. Exa.
Congresso Nacional. Dentro da modéstia de V. Exa., homem de alto descortino e de grande equilíbrio e
revelou-nos algumas facetas da sua vida pública no seu espírito público.
Estado; sabemos entretanto, o que realmente O P.T.B. sabe apreciar o homem público
representou para os matogrossenses a atividade brasileiro; esteja êle onde estiver, seja de que partido
profissional do nobre colega, como cirurgião credenciado fôr, merece o nosso respeito e nossa consideração.
que sempre foi e ainda o é. Têm os médicos Apresentamos-lhe o nossa testemunho de afeto e de
noção muito exata do cumprimento do seu dever, aprêço como homenagem ao Governador do Estado
somos profundamente humanos; temos uma imposição de Mato Grosso.
racional e com ela conseguimos interpretar o O SR. FERNANDO CORRÊA: – Muito
Direito Público, o Direito Constitucional, enfim tudo obrigado a Vossa Excelência.
que estiver fora de nossa seara, da nossa profissão. Deveria eu ficar a exercer sentado nesta
Há em nós qualquer coisa que nos ajuda a interpretar cadeira, os seis anos de meu mandato de Senador
as leis do País e a sua Carta Magna- ou ir à luta novamente para a alta admi-
– 58 –

nistração de meu querido Mato Grosso? Falou porém o nosso companheiro, Senador Fernando Corrêa,
dentro de mim, o meu sangue. Filho de quem sou, de cabe-me no eventual exercício da Liderança, da
um Homem que também deixou esta Cadeira e lá se minha Bancada, dizer algumas palavras, de
foi para Cuiabá, cumprir o seu dever, até que uma despedida, de saudade ao companheiro e de
doença fatal o impedisse de fazê-lo, não tinha eu homenagem ao Senador, que nesta Casa honrou tão
outra alternativa. E curvo-me sereno ao meu destino. bem e tão eficientemente serviu à causa do seu
Vou tranqüilo sabendo da tarefa imensa que me Estado e aos interêsses da nossa Pátria, e a nós,
espera, do trabalho ingente que tenho a com a sua companhia.
desempenhar, das lutas que tenho que travar. Mas O papel do legislador é nos dias que correm,
êsse é o meu dever e patriòticamente tenho que de tanta conturbação, de verdadeira neurose
compri-lo. Ainda mais agora, e isso verdadeiramente universal, dos mais delicados, dos mais complexos,
muito me anima, tem Mato Grosso uma oportunidade dos mais difíceis. Hoje, quando há uma insatisfação
impar na sua História. Será Presidente da República geral nas massas, quando elas se sentem mais
um seu dileto filho. Um homem com o patriotismo e a conscientes das suas necessidades e mais ativas
envergadura administrativa de Jânio Quadros, que nas suas reivindicações; quando o progresso,
disse pessoalmente ao povo nosso coestaduano o facilitando soluções, determinou, também mais
que pretende fazer e realizar pelo nosso abandonado ansiedade para que mais rapidamente elas fossem
rincão, que tem sido até hoje um filho mal encontradas, nos dias que correm, aquêles que
aquinhoado e mesmo enjeitado dos governos representam o povo e têm dêsse mandato a mais
federais. Êle na sua campanha para as eleições perfeita, a mais justa consciência, desprezando o
passadas falou clara e positivamente o que pretende cortejamento fácil, a demagogia que amacia, que
fazer para o nosso soerguimento econômico, entorpece, mas que não resolve; nos dias de hoje, o
cultural, e administrativo. A sua atenção estará legislador que tem a justa e lúcida consciência das
sempre voltada para as problemas do nosso Mato suas responsabilidades sente que é grande e penoso
Grosso. E isso muito merecia. Despeço-me pois dos o encargo em que se investiu, ao aceitar uma
meus amigos Senadores, esperando uma visita de representação popular. Quem cumpre êsse mandato,
cada um ao Estado, onde irão conhecer um nôvo quem aceita uma representação e a exercita com
mundo, que se abre para o progresso imprevisível do eficiência, pode estar seguro de que serviu,
Brasil. (Muito bem; muito bem. Palmas. O orador é realmente, à sua gente e à sua terra.
vivamente cumprimentado e abraçado). O Senador Fernando Corrêa, quer entre seus
O SR. PRESIDENTE: – Continua a hora do companheiros de Partido, quer entre os do Senado
expediente. da República, foi figura que manteve esse equilíbrio,
Tem a palavra o nobre Senador Rui Palmeira essa lúcida visão das coisas, servindo
como Líder da Minoria. patríòticamente ao seu Estado e ao Brasil.
O SR. RUI PALMEIRA (como líder da UDN) Pela segunda vez é S. Exa. chamado
(*): – Sr. Presidente, na hora em que se despede a governar Mato Grosso, o que constitui
honra extraordinária, para qualquer
__________________ homem público. Afasta-se assim desta Casa,
(*) – Não foi revisto pelo orador. priva-nos de seu convívio, dos mais sau-
– 59 –

dáveis e amoráveis, mutila um pouco, com sua raro no Brasil, possam promover o bem-estar da sua
ausência, o Senado da República, que se vê terra.
desfalcado de um dos seus mais eficientes No momento em que nos despedimos do
elementos, um dos melhores servidores da causa Senador Fernando Corrêa, desejamos exprimir tôda
pública. nossa mágoa por vê-lo separar-se de nós.
Fernando Corrêa, que tão bem correspondeu Nossa esperança e mais do que isto, a nossa
à confiança de sua gente, defendendo-lhe os tranquilidade reside em que o nasso companheiro
interêsses no desempenho do mandato legislativo, que tanto honrou sua terra no Senado da República,
sabe muito bem que maiores são as no govêrno do seu Estado, reafirmará o que tem sido
responsabilidades que assumirá ao ser investido. a constante da sua gente, o total devotamento pelo
num mandato Executivo. Se ao legislador cabe traçar seu povo, a ação eficiente na realização do
normas, após captar os anseios da comunidade que progresso de Mato Grosso e a felicidade de seus
representa; compondo, assim, a estrutura das conterrâneos. (Muito bem. Muito bem. Palmas).
instituições e estabelecendo a maneira de atingir os O SR. PRESIDENTE: – Tem a palavra o nobre
objetivos do Estado, àquele que exerce mandato Senador Victorino Freire, como Líder da Maioria.
Executivo maiores dificuldades, se apresentam, mais O SR. VICIORINO FREIRE (como líder da
fortes são os obstáculos, pois a comunidade dêle maioria) (*): – Sr. Presidente, o Partido Social
espera não apenas a realização do bem público, mas Democrático e a Maioria desta Casa solidarizam-se
dêle reclama o milagre de resolver os problemas de com as homenagens que o Senado está prestando à
todos e os de cada um em particular, entendendo figura preclara e ilustre do Senador Fernando
que a soma de podêres nas mãos do governante Corrêa.
deve ser empregada no próprio interêsse da S. Exa. vai assumir a suprema Magistratura,
coletividade. do seu Estado e deixa, nesta Casa, um traço de
Assim, ainda mais delicada é a missão de bom convívio, e estima de todos os seus
quem exerce o mandato Executivo. Nos dias de hoje, companheiros.
mais se agravam os problemas sociais e mais árdua Embora afastado por singular divergência de
é a missão do governante pela consciência que têm ordem partidária, jamais transgrediu os princípios de
as massas da necessidade de ver solucionadas cortesia, tolerância e bom convívio dos amigos e
essas questões que, muitas vêzes, chegam à adversários políticos.
beirada tragédia. Nesta Casa, tive oportunidade de me ligar a S.
Ainda há pouco ouvimos o aparte do nobre Exa. por laços de amizade e estima fraterna. Fui seu
Presidente desta Casa ao discurso do nobre companheiro, na Comissão de Finanças, onde
Senador Fernando Corrêa. sempre S. Exa. dava seu voto com a maior
O Senador Filinto Müller, num gesto altamente independência e espírito público.
democrático e compreensivo da sua posição no Liderando a Maioria cêrca de dois meses,
cenário político nacional teve palavras de homenagem sempre mereci tanto de Sua Exa. como de seu
ao nosso companheiro Senador Fernando Corrêa eminente Líder, o nobre Senador João Vi-
da Costa. Vemos assim que existem no ambiente
político de Mato Grosso condições para que os homens __________________
possuidores de espírito público, hoje (*) – Não foi revisto pelo orador.
– 60 –

lasbôas, e todos os seus companheiros, as melhores zer ao nobre Senador Fernando Corrêa que a 31 do
atenções para que eu bem cumprisse meus corrente assumirá o Poder Executivo do Estado de
deveres, sem tumulto nem atrito com os colegas da Mato Grosso, que êsse é um Estado feliz. No dia 3
Oposição. de outubro passado, vencesse o nobre Senador
Desejamos feliz govêrno ao Senador Filinto Müller, vencesse como venceu o nobre
Fernando Corrêa, que venceu, nas eleições do seu Senador Fernando Corrêa, Mato Grosso estaria de
Estado, o nosso eminente Vice-Presidente e parabéns, porque teria um governante á altura dos
correligionário, Senador Filinto Müller, outro grande seus altos destinos. Conheço os Corrêa de Mato
matogrossense, que aceitou o veredictum das urnas Grosso de longa data. Nos bancos da Escola
com singular espirito público. Politécnica do Rio de Janeiro fomos colegas de
O SR. JOÃO VILLASBÔAS: – Multo bem. estudos, o Deputado izídrio Corrêa, irmão do ilustre.
O SR. VICTORINO FREIRE: – Vai o honrado Senador Fernando Corrêa, e eu. E já na Escola,
Senador Fernando Corrêa assumir o alto cargo de sentia o que era o caráter dos Corrêa de Mato
Governador cercado da confiança, mesmo dos Grosso. Quero, portanto, neste instante, prestando
adversários, de que resolverá os problemas que minhas homenagens ao Senador, que se retira desta
angustiam seu Estado e seu povo. Casa, e que recebe da nossa parte e da parte de
S. Exa. não é um aprendiz da vida pública; todos os Partidos, esta justa homenagem que se lhe
tem uma longa tradição, por herança e pelo exercício presta, deixar meus votos como fêz, V. Exa., para
permanente do Poder e da oposição. Por isso, Sr. que possa êle tornar o Estado de Mato Grosso cada.
Presidente, é que todos nós da Maíoria e da Minoria, dia mais respeitado, acatado e progressista. Que êle
nesta Casa, desejamos ao nobre Senador Fernando tenha no Govêrno de Mato Grosso, que já exerceu
Corrêa, e eu pessoalmente, os melhores votos de uma vez, dias felizes e que no dia em que o deixar
felicidades. possa retirar-se da curul governamental aplaudido
Peço a Deus que ilumine S. Exa. e lhe tire pelo povo de Mato Grosso.
as pedras do caminho para que possa repetir O SR. VICTORINO FREIRE: – Obrigado a
em Mato Grosso com o mesmo espírito público, Vossa Excelência.
com que o dirigiu anteriormente, uma época O Brasil atravessa uma hora crucial, em que
de felicidades e realizações em prol de Mato os homens de responsabilidade que representam
Grosso e dos matogrossenses, para maior brilho partidos e tendências, devem ficar de cabeça fria,
e destaque do seu nome na sua terra e no quer sejam da Oposição quer sejam do Govêrno
cenário nacional. para que, com dignidade, com desprendimento,
O SR. FRANCISCO GALLOTTI: – Permite V. ajudem a Nação a vencer a crise em que se debate e
Exa. um aparte? que a todos assoberba.
O SR. VICTORINO FREIRE: – Tem o aparte Agora, Senador Fernando Corrêa da Costa, a
Vossa Excelência. homenagem pessoal do amigo. A V. Exa. eu não
O SR. FRANCISCO GALLOTTI: – Fala digo adeus, porque o adeus tem o sentido das
V. Exa. em nome do Partido a que pertenço. despedidas eternas. E os que se querem, se
Pedi, porém, êste aparte para, num gesto compreendem, se estimam, vivem sempre juntos
de solidarieade absoluta às suas palavras, di- apesar da distância, de Brasília ao torrão
– 61 –

sagrado de Mato Grosso, que V. Exa. honrou até Congresso do Brasil, ou seja, ao Parlamento
hoje na vida pública e há de honrar no Govêrno do Nacional, funda impressão me causou o
Estado. Minhas despedidas e minhas homenagens, comportamento, a educação política, a elevação
porque V. Exa. deixa, nesta Casa, as amizades que de sentimentos e de maneiras dos representantes
conquistou pela sua grande cultura, pela sua moral, de Mato Grosso, Mato Grosso oferece nesta Casa
pela sua alegria, e pela sua inteligência. do Congresso, um exemplo magnífico de
Era o que tinha a dizer. (Muito bem! Muito espirito democrático, de formação política, de
bem! Palmas). maneira de encaminhar e de viver no convívio dos
O SR. PRESIDENTE: – Continua a hora do homens públicos. Nenhuma outra Bancada nesta
Expediente. Casa tem a ventura de oferecer, como a de Mato
Tem a palavra o nobre Senador Novaes Filho, Grosso, êsse exemplo extraordinário, que pode bem
orador inscrito. servir como verdadeira lição, sobretudo, para os
O SR. NOVAES FILHO (*): – Senhor moços do Brasil.
Presidente, quando exercia eu a Pasta da O SR. RUY CARNEIRO: – Permite V. Exa. um
Agricultura, tive a honra de acompanhar o eminente aparte?
Chefe da Nação, o Sr. Presidente Enrico Dutra, a O SR. NOVAES FILHO: – Com muito
uma visita à sua terra natal, ao Estado de Mato prazer.
Grosso e para maior alegria minha, na cidade de O SR. RUY CARNEIRO: – Já que V. Exa.
Campo Grande, tive a honra de ser hóspede do no seu belo discurso, está tocando em matéria
eminente Senador Fernando Corrêa. Na sua casa, política, num ponto muito nevrálgico – a educação
naquele lar todo cheio de encantos, de inteligência, política – posso dizer que Mato Grosso é um
de alto sentido de hospitalidade, eu logo dei com a
Estado onde, na realidade, os Partidos lutam de
pedra de toque da fidalguia daquela terra,
maneira diferente do resto do Brasil. Em 1953
expressada altamente na figura distintíssima da
estive em Cuiabá, onde o atual Senador Fernando
ilustre dama que é a sua digna consorte. Daí data,
Corrêa exercia o cargo de Governador, eleito
Sr. Presidente, a minha, amizade ao nobre colega,
pela União Democrática Nacional. Lá, compareci
Senador Fernando Corrêa, amizade que mais ainda
em companhia do Presidente da seção do PSD
se consolidou, através do excelente convívio que
do Rio Grande do Norte, Deputado Teodorico
com êle todos nós temos mantido nesta Casa do
Parlamento Nacional. Bezerra, e eu representando o Partido Social
Daí porque, Sr. Presidente, venho agora, Democrático seção da Paraíba. Fomos acolhidos
como seu amigo, e também como seu companheiro por S. Exa. com especial carinho. Fato interessante
de Minoria no Senado da República, juntar minha é que, lá, fomos à procura de paraibanos,
voz àquelas que tão bem expressaram os nossos atraídos pelos seringais matogrossenses, e que as
sentimentos de admiração e de afeto para com o suas famílias, na Paraíba, os consideravam
Governador eleito do Estado de Mato Grosso. escravizados.
Sr. Presidente nesta oportunidade quero dizer Lá fomos recomendados pelo nobre Senador
ao Plenário desta Casa que, desde que cheguei ao Filinto Müller aos homens do nosso Partido para que
nos ajudassem. Fomos recebidos em Cuiabá, por
__________________ elementos do Govêrno, inclusive um Secretário
(*) – Não foi revisto pelo orador. de Estado, Dr. Rubens Pinto, homem muito
– 62 –

fino e educado, aliás sobrinho do Senador João pulação, têm os seus membros se impôsto
Villasbôas, e outros elementos de destaque tanto à confiança de todos nós e dela saído para
nos quadros do Govêrno como na Oposição, na os postos de maior relevância do Senado da
época o P.S.D. Lá não se encontrava o Governador República.
Fernando Corrêa por haver aniversariado na véspera Dessa representação vi sair para a Liderança
e se afastado de Cuiabá. Mandara porém, todos os da Maioria e revelar-se, sem favor, um grande Líder,
seus auxiliares imediatos receber-nos sob o o eminente Senador Filinto Müller.
comando do Vice-Governador, Doutor João Leite de O SR. FERNANDES TÁVORA: – Muito bem!
Barros. Foi, uma deferência especial que nos (Palmas).
comoveu, demonstrando a educação política de O SR. FILINTO MÜLLER: – Muito obrigado a
Mato Grosso. Fomos assim acolhidos com carinho Vossa Excelência.
especial pelo Governador Fernando Corrêa, que por O SR. NOVAES FILHO: – Dessa
sinal é primo do nobre Senador Filinto Müller. S. representação vi sair para as difíceis, árduas e
Exas. se combatem naquele Estado, mas aqui, ingratas funções da Liderança da Minoria essa figura
graças a Deus, com particular satisfação para nós – respeitável, serena, culta e brilhante, que é o
já que V Exa. fala da educação política dos homens Senador João Villasbôas.
de Mato Grosso que ocupam cadeiras nesta Casa – O.SR. RUY CARNEIRO: – Muito bem!
estão amigos, o que é o ideal, o louvável, merecendo (Palmas).
os aplausos nossos e de V. Exa. na exaltação que O SR. JOÃO VILLASBÔAS: – Muito obrigado
está fazendo com o brilho do seu talento ao a Vossa Excelência.
Governador eleito de Mato Grosso, meu adversário, O. SR. NOVAES FILHO: – Dessa
mas nosso prezado colega Senador Fernando representação matogrossense vi sair, pelo voto
Corrêa. Não posso, neste instante, deixar de unânime dêste Plenário, para as culminâncias da
registrar a maneira fidalga como o Governador Mesa, para a Vice-Presidência desta Casa, o nobre
udenista nos acolheu no território matogrossense, Senador Filinto Müller.(Muito bem; muito bem!
em 1953, fato que demonstrou a educação política Palmas). Nesse pôsto como na Liderança da
dêsse nobre colega, que também acaba de ser Maioria, nos dias de maior calor político, dos
exaltado, no expressivo discurso, do nosso querido entreveros mais entusiásticos e dos debates mais
colega Senador Victorino Freire, um nome do P.S.D. aceso, não permitiu S. Exa., que das suas mãos
no Senado. (Palmas). caisse aquêle penacho de espírito democrático e de
O SR. NOVAES FILHO: – Muito grato ao boa educação política, da representação de Mato
aparte do meu amigo, o nobre Senador Ruy Grosso nesta Casa.
Carneiro. Daí porque, Sr, Presidente, tenho profunda
Sr. Presidente, causou-me funda impressão a admiração pela representação de Mato Grosso, que
maneira elegante, correta e democrática como, nesta reputo, sem favor, constituída de homens que podem
Casa, sempre se comportou a representação de ser mestres de educação política, de espírito
Mato Grosso. democrático, sobretudo de maneira alta e elegante
Representando um Estado grande de servir às causas nacionais com uma linha
em território, porém pequeno em extraordinária de bom tom, de delicadeza e
possibilidades econômicas e em po- patriotismo.
– 63 –

O SR. RUY CARNEIRO: – Apoiado! go nacional ora em curso e a distribuição do mesmo


O SR. FERNANDES TÁVORA: – Muito bem. cereal para a indústria no corrente ano.
O SR. NOVAES FILHO: – Assim, Sr. Trata-se de ato extremamente danoso à
Presidente, é com alegria que trago hoje, através de economia do País e que mais grave se torna por não
minha voz, também os sentimentos mais íntimos de haver levado em conta nenhuma das reiteradas
amizade e admiração ao nobre Senador Fernando advertências recebidas a propósito das implicações
Corrêa, que vai nos privar do seu convívio para que acarretaria para a nossa triticultura.
volver à terra natal e servir ao seu povo, exercendo o Com relação à Portaria ministerial, que
Poder Executivo, até onde o acompanharei com os começa por violar flagrantemente o Decreto nº
melhores votos para que seja bem sucedido e possa 47.491, regulador da matéria, não podemos deixar
corresponder aos anseios e às esperanças de seus de ressaltar que ela representa a volta ao regime das
coestaduanos. (Muito bem! Muito bem!) (Palmas). operações do trigo-papel, da "nacionalização" do
O SR. PRESIDENTE: – A Mesa vincula-se às trigo e de práticas análogas que constituem
merecidas e inequívocas demonstrações de aprêço verdadeiro atentado contra o patrimônio nacional e
de respeito e de admiração com que o Plenário, na contra os interêsses do consumidor.
palavra de seus Líderes, manifestou seus Elas haviam sido pràticamente eliminadas
sentimentos no momento que o Senador Fernando com as medidas adotadas pelo Ministro Mário
Corrêa despede-se do Senado da República; e Meneghetti, coroadas pelo citado Decreto nº 47.491,
formula a êsse eminente companheiro os votos mais expedido pelo Presidente Kubitschek, em fins de
ardorosos para que S. Exa., no exercício da 1959.
Suprema Magistratura do seu Estado, realize os Contra o sistema que ora resurge, manifestou-
anseios de desenvolvimento econômico, social e se várias vêzes a Comissão Técnica do Trigo. Já o
cultural da progressista povo de Mato Grosso. Diretor da CACEX, em meados de 1960,
(Palmas). preconizava, em relatório aprovado pela direção do
O SR. FERNANDO CORRÊA: – Muito Banco do Brasil, a compra estatal do trigo, como
obrigado a Vossa Excelência. única forma de liquidar o trigo-papel.
O Sr. Gilberto Marinho deixa a Presidência, Em 15 de dezembro último, o Conselho
assumindo-a o Sr. Novaes Filho. Nacional de Economia dirigiu-se ao Ministério da
O SR. PRESIDENTE: – Continua a hora do Agricultura, alertando-o em relação a medidas que
Expediente. poderiam abrir a porta para o reinício de fraudes na
Tem a palavra o nobre Senador Gilberto comercialização do trigo.
Marinho. Pela Portaria tornada pública no dia 28
O SR. GILBERTO MARINHO (*): – No de dezembro último, foi eliminada a interferência
breve período das férias parlamentares, o do Banco do Brasil na compra do trigo
Ministério da Agricultura expediu Portaria sôbre a nacional. Além disso, não obstante o Decreto 47.491,
comercialização da safra do tri- pelo seu artigo 25, proibia a entrada do trigo
importado, até a colocação da safra do trigo
__________________ nacional, o Ministério permitiu, por aquela portaria,
(*) – Não foi revisto pelo orador. a entrada do trigo importado durante o mês de feve-
– 64 –

reiro e, mediante a autorização das COAPs; também ver tão momentosa questão, para que,
em janeiro. tenham sempre presente em suas deliberações
Além disso, foi abandonado o critério de que êste ano, segundo vêm salientar todos
destinar o trigo ao abastecimento das regiões, os técnicos, será um ano de terrível escassez de
consumidoras, para reviver o das cotas individuais trigo.
para a indústria moageira, as quais sempre foram, no Tais considerações, Senhor Presidente, nos
passado, negociadas e revendidas, com prejuízo dos ocorrem como seqüência das palavras que ontem
consumidores. aqui tivemos, oportunidade de proferir, a propósito da
Um ato de tais repercussões só poderia ser política agrária mais consentânea com o
decidido com a anuência das Carteiras de Câmbio e desenvolvimento econômico da Nação.
Comércio Exterior do Banco do Brasil, do Conselho Insistimos naquilo que nos parece óbvio, que o
da SUMOC, do próprio Ministério da Fazenda e do desenvolvimento da economia agropecuária é
Presidente da República, que estão no dever de absolutamente fundamental, se queremos construir
atender a tantos pronunciamentos infensos à política uma Nação com bases realmente sólidas. Do campo;
adotada, sob pena de se subrogarem nas pesadas o País recebe em primeiro lugar os alimentos para a
responsabilidades que dela decorrem. sua população; do campo se obtêm as matérias-
Ainda um aspecto grave do mesmo ato é o primas; para as nossas indústrias e a quase
restabelecimento da discriminação que vigorava totalidade das divisas, porque o que a Nação exporta
contra o Nordeste no que se refere ao preço do trigo. é até o momento pràticamente o fruto do labor do
O Ministro Mário Meneghetti eliminara essa homem do campo.
discriminação, com o estabelecimento de um preço Temos que voltar os olhos, cada vez mais
único para o trigo em todo o País, ficando a diferença para o interior brasileiro, para que um dia possamos
de frete entre o Rio e dos portos do Norte e do dizer com orgulho que êle tem então uma nova vida
Nordeste a cargo de subvenção do Tesouro Nacional espiritual e uma nova vida econômica. (Muito bem!
para o trigo indígena. Muito bem! Palmas).
Aliás, o Correio da Manha, em editorial de O SR. PRESIDENTE: – Sôbre a mesa
anteontem, focalizou a matéria de forma magistral, requerimento que vai ser lido.
assinalando que, como retôrno à indústria do trigo- É lido e aprovado o seguinte:
papel, a triticultura nacional, que já se debate com à
incompreensão do poder público, incapaz de liberar REQUERIMENTO
as verbas para a imprescindível pesquisa genética Nº 18, DE 1961
de um tipo padrão e de amparar com financiamentos
indispensáveis à mecanização da lavoura e ao Nos têrmos das art. 211, letra n. do Regimento
amparo financeiro na época do plantio e da Interno, requeiro dispensa de interstício e prévia
comercialização, a triticultura nacional, dizíamos, distribuição de avulsos para o Projeto de Lei da
sofre um golpe mortal. Câmara nº 2, de 1961, a fim de que figure na Ordem
Como advertência final, cumpre do Dia da sessão seguinte.
chamar a atenção de tôdas as autoridades Sala das Sessões, em 12 de janeiro de 1961.
às quais compete resol- – Francisco Gallotti.
– 65 –

O SR. PRESIDENTE: – Em face da Há oradores inscritos.


deliberação do Plenário, o Projeto de Lei da Câmara Tem a palavra o nobre Senador Heribaldo
número 2, de 1961, figurará na Ordem do Dia da Vieira.
próxima sessão. O SR. HERIBALDO VIEIRA: – Sr. Presidente,
Passa-se à: desisto da palavra.
O SR. PRESIDENTE: – O nobre Senador
ORDEM DO DIA Heribaldo Vieira desiste da palavra.
Dou a palavra ao orador seguinte, nobre
Primeira discussão do Projeto de Lei do Senador Lobão da Silveira (Pausa).
Senado nº 48, de 1956, de autoria do Sr. Senador Não está presente.
João Villasbôas, que declara isentos de sanções Não há mais oradores inscritos.
disciplinares os militares reformados e os das Nada mais havendo que tratar, vou encerrar
Reservas das Fôrças Armadas, tendo Pareceres a sessão. Designo para a de amanhã a
contrários, sob números 401 e 402, das Comissões seguinte:
de Constituição e Justiça e de Segurança Nacional.
ORDEM DO DIA
Sôbre a mesa, requerimento que vai ser lido
pelo sr. Primeiro Secretário. 1 – Eleição – Comissão de Agricultura,
É lido e aprovado o seguinte: Pecuária, Florestas, Caça e Pesca Eleição da
Comissão de Agricultura, Pecuária, Florestas, Caça
REQUERIMENTO e Pesca (5 membros) criada pela Resolução nº 45,
Nº 19, DE 1961 de 1960.
2 – Discussão única do Projeto de Lei
Nos têrmos dos arts. 212, letra l, e 274, letra b, da Câmara nº 2, de 1961 (número 1.187, de
do Regimento Interno, requeiro adiamento da 1959, na Câmara), que revigora, por dois exercícios,
discussão do Projeto de Lei do Senado nº 48, de a autorização concedida pela Lei nº 3.317, de
1956, a fim de ser feita na sessão de 22 do corrente. 18 de novembro de 1957, que abre crédito
Sala das Sessões, em 12 de janeiro de 1961. destinado ao prosseguimento de obra ferroviária
– João Villasbôas. no Estado de Santa Catarina (incluído em Ordem
O SR. PRESIDENTE: – Em face da aprovação do Dia em virtude de dispensa de interstício
do requerimento, o projeto voltará à Ordem do Dia na concedida na sessão anterior, a requerimento
sessão de 22 do mês em curso. do Sr. Senador Francisco Gallotti), tendo parecer
Em face da aprovação do requerimento, o favorável, da Comissão de Finanças.
projeto será retirado da Ordem do Dia. Está encerrada a sessão.
Está esgotada a matéria constante da Ordem Levanta-se a sessão às 15 horas e 40
do Dia. minutos.
4ª SESSÃO DA 2ª SESSÃO LEGISLATIVA, EXTRAORDINÁRIA, DA 4ª LEGISLATURA, EM 13 DE
JANEIRO DE 1961

PRESIDÊNCIA DOS SENHORES GILBERTO MARINHO E HERIBALDO VIEIRA

Às 14 horas e 30 minutos, acham-se debates. O Sr. Primeiro Suplente, servindo de 1º


presentes os Srs. Senadores: Secretário, lê o seguinte:
Mourão Vieira.
Paulo Fender. EXPEDIENTE
Victorino Freire.
Sebastião Archer.
Eugênio Barros. Do Sr. Presidente da República, nº 24, de
Joaquim Parente. 1960, restituindo autógrafos de substitutivos vetados
Fausto Cabral. da Lei número 3.789, de 12 de julho de 1960, e
Fernandes Távora. mantidos pelo Congresso Nacional.
Menezes Pimentel. O SR PRESIDENTE: – Está finda a leitura do
Sérgio Marinho. Expediente.
Ruy Carneiro. Tem a palavra o nobre Senador Heribaldo
Antônio Baltar.
Vieira, orador inscrito.
Silvestre Péricles.
Lourival Fontes. O SR. HERIBALDO VIEIRA (*): – Senhor
Heribaldo Vieira. Presidente, inscrevi-me para, desta tribuna, fazer
Ary Vianna. chegar ao Instituto Brasileiro do Café, uma
Arlindo Rodrigues. reclamação veemente do Estado de Sergipe, no
Caiado de Castro. sentido de pôr côbro à providência que está tomando
Gilberto Marinho. de cortar, totalmente, o abastecimento de café para
Benedito Valadares. os moageiros daquele Estado.
Nogueira da Gama.
No momento em que o Instituto Brasileiro do
Lino de Mattos.
Pedro Ludovico. Café gasta somas enormes na propaganda dêsse
Coimbra Bueno. nosso principal produto de exportação, é de lamentar
Alô Guimarães. que populações de diversos Estados vejam-se
Gaspar Velloso. privadas de tomar café em decorrência de
Francisco Gallotti. providências coercitivas inexplicáveis, providências
Guido Mondim. – (28). que depõem contra a política adotada pelos
O SR. PRESIDENTE: – A lista de presença dirigentes dêsse Instituto.
acusa o comparecimento de 28 Srs. Senadores.
O pretexto justificativo do Instituto
Havendo número legal, declaro aberta a sessão.
Vai ser lida a Ata Brasileiro do Café são os con-
O Sr. Arlindo Rodrigues, servindo de
2º Secretário, procede à leitura da Ata __________________
da sessão anterior, que é aprovada sem (*) – Não foi revisto pelo orador.
– 67 –

trabandos no Norte e Nordeste do País. sendo asfixiada no meu Estado. Não é possível
Sabemos, Senhor Presidente, que o I.B.C. em que nós já tão duramente sacrificados na
cooperação com o Exército Nacional tem procurado nossa economia, sejamos atingidos por esta
reprimir, intensamente o contrabando; e só temos perseguição, justamente quando o Instituto Brasileiro
aplausos a êsse órgão da economia nacional pela do Café procura aumentar a exportação através de
atitude que vem tomando. propaganda tão custosa!
O Relatório de 1959 do Instituto Brasileiro do É de lamentar que em vez de intensificar a
Café, não obstante a repressão ao contrabando melhoria do produto, por vêzes em dificuldade de ser
estima em setecentas mil sacas o café distribuído colocado no exterior – não só por custar mais como
para o consumo interno exportado fraudulentamente. ser de qualidade inferior ao café asiático, difícil,
Senhor Presidente, o que não se justifica é portanto, de competição, por inferior – enverede pela
que aquêle Instituto considere ação repressora ao política que está adotando.
contrabando cercear, totalmente, o abastecimento do Seria preferível que o Instituto, a par das
café para uma região. medidas de coerção ao contrabando cuidasse
Que culpa tem o Estado de Sergipe que no da melhoria do café, fôsse êle oferecido no mercado
Amazonas, no Pará, no Ceará, haja contrabando de exterior em melhores condições, em vez de
café, quando nada houve de anormal no meu Estado? perder tempo prejudicando o consumidor brasileiro,
Que culpa têm as populações do Amazonas, do Pará, condenado a beber café de qualidade inferior
do Ceará de haver fraudadores da lei nesses Estados, ao exportado e, agora, forçado a privar-se da bebida,
para se lhes privar do abastecimento de café? sob o pretexto de que aquelas providências visam
É uma política errônea, são providências a evitar que o produto distribuído para uso interno
errôneas que devem ser corrigidas. seja desviado para o exterior. É fácil e está ao
Senhor Presidente, o apêlo é de um alcance, do Instituto controlar a distribuição às
nordestino do menor Estado, mais uma vez atingido indústrias de torrefação através de medidas fiscais
por providências repressivas ao contrabando, feitas e providências outras, dessa natureza ou
de maneira verdadeiramente errônea, merecedoras, similares. Ao contrário, asfixia-se o consumo quando
portanto, de nossa reprovação do alto desta tribuna é preciso intensificá-lo.
do Senado Federal. Levanto desta tribuna um protesto, em
Apelo em nome do meu Estado, no sentido de nome do meu Estado, o menor da Federação,
o órgão diretor do Instituto Brasileiro do Café contra essa política errônea do Instituto Brasileiro
modificar sua política, a fim de que meu. Estado e do Café; ao mesmo tempo faço um apêlo no
outros da região Nordeste não sofram essas sentido de que não se continue a sacrificar o Estado
coerções inconcebíveis. de Sergipe na sua economia, com medidas
Sr. Presidente, todos os moageiros de café do contrárias a um povo que trabalha heròicamente, por
meu Estado pararam suas atividades; para todos vencer as asfixias vindas do Sul para o Norte,
êles, os prejuízos são incalculáveis, continuam particularmente para meu Estado.
pagando os empregados, embora nada possam O SR. FERNANDES TÁVORA: –
produzir. A indústria de torrefação do café está Permito V. Exa. um aparte?
– 68 –

O SR. HERIBALDO VIEIRA: – Com todo o Continua a hora do Expediente.


prazer. O SR. COIMBRA BUENO: – Peço a palavra,
O SR. FERNANDES TÁVORA: – V. Exa. Sr. Presidente.
poderia protestar em nome dos interêsses nacionais O SR. PRESIDENTE: – Tem a palavra o nobre
e não sòmente em nome de Sergipe. Senador Coimbra Bueno.
O SR. HERIBALDO VIEIRA: – Protestei O SR. COIMBRA BUENO (lê o seguinte
em nome de todo o Norte e Nordeste. Sob discurso): – Sr. Presidente, Srs. Senadores, as
pretexto de que se faz contrabando nessa região manchetes de muitos jornais ocuparam-se ontem de
– mas ainda não se verificou contrabando no minha humilde pessoa de modo desairoso, não para
meu Estado – adota-se a política errônea de proibir debater o sem número de idéias, iniciativas trabalhos
o consumo para não haver contrabando. O que de quase três decênios como integrante que sou –
cumpre é estabelecer providências fiscalizadoras, de uma equipe de homens e mulheres que acreditam
para evitar o contrabando, e jamais proibir o no Brasil e acima de tudo amam a sua Terra e por
consumo no momento em que o Instituto procura ela lutam com os olhos voltados para as novas
justamente incrementá-lo, através de subvenções e gerações, aí incluídos filhos e descendentes – mas
de intensa campanha de propaganda. muito ao contrário, para deturpar e tirar ilações
Agradeço o aparte do nobre Senador pelo tendenciosas nas suas primeiras páginas, com títulos
Estado do Ceará, que vem exatamente corroborar os sensacionais que não condizem com os próprios
pontos de vista por mim esposados. textos, já em si gravíssimos, e calcados em
Encerro minhas considerações. Sr. Presidente, informações sem qualquer comprovação e
com veemente apêlo ao Instituto Brasileiro do Café constantes de simples notas manuscritas, lidas a
no sentido de que atenda aos moageiros de Sergipe meu ver precipitadamente numa reunião que depois
e à população de tôda aquela região sofredora, que soube ser pública, do Diretório Nacional de um dos
agora passa por mais um vexame. (Muito bem! Partidos maiores do País, em cujos quadros
Palmas). ingressei recentemente.
O Sr. Gilberto Marinho deixa a Presidência, Surpreendido, Sr. Presidente, optei pela tentativa
assumindo-a o Sr. Heribaldo Vieira. de resumir, no ato e de imediato, fatos que remontam
O SR. PRESIDENTE: – Continua a hora do a 1943, de Emprêsas de que me honro de ser
expediente. acionista e de cujas direções estou afastado há mais
Tem a palavra o nobre Senador Gilberto de 6 anos; desde já posso adiantar que nenhuma
Marinho. das emprêsas em pauta fêz qualquer desconto das
O Senhor Senador Gilberto Marinho pronuncia citadas notas promissórias de vinte e mais milhões,
discurso que, entregue à revisão do orador, será nos últimos cinco anos e mais objetivamente neste
publicado posteriormente. último período governamental da União.
– O Sr. Heribaldo Vieira deixa a Presidência, As únicas operações existentes em
reassumindo-a o Sr. Gilberto Marinho. andamento se referem a decorrências da
O SR. PRESIDENTE: – Não há mais suspensão "ex-abrupto" – por sucessivos
oradores inscritos. governos, primeiro do financiamento da casa própria
– 69 –

para os operários dos IAP e segundo, e mais Lerei Senhor Presidente a carta que enderecei
recentemente do unilateral abandono da lei que criou ao Vice-Presidente da Seção de Goiás do meu
a Carteira de Colonização. Casa operária não é Partido, depositando em suas mãos o cargo que
negócio imobiliário ilegítimo, e colonização exercia, até que se apure a verdade dos fatos.
tampouco; ao contrário são iniciativas que sòmente Agradeço de público as providências que o Dr.
quem tem muita experiência e interêsse pelo José Fleury tomou imediatamente junto a tôdas
desenvolvimento econômico e social do País, antes agremiações oposicionistas de Goiás, para
do seu próprio ou com êle concomitante, pode levar constituírem uma Comissão, que espero em Deus,
avante com sucesso. possa no menor prazo proclamar a verdade contra
Por isto, posso desde já, tranqüilizar os as aparências, tão logo tenhamos em mãos uma
homens de bem dêste País, entre os quais fotocópia completa e autenticada, do processo
modestamente esperamos em Deus, estar alinhados, referente à construção em massa de casas
de que superaremos plena e cabalmente, como proletárias, que em boa hora nos foi prometida pelo
aconteceu após a árdua construção de Goiânia, das Senhor Ministro do Trabalho, a quem recorremos.
casas populares em massa, e de muitas outras Quanto às outras acusações relativas a
iniciativas levadas a bom têrmo, as dificuldades, operações no Banco do Brasil, que como já disse
coincidências infelizes e danosas acusações, de que remontam a vários lustros e relativas a casas
novamente somos vítimas, em nossos esforços já de populares, bem como a Colonização –
21 anos em prol de Brasília – em boa hora avocada principalmente no chamado cinturão verde da Bahia
a si e levada a têrmo – a seu modo – isto é, como de Guanabara, onde nos constituímos os paladinos
sentiu o problema o Senhor Presidente Juscelino da formação de granjas para produção intensiva aos
Kubitschek, depositário da confiança da maioria do milhares, em locais onde até então só cogitamos de
povo brasileiro, que o guindou ao Poder. lotes especulativos, de tipo urbano, aos milhões. –
Já que nos obrigam a mais o presente desvio Foram tais operações feitas em atendimento a
de atividades úteis e construtivas, posso também emprêsas privadas, clientes com mais de 20 anos de
assegurar a todos os caçadores de escândalos, tradição bancária e tôdas operadas normal e
deturpadores de palavras, e acusadores impiedosos, sucessivamente, com garantias reais, que de bases
que fria e frontalmente os desiludiremos, e que suas correntes passaram a excepcionalmente grandes,
clamorosas injustiças – uma vez mais – terminarão em "face de valorizações havidas e da queda da
ao término de muitas canseiras que deveriam ser- moeda. Tais acusações serão igualmente
nos poupadas por nos elevar no conceito de nossos pulverizadas, para satisfação das mentalidades
concidadãos e, provàvelmente como aconteceu após cristãs e bem formadas. Não nos intimidaremos com
Goiânia nos guindarão a novas posições, que não as aparências geradas por coincidências com
buscamos por nossas mãos e vontade, como foi o assuntos estranhos – políticos ou não – e
caso da minha inesperada indicação e escolha para prosseguiremos na luta pelo prevalecimento
Governador de meu Estado, onde antes, nunca havia daquilo que entendemos ser de nosso direito
militado em política, e ao têrmo das campanhas e sagrado, de homens do trabalho e da livre
intrigas, que se seguiram à inauguração de Goiânia. iniciativa, e portanto ciosos de sua independên-
– 70 –

cia. Lerei, ainda, Sr. Presidente duas outras sabe que, durante os entreveros políticos em Goiás,
cartas que dirigi, também à Direção Nacional quando V. Exa. se encontrava de um lado e eu de
da UDN, e deixo de ler a última no mesmo sentido outro, jamais pus em dúvida sua integridade moral.
por só ontem ter solicitado o seu encaminhamento Nunca disse, nem em comícios nem em discursos de
no Rio; reiterando a necessidade e conveniência qualquer natureza, coisa alguma que o pudesse
das providências nelas sugeridas, agora tornadas melindrar.
mais urgentes, e no mesmo sentido do acolhimento O SR. COIMBRA BUENO: – Agradeço o
que tivemos pela Seção de Goiás de nosso aparte de Vossa Excelência.
Partido – em prol da completa apuração da verdade Gostaria de mencionar que assim como o
dos fatos. eminente Presidente Juscelino Kubitschek enfrentou
Senhor Presidente, antes de encerrar, críticas durante a construção de Brasília, também V.
esta antecipação de defesa, que pelas circunstâncias Exa. as enfrentou quando construiu Goiânia.
já confiamos à Oposição de Goiás e ao meu A capital de Goiás foi construída com os
partido, no seio do qual não posso permanecer esforços de uma equipe laboriosa e, no entanto,
– senão de cabeça erguida – por ser o alvo preferido ainda assim, procuraram denegri-la.
das acusações, sou forçado a repetir o velho Houve, mesmo, uma alta autoridade que, ao
rifão "quem não deve, não teme" – acrescentando visitar Brasília se permitiu criticar o Govêrno. E,
ainda, que iremos às últimas conseqüências quando da construção de Goiânia, obra que disse
para fazer valer nossos direitos e o cumprimento do ser grandiosa, afirmou que ela nos interessava, a
que é justo e nos é devido – para defender o mim e ao nobre Senador Pedro Ludovico, por causa
patrimônio que nos está confiado e salvaguardarmos das negociatas. Essa autoridade, que se beneficiou
o nosso nome e dignidade; e Deus há de nos ajudar, com a mudança da capital do Estado e que nunca
para honrarmos nosso Pai, agora nos 85 anos, fôra a Goiânia, ao fim de cinco anos soube dizer
nossa Mãe na sua velhice, nossos filhos e apenas que eu era sócio do ilustre Senador Pedro
descendentes. Ludovico.
O SR. VICTORINO FREIRE: – V. Exa. é digno O SR. PEDRO LUDOVICO: – V. Exa. sabe
de respeito e acatamento, por parte de todos os seus que Goiânia foi construída com suor e lágrimas,
companheiros. enfrentadas, com puro idealismo e as maiores
O SR. COIMBRA BUENO: – O fato é que em dificuldades. Controlei tôdas as despesas. Até
tôdas as realizações sempre aparecem espectadores mesmo latas vazias de gasolina, mereciam meu
cuja única preocupação é denegrir o trabalho reparo, para que com a mais rigorosa economia
executado. pudéssemos construir Goiânia.
O nobre Senador Pedro Ludovico, meu Goiás era um Estado pobre, e se eu assim não
adversário político, sabe e pode dar testemunho procedesse Goiânia, não teria sido construída.
de que Goiânia levou cinco anos para ser Aproveito a oportunidade dêste aparte para repetir
construída como também Brasília, sendo que, na que V. Exa. com seu digno irmão, jovens
ocasião, surgiram várias críticas aos que nela engenheiros àquele tempo, muito auxiliaram a
trabalharam. construção de Goiânia e foram até, em parte, a alma
O SR. PEDRO LUDOVICO: – V. Exa. daquela obra.
– 71 –

O SR. FRANCISCO GALLOTTI: – Muito tremenda dêsses homens que ficaram como
bem! espectadores e que vêm, agora, atirar, sôbre os
O SR. COIMBRA BUENO: – Agradeço muito homens de Goiás a pecha de ladrão, ou de
o testemunho de V. Exa., mormente quando parte do peculatário; deixem-na no litoral, nos vícios do litoral!
chefe do situacionismo Goiano, com quem tive Não acuso, de maneira genérica, o litoral:
tantos anos de dissentimento, que sempre atribui acuso apenas aproveitadores, que lá vivem, que a
principalmente à ação dos aproveitadores, a homens vida inteira exploram o País, sugando o sangue de
como êsses que acabo de citar, que, realizada uma três quartas partes da população brasileira mediante
grande obra, só sabem criticar e denegrir. Vale privilégios que criaram para si. Faço honra e rendo
recordar que na construção de Goiânia engenheiros homenagem à população da ex-Capital da
e operários residiam praticamente em ranchos. V. República, porque ali me criei, me eduquei e lá
Exa, sabe disto: nunca construímos sequer uma nasceram meus filhos; amo tanto o Rio de Janeiro
casa para qualquer engenheiro de Goiânia. Eram, como ao meu próprio Estado. Mas o que devemos
tôdas, casas provisórias, de madeira. Fizemos ressaltar, em todos os tempos, é que, durante mais
aquilo com o máximo esfôrço, porque sabíamos de cinqüenta anos, pelo menos durante quase todo o
que as condições eram tremendamente precárias período da República, o Interior estêve com as
e a obra imensamente audaciosa, acredito costas do poder público para êle viradas. Esta frase
que dez vêzes mais audaciosa que Brasília, que o atual Presidente da República lança a cada
porque esta pôde se apoiar no Erário da União momento, é uma expressão verdadeira; é a primeira
e em empréstimos externos, ao passo que vez que o Brasil passa a ser olhado como terra
em Goiás, contamos apenas com os recursos integrada, e é por isso que o Sr. Juscelino
do Estado e cinco milhões do Govêrno Federal, Kubitschek de Oliveira está recebendo a gratidão do
que por êles cobrou – V. Exa. deve estar lembrado povo goiano. Quer queiramos ou não, S. Exa., será
– nada menos de quatro edifícios federais, que Senador com uma votação imensa em Goiás, porque
ainda hoje lá se encontram, entre êles o dos beneficiou êste Estado de maneira quase
Correios e Telégrafos. Foi todo o auxílio do Govêrno inconcebível. (Lendo).
Federal. Êste é mais um testemunho de que Sr. Presidente, antes de encerrar cumpre
precisávamos interiorizar a Capital; esta é a confessar os pedidos que fiz ao adversário político e
pura verdade. O único auxílio que obtivemos, foi ao amigo que conquistei nas lides de Brasília, o
mediante entrega de quatro prédios, isto é, Senhor Presidente Juscelino Kubitschek, que de
mais do que a verba pseudo-concedida para acôrdo com a sua coragem invulgar de enfrentar
auxiliar Goiânia. Porisso nos revoltamos e fatos e problemas mandando ao diabo – as ilações
lutamos, na medida das nossas fôrças, maldosas ou não, atendeu-me no sentido de traduzir
pela interiorização da Capital. Agora, com em atos as palavras que há cinco anos vem
as aperturas e necessidades de Brasília, os repisando – inclusive na frente de seus
senhores do litoral estão, pela primeira vez, correligionários de que:
sentindo a dureza do Brasil interior, a dureza da "Seria fácil governar este País
vida nos dois terços de nosso território que se todos os Parlamentares, sòmente
ignoravam; mas isso não justifica a injustiça me propusessem, nas audiências,
– 72 –

problemas, soluções e sugestões, tal como o faz o to de partida de onde alçou vôo, avocando a si o
Senador Coimbra Bueno". assunto, um audacioso Presidente do Brasil, que, o
E Sua Excelência, como é de feitio dos povo goiano fará Senador, como homenagem e
homens de ação, acaba de decretar, justamente gratidão de todos, quer nosso Partido não queira,
agora que mais acirradamente nos acusam, a ou queira, – como acontece com a sua Seção de
perpetuação da "Fundação Coimbra Bueno pela Goiás.
Nova Capital do Brasil", ficando 3/4 partes de sua Estou afastado da direção do nosso Partido, e
direção com o Poder Público, e assegurada sua posso assim opinar livremente: como bom e leal
continuidade e a presença da iniciativa privada, com udenista, que nela ingressei para assegurar a vitória
uma quarta parte, representada por nós os seus de Jânio Quadros em Goiás, votarei para Senador
instituidores de 1939, para prosseguirmos, sempre, por Goiás, na vaga recentemente verificada, no
sem quaisquer vantagens de ordem pessoal, na nome do Sr. Juscelino Kubitschek de Oliveira, a meu
prestação de serviços, alijando na medida do ver o maior vulto do P.S.D. que, pelo menos até
possível a burocracia e buscando a boa vontade ontem, foi, e por vários lustros, o partido majoritário
despertada com Brasília, nos homens do Poder da democracia brasileira, e cuja sobrevivência e
Público que ora se renova. É assim que poderemos: coexistência, sobretudo com a UDN, interessa à
– "Poder Público" mais "Iniciativa Privada" – encarar evolução e talvez até mesmo à, sobrevivência do
novas e empolgantes iniciativas como sejam regime, ameaçado de todos os lados por homens
promover a criação do "Centro Internacional de que se esquecem de que são filhos do Brasil e vivem
Cultura", do Centro Cultural dos Estados, do Centro se digladiando com bandeiras e filiações estranhas
Cultural de Brasília e de outras atividades afins, entre comprometidos com grupos ou nações, de um e do
as quais já podemos assinalar os Parques Nacionais outro, dos dois blocos, que infelizmente se
do Tocantins e das Emas, que complementarão desentendem no Mundo atual.
Brasília – como principal centro de atração turística Senhor Presidente, somos forçados a deixar o
da América Latina. silêncio em que os trabalhos sucessivos e quase
Senhor Presidente, a coincidência da sempre empolgantes, nos mergulharam nestes três
decretação de tais atos dá uma boa medida últimos decênios, para os evidenciarmos e
da altitude, do nível sempre elevado das proclamarmos alto e bom som os resultados
nossas relações de Situacionista e Oposicionista alcançados e serviços prestados, isto em legítima
que frutificou em Goiás, unindo todos os seus defesa.
habitantes em tôrno deste problema de salvação E temos um imenso manancial onde iremos
nacional que é Brasília, e que no plano federal, buscar tôda uma defesa que nos manterá entre
pelo menos no que nos tange, deu um resultado os goianos normais, isto é, honestos – e que
de cinco anos de trabalhos efetivos, produtivos, felizmente constituem a maioria dêsse Povo
diários, ombro a ombro, entre nós, que ordeiro, abandonado e capaz com o qual
principalmente, conduzíamos a campanha de venho sofrendo os altos e baixos de sua evolução,
Brasília até a sua aceitação pela opinião pública e que há de ser útil e servir de exemplo àqueles
nacional, a localização do Distrito Federal, indicação que descrêem de um país de primeira ordem,
dos sítios da Nova Capital, e enfim até o pon- que será o Brasil de Brasília. Sr. Presi-
– 73 –

dente, as cartas a que me referi são as seguintes. DD. Presidente da U.D.N.


Goiânia, 27 de dezembro de 1960. Nesta
Exmo. Sr. Dr. José Fleury. Excelentíssimo Senhor,
DD. Vice-Presidente do Diretório Regional da De ordem do Senador Coimbra Bueno, temos
União Democrática Nacional. a honra de informar a Vossa Excelência que o
Nesta. Senador se afastou da Presidência da U. D. N.
Estimado Amigo e Correligionário. Goiana, a fim de dar maior liberdade de
Recrudesceu nas últimas 48 horas, a pronunciamento aos seus companheiros, a respeito
campanha sistemática movida contra minha pessoa de acusações que lhe vêm sendo imputadas.
pela imprensa carioca, a respeito das transações Deu ainda instruções para que se aguardasse,
comerciais que a firma Coimbra Bueno realizou com com serenidade, a comprovação da verdade dos
o I. A. P. C. há mais de 10 anos atrás. fatos e que se evitasse responder, mesmo em sua
Homem de partido, com vinculações profundas defesa, a qualquer atitude precipitada, a fim de se
em tôdas as camadas sociais, políticas e conjurar dissenções e ressentimentos dentro do
econômicas de meu Estado, não posso permitir que Partido.
fique sem resposta essa onda de infâmias e calúnias Resultou um silêncio de alguns dias, que está
alimentada, ao que tudo indica, por interêsses sendo tomado como cumplicidade pelos acusadores
mórbidos contrariados, de profissionais da política mais exaltados.
nacional. Em face disso solicita o Senador que a
Ausente, no momento de Goiânia, nosso Presidência Nacional da U.D. N. se digne designar,
ilustre companheiro Dr. Hélio de Brito, passo às com a máxima urgência, uma comissão para
mãos do prezado Amigo a Presidência do Diretório proceder ao esclarecimento e à comprovação dos
Regional da U.D.N, pedindo-lhe que, em nome da fatos, não sòmente através de informações, mas no
União Democrática Nacional, secção de Goiás, próprio I.A.P.C., à vista dos documentos constantes
indique uma comissão de todos os partidos coligados do processo, relativo a uma transação ora inquinada
do Estado para opinar conclusivamente a respeito de favor, com essa autarquia
dessa transação, fazendo-a integrar por homens de Com a vida pautada num rigorismo exemplar,
reconhecida e indiscutível idoneidade moral. o Senador está pronto a esclarecer qualquer outra
Assim, afastado da Presidência Regional suspeita, a que possa obrigá-lo a dedicação à vida
da U.D.N. até o cumprimento da missão atribuída pública, com redação a qualquer atitude sua, ou a
a essa Comissão, permito-me sugerir ao Prezado qualquer transação – em curso ou feita em qualquer
Amigo e Companheiro que a ela seja dado um época – de organizações a que esteja ou que tenha
prazo máximo para a apresentação de seu estado ligado, com qualquer órgão oficial, autarquia,
relatório. sociedade mista ou qualquer entidade controlada
Saudações Democráticas, Jerônimo Coimbra pelos Governos da União, dos Estados ou dos
Bueno. Municípios.
– Rio de Janeiro, 27 de dezembro de 1960. A fim de esclarecer o passado, juntamos
Excelentíssimo Senhor exemplar do Projeto nº 1.772.60, da Câmara dos
José de Magalhães Pinto Deputados, subscrito por 40 dignos Deputados,
– 74 –

cuja justificativa bem esclarece o nível de conduta do Piauí, tinha como chefe político o pai do nosso antigo
Senador. colega, Senador Waldemar Santos.
Encarecemos a urgência. Criado o Município, deram-lhe seu nome.
Nesta oportunidade, apresentamos a Vossa Comunicaram-me sua instalação, com a eleição do
Excelência os protestos da mais elevada nôvo Prefeito, saído dos quadros do Partido Social
consideração. Democrático. Um meu irmão é um dos chefes do
Cordiais Saudações – José Franco da Silva, P.S.D. em Picos, onde meu Partido tem grande
Secretário. maioria. Com a criação do Município de Francisco
Rio de Janeiro, 6 de janeiro de 1961. Santos, presta a Assembléia do Piauí, homenagem
"Exmo. Sr. ao saudoso Coronel Francisco Santos, antigo chefe
José de Magalhães Pinto político local, grande fazendeiro e industrial que, pela
DD. Presidente da UDN sua honradez e tolerância, conseguiu ser, durante
Nesta cêrca de quarenta anos, chefe do Distrito que tomou
Não é confortável ficar-se exposto ao braseiro o seu nome elevado agora a Município.
das deformações, que, partindo de companheiros, Congratulo-me com a Assembléia do Piauí e
doem e representam fatôres de desestímulo e de com meus correligionários de Picos e do nôvo
canseiras estéreis. Município de Francisco Santos, pela homenagem
Sem fugir ao propósito de resguardar a coesão prestada a um varão ilustre que, na política do Piauí
do nosso Partido, de preferência a responder a sempre gozou do maior prestígio e conceito.
ataques precipitados – venho insistir na urgência da Sr. Presidente, com estas singelas palavras,
averiguação dos fatos, solicitada em carta de 27 p. deixo consignadas as minhas congratulações, que
passado. são também as da representação federal do
Respeitosos cumprimentos – Coimbra Bueno". Maranhão nesta Casa. (Muito bem, muito bem.
Era o que tinha a dizer, Sr. Presidente. (Muito Palmas).
bem! Muito bem! Palmas). O SR. PRESIDENTE: – Passo à:
O SR. VICTORINO FREIRE: – Sr. Presidente,
peço a palavra para uma comunicação. ORDEM DO DIA
O SR. PRESIDENTE: – Tem a palavra o nobre
Senador Victorino Freire. Eleição do Comissão de Agricultura, Pecuária,
O SR. VICTORINO FREIRE (*): – Senhor Florestas, Caça e Pesca (5 membros) criada pela
Presidente, pedi a palavra apenas para me Resolução nº 45, de 1960.
congratular com meus correligionários do Município
de Picos, no Piauí, que, nesta Casa, foi representado A lista de presença acusa o comparecimento
pelo ex-Senador Waldemar Santos. de 28 Srs. Senadores, número que não perfaz o
O Distrito de Francisco Santos, desmembrado "quorum" mínimo para se proceder à eleição.
do Município de Picos, um dos maiores e
mais importantes municípios do Estado do Discussão única do Projeto de Lei da
Câmara nº 2, de 1961 (nº 1.187, de
__________________ 1959, na Câmara), que revigora, por
(*) – Não foi revisto pelo orador. dois exercícios, a autorização concedida
– 75 –

pela Lei nº 3.317, de 18 de novembro de 1957, ORDEM DO DIA


que abre crédito destinado ao prosseguimento de
obra ferroviária no Estado de Santa Catarina 1 – Eleição da Comissão de Agricultura,
(incluído em Ordem do Dia em virtude de dispensa Pecuária, Florestas, Caça e Pesca (5 membros)
de interstício, concedida na sessão anterior, a criada pela Resolução nº 45, de 1960.
requerimento do Senhor Senador Francisco 2 – Votação, em discussão única, do Projeto
Gallotti), tendo parecer favorável da Comissão de de Lei da Câmara nº 2, de 1961 (nº 1.187, de 1959,
Finanças. na Câmara), que revigora, por dois exercícios, a
autorização concedida pela Lei número 3.317, de 18
Em discussão. de novembro de 1957, que abre crédito destinado ao
Não havendo quem faça uso da palavra, prosseguimento de obra ferroviária no Estado de
encerro a discussão. Santa Catarina (incluído em Ordem do Dia em
A votação fica adiada por falta de virtude de dispensa de interstício, concedida na
"quorum". sessão anterior, a requerimento do Senhor Senador
Esgotada a matéria da Ordem do Dia. Francisco Gallotti), tendo parecer favorável da
Não há oradores inscritos para esta Comissão de Finanças.
oportunidade. Está encerrada a sessão.
Vou encerrar a sessão. Designo para a Levanta-se a sessão às 15 horas e 25
próxima, segunda-feira, a seguinte: minutos.
5ª SESSÃO DA 2ª SESSÃO LEGISLATIVA, EXTRAORDINÁRIA, DA 4ª LEGISLATURA, EM 16 DE
JANEIRO DE 1961

PRESIDÊNCIA DO SENHOR FREITAS CAVALCANTI

Às 14 horas e 30 minutos, acham-se EXPEDIENTE


presentes os Srs. Senadores:
Zacharias de Assumpção. Ofícios
Lobão da Silveira.
Victorino Freire. Da Câmara dos Deputados, números 2 e 3 do
corrente ano, encaminhando autógrafos dos
Sebastião Archer.
seguintes:
Mendonça Clark.
Fausto Cabral. PROJETO DE LEI DA CÂMARA
Fernandes Távora. Nº 7, DE 1961
Menezes Pimentel.
Freitas Cavalcanti. (Nº 87-B-59, na Câmara)
Silvestre Péricles.
Lourival Fontes. Autoriza o Poder Executivo a abrir, pelo
Ministério da Educação e Cultura, o crédito especial
Jorge Maynard. de Cr$ 15.000.000,00 destinado ao Instituto
Heribaldo Vieira. Brasileiro de Educação, Ciência e Cultura – IBECC –
Aloysio de Carvalho. Seção de São Paulo.
Ary Vianna.
Arlindo Rodrigues. O Congresso Nacional decreta:
Caiado de Castro. Art. 1º Fica o Poder Executivo autorizado a
Gilberto Marinho. abrir, pelo Ministério da Educação e Cultura, o
crédito especial de Cr$ 15.000.000,00 (quinze
Lino de Mattos. milhões de cruzeiros), destinado ao Instituto
Gaspar Velloso. Brasileiro de Educação, Ciência e Cultura – IBECC
Francisco Gallotti. (Seção de São Paulo).
Guido Mondim. – (22). Art 2º Esta lei entrará em vigor na data de sua
O SR. PRESIDENTE: – A lista de presença publicação, revogadas as disposições em contrário.
acusa o comparecimento de 22 Srs. Senadores. À Comissão de Finanças.
Havendo número legal, está aberta a sessão.
Vai ser lida a Ata. PROJETO DE LEI DA CÂMARA
O Sr. Jorge Maynard, servindo de 2º Nº 6, DE 1961
Secretário, procede à leitura da Ata da sessão
anterior, que, posta em discussão, é sem debate (Nº 883-B-59, na Câmara)
aprovada.
O Sr. Francisco Gallotti, servindo de 1º Isenta dos impostos de importação
Secretário, dá conta do seguinte: e de consumo equipa-
– 77 –

mento telefônico a ser importado pela Telefônica de Projeto de Lei da Câmara número 1.502-60,
Jataí S. A. para instalação do serviço de telefones na que concede anistia aos implicados no chamado
cidade de Jataí, no Estado de Goiás. "movimento de Aragarças":
– da Assembléia Legislativa do Ceará.
O Congresso Nacional decreta: Projeto de Lei da Câmara número 1.518-60,
Art. 1º É concedida isenção dos impostos de que dá nova redação aos artigos ns. 445, 451, 477,
importação e de consumo para o equipamento 481 e 487, da Consolidação das Leis do Trabalho
telefônico constante da licença nº DG-58/4.371- (Contratos com prazos determinados):
4.412, emitida pela Carteira de Comércio Exterior, a – do Sindicato dos Trabalhadores na Indústria
ser importado pela Telefônica de Jataí S. A. para a da Alimentação em Caxias do Sul, RS.
instalação do serviço de telefones na cidade de Projeto de Lei da Câmara número 2.205-60,
Jataí, no Estado de Goiás. que isenta do pagamento do impôsto de renda as
Art. 2º O favor concedido não abrange o pessoas físicas que vivam exclusivamente de
material com similiar nacional. ordenados, vencimentos ou salários:
Art. 3º Está lei entrará em vigor na data de – da Câmara Municipal de Uruguaiana, RS.
sua publicação, revogadas as disposições em 2) Observações e sugestões sôbre
contrário. proposições em curso no Congresso:
Às Comissões de Economia e de Finanças. Projeto de Lei da Câmara nº 10, de 1958, que
1) Apelos no sentido da rápida aprovação das dispõe sôbre a estrutura da previdência social e dá
seguintes proposições: outras providências:
Projeto de Lei da Câmara número 2.654-57, – da Câmara Municipal de Santos, SP.
que eleva o Território do Acre à categoria de Projeto de Lei da Câmara número 149-58, que
Estado: dispõe sôbre a classificação de cargos do serviço
da Assembléia Legislativa do Estado do público civil do Poder Executivo, estabelece os
Amazonas. vencimentos correspondentes e dá outras
Projeto de Lei da Câmara nº 70-59, que cria providências:
no Tribunal Regional do Trabalho da 2ª Região – da Associação Brasileira de Enfermagem de
oito Juntas de Conciliação e Julgamento e autoriza Pôrto Alegre, RS.
o Poder Executivo a abrir ao Poder Judiciário – – Projeto de Lei da Câmara número 4.249-58,
Justiça do Trabalho – crédito especial de Cr$ que dispõe sôbre o abono de faltas às aulas aos
20.247.936,00 para atender às decorrentes estudantes no exercício de cargos eletivos de órgão
despesas: de classe:
– da Assembléia Legislativa do Estado de São – do Professor Helios Gonçalves Lino, de
Paulo; Ourinhos, SP.
– da Prefeitura Municipal de Santos, SP. Projeto de Lei do Senado nº 9 de 1960, do
Projeto de Lei da Câmara número 1.314-59 Senador Carlos Sabóia, que prorroga a Lei do
(Aarão Steinbruch) que regulamenta a profissão de Inquilinato e dá outras providências:
jornalista e dá outras providências: – da Sra. Benedita Queiroz, do Rio de Janeiro,
– da Câmara Municipal de Curitiba, PR. GB;
– 78 –

– da Câmara Municipal de Araraquara, SP. da União de subvenção para construção da Casa do


Projeto de Leis da Câmara número 91-60, que Educador Fluminense, em Niterói, RJ;
dispõe sôbre os novos níveis de vencimentos dos – da Câmara Municipal de Araraquara, SP,
funcionários civis do Poder Executivo e dá outras enviando cópia do Requerimento nº 756-60,
providências: referente à situação do País;
– da Assembléia Legislativa de Sergipe. – da Câmara Municipal de São Caetano, SP,
3) Comunicação de eleição e posse: manifestando-se solidária à Câmara Municipal de
– da Diretoria da Federação das Cooperativas Nova Iguaçu, Estado do Rio de Janeiro, com
Tritícolas do Rio Grande do Sul Ltda., em Pôrto referência ao caso da Fábrica de Papel Iguaçu,
Alegre, RS. naquela localidade;
4) Diversos assuntos: – da Câmara Municipal de Ribeirão Prêto, SP,
Congratulações pela sanção da Lei Orgânica fazendo apêlo ao Congresso no sentido da
da Previdência Social: aprovação da Emenda nº 852 ao orçamento da
– do Sr. Adão Xavier de Castilho, de São União com referência à Faculdade de Odontologia e
Gonçalo, RJ; Farmácia de Ribeirão Prêto, SP;
– da Câmara Municipal de Botucatu, SP; – do Sr. Achile Tenuta, Coletor Federal de Jaú,
– do Sr. Bruno Segalla, do Sindicato dos SP, fazendo apêlo ao Congresso no sentido de
Metalúrgicos em Caxias, RS. rejeitar o artigo quinto da Mensagem nº 350, de
Da Assembléia Legislativa de Alagoas, 1960;
fazendo apêlo no sentido de ser conseguida uma – da Câmara Municipal de Sorocaba, SP,
cota de exportação de açúcar para os Estados fazendo apêlo no sentido de ser implantado o
Unidos da América do Norte; sistema do salário móvel no País;
Do Sr. Domingos. Nascimento Oliveira, – do II Congresso Brasileiro de Nutricionistas,
Presidente do Sindicato dos Arrumadores de São da Faculdade de Higiene da Universidade de São
Félix, BA, fazendo apêlo no sentido das Paulo, apresentando as reivindicações dos
reivindicações da classe; nutricionistas de São Paulo, SP;
Do Sr. Ernesto Costa Fonseca, Presidente da – da Câmara Municipal de Londrina, PR,
Comissão Permanente do Segundo Congresso manifestando-se contrária à autorização para
Nacional de Trabalhadores da Viação Comercial funcionamento de Bancos ou similares no País sem
Brasileira, no Rio de Janeiro, GB, manifestando-se garantias necessárias aos depositantes;
contrário ao monopólio de serviços de – da Câmara Municipal de Crissiuma, RS,
telecomunicações e meteorológicos e reservas de fazendo apêlo no sentido do apoio às reivindicações
passagens pretendido pela Panair do Brasil daquela Câmara com referência às dotações
S. A; orçamentárias, à revogação da Lei nº 3.756, e
Do Sr. José Damico, de Petrópolis, RJ, assistência pública aos municípios;
solicitando interferência para pagamento do abono – da Câmara Municipal de Cruz Alta, RS,
aos inativos, que se encontram em situação aflitiva manifestando seu integral apoio à, iniciativa do
desde abril de 1959; Ministro Horácio Láfer com a criação do Banco
Do Sindicato dos Professôres Central;
solicitando inclusão no Orçamento – da Câmara Municipal de Pe-
– 79 –

lotas, RS, manifestando-se solidária à luta dos cionário à União, às Autarquias, às Sociedades de
Trabalhadores em Carris Urbanos contra a Lei nº Economia Mista e às Fundações instituídas pelo
1.890; Poder Público.
– da Câmara Municipal de Rio Grande, RS, II – A intenção do Senado foi assim dar a seus
comunicado que aquela Câmara hipotecou servidores situação idêntica à dos da União, à qual,
solidariedade aos trabalhadores do Rio Grande do em última análise, pertencem também, os
Sul na luta que empreenderam em tôrno de suas funcionários do Poder Legislativo tanto que, quando
reivindicações. se aposentam, passam a ser pagos pelo Tesouro
O SR. PRESIDENTE: – Está finda a leitura do Nacional.
Expediente. (Pausa). III – O art. 245, item I, do Regulamento
Sôbre a mesa, projeto de resolução que vai do Senado, citado, pràticamente igual ao
ser lido. art. 1º da Lei nº 3.841, de 15 de dezembro
E lido e apoiado o seguinte: de 1960 não manda, porém, computar, para
os efeitos nêle previstos, o tempo de serviço
PROJETO DE RESOLUÇÃO prestado às Fundações instituídas pelo Poder
Nº 1, DE 1961 Público.
Assim é que, enquanto o Regulamento fala
Dá nova redação ao art. 245, I, da Resolução apenas em órgão de administração direta, autarquias
nº 6, de 1960. e sociedades de economia mista, a Lei nº 3.841, em
seu art. 1º, determina:
Art. 1º Dê-se ao item I, do artigo 245 da "Art. 1º A União, as Autarquias, as Sociedades
Resolução nº 6, de 1960, a seguinte redação: de Economia Mista e as Fundações instituídas
"I – o tempo de serviço público federal, pelo Poder Público contarão, recíprocamente,
estadual ou municipal, prestado em órgão de para os efeitos de aposentadoria, o tempo de
administração direta, autarquias, sociedades de serviço anterior prestado a qualquer dessas
economia mista e fundações instituídas pelo Poder entidades, pelos respectivos funcionários ou
Público". empregados".
Art. 2º Esta resolução entra em vigor na data IV – Não seria justo, face ao exposto,
de sua publicação, revogadas as disposições em deixar de estender, de modo expresso, aos
contrário". funcionários do Senado, o direito à contagem
de tempo de serviço porventura prestado pelos
Justificação mesmos àquela entidade, pois, repitamos o
que se quis ao elaborar o Regulamento, foi
O Regulamento do Senado (Resolução nº 6, igualar, para os efeitos acima mencionados,
de 1960), em seu artigo 245 que trata do tempo de a sua situação à dos servidores do Poder
serviço compatível para efeito de aposentadoria, Executivo.
disponibilidade e outras vantagens, é semelhante ao V – Acentue-se sobretudo, que a presente
Estatuto dos Funcionários Públicos Civis da União e Resolução, atendendo ao princípio de reciprocidade,
quase idêntico à recente Lei número 3.841, de 15 não apenas permitirá o favorecimento dos
de dezembro de 1960, que dispõe sôbre a funcionários do Senado que tenham prestado
contagem recíproca, para efeito de aposentadoria, serviço às Fundações, mas, também propiciará
do tempo de serviço prestado por fun- a seus servidores, se algum dia pas-
– 80 –

sarem a pertencer aos quadros daquelas instituições, IV – O tempo de serviço prestado em


igual direito. autarquia.
VI – O presente Projeto de Resolução afigura-se-
nos, portanto, inteiramente procedente, razão por que o Constituição Federal
oferecemos ao alto exame de meus ilustres pares.
Art. 192. O tempo de serviço público, federal,
LEGISLAÇÃO CITADA estadual ou municipal computar-se-á integralmente
para efeitos de disponibilidade e aposentadoria.
(Lei Nº 3.841 – de 15 de dezembro de 1960)
Sala das Sessões, 16 de janeiro de 1961. –
Dispõe sôbre a contagem recíproca, para Gilberto Marinho.
efeito de aposentadoria, do tempo de serviço O SR. PRESIDENTE: – O projeto que acaba
prestado por funcionários à União, às Autarquias e de ser apoiado ficará, sôbre a mesa, durante 3
às Sociedades de Economia Mista. sessões, para recebimento de emendas.
Continua a hora do Expediente.
Art. 1º A União, as Autarquias, as Sociedades Não há oradores inscritos. (Pausa)
de Economia Mista e as Fundações instituídas pelo Passa-se à:
Poder Público contarão recìprocamente, para os
efeitos de aposentadoria, o tempo de serviço anterior ORDEM DO DIA
a qualquer destas entidades, pelos respectivos
funcionários ou empregados. Não há "quorum" para a votação das matérias
em pauta, que são as seguintes:
RESOLUÇÃO
"Eleição da Comissão de Agricultura,
Nº 6, DE 1960
Pecuária, Florestas, Caça e Pesca (5 membros).
Dispõe sôbre o Regulamento da Secretaria. criada pela Resolução nº 45, de 1960.

Art. 245. Computar-se-á integralmente, para Votação, em discussão única, do Projeto de


os efeitos previstos neste Regulamento: Lei da Câmara nº 2, de 1961 (nº 1.187, de 1959, na
I – o tempo de serviço público federal, Câmara), que revigora, por dois exercícios, a
estadual ou municipal, prestado em órgão de autorização concedida pela Lei nº 3.317, de 18
administração direta, autarquias ou sociedades de novembro de 1957, que abre crédito destinado ao
economia mista". prosseguimento de obra ferroviária no Estado de
Santa Catarina (incluído em ordem do Dia em virtude
ESTATUTO DOS FUNCIONÁRIOS PÚBLICOS de dispensa de interstício, concedida na sessão
CIVIS DA UNIÃO
anterior, a requerimento do Sr. Senador Francisco
Gallotti), tendo pareceres favoráveis, da Comissão
(Lei nº 1.711, de 28 de outubro de 1952)
de Finanças.
Art. 80. Para efeito de aposentadoria e
disponibilidade computar-se-á integralmente. Não havendo oradores inscritos para esta
I – O tempo de serviço público federal estadual oportunidade, vou encerrar a sessão. Designo para a
e municipal; de amanhã a seguinte:
– 81 –

ORDEM DO DIA destinado ao prosseguimento de obra


ferroviária no Estado de Santa Catarina
1 – Eleição da Comissão de Agricultura, (incluído em Ordem do Dia em virtude de dispensa de
Pecuária, Florestas, Caça e Pesca (5 membros) interstício concedida na sessão anterior, a
criada pela Resolução nº 45, de 1960. requerimento do Sr. Senador Francisco Gallotti) tendo:
2 – Votação, em discussão única, do Parecer Favorável da Comissão de
Projeto de Lei da Câmara nº 2, de 1961 (nº 1.187 Finanças.
de 1959, na Câmara), que revigora por dois Está encerrada a sessão.
exercícios, a autorização concedida pela Lei nº Levanta-se a sessão às 15 horas e 50
3.317, de 18 de novembro de 1957, que abre crédito minutos.
6ª SESSÃO DA 2ª SESSÃO LEGISLATIVA, EXTRAORDINÁRIA, DA 4ª LEGISLATURA, EM 17 DE
JANEIRO DE 1961

PRESIDÊNCIA DO SENHOR FREITAS CAVALCANTI

Às 10 horas e 30 minutos, acham-se vendo número legal, está aberta a sessão.


presentes os Srs. Senadores: Vai ser lida a Ata.
Mourão Vieira. O Sr. Quarto Secretário, servindo de
Paulo Fender.
2º, procede à leitura da Ata da sessão
Zacharias de Assumpção.
Lobão da Silveira. anterior, que, posta em discussão, é sem debate
Victorino Freire. aprovada.
Sebastião Archer. O Sr. Terceiro Secretário, servindo de 1º, dá
Joaquim Parente. conta do seguinte:
Fausto Cabral.
Fernandes Távora.
EXPEDIENTE
Menezes Pimentel.
Ruy Carneiro.
Novaes Filho. MENSAGEM
Freitas Cavalcanti. Nº 33, de 1961
Rui Palmeira.
Silvestre Péricles. (Número de ordem na Presidência da República: 32)
Lourival Pontes.
Jorge Maynard.
Heribaldo Vieira. Excelentíssimo Senhor Presidente do Senado
Aloysio de Carvalho. Federal.
Ary Vianna. De acôrdo como o § 1º, do art. 205,
Jefferson de Aguiar. da Constituição Federal, tenho a honra de
Arlindo Rodrigues. submeter à aprovação dessa ilustrada Casa do
Caiado de Castro.
Gilberto Marinho. Congresso Nacional a escolha de Fanor Cumplido
Nogueira da Gama. Júnior para membro do Conselho Nacional de
Moura Andrade. Economia.
Lino de Mattos. O indicado, como se verifica do seu
Pedro Ludovico. "curriculum vitae" anexo, pela sua fecunda atuação,
Coimbra Bueno.
inclusive no que respeita aos livros e trabalhos
João Villasbôas.
Gaspar Velloso. publicados, está em condições de integrar aquêle
Nelson Maculan. ilustrado órgão, eis que o mesmo preenche
Francisco Gallotti. integralmente os pressupostos constitucionais
Daniel Krieger. relativos à matéria.
Mem de Sá.
Aludida indicação, assim, é feita nos moldes
Guido Mondam. – (36).
O SR. PRESIDENTE: – A lista de presença legais e atendidos os princípios que informam a
acusa o comparecimento de 30 Srs. Senadores. Ha- espécie, no incluso expediente encontram-
– 83 –

se os competentes instrutivos que possibilitarão aos Brasil, os quais foram elogiados em discursos, no
dignos Senhores Senadores a exata apreciação do Senado Federal, pelos Senadores Argemiro de
assunto. Figueiredo, Lourival Fontes, Rui Palmeira, Gilberto
Brasília, em 16 de janeiro de 1961. – Juscelino Marinho, Freitas Cavalcanti e Cunha Mello.
Kubitschek de Oliveira. Dentre os referidos trabalhos destaca-se o
Nasceu em Pirapora, Estado de Minas, em 7 estudo sôbre a Hidrelétrica de Três Marias, acolhido
de julho de 1919, sendo seus pais o Engenheiro Civil com grandes aplausos por técnicos e engenheiros.
e de Minas, Fanor Cumplido e de Dona Petrina Fala inglês e francês corretamente.
Cumplido. Fêz o curso secundário no Colégio Possui várias condecorações nacionais e
Lafayete, cursando após a Escola Politécnica do Rio estrangeiras, entre as quais a de Comendador da
de Janeiro. Ordem de Cristo, em Portugual, e Legião de Honra,
Ainda estudante de Engenharia, foi nomeado pela França,
auxiliar de Engenharia do Departamento de É casado com Dona Maria Lúcia Cumplido, de
Portos e Navegação e, logo após, oficial de cujo consórcio tem três filhos.
Gabinete do Ministro da Viação, General Mendonça À Comissão de Economia.
Lima.
Designado para oficial de ligação entre o MENSAGEM
Ministério da Viação e o Ministério da Guerra durante Nº 34, de 1961
a 2ª Guerra Mundial, recebeu do então titular
daquela pasta, General Eurico Gaspar Dutra, (Número de ordem na Presidência da República: 35)
honroso elogio.
Em 1946, foi nomeado chefe do Gabinete da Excelentíssimo Senhor Presidente do Senado
Presidência do Instituto de Resseguros do Brasil, na Federal.
administração Mendonça Lima, deixando aquelas Tenho a honra de submeter à consideração
funções em janeiro de 1951. dos nobres Senhores Senadores, na conformidade
Foi delegado do Govêrno do Território do Rio do art. 76 § 1º, da Constituição Federal, o nome do
Branco, junto ao Govêrno Federal. Almirante Ernani do Amaral Peixoto para Ministro do
Em maio de 1956, foi nomeado chefe do Tribunal de Contas da União.
Escritório Comercial do Brasil, em Portugal, funções O Almirante Ernani do Amaral Peixoto é nome
em que ainda se encontra, realizando exemplar e de projeção nacional, na sua fecunda vida pública,
eficiente administração. tendo exercido os mais elevados postos e no seu
Neste último país criou um serviço de desempenho sempre mostrado as suas altas
divulgação denominado "Hora do Brasil" recebendo qualidades de administrador, de estudioso dos
exaltados elogios da imprensa lusa por êsse problemas brasileiros e de conhecedor de nossa
empreendimento que se destina a prestar quaisquer realidade.
informações sôbre o Brasil, solicitadas ao nosso Oficial-General da Marinha de Guerra do
Escritório em Portugal. Brasil, não limitou o Almirante Amaral Peixoto as
Tem vários trabalhos publicados sôbre suas atividades a êsse campo de ação ou a êsse
economia, finanças, comércio exterior e a setor das nossas dignas Fôrças Armadas.
respeito das relações comerciais entre Portugal e Com sua grande capacidade de
– 84 –

trabalho e o seu amor à coisa pública tem O SR. PRESIDENTE: – Está finda a leitura do
ocupado cargos da maior relevância, seja Expediente.
governando o Estado do Rio de Janeiro, seja Não há oradores inscritos.
como embaixador do Brasil em Washington, seja O SR. VICTORINO FREIRE: – Sr. Presidente,
como Ministro de Estado dos Negócios de peço a palavra.
Viação e Obras Públicas. Em tôdas essas O SR. PRESIDENTE: – Tem a palavra o nobre
oportunidades demonstrou possuir os melhores Senador Victorino Freire.
conhecimentos de administração e de Economia e O SR. VICTORINO FREIRE (*): – Sr.
Finanças, que lhe valeram o proveitoso cumprimento Presidente, nas últimas enchentes no meu Estado,
das destacadas missões que levou a efeito nos um dos pilares da ponte metálica que liga o
Estados Unidos, bem como as realizações que Maranhão ao Piauí foi afetado. O fato levou as
marcaram a sua gestão à frente do Govêrno do autoridades a interditarem-na à passagem de trens e
Estado do Rio. ao tráfego rodoviário.
Ainda agora, acupando o Ministério da Sr. Presidente é através do Piauí que se escoa
Viação e Obras Públicas, tem sido das mais grande parte da produção do meu Estado, das zonas
profícuas e aplaudidas a sua administração, que sertanejas, do agreste e até do Vale do Mearim. Não
se faz sentir em tôdas as áreas daquela Secretaria só eu como o nobre Senador Eugênio Barros o
de Estado, através de uma presença permanente representante da União Democrática Nacional,
e uma assistência constante que bem caracterizam Senador Joaquim Parente, e o Engenheiro Remy
o seu acentuado espírito público, o seu zêlo Archer, quando em exercício aqui no Senado, temos
e a sua dedicação no cumprimento das tarefas clamado, em timbre de verdadeiro desespêro, no
que lhe cabem é o seu tirocínio na condução sentido de o escoramento ou a sustentação daquele
e na solução dos problemas que lhe são pilar ser feito com a máxima urgência. A interdição
afetos. da ponte diminui a receita do Maranhão em cêrca de
Está o Almirante Ernani do Amaral Peixoto, trinta por cento, também o Estado do Piauí é
pelos títulos que possui, pela sua experiência em grandemente prejudicado.
assuntos administrativos, pelos conhecimentos Sr. Presidente, a construção da ponte, desde a
adquiridos na brilhante trajetória que a sua existência remessa do material até a conclusão, levou mais de
constitui, credenciado para exercer, com o mesmo dezenove anos. Só na administração do General
destaque que tem dado aos postos já ocupados, as Mendonça Lima no Ministério da Viação, quando
nobres funções de Ministro do Tribunal de Contas da exerci a função de seu Secretário, durante o Estado
União. Nôvo, e com S. Exa. colaborei anos seguidos, e
Satisfeitos que se encontram, pois, os instaurado o regime democrático não vi motivos para
requisitos constitucionais para o fim, submeto à me penitenciar de haver servido nos quadros de
consideração dessa ilustre Casa do Congresso confiança daquela administração – só então, e com
Nacional o nome do Almirante Ernani do Amaral grande esfôrço, a ponte foi montada e inaugurada.
Peixoto para formar com os ilustrados brasileiros que Era então Interventor do Piauí o eminente colega
compõem o egrégio Tribunal de Contas. Leônidas Mello.
Brasília, em 17 de janeiro de 1961. – Juscelino
Kubitschek. __________________
À Comissão de Economia. (*) – Não foi revisto pelo orador.
– 85 –

Há verba para a Rêde Ferroviária iniciar os O SR. JOAQUIM PARENTE: – Acompanho


reparos; mas apesar dos apelos veementes dos com tôda atenção as palavras de V. Exa. com
Governadores dos Estados do Maranhão e Piauí e relação à ponte sôbre o Rio Parnaíba. Regressei
suas Bancadas no Congresso, as obras se arrastam ontem de Teresina. Efetivamente, tive conhecimento
e a ponte continua interditada. de que lá se encontrava uma comissão de
Por conta própria alguns motoristas técnicos da Rêde Ferroviária Federal, para dar
atravessaram-na, com centenas de caminhões, início ao trabalho. Não posso afirmar se já foi
visando ao escoamento da produção do Maranhão. iniciado. Sei entretanto, que no Sul do Piauí chove
O engenheiro Remy Archer, que por várias vêzes muito e as águas do Rio Parnaíba estão-se
tem tomado assento nestas bancadas, procedeu ao avolumando.
exame e vistoria da ponte. Seu parecer é no sentido O SR. SEBASTIÃO ARCHER: – Dá V. Exa.
de que ela poderia ser desinterditada, desde que não licença para um aparte?
fôsse sobrecarregada pelo tráfego dos pesados O SR. VICTORINO FREIRE: – Com
caminhões, isto é, desde que houvesse um serviço satisfação.
de contrôle do tráfego nas respectivas cabeceiras de O SR. SEBASTIÃO ARCHER: – A situação
modo que a passagem dêsses veículos se fizesse de além de prejudicar os Estados do Piauí e do
dez em dez apenas, o que não lhe afetaria nem a Maranhão, a falta de transporte causa a paralisação
estrutura nem a segurança. das fábricas de babaçu.
A Rêde Ferroviária informou que já estão lá os O SR. VICTORINO FREIRE: – Agradeço os
técnicos em sustentação de pontes. Creio que a obra apartes dos nobres colegas que se solidarizam
está entregue a uma firma especializada, Machado comigo no apêlo ao Presidente da Rêde
da Costa, há muitos anos empenhada em Ferroviária Federal, para que apresse o serviço.
escoramentos de pontes e que com eficiência e êxito Esperamos, no Maranhão, para êste ano, uma
executou o mesmo serviço nas pontes da Estrada- grande safra de arroz, de algodão e de babaçu
de-Ferro Paraná-Santa Catarina, no período cujo escoamento será impossível pelo pôrto de
governamental do saudoso Presidente Vargas, então São Luís porque não temos navios. Cêrca de
Ministro da Viação, General Mendonça Lima. cem mil volumes aguardam embarque na capital do
Segundo afirma o Presidente da Rêde meu Estado.
Ferroviária Federal, para execução dêsse serviço, Dirigindo êste apêlo ao Presidente da
exige-se uma sonda. Ignoro se já chegou ao Piauí. Rêde Ferroviária Federal, estou certo de
Infelizmente chove copiosamente; as águas estão interpretar os sentimentos da minha Bancada
novamente subindo. Há cêrca de oito meses vivemos e da do Estado do Piauí, liderada pelo nosso
êsse drama que afeta os Estados do Maranhão e do eminente Colega Senador Joaquim Parente. (Muito
Piauí. bem; muito bem).
O SR. JOAQUIM PARENTE: – Permite V. O SR. PRESIDENTE: – Continua a hora do
Exa. um aparte? Expediente. (Pausa).
O SR. VICTORINO FREIRE: – Com muito Não havendo quem peça a palavra
prazer. passo à:
– 86 –

ORDEM DO DIA encerrar a sessão. Designo para a sessão Ordinária


de hoje a seguinte:
As matérias constantes da Ordem do Dia
estão em fase de votação. ORDEM DO DIA
São as seguintes:
Eleição da Comissão de Agricultura, Pecuária, 1 – Eleição da Comissão de Agricultura,
Florestas, Caça e Pesca (5 membros) criada pela Pecuária, Florestas, Caça e Pesca (5 membros)
Resolução nº 45, de 1960. criada pela Resolução nº 45, de 1960.
2 – Votação, em discussão única, do Projeto
Discussão única do Projeto de Lei da Câmara de Lei da Câmara nº 2, de 1961 (nº 1.187, de 1959,
nº 2, de 1961 (número 1.187, de 1959, na Câmara), na Câmara), que revigora, por dois exercícios, a
que revigora, por dois exercícios a autorização autorização concedida pela Lei número 3.317, de 18
concedida pela Lei nº 3.317, de 18 de novembro de novembro de 1957, que abre crédito destinado ao
de 1957, que abre crédito destinado ao prosseguimento de obra ferroviária no Estado de
prosseguimento de obra ferroviária no Estado de Santa Catarina (incluído em Ordem do Dia, em
Santa Catarina (inluído em Ordem do Dia em virtude virtude de dispensa de interstício, concedida na
de dispensa de interstício concedida na sessão sessão anterior, a requerimento do Sr. Senador
anterior, a requerimento do Sr. Senador Francisco Francisco Gallotti), tendo parecer favorável da
Gallotti), tendo parecer favorável da Comissão de Comissão de Finanças.
Finanças. Está encerrada a sessão.
Levanta-se a sessão às 10 horas e 45
Não havendo número legal, vou minutos.
7ª SESSÃO DA 2ª SESSÃO LEGISLATIVA, EXTRAORDINÁRIA, DA 4ª LEGISLATURA, EM 17 DE
JANEIRO DE 1961

PRESIDÊNCIA DO SENHOR GILBERTO MARINHO

Às 14 horas e 30 minutos, acham-se EXPEDIENTE


presentes os Srs. Senadores:
Paulo Fender. Manifestações contrárias à aprovação do
Lobão da Silveira. Projeto de Lei da Câmara nº 13, de 1960
Victorino Freire. (nº 2.222-57, na Câmara dos Deputados) que
Sebastião Archer. fixa as Diretrizes e Bases da Educação
Eugênio Barros. Nacional:
Joaquim Parente.
Fausto Cabral. Do estudante Nilton Itamm de Andrade,
Menezes Pimentel. Rua Osvaldo Aranha, 512, em São Leopoldo,
Novaes Filho. RS;
Rui Palmeira. – Do Sr. José Ribamar, Rua Saldanha da
Silvestre Péricles. Gama, 619, São Leopoldo, RS;
Jorge Maynard. – Do Sr. Wanderley A. de Souza, Rua São
Ary Vianna. João, 541, São Leopoldo, RS;
Arlindo Rodrigues. – Do Sr. Carlos Martins, Rua São João, 429,
Caiado de Castro. São Leopoldo, RS;
Gilberto Marinho. – Do Sr. Nero de Faria Leal, Rua Ar.
Moura Andrade. Wolffenbüttel, 365, São Leopoldo, RS;
Lino de Mattos. – Do Sr. Henrique A. H. de São Leopoldo,
Gaspar Velloso. RS;
Francisco Gallotti. – Do Sr. Jayme Zelhr, de São Leopoldo, RS;
Daniel Krieger. – Do Sr. Honório Emílio Martins, Bairro 25 de
Guido Mondim. – (22). Julho, São Leopoldo, RS;
O SR. PRESIDENTE: – A lista de presença – Do Sr. Acari Garcez, Rua João Corrêa, 835,
acusa o comparecimento de 22 Srs. Senadores. apt. 11, São Leopoldo, RS;
Havendo número legal, está aberta a sessão. – Do Sr. Nildo Magalhães, de São Leopoldo,
Vai ser lida a Ata. RS;
O Senhor Arlindo Rodrigues, servindo de – Do Sr. Vitor Hugo Stenff, Rua Borges de
Segundo Secretário, procede à leitura da Ata da Medeiros, 188, São Leopoldo, RS;
sessão anterior, que, posta em discussão, é sem – Do Dr. Roberto H., Rua Independência,
debate aprovada. 1.019, São Leopoldo, RS;
O Senhor Francisco Gallotti, servindo de – Da Professora Gladys Aguiar, Rua Lindolfo
Primeiro Secretário, dá conta do seguinte: Collor, 500, São Leopoldo, RS;
– 88 –

– Do Sr. Rubem Carlos Ernesto Heinz, Rua É lido o seguinte:


Izambuja Fortuna, 263, São Leopoldo, RS;
– Da Sra. Guerna Guertrud Kunz Silva, de São REQUERIMENTO
Leopoldo, RS; Nº 19, DE 1981
– Do Sr. Landy Y. Thomaz, Rua Dois Amigos,
115, São Leopoldo, RS; Pelo falecimento, ocorrido no período de
– Da Sra. Elvira Nair Haas, Rua Conceição nº recesso do Congresso Nacional, do Prof. Antônio
205, São Leopoldo, RS; Austregésilo, que tanto honrou o País como alta
– Do Sr. Thomaz O. Rosa, Rua Dr. João N. da expressão da sua ciência e das suas letras,
Fontoura, 1.208, São Leopoldo, RS; contando na sua magnífica fôlha de serviços ao País,
– Do Sr. Ernesto Dietrich, de Estância Velha, o exercício, com grande brilho e dignidade, do
RS; mandato de Deputado Federal por Pernambuco,
– Da Sra. Eva Loura da Rosa, Rua requeremos as seguintes homenagens de pesar;
Dr. João Neves Fontoura, 1.208, São 1) inserção, em Ata, de voto de profundo
Leopoldo, RS; pesar;
– Do Sr. Rudy B. Kruse, de Estância Velha, 2) apresentação de condolências à família, ao
RS; Estado de Pernambuco, à Academia Nacional de
– Do Sr. Léo Oscar Hulgert, de de São Medicina e à Academia Brasileira de Letras.
Leopoldo, RS; Sala das Sessões, em 17 de janeiro de 1961 –
– Do Sr. Marciano Maurel, Rua Jaci Porto, São Novaes Filho. – Menezes Pimentel. – Daniel Krieger.
Leopoldo, RS; – Joaquim Parente. – Francisco Gallotti. – Rui
– Do Sr. Ubirajara Berchon, Av. Florianópolis, Palmeira. – Ary Vianna. – Guido Mondim. –
265, Pôrto Alegre, RS; Sebastião Archer.
– Do Sr. Benumeno, de São Leopoldo, RS; O SR. PRESIDENTE: – O presente
– Da Sra. Cecília Moura Bendim, de São requerimento está devidamente apoiado. Não há,
Leopoldo, RS; todavia, "quorum" para a votação.
– Do Sr. Ayres O. Guedes, Rua 15 de O SR. NOVAES FILHO: – Peço a palavra, Sr.
Novembro, São Leopoldo, RS; Presidente.
– Do Sr. Emílio A. Schnveitzer, de São O SR. PRESIDENTE: – Tem a palavra o nobre
Leopoldo, RS; Senador Novaes Filho, para encaminhar a votação.
– Do Sr. Mozart Guilherme da Costa, de Pôrto O SR. NOVAES FILHO (para encaminhar a
Alegre, RS; votação) (*): – Sr. Presidente, o Estado de
– Do Dr. Olímpio M., Vereador do PTB de São Pernambuco lamentou profundamente a morte de
Leopoldo, RS; seu eminente filho, o Professor Antônio Austregésilo.
– Do Sr. Ollo Berger, Rua 1º de Março nº 430, Ninguém no Brasil ignora a fulguração
São Leopoldo, RS dessa grande personalidade que encheu de
– Do Sr. Guido Luiz V. de São Leopoldo, RS; inteligência, de brilho e de cultura, diferentes setores
– Do Sr. Ney Lairé Leite, Rua Dr. Caldre Fião, da vida nacional. Professor de medicina, foi sem
25, São Leopoldo, RS. dúvida um dos nomes mais altos da Faculdade de
O SR. PRESIDENTE: – Está finda a leitura do
Expediente. (Pausa). __________________
Sôbre a mesa, requerimento que vai ser lido. (*) – Não foi revisto pelo orador.
– 89 –

Medicina do Rio de Janeiro. Ao descer ao trazer a esta Casa a minha palavra em memória do
túmulo, deve ter-lhe acompanhado o justo orgulho grande mestre da Medicina brasileira.
de proclamar-se mestre de tantos mestres Mestre de mestres, Antônio Austregésilo era o
do Brasil. professor completo, na acepção da palavra. Reunia
Homem de letras, sua vida intelectual foi em tôrno de si, uma constelação de médicos ilustres,
igualmente bem coroada, de vez que pertenceu à de grandes nomes da medicina, entre os quais
Academia Brasileira de Letras, onde pontificam as Magalhães Gomes, Cruz Lima, Aloysio de Paula e
mais altas expressões da inteligência nacional. Valdemar Berardinelli.
O Professor Antônio Austregésilo, detentor de Estudantes de medicina, nos anos de 1934 e
tantas qualidades – professor de medicina, homem 1935, acorríamos, logo pela manhã, ao velho
de ciências e homem de letras – representou hospital da Rua Santa Luzia, para ouvir a palavra do
Pernambuco na Câmara dos Senhores Deputados, mestre; e ao chegarmos à 22ª Enfermaria da Santa
honrando, na cadeira para a qual fôra eleito pelo Casa, por assim dizer, um símbolo dentro do
povo pernambucano, as gloriosas tradições da terra aprendizado médico brasileiro, por ser verdadeiro
em que nasceu. ninho de mestres e alunos que praticavam medicina
Pernambuco rende pela minha voz, nesta vera, ao chegarmos ali, já encontrávamos Antônio
hora, através da Tribuna do Senado, as homenagens Austregésilo, o madrugador, com os doentes
da sua saudade ao seu eminente filho, que tanto o anotados, estudados, para então nos proporcionar
dignificou pela sua inteligência, pela sua cultura, e, suas aulas magistrais.
sobretudo e além de tudo, pela sua bondade. (Muito Antônio Austregésilo se inclui, Sr. Presidente,
bem!). entre os vultos de maior projeção na medicina das
O SR. PRESIDENTE: – Estão na Casa 22 Srs. Américas, não só pelos trabalhos médicos
Senadores, número insuficiente para se proceder à publicados, de grande categoria científica, como
votação. Efetivado o "quorum", a Mesa procederá à porque era também um espírito cintilante no terreno
votação. das letras e de qualquer disciplina humanística. Pode
Tem a palavra o nobre Senador Paulo Fender. ser incluído na linhagem dos grandes vultos da
O SR. PAULO FENDER (para encaminhar a medicina, onde encontraremos Oswaldo Cruz, Carlos
votação): – Sr. Presidente, Srs. Senadores, chegava Chagas, Francisco de Castro, Rocha Vaz, Hélio
eu ao Senado, quando ocupava a tribuna o nobre Póvoa, Waldemar Berardinelli, Miguel Couto, e
Senador Novaes Filho. Fazia S. Exa. o necrológio de tantos outros mestres.
Antônio Austregésilo. Imediatamente me inscrevi O SR. FERNANDES TÁVORA: – Permite V.
para secundar desta tribuna, as palavras do nosso Exa. um aparte?
Colega de Pernambuco, em memória do filho querido O SR. PAULO FENDER: – Muito me honra o
daquela terra de gente ilustre, que tantos valores aparte de Vossa Excelência.
morais e humanos tem dado ao País. Inscrevi-me O SR. FERNANDES TÁVORA: – Conheci
para falar, porque fui aluno de Antônio Austregésilo, Antônio Austregésilo quando ainda recém-formado
na 22ª Enfermaria da Santa Casa de Misericórdia fazia parte do séquito de Francisco de Castro, àquele
do Rio de Janeiro, e não podia deixar de tempo o pontificador máximo da medicina brasileira.
– 90 –

Vi como êle começou sua vida modestamente, tunidade em que choramos Antônio Austregésilo,
estudando num pequeno laboratório particular, onde aquela medicina humana que êle praticava e que
fazia suas pesquisas e onde começou a erguer a prescindia dos aparelhos de exame para chegar a
pirâmide da sua ciência, que foi realmente imensa um diagnóstico. Era a medicina da observação
num País onde os cientistas são raros. Acompanhei direta, do doente, a medicina da comunhão entre
tôda sua vida e tive a satisfação de ver como aquêle médico e examinando.
nordestino, pernambucano de origem, representou a Parece que uma medicina assim, como a
nossa região no campo médico com suprema exercida no passado, trazia mais conforto à
grandeza. Grande cientista e inigualável mestre, humanidade. Hoje, a figura do médico está
todos aquêles que tiveram a felicidade de conhecê-lo desaparecendo debaixo dêsse ponto de vista
e de seguir-lhe os ensinamentos, isto apregoam com pròpriamente humano.
a maior satisfação porque não ignoram que com o O SR. FERNANDES TÁVORA: – Dá V. Exa.
falecimento dêsse grande mestre, perde o Brasil um licença para mais um aparte?
dos seus maiores cientistas, um dos maiores O SR. PAULO FENDER: – Pois não.
exemplos de homem honesto e digno e sobretudo de O SR. FERNANDES TÁVORA: – A
médico competente, honrado e de alta sabedoria. medicina que Austregésilo transmitia como base
O SR. PAULO FENDER: – Muito agradeço o dos seus ensinamentos, era a que êle
aparte da V. Exa. Como meu colega, sabe o quanto aprendeu com Francisco de Castro, o maior
nós, médicos, lamentamos a perda de Antônio mestre dessa ciência no Brasil. Êle transportou-a
Austregésilo. para os dias em que viveu e aplicando-a
Antônio Austregésilo, Sr. Presidente, é motivo conjugada com a medicina mecanicista, fêz,
para que, ao ensejo destas homenagens à sua por conseguinte, uma catequese, um ensinamento
memória falemos um pouco da ciência a que êle que reunia tudo o que havia de melhor na
tanto serviu e da qual é um dos mais puros Medicina.
paradigmas. O SR. PAULO FENDER: – V. Exa.
Falemos dessa medicina que hoje é muito fala ex-cathedra. Privou com Antônio
diversa da de outrora. A de hoje, Sr. Presidente, e Austregésilo, fêz parte, naturalmente daqueles
Srs. Senadores, é a medicina mecanicista, é a tantos médicos que vinham ao Rio de Janeiro
medicina do instrumental físico, do aparelho freqüentar os seus serviços, egressos das
mecânico, graças ao qual o médico diagnostica em cidades do interior. Vejo que V. Exa. se
série. expressa com conhecimento de causa; creio
Não critico a medicina moderna, porque mesmo seja sua palavra muito mais autorizada
eu a considero porque eu a professo e porque que a minha...
considero uma contingência da época, muito O SR. FERNANDES TÁVORA: – Não
necessária. Vivemos em grandes coletividades apoiado!
humanas que procuram, demandam os centros O SR. PAULO FENDER: – ...para falar de tão
médicos para exames que necessitam rapidez grande vulto da nossa Medicina.
nos seus diagnósticos; mas é necessário que, O SR. FERNANDES TÁVORA: – Vossa
sendo a medicina um sacerdócio, para usar Excelência teve mais contacto com
o velho refrão invoquemos na opor- êle que eu e está plenamente
– 91 –

autorizado a falar sôbre a sua pessoa. sentante do Rio Grande do Norte, Pernambuco,
O SR. PAULO FENDER: – Realmente, fui Ceará ou de qualquer outra região nordestina nada
aluno de Antônio Austregésilo. tínhamos a acrescentar.
Dizia, Sr. Presidente, que a Medicina que êle A Paraíba está solidária nessa homenagem
ensinava, a Medicina de Miguel Couto, de Francisco que V. Exa. presta ao eminente médico
de Castro, era aquela que mobilizava, não só a desaparecido, incluído na galeria dos expoentes da
inteligência como muito – muitíssimo – a alma do Medicina brasileira como os nomes que V. Exa.
próprio médico quando se lhe defronta o paciente. acaba de citar. Falta, porém, o nome do Professor
Essa Medicina que – dizia eu – está desaparecendo, Francisco de Castro, em cujo centenário de
para dar lugar à Medicina dos fichários, à Medicina nascimento o nobre Senador Fernandes Távora
dos laboratórios, à Medicina do Raio X, do pronunciou um dos mais belos discursos de quantos
eletrocardiograma, graças à qual ou apesar da qual o tem proferido nesta Casa.
médico, quando se lhe defronta o doente, já tem o O SR. PAULO FENDER: – Perdão, citei o
diagnóstico, antes mesmo de examiná-lo. Professor Francisco de Castro.
Antônio Austregésilo pontificou na ciência O SR. RUY CARNEIRO: – Minha intervenção
médica brasileira como vulto do maior respeito. Fêz tem o intuito de ajudá-lo a compor a lista dos
parte de tôdas as Associações Médicas Científicas grandes médicos brasileiros.
do País. Era membro correspondente de várias O SR. PAULO FENDER: – E V. Exa. o faz
Associações Médicas do mundo. Seu nome – estou muito brilhantemente.
certo – não será esquecido. O SR. RUY CARNEIRO: – Permito-me, assim,
O SR. RUY CARNEIRO: – Permite V. Exa. um acrescentar o nome do Professor Miguel Couto...
aparte? O SR. PAULO FENDER: – Grande mestre!
O SR. PAULO FENDER: – Pois não. O SR. RUY CARNEIRO: – ...ilustre filho do
O SR. RUY CARNEIRO: – Era minha intenção Estado do Rio. A Paraíba, repito, dá seu aplauso a V.
apartear V. Exa. antes do Senador Fernandes Exa. na justa homenagem que presta a um dos
Távora. Não quis, no entanto interromper S. Exa., maiores vultos da Medicina brasileira, nascido em
por se tratar de um médico ilustre, de figura Pernambuco – o Professor Antônio Austregésilo.
veneranda, sobretudo para nós do Nordeste. S. Exa. O SR. PAULO FENDER: – Agradeço as
pertence a um Partido diferente do meu, mas tenho palavras do nobre Senador Ruy Carneiro que, na sua
muito prazer em ouvir a sua palavra. Aguardei modéstia, declara que nós, médicos, temos o
terminasse S. Exa. o aparte. A eminente figura do apanágio de melhor falar sôbre outros médicos.
médico que V. Exa. exalta como homem do extremo- Discordo dêsse ponto de vista. Mais aptos para
norte, nasceu em Pernambuco, na terra discorrer sôbre os médicos estão aquêles que os
gloriosa do nobre Senador Novaes Filho. E tanto sentem, os apreciam, os observam e traçam
eu, da Paraíba, como qualquer repre- aquêle juízo humano sem o qual não é possí-
– 92 –

vel julgamento algum perante a História. Pará a Antônio Austregésilo, certo de que perde a
Sr. Presidente, Antônio Austregésilo merece, ciência brasileira e o Brasil um médico de categoria,
realmente, a homenagem que lhe presto, em nome um dos seus mais ilustres expoentes que honrou sua
não só da classe médica do Estado que represento Medicina perante o mundo. (Muito bem; muito bem).
nesta Casa, como no do Partido Trabalhista Compareceram mais os Senhores Senadores:
Brasileiro, que faço questão de consignar na minha Mourão Vieira.
oração, como trabalhista que sou. Zacharias de Assumpção.
Mendonça Clark.
Na verdade o grande médico desaparecido
Fernandes Távora.
serve de motivação para que discorramos sôbre
Ruy Carneiro.
aquela Medicina que está desaparecendo. Freitas Cavalcanti.
Quando o Professor Antônio Austregésilo, da Lourival Fontes.
sua cátedra na 22ª Enfermaria da Santa Casa de Heribaldo Vieira.
Misericórdia, dava suas aulas, os serviços ali Aloysio de Carvalho.
paralisavam. Todos os médicos, excetuados apenas Benedito Valadares.
os que se ocupassem, no momento, de tarefas de Nelson Maculan.
certa gravidade, acorriam a ouvir o mestre, cujas Saulo Ramos.
lições eram repassadas não só de sabedoria Mem de Sá. – (13).
científica, como daquêle sentimento humano que só O SR. PRESIDENTE: – A lista de presença
um grande médico e uma grande alma conseguem acusa o comparecimento de 34 Senhores
arquitetar em sua personalidade e sedimentar em Senadores.
sua inteligência, para transmitir sua experiência a Vai-se proceder à votação.
quantas o escutarem. Os Senhores Senadores que aprovam o
Antônio Austregésilo comparava-se, no Brasil, requerimento, queiram conservar-se sentados.
a Mackenzie na Inglaterra. Dizia-se que Mackenzie (Pausa).
era um médico por cujos sentidos os aparelhos de Aprovado.
O SR. PRESIDENTE: – Tem a palavra o nobre
precisão em propedêutica clínica deveriam afinar-se.
Senador Guido Mondim. (Pausa).
Se os sentidos do grande mestre – seus ouvidos,
S. Exa. não se encontra no recinto.
sua vista, seu tato – não concordassem com os
Tem a palavra o nobre Senador Lima Teixeira.
resultados expressos nos aparelhos, êsse aparelhos
(Pausa).
eram defeituosos. Também não está presente.
Assim era Antônio Austregésilo. Examinava Tem a palavra o nobre Senador Ruy Carneiro.
seus doentes sem aparelho, chegando a O SR. RUY CARNEIRO: – Sr. Presidente,
diagnósticos precisos, exatos, que nos edificavam a todo o País conhece o escândalo do caso da
nós estudantes, que vivíamos de tensiômetro à mão, importação do feijão americano, no qual foram
como se êsses recursos da técnica moderna envolvidas pessoas de destaque do cenário
pudessem fazer-nos, àquela altura, grandes administrativo brasileiro.
médicos. É assunto desagradável de ser tratado,
Com êstes comentários, Sr. Presidente, sobretudo para mim que venho
desejo consignar em Ata a acompanhando, profundamente compungido, através
homenagem da classe médica do da Imprensa e do Rádio, os comentários
– 93 –

mais desencontrados e desairosos em tôrno de dois Agora, Sr. Presidente, quero desta tribuna
nomes de velhos e queridos amigos – o Dr. Tosta manifestar também meu pesar por se encontrar
Filho, Diretor da Carteira de Importação e igualmente envolvido nesse lamentável caso da
Exportação do Banco do Brasil e o Coronel Frederico importação do feijão americano o ilustre paraibano e
Mindello, que exercia, na época daquela funesta meu amigo, Coronel Frederico Mindello. Êsse ilustre
transação, a Presidência da COFAP. militar, filho do saudoso e eminente magistrado
O primeiro é considerado como dos homens paraibano Heráclito Cavalcanti, sempre se conduziu,
mais dignos que conheci e que exercera por muitos em tôda sua existência, com alta dignidade. Jovem,
anos a Presidência do Instituto do Cacau da Bahia, quando aluno da Escola Militar, tomou parte na
sem que até hoje lhe tivesse sido feita a mais leve Revolução de 1922; desligado daquele
acusação. Igualmente, foi sempre resguardado seu estabelecimento fêz concurso para o Banco do
nome ilibado em todos os postos que exerceu, não Brasil, òtimamente classificado. Foi considerado
sòmente em seu Estado como fora dêle, até a exemplar e excelente funcionário do nosso maior
eclosão dêsse célebre caso do feijão importado. estabelecimento de crédito, aliás o Banco da Nação.
Certa vez, e não faz muito tempo, êsse ilustre Veio a Revolução de 1930, e êsse digno
homem público, Diretor da CACEX do Banco do conterrâneo voltou às fileiras do Exército, ocupando
Brasil, foi aqui defendido por um dos nossos colegas atualmente o pôsto de Coronel, muito conceituado e
– infelizmente não me recordo quem o fêz – acêrca estimado por seus companheiros de farda. Salvo
dêsse malfadado caso. engano, o Coronel Frederico Mindello ocupou o
Naquela oportunidade vários Senadores, importante cargo de Secretário de Segurança
inclusive êste humilde representante da Paraíba, se Pública no Govêrno do Sr. Lima Cavalcanti, no
solidarizaram com o homem honesto que está sendo Estado de Pernambuco. No ex-Distrito Federal, foi
arrastado num caso de aventureirismo, comum em Delegado de Ordem Política Social, no Govêrno do
época de dificuldades de abastecimento como a que saudoso Presidente Getúlio Vargas.
então atravessava o Rio de Janeiro. Pois bem, Sr. Presidente e Senhores
Estou, Sr. Presidente, absolutamente convicto Senadores, em todos êsses lugares por onde passou
de que o Dr. Tosta Filho, homem de boa fé, entrou o Coronel Frederico Mindello, nunca lhe foi feita a
neste caso tão desagradável como Pilatos no Credo. menor acusação que viesse manchar seu nome
Não conheço as peças do processo; apenas através impoluto e já consagrado em todo o País pela
da Imprensa soube como foi desgraçadamente dignidade como sempre se portou no desempenho
envolvido o seu nome limpo nessa trama de de qualquer função.
indivíduos inescrupulosos. Daí, Sr. Presidente, a minha presença nesta
Sr. Presidente, o País inteiro é testemunho de tribuna, cheio de consternação ao ver envolvidos
como o Dr. Tosta Filho, no exercício do cargo do êsses dois amigos, êsses dois eminentes brasileiros,
Diretor da CACEX, se portou sempre com a maior numa transação feita com um país estrangeiro, onde
correção, lisura e honestidade. Igualmente, como se – estamos absolutamente certos – houve um plano
conduziu na Presidência do Instituto do Cacau da sinistro para estragar e manchar a reputação dêsses
Bahia. honrados homens públicos brasileiros.
– 94 –

Sr. Presidente, desconheço com profundidade minha solidaridade às palavras de V. Exa. Perdoe-
êsse processo, do qual apenas tenho tomado me V. Exa. o longo aparte.
conhecimento com tristeza através do noticiário da O SR. RUY CARNEIRO: – É com prazer que
Imprensa. Aliás, logo que êsse acontecimento estou ouvindo Vossa Excelência.
eclodiu, convencido da inocência do Coronel O SR. CAIADO DE CASTRO: – Desejo
Frederico Mindello, como seu amigo e conterrâneo, apenas solidarizar-me com V. Exa. e dar ao Coronel
coloquei-me inteiramente ao seu dispor, solicitando- Mindello o testemunho de minha simpatia neste caso
lhe, quando julgasse conveniente, dados que me doloroso em que se acha envolvido.
permitissem defendê-lo desta tribuna.
O SR. RUY CARNEIRO: – Agradeço o aparte
O SR. CAIADO DE CASTRO: – Da V. Exa.
do meu querido amigo, o eminente Senador Caiado
licença para um aparte?
O SR. RUY CARNEIRO: – Com prazer. de Castro, Marechal do Exército, que melhor que eu
O SR. CAIADO DE CASTRO: – Acompanho conhece e pode julgar o Coronel Frederico Mindello.
com atenção o discurso de V. Exa. Conheço o As suas palavras ilustrarão minha modesta
Coronel Frederico Mindello há mais de quarenta oração. S. Exa. como eu, desconhece pormenores
anos. S. Sa. foi sempre tido e havido como homem do processo, mas está igualmente convencido de
absolutamente honesto. Em tôdas as comissões que o Coronel Frederico Mindello não tem culpa,
militares pelas quais passou, bem assim no meio civil está sendo envolvido no doloroso caso da compra do
sempre gozou de alto conceito. Trata-se de homem feijão americano como tem acontecido com muitos
de quem há mais de quarenta anos acompanho-lhe a administradores de boa fé.
vida. Sempre o considerei e continuo a considerá-lo Sr. Presidente, os homens de boa fé
absolutamente honesto. Vivendo exclusivamente difìcilmente se livram de armadilhas dessa natureza.
com o que ganha, nunca se soube houvesse Esta manhã ao tomar o avião no aeroporto
acumulado fortuna de uma hora para outra, como Santos Dumont li nos jornais o depoimento do Diretor
ocorre no Brasil. É doloroso ver-se, depois de tantos da CACEX, Dr. Tosta Filho. Vim pensando neste
anos de serviço digno êsse homem atirado à rua da caso. Como disse anteriormente, solicitei ao Coronel
amargura, apontado como desonesto, apesar de até
Mindello elementos para ajudá-lo e defendê-lo, certo
agora, nenhuma prova haver contra êle. O Coronel
como estou de que o ilustre militar, o digno
Mindello como Diretor de uma Repartição, sentiu, no
momento, a necessidade de importar feijão, para paraibano, o honrado brasileiro foi envolvido nessa
acudir a uma situação calamitosa. Não trama miserável, mas êle não é um ladrão; êsse o
conheço, Sr. Presidente, o processo, mas todos meu conceito.
sabem que o Coronel Mindello antes de qualquer Sou homem de grande afetividade e, por isso,
decisão, pensa muito sôbre o que vai fazer. sofri esta manhã durante a viagem que fiz do Rio a
Tomei a liberdade de me manifestar neste Brasília, pensando na tortura de que está sendo
aparte para declarar o alto conceito em que tenho o vítima o Coronel Frederico Mindello em face dêsses
Coronel Frederico Mindello, e manifestar acontecimentos, após a leitura dos jornais cariocas.
– 95 –

Estou, como já disse anteriormente, assim, criada pela Resolução nº 45, de 1961.
como o meu colega Marechal Caiado de Castro,
inteiramente convicto de que se fará luz sôbre êsse O SR. PRESIDENTE: – A Mesa suspende a
sessão por cinco minutos, a fim de que os Senhores
ruidoso episódio e que no final será apurada a
Senadores possam munir-se das cédulas para votação.
inocência do Coronel Frederico Mindello, bem assim A sessão é suspensa às 15 horas e 30 minutos e
do Doutor Tosta Filho, eminente baiano, homem de reaberta às 15 horas e 35 minutos.
vida limpa e pura. O SR. PRESIDENTE: – Está reaberta a sessão.
Tenho certo constrangimento, Senhor O Sr. Primeiro Secretário vai proceder à
Presidente, de fazer êsse pronunciamento como chamada.
Respondem à chamada e votam, os Srs.
Senador da República e por conseguinte membro do Senadores:
Poder Legislativo uma vez que o assunto já se Cunha Mello.
encontra na alçada do Poder Judiciário, porém diante Paulo Fender.
de tudo que li hoje, não pude sopitar o desejo de Lobão da Silveira.
proclamar à Nação o meu juízo a respeito dêsses Victorino Freire.
Sebastião Archer.
dois grandes servidores da nossa Pátria, em
Eugênio Barros.
diferentes setores das atividades humanas onde têm Joaquim Parente.
atuado. (Muito bem. Muito bem!). Fausto Cabral.
O SR. PRESIDENTE: – Sôbre a mesa, Fernandes Távora.
requerimento do nobre Senador Daniel Krieger. Menezes Pimentel.
É lido o seguinte: Ruy Carneiro.
Novaes Filho.
Silvestre Péricles.
REQUERIMENTO Lourival Fontes.
Nº 20, DE 1961 Jorge Maynard.
Heribaldo Vieira.
Nos têrmos do art. 330, letra c, do Regimento Aloysio de Carvalho.
Ary Vianna.
Interno, requeremos urgência para o Projeto de Lei
Arlindo Rodregues.
da Câmara nº 116, de 1960, que isenta da tributação Miguel Couto.
do impôsto do sêlo os contratos de financiamentos Caiado de Castro.
em que sejam mutuárias as sociedades Gilberto Marinho.
cooperativas. Benedito Valadares.
Sala das Sessões, em 17 de janeiro de 1961. Moura Andrade.
Gaspar Velloso.
– Daniel Krieger. – Líder em exercício da UDN.
Nelson Maculan.
O SR. PRESIDENTE: – O presente Francisco Gallotti.
requerimento será votado depois da Ordem do Dia. Saulo Ramos.
Passa-se à: Irineu Bornhausen.
Daniel Krieger.
ORDEM DO DIA Mem de Sá.
Guido Mondim. – (32).
O SR. PRESIDENTE: – Votaram 32 Srs.
Eleição da Comissão de Agricultura, Senadores.
Pecuária, Florestas, Caça e Pesca, (5 membros) Vai-se proceder à apuração.
– 96 –

São apuradas 32 cédulas que dão o seguinte É o seguinte o projeto aprovado, que vai à
resultado: sanção:
Eugênio Barros.
Alô Guimarães. PROJETO DE LEI DA CÂMARA
Nelson Maculan. Nº 2, DE 1961
Dix-Huit Rosado.
Jorge Maynard. Revigora, por dois exercícios, a autorização
Para Suplentes: concedida pela Lei número 3.317, de 18 de
novembro de 1957, que abre crédito destinado ao
PSD:
prosseguimento de obra ferroviária no Estado de
Pedro Ludovico.
Santa Catarina.
Paulo Fernandes.
PTB: O Congresso Nacional decreta:
Mourão Vieira. Art. 1º Fica revigorada, por dois exercícios,
UDN: a autorização concedida pela Lei nº 3.317, de
Joaquim Parente. 18 de novembro de 1957, ao Poder Executivo
O SR. PRESIDENTE: – Proclamo eleitos para para abrir o crédito especial de Cr$ 30.000.000,00
a Comissão de Agricultura, Pecuária, Florestas, (trinta milhões de cruzeiros), destinado ao
Caça e Pesca os nobres Senadores Eugênio Barros, prosseguimento da retificação do trecho Blumenau-
Alô Guimarães, Nelson Maculan, Dix-Huit Rosado e Subida da zona do Vale do Itajaí, obras de
Jorge Maynard; como suplentes, os nobres arte, trilhos e acessórios, empedramento, inclusive
Senadores Pedro Ludovico e Paulo Fernandes desapropriação e pagamento de diferenças
(PSD), Mourão Vieira (PTB) e Joaquim Parente devidas por reajustamento de tabelas, do s
(UDN). istema ferroviário federal no Estado de Santa
Catarina.
Votação, em discussão única, do Projeto de Art. 2º Revogam-se as disposições em
contrário.
Lei da Câmara nº 2, de 1961 (nº.1.187, de 1959, na
O SR. PRESIDENTE: – Em votação o
Câmara), que revigora, por dois exercícios, a
Requerimento número 20, de 1961, lido na hora do
autorização concedida pela Lei nº 3.317, de 18 de
Expediente, de urgência para o Projeto de Lei da
novembro de 1957, que abre o crédito destinado ao Câmara nº 116, de 1960.
prosseguimento de obra ferroviária no Estado de Em votação.
Santa Catarina (incluído em Ordem do Dia em Os Srs. Senadores que estiverem de
virtude de dispensa de interstício, concedida na acôrdo, queiram conservar-se como se
sessão anterior, a requerimento do Sr. Senador encontram.
Francisco Gallotti), tendo Parecer Favorável da (Pausa).
Comissão de Finanças. Está aprovado.
O projeto será incluído na Ordem do Dia da
O SR. PRESIDENTE: – Em votação. terceira sessão ordinária a seguir.
Os Srs. Senadores que aprovam o projeto, Esgotada a matéria constante da Ordem do
queiram permanecer sentados. (Pausa). Dia, faculto a palavra a quem dela queira fazer uso.
Está aprovado. (Pausa).
– 97 –

Nada mais havendo que tratar, vou encerrar a qual o Sr. Presidente da República submete ao
sessão, convocando os Senhores Senadores para Senado a escolha do Sr. Fanor Cumplido Júnior
outra, extraordinária, hoje, às 21 horas e 30 minutos,
com a seguinte: para membro do Conselho Nacional de
Economia.
ORDEM DO DIA Está encerrada a sessão.
Discussão única do Parecer da Comissão de Levanta-se a sessão às 15 horas e 45
Economia sôbre a Mensagem nº 32, de 1961, pela minutos.
8ª SESSÃO DA 2ª SESSÃO LEGISLATIVA, EXTRAORDINÁRIA, DA 4ª LEGISLATURA, EM 17 DE
JANEIRO DE 1961

PRESIDÊNCIA DO SENHOR FILINTO MÜLLER

Às 21 horas e 30 minutos, acham-se Daniel Krieger.


presentes os Srs. Senadores: Mem de Sá.
Mourão Vieira. Guido Mondim. – (42).
Cunha Mello.
Paulo Fender. O SR. PRESIDENTE: – A lista de presença
Zacharias de Assumpção. acusa o comparecimento de 42 Srs. Senadores.
Lobão da Silveira. Havendo número legal, está aberta a sessão.
Victorino Freire. Vai ser lida a Ata.
Sebastião Archer.
O Sr. Terceiro Secretário, servindo de 2º,
Eugênio Barros.
Mendonça Clark. procede à leitura da Ata da sessão anterior, que,
Joaquim Parente. posta em discussão, é sem debates aprovada.
Fausto Cabral. O Sr. Primeiro Secretário dá conta do
Fernandes Távora. seguinte:
Menezes Pimentel.
Sérgio Marinho.
Ruy Carneiro. EXPEDIENTE
Novaes Filho.
Rui Palmeira. PARECER
Silvestre Péricles. Nº 3, DE 1961
Lourival Fontes.
Jorge Maynard.
Heribaldo Vieira. Da Comissão de Economia, sôbre Projeto de
Aloysio de Carvalho. Lei da Câmara número 55, de 1960 (nº 1.149-B-60,
Ary Vianna. na Câmara), que autoriza a constituição de uma
Jefferson de Aguiar. companhia hidrelétrica no Estado da Paraíba.
Paulo Fernandes.
Arlindo Rodrigues.
Caiado de Castro. Relator: Sr. Joaquim Parente.
Gilberto Marinho. O projeto em exame autoriza o
Afonso Arinos. Govêrno Federal a constituir uma sociedade de
Benedito Valadares. economia mista, com a denominação de Companhia
Nogueira da Gama.
Moura Andrade. Hidrelétrica da Borborema, para aproveitamento
Lino de Mattos. da energia hidráulica dos Rios Paraíba e Alto
Pedro Ludovico. Piranhas, e sua distribuição pelos municípios
Filinto Müller. de Cabeceiras, São João do Cariri, Sumé,
Gaspar Velloso. Monteiro, Taperoá, Campina Grande (Vilas
Nelson Maculan.
Francisco Gallotti. de Queimadas, Fagundes e Boa Vista),
Saulo Ramos. Piancó, Curema, Pombal, Malta Souza, Caja-
– 99 –

zeiras, Jatobá e Misericórdia, no Estado da Paraíba. País, menor será o próprio potencial a utilizar.
Pelo artigo 6º da proposição "é o Govêrno Na seqüência destas considerações, cabe
Federal autorizado a transferir à Companhia também lembrar que o Nordeste – onde operará a
Hidrelétrica da Borborema a usina elétrica instalada Companhia Hidrelétrica da Borborema – é,
pelo DNOCS na barragem "Estêvão Marinho", justamente, a região brasileira onde o desmatamento
creditando-se pela importância que fôr encontrada, levado ao extremo produziu até agora os resultados
tomando-se por base da operação o custo de sua mais nefastos evidenciados na ínfima renda per
aquisição". capita, ali registrada e nos problemas sociais
Um dos mais sérios entraves ao diversos, condicionados pelo pauperismo e
desenvolvimento econômico de nosso País é a agravados cada vez mais pela taxa elevada de
crescimento demográfico de suas populações.
carência de recursos energéticos em condições de
É, assim, de alto interêsse econômico para o
pronta utilização. Com uma produção petrolífera
Nordeste e, portanto, para o Brasil, a concretização
ainda muito inferior ao consumo, com uma produção do empreendimento previsto no projeto em foco.
de carvão mineral deficiente – no que toca à Acrescentaremos, finalmente, que a forma de
quantidade e à qualidade do produto obtido – as sociedade de economia mista programada para a
únicas possibilidades maiores com que conta, Hidrelétrica de Borborema é das mais felizes, pelo
realmente o Brasil, para aumentar suas fato mesmo das sociedades idênticas constituídas e
disponibilidades de energia, está no pronto já em funcionamento através do País terem
aproveitamento de seu imenso potencial hidráulico. apresentado, até agora, resultados de indiscutível
Salientaremos, inclusive, que o ritmo de positividade. É o sistema que, garantindo a
utilização econômica dêsse potencial deve ser indispensável presença no Estado em determinadas
acelerado ao máximo, tendo em vista que o consumo emprêsas de grande interêsse público, não cerceia
mais generalizado e em maior escala de energia com a morosidade burocrática peculiar aos serviços
elétrica repercutirá, naturalmente, com o declínio do de administração direta, a liberdade de movimento
consumo da lenha, o combustível de que vamos de que as emprêsas que administram serviços
sendo obrigados a lançar mão. industriais tanto precisam – para o pleno atingimento
Para gastar lenha, desflorestamos o País. É de suas metas.
uma prática na qual insistimos desde os primórdios Em face do exposto, somos levados a opinar
de nossa história e que confirma as elementares que, do ângulo dos interêsses econômicos do País
nada existe a opor ao presente projeto que merece,
técnicas indígenas de aproveitamento imediatista
assim, s.m.j., o apoio desta Comissão. É o nosso
dos recursos naturais.
parecer.
Êsse desgaste sistemático das reservas
Sala das Sessões, em 27 de julho de 1960. –
florestais porém, vai gerando conseqüências Ary Vianna, Presidente. – Fernandes Távora. –
econômicas negativas as mais diversas, Joaquim Parente, Relator. – Eugênio Barros. – Lima
entre elas a própria redução do índice pluviométrico Teixeira.
das regiões atingidas com o aniquilamento
progressivo dos respectivos sistemas PARECER
hidrográficos. Na linha do presente raciocínio, Nº 4, DE 1961
diremos que, quanto mais demorarmos na utilização
do potencial hidráulico ainda existente no Da Comissão de Transportes,
– 100 –

Comunicações e Obras Públicas, sôbre o Projeto de bem projetadas e bem executadas, será possível a
Lei da Câmara nº 55, de 1960 (nº 1.149-B-60 na nossa verdadeira emancipação econômica, com o
Câmara), que autoriza a constituição de uma paralelo desenvolvimento industrial nos centros
companhia hidrelétrica no Estado da Paraíba. urbanos, e com o progresso rural beneficiando-se
com a energia distribuída a baixo preço.
A proposição sôbre a qual é chamada a opinar A parte formal do projeto nada encerra que
a Comissão de Transportes, Comunicações e Obras contraindique a sua aprovação.
Públicas, teve origem na Câmara dos Deputados, Sala das Comissões, em 23 de novembro de
sendo de autoria do nobre Deputado Plínio Lemos. 1960. – Francisco Gallotti, Presidente. – Eugênio
Barros, Relator. – Joaquim Parente. – Nelson
O projeto trata da organização de uma
Maculan.
sociedade de economia mista, sob a denominação
de "Companhia Hidrelétrica da Borborema", com
PARECER
sede na cidade de Campina Grande, Estado da Nº 5, DE 1961
Paraíba, e destinada a promover o aproveitamento
do potencial hidráulico dos Rios Paraíba e Alto Da Comissão de Finanças, sôbre o Projeto de
Piranhas, bem como a distribuir a energia elétrica Lei da Câmara número 55, de 1960 (nº 149-B-60, na
resultante dêsse aproveitamento a numerosos Câmara), que autoriza a Constituição de uma
municípios do Estado da Paraíba. companhia hidrelétrica no Estado da Paraíba.
O projeto prevê também a transferência, para
a nova Companhia, da usina já instalada pelo Relator: Sr. Fausto Cabral.
Departamento Nacional de Obras Contra as Sêcas O presente projeto autoriza o Govêrno Federal
na barragem "Estêvão Marinho", com os a formar uma sociedade de economia mista, com a
indispensáveis detalhes de contabilização dessa denominação de Companhia Hidrelétrica da
transferência. Borborema, para aproveitamento da energia
Está considerado, como base financeira para a hidráulica dos Rios Paraíba e Alto Piranhas, e sua
Companhia a ser constituída, o capital de cinqüenta distribuição pelos municípios de Cabeceiras, São
milhões de cruzeiros, incluídos nestes, os 51% de João do Cariri, Sumé, Monteiro, Taperoá, Campina
subscrição da União, com recursos orçamentários Grande (Vilas de Queimadas, Fagundes e Boa
decorrentes de verbas do Polígono das Sêcas. Vista), Piancó, Curema, Pombal, Malta Souza,
Cajazeiras, Jatobá e Misericórdia, no Estado da
Tratando-se de aproveitamento do potencial
Paraíba.
hidráulico de rios do Nordeste, para transformação
Os artigos da proposição mais de perto
em energia elétrica, a Comissão de Transportes, relacionados com o seu aspecto financeiro estão
Comunicações e Obras Públicas é de parecer assim redigidos:
favorável ao projeto. Art. 3º O capital da Companhia Hidrelétrica da
Realmente, em princípio, tôda e Borborema será de Cr$ 50.000.000,00 (cinqüenta
qualquer iniciativa que vise ao aumento das milhões de cruzeiros), assim distribuído:
nossas disponibilidades de energia elétrica, a) 25.000 (vinte e cinco mil)
deve merecer apoio. Sòmente com tais medidas, ações nominativas ordinárias, no
– 101 –

valor de Cr$ 1.000,00 (mil cruzeiros) cada uma; Técnico. Opinamos, assim, favoràvelmente ao
b) 25.000 (vinte e cinco mil) ações mesmo, oferecendo, todavia, uma emenda ao seu
preferenciais ao portador, no valor de Cr$ 1.000,00 art. 1º visando ampliar os limites da área geográfica
(mil cruzeiros) cada uma. e das populações que serão beneficiadas com o
Art. 4º O capital da Companhia será subscrito: empreendimento.
a) 51% (cinqüenta e um por cento) pelo
Govêrno Federal, com recursos orçamentários EMENDA
decorrentes da verba constitucional do polígono das Nº 1 – C.F
sêcas;
b) pelo produto da venda de ações O art. 1º terá a seguinte redação:
preferenciais que forem oferecidas à subscrição "É o Govêrno Federal autorizado a constituir
pública. uma sociedade de economia mista, com a
Parágrafo único. Êsse capital, depois de denominação de Companhia Hidrelétrica da
integralizado, poderá ser aumentado pela Borborema, para aproveitamento da energia
Assembléia Geral. hidráulica dos Rios Paraíba e Alto Piranhas, e sua
Art. 5º É o Govêrno Federal autorizado a distribuição pelos municípios de Cabeceiras, São
subscrever as ações que não tiverem encontrado João do Cariri, Sumé, Monteiro, Taperoá, Campina
subscritor particular. Grande (Vilas de Queimadas, Fagundes e Boa
Finalmente, o artigo 8º do projeto determina Vista), Piancó, Curema, Pombal, Malta Souza,
que... Cajazeiras, Jatobá, Misericórdia, Princesa Isabel e
"A Companhia Hidrelétrica da Borborema, outros, no Estado da Paraíba,
gozará, durante cinco anos, de isenção de selos e Sala das Comissões, em 17 de janeiro de
impostos nos seus atos constitutivos, bem 1961. – Gaspar Velloso. Presidente. – Fausto Cabral,
como de direitos de importação, inclusive Relator. – Saulo Ramos. – Francisco Gallotti. –
emolumentos consulares e mais encargos fiscais a Fernandes Távora. – Mem de Sá. – Ary Vianna. –
que estiverem sujeitos os materiais e equipamentos Victorino Freire. – Daniel Krieger. – Caiado de
que importar, desde que destinados a suas Castro.
instalações".
O sistema de sociedade de economia mista, PARECER
sob o qual deverá constituir-se a Hidrelétrica Nº 6, DE 1961
prevista no projeto é – como acentuou o ilustre
Relator da matéria na Comissão de Economia – "o Da Comissão de Segurança Nacional, sôbre o
sistema que, garantindo a indispensável presença do Projeto de Lei da Câmara nº 79, de 1960 (nº 824-B-
Estado em determinadas emprêsas de grande 59, na Câmara) que assegura estabilidade no serviço
interêsse público, não cerceia com a morosidade ativo militar aos taifeiros das Fôrças Armadas, e dá
burocrática peculiar aos serviços de administração outras providências.
direta, a liberdade de movimento de que as
emprêsas que administram serviços industriais Relator: Sr. Caiado de Castro.
tanto precisam – para o pleno atingimento de suas Aos taifeiros das Fôrças Armadas,
metas". que contem ou venham a contar 10 (dez)
Nada existe, do ponto de vista financeiro, que ou mais anos de serviço militar, é assegurada,
contraindique a aceitação do projeto por êste Órgão pelo presente projeto (art. 1º), estabilida-
– 102 –

de no serviço ativo militar, independente de levando, por eqüidade, o direito à estabilidade até
engajamento ou reengajamento. aquêles modestos servidores das Fôrças Armadas.
Os taifeiros (art. 2º) serão obrigatòriamente V. Diante do exposto, opinamos pela
submetidos à inspeção de saúde, trienalmente e aprovação do projeto.
reformados, se considerados fìsicamente incapazes Sala das Comissões, em 12 de janeiro de
para o serviço militar, na conformidade da legislação 1961. – Caiado de Castro, Presidente. – Pedro
em vigor. Ludovico, Relator.
Determina ainda o projeto (art. 3º) que
será passível de exclusão ou expulsão o taifeiro que, PARECER
em sentença passada em julgado, fôr condenado a Nº 7, DE 1961
pena restritiva de liberdade individual superior
a dois anos, ou declarado, em processo regular Da Comissão de Finanças, sôbre Projeto de
e por decisão de órgão militar competente Lei da Câmara nº 79, de 1960 (nº 824-B-59, na
para o julgamento, responsável pela prática de ato Câmara) que assegura estabilidade no serviço ativo
prejudicial à ordem pública, nocivo à disciplina militar militar aos taifeiros das Fôrças Armadas, e dá outras
ou atentatório ao Estado ou às instituição providências.
constitucionais.
II. O autor da proposição, o eminente Relator: Sr. Caiado de Castro.
Deputado Sérgio Magalhães, justificou-a de maneira O presente projeto assegura estabilidade no
plenamente satisfatória. serviço ativo militar, independente de engajamento
III. A estabilidade, maneira de, normalizando a ou reengajamento, aos taifeiros das Fôrças
atividade profissional do servidor, dar-lhe Armadas, que contem ou venham a contar 10 (dez)
tranqüilidade, é, em príncipio, sempre alcançada pelo ou mais anos de serviço militar.
civil ou militar, depois de determinado período de A justificação do projeto alude ao "anseio geral
tempo. e normal do homem" no sentido de conseguir,
Funcionários civis, trabalhadores em geral, através do trabalho, uma sensação relativa de
militares, todos, uma vez concluído certo prazo, tranqüilidade. E explica que...
alcançam estabilidade, com isto se colocando em "Com êsse objetivo a legislação vem
uma situação profissional sólida e que lhes possibilita consagrando, para as diversas categorias do homem
plena expansão de suas virtualidades, com proveito que trabalha, medidas que lhe garantam essa
para o serviço. segurança, desde que comprovadas suas
IV. Todavia, como salienta o ilustre autor do qualidades, medida sua capacidade, durante certo
projeto, existe uma classe completamente período".
desamparada: os taifeiros das Fôrças Armadas, Estranhamente, porém, os taifeiros da
que, trabalhando cinco, dez ou vinte anos Fôrças Armadas permanecem excluídos até
seguidos, poderão ser dispensados de uma hora agora de qualquer medida que assegure
para outra. estabilidade funcional, a exemplo do que vem
As medidas consubstanciadas na providência acontecendo com outras categorias de profissionais
legislativa ora em exame visam, precisamente, que têm relações de trabalho com
a por um ponto final nesse estado de coisas, o Estado. "Trabalhando 5, 10, 20 anos segui-
– 103 –

dos – diz o Autor da proposição, podem ser julho de 1957, que criou a Universidade do Pará.
dispensados sem nenhum direito, sem consideração, Êsse diploma legal no artigo 9º, excluídos os seus
a qualquer momento. três parágrafos, diz in verbis:
A justificação caracteriza ainda a situação de "O custeio das verbas Material, Serviços e
militares, dos taifeiros e evoca o art. 163 da Encargos e Obras, Equipamentos e Aquisições de
Constituição Federal, que garante a proteção Imóveis, da Universidade do Pará, durante 10 (dez)
especial do Estado à família. Pelo Estatuto dos anos, a partir do exercício imediato ao da publicação
Militares – está igualmente no texto da justificação – desta lei, será feito pelos recursos postos à
podem os taifeiros contrair matrimônio aos 25 anos disposição da Reitoria pela Superintendência do
de idade: Plano de Valorização Econômica da Amazônia,
"...a constituição de uma família, em nunca inferior a Cr$ 60.000.000,00 (sessenta
decorrência do casamento, faz com que o taifeiro milhões de cruzeiros) por ano e até o dia 30 de
seja merecedor do amparo legal, da proteção março de cada ano".
especial a que tem direito. Como conseguir isto se a É manifesto o êrro legal. Enquanto as demais
condição essencial, a condição das condições – a universidades do País contam com verbas
estabilidade – lhe é negada?" específicas no Orçamento da União para os
A argumentação desenvolvida é, sem dúvida, encargos citados, sòmente a Universidade do Pará
procedente, e do ângulo sob o qual cumpre a êste está sujeita aos recursos da S.P.V.E.A. – e em
Órgão Técnico apreciar a matéria, nada existe a irrisório quantitativo – para não só expandir suas
opor. atividades de ensino, como poder mesmo, e
Sala das Comissões, em 17 de janeiro de simplesmente, funcionar. Incide essa exceção
1961. – Gaspar Velloso, Presidente. – Caiado de exdrúxula no conhecido e injustificável costume de
Castro, Relator. – Ary Vianna. – Fausto Cabral. – se utilizarem as disponibilidades da S.P.V.E.A. para
Mem de Sá. – Francisco Gallotti. – Saulo Ramos. – o custeio de despesas inerentes aos Ministérios, em
Victorino Freire. – Fernandes Távora. – Daniel seus encargos e serviços específicos.
Krieger. O substitutivo em exame, da autoria do ilustre
Deputado Tarso Dutra, unânimemente aprovado pela
PARECER Comissão de Finanças da Câmara, não só atende à
Nº 8, DE 1961 retificação dessa extravagância orçamentária, como
era a finalidade única do projeto primitivo, mas
Da Comissão de Finanças sôbre o Projeto de também propõe a elevação, de 60 para 100 milhões,
Lei da Câmara nº 75, de 1960 (nº 985-B-59, na do auxílio financeiro ânuo, que deve dar a S.P.V.E.A.
Câmara), que provê as dotações orçamentárias à Universidade do Pará, através da atuação própria
destinadas à Universidade do Pará. ao seu setor de desenvolvimento cultural.
Nada mais justo e compreensível. De
Relator. Sr. Paulo Fender. um lado, ver-se-á a União cumprir normalmente
Trata o presente projeto de corrigir anomalia com o seu dever de custear despesas
orçamentária existente na Lei nº 3.191, de 2 de ordinárias de ensino superior, numa das
– 104 –

universidades do País, sem discriminações de das nossas safras tem sido sempre agitada,
tratamento, pelo poder público, atentatórias ao exigindo dos triticultores, em primeiro lugar, e
equilíbrio da Federação; de outro, assegurar-se-á, do Govêrno do Estado, um esfôrço hercúleo
contra aleatórios critérios administrativos no órgão a fim de podermos fazer sentir a necessidade de
maior de valorização do Vale Amazônico, sua maior atenção, particularmente por parte do
cooperação suplementar, em determinado prazo e Govêrno da União, para êsse setor da economia
por meio de razoável auxílio financeiro a uma
gaúcha.
universidade que inicia suas atividades educacionais
Mas, dizia, pouco a pouco vamos
em região de precárias condições econômicas, para
com a qual se faz desvelada e generosa a própria vencendo todos esses obstáculos e inegàvelmente
Constituição da República. constitui uma grande recompensa para êsses
Pela aprovação do projeto, sua rápida esforços a assinatura do Convênio recentemente
tramitação e efetivação em lei, é o nosso parecer. realizado entre os Governos do Rio Grande
Sala das Comissões, em 17 de janeiro de do Sul e da União. Em dia da semana passada,
1961. – Gaspar Velloso, Presidente. – Paulo Fender, presentes o Governador Leonel Brizzola e o Senhor
Relator. – Francisco Gallotti. – Mem de Sá. – Ministro da Agricultura – além do Sr. Secretário da
Victorino Freire. – Daniel Krieger. – Fernandes Agricultura do meu Estado – foi assinado um
Távora. – Caiado de Castro. – Saulo Ramos. – Convênio, cuja cláusula segunda diz bem das suas
Fausto Cabral. finalidades.
O SR. PRESIDENTE: – Está finda a leitura do Diz essa cláusula que os trabalhos que
Expediente.
decorrerão do empreendimento que, agora, será
Há oradores inscritos.
Tem a palavra o nobre Senador Guido levado a efeito, tenderão ao:
Mondim. a) Reaparelhamento das estações
O SR. GUIDO MONDIM (*): – Senhor experimentais que trabalham no melhoramento do
Presidente, Srs. Senadoras, a história tritícola no trigo, dotando-as das instalações mínimas
meu Estado, o Rio Grande do Sul, é longa e tôda indispensáveis à natureza dos trabalhos que lhes
feita de idealismo, de patriotismo e de persistência, estão afetos;
luta tenaz que vem se desenvolvendo através do b) Reaparelhamento dos serviços
tempo, vencendo obstáculos de tôda ordem, os especializados que tratam do estudo das
quais, postos de lado, pouco a pouco, fazem sentir pragas e moléstias do trigo e seus métodos de
que, realmente, êsse setor da economia do Rio contrôle;
Grande é um dos mais importantes do Estado e será c) Reaparelhamento e ampliação dos serviços
de todo o País. de assistência aos produtores nas principais regiões
Incompreensões, de tôda sorte
tritícolas do Estado;
enfrentamos, não só no que diz respeito às
experiências que os nossos genetistas têm d) Estudos que visem dentro do menor
desenvolvido, mas, particularmente, quanto ao prazo possível, o zoneamento do território
aspecto, comercial. A questão da colocação riograndense, com a delimitação das zonas tritícolas
preferenciais;
__________________ e) Intensificação da produção
(*) – Não foi revisto pelo orador. de sementes básicas nos es-
– 105 –

tabelecimentos do Estado das variedades importância foi colocada, desde logo, à disposição do
cultivadas e das novas que vierem a ser Rio Grande do Sul pelo Govêrno da União, através
lançadas; do Banco do Brasil.
f) Produção de sementes certificadas com a Diz a Exposição de Motivos do Sr. Ministro da
participação de particulares, entidades privadas ou Agricultura:
de economia mista, de acôrdo com normas a serem "Tenho a honra de dirigir-me a Vossa
fixadas pelos órgãos técnicos federais e estaduais Excelência para tratar do problema da produção do
em comum acôrdo; trigo, que interessa fundamentalmente o Rio Grande
g) Estudos de rotação de culturas, visando à do Sul, onde são produzidos cêrca de 90% da safra
racionalização da lavoura tritícola, incluindo o brasileira sem perder de vista o fato de estarmos
melhoramento das espécies indicadas para rodízio diante de uma questão que afeta a economia do País
com o trigo; inteiro. Um ligeiro retrospecto conduzirá melhor aos
h) Ampla divulgação dos trabalhos realizados objetivos visados.
através de informações técnicas, notas prévias e 2. Se, partindo das sementes mandadas de
instruções práticas conforme a natureza do Portugal em 1534, chegamos a ser exportadores de
assunto; trigo entre 1800 e 1810, com média anual de 13.000
i) Promoção de reuniões de produtores com a toneladas, tivemos a primeira derrocada com o
realização de palestras de cunho prático, aparecimento da ferrugem, que dizimou as culturas e
demonstrações, distribuição de folhetos e exibição esmoreceu os lavradores a ponto de não mais
de filmes; plantar-se trigo no Rio Grande do Sul, em 1823.
j) Instalação de um estabelecimento 3. Daí por diante, durante mais de um século,
fitotécnico, na região do Alto Uruguai em terras de insistimos no êrro de tentar a implantação da
domínio do Estado. triticultura, no ambiente brasileiro, por meio da
Basta a leitura, Sr. Presidente, das finalidades importação da semente de variedades procedentes
dêsse Convênio para sentirmos a que resultados de climas e meios diferentes, muito distanciados do
essa iniciativa levará em favor dêsse setor da nosso, como fôssem, a princípio, da Itália e da
agricultura riograndense. França e, mais tarde, da Morávia, Slováquia, Boêmia
É interessante, Senhor Presidente, Senhores e Uruguai não apresentando, tôdas elas, rendimento-
Senadores, tomar conhecimento do teor da cultural satisfatório e, dentro de algum tempo,
Exposição de Motivos apresentada pelo Senhor revelando-se vulneráveis ao ataque das pragas e
Ministro da Agricultura ao Senhor Presidente da moléstias, que têm sido uma das grandes barreiras
República pela qual se faz em relato sintético, a levantadas contra o desenvolvimento da cultura de
história mesma de tôda a luta travada pelo Rio trigo no Brasil.
Grande do Sul, através do tempo, em favor da sua 4. Em tão longo período de frustradas
triticultura para colimar com a solicitação ao Senhor providências nesse sentido, no qual a última
Presidente da República de um crédito especial de importação maciça de 56 toneladas de sementes, foi
quinhentos milhões de cruzeiros, que encontram realizada pelo Ministério da Agricultura, já em 1921,
recursos no Fundo Federal de Ágios. Essa são encontradas apenas dois passos dados na
– 106 –

direção certa: a criação, em 1909, do Campo de tio na grande lavoura. Algumas variedades e
Experiências para a Cultura do Trigo, em linhagens saídas de seus trabalhos já denotam o que
Itapetininga, pelo Govêrno do Estado de São Paulo, podem dar para o soerguimento da cultura do
e a fundação em 1912, do "Campo Experimental do trigo.
Trigo", no Rio Grande do Sul, pelo Ministério da 7. No silencioso e pertinaz esfôrço de criar
Agricultura. variedades, os estabelecimentos mencionados o
5. Firmou-se essa orientação de atacar nosso fazem pelo processo de seleção e pelo processo de
problema do trigo por meio da criação de variedades cruzamento. Pelo primeiro, as melhores
brasileiras, adequadas ao nosso meio físico, plantas são escolhidas, marcadas e estudadas,
apropriadas às condições regionais e locais, quando pormenorizadamente, e todos seus caracteres
o Ministro Simões Lopes criou e fêz o Ministério da anotados em longas fichas, durante várias gerações.
Agricultura instalar, em 1920, a Estação Posteriormente, tôdas aquelas que se tenham
Experimental de Ponta Grossa, no Estado do conservado – muitas são eliminadas durante essas
Paraná, e a Estação Experimental de Alfredo Chaves sucessivas multiplicações – são submetidas a
(hoje Veranópolis) no Rio Grande do Sul, seguindo- ensaios comparativos, dos quais nem sempre advêm
se em 1929 a criação da Estação Fitotécnica da resultados satisfatórios a seu favor.
Fronteira, em Bagé, pelo Dr. Getúlio Vargas, então 8. O segundo processo consiste em cruzar
Presidente dêste mesmo Estado. Todos êstes duas ou mais variedades, de qualidades ou
estabelecimentos têm produzido bons resultados e características desejadas com o objetivo de reuni-
poderão fazer muito mais. las, somá-las ou associá-las em uma nova
6. Bem mais tarde, em 1938-39 foram variedade, dentro dos princípios ou da lei
instaladas, pelo Ministério da Agricultura, as mendeliana. As plantas oriundas das sementes desta
Estações Experimentais de Curitiba, no Paraná, são semeadas em seguida, também em
Caçador em Santa Catarina, Passo Fundo, no Rio sucessivas multiplicações, durante as quais, anos a
Grande do Sul, seguindo-se a de Ipanema, em São fio, se aplica o processo de seleção, com o objetivo
Paulo, e a de Patos, em Minas Gerais. Hoje, existem de encontrar plantas portadoras dos característicos
mais o Instituto Agronômico do Sul, com sede em desejados, de acôrdo com as necessidades
Pelotas, e a Estação Experimental de Anápolis, em do meio, resistência às moléstias, precocidade,
Goiás, enquanto a Secretaria de Agricultura resistência ao acabamento, bom rendimento
gaúcha criou e possui a Estação Experimental cultural etc; e que tenham capacidade comprovada
Fitotécnica da Serra, em Júlio de Castilhos, a de transmitir tais característicos aos seus
Estação Experimental Fitotécnica das Colônias, em descendentes.
Veranópolis, a Estação de São Borja e a Estação 9. É êste o processo mais comumente
Experimental de Encruzilhada do Sul, nos municípios empregado na criação de variedades, em geral, e,
idênticos, não esquecida a da Fronteira, em Bagé, sobretudo, de trigo. É trabalho bastante demorado,
nos municípios idêndos êsses estabelecimentos que se realiza pacientemente, em período de 10 a 12
fazendo pesquisas, criando ou tentando criar novas e mais anos, que exige muita continuidade e
variedades, dotadas de valor genético e qualidades persistência, e contra o qual agem inúmeros fatôres,
que as levam até à distribuição e ao plan- inclusive a descontinuidade administrativa e a fal-
– 107 –

ta de recursos na exata oportunidade. 12. A grande maioria do trabalho fica


10. Dentro dêsses princípios e dêsse modo é desconhecida e é perdida, por isso que milhões de
que já produzimos mais de trinta variedades indivíduos decorrentes dos cruzamentos são
brasileiras de trigo, a partir do P.G.L trigo Polizu ou anualmente eliminados, por falta total ou parcial
Morumbi, obtido em 1914, por seleção realizada por daqueles característicos ou qualidades, dentro da
Jorge Polizu, e cujas sementes foram multiplicadas própria Estação Experimental que os obteve. Outros
pela Estação Experimental de Ponta Grossa em são ainda desclassificados nas competições de
1922. De então por diante os técnicos especializados linhagem e de variedades ensaiadas nos
obtiveram em nossos diferentes estabelecimentos, estabelecimentos de zonas diferentes ou de outros
da União e dos Estados, as variedades em seguida Estados produtores. E, assim, muitos esforços de
enumeradas sem ordem cronológica: Fronteira, anos e anos de trabalho, de paciência e dedicação
Surprêsa, Centenário, Rio Negro, Bagé, Frontana ininterruptos e despesas conseqüentes se perdem
(lançado em 1943), Colônias, Trintani, Patriarca, totalmente sem que os interessados e o público em
Trintecinco Alegrete, Trapeano, Caràzinho, Prelúdio geral tenham, disso, sequer conhecimento. Uma só
Colonista, Fortaleza, Camacrânia, Combate, variedade que se obtenha, desde que com os
Planalto, Farrapo, Nordeste, Petiblanco, Piratini ou característicos desejados, não tem preço, por isso
IAS-8, São Borja KAS-3, Xênia 115, Instituto, que inestimável é o seu valor econômico para a
Hôrto Bandeirante, Iguaçu, Jesuítas, H-16-35, lavoura e para o País.
H-20-35, – esclarecido que cêrca de uma dezena de 13. Ocorre, ainda, que uma linhagem pode
novas linhagens serão brevemente lançadas comportar-se satisfatòriamente nesses ensaios de
como variedades e muitas outras estão sendo competição, ser considerada uma variedade, tomar
ensaiadas. nome, ser multiplicada em grande escala nas
11. O fator de maior importância nesse culturas controladas ou fiscalizadas de propriedades
científico trabalho é de certo, o fator humano. São as particulares, para efeito de distribuição de suas
qualidades indispensáveis e especiais do geneticista. sementes aos lavradores, já aconselhada então
É o seu completo conhecimento do meio e da planta, pelos órgãos técnicos competentes depois de passar
do problema agrícola, das exigências especiais e do por todos os filtros ou provas, e, de um ano para
problema econômico. Além de um preparo geral outro, mostrar-se susceptível ou perder mesmo sua
bom, deve possuir conhecimentos especializados resistência às pragas e moléstias, produzir baixo
bastante aprofundados nos meandros do trabalho rendimento cultural por hectare, ou revelar outros
genético que está dentro da biologia. característicos negativos pelos quais passa a ser
Se é difícil escolher com acêrto as plantas que desaconselhada para os plantios, eliminada da
devem ser cruzadas, mais difícil ainda é separar distribuição de sementes e desaparecida
bem, em face dos objetivos a alcançar os pràticamente das lavouras, embora conservadas nas
numerozíssimos indivíduos que resultam dêsses coleções experimentais. Tal incerteza ninguém pode
cruzamentos. evitar e serve para imprimir aos trabalhos de
Dêste elemento humano temos qualidade, pesquisas e de experimentação o cunho de
mas não quantidade. continuidade.
Nossas Estações carecem de mais técnico, 14. É que o alastramento e
que um plano racional deve prever. a repetição das culturas aumentam
– 108 –

as possibilidades de incidência ou do aparecimento zamento de 1930, já vai com vinte anos de contato
de pragas e moléstias, das fraquezas da variedade ou de convivência com os inimigos que a ela
perante certos acidentes ou fatôres adversos, e de acabarão por se adaptar. Sua idade já inspira
outros fatos decorrentes de alterações no organismo preocupações.
da variedade no decorrer do tempo. O homem cria, 18. Se nos idos tempos, em tôrno de 1820, a
pela seleção e pelo cruzamento, organismos imunes triticultura brasileira se tornou impraticável por fôrça
ou altamente tolerantes, mas a natureza cria, por do ataque da ferrugem, que aniquilava tôdas as
outro lado condições de adaptação para os vírus que variedades então cultivadas e que não havia como
conseguem então dominar a planta e anular o substituir, no último quatriênio temos tido a ferrugem
trabalho do geneticista. e mais septória, a giberela, a cárie, o oidio, além, dos
15. Exatamente por isto, já não são mais acidentes, de tremendos efeitos sôbre a tonelagem
recomendadas aos triticultores, e estão, mesmo, das safras reduzidas a limites imprevisìvelmente
excluídas da distribuição de sementes pelo órgão baixos, a despeito das áreas cultivadas terem sido
técnico competente, que é a Comissão Técnica do pràticamente as mesmas.
Trigo, as variedades Polizu, Fronteira, Surprêsa 19. Das considerações ora apresentadas,
Centenário, Trintecinco, Colonista, Combate, conclui-se, evidentemente: a) a existência de uma
Planalto, Farrapo, Nordeste, Petiblanco, Kênia 115, rêde de Estações Experimentais nas principais zonas
Iguaçu, Jesuíta – todos trigos de qualidades boas e produtoras de trigo do País, suficientes para o
experimentalmente comprovadas no passado. A trabalho de pesquisas e de criações de novas
necessidade de dispor sempre de outros trigos para variedades; b) a relativa durabilidade dos
tais substituições é questão vital. característicos ou das qualidades das variedades
16. Na lista de eliminados cabem ainda o Rio obtidas por seleção ou por cruzamento; c) o
Negro, e o Colônias, de grande sucesso nas inevitável aparecimento de pragas e moléstias novas
lavouras de outros tempos. ou recrudescimento das existentes, à medida que as
O primeiro lançado em 1948, tendo alcançado culturas se desenvolvem e se alastram; d) o caráter
grande êxito em nossa região Sul, superou as de incerteza que preside os trabalhos fitotécnicos; e)
melhores variedades uruguaias e argentinas, no a necessidade imperiosa de intensificar as pesquisas
Ensaio Internacional do Trigo realizado no Uruguai. e a experimentação tritícola, de modo que haja
O segundo criado em 1941, chegou a produzir 4.000 sempre novas variedades recomendáveis para
quilos por hectare e foi o único trigo que mereceu, substituição daquelas que se vão excluindo da
além do Frontana, ser recomendado distribuição anual de sementes.
indiferentemente para tôdas as zonas produtoras do 20. E uma vez que há necessidade do Poder
Rio Grande do Sul e de Santa Catarina. Público empenhar-se mais decididamente na
17. A variedade Frontana, incontestàvelmente produção de trigo, no rumo do auto-abastecimento
o príncipe dos trigos brasileiros até agora, que do País, parece mais do que oportuno, porque
continua em sucesso nas mais diferentes condições indispensável e urgente, um programa de intenso e
de solo e clima dos Estados tritícolas, lançada na amplo trabalho experimental, nos moldes do plano a
grande lavoura desde 1943, mas obtida por cru- ser organizado pela Secretaria de Agricultura, In-
– 109 –

dústria e Comércio do Rio Grande do Sul. do meu Estado, e a assinalada compreensão do


21. Para execução dêste plano, venho solicitar Govêrno da União, o Rio grande do Sul demonstrará
a Vossa Excelência a abertura de um crédito o que se pode fazer em matéria de produção tritícola
especial na importância de Cruzeiros 500.000.000,00 em nosso País.
(quinhentos milhões de cruzeiros), à conta dos Voltaremos a falar muito sôbre o assunto;
recursos previstos para o Fundo de Modernização e esperamos, apenas, que o trabalho comece a
Recuperação da Lavoura Nacional, criado pela Lei nº desenvolver-se. E, quando surtirem os primeiros
2.145, de 29 de dezembro de 1953 – a chamada Lei resultados, não faltará a nossa voz para informar aos
dos Ágios. Srs. Senadores de como o Rio Grande, vivendo
22. Parece-me, Senhor Presidente – permita instante de tremendas dificuldades na sua vida social
Vossa Excelência seja externada minha opinião – e econômica, de como o Rio Grande não cruzou os
que esta seria das aplicações mais adequadas aos braços e luta, lutam ardentemente, o seu Govêrno e
objetivos daquela lei e daquele Fundo, com que o seu povo para provar à Nação que só do trabalho,
Vossa Excelência já atendeu, por sinal, outra face do só da organização, só da administração alta, bem
problema nacional do trigo, quando instituiu, pelo orientada, poderemos, em conjunto, sair das
Decreto nº 41.490, de 14-5-57, a Comissão de dificuldades da hora presente. (Muito Bem! Muito
Organização da Triticultura Nacional, cujos recursos bem!).
para construção da rêde nacional de armazéns e O SR. PRESIDENTE: – Sôbre a mesa, ofício
silos, na importância de Cruzeiros 2.000.000.000,00 que vai ser lido.
(dois bilhões de cruzeiros) saíram da mesma É lido o seguinte:
fonte.
Sirvo-me desta oportunidade, Senhor Ofício
Presidente, para apresentar a Vossa Excelência a
expressão de meu profundo respeito. – Antônio de Em 17 de janeiro de 1961.
Barros Carvalho". Senhor Presidente.
Essa, Sr. Presidente, a exposição de motivos Tenho a honra de comunicar a Vossa
apresentada, pelo Sr. Ministro da Agricultura, ao Sr. Excelência que nos ausentaremos amanhã do País,
Presidente da República, que resultou na assinatura para o desempenho da missão com que fomos
do Convênio a que me referi no início desta distinguidos, de integrar a Delegação do Grupo
intervenção. Brasileiro Filiado à Associação Interparlamentar de
Creio que o meu Estado assim como o nosso Turismo na reunião dessa entidade a instalar-se em
País estão de parabéns pelo evento; com êsses Genebra a 20 do corrente.
recursos, e com os planos estabelecidos pela Atenciosas saudações. – Lobão da Silveira. –
Secretaria de Agricultura do Estado, a cuja Jorge Maynard. – Paulo Fender.
frente se encontra o jovem dinâmico Deputado O SR. PRESIDENTE: – A Mesa fica inteirada.
Federal Alberto Hoffmann, imbuído de vontade Vão ser lidos requerimentos de dispensa de
férrea de levar o Rio Grande do Sul, para o caminho interstício.
certo no que tange ao desenvolvimento da produção São sucessivamente lidos e aprovados os
de sua agricultura, mais o propósito do Govêrno seguintes requerimentos:
– 110 –

REQUERIMENTO nado a escolha do Sr. Fanor Cumplido Júnior


Nº 21, DE 1961 para membro do Conselho Nacional de
Economia.
Nos têrmos do art. 211, letra n, do Regimento
Interno, requeiro dispensa de interstício e prévia O SR. PRESIDENTE: – Transformo a sessão
distribuição de avulsos para o Projeto de Lei da em secreta para apreciação da matéria.
Câmara nº 55, de 1960, a fim de que figure na A sessão transforma-se em secreta às 22
Ordem do Dia da sessão seguinte. horas e 6 minutos e volta a ser pública às 22 e 25
Sala das Sessões, em 17 de janeiro de 1961. minutos.
– Fausto Cabral. O SR. PRESIDENTE: – Está reaberta a
sessão pública.
REQUERIMENTO Esgotada a matéria da Ordem do Dia.
Nº 22, DE 1961 Não há oradores inscritos. (Pausa).
Nada mais havendo que tratar, vou
Nos têrmos do art. 211, letra n, do Regimento encerrar a sessão. Designo para a de amanhã a
Interno, requeiro dispensa de interstício e prévia seguinte:
distribuição de avulsos para o Projeto de Lei da
Câmara nº 79, de 1960, a fim de que figure na ORDEM DO DIA
Ordem do Dia da sessão seguinte.
Sala das Sessões, em 17 de janeiro de 1961. 1 – Discussão única do Projeto de Lei da
– Caiado de Castro. Câmara nº 55, de 1960 (nº 1.149, de 1960, na
Câmara) que autoriza a constituição de uma
REQUERIMENTO companhia hidrelétrica no Estado da Paraíba
Nº 23, DE 1961 (incluído em Ordem do Dia em virtude de dispensa
de interstício, concedida na sessão anterior, a
Nos têrmos do art. 211, letra n, do Regimento requerimento do Sr. Senador Fausto Cabral) tendo
Interno, requeiro dispensa de interstício e prévia Pareceres favoráveis, sob ns. 3, 4 e 5 de 1960, das
distribuição de avulsos para o Projeto de Lei da Comissões de Economia, de Transportes,
Câmara nº 75, de 1960, a fim de que figure na Comunicações e Obras Públicas e de Finanças, com
Ordem do Dia da sessão seguinte. Emenda nº 1 (C.F.).
Sala das Sessões, em 17 de janeiro de 1961. 2 – Discussão única do Projeto de Lei da
– Paulo Fender. Câmara nº 75, de 1960 (nº 985-59, na Câmara),
O SR. PRESIDENTE: – As matérias a que se que provê sôbre as dotações orçamentárias
referem os requerimentos ora aprovados serão destinadas à Universidade do Pará (incluído em
incluidas na Ordem do Dia da próxima sessão. Ordem do Dia em virtude de dispensa de interstício,
Finda a matéria do Expediente, passa-se à: concedida na sessão anterior, a requerimento
do Sr. Senador Paulo Fender), tendo Parecer
ORDEM DO DIA favorável, sob nº 8, de 1960, da Comissão de
Finanças.
Discussão única do Parecer da Comissão de 3 – Discussão única do Projeto
Economia sôbre a Mensagem nº 32, de 1961, pela de Lei da Câmara nº 79, de 1960
qual o Sr. Presidente da República submete ao Se- (nº 824, de 1959, na Câmara) que
– 111 –

assegura estabilidade no serviço ativo militar aos voráveis, sob ns. 6 e 7, de 1960 das
taifeiros das Fôrças Armadas e dá outras Comissões de Segurança Nacional e
providências (incluído em Ordem do Dia em virtude de Finanças.
de dispensa de interstício, concedida na sessão Está encerrada a sessão.
anterior a requerimento do Sr. Senador Levanta-se a sessão às 22 horas e 25
Caiado de Castro), tendo Pareceres fa- minutos.
9ª SESSÃO DA 2ª SESSÃO LEGISLATIVA, EXTRAORDINÁRIA, DA 4ª LEGISLATURA, EM 18 DE
JANEIRO DE 1961

PRESIDÊNCIA DO SENHOR FILINTO MÜLLER

Às 14 horas e 30 minutos, acham-se O SR. PRESIDENTE: – A lista de


presentes os Srs. Senadores: presença registra o comparecimento de 41
Mourão Vieira. Srs. Senadores. Havendo número legal,
Cunha Mello. declaro aberta a sessão.
Paulo Fender. Vai ser lida a Ata.
Zacarias de Assumpção. O Sr. Quarto Secretário, servindo
Lobão da Silveira. de 2º, lê a Ata da sessão anterior, que, posta
Victorino Freire. em discussão, é aprovada sem
Sebastião Archer. debates.
Eugênio Barros. O Sr. Arlindo Rodrigues, servindo de
Mendonça Clark. Primeiro Secretário, dá conta do
Joaquim Parente. seguinte:
Fausto Cabral.
Fernandes Távora. EXPEDIENTE
Menezes Pimentel.
Sérgio Marinho. Manifestações de pesar recebidas
Ruy Carneiro. por motivo do falecimento do Senador
Novaes Filho. Otávio Mangabeira.
Rui Palmeira.
Silvestre Péricles. Da Assembléia Legislativa do Estado do
Lourival Fontes. Amazonas;
Jorge Maynard.
Heribaldo Vieira. – Da Associação Comercial do Estado do
Aloysio de Carvalho. Amazonas;
Ary Vianna. – Da Assembléia Legislativa do Estado do
Jefferson de Aguiar.
Arlindo Rodrigues. Pará;
Caiado de Castro. – Da Assembléia Legislativa do Estado do
Gilberto Marinho. Maranhão;
Afonso Arinos.
Benedito Valadares. – Do Presidente do Tribunal de Justiça do
Milton Campos. Piauí;
Moura Andrade. – Do Dr. Chagas Rodrigues, Governador do
Lino de Mattos.
Padre Calazans. Estado do Piauí;
Filinto Müller. – Da Câmara Municipal de Mossoró, RN;
Gaspar Velloso.
– Do Presidente do Rotary Club de Maceió,
Nelson Maculan.
Francisco Gallotti. AL;
Saulo Ramos. – Da Câmara Municipal de Maceió, AL;
Daniel Krieger.
– Da Assembléia Legislativa de Alagoas;
Mem de Sá.
Guido Mondim. – (41). – Do Dr. Dionísio de Araújo
– 113 –

Machado, Governador do Estado de – Da Faculdade de Filosofia, em Salvador, BA;


Sergipe; – Do Presidente do Conselho Rodoviário em
– Da Assembléia Legislativa do Salvador, Sr. Hermildo Guerreiro, BA;
Estado do Espírito Santo; – Do Conselho Regional de Engenharia e
– Da Câmara Municipal de Iúna, ES; Arquitetura, em Salvador, BA;
– Do Sr. Carlos Lindenberg, – Do Sr. Antônio Reis, de Salvador, BA;
Governador do Estado do Espírito – Do Presidente do Tribunal de Contas da
Santo; Bahia, Sr. Raul Batista de Almeida;
– Do Dr. Cândido Marinho, Presidente do – Da Câmara Municipal de Campo Grande,
Diretório Regional da UDN em Vitória, ES; MT;
– Do Secretário do Rotary Club de Propriá, – Da Câmara Municipal de Corumbá, de
SE, Sr. Edgard Lima; Goiás, GO;
– Da Loja Maçônica Caridade e Sigilo de – Da Câmara Municipal de Goiânia, GO;
Alagoinhas, BA; – Do Senador Milton Campos, em Belo
– Do Sr. Geraldo C. P. Pinto, Diretor da Horizonte, MG;
Faculdade de Agronomia da Baleia, em Salvador, – Da Assembléia Legislativa de Minas Gerais;
BA; – Da Câmara Municipal de Belo Horizonte,
– Da Associação dos Funcionários Públicos do MG;
Estado da Bahia; – Da Câmara Municipal de Poços de Caldas,
– Da Câmara Municipal de Riachão do MG;
Jacuípe, BA; – Do Presidente da República, Senhor Dr.
– Da Câmara Municipal do Senhor do Bonfim, Juscelino Kubitschek de Oliveira, em Brasília, DF;
BA; – Do Senador Irineu Bornhausen, em Brasília,
– Do Presidente da Junta de Conciliação e DF;
Julgamento de Cachoeira, Senhor Leônidas – Do Sr. José Rainho, Presidente do Liceu
Fernandes Leão, BA; Literário Português, no Rio de Janeiro, GB;
– Da Câmara de Vereadores de Coaraci, BA; – Do Dr. Ivo d'Aquino, Procurador Geral da
– Da Câmara de Vereadores de Ibicaraí, BA; Justiça Militar, no Rio de Janeiro, GB;
– Da Câmara de Vereadores de Ipiahu, BA; – Do Almirante Edmundo Jordão Amorim do
– Da Câmara de Vereadores de Itapetinga, Valle, Presidente do Clube Naval do Rio de Janeiro,
BA; GB;
– Do Prefeito Municipal de Itambé, BA; – Do Presidente do Conselho Nacional do
– Da Câmara Municipal de Ituberá, BA; Serviço Social Rural, Senhor Iris Meimberg, no Rio
– Da Câmara Municipal de Jequié, BA; de Janeiro, GB;
– Do Prefeito Municipal de Mucugé, BA; – Do Presidente da Associação Brasileira de
– Da Câmara de Vereadores de Paulo Afonso, Imprensa, Sr. Herbert Moses;
BA; – Do Presidente da Academia Brasileira de
– Do Prefeito Municipal de Poções, BA; Letras, Dr. Austregésilo de Athayde,
– Da Câmara Municipal de Poções, BA; no Rio de Janeiro, GB;
– Da Câmara Municipal de Rui Barbosa, BA; – Do General de Exército,
– Do Sindicato dos Feirantes de Salvador, BA; Tristão Alencar Araripe, Presidente
– 114 –

do Superior Tribunal Militar, no Rio de Janeiro, – Da Câmara Municipal de Lorena, SP;


GB; – Da Câmara Municipal de Pindamonhangaba,
– Do Presidente do Sindicato Nacional SP;
dos Aeroviários, Sr. Othon Canedo Lopes, no Rio – Da Câmara Municipal de Piracicaba, SP;
de Janeiro, GB; – Da Câmara Municipal de Pompéia, SP;
– Do Sr. J. Motta Maia, 1º Secretário – Da Câmara Municipal de Santo André, SP;
do Instituto dos Advogados Brasileiros, no Rio – Da Câmara Municipal de S. Bernado do
de Janeiro, GB; Campo, SP;
– Do Presidente da LBA, Sr. Charles – Da Câmara Municipal de Santa Cruz do Rio
Edgar Moritz, no Rio de Janeiro, GB; Pardo, SP;
– Do Diretor da Faculdade Nacional – Da Câmara Municipal de São Caetano do
de Arquitetura, Sr. R. B. de Carvalho Neto, no Rio Sul, SP;
de Janeiro, GB; – Da Câmara Municipal de São Carlos, SP;
– Da Câmara Municipal de Angra dos – Da Câmara Municipal de São José do Rio
Reis, RJ; Pardo, SP;
– Da Câmara Municipal de Barra do Piraí, – Da Câmara Municipal de São Paulo, SP;
RJ; – Do Sr. Manoel Nascimento Velame, de São
– Do Sr. Casimiro Vignoli, presidente Paulo, SP;
do setor municipal CNEG, em Niterói, – Do Presidente da Bôlsa de Mercadorias de
RJ; São Paulo, SP;
– Da Câmara Municipal de Miguel Pereira, RJ; – Do Presidente da UDN, Sr. Ernesto Pereira
– Da Câmara Municipal de Volta Redonda, RJ; Lopes, em São Paulo, SP;
– Do Sr. Roberto da Silveira, Governador do – Do Prefeito de São Paulo, Dr. Adhemar de
Estado do Rio de Janeiro; Barros;
– Do Sr. Nestor Rodrigues Perlingeiro, – Do Sr. Mércio Prudente Corrêa, de São
Presidente do Tribunal Regional Eleitoral do Estado Paulo, SP;
do Rio de Janeiro, RJ; – Do Conselho Diretor do Clube de
– Da Câmara Municipal de Andradina, SP; Seguradores e Banqueiros de São Paulo;
– Da Câmara Municipal de Barretos, SP; – Do Sr. Antônio Luiz Ipólito, Reitor da
– Da Câmara Municipal de Bebedouro, SP; Universidade Mackenzie de São Paulo, SP;
– Da Câmara Municipal de Caconde, SP; – Do Sr. Antônio Devísate, Presidente da
– Da Câmara Municipal de Campinas, SP; Federação das Indústrias de São Paulo, SP;
– Da Associação Agropecuária de Cruzeiro, – Do Cel. Luiz Tenório de Brito, 1º Secretário
SP; do Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo;
– Da Câmara Municipal de Estância de Águas – Do Sr. Luiz Antônio da Gama e Silva, Diretor
da Prata, SP; da Faculdade de Direito de São Paulo;
– Da Câmara Municipal de Estância de – Do Sr. Lauro Luz, Presidente da Associação
Amparo, SP; Interamericana de Imprensa de São Paulo, SP;
– Da Câmara Municipal de Estância de – Da Câmara Municipal de Santos, SP;
Socorro, SP; – Do Sr. Sílvio Fernandes Lopes, Prefeito
– Da Câmara Municipal de Jundiaí, SP; Municipal de Santos, SP;
– 115 –

– Do Sr. Adolfo Machado, Presidente da nos postos que tem exercido e ocupa, com
Associação Comercial de Curitiba, PR; zêlo, eficiência e espírito
– Do Sr. Joaquim Rondon, de Curitiba, PR; público.
– Da Câmara Municipal de Jandaia do Sul, Além do seu operoso comportamento
PR; no campo das atividades econômicas, é dirigente
– Da Assembléia Legislativa de Santa de várias emprêsas, como também integrante
Catarina, SC; de diversas entidades de caráter social.
– Do Sr. Brasílio Celestino, de Joaçaba, SC; Trata-se assim de nome eminente e que por
– Da Câmara de Vereadores de Caxias do Sul, todos os títulos está credenciado para
RS; o desempenho daquelas elevadas
– Da Assembléia Legislativa do Estado do Rio atribuições.
Grande do Sul; O Dr. Vicente de Paulo Galliez, é
– Da Câmara Municipal de São Borja, RS; conceituado advogado no Rio de Janeiro, além
– Do Prefeito Municipal de Santa Maria, RS; de ter o seu nome ligado a diversas
– Da Câmara Municipal de Tapes, RS; outras atividades, como segurador,
– Da Câmara Municipal de Uruguaiana, RS. industrial, comerciante, e minerador. Êsse
ilustre fluminense nasceu em Petrópolis, a 6 de
Mensagens março de 1903, bacharelando-se em Ciências
Jurídicas e Sociais, pela Faculdade de Direito da
Do Sr. Presidente da República ns. 35, 36, 37 Universidade do Rio de Janeiro, e, em 1934 foi para
e 38 do corrente ano, acusando o recebimento das a Câmara dos Deputados, nessa Casa
de números SP-105, SP-106, Nº 199 e CN-63, de permanecendo até 1937. Em diversas oportunidades
1960. teve ensejo de representar o Brasil no exterior seja
como Delegado à Conferência Inter-Americana de
MENSAGEM Trabalho, de Santiago do Chile, seja por mais de
Nº 39, DE 1961 uma vez, como Delegado à Conferência
Internacional do Trabalho em Genebra. E, ainda
(Número de ordem na Presidência da República: 31) participou tanto da Conferência das Nações Unidas
em 1945, em São Francisco, como da IV
Excelentíssimo Senhor Presidente do Senado Conferência Hemisférica de Seguros, em 1952, em
Federal. Nova York.
Tenho a honra de submeter à aprovação do Justifica-se, sem dúvida, a resolução do
Senado Federal, na conformidade do § 1º do art. 205 Govêrno, ao indicar o nome do Dr. Vicente de Paulo
da Constituição da República, a escolha do Dr. Galliez para o Conselho Nacional de Economia. É
Vicente de Paulo Galliez, para membro do Conselho que o indicado, além de possuir os requisitos
Nacional de Economia. constitucionais exigidos para o fim, irá levar para
Sua indicação para integrar aquêle ilustrado êsse ilustrado colégio os seus conhecimentos e a
Conselheiro corresponde inteiramente às normas sua experiência, que tanto o credenciam para o
legais que regem a composição do aludido órgão, desempenho dessa alta função.
não só pela sua competência nos Brasília, 16 de janeiro de 1961. – Juscelino
setores das ciências políticas, econômicas Kubitschek de Oliveira.
e sociais, como pela sua destacada atuação À Comissão de Economia.
– 116 –

Aviso do Senado Federal, pelo Senhor Senador


Gilberto Marinho, no qual solicita informação
Do Sr. Ministro da Fazenda, do seguinte teor: sôbre a Renda Ordinária arrecadada em
1959, proveniente de fôro, taxa de
MINISTÉRIO DA FAZENDA ocupação e laudêmio sôbre terrenos de marinha
e seus acrescidos de acôrdo com a
Aviso nº BR-1 Contadoria Geral da
Rio de Janeiro, 12 de janeiro de 1961. República.
Sr. Primeiro Secretário. 2º Cumpre-me salientar que esta Divisão
Reporto-me ao Ofício nº 565, de 25 de à vista dos Balanços Gerais da União, só
novembro último, relativo ao Requerimento nº 483, poderá esclarecer quanto ao item 1º do
de 1960, em que o Sr. Senador Gilberto Marinho requerimento de fls. 2.
solicita informações sôbre a renda ordinária 3º Atendendo à solicitação constante
proveniente de fôro, taxa de ocupação e laudêmio do item 1º de fls. 2, tenho a esclarecer que,
sôbre terrenos de marinha e acrescidos bem como segundo dados comprobatórios dos Balanços
sôbre a concessão de aforamentos no decorrer de Gerais da União de 1959 a receita arrecadada,
1959. nas rubricas discriminadas, assim se
Em resposta, tenho a honra de transmitir a V. apresentou naquele exercício:
Exa. a inclusa cópia dos esclarecimentos prestados
pela Contadoria Geral da República e pelo Serviço Cr$
do Patrimônio da União, quanto aos itens 1º 2º e 4º, Foros............................................... 6.882.764,70
devendo a resposta às indagações formuladas no Laudêmios....................................... 56.192.674,70
item 3º ser enviada a essa Casa do Congresso tão Taxa de ocupações de imóveis....... 19.100.000,00
logo cheguem a êste Ministério os elementos a tal
respeito solicitados às repartições competentes nos 4. Face ao exposto, sugiro o
Estados. encaminhamento do presente processo ao
Aproveito a oportunidade para renovar a V. Patrimônio da União, para que se digne esclarecer
Exa. os protestos da minha alta estima e distinta quanto aos itens 2-4.
consideração. – Paes de Almeida. À consideração da Chefia.
C.G.R. – D.C. – S.O.C. 6 de novembro de
Cópias 1960. – Ivone do Nascimento França, Guarda-livros
"E".
Processo nº 329.860-60.D.C. nº 1.528-60 De acôrdo.
À consideração do Sr. Contador Adjunto.
Assunto: Senado Federal – Solicita informação Em 14-12-60. – Gustavo Jorge de Souza A.
sôbre a Renda Ordinária arrecadada em 1959 Chaves, Chefe da Seção.
proveniente de fôro, taxa de ocupação e laudêmio De acôrdo.
sôbre terrenos de marinha e seus acrescidos. Com os esclarecimentos prestados
Pelo Ofício nº 565, de 25 de novembro de na informação, opino pelo retôrno dêste processo
1960, o 1º Secretário do Senado Federal, ao Gabinete do Senhor Ministro da Fazenda, para
encaminha o Requerimento de nº 483 de o fim indicado no item 4, da mesma informação.
25-11-1960 ao Senhor Ministro da À consideração do Senhor Contador Geral.
Fazenda, apresentado na sessão de 21-11-60 C.G.R. 15-12-1960 – Laura de
– 117 –

Oliveira Vieira, Substituto do Contador Adjunto. 5. O total acima mencionado não


De acôrdo. Restituo ao Gabinete do Ministro corresponde à realidade, podendo ser superior, pela
da Fazenda. falta de regularidade de remessa das fôlhas ou
Contadoria Geral da República, 16 de inferior, uma vez que vários registros são cancelados
dezembro de 1960. – Hamilton Beltrão Pontes, por motivos diversos, tais como: transferência,
Contador Geral. cancelamento, transformação de ocupantes em
Atendendo aos itens 2º e 4º do Requerimento foreiros etc.
nº 483, encaminhado, por cópia, com o Ofício nº 186, 6. Para atender com precisão ao que consigna
de 25-11-60, ao Exmo. Sr. Ministro da Fazenda, esta o item 3º do requerimento de fls. 2, sugiro um
Seção informa que, de acôrdo com os elementos expediente telegráfico urgente às diversas
fornecidos pelas Delegacias do S.P.U., foram Repartições do S.P.U., nos Estados, excetuadas as
concedidos 230 (duzentos e trinta) aforamentos de localizadas nos Estados do Amazonas, Goiás, Mato
terrenos e inscritas 846 (oitocentos e quarenta e Grosso e Minas Gerais, (a da Guanabara poderá ser
seis) ocupações. solicitada verbalmente).
Quanto ao montante da arrecadação de taxas À consideração do Sr. Chefe. – S.C.D.E. 26-
de ocupação (renda ordinária), conforme o Relatório 12.60. – Benony Silva, Of. Ad. "J" QP.
do S.P.U., referente ao exercício de 1959, atingiu a De acôrdo.
Cruzeiros 19.906.380,20 (dezenove milhões, À consideração do Sr. Diretor da Divisão.
novecentos e seis mil, trezentos e oitenta cruzeiros e Serviço do Patrimônio da União – Divisão de
vinte centavos). Contrôle Econômico. – Jair Vieira de Rezende,
Quanto ao item 3º do citado expediente, Chefe.
proponho o encaminhamento do processo à S.C. De acôrdo.
D.R.-S.P.U. 26-12-1960. – Unah Tavares de À consideração do Sr. Diretor do S.P.U., com
Oliveira, Chefe. a minuta de telegrama circular recomendando às
Encaminha-se à S.C. delegacias as providências necessárias.
Serviço do Patrimônio da União – Divisão de Serviço do Patrimônio da União – Divisão de
Contrôle Econômico. – 26-12-1960. – Djalma Dutra Contrôle Econômico. – 27.12-1980. – Djalma Dutra
Ururahy, Diretor. Ururahy, Diretor.
De acôrdo com a Circular nº 10, de 6-4-1939, Com os dados fornecidos pela Contadoria
são organizadas fôlhas individuais para cada foreiro Geral da República a fls. 4 e pela Divisão de
ou ocupante, remetidas a esta Divisão pelas Contrôle Econômico a fls. 6-7 pode ser fàcilmente
respectivas Repartições nos Estados. redigida a resposta do pedido de informações
2. Essas fôlhas passam a constituir livros de contido no Requerimento nº 483, de 1960 do nobre
200 páginas cada um, para os diferentes Estados. Senador Gilberto Marinho, itens 1º 2º e 4º.
3. Existem, atualmente nesta Seção 313 livros Quanto à indagação contida no item
e que correspondem ao total de 62.600 foreiros e 3º ao requerimento em aprêço fácil será atendê-la
ocupantes. também, uma vez recebida a resposta do expediente
4. É necessário ressaltar, que o serviço de telegráfico proposto a fls. 7, o qual autorizo.
organização de fôlhas individuais e inscrições não Expedido pela D.E. o
vem sendo feito com regularidade por motivos telegrama-circular aludido no parágrafo
diversos (pessoal, material e outros). anterior, restitua-se com urgência,
– 118 –

êste processo ao Gabinete do Ministro da DICAM-652-60


Fazenda no Rio de Janeiro (Dr. Boanerges
Ribeiro). Sr. Chefe do Gabinete.
Serviço de Patrimônio da União. – Reportamo-nos ao nosso Ofício DICAM-838-
Rio de Janeiro 27-12-1960. – Romero Estellita, 60, de 14 do corrente, com referência ao
Diretor. Requerimento nº 456-60, do Excelentíssimo Senhor
À T.A. para expedir telegrama. Senador Nelson Maculan.
Serviço do Patrimônio da União. – Damos a seguir as respostas aos quesitos
Divisão de Contrôle Econômico – 27-12-60. – formulados no supracitado Requerimento:
Djalma Dutra Ururahy, Diretor. 1º quesito – Qual o saldo das sobretaxas
Expediente nesta data – S.P.U. – 27-12-60 – cobradas até 31-12-56 de acôrdo com a Lei nº 2.145,
Plauto Ribeiro do Val. especificando-se:
Dê-se conhecimento ao requerente. a) Total dos dólares licitados nas diferentes
– BR-2, encaminhando relatório do categorias instituídas pela Instrução 70 da SUMOC e
Banco de Crédito da Amazônia S.A., referente pela Lei 2.145, de 29-12-53;
ao exercício de 1959, bem como o balanço b) Valor em cruzeiros dos dólares licitados
e o quadro demonstrativo das referentes ao item a;
importações brasileiras de borracha de 1958 c) Valor correspondente em cruzeiros aos 20%
ao 1º semestre de 1960, em atendimento ao a que se refere a letra a do art. 1º do Decreto 41.651,
Requerimento nº 465, de 1960, do Sr. Senador João de 4 de junho de 1957.
Villasbôas; RESPOSTA: Em 31-12-56 o saldo das
S.C. 313.880-60 sobretaxas cobradas de acôrdo com a Lei nº 2.145,
Em 16 de janeiro de 1961 era de Cr$ 13.388.014.915,10 (treze bilhões,
trezentos e oitenta e oito milhões, quatorze mil,
Aviso nº BR-3 novecentos e quinze cruzeiros e dez centavos).
a) Até 31-12-56 foram licitadas nas diferentes
Sr. Primeiro Secretário: categorias divisas equivalentes a US$ 2.680.767.000
Em aditamento ao meu aviso número 259, de (dois bilhões, seiscentos e oitenta milhões,
23 de novembro último, tenho a honra de transmitir a setecentos e sessenta e sete mil dólares);
Vossa Excelência cópia das informações prestadas b) as divisas mencionadas na alínea a acima
pela Carteira de Câmbio do Banco do Brasil a foram arrematadas por Cr$ 108.784.382.000,00
respeito do Requerimento nº 456, de 1960, do Sr. (cento e oito bilhões, setecentos e oitenta e quatro
Senador Nelson Maculan, sôbre operações milhões, trezentos e oitenta e dois mil cruzeiros);
realizadas em face do Decreto número 41.651, de 4 c) Cr$ 2.677.602.983,00 (dois bilhões,
de junho de 1957. seiscentos e setenta e sete milhões, seiscentos e
Quanto ao item 2º do aludido requerimento dois mil novecentos e oitenta e três cruzeiros),
esclareço que foram tomadas providências junto à correspondentes a 20% sôbre Cr$
Comissão Executiva de Assistência à Cafeicultura, 13.388.014.915,10.
no sentido de serem fornecidos os dados 2º quesito – Qual a importância
necessários, para oportuno encaminhamento a essa total em cruzeiros apurada na venda
Casa do Congresso. dos cafés adquiridos pela remissão de financiamento
Rio de Janeiro, 18 de dezembro de 1960. da produção a que faz referência a letra
– 119 –

b, do art. 1º do Decreto nº 41.651, de 4-6-57; 7º quesito – Qual o saldo à disposição da


RESPOSTA: Não dispomos de CEAC nesta data.
elementos para a resposta. Julgamos que sòmente RESPOSTA: Em 7/11/60 havia um saldo à
a própria Comissão Executiva de Assistência disposição da Comissão Executiva de Assistência à
à Cafeicultura estará em condições de prestar Cafeicultura de Cr$ 539.468.678,80 (quinhentos e
as informações pedidas. trinta e nove milhões, quatrocentos e sessenta e oito
3º quesito – Qual a importância entregue mil, seiscentos e setenta e oito cruzeiros e oitenta
até esta data à CEAC referente à letra c do art. 1º centavos), aí incluídos os remanescentes dos juros
do Decreto 41.651 de 4-6-57; do 1º semestre do corrente ano (Cr$ 790.145,80) e
RESPOSTA: Cr$ 61.222.546,30 (sessenta recolhimentos feitos por terceiros, de acôrdo com a
e um milhões, duzentos e vinte e dois mil, alínea b do artigo 1º do Decreto 41.651 e por ordem
quinhentos e quarenta e seis cruzeiros e da Comissão de Financiamento da Produção, no
trinta centavos), correspondentes ao exercício total de Cr$ 5.484.478,50.
de 1957 nada havendo com relação aos Devolvendo-lhe, em anexo, o processo SC
exercícios de 1958 e 1959, já que o movimento 313.880 referente ao requerimento ora respondido,
da conta "Fundo de Modernização e Recuperação aproveitamos, ainda, o ensejo para reiterar a Vossa
da Lavoura Nacional" apresentou no período Senhoria os protestos de nossa elevada estima e
saldos desfavoráveis. consideração.
4º quesito – No caso de ainda não Rio de Janeiro, 18 de dezembro de 1960.
terem sido postas à disposição da CEAC
as importâncias totais a que fazem DICAM-652-60
referência as letras a, b e c do Decreto 41.651,
informar o saldo credor em favor daquela Senhor Chefe do Gabinete.
Comissão. Reportamo-nos ao nosso Ofício DICAM-638-
RESPOSTA: Prejudicada. 60, de 14 do corrente, com referência ao
5º quesito – Qual a importância dos juros Requerimento número 456-60, do Excelentíssimo
creditados em favor da CEAC pelos depósitos a que Senhor Senador Nelson Macular.
se refere o Decreto 41.651; Damos a seguir as respostas aos quesitos
RESPOSTA: Cr$ 122.326.830,00 (cento e formulados no supracitado requerimento.
vinte e dois milhões trezentos e vinte e seis mil, 1º quesito – Qual o saldo das sobretaxas
oitocentos e trinta cruzeiros). cobradas até 31-12.56 de acôrdo com a Lei nº 2.145,
6º quesito – Qual a importância total já especificando-se:
utilizada e respectiva destinação pela CEAC a) Total dos dólares licitados nas diferentes
(Decreto 41.651) Art. 2º, letras a, b e c. categorias instituídas pela Instrução 70 da SUMOC e
RESPOSTA: Até 7/11160, foram, por conta pela Lei 2.145 de 29-12-53;
dos recursos de que trata o Decreto 41.651, feitos b) Valor em cruzeiros dos dólares licitados
pagamentos, sempre em atendimento às instruções referentes ao item a;
da CEAC, num total de Cr$ 2.327.168.159,00 (dois c) Valor correspondente em cruzeiros
bilhões, trezentos e vinte e sete milhões, cento e aos 20% a que se refere a letra a do
sessenta e oito mil, cento e cinqüenta e nove artigo 1º do Decreto 41.651 de 4-6-57.
cruzeiros). Desconhecemos a sua destinação dada RESPOSTA: Em 31-12-56
pela referida Comissão. o saldo das sobretaxas cobradas de
– 120 –

acôrdo com a Lei nº 2.145, era de Cr$ da CEAC as importâncias totais a que
13.388.014.915,10 (treze bilhões, trezentos e oitenta fazem referência as letras a, b e c do Decreto
e oito milhões, quatorze mil, novecentos e quinze 41.651, informar o saldo credor em favor
cruzeiros e dez centavos). daquela Comissão;
a) Até 31-12-56 foram licitadas nas diferentes RESPOSTA: Prejudicada.
categorias divisas equivalentes a US$ 2.680.767.000 5º quesito – Qual a importância dos juros
(dois bilhões, seiscentos e oitenta milhões, creditados em favor da CEAC pelos depósitos a que
setecentos e sessenta e sete mil dólares); se refere o Decreto 41.651;
b) as divisas mencionadas na alínea a acima, RESPOSTA: Cr$ 122.326.830,00 (cento e
foram arrematadas por Cr$ 108.784.382.000,00 vinte e dois milhões, trezentos e vinte e seis mil,
(cento e oito bilhões, setecentos e oitenta e quatro oitocentos e trinta cruzeiros).
milhões, trezentos e oitenta e dois mil cruzeiros); 6º quesito – Qual a importância total já
c) Cr$ 2.677.602.983,00 (dois bilhões, utilizada e respectiva destinação pela CEAC
seiscentos e setenta e sete milhões, seiscentos e (Decreto 41.651) Art. 2º, letras a, b e c);
dois mil, novecentos e oitenta e três cruzeiros), RESPOSTA: Até 7-11-60, foram, por conta
correspondentes a 20% sôbre Cr$ dos recursos de que trata o Decreto 41.651, feitos
13.388.014.915,10. pagamentos, sempre em atendimento às instruções
2º quesito – Qual a importância total em da CEAC, num total de Cr$ 2.327.168.159,00 (dois
cruzeiros apurada na venda dos cafés adquiridos bilhões, trezentos e vinte e sete milhões, cento e
pela remissão de financiamento da produção a que sessenta e oito mil, cento e cinqüenta e nove
faz referência a letra b do artigo 1º do Decreto cruzeiros). Desconhecemos a sua destinação dada
41.651 de 4-6-57; pela referida Comissão.
RESPOSTA: Não dispomos de elementos 7º quesito – Qual o saldo à disposição da
para a resposta. Julgamos que sòmente a própria CEAC nesta data;
Comissão Executiva de Assistência à Cafeicultura RESPOSTA: Em 7-11-60 havia um saldo à
estará em condições de prestar as informações disposição da Comissão Executiva de Assistência à
pedidas. Cafeicultura de Cr$ 539.468.678,80 (quinhentos e
3º quesito – Qual a importância entregue até trinta e nove milhões, quatrocentos e sessenta e oito
está data à CEAC referente à letra c do artigo 1º do mil, seiscentos e setenta e oito cruzeiros e oitenta
Decreto 41.651, de 4-6-57; centavos), aí incluídos os remanescentes dos juros
RESPOSTA: Cr$ 61.222.546,30 (sessenta e do 1º semestre do corrente ano (Cr$ 790.145,80) e
um milhões, duzentos e vinte e dois mil, quinhentos e recolhimentos feitos por terceiros, de acôrdo com a
quarenta e seis cruzeiros e trinta centavos), alínea b do artigo 1º do Decreto 41.651 por ordem da
correspondentes ao exercício de 1957, nada Comissão de Financiamento da Produção, no total
havendo com relação aos exercícios de 1958 e 1959, de Cr$ 5.484.478,50.
já que o movimento da conta "Fundo de Devolvendo-lhe em anexo, o Processo SC
(Modernização e Recuperação da Lavoura Nacional" 313.880 referente ao Requerimento ora respondido,
apresentou no período saldos desfavoráveis. aproveitamos, ainda, o ensejo para reiterar a Vossa
4º quesito – No caso de ainda Senhoria os protestos de nossa elevada estima e
não terem sido postas à disposição consideração.
– 121 –

Banco do Brasil S.A. – Carteira de Câmbio – ANEXO AO PARECER


Paulo Poock Corrêa, Diretor. Nº 9, DE 1961
– Do Sr. Ministro da Viação e Obras Públicas,
nº B-419-GM, do ano findo, como segue: Redação Final do Projeto de Lei do Senado nº
10, de 1960, que autoriza o Poder Executivo a emitir
MINISTÉRIO DA VIAÇÃO E OBRAS PUBLICAS uma série de selos postais comemorativos do
sesquicentenário da Carta de Lei de 4 de dezembro
Av. nº B-419-GM. de 1810.

Em 28 de dezembro de 1960. O Congresso Nacional decreta:


Senhor Secretário: Art. 1º É o Poder Executivo autorizado a emitir
Acuso o recebimento de Ofício nº 476, de 31 pelo Ministério da Viação e Obras Públicas –
de agôsto dêste ano, em que V. Exa. transmite, por departamento dos Correios e Telégrafos – uma série
cópia, o Requerimento nº 435, de 1960, de autoria de selos postais comemorativos do sesquicentenário
do Senhor Senador Gilberto Marinho, solicitando da Carta de Lei de 4 de dezembro de 1810.
informações sôbre o cumprimento do disposto no Art. 2º Os selos de que trata esta lei conterão
artigo 1º da Lei nº 3.439, de 1958, por parte da as efígies de Dom João VI e do Conde de Linhares e
Estrada-de-Ferro Central do Brasil. terão o valor unitário de Cr$ 2,50 (dois cruzeiros e
2. Em solução, cabe-me informar a V. Exa. cinqüenta centavos).
que aquela Estrada-de-Ferro vem observando Art. 3º A série de selos será de 2.000.000
integralmente o disposto no artigo 1º da Lei nº 3.439, (dois milhões) de unidades e deverá ser lançada em
de 21 de agôsto de 1958, que considera estáveis, circulação na data comemorativa da efeméride.
independentemente do que prescreve o item II do Art. 4º Esta lei entrará em vigor na data de sua
artigo 82 da Lei nº 1.711, de 1952, os servidores da publicação, revogadas as disposições em contrário.
União que tomaram parte ativa em operações de
guerra no último conflito mundial. PARECER
Aproveito a oportunidade para renovar Nº 10, DE 1961
a V. Exa. meus protestos de elevada
estima e distinta consideração. – Ernani do Amaral Redação Final do Substitutivo ao Projeto de
Peixoto. Decreto Legislativo nº 2, de 1957.

PARECER Relator: Sr. Menezes Pimentel.


Nº 9, DE 1961 A Comissão apresenta a Redação Final (fl.
anexa) do Projeto de Decreto Legislativo nº 2, de
Redação Final do Projeto de Lei do Senado nº 1957.
10, de 1960. Sala das Comissões, em 12 de janeiro de
1961.
Relator: Sr. Menezes Pimentel.
A Comissão apresenta a Redação Final (fl. ANEXO AO PARECER
anexa) do Projeto de Lei do Senado nº 10, de 1960, Nº 10, DE 1961
originário do Senado Federal.
Sala das Comissões, em 12 de janeiro de Redação Final do Substitutivo do
1961. Senado ao Projeto de De-
– 122 –

creto Legislativo nº 2, de 1957, que determina o a) Faculdade de Direito de Alagoas (Lei nº


registro do contrato celebrado entre o Ministério da 1.014, de 24 de dezembro de 1949);
Agricultura e Antônio Reis Lima e sua mulher b) Faculdade de Medicina de Alagoas (Decreto
Francisca Benevides dos Reis. nº 34.394, de 27 de outubro de 1953);
c) Escola de Engenharia de Alagoas (Decreto
Substitua-se o projeto pelo seguinte: nº 47.371, de 5 de dezembro de 1959);
Mantém a decisão do Tribunal de Contas que d) Faculdade de Odontologia de Alagoas
negou registro ao contrato celebrado, em 23 de (Decreto nº 41.352, de 22 de abril de 1957);
novembro de 1954, entre o Ministério da Agricultura e) Faculdade de Ciências Econômicas de
e o Sr. Antônio Reis Lima e sua mulher, para
Alagoas (Decreto nº 42.928, de 30 de dezembro de
execução de obras de irrigação em cooperação.
1957); e
O Congresso Nacional decreta:
f) Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras.
Art. 1º É mantida a decisão do Tribunal de
Contas que negou registro ao contrato celebrado, em § 1º As Faculdades e Escola, mencionadas
23 de novembro de 1954, entre o Ministério da neste artigo passam a denominar-se: Faculdade de
Agricultura e o Sr. Antônio Reis Lima e sua mulher, Direito, Faculdade de Medicina, Escola de
para execução de obras de irrigação em cooperação. Engenharia, Faculdade de Odontologia, Faculdade
Art. 2º Revogam-se as disposições em de Ciências Econômicas e Faculdade de Filosofia,
contrário. Ciências e Letras da Universidade de Alagoas.
§ 2º A Faculdade constante do item d será
PROJETO DE LEI DA CÂMARA organizada com a fusão da congênere existente,
Nº 8, DE 1961 criada pelo Decreto nº 41.250, de 17 de abril de
1957.
(Nº 2.391-B, na Câmara dos Deputados) § 3º A agregação de outro curso, ou de outro
estabelecimento de ensino, depende de parecer
Cria a Universidade de Alagoas e dá outras favorável do Conselho Universitário e de deliberação
providências. do Govêrno, e assim a desagregação.
Art. 3º O patrimônio da Universidade de
O Congresso Nacional decreta: Alagoas será formado pelos:
Art. 1º É criada a Universidade de Alagoas a) bens móveis, imóveis e instalações ora
(U.AL.), com sede em Maceió, Capital do Estado de
utilizados pelos estabelecimentos mencionados no
Alagoas, e integrada no Ministério da Educação e
artigo anterior e que lhe serão transferidos nos
Cultura – Diretoria do Ensino Superior, incluída na
categoria constante do item I, art. 3º, da Lei número têrmos desta lei;
1.254, de 4 de dezembro de 1950. b) bens e direitos que adquirir ou que lhe
Parágrafo único. A Universidade de Alagoas sejam transferidos na forma da lei;
terá personalidade jurídica e gozará de autonomia c) legado e doações legalmente aceitos;
didática, financeira, administrativa e disciplinar, na d) saldos da receita própria e dos recursos
forma da lei. orçamentários, ou outros que lhe forem destinados.
Art. 2º A Universidade de Alagoas compor-se- Parágrafo único. – A aplicação
á dos seguintes estabelecimentos de ensino: dos saldos referidos na alínea d dês-
– 123 –

te artigo depende de deliberação do Conselho 2º, não admitidos em caráter efetivo na forma da
Universitário e sòmente poderá sê-lo em bens legislação federal, poderão ser aproveitados como
patrimoniais ou em equipamentos, instalações e interinos.
pesquisas, vedada qualquer alienação sem expressa § 2º Para cumprimento do disposto neste
autorização do Presidente da República. artigo, a administração das Faculdades e Escola
Art. 4º – Os recursos para manutenção e apresentarão à Diretoria do Ensino Superior a
desenvolvimento dos serviços provirão das dotações relação acompanhada de currículo, de seus
orçamentárias que lhes forem atribuídas pela União; professôres e servidores, especificando na forma de
das rendas patrimoniais; das receitas de taxas investidura, a natureza do serviço que
escolares; de retribuição de atividades remuneradas desempenham, a data de admissão e a
de laboratórios; de doações, auxílios subvenções e remuneração.
eventuais. § 3º Serão expedidos pelas autoridades
Parágrafo único – A receita e a despesa da competentes os títulos de nomeação decorrentes do
Universidade constarão de seu orçamento; e a aproveitamento determinado nesta lei, depois e a
comprovação dos gastos se fará nos têrmos da contar da data da última das escrituras públicas
Legislação vigente, obrigados todos os depósitos em referidas no art.5º.
espécie no Banco do Brasil S.A., cabendo ao Reitor Art. 7º Para execução do que determina o art.
a movimentação das contas. 1º desta lei, é criado, no Quadro Permanente do
Art. 5º Independentemente de qualquer Ministério da Educação e Cultura – Diretoria do
indenização, são incorporados ao patrimônio da Ensino Superior, um cargo de Reitor, padrão 2-C,
União, mediante escritura pública todos os bens uma função gratificada de Secretário, 3-F, e uma de
móveis e imóveis e direitos ora na posse ou Chefe de Portaria, 15-F para a Reitoria e seis
utilizados pelas Faculdades e Escola referidas no funções gratificadas de Diretor, 5-C, seis de
artigo 2º. Secretário, 3-F e seis de Chefe de Portaria 20-F,
§ 1º Para a transferência dos bens para as Faculdades e Escola componentes da
mencionados neste artigo, é assegurado o prazo de Universidade.
128 (cento e vinte) dias. Art. 8º Para a execução do disposto no art. 2º
§ 2º Será havido como agregado o são criados no Quadro Permanente do Ministério da
estabelecimento que não cumprir o disposto no Educação e Cultura, os seguintes cargos de
parágrafo único anterior, findo o prazo no mesmo Professor Catedrático: trinta e dois (32), para a
indicado. Faculdade de Medicina (FM-UAlDESu); vinte e três
Art. 6º É assegurado o aproveitamento do (23), para a Escola de Engenharia (EE-UAl-DESu);
pessoal administrativo e auxiliar técnico dos treze (13), para a Faculdade de Odontologia
estabelecimentos referidos no art. 2º, em quadro (FO-UAI-DESu); vinte e dois (22), para a
extraordinário, a ser aprovado pelo Poder Executivo, Faculdade de Filosofia (FF-UAl-DESu); vinte e três
não podendo os respectivos vencimentos exceder (23), para a Faculdade de Ciências Econômicas (FE-
aos das atividades correspondentes no serviço UAl-DESu).
público federal. Parágrafo único. Os cargos de Professor
§ 1º Os professôres das Faculdades Catedrático na Faculdade de Medicina da
e Escola, referidos no art. Universidade de Alagoas, objeto desta lei, serão pro-
– 124 –

gressivamente reduzidos a 18 (dezoito), à medida Não há oradores inscritos. (Pausa).


que se forem vagando, por extinção das respectivas Não há mais Expediente, nem oradores
cátedras, na forma a ser prevista no Regimento da inscritos.
Faculdade, o qual deverá ser aprovado dentro de 60 O SR. MEM DE SÁ: – Peço a palavra, Sr.
(sessenta) dias após a instalação da Universidade. Presidente.
Art. 9º Para cumprimento das disposições O SR. PRESIDENTE: – Tem a palavra o nobre
desta lei, é autorizada a abertura, pelo Ministério da Senador Mem de Sá.
Educação e Cultura – Diretoria do Ensino Superior – O SR. MEM DE SÁ (*): – Sr. Presidente e Srs.
para a Universidade de Alagoas, de crédito especial Senadores, pretendo apresentar à Mesa do Senado
de Cr$ 91.436.000,00 (noventa e um milhões, um requerimento de informações ao Instituto
quatrocentos e trinta e seis mil cruzeiros), sendo Cr$ Brasileiro de Geografia e Estatística versando
58.084.000,00 (cinqüenta e oito milhões e oitenta e matéria já por mim tratada em outras oportunidades.
quatro mil cruzeiros) para pessoal permanente: Cr$ Tive ensejo, efetivamente, Sr. Presidente, de
19.968.000,00 (dezenove milhões, novecentos e criticar desta tribuna, a orientação adotada pelo
sessenta e oito mil cruzeiros) para pessoal Instituto, de comprar um computador eletrônico de
administrativo do Quadro Extraordinário: Cr$ grande porte, para apuração do recenseamento de
3.384.000,00 (três milhões, trezentos e oitenta e 1960.
quatro mil cruzeiros) para Funções Gratificadas e Mostrei, naquela ocasião, que o parecer dos
Cr$ 10.000.000,00 (dez milhões de cruzeiros) para próprios técnicos era no sentido de que não se
Material. comprasse um computador, sobretudo de grande
Art. 10. O Estatuto da Universidade de porte, porque as condições técnicas do Brasil
Alagoas, que obedecerá à orientação dos das aconselhavam antes, o simples aluguel ou
Universidades Federais será expedido pelo Poder arrendamento de um computador do tipo médio.
Executivo, dentro em 120 (cento e vinte) dias da data O computador de grande porte, entretanto, foi
da publicação desta lei. adquirido, sem concorrência de espécie alguma, pela
Art. 11. Esta lei entrará em vigor na data de importância de dois milhões e quinhentos mil
sua publicação, ficando revogadas as disposições dólares. Os técnicos aconselhavam que, em vez, de
em contrário. compra, se fizesse a locação porque a compra de
O SR. PRESIDENTE: – Está finda a leitura do um aparelho dêsses corresponde, mais ou menos, a
Expediente. sessenta prestações mensais, isto é, ao aluguel de
Terminou na sessão anterior o prazo sessenta meses, ou cinco anos, e uma apuração
estabelecido no artigo 407 parágrafo 1º, do censitária, como fazemos nesse tipo de máquina não
Regimento Interno, para a apresentação perante a leva mais de vinte meses. Quer dizer: alugado sairia
Mesa de emendas ao Projeto de Resolução número pelo têrço do preço da compra, sendo de notar que,
1, de 1961, lido e apoiado na sessão de 16 do mês feita a compra, ainda é preciso acrescer as despe-
em curso. Nenhuma alteração foi proposta ao texto
do projeto que, nessas condições vai às Comissões __________________
de Constituição e Justiça e Diretora. (*) – Não foi revisto pelo orador.
– 125 –

sas de manutenção dessa máquina, que são muito fotoleitura, que são unidades de entrada, por vinte e
elevadas; e mais: com o progresso em ritmo cada dois milhões de cruzeiros. Mas terá de comprar,
vez mais acelerado da técnica, êsses aparelhos são agora, duas máquinas para conversão dos cartões
atingidos muito ràpidamente pelo que se chama em fitas magnéticas, e estas custarão quatrocentos
obsolência tecnológica, isto é, dentro de bem poucos mil dólares; terá que comprar pela menos uma
anos, novas conquistas, novas descobertas tornarão tabuladora, por duzentos e setenta mil dólares; terá
atrasado ou superado o processo que, hoje, que comprar um "chassis" e peças sobressalentes
constitui, sem dúvida, a última palavra. para o computador, o que andará por trezentos mil
Comprado êsse aparelho, ao fazermos o dólares.
recenseamento de 1970, que será o próximo, Sr. Presidente, tudo se ignora a êsse respeito, e
evidentemente estará obsoleto. é para colhêr dados que formularei êsse requerimento
Essas as razões da crítica à compra. Ela de informações. Não se sabe também em que situação
entretanto, foi feita por dois milhões e quinhentos mil se encontra realmente, o recenseamento geral do
dólares. Ao que se diz, já está montado e ao que se Brasil. Mesmo a respeito do censo demográfico ignora-
informa, nas despesas de adaptação e instalação se se tôda a coleta já foi realizada.
foram consumidos cêrca de cinqüenta a sessenta Ao que me dizem, há ruas inteiras no Rio de
milhões de cruzeiros. Janeiro, que não foram recenseados, mesmo do
Não é só. O computador é uma máquina ou de ponto de vista demográfico.
calcular ou de registrar e oferece com rapidez que só Conheço pessoas e famílias que até hoje não
a eletrônica permite, os resultados de qualquer foram visitadas no Rio de Janeiro, pelos
operação, mas só funciona à base de um conjunto recenseadores, e o recenseamento deveria ter sido
de outras máquinas que se chamam "equipamento feito em setembro de 1960. Todo o recenseamento
periférico". São as unidades de entrada, isto é, de 1950 foi planejado com seis meses de
máquinas que levam ao computador os dados sôbre antecipação. Êste ano não. Parece que a
os quais vai operar, e as unidades de saída, preocupação fundamental do Instituto foi a compra
máquinas que recebem os resultados e os imprimem do computador e nessa compra o Instituto consumiu
para divulgação. suas energias e, inclusive, suas verbas.
O preço dessas máquinas não é inferior a um Ao que se sabe a respeito de outros censos –
milhão de dólares, e, então, vamos ver , que só para agrícolas, comercial, prestação de serviços – a
o computador, mais o equipamento periférico, há respeito dêsses outros a coleta em grande parte está
uma despesa de três milhões e quinhentos mil feita, mas os agentes recenseadores não entregam
dólares, fora instalação, transporte etc; entretanto, os boletins porque o Instituto não tem como lhes
não se sabe em que situação se encontram essas pagar os salários, e então êles os retêm para forçar o
máquinas, se o Instituto já as comprou, se vai pagamento. O Instituto está sem verbas; pediu a
comprá-las ou quando pretende fazê-lo. abertura de um crédito que está em tramitação.
Informações que me foram prestadas por É de estranhar essa forma atabalhoada
pessoa conhecedora da matéria, adiantam pela qual se têm procedido, quanto ao
que o Instituto já comprou quatro máquinas de recenseamento de 1960. Não houve planejamento,
– 126 –

não houve programação financeira; houve, sim, mento e a coleta até do censo demográfico foi pelo
despesa brutal com a aquisição do computador menos deficiente nas principais cidades; e não
eletrônico. Vamos, portanto, ter um resultado sabemos como será feita a apuração nem quando o
precário e sem se poder afirmar quando obteremos será!
os dados tão ardentemente esperados. É para solver estas perplexidades que vou
Justificar-se-ia a compra do computador pela dirigir o requerimento de informações ao Instituto. Dir-
vantagem de tempo que êle traria: permitiria se-á que eu já o faço muito tarde. Como estamos
evidentemente, uma apuração em tempo recorde; a 18 de janeiro e o Presidente do Instituto,
mas se se compra o computador e não se adquirem deverá deixar o cargo a 31 – pelo menos é de se
as unidades periféricas, de nada servirá; e se se esperar que deixe – dir-se-á que não tem mais tempo
demora em comprar ou em arrendar as outras de informar.
unidades, a compra torna-se inútil. O tempo que se Atalho essa objeção, dizendo, que da primeira
queria poupar da mesma forma é despendido. O que vez em que formulei requerimento de informações ao
se ouve em todo o Brasil é que a operação, não Presidente daquele Instituto êle se açodou de tal
obstante a dedicação dos inspetores regionais, foi forma em respondê-lo que mandou, por carta
mal conduzida por falta de planejamento. particular ao Líder da Maioria, a resposta em quarenta
É de notar que os primeiros recenseamentos e oito horas depois. Assim sugiro a S. Sa. preste as
tiveram, na sua direção vultos eminentes. Eu informações, agora pela mesma forma expedita,
lembraria o Professor Carneiro Felipe, que dirigiu o abandonando os canais oficiais e burocráticos através
recenseamento de 1940, notabilidade na engenharia de carta ao Líder da Maioria ou diretamente a mim. Se
nacional. tal não puder fazer, se houver qualquer dificuldade ou
O SR. VICTORINO FREIRE: – Teixeira de tropêço nem por isso meu requerimento de
Freitas! informações deixará de ter sua utilidade.
O SR. MEM DE SÁ: – Peço perdão. Teixeira O nôvo Presidente do Instituto já encontrará
de Freitas não dirigiu o recenseamento; dirigiu o matéria sôbre a qual explicará a situação em que se
Instituto. Refiro-me a quem dirigiu o recenseamento, encontra a autarquia e as dificuldades que
que foi o Professor Carneiro Felipe. Atualmente, terá de enfrentar para levar a têrmo essa tremenda
quem dirige é o Sr. Antônio Vieira de Mello, operação.
cujos conhecimentos sôbre o assunto não estou No Brasil, ainda não avaliamos a importância, a
habilitado a dizer quais sejam. O que é verdade, transcedência de um recenseamento; todavia, para
porém, é que a situação do Brasil é esta; já um País que pretende estar numa fase de
gastamos dois milhões e quinhentos mil dólares; desenvolvimento, os recenseamentos, sobretudo os
teremos de despender, pelo menos, mais um econômicos, são verdadeiramente basilares para
milhão; numa situação de desespêro cambial qualquer construção, para qualquer programação,
como a que atravessamos ficamos sem dinheiro para para qualquer tomada de posição em matéria
pagar os recenseadores e, em conseqüência, os administrativa e em política econômica.
boletins do censo econômico não são entregues; já Sr. Presidente, essa a justificação
estamos há mais de quatro meses do recensea- que faço ao requerimento de
– 127 –

informações que vou enviar à Mesa. (Muito bem; Nos têrmos dos arts. 212, letra p, e
muito bem). 309, nº I do Regimento Interno, requeiro preferência
O SR. PRESIDENTE: – Continua a hora do para o Projeto de Lei da Câmara nº 75, de
Expediente. 1960, a fim de ser submetido à apreciação do
Tem a palavra o nobre Senador Gilberto Plenário antes da matéria constante do 1º item da
Marinho. Ordem do Dia.
O Senhor Senador Gilberto Marinho pronuncia Sala das Sessões, em 18 de janeiro de 1961.
discurso que, entregue à revisão do orador, será – Paulo Fender.
publicado posteriormente.
O SR. PRESIDENTE: – O requerimento que
O SR. PRESIDENTE: – Sôbre a mesa
acaba de ser lido não depende de apoiamento nem
requerimento que vai ser lido pelo Sr. Primeiro
Secretário. de discussão.
É lido o seguinte: O SR. AFONSO ARINOS: – Sr. Presidente,
peço a palavra pela ordem.
REQUERIMENTO O SR. PRESIDENTE: – Tem a palavra pela
Nº 24, DE 1961 ordem o nobre Senador Afonso Arinos.
O SR. AFONSO ARINOS (*): – Sr.
Nos têrmos da art. 330, letra b, do Regimento Presidente, da leitura do requerimento, feita
Interno, requeremos urgência para o Projeto de Lei pelo nobre Sr. 1º Secretário, não constou o conteúdo
da Câmara nº 8, de 1961, que cria a Universidade de do projeto a que êle se refere, mas apenas seu
Alagoas e dá outras providências. número.
Sala das Sessões, em 18 de janeiro de 1961. Ficaria grato a V. Exa. se informasse de que
– Moura Andrade. – Rui Palmeira. – Gaspar Velloso. trata a proposição para cuja discussão foi requerida
– Arlindo Rodrigues. prioridade.
O SR. PRESIDENTE: – O requerimento está O SR. PRESIDENTE: – O nobre Senador
assinado por Líderes, de acôrdo com o que preceitua Paulo Fender requereu preferência para apreciação
o Regimento e será votado ao final da Ordem do Dia.
do projeto constante do Item nº 2 da Ordem do Dia,
Continua a hora do Expediente. (Pausa).
que provê sôbre as dotações orçamentárias
Nenhum Sr. Senador desejando usar da
palavra, passa-se à: destinadas à Universidade do Pará.
O SR. AFONSO ARINOS: – Muito obrigado a
ORDEM DO DIA Vossa Excelência.
O SR. PRESIDENTE: – Em votação o
O SR. PRESIDENTE: – Sôbre a mesa requerimento.
requerimento que vai ser lido. Os Srs. Senadores que o aprovam, queiram
É lido o seguinte: permanecer sentados. (Pausa).
Está aprovado.
REQUERIMENTO Em face da decisão do Plenário, passa-se à
Nº 25, DE 1961 votação do Item 2 da Ordem do Dia.

Preferência para projeto a fim de ser apreciado __________________


antes de outros da Ordem do Dia. (*) – Não foi revisto pelo orador.
– 128 –

Discussão única do Projeto de Lei da Câmara apenas o parecer da Comissão de Finanças sôbre o
nº 75, de 1960 (nº 985-59, na Câmara), que provê projeto? Não seria necessário que também a
sôbre as dotações orçamentárias destinadas à Comissão de Educação e Cultura e a Comissão que
Universidade do Pará (incluído em Ordem do Dia em cogita do Plano de Valorização Econômica da
virtude de dispensa de interstício, concedida na Amazônia opinassem a êsse respeito? Desconheço
sessão anterior, a requerimento do Sr. Senador a Comissão Técnica que teria que dar parecer; mas
Paulo Fender), tendo Parecer favorável, sob nº 8 de está-me parecendo, pela relevância do assunto – é
1960, da Comissão de Finanças. V. Exa. mesmo que o acentua – que não satisfaz
ùnicamente o parecer da Comissão de Finanças.
O SR. PRESIDENTE: – Em discussão. Não se trata apenas de atribuir recursos financeiros
O SR. PAULO FENDER (*): – Sr. Presidente, à Universidade do Pará, mas também corrigir uma
Srs. Senadores, gostaria de trazer uma palavra de omissão do Orçamento. A Comissão de Educação e
esclarecimento sôbre o projeto que se discute. Cultura deveria manifestar-se a êsse respeito.
Visa a proposição a reparar uma injustiça O SR. PAULO FENDER: – Agradeço o aparte
orçamentária. Provê a Universidade do Pará de de V. Exa., naturalmente, dirigido à Mesa do Senado
dotação específica pela Superintendência do Plano que distribuiu o projeto aos órgãos técnicos.
de Valorização Econômica da Amazônia; e corrige a O SR. ALOYSIO DE CARVALHO: – Perdoe-
anomalia no projeto criador da Universidade do Pará. me V. Exa., não faça, aliás essa boa intriga. Não
A anomalia é a seguinte: enquanto as mais estou achando que a Mesa do Senado tenha omitido
Universidades do País têm dotações consignadas no a distribuição do projeto a outras Comissões; apenas
orçamento da União para atender aos seus serviços pedi o auxílio de V. Exa. que foi quem acentuou a
normais, sobretudo na parte – Serviços e Encargos, relevância do assunto.
Obras – a Universidade do Pará fica, pela lei que a O SR. PAULO FENDER: – Gostaria de,
criou, subordinada a uma dotação precária, muito respondendo ao aparte de V. Exa., em primeiro
reduzida, que lhe deverá ser atribuída pela lugar dizer que o aceito no bom sentido.
Superintendência do plano de Valorização
O SR. ALOYSIO DE CARVALHO: – Claro;
Econômica da Amazônia, ou seja a de Cr$
no sentido de colaborar.
60.000.000,00, o que, evidentemente, discrepa das
consignadas para as mais Universidades que não as
têm inferiores a Cr$ 300.000.000,00. O SR. PAULO FENDER: – V. Exa. é um
O SR. ALOYSIO DE CARVALHO: – Permite educador. Mas pondero a V. Exa. e ao Senado que
V. Exa. um aparte? estamos no término de uma sessão legislativa. A
O SR. PAULO FENDER: – Com satisfação. Lei de Meios vem aí; e nela já está consignada
O SR. ALOYSIO DE CARVALHO: – dotação para a Universidade do Pará na
Não parece a V. Exa. insuficiente importância de Cr$ 400.000.000,00.
O SR. ALOYSIO DE CARVALHO: – Para
__________________ 1961, é de Cr$ 60.000.000,00 segundo diz Vossa
(*) – Não foi revisto pelo orador. Excelência.
– 129 –

O SR. PAULO FENDER: – A dotação é feita O SR. PAULO FENDER: – Perdão o projeto
pela SPVEA, como ajuda; a dotação normal do apenas aumenta de sessenta para cem milhões de
Ministério da Educação e Cultura, consignada na cruzeiros, a parte da SPVEA, que tem a obrigação
Câmara dos Deputados é de Cr$ 400.000.000,00. No do desenvolvimento cultural. Não seria razoável que
entanto, a lei que criou a Universidade da Pará a SPVEA não dispusesse de uma dotação para a
estatui que é a SPVEA quem vai provê-la dêsses Universidade do Pará; e nesse caso a sua
recursos. contribuição seria de cem milhões de cruzeiros.
Como o projeto em exame declara "sem Fui o Relator do projeto na Comissão de
prejuízo da dotação normal do Ministério da Finanças e faço questão de salientar que se trata de
Educação e Cultura", essa disposição discriminatória anomalia legal que chamo de extravagância legal.
possibilitará à Universidade do Pará utilizar também O SR. ALOYSIO DE CARVALHO: – Houve,
a verba orçamentária normal. naturalmente na lei que criou a Universidade do Pará
O SR. AFONSO ARINOS: – Permite V. Exa. omissão. Não se compreende que aquela
um aparte, apenas para me esclarecer? Universidade só tivesse para seu custeio uma verba
O SR. PAULO FENDER: – Pois não. de sessenta milhões de cruzeiros.
O SR. AFONSO ARINOS: – Êsse acréscimo O SR. PAULO FENDER: – Naturalmente; e
vem dar complemento à lei especial que criou a nem poderia funcionar.
Universidade, segundo V. Exa. acaba de declarar. O SR. ALOYSIO DE CARVALHO: – Minha
O SR. PAULO FENDER: – Exato. observação, desde o princípio, é que a Comissão de
O SR. AFONSO ARINOS: – A lei que Educação e Cultura é que deveria estudar a
criou a Universidade determina que grande necessidade dessas verbas.
parte das despesas de alimentação da Universidade O SR. PAULO FENDER: – Justamente. Na
seriam satisfeitas com uma verba que não Comissão própria da Câmara dos Deputados foi
é do Ministério da Educação e Cultura e sim da descutido o assunto. Tanto assim que uma verba de
SPVEA. É a Única Universidade do Brasil nessas quatrocentos milhões de cruzeiros foi votada para a
condições. Universidade do Pará. O projeto veio, em quase
O SR. PAULO FENDER: – Justamente. É o regime de urgência para esta Casa em virtude de
que queria ponderar. Se a SPVEA consignasse no estarmos no término da sessão extraordinária.
seu Orçamento uma dotação suficiente, pelo menos Como Senador pelo Estado do Pará
equivalente àquelas recebidas pelas mais recebo, diàriamente, apelos de todos os
Universidades e não sessenta milhões de cruzeiros, Diretórios e Professôres universitários solicitando
aplicáveis durante dez anos como estatui, então o meus esforços junto aos Srs. Senadores para que,
projeto não teria razão de ser. dadas essas explicações, abrissem mão de outras
O SR. AFONSO ARINOS: – O projeto formalidades que, porventura, viessem a
aumenta de sessenta para cem milhões retardar o andamento ou a aprovação dêsse
de cruzeiros. projeto. O assunto aproveita a Universidade da Ama-
– 130 –

zônia; não estamos pròpriamente interessados jeto de que tanto depende aquela Universidade.
nesses cem milhões da SPVEA. Estamos (Muito bem).
interessados em que a Universidade do Pará O SR. PRESIDENTE: – Atendendo à
utilize a verba normal do Ministério da Educação solicitação do Senador Aloysio de Carvalho esclareço
como as mais Universidades. Nós da que a Mesa deixou de remeter o projeto a outras
Amazônia temos profligrado, da tribuna do Senado, o comissões porque não se tratava de estruturação da
mau vêzo na utilização de verbas para serviços Universidade do Pará, mas sim, exclusivamente de
normais dos ministérios, nas dotações um crédito destinado ao funcionamento dessa
específicas da SPVEA. Não se estará com isto, faculdade. Esta a razão por que o projeto foi remetido
valorizando a Amazônia, tampouco cumprindo o apenas à Comissão de Finanças.
dispositivo constitucional que outorga 3% O SR. ALOYSIO DE CARVALHO: – Estou
da renda tributária da União para a valorização da satisfeito com a explicação Sr. Presidente.
Amazônia. O SR. PRESIDENTE: – Continua em
Aprovamos na Comissão de Finanças o discussão o projeto. (Pausa).
projeto do qual fui Relator, salientando essa Não havendo quem queira fazer uso da
anomalia. Hoje os nobres Senadores Afonso Arinos palavra, encerro a discussão. Em votação.
e Aloysio de Carvalho ponderam matéria Os Srs. Senadores que o aprovam, queiram
evidentemente relevante, sobretudo o Senador permanecer sentados (Pausa).
Aloysio de Carvalho, com relação à audiência de Está aprovado.
outras comissões sôbre o assunto. É o seguinte o projeto aprovado, que vai à
Apelo para o Senado para que, em vista da sanção:
explicação que estou dando...
O SR. ALOYSIO DE CARVALHO: – V. PROJETO DE LEI DA CÂMARA
Exa. há de convir que a minha sugestão de Nº 75, DE 1960
reservar o assunto à Mesa não representa
descortesia de minha parte. Desejaria que ao (Nº 985-B, na Câmara)
assunto fôsse juntada igualmente a explicação que
V. Exa. acaba de dar. Provê sôbre as dotações orçamentárias
O SR. PAULO FENDER: – Esclareço a V. destinadas à Universidade do Pará
Exa. que não houve, de minha parte qualquer
prevenção quanto à ponderação de V. Exa. Talvez O Congresso Nacional decreta:
fôsse mesmo a. Mesa o órgão indicado para Art. 1º Sem prejuízo da dotação global, a
responder por que enviou o processo tão-sómente à constar do Orçamento Geral da União no Ministério
Comissão de Finanças. da Educação e Cultura, Diretoria do Ensino Superior,
Sr. Presidente, com estas explicações, peço a Universidade do Pará terá direito a custeios de
em atenção à Universidade da Amazônia, essa seus encargos, durante dez anos, na forma de artigo
Amazônia para com a qual a Constituição 9º da Lei nº 3.191, de 2 de julho de 1957, pelo Plano
Federal é tão generosa, receba ela do Senado de Valorização Econômica da Amazônia, de cujos
como espírito de justiça aprovação rápida do pro- recursos serão destacados, para êsse fim, no
– 131 –

mínimo Cr$ 100.000.000,00 (cem milhões de O Congresso Nacional decreta:


cruzeiros) anuais. Art. 1º É o Govêrno Federal autorizado a
Parágrafo único. A Contribuição do Plano de constituir uma sociedade de economia mista, com a
Valorização Econômica da Amazônia será, denominação de Companhia Hidrelétrica da
classificada na unidade orçamentária relativa à Borborema, para aproveitamento da energia hidráulica
Diretoria do Ensino Superior, com a movimentação dos Rios Paraíba e Alto Piranhas, e sua distribuição
sujeita ao regime da Lei nº 3.614, de 12 de agôsto de pelos municípios de Cabeceiras, São João do Cariri,
1959. Sumé, Monteiro, Taperoá, Campina Grande (Vilas de
Art. 2º Revogam-se as disposições em Queimadas, Fagundes e Boa Vista), Piancó, Curema,
contrário. Pombal, Malta Souza, Cajazeiras, Jatobá e
Misericórdia, no Estado da Paraíba.
Discussão única do Projeto de Lei da Câmara Art. 2º A Companhia terá sede, fôro e domicílio
nº 55, de 1960 (nº 1.149, de 1960, na Câmara), que na cidade de Campina Grande, e, como objeto
autoriza a constituição de uma companhia primordial, o aproveitamento do potencial hidrelétrico
hidrelétrica no Estado da Paraíba (incluído em dos sistemas dos Rios Paraíba e Alto Piranhas,
Ordem do Dia em virtude de dispensa de interstício, constituídos pelas barragens do Boqueirão de
concedida na sessão anterior, a requerimento do Cabeceiras, Curimatã Estêvão Marinho e Mãe
Sr. Senador Fausto Cabral), tendo Pareceres d'Agua.
favoráveis, sob ns. 3, 4 e 5, de 1960, das Art. 3º O capital da Campanhia Hidrelétrica da
Comissões de Economia, de Transportes, Borborema será de Cr$ 50.000.000,00 (cinqüenta
Comunicações e Obras Públicas e de Finanças, milhões de cruzeiros), assim distribuído:
com Emendas nº 1 (CF). a) 25.000 (vinte e cinco mil) ações nominativas
ordinárias, no valor de Cr$ 1.000,00 (mil cruzeiros)
O SR. PRESIDENTE: – Em discussão o cada uma;
projeto e a emenda. (Pausa). b) 25.000 (vinte e cinco mil) ações
Não havendo quem faça uso da palavra, preferenciais ao portador no valor de Cr$ 1.000,00
encerro a discussão. (Pausa). (mil cruzeiros) cada uma.
Encerrada. Art. 4º O capital da Companhia será subscrito:
Em votação o projeto, sem prejuízo da a) 51% (cinqüenta e um por cento) pelo
emenda. Govêrno Federal, com recursos orçamentários
Os Srs. Senadores que aprovam o projeto, decorrentes da verba constitucional do Polígano das
queiram permanecer sentados. (Pausa). Sêcas;
Está aprovado. b) pelo produto da venda de ações
É o seguinte o projeto aprovado: preferenciais que forem oferecidas à subscrição
pública.
PROJETO DE LEI DA CÂMARA Parágrafo único. Êsse capital, depois de
Nº 55, DE 1960 integralizado, poderá ser aumentado pela
Assembléia Geral.
(Nº 1.149-B, de 1960, na Câmara) Art. 5º o Govêrno Federal, autorizado a
subscrever as ações que não tiverem encontrado
Autoriza a constituição de uma Companhia subscritor particular.
Hidrelétrica no Estado da Paraíba. Art. 6º É o Govêrno Federal au-
– 132 –

torizado a transferir à Companhia Hidrelétrica da economia mista, com a denominação de Companhia


Borborema, a usina elétrica instalada pelo Hidrelétrica da Borborema, para aproveitamento da
DNOCS na Barragem "Estêvão Marinho", energia hidráulica dos Rios Paraíba e Alto Piranhas,
creditando-se pela importância que fôr e sua distribuição pelos municípios de Cabeceiras,
encontrada, tomando-se por base da operação o São João do Cariri, Sumé, Monteiro, Taperoá,
custo de sua aquisição. Campina Grande (Vilas de Queimadas, Fagundes e
Art. 7º A administração dos negócios sociais e Boa Vista), Piancó, Curema, Pombal, Malta Souza,
a execução das deliberações da assembléia geral Cajazeiras, Jatobá, Misericórdia, Princesa Isabel e
caberão a uma diretoria composta de um presidente outros, no Estado da Paraíba.
e dois diretores, eleitos em assembléia geral, dentre O SR. PRESIDENTE: – A matéria vai à
os acionistas da emprêsa. Comissão de Redação.
Parágrafo único. O direito de voto será
exercido pelos portadores das ações ordinárias e das Discussão única do Projeto de Lei da Câmara
preferencias. nº 79, de 1960 (nº 824, de 1959, na Câmara), que
Art. 8º A Companhia Hidrelétrica da assegura estabilidade no serviço ativo militar aos
Borborema, gozará, durante cinco anos, de isenção taifeiros das Fôrças Armadas e dá outras
de selos e impostos, nos seus atos constitutivos, providências (incluído em Ordem do Dia em virtude
bem como de direitos de importação inclusive de dispensa de interstício, concedida na sessão
emolumentos consulares e mais encargos fiscais a anterior a requerimento do Sr. Senador Caiado de
que estiverem sujeitos os materiais e equipamentos Castro tendo Pareceres favoráveis, sob números 6 e
que importar, desde que destinados a suas 7 de 1960, das Comissões de Segurança Nacional e
instalações. de Finanças.
Art. 9º Esta lei entrará em vigor na data de
sua publicação revogadas as disposições em O SR. PRESIDENTE: – O projeto em
contrário. discussão foi incluído na Ordem do Dia, em virtude
Projeto publicado no "Diário do Congresso de dispensa de interstício concedida em sessão de
Nacional" de 29 de junho de 1960. ontem, a requerimento do nobre Senador Caiado de
O SR. PRESIDENTE: – Em votação a Castro. Tem pareceres favoráveis das Comissões de
emenda. Segurança Nacional e de Finanças.
Os Srs. Senadores que a aprovam, queiram Em discussão.
permanecer sentados. (Pausa). O SR. CAIADO DE CASTRO (*): – Sr.
Está aprovada. Presidente e Srs. Senadores, raramente se vê no
É a seguinte a emenda aprovada: Senado projeto da natureza dêste ora em discussão.
Trata êle exclusivamente de reparar uma injustiça
EMENDA clamorosa, feita a uma classe de servidores militares
Nº 1 – C. F. decorrida, tudo faz crer, da omissão dos Ministérios
interessados.
O art. 1º terá a seguinte redação:
"É o Govêrno Federal autorizado __________________
a constituir uma sociedade de (*) – Não foi revisto pelo orador.
– 133 –

Quando se discutiu o projeto a tendência se considerada estável, isto é, adquirirá o direito de


orientava para os interêsses dos servidores do exército. servir à Marinha, enquanto bem servir e tiver boa
As discussões na Câmara Federal e no Senado – falo saúde. Foi o que o Congresso estabeleceu para os
com grande conhecimento de causa, porque fui o sargentos das Fôrças Armadas. A isso o Ministro da
encarregado de estudar o assunto na Comissão de Marinha não se opôs; achou, apenas, que já
Segurança Nacional – estavam voltadas para os existindo essa determinação no regulamento, não
sargentos do Exército. Ninguém lembrou-se da laboriosa havia necessidade de lei assegurando o mesmo
classe dos taifeiros, merecedora do nosso respeito, direito.
classe esta que o Exército sempre advogou possuir. Todos sabemos, no entanto, com que
Orientado o assunto nesse sentido e como o facilidade os regulamentos são modificados.
Exército não possuía taifeiros, passou o problema O Ministério da Aeronáutica deu parecer muito
sem, que o assunto fôsse abordado. Surge, agora o interessante. Estudou com o máximo cuidado o
projeto da Câmara dos Deputados com pareceres assunto e lembrou que:
unânimes de tôdas as Comissões das duas Casas "...Já em 1916, no Congresso de Tucuman,
do Congresso. ficou estabelecido que, em matéria de administração
Os ministérios interessados foram ouvidos: o geral é indispensável, para se assegurar a
da Guerra declarou que deixava de opinar porque no regularidade da função pública, a existência de
Exército não havia taifeiro. O da Marinha declarou preceito legal que se assente na estabilidade dos
desnecessária a lei porque já ali existe regulamento, servidores".
e uma lei vindo conceder aos taifeiros o que já se Mais adiante diz:
concedeu aos sargentos, tumultuaria a administração "...E a orientação que vem sendo seguida
naval. pela administração brasileira é no sentido de
Não me consta que uma lei elaborada pelo assegurar a estabilidade de seus servidores,
Congresso, com o fim de garantir direitos assegurados depois de um certo tempo de serviço público. Dela
por um simples regulamento, possa tumultuá-lo. desfrutam os funcionários públicos propriamente
Declara a informação: ditos, os extra-numerários e, já agora, até mesmo
"...Êste projeto viria tumultuar a legislação da os servidores das verbas globais, Verbas 3
Marinha, uma vez que já é assegurada a tôdas as e 4, cuja investidura na função pública é
praças do Corpo do Pessoal Subalterno, e não eminentemente precária.
sòmente aos taifeiros". No que tange às Fôrças Armadas, aquêle
Há, evidentemente, um equívoco. ponto (?) se acha cristalizado na Lei nº 2.852, de 23
A lei cuida dos taifeiros, porque êstes sempre de agôsto de 1956, que veio assegurar estabilidade
foram mais ou menos equiparados aos sargentos; aos sargentos com dez anos ou mais de serviço
seus direitos são paralelamente aos dos sargentos. militar".
Mais tarde voltarei a tratar dêsse aspecto. Sr. Presidente, os argumentos principais
O que o regulamento diz, apenas, é que a praça na defesa da estabilidade para os sargentos
de pré que tiver mais de dez anos de serviço será foram dois. O primeiro era a segurança dada
– 134 –

pelo Estado a seus funcionários, depois de certo Exército, ao contrário, não possuindo êsses
número de anos de serviço. O segundo, a especialistas, é obrigado a procurá-los na tropa,
permissão, pelo Estado, do sargento contrair escolhendo os de maior tendência para a função.
matrimônio, depois de alguns anos de serviço. Assim V. Exa. há de compreender, que uma refeição
permitindo o Estado que o sargento contraísse preparada por um homem que estudou e que está
matrimônio, obrigava-se a amparar sua família. habilitado, deve ser, necessàriamente, bem melhor
Êsses mesmos argumentos podemos adotar do que aquela feita por um curioso.
para os taifeiros. Acontece, apenas, que essa O outro aspecto, é o do taifeiro alfaiate.
laboriosa classe não é conhecida. Tôdas as Existem outras funções que no momento não me
atenções têm sido voltadas de preferência para o ocorrem – são cinco ao todo, se não me falha a
Exército, porque seu efetivo é maior, muito superior memória – cada qual representando uma
ao da Armada e da Aeronáutica. Mas o Exército não especialidade. No momento, recordo apenas a do
tem taifeiros, e luta com sérias dificuldades, porque cozinheiro e a do alfaiate.
essas funções são exercidas por técnicos. Os O SR. FERNANDES TÁVORA: – A do
taifeiros são soldados de nível superior; de nível engraxate.
elevado na sua especialidade. Por exemplo: existe o O SR. CAIADO DE CASTRO: – A função do
taifeiro cozinheiro, homem que faz um curso de engraxate não é especializada.
cozinha, possibilitando assim, o preparo de O SR. FERNANDES TÁVORA: – Ontem,
alimentação melhor para os servidores da porém, V. Exa. citou o engraxate.
Aeronáutica e da Marinha. O SR. CAIADO DE CASTRO: – Foi-me
O SR. AFONSO ARINOS: – Permite V. Exa. feita uma pergunta, se não me falha a memória
um aparte? pelo nobre Senador Ruy Carneiro, a que dei
O SR. CAIADO DE CASTRO: – Pois não. resposta impensada. Refletindo melhor, em casa,
O SR. AFONSO ARINOS: – Gostaria, apenas verifiquei que me havia enganado. Disse que o
para satisfazer minha curiosidade, que V. Exa., com taifeiro era mais ou menos, um ordenança; mas
a sua experiência da carreira militar, desse ao não, é bem diferente. O ordenança é, quase
Senado, àqueles que ignoram êsses pormenores, sempre, um soldado analfabeto ou semi-
uma idéia, tanto quanto possível sucinta, da natureza analfabeto, homem que na vida civil exercia função
da função do taifeiro, dizendo o que é precisamente, muito humilde, de camponês ou de qualquer outro
o taifeiro. trabalho braçal; é, enfim soldado mais modesto.
O SR. CAIADO DE CASTRO: – Era o ponto a Ao passo que o taifeiro é um soldado
que estava chegando. Por exemplo: uma das especializado, que não pode ser analfabeto ou que
funções do taifeiro é a de cozinheiro. Êste homem apenas saiba assinar o nome; necessita de maior
fêz um curso de cozinha, é especializado, e por isso instrução, é soldado que faz um curso conforme a
é de tôda a conveniência que continue na Marinha especialidade. Por exemplo: se se dedica à
ou na Aeronáutica, para que possa fornecer especialidade de alfaiate, faz o curso de alfaiate.
aos militares em geral, uma boa alimentação. O Justifica-se aliás, a necessidade de um al-
– 135 –

faiate a bordo, para atender aos que estão no navio, voràvelmente à matéria objetando apenas que,
pois não se faz parar um navio no pôrto para tratar havendo tal dispositivo no Regulamento, seria o
dêste assunto. projeto de lei desnecessário.
Trata-se assim, de praças especializadas, às Minha presença na tribuna tem apenas a
quais chamamos cursadas, que conforme seu tempo finalidade de esclarecer aos Srs. Senadores sôbre os
de serviço e sua progressão na especialidade motivos da proposição, pois, senti que, por se tratar
chegam a ser consideradas Sargentos, para efeito de matéria correlata com profissão especializada das
de percepção de vencimentos. Não se compreende, Classes Armadas, o assunto não era bem conhecido.
pois, que se tendo dado permissão a êsses taifeiros Se dispusesse de mais tempo, eu mesmo teria
para que contraiam matrimônio, ao completarem procurado reler a regulamentação dos Taifeiros e
vinte e cinco anos de idade, se não me engano, não estaria mais apto a melhor esclarecer o Senado.
se ampare posteriormente sua família. Não se Posso, porém, assegurar que se trata de classe
justifica que êsses homens entrem para as Fôrças absolutamente indispensável às Fôrças Armadas, de
Armadas, façam um curso, ingressem em uma cujos serviços é parte integrante. No Brasil, só a
carreira, casem aos vinte e cinco anos, conforme temos na Marinha e na Aeronáutica, mas em outros
lhes permite a lei e, após certo tempo de serviço nas países, como os Estados Unidos, o Exército também
fileiras da Marinha ou da Aeronáutica, sejam a possui. Servi muito tempo no Exército americano,
mandados embora sumàriamente. no qual fiz vários cursos, inclusive sôbre
Sr. Presidente, também foi alegado, quando administração nas Fôrças militares. Uma das partes
da votação dêsse projeto de lei, que os Sargentos mais interessantes desse curso tratava, justamente
das Fôrças Armadas, após servir dez anos no dos Taifeiros e aí se ressaltava não ser possível
Exército, estão pràticamente impedidos de começar desviar um homem com o qual a Nação gastou
a vida civil. Na verdade, um homem que leva dez ou dinheiro para torná-lo um combatente, para
quinze anos tratando de sua carreira militar e que, de transformá-lo num burocrata. No Exército americano,
uma hora para outra, sem aviso prévio é, os homens que trabalham em escritório, assim como
sumàriamente pôsto na rua, terá grandes os cozinheiros, copeiros etc, não são considerados
dificuldades para iniciar-se em uma profissão, na Taifeiros. Têm as honras de um pôsto, embora não
vida civil. Não se pode candidatar a qualquer espécie tenham direito a comando.
de trabalho, no Serviço Público, pois a idade já não o É o que precisamos fazer, no Brasil. As
permite. Por outro lado, as companhias particulares Classes Armadas têm nesses homens ótimos
não os aceitam, pois não se trata de empregado elementos para a boa marcha da administração.
especializado e sim de homem cujo maior tempo de Uma vez dada essa explicação, sôbre a situação dos
vida foi passado no ambiente militar. taifeiros, ressalto, sobretudo a injustiça que o
Assim, Sr. Presidente, o objetivo do projeto é Congresso inadvertidamente praticou contra essa
apenas dar estabilidade aos Taifeiros das Fôrças classe, contrariando tudo o que existe na orientação
Armadas, estabilidade que o regulamento da Marinha, da administração pública do Brasil e recomendado
já concede. Os Ministérios militares opinaram fa- pelos Congressos Internacionais desde 1916.
– 136 –

A orientação da administração brasileira é ção do Avulso deve ter havido equívoco.


no sentido de que tôdas as classes têm igual O parecer estava pronto há muitos meses,
direito. O trabalhador já tem sua estabilidade sem mêdo de errar, cinco meses.
assegurada depois de 10 anos, não podendo ser Por motivo do excesso de trabalho com o
dispensado pelo empregador a não ser que esteja Orçamento e urgências da Legislatura passada, não
implicado em processos previstos pela Legislação houve reuniões da Comissão.
Trabalhista. Reiniciados os trabalhos, o Presidente da
Os funcionários públicos, autárquicos, Comissão não compareceu. Na qualidade de Vice-
como muito bem salientou o Sr. Ministro da Presidente, mandei dar prosseguimento ao projeto
Aeronáutica, entre êles os contratados que que tem as assinaturas da maioria dos membros da
recebem pelas Verbas 3 e 4, servindo em Comissão. Não constam do Avulso, por equívoco,
situação precária, até êstes também já mas constam do original.
conseguiram estabilidade. O SR. ALOYSIO DE CARVALHO: – Permite
Não sei e nem compreendo porque, Sr. V. Exa. um aparte?
Presidente, se possa negar a essa classe de O SR. CAIADO DE CASTRO: – Pois não.
servidores militares, da Marinha e da Aeronáutica o O SR. ALOYSIO DE CARVALHO: – Na
que foi concedido a todos os outros. publicação há equívoco para o qual peço atenção.
O SR. SÉRGIO MARINHO: – Permite V. Exa. Foi V. Exa. indicado Relator do projeto; entretanto na
um aparte? assinatura do parecer V. Exa. figura como Presidente
O SR. CAIADO DE CASTRO: – Com prazer. e o Senador Pedro Ludovico, como Relator.
O SR. SÉRGIO MARINHO: – Como V. Exa. O SR. CAIADO DE CASTRO: – Justamente
está prestando à Casa os esclarecimentos estou esclarecendo que houve engano na
necessários à inteligência dêste assunto, gostaria de publicação. Funcionei como Presidente e Relator o
indagar do nobre colega, uma vez que não fui que é muito comum no Senado. V. Exa. sabe muito
convocado para a reunião da Comissão de bem pois já estêve nesta Casa. Na ausência do
Segurança Nacional, da qual faço parte, se o parecer Presidente da Comissão, como Vice-Presidente,
está apenas assinado pelo Relator e pelo Presidente convoquei-a; assinei como Presidente e Relator
da Comissão. Gostaria ainda que V. Exa. porque, anteriormente, havia sido designado Relator
esclarecesse também o parecer do Sr. Ministro da pelo Presidente efetivo.
Marinha, quando S. Exa. alega que a elaboração em O SR. ALOYSIO DE CARVALHO: – Pedi
causa viria tumultuar o assunto. Por que êste seria apenas a atenção para o equívoco na publicação do
tumultuado uma vez que a lei em causa segundo parecer, não apenas quanto ao número de
declara V. Exa. – apenas assegura aos taifeiros assinaturas. V. Exa. acaba de esclarecer que o
maior estabilidade? Esta a pergunta que desejaria V. Senador Pedro Ludovico, não foi o Relator do
Exa. respondesse. projeto, e, sim Vossa Excelência.
O SR. CAIADO DE CASTRO: – Na parte relativa O SR. CAIADO DE CASTRO: –
à Comissão de Segurança Nacional, na publica- Há outros equívocos, e muitos, com
– 137 –

que deparamos nos últimos tempos, principalmente segurada a tôdas as Praças do Corpo do Pessoal
aqui em Brasília, nessas publicações. Há pouco li um Subalterno da Armada e, não sòmente aos Taifeiros,
parecer curioso, em que trocaram a palavra a estabilidade pretendida pelo autor do projeto".
"passível" por "possível". O Sr. Ministro da Marinha declara que tôdas
Quero esclarecer ao nobre Senador Sérgio as praças da Marinha já têm êsse direito. O Taifeiro
Marinho o que houve: o parecer está regular e tem a é praça do Serviço Ativo. Então, pelo Regulamento
maioria de assinaturas. Agora, responderei à da Marinha já tem direito; mas, na Aeronáutica, não
pergunta que V. Exa. fêz sôbre o problema dos tem e se viesse a ser criado o cargo de Taifeiro no
taifeiros. Exército, também não o teria.
O SR. SÉRGIO MARINHO: – Fiz a indagação O que o autor do projeto pretendeu foi,
porque V. Exa. se referiu ao parecer do Ministério da justamente, garantir a todos êsses servidores
Marinha. Segundo os têrmos dêsse parecer a militares o direito da estabilidade.
elaboração legislativa em causa viria tumultuar o O SR. AFONSO ARINOS: – Permite V. Exa.
assunto, já disciplinado pelo Regulamento da um aparte?
Marinha. O SR. CAIADO DE CASTRO: – Com muito
O SR. CAIADO DE CASTRO: – Disse eu, no prazer.
início do meu discurso, que não compreenderia êsse O SR. AFONSO ARINOS: – Creio
parecer; que não sabia porque viria tumultuar a compreender a razão da reserva estabelecida pelas
administração da Marinha o fato de transformar uma autoridades navais: é que havendo uma disposição
medida já permitida em Regulamento, em lei geral aplicável a tôdas as classes, no sentido da
extensiva às Forças Armadas. estabilidade, talvez tenha parecido a essas
O SR. SÉRGIO MARINHO: – O parecer do autoridades que a discriminação legal concreta, em
Ministério da Marinha não diz por que o assunto iria favor de uma só classe, viesse pôr em dúvida o
tumultuar? Não especifica? direito adquirido pelas outras. Mas não tem
O SR. CAIADO DE CASTRO: – Não vejo em fundamento êsse receio, porque dentro do quadro do
que possa tumultuar, manifestei minha estranheza. Direito Constitucional, o poder de regulamentar
Vou reler o que alega o Ministério da Marinha, funciona precisamente na ausência de lei especifica.
pedindo permissão aos nobres colegas para me Logo, o fato de uma lei especifica existir sòmente em
alongar. relação a uma classe, não invalida os regulamentos
"Sôbre o assunto, a Administração Naval mantém existentes que tratam de outras classes. Só se o
o seu ponto de vista exposto no Ofício nº 2.167 de Congresso Nacional, por lei expressa, tirar êsse
setembro de 1959, quando prestou esclarecimentos direito.
sôbre o Projeto de Lei nº 4.500, que propõe conceder a O SR. CAIADO DE CASTRO: – Muito
mesma estabilidade, dizendo que o projeto de lei agradecido pelo aparte de V. Exa., que vem fortalecer,
em causa, se transformado em lei viria tumultuar ainda mais minha opinião sôbre o assunto. Foi o que
a legislação da Marinha, uma vez que já é as- declarei há dias quando, discutíamos o assunto. A
– 138 –

palavra de V. Exa. professor emérito... Projeto de Paridade de Vencimentos dos civis e


O SR. AFONSO ARINOS: – Muito obrigado a militares; o funcionário civil com a aprovação da
Vossa Excelência. paridade, ficou com os vencimentos muito acima dos
O SR. CAIADO DE CASTRO: – resolve o militares.
assunto perfeitamente. Desnecessário se torna, Há poucos dias recebi uma estatística
portanto, qualquer outro argumento em favor da demonstrando a diferença berrante que atualmente
aprovação do projeto em causa. Exatamente existe entre os vencimentos do funcionário civil, com
como V. Exa. afirmou, com sua grande vinte e cinco ou trinta anos de serviço e o do militar.
autoridade, a dúvida da Administração naval não Isto é incompreensível, e espero que o assunto seja
se justifica. A impressão de alguns oficiais da depois ventilado nesta Casa.
Marinha, com quem conversamos sôbre o Sr. Presidente, desculpo-me por ter tornado
assunto é de que possìvelmente teria sido essa a extensa esta explicação, para mostrar como é justo o
razão da dúvida. projeto submetido à aprovação da Casa. Assim o
A Aeronáutica deferiu "concordo Senado nada mais fará que ato de Justiça ao
integralmente", e nós neste instante pedimos ao aprová-lo. (Muito bem! Muito bem!).
Senado a aprovação do projeto, ao nosso ver O SR. PRESIDENTE: – Continua em
absolutamente justo e que apenas favorece uma discussão o projeto. (Pausa).
classe de servidores. Mais nenhum Senador desejando usar da
Se – como afirmei antes – o Govêrno palavra, declaro encerrada a discussão.
permite que os Taifeiros, considerados Em votação o projeto.
indispensáveis à Administração, à boa marcha dos Os Srs. Senadores que o aprovam, queiram
serviços da Marinha – contráiam matrimônio, permanecer sentados. (Pausa).
constituam família se não me falha a memória Está aprovado.
desde os vinte e cinco anos de idade, êsse mesmo É o seguinte o projeto aprovado que vai à
Govêrno deve amparar êsses homens e suas sanção:
famílias.
Êste o argumento que utilizamos para os PROJETO DE LEI DA CÂMARA
Sargentos e para todos os servidores públicos, e ao Nº 79, DE 1960
qual não podemos fugir quando se trata de
servidores militares. (Nº 824-B, 1959, na Câmara)
Peço perdão aos nobres companheiros por me
ter alongado sôbre o assunto, mas o fiz com o intuito Assegura estabilidade no serviço militar aos
de bem esclarecer o problema, a fim de decidirmos taifeiros das Fôrças Armadas, e dá outras
com justiça. O projeto não aumenta, num centavo providências.
sequer, a despesa da União.
Vale aqui ressaltar uma circunstância O Congresso Nacional decreta:
curiosa: os taifeiros, que vinham correndo Art. 1º É assegurada estabilidade no serviço
paralelamente com os Sargentos, agora que ativo militar, independente de engajamento ou
aumentamos os vencimentos dos Sargentos e reengajamento aos taifeiros das Fôrças Armadas,
lhes demos estabilidade, tiveram os seus que contem ou venham a contar 10 (dez) ou mais
vencimentos diminuídos. Nota igualmente anos de serviço militar.
curiosa se verificou com a aprovação do Art. 2º Os taifeiros serão obri-
– 139 –

gatòriamente submetidos à inspeção de saúde, signo o nobre Senador Saulo Ramos Relator da
trienalmente, e reformados se considerados matéria.
fìsicamente incapazes para o serviço militar, na O SR. PRESIDENTE: – Tem a palavra o nobre
conformidade da legislação em vigor. Senador Saulo Ramos.
Art. 3º Será passível de exclusão ou expulsão O SR. SAULO RAMOS: – Sr. Presidente,
o taifeiro que em sentença passada em julgado, fôr designado pelo Presidente da Comissão de
condenado à pena restritiva da liberdade individual Educação e Cultura para relatar o Projeto de Lei da
superior a 2 (dois) anos, ou declarado, em processo Câmara nº 2.391, de 1960, agora sob regime de
regular, e por decisão do órgão militar competente urgência, ofereço à consideração do Plenário o
para o julgamento, responsável pela prática de ato seguinte Parecer. (Lê).
prejudicial à ordem pública, nocivo à disciplina militar De iniciativa do Poder Executivo, visa o
ou atentório ao Estado ou às instituições presente projeto, à criação da Universidade de
constitucionais. Alagoas.
Art. 4º Esta lei entrará em vigor na data de Na Exposição de Motivos enviada ao Sr.
sua publicação, revogadas as disposições em Presidente da República e que acompanhou a
contrário. mensagem presidencial dirigida ao Congresso, o Sr.
O SR. PRESIDENTE: – Em votação o Ministro da Educação e Cultura, justificando a
Requerimento nº 24, lido no Expediente, de providência, assim se expressa:
urgência para o Projeto de Lei da Câmara nº 8, a) a Diretoria do Ensino Superior informa que,
de 1961. de um modo geral, as Faculdades de Ensino
Os Srs. Senadores que o aprovam, queiram Superior existentes em Alagoas vêm funcionando,
permanecer sentados. (Pausa). algumas, regularmente, atendendo aos mínimos das
Está aprovado. exigências, e, outras ultrapassando a êsses
Passa-se à apreciação do projeto. mínimos, graças à dedicação dos seus professôres.
b) há sempre vantagens na integração das
Discussão única do Projeto de Lei da Câmara faculdades em uma entidade coordenadora;
nº 8, de 1961, que cria a Universidade de Alagoas e c) a medida proposta se harmonizará com o
dá outras providências. disposto no artigo 5º do Decreto nº 19.851, de 14-4-
1931, segundo o qual a instituição de uma
O SR. PRESIDENTE: – O projeto depende de Universidade deverá atender a diversas exigências,
pareceres das Comissões de Educação e Cultura, de entre as quais avulta a de "congregar em unidade
Serviço Público Civil e de Finanças. universitária pelo menos três dos seguintes institutos
A Mesa solicita primeiramente, o parecer da de ensino superior: Faculdade de Direito, Faculdade
douta Comissão de Educação e Cultura. de Medicina, Escola de Engenharia e Faculdade de
Tem a palavra o nobre Senador Padre Educação, Ciências e Letras."
Calazans para designar Relator. II – Os estabelecimentos existentes em
O SR. PADRE CALAZANS: – Alagoas e que deverão integrar a Universidade, são
Sr. Presidente, como Presidente da os seguintes:
Comissão de Educação e Cultura, de- a) Faculdade de Direito de Ala-
– 140 –

goas (Lei nº 1.014, de 24 de dezembro de 1949); para os alunos, uma vez que os recursos do Estado
b) Faculdade de Medicina de Alagoas (Decreto são amplos e nos estabelecimentos oficiais não há
nº 34.394, de 27 de outubro de 1953); intuito de lucro.
c) Escola de Engenharia de Alagoas (Decreto Como quarta vantagem, cabe assinalar a de,
nº 47.371, de 5 de dezembro de 1959); federalizando-se as escolas, serem os seus
d) Faculdade de Odontologia de AIagoas professôres pagos pelos cofres públicos.
(Decreto nº 41.352, de 22 de abril de 1957); Com isso, pode-se conseguir selecionar um
e) Faculdade de Ciências Econômicas de corpo de docentes que, assim bem remunerados e
Alagoas (Decreto nº 42.928, de 30 de dezembro de gozando outras garantias mais, melhor se dediquem
1957); e às suas cadeiras.
f) Faculdade de Farmácia. Finalmente, cumpre salientar que, criando-
III – A orientação, ùltimamente seguida pelo se universidades em cada Estado da Federação,
Govêrno, criando universidades em todos os Estados evitar-se-á que os jovens dos Estados onde elas
do Brasil onde existam escolas superiores em não existem vão estudar naqueles que as
condições de integrar uma unidade universitária possuam e donde a maioria dêles não mais
parece-nos acertada e a mais condizente com a retorna.
realidade brasileira. IV – No caso particular de Alagoas, cumpre
A primeira vantagem da criação de órgãos ressaltar que as Faculdades que passarão a compor
universitários nesses Estados, muitos dêles pobres e a Universidade vêm demonstrando estar à altura de
sem recursos para bem assistir o ensino, está na sua missão.
democratização da Cultura. V – Ante o exposto, considerando o projeto
Evidentemente, transformando-se em oficiais, quanto ao seu mérito, ou seja, em suas
passando a ser mantidas pelo Estado, tais escolas repercussões no campo da educação e da Cultura,
abrem suas portas a todos, ricos ou pobres, opinamos por sua aprovação.
procedendo, apenas, à seleção de competências. O SR. PRESIDENTE: – Solicito o parecer da
A segunda grande vantagem da federalização Comissão de Serviço Público Civil.
dos estabelecimentos de ensino superior e sua O SR. DANIEL KRIEGER (lê o seguinte
integração em uma universidade consiste em ajustá-los parecer): – O presente projeto, originário do Poder
ao sistema de ensino oficial com o que se possibilita Executivo, que objetiva, criar a Universidade de
maior organicidade ao ensino e, também, diretrizes Alagoas e dá outras providências, foi encaminhado,
didáticas a cavaleiro de injunções doutrinárias ditadas à apreciação do Congresso Nacional, com a
pelo sectarismo, tão comuns em tantas escolas Mensagem nº 428, de 1960.
particulares, onde não raro, a tônica do ensino está no Em atendimento às prescrições legais
dogmatismo das organizações que as dirigem. pertinentes à espécie, o art. 2º do projeto enumera
A terceira vantagem, evidente e os estabelecimentos de ensino superior que
indiscutível, da criação de universidades, pelo integrarão a Universidade de Alagoas, a saber:
Govêrno, está no fato de se lhes garantir efetiva a) Faculdade de Direito de Alagoas;
assistência material, sem maiores ônus b) Faculdade de Medicina de Alagoas;
– 141 –

c) Escola de Engenharia de Alagoas; O SR. FERNANDES TÁVORA (lê o seguinte


d) Faculdade de Odontologia de Alagoas; parecer): – O presente projeto teve a sua origem na
e) Faculdade de Ciências Econômicas de Mensagem nº 428, de 4 de novembro de 1960,
Alagoas; e enviada pelo Poder Executivo à Câmara dos
f) Faculdade de Farmácia. Deputados, através da qual propunha a criação da
Para atender aos objetivos a que se propõe, o Universidade de Alagoas e especificava providências
presente projeto, pretende criar os seguintes cargos complementares.
e funções gratificadas: Seguindo a regular tramitação naquela Casa
1 – Reitor – Padrão 2C do Congresso, a proposição inicial sofreu
22 – Professor Catedrático – (Faculdade de modificação através de um substitutivo da Comissão
Medicina) de Educação e Cultura, aprovado e finalmente
23 – Professor Catedrático – (Escola de enviado ao exame do Senado.
Engenharia) As Comissões de Serviço Público Civil e de
13 – Professor Catedrático – (Faculdade de Educação e Cultura já se manifestaram
Odontologia). favoràvelmente ao projeto, com cujos pareceres esta
13 – Professor Catedrático – (Faculdade de Comissão de Finanças está de acôrdo.
Farmácia) Analisando agora, a matéria específica de sua
1 – Secretário – Símbolo 3-F atribuição, verifica-se que tanto a proposição inicial,
1 – Chefe de Portaria – Símbolo 15-F. quanto o substitutivo aprovado pela Câmara,
Além de assegurar o aproveitamento do pessoal prevêem a abertura de um crédito especial no
administrativo e auxiliar técnico dos estabelecimentos montante de Cr$ 91.436.000,00 (noventa e um
integrados, no Quadro da Nova Universidade, milhões, quatrocentos e trinta e seis mil cruzeiros),
estabelece o projeto em exame que o provimento para fazer face às despesas com a entidade de cuja
efetivo dos cargos de professor catedrático far-se-á por criação trata o projeto.
meio de concurso de provas e de títulos. A discriminação das parcelas componentes
Assim, atendendo a que a Comissão de dêsse total, entretanto, é diferente nas duas
Educação e Cultura já se manifestou pela aprovação do proposições, como decorrência da substituição da
presente projeto, no exame de seu aspecto fundamental, Faculdade de Farmácia pela Faculdade de Filosofia,
opinamos, tendo em vista o interêsse e a conveniência Ciências e Letras, já instalada.
para o serviço público, também, pela sua aprovação. Assim, enquanto o projeto inicial compreendia:
O SR. PRESIDENTE: – Solicito o parecer da Cr$ 48.084.000,00 para Pessoal Permanente;
Comissão de Finanças. cruzeiros 19.968.000,00 para Pessoal Administrativo
O SR. GASPAR VELLOSO: – Sr. Presidente, do quadro Extraordinário; Cr$ 3.384.000,00
como Presidente da Comissão de Finanças, designei para Funções Gratificadas; Cr$ 20.000.000,00
Relator daquele órgão técnico, o Senador Fernandes para material, sendo Cr$ 10.000.000,00 para
Távora. instalação e equipamento da Faculdade de
O SR. PRESIDENTE: – Tem a palavra o nobre Farmácia, o substitutivo aprovado retira da parcela
Senador Fernandes Távora para emitir parecer em Material o quantitativo destinado à instalação e
nome da Comissão de Finanças. equipamento da Faculdade de Farmácia e aumenta
– 142 –

em Cr$ 10.000.000,00 a parcela destinada a Pessoal a) Faculdade de Direito de Alagoas (Lei nº


Permanente, englobando, agora os funcionários da 1.014, de 24 de dezembro de 1949);
Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras. Êste b) Faculdade de Medicina de Alagoas (Decreto
último estabelecimento, como já se encontra nº 34.394, de 27 de outubro de 1953);
instalado, não necessita verba para êsse fim. c) Escola de Engenharia de Alagoas (Decreto
À luz do que ficou dito, a Comissão de Finanças nº 47.371, de 5 de dezembro de 1959);
é de parecer que o projeto deve ser aprovado. d) Faculdade de Odontologia de Alagoas
O SR. PRESIDENTE: – Em discussão o projeto (Decreto nº 41.352, de 22 de abril de 1957);
que tem pareceres favoráveis das Comissões. e) Faculdade de Ciências Econômicas de
Não havendo quem peça a palavra, encerrarei Alagoas (Decreto nº 42.928, de 30 de dezembro de
a discussão. (Pausa). 1957); e
Está encerrada. f) Faculdade de Filosofia., Ciências e Letras.
Em votação. § 1º As Faculdades e Escola, mencionadas
Os Srs. Senadores que o aprovam, queiram neste artigo, passam a denominar-se: Faculdade
permanecer sentados. (Pausa). de Direito, Faculdade de Medicina, Escola de
Está aprovado. Engenharia, Faculdade de Odontologia,
É o seguinte o projeto aprovado, que vai à Faculdade de Ciências Econômicas e Faculdade
sanção: de Filosofia, Ciências e Letras da Universidade
de Alagoas.
PROJETO DE LEI DA CÂMARA § 2º A Faculdade constante do item d será
Nº 8, DE 1961 organizada com a fusão de congênere existente,
criada pelo Decreto nº 41.250, de 17 de abril de
(Projeto nº 2.391-B, de 1960 na Câmara) 1957.
§ 3º A agregação de outro curso, ou de outro
Que cria a Universidade de Alagoas e dá estabelecimento de ensino, depende de parecer
outras providências. favorável do Conselho Universitário e de deliberação
do Govêrno, e assim a desagregação.
O Congresso Nacional decreta: Art. 3º O patrimônio da Universidade de
Art. 1º É criada a Universidade de Alagoas (U. Alagoas será formado pelos:
AL.) com sede em Maceió, Capital do Estado de a) bens móveis e imóveis e instalações ora
Alagoas, e integrada no Ministério da Educação e utilizados pelos estabelecimentos mencionados no
Cultura – Diretoria do Ensino Superior, incluída na artigo anterior e que lhe serão transferidos nos
categoria constante do item I, art. 3º da Lei nº 1.254, têrmos desta lei;
de 4 de dezembro de 1950. b) bens e direitos que adquirir ou que lhe
Parágrafo único. A Universidade de Alagoas terá sejam transferidos na forma da lei;
personalidade jurídica e gozará de autonomia didática, c) legados e doações legalmente aceitos;
financeira, administrativa e disciplinar, na forma da lei. d) saldos da receita própria e dos recursos
Art. 2º A Universidade de Alagoas compor-se- orçamentários ou outros que lhe forem destinados.
á dos seguintes estabelecimentos de ensino: Parágrafo único. A aplicação
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dos saldos referidos na alínea d dêste artigo § 1º Os professôres das Faculdades e Escola,
depende de deliberação do Conselho Universitário e referidas no artigo 2º, não admitidos em caráter
sòmente poderá sê-lo em bens patrimoniais ou em efetivo na forma da legislação federal, poderão ser
equipamentos, instalações e pesquisas, vedada aproveitados como interinos.
qualquer alienação sem expressa autorização do § 2º Para cumprimento do disposto neste artigo
Presidente da República. a administração das Faculdades e Escola
Art. 4º Os recursos para manutenção e apresentarão à Diretoria do Ensino Superior a relação,
desenvolvimento dos serviços provirão das dotações acompanhada de currículo, de seus professôres e
orçamentárias que lhes forem atribuídas pela União; servidores, especificando na forma de investidura, a
das rendas patrimoniais; das receitas de taxas natureza do serviço que desempenham, a data de
escolares: de retribuição de atividades remuneradas admissão e a remuneração.
de laboratórios; de doações, auxílios, subvenções e § 3º Serão expedidos pelas autoridades
enventuais. competentes os títulos de nomeação decorrentes do
Parágrafo único. A receita e a despesa da aproveitamento determinado nesta lei, depois e a
Universidade constarão de seu orçamento e a contar da data da última das escrituras públicas
comprovação dos gastos se fará nos têrmos da referidas no artigo 5º.
Legislação vigente, obrigados todos os depósitos em Art. 7º Para execução do que determina o
espécie no Banco do Brasil S.A., cabendo ao Reitor artigo 1º desta lei, é criado, no Quadro Permanente
a movimentação das contas. do Ministério da Educação e Cultura – Diretoria do
Art. 5º Independentemente de qualquer Ensino Superior um cargo de Reitor, padrão 2-C,
indenização, são incorporados ao patrimônio da uma função gratificada de Secretaria, 3-F, e uma de
União, mediante escritura pública todos os bens Chefe de Portaria 15-F, para a Reitoria e seis
móveis e imóveis e direitos ora na posse ou funções gratificadas de Diretor, 5-C, seis de
utilizados pelas Faculdades e Escola referidas no Secretário, 3-F, e seis de Chefe de Portaria, 20-F,
artigo 2º. para as Faculdades e Escola componentes da
§ 1º Para a transferência dos bens Universidade.
mencionados neste artigo, é assegurado o prazo de Art. 8º Para a execução do disposto no artigo
120 (cento e vinte) dias. 2º, são criados no Quadro Permanente do Ministério
§ 2º Será havido como agregado o da Educação e Cultura, os seguintes cargos de
estabelecimento que não cumprir o disposto no Professor Catedrático: trinta e dois (32), para a
parágrafo anterior, findo o prazo no mesmo indicado. Faculdade de Medicina (FM-UAI-DESu); vinte e três
Art. 6º É assegurado o aproveitamento do (23), para a Escola de Engenharia (EE-UAI-DESu);
pessoal administrativo e auxiliar técnico dos treze (13), para a Faculdade de Odontologia (FO-
estabelecimentos referidos no artigo 2º, em quadro UAI-DESu); vinte e dois (22), para a Faculdade de
extraordinário, a ser aprovado pelo Poder Executivo, Filosofia (FF-UAI-DESu); vinte e três (23) para a
não podendo os respectivos vencimentos exceder Faculdade de Ciências Econômicas (FE-UAI-DESu).
aos das atividades correspondentes no serviço Parágrafo único. Os cargos de
público federal. Professor Catedrático na Faculda-
– 144 –

de de Medicina da Universidade de Alagoas, objeto O SR. MENDONÇA CLARK: –


desta lei, serão progressivamente reduzidos a 18 "Exmo. Sr.
(dezoito) à medida que se forem vagando por José de Mendonça Clark.
extinção das respectivas cátedras, na forma a ser M.D. Senador da República
prevista no Regimento da Faculdade, o qual deverá Brasília – D. F.
ser aprovado dentro de 60 (sessenta) dias após a Tenho a honra de levar ao conhecimento de V.
instalação da Universidade. Exa. que já foi iniciado o serviço da ponte Dr. João Luís
Art. 9º Para cumprimento das disposições Ferreira, sôbre o Rio Parnaíba, sob a responsabilidade
desta lei, é autorizada a abertura, pelo Ministério da do competente engenheiro Dr. Joaquim Pessoa.
Educação e Cultura, Diretoria do Ensino Superior, Solicito a V. Exa., transmitir os meus agradecimentos
para a Universidade de Alagoas, de crédito especial ao Dr. Rosaldo, Presidente da Rêde Ferroviária Federal
de Cr$ 91.436.000,00 (noventa e um milhões, S.A., como também ao Dr. Celso Furtado, Presidente
quatrocentos e trinta e seis mil cruzeiros), sendo Cr$ da SUDENE, cujos esforços dêsses ilustres cidadãos,
58.084.000,00 (cinqüenta e oito milhões e oitenta e homens públicos demonstraram verdadeiro patriotismo
quatro mil cruzeiros) para Pessoal Permanente; Cr$ a bem da causa pública.
19.968.000,00 (dezenove milhões, novecentos e Aproveito o ensejo e renovo a V. Exa. os meus
sessenta e oito mil cruzeiros), para pessoal protestos de elevada estima e consideração.
administrativo do Quadro Extraordinário; Cr$ Atenciosamente – José de Alencar Matos."
3.384.000,00 (três milhões, trezentos e oitenta e Sr. Presidente, é com a maior satisfação que
quatro mil cruzeiros) para Funções Gratificadas e leio êste ofício do Sr. José de Alencar Matos porque,
Cr$ 10.000.000,00 (dez milhões de cruzeiros) para afinal, depois de aqui pleitearmos, desde abril, o
Material. início do consêrto da ponte sôbre o Rio Parnaíba,
Art. 10. O Estatuto da Universidade de afinal ela está sendo consertada.
Alagoas, que obedecerá à orientação dos das Para isso tem concorrido, também, Sr.
Universidades Federais será expedido pelo Poder Presidente, até o presente momento, o Rio Parnaíba
Executivo, dentro em 120 (cento e vinte) dias da data se achar com suas águas bastante baixas, com o
da publicação desta lei. pequeno atraso do inverno do Piauí providencial aliás,
Art. 11. Esta lei entrará em vigor na data de porque permitiu que iniciado o consêrto, a ponte,
sua publicação, ficando revogadas as disposições embora com o tráfego interrompido, possa ser salva.
em contrário. Agradeço por conseguinte, em nome do
O SR. PRESIDENTE: – Está esgotada a Sindicato de Condutores de Veículos Rodoviários de
matéria da Ordem do Dia. Teresina, ao Presidente da Rêde Ferroviária e
Não há oradores inscritos Presidente da SUDENE, as providências que
O SR. MENDONÇA CLARK: – Sr. Presidente, tomaram no sentido de regularizar a questão da
peço a palavra. ponte sôbre o Rio Parnaíba.
O SR. PRESIDENTE: – Tem a palavra o nobre Terminado êste assunto, Sr.
Senador Mendonça Clark. Presidente, vejo-me forçado a ler um
– 145 –

telegrama do Sr. Júlio Santana, Diretor do em atrito com um Órgão do Governo Federal, ou que
Departamento Regional dos Correios e Telégrafos, um Diretor de Serviço do Govêrno Federal seja
no meu Estado. obrigado a cassar os direitos de franquia telegráfica
É telegrama que só leio porque se trata, como ao Govêrno do meu Estado, como ocorreu no ano
diz aqui o Diretor referido, de evitar e prevenir passado. Êste elemento, aliás, não pertence à
explorações políticas, como aconteceu no ano indicação do meu Partido e sim ao P.S.D. ao qual
passado: estou ligado no Estado por uma aliança antiga,
"Urgente, Senador Mendonça Clark tradicional, razão por que, muito a contragosto vejo-
Comunico ao amigo que esta Diretoria me obrigado a revelar êste telegrama no Senado.
Regional, por portaria de hoje, suspendeu a franquia Era o que tinha a dizer. (Muito bem).
telegráfica do Govêrno do Estado, visto o mesmo O SR. PRESIDENTE: – Antes de encerrar a
não pagar seu débito desde julho do ano passado, sessão, designo para a de amanhã a seguinte:
apesar de inúmeros ofícios de advertência com os
quais tentamos evitar a aplicação da medida ORDEM DO DIA
extrema. As normas legais em vigor obrigam que o
pagamento seja feito à bôca do cofre ou logo após o Discussão única da Redação Final do Projeto
fim de cada mês, por onde se vê que não era de Resolução nº 44 de 1960, que suspende a
possível ser mais tolerante. Esta comunicação é feita execução do parágrafo único do art. 68, e artigos 69
a fim de prevenir explorações políticas como e 74 da Constituição do Estado do Piauí, julgados
aconteceu o ano passado em idêntica situação – inconstitucionais pelo Supremo Tribunal Federal em
Abraços – Júlio Santana – Diretor Regional do decisão definitiva (redação oferecida pela Comissão
Piauí". de Redação em seu Parecer nº 1 de 1960).
É lamentável, Sr. Presidente que Está encerrada a sessão.
o Govêrno do meu Estado esteja Encerra-se a sessão às 18 horas e 10 minutos.
10ª SESSÃO DA 2ª SESSÃO LEGISLATIVA, EXTRAORDINÁRIA, DA 4ª LEGISLATURA, EM 19 DE
JANEIRO DE 1961

PRESIDÊNCIA DOS SRS. FILINTO MÜLLER E CUNHA MELLO

Às 14 horas e 30 minutos, acham-se Mem de Sá.


presentes os Srs. Senadores: Guido Mondim. – (42)
Cunha Mello.
Zacharias de Assumpção. O SR. PRESIDENTE: – A lista de presença
Victorino Freire. registra o comparecimento de 42 Srs.
Sebastião Archer. Senadores.
Eugênio Barros. Vai ser lida a Ata.
Mendonça Clark.
Joaquim Parente. O Sr. Quarto Secretário, servindo de 2º
Fausto Cabral. Secretário, lê a Ata da sessão anterior, que, posta
Fernandes Távora. em discussão, é aprovada sem debates.
Menezes Pimentel.
O Sr. Primeiro Secretário dá conta do
Sérgio Marinho.
Ruy Carneiro. seguinte:
Novaes Filho.
Antônio Baltar. EXPEDIENTE
Rui Palmeira.
Silvestre Péricles.
Lourival Fontes. 1) – Apelos no sentido da rápida aprovação
Heribaldo Vieira. das seguintes proposições:
Lima Teixeira.
Projeto de Lei da Câmara número 4.747-58,
Aloysio de Carvalho.
Ary Vianna. que altera a Lei número 1.393, de 12-7-51, que
Jefferson de Aguiar. regula a aplicação da cota de que trata o artigo 15
Arlindo Rodrigues. parágrafo 4º da Constituição (cota devida aos
Caiado de Castro.
Afonso Arinos. municípios):
Benedito Valadares. Da Câmara Municipal de Xaxim, SC;
Nogueira da Gama. – Projeto de Lei da Câmara número 2.205-60,
Milton Campos. que isenta do pagamento do Impôsto de Renda as
Moura Andrade.
Lino de Mattos. pessoas físicas que vivam exclusivamente de
Padre Calazans ordenados e vencimentos;
Pedro Ludovico. – da Câmara Municipal de São Paulo,
João Villasbôas.
SP.
Filinto Müller.
Gaspar Velloso. 2) – Comunicação de eleição e posse:
Nelson Maculan. Da Diretoria do Aero Club de Feira de
Francisco Gallotti. Santana, BA;
Saulo Ramos.
Irineu Bornhausen. – Da Diretoria da Sociedade Brasileira de
Daniel Krieger. Agronomia no Rio de Janeiro, GB;
– 147 –

– da Mesa da Câmara Municipal de 3.557, de 19 de maio de 1960;


Araraquara, SP; – da Câmara de Vereadores de São José do
– da Mesa da Câmara Municipal de Barretos, SP; Calçado, ES, fazendo apêlo no sentido de estender o
– da Mesa da Câmara Municipal de Dracena, SP; salário-família aos trabalhadores da Zona Rural;
– da Mesa da Câmara Municipal de Garça, SP; – da Assembléia Legislativa de Goiás, GO,
– da Mesa da Câmara Municipal de Guariba, fazendo apêlo no sentido da criação da Sociedade
SP; de Níquel Brasileiro S.A. ou Niquelbrás para a
– da Mesa da Câmara Municipal de pesquisa de jazidas de níquel em todo o território
Guaratinguetá, SP; nacional;
– da Mesa da Câmara Municipal de – da Câmara Municipal de Cubatão, SP,
Itapecerica da Serra, SP; fazendo apêlo no sentido de sustar a transferência
– da Mesa da Câmara Municipal de do Sr. João Duarte Souto, de Piassaguera para Pari,
Jardinópolis, SP; medida que causou grande descontentamento na
– da Mesa da Câmara Municipal de Pinhal, SP; classe ferroviária, encarada como punição ao
– da Diretoria do Centro Acadêmico Luiz de movimento das reivindicações da classe;
Queiroz, em Piracicaba, SP; – da Câmara Municipal de São Carlos, SP,
– da Mesa da Câmara Municipal de Ribeirão congratulando-se com o Congresso pela sanção da
Preto, SP; Lei 3.835, que cria a Universidade Federal de São
– do Prefeito Municipal de Tatuí, SP; Paulo, SP;
– da Mesa da Câmara Municipal de Três – da Câmara Municipal de São Paulo, SP,
Fronteiras, SP; fazendo apêlo no sentido da criação de uma
– da Mesa da Câmara Municipal de Comissão de Inquérito para investigar o que ocorre
Centenário do Sul, PR; nas Indústrias Farmacêuticas cujos lucros das
– da Mesa da Câmara Municipal de Lapa, PR; emprêsas se elevam a mais de 200%;
– da Diretoria do Centro dos Ferroviários de – da Câmara Municipal de Cruz Alta, RS,
Curitiba, PR; fazendo apêlo no sentido de uma revisão na Lei de
– da Mesa da Câmara Municipal de São José "Proteção e Amparo à Família" de 1941, que já se
do Norte, RS. encontra desatualizada, pois o pagamento para
3) – Solicitações sugestões para apresentação cada família numerosa não condiz com os níveis
de proposições: atuais;
– Que decrete feriado nacional o dia 20 de – da Câmara Municipal de Vereadores de
setembro, data magna riograndense, marco dos Panambi, RS, fazendo apêlo no sentido de
épicos tempos farroupilhas: providências para a aplicação imediata da verba de
– da Câmara Municipal de Alegrete, RS. Cr$ 30.000.000,00 prevista no Orçamento da União
4) Diversos Assuntos: para a construção de uma ponte sôbre o Rio Uruguai
Do Inspetor Regional do Instituto Brasileiro de e a cidade de Iraí
Geografia e Estatística de João Pessoa, PB, fazendo
apêlo no sentido da liberação do crédito destinado às PARECER
despesas com o VII Recenseamento Geral, de 1960; Nº 11, DE 1961
– da Assembléia Legislativa de Alagoas,
fazendo apêlo no sentido do pagamento da Da Comissão de Constituição
verba federal ordinária prevista pela Lei número e Justiça, sôbre o Projeto de
– 148 –

Lei da Câmara nº 167, de 1959 (na Câmara nº 255- O projeto tem mérito incontestável. Abre as
B/59) , que dispõe sôbre a inscrição de funcionários portas dos cargos públicos de especialização aos
e serventuários da Justiça em concursos públicos de especializados. Os cidadãos, portadores de diplomas
provas e títulos. científicos, ou seja, os bacharéis em ciências
jurídicas e sociais, com mais de cinco anos de
Relator: Sr. Argemiro de Figueiredo. prática forense, como o exige o projeto, estão,
O Projeto de Lei nº 255-B, de 1959, originário presumidamente, habilitados a prestar os melhores
da Câmara dos Deputados, dispõe sôbre a inscrição serviços no exercício dos cargos de sua
de funcionários e serventuários da justiça, que sejam especialidade. O Projeto de Lei nº 255-B, de 1959 é,
bacharéis em ciências jurídicas e sociais e contem portanto, constitucional e justo. Somos por sua
mais de cinco anos de prática forense, em concurso aprovação.
público de provas e títulos, para preenchimento de Sala das Comissões, em 18 de novembro de
cargos nas repartições públicas federais, estaduais, 1960. – Lourival Fontes, Presidente. – Argemiro de
municipais e autárquicas, nas sociedades de Figueiredo, Relator. – Daniel Krieger. – Milton
economia mista e em quaisquer empresas estatais Campos. – Menezes Pimentel. – Attílio Vivacqua. –
ou paraestatais, independente de inscrição na Ary Vianna.
Ordem dos Advogados do Brasil.
Como é sabido, os funcionários e PARECER
serventuários da justiça, não podem inscrever-se na Nº 12, DE 1961
Ordem dos Advogados do Brasil. Essa restrição,
estabelecida em lei, os impede, conseqüentemente, Da Comissão de Constituição e Justiça, ao
de participar de concurso público para Projeto de Lei, da Câmara nº 17, de 1960 (nº 1.822-
preenchimento de cargos, na Magistratura, no C, de 1956, na Câmara), que concede a pensão
Ministério Público, nas Procuradorias e nas especial de Cr$ 3.000,00 mensais a Aurora Braga da
Assistências Jurídicas Oficiais, de vez que, para tal Silva, viúva do Agente de 3ª Classe da Estrada-de-
concurso, a lei exige a inscrição na Ordem dos Ferro Central do Brasil, Godofredo Bastos da Silva.
Advogados do Brasil.
O projeto vem abolir a restrição, assegurando Relator: Sr. Rui Palmeira.
o direito ao concurso, independente daquela O projeto em exame concede uma pensão
inscrição na Ordem dos Advogados. especial, mensal, de Cr$ 3.000,00 (três mil cruzeiros)
Trata-se assim de uma proposição que, além a D. Aurora Braga da Silva, viúva do Agente de 3ª
de constitucional, tem a vantagem de revogar uma lei Classe, aposentado, da Estrada-de-Ferro Central do
que se conflito, com a letra e o espírito de textos Brasil, Godofredo Bastos da Silva.
consagrados na Constituição da República. O autor da proposição faz, justificando-a,
Realmente, o artigo 184 da Lei Maior do País referência pormenorizada à pessoa de Godofredo
assegura, a todos os brasileiros, o acesso aos cargos, Bastos da Silva que, de 1902 a 1935, emprestou à
públicos. E o parágrafo 1º do artigo 141 da mesma Lei antiga Estrada-de-Ferro Teresópolis, uma
consagra também o princípio basilar da democracia, colaboração dedicada, inestimável. Mas, sua viúva,
que é a igualdade de todos perante a lei. já idosa, ficou ao desamparo:
– 149 –

"O benefício social da pensão, êsse instituto Braga da Silva, hoje com mais de 60 anos de idade –
que é, exatamente, um determinante de sentido diz a referida justificação – nada percebe do Estado,
humano, uma medida de interêsse próprio do porque a lei de previdência social só passou a vigir
Estado, não chegou até D. Aurora Braga da Silva, só depois daquele falecimento, ou seja, o Decreto-lei
por uma questão de data. Inúmeros são os projetos e número 3.347, de 12 de junho de 1941, o qual em
leis concedendo pensões às viúvas de velhos seu art. 2º, letra b, concede pensões mensais e
servidores do Estado, como até dos que nunca pecúlio à família dos servidores públicos e das
pertenceram aos quadros da Administração". demais entidades paraestatais, autarquias ou órgãos
Do ponto de vista constitucional, nada há que assemelhados por ato do Govêrno".
opor à proposição, cujo mérito é da competência da Sôbre a matéria, teve oportunidade de manifestar-
ilustrada Comissão de Finanças. se favoràvelmente a Comissão de Justiça desta Casa.
Sala das Comissões, 27 de julho de 1960. – Do ponto de vista das finanças públicas, ângulo
Daniel Krieger, Presidente em exercício. – Rui que compete a êste Órgão Técnico apreciar no caso,
Palmeira, Relator. – Caiado de Castro. – Attílio nada existe a opor à proposição. É o nosso parecer.
Vivacqua. – Ruy Carneiro. – Menezes Pimentel. – Sala das Comissões, 17 de janeiro de 1961. –
João Villasbôas, vencido por violar o § 1º do art. 141 Gaspar Velloso, Presidente. – Ary Vianna, Relator.
da Constituição Federal. – Argemiro de Figueiredo. – Mem de Sá. – Victorino Freire. – Saulo Ramos. –
Jefferson de Aguiar. Fausto Cabral. – Fernandes Távora. – Francisco
Gallotti. – Caiado de Castro.
PARECER
Nº 13, DE 1961 PARECER
Nº 14, DE 1961
Da Comissão de Finanças, sôbre Projeto de
Lei da Câmara nº 17, de 1960 (nº 1.822-C, de 1956, Da Comissão de Finanças ao Projeto de Lei
na Câmara). da Câmara nº 43, de 1960 (Projeto de Lei nº 4.708-B,
de 1958, na Câmara dos Deputados) que autoriza o
Relator: Sr. Ary Vianna. Poder Executivo a abrir o crédito especial de
O projeto em exame concede pensão especial Cruzeiros 3.000.000,00 (três milhões de cruzeiros)
de Cr$ 3.000,00 (três mil cruzeiros) a Aurora Braga para auxiliar a Prefeitura Municipal de Russas, no
da Silva, viúva de Godofredo Bastos da Silva, ex- Estado do Ceará, nas Comemorações do 1º
Agente de 3ª Classe da Estrada-de-Ferro Central do Centenário dêsse Município, em 6 de agôsto de
Brasil. E determina que essa pensão correrá à conta 1959.
da dotação orçamentária do Ministério da Fazenda,
destinada aos pensionistas da União. Relator: Sr. Fernandes Távora.
Fazendo a justificação do projeto seu Autor, O presente projeto, oriundo da Câmara
Deputado Campos Vergal, esclarece que o ferroviário dos Deputados, autoriza o Poder Executivo
Godofredo Bastos da Silva, falecido a 5 de agôsto a abrir o crédito especial na importância
de 1950, nada legou à sua viúva, Dona Aurora de três milhões de cruzeiros (Cruzeiros
– 150 –

3.000.000,00) para auxiliar a Prefeitura de Russas, lho de 1960. – Daniel Krieger, Presidente em
no Estado do Ceará, nas despesas com as exercício. – Menezes Pimentel, Relator. – Ruy
comemorações levadas a efeito por ocasião do Carneiro. – João Villasbôas. – Caiado de Castro. –
transcurso do 1º centenário do Município, em 6 de Attílio Vivacqua. – Argemiro de Figueiredo. –
agôsto de 1959. Jefferson de Aguiar.
Trata-se de colaboração do Govêrno Federal
para o brilhantismo de uma data marcante na história PARECER
do Município de Russas sendo esta Comissão de Nº 16, DE 1961
Finanças de parecer que o projeto deve ser
aprovado. Da Comissão de Finanças, sôbre o Projeto de
Sala das Comissões, em 17 de janeiro de Lei da Câmara nº 51-60 (Projeto de Lei nº 3.670-C-
1961. – Gaspar Velloso, Presidente. – Fernandes 58, na Câmara).
Távora, Relator. – Fausto Cabral. – Victorino Freire.
– Ary Vianna. – Mem de Sá. – Francisco Gallotti. – Relator: Sr. Fernandes Távora.
Saulo Ramos. – Caiado de Castro. – Daniel Krieger. Pelo projeto em exame, originário do Poder
Executivo, é criada uma Coletoria Federal no
PARECER Município de Vicência, Estado de Pernambuco,
Nº 15, DE 1961 devendo o Ministério da Fazenda provê-la com o
pessoal indispensável à execução de seus serviços.
Da Comissão de Constituição e Justiça, sôbre A fim de atender às despesas de custeio e
o Projeto de Lei da Câmara nº 51-60 (Na Câmara nº investimentos, decorrentes da criação da referida
3.670-C-58), que cria uma Coletoria Federal no coletoria, propõe o projeto a abertura do crédito
Município de Vicência, Estado de Pernambuco e dá especial de Cr$ 333.000,00.
outras providências. De acôrdo com a Lei nº 1.293, de 27 de
dezembro de 1957, cabe ao Poder Executivo propor ao
Relator: Sr. Menezes Pimentel. Congresso Nacional a criação de coletorias federais
Cria, o presente projeto, uma Coletoria Federal nos municípios que apresentem possibilidades
no Município de Vicência, Estado de Pernambuco, financeiras e desenvolvimento econômico capazes de
devendo o Ministério da Fazenda provê-la com o lhes assegurar uma renda anual de Cr$ 240.000,00 e
pessoal indispensável à execução de seus trabalhos. que contem com mais de 100 contribuintes.
Para atender às despesas decorrentes da O órgão competente da Diretoria de Rendas
criação da coletoria, abre o projeto um crédito Internas, após levantamento e estudos procedidos
especial de Cr$ 333.000,00. no Município de Vicência, constatou o cumprimento
A proposição, originária do Poder Executivo dessas exigências legais estando, assim, o mesmo
veio ao Congresso acompanhada de Exposição de em condições de poder contar com uma Coletoria
Motivos do Ministro da Fazenda, justificando-a Federal.
devidamente. A abertura do crédito especial proposto
Obedeceu-se, na iniciativa do projeto, ao destina-se a cobrir as despesas com a instalação e
disposto no artigo 67 da Constituição, e, dessa funcionamento do nôvo órgão, na sua fase inicial.
maneira, somos por sua aprovação. Cabendo ao Ministério da Fazenda
Sala das Comissões, em 27 de ju- promover a lotação do pessoal
– 151 –

necessário aos serviços da nova Coletoria dentre os tenta e nove mil, cento e doze cruzeiros e cinqüenta
servidores do próprio Ministério, mediante alteração centavos) e Cr$ 368.205,00 (trezentos e sessenta e
da atual lotação ou provimento de cargo inicial de oito mil, duzentos e cinco cruzeiros), destinados a fazer
carreiras já existentes, com dotação orçamentária face ao pagamento de diferenças de gratificação
própria, consignada na Lei Orçamentária, o projeto adicional, devido a funcionários da Secretaria do citado
não cogita da criação de novos cargos, conforme Tribunal Regional, nos exercícios de 1958 e 1959.
estabelece o seu art. 2º. Trata-se de medida normal em casos
Esta Comissão, tendo em vista as razões semelhantes, sendo esta Comissão de Finanças de
expostas e as vantagens para o sistema da parecer que o projeto deve ser aprovado.
arrecadação federal decorrentes da criação do nôvo Sala das Comissões, em 17 de janeiro de 1960.
órgão exator, opina pela aprovação do projeto. – Gaspar Velloso, Presidente. – Daniel Krieger, Relator.
Sala das Comissões, em 17 de janeiro de – Ary Vianna. – Francisco Gallotti. – Mem de Sá. –
1961. – Gaspar Velloso, Presidente. – Fernandes Saulo Ramos. – Fernandes Távora. – Caiado de
Távora, Relator. – Victorino Freire. – Ary Vianna. – Castro. – Victorino Freire.
Mem de Sá. – Francisco Gallotti. – Saulo Ramos. –
Fausto Cabral. – Caiado de Castro. PARECER
Nº 18, DE 1961
PARECER
Nº 17, DE 1961 Da Comissão de Finanças sôbre o Projeto de Lei
da Câmara nº 1, de 1961 (nº 1.586-A-60, na Câmara
Da Comissão de Finanças sôbre o Projeto de que abre um crédito especial de Cruzeiros
Lei da Câmara nº 99, de 1960 (Projeto de Lei nº 30.000.000,00 ao Ministério da Viação e Obras
1.700-A, de 1960, na Câmara dos Deputados), que Públicas para obras do Túnel do Palatinato, em
autoriza o Poder Executivo a abrir ao Poder Petrópolis, Estado do Rio de Janeiro.
Judiciário os créditos especiais de Cr$ 79.112,50 e
Cruzeiros 368.205,00, para ocorrer às despesas com Relator: Sr. Francisco Gallotti.
o pagamento de diferença de gratificação adicional O presente projeto abre, pelo Ministério da
devido a funcionários da Secretaria do Tribunal Viação e Obras Públicas, o crédito especial de Cr$
Regional Eleitoral do Pará, no período compreendido 30.000.000,00 (trinta milhões de cruzeiros), para
entre 16 de outubro a 31 de dezembro de 1958, bem custear as obras do Túnel do Palatinato, em Petrópolis,
como no exercício de 1959. Estado do Rio de Janeiro, a serem feitas pelo
Departamento Nacional de Obras e Saneamento.
Relator: Sr. Daniel Krieger. A autoria do projeto cabe à Comissão de
O presente projeto, oriundo da Câmara Orçamento e Fiscalização Financeira da Câmara dos
dos Deputados, tem como finalidade autorizar Deputados, que o apresentou para corrigir situação
o Poder Executivo a abrir ao Poder Judiciário – relacionada com uma dotação idêntica que deixou de
Justiça Eleitoral – Tribunal Regional Eleitoral figurar no Orçamento de 1960.
do Pará, os créditos especiais nos A Emenda nº 714, do Senado
montantes, respectivamente, de Cr$ 79.112,50 (se- Federal, oferecida ao Subanexo 4-2-
– 152 –

Ministério da Viação e Obras Públicas-Obras de Relator: Sr. Jefferson de Aguiar.


Saneamento, em favor das obras do Túnel do O Supremo Tribunal Federal considerou
Palatinato, em Petrópolis, na importância de Cr$ inconstitucional a Lei 380, de 19 de dezembro de
30.000.000,00 (trinta milhões de cruzeiros). 1958, do Estado de Santa Catarina, nas
A referida Emenda nº 714, com parecer Representações 399 e 402.
favorável da Comissão de Orçamento, foi aprovada Foi elaborado projeto de resolução suspendendo
na Câmara através de um destaque de Plenário a execução da lei fulminada pela inconstitucionalidade,
requerido pelo Deputado Saulo Brand. No entanto, a no aresto proferido na Representação nº 402, que se
Mesa daqueIa Casa do Congresso ao encaminhar o refere à criação do Município José Boiteux, com área
avulso à Comissão de Orçamento, para os efeitos de desmembrada do Município de Ibirama.
Redação Final, no despacho proferido, relacionou a Êste processo cogita da criação do Município
Emenda número 713, dando como rejeitada a de de Arroio Trinta, na mesma lei.
número 714. Assim, a Comissão de Constituição e Justiça
Ante a inviabilidade de uma retificação do opina pelo arquivamento do processo, porque atendida
Orçamento, por motivos óbvios, a Comissão de a suspensão da execução da lei noutro Expediente do
Orçamento e Fiscalização Financeira, acolhendo a Supremo Tribunal Federal (Ofício nº 30-P(e).
indicação de um Deputado sôbre o assunto, tomou a Sala das Comissões, em 9 de novembro de
iniciativa de apresentar projeto, abrindo crédito 1960. – Lourival Fontes, Presidente. – Jefferson de
especial em favor da obra a que se refere a emenda Aguiar, Relator. – Daniel Krieger. – Menezes
omitida. Pimentel. – Silvestre Péricles. – Argemiro de
O projeto em exame está, assim, plenamente Figueiredo. – Ruy Carneiro.
justificado, não havendo, ponto de vista das finanças O SR. PRESIDENTE: – Está finda a leitura do
públicas nada que o contraindique. Expediente. (Pausa).
Sala das Comissões, em 17 de janeiro de Sôbre a mesa requerimento que vai ser lido
1960. – Gaspar Velloso, Presidente. – Francisco pelo Sr. 1º Secretário.
Gallotti, Relator. – Saulo Ramos. – Mem de Sá. – É lido e deferido o seguinte:
Ary Vianna. – Fernandes Távora. – Daniel Krieger. –
Victorino Freire. REQUERIMENTO
Nº 26, DE 1961
PARECER
Nº 19, DE 1961 Exmo. Sr. Presidente do Senado Federal.
Nos têrmos regimentais, requeiro a V. Exa. se
Da Comissão de Constituição e Justiça, digne solicitar do Instituto Brasileiro de Geografia e
sôbre o Ofício nº 30-P(d), de 14 de janeiro de Estatística (IBGE) preste ao Senado Federal
1960, do Sr. Presidente do Supremo Tribunal informações versando os seguintes quesitos:
Federal, encaminhando cópia autenticada 1. Do preço de compra do computador
da Representação nº 399, de Santa Catarina, Univac 1105 (de 2.592.250 dólares), quais
julgada a 17 de julho de 1959 (inconstitucionalidade as parcelas ou prestações já pagas, com
da Lei nº 380-1958. – criação do Município indicação das verbas orçamentárias, ou
"Arroio Trinta"). créditos especiais que as suportaram e das
– 153 –

que responderão pelas prestações ainda a pagar. especiais, previstos pelo IBGE para 1960, 1961 e
2. A quanto montaram as despesas de 1962?
instalação e de adaptação do referido computador, 13. Já está inteiramente ultimado, no País, a
discriminando-se e indicando, para as obras de coleta do censo demográfico?
instalação, qual a firma encarregada de efetuá-las e 14. Em que situação se encontram os censos
qual o critério adotado para sua escolha. agrícolas, comerciais, industriais e de serviços? Está
3. O computador já está em funcionamento ultimada a coleta, em todo o País?
regular ou em condições de operar efetivamente? 15. Qual o esquema ou programa estabelecido
4. Já está feita em definitivo a programação para as diversas fases da operação censitária,
das operações de apuração pelo computador? indicando os prazos previstos para a coleta, crítica e
5. Qual o equipamento periférico que se apuração dos diversos censos?
pretende adquirir ou alugar para que se obtenha o Sala das Sessões, em 19 de janeiro de 1961.
rendimento ideal do computador? (Pede-se – Mem de Sá.
discriminação completa das unidades integrantes O SR. PRESIDENTE: – Continua a hora do
dêste equipamento). Expediente.
6. Já foi contratada a compra ou aluguel dêste Há oradores inscritos. Tem a palavra o nobre
equipamento, total ou parcialmente? Senador Lourival Fontes.
7. Houve ou vai haver concorrência O SR. LOURIVAL FONTES (lê o seguinte
administrativa ou quando menos, consulta de preços, discurso): – Senhor Presidente:
para a compra ou aluguel destas máquinas? Está no fim triste e lúgubre e se despedindo
8. Qual o preço e quais as condições de sem saudades o mais variável, o mais insensato, o
pagamento das unidades já adquiridas ou alugadas e mais irresponsável dos Governos brasileiros. A
qual a estimativa dos preços das que ainda não o doçura dos sorrisos e o incenso das palavras não
foram? apagam a calamidade da herança. Não
9. Dentro do planejamento do censo, qual o acompanhamos o carro fúnebre porque somos todos
prazo previsto para a instalação completa do as vítimas da autópsia e dos venenos letais da
equipamento periférico necessário, a fim de obter do decomposição. A magia do desenvolvimento perdeu
computador o melhor rendimento? os encantos do sortilégio. É apenas uma coleção de
10. A quanto montam, em dólares, nas erros, falhas e insucessos a que responde o futuro
despesas para a compra de um "chassis", e das da Nação. O maior déficit já registrado na história,
peças sobressalentes que o computador reclama? uma emissão de dinheiro que sobrepuja todos os
11. Qual o orçamento das despesas com a anos de vida independente, uma inflação que nos fêz
operação censitária em curso, discriminando-as descer à mais vil das moedas e teve como resultado
apenas pelas príncipais rubricas e setores, e, a degeneração social, a corrupção administrativa, e
especialmente, as despesas com aquisição ou negocismo corrente, os escândalos tão assíduos, tão
aluguel de máquinas e as referentes à apuração do freqüentes e tão repetidos que não enumero por
censo? vexame e vergonha.
12. Para as despesas especificadas no item Os que se ufanavam da pátria
anterior, quais os recursos orçamentários ou créditos independente e emancipada não po-
– 154 –

dam mais fazê-lo porque demos, alugamos ou dor de São Paulo, que só deixava ao seu sucessor
vendemos terras livres a mãos e posses estrangeiras. um problema: o do porta-aviões. Não é um problema,
Nós somos contra os povos primitivos que anseiam mas uma dificuldade, não é uma questão
pela emancipação como um alvorecer dos tempos administrativa, mas uma controvérsia de classe. Nós
novos e negamos sanções a Trujilo, ou aparecemos todos sabemos que o problema do porta-aviões está
como benfeitores mal sucedidos do açúcar de Cuba, ou colocado em base de atrito. Não é mais uma questão
promovemos mal inspiradas visitas à ditadura técnica, nem um assunto de alçadas
paraguaia. governamentais, porque dêle não se retira o
Os que se vangloriavam do respeito azedume, o amargor e a paixão.
internacional que leiam agora as estimativas e as Tantas foram as humilhações infligidas que a
estatísticas. Abaixo da Coréia e de Formosa, embora Marinha precisava e reclamava um solene
estas com ajuda estrangeira, sem moeda que não é desagravo. Temia fazê-lo o Presidente para não ferir
mais do que papel pintado, sem produção que se os humores, as suscetibilidades e as vaidades do
rebaixa de nível e de valor ano a ano, sem exportação então todo poderoso Ministro da Guerra.
e sem mercados de competição das nossas utilidades A compra do porta-aviões foi a "trouvaille"
nativas, sem índices de renda privada inferiores às magnífica. Era um gesto de graça para apagar as
calorias da alimentação, é esta a nossa posição ou a antipatias reinantes. Não adquirimos um porta-aviões
nossa degradação no mapa mundial. moderno e equipado, mas um casco velho, uma
Aos que falam de desenvolvimento, ou fazem sucata de ferro, uma unidade imprestável ao
jôgo de cifras, ou tentam apagar o sol com invenções e serviços, uma fôrça obsoleta na armada de
fantasias, nós temos evidências, verdades e certezas, superfície.
como a miséria generalizada, a pobreza opressa, o A reforma dessa cidade flutuante custa três
desespêro substituindo a esperança, os protestos que vêzes mais do que o preço da aquisição ou para ser
se sucedem nas greves, as reações que abrem o mais claro, de nove para vinte e sete milhões de
caminho das rebeldias populares, os desenganos, que dólares. O porta-aviões opera em ação de conjunto e
podem terminar no caos e na catástrofe. não possuímos uma esquadra para defendê-lo e
Não se contentou o Govêrno nos seus protegê-lo. Não tem assim nenhuma missão de
derrames, gastos e esbanjamentos. Não só legou uma segurança continental. Não faltarão os discursos
dívida interna de que não temos meios e recursos de inaugurais num exagêro de linguagem
resgate como ainda transferiu ao seu sucessor as congratulatória, embora faltem a êle os armamentos,
remessas já vencidas dos compromissos exteriores. os equipamentos de radar e os aviões que
Ainda agora temos em andamento no Congresso constituem a sua fôrça intrínseca
pedidos de créditos, superiores a 50 bilhões para obras O SR. PEDRO LUDOVICO: – Permite V. Exa.
realizadas ou não. Inclui-se entre êsses um vultoso de um aparte?
compra de navios onde se misturam os negócios sujos O SR. LOURIVAL FONTES: – Pois não.
e malandros da firma Galdeano. O SR. PEDRO LUDOVICO: – Gostaria de
O Presidente da República afirmou, ser informado sôbre de quem partiu a idéia da
num diálogo com o Governa- compra do porta-aviões. Se do Presidente da Repú-
– 155 –

blica ou da nossa Marinha de Guerra? cionar as linhas vitais oceânicas. As armas


O SR. LOURIVAL FONTES: – O Sr. nucleares, os reatores atômicos, os engenhos
Presidente da República é o único responsável. Só dirigidos, os foguetes de guerra, os projéteis
com autorização de S. Exa. poderia êle ser adquirido balísticos transformaram os submarinos numa
O SR. PEDRO LUDOVICO: – Pela imprensa, tremenda potência. Insensíveis ao radar e ao sonar
a opinião pública foi informada que a nossa Marinha os submarinos podem bloquear portos, atacar
centros vitais destruir grandes cidades, ferir o interior
insistiu na sua aquisição. A culpa, portanto não pode
dos continentes com os seus tiros mortais. A Rússia
ser tôda ela atribuída ao Sr. Presidente da
possui uma frota de 500 submarinos, manejando
República. engenhos dirigidos, a maior do mundo, e está
O SR. LOURIVAL FONTES: – A Marinha aumentando de 75 por ano a sua marinha nuclear. O
pediu, como vinha pedindo nos governos anteriores. navio-aeródromo é nos nossos dias um alvo tão
Só dêste Govêrno obteve a permissão. indefeso, uma prêsa tão fácil, uma espécie tão
O SR. PEDRO LUDOVICO: – É que o atual vulnerável que se considera insensata ou antiquada
Govêrno teve a coragem de comprá-lo para a a construção. A maior velocidade do submarino, e a
Marinha. sua insensibilidade sonar quando profundamente
O SR. MEM DE SÁ: – Ou falta de coragem. imerso, podem aniquilar qualquer fôrça-tarefa de
O SR. PEDRO LUDOVICO: – Na opinião de porta-aviões e suas escoltas. O navio aeródromo é
hoje um tipo convencional ou superado de guerra
V. Exa. pode ser falta de coragem.
como o foram os elefantes dos cartagineses ou as
O SR. LOURIVAL FONTES: – Uma armaduras dos romanos.
equipagem de 1.500 homens, uma despesa diária Mas no Brasil criou o Govêrno uma doutrina,
aproximada de trezentos contos, um gasto de ou se forjou um problema com o espírito de
manutenção que já consumiu até agora mais de três guarnição, que é o da aviação embarcada. Não há
milhões de dólares, tudo isso é zero para uma nação paralelo no mundo nem exemplos de potências
pobre ou pauperizada. marítimas, nem em países que unificaram as suas
As esquadras baseadas em encouraçados fôrças aeronáuticas, em que a marinha não tenha ou
estão mortas e coincidindo à era nuclear a ela não fôsse devolvida a sua aviação naval. A
os submarinos são hoje os senhores dos oceanos. FAB entende e defende o monopólio dos meios
Imunes de qualquer contato, profundamente aéreos e ao seu comando superior único pertencem
campos e bases donde o avião decole ou pouse.
submersos por meses sem necessidade de
O porta-aviões é para êsses uma base móvel e para
emergir para lançar as suas armas destruidores, é aquêles uma unidade tática. Não tem fôrça operativa
sob o mar ou no fundo do mar que ganharemos nem eficiência técnica a dualidade do comando.
os perderemos as batalhas. Não há mais operações Os vocábulos orgânico, fôrça combinada, aviação de
de procura e aniquilamento imunes como então cooperação ou operação anfíbia têm sido a causa de
das aeronaves de patrulha. Êles são uma ficções e desentendimentos. Não produz rendimento,
cunha de aço na rutura dos mares e podem se- nem unidade de corpo, nem espírito de navio,
– 156 –

uma guarnição mixta, separada, heterogênea, semi- Nós temos confiança e esperança no futuro
independente, obedecendo a comandos diferentes Presidente. É um dirigente e não um figurante dos
ou a regulamentos diversos. Não podemos repetir dois lados. Os reflexos da consciência civil e a
uma experiência fracassada nem nos constituiremos unidade das classes armadas não lhe faltarão na
numa exceção nova. A fôrça aérea separada é uma tremenda e imensa tarefa de pacificação e
lição de derrota. O domínio exclusivo e material do confraternização. Não será omisso, ou neutro, ou
ar, preconizado como sistema por nazistas e hesitante, ou negativo, ou indiferente porque decidir
fascistas, não suplantou os inglêses na sua vindita é a sua suprema função e também sua absoluta
de resistência nem arrancou do seu poder marítimo o devoção. (Muito bem! Muito bem! Palmas. O orador
contrôle do Mediterrâneo. é cumprimentado).
Na paz e na guerra se podem prever riscos O SR. PRESIDENTE: – Continua a hora do
justificados e perdas calculadas. Mas por equívoco, Expediente.
extravagância, versatilidade, capricho ou vaidade Tem a palavra o nobre Senador Victorino
não podemos repetir erros e frustrações. Freire.
O fato é que há um incidente e vamos dizer O SR. VICTORINO FREIRE (*): – Sr.
perigoso como demonstração de fôrça. Isto não é Presidente, a amizade, o respeito e o acatamento
objeto de regozijo nem assunto de euforia. Não é que dedico ao nobre colega Senador Lourival
uma moléstia de pele ou vaidade não podemos Fontes, não me impedem de contestar S. Exa. no
repetir eruma atitude, um gesto, uma posição ou libelo há pouco pronunciado contra o Govêrno que
uma definição. dentro de poucos dias deixará as rédeas do Poder.
A aeronáutica usa uma doutrina que se Ficaria muito feio, para mim, se a esta altura
vai transfigurando em dogma. A marinha emprega não levantasse, aqui, minha voz para defender, no
um conceito que se impõe como tradição. Não que merece defesa, o Sr. Presidente da República.
houve do Govêrno objeção, oposição ou intervenção. Aliás, o que estamos observando é rotina na vida
Houve, sim, ausência de autoridade que é pública brasileira. Eu já me vi sòzinho, nesta Casa,
pouco menos do que crise de autoridade. defendendo o General Eurico Gaspar Dutra, quando
Uma decisão presidencial na forma e processo S. Exa. deixou o Govêrno.
da lei, teria resolvido uma questão administrativa. O SR. PEDRO LUDOVICO: – Dá V. Exa.
Mas o descaso substituiu ao cuidado e a displicência licença para um aparte?
agravou a divergência. O amor da improvisação O SR. VICTORINO FREIRE: – Pois não!
e o amadorismo na política inibiram o Govêrno O SR. PEDRO LUDOVICO: – Minha voz,
de dizer não ou o levaram a uma dilação em aliás, também já se fêz ou vir, nesta Casa, na defesa
vez duma resolução. Mas ao nôvo Govêrno, do Sr. Juscelino Kubitschek de Oliveira,
como um desafio a um ato de força, ou como principalmente porque S. Exa. está às vésperas de
um apêlo ao aventurismo da divisão, entregou deixar o Govêrno. Acho que seria uma covardia, da
alguma coisa que, embora seu pecado original,
tem as características duma crise, dum __________________
caso ou duma questão militar. (*) – Não foi revisto pelo orador.
– 157 –

nossa parte, não defendê-lo neste instante. niões, estriba-se em acusações e defesas.
O SR. MEM DE SÁ: – Muito bem! Depois de ler, no Diário do Congresso, o
O SR. VICTORINO FREIRE: – Agradeço o discurso de S. Exa., poderei dar, ainda, a esta Casa,
aparte do meu nobre colega, Senador Pedro algumas explicações. A verdade, porém, é que
Ludovico, a quem conheço e respeito, na sua nenhum Govêrno, neste País, deixou o Poder com a
coragem de atitudes, na sua ortodoxia partidária. aura de popularidade do Sr. Juscelino Kubitschek,
O SR. PEDRO LUDOVICO: – Muito obrigado. porque, na esteira de sua saída, não o acompanham
O SR. VICTORINO FREIRE: – Quantas vêzes o ódio e o azedume do povo brasileiro. S. Exa. é um
divergi do Sr. Juscelino Kubitschek de Oliveira, nos homem muito humano e muito bom. Erros e graves,
seus erros, nos seus desacertos. Muitas vêzes, na êle os cometeu no Govêrno mas, a soma de acertos
Liderança da Maioria nesta Casa, procurei S. Exa. é tal que cobre os erros cometidos.
para adverti-lo de erros que iriam ser praticados; e S. O SR. PEDRO LUDOVICO: – Permite V. Exa.
Exa. também, por vêzes voltou atrás, mercê das um aparte?
minhas advertências. O SR. VICTORINO FREIRE: – Com muito
Êsse era o meu dever. Divergi para servir com prazer.
lealdade ao Govêrno e também ao meu Partido. O SR. PEDRO LUDOVICO: – A prova de que o
O nobre Senador Lourival Fontes no seu atual Presidente da República é um homem estimado
discurso não dá ao Presidente Juscelino Kubitschek pelo povo brasileiro, é que nunca foi vaiado. Tenho
de Oliveira a menor parcela de mérito de realizações. freqüentado cinemas do Rio de Janeiro, de São Paulo
Tudo quanto S. Exa. praticou foi errado. e de outros Estados e jamais ouvi vaia ao Presidente
Não! Juscelino Kubitschek; no entanto outros Presidentes
Quando as paixões se acalmarem, e diante da República foram seguidamente vaiados, inclusive
do que vai fazer o nôvo Govêrno, S. Exa. refletirá no Estádio do Maracanã. Não afirmo que êles as
melhor. Aqui ficam meus votos, Sr. Presidente, merecessem; mas o fato de o Sr. Juscelino
para que o nôvo Presidente, dê pelo menos, à Kubitschek não ser vaiado é uma prova de que goza
Nação os mesmos dias de tolerância que lhe deu da simpatia do povo brasileiro, porque a isso fêz jus.
o Sr. Juscelino Kubitschek de Oliveira, no respeito Foi um grande Presidente, traçou o Brasil de estradas
às franquias democráticas, no respeito de Norte a Sul, de Leste a Oeste, como a Belém-
aos adversários, que S. Exa. nunca perseguiu Brasília, Brasília-Cuiabá, Brasília-Fortaleza, que serão
nem humilhou. verdadeiras artérias do progresso dentro de poucos
Não fui colhido de surprêsa pelo discurso anos. Só o futuro aquilatará o valor dessa obra. As
do nobre Senador Lourival Fontes. Sua pessoas apaixonadas entretanto, não reconhecem
oração, apaixonada, serve à convicção que S. nenhuma dessas qualidades; só se deixam levar
Exa. professa de há muito, nesta Casa, nas pelas paixões.
críticas aos atos do Govêrno. E a mim muito agrada, O SR. MEM DE SÁ: – Há paixões contra e a
porque a vida democrática, no conflito de opi- favor.
– 158 –

O SR. PEDRO LUDOVICO: – A de V. Exa. é ra que S. Exa. fôsse eleito Senador. Eu assumiria
contra. tranqüilamente o meu lugar de oficial administrativo,
O SR. MEM DE SÁ: – A de V. Exa. é a favor e letra "O", no Ministério da Educação...
tem razões para isso. O SR MEM DE SÁ: – Ministério da Saúde.
O SR. PEDRO LUDOVICO: – Evidentemente, O SR. VICTORINO FREIRE: – Exatamente;
sou homem de luta, acostumado a elogiar e a com a reforma, fui transferido para o Ministério da
censurar. Saúde.
O SR. MEM DE SÁ: – No caso, a paixão de V. O SR. MEM DE SÁ: – Lá V. Exa. trabalha no
Exa. é a favor. Serviço de Doenças Mentais.
O SR. PEDRO LUDOVICO: – Com espírito de O SR. VICTORINO FREIRE: – Certo. V. Exa.
justiça. na oposição sistemática que me faz, apesar da
O SR. MEM DE SÁ: – Mas não o está tendo: grande amizade que nos liga disse que eu não devia
vê paixão em mim e não a reconhece em Vossa trabalhar nesse Serviço, mas que deveria ser cliente
Excelência. dêle. (Riso).
O SR. VICTORINO FREIRE: – Sr. Presidente, Eu tranqüilamente assumiria a direção
fomos derrotados no plano nacional... da minha Seção e tomaria parte na luta, para
O SR. LOURIVAL FONTES: – O Sr. Juscelino eleger Senador o Sr. Juscelino Kubitschek
Kubitschek é candidato a Senador por Goiás. V. Exa. de Oliveira.
não ignora as razões que imperaram para isso. Êle se O SR. LOURIVAL FONTES: – Atitude muito
faz Senador por Goiás, afastando do Senado e dando digna de V. Exa., mas bem diferente da que se
uma "propina" administrativa a um nosso colega. verificou nesta oportunidade.
O SR. PEDRO LUDOVICO: – Porque o nosso O SR. PEDRO LUDOVICO: – A U.D.N. de
colega a isso se submeteu. Goiás é quem mais acha que o Presidente Juscelino
O SR. LOURIVAL FONTES: – Não quis, Kubitschek de Oliveira deve ser Senador pelo nosso
sinceramente; o ato deveria ser espontâneo. Estado.
O SR. PEDRO LUDOVICO: – É ponto de vista O SR. VICTORINO FREIRE: – E faz muito
que a êle pertence. S. Exa. entretanto, é homem digno. bem.
O SR. VICTORINO FREIRE: – Se o Sr. O SR. PEDRO LUDOVICO: – E todos os
Juscelino Kubitschek tivesse feito pelo Estado do Partidos estão acordes.
Maranhão um têrço do que fêz pelo de Goiás... O SR. AFONSO ARINOS: – Permite o orador
O SR. MEM DE SÁ: – Um décimo. um aparte?
O SR. VICTORINO FREIRE: – Um décimo, O SR VICTORINO FREIRE: – Com prazer.
diz bem V. Exa., eu não teria dúvida – O SR. AFONSO ARINOS: – A amizade
não agora, mas depois de dois de fevereiro – que tenho por V. Exa. não me permite deixar
em entregar o meu mandato, pa- seja induzido a equívoco. Tenho razões e testemu-
– 159 –

nhos suficientes para comunicar a V. Exa. que é renunciaria trocando-a por outro cargo?
inexata a informação que lhe foi levada. Até o O SR. VICTORINO FREIRE: – Essa questão é
momento o Diretório da U.D.N. de Goiás não indicou de fôro íntimo. Eu, não; assumiria o meu lugar no
o Sr. Juscelino Kubitschek de Oliveira como seu Ministério da Saúde – era no Ministério da Educação
candidato, e provàvelmente não indicará. e Cultura mas o nobre Senador Mem de Sá, mais
O SR. PEDRO LUDOVICO: – V. Exa. é que bem informado, sabe até onde estou lotado.
está equivocado. Ainda hoje os jornais do Rio de O SR. MEM DE SÁ: – Mais um êrro do atual
Janeiro publicam uma carta nesse sentido. O Govêrno: em vez de deixá-lo no Ministério da
Diretório Regional da U.D.N., em Goiás, não se Educação e Cultura, passaram-no para o da Saúde,
reuniu para tomar uma resolução sôbre o caso, mas no Serviço de Doenças Mentais.
já assinou compromisso. Vi assinaturas de diversos O SR. VICTORINO FREIRE: – Foi criado,
chefes da U.D.N., entre as quais a do nobre Senador quando o Senador Lourival Fontes era Chefe da
Coimbra Bueno – em prol da candidatura do Sr. Casa Civil da Presidência da República.
Juscelino Kubitschek de Oliveira. Organizaram então os quadros e passaram-me para
O SR. AFONSO ARINOS: – Então, não é o lá, mas o nobre Senador Mem de Sá é um homem
Partido. São posições individuais tornadas por de tal forma vigilante nas suas atitudes que sabe
alguns membros do Partido. onde estou classificado. Outro dia, sabendo disto, fui
O SR. PEDRO LUDOVICO: – Se assinaram advertido pelo meu filho, nestes têrmos: Não diga ao
um compromisso e não o cumprem não têm palavra. Senador Mem de Sá senão vai dizer que foi um êrro.
O SR. VICTORINO FREIRE: – O nobre Senador O SR. MEM DE SÁ: – Quanto ao fato de estar
Coimbra Bueno declarou, há poucos dias nesta tribuna, na classe "N", fique V. Exa. tranqüilo, que será
que o Sr. Juscelino Kubitschek de Oliveira seria eleito promovido...
Senador por Goiás quisesse ou não a U.D.N. O SR. VICTORINO FREIRE: – Não poderei
O SR. MEM DE SÁ: – Não se trata da ser; já estou na letra "O".
candidatura em si mas do processo adotado para O SR. MEM DE SÁ: – ...dentro de poucas
conseguir ou cavar a vaga. semanas.
O SR. LOURIVAL FONTES: – Permite o O SR. VICTORINO FREIRE: – A não ser
orador outro aparte? que V. Exa. faça uma lei nesse sentido. Fui
O SR. VICTORINO FREIRE: – Pois não. promovido por antiguidade nos Governos dos Srs.
O SR. LOURIVAL FONTES: – Afirmou V. Exa. Marechal Eurico Dutra, Getúlio Vargas e Juscelino
que renunciaria à sua cadeira de Senador se tais fôssem Kubitschek. Sempre por antiguidade. Não devo favor
os serviços prestados pelo Sr. Juscelino Kubitschek a ninguém. Foi na dura antiguidade que fui
de Oliveira ao Estado do Maranhão, mas V. Exa. promovido. Não devo favor, repito, a ninguém –
– 160 –

nem à Comissão de Promoções de qualquer ninguém verá ajoelhado diante do muro de


Ministério. lamentações, procurando responsáveis pelo revés
Sr. Presidente, o Sr. Juscelino Kubitschek pode que as urnas inflingiram ao meu Partido.
ter praticado erros e desacertos, e muitas vêzes divergi Não se luta sòmente para vencer. Venci, Sr.
de S. Exa. Muitos Senadores da Maioria são Presidente, por larga margem no meu Estado, onde
testemunhas – porque eu, no cumprimento dos meus jamais perdi a confiança do povo e o favor das urnas.
deveres de amizade e do meu mandato, devo advertir Quando o General Dutra deixou o
para que o amigo e correligionário não erre ou acerte a Govêrno, num debate nesta Casa, disse-me um
mão, ou volte atrás nos erros que vai praticar. meu amigo do Partido Trabalhista: "V. Exa. agora
Sr. Presidente, muitas vêzes consegui meu vai trilhar os caminhos da Oposição e verá
objetivo, o Sr. Juscelino Kubitschek sempre me ouviu como aquela máquina de ferro do Maranhão
sem irritação e com a melhor boa vontade, porque é se arrebenta". Respondi – Vou dar uma surra
um homem, sobretudo, impecável no trato com seus muito maior em V. Exa. no próximo pleito e dei-a,
correligionários. na Oposição.
O SR. PEDRO LUDOVICO: – Permite V. Exa. O SR. MEM DE SÁ: – Surra, no sentido
outro aparte? simbólico.
O SR. VICTORINO FREIRE: – Com O SR. VICTORINO FREIRE: – Não preciso
satisfação. ensinar nem esclarecer; V. Exa. sabe muito bem
O SR. PEDRO LUDOVICO: – Voltando ao o sentido da expressão. Mesmo porque no
caso da candidatura do atual Presidente da meu Estado nunca dirigi um atentado nem dei uma
República à Senatoria por Goiás, quero lembrar que surra. Apenas uma vez me defendi pessoalmente,
no penúltimo pleito o P.S.D., sòzinho, em Goiás quando, no aeroporto da minha cidade surrei um
venceu seis Partidos, tendo eleito o Governador, o Deputado que me distratou e insultou. Se terem
Vice-Governador, o Prefeito da Capital e noventa por meus brios ou minha honra não procuro a Justiça
cento dos Prefeitos; no último pleito, o P.S.D. aliado nem apresento queixa-crime contra ninguém;
ao P.T.B. elegeu o Governador, o Vice-Governador, desagravo-me pessoalmente porque do céu vem o
e setenta e cinco por cento dos Prefeitos. remédio. Nessa questão de luta vence quem é mais
Não seria preciso que outros Partidos a nós se rápido no gatilho. O Senador Mem de Sá está me
ligassem para eleger o Sr. Juscelino Kubitschek, mas provocando...
são êsses próprios Partidos que, por gratidão, O SR. AFONSO ARINOS: – Mas sem
querem apoiar o seu nome à vaga deixada pelo nenhuma intenção de fazer o papel do Deputado.
Senador Taciano de Mello. O SR. VICTORINO FREIRE: – ...para me levar
O SR. VICTORINO FREIRE: – Muito obrigado a outro caminho.
ao aparte de V. Exa. Sr. Presidente, dizia eu, O SR. MEM DE SÁ: – Não o de chegar à
fomos vencidos no plano nacional. As urnas surra.
traçaram o nosso caminho. Aceitei, como de O SR. VICTORINO FREIRE: – Estou aqui
outras vêzes, a derrota democràticamente. A mim apenas para, com o respeito que me merece a alta ca-
– 161 –

tegoria moral e a probidade do Senador Lourival sistir a um debate que tem, talvez maior significação
Fontes... do que poderia parecer pelo tom jocoso do seu
O SR. LOURIVAL FONTES: – Obrigado a desenvolvimento.
Vossa Excelência. Venho aqui constatar, em primeiro lugar, a
O SR. VICTORINO FREIRE: – ...no procedência, a lógica e a razoabilidade do debate
que não faço favor algum, pois êsse conceito que S. que se feriu no Senado.
Exa. goza é unânime, perante a Nação – dizer que o Venho fazê-lo, Sr. Presidente, em nome do
discurso de S. Exa. foi um discurso meu Partido para marcar a nossa posição.
apaixonado, agressivo, porque S. Exa. tem um Considero louvável que aquêles ilustres
temperamento agreste de nordestino e de sergipano. confrades que durante todo o qüinqüênio que se está
Se a oração de S. Exa. fôsse a esgotar, tiveram de manifestar, por motivos de
publicada num jornal sem dizer quem foi o seu autor, solidariedade política, de convicção ou de amizade,
diriam que havia sido meu – eu que sua posição de apoio ao Sr. Presidente da
estou aqui dando um exemplo de serenidade, de República, o façam como devem fazê-lo e como
isenção de ânimo, de falta de paixão. estão fazendo ao apagar das luzes dêste qüinqüênio.
Sr. Presidente, o futuro julgará Não tenho senão que manifestar a minha simpatia, a
a obra do Sr. Juscelino Kubitschek. Estou certo de minha admiração por êsse procedimento político,
que dentro de alguns anos o meu nobre mas, por outro lado não se nos deve incriminar, nem
colega, Senador Lourival Fontes, retificará o seu se levar a mal, nem supor que sejamos nós os
juízo. Muita coisa foi feita de útil para o abissínios, que estejamos a atirar pedras no
desenvolvimento do País, mas o tumulto momento em que o sol se põe.
das paixões não permite de momento, se julgue com Devemos marcar nossa posição, nós da União
a isenção devida o homem que deixa, Democrática Nacional, que durante todo o
no dia 31 deste mês, o Govêrno da República. E o qüinqüênio estivemos nestas trincheiras
deixa – falo bem alto a minha voz para parlamentares, a combater o Govêrno e que estamos
que tôda a Nação ouça – com a minha solidariedade, exercendo até o fim a missão que nos foi confiada
que perdurará fora do Govêrno, tal qual lhe dei até pelos nossos eleitores, com a mesma galhardia, com
hoje, e com ela não lhe faltarei no futuro, como a mesma soberania e a mesma fidelidade aos
não faltei ao meu velho Chefe e amigo, deveres dos nossos mandatos.
o Presidente Eurico Gaspar Dutra. (Muito bem! Muito Estamos atacando o Govêrno como estivemos
bem!). desde os seus primeiros dias, e não seria uma razão
O SR. PRESIDENTE: Continua a hora do sentimental ou um motivo qualquer de natureza
Expediente. pessoal, que nos faria desviar dessa rota e deixar de
O SR. AFONSO ARINOS: – Sr. Presidente, proclamar os erros, os desacertos e mesmo os
peço a palavra. malefícios trazidos à coletividade brasileira pelo
O SR. PRESIDENTE: – Tem a palavra o nobre suposto govêrno desenvolvimentista do Sr. Juscelino
Senador Afonso Arinos. Kubitschek.
O SR. AFONSO ARINOS: – Sr. O SR. VICTORINO FREIRE: – Permite V. Exa.
Presidente, o Senado acaba de as- um aparte?
– 162 –

O SR. AFONSO ARINOS: – Ouvirei V. Exa. de fixar, de forma bem clara, que estamos, por nossa
com muito prazer. vez, nos desincumbindo do dever elementar de
O SR. VICTORTNO FREIRE: – Longe de nós membros de uma aguerrida Bancada que funcionou
o desejo de qualquer reparo à UDN ou ao Senador na Oposição.
Lourival Fontes e a V. Exa., que sempre estiveram De minha parte, é com certa
aqui na crítica, no ataque, ao Govêrno, durante melancolia que me despeço dessa posição de luta, à
êsses cinco anos. O que eu precisava, era fixar a qual dei o melhor de minha vida, o ardor e
minha posição. Aliás, não seria necessário fixá-la, o fogo da minha extinta mocidade. Sou eu um
pois as urnas já o fizeram. Tampouco V. Exa. homem público que não conhece, a não ser com
precisaria dar êsses esclarecimentos, para que não certas intermitências, com clarões muito fugazes,
se julgasse que a UDN atira pedras como abissínios, senão a vida de Oposição. Sou um homem que está
porque o Govêrno se finda. Desde o início da na Oposição desde 1928, em que o nosso
Administração do Sr. Juscelino Kubitschek que V. grupo mineiro rompeu com o Presidente Washington
Exa. se mantém nessa posição de dignidade, sem Luis. Só conheci proximidades com o
dúvida, em que divergimos freqüentemente sem Govêrno em Minas Gerais, no tempo em que ali
quebra do respeito, do acatamento a que nos ilustrou a cadeira do Palácio da Liberdade o nosso
devemos, oposicionistas e governistas, mas em que preclaro colega. Senador Milton Campos... (Muito
cada um se situa dentro dos seus quadros bem).
partidários. Fui solidário com o atual Govêrno, e, O SR. MILTON CAMPOS: – Muito obrigado a
ainda o sou nesta hora em que S. Exa. o deixa. Não Vossa Excelência.
é de meu temperamento mudar sobretudo nesta O SR. AFONSO ARINOS: – ...e no Palácio do
altura da vida. Considero desairoso estar mudando Catete, durante o tumultuoso, sofrido e duro Govêrno
ou batendo palmas. Felizes os que a sorte política do Sr. Café Filho.
vier a bafejar. A nossa posição é a de defender, O SR. SÉRGIO MARINHO: – Digno Govêrno.
como sempre o fizemos o Sr. Juscelino Kubitschek VÁRIOS SENHORES SENADORES: – Muito
mesmo quando deixar o Govêrno. Tôda vez que S. bem.
Exa. merecer defesa não tenha dúvida V. Exa., que O SR. AFONSO ARINOS: – É, portanto, com
estaremos ao seu lado. Aliás, tal atitude não constitui certa autoridade, quando não de qualidade, pelo
ataque ao partido vencedor. Os ataques de V. Exa. menos de ancianidade que aqui venho defender a
não os tomava para mim, e sim ao sistema de um linha e os pressupostos da União Democrática
govêrno; não eram ataques dirigidos às pessoas, ou Nacional, de que hoje, embora, sem pertencer à
ao Presidente da República, mas a um sistema de nossa legenda, fato que muito nos honraria, se fêz
govêrno como disse. Amanhã faremos a mesma intérprete o nobre Senador Lourival Fontes.
coisa, criticaremos os erros e desacertos do nôvo Não pretendo acompanhá-lo em tôdas
Govêrno. as expressões do seu discurso; não pretendo
O SR. AFONSO ARINOS: – Muito obrigado a encampar ou referendar o estilo em que
Vossa Excelência. êle foi pronunciado; porque como dizem os
Sr. Presidente, a minha estilistas, o estilo é o homem, é a personalidade
vinda à tribuna era exatamente o desejo individual, são os sentimentos, as inclinações,
– 163 –

os temperamentos, o complexo cultural, em suma, feira e camarada a sua convivência,


que transpiram, que explodiram em algumas das a verdade é que o candidato que se opôs aos
páginas lidas pelo eminente representante por processos de S. Exa., o candidato que
Sergipe, Senador Lourival Fontes. Se formos combateu a candidatura oficial ganhou
analisar, em seu contexto positivo, afirmativo e as eleições por mais de um milhão e oitocentos mil
concreto, o discurso de S. Exa., declaro que êle votos.
corresponde precisamente às críticas que aqui vimos Isso quer dizer que enquanto o Presidente da
contìnuamente fazendo, isto é, de que o República sorri para o povo êste vota naquele cuja
desenvolvimento das metas econômicas do atual opinião lhe é contrária.
Govêrno se, por um lado, atingiu a certo percentual O SR. VICTORINO FREIRE: – Se S. Exa. o
de êxito, por outro se fêz com o sacrifício, com o Sr. Presidente da República se candidatar às
esfomeamento e com a miséria do povo brasileiro. eleições em 1965, garanto que vencerá o páreo.
Os índices a êsse respeito, constantes das O SR. AFONSO ARINOS: – Veremos, em
próprias estatísticas oficiais são suficientemente 1965.
eloqüentes, suficientemente gritantes, O SR. VICTORINO FREIRE: – Não tenha
golpeantemente elucidativos pela sua simples dúvida, se houver eleições...
expressão, para que tenhamos necessidade de O SR. AFONSO ARINOS: – Eu me aprazo
revolver o assunto, por nós tantas vêzes repisado. com Vossa Excelência.
Acredito mesmo seja uma posição puramente O SR. VICTORINO FREIRE: – ...garanto a V.
teórica V. Exas. mais que nós, acreditam nas Exa. que concorrendo ao páreo, sairá vencedor.
miragens, nos benefícios, nas possibilidades de um O SR. AFONSO ARINOS: – Se tiver coragem
desenvolvimento futuro, que se fêz em detrimento da para tanto.
situação presente; nós, no entanto, sempre vimos O SR. VICTORINO FREIRE: – Coragem êle
aqui fazendo a defesa calorosa dos interêsses tem.
imediatos, atuais, do povo brasileiro que O SR. AFONSO ARINOS: – Nesse caso
consideramos sacrificado, profundamente assuma V. Exa. desde logo o compromisso de fazê-
sacrificado, por uma falsa política desenvolvimentista lo candidato. Examinaremos êsse fato futuramente.
em que vimos aquinhoados certos grupos O SR. VICTORINO FREIRE: – Não tenho
dominantes, favorecidos certos setores das classes dúvida de que se houver eleições no dia 2 de
governantes com empobrecimento terrível da maior fevereiro para Senador da República, em cada
parte da população nacional. Estado, e o Sr. Juscelino Kubitschek se candidatar
A resposta a essas declarações e a solução vencerá em cada um dêles.
dessas dúvidas e controvérsias foi dada, não por O SR. JOAQUIM PARENTE: – O Piauí não
nós, mas pelas urnas. lhe dará vitória.
Por mais simpático que seja o O SR. AFONSO ARINOS: – Nem a terá na
Presidente da República, por mais lhano o Guanabara.
seu trato, por mais sorridente a sua fisionomia, O SR. JOAQUIM PARENTE: – Se
por mais fácil o seu acesso, por mais galho- S. Exa. tivesse feito pelo meu Esta-
– 164 –

do uma têrça-parte do que fêz pelo Maranhão, seria Na ocasião, declarei, como declaro agora ao
ali também eleito Senador; entretanto, nada fêz. Não Senado, que não tinha motivos para nos opormos a
podemos pois, dispensar a S. Exa. o mesmo disputas travadas nas urnas, para que um Presidente
tratamento dispensado pelo povo maranhense. da República, que deixa o mandato, viesse a fazer
O SR. AFONSO ARINOS: – Sr. Presidente, parte desta Casa. É uma demonstração de confiança
prossigo nas minhas considerações, que lhe assiste e que exprime, na sua mais alta
tratando do problema da senatoria por Goiás, acepção, adesão ao princípio democrático.
suscitado pelo nobre representante de Goiás, Em verdade não se pode criticar o cidadão
Senador Pedro Ludovico, e que acaba de ser que, ao deixar a função mais alta da República, vem
mencionado pelo eminente Senador do Maranhão. competir na disputa de uma, que é das mais altas,
Minha posição é aquela que aqui defendi em certa mas que, em todo o caso, não está colocada no
sessão noturna, ao apartear o nobre Senador por mesmo plano daquela que S. Exa. ocupava.
Santa Catarina, Francisco Gallotti. No momento em Declarei na Câmara – como no Senado – que
que S. Exa. manifestava sua satisfação por opiniões não tinha dúvida alguma em que o Sr. Juscelino
colhidas de alguns dos representantes mais Kubitschek disputasse, no Estado de Goiás, o
categorizados, mais dignos e respeitados do meu mandato de Senador. Apenas perguntei naquela
Partido, no que tange à candidatura senatorial noite em que vaga S. Exa. iria disputar essa eleição
Juscelino Kubitschek, manifestei aqui as razões de visto que, felizmente, para todos nós que tanto
alguns dos nossos companheiros ao oporem prezamos os nossos colegas de Goiás, estavam
reservas a essa solução. todos êles assistindo à sessão. Alguém me
Fui, Sr. Presidente, quem a princípio liderou, respondeu que iria ser na vaga de um Senador
na Câmara dos Deputados a luta contra a Emenda goiano que estava vivo e presente.
dos Conselheiros, apresentada no Senado. Inquiri mais: por que se deu essa vaga? Fui
Como Líder da Oposição, convoquei a batalha informado de que S. Exa. renunciara ao seu
naquela Casa do Congresso, pela derrota da mandato, para facilitar a eleição. Então é por êste
emenda. Entendia então, como entendo hoje, que motivo; não há nenhuma outra razão de natureza
ela viria subverter a estrutura institucional do pessoal ou política.
federalismo, do presidencialismo, do próprio sistema Parece-nos digno de meditação e de
democrático brasileiro, em função de reivindicações condenação, que no fim de um Govêrno, um homem
puramente pessoais por mais respeitáveis que que exerceu o mandato com tantas afirmações sôbre
fôssem. suas próprias intenções, sôbre seus próprios
A igualdade da representação do Senado, no propósitos, cercado de uma equipe tão brilhante de
Congresso Nacional, a temporariedade dos assessôres, companheiros e correligionários, sinta-
mandatos legislativos, fazem parte da Federação e se na contingência de andar pesando na balança dos
da República e da Democracia. Sem contar, Sr. interêsse as vantagens e desvantagens de dois ou
Presidente, que o regime presidencialista estaria três cargos.
também atingido com essa presença de Senadores Não quero empregar o verbo
vitalícios no seio da Câmara Alta do Parlamento. que me ocorreu, mas custou-me crer que
– 165 –

o chefe do Govêrno não hesitasse em se tornar, ao Exa., acha que o Presidente fêz muito por essa
mesmo tempo, o ator e o autor dessa comédia, que é unidade federativa.
a de proceder a atos administrativos que dependem O SR. AFONSO ARINOS: – Compreendo a
da sua jurisdição e da sua autoridade para, através posição de V. Exa. e espero que V. Exa. também
dêsses atos, abrir caminho às suas aspirações compreenda a minha que é de constrangimento.
políticas ao Palácio do Senado no Planalto. Esta a Não quero insistir na matéria, sobretudo
razão. Não temos outra, Sr. Presidente. Aceitaria, ausente o nobre Senador Taciano de Mello, que
perfeitamente, que o meu Partido apoiasse o nome infelizmente não mais nos acompanha, com seu
de S. Exa. É problema regional, local. ameno e afetuoso convívio.
Considero que a vinda da Capital para o É para mim motivo de desagrado ter que usar
Planalto, com tôdas as suas conseqüências, foi essas expressões em relação a um colega que
medida, que deveria tornar grata a população de sempre me dispensou consideração e respeito e por
Goiás. Acho, porém, que não se insere na tradição quem sempre tive simpatia pessoal.
goiana, não se enquadra nas regras habituais da Quero, assim, dizer a V. Exa. que não
vida pública dêsse Estado que tantos valores teve no concordo com o procedimento de ambos. No caso, a
império e na República, consentir em acomodação pior situação moral é a do Presidente da República,
dessa natureza. não a do Senador renunciante. O Sr. Juscelino
O SR. PEDRO LUDOVICO: – Permite V. Exa. Kubitschek aceitou essa acomodação para abrir uma
um aparte? vaga no Senado. Emito êste ponto de vista com o
O SR. AFONSO ARINOS: – Com muito maior desembaraço, porque não faço restrições ou
prazer. ataques ao companheiro que se afasta desta Casa
O SR. PEDRO LUDOVICO: – Permito-me para posição relativamente obscura e de pouco
esclarecer a V. Exa., que êsse ato de renúncia do prestígio. Minhas críticas são ao Presidente da
nobre Senador Taciano de Mello foi inteiramente República, ao homem que está no Govêrno, e que
espontâneo. Não tomei parte nêle. Quando tive continuará a ser Govêrno e que dispõe de imensos
conhecimento, já estava combinado. recursos para isso. Na minha opinião e na da maioria
O SR. VICTORINO FREIRE: – É verdade. dos companheiros da União Democrática Nacional,
O SR. PEDRO LUDOVICO: – Soube disso em Sua Exa. praticou ato incorreto, para não dizer
quarto lugar. Não tenho a menor responsabilidade na imoral!
resolução, na decisão do nobre Senador Taciano O SR. VICTORINO FREIRE: – Não apoiado!
de Mello. V. Exa., porém, está enganado sôbre um Sou testemunha de que o Presidente Juscelino
seu argumento: é o de que o Presidente da Kubitschek chamou ao Palácio o Senador Taciano
República não deveria fazer isso, porque o de Mello e pediu-lhe que continuasse na sua cadeira
Estado de Goiás tem uma tradição nobre, neste nesta Casa, pois não desejava concorrer à Senatoria
particular. Não; V. Exa. está equivocado no por Goiás. Eu estava presente quando S. Exa.
argumento, porque o Estado de Goiás admira o Sr. desobrigou o Senador Taciano de Mello de qualquer
Juscelino Kubitschek, gosta dêle, é grato a S. compromisso.
– 166 –

O SR. AFONSO ARINOS: – Sr. Presidente, O SR. VICTORINO FREIRE: – Quando o


infelizmente os segredos dos reposteiros palacianos Marechal Eurico Dutra deixou a
não são do meu conhecimento, nem coincidem com Presidência da República, pus à disposição de S.
os fatos posteriores. Exa. meu lugar no Senado, disposto
O SR. VICTORINO FREIRE: – O fato é que estava a renunciar, para possibilitar a eleição
verídico, e dêle posso dar testemunho a Vossa de quem tantos serviços prestou ao Maranhão.
Excelência. O SR. PADRE CALAZANS: – Tenho,
O SR. AFONSO ARINOS: – Acredito em porém, a convicção de que V. Exa., em troca,
Vossa Excelência. Lamento, porém, que essa jamais aceitaria uma nomeação.
intenção do Sr. Juscelino Kubitschek não se tenha O SR. VICTORINO FREIRE: – Não aceitaria
realizado. porque já tenho meu lugar no Serviço Público. É
O SR. PADRE CALAZANS: – O nobre orador humilde, mas o obtive por concurso.
permite um aparte? O SR. PADRE CALAZANS: – Ainda que não
O SR. AFONSO ARINOS: – Pois não. o tivesse, sei que V. Exa., pelo seu caráter, não
O SR. PADRE CALAZANS: – Tenho a aceitaria qualquer nomeação.
impressão e – por que não dizê-lo – a convicção de O SR. VICTORINO FREIRE: – Não
que V. Exa. defende exatamente a tese da moral aceitaria. A controvérsia porém, poderia ser
política. Na verdade, mal nenhum haveria – seria até resolvida do seguinte modo: a União Democrática
dignificante para o nobre Senador Taciano de Mello Nacional ou o Senador Coimbra Bueno lançaria uma
– que Sua Exa. renunciasse ao seu mandato, a fim candidatura própria, contra a do Sr. Juscelino
de abrir uma vaga para o Sr. Juscelino Kubitschek Kubitschek, e nós disputaríamos a eleição, em
nesta Casa. A gravidade do problema está campo raso.
exatamente no aproveitamento que o representante O SR. PADRE CALAZANS: – Tal atitude não
goiano tirou de sua renúncia, nomeado que foi para resolveria a afronta à tese moral.
cargo público pelo próprio Presidente, que se servirá O SR. VICTORINO FREIRE: – A União
da vaga ora aberta. A discordância do meu Partido, Democrática Nacional lançaria um candidato e o
manifestada pelo nobre Senador Afonso Arinos, é Partido Social Democrático, juntamente com outros
quanto ao modus faciendi que realmente, fere a Partidos e com o povo goiano, apoiariam o Sr.
moral política. Há pouco afirmou o nobre Senador Juscelino Kubitschek.
Victorino Freire que se o Presidente da República O SR. PADRE CALAZANS: – A União
houvesse prestado ao seu Estado os serviços que Democrática Nacional pode lançar candidato, bem
prestou a Goiás, S. Exa. não teria dúvida em como qualquer outro Partido, ganhar ou perder a
também renunciar à sua cadeira para deixar uma eleição...
vaga que possibilitasse a eleição daquele O SR. VICTORINO FREIRE: – Iria perder.
Presidente. Estou certo, porém de que o nobre O SR. PADRE CALAZANS: – ...mas
Senador Victorino Freire – é de seu caráter – não o problema de moral política
aceitaria a retribuição de um cargo público. continuaria o mesmo. A vitória do Sr.
– 167 –

Juscelino Kubitschek sôbre qualquer outro candidato O SR. AFONSO ARINOS: – Com prazer.
não seria solução ontológica ou metafísica, nem O SR. PEDRO LUDOVICO: – O Presidente da
atenuaria o problema de ordem moral. União Democrática Nacional, Senador Coimbra
O SR. RUY CARNEIRO: – Pois bem, a U.D.N. Bueno, assumiu compromisso escrito de que
lance um candidato, o Sr. Juscelino Kubitschek aceitaria a candidatura do Sr. Juscelino Kubitschek,
entrará no pleito como candidato do P.S.D. e do à senatoria por Goiás e não foi só S. Exa.; também
povo goiano... vários colegas seus cujos nomes não me ocorrem no
O SR. PADRE CALAZANS: – ...e vencerá a momento assinaram tal compromisso. Vi as
eleição. V. Exa. está certo. Essa vitória, porém, em assinaturas. S. Exa. declarou em recente discurso
nada transformará o problema de moral política. pronunciado no Senado que, queiram ou não os
O SR. RUY CARNEIRO: – É a maneira de V. homens de cúpula da União Democrática Nacional
Exa. encarar a questão, juntamente com a União de Goiás, estará com o Sr. Juscelino Kubitschek.
Democrática Nacional, Partido que sempre fêz O SR. VICTORINO FREIRE: – Efetivamente o
oposição ao Sr. Juscelino Kubitschek. Senador Coimbra Bueno fêz esta declaração ao
O SR. AFONSO ARINOS: – Sr. Senado.
Presidente, meu tempo está-se esgotando. Pelas O SR. AFONSO ARINOS: – Sr. Presidente,
notícias que me chegam de companheiros estamos, portanto, na véspera do término do atual
convocados, pela liderança udenista, Govêrno e conseqüentemente às vésperas da
a integrarem a Comissão que está examinando o inauguração do nôvo Govêrno.
assunto, estou na convicção de que não se O Presidente eleito da República, Deputado
oficializará o lançamento da candidatura do Sr. Jânio Quadros, chega amanhã ao solo pátrio.
Juscelino Kubitschek pelo meu Partido. Tal atitude Na oportunidade, desejo, daqui, ao enviar ao
será devida, não a razões de ordem pessoal, futuro Supremo Mandatário da Nação as saudações
nem mesmo políticas mas, quanto à apresentação com que nós da Bancada Minoritária desta Casa o
do seu nome pelos motivos que também dei. acolhemos no momento em que S. Exa. se prepara
Mas, mesmo a seção goiana, no seu conjunto para desembarcar no Brasil, e aproveito o ensejo
não considerou regular o processamento da abertura para endereçar, também, aos nossos companheiros
de vaga. São as informações que me chegam. do Senado, aos representantes e integrantes de
V. Exa. alude à manifestação de tôdas as correntes, de todos os partidos e de tôdas
companheiros categorizados que se exprimiram de as posições, a nossa fraternal e afetuosa saudação,
forma diversa. Nós a respeitamos mas insistimos em com a declaração de que, tanto quanto cabe em nós
chamar a atenção dos nobres colegas para as prever e atuar, o Govêrno que se inaugura a
manifestações que são de caráter pessoal e não 31 de janeiro vem animado dos propósitos
envolvem decisão partidária e não envolverão daqui de trabalhar com o apoio de tôdas as fôrças
por diante. políticas devotadas da Nação em benefício
O SR. PEDRO LUDOVICO: – Permite V. Exa. do povo brasileiro, sem procurar corromper
um aparte? consciências, sem procurar constranger
– 168 –

convicções nem vontades, sem procurar fazer vra, encerrarei a discussão. (Pausa).
submissões, ou adesões mas realmente Está encerrada.
conclamando, no momento em que tão graves Os Srs. Senadores que aprovam o parecer,
problemas se defrontam no futuro do País, queiram permanecer sentados. (Pausa).
desafiando a capacidade, o devotamento e o esfôrço Está aprovado.
É a seguinte a Redação Final aprovada, que
dos dirigentes brasileiros.
vai à promulgação:
Acredito poder, em nome do meu partido, na
ocasião em que chega ao Brasil o futuro Presidente, PARECER
endereçar a todos os ilustres colegas do Senado, as Nº 1, DE 1961
nossas mais gratas e afetuosas saudações com a
afirmação de que, repito, não nos animam outros Redação Final do Projeto de Resolução nº 44,
de 1960.
propósitos se não os de contarmos com a
competência, a clarividência, a energia e a Relator: Sr. Menezes Pimentel.
experiência dos companheiros, para levarmos A Comissão apresenta a Redação Final (fl.
conjuntamente, cada um na sua posição, a bom anexa) do Projeto de Resolução nº 44, de 1960, de
têrmo esta tarefa dura, pesada e ingrata que vai ser iniciativa do Senado Federal.
Sala das Comissões, em 5 de dezembro de
plena de sofrimento e de sacrifícios – governar o
1960. – Sebastião Archer, Presidente. – Menezes
Brasil nos próximos cinco anos. – (Muito bem! Muito Pimentel, Relator. – Daniel Krieger.
bem! Palmas. O orador é cumprimentado).
Em meio ao discurso do Sr. Afonso Arinos ANEXO AO PARECER
deixa a Presidência o Sr. Filinto Müller, assumindo-a Nº 1, DE 1961
o Sr. Cunha Mello.
O SR. PRESIDENTE: – Esgotada a hora do Redação Final do Projeto de Resolução nº 44,
de 1960.
Expediente.
Passa-se à: Faço saber que o Senado Federal aprovou e
eu, nos têrmos do art. 47, letra p, do Regimento
ORDEM DO DIA Interno, promulgo a seguinte:

Discussão única da Redação Final do Projeto RESOLUÇÃO


de Resolução nº 44, de 1960, que suspende a Nº ... – 1960
execução do parágrafo único do art. 68, e arts. 69 e Suspende a execução do parágrafo único do
74 da Constituição do Estado do Piauí, julgados art. 68, e a dos artigos 69 e 74 da Constituição do
inconstitucionais pelo Supremo Tribunal Federal, em Estado do Piauí.
decisão definitiva (redação oferecida pela Comissão
de Redação em seu Parecer número 1 de 1960). Art. 1º É suspensa a execução do parágrafo
único do art. 68, e a dos arts. 69 e 74 da Constituição
do Estado do Piauí, que foram julgadas
O SR. PRESIDENTE: – Em discussão. inconstitucionais pelo Supremo Tribunal Federal, em
Não havendo quem peça a pala- decisão definitiva, na Representação nº 102,
– 169 –

em acórdão de 24 de novembro de 1948. ORDEM DO DIA


Art. 2º Revogam-se as disposições em
contrário. Discussão única do parecer da Comissão de
Esgotada a matéria constante da Ordem do Finanças sôbre a Mensagem nº 34, pela qual o Sr.
Dia. Presidente da República submete ao Senado a
Não há oradores inscritos. (Pausa).
escolha do Sr. Ernani do Amaral Peixoto para o
Nada mais havendo que tratar, vou encerrar a
sessão. cargo de Ministro do Tribunal de Contas.
Convoco os Srs. Senadores para uma sessão Está encerrada a sessão.
extraordinária às 21 horas é 30 minutos, com a Levanta-se a sessão às quinze horas e
seguinte: cinqüenta minutos.
11ª SESSÃO DA 2ª SESSÃO LEGISLATIVA, EXTRAORDINÁRIA, DA 4ª LEGISLATURA, EM 19 DE
JANEIRO DE 1961

PRESIDÊNCIA DO SENHOR FILINTO MULLER

Às 21 horas e 30 minutos, abre-se a sessão, a Mem de Sá.


que comparecem os Srs. Senadores: Guido Mondim. – (41)
Cunha Mello.
O SR. PRESIDENTE: – A lista de presença
Victorino Freire.
Sebastião Archer. registra o comparecimento de 41 Srs. Senadores.
Eugênio Barros. Havendo número legal, declaro aberta a
Mendonça Clark. sessão.
Joaquim Parente. Vai ser lida a Ata.
Fausto Cabral.
O Sr. Quarto Secretário, servindo de 2º, lê a
Fernandes Távora.
Menezes Pimentel. Ata da sessão anterior, que, posta em discussão, é
Sérgio Marinho. aprovada sem debates.
Reginaldo Fernandes. O Sr. Primeiro Secretário dá conta do
Ruy Carneiro. seguinte:
Novaes Filho.
Antônio Saltar.
Rui Palmeira. EXPEDIENTE
Silvestre Péricles.
Lourival Fontes. Ofício
Heribaldo Vieira. Nº 31-61
Aloysio Carvalho.
Ary Vianna.
Arlindo Rodrigues. Da Câmara dos Deputados, encaminhando
Caiado de Castro. autógrafos do seguinte:
Afonso Arinos.
Benedito Valadares. PROJETO DE LEI DA CÂMARA
Nogueira da Gama.
Nº 9, DE 1961
Milton Campos.
Moura Andrade.
Lino de Mattos. (Nº 70-C, de 1959, na Câmara dos Deputados)
Padre Calazans.
Pedro Ludovico. Cria no Tribunal Regional do Trabalho da 2º
João Villasbôas.
Regido 20 Juntas de Conciliação e Julgamento e
Filinto Müller.
Alô Guimarães. autoriza o Poder Executivo a abrir ao Poder
Gaspar Velloso. Judiciário – Justiça do Trabalho – o crédito especial
Nelson Maculan. de Cr$ 20.000.000,00, e dá outras providências.
Francisco Gallotti.
Saulo Ramos.
Irineu Bornhausen. O Congresso Nacional decreta:
Daniel Krieger. Art. 1º São criadas na 2ª Re-
– 171 –

gião da Justiça do Trabalho 20 (vinte) Juntas de Trabalho terminarão, simultâneamente, com os das 6
Conciliação e Julgamento, sendo 4 (quatro) na (seis) primeiras Juntas sediadas na Capital do
Capital do Estado de São Paulo, sob os ns. 20 a 23, Estado de São Paulo, em curso na data da entrada
e as demais em Araraquara, Taubaté, São José dos em vigor da presente lei.
Campos, Mogi das Cruzes, São Bernardo do Art. 5º O Presidente do Tribunal Regional do
Campo, Guarulhos, Rio Claro, São Carlos, Trabalho de São Paulo (2ª Região) promoverá a
Americana, Bauru, Barretos e Piracicaba no Estado instalação das Juntas ora criadas, na forma da
de São Paulo; Curitiba (2ª), Londrina e Ponta legislação em vigor.
Grossa, no Estado do Paraná; e Corumbá, no Art. 6º Para atender, no primeiro exercício, às
Estado de Mato Grosso. despesas decorrentes desta lei, é o Poder Executivo
Art. 2º O limite da jurisdição de cada Junta ora autorizado a abrir ao Poder Judiciário – Justiça do
criada será o da respectiva Comarca, exceção da Trabalho, Tribunal Regional do Trabalho da 2ª
Junta de Mogi das Cruzes, que se estenderá aos Região, crédito especial de Cr$ 20.000.000,00 ( vinte
municípios de Suzano, Itaquaquecetuba, Poá, milhões de cruzeiros).
Guaracema, Salesópolis e Ferraz de Vasconcelos, e Art. 7º Esta lei entrará em vigor na data de
a de Guarulhos, que se estenderá ao Município de sua publicação, revogadas as disposições em
São Miguel. contrário.
§ 1º A Junta de Conciliação e Julgamento, As Comissões de Constituição e Justiça, de
existente em Cuiabá, Estado de Mato Grosso, terá Serviço Público e de Finanças.
jurisdição ainda sôbre as Comarcas de Diamantino e O SR. PRESIDENTE: – Está finda a leitura do
Rosário do Oeste, no mesmo Estado. Expediente.
§ 2º Quando houver na mesma Comarca mais Tem a palavra o nobre Senador Daniel
de uma Junta, a competência se definirá por Krieger, orador inscrito.
distribuição. O SR. DANIEL KRIEGER (*): – Sr. Presidente,
Art. 3º Para compor as Juntas referidas no art. Srs. Senadores, dentro de alguns minutos, em sessão
1º, ficam criados 20 (vinte) cargos de Juiz do secreta nos têrmos da Constituição e do Regimento, o
Trabalho, Presidente da Junta, 40 (quarenta) funções Senado decidirá sôbre a indicação do eminente
de Vogais, sendo 20 (vinte) para a representação Almirante Ernani do Amaral Peixoto para o cargo de
dos empregados e 20 (vinte) para a de Ministro do Tribunal de Contas.
empregadores, e 20 (vinte) de Juiz do Trabalho- Em nome da Bancada do meu Partido, a
Substituto do Presidente da Junta. União Democrática Nacional, devo tecer
§ 1º Haverá ainda 1 (um) suplente de Vogal considerações, fazer a análise das origens, das
para cada Junta. razões da Mensagem presidencial.
§ 2º Os vencimentos dos cargos e as É óbvio, Sr. Presidente, Srs. Senadores, que
gratificações das funções serão os fixados na Lei nº não discutirei o mérito do candidato. A Constituição
2.588, de 8-9-55, com as alterações da Lei nº 3.531, reserva-o para a sessão secreta; e não seria eu, em
de 19 de janeiro de 1959. nome de um Partido que vive da legalidade e para
Art. 4º Os mandatos dos Vogais das
Juntas de que trata o art. 1º e os dos demais __________________
Vogais das Juntas da 2ª Região da Justiça, do (*) – Não foi revisto pelo orador.
– 172 –

a legalidade, que violaria a Lei Maior, mesmo porque Renuncia êsse Senador da República pura e
entendo que ao eminente Almirante Amaral Peixoto simplesmente num gesto de abnegação, para que
não faltam os requisitos pessoais para ser Ministro outro ocupe seu lugar, em sinal de gratidão pelos
do Tribunal de Contas. relevantes serviços, que haja prestado ao seu
O que queremos frisar, o que desejamos Estado?
acentuar, sobretudo, é a surprêsa que nos causou a Não! Renuncia porque lhe dão compensação.
indicação de S. Exa., Presidente do maior Partido do Na velha República, em que não existiam
País, segundo as representações atuais na Câmara essas transações, aos homens que guardavam
dos Deputados e no Senado Federal. Estranhamos, lugares para seus chefes chamávamos "lenços",
principalmente, porque passa S. Exa. a participar da condenando-os. Foi um dos motivos determinantes
herança do Sr. Juscelino Kubitschek. da Revolução de 30.
Por temperamento e educação, sou contrário a Hoje, no entanto, a República assiste
agredir e a criticar o sol que tomba, embora nunca estarrecida a êsse espetáculo: o Chefe da Nação
me tenha aquecido ao seu calor nem me transacionando um lugar para que possa ser
deslumbrado com seus falsos fulgores. investido de um mandato legislativo.
Nos regimes democráticos, os partidos Sr. Presidente, a União Democrática Nacional,
políticos exercem grande missão, excepcional que tem o Partido Social Democrático em grande
influência. Já Burke assinalava quão essencial e conceito; que considera essa agremiação tanto
extraordinária é a existência dos partidos políticos no quanto a si própria e aos mais partidos políticos os
regime democrático. Outros escritores, na pilares em que se assenta a vida política do País,
antiguidade, também consideraram êsse tema; entre nenhuma dificuldade criará à aprovação do nome do
êles Francas Lyser e Felipe Falsei; e dos modernos, Sr. Ernani do Amaral Peixoto. Deixou a questão
Renale e Kendal. Todos foram acordes em que não aberta dentro da sua hoste para que cada um, de
é possível a sobrevivência da democracia sem plena acôrdo com a própria consciência resolva da melhor
liberdade das agremiações partidárias; mas os forma possível, atendendo aos imperativos do seu
partidos políticos e seus chefes precisam ter sempre patriotismo e às solicitações do seu coração; mas
bem presentes seus deveres. Não podem êles embora assim tenha decidido, não podia furtar-se a
confundir-se com aspirantes de posições, porque estabelecer algumas premissas que julga
não há missão, mala enobrecedora, mais necessárias à sua conduta futura, nas indicações
transcendental que a de presidir um partido político, que venha a fazer o Presidente da República, Sr,
no regime democrático. Juscelino Kubitschek.
Sr. Presidente, Srs. Senadores, a atuação do Não pode o Senado da República, que
Presidente da República, nos últimos tempos, tem pela Constituição o dever de aprimorar os
ensombrece a vida da Nação. São os acôrdos costumes políticos, de velar para que ocupem os
políticos para que se abra vaga; é o Senado da grandes e altos cargos da República homens à altura
República admitindo a renúncia de um Senador para dêsses mesmos cargos, não pode o Senado
que o Sr. Juscelino Kubitschek possa disputar a, concordar em que se façam na derradeira hora,
representação do Estado de Goiás. transações; e que essas transações se realizem afi-
– 173 –

nal, com a aprovação desta Casa do Congresso. a indicação do eminente representante do Partido
Sr. Presidente, Srs. Senadores, é dura, é Social Democrático, por deferência tôda especial à
dolorosa, por vêzes, a missão dos homens públicos, grande agremiação que tem S. Exa. por chefe, e
quando devem ressaltar perante a consciência da também por suas condições de ordem pessoal; mas
Nação, as verdadeiras realidades que ensombrecem resistiremos à avalancha que pretende submergir o
a vida do País. País no caos do opróbrio de tôdas as negociações.
Esta hora eu a reputo profundamente difícil e (Muito bem; muito bem. Palmas. O orador é
dramática; mas julgo que meu Partido, que nasceu cumprimentado).
com a vocação de defender as prerrogativas O SR. PRESIDENTE: – Continua a hora do
constitucionais, a liberdade e a dignidade do povo Expediente.
brasileiro, deve afirmar convictamente seus Tem a palavra o nobre Senador Moura
princípios. Andrade.
Quando examinamos um nome, não nos O SR. MOURA ANDRADE: – Sr. Presidente,
detemos nas suas origens políticas; apenas ouvi com atenção que merece a declaração que
consideramos suas qualidades, seus atributos; acaba de ser formulada pelo eminente Senador
contudo, não podemos esquecer a forma porque Daniel Krieger. Não posso deixar de analisara o
surge o nome. Se é fruto de renúncias combinadas, argumento, que não nos passou despercebido,
de compensações, de benefícios, então temos o contido na afirmativa de que a União Democrática
dever de contra elas nos levantarmos. Não estarão Nacional procede em têrmos que pude crer –
correspondendo aos interêsses da Nação e sim aos sinceros em relação ao Partido Social Democrático
apetites de indivíduos. de que é Presidente o eminente Ministro Amaral
Sr. Presidente, Srs. Senadores, esta a Peixoto.
ressalva que meu Partido se sentia no dever de De fato, apreciei a assertiva do Senador
fazer; e fê-la com o calor peculiar de um seu Daniel Krieger quanto, a serem os partidos pilares do
representante. Regime. Eu diria mais: É do entendimento entre os
Hoje, dizia o eminente Professor de Direito, Partidos que vive o Regime. A Constituição Brasileira
Senador Afonso Arinos, que cada qual tem seu estabeleceu um sistema multi-partidário e, em
estilo. Tenho o meu. Quando falo, todos os conseqüência; a manifestação do povo é feita
extravasamentos vão por minha conta: apenas a através de várias e diferentes legendas, depositárias
essência, o conteúdo conta de meu Partido. das tendências, da vontade, dos ideais, dos acertos
Espero que o Senado da República tenha, na e dos equívocos do povo.
hora que se avizinha, o comportamento que dêle Sr. Presidente, o Senado tem dado
espera toda a Nação, a altitude que decorre de seu demonstração permanente, ininterrupta e coerente
dever, a limpidez que deflui da consciência daqueles de que não apenas representa a Federação, como
que representam os Estados da Federação; e também – embora não composto pela Proporção
resolva com desprendimento, com altivez, mas, ao partidária – respeita, defende e prestigia as
mesmo tempo com energia e desassombro, todos os organizações políticas do País.
casos submetidos à sua consideração. Ainda agora, o discurso do nobre Senador
Advertimos, de uma vez por Daniel Krieger traz essa linha mestra, êsse
tôdas, que aceitamos para discussão fundamento verdadeiro, embora revestido de pala-
– 174 –

vras que podem parecer desfigurantes ou ocupou sem temores tôdas as posições aonde mais
prejudiciais à nitidez do conceito. É com satisfação, poderia ficar exposto e soube cumpri-las com a
Sr. Presidente, que, nesta sessão pública; dignidade e a autoridade inerentes ao seu espírito
podemos dar depoimento à Nação de que o sereno, mas com a fôrça e a firmeza de seu caráter
Almirante Amaral Peixoto, das mais altas figuras vigoroso.
projetadas na vida pública do País, pode ter esta Nós, componentes do Partido Social
oportunidade de submeter ao Senado as credenciais Democrático e da Maioria, embora as marcas de injusta
válidas para a indicação recebida, as quais são fruto crítica que trouxe ao Govêrno, o porta-voz da UDN,
de sua capacidade, da inteligência, da cultura, do recebemos, ainda assim, com sincera satisfação, a
patriotismo e dos sentimentos de honra de sua anunciada conduta da União Democrática Nacional,
aplaudida personalidade. que é um testemunho de consideração ao Almirante
Almirante, Deputado, Govêrnador, Amaral Peixoto e ao Partido Social Democrático.
Embaixador, Ministro de Estado, Presidente de um Sr. Presidente, já podemos passar à sessão
dos maiores Partidos do País, é em conduta e em secreta. Já podemos ir para ela preparados em
espírito, a verdadeira expressão do homem público. consciência, para produzir os nossos votos. Estou
Não é fácil ser homem público. O homem público é certo de que esta Casa teve a oportunidade, hoje, de
um homem exposto a tôda crítica. O homem público ouvir definições que, longe de desmerecê-la, a
que ganha o respeito de seus concidadãos consagra engrandecem. O Senado da República é base, é
a vitória das virtudes cívicas e engrandece as alicerce e ao mesmo tempo, sabe ser alma da
virtudes do regime. democracia brasileira; e, aqui, neste instante,
Não é fácil ser homem público. O homem reafirmamos com nossa conduta a fidelidade a esta
público está exposto a tôda crítica, e está exposto a formação democrática.
todos ataques; o homem público tem sua vida Na hora em que termina um Govêrno, na hora
particular devassada; o homem público é pesquisado em que outro se inicia, o Senado encontra o caminho
na sua vida doméstica. Nem sempre se quer saber de um pensamento em favor do regime democrático,
das suas qualidades; mas, do homem público, principalmente em favor da causa democrática.
procuram-se permanentemente os defeitos. Se Compreende que é dentro do respeito entre Partidos
porventura suas falhas na vida pública não são que há de existir o respeito aos cidadãos, o respeito
suficientes para destruí-lo, vai-se a vida particular, às Instituições.
para ver se as encontram capazes de cortar-lhe a Sr. Presidente, o Senado pode passar à sessão
carreira que, com sacrifícios e amor à Pátria, aceitou secreta. Está habilitado a pronunciar seu voto, a
e percorre. analizar a vida e a figura de um homem exemplar da
O eminente Ministro Amaral Peixoto – membro nossa República, que foi Almirante, que foi Deputado,
das Fôrças Armadas do País, membro do Parlamento que foi Embaixador, que foi Governador, que foi
Brasileiro, membro do Poder Executivo, quando Ministro e que é o Presidente de um grande partido
Governador do seu Estado, membro do Poder nacional, que tem sabido servir o povo e o Estado.
Executivo Federal como Ministro de Estado, homem A declaração aqui feita pela
que representou o Brasil no campo da Diplomacia, UDN, vale como testemunho de
– 175 –

que está plenamente em funcionamento o regime rou, no Senado, que a União Democrática
democrático brasileiro, porque aqui há compreensão Nacional não poderia de forma alguma, aceitar a
da vida interpartidária. Existe, afirmou-se e se intervenção no meu Estado com fito de derrubar o
verifica, em cada ato, não obstante as palavras com Govêrno eleito e reconhecido, por duas vêzes,
que êstes atos venham revestidos. como legítimo, pelo Superior Tribunal Eleitoral. O
Era o que tinha a dizer. (Muito bem. Palmas). Almirante Amaral Peixoto sofreu, naquela ocasião,
O SR. PRESIDENTE: – Continua a hora do os mais rudes ataques, até à sua família pela
Expediente. "curriola" ademarista, que desejava derrubar à
Não há mais orador inscrito. fôrça e por processos escusos, o Governador
O SR. VICTORINO FREIRE (*): – Sr. eleito do Maranhão.
Presidente, depois dos brilhantes discursos aqui O Almirante Amaral Peixoto é homem de
pronunciados pelo eminente Senador Daniel Krieger equilíbrio exemplar e de compostura, serenidade e
e pelo nobre colega e Líder de minha Bancada bravura na hora do perigo. Deu prova quando pegou
Senador Moura Andrade, estava desobrigado de em armas em 1930, para dar ao Brasil o direito de
qualquer palavra a respeito do Almirante Ernani do opinião, do voto livre.
Amaral Peixoto. O nobre Senador Daniel Krieger Sr. Presidente, quando o Senado vai julgar a
ressalvou que o candidato a Ministro do Tribunal de
Mensagem do Sr. Presidente da República,
Contas e chefe do meu Partido tem os requisitos
indicando o Sr. Amaral Peixoto para Ministro do
para que o Senado aprove sua indicação.
Tribunal de Contas, não poderia deixar de se fazer
Minha presença na tribuna é para homenagear
ouvir a voz de um representante do Maranhão.
o Presidente do P.S.D. que, em hora amargurada, foi
(Muito bem; muito bem; Palmas).
um dos maiores amigos do Maranhão. Defendeu a
Constituição e a lei, quando o Partido ademarista O SR. PRESIDENTE: – Passa-se à:
mobilizado, desejava uma intervenção espúria no
meu Estado, com o fim de tirar o Governador de ORDEM DO DIA
então nosso eminente Colega, Senador Eugênio
Barros. Naquela hora difícil, em que o Senador Discussão única do parecer da Comissão de
Eugênio Barros tomava sob tiroteio, posse do seu Finanças sôbre a Mensagem nº 34, pela qual o
legítimo mandato, com greve oficial decretada pelo Senhor Presidente da República submete ao
Ministério do Trabalho da época, o então Governador Senado a escolha do Senhor Ernani do Amaral
Amaral Peixoto declarou, imediatamente, que não Peixoto para o cargo de Ministro do Tribunal de
permitiria a intervenção no Estado do Maranhão, Contas.
como se pretendia.
Sr. Presidente, rendo também O SR. PRESIDENTE: – A matéria que dela
minhas homenagens ao nobre Senador consta deve ser apreciada em sessão secreta.
João Villasbôas, que decla- Solicito dos funcionários da Mesa providências nesse
sentido.
__________________ A sessão transforma-se em secreta às 22
(*) – Não foi revisto pelo orador. horas, e volta a ser pública às 22 horas e 20 minutos.
– 176 –

O SR. PRESIDENTE: – Está reaberta a sociedades cooperativas (em regime de


sessão pública. urgência, nos têrmos do art. 330, letra b, do
Nada mais havendo que tratar, vou encerrar a Regimento Interno em virtude do Requerimento
sessão, designando para a próxima a seguinte: nº 20, de 1961, do Senador Daniel Krieger,
como Líder da UDN, aprovado na sessão
ORDEM DO DIA de 17 do mês em curso), dependendo de pareceres
das Comissões de Economia e de Finanças.
Discussão única do Projeto de Lei da Câmara
nº 116, de 1960 (nº 1.066, de 1959, na Câmara), que Está encerrada a sessão.
isenta da tributação do impôsto do sêlo os contratos Levanta-se a sessão às 22 horas e 25
de financiamento em que,sejam mutuárias as minutos.
12ª SESSÃO DA 2ª SESSÃO LEGISLATIVA, EXTRAORDINÁRIA, DA 4ª LEGISLATURA, EM 20 DE
JANEIRO DE 1961

PRESIDÊNCIA DOS SENHORES CUNHA MELLO E NOVAES FILHO

Às 14 horas e 30 minutos, acham-se do número legal, declaro aberta a sessão.


presentes os Srs. Senadores: Vai ser lida a Ata.
Cunha Mello.
Zacharias de Assumpção. O Sr. Arlindo Rodrigues, servindo de 2º
Victorino Freire. Secretário, lê a Ata da sessão anterior, que, posta
Sebastião Archer. em discussão, é aprovada sem debates.
Mendonça Clark. O Sr. Francisco Gallotti, servindo de 1º
Joaquim Parente. Secretário, dá conta do seguinte:
Fausto Cabral.
Menezes Pimentel.
Sérgio Marinho. EXPEDIENTE
Ruy Carneiro.
Novaes Filho. PROJETO DE LEI DA CÂMARA
Antônio Baltar. Nº 10, DE 1961
Silvestre Péricles.
Lourival Fontes.
(Nº 2.447-B de 1960, na Câmara)
Heribaldo Vieira.
Aloysio de Carvalho.
Ary Vianna. Cria a Estação Aduaneira de Belo Horizonte e
Arlindo Rodrigues. dá outras providências.
Caiado de Castro.
Afonso Arinos.
O Congresso Nacional decreta:
Benedito Valadares.
Nogueira da Gama. Art. 1º Fica criada, em Belo Horizonte, uma
Milton Campos. Estação Aduaneira, a qual ficará sob a direção de
Moura Andrade. um Chefe e diretamente subordinada à Diretoria das
Pedro Ludovico. Rendas Aduaneiras, competindo-lhe a execução de
João Villasbôas. todos os serviços relacionados com a importação e
Filinto Müller.
exportação de mercadorias, a fiscalização de
Gaspar Velloso.
Nelson Maculan. aeronaves, a arrecadação dos tributos que incidirem
Francisco Gallotti. sôbre mercadorias importadas, bem como as demais
Saulo Ramos. atribuições que, por lei, são cometidas às Alfândegas
Irineu Bornhausen. do País
Daniel Krieger.
Art. 2º Junto à Estação Aduaneira ora criada,
Mem de Sá.
Guido Mondim. – (35). haverá até 5 (cinco) Agentes Fiscais do Impôsto de
O SR. PRESIDENTE: – A lista de presença Consumo, designados pelo Diretor das Rendas
registra o comparecimento de 35 Srs. Senadores Haven- Internas.
– 178 –

Art. 3º Ficam criados na Parte Permanente do § 1º O concurso para habilitação dos


Quadro de Pessoal do Ministério da Fazenda, os Despachantes Aduaneiros e Ajudantes de
seguintes cargos: Despachante será aberto dentro do prazo de 30
8 cargos de Tesoureiro, sendo: (trinta) dias, contado da data da instalação da
4 da classe B. mencionada repartição.
4 da classe A. § 2º Enquanto não houver Despachante
1 cargo de Fiel de Armazém, classe A. habilitado, o preparo e processamento dos
2 cargos de Ajudante de Fiel, sendo: despachos serão feitos por Despachantes
1 da classe B. designados, em caráter provisório, pelo Chefe da
1 da classe A. Estação Aduaneira, os quais entrarão em exercício
Parágrafo ,único. Os ocupantes dos cargos de logo após a prestação de fiança esta pulada em
Fiel de Armazém e Ajudante de Fiel ficam sujeitos à lei.
prestação de fiança. § 3º Realizado o concurso e providas as
Art. 4º Fica criada junto à Estação Aduaneira funções de despachante, na forma da lei em
de Belo Horizonte uma Contadoria Seccional da vigor, cessará a faculdade contida no parágrafo
Contadoria Geral da República, com as atribuições anterior.
previstas no Decreto no 35.403, de 20 de abril de § 4º Os Despachantes designados de acôrdo
1954. com o disposto no § 2º dêste artigo serão inscritos
Art. 5º A designação do Chefe da Estação "ex officio" no primeiro concurso de habilitação para
Aduaneira de Belo Horizonte será feita mediante Despachante Aduaneiro que se realizar para a
decreto do Presidente da República. Estação Aduaneira de Belo Horizonte.
Art. 6º Ficam, ainda, criados, na Parte Art. 8º Funcionará junto à Estação Aduaneira
Permanente do Quadro de Pessoal do Ministério da uma Comissão de Tarifa, composta de 4 (quatro)
Fazenda, os seguintes cargos: membros, escolhidos dentre os respectivos
50 cargos de Oficial de Administração, sendo: funcionários e designados pelo Chefe da Estação,
10 da classe C. com aprovação do Diretor das Rendas Aduaneiras,
17 da classe B. de acôrdo com o disposto no art. 75, da Lei número
23 da classe A. 3.244, de 14 de agôsto de 1957.
50 cargos de Fiscal Aduaneiro, sendo: Art. 9º A fiscalização aduaneira sôbre as
25 da classe B. remessas postais internacionais na forma da
25 da classe A. legislação em vigor, ficará a cargo da Estação
1 cargo de Técnico de Mecanização, classe A. Aduaneira, cabendo-lhe outrossim, a execução dos
10 cargos de Técnico-Auxíliar de Mecanização, serviços referentes à concessão de favores fiscais a
sendo: emprêsas jornalísticas e editôras de livros, nos
5 da classe B. têrmos da legislação própria.
5 da classe A. Art. 10. Haverá junto à Estação Aduaneira,
Art. 7º Ficam criadas, junto à Estação subordinado ao respectivo Chefe, um Armazém
Aduaneira de Belo Horizonte, 10 (dez) funções de alfandegado onde serão depositadas as
Despachante Aduaneiro, reguladas pela legislação mercadorias estrangeiras importadas, bem como
vigente, aplicável aos Despachantes Aduaneiros das aquelas que se destinem à exportação, até seu
Alfândegas e Mesas de Renda. regular desembaraço.
– 179 –

§ 1º Será responsável pelos Serviços do federais, estaduais, municipais e autárquicos


Armazém e pela carga ali depositada o Fiel de requisitados, que vêm prestando serviços à
Armazém, que será auxiliado pelos Ajudantes de Companhia Urbanizadora da Nova Capital
Fiel, cabendo ao que fôr designado substituir o Fiel, (NOVACAP), e dá outras providências.
nas suas faltas e impedimentos eventuais.
§ 2º O funcionamento do Armazém bem como O Congresso Nacional decreta:
a fixação das taxas de armazenagem serão Art. 1º Os empregados da Companhia
estabelecidos em Regulamento a ser baixado pelo Urbanizadora da nova Capital do Brasil (NOVACAP),
Poder Executivo. que tenham sido admitidos até 12 de setembro de
Art. 11. Dentro do prazo de 90 (noventa) dias 1980, são considerados estáveis e só poderão ser
da data da vigência desta lei deverá o Poder demitidos de acôrdo com as normas estabelecidas
Executivo baixar o Regulamento Interno da Estação pelos artigos 492 e seguintes da Consolidação das
Aduaneira de Belo Horizonte. Leis do Trabalho.
Art. 12. Fica aberto, pelo Ministério da Art. 2º Os servidores públicos federais,
Fazenda, para atender às despesas com a execução estaduais, municipais e autárquicos atualmente
da presente lei, o crédito especial de Cr$ requisitados ou que estiverem à disposição da
50.000.000,00 (cinqüenta milhões de cruzeiros) que NOVACAP, poderão optar, no prazo de 90 (noventa)
será automaticamente registrado pelo Tribunal de dias, pela situação em que se encontram nesta
Contas e distribuído ao Tesouro Nacional. Companhia e pelos benefícios desta lei, desde que
Art.13. Fica criada a Tesouraria da Estação satisfaçam as condições estabelecidas no artigo 3º.
Aduaneira, de Belo Horizonte, que será de 1ª Em qualquer tempo que a NOVACAP venha a ser
categoria e organizada de acôrdo com o disposto no extinta, o pessoal a que se referem os artigos
Decreto nº 8.740, de 11 de fevereiro de 1942, anteriores deverá ser incluído nos quadros de
alterado pelos de números 12.571, de 15 de junho de funcionários da Administração Pública, com lotação
1943 e 21.948, de 14 de outubro de 1946, atendida, em Brasília, em funções compatíveis com as
ainda, o que determina a Lei nº 403, de 24 de atribuições exercidas naquela Companhia,
setembro de 1948, modificada pela Lei nº 3.205 de respeitados os níveis de vencimentos ou salários
15 de julho de 1957. então percebidos.
Art. 14. Esta lei entrará em vigor na data de sua Art. 4º Esta lei entrará em vigor na data de
Publicação, revogadas as disposições em contrário. sua publicação, revogadas as disposições em
Câmara dos Deputados em 19 de janeiro de contrário.
1961. As Comissões de Serviço Público Civil e de
As Comissões de Serviço Público Civil e de Finanças.
Finanças.
PROJETO DE LEI DA CÂMARA
PROJETO DE LEI DA CÂMARA Nº 12, DE 1961
Nº 11, DE 1961
(Nº 2.424-B, de 1960, na Câmara)
(Nº 2.290-B, de 1960, na Câmara)
Autoriza o Poder Executivo a abrir,
Dispõe sôbre a situação e o aproveitamento pelo Ministério da Viação e Obras
dos atuais empregados e servidores públicos Públicas, o crédito especial de Cruzeiros
– 180 –

4.377.318.000,00, destinado ao pagamento de vogadas as disposições em contrário.


diferenças de remuneração de pessoal das A Comissão de Finanças
ferrovias.
PROJETO DE LEI DA CÂMARA
O Congresso Nacional decreta: Nº 13, DE 1961
Art. 1º Fica o Poder Executivo autorizado
a abrir pelo Ministério da Viação e Obras (Nº 1.878-C, de 1960, na Câmara)
Públicas o crédito especial de Cruzeiros
4.377.318.000,00, com o fim específico de pagar Cria a Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras
as diferenças de remuneração, referentes ao da Universidade do Ceará e dá outras providências.
exercício de1960, aos funcionários, operários,
diaristas e horistas das ferrovias a seguir O Congresso Nacional Decreta:
discriminadas: Art.1º É criada a Faculdade de Filosofia,
Ciências e Letras da Universidade do Ceará, com sede
Cr$ da cidade de Fortaleza, Capital do Estado do Ceará.
1. E. F. Madeira-Mamoré ...... 20.040.000,00 Art. 2º A Faculdade de Filosofia, Ciências e
2. E. F. Bragança .................. 17.067.000,00 Letras da Universidade do Ceará, respeitadas as
3. E. F. São Luís–Teresina ... 36.777.000,00 peculiaridades do meio e a autonomia universitária,
4. E.F. Central do Piauí ......... 10.557.000,00 terá estrutura semelhante à da Faculdade Nacional
5. R. V. Cearense ................. 60.690.000,00 de Filosofia, da Universidade do Brasil, devendo
6. R. F. do Nordeste .............. 257.883.000,00 funcionar no regime didático estabelecido pelo
7. V. F. F. Leste Brasileiro .... 206.400.000,00 Decreto-lei nº 9.092, de 28 de março de 1946.
8. E. F. Bahia–Minas ............ 47.523.000,00 Art. 3º Dentro do prazo de sessenta dias, a
9. E. F. Leopoldina ................ 706.806.000,00 contar da publicação desta lei, o Conselho
10. E. F. Central do Brasil ....... 1.313.409.000,00 Universitário da Universidade do Ceará expedirá o
11. E. Mineira de Viação ......... 359.535.000,00 Regimento da Faculdade, o qual terá vigência até
12. E. F. Goiás ........................ 65.385.000,00 que a respectiva Congregação disponha de dois
13. E. F. Santos a Jundiaí ....... 288.423.000,00 têrços de professôres catedráticos efetivos.
14. E. F. Noroeste do Brasil .... 212.118.000,00 Parágrafo único. O regimento a que se refere
15. R. V. Paraná-Santa êste artigo disciplinará as várias Seções de Filosofia,
Catarina ............................ 293.919.000,00 Ciências, Letras e Educação, de que se constituirá a
16. E. F. Dona Teresa Cristina 30. 252.000,00 faculdade, e fará um escalonamento dos cursos
17. V. P. Rio Grande do Sul .... respectivos, para efeito de instalação progressiva,
450.534.000,00 tendo em vista as possibilidades de seu real
Total .................................. 4.377.318.000,00 funcionamento e as necessidades da região em
matéria de professôres de nível médio, especialistas
Art. 2º Esta lei entrará em em Educação e pesquisadores.
vigor na data de sua publicação, re- Art. 4º Para execução do dispos-
– 181 –

to nessa lei são criados, no Quadro Permanente do Paulo, Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, e
Ministério da Educação e Cultura (Universidade do avassalar nas distâncias todos os Estados da
Ceará), 46 (quarenta e seis) cargos de Professor Federação.
Catedrático e três funções gratificadas, sendo uma As autoridades federais, estaduais e municipais
de Diretor, FG-1, outra de Secretário, FG-3, e a agiram tardiamente, sem que barreiras sanitárias
terceira de Chefe de Portaria, FG-7. pudessem minorar ou evitar os surtos da Hog-cólera.
§ 1º O provimento dos cargos mencionados Representante que sou do Estado onde a suíno-cultura
será feito em caráter interino, à medida da é das mais adiantadas, com grandes frigoríferos e
progressão dos cursos, até que o seja por concurso industrialização modelares, e com um rebanho
de títulos e provas. selecionado de raças creoulas ou importadas para mais
§ 2º O quadro de servidores será organizado de quatro milhões de cabeças, criadas de modo
de acôrdo com a legislação vigente, obedecidas as intensivo ou extensivo, cumpro o dever de denunciar,
normas estabelecidas no Plano de Classificação. desta tribuna, que nôvo surto de Hog-cólera eclodiu em
§ 3º Nenhuma interinidade deverá ser de Brasília e alastra-se assustadoramente pelo Estado de
prazo superior a 3 (três) anos. Goiás, sem que as autoridades tenham tomado
Art. 5º Os recursos necessários ao medidas profiláticas ou sanitárias para combater
cumprimento desta lei serão progressivamente enérgicamente a propagação dessa moléstia; e nem ao
consignados, mediante proposta dos órgãos menos tenha alertado os criadores de suínos para
competentes, nas dotações globais destinadas à vacinarem os seus rebanhos e tomarem outras
Universidade do Ceará no Anexo do Orçamento providências. A Hog-cólera que é quase endêmica na
Geral da República referente ao Ministério da Europa, África e Estados Unidos, vem sendo
Educação e Cultura. combatida, fiscalizada, controlada cientificamente nos
Art. 6º Esta lei entrará em vigor na data de sua paises de além-mar. Aqui na nova Capital assistimos,
publicação, ficando revogadas as disposições em com descaso, indiferença a eclosão de mais um surto
contrário. destruidor da peste sairia que ameaça novamente a
Às Comissões de Educação e Cultura, de suíno-cultura brasileira.
Serviço Público Civil e de Finanças. No Canadá são severas as medidas
O SR. PRESIDENTE: – Está finda a leitura do profiláticas e sanitárias no combate à moléstia
Expediente. Há oradores inscritos. Tem a palavra o infecto-contagiosa produzida por vírus filtrável e
nobre Senador Saulo Ramos. evitada mediante vacinação especializada e
O SR. SAULO RAMOS (lê o seguinte específica. Os focos de surgimento são destruídos e
discurso): – Sr. Presidente, em 1948, grande surto desinfectados e os suínos do local ou fazenda,
epizóotico de Hog-cólera varreu esta Nação infectados ou não, são suprimidos pela matança e
causando prejuízos de bilhões de cruzeiros. instituída rigorosa barreira sanitária nas
A peste suína apareceu no Estado do circunvizinhanças, para se evitar o contágio e
Rio de Janeiro, Distrito Federal, hoje Estado conferir imunidade aos animais com soros e vacinas
da Guanabara, para atingir simultâneamente a todo o rebanho nacional.
os Estados de Minas Gerais, São Nesta Nação assistimos com in-
– 182 –

diferença, e com irresponsabilidade a nôvo surto de Tem a palavra o nobre Senador Antônio Baltar.
Hog-cólera que surge em plena Capital da O SR. ANTONIO BALTAR (*): – Sr.
República, diante da incúria dos Podêres Públicos e Presidente, por duas vêzes honrado pelo Senado
da ineficiência do Ministério da Agricultura. A inflação Federal com designação para representá-lo, nos
que gera desajustamentos será agravada pela crise primeiros dias de dezembro último na cidade de São
alimentar de um povo carente de proteínas, porque Paulo, no Encontro Latino-Americano de Economia
os seus gados, nas mais variadas espécies, são Humana e, sábado último, na inauguração das obras
dezimados pelas zoonoses e epizootias diante da civis da Barragem de Três Marcas sôbre o Rio São
negligência criminosa dos Podêres da República. Francisco desejo, na forma regimental, pedindo
Além dessas deficiencias alimentares é de se vênia de não tê-lo feito imediatamente, no que se
citar a nossa obsoleta indústria pesqueira, cujas refere à primeira das duas representações, prestar
riquezas marinhas não alimentam o povo de um contas dessas incumbências ao Plenário do Senado
modo geral e suas proteínas são consumidas pelas Federal. (Lendo).
classes mais abastadas. O Primeiro Encontro Latino-Americano de E. H.
Senhor Presidente, Senhores Senadores, a cujos organizadores solicitaram ao Senado Federal e à
peste suína ou Hog-cólera constitui uma ameaça de Câmara dos Srs. Deputados enviassem representações
conseqüências imprevisíveis, e se as autoridades para participar dos trabalhos – essa outra Casa do
não tomarem medidas urgentes, enérgicas e Congresso tendo credenciado para isso o Sr. Deputado
consentâneas, mobilizando técnicos e estabelecendo Franco Montoro – constituiu-se numa reunião de
barreiras sanitárias federais, inter-estaduais e economistas, sociólogos, demografistas, urbanistas,
municipais, a suíno, cultura nacional sofrerá grande assistentes sociais, geógrafos, agrônomos e outros
colapso, a indústria alimentar fechará os seus profissionais que lidam com problemas de planificação
frigoríficos e teremos de importar carnes e banha, econômica e física, para uma revisão crítica do conjunto
que são elementos essenciais. de trabalhos realizados nesse terreno em diferentes
Essa moléstia infecto-contagiosa que ameaça países da América Latina, com ênfase especial naquele
a Nação só poderá ser combatida mediante a em que fôra adotado o método de pesquisa sócio-
vacinoterapia intensiva. Combatê-la deve ser a econômica do grupo de Economia e Humanismo
palavra de ordem por todos os meio e modos do responsável por inumeros levantamentos e pesquisas
Governo. Deixo aqui, desta alta tribuna, a minha dessa natureza em nosso Continente.
advertência aos homens da produção e o meu apelo Tomamos parte nos trabalhos e debates da
para que a Imprensa, escrita e falada alerte as reunião e nela apresentamos por solicitação dos
autoridades, os criadores e a Nação para que se seus dirigentes uma exposição sobre a
esclareça o significado dos malefícios da Hog-cólera Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste,
ou peste suína e se possa evitar nova catástrofe que seu programa e seus problemas na região em que
mais empobrecerá e abalará o bem-estar do povo exerce a sua atividade planejadora.
brasileiro. (Muito bem! Muito bem!).
O SR. PRESIDENTE: – Continua a hora do __________________
Expediente. (*) – Não foi revisto pelo orador.
– 183 –

Regressamos a esta Capital um dia antes de média do pensamento desta Alta Casa do Congresso
concluir-se a reunião por necessidade de participar Nacional.
aqui de trabalhos legislativos. Antes de concluir, Sr. Presidente, quero referir-
Sábado último cumprindo os encargos da me ainda a outra reunião de que participei, à qual
segunda designação com que me honrou a Mesa do compareci, muito embora sem representação desta
Senado, compareci à inauguração das obras civis da Alta Casa do Congresso, porém com sua expressa
barragem de Três Marias e ali pronunciei um dos permissão, de acôrdo com o seu Regimento.
discursos do programa oficial da solenidade. Aludo às Primeiras Jornadas Luso Brasileiras
Tenho dos mandatos dessa natureza um da Engenharia Civil, realizadas durante o mês de
conceito que me leva nessas oportunidades a um setembro, em Lisboa, reunião de técnicos, sobretudo
esfôrço considerável no sentido de ser fiel ao de engenheiros civis brasileiros e portuguêses, da
pensamento coletivo que me proponho a interpretar qual resultou – estamos absolutamente certos todos
numa tentativa de exprimir u'a média das tendência aqueles que nela tomamos parte – soma enorme de
que legìtimamente dividem as opiniões de um benefícios de natureza cultural tanto para Portugal
parlamento democrático. como para o Brasil.
Dentro dessa orientação procurei interpretar o Feita, evidentemente, a exceção da
acontecimento solenizado – falando em nome do conferência que pronunciei naquela oportunidade, os
Senado Federal à luz da história econômica das trabalhas que os engenheiros brasileiros levaram ao
áreas subdesenvolvidas – situando-o na evolução do conhecimento dos seus colegas portuguêses durante
esfôrço nacional de desenvolvimento e analisando as a Jornada – disso posso dar testemunho pessoal –
suas prováveis conseqüências sócio-econômicas na foram de nível tão alto que, sem a menor dúvida,
Região do Vale do São Francisco. elevarão os nossos foros de país tecnicamente
Em particular, as palavras que então desenvolvido aos olhos dos nossos irmãos
pronunciei sôbre a participação pessoal do Exmo. Sr. portuguêses.
Presidente da República – presente à solenidade – Devo acentuar, também, que, simètricamente,
no esfôrço global de desenvolvimento econômico de os trabalhos que os mais eminentes engenheiros
que a inauguração de Três Marias constitui uma portuguêses deram a conhecer durante a Primeira
etapa importante, procuraram ser as mais justas e Jornada Luso-Brasileira de Engenheiros Civis, foram
equilibradas de modo a não poderem merecer de molde a aumentar, consideràvelmente, a grande
restrições de parte da ilustre Bancada da Oposição, admiração que os engenheiros brasileiros, em
de quem no meu entender me constituía também diversas ocasiões, já haviam manifestado pelo grau
representante naquele momento. Evidentemente um de desenvolvimento que, sobretudo nos terrenos de
discurso é a manifestação de um pensamento e de barragem, mecânica dos solos e cálculos estruturais,
ponto-de-vista pessoais – mas no desempenho a Nação portuguêsa apresenta.
do encargo de que regimentalmente estou O Laboratório Nacional de Engenharia Civil e o
dando conta ao Plenário procurei, como acabo Instituto Superior Técnico, que é a Escola de
de acentuar, interpretar o Senado da República Engenharia oficial de Portugal, são os órgãos de mais
de modo a exprimir tanto quanto possível a alta repercussão no mundo técnico da atualidade,
– 184 –

pois é sabido que em estudos de modêlo reduzido de São lidos e deferidos os seguintes requerimentos:
hidráulica, por exemplo, e em modêlo reduzido de
hidráulica de barragem e sua interpretação, REQUERIMENTO
sobretudo à luz da hiperestática, os portuguêses são Nº 27, DE 1961
hoje consultados por nações de todos os
continentes, sem excluir as mais econômicamente Sr. Presidente:
desenvolvidas. Requeiro sejam solicitadas ao Sr. Ministro da
Nós mesmos tivemos ocasião de assistir, Viação e Obras Públicas as seguintes informações;
durante a nossa permanência em Lisboa, à 1º. Se êsse Ministério diretamente, ou algum
realização de trabalhos de pesquisas tecnológicas de seus Departamentos ou Autarquias sob sua
pelos engenheiros portuguêses, por encomenda de jurisdição, fêz encomenda, ou contrato de compra no
países como a França e Inglaterra, em virtude de se estrangeiro, de dragas, escavadeiras, embarcações
tratar de grandes barragens de concreto armado a e outras máquinas destinadas a obras portuárias e
serem executadas futuramente no ultramar francês e de canalização.
inglês. 2º. Em caso afirmativo:
Ninguém ignora que os portuguêses têm no a) qual ou quais as firmas estrangeiras
ultramar, em regiões subdesenvolvidas, grande incumbidas da realização das encomendas;
experiência, havida em trabalhos que estão b) qual o número de cada espécie
realizando em suas colônias. ecomendada, com o preço total da encomenda e
Por tudo isto, Sr. Presidente e Senhores separadamente, de cada unidade.
Senadores, devo confessar a V. Exa. que a c) quais as demais condições da compra,
oportunidade que me foi dada, de travar contato incluindo-se o prazo para a entrega e a forma do
pessoal e demorado com a engenharia civil pagamento das encomendas;
portuguêsa, em decorrência de compromissos d) se tal ou tais encomendas foram precedidas
universitários que havia assumido antes de vir de concorrência pública ou tomada de preço e quais
para esta Casa – compromissos que pude saldar as exigências feitas para a preferência entre os
com a licença do Senado, atendendo a concorrentes.
requerimento que lhe apresentei – essa 3º Se existem no Brasil fábricas de tais
oportunidade e êsse encontro constituíram, na aparelhos capazes de atender ao fornecimento
realidade, uma afirmação do progresso cultural pretendido por esse Ministério e referido no item 1º
da engenharia brasileira. dêste requerimento e quais são elas.
Espero, Sr. Presidente, com estas 4º Se o GEICON pretende oferecer facilidades
despretensiosas palavras, ter dado conta ao Plenário especiais para que a firma norte-americana
das duas missões de que fui especìficamente ELLICOTT, fabricante de dragas, venha a se
encarregado. (Muito bem! Muito bem!). estabelecer no Brasil.
O Sr. Novaes filho deixa a presidência, 5º Em caso afirmativo, quais as facilidades
assumindo-a o Sr. Cunha Mello. especiais oferecidas pelo GEICON àquela firma.
O SR. PRESIDENTE: – Sôbre a mesa, dois Sala das Sessões do Senado Federal, 20 de
requerimentos do nobre Senador João Villasbôas. janeiro de 1961. – João Villasbôas.
– 185 –

REQUERIMENTO alertados sôbre o assunto, através da Imprensa e do


Nº 28, DE 1961 Parlamento, no sentido de anular os efeitos dêsse
ato, que fere a legislação em vigor (Decreto nº
Sr. Presidente: 47.491, de 24 de dezembro de 1959) e vai causar
Requeiro sejam solicitadas ao Sr. Ministro da um prejuízo considerável ao Tesouro?
Fazenda as seguintes informações:
a) Foram consultados os diretores das Justificação
Carteiras de Câmbio e Comércio Exterior sôbre a
Portaria nº 717, de 23 de dezembro de 1960, do Sr. A Portaria nº 717 vai criar um direito para as
Ministro da Agricultura, publicado no Diário Oficial do emprêsas moageiras adquirirem o trigo importado ao
dia 28 do mesmo mês e ano, na fixação do preço do preço de Cr$ 8.840,00 por tonelada no decorrer do
trigo importado para todo o ano de 1961 em Cr$ ano de 1961. Como já dissemos acima, tal direito
8.840,00, sabendo-se que tal preço significa um implicará num prejuízo para o Tesouro Nacional que
câmbio de custo de Cr$ 100,00 por dólar e o pode ser estimado em Cr$ 7,5 bilhões pois ninguém
pagamento do frete, seguro, taxas consulares etc. à ignora que com a elevação das bonificações dos
taxa de Cr$ 160,00 por dólar? produtos exportados, o câmbio de custo já está muito
b) Foi ainda sôbre o mesmo assunto ouvido o acima de Cr$ 100,00 por dólar. A manutenção dessa
Conselho da Superintendência da Moeda e do Crédito? taxa, por mais tempo, admitindo que não saia feita
c) Quais os pareceres dêsses órgãos a uma alteração radical da política cambial é
respeito da fixação do preço do trigo? impossível, em face dos prejuízos que causa ao
d) Se os pareceres foram favoráveis à fixação Tesouro. Assim, nenhum órgão do Govêrno pode
no nível proposto, mandar cópia dos mesmos e assumir compromissos de manutenção de uma taxa
esclarecer as razões que levaram o Ministro da. cambial que não pode ser conservada, ainda que se
Fazenda a concordar com o preço fixado, tendo em mantenha por algum tempo mais o sistema de taxas
vista que a Portaria referida assegura, a entrega de múltiplas de câmbio, o que vai depender da política
sete sacos de trigo importado ao preço estipulado de cambial do nôvo Govêrno a instalar-se no dia 31 do
Cr$ 8.840,00 como compensação pela aquisição de corrente mês. Essa decisão pertence exclusivamente
cada saca de trigo nacional ao preço de Cruzeiros ao nôvo Govêrno.
24.000,00 e que importará, caso a alteração do A Portaria nº 717 confere aos moinhos o
câmbio de, custo, que é inadiável, seja para Cr$ direito de adquirir o trigo importado ao preço fixado,
150,00 e do dólar de frete para Cr$ 210,00 num sem levar em consideração as necessidades de
prejuízo de cêrca de Cruzeiros 7,5 bilhões para o consumo e as disponibilidades cambiais, em frontal
Tesouro Nacional; desrespeito ao que o próprio govêrno atual
e) Caso a Portaria tenha sido feita à revelia estabeleceu no Decreto nº 47.491, que,
dos órgãos mencionados, responsáveis pela política inegàvelmente, veio racionalizar é moralizar
cambial e de comércio exterior, quais as a comercialização do trigo no País. Infelizmente
providências tomadas pelo Sr. Ministro da Fazenda e é o próprio titular da agricultura que, um ano
pelo Sr. Presidente da República que têm sido após, vem modificar integralmente a política
– 186 –

adotada, restabelecendo as práticas fraudulentas na cooperativas firmarem com estabelecimentos


comercialização do trigo, além do vultoso prejuízo já bancários, para financiamento da produção
mencionado. rural própria ou de seus associados, inclusive
Sala das Sessões, em 19 de janeiro de 1961. o simples beneficiamento dos produtos
– João Villasbôas. agropecuários e sua armazenagem para
O SR. PRESIDENTE: – Passa-se à:
conservação e venda – ficam isentos do impôsto
ORDEM DO DIA do sêlo.
2. O Autor do projeto pondera, na sua
Discussão única do Projeto de Lei da Câmara justificação, que:
nº 116, de 1960 (nº1.066, de 1959, na Câmara); que "A diversidade de orientação dos vários
isenta da tributação do impôsto do sêlo os contratos diplomas legais que disciplinam a matéria fiscal, com
de financiamento em que sejam mutuárias as relação às sociedades cooperativas, vem
sociedades cooperativas (em regime de urgência, desvirtuando a política federal que se dirige no
nos têrmos do art. 330, letra b, do Regimento sentido da proteção dêsses organismos econômicos,
Interno, em virtude do Requerimento nº 20, de 1961, cuja expansão o Govêrno da República procura
do Sr. Senador Daniel Krieger, como Líder da
incentivar mediante regalias especiais, como
U.D.N., aprovado na sessão de 17 do mês em
curso), dependendo de pareceres das Comissões de isenções tributárias, atendendo a que essas
Economia e de Finanças. instituições, sem nenhuma finalidade especulativa
estimulam eficazmente o nosso desenvolvimento
O SR. PRESIDENTE: – Sôbre a mesa os econômico".
pareceres das Comissões de Economia e de 3. Esclarece, em. seqüência, que o Decreto-lei
Finanças, que vão ser Iidos pelo Sr. 1º Secretário. nº 22.239, de 19 de dezembro de 1932, revigorado
São lidos os seguintes: pelo artigo 1º do Decreto-lei nº 8.401, de 19 de
dezembro de 1942, isenta as sociedades
PARECER cooperativas, do impôsto federal do sêlo, quando
Nº 20, DE 1961
assim dispõe:
Da Comissão de Economia, sôbre o Projeto de "As cooperativas que dera em diante se
Lei da Câmara nº 116, de 1960 (nº 1.066-B-59, na constituírem gozarão de isenção do impôsto federal
Câmara), que isenta da tributação do impôsto do do sêlo para seu capital social, seus atos, contratos,
sêlo os contratos de financiamentos em que sejam livros de escrituração e documentos".
mutuárias as sociedades cooperativas. 4. Também a Consolidação das Leis do
Impôsto do Sêlo, baixada pelo Decreto nº 32.392, de
Relator: Sr. Guido Mondim. 9 de março de 1953, que deu nova publicação ao
Pelo presente projeto originário da Decreto-lei nº 4.655, de 3 de setembro de 1942,
Câmara dos Deputados, os contratos de abertura de alterado pela Lei nº 3.519, de 30 de dezembro de
crédito e de empréstimos que as sociedades 1958, no seu art. 2º § 3º estabelece que:
– 187 –

"havendo mais de um signatário de 8. No Brasil, a preocupação de incentivar a


determinado ato jurídico, se algum dêles gozar de prática do cooperativismo, como vimos, tem
isenção, o ônus do impôsto recairá sôbre os inspirado por diversas vêzes o legislador e, de outro
demais". lado existe até um setor administrativo no Ministério
5. Acontece, no entanto – prossegue a da Agricultura destinado a tratar exclusivamente do
justificação que "em um contrato de assunto.
financiamento, por exemplo, em que sejam partes 9. Constitui, pois, uma anomalia das mais
um estabelecimento bancário e uma cooperativa, estranháveis, uma prática das mais contraditórias
frustra-se a regalia fiscal estabelecida pelo com o interêsse do País o que vem acontecendo
Decreto-lei número 22.239-32, pois que, sendo o nesse caso do impôsto do sêlo a onerar os contratos
Banco obrigado a pagar o tributo, e sendo a de financiamentos em que são mutuárias as
cooperativa, a interessada no financiamento, é sociedades cooperativas.
evidente que aquela inclui, como de fato vem 10. O presente projeto visa, em boa hora, a
incluindo, entre as despesas do empréstimo, a corrigir tal situação, assegurando a uniformidade
importância do tributo, verdade que reduzida de reclamada pelo interêsse público à isenção prevista
50%, em virtude das disposições do art. 1º, nota para o impôsto do sêlo, no que diz respeito às
6º, e antigo 49, nota 4º, da Tabela anexa à lei do sociedades cooperativas. E opinamos
Impôsto do Sêlo". favoràvelmente a êle.
6. Fica-se, assim – é a fase conclusiva Sala, das Comissões, 20 de janeiro de 1961. –
da justificação – "diante de duas orientações Ary Vianna, Presidente. – Guido Mondim, Relator. –
legais: uma a do Decreto-Iei nº 22.239-32; Fausto Cabral. – Mendonça Clark. – Nelson Maculan.
que concede às cooperativas a mais ampla
isenção do Impôsto do Sêlo; outra, a da PARECER
Consolidação das Leis do Impôsto do Sêlo, que, Nº 21, DE 1961
por fôrça do exposto, anula a proteção que se
pretendeu deferir por aquêle provimento legal, Da Comissão de Finanças sôbre o Projeto de
àquelas sociedades". Lei da Câmara nº 116; de 1960 (nº 1.066-B-59, na
7. As sociedades cooperativas constituem, Câmara), que isenta da tributação do impôsto do
como ninguém ignora, um dos tipos de selo os contratos de financiamentos em que sejam
associativismo que melhor atendem ao problema de mutuárias as sociedades cooperativas.
reunir esforços e vontades diversas, na unidade de
uma orientação coincidente com o interêsse coletivo. Relator: Sr. Mem de Sá.
O cooperativismo é sobretudo usado como tipo de De autoria do Deputado Floriceno Paixão, o
organização mais adequada à promoção de projeto de lei em exame isenta da tributação do
determinados empreendimentos relacionados com o impôsto do sêlo os contratos para financiamento da
meio rural, capaz de beneficiar, sem discrepâncias, produção rural em que sejam mutuárias as
grupos humanos inteiros. E melhor prova da sociedades cooperativas.
excelência do sistema não haveria, senão o próprio Sua justificação procura mostrar, com
fato de sua incidência ocorrer em maior escala nos exuberância de dados, a contradição existente
países de mais alto nível de progresso social e de entre a política de estímulo ao cooperativismo
desenvolvimento técnico. que encontramos nas leis e na própria
– 188 –

ação administrativa do Estado brasileiro – e um Isenta da tributação do impôsto do sêlo os


determinado caso em que, contrariando a orientação contratos de financiamentos em que sejam mutuárias
que prevalece, o impôsto do sêlo onera de algum as sociedades cooperativas.
modo as sociedades cooperativas.
O fato a considerar é que o produto da O Congresso Nacional decreta:
incidência do impôsto do sêlo sôbre os contratos de Art. 1º São isentos do impôsto de sêlo os
financiamentos em que são mutuárias as sociedades contratos de abertura de crédito e de empréstimos
cooperativas, pelo pequeno número de operações que as sociedades cooperativas firmarem com
dêsse tipo realizadas, quase nada representa para o estabelecimentos bancários, para financiamento da
erário público. Mas, pode ser dito, representa muito, produção rural, própria ou de seus associados,
como fator negativo, para as sociedades inclusive o simples beneficiamento dos produtos
cooperativas por êle atingidas e daí a oportunidade agropecuários e sua armazenagem para
da medida ora proposta. conservação e venda.
O interêsse das finanças públicas não sugere Art. 2º Esta lei entrará em vigor na data de sua
assim, pelo que acaba de ser exposto, qualquer publicação, revogadas as disposições em contrário.
Problema que altere a conveniência da medida. E, O SR. GUIDO MONDIM (*): – Sr. Presidente,
justamente, por ser esta a nossa opinião, achamos o Instituto Nacional de Imigração e Colonização
que o projeto deve ser aceito por êste órgão Técnico. possui no Estado do Rio o Núcleo Colonial de Santa
Sala das Comissões, 20 de janeiro de 1961 – Cruz. De há muito está sendo tentada a invasão
Gaspar Velloso, Presidente. – Mem de Sá, Relator. – dessa gleba, por parte de pseudo-agricultores e, ao
Daniel Krieger. – Irineu Bornhausen. – Francisco que tudo indica, e é grave, com a conveniência do
Gallotti. – Fausto Cabral. – Ary Vianna. – Silvestre Delegado de Polícia do Município de Itaguaí.
Péricles. – Menezes Pimentel. – Caiado de Castro. Ainda no sábado passado tive oportunidade,
O SR. PRESIDENTE: – Em discussão o aqui mesmo em Brasília, de participar das
projeto. providências tomadas junto às autoridades federais,
Se nenhum dos Srs. Senadores desejar usar estaduais – Estado do Rio – em razão da ameaça
da palavra, encerrarei a discussão. (Pausa). que atingiu seu clímax naquele dia, com a invasão
Está encerrada. da gleba pertencente ao Instituto Nacional de
Em votação. Imigração e Colonização por parte dos já referidos
Os Srs. Senadores que o aprovam, queiram pseudo-agricultores.
permanecer sentados. (Pausa). Venho acompanhando, Sr. Presidente,
Está aprovado. de tempos a essa parte, tentativas iguais em
É o seguinte o projeto aprovado, que vai à pontos diferentes. Sei que são elas decorrência
sanção: da falta de providências quanto à nossa
decantada reforma agrária; no entanto, vamos
PROJETO DE LEI DA CÂMARA mais longe ao observar que há nesse movimento
Nº 116, DE 1960
__________________
(Nº 1.066-B, de 1959, na Câmara) (*) – Não foi revisto pelo orador.
– 189 –

pruridos de cubanização de nosso País. Para êste fato Dois anos mais tarde, em 2 de março de 1932,
chamo a atenção da Casa, alerto as autoridades sôbre o Decreto-lei nº 21.115, transferia à Fazenda
movimentos dessa natureza, pois o que verificamos não Nacional Santa Cruz da Jurisdição do Patrimônio
é o interêsse real de agricultores sem terras em possuí- Nacional para o Departamento Nacional de
las, mas sim a preocupação revolucionária de têlas à Povoamento, visando fins agrícolas e pastoris, e já
fôrça, criando em nosso País a anarquia. com a denominação de Núcleo Colonial Santa Cruz.
Preocupado com o que ocorreu sábado Em 1934, sob a jurisdição do Serviço de
passado no Estado do Rio de Janeiro, verificando Irrigação, Reflorestamento e Colonização, e, em
que as providências tomadas junto ao Delegado de 1938, subordinado à Divisão de Terras e
Polícia de Itaguaí não surtiram nenhum efeito, Colonização do Ministério da Agricultura, foi o Núcleo
agravando mesmo sua posição de suspeito, como Colonial Santa Cruz se expandindo e se
conivente nos fatos, pedi, então, maiores desenvolvendo até que, em 1948, de conformidade
informações à direção da própria Presidência do com o Decreto nº 24.885, de 28 de abril, fôram
Instituto Nacional de Imigração e de Colonização. emancipados todos os lotes do Núcleo que se
Leio agora breve relato a respeito do Núcleo localizam em Santa Cruz, no antigo Distrito Federal,
Colonial de Santa Cruz, para que meus nobres e transferida sua sede para o Piranema no Município
Colegas tomem conhecimento do que está de Itaguaí, no Estado do Rio de Janeiro.
ocorrendo. Ainda no sábado passado conseguiu-se Em 1954, com a criação do Instituto Nacional
evitar a invasão das terras, eis que os atuais de Imigração e Colonização, e conseqüente
possuidores de terra daquele núcleo estavam transferência do Núcleo – bem como de tôdas as
armados para receber os invasores, o que poderia unidades colonizadoras que estavam subordinadas à
resultar num conflito de graves conseqüências. D. T. C., para o patrimônio da nova Autarquia, sofreu
Com as informações que vou ler, deixo "Santa Cruz" um grande impacto, com a brusca
registrado nos Anais desta Casa o que está ocorrendo mudança de orientação, cortes de verbas e
para que, se amanhã a situação se agravar, todos nós servidores etc. Tal situação sòmente começou a
estejamos a par dos acontecimentos. melhorar a partir de 1958. De 1930 a 1958 o Núcleo
Diz o relatório: Colonial Santa Cruz estêve sob a direção de 4
organismos federais e 9 Administradores.
LIGEIROS DADOS SOBRE O Já em 1948, quando fôram emancipados
NÚCLEO COLONIAL SANTA CRUZ os lotes dêsse Núcleo localizados em Santa
Cruz (Estado da Guanabara), cogitaram os
A colonização oficial na baixada fluminense diretores da extinta Divisão de Terras e CoIonização,
teve início em 1930. Naquele ano, de acôrdo com o de emancipar logo em seguida as demais
Decreto-lei nº 19.133, de 11 de março, foi criado um glebas localizadas em Itaguaí, visto encontrar-se
Centro Agrícola em terras da Fazenda Nacional pràticamente encerrada a missão das autoridades
Santa Cruz, com sede no então Curato de Santa federais no que diz respeito àquela unidade,
Cruz, e sob a ação do Serviço de Colonização uma vez que se encontrava o Núcleo com
Agrícola. 18 anos de existência, e a neces-
– 190 –

sidade da D. T. C. de iniciar outros empreendimentos divíduos dizendo-se lavradores para lá se dirigiram,


colonizadores em outras regiões do País. tentando invadir a referida, área, no que fôram
Inúmeras dificuldades sobrevieram, impedidos pelo Administrador e funcionários do
principalmente no que diz respeito aos entraves Núcleo.
burocráticos, e que retardou por mais 12 anos a Ameaçaram, entretanto, de voltar ao local para
emancipação total do Núcleo Colonial Santa Cruz. concretizarem seu intento, tendo portanto, os
A atual Administração do INIC, contudo, firme dirigentes do Núcleo dirigido ao Delegado de Itaguaí,
no propósito de concretizar a emancipação, não só narrando os acontecimentos e solicitando dêste as
de "Santa Cruz" mas de todos os demais Núcleos providências cabíveis. Tais providências entretanto,
Coloniais da Baixada Fluminense, igualmente não fôram tomadas, o que possibilitou aos pseudo
antigos e apresentando os mesmos problemas que lavradores voltarem a "Santa Rosa" e lá levantarem
aquela unidade, traçou um programa objetivo, de alguns barracos. De nôvo fôram solicitadas
grande envergadura, que foi executado por um providências ao Delegado de Itaguaí, não só pela
Grupo, de Trabalho composto por dedicados Administração ao Núcleo mas também pelo Chefe do
funcionários, que durante seis meses – de julho a Gabinete da Presidência do INIC, através de ofício,
dezembro de 1960 – dedicaram-se de corpo e alma não tendo aquela autoridade, como da vez anterior,
à grande tarefa, possibilitando, assim, à tomado qualquer providência, numa prova evidente
Administração do INIC, a realização de tal de estar conivente com os falsos lavradores e
empreendimento. Hoje acham-se pràticamente pertubadores da ordem.
emancipados, faltando apenas a assinatura dos Tendo em vista tal situação, os funcionários do
respectivos decretos por parte de Sua Excelência o Núcleo dirigiram-se a "Santa Rosa", e expulsaram à
Senhor Presidente da República, os Núcleos força os invasores, defendendo, assim, o patrimônio
Coloniais de "Santa Cruz", "São Bento", "Duque de nacional, que, a exemplo do que se passa em
Caxias" e a gleba "Cacaria" do Núcleo Colonial Pernambuco, com as já conhecidas Ligas
Santa Alice. No decorrer de 1961, ainda com Camponesas do Deputado Francisco Julião, está se
referência à Baixada Fluminense, serão realizados vendo ameaçado em vários pontos do território
os trabalhos relativos à liquidação do remanescente brasileiro.
destas unidades ora emancipadas, bem como Ato contínuo o Administrador do Núcleo deu
trabalhar-se-á visando a emancipação dos restantes ciência à administração do INIC de tais ocorrências
Núcleos do Estado do Rio: "Macaé", "Papucaia" e tendo esta solicitado do Govêrno do Estado do Rio
"Santa Alice". de Janeiro e do Govêrno Federal, por intermédio do
O Núcleo Colonial Santa Cruz possui no Senhor Ministro da Justiça, as necessárias
Piranema, no vizinho Município fluminense do providências no sentido de se evitar que ocorram de
Itaguaí, uma área de 100 hectares – que se nôvo fatos como êsses, o que poderá ocasionar,
localiza na gleba "Santa Rosa", e que se destina lamentàvelmente, conflito de conseqüências
à venda em concorrência pública, de imprevisíveis".
conformidade com a legislação que rege a Sr. Presidente, era esta a comunicação
colonização (Decreto-lei número 6.117, de 16 de que queria fazer à Casa, preocupado
dezembro de 1943). ainda porque hoje, através de telefonema
Em dias da semana passada, in- tomei conhecimento de que os invasores, não
– 191 –

conformados, tentarão novamente invadir as terras jeto de Lei do Senado nº 48, de 1956, de autoria do
do Núcleo de Santa Cruz. Sr. Senador João Villasbôas, que declara isentos de
As autoridades estão prevenidas, mas o que ésanções disciplinares os militares reformados e
mais grave é que os atuais ocupantes do Núcleo das Reservas das Fôrças Armadas, tendo
estão dispostos a defender as terras pelas armas, oPareceres contrários, sob números 401 e 402 das
que precisamos evitar. Comissões de Constituição e Justiça e de Segurança
Chamamos mais uma vez a atenção das Nacional.
autoridades responsáveis, a fim de que um conflito 2 – Discussão preliminar (art. 265 do
de conseqüências tais não venha a ocorrer por faltaRegimento Interno) do Projeto de Lei do Senado nº
de providências tomadas no devido tempo. (Muito 38, de 1959, que concede isenção dos impostos de
bem). importação e de consumo e de taxa de despacho
O SR. PRESIDENTE: – Nada mais havendo aduaneiro para o equipamento de um órgão litúrgico
que tratar, encerro a sessão, designando para a doado ao Colégio Santa Marcelina, do Rio de
próxima a seguinte: Janeiro, tendo Parecer nº 501, de 1960, da
Comissão de Constituição e Justiça, pela
ORDEM DO DIA inconstitucionalidade.
Está encerrada a sessão.
Sessão de 23 de janeiro de 1961. Encerra-se a sessão às 15 horas e 35
1 – Primeira discussão do Pro- minutos.
13ª SESSÃO DA 2ª SESSÃO LEGISLATIVA, EXTRAORDINÁRIA, DA 4ª LEGISLATURA, EM 23 DE
JANEIRO DE 1961

PRESIDÊNCIA DO SENHOR FILINTO MÜLLER

Às 14 horas e 30 minutos, acham-se terior, que é aprovada sem debates.


presentes os Srs. Senadores: O SR. PRESIDENTE: – Senhores
Cunha Mello. Senadores – Por demais dolorosa é a missão que
Vivaldo Lima.
cabe à Presidência nesta oportunidade – a de
Victorino Freire.
Sebastião Archer. transmitir ao Senado a notícia do falecimento,
Eugênio Barros. ocorrido sábado último, dia 21, do Senador Attílio
Mendonça Clark. Vivacqua.
Mathias Olympio. Desde os dias da Constituinte de 1945
Joaquim Parente. pertencia êle a esta Casa, honrando uma das
Fausto Cabral. cadeiras da representação do Estado do Espírito
Menezes Pimentel.
Santo e integrando, come seu Líder, a Bancada do
Argemiro de Figueiredo.
Novaes Filho. Partido Republicano, a uma e outra dando o
Antônio Baltar. excepcional brilho de uma inteligência e de uma
Silvestre Péricles. cultura invulgar.
Lourival Fontes. Já nos trabalhos daquela Assembléia
Heribaldo Vieira. tivera Attílio Vivacqua atuação inesquecível no
Lima Teixeira.
Plenário como na Comissão que elaborou o projeto
Aloysio de Carvalho.
Ary Vianna. que se transformou na Constituição vigente. Nos
Caiado de Castro. debates em que tomou parte e nos estudos que
Afonso Arinos. apresentou, deixou marcada a sua presença e
Benedito Valadares. reafirmados os foros de jurista e constitucionalista de
Nogueira da Gama. prol, conquistados em longa carreira de cultor do
João Villasbôas. Direito, no seu Estado e na então Capital da
Filinto Müller.
República.
Gaspar Velloso.
Francisco Gallotti. Instaurada a ordem jurídica no País,
Irineu Bornhausen. sempre êle estêve entre os batalhadores da
Mem de Sá. primeira linha nesta Casa, fazendo ouvir a sua
Guido Mondim. – (30). palavra de Mestre acatado, quer em Plenário,
O SR. PRESIDENTE: – A lista de presença através de orações escorreitas e substanciosas, quer
acusa o comparecimento de 30 Srs. Senadores.
nas Comissões, com lúcidos e bem elaborados
Havendo número legal, declaro aberta a sessão.
Vai ser lida a Ata. pareceres, que em muitos casos passaram a
O Sr. Segundo Suplente, servindo de 2º constituir roteiros seguros em árduos caminhos
Secretário, procede à leitura da Ata da sessão an- emaranhados pela controvérsia.
– 193 –

Foi sobretudo na Comissão de Constituição Na forma determinada pelo Regimento, cabe


e Justiça, a que pertenceu desde 1946 e que à Mesa propor que a sessão de hoje seja
presidiu durante vários anos, que a sua trajetória consagrada a reverenciar-lhe a memória.
se fixou com mais intensidade e maior fulguração. Há, porém, sôbre a Mesa requerimento
Mas, também em outros domínios do pensamento em que se especificam outras homenagens a
e da cultura, os seus passos deixaram pegadas serem prestadas nesta oportunidade.
indeléveis. Vai ser lido pelo Sr. Senador 1º Secretário.
Aí estão proposições que apresentou, É lido o seguinte:
discursos que proferiu e estudos que elaborou, a
revelá-lo eminente também nos campos da REQUERIMENTO
economia e da sociologia. Nº 29, DE 1961
Em sua atuação entre nós uma constante se
pôde sempre identificar: a sua preocupação de Requeremos, na forma prevista no Regimento
situar devidamente o Senado da República no (art. 212, II, alíneas e e f) e de acôrdo com as
sistema institucional do País; defendendo e firmando tradições do Senado, as seguintes homenagens
as interpretações dos textos constitucionais mais de pesar pelo falecimento do Senador Attílio
condizentes com o papel que a esta Casa deve Vivacqua, que em uma longa e brilhante carreira
caber. pública, dedicada ao culto do Direito e ao serviço do
Por duas vêzes os seus co-estaduanos o País, tanto honrou esta Casa, no exercício da
reconduziram à cadeira que tanto soube destacar representação do Espírito Santo;
no Senado da República, colocando o seu nome 1) inserção em Ata de um voto de profundo
acima das competições partidárias, o que, se exaltou pesar.
o candidato, não menos honrou o eleitorado. 2) apresentação de condolências à família,
Êsse, Senhores Senadores, o colega que ao Estado do Espírito Santo e ao Partido a que
acaba de desaparecer. pertencia o extinto;
De sua presença atuante, do brilho da 3) levantamento da sessão.
sua inteligência, dos primores da sua cultura, Sala das Sessões, 23 de janeiro de 1961.
do seu fervor patriótico, da sua sedução pessoal, – Mendonça Clark. – Ary Vianna. – Novaes Filho. –
do seu espírito voltado para os aspectos João Villasbôas. – Gaspar Velloso. – Aloysio de
humanos dos problemas, todos nós, que com êle Carvalho. – Menezes Pimentel. – Fausto Cabral. –
convivemos diuturnamente, guardaremos indelével Caiado de Castro. – Silvestre Péricles. – Filinto
recordação. Müller. – Lima Teixeira. – Heribaldo Vieira. –
Ao ter conhecimento da sua morte, após dois Benedito Valadares. – Cunha Mello. – Argemiro de
meses de insidiosa doença, a Mesa tomou tôdas as Figueiredo.
providências a fim de que lhe fôssem tributadas O SR. PRESIDENTE: – O requerimento
as devidas homenagens. Transportou-se não depende de apoiamento nem discussão.
imediatamente para a antiga. Capital da República Em votação.
o Vice-Presidente da Casa, no exercício da Tem a palavra, para encaminhar a votação,
Presidência, e ali compareceu, em companhia o nobre Senador Mendonça Clark.
dos Senhores Senadores Ruy Carneiro e Vivaldo O SR. MENDONÇA CLARK: – Sr.
Lima, aos funerais do saudoso extinto. Presidente, cedo minha ins-
– 194 –

crição ao nobre Senador Ary Vianna, digno admirável inteligência fizeram-no, ràpidamente, um
representante do Espírito Santo, reservando-me para dos mais destacados líderes da política capixaba.
falar em segundo lugar. E foi nessas funções que, estudioso dos problemas
O SR. ARY VIANNA (para encaminhar a econômicos de sua terra, elaborou um plano
votação – lê o seguinte discurso): – Sr. de desenvolvimento regional, cuja idéia esboçou
Presidente, embora os familiares e os amigos mais e defendeu ardorosamente na tribuna da Assembléia
íntimos de Attílio Vivacqua nesses últimos dias de e na imprensa, tendo por base o desbravamento
sua grave enfermidade já se sentissem e colonização do norte do Rio Doce. Criada pelo
desesperançados do restabelecimento da sua saúde, govêrno de então, a Cia. Territorial, sociedade
a sua morte, anteontem ocorrida, não deixou de de economia mista e instrumento destinado a dar
trazer àqueles que, como eu, seu companheiro de execução ao plano de Attílio Vivacqua, foi êle próprio
representação do mesmo Estado, nesta Casa, e que encarregado de organizá-la e dirigí-la, num desafio
privava ìntimamente da sua amizade há longos anos, à sua inteligência e capacidade de trabalho. E o
um choque emocional quase incontrolável para seu idealismo foi pôsto à prova. E a prova não se
poder vir a esta tribuna, neste instante, lamentar a fêz esperar. Derrubou florestas virgens, saneando,
grande perda que acabam de sofrer o Estado do loteando as terras conquistadas à selva bruta e
Espírito Santo, o Senado da República e o Partido colonizando-as dentro de um plano de colonização
Republicano. dos mais inteligentes já postos em prática no País.
Julgo desnecessário falar ao Senado sôbre E no Espírito Santo, ao norte do Rio Doce, aquela
a atividade do Senador Attílio Vivacqua no extensa zona que era então sòmente florestas
Congresso Nacional. Êle desempenhou tão profícua e pântanos e de uma insalubridade que os tornavam
e brilhantemente o seu mandato, que os Anais desta quase inconquistáveis pela civilização, transformou-
Casa culturalmente ainda mais se enriqueceram se na região mais produtiva do Estado, como
nestes últimos quatorze anos, com os debates em Attílio Vivacqua previra, através de um rosário
que tomou parte, os seus inúmeros projetos de lei e de fazendas, povoações, vilas e cidades, cujo centro
magistrais discursos e pareceres. A sua terra natal, o é hoje a bela, rica e trepidamente cidade de Colatina,
Espírito Santo, que êle amava exaltadamente, sede do município que é o maior produtor de café
orgulhava-se tanto de seu filho ilustre e lhe era tão do mundo.
reconhecida pelos inestimáveis serviços que êle lhe Na administração pública, para onde
prestava, que, estou certo, Attílio Vivacqua seria fôra chamado a colaborar diretamente, em 1928,
sempre reeleito para representá-lo nesta Casa, pelo Govêrno de Aristeu Aguiar, ocupou a pasta
tantas fôssem as eleições que se realizassem para o da Educação apenas por dois anos, mas nesse
Senado Federal. curto espaço de tempo realizou uma das mais
Deve-lhe o Espírito Santo quarenta anos de notáveis reformas do ensino. Levando para o
dedicação à causa pública espiritossantense. Eleito Estado a experiência e a colaboração de renomados
vereador, ainda muito môço, foi Presidente da técnicos paulistas, implantou os mais modernos
Câmara Municipal de Cachoeiro do Itapemirim, onde métodos de educação conhecidos, elevando,
iniciou a sua carreira política. Deputado à Assembléia de um salto, o padrão educacional espiritossantense
Legislativa do seu Estado; a sua cultura e a um nível só comparável ao de São Pau-
– 195 –

lo na vanguarda do ensino público no Brasil, Em 1957 ingressei no PR e tornei-me


naquela época. seu liderado e, graças à maior convivência
Com a revolução de 30, afastou-se do Espírito estabeleceu-se entre nós uma sólida amizade que
Santo e, na Capital Federal, onde fixou residência, se desenvolveu com o correr dos anos.
dedicou-se exclusivamente à advocacia. Quinze Já em 1960 entramos juntos – e mais
anos depois, com a redemocratização do País, alguns valiosos companheiros como os Ministros
foi chamado, novamente, pelo povo capixaba à Pereira Lyra e Bernardes na luta para levar o PR
atividade política, que o fêz, por duas vêzes para a vitoriosa candidatura Jânio Quadros –
consecutivas, representante do seu Estado nesta A atuação de Attílio Vivacqua foi das mais valiosas
Casa do Congresso Nacional. e decisivas. Com a sua grande autoridade moral
A vida de Attílio Vivacqua, Sr. Presidente, e prestígio dentro do Partido falava aos nossos
advogado, jurista, político, desbravador e companheiros. Resistia às investidas daqueles
colonizador, administrador e parlamentar, tão rica de que queriam desviá-lo do caminho traçado e assim,
ensinamentos e tão fecunda, ainda será escrita foi possível a nossa consagradora vitória na
algum dia. Nesta síntese que procurei fazer Convenção do PR – em maio de 1960 – o que deu à
apenas focalizei alguns episódios que testemunhei candidatura Jânio Quadros um sentido de tradição
dessa preciosa existência que acaba de extinguir-se política e verdadeiro impulso – fato públicamente
e que nos era tão cara pela quotidiana convivência reconhecido pelo ilustre Presidente Jânio Quadros.
dentro e fora desta Casa. Na campanha de 3 de outubro com a sua mui
Com estas singelas palavras, quero deixar digna espôsa – Dona Jenny – percorreu o seu
aqui consignada, Sr. Presidente, a minha grande Estado. Arriscou a vida e os esforços despendidos
saudade, como colega de Bancada e velho amigo do precipitaram a sua crise de saúde.
ilustre e sempre lembrado representante do meu Vitorioso nas urnas, no Espírito Santo,
Estado no Senado Federal. (Muito bem! Muito bem!). voltou ao Senado para enfrentar a luta do
O SR. PRESIDENTE: – Tem a palavra o nobre orçamento, porque não queria abandonar aquêles
Senador Mendonça Clark. que nêle confiavam no seu Estado Natal.
O SR. MENDONÇA CLARK (para Já adoentado, trabalhou dia e noite e
encaminhar a votação): – Sr. Presidente e sòmente quando cumpriu o seu dever, concordou
Senhores Senadores, falo em nome do Partido em retirar-se de Brasília, para tratar de sua
Republicano. (Lendo): saúde.
O Sr. Presidente, é com profundo pesar que Travou a sua última batalha como um
neste momento ocupo a tribuna. Faleceu o nobre homem superior e veio a falecer cercado do
Senador Attílio Vivacqua – meu eminente amigo e carinho de sua digna espôsa – Dona Jenny,
líder de nosso tradicional Partido – o PR nesta Casa. sua ilustre progenitora – Dona Etelvina, e seus
Conheci o saudoso Senador Attílio Vivacqua filhos, noras, genros, netos e incontável número de
há cêrca de seis anos quando ainda militava eu no amigos.
PSD; Sr. Presidente, são os seguintes os dados
Desde então passei a admirá-lo e respeitá-lo. biográficos do ilustre desaparecido:
– 196 –

DADOS BIOGRÁFICOS Procurador da Justiça do Trabalho,


nomeado em 1941, Consultor Jurídico, Interino,
Senador Attílio Vivacqua do Ministério do Trabalho, Indústria e Comércio,
em 1941. Professor da Faculdade de Direito
Attílio Vivacqua era filho de Antônio Vivacqua de Vitória, em 1931, e, Professor da Faculdade
e Etelvina de Souza Monteiro Vivacqua. de Direito da Universidade do Brasil em 1940,
Nascimento: Em Muniz Freire (ES), em 11de Secretário Interino do Interior do Estado do Espírito
outubro de 1894. Santo, em 1930. Fundador do Partido da Lavoura,
Casou-se com Jenny Silva Vivacqua. em 1933, e seu candidato a Deputado Federal,
Deixou os seguintes filhos: Jussara não diplomado em virtude da suspensão dos
Vivacqua de Miranda Carvalho, Antônio Carlos direitos políticos decretada pelo Govêrno Provisório
Vivacqua e Attílio Geraldo Vivacqua. em relação aos ex-Secretários. Vice-Presidente do
A sua vida escolar: Curso Secundário no Ginásio Instituto dos Advogados do Espírito Santo. Consultor
do Espírito Santo, Bacharel em Ciências Jurídicas e Jurídico da Companhia Siderúrgica Nacional.
Sociais pela Faculdade Livre de Direito do Rio de Presidente do Clube dos Advogados. Membro do
Janeiro, diplomado em 11 de dezembro de 1916. Instituto Brasil-Estados Unidos, da Associação
Representou os estudantes brasileiros em 1914 e 1915 Brasileira de Imprensa, da Academia Brasileira
nos congressos de Estudantes realizados no Uruguai. de Ciências, Presidente do Conselho Deliberativo
A sua vida profissional: Advogado. Iniciou do Iate Clube do Rio de Janeiro, membro do
sua carreira no Forum de Cachoeiro do Itapemirim, Instituto dos Advogados Brasileiros e sócio do
como solicitador, em 1915 e como Advogado em Jockey Clube Brasileiro.
1917. Exerceu a advocacia em seguida, em Colatina Congresso: Representou, como Presidente
(ES), Vitória e Rio de Janeiro. da Delegação Brasileira, o Senado Federal;
A sua vida pública: Funções Administrativas: junto à XII.ª Conferência Interparlamentar, reunida
Prefeito da cidade de Cachoeiro do Itapemirim, em Istambul, em agôsto de 1951, da qual foi um
Secretário da Educação do Espírito Santo, autor dos vice-presidentes, onde apresentou importantes
da Reforma Educacional do mesmo Estado, trabalhos sôbre política internacional e a distribuição
realizada em 1929, julgada um dos mais importantes dos gêneros alimentícios do mundo.
e decisivos passos na história da pedagogia Realizou as seguintes viagens: Turquia
moderna. Diretor da Emprêsa Oficial de Colonização (1951), para participar da Conferência da União
do Vale do Rio Doce, cujo progresso e futuro Interparlamentar reunida em Istambul; Líbano, Síria,
pressentiu num programa de avançadas iniciativas Jordânia, Jerusalém (1951) e diversos países
e realizações. Ali dirigiu e impulsionou um dos mais europeus (1951), Estados Unidos (1953), para
notáveis empreendimentos no setor da colonização. participar da Conferência. Econômica de New
Secretário Geral da Ordem dos Advogados Orleans, onde recebeu o título de cidadão honorário
do Brasil, desde sua fundação (9 de março de daquela cidade.
1933 a 11 de agôsto de 1944). Foi elevado por A sua bibliografia tem as seguintes
uma consagradora unanimidade ao pôsto máximo notas: "Escola Ativa Brasileira"; "O Escotismo";
de Presidente da mesma Ordem. "Motivos do Brasil Moderno"; "Ensino Público
– 197 –

no Espírito Santo"; "Inamovibilidade da Magistratura ativamente de todos os seus trabalhos tendo sido
e Habeas-Corpus"; "A Propriedade Mineral"; um dos elaboradores do Capítulo referente ao poder
"Educação Brasileira"; "Separação de Corpos"; "A Judiciário. Foi um dos principais defensores
Nova Política do Subsolo e o Regime Legal das do enquadramento da Justiça do Trabalho como
Minas"; – obra de 800 páginas, estudo sôbre os órgão do Poder Judiciário. Teve uma larga
problemas políticos e econômicos das riquezas participação nos estudos e debates sôbre os
minerais e monografia jurídica apreciada pelas capítulos referentes à Ordem Econômica e Social.
críticas nacional e estrangeira. Nos Anais da Constituinte figuram trabalhos notáveis
Recebeu, em vida, as seguintes distinções: de sua lavra. Seu parecer proferido no caso de
– Medalha Marechal Souza Aguiar, Medalha São Paulo, contribuiu decisivamente para o
de Tiradentes, conferida pela União dos Escoteiros memorável voto do Senado evitando a intervenção.
do Brasil. A Câmara Municipal do Distrito Federal Seus estudos e projetos sôbre Seguro Agrário,
conferiu-lhe o título de Cidadão Carioca por serviços cuja lei passou a denominar-se "Lei Vivacqua",
prestados ao povo carioca e sua defesa das Defesa Econômica do Café, contra a broca e outras
aspirações de autonomia do Distrito Federal, pragas e sôbre cooperativismo, crédito agrário,
Cidadão do Município de Duque de Caxias, Estado eletrificação rural, projeto criando o Serviço Nacional
do Rio de Janeiro e de Mimoso do Sul, Estado do de Irrigação e de Solos Agrícolas e outras matérias
Espírito Santo, Comendador da Ordem Nacional do atinentes à agricultura, destacaram a sua posição na
Cedro do Líbano e Cidadão Honorário da Cidade de nova política ruralista do Brasil. Sua colaboração no
New Orleans, condecoração da Ordem do Mérito Plano Salte, salientada no parecer da Comissão de
Aeronáutico. Finanças do Senado, abrangeu todos os setores, da
A sua vida política foi das mais brilhantes: forma mais objetiva. Seu projeto criando o Serviço
– Vereador à Câmara Municipal de Cachoeiro de Assistência à Velhice, visando amparar os velhos
do Itapemirim de 1920 a 1924; Prefeito do em geral, inclusive as pessoas idosas da lavoura,
mesmo Município em 1930; Deputado Estadual alcançou a mais profunda e simpática repercussão
em 1922 a 1929 de 1934 a 1937. Fundador do PSD no Brasil e no exterior. Defensor do municipalismo e
no Espírito Santo em 1945, do qual se desligou, em autor do dispositivo reconhecendo as prerrogativas
conseqüência de decisão operada em 1946 para filiar- das imunidades aos membros das Câmaras
se ao Partido Republicano; Senador Federal, mais Municipais. Estudo sôbre a questão de limites
votado, eleito em 2 de dezembro de 1945; Membro do Espírito Santo, sustentando que o laudo proferido
da Constituinte de 1946; reeleito, também, como o pelo Serviço Geográfico do Exército constitui
mais votado em 3 de outubro de 1954 pela Coligação decisão soberana, independente de aprovação de
Democrática, formada pelos Partidos Republicano, qualquer outra formalidade, apoiado pelos grandes
Trabalhista Brasileiro, Representação Popular, jurisconsultos do Brasil, como Levy Carneiro, Pontes
Social Progressista e ala dissidente da União de Miranda, Eduardo Espínola, Carlos Maximiliano e
Democrática Nacional, Presidente da Comissão Carvalho Santos.
de Constituição do Senado de 1947 a 1951. Obteve o reconhecimento pela União,
Membro da Comissão Constitucional, participou do direito do Espírito San-
– 198 –

to sôbre a Ilha da Trindade, mediante sua feliz ramos com o Espírito Santo o desaparecimento
iniciativa de Incluí-la em Lei Federal – Lei nº 2.135, dêsse nobre companheiro que tanta falta nos fará
de 14 de dezembro de 1953 – como parte integrante nesta Casa, à sua terra natal e ao Brasil. (Muito bem!
dêsse Estado. Relator do projeto de reforma Muito bem!).
constitucional, em que regula a autonomia do Distrito O SR. PRESIDENTE: – Tem a palavra o nobre
Federal, elaborou as mais completas monografias Senador Aloysio de Carvalho.
sôbre o assunto. Apresentou substitutivo, aprovado O SR. ALOYSIO DE CARVALHO (para
pelo Senado, criando o Laboratório Central de encaminhar a votação) (*): – Sr. Presidente, é com
Contrôle de Drogas e Medicamentos. Autor dos o mais profundo pesar que, em nome do Partido
Projetos de Valorização Econômica dos Vales de Libertador, me associo às homenagens que estão
São Mateus e Periqui-Açu, das Ilhas da Trindade e sendo prestadas ao saudoso Senador Attílío
Martins Vaz, bem como do projeto que regula a Vivacqua.
prestação de alimentos provisionais às vítimas de Não poderia imaginar, voltando a esta Casa,
acidentes de pessoas, de transporte e seus decorrido um interregno de mandato eletivo, me
beneficiários. fôsse dada a dolorosa incumbência de proferir
Autor do Projeto de Lei nº 20, de 1947, algumas palavras a respeito de um amigo que tive a
que institui o Fundo da Economia Cafeeira, feliz oportunidade de fazer, nesta Casa, desde a
aprovado pelo Senado e do Substitutivo do Senado Constituinte de 1946; e mais que um amigo, de um
ao Projeto de Lei nº 25, de 1952 da Câmara dos homem a quem profundamente admirei pelas suas
Deputados, que criou o Instituto. Brasileiro do Café, qualidades pessoais, pela sua inteligência, pela sua
transformado na Lei nº 1.779, de 22 de dezembro de cultura, pelo seu espírito público, pela doçura das
1952. suas maneiras, pela bonomia do seu temperamento,
Sr. Presidente, Attílio Vivacqua, cuja vida e pela delicadeza da sua convivência.
longa fôra uma luta infatigável a serviço do povo O nome de Attílio Vivacqua, entretanto, não
brasileiro e, particularmente, dos seus coestaduanos, me era estranho quando cheguei à Constituinte de
era um amigo dos trabalhadores, e sempre lhes 1946.
amparou as justas reivindicações assim como as dos No plano nacional, êsse nome já era
funcionários ativos e aposentados. conhecido, desde os últimos tempos da
Homem de condutas pública e privada República Velha, quando, no pequeno Estado
irrepreensíveis, sacrificou os seus interêsses do Espírito Santo, êle, ainda môço, cheio de
particulares para melhor exercer seu mandato, ilusões e de esperanças, realizou a notabilíssima
dando o exemplo edificante de uma vida de obra de renovação dos métodos educacionais
desambição, de sobriedade e de modéstia. do Estado. Então, o País teve conhecimento de
Democrata legítimo, defensor das liberdades que havia um Secretário de Estado, no Espírito
públicas e dos direitos, individuais, viveu com o povo Santo, que se valia da sua cultura sociológica,
e para o povo que o elegeu vitoriosamente para o do seu espírito jurídico, do trato, desde muito
bem do Brasil. cedo, com os assuntos educacionais, para rea-
Sr. Presidente, nós do Partido Republicano
sentimos imensamente a perda de tão __________________
valioso amigo e cho- (*) – Não foi revisto pelo orador.
– 199 –

lizar uma obra que ficou de todos conhecida e ção federal, ou melhor, no caso da pretendida
aplaudida. intervenção federal no Estado de São Paulo, a
Com o advento revolucionário, Attílio Vivacqua propósito dos famosos bonos rotativos.
deixou o seu Estado; e, no Rio de Janeiro, não parou Attílio Vivacqua realizou, realmente, um
a sua atividade. trabalho que não tinha por onde se pudesse discutir
Advogado inato, profissional dos mais ou criar qualquer objeção, qualquer discordância. A
competentes e dos mais ativos da sua geração, do Comissão de Constituição e Justiça que, por sua
seu tempo, no Brasil, Attíllo Vivacqua entrou para a maioria, aprovou o parecer, indicou ao Senado a
atividade forense e granjeou, entre os seus colegas orientação que êle Senado deveria seguir. Attílio
tal estima e tal aprêço que teve atuação decisiva na Vivacqua teve, realmente, neste momento, um dos
organização da Ordem dos Advogados do Brasil, de pontos culminantes da sua atividade de homem
cujo Conselho foi até Presidente. público.
Mas, a política ou, se assim podemos dizer, Não só, porém, o Espírito Santo tem razões
o vírus da política – não permitiria que êle se para bendizer essa memória. O antigo Distrito
dedicasse exclusivamente às atividades da Federal, cujo ideal de autonomia vinha de há muito,
advocacia. e encontrou eco na renovação que se processava
No Rio de Janeiro, fora do seu Estado, em 1945 nos quadros políticos e constitucionais
quando se cogitou da constitucionalização do País, do País, teve em Attílio Vivacqua um paladino,
foi um dos fundadores e figura saliente do Partido um defensor irredutível e intransigente. Não cedeu
da Lavoura, em cuja programação, que continha êle uma só vez à sua convicção de que se devia
muitas postulados de renovação brasileira, atuou dar ao então Distrito Federal a sua autonomia;
eficientemente. mais de um parecer elaborou na Comissão de
Com a volta do País à constitucionalidade, Constituição e Justiça; pareceres com a mesma
em 1934, Attílio Vivacqua regressou ao Espírito profundeza, com a mesma argumentação, e com a
Santo, para reiniciar as atividades políticas; e veio mesma seriedade, porque uma das qualidades de
de lá o primeiro Senador votado na eleição de 2 Attílio Vivacqua era a seriedade que punha nos
de dezembro de 1945. trabalhos de que se incumbia.
Deixo de mencionar, expressamente, sua Da sua mais recente atuação nesta Casa,
atuação na Constituinte, para me referir de dirão naturalmente melhor os que com êle
preferência, ao primeiro Presidente da Comissão de conviveram recentemente. Não tive a alegria de
Constituição e Justiça desta Casa, em 1946, e revê-lo quando aqui entrei em dezembro último;
depois de Presidente, o componente devotado, ativo, já, êle cedendo a instâncias de amigos e aos
de uma diligência e atividade exaustivas dentro da imperativos do seu próprio estado de saúde, havia
Comissão, não recusando as tarefas mais delicadas abandonado a liça dos seus trabalhos e das suas
que lhe eram impostas, entre as quais convém vitórias, certo talvez de que a, essa mesma liça
acentuar, para maior brilho, exatamente a da sua pudesse voltar restabelecido.
biografia de homem político, o corajoso Parecer, mas Muito se perde com Attílio Vivacqua, porque
não só corajoso, o profundo e irrespondível Parecer ainda havia juventude na sua vida, como sempre
que proferiu, em nome da Comissão de Constituição houve bondade e ternura no seu coração, bondade e
e Justiça do Senado, no caso da interven- ternura extremas em momentos em que, nesta
– 200 –

Casa, havia de dar a sua decisão, o seu voto em mantino do seu caráter, pela maneira fidalga que
projetos que representavam reivindicações da punha no trato social, pela habilidade política e pelo
coletividade. Attílio Vivacqua a ninguém sabia negar patriotismo que imprimia às suas ações, na defesa
um voto talvez mesmo, em tôda a sua vida pública, dos altos interêsses da nossa Pátria.
não tivesse usado nunca das negativas que fazem Como jurista notável, eminente, sua obra está
tanto o atributo principal de outros homens públicos. resumida nos articulários e arrazoados que imprimiu
Por felicidade dêle, seu nome será recordado como o nos autos em que exerceu sua profissão de
de um homem de talento, um homem de espírito advogado, bem assim nos pareceres que exarou,
público, um homem de bem. quando Procurador junto á Justiça do Trabalho, e
Que as minhas últimas palavras, em nome nos votos com que abrilhantou os Anais desta Casa,
do Partido Libertador, sejam para o homem seja nas Comissões Técnicas, principalmente na de
cordial, cuja convivência nas relações humanas era Constituição e Justiça, seja neste Plenário.
um dos maiores bens em que podíamos, todos nós Sua atuação política encontrou, dentro do seu
que a êle sobrevivemos, contar. (Muito bem! Muito Estado, tal aprovação e apoio que, eleito Senador,
bem!). em 1945, e posteriormente reeleito, o foi, Senhor
O SR. PRESIDENTE: – Tem a palavra o nobre Presidente, pela quase unanimidade do eleitorado
Senador João Villasbôas. capixaba, aglutinando-se ali, então,
O SR. JOÃO VILLASBÔAS (para espontâneamente, todos os partidos, fôssem quais
encaminhar a votação) (*): – Sr. Presidente e Srs. fôssem as divergências programáticas.
Senadores, é tocado da mais acerba dor, do pesar Conheci-o em 1933, quando os Advogados
mais profundo e da máxima emoção que ocupo esta do meu Estado me conferiram: sua representação
tribuna, para trazer as homenagens derradeiras da no Conselho Federal da Ordem dos Advogados, e ali
minha Bancada, do meu Partido e mesmo minhas, fui encontrá-lo como Secretário-Geral daquele
ao ilustre representante do Espírito Santo, Senador conclave.
Attílio Vivacqua, que, na madrugada de sábado Aproximamo-nos pela nossa afinidade
último, deixou o mundo dos vivos. ideológica e pela nossa formação jurídica; fomos,
A emoção que sinto, Sr. Presidente, nesta depois, nos reunir no Conselho Nacional de
hora, não é ùnicamente por ver-se apagar, no Trabalho, onde Attílio exercia as funções de
ambiente da nossa Pátria, a luminosidade daquele Procurador e eu as de Juiz, e quantas vêzes os
espírito que tanta projeção deu às coisas, aos atos e nossos pensamentos se confundiram, na repulsa aos
à vida da nossa nacionalidade, mas principalmente decretos-leis que considerávamos contrários à
porque vejo, desaparecer um colega, a que me ordem democrática do nosso País.
ligavam sólidos laços da mais íntima amizade. Fomos, juntos, representar esta Casa em
Attílio Vivacqua impôs-se ao respeito e à Istambul, no Congresso Interparlamentar. Nesta
admiração gerais, pelo valor da sua inteligência, oportunidade, Senhor Presidente, a nossa
pela profundidade da sua cultura, pelo Ada- aproximação se fêz mais íntima e os nossos laços de
amizade mais se fortaleceram; juntos visitamos
__________________ quatro Países do Oriente: juntos nos debruçamos
(*) – Não foi revisto pelo orador. sôbre as águas do Jordão e do Mar Morto; juntos pe-
– 201–

netramos na Igreja da Natividade e juntos O SR. GUIDO MONDIM (para encaminhar a


descemos aquela caverna onde a tradição votação) (*): – Sr. Presidente, quero prestar a Attílio
histórica diz ainda existir aquêle paupérrimo leito Vivacqua esta homenagem de saudade do Partido
em que nasceu Jesus de Nazareth; juntos fomos de Representação Popular. (Lendo).
à Igreja do Santo Sepulcro, e nos "É urgente e vital imprimir à agricultura
curvamos reverentes diante da Pedra da Agonia; nacional uma orientação planejada, coordenada no
juntos partimos da casa de Pilatos, percorrendo a plano federal e estadual com base numa assistência
Via Crucis até o Golgota; juntos pisamos técnico-científica que eleve sua produtividade a nível
aquêles mesmos caminhos calcados pelas sandálias equivalente ao de outros países de avançado
de Jesus e seus discípulos, e nos assentamos progresso, habilitando-a, não só para o abundante
à sombra daquelas milenárias oliveiras que nos abastecimento de matérias-primas e de gêneros
dias de calor abrigaram alimentícios destinados a suprir as necessidades
Jesus. crescentes do País, cuja população dentro de 25
Sr. Presidente, depois, visitamos, eu e êle, anos será superior a cem milhões de habitantes, mas
descalços, as mesquitas de Jerusalém, onde dois também habilitando-a a fornecer produto para a
meses antes havia sido assassinado o Rei da exportação que como fonte de divisas, é essencial à
Jordânia, Omayed, em Damasco, onde orara o nossa economia".
profeta Maomé e a Mesquita de Santa Sofia, em Eu lia êste tópico da justificação com
Istambul, outrora templo católico, erigido pelo que o Senador Attílio Vivacqua apresentou
Imperador Constantino, um Projeto de Lei criando o Conselho de
Essas recordações, Sr. Presidente, dos Produção Agrícola e do qual pedi vistas. Detive a
momentos felizes que ali passamos me despertam leitura para meditar sôbre a versatilidade
na memória uma frase de um pensador moderno, do seu autor que aqui neste Plenário, com tantas e
que a tristeza dos velhos não vem apenas da velhice tão profundas páginas de saber vinha nos brindando,
mas, principalmente, das cruzes que vão deixando no exercício do seu mandato, no cumprimento
no passado. Quando o homem chega, Sr. do seu dever de parlamentar. Não confinava
Presidente, como eu a êste período da vida e olha sua ação às questões do direito, matéria em que
em derredor, buscando aquêle grupo álacre com que penetrava com agudeza de espírito e competência
partiu da mocidade em busca de aventuras, banhado profunda – mas participava de tôdas as proposições,
pela esperança, vê a que está reduzido e que os que estudando-as, discutindo-as, vivendo intensamente
desapareceram ficaram marcados na estrada pelas a faina parlamentar. Agora tinha comigo um projeto
cruzes que assinalam seus túmulos. em que êle com a mesma sapiência propõe
Sr. Presidente, nesta hora me curvo reverente inteligente coordenação dos serviços do Ministério
diante dessa verdadeira cruz que marca a tumba em da Agricultura com serviços congêneres nos
que repousa Attílio Vivacqua para prestar-lhe as Estados. E no justo momento em que conduzia meu
homenagens da minha Bancada e, ao mesmo tempo pensamento a uma retrospecção sobre quanto
para, ao pé da mesma derramar as minhas lágrimas vinha observando da ação e da capacìda-
de saudade. (Muito bem; muito bem).
O SR. PRESIDENTE: – Tem a palavra o nobre _________________
Senador Guido Mondim. (*) – Não foi revisto pelo orador.
– 202 –

de do ilustre Senador, ação e capacidade sempre do morto. Mil espelhos se antepõem uns aos
dirigidas com pertinácia e serenidade, eis que o outros. Cada lembrança chama outra lembrança.
telefone tilinta para anunciar-me a morte de Attílio As cenas mais esbatidas no fundo do
Vivacqua. passado, revigoram as tintas como telas
A comunicação foi lacônica. Lacônica como a restauradas. As palavras esquecidas
própria morte. Não importa a. vida que a precedeu, levantam-se como pássaros. Os gestos que
não importa a grandeza ou a miserabilidade da vida se recobriam de outros gestos, atravessam
que se extingue. A morte é sempre um instante a diafaneidade das lembranças recentes e
apenas. E mesmo para anunciar a morte não é manifestam as suas linhas e expressões tangíveis.
preciso mais nada do que dizer que alguém morreu. O morto vive na simultânea, complexa
Porque a palavra morte assume logo uma e numerosa magia de uma presença invisível.
"grandiosidade cósmica, um timbre sideral, e parece Cada pormenor familiar fala dêle: aquela porta,
provir dessas regiões insondáveis, dêsses planos aquela janela, aquêle objeto. Olha-se para um amigo
ignorados, onde se entreabrem desconhecidos e êle está no amigo. Abre-se uma janela, ve-se um
mundos e se revelam imponderáveis, intangíveis trecho do jardim e da montanha; e êle está no jardim
essências". e na montanha. Fulgura uma nesga no céu e êle,
Então aquêle que morreu adquire de imediato sempre êle, lá está. A estranha magia começa
uma nova vida para nós. Já não é a vida que instantâneamente, após a morte.
prosseguirá no plano terreno, mas é a essência que Crepitam os círios na câmara ardente. Há por
resulta da vida do que partiu. tôda a casa o cheiro, enjoativo da cêra queimada e
Eu não sei conviver sem estimar e estimar das flôres que murcham. Soluçam prantos abafados.
mesmo os que ignoram minha presença. Eu Perpassa um cicio de vozes, em surdina. E, a todo o
admirava Attílio Vivacqua por sua inteligência, por instante, parece-nos que "êle", imperativo, o
sua bondade, por sua lhaneza, por sua cultura, por onipresente o morto-vivo na memória superexcitada
seu dinamismo que os anos não perturbavam. E por de cada um, vai surgir naquela porta, vai intervir na
estimá-lo e admirá-lo, senti, no instante em que sua conversa, vai sentar-se nesta cadeira e pôr a mão
morte me era comunicada, quando nêle pensava sôbre o nosso ombro.
como vivo, que a sua presença agora assumia No dia seguinte, após a vigília da noite,
aquêle novo sentido. Se fêz viva aquela página povoada de imagens pretéritas, o esquife sai pela
eterna do autor da "Vida de Jesus": "Quando alguém porta com aquêles ruídos característicos, de vozes,
morre numa casa começa a haver uma enorme de arrastar de cadeiras, de ranger de dobradiças e
"presença" que a pouco e pouco enche todos os esfregar os pés nos degraus das escadas. Apagam-
aposentos, penetra os móveis, transborda pelas se os círios, levam-se as flôres, o préstito caminha,
portas e janelas, e envolve o jardim, as árvores, o afasta-se. O defunto partiu.
telhado, a paisagem. É agora, porém, que entra e toma posse
São os pormenores das da casa, a certeza da morte, essa cruel certeza
recordações que se erguem, caminham, que rondava sem conseguir penetrar porque todos
se cruzam, se atropelam, evolam. É o defunto. os aposentos estavam cheios, transbordantes
A morte multiplica as imagens da vida que "êle" viveu. A certeza da morte
– 203 –

põe-se a espanar a fumaça da vida, a desfazer tação) (*): – Sr. Presidente, ao retornar do meu
os fantasmas da memória, a arejar as salas e Estado, para reassumir minhas atividades
os quartos impregnados pelos parlamentares, fui igualmente surpreendido com a
imponderáveis resíduos da personalidade do notícia do passamento do nobre Senador Attílio
fluido sutil dos timbres peculiares daquele que Vivacqua.
partiu no esquife para não mais voltar. Então a É êsse fato que me traz à tribuna, para
casa começa a ficar enorme. Nunca ninguém exprimir, em meu nome e em nome do meu Partido,
imaginou que alguém pudesse enchê-la a nossa solidariedade às homenagens justas que
tanto, enchê-la de tal maneira que, ao deixá-la, estão sendo prestadas à memória daquele eminente
como que as paredes se afastaram, o teto subiu, homem público, desaparecido dos quadros da nossa
as portas se alargaram. vida objetiva.
Os próprios rumores da vigília, Não tive a ventura de conhecer Attílio
que se misturavam com os rumores da memória, Vivacqua de muitos anos fora do Parlamento.
ao se desvanecerem, parece haverem Confesso que pouco o conheci como escritor e muito
desguarnecido o ambiente. Os móveis menos ainda nas suas atividades profissionais, dada
encolheram-se. Há espaço e há silêncio. As a distância em que atuávamos, êle aqui no Sul e nós
horas alongaram-se no tempo de vagarosos ritmos". no Nordeste. Entretanto, conheci-o bem e tive a
(P. Salgado, Cap. LVII). honra e o prazer de privar de sua intimidade, no
É bem assim o sentimento que Parlamento; na Câmara dos Deputados e nesta
ficou com a morte de Attílio Vivacqua. Casa.
Nós o sentiremos em cada debate. Se Na Câmara dos Deputados fomos
discutirmos questões de direito, de economia, de companheiros na Comissão Especial que elaborou o
administração, qualquer que seja a anteprojeto da Constituição vigente e, nesta. Casa
matéria submetida à discussão, nós o companheiros fomos na Comissão de Constituição e
teremos presente, porque êle foi uma das Justiça e nos trabalhos do Plenário.
grandes presenças desta Casa. Êsse contacto com Attílio Vivacqua, como
Contudo, o Senado novamente está de parlamentar, como jurista, como cidadão, como
luto. Volta o crepe a cobrir os nossos patriota, leva-me a. afirmar a V. Exa. que o golpe
corações. Outra vez os nossos olhos se desferido pelo destino contra a ilustre família do
umedecem porque desaparece um companheiro. eminente extinto, e contra o pequeno Estado que êle
E de nôvo a saudade tange a nossa tanto enobreceu e honrou com sua atuação de
emotividade. homem. público e como seu representante nesta
Mas, Attílio Vivacqua viverá em nós. Casa, êsse conhecimento leva-me a afirmar que
Êle falará pela voz dos que prosseguem honrando essa perda tem uma extensão maior porque
esta Casa com o fulgor da sua inteligência. Êle cobre de luto o Senado e tôda a Nação.
atuará na ação dos que batalham incansàvelmente Como disse, aqui vim a conhecer
no cumprimento do seu dever. o cidadão e o patriota, o companheiro e o jurista.
(Muito bem; muito bem!). Os trabalhos de Attílio Vivacqua, quer na Comissão
O SR. PRESIDENTE: – Tem Especial que elaborou o anteprojeto
a palavra o nobre Senador Argemiro de Figueiredo.
O SR. ARGEMIRO DE FIGUEIREDO _________________
para encaminhar a vo- (*) – Não foi revisto pelo orador.
– 204 –

da Constituição, quer na Comissão de Constituição todos nós encheu de apreensões nos primeiros
e Justiça, de que êlé fazia parte com tanto brilho instantes. Attílio Vivacqua desdobrou-se então em
e tanta cultura, constam dos arquivos desta e atividade e cuidados, eu o vi pálido, trêmulo,
da outra Casa do Congresso tentando abrir uma maleta de remédios que conduzia
Nacional. sempre, para levá-los aos médicos que assistiam ao
Eles realçam o espírito público daquele doente que felizmente recobraria os sentidos dentro
eminente político, a sua cultura extraordinária, em pouco.
invulgar, o brilho do seu espírito e, sobretudo, o seu A impressão que nos deu Attílio Vivacqua foi
patriotismo, No longo convívio parlamentar que de que a vida que estava ali em, perigo era a de um
mantivemos, nunca vi Attílio Vivacqua dar aos seus dos seus entes mais queridos, tal o zêlo, a
projetos de lei, aos seus trabalhos, o cunho daquele dedicação, o nervosismo, o quase desespêro com
regionalismo tão pernicioso à Irmandade da que ia e vinha no avião, no afã de dar o que estava
Federação. Êle olhava o Brasil! Muitas vêzes o vi, na em si para a salvação do companheiro.
Comissão de Constituição e Justiça e neste Plenário, Era Attílio Vivacqua, sobretudo – quero repetir
tratando de problemas econômico-sociais da região – um homem bom. Uma outra facêta do seu espírito;
nordestina com aquela sensibilidade humana que êle foi a resistência estóica com que soube sobrepor-se
tinha ante o sofrimento das classes que padecem os à debilidade orgânica, à moléstia que lhe minava o
flagelos das sêcas. organismo a olhos vistas. Nunca deixou o trabalho.
Foi, na verdade, um parlamentar de escol. Conhecíamos os males que o afligìam e êle,
Gostava dos debates, das discussões, sustentava naturalmente melhor do que nós. Nunca, porém, se
com brilho invulgar e erudição profunda os seus queixava. Só uma vez ouvi de seus lábios uma
pontos de vista. Muitas vêzes, porém, nós o víamos palavra de lamentação. Foi lá nos últimos dias, às
fugir à discussão, recolhido como que numa atitude vésperas de deixar esta Capital de regresso ao Rio
de vencido quando as divergências tomavam rumo de Janeiro, por imperativo de saúde.
acalorado e apaixonado. Fizera Attílio Vivacqua, a pé, o percurso do
Ninguém o excedeu em cavalheirismo. De sua Palácio do Planalto a esta Casa, talvez
boca jamais saiu uma palavra que ferisse e apressadamente, para tomar parte na reunião da
melindrasse um colega. Era, como, salientaram os, Comissão de Constituição e Justiça e relatar alguns
colegas que me antecederam na tribuna, um homem projetos de que tinha em mãos. Ultimávamos os
sobretudo profundamente bom. Parece que Attílio trabalhos quando o vimos entrar, com a fisionomia
Vivacqua não via, entre nós, colegas; via irmãos. É transmudada. Trazia a palidez macilenta dos homens
bom recordar, Sr. Presidente, para sublinhar uma que começam a despedir-se do mundo. Como
facêta de seu espírito e do seu coração o episódio da observássemos a sua fisionomia, sobretudo ao
última viagem, talvez, que êle empreendeu para, o passar por nós meio trôpego, pressionando o lado
exterior, fazendo parte da comitiva presidencial que direito da região abdominal, disse-nos que
participou das Festividades Enriquinas, em Lisboa. sentia dores, e em seguida fêz um pequeno
Um dos nossos colegas foi vítima de distúrbio repouso. Ao lado, de pé, sua espôsa, ilustre
cárdio-vascular sem significação, mas que a e santa espôsa, vigiando-o
– 205 –

com afeto e, sobretudo, com discrição. dada e suas últimas horas vividas e sofridas. Seu
Terminados os trabalhos, saímos juntos e passamento, deixa em nossos corações tristeza e
Attílio Vivacqua, como que dissimulando os males pesar imensos.
de que sofria, apontava a mulher e dizia, com Perdemos para sempre o fulgor de sua
espírito: "como vê, ela aqui está. Ê a isso que inteligência, o calor das suas convicções, o vigor dos
chamamos uma fiscalização parlamentar". seus argumentos, a defesa permanente, perene das
Sr. Presidente, foi a última vez que nos causas nobres e justas.
vimos. Na Comissão de Constituição e Justiça êle
Um homem que desaparece, cumprindo o abrilhantou-a e engrandeceu-a. Nem sempre
seu dever, trabalhando até o último instante; um comungávamos com as suas doutrinas e opiniões;
homem que deixa, na vida cultural do País, obras mas reconhecíamos a justiça e a pureza das suas
da maior relevância e importância, quer sob o causas. Insurgia-se numa batalha continua e
aspecto sociológico, quer sob o aspecto jurídico e ininterrupta, contra os interpretadores da
social; um homem que se revelou o defensor da Constituição a respeito da lei financeira.
democracia e da liberdade, possuidor de uma Queria um Senado alto, sereno, supremo; e
inteligência iluminada por cultura invulgar, de não um Senado mutilado, um instrumento passivo,
uma bondade excepcional, que não tinha limites um órgão sem importância. Defendia suas
porque era uma quase ternura, a vida de um convicções, em geral, raras e isoladas; mas aplicava
homem, Sr. Presidente, com tôdas essas na obra, na sua realização, nas suas convicções nas
qualidades e virtudes não se extingue nem se suas certezas, uma tal veemência de caráter que a
encerra nas quatro paredes de um túmulo. Ela todos surpreendia.
ficará para sempre lembrada, em nossa memória. Attílio Vivacqua foi para esta geração um
(Muito bem; muito bem!). grande exemplo. Exemplo de fidelidade e de
O SR. PRESIDENTE: – Tem a palavra o princípios, de amor e convicção, de zêlo patriótico e,
nobre Senador Lourival Pontes. principalmente, de um grave e grande espírito
O SR. LOURIVAL FONTES (para público.
encaminhar a votação) (*): – Sr. Presidente, no Guardaremos para sempre a sua memória; é o
meu nome pessoal e no do meu Partido, cuja voz fruto de um trabalho longo e prolongado; será
já se fêz ouvir, nesta Casa, mas, principalmente, naturalmente um exemplo, um modêlo para as
no da Comissão de Constituição e Justiça, de que gerações futuras. (Muito bem; muito bem!).
Attílio Vivacqua era membro preeminente e O SR. PRESIDENTE: – Tem a palavra o nobre
conspícuo, aqui trago o tributo da nossa grande Senador Lima Teixeira.
saudade e imorredoura gratidão ao ilustre O SR. LIMA TEIXEIRA (para encaminhar a
brasileiro. votação) (*): – Sr. Presidente, fui surpreendido com
A morte de Attílio Vivacqua não foi a infausta notícia do desaparecimento, sábado, do
surprêsa para nós, tampouco um eminente Senador Attílio Vivacqua.
imprevisto. Todas acompanhávamos No nosso período de convívio
as atribulações da sua enfermi- nas Comissões desta Casa, pude obser

_________________ __________________
(*) – Não foi revisto pelo orador . (*) – Não foi revisto pelo orador.
– 206 –

var especialmente na Comissão de Política da que haja paz para Attílio Vivacqua. (Muito bem.
Produção e Exportação o papel que desempenhava Muito bem!).
o eminente representante do Estado do Espírito O SR. PRESIDENTE: – Tem a palavra
Santo pela sua cultura, inteligência e maneira com o nobre Senador Mem de
que abordava os problemas econômicos, mormente Sá.
os jurídicos, sem se falar na sua cultura jurídica O SR. MEM DE SA (para encaminhar
como Procurador do Ministério do Trabalho, Indústria a votação) (*): – Sr. Presidente e Srs.
e Comércio. Senadores, a Bancada de Imprensa desta Casa me
Haviam traços marcantes na sua honrou com o mandato que se torna imperativo de,
personalidade: a simplicidade, a bondade e a em seu nome, reverenciar a memória de Attílio
gentileza com que tratava os seus colegas, sempre Vivacqua. Eu o cumpro, embora compungido e aflito,
pronto a prestar qualquer esclarecimento, de ordem porque entendo ser, realmente, um dever para os
jurídica. Tínhamos, na verdade, em Attílio Vivacqua, jornalistas da Casa deixarem consignado, nos
um dos grandes juristas desta Casa. A sua "Anais", que também êles, tanto quanto nós outros
assiduidade aos trabalhos parlamentares e a Senadores, compartilham e comungam da tristeza
maneira com que se conduzia na tribuna revelavam que o desaparecimento dessa figura singular a todos
o grande defensor dos interêsses coletivos. Disso nós causa.
posso dar meu testemunho, Sr. Presidente, pois Os eminentes colegas que me precederam já
muitas vêzes debatemos e discutimos problemas de disseram tudo que se poderia traçar sôbre
agricultura. personalidade tão rica de aspectos.
Exerceu Attílio Vivacqua em seu Estado Natal, Realmente Sr. Presidente, creio que Attílio
o Espírito Santo, posição de relêvo sempre com a Vivacqua foi um dos homens mais bem dotados e
preocupação de atender aos objetivos pelos quais nêle, mais do que no comum de nós, bem se verifica
nós outros trabalhistas lutamos, isto é, a defesa do a justeza do velho aforismo romano segundo o qual
trabalhador, do homem humilde, do homem cada homem tem, em si, muitas pessoas. Vivacqua
desprezado. Dava-nos, nesta Casa a impressão de foi, realmente, um advogado, um jurista, um homem
um Senador incorporado à Bancada do meu partido público e um parlamentar e foi, simultâneamente,
tais as idéias que êle defendeu e que tanto se concomitantemente, estas quatro pessoas,
ajustavam à sua linha partidária. conseguindo ser excelente em tôdas essas formas
Neste instante, Senhor Presidente, confesso, de, atividade. Advogado militante, arguto e capaz;
com muita saudade, que perdemos. um grande jurista pleno, manejando com igual proficiência
senador, uma grande figura e um político eminente. temas de Direito Público, como de Direito Privado;
Ainda há pouco – vejam os Senhores Senadores o Homem público, inteiramente votado aos interêsses
destino desta Casa! perdemos Otávio Mangabeira; da Nação e do seu Partido e Parlamentar assíduo,
agora, Attílio Vivacqua. vivaz, pertinaz, eficiente como os que mais o sejam.
Senhor Presidente, quero deixar, A Imprensa e os jornalistas
por conseguinte, minhas homenagens à memória não podem deixar de homenageá-lo de
de Attílio Vivacqua, e, também da Comissão
de Política da Produção e Exportação. E _________________
os que crêem em Deus, desejam (*) – Não foi revisto pelo orador.
– 207 –

forma muito particular, porque Attílio Vivacqua por certo há de pesar na balança do Eterno Juiz,
foi, também, e de forma marcada, Vivacqua abrirá com ela as portas do Reino de Luz e
autêntico democrata. Êle era um liberal veraz de Glória em que nós desejamos que êle repouse.
e sincero, não no terreno das doutrinas econômicas, (Muito bem; muito bem!).
mas nas inspirações, nos rumos da vida pública; O SR. PRESIDENTE: – Tem a palavra o nobre
um liberal profundamente apegado à causa Senador Benedito Valadares.
da Democracia e, por isso, dos Direitos do O SR. BENEDITO VALADARES (Para
Homem, da dignidade da pessoa humana e, encaminhar a votação Lê o seguinte discurso): –
sendo assim, necessàriamente, um amigo e um Sr. Presidente: Há poucos dias tive o prazer de
defensor extremado das conquistas da liberdade de participar de um almôço com colegas de turma da
Imprensa. Faculdade de Direito da Universidade do Brasil.
Neste homem é preciso ressaltar ainda mais Confesso que experimentei aquela sensação de
do que foi dito, que êle era um homem de espírito – entorpecimento que nos descreve Proust, em "Le
coisa que não é comum – malicioso, arguto, sutil, temps retrouvé", vendo homens que deixei
com profundo senso de humor com o qual êle irrequietos e ousados, transformados em prudentes e
dosava as suas reservas inesgotáveis de bondade e de cabeças brancas. Êles eram (para mim) espêlho
de ternura, como tanto assinalaram os oradores que no qual haveria forçosamente de mirar.
sôbre êle verteram o seu pranto de saudade. A velhice é um processo fisiológico natural.
Sr. Presidente, chamo atenção e deixo frisado Obedecendo ao ciclo previsto, as fôlhas
êsse aspecto: todos os oradores, e foram muitos, amarelecem e caem no outono. É inútil tentar
timbraram em sublinhar a bondade de Attílio guardá-las como o quis a Árvore de que nos. conta a
Vivacqua. Realmente êle era um homem que aliava fábula.
o saber, o espírito e a bondade. Mesmo para aquêles Se a matéria envelhece, o espírito e o coração
que, como eu, Sr. Presidente, crêem que a morte é nunca querem envelhecer.
uma libertação e um nascimento, mesmo para os Em tôrno da mesa comentávamos os fatos
que assim crêem, ela sempre se reveste de um mais assinalados de nossa vida de estudantes e
aspecto de temor e até de horror; porque a surgiu o nome de Attílio Vivacqua, nosso
ignoramos, a tememos. E quanto mais vivemos e contemporâneo de aprendizado das ciências
envelhecemos, mais apegados somos ao que é jurídicas e sociais.
fugaz e terreno e menos nos conformamos com a Êle teve lugar destacado no meio acadêmico
idéia de que a morte se avizinha. Por mais amarga e pela sua ação, inteligência e bondade.
sombria, portanto, que seja para os mortais a idéia Julgamos, então, oportuno dizer
da morte, devemos proclamar que deve ser doce e que a sua cultura amadurecida não modificara
suave morrer como Attílío Vivacqua pôde morrer: o jovem de coração grande. Quando assim
cercado do amor, da amizade e do afeto de quantos falava, estava longe de pensar que poucos dias
o conheceram. Porque não creio que alguém que se depois teria de, em nome da Bancada do Partido
tenha aproximado dêle, deixe de guardar Social Democrático lamentar o seu passamento.
lembrança amável e gentil. E se a bondade É a fôlha que tomba, nada a
– 208 –

pôde deter. Mas nós não nos atos tumamos a suspensão da sessão em sua homenagem. (Muito
isto, sobretudo quando se trata de homem bem! Muito bem!).
como Attílio Vivacquá, cuja presença é tão O SR. PRESIDENTE: – Em votação o
necessária. requerimento de homenagens e pesar pelo
Discordei, algumas vêzes de seus pareceres; falecimento do Senador Attílio Vivacqua.
na Comissão de Constituição e justiça. Estas Os Srs. Senadores que o aprovam, queiram
divergências eram antes elogio à grandeza de seu permanecer sentados. (Pausa).
coração que a todos queria atender. Está aprovado.
Figura interessante a de Attílio Vivacqua, A Mesa associa-se às homenagens e fará
inteligente, culto, mas dominado pela bondade. cumprir a deliberação da Casa.
Talvez tivesse razão, nenhuma virtude eleva Nada mais havendo que tratar, vou encerrar a
tanto o homem como a da caridade. sessão. Designo para a de amanhã a seguinte:
O coração, mais do que tudo, desperta
simpatias, razão por que era geralmente. estimado ORDEM DO DIA
nesta Casa do Congresso.
Amante da tribuna, discutia com proficiência 1 – Primeira discussão do Projeto de Lei do
qualquer assunto, sem proferir palavras que. Senado nº 48, de 1956, de autoria do Sr. Senador
pudessem suscetibilizar colegas. João Villasbôas, que declara isentos de sanções
Nem parece que nas suas veias corria o disciplinares os militares reformados e das Reservas
impetuoso sangue italiano. das Fôrços Armadas, tendo Pareceres contrários,
O Senado está triste com o seu sob ns. 401 e 402, das Comissões. de Constituição e
desaparecimento. Justiça e de Segurança Nacional.
Não mais os seus discursos à meia voz 2 – Discussão preliminar (art. 265 do
animarão os nossos debates Regimento Interno) do Projeto de Lei do Senado nº
É mais uma fôlha que tomba na árvore da vida 38 de 1959, que concede isenção dos impostos de
do Senado da República. Outra a substituirá, mas importação e de consumo e da taxa de despacho
permanecerá neste plenário a sensação de tristeza aduaneiro para o equipamento de um órgão litúrgico
indefinida. doado ao Colégio Santa Marcelina, do Rio de
Estas palavras de pesar dirigidas também à Janeiro, tendo Parecer (nº 501, de 1960) da
sua família, ao Govêrno e povo do Espírito Santo e Comissão de Constituição e Justiça pela
ao Partido Republicano do qual era membro inconstitucionalidade.
proeminente, têm por objetivo justificar, em nome da Está encerrada a sessão.
Bancada do Partido Social Levanta-se a sessão às 16 horas e 15
Democrático, o requerimento de pedido de minutos.
14ª SESSÃO DA 2ª SESSÃO LEGISLATIVA, EXTRAORDINÁRIA, DA 4ª LEGISLATURA, EM 24 DE
JANEIRO DE 1961

PRESIDÊNCIA DO SENHOR FILINTO MULLER

Às 14 horas e 30 minutos, acham-se mero legal, declaro aberta a sessão.


presentes os Srs. Senadores: Vai ser lida a Ata.
Mourão Vieira. O Sr. Ary Vianna, servindo de
Cunha Mello. 2º Secretário, procede à leitura da Ata da sendo
Vivaldo Lima. anterior, que é aprovada sem
Zacharias de Assumpção. debates.
Victorino Freire. O Sr. Quarto Secretário, servindo
Sebastião Archer. de 1º, lê o seguinte:
Mendonça Clark.
Mathias Olympio. EXPEDIENTE
Joaquim Parente.
Fausto Cabral. Mensagem
Menezes Pimentel.
Argemiro de Figueiredo. Do Sr. Presidente da República
Ruy Carneiro. nº 40, do corrente ano, acusando o
Novaes Filho. recebimento da de nº SP-90, de 10 de
Jarbas Maranhão. novembro de 1960.
Antônio Baltar.
Silvestre Péricles. Aviso
Lourival Fontes.
Heribaldo Vieira. Do Sr. Ministro das Relações
Lima Teixeira. Exteriores nº SRC-11, agradecendo
Aloysio de Carvalho. o encaminhamento com o Aviso nº 572, de
Ary Vianna. 25 de novembro do ano findo, desta Casa,
Arlindo Rodrigues. do autógrafo do Decreto Legislativo nº
Caiado de Castro. 18, de 1960, que autoriza o Vice-Presidente
Afonso Arinos. da República a se ausentar do território
Benedito Valadares. nacional.
Nogueira da Gama.
Moura Andrade. Ofício
Lino de Mattos.
Pedro Ludovico. Da Câmara dos Deputados nº 57,
João Villasbôas. do ano findo, encaminhando
Filinto Müller. autógrafos do seguinte:
Gaspar Velloso.
Nelson Maculan. PROJETO DE LEI DA CÂMARA
Francisco Gallotti. Nº 14, de 1961
Irineu Bornhausen.
Mem de Sá. (Nº 1.901-B, de 1960)
Guido Mondim. – (38).
O SR. PRESIDENTE: – A Dá nova redação ao art. 13 da Lei nº 2.370
lista de presença acusa o comparecimento de 9 de dezembro de 1954, que regula a
de 38 Srs. Senadores. Havendo nú- inatividade dos militares.
–210–

O Congresso Nacional decreta: militar que contar, no mínimo, 25 (vinte e cinco) anos
Art. 1º O art. 13 da Lei nº 2.370 de 9 de de efetivo serviço".
dezembro de 1954, passa a ter a seguinte redação: Art. 2º Esta lei entrará em vigor na data de sua
"Art. 13. A transferência para a reserva, a publicação, revogadas as disposições em contrário
requerimento, só poderá ser concedida ao À Comissão de Finanças

PARECER
Nº 22, DE 1981

Da Comissão de Finanças, sôbre o Projeto de Lei da Câmara nº 12 , de 1961 (nº 2.424-B-60) que
autoriza o Poder Executivo a abrir pelo Ministério da Viação e Obras Públicas, o crédito especial de Cr$
4.377.318.000,00 destinados ao pagamento de diferenças de remuneração de pessoal das ferrovias.
Relator: Sr. Ary Vianna.
O presente projeto autoriza o Poder Executivo a abrir Pelo Ministério da Viação e Obras Públicas, o
crédito especial de cruzeiros Cr$ 4.377.318,000,00 com o fim específico de pagar as diferenças de
remuneração referentes ao exercício de 1960, aos funcionários, operários diaristas e horistas das ferrovias
a seguir descriminadas:

1. E. F. Madeira-Mamoré................................................................................... 20.040.000,00
2. E. F. Bragança............................................................................................... 17.067.000,00
3. E. F. São Luís-Teresina................................................................................. 36.777.000,00
4. E. F. Central do Piauí.................................................................................... 10.557.000,00
5. R. V. Cearense.............................................................................................. 60.690.000,00
6. R. F. do Nordeste.......................................................................................... 237.883.000,00
7. V. F. F. Leste Brasileiro................................................................................. 206.400.000,00
8. E. F. Bahia-Minas.......................................................................................... 47.523.000,00
9. E. F. Leopoldina............................................................................................ 706.806.000,00
10. E. F. Central do Brasil................................................................................... 1.313.409.000,00
11. E. Mineira de Viação........................................................................................ 359.535.000,00
12. E. F Goiás..................................................................................................... 65.385.000,00
13. E. F. Santos a Jundiaí................................................................................... 288.423.000,00
14. E. F. Noroeste do Brasil................................................................................ 212.118.000,00
15. R. V. Paraná-Santa Catarina......................................................................... 293.919.000,00
16. E. F. D. Teresa Cristina................................................................................. 30.252.000,00
17. V. F. Rio Grande do Sul................................................................................ 450.534.000,00
TOTAL.................................................................................................. 4.377.318.000,00

II. A Proposição é de iniciativa do Poder Executivo e veio ao Congresso acompanhada de Exposição


de Motivos do Ministro da Viação e Obras Públicas, na qual a medida é convenientemente justificada.
III. Efetivamente, os elementos que instruem o processado demonstram que o crédito solicitado visa a
restabelecer o equilíbrio financeiro da Rêde Ferroviária Federal S.A. e a normalizar a exploração das
ferrovias que lhe foram incorporadas, de acôrdo com o disposto na Lei nº 3.115, de 16 de março de 1957.
O desequilíbrio financeiro teve por causa a insuficiência das dotações consignadas à Rêde
Ferroviária, por um lado, e por outro, o aceleramento do ritmo de elevação dos preços.
– 211 –

IV. Justificada, assim, a abertura do crédito em aprêço, opinamos pela aprovação do projeto.
Sala das Comissões, em 24 de Janeiro de 1961. – Gaspar Velloso, Presidente. – Ary Vianna, Relator.
– Fausto Cabral. – Caiado de Castro. – Mem de Sá. – Guido Mondim. – Menezes Pimentel. – Silvestre
Péricles. – Irineu Bornhausen. – Vivaldo Lima.

O. SR. PRESIDENTE: – Está finda a leitura do Os objetivos estatais de sentido amplo são
Expediente. aquêles que, ao contrário de estarem vinculados ao
Tem a palavra o nobre Senador Guido caso nacional de um determinado país – a um certo
Mondim, primeiro orador inscrito. tipo de vida e de conduta que um povo pretenda
O SR. GUIDO MONDIM: – Sr. Presidente, Srs. sugerir aos demais povos – são por assim dizer,
Senadores, vou enviar à Mesa projeto de auxílio aos objetivos coincidentes com as aspirações
municípios, na proporção de seu contigente fundamentais do próprio homem; aquelas aspirações
populacional, excluídos os das capitais, cujo através das quais o ser humano, em qualquer parte,
montante será igual a 10% do impôsto de consumo manifesta a, vontade de realizar-se na plenitude de
arrecadado no ano anterior. suas funções e de suas possibilidades.
Em outros artigos dispõe sôbre a aplicação do Tempo houve – e foram muitos séculos – em
auxílio, convênios a serem realizados, e prestação que os objetivos singulares prevaleceram na
de contas. motivação da História. Guerras, expansões
A justificação, Sr. Presidente, está concebida comerciais, navegações, migração dirigida, ação
nos seguintes têrmos: diplomática, alianças políticas e militares, eram
(Lendo) recursos postos em prática pelos governos a serviço
A existência do Estado pressupõe para a de interêsses que diziam respeito, exclusivamente
nação que o integra, uma tarefa no tempo. Nenhum aos respectivos Estados.
povo institui e mantém uma estrutura governamental, Hoje, nesse rico e ondulante quadro histórico
voltado exclusivamente para o momento que passa e estendido em tôrno de nós, os fatos estão sendo
alheio a objetivos outros, de longo prazo. conduzidos, cada vez mais, em função de objetivos
Há entre êsses objetivos de longo prazo que que ostentam a inconfundível marca da
motivam a vivência histórica dos povos, os de caráter universalidade. O diálogo internacional, de que
singular, peculiares a cada grupo nacional, e os de tomamos conhecimento a cada instante, bem
sentido amplo, comuns a tôdas as gentes. comprova essa afirmação. Tudo quanto fazem os
Os objetivos singulares de um Estado são governos, no Oeste ou no Leste, é invariàvelmente
aquêles relacionados exclusivamente com a vocação justificado na linha do interêsse humano dos
nacional de seu povo. Cada povo possui a sua respectivos povos. E, na linguagem dêsse diálogo,
civilização, marcada de fisionomia própria, e tende as expressões mais comuns outras não, são, senão
a elaborar suas leis e a condicionar a ação de aquelas que exprimem, no vocabulário técnico o
suas agências governamentais voltado, sempre, problema constante do bem-estar social e da
para a preocupação dominante de projetar no felicidade humana.
espaço e no tempo as formas e as fórmulas dessa Estados Unidos ou Rússia, Brasil ou Alemanha,
civilização. Egito ou Índia a preocupação primordial que inspi-
– 212 –

ra a conduta política e administrativa dos governos tivadora do ritmo dessa mudança, cujos resultados
dêsses países é a criação de condições que estão começando a aparecer em diversos setores da
assegurem a seus nacionais, no mais curto espaço vida nacional. Todavia, demasiado alto parece estar
de tempo que as circunstâncias permitirem, padrão sendo, em têrmos de curto prazo, o preço que a
de vida compatível com a dignidade humana nação está pagando por êsse progresso e isso
e participação construtiva no processo constitui uma contradição forte à continuidade de tal
nacional. orientação.
Tudo isso está agora expresso, com bastante Estamos, assim, na contigência incontornável
propriedade, numa única palavra: desenvolvimento. de equacionar em têrmos novos, ràpidamente, o
Não apenas econômico, é oportuno lembrar, mas na problema do desenvolvimento nacional. Porque a
globalidade que a idéia do progresso sugere, população do país não cessa de aumentar, já
inclusive como aperfeiçoamento político e cultural. atingindo, quase, a casa dos 70 milhões – e não
Ninguém contestaria hoje, em qualquer parte do podemos deixar de estar atentos a essa expansão
mundo, a conveniência de promover o demográfica, sob pena de agravarmos a
desenvolvimento de um determinado país. Porque desproporção entre o total de habitantes do país e o
subdesenvolvimento é sinônimo, onde quer que a número de brasileiros que vivem em níveis
sua incidência se verifique, de pauperismo, de peculiares à condição humana.
analfabetismo, de baixo índice de sanidade, de Na verdade, muita coisa pode ser feita
injustiça social, de tudo, enfim, que exprime a contando-se apenas com os fatôres já existentes,
anticivilização. racionalizando-se a aplicação dos recursos
As discordâncias na verdade existentes giram disponíveis ou alterando-se, para melhor, a
em tôrno do modus facciendi da política destinação da renda pública entre as esferas da
desenvolvimentista. Há divergências, por exemplo, administração municipal, estadual e nacional.
bem profundas até, quanto à, hierarquização dos Êste projeto visa, exatamente, atenuar o
problemas, sem o que não é possível estabelecer o regime de inferioridade em que se encontra o
regime de prioridade, indispensável à, ação município em nosso país, no que toca à sua
governamental. Outras divergências referem-se aos participação nas rendas públicas.
métodos a serem utilizados para a consecução dos A debilidade financeira em que vive a maioria
fins escolhidos. No caso restritivo do dos municípios brasileiros exige a tomada de
desenvolvimento econômico há, lembramos, os que medidas que os poderiam libertar dos problemas,
advogam o sacrifício das gerações presentes em elementares, muitas vêzes, entravadores do
benefício das futuras (a inflação é uma das faces progresso local.
dêsse sacrifício), e há os que advogam a É verdade que a entrega às Prefeituras
razoabilidade de um desenvolvimento em ritmo de dez por cento do produto da arrecadação do
vagaroso, sem sacrificar ninguém. impôsto de renda, estabelecido na Constituição
O quadro brasileiro aliás aí está ilustrando ao em vigor, já teve – como ninguém o ignora – uma
vivo a questão. Depois de uma longa permanência grande repercusão no sentido de vitalizar as
em posição de expectativa e mesmo de administrações municipais. Em numerosos casos
passividade, face ao desenvolvimento material do êsse acréscimo de receita foi bem aproveitado
país, resolvemos adotar uma política incen- na realização de serviços de interêsse pú-
– 213 –

blico e êsse sucesso constitui, por si mesmo, a vel em qualquer sistema tributário". "O impôsto de
melhor justificação da medida. consumo" – diz a mesma fonte que estamos citando
Contudo a destinação dos dez por cento do – "é um impôsto sôbre a renda efetiva, enquanto que
impôsto de renda aos municípios, na forma pela qual o impôsto de renda pròpriamente dito, é um impôsto
ficou determinada no art. 15, parágrafo 4º, da sôbre a renda presumida".
Constituição, oferece alguns aspectos criticáveis. E. Fazendo essa breve alusão à teoria do
o mais importante dêles é o fato de haver sido impôsto de consumo, tivemos em vista chamar a
determinado que a distribuição será feita em partes atenção para dois fatos que ela sugere: I – o fato
iguais. Ora, a distribuição das cotas do impôsto de dêsse impôsto recair práticamente sôbre todos os
renda em partes iguais, gerou, em vários Estados da habitantes do País, sem uma única exceção; II – o
União, um intenso processo de desmembramento fato dêle representar, pela alta expressão de seu
municipal, emancipando-se distritos que não montante, um poderoso alimentador do erário
possuiam as indispensáveis condições mínimas para público.
viverem a sua autonomia municipal. A primeira das constatações que acabam de
Vale a pena lembrar que de 1920 a 1950 o ser feitas nos leva a admitir que, em se tratando de
número de municipalidades elevou-se em nosso tributo que atinge a população inteira, deve a sua
País, de 1.300 a 1.894 – cêrca de 20 por ano, aplicação obedecer ao critério lógico de beneficiar,
apenas. Pois de 1950 a 1954 surgiram 478 novas também, a todos os setores dessa população.
comunas – ou sejam 95 por ano. Em 1957, o número E, a propósito do segundo fato, poder-se-á
total de municípios existentes no País chegava a dizer que pela própria circunstância de tratar-se de
2.468 e em fins de 1959 êsse número atingia 2.755! um impôsto de vigorosa rentabilidade para o Tesouro
Nessa marcha, evidentemente, as cotas a Nacional, deve o Estado empenhar-se no sentido de
serem distribuídas acabarão perdendo o significado criar condições que contribuam para levá-lo cada vez
econômico, passando a constituir simples mais, quanto a uma perfeita aplicação e
pulverização de recursos públicos que poderiam ser arrecadação.
melhor aplicados em benefício da coletividade. Ora, o rendimento do impôsto de consumo, em
Pretendemos evitar que o mesmo venha qualquer país, está diretamente relacionado com a
acontecer com a distribuição que ora estamos amplitude do mercado nêle existente. Três fatôres
propondo de dez por cento do impôsto de consumo, essenciais definem e dão a justa medida de um
com a exigência de que tal distribuição seja feita mercado de consumo: a) a existência de uma área
observada relação de proporcionalidade com a geográfica possuidora de recursos que tornem
população municipal. possível a vida humana em sua superfície; b) a
Como acentua um Mestre da Ciência das existência de uma população nessa área, bem como
Finanças, o impôsto do consumo é a expressão o mapa de distribuição dêsse contigente
mais viva do impôsto indireto. "A sua populacional através da mesma; c) o poder aquisitivo
admirável elasticidade, o número quase infinito de da população existente.
mercadorias que a técnica, dia a dia, inventa Aplicando-se tais observações ao
e produz dão-lhe uma posição inestimá- caso brasileiro, lembraremos estar
– 214 –

o nosso país entre os maiores do mundo, Santa Catarina ..................................... 14.274,30


possuidores de uma área geográfica extensa e Rio Grande do Sul ............................... 19.318,30
contínua. Em segundo lugar, chamaremos a atenção Mato Grosso ........................................ 19.267,00
para a circunstância de seu território já possuir um Goiás ................................................... 9.245,20
volume razoável de população, com a vantagem Brasil .................................................... 16.473,40
complementar (para o comércio interno) dessa
população estar concentrada em maior escala em Por êsses dados que acabamos de reproduzir,
algumas regiões litorâneas, de fácil acesso. Quanto pode-se verificar que em 11 Estados do País
ao terceiro elemento necessário à pujança do a renda per capita é inferior a dez mil cruzeiros.
mercado – o poder aquisitivo da população – pode Ora, dez mil cruzeiros, dando-se ao dólar
ser dito, precisamente, que nesse ponto reside o o valor de duzentos cruzeiros, são apenas
entrave maior à desejável expansão do mercado quinhentos dólares. E quinhentos dólares constituía
brasileiro. há algum tempo, nos organismos internacionais, o
O exame das estatísticas do impôsto de renda limite mínimo de renda per capita aquém do qual
nos dá, sôbre o assunto, a primeira informação admitia-se existir uma situação de miséria e de
desfavorável. Os contribuintes do impôsto de renda fome.
ainda são em número pequeno, dentro da população De diversas maneiras poderemos, talvez,
brasileira, o que nos leva a concluir que uma boa explicar a assimetria da renda per capita
parte dessa população vive em regime de sub- através do território nacional. Nenhuma delas,
consumo. porém, nos dará uma idéia tão clara do problema,
Outro dado que também nos fala do baixo achamos, quanto aquela que nos fala da
poder aquisitivo de uma grande parte da população
impropriedade de nosso sistema tributário, no
brasileira é o que diz respeito à renda per capita
que se relaciona com a participação na
constatada no País. Vejamos o que foi apurado pela
arrecadação dos governos Federal, Estaduais e
equipe de estudo da renda nacional, da Fundação
Municipais.
Getúlio Vargas, com relação ao ano de 1958:
A convergência da parte mais substancial
Cr$ da receita pública para os cofres da União,
Amazonas ........................................... 12.239,60 durante os nossos 139 anos de vida de país
Pará ..................................................... 9.573,10 independente, fêz com que os investimentos
Maranhão ............................................ 5.712,10 realizados com dinheiros públicos se concentrassem
Piauí .................................................... 3.990,60 pràticamente no centro-sul do País, na área de
Ceará ................................................... 4.595,90 influência do Rio de Janeiro. Daí o progresso mais
Rio Grande do Norte ........................... 6.098,40 acentuado dessa região, que passou, inclusive, a
Paraíba ................................................ 5.995,30 absorver correntes migratórias procedentes de
Pernambuco ........................................ 9.422.10 outras zonas, gerando uma concentração
Alagoas ............................................... 8.081,00 demográfica desfavorável à economia e à segurança
Sergipe ................................................ 8.724,00 nacionais.
Bahia ................................................... 7.906,70 Sòmente nos últimos tempos, da segunda
Minas Gerais ....................................... 12.787,40 guerra mundial para cá, a ação administrativa
Espírito Santo ...................................... 12.158,80 da União se processou num sentido mais
Rio de Janeiro ..................................... 17.674,10 largo, através do território nacional. Aí
Distrito Federal (Guanabara) ............... 52.059,00 temos, por exemplo, a Central Elétrica
São Paulo ............................................ 30.571,30 construída pela Companhia Hidrelétrica do São
Paraná ................................................. 18.021,30 Francisco, no Nordeste, os empreendimentos de
– 215 –

Furnas e Três Marias, em Minas Gerais, as grandes inércia forçada de nossas prefeituras, a ausência
estradas transnacionais interligando as "ilhas" completa de administração – no sentido exato em
econômicas e demográficas espalhadas através do que esta palavra deve ser usada – possìvelmente em
Brasil; a criação da SUDENE e, finalmente, a mais de 2.000, das 2.755 comunas municipais
construção da nova capital do País, no Planalto existentes no País.
Central, a mais de 1.000 quilômetros do Rio de É preciso fazer alguma coisa para modificar
Janeiro. êsse estado de coisas. Não existe organismo
Tôdas essas realizações, paralelamente à são, se êle é integrado por um grande número de
indústria pesada também desenvolvida em território células que estão mortas ou semimortas. Os
fluminense, mineira e paulista, com o apoio municípios são, como se sabe, as células da
financeiro e a assistência direta da União, dotaram o nacionalidade. No Brasil há, portanto, para os
País de uma infraestrutura econômica que lhe legisladores, grande trabalho ia executar, no que
possibilitará – e já está possibilitando – um toca à vitalização municipal. E estamos certos de
desenvolvimento que independerá em grande parte que êste projeto constitui uma contribuição a
da ação governamental. êsse trabalho. Além da justiça que encerra, deixando
Mas, a industrialização inerente a êsse na própria fonte em que é arrecadado uma
desenvolvimento traduz-se em têrmos de aumento e parcela do impôsto, temos que a União terminará
diversificação da produção. Para que haja beneficiada, eis que haverá interêsse direto dos
continuidade no processo é preciso, assim, que o municípios na fiscalização do tributo. E, pouco a
mercado interno tenha condições para absorver a pouco, diminuiremos a necessidade paradoxal
produção que fôr surgindo. Isso não está de os nossos municípios terem de implorar ao
acontecendo satisfatóriamente, por causa do baixo Govêrno da União, em auxílio, aquilo mesmo
poder aquisitivo de uma enorme parcela da que é extraído do suor das comunidades
população brasileira. Certos produtos da indústria municipais.
nacional, como automóveis, geladeiras, máquinas de Era o que desejava dizer, Sr. Presidente.
lavar roupa, máquina de escrever, receptores de (Muito bem! Muito bem!).
televissão – são inacessíveis a milhões de patrícios O SR. PRESIDENTE: – Continua a hora do
que desejariam comprá-los, porque não há qualquer Expediente.
relação entre o poder de compra de seus Tem a palavra o nobre Senador Novaes Filho.
rendimentos e o preço pelo qual estão sendo O SR. NOVAES FILHO (*): – Sr. Presidente e
vendidos êsses produtos. Srs. Senadores, sabem os meus eminentes pares do
O aumento das vendas de produtos nacionais aprêço, e mesmo da veneração que tenho – sempre
incrementaria o regime de produção e baratearia os os demonstrei desta tribuna, – pelo Senado da
produtos. Mais produtos vendidos significaria mais República, grande peça do nosso sistema, não só
impostos de consumo pagos. Lucraria o Estado e a para a manutenção e o revigoramento do espírito
coletividade – e estaria instalado o desejável círculo federativo, mas também porque se eleva e
da prosperidade. recolhe grande parcela, de responsabilidades no
Um obstáculo está impedindo que as coisas
sigam êsse rumo, com a rapidez que se __________________
faz necessária ao interêsse do Brasil. É a (*) – Não foi revisto pelo orador.
– 216 –

que diz respeito à política internacional do nosso vo, membro do Senado Norte-americano, o Sr. John
País. Kennedy surpreende a Humanidade através de
Daí porque certos acontecimentos da vida magnífico discurso no ato da sua posse, discurso
externa não devem passar despercebidos a êste que não é uma peça comum, mas vazada em alto
Plenário. Nesta hora, quando o mundo se encontra estilo que bem revela o autêntico homem de Estado.
conturbado, quando, nenhum Continente se O nôvo Presidente dos Estados Unidos, em
apresenta tranqüilo, com vida serena, sem temores, palavras brilhantes, concisas, lançou idéias que
sem sobressaltos, nesta hora em que a humanidade animam, retemperam e despertam as esperanças da
é prêsa daquelas apreensões terríveis de ameaças humanidade em relação a êste Continente,
de guerra – das quais infelizmente, não pôde ainda, particularmente a nós que compomos os chamados
libertar-se – nesta hora, Sr. Presidente, nós, filhos do povos da América Latina.
Nôvo Mundo, dêste grande Continente Americano, A sua fala, Sr. Presidente, constitui um
temos motivos para nos felicitar pelos homens de documento magnífico de fé, de encorajamento, de
Estado que, de quando em quando, surgem dentre solidariedade e de compromissos para com os
os povos dêste Hemisfério. problemas que mais de perto se ligam aos nossos
Sabe também o Senado que sou fervoroso propósitos de desenvolvimento, de progresso e bem
devoto do espírito panamericano. Sempre entendi estar.
que o panamericanismo é imposição para que todos O nôvo Presidente norte-americano não
os povos dêste Continente se unam em defesa dos deixou margem a restrições nem a críticas às sua
seus interêsses, em defesa do desdobramento de afirmações, à sua coragem, à elevação do seu
sua economia e do esfôrço comum por uma melhor pensamento, ao destemor das suas diretrizes, que
vida dos povos dêste Hemisfério. Se assim penso e êle soube apresentar ao lado das melhores
assim ajo, Sr. Presidente, a êste Plenário já tenho promessas de tudo fazer pela paz universal.
dado explicação absolutamente procedente: sou filho O Sr. Presidente numa hora em que o espírito
do Estado de Pernambuco; e nessa condição, da mocidade é propositadamente envenenado e só
admirador fervoroso de Joaquim Nabuco, cujas se dá relêvo, só se dá retumbância, só se procura
idéias, cujos programas de ação, e cujas atitudes, divulgar o que se origina, o que nasce, o que vem do
quer na vida interna, quer na política exterior, ainda outro lado ideológico, em prejuízo das Nações, dos
hoje constituem documentação atualizada, que pode povos, dos idealistas que defendem a Democracia –
ser examinada cuidadosamente pelos homens da porque defender a Democracia é defender a
nova geração brasileira, cujas inteligências se abram liberdade – mais ainda se impõe que vozes se ergam
para a cultura, para a sensibilidade patriótica, para o clamando pela atenção dos menos observadores,
exame meticuloso e ajustado dos fatos de ontem e dos menos advertidos, para o magnífico discurso de
dos acontecimentos de hoje. posse do nôvo Presidente dos Estados Unidos da
Daí porque, Sr. Presidente, dentro América do Norte. Lendo-o, poderão sentir o alto teor
desta minha orientação, me alegro diante de crença democrática, de boa formação doutrinária
da posse do nôvo Presidente dos Estados dos líderes do mundo democrático.
Unidos da América do Norte. Estadista nô- Sr. Presidente, estas palavras eu
– 217 –

as pronuncio hoje no Senado em louvor às idéias, ao lacional, excluídos os das capitais um auxílio cujo
pensamento, aos roteiros traçados pelo ativo Chefe montante será igual a dez por cento do Impôsto de
da grande Nação democrática dêste Continente. Consumo arrecadado no exercício anterior.
Assim fazendo, não surpreendo êste Plenário, que Art. 2º Os municípios aplicarão o auxílio
bem me conhece, e mais ainda sabe das minhas referido no artigo anterior no fomento da produção
idéias de pregoeiro obscuro e humilde dos grandes agropecuária, principalmente o setor dessa produção
ideais da Democracia. (Muito bem! Muito bem!). relacionado com a subsistência local.
O SR. PRESIDENTE: – Sôbre a mesa § 1º A aplicação constante dêste artigo pode
requerimento que vai ser lido. ser efetuada mediante convênios como Ministério da
É lido e aprovado o seguinte: Agricultura, Secretaria da Agricultura dos Estados ou
órgão públicos ou privados que se dedicam ao
REQUERIMENTO incentivo da produção agropastoril do País.
Nº 30, DE 1961 § 2º A partir de 1963 e até 31 de março de
cada ano, os municípios, sob pena de cancelamento
Leônidas de Castro Mello, Senador Federal do auxílio, encaminharão ao Ministério da Agricultura
pelo Piauí, atualmente em gôzo de licença a terminar a prestação de contas do auxílio recebido no
em princípio de março próximo, vem, por motivo de exercício anterior.
fôrça maior, solicitar uma prorrogação da referida Art. 3º Esta lei entrará em vigor na data de sua
licença por 180 dias a contar da data em que a publicação, revogadas as disposições em contrário.
mesma vier a terminar.
E.D. Justificação
Teresina, 20 de janeiro de 1961. – Leônidas
de Castro Mello. Da Tribuna
O SR. PRESIDENTE: – Sôbre a mesa projeto
de lei, justificado da tribuna pelo Sr. Guido Mondim, Sala das Sessões, 24 de janeiro de 1961. –
que vai ser lido. Guido Mondim.
É lido, aprovado e vai às Comissões de O SR. PRESIDENTE: – Sôbre a mesa outro
Constituição e Justiça, de Agricultura, de Economia e requerimento que vai ser lido.
de Finanças, o seguinte: É lido e aprovado o seguinte:

PROJETO DE LEI DO SENADO REQUERIMENTO


Nº 1, DE 1961 Nº 31, DE 1961

Concede aos municípios auxílio igual a dez Nos têrmos do art. 211, letra n, do Regimento
por cento do Impôsto de Consumo para o fomento da Interno, requeiro dispensa de interstício e prévia
produção agropecuária. distribuição de avulsos para o Projeto de Lei da
Câmara nº 12, de 1961, a fim de que figure na
O Congresso Nacional decreta: Ordem do Dia da sessão seguinte:
Art. 1º A partir de 1962 a União concederá aos Sala das Sessões, 24 de janeiro de 1961. –
municípios, na proporção de seu contingente popu- Auro Moura Andrade.
– 218 –

O SR. PRESIDENTE: – O projeto figurará na go, pareceu-me que talvez fôsse ela suscetível de
Ordem do Dia da próxima sessão. correção no que diz respeito à situação de
Passa-se à: oficiais da reserva das nossas corporações
armadas.
ORDEM DO DIA Estou em que assiste razão ao ilustre
autor do projeto, no que toca aos militares
Primeira discussão do Projeto de Lei do reformados. A meu ver, o caso deve ser examinado
Senado nº 48, de 1956, de autoria do Sr. Senador pelo Senado com espírito de justiça e de
João Villasbôas, que declara isentos de sanções compreensão.
disciplinares os militares reformados e das Reservas
O militar reformado restitui-se à órbita da
das Fôrças Armadas, tendo Pareceres contrários,
cidadania civil. Passa a ser simples cidadão, que
sob ns. 401 e 402, das Comissoes de Constituição e
deve, em conseqüência, desfrutar de tôdas as
Justiça e de Segurança Nacional.
prerrogativas e direitos, da cidadania,
Sôbre à mesa, emenda que vai ser lida. particularmente aquêles direitos e aquelas
É lida a seguinte: prerrogativas que digam respeito à manifestação de
opiniões políticas.
EMENDA Nº 1 Recordo à Casa o penoso incidente de que foi
vítima um ilustrado componente do Senado Federal,
Ao Projeto de Lei do Senado o ex-Senador Alencastro Guimarães.
nº 48, de 1956 Oficial reformado, nem por isso se viu
isento da humilhação de ser prêso, por haver
No art. 1º suprima-se a expressão: feito declaração publica a respeito de uma
"...e os das Reservas..." campanha política, como a que se feriu no ano de
1958. Homem de responsabilidade, antigo
Justificação Ministro de Estado , antigo membro do Senado
Federal, sentiu-se impossibilitado, por falsa
Será feita oralmente. conceituação da disciplina militar, de poder discutir
Sala das, Sessões, 24 de janeiro de 1961. – personalidades e situações ligadas ao processo
Afonso Arinos. eleitoral do nosso País.
O SR. PRESIDENTE: – Tem a palavra o nobre Além dessa ocorreu-me outra circunstância
Senador Afonso Arinos, para justificação da emenda
que aconselha isenção para com os militares
que acaba de ser lida.
reformados, da ameaça de punição disciplinar: é a
O Sr. AFONSO ARINOS (*): – Sr. Presidente,
que se refere ao art. 141, § 23 da nossa Carta
ao projeto do eminente Senador João Villasbôas,
apresentei emenda para a qual solicito os doutos Magna que estatui:
suprimentos da ilustrada Comissão de Constituição e "Nas transgressões disciplinares, não cabe o
Justiça. habeas-corpus".
Realmente, ao examinar o texto da proposição Veja V. Exa., Sr. Presidente, em que situação
encaminhada pelo meu ilustre Líder e prezado ami- de constrangimento e restrições fica reduzido
durante tôda a vida, o cidadão que militar, depois de
__________________ ter cumprido deveres militares, reintegra-se no meio
(*) – Não foi revisto pelo orador civil.
– 219 –

Minha emenda, reconhecendo embora os corporando-se à Marinha, ao Exército ou à


altos propósitos e o acêrto do projeto, no que Aeronáutica?
tange à situação do reformado, visa não tanto a Foi pensando nessa situação, isto é, na
temporalizar ou dispor definitivamente sôbre o possibilidade da reconvocação de oficiais da reserva,
assunto, mas principalmente dar oportunidade da sua reintegração nos quadros militares, que
para que, sôbre êle, se manifeste a douta apresentei emenda, de exclusão de oficiais no
Comissão de Constituição e Justiça. É emenda, exercício da carreira militar ou daquelas condições
vamos dizer, suspensiva, com o propósito de previstas no projeto.
pedir a atenção da Comissão de Constituição Como disse, Sr. Presidente, e tenho a honra
e Justiça para o ensejo de refletir, de estudar de repetir, minha emenda tem apenas o intuito de
esta parte da matéria que me permito, no pedir a atenção da douta Comissão de Constituição
momento, sustentar. Trata-se dos oficiais da e Justiça para êsse aspecto do projeto. (Muito bem).
reserva. O SR. PRESIDENTE: – A emenda depende
Não ignora V. Exa., Sr. Presidente, nem a de apoiamento.
Casa, que existem graduações de situações para as Os Srs. Senadores que a apóiam, queiram
nossas (Classes Armadas; a situação do conservar-se sentados. (Pausa).
oficial agregado, a do oficial da reserva e a Apoiada.
do oficial reformado. São, por assim dizer, situações Em discussão o projeto com a emenda.
de distanciamento progressivo entre a atividade O SR. CAIADO DE CASTRO: – Peço a
do cidadão e a atividade do militar. O agregado palavra, Sr. Presidente.
acha-se mais próximo do centro, do núcleo da O SR. PRESIDENTE: – Tem a palavra o nobre
atividade militar. O oficial da reserva está um pouco Senador Caiado de Castro.
distante, em virtude de situações previstas na O SR. CAIADO DE CASTRO (*): – Sr.
legislação ordinária e na Constituição Federal, entre Presidente, quando o projeto em discussão foi
as quais, as de maior importância, são as que dizem apresentado ao Senado, recebi a incumbência do
respeito ao exercício de função pública Líder da Maioria de estudá-lo minuciosamente, para
administrativa ou ao exercício de mandato político decidir como encará-lo. Os estudos feitos levaram-
parlamentar. Ocorre entretanto, que, nos nos à conclusão de que não poderíamos aceitá-lo.
têrmos da Constituição Federal, o oficial da reserva, Quando pràticamente terminados os meus
em certas situações pode ser reconvocado estudos, e já com o parecer dactilografado, entrei em
para o Poder Executivo ou para integrar o contato com o então Presidente do Superior Tribunal
corpo das Fôrças Armadas. Pode voltar à sua Militar, General Araripe, nome respeitável no
atividade de militar; e então eu pergunto: no Exército, pela sua cultura e dedicação. Em face de
caso do oficial da reserva, aquêle em condições novas argumentações, chegamos à conclusão de
de mobilização e de reconvocação pelo Ministério que na realidade não existe lei que autorize o
da Guerra, da Marinha ou da Aeronáutica não Govêrno a punir, como vinha fazendo, os atuais
seria conveniente, até certo ponto, policiar, Oficiais da Reserva.
empregando o verbo na sua expressão jurídica
e não no seu sentido punitivo, a atividade civil __________________
dêsses elementos que poderão voltar, rein- (*) – Não foi revisto pelo orador.
– 220 –

Quando o nobre Senador Pedro Ludovico lência. Aprendemos com Rui Barbosa, quando
emitiu o seu parecer, declarei, na Comissão de discutimos o assunto, que o oficial reformado está
Segurança Nacional, que se êsse parecer tivesse inteiramente afastado do meio militar; não pode ser
sido apresentado oito dias antes, tê-lo-ia combatido e convocado nem para a guerra se não quiser; a
votado contra, porém, teria modificado minha opinião reforma nunca é voluntária, é obrigatória e decorre
em face do nôvo exame da matéria. de fatôres físicos ou morais. Físico, por um defeito
Do Anexo distribuído, porém, não consta o ou por idade avançada; morais, pela incapacidade de
parecer da Comissão de Segurança Nacional, bem o militar continuar exercer as suas funções.
como no parecer anterior, meu nome foi omitido. É Vossa Excelência, referiu-se ao militar
mais uma das falhas que vêm acontecendo em reformado restituído à vida civil. Pediria vênia para
Brasília. discordar quanto à classificação que deu e às razões
Com estas explicações, Senhor Presidente, a que se abrigam as autoridades a exercerem certo
quero justificar a emenda que vou apresentar, já policiamento nas atividades do oficiais da reserva.
assinada e que por falta de dactilógrafo, ainda não Vossa Excelência disse, e muito bem, que
foi entregue. para nós militares é necessário êsse policiamento no
Concordando com a opinião do nobre Senador alto sentido da palavra, para os oficiais que possam
João Villasbôas, era meu intuito expender umas retornar ao Exército.
tantas considerações sôbre o assunto. O nobre Eu diria, porém, que um oficial agregado não
Senador Afonso Arinos, porém, focalizou exatamente foge, absolutamente, à sua condição; o oficial
os pontos que tinha em vista. agregado é aquêle que por questão de doença
O SR. AFONSO ARINOS: – Permite Vossa passageira ou pelo exercício de um cargo civil se
Excelência um aparte? afasta, momentâneamente, da atividade. Então, é
O SR. CAIADO DE CASTRO: – Com prazer. agregado, mas continua, para todos os efeitos, na
O SR. AFONSO ARINOS: – Deixei de atividade.
consignar na minha intervenção que o nobre O ponto que pretendia discutir com a
Senador Cunha Mello, nosso prezado colega de minha emenda, era o que dizia respeito ao
representação, me havia informado, pouco antes de oficial da reserva, porque há, nas classes armadas,
eu vir a esta tribuna, que o meu ponto de vista – e dois tipos de oficiais da reserva: há os de
agora verifico das palavras de Vossa Excelência – reserva de primeira classe, que sempre
também esposado pelo nobre Colega, consta foi muito respeitada e acatada, mas que
inclusive da jurisprudência do Supremo Tribunal com os problemas políticos da sucessão,
Federal, através de voto, do Ministro Villasbôas. quando o Marechal Lott foi candidato, procurou-se e
O SR. CAIADO DE CASTRO: – Agradeço a tem-se procurado regularizar. Êste o caso dos
Vossa Excelência. Ia referir-me justamente ao oficiais da reserva da 1º classe, chamados Oficiais
aspecto que Vossa Excelência focalizou, pedindo R-1.
vênia para apenas discordar, na parte relativa aos Êstes militares estão sujeitos, a qualquer
oficiais da Reserva. momento, a ser convocados para serviço normal ou
Quanto aos oficiais reformados, estou de guerra; são os que mais interessam à União, ao
de acôrdo com Vossa Exce- Estado, no aspecto da disciplina.
– 221 –

O segundo caso, do oficial de segunda classe, O SR. CAIADO DE CASTRO: – Pois não.
o R-2, é o militar formado nesses cursos de reserva, O SR. SILVESTRE PÉRICLES: – Preciso
onde é civil para todos os efeitos, e considerado entrar no debate, porque na época em que o
militar apenas quando convocado. Marechal Eurico Gaspar Dutra era Ministro da
Ao meu ver com a devida vênia, parece que o Guerra, tive a honra de participar das duas
nobre Senador João Villasbôas, englobou tôdas as comissões que elaboraram o "RDE" atual, uma
classes no seu projeto, que transformado em lei iria presidida pelo General Pargas Rodrigues, e a outra
dispor sôbre questões superadas. pelo General Firmo Freire. Participei de ambas as
Não é possível dizer-se que um oficial comissões, e, foi estudado, meticulosamente, o que
reformado está ou não sujeito à sanção disciplinar a devia ser êsse regulamento. Sabe-se, e ninguém
não ser quando convocado, porque um oficial ignora, que a disciplina militar é muito mais rigorosa
reformado não pode ser convocado. do que a civil, pois o militar nunca se desliga da
Quanto aos oficiais das reservas de 1ª e 2ª tropa, a não ser no caso de reforma. Isso é princípio
classes teremos que fazer pequena distinção. O aceito pelo Direito Brasileiro, desde o velho
oficial da Reserva nunca estêve nem está sujeito à Regulamento de Serviço Militar. Nessas condições,
disciplina militar, a sanções; não pode ser punido. posso dizer ao Senado, com tôda a firmeza, que o
Não há exemplo de oficial da reserva punido, a não Regulamento Disciplinar do Exército é perfeito. Na
ser aquêles que procedam mal na vida civil, como, hora atual deve haver respeito à disciplina. Sem ela
por exemplo aquêles que abusam do uso do a hierarquia das Fôrças Armadas não poderá
uniforme, quando proibidos de usá-lo. prevalecer nem viver.
Quanto aos oficiais da Reserva de 1ª classe O SR. CAIADO DE CASTRO: – Agradecido a
constatamos, infelizmente, que as sanções V. Exa. pelo aparte, estou de pleno acôrdo quanto ao
disciplinares têm sido aplicadas, últimamente, mas conceito de hierarquia, pois há necessidade de
apenas no que diz respeito à política. Não é por disciplina.
exemplo, o caso do nosso ex-colega Senador Infelizmente, porém, dizia eu, nem todos os
Alencastro Guimarães, meu companheiro de Escola. governos decidem seguir essa norma e punir,
Êle não é reformado: está na Reserva de 1ª classe. indistintamente, aquêles que procedem mal, porque
Pela interpretação até hoje vigente, êle podia e foi já aprendi, quando estudava Direito na Escola Militar,
punido, regularmente. e não na Faculdade de Direito, que fazer justiça é,
Considerando, porém, que não temos premiar os bons e castigar os maus. Entretanto, só
legislação sôbre o assunto; considerando que os constatamos que os contrários ao Govêrno é que
argumentos agora renovados já foram têm sido premiados. Recordo-me, até, de ter sido
completamente derrotados pelas palavras de Rui criada uma questão muito séria para o Govêrno do
Barbosa e que desde aquela época até hoje foram Brasil, porque naquelas fases de agitação
recebidos com acêrto, pediria licença para sugerir do Govêrno Vargas, muitos generais reformados
pequena emenda... e da Reserva participaram de movimentos
O SR. SILVESTRE PÉRICLES: – Permite francamente da Esquerda, e isto causara
Vossa Excelência um aparte? sérias apreensões aos nossos amigos do es-
– 222 –

trangeiro, tendo sido feitas várias interpelações ao teando o trabalho do Senador João Villasbôas,
nosso Govêrno. E não encontramos, quando procurando retirar o que me pareceu exagêro, por
pretendíamos estudar o assunto, por ordem do Sr. exemplo, quanto ao oficial reformado, que retornou
Presidente da República, um meio de solucionar a ao meio civil, e – passível, na legislação brasileira,
questão, porque não era possível tirar de um militar o de punição. Esta parte foi muito bem esclarecida por
título de marechal, de general, ou de major, que Ruy Barbosa, quando discutiu o problema logo após
possuía na Reserva. a proclamação da República. Daí para cá nunca
Não querendo alongar-me muito, Sr. mais se discutiu a situação do reformado; surge,
Presidente, destinguia, como distingue o agora, com êste projeto apresentado.
regulamento militar e como declarou o nobre Deixemos o reformado como está! Deixemos o
Senador Silvestre Péricles, o oficial da Reserva do reformado tratando da sua vida, retornado ao
oficial da Ativa. O oficial da Reserva de 1ª Classe é o meio civil completamente desligado da disciplina
que eu sou – e o que é o nosso Presidente, o militar.
General Filinto Müller. Se não fôssemos Na reserva, deixamos o oficial de 2ª classe
congressistas, poderíamos ser convocados a como êle sempre foi considerado, desde sua
qualquer momento, desde que declarada guerra, ou organização oficial, da reserva – R-2. Durante o
melhor, seríamos imediatamente convocados, o que período em que está fora da convocação êle não tem
não pode acontecer apenas porque somos qualquer responsabilidade militar, nenhuma
congressistas. subordinação ao Regimento. Sobra-nos, então o
O oficial da Reserva pode, agora, qualquer oficial de 1ª classe. Mesmo quanto a êsse oficial não
que seja o seu pôsto, ser convocado para o serviço podemos, apesar de tôda a boa vontade, adotar ou
ativo, e um exemplo disso é o caso do Marechal aceitar integralmente o projeto, porque há ocasiões
Odílio Denys, que foi convocado baseado na última em que o oficial da reserva de 1ª classe, embora não
lei. De maneira que para êsses oficiais torna-se convocado, não pode deixar de estar sujeito à
necessária maior disciplina. disciplina. É o caso do oficial da reserva de 1ª
Receioso de que a aplicação do regulamento classe, que pode andar fardado. A lei autoriza o
militar fôsse se tornando mais extensiva, e que os oficial da 1ª classe a andar fardado; apenas
oficiais de 1ª Classe da Reserva continuassem a ser faz uma restrição: o uso do uniforme é em
punidos com a intensidade com que o foram determinadas ocasiões, solenidades cívicas, etc., de
ùltimamente; considerando, principalmente, o caso maneira que nessa ocasião, estando o militar
do nosso colega, o General Alencastro Guimarães, fardado, está obrigatòriamente subordinado à
como também poderá ser o meu caso ou o do nobre disciplina militar, do contrário, chegaríamos ao
Senador Filinto Müller, ficamos impedidos de emitir absurdo de ver um militar fardado negar continência
opinião contra o Govêrno, pois em qualquer ocasião ao Presidente da República e não ser punido, negar
que o fizéssemos em qualquer ocasião que continência à bandeira e não ser punido. O
investirmos contra o Govêrno estaremos passíveis militar fardado está obrigatòriamente sujeito à
de punição. disciplina.
Vou, então, apresentar emenda Adotando-se o projeto, eu apresentaria a
dentro do espírito que está nor- seguinte emenda:
– 223 –

"Os militares da reserva de 1ª O SR. PRESIDENTE: – Tem a palavra o nobre


classe das Fôrças Armadas, sòmente estarão Senador João Villasbôas.
sujeitos às sanções disciplinares estabelecidas O SR. JOÃO VILLASBÔAS (*): – Sr.
no respectivo regulamento, quando convocados Presidente, apresentei êste projeto no ano de 1956
para o serviço ativo ou nomeados para quando prisões de militares da Reserva se repetiam
exercer função militar nos têrmos da a cada momento, em face dos seus
legislação em vigor, ou ainda quando pronunciamentos de natureza política contra o
fardados". candidato à Presidência da República, o então
Dadas estas explicações, apenas como Ministro da Guerra.
profissional, penso ter esclarecido bem a idéia. Há pouco, o nobre Senador Afonso Arinos se
Concordo com o nobre autor do projeto, referiu à prisão do nosso ex-colega Senador
apenas com esta pequena ressalva, como Alencastro Guimarães.
também com o nobre Senador Afonso Esta se efetivou porque aquêle ilustre militar
Arinos, que explicou a parte constitucional da Reserva, que tanto abrilhantou a tribuna desta
muito bem e sôbre a qual não se pode mais ter Casa, repetira, em declarações à Imprensa, opiniões
reservas. expendidas no Senado na oportunidade do golpe de
O SR. AFONSO ARINOS: – Muito obrigado. 11 de novembro.
O SR. CAIADO DE CASTRO: – Sr. Parecia assim que o Sr. Ministro da Guerra de
Presidente, vou enviar à Mesa a minha emenda. então, o General Teixeira Lott, se aproveitava do
(Muito bem; Muito bem!). momento em que aquêle ilustre parlamentar e militar
O SR. PRESIDENTE: – O nobre Senador se despira da proteção das imunidades
Caiado de Castro justificou da tribuna emenda que parlamentares para puni-lo por atos e palavras
vai ser lida pelo Sr. 1º Secretário. pronunciados neste recinto.
É lida e apoiada a seguinte: Vê V. Exa., Sr. Presidente, a que situação
chegáramos. As imunidades parlamentares,
EMENDA Nº 2 respeitadas na ocasião em que aquêle Senador
proferira seus discursos, foram violadas quando S.
Os militares da Reserva de 1ª Classe (R.I.) Exa. dessas imunidades se despira e repetira os
das Fôrças Armadas sòmente estarão sujeitos às conceitos aqui expendidos sôbre o titular da Guerra.
sanções disciplinares estabelecidas nos respectivos O SR. CAIADO DE CASTRO: – Dá V. Exa.
Regulamentos, quando convocados para serviço licença para um aparte?
ativo ou nomeados para exercer função militar nos O SR. JOÃO VILLASBÔAS: – Recebo com
têrmos da legislação em vigor, ou, ainda, quando prazer o aparte de V. Exa.
fardados. O SR. CAIADO DE CASTRO:
Sala das Sessões, em 24 de janeiro de 1961. – Peço permissão para dizer a V. Exa. que o
– Caiado de Castro. ex-Senador Alencastro Guimarães não foi punido
O SR. PRESIDENTE: – Em discussão o pelos conceitos emitidos nesta Casa. V. Exa.
projeto com as emendas.
O SR. JOÃO VILLASBÔAS: – Peço a __________________
palavra, Sr. Presidente. (*) – Não foi revisto pelo orador.
– 224 –

disse muito bem que S. Exa., após perder as te pelo Exército, Marinha e Aeronáutica,
imunidades, repetira em entrevista aos jornais tudo o são instituições nacionais permanentes,
que havia dito nesta Casa. Mas não apenas o que organizadas com base na hierarquia e
dissera, estendeu-se em adjetivos, ofendendo de na disciplina sob a autoridade suprema do
fato o então Ministro da Guerra na sua função. Presidente da República e dentro dos limites da
Concordo com a intenção de V. Exa., discordo, lei.
entretanto, quanto à parte em que se refere à E o art. 177 prescreve:
punição do Coronel Alencastro Guimarães. "Destinam-se as Fôrças Armadas a defender a
Não foi punido, absolutamente, pelas palavras Pátria e a garantir os podêres constitucionais, a lei e
pronunciadas nesta Casa, pelos conceitos emitidos a ordem."
como Senador, mas sim, pelos conceitos emitidos As Fôrças Armadas se constituem dos
em entrevista concedida aos jornais. Quero, no elementos da ativa, isto é, daqueles que se
particular, defender o Marechal Lott. encontram em atividade militar, e não daqueles que
O SR. JOÃO VILLASBÔAS: – Muito dela se afastaram, para a reserva ou para a
agradecido à explicação do honrado colega, Senador reforma.
Caiado de Castro. É no entanto, S. Exa. mesmo quem Definindo o que sejam Fôrças Armadas, o
diz que o Coronel Alencastro Guimarães repetiu, pela Decreto-Lei nº 9.107, de 1º de abril de 1946, já em
Imprensa, conceitos expendidos nesta Casa. Êsses pleno regime político, fora da ditadura, mas antes da
conceitos, essas palavras, êsses discursos estavam promulgação da Constituição, declara no seu art.
protegidos pela imunidade parlamentar. Sua 1º.
reprodução posterior não poderia, de modo algum, "As Fôrças Armadas constituem Exército,
constituir ato punível, porque felizmente é êste um dos Marinha e Aeronáutica, bem como as respectivas
preceitos de resguardar a imunidade parlamentar. reservas sòmente quando convocadas, e
Fora dêste recinto, passado o período em que somos ainda as formações auxiliares chamadas às
protegidos por ela, não podemos sofrer qualquer armas e aos encargos na defesa nacional em caso
restrição nos nossos direitos, em conseqüência de de guerra.
palavras e atitudes dentro desta Casa. Aí se definiu que as Fôrças Armadas, as
Sr. Presidente, o meu projeto nascera naquela instituições permanentes com fundamento na
ocasião e nem por isso deixa de ser oportuno neste hierarquia e na disciplina, são aquelas que estão na
momento, como no futuro. atividade e, também, as reservas, quando
Visei resguardar os Oficiais da Reserva, como convocadas.
os reformados, da disciplina militar, uma vez que não Fora dessa norma, excetuado êsse preceito
estivessem investidos em função militar. Fi-lo com legal, não se pode estabelecer disciplina nem
fundamento na Constituição Federal cujo art. 176 – hierarquia para quem se encontre afastado do
como os Srs. Senadores não ignoram, declara: serviço militar, seja definitivamente, como no caso
"Art. 176 – As Fôrças do reformado, seja temporàriamente, como no
Armadas constituídas essencialmen- caso da reserva de primeira e segunda classes
– 225 –

Daí meu Projeto abranger os reformados e as O SR. PEDRO LUDOVICO: – O argumento de


reservas. V. Exa. é muito forte.
O SR. SILVESTRE PÉRICLES: – Permite V. O SR. SILVESTRE PÉRICLES: – Muito grato
Exa. um aparte a Vossa Excelência.
O SR. JOÃO VILLASBÔAS: – Com muito O SR. JOÃO VILLASBÔAS: – Agradeço o
prazer. aparte do nobre Senador Silvestre Péricles. Acaba S.
O SR. SILVESTRE PÉRICLES: – Como Exa. de repetir, justamente os argumentos
Constituinte de 1946 que fui, participei na elaboração expendidos pelo Sr. Ministro da Guerra, nas
da Carta Magna, exatamente no Capítulo referente informações prestadas ao Senado e acolhidas pelo
às Fôrças Armadas. Os estudos relativos a essa Parecer do Relator da matéria na honrada Comissão
parte foram feitos por mim, pelo então Senador de Constituição e Justiça.
Edgard de Arruda, representante do Ceará, e pelo Sr. Presidente êsses argumentos provam
Senador Magalhães Barata, já falecido, da demais. Se se asseguram, no art. 182, prerrogativas
representação paraense. Elaborei o art. 176, e vantagens, não se estabelecem restrições e
depois de ouvir os Chefes Militares e seu – deveres. Não podemos, de forma alguma, por
"dentro dos limites da lei" – resultou de emenda do interpretação extensiva, determinar restrições de
Deputado Prado Kelly. É preciso haver um direitos. Estas devem ser expressas na Constituição
confronto dos arts. 176, 177 etc, com o 182 assim e nas leis. Não é aceitável, absolutamente, e os
redigido: Tribunais jamais admitiram, que se estabeleçam
"As patentes, com as vantagens regalias e deveres sempre êstes constem da lei, apenas por
prerrogativas a elas inerentes, são garantidas em interpretação, de que as pessoas também se acham
tôda a plenitude assim aos oficiais da ativa e da investidas de direitos.
reserva, como aos reformados" Ora, Sr. Presidente, também a Constituição,
Daí se conclui que, tendo as regalias, deve o no seu art. 182, § 5º, estabelece restrições
oficial participar também dos ônus. O Oficial da expressas de direito, quando declara:
Reserva, o R-1, como chamamos, não está "Enquanto perceber remuneração de cargo
desligado da tropa. A disciplina militar é um pouco permanente ou temporário, não terá direito o militar
mais rigorosa do que a civil. O § 1º do art. 182 aos proventos do seu pôsto, quer esteja em
determina: atividade, na reserva ou reformado".
"Os títulos, postos e uniformes militares são Aí se determina uma restrição de direito.
privativos do militar da ativa ou da reserva e do O militar da Ativa, da Reserva ou Reformado,
reformado". investido em cargo público civil, seja de nomeação
Assim, o militar reformado continua militar. ou eletivo, não pode, enquanto perceber vantagens
Pelo simples fato de passar para a Reserva dêsse cargo, recolher os proventos do seu pôsto.
não deixa de pertencer à classe. Daí porque Entretanto, Sr. Presidente, sabemos
se estende o Regulamento, mesmo quando que os militares que desempenham função
estão na reserva. E a todo direito corresponde um nesta e na outra Casa Legislativa,
dever. acumulam as vantagens da Reserva ou da Re-
– 226 –

forma, com os subsídios de parlamentar. ciplinar contra o militar da reserva ou reformados


O SR. ZACHARIAS DE ASSUMPÇÃO: – mas, que se recorra aos tribunais civis, uma vez que
Permite V. Exa. um aparte? êsse militar se haja excedido na linguagem, seja pela
O SR. JOÃO VILLASBÔAS: – Com prazer. Imprensa, pelo Rádio. Estará sujeito à punição a que
O SR. ZACHARIAS DE ASSUMPÇÃO: – se submete qualquer civil, pela Lei de Imprensa, pelo
Temos no Exército o RDE e, muitas e muitas vêzes, excesso de linguagem, pela calúnia, pela difamação
êsse dispositivo foi usado para evitar que Oficiais da que haja praticado ou na exposição feita por escrito
Ativa participassem da política. Desde que haja ou falada.
punição ou melhor, com a preocupação de se O nobre Senador Jefferson de Aguiar, Relator
punirem oficiais, sargentos ou soldados da Ativa, que dêste Projeto, invocou a opinião de Barbalho, em
participassem da política, entendo que oficiais da referência às expressões contidas na Constituição de
reserva poderão fazer política, usar do direito que a 1891, em que as Fôrças Armadas são
Constituição lhes assegura. Portanto, está resolvido essencialmente obedientes aos seus superiores
o caso. Ao Oficial da Reserva nada impede de ser hierárquicos.
político, desde que não se exceda na linguagem. Do Justamente é Barbalho quem expõe as razões
contrário poderá ser punido por outro meio e não desta obediência e desta hierarquia, de forma a se
pela autoridade militar, que se obriga, apenas, a enquadrar precisamente nos casos de Oficiais, de
punir seus Comandados. Sou de opinião que o militares da Ativa, e não de militares reformados.
Oficial da Reserva não deve ser cerceado na sua Transcrito no Parecer do nobre Senador
liberdade de fazer política desde que não se exceda Jefferson de Aguiar, dizia Barbalho:
na linguagem; do contrário não estará isento de "Sem êste freio legal, a Nação ficaria
punição; só que esta não será imposta por um chefe inteiramente à mercê de homens, por ela armados e
militar. O dispositivo do R.D.E. foi feito para distinguir estipendiados, para defendê-la"
o Oficial da Ativa que não pode fazer política, e evitar Os homens armados e estipendiados para
que o mesmo a leve para dentro dos quartéis. defendê-la, são os componentes do Exército, da
O SR. JOÃO VILLASBÔAS: – Marinha e da Aeronáutica da atividade.
Agradeço o aparte com que me honra o nobre Não se pode considerar homens armados os
representante do Pará, Senador Zacharias de que se encontram na reserva ou reformados.
Assumpção. "Por tôda a parte onde se constituam governos
Efetivamente, Sr. Presidente, é o que se livres, o espírito fundamental das instituições
encontra no meu projeto. O aparte do nobre militares é a disciplina hierárquica e a subordinação
representante do Pará vem precisamente em apoio à à autoridade".
defesa que vinha fazendo da proposição que Mas, a que autoridade está subordinado
apresentei à consideração do Senado. um oficial da reserva ou reformado? Êle
Não me conformo, Sr. Presidente, é livre de agir, é um cidadão independente,
em que se exerça êsse ato dis- um civil na prática dos atos de sua vida.
– 227 –

A autoridade a que êle está subordinado é a da Guerra passa a ser o Comandante do Exército;
autoridade civil. Se êle se excede, é o judiciário que pode punir um Marechal. É Lei. Entretanto, na
se obriga a puni-lo; – deve ser levado a processo Marinha e na Aeronáutica não é assim. Na Marinha,
perante autoridade civil competente e não ao o Comandante da Armada é o Chefe do Estado
Ministro da Guerra, que, aliás, não exerce autoridade Maior. Era o que eu queria esclarecer a V. Exa., no
punitiva, e nem a pode exercer, porque é um civil no particular. Quanto ao mais, estou de pleno acôrdo
exercício daquela função. Assim o militar, nomeado com o nobre colega, a quem acomponho com
Ministro da Guerra, é agregado. Se êle está na interêsse na exposição que faz, e acho que está
atividade, e é agregado, deixa de ter função inteiramente certo.
hierárquica, passa a ser Ministro, semelhante ao Mudei de opinião, justamente porque, ouvindo
Ministro da Justiça ou ao da Fazenda. Sua técnicos e indo ao Supremo Tribunal Militar não
autoridade é puramente civil. encontramos uma lei sequer que autorizasse – e V.
O SR. CAIADO DE CASTRO: – Permite V. Exa. disse muito bem – e não se pode crer que
Exa. um aparte? disposição legal existisse, nunca, nesse sentido. Há
O SR. JOÃO VILLASBÔAS: – Com muito regulamentos. Foi por essa razão que, durante seis
prazer. meses, após estudar e ler tudo o que existe sôbre o
O SR. CAIADO DE CASTRO: – Quero assunto, e mais a entrevista que tive com um
demonstrar a V. Exa. que há uma pequena Ministro do Supremo Tribunal Militar; e apreciando a
diferença: o Ministro da Guerra é o Comandante- conferência que S. Exa. pronunciou, em que aborda
Chefe do Exército. Não discuto, agora, se a Lei está perfeitamente o caso, mostrando que nenhuma lei no
certa ou não. O Ministro da Marinha não é o Brasil autoriza isso que se fêz, mas só
Comandante da Marinha. O Comandante da Armada Regulamentos, foi que mudei de opinião e declarei,
é o Chefe do Estado Maior; o Ministro da ainda quando o Marechal Henrique Teixeira Lott era
Aeronáutica não é, também o Comandante da Ministro da Guerra e já se falava muito que seria o
Aeronáutica. Mas – certa ou errada foi votada pelo candidato à Presidência da República, que só
Congresso e é Lei – o Comandante do Exército é o mudava por isso, e senti necessidade de dar essa
Ministro da Guerra. Portanto, tem ação punitiva explicação ao nobre Senador Pedro Ludovico,
sôbre qualquer militar, desta ou daquela graduação. Relator do projeto. Disse, mais, – repito o que
Mesmo um civil, nomeado Ministro da Guerra, passa declarei naquela ocasião – que se S. Exa. tivesse
a ser Comandante do Exército. apresentado o parecer oito dias antes, eu o teria
Um civil nomeado para ser Ministro da Guerra acompanhado. Mas, depois de ir ao Supremo
passa a ser o comandante do Exército. Eu, Tribunal Militar, depois que conversei com o
pessoalmente, nobre Senador João Villasbôas, Presidente, e verifiquei tôda a legislação, me
tive oportunidade de em várias ocasiões, convenci de que não existia isso, de sorte que mudei
mesmo quando na ativa, de manifestar minha de opinião e passei a concordar com V. Exa.,
opinião: penso que está errado. Êsse dispositivo nobre Senador João Villasbôas, como o faço agora.
legal foi um excesso, porque ficamos em situação Apenas, atendendo a pequenas particularidades
muito interessante: um civil nomeado Ministro da profissão é que me obrigo a dar opinião,
– 228 –

e peço a V. Exa. me perdoe. Quanto ao mais, estou ma de ajudá-los, de melhorar sua situação. Tanto
de acôrdo com V. Exa. e tomei a liberdade de que Exa. não vê nesses cargos oficiais de alta
apresentar emenda, para esclarecer que não é patente. Geralmente, são convocados os mais
necessário falar em oficiar reformado quando desde modestos, os menos graduados. O caso é que, uma
1898 ou 1890 se fixou êsse argumento, depois que vez convocado, se êle aceitar – e êle tem a liberdade
Ruy Barbosa defendeu o caso e mostrou claramente de aceitar – observa-se que a convocação, em regra,
como ficou o caso do oficial reformado, dizendo, decorre de pedido. São nomeados. De acôrdo com a
inclusive, que êste nã pode ser convocado para a lei, se permanecerem cinco anos nessas funções,
guerra, porque foi julgado incapaz por uma lei, e só passam a contar êsse tempo como se fôsse de
poderá ser convocado se quiser; se não quiser não o serviço ativo e isso, em última análise, serve para
será. Não há exemplo, nobre Senador, de um Oficial melhorar suas percentagens sôbre tempo de serviço,
reformado punido disciplinarmente por questão de a que êles podem fazer jus. Portanto, respondo à
política, questão que me parece afastada. Também pergunta de V. Exa.: há casos, mas sòmente com
um oficial de segunda classe nunca foi punido por pessoal de graduação mais modesta, pelas, razões
questão política, e só poderá ser punido quando o que expus.
seu procedimento fôr irregular. São estas, apenas, O SR. JOÃO VILLASBÔAS: – Por essa
as objeções ao brilhante discurso de V. Exa., porque, razão, não posso aceitar a restrição que V. Exa. faz
quanto ao mais estou de pleno acôrdo. ao meu projeto, quando nêle se incluem os
O SR. JOÃO VILLASBÔAS: – Estou reformados, pois que, como nêle escrevi, assim
inteiramente de acôrdo com o nobre Senador Caiado está:
de Castro, e mais em particular com o adendo "Os militares reformados e os da reserva do
quanto ao êrro da legislação, que atribui ao Sr. Exército, da Marinha e da Aeronáutica, só estarão
Ministro da Guerra o comando ou a Chefia do sujeitos às sanções disciplinares estabelecidas para
Exército pois que já que tivemos oportunidade de as Fôrças Armadas – Constituição, art. 176 – quando
debater a matéria e demonstrar o êrro e a convocados para o serviço ativo ou nomeados para
inconstitucionalidade, mesmo, dêsse dispositivo da exercer função militar, nos têrmos da legislação em
lei. vigor".
Mas, perguntaria ao nobre Senador Caiado de O SR. CAIADO DE CASTRO: – Exatamente!
Castro, se me autoriza a fazer um pedido de um O SR. JOÃO VILLASBÔAS: – Não posso
esclarecimento: o militar reformado não tem sido, por excluir os reformados, quando êstes são chamados
vêzes, investido em cargos de natureza militar, por para exercer função militar ou são designados para
exemplo, no serviço de recrutamento militar e em exercer função militar, como no caso do serviço de
outras atividades de natureza militar? recrutamento, quando ficam sujeitos às sanções
O SR. CAIADO DE CASTRO: – Tem disciplinares.
sido. Há casos. Mas, dependendo de êle Nestas condições, estão sujeitos à disciplina e,
aceitar ou não. Quase sempre, a investidura de peço venha, para declarar a V. Exa. que meu projeto
militares reformados nesses cargos é uma for- está certo.
– 229 –

O SR. CAIADO DE CASTRO: – Não tive a então, pediu demissão do Exército para participar da
veleidade de dizer que o projeto de V. Exa. estava Revolução de 1924... Por uma questão burocrática
errado. Longe de mim. O que me parece é que se houve demora. Devolveram o requerimento para que
torna desnecessário, porque o oficial reformado, dissesse se queria ser incluído como tenente ou
convocado ou nomeado, por lei já está sujeito à capitão, da Reserva não me recordo bem, ou se
disciplina militar. Então, o projeto de V. Exa. iria como simples soldado. Até aí é certo. Agora, – é por
legislar sôbre matéria já disciplinada em lei. Meu ouvir dizer – êle teria respondido que não
ponto de vista é êsse. Parece-me que se torna interessava mais, porque ía entrar no movimento
desnecessária essa obrigatoriedade, porque já existe revolucionário. Houve, então, o problema, mas o
lei nesse sentido. O militar reformado, bem assim o oficial militar é diferente. Por exemplo: o Senado
da reserva de segunda classe, uma vez convocado, aprovou a indicação do Almirante Amaral Peixoto
está para todos os efeitos, incorporado à unidade em para Ministro do Tribunal de Contas. Ao ocupar o
que venha a servir novamente, ficando, portanto, cargo será transferido, automàticamente, para a
subordinado à ordem e à disciplina. Estas as razões Reserva e, assim não estará mais passível de
que me levam a discordar de V. Exa. punição por parte do Govêrno. Êsse o problema.
O SR. JOÃO VILLASBÔAS: – Mas é a Quero, porém, insistir em dizer que não tive
restrição que justamente consta do meu projeto, nenhuma intenção de afirmar que o projeto de V.
restrição expressa: procurei elaborar um dispositivo Exa. está errado. Não. Disse que sob o ponto de
de lei claro, pois que, conforme dispõe o art. 182, no vista militar, tal como entendemos, era
seu parágrafo terceiro da Constituição, o militar desnecessário, porque estamos incluindo duas
investido em cargo civil permanente, passa para a classes que já estão automàticamente afastadas: a
reserva com os direitos e os deveres que a lei do Reformado e a do Oficial da Reserva. Êsses não
estabelece. podem ser punidos pelo Govêrno O oficial da reserva
O SR. CAIADO DE CASTRO: – Passa para a só tem uma punição, é ser proibido de usar uniforme.
reserva não remunerada. O SR. CUNHA MELLO: – Permite o nobre
O SR. JOÃO VILLASBÔAS: – Passa para a orador um aparte?
reserva não remunerada, porque o parágrafo quinto O SR. JOÃO VILLASBÔAS: – Com muito
assim estabelece. prazer.
O SR. CAIADO DE CASTRO: – O militar que O SR. CUNHA MELLO: – Como quer que
passar para a reserva não remunerada não poderá seja, o projeto de V. Exa. que as emendas do
ser convocado. No Brasil, temos até um caso Senador Afonso Arinos e do Senador Caiado de
histórico. O oficial de reserva militar, quando se Castro alteram, tem grande pertinência, tem
demitia do Exército ou das Fôrças Armadas, era grande oportunidade. A situação de estar
obrigado a declarar se queria ou não continuar como ou não o Oficial da Reserva submetido
oficial da reserva. E o caso histórico é o de Luiz à sanção militar constituiu assunto muito
Carlos Pretes. discutido na Imprensa, entre doutos, entre
Naquele tempo, êle não era comunista, era o juristas, e foi bater nos Tribunais. Posteriormente,
Cavaleiro da Esperança! Discordando do Govêrno de foi julgado pelos tribunais. Há diversos
– 230 –

acórdãos do Supremo Tribunal Federal, de um dos sem distinguir se da 1ª ou da 2ª classe, como ainda
quais foi Relator o Ministro Villas-Boas. O oficial os asilados.
agregado e o da Reserva não se confundem com o Até o infeliz asilado está sujeito a ser amanhã
Oficial Reformado por um fato simples: o Oficial recolhido à prisão por ter manifestado pensamento
Reformado já tem sua situação consolidada; a contrário aos desejos ou à autoridade discricionária
reforma vai ao Tribunal de Contas que a julga; e é de um Ministro da Guerra.
uma espécie de aposentadoria dos civis. O Oficial O SR. CAIADO DE CASTRO: – Perdoe-me V.
Reformado só tem sua situação consolidada, só está Exa. Estamos em desacôrdo e possìvelmente não
inteiramente fora da ação militar quando sua reforma chegaremos a um acôrdo. Raciocina V. Exa. muito
é julgada pelo Tribunal de Contas, que lhe fixa os bem e como grande jurista. Eu o faço como militar.
vencimentos. O projeto de V. Exa., como quer que O SR. JOÃO VILLASBÔAS: – V. Exa. é
seja, tem grande oportunidade, tem grande também notável jurista.
procedência; acaba com tôdas as dúvidas sôbre o O SR. CAIADO DE CASTRO: – Nos
assunto, dúvidas que agitavam os meios militares e regulamentos baixados pelo Presidente da República
civis, e que foram levadas, dessa vez aos tribunais há uma distinção perfeita, nítida, entre o militar de 1ª
do País. Cumprimento V. Exa. pela oportunidade do classe e o de 2ª Militar de 1ª classe é o oriundo da
projeto, muito embora dentro dêle tenha atividade, que estêve no serviço ativo; militar de 2ª
discordância, como já as teve o Senador Afonso classe é aquêle que faz a carreira nos C.P.O.R. ou
Arinos. N.P.O.R. etc. Êstes não são atingidos pelos
O SR. JOÃO VILLASBÔAS: – Muito agradeço regulamentos, a não ser quando convocados. O
o brilhante aparte com que me honra o nobre militar de 1ª classe, aquêle que veio da atividade,
Senador Cunha Mello. Voltando ao aparte do nobre incluído durante um certo número de anos na reserva
representante do Estado da Guanabara, direi que ativa, está sujeito a ser convocado a qualquer
não há essa distinção no Regulamento entre reserva momento. Amanhã por exemplo, quando eu deixar de
de primeira e segunda classe. O Senador Jefferson exercer o mandato de Senador, no caso de guerra
de Aguiar em brilhante parecer, diz: poderei ser convocado imediatamente porque ainda
"A disciplina, o respeito e a hierarquia devem não atingi a idade limite; neste caso, aí sim, estarei
ser mantidos em tôdas as circunstâncias da vida, reformado. Quanto ao asilado, V. Exa. argumenta
entre os militares da ativa, ou da reserva, reformados muito bem, mas não há exemplo. Êle, é, em regra,
ou asilados." uma praça de pré – soldado ou cabo, e,
Êste notável texto legal saiu da pena excepcionalmente, vai a sargento. Os asilados podem
brilhante do nosso ex-Presidente da andar fardados, e como já são homens idosos,
República, Eurico Dutra. Aí se reuniu, sob a doentes, e ocupando os postos inferiores na escala
disciplina, sujeita à punição administrativa, a hierárquica, cometem uma série de irregularidades,
posição disciplinar: tanto o militar da ativa, como o muito naturais à idade. Para impedir que, fardados,
reformado ou da reserva de qualquer natureza – cometessem tais transgressões – por exemplo, a mais
– 231 –

comum, entrar num bar fora da hora e beber, ne com êles os asilados, para o efeito da disciplina e
brigar na rua – houve essa distinção. Distinção da punição.
salientada pelo nobre Senador Jefferson de Ora, Sr Presidente, são justamente êsses
Aguiar. O aviso Ministerial foi baixado justamente absurdos, essas irregularidades que ensejam
com finalidade de homenagear aos oficiais da violências e arbitrariedades dos chefes militares, que
Reserva, para impedir, por exemplo, que um velho procuro retirar da nossa legislação, com o projeto
oficial da Reserva, depois de deixar a atividade, que venho de discutir.
passasse a não ser cumprimentado sequer por seu O nobre Relator da matéria na Comissão de
subordinado. Êsse Aviso, repito, foi baixado com a Constituição e Justiça termina o seu Parecer
idéia principal de homenagear o pessoal da contraditoriamente pois que, diz êle:
Reserva. Resumindo: o problema do oficial da “Assim, reputando constitucional o projeto sou
Reserva exige a distinção nítida, entre o oficial de pela sua rejeição, porque infringe sistema jurídico que
1ª classe e o de 2ª. Penso que expliquei bem o deflui da Constituição Federal, artigos 176, 177 e 182”.
que é oficial de 1ª e de 2ª classe. O oficial que S. Exa. reconhece a consticionalidade do projeto.
pede transferência para a Reserva remunerada vai Ora, não sei como pode ser constitucional um
para a 1ª classe; o outro, que não foi militar, que projeto e ao mesmo tempo infringir sistema jurídico
fêz o curso como civil, como estudante – vai para que deflui daqueles dispositivos constitucionais. Que
a 2ª classe. V. Exa. bem o sabe, há necessidade é constitucional ou não o é?
de se manter a reserva de um país; em tôdas as Sr. Presidente, deixo o meu projeto à
nações existe, em algumas até com exigências sabedoria do Senado. Penso que êle não se
maiores que as do Brasil – todo estudante de nível aperfeiçoa nem melhora com aceitação das
superior, convocado para fazer o curso de oficial emendas que lhe foram apresentadas pelos nobres
da reserva, faz êsse curso como civil, sem nehuma Senadores Afonso Arinos e Caiado de Castro. Faço
obrigatoriedade, só tem disciplina quando fardado esta declaração com a devida vênia dos meus dois
e dentro do quartel. Terminado o curso, declarado ilustres colegas, cujas opiniões tanto respeito.
Aspirante da Reserva de Segunda Classe, vai, Espero, que as Comissões Técnicas desta
então fazer o estágio; aí, sim, tem as mesmas Casa, ao examinarem novamente a Proposição com
regalias e os mesmos deveres de Oficial efetivo. as emendas, formulem um Parecer definindo a
Terminado o estágio, volta para casa, como Oficial situação dêle em face da nossa Constituição, com
R-2, e não tem mais nenhum vínculo com o clareza e precisão e não com a dubiedade daquele
Ministério respectivo, nenhuma subordinação a que está neste momento sujeito à nossa discussão.
êle. Era o que queria esclarecer. (Muito bem! Muito bem).
O SR. JOÃO VILLASBÔAS: – A lição que O SR. PRESIDENTE: – Continua a discussão.
me dá, neste instante, nobre Senador Caiado de (Pausa).
Castro, está muito bem exposta; mas o fato é que Não havendo mais quem faça uso da palavra,
se tais dispositivos regulamentares assim encerro a discussão.
distinguem, êste que acabo de ler reune Em virtude das emendas
tôdas as reservas, reune os reformados, reú- apresentadas, o projeto vai voltar às
– 232 –

Comissões de Constituição e Justiça e de Segurança de Janeiro, independente de licença prévia e de


Nacional. cobertura cambial.
Parágrafo único. O referido instrumento
Discussão preliminar (art. 285 do Regimento musical, especialmente projetado para aquêle
Interno) do Projeto de Lei do Senado nº 38, de 1959, educandário, foi doado pela Congregação das
que concede isenção dos impostos de importação e Marcelinas, com séde no “Instituto Marcelline” de
de consumo e da taxa de despacho aduaneiro para o Milão, Itália.
equipamento de um órgão litúrgico doado ao Colégio Art. 2º Esta lei entrará em vigor na data de
Santa Marcelina, do Rio de Janeiro, tendo Parecer nº sua publicação, revogadas as disposições em
501, de 1960 da Comissão de Constituição e Justiça, contrário.
pela inconstitucionalidade. O SR. PRESIDENTE: – A matéria será
arquivada.
O SR. PRESIDENTE: – Em discussão. Esgotada a Ordem do Dia.
Não havendo quem faça uso da palavra, Vai ser lido ofício encaminhado à Mesa.
encerro a discussão. É lido o seguinte:
Em votação o Parecer da Comissão de
Constituição e Justiça. Ofício
Os Srs. Senadores que o aprovam, queiram
conservar-se sentados. (Pausa). Senhor Presidente.
Aprovado. Havendo vaga na Comissão de Constituição e
Em conseqüência da aprovação do Parecer, o Justiça, resultante do falecimento do Sr. Senador
projeto está rejeitado por inconstitucional. Attilio Vivacqua, solicito se digne Vossa Excelência
É o seguinte: de providenciar para o seu provimento, na forma do
disposto no art. 77 do Regimento Interno.
PROJETO DE LEI DO SENADO Atenciosas saudações. – Lourival Fontes.
Nº 38, DE 1959 O SR. PRESIDENTE: – Atendendo à
solicitação de que trata o ofício lido, designo o nobre
Concede isenção dos impostos de importação Senador Aloysio de Carvalho. (Pausa).
e de consumo e da taxa de despacho aduaneiro para A Mesa tem a satisfação de anunciar ao
o equipamento de um órgão litúrgico doado ao Senado o início, ontem, da divulgação radiofônica
Colégio Santa Marcelina, do Rio de Janeiro. dos trabalhos do Congresso Nacional, idéia que
surgiu ao se preparar a transferência da Capital da
O Congresso Nacional decreta: República e posta em têrmos de deliberação ao se
Art. 1º É concedida isenção dos impostos de votar a Lei número 3.737, de 28 de março de 1960,
importação e de consumo e da taxa de despacho que mandou transferir para o Poder Legislativo,
aduaneiro, para o equipamento de um órgão sujeitos à sua administração, os canais da Rádio
litúrgico produzido por “Detler Kleuker Orgelbau” Ministério da Educação e Cultura, com os
(fábrica de órgãos para climas tropicais), de respectivos equipamentos e instalações.
Brackwede – Vestfália, Alemanha, adquirido, por Entenderam os legisladores – e
doação, pelo Colégio Santa Marcelina, do Rio a experiência mostrou que enten-
– 233 –

deram bem – não poder o Congresso Nacional, na É o seguinte:


sua nova sede, prescindir de um traço de união
com os centros populacionais do País, em NOTICIÁRIO RADIOFÔNICO DO CONGRESSO
condições de tornar conhecida de todos os NACIONAL – INÍCIO DO PROGRAMA
brasileiros a atividade desenvolvida pelos seus
mandatários no Planalto Central, onde as 2ª feira, dia 23 de janeiro de 1961.
comunicações ainda não haviam atingido o
desenvolvimento que se fazia necessário. Através VEÍCULOS E HORÁRIOS
das ondas radiofônicas, a opinião pública poderá
acompanhar, dia por dia, em tôdas as suas Rádio Nacional do Rio de Janeiro e Rádio Mauá.
minúcias o que aqui se realizar: os debates de de têrça-feira a sábado: 7,00 às 7,30; de
Plenário, as proposições apresentadas ou votadas, segunda a sexta-feira: 23,00 às 24,00.
os estudos feitos, os pareceres proferidos. E Rádio Ministério da Educação, de têrça-feira a
assim, estará em condições de fazer justiça aos sábado: 9,00 às 10,00; de segunda a sexta-feira:
que aqui se reunem para trabalhar, em bem do 18,30 às 19,00.
Brasil, na elaboração de leis que dêem solução Rádio Nacional de Brasília, de têrça-feira a
aos problemas que reclamam soluções adequadas sábado: 7,00 às 7,30; de segunda a sexta-feira:
e capazes de conduizir o País aos seus grandes 22,30 às 23,30. (Pausa).
destinos. Nada mais havendo que tratar, vou encerrar a
A divulgação, mais que um serviço ao sessão. Convoco os Senhores Senadores para uma
Congresso, é um serviço às instituições sessão extraordinária, hoje, às 21,30 horas, com a
democráticas que nos regem. seguinte:
Um grupo de funcionários com tirocínio
jornalístico e de radiodifusão, foi incumbido de ORDEM DO DIA
realizar desde já a idéia, antes mesmo que para
isso disponha o Congresso dos meios Sessão de 24 de janeiro de 1961.
apropriados. Discussão única do Projeto de Lei da Câmara
Para tanto, se valerá da colaboração das nº 12, de 1961 (nº 2.424, de 1960, na Câmara) que
ondas da Rádio Nacional, de Brasília e do Rio de autoriza o Poder Executivo a abrir pelo Ministério da
Janeiro, da Rádio Mauá e da Rádio Ministério da Viação e Obras Públicas, o crédito especial de Cr$
Educação. 4.377.318.000,00, destinado ao pagamento de
O Trabalho dêsses funcionários terá a direção diferença de remunenação de pessoal das ferrovias
de duas brilhantes figuras, das mais expressivas do (incluído em Ordem do Dia em virtude de dispensa
Congresso Nacional – o Sr. Deputado Neiva Moreira, de interstício, concedida na sessão anterior, a
na parte referente à Câmara, e o Senador Novaes requerimento do Sr. Senador Moura Andrade), tendo
Filho, no que diz respeito ao Senado. Parecer favorável, da Comissão de Finanças.
Para conhecimento dos Srs. Senadores, passo Está encerrada a sessão.
a mencionar o programa estabelecido para as Levanta-se a sessão às 16 horas e 45
transmissões. minutos.
15ª SESSÃO DA 2ª SESSÃO LEGISLATIVA, EXTRAORDINÁRIA, DA 4ª LEGISLATURA, EM 24 DE
JANEIRO DE 1961

PRESIDÊNCIA DO SENHOR CUNHA MELLO

Às 14 horas e 30 minutos, acham-se Mem de Sá.


presentes os Srs. Senadores: Guido Mondim. – (40).
Cunha Mello.
Vivaldo Lima. O SR. PRESIDENTE: – A lista de presença
Zacharias de Assumpção. acusa o comparecimento de 40 Srs. Senadores.
Victorino Freire. Havendo número legal, declaro aberta a sessão.
Sebastião Archer.
Vai ser Iida a Ata.
Eugênio Barros.
Mendonça Clark. O Sr. Francisco Gallotti, servindo de 2º
Mathias Olympio. Secretário, procede à leitura da Ata da sessão
Joaquim Parente. anterior, que é aprovada sem debates.
Fausto Cabral.
Fernandes Távora. O Sr. Novaes Filho, 4º Secretário, servindo de
Menezes Pimentel. 1º, lê o seguinte:
Sérgio Marinho.
Reginaldo Fernandes.
Argemiro de Figueiredo. EXPEDIENTE
Ruy Carneiro.
Novaes Filho. MENSAGEM
Antônio Baltar.
Nº 41, DE 1961
Rui Palmeira.
Silvestre Péricles.
Lourival Fontes. (Número de Ordem na Presidência: 39).
Heribaldo Vieira. Excelentíssimo Senhor Presidente do Senado
Lima Teixeira.
Aloysio de Carvalho. Federal:
Ary Vianna. Tenho a grata satisfação, cumprindo o
Arlindo Rodrigues. mandamento do art. 76, § 1º, da Constituição da
Caiado de Castro.
Afonso Arinos. República, de submeter à apreciação do Senado
Benedito Valadares. Federal o nome do engenheiro João Kubitschek de
Nogueira da Gama. Figueiredo para Ministro do Tribunal de Contas da
Moura Andrade.
União.
Pedro Ludovico.
João Villasbôas. Aludida indicação diz respeito a um digno e
Filinto Müller. ilustre profissional, cujos méritos não se
Gaspar Velloso. circunscrevem à área da Engenharia, mas, que se
Nelson Maculan.
Francisco Gallotti. alongam em setores outros das atividades humanas,
Irineu Bornhausen. como a seguir vai enumerado.
– 235 –

Trata-se de renomado engenheiro ora e Justiça, sôbre o Projeto de Lei da Câmara nº 129,
dirigindo a Companhia Siderúrgica Nacional, de 1959 (na Câmara nº 3.940-B, de 1958), que
emprêsa que induvidamente, além de representar concede auxílios às Prefeituras de Guimarães e de
valioso patrimônio nacional é um eloqüente, Arari, no Estado do Maranhão.
testemunho da capacidade criadora e realizadora do
povo brasileiro. Na presidência dessa entidade, mais Relator: Sr. Ruy Carneiro.
se afirmaram os méritos do técnico e do engenheiro O projeto em causa autoriza o Poder
que à mesma vem emprestando a dinâmica da sua Executivo a abrir, pelo Ministério da Educação e
inteligência e o vigor de sua atividade. Administrador Cultura, o crédito especial de Cruzeiros 2.000.000,00
seguro, atento aos problemas nacionais e (dois milhões de cruzeiros), para auxiliar, em partes
conhecedor de Economia e de Finanças, o Dr. João iguais, as Prefeituras de Guimarães e Arari, no
Kubitschek de Figueiredo não é apenas o eminente Estado do Maranhão, nos festejos comemorativos
professor de Engenharia, mas o dirigente bem dos seus centenários. Os auxílios em referência
orientado e de visão, o estudioso que não se cansa serão aplicados na construção de uma escola
de aumentar o seu saber, o homem experiente que primária e de artes e ofícios em cada um dos
sabe aliar a técnica à objetividade. aludidos municípios.
Além de outros muitos cargos e funções que Nada existe, no que toca aos aspectos
exerceu, foi Governador do Território do Acre e constitucional e jurídico, que impeça a aprovação do
Diretor Geral do Departamento de Estradas de projeto. As Comissões competentes opinarão no
Rodagem do Estado de Minas Gerais, cargos que mérito.
ilustrou com a sua cultura e nos quais teve ocasião Sala das Comissões, 18 de novembro de
de demonstrar ser possuidor de acentuado espírito 1959. – Lourival Fontes, Presidente. – Ruy Carneiro,
público e de grande e produtiva operosidade. Relator. – Jefferson de Aguiar. – João Villasbôas. –
Com a experiência recolhida em sua laboriosa Menezes Pimentel. – Lima Guimarães.
vida pública, na qual manteve contato permanente
com as questões mais complexas da Administração, PARECER
de Economia e Finanças ou que se relacionam com Nº 24, DE 1961
êsses ramos do saber humano, conta o Dr. João
Kubitschek de Figueiredo com valioso acervo que Da Comissão de Educação e Cultura – sôbre
proveitosamente levará para o exercício das suas o Projeto de Lei da Câmara número 129, de 1959,
novas funções. e na Câmara dos Deputados número 3940-B, de
Certo é, assim, que a indicação em referência 1958.
satisfaz ao que, a respeito, preceituam a
Constituição da República e a Lei Orgânica do Relator Sr. Padre Calazans.
Colendo Tribunal de Contas da União. I – O projeto de lei ora submetido a esta
Brasília, em 19 de janeiro de 1961. – Juscelino
Comissão originou-se de proposição formulada, na
Kubitschek. Câmara, pelo Deputado Renato Archer, à qual a
Comissão de Educação e Cultura, por proposta do
PARECER Deputado Euripides Cardoso de Menezes, ofereceu
Nº 23, DE 1961 o substitutivo afinal aprovado.
II – O projeto visa autorizar o Poder Executivo
Da Comissão de Constituição a abrir, pelo Ministério da Educação e Cultura, o
– 236 –

crédito especial de Cr$ 2.000.000,00 (dois milhões a proposição em exame, serão aplicados na
de Cruzeiros), destinado, como auxílio, em partes construção de uma escola primária e de artes e
iguais, às Prefeituras Municipais de Guimarães e ofícios em cada um dos municípios.
Arari, no Estado do Maranhão. O auxílio da União se A matéria foi devidamente estudada pelos
destinará à construção de duas escolas primárias e órgãos técnicos da outra Casa do Congresso e
de artes e ofícios. encerra iniciativa bastante louvável, à qual não
III – O substitutivo apresentado ao projeto em podemos negar apoio.
tela, parece-nos de inteira justiça, pois concedeu a Diante do exposto, opinamos pela aprovação
ambos os municípios, igual auxílio. do projeto.
Outrossim, fixou de modo prático a aplicação Sala das Comissões, em 24 de janeiro de
dêsse auxílio, por isso que, numa época de crise 1961. – Gaspar Velloso, Presidente. – Ary Vianna,
como a que atravessamos, e de cujas Relator. – Fausto Cabral. – Vivaldo Lima. – Mem de
conseqüências estão a sofrer principalmente as Sá. – Irineu Bornhausen. – Caiado de Castro. –
populações do Norte, não nos parece sensato Guido Mondim. – Menezes Pimentel. – Silvestre
esbanjar em comemorações supérfluas o que Péricles.
poderia ter destinação muito mais útil.
IV – Em face da motivação invocada, somos PARECER
de parecer que o projeto merece ser aprovado. Nº 26, DE 1961
Sala das Comissões em 18 de novembro de
1960. – Padre Calazans, Presidente e Relator. – Da Comissão de Finanças, sôbre Projeto de Lei
Reginaldo Fernandes. – Jarbas Maranhão. – Mem de da Câmara nº 7, de 1961 (nº 87-B-59, na Câmara), que
Sá. (vencido). – Saulo Ramos. autoriza o Poder Executivo a abrir, pelo Ministério da
Educação e Cultura, o crédito especial de Cruzeiros
PARECER 15.000.000,00 (quinze milhões de cruzeiros), destinado
Nº 25, DE 1961 ao Instituto Brasileiro de Educação, Ciência e Cultura –
IBCC – Seção de São Paulo.
Da Comissão de Finanças, sôbre o Projeto de
Lei da Câmara número 129, de 1959 (número 3.940- Relator: Sr. Vivaldo Lima.
B, de 1958, na Câmara). O projeto em tela autoriza o Poder Executivo a
abrir, pelo Ministério da Educação e Cultura, o
Relator: Sr. Ary Vianna. crédito especial de Cr$ 15.000.000,00 (quinze
O presente projeto, resultante de substitutivo milhões de cruzeiros), destinado ao Instituto
da ilustrada Comissão de Educação e Cultura da Brasileiro de Educação, Ciência e Cultura – IBECC –
Câmara dos Deputados, autoriza o Poder Executivo Seção de São Paulo.
a abrir, pelo Ministério da Educação e Cultura, o 2. A justificação menciona que o Instituto
crédito especial de Cr$ 2.000.000,00, destinado, Brasileiro para a Educação, Ciência e Cultura surgiu
como auxílio, em partes iguais, às Prefeituras em 1946, “como decorrência da obrigação que o
Municipais de Guimarães e Arari, na Estado do nosso País assumiu na convenção de Londres, na
Maranhão, para as comemorações de seus qual foi criada a UNESCO como órgão especializado
centenários. da ONU, e com a finalidade de promover a
Êsses auxílios, determina ainda cooperação internacional no setor científico e
– 237 –

tecnológico”. E informa, relativamente à Seção por sua vez, está vinculado à expansão e à vitalidade
paulista do IBECC, que ela adotou como objetivo do ensino técnico. Êsse é, justamente, o motivo pelo
principal do seu programa o estímulo aos estudos e qual reputamos de alto interêsse público, a ação
pesquisas da Física, Química e Biologia entre os desenvolvida pelo IBECC paulista, ação que muito
alunos do curso ginasial – chegando inclusive à bem justifica o auxílio ora proposto.
fabricação de instrumentos científicos, para institutos 6. Trata-se de auxílio destinado a um fim de
de estudos superiores. alta rentabilidade social, sem contra-indicação de
3. A Seção paulista do IBECC tem qualquer espécie, do ponto de vista das finanças
promovido, em larga escala, o treinamento de seus públicas.
alunos, com a entrega a cada um dêles – no 7. São estas, portanto, as razões que
respectivo domicílio – de laboratórios em fundamentam o parecer favorável que ora emitimos,
miniatura, denominados kits, drogas e bichos, pela aceitação do projeto nesta Comissão.
instrumental com que o estudante realiza suas Sala das Comissões, em 24 de janeiro de
experiências, orientado por boletins bimestrais que 1961. – Gaspar Velloso, Presidente. – Vivaldo Lima,
lhe chegam às mãos gratuitamente. “Mais de três Relator. – Ary Vianna. – Fausto Cabral. – Mem de
mil jovens em todo o Brasil treinam com êsses kits, Sá. – Irineu Bornhausen. – Caiado de Castro. –
todos fabricados nas duas oficinas e nos três Guido Mondim. – Menezes Pimentel. – Silvestre
laboratórios, montados na própria sede estadual Péricles.
do IBECC, onde trabalham 30 técnicos altamente
especializados”. PARECER
4. Mas, não obstante êsse inestimável trabalho Nº 27, DE 1961
que desenvolve silenciosamente na área do ensino
técnico, o IBECC paulista luta com a exigüidade de Da Comissão de Constituição e Justiça, sôbre
recursos que, se mais largos, tornariam possível uma o Projeto de Lei da Câmara nº 70-C, de 1959 (no
atividade ainda maior na sua faixa de ação. Em Senado nº 9 de 1961) que cria, no Tribunal Regional
1958, o auxílio estadual recebido foi apenas de Cr$ do Trabalho da 2ª Região, 20 Juntas de Conciliação
800.000,00 (oitocentos mil cruzeiros), enquanto o e Julgamento e autoriza o Poder Executivo a abrir ao
Conselho Nacional de Pesquisas ajudou com Cr$ Poder Judiciário – Justiça do Trabalho – o crédito
100.000,00 (cem mil cruzeiros) e o Instituto especial de Cruzeiros 20.000.000,00 e dá outras
Rockefeller contribuiu com 60 mil dólares em providências.
maquinaria e em matéria-prima.
5. Nesta era da tecnologia que o mundo está Relator: Sr. Menezes Pimentel.
vivendo, ninguém o ignora, o progresso das De iniciativa do Poder Executivo, o presente
nações está na razão direta da capacidade de projeto objetiva criar, no Tribunal Regional do
seus filhos para o trabalho de laboratório e, Trabalho da 2ª Região, 20 Juntas de Conciliação e
também, na razão direta da oportunidade que Julgamento e autoriza o Poder Executivo, a abrir ao
tenham ou venham a ter, para a execução dêsse Poder Judiciário – Justiça do Trabalho – o crédito
trabalho. Não há desenvolvimento econômico que especial de Cruzeiros 20.000.000,00 (vinte
independa de progresso técnico e êsse progresso, milhões de cruzeiros), ditando, ainda, providên-
– 238 –

cias complementares a tais finalidades. Para atender a tais modificações, são


Do ângulo de exame desta Comissão, nada alterados os quantitativos dos cargos e funções a
há, no presente projeto, que infirme a sua serem criados, na seguinte forma:
juridicidade e constitucionalidade, seja do ponto de 20 – Juiz do Trabalho Presidente da Junta.
vista da iniciativa, seja da parte relativa ao mérito. 40 – Vogais.
Face ao exposto, opinamos pela aprovação do 20 – Juiz do Trabalho Substituto do Presidente
projeto. da Junta.
Sala das Comissões, ...de janeiro de 1961. – Prescreve ainda o projeto, que os vencimentos
Lourival Fontes, Presidente. – Menezes Pimentel, dos cargos e o valor das funções gratificadas serão
Relator. – Gaspar Velloso. – Silvestre Péricles. – os fixados na Lei nº 2.588, de 8 de setembro de
Caiado de Castro. – Argemiro de Figueiredo. – Rui 1955, com as alterações decorrentes da Lei nº 3.531,
Palmeira. de 15 de janeiro de 1959 (abono de emergência).
Do exposto, verifica-se que a parte relativa ao
PARECER âmbito de apreciação dêste Órgão Técnico é de
Nº 28, DE 1961 importância limitada, por ser uma decorrência do
objetivo principal do projeto.
Da Comissão de Serviço público Civil, sôbre o Assim, tendo em vista a conveniência e o
Projeto de Lei da Câmara nº 9, de 1961. interêsse para o serviço público, opinamos pela
aprovação do presente projeto.
Relator: Sr. Ary Vianna. Sala das Comissões, ...de janeiro de 1961. –
O Sr. Presidente da República, em Jarbas Maranhão, Presidente em exercício. – Ary
atendimento à Exposição de Motivos nº 1.659, de Vianna, Relator. – Nelson Maculan. – Guido Mondim.
1957, do Ministro da Justiça, encaminhou, com a
Mensagem nº 97, de 1959, ao exame do Congresso PARECER
Nacional, projeto de lei que visa a criar, no Tribunal Nº 29, DE 1961
Regional do Trabalho da 2ª Região, 8 juntas de
Conciliação e Julgamento, sediadas nas seguintes Da Comissão de Finanças, ao Projeto de Lei
Comarcas: Taubaté, São Bernardo do Campo, da Câmara nº 9, de 1961.
Piracicaba, Bauru, Rio Claro e Araraquara, no
Estado de São Paulo; Londrina, no Estado do Relator: Sr. Gaspar Velloso.
Paraná, e Corumbá, no Estado de Mato Grosso. O presente projeto cria na 2ª Região da
Na Câmara dos Deputados, porém, foi Justiça do Trabalho 20 (vinte) Juntas de Conciliação
alterada a proposição originária do Executivo, sendo, e Julgamento, sendo 4 (quatro) na Capital do Estado
então, aumentado o número de Juntas para 20, de São Paulo e as demais em Araraquara, Taubaté,
distribuídas estas da seguinte maneira; quatro, na São José dos Campos, Mogi das Cruzes. São
Capital do Estado de São Paulo; uma, em Mogi das Bernardo do Campo, Guarulhos, Rio Claro, São
Cruzes; uma, em Guarulhos; uma, em São Carlos; Carlos, Americana, Bauru, Barretos e Piracicaba, no
uma, em Americana; uma em Barretos, tôdas no Estado de São Paulo; Curitiba, Londrina e Ponta
Estado de São Paulo; duas em Curitiba e uma em Grossa, no Estado do Paraná; e Corumbá, no Estado
Ponta Grossa, no Estado do Paraná. de Mato Grosso.
– 239 –

2. O art. 2º da proposição dispõe sôbre a área bral. – Menezes Pimentel. – Guido Mondim. –
jurisdicional das Juntas e o art. 3º determina que: Vivaldo Lima. – Ary Vianna.
“Para compor as Juntas referidas no art 1º,
ficam criados 20 (vinte) cargos de Juiz do Trabalho PARECER
Presidente da Junta, 40 (quarenta) funções de Nº 30, DE 1961
Vogais, sendo 20 (vinte) para a representação dos
empregados 20 (vinte) para a de empregadores e 20 Da Comissão de Educação e Cultura sôbre o
(vinte) de Juiz do Trabalho – Substituto do Projeto de Lei da Câmara nº 13, de 1961 (Projeto de
Presidente da Junta”. Lei nº 1.878-C-60 na Câmara), que cria a Faculdade
3. Êsse mesmo art. 3º no seu § 1º, de Filosofia, Ciências e Letras da Universidade do
determina que “haverá ainda 1 (um) suplente de Ceará, e dá outras providências.
Vogal para cada Junta”. E o § 2º, do mesmo,
estabelece que: Relator: Sr. Mem de Sá.
“Os vencimentos dos cargos e as gratificações O projeto de lei em aprêço, originário do Poder
das funções serão fixados na Lei nº 2.588, de 8 de Executivo, estabelece em seu art. 1º a criação da
setembro de 1955, com as alterações da Lei nº Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da
3.531, de 19 de janeiro de 1959”. Universidade do Ceará, integrando-a desde logo
4. Ordena, finalmente, o art. 6º do projeto, que neste centro coordenador de estudos superiores.
“para atender, no primeiro exercício, às despesas Em seu art. 2º traça as linhas gerais da
decorrentes desta lei, é o Poder Executivo autorizado estrutura da nova unidade de ensino e, no art 3º,
a abrir ao Poder Judiciário – Justiça do Trabalho, após as medidas asseguradoras do seu
Tribunal Regional do Trabalho da 2ª Região, o funcionamento, fixa o critério de progressividade
crédito especial de Cr$ 20.000.000,00 (vinte milhões para a instalação e funcionamento de seus diversos
de cruzeiros)”. cursos, condicionando o início de cada um dêles à
5. O projeto, perfeito no seu formalismo, existência de elementos que lhe garantam o êxito e a
proporciona a expansão das estruturas da Justiça correspondência dos seus objetivos em face das
do Trabalho, de modo a melhor atender às necessidades reais do meio cultural.
necessidades da massa trabalhadora, em tôda Como se vê, a Faculdade de Filosofia da
uma vasta região do País. E essa expansão está Universidade do Ceará deverá funcionar,
de perto relacionada com o crescimento inicialmente, com determinados cursos, julgados
demográfico e com o progresso econômico fundamentais, dentre os quatorze de que se
nacional. compõem as faculdades congêneres, o que ensejará
No que diz respeito ao interêsse das finanças um trabalho experimental mais criterioso, capaz de
públicas, nada existe a opor ao projeto, e, assim, evitar improvisações condenáveis no domínio do
opinamos favoràvelmente a sua aceitação por êste ensino superior.
Órgão. É o nosso parecer. A Universidade do Ceará, criada desde 1954
Sala das Comissões, ...de janeiro de para poder preencher suas importantes finalidades,
1961. – Gaspar Velloso, Presidente e vem se ressentindo da falta de uma Faculdade
Relator. – Francisco Gallotti. – Caiado de oficial de Filosofia, Ciências e Letras, que lhe
Castro. – Silvestre Péricles. – Fausto Ca- complete a estrutura como instituição eminen-
– 240 –

temente cultural e científica, de vez que a Faculdade tamento de suas escolas de grau médio, a melhoria
particular que lhe foi agregada, em virtude da falta de de seus quadros discentes e a preparação
cursos básicos, não mais apresenta condições para conveniente de professôres, orientadores e
atender às múltiplas exigências do ensino. especialistas.
Aliás, do ponto de vista estritamente legal, a Tal providência se faz tanto mais imperiosa
Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras já devia ter quanto se sabe que o desenvolvimento da educação
sido criada no Estado do Ceará, como providência secundária e técnico-profissional no Brasil,
decorrente da própria lei que instituiu a sua notadamente nos Estados do norte e nordeste, se
Universidade (Lei número 2.373, de 16 de dezembro vem processando em detrimento da qualidade do
de 1954). ensino ministrado, devido, em grande parte, à falta
Com efeito, o Estatuto das Universidades de Faculdades que habilitem convenientemente
Brasileiras, modificado, posteriormente, pelo professôres ao exercício das cadeiras de letras e
Decreto-lei nº 8.457, de 26 de dezembro de 1945, disciplinas tradicionais, sobretudo das ciências de
preceitua expressamente que, para o aplicações tecnológicas imediatas, como a
reconhecimento de uma nova Universidade (artigo Matemática, a Física e a Química.
5º, inciso I), faz-se necessária a instituição dêsse Ora, da existência de docentes regularmente
tipo de escola superior entre os dois de cuja habilitados pelas Faculdades de Filosofia, Ciências e
existência depende o seu reconhecimento e Letras depende fundamentalmente o êxito dos
funcionamento, estabelecendo, ainda, no seu art. estudantes nos institutos superiores, quer de
5º, parágrafo único, facilidades especiais para a natureza técnica, quer de natureza puramente
criação de um terceiro instituto superior na cultural.
hipótese de, entre aquelas duas primeiras Além dessas considerações de ordem
faculdades, já existir a de Filosofia, Ciências e genérica, importa ressaltar as condições peculiares
Letras. precárias do ensino existente no Estado do Ceará,
Quanto à conveniência da instituição dessa onde as matriculas aos vários cursos da Faculdade
nova unidade superior de ensino no Estado do particular de Filosofia agregada à Universidade, vêm
Ceará, cabe salientar que, não obstante o apreciável diminuindo progressivamente, sendo que, até hoje,
ritmo de trabalho que a sua Universidade vem não foram ali instalados os cursos de Física, Química
imprimindo, desde a criação, aos estudos superiores e História Natural.
nos diversos ramos, a execução total dos seus Assim é que, dos estudos procedidos dos
planos universitários será em breve comprometida, problemas regionais e sobretudo locais, a cuja
se vier a lhe faltar por mais tempo êsse elemento solução a Universidade mais diretamente está
integrador, já sentido como indispensável a seu empenhada, constatou-se que existem no Ceará
pleno funcionamento. cêrca de 30.000 estudantes em escolas de nível
Acresce, por outro lado, que, conforme médio e, aproximadamente, apenas um milhar de
depoimento colhido de professôres, pesquisadores e professôres, dos quais menos de 20% regularmente
têcnicos de educação, por ocasião do Seminário de licenciados em Faculdades de Filosofia, sendo,
Estudos realizado no Estado do Ceará, urge que seja ainda, que menos de 10% apresentam diplomas que
criada em sua Universidade uma Faculdade oficial os habilitem ao magistério da Matemática e nenhum
de Filosofia, a fim de que possa haver o alevan- ao de Física, Química e História Natural.
– 241 –

Pelas razões expostas, afigura-se a esta administrativas vigentes, opinamos pela sua
Comissão, que as medidas preconizadas no projeto aprovação.
são inteiramente procedentes, e nestas condições, é Sala das Comissões, em 24 de janeiro de
de parecer que o mesmo deve ser aprovado. 1960. – Jarbas Maranhão, Presidente. – Ary Vianna,
Sala das Comissões, em 24 de janeiro de Relator. – Joaquim Parente. – Mem de Sá. – Guido
1961. – Mem de Sá, Presidente e Relator. – Afonso Mondim.
Arinos. – Jarbas Maranhão. – Sebastião Archer.
PARECER
PARECER Nº 31, DE 1961 Nº 32, DE 1961

Da Comissão de Serviço Público Civil, sôbre o Da Comissão de Finanças, sôbre Projeto de


Projeto de Lei da Câmara nº 13, de 1961 (na Câmara Lei da Câmara nº 13, de 1961 (nº 1.876-C-60, na
nº 1.878-C, de 1960). Câmara).

Relator: Sr. Ary Vianna. Relator: Sr. Menezes Pimentel.


O presente projeto, originário do Poder O presente projeto de lei, encaminhado à
Executivo, objetiva criar a Faculdade de Filosofia, Câmara pelo Poder Executivo, cria a Faculdade de
Ciências e Letras da Universidade do Ceará e dá Filosofia, Ciências e Letras da Universidade do
outras providências. Ceará, com sede na cidade de Fortaleza.
Para atender à finalidade a que se propõe, o Na exposição de motivos relacionada com o
projeto em exame cria os seguintes cargos e funções assunto, enviada pelo Ministério da Educação ao
gratificadas: Senhor Presidente da República, estão inventariadas
46 – Professor Catedrático de um modo minucioso e eloqüente as razões de
1 – Diretor – FG-1. ordem técnicopedagógica que sugerem a
1 – Secretário – FG-3. conveniência da medida proposta.
1 – Chefe de Portaria – FG-7. A finalidade precípua das faculdades de
Prescreve ainda o projeto, que o quadro de filosofia é o preparo de profissionais altamente
servidores será organizado de acôrdo com a categorizados para o exercício do magistério
legislação vigente, obedecidas as normas da Lei nº secundário que, através de todo o País, muito
3.780, de 1960 (classificação de cargos). precisará desenvolver-se ainda para chegar ao nível
A Comissão de Educação e Cultura desta das necessidades públicas. E, acrescente-se
Casa já se manifestou na espécie, aduzindo também "que a Capital do Ceará, pela sua
considerações que justificam a aprovação do projeto, população e pela sua importância cultural, é um
dentro de seu ângulo de exame. centro urbano que reune as condições
No que tange ao aspecto dado a esta indispensáveis para o êxito de uma escola dêsse tipo
Comissão apreciar, tendo em vista o interêsse e a e, por isso mesmo, reclama sua pronta instalação.
conveniência para o serviço público, nada há que Com vistas às finanças públicas, nada
obste a aprovação do projeto. encontramos no projeto que o contraindique – e
Assim, considerando que a matéria versada na assim concluímos, opinando favoràvelmente à sua
presente proposição está de acôrdo com as prescrições aceitação por este Órgão Técnico.
– 242 –

Sala das Comissões, em 24 de janeiro de dos empecilhos cuja eliminação se torna


1961. – Gaspar Velloso, Presidente. – Menezes aconselhável;
Pimentel, Relator. – Fausto Cabral. – Arlindo d) que a prática tem demonstrado que o militar
Rodrigues. – Victorino Freire. – Irineu Bornhausen. – só exerce uma determinada função com real proveito
Vivaldo Lima. – Ary Vianna – Mem de Sá. – Guido para o Estado se sua permanência na mesma fôr no
Mondim. mínimo, de 1 (um) ano;
e) que, por outro lado, o militar promovido
PARECER dificilmente poderá permanecer no cargo, seja por
Nº 33, DE 1961 falta de vaga na Unidade, órgão, Estabelecimento ou
Repartição correspondente ao seu nôvo pôsto, seja
Da Comissão de Segurança Nacional, sôbre o pela necessidade de cumprir as exigências
Projeto de Lei da Câmara nº 14, de 1961 (nº regulamentares de carreira, impondo-se, em ambos
1.961.60, na Câmara), que dá nova redação ao art. os casos, a sua classificação em outro órgão, o que
13, da Lei número 2.370, de 9 de dezembro de 1954, tem vários inconvenientes, como:
que regula a inatividade dos militares. I) as despesas que acarretará ao Estado com
ajuda de custo, diárias de alimentação e pousada,
Relator: Sr. Caiado de Castro. transporte de ida e volta, serão vultosas, em relação
Determina o presente projeto (artigo 1º) que o ao tempo de serviço que irá prestar;
artigo 13 da Lei número 2.370, de 9 de dezembro de II) não exercerá a nova função durante os 6
1954, passa a ter a seguinte redação: (seis) meses, pois há que deduzir os períodos
II – O projeto, de iniciativa do Poder Executivo, regulamentares de transmissão do cargo e encargos,
veio ao Congresso acompanhado de Exposição de de trânsito, de deslocamento e de instalação na nova
Motivos dos ministros das pastas militares, na qual, localidade;
justificando-se a medida, alega-se: III) no caso do oficial, poderá ocorrer que já
a) que o rejuvenescimento dos quadros das esteja ocupando um cargo elevado e, em
Fôrças Armadas, particularmente nos postos de conseqüência, a sua transferência irá acarretar duas
hierarquia mais elevada, contribui de modo modificações em cargos de direção, chefia ou
preponderante para sua eficiência; comando em espaço de tempo muito curto,
b) que há, assim, tôda a conveniência em prejudicando a boa marcha da administração e da
acelerar êsse rejuvenescimento, eliminando os instrução;
óbices que dificultam o ingresso na inatividade ao f) que o militar, ao solicitar transferência para a
militar amparado pela Lei nº 2.370, de 9 de reserva, já foi movimentado duas vêzes, suportando
dezembro de 1954 (Lei de Inatividade dos Militares); todo os sacrifícios decorrentes de tais transferências,
c) que o artigo 13 da citada Lei número não sendo justo submetê-lo a mais uma privação,
2.370 faculta ao militar transferência para quando esta, por sua vez, só acarretará, ônus para o
a reserva remunerada, desde que conte, Estado.
no mínimo, 25 (vinte e cinco) anos de III – Como se verifica, são os próprios titulares das
efetivo exercício e 6 (seis) meses no pôsto, sendo Secretarias da Aeronautica, da Guerra e da Marinha que,
esta parte – e 6 (seis) meses no pôsto – um baseados na experiência, propõem a alteração da Lei
– 243 –

2.370, apontando razões de ordem prática que Nós, do Partido Socialista, na atual
convencem, perfeitamente, da necessidade da conjuntura histórico-econômica da nossa Pátria,
medida entendemos por nacionalismo uma posição de
Assim sendo, opinamos pela aprovação do defesa de certos aspectos básicos da economia
projeto. brasileira, os quais podem ser equacionados,
Brasília, em 24 de janeiro de 1961. – Caiado resolvidos e postos em prática em diferentes
de Castro, Presidente e Relator. – Jarbas Maranhão. perspectivas das quais resultam, sem a menor
– Lima Teixeira. – Arlindo Rodrigues. dúvida e sem possibilidade. de contestação,
O SR. PRESIDENTE: – Com o falecimento do conseqüências as mais diversas para o progresso
saudoso Senador Attílio Vivacqua, abriu-se uma vaga e para o desenvolvimento econômico e social do
na representação do Espírito Santo nesta Casa. nosso País.
Para preenchê-la a Mesa convoca o suplente A essa altura dos acontecimentos
do extinto, Sr. Silvério Del Caro. político-históricos, não é mais lícito duvidar,
Vai ser lida uma comunicação do Sr. por exemplo, de que uma das posições
Presidente o Tribunal Superior Eleitoral. nacionalistas mais evidentes é a da defesa do
É lida a seguinte: petróleo nacional, dos minerais de base e
das indústrias que formam a infra-estrutura da
COMUNICAÇÃO economia do País. Defesa essa que vem
sendo empreendida com persistência e, devemos
De Brasília – NR 69-20-1-61 – Comunico dizer mesmo, com denodo nos últimos dez
Vossência Tribunal Superior Eleitoral sessão dia anos da História brasileira, com algumas vitórias
dezoito janeiro corrente apreciando processo número
marcantes que podem ser assinaladas com a
2.054 vg referente comunicação renúncia mandato
referência de fatos e até de números.
Senador Tacíano Gomes de Mello vg pelo Estado
A ninguém é lícito duvidar, por exemplo,
Goiás e não havendo suplente a convocar vg
de que a situação econômica nos dias em que
resolveu marcar nova eleição para dia quatro junho
vivemos da indústria nacional do petróleo,
vindouro pt Cordiais saudações. – Nelson Hungria,
com suas atividades nacionalizadas por
Presidente Tribunal Superior Eleitoral.
um estatuto, em boa hora aprovado pelo
O SR. PRESIDENTE: – Está finda a leitura do
Expediente. Congresso Nacional, difere profundamente –
Tem a palavra o nobre Senador Antônio podemos mesmo dizer que é uma posição
Baltar, orador inscrito. diametralmente oposta – daquilo que se
O SR. ANTONIO BALTAR (*): – Senhor esboçava há 10 ou 12 anos, quando a incipiente
Presidente, Srs. Senadores, acredito, nas poucas indústria do petróleo brasileiro oscilava ainda
vêzes em que me foi dada a oportunidade de usar da entre duas orientações, sem que se pudesse
palavra nesta Casa, tenha deixado, suficientemente saber se as suas atividades principais seriam
clara minha posição política e ideológica de entregues, como o foram ao monopólio estatal, ou
nacionalista, outra não podendo ser minha posição se, pelo contrário, seriam abandonadas a vorazes
de militante do Partido Socialista Brasileiro. interêsses estrangeiros.
Do mesmo modo batem-se os
__________________ nacionalistas – pela defesa dos chamados
(*) – Não foi revisto pelo orador. minerais estratégicos, que com-
– 244 –

põem larga gama de produtos, cujo valor na mico nacional para outros, através precisamente de
metalurgia, na siderurgia e em outros ramos de suas todo o jôgo de relações econômicas que decorre
aplicações é de tal forma básico, em face da, dêsses fluxos opostos de importação e exportação. É
tecnologia militar contemporânea, que podem ser então possível orientar as preocupações de uma
considerados elementos fundamentais, tanto na paz corrente que estuda os problemas econômicos tendo
como na guerra. em mira os interêsses nacionais, de tal forma que
Também em relação a êsses minerais seja um dos seus objetivos reduzir o mais possível,
algumas vitórias podem ser assinaladas, daqueles dentro, evidentemente, do jôgo normal e lícito dos
que se filiam, no Brasil, à chamada corrente interêsses econômicos que ocorrem entre diferentes
nacionalista, para a qual a defesa dêsses minerais é países, a parcela da renda nacional que tenha de ser
um capítulo dos mais importantes da História transferida, em virtude das obrigações assumidas no
brasileira no momento que vivemos. plano de comércio internacional, para os sistemas
Se quiséssemos resumir num objetivo único econômicos de outros países.
tôdas as metas – para usar uma palavra da moda Por essas razões, Sr. Presidente,
que constituem a preocupação central dos surpreendeu-nos profundamente há dias, a todos
nacionalistas brasileiros, diriamos, talvez do ponto de nós nacionalistas, um artigo publicado pelo ilustre
vista econômico como uma síntese dessas economista que é o Sr. Roberto Campos. Não
preocupações, que êsse objetivo é a retenção, na sòmente economista de grandes luzes teóricas e de
economia interna do País, de uma parcela cada vez vastas tarefas práticas já realizadas, haja vista que
maior da renda nacional. S. Sa. foi um dos mais eminentes colaboradores do
Sabemos que o funcionamento de um sistema Sr. Presidente da República, quando ainda
econômico nacional não se pode fazer normalmente candidato, pois organizou o programa de metas com
sem que êsse sistema entre em relações contínuas, o qual S. Exa. se apresentou ao povo brasileiro.
permanentes, com outros sistemas econômicos O Sr. Roberto Campos escreveu recentemente
nacionais. Assim, dos vários movimentos de bens, um artigo em jornal do Estado da Guanabara,
serviços e valores que representam o intercâmbio vazado no seu mais puro estilo – é S. Sa. um
econômico, muitos se fazem ultrapassando as fronteiras magnífico cultor da língua portuguêsa no momento –
nacionais, por meio dos grandes fluxos de importação e ninguém lhe nega essa virtude – para afirmar que,
exportação que compõem o comércio, internacional. compulsadas as estatísticas mais idôneas, se verifica
Acontece, Sr. Presidente e Srs. Senadores, que que tôda a remessa de lucros, de juros e de royalties
da renda nacional que é, como sabem muito bem V. para o estrangeiro não passava de 6% do produto
Exas., a expressão numérica, numa unidade de tempo, nacional bruto brasileiro dos dias que correm.
do resultado final de tôda a atividade econômica, – A tese do economista Sr. Roberto Campos,
medido êsse resultada através da remuneração paga evidentemente, é a de que um desfalque
aos fatôres da produção – acontece, repito, que da de apenas 6% do produto nacional bruto não tem
renda nacional algumas parcelas, como por exemplo, os expressão. É claro que numa fase inflacionária
lucros, os juros e mesmo os aluguéis, podem, com a como a que vivemos, durante a qual as
maior facilidade, ser transferidos de um sistema econô- operações de crédito Interno são realizadas nor-
– 245 –

malmente a taxas quatro e cinco vêzes mais altas que te a ressalva – quinze anos para ser duplicado; se
essa, se torna claro que a referência a uma remessa de imaginarmos – e não será necessário grande tour de
apenas 6% do produto nacional bruto para o force – conseguiríamos reduzir à metade a nossa
estrangeiro é ouvida, lida e compreendida como se remessa de royalties, juros e lucros para o
tratasse de uma remessa altamente insignificante. estrangeiro, conforme o testemunho do Sr. Roberto
Se analisarmos, porém, o problema pelo prisma Campos, da ordem de 6%, do produto nacional
econômico ao qual êle não pode fugir, e verificarmos bruto, teremos possibilidade de acrescer a êsse
que o produto nacional bruto do Brasil, isto é, a produto, não à razão de cinco por cento ao ano, mas
avaliação da soma de bens e serviços produzidos de oito por cento, porque os três por cento do
internamente no País – os quais estão ou ficarão à produto remetido para o estrangeiro, ficariam dentro
disposição do povo brasileiro para seu uso e gôzo – se do País e conseqüêntemente acrescidos à nossa
verificarmos, repito, que êsse produto vem crescendo a renda interna.
uma taxa em tôrno de 5% o que é um resultado Teríamos, assim, Sr. Presidente, um aumento
considerável, para um país no nosso estado de de 5%. Na hipótese êsse seria realmente um ponto
desenvolvimento, a conclusão a que chegaremos da mais forçado, se tôda a remessa de lucros, royalties
exposição feita pelo Sr. Roberto Campos, baseado nas e juros pudesse ser suprimida, o nosso produto
mais idôneas estatísticas, é a de que, ao contráário do cresceria a cinco mais seis por cento, isto é, a onze
que conclui, a remessa de 6% do produto nacional por cento ao ano. Confrontando na tabela a que me
bruto para o estrangeiro, a título de royalty, de juros e referi os prazos em que o capital inicial seria
lucros, é desfalque considerável nas nossas duplicado, triplicado ou quadruplicado, teríamos a
possibilidades de desenvolvimento autônomo. diferentes taxas – teríamos em hipótese mais
Não tenho, infelizmente, comigo os números forçada, repito – em apenas sete anos o que ora
exatos, mas quem está acostumado a lidar com a obtemos em quinze anos.
matemática financeira fará mentalmente a correção O SR. MEM DE SÁ: – Nesse caso, não
dos dados que citarei de memória. haveria qualquer entrada de capital estrangeiro.
Se tomarmos uma tabela, das mais simples e O SR. ANTONIO BALTAR: – Esperava a
usuais, da matemática financeira – aquela que dá observação de V. Exa. A hipótese que ora levanto, é
a acumulação de juros compostos a diferentes taxas meramente teórica.
e a prazos sucessivos, ou seja a tabela de base O SR. MEM DE SÁ: – É mister saber se o
sôbre a qual se calculam tôdas as outras, inclusive desconto sendo de seis por cento não seria
a celebérrima Tabela Price; se confrontarmos os compensado pelo ingresso. E preciso levar em
prazos em que dado capital inicial, unitário, consideração êsse aspecto.
se duplica, triplica, quadruplica etc., a diferentes O SR. ANTONIO BALTAR: – Êsse ingresso
taxas, veremos que enquanto o produto nacional não acresce o produto nacional bruto, é mero capital.
bruto crescendo a cinco por cento ao ano, demorará, O SR. MEM DE SÁ: – Mas é com êsse capital
se não me falha a memória, faço novamen- que se forma o produto.
– 246 –

O SR. ANTONIO BALTAR: – Esperava essas O SR. ANTONIO BALTAR: – Vou passar ao
objeções de V. Exa. Refiro-me, porém, ponto que V. Exa. antecipou,. É evidente, como
exclusivamente, ao produto inicial. Minhas acentuei, há pouco, que não se pode pensar em o
considerações – fiz questão de frisá-lo, de início – País crescer ou mesmo em não crescer, estabilizar-
são de pura matemática financeira, que pretendo se ou mesmo diminuir, sem entrar em relações
completar com observações como a que V. Exa. econômicas com outros países.
acaba de fazer. Não sou muito velho, não sei se feliz ou
O SR. MEM DE SÁ: – De matemátiva infelizmente, mas lembro ainda as agruras
financeira eu nada entendo. econômicas por que passou a Rússia Soviética
O SR ANTONIO BALTAR: – Pretendia quando, anos após a Revolução de 1917, não
desenvolver meus comentários a fim de encontrava meios de entrar em relações econômicas
demonstrar que os seis por cento de remessa de com outros países.
lucro para o estrangeiro afetam nosso ritmo de Grande dificuldade teve a Rússia, com todo
crescimento, ao contrário do que diz o seu potencial e tremendos fatôres de
economista Roberto de Oliveira Campos, que os desenvolvimento, de terras, mão-de-obra e riquezas
considera altamente insignificantes. Digo eu: a nacionais, de entrosar desenvolvolvimento sem que
psicologia publicitária do seu artigo – e não lhe entrasse em relações com os outros países para ir
faço aqui qualquer crítica, ou maior restrições, buscar capital estrangeiro.
pois reconheço em S. Sa. economista O nobre Senador Mem de Sá lembrou muito
esclarecido, homem ilustre, que escreve muito bem que a minha hipótese é abstrata. Não o neguei
bem... de início quando declarei que apenas considerava o
O SR. MEM DE SÁ: – É dos maiores aspecto financeiro-matemático da questão.
economistas do País. Se compararmos o que foi feito pela Comissão
O SR. ANTONIO SALTAR: – Econômica com a entrada de capital estrangeiro nos
...evidentemente está situado em uma das duas países latino-americanos e o volume do que em função
diferentes perspectivas em que se pode imaginar o sai hoje anualmente a titulo de royalties, juros e lucros,
crescimento do País, uma autônoma e a outra também os números não se apresentam muito
muito ligada aos capitais estrangeiros. Sob êsse defensores da tese do ilustre Dr. Roberto Campos.
aspecto, está S. Sa. em posição diametralmente A comparação feita nestes têrmos dá uma
oposta à minha. O que S Sa. pretendeu fazer foi relação altamente desfavorável à eficiência real da
explorar o número seis, ou melhor os seis por participação do capital estrangeiro no crescimento
cento, lançados à face de um povo que obtém das economias nacionais latino-americanas.
dinheiro a juros altos de 24 e 36 por cento. Parece Mais uma vez, infelizmente, não tenho comigo
taxa ridícula. Estou provando que não é. dados.
Subtraindo o crescimento do produto nacional de O SR. MEM DE SÁ: – Em tôrno dêsses dados
seis por cento, duplica, triplica e às vêzes há, de fato grande controvérsia. É difícil obter-se
quadruplica os prazos em que é possível imaginar- exatidão.
se dobrada a renda nacional. O SR. ANTONIO SALTAR: –
O SR. MEM DE SÁ: – Êsse o ponto. A própria Comissão Econômica da
– 247 –

América Latina os critica severamente. Apresentou não poder tomar parte nos debates sôbre a matéria.
dados, os quais em muitos pontos, são Gostaria de fazer firmes os meus e os pontos de
bastante controvertidos. Voltando, Sr. Presidente, vista do meu Partido, através da minha humilde
às considerações iniciais do meu discurso, palavra. (Muito bem, muito bem).
nós que nos intitulamos – embora em certas rodas O SR. PRESIDENTE: – Sôbre a mesa
a palavra esteja se tornando pejorativa – requerimentos que vão ser lidas.
nacionalistas no sentido preciso, trabalhamos São lidos e aprovados os seguintes:
no plano político e econômico intensa e
conscientemente para que a maior parcela REQUERIMENTO Nº 32, DE 1961
possível da renda nacional fique no País, servindo
ao povo brasileiro, crescendo através do aumento Nos têrmos do art. 211, letra 12, do Regimento
da renda per capita os bens de serviço disponíveis Interno, requeiro dispensa de interstício e prévia
para tôdas as classes sociais. distribuição de avulsos para o Projeto de Lei da
Nós nacionalistas, ao mesmo tempo que Câmara nº 14 de 1961, a fim de que figure na Ordem
propugnamos por uma defesa, cada vez mais do Dia da sessão seguinte:
cerrada, das riquezas de base, não abandonamos Sala das Sessões, em 24 de janeiro de 1961.
– mesmo em face do brilhante artigo do Sr. – Caiado de Castro.
Roberto Campos, a nossa posição em
considerarmos também e ainda peça fundamental REQUERIMENTO Nº 33, DE 1961
do nosso trabalho de nacionalistas, o contrôle
da remessa de lucros, de juros, e a devolução de Nos têrmos do art. 211, letra n, do Regimento
capital para os investidores estrangeiros. Isto Interno, requeiro dispensa de interstício e prévia
porque se compararmos a legislação brasileira distribuição de avulsos para o Projeto de Lei da
sôbre o assunto com o que existe na maioria Câmara nº 13 de 1961, que cria a Faculdade de
das outras nações mais desenvolvidas do Filosofia, Ciências e Letras da Universidade do
mundo, inclusive os Estados Unidos, veremos Ceará a fim de que figure na Ordem do Dia da
que nossa legislação atual é excessiva e sessão seguinte:
incompreensivelmente liberal para um país Sala das Sessões, em 24 de janeiro de 1961.
que precisa fomentar a acumulação de – Fausto Cabral.
capitais internos, para que êsse aumento de
capitais internos sirva realmente de base ao REQUERIMENTO Nº 34, DE 1961
engrandecimento global da economia.
Sei que no Congresso Nacional está em Nos têrmos do art. 211, letra n, do Regimento
tramitação um projeto inclusive com algumas Interno, requeiro dispensa de interstício e prévia
emendas e substitutivos que regula o assunto. distribuição de avulsos para o Projeto de Lei da
Confesso a V. Exa., Sr. Presidente, que uma Câmara nº 129, de 1959, afim de que figure na
das mágoas com que me retirarei desta Casa para Ordem do Dia da sessão seguinte:
ser substituído com maior brilho e eficiência, pelo Sala das Sessões, em 24 de
titular da cadeira que ocupo provisoriamente, é a de janeiro de 1961. – Sebastião Archer.
– 248 –

O SR. PRESIDENTE: – Os projetos a que se Os Srs. Senadores que aprovam o projeto,


referem os requerimentos que acabam de ser queiram conservar-se sentados. (Pausa).
aprovados, entrarão na Ordem do Dia da próxima Aprovado.
sessão. É o seguinte:
Vai ser lido mais um requerimento.
É lido e apoiado o seguinte: PROJETO DE LEI DA CÂMARA
Nº 12, DE 1961
REQUERIMENTO Nº 35, DE 1961
(Nº 2.424-B, de 1960, na Câmara)
Nos têrmos dos arts. 171, nº I, e 212, alínea, z-1,
do Regimento Interno requeiro inclusão em Ordem do Autoriza o Poder Executivo a abrir, pelo
Dia do Decreto Legislativo nº 3, de 1960, que cria a Ministério da Viação e Obras Públicas, o crédito
Ordem do Mérito Legislativo cujo prazo, na Comissão especial de Cr$ 4.377.318.000,00, destinado ao
de Constituição e Justiça, já se acha esgotado. pagamento de diferenças de remuneração de
Sala das Sessões, em 24 de janeiro de 1961. pessoal das ferrovias.
– Vivaldo Lima.
O SR. PRESIDENTE: – De acôrdo com o O Congresso Nacional decreta:
Regimento Interno, o requerimento que acaba de ser Art. 1º Fica o Poder Executivo autorizado a
lido será discutido e votado ao final da Ordem do abrir pelo Ministério da Viação e Obras Públicas o
Dia. crédito especial de Cruzeiros 4.377.318.000,00, com
Passa-se à: o fim específico de pagar as diferenças de
remuneração, referentes ao exercício de 1960, aos
ORDEM DO DIA funcionários, operários, diaristas e horistas das
ferrovias a seguir discriminadas:
Discussão única do Projeto de Lei da Câmara nº
12, de 1981 (nº 2.424, de 1960, na Câmara) que Cr$
autoriza o Poder Executivo a abrir, pelo Ministério da
Viação e Obras Públicas, o crédito especial de 1. E.F. Madeira Mamoré........ 20.040.000,00
Cruzeiros 4.377.318.000,00 destinado ao pagamento 2. E. F. Bragança................... 17.067.000,00
de diferença de remuneração de pessoal das ferrovias 3. E. F. São Luís-Teresina..... 36.777.000,00
(incluído em Ordem do Dia em virtude de dispensa de 4. E. F. Central do Píauí......... 10.557.000,00
interstício, concedida na sessão anterior, a 5. R. V. Cerense..................... 60.690.000,00
requerimento do Sr. Senador Moura Andrade), tendo 6. R. F. F. Norte Brasileiro..... 257.883.000,00
Parecer favorável, da Comissão de Finanças. 7. V. F. F. Leste Brasileiro...... 206.400.000,00
8. E. F. Bahia-Minas............... 47.523.000,00
Em discussão. 9. E. F. Leopoldina................. 706.806.000,00
Não havendo quem faça uso da palavra, 10. E. F. Central do Brasil........ 1.313.409.000,00
encerro a discussão. 11. R. Mineira de Viação.......... 359.535.000,00
Em votação. 12. E. F. Goiás......................... 65.385.000,00
249 –

13. E. F. Santos a Jundiaí........ 288.423.000,00 ORDEM DO DIA


14. E. F. Noroeste do Brasil..... 212.118.000,00
15. R. V. Paraná Santa 1 – Discussão única do Projeto de Lei da
Catarina.............................. 293.919.000,00 Câmara nº 129, de 1959 (nº 3.940, de 1958, na
16. E. F. Dona Teresa Cristina. 30.252.000,00 Câmara), que concede auxílios às Prefeituras de
17. V. F. Rio Grande do Sul..... 450.534.000,00 Guimarães e de Arari, no Estado do Maranhão (incluído
Total................................... 4.377.318.000,00 em Ordem do Dia em virtude de dispensa de interstício
concedida na sessão anterior, a requerimento do Sr.
Art. 2º Esta lei entrará em vigor na data de sua Senador Sebastião Archer), tendo Pareceres
publicação, revogadas as disposições em contrário. favoráveis, das Comissões: – de Constituição e Justiça;
O SR. PRESIDENTE: – O projeto vai à de Educação e Cultura e de Finanças.
sanção. 2 – Discussão única do Projeto de Lei da
Esgotada a matéria da Ordem do Dia. Câmara nº 13, de 1961 (nº 1.878, de 1960, na
Em discussão o Requerimento nº 35, Câmara dos Deputados) que cria, a Faculdade de
anteriormente lido, do Sr. Senador Vivaldo Lima, Filosofia, Ciências e Letras da Universidade do Ceará
para a inclusão, em Ordem do Dia, do Projeto de (incluído em Ordem do Dia em virtude de dispensa de
Decreto Legislativo nº 3, de 1960. interstício, concedida na sessão anterior, a
Não havendo quem faça uso da palavra, requerimento do Sr. Senador Fausto Cabral), tendo
encerro a discussão. Pareceres favoráveis das Comissões de Educação e
Em votação. Cultura; de Serviço Público Civil; e de Finanças.
Os Srs. Senadores que aprovam o 3 – Discussão única do Projeto de Lei da Câmara
Requerimento, queiram conservar-se sentados. nº 14, de 1961, (nº 1.961, de 1960 na Câmara), que dá
(Pausa). nova redação ao art. 13 da Lei nº 2.370, de 9 de
Aprovado. dezembro de 1954, que regula a inatividade dos militares
De conformidade com o voto do Plenário, a (incluído em Ordem do Dia em virtude de dispensa de
matéria a que se refere o requerimento vai à interstício, concedida na sessão anterior, a requerimento
Comissão seguinte à do despacho anterior. do Sr. Senador Caiado de Castro), tendo Parecer
Nada mais havendo que tratar, vou favorável da Comissão de Segurança Nacional.
encerrar a sessão. Convoco os Srs. Senadores Está encerrada a sessão.
para outra, extraordinaria, às 10,30 horas de Levanta-se a sessão às 22
amanhã. com a seguinte: horas e 10 minutos.
16ª SESSÃO DA 2ª SESSÃO LEGISLATIVA, EXTRAORDINÁRIA, DA 4ª LEGISLATURA, EM 25 DE
JANEIRO DE 1961

PRESIDÊNCIA DO SENHOR CUNHA MELLO

Às 10 horas e 30 minutos, acham-se Irineu Bornhausen.


presentes os Srs. Senadores: Mem de Sá.
Cunha Mello. Guido Mondim. – (41).
Vivaldo Lima. O SR. PRESIDENTE: – A lista de presença
Zacharias de Assumpção.
acusa o comparecimento de 41 Senhores
Victorino Freire.
Sebastião Archer. Senadores. Havendo número legal, declaro aberta a
Eugênio Barros. sessão.
Mendonça Clark. Vai ser lida a Ata.
Mathias Olympio. O Senhor Mathias Olympio, Primeiro Suplente,
Joaquim Parente. servindo de Segundo Secretário, procede à leitura da
Fausto Cabral. Ata da sessão anterior, que é aprovada sem
Menezes Pimentel. debates.
Sérgio Marinho.
O Senhor Novaes Filho, Quarto
Reginaldo Fernandes.
Argemiro de Figueiredo. Secretário, servindo de Primeiro Secretário, lê o
Ruy Carneiro. seguinte:
Novaes Filho.
Antônio Baltar. EXPEDIENTE
Rui Palmeira.
Silvestre Péricles. Ofício
Lourival Fontes.
Heribaldo Vieira. Da Câmara dos Deputados nº 69, do
Lima Teixeira.
corrente ano, encaminhando autógrafos do
Aloysio de Carvalho.
Ary Vianna. seguinte:
Paulo Fernandes.
Arlindo Rodrigues. PROJETO DE LEI DA CÂMARA
Caiado de Castro. Nº 15, DE 1981
Afonso Arinos.
Benedito Valadares. (Nº 4.348-C, de 1958, na Câmara)
Nogueira da Gama.
Moura Andrade. Concede ao Museu de Arte de São Paulo,
Pedro Ludovico. durante cinco anos, a subvenção anual de Cruzeiros
Coimbra Bueno.
25.000.000,00.
João Villasbôas.
Gaspar Valioso.
Nelson Maculan. O Congresso, Nacional decreta:
Francisco Gallotti. Art. 1º Fica concedida ao Museu de Arte de São
Saulo Ramos. Paulo, durante (cinco) anos, a subvenção de Cr$
– 251 –

25.000.000,00 (vinte e cinco milhões de cruzeiros), época chuvosa, impediria acontecer o que é comum,
como auxilio no resgate de seu débito para com a deslizar e não conseguir arrastar os arados.
Caixa Econômica Federal de São Paulo e na Verifico, porém, que os conselhos emitidos
aquisição de uma pequena coleção de primitivos, naqueles debates não foram levados em conta,
que completem a galeria paulista, dando-lhe unidade porque os tratores fabricados, pelo que me foi dado
pictórica que ela ainda não possui. observar, não são os de esteira, mas os antigos
Parágrafo único. Na proposta orçamentária tipos, com rodas de borracha, sem aquela aderência
dos exercícios de 1961, 1962, 1963, 1964 e 1965, o indispensável para maior tração e,
Poder Executivo fará constar do Anexo do Ministério conseqüentemente, arrastar melhor os arados que
da Educação e Cultura o auxilio de que trata esta lei. sulcam a terra.
Art. 2º Caso não conste do Orçamento Geral Conheço uma região do meu Estado, a do
da União de qualquer dos exercícios referidos no Recôncavo, com as ubérrimas terras do Massapé,
parágrafo anterior, o crédito respectivo, fica o Poder onde uma máquina agrícola, especialmente um trator
Executivo autorizado a abri-lo pelo Ministério da de rodas de borracha ou mesmo de rodas de ferro
Educação e Cultura, como crédito especial, dentadas, não daria o resultado desejado se não
entregando-o à mencionada Associação, para os fins possuísse esteira que é, realmente, o tipo de trator
desta lei. mais aplicado ao nosso solo.
Art. 3º Esta lei entrará em vigor na data de sua Deixo aqui novamente, a minha sugestão a
publicação, revogadas as disposições em contrário. essas fábricas de tratores, e a minha esperança,
À Comissão de Finanças. como agricultor, sempre em contato com os
O SR. PRESIDENTE: – Está finda a leitura do homens do campo e, especialmente, porque o
Expediente. meu velho e saudoso pai, por volta do ano
Tem a palavra o nobre Senador Lima Teixeira. 1918 adquirira o primeiro trator que fôra para
O SR. LIMA TEIXEIRA (*): – Sr. Presidente, o Estado da Bahia importado naquela ocasião
Srs. Senadores, há poucos dias tive ensejo de e de fabricação Marc-Cormick movido a querosene,
apreciar e, ìntimamente, comentar a implantação, no ainda com o tipo de roda antiga dentada.
Brasil, da indústria de tratores. Recordo, Sr. Lembro-me bem do seu entusiasmo ao reunir os
Presidente, que quando visitei o Estado de São trabalhadores da fazenda para assistirem à
Paulo, em companhia de vários colegas, nos primeira experiência daquela máquina agrícola
debates que ali travamos com os diretores das que era acompanhada de um arado de três
fábricas de automóveis, tivemos oportunidade discos e de uma ceifadeira. Eu era criança e
de alertá-los que seria conveniente a construção me recordo bem de quando se colocou a ceifadeira
dos tratores de esteira, mais apropriados à para realizar o trabalho de limpa do campo. Os
lavoura e mais destinados ao revolvimento trabalhadores dali habituados a usar o instrumento
da terra, uma vez que sendo sua superfície de denominado estrovenga, para o trabalho de
aderência muito maior naqueles terrenos, em corte do mato mais baixo, depois que a máquina,
arrastando a ceifadeira, realizou o primeiro trabalho
__________________ de limpa do campo, não acreditando no que viam,
(*) – Não foi revisto pelo orador. fizeram o seguinte comentário: "Nunca pen-
– 252 –

samos que esta máquina pudesse realizar, em tão agricultores? Do contrário, receio muito que não
pouco tempo, tarefa que seria para três dias". Um passamos ter nossa agricultura mecanizada; os
dêles, entretanto, vivo e inteligente, comentou: "O fazendeiros não poderão comprar os nossos
mato não foi cortado bem rente como costumamos tratores...
fazer com a estrovenga". O SR. LIMA TEIXEIRA: – Perfeitamente.
Pois bem, anos depois, já eu assistia ao O SR. CAIADO DE CASTRO: – porque, à
trabalho de uma ceifadeira de cortar rente o mato, medida que os produtos são fabricados neste
deixando o trabalho perfeito. Não era possível, País o preço dos mesmos se torna astronômico.
apenas, realizar o destocamento. A gasolina, por exemplo, em 1956, custava
O SR. CAIADO DE CASTRO: – Permite V. Cr$ 2,40, Começamos a produzi-la. Dizem as
Exa. um aparte? publicações oficiais que o Brasil já produz 70
O SR. LIMA TEIXEIRA: – Com todo o prazer. ou 80% da gasolina necessária ao nosso consumo.
O SR. CAIADO DE CASTRO: – Aprecio, Mas, desde que começamos a usar o produto
extraordinàriamente, as considerações de V. Exa., nacional, êle passou a ser vendido cinco vêzes
quanto aos primeiros tratores que chegaram ao mais caro que o estrangeiro. Por isso, receio,
Brasil. São também do meu tempo. Assisti a coisas repito, que a produção de tratores os torne
parecidas como essa que V. Exa. está citando. Sou inacessíveis aos nossos agricultores. Li nos
do tempo em que se comprava um automóvel por jornais, não sei se a nota é oficial, de que seria
Cr$ 3.800,00. proibida a importação dessas máquinas. Pergunto:
O SR. LIMA TEIXEIRA: – É exato, Cr$ quanto tempo levaremos para produzir os tratores
3.800,00. de que necessitamos? Se não podemos importar,
O SR. CAIADO DE CASTRO: – O meu enquanto esperamos pela fabricação nacional
primeiro automóvel foi dêsse preço. O meu grande perderemos um ou dois anos.
receio, apesar de ser homem otimista, é de que os O SR. LIMA TEIXEIRA: – É claro.
preços dos tratores fabricados no Brasil cheguem a Participo, Sr. Presidente, das apreensões
tal ponto que o agricultor pobre não os possa do nobre Senador Caiado de Castro. É realmente
adquirir. o que ocorre com os automóveis fabricados
No bar da Câmara dos Deputados, por neste país, cujos elevados preços não têm
exemplo pago uma garrafa de água mineral Cr$ justificativa. O ilustre representante do Estado da
25,00. Criamos a indústria de automóveis, Guanabara, ao trazer esta oportuna sugestão
entretanto, um automóvel nacional custa quatro lembra-me que, muitas vêzes, da tribuna desta
vêzes mais que um carro estrangeiro. Li, agora, Casa, demonstrei que os nossos agricultores não
notícia de que estão proibidas as importações de podem adquirir tratores porque essas máquinas,
tratores porque vamos fabricá-los. V. Exa., como importadas hoje, por preço mais acessível
homem experimentado, não acha que deveríamos dentro da época que estamos vivendo, custam
fazer a essas companhias e ao Govêrno um apêlo mais de três milhões de cruzeiros. Êsse o preço
para que os tratores que pretendem fabricar de importação de um trator equipado. Com exceção
no Brasil o sejam a preço acessível aos dos fazendeiros de São Paulo, que real-
– 253 –

mente têm condições econômicas, qual o agricultor nha de meios para importar tratores, salientando
do Norte e do Nordeste que poderá adquirir, mesmo que as verbas destinadas ao Ministério da
em longas prestações, um trator cujo preço varia Agricultura não correspondem nem a 5% da renda
entre três milhões e cinco milhões de cruzeiros? tributária nacional; e que, não obstante ser o
Essa é a razão do Brasil, só possuir cinqüenta Ministério desprovido de recursos, todos as anos são
mil tratores para dois milhões e duzentos mil incluídas no plano de economia as dotações
estabelecimentos agrícolas. principais, necessárias ao desenvolvimento agrícola
Como se pode compreender que um País que do País.
possui perto de dois milhões e duzentos mil Acrescentou o Ministro ser desejo seu criar o
estabelecimentos agrícolas tenha apenas cinqüenta setor de moto-mecanização, através da Seção do
mil tratores? E dêsses cinqüenta mil, pouco mais de Fomento Agrícola, para que as patrulhas
trinta mil estão em funcionamento. motomecanizadas vão ao encontro dos agricultores
Êsses dados são do Conselho Nacional de realmente desejosos de trabalhar e desenvolver as
Economia. Êles nos provam que um país nas nossas suas lavouras; mas estava impossibilitado de fazê-lo,
condições, que só tem pelos dados estatísticos no momento.
registrados pelo seu Conselho Nacional de Sr. Presidente, isso não faz muito tempo.
Economia, cinco mil engenheiros agrônomos, sendo Procurei todos os Ministros que passaram pela
que a maior parte dêles trabalha em repartições Pasta da Agricultura e lhes fiz o mesmo apêlo.
públicas, não pode esperar que o desenvolvimento Desta tribuna, muitas vêzes insisti em que se
da sua agricultura tome aquêle ritmo paralelo e em imprimisse à agricultura um ritmo de trabalho
função do desenvolvimento industrial que, não há comparável ao que foi dado à indústria, cujo
como negar, assumiu proporções tais que provocou desenvolvimento foi notável graças a tenacidade do
descapitalização para a agricultura, pelos Presidente Juscelino Kubitschek de Oliveira, nessa
investimentos proporcionados à indústria. grande arrancada pela economia brasileira. Tudo
Sr. Presidente, êste é um fato a argüir, na hora debalde, porém. Não conseguimos êxito, e o fato é
em que as fábricas de automóveis do Brasil que continuamos ainda muito atrasados, no que
começam a produzir tratores. tange à agricultura.
Lembro-me bem, que certa feita, conversando Reconheço no Sr. Juscelino Kubitschek de
com um ministro da Agricultura – cujo nome não Oliveira um dos Presidentes que mais lutaram pelo
interessa mencionar – dizia-lhe eu da necessidade desenvolvimento econômico dêste País no setor da
de desenvolvermos a agricultura mormente com a energia. Ai estão a atestá-lo Furnas, Três Marias e
aquisição de máquinas agrícolas. Com elas, com o outros tantos empreendimentos de igual vulto. No
ensino técnico levado ao homem do campo e, setor do desenvolvimento industrial, o impulso foi
também, a indispensável preparação de tratoristas extraordinário. Construiu Brasília, abriu estradas
para conservação das máquinas, o País teria um ligando todos os Estados da Federação brasileira,
surto de desenvolvimento agrícola capaz de No entanto não seguiu a mesma cadência o
acompanhar o surto industrial, ou pelo menos desenvolvimento agrícola.
aproximar-se dêste. Dir-se-á que, tendo S. Exa. aberto
No entanto, aquêle Ministro de estradas, criado a indústria automobilística e a de
Estado revelou-me que não dispu- tratores, preparou terreno para êsse desenvol-
– 254 –

vimento deu ensanchas a que venhamos a assisti-lo, da República, advogando-lhe a causa. O processo
futuramente. foi à Carteira de Crédito Agrícola do Banco do Brasil
Na agricultura, porém, muito mais se teria feito e o parecer daquêle órgão foi realmente
se o Govêrno houvesse promovido, no que diz assombroso. Tive, aliás, ocasião de lê-lo na tribuna
respeito ao crédito agrícola, uma reforma na Carteira desta Casa. Procurei novamente o Chefe do
especializada do Banco do Brasil, de modo a Govêrno que determinou o reexame do assunto, tão
possibilitar o acesso à terra por parte daqueles que impressionado ficou com o parecer, no qual o
desejam trabalhá-la e fazê-la produzir, se tivesse funcionário que nada entendia da matéria, dizia ser a
levado aos rincões mais afastados do Brasil – as zona paulista, próxima do mar, imprópria para o
regiões Norte e Nordeste – onde vive a maior parte cultivo do arroz. Ora, durante muitos decênios
dos que se dedicam ao amanho da terra, esquecidos consumimos o arroz de São Paulo. Dizia ainda não
e abandonados, a ajuda da iniciativa governamental ser possível plantar seringueira em São Paulo
que deve ser pioneira, pois ainda não dispomos de porque não havia tradição, naquele Estado, nem tão
meios para incentivar a iniciativa particular; se pouco pimenta-do-reino, que só dava resultado se
tivesse organizado o Ministério da Agricultura de tratada por mão de japonês. É inadmissível que o
forma a assistir às regiões mais longínquas do País, funcionário de uma Carteira como a de Crédito
com a moto-mecanização e outros modernos Agrícola, investido da responsabilidade de estudar
métodos de trabalho. assunto tão importante, emita parecer dessa
Houvesse o Sr. Juscelino Kubitschek de natureza. Fiquei tão escandalizado que o denunciei
Oliveira atentado um pouco mais para os ao Sr. Presidente da República, como de outra feita
problemas agrícolas e não seria, no momento, denunciei-lhe o caso da importação de uísque a meio
apenas o gigante que propiciou meios para o dólar. S. Exa. determinou o reexame da matéria,
notável desenvolvimento industrial que se verificou como já acentuei, mas, não sei por que
no País: teria preparado terreno para uma grande circunstância, não o fizeram. Li da tribuna do Senado
etapa no futuro. a carta que aquêle fazendeiro me escreveu. Também
Esperamos que S. Exa. volte em 1965, para êle não compreendia porque importando o Brasil, do
continuar a promover o desenvolvimento do Brasil, estrangeiro, mais de quarenta e cinco por cento da
no mesmo ritmo acelerado. borracha necessária ao consumo nacional, lhe era
O SR. CAIADO DE CASTRO: – Permite V. negado permissão para plantar seringueira em seu
Exa. um aparte? Estado, sob a simples alegação de que outros
O SR. LIMA TEIXEIRA: – Com muito prazer. Estados, além do Amazonas, não têm tradição nessa
O SR. CAIADO DE CASTRO: – A meu cultura.
ver, antes de se promover a reforma da Carteira Concordando com V. Exa., acho indispensável
de Crédito Agrícola, convém reformar os homens êsse apoio, mas o que se faz mister é a
que ocupam posições de destaque, nesse setor. reforma dos homens. Sou atualmente da
Certa feita, um grande fazendeiro e proprietário de Oposição pois caímos com nosso partido e
terras de São Paulo apresentou uma proposta ao pretendo continuar com êle, acompanhando a
Govêrno, pois desejava plantar seringueira, arroz e situação oficial. Êste, o meu primeiro apêlo ao
pimenta- do-reino Procurei o Sr. Presidente Sr. Jânio Quadros. Espero que S. Exa. nos
– 255 –

dê o seu apoio retirando os homens de determinados to como o Brasil, não é critério que deva ser
cargos que ocupam sem nada entenderem do rigidamente seguido. A observação do Senador
assunto. Leigo na matéria, confesso de público, faria Caiado de Castro corresponde exatamente a uma
melhor administração, não daria pelo menos, parecer orientação dessa natureza. Em relação, por exemplo,
de tal natureza. Dizer-se que a pimenta-do-reino só à cultura tritícola, há Estados produtores dêsse
pode ser cultivada pelos japonêses é absurdo. cereal. Não se vai ensaiar ou tentar sua produção
Concordo inteiramente com V. Exa. nesta parte. em outras regiões. Aquela região ficará como
Entretanto, acho ainda muito cedo para pensarmos área protegida por fôrça da sua produção de trigo.
no candidato de 1965. Não quer isto dizer que seja Não é, entretanto, critério a ser rigidamente
contra ou que esteja tomando partido; estou apenas observado.
sugerindo. Mas, quanto ao apoio a que V. Exa se O SR. CAIADO DE CASTRO: – Não
refere, estou de pleno acôrdo. Dando êste exemplo compreendo se importe 45% de borracha do
estou repetindo o que em outras ocasiões disse da estrangeiro por preços elevadíssimos em vista da
tribuna do Senado: espero que o Govêrno que se vai ameaça de fechamento de várias fábricas nossas.
iniciar na próxima semana não cometa erros desta O que deveríamos fazer é auxiliar aos
natureza. proprietários de terras facilitando-lhes empréstimos
O SR. ALOYSIO DE CARVALHO: – Permite o no Banco do Brasil a fim de desenvolverem sua
nobre orador um aparte? produção. Êsses proprietários dão as suas terras
O SR. LIMA TEIXEIRA: – Em primeiro lugar como garantia, o que não representaria perigo algum
desejo agradecer o aparte com que me honrou o para o Banco.
nobre Senador Caiado de Castro. Seria uma experiência que iriam fazer.
Concedo, agora, o aparte a Vossa Excelência. Estou de acôrdo em que não se faça tentativas
O SR. ALOYSIO DE CARVALHO: – Penso dessa ordem, em prejuízo de outros Estados. Mas,
que essa orientação obedece, de certo modo, ao se não temos produção suficiente, se a Amazônia
propósito de situar as economias dos Estados. não nos dá a quantidade de borracha de que
Salvo engano, na campanha eleitoral, o candidato precisamos, obrigando o Brasil a importá-la do
do Partido Social Democrático, Marechal Henrique estrangeiro, em mais de quarenta e cinco por
Teixeira Lott, sustentou a necessidade de não cento necessários do seu consumo, a preço
se fazer uma tentativa inútil de produção, em elevadíssimo e se um proprietário de terras,
determinados Estados que não tenham o que se querendo correr o risco de uma tentativa, dando,
chama tradição. Exemplificando: a exploração da como garantia suas terras em troca de empréstimo
borracha é tradicional do Amazonas; portanto, o bancário, não sei como evitar que se o faça,
Estado que pretender plantar a hevea brasiliensis alegando apenas, que a sua região não é
estará, naturalmente, dentro do âmbito nacional, tradicionalmente produtora de borracha.
competindo com o Amazonas, diminuindo, O SR. ALOYSIO DE CARVALHO: – Permite
talvez, os recursos econômicos constitutivos V. Exa. trazer um esclarecimento?
da base financeira daquele Estado. Parece-me, O SR. LIMA TEIXEIRA: – Com
no entanto que, num país de desenvolvimen- muito prazer, é um debate muito
– 256 –

interessante que, por várias vêzes, tem sido aqui O SR. LIMA TEIXEIRA: – Com prazer.
ventilado. O SR. MEM DE SÁ: – É um aparte curioso,
O SR. ALOYSIO DE CARVALHO: – V. Exa. o critério da tradição nem sempre tem sido
sabe que há um ensaio para a exploração da observado. Vejamos o caso da vitinicultura,
borracha no sul da Bahia economia tradicional do Rio Grande do Sul, que,
O SR. LIMA TEIXEIRA: – Exatamente – está inegàvelmente, produz, hoje, um vinho que já se vai
situado em Una. tornando digno dos melhores e mais exigentes
O SR. ALOYSIO DE CARVALHO: – O Banco paladares.
do Brasil S. A., até aqui, não facilitou recursos O SR. LIMA TEIXEIRA: – Até a Europa já o
financeiros para essa iniciativa. Pergunto: Por que consome.
não se possibilitam recursos para essa plantação de O SR. MEM DE SÁ: – A produção de
borracha no sul da Bahia, cujas terras tanto se vinho riograndense é superior ao consumo
prestam? Só pode ser em virtude do critério da nacional e um dos produtos da nossa economia.
inexistência de tradição na produção da borracha A colocação do excedente dessa produção
naquele Estado. obriga-nos muitas vêzes a transformá-lo em
O SR. LIMA TEIXEIRA: – Vossa Exa. tem vinagre.
razão. De fato a Bahia não conseguiu até hoje o Entretanto, houve época em que a produção
crédito necessário ao desenvolvimento da produção de vinho em São Paulo e Minas Gerais, foi amparada
da seringueira, para não criar uma corrida pelo Ministério, abrindo inclusive Estações
competitiva com os Estados da Amazônia. Apesar experimentais em Minas. Portanto, nem sempre foi
disto, o ritmo do crescimento da produção de observado o critério no Rio Grande, que sofreu,
seringueiras, no meu Estado, tem sido grande, injustamente, esta concorrência. É realmente uma
havendo até, no Município de Una, uma fábrica de das suas excelências que vem sendo prejudicada
artefatos de borracha. pela proximidade dos mercados.
O SR. PRESIDENTE (fazendo soar os O SR. LIMA TEIXEIRA: – Em princípio,
tímpanos): – Lembro ao nobre orador que o seu temos que aceitar a tradição, pois do contrário
tempo regulamentar já foi ultrapassado de dez estaríamos abrindo lutas competitivas entre os
minutos. Peço ao nobre orador que conclua as suas Estados, que possuem suas lavouras tradicionais.
considerações. É o caso de São Paulo que produz mais açúcar
O SR. LIMA TEIXEIRA: – Atenderei à V. Exa., que todos os Estados do Norte reunidos. No entanto,
Sr Presidente. Como se trata de debate muito o mercado tradicional dêsse produto é Pernambuco.
agradável e útil e, que interessa ao País, vim Vemos, também, o que sucedeu com o café: o maior
alongando-me e com prazer acolhendo os apartes produtor era o Estado de São Paulo. Hoje a sua
dos meus eminentes colegas, cujas, sugestões produção emigrou para o Estado do Paraná. Daí a
magníficas muito podem contribuir para a resolução razão por que deve-se estabelecer limites; do
do problema. contrário, iremos proporcionar o empobrecimento
O SR. MEM DE SÁ: – Permite V. Exa. um de outros Estados, em favor de determinadas
aparte? regiões. Devem os dirigentes do País atentar
– 257 –

para o problema, dentro do possível. Não digo que tradição com a necessidade de assegurar maior
se criem barreiras ao desenvolvimento de produtividade que redundarão, em alguns casos, em
determinada lavoura em certos Estados; mas que se transferir a produção tradicional de um lugar para
observe, tanto quanto possível, a tradição, para outro. Evidentemente que temos, nestes casos,
evitar, como já disse, a luta competitiva entre então, que nos preocupar sèriamente com o
Estados, o que não seria desejável, principalmente problema da substituição.
tendo em vista a manutenção da unidade da Pátria. O SR. LIMA TEIXEIRA: – Perfeitamente.
O SR. ANTÔNIO BALTAR: – Permite V. Exa. O SR. ANTÔNIO BALTAR: – Se uma
um aparte? atividade econômica tiver de ser retirada de uma
O SR. LIMA TEIXEIRA: – Com muito prazer. região para outra, porque nessa outra há melhores
O SR. ANTÔNIO BALTAR: – Tenho a condições naturais de produtividade, então é preciso
impressão que casos desta natureza apresentam pensar qual é a atividade que irá substituir a
vários aspectos. Evidentemente. A tradição, que V. deslocada, para não diminuir o volume de emprêgo e
Exa. defende, não é elemento gratuito, mas, tão não provocar – como disse muito bem V. Exa. – o
sòmente, histórico. A tradição, neste terreno da empobrecimento da região. Parece que a técnica
produção econômica, significa realmente um atual de planejamento dá margem a que se resolvam
desenvolvimento passado, que se baseou em muito bem todos êsses problemas, e eu, pelo menos,
condições favoráveis regionais, ecológicas e como planejador profissional tenho essa esperança.
culturais. Dizia, então, que a solução do problema O SR. LIMA TEIXEIRA: – De inteiro acôrdo
está no planejamento que resultaria em com Vossa Excelência.
zoneamentos da produção do País, e que Sr. Presidente, encerro minhas considerações
respeitaria, necessàriamente, a tradição, uma vez deixando essas sugestões aos proprietários de
que, como acabo de dizer, esta é uma coisa que se fábricas de tratores, para que produzam os tratores
fundou em condições naturais favoráveis do aplicáveis às nossas necessidades, à nossa terra –
passado, e que por conseqüência permanecem. os tratores de esteira, que são os mais úteis e
O SR. LIMA TEIXEIRA: – Inclusive, as os que melhor poderão desenvolver a agricultura,
condições de clima. porque se aplicam melhor e se adaptam melhor à
O SR. ANTÔNIO BALTAR: – Hoje em dia, há nossa terra.
estudos muito mais profundos de ecologia agrícola e Agradeço sensibilizado essa prova de atenção
de localização de atividades produtivas, de modo dos ilustres colegas, e o debate, útil, poderá ser
geral, levando em conta atividades atraídas pelos renovado em outras oportunidades.
mercados, pelas matérias-primas e por outros Estes os meus votos, Sr. Presidente: de que a
fatôres, como facilidade de transporte. agricultura tome um ritmo de avanço e de progresso,
Tôda essa problemática nova de planejamento tão necessários ao Brasil. (Muito bem! Muito bem!).
permite, no meu entender, que se conciliem O SR. PRESIDENTE: – Sôbre a
perfeitamente a necessidade de respeitar a mesa requerimento que vai ser lido.
– 258 –

É lido o seguinte: É o seguinte:

REQUERIMENTO PROJETO DE LEI DA CÂMARA


Nº 36, DE 1961 Nº 129, DE 1959

Cumprindo o deliberado pela Comissão de (Nº 3.940-B, de 1958, na Câmara dos Deputadas)
Constituição e Justiça, requeiro tenham tramitação
em conjunto, nos têrmos do art. 255, letra b, do Concede auxílio às Prefeituras de Guimarães
Regimento Interno, as seguintes Proposições: e de Arari, no Estado do Maranhão.
Projeto de Lei da Câmara nº 76-60 que
concede a pensão especial de Cr$ 30.000,00 O Congresso Nacional decreta:
mensais a D. Anita Kobritz Bayma, viúva do ex- Art. 1º É o Poder Executivo autorizado a abrir,
Senador Antônio Alexandre Bayma; pelo Ministério da Educação e Cultura, o crédito
Projeto de Lei do Senado nº 41-60, que dispõe
especial de Cr$ 2.000.000.00 (dois milhões de
sôbre o Montepio dos Parlamentares cruzeiros), destinado, como auxilio, em partes iguais,
Sala das Sessões, em 25 de janeiro de 1961. às Prefeituras Municipais de Guimarães e Arari, no
– Lourival Fontes. Estado do Maranhão, para as comemorações de
O SR PRESIDENTE: – De acôrdo com o seus centenários.
Regimento Interno o requerimento que acaba de ser Art. 2º Êsses auxílios serão aplicados
lido será apreciado no final da Ordem do Dia na construção de uma escola primária e
Passa-se à: de artes e ofícios em cada um dos
municípios
ORDEM DO DIA Art. 3º Esta lei entrará em vigor na data
de sua públicação, revogadas as disposições em
Discussão única do Projeto de Lei da Câmara contrário.
nº 129, de 1959 (número 3.940, de 1958, na O SR. PRESIDENTE: – O projeto vai à sanção
Câmara), que concede auxílios às Prefeituras de
Guimarães e de Arari, no Estado do Maranhão Discussão única do Projeto de Lei da
(incluído me Ordem do Dia em virtude de dispensa Câmara nº 13, de 1961 (nº 1.878, de 1960, na
de interstício concedida na sessão anterior, a Câmara dos Deputados) que cria a Faculdade de
requerimento do Sr. Senador Sebastião Archer), Filosofia, Ciências e Letras da universidade do
tendo pareceres favoráveis, das Comissões: de Ceará (incluído em Ordem do Dia em virtude de
Constituição e Justiça; de Educação e Cultura e de dispensa de interstício, concedida na sessão
Finanças. anterior, a requerimento do Sr. Senador Fausto
Cabral), tendo pareceres favoráveis das Comissões
Em discussão. de Educação e Cultura; de Serviço Público Civil;
Não havendo quem faça uso da palavra, e de Finanças.
encerro a discussão.
Em votação o projeto Em discussão.
Os Srs. Senadores que o aprovam, queiram Não havendo quem faça uso da palavra,
permanecer sentados. (Pausa). encerro a discussão.
Aprovado. Os Srs. Senadores que aprovam
–259 –

o projeto, queiram conservar-se sentados. (Pausa). Art. 4º para execução do disposto nesta lei são
Aprovado. criados, no Quadro Permanente do Ministério da
É o seguinte: Educação e Cultura. (Universidade do Ceará), 46
(quarenta e seis) cargos de Professor Catedrático e
PROJETO DE LEI DA CÂMARA três funções gratificadas, sendo uma de Diretor, FG-
Nº 13, DE 1961 1, outra de Secretário, FG-3, e a terceira de Chefe de
Portaria, FG-7.
(Nº 1.878-C, de 1960, na Câmara) § 1º O provimento dos cargos mencionados
será feito em caráter interino, à medida dá
Cria a Faculdade de Filosofia, Ciências e progressão dos cursos, até que o seja por concurso
Letras da Universidade do Ceará, e dá outras de títulos e provas.
providências. § 2º O quadro de servidores será organizado
de acôrdo com as legislação vigente, obedecidas as
O Congresso Nacional decreta: normas estabelecidas no Plano de Classificação.
Art. 1º É criada a Faculdade de Filosofia, § 3º Nenhuma interinidade deverá ser de
Ciências e Letras da Universidade do Ceará, com prazo superior a 3 (três) anos.
sede na cidade de Fortaleza, Capital do Estado do Art. 5º Os recursos necessários ao
Ceará. cumprimento desta lei serão progressivamente
Art. 2º A Faculdade de Filosofia, Ciências e consignados, mediante proposta dos órgãos
Letras da Universidade do Ceará, respeitadas as competentes, nas dotações globais destinadas à
peculiaridades do meio e a autonomia universitária, Universidade do Ceará no Anexo do Orçamento
terá estrutura semelhante à da Faculdade Nacional Geral da República, referente ao Ministério da
de Filosofia da Universidade do Brasil, devendo Educação e Cultura.
funcionar no regime didático estabelecido pelo Art. 6º Esta lei entrará em vigor na data de sua
Decreto-lei nº 9.092, de 26 de março de 1946. publicação, ficando revogadas as disposições em
Art. 3º Dentro do prazo de sessenta dias, a contrário.
contar da publicação desta lei, o Conselho O SR. PRESIDENTE: – O projeto vai à
Universitário da Universidade do Ceará expedirá o sanção.
Regimento da Faculdade, o qual terá vigência até
que a respectiva Congregação disponha de dois Discussão única do Projeto de Lei da Câmara
terços de professôres catedráticos efetivos. nº 14 de 1961 (nº 1.961, de 1960 na Câmara) que dá
Parágrafo único. O Regimento a que se refere nova redação ao art. 13 da Lei nº 2.370, de 9 de
êste artigo disciplinará as várias Seções de Filosofia, dezembro de 1954, que regula a inatividade dos
Ciências, Letras e Educação, de que se constituirá a militares (incluído em Ordem do Dia em virtude de
Faculdade, e fará um escalonamento dos cursos dispensa de interstício, concedida na sessão
respectivos, para efeito de instalação progressiva, anterior, a requerimento do Senhor Senador Caiado
tendo em vista as possibilidades de seu real de Castro), tendo Parecer favorável, da Comissão de
funcionamento e as necessidades da região em Segurança Nacional.
matéria de professôres de nível médio, especialista
em educação e pesquisadores. Em discussão.
– 260 –

O SR. CAIADO DE CASTRO: – Sr. los Ministérios Militares – Exército, Marinha e


Presidente, peço a palavra. Aeronáutica – estudados rigorosamente pelo Estado
O SR. PRESIDENTE: – Tem a palavra o nobre Maior para efeito de produtividade, na Seção de
senador Caiado de Castro. Finanças quanto à questão de dinheiro, fizeram
O SR. CAIADO DE CASTRO (*): – Senhor chegar-se a conclusão de que êsse prazo de seis
Presidente, Srs. Senadores, duas palavras, apenas, meses, que aqui votamos em 1954, e que não saiu
sôbre êste projeto. Vou pronunciá-las, aliás, rigorosamente de acôrdo com a idéia dominante na
atendendo ao apêlo que me foi dirigido por antigos ocasião – houve defeito de redação – estava
companheiros. acarretando prejuízos à administração, à instrução e,
Para esclarecimento do senado, o projeto é sobretudo, causando graves prejuízos em dinheiro.
de origem governamental. Decorreu de um pedido O que se pretende é apenas isto, que êsses
de todos os Ministérios Militares, e visa, seis meses exigidos para que o militar permaneça na
particularmente a impedir que continue o Govêrno a Unidade, depois de promovido, desapareça.
despender, inútilmente, elevadas somas em Desaparecendo, vamos trazer ao erário público uma
dinheiro, custeando passagens aos militares e economia de milhões de cruzeiros, mas de milhões
respectivas famílias, diárias de alimentação, de cruzeiros mesmo, facilitando-se a administração e
diárias de pousada e ajudas de custo que a instrução.
corresponde, em regra, a três meses de Apenas isso o que queria esclarecer ao
vencimentos. Senado, atendendo ao apêlo que me foi dirigido por
A lei atual fixa em seis meses o prazo antigos companheiros, porque tenho grande
para que o militar, uma vez promovido, tenha experiência no particular. Sei, por experiência
direito a se transferir para a reserva ou possa própria, dos prejuízos que isso tem acarretado ao
gozar dêsse benefício. A experiência demonstrou País.
que em menos de um ano, um Comando nada Era o que tinha a dizer. (Muito bem!).
Pode fazer. O administrador não tem tempo para O SR. PRESIDENTE: – Continua a discussão.
estudar todos os problemas da unidade e tão (Pausa).
pouco iniciar sua solução. Há prejuízo da instrução, Não havendo mais quem queira fazer uso da
prejuízo da administração e prejuízo quanto ao palavra, declaro-a encerrada.
funcionamento dessas unidades de tropa, que, Em votação.
assim, não podem satisfazer às exigências mínimas Os Srs. Senadores que aprovam o projeto,
de cumprimento da missão para a qual foram queiram permanecer sentados (Pausa).
criadas. Está aprovado.
O Govêrno gastava uma quantia fabulosa O projeto vai à sanção.
nessas transferências. E mais, normalmente É o seguinte:
o militar promovido, indo para outro lugar, decorrido
um mês, ou antes de terminar o prazo de seis, PROJETO DE LEI DA CÂMARA
pediria férias – de acôrdo com a lei, o funcionário, Nº 14, DE 1961
servidor civil ou Militar, viria a gozar de tôdas
as vantagens daqueles que estão na ativa. De (Nº 1.901-B, de 1960)
maneira que os cálculos elaborados pe-
Dá nova redação ao art. 13 da Lei nº 2.370, de
__________________ 9 de dezembro de 1954, que regula a inatividade dos
(*) – Não foi revisto pelo orador. militares.
– 261 –

O Congresso Nacional decreta: Comissão de Redação em seu Pa. reter nº 10 de


Art. 1º O art. 13 da Lei nº 2.370, de 9 de 1961).
dezembro de 1954, passa a ter a seguinte redação. 2 – Discussão única da Redação Final
"Art. 13. A transferência para a reserva, a do Projeto de Lei do Senado número 10,
requerimento, só poderá ser concedida ao militar que de 1960, que autoriza o Poder Executivo
contar, no mínimo, 25 (vinte e cinco) anos de efetivo a emitir uma série de selos postais comemorativos
serviço". do sesquicentenário da Carta de Lei nº 4, de
Art. 2º Esta lei entrará em vigor na data de sua dezembro de 1810 (redação oferecida pela.
publicação revogadas as disposições em contrário. Comissão, de Redação em seu Parecer nº 9, de
O SR. PRESIDENTE: – Em discussão o 1961).
Requerimento número 36, lido na hora do 3 – Discussão única do Projeto de Lei
Expediente. da Câmara nº 7, de 1981 (nº 87, de 1959, na
Não havendo quem faça uso da palavra, Câmara), que autoriza o Poder Executivo a
passa-se à votação. abrir, pelo Ministério da Educação e Cultura, o
Os Srs. Senadores que aprovam o crédito especial de Cr$ 15.000.000,00, destinado ao
requerimento, queiram permanecer sentados. Instituto Brasileiro de Educação, Ciência e Cultura –
(Pausa). IBECC Seção de São Paulo, tendo Parecer
Aprovado. favorável, sob nº 26, de 1961, da Comissão de
Esgotada a matéria em pauta. Não há Finanças.
oradores inscritos para esta oportunidade. 4 – Discussão única do Projeto de Lei da
Nada mais havendo que tratar, vou encerrar a Câmara nº 9, de 1961 (numero 70, de 1959) que
sessão. Designo para a próxima a seguinte: cria, no Tribunal Regional do Trabalho da 2.a
Região, 20 (vinte) Juntas de Conciliação e
ORDEM DO DIA Julgamento e autoriza o Poder Executivo a abrir, ao
Poder Judiciário – Justiça do Trabalho – o crédito
1. – Discussão única do substitutivo especial de Cr$ 20.000.000;00 e.dá outras
do Senado ao Projeto de Decreto Legislativo providências, tendo Pareceres favoráveis, sob ris. 27
nº.2, de 1957, originário da Câmara dos a 29, de 1961, das Comissões de Constituição e
Deputados, que determina o registro do contrato Justiça, de Serviço Público Civil e de Finanças.
celebrado entre o Ministério da Agricultura e Está encerrada a sessão.
António Reis Lima e sua mulher Francisco. Levanta-se a sessão às 11 horas e 25
Benevides dos Reis (redação oferecida pela minutos.
17ª SESSÃO DA 2ª SESSÃO LEGISLATIVA, EXTRAORDINÁRIA, DA 4ª LEGISLATURA, EM 25 DE JANEIRO DE
1961

PRESIDÊNCIA DOS SENHORES CUNHA MELLO E NOVAES FILHO

Às 14 horas e 30 minutos, acham se presentes Irineu Bornhausen.


os Srs. Senadores: Mem de Sá.
Cunha Mello. Guido Mondim. – (43).
Vivaldo Lima. O SR. PRESIDENTE: – A lista de
Zacharias de Assumpção. presença acusa o comparecimento de 43 Srs.
Victorino Freire. Senadores. havendo número legal, declaro aberta
Sebastião Archer. a sessão.
Eugênio Barros.
Vai ser lida a Ata.
Mendonça Clark.
Mathias Olympio. O Sr. Ary Vianna, servindo de Segundo
Joaquim Parente. Secretário, procede à leitura da Ata da sessão
Fausto Cabral. anterior, que posta em discussão, é sem debate
Menezes Pimentel. aprovada.
Sérgio Marinho. O Sr. Novaes Filho, Quarto Secretário,
Reginaldo Fernandes. servindo de Primeiro, lê o seguinte:
Argemiro de Figueiredo.
Novaes Filho. EXPEDIENTE
Jarbas Maranhão.
Antônio Baltar.
Rui Palmeira. Ofícios
Silvestre Péricles.
Lourival Fontes. Da Câmara dos Deputados ns. 95 e 97, do
Heribaldo Vieira. corrente ano, encaminhando autógrafos dos
Lima Teixeira. seguintes:
Aloysio de Carvalho.
Ary Vianna.
Paulo Fernandes. PROJETO DE LEI DA CÂMARA
Arlindo Rodrigues. Nº 16, DE 1961
Caiado de Castro.
Afonso Arinos.
Benedito Valadares. (Nº 2.230, de 1960, na Câmara)
Nogueira da Gama.
Moura Andrade. Modifica a Lei nº 3.643, de 14 de outubro de
Lino de Mattos. 1959, suspendendo o vencimento de débitos dos
Pedro Ludovico. cafeicultores e dá outras providências.
Coimbra Bueno.
João Villasbôas.
Filinto Müller. O Congresso Nacional decreta:
Gaspar Velloso. Art. 1º Fica suspenso até 31 de outubro de
Nelson Maculan. 1964 o vencimento dos débitos a que se refere o art.
Francisco Gallotti. 1º da Lei n.a 3.643, de 14 de outubro de 1959.
Saulo Ramos. § 1º O disposto neste artigo não
– 263 –

abrange a prestação vencida a 31 de outubro de Universidade Rural do Estado de Minas Gerais, e dá


1959. outras providências.
Art. 2º Os débitos resultantes da aplicação da
presente lei vencerão juros a 6% a. a não O Congresso Nacional decreta:
capitalizáveis, Art. 1º A Escola Superior de Veterinária, a que
Art 3º O penhor legal instituído era favor da
se refere o Decreto nº 112, de 4 de abril de 1935, é
União pelo art. 4º da Lei nº 3.643 de 14 de outubro
integrada na Universidade de Minas Gerais como
de 1959, não atingirá as colheitas processadas unidade universitária, incluída na categoria constante
durante os anos civis de 1960, 1961 1982 e do art. 3º da Lei nº 1.254, de 4 de dezembro de
1983 que ,poderão ser livremente alienadas 1950.
e apenhadas, inclusive para garantia de Parágrafo único. A Escola mencionada neste
financiamentos de custeio agrícola proporcionados artigo passa a denominar-se Escola de Veterinária
pela Carteira de Crédito Agrícola e Industrial do da Universidade de Minas Gerais.
Banco do Brasil S. A, Art. 2º Independentemente de qualquer
Art, 4º O débito apurado em 31 de outubro de
indenização, e mediante inventário e escritura
1964 será liquidado em oito prestações anuais, pública, são incorporados ao patrimônio da
iguais e sucessivas, vencendo-se a primeira em 31 Universidade de Minas Gerais todos os bens móveis,
de outubro de 1964 e as seguintes no mesmo dia e imóveis, apólices e direitos pertencentes ou
mês dos anos posteriores. utilizados pelo estabelecimento referido no artigo
Art. 5º As alterações decorrentes da presente
anterior.
lei serão inscritas nos instrumentos representativos Art. 3º É assegurado o aproveitamento dos
dos respectivos débitos, mediante simples anotaçãoprofessôres catedráticos efetivos, no Quadro
feita pelo Banco do Brasil S. A. e isenta de impôsto
Permanente do Ministério da Educação e Cultura, da
de sêlo. Universidade de Minas Gerais.
Art. 6º É o Poder Executivo autorizado a Parágrafo único. Os professôres não
celebrar com o Banco do Brasil S.A. convênio para aproveitados em caráter efetivo, na forma da
execução da presente lei, independendo, entretanto,
legislação federal, poderão ser nomeados
de formalização dêsse ato a concessão imediata dosinterinamente.
benefícios nela previstos. Art. 4º Obedecidos os preceitos da legislação
.Art. 7º Esta lei entrará em vigor na data de
em vigor, o quadro do pessoal administrativo da
sua publicação, mantidas as disposições da Lei nº Universidade de Minas Gerais será Integrado pelos
3.643, de 14 de outubro de 1959, que não a servidores admitidos até o dia 1 de setembro de
contrariem expressamente, e revogadas as demais 1960.
disposições em contrário. Art. 5º Os catedráticos e servidores
Ás Comissões de Constituição e Justiça, de aproveitados no serviço público federal contarão o
Economia e de Finanças. respectivo tempo de serviço, para os efeitos do art.
192, da Constituição Federal.
PROJETO DE LEI DA CÂMARA Art. 6º Para os efeitos dos arts. 3º e 4º a
Nº 17, DE 1961 Escola enviará ao Ministério, da Educação e
Cultura por intermédio da Reitoria da Universidade
Federaliza a Escola Superior de Minas Gerais, a relação de seus professôres
de Veterinária, pertencente à e servidores, especificando a forma de Lu-
– 264 –

vestidura, a natureza do serviço que desempenham, cente à Universidade de Minas Gerais, sendo Cr$
a data da admissão e da remuneração. 32.360.000,00 (trinta e dois milhões, trezentos e
Parágrafo. único. Serão expedidos pelas sessenta mil cruzeiros) para pessoal, e Cr$
autoridades competentes os títulos de nomeação e 10.000.000,00 (dez milhões de cruzeiros) para
de admissão decorrentes do aproveitamento previsto material, encargos, serviços e equipamentos; e de
neste artigo, depois e a partir do último ato ou Cr$ 9.000.000,00 (nove milhões de cruzeiros), para a
escritura de que trata o artigo 2º. Faculdade de Direito de Cuiabá, sendo cruzeiros
Art. 7º Observado o disposto nos arts. 2º a 6º, 7.50.000,00 (sete milhões e quinhentos mil
no que fôr aplicável, é, também, incluída na categoria cruzeiros), para material, encargos, serviços e
a que se refere o art, 3º da Lei nº 1.254, de 4 de equipamentos.
dezembro de 1950, a Faculdade de Direito de Art. 10. No prazo de 120 (cento e vinte) dias a
Cuiabá, no Estado de Mato Grosso; as escolas Congregação da Escola de Veterinária submeterá o
idênticas à que se refere o nº 7 do art. 4º do Estatuto projeto de seu regimento ao Conselho Universitário,
alterado pelo Decreto nº 41.465, de 7 de maio de regendo-se até sua aprovação, pelo ora em em vigor
1957, passam nas mesmas condições, a integrar a na data de sua publicação, retuto da Universidade.
composição da autarquia educacional prevista no Art. 11. Esta lei entrará em vigor na data de
artigo 15 da Lei nº 3.834-C, de 14 de dezembro de sua publicação revogadas as disposições em
1960. contrário.
Art. 8º São criados, no Quadro Permanente do Ás Comissões de Educação e Cultura, de
Ministério da Educação e Cultura 43 (quarenta e Serviço Público Civil e de Finanças.
três) cargos de Professor Catedrático, sendo 20
(vinte) para a Estola de Veterinária da Universidade PROJETO DE LEI DA CÂMARA
de Minas Gerais e 23 (vinte e três) para a Faculdade Nº 18, DE 1961
de Direito de Cuiabá.
Parágrafo único. Para execução do que Altera a redação do § 4º do art. 41 do Decreto-
determinam os arts. 1º e 7º desta lei, e 15 da de nº lei nº 1.344, de 13 de junho de 1939, que modificou a
3.834-C, de 14 de dezembro de 1960, são ainda legislação sôbre Bôlsas de Valores.
criados 1 (um) cargo de Reitor, símbolo 2-C, 6 (seis)
cargos de Diretor, símbolo 5-C, 7 (sete) funções O Congresso Nacional decreta:
gratificadas, símbolo 3-F, de Secretário, e 7 (sete Art. 1º O § 4º do art. 41 do Decreto-lei nº
funções gratificadas, símbolo 22-F, de Chefe de 1.344, de 13 de junho de 1939, passa a ter a
Portaria. seguinte redação:
Art. 9º Para cumprimento do disposto nesta lei, "§ 4º A Assembléia Geral, mediante proposta
é autorizada a abertura, pelo Ministério da da Câmara. Sindical fixará anualmente os valores
Educação e Cultura, dos créditos especiais que, nas Caixas Comuns de Garantia e Previdência
de Cr$ 42.360.000,00 (quarenta e dois milhões, das Bôlsas Oficiais de Valores constituem o pecúlio
trezentos e sessenta mil cruzeiros), para dos Corretores (previdência) e o fundo de
a Escola Superior de Veterinária, perten- garantia, computando-se neste, obrigatòrlamen-
– 265 –

te tôdas as quantias acumuladas atualmente à conta Sr. Presidente, Srs. Senadores, além do mais
das Caixas, sob qualquer titulo". correm também rumores de que determinada cota de
Art. 2º Esta lei entrará em vigor na data de sua café seria entregue a algumas firmas do Paraná, a
publicação, revogadas as disposições em contrário. fim de que, com a sua venda, fôssem também
atendidos os pagamentos da cota do art. 20 da
Á Comissão de Economia Constituição, devida aos municípios.
É realmente de estarrecer essa notícia.
O SR. PRESIDENTE: – Está finda a leitura do Concretizada, trará verdadeiro caos ao esquema da
Expediente. política cafeeira do nosso País que, infelizmente, já
Tem a palavra o nobre Senador Nelson não satisfaz aos produtores, e transtormará
Maculan, orador inscrito. completamente aquilo que se aprovou em princípio,
O SR. NELSON MACULAM (*): – Sr. para que se pudesse dar solução ao problema em
Presidente, Srs. Senadores, ocupo a tribuna a fim de nosso Estado.
comunicar à Casa que chegaram ao nosso É inacreditável assim se proceda ao apagar
conhecimento certos rumores de que o Governador das luzes. Esse café, será naturalmente, vendido
do Paraná, que encerra seu mandato no próximo dia não só para consumo interno mas, posso afirmar, até
31, teria recebido uma antecipação do Impôsto de contrabandeado, dando grandes prejuízos ao nosso
Vendas e Consignações, do Instituto Brasileiro do País.
Café. A confirmarem-se tais rumores, o I.B.C. Desta tribuna, aproveitando a oportunidade,
contribuirá decisivamente para a derrocada das advirto a Nação de que se realmente se concretizar
finanças do meu Estado. qualquer um dos dois fatos por mim agora relatados
Falo, Sr. Presidente e nobres Senadores, sem trará o primeiro grande prejuízo ao Estado do Paraná
estar absolutamente imbuído do propósito de crítica e o segundo maior prejuízo ainda ao nosso País.
a um Govêrno que, para felicidade do Paraná, se S. Presidente, Srs. Senadores, já que estou
extingue no nosso Estado. considerando o caso do café, volto a protestar contra
Lutei para a conquista do Govêrno do Estado o tratamento discriminatório dado ao Pôrto de
do Paraná, pela legenda do Partido Trabalhista Paranaguá, que pode armazenar e dar vazão a cêrca
Brasileiro. Fomos vencidos, mas desta tribuna de doze milhões de sacas de café. Infelizmente
continuaremos trabalhando e lutando para que o porém, pouco mais de seiscentas sacas foram
Paraná não tenha seu Erário dilapidado por aquêles exportadas por ali, enquanto a restante produção era
que tão mal o governaram. encaminhada aos portos de Santos, Angra dos Reis,
O Instituto Brasileiro do Café jamais poderá Rio de Janeiro e Vitória e normalmente negociada.
adiantar, como o tem feito até hoje, determinadas Não compreendemos como um registro de 33,77
importâncias de mercadorias ainda estocadas para cents por libra pêso do café do Paraná possa dar
exportação, no ocaso de uni Govêrno que, repito, condições de exportação a outros portos, porque a
para meu Estado será de nefasta memória. despesa é agravada pelo transporte até aquêles
Portos.
_________________ Sr. Presidente, Srs. Senadores,
(*) – Não foi revisto pelo orador. o que se procurou fazer, até hoje,
– 266 –

foi prejudicar o Pôrto de Paranaguá. Dando que viria ajudar muito o desenvolvimento da nossa
registro ao pôrto de Santos e Rio de Janeiro agricultura.
é natural que os compradores não irão jamais Sr. Presidente e Srs., Senadores, é o que
ao Pôrto de Paranaguá, embora lá encontrem desejava trazer ao conhecimento da Casa, nesta
café de melhor qualidade, pelo mesmo registro. hora, principalmente, em que os rumores do
É preciso dar solução ao café, mas solução adiantamento, por parte do IBC, de vultosa
objetiva. importância para o Govêrno – que para felicidade do
Ontem, o "Correio da Manhã" divulgou Paraná se extingue a 31 do corrente – se tornam
que pouco ou nada fazemos na conquista de públicos.
novos mercados; é a realidade. Só na Itália A segunda denúncia é a de que seriam
conseguimos desenvolver as nossas vendas entregues perto de dois milhões de sacas de café a
de café. Nos Estados Unidos deixamos de algumas firmas do Paraná. Se tal fato se concretizar
vender seiscentas mil sacas, em 1980 por trará danos ruinosos à nossa já débil política
haverem êles sido conquistados pelos países da cafeeira. (Muito bem)
África O Sr. Cunha Mello deixa a Presidência,
Precisamos ser mais objetivos tratando do assumindo-a o Sr. Novaes Filho.
café como mercadoria e comércio e não O SR. PRESIDENTE: – Tem a palavra o nobre
procurarmos soluções diplomáticas para um Senador Cunha Mello.
problema comercial. O SR. CUNHA MELLO (*): – Sr. Presidente,
Sr. Presidente, Srs. Senadores, faço votos do Xapuri, Território do Acre, do Guaporé da
para que o Govêrno a ser empossado no próximo dia Rondônia, de todo o Amazonas e Pará chegam-me
31 de janeiro dinamize um pouco mais o comércio do constantemente desesperados apelos sabre o
café, fazendo com que o Brasil o lidere novamente problema do aumento do custo da borracha.
em todo o mundo. Como sabe o Senado, tem o Govêrno o
Temos sido superados por países monopólio da compra e venda da borracha.
que começaram o plantio do café algumas Dirigiram-se há tempos os interessados ao Sr.
dezenas de anos depois de nós; mas infelizmente Presidente da República e fizeram minuciosa
êles se organizaram. A tradição comercial de exposição, narrando-lhe as dificuldades em que
que em nosso País há um tabu, levam o vivem seringueiros e seringalistas da região
café não como uma organização comercial produtora da borracha, principalmente da Amazônia.
e sim através de depósitos de vendas que se Essa exposição, êsses apelos foram por S. Exa.
fazem pelas cooperativas cafeeiras organizadas para enviados a uma Comissão denominada de Defesa
êsse fim. da Borracha, que bem poderia ser chamada de algoz
É o que esperamos do nôvo Govêrno: da borracha.
uma reformulação completa no problema do Essa exposição e êsses apelos
café não só obtendo novos mercados, através de dormem engavetados na Comissão de
acôrdos bilaterais mas também trazendo para o Defesa da Borracha e até hoje, a pretexto de os
nosso País equipamento necessário para a nossa estudarem minuciosamente, a. Comissão
riqueza. de Defesa da Borracha não lhes deu anda-
Não como se fêz recentemente quando
se proibiu a troca de café por tratores, em _________________
que nos davam, por 37 sacas de café, um trator (*) – Não foi revisto pelo orador.
– 267 –

mento. Infelizmente a borracha é um produto cujo foi vetado. O veto foi aprovado pelo Congresso.
monopólio de compra e venda está na mão do Hoje, Sr. Presidente, congratulo-me com os
Govêrno e para o qual – o aumento de custo – funcionários do Tribunal de Contas e comigo mesmo
dependemos nós, da Amazônia, do consentimento, porque reconheço que estava certo em face do que
do prévio assentimento dos industriais da borracha. está publicado no Diário Oficial do dia 23: o Sr.
Enquanto o custo de vida aumenta em proporções Presidente da República, baseado em parecer do
elevadíssimas, em proporções asfixiantes pelas Consultor Geral da República, decidiu baixar um
capitais do Brasil, pelos outros Estados do Sul do decreto aprovando o que havíamos pleiteado no
Brasil, nós, na Amazônia, nos altos rios, nos Senado.
seringais do interior, o custo de vida aumenta de Felicito pois, o Tribunal de Contas e S. Exa., o
maneira a não se poder viver. Sr. Juscelino Kubitschek de Oliveira que, num gesto.
Trago à tribuna do Senado êsses apelos muito nobre, muito elevado, reconhecendo o êrro
desesperados que chegam da minha região, a fim de que anteriormente praticara, resolveu, depois de
que não continuem surdos e mudos a Comissão de ouvir o Consultor Geral da República, conceder aos
Defesa da Borracha, o Ministério da Fazenda e o funcionários daquela repartição o que o Senado
próprio Govêrno da República. havia aprovado.
Sei que nesta altura dos acontecimentos, já na Ressalto essa particularidade, Sr. Presidente,
véspera da mudança do Govêrno atual, êsses apelos não só para congratular-me com êsses funcionários
continuarão dormindo na Comissão de Defesa da como também com o Presidente da República por
Borracha, mas aqui os trago cumprindo com o meu haver corrigido o engano anterior.
dever de Senador da Amazônia. (Muito bem; Muito Ao mesmo tempo felicito-me porque fiquei
bem!) convencido de que agi acertadamente ao elaborar o
O SR. PRESIDENTE: – Tem a palavra o nobre parecer sem atender a quaisquer injunções de
Senador Caiado de Castro. caráter partidário ou afetivo. Fi-lo porque cheguei à.
O SR. CAIADO DE CASTRO (*): – Sr. conclusão de que êles tinham direito.
Presidente, Srs. Senadores, há tempos, relator de Era o que desejava dizer, Sr. Presidente.
um projeto sôbre recebedorias, depois de longo e (Muito bem).
afanoso trabalho, cheguei a determinadas O SR. PRESIDENTE: – Tem a palavra o nobre
conclusões inclusive com relação aos funcionários Senador Mendonça Clark.
do Tribunal de Contas. O SR. MENDONÇA CLARK (*): – Sr.
Na ocasião, o nobre Senador Silvestre Presidente, Srs. Senadores. Na última sexta-feira, a
Péricles concedeu-me a honra de um aparte convite do Diretor do Departamento Nacional de
apoiando meu trabalho mas acrescentando que no Obras Contra as Sêcas, viajei em companhia
particular seria apenas esclarecedor do assunto. do Senador Menezes Pimentel e dos
O Senado houve por bem Deputados Federais Laurentino Pereira Neto, do
aprovar o parecer, mas o projeto, Piauí e Croacy Oliveira, do Rio Grande do Sul, para
subindo à Presidência da República, o Estado do Ceará, onde tivemos oportunidade

__________________ _________________
(*) – Não foi revisto pelo orador. (*) – Não foi revisto pelo orador.
– 268 –

de descer na cidade de Orós a fim de visitara importante do açude, talvez seja terminado
barragem do mesmo nome. ainda esta semana. Digo terminado quanto
Em 1960 Orós ocupou a atenção do País em ao corte; ficarão restando a solidificação do
face da catástrofe da enchente do Rio Jaguaribe, corte, a cimentação da abertura e outros serviços
quando a barragem ainda não alcançara a altura mais. Contudo, o sangradouro já nos permite
projetada. tranqüilidade. Se ocorrer nova cheia, haverá
Muito se falou nesta Casa, na Câmara dos possibilidade da água escoar-se sem riscos para a
Deputados e na Imprensa sôbre a responsabilidade própria barragem.
do desastre de Orós. Eu mesmo, por mais de um O Sr Presidente, o que conseguiram
vez, demonstrei que o Departamento Nacional de os engenheiros nacionais é um feito digno
Obras Contra as Sêcas ou seus engenheiros, de nota: depois da catástrofe de abril, á
inclusive o Dr. Anastácio Maia, encarregado da custa de ingentes esforços recuperaram a
construção não eram os culpados; mas sim, e barragem, tornando, assim, realidade o sonho dos
infelizmente, a falta da concessão de crédito cearenses.
adicional, solicitado em dezembro de 1959, e que De Orós, atendendo a outros convites do
não teria sido aberto no tempo devido. Departamento Nacional de Obras Contra as
Voltei, posteriormente, à tribuna para ler uma Sêcas, fomos até o Piauí, onde nos foi
carta que me deixava em dúvida quanto à dada a oportunidade de visitar a barragem
recuperação da Barragem e sua terminação até a de Boa Esperança – hoje a obra de
altura prevista por um engenheiro técnico da maior vulto naquele Estado, quicá primeira
SUDENE. de porte ali realizada por conta do Govêrno
Naquela ocasião, declarei que aguardaria a Federal.
oportunidade de verificar se antes das cheias do Rio Essa barragem permitirá a acumulação de um
Jaguaribe – que neste momento começam a ocorrer volume dágua que se acredita seja o dôbro de Orós,
– a barragem estaria recuperada, em condições de e terá também dupla finalidade – a regularização da
afastar qualquer apreensão. navegação do Rio Parnaíba e a eletrificação do Vale
Talvez êsses pronunciamentos no Senado dêsse rio.
tenham sido a razão do convite que eu e outros Srs. Sr. Presidente, há anos apresentei ao Senado
Senadores recebemos para visitar Orós, e ao qual projeto de resolução com o sentido de os nobres
muitos infelizmente não puderam atender por Senadores da República, principalmente os
motivos superiores. representantes do Sul e do Centro, viajarem pelo
Lá chegamos sexta-feira à tarde. A barragem Brasil, para melhor conhecerem a situação real em
está pràticamente terminada, mas as obras que vivem as populações nordestinas,
complementares, como a instalação de turbinas e principalmente as piauienses. Infelizmente essa
outros aparelhamentos técnicos, capazes de dotar o proposição não foi aprovada, e na reforma havida no
Vale do Jaguaribe da eletrificação de que carece, Regimento Interno da Casa não se tomou em
levarão anos a concluir. consideração minha sugestão.
A previsão é de sessenta e dois quilômetros Cada vez que visito meu Estado, que desço
de extensão do lençol dágua, quando a barragem nos campos piauienses mais me aperta o coração ao
estiver cheia. sentir a situação de penúria e de necessidade em
O sangradouro, que é a obra mais que vivem as populações de minha terra, em face da
– 269 –

inflação, da elevação dos salários do pessoal civil da A esta altura, eu que tenho vindo
União, em suma, do alto custo de vida. constantemente à tribuna criticar atos do Govêrno
É fato, Sr. Presidente, que os donos dos que está prestes a encerrar seu mandato, não posso
carnaubais e dos babaçuais, com o aumento do deixar de formular-lhe nossos agradecimentos,
preço da cera de carnaúba de trezentos para três mil especialmente aos engenheiros Dr. José Cândido
cruzeiros o quilo, e do babaçu de dez para sessenta Parente Pessoa, Dr. Mariote Pires Ribeiro, Dr.
cruzeiros o quilo, levam hoje vida muito mais folgada Cavalcanti e outros técnicos do DNOCS, por terem
que há anos. Não se nota, entretanto, a distribuição levado avante as obras da Barragem de Boa
dessa riqueza pelas populações piauienses. Pelo Esperança. E um passo histórico para o
contrário, o povo, o homem do campo e das cidades, soerguimento econômico do Piauí e essencialmente
principalmente os que vivem de salário, os para tirar as populações pobres de um estágio que
funcionários da Estado, enfim, estão mais pobres e sòmente a industrialização, a energia elétrica
sofrendo maiores privações. abundante e barata podem realmente conseguir
Assim, é da mais absoluta necessidade e da modificar.
maior urgência que obras como a da Barragem de É fato, Sr. Presidente, que o contrato das
Boa Esperança sejam concluídas. obras dessa barragem mereceu certos reparos do
Para êsse fim, a Bancada Federal do Piauí na Tribunal de Contas da União; mas estou certo que,
Câmara dos Deputados conseguiu a aprovação de com a boa vontade dos seus Ministros e a certeza de
uma verba de quinhentos milhões de cruzeiros, no que a obra será necessária ao Piauí serão
Orçamento da República para ocorrente ano, verba encontradas soluções adequadas para removê-los.
essa aumentada, pela Bancada piauiense no Senado Eu me parabenizo mais uma vez com a
para oitocentos milhões de cruzeiros. Essa direção do D.N.O.C.S. e venho em nome dos que
importância, somada aos saldos de consignações de participaram da nossa viagem a Boa Esperança e ao
1980 que devem ser pagos neste exercício, elevam- Açude de Orós agradecer a oportunidade que
se a cêrca de um bilhão de cruzeiros. tivemos de ver de perto o andamento dos trabalhos.
Essa importante barragem não só regularizará Faço votos para que a futura administração,
a navegação no Rio Parnaíba como possibilitará o no nôvo Govêrno, realize e cumpra a promessa que,
aproveitamento de cêrca de duzentos e cinqüenta mil por meu intermédio fêz aos piauienses, de que
quilowats de energia, que contribuirão para o levará a obra à terminação, cumprindo, assim, a
enriquecimento do Vale do Parnaíba e beneficiarão palavra empenhada. Os piauienses esperam e
tanto as populações do lado do Piauí como do lado contam com a sua inauguração nos próximos cinco
do Maranhão, e talvez algumas da parte do Ceará. anos. (Muito bem).
Assim sendo, Sr. Presidente, Srs. Senadores, O SR. PRESIDENTE: – O Sr. Senador Fausto
os representantes piauienses estão possuídos cio Cabral enviou à Mesa discurso para ser publicado de
maior entusiasmo e depositam a mais viva acôrdo com o disposto no § 2º do art. 201, do
esperança na concretização, no menor espaço de Regimento Interno.
tempo passível, dessa grande obra do Govêrno S. Exa. será atendido.
Federal. É o seguinte o discurso do Sr. Fausto Cabral:
– 270 –

O SR. FAUSTO CABRAL: – Sr. Presidente. te imenso e carecente País, se empenham


No curto recesso desta Casa, quando patriòticamente por propiciar o seu encontro com o
das festividades de Natal e Ano Bom, tive grandioso destino, a que, por tantas razões, está
um reencontro com a minha terra e a brava inequivocamente fadado apoio e confiança no
gente nordestina. E dêsse contato, que nada Govêrno que se inicia.
mais foi que uma salutar e inspiradora comunhão Jantais houve na história política da República
de idéias e sentimentos, me vieram à mente, manifestação tão positiva da vontade do povo na
nas horas tranqüilas de meditação, algumas escolha de seu máximo dirigente, quanto a
reflexões que me pare. cem não de todo caudalosa sufragação do nome do Sr. Jânio
desvaliosas, sobre momento político nacional Quadros.
e cujo resultado desejo apresentar aos meus Assim, nenhum Presidente, antes, jamais
eminentes pares e aos meus concidadãos, iniciou o seu Govêrno investido de uma tal
porque, do seu exame julgo poder extrair-se algum autoridade moral e com maior pêso de
proveito. responsabilidades perante esse mesmo povo,
Senti, igualmente a outros não menos Mas é evidente que nenhum governante, por
avisados patrícios, sôbre cujos ombros recai alguma mais bem forrado de sadias intenções e da mais
parcela de responsabilidade no trato e solução dos comprovada capacidade, poderá desincumbir-se
problemas nacionais, que o Brasil inteiro está acontento de seus deveres, se não encontrar o apoio
ancioso por vida nova, por um nôvo estilo de generoso dos governados, bem como a cooperação
govêrno; em particular, Sr, Presidente, os intrépidos eficaz de todos os órgãos e homens que compõem o
e sofridos nordestinos, de cujos sentimentos desejo mecanismo administrativo do País.
dar o testemunho perante esta Casa: tomaram êles a O que pensei, nas minhas horas de reflexão,
deliberação irretratável de romper definitivamente foi que a nós, representantes do povo no Congresso,
com o passado de servidão, de apatia, de energia toca-nos o indeclinável dever de vir ao encontro das
sem razão construtiva, de esforços sem resultado aspirações e desejos do povo, daqueles que nos
frutífero. elegeram seus mandatários, para que de nossa parte
Essa disposição, que senti palpitante não surjam tropeços oriundos de ressentimentos, de
no povo de meu Estado e por onde quer que ando frustrações eleitorais, de atitudes assumidas no calor
no Brasil, merece de nossa parte, seus da campanha sucessória, de incompatibilidades que
representantes, tanto maior compreensão e pudessem parecer inarredáveis.
acatamento quanto se considere que poucos dias os Não, senhores! O que o momento, o que o
separam da inauguração de um nôvo período povo Brasileiro espera de nós é precisamente
governamental. patriotismo, é elevação de propósitos, é capacidade
À frente do nôvo Govêrno encontra-se a figura e decisão de ajudarmos os que estão destinados a
singular de um homem que já deu claras e soerguer êsse gigante e fazê-lo empreender a
abundantes provas de sua capacidade de dirigir, marcha redentora, removendo imensos óbices que
conduzindo eficientemente a mau administrativa do se têm oposto à realização de seu progresso e
maior Estado da Federação. O povo que o engrandecimento.
elegeu tem o irrecusável direito de esperar de seus Permiti, pois, senhores Senadores,
representantes e de todos quantos, nes- que, em nome das imperiosas
– 271 –

necessidades da hora presente, no plano nacional e Os Srs. Senadores que aprovam a Redação
internacional, eu lance meu apêlo, para um exame Final, queiram permanecer sentados. (Pausa).
sereno e desapaixonado da atual conjuntura, a qual Aprovada.
exige a patriótica conjugação de esforços de todos É a seguinte:
os homens de boa vontade, que não tenham outro Redação Final do Substitutivo do Senado
maior alvo em mira que o bem da Nação! ao Projeto de Decreto Legislativo nº 2, de
Estejamos à altura dêste grave momento e 1951, que determina o registro do contrato
saibamos dar ao Govêrno que breve iniciará sua celebrado entre o Ministério da Agricultura e
faina, as medidas que, dependentes do Legislativo, Antônio Reis Lima e sua mulher Francisco Benevides
se imponham, contanto que a Nação possa marchar
dos Reis.
em busca da realização de seu potencial, dentro de
Substitua-se o projeto pelo seguinte:
procedimentos compatíveis com a sua formação
cristã e com as básicas exigências éticas e Mantém a decisão do Tribunal de Contas
espirituais, fiel à sua evolução histórica e ao seu que negou registro ao contrato celebrado,
magnificente destino, no qual sinceramente creio. em 23 de novembro de 1954, entre o Ministério da
Saibamos responder à conclamação que de Agricultura e o Sr. Antônio Reis Lima e sua
todos os quadrantes da pátria se ergue para que o mulher, para execução de obras de irrigação em
Brasil, no plano internacional, trabalhe pelo cooperação.
congraçamento das Nações e consolidação da Paz, O Congresso Nacional decreta:
e dentro de suas fronteiras torne uma realidade o Art. 1º É mantida a decisão do Tribunal de
lema de "Ordem e Progresso" que nos legaram os Contas que negou registro ao contrato celebrado, em
nobres fundadores da República. 23 de novembro de 1954, entre o Ministério da
O SR. PRESIDENTE: – Passa-se à: Agricultura e o Sr. Antônio Reis Lima e sua Mulher,
para execução de obras de irrigação em cooperação.
ORDEM DO DIA Art. 2º Revogam-se as disposições em
contrário.
Discussão única da Redação Final do O SR. PRESIDENTE: – A matéria vai à
substitutivo do Senado ao Projeto de Decreto
Câmara dos Deputados.
Legislativo nº 2, de 1957 originário da Câmara dos
Para acompanhar o estudo do Substitutivo
Deputados, que determina o registro do contrato
celebrado entre o Ministério da Agricultura e Antônio naquela Casa do Congresso, designo o nobre
Reis Lima e sua mulher Francisca Benevides doa Senador Jorge Maynard.
Reis (redação oferecida pela Comissão de Redação
em seu Parecer nº (0, de 1961). Discussão única da Redação Final do Projeto
de Lei do Senado nº 10, de 1960, que autoriza o
Em discussão a Redação Final. Não havendo Poder Executivo a emitir uma série de selos
quem faça uso da palavra, encerro a discussão. postais comemorativos do sesquicentenário da
Em votação. Carta de Lei nº 4, de dezembro de 1810 (redação
– 272 –

oferecida pela Comissão de Redação em seu tura, o crédito especial de Cr$ 15.000.000,00
Parecer nº 9, de 1961). destinado ao Instituto Brasileiro de Educação,
Ciência e Cultura – IBECC – Seção de São Paulo,
Em discussão. tendo Parecer Favorável, sob nº 26, de 1961, da
Não havendo quem faça uso da palavra, Comissão de Finanças.
encerro a discussão.
Em votação a Redação Final. Em discussão.
Os Srs. Senadores que a aprovam, queiram Nenhum Sr. Senador desejando fazer uso da
permanecer sentados. (Pausa). palavra, encerrarei a discussão. (Pausa).
Aprovada. Encerrada.
É a seguinte: Em votação o projeto.
Os Srs. Senadores que o aprovam, queiram
Redação Final do Projeto de Lei do Senado nº conservar-se sentados. – (Pausa)
10, de 1960 "que autoriza o Poder Executivo a emitir Aprovado.
uma série de selos postais comemorativos do É o seguinte:
sesquicentenário da Carta de Lei de 4 de dezembro
de 1810. PROJETO DE LEI DA CÂMARA
Nº 7, DE 1961
O Congresso Nacional decreta:
Art. 1º É o Poder Executivo autorizado a (Nº 87-B, de 1959, na Câmara)
emitir pelo Ministério da Viação e Obras Públicas –
Departamento dos Correios e Telégrafos – uma Autoriza o Poder Executivo a abrir, pelo
série de selos postais comemorativos do Ministério da Educação e Cultura o crédito especial
sesquicentenário da Carta de Lei de 4 de dezembro de Cr$ 15.000.000,00, destinado ao Instituto
de 1810. Brasileiro de Educação, Ciência e Cultura – IBECC –
Art. 2º Os selos de que trata esta lei conterão Seção de São Paulo.
as efígies de Dom João VI e do Conde de Linhares e
terão o valor unitário de Cr$ 2,50 (dois cruzeiros e O Congresso Nacional decreta:
cinqüenta centavos). Art. 1º Fica o Poder Executivo autorizado a
Art. 3º A série de selos será de 2.000.000 abrir, pelo Ministério da Educação e Cultura, o
(dois milhões) de unidades e deverá ser lançada em crédito especial de Cr$ 15.000.000,00 (quinze
circulação na data comemorativa da efeméride. milhões de cruzeiros,) destinado ao Instituto
Art. 4º Esta lei entrará em vigor na data de sua Brasileiro de Educação, Ciência e Cultura – IBECC –
publicação, revogadas as disposições em contrário. (Seção de São Paulo).
O SR. PRESIDENTE: – O projeto vai à Art. 2º Esta lei entrará em vigor na data de sua
Câmara dos Deputados. publicação, revogadas as disposições em contrário,
O SR. PRESIDENTE: – O projeto vai à
Discussão única do Projeto de Lei sanção.
da Câmara nº 7, de 1961 (número 87, de 1959,
na Câmara), que autoriza o Poder Executivo Discussão única do Projeto de Lei da
a abrir, pelo Ministério da Educação e Cul- Câmara nº 9, de 1961 ( nº 70, de 1959) que cria
– 273 –

no Tribunal Regional do Trabalho da 2ª Região, 20 ru, Barretos e Piracicaba, no Estado de São Paulo.
(vinte) Juntas de Conciliação e Julgamento e Curitiba (2ª), Londrina e Ponta Grossa, no Estado do
autoriza o Poder Executivo a abrir ao Poder Paraná; e Corumbá, no Estado de Mato Grosso.
Judiciário – Justiça do Trabalho – o crédito especial Art. 2º O limite da Jurisdição de cada Junta ora
de Cr$ 20.000.000,00 e dá outras pro vidências, criada será o da respectiva Comarca, exceção da
tendo Pareceres Favoráveis, sob ns. 27 a 29, de Junta de Mogi das Cruzes, que se estenderá aos
1961, das Comissões de Constituição e Justiça, de Municípios de Suzano, Itaquaquecetuba, Poá,
Serviço Público Civil e de Finanças. Guararema, Solesópolis e Ferraz de Vasconcelos, e
a de Guarulhos, que se estenderá ao Município de
Em discussão. São Miguel.
Não havendo quem faça uso da palavra, § 1º A Junta de Conciliação e Julgamento,
encerro a discussão. existente em Cuiabá, Estado de Mato Grosso terá
Em votação. jurisdição ainda sôbre as Comarcas de Diamantino e
Os Srs. Senadores que aprovam o projeto, Rosário do Oeste, no mesmo Estado.
queiram permanecer sentados. (Pausa). § 2º Quando houver na mesma Comarca mais
Aprovado. de uma Junta, a competência se definirá por
Vai à sanção, distribuição.
É o seguinte: Art. 3º Para compor as Juntas referidas no art.
1º, ficam criados 20 (vinte) cargos de Juiz do
PROJETO DE LEI DA CÂMARA Trabalho Presidente da Junta, 40 (quarenta) funções
Nº 9, DE 1961 de Vogais, sendo 20 (vinte) para a representação
dos empregados e 20 (vinte) para a de
(Nº 70,C, de 1959, na Câmara dos Deputados) empregadores e 20 (vinte) de Juiz do Trabalho-
Substituto do Presidente da Junta,
Cria no Tribunal Regional do Trabalho da 2ª § 1º Haverá ainda 1 (um) suplente de Vogal
Região, 20 Juntas de Conciliação e Julgamento e para cada Junta.
autoriza o Poder Executivo a abrir ao Poder § 2º Os vencimentos dos cargos e as
Judiciário – Justiça do Trabalho – o crédito especial gratificações das funções serão os fixados na Lei nº
de Cr$ 20.000.000,00; e dá outras providências. 2.588, de 8-9-55, com as alterações da Lei nº 3.531,
de 19 de janeiro de 1959.
O Congresso Nacional decreta: Art. 4º Os mandatos dos Vogais das Juntas de
Art. 1º São criadas na 2ª Região da Justiça do que trata o art. 1º e os dos demais Vogais das Juntas
Trabalho 20 (vinte) Juntas de Conciliação e da 2ª Região da Justiça do, Trabalho terminarão,
Julgamento, sendo 4 (quatro) na Capital do Estado simultaneamente, com os das 8 (seis) primeiras Juntas
de São Paulo, sob os ns. 20 a 23, e as demais em sediadas na Capital do Estado de São Paulo, em curso
Araraquara, Taubaté, São José dos Campos, na data da entrada em vigor da presente lei.
Mogi das Cruzes, São Bernardo do Campo, Art. 5º O Presidente do Tribunal
Guarulhos, Rio-Claro, São Carlos, Americana, Bau- Regional do Trabalho de São
– 274 –

Paulo (2ª Região) promoverá a instalação das Juntas ORDEM DO DIA


ora criadas, na forma da legislação em vigor.
Art. 6º Para atender, no primeiro exercício, às 1 – Discussão única do Projeto de Lei da
despesas decorrentes desta lei, é o Poder Câmara nº 99, de 1960 (número 1.700, de 1960, na
Executivo autorizado a abrir ao Poder Judiciário – Câmara), que autoriza o Poder Executivo a abrir, ao
Justiça do Trabalho, Tribunal Regional do Poder Judiciário – Justiça Eleitoral – Tribunal Regional
Trabalho, da 2ª Região, o crédito especial do Pará – os créditos especiais de Cr$ 79.112,50 e
de Cr$ 20.000.000,00 (vinte milhões de Cruzeiros 368.205,00 para ocorrer às despesas com
cruzeiros). pagamento de diferença de gratificação adicional
devida a funcionários da Secretaria do mesmo tribunal,
Art. 7º Esta lei entrará em vigor na data
tendo: Parecer Favorável, sob nº 17, de 1961, da
de sua publicação, revogadas as disposições em
Comissão, de Finanças.
contrário.
2 – Discussão única do Projeto de Lei da
O SR. PRESIDENTE: – Está esgotada a Câmara nº 1, de 1961 (nº 1.588 de 1960 na Câmara)
matéria constante da Ordem do Dia. que abre um crédito especial de Cr$ 30.000.000,00
Não há oradores inscritos. (Pausa). ao Ministério da viação e Obras Públicas, para obras
Antes de encerrar a sessão, lembro aos Srs. do Tunel do Palatinato, em Petrópolis, Estado do Rio
Senadores que às 21 horas haverá reunião do de Janeiro tendo: Parecer Favorável, sob nº 18, de
Congresso para apreciação de veto presidencial. 1961, da Comissão de Finanças.
Nada mais havendo que tratar, vou Está encerrada a sessão.
encerrar a sessão, designando para a de Levanta-se a sessão às 15 horas e 20
amanhã a seguinte: minutos.
18ª SESSÃO DA 2ª SESSÃO LEGISLATIVA, EXTRAORDINÁRIA, DA 4ª LEGISLATURA, EM 26 DE
JANEIRO DE 1961

PRESIDÊNCIA DOS SENHORES FILINTO MÜLLER, CUNHA MELO,


NOVAES PILHO E HERIBALDO VIEIRA

Às 14 horas e 30 minutos, acham-se Saulo Ramos.


presentes os Srs. Senadores: Irineu Bornhausen.
Cunha Mello. Mem de Sá.
Vivaldo Lima.
Zacharias de Assumpção. Guido Mondim. – (44).
Victorino Freire. O SR. PRESIDENTE: – A lista de presença
Sebastião Archer. acusa o comparecimento de 44 Srs. Senadores.
Eugênio Barros. Havendo número legal, declaro aberta a sessão.
Mendonça Clark. Vai ser lida a Ata.
Mathias Olympio.
Joaquim Parente. O Sr. Mathias Olympio, 1º Suplente, servindo
Fausto Cabral. de segundo Secretário, procede à leitura da
Menezes Pimentel. Ata da sessão anterior, que é aprovada sem
Reginaldo Fernandes. debates.
Dix-Huit Rosado. O Sr. Cunha Mello, 1º Secretário, lê o
Argemiro de Figueiredo.
Ruy Carneiro. seguinte:
Novaes Filho.
Jarbas Maranhão. EXPEDIENTE
Antônio Baltar.
Rui Palmeira. Ofícios
Silvestre Péricles.
Lourival Fontes.
Heribaldo Vieira. Da Câmara dos Deputados, encaminhando
Lima Teixeira. autógrafos dos seguintes projetos de lei:
Aloysio de Carvalho.
Ary Vianna. PROJETO DE LEI DA CÂMARA
Paulo Fernandes.
Arlindo Rodrigues. Nº 19,DE 1961
Calado de Castro.
Afonso Arinos. (Nº 2.521-A de 1960, na Câmara)
Benedito Valadares.
Nogueira da Gama.
Autoriza o Poder Executivo a abrir, ao
Moura Andrade.
Lino de Mattos. Poder Judiciário – Tribunal Federal de Recursos – o
Pedro Ludovico. crédito especial de Cr$ 86.286.924,00 para atender
João Villasbôas. às despesas de qualquer natureza com a
Filinto Müller. transferência do pessoal daquele Tribunal para
Alô Guimarães.
Brasília.
Gaspar Velloso.
Nelson Maculan.
Francisco Gallotti. O Congresso Nacional decreta:
– 276 –

Art. 1º Fica o Poder Executivo autorizado a do Rio Grande do Sul todos os direitos e vantagens
abrir ao Poder Judiciário – Tribunal Federal de assegurados aos demais ferroviários brasileiros
Recursos – o crédito especial de Cr$ 86.286.924,00 incorporados à Rede Ferroviária S.A., inclusive os
(oitenta e seis milhões duzentos e oitenta e seis mil, novos níveis salariais e abono-família fixados na Lei
novecentos e vinte e quatro cruzeiros), para atender nº 3.826, de 23 de novembro de 1960, desde que
às despesas de qualquer natureza com a sua superiores aos vigentes na Viação Férrea do Rio
transferência e remoção do respectivo pessoal para Grande do Sul.
Brasília. Art. 2º Fica o Poder Executivo autorizado a
Art. 2º O crédito a que se refere esta lei será abrir, pelo Ministério da Viação e Obras Públicas, o
automaticamente registrado pelo Tribunal de Contas crédito especial até o limite de Cr$ 1.000.000,00 (um
e distribuído ao Tesouro Nacional, dispensadas as milhão de cruzeiros), para atender às despesas
exigências do art. 93 do Código de Contabilidade da resultantes desta lei no presente exercício.
União. Parágrafo único. O crédito de que trata
Art 3º Esta lei entrará em vigor na data de sua êste artigo será automàticamente registrado pelo
publicação, revogadas as disposições em contrário. Tribunal de Contas e distribuído ao Tesouro
A Comissão de Finanças. Nacional.
Art. 3º Esta lei entrará em vigor na data de sua
PROJETO DE LEI DA CÂMARA publicação, revogadas as disposições em contrário.
Nº 20, DE 1961
A Comissão de Serviço Público Civil e de
(Nº 1.055-B de 1959, na Câmara) Finanças.

Aprova Têrmo de Acôrdo firmado entre o PROJETO DE LEI DA CÂMARA


Govêrno Federal e o Estado do Rio Grande do Sul, Nº 21, DE 1961
sôbre as condições de reversão da Viação Férrea do
Rio Grande do Sul à União. (Nº 2.408-B, de 1960 na Câmara)

O Congresso Nacional decreta: Fixa um teto máximo para as tarifas de energia


Art. 1º Fica aprovado o "Têrmo de Acôrdo elétrica nas Cidades de Fortaleza, Estado do Ceará
sôbre as condições de reversão à União Federal da e Natal, Estado do Rio Grande do Norte e dá outras
Viação Férrea do Rio Grande do Sul e da liquidação providências.
dos direitos e obrigações resultantes do contrato de
arrendamento de 17 de agôsto de 1950 e seu O Congresso Nacional decreta:
aditivo", firmado em 22 de maio de 1959 entre o Art. 1º As tarifas de energia elétrica
Govêrno Federal e o Estado do Rio Grande do Sul, das Cidades de Fortaleza e Natal ficam equiparadas
em face da rescisão do referido contrato por parte às tarifas vigentes na Cidade de Recife,
daquele Estado, por ato de 16 de setembro de 1957, Pernambuco, até que a linha de transmissão da Cia.
usando da opção que lhe assegurava o art. 12 da Lei Hidrelétrica do São Francisco atinja a Cidade de
nº 2.217 de 5 de junho de 1954. Fortaleza.
Parágrafo único. São extensivos aos Art. 2º A eventual diferença existente entre as
servidores públicos ferroviários tarifas das duas cidades será coberta mediante au-
– 277 –

xílio que o Poder Executivo concederá através de número 34.795, de 22 de maio de 1958);
verbas específicas, consignadas no Subanexo da d) Escola de Belas Artes do Espírito Santo
Superintendência do Desenvolvimento Econômico do (Decreto nº 40.065, de 3 de outubro de 1956);
Nordeste (SUDENE) e destinada ao concessionário e) Faculdade de Odontologia do Espírito
do Serviço de Energia Elétrica de Fortaleza Santo (Decreto nº 31.886, de 28 de novembro de
(SERVILUZ) . 1952);
Art. 3º Fica o Poder Executivo autorizado a f) Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras do
abrir um crédito especial de Cr$ 180.000.000,00 Espírito Santo (Decreto nº 39.815, de 20 de agôsto
(cento e oitenta milhões de cruzeiros) para atender à de 1956);
execução da presente lei no exercício de 1961. g) Faculdade de Medicina do Espírito Santo; e
Art. 4º Esta lei entrará em vigor na data de sua h) Escola de Educação Física, criada pela Lei
publicação, revogadas as disposições em contrário. nº 98, de 24-9-36.
As Comissões de Economia e de Finanças § 1º – As Faculdades e Escolas mencionadas
neste artigo passam a denominar-se
PROJETO DE LEI DA CÂMARA respectivamente: Faculdade de Direito, Escola
Nº 22, DE 1961 Politécnica; Faculdade de Ciências Econômias,
Escola de Belas Artes, Faculdade de Odontologia,
(Nº 2.566-B, 1981, na Câmara) Faculdade de Filosofia Ciências e Letras, Faculdade
de Medicina da Universidade do Espírito Santo e
Cria a Universidade do Espírito Santo e dá Escola de Educação Física.
outras Providências. § 2º – A agregação à U.E.S. de outro curso ou
de outro estabelecimento de ensino depende de
O Congresso Nacional decreta: parecer favorável do Conselho Universitário e de
Art. 1º É criada a Universidade do Espírito deliberações do Govêrno Federal, e assim a
Santo (U.E.S.), com sede em Vitória, Capital do desagregação.
Estado do Espírito Santo, e integrada no Ministério Art. 3º O patrimônio da U.E.S. será formado
da Educação e Cultura – Diretoria do Ensino pelos:
Superior, incluída na categoria constante do item I, a) bens móveis e imóveis, e instalações ora
do art. 3º da Lei nº 1.254, de 4 de dezembro de utilizados pelos estabelecimentos aludidos no artigo
1950. anterior e que lhe serão transferidos nos têrmos
Parágrafo único. A U.E.S. terá personalidade desta lei.
jurídica e gozará de autonomia didática, financeira, b) bens e direitos que adquirir ou que lhe
administrativa e disciplinar, na forma da lei, sejam transferidos na forma da lei;
Art. 2º A U.E.S. compor-se-á dos seguintes c) legados e doações legalmente aceitos; e
estabelecimentos de ensino: d) saldos da receita própria e dos
a) Faculdade de Direito do Espírito Santo (Lei recursos orçamentários ou outros que lhe forem
nº 1.254, de 4 de dezembro de 1950); destinados.
b) Escola Politécnica do Espírito Santo Parágrafo único. A aplicação dos
(Decreto nº 40.544, de 11 de dezembro de 1956; saldos referidos na alínea d deste artigo
c) Faculdade de Ciências Econômicas depende de deliberação do Conselho Universitário e
do Espírito Santo (Decreto semente poderá sê-lo em bens patrimo-
Página original mutilada
Páginas original mutilada
– 280 –

complementar dos elevados fins a que se propõe. primeira em 31 de outubro de 1964 e as seguintes no
Sala das Comissões, em 24 de janeiro de mesmo dia e mês dos anos posteriores.
1961. – Gaspar Velloso, Presidente e Relator. – As alterações decorrentes da presente lei
Vivaldo Lima, com restrições. – Mem de Sá. – Irineu (projeto) serão inscritas nos instrumentos
Bornharusen. – Victorino Freire. – Francisco Gallotti, representativos dos respectivos débitos; mediante
vencido. – Caiado de Castro, vencido. – Guido simples anotação feita pelo Banco do Brasil S.A. e
Mondim. – Ary Vianna. – Fausto Cabral. isenta de impôsto de sêlo (art. 5º).
Finalmente, no art. 6º o projeto autoriza o
PARECER Poder Executivo a celebrar com o Banco do Brasil S.
Nº 34, DE 1961 A. convênio para a execução da presente lei
(projeto), independendo, entretanto, de formalização
Da Comissão de Constituição e Justiça, sôbre dêsse ato, a concessão imediata dos benefícios nela
o Projeto de Lei da Câmara nº 16, de 1961 (nº 2.236- previstos.
60, da Câmara) que modifica a Lei nº 3.643, de 14 II – O autor da Proposição, o eminente
de outubro de 1959, suspendendo o vencimento de Deputado César Projeto, justificou-a da seguinte
débitos dos cafeicultores, e dá outras providências. maneira:
"Os financiamentos especiais, de que tratam
Relator: Sr. Argemiro de Figueiredo. as leis números 2.095 e 2.697, foram concedidos
Pelo presente projeto (art. 1º), fica suspenso com vistas à recuperação da lavoura cafeeira
até 31 de outubro de 1964 o vencimento dos débitos atingida pelas geadas de 1953 e 1955.
a que se refere o artigo 1º da Lei nº 3.643, de 14 de Posteriormente as Leis 3.393 e 3.643 dilataram os
outubro de 1959, não abrangendo, porém, esta prazos de pagamento, respectivamente, para quatro
medida (parágrafo 1º), a prestação vencida a 31 de anos e oito anos.
outubro de 1959. Fatôres imponderáveis conspiraram no
Os débitos resultantes, da aplicação da lei entanto contra os beneficiários daquelas medidas
(projeto) vencerão juros de 6% ao ano, não oficiais e ao cafeicultor, então, não foi possível fazer
capitalizáveis (art. 2º). face aos compromissos decorrentes da consolidação
O penhor legal instituído em favor da União das dívidas assumidas para com o Banco do Brasil
pelo art. 4º da Lei 3.643, de 14 de outubro de 1959, S. A., através da Lei nº 3.643, de 14 de outubro de
não atingirá (art. 3º) as colheitas processadas 1959.
durante os anos civis de 1960, 1961, 1962 e 1963, A alta dos custos de produção agravados
que poderão ser livremente alienadas e apenhadas, pelos fenômenos de natureza inflacionária, não
inclusive para garantia de financiamentos de custeio ensejou um correspondente aumento nos preços do
agrícola proporcionados pela Carteira de Crédito café, que ainda é vendido ao preço de há sete anos.
Agrícola e Industrial cio Banco do Brasil S.A. Compreende-se fàcilmente, que o
O débito apurado em 31 de outubro de 1954 preço de Cr$ 800,00 do café em côco, em
será liquidado (art. 4º) em oito prestações, anuais 1953, não corresponde à realidade econô-
– 281 –

Com essa quebra na renda, o cafeicultor tem a tratamento muito mais liberal e equitativo.
agravar-lhe o problema da frustração da presente Submetendo à consideração dos senhores
safra, que é insuficiente para ocorrer com as membros desta Casa o presente projeto de lei,
despesas essenciais de custeio e o pagamento da apelamos no sentido de que êle seja aprovado com a
prestação devida ao Banco do Brasil S.A. consoante urgência que a gravidade do assunto impõe."
o artigo 1º da Lei nº 3.643, de 14 de outubro de III – Trata-se, como se vê, de medida da maior
1959. relevância, de inegável repercussão nas esferas
Como os 12.000 mutuários dependentes do econômicas e financeiras, mas o mérito da mesma
deverá ser examinado pelos órgãos técnicos
Banco do Brasil não poderão solver os
competentes, ou seja as Comissões de Economia e
compromissos a 30 de outubro de 1960 em virtude
de Finanças.
do resultado incontornável de deficiência de IV – A esta Comisão cumpre falar apenas
produtividade das lavouras, é justo e humano que, sôbre o aspecto constitucional e jurídico da matéria,
diante dêsse inevitável colapso, o Govêrno Federal mas antes de nos pronunciarmos, queremos fazer
promova medidas no sentido de socorrer êsses duas observações:
lavradores a fim de prevenir e atenuar os efeitos a) o artigo 1º contém um só párágrafo, que
dramáticos de tamanha crise econômico- deveria constar como parágrafo único e não como
financeira, numa tão vasta e vital região para a parágrafo primeiro, como está. A Comissão de
formação de divisas, evitando, por igual, Redação poderá corrigir a falha;
problemas sociais de grave e imprevisíveis b) o artigo 7º diz: esta lei entrará em vigor na
conseqüências. data de sua publicação, mantidas as disposições da
Grandes fatôres que são da riqueza Lei número 3.643, de 14 de outubro de 1959, que
nacional, produzindo divisas necessárias ao não a contrariem expressamente.
nosso desenvolvimento econômico, é preciso que O artigo contém, evidentemente expressões
se concretize a medida pleiteada, através do redundantes pois é claro que a Lei nº 3.643, de 14
presente projeto de lei, pois além de tudo, ela não de outubro de 1959, naquilo em que não colidir com
a presente lei (projeto), continuaria em vigor.
acarretará ônus à Nação, já que o montante dos
Qualquer emenda ao projeto determinaria,
débitos representa só 2% dos ágios arrecadados
porém, o retôrno dêste à Câmara, o que procrastinaria
nas licitações de câmbio com as divisas o andamento da matéria, já considerada de urgência.
fornecidas pelos mesmos lavradores visto V – Feitas estas observações, e considerando
que de 1953 a 1960, os aludidos ágios que, no que tange à constitucionalidade e
alcançaram a expressiva cifra de 400 bilhões de juridicidade, o projeto nada contém que o invalide,
cruzeiros. opinamos por sua aprovação.
Idêntico procedimento vamos encontrar em Sala das Comissões, em 26 de janeiro de
outros setores de atividade agrícola que, embora não 1961. – Lourival Fontes, Presidente – Argemiro
concorram para a produção de divisas, têm recebido de Figueiredo, Relator. – Silvestre Péricles. –
– 282 –

Menezes Pimentel. – Caiado de Castro. – Gaspar 5. Explica o autor da proposição. Deputado


Velloso. – Rui Palmeira. César Prieto, que os financiamentos especiais, de
que tratam as leis ns. 2.095 e 2.697, foram
PARECER concedidos com vistas à recuperação da lavoura
Nº 35, DE 1961 cafeeira atingida pelas geadas de 1953 e 1955. As
Leis 3.393 e 3.643 dilataram, depois, os prazos de
Da Comissão de Economia, sôbre Projeto de pagamento, respectivamente, para quatro anos e oito
Lei da Câmara nº 16, de 1961 (nº 2.236 – C/60, na anos.
Câmara), que modifica a Lei nº 3.643, de 14 de 6. Mas, fatôres imponderáveis impediram que
outubro de 1959, suspendendo o vencimento de os beneficiários em causa estivessem em condições
débitos dos cafeicultores, e dá outras providências. de saldar seus débitos, no prazo estipulado – e seria
das mais nocivas à economia do País, uma
Relator: Sr. Nelson Maculan. providência drástica que o nosso principal
O presente projeto de lei modifica a Lei nº estabelecimento de crédito viesse agora a tomar
3.643, de 14 de outubro de 1959, suspendendo o contra os 12.000 mutuários em dificuldades.
vencimento de débitos dos cafeicultores a que se 7. Quatrocentos (400) bilhões de cruzeiros, no
refere aquêle diploma até 31 de outubro de 1964. A período 1953-1960, está dito ainda entre os
medida consubstanciada em tal dispositivo, todavia, argumentos justificadores do projeto, foi a cifra
não abrange a prestação vencida a 31 de outubro de alcançada pelos ágios arrecadados nas licitações de
1959. câmbio com as divisas fornecidas pelos citados
2. Outro artigo do projeto estabelece que os plantadores de café.
débitos resultantes da aplicação da medida prevista 8. Na verdade, o café ainda é a base que
vencerão juros de 6% a.a., não capitalizáveis. garante a sobrevivência econômica do Brasil. É com
3. Está igualmente determinado no texto da as divisas que êle nos dá que compramos os bens de
proposição que, "O penhor legal instituído em favor produção com os quais vamos instalando nossas
da União pelo art. 4º da Lei nº 3.643, de 14 de indústrias e são essas indústrias que vão
outubro de 1959, não atingirá as colheitas configurando, para o País, uma estrutura econômica
processadas durante os anos civis de 1960, 1961 progressivamente mais vigorosa. E não atende,
1962 e 1963 que poderão ser livremente alienadas e assim, de modo algum, ao interêsse nacional, permitir
apenhadas, inclusive para garantia de a incidência de situações que reduzam ou que
financiamentos de custeio agrícola proporcionados desestimulem a atividade dos cafeicultores, dêsses
pela Carteira de Crédito Agrícola e Industrial do produtores que tanto ajudam o País a crescer.
Banco do Brasil S.A. 9. É por pensar nos têrmos do exposto que
4. Finalmente existe ainda um dispositivo concluímos, opinando pela aceitação do projeto
segundo o qual o débito apurado em 31 de outubro neste órgão técnico.
de 1964 será liquidado em oito prestações anuais, Sala das Comissões, em 26 de janeiro de
iguais e sucessivas, vencendo-se a primeira em 31 1961. – Ary Vianna, Presidente. – Nelson Maculan,
de outubro de 1964 e as seguintes no mesmo dia e Relator. – Eugênio Barros. – Alô Guimarães. – Irineu
mês dos anos posteriores. Bornhausen.
– 283 –

PARECER b) que: "os débitos resultantes da aplicação da


Nº 36, DE 1961 presente lei vencerão juros de 6% a.a., não
capitalizáveis";
Da Comissão de Finanças, sôbre o Projeto de c) que: "o penhor legal instituído em favor da
Lei da Câmara nº 16, de 1961 (na Câmara nº 2.236 União pelo art. 4º da Lei nº 3.643, de 14 de outubro
de 1960), que modifica a Lei nº 3.643, de 14 de de 1959, não atingirá as colheitas processadas
outubro de 1959 suspendendo o vencimento de durante os anos civis de 1960, 1961, 1962 e 1963
débitos de cafeicultores, e dá outras providências. que poderão ser livremente alienadas e apenhadas,
inclusive para garantia de financiamentos de custeio
Relator Sr. Fausto Cabral. agrícola proporcionados pela Carteira de Crédito
O presente projeto visa a suspender até 31 de Agrícola e Industrial do Banco do Brasil";
outubro de 1964 o vencimento dos débitos a que se d) que: "o débito apurado em 31 de outubro de
refere o art. 1º da Lei nº 3.643, de 14 de outubro de 1964 será liquidado em oito prestações anuais,
1959. iguais e sucessivas, vencendo-se a primeira em 31
A Lei nº 3.643, de 1959, dispõe em seu art. 1º: de outubro de 1964 e as seguintes no mesmo dia e
"Aos cafeicultores amparados pelas Leis ns. mês dos anos posteriores";
2.095, de 16 de novembro de 1953, e 2.627, de 27 e) que: "as alterações decorrentes da presente
de dezembro de 1955, e 3.393, de 27 de maio de lei serão inscritas nos instrumentos representativos
1958 é facultado o direito ao pagamento do débito dos respectivos débitos, mediante simples anotação
que se verificar após o término do período agrícola feita pelo Banco do Brasil S.A. e isenta de impôsto
1958-1959, resultante dos financiamentos especiais de sêlo".
concedidos através da Carteira de crédito Agrícola e Como se observa, as medidas constantes do
Industrial do Banco do Brasil S.A. inclusive o custeio presente projeto visam a amparar os nossos
especial da safra agrícola 1958-1959 em oito cafeicultores, outorgando-lhes melhores condições
prestações anuais consecutivas, sendo as 4 (quatro) de crédito bancário, sem contudo, descurar do
primeiras de (10%) dez por cento e as 4 (quatro) aspecto relativo à defesa das finanças públicas.
seguintes de (15%) quinze por cento, computados os Na realidade, a proposição cogita do
juros correspondentes à taxa de sete (7%) por cento estabelecimento de uma moratória suspendendo o
ao ano e mantidas as garantias hipotecárias vencimento dos débitos de nossos cafeicultores até
anteriormente constituídas. 31 de outubro de 1964, fato êste que redundará em
§ 1º O vencimento da primeira prestação será favor de nossa riqueza, como grande país produtor
em 31 de outubro de 1959, vencendo-se as que somos.
seguintes, durante os sete anos de prazo, em igual Assim, tendo em vista também as razões
dia e mês de cada ano, consecutivamente. aduzidas pela Comissão de Economia, opinamos
O projeto, em complementação à medida pela aprovação do presente projeto.
consubstanciada em seu art. 1º, prescreve: Sala das Comissões, em 26 de janeiro de 1961. –
a) que: "o disposto neste artigo não abrange a Gaspar Velloso, Presidente. – Fausto Cabral, Relator. –
prestação vencida a 31 de outubro de 1959"; Caiado de Castro. – Mem de Sá. – Irineu Bornhausen.
– 284 –

– Victorino Freire. – Arlindo Rodrigues. – Francisco Isabel e outros, no Estado da Paraíba.


Gallotti. – Saulo Ramos.
PARECER
PARECER Nº 38, DE 1961
Nº 37, DE 1961
Da Comissão de Educação e Cultura sôbre o
Redação Final da Emenda do Senado ao Projeto de Lei da Câmara nº 17, de 1961 (na
Projeto de Lei da Câmara nº 55, de 1960 (na Câmara nº 2.361-60), que federaliza a Escola
Câmara, número 1.149-B-60). Superior de Veterinária, pertencente à Universidade
Rural do Estado de Minas Gerais, e dá outras
Relator: Sr. Ary Vianna. providências.
A Comissão apresenta a Redação Final (fl.
anexa) da Emenda do Senado ao Projeto de Lei da Relator: Sr. Saulo Ramos.
Câmara número 55, de 1960 (nº 1.149-B-60, na O projeto de lei em exame encaminhado ao
Câmara), originário da Câmara dos Deputados. Congresso Nacional pelo Sr. Presidente da
Sala das Comissões, em 19 de janeiro de 1960. República, tem por objetivo federalizar a Escola
– Argemiro de Figueiredo, Presidente. – Ary Vianna, Superior de Veterinária, pertencente à Universidade
Relator. – Sebastião Archer. – Menezes Pimentel. Rural do Estado de Minas Gerais.
A referida Escola, que já funciona há mais de
ANEXO AO PARECER 5 lustros, como estabelecimento da Universidade
Nº 37, de 1961 Rural de Minas Gerais, e que já habilitou inúmeros
técnicos em agricultura e veterinária, passará a
Redação Final da Emenda do Senado ao denominar-se Escola de Veterinária da Universidade
Projeto de Lei da Câmara nº 55, de 1960 (nº 1.149- de Minas Gerais, na categoria de unidade
B-60 na Câmara), que autoriza a constituição de uma federalizada, na forma da Lei número 1.254, de 4 de
companhia hidrelétrica no Estado da Paraíba. dezembro de 1950, devendo ser incorporados ao
patrimônio da Universidade todos os seus bens
EMENDA móveis e imóveis, apólices e direitos a ela
Nº 1 – (C.F.) pertencentes.
Os objetivos da proposição encontram plena
O artigo 1º terá a seguinte redação: justificativa, não só do ponto de vista financeiro uma
"É o Govêrno Federal autorizado a constituir vez que, integrando o bloco universitário da
uma sociedade de economia mista, com a Universidade de Minas Gerais, poderá melhor
denominação de Companhia Hidrelétrica da usufruir da assistência financeira de que carece para
Borborema, para aproveitamento da energia desenvolver suas atividades, como do ponto de vista
hidráulica dos Rios Paraíba e Alto Piranhas, e sua do interêsse do ensino já que terá a Escola melhores
distribuição pelos Municípios de Cabeceiras, São elementos para revitalizar e dinamizar as suas
João do Cariri, Sumé, Monteiro, Taperoá, tarefas de pesquisas e as suas atividades científicas,
Campina Grande (Vilas de Queimadas, Fagundes no campo da saúde pública e da economia.
e Boa Vista), Piancó, Curema, Pombal, Malta Dessa forma, desligando-se da
Souza, Cajazeiras, Jatobá, Misericórdia, Princesa Universidade Rural, cuja sede é em
– 285 –

Viçosa e passando a integrar a Universidade de grar a Universidade de Minas Gerais, como unidade
Minas Gerais, a Escola Superior de Veterinária universitária, na categoria constante do art. 3º da Lei
disporá de melhores recursos para desenvolver com nº 1.254, de 4 de dezembro de 1950".
maior eficiência os seus serviços, resultando, ainda Adiante, estabelece o projeto que "são
desta providência, maiores benefícios para a própria incorporados ao patrimônio da Universidade de Minas
Universidade de Minas Gerais, a qual com o Gerais todos os bens móveis, imóveis, apólices e direitos
acréscimo de mais uma unidade de ensino poderá pertencentes ou utilizados pelo estabelecimento".
ampliar seu raio da ação a campos de magna Fica assegurado, ainda, o aproveitamento dos
importância, como o da saúde, o da economia e o professôres catedráticos efetivos, no Quadro
das pesquisas científicas e técnicas. Permanente do Ministério da Educação e Cultura –
Acresce que, como muito bem salienta o titular Universidade de Minas Gerais. E os professôres não
da pasta da Educação na Exposição de Motivos, aproveitados em caráter efetivo, poderão ser
encaminhada ao Chefe do Govêrno, "integrando-se nomeados interinamente.
no sistema federal do Ensino Superior a Escola Para atender as finalidades a que se propõe,
melhor se habilitará para servir no âmbito nacional, são criados pelo projeto os seguintes cargos e
cooperando na formação de profissionais altamente funções gratificadas:
especializados que terão a seu cargo a proteção de 43 – Professôres Catedráticos.
nossa riqueza animal".
Por êsses fundamentos, o projeto está em Símbolo
condições de merecer a aprovação desta 1– Reitor............................................... 2-C
Comissão. 6– Diretor.............................................. 5-C
Sala das Comissões, em 25 de janeiro de 7– Secretário........................................ 3-F
1961. – Sebastião Archer, Presidente. "ad hoc". 7– Chefe de Portaria............................ 22-F
Saulo Ramos, Relator. – Paulo Fernandes. – Afonso
Arinos. A Comissão de Educação e Cultura já se
manifestou na espécie, aduzindo considerações que
PARECER favorecem a aprovação do projeto, atenta às
Nº 39, DE 1961 repercussões para o ensino em nosso País.
Face ao exposto e tendo em conta o interêsse
Da Comissão de Serviço Público Civil, sôbre o e a conveniência para o serviço público, opinamos
Projeto de Lei da Câmara nº 17, de 1961 (número peIa aprovação do presente projeto.
2361-A-6 na Câmara), que federaliza a Escola Sala das Comissões, em 26 de janeiro de 1961.
Superior de Veterinária, pertencente à Universidade – Jarbas Maranhão, Presidente em exercício – Nelson
Rural do Estado de Minas Gerais, e dá outras Maculan, Relator. – Ary Vianna. – Caiado de Castro.
providências.
PARECER
Relator: Sr. Nelson Maculan. Nº 40, DE 1961
O projeto de lei ora examinado dispõe, no
seu artigo 1º que "a Escola Superior de Da Comissão ,de Finanças, sôbre o
Veterinária, a que se refere o Decreto nº Projeto de Lei da Câmara número 17, de
112, de 4 de abril de 1935, passará a inte- 1961 (Projeto de Lei nº 2.361-A-60 na
– 286 –

Câmara dos Deputados), que federaliza a Escola Sala das Comissões, em 25 de janeiro de
Superior de Veterinária, pertencente à Universidade 1961. – Gaspar Velloso, Presidente. – Ary Vianna,
Rural do Estado de Minas Gerais, e dá outras Relator. – Victorino Freire. – Caiado de Castro. –
providências. Vivaldo Lima. – Saulo Ramos. – Dix-Huit Rosado. –
Francisco Gallotti. – Irineu Bornhausen.
Relator: Sr. Ary Vianna.
O presente projeto, oriundo da Câmara dos PARECER
Deputados, teve a sua origem em mensagem Nº 41, DE 1961
enviada ao Congresso Nacional pelo Excelentíssimo
Senhor Presidente da República, e determina a Da Comissão de Economia sôbre Projeto de
federalização da Escola Superior de Veterinária Lei da Câmara nº 18, de 1961 (nº 1.532 B-60, na
pertencente à Universidade Rural do Estado de Câmara), que altera a redação do § 4º do art. 41
Minas Gerais, propondo ao mesmo tempo, as do Decreto-lei número 1.344, de 13 de junho de
indispensáveis medidas complementares. 1939, que modificou a legislação sôbre Bôlsas de
Tramitando na Câmara dos Deputados, a Valores.
proposição inicial foi objeto de estudo pelas Comissões
especializadas, recebeu emendas e foi finalmente Relator: Sr. Lima Teixeira.
enviada ao Senado sob a forma de substitutivo da O presente projeto altera o § 4º do art. 41 do
Comissão de Orçamento e Fiscalização Financeira Decreto-lei nº 1.344, de 13 de junho de 1939, que
daquele órgão do Poder Legislativo. passa a ter a seguinte redação:
Uma das emendas, atualmente englobada no "A Assembléia Geral, mediante proposta da
Substitutivo, determina a inclusão da Faculdade de Câmara Sindical, fixará anualmente os valores
Direito de Cuiabá, Estado de Mato Grosso, na que, nas Caixas Comuns de Garantia e
federalização de que se trata. O projeto, como Previdência das Bôlsas Oficiais de Valores,
indispensável se faz, prescreve as medidas constituem o pecúlio dos Corretores (previdência)
complementares de ordem administrativa e e o fundo de garantia, computando-se neste,
financeira para fazer face às despesas decorrentes obrigatòriamente, tôdas as quantias acumuladas
da sua transformação em lei. atualmente à conta das Caixas sob qualquer
Assim, o Poder Executivo é autorizado a abrir, título".
pelo Ministério da Educação e Cultura, os créditos Pondera o autor da proposição, justificando-
especiais de Cr$ 42.360,000,00 (quarenta e dois a, que o Decreto-lei federal nº 1.344, de 13 de
milhões e trezentos e sessenta mil cruzeiros) para a junho de 1939, ao fixar no art. 41, § 4º a
Escola Superior de Veterinária, pertencente à importância do pecúlio de cada corretor oficial das
Universidade de Minas Gerais, e de Cr$ Bôlsas de Valores, objetivou assegurar uma
9.000.000,00 (nove milhões de cruzeiros) para a garantia real e efetiva das dívidas dos corretores,
Faculdade de Direito de Cuiabá. decorrentes da responsabilidade funcional de cada
Como estão as duas Escolas em condições de um.
receber a medida proposta, esta Comissão de Finanças Com o passar do tempo – é ainda o autor do
é de parecer que o Projeto deve ser aprovado. projeto quem o diz – o poder aquisitivo da moeda de-
– 287 –

cresceu de tal modo que o montante do pecúlio pisar o que o Senado farto está de saber, não fôra
estabelecido em 1939 deixou de representar uma esta nova avalancha de propaganda em que o
garantia suficiente. publicitário inigualável se arvora, com a imodéstia
Procede, sem dúvida, a argumentação dos megalômanos, no estadista genial a quem só
desenvolvida. O processo inflacionário tornou inócuo não devemos, por muito favor de S. Exa., a
o que fôra estabelecido para dar garantia real e descoberta da América.
efetiva às dívidas dos corretores e urge corrigir a Para que tanto louvor, que em bôca própria
distorção – o que constitui, exatamente, a finalidade toma outro nome, não passe em silêncio, é que
da proposição. repetirei surradas verdades sôbre o pretenso
Opinamos, assim, favoràvelmente ao projeto. desenvolvimento de cuja fórmula mágica o
Sala das Comissões, em 26 de janeiro de Presidente se cuida detentor, e, doutra parte
1961. – Ary Vianna, Presidente. – Lima Teixeira. alinharei, ao lado das obras e metas mil vêzes
Relator. – Eugênio Barros. – Alô Guimarães. – decantadas, alguns dos aspectos negativos e o
Fausto Cabral. esmagador espólio que se atira sôbre os ombros do
O SR. PRESIDENTE: – Está finda a leitura do sucessor e do povo, no próximo qüinqüênio.
Expediente. Desde logo direi que o Sr. Kubitschek nada ou
Tem a palavra o nobre Senador Mem de Sá, quase nada fêz nestes cinco anos, no que concerne
primeiro orador inscrito. ao real e sólido alicerce do verdadeiro
O SR. MEM DE SÁ (lê o seguinte discurso): desenvolvimento de qualquer nação: a educação e o
– Senhor Presidente, Srs. Senadores, – Chega ao ensino. Somos um povo com 6 a 7 milhões de
fim o Govêrno. E chega, como começou, crianças sem escolas primárias e mais de 13 milhões
pretensioso, gabola, escorado nas armas que de jovens sem escolas de grau médio. Nestas,
manejou como jamais qualquer outro o fizera ou apenas um em cada dez meninos logra ingresso e
sequer imaginara – a capacidade de emitir papel dos que o conseguem apenas 7 por cento concluem
pintado, a facilidade de transferir dívidas e o curso. Para o ensino superior pouco mais de 30 mil
responsabilidades para o futuro e a preocupação de vagas se abrem cada ano. Ensino técnico de grau
glorificar-se através da mais alucinada publicidade. O médio pràticamente inexiste e a investigação
homem que, em 1956, cometera a leviandade de científica, a pesquisa tecnológica e os cursos
proclamar que ia abrir os portos do Brasil – furtando superiores para especialistas recebem parcela
o bom D. João VI – atingiu agora, na fala do Ano irrisória do orçamento federal. Como há cinco anos
Nôvo, o cúmulo da filáucia e da injustiça ao atrás, continuamos com mais de 50% de
asseverar que, antes dêle, o Brasil vivia em "situação analfabetos, ao lado da Argentina e do Uruguai, onde
colonial, sem estradas, sem energia, nem obras de esta taxa não chega aos 20 por cento. Mas o Doutor
base". Deixo aos correligionários dos Presidentes Juscelino ignora desde a lição de Michelet – para o
Getúlio Vargas e Eurico Dutra repelir o atestado de qual as três primeiras obrigações do Estado eram
inépcia que o atual governante passa a seus ensinar, ensinar e ensinar – até os exemplos da
antecessores e não perco tempo em desmentir tão Rússia e da China modernas, que compreenderam
grossa patranha. ser impossível o desenvolvimento econômico
Nem pretendia vir à tribuna, re- que não assente na instrução do povo, em to-
– 288 –

dos os graus e modalidades. Preferiu, por exemplo, que, em futuro próximo serão de grande utilidade
dilapidar dois e meio bilhões no teatro da ópera de para o País. V. Exa. olha apenas a parte fraca do
Brasília e centenas de milhões nas doidices da Ilha Govêrno de S. Exa., mas o povo brasileiro pensa de
de Bananal, a construir alguns milhares de escolas modo contrário e sabe do muito que fêz pelo Brasil,
primárias no nordeste. mais do que muitos Presidentes reunidos.
O SR. VICTORINO FREIRE: – Permite V. Exa. O SR. MEM DE SÁ: – Disse, no comêço do meu
um aparte? discurso, que S. Exa., o Sr. Presidente da República não
O SR. MEM DE SÁ: – Com muito prazer. pára a publicidade, destacando suas obras. Iria alinhar o
O SR. VICTORINO FREIRE: – A expressão aspecto negativo e o espólio. O louvor, mais que louvor,
dilapidar é um pouco forte. o endeusamento à custa de uma propaganda que
O SR. MEM DE SÁ: – Construir um teatro jamais se vira, cabe a S. Exa. que tem muito de
de ópera, em Brasília, por dois bilhões e meio megalômano, e aos que o acompanham. Como disse
de cruzeiros nada mais é do que dilapidar o estou fazendo um resumo muito perfunctório do que
dinheiro. houve de negativo no período governamental que
O SR. VICTORINO FREIRE: – Ignoro se são atravessamos. O desenvolvimento econômico faz-se,
dois bilhões e meio de cruzeiros; mas se a despesa desde logo e antes de mais nada, pela educação. Êsse
com a construção do teatro fôr essa, mesmo assim, o primeiro ponto que estou tratando.
creio que não se trata de dilapidação de dinheiro. A Em educação, portanto, que é a base do
expressão é forte. desenvolvimento, não houve meta e nem sequer
O SR. MEM DE SÁ: – Aceito que V. Exa. pêta. Houve nada, digo de nota. Nada houve,
assim o pense; para mim, gastar mal o que não é só também que se mencione, no plano da higiene e da
desnecessário, mas superficial, luxuoso e acintoso, a saúde coletivas, na ampliação de uma rêde
um povo faminto, é dilapidar. hospitalar que nos envergonha e na defesa da
O SR. PEDRO LUDOVICO: – Dá Vossa criança que, como até o consagrado Conselheiro
Excelência licença para um aparte? sabia, constitui o capital do futuro, o embasamento
O SR. MEM DE SÁ: – Com muito prazer. do progresso, a grandeza da pátria.
O SR. PEDRO LUDOVICO: – V. Exa. acaba O SR. PEDRO LUDOVICO: – V. Exa. está
de dizer que o Sr. Presidente da República descurou inteiramente enganado. O Sr. Presidente da
da parte relativa à instrução e à educação; na República construiu vários hospitais, principalmente
impossibilidade de tudo fazer em tão pouco tempo, para tuberculosos. Em Brasília o Hospital Distrital é
alguns setores teriam necessàriamente de ser um modêlo para a América do Sul.
sacrificados, em favor de outros. O nobre colega não O SR. MEM DE SÁ: – Percorra V. Exa. o
ignora que o Sr. Presidente da República Nordeste, o Norte e o Sul e procure êsses hospitais.
desenvolveu grandemente o setor de transportes, O SR. ALOYSIO DE CARVALHO: – Permite o
construiu quilômetros de estradas de rodagem nobre orador um aparte?
– 289 –

O SR. MEM DE SÁ: – Com prazer. Dutra, com a criação do Ministério da Saúde.
O SR. ALOYSIO DE CARVALHO: – Pode V. O SR. MEM DE SÁ: – Justamente.
Exa., situando no seu discurso os apartes do O SR. PEDRO LUDOVICO: – E foi
honrado Senador Pedro Ludovico, desde já intensificada no Govêrno do Presidente Kubitschek.
considerar que em relação à educação o aspecto do O SR. ALOYSIO DE CARVALHO: – O nobre
Govêrno Juscelino foi negativo, porque o nobre orador pode notar que as verbas do Departamento
representante de Goiás concorda em que alguns Nacional de Endemias Rurais foram cortadas de tal
setores são sacrificados em detrimento de outros. maneira...
O SR. MEM DE SÁ: – Claro! O SR. PEDRO LUDOVICO: – De há um ano,
O SR. ALOYSIO DE CARVALHO: – O setor de fato, as verbas foram diminuídas.
transportes sacrificou o setor educacional. E a O SR. ALOYSIO DE CARVALHO: – ...tais
educação é a base. foram os cortes, que o impaludismo e outras
O SR. MEM DE SÁ: – Claro! endemias voltaram a assolar regiões onde tinham
O SR. PEDRO LUDOVICO: – Sacrificou em sido combatidas.
parte. O SR. PEDRO LUDOVICO: – A razão não é
SR. MEM DE SÁ: – Nossas crianças esta. O mosquito transmissor do impaludismo
continuam morrendo como môscas, em índices habitua-se com o DDT, torna-se resistente a êsse
oprobriosos, e nossas populações, nas cidades e inseticida, e volta a difundir o mal. A causa, portanto,
sobretudo nos campos, continuam sem os mais não é a diminuição das verbas.
rudimentares recursos de higiene e de proteção à O SR. MEM DE SÁ: – A verdade é que êste
vida. E aí está outra condição essencial para o Govêrno cortou as verbas. O que realizou alguma
desenvolvimento que foi simplesmente desconhecida coisa nesse setor foi o do General Dutra. No atual
nos programas de ação do Govêrno expirante. Govêrno o Ministério da Saúde distinguiu-se
O SR. PEDRO LUDOVICO: – Dá Vossa pelos escândalos e roubos; tão grandes foram
Excelência licença para outro aparte? êles que enchem de vergonha o próprio
O SR. MEM DE SÁ: – V. Exa. tem sempre o Govêrno.
aparte. Não mo precisa pedir. O SR. PEDRO LUDOVICO: – Deve Vossa
O SR. PEDRO LUDOVICO: – Indiretamente, Excelência indicar que roubos foram êsses.
as populações campesinas tiveram grande amparo O SR. MEM DE SÁ: – Estão abertos, no
do Govêrno Juscelino Kubitschek, principalmente momento, para êsse fim os inquéritos. Outros há que
com a quase erradicação do impaludismo em vastas precisam ser instaurados.
regiões do País, cujas populações eram dizimadas O SR. PEDRO LUDOVICO: – Naturalmente
por endemias rurais. pelo nôvo Govêrno.
O SR. ALOYSIO DE CARVALHO: O SR. VICTORINO FREIRE: – V. Exa.
– Essa tarefa começou no Govêrno deve notar que o inquérito foi de-
– 290 –

terminado pelo Presidente Juscelino Kubitschek. olhos e escaldam a imaginação, sem mencionar os
O SR. MEM DE SÁ: – Porque os escândalos lucros extraordinários que propiciam.
foram grandes demais. (Lendo): O SR. MEM DE SÁ: – Concedo o aparte ao
A administração pública, sem a qual não opera nobre Senador Pedro Ludovico.
o Estado, não foi melhorada ou racionalizada. Ao O SR. PEDRO LUDOVICO: – V. Exa. está
contrário, piorou, piorou muito. Nenhuma reforma foi sendo mais uma vez injusto com o Presidente
sequer esboçada. Foi tumultuada, pervertida, Juscelino Kubitschek. Sua Exa. financiou
hipertrofiada na enxurrada dos órgãos multiplicados grandemente a pecuária e a lavoura; várias dezenas
e descoordenados e na inundação das nomeações de milhões de cruzeiros o Banco do Brasil ofereceu
de favor. Que desenvolvimento se pode esperar de como financiamento à lavoura e à pecuária. Em
um Estado sem seleção de quadros e sem relação à indústria o Estado de São Paulo foi o que
estruturação racional, devorado pelos parasitas e mais se beneficiou, no que diz respeito à fabricação
incapazes que, das alturas, humilham os bons de automóveis, tanto que seu Governador, há pouco
servidores? tempo, declarou, em discurso, que o Estado de São
Da Previdência Social, não creio necessário Paulo havia recebido mais impostos com a indústria
falar, tanto se sabe a que descalabros chegou, com automobilística do que com o café, isto é, cêrca de
os institutos e autarquias transformados em potreiros trinta e cinco bilhões de cruzeiros.
do peleguismo, teatro de escândalos, arcas rapadas, O SR. MEM DE SÁ: – Quanto à parte da
sem dinheiro para o atendimento mínimo de seus indústria, V. Exa. confirma o que estou dizendo –
deveres para com os trabalhadores, mas com uma indústria super bafejada por todos os favores e
dinheiro de roldão para edificar milhares de que se nutre, sobretudo da agricultura e do povo
apartamentos em Brasília para parlamentares, juízes brasileiro; uma indústria que, depois de todos os
e funcionários, enquanto seus associados nem favores, vende ao consumidor brasileiro um
habitação dêles recebem, nem, por vêzes sequer as automóvel que, na Europa, custa 1.000 dólares, por
pensões devidas. 3.500 dólares no câmbio livre.
O SR. PEDRO LUDOVICO: – Permite V. Exa. O SR. PEDRO LUDOVICO: – V. Exa. está
um aparte? inteiramente enganado. Um automóvel J.K., hoje, na
O SR. MEM DE SÁ: – Um momento que irei Itália, está custando cêrca de 750.000 cruzeiros e
aonde o nobre Senador quer chegar. não 1.000 dólares.
No triste rosário das contas negativas dêste O SR. MEM DE SÁ: – O equívoco é de Vossa
Govêrno que tanto se exalta e pavoneia, não há como Excelência.
omitir o calvário da agricultura e da pecuária. Como O SR. PEDRO LUDOVICO: – Se V. Exa.
êste Presidente só vive do e para o que é espetacular, provar que adquire, na Itália, um J.K. por menos de
conseguiu conceber o desenvolvimento econômico 600 mil cruzeiros, darei a mão à palmatória.
alicerçado apenas nas grandes fábricas da indústria – O SR. MEM DE SÁ: – Já usado.
que ensejam inauguração com discurseiras, enchem Um automóvel Volkswagen custa,
– 291 –

no Brasil, 700.000 cruzeiros, o que corresponde, no dúvida, realmente, de que o que o Govêrno fêz foi
câmbio livre, mais de 3.000 dólares. favorecer desmedidamente as grandes fábricas,
Em qualquer país da Europa custa 1.000 permitindo enormes lucros, principalmente lucros
dólares. Uma Simca Chambord, anunciado em São estrangeiros.
Paulo, mostrava as Capitais em que pode ser O SR. PEDRO LUDOVICO: – V. Exa. sabe
comprado; era vendido em Paris por 1.850 dólares; muito bem que o dinheiro está desvalorizado.
no Brasil, é vendido por Cr$ 1.200.000,00, o que O SR. MEM DE SÁ: – Quanto à agricultura
corresponde a mais de 5.000 dólares. Esta é a e financiamentos, em seguida delas me
verdade. ocuparei.
O SR. PEDRO LUDOVICO: – Mantenho O SR. VICTORINO FREIRE: – Estou de
minha afirmativa. V. Exa. não conseguirá comprar acôrdo com V. Exa. que os preços são proibitivos
um J.K. na Itália por menos de 600 mil com os favores que têm.
cruzeiros. O SR. MEM DE SÁ: – Era o que estava
O SR. MEM DE SÁ: – Citei dois exemplos que dizendo. Muito agradecido pelo apoio de Vossa
V. Exa. não contesta. O Volkswagen de 1.000 Excelência.
dólares, custa 3.000 dólares e o Simca Chambord, O SR. ALOYSIO DE CARVALHO: –
de menos de 2.000 dólares, aqui custa 5.000 Arrole V. Exa. mais uma concordância com V.
dólares. Exa. a do nobre Senador Victorino Freire.
O SR. VICTORINO FREIRE: – Permite V. Exa. Aliás, a segunda. A das endemias rurais e
um aparte? (Assentimento do orador) – Não sei se V. agora, o preço proibitivo dos automóveis, apesar de
Exa. disse que o Govêrno ao desenvolver as todo êste aparato da indústria automobilística
indústrias, descurou da agricultura. nacional.
O SR. MEM DE SÁ: – Não haverá mercado O SR. VICTORINO FREIRE: – Uma
interno enquanto não houver agricultura protegida grande indústria, um grande serviço que o Sr.
em boas condições. Juscelino Kubitschek prestou ao País. Considero,
O SR. VICTORINO FREIRE: – V. Exa. para porém, os preços proibitivos; já o declarei em
conseguir uma camioneta Rural Willys teria que ficar discurso.
numa fila. O SR. ALOYSIO DE CARVALHO: –
O SR. MEM DE SÁ: – Exato. Êste é um Não contesto seja uma grande indústria. O
govêrno de vistas curtas. que o nobre Senador Mem de Sá assinalou
O SR. VICTORINO FREIRE: – Na opinião de foi que se deu grande desenvolvimento
V. Exa., que é suspeita. à industrialização, sobretudo à indústria
O SR. MEM DE SÁ: – E na V. Exa., que é automobilística com sacrifício da agricultura e da
insuspeita. pecuária.
O SR. VICTORINO FREIRE: – O SR. MEM DE SÁ: – E o consumidor.
Insuspeitíssima. O SR. ALOYSIO DE CARVALHO: – Sabe
O SR. MEM DE SÁ: – Quanto à indústria bem o nobre Senador Pedro Ludovico que houve o
mencionada pelo nobre Senador Pedro Ludovico, não há sacrifício da agricultura.
– 292 –

O SR. PEDRO LUDOVICO: – Não houve agricultura e pecuária super-abandonadas, quando


sacrifício. não espoliadas. Industrialização sem ao menos um
O SR. ALOYSIO DE CARVALHO: – Só V. comêço de esbôço de reforma agrária, num país de
Exa. ignora êsse sacrifício. latifúndios e de monoculturas, em que o trabalhador
O SR. MEM DE SÁ: – Peço licença para da terra, sem esperança de acesso à sua
entrar. Já que estamos falando sôbre indústria, não é propriedade, vegeta em condições infra-humanas de
demais dizer que na indústria automobilística, que vida sob regime jurídico e social arcaicos.
curiosamente é do Govêrno, o que tem havido é Pode o Sr. Kubitschek amontoar cifras de suas
fraude, burla vergonhosa porque auto fabricado com realizações e até apontar despesas com silos,
material nacional não existe. Os J.K. – não sei se em adubos e tratores. Se quiser, porém, verificar o que
homenagem a êsse nome – são completamente foi o seu govêrno para as atividades agro-pastoris,
falsificados. Os seus motores não são de fabricação que vá ao Rio Grande do Sul, outrora próspero
nossa, são apenas montados no Brasil. celeiro do Brasil, feliz em seu progresso, e hoje
O SR. PEDRO LUDOVICO: – No corrente ano descapitalizado, com a economia em marasmo,
vai ser 60% de fabricação nacional. transformando-se em nôvo nordeste, na magistral e
O SR. MEM DE SÁ: – Até aqui, os que foram incontestável demonstração de Franklin de Oliveira,
comprados vieram inteiramente da Itália. Uma jornalista insuspeito até por ser maranhense.
verdadeira fraude, um verdadeiro roubo, com câmbio O SR. PEDRO LUDOVICO: – V. Exa. está
de custo. sendo mais uma vez injusto citando falta de tratores.
O SR. PEDRO LUDOVICO: – Está sendo O SR. MEM DE SÁ: – Não citei falta de
nacionalizado aos poucos. É preciso paciência. tratores. Disse que podia citar dados. V. Exa. não me
Enquanto isso vêm as peças e êles são montados entendeu.
aqui. O SR. PEDRO LUDOVICO: – Mesmo assim
O SR. MEM DE SA: – Não! Não era meu aparte se justifica.
necessário, como acontece com o Aero-Willys e Só em Goiás, nos Municípios de Itumbiara e
outros, em grande parte nacionalizados. Isso Rio Verde, há cêrca de mil e duzentos tratores;
constituiu um roubo com um câmbio de custo para oitocentos no Município de Itumbiara – e
um país sem câmbio. Prossigo, Senhor Presidente. quatrocentos no de Rio Verde – Êsses dois
Imaginou-se, assim, um desenvolvimento municípios, com a lavoura mecanizada, produziram,
capenga: em país de dimensões continentais, uma como na safra anterior, três milhões de sacas de
industrialização acelerada e bafejada por todos os arroz. Portanto, o govêrno do Sr. Juscelino
favores sem um grande mercado interno e sem Kubitschek de Oliveira tem sido útil ao País.
possibilidades imediatas de mercados externos. O SR. MEM DE SÁ: – V. Exa. esmagou um
Desenvolvimento sem agricultura, com indústria em fantasma. Eu não me havia referido a isso.
situação de monopólio. Industrialização à custa da O SR. PEDRO LUDOVICO: – Preciso justificar
agricultura. Industrialização super-protegida e o meu aparte.
– 293 –

O SR. MEM DE SÁ: – Disse e repito e convido dia aos preços que o agricultor gaúcho recebe
S. Exa. a ir ao Rio Grande do Sul receber os por suas safras.
aplausos pelo que fêz pela agricultura e pela O SR. VICTORINO FREIRE: – Permite
pecuária do meu Estado. Convido V. Exa. também. V. Exa. um aparte?
Os tratores talvez tenham chegado a Goiás O SR. MEM DE SÁ: – Com prazer.
porque o Sr. Juscelino Kubitschek vai ser Senador O SR. VICTORINO FREIRE: – Gostaria que
pelo seu Estado. V. Exa. me respondesse se no Govêrno do
O SR. PEDRO LUDOVICO: – A pecuária Sr. Juscelino Kubitschek de Oliveira
nunca estêve em situação tão boa como agora. faltou financiamento para a pecuária e para o
O SR. MEM DE SÁ: – No Estado de Vossa arroz do Rio Grande do Sul; se S. Exa, criou
Excelência. de qualquer forma, embaraços aos
O SR. PEDRO LUDOVICO: – V. Exa. sabe financiamentos solicitados.
que a pecuária... O SR. MEM DE SÁ: – Eu disse
O SR. MEM DE SÁ: – Permita V. Exa. que eu até expressamente, que o Sr. Juscelino Kubitschek
continue. Concederei o aparte quando V. Exa. o de Oliveira não criou embaraços ao financiamento.
solicitar. Peço apenas que V. Exa. me permita Não houve falta de financiamento para o arroz nem
responder ao aparte. para o trigo. Houve, porém, faltas algo piores. Não
O SR. PEDRO LUDOVICO: – Não apartearei basta o financiamento. Pior que a falta de
mais Vossa Excelência. financiamento é o que vou dizer e que V. Exa.
O SR. MEM DE SÁ: – V. Exa. está se ouvirá...
precipitando. Dou o aparte que V. Exa. me pede e o O SR. VICTORINO FREIRE: – Com prazer.
ouço mas quando vou respondê-lo V. Exa. não me O SR. MEM DE SÁ:– ...é a causa da situação
deixa falar. em que está o Rio Grande do Sul, apesar dos
O SR. PEDRO LUDOVICO: – Serei mais financiamentos para o arroz e para o trigo. Vá S.
cuidadoso. Exa. ver o que foi sua obra em matéria de
O SR. MEM DE SÁ: – Sejamos eqüânimes. agricultura. (Lê).
Eu dou o aparte e o ouço, depois V. Exa. tenha um Que vá deliciar-se com a visão de um povo
pouco de paciência e tolere o que vou dizer. trabalhador, perseguido por seu govêrno,
O SR. PEDRO LUDOVICO: – V. Exa. tem desestimulado e entravado em seu afã de criar
razão. riquezas, abatido pelas iniqüidades com que foi
O SR. MEM DE SÁ: – Os tratores que tratado e traído, Que se extasie na comtemplação
foram para o Rio Grande do Sul procediam de das regiões agrícolas e pastoris, cujos produtos, ou
países da Cortina de Ferro, para gozarem dos não podem ser exportados para fora das fronteiras
saldos da nossa balança com países de nacionais, ou ficam garroteados pelos tabelamentos
moeda inconversível. São máquinas sem tradição demagógicos da COFAP, enquanto pagam, a preços
no Brasil, sem possibilidade de manutenção livres, os produtos de que carecem das indústrias
e que custaram o que não correspon- que, sob o manto protetor do câmbio e da Al-
– 294 –

fândega, desfrutam de posição privilegiada para maior de arroz e pode, portanto,


escorchá-las. exportá-lo.
Houve financiamento para o arroz mas está O SR. MEM DE SÁ: – É um arroz
amontoado rio Rio Grande do Sul mais de um milhão plantado pelos processos técnicos do
de sacas e é o único arroz no Brasil, que é tabelado molhado.
no Rio de Janeiro. Todos os outros, o arroz de tôdas O SR. PEDRO LUDOVICO: –
as procedências, é livre; só o do Rio Grande do Sul é Quanto à pecuária, permita-me V. Exa.
tabelado. Em conseqüência do preço dos tratores, um esclarecimento: nunca os pecuáristas
dos adubos e dos mais, o custo da produção ganharam tanto dinheiro como agora.
riograndense é tal, que o arroz não pode ser Estão ganhando até exageradamente!
exportado para fora. Esta a situação. O SR. MEM DE SÁ: – Na última safra.
O SR. VICTORINO FREIRE: – Permite V. Exa. Mas a carne do Rio Grande do Sul não consegue
um esclarecimento? ser exportada.
O SR. MEM DE SÁ: – Pois não. O SR. PEDRO LUDOVICO: – Mas
O SR. VICTORINO FREIRE: – É o seguinte: o no Rio Grande do Sul e principalmente em
arroz do Maranhão não atinge os preços do arroz do Goiás, o valor passou, durante três anos,
Rio Grande do Sul. Ao contrário, o tabelamento se de dez para doze e até para dezoito, sem
faz porque enquanto uma saca de arroz do Rio haver nenhum motivo.
Grande do Sul é vendida por 1.800,00, a do O SR. MEM DE SÁ: – Está de acôrdo com a
Maranhão custa Cr$ 1.050,00 e Cr$ 1.100,00 e em elevação dos preços em geral. E os outros preços?
Goiás também. O SR. PEDRO LUDOVICO: – Mas não havia
O SR. MEM DE SÁ: – Então para que tabelar motivo para essa alta ser tão elevada.
o arroz do Rio Grande do Sul?... O Rio Grande do O SR. MEM DE SÁ: – Não são os preços
Sul competiria com preços mais altos. Quem o que sobem; é o dinheiro que se avilta neste Govêrno.
quisesse comprasse, Mas não, O arroz do Rio O SR. PEDRO LUDOVICO: – O Govêrno
Grande do Sul é tabelado. não pode, absolutamente, ser culpado
O SR. PEDRO LUDOVICO: – Permite V. Exa. por êsse fenômeno. É o poder da ganância
um aparte? que está prejudicando o Brasil.
O SR. MEM DE SÁ: – Pois não. O SR. MEM DE SÁ: – O Govêrno é o
O SR. PEDRO LUDOVICO: – O nobre colega, único culpado. Diga, então, V. Exa. que em Goiás os
Senador Victorino Freire, está equivocado em seus patrícios são gananciosos. Os meus não são.
relação ao arroz de Goiás, que é considerado um O SR. PEDRO LUDOVICO: –
dos melhores cereais do País. Todos os comerciantes são: de Minas Gerais e de
O SR. MEM DE SÁ: – Mas não é exportado. O outros Estados e também os do Rio Grande do Sul.
único arroz exportado é o do Rio Grande do Sul. O SR. MEM DE SÁ: – Os meus
O SR. PEDRO LUDOVICO: – O Rio conterrâneos como em geral os
Grande do Sul tem uma safra produtores, apenas sofrem uma situa-
– 295 –

ção. Não são os preços que sobem – repito – Como fruto desta política zarôlha e cruel, as
é o dinheiro que se avilta! zonas agropecuárias do Brasil se vão tornando
O SR. ALOYSIO DE CARVALHO: – colônias das cidades em que a industrialização do
Exatamente. O atributo dos comerciantes é o Sr. Kubitschek se concentrou, exasperando-se
espírito de especulação, o espírito de ganho. assim, os terríveis e trágicos desequilíbrios
A ganância é o fruto de um sistema inflacionário. econômicos que dilaceram o País e lhe
É exatamente como V. Exa. está colocando comprometem o futuro. Com esta política criou-se
a situação. A inflação estimula a especulação e, um nôvo tipo de imperialismo interno, dentro da
em resultado, a ganância. Nação, em face do colonialismo que tanto se
O SR. MEM DE SÁ: – Sem dúvida. combate fora dela.
Há pouco tempo, comentávamos aqui: se Mas não e só, Sr. Presidente. Mesmo no
V. Exa. fôr comerciante, não deixará de terreno em que o Presidente Juscelino tanto se
proceder como os outros, isto é, quando endeusa no alto louvor, muito há a contestar
vende um artigo não tem em conta apenas cortando as asas de sua turbulenta, imaginação.
aquilo que o artigo custou, mas, sobretudo, Canta mil vezês que fêz o Brasil andar 50 anos em 5,
tem em conta aquilo que vai custar mas os dados frios e as cifras álgidas das
para a reprodução do estatísticas radicalmente o contestam. O produto ou
estoque. a renda nacional não cresceram 50 em 5. Nem os
O SR. PEDRO LUDOVICO: – investimentos em relação ao produto, nem a renda
Aliás, a ganância está generalizada: atingiu per capita, nada, nenhum dos índices pelos quais se
até o Parlamento Nacional! Antigamente, nós, afere o crescimento econômico, assinalou vantagem
os Senadores, ganhávamos, par uma s do último qüinqüênio sôbre os dois que o
essão extraordinária Cr$ 1.200,00, depois passamos precederam. Ao revés, dizem os números que
a ganhar Cr$ 2.400,00 e agora ganhamos aquêles índices estacionaram ou decresceram de 55
Cr$ 4.800,00 com o que moralmente não a 60.
concordo. No setor da energia elétrica, o narcisismo
O SR. MEM DE SÁ: – Está de acôrdo com a presidencial se esquece de dizer que as usinas
elevação geral. Mesmo assim, as nossas famílias postas em efetiva produção, neste período, ou são
não podem fazer as viagens que certas famílias que devidas a emprêsas privadas ou a Estados da
não são de parlamentares fazem nem podem trazer Federação, especialmente S. Paulo. Furnas, só
as bagagens que essas mesmas famílias trazem. Há daqui a alguns anos entrará em ação, e Três Marias,
portanto, gente mais gananciosa do que a já inaugurada, só no decurso de 61 terá instaladas
parlamentar. as primeiras unidades geradoras no total de 130 mil
O SR. ALOYSIO DE CARVALHO: – Tudo é KW, ou seja menos do têrço de sua potência global!
resultado do processo inflacionário, Não só no As duas grandes obras dignas, realmente, de louvor
comércio, como na própria pecuária, o criador e admiração – estão tremendamente sacrificadas
procura vender seu produto por um preço elevado, o pelo desvario inflacionário. Seus custos duplicaram;
que prova que o dinheiro está desvalorizado. agravando superlativamente os déficits de
O SR. MEM DE SÁ: – Peço licença aos financiamento que em 1958, consoante depoimento
nobres aparteantes para prosseguir. (Lendo) do Sr. John Cotrim, já eram substanciais, Ora,
– 296 –

Srs. Senadores, depois das festas da inauguração mento, mas procedeu como se o tivesse.
da barragem e até após a entrada em real produção O SR. VICTORINO FREIRE: – V. Exa.
das usinas, há que investir nas linhas de transmissão comete uma injustiça.
e rêdes de distribuição, capitais do mesmo vulto dos O SR. MEM DE SÁ: – São os fatos
que a construção das primeiras reclamou. O que o comprovam.
Presidente, porém, condensa seus títulos de O SR. VICTORINO FREIRE: – A
imortalidades na citação de Furnas e Três Marias, paixão política de V. Exa. é que se comprova
omitindo de esclarecer que o próximo govêrno terá com tal assertiva.
de inverter nestas duas grandiosas iniciativas, para O SR. MEM DE SÁ (lendo): – Não é
que se concluam e para que a energia gerada outro o quadro dos serviços públicos, essenciais
alcance seu destino, muito mais, bastante mais do à vida e sobretudo ao desenvolvimento
que em seu período êle despendeu. E mais ainda se econômico de uma nação. As estradas-de-ferro
olvida de advertir à Nação para a crise de energia não obstante os investimentos e melhorias devidos
elétrica que ela deverá enfrentar, daqui a dois ou três a um empréstimo externo estão em situação
anos, como o mesmo insuspeito Jonhn Cotrin de verdadeira bancarrota, como a própria direção
assinala, por falta de investimentos adequados dos da Rêde Ferroviária oficialmente declara,
podêres públicos, por falta de amparo às emprêsas ameaçadas de parar. Elas são responsáveis,
privadas e por culpa da inflação. A meta da energia com outras autarquias, pela metade do defícit
essencial ao desenvolvimento, longe está de anual da República. A inflação e o empreguismo,
favorecer o Presidente das metas. No meu Rio mais os ramais antieconômicos, as tarifas irreais e a
Grande êste Presidente que tanto se gaba em má-administração, respondem pelo descalabro em
matéria de eletricidade, nem ao menos ultimou uma que afundaram. Para o ano corrente, o defícit da
pequena usina de 20 mil KW, que já tinha sua Rêde é estimado em tôrno de 30 bilhões. Igual
construção adiantada quando êle se empossou no registro merecem a navegação e os portos. Para um
Catete, fazendo assim, supor que seu mesquinho país dotado das costas marítimas e dos rios com que
rancor ao Rio Grande é ainda maior que sua paixão a Divina Providência nos brindou, só a insensatez
pela energia e pelas inaugurações, bustos e dos homens poderia levar o transporte por água ao
fanfarras. ponto miserável que atingimos, em situação pior do
O SR. VICTORINO FREIRE: – Permite V. Exa. que desfrutávamos há 30 anos, Canta-se a proeza
um aparte? dos estaleiros e dos navios construídos com os
O SR. MEM DE SÁ: – Pois não. favores cambiais, à custa da agricultura. Mas não se
O SR. VICTORINO FREIRE: – Não posso diz que a estrutura dos serviços não foi sequer
deixar do apartear V. Exa. nesta passagem de seu examinada para sua imperiosa correção,
discurso, quando avança um rancor do Sr. Juscelino permanecendo, portanto, intactas as causas
Kubitschek pelo Rio Grande do Sul. É afirmação primárias das crises que corróem a navegação. Em
absolutamente injusta. conseqüência, informa o "O Globo" do dia 19, a
O SR. MEM DE SÁ: – É subvenção paga pelo Govêrno ao Lóide e à Costeira,
possível que S. Exa. negue tal senti- que, em 1956, era de 700 milhões, em
– 297 –

61 terá de ser de 14 bilhões para lhes tapar os te da industrialização poderá vê-las


deficíts. Os navios vão ser brasileiros, mas o mermando, sufocadas pelas grandes,
desmantêlo velho só se agrava e alarga. cerrando portas, despedindo operários, porque
Precisarei falar dos serviços postais e na hipertrofia monstruosa de podêres
telegráficos. Não, eminentes colegas, que prefirível é concentrados na União não sobrou amparo,
não aumentar nossa vergonha, dizendo o que todos auxílio, assistência e crédito para elas. Por que
no Brasil cansados estão de saber e de sofrer. Mas, Sr. Presidente? Por ódio ao que não é espetacular e
senhores, que fez o Presidente das metas pela meta tudo que não seja espetacular, sendo
das comunicações? 50 em 5 ou zero em cinco? E sério?
como e onde se viu ou compreendeu O SR. VICTORINO FREIRE: – Ao Rio
desenvolvimento econômico num país sem Grande, não!
comunicações? O SR. MEM DE SÁ: – Então ódio ao que
Para ser completa a desgraça no capítulo, não é espetacular e não é sério.
acrescentarei que os transportes aéreos – que se O SR. VICTORINO FREIRE: – Também
desenvolveram entre nós a ponto de suprir as falhas não.
dos demais, apesar de sermos gente pobre – se O SR. MEM DE SÁ (lendo): – Ainda no
acham em crise permanente – ameaçadas de terreno do desenvolvimentismo Kubitschequiano,
colapso as emprêsas e ameaçados todos nós de cumpre ressaltar que depois de haver o nôvo D.
cairmos numa Aerobrás que terá o mesmo inglório João VI aberto os portos, em 1956, nossas
destino do Lóide e da Costeira. exportações não fizeram senão cair em valor. De 1,5
Temos, pois, nos 50 anos de Kubitschek, bilhões de dólares baixaram para 1,2. Ora eminentes
desenvolvimento sem ensino, sem saúde, sem colegas, não há quem ignore que o desenvolvimento
agricultura, sem pecuária, sem serviços públicos econômico está diretamente condicionado à
fundamentais, com crise à vista na produção de capacidade de importar e depende, portanto, em
energia. Em compensação, declamará o gênio da primeira linha, de nossa capacidade de vender. Mas
América, temos a industrialização. Esta porém, só o homem que nos abriu os portos, fechou
mereceu a cornucópia de tôdas as graças, quando estrondosamente a meta das exportações – 50 em
se tratava de grandes emprêsas, grandes fábricas, 5? Não; menos 15 em 5. Não aumentamos as
grandes capitais, para grandes lucros. Quando dava exportações – que para isto é preciso capacidade,
para inaugurações bustos e discursos. Para estas, diligência, compenetração – mas nos endividamos à
câmbio abaixo do custo, crédito farto, desvelo larga, que, para atirar as contas ao futuro, nisto é
alfandegário, amor maternal. Mas para as pequenas mestre quem gosta do Poder para gastar... sem
e médias emprêsas, para as que asseguram a pagar. Em vista do que, depois do saldo de 1956,
estabilidade social, o alevantamento das classes nosso balanço de pagamentos acumulou déficits que
médias, a garantia do progresso, para estas andam pelos 800 milhões de dólares nos últimos
menosprêzo e descaso, abandono e falta de crédito. quatro anos. Aqui sim, temos uma velocidade de 50
O Grupo de Estudos que se criou, já tarde, para em 5, comprometendo letalmente
delas cuidar, ainda nenhum resultado o ideal do desenvolvimento, sobretudo dentro da
apresentou, mas em meu Estado o Presiden- concepção do nacionalismo que o Dou-
– 298 –

tor Juscelino tanto cortejou. E com isto entramos na ca econômica faraônica, o custo de vida, cujo
tenebrosa coluna do passivo que o risonho índice, na Guanabara fôra de 239 em 1955
Presidente lança às costas de seu sucessor, com a (1948 igual a 100) subiu para 751 em 1960.
mesma leveza dalma com que um jovem estróina Quase três vêzes mais alto.
manda "espetar" as contas no alfaiate e nas buates Será de admirar que, com tão fabulosa
de luxo. Segundo dados da SUMOC, a 31 ,de julho massa de recursos, muita obra se haja
último, nossos compromissos cambiais subiam a realizado? Mandar fazer obras, coisa é que
quase 3 bilhões e 100 milhões de dólares, sendo que pouco talento exige. Quanto menos consciente
sòmente em 1961 estimam-se em tôrno de 750 seja um governante, mais fàcilmente
milhões as dívidas a saldar. determinará despesas sem indagar como e
Nestas parcelas está incluída a última quando poderão ser pagas. Estadista é o que
invenção realmente genial, em matéria de atolar o sabe hierarquizar necessidades e planejar
sucessor na massa falida das façanhas de 50 em 5. cometimentos em função das possibilidades da
Refiro-me ao golpe dos swaps às carradas e à receita pública e da renda nacional. Fazer as que se
esperteza marota do chamado "adicional tríplice", fêz – algumas ótimas, outras péssimas – e como se
mediante o qual se lança a licitações até três vêzes o fêz, às caneladas e às cegas, dá em resultado a
volume normal das divisas para serem entregues a massa falida que aí está e que o povo está pagando
150 dias de prazo. Graças a êste conto, o atual e por muitos anos continuará a padecer. As greves,
,Govêrno embolsou muitas dezenas de bilhões de às centenas, tornadas crônicas, constituindo uma
cruzeiros pelos PVC vendidos aos montes deixando normalidade da vida brasileira, refletem o desespêro
ao Senhor Jânio Quadros a satisfação de pagar a que esta política de esbanjamentos risonhos
outras tantas dezenas de milhões de dólares. De arrasta as massas trabalhadoras. A que convulsões
swaps, a curto e médio prazo, mais de 300 milhões. estaremos expostos quando as medidas amargas de
De financiamentos, inclusive à indústria, pelas correção das distorções e dos artifícios, para o
realizações que a seu Govêrno credita, deixa o Dr, saneamento financeiro, forçar o povo a curtir o duro
Juscelino a continha de quase um bilhão de dólares. pagamento das loucuras por cinco anos
Ao lado do endividamento externo, o caos amontoadas?
financeiro interno é o complemento do passivo que o A herança do adia presente é a inquietação, a
alegre dissipador lega ao novo Presidente. A divida fermentação de angústias, o troar precursor das
flutuante da União, depois de feitas as reduções tempestades. Não disse o eminente Líder da Maioria
decorrentes da encampação de papel moeda, ainda que vivemos em clima pré-revolucionário? E
atinge a 145 bilhões, mas alcançou na soma dos 5 amanhã, Senhores Senadores, quando a conta tiver
anos cêrca de 250 bilhões de cruzeiros. E ainda as de ser paga – e só com sangue, suor e lágrimas se
emissões que totalizaram mais de 140 bilhões. Só pagam contas destas proporções – que forma
em 1960: – 50. Deixa 209 bilhões em circulação tomará o legado de desgraças dêste Govêrno?
quando encontrara apenas 69. Triplicou em 5 anos o Não fujo à tentação de apontar mais alguns
volume da moeda emitida de 1822 a 1956. 50 em 5? itens do testamento que o Sr. Jânio
Não: 400 em 5. Quadros vai receber. Além de tudo o que foi
E em conseqüência de sua políti- resumidamente apontado, do que pre-
– 299 –

cisa ser feito com pressa porque o Dr. Juscelino mo deixar de atendê-lo com urgência que o
deixou de fazer, além do saneamento financeiro e do imperativo da justiça e da unidade nacional impõe.
pagamento das dívidas, terá o nôvo governante de O SR. VICTORINO FREIRE: – Permite V. Exa.
combater e por fim ao contrabando que progrediu mais um aparte?
500 anos em 5, ao empreguismo, ao peleguismo, à O SR. MEM DE SÁ: – Com todo prazer.
anarquia administrativa, aos escândalos e à O SR. VICTORINO FREIRE: – Estou ouvindo
corrupção que corróem e devastam o Brasil. No com atenção, acatamento e a admiração que tenho
capítulo do empreguismo, tivemos, episódios à altura por V. Exa, o libelo que faz contra o Govêrno que
de Moliére. No apagar das luzes, só nos últimos dentro de quatro ou cinco dias deixará o Poder.
meses, sabe-se que houve milhares e milhares de Veremos ainda no tumulto das paixões, o Sr.
nomeações (8, 10, 15 mil, quem sabe?) nos institutos Juscelino Kubitschek submeter-se ao julgamento do
e nas universidades. Até o sr. Ilegível Ilegível foi povo goiano, no dia 4 de junho; teremos então,
nomeado. Nomeados foram, ao longo de cinco anos provado se S. Exa. fêz alguma coisa pelo País e se
de festas, todos os parentes e domésticos do próvido merece o voto das urnas do povo goiano no dia
Presidente, de sua Exma. família, cunhados, primos, quatro de junho próximo.
sobrinhos, noivos de sobrinhas, professôres de O SR. ALOYSIO DE CARVALHO: – A êsse
violão ou de piano das gentis filhas, dentistas para o julgamento haverá um contra julgamento, que será
BNDE, médicos para a RFF S.A., diamantinenses de 65. Aliás pensei que V. Exa, ia referir-se ao
para todos os lugares possíveis, mineiros para julgamento de 1965. Mais restrito, mais modesto
cartórios, ministros para o Supremo, oficiais da será o do povo goiano, Não custa esperar pelo
reserva dia fôrça pública das alterosas para o bem- contra-julgamento de 1965.
bom. E de tanto nomear os outros, para si mesmo, O SR. VICTORINO FREIRE: – Pois não!
no fim do pique-pique, cavou uma cadeira no Esperaremos.
Senado, com vaga às custas do Tesouro. E ao primo O SR. ALOYSIO DE CARVALHO: – Há de
ainda quer deixar cargo vitalício no Tribunal de reconhecer V. Exa. que o tempo esclarecerá as
Contas. Sim aqui também, 50 em 5: 456 em 5, pois dúvidas e os equívocos.
nunca se havia visto, no Brasil, desde a descoberta, O SR. VICTORINO FREIRE: – Não! O que se
Presidente tão desembaraçado em matéria de vai fazer é mais perigoso, por ser recente. Será
nomeações. realizado num ambiente de paixões, tendo no Poder
Mas, Senhores Senadores e Senhor um Govêrno adversário...
Presidente, no julgamento unânime dos homens que O SR. ALOYSIO DE CARVALHO: – Não
se preocupam com o futuro dêste país, o mais tôrvo custa a V. Exa. esperar. Só o tempo dará
e cruel legado que teremos de enfrentar é o terrível oportunidade ao contra-julgamento.
agravamento dos desequilíbrios econômicos entre as O SR. VICTORINO FREIRE: – ...Govêrno
várias regiões do Brasil, decorrentes de uma política que nos derrotou no plano nacional. Aliás,
leviana e inconsciente, O quadro, que é antigo, se derrota que eu, pelo menos da minha
tornou de tal forma sombrio que não há co- parte recebi de ânimo seguro, democràticamen-
– 300 –

te porque não é desonroso perder nas urnas. para fortalecer a democracia brasileira.
O SR. MEM DE SÁ: – Claro! Se fôsse, eu O SR. MEM DE SÁ: – Desejo responder ao
seria um homem completamente sem honra, porque prezado amigo e eminente colega Senador Victorino
tenho perdido constantemente. Freire dizendo que a conduta política de S. Exa.
O SR. VITORINO FREIRE: – Eu perdi mais. E nunca foi posta em dúvida.
ainda perderei. O SR. VICTORINO FREIRE: – Muito obrigado.
O SR. MEM DE SÁ: – A derrota eleitoral é O SR. MEM DE SÁ: – E mais ainda no último
própria e muito boa para as almas fortes! episódio eleitoral demonstrou ser exemplar. Embora
O SR. VICTORINO FREIRE: – Perfeitamente! tenha sido dos que opuseram restrições ao
Aceitei-a muito bem. Peço o testemunho de Vossa candidato do Partido, foi dos que souberam cumprir,
Excelência. Cumpri meu dever partidário, com souberam beber, até a última gôta, o cálice amargo
exação e com honra, porque injúria seria V. Exa., que lhes era imposto. Mostrou S. Exa., como o nobre
amanhã, dizer que eu não havia cumprido com meus Senador Pedro Ludovico, que é outro exemplo digno
deveres partidários... de respeito...
O SR. MEM DE SÁ: – A conduta política de V. O SR. PEDRO LUDOVICO: – Obrigado a
Exa. foi intocável. Vossa Excelência.
O SR. VICTORINO FREIRE: – ...ou que não O SR. MEM DE SÁ: – ...mostrou o
teria sido correto. Isso, sim me doeria. Muito me real prestígio que tem em seu Estado, pela
torturaria se um homem como V. Exa. por quem vitória dos candidatos locais. Mais significativo
nutro grande respeito mercê da sua cultura, da sua ainda no caso do nobre Senador Pedro
inteligência e, sobretudo, da sua autoridade moral, Ludovico, que tinha contra êle, o desfavor
viesse a dizer, nesta Casa, mesmo em aparte, que de ter como candidato o próprio filho. Mas
eu não havia cumprido meus deveres partidários e ambos souberam ser partidários e homens
não teria autoridade para responder a Vossa públicos de conduta correta. Por isso é que
Excelência. eu tanto os respeito.
O SR. ALOYSIO DE CARVALHO: – V. Exa. O SR. VICTORINO FREIRE: – E nós a
não está em causa. Vossa Excelência.
O SR. VICTORINO FREIRE: – Meu partido O SR. MEM DE SÁ: – Mas devo dizer que
está em causa. Falo sôbre meu partido e sua derrota não está em causa êste fato. Nem eu entendo
política. O Govêrno que vem é adversário do meu que o Partido Social Democrático deva se
Partido. Fomos vencidos. A derrota foi campal. Mas considerar como Partido derrotado ou Partido
nós a acatamos de ânimo seguro, tranqüilamente, que considera êste Govêrno em oposição
porque a vida democrática é isto: perdemos hoje, a êle.
para ganhar amanhã. O Sr. Jânio Quadros insistiu, reiteradamente,
O SR. ALOYSIO DE CARVALHO: – O Partido em dizer que ia para o Govêrno sem compromissos
de V. Exa. vai revelar que também tem com Partidos, mas queria fazer um Govêrno
condições para viver na oposição, o que só servirá exclusivamente voltado para os interêsses do povo.
– 301 –

O SR. VICTORINO FREIRE: – Perfeitamente. se ao Senado com pedras na mão para jogar no Sr.
O SR. MEM DE SÁ: – O Sr. Jânio Quadros e a Juscelino Kubitschek a quem apoiei até hoje e vou
direção da União Democrática Nacional, que é o apoiar muito mais. Serei mais solidário com S. Exa.
maior Partido dos que o apoiaram e a direção da porque discordei algumas vêzes de S. Exa. mas a
U.D.N. não se cansam também de repeti-lo pois o Sr. partir de 1º de fevereiro farei sua defesa tôdas as
vêzes que fôr atacado.
Magalhães Pinto ainda há três dias o disse...
O SR. MEM DE SÁ: – V. Exa. procede como
O SR. AFONSO ARINOS: – Neste momento
homem que se presa e que pretende continuar se
V. Exa. está falando em nome do nosso Partido. olhando no espelho.
O SR. MEM DE SÁ: – Muito obrigado a V. O SR. VICTORINO FREIRE: – Muito grato a
Exa. A União Democrática Nacional nada reivindica e V. Exa. O juízo de V. Exa. é, para mim altamente
não se considera, de forma nenhuma, proprietária ou confortador, pois o nobre colega foi um dos mais
co-proprietária do Govêrno. De modo que nenhum constantes adversários do Govêrno de S. Exa. nesta
Casa.
Partido brasileiro pode, nesta hora, entender que o
O SR. PEDRO LUDOVICO: – Permite o nobre
Sr. Jânio Quadros e seu Govêrno esteja contra êle. orador outro aparte?
Creio que o Sr. Jânio Quadros governará com o O SR. MEM DE SÁ: – Com satisfação.
apoio, que deve merecer pelos seus atos corretos, O SR. PEDRO LUDOVICO: – V. Exa. sabe
de todos os Partidos, e com a crítica e oposição aos que sempre o considerei um dos maiores tribunos
desta Casa...
seus atos infelizes, também de todos os Partidos.
O SR. MEM DE SÁ: – Agora V. Exa. está
Êsse o ideal para a Democracia: é não dispor o exagerando.
Presidente da República de Maioria extremamente O SR. PEDRO LUDOVICO: – ...mas sempre o
dócil, de Maioria que vota tudo que êle queira. aparteio, quando acho que comete injustiça contra o
Seremos felizes no Brasil se tivermos a experiência atual Presidente da República. Desejo portanto que
V. Exa. me responda à seguinte pergunta: como
de um Presidente da República sem Maioria
explica essa estima e simpatia que os próprios
incondicional, que tem sido uma das desgraças do representantes do povo do Estado da Guanabara e
povo brasileiro. Falo em Maioria, em tese. do Estado de São Paulo demonstraram ao Sr.
O SR. VICTORINO FREIRE: – V. Exa. sabe Juscelino Kubitschek justamente no último ano do
que sempre sustentei o nome do Sr. Presidente seu Govêrno? Em São Paulo S. Exa. foi agraciado
Juscelino Kubitschek, nas urnas, em luta brava, com o título de cidadão paulista e paulistano, e no
também no Govêrno. Já declarei em discurso, desta Rio de Janeiro a Câmara Municipal promoveu uma
sessão para homenageá-lo, quando mudou-se para
tribuna, os rumos da minha conduta: a de fazer a
Brasília.
defesa do correligionário e amigo, em tudo que
O SR. MEM DE SÁ: – Creio que a
merecer defesa, nas injustiças que possa sofrer, homenagem da ex-Câmara Municipal do Rio de
porque V. Exa. e os que venceram fariam juízo Janeiro prova muito bem em favor do Sr. Juscelino
muito desabonador à minha pessoa se chegas- Kubitscheck.
– 302 –

O SR. PEDRO LUDOVICO: – E em São dio e da Televisão. Pergunto a V. Exa. se foi no


Paulo? Rádio e na Televisão que se fêz Três Marias?!
O SR. MEM DE SÁ: – Essa popularidade Pergunto a V. Exa. se as estradas que conduzem ao
tão grande explica-se pelos dados que citei. seu Estado, as excelentes estradas que partem de
Quem emite 140 bilhões de cruzeiros, ou pouco Curitiba a Lajes, Caxias e Pôrto Alegre, também são
menos, e deixa uma dívida de duzentos e frutos do Rádio e da Televisão?! Pergunto a V. Exa.
cinqüenta bilhões de cruzeiros, pode granjear tudo se as estradas que cortam o Brasil de todos os lados
que queria, principalmente tendo, como o Sr. são também fruto do Rádio e da Televisão?!
Juscelino Kubitschek, durante muitos anos, Pergunto ainda a V. Exa. se a crescente
o rádio e a televisão ilimitadamente à sua industrialização do Brasil é também fruto da
disposição, e fechados para a Oposição. Vou citar Televisão?! Se V. Exa. acha que tudo é fruto da
meu exemplo. Eu mesmo em programa a que Televisão e do Rádio, que é apenas fruto de u'a
compareci, que se chamava "Em poucas palavras", miragem, estou com V. Exa. Em caso contrário, que
fui inquirido precisamente por esta forma: a que V. Exa. faça justiça declarando que ao lado das
atribuía a popularidade do Sr. Juscelino Kubitschek? emissões também houve obras que as justificaram.
Respondi dizendo que a atribuía à capacidade de O SR. MEM DE SÁ: – V. Exa. sabe a estima
emitir e de impedir que os seus adversários pessoal e o aprêço que lhe tenho. Mas não
retrucassem as baboseiras e as patranhas que dizia responderei porque a pergunta de V. Exa. só tem
na televisão. E a prova estava em que o Sr. Hélio uma explicação: a de que V. Exa. não ouviu o meu
Fernandes convidado para o programa, à última hora discurso.
recebera ordens de não falar. Nesse momento a O SR. GASPAR VELLOSO: – Infelizmente,
Estação foi tirada do ar, e eu fiquei sem fala. Essa a conforme declarei no início do meu aparte, não tive
verdade. êsse prazer.
O SR. GASPAR VELLOSO: – Permite V. Exa. O SR. MEM DE SÁ: – Só por que V. Exa. não
um aparte? ouviu o meu discurso é que fêz a pergunta. Depois
O SR. MEM DE SÁ: – Pois não. V. Exa. compreenderá. Só por isso, repito, escuso-
O SR. GASPAR VELLOSO: – Infelizmente, me de responder. Para fazê-lo terei de reler o
razões estranhas à minha vontade impediram-me de discurso, o que seria para os mais Colegas um
acompanhar inteiramente o discurso de Vossa castigo dobrado.
Excelência. O SR. GASPAR VELLOSO: – Não creio.
O SR. MEM DE SÁ: – Não perdeu nada! O SR. MEM DE SÁ: – Vou ultimar o meu
O SR. ANTÔNIO BALTAR: – Não apoiado. discurso, Sr. Presidente.
O SR. GASPAR VELLOSO: – Entro (Lendo).
agora, na fase do discurso em que V. Exa. assinala "Neste capítulo, o Sr. Kubitschek
que o Sr. Presidente da República não só exasperou o problema existente,
granjeou popularidade nas elites e nas como lhe criou nova frente de luta. O Rio
classes obreiras em conseqüência do Rá- Grande do Sul que repito, era próspero e fe-
– 303 –

lez, está mais pobre hoje que há cinco anos, com O SR. PRESIDENTE: – Continua a hora do
sua agricultura perseguida, a meta do trigo Expediente.
fracassada, a pecuária bovina diminuída, suas Tem a palavra o nobre Senador Jefferson de
pequenas e médias emprêsas sufocadas, sem Aguiar, para explicação pessoal.
crédito nem auxílio, com as obras públicas O SR. JEFFERSON DE AGUIAR (para
abandonadas, e as finanças públicas e privadas explicação pessoal (*): – Senhor Presidente,
soterradas pela inflação. Tudo lhe foi negado. Até a ausente desta Casa quando foi prestada
refinaria que os programas do Conselho Nacional de homenagem ao meu nobre amigo e ilustre
Petróleo lhe haviam assegurado foi protelada. Não conterrâneo, Senador Attílio Vivacqua, desejo
manifestar-me expressamente em tôrno do
sou eu que o diz. A depressão econômica que o
lamentável acontecimento que entristeceu o Senado
Govêrno atual fomentou estupidamente em meu
da República e tôda a Nação pela perda irreparável
Estado é descrita e confirmada pelos técnicos e
daquele brilhante amigo que foi Secretário do meu
órgãos federais da mais alta autoridade que a tio, Aristeu Aguiar quando Presidente do Estado do
estudaram, como pelo jornalista antes citado, cujo Espírito Santo, deixando na Secretaria de Educação
livro é o mais justo e candente libelo que se poderia um marco permanente da sua inteligência e a perene
articular. demonstração da sua capacidade administrativa.
Que o Sr. Juscelino Kubitschek de Oliveira Conheci Attílio Vivacqua ainda jovem, no
proclame glória e promova, pela publicidade o seu Ginásio do Espírito Santo, quando era êle, Secretário
endeusamento. Os brasileiros estão pagando e vão da Educação. Homem probo, inteligente e culto,
pagar, com as chagas do sofrimento as loucuras de trouxe ao Congresso Nacional o fulgor da sua
sua megalomania. Ninguém sabe a que ponto irá a inteligência e o brilho da sua cultura, terçando armas
capacidade de conformismo e de sacrifício dêste com os homens mais influentes da cultura brasileira
povo. Ninguém sabe até que ponto as instituições e e embora muitas vêzes divergindo das teses
a ordem suportarão os impactos que as medidas doutrinárias e jurídicas com os grandes valores
salvadoras vão causar. nacionais teve ensejo de demonstrar a sua pujança
O SR. PEDRO LUDOVICO: – As obras do intelectual, vendo vitoriosas aquelas emendas e
Govêrno são de caráter reprodutivo. proposições que apresentava na tramitação
O SR. MEM DE SÁ: – "Os ventos foram regimental perante o Congresso Nacional.
semeados a mancheias. Que o Brasil e os Attílio Vivacqua foi membro influente do
Partido Social Democrático ao qual estou filiado.
brasileiros, sob a inspiração de Deus, de espírito
Divergindo da sua Comissão Executiva
forte e coração resignado, enfrentem o espólio
filiou-se ao Partido Republicano que não tinha
tempestuoso que êles nos criaram. Noutras palavras:
organização no Estado do Espírito Santo; mas sua
tenhamos coragem; vamos pagar a conta (Muito personalidade, sua influência pessoal
bem. Muito bem! Palmas). davam um cunho especial à atividade política do
Durante o discurso do Sr. Mem de Sá, o Sr. partido que, sem existência sequer estru-
Filinto Müller deixa a Presidência, assumindo-a
sucessivamente, os Srs. Cunha Mello, Novaes Filho __________________
e Heribaldo Vieira. (*) – Não foi revisto pelo orador.
– 304 –

tural teve sempre o seu representante no Senado fileiras do Partido Social Democrático.
Federal. Na Assembléia do Estado do Espírito Santo, Attílio Vivacqua, que fôra vinculado ao meu
Attílio Vivacqua teve também ensejo de demonstrar grupo familiar, estava, portanto, daí para o futuro em
sua atividade exuberante sendo dos homens que, divergência política comigo. Mas nunca os nossos
como Chevalier e André Sigfried, sem escrever um laços de amizade afrouxaram, e a nossa fraternal
só livro ou uma só obra em tôrno da ciência política, estima, a par do respeito que sempre dediquei
porque não tiveram tempo de elaborá-los dada sua àquele homem que foi marco luminoso na
atividade permanente na política pragmática. inteligência e na cultura do Estado do Espírito Santo,
Attílio Vivacqua trouxe ao Congresso êsse traziam um contingente especial para fortalecimento
brilho excepcional fazendo com que o Estado do dêsses sentimentos, que eram o preito de justiça que
Espírito Santo aparecesse no cenário político eu permanentemente lhe prestava, consagrando
nacional através de sua ação brilhante e profícua no entusiàsticamente a sua inteligência e cultura.
Senado. Na Comissão de Justiça desta Casa tive Attílio Vivacqua lutou até o último momento,
ensejo de divergir muitas vêzes de S. Exa. na para defender o Estado do Espírito Santo.
fraternal e cordial atividade que tivemos naquela Em novembro do ano passado, quando o vi
Comissão permanente, sob a batuta dêsse eminente nesta Casa abatido, definhando, tive ensejo de
colega representante do pequeno Estado de Sergipe, aconselhá-lo a que se retirasse imediatamente para
que é o Senador Lourival Fontes. o Rio de Janeiro, onde poderia submeter-se a
Nunca tivemos sequer uma divergência de tratamento especializado. S. Exa. retrucou que tinha
ordem pessoal, embora na política do Estado e em emendas ao Orçamento a defender. E eu o encontrei
tôdas as atividades que tivemos no curso dos em atividade na Comissão de Orçamento e
acontecimentos posteriores à Revolução de 1930, Fiscalização da Câmara dos Deputados,
estivéssemos em campos opostos e em luta porfiadamente se batendo, com cuidado e cautela
permanente na conquista do poder político do Estado especiais, por aquelas proposições que iriam dar
do Espírito Santo. Êle que fôra auxiliar direto do mais alguns cruzeiros ao progresso do Espírito Santo
então Presidente do meu Estado, como disse meu e assim contribuindo para o bem estar social daquela
parente, representante daquela velha estirpe de pequena parcela da federação brasileira.
homens que trazia a atividade do mandato político Senhor Presidente, é contristado que presto
através de sua ação legítima no cenário estadual e esta homenagem, exatamente no dia em que se
municipal, numa ação profícua em favor do povo e comemora o aniversário da morte de Lameira
do bem coletivo, visando apenas um alvo Bittencourt, aquêle outro amigo que morreu na luta
que era a grandeza da Nação. Noutro grupo permanente pela grandeza do seu Estado Natal e da
filiavam aquêles que estiveram vinculados à Nação, também vitimado pelo mesmo mal.
Revolução de 1930. Por contigência especial e Quero deixar consignado nos anais
como decorrência expressa de solicitações que me desta o meu preito ao espírito brilhante de
foram feitas por dois amigos diletos, Jones Santos Attílio Vivacqua, que levou ao Espírito
Neves e Eurico de Aguiar Sales, inclui-me nas Santo a beleza de sua inteligência e o fulgor
– 335 –

de sua cultura, conquistando por isso mesmo, êle dispensa de interstício e prévia
sòzinho, a admiração e o respeito do povo distribuição de avulsos para o Projeto de Lei da
espiritossantense. (Muito bem!) Câmara nº 17, de 1961, a fim de que figure na
Durante o discurso do Sr. Jefferson de Aguiar, Ordem do Dia da sessão seguinte.
o Sr. Heribaldo Vieira deixa a Presidência, Sala das Sessões, em 26 de janeiro de 1961.
reassumindo-a o Senhor Novaes Filho. – Paulo Fernandes.
O SR. PRESIDENTE: – Sôbre a mesa
requerimentos que vão ser lidos. REQUERIMENTO
São lidos e aprovados os seguintes Nº 40, DE 1961
requerimentos:
Nos têrmos do art. 211, letra n,
REQUERIMENTO do Regimento Interno, requeiro dispensa de
Nº 37, DE 1961 interstício e prévia distribuição de avulsos
para o Projeto de Lei da Câmara nº 18, de 1961, a
Nos têrmos do art. 211, letra n, do Regimento fim de que figure na Ordem do Dia da sessão
Interno, requeiro dispensa de interstício e prévia seguinte.
distribuição de avulsos para o Projeto de Lei da Sala das Sessões, em 26 de janeiro de 1961.
Câmara nº 16, de 1961, que modifica a Lei nº 3.643, – Auro Moura Andrade.
de 14 de outubro de 1959, a fim de que figure na O SR. PRESIDENTE: – Os projetos a que se
Ordem do Dia da sessão seguinte. referem os requerimentos serão incluídos na Ordem
Sala das Sessões, em 26 de janeiro de 1961. do Dia da próxima sessão.
– Nelson Maculan. Vai ser lido mais um requerimento.
É lido o seguinte:
REQUERIMENTO
Nº 38, DE 1961 REQUERIMENTO
Nº 41, DE 1961
Nos têrmos do art. 211, letra n, do Regimento
Interno, requeiro dispensa de interstício e prévia De conformidade com o disposto no art. 202,
distribuição de avulsos para o Projeto de Lei da nº 2 do Regimento Interno, requeiro a transcrição,
Câmara nº 15, de 1961, que concede ao Museu de nos Anais do Senado, do discurso proferido pelo
Arte de São Paulo, durante cinco anos a subvenção Senador Antônio Baltar na inauguração da barragem
anual de Cr$ 25.000.000,00, afim de que figure na de Três Marias.
Ordem do Dia da sessão seguinte. Sala das Sessões, em 26 de janeiro de 1961.
Sala das Sessões, em 26 de janeiro de 1961. – Moura Andrade.
– Auro Moura Andrade. O SR. PRESIDENTE: – Comunico ao
Senado que esta Presidência deliberou convocar
REQUERIMENTO as duas Casas do Congresso Nacional para,
Nº 39, DE 1961 em sessão conjunta a realizar-se amanhã às 10
horas e trinta minutos, conhecerem do veto
Nos têrmos do art. 21, letra presidencial ao projeto de lei que cria no Ministério
n, do Regimento Interno, requeiro da Marinha, os quadros complementares dos Corpos
– 306 –

da Armada, Fuzileiros Navais e Intendentes de e o respeito, não apenas do Govêrno brasileiro, junto
Marinha. ao qual exercia, com desvêlo, competência e tática
Para o dia 1 de fevereiro, às 21 horas, as suas funções, mas de tôda a sociedade brasileira,
convoco sessão conjunta destinada à apreciação do pelas altas virtudes que exornavam o seu caráter.
veto presidencial ao projeto de lei orçamentária para Sr. Presidente, em nome da Comissão de
1961.
Relações Exteriores do Senado, desejo fique
O SR. AFONSO ARINOS (para explicação
pessoal) (*): – Sr. Presidente, incumbido pela consignado na Ata dos nossos trabalhos, o voto de
Comissão de Relações Exteriores, de que recebi profundo pesar pelo passamento do ilustre diplomata
expressas credenciais, desde logo transmito desta e que seja expedida, ao Encarregado de Negócios
tribuna o profundo pesar daquele órgão técnico da da Suécia, junto ao Govêrno brasileiro, a nota desta
nossa Casa – e acredito que de tôda ela – com a declaração. (Muito bem).
notícia do infausto e recente falecimento, em trágico Durante o discurso do Sr. Afonso Arinos, o Sr.
acidente verificado nas cercanias do Rio de Janeiro, Novaes Filho deixa a Presidência, reassumindo-a o
do Embaixador da Suécia, o Conde Carl Douglas,
Sr. Cunha Mello.
representante daquele Reino em nosso país.
Conhecidas são, Sr. Presidente, as antigas e O SR. PRESIDENTE: – Passa-se à:
sempre cordiais relações que nos unem ao Estado
Sueco, fundadas, de uma e de outra parte, numa ORDEM DO DIA
conduta firme e leal que espelha um dos pontos altos
da cordialidade diplomática intercontinental. Discussão única do Projeto de Lei da Câmara
Sabe V. Exa., homem culto e viajado, a nº 99, de 1960 (nº 1.700, de 1960 na Câmara) que
importância que tem o exemplo daquele grande país autoriza o Poder Executivo a abrir, ao Poder
na moderna experiência democrática. Mantendo Judiciário – Justiça Eleitoral – Tribunal Regional do
embora as tradições monárquicas da sua formação
Pará – os créditos especiais de Cr$ 79.112,50 e Cr$
histórica, a Suécia atingiu a um plano elevado e
invejado de desenvolvimento social, através de 368.205,00 para ocorrer às despesas com o
numerosas gerações de estadistas, sendo pagamento de diferença de gratificação adicional
seguramente um dos povos que se colocam no mais devido a funcionários da Secretaria do mesmo
alto nível da experiência de govêrno democrático no tribunal, tendo Parecer favorável, sob nº 17, de 1961,
mundo moderno. da Comissão de Finanças.
Pois bem. S. Exa. o Embaixador Carl Douglas
representava junto ao nosso Govêrno as excelências Em discussão o projeto.
dessa tradição, que tanto elevava o seu grande país Não havendo quem faça uso da palavra,
no conceito das nações civilizadas.
encerro a discussão.
Tinha aquêle diplomata,
Em votação.
muito justamente, conquistado a simpatia
Os Senhores Senadores que o aprovam,
__________________ queiram permanecer sentados. (Pausa).
(*) – Não foi revisto pelo orador. Aprovado. O projeto vai à sanção.
– 307 –

É o seguinte: Os Senhores Senadores que o aprovam,


queiram permanecer sentados. (Pausa).
PROJETO DE LEI DA CÂMARA Aprovado. O projeto vai à sanção.
Nº 99, DE 1960 É o seguinte:

Autoriza o Poder Executivo a abrir ao Poder PROJETO DE LEI DA CÂMARA


Judiciário – Justiça Eleitoral – Tribunal Regional do Nº 1, DE 1961
Pará – os créditos especiais de Cr$ 79.112,50 e Cr$
368.205,00, para ocorrer às despesas com o Abre um crédito especial de Cr$
pagamento de diferença de gratificação adicional 30.000.000,00, ao Ministério da Viação e Obras
devido a funcionários da Secretaria do mesmo Públicas para obras do Túnel do Palatinato, em
Tribunal. Petrópolis, Estado do Rio de Janeiro.

O Congresso Nacional decreta: O Congresso Nacional decreta:


Art. 1º É o Poder Executivo autorizado a abrir Art. 1º É aberto, pelo Ministério da
ao Poder Judiciário – Justiça Eleitoral – Tribunal Viação e Obras Públicas o crédito especial
Eleitoral do Pará, os créditos especiais de Cr$ de Cr$ 30.000.000,00 (trinta milhões de cruzeiros),
79.112,50 e de cruzeiros 368.205,00, para ocorrer às para custear as obras do Túnel do Palatinato,
despesas com o pagamento de diferença de em Petrópolis, Estado do Rio de Janeiro, a serem
gratificação adicional, devido a funcionários da feitas pelo Departamento Nacional de Obras e
Secretaria do mesmo Tribunal, no período Saneamento.
compreendido entre 16 de outubro a 31 de dezembro Art. 2º Esta lei entrará em vigor na data
de 1958 e o exercício de 1959. de sua publicação, revogadas as disposições em
Art. 2º Esta lei entrará em vigor na data de sua contrário.
publicação, revogadas as disposições em contrário. O SR. PRESIDENTE: – Esgotada a matéria da
Ordem do Dia.
Discussão única do Projeto de Lei da Câmara Em discussão o Requerimento nº 41,
nº 1, de 1961 (número 1.586, de 1960, na Câmara) anteriormente lido, para transcrição nos Anais do
que abre um crédito especial de Cruzeiros Senado, de discurso proferido pelo Senhor Antônio
30.000.000,00 ao Ministério da Viação e Obras Baltar.
Públicas, para obras do Túnel do Palatinato, em Não havendo quem faça uso da palavra,
Petrópolis, Estado do Rio de Janeiro, tendo Parecer encerro a discussão.
favorável, sob nº 18, de 1961, da Comissão de Em votação.
Finanças. Os Senhores Senadores que o aprovam,
queiram permanecer sentados. (Pausa).
Em discussão o projeto. Aprovado.
Não havendo quem queira fazer uso da O SR. LIMA TEIXEIRA: – Sr. Presidente, peço
palavra, vou encerrar a discussão. (Pausa) a palavra pela ordem.
Encerrada. O SR. PRESIDENTE: – Tem a palavra o nobre
Em votação. Senador Lima Teixeira, pela ordem.
– 308 –

O SR. LIMA TEIXEIRA (pela ordem) (*): – Sr. encontra na Comissão de Legislação Social.
Presidente, em 27 de julho de 1960 o "Diário Oficial" Êsse projeto, destacado, teve sua Redação
publicou o Projeto de Lei do Senado nº 25, oriundo Final aprovada pelo Senado em 3 de novembro de
da Comissão Especial da Política da Produção e 1959. Pelo Ofício nº 705, de 4 de novembro dêste
Exportação, que cria o Conselho Superior de ano, foi êle remetido à Câmara dos Deputados, que
Expansão Comercial do Brasil e dá nova até hoje, no entanto, segundo tenho conhecimento,
organização aos atuais Escritórios de Propaganda e ainda não se decidiu sôbre a sua aprovação.
Expansão Comercial. Está o projeto assim concebido:
São decorridos cêrca de seis meses e não "Art. 1º É concedida anistia aos
tenho conhecimento de que qualquer Comissão trabalhadores ou servidores de emprêsa estatal ou
desta Casa haja oferecido parecer ao projeto. privada, que por motivo decorrente de participação
Pergunto a V. Exa., Sr. Presidente, se, de em movimento grevista ou de dissídio regulado
acôrdo com o Regimento, é possível, é admissível, pela legislação do trabalho, tenham sido acusados
permaneça uma proposição seis meses num órgão ou condenados por crime previsto nos Decretos 431,
técnico, sem receber parecer? Indago ainda se V. de 18 de maio de 1938, 4.766, de 1 de outubro
Exa. dispõe de elementos para prestar informações de 1942, 9.070, de 15 de março de 1946, na
sôbre o andamento do referido projeto? Lei nº 1.802, de 5 de janeiro de 1953, ou no Código
Esta, minha questão de ordem, Sr. Presidente. Penal.
O SR. PRESIDENTE: – O projeto a que V. § 1º O Juiz e o Ministério Público, de ofício,
Exa. se refere está com carga ao saudoso Senador promoverão o arquivamento dos processos criminais
Attílio Vivacqua. em curso.
A Mesa tomará providências no sentido de § 2º Na hipótese de recurso pendente de
fazê-lo voltar à Comissão, para o andamento normal. julgamento na instância superior, o Relator
O SR. LIMA TEIXEIRA: – Sr. Presidente, determinará a devolução dos autos ao Juízo
obrigado a Vossa Excelência. competente para o arquivamento do processo.
O SR. PRESIDENTE: – Tem a palavra o nobre § 3º O Juiz das Execuções Criminais, de
Senador Jefferson de Aguiar. ofício, determinará o cancelamento dos registros e
O SR. JEFFERSON DE AGUIAR (*): – Sr. assentamentos de condenação anterior à publicação
Presidente, de minha autoria, foi aprovado pelo dêste decreto-legislativo.
Senado Federal o Projeto de Resolução nº 18, de Art. 2º Êste decreto-legislativo entrará em
1959, que concede anistia a todos os operários vigor na data de sua publicação.
grevistas, atendendo, em conseqüência, ao destaque Art. 3º Revogam-se as disposições em
de um dos capítulos do Projeto de Regulamentação contrário.
do Direito de Greve, que elaborei e ainda se A sua longa justificativa mereceu a acolhida do
Senado Federal.
__________________ Formulo, Sr. Presidente, um
(*) – Não foi revisto pelo orador. apêlo à Câmara dos Deputados para
– 309 –

que dê rápida tramitação à matéria, que virá atender sões de Constituição e Justiça, de Economia e de
aos reclamos de inúmeros grevistas, já com sua Finanças.
vinculação aos Institutos de Previdência Social, 4 – Discussão única do Projeto de
perdida. Lei da Câmara nº 17, de 1961 (nº 2.361, de 1960 na
Estas as palavras que desejava proferir, Câmara), que federaliza a Escola
consignando o meu apêlo nos Anais desta Casa do Superior de Veterinária, pertencente à Universidade
Congresso Nacional. (Muito bem!). Rural de Minas Gerais e dá outras
O SR. PRESIDENTE: – Não há outros providências (incluído em Ordem do Dia em virtude
oradores inscritos. (Pausa). de dispensa de interstício, concedida
Convoco os Srs. Senadores para uma sessão na sessão anterior, a requerimento do Sr. Senador
extraordinária, hoje, às 21 horas e 30 minutos. Paulo Fernandes) tendo pareceres favoráveis
Nada mais havendo que tratar, vou encerrar a das Comissões de Educação e Cultura, de Serviço
sessão. Público Civil e de Finanças.
Designo para a extraordinária a seguinte: 5 – Discussão única do Projeto
de Lei da Câmara nº 18, de 1961, (nº 1.532, de 1960,
ORDEM DO DIA na Câmara) que altera a redação do § 4º do
art. 11 do Decreto-lei nº 1.344, de 13 de junho de
1 – Discussão única do Projeto de Lei da 1939, que modifica a legislação sôbre Bôlsas de
Câmara nº 167, de 1959, (nº 255, de 1959, na Valores (incluído em Ordem do Dia em virtude de
Câmara) que dispõe sôbre a inscrição de dispensa de interstício, concedida em sessão
funcionários e serventuários da Justiça em anterior a requerimento do Sr. Senador Moura
concursos públicos de provas e título tendo Andrade) tendo parecer favorável da Comissão de
Pareceres favoráveis (ns. 278, de 1960 e 11, de Economia.
1961) das Comissões de Constituição e Justiça e de 6 – Discussão única do Parecer da Comissão
Serviço Público Civil. de Finanças sôbre a Mensagem nº 4, pela qual o
2 – Discussão única do Projeto de Lei da Senhor Presidente da República submete ao Senado
Câmara nº 15, de 1961 (nº 4.346, de 1958, na a escolha do Sr. João Kubitschek de Figueiredo para
Câmara) que concede ao Museu de Arte de São o cargo de Ministro do Tribunal de Contas.
Paulo durante cinco anos a subvenção anual de Cr$ Está encerrada a sessão.
25.000.000,00 (incluído em Ordem do Dia em virtude Levanta-se a sessão às 16 horas e 15
de dispensa de interstício, concedida na sessão minutos.
anterior a requerimento do Sr. Senador Moura
Andrade) tendo parecer favorável da Comissão de PUBLICAÇÃO FEITA NOS TERMOS DO
Finanças. REQUERIMENTO Nº 41 DE 1961, DO SR.
3 – Discussão única do Projeto de Lei da SENADOR MOURA ANDRADE, APROVADO NA
Câmara nº 16, de 1961 (nº 2.236, de 1960 na SESSÃO DE 26-1-1961
Câmara) que modifica a Lei nº 3.643, de 14 de
outubro de 1959, suspendendo o vencimento Discurso proferido pelo Senhor Senador
de débitos dos cafeicultores e dá outras Antônio Baltar na inauguração da barragem de Três
providências (incluído em Ordem do Dia em virtude Marias.
de dispensa de interstício concedida na sessão
anterior, a requerimento do Sr. Senador Nelson Elevado por deliberação generosa
Maculan) tendo pareceres favoráveis das Comis- da Mesa do Senado Federal à
– 310 –

dignidade de representante dessa Casa do la, de direito e por dever, inalienável, para a
Congresso na inauguração das obras civis da descoberta, a construção e a operação de
barragem de Três Marias sôbre o Rio São Francisco, equipamentos materiais e de instituições formais,
assumo o encargo de pronunciar um discurso em que passava a adquirir projeção mais nítida. Era o
seu nome com a emoção de quem é chamado desempenho dessa missão permanente que opera,
inesperadamente a participar, em plena consciência, de forma contínua e sem alardes, a consolidação, a
de um fato histórico relevante na vida de sua pátria. ampliação, e a preparação do futuro da pátria e do
Fecho os olhos e vejo passar diante de mim, o gênero humano, que se reabilitava, assim, nos
filme grandioso que descreve a marcha da subterrâneos da história oficial.
humanidade e a história da civilização repontando Essa revisão de perspectiva histórica, que se
aqui e ali, entre as suas cenas mais sugestivas, nos processou no aprendizado cultural de cada um de
momentos decisivos dessa história e nos pontos de nós, destas últimas gerações, destaca a importância
inflexão mais significativos daquela mancha, fatos e a significação de um ato como êste de que viemos
como êste que estamos aqui assistindo e aqui participar. Porque as linhas de fôrça dêsse
solenizando, traduzidos em última e definitiva análise campo permanente de trabalho humano, em que
no domínio de fôrças da natureza pela inteligência do vivemos, representado para nós em cada ponto do
homem, pela ciência aplicada e pela técnica que espaço e em cada instante do tempo pelo vetor do
colocam essas fôrças disciplinadas e dóceis a nosso esfôrço pessoal componente da tarefa
serviço da humanidade. coletiva, essas linhas de fôrça convergem sempre
Nos meus tempos de escola primária a história para acontecimentos determinados, em que uma
pátria se contava nos compêndios oficiais reduzida invenção engenhosa ou uma obra bem concebida e
quase à sucessão de acontecimentos políticos e realizada vem alterar o curso normalmente lento da
militares marcantes da ocupação do território e da evolução natural das coisas e promover um salto
sua subdivisão entre as esferas do poder. Mais tarde brusco de que a natureza, segundo alguns filósofos,
foi-se compreendendo, porém, que por baixo dessa não é talvez capaz, mas que a inteligência humana
camada superficial de acontecimentos mais sabe provocar jogando convenientemente com os
pomposos e espetaculares se desenrolava, elementos naturais.
silenciosamente, uma seqüência de outros fatos, Nesses instantes de tempo e nesses pontos
humildes em sua repercussão individual imediata e do espaço têm lugar as grandes transformações da
quase sempre anônimos, na personificação da estrutura material e da base física nas quais repousa
responsabilidade de suas iniciativas; fatos êsses a existência do homem sôbre a Terra;
que, entretanto, constituíam a tessitura e a trama transformações que, paralelamente à evolução das
reais da construção da nacionalidade em seus suas idéias e sentimentos, das suas concepções de
valores mais autênticos. Era o trabalho contínuo e vida e de suas aspirações pessoais e coletivas,
incansável do homem do campo e do operário da marcam o ritmo do progresso humano.
cidade – o sagrado esfôrço do homem sôbre a Nenhum exemplo flagrante dêsses momentos
terra – que se descobria. Era a tarefa interminável, decisivos da humanidade no plano mais
da qual cada um tem de assumir uma parce- grandiloqüente que também às vêzes assumem os
– 311 –

fatos dessa cadeia subjacente à história político- tização das massas conduzem à tomada de
militar das nações do que o domínio das fôrças consciência das necessidades e possibilidades
instintivas e cegas de um grande curso d'água por nacionais, da região e das comunidades locais
uma obra de engenharia. traduzidas em têrmos cada vez mais lúcidos e
Poucos exemplos reuniriam maior soma de coerentes.
transformações de estruturas geo-econômicas e É pois de uma revolução que se está tratando
sócio-culturais nem mais extensa e profunda quando se refere à transformação em escala regional
seqüência de alterações de caráter regional, da vida coletiva estabelecida ao longo do vale de um
abrangendo nas suas repercussões imediatas e rio cujas águas são barradas, e submetidas a uma
remotas tão grande número de pessoas e de disciplina de utilização racional. Uma revolução que
comunidades humanas. se desenrolará pacifica e construtiva, se um
As obras dessa espécie visando planejamento oportuno e adequado assegurar a
imediatamente como objetivos clássicos regularizar a equitativa distribuição dos seus benefícios a tôdas as
vazão líquida, promover a irrigação das margens, a áreas do território e a tôdas as camadas da
navegação e a piscicultura, e aproveitar potencial população interessadas, mas que desencadeará
energético, têm contudo uma repercussão muito fatalmente atritos e choques sociais se
mais ampla em outros aspectos fundamentais da essa planificação não tiver sido feita e o complexo
vida coletiva. regional não progredir segundo configurações
Ao revolucionar os métodos da exploração sucessivamente mais equilibradas de seus
agrícola, submete-os a uma disciplinadora e elementos de território, de população e de
necessária planificação de que decorrem, como equipamentos.
salientam os sociólogos, mudanças radicais nos Êsse planejamento regional se torna tanto
ritmos e nos hábitos próprios da vida rural. Ao criar mais urgente e necessário quanto o processo de
novos meios de produção e de comunicações desenvolvimento da área afetada pelo contrôle das
acelera a caminhada do progresso e de civilização águas de um rio se traduz necessariamente em um
integrando nêles mais ràpidamente comunidades de conjunto de sucessivas obras públicas
outro modo condenadas a uma evolução lenta complementares que representam um investimento
demais. Ao promover o aproveitamento de potencial social considerável e devem ser coordenadas,
hidrelétrico, inocula na região, com a distribuição de harmonizadas e escalonadas, segundo a perspectiva
energia abundante e continua o mais poderoso global da região, que não se restringe ao vale do
germe de renovação material no plano social e curso d'água principal, mas se estende certamente a
econômico, já conhecido pela humanidade. tida a bacia hidrográfica e lhe extrapóla muitas vêzes
A transformação operada na estrutura mesmo os limites geodésicos..
econômica regional é por conseqüência a mais O domínio das águas de um rio repercutindo
ampla e profunda. Como numa reação em cadeia, a assim de modo tão amplo na problemática do
produtividade do trabalho, o progresso técnico, as desenvolvimento econômico e social, explica o fato
transferências setoriais de mão-de-obra, o histórico de terem florescido as maiores civilizações da
andamento da concentração urbana, a rapidez da antiguidade ao longo dos vales de grandes rios: a
implantação das facilidades de cultura, a poli- civilização egípcia, meia centena de séculos antes de
– 312 –

Cristo, no vale do Nilo; a Hindu, às margens do normais. A economia brasileira – mostram-no à


Ganges; a Chinesa, nas do Rio Amarelo; a dos evidência e saciedade os estudos mais atualizados –
Caldeus, entoe o Tigre e o Eufrates. era voltada para fora – sua infra-estrutura fôra
Já nas idades média e moderna da divisão implantada para servir aos mercados do exterior – ao
convencional da História, foi ao longo dos cursos do resto do mundo da linguagem quase pitoresca da
Volga e do Don, do Danúbio e do Reno, do Tejo e do contabilidade social.
Ródano e, ao transpor a civilização o oceano, ao A expansão territorial de uma economia assim
longo do São Lourenço, do Mississipi e do Tenesee concebida não se poderia processar em função dos
que os estabelecimentos humanos das fases pré e vales dos rios, visando o seu aproveitamento integral
pos-industrial se instalaram com um sentido de mas sim ao longo de linhas artificiais de penetração
aproveitamento global das potencialidades utilizáveis que por não serem aquêles rios espontâneamente
dêsses rios com os recursos sucessivos da navegáveis em largas extensões, foram de
eotécnica, da paleotécnica e da neotécnica, segundo preferência linhas férreas em cuja construção
a classificação de Lewis Mumford das etapas da interêsses também estrangeiros se fizeram
revolução industrial. igualmente sentir, linhas de penetração que se
Como se explica, pois, que na atual área destinavam a conduzir produtos primários a portos
subdesenvolvida do nôvo mundo – no Brasil, por de embarque para a exterior vindos daquelas áreas
exemplo, não tenham sido com a mesma nitidez, na onde as condições naturais e o braço escravo ou
idade contemporânea, os grandes rios regionais as quase-escravo lhes asseguravam um preço vil.
linhas de menor esfôrço segundo as quais a Neste vale do São Francisco, por exemplo, as
civilização se tenha consolidado em definitivo na sua obras que haviam sido empreendidas, como a
marcha espontânea de até há pouco tempo? Que captação hidrelétrica pioneira de Belmiro Gouveia
não tenha havido ao menos aquêle sentido de em Paulo Afonso e a ferrovia de contôrno da
aproveitamento global dos grandes rios com os Cachoeira, construída ainda no tempo do Império,
múltiplos objetivos a que se prestam – na ocupação ficaram como marcos isolados e perdidos como
dos vales do Amazonas, do São Francisco, do Rio antecipações, sem terem prosseguido com a
Doce, do Paraíba e do Paraná-Uruguai? necessária continuidade.
Evidentemente a simples análise das Foi preciso que a economia nacional se
configurações geográficas de suas bacias não basta voltasse conscientemente para o seu
para explicar em têrmos de topografia regional êsse desenvolvimento autônomo e enveredasse no rumo
fato aberrante da genética do nosso da planificação progressiva de suas atividades,
desenvolvimento social. prevalecendo então o critério regional como norma
O que o explica satisfatòriamente é a disciplinadora, para que os vales dos grandes rios
consideração do caráter colonial do nosso passassem a ser encarados como unidades naturais
sistema econômico, decorrente a princípio de planificação do desenvolvimento econômico e
de uma condição política mas prolongado até social.
dias bem recentes de nossa independência Comissões interestaduais como a da Bacia
republicana e ainda hoje sob certos aspectos do Paraná-Uruguai e órgãos de planejamento
ameaçando o nosso progresso e evolução regional criados pela União, a exemplo das
– 313 –

Comissões da Amazônia e a do Vale do São alcançou ou superou como prêmio ao seu dinamismo
Francisco, responsável com o Govêrno do Estado de pessoal e patriótica persistência aplicados à causa
Minas por esta obra, e mais recentemente da pública no momento azado da nossa História, quando as
Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste, condições objetivas eram propícias à arrancada do
atestam essa evolução e essa nova tomada de nosso povo no rumo do desenvolvimento.
consciência dos problemas nacionais. Segundo êsse programa de ação e na órbita
Nesse mesmo rumo de preocupações é que do Govêrno Federal, à Comissão do Vale do São
se inspirou o programa de metas do atual Govêrno Francisco cabe o papel fundamental de promover um
ao planejar a implantação de elementos processo de desenvolvimento regional que é
fundamentais da infraestrutura econômica do País, imprescindível à unidade da Pátria.
cujo capital social básico não condizia com a O caudal do São Francisco não será o "rio da
necessidade de impulsionar-se na escala devida o unidade nacional" enquanto a mão do homem não
desenvolvimento autônomo de sua economia de completar a obra da natureza, assegurando de forma
modo a reter na economia interna brasileira maior racional e contínua o aproveitamento de suas
parcela do fruto do trabalho nacional. múltiplas potencialidades.
Cabe a V. Exa., Sr. Presidente da República, o Das tarefas específicas da Comissão do Vale
mérito indisputável de ter ainda candidato ao magno do São Francisco, esta que hoje se assinala pela
pôsto que ocupa, e pela primeira vez em nossa conclusão das obras civis da barragem de Três
história política, formulado um programa de govêrno Marias corresponde por assim dizer ao lançamento
lastreado numa perspectiva nitidamente econômica, de uma semente em terra fértil.
visando a determinados objetivos de consolidação A sua capacidade germinativa do ponto de
das bases do sistema de produção e trocas vista econômico será por muito tempo ilimitada, a
implantado no País no sentido de atingir à sua fase seqüência de obras públicas de grande envergadura
autopropulsiva, asseguradora da continuidade futura que ela acarreta se prolongará por muitos anos, a
da evolução brasileira. série de empreendimentos agroindustriais que êle
Ninguém lhe negará também o merecimento tornará possíveis, fomentará a iniciativa privada e o
de se ter esforçado pessoalmente até o limite de espírito empresarial latentes na região e dará uni
suas fôrças físicas para que êsse programa de impulso dinâmico crescente à vida de todo o vale do
metas se cumprisse, contaminando com o seu São Francisco.
entusiasmo invencível aos seus auxiliares de todos Em particular – e falo como engenheiro
os escalões da administração pública e os nordestino – o empreendimento hidrelétrico de
responsáveis pelas emprêsas particulares chamadas Paulo Afonso, de importância fundamental, e
a colaborar na sua obra de govêrno. decisivo dos destinos de todo o Nordeste brasileiro,
Ainda os mais descrentes ou os mais afastados encontrará na regularização da descarga líquida
de V. Exa. por motivos de partidarismo político não lhe do São Francisco a ser propiciada pela barragem
negarão certamente a clareza com que formulou de Três Marias e por outras obras em outros pontos
as metas do seu programa e a obstinação com da bacia hidrográfica, um fator de equilíbrio
que as perseguiu e em grande parte as estacionai de sua capacidade efetiva de geração,
– 314 –

colocando ao abrigo de excessivas oscilações da A presença do Senado Federal nesta


vazão do rio, a segurança de continuidade de solenidade não é destituída de significado.
elevadas quantidades de energia realmente Co-responsável pelos rumos político-
produzidas em suas turbinas – para atender a uma administrativos do Govêrno, o Senado tem
demanda que vem crescendo além das primitivas acompanhado de perto o esfôrço do Executivo no
previsões desde a implantação da primeira casa de sentido de consolidar a economia nacional,
fôrça do sistema e o lançamento de suas primeiras proporcionando-lhe uma estrutura de base que lhe
linhas de transmissão. assegure um desenvolvimento autopropulsivo e não
Aqui nesta obra como em tantas outras, o lhe tem faltado com o apoio das medidas legislativas
dinamismo pessoal do Sr. Presidente da República Indispensáveis votadas em harmonia com a outra
encontrou reflexo adequado na capacidade de Casa do Congresso Nacional, também aqui e com
trabalho e na competência técnica da equipe maior brilho representada, pela palavra de um de
chefiada pelo engenheiro Assis Scaffa, da Comissão seus membros mais ilustres.
do Vale do São Francisco – um homem do Brasil É preciso, pois, neste momento em que êsse
Central – sensível, portanto, hereditária e esfôrço se concretiza em mais uma obra pública de
telùricamente aos problemas do movimento de tamanho porte, que se torna visível e passa a irradiar
centralização civilizadora de que Três Marias e a soma de benefícios para que foi projetada, que
Brasília são etapas marcantes. a Casa do Congresso que mais pròpriamente
O volume de trabalho aqui realizado desde a simboliza e corporifica a Federação Nacional, pela
abertura do canteiro de serviço atesta essa representação paritária de tôdas as suas unidades,
consonância entre o alto comando central, talvez aqui esteja presente e venha testemunhar o seu
impaciente, do mais alto mandatário da República e aprêço mais alto por todos aquêles que contribuíram
a resposta pronta, eficiente e metódica dos que aqui com o seu trabalho para a realização do
se dedicaram à imponente construção desta empreendimento ou o apoiaram com a sua
barragem, aliando técnica moderna e compreensão e simpatia. É justo, pois concluo, que o
despreendimento patriótico. Senado da República aqui se faça presente para
Programado para um período relativamente proclamar, de maneira solene e peremptória, em
curto e sujeito a certos ritmos e defasagens ditados nome do povo brasileiro que representa, o caráter
pelo regime fluvial, o trabalho chegou a bom têrmo eminentemente nacional da obra inaugurada, que,
do modo que estamos assistindo. Honra, pois, ao por sua natureza e repercussão, virá contribuir de
mérito dos que em todos os escalões da obra maneira decisiva para a manutenção da unidade e
contribuíram para isso! para a crescente grandeza da nação brasileira.
19ª SESSÃO DA 2ª SESSÃO LEGISLATIVA EXTRAORDINÁRIA, DA 4ª LEGISLATURA, EM 26 DE
JANEIRO DE 1961

PRESIDÊNCIA DO SENHOR FILINTO MÜLLER

À 21 horas e 30 minutos, acham-se presentes Saulo Ramos.


os Senhores Senadores: Irineu Bornhausen.
Cunha Mello.
Mem de Sá.
Vivaldo Lima.
Zacharias de Assumpção. Guido Mondim. – (43).
Victorino Freire. O SR. PRESIDENTE: – A lista de presença
Sebastião Archer. acusa o comparecimento da 43 Senhores
Eugênio Barros. Senadores. Havendo número legal, declaro aberta a
Mendonça Clark.
sessão.
Mathias Olympio.
Joaquim Parente. Vai ser lida a Ata.
Fausto Cabral. O Sr. Mathias Olympio, 1º Suplente, servindo
Menezes Pimentel. de 2º Secretário, procede à leitura da Ata da sessão
Dix-Huit Rosado.
anterior, que é aprovada sem debates.
Argemiro de Figueiredo.
Ruy Carneiro. O Senhor Francisco Gallotti, servindo de 1º
Novaes Filho. Secretário, lê o seguinte:
Jarbas Maranhão.
Antônio Baltar. EXPEDIENTE
Rui Palmeira.
Silvestre Péricles.
Lourival Fontes. PARECER
Heribaldo Vieira. Nº 42, DE 1961
Lima Teixeira.
Aloysio de Carvalho. Da Comissão de Constituição e Justiça, sôbre
Ary Vianna.
Jefferson de Aguiar. o Projeto de Lei do Senado nº 20, de 1959, que
Paulo Fernandes. altera e dá nova redação ao art. 30, da Lei nº 970, de
Arlindo Rodrigues. 16 de dezembro de 1949.
Caiado de Castro.
Afonso Arinos.
Relator: Sr. Menezes Pimentel.
Benedito Valadares.
Nogueira da Gama. O presente projeto, de autoria do Senador
Moura Andrade. Paulo Fernandes, objetiva alterar e dar nova redação
Pedro Ludovico. ao art. 3º da Lei nº 970, de 16 de dezembro de
João Villasbôas. 1949, que dispõe sôbre as atribuições, organização
Filinto Müller.
Alô Guimarães. e funcionamento do Conselho Nacional de
Gaspar Venoso. Economia.
Nelson Maculan. O art. 3º da Lei nº 970, de 16
Francisco Gallotti. de dezembro de 1949, em obediência
– 316 –

ao disposto no art. 205 da Constituição Federal, rica "de notória competência em assuntos
dispõe: econômicos", expressa na letra da Lei Maior.
"Art. 30 – O Conselho Nacional de Econômia O projeto, porém, ao estabelecer a
compõe-se de nove conselheiros, de notória obrigatoriedade de aproveitamento de determinados
competência em assuntos econômicos, nomeados membros, restringe o mandamento constitucional;
pelo Presidente da República, depois de aprovada a estreita a competência de escolha conferida ao
escolha pelo Senado Federal". Presidente da República e sujeita a limitações
O projeto pretende alterar o artigo 3º da Lei nº incompatíveis com o espírito da Constituição.
970, de 1949, dando-lhe a seguinte redação: Face ao exposto, opinamos pela rejeição do
"Art. 3º O Conselho Nacional de Economia presente projeto, por julgá-lo infringente do § 1º o do
compõe-se de dezoito conselheiros, nove dos quais art. 205 da Constituição Federal.
representantes da Confederação Nacional da Sala das Comissões, em 18 de janeiro de 1961. –
Indústria, Confederação Nacional de Comércio, Lourival Fontes, Presidente. – Menezes Pimentel,
Confederação Rural Brasileira, todos de notória Relator. – Ruy Carneiro. – Milton Campos. – Francisco
competência em assuntos econômicos, nomeados Gallotti – Caiado de Castro. – Daniel Krieger.
pelo Presidente da República, depois de aprovada a
escolha pelo Senado Federal. PARECER
§ 1º – Cada Confederação apresentará, ao Nº 43, DE 1961
Presidente da República, relação de nove nomes,
para escolha de três representantes". Da Comissão de Constituição e Justiça, sôbre o
A Constituição Federal, em seu art. 205, Projeto de Decreto Legislativo nº 4, de 1960 (na Câmara
prescreve: nº 42 A-60), que aprova a decisão do Tribunal de
"Art. 205 – É instituído o Conselho Contas, denegatória ao registro de têrmo de contrato
Nacional de Economia, cuja organização será celebrado entre o Ministério da Educação e Cultura e
regulada em lei. I.B.M. World Trade Corporation, para locação de
§ 1º – Os seus membros serão nomeados máquina elétrica de contabilidade e estatística.
pelo Presidente da República, depois de
aprovada a escolha pelo Senado Federal, dentre Relator: Sr. Argemiro de Figueiredo.
cidadãos de notória competência em assuntos O Projeto de Decreto Legislativo nº 42-A-60, da
econômicos". Câmara dos Deputados, aprova a decisão do Tribunal
Como se observa à luz do preceito de Contas, denegatória do registro do têrmo de contrato
constitucional que rege a espécie, a competência de celebrado entre o Ministério da Educação e Cultura e
escolha deferida ao Presidente da República, para I.B.M. World Trade Corporation, para locação de
o recrutamento dos membros que comporão máquina elétrica de contabilidade e estatística.
o Conselho de Economia, é, de certo modo, A matéria não foi bem apreciada na
ampla, sujeita apenas, á limitação gené- outra Casa do Congresso, que agiu bem.
– 317 –

Realmente, não era possível negar apoio ao Tal fato bastaria para tornar inexequível o
julgado daquele Egrégio Tribunal. contrato, como bem ressaltou o órgão fiscalizador
Além de outros fortes motivos, era inviável o das despesas da União.
registro, em face da circunstância de que a dotação Assim esta Comissão de Finanças é de
orçamentária prevista para execução do contrato, parecer que o Projeto deve ser aprovado, mantendo-
constava da Lei de Meios de 1958, cujo exercício se assim a decisão do Tribunal de Contas da União.
ficou encerrado a 31 de dezembro de mesmo ano. Sala das Comissões, em 25 de janeiro de
Isso pôsto, opinamos pela aprovação do 1961. – Gaspar Velloso, Presidente. – Ary Vianna,
projeto de Decreto Legislativo número 42-A, de 1960. Relator. – Vivaldo Lima. – Irineu Bornhausen. –
Sala das Comissões, em 18 de novembro de Victorino Freire. – Francisco Gallotti. – Caiado de
1960. – Lourival Fontes, Presidente. – Argemiro de Castro. – Guido Mondim. – Fausto Cabral. – Mem de
Figueiredo, Relator. – Milton Campos. – Menezes Sá.
Pimentel. – Attílio Vivacqua. – Ary Vianna.
PARECER
PARECER Nº 45, DE 1961
Nº 44, DE 1961
Da Comissão de Educação e Cultura sôbre o
Da Comissão de Finanças, ao Projeto de Projeto de Lei da Câmara nº 22, de 1961 (nº 2.566,
Decreto Legislativo nº 4, de 1960 (Projeto de Decreto de 1961, na Câmara), que cria a Universidade do
Legislativo nº 42-A-60, na Câmara dos Deputados). Espírito Santo, e dá outras providências.

Relator: Sr. Ary Vianna. Relator: Sr. Paulo Fernandes.


O presente projeto de Decreto Legislativo, Com a Mensagem nº 527, de 1960,
oriundo da Câmara dos Deputados, vem aprovar encaminhou o Chefe do Govêrno ao Congresso
decisão do Tribunal de Contas da União, negando Nacional o Projeto de Lei em exame, que institui a
registro a têrmo de contrato celebrado entre o Universidade do Espirito Santo, incluindo-a desde
Ministério da Educação e Cultura e uma emprêsa logo na categoria de estabelecimento federalizado,
especializada na locação de máquinas de na forma da Lei número 1.254, de 4 de dezembro de
contabilidade e estatística, a I.B.M. World Trade 1950.
Corporation A nova Universidade, que terá personalidade
Trata-se, realmente, de ato perfeitamente jurídica e autonomia estabelecida em lei, será;
procedente do Tribunal de Contas, baseado em composta das oito unidades de ensino existentes
argumentos ponderáveis, tais como, a carência de naquele Estado, as quais passarão, igualmente, a
tempo para execução dos serviços objeto do integrar o sistema federal de ensino.
contrato. Quanto ao aspecto estritamente legal, vale
O têrmo de contrato cujo registro foi negado ressaltar que o projeto se harmoniza, perfeitamente,
pelo Tribunal de Contas, foi assinado em 12 de com o disposto no Decreto nº 19.851, de 11 de abril
dezembro de 1958, devendo a despesa de 1931, ao preceituar que entre as exigências para
correspondente correr à conta do orçamento do a instituição de uma Universidade, se impõe à de
mesmo ano, encerrando-se dias depois. "congregar em unidade universitária, pelo menos
– 318 –

três dos seguintes institutos de ensino superior: do pessoal administrativo e auxiliar técnico
Faculdade de Direito, Faculdade de Medicina, Escola de dos estabelecimentos a constituírem a
Engenharia e Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras". referida Universidade, em quadro extraordinário,
Os mencionados estabelecimentos integrantes da a ser aprovado pelo Poder Executivo, não
nova entidade coordenadora de ensino já vêm podendo os seus vencimentos exceder aos das
funcionando há alguns anos, demonstrando todos, atividades correspondentes no serviço público
desde o seu reconhecimento, elevado padrão de ensino. federal.
A conveniência da criação da nova Os professôres das Faculdades e Escolas
Universidade reside nas vantagens e benefícios que integradas na Universidade não admitidos em caráter
sempre advêm para o ensino da integração dos efetivo, na forma da legislação, poderão ser
diversos estabelecimentos superiores existentes em aproveitados como interinos (§ 1º do artigo 6º), para
uma entidade coordenadora, resultando daí um o que a administração dos referidos
maior rendimento de suas atividades educacionais e estabelecimentos apresentará à Diretoria do Ensino
uma melhor particularização dos diversos cursos Superior, relação nominal, acompanhada do
universitários. currículo de seus professôres e servidores,
Do ponto de vista da legislação do ensino, especificando a forma de investidura, a natureza de
nada há que contraindique a aprovação do projeto, serviço que desempenham, a data de admissão e a
atendendo convenientemente as suas disposições remuneração.
aos superiores interêsses do ensino. A expedição de atos de nomeação ficará
Manifesta-se, assim, esta Comissão pela condicionada ao registro, no Tribunal de Contas,
aceitação do presente projeto de lei, nos têrmos em das escrituras relativas à incorporação de
que foi enviado ao Senado Federal. todos os bens, móveis e imóveis, e direitos
Sala das Comissões, em ... de janeiro de ora na posse ou utilizados pelas Faculdades e
1961. – Jarbas Maranhão, Presidente. – Paulo Escolas que constituirão a Universidade do
Fernandes, Relator. – Sebastião Archer. – Saulo Espírito Santo.
Ramos. – Lima Teixeira. O projeto cria um cargo de Reitor, padrão
2-C e mais os seguintes de Professor
PARECER Catedrático:
Nº 46, DE 1961 28 – Para a Escola Politécnica;
23 – Para a Faculdade de Ciências
Da Comissão de Serviço Público Civil sôbre o Econômicas;
Projeto de Lei da Câmara nº 22, de 1961 (na Câmara 24 – Para a Escola de Belas Artes;
nº 2.566-A-61). 17 – Para a Faculdade de Odontologia;
18 – Para a Faculdade de Medicina.
Relator: Sr. Ary Vianna. 16 – Para a Escola de Educação Física.
Originário do Poder Executivo, o presente Determina o art. 9º que o provimento
projeto cria a Universidade do Espírito Santo e dá dos cargos de Professor Auxiliares, para a
outras providências, incluídas, entre estas, as que Faculdade de Medicina, se fará à medida da
devem merecer exame especifico desta Comissão. propensão dos cursos
Assim pelo art. 6º da Proposição, São criadas, também, 26 funções gratificadas,
é assegurado o aproveitamento sendo 7 de Diretor, 8 de Secretário e 8 Chefe de Porta-
– 319 –

ria, distribuídas igualmente pelos estabelecimentos d) Escola de Belas Artes do Espírito Santo;
federalizados e pela Reitoria. e) Faculdade de Odontologia do Espírito
Finalmente, reza o art 12 que o provimento Santo;
efetivo dos cargos criados se fará por meio de f) Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras do
concurso de títulos e de provas realizadas em Espírito Santo;
estabelecimento congênere federal a ser g) Faculdade de Medicina do Espírito Santo.
designado pela Diretoria do Ensino Superior, a O art. 4º do projeto estabelece que "os
esta cabendo a publicação dos editais dentro recursos para manutenção e desenvolvimento dos
do prazo de três anos, a contar do serviços provirão das dotações orçamentárias que
primeiro provimento interino e até que a lhes forem atribuídas pela União; das rendas
Congregação disponha de base legal para a patrimoniais; da receita de taxas escolares; de
realização dêsse ato. retribuição de atividades remuneradas de
Bem examinada a matéria do ângulo laboratórios, de dotações, auxílios, subvenções e
da competência desta Comissão, nada temos eventuais".
a opor ao presente projeto, o qual segue Em exposição de motivos encaminhada pelo
as normas gerais adotadas para a Ministro da Educação ao Sr. Presidente da
federalização de outras unidades ou República, anexa à proposição, estão inventariadas,
universidades de ensino. de um modo convincente, as razões de alto interêsse
Diante do exposto, opinamos pela aprovação público justificadoras da medida proposta.
do projeto. Sob o ponto de vista do interêsse das finanças
Sala das Comissões, em de janeiro de 1961. – da República, nada temos a opor ao projeto e
Jarbas Maranhão, Presidente. – Ary Vianna, Relator. opinamos dêsse modo no sentido de que venha êle a
– Nelson Maculan. – Caiado de Castro. ser aceito por êste órgão Técnico.
Sala das Comissões, em ... de janeiro de
PARECER 1961. – Gaspar Velloso, Presidente. – Fausto Cabral,
Nº 47, DE 1961 Relator. – Ary Vianna. – Vivaldo Lima. – Arlindo
Rodrigues. – Francisco Gallotti. – Irineu Bornhausen.
Da Comissão de Finanças, sôbre o projeto de – Ruy Carneiro.
Lei da Câmara nº 22, de 1961 (nº 2.566-A-61, na O SR. PRESIDENTE: – Está finda a leitura do
Câmara), que cria a Universidade do Espírito Santo, Expediente.
e dá outras providências. Tem a palavra o nobre Senador Sr. Lima
Teixeira, primeiro orador inscrito.
Relator: Sr. Fausto Cabral. O SR. LIMA TEIXEIRA (*): – Sr Presidente,
O presente projeto, orginário do Poder tenho natural predileção pelos assuntos agrícolas, e,
Executivo, cria a Universidade do Espírito Santo, por isso mesmo, me vêm sempre à mente assuntos
com sede em Vitória, integrada no Ministério da que dizem de perto com o desenvolvimento da
Educação e Cultura. Dessa Universidade farão parte agricultura no Brasil.
as seguintes escolas: Recordo-me bem, passados quatro
a) Faculdade de Direito de Espírito Santos; anos, que discutimos no Senado
b) Escola Politécnica do Espírito Santo;
c) Faculdade de Ciências Econômicas do __________________
Espírito Santo; (*) – Não foi revisto pelo orador.
– 320 –

o projeto de criação do Serviço Social Rural. Então, a tar lembrado, também, de que o Serviço Social Rural
Imprensa, e mesmo aquêles que mourejam no campo, foi criado por Mensagem do pranteado Presidente
viam com especial agrado a atenção que dedicávamos Getúlio Vargas. Dormiu êsse projeto cêrca de dois
aos que desejavam realmente o desenvolvimento da anos no Senado. Fui o autor do Substitutivo que,
agricultura, e o Serviço Social Rural tinha por finalidade finalmente, se transformou na lei atual, atendendo a
atender especialmente aos lavradores que não tinham solicitações da Confederação Rural Brasileira,
assistência – os trabalhadores rurais. incluindo o sistema colegiado de administração e a
O projeto discutido na Câmara dos Deputados representação obrigatória da classe rural na sua
e no Senado Federal criava uma taxa sôbre a direção. Realmente, a divergência havida
indústria rural, que na base de 3% representava, inicialmente, entre o Presidente eleito e o
para a arrecadação, cêrca de trezentos milhões de Superintendente ou Diretor Administrativo, não me
cruzeiros anuais, sem se falar numa outra taxa, lembro bem, foi a razão principal para que o Serviço
também fixada para a manutenção do Serviço Social surgisse claudicante e até hoje não produzisse os
Rural. Recordo-me ainda que o primeiro Presidente frutos que dêle todos esperávamos.
escolhido para essa Organização, que prestaria O SR. LIMA TEIXEIRA: – Sr. Presidente,
serviços aos trabalhadores rurais, foi o Dr. Rubens agradeço as excelentes informações prestadas pelo
de Campos Farrula. meu nobre colega, Senador Paulo Fernandes.
Logo de início, houve divergência entre o Sua Excelência, como engenheiro agrônomo,
Diretor Administrativo e o Presidente daquele colaborou na elaboração do projeto, ao qual também
Serviço, que no seu primeiro ano de atividade não emprestei o meu concurso. Estávamos todos
saiu do planejamento. No ano seguinte, nem sequer animados, crendo que uma vez o projeto aprovado,
foram instalados os serviços nos Estados. dentro de curto período, os resultados seriam
O SR. PAULO FERNANDES: – Permite V. promissores. Observamos, porém, que decorridos
Exa. um aparte? quatro anos, não obstante a arrecadação anual de
O SR. LIMA TEIXEIRA: – Com muito prazer, trezentos milhões de cruzeiros, o Serviço Social
meu caro colega. Rural nada realizou ainda digno de nota, quer no
O SR. PAULO FERNANDES: – Meu aparte é meu Estado, quer no do nobre Senador Paulo
apenas para deixar registrada na oportunidade que V. Fernandes, ou mesmo em qualquer outro da
Exa. focaliza o assunto, a atuação do primeiro Federação brasileira.
Presidente do Serviço Social Rural, um fluminense Sr. Presidente, até para a instalação do
ilustre, o Dr. Rubens de Campas Farrula, que por pessoal que deveria ser nomeado, a fim de
sinal, ocupou a Secretaria de Agricultura do meu promover o funcionamento do Serviço Social
Estado, tendo sido seu primeiro titular. V. Exa. chama a Rural, nada foi feito. Só recentemente – acredito
atenção exatamente para um dos fatos que talvez que há menos de um ano – alguns Estados
tenha prejudicado o entrosamento ou a instalação do passaram a contar com o S.S.R., mas de modo tão
S.S.R. em nosso País, que foi a divergência na precário que, nem sequer em colaboração com os
criação dêsse Serviço. V. Exa., deve es- Govêrnos estaduais, realizou qualquer obra digna
– 321 –

de menção, em favor dos homens que mourejam no um bom planejamento e dispensar melhor
campo. assistência ao homem do campo. Mas isso não
Recordo-me bem, Sr. Presidente, de que um aconteceu porque não estivessem à altura os
dos pontos fundamentais do projeto que debatíamos, Ministros indicados, senão porque os recursos,
e que posteriormente se converteu em lei, era o da os meios com os quais pudessem levar a
assistência direta aos pequenos agricultores, através cabo essa tarefa não foram proporcionados ao
do financiamento a juros módicos e a longo prazo, e Ministério.
o atendimento dos trabalhadores, daqueles que O SR. NOVAES FILHO: – Permite V. Exa. um
empregam suas atividades para promover o aumento aparte?
da produção. Estava também entre seus objetivos a O SR. LIMA TEIXEIRA: – Com todo o prazer.
organização de congressos em que fôssem O SR. NOVAES FILHO: – Estou ouvindo
debatidos os problemas da agricultura sob o ponto V.Exa. com a atenção que merece, e não desejo
de vista regional, promovendo, mesmo, meios para perder mais êsse ensejo de aplaudir a constância
corrigir as deficiências em todos os Estados onde se com que V Exa debate, neste Plenário, os
produzem as diversas lavouras. Mas isso não se fêz, assuntos que se ligam aos mais altos interêsses
lamentàvelmente, e só tenho motivos, no particular, da lavoura do Brasil. Concordo inteiramente com
de tristeza, porque, em verdade a agricultura nesse V. Exa em que, infelizmente, o Ministério da
setor, ou nesta fase, neste Govêrno, digamos assim Agricultura, de tão alta finalidade para a economia
– Govêrno que apóio e que tem tido a minha nacional não dispõe dos meios necessários para
solidariedade, não foi beneficiada, como devia, com dar solução aos grandes problemas de que está
medidas adequadas. incumbido. V. Exa. tem tôda razão na critica que
Digo mesmo: o meu Partido, que teve em suas faz sôbre a pouca colaboração que se vem dando
mãos a Pasta da Agricultura, não pôde realizar os à agricultura brasileira, sobretudo sendo
objetivos do seu programa partidário, ou seja a V. Exa., como é, um dos mais proeminentes
defesa do homem do campo, a assistência à membros da Maioria nesta Casa. A lavoura,
produção, os meios, enfim, com os quais pudesse hoje, se debate, como ontem, com a falta de
promover o desenvolvimento da agricultura no Brasil. financiamento, de assistência técnica e de
E não pôde porque em grande parte não teve no sementes selecionadas.
Ministério da Agricultura as verbas necessárias ao O SR. LIMA TEIXEIRA: – Muito obrigado ao
bom planejamento. nobre Senador Novaes Filho, Ex-Ministro da,
O nobre Senador Novaes Filho aqui ao meu Agricultura, por conseguinte, com a autoridade de
Iado, que ocupou a pasta da Agricultura, poderá conhecedor dos problemas da agricultura. S. Exa.
confirmar que as verbas do Ministério são reforça com seus aplausos, as ponderações que
insuficientes, não representando sequer 5% da renda aqui venho fazendo e, também, Sr. Presidente,
tributária do País. porque não tem havido seqüência na
Sr. Presidente, eu poderia culpar meu administração, não só do Ministério da Agricultura
Partido porque deteve, durante o longo tempo como de outros setores. Não há planejamento.
do Govêrno do Presidente Juscelino Kubitschek, Cada Ministro realiza a obra que bem entende, sem
a Pasta da Agricultura, sem realizar organização de um esquema a ser executado a
– 322 –

longo prazo, em que pudesse apresentar realmente de trabalho, de preparação da terra, de sulcamento,
uma obra administrativa, sobretudo num setor corno de plantio, a fim de que com uma produtividade
o da agricultura, que exige trabalho prolongado. Isso crescente e continuada pudéssemos colocar o Brasil
não se conseguiu até agora. Outros problemas na posição que lhe cabe, como país essencialmente
inerentes à própria pasta da Agricultura, não foram agrícola.
solucionados, especialmente o da moto- Sr. Presidente, ao lado dessas considerações,
mecanização; com raras exceções de alguns poderia referir, também um dos pontos que costumo
Estados brasileiros, como S. Paulo, Rio G. do Sul e focalizar desta tribuna, o do crédito agrícola, crédito
Minas Gerais, a moto-mecaização tem evoluído e que não se tem proporcionado àqueles que
mesmo desenvolvido com a aquisição de máquinas mourejam no campo, com as necessárias
agrícolas. Entretanto, nas regiões Norte e Nordeste é facilidades. Em verdade, o Banco do Brasil, através
um mito. Existe ainda o manejo de velhos arados da sua Carteira de Crédito Agrícola ainda realiza
centenários, puxados por juntas de bois, para empréstimos a prazo curto e a juros altos, que vão
revolver a terra. Persiste a fase da enxada; não se de 10 a 12%; e para o homem do campo não se
chegou a alcançar já não digo a moto-mecanização, pode exigir juros altos, nem prazo curto, porque o
sequer a mecanização da lavoura. investimento na agricultura demanda tempo para o
A produtividade tem sido grandemente pagamento após a colheita. Êsse fato, Sr.
prejudicada. Obtemos produção regular numa área Presidente, me trouxe grande experiência.
muito grande, quando deveríamos obter produção Percorrendo, em missão política, vários
muito grande numa área menor evitando maiores municípios da Bahia, recebi inúmeras e terríveis
despesas e obtendo maiores lucros. queixas de pequenos agricultores, contra os
O homem do campo é mal remunerado e por processos burocráticos utilizados pelo Banco do
êsse fato não tem incentivo. Poucos são os Brasil. Êste exige do pequeno agricultor provas da
agricultores da região do norte e do nordeste que propriedade e cadeia sucessória, prova de que não
conseguem firmar-se na vida ou pelo menos, obter o está em débito, ou de que está quites com os
suficiente para desenvolver sua propriedade agrícola, impostos, além de dados sôbre a sua conduta, para
a não ser os agricultores de São Paulo, muitos dos depois de tôdas essas exigências esperar de dois a
quais são ricos. Na maioria dos Estados brasileiros, oito meses para obter um minguado financiamento,
entretanto, êles são pobres, impossibilitados de às vêzes de apenas cinqüenta mil cruzeiros.
adquirir sequer a máquina agrícola porque a adquirir O SR. PAULO FERNANDES: – Dá V. Exa
um trator pelos preços por que são vendidos – cêrca licença para um aparte?
de três milhões de cruzeiros a unidade – o agricultor O SR. LIMA TEIXEIRA: – Com mui prazer.
não teria meios para trabalhar a terra. O SR. PAULO FERNANDES: – Desculpe-me
Freqüentemente tenho defendido, da Tribuna do V. Exa. a interrupção do magnífico discurso que está
Senado, a tese de que caberia ao Ministério da proferindo e que, mais uma vez demonstra seu alto
Agricultura organizar patrulhas moto-mecanizadas interêsse pelos assuntos da agricultura, que
para, através das seções do Fomento Agrícola freqüentemente vem manifestando da tribuna do
dos Estados, levar ao homem do campo meios Senado.
– 323 –

O SR. LIMA TEIXEIRA: – Bondade de Vossa préstimos fundiários – criados nasse regulamento –
Excelência. empréstimos para acesso à terra, para a aquisição
O SR. PAULO FERNANDES: – Desejo, da terra por aquêles que não a possuem, êsses
apenas, corroborar a opinião de Vossa Exa. Na dispositivos não têm excecução, muito menos aquêle
realidade, o Banco do Brasil dispõe, na Carteira de que faculta o prazo de quinze anos para o
Crédito Agrícola, de um dos regulamentos mais pagamento da quantia tomada para aquisição da
perfeitos de que se tem notícia na história creditícia propriedade.
rural do mundo, diria eu. Êsse regulamento, O SR. ANTÔNIO BALTAR: – Permite V. Exa.
entretanto, é prejudicado por uma série de instruções um aparte?
internas da direção da Carteira a seus agentes do O SR. LIMA TEIXEIRA: – Com muito prazer.
interior, que dificultam, sobremodo, a concessão de O SR. ANTÔNIO BALTAR: – Há poucos
qualquer empréstimo, principalmente aos pequenos instantes V. Exa. se referiu à baixa produtividade
agricultores. Daí a justeza dos conceitos de Vossa da agricultura nacional. Enquanto desenvolvia seu
Excelência. Êsse fenômeno não se verifica apenas na ponto de vista, o Senador Nelson Maculan e eu nos
Bahia, mas, também na minha terra, o Estado do Rio demos ao trabalho de calcular, por pequenos
de Janeiro. Poderia citar inúmeros exemplos, mas iria índices, e para documentar a afirmativa de V. Exa.,
alongar o meu aparte, perturbando a brilhante oração que é muito flagrante. Entre os índices que se
de V. Exa. Temos um regulamento excelente, mas aplicam à produtividade agrícola, o mais usual, é a
que não se cumpre. É necessário, porém, que seja simples comparação entre a população empregada
cumprido o quanto antes. Do mesmo passo, temos na agricultura e a população total do país; ela dá,
necessidade de modificar a nossa mentalidade, para em têrmos um pouco românticos, mas precisos e
que não se crie um desenvolvimento industrialista á bastante conhecidos, o número de habitantes do
outrance, deixando a agricultura, que é base, no País que cada trabalhador agrícola alimenta, pois
"background" da economia nacional, completamente da agricultura vem a maior parte dos produtos
abandonada, com resultados fictícios. alimentares. Comparando, através dêsses índices,
O SR. LIMA TEIXEIRA: – Muito obrigado ao a produtividade agrícola brasileira com a norte-
nobre Senador Paulo Fernandes, que mais uma vez americana, chegaremos a melancólico resultado,
me honra com seu aparte experimentado tanto mais comprovado pelos dados que darei a V. Exa. Os
quanto S. Exa., competente engenheiro agrônomo, Estados Unidos têm cêrca de cento e oitenta
conhece bem os problemas da agricultura. milhões de habitantes, com uma fôrça de trabalho
O ilustre representante do Estado do Rio de oitenta por cento, da qual pouco menos de dez
de Janeiro se refere a um fato verdadeiro: a por cento é empregada na agricultura. Temos
Carteira de Crédito Agrícola do Banco do Brasil assim, um total de cinco a sete milhões de pessoas
tem excelente regulamento, que infelizmente, com atividades agrícolas para alimentar cêrca de
não é aplicado. Seus dispositivos, especialmente cento e oitenta milhões de habitantes. Quer
os que se referem às facilidades, ao dizer, cada trabalhador agrícola, nas Estados
pequeno agricultor, como concessão de em- Unidos, alimenta trinta pessoas. No Brasil te-
– 324 –

mos cêrca de setenta milhões de habitantes e uma Sala das Sessões, em 26 de janeiro de 1961.
fôrça de trabalho de trinta por cento, com cêrca de – Ary Vianna. – Jefferson de Aguiar.
sessenta por cento de trabalhadores agrícolas. O SR. PRESIDENTE: – O Projeto de Lei da
Estabelecida a proporção nossa produtividade Câmara nº 22, de 1961, figurará na Ordem do Dia da
agrícola representa a quinta parte da norte-americana. próxima sessão.
O SR. LIMA TEIXEIRA: – V. Exa tem plena Passa-se à:
razão.
Recentemente, lendo um trabalho de ORDEM DO DIA
estatística no qual se fazia êsse cotejo, observei,
que, no Brasil, empregamos cêrca de doze milhões Discussão do Projeto de Lei da Câmara nº
de pessoas na agricultura, enquanto nos Estados 167, de 1959 (nº 255, de 1959, na Câmara) que
Unidos, apenas, cinco e meio milhões se dedicam às dispõe sôbre a inscrição de funcionários e
atividades agrícolas, para produção muito maior do serventuários da Justiça em concursos públicos de
que a brasileira. provas e títulos, tendo Pareceres favoráveis (ns. 278,
Vê V. Exa., Senhor Presidente, o quanto de 1960, e 11, de 1961), das Comissões de
necessitamos volver nossas vistas para a agricultura, Constituição e Justiça e de Serviço Público Civil.
a fim de proporcionar recursos que possibilitem o
Ministério da Agricultura e o Serviço Social Rural Sôbre a mesa requerimento que vai ser lido
desincumbirem-se de sua elevada missão. pelo Sr. Primeiro Secretário.
Senhor Presidente, agradeço a V Exa. a É lido e aprovado o seguinte:
oportunidade que me deu para fazer estas
considerações sôbre a agricultura, assunto muito do REQUERIMENTO
meu agrado. Nº 43, DE 1961
Estou certo de que, no futuro, a matéria há de
despertar a atenção dos beneficiados pelos votos Com fundamento no art. 274, letra d, do
dos que mourejam nos campos. Regimento Interno, requeiro seja retirado da Ordem
Era o que tinha a dizer. (Muito bem. Muito do Dia o Projeto de Lei da Câmara nº 167, de 1959,
bem! Palmas). a fim de que sobre a matéria nêle consubstanciada
O SR. PRESIDENTE: – Sôbre a mesa seja ouvida a Ordem dos Advogados do Brasil.
requerimento que vai ser lido. Sala das Sessões, 26 de janeiro de 1961. –
É lido e aprovado o seguinte: Mem de Sá.
O SR. PRESIDENTE: – Em virtude da
REQUERIMENTO aprovação do requerimento, o projeto em causa é
Nº 42, DE 1961 retirado da Ordem do Dia.

Nos têrmos do art. 211, letra n, do Regimento Discussão única do Projeto de Lei da
Interno, requeremos dispensa de interstício e prévia Câmara nº 15, de 1981 (nº 4.346, de 1958, na
distribuição de avulsos para o Projeto de Lei da Câmara) que concede ao Museu de Arte de
Câmara nº 22 de 1961 a fim de que figure na Ordem São Paulo, durante cinco anos, a subvenção
do Dia da sessão seguinte. anual de Cr$ 25.000,000,00 (incluído em
– 325 –

Ordem do Dia em virtude de dispensa de interstício, da Associação, para os fins desta lei.
concedida na sessão anterior a requerimento do Art. 3º Esta lei entrará em vigor na data de
Senhor Senador Moura Andrade), tendo parecer sua publicação, revogadas as disposições em
favorável da Comissão de Finanças. contrário.

Em discussão o projeto. Não havendo quem Discussão única do Projeto de Lei da Câmara
faça uso da palavra, encerro a discussão. nº 16, de 1961 (nº 2.236, de 1960 na Câmara) que
Em votação. Os Senhores Senadores que o modifica a Lei nº 3.643, de 14 de outubro de 1959,
aprovam, queiram permanecer sentados. (Pausa) suspendendo o vencimento de débitos dos
Aprovado. Vai à sanção cafeicultores e dá outras providências (incluído em
É o seguinte: Ordem do Dia em virtude de dispensa de interstício,
concedida na sessão anterior, a requerimento do Sr.
PROJETO DE LEI DA CÂMARA Senador Nelson Maculan), tendo pareceres
Nº 15, DE 1961 favoráveis das Comissões de Constituição e Justiça,
de Economia e de Finanças.
(Nº 4.346-C, de 1958, na Câmara)
Em discussão o projeto. Não havendo quem
Concede ao Museu de Arte de São Paulo, faça uso da palavra, encerro a discussão.
durante cinco anos, a subvenção de Cruzeiros Em votação. Os Senhores Senadores que o
25.000.000,00. aprovam, queiram permanecer sentados. (Pausa).
Aprovado. Vai à sanção.
O Congresso Nacional decreta: É o seguinte:
Art. 1º Fica concedida ao Museu de Arte de
São Paulo, durante 5 (cinco) anos, a subvenção de PROJETO DE LEI DA CÂMARA
Cruzeiros 25.000.000,00 (vinte e cinco milhões de Nº16, DE 1961
cruzeiros), como auxilio no resgate de seu débito
para com a Caixa Econômica Federal de São Paulo Modifica a Lei nº 3.643, de 14 de outubro de
e na aquisição de uma pequena coleção de 1959, suspendendo o vencimento de débitos dos
primitivos, que completem a galeria paulista, dando- cafeicultores e dá outras providências.
lhe unidade pictórica que ela ainda não possui.
Parágrafo único. Na proposta orçamentária O Congresso Nacional decreta:
dos exercícios de 1961, 1962, 1963, 1964 e 1965, o Art. 1º Fica suspenso até 31 de outubro
Poder Executivo fará constar do Anexo do Ministério de 1964 o vencimento dos débitos a que se
da Educação e Cultura o auxílio de que trata esta lei. refere o art. 1º da Lei nº 3.643, de 14 de outubro de
Art. 2º Caso não conste do Orçamento 1959.
Geral da União de qualquer dos exercícios § 1º O disposto neste artigo não abrange a
referidos no parágrafo anterior o crédito prestação vencida a 31 de outubro de 1959.
respectivo, fica o Poder Executivo autorizado a Art. 2º Os débitos resultantes da aplicação da
abri-lo pelo Ministério da Educação e Cultura, presente lei vencerão juros a 6% a. a. não
como crédito especial, entregando-o à menciona- capitalizáveis.
– 326 –

Art. 3º O penhor legal instituído em favor da Educação e Cultura, de Serviço Público Civil e de
União pelo art. 4º da Lei nº 3.643, de 14 de outubro Finanças.
de 1959 não atingirá as colheitas processadas
durante os anos civis de 1960, 1961, 1962 e 1963 Em discussão o projeto. Não havendo quem faça
que poderão ser livremente alienadas e apenhadas, uso da palavra, encerro a discussão. Em votação. Os
inclusive para garantia de financiamentos de Srs. Senadores que o aprovam, queiram permanecer
custeio agrícola proporcionados pela Carteira sentados. (Pausa). Aprovado. Vai à sanção.
de Crédito Agrícola e Industrial do Banco do É o seguinte:
Brasil S. A.
Art. 4º O débito apurado em 31 de outubro de PROJETO DE LEI DA CÂMARA
1984 será liquidado em oito prestações anuais, Nº 17, DE 1961
iguais e sucessivas, vencendo-se a primeira em 31
de outubro de 1964 e as seguintes no mesmo dia e Federaliza a Escola Superior de Veterinária
mês dos anos posteriores. pertencente d Universidade Rural do Estado de
Art. 5º As alterações decorrentes da presente Minas Gerais, e dá outras providências.
lei serão inscritas nos instrumentos representativos
dos respectivos débitos, mediante simples anotação O Congresso Nacional decreta:
Art. 1.º A Escola superior de Veterinária, a que
feita pelo Banco do Brasil S. A. e isenta de impôsto
se refere o Decreto nº 112, de 4 de abril de 1935, é
do sêlo.
integrada na Universidade de Minas Gerais, como
Art. 6º Éo poder Executivo autorizado a
unidade universitária, incluída na categoria constante
celebrar com o Banco do Brasil S. A. convênio para
do art. 3.º da Lei nº 1.254, de 4 de dezembro de 1950.
execução da presente lei, independendo, entretanto,
Parágrafo único. A Escola mencionada neste
de formalização dêsse ato, a concessão imediata artigo passa a denominar-se Escola de Veterinária
dos benefícios nela previstos. da Universidade de Minas Gerais.
Art. 7º Esta lei entrará em vigor na data de sua Art. 2º Independentemente de qualquer
publicação, mantidas as disposições da Lei nº 3.643, indenização, e mediante inventário e escritura
de 14 de outubro de 1959, que não a contrariem pública, são incorporados ao patrimônio da
expressamente, e revogadas as demais disposições Universidade de Minas Gerais todos os bens móveis,
em contrário. imóveis, apólices e direitos pertencentes ou utilizados
pelo estabelecimento referido no artigo anterior.
Discussão única do Projeto de Lei da Art. 3º É assegurado o aproveitamento dos
Câmara nº 17 de 1961 (número 2.361, de 1960 na professôres catedráticos efetivos, no Quadro
Câmara), que federaliza a Escola Superior de Permanente do Ministério da Educação e Cultura –
Veterinária, pertencente à Universidade Rural de Universidade de Minas Gerais.
Minas Gerais e dá outras providências (incluída Parágrafo único. Os professôres não
em Ordem do Dia em virtude de dispensa de aproveitados em caráter efetivo, na forma da legislação
interstício, concedida na sessão anterior, a federal, poderão ser nomeados interinamente.
requerimento do Sr. Senador Paulo Fernandes), Art. 4º Obedecidos os preceitos
tendo pareceres favoráveis das Comissões de da legislação em vigor, o quadro
– 327 –

do pessoal administrativo da Universidade de Minas 7º desta Lei, e 15 da de nº 3.834-C, de 14 de


Gerais será integrado pelos servidores da Escola dezembro de 1960, são ainda criados 1 (um) cargo
Superior de Veterinária, legalmente nomeados ou de Reitor, símbolo 2-C, 6 (seis) cargos de Diretor,
admitidos até o dia 1º de setembro de 1960. símbolo 5-C, 7 (sete) funções gratificadas, símbolo 3-
Art. 5º Os catedráticos e servidores F, de Secretário, e 7 (sete) funções gratificadas,
aproveitados no serviço público federal contarão o símbolo 22-F, de Chefe da Portaria.
respectivo tempo de serviço, para os efeitos do artigo Art. 9º Para cumprimento do disposto nesta lei,
192, da Constituição Federal. é autorizada a abertura, pelo Ministério da Educação
Art. 6º Para os efeitos dos artigos 3º e 4º a e Cultura, dos créditos especiais de Cr$
Escola enviará ao Ministério da Educação e Cultura, 42.360.000,00 (quarenta e dois milhões, trezentos e
por intermédio da Reitoria da Universidade de Minas sessenta mil cruzeiros), para a Escola Superior de
Gerais, a relação de seus professôres e servidores, Veterinária, pertencente á Universidade de Minas
especificando a forma de investidura, a natureza do Gerais, sendo Cr$ 32.360.000,00 (trinta e dois
serviço que desempenham, a data da admissão e da milhões, trezentos e sessenta mil cruzeiros) para
remuneração. pessoal e Cr$ 10.000.000,00 (dez milhões de
Parágrafo único. Serão expedidos pelas cruzeiros) para material, encargos, serviços e
autoridades competentes os títulos de nomeação e equipamentos; e Cr$ 9.000.000,00 (nove milhões de
de admissão decorrentes do aproveitamento previsto cruzeiros) para a Faculdade de Direito de Cuiabá,
neste artigo, depois e a partir do último ato ou sendo Cruzeiros 7.500.000,00 (sete milhões e
escritura de que trata o artigo 2º. quinhentos mil cruzeiros) para pessoal, e Cr$
Art. 7º Observado o disposto nos artigos 2º a 1.000.000,00 (um milhão de cruzeiros), para
6º no que fôr aplicável, é, também, incluída na material, encargos, serviços e equipamentos.
categoria a que se refere o artigo 3º da Lei número Art. 10. No prazo de 120 (cento e vinte) dias a
1.254, de 4 de dezembro de 1950, a Faculdade de Congregação da Escola de Veterinária submeterá o
Direito de Cuiabá, no Estado de Mato Grosso; e projeto de seu regimento ao Conselho Universitário,
escolas idênticas a que se refere o nº 7 do artigo 4º regendo-se, até sua aprovação, pelo ora em vigor,
do Estatuto alterado pelo Decreto nº 41.465, de 7 de no que não contrariar o Estatuto da Universidade.
maio de 1957, passam nas mesmas condições, a Art. 11. Esta lei entrará em vigor na data de
integrar a composição da autarquia educacional sua publicação, revogadas as disposições em
prevista no artigo 15 da Lei nº 3.834-C, de 14 de contrário.
dezembro de 1960. O SR. MEM DE SÁ (para declaração de
Art. 8º São criados, no Quadro Permanente do voto): – Senhor Presidente, desejo apenas deixar
Ministério da Educação e Cultura 43 (quarenta e consignado em Ata que votei contra a proposição,
três) cargos de Professôres Catedráticos, sendo 20 como sempre procedo em projetos dessa natureza.
(vinte) para a Escola de Veterinária da Universidade O SR. PRESIDENTE: – A declaração de
de Minas Gerais e 23 (vinte e três) para a Faculdade V.Exa. constará da Ata.
de Direito de Cuiabá.
Parágrafo único. Para execução do Discussão única do Projeto de
que determinam os artigos 1º e Lei da Câmara nº 18, de 1961
– 328 –

(nº 1.532, de 1960, na Câmara) que altera a redação Mensagem nº 4, pela qual o Senhor Presidente da
do § 4º do art. 11 do Decreto-lei nº 1.344, de 13 de República submete ao Senado a escolha do senhor
junho de 1963, que modifica a legislação sôbre lodo Kubitschek de Figueiredo para o cargo de
Bôlsas de Valores (incluído em Ordem do Dia em Ministro do Tribunal de Contas.
virtude de dispensa de interstício, concedida em
sessão anterior a requerimento do Sr. Senador O SR. PRESIDENTE: – Trata-se de matéria
Moura Andrade), tendo parecer favorável da que deverá ser apreciada em sessão secreta, de
Comissão de Economia. acôrdo com o Regimento.
Peço aos Srs. funcionários que tomem
Em discussão o projeto. Não havendo providências nesse sentido.
quem faça uso da palavra, encerro a discussão. A sessão se transforma em secreta as 21,5
Em votação. Os Srs. Senadores que o voltando a ser pública às 22,30.
aprovam, queiram permanecer sentados. (Pausa). O SR. PRESIDENTE: – Está reaberta a
Aprovado. sessão pública – Está esgotada a matéria constante
É o seguinte: da Ordem do Dia.
Não há orador inscrito.
PROJETO DE LEI DA CÂMARA Vou encerrar a sessão, designando para a de
Nº 18, DE 1961 amanhã, a seguinte:

Altera a redação do 4 4,e do art. 41 ORDEM DO DIA


do Decreto-lei nº 1.344, de 13 de junho de 1939,
que modificou a legislação sôbre Bôlsa de 1 – Discussão única do Projeto de Lei da
Valores. Câmara nº 17, de 1960 (número 1.822, de 1956, na
Câmara) que concede a Aurora Braga da Silva
O Congresso Nacional decreta: pensão especial de Cr$ 3.000,00 mensais, tendo:
Art. 1º O § 4º do art. 41 do Decreto-lei nº Pareceres favoráveis, sob números 12 e 13, de
1.344, de 13 de junho de 1939 passa a ter a seguinte 1961, das Comissões de Constituição e Justiça e de
redação: Finanças.
“§ 4º A Assembléia Geral, mediante proposta 2 – Discussão única Do Projeto de Lei da
da Câmara Sindical, fixará anualmente os valores Câmara nº 43, de 1960 (número 4.708, de 1958, na
que, nas Caixas Comuns de Garantia e Previdência Câmara) que autoriza o Poder Executivo a abrir, pelo
das Bôlsas Oficiais de Valores, constituem o pecúlio Ministério da Educação e Cultura, o crédito especial
dos Corretores (previdência) e o fundo de garantia, de Cr$ 3.000.000,00 para ocorrer às despesas com
computando-se neste, obrigatóriamente, tôdas as as comemorações do I Centenário de Fundação do
quantias acumuladas atualmente à conta das Caixas, Municipio de Russas, tendo: Parecer favorável, sob
sob qualquer título” nº 14, de 1961, da Comissão de Finanças.
Art. 2º Esta lei entrará em vigor na data de sua 3 – Discussão única do Projeto de
publicação, revogadas as disposições em contrario. Lei da Câmara nº 51, de 1960 (nº 3.670, de
1958, na Câmara) que cria uma Coletoria
Discussão única do Parecer da Federal no Município de Vicenzia, Estado
Comissão de Finanças sôbre a de Pernambuco e dá outras providências,
– 329 –

tendo: Pareceres favoráveis, sob ns. 15 e 16 de tersticio, concedida na sessão anterior, a


1981, das Comissões de Constitiuição e Justiça e de requerimento dos Srs. Senadores Ary Vianna e
Finanças. Jefferson de Aguiar), tendo: Parecer favorável das
4 – Discussão única do Projeto de Lei da Comissões: de Educação e Cultura; de Serviço
Câmara nº 22, de 1961 (número 2.566, de 1961, Público Civil e de Finanças.
na Câmara) que cria a Universidade do Espírito Está encerrada a sessão.
Santo e dá outras providências (incluído em Levanta-se a sessão às 22 horas e 35
Ordem do Dia em virtude de dispensa de in- minutos.
20ª SESSÃO DA 2ª SESSÃO LEGISLATIVA, EXTRAORDINÁRIA, DA 4ª LEGISLATURA, EM 27 DE
JANEIRO DE 1961

PRESIDÊNCIA DO SENHOR CUNHA MELLO

Ás 14 horas e 30 minutos, acham-se mento de 37 Srs. Senadores. Havendo número legal,


presentes os Srs. Senadores: declaro aberta a sessão.
Cunha Mello.
Vivaldo Lima. Vai ser lida a Ata.
Zacharias de Assumpção. O Sr. Mathias Olympio, Primeiro Suplente,
Victorino Freire. servindo de 2º Secretário, procede à leitura da Ata
Sebastião Archer. da sessão anterior, que é aprovada sem debates.
Eugênio Barros.
O Sr. Novaes Filho, 4º Secretário, servindo de
Mendonça Clark.
Mathias Olympio. 1º, lê o seguinte:
Fernandes Távora.
Menezes Pimentel. EXPEDIENTE
Dix-Huit Rosado.
Argemiro de Figueiredo.
Oficio
Ruy Carneiro.
Novaes Filho.
Jarbas Maranhão. Da Câmara dos Deputados nº 49, do corrente
Antônio Baltar. ano, comunicando a aprovação das emendas desta
Silvestre Péricles. Casa ao Projeto de Lei que cria as Escolas Agrícolas
Lourival Fontes.
de Bambuí e Cuiabá, nos Estados de Minas Gerais e
Heribaldo Vieira.
Lima Teixeira. Mato Grosso, e uma Escola de Engenharia em
Aloysio de Carvalho. Uberlândia, Minas Gerais e, bem assim, a sua
Ary Vìanna. remessa à sanção presidencial.
Jefferson de Aguiar.
Caiado de Castro.
Aviso
Afonso Arinos.
Nogueira da Gama.
Moura Andrade. Do Sr. Ministro da Marinha, do seguinte teor:
Pedro Ludovico. Brasília, D. F., em 24 de janeiro de 1961
Filinto Müller. Nº 086.
Alô Guimarães.
Do Ministro da Marinha.
Gaspar Velloso.
Nelson Maculan. Ao Excelentíssimo Senhor Primeiro-Secretário
Francisco Gallotti. do Senado Federal.
Saulo Ramos. Assunto: Requerimento nº 563-B, de 1960, do
Irineu Bornhausen. Senado Federal.
Mem de Sá.
1. Em atenção ao Ofício de Vossa
Guido Mondim – (37).
O SR. PRESIDENTE: – A lista Excelência nº 615, de 12 de dezembro último, apraz-
de presença acusa o compareci- me prestar a seguir as informações solicitadas no
– 331 –

Requerimento nº 563-B-1960, da Iavra do Senhor não poderia deixar de acontecer, mereceu apoio
Senador Saulo Ramos. integral do Governador Carvalho Pinto, do
2. A situação jurídica do pessoal do Estaleiro Presidente e vários membros da Assembléia
Naval de Coqueiros, do Comando do 5º Distrito Legislativa de São Paulo, bem como da Associação
Naval, é a de empregados regidos pela Comercial de São Paulo; ao término dessas
Consolidação das Leis do Trabalho, uma vez que os conferências, foi criado o Movimento de Integração
mesmos são pagos pelo Fundo Naval, economias do Nordeste, com sede em São Paulo.
administrativas e rendas industriais, faltando-lhes, A Comissão organizadora do Ciclo de Estudos
pois, a qualidade de servidores públicos, razão pela
sôbre á Integração do Nordeste decidiu apresentar,
qual não lhes são aplicáveis as disposições das Leis
conforme está publicado em O Estado de São
números 3.531.59, 3.780-60 e 3.826-60.
3. Os empregados do Estaleiro Naval de Paulo, de 26 do corrente, uma série de sugestões
Coqueiros não foram abrangidos pela, Lei nº 3.780- visando à colaboração das classes produtoras de
60, citada, que dispõe sôbre a Classificação de São Paulo, e os mais Estados sulinos com o
Cargos do Serviço Civil do Poder Executivo da Nordeste.
União, por isso que êsse diploma legal determinou As sugestões são as seguintes:
apenas o enquadramento dos funcionários titulados, "A Comissão Organizadora do Ciclo de
dos extranumerários e do pessoal pago por verbas Estudos sôbre a Integração do Nordeste, atendendo
globais, tabelado e equiparado aos.extranumerários. ao manifestado pelas Srs. José Ermirio de Moraes e
Aproveito o ensejo para renovar a Vossa Camillo Ansarah, e às sugestões do Sr. Aluisio
Excelência os protestos de minha estima e distinta Afonso Campos, decide:
consideração. – Jorge do Paço Mattoso Maia. – a) sugerir à federação das Indústrias do
Almirante, R. R. m – Ministro da Marinha Estado de São Paulo, que mantenha uma secção de
Dê-se conhecimento ao Requerente. informações e de elaboração de anteprojetos para o
O SR. PRESIDENTE: – Está finda a leitura do Nordeste, a fim de orientar a aplicação de capitais
Expediente. privados naquela região;
Tem apalavra o Sr. Mendonça Clark, primeiro b) igualmente sugerir à FIESP a organização
orador inscrito. de um Escritório de Engenharia destinado a
O SR. MENDONÇA CLARK (*): – Sr.
assistir a SUDENE no tocante à comprovação da
Presidente e Srs Senadores, nos últimos sete dias,
existência de equipamentos similares aos
por iniciativa do Centro Acadêmico 22 de Agôsto, da
Faculdade Paulista de Direito e da Pontifícia estrangeiros produzidos no País, e no exame
Universidade Católica de São Paulo, foram de tôdas as questões relacionadas com a sua
realizadas várias conferências denominadas "Ciclo produção;
de Estudos sôbre a Integração do Nordeste". c) sugerir aos bancos oficiais da região
A iniciativa, Sr. Presidente, como Centro-Sul do País, inclusive o Banco do Estado
de S. Paulo, a criação de diretorias regionais
__________________ para o Nordeste, com sede no Recife, visando à
(*) – Não foi revisto pelo orador. concessão de financiamento não só para a venda de
– 332 –

equipamentos produzidos pela indústria da região 2 – o subdesenvolvimento econômico do


Centro-Sul como para a compra de produtos do Nordeste é o mais sério problema nacional, e a
Nordeste a ela destinados". contribuição dos Estados ricos à sua solução deve
Depois dessas sugestões da Comissão, no ser ainda mais relevante e objetiva, que a atual;
encerramento do Ciclo, foi feita uma Declaração de 3 – o Nordeste possui recursos naturais e
Princípios, que passarei a ler, para que conste dos humanos que podem ser mobilizados para um
Anais do Senado. processo rápido de desenvolvimento econômico. O
Está assim redigida: elemento humano, lastreado no patrimônio cultural
Ontem à noite aprovou-se a seguinte acumulado em quatro séculos de História, é capaz
Declaração de Princípios: de fornecer os quadros dirigentes da transformação
"A vista dos debates travados em Comissão econômica e técnica da região, desde que
durante o Ciclo de Estudos sôbre a Integração do devidamente preparado. Assim, a contribuição dos
Nordeste, a Comissão Organizadora apresenta à Estados mais desenvolvidos pode e deve revestir-se
"Jornada de Natal", a realizar-se na Capital do Rio também da forma de auxílio e colaboração técnicos
Grande do Norte, a 1º de fevereiro de 1961, o do quadro de programas de formação e
seguinte projeto de declaração de princípios": especialização da mão-de-obra nordestina, a qual é
"Tendo em vista a crescente disparidade de capaz de adaptar-se com grande facilidade, às
estágios econômicos entre o Nordeste e o Centro-Sul condições de trabalho impostas pela economia
do País – a qual pode expressar-se sintéticamente": moderna. Dai o fato de os recursos que o País vier a
a) no fato de a renda "percapita" do Nordeste despender para que o processo de desenvolvimento
representar apenas 31% daquela registrada no se efetive virem a representar, ao invés de ônus para
Centro-Sul; as demais regiões, um acréscimo vigoroso à riqueza
b) na circunstância de essa diferença estar-se nacional;
ampliando pois em 1948, a referida percentagem 4 – a dinamização da economia do Nordeste,
alcançava 36%, o Movimento de Integração do Inclusive a reorganização da atual estrutura agrária,
Nordeste constituído em São Paulo ao ensejo da é a forma mais objetiva de assegurar à indústria
realização do Ciclo de Estudos sôbre a Integração do nacional um mercado mais amplo e subordinado,
Nordeste, promovido pela mocidade acadêmica de exclusivamente, às forças do próprio sistema
São Paulo por iniciativa do Centro Acadêmico "22 de econômico nacional;
Agôsto", reconhece e defenderá os seguintes 5 – as máquinas e equipamentos produzidos
princípios: no País devem ter preferência sôbre os de
1 – a existência dentro do País, de regiões ricas qualquer outra procedência, na política de
e pobres, compromete a unidade nacional e avilta o Industrialização e de modernização da agricultura do
sentimento de fraternidade cristã do povo brasileiro; Nordeste devendo as políticas cambial, creditícia e
– 333 –

fiscal assegurarem ou preservarem a capacidade tos públicos e o volume dos investimentos privados e
competitiva da indústria nacional no mercado interno para integração da economia do País;
do País; 10 – sendo a ação da SUDENE discutida e
6 – os gastos do Govêrno Federal no aprovada por um Conselho Deliberativo do qual
Nordeste, inclusive nos setores de educação e participem todos os governadores nordestinos e
saúde pública, devem contribuir mais eficazmente representantes dos principais órgãos federais, e
para, atrair e fixar capitais privados na Região, sendo, por outro lado, os planos dessa
o que conduzirá ao aumento do bem-estar na área Superintendência objeto de revisão e aprovação pelo
mais subdesenvolvida do País. Para tanto é Congresso Nacional, a SUDENE já tem assegurada
necessário que os hórgãos Federais que atuam no a necessária contribuição da sensibilidade e do
Nordeste se integrem, desde o planejamento, em patriotismo dos políticos brasileiros à solução dos
uma ação coordenada, a qual lhes permita evitar problemas do Nordeste, razão pela qual deve ela ter
duplicidades, contradições e pulverização de direção eminentemente técnica, como ate agora, e
recursos; inteiramente desvinculada de qualquer compromisso
7 – Impõe-se, para que se alcance maior, político-partidário, como o exige a ação planejadora".
eficiência dos gastas públicos no Nordeste, sua Esta, Sr. Presidente e Senhores Senadores, a
subordinação a um planejamento realista e Declaração de Princípios resultantes do Ciclo de
consentâneo com as necessidades e peculiaridades Conferências da Comissão Organizadora dos
locais, tal como o expresso no Primeiro Plano Diretor Estudos sôbre a Integração do Nordeste.
da Superintendência do Desenvolvimento do A lista de cinco sugestões, que li em primeiro
Nordeste (SUDENE), ainda em discussão no lugar, acompanhada da Declaração de Princípios,
Congresso Nacional; segue-se o discurso proferido no encerramento
8 – sendo o problema do subdesenvolvimento daquele conclave, pelo Exmo. Senhor Governador
comum a todo o Nordeste, variando apenas de do Estado de São Paulo, Professor Carlos Alberto de
intensidade de Estado para Estado, a ação do poder Carvalho Pinto.
publico deve orientar-se para atender tôda a Região, Passo a ler essa oração, paia que conste dos
sem comprometer, o desenvolvimento nacional, sem Anais da Casa.
acentuar as próprias desigualdades intra-regionais É a seguinte:
e sem subordinar-se a reivindicações de caráter "Senhores:
pessoal ou de grupos; Em um momento de marcante apreensão no
9 – as diretrizes dêsse Planejamento, expressas quadro social e econômico de nossa Pátria, mas que
na Lei número 3.692, de 15 de dezembro de 1959, que coincide também com a vigília da posse de um nôvo
criou a SUDENE, devem ser preservadas e obedecidas Govêrno, depositário das mais lídimas esperanças
como a forma mais recomendável de criarem-se populares, quiseram meus alunos da Faculdade
condições para aumentar a eficiência dos investimen- Paulista de Direito promover o presente Ciclo de Es-
– 334 –

tudos sôbre a Integração do Nordeste. do colonialismo, assinala o alvorecer das nações


Chegamos, hoje, ao término dos trabalhos e ditas subdesenvolvidas em busca, pelo trabalho de
verificamos, pelo interêsse suscitado em tôrno do seus homens e pelo aproveitamento de seus
temário e ante a objetividade das conclusões, como recursos, do lugar ao sol que lhes pertence e não
foi feliz e oportuna a iniciativa dos moços do Centromais lhes pode ser negado. É a luta de gigantes que
Acadêmico "XXII de Agôsto", na preocupação despertam, luta que envolve, a partir de sua base,
construtiva de responder a um desafio, para o qual a uma opção decisiva e inapelável entre a liberdade e
consciência da Nação foi conclamada, já na primeira o totalitarismo.
década dêste, século, pelo brado de revolta de Nós, brasileiros, estamos provando que o
Euclides da Cunha. planejamento exigindo embora, disciplina e
Acompanhei atentamente – a despeito dos sacrifícios, não é uma decorrência nem um privilégio
cuidados de tôda a ordem que me reclamaram a dos regimes de fôrça e de partido único. Aos poucos
e sem o holocausto das liberdades públicas,
atenção nos últimos dias – os trabalhos dêste Ciclo de
Estudos, que contou com a participação direta de vencemos as barreiras dos preconceitos, da
Secretários de Estado, membros do Grupo de ignorância, dos imediatismos eleitoreiros, para
Planejamento e do seu secretário-executivo, Dr. Diogofazermos do dever de governar uma arte e uma
Nunes Gaspar, cuja experiência no Banco do Nordeste técnica.
se tornou sobremaneira útil à boa compreensão dos Assim temos procurado agir em São Paulo,
problemas em tela. Governadores de Estado, lideres dacombatidos como é natural, pelos traficantes da
Indústria e do comércio, técnicos em planejamento, política, mas inteiramente compreendidos pelo
economistas, jornalistas e militares, aqui se fizerampovo que vê no planejamento a destruição impiedosa
ouvir, descendo ao âmago de um problema que não da mentira e da demagogia. Igual esfôrço construtivo
mais pode ser omitido ou cogitado apenas em sentimos no Plano Diretor do Nordeste, nas
situações emergentes, ou sob ângulos casuísticos. metas do Presidente Juscelino Kubitschek, nos
Já nos tornamos uma Nação adulta. Prova-o a trabalhos da Comissão Interestadual da Bacia
seriedade dos temas aqui debatidos. Não mais Paraná-Uruguai e em tantas outras iniciativas
raciocinamos em têrmos de ufanismo estéril e sim que assinalam, de Norte a Sul, a superação
com o senso das realidades, invariàvelmente das rotinas, da improvisação e dos interêsses
reclamado por uma sadia política meramente políticos, pelo planejamento criterioso e
de
desenvolvimento e de integração nacional. humano.
Não estamos todavia, a salvo de ameaças e
Planejamento e Liberdade de engodos. Precisamos repelir as enganadoras
miragens do messianismo ideológico, fazendo
O século XX, meus senhores, frutificar o nosso trabalho, aperfeiçoando as
se marca o eclipse inapelável nossas instituições e guardando com amor a nossa
– 335 –

herança cristã. Êste o verdadeiro sentido da luta pela do território pátrio por uma vasta rêde energética.
integração nacional, sua imanente beleza e a certeza Não basta, entretanto, tirar dos rios a energia
de que ela não restará inútil. que nêles dormita há séculos. É preciso fazer o solo
produtivo e dar ao homem, para quem a terra foi
Passou a época das economias estanques criada, a oportunidade de cultivá-la. Esta
preocupação social e cristã se traduz, no meu
Governador de São Paulo, tenho a consciência govêrno, por uma política de revisão agrária,
nítida de que não só passou a época das economias aprovada pela Conferência Nacional dos Bispos do
estanques, como também, em face dos modernos Brasil, e que, humanizando e enriquecendo S.
recursos da técnica, impulsionados por uma política Paulo, encorajará outros Estados à adoção de
realista e construtiva, não há, nas condições do meio medidas semelhantes, em benefício de imensas
físico do País, obstáculos intransponíveis à realização áreas do País que as reclamam, notadamente no
imediata da real e verdadeira integração de tôdas as Nordeste.
parcelas da nacionalidade, isto é, da terra e dos É, pois, com justificada alegria que vemos tais
homens que a povoam. esforços e vários outros de natureza global ou
Não nasceu em solo bandeirante a lenda de regional, completados, no Nordeste, pela
que somos a locomotiva a puxar vinte vagões vazios. "formulação precisa de uma política de
Temos a consciência de que a nossa prosperidade desenvolvimento que norteie e dê continuidade à
depende do equilíbrio harmônico do todo nacional. E atuação do poder público" através da "tomada de
mesmo em São Paulo – cumpre lembrarmos – há consciência do Estado como promotor do
vastas regiões ainda em pleno regime de desenvolvimento econômico". (Cf. "Primeiro Plano
subdesenvolvimento, com índices econômicos Diretor de Desenvolvimento do Nordeste ed.
inferiores aos do próprio Nordeste. SUDENE, Recife, 1960).
O Plano de Ação de meu govêrno não se Começa assim a liquidação de uma longa era
contém, assim, nos limites de nosso Estado e todo o de incertezas e de vacilações, de penúria para
seu programa de infra-estrutura e de financiamentos muitos e de riqueza para muito poucos. Afirma-se o
projeta seus efeitos benéficos no interêsse da própria direito que tem o Homem de viver como Pessoa
economia nacional. Humana. Cria-se de tal sorte um povo sadio, feliz e
Basta ver os trabalhos de aproveitamento surdo aos apelos dos profetas, dos totalitarismos que
hidrelétrico em execução. As grandes usinas se sempre surgem onde há fome e desespêro e, por
encontram em rios fronteiriços – Paranapanema, isto, insistem na ronda ambiciosa ao nosso
o Pardo, e, já agora, com a construção das Continente.
Centrais Elétricas de Urubupungá, também no Vive o Nordeste sua hora solar, hora da
Paraná, assinalando o sentido nacional de redenção a que tem direito, término de uma época e
realizações que representam elos de cobertura nascimento de outra, inspirada pela idéia matriz de
– 336 –

uma Pátria equânime para todos os seus filhos e trário, disciplinando, impulsionando, projetando os
desejosa de a todos estender as oportunidades e as surtos naturais de desenvolvimento, e que se há de
regalias do progresso. levar com justiça e eficiência o progresso e a
civilização a todos os rincões da nossa terra.
Nova Era Dentro desta orientação sadia, humana e
construtiva, encaremos com otimismo a causa de
O Govêrno cuja posse se a vizinha – disse-o, integração do Nordeste. Muito deve a Nação de hoje
em sua pregação cívica o eminente Presidente àquele pedaço de terra em que, pela primeira vez, na
eleito, Dr. Jânio Quadros – tem para esta causa luta contra os flamengos, se afirmou a consciência
uma sensibilidade especial. Sem dúvida, todos nós, da nacionalidade.
brasileiros do norte, do sul, do centro, do oeste A Pátria que nasceu unida não pode dividir-se
ou do nordeste, haveremos de assegurar-lhe a hoje em áreas de prosperidade e zonas de probreza.
colaboração indispensável ao êxito de sua Que o Brasil seja um só, forte e rico, pela sincera
tarefa. São Paulo não faltará a seu dever união de esforços de todos os seus filhos.
colocando, como colocado tem, ao dispor do Não faltemos a essa missão.
nordeste, quer no campo da administração Sr. Presidente, nós representantes do
pública, quer no da iniciativa privada, tôda sua Nordeste, reconhecemos nos estudos realizados e
experiência e todo o seu patriotismo, colaborando, na Comissão constituída, os melhores propósitos, os
em seu jamais desmentido espírito de brasilidade, mais sérios motivos de preocupação, o maior desejo,
para proporcionar a todos os brasileiros uma vida realmente, de solucionar o problema do Nordeste.
melhor. Por êsse motivo, Sr. Presidente e Senhores
Mas há que lutar e vencer. E uma das Senadores, julgo oportuno ler, para o Senado,
condições essenciais da vitória reside nesta comentário publicado no próprio "O Estado de São
preocupação crítica, que, mercê do idealismo dos Paulo", sôbre as reuniões realizadas naquela
acadêmicos da Universidade Católica, inspirou os Capital. Diz o jornal:
trabalhos do I Ciclo de Estudos e nos desvendou
corajosamente muitos dos caminhos a percorrer. Ainda a SUDENE
Esta é uma campanha para a qual se
conclamam todos os brasileiros. Há de ser um "Não temos dúvidas, absolutamente nenhumas,
somatório de esforços inspirados sempre pelos de que a principal preocupação da SUDENE com o
superiores propósitos de brasilidade, avessos a seu Plano Diretor de Desenvolvimento do
estéreis impulsos puramente sentimentais ou a torpes Nordeste, consiste, por um lado, em melhorar os
explorações regionalistas, que desunem em vez de rendimentos atuais da população nordestina e, por
unir, e que debilitam em vez de robustecer a grande outro, aumentar as possibilidades de emprêgo na
Pátria comum. Não se cria a riqueza, aniquilando mesma região. Não duvidamos disso, naturalmente,
os focos espontâneos de sua irradiação. Ao con- porque só essa preocupação pode justificar o
– 337 –

plano da SUDENE. Afigura-se-nos, entretanto, que o queles problemas que, aparentemente


Plano Diretor não leva devidamente em conta o insignificantes, são, no fundo, os mais diretamente
elemento humano que êle tem por fim beneficiar. Um responsáveis pela miséria do Nordeste. Ao invés dos
plano de desenvolvimento econômico precisa de arrojados planos de instalação da indústria
tomar em consideração, antes dos objetivos a atingir, siderúrgica e de outros ramos industriais, que
os meios e os recursos de que pode lançar mão. necessàriamente, exigem mão-de-obra especializada
Ora, nesse ponto, parece-nos que a SUDENE se que o Nordeste não terá tão cedo, preferíamos ver o
deixa enfeitiçar demasiado pelos fins e descura da Plano preocupado com o aproveitamento racional
viabilidade dos meios. dos braços desocupados e com a busca dos meios
O que a SUDENE pretende em relação ao de desenvolvimento mais consentâneos com as
Nordeste do Brasil é o que pretende o govêrno de atuais possibilidades e faculdades da população
Nehru em relação à Índia. Só com uma diferença: nordestina.
enquanto o plano qüinqüenal indiano visa adaptar-se Livremo-nos de transpor para o Nordeste, o
às peculiaridades demográficas da Índia, o Plano critério " desenvolvimentista" que desgraçadamente
Diretor da SUDENE tenta um resultado prevaleceu no Brasil durante êstes últimos cinco
diametralmente oposto. Em nossa opinião, o anos. De nada valeria aos nordestinos, pelo menos
principal trabalho da SUDENE devia ter consistido nestes anos mais chegados, que a industrialização
num escrupuloso levantamento da situação do Nordeste implicasse a necessidade de importar
demográfica da zona que se propõe desenvolver. de outros Estados a mão-de-obra que êle não tem.
Antes de se planejar o desenvolvimento econômico Até porque, privados de participar, com seu trabalho,
de uma região, convém saber em primeira lugar, a nessas novas fontes de riqueza, estariam
quantidade de mão-de-obra disponível é as conseqüentemente excluídos da percepção da
atividades a que essa mão-de-obra mais respectiva renda e, portanto, impossibilitados de
prontamente se adapta. É inútil, senão concorrer para a criação do mercado consumidor da
contraproducente, querer-se elevar o nível sua própria indústria.
econômico de determinada população por meio de É verdade que o Plano da SUDENE faz uma
atividades a que ela não se ajusta fàcilmente. É certo alusão às vantagens que, naturalmente resultariam,
que, "a longo prazo, o desenvolvimento industrial da para as indústrias que ali se desenvolvessem, da
área resolverá o problema do emprêgo dos circunstâncias de mão-de-obra nordestina ser muito
excedentes populacionais". Mas até que êsse prazo mais barata do que a mão-de-obra do Sul. Essa,
seja atingido? entretanto, não nos parece ser a preocupação mais
Já dissemos, em comentário anterior, que o Plano justa num organismo que se propõe elevar o padrão
da SUDENE é excessivamente ambicioso. Preferimo-lo de vida da população do Nordeste. Quando
mais modesto, mais empenhado na solução da- muito, justifica-se que ela parta de quem tenha em
– 338 –

vista aliciar com perspectivas de maiores lucros as ra e pretender que os seus órgãos devam ficar
emprêsas particulares; nunca entretanto, de quem subordinados à SUDENE, há diferença muito grande.
recebe do govêrno federal a incumbência de traçar O Ministério da Educação e Cultura tem
um plano de salvação para uma das mais pobres e procurado fazer o possível para atender ao Nordeste;
desprotegidas zonas do Brasil". se não tem feito mais, conforme relatório que recebi
Sr. Presidente, o artigo que acabo de ler, de ontem do respectivo Ministro, é porque não recebe
"O Estado de São Paulo", no mesmo número em que as dotações orçamentárias que constam, cada ano,
se publicam os resultados finais do Ciclo de Estudos da Lei de Meios, para construção de escolas,
sôbre a Integração do Nordeste, deve ser concessão de bôlsas de estudo, suplementação do
profundamente meditador por todos aquêles que ensino. Mas por isso não se pode pretender que
reconhecem na SUDENE a maior boa vontade de fiquem essas atividades subordinadas à SUDENE,
resolver os problemas do Nordeste. Bem assim no Nordeste.
chegou-se à conclusão, com tôda a honestidade, de O Ministério da Viação e Obras Públicas, pelo
que o Brasil não pode mais continuar como vinha até seu órgão, o DNOCS; encarregado dos açudes, das
agora: desenvolvendo a região Centro-Sul e barragens, das estradas-de-ferro e das estradas de
abandonando, ou esquecendo, a região Norte- rodagem, não pode ficar subordinado a um
Nordeste. planejamento que será feito pelo Superintendente da
Sr. Presidente, votei a Lei da SUDENE, mas SUDENE, com a assistência do Govêrno, dos
com a idéia de que faltava ao Nordeste um órgão de Estados e dos representantes dêsse Ministério. Não
planejamento, a ser entregue a elementos de é essa a função da SUDENE; o que devemos agora
absoluta isenção política, órgão que tivesse, além pretender, se realmente quisermos alguma coisa no
das possibilidades de projetar e planejar, recursos Nordeste ou noutra parte qualquer do Brasil, é fazer
próprios para, em determinadas ocasiões, interferir funcionar os nossos ministérios e seus serviços; é
no sentido de melhorar ou apressar a solução de fazer com que as verbas sejam pagas em tempo, em
certos problemas básicos do Nordeste. O que, duodécimos ou mesmo com adiantamento, para que
entretanto, verifiquei nos dois anos decorridos, da os Ministérios possam trabalhar nos prazos devidos.
criação da SUDENE, é que tomou corpo a idéia de Assim se evitaria que os Congressistas, Deputados e
que êsse órgão deve tudo fazer, tudo supervisionar, Senadores, perdessem tempo precioso e se
tudo fiscalizar, sendo uma espécie, digamos, de desmoralizassem perante o Poder Executivo a pedir,
super-ministério. pelo amor de Deus ou a titulo de favor o pagamento
Quanto a êsse aspecto, não concordo, de verbas, muito embora fracionadas.
absolutamente. Acho que, por exemplo, o Ministério Quando modificarmos essa situação, quando
da Agricultura há anos não funciona. Não funcionam estivermos cientes e tranqüilos de que aquilo que
os Fomentos Vegetais, a Defesa Animal e nem votarmos aqui ou o que o Govêrno resolver fazer em
mesmo qualquer dos seus órgãos, pois é um cada região do Brasil, será feito pelos respectivos
Ministério abandonado. Mas entre verificar a Ministérios, aí, sim, teremos meio caminho andado.
realidade da situação do Ministério da Agricultu- Nessa ocasião então, com referência ao Nordeste,
– 339 –

a SUDENE, com seus dois bilhões e seiscentos necerão elementos materiais para, mais tarde,
milhões de cruzeiros da dotação legal, pelo menos pensarmos na industrialização dos produtos da
para 1961, através de seus estudos e mesma região, retendo na região ou no Estado os
planejamentos, poderá interferir pôr meio de acôrdos lucros que iriam para outro Estado ou região; se no
com os órgãos federais, para incrementar êsses próprio Estado ou na própria região não houver
serviços e melhorá-los, apressando a conclusão de indústria para aproveitá-los.
obras ou de planejamentos econõmicos e Não podemos, porém, criar indústrias de alta
financeiros. Poderá também a SUDENE incentivar a base no litoral nordestino, ou em determinados
indústria privada com os recursos de que dispõe, pontos estratégicos da região, pagando salários
desde que sejam indústrias básicas necessárias ao maiores. Se assim fizermos, promoveremos uma
soerguímento econômico da região. corrida do homem do interior para o litoral, à procura
Como bem diz o jornal "O Estado de São dessas indústrias, com o abandono do campo,
Paulo tudo leva a crer que se queira promover o agravando dêsse modo a situação da produção
desenvolvimento do Nordeste, que se queira fazer agrícola e pecuária do Nordeste.
desaparecer o desnível econômico das populações Lembro-me, Sr. Presidente e Srs. Senadores,
nordestinas em relação às do centro e do sul, que em 1956 ou 1957, quando visitávamos as zonas
através da industrialização. assoladas pela sêca do Nordeste, em Comissão do
Neste ponto, concordo ainda com o grande Senado, perguntávamos aos superintendentes do
órgão da imprensa paulista. A longo prazo poderá isso Nordeste, porque não pagavam mais êsses homens
ocorrer, mas não sou daqueles que entendem se deva que estavam passando miséria, com família para
começar uma construção pelo telhado, ou comprando sustentar. O que recebiam era insuficiente para
primeiro a mobília, os utensílios domésticos. ter vida de acôrdo com a sua condição de ente
Sou daqueles que acham deva fixar o homem humana.
ao solo, interessá-lo no lugar onde vive, dando-lhe A resposta, Sr. Presidente e Srs. Senadores,
condições de vida e proporcionando meios para que era esta: "Se pagarmos mais do que estamos
produza e deixe de ser oneroso à sua região, ao seu pagando, em vez de têrmos duzentos, trezentos,
Estado e ao País. quatrocentos ou mil homens, teremos um ou dois
Não vejo, no programa da SUDENE, pelo menos milhões de homens; e ninguém mais quererá
com relação ao meu Estado, nada que diga respeito a trabalhar na agricultura ou pecuária, do Nordeste,
aguadas e barragens. Estas, no meu Estado, eu as mesmo nas zonas úmidas.
considero essenciais para podermos exigir que o Assim sendo, num momento de crise, de
homem do Piauí permaneça na zona rural. Será por calamidade, quando a prática da região confirma
meio da água acumulada à beira das estradas, em que não é passível pagar aquilo que o homem deve
cada município piauiense, que conseguiremos a receber, pois do contrário as conseqüências
formação e o crescimento de pequenos núcleos futuras serão piores, não aceitamos como viável a
de produção. É através da multiplicidade dessas idéia de uma industrialização rápida, violenta do
pequenas barragens e aguadas que pequenas litoral do nordeste; se assim fizermos, estaremos
produções de cada região, reunidas, nos for- certamente criando grandes dificuldades pa-
– 340 –

ra as populações do interior e para o futuro do problemas do consumidor nordestino.


Nordeste nas suas zonas de produção. Um dos argumentos sérios, que apresentei
Quando ainda no Rio de Janeiro, votamos nesta Casa, contra qualquer vantagem cambial
uma lei pela qual foi concedida, através do Banco relativa à Importação de artigos essenciais para o
Nacional de Desenvolvimento Econômico, às Nordeste, foi o de que se nos fôsse dada a
indústrias que viessem a se instalar no Nordeste, concessão seriam importados artigos de fabricação
isenção dos impostos de Renda, de Consumo e bem estrangeira com similares nacionais, que lá não
assim a promessa de favores cambiais. ficariam, porque havendo escassez no sul, os
Na prática, entretanto, a não ser algumas intermediários dos importadores nordestinos vendê-
indústrias como a de Fosforita, nenhuma emprêsa do los-iam para o sul. É um argumento sério.
sul até hoje se prevaleceu das condições Sr. Presidente, se indústrias similares forem
excepcionais criadas para desenvolver a Instalados no Nordeste, vendendo arame a mil
industrialização naquela região. duzentos cruzeiros o rôlo e o nordestino sem
A meu ver, Sr. Presidente, a razão é muito recursos financeiros para adquiri-lo, salvo com ajuda
simples. Se levarmos para o Nordeste – baseando- governamental, pergunto: isso significará que as
nos na promessa feita e até agora não concretizada, indústrias, deixem de funcionar? Não. Pode alguém
mas que esperamos se concretizará – uma fábrica de impedir que venda sua produção para os mercados
arame farpado, que se verificará na prática? Instalada do sul, onde pode obter melhores resultados? Não.
a fábrica, esta se prevalecerá da isenção de impostos, Solucionará os problemas do nordestino? Não.
da mão-de-obra barata, e de outras, vantagens. Aí está a grande dificuldade. O consumidor, o
Entretanto, indago: Qual a garantia para o nordestino homem que trabalha no campo, o homem que extrai
de que essa fábrica venderá o arame farpado a preço o babassu, a cêra de carnaúba, a juta, a borracha, o
mais baixo do que as fábricas do Sul? Há garantia de cacau, a mamona, não tem recursos suficientes para
que essa fábrica, para merecer melhores favores, se competir no mercado interno com os altos preços da
sinta obrigada á vender a sua produção em melhores Indústria nacional.
condições? Não. Não há. Ninguém pode interferir na Estamos, portanto, diante de um problema.
fixação do preço do artigo produzido. Temos a indústria nacional em pleno funcionamento.
E ainda: qual é a garantia que oferece a Mas temos uma indústria que, conforme a própria
fábrica no caso de ver sua produção estagnada por Declaração de Princípios aqui lida, necessita que o
falta de compradores, dada a elevação dos preços Govêrno tome as providências para que o artigo
do produto? nacional seja protegido em forma de facilidades
Deixará essa fábrica de vender o seu arame cambiais, e de melhores fretes, contra qualquer
farpado para os mercados do Sul, onde possa similar estrangeiro.
encontrar escoamento para o produto? Está certo. Protegido o produto nacional, como
O que se verificará, então, é que grandes se vai criar o mercado do Nordeste? Vai-se subsidiar
indústrias poderão se instalar no Nordeste e tôdas as vendas do Nordeste? É o que estamos
resolver seus problemas, mas não resolverão os tentando fazer para remediar, em parte, a situação.
– 341 –

A indústria automobilística exige se crie um ção e essa redução representará elevação de custo
Fundo de Financiamento, não para vendermos da mercadoria.
veículos e tratores, a seis e doze meses, e a preços O Governador de São Paulo já entrou com um
elevados. A sua venda exige, hoje, um fundo pedido na SUMOC, ha mais de dois anos.
especial, capaz de financiá-la a vinte e quatro e trinta Infelizmente, por motivos que não desejo mencionar
e seis ou mais meses; quer dizer, facilitar a e que considero condenáveis, a SUMOC não deu
capacidade de escoamento da produção através de permissão ao Govêrno de São Paulo para instalar
um preço alto, porém a prazo longo. essas agências do Banco do Estado de São Paulo
Acontecerá um dia – e êste será o final da em Belém, São Luís, Maceió, Natal, Teresina,
história – que sendo o prazo de pagamento da Fortaleza etc. Porém a situação política vai mudar.
mercadoria de trinta e seis ou quarenta e oito meses, O SR. GASPAR VELLOSO: – Permite V. Ex.ª
excedida a capacidade de resistência do material um aparte?
vendido, a mercadoria poderá se acabar ou se O SR. MENDONÇA CLARK: – Com muito
deteriorar antes que venha a ser paga. prazer.
Sr. Presidente, olho com a maior simpatia, O SR. GASPAR VELLOSO: – Talvez possa
com a maior gratidão os esforços do Governador de informar a mim e à Casa como são concedidas as
São Paulo, tentando abrir agências do Banco do autorizações da SUMOC para a abertura de
Estado de São Paulo por todo o Norte e Nordeste, a agências, se em conseqüência de tradição bancária
fim de organizar um sistema de financiamento, do ou se em função do capital do Banco em relação ao
produtor paulista ao consumidor nortista ou número de agências existentes. Afirmou V. Exa. que
nordestino, com o intuito de encontrar a melhor os processos usados pela SUMOC, aos quais não se
maneira para o escoar da produção paulista ou quer referir, são condenáveis. Existe porventura uma
sulista. Indiscutivelmente, é o único homem capaz, lei regulando o assunto? A SUMOC, no apreciar o
neste momento, de evitar a paralisação da indústria processo a que V. Exa. se refere, está ou não dentro
de máquinas pesadas, e isto através do do Regulamento que determina tenham os Bancos
financiamento, a longo prazo, pelo Banco do Estado tantas agências, em função do seu capital?
de São Paulo aos compradores nordestinos. O SR. MENDONÇA CLARK: – Responderei
Não há mais motorista capaz de comprar um ao nobre colega, com muito prazer.
caminhão por dois milhões de cruzeiros dentro do O Regulamento da SUMOC, com relação à
atual prazo de financiamento. Há necessidade de se abertura de agências, tem sofrido alterações.
criar um sistema diferente do financiamento a prazo O SR. GASPAR VELLOSO: – Desejo saber
mais longo, para o comprador que não suporte o qual o Regulamento sôbre o assunto, vigente no
dispêndio de trezentos ou quatrocentos mil momento.
cruzeiros de entrada por um veiculo e prestações de O SR. MENDONÇA CLARK: – Na
quarenta ou cinqüenta, mil cruzeiros mensais última gestão do ex-ministro e economista,
durante trinta e seis ou quarenta e oito meses. Ao Dr. Souza Dantas, na SUMOC, foi
contrário, as fábricas terão de reduzir a sua produ- modificado o Regulamento no sentido de facilitar a
– 342 –

criação de agências de bancos nas cidades menos Brasil em Floriano, no Piauí. Disse-me êle que se
favorecidas. Nessas condições, para a abertura de pudesse contar com os elementos solicitados à
uma agência, digamos, em uma pequena cidade do Carteira de Crédito já estaria com seis mil contratos
Nordeste, o capital atribuído seria de seiscentos mil agrícolas firmados em sua agência. E mais, para
cruzeiros, ao passo que para a criação de uma ultimar os mil e quinhentos já celebrados trabalha dia
agência na capital de São Paulo fixar-se-ia o capital e noite, não lhe sobrando tempo para nada.
em um milhão de cruzeiros. Esse princípio veio Acrescentou que, graças ao financiamento
corrigir o Regulamento antigo, que não incentivava concedido a agricultores de Canto do Buriti,
os Bancos para a instalação de agências nas em 1959, a produção de algodão dêsse
pequenas cidades. município subiu de trezentos mil para um milhão de
O SR. LIMA TEIXEIRA: – permite V. Exa. um toneladas.
aparte? Vemos assim, Sr. Presidente, o quanto é difícil
O SR. MENDONÇA CLARK: – Com prazer. a situação do produtor nacional e o atendimento das
O SR. LIMA TEIXEIRA: – O ReguIamento da reivindicações do homem do campo, que depende
Carteira de Crédito Agrícola do Banco do Brasil, da lavoura ou da pecuária para viver.
datado de 1952, quando foi alterado pelo Senhor O SR. LIMA TEIXEIRA: – Permite V. Exa.
Loureiro da Silva, já estabelecia que, nos Estados ou outro aparte?
municípios onde não houvesse agência para O SR. MENDONÇA CLARK: – Pois não.
financiamento direto aos agricultores, seria criado O SR. LIMA TEIXEIRA: – Estranhei o fato de
escritório, com a finalidade de proporcionar, o Regulamento de 1952, da Carteira de Crédito
diretamente aos homens do campo, financiamento Agrícola do Banco do Brasil, não ter sido executado,
de ante-safra. Entretanto, o Regulamento de 1952 principalmente o dispositivo que determinou a
não foi executado, quanto a êste ponto, razão por criação de escritórios nos municípios onde não
que a maioria dos municípios brasileiros não dispõe houvesse agências. Nesse sentido, há anos, formulei
de pelo menos de um escritório que represente a requerimento de informações ao Banco do Brasil. A
Carteira de Crédito Agrícola do Banco do Brasil. resposta não se fêz esperar. Alegava aquêle
O SR. MENDONÇA CLARK: – Agradeço o estabelecimento não dispor de pessoal suficiente
aparte esclarecedor do nobre Senador Lima Teixeira. para a instalação dos escritórios...
Acontece, estretanto, que muitas vêzes é difícil fazer O SR. MENDONÇA CLARK: – Mas não
funcionar a Carteira de Crédito Agrícola do Banco do contrata funcionários para suprir essa deficiência.
Brasil, nas cidades do interior, pela falta de pessoal O SR. LIMA TEIXEIRA: – ...e mais, que não
habilitado para atender aos inúmeros pedidos de concedia financiamento aos pequenos agricultores,
empréstimos, mesmo quando o Gerente da Agência com base no dispositivo da Carteira de
tem mentalidade, digamos, agrícola. Financiamento Fundiário, por ausência de interêsse
Domingo passado, estive conversando dos mesmos. Acontece, meu caro colega,
com o Gerente do Banco do que o pequeno agricultor, o homem que vive nas
– 343 –

roças, não tem habilitação, para, junto ao Banco, O SR. GASPAR VELLOSO: – Desejo repor,
apresentar requerimento ou fazer solicitações. com a permissão de V. Exa. o meu aparte na
O SR. MENDONÇA CLARK: – Exatamente. situação em que o coloquei. Afirmou V. Exa. que a
Respondo agora ao aparte com que SUMOC, por condenáveis processos que não ignora,
me honrou o nobre Senador Gaspar Velloso, mas não quer revelar à Casa, negou ao Banco do
há pouco. Não foi a falta de capital do Banco do Estado de São Paulo autorização para criar filiais em
Estado de São Paulo que impediu a criação das algumas cidades do Nordeste, necessitadas do
agências, pois êsse estabelecimento bancário crédito que aquêle Banco lhes poderia propiciar, em
estava, no fim do ano passado, com cêrca de trinta e favor da agricultura e das pequenas indústrias
um bilhões de cruzeiros em depósitos. nordestinas. Meu aparte foi interrompido por outros
O SR. NELSON MACULAN: – Permite V. Exa. dos ilustres colegas, Senadores Lima Teixeira e
um aparte? Nelson Maculan, êste já se referindo a outro aspecto
O SR. MENDONÇA CLARK: – Com muito do problema, não abordado no discurso de V. Exa.
prazer Isto é, a atuação da Carteira Agrícola do Banco do
O SR. NELSON MACULAN: – O nobre colega Brasil no financiamento aos produtores e agricultores
senador Lima Teixeira, há pouco, referiu-se à nordestinos. Êste é um aspecto a que o meu aparte
burocracia, que cria grandes dificuldades ao não fêz referência. Pedi a V. Exa, esclarecimento
pequeno produtor. Entretanto, temos a célebre sôbre o que há de condenável na ação da SUMOC,
pignoratícia rural, que facilitaria muito ao pequeno em relação à atuação do Banco do Estado de São
lavrador a obtenção de financiamento. Apesar de Paulo. Os homens que representam o Executivo na
existir há mais de seis anos, infelizmente, até o SUMOC têm responsabilidades enormes na vida
momento, não está em condições de ser aplicada. nacional, movimentam todo o sistema bancário
Se, realmente, houvesse interêsse em dar brasileiro. Se se diz, no Parlamento, que a ação
financiamento ao pequeno produtor, não se dêsses homens é condenável, é preciso que se
registrariam os dados seguintes, segundo as esclareça porque. Os Bancos de atividades privadas
estatísticas de 1958: oitenta e cinco por cento dos – e assim se consideram mesmo os constituídos de
financiamentos da Carteira iam de cem mil cruzeiros capitais de Estados da Federação, tenho a certeza,
a cinco milhões de cruzeiros; quinze por cento, só podem criar agências em função determinada do
acima de cinco milhões. No entanto, oitenta e sete seu capital e do número de agências já existentes.
por cento das importâncias aplicadas em Pergunto a V. Exa., para esclarecimento do Senado,
empréstimos, pertenciam à minoria, enquanto os se os princípios que regulamentam e regulam a
pequenos produtores financiados não constituíam espécie, foram violados pela SUMOC, no caso do
treze por cento do total emprestado. requerimento do Banco do Estado de São Paulo,
O SR. GASPAR VELLOSO: – Permite o nobre pedindo a criação de Agências no Nordeste. V. Exa.
orador um aparte? deve responder a êsse pedido de esclarecimento.
O SR. MENDONÇA CLARK: – Com muito que não é só meu, mas do Senado e da Nação, de
prazer. vez que V Exa. faz acusação gravíssima aos homens
– 344 –

que mobilizam e dirigem todo o sistema bancário trata da vida de vinte milhões de brasileiros, da sua
brasileiro. melhoria de vida, de tudo o que se diz no jornal que
O SR. MENDONÇA CLARK: – Respondo com tenho em mãos – melhoria de vida, acabar com o
a melhor boa vontade ao aparte de V. Exa. Digo que desnível econômico e fazer reuniões e promessas –
êsses homens agiram e agem de modo que eu considero até mesmo criminoso continuar-se a
considero grave com relação à economia do discutir eternamente – e se continuará a discutir,
Nordeste, impedindo a criação de Agências. É muito daqui por diante, se a situação não mudar a partir de
simples: o Banco do Estado de São Paulo tem o 31 de janeiro.
capital de mais de trinta bilhões de cruzeiros, O SR. GASPAR VELLOSO: – Permite V. Exa.
suficiente para abrir Agências e muitas, não só nas outro aparte?
Capitais dos Estados nordestinos, mas também do O SR. MENDONÇA CLARK: – Com todo o
Norte, principalmente em face da última reforma prazer.
Souza Dantas, que para incentivar a criação dessas O SR. GASPAR VELLOSO: – Era o que eu
Agências reduziu o capital para os Estados menos queria ouvir de V. Exa.: se a SUMOC está
providos de crédito da União. De acôrdo com êsse demorando na concessão das Agências solicitadas
raciocínio eu digo que não é da SUMOC pelo Banco do Estado de São Paulo, não é por
pròpriamente mas do Govêrno a responsabilidade. arbítrio dos seus dirigentes...
Um detalhe que considero desfavorável ao O SR MENDONÇA CLARK: – Por arbítrio do
Nordeste, porque se prende a uma parte Senhor Ministro da Fazenda e do Govêrno Federal,
técnica: exigia-se do Banco do Estado de São enfim de quem faz a política.
Paulo, para abrir qualquer agência no Nordeste, O SR. GASPAR VELLOSO: – Não é arbítrio
que depositasse na Caixa Econômica ou no do Senhor Ministro da Fazenda, é apenas o
Banco do Brasil, a importância de um milhão de cumprimento de leis e de regulamentos que
cruzeiros. E adiantou-se que enquanto não fôsse disciplinam a espécie. E assim, a quem V. Exa. havia
cumprida essa exigência, de acôrdo com os de atacar no caso?
regulamentos ou leis o Banco não poderia mais abrir Não seria aos homens que aplicam,
Agências no Nordeste. Então, um Banco que tem rigorosamente, as leis votadas em benefício do
trinta bilhões de cruzeiros e que queira favorecer o Poder Público...
Nordeste, abrindo Agências, financiando a cinco ou O SR. MENDONÇA CLARK: – Do Poder
mais anos, de maneira a permitir ao Nordeste Público?
condições melhores de vida, fica um ou dois anos O SR. GASPAR VELLOSO: – Do Poder
discutindo detalhes técnicos, quanto ao emprêgo de Público. E vou explicar por que. Sabe V. Exa., e não
um milhão de cruzeiros? No entanto, quantas pode ignorá-lo, como industrial e comerciante que é,
agências de Bancos particulares, e agências o que foi, há cinco ou seis anos, e sobretudo que de
particulares são abertas no Estado de São Paulo? resultados nefastos trouxe à Nação, a criação
Sòmente em São Paulo, em determinada ocasião indiscriminada de bancos e agências por todo o
foram criadas dez Agências bancárias. País...
Assim, nobre Senador Gaspar O SR. MENDONÇA CLARK: – Está
Velloso, considero que, quando se V. Exa. confundindo o Banco
– 345 –

do Estado de são Paulo com outros nários da SUMOC são homens altamente
estabelecimentos particulares que andam por ai, qualificados, mas apenas altos funcionários. Nada
verdadeiros tamboretes. mandam. É um órgão dirigido pelo Govêrno, E o
O SR. GASPAR VELLOSO: – ...e que se Govêrno tem traçada sua política, que evita, que
entregaram a tôda sorte de negociatas. Mui, bancos, como o do Estado de São Paulo, venham a
justamente, se viu a SUMOC obrigada a pedir essas auxiliar, efetivamente, ao amazonense, ao paraense,
Leis e êsses Regulamentos exatamente contra êsses ao maranhense, ao piauiense, enfim, financiar
bancos, contra os quais V. Exa. se rebela. produção a longo prazo porque não existe no
O SR. MENDONÇA CLARK: – O Banco do Nordeste, a não ser no Norte, quem ofereça
Estado de São Paulo é um estabelecimento bancário financiamentos a longo prazo. Quando muito, vão a
que goza de alto conceito no País. seis, oito ou dez meses, e olhe lá!
O SR. GASPAR VELLOSO: – Não ponho em O SR. GASPAR VELLOSO: – Estou de pleno
dúvida a idoneidade do Banco do Estado de São acôrdo com V. Exa., no desenrolar do discurso que,
Paulo. Nem se trata do Banco do Estado de São tão brilhantemente, está pronunciando nesta Casa,
Paulo, neste instante, trata-se, apenas, de não se em defesa da econômia da Região Setentrional.
poder denegrir a honorabilidade dos homens que Estou satisfeito, também, porque meu aparte teve o
dirigem a SUMOC, porque estão aplicando condão de repor as coisas no seu legítimo lugar.
justamente aquelas Leis e aquêles Regulamentos ou Continuará V. Exa. a defender seu ponto de vista,
fazendo essas exigências. Queria neste aparte, louvável e regional, em relação ao Nordeste.
apenas – e Vossa Excelência me esculpe – salientar Continuará V. Exa. defendendo que se modifiquem
que ao lado da ação nobilitante de V. Exa. ao as Leis e os Regulamentos que disciplinam a
defender os interêsses do Nordeste, mercê das suas espécie. E afirmou – aqui reside a grande virtude do
mais caras necessidades, não se conspurcasse a aparte que tive a honra de apresentar a V. Exa. –
honra de brasileiros ilustrês que ùnicamente que não fazia referências desairosas aos homens
cumprem o seu dever. que dirigem a SUMOC.
O SR. MENDONÇA CLARK: – Está V. Exa. O SR. MENDONÇA CLARK: –
indo muito adiante. Não falei da honorabilidade de Absolutamente. Equivocou-se V. Exa. ao ouvir
quem quer que fôsse. minhas palavras. Eu disse, apenas, que os métodos,
O SR. GASPAR VELLOSO: – Se os êstes sim, eram condenáveis. Não me referi à
processos são condenáveis... honestidade ou não de quem os pratica. Condenava
O SR. MENDONÇA CLARK: – São o fato de, para o Nordeste que precisa de auxílio,
condenáveis pela falta de compreensão da negar-se êsse apoio, pois na verdade, quando se
necessidade de se permitir a instalação dêsses quer auxiliá-lo de fato, invocam-se Leis e
bancos no Nordeste, para o financiamento de sua Regulamentos que impedem êsse auxílio. Quer
produção. Não se trata da falta de honestidade. dizer, não há facilidades.
Ninguém pôs dinheiro no bôlso; ninguém fêz O SR. GASPAR VELLOSO: – Se Vossa
qualquer negócio escabroso. Os funcio- Excelência nos tivesse dado estas
– 346 –

explicações ao empregar o têrmo "condenável, agora O SR. GASPAR VELLOSO: – Permita V. Exa.
acrescentado àquelas palavras, eu não teria tido a mais um aparte para esclarecimento. Não sei se
honra e o prazer de aparteá-lol estou certo, mas pelo discurso de V. Exa.
O SR. MENDONÇA CLARK: – Poderia, compreendo que o exigido do Banco do Estado de
também, a esta altura, nada acrescentar à palavra São Paulo, é o depósito no Banco do Brasil daquela
condenável, sòmente para ter o prazer de continuar parcela a que os Bancos estão obrigados, sôbre o
a ouvir Vossa Excelência. excesso dos depósitos.
O SR. GASPAR VELLOSO: – Muito obrigado. O SR. MENDONÇA CLARK: – De modo
O SR. MENDONÇA CLARK: – O nobre algum; sôbre isso o Banco do Estado de São Paulo
colega, entretanto, foi maldoso comigo, quando quis está inteiramente a coberto.
interpretar a palavra "condenável", procurando me O SR. GASPAR VELLOSO: – Se fôr isso, a
intrigar ou pretendendo dizer que eu houvesse SUMOC está certa, porque êsses depósitos no
inquinado de desonestidade aos homens que dirigem Banco do Brasil têm caráter anti-inflacionário. V.
a SUMOC. Exa., como homem do comércio e da indústria não o
O SR. GASPAR VELLOSO: – Não, ignora.
absolutamente! Dei a V. Exa., como seu amigo, ex- O SR. MENDONÇA CLARK: – Mais uma vez
correligionário e companheiro de Escola Superior de V. Exa. está supondo.
Guerra, a oportunidade de explicar o que queria O SR. GASPAR VELLOSO: – Só posso
dizer, para evitar que outros, maldosamente, êstes supor, porque V. Exa. não afirma nada.
sim, interpretassem mal as palavras de Vossa O SR. MENDONÇA CLARK: – Mais uma vez
Excelência. V. Exa. está querendo criar caso com o Banco do
O SR. MENDONÇA CLARK: – Diante das Estado de São Paulo e justificar porque o Nordeste
palavras de V. Exa. só tenho a agradecer-lhe a até agora não recebe ajuda do Banco do Brasil, V.
intervenção, pois permitiu ficasse suficientemente Exa. que é homem inteligente e muito capaz...
explicado o motivo do seu aparte e a minha intenção. O SR. GASPAR VELLOSO: – Obrigado a
Continuando, Sr. Presidente, vamos ver que, sem Vossa Excelência.
quebra das Leis e dos Regulamentos vigentes, sem O SR. MENDONÇA CLARK: – está, na
quebra de qualquer favor pessoal ao Nordeste, mudada função de Vice-Líder querendo defender uma causa
nossa situação federal, o Banco do Estado de São indefensável, de uma situação que felizmente temos
Paulo, já agora com recomendações do Ciclo de poucos dias para suportar, de modo que estou
Estudos do Centro XXI de Agôsto, vai se difundir pelo feliz com o aparte de V. Exa. pela demonstração que
Nordeste, para efetivamente propiciar financiamento à dá, de defesa árdua de uma coisa que não tem
produção e ao seu escoamento para o Sul, beneficiando defesa.
aos consumidores de outra forma incapazes de adquirir Sr. Presidente, Senhores Senadores, diz o
o excesso de produção do Nordeste. artigo e dizem as resoluções que à SUDENE deve ser
– 347 –

dado amplo e restrito apoio porque é dirigida cabotagem, de armazenagem, de estiva etc. que
por um homem capaz e possui um Conselho multiplicam as capatazias de vinte ou trinta vêzes,
do qual fazem parte os Governadores de Estado e onerando a navegação, não teremos circulação da
representantes de Ministérios. Sabe V. Exa. que riqueza e, portanto, produção barata no Brasil.
no meu Estado, por exemplo, no Plano Diretor E se viermos a aumentar a produção ao nível
da SUDENE, o representante do Governador que precisamos, para reduzir o custo de vida, para
abriu mão, sem luta – pelo menos que seja do têrmos divisas no exterior, veremos nossas estradas
meu conhecimento – da construção do Pôrto coalhadas de caminhões, consumindo produtos de
de Luiz Corrêa! Imagine V. Exa. que o Piauí, em petróleo que, temos certeza, não encontraremos em
1880, trocou dois de seus municípios importantes nosso subsolo em quantidade suficiente para atender
com o Ceará por uma faixa de cinqüenta ao crescimento da demanda de combustível.
quilômetros de areia, simplesmente para ter litoral, Precisamos ter portos e navegação
para receber mercadorias pela via mais barata aparelhados, e por isso não concordo em que se
do mundo que é a marítima, para poder escoar queira dar a impressão de que o que a SUDENE
seus principais produtos e, inclusive os do norte resolver fazer, mesmo com o beneplácito dos
do Estado de Goiás, e de certa parte do governadores de Estado, deve merecer a
Maranhão. concordância dos representantes no Senado e na
Pois bem, o representante do Governador do Câmara.
Piauí aceitou considerar o Pôrto de Luís Corrêa Não quero com isso dizer que muitos pontos
como secundário! de vista constantes do plano da SUDENE não sejam
Diz a recomendação que devemos aceitar o justos e aceitáveis. Insubordino-me, porém, contra a
Plano diretor como está formulado, sem discussão, tentativa de se criar superministério com o nome de
porque o representante do meu Estado faz parte do SUDENE, para agir no Nordeste.
Conselho da SUDENE. Com êstes comentários, faço votos para que o
Estou pronto a reconhecer – digo e repito – a resultado das conferências do Ciclo de Estudos
SUDENE como órgão de planejamento, como órgão sôbre a Integração do Nordeste, realizado em São
coordenador, mas não como superministério, que Paulo, constitua o princípio de uma política mais
nos tira, a nós, representantes dos Estados, o direito compreensiva para com o Nordeste; mas advirto os
de divergir da opinião do Governador do Estado homens de boa fé do Estado bandeirante para o fato
participante do Conselho, em defesa de outros de que, na prática, a situação do Norte e Nordeste é
pontos de vista, e nos obriga a abandonar uma velha muito diferente das teorias de gabinetes paulistanos.
aspiração piauiense. Não podemos divergir nem Os homens que vivem no Nordeste são
mesmo do Diretor da SUDENE ou de qualquer outro obrigados a enfrentar situações locais que não estão
elemento técnico. nos livros nem nos tratados.
Sr. Presidente, enquanto não organizarmos O SR. PRESIDENTE (fazendo
a navegação marítima na imensa soar os tímpanos): – Pondero ao nobre Senador
costa que possuímos, enquanto não tivermos a Mendonça Clark que estão inscritos vários
coragem de enfrentar as leis trabalhistas de oradores para comunicações de natureza ur-
– 348 –

gente. Estando esgotado o seu tempo, a Presidência sejo de demonstrar que o trecho da BR-5,
concede a V. Exa. mais alguns minutos para terminar entre Campos e a divisa do Espírito Santo,
suas considerações. na localidade de Santa Cruz, está totalmente
O SR. MENDONÇA CLARK: – Atenderei ao abandonado, depois do serviço de
apelo de V. Exa., Sr. Presidente. terraplenagem que o D. N. E. R. fêz, cumprindo
Os homens de São Paulo e outros que para lá as diretrizes do Govêrno e atendendo aos
foram devem compreender que os problemas reclamos de todos aquêles que residem na região
regionais nos Estados nordestinos devem ser que abastece o Estado da Guanabara.
resolvidos tendo em vista a situação dos homens, Percorri, agora, a BR-31, entre Vitória
mulheres e crianças que nêles vivem. Procurem e Marechal Floriano, tendo a alegria de verificar
solucionar o problema humano dessas populações e que a empreiteira cumpriu o contrato firmado
não se esqueçam de que, em primeiro lugar, com o D. N. E. R., atendendo ao trecho mais
devemos valorizar o homem, garantindo-lhe a difícil das rodovias construídas pelo atual
sobrevivência, para depois, ou simultâneamente se Govêrno, entre Viana e Venda Nova, que
possível implantar a indústria e aumentar mais constitui o trecho mais caro das estradas
rapidamente a sua riqueza. Nunca olvidar, repito, o construídas no Brasil, dada a ocorrência
elemento homem que, a meu ver, é o único que de acidentes geográficos, dificuldades inúmeras,
realmente vale e precisa ser cuidado no Brasil. como rochas transpostas pelos empreiteiros
(Muito bem; Muito bem; Palmas). em vários cortes, onerando o custo da
O SR. PRESIDENTE: – Continua a hora do obra, atendendo todavia a uma região que
Expediente. beneficiará não só o Estado do Espírito Santo, como
Tem a palavra o nobre Senador Jefferson de os Estados do Rio de Janeiro, Guanabara e Minas
Aguiar. Gerais.
O SR. JEFFERSON DE AGUIAR (*): – Sr. A BR-31 é uma estrada que cortará o
Presidente, desejo fazer breve exposição a respeito Espírito Santo pela parte central, atravessando
de obras rodoviárias que estão sendo construídas no todo o Estado e atingindo Minas Gerais nas
Estado do Espírito Santo, depois de pequeno zonas de Manhuaçu e de Manhumirim, indo
percurso que fiz e de rápida estada na unidade da a Belo Horizonte e dirigindo-se para Mato
Federação que tenho a honra de representar no Grosso. Essa estrada será entregue pronta
Senado Federal. quanto ao serviço de terraplenagem no próximo
Fiz várias criticas ao Departamento Nacional dia 1º de fevereiro, nos trechos de Vitória,
de Estradas de Rodagem a respeito da morosidade Viana e Marechal Floriano – talvez o mais difícil,
das obras rodoviárias no Estado do Espírito Santo, e permitindo, em conseqüência, que o futuro Govêrno
alguns elogios às atividades ali desenvolvidas pelo atenda à conclusão da obra em breve prazo e
mesmo órgão governamental. consigne no Orçamento da União uma verba
Numa das minhas últimas destinada ao asfaltamento dêsse trecho bem como
exposições ao Senado Federal, tive en- em outro na região de Cachoeiro do Itapemirim e
Guaçuí, atingindo Minas Gerais na região de
_________________ Carangola.
(*) – Não foi revisto pelo orador. O SR. AFONSO ARINOS: – Muito bem.
– 349 –

O SR. JEFFERSON DE AGUIAR: – Assim, ferência da palavra. (Muito bem, muito bem).
será beneficiado o Estado do Espírito Santo em uma O SR. PRESIDENTE: – Tem a palavra o nobre
rica região que esperamos será atendida pelo Senador Moura Andrade
Govêrno futuro como o foi pelo atual, região que O SR. MOURA ANDRADE (*): – Verifiquei,
abastecerá todo o sul do País com gêneros de na Ordem do Dia de hoje, a Inexistência, entre
primeira necessidade, colaborando para a redução as matérias capituladas, do parecer da Comissão
do custo de vida. de Finanças sôbre a Mensagem nº 41, cuja votação
Tramita, na Câmara; dos Deputados, já com se processou ontem e que hoje deveria constar em
pareceres favoráveis, projeto de lei abrindo o crédito continuação da votação
de cinco bilhões de cruzeiros para a conclusão dessa Nos têrmos dos Artigos 177 e 178 do
estrada e construção de outras, que atingirão as Regimento Interno, peço o pronunciamento de V.
regiões de Colatina, São Francisco e parte de Exa. sôbre a matéria.
Governador Valladares, e outra de Linhares e Nova O SR. PRESIDENTE: – A Mesa,
Venécia, atingindo a região de Teófilo Ottoni; seria embora reconhecendo certa a procedência
assim atendida uma região que faria o da reclamação de V. Exa., não pode atendê-la
engrandecimento do Estado do Espírito Santo em de pronto. Entretanto, promete fazer incluir
beneficio de tôda a coletividade que reside naquele em próxima Ordem do Dia a matéria a que V. Exa.
Estado, e no de Minas Gerais, numa colaboração se refere.
eficiente para o fortalecimento dos elos fraternais O SR. MOURA ANDRADE: – Muito obrigado
que devem unir os dois Estados da Federação, e em a Vossa Excelência.
conseqüência eliminando as divergências que O SR. PRESIDENTE: – Tem a palavra o nobre
resultam de questões lindeiras. Senador Saulo Ramos.
Louvo, portanto, o Departamento Nacional de O SR. SAULO RAMOS (*): – Sr. Presidente,
Estradas de Rodagem e o Empreiteiro que está há tempos ocupei a tribuna para denunciar a eclosão
executando o trecho difícil da BR-31, atendendo aos de nôvo surto da peste suína, oghicólera em Brasília
interêsses regionais e nacionais, em prol do bem- e teci, na ocasião, considerações rememorando os
estar da coletividade brasileira. grandes prejuízos causados por essa moléstia
Consignando êste elogio, solicito, também, o infecto-contagiosa produzida por um vírus infiltrável
asfaltamento dos trechos já concluídos da BR-5, com que, em 1948, arrasou a suinocultora nacional,
relação ao norte do Estado desde que atingida a paralisando a indústria frigorífica do País. No meu
região do Paraná e aproximando Linhares da divisa Estado, onde a suinocultura é a mais modelar, a
do Estado da Bahia. Espero que o Govêrno futuro mais moderna e ampla, os rebanhos suínos são
conclua essas estradas de valor não só econômico criados de modo intensivo e extensivo e os
como estratégico, para atender objetivo tantas vêzes frigoríficos de Santa Catarina os transportava por via
retardado, como disse muitas vêzes, não obstante aérea, para abastecer os grandes centros nacionais
determinar a lei o regime de prioridade para a consumidores.
construção dessas BR.
Era o que tinha a dizer, Sr. _________________
Presidente, agradecendo à Mesa a de- (*) – Não foi revisto pelo orador.
– 350 –

Com a paralisação da indústria frigorífica, lia brasileira. (Muito bem! muito bem)!
os prejuízos foram incalculáveis e a O SR. PRESIDENTE: – Sôbre a mesa
banha importada, alimento essencial para o povo requerimento que vai ser lido
brasileiro, adquiriu naquela época, elevadíssimo E lido e deferido o seguinte:
preço.
Apesar do pronunciamento que fiz REQUERIMENTO
desta tribuna e as críticas ao Ministério da Nº 44, DE 1961
Agricultura, através dos seus técnicos,
nenhuma providência, em relação à eclosão da Solicito a V. Exa. providências no sentido de
oghicólera em Brasília, foi tomada, nem serem retirados os meus pedidos de informações
mesmo a vacinação ou importação de vacina constantes dos Requerimentos na, 374, 464, 466,
foi feita para combate aos focos da moléstia, 467 e 503, todos de 1960, os quais, até a data
os rebanhos de Brasília foram totalmente presente, não foram respondidos.
arrasados e o mal está atingindo não só ao Senado Federal, em 26 de Janeiro de 1961 –
Estado de Goiás mas vários outros da Federação. João Villasbôas.
O simples comunicado que fiz desta tribuna, O SR. PRESIDENTE: – A Mesa tomará as
apelando para que os podêres públicos necessárias providências.
organizassem barreiras sanitárias interestaduais e Passa-se à:
municipais, fêz com que os homens da
produção rural, diretores de cooperativas, homens ORDEM DO DIA
da indústria me dirigissem telegramas e ofícios,
solicitando que, junto às autoridades constituídas, Discussão única do Projeto de Lei da Câmara
providenciasse a distribuição em larga nº 11, de 1960 (número 1.822, de 1956, na Câmara)
escala de vacinas, para evitar os mesmos prejuízos que concede a Aurora Braga da Silva pensão
causados por essa moléstia em 1948. especial de Cr$ 3.000,00 mensais, tendo Pareceres
Sr. Presidente, estamos no fim do favoráveis, sob ns, 12 e 13, de 1961, das Comissões
atual Govêrno. Resta-me apenas, em atendimento de Constituição e Justiça e de Finanças.
aos pedidos que me foram dirigidos,
formular veemente apêlo às autoridades federais, O SR. PRESIDENTE: – Em discussão. Não
estaduais e municipais, para que adotem havendo quem faça uso da palavra, encerro a
as providências sanitárias e profiláticas discussão.
cabíveis, principalmente a vacinação obrigatória Em votação. Os Srs. Senadores que o
e intensiva de todo o rebanho nacional. aprovam, queiram permanecer sentados. (Pausa).
Só dessa maneira poderemos evitar Aprovado. O projeto vai à sanção.
catástrofe idêntica à de 1948, que causou E o seguinte:
prejuízos extraordinários à suinocultra
nacional. PROJETO DE LEI DA CÂMARA
Se, neste momento as autoridades Nº 17, DE 1960
se mantiverem indiferentes, a situação do País
será agravada. A banha é elemento essencial (Nº 1.822-C, de 1956, na Câmara dos Deputados)
na mesa do povo brasileiro, dêste povo que
ora suporta os efeitos de terrível inflação, causa Concede a Aurora Braga da Silva pensão
principal dos desajustamentos no seio da famí-. especial de Cr$ 3.000,00.
– 351 –

O Congresso Nacional decreta: O Congresso Nacional decreta:


Art. 1º É concedida pensão especial mensal Art. 1º É autorizado o Poder Executivo a abrir,
de Cr$ 3.000,00 (três mil cruzeiros) a Aurora Braga pelo Ministério da Educação e Cultura, o crédito
da Silva, viúva de Godofredo Bastos da Silva, ex- especial de Cr$ 3.000.000,00 (três milhões de
agente de terceira classe da Estrada de Ferro cruzeiros), destinado a auxiliar a Prefeitura Municipal
Central do Brasil. de Russas, nas comemorações do 1º centenário de
Art. 2º A pensão correrá à conta da dotação fundação dêsse município, no Estado do Ceará,
orçamentária do Ministério da Fazenda destinada transcorrido a 6 de agôsto de 1959.
aos pensionistas da União. Art. 2º Esta lei entrará em vigor na data de sua
Art. 3º Esta lei entrará em vigor na data de publicação, revogadas as disposições em contrário.
sua publicação, revogadas as disposições em
contrário. Discussão única do Projeto de Lei da Câmara nº
51, de 1960 (nº 3.670, de 1958, na Câmara) que cria
Discussão única do Projeto de Lei da Câmara uma Coletoria Federal no Município de Vicência,
nº 43, de 1960 (nº 4.708, de 1958, na Câmara) que Estado de Pernambuco e dá outras providências, tendo
autoriza o Poder Executivo a abrir, pelo Ministério Pareceres favoráveis, sob ns. 15 e 16, de 1961, das
da Educação e Cultura, o crédito especial de Comissões de Constituição e Justiça e de Finanças.
Cruzeiros 3.000.000,00 para ocorrer às despesas
com as comemorações do I Centenário de O SR. PRESIDENTE: – Em discussão. Na
Fundação do Município de Russas, tendo Parecer falta de quem use da palavra, encerro a discussão.
favorável sob nº 14, de 1961, da Comissão de Em votação. Os Srs. Senadores que o
Finanças. aprovam, queiram permanecer sentados. (Pausa).
Aprovado. O projeto vai à sanção.
O SR. PRESIDENTE: Em discussão. Não É o seguinte:
havendo quem faça uso da palavra, encerro a
discussão. PROJETO DE LEI DA CÂMARA
Em votação. Os Srs. Senadores que o Nº 51, DE 1960
aprovam, queiram permanecer sentados. (Pausa).
Aprovado. O projeto vai à sanção. (Nº 3.670-S, de 1958, na Câmara)
É o seguinte:
Cria uma Coletoria Federal no município de
PROJETO DE LEI DA CÂMARA Vicência, Estado de Pernambuco e dá outras
Nº 43, DE 1960 providências.

(Nº 4.708-B, de 1958, na Câmara dos Deputados). O Congresso Nacional decreta:


Art. 1º É criada uma Coletoria Federal no
Autoriza o Poder Executivo a abrir o crédito município de Vicência, Estado de Pernambuco.
especial de Cr$ 3.000.000,00 para ocorrer às Art 2º O Ministério da Fazenda proverá a
despesas com as comemorações do I Centenário de referida Coletoria Federal com o pessoal
Fundação do Município de Russas. indispensável à execução de seus trabalhos.
– 352 –

Art. 3º Para atender às despesas de custeio e cias para que o Senhor Presidente da República
investimentos, decorrentes da execução desta lei, remetesse ao Congresso Nacional a Mensagem que
fica o Poder Executivo autorizado a abrir o crédito acompanhou o projeto ora em debate, em
especial de Cruzeiros 333.000,00 (trezentos e trinta decorrência de interêsses relevantes, atinentes à
e três mil cruzeiros) assim discriminado: adoção da medida legislativa a ser aprovada pelo
Custeio: Senado, em última instância.
Cr$ Quando da criação das Faculdades de Direito,
Material de Consumo e de de Engenharia, de Odontologia e Farmácia do
transformação ...................................... 10.000,00 Espírito Santo, e, recentemente, da de Medicina, os
Material Permanente ........................... 180.000,00 jovens do meu Estado verificaram que mais se
Serviços de Terceiros .......................... 70.000,00 poderia fazer pelo ensino e cultura dos
Encargos Diversos .............................. 3.000,00 esperitossantenses, com a criação e a instalação de
Investimentos: nossa Universidade, medida já adotada pelo
Equipamentos e instalações ............... 70.000,00 Govêrno Federal com relação a várias unidades da
Federação Brasileira.
Art. 4º Esta lei entrará em vigor na data de sua Daí o interêsse de todos aquêles que
publicação, revogadas as disposições em contrário. representam o Espírito Santo em tôrno da
proposição, que virá atender aos reclamos de
Discussão única do Projeto de Lei da Câmara quantos necessitam do ensino a ser ministrado pela
nº 22, de 1961 (número 2.566, de 1961, na Câmara) futura Universidade.
que cria a Universidade do Espírito Santo e dá outras Será, portanto, medida de interêsse geral,
providências (incluído em Ordem do Dia em virtude cuja iniciativa coube ao Govêrno do Presidente
de dispensa de interstício, concedida na sessão Juscelino Kubitschek, e que virá beneficiar um
anterior, a requerimento dos Senhores Senadores Estado da Federação que contribui para o progresso
Ary Vianna e Jefferson de Aguiar), tendo parecer nacional com grande contingente de esfôrço e
favorável das Comissões de Educação e Cultura; de trabalho.
Serviço Público Civil e de Finanças. Sr. Presidente, em nome da representação
do meu Estado no Senado Federal, dirijo a todos
O SR. PRESIDENTE: – Em discussão os ilustres companheiros cordial agradecimento
O SR. JEFFERSON DE AGUIAR: – Peço a pela próxima aprovação dêste projeto,
palavra, Sr. Presidente. transmitindo-lhes também os sentimentos de
O SR. PRESIDENTE: – Tem a palavra o nobre gratidão do povo espiritossantense, extensivos ao
Senador. Senhor Presidente da República e ao meu grande
O SR. JEFFERSON DE AGUIAR (*): – Senhor amigo. Dr. Clóvis Salgado. (Muito bem! Muito
Presidente, o Govêrno do Espírito Santo e a bem!)
representação federal de meu Estado, na Câmara dos O SR. PRESIDENTE: – Continua a discussão.
Deputados e no Senado, adotaram tôdas as providên- (Pausa).
Nenhum outro Senhor Senador desejando
__________________ discutir a matéria, encerro a discussão.
(*) – Não foi revisto pelo orador. Em votação o projeto.
– 353 –

Os Senhores Senadores que o aprovam, § 1º As Faculdades e Escolas, mencionadas


queiram permanecer sentados. (Pausa). neste artigo passam a denominar-se,
Está aprovado. respectivamente: Faculdade de Direito, Escola
O projeto vai à sanção. Politécnica, Faculdade de Ciências Econômicas,
É o seguinte: Escola de Belas Artes, Faculdade de Odontologia,
Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras, Faculdade
PROJETO DE LEI DA CÂMARA de Medicina da Universidade do Espírito Santo e
Nº 22, DE 1961 Escola de Educação Física.
§ 2º A agregação à U. E. S. de outro curso ou
Cria a Universidade do Espírito Santo e dá de outro estabelecimento de ensino depende de
outras providências. parecer favorável do Conselho Universitário e de
deliberação do Govêrno Federal, e assim a
Art. 1º É criada a Universidade do Espírito desagregação.
Santo (U. E. S.), com sede em Vitória, Capital do Art. 3º O patrimônio da U.E.S. será formado
Estado do Espírito Santo, e integrada no Ministério pelos:
da Educação e Cultura – Diretoria do Ensino a) bens, móveis e imóveis, e instalações ora
Superior, incluída na categoria constante do item I, utilizados pelos estabelecimentos, aludidos no artigo
do artigo 3º, da Lei nº 1.254, de 4 dezembro de anterior e que lhe serão transferidos nos têrmos
1950. desta lei;
Parágrafo único. A U. E. S. terá personalidade b) bens e direitos que adquirir ou que lhe
jurídica e gozará de autonomia didática, financeira, sejam transferidos, na forma da lei;
administrativa e disciplinar, na forma da lei. c) legados e doações legalmente, aceitos; e
Art. 2º A U. E. S. compor-se-á dos seguintes d) saldos da receita própria e dos recursos
estabelecimentos de ensino: orçamentários, ou outros que lhe forem destinados.
a) Faculdade de Direito do Espírito Santo (Lei Parágrafo único. A aplicação dos saldos
nº 1.254, de 4 de dezembro de 1950); referidos na alínea d dêste artigo depende de
b) Escola Politécnica do Espírito Santo deliberação do Conselho Universitário e sòmente
(Decreto nº 40.544, de 11 de dezembro de 1956); poderá sê-lo em bens patrimoniais ou em
c) Faculdade de Ciências Econômicas do equipamentos, instalações e pesquisas, vedada
Espírito Santo (Decreto número 34.795, de 22 de qualquer alienação sem expressa autorização do
maio de 1958); Presidente da República.
d) Escola de Belas Artes do Espírito Santo Art. 4º Os recursos para manutenção e
(Decreto nº 40.065, de 3 de outubro de 1956); desenvolvimento dos serviços provirão das dotações
e) Faculdade de Odontologia do Espírito orçamentárias que lhes forem atribuídas pela União;
Santo (Decreto nº 31.866, de 28 de novembro de das rendas patrimoniais; da receita de taxas
1952); escolares; de retribuição de atividades remuneradas
f) Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras do de laboratórios; de doações, auxílios, subvenções e
Espírito Santo (Decreto nº 39.815, de 20 de agôsto eventuais.
de 1956); e Parágrafo único. A receita e a despesa
g) Faculdade de Medicina do Espírito Santo. da U. E. S. constarão de seu orçamento;
h) Escola de Educação Física, criada pela Lei e a comprovação dos gastos se fará nos
nº 89, de 24-9-36. têrmos da legislação vigente, obrigados todos
– 354 –

os depósitos em espécie no Banco do Brasil S. A., tes cargos de Professor Catedrático: 28 (vinte e oito)
cabendo ao Reitor a movimentação das contas. para a Escola Politécnica (EPUES-DESU), 23 (vinte
Art. 5º Independentemente de qualquer e três) para a Faculdade de Ciências Econômicas
indenização, serão incorporados ao patrimônio (FCE-UESDESU); 24 (vinte e quatro) para a Escola
nacional, mediante escrituras públicas, todos os bens, de Belas Artes (EBA-UESDESU); 17 (dezessete)
móveis e imóveis, e direitos ora na posse ou utilizados para a Faculdade de Odontologia (FO-UESDESU);
pelas Faculdades e Escolas referidas no art. 2º. 18 (dezoito para a Faculdade de Medicina (EM-
Parágrafo único. Para a transferência dos UESDESU) e 16 (dezesseis) para a Escola de
bens mencionados neste artigo é assegurado o Educação Física (EEF-UESDESU).
prazo de 180 (cento e oitenta) dias. Art. 9º O provimento dos cargos de professor e
Art. 6º É assegurado o aproveitamento do auxiliares, para a Faculdade de Medicina, se fará à
pessoal administrativo e auxiliar técnico dos medida da progressão dos cursos.
estabelecimentos mencionados no art. 2º em quadro Art. 10. São criados, no Quadro Permanente
extraordinário, a ser aprovado pelo Poder Executivo, do Ministério da Educação e Cultura, 26 (vinte
não podendo os seus vencimentos exceder aos das e seis) funções gratificadas, sendo 7 (sete)
atividades correspondentes no serviço público de Diretor, 8 (oito) de Secretário e 8 (oito) de Chefe
federal. de Portaria, distribuídas igualmente pelos
§ 1º Os professôres das Faculdades e estabelecimentos federalizados por esta lei e pela
Escolas, referidos no art. 2º, não admitidos em Reitoria, e com os valores fixados nos têrmos
caráter efetivo, na forma da legislação federal, do artigo 12 da Lei nº 3.780, de 12 de julho de
poderão ser aproveitados como interinos. 1960.
§ 2º Para o cumprimento do disposto neste Art. 11. Para o cumprimento das disposições
artigo, a administração das Faculdades e Escolas de desta lei é autorizada a abertura, pelo Ministério
que se trata apresentarão à Diretoria do Ensino da Educação e Cultura, para a UES, do crédito
Superior relação nominal, acompanhada do currículo especial de Cruzeiros 148.318.000,00 (cento e
de seus professôres e servidores, especificando a quarenta e oito milhões, trezentos e dezoito mil
forma de investidura, a natureza de serviço que cruzeiros) sendo Cr$ 128.526.000,00 (cento e
desempenham, a data de admissão e a vinte oito milhões, quinhentos e vinte e seis mil
remuneração. cruzeiros) para pessoal permanente; Cr$
§ 3º A expedição dos atos de nomeação 8.592.000,00 (oito milhões, quinhentos e noventa e
decorrentes desta lei é condicionada ao registro, no dois mil cruzeiros) para funções gratificadas; Cr$
Tribunal de Contas, das escrituras previstas no art. 5º. 10.000.000,00 (dez milhões de cruzeiros) para
Art. 7º Para a execução do que determina o material e Cruzeiros 1.200.000,00 (um milhão e
art. 1º, é criado, no Quadro Permanente do Ministério duzentos mil cruzeiros) para despesas de
da Educação e Cultura, um cargo de Reitor padrão instalação.
2-C. Art. 12. O provimento efetivo dos
Art. 8º para a execução do disposto cargos criados pelo art. 8º se fará por meio
no art. 2º, são criados no Quadro Permanente de concurso de títulos e de provas, realizados
do Ministério da Educação e Cultura, os seguin- em estabelecimento congênere federal, a
– 355 –

ser designado pela Diretoria do Ensino Superior, a Antes de encerrar a sessão, convoco os Srs.
esta cabendo a publicação dos editais dentro do Senadores para uma sessão extraordinária hoje, às
prazo de três anos, a contar do primeiro provimento 21 horas, com a seguinte:
interino e até que a Congregação disponha de base
legal para a realização dêsse ato. ORDEM DO DIA
Art. 13. Para provimento, em caráter interino,
de cátedras de novos cursos que forem instalados 1 – Discussão única do Projeto de Resolução
em qualquer escola integrante da Universidade, só nº 60, de 1960, que suspende a execução da letra d
poderão ser contratados docentes livres, ou do art. 2º do Decreto nº 457, de 22 de janeiro de
Professôres Catedráticos das mesmas disciplinas ou 1950, do Estado de Pernambuco, julgado
disciplinas afins. inconstitucional pelo Supremo Tribunal Federal
Art. 14. O Estatuto da U. E. S., que obedecerá (Projeto apresentado pela Comissão de Constituição
à orientação dos das Universidades federais, e Justiça em seu Parecer nº 470, de 1960).
será expedido pelo Poder Executivo, dentro do prazo 2 – Discussão única do Projeto de Resolução
de 120 (cento e vinte) dias, a partir da data nº 61, de 1960, que suspende a execução da Lei nº
do atendimento do disposto no parágrafo 3º do 1.027, de 11 de dezembro de 1953, do Estado do
art. 6º. Rio Grande do Norte, julgada inconstitucional pelo
Art. 15. Esta lei entrará em vigor na data de Supremo Tribunal Federal (Projeto apresentado pela
sua publicação, revogadas as disposições em Comissão de Constituição e Justiça em seu Parecer
contrário. nº 471, de 1960).
Está esgotada a matéria constante da Ordem Está encerrada a sessão.
do Dia. Levanta-se a sessão às 16 horas e 15 minutos.
21ª SESSÃO DA 2ª SESSÃO LEGISLATIVA, EXTRAORDINÁRIA, DA 4ª LEGISLATURA, EM 27 DE
JANEIRO DE 1961

(EXTRAORDINÁRIA)

PRESIDÊNCIA DO SENHOR CUNHA MELLO

Às 21 horas, acham-se presentes os Srs. O Sr. Mathias Olympio, Primeiro Suplente,


Senadores: servindo de Segundo Secretário, procede à leitura da
Cunha Mello. Ata da sessão anterior, que é aprovada sem
Vivaldo Lima.
debates.
Sebastião Archer.
Mendonça Clark. O Sr. Novaes Filho, 4º Secretário, servindo de
Mathias Olympio. 1º Secretário, lê o seguinte.
Menezes Pimentel.
Dix-Huit Rosado. EXPEDIENTE
Argemiro de Figueiredo.
Ruy Carneiro. PARECERES
Novaes Filho.
Jarbas Maranhão. NS. 48, 49, 50 E 51, DE 1961
Antônio Baltar.
Silvestre Péricles. PARECER
Lourival Fontes. Nº 48, DE 1961
Heribaldo Vieira.
Lima Teixeira. Da Comissão de Finanças, sôbre o Projeto de
Aloysio de Carvalho.
Lei da Câmara número 19, de 1961 (Nº 2.521-60 na
Ary Vianna.
Jefferson de Aguiar. Câmara), que autoriza o Poder Executivo a abrir, ao
Caiado de Castro. Poder Judiciário – Tribunal Federal de Recursos – o
Afonso Arinos. crédito especial de Cr$ 86.286.924,00, para atender
Nogueira da Gama. às despesas de qualquer natureza com a
Moura Andrade. transferência do pessoal daquele Tribunal para
Pedro Ludovico.
Brasília.
Filinto Müller.
Alô Guimarães.
Gaspar Velloso. Relator: Sr. Ary Vianna.
Nelson Maculan. O presente projeto, de autoria da
Saulo Ramos. ilustrada Comissão de Orçamento e Fiscalização
Irineu Bornhausen. Financeira da Câmara dos Deputados, funda-se
Guido Mondim. – (31). na Mensagem nº 22, de 18 de outubro de 1960,
O SR. PRESIDENTE: – A lista de presença
acusa o comparecimento de 31 Srs. Senadores. do Presidente do Egrégio Tribunal Federal
Havendo número legal, declaro aberta a de Recursos e tem por objetivo a abertura
sessão. do crédito especial de Cr$ 86.236.924,00
Vai ser lida a Ata. para atender às despesas de qualquer na-
– 357 –

tureza com a transferência dessa Côrte de Justiça Comissão está, examinando, o pessoal da Rêde
para Brasília. incorporado à Rêde Ferroviária Federal S.A. passará
Trata-se de despesas devidamente a ter tôdas as vantagens e direitos assegurados aos
discriminadas e, pela sua destinação, inadiáveis, demais ferroviários brasileiros, já pertencentes a esta
razão por que nada temos a opor à aprovação do última entidade.
projeto. Para fazer face às despesas resultantes dessa
Sala das Comissões, em 27 de janeiro de situação, o Projeto autoriza o Poder Executivo a
1961. – Gaspar Velloso, Presidente. – Ary Vianna, abrir, pelo Ministério da Viação e Obras Públicas, um
Relator. – Vivaldo Lima. – Menezes Pimentel. – Dix- crédito especial até o limite de um bilhão de
Huit Rosado. – Saulo Ramos. – Caiado de Castro. – cruzeiros (Cr$ 1.000.000.000,00) a ser registrado
Guido Mondim. – Mem de Sá. automàticamente pelo Tribunal de Contas com
posterior distribuição ao Tesouro Nacional.
PARECER Tratando-se, como se trata, de aprovação de
Nº 49, DE 1961 ato firmado pela União, com base em contratos que
facultavam as medidas postas em prática pelos
Da Comissão de Transportes, Comunicações Podêres Públicos, Federal e Estadual, esta
e Obras Públicas, sôbre o Projeto de Lei da Câmara Comissão de Transportes, Comunicações e Obras
nº 20, de 1961 (Projeto de Lei nº 1.055-59, na Públicas é de parecer que o projeto deve ser
Câmara dos Deputados) que aprova o Têrmo de aprovado.
Acôrdo firmado entre o Govêrno Federal e o Estado Sala das Comissões, em 27 de janeiro de
do Rio Grande do Sul, sôbre as condições de 1961. – Francisco Gallotti, Presidente. – Eugênio
reversão da Viação Férrea do Rio Grande do Sul à Barros, Relator. – Ary Vianna.
União.
PARECER
Relator: Sr. Eugênio Barros. Nº 50, DE 1961
O presente projeto, originário do Poder
Executivo, aprova o Têrmo do Acôrdo firmado entre Da Comissão de Serviço Público Civil, sôbre o
o Govêrno Federal e o Estado do Rio Grande do Sul, Projeto de Lei da Câmara nº 20, de 1961 (na Câmara
sôbre as condições de efetivação da reversão à nº 1.055, de 1959).
União Federal, da Viação Férrea do Rio Grande do
Sul. Relator: Sr. Mem de Sá.
Essa medida decorreu da rescisão por parte O presente projeto, oriundo do Poder
do Estado do Rio Grande do Sul do contrato de Executivo e que está devidamente justificado na
arrendamento da Rêde, firmado em 17 de agôsto de Exposição de Motivos do Sr. Ministro da Viação que
1960, bem como de seu têrmo aditivo. acompanha a Mensagem enviada ao Congresso,
O Estado usando da opção que lhe aprova o têrmo de Acôrdo firmado entre o Govêrno
assegurava o art. 12 da Lei nº 2.217, de 5 de junho Federal e o Estado do Rio Grande do Sul, sôbre as
de 1954, resolveu a rescisão em ato de 16 de condições de reversão da Viação Férrea do Rio
setembro de 1957, por motivos julgados Grande do Sul.
ponderáveis. II. Sôbre o mérito da Proposição já se
Pelo Têrmo de Acôrdo, de cuja pronunciou, aliás favoràvelmente, a Comissão de
aprovação trata o projeto que esta Transportes, Comunicações e Obras Públicas, e,
– 358 –

quanto ao seu aspecto financeiro, falará a de todos os direitos e vantagens assegurados aos
Finanças. ferroviários do País incorporados à Rêde Ferroviária
III. A parte que nos cumpre examinar está no S. A., ficam extensivos aos servidores públicos
parágrafo único do artigo 1º, pelo qual se manda ferroviários do Rio Grande do Sul.
estender aos servidores públicas ferroviários do Rio Para atender às despesas resultantes da
Grande do Sul todos os direitos e vantagens
execução desta lei no presente exercício, determina,
assegurados aos demais ferroviários brasileiros
ainda a proposição, que o Poder Executivo fica
incorporados à Rêde Ferroviária S. A., inclusive os
novos níveis salariais e abono-família fixados na Lei autorizado a abrir o crédito especial até o limite de
3.826, de 23 de novembro de 1960, desde que um bilhão de cruzeiros, o qual será automàticamente
superiores aos vigentes na Viação Férrea do Rio registrado pelo Tribunal de Contas e distribuído ao
Grande do Sul. Tesouro Nacional.
A providência, como se verifica, é justa e Como é sabido, o mencionado Têrmo de
perfeitamente cabível, pois revertendo a ferrovia à Acôrdo foi assinado entre o Govêrno Federal e o
União, claro é que os seus servidores devem ficar na Estado do Rio Grande do Sul com a interveniência
mesma situação dos demais, da Rêde Ferroviária S. A. da Rêde Ferroviária Federal S. A.
IV. Ante o exposto, somos pela aprovação do O Govêrno daquele Estado, por ato de 16 de
projeto. setembro de 1957, usando da opção que lhe
Sala das Comissões, em 27 de janeiro de assegurou o art. 12 da Lei nº 2.217, de 5 de junho de
1961. – Jarbas Maranhão, Presidente. – Mem de Sá,
1954, declarou rescindido o contrato de
Relator. – Ary Vianna. – Caiado de Castro. – Guido
arrendamento de 17 de agôsto de 1950 a que se
Mondim. – Nelson Maculan.
refere o Têrmo de Acôrdo.
PARECER Como a cláusula XXII do Têrmo de Acôrdo,
Nº 51, DE 1961 lavrado "ad referendum" dos podêres legislativos
da União e do Estado do Rio Grande do Sul,
Da Comissão de Finanças sôbre o Projeto de determina que o mesmo entrará em vigor na data
Lei da Câmara nº 20, de 1961 (nº 1.055-59, na da publicação da Lei Federal que o aprovar, o
Câmara). Chefe do Govêrno encaminhou o projeto de lei em
aprêço, como providência indispensável à sua
Relator: Sr. Dix-Huit Rosado. aprovação.
O presente projeto de lei, de iniciativa do O projeto decorre de imperativo legal e as
Poder Executivo, visa a aprovar o "Têrmo de Acôrdo medidas financeiras contidas no seu art. 2º são
sôbre as condições de reversão à União Federal da
imprescindíveis ao seu cumprimento.
viação Férrea do Rio Grande do Sul e da liquidação
Nestas condições, a Comissão de Finanças é
dos direitos e obrigações resultantes do contrato de
arrendamento de 17 de agôsto de 1950 e seu pela aprovação do presente projeto.
aditivo", firmado em 22 de maio de 1959 entre o Sala das Comissões, em 27 de janeiro de 1961
Govêrno Federal e o Estado do Rio Grande do Sul. – Gaspar Velloso, Presidente. – Dix-Huit Rosado,
Em decorrência desta medida, estabelece o Relator. – Vivaldo Lima. – Menezes Pimentel. – Irineu
projeto, como providência de ordem administrativa, que Bornhausen. – Saulo Ramos. – Ary Vianna. –
– 359 –

Caiado de Castro. – Guido Mondim. ceira a que, da outra vez, fiz referência. Por êsses
O SR. PRESIDENTE: – Está finda a leitura do números observa-se em quanto um crescimento
Expediente. de 5% capitalizado, ou seja, acumulado ou
Tem a palavra o nobre Senador Antônio composto, para usar a linguagem da matemática
Baltar, orador inscrito. elementar, dobra um capital inicial, duplica-o em
O SR. ANTÔNIO BALTAR (*): – Senhor 15 anos, a 8% que seria a taxa de crescimento do
Presidente e Srs. Senadores, ocupei, há dias, a produto nacional bruto, se conseguíssemos reduzir
tribuna desta Casa, para me referir à interpretação da metade os 6% que o Sr. Roberto Campos declara
que dão à atual conjuntura econômica brasileira ser o montante da remessa para o estrangeiro. Essa
aquêles economistas já tantas vêzes aqui citados, duplicação da renda nacional se verificaria em 9
que não sòmente repudiam as idéias daquela anos.
corrente que se convencionou chamar de Vêem V. Exas. como se faria uma economia
nacionalista, mas a essas idéias se opõem, com de seis anos para atingir os mesmos objetivos
veemência prática e teórica ou doutrinária. econômicos. Em outros têrmos: nós, que temos
Naquele momento, conforme declarei, não atualmente uma renda nacional per capita da ordem
tinha em mãos, para comentar precisamente, um de 260 dólares por ano, poderíamos atingir o dôbro,
artigo do ilustre Sr. Roberto de Oliveira Campos, que isto é, 520 dólares por ano, que já nos colocaria
é um dos economistas desta corrente; não tinha em numa categoria diferente do ponto de vista do
mãos, repito, dados numéricos, aos quais me referi desenvolvimento econômico, em 9 anos, ao invés de
de memória, criticando a tese de sua Excelência, de 15.
que uma remessa de lucros "royalties" e juros para o O SR. GUIDO MONDIM: – Renda ainda
estrangeiro, da ordem de seis por cento, não era
considerada de miséria, porque até 500 dólares per
significativa e podia muito bem ser tolerada pela
capita é renda de País subdesenvolvido.
economia nacional.
O SR. ANTÔNIO BALTAR: – Perfeitamente,
Referi-me, então, à diferença do andamento
mas já estaríamos com uma renda de 520 dólares
substancial que se obteria no progresso da renda
per capita, superando a ínfima situação em que nos
nacional se se conseguisse para argumentar, reduzir
encontramos face aos demais países do mundo, do
da metade, por uma legislação menos liberal do que
ponto de vista econômico.
a que temos no momento, essa remessa da parte
substancial da renda nacional, que vai acrescer a Sabemos que a renda nacional, no Brasil,
economia e a riqueza de outros países. é mal distribuída. Ela se concentra em benefício
Desejo agora, Sr. Presidente, Senhores de determinadas categorias sociais com uma
Senadores, reportar-me, com mais pormenores a essa falta de eqüidade ainda maior do que a que ocorre
diferença de andamento no progresso da economia em países mais desenvolvidos se compararmos,
brasileira, se conseguíssemos êsse resultado. por exemplo, a parcela referente a salários.
Tenho em mãos, agora, números Veremos que a escala de salários no Brasil,
das tabelas de matemática finan- como aliás nos países subdesenvolvidos em
geral, comporta entre menor e maior salário
__________________ conhecido, um múltiplo extremamente mais
(*) – Não foi revisto pelo orador. elevado que no Brasil, de 20 a 22; e países como
– 360 –

a Suécia, de alto desenvolvimento social, o salário do capital estrangeiro em que ainda nos
pago é 7 vêzes maior do que o menor salário que se encontramos, não podem ser encaradas com tal
recebe. simplicidade. Versou nesse sentido, aliás, o aparte
Sabendo, digo eu, como mais dispersa é a que me ofereceu – com muita honra para mim – o
distribuição da renda nacional, em países nobre Senador Mem de Sá. Sei que temos e teremos
subdesenvolvidos, verifica-se que a possibilidade de ainda, por muito tempo, necessidade de um afluxo
acelerar a multiplicação da renda nacional é algo substancial de capital estrangeiro, para que
extremamente substancial, porque significa, para possamos desenvolver nossa economia, uma vez
imensas camadas da população sair dos níveis infra- que nossas possibilidades de exportação, nas atuais
humanos de existência em que ainda hoje vegetam, conjunturas dos diferentes mercados com os quais
para níveis onde, pelo menos, as necessidades temos relações, não nos permitem volume anual de
humanas essenciais, são atendidas: alimentação divisas suficiente para importarmos os crescentes de
adequada e suficiente, roupa... bens de capital de que necessitamos para
O SR. GUIDO MONDIM: – Teto. desenvolver nossa economia.
O SR. ANTÔNIO BALTAR: – ...instrução, ao Na noite de hoje, o que desejo salientar é que
menos primária, fatôres ínfimos que as consciências não devemos, ao menos, Ideològicamente,
bem formadas admitem devam estar presentes na doutrinàriamente, do ponto de vista estritamente
vida de cada homem sem exceção, para triplicar a econômico, fixar-nos demasiado nessas perspectivas
renda nacional e assim atingirmos a níveis mais ou idéias, de que sòmente à custa de importação de
afastados daqueles a que muito bem se referia há capital estrangeiro poderemos aumentar nossos
pouco o nobre Senador Guido Mondim, considerados bens de capital.
de miséria. Nas duas hipóteses formuladas, os O SR. MEM DE SÁ: – Permite Vossa
períodos seriam de vinte e três e quinze anos; quer Excelência um aparte?
dizer, aí já se faria uma economia de oito anos e, O SR. ANTÔNIO BALTAR: – Com muito
atingiríamos os mesmos resultados, quase uma prazer.
dezena de anos antes que na hipótese do O SR. MEM DE SÁ: – Provàvelmente.
crescimento atual. V. Exa. conhece o depoimento prestado, pelo
Mas, Sr. Presidente e Senhores Senadores, economista Osório de Almeida, perante a Comissão
como muito bem salientou em aparte ao meu último de Economia da Câmara dos Deputados.
discurso, o nobre Senador Mem de Sá, trata-se Na ocasião, apresentou um depoimento muito
apenas de uma hipótese abstrata, teórica, puramente curioso, porque baseado em estatísticas financeiras,
financeira, que se destina, apenas, a documentar, sôbre as possibilidades do desenvolvimento, através
com números a afirmativa de que não é desprezível do incremento de exportações. Mostrava
a remessa de seis por cento anuais do produto do precisamente através da correlação entre renda,
trabalho da economia brasileira para o estrangeiro, a importação e exportação, os tetos que o Brasil
título de juros, royalties e lucros. deveria atingir, aumentando sua exportação
Sei muito bem – seria imperdoável que não o para obter êsse resultado, sem necessidade
soubesse – que as relações internacionais, ou dependência do afluxo de capitais estrangeiros.
sobretudo quanto a situação de necessidade É, aliás, o caminho de outros povos, como
– 361 –

os da Nova Zelândia e da Austrália. ter adotarmos política que balanceie nossas


O SR. ANTÔNIO BALTAR: – Vossa necessidades futuras, dentro de um programa
Excelência antecipou uma das fases do meu tecnológico no qual temos de acreditar, sob pena de
discurso. não acreditarmos no Brasil. Se, ao contrário
O SR. MEM DE SÁ: – Então, peço perdão a seguirmos a política que chamo de descuidada, para
Vossa Excelência. não empregar expressão mais forte, não
O SR. ANTÔNIO BALTAR: – Não! com muito defenderemos, na realidade, os interêsses nacionais,
prazer para mim porque o fêz não só com a clareza muito embora estejamos usando dessa autêntica e
que lhe é habitual, como documentou o depoimento de legítima válvula de exportação.
Osório de Almeida, realmente um notável economista. É para êsse problema que nós, nacionalistas,
O SR. MEM DE SÁ: – E que o fêz com temos os olhos bem abertos e queremos que
documentação magnífica! também os tenham os brasileiros de boa-fé, mesmo
O SR. ANTÔNIO BALTAR: – É, realmente, os que não se filiam à nossa corrente.
uma possibilidade que se abre a qualquer povo O SR. MEM DE SÁ: – A defesa do mineral
subdesenvolvido de crescer seu capital social e, por estratégico deve ser constante, a bem da segurança
conseqüência, aumentar os meios de produção e daí nacional.
conseguir alta constante e segura do produto O SR. ANTÔNIO BALTAR: – V. Exa. tem tôda
nacional; aumentar o fluxo de exportação, através do a razão e, a êsse respeito, as Fôrças Armadas já
qual pode, em contra-partida, receber maior volume tomaram, através do Conselho de Segurança
de bens importados. Nessa importação, porém, deve Nacional, a posição defensiva mais definida possível.
ser feita a mais rigorosa seleção, estabelecendo-se Podemos, assim, embora a curto prazo, estar
critério de prioridade que assegure, realmente, tranqüilos muito embora o problema seja
aumento de capital sem que se importem, permanente. Se pudéssemos exportar e, ao mesmo
necessàriamente, bens de consumo. A importação tempo, ainda que através de firmas estrangeiras,
assim realizada será uma das válvulas, através da trouxéssemos para o Brasil grandes equipamentos
qual a economia se expandirá. de exploração em vez de largarmos tôdas essas
Cumpre-nos, porém, o cuidado de ponderar riquezas nas mãos dos estrangeiros, êsses
uma circunstância: seria muito fácil ao Brasil probleminhas econômicos aparentemente estariam
estabelecer política de exportação, digamos, resolvidos. Aumentaríamos, substancialmente, o
descuidada, sem se prevenir contra determinados volume de exportação, importaríamos bens de
interêsses de grandes combinações financeiras capital e entraríamos em fase de desafôgo.
internacionais, contrários aos nossos. Dessa forma, Entretanto – e êsse é o ponto final e central das
alcançaríamos resultado deplorável para o Brasil, do palavras que quero pronunciar, na noite de hoje – há
ponto de vista econômico. um terceiro fator, tão importanto quanto os
Refiro-me, Sr. Presidente, a determinadas demais, que permite pensar no desenvolvimento
riquezas, sobretudo as minerais, como o econômico, a partir do capital existente, sem
manganês e o tório, em relação às quais é mis- necessidade, pràticamente, de novos investimentos e
– 362 –

sem que fiquemos proibidos de considerar também rários a elas ligados num programa de trabalho mais
os outros passíveis elementos de desenvolvimento, intenso, de maior rendimento, teríamos aumento
como a exportação e o aumento da produtividade. substancial do produto nacional naquela região.
Refiro-me – e já uma vez abordei o assunto no Por exemplo, se uma pequena oficina
Senado – ao aproveitamento dos fatôres ociosos da mecânica atualmente instalada na cidade de São
nossa economia. Temos, na realidade, um capital já Paulo, possuísse uma fresa, um tôrno ou u'a
investido no País em bens de capital, isto é, em máquina de furar que trabalhassem duas ou três
máquinas e terras, em condições de serem horas por semana – nas pequenas oficinas
aproveitadas, não faltando a essas condições de mecânicas, cada uma dessas máquinas só é usada
aproveitamento, ligação ferroviária e rodoviária ou de poucas horas, quando os reparos em que são
outra natureza, com os centros de consumo, mão- especìficamente empregados exigem sua utilização,
de-obra subutilizada e subempregada; em suma, quase sempre alternadamente – se essa oficina
fatôres econômicos ociosos, dignos de serem mecânica fôsse dada como indústria de autopeças
considerados. Acredito que um programa de trabalho bem organizada, cobrindo a totalidade das
para êsses equipamentos, peças e terras hoje total necessidades da região, com um programa de
ou parcialmente improdutivos, representariam – não trabalho permanente; se essa fresa, êsse tôrno e
é possível duvidar – aumento substancial sensível, essa máquina de furar, trabalhassem, digamos,
direi mesmo formidável, da renda nacional, através quatro horas por dia, fora do programa da emprêsa,
do produto nacional, sem que fôssem necessários em outro programa produtivo, teríamos produção de
grandes investimentos novos. alta valia e, se devidamente orientada, de alto nível
Citei aqui uma vez, de passagem, apenas para técnico; tudo isso, sem necessidade de qualquer
exemplificar, a indústria mecânica do Sul do País – nôvo investimento.
São Paulo, Paraná, Santa Catarina e mesmo Rio É apenas um exemplo, que poderia ser
Grande do Sul – assim considerando não o que está somado à utilização da terra. Falamos todos em
organizado sob forma de emprêsas que trabalham Reforma Agrária, sempre com o objetivo de produzir
como indústrias mecânicas, mas a soma de tôdas as mais. Há tratos e tratos de terra, quilômetros
máquinas operatrizes que existem já montadas, em quadrados e hectares que nada produzem devido à
condições de funcionar, no Sul do País. estrutura obsoleta da propriedade, nesse setor.
Se compararmos a produtividade ou a O SR. MEM DE SÁ: – Já aí tornam-se
produção máxima nominal dessas máquinas com necessários grandes Investimentos.
sua produção real, nas mãos dos seus proprietários O SR. ANTÔNIO BALTAR: – Ia fazer a
ou das indústrias que as possuam, verificaremos que ressalva, demonstrando embora que êsse investimento
há uma distância quase infinita entre as duas seria muito menor do que se fôssemos pagar a terra
produções. por especulação, atribuindo-lhe valor de acôrdo com a
A simples consideração dêsse fato relação que é o índice usado pelo economista.
mostra que, sem qualquer investimento nôvo, se Essa, aliás, é a condição de
fôsse possível organizar essas máquinas e os ope- qualquer país subdesenvolvido, e se há
– 363 –

vantagem na condição de subdesenvolvido, em da sua linha de produção – pouco importa – dentro de


relação ao país desenvolvido, a vantagem é essa. É um planejamento global adequado, tenho esperanças
possível, assim, com investimento relativamente de que nos próximos anos o Brasil poderá estruturar
pequeno, promover substanciais aumentos de muito melhor a sua economia, alcançar índices de
produção. produtividade muito mais elevados e melhores sem o
O SR. MEM DE SÁ: – Permite V. Exa. outro afluxo proporcional de capitais estrangeiros, através,
aparte? sobretudo, de uma exportação racionalmente
O SR. ANTÔNIO BALTAR: – Pois não. organizada e de um aproveitamento dos fatôres
O SR. MEM DE SÁ: – Êsses assuntos são ociosos. Poderá a economia brasileira dar nos
fascinantes, e V. Exa. sabe-o melhor do que eu. próximos anos passos gigantescos no sentido de sua
Também não ignora o nobre colega o resultado do definitiva consolidação, com a principal conseqüência
inquérito feito na indústria têxtil, através do qual se que todos almejamos: o aumento da renda nacional a
verifica, em abono da tese que ora sustenta, que um ritmo muito mais acelerado que o crescimento da
sem nenhum investimento nôvo, só através de população brasileira, que se faz na ordem de dois e
processos racionais, se poderia aumentar a meio por cento ao ano, de tal sorte que a
produtividade em cêrca de 30%. Aqui, porém, disponibilidade de bens e de serviços em cada período
interfere fator muito curioso: a proteção demasiada atual da nossa história econômica, disponibilidade
que se dá à indústria nacional e que pode operar efetiva e que alcança tôdas as camadas da população
condições às vêzes anti-econômicas, em detrimento e não importa numa redistribuição da renda nacional,
do consumidor, perturbando o ideal da produtividade. tudo isso documentará aquilo que no sentido mais
O SR. ANTÔNIO BALTAR: – Agradeço o rigoroso da expressão se chama progresso e
aparte de V. Exa., como sempre esclarecedor, e, desenvolvimento econômico. (Muito bem, muito bem).
para minha felicidade, quase que invariàvelmente de O SR. PRESIDENTE: – Sôbre a mesa
acôrdo com as modestas palavras que vinha requerimento que vai ser lido.
pronunciando. É lido e aprovado o seguinte:
Sr. Presidente, resumindo o pensamento
que quis desenvolver na noite de hoje, admito que REQUERIMENTO
nos próximos anos da história brasileira se se tirar, Nº 45, DE 1961
convenientemente partido de certos investimentos
realizados nos últimas dez ou quinze anos; Na forma prevista no art. 212, letra "g",
se se organizar um programa de produção que do Regimento Interno, requeiro que o Senado
passe um pouco por cima das fronteiras da não funcione nos dias 30 e 31 do corrente mês –
propriedade privada, estabelecendo não digo no primeiro a fim de possibilitar a preparação
obrigatòriamente, porque o regime não o permite, do Palácio do Congresso para as solenidades de
mas sugerindo programas de trabalho às indústrias, posse do Presidente e do Vice-Presidente da
que trarão altos investimentos, e à pequena República eleitos para o qüinqüênio de 1961 a 1966
produção, às vêzes programas de trabalho de fora e no segundo em vista da coincidência de hora com
– 364 –

algumas das cerimônias a que os Srs. Senadores O SR. ARGEMIRO DE FIGUEIREDO (*): – Sr.
devem comparecer. Presidente, estava inscrito para falar na sessão da
Sala das sessões, em 27 de janeiro de 1961. – próxima segunda-feira. Acabo, entretanto, de ser
Moura Andrade. surpreendido com a notícia de que mediante a
O SR. PRESIDENTE: – Está finda a hora do votação última feita, não teremos mais sessão
expediente. durante o período governamental do Sr. Juscelino
Passa-se à: Kubitschek, de modo que, elaborado como estava o
meu discurso, pôsto que sem uma revisão mais
ORDEM DO DIA séria, aproveito a oportunidade para dar, como
brasileiro e como nordestino, minhas impressões
Discussão única do Projeto de Resolução nº
sinceras e leais em tôrno do Govêrno que vai
60, de 1960, que suspende a execução da letra d do
encerrar seu mandato.
art. 2º do Decreto nº 457, de 22 de janeiro de 1950,
do Estado de Pernambuco, julgado inconstitucional Sr. Presidente, inscrito para falar, menos
pelo Supremo Tribunal Federal (projeto apresentado para inspirar debates em tôrno de um govêrno que
pela Comissão de Constituição e Justiça em seu se extingue, do que para pronunciar um discurso
Parecer nº 470, de 1960). de despedidas – Escrevi as minhas palavras –
Elas poderão ecoar frias e serenas como o são,
O SR. PRESIDENTE: – Em discussão. Não em geral, as que saem dos trabalhos pensados de
havendo quem faça uso da palavra, encerro a gabinete. – Mas, caíram de minha pena tonificadas
discussão. na emoção mais profunda e sincera de um sentido
Por falta de número, o projeto não será pôsto patriotismo. – Sou um homem de temperamento
em votação. esquivo e desconfiado – Sempre senti algo de
embaraço ao subir à altura onde militam e
Discussão única do Projeto de Resolução nº comandam os poderosos – Não sei se complexo
61, de 1960, que suspende a execução da Lei nº de inferioridade ou consciência segura de minha
1.027, de 11 de dezembro de 1953, do Estado do própria desvalia.
Rio Grande do Norte, julgada inconstitucional pelo O SR. MEM DE SÁ: – Não apoiado.
Supremo Tribunal Federal (Projeto apresentado pela O SR. ARGEMIRO DE FIGUEIREDO: –
Comissão de Constituição e Justiça em seu Parecer Durante dois anos ocupei a liderança de um
nº 471, de 1960).
partido; e acredito que menos de seis vêzes
encontrei-me com o atual Chefe do Estado para
Em discussão. Não havendo quem faça uso
da palavra, encerro a discussão. formular pedidos ou encaminhar reivindicações. Mas,
Por falta de número, deixo de submeter o nunca perdi o contacto com a sua obra
projeto à votação. governamental – Acompanhei-a, sentindo-a no seu
Esgotada a Ordem do Dia. conteúdo e na sua substância – Agora pràticamente,
O SR. ARGEMIRO DE FIGUEIREDO: – Peço essa tarefa se extingue – Amanhã as portas do Pa-
a palavra, Sr. Presidente.
O SR. PRESIDENTE: – Tem a palavra o nobre __________________
Senador Argemiro de Figueiredo. (*) – Não foi revisto pelo orador.
– 365 –

lácio estarão abertas aos que entram e aos que as emissões do papel moeda; elevou-se o nível de
saem – Os que entram na justificada eufória dos que vida; as lamentações, as queixas, a revolta,
ocupam a praça ao som das trombetas da Vitória – emergiam de tôda parte, e tudo indicava que uma
Empolgados pela grandeza dos postos e pela desordem econômica e financeira sem par conduziria
nobilitante missão de conduzir os destinos de um a nação às garras de uma catástrofe administrativa.
grande povo – Os que saem – desgastadas nas Era, entretanto, a eclosão de uma era revolucionária
energias do corpo, envelhecidos, enrugados, – O chefe do Estado quebrava a rotina e imprimia
sacudindo da roupa o pó de uma caminhada longa e novos métodos à administração – Deixava a
fecunda – Não lhes posso bem interpretar o estado tranqüilidade do gabinete presidencial e voava dia e
d'alma – Se há nêles a sensação dos que se libertam noite pelos Estados e pelos municípios, despertando
das canseiras de um grande trabalho, glorificados energias adormecidas e sentindo de perto o palpitar
pela consciência do dever cumprido; ou se há nêles dos grandes problemas nacionais – No Rio, a capital
a sensação de saudade e estoicismo dos que da República, incrustada entre as serras e o mar,
deixaram inacabada a tarefa dignificante do vivendo uma civilização litorânea envelhecida e
soerguimento da pátria. ociosa, sofrendo os males dos excessos
– Para mim, Sr. Presidente, encerra o populacionais; no centro e no oeste terras desérticas
mandato um govêrno que foi o maior da República, gritando pela assistência fecunda dos homens; no ar,
ao lado de Getúlio Vargas. na terra e no mar, a precariedade das comunicações;
O SR. LIMA TEIXEIRA: – Não apoiado. nas fronteiras, as incursões do contrabando e a
O SR. ARGEMIRO DE FIGUEIREDO: – influência crescente do comércio estrangeiro; o
Tenho saudade e pena em vê-lo concluir-se. E peço nordeste, açoitado pelas sêcas, começando a
a Deus que o que vai entrar iguale-o ou o exceda na desesperar, clamando pelas barragens redentoras,
vitalização do espírito nôvo que domina o Brasil e na de onde nascessem os canais de irrigação,
soma de realizações objetivas – A História, Senhor fertilizando grandes áreas de terras ressequidas; as
Presidente, há de julgar com serenidade e justiça o importações consumindo as divisas; a indústria
govêrno que hoje termina. As paixões irão ceder às escassa e rotineira; o petróleo, cobiçado, a exigir
reflexões patrìóticas – Nesta Casa, ninguém terá a uma política intensiva em busca da auto-suficiência;
noite inquieta dos pesadelos – Os que o defenderam a energia elétrica, precária, impondo rápida
e os que o criticaram. Todos, acertando ou errando, expansão. Que fazer, Sr. Presidente? Que fazer
sentem a deliciosa tranqüilidade dos que cumpriram o govêrno de uma nação pobre, para solução de
o dever. tantos problemas vitais? Escravizar-se à rotina
Não me arrependo de tê-lo criticado e menos para não agravar o desequilíbrio orçamentário? Pedir
de tê-lo defendido – Conclui-se a missão de um ajuda às nações estrangeiras beneficiadas e
govêrno singular, revolucionário e criador. Todos nós enriquecidas com a nossa pobreza. Cruzar os
sentimos, de comêço, alguma coisa estranha. braços ou suprimir despesas para valorizar a
Agravou-se o desequilíbrio orçamentário, moeda? Fugir às emissões, para manter fidelidade
secular na vida administrativa às regras clássicas da Ciência das Finanças?
dêste País; sucederam-se Deixar as populações nordestinas extinguirem-se
– 366 –

pela fome e pela sêde? Desassistir. os brasileiros do País e ao enriquecimento do nosso parque agrícola e
Centro, do Norte e do Sul, na emergência das pastoril. Ainda agora, inaugura-se a barragem do
calamidades? Deixar os problemas mais gritantes de Orós, orgulho da engenharia nacional e sonho
nossa ordem econômica sem solução? Consentir secular do povo cearense – às suas margens, de
estrangular-se no coração da mocidade o anseio por muitos quilômetros, e à sua jusante, com uma área
uma pátria vigorosa e forte? Abster-se ao ideal de 2.500 hectares irrigáveis, a fartura perene dará o
nacionalista, quando até as nações mais incultas do bem-estar e a felicidade a milhares de famílias
mundo derramam o sangue nas ruas, nas cidades e sertanejas. A barragem de Três Marias, só ela com
nos campos, na conquista de sua libertação mais de vinte bilhões de metros cúbicos de água
econômica? Que fazer, Sr. Presidente, progredir e represada, bastaria também para consagrar um
salvar, impondo sacrifício, suor e sangue, ou morrer govêrno. As suas utilidades econômicas não
na estagnação dos povos estiolados em suas repousam apenas na indústria da pesca; visam,
energias morais? O govêrno rompeu a rotina e sobretudo, a produção de energia elétrica, para
atirou-se à luta galvanizando o espírito nacional; atendimento ao imperativo da industrialização
mobilizou os recursos externos que lhe estavam às nacional. Promoverão ainda o incremento da
mãos, e com os próprios valores morais e materiais produção agrícola de vários Estados, pelo processo
da Nação realizou o que aí está, para ser visto e de irrigação de suas terras. Que direi, Sr. Presidente,
sentido; o milagre de uma nação pobre extraindo de sôbre a barragem de Furnas, a gigantesca obra em
suas próprias dificuldades as linhas mestras de sua andamento, que terá uma capacidade geradora de
grandeza imortal – Ninguém conseguirá mais deter 10 milhões de cavalos, mais do dôbro da atual
os avanços do espírito nacionalista e a política de capacidade instalada existente no Brasil? Quem, Sr.
renovação de métodos administrativos que se Presidente, poderá negar o sentido econômico e
inaugurou neste país. reprodutivo dessas obras, que constituem
As emissões realmente vultosas, impuseram assombrosos milagres de administração? Benditas
ingentes sacrifícios ao povo, mas, a estruturação as emissões que se inverteram em tão fecundas
econômica desta nação está feita, nas obras realizações. Emitir para produzir é criar riquezas.
reprodutivas que pontilham todos os setores da pátria – Ninguém nega que o inflacionismo é um dos grandes
Brasília fêz a integração geográfica, social e econômica males do papel moeda. Mas, não parece possível,
do País – A ela estão hoje ligadas as mais longínquas recusar a verdade de que a criação, mesmo
regiões do Brasil através de rodovias, quase imoderada de dinheiro, destinado à estruturação
inacreditáveis, no ângulo de sua extensão – Brasília- econômica de uma nação e à intensificação de suas
Acre, Brasília-Belém e Minas-Brasília, qualquer delas, fôrças de produção, traz, em si mesma, o
Sr. Presidente, marcaria, indelèvelmente, a passagem privilégio de valorizar o meio circulante e anular
de um homem público pela chefia do govêrno – os eventuais malefícios da inflação. As contingências
O sentido econômico dessas obras não escapa da vida moderna, o complexo ajustamento
à visão de ninguém – Igual é o mérito das das classes sociais, os anseios de progresso e a
grandes barragens destinadas à expansão da busca da felicidade, que é o ideal supremo dos
energia elétrica; ao incremento industrial do homens e dos povos, quebraram muito a valia
– 367 –

das regras clássicas da Ciência das Finanças e gustiosa da fome e da sêde, eu apresento desta tribuna
conduziram os estadistas a dar prioridade à solução ao cidadão Juscelino Kubitschek, as nossas
dos problemas econômicos. despedidas e o testemunho do nosso reconhecimento
Assim fêz a Rússia com os seus planos profundo – E peço a Deus que ilumine o espírito do
qüinqüenais; assim entenderam Roosevelt e Truman, govêrno que se inaugura e lhe dê fôrças para
nos Estados Unidos; assim se fêz na Austrália, completar a obra majestosa que aí está, bem plantada
sob a influência dos ideais de Keynes. No Canadá, no coração e no espírito da mocidade, que espera de
na França, na Suíça, na Inglaterra, na Suécia, nós a estruturação de uma pátria livre, feliz e forte.
o mesmo rumo foi seguido – Todos os povos Era o que tinha a dizer. (Muito bem! Muito
do mundo moderno deram sangue, suor e lágrimas bem! Palmas).
para organizar a sua economia nacional. Foi essa O SR. PRESIDENTE: – Não há mais oradores
a revolução desencadeada neste país, que estava inscritos.
na contingência de permanecer escravo ou Vou encerrar a sessão. Antes de fazê-lo, designo
libertar-se com o imenso sacrifício dos seus próprios para a próxima, na quarta-feira vindoura, a seguinte:
recursos. É essa revolução que está em marcha;
em marcha, que ninguém poderá deter. – Sinto, Sr. ORDEM DO DIA
Presidente, o dever de patriota de prestar
essa homenagem singela ao homem que 1 – Continuação da votação, em discussão
deixará amanhã a chefia do Estado – Êle foi um única, do Parecer da Comissão de Finanças sôbre a
estadista singular – Singular foi a obra do seu Mensagem nº 41, pela qual o Sr. Presidente da
govêrno – Sua trajetória governamental constituiu o República submete ao Senado a escolha do Sr. João
rumo luminoso de um obstinado – Lutou sem Kubitschek de Figueiredo para o cargo de Ministro do
canseiras, sem preservar a saúde, como um louco Tribunal de Contas.
divino, para atingir às metas do bem público que 2 – Votação, em discussão única, do Projeto de
idealizou – Errou, e deve ter errado muito, mas, errou Resolução nº 60, de 1960, que suspende a execução
pensando em servir à Nação. da letra d do art. 2º do Decreto nº 457, de 22 de
Os nordestinos jamais esqueceram o nome de janeiro de 1950, do Estado de Pernambuco, julgado
Getúlio Vargas, o pioneiro do ideal nacionalista neste inconstitucional pelo Supremo Tribunal Federal
País; o desbravador dessa política de emancipação (Projeto apresentado pela Comissão de Constituição e
econômica; o maior reformador social dos nossos Justiça em seu Parecer nº 470, de 1960).
tempos; o grande benfeitor da região das sêcas – 3 – Votação, em discussão única, do Projeto
Nunca faltou na alma nordestina o sentimento da de Resolução nº 61, de 1960, que suspende a
gratidão – É por isso, senhor Presidente, que execução da Lei nº 1.027, de 11 de dezembro de
o homem que descerá, em poucos dias das alturas 1953, do Estado do Rio Grande do Norte, julgada
para a planície será sempre lembrado com emoção inconstitucional pelo Supremo Tribunal Federal
e reconhecimento pelos povos nordestinos – (projeto apresentado pela Comissão de Constituição
Em nome do meu pequeno e glorioso Estado; e Justiça em seu Parecer número 471, de 1960).
em nome do seu povo valente e bom; em nome Está encerrada a sessão.
dos milhões de brasileiros, socorridos na hora an- Levanta-se a sessão às 21 horas e 50 minutos.
22ª SESSÃO DA 2ª SESSÃO LEGISLATIVA, EXTRAORDINÁRIA, DA 4ª LEGISLATURA, EM 1º DE
FEVEREIRO DE 1961

PRESIDÊNCIA DOS SENHORES JOÃO GOULART E FILINTO MÜLLER

Às 14 horas e 30 minutos, acham-se O SR. PRESIDENTE: – A lista de presença


presentes os Srs. Senadores: registra o comparecimento de 41 Srs. Senadores.
Mourão Vieira.
Havendo número regimental, declaro aberta a
Cunha Mello.
Vivaldo Lima. sessão.
Sebastião Archer. Vai ser lida a Ata.
Mendonça Clark. O Sr. 4º Secretário, servindo de 2º, lê a Ata da
Mathias Olympio. sessão anterior, que posta em discussão, é aprovada
Joaquim Parente.
Fernandes Távora. sem debates. O Sr. 1º Secretário dá conta do
Menezes Pimentel. seguinte:
Sérgio Marinho.
Reginaldo Fernandes. EXPEDIENTE
Argemiro de Figueiredo.
Ruy Carneiro.
Novaes Filho. Ofício
Barros Carvalho.
Silvestre Péricles. Em 1 de fevereiro de 1961
Lourival Fontes.
Senhor Presidente:
Heribaldo Vieira.
Ovídio Teixeira. Tenho a honra de comunicar a Vossa
Lima Teixeira. Excelência que, tendo deixado ontem o cargo de
Aloysio de Carvalho. Ministro da Agricultura, reassumo, nesta data, o
Ary Vianna. exercício do meu mandato de Senador pelo Estado
Jefferson de Aguiar.
Miguel Couto. de Pernambuco.
Afonso Arinos. Atenciosas saudações. – Barros Carvalho.
Benedito Valadares.
Nogueira da Gama. Mensagem
Milton Campos.
Moura Andrade.
Lino de Mattos. Do Sr. Presidente da República nº 42,
Padre Calazans. do corrente ano, restituindo autógrafo do Projeto
Coimbra Bueno. de Lei da Câmara nº 13, de 1961, já sancionado,
João Villasbôas. que cria a Faculdade de Filosofia, Ciências e
Filinto Müller.
Gaspar Velloso. Letras da Universidade do Ceará e dá outras
Nelson Maculan. providências.
Saulo Ramos.
Irineu Bornhausen. Avisos
Daniel Krieger.
Mem de Sá. Do Sr. Ministro da Fazenda número
Guido Mondim. – (41). 42, de 26-1-1961, comunicando
– 369 –

que aquêle Ministério está envidando esforços no guerra: Pedro Leme de Assis e Décio Fiorante.
sentido de serem uItimados os esclarecimentos Art. 2º Os pagamentos aos referidos soldados
solicitados no Requerimento nº 84, de 1958, de da FEB serão feitos desde a data de 1º de março do
autoria do Sr. Senador Cunha Mello. fluente ano.
Dê-se conhecimento ao Requerente. Art. 3º Esta lei entrará em vigor na data de sua
Do Sr. Ministro do Trabalho, Indústria e publicação, revogadas as disposições em contrário.
Comércio, nº 303.225-60-GM 68-£, encaminhando Às Comissões de Constituição e Justiça e de
cópias, do Relatório da Comissão de Inquérito, Finanças.
reconstituída pela Portaria nº 34, de 23 de março de
1960, em atendimento ao Requerimento nº 503-60, PROJETO DE LEI DA CÂMARA
do Sr. Senador João Villasbôas.
Nº 24, DE 1961
Dê-se conhecimento ao Requerente.
(Nº 2.891-B, de 1957, na Câmara)
Ofícios

Da Câmara dos Deputadas nº 105, do corrente Inclui, na Reserva do Serviço de Saúde do


ano, comunicando a aprovação de emendas do Exército, no pôsto de Segundo-Tenente, amparadas
Senado ao Projeto de Lei nº 201, de 1959 (nº 858-E, pelas disposições da Lei nº 3.160, de 1 de junho de
de 1955, na Câmara), que transfere para a União a 1957, as enfermeiras que foram convocadas para a
Escola de Enfermagem do Recife. Fôrça Expedicionária Brasileira e posteriormente,
– Da Câmara dos Deputados números 98, 104 designadas para permanecerem nos hospitais
e 124, do corrente ano, encaminhando autógrafos militares de Natal ou do Recife, nos anos de 1944 a
dos seguintes: 1945".

PROJETO DE LEI DA CÂMARA O Congresso Nacional decreta:


Nº 23, DE 1961 Art. 1º São incluídas na Reserva do Serviço de
Saúde do Exército, no pôsto de Segundo-Tenente,
(Nº 2.390-B-57, na Câmara) amparadas pelas disposições da Lei número 3.160,
de 1º de junho de 1957, as enfermeiras convocadas
Concede pensão especial de Cr$ 5.000,00, para integrar a Fôrça Expedicionária Brasileira e
respectivamente, aos pracinhas, soldados posteriormente designadas para permanecerem nos
expedicionários da FEB, Pedro Leme de Assis e
hospitais militares de Natal e do Recife, nos anos de
Décio Fiorante.
1944 e 1945; com a finalidade de cuidar dos feridos
recambiados do teatro de operações da Itália.
O Congresso Nacional decreta:
Art. 1º É o Poder Executivo autorizado Art. 2º Ficam amparadas também por esta
a conceder, pelo Ministério da Guerra, a lei as enfermeiras especializadas em evacuação
pensão especial mensal respectivamente de Cr$ aérea de feridos, que serviam na base aérea
5.000,00 (cinco mil cruzeiros) para os ex-Pracinhas de Parnamirim (Natal) e as que fizeram transportes
(soldados da FEB) que participaram da última grande de feridos evacuados do teatro de operações
– 370 –

da Itália, de Natal para o Rio de Janeiro. Julho de 1959, que determina o reajustamente dos
Art. 3º Esta lei entrará em vigor na data de sua valores das aposentadorias e pensões dos Institutos
publicação, revogadas as disposições em contrário. de Aposentadoria e Pensões;
Às Comissões de Segurança Nacional e de b) mínimo atual dos valores das
Finanças. aposentadorias e pensões auferidas pelos
contribuintes dos Institutos;
PROJETO DE DECRETO LEGISLATIVO c) se o cálculo porventura fixado pelo serviço
Nº 1, DE 1961 atuarial foi superior ou inferior a 15% (Decreto
47.159, de 29 de outubro de 1959) e se foi ou será
(Nº 57-B, de 1960, na Câmara) decretado o reajustamento cabível.
Sala das Sessões, em 1º de fevereiro de 1961.
Estabelece uma zona de livre comércio. – Jefferson de Aguiar.
O SR. PRESIDENTE: – Srs. Senadores,
O Congresso Nacional decreta: a Mesa tem conhecimento de que se encontra
Art. 1º Fica aprovado o Tratado que na Casa o Sr. Presidente do Senado, Dr. João
estabelece uma zona de livre comércio e institui a Goulart. Para conduzir S. Exa. ao recinto, designo
Associação Latino-Americana de Livre Comércio uma comissão composta dos Srs. Senadores
(Tratado de Montevidéu), firmado a 18 de fevereiro Benedito Valadares, Argemiro de Figueiredo,
de 1960, em Montevidéu, pela Argentina, Brasil, João Villasbôas, Mem de Sá, Mendonça Clark e
Chile, Paraguai, Peru e Uruguai. Lino de Mattos.
Art. 2º Fica o Poder Executivo autorizado a O Sr. João Goulart, acompanhado da
efetuar, junto ao Govêrno da República Oriental do Comissão, dá entrada no recinto e assume a
Uruguai, o depósito do respectivo Instrumento de presidência. (Palmas).
ratificação nos têrmos do art. 56 do Tratado, O SR. PRESIDENTE: – Senhores
revogando-se as disposições em contrário. Senadores. Há precisamente cinco anos, em
Às Comissões de Economia e de Relações igual solenidade, tive a honra de afirmar,
Exteriores. perante esta Casa, os votos de lealdade aos
O SR. PRESIDENTE: – Está finda a leitura do deveres e encargos inerentes ao mandato
Expediente. (Pausa). que o povo brasileiro me outorgara nas urnas de
Sôbre a mesa, requerimento do nobre outubro de 1955.
Senador Jefferson de Aguiar. Venho agora, pela segunda vez,
É lido e deferido o seguinte: profundamente emocionado, reafirmar aquêles
mesmos votos, ao dar início ao cumprimento de um
REQUERIMENTO mandato, cuja renovação, em expressiva
Nº 46, DE 1961 manifestação da vontade popular, constitui para mim
a mais confortadora e eloqüente prova de que tenho
Sr. Presidente: logrado corresponder à confiança dos que me
Requeiro a V. Exa sejam requisitadas as elegeram.
seguintes informações do Sr. Ministro do Trabalho: O ato que presido é o mesmo de há cinco
a) quais as providências adotadas para o anos passados, na forma e no esplendor de seu
cumprimento do art. 1º, § da Lei nº 3.591, de 27 de significado democrático. Dois aspectos são, po-
– 371 –

rém, profundamente diversos. O cenário da pela importância dos resultados alcançados. E o


convocação já não é a gloriosa metrópole que por povo brasileiro tem sabido compreendê-los como
dois séculos foi a sede principal da vida pública uma contribuição que as gerações de hoje realizam
brasileira, mas sim a jovem e já famosa Brasília, em benefício das gerações de amanhã.
orgulho de uma nação símbolo de uma revolução O Poder Legislativo tem elevada missão a
material e espiritual, cuja alvorada, iniciada em 1930, realizar na consolidação dêsses resultados e,
havia de encontrar na energia e no espírito sobretudo na adoção de medidas que garantam às
empreendedor do Presidente Juscelino Kubitschek a classes médias e às classes trabalhadoras uma
fôrça realizadora de uma etapa decisiva de participação crescente nos benefícios do
progresso. enriquecimento nacional, pois só a melhor
O segundo aspecto revela uma transformação distribuição da riqueza e a progressiva eliminação
igualmente significativa. No espaço dêstes cinco dás desigualdades sociais poderão assegurar a
anos amadurecemos polìticamente, e o regime, que efetiva paz social.
em 1955 se vira ameaçado antes e depois das A técnica moderna já se revela capaz de
eleições, consolidou-se definitivamente, permitindo eliminar não apenas os grandes males físicos, mas,
que se realizasse, numa atmosfera de tranqüilidade também, os males sociais, dos quais o maior de
e respeito às liberdades públicas, o pleito em que a todos é a miséria. E para isso são necessárias
Nação escolheu seus novos governantes. reformas de base na estrutura econômico-social do
A êste progresso político, somou-se País, pelas quais temos reclamado reiteradas vêzes,
indiscutível progresso material, com a solução e que dependem do esforço conjunto do Poder
definitiva de muitos problemas de que dependia a Legislativo e da administração pública.
marcha do desenvolvimento nacional, e o feliz Senhores Senadores.
encaminhamento de outros, para os quais já não No desempenho do meu mandato anterior,
será difícil encontrar no futuro as soluções procurei assumir sempre o patrocínio das causas
adequadas. populares, colocar-me ao lado dos trabalhadores e
A política de desenvolvimento econômico abriu dos humildes, e defender os princípios nacionalistas
perspectivas seguras para novas e fecundas lutas e os ideais de reforma social legados ao meu Partido
pela. emancipação nacional através das quais pela palavra e pelo exemplo do imortal Presidente
conseguirá o nosso povo libertar-se dos resíduos do Getúlio Vargas.
colonialismo e preservar os frutos do seu próprio Nessa atitude e nessa linha de conduta espero
trabalho, integrando na comunhão nacional a grande perseverar com redobrado zêlo, no fiel cumprimento
massa dos menos favorecidos, liberta das injustiças do mandato que hoje se inicia.
e das desigualdades que anulam a confiança do Não ignoramos que o próprio crescimento
homem em si mesmo e impedem o advento de uma da produção industrial e a maior circulação da
verdadeira democracia social. riqueza criaram problemas novos, que assumem o
É certo que o esfôrço realizado para aspecto de verdadeira crise, mas entendemos
vencer, em curto prazo, as etapas do que a solução desta terá de ser encontrada sem que
desenvolvimento, custou ao País pesados sacrifícios, se venham a impor os principais sacrifícios
mas êstes se acham sobejamente justificados justamente àqueles setores da população que,
– 372 –

por viverem do fruto do seu trabalho, estão menos mem público e,pela magnífica pregação de idéias por
capacitados para suportá-los. êle realizada, em sua memorável campanha.
Do mesmo modo, é indispensável que as Não fui companheiro de legenda do Presidente
dificuldades de hoje não dêem pretexto, em caso Jânio Quadros, mas, quero formular os votos mais
algum, para debilitarmos a política nacional, a que sinceros para que êle governe com acêrto, e para
temos sido fiéis, na defesa das riquezas do País. que Deus o inspire no cumprimento dos inúmeros e
Mas, Senhores. Senadores, assim como o patrióticos compromissos que assumiu com o Povo
Vice-Presidente da República não desertará um só do Brasil, especialmente com os trabalhadores, em
instante de sua posição de combate, em defesa das sua vitoriosa Jornada.
classes populares e dos princípios que inspiram a Sem prevenções de qualquer espécie, mas
luta pela emancipação nacional, também não faltará interpretando no cargo que recebi das mãos
êle aos seus deveres para com o Poder Legislativo, do povo as idéias que me valeram a honra da
especialmente, para com o Senado Federal, hoje, reafirmação de sua confiança, dou hoje início ao
mais do que nunca, depositário de tão grandes desempenho do meu nôvo mandato, no firme
responsabilidades para com o País. propósito de bem servir a esta Casa, de
Permiti-me, Senhores Senadores, confessar defender sem vacilações as altas prerrogativas
neste momento quanto devo ao Senado. Aqui do Poder Legislativo, e de continuar emprestando
cheguei, há um lustro, jovem ainda e foi, no equilíbrio tôda a minha colaboração – a mais leal e a mais
moral desta Casa, no seu ambiente de serenidade e decidida – para a conquista das justas reivindicações
civismo, de meditação desapaixonada e de Populares (Muito bem! Muito bem! Palmas
controvérsia, não raro intensa, mas sempre elevada, prolongadas).
que completei, se assim posso dizer, a minha O SR. PRESIDENTE: – Tem a palavra o nobre
formação política. Senador Afonso Arinos, por cessão do nobre
Sou grato a êste alto Conselho da República, Senador Sérgio Marinho.
e estou convencido da grandeza do seu papel no O SR. AFONSO ARINOS (*): – Senhor
regime que praticamos. Êste papel é completado, Presidente, o funcionamento, mercê de Deus perfeito
harmoniosamente, pela Câmara dos Deputados. E do mecanismo democrático em nosso País, oferece
as duas instituições, únidas, têm cumprido e esta oportunidade, não muito comum, de saudarmos
continuarão certamente a cumprir uma grande o Senado, V. Exa, e eu, por dois motivos
missão histórica, representando, na diferenciação contraditórios. V. Exa. assume ou reassume as altas
das correntes partidárias, o pêso real da opinião funções do seu pôsto, consagrado pela maioria
pública brasileira. democrática, pela vontade do povo brasileiro.
Senhores Senadores. E exatamente na sessão em que se manifesta, como
Não tive a satisfação de ver eleito o meu acaba de o fazer, como Vice-Presidente reeleito,
companheiro de chapa, o eminente Marechal Henrique o humilde Senador que neste momento ocupa
Teixeira Lott. Faltaria a um dever de lealdade e a tribuna, despede-se, temporàriamente, dos
sinceridade se, neste momento, não lhe rendesse daqui
as minhas homenagens e não manifestasse, perante a __________________
Nação, o meu aprêço pela sua personalidade de ho- (*) – Não foi revisto pelo orador.
– 373 –

seus ilustres colegas e pares em conseqüência do tes políticas nêle representadas a expressão do meu
mesmo pleito. reconhecimento e da minha fé. E para sintetizar ou
Conjuntamente com V. Exa., a 3 de outubro foi simbolizar, na citação de alguns poucos nomes,
eleito para chefiar o Executivo Nacional, por êsses sentimentos de gratidão e de reverência, ouso
esmagadora vitória eleitoral, o ilustre Presidente Jânio mencionar os nomes do eminente substituto de V.
Quadros. Atendendo, cônscio embora das minhas Exa. na Presidência da Casa, o ilustre Senador
limitações, ao chamado de S. Exa. para ocupar, no
Filinto Müller; do brilhante condutor da Bancada
quadro de seu Govêrno, as funções de Ministro das
Majoritária do Senado, o nobre Senador Moura
Relações Exteriores, venho à tribuna fazer à Casa esta
comunicação e apresentar meus respeitos e minhas Andrade, e o do meu querido companheiro, amigo e
saudações aos eminentes colegas. até ontem, Chefe, o Líder da Minoria, Senador João
Sr. Presidente, homem de vida pública Villasbôas.
relativamente longa, tôda ela transcorrida, ou na luta Pela sua atuação patriótica, equilibrada,
pela defesa da Democracia, ou no exercício dos tolerante e firme, eu, que pouco ou quase nada
mandatos democráticos, asseguro a V. Exa. que conhecia do eminente representante de lento
ingresso, a partir de hoje, no Executivo, com maiores Grosso, Senador Filinto Müller, antes de ingressar
sentimentos de honra e de apreensão que de neste plenário, que rodar o meu público testemunho
satisfação ou ventura. do muito que êle hoje me merece, pela forma como
Sabemos que nos aguardam penosas tarefas, se conduz na Cadeira Presidencial.
árduos trabalhos, longos sofrimentos, mas sabemos O SR. FILINTO MÜLLER: – Permite V. Exa.
também que a missão do homem público se realiza e
um aparte?
se exalta precisamente naquela conjuntura em que,
com o despojamento total de si mesmo, com o O SR. AFONSO ARINOS: – Com prazer.
abandono de quaisquer reivindicações ou interêsses, O SR. FILINTO MÜLLER: – Agradeço a V.
entrega-se humildemente à execução da sua rude Exa. a referência generosa que acaba de
tarefa. fazer ao meu nome e à minha atuação na Vice-
Sr. Presidente, aprendi, nesta Casa, num Presidência do Senado. Quero ressaltar,
convívio de dois anos, a admirar e a respeitar aproveitando o ensejo, que nós também guardamos
verdadeiramente, na prática, esta Instituição de V. Exa., e guardaremos sempre, a melhor das
republicana, de tão imarcescíveis tradições na vida impressões. Já o admirávamos há muito tempo,
do regime, a que já me habituara a respeitar e a pelas suas altas qualidades de cultura, de
querer, pelo conhecimento da sua história. inteligência e de patriotismo. Estou certo de que V.
Asseguro a V. Exa. que quaisquer que sejam
Exa. prestará os mais relevantes serviços
as oportunidades que me ofereça o futuro, jamais me
sentirei tão desvanecido e honrado como quando ao Brasil, no desempenho de uma função no
recebi a alta investidura de representar o Estado da Executivo. Para tal não lhe faltam as qualidades
Guanabara no Senado Republicano. necessárias, mas para ajudá-lo em suas
No momento em que, temporàriamente, novas e árduas tarefas, V. Exa, encontrará,
abandono suas bancadas, desejo na Casa em que vai trabalhar, o exemplo
endereçar a tôdas as corren- luminoso de Afrânio de Melo Franco-
– 374 –

O SR. AFONSO ARINOS: – Obrigado a V. blica, cedem passo, curvam a cerviz e se esmaecem,
Exa. O jovem Senador Moura Andrade, posso dizer graças a Deus, em nosso País, quando se examina o
jovem, Senhor Presidente, porque eu que não me problema da soberania, da democracia e do
considero ainda demasiado carregado pela vida, progresso do Brasil.
pude conhecê-lo nos bancos acadêmicos de São É para servir, Sr. Presidente, naquela função
Paulo, sendo eu Professor – pela sua fulgurante em que tantos estadistas ilustres, no Império e na
eloqüência, pela sua capacidade de transigir, quando República, representaram a nossa soberania,
necessário, e de resistir, quando indispensável, pela sustentaram a nossa democracia, contribuíram para
sua compreensão dos limites e das incumbências de o nosso progresso que eu, obscuro, eu, que sei bem
sua delicada missão, merece, igualmente, os meus das minhas insuficiências e do meu despreparo em
respeitos que nêle sintetizam o respeito que tenho muitos setores, à falta de outros estímulos que não o
pelas Bancadas da Maioria. do amor à Pátria e o da noção de responsabilidade,
Em muitas oportunidades, dissídios aceitei a convocação que muito se aproximou da
aparentemente inconciliáveis foram por nós intimação – repito, que muito se aproximou da
contornados em benefício do País. intimação que recebi do ilustre Presidente da
Quanto ao meu caro amigo Senador João República.
Villasbôas, declaro, Sr. Presidente, que também No meu setor conto com o Senado Federal,
encontrei em S. Exa., aquelas virtudes que exalçam sem distinção de Bancadas, de Partidos; conto com
o velho Parlamentar brasileiro – velho, não em o Senado como comunidade nacional, para poder
referência a S. Exa., mas velho referindo-me a exprimir, convenientemente, a voz do meu País na
Instituição Parlamentar, que tem dado, na história do comunidade internacional.
nosso País, tantas figuras, exponenciais – a Estou certo, Sr. Presidente, de que V. Exa.,
experiência, o preparo técnico de jurista, a eleito por correntes que nos foram adversas, que V.
integridade, a lealdade, a correção das atitudes, a Exa. que acaba de referir no seu discurso algumas
capacidae de compromisso, sem prejuízo dos das posições específicas ou peculiares ao seu
objetivos. Partido, terá dado, também, o devido valor àquelas
Sr. Presidente, não são recentes nem afirmativas finais de esperança, e mais do que isso,
improvisadas as minhas idéias sôbre a importância de anseio religioso, pois foi assim que V. Exa. se
do Senado na condução da Política Internacional, exprimiu, no sentido de que possamos nos irmanar,
Raramente terá tido o nosso País oportunidades tão nos apoiar recìprocamente, em defesa, do futuro do
brilhantes de ação no cenário da comunidade das Brasil.
Nações e, ao mesmo tempo, tantas dificuldades, Sr. Presidente, ao terminar estas breves e
tantos escolhos traiçoeiros, tantos arrecifes improvisadas considerações, desejo endereçar uma
submersos na proa de nossa barca. palavra especial, aos meus companheiros da
Sei do patriotismo do Congresso Nacional; Comissão de Relações Exteriores, para manifestar-
não ignoro que a labareda crepitante das lhes a honra insigne que sempre senti em dirigir-lhes
paixões partidárias, das divergências políticas e os trabalhos e declarar ao Senado que
também – devemos reconhecê-lo – dos sentimentos me retiro, temporàriamente, do seu convívio,
pessoais que são, afinal, os móveis de qualquer mas que aqui estarei sempre em espírito, à espera
atividade humana no campo da vida pú- das sugestões, atento às crí-
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ticas, mas sempre confiante no apoio patriótico dos bre as nossas relações internacionais. Durante dois
meus ilustres pares. (Muito bem, muito bem). anos presidiu a Comissão de Relações Exteriores,
(Palmas), (O orador é vivamente cumprimentado). recebendo dos companheiro dêsse órgão
O SR. PRESIDENTE: – Tem a palavra o nobre informações precisas sôbre a orientação de cada
Senador João Villasbôas, Líder da Minoria. partido que ali tem a sua representação, em face das
O SR. JOÃO VILLASBÔAS (*): – Sr. questões que prendem o interêsse de todos os
Presidente, volta V. Exa. a essa Cadeira que durante países. E se não mudou o pensamento dos
cinco anos ocupou com dignidade e honra. Durante representantes dos partidos naquela honrada
êsse período não faltou a V. Exa., para bem conduzir Comissão, se continuam na mesma orientação
os destinos desta Casa, o apoio constantei seguida nos dois anos anteriores, em que tive a
permanente, sincero e leal da Bancada da União honra de presidi-la, estou certo de que o nobre
Democrática Nacional. É pois, em nome dela que, Senador Afonso Arinos levará para o Ministério das
neste momento, apresento as minhas saudações, Relações Exteriores o conhecimento perfeito do
formulando os melhores votos para que V. Exa. sentimento nacional de levantar, cada vez mais alto,
continue, em obediência ao juramento feito ainda fora do Brasil, o respeito à mossa soberania.
ontem perante o Congresso Nacional, a prestar à Quando, em 1951, juntamente com o nosso
Nação todo o concurso das suas fôrças e, ao mesmo saudoso colega Attílio Vivacqua e o Senador Vivaldo
tempo a fazer cumprir e a cumprir a nossa Magna Lima, recebi a honrosa incumbência de representar o
Carta e as leis do País. Senado na Reunião Inter-parlamentar que se
Sr. Presidente, a Bancada da União realizaria em Istambul, os componentes da
Democrática Nacional se ufana nesta hora com a Comissão de Relações Exteriores, escolhidos do
escolha feita pelo Senhor Presidente da República, do Senado, e os indicados pela Câmara dos Deputados,
nobre Senador Afonso Arinos, para desempenhar as fomos ao Itamarati, à presença do Senhor Ministro
altas funções de Ministro das Relações Exteriores. das Relações Exteriores, e então pedimos a S. Exa.
Acertada foi, Sr. Presidente, esta escolha; instruções sôbre o nosso modo de proceder
professor de Direito Constitucional, cátedra que naquela conferência e recursos de conhecimentos
conquistou em memorável concurso. S. Exa. se que facilitassem o nosso voto e a nossa atuação em
dedicou e também, se aprofundou no estudo do face do temário apresentado anteriormente. De lá
direito internacional, tornando-se no País um dos saímos decepcionados, pois o Ministério das
mais notáveis conhecedores dêste ramo da ciência Relações Exteriores não só se desinteressava
jurídica, como também de todos os problemas que absolutamente pela solução daqueles temas de alta
empolgam as nações na hora presente. importância para tôdas as nações do mundo,
Vindo para esta Casa, conviveu durante notadamente para o Brasil, como a orientação que
dois anos com representantes de todos os Estados nos dava era a de votarmos de acôrdo com os
do Brasil, dêles colhendo as impressões sô- nossos amigos, os Estados Unidos da América do
Norte.
__________________ Ao enfrentarmos em Istambul a discussão dos
(*) – Não foi revisto pelo orador. temas básicos daquela reunião, tivemos que nos des-
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viar da norma do Itamarati e votar contra a cebeu do povo, em memorável eleição no Estado da
orientação norte-americana, pois que esta não Guanabara. (Muito bem! Muito bem! Palmas).
representava para nós nem justiça nem conveniência O SR. PRESIDENTE: – Tem a palavra o nobre
aos interêsses brasileiros. Senador Argemiro de Figueiredo.
Estou certo de que, com Afonso Arinos no O SR. ARGEMIRO DE FIGUEIREDO (*): – Sr.
Ministério das Relações Exteriores, as comissões e Presidente, como se vê é a primeira sessão, desta
representações designadas para no estrangeiro Casa, em que se verifica o comparecimento de
falarem em nome do Brasil, não partirão sem receber Vossa Excelência, assumindo as altas funções de
elementos capazes de instruir a manifestação do Presidente depois do memorável pleito de 3 de
nosso pensamento e de nos orientar com segurança outubro, quando recebeu, do povo brasileiro, a
sôbre a política Internacional. insofismável vitória que o consagrou mais uma vez,
Não podemos, Sr. Presidente, continuar Líder autêntico das classes trabalhadoras do Brasil.
esquivando-nos perante a ONU, de emitir Com alegria e prazer sinto-me no dever de
francamente a opinião brasileira, ocultando-nos atrás saudá-lo, Senhor Presidente, em nome dos meus
de abstenção. Não podemos continuar a companheiros de Bancada, em nome do Partido
desconhecer a existência, por exemplo, da China Trabalhista Brasileiro, que tem, em suas mãos, a
Comunista, nem aceitar que êsse País, de bandeira do ideal nacionalista, uma das mais legitimas
seiscentos milhões de habitantes, continue afastado reivindicações das classes humildes dêstes País.
daquela entidade onde se reunem as grandes e as Permita que eu veja em V. Exa. neste instante,
pequenas potências do mundo. Não podemos além do Presidente do Senado Federal, o Chefe
continuar considerando a China em Formosa. Mas insigne do nosso Partido, de uma agremiação partidária
êsses problemas hão de ser pesados e analisados que saiu fortalecida aumentada do último pleito, o que
com profundeza pelo nosso ilustre Ministro das demonstra o acêrto com que agiram seus lideres,
Relações Exteriores. sobretudo V. Exa., como Chefe Nacional.
Estou certo, Senhor Presidente, de que o Sr. Presidente, quem observou a campanha, de
Senado sente, e mais ainda a minha Bancada, o 3 de outubro, há de ter sentido que se operou, no País,
afastamento do Senador Afonso Arinos nesta hora uma revolução popular sem precedentes, revolução de
das lides parlamentares. Êle levará, porém, para o métodos democráticos, em que a maioria da Nação
Ministério das Relações Exteriores a fôrça da sua rompendo velhos costumes e tradições políticas,
inteligência, da sua cultura, do seu devotamente à violando a disciplina partidária, até então existente com
nossa pátria e lá honrará o Senado, como um dos a fôrça de impor uma atitude única aos seus
seus mais destacados elementos. coligados, aos seus arregimentados, elegeu, menos
O SR. FERNANDES TÁVORA: – Muito bem! pela fôrça dos Partidos do que pela manifestação
O SR. JOÃO VILLASBÔAS: – Quando, porém, rebelde da própria Nação, num pleito hones-
os interêsses da política interna reclamarem a sua
presença nesta Casa, estou certo de que êle voltará a __________________
ocupar esta tribuna, honrando os votos que re- (*) – Não foi revisto pelo orador.
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to e livre, Presidente da República o atual anterior em que presidiu esta Alta Casa do
Chefe de Estado, que ontem assumiu as Congresso.
rédeas do Govêrno. É o Chefe, o Presidente justo, tolerante e bom.
Bela, extraordinàriamente bela, para a vida Esta Casa é bem digna de V. Exa. e de um
democrática do País; significativa, bem significativa Presidente com tais qualidades e virtudes.
foi esta vitória! Para mim maior foi a vitória de V. Há, na verdade, divergências Profundas.
Exa., Sr. Presidente. O Senhor Jânio Quadros Somos diferentes no ângulo da inteligência e da
recebeu os sufrágios da maioria esmagadora da cultura; as desigualdades são flagrantes e evidentes.
Nação. Na verdade, o que vemos nesse processo Diferentes somos nas condições físicas e nos
eleitoral, foi a eleição de um homem público que atributos físicos; diferentes somos nas côres
conseguiu polarizar a maioria do eleitorado brasileiro, partidárias que nos distinguem.
refletindo suas esperanças, sua fé, sua confiança no Mas, Senhor Presidente, convém realçar neste
insigne Chefe da Nação. instante, com orgulho patriótico, que há um grupo de
Senhor Presidente, evidenciou-se, nesse brasileiros que tem sempre primado em elevar o
pleito, fenômeno maior, mais singular, mais nível cultural e cívico do Senado, que tem zelado
interessante para os que analisam a vida política do pela dignidade do mandato que desempenham, com
País; foi a afirmação de fé e confiança em V. Exa. e a preocupação única de servir aos interêsses do
sua reeleição é inequívoca homenagem aos méritos, povo e da coletividade.
à autoridade, à capacidade e patriotismo de V. Exa. Tivemos, Senhor Presidente, no combate ao
na direção de uma das maiores agremiações grande Govêrno que ontem terminou o seu mandato,
políticas dêste país. Vale isto dizer, que V. Exa. oposicionistas hábeis, ardorosos e por que não dizer,
deverá prosseguir na luta, continuar lutando na por que não avançar, algumas vêzes apaixonados e
vanguarda dos nossos interêsses e ideais violentos. Mas, o que sentimos e observamos é que,
partidários, na certeza de que estaremos com V, quanto mais forte a linguagem com que se conduziam
Exa., mesmo aquêles que se encontram animados na tribuna, no combate ao Govêrno, maior era a
por dissenções pessoais mais profundas e que, de revelação que faziam das suas qualidades de patriotas,
certo, não deixarão cair das mãos de V. Exa. a pois, só um objetivo, realmente os animava – a
bandeira do trabalhismo e do nacionalismo, erguida grandeza moral e material dêste País.
pelo imortal Getúlio Vargas. Senhor Presidente, saúdo como trabalhista, o
Sr. Presidente, constituímos uma Bancada Chefe insigne do meu Partido e, como Senador,
que respeita e defende o princípio da autoridade, formulo os melhores votos pela felicidade pessoal de
mas composta de homens que, quaisquer que V. Exa. e pelo êxito do mandato que o povo lhe
sejam as lutas em que se vejam empenhados, na atribuiu.
nova etapa da vida pública, não se humilharão diante Não quero, porém, terminar esta saudação
do Poder. ao Vice-Presidente da República sem me
Dirijo-me, agora, ao Presidente do referir à oração de despedida, emocionada e
Senado Federal e sob êste aspecto, V. Exa. emocionante que, há poucos instantes, proferiu,
não tem discriminação partidária. É o nesta Casa, o nobre Senador Afonso Arinos.
Magistrado, fiel aos postulados da Justiça; Ouvíramos antes, o discurso com que V.
assim o tem sido e assim o foi no período Exa., Senhor Presidente, se reinvestiu na
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Presidência do Senado, todo êle impregnado do seu mirada no concêrto das grandes Nações.
elevado espírito público e de suas esperanças, na Era o que tinha a dizer. (Muito bem! Muito
continuação da marcha gloriosa do Brasil para, o bem! Palmas).
progresso, no caminho grandioso e incontrolável de O SR. PRESIDENTE: – Continua a hora; do
sua emancipação econômica. Expediente.
Não me sinto mal interpretando os Tem a palavra o nobre Senador Moura
sentimentos de V. Exa. e o pensamento do nosso Andrade.
Partido. Ao contrário, tenho a alegria cívica de dizer, O Senhor Senador Moura Andrade pronuncia
nesta Casa, que o atual Chefe da Nação tom a discurso que, entregue à revisão do orador, será
escolha que fêz do nobre Senador Afonso Arinos publicado posteriormente.
para ocupar o Ministério das Relações Exteriores; Enquanto falava o Sr. Moura Andrade, o Sr:
privou o Senado da República da colaboração de João Goulart deixa a Presidência,, assumindo-a o Sr.
uma das suas figuras exponenciais. Já nos Filinto Müller.
habituáramos a admirar, a cada instante, a O SR. PRESIDENTE: – Tem a palavra o nobre
eloqüência fulgurante, a inteligência luminosa, a Senador Vivaldo Lima, por cessão do nobre Senador
cultura realmente bela e sólida desse grande Sérgio Marinho.
parlamentar que tanto honrou, pelas suas virtudes O SR. VIVALDO LIMA (lê o seguinte
pessoais, o Senado da República. discurso): – Senhor Presidente. "Perante o nôvo
Esta Casa, na verdade, fica privada de um dos Govêrno" é o título do editorial do prestigioso
seus mais brilhantes elementos, mas estou certo de vespertino "O Globo" de ontem, autorizado órgão. da
que o País lucrará com a presença de Afonso Arinos imprensa do Estado da Guanabara,
à frente do Ministério das Relações Exteriores. Está incontestàvelmente – pode-se dizer sem receio de
S. Exa. à alturas do cargo, em fase tão delicada da errar – um dos mais credenciados porta-vozes da
vida internacional. Nós, do Partido Trabalhista opinião pública nacional; tal a penetração de suas
Brasileiro, não temos motivos para regatear aplausos tiragens em todos os ângulos do território pátrio.
a homem do seu espírito público, do seu patriotismo, Foram de tamanha ressonância e
da sua cultura, qualidades tantas vêzes compreensão os seus têrmos, em grande parte
evidenciadas, nesta Casa. estampados em letras de fôrma na página de maior
Certos estamos de que Afonso Arinos terá relêvo, que tomo a liberdade de reler neste
brilhante atuação à frente do Ministério das Relações instante os seus mais precisos e oportunos trechos,
Exteriores, Pasta ante a qual se impõe que todos os a fim de que, saindo da composição de um
Partidos enrolem suas bandeiras, para figurarem jornal brilhante e conceituado, se transporte, desde
representados por uma só – a Bandeira da Pátria, e já, para os Anais do Senado, de vida perene, para
por um único interesse – o da coletividade brasileira. apreciação e juízo das gerações contemporâneas e
Nesta hora o sentimento que nos domina a vindouras, pelo testemunho de seus historiadores,
todos, políticos-partidários, é a esperança, a quando mais serena e imparcialmente fôr possível
grande esperança de ver esta Nação cada considerar a passagem dos homens públicos,
vez mais engrandecida, glorificada, respeitada e ad- sobretudo, através de os altos pastos
– 379 –

de govêrno, nos Estados ou no âmbito nacional. tante sua condição de porta. bandeira oposicionista.
Eis pois, Sr. Presidente, na quase totalidade, Mas êsse é já o passado. Nesta data,
as francas e vigorosas expressões contidas no inicia S. Exa. a direção do País, com uma
aludido editorial: autoridade que provém de duas fontes: a excelente
administração que fêz em São Paulo e o denso e
PERANTE O NÔVO GOVERNO entusiástico aplauso do povo brasileiro.
Os compromissos do Sr. Jânio Quadros
Por fôrça de disposição constitucional e em são exclusivamente com seus compatriotas. zOs
conseqüência do resultado das eleições de 9 de partidos nada lhe exigiram nem condicionaram seus
outubro do ano findo, assume hoje a chefia da
votos ao cumprimento de cláusulas ou barganhas
República, o eminente brasileiro Sr. Jânio da Silva
que seriam humilhantes para todos.
Quadros.
Sua Excelência, portanto, chegou ao
Com apenas quarenta e quatro anos de idade
e depois de brilhante e vertiginosa passagem pela Palácio de mãos inteiramente livres para compor o
Câmara Municipal de São Paulo, pela deputação elenco de seus colaboradores. Eis uma situação
estadual, a Prefeitura paulista e o Govêrno daquela sem precedentes, no Brasil, e que confere ao Sr.
importante unidade federativa, chega S. Exa. ao Jânio Quadros uma singular autoridade, autoridade
exercício da mais alta magistratura nacional, após com a contrapartida de tremendas
um pleito renhidíssimo, no qual alcançou estrondosa responsabilidades.
vitória. Dêsse modo, fora de circunstâncias
O êxito obtido nas urnas foi devido muito mais imprevisíveis ou anômalas, como uma guerra, tudo
ao seu prestígio sôbre as massas e as elites do que quanto nesses anos próximos vier a acontecer de
pròpriamente à coligação de partidos que o apoiou. bom e de mau, em nossa Pátria, será obra de S.
Declarando-se, êle mesmo, candidato à Exa. pois o metal de seu caráter é de inconformismo
sucessão do Sr. Juscelino Kubitschek nos últimos com o péssimo hábito dos que, por desleixo,
dias da campanha do Professor Carvalho Pinto à fraqueza ou gôsto de omitir-se, preferem
Governadoria, viu seu nome aclamado de Sul a substabelecer a outrem o implemento de suas
Norte, num movimento espontâneo e irresistível, que
atribuições e deveres.
triunfou de todos os óbices e vicissitudes naturais a
O Sr. Jânio Quadros pertence ao número dos
uma luta de tamanhas proporções. Mesmo quando a
certa altura renunciou à sua indicação já que até aqui exerceram os seus cargos sem
homologada por várias convenções nacionais, não alienações comprometedoras, sem tibiezas nem
conseguiu retirar-se da competição, e meias-atitudes.
acabou voltando à arena devido a compactos A República brasileira teve à sua frente
apelos vindos de tôdas as classes e de todos os vários homens ilustres. Entre todos, nenhum se
rincões da Pátria. Apelas sinceros, pois se aproximou de Epitácio Pessoa no referente
converteram em milhões de sufrágios, não obs- ao tipo de personalidade autoritária, dentro
– 380 –

do sistema político-jurídico então dominante. Era dos alguns dos convocados os melhores títulos já
que não se fazem substituir pelos colaboradores, granjeados na vida pública. Outros ainda sem
por, mais ilustres que sejam. Naquele tempo, tradição administrativa, porém portadores de
nenhum assunto caminhava senão por iniciativa dêle predicados que os recomendaram à preferência
ou sob sua estreita vigilância. presidencial.
Com Epitácio, mais do que com qualquer outro Não tendo interêsses subalternos defender
de seus antecessores ou sucessores, o Presidente perante o Govêrno, procuraremos refletir os
jamais compareceu na hora dos aplausos, deixando na sentimentos da opinião, esclarecendo-a quanto nos
sombra os ministros, muitas vêzes verdadeiros autores seja possível e colaborando com o chefe do Estado,
das iniciativas, nem atirou para as costas dêles os inclusive pela crítica construtiva e sincera.
insucessos da administração, também, não raro, fruto Estamos em frente de uma expectativa imensa
da exclusiva vontade do Chefe do Govêrno. e simpática. Apenas, ninguém se contentará mais
A boa doutrina do regime que adotamos, é não com palavras ou promessas. O anseio unânime é
jogar os desastres sôbre os auxiliares e
para ver sem demora a ação oficial pondo em
colaboradores.
marcha as reformas reclamadas pela Nação. Acima
Campos Sales, que foi um autêntico estadista,
de homens e de partidos. Já temos o Govêrno do
deixou exarada em seu magnífico livro – "Da
povo exercido pelo povo, segundo a definição de
Propaganda à Presidência – esta inapelável
sentença de honestidade política: "Se meus Lincoln. Resta só consagrá-lo aos interêsses do
ministros erraram, a que é natural, declaro que errei próprio povo. Não de grupos, de castas ou facções.
com êles, desde que não lhes retirei minha Êste, o papel que o destino parece haver
confiança. O que me parece indigno é que o reservado ao Sr. Jânio Quadros.
Presidente pretenda escapar à responsabilidade das Era, Sr. Presidente, o que tinha a dizer, sem
faltas do Govêrno, atribuindo as aos ministros. Tal que jamais se possa alegar que o faço em caráter
sentimento denotaria pusilanimidade de caráter, pueril. (Muito bem; muito bem. Palmas).
incompatível com a nobreza de sentimentos". Em meio ao discurso do Sr. Vivaldo Lima,
O futuro do nôvo Govêrno, se não nos reassume a Presidência o Sr. João Goulart.
enganamos, poderá ser antecipadamente lido, O SR. PRESIDENTE: – Continua a hora do
conjugando-se a forte personalidade do Sr. Jânio Expediente. Tem a palavra o nobre Senador
Quadros com sua já comprovada capacidade de Benedito Valadares, por cessão do nobre Senador
administrador e seu pleno conhecimento dos nossos Ruy Carneiro.
problemas. O SR. BENEDITO VALADARES: – Sr.
Magna é a tarefa a executar-se. O Presidente, no momento em que V. Exa.
Sr. Jânio Quadros cercou-se de um reassume a Presidência desta Casa, quero
bom cast na composição de seu Ministério, tendo apresentar-lhe as saudações da Ban-
– 381 –

cada do Partido Social Democrático. Presidência desta Casa, à altura das suas tradições
Em todos os Estados da Federação, nos mais e digna da personalidade de Vossa Excelência.
longínquos rincões da Pátria, êste Partido votou no Sr. Presidente, sabe V. Exa. que
nome de V. Exa. e se sentiu jubiloso com a sua meu Partido, ainda desta vez, não lhe sufragou o
vitória. Assim, V. Exa. continuará a presidir esta nome. Sabe V. Exa. que entre o meu
Casa com prudência tato e espírito público. A alegria, Partido e o de V. Exa. tem havido sempre árdua
porém, nunca é completa. Nesta sessão de regozijo mas elegante campanha de idéias e de processos.
temos a lamentar o afastamento do Senador Auro de Não há entre nós, felizmente, nem abismos
Moura Andrade da Liderança da Maioria. ideológicos nem rancores ou ressentimentos
Senti-me muitas vêzes orgulhoso de pertencer pessoais. Muito antes, pelo contrário – Deus seja
a um Partido que tinha um Líder como Auro de louvado – no Rio Grande do Sul sabemos
Moura Andrade. Eloqüente, não desta eloqüência respeitar os adversários e a pessoa de V. Exa.
nascida apenas da facilidade de falar, mas do cultivo jamais estêve em causa nas ásperas
do espírito e da inteligência. refregas que, multas vêzes, temos sustentado
A Bancada do Partido Social Democrático ideològicamente.
lamenta sinceramente o seu afastamento transitório Também não há, entre o Partido de V. Exa. e
da Liderança nesta Casa. os mais, divergências sensíveis. Os ideais de
O Senado, Sr. Presidente, é uma Casa feliz: justiça social, as justas reivindicações
composta, em igual número de elementos de todos trabalhadoras, constituem, hoje, verdadeiramente,
os Estados da Federação, mas de Partidos patrimônio comum da humanidade. Superadas
diferentes e alguns divergentes, aqui vivemos na estão as velhas tendências reacionárias, que viam
maior harmonia, graças ao desejo que a todos anima no trabalhador uma máquina de trabalho e
de bem servir à Pátria. (Muito bem. Muito bem. espoliação. Hoje, não há mais lugar para as direitas
Palmas). no cenário político do mundo civilizado.
O SR. PRESIDENTE: – Continua a hora do Todos nós, de forma mais ou menos
Expediente. Tem a palavra o nobre Senador Mem de cautelosa, perseguimos os mesmos ideais de
Sá, como Líder de Partido. harmonia social, de congraçamento entre as
O SR. MEM DE SÁ (como líder de partido) classes, de eliminação da luta de classes, objetivo
(*): – Sr. Presidente, Srs. Senadores, como Líder do da programação e da técnica bolchevista para a
Partido Libertador, solicitei a palavra para que subversão da sociedade.
também a minha Bancada se associe às saudações Assim, é sem qualquer restrição mental que
e homenagens que constituíram o objetivo desta saúdo V. Exa. em nome do meu Partido, e lhe
sessão. auguro votos de felicidade pessoal que V. Exa.
Desde logo, portanto, vai a saudação merece.
do Partido Libertador, dirigida à pessoa de V. Quanto à homenagem que meu partido
Exa., felicitando-o pela sua brilhante vitória deverá prestar ao ilustre Senador Afonso Arinos,
e lhe desejando uma nova gestão na não sei como agir, tanto S. Exa. se nos afigura,
dentro da nossa Bancada...
__________________ O SR. AFONSO ARINOS: – Obrigado a
(*) – Não foi revido pelo orador. Vossa Excelência.
– 382 –

O SR. MEM DE SÁ: – ...tanto nos parece um minha admiração às excepcionais qualidades que o
Libertador nas fileiras da União Democrática exornam.
Nacional. Fui, talvez, o Senador que, por mau fado, teve
O triunfo do Senador Afonso Arinos... que esgrimir por vêzes com S. Exa. e se chocar nos
O SR. AFONSO ARINOS: – Permite V. Exa. entreveres da tribuna parlamentar.
um aparte? O SR. MOURA ANDRADE: – Talvez, não; é
O SR. MEM DE SÁ: – Com muito prazer. certo.
O SR. AFONSO ARINOS: – Entre as razões O SR. MEM DE SÁ: – Talvez por isso S. Exa.
não guarde de mim a memória e a lembrança que eu
de honra do candidato está a de ser
desejaria guardasse.
reconhecidamente um Senador eleito também pelo
O SR. MOURA ANDRADE: – Justamente por
Partido Libertador no Estado da Guanabara. isso guardarei de V. Exa. impressão que preciso
O SR. MEM DE SÁ: – Considero V. Exa. declarar de público. Foi V. Exa indiscutìvelmente o
Senador Libertador em todo o Brasil. Senador que mais atuou no sentido oposicionista e,
O SR. AFONSO ARINOS: – Obrigado a Vossa portanto, contràriamente aos objetivos da Liderança
Excelência. da Maioria. Todavia, devo declarar que V. Exa.
O SR. MEM DE SÁ: – Assim é que os triunfos soube se conduzir com verdadeiro espírito público,
de S. Exa. são nossos também. com capacidade parlamentar, com lealdade de
Tenho, para louvá-lo, o constrangimento conduta, com brilho raro, verdadeiramente
natural das pessoas que muito se querem. O excepcionais.
Senador Afonso Arinos está, neste momento, vendo Encontrei em V. Exa. um homem
coroada a primeira parte da sua grande vida pública. extraordinário pelo espírito de luta e, ao mesmo
Tem S. Exa. conquistado todos os lauréis na política, tempo, de compreensão. Saiba V. Exa. que o nosso
nas letras, na cátedra e no Parlamento. E não é fácil convívio, longe de afastar-nos exatamente no
destacar sob que prisma é mais fecundo, mais contraditório das nossas atitudes foi que
brilhante, mais alto e grande. Deve ser, sobretudo, conseguimos – de minha parte é certo – cimentou
uma amizade que se funda em sentimentos muitos
extremamente grato a S. Exa. verificar que vai
sinceros de admiração.
continuar no Itamarati a trajetória luminosa que lá
O SR. MEM DE SÁ: – Veja V. Exa., Sr.
deixou seu grande e insigne pai. Presidente, e vejam os eminentes Colegas: o nobre
As saudações que o Partido Libertador lhe Senador Moura Andrade ganha sempre de mim;
tributa são, portanto, sinceras, cordiais e afetuosas. sistemàticamente ganha de mim. Eu pretendia fazer-
Quero, ainda, por fim, Sr. Presidente, lhe elógio e eis que S. Exa. invertendo as coisas a
trazer minha homenagem e meus agradecimentos mim dirige palavras que eu não merecia e a êle,
ao eminente Senador Moura Andrade que sim, sobejamente eram devidas. Precisava
hoje, deixou a liderança do bloco da Maioria dizer que S.Exa., como Líder da Maioria,
desta Casa. É com pesar que acolho esta honrou as tradições desta Casa e devo confessar
oportunidade para de público dar o testemunho de que excedeu, de muito, a minha expectati-
– 383 –

va. Não obstante eu o julgasse um Senador de O SR. PRESIDENTE: – Tem a palavra o nobre
peregrina inteligência e de capacidade oratória Senador Jefferson de Aguiar.
verdadeiramente invulgar, S. Exa., excedeu minha O SR. JEFFERSON DE AGUIAR (*): – Sr.
expectativa, pela compenetração verdadeiramente Presidente e Srs. Senadores, o Congresso Nacional
exemplar, pela assiduidade, pela dedicação que aprovou proposições, visando a defesa dos
trabalhadores que contribuem para as Instituições de
devotou à sua árdua missão. Realmente, como disse
Previdência Social, assegurando-lhes o mínimo de
S. Exa., em poucas lideranças tem havido período
percepção de pensões e aposentadoria, para que
tão ativo e agitado de labor parlamentar e de luta pudessem prover a própria mantença e a da família
política. que devem manter.
Foi sob a liderança de S. Exa. que votamos No entanto, não obstante assegurada a
logo, talvez no dia seguinte em que S. Exa. assumiu, revisão bienal dos valores fixados para as pensões e
a Lei de Previdência Social. Pois, naquele momento, aposentadoria dos trabalhadores e, anteriormente,
surpreendi-me de ver como S. Exa., mal entrando na em formulação pretérita, se determinasse a
Liderança, conseguiu se assenhorear de projeto tão majoração automática dos benefícios assegurados
complexo e difícil, tão emaranhado de emendas e pela legislação vigente aos trabalhadores, creio eu,
estas disposições do Direito Positivo não foram
subemendas. Votamos outras leis, igualmente
atendidas até hoje, ensejando até o requerimento de
árduas, e tivemos períodos agitados. S. Exa., ao mandado de segurança ao Tribunal Federal de
meu ver, tirou destas refregas a lição que só os Recursos para solicitar do Ministro do Trabalho,
espíritos elevados conseguem tirar: S. Exa. Indústria e Comércio cumprimento da preceituação
aprimorou seus dotes. S. Exa., que é uma contida na Lei 3.953, de 7 de julho de 1959, § 1º do
personalidade um pouco fechada sôbre si e que tem art. 1º, e no Decreto 47.149 de 29 de outubro de
uma aparência hirsuta, soube adoçar o 1959, art. 2º, parágrafo único, que determinam esta
temperamento e tratar com os colegas em têrmos de revisão de valores a partir de julho de 1960.
Segundo o serviço atuarial do Ministério do
generosidade e de transigência, quando ela se
Trabalho, pode apurar-se a elevação dos valores do
impunha, obtendo para suas causas e na defesa do custo de vida que tivessem ultrapassado de 15%.
Govêrno, vitórias sôbre vitórias, em grande parte Recebi várias solicitações do Estado do
devidas ao tato, à capacidade e à habilidade do Espírito Santo, especialmente do Presidente da
eminente Líder. Associação dos Inativos, do Estado da Guanabara,
Eram estas as palavras que a Bancada do visando ao debate da matéria, para permitir as
Partido Libertador desejava registradas na saudação autoridades constituídas a revisão pretendida, vital
dirigida a V. Exa., Sr. Presidente, ao Senador Afonso para os trabalhadores.
Arinos e ao eminente Líder da Maioria, Senador Assim, Sr. Presidente, tive ensejo
de encaminhar a V. Exa., nos têrmos
Moura Andrade, a quem, esperamos, outras
regimentais, requerimento de
oportunidades se ofereçam como se hão de oferecer,
para a vida pública, que lhe há de ser brilhante como __________________
até aqui tem sido (Muito bem! Muito bem! Palmas). (*) – Não foi revisto pelo orador.
– 384 –

informações dirigido ao Sr. Ministro do Trabalho, isso mesmo, êste instante é de júbilo para o meu
Indústria e Comércio, pretendendo informes Partido, ao ver vitoriosa aquela nossa decisão de
minuciosos e específicos a respeito do cumprimento acompanhar Vossa Excelência e vê-lo agora
das disposições legais reclamadas pelos guindado, novamente; a êsse alto pôsto.
trabalhadores, eis que não podem êles suportar o Poderia V. Exa. reduzir sua atividade
surto inflacionário, de hiperinflação maligna, que nos apenas à Presidência do Senado Federal; mas, nós
prejudica, sem possibilidade de majoração dêsses que lhe conhecemos o temperamento e as
benefícios, das pensões e aposentadorias qualidades de líder, sua vocação política, espírito
concedidas. Porque mais ainda, com as revisões inquieto e preocupado com todos os problemas
salariais e a majoração das contribuições para os nacionais e, particularmente, com os dos
Institutos, que a Lei nº 68 autorizou, até três vêzes o trabalhadores, sabemos o que V. Exa. fará
maior salário-mínimo regional, têm êles o direito à nesse pôsto e terá nêle a mesma atuação que
revisão pretendida. Mister se faz pois que a manteve durante os últimos anos, como
autoridade competente determine a revisão cabível, companheiro que foi, na chapa vitoriosa, do
no mais breve prazo possível. Presidente Juscelino Kubitschek. Por isso mesmo,
Essa a solicitação que faço no requerimento temos que, daqui por diante, V. Exa. prosseguirá
de informações, já que, hoje, sou Oposição, e não nessa atividade, servindo à Pátria e aos
posso mais formular apelos ao Govêrno constituído trabalhadores, no que, sabe-o V. Exa., terá nosso
através de telegramas e meios outros, como no apoio sistemático, porque êste é sempre o nosso
pretérito mais próximo, para que as autoridades pensamento.
atendam as reclamações dos trabalhadores Despede-se hoje, também, desta Casa, o
aposentados, das viúvas e órfãos beneficiários da nobre Senador Afonso Arinos.
previdência social. Veio V. Exa. trazer-nos, nesta tarde, suas
Satisfaço, assim, ao apêlo que me dirigiram os despedidas, em razão das novas funções que
trabalhadores do Estado do Espírito Santo e o ocupará como Ministro das Relações Exteriores.
Presidente da Associação dos Inativos do Estado da Sr. Presidente, o nobre Senador Afonso Arinos
Guanabara. (Muito bem). veio para o Senado, acompanhado de tôda uma
O SR. PRESIDENTE: – Tem a palavra o nobre tradição de cultura e de inteligência. E nós estamos
Senador Guido Mondim. tranqüilos com a indicação de S. Exa. porque
O SR. GUIDO MONDIM (*): – Senhor estamos certos de que saberá, à testa do Itamarati,
Presidente, no dia em que Vossa Excelência assume dirigir-se com aquêle mesmo descortino com que nos
pela segunda vez a Presidência desta alta Casa do acostumamos a vê-lo nesta Casa. Vai S. Exa. para
Congresso Nacional, quero saudá-lo em nome do um pôsto onde sua atuação terá exigências
Partido de Representação Popular. profundas, em razão da situação internacional e da
Estivemos com V. Exa., Sr. Presidente, posição que o Brasil deve assumir em tôrno desta
na última campanha; por conjuntura. Nós lhe desejamos, porém, do fundo do
coração, que exerça a nova função com o maior
__________________ proveito para nossa Pátria, e temos certeza de que o
(*) – Não foi revisto pelo orador. fará.
– 385 –

Finalmente, Sr. Presidente, tivemos hoje, nos caminhos da paz e da justiça social".
também, as despedidas do ilustre Líder da Maioria, Tudo isso conseguiremos pelo esfôrço
nobre Senador Moura Andrade. conjunto e pela ação continuada de que são
Para nós não é motivo de maior tristeza, exemplos, nessa tarefa, os homens a quem
porque ao nobre Senador Moura Andrade outros saudamos na tarde de hoje, nesta Casa. (Muito
postos estão destinados. Os homens de talento bem!).
nascem com compromissos. E êsses compromissos O SR. PRESIDENTE: – Tem a palavra o nobre
devem ser atendidos. Senador Lima Teixeira.
É precisamente êste o caso do nobre Senador O SR. LIMA TEIXEIRA (*): – Sr. Presidente,
Moura Andrade. Nós nos acostumamos ao seu recebi há pouco, a incumbência do meu
comando, como membros da Maioria. nobre colega de Bancada, o Senador Barros
O SR. RUY CARNEIRO: – Muito bem! É um Carvalho, ausente por ter ido transmitir a Pasta
grande líder. da Agricultura ao nôvo titular, para apresentar as
O SR. GUIDO MONDIM: – Sabemos que despedidas do seu suplente, que até há
daqui por diante, outros postos o esperam, onde pouco funcionou como Senador da República, o
novamente êle fará cintilar com sua inteligência, a eminente Senador Antônio Baltar.
sua capacidade de comando. É a seguinte a carta que o Senador Antônio
O SR. RUY CARNEIRO: – E êle, estou Saltar dirigiu ao Senado:
convicto, irá liderar os Senadores que fizeram parte Brasília, 30 de janeiro de 1961.
da Maioria e que agora estão colocados na Oposição Exmo. Sr. Senador Filinto Müller – Senado
pela vontade do povo. Êle nos irá liderar. Federal – Brasília.
O SR. GUIDO MONDIM: – Precisamente, Sr. Presidente
nobre Senador. A deliberação tomada, ao encerrar-se a
O SR. RUY CARNEIRO: – Tem talento e reunião noturna de sexta-feira última, de
qualidades para isso. não se reunir o Senado no dia de hoje, pelos
O SR. GUIDO MONDIM: – Nem é outra coisa justificados motivos que alegou no seu requerimento
o que esperamos nós que pertencíamos, até ontem, o eminente Líder da Maioria, privou-me da
à Maioria nesta Casa. oportunidade de despedir-me do Plenário da Casa
Por isso mesmo, Sr. Presidente, saudando-o ao concluir o meu exercício temporário com a volta, à
e despedindo-nos do nobre Senador Afonso cadeira de que é titular, do ilustre Senador Barros
Arinos, aqui queremos deixar o nosso propósito Carvalho.
de prosseguir no acompanhamento das boas Cumpro por isso, através desta
causas para servir ao Brasil. Todos nós carta, o indeclinável dever de apresentar
estamos compromissados com nossa Pátria, as minhas despedidas a V. Exa., à Mesa do
e eu não quero deixar de recordar, porque Senado, a cada um dos Senho-
cabe muito bem dizê-lo agora, estas palavras
do Papa João XXIII, que ouvi diretamente: "O _________________
Brasil está destinado a liderar o mundo (*) – Não foi revisto pelo orador.
– 386 –

res Senadores, ao funcionalismo da casa e aos da Bahia. Vossa Excelência pode sentir nesse
jornalistas credenciados, ao mesmo tempo contato e na campanha política que encetou para
que lhes agradeço profunda e sinceramente a chegar novamente à Vice-Presidência da República,
excelente acolhida que me deram sem exceção, entre os anseios e as sentidas aspirações do povo
no exercício do meu mandato transitório, a atenção e quanto se fazia presente o seu prestígio perante os
benévola assistência de que me cercaram trabalhadores brasileiros, não só pela assistência
desde junho do ano passado quando atendi continuada dada àqueles que têm engrandecido a
à convocação de V. Exa. para assumir como nossa legenda, como na luta que empreendeu nesta
suplente um dos lugares da representação de Casa para aprovação da Lei de Previdência Social.
Pernambuco. Como relator da matéria pude verificar de
Devolvido aos meus encargos universitários perto o seu interêsse e o seu empenho.
depois de ter por mais de meio ano participado dos É com prazer que nós, trabalhistas de todos os
trabalhos do Senado Federai, estou em condições de rincões do Brasil, vemos V. Exa. ascender
dar um testemunho seguro da patriótica atuação da novamente à Vice-Presidência da República.
mais alta Casa do Congresso e da serena e Quero, também, ter uma palavra para o seu
permanente vigilância com que desempenha a sua eminente competidor, o representante do Estado de
tarefa constitucional. Minas Gerais, nesta Casa, o nobre Senador Milton
Objeto que fui de imerecidas deferências Campos, também digno da alta investidura em que
pessoais, durante êsse tempo, agradeço-as V. Exa. se encontra pela preferência de nossos
particularmente aos companheiros de representação concidadãos, que lhe sufragaram o nome nas urnas.
do meu Estado, aos líderes de partidos e de blocos Sr. Presidente, releva salientar que, se por um
parlamentares e em especial a V. Exa. que com lado houve a ascensão de V. Exa. tivemos a perda
tanto equilíbrio e segurança dirige os trabalhos do transitória é verdade, do convívio nesta Casa, do
Senado da República. eminente Senador Afonso Arinos, que no período em
Na Universidade do Recife, em cujo que aqui estêve, no contato com as diversas
professorado me reintegro, estarei sempre à Bancadas, demonstrou capacidade de trabalho, e
disposição de Vossa Excelência. dedicação aos interêsses nacionais dando prova de
Respeitosas saudações. Antônio Bezerra espírito público, de trato ameno e sobretudo de
Baltar". elevada cultura.
Sr. Presidente, aqui fica o documento de Se tivesse, nesta hora, como oposicionista, de
despedida do ilustre Senador Baltar. dizer alguma coisa sôbre o Govêrno que se inicia,
Permita-me, agora, Sr. Presidente diria que começou bem no Ministério das Relações
que o saúde, quando se empossa, pela segunda Exteriores.
vez, Presidente do Senado da República e o Sr. Presidente, permita-me também uma
faço com tanto mais prazer quando é certo que palavra sôbre o Líder da Maioria, o nobre Senador
me incluo entre os fundadores do Partido Moura Andrade, que com a combatividade,
Trabalhista Brasileiro, sendo membro do dedicação, espírito público e verbo fluente – que a
Diretório da Executiva do P.T.B. do Estado todos sempre encantou – exerceu a Lideran-
– 387 –

ça. S. Exa. por certo, será escolhido para outro O SR. LIMA TEIXEIRA: – Aplausos populares,
pôsto de relêvo, entre aquêles que, coisa rara para quem deixa o Poder.
embora oposicionistas, continuam com maioria nesta Sr. Presidente. Cabe-me, neste instante, como
Casa... oposicionista...
O SR. RUY CARNEIRO: – Muito bem! O SR. RUY CARNEIRO: – Colocados na
O SR. LIMA TEIXEIRA: – ...para melhor vigiar oposição pela vontade do povo.
e se tornarem constantes nos atos do atual Govêrno. O SR. LIMA TEIXEIRA: – ...formular votos
Nós, da Oposição, só podemos fazer votos para que para que o Govêrno que se inicia continue a obra
o Sr. Jânio Quadros possa tanto quanto suas fôrças realizadora do Presidente Juscelino Kubitschek de
permitirem, servir ao País; não lhe será exigido Oliveira.
exceder o Presidente Juscelino Kubitschek no Sr. Presidente, no momento em que V. Exa.
impulso extraordinário que deu ao Brasil, e nas assume a Vice-Presidência da República e
realizações que deixa. Presidência do Senado, fazemos votos por que a
A demonstração que o povo acaba de dar e Maioria desta Casa não negue sua colaboração às
que tivemos ensejo de assistir, ao término do medidas de acêrto do Govêrno atual, mas exerça o
mandato presidencial, é a prova mais evidente da direito da crítica mais severa, quando incidir em êrro.
sua obra realizadora e duradoura. S. Exa. tendo Estas as palavras que queria dirigir a V. Exa.
enfrentado as mais sérias dificuldades ao iniciar o em nome da Bahia, dos trabalhadores baianos e do
govêrno, deixa-o agora cercado do aprêço e do nosso P.T.B., mais unia vez na Presidência do
apoio geral do povo brasileiro. Senado. (Muito bem. Muito bem! Palmas).
O SR. RUY CARNEIRO: – Permite V. Exa. O SR. PRESIDENTE: – Senhores Senadores.
nôvo aparte? É com profunda emoção que agradeço as generosas
O SR. LIMA TEIXEIRA: – Com prazer. palavras com que acabam de saudar-me os nobres
O SR. RUY CARNEIRO: – V. Exa. estêve no Senadores.
Aeroporto, ontem, e assistiu ao embarque do A minha recondução a êste alto pôsto não
Presidente Juscelino Kubitschek. Foi confortador, representa sòmente para mim a reafirmação de uma
para nós que o apoiamos, assistir sua despedida. honra que vale por uma glória na carreira de um
Saiu glorificado nos braços do povo, povo livre que o político; é acima dela, a fortuna de poder continuar a
ama e compreende seu sofrimento em deixar esta desfrutar do convívio dos eminentes cidadãos que
cidade que construiu para a futura emancipação servem ao Brasil nesta Casa do Congresso e a
econômica do Brasil. receber a inspiração e os exemplos, de virtudes
O SR. LIMA TEIXEIRA: – É verdade. Foi cívicas e de devotamento à pátria comum de cada
grande satisfação para nós vê-lo deixar o Govêrno um no desempenho do mandato que os brasileiros
cercado das atenções, do entusiasmo e do respeito lhe confiaram e que aqui tanto dignificam.
da opinião pública. A todos a minha comovida gratidão.
O SR. RUY CARNEIRO: – E dos aplausos A Mesa verifica não existir, no Plenário,
sinceros do povo. número suficiente para prosseguimento da sessão.
– 388 –

Vai, por êsse motivo, encerrá-la. 457, de 22 de janeiro de 1950, do Estado de


Convoco os Srs. Senadores para uma sessão Pernambuco, julgado inconstitucional pelo
extraordinária amanhã, às 10 horas, com a seguinte: Supremo Tribunal Federal (projeto apresentado
pela Comissão de Constituição e Justiça em
ORDEM DO DIA seu Parecer nº 470, de 1960).
3. – Votação, em discussão única,
1. Continuação da votação, em discussão do Projeto de Resolução nº 61, de 1960, que
única, do Parecer da Comissão de Finanças sôbre a suspende a execução da Lei nº 1.027, de 11 de
Mensagem nº 41, pela qual o Sr. Presidente da dezembro de 1953, do Estado do Rio Grande do
República submete ao Senado a escolha do Sr. João Norte, julgada inconstitucional, pelo Supremo
Kubitschek de Figueiredo para o cargo de Ministro do Tribunal Federal (projeto apresentado pela Comissão
Tribunal de Contas. de Constituição e Justiça em seu Parecer nº 471, de
2 – Votação, em discussão única, do Projeto 1960).
de Resolução nº 60, de 1960, que suspende a Está encerrada a sessão.
execução da letra d do art. 2º do Decreto nº Encerra-se a sessão às 17 horas e 5 minutos.
23ª SESSÃO DA 2ª SESSÃO LEGISLATIVA, EXTRAORDINÁRIA, DA 4ª LEGISLATURA, EM 2 DE
FEVEREIRO DE 1961

PRESIDÊNCIA DO SENHOR CUNHA MELLO

Às 10 horas, acham-se presentes os Srs. O SR. PRESIDENTE: – A lista de presença


Senadores: registra o comparecimento de 37 Srs. Senadores.
Mourão Vieira. Havendo número legal, declaro aberta a sessão.
Cunha Mello.
Sebastião Archer. Vai ser lida a Ata.
Mendonça Clark. O Sr. Joaquim Parente – servindo de 2º
Mathias Olympio. Secretário – lê a Ata da sessão anterior, que, posta
Joaquim Parente. em discussão, é aprovada sem debates.
Fernandes Távora.
O Sr. 4º Secretário – servindo de 2º – dá conta
Menezes Pimentel.
Sérgio Marinho. do seguinte:
Reginaldo Fernandes.
Dix-Huit Rosado. EXPEDIENTE
Ruy Carneiro.
Novaes Filho.
Silvestre Péricles. Ofício
Lourival Fontes.
Heribaldo Vieira. Ofício nº 11-16, de 10 de janeiro do ano em
Ovídio Teixeira. curso, do Secretário da Agricultura, Indústria,
Lima Teixeira.
Comércio, Viação e Obras Públicas, do Estado de
Aloysio de Carvalho.
Ary Vianna. Mato Grosso, encaminhando o Processo nº 3.093,
Jefferson de Aguiar. em que o Espólio de João Clímaco Vidal pleiteia o
Arlindo Rodrigues. título definitivo de concessão de 63.124 hectares de
Benedito Valadares.
terras devolutas, situadas no Município de Campo
Nogueira da Gama.
Milton Campos. Grande como segue:
Moura Andrade.
Lino de Mattos. ESTADO DE MATO GROSSO
Coimbra Bueno.
João Villasbôas.
Filinto Müller. Secretaria da Agricultura, Indústria, Comércio,
Gaspar Velloso. Viação e Obras Públicas.
Nelson Maculan.
Saulo Ramos. Cuiabá – MT, em 10 de janeiro de 1961.
Irineu Bornhausen. Senhor Presidente:
Daniel Krieger.
Mem de Sá. Atendendo, ao disposto no artigo 156,
Guido Mondim. – (37). § 2º, da Constituição Federal,
– 390 –

tenho a honra de submeter à alta consideração do cer o cargo de Prefeito do Distrito Federal.
Senado da República, o anexo processo protocolado Culturalmente e polìticamente está
sob nº 3.093, através do qual, o Espólio de João aquêle membro da Câmara dos Deputados
Clímaco Vidal pretende obter do Estado, o título à altura do cargo para o qual o desejo nomear.
definitivo de concessão de venda de 63.124 hectares Desde a sua formação, inclusive na Faculdade de
de terras devolutas, situadas no Município de Campo Direito de São Paulo, distinguiu-se em todos os
Grande. estabelecimentos que cursou, sendo o detentor de
Cumpre-me informar que o Espólio baseia sua vários prêmios acadêmicos. Ingressando, mais tarde,
pretensão, na sentença de 1ª instância, proferida na advocacia, militou durante oito anos no fôro da
contra o Estado, em data de 25 de janeiro de 1925, Capital do Estado de São Paulo.
sem recurso algum, revalidando o processo Como homem público, o voto
administrativo de venda das terras pretendidas, popular o conduziu, primeiramente, à Câmara
desde que o interessado satisfizesse, dentro do Municipal de São Paulo, onde liderou a bancada de
prazo legal, às exigências regulamentares da seu Partido, o Democrata Cristão, e, como
medição e do pagamento do respectivo preço das membro das Comissões de Constituição e Justiça e
terras, para obtenção do título definitivo de domínio, de Urbanismo, adquiriu o tirocínio de administração
já tendo, entretanto, decorrido mais de 30 anos da municipal que hoje o indica para gestor dos
referida decisão, sem terem sido cumpridas aquelas negócios da Capital da República. Ainda nessa
exigências legais, assim incorrido em caducidade qualidade participou de Congressos de Municípios e
todos os direitos decorrentes, em face da legislação do último Congresso Interamericano de
local que regula a venda de terras devolutas. Municipalidades, realizado na cidade do Rio de
Folgo do ensejo para renovar a Vossa Janeiro.
Excelência os protestos de alta consideração e Elegendo-se Deputado Federal pelo Estado de
distinguido aprêço. – M. B. Nunes da Cunha, São Paulo, como o candidato mais votado de sua
Secretário da Agricultura. legenda, exerceu, por diversas vêzes, a Liderança de
À Comissão de Legislação Social e, em sua Bancada e é membro da Comissão de
seguida, às de Const. e Justiça e da Agricultura Economia. Nesta, entre estudos de que foi Relator,
(Regimento, art. 348 e Rec. 4560). figurou-o sôbre o custo de vida, em que adquiriu
experiência de matéria que diz com o bem-estar da
MENSAGEM população que será confiada à sua guarda. O seu
Nº 43, DE 1961 conhecimento do processo democrático ilustrou-se,
ainda em outros países de regime semelhante ao
Nº de ordem da Presidência: 91 nosso, tendo presenciado, com outros líderes de
Excelentíssimo Senhor Presidente do Senado Partido e a convite do Govêrno dos Estados Unidos,
Federal. as recentes eleições americanas.
Em cumprimento ao disposto no artigo 63, I, e A concepção que tem, do cargo para
para o efeito do art. 87, IV, da Constituição, tenho a o qual o desejo nomear, é a de dar
honra de submeter à aprovação do Senado Federal ênfase à necessidade de humanizar a Capital da
o nome do Dr. Paulo de Tarso Santos para exer- República e de planificar a administração lo-
– 391 –

cal, para completar a obra já realizada, procurando visão alcançava mais longe, porque, para
dar à cidade, em caráter definitivo, condições de vida êle, sempre mais longe estavam os horizontes
que permitam o normal funcionamento, aqui, do em que a grandeza do Brasil deveria
Govêrno Federal. Para tanto, é partidário de um firmar-se.
perfeito entrosamento entre o plano de mudança e o Era, por excelência, um educador: na caserna
plano da Cidade. ou nas escolas, foi sempre um mestre culto e bem
Rogando a Vossa Excelência submeter o avisado, para quem as novas gerações mesclam os
nome do Dr. Paulo de Tarso Santos à aprovação do melhores cuidados. Sua disciplina, imposta com os
Egrégio Senado Federal, valho-me do ensejo para rigores necessários mas sempre dosada de um
significar a essa Casa do Congresso Nacional as humanismo que não desconhecia a cordura e a
expressões de meu maior respeito. complacência, fê-lo estimado, por quantos privaram
Brasília, 1º, de fevereiro de 1961 – Jânio do seu convívio. Assim foi desde os primeiros anos
Quadros. de sua carreira, numa constante demonstração de
À Comissão de Constituição e Justiça. sua forte personalidade.
O SR. PRESIDENTE: – Está finda a leitura do Galgou todos os postos pelo princípio do
Expediente. (Pausa). merecimento; e o conceito que grangeou, entre os
O Sr. Senador Fausto Cabral enviou à Mesa seus camaradas, mercê de sua cultura, de sua
discurso a fim de ser publicado, de acôrdo com o inteligência e de sua rara capacidade de trabalho na
disposto no art. 201, § 2º, do Regimento Interno. S. qual tão bem se casavam o dinamismo e o
Exa. será atendido. descortino, é bem o coroamento de suas inigualáveis
É o seguinte: virtudes de chefe autêntico.
O SR. FAUSTO CABRAL: – Senhor A par de tantas aptidões, reveladas no trato de
Presidente assuntos estritamente militares, era de ver-se
Foi com justificada tristeza que todo o País e, também. no Marechal Heitor Borges, o espírito
em particular, as nossas fôrças armadas receberam sempre incontentável de realizações que se lançava,
a notícia do falecimento do Marechal Heitor Borges; em tôdas as oportunidades, para outros
ocorrido domingo último, no Rio de Janeiro. cometimentos, fora de sua esfera de atividades
Figura das mais ilustres do nosso Exército, e profissionais. E então como no caso do escotismo,
cuja carreira constituiu uma seqüência consagradora de que foi um dos paladinos mais entusiastas no
dos seus méritos, o Marechal Heitor Borges bem Brasil, era o patriota que cria, na juventude, cujas
merecia a admiração e o respeito que sempre lhe energias latentes sabia sacudir e cujo entusiasmo
foram tributados. estimulava. Incutindo-lhe o civismo doutrinando-a
Vocação irresistível pela carreira das armas, sob a inspiração dos mais sadios princípios, êsse
foi um estudioso e um dedicado dos problemas não ínclito oficial que ora desaparece deixou, na memória
apenas militares mas de quantos interessavam o de todos nós, um crédito inesgotável de respeito e de
aprimoramento cultural do povo brasileiro; não gratidão, que saberemos honrar.
sòmente os assuntos técnicos, inerentes à sua Neste breve escôrço, que desejo consignar,
profissão, prendiam êsse grande como homenagem à figura por tantos títulos
patriota aos gabinetes de estudo; sua exemplar do Marechal Heitor Borges, há de
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valer, sobretudo, com a lembrança rial descrevendo a situação aflitiva em


e o reconhecimento de quanto realizou pela que se encontram os ferroviários da Rêde de
Pátria êsse valoroso militar. Viação Paraná-Santa Catarina, em greve desde
Nasceu o Marechal Heitor Augusto o dia 26 de janeiro último, em virtude do
Borges no Ceará, a 27 de abril de 1884. Era filho não pagamento daquilo que a Lei da Paridade
de Arthur Augusto Borges e de D. Maria lhes outorga, isto é, a diferença de nível
Pia de Castro Borges. Após os estudos de vencimentos correspondente ao
secundários ingressou na Escola Militar, da mês de dezembro do ano
Praia Vermelha. Possuía os cursos das Escolas passado.
das Armas, de Estado-Maior e de Alto, Tal situação, porém, não se justifica,
Comando. Exerceu numerosos e destacados pois o Congresso Nacional aprovou Projeto
postos no Exército, tendo sido comandante de Lei autorizando o Executivo a abrir um
da Polícia Militar do Ceará, do 6º Batalhão crédito de quatro bilhões, trezentos e setenta
de Caçadores, em Ipameri; do Batalhão Escola e sete milhões, quinhentos e dezoito mil
de Infantaria; dos 1º e 2º Regimentos de Infantaria; cruzeiros, para atender ao pagamento aos
da Infantaria, Divisionária da 1ª Região Militar e ferroviários até ontem não efetuado, segundo fomos
Guarnições da Vila Militar e Deodoro; das 5ª, 7ª e 9ª informados, por não ter a Rêde Ferroviária Federal
Regiões Militares; da Infantaria Divisionária da 7ª recebido os recursos que lhe foram outorgados.
Região Militar e da Escola das Armas. Foi também O SR. MENDONÇA CLARK: –
Presidente do Supremo Tribunal da FEB. Possuía Dá V. Exa. licença para um aparte?
numerosas medalhas e condecorações entre as O SR. NELSON MACULAN: – Pois
quais as da Ordem do Mérito Militar, Medalha de não.
ouro de bons serviços, Medalha de Guerra, Medalha O SR. MENDONÇA CLARK: – V. Exa. aborda
do Pacificador e da Ordem do Mérito Militar da assunto que diz respeito também aos ferroviários da
França. Durante muitos anos foi Presidente da união Estrada-de-Ferro Central do Piauí, os quais, a
dos Escoteiros do Brasil. Era casado com D. Carmen exemplo dos da Rêde Paraná Santa Catarina,
Borges e deixou cinco filhos: Vanda, Fernanda e declaram-se em greve, na defesa dos seus direitos.
Aidée e os capitães Raul Augusto Borges e Heitor Assim V. Exa. tem meu apoio e o do Partido
Augusto Borges Filho. Republicano, no momento em que reivindica sejam
O SR. PRESIDENTE: – Está finda a leitura do os recursos necessários votados por nós, postos à
Expediente. disposição ela Rêde Ferroviária, para o pagamento
Há oradores inscritos. dos ferroviários de todo o Brasil.
Tem a palavra o nobre Senador Nelson O SR. NELSON MACULAN: – Agradeço o
Maculan. aparte do nobre Senador Mendonça Clark.
O SR. NELSON MACULAM (*): – Sr. Realmente, a Lei que tomou o nº 3.869 prevê, para a
Presidente, Srs. Senadores, acabamos de receber, Estrada-de-Ferro Central do Piauí, a importância de
da Comissão Executiva do Partido Trabalhista dez milhões, quinhentos e cinqüenta e sete mil
Brasileiro, seção do Paraná, memo- cruzeiros.
Sr. Presidente, Srs. Senadores, venho
__________________ acompanhando de perto, no meu Estado, o drama
(*) – Não foi revisto pelo orador. crucial dêsses humildes trabalhadores das es-
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tradas-de-ferro que, desde o guarda-chaves ros, ganhava Cr$ 10.000,00, um absurdo em face da
ao modesto maquinista, são os propulsores da responsabilidade da função.
nossa civilização e do nosso O SR. NELSON MACULAN: – Agradeço, mais
progresso. uma vez, o aparte do ilustre colega, Senador
O ferroviário, na realidade, é um Mendonça Clark, que aviva minha memória.
homem esquecido, em nosso País. Recordo-me Recordo-me de que, também naquela reunião, fôram
de que, ainda no princípio do ano passado, citados nominalmente os ferroviários que
através de gestão feita junto ao Ministro da reclamavam os seus direitos, após trabalhar durante
Fazenda, consegui liberar determinada importância, quarenta anos.
a qual veio trazer um pouco mais de É, realmente, uma classe abandonada. Se a
tranqüilidade, não aos ferroviários da ativa, situação do sistema ferroviário é deficitária, aos
mas aos inativos. Após quarenta anos de lutas empregados não cabe qualquer responsabilidade.
na ferrovia, aposentaram-se. Entretanto, como Não sabemos a causa dêsse defícit, mas cabe aos
êles mesmos declaram em reunião a que técnicos, aos economistas pesquisar os fatôres que
tive oportunidade de estar presente a o determinam, mas nunca através do não pagamento
aposentadoria não lhes trouxe benefícios. Pelo do salário de um honrado ferroviário, reduzido à
contrário, com os atrasos sucessivos no seu miséria.
pagamento, transformou a vida dêsses humildes Por isso, Sr. Presidente, Srs. Senadores é que
homens que durante quarenta anos lutaram, êsses homens pacatos que para nós simbolizam a
esquecidos e abandonados, relegados à própria alavanca propulsora do progresso, pois o sistema
sorte pelo Poder Executivo. A aposentadoria, ferroviário ainda é o mais conveniente para o
conforme acentuaram, em vez de constituir um desenvolvimento de qualquer país, decretaram esta
prêmio, era uma maldição. Preferiam voltar à ativa, greve pacífica, a partir do dia 26 último. Cá estão
continuar trabalhando até que a morte os levasse, postados em piquete, não para depredações
pois assim tinham a certeza de, no fim do mês, paralisadas, sob a guarda dos patrimônio da sua
receber alguns cruzeiros para enfrentar a situação ferrovia em cidades como Curitiba, Ponta Grossa e
aflitiva dos seus lares. outras regiões do Paraná.
O SR. MENDONÇA CLARK: – Permite V. E lá também estão as composições
Exa. outro aparte? paralisadas, sob a guarda dos eficicientes e
O SR. NELSON MACULAN: – Pois não. dedicados ferroviáros do nosso País.
O SR. MENDONÇA CLARK: – Êsse é outro Sr. Presidente, Srs. Senadores, não é possível
aspecto do problema, que V. Exa. aborda com muita continue esta situação: os trens do Paraná
propriedade. Recordo-me de que, há mais de dois paralisados, o que significa, um prejuízo enorme
anos, lutei para regularizar o processo da para o País.
aposentadoria de um ferroviário, impressionado pela Não é preciso relatar a situação, nesta Casa,
situação aflitiva do pobre homem, que quase porque a realidade é de todos conhecida. Paralisado
sucumbiu, pelas dificuldades de o tráfego ferroviário, cessam também a
tramitação do processo. Até pouco produção e a circulação de nossas riquezas.
tempo, um maquinista de comboio, com a Sr. Presidente, Srs. Senadores,
responsabilidade de conduzir milhares de passagei- espero que o nobre Sr. Ministro
– 394 –

da Fazenda, ontem empossado, faça com que O SR. MENDONÇA CLARK (*): – Sr.
os recursos votados pelo Congresso cheguem, Presidente, Srs. Senadores, realizou-se ontem a
sem tardança, ao seu destino, proporcionando transmissão de cargo do ilustre Professor Clóvis
aos ferroviários do Piauí, do Paraná, enfim, de todo Salgado que, até agora exerceu , as altas funções de
o Brasil, beneficiados por essa lei, os recursos Ministro da Educação e Cultura.
para pagamento dos seus modestos Sr. Presidente, Srs. Senadores, Clóvis
salários. Salgado é indiscutívelmente uma das figuras mais
Sr. Presidente, Srs. Senadores, quero relevantes do nosso Partido – o Partido Republicano,
também, neste momento, render minha homenagem e eu, como representante do Partido Republicano,
a esta Casa, pois foi rápida, no Senado, a tramitação nesta Casa, não poderia deixar de dizer algumas
do projeto que beneficiou os ferroviários. Ninguém se palavras sôbre a atuação do Sr. Ministro da
ateve a contestações quando se tratou do problema Educação e Cultura, principalmente em referência ao
que, sem dúvida, é de magna importância. Nobres Estado do Piauí.
Senadores e Deputados trabalharam para que a Embora seja desnecessário o meu
tramitação da matéria não sofresse demora. testemunho, o Ministro Clóvis Salgado, à frente do
Posso afirmar que os ferroviários não têm Ministério da Educação e Cultura procurou criar um
queixas dos congressistas. Sabem êles que recebida clima apartidário, no qual todos os represerítantes do
a Mensagem, o Parlamento, em tempo povo recebiam as mesmas atenções e cuidados
verdadeiramente recorde, cumpriu sua missão quando o procuravam para tratar dos altos assuntos
aprovando o projeto. pertinentes à educação e cultura no Brasil e ao
O que sentimos é que problema de tamanha interêsse dos seus Estados.
relevância, como êste que afeta dezenas de milhares Devo ainda declarar, para que conste dos
de servidores, seja relegado, agora, a importância Anais do Senado, que tive oportunidade de avaliar o
secundária. zêlo com que o Sr. Ministro Clóvis Salgado se
Firmo, desta tribuna, meu propósito de dedicou ao problema da educação das crianças
continuar defendendo os interêsses dessa gente piauienses S. Exa. foi talvez, dos raros Ministros de
humilde pois confesso meu orgulho em pertencer à Estado que nos últimos cinco anos visitou o Piauí.
classe ferroviária. Lembro-me que lá estêve também o ex-Ministro da
Quando meu pai chegou ao Brasil, uma das Viação e Obras Públicas, o Almirante Amaral
primeiras profissões que teve foi a de maquinista da Peixoto, uma ou duas vêzes. Afora este, salvo
Estrada-de-Ferro Cantareira, Sei, por isso, quão engano, a única visita ministerial que mereceu o meu
difícil e terrível é a manutenção de um lar humilde. Estado, nesse período, foi a do Sr. Ministro da
Assim, Sr. Presidente, apelo para o nôvo titular Educação e Cultura.
da Pasta da Fazenda para que adote, urgentemente, Sr. Presidente, ainda sôbre visitas
a providência de fazer chegar ao seu verdadeiro ministeriais, nos últimos vinte anos a meu Estado,
destino os recursos votados pela Lei número 3.869. existe fato interessante. Num passado já um pouco
(Muito bem). longínquo, quando ainda havia, no litoral, a linha
O SR. PRESIDENTE: – Continua a hora do aérea Condor, mais tarde Cruzeiro do Sul,
Expediente.
Tem a palavra o nobre Senador Mendonça __________________
Clark. (*) – Não foi revisto pelo orador.
– 395 –

Ministros de Estado desciam no aeroporto nas tico, sinceramente devotado ao problema


margens do Rio Parnaíba, chamado Igaraçu, da instrução e da educação em nosso País.
enquanto o avião se reabastecia, preocupados O povo de Minas Gerais, Estado do qual é
ùnicamente com a hora de embarcar. Lembro-me de filho, o tem no mais alto
um Ministro de Estado que foi ao Norte com muita conceito.
propaganda, inspecionar as estradas-de-ferro; ao O SR. MENDONÇA CLARK: – Muito
desembarcar no Piauí, na cidade de Parnaíba, obrigado ao nobre Senador Benedito Valadares
quando perguntaram a S. Exa. sôbre os motivos de pelo aparte com que acaba de ilustrar meu
sua visita, respondeu nada ter que fazer no Piauí, discurso.
porque nenhum Departamento Federal estava sob Sr. Presidente, não se resumiram
suas ordens. nessa visita as atenções e as atitudes
Em seguida, perguntou o Ministro – como vai o cavalheirescas do Ministro Clóvis Salgado
Estado dirigindo a estrada-de-ferro? Na ocasião, nós para com o milhão de brasileiros que vivem naquele
parnaibanos, e a Associação Comercial, que Estado.
tínhamos a idéia de entregar a S. Exa. um memorial O SR. NOGUEIRA DA GAMA: – Permite V.
sôbre a situação da estrada-de-ferro, sua Exa um aparte?
precariedade, e falta de continuação de suas obras, O SR. MENDONÇA CLARK: – Pois não.
recebemos aquelas palavras como uma ducha fria. O SR. NOGUEIRA DA GAMA: – Creio que
Confesso, Sr. Presidente, que face a declaração do posso falar, neste momento, não apenas em meu
Sr. Ministro não me atrevi a tratar do assunto. nome particular mas no do Partido Trabalhista
Por essa razão, Sr. Presidente, quando vi o Sr. Brasileiro, para congratular-me com V. Exa, pela
Ministro Clóvis Salgado se propor a visitar o Piauí, iniciativa que ora toma, de fazer consignar nos Anais
não o Nordeste inclusive o Piauí, mas visitar do Senado estas expressões de justiça, de apreço e
especialmente o Piauí, ir do Rio ao Piaui para de lá de reconhecimento à obra realizada pelo Ministro
voltar ao Rio – criei pelo ex-Governador de Minas Clóvis Salgado à testa da Pasta da Educação e
antes da eleição do Sr. Juscelino Kubitschek, Cultura. Meu Partido e todos os mineiros votam,
Ministro da Educação e novamente Vice-Governador hoje, ao grande Ministro Clóvis Salgado, admiração
de Minas, uma admiração que, com o correr dos especial. Efetivamente, S. Exa., no cenário político
anos, foi crescendo, pela atenção inicial que deu ao nacional, se revelou uma das grandes figuras do
meu Estado. nosso País. (Muito bem!). Pode V. Exa. inserir no
O SR. BENEDITO VALADARES: – Permite V. seu discurso que o Ministro Clóvis Salgado, além das
Exa. um aparte? suas notáveis qualidades de administrador, possui
O SR. MENDONÇA CLARK: - Pois não! outras infelizmente raras, hoje em dia, nos homens
O SR. BENEDITO VALADARES: – Solidarizo- públicos: é um cidadão prestante, digno, honesto e
me com V. Exa. pela justa homenagem que está exemplar na sua conduta pública e privada.
prestando ao Ministro Clóvis Salgado. O SR. MENDONÇA CLARK: – Agradeço,
Na realidade, foi um grande Ministro. ainda desta vez, o aparte de mais um ilustre
Homem inteligente, culto, espírito prá- representante de Minas Gerais, já. a esta altura
– 396 –

falando também em nome do Partido Trabalhista ticularmente nas duas únicas vêzes em que o
Brasileiro sôbre a personalidade do Ministro Clóvis Ministro Clóvis Salgado me fêz pedidos em ambas
Salgado. tive de negar. Imagine o Senado com que
Sr. Presidente, o Ministro Clóvis Salgado constrangimento, tendo recebido sempre de S. Exa.
dirigiu o Ministério da Educação e Cultura, com as maiores atenções, deixei de atender as
relação ao Piauí, o Estado que represento nesta solicitações formuladas pelo eminente amigo,
Casa, com rara felicidade. Nunca faltaram as verbas Ministro Clóvis Salgado! A primeira, foi quando me
necessárias à construção das pequenas escolas solicitou apoio à candidatura do Marechal Lott, pela
rurais no interior do Estado. Tôdas foram totalmente qual ardorosamente lutou no Estado de Minas
empregadas até o último centavo. Todos os Prefeitos Gerais; a segunda foi numa das últimas votações no
de todos os Partidos políticos foram atendidos para próprio Senado, e infelizmente, na ocasião, não pude
Convênios como Ministério da Educação e Cultura, satisfazer ao meu amigo ilustre e colega da Escola
com relação aos prédios escolares. Superior de Guerra
O Governador Almendra Gayoso, ex- Agora que S. Exa. deixa a Pasta da Educação
Governador do Piauí, pôde, através dêsses e Cultura, cercado da admiração e do respeito de
Convênios, construir novos prédios, aliás, todo o País, o que é raro, e principalmente da
magníficos, em Teresina, Parnaíba e outras cidades consideração do povo mineiro, manifestada, há
piauienses proporcionando assim meios para que as poucos instantes, como vimos, pelos nobres
crianças do meu Estado, dentro das verbas Senadores Benedito Valadares e Nogueira da Gama,
consignadas no Orçamento para o Piauí, contassem em nome do Partido Social Democrático e do Partido
com melhor ambiente para adquirir alguns Trabalhista Brasileiro, estou certo de que também os
conhecimentos, ou, pelo menos, serem piauienses estão gratos a S. Exa., tão gratos que,
alfabetizadas. cêrca de dez Municípios do meu Estado
Sr. Presidente outro aspecto da Administração espontâneamente o fizeram cidadão piauiense.
Clóvis salgado com relação ao Piauí, desejo Creio que à homenagem que procuro
salientar: S. Exa. encontrou o Estado pràticamente prestar a S. Exa. todo o Senado se associa,
sem bôlsas de estudo, tal a quantidade reduzida, pela voz de dois dos seus maiores Partidos,
coisa de duzentos ou trezentos mil cruzeiros. Pois isto graças à honestidade, à fidelidade, à
bem, em 1980, deixou S. Exa. a Pasta da Educação serenidade, à educação e eficiência que o Sr.
com cêrca de mil e quatrocentas bôlsas, no valor Clóvis Salgado revelou, como traços da sua
acima de seis milhões de cruzeiros! personalidade, na direção do Ministério da Educação
Ainda é muito pouco; mas, em relação ao que e Cultura.
existia antes, é muito. Realizou S. Exa. tudo isto – O SR. FERNANDES TÁVORA: – V. Exa. dá
repito – sem qualquer intenção política, licença para um aparte?
simplesmente por reconhecer as necessidades das O SR. MENDONÇA CLARK: – Com muito
crianças piauienses. prazer.
Políticamente falando, depois de ter recebido O SR. FERNANDES TÁVORA: – Aproveito a
tôdas essas atenções com relação ao Piauí e aos oportunidade para declarar ao Senado que me
interêsses da mocidade piauense, eu par- associo, de coração, a tudo quanto V. Exa. diz
– 397 –

sôbre o ex-Ministro Clóvis Salgado. Mesmo Se estamos atrasados e o mundo se


porque em tôdas as vêzes que o procurei, desenvolve com tanta rapidez, como se anuncia
visando beneficiar meus irmãos do Ceará, encontrei através da Ciência, dos técnicas, dos profissionais
em S. Exa. a maior boa vontade. Nunca de nível superior, dificilmente, um país como o
me foi negada uma bôlsa de estudo pedida para nosso, cujo destino é se tornar uma grande potência,
um pobre estudante ou o socorro àqueles atingiria o objetivo se viéssemos a cuidar da
que realmente, dêle precisavam. É verdade que educação primária, deixando a educação superior
nunca lhe pedi aquilo que não estivesse dentro da em situação menos privilegiada. Já o atual Ministro,
Lei. Assim costumo proceder. Mas quando se Brigido Tinoco, em seu discurso, se manifesta em
encontra alguém que cumpra a lei neste País, já é sentido contrário; mostrando claramente, a
grande coisa. Presto, assim, de coração, esta necessidade de se cuidar do ensino primário e
homenagem ao grande Ministro que hoje deixa a secundário, deixando em plano menos favorecido o
Pasta da Educação, mas que continua servir ao ensino superior.
Brasil. É ponto de vista muito interessante. Mas Sr.
O SR. MENDONÇA CLARK: – Agradeço o Presidente, pessoalmente entendo que o mais
aparte do nobre Senador Fernandes Távora. Todos correto é nem tanto ao mar, nem tanto à terra. Se,
conhecemos a franqueza, a lealdade e firmeza das realmente, não cuidarmos da educação primária e
atitudes de S. Exa. no Senado da República. secundária, não teremos material humano para mais
Partindo de S. Exa. palavras tão elogiosas a respeito tarde, formarmos nossos técnicos e professores. Se
do Ministro Clóvis Salgado, considero altamente abandonarmos o ensino superior, teremos
valioso o seu aparte. dificuldades, amanhã, de manter o Brasil no ritmo de
O SR. FERNANDES TÁVORA: – Procurei progresso atual.
apenas fazer justiça. Assim, teremos o meio têrmo: dar o maior
O SR. MENDONÇA CLARK: – Sr. Presidente, amparo à educação e à saúde das nossas crianças,
o Ministro Clóvis Salgado tentou orientar o Ministério dar-lhes educação integral.
da Educação e Cultura no sentido da incrementação Disse há poucos dias, neste Plenário, que a
da educação superior. É ponto de vista de S. Exa., criança brasileira vai à escola e dela sai pràticamente
pensar que o atraso da nossa educação, até o analfabeta, por circunstâncias de saúde e de
momento, é devido a não se ter dado preferência, a pobreza.
não se ter melhor cuidado do ensino superior para Cuidar exclusivamente do ensino primário,
recuperar o tempo perdido. É argumentação já muito sem procurar evitar e remediar os males que atingem
discutida nesta Casa, através das palavras de vários as nossas crianças, talvez seja risco muito grande.
ilustres oradores, que muito se ocuparam do Faz-se mister, cuidar simultâneamente da educação
abandono em que se encontra o ensino primário e primária e da saúde da nossa população infantil;
secundário e do interêsse demonstrado pelo ensino estaremos assim preparando melhor as nossas
de grau superior, que arrecada, se não me engano, gerações para as suas funções futuras.
60% das verbas do Ministério da Educação e O SR. RUY CARNEIRO: – Permite V. Exa. um
Cultura. É um ponto de vista, repito, que precisa ser aparte?
realmente estudado. O SR. MENDONÇA CLARK: – Com prazer.
– 398 –

O SR. RUY CARNEIRO: – Há dias, te tratando de assunto da maior relevânvia para, o


em discurso brilhante, V. Exa, focalizou o tema País e felicito-o pelo discurso magnífico que vem
da mortalidade infantil em nosso País, em face proferindo.
da deficiência alimentar e da pobreza. Agora, V. O SR. MENDONÇA CLARK: – Agradeço ao
Exa. traz à baila a questão do ensino pimário. nobre Senador Ruy Carneiro o aparte. Reconheço
Àquela oportunidade, em aparte que me em S. Exa. grande defensor da criança paraibana.
concedeu com muita honra, para mim, Para atender as recomendações do Sr. Presidente,
recordei a cooperação do Govêrno da Paraíba concluo minha oração desejando ao Ministro Clóvis
com a Legião Brasileira de Assistência no sentido Salgado a maior felicidade. Em sua vida de
de prestar assistência maior às crianças dos Professor em Minas Gerais...
grupos escolares, através da merenda O SR. RUY CARNEIRO: – Associo-me às
escolar e amparo médico, homenagens que presta V. Exa. ao Ministro Clóvis
melhorando-lhes, inclusive, as condições físicas Salgado.
em face do pauperismo. Como afirmei na O SR. MENDONÇA CLARK: – ...e se
ocasião, a criança pobre ia três dias na semana convocado, novamente, para o Executivo, saberá
para as ruas vender doces fabricados por suas confirmar, já agora com maior experiência, suas
famílias, roletas de cana e outras qualidades de Ministro de Estado. (Muito bem).
guloseimas para ajudar no custeio da O SR. PRESIDENTE: – Sôbre a mesa
alimentação e nos outros três dias compareciam à requerimento do nobre Senador Daniel Krieger, que
Escola. Com a merenda escolar e a assistência vai ser lido.
médica organizada pelo Govêrno do Estado e pela É lido o seguinte:
Legião Brasileira de Assistência, evidenciou-se
extraordinário aumento de freqüência nas escolas. REQUERIMENTO
As crianças deixaram de ir à rua fazer essas vendas Nº 47, DE 1961
e se dedicaram aos estudos, por se sentirem melhor
alimentadas. Fundei também, na Paraíba, naquela Nos têrmos do art. 202, nº 2, do Regimento
ocasião, a Colônia de Férias na Praia de Tambaú Interno requeiro a transcrição, nos Anais do Senado,
para onde eram levados os escolares, muitos dos do discurso proferido pelo Sr. Senador Afonso
quais não conheciam o mar... Arinos, ao ser empossado no cargo de Ministro das
O SR. MENDONÇA CLARK: – Tambaú é uma Relações Exteriores.
das mais lindas praias do Brasil. Sala das Sessões, em 2 de fevereiro de 1961.
O SR. PRESIDENTE (fazendo soar os – Daniel Krieger.
tímpanos): – Pondero a V. Exa, que o tempo de que O SR. PRESIDENTE: – Êste requerimento
dispunha já foi ultrapassado de quinze minutos. depende de apoiamento.
Peço, portanto, que conclua suas considerações. Os Senhores Senadores que o apoiarem
O SR. MENDONÇA CLARK: – deverão permanecer sentados. (Pausa).
Agradeço a V. Exa. e vou terminar. Apoiado.
O SR. RUY CARNEIRO: – ...de Sendo evidente que o documento cuja
maneira que V. Exa. está realmen- transcrição se pede não atinge
– 399 –

o limite esfabelecido no parágrafo único do art. 202, É o seguinte o projeto aprovado, que vai à
do Regimento Interno, o requerimento será Comissão de Redação.
submetido oportunamente à deliberação do Plenário,
independentemente de Parecer da Comissão PROJETO DE RESOLUÇÃO
Diretora. Nº 60, DE 1960
Passa-se à:
Art. 1º Fica suspensa a execução da letra d do
ORDEM DO DIA art. 2º do Decreto número 457, de 22 de janeiro de
1950, do Estado de Pernambuco, que foi julgado
Continuação da votação, em discussão única, inconstitucional pelo Supremo Tribunal Federal, em
do Parecer da Comissão de Finanças sôbre a decisão definitiva, no Recurso Extraordinário nº
Mensagem nº 41, pela qual o Sr. Presidente da 24.843, de 10 de janeiro de 1955.
República submete ao Senado a escolha do Sr. João Art. 2º Revogam-se as disposições em
Kubitschek de Figueiredo para o cargo de Ministro do contrário.
Tribunal de Contas.
Votação, em discussão única, do Projeto de
O SR. PRESIDENTE: – Para apreciação da Resolução nº 61, de 1960, que suspende a execução
matéria, a sessão se transforma de pública em da Lei nº 1.027, de 11 de dezembro de 1953 do
secreta. Estado do Rio Grande do Norte, julgada
Peço aos funcionários da Mesa que tomem as inconstitucional pelo Supremo Tribunal Federal
medidas necessárias. (projeto apresentado pela Comissão de Constituição
A sessão transforma-se em secreta às dez e Justiça em seu Parecer nº. 471, de 1960).
horas e cinqüenta minutos e volta a ser pública às
onze horas e dez minutos. O SR. PRESIDENTE: – Em votação o projeto.
O SR. PRESIDENTE: – Está aberta a sessão Os Senhores Senadores que o aprovam,
pública. queiram permanecer sentados. (Pausa).
Passa-se à apreciação da matéria constante Está aprovado.
do item 2 da Ordem do Dia É o seguinte o projeto aprovado, que vai à
Comissão de Redação
Votação, em discussão única, do Projeto de
Resolução nº 60, de 1960, que suspende a execução PROJETO DE RESOLUÇÃO
da letra d do art. 2º do Decreto número 457, de 22 de Nº 81, DE 1960.
janeiro de 1950, db Estado de Pernambuco, julgado
inconstitucional pelo Supremo Tribunal Federal Art. 1º Fica suspensa a execução da Lei nº
(projeto apresentado pela Comissão de Constituição 1.027, de 11 de dezembro de 1953, do Estado do
e Justiça em seu Parecer nº 470, de 1960). Rio Grande do Norte, por ter sido julgada
Inconstitucional pelo Supremo Tribunal Federal, na
O SR. PRESIDENTE: – Em votação o projeto. Representação nº 217, em decisão definitiva
Os Srs. Senadores que o aprovam, queiram proferida em 13 de setembro de 1954.
permanecer sentados. (Pausa). Art. 2º Revogam-se as disposições em
Está aprovado. contrário.
– 400 –

O SR. PRESIDENTE: – Está esgotada e Justiça em seu Parecer n.° 468, de


a matéria constante do avulso. 1960).
Passa-se à apreciação do Requerimento Encerra-se a Sessão às 11
nº 47, lido no Expediente. horas e 10 minutos.
Em discussão o requerimento. Discurso do Sr. Senador Afonso
Se nenhum dos Srs. Senadores Arinos, que se publica nos têrmos do
desejar usar da palavra, encerrarei a discussão. Requerimento nº 47, de 1961, do Sr. Daniel
(Pausa). Krieger, aprovado na Sessão de
Está encerrada. 2-2-1961:
Em votação. Ao assumir o cargo de Ministro de Estado
Os Senhores Senadores que o das Relações Exteriores, para o qual fui
aprovam, queiram permanecer sentados. convocado pela honrosa confiança do
(Pausa). ilustre Presidente Jânio Quadros, não me iludo
Está aprovado. sôbre as pesadas responsabilidades que
A matéria a que se refere o requerimento me aguardam no exercício da
será publicada. função.
Nada mais havendo que tratar, Só mesmo a consciência de
encerro a sessão, designando para à próxima a modestos atributos que, mercê de Deus, nunca
seguinte: me faltaram – o senso da responsabilidade
e a dedicação ao trabalho – permitiu-me
ORDEM DO DIA atender, sem vacilar, ao convite do preclaro Chefe do
Estado.
1 – Discussão única do Projeto de Resolução Secular e gloriosa é a história desta
nº 48, de 1960, que suspende a execução do art. 57, pasta, Senhor Ministro, história que
nº III, da Lei nº 64, de 21-2.1948, do Estado do Vossa Excelência realçou com a sua
Paraná, julgado inconstitucional pelo Supremo inteligência, cultura, tacto e larga experiência da
Tribunal Federal, em decisões definitivas (projeto vida política, acrescendo novos títulos àqueles que
oferecido pela Comissão de Constituição e Justiça, fazem com que o Brasil confie no Itamaratí e dêle se
em conclusão de seu Parecer número 423, de 1960). orgulhe.
2 – Discussão única do Projeto de Resolução O Ministério do Exterior vem sendo, na
nº 49, de 1960, que suspende a execução do art. 57, verdade, desde a Independência, uma Casa na qual
nº III, da Lei nº 64, de 21-2-1948, do Estado do homens eminentes têm sabido representar a nossa
Paraná, julgado inconstitucional pelo Supremo civilização em contínuo progresso; afirmar a nossa
Tribunal Federal, em decisão definitiva (projeto soberania em crescente consolidação; defender os
oferecido pela Comissão de Constituição e Justiça, nossos interêsses que evoluem e se transformam
em conclusão do seu Parecer número 424, de 1960). com as mutações históricas, exprimir, em suma, nos
3 – Discussão única do Projeto de Resolução contactos com a comunidade das Nações, os traços
nº 58, de 1960, que suspende a execução do nº XIX, da nossa personalidade, hoje plenamente
do art. 34 e do art. 104 da Constituição do Estado do desenvolvida e consciente dos seus
Ceará, julgados inconstitucionais direitos e deveres. Por outro lado, em diversas
pelo Supremo Tribunal Federal (Projeto oportunidades, no Império e na República, os
apresentado pela Comissão de Constituição gestores da nossa política externa souberam
– 401 –

representar fielmente a vocação pacífica do nosso ma de govêrno capaz de respeitar os elementos


povo, manifestada em tantos episódios, nos quais transcendentes da dignidade humana, dentro da
estadistas e diplomatas brasileiros foram a voz que instituição estatal. Como bem disse Nabuco, o
aconselha, a inteligência que orienta, a fôrça, em Império, assegurando-nos o mecanismo da
suma, que intercede entre os desavindos para democracia parlamentar, evitou-nos a moléstia
restabelecer o bom entendimento ou a paz. infantil do caudilhismo continental.
O vertiginoso progresso técnico-científico Além de històricamente democrático, o Brasil é
contemporâneo não alargou sòmente as fronteiras bem um país pacífico, melhor diríamos, um país
do conhecimento especulativo, senão que ampliou, pacifista, sempre disposto a resolver e a contribuir
também, de forma terrífica, o poder material do para que se resolvam pacìficamente os dissídios
homem rompendo, por isso mesmo, os antigos internacionais de qualquer natureza.
quadros jurídico-políticos que regiam a vida das Temos, assim, o tríptico de valores que devem
sociedades humanas, hoje incertas e sem rumo presidir ao planejamento da política internacional do
diante da penosa gestação do mundo de amanhã. nosso País: soberania, democracia, paz.
Daí a contradição do nosso tempo, de que não O Govêrno que se inaugura, sintetizado na
se livra nenhum povo e nenhum regime de govêrno. forte individualidade do Presidente Jânio Quadros,
O conflito de fatôres econômicos-sociais gera sente-se apto a praticar uma política internacional
a contradição de teses e soluções, sejam elas plena e vigorosamente obediente a essas diretrizes.
puramente doutrinárias, como, também, técnicas e A moderna noção de soberania transpôs a
governativas. fase de simples afirmação polêmica de um Estado
Num ambiente mundial e histórico em tão diante dos demais para assumir uma conceituação
constante e imprevisível movimento, poucos serão dinâmica e operativa, cheia de conseqüências.
os valores permanentes da política internacional. É A soberania de um Estado jovem como o
claro que êstes valores se subordinam ao objetivo Brasil não se limita, hoje, à sua exclusão da
final daquela política que é o interêsse nacional de influência política de outra autoridade,
cada país. especialmente de outro Estado senão que significa
Por outro lado, a natureza dêsses valores a preocupação do Estado com o desenvolvimento
depende da formação histórica, da cultura e dos nacional, estimulando as fôrças econômicas,
sentimentos predominantes de cada comunidade culturais e sociais internas, e afastando ou
nacional, como também dos elementos ligados aos neutralizando as influências externas que se
seus interêsses, destino, missão civilizadora e forma oponham a tal desenvolvimento, ou o entorpeçam,
de vida. sejam elas políticas, sejam também econômicas, e
O primeiro valor marcante da formação portanto representativas não pròpriamente de
brasileira é o sentimento inato da independência Estados estrangeiros, mas de grupos e
nacional, ou seja, a própria tradição de soberania do organizações econômicas alienígenas e
Estado brasileiro. internacionais.
Não devemos esquecer, contudo, que o A concepção atual da soberania, a que
Estado brasileiro soberano tem se vimos de nos referir, exige uma grande
afirmado històricamente, desde a independência, autonomia nas atitudes da nossa diplomacia,
vinculado à democracia, que é o único siste- inclusive no quadro das organizações interna-
– 402 –

cionais, porque a nossa posição, nestes grandes tra as raças coloridas como ocorre em tantos povos
palcos do mundo deve corresponder ao que somos brancos ou predominantemente brancos; nem
verdadeiramente como povo, como cultura e como preconceitos contra os brancos, como acontece com
expressão econômica e social. os povos predominantemente de côr.
A nossa contribuição ao mundo cristão- A nossa Constituição possui uma explendente
democrático, ao qual indiscutìvelmente pertencemos, disposição vedativa de tais preconceitos e se me
só será efetiva na medida em que representarmos, coubesse algum motivo de satisfação pelos meus
dentro dêle, a parcela de autenticidade que nos doze anos de Deputado, êste seria seguramente, o
cabe; em que assumirmos a responsabilidade de da autoria da lei que incluiu, na Legislação Penal, a
exprimir as aspirações e reivindicações que estamos norma genérica da Constituição.
no dever e em condições de manifestar. O Portanto, o exercício legítimo da nossa
reconhecimento da autonomia e autenticidade das soberania nos levará na política internacional, a
nações, como as da América Latina, ou as novas do apoiar sinceramente os esforços do mundo afro-
mundo afro-asiático é um enriquecimento para o asiático pela democracia e a liberdade, através de
mundo livre, ao passo que a tentativa de apoio a tôdas as posições anticolonialistas, de
enquadramento dêsses povos tão cheios de resistência a tôdas as formas de pressão contra o
problemas e características peculiares em um princípio da livre-determinação dos povos, do
sistema que lhes é artificial de normas e esfôrço, enfim pelo progresso das áreas e povos
responsabilidades, é o meio mais certo de criar econômicamente subdesenvolvidos.
dentro dêles, naturais reservas e resistências. Na Se, por um lado, somos país com visíveis
medida em que somos diferentes e temos problemas aspectos de subdesenvolvimento econômico e
específicos, o atendimento dêsses problemas e o técnico, o que nos leva a inegável aproximação de
reconhecimento daquelas diferenças são os únicos interêsses com o mundo afro-asiático, por outro
meios capazes de integrar e fortalecer o mundo livre. somos um povo convictamente democrático, sendo
O Brasil se encontra em situação que, no campo do Direito Político e, agora, na prática
especialmente favorável para servir de elo ou traço do regime, o nosso amadurecimento institucional é
de únião entre o mundo afro-asiático e as grandes admirável.
potências ocidentais. O espetáculo das últimas eleições, da
Povo democrático e cristão, cuja cultura latina se apuração, do reconhecimento e da posse de Jânio
enriqueceu com a presença de influências autóctones Quadros na presidência, a par de instrutivo para o
africanas e asiáticas, somos étnicamente mestiços e mundo é, por igual, uma lição e uma advertência
culturalmente mesclados de elementos provenientes para os políticos nacionais. Revelou a magnífica
das imensas áreas geográficas e demográficas que maturidade do povo brasileiro para o exercício
neste século desabrocham para a vida internacional. efetivo e não apenas formal da democracia, e
Além disso, os processos de miscigenação com que a ensinou aos ideólogos superados, aos obstinados
metrópole portuguesa nos plasmou facilitaram sectários e aos escravagistas intelectuais,
a nossa democracia racial, que, se não é perfeita que o nosso povo pode e quer resolver
como desejaríamos, é contudo, a mais os seus problemas dentro da liberdade
avançada do mundo. Não temos preconceitos con- política. A esmagadora vitória de Jâ-
– 403 –

nio Quadros foi expressão desta advertência, de que A técnica da paz evoluiu, porém, como todos
o povo brasileiro repele as ditaduras de qualquer os demais aspectos da política internacional.
tipo, personalistas, caudilhistas, de classe ou de O penoso esfôrço dos juristas e diplomatas se
partido. Nós, no Brasil, não carecemos de tais concentra, hoje, em harmonizar, no direito e na
processos, e, livres como somos no cenário prática princípios tão conflitantes como o da não
internacional, combateremos sempre livremente. intervenção e o da solidariedade coletiva: o da
Esta palavra, liberdade, perdeu a sua conotação soberania do Estado e o da autoridade dos
romântica do século passado; limitou os excessos organismos internacionais, sendo certo que sem o
individualísticos que lhe comprometiam o sentido funcionamento adequado de tôdas essas peças
humano e enriqueceu-se de novos tons sociais e contraditoriais, o mecanismo da paz pode entrar em
coletivos, mas conservou o núcleo de significado colapso, com as conseqüências previsíveis na nossa
eterno, que é o valor da personalidade. Por esta época, de poder ilimitadamente destruidor.
nova liberdade humana, social e coletiva, é que Neste terreno delicado, deveremos atuar com
pugna a política internacional do Brasil, País tacto e prudência, seguindo os nossos interêsses,
anticolonialista, antirracista e convicto da que coincidem perfeitamente com as nossas
necessidade do desenvolvimento como base da tradições.
democracia. O Brasil está perfeitamente evoluído e capaz
Isto corresponde a deixar bem claro que, se os de equilibrar, para seu uso, a não intervenção com a
nossos interêsses muitas vêzes são os mesmos dos solidariedade coletiva, a soberania do estado com a
novos países subdesenvolvidos, a forma de abordá- adesão aos organismos internacionais, sendo que,
los e resolvê-los pode variar, exatamente em função quanto a êste último aspecto, a norma da
do nosso amadurecimento democrático. Constituição Federal é magnífica de concisão,
Ainda aqui a vida e a figura de Jânio eficácia e clareza.
Quadros exprimem muito bem o que estou O problema está em que outras nações,
salientando. continentais ou não, com as quais mantemos
Sua carreira e sua pessoa de estadista são a semelhança de situações econômico-sociais, não
revelação brasileira mais forte dessas novas tendo encontrado o equilíbrio político-democrático,
significações da democracia social. não conseguem tão pouco, situar-se
O pacifismo é, afinal, a construção jurídica e equilibradamente na utilização daqueles
política de um sistema de garantias e soluções para instrumentos, até certo ponto contraditórios. É, sem
o convívio internacional e, especialmente, dúvida, a falta de maturação democrática, que leva
continental. Já foi a atividade predominante da certos governos à necessidade de enfatizar
democracia brasileira. Alexandre de Gusmão, demasiado o princípio da não intervenção, em
Barbacena, Paulino de Souza, S. Vicente, Paraná, os detrimento do da solidariedade coletiva; ou o da
dois Rio Branco, Rui, Nabuco, Mangabeira, Melo soberania do Estado, em prejuízo da eficácia dos
Franco, Aranha, aí estão, na Colônia, no Império e organismos internacionais.
na República, alguns grandes nomes, para só falar Por isto, repetimos, a nossa ação deve ser
dos mortos, que ajudaram a construir o monumento prudente, refletida, de forma a salvaguardar,
da nossa escola diplomática pacifista. tanto quanto possível conjuntamente, os nossos
– 404 –

interêsses, o desenvolvimento e emancipação dos transmite ao Poder Legislativo brasileiro.


povos atrasados e a causa da paz. É pois, com sincera e antiga convicção que
Os nossos interêsses, situados conto com tôdas as correntes políticas da Câmara e
prioritàriamente, coincidem, como disse há pouco, do Senado para, através das suas críticas,
nesses assuntos, com as nossas tradições. O sugestões e apoio, prestigiarem a ação do Govêrno
respeito ao ato jurídico, a não intervenção, o da República, no delicado terreno da política
reconhecimento da solidariedade coletiva como freio internacional, no qual, se as divergências de opinião
às agressões, a defesa da liberdade humana no seu são salutares, o arrefecimento das paixões é esfôrço
mais amplo significado, êstes e outros princípios elementar e patriótico, para o bem do País.
presidiram à integração territorial do Brasil, ao A continuidade da política brasileira é outro
fortalecimento da sua independência e soberania, à ponto que não esquecemos, principalmente no
expansão da sua autoridade internacional. Sem tocante à iniciativa acertada como o da chamada
perda nem enfranquecimento dêstes princípios, Operação Pan-Americana, do Presidente
sustentadores da nossa política externa, haveremos Kubitschek. Êste movimento veio chamar a
de aplicá-los em campo cada vez mais largo. atenção do Continente para as estreitas relações
É pensamento do Presidente Jânio Quadros entre o subdesenvolvimento, e os riscos que
que o seu govêrno entre em relações diplomáticas e assaltam a democracia. Quando tive a honra de
comerciais em todos os Estados do mundo, que saudar o Presidente Eisenhower, em nome
manifestem desejo de conosco manterem do Senado brasileiro, não deixei de dar a
intercâmbio pacífico, com o respeito da nossa opinião da nossa corrente, então oposicionista, a
organização jurídica e social. O espírito desta respeito. Não é demais, portanto, que aqui a
orientação é o de cooperar para a paz, e, portanto, repita.
não pode nem deve ela ser interpretada como Outro aspecto de que devemos cuidar desde
dirigida contra ninguém. logo é o da reforma dos servidores do Itamarati, em
Estamos certos de contribuir, com esta tramitação na Câmara, através de mensagem do
conduta, para a causa da paz e da democracia no govêrno passado, enriquecida por brilhante
mundo. colaboração daquela Casa. Era natural que o nôvo
Não poderia aqui referir o caminho a ser govêrno tivesse a sua palavra sôbre a organização
trilhado para atingirmos aos objetivos propostos. da pasta. Não poderei entrar, neste momento, em
Alguns dados, contudo, são indispensáveis. pormenores. Apenas direi que o nosso esfôrço será
Em primeiro lugar menciono a colaboração no sentido de adaptar a lei aos desígnios do
com o Congresso, base de tôda política externa em Presidente Jânio Quadros. Queremos que o aparelho
qualquer país democrático. Homem do Legislativo, administrativo do Itamarati seja bastante amplo, forte
no qual servi por doze anos, como Deputado, e e flexível para permitir a presença do Brasil nos
dois, como Senador, não são novas nem moldes exigidos pelas nossas necessidades e
improvisadas, minhas idéias sôbre a importância da propósitos.
função do Congresso na política internacional. Ela Por outro lado, pretendemos aparelhar o
decorre da presença dos problemas mundiais na govêrno a tornar mais justa e democrática a
vida de cada um de nós, do interêsse que esta carreira diplomática, respeitando o que fôr
presença desperta no homem da rua, o qual se necessário nas suas tradições, existentes
– 405 –

em todos os países e regimes, mas extinguindo, Ao Corpo Diplomático estrangeiro endereço os


tanto quanto possível, o protecionismo e a meus respeitos. Habituado, desde a mocidade, aos
emulação pessoal, premiando o mérito, ambientes diplomáticos, honrando-me de ser filho,
amparando a dedicação e a experiência, criando irmão e pai de diplomatas que serviram e servem
normas sadías e genéricas para o ingresso e o com dignidade ao País, sei dos méritos e fraquezas
acesso, exterminando, em suma, na medida do da carreira que, como em tôdas as carreiras civis e
possível, o sistema de influências camarárias, de militares e não diferentemente delas, são méritos e
prestígios pessoais e de injustiças. Isto não fraquezas das pessoas humanas.
representa prevenção nem hostilidade a quem Sei, assim, a colaboração valiosa que o ilustre
quer que seja, nem abalo de situações Corpo Diplomático estrangeiro, ao qual reitero as
consolidadas, mas, apenas, a ação determinada minhas saudações, pode dar para a solução de
pela colocação do serviço público acima das tantos problemas do nosso Govêrno, através da
conveniências pessoais, para bem de um corpo de compreensão, lealdade e firmeza dos entendimentos
funcionários que possui alguns dos melhores e tratativas.
valores do quadro de funcionários brasileiros. Meus senhores, o êxito dos governos depende
O Presidente Jânio Quadros pretende também do dom total dos homens públicos ao serviço da
– e esta é uma responsabilidade do Brasil que muito pátria.
me honro de proclamar – extinguir qualquer Esta humilde submissão do homem à sua
preconceito de raça, franco ou disfarçado, no serviço tarefa, com esquecimento de quaisquer aspirações
do Itamarati. individuais, mesmo as mais nobilitantes, como a
Contamos também com a imprensa, rádio e ambição de nomeada, respeito e glória, foi a escola
televisão, e agradecemos o seu apoio, tão em que me eduquei, foi a mais valiosa herança que
necessário à compreensão popular dos objetivos me legou meu pai, a quem hoje recordo, com amor,
e processos da política internacional. Não no momento em que me invisto das funções que êle
receiamos as suas críticas porque sei que os outrora exerceu.
profissionais brasileiros são, como eu, patriotas, e É recordando a sua memória, e esperando a
nada farão conscientemente em prejuízo do proteção divina, que alço, agora, a minha esperança
nosso País. de bem servir ao Brasil.
24ª SESSÃO DA 2ª SESSÃO LEGISLATIVA, EXTRAORDINÁRIA, DA 4ª LEGISLATURA, EM 2 DE
FEVEREIRO DE 1961

PRESIDÊNCIA DOS SENHORES JOÃO GOULART E CUNHA MELLO

Às 14 horas e 30 minutos, acham-se O SR. PRESIDENTE: – A lista de


presentes os Srs. Senadores: presença registra o comparecimento de 39 Srs.
Mourão Vieira. Senadores. Havendo número legal, declaro aberta a
Cunha Mello.
Sebastião Archer. sessão.
Mendonça Clark. Vai ser lida a Ata.
Mathias Olympio. O Sr. 4º Secretário, servindo de 2º, lê a Ata da
Joaquim Parente. sessão anterior, que, posta em discussão, é
Fernandes Távora.
aprovada sem debates.
Menezes Pimentel.
Sérgio Marinho. O Sr. Primeiro Secretário dá conta do
Reginaldo Fernandes. seguinte:
Dix-Huit Rosado.
Ruy Carneiro. EXPEDIENTE
Novaes Filho.
Silvestre Péricles.
Lourival Fontes. PARECER
Heribaldo Vieira. Nº 52, DE 1961
Ovídio Teixeira.
Lima Teixeira Da Comissão de Economia, sôbre Projeto
Aloysio de Carvalho.
Ary Vianna. de Decreto Legislativo nº 1, de 1961 (nº 57 de
Jefferson de Aguiar. 1960, na Câmara), que aprova o Tratado que
Arlindo Rodrigues. estabelece uma zona de livre comércio,
Caiado de Castro. firmado pela Argentina, Brasil, Chile, México,
Gilberto Marinho. Paraguai, Peru e Uruguai (tratado de
Benedito Valadares.
Nogueira da Gama. Montevidéu).
Milton Campos.
Moura Andrade. Relator: Sr. Ary Vianna.
Lino de Mattos. O Projeto de decreto legislativo, em exame
Coimbra Bueno.
dispõe sôbre a ratificação do Tratado de Montevidéu,
João Villasbôas.
Filinto Müller. tratado que estabelece uma zona livre de comércio
Gaspar Velloso. através da instituição da Associação Latino-
Nelson Maculan. Americana de Livre Comércio, com sede na capital
Saulo Ramos. uruguaia e personalidade jurídica de direito
Irineu Bornhausen.
Daniel Krieger. internacional.
Mem de Sá. No período compreendido entre
Guido Mondim. – (39). 16 e 30 de setembro de 1959, reali-
– 407 –

zou-se em Montevidéu a I Reunião da Conferência Tratado – diz o art. 2º do mesmo que...


Intergovernamental para o Estabelecimento de uma “A zona de livre comércio estabelecida nos
Zona de Livre Comércio entre Países da América têrmos do presente Tratado se aperfeiçoará num
Latina, com a participação de delegados da Bolívia, período não superior a 12 (doze) anos, contado a
Chile, Paraguai, Peru e Uruguai e de observadores partir da data de sua entrada em vigor”.
do México, Venezuela, Comissão Econômica para a Determina então o artigo seguinte, que ao
América Latina (CEPAL). Conselho Interamericano longo dêsse período de 12 anos as Partes
Econômico e Social (CIS), Organização das Nações Contratantes irão gradualmente eliminando para o
Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) e essencial de seu comércio recíproco os gravames
Fundo Monetário Internacional (FMI). e restrições de tôda ordem que oneram a
Ao término da Reunião, em Ata Final redigida importação de produtos originários do território de
em português e espanhol – assinada pelos chefes quaisquer dos países que vierem a subscrever o
das delegações dos sete países participantes – Tratado. E está explicado adiante, que o objetivo
foram enfeixados protocolos e resoluções atinentes a da disposição que acaba de ser mencionada será
providências para o encaminhamento posterior do atingido “por meio de negociações periódicas que
assunto. Uma dessas resoluções, por exemplo, se realizarão entre as Partes Contratantes,
baseada em proposta da delegação brasileira, negociações das quais deverão resultar Listas
recomendava que o texto final do acôrdo que viesse Nacionais e uma Lista Comum.
a ser aprovado pela II Reunião da Conferência fôsse As ditas Listas Nacionais mencionarão as
firmado pelos Ministros das Relações Exteriores dos reduções anuais de gravames e demais restrições
países participantes. que cada Parte contratante conceda às demais. E
A 4 de fevereiro de 1960 foram na mesma a Lista Comum relacionará os produtos cujos
Cidade de Montevidéu abertos os trabalhos da II gravames e demais restrições as Partes
Conferência Intergovernamental cujo objetivo outro Contratantes se comprometem por decisão
não era senão dar seqüência ao que fôra coletiva, a eliminar integralmente para o comércio
promissoramente iniciado na anterior. intra-zonal no período de 12 anos reservado como
Os trabalhos seguiram, de um modo geral os vimos ao aperfeiçoamento do regime previsto no
rumos delineados no Documento elaborado ao fim Tratado.
da I Reunião. E é importante dar ênfase à Afora essa parte substantiva do texto a que
circunstância do texto definitivo do Tratado haver acabamos de fazer alusão, contém o mesmo ainda
incorporado, em sua maior parte, o substitutivo através de seus 65 artigos, outras numerosas
enviado pelo Brasil, acrescido de várias emendas disposições complementares. Merecem algumas
propostas no curso das deliberações, em maioria delas, todavia, referência especial.
aliás da própria Delegação do Brasil. Assim determina o artigo 18, que qualquer
Estabelecida uma zona de livre comércio e vantagem, favor, franquia, imunidades ou
instituída a Associação Latino-Americana previlégio aplicados por uma Parte Contratante
de Livre Comércio com sede em Montevidéu em relação a um produto originário de ou
– por disposições contidas no art. 1º do destinado a qualquer outro país, será imediata e
– 408 –

incondicionalmente estendido ao produto similar plo, que os povos se aproximam e é, muitas vêzes,
originário de ou destinado ao território das demais em decorrência de problemas gerados pelo comércio
Partes Contratantes. Mas pelo art. 19 ficam que êles entram em choque.
excetuados dêsse tratamento as concessões Todos os grandes impérios do mundo
relacionadas com os convênios – inclusive os que firmaram-se e expandiram-se em função de sua
vierem a ser firmados – entre Partes Contratantes, atividade comercial.
ou entre essas e terceiros países a fim de facilitar o As grandes justificativas do domínio político e
tráfico fronteiriço. militar, sempre foram a garantia de mananciais de
Em matéria de impostos, taxa e outros matérias-primas e a garantia de mercados de
gravames internos – é do art. 21 tal disposição – “os consumo, para os produtos da metrópole. Assim, foi,
produtos originários do território de uma Parte por exemplo durante todo o ciclo de duração do
Contratante gozarão de tratamento não menos chamado imperialismo moderno, entre 1870 e 1939.
favorável que o aplicado a produtos similares Em nossos dias, após o fim da Segunda
nacionais”. Guerra, as mesmas motivações de ordem econômica
Pelo Tratado, está igualmente previsto que continuaram influenciando os acontecimentos
nenhuma Parte Contratante poderá favorecer suas embora os fatos hajam adquirido outra dimensão.
exportações mediante subsídios ou outras medidas Diante da desagregação dos impérios coloniais que
que possam perturbar as condições normais de garantiam mercados tranqüilos para suas antigas
concorrência dentro da zona. metrópoles; ante o fato nôvo de dezenas de nações,
Entre as cláusulas finais, existe uma, dizendo recém-emancipadas desejando comprar e vender
que o Tratado não poderá ser assinado com reserva, onde obtiverem maiores vantagens – evoluiu o
nem estas poderão ser feitas por ocasião de sua comércio mundial para o regime dos mercados
ratificação ou adesão ao mesmo. E outra – comuns de dimensão continental.
precisamente no art. 57 dizendo que o Tratado A Zona Livre de Comércio que no momento se
entrará em vigor trinta dias depois do depósito do projeta constituir em nosso Continente, é a resposta
terceiro Instrumento de Ratificações, relativamente sul-americana a um movimento de integração
aos três primeiros países que o ratificarem e, para os comercial que se opera hoje, sob diversos rótulos em
demais signatários, no trigésimo dia após o depósito várias partes do mundo.
do respectivo instrumento de Ratificação e na ordem Trata-se de um recurso através do qual os
em que forem depositadas as ratificações. países podem tirar a maior vantagem possível da
Após a breve exposição feita, em que divisão internacional do trabalho – cada qual
procuramos dar, no limite do possível informação produzindo mais e melhor, no setor em que está melhor
geral acêrca do Tratado de Montevidéu – cabem dotado de recursos – garantindo a seus povos, em
considerações outras, atinentes ao mérito do têrmos de absoluta igualdade de oportunidades, a
assunto. melhoria do nível de vida que todos almejam.
Um exame, apressado embora, que façamos São estas as razões que nos levam a
da História da Humanidade, nos mostrará a presença achar de alto interêsse para o Brasil sua
invariável do fato econômico, no centro mesmo imediata integração da Zona Livre de Comércio
do acontecer histórico. É pelo comércio, por exem- que o Tratado de Montevidéu institui em
– 409 –

nosso Continente – e assim opinamos Ora, não seria crível que o Brasil, pelas suas
favoràvelmente à ratificação do Tratado, nos têrmos tradições, pela posição de vanguarda que sempre
do Decreto Legislativo veiculalo no projeto que assumiu na defesa de idéias e de atos que sirvam
examinamos. para fortalecer as relações entre os povos latino-
Sala das Comissões, em 2 de fevereiro de americanos, negligenciasse, agora, na medida
1961. – Ary Vianna, Presidente e Relator. – Lima citada, igualmente de seu interêsse, conforme
Teixeira. – Guido Mondim. – Joaquim Parente. – acentua a Comissão de Economia, que examinou o
Nelson Maculan. – Fernandes Távora. – Sérgio mérito do Tratado.
Marinho. Por outro lado, cumpre assinalar que o prazo
de prorrogação de nossos acôrdos de comércio com
PARECER a Argentina e Chile está prestes a expirar, valendo o
Nº 53, DE 1961 Tratado ora em debate como providência oportuna e
de inegável relêvo, pois capaz de repercutir
Da Comissão de Relações Exteriores, sôbre positivamente na expansão comercial e no
o Projeto de Decreto Legislativo (na Camara nº 57, desenvolvimento econômico dos países que o
de 1960) que aprova o Tratado que estabelece firmaram.
uma zona de livre comércio, firmada pela III. Diante do exposto, opinamos no sentido da
Argentina, Brasil, Chile, México, Paraguai, Peru e Ratificação do Tratado de Montevidéu, nos têrmos
Uruguai. do presente projeto.
Sala das Comissões, em 2 de fevereiro de
Relator: Sr. Mem de Sá. 1961. – Benedito Valadares, Presidente em
Pelo presente projeto (art. 1º), fica aprovado o exercício. – Mem de Sá, Relator. – Gaspar Velloso. –
Tratado que estabelece uma zona de livre comércio Menezes Pimentel. – Lourival Fontes.
e institui a Associação Latino-Americana de Livre
Comércio (Tratado de Montevidéu), firmado a 18 de PARECER
fevereiro de 1960, em Montevidéu, pela Argentina, Nº 54, DE 1961
Brasil, Chile, Paraguai, Peru e Uruguai.
O projeto estabelece, ainda, (artigo 2º), que o Da Comissão de Finanças, sôbre o Projeto de
Poder Executivo fica autorizado a efetuar, junto ao Decreto Legislativo nº 57-A, de 1960, que aprova o
Govêrno da República Oriental do Uruguai, o Tratado que estabelece uma zona de livre comércio,
depósito do respectivo instrumento de ratificação, firmado pela Argentina, Brasil, Chile, México,
nos têrmos do art. 56 do Tratado, revogando-se as Paraguai, Peru, e Uruguai (Tratado de Montevidéu).
disposições em contrário.
II. Segundo um dos itens do Tratado, desde Relator: Sr. Gaspar Velloso.
que três Estados signatários, pelo menos, o tenham O Sr. Presidente da República, com a
ratificado, êle passa a vigorar. Mensagem nº 178, de 1960, submete à apreciação
O Brasil, por não haver ainda feito essa do Congresso Nacional, acompanhado de
ratificação, está correndo o risco de não participar Exposição de Motivos do Ministro das Relações
dos órgãos constitutivos da Associação, bem como Exteriores o chamado “Tratado de Montevidéu”,
da primeira série de negociações. que estabelece uma zona de livre comér-
– 410 –

cio e institui a Associação Latino-Americana de Livre Por outro lado, diga-se, ainda, que a totalidade
Comércio, firmado no dia 18 de fevereiro de 1960 da atual importação brasileira, oriunda dos países
pelos representantes da Argentina, Brasil, Chile, signatários, acha-se liberada, por fôrça de acôrdos
México, Paraguai, Peru, e Uruguai. em vigor.
Para tanto foi aprovado, na Câmara dos Face ao exposto, e tendo em vista que o
Deputados, o presente projeto de decreto legislativo, projeto, do ponto de vista financeiro, nada apresenta
que visa a legalizar êsse instrumento de acôrdo que contra-indique a sua aprovação, êste Órgão
internacional, na forma do disposto no art. 66, inciso opina favoràvelmente ao mesmo.
I, da Constituição Federal. Sala das Comissões, em 2 de fevereiro de
A Exposição de Motivos que acompanha a 1961. – Gaspar Velloso, Presidente e Relator. – Ary
mensagem presidencial, entre outras vantagens Vianna. – Silvestre Péricles. – Daniel Krieger. – Mem
decorrentes da associação econômica criada de Sá. – Saulo Ramos. – Irineu Bornhausen. –
pelo Tratado de Montevidéu salienta as Nelson Maculan. – Menezes Pimentel.
seguintes: O SR. PRESIDENTE: – Está finda a leitura do
a) Substituir gradativamente, no âmbito da Expediente. Há oradores inscritos.
Zona, importações procedentes de terceiros Tem a palavra o nobre Senador Jefferson de
países, com a conseqüente liberação de divisas na Aguiar. (Pausa).
área de moedas fortes, de maneira a atender à S. Exa. não está presente.
crescente demanda global de importações Tem a palavra o nobre Senador Ruy Carneiro.
que decorre do crescimento da renda real da (Pausa).
região; Também não está presente.
b) possibilitar, dentro da Zona, o Tem a palavra o nobre Senador Novaes Filho.
desenvolvimento de novas atividades de produção, O SR. NOVAES FILHO (*): – Senhor
assim como a expansão das já existentes, graças Presidente, a requerimento do nobre Senador Daniel
ao estímulo da aplicação multinacional dos Krieger, na sessão extraordinária da manhã de hoje,
mercados; foi deliberada a inserção, nos Anais desta Casa, do
c) contribuir, em conseqüência, para o discurso proferido ontem pelo Chanceler Afonso
acréscimo da produtividade, por meio da melhor Arinos, por ocasião da sua posse na Secretaria de
utilização dos fatôres de produção disponíveis na Estado das Relações Exteriores.
área. Exercia eu as funções que me competem, na
No que tange ao aspecto que cabe a esta Mesa do Senado, e não tive ensejo de ocupar esta
Comissão examinar, isto é, as implicações de ordem tribuna para a justificação do meu voto a favor
financeira, convém salientar, apenas, a parte relativa daquele requerimento.
às conseqüências do Tratado sôbre a receita fiscal Após as despedidas apresentadas pelo
do País. nobre e preclaro companheiro, representante do
Neste particular, pode-se afirmar que o Estado da Guanabara, o Senado exaltou-lhe,
impacto, resultante da redução de tarifas não será de através da palavra de vários Senadores, as
importância fundamental no caso, visto que, excelsas qualidades de homem público, de
circunscrevendo-se a zona livre de comércio professor, de homem de talento e de cultura e de
estritamente aos países signatários, impraticável
será a extensão dessa medida aos países de fora da __________________
Zona. (*) – Não foi revisto pelo orador.
– 411 –

político que se acompanha de grande lastro na vida o Ministério das Relações Exteriores, através de
pública brasileira. seus representantes acreditados junto ao nosso
Afonso Arinos, portador de tantos títulos, tem Govêrno, na ansiedade de um conhecimento maior
ainda, para seu orgulho e relêvo do seu nome, as das idéias e do programa do nôvo Chanceler do
gloriosas tradições de seu pai o grande brasileiro que Brasil.
foi o Chanceler Afrânio de Mello Franco. Sr. Presidente, Afonso Arinos, enriquecendo
Já o Senado na sessão de ontem, enalteceu o sua vida pública, através daquele documento, honrou
acêrto do Sr. Presidente da República confiando o e distinguiu esta Casa do Congresso, da qual é, sem
Itamarati à ação segura e experiente do Senador favor, um dos mais ilustres pares e uma das figuras
Afonso Arinos. Se não estivéssemos certos da mais distintas pela sua cultura e pelas suas grandes
felicidade dessa escolha, o discurso que o eminente qualidades de parlamentar. Além disso, em sua
homem público proferiu, ao ensejo da sua posse, magnífica oração, situou muito bem o Brasil como
sem dúvida alguma nos traria tranqüilidade e a prova potência que tem em suas mãos tôdas as qualidades
inequívoca de que Afonso Arinos leva para a Casa e atributos para ser uma Nação líder em face de
de Rui Barbosa tôdas as qualidades indispensáveis outros povos, das Nações que surgem, dos Estados
ao exercício daquele espinhoso cargo. Estou que se formam na África e no Oriente porque, em
convencido de que S. Exa. será um Chanceler à nosso País, não há diferenciações de raças,
altura das aspirações do Brasil e, sobretudo, à altura preconceitos de castas nem separações de sangue
das grandes tradições desta Casa do Parlamento ou de côr.
brasileiro. Assim, se há uma Nação com autoridade para
Sr. Presidente, por várias vêzes, tenho levar tais povos a um bom e cordial encontro com os
exercitado esta tribuna para ocupar-me de países mais antigos, cultos e amadurecidos no trato
acontecimentos que se ligam à política internacional. da política internacional, e mesmo mais poderosos
Sempre tive profunda simpatia pelos fatos ocorridos no campo da economia mundial, sem dúvida, êste
na vida externa brasileira, sobretudo no que diz País há de ser o nosso pelas razões aludidas
respeito à atuação do nosso País, e à posição com mãos de mestre, pelo nôvo Chanceler Afonso
assumida pelo Itamarati, em diferentes épocas em Arinos.
face dos graves problemas mundiais. Sinto, portanto, Também, Sr. Presidente, eu que, desta
grande alegria, alegria como Senador da República, tribuna, tenho sempre me proclamado um devoto
pois o discurso de Afonso Arinos, antes de ser uma do sistema democrático em que vivemos, porque
peça a dignificá-lo é, sem dúvida, documento que só na Democracia há liberdade e só com liberdade
honra esta Casa do Congresso Nacional. pode o homem viver dignamente, de fronte erguida
As diretrizes ali traçadas, com magníficas e de espírito tranqüilo; eu que tanto me tenho
pinceladas de mestre numa concisão e proclamado, neste plenário, devoto, repito, do
segurança de verdadeiro diplomata, revelaram o sistema democrático, fiquei satisfeito, plenamente
homem experiente, que diz o bastante em tranqüilo porque o discurso de Afonso Arinos
hora solene como a de ontem quando não só o reflete a orientação do nôvo Govêrno que
Brasil, mas todo o continente, voltava-se para se instalou no Brasil; Afonso Arinos mostrou que
– 412 –

os nossos compromissos com a Democracia, nossos São lidos e aprovados os seguintes:


esforços e anseios pelo resguardo das liberdades
mundiais, continuarão a ser motivo das nossas REQUERIMENTO
melhores e maiores preocupações na vida pública Nº 48, DE 1961
nacional.
Eu me felicito, como democrata, pelo Nos têrmos do art. 211, letra n, do Regimento
magnífico discurso do Chanceler Afonso Arinos e Interno, requeiro dispensa de interstício e prévia
pelas diretrizes que, em nome do Govêrno ora distribuição de avulsos para o Projeto de Decreto
instalado no Brasil, ontem traçou pelos rumos que Legislativo nº 1, de 1961, a fim de que figure na
abriu ao universo inteiro, sobretudo quando Ordem do Dia da sessão seguinte.
afirmou que poderemos manter relações pacíficas, Sala das Sessões, em 2 de fevereiro de 1961.
cordiais, com todos os povos da terra que as – Mem de Sá.
desejem, sem que isso traga perturbações nem
prejuízos à nossa rota e ao nosso caminho REQUERIMENTO
de solidariedade aos países da Democracia, Nº 49, DE 1961
países que dão sangue e vida na defesa das
liberdades. Nos têrmos do art. 211, letra n, do Regimento
Assim, Sr. Presidente, julgo que o Senado Interno, requeiro dispensa de interstício e prévia
distribuição de avulsos para o Projeto de Lei da
do Brasil está de parabéns, pois um seu integrante
Câmara nº 20, de 1961, a fim de que figure na
foi convocado para o nôvo Ministério, o Senador
Ordem do Dia da sessão seguinte.
Afonso Arinos. S. Exa. em chegando à Casa
Sala das Sessões, em 2 de fevereiro de 1961.
de Rio Branco, no seu primeiro pronunciamento,
– Daniel Krieger.
colocou-se, rigorosamente, de acôrdo com as
O SR. PRESIDENTE: – As matérias de que
tradições desta Casa e, mais do que isto, com o tratam os requerimentos ora aprovados serão
pensamento atualizado do Senado da República do incluídas no Ordem do Dia da próxima sessão.
Brasil. Passa-se à:
Daí por que, Sr. Presidente, ocupando agora
esta tribuna, expresso com essa abundância de ORDEM DO DIA
coração, os meus aplausos e a minha solidariedade
à maneira como ontem se exprimiu para o Brasil e Discussão única do Projeto de Resolução nº
para o mundo o Chanceler Afonso Arinos. (Muito 48, de 1960, que suspende a execução do art. 57,
bem; muito bem. Palmas). número III, da Lei nº 64, de 21-2-48, do Estado do
Enquanto discursava o Sr. Novaes Filho, o Sr. Paraná, julgado inconstitucional pelo Supremo
João Goulart deixa a Presidência, assumindo-a o Sr. Tribunal Federal, em decisões definitivas (Projeto
Cunha Mello. oferecido pela Comissão de Constituição e Justiça
O SR. PRESIDENTE: – Não há outros em conclusão de seu Parecer número 423, de 1960.
oradores inscritos.
Sôbre a mesa requerimentos de dispensa de O SR. PRESIDENTE :– Em discussão.
interstício, que vão ser lidos pelo Sr. Primeiro Não havendo quem peça a palavra, encerrarei
Secretário. a discussão. (Pausa).
– 413 –

Está encerrada. tado do Paraná, que foi julgado inconstitucional por


O Srs. Senadores que aprovam o projeto, decisões definitivas do Supremo Tribunal Federal,
queiram permanecer sentados. (Pausa). nos recursos extraordinários ns. 23.713 e 23.329, em
Está aprovado. 9 de julho e 6 de agôsto de 1954.
É o seguinte o projeto aprovado que vai à Art. 2º Revogam-se as disposições em
Comissão de Redação: contrário.

PROJETO DE RESOLUÇÃO Discussão única do Projeto de Resolução nº


Nº 48, DE 1960 58, de 1960, que suspende a execução do nº XIX do
art. 34 e do art. 104 da Constituição do Estado do
Art. 1º Fica suspensa a execução do art. 57, III
Ceará, julgados inconstitucionais pelo Supremo
da Lei nº 64, de 21 fevereiro de 1948, do Estado do Tribunal Federal (Projeto apresentado pela
Paraná, que foi julgado inconstitucional por decisões Comissão de Constituição e Justiça em seu Parecer
definitivas do Supremo Tribunal Federal, nos número 468, de 1960.
recursos extraordinários ns. 22.712 e 23.329, em 9
de julho e 6 de agôsto de 1954. O SR. PRESIDENTE :– Em discussão.
Art. 2º Revogam-se as disposições em Não havendo que peça a palavra, encerrarei a
contrário. discussão. (Pausa).
Está encerrada.
Discussão única do Projeto de Resolução nº Os Srs. Senadores que aprovam o projeto,
49, de 1960, que suspende a execução do art. 57, nº queiram permanecer sentados. (Pausa).
III, da Lei nº 64 de 21-2-48, do Estado do Paraná, Está aprovado.
julgado inconstitucional pelo Supremo Tribunal É o seguinte o projeto aprovado que vai à
Federal, em decisão definitiva (Projeto oferecido pela Comissão de Redação:
Comissão de Constituição e Justiça, em conclusão
do seu Parecer número 424, de 1960). PROJETO DE RESOLUÇÃO
Nº 58, DE 1960
O SR. PRESIDENTE: – A aprovação do
Projeto de Resolução nº 48, de 1960, prejudicou Art. 1º Fica suspensa a execução do nº XIX,
êste, de nº 49, que deverá ser arquivado, nos têrmos do art. 34 e do art. 104 da Constituição do Estado do
do § 4º do art. 324, do Regimento Interno, salvo se Ceará, julgados inconstitucionais por decisão
contra essa providência. se manifestar o Plenário. definitiva do Supremo Tribunal Federal, em 2 de
É o seguinte o projeto prejudicado que vai ao setembro de 1959 (representação nº 295).
Arquivo: Art. 2º Revogam-se as disposições em
contrário.
PROJETO DE RESOLUÇÃO O SR. PRESIDENTE: – Está esgotada a
Nº 49, DE 1960 matéria constante da pauta da Ordem do Dia.
Não há oradores inscritos.
Art. 1º Fica suspensa a execução do art. 57, Nada mais havendo que tratar,
III, da Lei nº 64, de 21 de fevereiro de 1948, do Es- vou encerrar a sessão, convocan-
– 414 –

do outra extraordinária para hoje, às 16 horas, com a do Rio Grande do Sul, sôbre as condições de
seguinte: reversão da Viação Férrea do Rio Grande do Sul, à
União (incluído em Ordem do Dia em virtude de
ORDEM DO DIA dispensa de interstício, concedida na sessão anterior
a requerimento do Sr. Senador Daniel Krieger), tendo
1 – Discussão única do Projeto de Decreto Pareceres favoráveis, sob ns. 49, 50 e 51 de 1961,
Legislativo nº 1, de 1961 (número 57, de 1960, na das Comissões de Transportes, Comunicação e
Câmara) que aprova o Tratado que estabeleceu uma Obras Públicas de Serviço Público Civil e de
zona de livre comércio pela Argentina, Brasil, Chile,
Finanças.
México, Paraguai, Peru, e Uruguai (Tratado de
3 – Discussão única do parecer da Comissão
Montevidéu) – (incluído em Ordem do Dia em virtude
de dispensa de interstício, concedida na sessão de Constituição e Justiça sôbre a Mensagens nº 43,
anterior a requerimento do Sr. Senador Mem de Sá), de 1961, pela qual o Sr. Presidente da República
tendo Pareceres favoráveis das Comissões de submete ao Senado a escolha do Sr. Paulo de
Economia, de Relações Exteriores e de Finanças. Tarso Santos para o cargo de Prefeito do Distrito
2 – Discussão única do Projeto de Federal.
Lei da Câmara nº 20, de 1961 (número 1.055-59, Está encerrada a sessão.
na Câmara), que aprova têrmo de acôrdo Levanta-se a sessão às 15 horas e 15
firmado entre o Govêrno Federal do Estado minutos.
25ª SESSÃO DA 2ª SESSÃO LEGISLATIVA, EXTRAORDINÁRIA, DA 4ª LEGISLATURA, EM 2 DE
FEVEREIRO DE 1961

PRESIDÊNCIA DO SENHOR FILINTO MÜLLER

Às 16 horas, acham-se presentes os Srs. O SR. PRESIDENTE: – A lista de presença


Senadores:
Mourão Vieira. registra o comparecimento de 39 Srs. Senadores.
Cunha Mello. Havendo número legal, declaro aberta a sessão. Vai
Zacharias de Assumpção. ser lida a Ata.
Victorino Freire.
O Sr. Jefferson de Aguiar, servindo de 2º
Sebastião Archer.
Mendonça Clark. Secretário, lê a Ata da sessão anterior que, posta em
Mathias Olympio. discussão, é aprovada sem debates.
Joaquim Parente.
O Sr. 1º Secretário dá conta do seguinte:
Fernandes Távora.
Menezes Pimentel.
Sérgio Marinho. EXPEDIENTE
Reginaldo Fernandes.
Dix-Huit Rosado.
Ruy Carneiro. Aviso
Novaes Filho.
Silvestre Péricles.
Do Sr. Ministro da Fazenda, nº Br. 15, do
Lourival Fontes.
Heribaldo Vieira. corrente ano, encaminhando cópias em duplicata,
Ovídio Teixeira. dos pareceres emitidos pela Superintendência da
Lima Teixeira. Moeda e do Crédito e pela Procuradoria Geral da
Aloysio de Carvalho.
Ary Vianna. Fazenda Nacional consoante ao Projeto de Lei da
Jefferson de Aguiar. Câmara nº 27, de 1952, que regula a emissão e
Gilberto Marinho. circulação de cheques.
Benedito Valadares.
Nogueira da Gama. Junte-se ao Projeto de Lei da Câmara nº 27,
Milton Campos. de 1952.
Moura Andrade.
Lino de Mattos.
Coimbra Bueno. PARECER
João Villasbôas. Nº 55, DE 1961
Filinto Müller.
Gaspar Velloso.
Nelson Maculan. Da Comissão de Constituição e Justiça,
Saulo Ramos. sôbre o Projeto de Lei da Câmara nº 3, de
Irineu Bornhausen. 1961 (na Câmara nº 1.895-60) que destaca,
Daniel Krieger.
Mem de Sá. dos recursos de que trata o artigo 15
Guido Mondim. – (39). primeira alínea, da Lei nº 2.976 de 28 de
– 416 –

novembro de 1956, o mínimo de dez milhões de 15, primeira alínea, da Lei nº 2.976, de 28 de
cruzeiros anuais, para obras, equipamentos e custeio novembro de 1956, o mínimo de dez milhões de
de atividades, em partes iguais, dos Institutos de cruzeiros anuais, para obras, equipamentos e custeio
Patologia e de Pesquisas Bioquímicas da Faculdade de atividades, em partes iguais, dos Institutos de
de Medicina de Santa Maria, no Estado do Rio Patologia e de Pesquisas Bioquímicas, da Faculdade
Grande do Sul. de Medicina de Santa Maria, no Estado do Rio
Grande do Sul.
Relator: Sr. Daniel Krieger.
O presente projeto, de autoria da Comissão de Relator: Sr. Daniel Krieger.
Orçamento e FIscalização Financeira da Câmara dos Pelo presente projeto (art. 1º) serão
Deputados, manda que se destaquem, dos recursos destacados, dos recursos de que trata a Lei nº 2.976,
de que trata a Lei nº 2.976, de 28 de novembro de de 28 de novembro de 1956, artigo 15, primeira
1956, artigo 15, primeira alínea, dez milhões de alínea, no mínimo Cr$ 10.000.000,00 (dez milhões
cruzeiros anuais para obras, equipamentos e custeio de cruzeiros) anuais para obras, equipamentos e
de atividades, em partes iguais, dos Institutos de custeio de atividades, em partes iguais dos Institutos
Patologia e de Pesquisas Bioquímicas, da Faculdade de Patologia e de Pesquisas Bioquímicas, da
de Medicina de Santa Maria, Rio Grande do Sul, Faculdade de Medicina de Santa Maria, Rio Grande
devendo a contribuição em aprêço ser classificada do Sul.
na unidade orçamentária relativa à Universidade do A contribuição prevista no artigo 1º (art. 2º)
Rio Grande do Sul, com movimentação de exclusiva será classificada na unidade orçamentária relativa à
competência da Divisão de Orçamento do Ministério Universidade do Rio Grande do Sul, com
da Educação e Cultura. movimentação de exclusiva competência da Divisão
II. Foi respeitado o que, em matéria de Lei de Orçamento do Ministério da Educação e Cultura,
sôbre matéria financeira, prescreve o artigo 67, § 1º,
sob o regime da Lei nº 3.614, de 12 de agôsto de
da Constituição. 1959.
III. Ante o exposto, opinamos pela II. O projeto, de autoria da Comissão
constitucionalidade da Proposição. de Orçamento e Fiscalização Financeira da
Sala das Comissões, em de janeiro de 1961. – Câmara dos Deputados, está convenientemente
Lourival Fontes, Presidente. – Daniel Krieger, justificado.
Relator. – Menezes Pimentel. – João Villasbôas. – III. Provada a necessidade da medida, que
Lima Teixeira. – Jefferson de Aguiar. – Milton não implica em nenhum aumento de despesa,
Campos. opinamos pela aprovação do projeto.
Sala das Comissões, em de janeiro de 1961. –
PARECER Gaspar Velloso, Presidente. – Daniel Krieger,
Nº 56, DE 1961 Relator. – Ary Vianna. – Fernandes Távora. –
Menezes Pimentel. – Saulo Ramos. – !rineu
Da Comissão de Finanças sôbre o Projeto de Bornhausen. – Mem de Sá.
Lei da Câmara nº 3, de 1961 (na Câmara nº 1.895-A- O SR. PRESIDENTE: – O Expediente que
60), que destaca, dos recursos de que trata o artigo acaba de ser lido, vai à publicação. (Pausa).
– 417 –

Sôbre a mesa, requerimento que vai ser lido Misericórdia, Princesa Isabel e outros, no Estado da
pelo Sr. 1º Secretário. Paraíba.
É lido e aprovado o seguinte:
O SR. PRESIDENTE: – A matéria vai à
REQUERIMENTO Câmara dos Deputados. Para acompanhar o estudo
Nº 50, DE 1961 da emenda do Senado, designo o nobre Senador
Fausto Cabral.
Dispensa de publicação para imediata Sôbre a mesa outro requerimento.
discussão e votação.
É lido e aprovado o seguinte:
Nos têrmos dos arts. 211, letra p, e 315, do
Regimento interno, requeiro dispensa de publicação REQUERIMENTO
para a imediata discussão e votação da Redação Nº 51, DE 1961
Final do projeto.
Sala das Sessões, em 2 de fevereiro de 1961.
Nos têrmos do art. 211, letra n, do Regimento
– Ruy Carneiro.
O SR. PRESIDENTE: – Em discussão a Interno, requeiro dispensa de interstício e prévia
Redação Final, dispensada de publicação. Consta do distribuição de avulsos para o Projeto de Lei da
Parecer nº 37, de 1961. Não havendo quem faça uso Câmara nº 3, de 1961 a fim de que figure na Ordem
da palavra, encerro a discussão. Em votação. Os do Dia da sessão seguinte.
Srs. Senadores que a aprovam, queiram permanecer
Sala das Sessões, em 2 de fevereiro de 1961.
sentados. (Pausa).
Aprovada. – Daniel Krieger.
É a seguinte: O SR. PRESIDENTE: – A matéria objeto do
Redação Final da emenda do Senado ao requerimento ora aprovado, será incluída na Ordem
Projeto de Lei da Câmara nº 55, de 1960 (Nº 1.149- do Dia da próxima sessão.
B-160, na Câmara), que autoriza a constituição de
Continua a hora do Expediente. Tem a palavra
uma companhia hidrelétrica no Estado da Paraíba.
o nobre Senador Ruy Carneiro.
EMENDA O SR. RUY CARNEIRO: – Sr. Presidente, Srs.
Nº 1 – (C.F.) Senadores, há poucos dias tive ensejo de ocupar
esta tribuna, com o propósito de prestar meu
O art. 1º terá a seguinte redação:
depoimento a respeito de duas personalidades
"É o Govêrno Federal autorizado a constituir
uma sociedade de economia mista, com a brasileiras, dois homens de bem, grandes amigos
denominação de Companhia Hidrelétrica da meus, ambos envolvidos, na época, em
Borborema, para aproveitamento da energia hidráulica acontecimentos que os vinha arrastando
dos Rios Paraíba e Alto Piranhas, e sua distribuição, injustamente pela rua da amargura.
pelos municípios de Cabeceiras, São João do Cariri,
Trata-se dos Srs. Tosta Filho – ex-Presidente
Sumé, Monteiro, Taperoá; Campina Grande (Vilas de
Queimadas, Fagundes e Boa Vista), Piancó, do Instituto do Cacau da Bahia e atual Diretor
Curema, Pombal, Malta Souza, Cajazeiras, Jatobá, da CACEX do Banco do Brasil e Cel. Frede-
– 418 –

rico Mindelo, brilhante soldado, paraibano, honesto e O SR. RUY CARNEIRO: – Com muito prazer.
bom. O SR. MENDONÇA CLARK: – Ouço,
Naquela oportunidade, Sr. Presidente, com muita atenção, as palavras de V. Exa. a
salientava o meu constrangimento em apreciar o respeito do célebre caso da importação do feijão,
assunto, por fôrça de estar o mesmo submetido à em que se viram envolvidos o Coronel Frederico
apreciação da Justiça. Não podia, porém, exonerar- Mindelo e o Dr. Inácio Tosta Filho. Já tive ocasião
me do dever mais alto, que era o de dar o meu de manifestar, desta tribuna, minha confiança
depoimento a respeito daqueles dois ilustres na Justiça brasileira, pois estava certo de que
brasileiros, sobretudo do meu coestaduano e amigo, o Dr. Inácio Tosta Filho seria afastado do processo.
o Coronel Frederico Mindelo. Êsse digno militar Tenho, igualmente, a maior admiração pelo Coronel
exerceu o cargo de Presidente da COFAP nos anos Mindelo e estava também certo de que seria
de 1958 e 1959, ocasião em que, por motivo da reconhecida sua inocência, justamente porque
estiagem nordestina e da precariedade da safra no S. Sa. se afastou da COFAP cinco dias antes
sul do País, em virtude das inundações lá ocorridas, da operação. Quanto ao Dr. Tosta Filho, procedeu
o mercado de abastecimento se ressentiu com a maior lisura. Levou ao Govêrno pareceres
grandemente da falta de cereais. Por isso, importou- contrários à importação, acentuando, inclusive,
se feijão dos Estados Unidos, operação que deu que o preço estava alterado e que poderíamos
margem ao tão conhecido inquérito, ùltimamente efetuar nos Estados Unidos, operações mais
entregue à decisão do Poder Judiciário. vantajosas, em fontes mais idôneas. Entretanto,
Muito embora houvesse pedido demissão da como bem acentuou V. Exa. havia urgência e
presidência da COFAP antes de realizar a aludida foi expedida ordem superior para que a operação
operação, figurou o Coronel Frederico Mindelo entre fôsse completada, em face do interêsse do Govêrno
os envolvidos no inquérito e, até esta última fase, na em remediar situação difícil. De modo algum,
órbita da apreciação judicial. Viveu êle, com isso, porém o Govêrno estava interessado em adquirir
quase dois anos de sofrimentos, malgrado a o feijão – simplesmente desejava abastecer
inabalável convicção de sua inocência. o mercado – e assim, muito menos que outras
Já agora, Sr. Presidente, tenho a satisfação de autoridades, o Coronel Frederico Mindelo e o
ler, nos jornais do Rio de Janeiro e de Brasília, a Dr. Tosta Filho, podem ser inquinados de promover
noticia de que o Egrégio Tribunal Federal de qualquer operação menos lícita. Finalmente,
Recursos acolheu "habeas corpus" impetrado por o Tribunal Federal de Recursos colocou a questão
aquêle militar, excluindo-o do rol dos denunciados. nos devidos têrmos, concedendo "habeas corpus",
Com êle, filho de probo magistrado de minha terra, o primeiro ao Doutor Tosta Filho, e depois ao Coronel
saudoso Desembargador Heráclito Cavalcanti, me Frederico Mindelo. Serão, assim, processados
congratulo neste momento, vendo proclamada a os que, à sombra dessas autoridades,
inocência da qual nunca duvidaram os homens de não souberam cumprir o seu dever, quer
bem dêste País. como comerciantes, quer como exportadores,
O SR. MENDONÇA CLARK: – Permite V. e, nos Estados Unidos, embarcaram a mercadoria
Exa. um aparte? em péssimas condições. Está ressalvada,
– 419 –

assim, a responsabilidade dêsses dois ilustres Justiça pela sua decisão. Para mim, seria a mais
homens públicos. dolorosa das surprêsas se o veredicto fôsse outro. O
O SR. RUY CARNEIRO: – Agradeço o aparte nobre Senador Mendonça Clark, que certa vez, desta
de Vossa Excelência. tribuna, deu seu depoimento a respeito da probidade
O SR. LIMA TEIXEIRA: – Permite V. Exa. um do Dr. Inácio Tosta Filho, agora, em aparte, relembra
aparte? que a Justiça o isentou de qualquer culpa.
O SR. RUY CARNEIRO: – Pois não. Congratulo-me, pois, com aquêle colendo
O SR. LIMA TEIXEIRA: – Fiquei muito Tribunal, repito, e com a Paraíba que, apreensivamente
surpreendido quando foram envolvidos no célebre aguardava desfêcho do rumoroso caso.
caso do feijão americano, os nomes respeitáveis do Afirmei, em outra ocasião, desta tribuna, que
Coronel Frederico Mindelo e do Doutor Inácio Tosta me havia colocado à disposição do Coronel
Filho. Cheguei mesmo a fazer-lhe, desta tribuna, a Frederico Mindelo para fazer-lhe a defesa. S. Sa.
defesa do ex-Diretor da CACEX. Mais surpreendido porém, pediu-me que aguardasse o pronunciamento
fiquei, porém, quando tive conhecimento de que o judiciário, porque estava absolutamente convicto da
"habeas corpus" foi concedido pelo voto de Minerva. sua inocência.
Dispenso-me, assim, de mais comentários sôbre o Assim, Sr. Presidente, quero registrar – e não
assunto. posso deixar de fazê-lo – que êsse veredicto foi
O SR. FERNANDES TÁVORA: – Permite o favorável ao ilustre militar, cuja probidade é, sem
nobre orador um aparte? favor, proclamada em todo o País. (Muito bem).
O SR. RUY CARNEIRO: – Com prazer. O SR. PRESIDENTE: – Não há outro orador
O SR. FERNANDES TÁVORA: – Desde que inscrito. – (Pausa).
V. Exa. se pronunciou sôbre o caso, senti vontade de Em data de 31 de janeiro tomou posse do
emitir minha opinião, pois sempre tive no melhor cargo de Governador do Estado de Mato Grosso o
conceito êsses dois cidadãos. Entretanto, Sr. Senador Fernando Corrêa.
encontrando-se ainda a questão "sub judice", De acôrdo com o disposto no § 2º do artigo 35
aguardei, muito prudentemente, para me pronunciar do Regimento, a Presidência declara vago o lugar
depois do veredicto que, felizmente, lhes foi que Sua Excelência ocupava na representação do
favorável, como não podia deixar de ser. Estado de Mato Grosso nesta Casa.
O SR. RUY CARNEIRO: – Agradeço Caso nenhuma objeção seja formulada, será
os apartes com que me honraram os nobres convocado o respectivo suplente, Sr. Paulino Lopes
Senadores Mendonça Clark, representante do Piauí, da Costa.
Lima Teixeira, da Bahia, e Fernandes Távora do Conforme é do conhecimento do Senado,
Ceará. assumiu ontem, a Pasta das Relações Exteriores o
Após o pronunciamento do Tribunal Sr. Senador Afonso Arinos.
Federal de Recursos, não poderia deixar A fim de substituir Sua Excelência na
de voltar a esta tribuna para cientificar o representação do Estado da Guanabara, a Mesa
Senado do ocorrido e congratular-me com a convocará o seu suplente, Sr. Venâncio Igrejas. (Pausa).
– 420 –

Passa-se à: O SR. PRESIDENTE: – Em discussão o projeto.


Não havendo quem peça a palavra encerrarei
ORDEM DO DIA a discussão. (Pausa).
Está encerrada.
Discussão única do Projeto de Decreto Em votação.
Legislativo nº 1, de 1961 (nº 57, de 1960, na Os Srs. Senadores que o aprovam, queiram
Câmara) que aprova o Tratado que estabeleceu permanecer sentados. (Pausa).
uma zona de livre comércio pela Argentina, Brasil, Está aprovado.
Chile, México, Paraguai, Peru e Uruguai (Tratado É o seguinte o projeto aprovado, que vai à
de Montevidéu), (incluído em Ordem do Dia em sanção:
virtude de dispensa de interstício, concedida na
sessão anterior a requerimento do Sr. Senador PROJETO DE LEI DA CÂMARA
Mem de Sá), tendo pareceres favoráveis das Nº 20, DE 1961
Comissões de Economia, de Relações Exteriores e
de Finanças. (Nº 1.055-B, de 1959, na Câmara)

O SR. PRESIDENTE: – Em discussão o Aprova Têrmo de Acôrdo firmado entre o


projeto. Govêrno Federal e o Estado do Rio Grande do Sul,
Não havendo quem peça a palavra, encerrarei sôbre as condições de reversão da Viação Férrea do
a discussão. (Pausa). Rio Grande do Sul à União.
Está encerrada.
Em votação. O Congresso Nacional decreta:
Os Srs. Senadores que o aprovam, queiram Art. 1º. Fica aprovado o "Têrmo de Acôrdo
permanecer sentados. (Pausa). sôbre as condições de reversão à União Federal da
Está aprovado. O projeto vai à Comissão de Viação Férrea do Rio Grande do Sul e da liquidação
Redação. dos direitos e obrigações resultantes do contrato de
arrendamento de 17 de agôsto de 1950 e seu
Discussão única do Projeto de Lei da aditivo", firmado em 22 de maio de 1959 entre o
Câmara nº 20, de 1961 (nº 1.055-59, na Câmara), Govêrno Federal e o Estado do Rio Grande do Sul,
que aprova têrmo de acôrdo firmado entre o em face da rescisão do referido contrato por parte
Govêrno Federal e o do Estado do Rio Grande do daquele Estado, por ato de 16 de setembro de 1957,
Sul, sôbre as condições de reversão da Viação usando da opção que lhe assegurava o art. 12 da Lei
Férrea do Rio Grande do Sul à União (incluído nº 2.217, de 5 de junho de 1954.
em Ordem do Dia em virtude de dispensa de Parágrafo único. São extensivos aos
interstício, concedida na sessão anterior a servidores públicos ferroviários do Rio Grande do Sul
requerimento do Sr. Senador Daniel Krieger), tendo todos os direitos e vantagens assegurados aos
pareceres favoráveis, sob ns. 49, 50 e 51, de 1961, demais ferroviários brasileiros incorporados à Rêde
das Comissões de Transportes, Comunicações e Ferroviária S. A., inclusive os novos níveis salariais e
Obras públicas; de Serviço Público Civil e de abono-família fixados na Lei nº 3.826, de 23 de
Finanças. novembro de 1960, desde que superiores aos
– 421 –

vigentes na Viação Férrea do Rio Grande do Sul. Nada mais havendo que tratar, encerro a
Art. 2º. Fica o Poder Executivo autorizado a sessão, designando para a de amanhã a seguinte:
abrir, pelo Ministério da Viação e Obras Públicas, o
ORDEM DO DIA
crédito especial até o limite de Cr$ 1.000.000,00 (um
milhão de cruzeiros), para atender às despesas 1 – Discussão única do Projeto de Decreto
resultantes desta lei no presente exercício. Legislativo nº 4, de 1960, originário da Câmara dos
Parágrafo único. O crédito de que trata êste Deputados (nº 42, de 1960, na Câmara), que aprova
artigo será automáticamente registrado pelo Tribunal a decisão do Tribunal de Contas denegatória de
de Contas e distribuído ao Tesouro Nacional. registro ao têrmo de contrato celebrado entre o
Art. 3º. Esta lei entrará em vigor na data de Ministério da Educação e Cultura e a I.B.M. World
Trade Corporation, para locação de máquina elétrica
sua publicação, revogadas as disposições em
de contabilidade e estatística, tendo Pareceres
contrário. favoráveis, sob ns. 43 e 44, de 1961, das Comissões
de Constituição e Justiça e de Finanças.
Discussão única do Parecer da Comissão de 2 – Discussão única do Projeto de Lei da
Constituição e Justiça sôbre a Mensagem nº 43, de Câmara nº 3, de 1961 (nº 1.895, de 1960, na
1961, pela qual o Sr. Presidente da República Câmara), que destaca, dos recursos de que trata o
submete ao Senado a escolha do Sr. Paulo de Tarso art. 15, 1ª alínea da Lei nº 2.976, de 28 de novembro
de 1956, o mínimo de Cr$ 10.000.000,00 anuais,
Santos para o cargo de Prefeito do Distrito Federal.
para obras, equipamentos e custeio de atividades em
partes iguais, dos Institutos de Patologia e de
O SR. PRESIDENTE: – Transformo a sessão Pesquisas Bioquímicas, da Faculdade de Medicina
pública em secreta, para apreciação de matéria de Santa Maria, no Estado do Rio Grande do Sul
sigilosa. (incluído em Ordem do Dia em virtude de dispensa
A sessão transforma-se em secreta às de interstício, concedida na sessão anterior a
dezesseis horas e cinco minutos e volta a ser pública requerimento do Sr. Senador Daniel Krieger), tendo
Pareceres favoráveis das Comissões de Constituição
às dezesseis e quarenta.
e Justiça e de Finanças.
O SR. PRESIDENTE: – Está reaberta a Está encerrada a sessão.
sessão pública. Levanta-se a sessão às 16 horas e 40
Esgotada a matéria da Ordem do Dia. minutos.
26ª SESSÃO DA 2ª SESSÃO LEGISLATIVA, EXTRAORDINÁRIA, DA 4ª LEGISLATURA, EM 3 DE
FEVEREIRO DE 1961

Às 14 horas e 30 minutos, acham-se O SR. PRESIDENTE: – A lista de presença


presentes os Srs. Senadores: registra o comparecimento de 36 Srs. Senadores.
Mourão Vieira. Havendo número regimental, declaro aberta a
Cunha Mello.
sessão. Vai ser lida a Ata.
Victorino Freire.
Sebastião Archer. O Sr. Quarto Secretário, servindo de Segundo,
Mendonça Clark. lê a Ata da sessão anterior, que, posta em
Mathias Olympio. discussão, é aprovada sem debates.
Joaquim Parente. O Sr. Terceiro Secretário, servindo de 1º, dá
Fernandes Távora. conta do seguinte:
Menezes Pimentel.
Sérgio Marinho.
EXPEDIENTE
Reginaldo Fernandes.
Dix-Huit Rosado.
Ruy Carneiro. Mensagem
Novaes Filho.
Silvestre Péricles. Do Sr. Presidente da República nº 44, do
Lourival Fontes. corrente ano, acusando o recebimento da de nº
Heribaldo Vieira. SP/13 de 2 de fevereiro corrente.
Ovídio Teixeira.
Lima Teixeira.
Aloysio de Carvalho. MENSAGEM
Ary Vianna. Nº 45, DE 1961
Gilberto Marinho.
Nogueira da Gama. (Nº de ordem da Presidência: 92)
Milton Campos.
Lino de Mattos.
Excelentíssimo Senhor Presidente do Senado
Pedro Ludovico.
Coimbra Bueno. Federal.
João Villasbôas. Pretendendo reexaminar a escolha de Membro
Filinto Müller. do Conselho Nacional de Economia, solicito a Vossa
Gaspar Velloso. Excelência tornar sem efeito a Mensagem nº 31, de
Nelson Maculan. 16 de janeiro último, em que foi submetido à
Saulo Ramos. aprovação do Egrégio Senado Federal o nome do
Irineu Bornhausen.
Dr. Vicente de Paulo Galliez.
Daniel Krieger.
Mem de Sá. Brasília, em 2 de fevereiro de 1961. – Jânio
Guido Mondim. – (36). Quadros.
– 423 –

Á Comissão de Economia sil, Chile, México, Paraguai, Peru e Uruguai.


Art. 2º É o Poder Executivo autorizado a
PARECER efetuar junto ao Govêrno da República Oriental do
Nº 57, DE 1961 Uruguai o depósito do respectivo instrumento de
ratificação, nos têrmos do artigo 56 do Tratado,
Redação Final do Projeto de Decreto
revogando-se as disposições em contrário.
Legislativo nº 1, de 1961.
O SR. PRESIDENTE: – Está finda a leitura do
Relator: Sr. Menezes Pimentel. Expediente.
A Comissão apresenta a Redação Final (fl. Sôbre a mesa projeto de lei apresentado pelo
anexa) do Projeto de Decreto Legislativo nº 1, de Sr. Jefferson de Aguiar, que vai ser lido.
1961 (n. 57 – 1960, na Câmara), de origem da É lido e apoiado o seguinte:
Câmara dos Deputados, tendo sido incluído o
México, excluído, por engano, no texto do projeto PROJETO DE LEI DO SENADO
remetido ao Senado pela Câmara. Nº 2, DE 1961
Sala das Sessões, em de fevereiro de 1961. –
Sebastião Archer, Presidente. – Menezes Pimentel,
Concede isenção de impôsto
Relator. – Daniel Krieger.

ANEXO AO PARECER Art. 1º Ficam isentas do pagamento do


Nº 57, DE 1961 impôsto previsto no Decreto-lei 154, de 25 de
novembro de 1947, alterado pela Lei 3.470, de 28 de
Redação Final do Projeto de Decreto novembro de 1951, e de acôrdo com o regulamento
Legislativo nº 1, de 1961. a que se refere o Decreto número 47.373, de 7 de
dezembro de 1959, art. 92, parágrafo 4º, a, as
Faço saber que o Congresso Nacional vendas de imóveis rurais de valor até Cr$ 500.000,00
aprovou e eu, Presidente do Senado Federal, nos (quinhentos mil cruzeiros).
têrmos do art. 71, da Constituição Federal, promulgo
Art. 2º Esta lei entrará em vigor na data de sua
o seguinte:
publicação, revogadas as disposições em contrário.
DECRETO LEGISLATIVO
Nº DE 1961 Justificação

Aprova o Tratado que estabelece uma zona de O Regulamento a que se refere o Decreto
livre comércio, firmado pela Argentina, Brasil, Chile, 47.373 fixou em Cruzeiros 100.000,00 (cem mil
México, Paraguai, Peru e Uruguai (Tratado de cruzeiros) o teto do valor das propriedades rurais,
Montevidéu). que teriam isenção do pagamento do impôsto de
lucro imobiliário (art. 92, parágrafo 4º, alínea a),
O Congresso Nacional decreta:
fazendo remissão às Leis 3.470 (art. 79) e ao
Art. 1º É aprovado o Tratado que
estabelece uma zona livre de comércio e institui a Decreto-lei 154 (artigo 24 parágrafo único).
Associação Latino-Americana de Livre Comércio O projeto apresentado eleva êsse teto de valor
(Tratado de Montevidéu), firmado a 18 de fevereiro até Cr$ 500.000,00 (quinhentos mil cruzeiros),
de 1960, em Montevidéu, pela Argentina, Bra- porque nos lucros apurados nessas aliena-
– 424 –

ções não se justifica a incidência do impôsto de 15%, Sr. Presidente, êste é um problema que
que, muita vez, impede e prejudica a translação da venho, como representante do povo, debatendo em
propriedade imobiliária rural, em detrimento do tôdas as assembléias onde tive oportunidade de
interêsse coletivo. comparecer, quer na Assembléia Legislativa, quer na
Em inúmeros casos, a venda da pequena Câmara dos Deputados e no Senado da República.
propriedade possibilita sua melhor exploração, por Ùltimamente nos jornais como "O Correio da
motivos óbvios, inclusive os que resultam do Manhã", "O Jornal do Brasil", "O Diário Carioca", o
desinterêsse pessoal do anterior proprietário. "Diário da Noticias", "O Estado de São Paulo". "A
Fôlha de S. Paulo", a "Tribuna de Santos" e no
Ademais, o aviltamento da moeda e a
"Diário de Pernambuco", lêem-se comentários em
valorização crescente da propriedade imobiliária rural
tôrno das falhas, dos desacêrtos e as sugestões para
tornaram inócua e inaplicável a disposição vigente. o soerguimento da indústria pesqueira nacional e
Sala das Sessões, em 3 de fevereiro de 1961. principalmente o atendimento ao desajuste social-
– Jefferson de Aguiar. econômico dos pescadores brasileiros.
O SR. PRESIDENTE: – O projeto vai às Criamos no Senado por iniciativa do Senador
Comissões de Justiça e Economia e Finanças. Nelson Maculan, uma comissão técnica de
Continua a hora do Expediente. Tem a palavra agricultura, caça e pesca.
o nobre Senador Gilberto Marinho. Durante a última campanha presidencial que
O Sr. Senador Gilberto Marinho pronuncia empolgou o povo brasileiro nessa atitude
discurso que, entregue à revisão do orador, será revolucionária das oposições que elegeram Jânio
publicado posteriormente. Quadros a Presidente da República, podemos
O SR. PRESIDENTE: – Continua a hora do observar que "êsse candidato, durante a sua
Expediente. campanha, depois de ter recebido grande
Tem a palavra o nobre Senador Saulo Ramos. manifestação dos pescadores santistas, com
O SR. SAULO RAMOS: – Sr. Presidente, Srs. representações de vários Estados da orla marítima,
Senadores, depois da posse dos eleitos ocupo pela Sua Exa., em todos os Estados, dirigiu uma palavra
de esperança, de fé e de apoio a essa comunidade
primeira vez esta tribuna e quero, na oportunidade,
de trabalhadores, a mais abandonada e a mais
congratular-me com S. Exa. o Sr. Presidente da
esquecida desta nação. Até mesmo Sua Exa.,
República, Dr. Jânio da Silva Quadros pela sua quando respondia ao manifesto que lhe foi dirigido
posse, escolha do seu Ministério, e com o povo pelos pescadores assumiu compromisso solene, em
brasileiro. que tudo indica que os pescadores brasileiros, no
Volto hoje, Sr. Presidente, a focalizar assunto evento da sua administração, não mais serão
por mim tantas vêzes debatido, em atendimento a relegados ao esquecimento do poder público.
reclamos dos pescadores brasileiros dos mais Pediam e pedem os pescadores
longínquos recantos de nossa pátria, daquelas que se constitua um órgão único controlador
colônias de pesca disseminadas no Vale do da pesca em todo o País; a renovação
Amazonas, no Nordeste brasileiro e nos Estados do da atual legislação da pesca; a não
Sul. intervenção política nos domínios da pesca; o en-
– 425 –

trosamento das autoridades federais, estaduais e Eleito Presidente da República, haveria de dar
municipais para a solução dos problemas solução ao problema da nossa indústria pesqueira
pesqueiros; o planejamento integral da pesca em arcáica e obsoleta e, principalmente, levar o amparo,
todo o litoral brasileiro; o estabelecimento de um no mais amplo sentido previdenciário, aos
plano pilôto para adoção de providências relativas à pescadores brasileiros.
pesca, que atenda a todos os problemas nacionais; e Sr. Presidente, como povo e como raça
assistimos, nos últimos dias acontecimentos que
o funcionamento satisfatório de frigoríficos,
merecem nossa meditação.
estocagem e distribuição do pescado.
O Brasil com a administração do Presidente
Respondeu, o então candidato, com essas Juscelino Kubitschek deu um grande passo na senda
palavras que encontraram profunda ressonância no do progresso em busca de nova realidade cultural,
lar e no coração dos pescadores: social, política e econômica.
"Assumo o solene compromisso de atender O seu substituto, experimentado administrador
com lealdade e firmeza as justas reivindicações dos que nos vem de São Paulo, Dr. Jânio Quadros,
pescadores brasileiros". através da sua administração que será fecunda,
Sr. Presidente, as mensagens que me chegam desmentirá no futuro a afirmativa sociológica de que
de todo o litoral brasileiro trazem-me à tribuna para, as grandes civilizações surgem nos climas frios.
em nome dos pescadores e seus familiares lembrar Apesar do sol dos trópicos, estamos construindo
ao Sr. Presidente da República bem como pedir a uma civilização na maior nação latina da terra que
atenção do Senhor Ministro da Agricultura, Dr. surpreenderá o mundo. (Muito bem).
O SR. PRESIDENTE: – Continua a hora do
Romero Cabral Costa, para o problema da pesca.
Expediente.
Sr. Presidente, quando no último discurso que Tem a palavra o nobre Senador Silvestre
pronunciei nesta Casa o Senador Antônio Baltar Péricles.
criticava, em aparte o atraso da indústria pesqueira O SR. SILVESTRE PÉRICLES (*): – Senhor
em nossa Pátria, em pleno século XX e lembrou, na Presidente, nobres Srs. Senadores. Demorar-me-ei
ocasião, que um predestinado francês, filho de pouco na tribuna do Senado, porque pretendo
pescador, o Padre Lebret, percorrendo as estender-me oportunamente após a leitura de artigo
comunidades pesqueiras do litoral francês, publicado na nossa imprensa onde há uma crítica à
organizando cooperativas conseguiu soerguer a minha pessoa. Segundo fui informado, no jornal "A
indústria pesqueira daquela nação, dando verdadeiro Noite".
amparo aos pescadores da França, para torná-la, Não se trata pròpriamente de mim, mas de um
hoje, uma das grandes potências internacionais do homem público com deveres para com o povo.
No "Diário de Notícias" de 24 de janeiro último
pescado.
há uma nota de um jornalista chamado Hélio
Dizia eu naquela ocasião, em face do
Fernandes. Trata-se de um cidadão que, há pouco
pronunciamento do então candidato, Dr. Jânio tempo, teve um incidente com o Deputado Ari
Quadros, de atender com lealdade e firmeza as Pitombo.
reivindicações dos pescadores, que êle seria em
nossa pátria um predestinado como o Padre Joseph __________________
Louis Lebret. (*) – Não foi revisto pelo orador.
– 426 –

São dois cidadãos de linhagem de inteira responsabilidade no nosso País. É um


diferente da minha. Tenho outra origem, outra General do Exército, engenheiro especializado, e seu
formação e outra atuação na vida pública. nome não pode estar na bôca de um jornaletiquista,
Não me confundo com Hélio Fernandes. chamado Hélio Fernandes e de outros pândegos que
"O último ato irresponsável do se dizem jornalistas no Brasil.
Presidente Juscelino Kubitschek de Oliveira, É preciso que se saiba que o Senhor Ismar de
conforme consta do jornal "Diário de Notícias", Góis Monteiro é técnico competente; não é um
é a nomeação do Sr. Ismar de Góis Monteiro ignorante. A nomeação dêle é lá por conta do Senhor
para a presidência da Cia. Siderúrgica Nacional". Presidente da República. Não tenho nada a ver com
Continua o articulista: isso. Fico satisfeito, porque se trata de um irmão
"O Presidente da República não que, outrora, andou de tricas comigo, mas
hesitou em nomear para essa importantíssima reconheceu que eu estava certo, que os politiqueiros
companhia um leigo completo em siderurgia, de Alagoas são verdadeiros canalhas. Canalhas com
pois foi esta a condição exigida pelo Sr. Silvestre tôdas as letras, e que têm abusado do Estado, a
Péricles de Góis Monteiro irmão do Sr. Ismar, começar pelo Sr. Arnon de Melo, um dos maiores
para abrir vaga para o senhor João Kubitschek no ladrões dêste País – ladrão com "L" grande.
Tribunal de Contas". Prossegue o jornaletiquista:
Ora, Sr. Presidente, isso é uma mentira "Quer dizer: para o Sr. Juscelino premiar um
deslavada. Eu nunca tive tanta fôrça primo, o Sr. Silvestre exigiu, também, prêmio para o
com os Presidentes da República do Brasil; nem irmão".
mesmo com o saudoso Presidente Getúlio Vargas, Não exigi prêmio algum. Se o Presidente
por quem arrisquei, várias vêzes minha vida. Como a Juscelino Kubitschek de Oliveira quis nomear seu
teria com o último Presidente, o Dr. Juscelino parente, isto é por conta dêle. Ao Senado cumpria
Kubitschek de Oliveira? Não tenho essa fôrça, reconhecê-lo oportunamente, como ontem
confesso. O que se diz aqui, neste artiguete é uma aconteceu: aprovou a indicação presidencial, por 26
mentira. contra 8 votos.
O primeiro dever da imprensa é dizer a Está aqui a Continuação do artiguete:
verdade. Não se pode compreender imprensa, que "E a Nação que agüente tôdas as loucuras do
desconhece esse princípio eterno. Para doutrinar, Sr. Juscelino Kubitschek".
para informar, para esclarecer o público, a imprensa Quer dizer que o ex-Presidente da República
tem que ser verdadeira. Esta aqui, como disse, é é louco. O atual também dizem que o é. Mas
mentirosa, no artiguete que estou lendo. dêem-lhe o poder, riquezas lícitas e môças
O Sr. Ismar de Góis Monteiro tem o lindas para ver se joga fora. Todos gostam
curso da Escola Militar, que é uma Academia, do poder, de riqueza, riqueza lícita e do esplendor
e também é formado pela Escola Técnica do da beleza. Porque com a riqueza lícita êles
Exército que é também uma Academia farão doações ao País, melhorarão
– 427 –

as coisas no Brasil; e de môças bonitas também O SR. SILVESTRE PÉRICLES: – Com todo o
todos gostam porque é o esplendor que embeleza a prazer.
vida. A mulher, como diz São Paulo, é a glória do O SR. PEDRO LUDOVICO: – Êsse
homem. Quanto ao poder, trata-se do conhecido jornalista ataca todo mundo; nem eu lhe escapei.
desejo de dominação, segundo um filósofo Mas nunca lhe dei resposta, porque só respeito
germânico muito lido. jornalista digno, e não certos jornalistas salafrários
Mas o Senado reagiu a tempo e homologou a que existem neste País. Há pouco tempo, um
indicação do Sr. João Kubitschek de Figueiredo para jornalista francês de nome Raymond Cartier,
o Tribunal de Contas, por vinte e seis votos contra se não me engano, ao passar pelo Rio de Janeiro,
oito, como afirmei. Eu mesmo por sabê-lo homem perguntaram-lhe o que achava de ruim no Brasil;
digno, e bom engenheiro, através de informações de êle respondeu: "a liberdade de imprensa e o
pessoas decentes votei aprovando a sua indicação. loteamento".
Continua o artiguete: O SR. SILVESTRE PÉRICLES: – Obrigado a
"Quanto à nomeação do Senhor Ismar para a V. Exa. pelo excelente e oportuníssimo aparte.
Siderúrgica, fiquemos tranqüilos: Continuando, Sr. Presidente, preciso
O Sr. Jânio tratará de anulá-la no dia 1 de ainda declarar que não estou fazendo
fevereiro". a crítica completa da última nomeação do Sr.
Sr. Presidente, já se passou o dia 1 de Presidente da República, no que diz respeito à minha
fevereiro e ainda não ouvi dizer que o Sr. Jânio pessoa. Ouvi dizer que o Jornal "A Noite",
Quadros, atual Presidente da República, tenha também publicou algo sôbre a matéria. Após lê-lo,
exonerado o Sr. Ismar de Góis Monteiro. Se o fizer, farei uma exposição mais ampla, mais de acôrdo
fica por conta de S. Excelência; êle é o Presidente da com os fatos.
República, e nomeará a quem quiser e entender. Desde já, quero esclarecer a todos,
Nada tenho a ver com isso, e apenas, se necessário, principalmente a Nação e o Senado, a quem muito
examinarei o caso oportunamente. respeito e acato e que é a tribuna do povo brasileiro,
Êsse jornalista dá-se ares de mentor do Sr. para que não haja confusões. Não admito barganhas
Presidente da República. Ora, um Hélio Fernandes, de qualquer espécie, e jamais nelas tomei parte. Vou
que levou uma surra do Deputado Ari Pitombo, na contar ao Senado e à Nação porque no último pleito
Câmara Federal, um homem surrado com a de Alagoas, não fui eleito Governador do Estado. É
pretensão de mentor do Sr. Presidente Jânio que não entro em barganhas. Respeito a Divindade,
Quadros! É extraordinário! creio em Deus, mas nem com a Divindade eu
São coisas engraçadas dêste país. Mas o entraria em barganhas. Faço questão que todo
Brasil, Sr. Presidente, precisa mudar de rumo, e mundo saiba disso.
precisa que nêle se respeitem os homens de bem. Faço esta exposição em atenção ao Senado e
Não é um Hélio Fernandes, ou outro jornalista ou não a êsse jornaletiquista. Peço também ao Dr. João
jornaletiquista que vai desrespeitar um Senador Dantas, responsável pelo "Diário de Notícias",
como eu. conforme fui informado por um digno jornalista, para
O SR. PEDRO LUDOVICO: – Permite V. Exa. chamar a atenção do Sr. Hélio Fernandes, que ataca
um aparte? injustamente os homens públicos dêste País.
– 428 –

Nós devemos honrar os homens de bem, e sionária da 7ª Região Militar e da Escola das Armas.
igualmente a Imprensa, porque seu primeiro dever é Foi Presidente do Supremo Tribunal da F.E.B.
honrar os homens de bem e dizer a verdade. (Muito A atestarem o reconhecimento de suas
bem). excepcionais qualidades, numerosas medalhas e
O SR. PRESIDENTE: – Continua a hora do condecorações lhe foram conferidas, entre as quais
Expediente. as da Ordem do Mérito Militar, Medalha de Ouro de
Tem a palavra o nobre Senador Nelson Bons Serviços, Medalha de Guerra, Medalha do
Maculan. Pacificador, bem como a da Ordem do Mérito Militar
O SR. NELSON MACULAN: – Sr. Presidente, da França.
desisto da palavra.
Patriota integral, dedicou a maior parte de seu
O SR. PRESIDENTE: – Continua a hora do
lazer à instrução e aprimoramento da nossa
Expediente.
Tem a palavra o nobre Senador Fernandes mocidade civil através do Movimento Escoteiro de
Távora. que foi um incansável incentivador.
O SR. FERNANDES TÁVORA (lê o seguinte Assim, na caserna ou no meio civil foi sempre
discurso): – Sr. Presidente, Srs. Senadores traz-me e sobretudo, um verdadeiro educador, espargindo
à tribuna do Senado, neste momento, um duplo por tôda parte os benefícios de sua experiência, de
dever: de gratidão e homenagem a um destacado seu saber, da sua compreensão, da sua inata
filho do Ceará que a morte vem de arrebatar ao bondade.
convívio e ao afeto de quantos o conheceram e Partindo de uma vocação decidida pela
admiraram. carreira das armas, o Marechal Heitor Borges,
O Marechal Heitor Borges, há poucos dias durante tôda sua vida, soube servir dignamente a
falecido no Rio, nasceu em Fortaleza a 27 de abril de Pátria em todos os postos de sua brilhante carreira,
1884, sendo seus pais o farmacêutico Artur Augusto obtidos invariàvelmente por merecimento.
Borges e D. Maria Pia de Castro Borges. Do seu consórcio com D. Carmem Borges,
Após os estudos secundários, matriculou-se deixou os seguintes filhos: Aidêe, Vanda, Fernanda e
na Escola Militar da Praia Vermelha, que cursou com os Capitães Raul Augusto Borges e Heitor Augusto
raro brilhantismo. Com igual distinção fêz também os Borges Filho.
cursos da Escola de Armas, do Estado-Maior e de
Nesta singela homenagem que ora presto à
Alto Comando.
memória de Heitor Borges, vão também lágrimas e
Mercê de sua invulgar capacidade de
liderança, preparo técnico e lúcida inteligência, saudades por um do meu sangue – o Dr. Belisário
variados e importantes cargos de direção lhe Távora, Engenheiro do Departamento de Portos,
foram confiados, entre os quais os de Comandante Rios e Canais, também Advogado, Oficial da
da Polícia Militar do Ceará, do 6º Batalhão Reserva e entusiasta lutador em prol do ensino e
de Caçadores em Ipameri, do Batalhão Escola organização da Aeronáutica Civil, à qual dedicou o
de Infantaria, do 1º e 2º Regimento de Infantaria, melhor dos seus esforços. Quiz o destino que o seu
da Infantaria Divisionária da 1ª Região corpo e o de Heitor Borges se encontrassem na
Militar e Guarnições da Vila Militar e Deodoro das 5ª, mesma Capela Mortuária, iniciando, ao mesmo
7ª e 9ª Regiões Militares, da Infantaria Divi- tempo a grande jornada para o outro lado da vida.
– 429 –

Ambos militares, um de carreira, outro da tes apelos do Govêrno brasileiro para


Reserva, uniu-os a ambos o mesmo ideal de civismo, solução do caso permitiu o seu embarque para aqui,
o mesmo acendrado amor à Pátria, entusiasmo pelas afirmei desta tribuna que o Brasil o receberia
belas causas e intransigente culto do dever. fraternalmente como asilado, certo de que S. Sa. se
O SR. SÉRGIO MARINHO: – Permite V. Exa. comportaria da mesma forma que se comportaram
um aparte? os asilados brasileiros em Portugal, os saudosos
O SR. FERNANDES TÁVORA: – Com prazer. Presidentes Washington Luiz e Artur Bernardes, o
O SR. SÉRGIO MARINHO: – Solidarizo-me Dr. Otávio Mangabeira e outros, que jamais quiseram
com V. Exa. nas homenagens que está prestando à tratar naquele País da política interna de nossa
memória de dois ilustres homens. Quanto ao Pátria.
Marechal Heitor Borges, registro o meu aprêço A verdade é que aqui o General Delgado
pessoal e minha admiração por êsse eminente militar provocou uma série de incidentes, procurando deixar
que acaba de falecer, porque, ainda Capitão, servi mal as relações, entre o Brasil e Portugal.
sob seu comando na Vila Militar. Posso, assim, Afirmou, em entrevistas sucessivas à
trazer meu depoimento em abono de suas Imprensa, que o plano de conspiração do assalto ao
qualidades pessoais de homem de bem e da sua "Santa Maria" era de sua autoria, aventura que
competência profissional. terminou graças à ação do Chanceler Afonso Arinos.
O SR. FERNANDES TÁVORA: – Em nome do Declarou ainda numa entrevista – e contra isto é que
Ceará agradeço a V. Exa. o seu aparte. protesto, com a bravura de que me não separo – que
(Lendo) A êsses dois homens, um da minha o Capitão Galvão só se entregaria ao atual Govêrno,
gleba e outro do meu sangue marcou-lhes a partida porque o Govêrno do Sr. Juscelino Kubitschek não
o mesmo "toque de silêncio" êsse formoso e lhe merecia confiança.
comovente hino que traduz o último e prolongado Sr. Presidente, estamos num conflito de
adeus dos militares aos companheiros que partem opiniões, natural na vida democrática, entre
para sempre! (Muito bem). vencedores e vencidos, mas não permitiremos nas
O SR. PRESIDENTE: – Continua a hora do nossas divergências internas, palpites do General
Expediente. Delgado, um leviano e irresponsável chapado, que
Não ha mais orador inscrito. nas suas manifestações aos jornais demonstra falta
O SR. VICTORINO FREIRE (*): Sr. de senso, de compostura e dos deveres a que se
Presidente, quando em Lisboa se deu o caso obrigou como asilado, na Nação brasileira.
do asilamento do General Delgado na Quero, assim deixar consignado, repito, o meu
Embaixada do Brasil e que foi resolvido pelo protesto, certo de que o Chanceler Afonso Arinos
Embaixador Mendes Viana, com assentimento imporá ao Sr. General Delgado o cumprimento dos
do Govêrno português, que não reconhecia compromissos que assumiu, ao lhe ser dado asilo.
o direito de asilo mas, cedendo aos insisten- Aproveito a oportunidade para ler, a fim de que
conste dos Anais da Casa, o editorial de "O Globo",
__________________ edição de ontem, que ficará assim incorporado ao
(*) – Não foi revisto pelo orador. meu protesto:
– 430 –

"INSULTO AO BRASIL E PROCEDIMENTO A sua obstinação em não aceitar êsse desfecho que
DESUMANO as circunstâncias tornaram inevitável para a sua
aventura, a sua impertinência em não acatar as
Antes mesmo do telegrama em que o decisões de um govêrno à proteção de cujas leis
Presidente Jânio Quadros assegurou ao Capitão decidiu recorrer, a sua exigência insultuosa de ver
Henrique Galvão que tomaria em relação ao caso do reconhecida a sua condição de beligerante – que
"Santa Maria" aquelas providências e atitudes que, não se justifica de modo algum à luz dos fatos ou
de acôrdo com as suas atribuições constitucionais, das normas jurídicas – a sua pretensão de
as leis e tratados vigentes lhe permitissem, sabia o desembarcar os passageiros, reabastecer-se e
povo brasileiro, sem distinção de convicções seguir viagem para os destinos que entenda a fim de
políticas, que êste País não poderia trair as suas hostilizar o Govêrno de um país com o qual o Brasil
tradições internacionais e violar as suas próprias leis mantém relações não apenas diplomáticas ou de
e praxes. protocolar amizade mas de orgânica e
Assim sendo, a solução do rumoroso caso era inquebrantável união tudo isso é uma injúria
cristalinamente clara na hipótese de demandar o intolerável lançada ao rosto do Brasil, do seu
barco rebelde, como se verificou, um pôrto brasileiro: Govêrno e do seu povo.
amplo direto de asilo para os insurretos que se Mas não pára nisso o incomprensível e
haviam apoderado do navio bem como para os monstruoso procedimento do Capitão Galvão. Talvez
tripulantes que dêle se quisessem valer e apreensão se tenha êle esquecido de que não apresou um vaso
do "Santa Maria" para oportuna devolução aos seus de guerra, mas sim um barco de passageiros e que
legítimos proprietários. não lhe cabe o direito de dispor a seu bel-prazer da
Outra não poderia ser a solução nem a atitude vida, do confôrto e da segurança de 600 pessoas,
do Govêrno brasileiro. Sabia-o e esperava-o a forçadas sem culpa e sem defesa a acompanhar-lhe
maioria, melhor diríamos, a unanimidade da opinião os desígnios ou as teimosias a bordo de um navio
nacional, bem como os governos estrangeiros de onde já falta água, escasseiam víveres e sobra
mais perto interessados no caso e que conhecem o inquietação.
respeitoso zêlo dêste País pelos princípios e pelas Além de insultar o Brasil, comete o Capitão
práticas do Direito Internacional. Galvão um crime contra a humanidade".
Julgar o contrário, esperar do Govêrno Ante-ontem, outro editorial do mesmo jornal,
brasileiro uma ação diferente dessa que apontam o que penso ser da autoria do Dr. João Neves da
bom senso, a justiça e, principalmente, a honra do Fontoura, duas vêzes chanceler e alta autoridade em
País, é fazer uma afronta ao Brasil e conspurcar-lhe Direito Internacional, declara que o General Delgado
foros e tradições. como asilado, tem se portado mal, muito mal, no
Réu dessa afronta aos nossos Brasil.
brios de nação civilizada e democrática Estas, Sr. presidente, as
se está constituindo o Capitão Henrique Galvão. palavras que desejava pronunciar para que
– 431 –

a Nação saiba da minha perfeita solidariedade ao 44, de 1961, das Comissões de Constituição e
Presidente Juscelino Kubitschek de Oliveira, de Justiça e de Finanças.
quem desta tribuna, estarei sempre pronto a fazer a
defesa, como correligionário, como particular e como O SR. PRESIDENTE: – Em discussão.
amigo. (Muito bem!) Não havendo quem peça a palavra, encerrarei
O SR. PRESIDENTE: – Sôbre a mesa, a discussão. (Pausa).
requerimento do nobre Senador Mem de Sá. Está encerrada.
É lido e aprovado o seguinte: Os Srs. Senadores que aprovam o projeto,
queiram permanecer sentados. (Pausa).
REQUERIMENTO Está aprovado.
Nº 52, DE 1961 É o seguinte o projeto aprovado, que vai à
Comissão de Redação:
Nos têrmos dos arts. 211, letra p, e 315, do
Regimento Interno, requeiro dispensa de publicação PROJETO DE DECRETO LEGISLATIVO
para a imediata discussão e votação da Redação Nº 4, DE 1960
Final do Projeto de Decreto Legislativo nº 1, de 1961.
Sala das Sessões, em 3 de fevereiro de 1961. Aprova a decisão do Tribunal de Contas,
– Mem de Sá. denegatória ao registro do têrmo de contrato
O SR. PRESIDENTE: – Em discussão a celebrado entre o Ministério da Educação e
Redação Final de que trata o requerimento Cultura e a I.B.M. World Trade Corporation para
aprovado. locação de máquinas elétricas de contabilidade e
Não havendo quem faça uso da palavra, estatística.
encerro a discussão.
Em votação. O Congresso Nacional decreta:
Os Srs. Senadores que aprovam a Redação Art. 1º É aprovada a decisão do Tribunal de
Final, queiram permanecer sentados. (Pausa). Contas, denegatória ao registro do têrmo de contrato
Aprovada. celebrado em 12 de dezembro de 1958, entre o
A matéria vai à promulgação. Ministério da Educação e Cultura e a I.B.M. World
Passa-se-à: Trade Corporation, para locação de máquinas de
contabilidade e estatística.
ORDEM DO DIA Art. 2º Êste decreto legislativo entrará em vigor
na data de sua publicação, revogadas as disposições
Discussão única do Projeto de Decreto Legislativo em contrário.
nº 4, de 1960, originário da Câmara dos Deputados
(nº 42, de 1960 na Câmara), que aprova a decisão Discussão única do Projeto de Lei da Câmara
do Tribunal de Contas denegatória de registro ao nº 3, de 1961 (nº 1.895, de 1960, na Câmara), que
têrmo de contrato celebrado entre o Ministério da destaca, dos recursos de que trata o art. 15, 1ª
Educação e Cultura e a I.B.M. World Trade Corporation, alínea, da Lei nº 2.976, de 28 de novembro de 1956,
para locação de máquina elétrica de contabilidade e o mínimo de Cr$ 10.000,000,00 anuais para obras,
estatística, endo Pareceres favoráveis sob ns, 43 e equipamentos e custeio de atividades, em par-
– 432 –

tes iguais, dos Institutos de Patologia e de Pesquisas da Faculdade de Medicina de Santa Maria, Rio
Bioquímicas, da Faculdade de Medicina de Santa Maria, Grande do Sul.
no Estado do Rio Grande do Sul (incluído em Ordem do Art. 2º A contribuição prevista no art. 1º será
Dia em virtude de dispensa de interstício, concedida na classificada na unidade orçamentária relativa à
sessão anterior a requerimento do Sr. Senador Daniel Universidade do Rio Grande do Sul, com
Krieger) tendo Pareceres favoráveis das Comissões de movimentação de exclusiva competência da Divisão
Constituição e Justiça e de Finanças. de Orçamento do Ministério da Educação e Cultura,
sob o regime e da Lei nº 3.614, de 12 de agôsto de
O SR. PRESIDENTE: – Em discussão. 1959.
Não havendo que peça a palavra, encerrarei a Art. 3º Esta lei entrará em vigor na data de sua
discussão. (Pausa). publicação, revogadas as disposições em contrário.
Está encerrada. O SR. PRESIDENTE: – Esgotada a matéria
Os Srs. Senadores que aprovam o projeto, constante da Ordem do Dia, continua a tribuna
queiram permanecer sentados. (Pausa). facilitada a qualquer dos Srs. Senadores.
Está aprovado. O SR. LIMA TEIXEIRA (*): – Senhor
É o seguinte o projeto aprovado, que vai à Presidente, há oito dias, aproximadamente, tive
sanção: ensejo de reclamar da Mesa o andamento do projeto
oriundo da Comissão de Política da Produção e
PROJETO DE LEI DA CÂMARA Exportação, desta Casa, que cria o Conselho de
Nº 3, DE 1981 Expansão Comercial do Brasil no Exterior.
Apresentado a esta Casa há alguns meses,
(Nº 1.895-A-60, na Câmara) infelizmente ainda está sem qualquer parecer das
Comissões Técnicas. Vossa Excelência repondeu-
Destaca, dos recursos de que trata o art. 15, me, então, que o projeto, em breve, teria andamento.
primeira alínea, da Lei número 2.976, de 28 de Estou fazendo essas considerações porque,
novembro de 1956, o mínimo de dez milhões de acidentalmente, ouvindo "A Voz do Brasil", verifiquei
cruzeiros, anuais, para obras, equipamentos e que o atual Presidente da República, entre
custeio de atividades, em partes iguais, dos Institutos despachos e orientações que imprimiu aos seus
de Patologia e de Pesquisas Bioquímicas, da ministérios fixava prazo até de 10, 15 e mesmo 20
Faculdade de Medicina de Santa Maria, no Estado dias para que os Srs. Ministros respondessem,
do Rio Grande do Sul. dando a impressão de que S. Exa. não acreditava
muito em que os mesmos pudessem atendê-lo nos
O Congresso Nacional decreta: seus pedidos de informações.
Art.1º Serão destacados, dos recursos de Fiquei atento na escuta e observei que não
que trata a Lei nº 2.976, de 28 ,de novembro havia despachado nenhum bilhete para o Marechal
de 1956, art. 15, primeira alínea, no mínimo de Denys, nem para nosso eminente colega, há poucos
Cr$ 10.000.000,00 (dez milhões de cruzeiros) dias indicado para a pasta do Ministério das Re-
anuais para obras, equipamentos e custeio de
atividades, em partes iguais, dos Institutos __________________
de Patologia e de Pesquisas Bioquímicas, (*) – Não foi revisto pelo orador.
– 433 –

lações Exteriores, o eminente Senador Afonso Arinos. outros Escritórios, inclusive o de Nova York, como
Entre aquêles despachos que sempre tiveram grande bem lembrou o nobre Senador Pedro Ludovico.
repercussão na imprensa, verifiquei a preocupação do Assim, Sr. Presidente, pergunto a V. Exa. por
atual Sr. Presidente da República em colher dados que razão o projeto da Comissão Especial de Estudo
sôbre os Escritórios Comerciais do Brasil no Exterior. da Política de Produção e Exportação do Senado
Pareceu-me que S. Exa. entendia que êsses não teve andamento, quando nêle eram sugeridas
Escritórios Comerciais deveriam ficar subordinados medidas para corrigir as falhas que, realmente,
às Embaixadas. existem, mas não subordinando os escritórios às
Gostaria muito, Sr. Presidente, que isto Embaixadas? Ai é que há êrro, pois não poderiam
acontecesse. Embora faça eu êsses comentários, êles alcançar seus objetivos se transformados em
neste instante ressalvando porém algumas departamentos das Embaixadas do Brasil no
Embaixadas do Brasil no Exterior, tenho percorrido e Exterior.
visitado vários dêsses Escritórios Comerciais e Eis a razão por que torno a formular a V. Exa.
posso dar um depoimento, sem possibilidade de a pergunta: – Que destino teve o Projeto nº 25
êrro, de que há, muitos, a despeito, das críticas que apresentado a esta Casa, pela referida Comissão
lhes são formuladas, funcionando melhor do que Técnica?
muitas Embaixadas. O SR. PEDRO LUDOVICO: – Permite V. Exa.
O SR. PEDRO LUDOVICO: – Inclusive o um aparte?
Escritório Comercial de Nova York. O SR LIMA TEIXEIRA: – Com todo o
O SR. LIMA TEIXEIRA: – E inclusive o Escritório prazer.
de Bonn, que tem à sua frente um estudioso dos O SR. PEDRO LUDOVICO: – Acredito deva
problemas agrícolas e econômicos, como o Sr. Ovídio haver uma reforma na organização dêsses
Mata, competente técnico, que na função de Chefe do Escritórios Comerciais...
Escritório Comercial do Brasil vem dando extraordinário O SR. LIMA TEIXEIRA: – Perfeitamente.
impulso à propaganda do Brasil no Exterior. Os que O SR. PEDRO LUDOVICO: – ...e mesmo
desconhecem sua ação à frente dêsse Escritório, terão em relação a certos setores do Itamarati. Na
oportunidade de ler seus relatórios, que vamos dizer de cidade de Roma, por exemplo, existem o
passagem, muitas vêzes não foram levados na devida Embaixador, o Ministro Econômico, o Ministro do
consideração pelo próprio Govêrno, mas que Vaticano, série de funcionários da Embaixada e mais
apontavam falhas e sugeriam medidas a serem o Escritório Comercial com grande número de
tomadas com a maior urgência. funcionários. A falta de verba impede êsses
O Escritório Comercial de Londres, dirigido por funcionários de atividade maior. Existe, ainda, o
um homem como Antônio Marinho, se tem INIC, com 30 funcionários. A meu ver podia-se
destacado. O próprio Embaixador Assis refundir tôdas essas repartições e deixá-las a cargo
Chateaubriand, que de perto acompanhou as da Embaixada, incorporando nela os elementos
atividades daquela Embaixada e do Escritório do INIC, e do Escritório Comercial. Resultaria
Comercial pode dar testemunho. Poderia citar numa enorme redução de despesas para os
– 434 –

cofres públicos. Cito apenas, o caso de Roma. Há, ficientes para promoverem boa propaganda do Brasil
em outros países, situações semelhantes. no exterior. O projeto foi apresentado depois de
O SR. PRESIDENTE: – A Mesa já teve ouvidos a Confederação das Indústrias a
ocasião de esclarecer o Plenário, se não me Confederação Rural Brasileira, a Confederação do
engano, atendendo a interpelação de V. Exa. O Comércio e estudiosos do problema de propaganda
Projeto nº 25 está com carga ao Senador Attílio do Brasil. Um representante do Banco de
Vivacqua. Foram tomadas providências junto à Desenvolvimento Econômico, entendido em assuntos
família do saudoso colega, para que seja devolvido de propaganda e de turismo, também foi chamado a
ao Senado. É o esclarecimento que cabe à Mesa opinar na Comissão de Política da Produção.
dar. Colhidos êsses elementos, foi elaborado um
O SR. LIMA TEIXEIRA: – Sr. Presidente, se projeto que entre outras finalidades prevê a seleção
houver alguma dificuldade na sua devolução, dos que deverão ser nomeados para êsses
podemos nos ater às publicações em folhetos com a escritórios comerciais. Será dada preferência a
justificação. Não há razão para demora. economistas e àqueles que possuam especialização
O SR. PRESIDENTE: – A Mesa tomará técnica para melhor desempenhar sua missão no
essa segunda providência quando se convencer exterior.
da Impossibilidade da restituição do projeto à Aproveito a oportunidade da tribuna para
Comissão respectiva. Essa será a última providência informar o, atual Presidente da República, a fim de que
a ser tomada. Por enquanto, a Mesa está S. Exa. não suponha que êsse problema passou
providenciando junto à família do Senador despercebido ao Govêrno que findou ou aos
Attílio Vivacqua, para que êsse projeto volte à parlamentares. Êle foi devidamente estudado por esta
Comissão. Casa. Quando S. Exa, tiver conhecimento do projeto e
O SR. LIMA TEIXEIRA: – Muito obrigado pelo dos pareceres dos técnicos que sôbre êle opinaram,
esclarecimento Sr. Presidente. Dentro de um mês mudará talvez de opinião e não mais desejará agregar
voltarei a interpelar V. Exa. nesse sentido. êsses escritórios comerciais às Embaixadas.
Ouvi o aparte do nobre Senador Pedro Aguardarei, Sr. Presidente, que outras
Ludovico. S. Exa. referiu-se ao INIC. São medidas do Govêrno me proporcionem novos
funcionários destacados para o exterior, na condição comentários. Quando os seus atos fôrem acertados,
de representantes daquela entidade para escôlha de S. Exa. contará com os meus louvores. Quando
imigrantes; não são integrantes dos Escritórios dêles eu discordar, voltarei a esta tribuna sugerindo
Comerciais. Reconheço e apontei muitas vêzes, da soluções, pois a critica pura e simples não é medida
tribuna, essas falhas. Dai a razão da existência do salutar. O principal é apontar como devem ser
projeto. Os Escritórios Comerciais foram criados por corrigidas as falhas e os êrros.
simples Portaria, com verbas consignadas no Eram êstes os comentários que desejava
Orçamento da República. Fazia-se mister tivessem fazer, pedindo a V. Exa., Sr. Presidente, que insista
êles feição jurídica, que fôssem estruturados, para nas providências para o rápido andamento do
melhor cumprir a finalidade para a qual foram criados. Projeto nº 25 de 1960, da Comissão de Política da
Infelizmente ressentem-se êles de recursos su- Produção do Senado Federal. (Muito bem).
– 435 –

O SR. PRESIDENTE: – V. Exa. será atendido. silía, tendo Parecer favorável, sob nº 48, de 1961, da
A Mesa tomará as providências necessárias.
Comissão de Finanças.
Não há outros oradores inscritos.
Nada mais havendo que tratar, vou encerrar a 2 – Discussão preliminar (art. 265 do
sessão, designando para a próxima, a seguinte: Regimento interno) do Projeto de Lei do Senado nº
20, de 1959, que altera e dá nova redação ao art. 3º
ORDEM DO DIA
da Lei nº 970, de 16 de dezembro de 1949 (que
1 – Discussão única do Projeto de Lei da dispõe sôbre as atribuições, organização e
Câmara nº 19, de 1961 (número 2.521-60, na funcionamento do Conselho Nacional de Economia,
Câmara) que autoriza o Poder Executivo a abrir, ao tendo Parecer, sob nº 42, de 1961, da Comissão de
Poder Judiciário. – Tribunal Federal de Recursos – o
Constituição e Justiça, pela inconstitucionalidade.
crédito especial de Cr$ 86.286.924,00, para atender
às despesas de qualquer natureza com a Está encerrada a sessão.
transferência do pessoal daquele Tribunal para Bra- Levanta-se a sessão às 15 horas e 45 minutos.
27ª SESSÃO DA 2ª SESSÃO LEGISLATIVA, EXTRAORDINÁRIA, DA 4ª LEGISLATURA, EM 6 DE
FEVEREIRO DE 1961

PRESIDÊNCIA DOS SRS. FILINTO MULLER E CUNHA MELLO

Às 14 horas e 30 minutos, acham-se são anterior, que é aprovada sem debates.


presentes os Srs. Senadores: O Sr. Cunha Mello, Primeiro Secretário, lê o
Mourão Vieira. seguinte:
Cunha Mello.
Vivaldo Lima. EXPEDIENTE
Victorino Freire.
Sebastião Archer. Mensagem
Mendonça Clark.
Mathias Olympio.
Do Sr. Presidente da República ns. 46 a 64, do
Joaquim Parente.
Fernandes Távora. corrente ano, restituindo autógrafos dos seguintes
Menezes Pimentel. Projetos de Lei já sancionados:
Sérgio Marinho. Nº 8, de 1961, que cria a Universidade de
Reginaldo Fernandes. Alagoas e dá outras providências.
Dix-Huit Rosado. Nº 2, de 1961, que revigora, por dois
Novaes Filho. exercícios, a autorização concedida pela Lei nº
Rui Palmeira. 3.317, de 18 de novembro de 1957, que abre crédito
Heribaldo Vieira. destinado ao prosseguimento de obra ferroviária no
Lima Teixeira. Estado de Santa Catarina.
Arlindo Rodrigues. Nº 79, de 1960, que assegura estabilidade no
Gilberto Marinho. Serviço militar aos taifeiros das Fôrças Armadas, e
Nogueira da Gama. dá outras providências.
Lino de Mattos. Nº 75, de 1960, que provê sôbre as dotações
Pedro Ludovico. orçamentárias destinadas à Universidade do
Coimbra Bueno. Pará.
João Vlllasbôas. Nº 12, de 1961, que autoriza o Poder
Filinto Müller.
Executivo a abrir pelo Ministério da Viação e Obras
Gaspar Velloso.
Públicas, o crédito especial de Cruzeiros
Saulo Ramos.
4.377.318.000,00, destinado ao pagamento de
Irineu Bornhausen.
Daniel Krieger. diferenças de remuneração de pessoal das
Mem de Sá. – (30). ferrovias.
O SR. PRESIDENTE: – A lista de presença Nº 116, de 1960, que isenta da tributação
acusa o comparecimento de 30 Srs. Senadores. do impôsto do sêlo os contratos de financiamentos
Havendo número legal, declaro aberta a sessão. em que sejam mutuárias as sociedades
Vai ser lida a Ata. cooperativas.
O Sr. Novaes Filho, Quarto Secretário, Nº 129, de 1959, que concede
servindo de 2º, procede à leitura da Ata da ses- auxílio às Prefeituras de Guimarães
– 437 –

e de Arari, no Estado do Maranhão. dido entre 16 de outubro a 31 de dezembro de 1958


Nº 7, de 1961, que autoriza o Poder e o exercício de 1959.
Executivo a abrir, pelo Ministério da Educação e Nº 17, de 1960, que concede a Aurora Braga
Cultura, o crédito especial de Cr$ 15.000. da silva pensão especial de Cr$ 3.000,00.
000,00, destinado ao Instituto Brasileiro de Nº 43, de 1960, que autoriza o Poder Executivo
Educação, Ciência e Cultura – IBECC – Seção de a abrir o crédito especial de Cr$ 3.000.000,00 para
São Paulo. ocorrer às despesas com as comemorações do I
Nº 9, de 1961, que cria no Tribunal Regional Centenário de Fundação do Município de Russas.
do Trabalho da 2ª Região, 20 Juntas de Conciliação Nº 51, de 1960, que cria uma Coletoria
e Julgamento e autoriza o Poder Executivo a abrir ao Federal no Município de Vicência, Estado de
Poder Judiciário – Justiça do Trabalho – o crédito Pernambuco e dá outras providências.
especial de Cr$ 20.000.000,00, e dá outras
providências. COMISSÃO DE REDAÇÃO
Nº 14, de 1961, que dá nova redação ao art.
13, da Lei nº 2.370, de 9 de dezembro de 1954, que PARECER
regula a inatividade dos militares. Nº 58, DE 1961
Nº 17, de 1961, que federaliza a Escola
Superior de Veterinária, pertencente à Universidade Redação Final do Projeto de Resolução nº 60,
Rural do Estado de Minas Gerais, e dá outras de 1960.
providências.
Nº 18, de 1961, que altera a redação do § 4º Relator: Sr. Menezes Pimentel.
do art. 41 do Decreto-lei nº 1.344, de 13 de junho de A Comissão apresenta a Redação Final (fl.
1939, que modificou a legislação sôbre Bôlsas de anexa) do Projeto de Resolução nº 60, de 1960, de
Valores. iniciativa do Senado Federal.
Nº 16, de 1961, que modifica a Lei nº 3.643, Sala das Comissões, em fevereiro de 1961. –
de 14 de outubro de 1959, suspendendo o Sebastião Archer, Presidente. Menezes Pimentel,
vencimento de débitos dos cafeicultores e dá outras Relator. – Daniel Krieger.
providências. Redação Final do Projeto de Resolução nº 61,
Nº 1, de 1961, que abre um crédito especial de 1960
de Cr$ 30.000.000,00 ao Ministério da Faço saber que o Senado Federal, aprovou e
Viação e Obras Públicas para obras do Túnel eu, nos têrmos do art. 47, letra "p", do Regimento
do Palatinato, em Petrópolis, Estado do Rio de Interno, promulgo a seguinte:
Janeiro.
Nº 22, de 1961, que cria a Universidade do RESOLUÇÃO
Espírito Santo e dá outras providências. Nº DE 1961
Nº 99, de 1960, que autoriza o Poder
Executivo a abrir ao Poder Judiciário – Justiça Suspende a execução da letra "d" do art. 2º do
Eleitoral – Tribunal Regional do Pará, os créditos Decreto nº 457, de 22 de janeiro de 1950, do Estado
especiais de Cr$ 79.112,50 e Cr$ 368.205,00 para de Pernambuco.
ocorrer às despesas com o pagamento de diferença Art. 1º É suspensa a execução da letra
de gratificação adicional devido a funcionários da "d" do art. 2º do Decreto nº 457, de 22 de
Secretaria do mesmo Tribunal no período compreen- janeiro de 1950, do Estado de Pernambuco, julga-
– 438 –

da inconstitucional pelo Supremo Tribunal Federal, É lido e deferido o seguinte:


em decisão definitiva de 10 de janeiro de 1955, no
Recurso Extraordinário nº 24.843. REQUERIMENTO
Art. 2º Revogam-se as disposições em contrário. Nº 53, DE 1961

PARECER Sr. Presidente:


Nº 59, DE 1961 Requeiro a V. Exa. se digne de requisitar do
Banco do Brasil S.A. por intermédio do Sr. Ministro
Redação Final do Projeto de Resolução nº 61, da Fazenda, as seguintes informações sigilosas:
de 1960. a) quais são os devedores do Banco do
Brasil S.A. nos Estados da Guanabara, do Rio,
Relator: Sr. Menezes Pimentel. São Paulo Rio Grande do Sul, Minas Gerais,
A Comissão apresenta a Redação Final (fl. Pernambuco e Bahia, de quantias superiores a 100
anexa) do Projeto de Resolução nº 61, de iniciativa milhões de cruzeiros (conta corrente, com o
do Senado Federal. levantamento das várias parcelas, destinação e
Sala das Comissões, em fevereiro de 1961. – natureza do empréstimo, vencimento, juros e
Sebastião Archer, Presidente. – Menezes Pimentel, comissões, garantias atuais e as anteriormente
Relator. – Daniel Krieger. excluídas etc.);
Redação Final do Projeto de Resolução nº 61, b) quais as providências do Banco do Brasil
de 1960. S.A. para acautelar os seus interêsses e direitos,
Faço saber que o Senado Federal aprovou e inclusive e especialmente com relação às dívidas
eu, nos têrmos do art. 47 letra "p", do Regimento vencidas;
Interno, promulgo a seguinte: c) quais os motivos que induziram o Banco do
Brasil S.A. a não promover a execução das garantias
RESOLUÇÃO reais, no caso de mora dos devedores e de
Nº DE 1961 impossibilidade de implemento das obrigações
convencionadas;
Suspende a execução da Lei nº 1.027, de 11 de d) casos em que houve intervenção do Banco
dezembro de 1953, do Estado do Rio Grande do Norte. do Brasil S.A. na administração das emprêsas, com
Art. 1º É suspensa a execução da Lei nº 1.027 a indicação dos resultados obtidos;
de 11 de dezembro de 1953, do Estado do Rio e) caso em que houve reavaliação do ativo,
Grande do Norte, por ter sido julgada inconstitucional com a concessão de novos empréstimos;
pelo Supremo Tribunal Federal, em decisão definitiva f) se o Banco do Brasil S.A. tem noticia,
proferida em 13 de setembro de 1954, na informação ou ciência de que os devedores referidos
representação nº 217. neste pedido estão quites com a Fazenda Pública
Art. 2º Revogam-se as disposições em contrário. ou, ao contrário, tem conhecimento da ocorrência de
O SR. PRESIDENTE: – Está finda a leitura, do dividas fiscais (montante origem, exercício etc) com
Expediente. título preferencial e prioritário.
Sôbre a mesa requerimento que vai ser lido Brasília, 3 de fevereiro de 1961. – Jefferson de
pelo Sr. 1º Secretário. Aguiar, PSD – E. Santo.
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O SR. PRESIDENTE: – Da Bancada do cional, mandou fazer estudos no sentido da


Partido Libertador a Presidência recebeu criação da siderurgia catarinense e da
comunicação da escolha dos Srs. Senadores Mem industrialização dos subprodutos do carvão, tais
de Sá e Aloysio de Carvalho, para Líder e Vice-Líder como o aproveitamento do enxâfre, o ácido sulfúrico
da mesma Bancada, respectivamente. (Pausa). e outros.
O SR. PRESIDENTE: – Sôbre a mesa Sr. Presidente, em 1953 foi enviada
telegrama que vai ser lido pelo Sr. 1º Secretário. Mensagem Presidencial, à qual estava apenso o
É lido o seguinte: Plano do Carvão Nacional. Com a aprovação
do Plano do Carvão Nacional, pelo Congresso,
Telegrama ficou instituída em lei a criação da siderurgia no
Estado de Santa Catarina. Tendo o Plano uma
Exmo. Sr. Filinto Müller. vigência de quatro anos, por ocasião da sua
DD. Vice-Presidente do Senado Federal. renovação, lamentàvelmente, não sei por que
Brasília – DF. razões e motivos, o Poder Executivo retirou a
De Cuiabá – MT – 1-2-61. siderurgia do Plano. Houve, na oportunidade,
Em virtude haver assumido nesta data vg as manifestações populares, dos homens ligados à
funções de Governador do Estado do Mato Grosso indústria carbonífera catarinense, Senadores e
vg venho apresentar minha renúncia cadeira Senado Deputados, formulando seus protestos,
Federal. Atenciosas Saudações. – Fernando Corrêa apresentaram, por intermédio da saudoso Deputado
da Costa, Governador do Estado. Leoberto Leal, um artigo à exposição governamental,
O SR. PRESIDENTE: – A Mesa comunica nestes têrmos:
que, de acôrdo com o Regime Interno do Senado, (Lendo) "Deverá o Governo, no prazo máximo
havia considerado extinto o mandato do nobre de seis meses, apresentar ao Congresso Nacional
Senador Fernando Corrêa, em virtude de sua projeto de organização de uma sociedade, com o
investidura no Govêrno de Mato Grosso. objetivo de instalar e operar uma usina siderúrgica,
Agora, com o telegrama de S. Exa. fica efetivada prevista na Lei nº 2.112, de 28 de setembro de
sua renúncia à cadeira que ocupava nesta Casa. 1953".
Continua a hora do Expediente. O Govêrno da República não enviou em
Tem a palavra o nobre Senador Saulo Ramos, tempo como devia, ao Congresso Nacional essa
orador inscrito. Mensagem e quando anunciou que a mesma havia
O SR. SAULO RAMOS: – Sr. Presidente, Srs. sido enviada, ela não se encontrava nem no Palácio
Senadores, podemos considerar de data recente a do Catete e nem na Câmara dos Senhores
implantação da siderurgia nacional, com a Deputados.
construção de Volta Redonda, obra de tamanha O povo de Santa Catarina assistia,
envergadura no plano internacional. poucos meses depois, autorização para
Entretanto, a construção de uma siderurgia na instalação de uma siderúrgica no Estado do Rio
zona carbonífera de Santa Catarina constitui uma Grande do Sul, com uma simples autorização
velha aspiração do povo catarinense. presidencial.
O saudoso Presidente Vargas, Ora, Sr. Presidente, o carvão extraído do subsolo
quando implantou a siderurgia na- catarinense é o único Carvão metalúrgico em nos-
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sa Pátria que alimenta a siderurgia nacional e nada lhetes de S. Exa. o Sr. Presidente da República,
mais justo, coerente e técnico do que implantar uma transmitido hoje pelo rádio a uma hora da tarde, S.
siderurgia em plena zona carbonífera catarinense, Exa. deu ordem aos dirigentes do Plano Nacional do
isso porque, na geologia não existe distâncias para o Carvão para, no prazo improrrogável de quinze dias
afloramento e a superficialização dos minerais. Ali transferirem suas instalações do Rio de Janeiro para
em Santa Catarina aflora, simultâneamente, o carvão o Estado de Santa Catarina. Não sei se V. Exa.
de pedra, o manganês o tungstênio e tantos outros conhecia o fato; de qualquer maneira para que possa
minerais. complementar seu discurso, estou apreciando-o e
Só êsse fato justifica a criação daquela comentando-o.
siderúrgica. O jornalista José Victorino da Silva, O SR. SAULO RAMOS: – Agradeço o
Suplente de Deputado Federal pelo meu Estado, tem aparte de V. Exa. e as providências tomadas
acompanhado com devotamento a tramitação dêsse pelo Sr. Presidente da República, estabelecendo
Projeto de Lei na Câmara dos Senhores Deputados e prazo.
posso informar aos Senhores Senadores de que êsse O SR. GASPAR VELLOSO: – Um prazo
projeto foi aprovado na Câmara, está em Redação de quinze dias para transferência da direção
Final para ser enviado ao Senado da República. do Plano do Carvão para o Estado de Santa
Eis ai a razão da minha presença nesta tribuna Catarina.
pois que pretendo, em nome da Bancada O SR. SAULO RAMOS: – Congratulo-me com
catarinense, do Sr. Senador Irineu Bornhausen, do o Sr. Presidente da República pela iniciativa tomada.
Sr. Senador Francisco Gallotti e do meu, enviar um Devo declarar que apoiei, durante a campanha
requerimento, um pedido de urgência urgentíssima presidencial, a candidatura do, eminente brasileiro,
para a tramitação mais rápida possível dentro do Dr. Jânio Quadros, e quando S. Exa. falava ao povo
Senado e para tanto apelarei para os Líderes de de Santa Catarina afirmava a construção da Usina
Bancada e para os Srs. Senadores, a fim de atender Siderúrgica como também operaria a industrialização
o Regimento com as assinaturas necessárias, para e aproveitamento dos subprodutos do carvão, e à
que possamos aprovar ainda durante esta ampliação das rêdes termo e hidrelétricas que
convocação a criação da indústria siderúrgica em atenderão o Estado de santa Catarina e muitos
Santa Catarina. Estados da Região Sul.
O SR. GASPAR VELLOSO: – Permite V. Exa. Confiante no Senado Federal, no apoio dos
um aparte? Srs. Senadores e na ação do atual Sr. Presidente da
O SR. SAULO RAMOS: – Com satisfação. República, assim que o Projeto de Lei fôr enviado a
O SR. GASPAR VELLOSO: – Estou esta Casa entrarei com o pedido de urgência
aparteando o ilustre orador porque o Plano Nacional urgentíssima e, aprovado no Senado, subirá à
do Carvão interessa aos Estados de Santa sanção e o povo de Santa Catarina será então
Catarina, Rio Grande do Sul e também ao aquinhoado com a siderurgia que tanto almeja,
Paraná e para comunicar – se é que o ilustre principalmente nestes últimos tempos em que
orador ainda não sabia – que num dos célebres bi- constitui uma aspiração para cada governador eleito
– 441 –

instalar em seu Estado um parque siderúrgico. Ainda palavra para congratular-me, em nome de
há pouco o Governador Carlos Lacerda determinava minha Bancada e no da Bancada do
fôssem feitos estudos para a criação de uma Partido Libertador e creio, Sr. Presidente,
siderurgia no Estado da Guanabara. O meu Estado é que não exorbito dizendo em nome do Senado da
o que produz o carvão metalúrgico para o República, com o eminente Chanceler Afonso
abastecimento do parque siderúrgico nacional, e o Arinos.
nosso carvão continua sendo preterido pelas O SR. GASPAR VELLOSO: – Permite V. Exa.
facilidades que se tem dado à importação do carvão um aparte? (Assentimento do orador) – V. Exa. pode
estrangeiro, sem que o Poder Público tome as acrescentar à homenagem que presta ao nosso
providências cabíveis. ilustre ex-colega, atual Ministro Afonso Arinos, a que
Por essas razões, Sr. Presidente, se justifica também lhe presta nesta Casa o Partido Social
plenamente a construção, quanto antes, em Santa Democrático.
Catarina, de uma siderurgia e o aproveitamento O SR. DANIEL KRIEGER: – Sabia eu, Sr.
integral da hulha negra ou carvão mineral, riqueza Presidente, que em todo o Senado da República, nas
básica de verdadeira emancipação econômica desta questões internacionais, mercê de Deus, não há
nação. (Muito bem). divisões nem divergências políticas. Todos são
O SR. PRESIDENTE: – Não se encontrando unânimes, acordes em prestigiar a ação do Brasil,
no recinto o nobre Senador Gilberto Marinho, orador porque o seu fortalecimento e o seu respeito no
inscrito, concedo a palavra ao nobre Senador Daniel domínio internacional são a suprema aspiração do
Krieger. Senado da República.
O SR. DANIEL KRIEGER: – Sr. Presidente, OS SRS. DIX-HUIT ROSADO E FERNANDES
Srs. Senadores, quando me inscrevi para falar, TÁVORA: – Muito bem.
pretendia fazer um relato circunstanciado e O SR. DANIEL KRIEGER: – Assim sendo,
documentado das diligências feitas pelo Itamarati no nada mais me resta senão dizer que o titular da
sentido de solucionar, dentro dos princípios Pasta das Relações Exteriores correspondeu, pela
constitucionais, e das normas de Direito Internacional sua atitude viril, diplomática, compreensiva e
e das convenções o intrincado caso do navio humana, às aspirações do Senado da República e
português que fôra tomado por insurretos desta de tôda a comunidade brasileira. S. Exa., em teclas
nacionalidade. Mas, Sr. Presidente, fatos posteriores as horas, agiu com aquela elegância e com aquela
trouxeram para o caso solução que subiu nos sabedoria que é própria do Itamarati, o Itamarati de
aplausos do povo e desceu na mensagem do Rio Branco, do Itamarati de Uruguai, do Itamarati de
Presidente da República, de louvor à ação prudente, Oswaldo Aranha e de tantos outros que
serena e enérgica do Chanceler Afonso Arinos. Não enobreceram a vida, internacional do País pela sua
devo, pois, Sr. Presidente, explicar e defender atos dedicação, pela sua clarividência, pela sua sabedoria
que a consciência do povo recebe tão bem e e sobretudo pelo seu devotamento ao País.
proclama por todos os recantos, através das suas Sr. Presidente e Srs. Senadores, não posso
vozes mais autorizadas e da sua Imprensa, como deixar de nesta hora, louvar, e louvar com ênfase, a
justos, legais e acordes com o Direito Internacional. ação admirável do Comandante do Distrito Naval, o
Assim sendo, devo apenas usar da Almirante Dias Fernandes, que agiu obediente às de-
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terminações do Itamarati, mas com aquela Edmundo Barbosa da Silva, e ao representante


compreensão humana tão necessária em todos os do Itamarati em tôdas essas negociações, o
atos da vida e nas ações de todos os homens. Não Sr. Castro Alves, a nossa homenagem, a
poderemos, Sr. Presidente e Srs. Senadores, ser nossa solidariedade, porque êles, em tôdas
indiferentes à situação dos passageiros daquela nau. as emergências, souberam interpretar o
Aquêle navio era território português, por um pensamento do nosso País em têrmos
artifício e por uma ficção do direito, e reconhecemos de independência, de soberania e de
o direito de sôbre êle lavrar a rebeldia – rebeldia que, humanidade.
em tais circunstâncias, sempre merece o nosso O SR. VIVALDO LIMA: – Dá V.
respeito pois não nos é lícito negar aplauso àqueles Exa. licença para um aparte?
que lutam para que a liberdade de pensamento, de O SR. DANIEL KRIEGER: – Pois
palavra e de ação predomine no país – se não não.
podemos deixar de reconhecer isso, também não O SR. VIVALDO LIMA: – Conte V. Exa. com
poderíamos ser insensíveis à sorte daqueles os aplausos da Bancada do Partido Trabalhista
seiscentos passageiros, entre os quais se Brasileiro a essa homenagem ao eminente Ministro
encontravam mulheres, crianças e velhos que das Relações Exteriores, Senador Afonso Arinos. O
necessitavam, que exigiam proteção eficaz de todos desfecho do caso "Santa Maria" comoveu a Nação.
os governos. Através do éter e da Imprensa a Nação conheceu a
Foi o que o Brasil, numa determinada sua tramitação e o epílogo foi realmente empolgante.
emergência, lhes deu. Honra o próprio Govêrno que se inicia. Portugal
Hoje, felizmente, tudo está resolvido: alguns mesmo, pelo seu Govêrno, aplaudiu nossa atitude. A
passageiros retornam aos seus países, outros mensagem do Govêrno português ao Govêrno do
seguem seus destinos. Brasil é honrosa para todo o povo brasileiro, pela
O Govêrno brasileiro que poderia deixar o solução dada pelo Presidente Jânio Quadros ao caso
navio entregue á decisão da Justiça, o que reafirmou do "Santa Maria", que realmente atendeu às duas
em tôdas as suas notas, foi fiel aos princípios da partes: os rebelados e o Poder Constituído
Convenção de Havana e restituiu-o ao govêrno português. E o Brasil fêz valer, nessa emergência, a
Português. sua soberania. Isso é tudo para nós, brasileiros.
Os passageiros seguiam seus rumos e o O SR. DANIEL KRIEGER: – Agradeço o
Brasil, na posse de si mesmo, agiu com convicção, aparte do ilustre Vice-Líder do Partido Trabalhista
dentro de sua soberania, porque sempre foi Brasileiro, que complementa a manifestação
estabelecido que, nas águas territoriais do nosso unânime dêste Plenário sôbre a atuação brilhante do
País, só poderiam outras nações exercer o direito de Senador Afonso Arinos.
busca e de salvamento, que é universal. O Brasil, Sr. Presidente, cumpriu
Portanto, Sr. Presidente, deve o Senado da superiormente o seu papel, realizando aquilo que
Republica, que é o órgão legislativo com Von Ihering tão bem definiu, quando escreveu: a
interferência na política internacional, regozijar-se e missão do Estado é realizar o Direito e a finalidade
ter uma atitude de louvor ao eminente Senador do Direito é assegurar a paz. (Muito bem! Muito bem!
Afonso Arinos. Ao ex-Ministro interino Sr. Palmas).
– 443 –

Durante o discurso do Sr. Daniel Krieger, o Sr. Está encerrada. O projeto fica
Filinto Müller deixa a Presidência, assumindo-a o Sr. com a sua votação adiada por falta de
Cunha Mello. número.
O SR. PRESIDENTE: – Não há mais oradores O SR. PRESIDENTE: – Está esgotada a
inscritos. matéria constante da Ordem do Dia.
Nenhum dos Srs. Senadores solicitando a É facultada a palavra a quem dela quiser fazer
palavra, passa-se à: uso. (Pausa).
O SR. COIMBRA BUENO: – Sr. Presidente,
ORDEM DO DIA peço a palavra.
O SR. PRESIDENTE: – Tem a palavra o nobre
Discussão única do Projeto de Lei da Câmara Senador Coimbra Bueno.
nº 19, de 1981 (número 2.521-60 na Câmara) que O SR. COIMBRA BUENO (*): – Sr.
autoriza o Poder Executivo a abrir ao Poder Presidente, em junho do ano passado, apresentei a
Judiciário – Tribunal Federal de Recursos – o crédito esta Casa o Projeto de Lei do Senado nº 24, de
especial de Cr$ 86.286.924,00, para atender às 1960.
despesas de qualquer natureza com a transferência Ofereço, agora, um substitutivo à mesma
do Pessoal daquele Tribunal para Brasília, tendo: proposição, para o qual solicito à Mesa o seu
Parecer favorável, sob nº 48, de 1961, da Comissão encaminhamento oportuno à Comissão onde a
de Finanças. mesma se encontra, a fim de adaptá-la à situação
vigente no País.
O SR. PRESIDENTE: – Em discussão o O substitutivo que ora apresento é vazado nos
projeto. têrmos que lerei ao fim dêste discurso.
Não havendo quem peça a palavra, encerrarei Sr. Presidente, ao apresentar o projeto àquela
a discussão. (Pausa). época, pedi a atenção do Senado para a
Está encerrada. O projeto fica com sua necessidade inadiável, de que o País se ressentia,
votação adiada por falta de número. de ordenar e, mais do que isto, coordenar os
planejamentos esparsos e as obras em execução de
Discussão preliminar (art. 265 do Regimento modo a se estabelecer a indispensável continuidade
Interno) do Projeto de Lei do Senado nº 20, de 1959, que, hoje, rege as principais democracias do mundo,
que altera e dá, nova redação ao art. 3º da Lei nº bem como as demais Nações.
970, de 16 de dezembro de 1949 (que dispõe sôbre Sr. Presidente, creio o
as atribuições, organização e funcionamento do momento muito oportuno para, à base de Brasília,
Conselho Nacional de Economia, tendo: Parecer, alimentarmos esperanças do Poder Público
sob nº 42, de 1961, da Comissão de Constituição e encarar e resolver os problemas reais do País.
Justiça, pela inconstitucionalidade. Deixei claro, na oportunidade,
que a proposição teria natu-
O SR. PRESIDENTE: – Em discussão.
Não havendo quem peça a palavra, encerrarei __________________
a discussão. (Pausa). (*) – Não foi revisto pelo orador.
– 444 –

ralmente de ser analisada com a mesma atenção trais, para os da Bacia Amazônica, os do Norte e
dispensada ao Plano Salte que tramitou e foi do Nordeste, para um ou dois Estados da Região
aprovado pelo Congresso Nacional. Sul e para todos os Territórios, que um
Ainda que o Executivo desse cobertura ao planejamento econômico-social seja estabelecido
projeto, a fim de resolver eventuais óbices no País. Assim, as inversões feitas pelo Govêrno,
constitucionais, seria o caso do Congresso Nacional que acaba de terminar seu mandato, no interior do
ou o próprio Senado buscar o auxilio do Poder País, terão continuidade. Muitas dessas obras
Executivo para que o mesmo tivesse andamento, precisam ser completadas. Algumas delas foram
possìvelmente à base de uma Mensagem. Já realizadas em caráter de extrema urgência e,
tivemos no Brasil um primeiro ensaio de portanto, estão cheias de imperfeições, como
planejamento, de execução coordenada de serviços sempre acontece, nessas circunstâncias. A perfeição
públicos através do famoso Plano Salte que cedeu lugar à rapidez, às vêzes galopante. Alguns
infelizmente, não logrou continuidade administrativa. dos empreendimentos hoje criticados, eram
Outra tentativa atabalhoada e desordenada esperados há longos anos, e significam, pela
são as metas do período que ora se encerra; muitas primeira vez a presença do Poder Público em
delas foram conduzidas a bom têrmo, outras porém, grandes regiões do País.
não chegaram a se concretizar por falta de um plano É o caso do Estado de Goiás. Em função de
ordenado e coordenado que pudesse ser batizado de Brasília, foi êle rasgado de norte a sul, de leste a
Plano Qüinqüenal, ou Decenal. oeste, em tôdas as direções, pelas primeiras
Todo o esfôrço imenso exigido da Nação rodovias federais BR construídas em seu território.
nesses últimos cinco anos poderia ser perfeitamente Se, porém, essas estradas não forem conservadas,
coroado de êxito, se bem compreendido pelo nôvo, dentro do bom planejamento, bem ordenado,
Govêrno que acabamos de eleger com fundadas necessàriamente se tornarão caminhos
esperanças de novos rumos e melhores dias para a intransitáveis, em poucos meses. Aliás, algumas
nossa Pátria. delas já estão em péssimo estado.
Graças a êsse esfôrço, poderemos ordenar os Cumpre, pois, ao Poder Público não deixar ao
serviços em execução em todos os rincões do País, abandono milhões e milhões de quilômetros
o que será particularmente interessante para os quadrados que, até há pouco, como a região
Estados centrais. Amazônica, eram terra de ninguém, e hoje com
Jamais esqueceremos a colaboração do Brasília começaram a ser integradas no território
Govêrno Eurico Gaspar Dutra, nesse sentido. Foi S. nacional.
Exa. o primeiro Presidente da República a zelar A função principal de uma Brasília a ser
igualmente por todos os Estados do Brasil. Durante consolidada deve ser, de agora em diante, seu
seu mandato, não prevaleceu o clube, dos quatro desdobramento, e sua projeção por todo o imenso
grandes Estados, em detrimento dos dezoito território que herdamos dos nossos antepassados,
restantes e dos cinco primos pobres abandonado desde a República até o presente,
desta Nação, que são os Territórios Federais. desprezado e desconhecido pelos homens do Poder,
É portanto, particularmente enquistados no litoral e de costas voltadas para o
interessante para os Estados cen- interior.
– 445 –

Entendo, pois, que o planejamento por mim co tempo, os Planos Rodoviários, de Viação
sugerido, só trará benefícios imensos ao Poder Férrea, de Rios, Canais e de Portos, foram
Público brasileiro, facilitando a administração do relegados para as gerações futuras, deixados
Presidente Jânio Quadros, que elegemos com o ao abandono, o que constitui, sem dúvida,
pensamento e as vistas voltados para o uma vergonha para esta Nação, cuja
engrandecimento da nossa terra. É mister, porém, se quilometragem asfaltada, hoje, é menor do
dê prosseguimento, nos sucessivos períodos que a do pequenino Haiti, na América Central.
governamentais, às obras cuja concretização exige Precisamos planejar a solução de nossos
às vêzes, quinze, vinte trinta ou mais anos. É o caso problemas, a fim de não serem abandonadas as
de inúmeros Países da velha Europa, por muitos rodovias lançadas no interior do Brasil. Dessas, a do
considerados região de terras e homens cansados. Tocantins, por exemplo, onde cêrca de duzentos mil
Ao contrário, porém, são áreas prósperas porque brasileiros vivem, deve ter prosseguimento. É a tão
administradas por gente evoluída que, Visando o condenada "estrada das onças" no dizer de outros,
bem-estar de suas populações, planeja obras a que não o atual Presidente, que conhece as
serem realizadas em prazo dilatado. Posso mesmo necessidades das famílias que vivem às suas
destacar obra muito conhecida no mundo moderno, margens. Entretanto, é ela verdadeiramente a
executada pelo Govêrno holandês. estrada tronco deste País, aquela que completa a
Há poucos anos, estive na Holanda e visitei o integração nacional. Alguém disse, no passado,
Centro Nacional que controla a execução das obras impròpriamente, e muitos repetem hoje que o São
públicas naquele País. Verifiquei, com prazer, que as Francisco é o rio da unidade nacional. O tempo,
principais dotações do orçamento da Holanda, por porém demonstrará após estudos mais profundos da
exemplo, no ano de 1951, diziam respeito a obras formação dêste imenso território, que o verdadeiro
iniciadas há quinze anos, e que só seriam ultimadas rio da unidade nacional é o Tocantins, extraordinária
dentro de vinte e cinco, merecendo de sucessivos cunha transcontinental, que rasga o Brasil de Norte
Govêrnos dotações básicas, as principais verbas do para o Sul, de Belém para o Brasil Central, podendo
seu orçamento. Aquêle povo pensa nas gerações ser fàcilmente aproveitado para a navegação até
futuras. Eis porque o pequeno país, com uma cêrca de dois mil quilômetros de Belém do Pará. –
população da ordem de sete a oito por cento da Não quero com isto desmerecer o São Francisco,
brasileira, e com um território cem vêzes menor do que merece as maiores atenções do Poder Público.
que o nosso, tinha uma produção nacional Sr. Presidente, para o
equivalente à do Brasil, pelo menos até por volta de planejamento Econômico e Social do
1950. Brasil, peço pela segunda vez, a atenção da
Sr. Presidente, é para solução como essa que Casa, já agora com urgência. Estamos no
devemos atentar, principalmente agora que estamos primeiro mês do nôvo Govêrno que se instala no
com Plano de Viação Nacional em execução no País País. Êle precisará, estou certo, dêsse planejamento
todo, e pela primeira vez, Infelizmente, até pou- para o engrandecimento da nossa terra, no inte-
– 446 –

rêsse das gerações futuras e de um destino melhor planos qüinqüenais de desenvolvimento econômico-
para os nossos filhos. (Muito bem, muito bem!). social em vigor.

SUBSTITUTIVO A QUE SE REFERE O ORADOR Justificação


EM SEU DISCURSO
A mudança da Capital para o interior enseja
Substitutivo ao Projeto de Lei do Senado nº 24, de uma oportunidade excepcional para governar o País,
1960 dentro de planos qüinqüenais; o projeto vem
justamente estabelecer a obrigatoriedade de tais
Art. 1º Os Presidentes da República planejamentos, bem como dos elos que deverão
submeterão ao Congresso, dentro dos nove associar uns aos outros, não só tais planos como
primeiros meses após sua posse, o plano qüinqüenal também os próprios períodos governamentais,
de desenvolvimento econômico e social do País, assegurando a ambos a necessária continuidade
englobando quatro anos de seu período e o primeiro administrativa.
do período subseqüente; aprovado, êste plano A obrigação de cada nôvo Presidente executar
entrará em vigor, no início do segundo ano de cada o último ano do plano qüinqüenal, cujos quatro anos
período governamental. anteriores couberam ao seu antecessor, favorece
Parágrafo único. A partir de 1965, os planos grandemente a sua atuação com reais benefícios
referidos neste artigo devem ser elaborados em suas para a União – eis que a administração pública
linhas gerais, em função dos imediatamente Federal não sofrerá solução de continuidade, e os
anteriores, pelos Presidentes em exercício, e por novos responsáveis pelo destino da Nação – sem
êstes submetidos aos seus sucessores, no último necessidade de desmontar bruscamente a máquina
mês de seus mandatos; aos novos Presidentes administrativa que encontrarem, terão tempo
competirá completar os planos, mantendo a suficiente para se inteirar dos serviços em marcha e
necessária continuidade com os anteriores, e bem conhecer o pessoal e o material de que irão
introduzindo as inovações que julgarem necessárias, dispor, isto – no decorrer dos nove meses que terão
antes de encaminhá-los ao Congresso. à disposição, para introduzir inovações e elaborar o
Art. 2º Os Presidentes da República eleitos nôvo plano qüinqüenal para execução por si em
depois de 1960, além do disposto no art. 1º, quatro anos e por seu sucessor em um.
prosseguirão no primeiro ano de seus Sala das Sessões, em 6 de fevereiro de 1961.
períodos na execução do quinto ano dos – Senador Coimbra Bueno.
– 447 –

Esbôço do entrosamento entre os sucesisvos "Períodos de Govêrno" (Per. de Gov.) e os "Planos Qüinqüenais de
Desenvolvimento Econômico e Social"
(PI. Q.), a partir de 1961, em Brasília

1961 I
Período do 1º Pl. Q.
62 II 1º

Período de Gov. 63 III 2º


Período do 1º Pl. Q.
64 IV 3º

65 V 4º

1966 I 5º

67 II 1º

Período de Gov. 68 III 2º Período do 2º Pl. Q.

69 IV 3º

70 V 4º

1971 I 5º

72 II 1º

Período de Gov. 73 III 2º Período do 3º Pl. Q.

74 IV 3º

75 V 4º

1976 I 5º
– 448 –

Em resumo. – O Presidente que assumir o Era o que tinha a dizer, Senhor


Poder, por exemplo, em janeiro de 1966, deverá Presidente. (Muito bem!).
prosseguir durante êsse ano, na execução do 5º e O SR. PRESIDENTE: –
último ano do 1º Pl. Q. – e concomitantemente, Respondendo à questão de ordem do nobre
refundir, introduzir suas idéias, preparar e submeter Senador Coimbra Bueno, a Mesa informa
ao Congresso, o 2º Pl. Q. (estabelecido em suas que o objetivo de Sua Excelência será,
linhas gerais e legado pelo seu antecessor); – em em parte, atendido com a publicidade que o
1967, 1968, 1969 e 1970, deverá executar os 4 assunto certamente terá.
primeiros anos dêste 2º PI. Q., e ainda estabelecer Quando da discussão do projeto, o substitutivo
em suas linhas gerais o 3º P1. Q., (a ser legado ao de Sua Excelência será lido e submetido à
seu sucessor em janeiro de 1971). – E assim por consideração do Plenário, voltando, em seguida, às
diante, criando-se urna vital continuidade Comissões, juntamente com o projeto.
administrativa no País. Não há mais oradores inscritos. (Pausa).
O SR. PRESIDENTE: – A Mesa não poderá, Nada mais havendo que tratar, vou encerrar a
de acôrdo com o Regimento encaminhar o sessão, designando para a de amanhã a seguinte:
substitutivo de Vossa Excelência; os projetos só
recebem emenda substitutiva, depois que estão nas ORDEM DO DIA
Comissões, por iniciativa de algum membro dêsses
órgãos técnicos. 1 – Votação, em discussão única, do
Em todo o caso, o substitutivo de Vossa Projeto de Lei da Câmara nº 19, de 1961 (nº 2.521-
Excelência ficará sôbre a mesa, para ser discutido 60, na Câmara), que autoriza o Poder
quando vier a plenário o projeto a que se refere. Executivo a abrir pelo Poder Judiciário – Tribunal
O SR. COIMBRA BUENO (pela ordem) (*): – Federal de Recursos – o crédito especial de Cr$
Senhor Presidente, propositalmente abordei o 86.286.924,00 para atender às despesas de
assunto da tribuna do Senado, com o objetivo de qualquer natureza com a transferência do pessoal
chamar a atenção geral para o problema, que reputo daquele Tribunal para Brasília, tendo Parecer
da máxima importância. favorável, sob nº 48, de 1961, da Comissão de
Buscarei, nos têrmos do Regimento, Finanças.
apresentar a emenda na Comissão, o mais rápido 2 – Votação, em discussão preliminar (art. 265
possível, através de um Colega. No momento meu do Regimento Interno), do Projeto, de Lei do Senado
apêlo é no sentido de que seja estudada a nº 20, de 1959, que altera e dá nova redação ao art.
possibilidade de buscar o auxílio do Poder Executivo, 3º da Lei nº 970, de 16 de dezembro de 1949 (que
a fim de ser encontrada uma fórmula para a dispõe sôbre as atribuições, organização e
tramitação dêste projeto, tal como aconteceu quando funcionamento do Conselho Nacional de Economia,
da tramitação do Plano Salte, no Congresso tendo Parecer, sob nº 42, de 1961, da Comissão de
Nacional. Constituição e Justiça, pela inconstitucionalidade.
Está encerrada a sessão.
__________________ Encerra-se a sessão às 15 horas e 20
(*) – Não foi revisto pelo orador. minutos.
28ª SESSÃO DA 2ª SESSÃO LEGISLATIVA, EXTRAORDINÁRIA, DA 4ª LEGISLATURA, EM 7 DE
FEVEREIRO DE 1961

PRESIDÊNCIA DO SENHOR CUNHA MELLO

Às 14 horas e 50 minutos, acham-se terior, que é aprovada sem debates.


presentes os Srs. Senadores: O Sr. Novaes Filho, 4º Secretário, servindo de
Mourão Vieira. 1º, lê o seguinte:
Cunha Mello.
Vivaldo Lima. EXPEDIENTE
Victorino Freire.
Sebastião Archer.
MENSAGEM
Mathias Olympio.
Joaquim Parente.
Fernandes Távora. Do Sr. Presidente da República nº 65, do
Menezes Pimetel. corrente ano, restituindo autógrafos do Projeto de
Sérgio Marinho. Lei promulgado, que cria no Ministério da Marinha,
Dix-Huit Rosado. os quadros complementares dos Corpos da
Novaes Filho. Armada, Fuzileiros Navais e Intendentes de
Rui Palmeira. Marinha.
Lourival Fontes. O SR. PRESIDENTE: – Está finda a leitura do
Heribaldo Vieira. Expediente.
Del-Caro.
Há oradores inscritos.
Ary Vianna.
Arlindo Rodrigues. Tem a palavra o nobre Senador Gilberto
Gilberto Marinho. Marinho.
Nogueira da Gama. O Senhor Senador Gilberto Marinho pronuncia
Lino de Mattos. discurso que, entregue à revisão do orador, será
João Villasbôas. publicado posteriormente.
Filinto Muller. O SR. PRESIDENTE: – Acha-se
Gaspar Velloso. presente o Sr. Sìlvério Del-Caro, suplente
Nelson Maculan. convocado para o preenchimento da vaga aberta
Saulo Ramos. na representação do Estado do Espírito Santo
Irineu Bornhausen. com o falecimento do saudoso Senador Attílio
Daniel Krieger.
Vivacqua.
Mem de Sá. – (29).
O SR. PRESIDENTE: – A lista de presença S. Exa. passará a participar dos
acusa o comparecimento de 29 Srs. Senadores. trabalhos da Casa, dispensado do
Havendo número legal, declaro aberta a sessão. compromisso regimental, visto já o haver
Vai ser lida a Ata. prestado, ao substituir recentemente aquêle
O Sr. Arlindo Rodrigues, servindo de 2º Senador.
Secretário, procede à leitura da Ata da sessão an Continua a hora do Expediente.
– 450 –

O SR. JOÃO VILLASBÔAS (*): – Sr. lei, conhecida, hoje, por San Tiago
Presidente, o Senado tem-se descurado do Dantas.
andamento dos Projetos de Emenda à Constituição, Vemos, Sr. Presidente, o desenrolar
que tomaram os ns. 1 e 2, referentes, o primeiro à dessa luta, que cada dia mais se agrava
organização político-administrativa do Distrito chegando ao ponto de despertar na população
Federal, e o segundo à organização político- carioca uma certa reação, já traduzida em vaias
administrativa do Estado da Guanabara. e na quase agressão aos ex-Vereadores do
Elaborados e trazidos ao estudo do Plenário, antigo Distrito Federal, por insistirem em legislar
há três anos, seguiram êsses projetos os trâmites para o Estado da Guanabara.
regimentais, recebendo pareceres das Comissões A situação, agora tornou-se mais séria.
Especiais, as quais lhes ofereceram substitutivos que Diante de despacho de um dos mais
deveriam ser trazidos ao conhecimento, estudo, distintos, dignos, cultos e inteligentes
discussão e votação dêste Plenário. Magistrados que ornam o Supremo Tribunal
Acontece, porém, Sr. Presidente, que motivos Federal, surgiu, na imprensa carioca, agressão a
de ordem político-partidária, notadamente criados mais soez, ataques os mais veementes, à sua
pela Câmara dos Vereadores do antigo Distrito personalidade.
Federal, que desejava ser transformada em Sr. Presidente, são as conseqüências da
Constituinte do Estado da Guanabara, e inércia do Senado na votação daquele diploma legal,
posteriormente, em Assembléia Legislativa, como daquela Emenda Constitucional, conduzindo-nos à
também interêsses de Partidos, no sentido de se situação de desrespeito flagrante à Magistratura do
fazerem eleições para Senadores, Deputados e País, notadamente a mais alta Côrte de Justiça
Vereadores em Brasília, retardaram o andamento Nacional que é o Supremo Tribunal Federal, nessa
daqueles projetos com graves prejuízos para a agressão soez dirigida a um dos mais brilhantes
Nação. magistrados.
Assistimos ao procedimento do Congresso, Sr. Presidente, vamos assim descambando
pretendendo substituir aquelas Emendas para o desrespeito a cúpula dos Podêres da União, o
Constitucionais por leis ordinárias, as quais foram Poder Judiciário, a cuja porta sempre se detiveram
votadas na Câmara dos Deputados e nesta Casa, os ódios e os rancores, mantendo-se sempre, dentro
sendo aqui combatidas pela minha Bancada, do País, o maior respeito àquele Poder nacional.
mormente quanto ao ponto de vista de sua Agora Sr. Presidente, no tocante ao nôvo
inconstitucionalidade. Distrito Federal, já se preparam perturbações
As conseqüências danosas da aprovação semelhantes; políticos desejosos talvez de se
daquelas leis, nós as estamos assistindo, com a elegerem dentro do quadro reduzido do eleitorado de
situação criada no Estado da Guanabara, a luta Brasília, na impossibilidade de o conseguirem nos
gerada entre a Constituinte Estadual e a ex-Câmara seus Estados, pretendem forçar a manifestação do
dos Vereadores, que persiste em viver, em ser o Tribunal Superior Eleitoral no sentido de se
Legislativo do Estado, fundada num preceito claro, marcarem eleições no Distrito Federal para
franco, positivamente inconstitucional da Deputados e Senadores.
O SR. VIVALDO LIMA: – E também para
_________________ Vereadores. Pretendem instalar aqui uma Câmara
(*) – Não foi revisto pelo orador. Municipal, como se não bastasse o
– 451 –

exemplo da antiga Capital. Querem restabelecer em Antes mesmo dêsse pronunciamento, do


Brasília, o antigo clima político, com a garantia do Executivo nacional, já o nosso ex-companheiro de
altiplano goiano. representação nesta Casa, o então Deputado
O SR. JOÃO VILLASBÔAS: – Muito Taciano de Mello, apresentara à Câmara dos
grato ao aparte com que vem ilustrar o meu Deputados projeto de lei regulando a organização
discurso o nobre Representante do Estado do político-administrativa de Brasília, onde se excluíam
Amazonas. expressamente eleições para Deputados, Senadores
Efetivamente se pretende, também e Vereadores.
organizar nesta Capital, uma Câmara de Reunidos os membros da Comissão Mista, da
Vereadores, à semelhança ou talvez inferior qual eu participava, sentimos que os nossos
àquela que tanto infelicitou o antigo Distrito trabalhos estavam sendo perturbados pela
Federal. interferência de políticos membros da Câmara de
Mas, Sr. Presidente, quando há três ou Vereadores do Distrito Federal, que insistiam no seu
quatro anos notamos a fixação da data para a propósito de sobrevivência após a transferência da
transferência da Capital Federal era opinião Capital e, portanto, à extinção do antigo Distrito
generalizada de que no nôvo Distrito Federal não Federal. O Presidente da Comissão Mista, o nobre
haveria representação da Câmara dos Deputados Senador Cunha Mello, que ora preside esta sessão,
nem do Senado Federal, tão pouco se criaria a houve por bem propôr-nos a transferência da
Câmara dos Vereadores. Comissão para Brasília, a fim de que, isolados das
O SR. VIVALDO LIMA: – Um município influências perturbadoras da política do então Distrito
neutro, na absoluta acepção da palavra. Federal pudéssemos, na tranqüilidade dêste
Planalto, elaborar, com calma e elevação patriótica
O SR. JOÃO VILLASBÔAS: – Como muito
as emendas constitucionais. Assim fizemos. Depois
bem disse o nobre Senador Vivaldo Lima, um
de três dias de estada em Brasília – que àquele
município neutro.
tempo ainda não era a Capital – apresentamos ao
A Comissão Especial Mista da Câmara dos Senado um trabalho que não conseguíramos realizar
Deputados e do Senado Federal realizou reuniões em quase um ano de reuniões constantes e
para estudo da emenda constitucional referente ao repetidas na cidade do Rio de Janeiro.
futuro Distrito Federal. Nessas reuniões as Êsse projeto também excluía a possibilidade
opiniões foram sempre unânimes. Recebemos na de eleições para Deputado, Senador e Vereador na
oportunidade, a colaboração do Govêrno, através futura sede do Govêrno.
do ilustre Ministro da Justiça de então, o Sr. Cirilo A emenda, levada à Comissão Especial que
Júnior. Várias vêzes compareceu S. Exa. às a deveria estudar, recebeu ali um substitutivo
nossas reuniões e até mesmo trouxe a mantendo êsse mesmo princípio. As divergências
colaboração do Govêrno em um projeto de que surgiram entre as Bancadas da Maioria e da
emenda constitucional, em que expressamente se Minoria, no tocante a determinados pontos, foram
dizia que no futuro Distrito Federal não se posteriormente afastadas por um acôrdo
realizariam eleições senão para Presidente e vice- entre essas Bancadas, firmado pelo então
Presidente da República. Líder da Maioria, o saudoso Senador Lameira
– 452 –

Bittencourt, pelo Líder do Partido Trabalhista sista, dirigida ao Tribunal Superior Eleitoral, a qual
Brasileiro, Senador Argemiro de Figueiredo, e por fundada nos artigos 36 e 60 da Constituição Federal,
mim, como Líder da Minoria. e argumentando que ao Distrito Federal é
Estabelecidas as bases, nova emenda foi assegurado o direito de ter representação nesta e na
apresentada ao estudo da Casa; entretanto, o outra Casa do Congresso, vem solicitar seja
Serviço Datilográfico imprimiu nessa emenda vários marcada eleição para Deputados e Senadores pelo
êrros que precisavam ser corrigidos para que ela atual Distrito Federal.
pudesse ter andamento. Sr. Presidente, essa representação poderia
Já então Líder da Maioria, o Senador Jefferson ser procedente não fôsse o dispositivo claro e
de Aguiar, relator do projeto na Comissão Especial e preciso da nossa Carta Magna, contido no seu art.
signatário principal do Substitutivo, pediu a retirada 38 que diz expressamente:
da matéria da Ordem do Dia a fim de que fôsse “A eleição para Deputados e Senadores far-
devidamente corrigida, antes de voltar ao estudo e à se-á simultâneamente em todo o Pais”.
discussão do Plenário. Estabeleceu a Constituição a eleição
Até hoje, porém, o nobre Senador Jefferson de simultânea, isto é será feita ao mesmo tempo em
Aguiar ainda não devolveu à Mesa, para o todo o território nacional para a composição da
andamento regimental, a redação do Substitutivo. Câmara dos Deputados e do Senado Federal em
Resolvido o caso de maneira transitória por determinada legislatura pois, segundo preceito
uma lei ordinária, não podia o Congresso modificar constitucional, contamos por legislaturas a
dispositivos da Constituição, como aquêles que se duração dos mandatos, sendo que a dos
lêem nos arts. 36 e 60, onde está incluído, entre as Deputados vige por uma legislatura e a dos
entidades com representação na Câmara e no Senadores por duas.
Senado o Distrito Federal. Permaneceu pois, tal Dir-se-á, porém, que o Distrito Federal não
como está redigido, o art. 26 da nossa Carta Magna pode permanecer sem representação uma vez que
que se aplicava ao Distrito Federal constituído pelo lhe cabe o direito de a ter nesta e na outra
Rio de Janeiro. Casa do Parlamento. A Constituição Federal,
Ali se declara que o Legislativo do Distrito entretanto, só permite eleição no decurso da
Federal seria exercido por uma Câmara de legislatura, quando se verifique vaga. É o preceito
Vereadores. claro, positivo, do art. 52 da Carta Magna,
Enalterados, também, os arts. 36 e 60 da que diz:
Constituição, permaneceu nêles a expressão “Distrito “Art. 52 – No caso do artigo antecedente e no
Federal”. Daí deduzir-se que êste Distrito Federal de licença, conforme estabelecer o regimento
está com o direito à representação na Câmara dos interno, ou de vaga de Deputado ou Senador, será
Deputados e no Senado Federal, e a ter uma convocado o respectivo suplente.
Câmara de Vereadores para sua legislação comum. Parágrafo único – Não havendo suplente para
Diante disso, Sr. Presidente, surge agora, preencher a vaga, o Presidente da Câmara
além das solicitações esparsas feitas interessada comunicará o fato ao Tribunal Superior
individualmente por determinados políticos, uma Eleitoral para providenciar a eleição, salvo se
representação do Partido Social Progres- faltarem menos de nove meses para o têrmo do
– 453 –

período. O Deputado ou Senador eleito para a vaga Egrégio Tribunal Superior Eleitoral? Diante dos
exercerá o mandato pelo tempo restante”. preceitos constitucionais e legais que V. Exa. acaba
Ora, Sr. Presidente, no caso do atual Distrito de ler, para o Senado, será possível subsistam
Federal não se verificou vaga, porque jamais teve incertezas para uma segunda ou terceira
representante na Câmara ou no Senado. interpretação plenária do Tribunal Superior
Admitamos, portanto, que, dentro do invocado Eleitoral?
preceito do art. 38, se permanecer sem votação a É pergunta de um médico.
emenda em curso, nesta Casa, o que determinamos O SR. JOÃO VILLASBÔAS: – V. Exa. sabe
nos arts. 56 e 60 da Constituição, em 1962 se ferirão que deliberações de membros de uma coletividade
as eleições para preenchimento dos cargos de raramente são uniformes.
Deputados e Senadores por Brasília. O SR. VIVALDO LIMA: – Mas, como juízes,
Mas, a representação invoca um dispositivo do devem pensar de acôrdo com a lei.
Código Eleitoral, o do art., 12, que diz: O SR. JOÃO VILLASBÔAS: – Espero que no
“Compete ao Tribunal Superior Eleitoral, alínea Tribunal Superior Eleitoral não exista pensamento
“E”, fixar as datas para as eleições de Presidente e discordante no particular.
Vice-Presidente da República, Senadores e Deputados O SR. VIVALDO LIMA: – Creio, também.
Federais, quando não tiverem sido por lei”. O SR. JOÃO VILLASBÔAS: – Creio na
Ora, Sr. Presidente, está fixada em lei a data unanimidade do pronunciamento do Tribunal ao
para a eleição do Presidente e Vice-Presidente da tomar conhecimento dessa representação.
República, como está fixada para Deputados e O SR. VIVALDO LIMA: – Permite V. Exa.
Senadores. outro aparte?
A eleição para Presidente e Vice-Presidente O SR. JOÃO VILLASBÔAS: – Com muito
da República está marcada permanentemente para 3 prazer.
de outubro de cinco em cinco anos; e para O SR. VIVALDO LIMA: – O espírito do
Deputados e Senadores na mesma data, de quatro Congresso, quando atribuiu à Justiça togada a
em quatro anos. missão de supervisionar os pleitos eleitorais no Brasil
A espécie não aproveita aos reclamantes, e resolver casos pacíficos, foi para entregar a
porque não cabe àquela Alta Côrte da Justiça Magistrados de carreira a solução jurídica e não
Eleitoral fixar data já fixada em lei. política dos casos.
O SR. VIVALDO LIMA: – Permite V. Exa. um O SR. JOÃO VILLASBÔAS: – V. Exa. tem
aparte? razão. A solução, aqui, não pode ser de ordem
O SR. JOÃO VILLASBÔAS: – Com prazer. política, pois que ela tem de se cingir aos preceitos
O SR. VIVALDO LIMA: – Crê V. Exa. que expressos da Constituição.
existam dúvidas a respeito no espírito dos membros do O SR. VIVALDO LIMA: – “Dura lex, sed lex!”
– 454 –

O SR. JOÃO VILLASBÔAS: – Falece, portanto, O SR. VIVALDO LIMA: – Permite V. Exa. um
direito ao representante para pleitear a fixação de uma aparte?
data para eleição de Deputados e Senadores, no atual O SR. JOÃO VILLASBÔAS: – Pois não.
Distrito Federal, porquanto a mesma está fixada para O SR. VIVALDO LIMA: – Há um provérbio
três de outubro de 1962, caso, até lá permaneça sem que diz: “Os brasileiros só fecham a porta depois de
alteração o dispositivo que atribui, ao Distrito Federal, roubados”. No caso, os brasileiros não a fecharam
representação na Câmara, e outro que lhe dá a nem depois de roubados. Não se emendam.
representação nesta Casa. Infelizmente, nesta República, sempre incidimos nos
Espero que tomemos, nos primeiros erros. Nada custa, porém, insistir nessa pregação.
momentos da nossa próxima sessão ordinária, a Continue V. Exa. a fazê-la, da tribuna desta
deliberação de fazer marchar esta emenda Casa, em prol do saneamento da Democracia
constitucional. brasileira.
O SR. VIVALDO LIMA: – Tome V. Exa. a O SR. JOÃO VILLASBÔAS: – Muito grato
iniciativa, através do que pode facilitar o Regimento pelo aparte com que me honra o nobre Senador
Interno da Casa, utilizando-se de um Requerimento de Vivaldo Lima.
Urgência, já que a espera tem sido longa e há tempo Que o pensamento de S. Exa., nesta hora,
suficiente para qualquer Comissão elaborar o texto. seja o pensamento do Senado. Caminhemos para
O SR. JOÃO VILLASBÔAS: – A matéria diante preocupados com a paz, a ordem, a
depende exclusivamente do nobre Senador Jefferson tranqüilidade dentro da Capital da República,
de Aguiar apresentar-nos correção feita à redação do evitando aqui se repitam os dolorosos fatos que, por
Substitutivo, unânimemente aceito por esta Casa, a tanto tempo, perturbaram a vida da Cidade do Rio de
fim de lhe darmos andamento normal. Já entrei em Janeiro, e ainda hoje mais se agravam com a luta
entendimento com S. Exa., que prometeu submetê-la travada entre o legítimo Poder Legislativo – a
ao Senado nos primeiros dias da próxima sessão Constituinte Guanabarina – e êsse fantasma – a
legislativa. Câmara dos Vereadores – que forceja por se manter
Sr. Presidente, anseio para que tomemos, fora do túmulo onde foi lançada, no dia 21 de abril do
deliberadamente, a responsabilidade de dar ano passado.
prosseguimento à Emenda Constitucional. Não Esperamos, Sr. Presidente, isentos de
compreendo que construamos esta Capital atribuindo- qualquer interêsse partidário, organizar esta Capital
lhe as mesmas condições negativas, da sua existência de forma a que ela viva tranqüila e feliz para o futuro,
pacífica, que foram as eleições para Deputados, sem agitações e livre das perturbações
Senadores e Vereadores, no antigo Distrito Federal. conseqüentes das disputas eleitorais.
Hoje, em Brasília, distanciados da cidade do O SR. VIVALDO LIMA: – Só assim,
Rio de Janeiro, sentimos muito menos a influência da desta Capital, poder-se-á governar, de fato a
política local guanabarina, ela já não interfere, com República.
vantagem, nas deliberações nem dos Partidos nem O SR. JOÃO VILASBÔAS: – Efetivamente: só
das Casas do Congresso. assim será possível daqui governar, tranqüila e se-
– 455 –

renamente, o nosso País. (Muito bem! Muito bem! Assim, Sr. Presidente, o povo catarinense,
Palmas. O orador é cumprimentado). como o brasileiro, em geral, já acredita na
O SR. PRESIDENTE: – Continua a hora do administração austera e dinâmica do honrado
Expediente. Presidente Jânio Quadros que, quando Governador
Tem a palavra o nobre Senador Saulo Ramos. de São Paulo, deu exemplos admiráveis ao povo
O SR. SAULO RAMOS (*): – Sr. Presidente, bandeirante, a tôda a Nação.
teci, ontem, desta tribuna, considerações sôbre a Era o que tinha a dizer. (Muito bem!).
necessidade da construção com a máxima urgência, O SR. PRESIDENTE: – Continua a hora do
da Usina Siderúrgica catarinense. Hoje, aqui estou Expediente.
novamente a fim de congratular-me com o Tem a palavra o nobre Senador Silvério Del-
Presidente Jânio Quadros que, cumprindo Caro.
dispositivos legais, determinou providências para a O SR. SILVÉRIO DEL-CARO (lê o seguinte
transferência do Plano do Carvão Nacional para o discurso): – Senhor Presidente, jamais desejei
Estado de Santa Catarina. ocupar esta tribuna nas circunstâncias em que ora a
Sôbre o assunto, endereçou o Chefe do ocupo. Jamais cogitei de ser alçado às culminâncias
Govêrno o seguinte memorando ao Chefe de sua dêste mandato pelos motivos que aqui me
Casa Civil, Sr. Quintanilha Ribeiro: (Lendo). trouxeram. Mas não devo furtar-me ao cumprimento
“Excelência: Determinei aos dirigentes do do dever cívico, mesmo que o atenda com a
Plano Nacional do Carvão estudarem a transferência profunda tristeza de quem ainda lamenta e chora o
e serviços respectivos do Rio de Janeiro para desaparecimento de um grande amigo, de um
Criciúma, em Santa Catarina, no prazo de 15 dias. exemplar cidadão, de um admirável homem, o
Tão logo os estudos estejam prontos, encaminhá-los inesquecível Senador Attílio Vivacqua.
ao meu Gabinete”. Não venho substituí-lo. Venho sucedê-lo.
A transferência da direção do Plano do Carvão Substituí-lo seria preencher a irreparável lacuna por
Nacional para Santa Catarina é a primeira atitude de êle deixada em todos os setores de sua magnífica
afirmação do Presidente Jânio Quadros. Outras trajetória pública. E a mim, me falecem aquêles
providências, por certo, virão. Posso afirmar, sem predicados de inteligência que fizeram do Senador
mêdo de errar, que S. Exa. ampliará a exploração Vivacqua uma glória das letras jurídicas do Brasil;
carbonífera, visando ao melhor atendimento do que o elevaram à invejável condição de um dos mais
parque siderúrgico nacional; a construção da usina acatados e admirados representantes do povo
siderúrgica; a industrialização dos subprodutos do brasileiro no Parlamento Nacional; que consagraram
carvão e a ampliação das termelétricas na zona como o insuperável constitucionalista, o inigualável
carbonífera, distribuindo mais energia elétrica no jurisconsulto, o insuperável argumentador e defensor
Estado de Santa Catarina e outras áreas da Região das grandes teses e das grandes causas.
Sulina. Attílio Vivacqua legou-nos uma herança
maravilhosa de sadios exemplos cívicos.
__________________ Filho do Espírito Santo, muito cedo, ainda, seu
(*) – Não foi revisto pelo orador. nome projetou-se no cenário da vida pú-
– 456 –

blica nacional quando, Secretário da Educação do venção. Amigo devotado de seu Estado e de seus
meu Estado, elaborou e colocou em execução um conterrâneos, ainda há pouco, já fustigado pelo mal
programa educacional que serviu de roteiro e de que o haveria de levar ao túmulo, já alquebrado pela
base para o ensino público em diversos Estados co- insídia da doença implacável o Senador Vivacqua
irmãos. idealizava, criava e dava vida à Sociedade de
Apaixonado pelo desenvolvimento e progresso Amigos do Vale do Rio Doce, entidade destinada ao
da terra espíritossantense, foi o Senador Vivacqua, estudo e planejamento de imensas possibilidades
em sua mocidade idealista e irrequieta, o pioneiro da econômicas da grande e rica região cortada pelos
colonização do Norte do Rio Doce, ao fundar e dirigir trilhos da Estrada-de-Ferro Vitória a Minas.
a Cia. Territorial, emprêsa à qual se deve o Êste era o Senador Vivacqua, num pálido e
desbravamento das então inexploradas regiões do inexpressivo retrato de sua gigante personalidade.
norte do Espírito Santo, a partir do próspero e rico Traçar-lhe o perfil por inteiro, retratá-lo ao vivo e ao
Município de Colatina, atualmente o maior produtor mérito, é tarefa por demais extensa, porque sua
de café do mundo. Graças à sua visão e aos seus personalidade foi grandiosa, sua alma uma
esforços de verdadeiro bandeirante, pode, hoje, o imensidão e sua vida uma orquestração maravilhosa.
meu Estado se orgulhar de constituir-se num O SR. FERNANDES TÁVORA: – Vossa
verdadeiro celeiro agrícola, graças ao sistema quase Excelência dá licença para um aparte?
geral das pequenas e produtivas propriedades, fruto O SR. SILVÉRIO DEL-CARO: – Com muito
do plano executado pelo saudoso Senador Vivacqua. prazer.
Cultura soberba, inteligência perspicaz, O SR. FERNANDES TÁVORA: – Conheci, de
espírito lúcido e esclarecido, o Senador Vivacqua longos anos, o nobre Senador Attílio Vivacqua. Fui
deu às letras jurídicas e à literatura do Brasil uma um dos seus apreciadores, não só como cidadão,
contribuição inestimável. Constituinte de 1946, como sobretudo, pela grandeza da sua cultura e pela
deixou inscrito em nossa Carta Magna os traços dignidade da sua personalidade. Attílio Vivacqua era,
marcantes de sua personalidade de estadista. realmente, uma glória do Espírito Santo, e não foi
Presidente e, posteriormente, membro da menor do Brasil. É, portanto, com saudade que
Comissão de Justiça dêste excelso parlamento, relembro a passagem dêsse grande cidadão por esta
da qual fêz parte até morrer, grande foi o trabalho Casa e pela vida.
do pranteado líder capixaba em favor das O SR. SÉRGIO MARINHO: – Permite o nobre
soluções justas para as justas causas. Paladino orador um aparte?
da autonomia do antigo Distrito Federal, foi de O SR. SILVÉRIO DEL-CARO: – Com
sua lavra o magistral parecer sôbre o qual se satisfação.
argamassou a tese jurídica da realização de tão O SR. SÉRGIO MARINHO: – Afastado
almejada aspiração do povo carioca; defensor dêste plenário na ocasião em que o Senado
intransigente da Constituição, foram suas luzes Federal tributou ao ilustre Senador Attílio
jurídicas e suas sábias e serenas ponderações Vivacqua justas e expressivas demonstrações de
que livraram o Estado de São Paulo de uma inter- admiração e aprêço, não posso fur-
– 457 –

tar-me ao dever, no momento em que Vossa como indestrutível dever de gratidão. – Proclamo
Excelência exalta a personalidade do nosso saudoso com acentuado orgulho e emoção, neste momento: –
colega, de trazer também minha contribuição à devo ao saudoso Senador Attílio Vivacqua
expressão da minha profunda saudade e da minha numerosíssimas lições, que recebi no início do meu
extraordinária admiração pelo ilustre filho do Espírito mandato e que foram decisivas para levar a cabo o
Santo que foi, sem favor, uma das glórias maiores do modesto desempenho que procuro dar à outorga
Brasil e uma das figuras mais destacadas que já com que me honrou o povo do Estado da Guanabara
passaram por êste plenário. Attílio Vivacqua no nesta Casa do povo brasileiro, que é o Senado
desempenho do seu alto mandato, deu ao Senado Federal. Tive a glória de acompanhar sempre o
da República expressão que se casava, Senador Attílio Vivacqua nas divergências a que
perfeitamente, com as altas atribuições que a acaba de aludir com tanta propriedade o
Constituição lhe conferiu. Versou Sua Excelência representante do Rio Grande do Norte, nosso
várias vêzes assuntos constitucionais e demorou a eminente colega Senador Sérgio Marinho em relação
sua acuidade sobretudo no que diz respeito à à conceituação da Constituição, que se cifra à
questão controvérsia da competência do Senado. competência do Senado Federal na iniciativa de
Entendiam os teoristas que ao Senado da República, projetos de lei, notadamente no que se refere às
em face da determinação constitucional, não limitações impostas pelo parágrafo 2º do artigo 67,
competia legislar sôbre assunto que, próxima ou da Carta Magna. Para mim constitui motivo de
remotamente, mediata ou imediatamente dissesse orgulho, repito, nesta hora de saudade em que
respeito a questões financeiras. Attílio Vivacqua, com Vossa Excelência recorda o nome de Attílio
seu destemor, com sua acuidade, respaldada na Vivacqua, o ter acompanhado o grande brasileiro,
sólida cultura que possuía, conseguiu penetrar no que sendo uma das mais altas figuras desta Casa,
cipoal de divergências e delimitar exatamente a era, sem favor algum, luzeiro da cultura jurídica
competência do Senado da República no assunto. brasileira.
Aproveito, portanto, o momento em que Vossa O SR. SILVÉRIO DEL-CARO: – Os apartes
Excelência tributa justas e merecidas homenagens de Vossas Excelências enriquecem meu modesto
ao Senador Attílio Vivacqua, para trazer a expressão trabalho.
mais alta e sentida do meu louvor a êsse alto O SR. SAULO RAMOS: – Permite Vossa
espírito. Excelência um aparte?
O SR. GILBERTO MARINHO: – Permita o O SR. SILVÉRIO DEL-CARO: – Pois
nobre orador um aparte? não.
O SR. SILVÉRIO DEL-CARO: – Com prazer. O SR. SAULO RAMOS: – Quando o Senado
O SR. GILBERTO MARINHO: – Aproveito o da República prestou homenagem póstuma ao
ensejo em que Vossa Excelência exalta a figura, Senador Attílio Vivacqua, encontrava-me ausente de
por todos os títulos ilustre e digna do Brasília. Assim ao ensejo em que Vossa Excelência
representante do seu glorioso Estado nesta Casa, o substitui nesta tribuna, que foi tão honrada pela
o nobre Senador Attílio Vivacqua, para dar cultura do grande constitucionalista Senador
cumprimento ao que considero de minha parte Attílio Vivacqua, uma das expressões morais e
– 458 –

mais cultas de nossa Pátria, afirmo como o nobre Êste é o meu propósito. Êste é o meu
Senador Gilberto Marinho, que também eu nesta programa. (Muito bem).
Casa dêle recebi ensinamentos e orientações, para O SR. PRESIDENTE: – Sôbre a mesa
comunicação que vai ser lida.
o cumprimento do meu mandato e para poder
É lida a seguinte:
representar dignamente o povo do meu Estado. O
meu Estado, nobre Senador, assemelha-se muito Comunicação
ao do Espírito Santo, pela extensão territórial, pela
colonização, seu povo e seu progresso. O Estado Em 7 de fevereiro de 1961.
do Espírito Santo está ligado ao de Santa Senhor Presidente,
Catarina pelas aspirações de suas populações, Tenho a honra de comunicar a Vossa
Excelência, de conformidade com o disposto no
que pretendem e haverão de construir duas
artigo 72, paragrafo único, do Regimento Interno,
Siderúrgicas, uma em Vitória e outra na cidade de que integrei, no Senado, a Bancada do Partido da
Laguna, no meu Estado. O saudoso Senador Attílio Representação Popular.
Vivacqua foi um batalhador para que venhamos a Atenciosas saudações.
alcançar êsses objetivos; tenho confiança de que a) Silvério Del-Caro.
Vossa Excelência o substituirá, plenamente, nesta O SR. PRESIDENTE: – Não há mais
Casa, dadas as qualidades de honradez e cultura Senadores inscritos para falar.
de que Vossa Excelência é portador, segundo tenho Passa-se à:
conhecimento através de espíritossantenses ORDEM DO DIA
ilustres. Aproveito a oportunidade do discurso de
Vossa Excelência para render o tributo da minha As matérias em pauta estão em fase de
admiração e do meu respeito à figura extraordinária votação. Não há quorum para se procedê-la.
do Senador Attílio Vivacqua, a quem a posteridade Nenhum orador está inscrito para esta
fará justiça. oportunidade. (Pausa).
O SR. SILVÉRIO DEL-CARO: – Como ia Vou encerrar a sessão. Designo para a de
amanhã a seguinte:
dizendo, os apartes dos nobres Colegas, enriquecem
a minha modesta oração e a ela serão incorporados ORDEM DO DIA
com honra minha.
Por isso eu disse que não venho substituí-lo. 1 – Votação em discussão única do Projeto de
Venho sucedê-lo. E como seu sucessor, haverei de Lei da Câmara nº 19, de 1961 (nº 2.521-60 na
honrar-lhe a saudosa memória, que é o apanágio de Câmara) que autoriza o Poder Executivo a abrir, ao
Poder Judiciário – Tribunal Federal de Recursos – o
sua virtuosíssima espôsa, de seus ilustres filhos e de
crédito especial de Cruzeiros 86.286.924,00, para
sua inconsolável família. E, para honrá-la peço que atender às despesas de qualquer natureza com a
Deus me dê luzes e fôrças para servir ao meu transferência do pessoal daquele Tribunal para
Estado e à minha Pátria com o amor e a dedicação Brasília, tendo: Parecer Favorável, sob nº 48, de
com que êle serviu. 1961, da Comissão de Finanças.
– 459 –

2 – Votação, em discussão preliminar (art. Conselho Nacional de Economia, tendo: Parecer,


265, do Regimento Interno) do projeto de Lei do sob nº 42, de 1961, da Comissão de Constituição e
Senado nº 20, de 1959, que altera e dá nova Justiça pela inconstitucionalidade.
redação ao art. 3º da Lei nº 970, de 16 de Está encerrada a sessão.
dezembro de 1949 (que dispõe sôbre as Levanta-se a sessão às 15 horas e 45
atribuições, organização e funcionamento do minutos.
29ª SESSÃO DA 2ª SESSÃO LEGISLATIVA, EXTRAORDINÁRIA, DA 4ª LEGISLATURA, EM 8 DE
FEVEREIRO DE 1961

PRESIDÊNCIA DOS SENHORES FILINTO MÜLLER E NOVAES FILHO

Às 14 horas e 30 minutos, acham se presentes O SR PRESIDENTE: – A lista de presença


os Senhores Senadores: acusa o comparecimento de 37 Senhores
Mourão Vieira.
Senadores. Havendo número legal, declaro aberta a
Cunha Mello.
Vivaldo Lima. sessão.
Zacharias de Assumpção. Vai ser lida a Ata.
Victorino Freire. O Sr. Novaes Filho, Quarto Secretário,
Sebastião Archer. servindo de 2º, procede à leitura da Ata da sessão
Mendonça Clark.
anterior, que é aprovada sem debates.
Mathias Olympio.
Joaquim Parente. O Sr. Cunha Mello, Primeiro Secretário, lê o
Fernandes Távora. seguinte:
Menezes Pimentel.
Sérgio Marinho. EXPEDIENTE
Dix-Huit Rosado.
Rui Palmeira.
Novaes Filho. Diploma do Sr. Venâncio Pessoa
Ruy Palmeira. Igrejas Lopes, suplente do Sr. Senador Afonso
Lourival Fontes. Arinos.
Heribaldo Vieira.
Del-Caro.
Ary Vianna. Armas da República – Tribunal Regional
Arlindo Rodrigues. Eleitoral do Distrito Federal.
Gilberto Marinho. O Presidente do Tribunal Regional Eleitoral
Venâncio Igrejas.
do Distrito Federal, usando das atribuições que lhe
Benedito Valadares.
Nogueira da Gama. são conferidas pelo artigo 17, alínea g e h, da Lei
Pedro Ludovico. número 1.164, de 24 de julho de 1950, expede o
Coimbra Bueno. presente diploma de suplente de Senador ao
João ViIIasbôas. Senhor Venâncio Pessoa Igrejas Lopes, eleito por
Filinto Müller.
Lopes da Costa. esta Circunscrição e registrado pelo Partido União
Alô Guimarães. Democrática Nacional com duzentos e noventa e
Gaspar Velloso. nove mil, setecentos e sessenta e três votos
Saulo Ramos. nominais apurados nas eleições realizadas a 3 de
Irineu Bornhausen.
outubro de 1958, conforme consta da Ata da
Daniel Krieger.
Mem de Sá. sessão do mesmo Tribunal realizada em 21 de
Guido Mondim. – (37) novembro de 1958.
– 461 –

Rio de Janeiro, D. F., em 1º de dezembro de toral o respectivo diploma, que vai assinado pelo
1958. – Narcelio de Queiroz. Desembargador Presidente – Cesarino Delfino César.
Diploma do Sr. Paulino Lopes da Costa,
suplente do Senador Fernando Corrêa. PARECER
Estado de Mato Grosso – Tribunal Regional de Nº 60, DE 1961
Justiça Eleitoral.
Ao primeiro dia do mês de dezembro Redação Final do Projeto de Resolução nº 48,
do ano de hum mil novecentos e cinqüenta e de 1960.
oito, às quatorze horas, na sala das sessões do
Tribunal, no Palácio da Justiça, presentes Relator: Sr. Menezes Pimentel.
os Excelentíssimos Senhores Desembargador A Comissão apresenta a Redação Final (fl.
Cesarino Delfino César, Presidente, Juizes anexa) do Projeto de Resolução nº 48, de 1960, de
Desembargadores Mário Corrêa da Costa, José iniciativa do Senado Federal.
Barros do Valle, Flávio Varejão Congro, Sala das Comissões, em 7 de fevereiro de
Doutores Cáio Corrêa Curvo, João da Cunha 1961. – Sebastião Archer, Presidente. – Menezes
Cavalcanti, Hilton Martiniano de Araújo, Pimentel, Relator. – Daniel Krieger.
Benjamin Duarte Monteiro, bem como Doutor.
Penna de Morais Gomes, Procurador Regional ANEXO AO PARECER
Eleitoral, foi concluído o julgamento do Nº 60, DE 1961
relatório apresentado pela Comissão Apuradora
do Tribunal sôbre as eleições realizadas Redação Final do Projeto de Resolução nº 48,
a três de outubro findo, do qual constam os de 1960.
resultados adiante mencionados na, parte Faço saber que o Senado Federal aprovou e
referente ao cargo de Suplente de eu,........ nos têrmos do art. 47, letra p do Regimento
Senador. Interno, promulgo a seguinte:
Foram apurados 120.910 (cento e vinte
mil novecentos e dez) votos sendo pela RESOLUÇÃO
União Democrática Nacional, Paulino Lopes Nº – 1961
da Costa com 65.412 (sessenta e cinco
mil quatrocentos e doze) votos; pelo Partido Suspende a execução do art. 57, III, da Lei 64,
Social Democrático, Carlindo Hugueney com de 21 de fevereiro de 1948, do Estado do Paraná.
55.498 (cinqüenta e cinco mil quatrocentos
e noventa e oito) votos. Art. 1º É suspensa a execução do art. 57, III,
Em face dêsses resultados, foi proclamado da. Lei 64, de 21 de fevereiro de 1948, do Estado do
eleito Suplente de Senador, o cidadão Paulino Lopes Paraná, julgado inconstitucional por decisões
da Costa, sob a legenda da União Democrática definitivas do Supremo Tribunal Federal, nos
Nacional. Recursos Extraordinários ns. 22.712 e 23.329, em 9
Determinou, outrossim, o Tribunal fosse de julho e 6 de agôsto de 1954.
expedido ao Suplente de Senador eleito e pela Art. 2º – Revogam-se as disposições em
forma prescrita no artigo 118 do Código Elei- contrário.
– 462 –

PARECER 1960, que dispõe sôbre a situação dos funcionários


Nº 61, DE 1961 julgados impedidos nos têrmos da Resolução nº 10,
de 1960.
Redação Final do Projeto de Resolução nº 58,
de 1960.
RESOLUÇÃO
Relator: Sr. Menezes Pimentel. Nº 1960
A Comissão apresenta a Redação Final 1(fl.
anexa) do Projeto de Resolução nº 58, de 1960, de
Art. 1º – Ficam em disponibilidade os
iniciativa do Senado Federal.
Sala das Comissões;em, de fevereiro de 1961. funcionários do Senado Federal constantes da
– Sebastião Archer, Presidente. Menezes Pimentel, relação anexa, que por decisão da Comissão
Relator. – Daniel Krieger. Diretora até estar data, com fundamento na
Resolução nº 10, de 1960, foram julgados
ANEXO AO PARECER
Nº 61 DE 1961 impedidos de se transferirem do Rio de Janeiro
para Brasília.
Redação Final do Projeto de Resolução nº 58, Parágrafo único – Os cargos ocupados pelos
de 1960. funcionários da relação anexa são declarados
extintos para o efeito exclusivo do disposto no
Faço saber que o Senado Federal aprovou e
eu, ......nos têrmos do art. 47, letra p, do Regimento artigo.
Interno, promulgo a seguinte: Artigo 2º – Aos funcionários postos
em disponibilidade de acôrdo com o
RESOLUÇÃO artigo anterior fica assegurado o direito à
Nº – 1961
percepção das vantagens pecuniárias a que têm
Suspende a execução nº XIX do art. 34.e do direito nesta data e à aposentadoria na forma da
art. 104 da Constituição do Estado do Ceará. lei
Artigo 3º – Em qualquer tempo,
Art 1º É. suspensa a execução do nº XIX do havendo vaga, poderá o funcionário ora
art. 34, e do art. 104 da Constituição do Estado do
Ceará, julgados inconstitucionais por decisão pôsto em disponibilidade obter o seu
definitiva do Supremo Tribunal Federal, em 2 de aproveitamento no Serviço do Senado Federal,
setembro de 1959, (representação nº 295). desde que o requeira comprovando haverem
Art. 2º Revogam-se as disposições em contrário. cessado, definitivamente os motivos que
determinaram o seu impedimento para servir em
PARECER
Nº 62, DE 1961 Brasília.
Artigo 4º São revogados os artigos 4º, 5º, 6º,
Redação Final do Projeto de Resolução nº 67; 7º e 8º da Resolução nº 10, de 1960, e demais
de 1960. disposições em contrário.
Relator: Senado Federal, em 7 de fevereiro de 1961. –
A Comissão Diretora apresenta a folhas anexas, Filinto Müller. – Cunha Mello. – Gilberto Marinho. –
a Redação Final do Projeto de Resolução nº 67, de Novaes Filho. – Heribaldo Vieira.
– 463–

FUNCIONÁRIOS DA SECRETARIA DO SENADO FEDERAL QUE SE ENCONTRAM IMPEDIDOS NO


ESTADO DA GUANABARA

Classe ou
NOME CARGO
Padrão

1. Maria Tavares Barreto Coelho Diretora PL-1


2. Dulce Barbosa da Cruz ............................................................... Of Legislati ................. PL-3
3. Arlete de Medeiros Alvim ............................................................ Of Legislati ................. PL-3
4. Irene Macedo Ludolf .................................................................... Of Legislati ................. PL-4
5. Arlete Brêtas do Nascimento ....................................................... Of Legislati ................. PL-4
6. Adalgisa de Vasconcelos Gonçalves Lima ................................. Of. Legislati ................ PL-6
7. Benedita Pinto Arruda ................................................................. Of. Legislati ................ PL-6
8. Marion Austregésilo de Athayde ................................................. Of. Legislati ................ PL-6
9. Cirene Freitas Ferreira ................................................................ Of. Legislati ................ PL-6
10. Erzila Luiza de S. Mendonça ....................................................... Of Legislati ................. PL-6
11. Helena Salvo Lagoeiro ................................................................ Of. Legislati ................ PL-6
12. Pedro de Carvalho Müller ............................................................ Of. Legislati ................ PL-7
13. Nathercia Silva de Sá Leitão ....................................................... Of. Legislati ................ PL-6
14. Alva Lírio Veríssimo Theóphilo .................................................... Of. Legislati ................ PL-7
15. Bibiana de Paula de Marsíllac ..................................................... Of. Legislati ................ PL-7
16. Elza Alves Vasconcelos .............................................................. Of. Legislati. ............... PL-7
17. Lia Pederneiras de Faria ............................................................. Of. Legislati ................ PL-7
18. Maria Luiza Müller de Almeida .................................................... Of. Legislati ................ PL-7
19. Adahy Borborema de Castro ....................................................... Of. Legislati ................ PL-8
20 Branca Lírio Lima ........................................................................ Of. Legislati ................ PL-8
21. Carmem Lucia H. C. Vilhena ....................................................... Of. Legislati ................ PL-8
22. Lia da Cunha Fortuna .................................................................. Of. Legislati ................ PL-8
23. Ana Maria Sobral T. Soares ........................................................ Of. Legislati ................ PL-8
24. Onilda Rodrigues de M. Souza ................................................... Of. Legislati ................ PL-8
25. Ernestina de Souza Mendes ....................................................... Aux. Legisl ................. PL-9
26. Donase Xavier Bezerra ............................................................... Aux. Legisl ................. PL-10
27 Maria de Maracajá Daltro ............................................................ Of. Legislati ................ PL-6
28. Elena Simas ................................................................................ Taq. Revisora ............ PL-2
29. Laura Bandeira Acioli .................................................................. Taq. Revisora ............ PL-2
– 464 –
(Continuação)

Padrão
NOME CARGO
Classe ou

30. Therezinha de Melo Bobany .............................................................. Taq. Revisora ........................ PL-2


31. Acy Fanaia de Arruda ......................................................................... Taquigrafa .............................. PL-6
32. Aurea Carneiro. da Cunha .................................................................. Taquigrafa .............................. PL-6
33. Joaquim Corrêa de Oliveira Andrade ................................................ Taquigrafo ....................... PL-3
34. Thomaz Pompeu Accioly Borges ...................................................... Assessor Leg ......................... PL-3
35. José Arthur Alves da Cruz Rios ........................................................ Assessor Leg ......................... PL-3
36. Helena Collin ........................................................................................ Arquivolog .............................. PL-3
37. Eleonora Duse Villasbôas de Noronha Luz ...................................... Of. Bibliote .............................. PL-3
38. Myriam Côrtes Grelg ........................................................................... Of. Bibliote .............................. PL-6
39. Vera Moreira Ericson .......................................................................... Taq. Revisora ........................ 'PL-2
40. Caio Cesar de Menezes PInheiro ...................................................... Redator ................................... PL-3
41. Julieta Lovatini ..................................................................................... Redatora ................................ PL-4

Senado Federal, em 7 de fevereiro de 1961.

PARECER mento da "ajuda de custo extraordinária", atribuída


Nº 63, DE 1961 aos representantes por efeito da mudança para
Brasília;
Da Comissão Diretora, com referência à c) pela limitação do pagamento da
indicação nº 3, de 1960, e à vista do Parecer nº 559 referida vantagem ao ano em curso, e apenas uma vez,
de 1960, da Comissão de Constituição e Justiça. na conformidade do parágrafo único do artigo 14 do
Regimento Interno do Senado Federal.
Relator Sr. Mathias Olympio. Em face das conclusões acima, parece-nos
A douta Comissão de Constituição e Justiça, desnecessária nova consulta à citada Comissão no
estudando a Indicação nº 3, de 1960, de autoria do sentido de que nos esclarecesse, conforme sugestão do
eminente Senador Mendonça Clark, concluiu: eminente Senador Filinto Müller;
a) pela diferença entre o Suplente.de Senador a) se a solução é exclusiva em relação ao
e o Suplente de Deputado Federal; requerente;
b) pela indistinção entre o b) se vigorará cada vez que seja convocado um
Senador e o Suplente de Senador, suplente;
inclusive no que se refere ao paga- c) se se aplica à sessão legislativa ou à legislatura.
– 465 –

Quanto ao item a, acima, ficou claro que a Faço saber que o Congresso Nacional
solução é ampla, isto é, aplica-se a todo suplente aprovou e eu Presidente do Senado Federal nos
convoca do e não apenas ao requerente. têrmos do art. 71, da Constituição Federal, promulgo
Quanto ao item b, na forma do parágrafo 6 do o seguinte:
Parecer nº 559, de 1960 da Comissão de
Constituição e Justiça, a solução tem sua vigência DECRETO LEGISLATIVO
limitada "exclusivamente ao ano em curso".
A questão da validade da solução para a Nº de 1961
sessão legislativa ou para a legislatura; ficou, pois;
resolvida à luz dos precisos têrmos do parágrafo 6 Aprova a decisão do Tribunal de Contas,
do parecer acima mencionado. denegatória ao registro do têrmo de contrato
Isto pôsto, parece-nos, o pagamento da "ajuda celebrado entre o Ministério da Educação e
de custo extraordinária" deve ser autorizado para os Cultura e a I.B.M. World Trade Corporation, para
suplentes de Senador convocados durante o ano de locação de máquina elétrica de contabilidade e
1960, ou seja, o ano da mudança da Capital Federal estatística.
para Brasília.
É êste o nosso parecer. O Congresso Nacional decreta:
Sala das Comissões, em 7 de fevereiro de Art. 1º É aprovada a decisão do Tribunal de
1961. Filinto Müller, Presidente. – Mathias. Olympio, Contas denegatória de registro ao têrmo de contrato
Relator, – Cunha Mello. – Gilberto Marinho – Novaes celebrado em 12 de dezembro de 1958, entre o
Filho – Herlbaldo Vieira. Ministério da Educação e Cultura, e a I B M World
Trade Corporation para locação, de máquina elétrica
PARECER de contabilidade e estatística.
Nº 64, DE 1961 Art. 2º Este, decreto legislativo entrará em
vigor na data de sua publicação, e revogadas as
Redação Final do Projeto de Decreto disposições em contrário.
Legislativo nº 4, de 1960. O SR. PRESIDENTE: – Acha-se presente o
Sr. Venâncio Igrejas, suplente convocado para
Relator; Sr. Ary Vianna. substituir o Sr. Afonso Arinos durante o afastamento
A Comissão apresenta a Redação Final (fl. dêsse nobre representante do Estado da Guanabara,
anexa). do Projeto de Decreto Legislativo. nº 4, de para o exercício do cargo de Ministro das Relações
1960, de iniciativa da Câmara dos Deputados. Exteriores;
Sala das Comissões, em 7 de fevereiro de Designo, para a Comissão que deverá
1961. – Sebastião Archer, Presidente. Ary Vianna, introduzir S. Exa, no plenário, a fim de prestar o
Relator. – Menezes Pimentel. compromisso regimental, na forma do disposto no
art. 6º do Regimento interno, os Srs. Senadores:
ANEXO AO PARECER Pedro Ludovico, Arlindo Rodrigues, Daniel Krieger e
Nº 64, DE 1961 Silvério Del-Caro.
O Sr. Venâncio Igrejas é introduzido no
Redação Final do Projeto de Decreto recinto, presta o compromisso regimental, e, sob
Legislativo nº 4, de 1960. salva de palmas, toma assento nas bancadas.
– 466 –

O SR. PRESIDENTE: – Está finda a hora do mitação das matérias, fossem elas desdobradas em
Expediente. duas iniciativas distintas, uma dispondo sôbre
Há oradores inscritos. Brasília e outra sôbre a Guanabara, mas ambas
Tem a palavra o nobre Senador Cunha Mello. propostas no Senado, para maior brevidade na sua
O SR. CUNHA MELLO (lê o seguinte tramitação.
discurso): – Sr. Presidente, Srs. Senadores, presto Assim – e ainda honrado com a eleição para a
contas a Vossas Excelências, neste, instante, dos presidência de ambos foram constituídas:
trabalhos pertinentes à transferência do Senado para 1º – A Comissão Especial incumbida de emitir
Brasília. Afeito por vocação a conceder, a quem de parecer sôbre o Projeto de Emenda Constitucional nº
direito todos os esclarecimentos relativos às missões 1, de 4959, que dispunha sôbre a Organização
desempenhadas, não estabeleceria agora uma, Politico-Administrativa e Judiciária de Brasilia; e
exceção a essa constante de minha vida pública. Ao 2º – A Comissão Especial incumbida de emitir
contrário pretendo e desejo que os meus ilustres parecer sôbre o Projeto de Emenda: Constitucional
pares tenham Inteira ciência da tarefa realizada, até nº de 2 de 1959; que acrescentava dispositivos ao
porque esta, pràticamente concluída, foi coroada de artigo 4º do Ato das Disposições.Constitucionais
inteiro êxito. Transitórias, atinente à transformação do antigo
Ademais os ilustres companheiros da Distrito Federal em Estado.
Comissão Diretora me confiaram a execução dás O Congresso Nacional decidiu, com o curso
providências, colocando sôbre meus ombros o seu dos acontecimentos, modificar a índole e a natureza
desempenho. Esta prestação de contas significa uma da solução dos problemas relativos ao Distrito
correspondência à confiança manifestada: Federal e ao Estado da Guanabara, dando-lhes
O honroso cargo de 1º Secretário me investia andamento através de legislação ordinária.
na condição natural de supervisor de tôdas as O trabalho, porém, foi realizado, conforme
providências atínentes à mudança. Isso não o.atestam as Atas das reuniões, nas quais foram
obstante, foi-me atribuída em certa época, a recolhidos o depoimento de ilustres personalidades
condição de único responsável por, ela. da vida pública do País, e úteis subsídios para o
Antes porém, da desincumbência de tais equacionamento de tais soluções.
encargos, já me identificou com os problemas da Diga-se, a respeito, que minha posição
transferência, através da Comissões de Reforma pessoal foi contrária desde a primeira hora, à data e
Constitucional. critérios indicados para a mudança. Através de
Inicialmente foi, constituída uma Comissão pareceres, discussões e pronunciamentos em
Mista, com integrantes de ambas as Casas do Plenário, fixei-me. contra os processos de
Congresso e sob minha presidência. Tal Comissão precipitação, da transferência inclusive quando da
tinha como encargo precípuo a sugestão e discussão da chamada "Lei San Thiago Dantas"
formulação de medidas legislativas atinentes à nova Vencido, entretanto, em tal ponto de vista, não me
Capital e ao Estado da Guanabara. restava senão, aceitar a decisão irrecorrível, esposa-
O curso dos acontecimentos propiciou, porém, la e ajudar a realizá-la no âmbito e nos têrmos da
a conclusão de que se impunha, para mais breve tra- competência promanada do exercício do cargo.
– 467 –

Instalada a nova Capital a 21 de abril, o O. SR. MEM DE SÁ: – Creio o momento


Senado, no dia seguinte decidiu, aqui reencetar as oportuno para exprimir a V. Exa. o agradecimento
suas atividades a 30 de maio nos têrmos de dos Srs. Senadores, pelo zêlo, dedicação sem limites
Resolução, então votada. Visou a Casa, com isso, a e. sacrifício. de V. Exa. para que mudança para
permitir fôssem ultimados a conclusão das obras do Brasília, nas condições em que foi feita, trouxesse-
Edifício do Plenário e o aparelhamento material nos menos ônus e menor pena possível. V. Exa
indispensável ao funcionamento. tornou-se credor da gratidão de todo o Senado da
Circunstâncias posteriores indicárram porém, Repúblicas e o Partido Libertador de, forma
á conveniência de ser abreviado tal prazo Assim, a particular, quer tornar.expressal a homenagem que
Mesa, face à autorização recebida do Plenário, lhe deve.
decidiu, a 28 de abril, que seriam retomados os O. SR. CUNHA MELLO: – Muito agradeço a
trabalhos normais em Brasília no dia 10 de maio. V. Exa. o generoso aparte, tanto mais quando o que
Tal gesto, malgrado as procedentes razôes fiz foi, exatamente, visando o reconhecimento e a
que o inspiraram, aqui valeu à supressão de dois confiança de meus colegas do Senado.
terços do tempo de.que dispunha para uma tareia já Procurei estar à altura do seu aprêço.
de si mesma espinhosa a – transferência do pessoal Ademais, Sr. Presidente, fixara-se a data de 8
e do material. de maio como o dia da instalação dos serviços em
Foi, então, desenvolvida uma febril atividade, Brasília e embarque do mínimo de pessoal
só comparável à fase aguda da mais trabalhosa indispensável ao funcionamento daqueles. Os dois
elaboração orçamentária. Constituiu ela uma dias até a reabertura seriam ocupados com
luta contra o relógio, tal a complexidade e providências de natureza administrativa e primeiro
variedade dos problemas de ordem administrativa contato da maioria dos funcionários com a vida da
e humana. Nela, além de tais fatôres, inerentes cidade e o nôvo local de trabalho Contei, destarte,
à planificação e execução dos trabalhos, com apenas dez dias para instalar o Senado.
foi também necessária uma incomum resistência Impunha-se fôsse a mudança atendida através
física para suportar as cansecutivas horas de aspectos distintos. Dividiu-se a tarefa nos setores
indormidas em meio a uma febril' e incessante de equipamentos, bagagem, transporte.e habitações.
atividade. O primeiro teve a seu cargo o tombamento,
Isso porque, Sr. Presidente e Srs. Senadores, embalagem e acondicionamento, em viaturas
naquele momento se abandonava uma. fase teórica, pesadas, do mobiliário do Senado, etiqueta do por
de planejamento, para se ingressar "ex-abrpto" na. Diretoria ou Serviço.
dinâmica da execução. A uma e outra não separou O setor de bagagem atendeu ao
transição, tornando ainda mais árduo, por isso, o relacionamento dos móveis pessoais dos Srs.
caminho a percorrer. Senadores e funcionários, com a apanha feita,
O SR. MEM, DE SÁ: – Permite V. Exa. um normalmente, nos locais indicados, a fim de
aparte? conceder às pessoas atendidas, as maiores
O SR. CUNHA MELLO: – Com satisfação. facilidades possíveis na emergência.
– 468–

Foi confiado ao setor de transporte, o rios que obtiveram residência nas Casas da Caixa
relacionamento dos familiares e dependentes dos Econômica Federal de São Paulo, entregues
Srs. Senadores e funcionários, bem como a extração recentemente ao Senado, cedendo Para outros
das necessárias passagens. O meio de transporte a servidores as residências até então ocupadas. Tal
ser utilizado ficou à escolha do interessado, movimentação, que ainda perdura, alcança também,
objetivando-se, com isso facilitar, do ângulo humano, é claro, o transporte de bagagens. Embora não
a mudança realizada, no tempo, de forma tão radical. traduzindo, por isso, resultados totais, os gráficos e
Quando assim o entenderam os Srs. Senadores, documentos que acompanham estas palavras
suas passagens e de seus dependentes foram proporcionarão o conhecimento do volume do
entregues nas respectivas residências. trabalho realizado e de quanto êste, em certa época,
Ao setor de habitação incumbiu a delicada exigiu, de esfôrço e dedicação.
e difícil tarefa de contatos constantes com o Os problemas enfrentados com a mudança da
Grupo de Trabalho de Brasília, para a obtenção Capital foram de natureza diversa. Podem, porém,
de unidades residenciais em número e condições ser divididos, de maneira singela, em duas faixas: á
compatíveis com as necessidades dos Senadores do Rio de Janeiro e a de Brasília. Na primeira se.
e servidores da Casa. Tudo isso – note-se dentro concentraram aquêles que, de maneira geral, já
de um clima de extrema precariedade, relativamente foram referidos. Na segunda avultou, dentre todos, o
ao número de residências até então construídas e das residências.
uma generalizada demanda, que atingiu, As condições que cercaram a instalação desta
práticamente, a todos os setores da administração Capital não possibilitaram fôsse o assunto resolvido
pública. em têrmos de normalidade. A dificuldade atingiu a
Poderia prolongar-me na apreciação dêsses todos os órgãos do Poder Público transferidos, não
aspectos da mudança para o Planalto. Tais fugindo o Senado à regra geral.
apreciações devem, porém, ceder lugar aos Anteriormente à minha interferência pessoal,
números, cujo expressivo significado salta ao mais foram atribuídos aproximadamente 130 (cento e
ligeiro exame. Tenho em meu poder, a êsse respeito, trinta) apartamentos.
relação nominal e pormenorizada do atendimento Providências tomadas junto ao Grupo de
realizado. Essa relação, além de outros documentos, Trabalho. de Brasília, a Caixa Econômica Federal de
serão transcritos, ao pé destas palavras. São Paulo, além de gestões pessoalmente
Basta, por ora, referir que o levantamento feito realizadas junto ao Sr. Presidente da República
até o mês de outubro de 1960 indica haver o permitiram que eu pudesse dispor de 250 unidades,
atendimento de transporte, para Brasília, do pessoal assim compreendidas:
do Senado – nêle.incluídos os Srs. Senadores, Apartamentos de três quartos: 47 (quarenta e
familiares e dependentes – atingido à ordem de sete).
1.590, dos quais 241 passagens de ônibus e 1.349 Apartamentos de dois quartos: 112 (cento e
de avião. doze).
Êsses quantitativos vêm sendo aumentados Apartamentos de um quarto: 26 (vinte e seis).
nos últimos dias, quando se está processando a Casas (IPASE e Caixas Econômicas): 65
transferência de familiares dos funcioná- (sessenta e cinco).
– 469 –

A situação, no que tange aos Srs. Senadores, 3º – às trocas solicitadas, tendo em conta
não apresentou, felizmente problemas de maior dificuldades que só a existência cotidiana apontou.
monta. Na atribuição inicial de residências era êste o Resta obter apartamentos para cêrca de
quadro: cinqüenta servidores, com o que ficará solucionado o
Apartamentos de 4 quartos: 29 (vinte e nove). problema habitacional do Senado.
Apartamentos de 3 quartos: 32 (trinta e dois). Assinale-se, a respeito, a dificuldade atual
Apartamentos, de 1 quarto: 1 (hum). para a obtenção dessas restantes unidades
Como ficará esclarecido adiante, a êsses residenciais. As construções atingiram, nesta
totais se somarão mais 22 apartamentos de 4 oportunidade, a sua fase crítica. Os blocos se
dormitórios, com o que contarão os Srs. Senadores encontram em construção, alguns em fase bastante
com a cifra de 51 unidades de 4 quartos, em um total atrasada, de modo a não propiciar solução breve do
de 63. problema peculiar a esta Casa, enfrentando-se,
Força é consignar, a propósito, como preito de agora, com efeito, a rotina da dificuldade. Cálculos
inteira justiça, a compreensão do Presidente realizados pelos responsáveis pelas obras
Juscelino Kubitschek, de quem recebi sempre as consideram necessário prazo mínimo de três a
maiores provas. de interêsse na solução dos quatro meses para que seja aliviado o "deficit"
problemas atinentes a esta Casa. Numerosas foram habitacional. Ëste se agravou – acrescente-se –
as determinações de sua Excelência para com as invasões verificadas em 22 apartamentos
atendimento de minhas solicitações. Pude, com tal e atribuídos à cota do Senado. Providências de ordem
tão alta colaboração, diminuir as proporções do policial foram imediatamente tomadas junto às
"deficit" de residências. autoridades competentes. Após isso, ações de
Encontram-se nesse estágio as necessidades reintegração de posse deram ingresso no Fôro desta
do Senado, no que tange ao problema habitacional. Cidade, aguardando-se, em um e outro aspecto,
Refira-se, apesar de tudo, para justo contentamento solução para breves dias. Até lá, porém, a
nosso, terem sido obtidas tais unidades residenciais dificuldade rotineira embaraça uma solução
em meio, como se disse, a uma grande e definitiva.
generalizada procura, da parte inclusive de Os percalços que cercaram a construção da
categorizados órgãos dos três podêres da República. Capital se refletiram, ainda, do ponto de vista
O esfôrço e a pertinácia obtiveram, por isso, habitacional, na conclusão de um reduzido número de
satisfatória compensação. unidades residenciais e na falta de mobiliário nos
A fase em que ora vivemos se assinala pela apartamentos dos Srs. Senadores. Quanto a êste último
dificuldade de se atender: aspecto, a realidade é que, se a 21 de abril não havia
1º – aos fundionários cujos alegados um só apartamento totalmente mobiliado, a dificuldade,
impedimentos foram negados pela Comissão no particular, perdura até os dias atuais. As delongas
Diretora ou que o retiraram "sponte propria" no verificadas no mobilamento das residências, e nas quais
decurso do tempo; interferiram fatôres de várias naturezas, inclusive de
2º – aos funcionários da Secretaria e da ordem administrativa – abertura de concorrência, prazos
Portaria admitidos em Brasília; de fornecimento e outros – ocasionaram uma situa-
– 470 –

ção penosa. Sua correção ainda não se fêz Quanto a .êste, foram tomadas as seguintes
totalmente, ressentindo-se alguns Srs Senadores, providências:
ainda, do desaparelhamento de suas residências. 1 – gestões junto à NOVACAP para: apreciar a
E.a situação é tanto mais grave, quando se verifica instalação da cozinha comum ao Senado e Câmara
estarem esgotados, já agora, todos os fornecimentos e que representa a última palavra do ponto de vista
resultantes das concorrências realizadas. Assinale- técnica:
se, toda via, que das providências por mim 2 – ultimação das instalações frigoríficas é de
determinadas, depois da mudança até esta data, gás combustível;
resultou uma sensível diminuição das dificuldades no 3 – aquisição, mediante concorrência, e em
particular. Funcionários especialmente.designados, comum acôrdo.com a outra Casa do.Congresso, dos
assistiram os Srs Senadores nas providências para móveis necessários ao funcionamento;
a.complementação de mobiliário, acompanhando-os, 4 – concorrência para exploração dos
inclusive, às repartições e depósito de móveis. serviços, sendo vitoriosa a firma Restaurante
Desejo. destacar, a respeito, o resultado Aeroporto S. A., reputada de alto nível técnico.
prático de medida que tomada em entendimento com Para atender ás necessidades ingentes da fase
o Grupo de Trabalho de Brasília atende aos de elaboração orçamentária, firma vencedora concordou
interêsses do Senado, postos. em harmonia com os em antecipar o funcionamento do Restaurante. Pôde
do aludido órgão. assim, assistir Senadores, Deputados e funcionários,
O.G.T.B – sigla que popularizou o organismo embora ainda de forma precária em uma fase; em que
encarregado da transferência no âmbito do Poder as dificuldades eram, gerais e evidentes.
Executivo – comprometeu-se a entregar mobiladas, a Suspensos os serviços, deverão ser êles
21 de abril, as residências dos Srs. Senadores que reencetados no curso dos próximos dias,
assim o desejassem, mediante o pagamento de uma nas.seguintes condições, entre outras:
taxa de uso. Como foi assinalado, não ocorreu. E – a) fornecimento de refeição comercial e com o
mais que isso – o clima de inusitada agitação, que chamado "prato do dia" umas e outro ao preço-fixo
precedeu aquela.data,fêz.com.que.o Grupo de de Cr$ 120,00 (cento e vinte cruzeiros);
Trabalho encontrasse dificuldades no contrôle dos b) refeições "à Ia corte", cujos preços
atendimentos já realizados. Assim, de acôrdo com constarão de tabela préviamente aprovada pelos
sua. Direção Executiva, ficou estabelecido que os órgãos competentes das duas Casas do Congresso;
móveis que couberem ao Senado ficarão tombados c) refeições a domicilio, com cardápio
nesta Casa, a qual decidirá, pelo seu órgão prèviamente escolhido;
competente, sôbre a forma. de sua utilização. d) fornecimento para banquetes e recepções,
A precária situação da nova Capital, nos dias particulares e oficiais;
imediatamente posteriores à sua inauguração, e) lanches e refeições ligeiras inclusive no
suscitou meu imediato interêsse quanto aos Edifício do Plenário.
atendimentos dos Srs. Senadores e funcionários. Com os mesmos móveis do restaurante,
Recebi a anuência dos meus ilustres companheiros, instalou-se a Sala do Café, próximo ao Recinto de
para instalar uma barbearia e um restaurante. Sessões, para facilidade dos Srs. Senadores.
– 471 –

O SR RUY CARNEIRO: – Permite Vossa O SR. VICTORINO FREIRE: – Permite o


Excelência um aparte? nobre orador um aparte?
O SR. CUNHA MELLO: – Com todo o prazer. O SR CUNHA MELLO: – Com muito Prazer.
O SR. RUY CARNEIRO: – Aproximei-me de O SR. VICTORINO FREIRE: – Quero também
V. Exa. para ouví-lo melhor, pois a acústica do dar meu testemunho do espírito público e da
Senado é, realmente, bastante precária. Creio que o correção de Vossa Excelência, por ocasião da
relatório de V. Exa., com seu depoimento, seria transferência da Capital da República. Todos
dispensável. Como acaba de acentuar, com muita presenciamos o esfôrço despendido pelo nobre
justiça, o nobre Senador Mem de Sá, todo o Senado colega, com prejuízo da própria saúde e bem-estar,
acompanhou o devotamente de Vossa Excelência, pois madrugava no Senado a fim de ordenar as
na questão da mudança da Capital Federal para medidas necessárias a que nada faltasse aos
Brasília, e o cuidado dispensado aos seus colegas, Senadores, no tumulto da mudança. Por tudo isso,
como 1º Secretário, no sentido de resolver os merece V. Exa o acatamento e o respeito de todos
complexos problemas surgidos à margem da os seus colegas.
transferência. Vim a Brasília em companhia de V. O SR. JOÃO VILLASBÔAS: – Dá o nobre
Exa. e de outros Srs. Senadores, em novembro de colega licença para um aparte?
1959. Nessa ocasião, passamos uma tarde neste O SR. CUNHA MELLO: – Pois não.
edifício, juntamente com V. Sa. e o Dr. Isaac Brown, O SR. JOÃO VILLASBÔAS: – Acabamos de
essa figura exemplar de funcionário, a serviço do ouvir a manifestação de membros das diferentes
Senado é do Brasil. Bancadas louvando o procedimento tão correto, tão
Sentimos, então, o cuidado com que V. Exa elevado, tão distinto de V. Exa., no desempenho das
examinava, minuciosamente, os diversos problemas, funções, de 1º Secretário desta Casa, principalmente
nossos e do Senado. O relatório de V. Exa. é muito por ocasião da mudança do Senado do antigo
louvável, pois deixará consignados nos Anais da Casa Distrito Federal para esta cidade. Na qualidade de
os mínimos detalhes da luta que enfrentou para a Líder da União Democrática Nacional, talvez tenha
mudança da Câmara Alta para Brasília. V. Exa. tido mais oportunidade de estar em contato com
poderia, porém considerar-se dispensado de fazê-lo, Vossa Excelência, não só quando tratava dos
porque nós, seus colegas, como todos os funcionários interêsses dos meus liderados, procurando
do Senado, acompanhamos sua dedicação e seu melhorar as condições de confôrto dos
empenho para que a transferência se fizesse com o representantes udenistas que se transferiram para
mínimo de obstáculos e dificuldades. Pertence V. Exa. esta Capital, como também quando atendia às
ao Partido Trabalhista Brasileiro e eu ao Partido Social reivindicações de funcionários que a mim muitas
Democrático, mas cumpra dever de justiça ao aplaudir vêzes se dirigiam, pedindo intercedesse junto ao 1º
juntamente como os meus companheiros, o desvê-lo, o Secretário, no mesmo sentido. Sempre encontrei, da
cuidado e a maneira impecável como V. Exa. se parte de V. Exa., a melhor acolhida, e sou
comportou, naquela oportunidade. testemunha do carinho e dedicação dispen-
– 472 –

sados ao estudo de medidas que pudessem O SR. GUIDO MONDIM: – Chegando agora,
melhorar as condições de estada, residência e não tive oportunidade de acompanhar o relato que V.
transporte, não só para os Senadores, como também Exa., faz sôbre o que foram os trabalhos e os
para os funcionários desta Casa do Parlamento sacrifícios em que importou a transferência do Senado
Subscrevo tôdas as opiniões já manifestadas pelos da antiga Capital para o Planalto Central. Aliás, não era
nobres colegas em relação à atitude de V. Exa. e preciso ter acompanhado o relatório que V. Exa. faz
trago, da minha Bancada, os mais sinceros aplausos nesta tarde, porque de perto acompanhei o trabalho
à atitude, à correção, à dignidade e, sobretudo, à que V. Exa. desenvolveu, assessorado por uma equipe
humanidade com que V. Exa. agiu no desempenho de funcionários muito bem escolhida, o que é sempre
das suas funções de 1º Secretário, na difícil situação manifestação de inteligência. Lembro agora, quando V.
da mudança da Capital para Brasília. Exa. faz o relato, já instalada a Capital, o que foram os
O SR. CUNHA MELLO: – Muito grato aos primeiros dias da mudança, os sacrifícios que V. Exa.
nobres colegas Ruy Carneiro, Victorino Freire e enfrentou, com a falta de luz, fazendo refeições
João Villasbôas, que me trouxeram aplausos e precárias no restaurante do Senado. Tudo isso, nobre
Senador Cunha Mello, faz V. Exa. credor da admiração
congratulações, pela maneira por que procedi como
dos componentes dêste Senado. Se todos os
1º Secretário do Senado, no desempenho da missão
Senadores interviessem no discurso de V. Exa., o
a mim confiada pela Comissão Diretora.
elogio seria um só, porque realmente V. Exa. faz jus a
Êsses aplausos, partidos de Bancadas
êle; V. Exa. orgulha seus companheiros de
diferentes, significam para mim o testemunho representação, que estão certos de que na ação que V.
muito expressivo de que, no exercício dessa Exa. desenvolveu na transferência do Senado do Rio
atribuição, não representei Partidos, mas procurei, de Janeiro para Brasília, está precisamente uma das
como Delegado do Senado, servir a todos os manifestações das suas qualidades, de sua atuação,
Senadores. de sua maneira humana de agir. Neste instante quero
O SR. ARLINDO RODRIGUES: – Permite V. deixar consignado o elogio do Partido de
Exa. um aparte? Representação Popular.
O SR. CUNHA MELLO: – Com todo o prazer. O SR. CUNHA MELLO: – Com os apartes
O SR. ARLINDO RODRIGUES: – Quero honrosos do representante do meu Partido, o nobre
manifestar o regozijo da Bancada do Partido Senador Arlindo Rodrigues e do Senador Guido
Trabalhista Brasileiro, pela elevada conduta que V. Mondim, do Partido de Representação Popular,
Exa. manteve na transferência do Distrito Federal completou-se o reconhecimento dos meus
para Brasília. companheiros à minha atuação.
O SR. GUIDO MONDIM: – Permite V. Exª. um O SR. SAULO RAMOS: – Permite V. Exa. um
aparte? aparte?
O SR. CUNHA MELLO: – Com satisfação. O SR. CUNHA MELLO: – Com muito prazer.
– 473 –

O SR. SAULO RAMOS: – Os elogios não se nou-me várias vêzes, procurou-me por todos os
completaram. Meu caro Senador Cunha Mello: modos a fim de declarar que se encontrava à minha
quando V. Exa. faz o relatório da transferência do disposição para orientar meus primeiros passos no
Senado da República do Rio de Janeiro para Senado. Ofereceu-me seus préstimos e as luzes da
Brasília, os Lideres de bancadas hipotecaram sua inteligência, a fim de iniciar-me nas atividades
solidariedade a V. Exa., com palavras elogiosas, nesta. Casa. Nesta oportunidade, pois, minha
aliás muito merecidas pelo trabalho que executou. palavra de agradecimento e a minha saudação
Sua atuação como 1º Secretário, aqui ou no Rio, foi formulando sinceros votos pela sua saúde e
brilhantíssima. Quero, de modo pessoal, manifestar felicidade pessoal para que continue brilhando como
prazerosamente o meu apoio a V. Exa. pela alta sempre no exercício do mandato que tem sido tão
admiração que lhe devoto. benéfico ao Amazonas e ao Brasil.
O SR. CUNHA MELLO: – Muito obrigado, O SR. GILBERTO MARINHO: – Permite o
Senador Saulo Ramos, pela consideração nobre orador um aparte?
e apoio que empresta aos meus trabalhos O SR. CUNHA MELLO: – Com prazer.
como 1º Secretário do Senado. Sendo V. O SR. GILBERTO MARINHO: – Companheiro
Exa. tão ligado a mim por várias e grandes de V. Exa. na Comissão Diretora, o que muito me
recordações, seus aplausos muito me confortam e orgulha, tinha natural constrangimento em me
desvanecem. manifestar, para que não parecesse estar
O SR. NOGUEIRA DA GAMA: – Permite V. provocando os merecidos louvores com que está
Exa. um aparte? sendo homenageado neste instante. Justamente,
O SR. CUNHA MELLO: – Com grande prazer. entretanto, em nome dos seus colegas de
O SR. NOGUEIRA DA GAMA: – Nesta Comissões, que acompanharam de perto a atuação,
oportunidade, recebe V. Exa. a saudação e as e o labor incessante de V. Exa. é que peço neste
palavras de aprêço e solidariedade de antigos instante, a palavra para com o nosso depoimento,
colegas, pelo seu trabalho nesta grande Casa do demonstrar o acêrto com que agiu, a Mesa do
Congresso Nacional. São saudações eloqüentes e Senado ao confiar ao nobre colega Senador Cunha
merecidas pelos relevantes serviços que tem prestado Mello, 1º Secretário do Senado, a missão de se
ao Senado no exercício na Primeira Secretaria e no ocupar de tudo que se relacionasse com a mudança
decorrer de seu mandato de representante do da Capital para Brasília. A Mesa se orgulha e se
Estado do Amazonas. É oportuno que também me sente desvanecida de ver reconhecido o trabalho de
manifeste, como Senador mais recente nesta V. Exa. pela unanimidade dos companheiros, que
Casa, para testemunhar sôbre aquêle cuja atuação não lhe fazem mais do que justiça. Não há um só
como 1º Secretário, ora se encerra e que tem sido trabalho no Senado que não represente um profundo
inexcedível no desempenho do cargo. Logo que sacrifício e V. Exa., mais uma vez evidenciou as
surgiu a notícia da minha diplomação, eleito que fui qualidades de excepcional homem público,
Senador pelo Estado de Minas Gerais, V. Exa. foi que tanto o recomendam à estima e à admiração
para comigo de uma cordialidade sem par. Telefo- do povo brasileiro, o que já havia sido abun-
– 474

dantemente evidenciado não só em outros mandatos O SR. JOAQUIM PARENTE: – Permite o


com que V. Exa foi distinguido pelo eleitorado da sua nobre orador um aparte?
terra, mas, também, no Tribunal de Contas, onde V. O SR. CUNHA MELLO: – Pois não.
Exa. deixou uma tradição que é motivo de confiança O SR. JOAQUIM PARENTE: – Já o nobre
na vida pública e de estímulo a quantos Senador Fernandes Távora, declarou que o ilustre
acompanham os trabalhos, no Brasil, daqueles que Senador João Villasbôas expressou o pensamento
realmente se dedicam, com o interêsse e a atenção do nosso Partido. Entretanto não quero deixar de
que V. Exa. sempre põe em tudo quanto diga registrar a minha manifestação pessoal, o meu
respeito as causas supremas do interêsse da Nação aprêço e a estima que dedico à V. Exa., desde o
e do povo brasileiro. É motivo de orgulho para nós, primeiro dia em que tive a honra de entrar para esta
seus companheiros se Mesa, pertencer à mesma Casa. Desde então tenho recebido de V. Exa., na
Comissão de que V. Exa. faz parte; e, no momento qualidade de Primeiro Secretário as maiores
em que o Senado louva os trabalhos de V. Exa., atenções. E foi com prazer que acompanhei desde o
sentimo-nos atingidos, indiretamente, porque tivemos Rio de Janeiro e, às vêzes como seu amigo
o ensejo de auxiliar V. Exa. e de prestar-lhe o apoio pessoal a sua atuação, ficando preocupado com a
que sempre recebeu e que, afinal, hoje é coroado de sua saúde, pelo muito que fêz pelo Senado, na
todos os louvores, como se fôsse o pronunciamento ocasião da transferência da Capital para Brasília.
unânime do Senado que, o reconhece sem Creio mesmo que, nesse período, V. Exa. tenha
discrepâncias de Partidos e sem qualquer restrição, sofrido um certo abalo na sua saúde. É pois, com
os altos méritos de V. Exa. e os proclama para satisfação que deixo aqui registrado o meu
conhecimento da Pátria brasileira. (Muito bem!). testemunho de apreço, de estima e grande
O SR. FERNANDES TÁVORA: – Permite o consideração que V. Exa. merece de todos os seus
nobre orador um aparte? colegas desta Casa.
O SR. CUNHA MELLO: – Com muita O SR. SEBASTIÃO ARCHER: – Permite o
satisfação. nobre orador um aparte?
O SR. FERNANDES TÁVORA: – Depois da O SR. CUNHA MELLO: – Com muito prazer.
manifestação dos diversos Senadores e, sobretudo, O SR. SEBASTIÃO ARCHER: – Manifesto
de meu Líder udenista, eu estaria desobrigado de minha satisfação e alegria pela honra que V. Exa.
trazer a minha palavra a êste plenário. Entretanto, está recebendo, nesta Casa, em razão do seu
com o conhecimento que tenho dos trabalhos e trabalho, o que é muito merecido. Quero associar-me
sacrifícios feitos por V. Exa. na mudança da Capital, a esta homenagem, porque também fui uma das
minha constituição não me deixaria tranqüilo se não pessoas muito bem tratadas por V. Exa. em tôdas as
viesse juntar meus louvores a tudo quanto acaba de oportunidades em que precisei de ajuda ou de
ser pronunciado em honra de V. Exa., da sua alguma coisa, especialmente na parte que se refere
dignidade, do seu trabalho, da sua competência e da à minha localização nesta Cidade. Aí sempre contei
sua honra profissional. com a boa vontade de Vossa Excelência.
– 475 –

O SR. GILBERTO MARINHO: – Permite o me surpreendem os louvores do Senado da


nobre orador outra interrupção? República pela grande tarefa cometida a V. Exa. de
O SR. CUNHA MELLO: – Com muita honra. transferir o Senado da República para Brasília.
O SR. GILBERTO MARINHO: – Quando, Embora desnecessária minha palavra que
ainda há pouco, falando em nome dos seus sabe. V. Exa. estar sempre solidária com o nobre
companheiros de representação, cifrei na pessoa de colega, depois, da manifestação do Líder do meu
V. Exa. e nela sintetizei todos os méritos decorridos Partido quero também trazer-lhe o testemunho de
como conseqüência da transferência do Senado, do afeição e admiração por Vossa Excelência.
antigo Distrito Federal para Brasília, quis significar O SR. CUNHA MELLO: – Sr Presidente, sinto-
tão sòmente, o acêrto e a inspiração com que a me um náufrago nesse oceano de generosidades do
Comissão Diretora se houvera em hora feliz, ao Senado. Não sei como agradecer os aplausos que
encarregar V. Exa. de todos êsses trabalhos. Não tenho recebido através dos apartes com que os
quis destacar, em especial, nenhum dos nobres colegas têm honrado o meu discurso.
funcionários, nenhum dos auxiliares que V. Exa. teve Ao nobre Senador Nogueira da Gama tenho a
nessa tarefa. Mas, pela sua vinculação mais direta dizer que o meu procedimento em relação a S. Exa.,
com a Mesa, não posso esquecer, neste instante, como a diversos outros colegas, tinha uma
tudo quanto deu, também, nesse sentido o secretário justificativa: é que S. Exa., embora recentemente
da Presidência, o assessor do Vice-Presidente da entrado no Senado, já tinha em mim um, admirador.
Casa, dedicado e modelar funcionário que é o Dr. Eu já era seu amigo e admirador desde os tempos
Isaac Brown. Neste momento, associando aos em que S. Exa. exercia o cargo de Chefe do
louvores que o Senado proclama em relação a V. Gabinete do Sr. Ministro da Fazenda.
Exa. o nome dêsse dedicado servidor da Casa, estou Quanto ao ilustre colega Senador Fernandes
prestando depoimento favorável ao esclarecimento Távora, cuja companhia no Parlamento brasileiro
mais profundo de tudo quanto representou a tenho tido aventura de gozar desde a Assembléia
verdadeira epopéia que foi a transferência do Constituinte de 1934, sei, quanto S. Exa. é bom e
Senado para Brasília, pela qual V. Exa. merece quanto sabe ser justo nos seus apartes.
todos os encômios, mas, que envolve grande O SR FERNANDES TÁVORA: – Tenho
número de funcionários desta Casa que podariam sempre prazer em fazer essa justiça.
ser representados na pessoa do Dr. Isaac Brown. O SR. CUNHA MELLO: – Ao nobre Senador
O SR. DANIEL KRIEGER: – Permite o nobre Sebastião Archer, que sempre me acompanhou com
orador um aparte? a maior atenção e apreço no desempenho do cargo
O SR. CUNHA MELLO: – Com todo o prazer. de Secretário, também dedico um agradecimento
O SR. DANIEL KRIEGER: – Tendo aprendido especial.
a admirar a V. Exa. na Presidência da Comissão Ao nobre Senador e nôvo amigo Joaquim Parente
de Constituição e Justiça desta Casa, não já de muito sinto a gentileza da sua admiração e
– 476 –

aprêço. A todos enfim, rendido a tanta generosidade, de relógios elétricos para os serviços da Casa
eu agradeço os apartes com que fui honrado no meu constituiu outro ponto de minhas providências. A
discurso. tradicional e reputada firma I.B.M. World Trade Co.,
Aos nobres colegas da Comissão Diretora, da atendendo solicitação minha, enviou especialmente
qual foi intérprete o ilustre Senador Gilberto Marinho, os técnicos necessários à instalação do
quero dizer que os aplausos que estou recebendo denominado "relógio-mestre", bem como das
não são meus; distribuo com todos êles os triunfos indispensáveis conexões no Recinto e na Diretoria
no desempenho, da minha tarefa, porque sempre me de Taquigrafia. O sistema utilizado – releva
prestigiaram e honraram com a sua confiança. salientar permitirá que até os relógios a serem
Quanto à menção aos funcionários, V. Exa. instalados no Edifício do Anexo obedeçam ao
verá maus adiante, que não esqueci nenhum dêles, remoto contrôle do relógio comando.
principalmente, o servidor inestimável que é o Sr. Dr. O SR. RUY CARNEIRO: – Permite V. Exa.
Isaac Brown, a quem fiz a justiça que merece e mais um aparte?
sempre mereceu em todos os momentos, sobretudo O SR. CUNHA MELLO: – Pois não!
no angustioso período da transferência do O SR. RUY CARNEIRO: – Perdoe-me V. Exa.
Congresso para Brasília. interromper, a todo instante, o magnífico relatório
Nessa mesma ordem de idéias, foi aumentada que está apresentando ao Senado, relativo aos
a frota de viaturas do Senado, com a aquisição de 6 problemas da mudança da Capital. Os apartes que
(seis) automóveis, 12 (doze) camionetas, 2 (dois) estão sendo oferecidas a tão brilhante oração
ônibus e 1 (uma) ambulância. A Comissão Diretora significam pétalas de rosas da nossa sinceridade
da Casa, compreendendo o indiscutível alcance da para com V. Exa., que se caracterizou em
medida, emprestou sua necessária autorização. tão bem servir ao Senado, como membro da
A recepção dos Srs. Senadores, funcionários e douta Comissão Diretora. Veio V. Exa. várias
respectivos familiares funcionou, nos dias anteriores e vêzes do Rio a esta Capital, e, com seus delegados
subseqüentes a 21 de abril, em casas especialmente aqui em Brasília, comandou a transferência da
destinadas a essas finalidades. Dali, cada qual, após Capital. Além do Dr. Isaac Brown já mencionado por
receber as chaves de suas residências, a estas era V. Exa. fizeram parte dessa equipe, de bons
conduzido em viaturas do Senado. Tais casas serviram servidores os Drs. Luiz Monteiro e Miécio dos
até dias recentes, como alojamento para funcionários Santos que serviram no gabinete de V. Exa. Muitos
ainda sem residência determinada e desacompanhados outros funcionários de valor aqui estiveram
da família. Antes, porém ali funcionou um restaurante, igualmente, prestando serviços, e que são
com refeições fornecidas pelo SAPS, prestando bons merecedores dos nossos elogios. Não posso deixar,
serviços, na primeira e difícil etapa da transferência da ainda, de mencionar o Dr. Luiz Carlos da Fonseca
Capital. O restaurante passou a funcionar, após, em Vieira, um dos belos espíritos da nova geração,
salas do edifício do próprio Senado. Prestou, por que, após a mudança ficou à disposição do
igual eficiente concurso, ajudando a vencer gabinete de V. Exa. como elemento de
dificuldades próprias da conjuntura. A compra ligação entre o G.T.B. e esta Casa Rece-
– 477 –

bemos grande assistência. Há ainda a citar os O SR. RUY CARNEIRO: – Conheço o espírito
pequenos servidores como o Chefe do Serviço de de justiça que sempre animou V. Exa. Estou apenas
Transportes, o Sr. José Pessoa, homem trabalhador cooperando, para render homenagem aos elementos
e prestativo, cuja presença entre nós é até bons do Senado Federal.
desconhecida de alguns Srs. Senadores; O SR CUNHA MELLO (lendo): – Essas
desempenha êle com muita eficiência, a sua função providências, como se disse, objetivaram propiciar
de gestor dos problemas da nossa garage. facilidades em uma fase de adaptação de vida na nova
Temos ainda Felipe Gomes, nascido no Acre e Capital, onde inclusive, as grandes distâncias entre o
radicado no Rio de Janeiro. Velho servidor do local de trabalho e as residências, embaraçavam, o
Senado, homem de bem e digno, constituiu-se um exercício normal das atividades cotidianas.
dos baluartes na solução dos nossos angustiantes Não foi outro, com efeito, o critério esposado
problemas da mudança. Não citarei outros nomes, pela Comissão Diretora desta Casa. Sem prejuízo
por ocioso; mas julguei por bem consignar no dos superiores interêsses da administração,
relatório de V. Exa. nomes de funcionários, tanto os procurou facilitar tudo e a todos no período de
de categoria como os de classes inferiores, que transição. Nesse sentido, foram dispensadas
cooperaram com grande dedicação na fase da colaboração e assistência efetiva:
mudança e que tudo fizeram para remover 1 – aos Srs. Senadores, na adoção de
dificuldades e proporcionar bem estar aos Srs. medidas que propiciaram a aquisição de transporte
Senadores. Era o que desejava dizer, interrompendo próprio em face das dificuldades naturais de Brasília
tão brilhante relatório, como depoimento de nesse particular;
que tudo foi fruto da ação de V. Exa. como 1º 2 – ainda aos Srs. Senadores, nas diligências
Secretário, para que o Senado pudesse funcionar em para serem obtidas residências compatíveis com a
Brasília, a despeito de todos os embaraços e dignidade pessoal de cada um e com a expressão do
deficiência. mandato exercido, elevando-se, presentemente a 22
O SR. CUNHA MELLO: – Não serei insincero o número de apartamentos de 4 dormitórios
nem mistificados, deixando de afirmar que recentemente obtidos de uma só vez, atendido,
um dos objetivos, quiçá o principal, do meu discurso assim, mais do têrço do Senado.
é deixar consignado nos Anais do Senado que 3 – aos Srs. Senadores e funcionários,
todo êsse esfôrço foi produto da cooperação familiares, dependentes, na concessão de meio de
de diversos funcionários, e sobretudo da transporte pessoal e das respectivas bagagens;
confiança que mereci dos meus colegas da 4 – aos funcionários da Agência Postal dos
Comissão Diretora. Correios e Telégrafos, atribuindo-lhes residência pela
Vossa Excelência, nobre Senador Ruy cota de Senado e concedendo-lhes as mesmas
Carneiro, no decorrer dêste já maçante relatório... condições outorgadas aos funcionários da Casa, no
O SR. RUY CARNEIRO: – Não apoiado! Muito que tange ao transporte de bagagens e embarque
brilhante! pessoal;
O SR. CUNHA MELLO: – ...verá que todos 5 – aos jornalistas acreditados no Comitê de
mereceram, de minha parte, um preito de Imprensa, providenciando para que lhes fôssem
reconhecimento e de gratidão. concedidas residências e fornecendo.
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– 480 –

6 – Móveis da Sala do Café, contígua ao Finalmente, cumpre registrar que o crédito de


Plenário; Cr$ 10.000.000,00 (dez milhões de cruzeiros),
7 – Cadeiras de barbearia e engraxate; decorrente da Lei nº 3.273, de 1 de outubro de 1957,
8 – Veículos (ônibus, autos, camionetas e apresenta o saldo de Cruzeiros 3.374.448,20 (três
ambulância), nos totais já indicados; milhões, trezentos e setenta e quatro mil,
9 – 25 relógios elétricos para a Sala das quatrocentos e quarenta e oito cruzeiros e vinte
Sessões e Diretoria de Taquigrafia, além de outras centavos).
dependências. Diga-se, também, para justo contentamento
Tôdas essas despesas, devidamente nosso, que, apesar das vultosas despesas inerentes
processadas no órgão competente da Casa, à medida do porte da mudança do Senado, os dois
obedeceram aos salutares princípios da concorrência últimos trimestres do exercício passado foram
ou da coleta de preços, observado encerrados com satisfatório saldo de verbas,
indiscrepantemente o superior interêsse do Senado. constituindo expressivo reforço para a execução do
Além disso, alguns documentos anexos presente exercício financeiro.
demonstrarão outros gastos, realizados com a Êsses resultados comprovam, de forma
devida concordância do órgão diretor. iniludível, o rigor exercido no gasto dos dinheiros
Tais despesas, já se disse, foram postos à disposição desta Casa, na realização de
indispensáveis, algumas por fôrça da obsolência e concorrências públicas e coletas administrativas de
antifuncionalidade do mobiliário do Palácio Monroe, preços. Afeito por índole, ao zêlo pelos interêsses do
outras ditadas pelas próprias circunstâncias. Malgrado Erário, bem como através do exercício de funções
tenham sido necessàriamente de certo vulto, registro, específicas durante anos consecutivos, encontrei nos
com particular prazer, que os rigorosos critérios meus ilustres companheiros da Comissão Diretora o
adotados para as aquisições encontraram a mesmo espírito e a mesma preocupação. Av se
correspondente compensação. A verba de Cr$ encontram os números, cujo significado é mais
100.000.000,00, (cem milhões de cruzeiros), resultante eloqüente que qualquer comentário.
de consignações orçamentárias nos exercícios Senhor Presidente e Srs. Senadores.
financeiros de 1959 e 1960, acusa o apreciável saldo Eis o resumo das mais importantes
de Cr$ 61.062.679,60 (sessenta e um milhões, providências relativas à transferência do Senado.
sessenta e dois mil, seiscentos e setenta e nove Evidentemente elas não poderiam ser levadas a
cruzeiros, e sessenta centavos), embora ainda alguns cabo sem o concurso de prestimosos colaboradores.
móveis estejam em processo de pagamento. Tarefa de tal porte haveria de contar com a
Refira-se ainda, ter a Lei número 3.737, de 28 necessária assistência de auxiliares em número e
de março de 1960, aberto ao Senado o crédito de qualidade compatíveis com a emergência e com a
Cr$ 300.000.000,00 (trezentos milhões de cruzeiros), complexidade dos problemas dela decorrentes.
para atender às despesas de qualquer natureza com Antes do dia 21 de abril, constitui uma
a mudança. Dessa importância existe, igualmente, Comissão para proceder ao levantamento da
significativo saldo, da ordem de Cr$ 100.220.641,10 situação da transferência no âmbito dos funcionários
(cem milhões, duzentos e vinte mil, seiscentos e integrada pelos Diretores Glória Fernandina
quarenta e um cruzeiros e dez centavos). Quintela (Presidente) e Aurea de Barros Rêgo As-
– 481 –

sessor Legislativo Dr. Luiz Carlos Vieira da Fonseca res principais, diretamente ligados ao problema.
(Relator) e Oficial Legislativo Miécio dos Santos Atribuí ao Assessor Legislativo Dr. Luiz Carlos Vieira
Andrade, realizou ela, em tempo "record" – da Fonseca a condição de meu principal auxiliar.
aproximadamente uma semana – trabalho digno do Estas funções desempenhou êle com indormida
maior aprêço. Seu relatório constituiu o ponto de operosidade e rara dedicação a mim e ao Senado.
partida para a planificação e execução posteriores. Quero deixar aqui registrado o meu especial
Credenciado pela comissão Diretora, o agradecimento a um dos meus mais dedicados
Secretário Geral da Presidência, Dr. Isaac Brown, colaboradores. Contou o Dr. Luiz Carlos Vieira da
acompanhou a construção dos edifícios do Senado. Fonseca com a dedicada cooperação dos
Orientou, depois, o Grupo de Trabalho constituído funcionários Luiz do Nascimento Monteiro, Antônio
por aquêles altos funcionários a que me referi Júlio Pires, Pedro Cavalcanti d'Albuquerque Neto,
anteriormente. Com êles e sob minha supervisão Apolônio Jorge de Faria Salles Filho, Miécio dos
planificou a primitiva fase da transferência para Santos Andrade, Eurico da Costa Macedo, lvan
Brasília; realizando tarefa meritória, inclusive nos Ponte e Souza Palmeira, José Geraldo da Cunha,
primeiros dias na nova Capital. Léa José da Silva; Lêda Fialho Diniz Martins, Marília
Nos encargos da mais variada natureza, Távora, Fernando Jorge da Rocha, Manoel Viríssimo
ligados a missão de tamanha envergadura, prestaram Ramos e Ary Feliciano de Araujo. Igual assistência
também eficiente colaboração os funcionários Luiz do foi prestada, em outros setores, pelos funcionários
Nascimento Monteiro, Miécio dos Santos Andrade, João Pires de Oliveira Filho, Djalma Pereira
Eurico da Costa Macedo, José Geraldo da Cunha, Madruga, Felipe Gomes, Paulo Costa de Oliveira,
Ivan Ponte e Souza Palmeira, Nerione Nunes Mário Martins Neto, Joaquim Luiz da Rocha, Jayme
Cardoso, Cláudio Ildeburque Carneiro Leal Neto, Corrêa de Sá, Fernando Alfredo Carneiro Pereira,
Alberto Moreira de Vasconcelos, Mário Marques da Afonso da Silva Soares e Aurélio Barbosa da Silva.
Costa, Hélio Carvalho da Silva, Abel Ferraz de Êsses prestimosos e eficientes auxiliares, na razão
Macedo, Felipe Gomes, Orlando de Sá Cavalcanti e do âmbito da competência e na esfera de suas
José Celestino Pessoa, êstes últimos na orientação responsabilidades, emprestaram valiosa
também, de prestimosos funcionários da colaboração, fazendo jus ao melhor agradecimento.
Administração, Portaria e Serviço de Transportes. Desejo, entretanto, destacar o Senhor Luiz
Decidida a antecipação do funcionamento Monteiro, no desempenho dos pesados encargos da
do Senado do dia 30 para 10 de maio, ingressou-se instalação dos Srs. Senadores, funcionários e
como ficou dito, em um período de intensa respectivos familiares; o Dr. Pedro Cavalcanti no
atividade. A rigor, só naquela faixa de dez dias se setor de equipamentos, tendo sob seus ombros a
processou, realmente, a mudança fisica, material, responsabilidade do serviço de embalagem nas
desta Casa, após um planejamento realizado viaturas e tombamento do material pesado e todo o
de acôrdo com a precipitação dos acontecimentos mobiliário da Casa; o Sr. Antônio Júlio Pires, no
e meritório de aprêço, porque elaborado em importante serviço de extração e encaminhamento
poucas horas. Modificaram-se, nessa circunstância, de passagens e, posteriormente, acumulando o setor
a feição, os critérios e os nomes dos colaborado- de bagagens; o Sr. Apolônio Salles Filho, na desin-
– 482 –

cumbência, até certa data, dêste último encargo. outros setores da administração pública. Tarefa
Especial responsabilidade estaria reservada à dessa natureza e de tal magnitude impunha a
Direção Geral da Secretaria na instalação e adoção de providências tomadas em articulação com
funcionamento dos serviços. A precariedade material alguns organismos. Dentre êsses avultou o Grupo de
evidente e extrema, dos primeiros dias, tornou Trabalho de Brasília, esgalho do Departamento
sobremodo árdua a missão do Diretor Geral, Dr. Administrativo do Serviço Público. Prestou o G.T.B.
Evandro Mendes Vianna. Sua devoção ao trabalho e eficiente colaboração na árdua tarefa dos primeiros
à Casa permitiram, entretanto, a recompensa dos dias. Os entendimentos prosseguiram, após no
seus esforços. No emprêgo de suas melhores mesma clima de compreensão, ressalvadas sempre
energias e na sua modelar probidade funcional as conveniências de cada qual. Muita vez tão
encontrou o Dr. Evandro Vianna o caminho para o criticado, força é admitir que tais reparos, apontando
êxito dos seus altos misteres, merecendo, por tudo erros na realidade inexistentes na coluna de débito
isso, a especial menção que ora se faz. do. G.T.B., decorriam, antes, da conjuntura vivida ou,
A Direção Geral foi diretamente assistida pelo talvez da própria organicidade daquele. Nunca,
Assessor Legislativo Dr. Luciano Mesquita, a quem porém, dos seus dirigentes, dentre os quais cumpre
cometeu encargos ligados ao estabelecimento e destacar com especial, relêvo a figura do Dr. Felinto
dinâmica dos serviços cujo brilhante concurso Epitácio Maia. Sua verdadeira emoção pelo trabalho
colaborou, inegàvelmente, para o feliz desfecho dos e sua desambição pessoal constituíram, para mim,
problemas naquelas difíceis circunstâncias. uma confortadora experiência, e para o
Além do Diretor de Divisão, Doutor Lauro funcionalismo civil um belo exemplo a seguir.
Portella, e os Diretores então presentes colaborou, Especial menção deve ser feita aos principais
na emergência, com especial destaque, o Senhor colaboradores do Dr. Felinto Epitácio Maia no Grupo
José Campos Erício, exercendo, na época, o cargo de Trabalho. Os Coronéis Greenhalg H. Faria Braga
de Diretor da Taquigrafia. Com uma equipe reduzida, e Lahyr Rodrigues Peixoto no Serviço de Execução
só a pertinácia e a rara competência técnica, da Mudança; o Coronel Oscar M. Horta Barbosa e D.
atributos de sua invulgar personalidade funcional, Thereza Bastos no Setor de Habitação; o Dr. Otto
poderiam fazer com que levasse a cabo, com inteiro Eduardo Raulino, êste na chefia em Brasília e
êxito, a missão recebida. irmanando-se, noites e dias consecutivos e
Os Srs. Felipe Gomes e Orlando Sá Cavalcanti ininterruptos, com os servidores do Senado nas
fazem jus ao respeito de quantos assistiram aos providências de instalação de Senadores e
esforços quase inumanos, despendidos para a funcionários; o Dr. Jayme A. de Almeida, D. Maria
consecução, nos respectivos setores, da meta-mudança, Helena Motta e o Sr. João Gilberto do Amaral, todos,
ajudados pelos seus subordinados, cuja colaboração atendida a hierarquia de suas responsabilidades e
cumpre igualmente registrar de forma especial. constituindo uma bela equipe, homogênea e capaz,
A implantação, do Senado em Brasília merecem a especial citação ora registrada
exigiu, além da devoção de um grupo de seus Devo, agora, agradecer ao próprio
melhores servidores, necessários contatos com Senado. Sou profundamente grato
– 483 –

aos seus ilustres membros, dos quais recebi, na Foram estas, Sr. Presidente e Senhores
desincumbência de tais misteres, os melhores Senadores, enunciadas através de simples bosquejo,
testemunhos de apoio. Não poderia ficar indiferente as principais atividades desenvolvidas em relação à
a essas manifestações. mudança do Senado para esta Capital. O relato não
Agradeço, igualmente, aos meus pares da propicia – e nem foi êste o seu objetivo – a
Comissão Diretora. Embora recebesse de sua parte compreensão, em profundidade e extensão, da
ampla autorização para realizar despesas, prestei universidade do pro-extensão, da universalidade do
sempre pormenorizadas, constantes e boas contas das problema. Êle buscou, acima de tudo, prestar contas
minhas atividades na superintendência da mudança, da ingenie tarefa, encetada com decisão e sacrifício,
quanto aos múltiplos aspectos que ela envolvia. Nunca com os quais a própria saúde física muita vez se
perdi oportunidade para tanto, acreditando que se ressentiu. O ânimo porém, permaneceu
reconheça em minha atividade aquilo que de mais caro, inquebrantável. Recebida a missão, impunha-se
mais fundamental, mais genuíno eu reivindico – o zêlo cumpri-la a qualquer preço; urgia cumpri-la com
pelo bem público e o exato cumprimento do dever. presteza, face à angústia do tempo. Muitos julgavam
O pêso da tarefa que me confiou, a difícil, senão impossível levá-la a cabo em tais e tão
responsabilidade extrema, que colocou sôbre os meus adversas circunstâncias. Alguns antegozavam o
ombros, de realizar a mudança do Senado em 10 fracasso. Protegido por Deus, encontrei em mim
breves dias; o encargo de superintender todos os reservas de energia para alcançar o objetivo
apectos da transferência, inclusive aqui, no nôvo colimado. Houve erros, é claro. Êles decorreram da
domicílio constitucional da República; o evidente própria contingência humana. Mas, os sábios
desgaste físico proveniente de tal esfôrço; nada disso, também erram e os justos nem sempre acertam. Não
nenhum dêsses fatores teve o condão, em qualquer sendo sábio, procurei ser justo. A Divina Providência
época, de me atemorizar. As fôrças combalidas iluminou a estrada a percorrer, e ajudando a afastar
encontraram, sempre, um renovado alento no desejo as pedras do caminho. Pude, assim, chegar ao têrmo
de servir e na confiança em mim depositada. da jornada, fronte erguida pela certeza do dever bem
Se hoje, conhecedor da extrema complexidade cumprido, coração agradecido pelas provas de
do problema, eu fôsse, convocado para igual missão, confiança dos meus pares. É a êstes que dirijo as
ainda assim a desempenharia. Encontraria reservas, palavras finais, declarando-lhes alimentar a certeza
para tanto, na compreensão e no incentivo dos meus de não me haver evadido da sua confiança nem
pares da Comissão Diretora e no aplauso, jamais deslustrado as tradições do Senado da República.
regateado, desta própria Casa. (Muito bem; muito bem).
Sou grato, ainda, aos funcionários da Casa, O SR. PRESIDENTE: – Acha-se presente na
mormente aos pioneiros, àqueles que acorreram ao Casa o Sr. Paulino Lopes da Costa, suplente do
primeiro chamado dos seus superiores, deslocando- Senador Fernando Corrêa, convocado para
se para Brasília com sacrifícios pessoais. A êles, na preencher a vaga aberta na representação de Mato
pessoa do Dr. Evandro Vianna, Diretor-Geral da Grosso com o afastamento dêste Senador para
Secretaria, apresento meu melhor agradecimento. governar o Estado.
– 484 –

Designo para introduzi-lo no recinto uma Brasil e a União Soviética para a compra de óleo cru
comissão composta dos Srs. Senadores João e óleo diesel?
Villasbôas, Ruy Carneiro, Mem de Sá e Nogueira da 5º) Que transações foram realizadas com base
Gama. (Pausa). nesse acôrdo e quais as quantidades de óleo cru e
Peço ao Senador Victorino Freire que óleo combustível importadas pelo Brasil?
substitua o Senador Ruy Carneiro. 6º) Que dificuldades advieram na
Peço ao Senador Novaes Filho que substitua o importação dêsses dois produtos da União
Senador Mem de Sá. Soviética e que benefícios trouxe ao País essas
Acompanhado da Comissão, entra no recinto, transações?
presta o compromisso regimental e ocupa lugar nas 7º) A Petrobrás já havia, anteriormente
Bancadas o Sr. Paulino Lopes da Costa. (Palmas). realizado estudos e testes experimentais sôbre os
O SR. PRESIDENTE: – Sôbre a mesa tipos de óleo cru que a União Soviética pode
requerimentos de informações que vão ser lidos. exportar para o Brasil?
São lidos e deferidos os seguintes: Sala das Sessões, em 8 de fevereiro de 1961.
– Senador Nogueira da Gama.
REQUERIMENTO
Nº 54, DE 1961 REQUERIMENTO
Nº 55, DE 1961
Senhor Presidente:
Requeiro a V Exa., nos têmos regimentais, Senhor Presidente:
sejam solicitadas ao Conselho Nacional do Petróleo, Requeiro a Exa., nos têrmos regimentais,
por intermédio da Presidência da República, as sejam solicitada à Petróleo Brasileiro S.A., Petrobrás,
seguintes informações: por intermédio da Presidência da República, as
1º) Qual a situação, em 31 de dezembro último, seguintes informações:
do Fundo Geral de Fretes, criado pelo Conselho 1º) Qual o montante devido pelo Tesouro
Nacional do Petróleo e destinado a cobrir as despesas Nacional à Petrobrás, pela arrecadação da taxa de
do transporte dos derivados de petróleo para os 15% do impôsto único sôbre combustíveis,
diversos centros de consumo? Quais as importâncias estabelecida na Lei nº 2.975, de 27-11-56?
arrecadadas, bem como total dos pagamentos 2º) Quanto deve o Tesouro Nacional à
efetuados por conta do aludido Fundo, até 31-12-60? Petrobrás pela arrecadação a que se refere o art. 14
2º) Qual a razão dos atrasos nos pagamentos à da Lei número 2.004?
Petrobrás e outras emprêsas pelas contribuições que 3º) Em que valor e data foram entregues à
lhes são devidas por conta do Fundo Geral de Fretes? Petrobrás as últimas parcelas referentes às citadas
3º) Qual o deficit ou diminuição de receita Leis números 2.004 e 2.975?
causado, mensalmente, à Petrobrás, pela Portaria nº 4º) – Quanto devem as refinarias à Petrobrás,
3, de 19-10-60, que visou a uniformização, em tôda a com indicação da cota de cada uma?
costa do Brasil, do preço-custo-depósito dos 5º) Qual o deficit ou diminuição de receita
derivados do petróleo? causado à Petrobrás, mensalmente, pela Portaria nº
4º) como está sendo aplicado 3, de 1910-60, do Conselho Nacional do Petróleo,
o acôrdo comercial assinado entre o que visou a uniformização, em tôda a costa do Brasil,
– 485 –

do preço-custo-depósito dos derivados de petróleo? O SR. PRESIDENTE: – Vai ser lido um projeto
Sala das Sessões, em 8 de fevereiro de 1961. de resolução.
– Nogueira da Gama. É lido, apoiado e vai às Comissões de
Constituição e Justiça e de Finanças, o seguinte:
REQUERIMENTO
Nº 56, DE 1961 PROJETO DE RESOLUÇÃO
Nº 2, DE 1961
Sr. Presidente:
Requeiro, nos têrmos regimentais, sejam Dispõe sôbre a extensão do aumento
solicitadas à Carteira de Câmbio do Banco do Brasil, concedido pela Lei número 3.826; de 1960, aos
por intermédio dó Ministro da Fazenda, as seguintes servidores ativos e inativos do Senado Federal.
informações:
1º) Quais eram, em 31 de janeiro de 1955, os O Senado Federal resolve:
compromissos cambiais com o exterior, indicando-se Art. 1º A tabela de retribuição dos cargos que
as parcelas que constituem as várias obrigações? integram o quadro de pessoal da Secretaria do
2º) Quais os pagamentos, amortizações ou Senado Federal passa a vigorar, nos têrmos da Lei
alterações nessa posição de câmbio durante o último nº 3.826, de 1960. (Lei de Paridade), de acôrdo com
qüinqüênio presidencial? os valores da seguinte tabela:
3º) Qual o montante dêsses compromissos em
31 de janeiro de 1961, com discriminação de suas Cr$
respectivas parcelas e explicações que esclareçam a PL-1 ..................................................... 63.000,00
natureza de cada obrigação ou fim a que se PL-2 ..................................................... 58.000,00
destinou? PL-3 ..................................................... 54.000,00
Sala das Sessões, em 8 de fevereiro de 1961. PL-4 ..................................................... 50.000,00
a) Nogueira da Gama. PL-6 ..................................................... 44.000,00
PL-7 ..................................................... 41.000,00
REQUERIMENTO PL-8 ..................................................... 36.000,00
Nº 57, DE 1961 PL-9 ..................................................... 33.000,00
PL-10 ................................................... 30.000,00
Senhor Presidente: PL-11 ................................................... 27.000,00
Requeiro a V. Exa., nos têrmos regimentais, PL-13 ................................................... 23.000,00
sejam solicitadas à Superintendência da Moeda e do
Crédito, por intermédio do Ministério da Fazenda, as § 1º São fixados em Cr$ 70.000,00 os
seguintes informações, vencimentos do Diretor Geral do Senado e do
1º) Existem Instruções ou decisões do Secretário Geral da Presidência do Senado Federal
Conselho da SUMOC regulando a concessão de e em Cr$ 65.000,00 os dos Diretores de Divisão.
cambiais para a Petrobrás? Em caso afirmativo, § 2º O disposto neste artigo vigora a partir de
quais são elas, em seu inteiro teor e como estão 1º, de dezembro de 1960.
sendo cumpridas? Art 2º O salário-família passa a ser concedido na
2º) Qual o montante, nos três últimos anos, de razão de Cr$ 1.000,00 (um mil cruzeiros), para cada
cambiais entregues à Petrobrás com as datas das um dos dois primeiros dependentes e de Cr$ 1.200,00
respectivas autorizações? (um mil e duzentos cruzeiros) do terceiro em diante.
Sala das Sessões em, 8 de fevereiro de 1961. Art. 3º O cálculo das diárias de
– Nogueira da Gama. que trata a Resolução nº 9, de 1960,
– 486 –

será feito à base dos valores dos vencimentos à Resolução nº 24, de 1960, que escalonou os
anteriores aos estabelecidos nesta Resolução. cargos em símbolos.
Art. 4º As vantagens financeiras decorrentes Dêsse modo, a equivalência com os cargos
desta Resolução aplicam-se aos inativos do Senado em comissão do Poder Executivo começava pelo
Federal. padrão PL 7, indo até o padrão PL-1, na forma da
Art. 5º Revoga-se a disposição constante do seguinte tabela, já atualizada com a incorporação do
art. 373 da Resolução nº 6, de 1960. abono:
Art. 6º Esta Resolução entrará em vigor na
data de sua publicação, revogadas as disposições PL-1 – CC-1 .......................................... 39.000,00
em contrário. PL-2 – CC-2 .......................................... 35.100,00
PL-3 – CC-3 .......................................... 32.500,00
Justificação PL-6 – CC-6 .......................................... 28.600,00
PL-7 – CC-7 .......................................... 26.000,00
O presente projeto objetiva estender aos
servidores ativos e inativos do Senado Federal, os Saliente-se que foi posteriormente criado, no
novos níveis de vencimentos, estabelecidos na Lei quadro da Secretaria do Senado, o símbolo PL-4,
de Paridade (Lei nº 3.826, de 1960). nêle não existindo, até hoje, o símbolo PL-5.
Tal medida encontra inteiro apoio no disposto Outro aspecto a considerar na espécie, é o
no art. 373 da Resolução nº 6, de 1960 referente à situação dos cargos de Secretário Geral
(Regulamento da Secretaria), que manda aplicar aos da Presidência e Diretor-Geral da Secretaria (ambos
funcionários do Senado Federal em iguais condições símbolo PL-0, de Diretor de Divisão – (Símbolo PL-0),
e com a mesma vigência; os abonos ou aumentos que se encontram em situação especial, em confronto
que forem concedidos aos servidores do Poder com os cargos em comissão do Poder Executivo, pois
Executivo. têm um padrão de vencimento superior, em cêrca de
Como se sabe, o plano de retribuição dos 20% (vinte por cento) os primeiros e de 10% (dez por
cargos que integram o quadro de pessoal da cento) os últimos, sôbre o mais elevado padrão dos
Secretaria do Senado, mantém, em relação aos cargos em Comissão do Executivo (Resoluções ns. 8,
cargos do Poder Executivo, estreita afinidade no que de 1956 e 16, de 1960).
tange à equivalência dos valores retributivos. Por fôrça das considerações acima
A legislação federal e as Resoluções desta expendidas, o presente projeto situa os cargos PL-7
Casa têm, sistemàticamente, obedecido a êsse a PL-1 em função dos cargos C-7 a C-1, que lhe são
critério. correspondentes, em vencimentos, ficando os
Ocorre, porém, que, com a recente demais colocados, a partir do nível 18, em ordem
promulgação da Lei nº 3.826, de 1960, o estado de decrescente de padrões, até o nível 12, extinguindo-
equivalência das situações dos servidores do se, assim, a nomenclatura dos atuais símbolos PL-8,
Executivo e do Legislativo, no tocante a a PL-14.
vencimentos, foi alterado, ficando, os últimos, em A medida que encontra apoio inclusive,
condições de flagrante inferioridade. em decisão do Poder Executivo, tem cabimento,
Acontece, todavia, que certos cargos pois, se se fôsse pagar em dôbro aos servidores
do Senado, têm os seus vencimentos fixados em do Senado, na base do aumento concedido pela Lei
íntima conexão com determinados cargos anteriores de Paridade, os gastos com o pagamento do fundo-
– 487 –

nalismo desta Casa atingiria a cifras excessivas. É lido e aprovado o seguinte:


O projeto, como se verifica, não só atende a
um imperativo legal, como, também, corresponde a REQUERIMENTO
uma melhor distribuição de padrões, obedecidos os Nº 58, DE 1961
princípios de hierarquia.
Senado Federal, em 7 de fevereiro de 1961. – Nos têrmos dos artigos 211, letra p, e 315, do
Filinto Müller. – Cunha Mello, com restrições. – Regimento Interno, requeiro dispensa de publicação
Gilberto Marinho. – Novaes Filho. – Heribaldo Vieira, para imediata discussão e votação da Redação Final do
com restrições. – Mathias Olympio, vencido em Projeto de Resolução nº 67, de 1960. – João Villasbôas.
parte. O SR. PRESIDENTE: – Esta matéria foi aprovada
O SR. PRESIDENTE: – Sôbre a mesa em 2 de dezembro último em regime de urgência.
comunicações que vão ser lidas. Entretanto, de acôrdo com o artigo 337, letra
São lidas as seguintes comunicações: a, do Regimento, a urgência se extinguiu com a
sessão legislativa anterior.
Comunicação
Discussão única da Redação Final do Projeto de
Em 8 de fevereiro de 1961 Resolução nº 67, de 1960, que dispõe sôbre a situação
dos funcionários julgados impedidos nos têrmos da
Senhor Presidente
Resolução nº 10, de 1960 (redação oferecida pela
Tenho a honra de comunicar a Vossa
Comissão Diretora em seu Parecer nº 62, de 1961).
Excelência, de conformidade com o disposto no
artigo 72, parágrafo único, do Regimento Interno,
O SR. PRESIDENTE: – Em discussão
que integrarei, no Senado, a Bancada da União Não havendo quem peça a palavra, encerrarei
Democrática Nacional. a discussão. (Pausa).
Atenciosas saudações – Venâncio Igrejas. Está encerrada.
Em votação.
Comunicação Os Srs. Senadores que aprovam a Redação
Final, queiram permanecer sentados. (Pausa). Está
Em 8 de fevereiro de 1961 aprovada.
Sr. Presidente Vai à promulgação.
Tenho a honra de comunicar a Vossa O SR. PRESIDENTE: – Vai ser lido um
Excelência, de conformidade com o disposto no requerimento de urgência.
artigo 72, parágrafo único, do Regimento Interno, É lido o seguinte:
que integrarei, no Senado, a Bancada da União
Democrática Nacional. REQUERIMENTO
Atenciosas saudações. – Paulino Lopes da Nº 59, DE 1961
Costa.
O SR. PRESIDENTE: – Sôbre a mesa Nos têmos do art. 330, letra b, do Regimento
requerimento que vai ser lido. Interno, requeremos urgência para o Projeto de Re-
– 488 –

solução nº 2, de 1961. – João Villasbôas – Benedito Art. 1º Fica o Poder Executivo autorizado
Valadares. – Vivaldo Lima. a abrir ao Poder Judiciário – Tribunal Federal
O SR. PRESIDENTE: – O Requerimento de de Recursos – o crédito especial de
Urgência que acaba de ser lido, será votado ao final Cr$ 86.286.924,00 (oitenta e seis milhões,
da Ordem do Dia. duzentos e oitenta e seis mil, novecentos e
Não há mais Expediente sôbre a mesa. vinte e quatro cruzeiros), para atender às
Passa-se à: despesas de qualquer natureza com a sua
transferência e remoço do respectivo pessoal para
ORDEM DO DIA Brasília.
Art. 2º O crédito a que se refere esta lei será
Votação, em discussão única, do Projeto de automàticamente registrado pelo Tribunal de Contas
Lei da Câmara nº 19, de 1961 (nº 2.521-60 na e distribuído ao Tesouro Nacional, dispensadas as
Câmara) que autoriza o Poder Executivo a abrir, ao exigências do art. 93 do Código de Contabilidade da
Poder Judiciário – Tribunal Federal de Recursos – o União.
crédito especial de Cr$ 86.286.924,40, para atender Art. 3º Esta lei entrará em vigor na data de sua
às despesas de qualquer natureza com a publicação, revogadas as disposições em contrário.
transferência do pessoal daquele Tribunal para O SR. PRESIDENTE: – A matéria vai à
Brasília, tendo: Parecer favorável, sob nº 48, de sanção.
1961, da Comissão de Finanças.
Votação, em discussão preliminar (art. 265
Em votação o projeto. do Regimento Interno) do Projeto de Lei do
Os Srs. Senadores que o aprovam, queiram Senado nº 20, de 1959, que altera e dá nova
conservar-se sentados. (Pausa). redação ao artigo 3º da Lei nº 970, de 16 de
Aprovado. dezembro de 1949 (que dispõe sôbre as atribuições,
É o seguinte: organização e funcionamento do Conselho Nacional
de Economia, tendo: Parecer sob nº 42, de 1961, da
PROJETO DE LEI DA CÂMARA Comissão de Constituição e Justiça, pela
Nº 19, DE 1961 inconstitucionalidade.

(Nº 2.521-A de 1960, na Câmara) Em discussão. Não havendo quem faça uso
da palavra, encerro a discussão.
Autoriza o Poder Executivo a abrir ao Poder Em votação o parecer da Comissão de
Judiciário – Tribunal Federal de Recursos – o crédito Constituição e Justiça.
especial de Cruzeiros 86.286.924,00 para atender às Os Senhores Senadores que o aprovam,
despesas de qualquer natureza com a transferência queiram permanecer sentados. (Pausa).
do pessoal daquêle Tribunal para Brasília. Aprovado.
O projeto está, assim, rejeitado, por
O Congresso Nacional decreta: inconstitucional. Será arquivado.
– 489 –

É o seguinte: Não há negar, porém, que se trata de órgão


completamente desajustado dentro da máquina
PROJETO DE LEI DO SENADO estatal brasileira, de vez que se encontra
Nº 20, DE 1959 impossibilitado de exercer qualquer atuação objetiva.
Para tanto concorrem, de um lado, o nosso sistema
Altera e dá nova redação ao art. 3º da Lei nº 970, constitucional – não admitindo a existência de
de 16 de dezembro de 1949. qualquer órgão que interfira na competência dos três
podêres – e do outro, a composição do próprio
O Congresso Nacional decreta: Conselho, cujos membros têm sido simplesmente
Art. 1º O art. 3º da Lei 970, de 16 de dezembro de escolhidos diretamente pelo Presidente da
1949 passa a vigorar com a seguinte redação: República, muito embora recrutados entre cidadãos
"Art. 3º O Conselho Nacional de Economia de notória competência e mediante anuência prévia
compõe-se de dezoito conselheiros, nove dos quais do Senado.
representantes da Confederação Nacional da Indústria, Tem-se limitado, assim, o atual Conselho
Confederação Nacional do Comércio, Confederação Nacional de Economia à divulgação de conceitos
Rural Brasileira, todos de notória competência em doutrinários ou de opiniões isoladas de alguns
assuntos econômicos, nomeados pelo Presidente da estudiosos dos problemas econômicos, sem maiores
República depois de aprovada a escolha pelo Senado conseqüências para os rumos da administração do
Federal. Estado.
§ 1º Cada Confederação apresentará, ao Reconhecida a impossibilidade presente, de
Presidente da República, relação de nove nomes, para se alterar o quadro constitucional, no que importa à
escolha de três representantes. liberdade de ação dos podêres legislativos e
§ 2º A investidura no cargo de conselheiro é executivos, urge conceder maior repercussão às
incompatível com o exercício de qualquer outra função sugestões apresentadas pelo Conselho Nacional de
pública e durará cinco anos. Economia, o que fàcilmente será alcançado, desde
§ 3º Os membros do Conselho perceberão, que seja o órgão integrado de elementos capazes de
mensalmente, quantia correspondente aos vencimentos transmitir, além da experiência adquirida no exercício
dos ministros do Tribunal de Contas da União. de elevadas funções públicas, também o
§ 4º Os Ministérios designarão representante pensamento dos setores privados que mais
junto ao Conselho, para as sessões que tratarem de concorrem para o desenvolvimento econômico da
assunto do seu interêsse, com direito a participar dos Nação.
debates. Aliás, nunca será demais realçar a valia de um
Art. 2º Esta lei entrará em vigor na data de sua organismo que, pelo prestígio de seus membros,
publicação, e revoga as disposições em contrário. pessoal ou delegado disponha de suficiente
expressão e autoridade para "estudar a vida
Justificação econômica do País e por iniciativa própria ou por
solicitação dos podêres públicos, opinar sôbre as
A Constituição vigente instituiu o Conselho diretrizes da política econômica nacional, interna ou
Nacional de Economia, com incumbência de "estudar a externa, e sugerir as medidas que julgar
vida econômica do País e sugerir ao poder competente necessárias". (Art. 2º, da Lei nº 970, de 16 de
as medidas que julgar necessárias", (nota nº 1). dezembro de 1949).
– 490 –

A propósito vale recordar Carlos Maximiliano LEGISLAÇÃO MENCIONADA NO


em seus Comentários à Constituição Brasileira de PROJETO DE LEI
1946, quando ao se referir, ao Conselho Nacional de Nº 20, DE 1959
Economia, lamenta que "não hajam dado ao Instituto
maior amplitude, criando aquilo que excelente serviço Nota nº 1
prestou ao Brasil Império, o Conselho de Estado", a) Art. 205 da Constituição Federal.
(nota nº 2). E, indo adiante em suas considerações, b) Lei nº 970, de 16 de dezembro de 1949.
afirma, ainda, o emérito comentarista que "pode e c) Lei nº 2.696, de 24 de dezembro de 1955.
deve, o Congresso, preencher a lacuna, embora com d) Lei nº 3.272, de 30 de setembro de 1957.
aumento de despesas ao lado das Câmaras e do Nota nº 2
Executivo, funcionaria um conclave de jurisperitos e a) Arts. 137 a 144 da Constituição do Império
economistas, homens práticos de administração, Brasileiro.
orientadores e consultores máximos dos Govêrnos". b) Lei nº 234, de 23 de novembro de 1841.
Foi o que se verificou, recentemente, com a Nota nº 3
reforma constitucional francesa, ao manter o antigo a) Arts. 69, 70 e 71 da Constituição da
"Conselho Econômico e Social", e ao ampliar as suas República Francesa.
atribuições através da lei orgânica de 29 de dezembro b) "Ordonnance" nº 58-1360, de 29 de
de 1958 que fixou o número de seus membros em 205 dezembro de 1958.
(duzentos e cinco), recrutados entre as mais diversas 1-a – Art. 205 da Constituição Federal:
atividades econômicas e sociais daquela grande Art. 205. É instituído o Conselho Nacional de
comunidade democrática (nota nº 3). Economia cuja organização será regulada em lei.
O presente projeto, completando embora o § 1º Os seus membros serão nomeados
pensamento dos elaboradores da nossa Carta Magna, pelo Presidente da República, depois de
não atinge à amplitude preconizada por Carlos aprovada a escolha pelo Senado Federal dentre
Maximiliano, ou à generalização estabelecida pelos cidadãos de notória competência em assuntos
legisladores franceses. As únicas inovações econômicos.
apresentadas estão contidas no corpo do art. 3º e seu § 2º Incumbe ao Conselho estudar a vida
parágrafo 1º que elevam o número de conselheiros de 9 econômica do País e sugerir ao poder competente as
para 18 a fim de permitir a inclusão de representantes medidas que julgar necessárias.
das atividades econômicas de maior expressão no País. 1-b – Lei nº 970, de 16 de dezembro de 1949:
Os demais parágrafos (2º, 3º e 4º) repetem Dispõe sôbre as atribuições, organização e
disposições da Iei em vigor e são, aqui, funcionamento do Conselho Nacional de Economia.
apresentados, apenas, para atender à necessidade Art. 1º O Conselho Nacional de Economia,
de receberem nova remuneração. instituído pelo artigo 205 da Constituição Federal,
Sala das Sessões, em 26-5-59. – Paulo com sede na Capital da República, é órgão de
Fernandes. iniciativa, sugestões e conselhos.
– 491 –

CAPITULO I Art. 5º Os órgãos coletivos do Conselho,


exceto as Comissões Especiais, interromperão os
DAS ATRIBUIÇÕES DO CONSELHO seus trabalhos no período de 15 de dezembro de
cada ano a 14 de janeiro do ano seguinte.
Art. 2º Incumbe ao Conselho estudar a Art. 6º As decisões finais do Conselho
vida econômica do País e, por iniciativa, própria Nacional de Economia serão tomadas em sessão
ou por solicitação dos poderes públicos, opinar sôbre plena e prevalecerá sempre a opinião da maioria
as diretrizes da política econômica nacional, interna absoluta.
ou externa, e sugerir as medidas que julgar Art. 7º O Conselho Nacional de Economia
necessárias. poderá instituir Comissões Especiais incumbidas de
Parágrafo único. Para a realização dos seus opinar sôbre problemas técnicos de natureza
fins, o conselho poderá adotar os métodos que lhe específica e nelas incluir pessoas a êle estranhas.
parecerem mais adequados e requisitar aos órgãos Parágrafo único. Os serviços prestados pelos
de administração pública a colaboração de que membros de tais comissões são considerados
necessitar. relevantes para o País.

CAPITULO II CAPITULO III

DA ORGANIZAÇÃO DO CONSELHO DO FUNCIONAMENTO DO CONSELHO

Art. 3º O Conselho Nacional de Economia Art. 8º O Regimento Interno do Conselho


compõe-se de nove conselheiros, de notória especificará as atribuições dos seus diferentes
competência em assuntos econômicos, nomeados órgãos e disporá sôbre seu funcionamento, inclusive
pelo Presidente da República, depois de aprovada a o das Comissões Especiais.
escolha pelo Senado Federal. Parágrafo único. O Conselho Pleno, as
§ 1º A investidura no cargo de conselheiro é Comissões Especiais e outras que forem
incompatível com o exercício de qualquer outra organizadas, reunir se-ão, regularmente, em sessões
função pública e durará cinco anos. ordinárias; realizarão, porém, reuniões
§ 2º Os membros do Conselho perceberão, extraordinárias sempre que o exigir o trabalho a seu
mensalmente, os vencimentos de Cr$ 15.000,00 cargo:
(quinze mil cruzeiros), vedada a acumulação com Art. 9º Anualmente, até o dia 1 de dezembro,
qualquer outra função pública ou autárquica. apresentará o Conselho ao Congresso Nacional e ao
§ 3º A ajuda de custo de Cr$ 6.000,00 (seis mil Presidente da República exposição geral da situação
cruzeiros), só será paga aos membros que residem econômica do país, conforme estudos que vier
fora da sede do Conselho, quando de sua realizando.
investidura.
§ 4º Cada Ministério designará um CAPITULO IV
representante para as sessões do Conselho que
tratarem de assunto do seu interêsse com direito de DISPOSIÇÕES GERAIS
participar dos debates.
Art. 4º O Conselho Nacional de Economia Art. 10. Na constituição inicial do Conselho
elegerá presidente, anualmente, um de seus Nacional de Econômia, cinco conselheiros serão
membros, vedada a reeleição. nomeados por três anos e os demais por cin-
– 492 –

co, devendo constar da nomeação de cada um dêles Art. 16. A presente lei entrará em vigor na data
o período respectivo. de sua publicação revogadas as disposições em
Art. 11. É o Poder Executivo autorizado a abrir contrario.
o crédito especial de Cr$ 1.500.000,00 (um milhão e 1-c Lei nº 2.696, de 24 de dezembro de 1955:
quinhentos mil cruzeiros), para atender ás despesas Modifica o § 2º do art. 3º da Lei nº 970, de
com a organização e funcionamento do Conselho 16.12.1949.
Nacional de Economia. Art. 1º O § 2º do art. 3º da Lei nº 970, de 16 de
Art. 12. Dentro de 90 (noventa) dias a partir de dezembro de 1949 (Dispõe sôbre as atribuições,
sua instalação, o Conselho Nacional de Economia organização e funcionamento do Conselho Nacional
organizará o projeto de orçamento e do quadro do de Economia), passa a ter a seguinte redação:
seu pessoal, que será encaminhado ao Congresso «Art. 3º ..............................................................
Nacional. § 2º Os membros do Conselho Nacional de
Art. 13. Considerar-se-á extinto, na data da Economia perceberão, mensalmente, quantia
instalação do Conselho Nacional de Economia, o correspondente aos vencimentos dos membros do
Conselho Federal de Comércio Exterior criado pelo Tribunal de Contas da União.
Decreto nº 24.429, de 20 de julho de 1934. Art. 2º Esta lei entrará em vigor na data de sua
§ 1º As dotações orçamentárias, o pessoal, o publicação.
material e o arquivo do órgão ora extinto serão Art. 3º Revogam-se as disposições em
incorporados ao Conselho Nacional de Economia. contrário.
§ 2º Permanecerão em exercício no Conselho 1-d Lei nº 3.272, de 30 de Setembro de 1957:
Nacional de Economia, até ulterior deliberação do Altera o art. 9º da Lei nº 970, de 16.12-19-49.
seu Presidente, os funcionários que estejam servindo Art. 1º O art. 9º da Lei nº 970, de 16 de
no Conselho Federal de Comércio Exterior. dezembro de 1949, passa a ter a seguinte redação:
Art. 14. São transferidos do Conselho Federal "Anualmente, dentro dos dois primeiros meses
do Comércio Exterior: da sessão legislativa ordinária do Congresso
a) para o Ministério da Educação e Saúde, a Nacional, apresentará o Conselho à Câmara dos
Comissão de Alimentação, criada pelo Decreto-lei nº Deputados, ao Senado Federal e ao Presidente da
7.328, de 17 de fevereiro de 1945; República, exposição geral da situação econômica
b) para a Carteira de Exportação e Importação do País, conforme os estudos que vier realizando".
do Banco do Brasil, os serviços de contrôle de Art. 2º Revogam-se as disposições em
exportação de generos alimentícios e de contrário.
licenciamento de despachos dos produtos 2-a Arts. 137 a 144 da Constituição do Império
importados, de que trata o Decreto-lei nº 8.400, de Brasileiro:
19 de dezembro de 1945. Art. 137. Haverá um Conselho de Estado,
Art. 15. O Conselho Nacional de Economia composto de Conselheiros vitalícios, nomeados pelo
instalar-se.á dentro de trinta dias após a nomeação Imperador.
de seus membros pelo Presidente da República Art. 138 O seu número não excederá a dez.
– 493 –

Art. 139. Não são compreendidos nêste 2-b Lei nº 234, de 23 de novembro de 1941:
número os Ministros de Estado, nem êstes serão Restabelece o Conselho de Estado.
reputados Conselheiros de Estado sem especial Art. 1º Haverá um Conselho de Estado,
nomeação do Imperador para êste cargo. composto de doze Membros Ordinários, além dos
Art. 140. Para ser Conselheiro de Estado Ministros de Estado que ainda não o sendo, terão
requerem-se as mesmas qualidades que devem assento nêle.
concorrer para ser Senador. O Conselho de Estado exercerá suas funções
Art. 141. Os Conselheiros de Estado antes de reunidos os seus Membros, ou em Seções.
tomarem posse, prestarão juramento nas mãos do Ao Conselho reunido presidirá o Imperador; às
Imperador, de manter a Religião Católica, Apostólica Seções, os Ministros de Estado, a que pertencerem
e Romana, observar a Constituição e as Leis; ser os objetos das Consultas.
fiéis ao Imperador; aconselhá-lo segundo suas Art. 2º O Conselheiro de Estado será vitalício;
consciências, atendendo sòmente ao bem da Nação. o Imperador, porém, o poderá dispensar de suas
Art. 142 Os Conselheiros serão ouvidos em funções por tempo indefinido.
todos os negócios graves, e medidas gerais da Art. 3º haverá até doze Conselheiros de
pública administração; principalmente sôbre a Estado extraordinários e tanto êstes, como os
declaração da guerra, ajustes de paz, negociações ordinários, serão nomeados pelo Imperador.
com as Nações estrangeiras, assim como em tôdas Compete aos Conselheiros de Estado
as ocasiões em que o Imperador se proponha a extraordinários:
exercer qualquer das atribuições próprias do Poder § 1º Servir no impedimento dos ordinários,
Moderador, indicada no art. 101, à exceção da VI. sendo para êsse fim designados.
Art. 143. São responsáveis os Conselheiros de § 2º Ter assento, e voto no Conselho de Estado,
Estado pelos conselhos que derem opostos às leis e quando forem chamados para alguma Consulta.
ao interêsse do Estado, manifestamente dolosos. Art. 4º Os Conselheiros de Estado serão
Art. 144. O Príncipe Imperial, logo que tiver responsáveis pelos conselhos, que derem ao
dezoito anos completos, será de direito do Conselho Imperador, opostos à Constituição, e aos Interêsses
de Estado; os demais Príncipes da Casa Imperial, do Estado, nos negócios relativos ao exercício do
para entrarem no Conselho de Estado, ficam Poder Moderador; devendo ser julgados, em tais
dependentes da nomeação do Imperador. Êstes e o casos, pelo Senado, na forma da Lei da
Príncipe Imperial não entram no número marcado no responsabilidade dos Ministros de Estado.
art. 138. Para ser Conselheiro de Estado se requerem
as mesmas qualidades que devem concorrer para
Observação ser Senador.
Art. 5º Os Conselheiros antes de tomarem
O Conselho de Estado criado pelo art. 137 e posse, prestarão juramento nas Mãos do Imperador
seguintes, embora suprimido pelo Ato adicional, foi de – manter a Religião Católica, Apostólica e
posteriormente restabelecido pela Lei nº 234, de 23- Romana, observar a Constituição e as Leis, ser
11-1841. fiéis ao Imperador, aconselhá-lo segundo suas
– 494 –

consciências, atendendo ao bem da Nação. Art. 9º Ficam revogadas quaisquer


Art. 6º O Príncipe Imperial, logo Leis em contrário.
que tiver dezoito anos completos, será, de direito, 3-a – Arte. 69, 70 e 71 da Constituição da
do Conselho de Estado; os demais Príncipes República Francesa:
da Casa Imperial, para entrarem no Conselho de Art. 69. Le Conseil Êconomique et Social, saisi
Estado, ficam dependentes da nomeação par le Gouvernement, done sou avis sur les projets
do Imperador. de loi, d'ordonnance ou de décret ainsi que sur les
Êstes, e o Príncipe Imperial, não propositions de lois qui lui sont soumis.
entram no número marcado no artigo primeiro, e Un membre du Conseil économique et social
sòmente serão convidados para o Conselho reunido; peut être désigné par celuici pour exposer devant les
o mesmo se praticará com os antigos Conselheiros assemblées parlamentaires l'avis du Conseil sur les
de Estado, quando chamados. projets ou propositions qui lui ont été soumis.
Art. 7º Incumbe ao Conselho de Estado Art. 70. Le Conseil économique et social peut
consultar em todos os negócios, em que o Imperador être également cotsulté par le Gouvernement sur tout
houver por bem ouvi-lo, para resolvê-los; e probléme de caractère économique ou social
principalmente: intéressant la République ou la Communauté. Tout
1º Em tôdas as ocasiões, em que o Imperador plan ou tout projet de loi de programme à caractère
se propuser exercer qualquer das atribuições do économique ou social lui est soumis pour avis.
Poder Moderador indicadas no artigo cento e um da Art. 71. La composition du Conseil
Constituição. économique et social et ses règles de
2º Sôbre declaração de guerra, ajustes de paz, fonctionnement sont fixées par une loi organique.
e negociações com as Nações Estrangeiras. 3-b – Ordonnance nº 58-1360, de 29 de
3º Sôbre questões de prêsas e indenizações. dezembro de 1958:
4º Sôbre conflitos de jurisdição entre as Dispõe sôbre a organização e o
Autoridades Administrativas e entre estas e as funcionamento do Conselho Econômico e Social.
Judiciárias.
5º Sôbre abusos das Autoridades TITRE IER
Eclesiásticas.
6º Sôbre Decretos, Regulamentos e Instruções Missions et Attributtons
para a boa execução das Leis, e sôbre Propostas,
que o Poder Executivo tenha de apresentar à Art. 1. Le Conseil Économique et Social est
Assembléia Geral. auprès des pouvoirs publics une assembléia
Art. 8º O Govêrno determinará, em consultative.
Regulamentos, o número das Seções, em que será Par la représentation des principales activités
dividido o Conselho de Estado, a maneira, o tempo économiques et sociales, le Conseil favorise la
de trabalho, as honras, e distinções, que ao mesmo collaboration des differentes catégories
e a cada um de seus Membros competir e quanto fôr professionnelles entre elles et assuri leus
necessário para a boa execução desta Lei. Os participation à la politique économique et social du
Conselheiros de Estado, estando em exercício, Gouvernement.
vencerão uma gratificação igual ao têrço do que II examine et suggère
vencerão os Ministros Secretários de Estado. les adaptations économiques ou sociales ren-
– 495 –

dues nécessaires notammnent par les techniques Seul le Conseil en assemblée est compétent
nouvelles. pour donner un avis.
II étude les diverses formes de participation de Les études faltes par les sections sont
la République au developpement économique et transmises au Gouvernement par le bureau du Conseil.
social de la Communauté.
Art. 2. Le Conseil Économique et Social est TITRE II
saisi, au nom du Gouvernement, par le premier
ministre de demandes d'avis ou d'études. Composition et Organisation.
Le Conseil Économique et Social est
obligatoirement saisi pour avis des projets de lois de Art. 7. Le Conseil Économique et Social
programmes ou de plans à caractére économique ou comprend:
social, à I'exception des lois de finances, Il peut être, 1º Quarente-cinq représentants des ouvriers,
au préable, associé à leur élaboration. emplovés, fonctionnaires, techniciens, ingéneurs et
Il peut être saisi des projet de leis ou de cadres;
décrets ainsi que des propositions de Iois entrant 2º Quarente et un représentants des
dans le domaine de sa compétence. entreprises industrielles, commerciales et artisanales,
II peut également être consult surtout dont;
probleme de caractere économique ou social – Six représentants des entreprises
intéressant la République ou la Conununauté. nationalisées.
Art. 3. Le Conseil Économique et Social – Neuf représentants des entreprises
peut de sa propre initiative, appeler l'attention commerciales.
du Gouvernement sur les réformes qui lui – Dix representantes des artisans;
paraissent de nature à favoriser la réalisation des Les délégués prévus au 1º et au 2º ci-dessus, à
objectifs definis à l'article ler, de la présente l'xception de ceux des entreprises nationalisées, sont
ordonnance. désgnés, pous chaque catégorie, par les organisations
II peut faire connaítre au Gouvernement professionnelles les plus représentatives.
son avis sur l'execution des plans ou des 3º Quarente représentants désignés par les
programmes d'action à caractere économique ou organismos agricoles les plus représentatifs, dont
social. cinq reprèsentants des cooperatives agricoles;
Art. 4. Chaque année, le premier ministre fait 4º Quinze personnalités palifiés dans le
connaítre la suíte donnée aux avis du Conseil domaine économique, social, scientifique ou culturel,
Économique et Social. dont cinq personnalités choises à ce dernier titre;
Art. 5. Le Conseil Économique et Social peut 5º Quinze representants des activés sociales
désigner l'un de ses membres pour exposer devant au titre desquelles sont choisis, notammént les
les assemblées parlementaires l'avis du Conseil représentants ou logement, de lépargne, de lá santé
sur les projets ou propositions qui lui ont, été publique, des coopératives de consommation et de
soumis. construction et au moins nuit représentants des
Art. 6. Les étudcs sont faltes soit par associations familiales;
l'assemblée, soit par les sections. Les sections 6º Sept représentants des activités diverses, dont:
sont saisies parle bureau du Conseil, soit de sa – deux représentants des coopératives de
propre initiative soit à la demande du production,
Gouvernement. – un représentants des activités touristiques,
– 496 –

– deux représentants des activités section des économies régionales, une section
exportatrices, de la coopération technique avec les Etats
– deux représentants des organismes membres tela Communauté.
participant au développement économique régional; D'autres sections d'étude pourront être
7º Deux représentants de l'organisation la plus crées par décret en conseil d'Etat.
représentative des classes moyennes; La composition des sections est fixée
8º Dix personnalités qualifiées par leur par décret en coseil d'Etat conformément
connaissance des problèmes économiques et aux príncipes fixes à l'article
sociaux d'outremer ou ayant une activité se suivant.
rapportant à l'expansion économique dans le zone Art. 12. Les sections sont composées
franc. de membres du Conseil Économique et Social.
Un décret en conseil d'Etat précisera la Dans des conditions qui seront determinées
répartition et les conditions de désignation des dans chaque cas par décret, le Gouvernement peut
membres du Conseil Économique et Social. appeler à siéger en section, pour une periode
Art. 8. Le Conseil Économique et Social déterminée, des, personnalites choisies enraison de
comprend en outre: leur compétence.
– vint représentants des activités économiques Des fonctionnaires qualifiées pourront être
et sociales algériennes et sahariennes, entendus soit à la demande de la section, soit à
– dix représentants des activités économiques I'initIative du Gouvernement.
et sociales des territoires d'outre-mer et des Art. 13. Des commissions temporaires peuvent
départements de la Martinique, de la Guadeloupe, de être crées au sein du Conseil pour l´étude de
la Guyane et de la Réunion. problèmes particuliers.
Ces représentants seront désignés sulvant des Art. 14. Le bureau, qui est élu par l'assemblée
modalités fixées par décret en conseil d'Stat. du Conseil Économique et Social, comprend
Art. 9. Les membres du Conseil Économique quatorze membres, dont un président et quatre vice-
et Social sont désignés pour cinq ans. presidente.
Si, au cours de cette période, un membre du Le secrétaire général du Conseil participe aux
Conseil vient à perdre laqualité au titre de laquelie il a délibérations du bureau, II en tient procés-verbal.
été désigné, il est déclaré démissionnaire d'office et Lorqu'liis n'en font pas partìe, les présidents
remplace. des section d'tions d'étude peuvent être appelés à
Art. 10. Les contestations auxquelles peut assister avec voix consultative, aux réunions du
donner leur designation sont jugées par le conseil bureau.
d'Etat.
Art. 11. Il est créé au sein du Conseil TITRE III
Économique et Social des sections pour l'etude des
principaux problèmes interessant les différentes Fonctionnement
activités économiques et sociales, notamment une
section des ativités sociales, une section des Art. 15. Sur proposition du bureau, le Conseil
l´adaptation à Ia recherche technique et de Économique et Social arrete sou règlement qui doit
l'adaptation à la recherche technique et de être aprouvé par décret.
l'information économique, une section Art. 16. L'assemblée du Conseil tient une
de l´expantion économique extérieure, une section ordinaire tous les trois mois.
– 497 –

Elle peut être réunie en sections spéciales à la Art. 24. Le secrétaire général du Conseil
demande du Gouvernement. Économique et Social est nommé par décret sur
Art. 17. Les membros du Conseil sont proposition du bureau.
convoquês dans chacun des cas prévus à l`article Sous l'autorité du président, il dirige les
précédent par le président du Conseil Économique et services du Conseil et organise les travaux de ses
Social. formations.
La clôture de chaque section est pronuncée Art. 25. Le Gouvernement met à la disposition
par décret. du Conseil les locaux nécessaires à son
Art. 18. Les séances de l'assemblée et celles fonetionnement
des séctions ne sont pas publiques.
Les procés-verbaux de ces séances son TITRE IV
transmis dans un délai de cinqjours au
Gouvernement. Atribuitions au sein de la Communauté.
Art. 19. Les membres du Gouvernement et les
commissaires désignés par eux ont accés à Art. 26. En vue de permettre la participation du
l'assemblée du Conseil et aux sections. Ils sont Conseil Économique et Social à l'étude des
entendus lorqu'lls le demandent. problèmes de sa compètence qui intéressent la
Art. 20. Le droi de vote est personnel tant au Communauté, des accords pourent être passés entre
seIn l'assemblée ou au sein des sections. II ne peut la République et d'autres Stats de la Communaute.
être délégué. Ces accords détermineront notamment les
Art. 21. Les avia et rapports du Consel em modalités de la repéssentation des activités
assemblée sont adressés par le bureau au premier economiques et sociales de ces Etas auprés du
ministre dans le délai fixé, le cas échéant, par le Conseil.
Gouvernement qui enassure la publication au journal
officiel. TITRE V
Art. 22. Les membros du Conseil Économique
et Social reçoivent une rémunération dont le montant Dispositions diverses
ne peut être supérieur autiers de l'indemnité
parlementaire et des Indemites calculées par jour de Art. 27. Dans un délal de un à competer
présence. de la publícation de la prêsente ordonnance, le
Le montant de cette rémunération et de ces premier ministre supprimera par decret
indemnités est fixé par décret. pris en conseil d'Etat les organismes consultatifs
Art. 23. Les crédits nécessaires au dont les attributions feraient double emploi
fonctionnement, du Conseil sont inscrits, par avec celles du Conseil Économique et
chapitre, au budget du premier ministre; ils y forment Social.
une section spéciale. Art. 28. Des décrets en conseil d'Etat
Ces crédits sont gérés par le Conseil préciseront en tant que de besoin les modalités
Économique et Social sans que soient aplicables les d'application de la présent ordonnance ainsi que les
dispositions de la loi du 10 Aoút 1922 sur le contrôle mesures transitoires qui se revéleraient nécessaires.
des dépenses engagées. Art. 29. La présente ordonnance será publiée
Les comptes sont soumis au controle de la ou Journal officiel de lá République française et
Cour des comptes. executée comme loi organique.
– 498 –

O SR. PRESIDENTE: – Esgotada a bre a extensão do aumento concedido pela


matéria da Ordem do Dia. Em votação Lei nº 3.826 de 1960 aos servidores ativos e
o Requerimento de urgência nº 59, inativos do Senado Federal.
anteriormente lido. Os Srs. Senadores As Comissões específicas já se
que o aprovam, queiram permanecer sentados. manifestaram pela sua constitucionalidade
(Pausa). e assim opinaram as Comissões de Constituição
Aprovado e Justiça e de Serviço Social.
De conformidade com o voto do Em nome da Comissão de
Plenário, vou pôr, em discussão o projeto para Finanças, manifesto-me, favorável, ao Projeto
o qual foi requerida a urgência. Dispõe de Resolução nº 2, porquanto é conseqüência da
sôbre a extensão do aumento concedido pela lei que fixou a paridade.
Lei nº 3.826 de 1960, aos servidores ativos e (Muito bem!).
inativos do Senado Federal. O SR. PRESIDENTE: – Em discussão o
Tem a palavra o nobre Senador projeto.
Lourival Fontes para designar o Relator da O SR. HERIBALDO VIEIRA: –
Matéria na Comissão de Constituição e Peço a palavra, Sr. Presidente.
Justiça. O SR. PRESIDENTE: – Tem a palavra
O SR. LOURIVAL FONTES: – Sr. o nobre Senador Heribaldo Vieira
Presidente, designo o nobre Senador Menezes O SR. HERIBALDO VIEIRA: – Sr.
Pimentel. Presidente, o presente Projeto de Resolução
O SR. PRESIDENTE: – Tem a palavra é da autoria do nobre Senador Cunha
o nobre Senador Menezes Pimentel, para emitir Mello.
parecer. Depois de acurados estudos, com a
O SR. MENEZES PIMENTEL – (para emitir colaboração da Assessoria da Casa e de eminentes
parecer): – Sr. Presidente, o Projeto de Resolução Senadores designados para examinar a matéria,
nº 2, de 1961 do Senado, dispõe sôbre a extensão como os nobres colegas Freitas Cavalcanti e Gilberto
do aumento concedido pela Lei nº 3.826, de 1960 Marinho, chegou-se à conclusão de que o presente
aos servidores ativos e inativos do Senado Federal. Projeto de Resolução enquadrava,
A Comissão de Constituição e Justiça nada tem a convenientemente, os funcionários da Secretaria do
opor, por considerá-lo constitucional e jurídico. O seu Senado à Lei nº 3.826, a chamada "Lei le Paridade",
parecer é pela constitucionalidade do Projeto de que fixou novos níveis de vencimentos para os
Resolução. (Muito bem!). funcionários do Poder Executivo.
O SR. PRESIDENTE: – O parecer da Êste Projeto de Resolução é uma decorrência
Comissão de Constituição e Justiça é pela do art. 373 da Resolução nº 6 de 1960, do Senado,
constitucionalidade do projeto. que manda atribuir aos funcionários da Casa os
Solicito o parecer da Comissão de Finanças. mesmos aumentos e vantagens concedidos aos do
Tem a palavra o nobre Senador Gaspar Executivo.
Velloso para, na qualidade de seu Presidente, emitir Na "Lei de Paridade", há dispositivo segundo o
parecer sôbre o projeto. qual os funcionários não beneficiados na Lei de
O SR. GASPAR VELLOSO (para emitir Classificação de Cargos terão um aumento, em seus
parecer): – Sr. Presidente, o Projeto de Resolução vencimentos, da ordem de quarenta e quatro por
do Senado nº 2, de 1961, dispõe sô- cento.
– 499 –

Baseados nesse artigo, foram fixados, no "Não se destinando à vigência temporária a lei
presente Projeto de Resolução, novos níveis de deverá vigorar até que outra a modifique ou
vencimentos para o funcionalismo do Senado, revogue".
calculados à base de quarenta e quatro por cento "Não se destinando à vigência temporária"
sôbre os valores dos atuais vencimentos. atente bem o Senado. – Ora, a Resolução nº 9, de
No debate da matéria, porém, surgiram 1960, tem uma vigência temporária, com prazo fatal
dúvidas quanto à aplicação da Resolução nº 9, de a expirar dois anos após a mudança da Capital.
1960, que fixou a chamada "dobradinha". Entendiam Logo, essa lei não poderia ser modificada, a esta
alguns que deveríamos aproveitar o ensejo para altura.
corrigir um êrro, por nós aliás reconhecido, contido Nestas condições, parece-me lógico adotemos
naquela Resolução: o cálculo da "dobradinha" é feito a proposição apresentada pelo nobre Senador
à base da remuneração quando deveria sê-lo à base Cunha Mello, que determina sejam feitos os cálculos
dos vencimentos. das diárias à base dos valores anteriores ao
Surgiram, então, três proposições para regular presente Projeto de Resolução; ou seja, de acôrdo
a matéria. A primeira mandava se fizesse o cálculo com a Resolução número 9, como se vem pagando
das diárias de que trata o art. 1º da Resolução nº 9, até a presente data.
de 1960, à base dos vencimentos estabelecidos no Sustentei, repito, na Comissão Diretora, êste
Projeto de Resolução, que ora votamos. O segundo ponto de vista, que foi vitorioso, mas houve um
determinava se fixasse o valor dessas diárias à base entendimento com a Câmara dos Deputados, no
dos valores anteriores a êste Projeto de Resolução, sentido de serem traçadas normas iguais, uniformes
ou seja, dos valores fixados na Resolução nº 9. E para ambas as Casas do Congresso Nacional.
uma terceira proposição que mandava fixar as Era nosso intuito elaborar Projeto de
diárias à base de 1/30 dos valores dos vencimentos Resolução uniforme, para as duas Casas. A
anteriores a esta Resolução. Comissão Diretora da Câmara dos Deputados,
O SR. MEM DE SÁ: – Vencimentos ou porém, nos entendimentos que manteve com a
remuneração? Comissão Diretora do Senado, através do Presidente
O SR. HERIBALDO VIEIRA: – Dos Ranieri Mazzilli e do Deputado Ary Pitombo, não
vencimentos. aceitou os nossos pontos de vista, preferindo que os
Sustentei na Comissão Diretora, secundando cálculos das diárias sejam feitos à base dos valores
o Projeto de Resolução apresentado pelo nobre dos vencimentos anteriores e não dos valores da
Senador Cunha Mello, que não poderíamos, a esta remuneração anterior.
altura, corrigir o êrro contido na Resolução nº 9, de Assim, no desejo de uma legislação uniforme,
1960, que mandou fazer o cálculo das diárias à base o Projeto de Resolução foi elaborado de acôrdo com
do valor da remuneração. Sendo a Resolução nº 9 o ponto de vista da Câmara dos Deputados, embora
uma lei temporária, com prazo fatal de vigência é, errado, por alterar lei de vigência temporária,
conseqüentemente, irrevogável, imodificável, na inalterável, imodificável.
conformidade do art. 2º da Lei de Introdução ao Declarei, então à Comissão Diretora que, em
Código Civil, que dispõe: plenário, pediria destaque para as palavras "dos ven-
– 500 –

cimentos", com o objetivo de fazer permanecer O SR. HERIBALDO VIEIRA: – Devemos errar
a lei temporária – a Resolução com a Câmara dos Deputados para fazer uma
n 9. legislação uniforme?
Sr. Presidente, apenas o amor à fidelidade e à O SR. MEM DE SÁ: – Êsse o ponto para mim
ordem jurídica traz-me à tribuna, a fim de esclarecer confuso; de duas uma: ou a Comissão Diretora tem
o Plenário. O Projeto será votado em regime de êsse ponto de vista e o consagrou no seu Projeto de
urgência. Logo, tem os Srs. Senadores o direito de Resolução, ou não o tem e não devia portanto
reclamar dos membros da Comissão Diretora este consagrá-lo. Não posso compreender um Projeto de
esclarecimento, para que possam opinar com pleno Resolução seja aprovado, pela Comissão Diretora e
conhecimento de causa. depois se diga não seja seu o ponto de vista.
O SR. MEM DE SÁ: – Pelo que ouço de V. O SR. HERIBALDO VIEIRA: – Já esclareci –
Exa., o Senado vai votar projeto diferente do que posso não ter sido suficientemente claro – que a
será votado na Câmara? Comissão Diretora entendeu e em principio estava
O SR. HERIBALDO VIEIRA: – Sòmente certa, o cálculo das diárias continuasse a ser feito à
quanto ao art. 3º temos pontos de vista opostos. base da remuneração como determinava, a
O SR. MEM DE SÁ: – Era o que desejava Resolução nº 9.
saber. Entretanto, nos entendimentos havidos entre,
O SR. HERIBALDO VIEIRA: – O art 3º do a Comissão Diretora do Senado Federal e da
Projeto de Resolução que vamos votar foi elaborado Câmara dos Deputados no intuito de dar uma
de acôrdo com o ponto de vista da Câmara dos legislação uniforme aos funcionários das duas
Deputados. Casas, a Comissão Diretora da Câmara não quis
O SR. MEM DE SÁ: – Houve acôrdo entre aceitar o nosso ponto de vista e declarou que a
Mesas? Por que então a Mesa do Senado Resolução seria apresentada desta forma.
apresentou um projeto? A Comissão Diretora do Senado, então –
O SR. HERIBALDO VIEIRA: – Procuramos embora antes tivessem todos achado certa a
entrar em acôrdo e resolvemos aceitar e encaminhar proposição do Senador Cunha Mello – resolveu
ao Plenário, porém admitindo, àqueles que aceitaram aceitar o ponto de vista da Câmara e submetê-lo ao
o Projeto com restrições, como eu, o Senador Cunha Plenário, apenas para que surgisse, uma legislação
Mello e o Senador Mathias Olympio, aqui uniforme. Três membros da comissão Diretora,
levantássemos a questão, para que o Plenário assinaram êsse Projeto de Resolução com
apreciasse se devia ficar com a Câmara dos restrições, reservando-se o direito de, em Plenário,
Deputados, dando uma legislação uniforme mas pleitear para que prevalecesse o ponto de vista que,
errada, suscetível de uma reparação judiciária, ou se em princípio, havia sido aceito pela Comissão
devia votar a Resolução nos têrmos que entendemos Diretora.
em principio, mas insuscetível de sor reformada por O SR. MEM DE SÁ: – V. Exa. permite um
decisório do Judiciário. aparte?
O SR. MEM DE SÁ: – Êsse o ponto que me O SR. HERIBALDO VIEIRA: – Concedo o
parece confuso. aparte a V. Exa. com muita honra para mim.
– 501 –

O SR. MEM DE SÁ: – Não estou discutindo o de pleitear a aprovação do nosso ponto de vista em
direito que V. Exa. se reservou. O que quero fique Plenário.
claro, ainda não está no meu entendimento, em O SR. MEM DE SÁ: – Está perfeito.
relação ao Projeto de Resolução submetido à O SR. HERIBALDO VIEIRA: – Estou
discussão e votação pela desgraçada urgência explicando as razões de ordem jurídica que nos
urgentíssima, pela qual o Senado vota sem saber o levaram a expender essas considerações, e a
que está votando, é se a Comissão Diretora sustentar êsse ponto de vista na Comissão Diretora.
apresentou êsse projeto ou não? Espero contar com a boa vontade dos
O SR. HERIBALDO VIEIRA: – V. Exa. não ilustrados colegas para fazê-los raciocinar comigo, a
devia fazer-me essa pergunta; se está em discussão fim de que não aprovemos uma proposição
é porque foi apresentado... susceptível de ser depois modificada pelo Poder
O SR. MEM DE SÁ: – Justamente ponto de Judiciário, porque se os funcionários já têm direito,
vista da Comissão Diretora. V. Exa. se reservou o por efeito da Resolução nº 9 de se fazerem os
direito de um destaque. cálculos das suas diárias na base dos da
O SR. HERIBALDO VIEIRA: – ...a renumeração, amanhã então, certamente, irão
Comissão Diretora aceitou afinal, o ponto de vista da impetrar mandado de segurança, para que seja
Câmara... restabelecido o seu direito, postergado por virem a
O SR. MEM DE SÁ: – Isto o que eu queria ser feitos os mencionados cálculos à base dos
saber. vencimentos anteriores...
O SR. HERIBALDO VIEIRA: – ....e alguns O SR. MEM DE SÁ: – Isto V. Exa. já explicou.
membros da Comissão Diretora assinaram com O SR. HERIBALDO VIEIRA: – em virtude de
restrição; reservamo-nos o direito, de em Plenário, uma lei temporária e modificada.
pleitear a validade, a aprovação do nosso ponto de O SR. CUNHA MELLO: – Permite V. Exa. um
vista. Mas o que a Comissão Diretora apresentou aparte?
está aí. O SR. MEM DE SÁ: – Desejaria um
O SR. MEM DE SÁ: – Agora está perfeito. esclarecimento mas aguardarei, visto o Senador
Isso é que não tinha ficado claro, da exposição de V. Cunha Mello haver pedido a palavra antes.
Exa. Chegou a afirmar que a Comissão Diretora O SR. HERIBALDO VIEIRA: – Ouvirei o nobre
apresentara o projeto sem concordar com êle. Senador Cunha Mello.
O SR. HERIBALDO VIEIRA: – Não; a O SR. CUNHA MELLO: – Pedi a palavra
Comissão Diretora não podia mandar o projeto para não para esclarecer um espírito tão iluminado
o Plenário sem que o tivesse aprovado... como o do nobre Senador Mem de Sá, mas
O SR. MEM DE SÁ: – É o que me parece. entendo que houve matéria que de fato não
O SR. HERIBALDO VIEIRA: – ...mas nós, que foi bem esclarecida por V. Exa. Assim, no
o assinamos com restrições, nos reservamos o direito objetivo de esclarecer êsse aspecto quero dei-
– 502 –

xar patente que, inicialmente, a Comissão Diretora do O SR. MEM DE SÁ: – Por fineza esclareça
Senado procurou entrar em entendimento com a um pouco mais êste ponto: que são valores
Comissão Diretora da Câmara dos Deputados, sôbre anteriores?
a forma e a extensão da Lei da Paridade aos O SR. HERIBALDO VIEIRA: – Vou
funcionários da outra Casa do Congresso. Entretanto, esclarecer: os valores anteriores eram os
a Comissão Diretora da Câmara não apresentou, até vencimentos mais as gratificações, o que na
ontem, sugestão alguma à Comissão Diretora do terminologia administrativa representa a
Senado e já que da tribuna da Câmara, diversas remuneração.
vêzes a Comissão Diretora desta Casa foi apontada O SR. MEM DE SÁ: – A palavra "anterior"
como se estivesse postergando os direitos dos figura na lei?
funcionários, eis que ontem, a Comissão Diretora do O SR. HERIBALDO VIEIRA: – Figura sim,
Senado, depois de ouvir o Presidente da Câmara dos mas o artigo 3º intercalou as palavras "dos
Deputados, Sr. Ranieri Mazzilli, apresentou sugestões vencimentos" entre as palavras "valores e
sôbre o assunto. A Comissão Diretora desta Casa, anteriores", no propósito de que o cálculo deixasse
não querendo mais esperar pela decisão da Câmara de ser feito à base da remuneração.
dos Deputados, porque realmente nada justificaria O SR. MEM DE SÁ: – Mas a Resolução nº 9
que se ficasse permanentemente nessa dependência, figura também na base "das remunerações
sobretudo como vinha acontecendo, ser o Senado anteriores".
vítima de censuras da tribuna da Câmara, resolveu O SR. HERIBALDO VIEIRA: – Pela
então apresentar êste projeto, que vem assinado por Resolução nº 9 o cálculo é feito na base da
seis membros, sendo que três dêles com restrições. remuneração.
A minha restrição refere-se a êsse artigo nº 3, e é o O SR. MEM DE SÁ: – Não a anterior?
que queria explicar ao nobre Senador Mem de Sá, Esclareça Vossa Excelência.
porque entendo que S. Exa. não foi bem esclarecido O SR. HERIBALDO VIEIRA: – Não, porque a
nessa parte e além do mais, a Câmara dos Resolução nº 9 é anterior a esta que estamos
Deputados nada resolveu sôbre a matéria. votando agora.
O SR. MEM DE SÁ: – Êsse é um O SR. MEM DE SÁ: – Quer dizer: a Resolução
esclarecimento precioso. Desejava, porém, um outro, nº 9 estabeleceu que o cálculo fôsse feito na base da
e creio também que o restante dos Srs. Senadores remuneração vigente.
também o desejam. Eu não estou bem a par da O SR. HERIBALDO VIEIRA: – Era feito na
matéria. Com a supressão da palavra "vencimentos" base das remunerações vigentes.
como ficará o texto? O SR. MEM DE SÁ: – Agora passa a ser na
O SR. HERIBALDO VIEIRA: – O cálculo das base da remuneração anterior.
diárias fixado no artigo 1º da Resolução nº 9 de O SR. HERIBALDO VIEIRA: – Anterior a esta
1960, continuará a ser feito na base dos valores resolução que estamos votando; na base dos valores
anteriores, isto é, na base da remuneração como anteriores a esta resolução, na base dos valores da
vinha sendo feito. remuneração vigente até a data de hoje.
– 503 –

O SR. MEM DE SÁ: – De acôrdo com o Exa. pedisse à Presidência que lhe enviasse os dois
pensamento de V. Exa. haverá margem para recurso Projetos de Resolução; V. Exa. chegará à conclusão
ao Judiciário. de que restaura.
O SR. HERIBALDO VIEIRA: – Não; O SR. MEM DE SÁ: – Não aceito a sugestão.
V. Exa. não percebeu bem. Vou procurar ser mais Se está o projeto em urgência urgentíssima, o natural
claro. é que o plenário vote sem saber o que está votando.
O SR MEM DE SÁ: – Estou entendendo. O SR. HERIBALDO VIEIRA: – Estou dizendo
O SR. HERIBALDO VIEIRA: – A resolução que se V. Exa. quiser melhor esclarecimento, poderá
anterior dizia que se devia fazer o cálculo na base da ler o projeto agora. A Comissão Diretora entendeu
remuneração. Ora, a proposição Cunha Mello que, com a supressão dessas palavras "dos
determinava que o cálculo das diárias fixado na vencimentos", o cálculo passará a ser feito à base da
Resolução nº 9, de 1960, seria feito na base dos remuneração e não à base dos vencimentos como
valores anteriores a esta Resolução que estamos se pretende fazer neste projeto.
votando. Atendendo à sugestão da Câmara, o O SR. CUNHA MELLO: – Permite Vossa
projeto que a Comissão Diretora do Senado mandou Excelência um aparte?
a êste Plenário intercalou a expressão dos O SR. HERIBALDO VIEIRA: – Com todo o
vencimentos, entre as palavras "dos valores e prazer.
anteriores", para que o cálculo deixasse de ser feito O SR. CUNHA MELLO: – Esclareça V. Exa. ao
à base da remuneração, como determina a nobre Senador Mem de Sá que a Comissão Diretora,
Resolução nº 9. Desta forma altera-se a Resolução estudando as duas sugestões vindas do Presidente
nº 9, porque se o projeto fôr aprovado nos têrmos em Ranieri Mazzilli, resolveu aceitar uma delas, para
que está redigido, o cálculo será feito à base dos efeito de diminuição dos vencimentos do Secretário
vencimentos e não da remuneração. Nós com o da Presidência e do Diretor-Geral do Senado. Assim
destaque mandando suprimir a expressão "dos agindo nós nos aproximamos do projeto que ainda
vencimentos", estamos procurando restaurar a vai ser apresentado à Comissão Diretora da Câmara
Resolução nº 9. e discutido no plenário daquela Casa.
O SR. MEM DE SÁ: – Não restaura. O SR. HERIBALDO VIEIRA: – Não tratei
O SR. HERIBALDO VIEIRA: – Se V. Exa. dêste aspecto. A Comissão Diretora aceitou e não foi
procurar ler o projeto, ficará convencido do que estou objeto de dúvida.
dizendo. O SR. GILBERTO MARINHO: – Permite V.
O SR. MEM DE SÁ: – Pela argumentação de Exa. um aparte?
V. Exa. não restaura. O SR. HERIBALDO VIEIRA: – Com todo o
O SR. HERIBALDO VIEIRA: – Restaura prazer.
plenamente e põe nos devidos têrmos as O SR. GILBERTO MARINHO: – Desejava
verdadeiras palavras contidas no Projeto de esclarecer ao eminente companheiro, já que o
Resolução Cunha Mello. Gostaria que V. assunto entrou em pormenores, sôbre o que ficara
– 504 –

entendido na Comissão Diretora. Pelo que percebi do Congresso. No entanto, no encontro com o
do documento redigido pelo nobre Presidente Filinto Deputado Ranieri Mazzilli e o Deputado Ary Pitombo
to Müller que deu origem à Redação Final da – peço permissão ao Senador Heribaldo Vieira para
proposição, era que fôssem interpretados como valor dar essa explicação – ficou assentado em princípio,
os vencimentos atuais. Posteriormente, não houve que não haveria divergências fundamentais entre
deliberação de modo a que um se manifestasse uma e outra resolução. Tanto assim é que, embora
sôbre os valores dos vencimentos atuais e outros os nossos níveis de remuneração de duas ou três
se manifestassem sôbre os valores atuais. Como se funções, como as de Diretor-Geral e Secretário da
diz, parece que dois ou três membros da Comissão Presidência, fôssem mais elevados, para aproximar
se teriam inclinado num sentido e outros em sentido a nossa resolução da resolução da Câmara dos
diferente. O que ficou deliberado ontem, como Deputados, êsses níveis foram baixados na
foi redigido no documento submetido à aprovação e proposição que foi redigida em caráter definitivo,
assinado pelos Srs. Membros da Comissão, foi que tomando como base os têrmos daquilo que ficara
seria à base do valor dos vencimentos atuais. deliberado e que, para não haver equívoco, fôra
Se, posteriormente, houve outros entendimentos – redigido do próprio punho pelo Presidente da
é claro que é do inteiro direito de cada membro Comissão Diretora Senador Filinto Müller. Então
da Comissão Diretora utilizar na oportunidade ficou entendido – o último entendimento na ocasião
que julgar conveniente – sobreveio essa outra em que o assunto foi debatido – que o cálculo seria
maneira de pensar, isto é, que se deveria fazer o sôbre os valores dos vencimentos. Friso apenas que
cálculo sôbre a remuneração e não sôbre os não houve essa discussão na Comissão Diretora e
valores dos vencimentos anteriores; a Comissão que alguns de seus membros se inclinaram pelo
Diretora não foi pròpriamente chamada a se valor dos vencimentos e outros pelo valor da
pronunciar sôbre essas novas modificações. O remuneração. Nesse ponto, creio que com o
Senador Cunha Mello e o Senador Heribaldo Vieira esclarecimento prestado pelo Senador Heribaldo
é que, mais uma vez repito, utilizando um direito Vieira e pela forma, inteligente como sempre, que o
regimental que cabe a qualquer Senador, interpelou o eminente senador Mem de Sá...
resolveram interpretar que essa seria a forma. O SR. MEM DE SÁ: – Obrigado a Vossa
Os demais membros da Comissão Diretora não Excelência.
tiveram ensejo de manifestar-se nem em sentido O SR. GILBERTO MARINHO: – ...Sua
contrário nem a favor porque o entendimento era Excelência se conduziu de forma a satisfazer a
aquêle dos vencimentos anteriores. A Comissão curiosidade do nobre Senador pelo Rio Grande do
Diretora, na sessão de ontem pela manhã, apenas Sul e demais colegas. Não haja dúvida de que
sobreestou o assunto por 24 horas, porque era seu representam valores completamente diferentes. O
pensamento entender-se com a Câmara dos cálculo sôbre os valores atuais é fixado por uma
Deputados, para que as resoluções não fôssem resolução. O cálculo da segunda parte, que
díspares: o Senado fazendo uma coisa e a Câmara corresponde às antigas diárias, que no sistema
outra muito diversa, dando a impressão de que não anterior equivalem a um trinta avos, equivalem à
houvera o menor contato entre as duas Mesas outra unidade de remuneração. O funcionário ti-
– 505 –

nha uma remuneração e essa era dividida em gados a dar satisfações a mim ou a qualquer outro
trinta avos. Agora – é preciso fique bem claro a esta Senador – resolveram S. Exas., utilizando-se de
altura, pois os funcionários também não sabem, recurso regimental que lhes assistia, de apresentar
estão inteiramente a quo, daí surgir essa série de uma emenda assim estabelecendo. Quer dizer:
apelos, muitos dos quais sem fundamento – em nenhum membro da Comissão Diretora foi chamado
nenhuma das hipóteses seria igual à remuneração. a se pronunciar a não ser nesta oportunidade em
Haveria três maneiras do Senado proceder: uma, que vamos dar o voto.
fixar nos novos níveis de remuneração e continuar Êste o esclarecimento que queria dar, não só
da mesma maneira a dividir a unidade por trinta avos como um dever, mas em decorrência da delegação
e multiplicar por trinta dias, quantos o mês tem. das nossas representações de Partido e como
Enfim a remuneração total dos funcionários com Membro da Mesa de que tenho a honra de participar.
exercício em Brasília foi majorada de duas vêzes a O SR. MEM DE SÁ: – Agradeço a Vossa
unidade da sua remuneração. Essa forma foi Excelência.
excluída a priori, portanto não se vai deliberar sôbre O SR. HERIBALDO VIEIRA: – Senhor
ela no momento. Então ficaram para ser submetidos Presidente, em continuação aos esclarecimentos que
aos Srs. Senadores dois critérios diversos: um estou tomando a liberdade de trazer à Casa e em
que estava no entendimento da Comissão Diretora, conseqüência do aparte do nobre Senador Gilberto
é que a remuneração fôsse acrescida de Marinho, lembro que na reunião de ontem, da
uma outra parte, calculada sôbre os valores dos Comissão Diretora, depois de muito debate, foi
vencimentos... submetida à mesma, a votação de duas proposições
O SR. MEM DE SÁ: – Atuais. a propósito do art. 3º: uma apresentada pelo nobre
O SR. GILBERTO MARINHO: – ...e a Deputado Ranieri Mazzilli, Presidente da Câmara
outra sôbre a remuneração. É claro que aquilo que dos Deputados; outra, apresentada pelo nobre
é calculado sôbre a remuneração é maior que o Senador Cunha Mello, no seu Projeto de Resolução,
vencimento; é claro que a soma dos vencimentos redigido nos seguintes têrmos:
atuais mais a diária calculada sôbre a remuneração, "Art. 3º O Cálculo das diárias a que se refere o
é maior que os vencimentos atuais mais a art. 1º da Resolução nº 9, de 1960, continua a ser feito
diária calculada sôbre os vencimentos apurados. O na base dos valores anteriores a esta Resolução".
que quero esclarecer é que não houve a divisão Submetidas à votação – as duas proposição a
da Comissão Diretora sôbre o assunto. Esta da Câmara dos Deputados e a da autoria do nobre
tinha acordado – porque parecia que êsse fôsse Senador Cunha Mello, esta última foi aprovada por
o ponto de vista mais próximo do esposado unanimidade, com uma ressalva: a de que a
pela Câmara dos Deputados – em que fôsse deliberação não era definitiva.
feito o cálculo sôbre valores dos vencimentos O SR. MEM DE SÁ: – V. Exa. fala em valores
atuais. Posteriormente, num entendimento que anteriores, mas não esclarece quais são êsses
houve entre os Senadores Cunha Mello e Heribaldo valores.
Vieira, do qual tivemos conhecimento agora O SR. HERIBALDO VIEIRA: – Quais os
neste Plenário – S Exas. não eram obri- valores anteriores?
– 506 –

O SR. MEM DE SÁ: – Não sei, pergunto a aberta a possibilidade de outra ação judicial, para se
Vossa Excelência. conseguir eqüidade?
O SR. HERIALDO VIEIRA: – A remuneração. O SR. HERIBALDO VIEIRA: – Eqüidade, não.
A soma dos vencimentos com as gratificações. Temos independência de ação. O Senado vota
Manda-se fazer o cálculo na base dessa remuneração aquilo que bem entende.
– soma dos vencimentos com as gratificações – que O SR. COIMBRA BUENO: – Entretanto a
são os valores anteriores. Nessa base é que foi Constituição manda sejam igualmente tratados todos
aprovada a proposição. Não sendo, porém, definitiva os funcionários em funções idênticas, quer do
a deliberação, a Comissão Diretora, ficou dependendo Legislativo, do Executivo, do Judiciário e mesmo das
de um entendimento com a Comissão Diretora da Fôrças Armadas.
Câmara dos Deputados, para que chegassemos a O SR. HERIBALDO VIEIRA: – É o que
uma solução uniforme para as duas Casas. existe.
Foi então, que se apresentou o projeto com O SR. COIMBRA BUENO: – Estamos aqui
essa redação, porque a Câmara dos Deputados não para reformar.
aceitou a nossa sugestão. O SR. HERIBALDO VIEIRA: – O que
Na reunião de hoje decidimos apresentá-lo, existe é uma decorrência da própria Constituição,
aceitando o alvitre da Comissão Diretora da Câmara que autoriza a cada Casa do Congresso elaborar
dos Deputados. Três membros da Comissão Diretora sua legislação interna sôbre o seu funcionalismo.
assinaram com restrições, pedindo permissão para É uma decorrência de fato e absolutamente
apresentar pedido de destaque, a fim de suprimir as constitucional. Não há possibilidade de funcionários
palavras "dos vencimentos", para que o pensamento da Câmara dos Deputados ou do Judiciário
da Comissão Diretora pudesse ser considerado pelo reivindicarem equiparação com o funcionalismo do
Plenário, e êste votasse com a fórmula que nos Senado.
pareceu jurídica, ou com o pensamento da Câmara O SR. CUNHA MELLO: – É preciso que V.
dos Deputados, a fim de darmos uniformidade à Exa. não labore em equívoco. O projeto apresentado
Resolução. Esta a verdade dos fatos. na Câmara dos Deputados, pôsto em votação pelo
O SR. COIMBRA BUENO: – Permite V. Exa. nobre Deputado Sérgio Magalhães então na
um aparte? Presidência, é mais oneroso do que o do Senado. O
O SR. HERIBALDO VIEIRA: – Pois não, com projeto estêve em Ordem do Dia para ser votado,
muito prazer. porém, foi dela retirado posteriormente, por falta de
O SR. COIMBRA BUENO: – Pediria a V. Exa. número para a sua votação sem que até hoje
esclarecesse dois pontos, sôbre os quais tenho voltasse à Ordem do Dia. É; como disse, mais
dúvidas. Se adotássemos a proposta sugerida pela oneroso aos cofres públicos. O que existe na
Comissão Diretora da Câmara dos Deputados Câmara dos Deputados é inteiramente distinto do
teríamos – como V. Exa. explica possibilidade de que quero apresentar.
uma ação judicial? Se adotássemos o ponto de vista O SR. HERIBALDO VIEIRA: –
sugerido por V. Exa., teríamos, igualmente, V. Exa. tem razão. Sr. Presidente,
– 507 –

afigura-se-me que na medida do meu esfôrço e mo acontece na maioria das Democracias da


pouca inteligência... atualidade, mormente quando estamos debaixo do
O SR. MEM DE SÁ: – Não apoiado. mesmo teto.
O SR. HERIBALDO VIEIRA: – ...prestei os Entendo que não deveria haver uma
esclarecimentos que me foram possível, trazer à separação na vida do Parlamento como vem
Casa, a fim de que pudéssemos votar com o ocorrendo atualmente, e praticada de modo a
conhecimento de causa. (Muito bem! Muito bem!). destruir, por vêzes o que já estava feito no edifício. É
O SR. PRESIDENTE: – Continua a discussão. um absurdo possuirmos dois restaurantes, duas
Tem a palavra o nobre Senador Coimbra bibliotecas, e é até possível, dentro de algum tempo,
Bueno. têrmos a água que abastece as duas Casas de
O SR. COIMBRA BUENO (para encaminhar procedência diferentes. Considero isto um verdadeiro
a votação.) (*): – Sr. Presidente, como hábito que absurdo, um atentado à economia nacional.
adotei desde que assumi o meu mandato, deixo aqui Entretanto, não vejo razão para que assim
meus protestos contra o que já constitui uma tradição seja, uma vez que as duas Casas estão tão perto
no Parlamento Nacional, de votarmos sempre à uma da outra. Seria preferível então, emendássemos
última hora, açodadamente. Entendo que êste a Constituição para que pudéssemos, como no caso
procedimento é pernicioso para o funcionalismo presente, atender o funcionalismo do Congresso
público em geral, porque com êle criamos zonas de evitando assim, desníveis e insatisfações que,
atritos entre as duas Casas do Parlamento. necessàriamente, darão margem a ações judiciais.
O que estamos assistindo neste momento é Vemos constantemente o funcionalismo de uma
um possível desentendimento entre Câmara e Casa do Congresso recorrer ao Judiciário,
Senado. reivindicando equiparação com os da outra Casa, em
Nos últimos anos têm sobrevindo aumentos de face de leis votadas apressadamente.
salários sem significado pois apenas vem agravar o O SR. CUNHA MELLO: – Permite V. Exa. um
custo de vida, propiciando vencimentos altíssimos aparte?
com majorações de 30, 40 ou 50%, quando na O SR. COIMBRA BUENO: – Pois não.
realidade os funcionários que deveriam ser O SR. CUNHA MELLO: – Não há tamanha
beneficiados, no fim de poucos dias, levam para urgência na votação dêste projeto que, aliás, já
suas casas menos utilidades para suas famílias. deveria ter sido votado pois a Lei da Paridade foi
Esta prática tem sistemàticamente criado uma posta em vigor desde dezembro. Assim, já os
classe de princípios na administração pública em funcionários do Poder Executivo vêm sendo
detrimento dos párias cada vez mais sacrificados. beneficiados. Porque, não os funcionários do
Aproveito a oportunidade para mais uma Senado? Não há tanta pressa como parece a
vez, pedir a atenção do Senado para a necessidade V. Exa.
de agirmos em têrmos de Congresso, co- O SR. COIMBRA BUENO: – Não
reclamei quanto à pressa. Não estou tão pouco,
__________________ acusando V. Exa. ou quem quer que seja.
(*) – Não foi revisto pelo orador. Combato um sistema. V. Exa., há de convir co-
– 508 –

migo que muitas leis, votadas apressadamente, têm que vivemos tão perto, quase na mesma Casa.
trazido aborrecimentos não só ao Poder Executivo, Êste o sentido construtivo das minhas
palavras, no momento em que se discute matéria tão
mas também ao Poder Legislativo.
relevante. (Muito bem!).
O SR. CUNHA MELLO: – Nisto, estamos de O SR. PRESIDENTE: – Está encerrada a
acôrdo. discussão. Sôbre a Mesa requerimento de destaque.
O SR. COIMBRA BUENO: – Falo de modo É lido o seguinte:
geral. Sabe V. Exa. que leis importantes têm sido
REQUERIMENTO
votadas com precipitação, muitas delas na calada da
Nº 60, DE 1961
noite. V. Exa. mesmo tem participado de sessões
que se prolongam até uma ou duas horas da manhã, Nos têrmos do art. 310, letra b, do Regimento,
para que sejam ultimadas certas votações. O requeiro destaque, para rejeição, das seguintes
assunto, porém, é vasto, e quanto mais se o debate, palavras do art. 3º:
"...dos vencimentos..."
tanto mais ficamos confusos. Muitos apartes que Sala das Sessões, 8 de janeiro de 1961.
temos ouvido aqui – têm êste sentido – votaremos às Heribaldo Vieira. – Cunha Mello.
escuras! O SR. PRESIDENTE: – Na forma do
O SR. CUNHA MELLO: – Permite V. Exa. Regimento, a votação será secreta. A chamada será
feita do Sul para o Norte. (Pausa).
outro aparte?
Respondem à chamada e votam os Senhores
O SR. COIMBRA BUENO: – Pois não. Senadores:
O SR. CUNHA MELLO: – Termina, amanhã, Guido Mondim.
o prazo desta convocação especial do Congresso. Mem de Sá.
Não é de esperar vingue a idéia de uma Daniel Krieger.
Saulo Ramos.
convocação absurda, que anda no ar. Assim, Gaspar Velloso.
prevalecendo o bom-senso, o Senado só começará Alô Guimarães.
a funcionar novamente a 15 de março. Se o projeto Lopes da Costa.
não fôr hoje aprovado, seus funcionários esperarão Filinto Müller.
João Villasbôas.
até aquela data pelos benefícios da Lei da
Coimbra Bueno.
Paridade. Pedro Ludovico.
O SR. COIMBRA BUENO: – Minhas palavras, Nogueira da Gama.
neste momento, têm sentido construtivo. Devemos Benedito Valadares.
olhar o futuro, é função de Brasília. Venâncio Igrejas.
Gilberto Marinho.
Sr. Presidente, pretendo, com estas poucas Arlindo Rodrigues.
palavras, chamar a atenção dos meus nobres pares, Ary Vianna.
uma vez mais como o venho fazendo há tantos anos, Del Caro.
para a nescessidade de adotarmos medidas que, Heribaldo Vieira.
Lourival Fontes.
nos dêem um Funcionalismo do Congresso à altura,
Novaes Filho.
uma Biblioteca do Congresso instalações condizentes, Ruy Carneiro.
dignas do Congresso, principalmente agora Dix-Huit Rosado.
– 509 –

Sérgio Marinho. só ressalva, para irredutibilidade de vencimentos, os


Menezes Pimentel. magistrados.
Joaquim Parente. Só os magistrados não poderão nunca ter
Mathias Olympio. seus vencimentos reduzidos.
Mendonça Clark. Não discuto a justiça e nem quero discuti-lo,
Sebastião Archer. porque já confessei, de início, que não votarei êste
Victorino Freire. projeto por não ter conhecimento pleno de seus
Zacharias de Assumpção. têrmos. Mas, discuto a tese de direito.
Vivaldo Lima. Sòmente os magistrados têm vencimentos
Cunha Mello. irredutíveis.
Mourão Vieira. – (34) Há um princípio, corrente e aceito pela
O SR. PRESIDENTE: – Apuração registra 22 Jurisprudência do País, pelos seus mais altos
esferas brancas e 11 pretas. Tribunais, segundo o qual não há direito adquirido
O destaque está aprovado. Serão excluídas do contra o interêsse público, tese hoje já quase
projeto as expressões a que se refere o incontrovertida e que atende, indiscutìvelmente, aos
requerimento. superiores interêsses do País.
Em votação o Projeto. Tenho, sem cortejá-los, pelos funcionários
O SR. DANIEL KRIEGER (para encaminhar desta Casa, grande estima, porque eu sei quanto
a votação): – Sr. Presidente, Srs. Senadores, vou êles têm de dedicação pelo Senado da República.
me abster de votar êste projeto de resolução. Mas creio que o funcionário público do Senado
Não posso votar um projeto de que não tenha Federal é funcionário público do Senado Federal e
conhecimento pleno e cujos pareceres, das que Senador da República é Senador da República.
Comissões competentes, foram resumidos num E na hora das decisões, o Senador deve decidir, sem
"Nada a opor". atender afeições elevando o coração e decidindo
Trata-se de projeto que todos afirmam ter de acôrdo com sua consciência e o interêsse do
implicações de direito e que talvez até surjam País.
reivindicações no Judiciário. Já tenho, por inúmeras vêzes, sustentado
Tenho a impressão de que um projeto dessa desta Tribuna que não vejo altruísmo e nem
natureza deveria ser detida e acuradamente desprendimento em decidir com o erário, porque
examinado pela Comissão de Constituição e Justiça o erário, Sr. Presidente e Srs. Senadores, é
da Casa. formado pelo suor de todos os que trabalham no
Por outro lado, não me convenceram as País.
alegações de direito, sustentadas, no plenário, pelo É preciso, Sr. Presidente, Srs. Senadores, não
eminente Senador Heribaldo Vieira. apenas canalizar as recursos da Nação para o
Entendo, Sr. Presidente, que as relações entre funcionalismo público; precisamos, também, carreá-
funcionários e Estado não poderão ser disciplinadas lo para as obras inadiáveis de que tanto necessita o
pela introdução do Código Civil. Elas têm que ser País.
reguladas pelos Estatutos, porque é a forma jurídica Falo, Sr. Presidente, e o faço bem alto para
de relação existente entre funcionários e Estado. bem longe, porque falo do alto da minha consciência,
E se a isso não ficassem adstritas, para o fundo do meu coração.
ainda pairava, acima de tudo, a Constituição da Quero dizer que sempre votarei sem injunções
República, que é a Lei das Leis, a Suprema Lei, que no Senado da República, nem injunções de pedidos,
– 510 –

nem injunções do coração. Voto sempre na defesa Entendo, até que me convençam do contrário,
dos supremos interêsses do meu País. Deixo por que o Código Civil, na sua Lei de Introdução, traça
isso ressalvado, Sr. Presidente e Srs. Senadores, normas de ordem geral, para disciplinar tôdas as
que não voto êste projeto de resolução porque não o Relações de Direito, inclusive no campo do Direito
conheço. Creio que não posso votar um projeto que Administrativo, e que o Estatuto dos Funcionários
não conheço porque se assim proceder estarei Públicos e Civis da União não poderia chegar até aí,
faltando com os deveres da minha consciência. ou seja, determinar a vigência, modificação ou
(Muito bem! Muito bem!). derrogação de leis. Esta, é matéria de Direito Civil e
O SR. HERIBALDO VIEIRA: – Sr. Presidente, não, de Direito Administrativo. Não podemos ficar
peça a palavra, para encaminhar a votação. escravizados só ao Estatuto dos Funcionários
O SR. PRESIDENTE: – Para encaminhar a Públicos Civis da União para regularizar o assunto.
votação, tem a palavra o nobre Senador Heribaldo Continuo a defender meu ponto de vista, e
Vieira. dêle não me afastarei, porque não encontrei nas
O SR. HERIBALDO VIEIRA (para palavras do eminente colega e Vice-Líder do meu
encaminhar a votação) (*): – Sr. Presidente, da Partido algo que me convencesse do contrário.
mesma forma que o nobre Senador. Daniel Krieger, A falta de conhecimento do nobre
também não me animam outros propósitos, sempre representante do Rio Grande do Sul para votar a
que voto as proposições trazidas a Plenário, que não matéria é assunto de sua consciência, em que não
os meus deveres de consciência e os meus deveres posso penetrar. Pode S. Exa. não estar esclarecido e
para com a Pátria. se abster de votar. Está certo. Dizer, porém, que o
Sr. Presidente, quando encaminhei a votação modo como votamos está errado, porque o Código
do destaque não cometi a heresia jurídica de Civil não pode regular matéria em discussão; porque
sustentar que os vencimentos dos funcionários os funcionários do Senado podem ter reduzidos seus
públicos são irredutíveis, porque conheço muito bem vencimentos ou porque o direito adquirido cessa
a Constituição do País, que sòmente assim quando o interêsse público a êle se sobreleva, é que
considera os vencimentos dos magistrados. não posso aceitar.
Sustentei que a Lei de Introdução ao Código Tudo está certo, Sr. Presidente, mas não tem
Civil, no seu art. 2º veda que alterem as leis de aplicação ao caso, porque os vencimentos dos
vigência temporária, e que sendo a Resolução funcionários públicos são majorados em decorrência
número 1 uma lei de vigência temporária, não nos disto que, nós da União Democrática Nacional,
competia alterá-la, para modificar o cálculo das temos nos batido tão acerbamente neste Plenário –
diárias dos funcionários da Secretaria do Senado, da inflação do custo de vida, que aumentou
fazendo-o à base dos vencimentos e não dos valores espantosamente e os servidores do Estado não
como determina a citada resolução. podem absolutamente deixar de acompanhar essa
elevação com remuneração melhor.
__________________ Estaríamos em contradição nós da União
(*) – Não foi revisto pelo orador. Democrática Nacional...
– 511 –

O SR. DANIEL KRIEGER: – Permite V. Exa. O SR. MEM DE SÁ (para encaminhar a


um aparte? votação – (*): – Sr. Presidente, são poucas as
O SR. HERIBALDO VIEIRA: – Infelizmente, o palavras que vou dizer. Apenas quero declarar que
Regimento não me permite. Eu não aparteei Vossa também eu me vou abster de votar a Resolução ora
Excelência. em foco, por desconhecer o que nela se contém.
Dentro do regime de urgência que lhe foi
O SR. DANIEL KRIEGER: – Queria apenas
dispensada o Senado ignora o seu teor. A Mesa do
declarar que V. Exa. está distorcendo a questão. Não
Senado me merece imensa confiança e respeito,
discuto a legalidade do aumento, de que seja justo entretanto, sem ferir êsse respeito, sem lesar a
ou injusto; acho apenas que a tese não tem consideração que me merece, não vejo como
cabimento. aprovar ou rejeitar aquilo que desconheço.
O SR. HERIBALDO VIEIRA: – V. Exa. Esta a declaração que faço quanto ao mérito.
sustentou que o direito adquirido não prevalece A respeito do debate que agora se travou,
quando há um interêsse público. Quero dizer a V. parece-me que, êle já versa matéria vencida, porque
Exa. que não existe êsse interêsse público a foi, justamente, objeto da preliminar de destaque,
determinar que modifiquemos uma lei de vigência requerida pelo eminente Senador Heribaldo Vieira.
temporária, portanto irrevogável, imodificável. Não Aproveito, porém, o ensejo para dizer que
sufrago a tese do Senador Daniel Krieger; não vejo
existe êsse interêsse público.
como aplicar ao caso já vencido o dispositivo da
O interêsse público, determina justamente que
Introdução do Código Civil, que se refere a lei de
mantenhamos êsses níveis de vencimentos e os direito privado. E estamos em face de Lei de Direito
melhoremos inclusive, para atender o alto custo de Administrativo, de Direito Público. O funcionalismo
vida, para enfrentar essa inflação, sôbre a qual nós do Estado é regido pelo regime estatutário, e não
da Bancada Udenista tanto temos de batido. É pelo regime contratual.
preciso que os funcionários públicos acompanhem A tese de regime contratual é inteiramente
com meliares vencimentos êsse alto custo superada no Direito Administrativo, de modo que não
de vida. É isso o que reclama o interêsse público e vejo como aplicar os princípios de Direito Civil
não o contrário, como o Senador Daniel Krieger Privado ao caso do Estatuto do Funcionário Público
sustenta. Quanto ao mérito, disse e repito: darei número
Diante dêsses argumentos, Sr. Presidente, para que haja quorum, mas abstenho-me de votar.
quero afirmar desta tribuna que sustentei meus (Muito bem).
O SR. PRESIDENTE: – Vai-se proceder
pontos de vista de acôrdo com a minha consciência,
à votação do Projeto de Resolução. Os Srs.
sem interêsses subalternos, sem procurar agradar ao Senadores Daniel Krieger e Mem de Sá
funcionalismo desta Casa; sustentei um ponto de declararam que se absteriam de votar;
vista que me parece jurídico em defesa da
proposição, como o fiz inclusive, em presença da __________________
Comissão Diretora. (Muito bem). (*) – Não foi revisto pelo orador.
– 512 –

de acôrdo com o Regimento, S. Exas. dão número Há oradores inscritos.


para votação. Tem a palavra o nobre Senador Variância
A votação será secreta. A chamada será feita Igrejas.
do Norte para o Sul. (Pausa)
O Sr. Filinto Müller deixa a Presidência
Respondem à chamada e votam os Senhores
Senadores: assumindo-a o Sr. Novaes Filho.
Mourão Vieira. O SR. VENÂNCIO IGREJAS (*): – Sr.
Cunha Mello. Presidente, Srs. Senadores, venho à tribuna para
Sacharias de Assumpção. dizer do júbilo que sinto em assumir, hoje o alto
Victorino Freire. mandato de Senador da República.
Sebastião Archer. Há dois anos, a Convenção Regional da
Mendonça Clark.
Mathias Olympio. U.D.N. carioca, por unanimidade, escolheu-me
Joaquim Parente. candidato a suplente de Senador. Claro está que já
Menezes Pimentel. era uma grande honra, especialmente por se tratar
Sérgio Marinho. do antigo Distrito Federal; e ainda porque, mal
Dix-Huit Rosado. completara eu o mínimo constitucional de 35 anos
Ruy Carneiro. de idade. No entanto, a glória daquela indicação
Novaes Filho.
acima de tudo, residia na circunstância de que a
Lourival Fontes.
Heribaldo Vieira. U.D.N. carioca apontava-me como provável
Dei-Caro. substituto do eminente Senador Afonso Arinos, sem
Ary Vianna. dúvida uma das figuras exponenciais da vida
Arlindo Rodrigues. pública brasileira, no momento histórico em que
Gilberto Marinho. vivemos. Logo depois éramos eleitos, em pleito
Venâncio Igrejas.
memorável, na então capital da República, onde se
Benedito Valadares.
Nogueira da Gama. verificou, não apenas a vitória do melhor candidato,
Pedro Ludovico. no caso o Senador Afonso Arinos, mas a vitória de
Coimbra Bueno. uma mentalidade que era, por assim dizer, o
João Villasbôas. prenúncio da vitória que, dois anos depois,
Filinto Muller alcançaria o Sr. Jânio Quadros, para Presidente
Lopes da Costa da República.
Alô Guimarães.
Gaspar Venoso. Ressalto, nesta oportunidade, circunstância de
Saulo Ramos. que sou o primeiro Senador carioca que assume o
Guido Mondam. – (31) mandato, como Bailado fora da cidade do Rio de
O SR. PRESIDENTE: – Abstiveram-se de Janeiro, por tanto tempo sede do Govêrno central do
votar os Srs. Senadores Daniel Krieger e Mem de Brasil.
Sá, que responderam à chamada, para efeito de Nós, cariocas, desejamos o progresso sempre
quorum, na forma regimental.
crescente de Brasília, apesar de sentirmos o
Concluída a votação da matéria. O projeto vai
à Comissão Diretora para a Redação Final. abandono em que o Govêrno Federal deixou a
O Projeto de Resolução está aprovado.
Vai à Comissão Diretora para Redação Final. __________________
Está esgotada a matéria da Ordem do Dia. (*) – Não foi revisto pelo orador.
– 513

cidade do Rio de Janeiro, atormentada por tantos por ter servido, durante muito tempo, como guia, e
problemas, numa espécie de fuga apressada para o orientador espiritual e cultural de V. Exa. Não falo em
Planalto Central. nome de Partidos, mas por todo o Amazonas e pela
Aqui estou, Srs. Senadores, num momento de geração a que V. Exa. pertence.
graves responsabilidades para o recém-criado Estado O SR. VENÂNCIO IGREJAS: – Agradeço as
da Guanabara, que passo a representar. Quis o generosas palavras do nobre Senador Mourão Vieira
destino que o Govêrno ardo Quadros levasse Afonso e declaro que a emoção é recíproca.
Arinos para dar aos País um grande Ministro, mas Quando muito môço, voltava eu ao Rio de
fazendo o Senado perder por algum tempo, um Janeiro, dirigia V. Exa. um pensionato acadêmico de
grande Senador, e me delegasse a responsabilidade jovens do Amazonas. Naquela oportunidade tive em
das responsabilidades, a de assumir temporàriamente V. Exa. um grande amparo. Se alguma vitória existe
uma cadeira nesta Casa que espero não por muito no assumir êste mandato, em grande parte essa
tempo, para o Senado, mas que gostaria pelo tempo vitória é do Senador aparteante.
todo do mandato presidencial para o bem da O SR. MOURÃO VIEIRA: – Exagero de Vossa
República. E a responsabilidade das Excelência.
responsabilidades, dizia eu, Sr. Presidente e Srs. O SR. VENÂNCIO IGREJAS: – Nascido no
Senadores, é a de vir ocupar o lugar do eminente Rio de Janeiro, passei minha Infância na cidade de
Afonso Arinos longe de pretender substitui-lo. Manaus, então chamada Cidade Jardins. Naquele
Agradeço, a confiança que recebi dos meus Estado, nasceu e morreu minha mãe, que era
companheiros da U.D.N. carioca e do eleitorado da amazonense e na cidade de Manaus, vive meu velho
Guanabara e, ao mesmo passo, espero, que no pai cercado da bondosa estima de seus
Senado passa sempre merecer a simpatia dos meus concidadãos. Agradeço o aparte que realmente
eminentes pares. muito me emocionou.
O SR. MOURÃO VIEIRA: – Dá V. Exa. licença Desejo, Sr. Presidente e Srs. Senadores, não
para um aparte? apenas manifestar minha gratidão pela recepção e
O SR. VENÂNCIO IGREJAS: – Com muito acolhida que; recebido Vice-Presidente desta Casa,
prazer. o Senador Filinto Muller, como do 1º Secretário,
O SR. MOURÃO VIEIRA: – Sinto-me no dever Senador Cunha Mello, dos funcionários em geral e
de trazer a palavra do Amazonas, no instante em também dos meus nobres colegas.
que V. Exa. assume a cadeira de Senador da Mais que um agradecimento, quero manifestar
República, e é com emoção que o faço. Filho a minha impressão, acostumado que estou às duras
do ex-Distrito Federal, é no entanto um amazônico lides da política. Foi uma espécie de prêmio a
perfeito; de lá vêm suas raízes, de uma das famílias acolhida que tive nesta Casa. Conhecia a fama de
tradicionais do extremo norte. Felicito o Estado da fidalguia do Senado da República, mas sou forçado a
Guanabara por ter conferido a uma personalidade da dizer que ultrapassou a minha expectativa, pois,
altitude de V. Exa. a sua representação nesta desde que cheguei a Brasília, graças ao Senado,
Casa do Congresso, e ao Amazonas, não, tive problema de qualquer natureza.
– 514 –

O SR. JOAQUIM PARENTE: – Permite V. ciar aos justos elogios de tantos Senadores a
Exa. um aparte? atuação do eminente 1º Secretário desta Casa, o
O SR. VENÂNCIO IGREJAS: – Com muito nobre Senador Cunha Mello.
prazer. Senhor Presidente, quero externar também a
O SR. JOAQUIM PARENTE: – Nobre minha satisfação pela feliz coincidência de assumir o
Senador, conhecendo Vossa Excelência, de muito mandato de Senador no momento em que o fazia o
tempo e podendo mesmo dizer que se trata de um suplente do eminente Senador Fernando Corrêa,
amigo pessoal... atual Governador do Estado de Mato Grosso, em
O SR. VENÂNCIO IGREJAS: – com o que.. quem sempre vi uma das figuras exponenciais do
muito me honro. meu Partido.
O SR. JOAQUIM PARENTE: – ...é uma Por outro lado, quero ainda ressaltar ser para
satisfação muito grande, não só para mim, mas para mim uma honra assumir o mandato sob a Liderança
tôda a Bancada da. União Democrática Nacional, do nobre Senador João Villasbôas.
vermos o nosso prezado correligionário substituir o Aqui estarei seguindo a orientação do Govêrno
nobre Senador Afonso Arinos, que por indicação do Jânio Quadros, que inicia uma nova era de confiança
Senhor Presidente da República, foi chamado a popular e abre novos horizontes à nacionalidade, O
prestar seus serviços à frente da Pasta das Relações Presidente Jânio Quadros, embora não fôsse
Exteriores. Estou certo de que Vossa Excelência propriamente um membro da União Democrática
exercerá nesta Casa o seu mandato com o mesmo Nacional, encarna o conjunto de virtudes que fazem
brilho que sempre prestou às suas iniciativas no o meu Partido respeitado por tôda a Nação brasileira.
antigo Distrito Federal. Senhor Presidente, acredito, como udenista, que
O SR. VENÂNCIO IGREJAS: – Muito acima de tudo, devemos considerar como objetivo do
obrigado a Vossa Excelência. Estado a felicidade da pessoa humana. Só entendo
O SR. CUNHA MELLO: – Permite Vossa desenvolvimento quando êste vem precisamente em
Excelência um aparte? benefício do homem – a grande meta de todos os
O SR. VENÂNCIO IGREJAS: – Com muito governos. Por isso mesmo, entendo só ser, possível
prazer. uma revolução pela educação, e neste ponto repito
O SR. CUNHA MELLO: – Cumpri meu dever principio que consta do programa da UDN. Jamais
de 1º Secretário ao acolher Vossa Excelência da consideramos o Brasil um País subdesenvolvido e, sim,
maneira por que o fiz. Outros laços porém, prendem- um País atrasado. Precisa, portanto, desenvolver-se
me ao nobre orador – as velhas relações, que tendo como base a educação.
mantenho com a sua família, constituída de pessoas Sr. Presidente, neste momento, num rápido
as mais dignas, as mais queridas e estimadas da esbôço programático, desejo fazer conhecidos os meus
sociedade de Manaus. pensamentos e os meus sentimentos aos nobres
O SR. VENÂNCIO IGREJAS: – Muito colegas da Câmara Alta. Tudo farei em prol da
obrigado a Vossa Excelência. De qualquer modo, justiça social, pois entendo que não é, favor amparar
embora chegado hoje a esta Casa, desejo asso- os trabalhadores, base do verdadeiro desenvol-
– 515 –

ente econômico de uma grande Nação. alguma razão quando se diz que é preciso, acima de
Já é tempo de fazermos que a previdência tudo, ter petróleo e não, ter a Petrobrás. Em
social sirva aos trabalhadores e que ninguém se matéria de petróleo, porém, Senhor Presidente e
sirva, nem da previdência social, nem dos Senhores Senadores, é preferível não tenhamos,
trabalhadores, muitas vêzes usados apenas como desde logo, o petróleo explorado, mas que, não
instrumento de base para a demagogia. afastemos de nosso pensamento a idéia de que,
Entendo, assim, que os trabalhadores devem mais cedo ou mais tarde, esta Nação poderá
ser atendidos por todos os Partidos, e a União enriquece-se e tornar-se respeitável potência
Democrática Nacional cabe a responsabilidade de mundial quando nós – por nós mesmos –
lutar a fim de que haja autêntica previdência social explorarmos o nosso petróleo.
neste País. Portanto, se houver algum espírito prático em,
Por outro lado, é hora de se fazer com que a desde logo, se procurar, pela iniciativa privada e pelo
Reforma Agrária não seja apenas um item nos capital estrangeiro, obter petróleo, a matéria é tão
programas de todos os Partidos e na plataforma relevante que é bom sacrificarmos a ela a nossa
eleitoral de todos os candidatos, mas, realmente, geração pelas gerações que se vão seguir.
assunto sério, objeto de nossas cogitações no Ante o comunismo, Sr. Presidente, precisamos
interesse de, paulatinamente, reformarmos a adotar sempre atitude enérgica e corajosa. Não me
estrutura do campo e darmos aos lavradores o parece aconselhável, porém, pendermos para o
amparo de que precisam. extremo oposto do reacionarismo e por isso mesmo
Não sou inteiramente favorável ao estatismo, deve o Brasil manter relações com os países da
nem simpático, exclusivamente, à iniciativa privada. Cortina de Ferro, especialmente com a União das
Entendo que, no Brasil, país nôvo, em franco Repúblicas Socialistas Soviéticas. Não é possível
progresso devemos assumir uma atitude pragmática, ignorarmos a metade do mundo.
nos setores das atividades econômicas O estatismo Reconheço razão àqueles que vêem perigo
é necessário e é indispensável, mas não podemos nessas relações. Uma Nação como o Brasil, porém,
adotá-lo exclusivamente e abandonar, neste grande que aspira ser uma potência mundial, deve enfrentar
Pais, a iniciativa privada. êsse perigo. Nossa atitude, pois não deve ser evitar
Senhor Presidente, na minha compreensão, nos as relações diplomáticas e comerciais, para evitar o
tempos modernos, é preciso que o Estado não perigo, mas combater êsse perigo, e armarmo-nos
considere a Indústria e o Comércio dentro daquela contra êle.
concepção antiga e superada de simples fontes da No que tange, Sr. Presidente, à política
cobrança de impostos, mas que, haja íntimo, e estreito interna, faz-se, de fato, necessária e urgente
entendimento; também a Indústria e o Comércio não uma reorganização administrativa. Procuremos
vejam no povo apenas a fonte de seus lucros. por todos os meios, combater essa burocracia
Dentro dessa tese quero dizer aqui, fiel ao que, cada vez mais, em moldes arcaicos dificulta
programa do meu Partido, e leal ao meu curto o progresso da Nação brasileira. É preciso
passado político, que considero a Petrobrás dar ao funcionalismo público autoridade para quê êle
intocável. Realmente, pode haver possa ter responsabilidade. E mister criar no
– 516 –

funcionalismo público o regime de mérito, a fim de sileira deve ser fortalecida, e é o Senado,
que os funcionários possam ser respeitados. exatamente, o órgão depositário da Federação. Em
Sr. Presidente, já é tempo, e o digo desde a nosso sistema constitucional, representa êle os
primeira vez em que ocupo a tribuna do Senado, de Estados, e nós, Senadores, devemos sempre
fazermos a reforma em profundidade de tôda a procurar defender a autonomia dos Estados e o
legislação. Sou advogado militante do Fôro do Rio de fortalecimento da Federação brasileira.
Janeiro e a cada passo, com tristeza me convenço Por outro lado, não apenas porque seja matéria
de que o povo está sendo prejudicado; a Justiça é programática da União Democrática Nacional, mas por
contrária ao seu ideal cada vez é mais lenta e mais convicção própria, entendo que a salvação do nosso
cara. Há, portanto, que atualizar tôda a legislação. País está no regime parlamentarista.
O Código do Comércio data da metade do O meu Partido, Sr. Presidente, Srs.
século passado, e ainda que esteja praticamente Senadores, nasceu na luta contra a ditadura,
todo emendado está de fato caduco, suas normas defendendo o prestígio das Casas legislativas que
entravam o comércio no Brasil. Sobretudo no campo então desejava, até mesmo pela revolução, ver
do Direito Processual, devemos fazer a reforma, a reabertas. Talvez essa tendência fêz com que a linha
fim de que o povo não tema ir à Justiça, mas sim que mestra da União Democrática Nacional seja,
a procure para ter solução rápida e barata dos seus parlamentarista. Assim, não apenas como udenista,
problemas. Esta a melhor maneira para têmos uma mas por convicção que vem desde os bancos
Justiça forte e prestigiada, e, num regime acadêmicos, entendo que a forma de govêrno mais
democrático êste é o ideal, pois só se pode falar em útil para o Brasil, é o Parlamentarismo.
Democracia quando realmente o Estado tem uma Na política exterior, entendo que o
Justiça prestigiada e forte. pensamento da União Democrática Nacional,
Devemos igualmente prestigiar todos os coincidente com o meu, está muito bem expresso na
órgãos da defesa nacional. As tradições heróicas e entrevista excepcional que, há dias, concedeu, no
liberais das nossas Classes Armadas as tornaram Itamarati, aquêle a quem tenho a honra de, hoje,
merecedoras de tôda a atenção dos legisladores, aqui substituir o ilustre Ministro Afonso Arinos de
dando-se-lhes todo preparo técnico, tôdas as, Mello Franco – porque, realmente, o Brasil precisa
condições da técnica moderna, para que cumpram assumir uma posição de liderança.
suas elevadas finalidades. O Brasil dispõe de todas as condições para
Sr. Presidente, Srs. Senadores, neste rápido assumir essa posição, porque é um País sem
esbôço programático, como que me defino, e pediria preconceitos, porque é um País nôvo, que
desculpas aos nobres colegas por alongar-me um conquistou destaque no concêrto das Nações pelo
pouco neste final de sessão. Para dizer, no mesmo seu espírito de liberdade e de Paz.
dia em que chego a esta Casa, quem sou, e que lhes Que o Brasil passe a liderar todos os
abro o coração: sou eminentemente municipalista e movimentos de independência e de autonomia dos
entendo que o Município deve ser não apenas a povos especialmente dos povos africanos que
base política, mas, e acima de tudo a base sacodem, agora, o jugo do imperialismo e do
econômica do País. Entendo que a Federação Bra- colonialismo!
– 517 –

Sr. Presidente mais do que nunca, acho que o naquelas circunstâncias, parecia boa ou pelo menos
Brasil deve manter uma posição de estreita amizade era uma espécie de tábua de salvação, mas que,
com o nosso grande vizinho do Norte, os Estados agora, estamos vendo, acarreta graves problemas,
Unidos, a cuja Influência devemos a nossa inclusive êste que dificulta a vida do Estado da
independência política e o seu reconhecimento Guanabara.
oportuno perante tôdas as Nações. O caso está entregue à Justiça.
Julgo, porém, que devemos ter, perante os E, no momento furto-me tratar do mérito da
Estados Unidos sempre, uma posição de questão, porque voltarei a êste ponto o mais cedo
independência, que seja aquela que deve existir.não possível; mas quero dizer, como Senador carioca,
é claro, entre senhor e escravo, mas, sim, entre que aguardo da Justiça do País aquilo que o povo da
verdadeiros irmãos. minha terra aguarda – uma solução capaz de
Por outro lado, Sr. Presidente e nobres implantar definititivamente a ordem jurídica naquele
colegas, desejava eu ressaltar a situação critica que Estado e dar ao seu angustiado povo, que tanto tem
vive o Estado que venho representar nesta Casa. sofrido, a tranqüilidade e a segurança de que
Por motivos políticos já de sobra conhecidos, a necessita.
verdade é que houve a transferência da Capital para Quase todos, os Senadores têm vivido, nos
Brasília sem que tivesse havido uma justa preparação últimos dias, o drama do Rio de Janeiro, e percebem
para aquela cidade ,de tanta dedicação e de tantos que o povo carioca está desinteressado de
sacrifícios, a Cidade Maravilhosa o Rio de Janeiro, que questiúnculas políticas, às voltas com seus velhos e
não é apenas dos cariocas mas de todos os brasileiros, aflitos problemas. Vê, pela primeira vez, um Governo
que é assim como a síntese da nacionalidade dentro que representa o seu voto; um Govêrno com
das magníficas belezas da Guanabara. autonomia; sente que realmente passa a governar a
Criou-se um nôvo Estado. sua terra. O que o povo carioca de fato, deseja é ver
Mas os problemas do Rio de Janeiro são realizada a obra administrativa do nôvo Govêrno,
velhos e ficaram agravados com a mudança pois o candidato Carlos Lacerda surpreendeu-o,
precipitada da Capital da República. quando apresentou uma plantaforma de Govêrno
Ainda quando anteontem saía da cidade do realmente capaz de marcar época, de fazer histórica
Rio de Janeiro estávamos todos nós com a aflição de a campanha com que afinal o povo, exatamente. por
um problema que hoje é do conhecimento de tôda a isso, o levou ao Poder.
Nação: a dualidade de Assembléia. Temos um Governador jovem, desejoso de
Isso resultou, acima de tudo porque – embora realizar essa obra administrativa e, o que esperamos
alguns parlamentares, insignes Senadores tivessem neste momento é que a Justiça, afinal, encontre a
em tempo apresentado projetos e que antes tinham solução almejada pela população da Guanabara, que
sentido de emendas constitucionais para amparar o elegeu para a assembléia Constituinte e
velho Distrito Federal – a intenção política de fazer a Legislativa, na sua maioria, homens eminentemente
Intervenção no Distrito Federal, pelas fôrças representativos da cultura da mais nova
dominantes, com a mudança da Capital da República, Unidade da Federação Ê preciso que êsse povo
fêz com que, afinal, fosse aprovada uma lei, que, comece a sentir a solução dos seus problemas e não
– 518 –

a assistir à discussão estéril de questiúnculas foi investido nas altas funções de Secretário de
políticas. Imprensa da Presidência da República, o jornalista
Confio, como o povo carioca, em que a Justiça Carlos Castello Branco.
do nosso País, dê tranqüilidade ao Estado da Não quero deixar passar a oportunidade sem
Guanabara, a fim de que se realize a grande obra registrar aqui o meu aplauso pela merecida indicação
administrativa pretendida pelo seu Govêrno.
que fêz S. Exa. o Presidente Jânio Quadros, daquele
Concluo, Sr. Presidente, dizendo da confiança
brilhante jornalista para exercer tão importante
que deposito nos destinos do País Sinto realmente
que o Brasil se prepara para uma nova era. Sinto, missão.
por isso mesmo, quão glorioso é vir nesta O SR. VENÂNCIO IGREJAS: – Muito bem.
oportunidade para o Senado, de tão grandes O SR. JOAQUIM PARENTE: – O Sr Carlos
tradições. Ressalto não com vaidade, mas que me Castello Branco é conhecido por todos os Srs.
agrada ser um dos mais jovens Senadores, porque Senadores. Exercendo a sua profissão há longos
assim terei o direito de pedir a todos os meus Pares, anos, goza de elevado conceito junto aos seus
sempre que necessário, o conselho tão útil dos mais colegas e também junto à sociedade.
experimentados, já que não tenho acanhamento nem O SR. VICTORINO FREIRE: – Permite V. Exa.
constrangimento de pedir conselhos aos mais um aparte?
experimentados, porque acanhamento e
O SR. JOAQUIM PARENTE: – pois não.
constrangimento sempre tive de errar.
O SR. VICTORINO FREIRE: – V. Exa.
Aqui estou para tentar acertar. Aqui estou
para, sem ódios, extremismos e jacobinismos, tudo pode registrar no seu discurso as congratulações
fazer em prol não apenas da solução dos problemas do meu Partido pela escolha do jornalista
do povo brasileiro mas e acima de tudo para socorrer Carlos Castello Branco, que é um grande homem
o Estado da Guanabara. de imprensa.
Concluo minhas palavras num apêlo de O SR. VENÂNCIO IGREJAS: – Permite o
cooperação, recordando aos ilustres Senadores que nobre orador um aparte?
o Rio de Janeiro não pertence Cinicamente ao O SR. JOAQUIM PARENTE: – Com
carioca que está em minoria, na sua população, e satisfação.
assim é e será sempre o justo orgulho de todos os O SR. VENÂNCIO IGREJAS: – Peço
brasileiros. (Muito bem; muito bem! Palmas. O orador permissão também, para levar minha solidariedade
é cumprimentado). pessoal ás palavras de V. Exa. Conheço o
O SR. PRESIDENTE: – Tem a palavra o nobre
jornalista Castelo Branco – aliás meu colega de
Senador Joaquim Parente.
O SR. JOAQUIM PARENTE (*): – Senhor profissão, pois, também sou jornalista. Realmente,
Presidente Senhores Senadores, chegou muito ganha o Govêrno do Sr. Jânio Quadros
hoje ao meu conhecimento que com colaboração dêsse profissional e excelente
escritor.
__________________ O SR. NOGUEIRA DA GAMA: – Permite V.
(*) – Não foi revisto pelo orador. Exa. um aparte?
– 519 –

O SR. JOAQUIM PARENTE: – Com prazer. prestou: aos assuntes que lhe foram confiados como
O SR. NOGUEIRA DA GAMA: – jornalista e como escritor. (Muito bem!).
Representando no Senado o povo de Minas Gerais é O SR. PRESIDENTE: – Tem a palavra o nobre
com prazer que aparteio V. Exa. para dar meu Senador Victorino Freire.
testemunho relativamente é escolha feita pelo Sr. O SR. VICTORINO FREIRE (*): – Senhor
Presidente da República, do jornalista Castello Presidente, rolevem Vossa Excelência e o Senado
Branco para Secretário da Imprensa do Palácio que volte a esta tribuna para comentar declarações
Presidencial Trata-se de uma figura que deixou na feitas à Imprensa pelos asilados portuguêres o
Imprensa de Belo Horizonte as mais brilhantes General Humberto Delgado e, já agora o Capitão
Henrique Galvão, rebelde do "Santa Maria".
tradições. O Sr. Castello Branco atuou ativamente no
Dizem êles nos jornais de hoje – e tenho aqui
Jornalismo mineiro e marcou a sua passagem com
a "última Hora" – que São Paulo será agora o.
um rastilho luminoso em Minas Gerais, sendo citado
quartel-general da revolução lusa.
como exemplo de um dos mais fulgurantes Ainda ontem, Sr. Presidente, o jornalista
jornalistas. Austregésilo de Atayde, comentando casos de
O SR. BENEDITO VALADARES: – Permite o asilamento, dizia que ao desembarcar em Lisboa
nobre orador? com inúmeros brasileiros, recebera do Govêrno
O SR. JOAQUIM PARENTE: – Com Português, a advertência para que não tratasse de
satisfação. assuntos políticos, durante o exllio em Portugal.
O SR. BENEDITO VALADARES: – Faço Todos cumpriram a promessa.
minhas as palavras do Senador Nogueira da Gama. Não é possível, Sr. Presidente, continuar o
Inteligente e arguto, o jornalista Castello Branco por General Humberto Delgado fazendo do Brasil base
certo desempenhará com brilho o alto cargo para o de operações subversivas contra o Govêrno
qual foi designado. Português. Temos um Embaixador credenciado junto
O SR. JOAQUIM PARENTE: – Sr. Presidente, àquele Govêrno e não pode, em absoluto, interessar
é com satisfação que incorporo ao meu discurso os ao Brasil o ruído demagógico e subversivo do asilado
apartes dos eminentes Senadores Victorino Freire, português, tão insensato e irresponsável quanto o
Venâncio Igrejas, Nogueira da Gama e Benedito nosso antigo Embaixador em Lisboa.
Espero que o Presidente Jânio Quadros, a
Valadares, ficando assim constatado que o meu
quem não nego um grande sentido de autoridade,
aplauso pela escolha do Sr. Castello Branco é
determinará providências para que não continue
acompanhado posso dizer, pela unanimidade dos essa área de atritos, provocados pelo General
representantes nesta Casa. Humberto Delgado, procurando jogar o Brasil
Reitero as minhas congratulações com o contra o regime português. Já afirmei, desta
Presidente Jânio Quadros por tão feliz indicação e tribuna, que se o regime português é bom ou mal,
faço votos sinceros ao jornalista Castello Branco
para que à frente da Secretaria de Imprensa __________________
lhe empreste o mesmo brilho que sempre em (*) – Não foi revisto pelo orador.
– 520 –

cabe aos portuguêses julgá-lo. O General Delgado, da Bahia, de Pernambuco e 90% da Colônia em
Sr. Presidente, não tem qualquer parcela de outros Estados é igualmente solidária. O regime é
autoridade moral ou política para atacar o regime do bom, é ruim? Não discuto, Sr. Presidente. Os
qual se constituiu um dos mais duros servidores e portuguêses que resolvam o seu destino. Não cabe
dos maiores protegidos do Ministro Oliveira Salazar, ao Brasil acumpliciar-se, deixando que o General
que o elevou de Major a Brigadeiro do Ar. Em uma Humberto Delgado transgrida ás leis do asilo
visita: feita à Espanha, pronunciou êle um discurso diplomático, concedido pela generosidade do Brasil.
em que manifestava o desejo de ver o povo Dá S. Exa. entrevistas, declarando que possui os
português fazendo a saudação fascista. planos da revolução prontos, e que o Capitão Gaivão
Adido Militar e Aeronáutico nos Estados seguiu apenas sua orientação; que recebe
Unidos, Membro Representante da Ditadura telegramas cifrados de Lisboa, sôbre a sublevação
Portuguêsa na OTAN, Adido na Turquia e membro contra o regime português. Tôda essa atitude, Sr.
de várias comissões no estrangeiro, O General Presidente, compromete a posição do Brasil e as
Humberto Delgado até 1958 era o Diretor da relações fraternas que sempre tivemos com Portugal.
Aeronáutica Civil de Portugal e pessoa da mais Neto e genro de portuguêses, serei fiel às
absoluta confiança do Ministro Salazar. Hoje, declara minhas origens, desejando que as relações fraternas
êle que quer salvar o País da Ditadura que durante existentes entre o Brasil e Portugal não se
vinte e oito anos contara com seu absoluto e integral estremeçam. Que o General Delgado, vá fazer
apoio. revolução na Angola, em Loanda, onde quiser, e não
Quando da sucessão presidencial, desejou êle no Brasil, escorado no prestígio e bom nome, do
ser candidato: vetado pelo Sr. Oliveira Salazar, surgiu nosso País. Muito se fala na bravura do Capitão
então a desavença. Os fatos hoje comprovam que não Galvão por haver apresado um navio mercante,
tinha êle qualidade sequer para Vereador, quanto mais cheio de passageiros, trazendo intranqüilidade,
para Presidente da República Português. aflição e angústia aos que lá estavam; entretanto.
Aqui estou, Sr. Presidente, a serviço de uma nada se diz a respeito do pilôto que, defendendo o
convicção honesta. Não me intimidam ataques e seu pôsto, morreu no cumprimento do seu dever. A
injúrias dos que combatem o regime português. Não êste, sim, deixo uma palavra de admiração e de
o defendo; faço defesa é da neutralidade absoluta do pesar por haver sucumbido defendendo o seu navio.
Brasil, que. sempre adotou o princípio, do qual não Afirma-se que se trata de uma campanha da
podemos nos afastar, da não intervenção nos imprensa contra o Capitão Galvão. Pergunto: quem
negócios políticos peculiares a outros países, nem aprisionou o Santa Maria? Foram os portuguêses? A
tampouco permitir que reja São Paulo, Pernambuco, maioria dos rebeldes era composta de
Rio de Janeiro ou qualquer outro Estado do Brasil Venezuelanos, Espanhóis que, aliados ao General
quartel-general da revolução contra o regime Delgado e o Capitão Galvão, tentaram derrubar o
português. A Colônia Portuguêsa do meu regime português a bordo de um navio mercante.
Estado é unânime a favor do Sr. Oliveira Salazar, Considero a atitude do General Delgado, um
nada teme do regime português Do Rio de Janeiro, movimento carnavalesco. Estamos na proximidade do
– 521 –

carnaval. É sem dúvida um bloco carnavalesco que A Comissão Diretora apresenta nos seguintes
se quer organizar fazendo do Brasil o seu barracão. têrmos a Redação Final do projeto acima referido:
Não deixarei, Sr. Presidente, de criticar
severamente a atitude do asilado português no RESOLUÇÃO
nosso País, atitude esta que só tem trazido Nº
aborrecimentos e contrariedades ao Govêrno, que de
O Senado Federal resolve:
vez em quando se vê a braços com incidentes Art. 1º A tabela de retribuição dos cargos que
criados pelo General Delgado. integram o quadro da Secretaria do Senado Federal
Daqui faço um apêlo ao Sr. Chanceler Afonso passa a vigorar, nos têrmos da Lei nº 3.826, de 1960
Arinos ilustre Sr. Ministro das Relações Exteriores, e (Lei de Paridade), de acôrdo com os valores da
também ao Sr. Ministro da Justiça pois não sei a seguinte tabela:
quem está afeta a questão.
As publicações que tenho lido na Imprensa, PL-1............................................... Cr$ 63.000,00
ora fazem menção ao Ministro das Relações PL-2............................................... Cr$ 58.000,00
Exteriores, ora referem-se ao Ministro da Justiça e PL-3............................................... Cr$ 54.000,00
PL-4............................................... Cr$ 50.000,00
Negócios Interiores.
PL-6............................................... Cr$ 44.000,00
Por isso, Sr. Presidente dirijo-me a ambos e, PL-7............................................... Cr$ 41.000,00
sobretudo, ao Sr. Presidente da República. Que Sua PL-8............................................... Cr$ 36.000,00
Excelência discipline a questão e determine a quem PL-9............................................... Cr$ 33.000,00
cabe tratar do assunto, a fim de pôr freios à conduta PL-10............................................. Cr$ 30.000,00
do General Humberto Delgado, levando-o a respeitar PL-11............................................. Cr$ 27.000,00
as leis de asilo diplomático. PL-13............................................. Cr$ 23.000,00
Não interessa, em absoluto, ao Brasil, ao seu
Govêrno ou ao povo brasileiro esteja o General § 1º São fixados em Cr$ 70.000,00 (setenta
Humberto Delgado a fazer o nosso País de base mil cruzeiros) os vencimentos do Diretor-Geral da
Secretaria e do Secretário-Geral da Presidência do
para movimentos subversivos contra o regime
Senado Federal e em Cr$ 65.000,00 os dos
português. (Muito bem; Muito bem!). Diretores de Divisão.
O SR. PRESIDENTE: – Sôbre a mesa § 2º O disposto neste artigo vigora a partir de
Redação Final de matéria em regime de urgência, 1º de dezembro de 1960.
que vai ser lida pelo Sr. 1º Secretário. Art. 2º O salário-família passa a ser concedido
É lida a seguinte: Redação Final. na razão de Cr$ 1.000,00 (hum mil cruzeiros) para
cada um dos dois primeiros dependentes e Cr$
PARECER 1.200,00 (hum mil e duzentos cruzeiros) do terceiro
Nº 65, DE 1961 em diante.
Art. 3º O cálculo das diárias de que trata a
Resolução nº 9, de 1960 será feito à base dos
Da Comissão Diretora, apresentando a
valores anteriores aos estabelecidos nesta
Redação Final ao Projeto de Resolução nº 2, de resolução.
1961, que dispõe Sôbre a extensão do aumento Art. 4º As vantagens financeiras decorrentes
concedido pela Lei número 3.826, de 1960 aos desta resolução aplicam-se aos inativos do Senado
servidores ativos e inativos do Senado Federal. Federal.
– 522 –

Art. 5º Revoga-se a disposição constante do do Estado do Paraná (redação oferecida pela


artigo 373 da Resolução número 6, de 1960. Comissão de Redação em seu Parecer nº 60).
Art. 6º Esta resolução entrará em vigor na data 2 – Discussão única da Redação Final do
de sua publicação, revogadas as disposições em
Projeto de Resolução nº 58, de 1960, que suspende
contrário.
Sala da Comissão Diretora, em 8 de fevereiro a execução do número XIX do art. 34 e do art. 104
de 1961. – Filinto Müller. – Cunha Mello. – Novaes da Constituição do Estado do Ceará (redação
Filho. – Mathias Olympio – Heribaldo Vieira. oferecida pela Comissão de Redação em seu
O SR. PRESIDENTE: – A matéria está em Parecer nº 61, de 1961).
regime de urgência. 3 – Discussão única da Redação Final do
Em discussão a Redação Final.
Não havendo quem faça uso da palavra, Projeto de Resolução nº 60, de 1960, que suspende
encerro a discussão. a execução da letra d do art. 2º do Decreto nº 457,
Em votação a Redação Final, queiram de 22 de janeiro de 1950, do Estado de Pernambuco
permanecer sentados aquêles que a aprovam. (redação oferecida pela Comissão de Redação em
(Pausa). seu Parecer nº 58, de 1961).
Aprovada.
4 – Discussão única da Redação Final do
Vai à promulgação.
Nada mais havendo que tratar, vou encerrar a Projeto de Resolução nº 61, de 1960, que suspende
sessão. Designo para a de amanhã a seguinte: a execução da Lei nº 1.027, de 11 de dezembro de
1953, do Estado do Rio Grande do Norte (redação
ORDEM DO DIA oferecida pela Comissão de Redação em seu
Parecer número 59, de 1961).
1 – Discussão única da Redação
Final do Projeto de Resolução nº 48, de 1960, Está encerrada a sessão.
que suspende a execução do artigo 57, nº III, Levanta-se a sessão às 18 horas e 15
da Lei nº 64, de 21 de fevereiro de 1948, minutos.
30ª SESSÃO DA 2ª SESSÃO LEGISLATIVA, EXTRAORDINÁRIA, DA 4ª LEGISLATURA, EM 9 DE
FEVEREIRO DE 1961

PRESIDÊNCIA DO SENHOR FILINTO MÜLLER

Às 14 horas e 30 minutos, acham-se O Sr. Cunha Mello, 1º Secretário, lê o


presentes os Srs. Senadores: seguinte:
Mourão Vieira.
Cunha Mello. EXPEDIENTE
Vivaldo Lima.
Sebastião Archer.
Aviso
Mendonça Clark.
Mathias Olympio.
Joaquim Parente. Nº 145, de 31 de janeiro, do Sr. Ministro da
Menezes Pimentel. Marinha, comunicando haver o Capitão de Fragata
Sérgio Marinho. Telmo Becker Reifschneider deixado de representar
Ruy Carneiro. aquêle Ministério junto ao Senado.
Novaes Filho.
Lourival Fontes. Ofício
Heribaldo Vieira.
Del-Caro. Nº 96, de 10 de janeiro, do Presidente do
Ary Vianna. Tribunal de Contas, comunicando haver aquêle
Jefferson de Aguiar.
Tribunal registrado verba orçamentária destinada ao
Venâncio Igrejas.
Benedito Valadares. Senado.
Nogueira da Gama.
Pedro Ludovico. PARECER
Coimbra Bueno. Nº 66, DE 1961
João Villasbôas.
Filinto Müller. Da Comissão de Saúde Pública, sôbre o
Alô Guimarães. Projeto de Lei da Câmara nº 128, de 1959, que
Gaspar Velloso. autoriza o Poder Executivo a abrir o crédito especial
Saulo Ramos. de Cr$ 3.000.000,00 em favor do Hospital Espírita
Mem de Sá. André Luís, de Belo Horizonte.
Guido Mondim. – (28).
O SR. PRESIDENTE: – A lista de presença
acusa o comparecimento de 28 Srs. Senadores. Relator: Senador Paulo Fender.
Havendo número legal, declaro aberta a sessão. Oriundo da Câmara dos Deputados, o projeto
Vai ser lida a Ata. em lide propõe a concessão de um crédito especial
O Sr. Mathias Olympio, 1º Suplente, servindo de Cr$ 3.000.000,00, pelo Ministério da Saúde, para
de 2º Secretário, procede à leitura da Ata da sessão auxiliar a construção e o aparelhamento do Hospital
anterior, que é aprovada sem debates. Espírita André Luís, de Belo Horizonte.
– 524 –

O projeto se acha plenamente justificado, quer Relator: Senador Ary Vianna.


pelos pareceres das comissões técnicas da Câmara O presente projeto de lei da Câmara autoriza o
ou mesmo pelas argüições com que o fundamenta, Poder Executivo a abrir, pelo Ministério da Saúde, o
inicialmente, o seu autor, nobre Deputado Paulo crédito especial de Cr$ 3.000.000,00 (três milhões de
Freire. cruzeiros), para auxiliar a construção e o
Impede-nos apreciá-lo complementarmente, aparelhamento do Hospital Espírita André Luís, de
nesta comissão técnica do Senado e o fazemos, Belo Horizonte.
então e sòmente, do ângulo médico, O Autor da proposição, ao justificá-la,
dando-o por justo e reclamado, como se vê adiante. menciona o fato de Belo Horizonte ter apenas meio
Além de representar incentivo à século de existência e já possuir cêrca de 500 mil
iniciativa particular, aqui altruísta, de finalidade habitantes, situando-se entre as maiores cidades do
beneficente, é a instituição referida, órgão País. E as previsões técnicas são no sentido de que
que se há de incluir, como peça necessária, no em 1965 a Capital mineira atingirá a casa do primeiro
complexo assistencial multimodo de que se milhão de habitantes.
desobrigam, motu-proprio, brasileiros de boa Verifica-se, em virtude dêsse crescimento
vontade, pelos vários quadrantes do País, no rápido, "uma deficiência permanente e constante em
atendimento de populações a que desassiste, muitas das exigências mínimas que uma cidade
sobretudo, a falta de escolas e hospitais. populosa e moderna pode sentir". No setor
O mérito médico do projeto imporia, hospitalar, por exemplo, em que pêse a excelência
“in casu", verificar: a) o coeficiente médico- dos estabelecimentos existentes, "a deficiência é tal
assistencial em relação à densidade e crescente que mesmo pagando, os doentes, têm
demográfica do meio; b) a idoneidade da instituição que fazer fila para seu internamento".
para o cometimento que empreende, pleiteando o Atendem, pois, ao interêsse público, iniciativas
auxílio do poder público. E as duas condições que visem dotar a cidade de Belo Horizonte de novos
estão satisfeitas, consoante o alegado e o hospitais e devem os Governos estimular e subsidiar
comprovado. planos elaborados por entidades particulares, com
Aceite-se e tramite-se normalmente o projeto, êsse fim.
é o nosso parecer. Pela documentação anexa ao projeto em
Sala das Comissões, em 27 de outubro de exame, inclusive fotografias, pode-se tomar
1960. – Reginaldo Fernandes, Presidente. – Paulo conhecimento da grandiosidade das obras de
Fender, Relator. – Saulo Ramos. – Eugênio Barros. construção do Hospital a que se destinará o auxilio,
bem como dos estatutos da entidade que está
PARECER promovendo essa construção.
Nº 67, DE 1961 A abertura de crédito a que se refere o projeto
foi proposta, observadas tôdas as normas legais e
Da Comissão de Finanças, sôbre Projeto de dêsse modo, em face do exposto, emitimos sôbre a
Lei da Câmara nº 128, de 1959 (nº 3.339-B-57, na matéria nosso parecer favorável.
Câmara), que autoriza o Poder Executivo a abrir o Sala das Comissões, em 27 de janeiro de
crédito especial de Cr$ 3.000.000,00 em favor do 1961. – Gaspar Velloso, Presidente. – Ary Vianna,
Hospital Espírita André Luís, de Belo Horizonte. Relator.
– 525 –

– Dix-Huit Rosado. – Irineu Bornhausen. – Saulo O SR. PRESIDENTE: – O requerimento que


Ramos. – Menezes Pimentel. – Daniel Krieger. – acaba de ser lido não depende de apoiamento nem
Vivaldo Lima. – Fernandes Távora. de discussão e sim de votação.
O SR. PRESIDENTE: – Está finda a leitura do Em votação.
Expediente. O SR. BENEDITO VALADARES: – Peço a
Sôbre a mesa requerimento que vai ser lido. palavra, Sr. Presidente.
É lido o seguinte: O SR. PRESIDENTE: – Tem a palavra o nobre
Senador Benedito Valadares para encaminhar a
REQUERIMENTO votação.
Nº 61, DE 1961 O SR. BENEDITO VALADARES (para
encaminhar a votação): – Sr. Presidente,
Com fundamento nos. arts. 214 e 215 do não erraríamos se disséssemos que a população de
Regimento Interno e nas tradições do Senado, Minas Gerais é constituída em parte do
requeremos as seguintes homenagens de pesar pelo entrelaçamento de grandes famílias de formação
falecimento, em pleno exercício do mandato de cristã. Assim, sentimo-nos sempre presentes nas
Deputado por Minas Gerais, do Dr. Carlos Coimbra alegrias e nos pesares do seu povo. Dos três
da Luz, brasileiro ilustre que, além da representação Senadores que tomam assento nesta Casa do
do seu Estado na Câmara dos Deputados em várias Congresso, dois, Milton Campos e eu,
legislaturas, e da Presidência daquela Casa, exerceu estamos ligados a Carlos Luz por laços de
elevados postos no cenário político-administrativo do parentesco. No momento em que lamentamos o seu
País, inclusive a Presidência da República, em todos desaparecimento, tulmutuam na minha memória
se havendo com grande brilho e alta dignidade: fatos da nossa vida descuidada da mocidade.
1) inserção em Ata, de um voto de profundo Esta lembrança comove, Sr. Presidente,
pesar pelo seu desaparecimento; porque, como diz Anatole France, a idéia
2) apresentação de condolências à família e do passado é por si mesma bastante dolorosa.
ao Govêrno do Estado de Minas Gerais; Estreitei relação de amizade com
3) levantamento da sessão. Carlos Luz quando, ao tempo de estudante, era êle
Sala das Sessões, em 9 de fevereiro de 1961. Oficial de Gabinete do meu irmão mais velho,
– Benedito Valadares. – Filinto Müller. – Ruy então Diretor de Instrução em Minas Gerais.
Carneiro. – Vivaldo Lima. – Menezes Pimentel. – Filho de magistrado pobre, estudou
Mendonça Clark. – Lourival Fontes. – Novaes Filho. à custa do próprio esfôrço. Depois, o destino
– Nogueira da Gama. – Gaspar Velloso. – Cunha marcou a cada um de nós o seu rumo. Carlos Luz
Mello. – Joaquim Parente. – Venâncio Igrejas. – madrugou na política. Vereador,
Mourão Vieira. – Pedro Ludovico. – Alô Guimarães. – Presidente da Câmara de Leopoldina, Deputado e
Del-Caro. – Saulo Ramos. – Sebastião Archer. – Secretário de Estado no Govêrno do Presidente
Heribaldo Vieira. – João Villasbôas. – Sérgio Olegário Maciel.
Marinho. – Mem de Sá. – Ary Vianna. – Guido Encontramo-nos de nôvo, quando
Mondim. fui nomeado Interventor em Minas
– 526 –

pelo saudoso Presidente Getúlio Vargas. mento o Senado lamenta em consonância com o
Na Secretaria de Interior prestou bons serviços sentimento do povo brasileiro. (Muito bem!)
ao Estado e consolidou seu nome de homem O SR. SÉRGIO MARINHO: – Sr. Presidente,
público. peço a palavra, para encaminhar a votação.
Em 1934, devendo o País entrar no regime O SR. PRESIDENTE: – Tem a palavra o nobre
Constitucional, foi eleito para a Assembléia Senador Sérgio Marinho, para encaminhar a
Constituinte e teve no Parlamento destacada
votação.
atuação como Líder da Maioria.
Com o advento do regime de 1937, voltou a O SR. SÉRGIO MARINHO (para encaminhar
sua trabalhosa e honrada vida particular. a votação) (*): – Sr. Presidente, Srs. Senadores, por
Saídos de uma guerra em que lutamos pela delegação expressa do Líder da minha Bancada, o
democracia, não era mais possível mantermos o nobre Senador João Villasbôas, venho à tribuna para
regime de exceção em que vivíamos. exprimir a tristeza com que a União Democrática
Cuidou-se, então da fundação dos Partidos Nacional tomou conhecimento do falecimento do
Políticos e Carlos Luz colocou-se na vanguarda eminente brasileiro Carlos Luz.
daqueles que fundaram o Partido Social A personalidade de Carlos Luz incrusta-se na
Democrático, com cujo programa estêve inteiramente história dos dias que vivemos com um relêvo
de acôrdo. singular: mineiro dos mais mineiros, porque Minas é
Tendo o Marechal Eurico Gaspar Dutra sido o grande viveiro dos homens públicos do Brasil,
eleito à Presidência da República pelo Partido Social
Carlos Luz despertou cedo para as lides da vida
Democrático, em cooperação com o Partido
pública na sua província.
Trabalhista Brasileiro, foi Carlos Luz o primeiro
Ministro da Justiça do nôvo Govêrno. Ascendendo ao Congresso Nacional, foi
Deixando o Ministério, voltou à Câmara dos constituinte duas vêzes – relembra seu eminente
Deputados, cuja presidência desempenhou com conterrâneo Senador Benedito Valadares – para, em
grande autoridade, como consta dos Anais daquela seguida, ter seu nome consagrado pela maioria dos
Casa do Congresso. seus pares para a Presidência da Câmara dos
Na presidência eventual da República, em Deputados.
hora conturbada do País, procedeu como ditava o Eventualmente, na Presidência da República,
seu patriotismo. num momento de diátese nacional – êsse longo
Os grandes acontecimentos políticos, Sr. processo de reajustamento que vimos sofrendo – em
Presidente, não podem ser julgados ao calor das que se plantearam condições propícias para o relêvo
paixões. O lusco-fusco que então se forma,
de sua figura de homem público, de estadista –
empanando a verdade, só se clareia com o tempo,
bem à distância. Carlos Luz, consciente do velho aforismo de que a
É nas páginas da história que deve ser pior legalidade é ainda melhor do que a melhor
encontrada a avaliação serena dos atos dos homens revolução, defendeu com tôdas as fôrças de seu
públicos em ocasiões desta natureza. espírito e energias do coração, o princípio do
Com estas palavras, Sr. Presidente, o acatamento da autoridade constituída.
Partido Social Democrático justifica o requerimento
de suspensão dos nossos trabalhos, em __________________
homenagem a Carlos Luz cujo passa- (*) – Não foi revisto pelo orador.
– 527 –

Diz o Senador Benedito Valadares e ratifico a da dia se revelava mais robusta e alcandorada, pelo
sua afirmação, que não podemos observar os fatos vigor com que se conduzia no desempenho das
históricos sem a indispensável perspectiva do tempo. nobilitantes tarefas do Ministério Público, de tal
Mas, mesmo contemporâneo do elemento evocado, maneira se impôs sua então jovem figura, em tôda
já dispomos dos parâmetros suficientes para saudar aquela região, que uma auréola surgiu em tôrno do
nêle a figura extraordinária do grande líder que seu nome.
Minas e o Brasil acabam de perder. Para a população daquelas cidades mineiras,
Sr. Presidente, Srs. Senadores, em nome da era Carlos Luz, àquela época, homem incumbido de
Bancada da União Democrática Nacional, no cumprir um alto destino. Cabia-lhe, por outro lado, a
Senado, rendo minhas mais profundas e sentidas responsabilidade de honrar as tradições de um
homenagens à figura do grande morto. (Muito bem). grande nome e de tomar realidade a esperança que
O SR. PRESIDENTE: – Tem a palavra o nobre então despontava na alma dos mineiros da Zona da
Senador Nogueira da Gama, para encaminhar a Mata. As tradições que lhe cabia honrar, o nome que
votação. lhe cumpria dignificar, êle os recebeu de velho
O SR. NOGUEIRA DA GAMA (*): – Sr. Magistrado de Minas, seu eminente genitor, o
Presidente, o nobre Senador Vivaldo Lima, ora no Desembargador Alberto Luz. A esperança que
exercício da Liderança do Partido Trabalhista Carlos Luz devia tornar real, êle próprio a encarnava.
Brasileiro, conferiu-me o encargo de falar em nome Sr. Presidente, volvidos tantos anos, não
da nossa agremiação, para trazer à memória do esperava coubesse a mim trazer ao Senado o
Deputado Carlos Luz as nossas mais sentidas testemunho sincero de uma homenagem póstuma à
homenagens. vida brilhante que êle soube viver, honrando o nome
Acolho, com especial aprêço e muita honra, o do seu pai e confirmando, sob todos os aspectos, no
encargo que me é atribuído pelo eminente colega e curso da sua existência, aquela esperança que os
Líder de Bancada, mas o faço, Sr. Presidente, sob a moços da sua época nêle depositavam. Sr.
grande tristeza e a não menor emoção que a morte Presidente, a política mineira, àquele tempo, era
do Deputado Carlos Luz impõe a todos os seus fechada aos autênticos valores. Era então, o círculo
amigos, a Minas e ao Brasil. eleitoral vedado às minorias, àqueles que
Neste momento, Sr. Presidente, meu quisessem, pelo esfôrço e idéias próprias atirar-se
espírito se volta para os dias distantes nas liças e pugnas eleitorais. Predominava o
de 1917, quando pela primeira vez conheci a figura prestígio do chefe político, do coronelismo. Em tôda
marcante do Deputado ontem falecido. a Zona da Mata, como no resto de Minas, o quadro
Eu ainda estava entregue aos meus labores de não era outro. De tal maneira, porém, Carlos Luz se
ginasiano e Carlos Luz fôra investido no cargo de impôs pela inteligência, simpatia e brilhantes
Promotor Público da Comarca de Leopoldina, qualidades pessoais, que seu nome foi logo
vizinha de Cataguases, minha terra natal, apontado para figurar na chapa de Deputado
em plena zona da Mata de Minas Gerais. Após Estadual à Assembléia de Minas.
pouco tempo no exercício dessas funções, Anos após sua investidura na
pela sua irradiante simpatia pessoal, promotoria de Leopoldina, onde foi
pelo brilho da sua inteligência que ca- também Vereador e Presidente da
– 528 –

Câmara Municipal, alçava o primeiro vôo à proferidas definitivas palavras de julgamento.


Assembléia Legislativa do Estado, onde foi buscá-lo, Sr. Presidente, a política é sempre e
mais tarde, o então interventor, hoje Senador não pode deixar de ser uma atividade profundamente
Benedito Valadares, para fazê-lo, Secretário do dialética. Em tais condições, dela não poderemos
Interior. afastar o espírito polêmico. Muitos divergirão da
Assim, Sr. Presidente, de pôsto em pôsto, atitude do Deputado Carlos Luz nos fatos de 11 de
subindo sempre, Carlos Luz foi exercendo a política novembro; todos nós, porém, queríamo-lo
a golpes de inteligência, revelando, nas funções que vivo, porque tínhamos a certeza de que ainda
desempenhou, as qualidades marcantes do seu poderia prestar relevantes serviços aos altos
espírito de escol. interêsses da nossa Pátria.
Secretário da Agricultura de Minas Gerais, no O 11 de novembro está muito recente
Govêrno de Olegário Maciel, ainda existem, no diante de nós, mas isso não nos impede, perante a
interior do meu Estado, numerosos melhoramentos e morte do eminente Deputado Carlos Luz,
obras realizados durante sua fecunda administração. dizer desde já que uma qualidade, dentre outras, um
Depois alçou vôo para a Liderança da Maioria, gesto, dentre vários, êle soube mostrar
exercendo-a em momentos difíceis para a vida do e revelar naquele lamentável episódio: a bravura e a
País, sempre com grande dose de equilíbrio e brilho, coragem moral com que se conduziu ao voltar, após
sabendo, sobretudo, dominar as situações seu afastamento da Presidência da República, à
embaraçosas que a política às vêzes cria. Câmara dos Deputados, que até poucos dias
Mais adiante, já no Govêrno do Marechal presidira, a fim de prestar contas a seus pares,
Eurico Gaspar Dutra, coube a Carlos Luz assumir a desassombrada e honestamente, dos atos que
Pasta da Justiça, quando dêle promanaram praticara. Carlos Luz se revelou nessa passagem de
providências da mais variada natureza e importância sua vida um homem de alto vigor moral, sem
para a vida do País, na época em que funcionou a temores diante das hostilidades que contra êle se
Assembléia Nacional Constituinte. Perfeitamente formaram.
entrosado com essa Constituinte, o então Ministro da Essa justiça, Sr. Presidente, precisa ser feita
Justiça soube dar pleno e cabal desempenho às ao ilustre morto. É indispensável que nós, seus
atribuições do seu cargo, que deixou, mais tarde, contemporâneos, sejamos os primeiros a lançar
para novamente se eleger Deputado pelo seu sôbre sua memória, a nossa palavra de convicção na
Estado. honestidade dos propósitos com que agiu naqueles
Sr. Presidente, creio que, em nosso País, acontecimentos, reconhecendo a sua sinceridade e a
poucos homens públicos exerceram tantos cargos sua bravura moral.
com a proficiência e a dignidade do falecido O Partido Trabalhista Brasileiro, especialmente
Deputado Carlos Luz. É certo que os últimos anos de pela Bancada de Minas Gerais, sente profundamente
sua existência S. Exa. os viveu num clima de certa a morte do Deputado Carlos Luz. E o modesto
intranqüilidade e agitação. orador, ora encarregado de apresentar à sua
O 11 de novembro ainda não está memória as homenagens dessa agremiação política,
suficientemente distanciado de nós para que sôbre muito particularmente sente o seu passamento. É
sua atuação, e sôbre sua repercussão possam ser que se fazíamos ambos política na Zona da Mata,
– 529 –

disputando renhidamente o aprêço eleitoral dos Era assim, um homem de alto porte
nossos coestaduanos, em várias campanhas moral, de nobre compreensão, democrata sincero,
eleitorais, que ali realizamos, cruzando-nos nas sempre pronto a uma demonstração de espírito
estradas e nas cidades mineiras, nunca deixamos de cívico e de elegância para com os adversários
manter, um com outro, a mais estreita e sincera eventuais. Minas sofre uma perda sensível com a
amizade, reconhecendo embora o papel e a posição sua morte e o Brasil vê reduzido o quadro de seus
que lhe cabia cumprir e desempenhar diante da grandes valores.
agremiação partidária a que se achava filiado. Sr. Presidente, no momento em que o Senado
Recordo-me, ainda, Sr. Presidente, de que, da República rende tributo à memória do Deputado
nas eleições de 1958, o Deputado Carlos Luz, já Carlos Luz, é com profundo respeito e grande
sofrendo as restrições de alguns companheiros do saudade que eu, representante mineiro e filho da
seu Partido em face dos acontecimentos de 11 de mesma região onde êle fazia a sua política, trago
novembro, viajava pelo interior de Minas Gerais também as homenagens do meu Partido,
quando inúmeras vêzes cruzamos o Sul do Estado e lamentando profundamente sua morte e elevando
a Zona da Mata. Sempre o vi firme, disposto, viril e sinceramente meu pensamento a Deus pela sua paz
corajoso, confiado em que o povo mineiro haveria de espiritual e tranqüilidade da sua família. (Muito bem).
reconhecer o seu valor, suas qualidades, como de O SR. PRESIDENTE: – Tem a palavra o nobre
fato reconheceu, elegendo-o, mais uma vez, Senador Novaes Filho.
Deputado Federal por uma grande votação. O SR. NOVAES FILHO (para encaminhar a
Lembro-me, ainda, Sr. Presidente, de que na votação) (*): – Sr. Presidente, venho trazer as
última campanha eleitoral nos encontramos em homenagens de admiração e um justo preito de
Leopoldina, centro de suas atividades políticas. saudade da Bancada do Partido Libertador nesta
Chegava eu para fazer uma palestra na estação de Casa, ao eminente brasileiro cujo desaparecimento,
rádio e êle terminava a sua. Carlos Luz fazia a no dia de hoje, encheu de tristeza o Brasil inteiro.
campanha do atual Presidente Jânio Quadros e eu Convivi intimamente com o Senhor Deputado
pregava em favor do Marechal Henrique Teixeira Carlos Luz e, sem nenhum favor, posso assegurar
Lott. Amigos comuns levaram ao conhecimento de que, pela inteligência e coragem moral, pela bravura
Carlos Luz que se aproximava a irradiação da Hora e segurança nas atitudes, pela cultura e, sobretudo,
do Brasil e que seria pouco o tempo de que eu pelo seu brilho parlamentar, foi uma das figuras mais
disporia para falar em favor do Marechal Henrique altas e prestigiosas do cenário político do Brasil.
Teixeira Lott. Num gesto magnânimo, elegante e Ouvimos neste Plenário dois depoimentos da
generoso, procurando encurtar sua palestra mais elevada significação, elogiando o saudoso
radiofônica, cedeu-me parte de seu tempo. Veio ao parlamentar brasileiro, através dos discursos
meu encontro na entrada da estação de rádio e proferidos por representantes do Estado de Minas
acompanhou-me ao estúdio, a fim de que eu falasse Gerais, naturalmente os mais autorizados a emitir
ao povo daquela região exatamente no sentido opinião veraz a respeito da vida e da personalidade
antagônico àquele que S. Exa. defendia. de Carlos Luz.
– 530 –

O eminente Senador Benedito Valadares, Sr. Presidente, disse bem o eminente


traçando o perfil do saudoso mineiro, não deixou Senador Nogueira da Gama que, após aquêles fatos,
dúvida neste Plenário sôbre as qualidades aquêles dias tão tristes, aquelas horas de tão
excepcionais de inteligência e caráter do eminente grandes apreensões para a vida do Brasil com
homem público. a fuga da legalidade, voltando à histórica cidade do
Há poucos instantes também ouvimos, num Rio de Janeiro, o Sr. Carlos Luz se houve com uma
relato minucioso, o outro ilustre representante de bravura e elevação extraordinárias, demonstrando o
Minas Gerais, Senador Nogueira da Gama, que primor de homem público que era, ao
discorreu sôbre a vida de Carlos Luz, desde ocupar a tribuna da Câmara dos Deputados para
Vereador até as culminâncias que atingiu ao assumir aquêle notável discurso em defesa da sua
a Presidência da República. atuação na Presidência da República, discurso que é
Acostumei-me a admirar Carlos Luz antes sem dúvida uma página magnífica dos Anais do
mesmo de o conhecer pessoalmente, quando no Congresso Nacional.
exercício da Liderança da Maioria da Câmara dos Com muita razão acrescentou o
Deputados, êle se revelava grande parlamentar, ilustrado Sr. Senador Nogueira da Gama que, com
homem público de extraordinárias qualidades de aquela atitude, Carlos Luz mais ainda se projetou na
inteligência, cultura e vivacidade de espírito. vida brasileira e, sobretudo, exaltou a bravura cívica,
No Govêrno Eurico Dutra, chamado Carlos as tradições de combatividade, de coragem e altivez
Luz a exercer a Pasta da Justiça, nossos laços de dos homens públicos da gloriosa terra de Minas
amizade se estreitaram. Desde então mantivemos as Gerais.
mais íntimas e cordiais relações de estima, tendo eu, Sr. Presidente, amigo e admirador de Carlos
a cada passo, nesse convívio, motivos para Luz, não é sem uma grande emotividade que, nesta
aumentar minha admiração e respeito por êsse hora, cumpro o doloroso dever de pronunciar estas
eminente companheiro do Parlamento Nacional. poucas palavras, tão distantes de seu merecimento,
Sr. Presidente, a eleição de Carlos Luz para a para render a homenagem do Partido a que pertenço
Presidência da Câmara dos Deputados foi uma e de cuja Bancada faço parte nesta Casa.
prova do quanto êle valia na apreciação e no Sr. Presidente, que as gerações futuras, os
julgamento dos seus Pares. homens novos de Minas Gerais, aquêles que terão
Assumiu a Presidência da República. A de preencher, no cenário da vida brasileira, as vagas
propósito declararam os eminentes Senadores de que se abrirem como a de hoje, enalteçam o seu
Minas Gerais que só mesmo a História, na sua nome e dignifiquem o seu glorioso Estado, através
imparcialidade, quando amortecidas as paixões e os de atitudes e atos de patriotismo, inteligência e
julgamentos apressados, poderá dizer como se teria cultura de que deu tantas provas a Minas e ao Brasil
havido então o ilustre mineiro, se lhe faltou tato e o saudoso e eminente Parlamentar Carlos Coimbra
acuidade quando êle, indiscutìvelmente, exercia da Luz. (Muito bem).
atribuição constitucional conferida às altas funções O SR. PRESIDENTE: – Tem a palavra o nobre
que êle desempenhava. Senador Guido Mondim.
– 531 –

O SR. GUIDO MONDIM (para encaminhar a sentação Popular que àquela época se colocara em
votação) (*): – Sr. Presidente, venho trazer a campo adverso ao pensamento do ilustre falecido,
solidariedade do Partido de Representação Popular neste instante, reverentes, trazemos o tributo de
às homenagens que se prestam hoje ao falecido nossa saudade.
Deputado Carlos Luz. Espiritualistas que somos, crentes que somos,
As manifestações decorrentes do tementes a Deus que somos, curvados, genuflexos,
desaparecimento do eminente homem público, em pedimos ao Todo Onipotente que dê ao morto paz,
que se salientam suas qualidades, fazem pensar paz para sua alma. (Muito bem!).
também, e nos perguntamos, por que essa O SR. PRESIDENTE: – Tem a palavra o nobre
insistência do destino em cobrir de crepe o Senador Mendonça Clark, para encaminhar a
Parlamento brasileiro? votação.
Confesso que pouco conhecia sôbre o O SR. MENDONÇA CLARK (para
Deputado Carlos Luz, até que sua pessoa se encaminhar a votação) (*): – Sr. Presidente, Srs.
destacou nos acontecimentos de 11 de Novembro. Senadores, falo em nome do Partido
Afastado da política, naqueles tempos, pude Republicano para apresentar nossos sentimentos
compreender o drama que aquêle homem vivia e que de pesar à família do eminente Deputado Carlos
todos nós, que participamos da política, sabemos Luz, ao Partido Social Democrático de Minas
bem compreender. Não há outra atividade, Sr. Gerais e ao Partido Social Democrático Nacional,
Presidente, para se sofrer incompreensões; não há pelo desaparecimento da grande figura política
atividade igual a de um homem público, das Alterosas.
particularmente do Parlamentar, para fazer sentir os Represento um Partido que tradicionalmente
efeitos dolorosos da maledicência. A nós, não contou em suas fileiras, com ilustres
importa que militemos em campos diferentes, porque representantes da Família Luz, o que consolidava as
sabemos compreender nossos adversários que bases da agremiação no Estado de Minas Gerais.
sofrerão, como nós, as mesmas agruras as mesmas Talvez não me engane se puder considerar Carlos
angústias. Luz antigo republicano dos mais tradicionais ou
Quando um Parlamentar como Carlos Luz pessoalmente, ou por aquêles que vieram antes
desaparece, sabemos que foi mala um a pagar com dêle.
o tributo da morte, os sofrimentos vividos durante No momento em que desaparece figura da
sua atividade política. Êsse homem merece projeção de Carlos Luz que participou de
realmente a homenagem do Senado da República. acontecimentos nacionais, sujeito a tantas críticas
Com isto quase que trazemos para nós mesmos um pela posição que assumiu, o Partido Republicano
estranho consôlo, o sabermos que alguém, pelo pela minha voz, presta uma última homenagem ao
menos na hora da morte, se recorda daquilo que grande mineiro e ao grande brasileiro.
fizemos durante a vida. As agruras e sofrimentos são O Partido Social Democrático, perde
mais ou menos iguais para os políticos. uma das suas principais personalidades. Sendo
Nesta hora em que, com o coração em pranto um dos Partidos de que a Nação precisa
homenageamos Carlos Luz, nós do Partido de Repre- pelo equilíbrio de seus homens, pelo senso-

_________________ _________________
(*) – Não foi repleto pelo orador. (*) – Não foi revisto pelo orador.
– 532 –

de responsabilidade com que sempre 3 – Discussão única da Redação Final do


têm exercido funções políticas, a perda de um de Projeto de Resolução nº 60, de 1960, que suspende
seus elementos é pranteada por toda a Nação a execução da letra d do art. 2º do Decreto número
brasileira. 457, de 22 de janeiro de 1950 do Estado de
Sr. Presidente, Srs. Senadores, em nome Pernambuco (redação oferecida pela Comissão de
do Partido Republicano, do seu Presidente, Redação em seu Parecer nº 58, de 1961).
Ministro Arthur Bernardes Filho, em nome dos 4 – Discussão única da Redação Final do
meus companheiros de Diretório Nacional e de Projeto de Resolução nº 61, de 1960, que suspende
todos os meus correligionários, apresento à a execução da Lei nº 1.027, de 11 de dezembro de
família de Carlos Luz, ao Partido Social 1953, do Estado do Rio Grande do Norte (redação
Democrático e ao Estado de Minas Gerais o oferecida pela Comissão de Redação em seu
nosso sentimento sincero de pesar pelo falecimento Parecer nº 59, de 1961).
do grande brasileiro. (Muito bem). Está encerrada a sessão.
O SR. PRESIDENTE: – Em Levanta-se a sessão às 15 horas e 40
votação o requerimento de pesar apresentado ao minutos.
Senado. Faço saber que o Senado Federal aprovou e
Os Srs. Senadores que o aprovam, queiram eu, Filinto Müller, Vice-Presidente, no exercício da
permanecer sentados. – (Pausa) Presidência, nos têrmos do art. 47, letra p do
Aprovado. Regimento Interno, promulgo a seguinte.
Srs. Senadores, em longos anos de
vida pública, sempre animado do mais RESOLUÇÃO
alto patriotismo, do mais elevado e nobre Nº 2, DE 1961
espírito público, o Deputado Carlos Luz
prestou relevantes serviços à Nação, Dispõe sôbre a extensão do aumento
conquistando, por essa forma, o direito ao concedido pela Lei número 3.826, de 1960, aos
respeito, à admiração e à estima do povo servidores ativos e inativos do Senado Federal.
brasileiro.
Nada mais havendo a tratar, vou encerrar a Art. 1º – A tabela de retribuição dos cargos
sessão. Designo, para a próxima, a seguinte. que integram o quadro da Secretaria do Senado
Federal passa a vigorar, nos têrmos da Lei nº 3.826,
ORDEM DO DIA de 1960 (Lei de Paridade), de acôrdo com os valores
da seguinte tabela:
1 – Discussão única da Redação Final do
Projeto de Resolução nº 48, de 1960, que suspende PL-1 .................................................... 63.000,00
a execução do art. 57, nº III, da Lei nº 64, de 21 de PL-2 .................................................... 58.000,00
fevereiro de 1948, do Estado do Paraná (redação PL-3 .................................................... 54.000,00
oferecida pela Comissão de Redação em seu PL-4 .................................................... 50.000,00
Parecer nº 60). PL-6 .................................................... 44.000,00
2 – Discussão única da Redação Final do PL-7 .................................................... 41.000,00
Projeto de Resolução nº 58, de 1960, que suspende PL-8 .................................................... 36.000,00
a execução do nº XIX do art. 34 e do art. 104 da PL-9 .................................................... 33.000,00
Constituição do Estado do Ceará (redação oferecida PL-10 .................................................. 30.000,00
pela Comissão de Redação em seu Parecer nº 61, PL-11 .................................................. 27.000,00
de 1961). PL-13 .................................................. 23.000,00
– 533 –

§ 1º São fixados em Cruzeiros 70.000,00 será feito à base dos valores anteriores aos
(setenta mil cruzeiros) os vencimentos do Diretor estabelecidos nesta Resolução.
Geral da Secretaria e do Secretário Geral da Art. 4º As vantagens financeiras decorrentes
Presidência do Senado Federal e em Cr$ 65.000,00 desta Resolução aplicam-se aos inativos do Senado
os dos Diretores de Divisão. Federal.
§ 2º O disposto neste artigo vigora a partir de Art. 5º Revoga-se a disposição
1º de dezembro de 1960. constante do artigo 373 da Resolução número 6, de
Art. 2º O salário-familia passa a ser concedido 1960.
na razão de Cr$ 1.000,00 (hum mil cruzeiros) para Art. 6º Esta Resolução entrará em vigor na
cada um dos dois primeiros dependentes e Cr$ data de sua publicação, revogadas as disposições
1.200,00 (hum mil e duzentos cruzeiros) do terceiro em contrário.
em diante. Senado Federal, em 9 de fevereiro de 1961. –
Art. 3º O cálculo das diárias de Senador Filinto Müller, Vice-Presidente, no exercício
que trata a Resolução nº 9, de 1960, da Presidência.
31ª SESSÃO DA 2ª SESSÃO LEGISLATIVA, EXTRAORDINÁRIA, DA 4ª LEGISLATURA, EM 10 DE
FEVEREIRO DE 1961

PRESIDÊNCIA DOS SENHORES FILINTO MÜLLER E NOVAES FILHO

Às 14 horas e 30 minutos, acham-se considerações sôbre o Projeto de Lei da


presentes os Srs. Senadores: Câmara nº 89-60, que assegura aos
Mourão Vieira. agentes da inspecção do trabalho participação
Lobão da Silveira. nas multas decorrentes de infrações de
Sebastião Archer. dispositivos da legislação trabalhista.
Mathias Olympio.
Joaquim Parente. Ofício
Fernandes Távora.
Menezes Pimentel.
Ruy Carneiro. Da Câmara dos Deputados encaminhando
Novaes Filho. autógrafo do seguinte
Heribaldo Vieira.
Ary Vianna.
PROJETO DE LEI DA CÂMARA
Venâncio Igrejas.
Benedito Valadares. Nº 25, DE 1961
Nogueira da Gama.
Pedro Ludovico. (Nº 1 138-B, de 1959, na Câmara)
Coimbra Bueno.
João Villasbôas.
Filinto Müller. Incorpora à Universidade do Paraná
Alô Guimarães. a Escola Superior de Agricultura e
Gaspar Velloso. Veterinária do Paraná e dá outras
Saulo Ramos. – (21). providências.
O SR. PRESIDENTE: – A lista de presença
acusa o comparecimento de 21 Srs. Senadores.
O Congresso Nacional decreta:
Havendo número legal, declaro aberta a
sessão. Art. 1º. E incorporada à Universidade
Vai ser lida a Ata. do Paraná, da qual passa a constituir
O Sr. Mathias Olympio, 1º Suplente, unidade integrante, com a denominação
servindo de 2º Secretário, procede à leitura da de Escola de Agronomia e Veterinária da
Ata da sessão anterior, que é aprovada sem Universidade do Paraná, a Escola Superior
debates. de Agricultura e Veterinária do Paraná, a
que se refere a Lei nº 1.055, de 16 de janeiro de
O Sr. Novaes Filho, 4º Secretário, servindo de
1º, lê o seguinte. 1950.
Art. 2º. São transferidos com os
EXPEDIENTE respectivos ocupantes dos Quadros
Permanente e Suplementar do Ministério
Ofício da Agricultura para os de idêntica denominação
do Ministério da Educação e Cultura, os
Nº 625, de 31 de janeiro, da seguintes cargos criados pela Lei nº 2.366
Federação das Indústrias, contendo de 7 de dezembro de 1954, pa-
– 535 –

ra a Escola Superior de Agricultura e Veterinária do para o Ministério da Educação e Cultura


Paraná: (Divisão de Orçamento – Encargos
Quadro Permanente: Gerais – Entidades Autárquicas – Universidade do
37 – Professor Catedrático, padrão O; Paraná), de tôdas as dotações, com os
2 – Professor, padrão K; respectivos saldos consignados à Escola Superior de
1 – Oficial Administrativo, classe J; Agricultura e Veterinária do Paraná.
1 – Almoxarife classe H; Art. 8º. Serão introduzidas mediante
1 – Escriturário, classe F; ato do Poder Executivo, no Estatuto da
1 – Escriturário, classe E; Universidade do Paraná, aprovado pelo
1 – Datilógrafo, classe E. Decreto nº 39.824, de 21 de agôsto de
Quadro Suplementar: 1956 as modificações decorrentes da execução
1 – Contínuo, classe F. desta lei.
Art. 3º. São suprimidos do Quadro Art. 9º. Dentro de 180 (cento e oitenta)
Permanente do Ministério da Agricultura 1 cargo em dias contados da publicação desta lei deverá
comissão de Diretor, padrão CC-5, e 1 função ser expedido o Regimento da Escola, a que
gratificada de Secretário, símbolo FG-6, igualmente se refere o art. 1º, regendo-se a mesma até a sua
criados pela Lei nº 2.366, de 1954, para a Escola, a aprovação pelo atual, observadas as disposições
que se refere o artigo anterior. desta lei.
Art. 4º. Fica o Poder Executivo autorizado a Art. 10. São federalizadas e incorporadas à
transferir, com os respectivos ocupantes para a Universidade do Estado do Rio de Janeiro as
Tabela Numérica de Extranumerários-mensalistas da seguintes Faculdades e Escolas, com sede em
Universidade do Paraná, as funções criadas pelo Niterói, capital do Estado do Rio de Janeiro:
Decreto nº 38.209, de 10 de novembro de 1955, na a) Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras;
Tabela Única de Extranumerário-mensalista do b) Faculdade de Ciências Econômicas;
Ministério da Agricultura. c) Escola Fluminense de Engenharia;
Art. 5º. Serão apostilados pelas autoridades d) Escola de Serviço Social;
competentes os títulos de nomeação ou de admissão e) Escola de Enfermagem.
dos atuais ocupantes dos cargos e funções, cuja § 1º. Independentemente de qualquer
transferência é prevista por esta lei do Ministério da indenização, são incorporados ao Patrimônio da
Agricultura para o Ministério da Educação e Cultura, Universidade, mediante escritura pública, todos os
assegurados os direitos de que gozem os bens móveis, imóveis e direitos ora na posse ou
mencionados servidores. utilizados pelas Faculdades e Escola referidas neste
Art. 6º. Os bens móveis e imóveis e os direitos artigo.
do estabelecimento de que trata esta lei, já § 2º. É assegurado o aproveitamento no
incorporados ao Patrimônio da União, serão Serviço público federal do pessoal dos
incluídos no Patrimônio da Universidade do Paraná, estabelecimentos ora federalizados, contando-se-lhe
entidade autárquica, vinculada ao Ministério da o tempo de serviço, para efeito do art. 192 da
Educação e Cultura. Constituição Federal:
Art. 7º. Fica alterado o Orçamento da I – os professores catedráticos efetivos, no
União para o corrente exercício, para efeito Quadro Permanente 3º Ministério da Educação e
de transferência, do Ministério da Agricultura Cultura.
– 536 –

II – os demais empregados, regularmente § 2º É transferida à mesma autarquia


nomeados ou admitidos até o dia 1º de novembro de educacional prevista neste artigo, a delegação para
1960, no Quadro de pessoal da Universidade do execução de obras autorizadas no art. 2º da Lei nº
Estado do Rio de Janeiro, observada a legislação em 3.695, de 18 de dezembro de 1959; e a ela passarão
vigor. a integrar-se, automàticamente, todos os institutos,
§ 3º Poderão ser aproveitados, como interinos, órgãos e estabelecimentos de qualquer natureza,
os professores dos aludidos estabelecimentos que sediados na cidade de Santa Maria, pertencentes ou
ocupem interinamente, ou por contrato, cátedras dos vinculados às Faculdades que, por fôrça da Lei nº
mesmos. 3.834-C, de 14 de dezembro de 1960 (art. 16) foram
Para o cumprimento do que dispõe o § 2º, a incluídas na composição da nova Universidade.
Reitoria da referida Universidade apresentará à Art. 12. Para execução do disposto nesta
Diretoria do Ensino Superior relação acompanhada lei e o funcionamento de todos os institutos
do currículo de seus professores e servidores, federais de ensino superior pertencentes à
especificando a forma de investidura, a natureza do Universidade de que trata o art. 15 da Lei nº 3.834-C,
serviço que desempenham, a data da admissão e a de 14 de dezembro de 1960, são criados no
remuneração. Quadro Permanente do Ministério da Educação
§ 5º Serão expedidos pelas autoridades e Cultura – Universidade do Estado do Rio
competentes os títulos de nomeação decorrentes do de Janeiro, 35 (trinta e cinco) cargos de professor
aproveitamento determinado nesta lei, depois e a catedrático para a Faculdade de Filosofia,
contar da última das escrituras públicas referidas no Ciências e Letras, 23 (vinte e três) para a Faculdade
§ 1º dêste artigo. de Ciências Econômicas, 46 (quarenta e seis)
§ 6º Os atuais professôres interinos e para a Escola de Engenharia, 14 (quatorze)
contratados para a regência das cátedras, nas para a Escola de Serviço Social, 14 (quatorze)
Escolas e Faculdades citadas no art. 10 desta lei, para a Escola de Enfermagem; no mesmo
com dois ou mais anos de efetivo exercício terão o quadro – Universidade de Santa Maria,
direito ao cargo efetivo de assistente de ensino 13 (treze) cargos de professor catedrático
superior, nível 17, permanecendo, todavia, na para a Faculdade de Odontologia, 40 (quarenta)
regência interina da cátedra, até a realização do para Faculdade Politécnica, 22 (vinte e dois)
concurso respectivo. para a Faculdade de Agronomia, 14 (quatorze)
Art. 11. A Universidade de que trata a Lei nº para a Faculdade de Veterinária, 35 (trinta e
3.834-C, de 14 de dezembro de 1960, art. 15, fica cinco) para Faculdade de Filosofia, Ciências
autorizada a instalar e a fazer funcionar, dentro de e Letras, e 35 (trinta e cinco) para a Faculdade
três anos, uma Faculdade de Filosofia, Ciências e de Belas Artes; e, finalmente, 8 (oito) cargos
Letras e uma Faculdade de Belas Artes, observadas em comissão, de Diretor, símbolo 5-C, 8 (oito)
as normas do respectivo Estatuto. funções gratificadas, de Secretário, 3-F, e 8 (oito)
§ 1º Passam a denominar-se Faculdade funções gratificadas, de Chefe de Portaria, 20-F,
Politécnica, as entidades universitárias a que se uma para cada unidade universitária das acima
refere a letra d do art. 16, da lei indicada no artigo. enumeradas.
– 537 –

Art. 13. Para atendimento da despesa ta mil Cruzeiros) para Pessoal Técnico e
decorrente da presente lei no exercício de 1961, fica Administrativo do Quadro Extraordinário; Cr$
o Poder Executivo autorizado a abrir, pelo Ministério 1.428.000,00 (um milhão, quatrocentos e vinte e oito
da Educação e Cultura, o crédito especial de mil Cruzeiros) para as funções gratificadas e Cr$
Cruzeiros 311.660.000,00 (trezentos e onze milhões, 6.950.000,00 (seis milhões, novecentos e cinqüenta
seiscentos e sessenta mil cruzeiros) assim mil Cruzeiros) para Material e Encargos Diversos;
distribuidos: d) Para a Faculdade de Ciências Econômicas
a) Para a Faculdade de Filosofia (F.F.I. – (F.C.E. – UFERJ – DESU) – Cr$ 37.244.000,00
UFERJ – DESU) – Cr$ 43.292.000,00 (quarenta e (trinta e sete milhões, duzentos e quarenta e quatro
três milhões, duzentos e noventa e dois mil mil cruzeiros) sendo: Cr$ 12.972.000,00 (doze
Cruzeiros) sendo Cruzeiros 19.740.000,00 milhões, novecentos e setenta e dois mil Cruzeiros)
(dezenove milhões, setecentos e quarenta mil para Pessoal Permanente; Cr$ 20.844.000,00 (vinte
Cruzeiros) para Pessoal Permanente; Cruzeiros milhões, oitocentos e quarenta e quatro mil
20.124.000,00 (vinte milhões, cento e vinte quatro mil cruzeiros) para Pessoal Técnico e Administrativo do
Cruzeiros) para Pessoal Técnico e Administrativo do Quadro Extraordinário; Cr$ 1.428.000,00 (um milhão,
Quadro Extraordinário, Cruzeiros 1.428.000,00 (um quatrocentos e vinte e oito mil cruzeiros) para as
milhão, quatrocentos e vinte oito mil Cruzeiros) para funções gratificadas e Cr$ 2.000.000,00 (dois
as funções gratificadas e Cr$ 2.000.000,00 (dois milhões de cruzeiros) para Material e Encargos
milhões de Cruzeiros) para Material e Encargos Diversos.
Diversos. e) Para a Escola de Enfermagem Cr$
b) Para a Escola de Serviço Social (E.S.S. – 30.652.000,00 (trinta milhões, seiscentos e cinqüenta
UFERJ – DESU) Cr$ 29.120.000,00 (vinte e nove e dois mil Cruzeiros) sendo: Cruzeiros 7.896.000,00
milhões, cento e vinte mil Cruzeiros) sendo: Cr$ (sete milhões, oitocentos e noventa e seis mil
8.460.000,00 (oito milhões, quatrocentos e sessenta Cruzeiros) para Pessoal Permanente; Cruzeiros
mil Cruzeiros) para Pessoal Permanente; Cr$ 13.308.000,00 (treze milhões, trezentos e oito mil
17.232.000,00 (dezessete milhões, duzentos e trinta Cruzeiros) para Pessoal Técnico e Administrativo do
e dois mil Cruzeiros) para Pessoal Técnico e Quadro Extraordinário; Cruzeiros 1.428.000,00 (um
Administrativo do Quadro Extraordinário; Cr$ milhão, quatrocentos e vinte e oito mil Cruzeiros)
1.428.000,00 (um milhão, quatrocentos e vinte e oito para Funções Gratificadas e Cr$ 8.020.000,00 (oito
mil Cruzeiros) para as funções gratificadas e Cr$ milhões e vinte mil Cruzeiros) para Material e
2.000.000,00 (dois milhões de Cruzeiros) para Encargos Diversos:
Material e Encargos Diversos; f) Cr$ 100.000.000,00 (cem milhões)
c) Para a Escola de Engenharia (E.E. – UFERJ para pessoal, material, encargos,
– DESU) – Cr$ 71.352.000,00 (setenta e um serviços e equipamentos da Universidade de Santa
milhões, trezentos e cinqüenta e dois mil Cruzeiros) Maria.
sendo: Cruzeiros 25.994.000,00 (vinte e cinco Art. 14. Os cargos e funções de que trata a
milhões, novecentos e noventa e quatro mil Cruzeiros) presente lei serão enquadrados e ajustados
para Pessoal Permanente; Cr$ 37.980.000,00 automàticamente ao sistema da Lei nº 3.780, de 12
(trinta e sete milhões, novecentos e oiten- de julho de 1960.
– 538 –

Art. 15. Revogadas as disposições em que se refere o art. 8º da Resolução nº 6, de 1960, é


contrário, a presente lei entrará em vigor à data de
alterado nos termos da presente Resolução.
sua publicação. Artigo 2º – Os cargos isolados de Redator, do
Às Comissões de Educação e Cultura e de Quadro a que se refere o art. 1º desta Resolução,
Finanças são fundidos em uma única classe, no Símbolo PL-3.
Brasília, em 10 de fevereiro de 1961. Artigo 3º – Esta Resolução entra em vigor na
Ofício nº 139-61. data de sua publicação, revogadas as disposições
Senhor Secretário: em contrário.
Tenho a honra de comunicar a Sala da Comissão Diretora, em 9-2-61 – Filinto
Vossa Excelência, para os devidos fins, Müller, Presidente – Cunha Mello – Novaes Filho –
que na forma do art. 39 § único da Constituição Mathias Olympio.
Federal, o Congresso Nacional está O SR. PRESIDENTE: – Continua a hora do
convocado a reunir-se, extraordinàriamente,
Expediente.
de 24 de fevereiro corrente a 9 de março Há oradores inscritos.
próximo, por iniciativa de um têrco desta Câmara, Tem a palavra o nobre Senador Nogueira da
a fim de serem votadas matérias urgentes e Gama.
relevantes que deixaram de ser apreciadas na O SR. NOGUEIRA DA GAMA (*): – Sr.
primeira convocação extraordinária desta sessão Presidente, Srs. Senadores, durante a última
legislativa, bem como leis que venham a ser campanha eleitoral, tive ensejo de realizar
reclamadas pelo novo Govêrno, para seu melhor numerosas viagens pelo interior de Minas e de tôdas
exercício. aproveitei o quanto pude para manter maiores e mais
Assinaram a convocação cento e quarenta e diretos contatos com os problemas das diversas
três Deputados, de cujas assinaturas duas são regiões do meu Estado.
ilegíveis. É certo que bem conheço, desde longa data,
Aproveito o ensejo para reiterar a Vossa êsses problemas, mas o exame de cada um deles, in
Excelência os protestos de elevada estima e distinta
loco, proporciona uma visão mais realística, sempre
consideração. – Ary Pitombo – Secretário. interessante para quem deseja, como eu e outros
O SR. PRESIDENTE: – Sôbre a mesa Projeto colegas de representação, cooperar, de maneira
de Resolução que vai ser lido. decidida, para solucioná-los.
É lido e vai à Comissão de Constituição e Assumi com o povo mineiro o compromisso de
Justiça e de Finanças, o seguinte. debater êsses problemas do meu Estado por todos
os modos e meios ao meu alcance, inclusive nos
PROJETO DE RESOLUÇÃO órgãos e associações de classe, reservando para a
Nº 3, DE 1961 tribuna do Senado aqueles que demandassem
providências de caráter administrativo ou legislativo.
Altera o quadro do Pessoal da Secretaria do Entre êsses problemas, Sr.
Senado Federal a que se refere o art. 8º da Presidente, se inclui o do ferro gusa,
Resolução nº 6, de 1960. que neste momento posso traduzir em

Artigo 1º – O quadro do Pessoal _________________


da Secretaria do Senado Federal, a (*) – Não foi revisto pelo orador.
– 539 –

poucas palavras: as usinas que em Minas produzem chinesa", como que declarando que na China
essa liga metálica estão despedindo seus operários existem apenas pequenos fornos não é correta. Eu
e apagando seus fornos. É evidente que isso peço a V. Exa. escusas pelo aparte que dou, mas
significa uma situação de crise, aliás muito discutida estive na China comunista, há questão de quatro
e debatida no meu Estado, embora não devidamente meses, e lá o que se fala e muito, é na nova política
apreciada no cenário federal. Nem por isso, de andar com as duas pernas. A China tem
entretanto, o problema do ferro gusa deixa de realmente espalhada em tôda a sua extensão
interessar a todo o Brasil, porque êle afeta territorial uma grande quantidade de forninhos, mas
grandemente ao próprio ritmo do desenvolvimento da tem também, em notável escala, grandes fornos,
siderurgia nacional. Enquanto as usinas se fecham, o maiores do que os grandes fornos do Brasil. A
mercado interno ainda registra um sensível deficit de produção siderúrgica brasileira é de dois milhões de
aço. Como explicar essa crise, Sr. Presidente? toneladas, se não me falha a memória. A China tem,
Em 1958, foi verdadeiramente surpreendente hoje, com seus grandes fornos, nove vêzes mais do
o surto de instalação de fornos de ferro gusa, em que o Brasil. Dei o aparte a V. Exa. porque a
Minas Gerais. Quase cinqüenta começaram então a observação que trago ao seu conhecimento e da
ser construídos em uma mesma zona geográfica Casa é feita in loco: visitei as grandes siderúrgicas
daquele Estado, no Oeste de Minas, sendo que nove chinesas e posso assegurar a V. Exa. que não é de
ficaram prontos naquele mesmo ano, localizando-se pequenos forninhos que a indústria siderúrgica
sete no Município de Divinópolis e em Itaúna, bem chinesa está vivendo nos dias atuais.
perto de Belo Horizonte. Em 1959 mais de quarenta O SR. NOGUEIRA DA GAMA: – Agradeço ao
fornos foram instalados, dez em Divinópolis, os nobre Senador Gaspar Velloso o esclarecimento que
demais bem próximos de Belo Horizonte, em Itaúna, oferece ao meu discurso, dando o testemunho do
em Betim, Mateus Leme e Pará de Minas. que S. Exa. viu e apreciou na sua viagem à China. A
A extraordinária instalação de fomos expressão por mim usada, eu a colhi na
produtores de gusa, em menos de dois anos, todos literatura que tive a oportunidade de compulsar
de pequeno porte, com capacidade média de a respeito do desenvolvimento e da exploração
produção que não ultrapassa de trinta toneladas do ferro gusa nos vários países que o exploram.
diárias, chegou a parecer a observadores Bem sei, como pondera S. Exa., que a China
econômicos que o desenvolvimento da siderurgia no não usa, na fabricação do ferro e do aço
Brasil se fazia à moda chinesa, isto é, à base de unicamente os pequenos fornos. É, porém,
forninhos rudimentares sob alguns aspectos, mas de provável que a expressão tenha surgido em
alta taxa de expansão. virtude de o início da siderúrgica na China ter
O SR. GASPAR VELLOSO: – Permite V. Exa. se processado precisamente à base dos
um aparte? pequenos fornos, que o nobre aparteante
O SR. NOGUEIRA DA GAMA: – Com todo o reconhece ali existirem ainda em grande número. De
prazer. qualquer maneira, o esclarecimento é um pormenor
O SR. GASPAR VELLOSO: – A que fica registrado como uma elucidação de
expressão que V. Exa. usa "à moda quem conhece e viu de perto a grande indústria si-
– 540 –

derúrgica chinesa e pode, portanto, testemunhar belecer relações diplomáticas com todos os países
que a expressão empregada na literatura não é do mundo. Estou de pleno acôrdo com S. Exa. As
correta. ideologias, quaisquer que sejam, não devem impedir
O SR. GASPAR VELLOSO: – Se V. Exa. que o mundo se transforme em um só, com as mais
permite, concluiria dando novo esclarecimento. amplas relações comerciais entre os países que
(Assentimento do orador). Estou ouvindo com a compõem a comunidade internacional. E o exemplo
máxima atenção o discurso de V. Exa., atenção que que os outros povos nos dão deve ser sempre
lhe é devida não só pela importância do problema seguido. Não devemos vendar os olhos àquilo que
que V. Exa. focaliza, com brilho, e erudição como os outros fazem sob pretexto de ideologias que não
também em reconhecimento à inteligência, à cultura podem nos atingir, porque somos um país
e ao espírito público do ilustre colega. emancipado. Quando interrompi o discurso de V.
O SR. NOGUEIRA DA GAMA: – Muito grato a Exa. foi para dizer que a China, em matéria de
V. Exa. siderurgia está realizando grande obra; e também
O SR. GASPAR VELLOSO: – Estou ouvindo com a intenção de que o Brasil olhe para aquêle
com grande satisfação a alocução que V. Exa. está país, porque temos possibilidade de fazer melhor do
fazendo neste instante, no Senado, no último dia que êle está fazendo. Peço escusas a V. Exa. pela
desta convocação extraordinária. Julgo que os extensão do aparte e pelas observações modestas
problemas fundamentais, os problemas básicos do que faço ao brilhante discurso que o eminente colega
País, devem se sobrepor, sempre aos políticos. pronuncia nesta Casa.
Encontro, na atitude de V. Exa., ao empregar o O SR. NOGUEIRA DA GAMA: – Sou muito
último dia da nossa convocação extraordinária grato ao aparte que acaba de me dar o eminente
para focalizar um dos grandes problemas de Senador Gaspar Velloso.
interêsse nacional, motivo de júbilo e ufania para a Sinto-me mesmo muito feliz por registrar no
função que deve exercer, efetivamente o Parlamento meu discurso considerações tão preciosas como
na vida da Nação. E por isso acrescento à estas que o nobre representante do Paraná acaba de
observação já feita anteriormente e que me vem à formular e que devem servir como contribuição a
lembrança neste instante e penso elucidará, todos os parlamentares e representantes do povo
modestamente o discurso de V. Exa.: o Brasil não que desejam, sinceramente, dar desempenho
pode nem deve descurar o problema focalizado conveniente ao mandato que lhes foi outorgado. São
por V. Exa. Tem que incentivar, de qualquer modo, a palavras de seguro e patriótico estímulo.
produção do ferro gusa, necessária à sua indústria O SR. BENEDITO VALADARES: – Permite V.
de base. Não deve descurar. A todo instante e a Exa. um aparte?
cada momento, cada homem público deve O SR. NOGUEIRA DA GAMA: – Com muito
lembrar aos governantes, que são passageiros, que prazer ouço o aparte de V. Exa.
o Brasil continua. O Sr. Presidente da República, O SR. BENEDITO VALADARES: –
em declarações feitas no próprio ou no dia seguinte A indústria que V. Exa. ora
a sua posse, salientou o desejo de resta- defende com tanto brilhantismo está, real-
– 541 –

mente, atravessando grandes dificuldades em nosso multâneamente o carvão de pedra e minerais


Estado. O ferro gusa, de carvão de madeira, não diversos, oferecendo sugestão e oportunidades para
encontra fàcilmente mercado estrangeiro e o que ali se construir um grande parque siderúrgico e mais
está sendo produzido, na hora presente, não tem a industrialização dos subprodutos do carvão e como
consumo interno suficiente. É preciso, portanto, bases dêsses aproveitamentos é de se lembrar a
resolver o problema e V. Exa., com sua cultura e industrialização da pirita sulfurosa para a produção
inteligência vai por certo, propor solução adequada de enxôfre e ácido sulfúrico. Existe no meu Estado o
ao caso. primeiro forno produzindo ferro gusa, no Município
O SR. NOGUEIRA DA GAMA: – Muito grato de Timbó, e essa liga metálica está sendo
pelo aparte que me oferece o eminente Senador consumida pela indústria catarinense. O aparte que
Benedito Valadares que conhece, por exame lhe foi dado pelo eminente Senador Gaspar Velloso
pessoal e direto, o problema do ferro gusa em que viu, in loco, na grande China, a produção de
Minas Gerais. S. Exa., com as palavras que acaba ferro gusa nas suas grandes usinas, vem me
de proferir, antecipa, de certo modo, as esclarecer porque baseado na literatura, eu era
considerações que vou apresentar ao Senado, favorável à argumentação de Vossa Excelência. No
indicando, desde logo os dois ângulos principais entanto, através dessa literatura, sei que a China
da questão. moderna produz ferro gusa em grandes e pequenos
O SR. SAULO RAMOS: – V. Exa. dá licença fornos, mas inteligentemente modificou o sistema
para um aparte? das grandes siderurgias, para implantar em seu
O SR. NOGUEIRA DA GAMA: – Ouço, com território as pequenas unidades siderúrgicas, a fim
satisfação, o aparte de V. Exa. de que elas consumam o ferro gusa lá produzido. Em
O SR. SAULO RAMOS: – Estou ouvindo com nossa Pátria, está-se importando verdadeiras
a atenção que merece, o discurso pronunciado por entidades siderúrgicas, esquecendo de ampliar a
Vossa Excelência, ao se referir à crise da produção mineração carbonífera. Os atuais Governadores
do ferro gusa em Minas Gerais, cuja crise atual eleitos procuram implantar grandes entidades
poderá perturbar o ritmo do sistema siderúrgico do siderúrgicas nos seus Estados. Se V. Exa. está
país. Sou originário de um Estado que produz o sugerindo soluções siderúrgicas, gostaria que
carvão metalúrgico para abastecimento não só lembrasse os Podêres Públicos a exploração mais
de Volta Redonda, mas de tôda a siderurgia ampla do carvão nacional e a continuação de
brasileira. pequenas usinas siderúrgicas mais especializadas.
O SR. NOGUEIRA DA GAMA: – Aliás, Vossa O SR. NOGUEIRA DA GAMA: – Muito grato
Excelência pode acrescentar que Santa Catarina é o ao valioso aparte que me oferece o nobre Senador
Estado que produz o único carvão metalúrgico que o Saulo Ramos. São realmente muito interessantes
Brasil possui. os vários aspectos que a siderúrgica
O SR. SAULO RAMOS: – Agradeço a nacional nos oferece. Mas, Senhor Presidente,
afirmativa de Vossa Excelência pela verdade prossigo na minha exposição preliminar
que nela se contém. No meu Estado, afloram si- do problema, para deixar esclarecidas as
– 542 –

razões determinantes do incremento da crise em que me refiro e que se acham em crise, no momento.
ora se debate o ferro gusa em Minas Gerais. É muito fácil identificar os motivos
Em dezembro de 1957, existiam, no meu determinantes do crescimento da produção do gusa
Estado, 18 altos fornos de gusa. Três anos depois mineiro: Em primeiro lugar, influiram de modo
êsse número se elevou a 85, num incremento de psicológico muito intenso nessa expansão as
372%, o que corresponde a uma taxa de quase atividades iniciais do GEIA, pois que os estudos e
100% ao ano do número de fornos. Em planos a cargo dêsse órgão, visando à implantação e
conseqüência, a capacidade de produção cresceu amparo de indústrias de relevante interêsse
grandemente: os 18 fornos de 1957 produziam, em nacional, forçosamente haveriam de criar no País
conjunto, 13.850 toneladas mensais. Os 85 um clima de estímulo à iniciativa privada, levando-
atualmente existentes apresentam uma capacidade a a empreendimentos, os mais variados, em
de produção global, também por mês, de 67.060 muitos casos sob forma desordenada. Em
toneladas. Houve um aumento de 484% em menos segundo lugar, atuando decisivamente na
de três anos. expansão das aludidas usinas, surgiu o
Diante de tão acentuada expansão e desenvolvimento da indústria automobilística,
crescimento, seria natural que sentíssemos justo localizada em São Paulo, que consome
orgulho com o desenvolvimento de uma indústria aproximadamente 70% do gusa mineiro para
nacional de porte econômico indiscutível, como é a mercado. Correlatamente, expandiram-se e
do ferro gusa. multiplicaram-se as fundições paulistas, tudo isso
Infelizmente, porém, as usinas que surgiram dando ensejo a que dobrasse a demanda de gusa,
assim tão ràpidamente, em tão curto espaço de cujo preço atingiu a Cr$ 11,00 o quilo em fins de
tempo, começam a ser fechadas, despedindo os 1958 e princípios de 1959 para um custo de
seus empregados e apagando os fornos, criando produção de cêrca de Cr$ 5,00 por quilo.
uma crise não apenas econômica mas, também, de Êsse preço de venda, que baixou para Cr$
caráter social, pois que avultado é o número de 6,50 em dezembro de 1958, subiu para Cr$ 9,50
trabalhadores empregados em suas atividades. em março de 1959, devido ao ritmo então
Devo esclarecer, Senhor Presidente, que as aumentado, da indústria automobilística e a
pequenas usinas produtoras de ferro gusa do Oeste algumas compras ocasionais das grandes
de Minas vendem a terceiros a sua produção, isto é, siderúrgicas.
vendem o seu produto às fundições ou às aciarias. Atualmente, o preço do gusa no Oeste mineiro
Não estão aparelhadas para posterior transformação não alcança a Cr$ 6,00 o quilo, inferior aos custos da
do gusa em aço ou em manufatura simples como produção, caminhando, assim, as usinas para a ruiva
ancinhos e outros artigos. financeira e econômica.
Em matéria de produção de ferro gusa há dois O SR. FILINTO MÜLLER: – Permite V. Exa.
tipos distintos: aquêle que se destina ao mercado e o um aparte?
produzido nas grandes usinas siderúrgicas onde é O SR. NOGUEIRA DA GAMA: – Com
apenas uma parte integrante da produção do aço. satisfação.
É dêsse gusa para mercado, repito, O SR. FILINTO MÜLLER: – O
que se ocupam as usinas instaladas discurso que V. Exa. está pronunciando
no Oeste mineiro, às quais ora é, realmente, uma peça da mais al-
– 543 –

ta importância, em que o problema exposto assume desta oração a respeito do ferro-gusa que,
aspectos graves para o nosso desenvolvimento. Há inegàvelmente, tem sua correlação com o problema
poucos dias, estêve em Brasília, onde pronunciou do manganês, como S. Exa. acabou de focalizar, no
notável conferência sôbre problemas semelhantes ao que se refere ao mercado interno.
do ferro gusa, o Dr. Jorge Chamma, Presidente do Mas, Sr. Presidente, continuo a exposição que
Sindicato Nacional da Indústria da Extração do Ferro vinha fazendo para acentuar que, diante dos preços
e Metais Básicos. Teve o conferencista insatisfatórios, algumas usinas, logo no início de
oportunidade de apontar a gravidade da questão 1960, passaram a formar estoques, em atitude
do manganês. Ainda há pouco, o nobre Senador defensiva, por meio de uma retração na oferta.
Benedito Valadares, em aparte a V. Exa., referiu- Faltou-lhes, porém capacidade financeira para
se à situação angustiosa em que se encontram os sustentar essa política de preços. Desprovidas de
produtores de ferro-gusa de Minas Gerais, dada a capital de movimento viram-se forçadas a vender os
falta de mercado, quer interno, quer externo. Em estoques, pouco tempo depois, para a obtenção de
relação ao manganês, citou, igualmente o Dr. recursos necessários à compra da matéria-prima. E
Jorge Chamma, na sua conferência, a dificuldade essa venda foi feita ao preço de Cr$ 5,40 o quilo
de se encontrar mercado interno. Após a quando o custo era de Cr$ 6,00.
conferência, realizada no Rio de Janeiro, o Com uma capacidade de produção de 67.000
Sindicato enviou cópia fotostática da carta toneladas para um consumo de 22.000,
recebida da Tchecoslováquia, que iria importar mensalmente, não é de esperar qualquer eventual
manganês através de contrato, das minas de modificação nas cotações do produto.
Urucum, de Mato Grosso, em que não denunciava Necessàriamente, sem aumento da procura e
o contrato, porém, dizia que a Índia havia havendo excedentes, nada indica uma possibilidade
oferecido manganês de primeira qualidade e por de melhoria, em breve espaço de tempo, nos preços
prêços mínimos. V. Exa. sabe que a Rússia internos. Qualquer elevação dêsses preços
exporta aquêle minério para a Bélgica, para a dependerá sempre de maior elasticidade do
Suécia e para quase todos os países da Europa, consumo e prévia absorção dos excedentes. É uma
em grande quantidade, concorrendo expectativa esta com que não se pode contar,
tremendamente com o mercado exportador do porque não produz efeitos no presente e se
Brasil. Em relação ao manganês, o problema é apresenta de ocorrência futura incerta.
semelhante ao que V. Exa. está expondo. Volto a É certo, Sr. Presidente, que essa crise podia
acentuar que o discurso de V. Exa. é uma peça ser prevista. Teria havido açodamento na
notável e merece a atenção por parte do Govêrno implantação dêsse número avultado de usinas.
da República. Faltaram estudos, programas e planos. Qualquer
O SR. NOGUEIRA DA GAMA: – Mais uma estudioso, mesmo sem conhecimentos
vez declaro-me feliz, Sr. Presidente, pelo aparte especializados de economia, examinando o cálculo
com que fui honrado, já agora pelo nobre do consumo e da produção, poderia verificar a
Presidente desta Casa, Senador Filinto Müller, possibilidade ou não de excedentes. Assim teria sido
oferecendo o subsídio da sua experiência e das possível a fixação dêsse crescimento dentro de um
suas luzes, que muito enriquecem a minha mo- número limitado de usinas.
– 544 –

A verdade, Sr. Presidente, é que a situação dicação não resolverá a crise. Como podem os
está criada, de fato, na sua mais dura realidade. A bancos financiar estoques e aumentar os limites
crise ameaça a economia de Minas e também a do cadastrais para as operações de usinas com uma
Brasil, porque o problema, como disse no início do produção excedente do consumo atual do País e
meu discurso, afeta em cheio o desenvolvimento da sem possibilidades de colocação, no mercado
siderurgia nacional. Se houver demora na solução, o externo? O assunto foi ainda há pouco abordado
destino das usinas de ferro-gusa do oeste do meu pelo nobre Senador Benedito Valadares e sôbre êle
Estado será apenas um – a venda como ferro velho. também tecerei considerações, mais adiante, porque
Sr. Presidente, em Divinópolis, hoje o maior o ponto crucial das dificuldades que aniquilam as
centro de ferro gusa do Oeste de Minas, pois que ali usinas está exatamente na falta do mercado
existem vinte e uma usinas, dez delas estão comprador de tôda a produção.
paralisadas. Nos outros municípios já estão fechados A segunda reivindicação dos produtores de
cêrca de cinqüenta por cento dos fornos, embora não gusa refere-se à limitação da instalação de novas
se tenham dissolvido as sociedades que se mantêm usinas.
equipadas e com alguns funcionários e operários em É outra providência que não resolve a crise, no
atividade. Faz cinco meses que êsses fatos se momento. Além de ser assunto delicado, entra no
verificam e os extremos da resistência campo da liberdade profissional de comércio. É
dessas indústrias estão sendo atingidos e medida acautelatória, não de solução pronta ou a
ultrapassados. curto prazo.
Sr. Presidente, a luta dos produtores mineiros A terceira reivindicação trata da prova da
tem sido tenaz para sair dos embaraços em que se posse da área florestal, ou reflorestada, em
encontram. Numerosos memoriais enviaram êles ao condições de assegurar auto-suficiência no
ex-Presidente da República, o eminente Dr. abastecimento do carvão, por preço mínimo.
Juscelino Kubitschek de Oliveira. Em várias ocasiões Sr. Presidente, o Brasil, rico em minérios de
se reuniram, chegando mesmo a fundar uma ferro, é pobre em carvão. Suas jazidas estão
associação para a defesa dos interesses da classe – localizadas a grande distância das usinas
a Associação dos Produtores de Gusa do Estado de siderúrgicas. A não ser as de Santa Catarina que
Minas, conhecida pela sigla Gusamig. Nesses produzem o coque metalúrgico, nosso País, por
memoriais e nos debates realizados em sua enquanto, só dispõe de carvão de qualidade inferior
organização de classe, os produtores de gusa do que, na sua maioria, produz apenas vapor.
Oeste mineiro apresentaram várias reivindicações na A opinão do General Macedo Soares a êsse
suposição de que, por êsse meio e com o respeito é muito conhecida. Diz êsse grande técnico
atendimento dêsses reclamos poderiam sair dos o seguinte:
embaraços em que se encontram. “Só em caso de calamidade internacional se
Pedem êles financiamento de estoque e justificaria, entre nós, o emprêgo do coque 100%
aumento de limites para as operações de desconto nacional”.
das usinas e caução de duplicatas. A auto-suficiência no abastecimento de
É evidente, Sr. Presidente, carvão, que não pode ser obtida
que o atendimento dessa primeira reivin- de pronto, nenhum efeito de-
– 545 –

terminaria para a solução favorável da crise do gusa. É sabido que nosso carvão é muito poroso e
O SR. SAULO RAMOS: – Dá V. Exa. licença de gaseificação lenta, segundo os técnicos, o que
para um aparte? torna demorado o processo de fabricação. Possui,
O SR. NOGUEIRA DA GAMA: – Com muito além disso, acentuado teor de cinza, o que lhe dá
prazer. grande volume, tornando-o também deficitário para a
O SR. SAULO RAMOS: – Lembro a V. Exa. produção siderúrgica.
que Volta Redonda foi construída para ser Mesmo assim, sabemos que o carvão nacional
abastecida com carvão catarinense. Se o nosso vem sendo usado nas usinas siderúrgicas do nosso
minério não é um dos melhores, não é pior que o País, numa proporção que está subindo dia a dia.
carvão japonês, que operou o milagre da siderurgia Podemos, desde já, calcular que essa percentagem
nipônica, transformando aquela nação na grande de aproveitamento está chegando quase à metade,
potência siderúrgica e industrial do Oriente. O carvão isto é usamos quase igualmente o carvão nacional e
brasileiro, lavado e tratado, pode servir plenamente o estrangeiro. O aproveitamento do carvão nacional
ao nosso parque siderúrgico. Não se justifica, já ultrapassou a 40% do total utilizado.
portanto a formação de um parque siderúrgico sem o A situação do nosso país não é igual a da
produto brasileiro. Além disso, hoje se tomam China, que ainda há pouco foi justamente elogiada
medidas no sentido do aproveitamento do carvão a pelo nobre Senador Gaspar Velloso, nem a dos
vapor. São três os produtos do nosso minério: o Estados Unidos, da Rússia e da África do Sul, que
carvão metalúrgico, que abastece a siderurgia; o são auto-suficientes em minério e carvão. O Brasil
carvão a vapor, que produz a energia termelétrica e está como o México, o Canadá, a Espanha e o Chile
o carvão pirita, que produz o enxôfre e ácido – rico em minério e pobre em carvão.
sulfúrico. Durante a última guerra, quando o País não O nobre Senador Saulo Ramos invocou o
recebia o carvão estrangeiro, o nosso com a simples exemplo do Japão, que teria operado a grandeza de
modificação das grelhas serviu para alimentar sua siderurgia com o carvão nipônico, que S. Exa.
totalmente a siderurgia nacional e foi usado no declara não ser superior ao nosso. Efetivamente, o
transporte e na iluminação em São Paulo e no Rio de Japão, sem minério, possui hoje uma grande
Janeiro. siderurgia. Mas o seu carvão – se a memória de
O SR. NOGUEIRA DA GAMA: – Muito grato algumas leituras não me falha – embora pouco,
ao aparte de V. Exa. apresenta um teor metalúrgico em gráu médio, com
Não há dúvida, Sr. Presidente, que assiste ao certas propriedades que o valorizam no processo da
nobre representante de Santa Catarina o direito de industrialização. Aliás, ao lado disso, devemos
resguardar a produção nacional de carvão. Mas, reconhecer que mesmo em países possuidores de
segundo os técnicos, ela ainda não atende às grandes reservas de carvão, como acontece na
necessidades da nossa siderurgia no sentido amplo França, são aproveitados alguns tipos da qualidade
que Sua Excelência deseja, no que, aliás, é do nosso mediante eliminação de impurezas ou
acompanhado por todos os brasileiros. elementos de inferiorizarão.
– 546 –

O SR. SAULO RAMOS: – Permite V. Exa. de solucionar a crise. É comum dizer-se, Sr.
mais um aparte? Presidente, que o Brasil tem necessidade de
O SR. NOGUEIRA DA GAMA: – Pois não, exportar ferro gusa. Alguns entendem mesmo que
com todo o prazer. seria preferível exportar gusa em vez de minério.
O SR. SAULO RAMOS: – Se o carvão Embora sem conhecimentos técnicos, mas levando
catarinense tem grande percentagem de cinzas tem em conta o aspecto político-econômico da matéria,
bom poder aglutinante; o uso da ulha negra vale pela tenho para mim que melhor seria vendesse o Brasil
sua caloria. O carvão brasileiro, selecionado, lavado para o exterior lingotes e laminados. Isso ajudaria o
e estandardizado, pode ter teor calorífico além de país a reduzir a sua pauta de exportação de matéria-
seis mil e duzentas calorias. Lamento, não sendo prima, com obtenção de maiores vantagens ao seu
técnico, mas parlamentar e médico, ter que desenvolvimento industrial.
contraditar a afirmativa do eminente ex-Diretor da O SR. GASPAR. VELLOSO: – Muito bem.
Companhia Siderúrgica Nacional, Senhor Macedo O SR. NOGUEIRA DA GAMA: – A exportação
Soares. Fico com a opinião dos que acham que o não se apresenta, porém, como escoadouro ou saída
nosso carvão pode operar, no futuro, o mesmo favorável para o ferro gusa brasileiro. Quando surgiu
milagre que operou o carvão japonês que sendo a crise, os produtores mineiros voltaram-se para
inferior ao cardìff construiu a grande siderurgia êsse caminho, cheios de esperanças. Mas as portas
nipônica. Fico com a realidade indesmentível de que do mercado exterior mantiveram-se fechadas para
o carvão catarinense, durante a guerra, alimentou eles e assim continuam. O exame do movimento
100% Volta Redonda e poderá, se aproveitado com estatístico da exportação mostra que não há
sabedoria e técnica, sustentar, por si só, o parque pessimismo na minha descrença em relação a um
siderúrgico nacional. mercado externo para o nosso gusa. Basta ver que
O SR. NOGUEIRA DA GAMA: – Formulo em 1956 exportamos 93.587 toneladas e em 1957
sinceros votos para que, no futuro, os desejos de V. apenas a têrça parte, ou seja – 30.108 toneladas.
Exa. se concretizem, em benefício do nosso país. Em 1958 não houve exportação. Em 1959, quando já
Caberá aos nossos técnicos e ao govêrno Federal a existia excedentes, o Brasil só conseguiu exportar
grande tarefa de demonstrar as reais qualidades de mil toneladas, originárias, não de Minas, onde está o
coque metalúrgico do carvão nacional. grande volume da produção, mas da Cia. Ferro e
O SR. SAULO RAMOS: – Agradeço a V. Exa. Aço de Vitória e das Sociedade Brasileira de
com esperanças nessa realidade futura. Corumbá, que exporta gusa para a Argentina por via
O SR. NOGUEIRA DA GAMA: – A mais fluvial. Essas mil toneladas renderam 53.000 dólares.
relevante reinvindicação dos produtores mineiros, Sr. Não tenho ainda os dados sôbre a exportação de
Presidente, dizia respeito á exportação do gusa, para 1960.
a qual pediam determinadas facilidades. A Associação dos Produtores de Gusa do
Muitos consideram a exportação Estado de Minas – Gusamig, tem recebido ofertas
uma das alternativas em condições de compra da Itália, Argentina, Inglaterra,
– 547 –

Estados Unidos, Japão e Polônia. Mas o preço do O SR. NOGUEIRA DA GAMA: – Pela taxa de
mercado internacional não cobre o custo da Cr$ 185,00, vigorante logo após a Instrução 192, a
produção. Basta ver o cálculo oferecido pelas 1.000 tonelada de gusa alcançava Cr$ 8.800,00 o que
toneladas exportadas em 1959, cujos 53.000 dólares corresponde a Cr$ 8,80 o quilo para um custo de Cr$
que produziram dão o preço de Cr$ 5.300,00 por 6,00. Acrescentando o aumento dos salários e
tonelada, ou seja – Cr$ 5,30 por quilo, e isso mesmo transporte de Cr$ 1,50 e Cr$ 0,70 para as despesas
pela taxa do dólar de exportação do ferro gusa de alfandegárias teremos um custo FOB de Cr$ 8,20 o
Cr$ 100,00, vigorante em 1959, taxa que fôra quilo. O lucro, na melhor hipótese, seria de 60
elevada, pois em junho de 1958 era de Cr$ centavos, se tivesse havido exportação.
92,00. Sr. Presidente, não se apresenta possível a
A êsse preço de Cr$ 5,30 o quilo em 1959 a exportação por um outro motivo, êste de ordem
exportação não era possível porque a tanto montava econômica e competitiva – é que as grandes
o custo da produção. Com o acréscimo de 20% de siderúrgicas do mundo dispõem de minas próprias,
frete e 10% de despesas alfandegárias, o quilo de cativas, que lhes fornecem minério a baixo preço,
gusa atingia então a quase Cr$ 7,00 o quilo. O com a produção do gusa integrada no seu sistema,
preço mínimo de venda devia ser portanto de Cr$ em condições, portanto, favoráveis ao ritmo de suas
8,00. atividades. Em face da técnica, para a siderurgia
Sr. Presidente, os produtores de gusa do integrada, o gusa em ligotagem adquirido de outras
Oeste de Minas depositaram grandes esperanças na usinas, é considerado "atividade parasitária". E
exportação. Chegaram mesmo a formar um dos segundo se sabe, o gusa sólido, importado de
grupos de pressão que em dezembro de 1959 qualquer país, terá que ser refundido para sua
impuseram à SUMOC a Instrução 192. Estavam utilização em forma Iíquida, com sensíveis acréscimo
convencidos de que o dólar atingiria no mercado livre no custo, já onerado pelos fretes e direitos
a taxa de Cr$ 200,00, que permitiria a exportação do alfandegários. Afirmam os entendidos no assunto
gusa a preço compensador. que êsse acréscimo no custo, incluídas as despesas
O SR. RUY CARNEIRO: – O gusa industriais para refundir o gusa no alto forno, atinge a
estava, então, incluído entre os produtos nove dólares por tonelada, o que diminuí as
gravosos. possibilidades de ama preço compensador para
O SR. NOGUEIRA DA GAMA: – Exatamente. quem exporta.
E dai porque passou para o mercado livre, em Ora se oitenta e oito por cento da produção
virtude da referida instrução 192. mundial do ferro gusa são utilizados no refino do aço,
Não ocorreu, porém, o que se esperava, pois o conforme se vê dos dados estatísticos sôbre o
Banco do Brasil passou a intervir no mercado, assunto, sobrariam, apenas doze por cento para as
mantendo-se o dólar na cotação de Cr$ 185,00 ao demais aplicações, de vez que, como acentuei, o
mesmo tempo que o preço do ferro gusa caía no gusa é usado, na quase generalidade, em forma
mercado internacional. líquida na indústria siderúrgica integral, que vai do
O SR. RUY CARNEIRO: – No momento, o minério aos laminados, sem interrupção no seu
dólar no câmbio livre está a Cr$ 200,30. processo técnico fabril.
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Sr. Presidente, o comércio do gusa, a pra dos excedentes pela Companhia Siderúrgica
meu ver, só pode ser feito, no campo internacional, Nacional.
de modo esporádico, a não ser por meio de Em nada se alteram as minhas conclusões
encomendas ou sob a proteção de convênios ou diante dessas propostas aprovadas por aquêle
acôrdos com determinados países. O Brasil não Congresso. Elas me forneceram mesmo
poderá contar com a exportação para colocar o interessantes subsídios aos estudos que realizei
ferro gusa produzido pelas nossas usinas. A sôbre o problema do gusa. Merecedoras de aprêço,
alternativa da exportação deve ser afastada de tôda muito contribuirão, se atendidas, para melhorar o
e qualquer cogitação dos industriais do Brasil e do problema do gusa.
Dessas recomendações, ponho em relêvo a
Govêrno, que deve examinar o problema, disposto a
que se refere aos entendimentos para a venda do
dar solução à crise em que se debate o ferro
gusa à Argentina e a que cogita da compra dos
gusa.
excedentes pela Usina de Volta Redonda.
Sr. Presidente, em 31 de agôsto último, Seria um grande regozijo se, o atendimento
sob o patrocínio da Associação Comercial de dessas medidas implicasse em solução favorável à
Minas, reuniu-se em Belo Horizonte o 1º Congresso crise do gusa. Nem a Cia. Siderúrgica Nacional
Mineiro de Exportação, que também examinou o concordaria, porém, em quebrar o seu ritmo e o seu
problema do ferro gusa. Não pude assistir aos sistema de siderurgia integrada para aproveitar o
trabalhos dêsse conclave, embora muito o gusa do Oeste de Minas, nem o mercado argentino
desejasse. Eu estava então empenhado na só com a sua eventual demanda isolada, daria a
campanha eleitoral, cumprindo programas apertados, solução que todos desejamos.
em viagens ininterruptas, pelo interior do Estado, Não acredito, Sr. Presidente, repito, nas
pois como Presidente da Comissão Executiva possibilidades de uma exportação permanente do
Regional do P.T.B. era do meu estrito dever dar uma ferro gusa nacional, a despeito do seu excelente
assistência constante ao desenvolvimento da teor. Ressalvo apenas a hipótese de uma exportação
propaganda de nossos candidatos. Acompanhei, sob convênio ou acôrdo e a êsse prisma não há
porém, os trabalhos do Congresso pelos jornais de dúvida que o mercado argentino pode nos ser
Belo Horizonte e dêles procurei, depois, conhecer os favorável, dentro dos seus relativos limites.
Dispondo de reservas que não ultrapassam a
resultados.
200 milhões de toneladas, a Argentina é pobre em
A situação do ferro gusa despertou grande
minérios e assim seu mercado deve estar sempre
interêsse no Congresso, cujo plenário, após agitados aberto às importações.
debates, aprovou treze propostas, entre as quais O recente Acôrdo da Zona Livre de
figuram a criação de tarifas especiais, financiamento Comércio, já assinado pelo Brasil e aprovado
dos estoques, aumento dos limites das operações de pelo Congresso Nacional, pode dar meios à
descontos e isenção do Impôsto de Vendas e colocação do ferro gusa na Argentina e outros países
Consignações, aparelhamento do pôrto de vizinhos. Será essa uma exportação prèviamente
Angra dos Reis para a maior facilidade na assegurada, embora não se apresente em volume e
exportação do gusa, envio de uma missão do valor de maior expressão e em condições
Govêrno Federal à Argentina para entendimentos de garantir o desenvolvimento e a estabilidade
sôbre a colocação do nosso produto e com- das nossas usinas produtoras de gusa. Só
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nos resta procurar, Sr. Presidente, em face de tudo o ses laboriosas e nas fôrças populares.
que alego, sustento e provo, uma solução viável e As pequenas usinas de gusa do Oeste de
realística, capaz de tornar possível o Minas empregam aproximadamente dezoito mil
desenvolvimento das indústrias de gusa do Oeste de operários, o que representa uma população de cêrca
Minas Gerais e de outras regiões do País, para que de cem mil pessoas, compreendidas as famílias
possa haver, com essa liga de ferro-carbono, o dêsses trabalhadores. A êsse número podemos
melhor aproveitamento para a produção do aço e, acrescentar os que labutam nas atividades
também, para as nossas fundições e diversas subsidiárias dessa indústria, ou seja, no transporte
outras manufaturas, inclusive para os artigos de de minério, na mineração em si mesma, e, em
trefilaria. particular, na produção do carvão consumido pelas
Onde encontrar, Sr. Presidente, a solução usinas de gusa.
para o problema? Teremos, assim, uma população de duzentas
Êste o ponto capital que me proponho colocar mil pessoas mais ou menos, Iigadas, de modo direto
diante do Senado, cheio de esperança de que ajude ou indireto às atividades ameaçadas de
Minas Gerais e o Brasil a sairem das dificuldades em estrangulamento no Oeste de Minas.
que se encontram. Ora, Sr. Presidente, ninguém negará que seria
Sr. Presidente, desejo agora, fazer uma doloroso para tôda essa população o fechamento
pergunta: será justo permitir o descalabro e a ruína das usinas de gusa naquela região mineira,
da produção de ferro gusa em Minas Gerais, se só mormente quando ainda é baixo ali o nível de
essa produção fornece noventa por cento do emprêgo. O impacto na economia da Zona não seria
chamado "gusa para mercado", consumido de efeitos meramente locais. Com êle perderia
internamente? Como deixá-la ao abandono, se ela é Minas, que tanto tem ajudado o Brasil com a sua
básica ao desenvolvimento da economia nacional? matéria-prima, desde os velhos e sacrificados
Pode, Sr. Presidente, o País concordar em que se tempos da Colônia. Com êle perderia igualmente o
aniquile e desapareça um setor necessário às suas próprio Brasil, Nação em amplo desenvolvimento e
atividades produtivas e úteis, no qual um grupo de francamente aberta aos surtos da economia mundial.
mineiros audazes conseguiu concentrar, em curto Sr. Presidente, se o estudo do problema deve
espaço de tempo, um capital aproximado de um conduzir a uma solução que aproveite o gusa para
bilhão de cruzeiros? Diante da nossa probreza de as necessidades do mercado interno, então o meio
capitais é admissível se perca o tributo de um bilhão único e seguro será a criação de uma sociedade
de cruzeiros assim oferecidos ao progresso do de economia mista destinada a realizar
parque industrial brasileiro? êsse aproveitamento. Não será demais uma
Sr. Presidente, além do aspecto econômico da nova siderúrgica em nosso País, mormente se
perda de capitais e do aniquilamento de uma fôr localizada no famoso quadrilátero ferrífero,
indústria básica, há que considerar o aspecto social com suas reservas de trinta e cinco bilhões
que é, no caso, de grande importância. Para êsse de toneladas, distendidas numa área de oito
aspecto desejo voltar também minha atenção, não milhões de quilômetros quadrados. E não será
apenas como homem público mas, sobretudo, como demais porque, apesar da esperada produção de
integrante das fileiras do Partido Trabalhista gusa em Minas, da USIMINAS e da COCIPA, que
Brasileiro, que tem suas bases nas clas- entrarão no mercado com os seus produtos a
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partir de fins do corrente ano, o Brasil continuará gurança. Não é possível, repito, quaisquer delongas
precisando de aço. Basta considerar, Sr. Presidente, na solução da crise do ferro gusa do Oeste Mineiro.
que os excedentes previstos para a produção dessas O projeto que ora apresento é o caminho
duas novas usinas, segundo estatística que agora seguro para essa solução. A Cia. de Aços Minas
compulsei, descerão de quase trezentas mil Gerais, a "AÇOMINAS", que êle objetiva criar, será o
toneladas em 1964, para trinta e quatro mil parque siderúrgico de salvação do gusa produzido
toneladas. naquela região. Mas será também mais uma forja de
Só êsse pequeno excesso justificaria a criação progresso econômico e uma nova chaminé a
de uma aciaria no Oeste de Minas, se as razões anunciar o vigor do nacionalismo brasileiro e a
invocadas não fôssem já por si mesmas bastantes. grandeza de nossa Pátria.
Todos os estudiosos do problema siderúrgico Para êste projeto, Sr. Presidente, solicito a
no mundo não escondem a excepcional importância atenção do Senado. Desde muito, reconheço o alto
dessa indústria e todos são acordes em acentuar aprêço com que o Senado cuida dos interêsses e
que as numerosas metalúrgicas, somadas, dos problemas nacionais. Desde muito, pude
correspondem apenas a 5% da produção mundial de verificar que o aproveitamento das nossas riquezas e
aço. E a tendência dessa produção se revela pelo a emancipação econômica do país conjugam, nesta
ritmo constante e rápido incremento, em face das Casa, os esforços de todos pelo bem geral e aqui
exigências do consumo e dos planos de expansão e não são pretextos oratórios ou temas meramente
desenvolvimento de numerosas nações. literários. Bem reconheço que o Senado defende e
Um dos estudiosos da matéria, o Senhor preserva o Brasil, amparando e acolhendo tôdas as
Geraldo Mendes de Barros, em trabalho intitulado "O iniciativas de caráter legislativo que o ajudam a
Brasil e o mercado mundial de ferro", faz a seguinte progredir, e engrandecer-se no prisma social,
observação: jurídico, econômico e moral.
"Nos últimos doze anos, o rápido crescimento O SR. SAULO RAMOS: – Dá V. Exa. licença
da produção de aço e a tendência à exaustão de para um aparte?
algumas reservas norteamericanas e européias, O SR. NOGUEIRA DA GAMA: – Com muita
determinaram notável esfôrço, visando ao honra.
aproveitamento de grandes depósitos ultramarinos O SR. SAULO RAMOS: – O discurso
no Canadá, na América do Sul e na África, com de V. Exa. não representa um tema literário.
investimentos superiores a um bilhão e quinhentos É um profundo estudo relativo ao sistema
milhões de dólares. Outros projetos importantes siderúrgico. Sugere V. Exa. a criação de mais
encontram-se em execução ou em estudo na mesma uma siderúrgica, através de sociedade de
área". economia mista para salvar a produção do ferro
Diante de tudo isso, Sr. Presidente, gusa visando à nossa emancipação econômica.
o Brasil precisa de bem aparelhar-se sem Deixo registrado, no discurso de V. Exa.,
perda de tempo, fortalecendo as bases que a riqueza básica mais envolvente de
de sua produção de aço com mais uma usina, libertação econômica, reside exatamente na
organizada em moldes de técnica e de se- exploração do carvão, da hulha negra. E está
– 551 –

mais na hulha negra do que no petróleo, o ouro carboníferas são igualmente inesgotáveis e
negro e sua exploração. O petróleo é explosão de melhoram em qualidade e quantidade, do sul para o
riqueza com grande poder econômico e financeiro, norte. O carvão do Rio Grande do Sul é betuminoso
mas riqueza básica para a emancipação de uma e não metalúrgico. O afloramento do carvão
Nação está no valor energético do carvão mineral. E metalúrgico surge no Estado de Santa Catarina e no
se exploramos o petróleo através do monopólio Paraná. Vestígios de carvão de pedra são
estatal, com maior razão – tese que sempre defendi encontrados através de todo o território nacional, no
e defendo – devemos explorar o carvão brasileiro por Xingu, no Piauí, bem como no Vale do Amazonas.
idêntico processo para estabilizar o parque Com tanta riqueza no nosso subsolo
siderúrgico nacional e evitar seja êle fictício e na poderíamos, explorando-as, obter maior
dependência do carvão estrangeiro. Daremos então potencialização, conseguindo a libertação econômica
uma potencializagão maior à nossa Pátria, como deu tão decantada pelo povo brasileiro.
o carvão à Inglaterra, à França, aos Estados Unidos O SR. NOGUEIRA DA GAMA: – Muito
e à Rússia. Essas nações são potências não pelo agradecido a V. Exa.
petróleo que exploram e sim porque assentam suas Sr. Presidente, como acaba de fixar o nobre
bases econômicas na maior produção carvoeira, ou Senador Saulo Ramos, os grandes caminhos do
melhor, no poderio industrial dos seus parques Brasil estão na siderurgia. São caminhos certos, que
siderúrgicos. Sem carvão não há siderurgia, sem não enganam e não fogem como as miragens.
siderurgia não há industrialização e sem Sobretudo, são caminhos nossos que nós mesmos,
industrialização, nobre Senador Nogueira da Gama, brasileiros, devemos palmilhar. São caminhos que
não existe libertação e economia de qualquer povo nos vieram pela mão de Deus e pela obra da
ou nação. Natureza. São caminhos que o Senado ajudará o
O SR. NOGUEIRA DA GAMA: – V. Exa. tem Brasil a conquistar, porque a ação do Senado traduz
razão. As maiores reservas de minério de ferro do e exprime trabalho, produção equitativa, distribuição
mundo localizam-se no nosso País. Cêrca de trinta e das rendas, bem-estar coletivo e até mesmo ferro e
cinco bilhões de toneladas, segundo cálculos e aço.
estimativas mais recentes, estão em Minas Gerais e, Sr. Presidente, com êste voto de fé e
aproximadamente, cinqüenta bilhões no Estado de confiança, submeto à consideração do Senado o
Mato Grosso, embora estas últimas distantes e de projeto que autoriza o Banco Nacional de
exploração cheia de dificuldades. Por essa razão Desenvolvimento Econômico a promover, dentro
devemos voltar, cada vez mais, a nossa atenção de seis meses, a organização da Companhia de
para o problema da siderurgia, que é básico e Aços Minas Gerais. (Muito bem; muito bem.
fundamental no crescimento e grandeza econômica Palmas).
da nossa Pátria. Durante o discurso do Sr. Nogueira da Gama o
O SR. SAULO RAMOS: – Ao declarar Sr. Filinto Müller deixa a Presidência, assumindo-a o
V. Exa. que as maiores reservas dos minerais Sr. Novaes Filho.
siderúrgicos estão em nossa Pátria, informo O SR. PRESIDENTE: – Estêve
a V. Exa. e à Nação que as nossas reservas ontem no Senado o Sr. Coronel Jai-
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me Santos, Chefe de Polícia do Distrito Federal, que Estado de Minas Gerais, a Companhia Vale do Rio
tendo assumido o exercício dêsse cargo, veio Doce, a Companhia Siderúrgica Nacional, quaisquer
apresentar cumprimentos a esta Casa. (Pausa). autarquias ou entidades de direito público
No expediente lido figura ofício do Sr. 1º devidamente autorizadas, e, ainda, pessoas físicas e
Secretário da Câmara dos Deputados, transmitindo jurídicas de direito privado.
cópia do requerimento apresentado ontem àquela § 2º A sociedade, que se denominará
Casa, assinado por mais de um têrço dos seus Companhia de Aços Minas Gerais – AÇOMINAS,
membros, convocando o Congresso Nacional, nos terá sua sede, fôro e domicilio no Município de
têrmos do art. 39, parágrafo único da Constituição, Divinópolis, Estado de Minas Gerais.
para se reunir extraordinàriamente, de 24 do mês em § 3º O prazo de duração da sociedade será de
curso a 9 de março próximo. cinqüenta anos (50), podendo a assembléia geral
Tomando conhecimento do fato, esta prorrogá-lo ou antes de sua extinção, em qualquer
Presidência deliberou marcar para a primeira das tempo resolver sôbre a dissolução social, nos têrmos
citadas datas, às 16 horas, a instalação dos da legislação vigente.
trabalhos da sessão legislativa assim convocada. § 4º A sociedade só poderá adquirir ferro gusa
O SR. PRESIDENTE: – Sôbre a mesa projeto produzido em usinas pertencentes a seus acionistas,
de lei que vai ser lido. pessoas físicas ou jurídicas.
É lido, apoiado e vai às Comissões de Art. 2º O capital da sociedade será de
Constituição e Justiça, de Economia e de Finanças, setecentos milhões de cruzeiros (Cr$ 700.000.000,00),
o seguinte: dividido em seiscentas mil (600.000) ações ordinárias e
cem mil (100.000) ações preferenciais, tôdas do valor
PROJETO DE LEI DO SENADO de mil cruzeiros (Cr$ 1.000,00), cada uma.
Nº 3, DE 1961 § 1º Será sempre ressalvado, em caso de
aumento de capital, o direito da União de subscrever
Autoriza a criação da Companhia de Aços cinqüenta e um por cento (51%) das novas ações
Minas Gerais – AÇOMINAS, e dá outras ordinárias.
providencias. § 2º A cota de capital da União, fixada no
artigo 1º, será subscrita apenas em ações ordinárias
O Congresso Nacional decreta: pelo Banco Nacional do Desenvolvimento
Art. 1º Fica o Banco Nacional de Econômico, a débito da conta do Tesouro Nacional.
Desenvolvimento Econômico autorizado a organizar, Art. 3º A integralização das ações se fará
dentro do prazo de seis meses, uma sociedade por mediante a entrada, no ato da subscrição, de vinte
ações destinada a realizar o aproveitamento do ferro por cento (20%), do capital, pelo menos, sendo o
gusa, produzido, na região Oeste do Estado de restante pago em parcelas, na forma que fôr
Minas Gerais e circunvizinhanças. estabelecida nos estatutos sociais.
§ 1º Participará da sociedade, em nome Art. 4º Os Institutos de Aposentadoria e
da União Federal, o Banco Nacional Pensões, as Caixas Econômicas Federais e demais
de Desenvolvimento Econômico, com a entidades autárquicas ficam autorizadas a
maioria das ações, dela podendo fazer parte o subscrever ações da sociedade.
– 553 –

Art. 5º A sociedade será administrada por uma ORDEM DO DIA


Diretoria composta de quatro membros: Presidente,
Diretor Técnico, Diretor Administrativo e Comercial, Não há número para votações.
Diretor Tesoureiro e mais um Diretor Secretário, Vou submeter à discussão as matérias em pauta.
eleito pelos acionistas preferenciais. Sem debates têm a discussão encerrada as
§ 1º Os diretores serão eleitos pela seguintes matérias:
Assembléia Geral da Sociedade, pelo prazo de
quatro (4) anos, podendo o mandato ser renovado. Redação final do Projeto de Resolução nº 48,
§ 2º O representante da União na Assembléia de 1960, que suspende a execução do art. 57, nº III,
Geral será de livre escolha do Presidente da da Lei nº 64, de 21 de fevereiro de 1948, do Estado
República. do Paraná (redação oferecida pela Comissão de
Art. 6º A sociedade gozará de isenção de Redação em seu Parecer nº 60).
impostos alfandegários, taxas e demais tributos a Redação final do Projeto de Resolução nº 58,
que estiverem sujeitos os materiais e equipamentos de 1960, que suspende a execução do nº XIX do art.
que importar, desde que destinados às suas 34 e do art. 104 da Constituição do Estado do Ceará
instalações, à conservação e exploração das (redação oferecida pela Comissão de Redação em
mesmas, ficando ainda isenta, durante o prazo de seu Parecer número 61, de 1961).
vinte (20) anos, de todos os impostos federais. Redação final do Projeto de Resolução nº 60, de
Art. 7º Os funcionários públicos da União, dos 1960, que suspende a execução da letra d do art. 2º do
Estados e Municípios, servidores de entidades Decreto nº 457, de 22 de janeiro de 1950 do Estado de
autárquicas e oficiais das Fôrças Armadas poderão Pernambuco (redação oferecida pela Comissão de
ser postos à disposição da sociedade para o Redação em seu Parecer nº 58 de 1961).
exercício de função, nomeados ou eleitos, sendo Redação final do Projeto de Resolução nº 61,
considerados como de efetivo o tempo que assim de 1960, que suspende a execução da Lei nº 1.027,
permanecerem, com todos os direitos e garantias de 11 de dezembro de 1953, do Estado do Rio
legais, exceto o vencimento ou remuneração do seu Grande do Norte (redação oferecida pela Comissão
cargo permanente. de Redação em seu Parecer nº 59 de 1961).
Art. 8º A sociedade publicará anualmente,
além dos documentos a que está obrigada por lei, Está esgotada a matéria constante da Ordem
relatório circunstanciado de suas atividades. do Dia.
Art. 9º Á sociedade fica autorizada a contrair Há oradores inscritos.
empréstimos no exterior ou no País para a realização Tem a palavra o nobre Senador Coimbra
do seu programa. Bueno, por cessão do nobre Senador Saulo Ramos.
Art. 10. Esta lei entrará em vigor na data da O SR. COIMBRA BUENO (sem revisão do
sua publicação, revogadas as disposições em orador): – Senhor Presidente, desejo fazer, neste
contrário. momento, uma comunicação ao Senado, a propósito de
O SR. PRESIDENTE: – Passa-se à: nota inserida no "Correio Braziliense", edição de hoje.
– 554 –

A nota está vazada nos seguintes têrmos: tos o seu Diretor, Dr. Brito Pereira.
(Lendo) Aliás, quantos tratam com aquêle
Departamento, sabem da dedicação e dos sacrifícios
"BILHETE A JÂNIO de uma pequena equipe que se transferiu para
Brasília, sem recursos de pessoal e de material, e
C. B., 10-2-61 aqui deu um grande desempenho às suas
atribuições, principalmente no que se refere aos
ÊLES SOUBERAM TRABALHAR trabalhos exaustivos oriundos da elaboração
Orçamentária, os quais exigem, habitualmente, um
Excelência: esfôrço fora do comum de todos os funcionários
Aqui estávamos antes da inauguração de daquele órgão.
Brasília e nunca deixamos a cidade, embora vindos Faço justiça, assim, ao realçar, desta tribuna, o
por injunções profissionais, Conhecemos tôda gente, trabalho prestado ao País pelo Diretor e pelos
principalmente daquelas repartições transferidas, funcionários da Imprensa Nacional, já transferidos para
total ou parcialmente, para o novo Distrito Federal. Brasília, e que com poucos recursos conseguiram
Dentre as mais eficientes, podemos citar a "Agência quase um milagre, mantendo em dia os serviços a seu
Nacional" – que trouxe apenas dois Redatores – e cargo, como podem igualmente testemunhar todos os
fêz completa cobertura dos atos e fatos oficiais – e Srs. Deputados e Senadores que entraram em
êsse prodigioso Departamento de Imprensa contacto com aquêle Departamento, nesse período.
Nacional, a quem o Presidente da Câmara, em Eram as palavras que desejava proferir a
relatório, já agradeceu os serviços prestados na propósito dessa equipe de brasileiros que honram
elaboração do Diário do Congresso. Seu Diretor, o nosso País e que por ele lutam.
Senhor Brito Pereira, só pôde trazer para Brasília a Minhas palavras, Senhor Presidente, têm
décima parte dos elementos de que dispunha – assim o sentido de um preito de admiração e de
pessoal e material – no Rio de Janeiro. Seu esfôrço justiça a funcionários públicos que admiro pela sua
é gigantesco e merecem perdão algumas falhas de devoção, sempre os defendi com a mesma
Revisôres sacrificados, de Paginadores em "stress", veemência que a seis anos alerto a classe contra os
de Impressores "surmenages". "funcionários politiqueiros", que exploram seus
Quando tiver tempo, Presidente, visite o DIN e colegas.
apertará orgulhoso a mão do Brito Pereira. Dou razão ao Presidente Jânio Quadros, na
sua oportuna recomendação, mas como um dos
Vale J. Q. C." seus 28 grandes eleitores (Goiás), sugiro uma visita
a Imprensa Nacional em Brasília, porque tenho
Sr. Presidente, a propósito desta nota, quero convicção plena, ali encontrará uma equipe de
dar o meu testemunho. Nas inúmeras vêzes em homens dos que precisa para um Brasil melhor.
que, por exemplo, durante a votação do Orçamento, (Muito bem; muito bem).
fui à Imprensa Nacional, não raro às 23 horas, O SR. PRESIDENTE: – Tem a palavra o nobre
meia noite e até mais tarde, ali encontrei a pos- Senador Saulo Ramos.
– 555 –

O SR. SAULO RAMOS: – Sr. Presidente, Srs. servas florestais, continuamos praticando, sem
Senadores, a civilização brasileira, surgiu nos seus fiscalização, a mesma devastação porque o Código
primordios, destruindo florestas portentosas e ricas. Florestal de 34 não está, sendo devidamente
O colonizador com o machado escravo e o aplicado e cumprido.
índio abrindo nas matas clareiras com fogo e O SR. JOAQUIM PARENTE: – Permite V.
grandes queimadas, iniciaram no litoral as atividades Exa. um aparte?
agropastoris que se estenderam ao Interland O SR. SAULO RAMOS: – Com todo o
brasileiro, multiplicando lavouras e calcinando a terra prazer.
dadivosa e fecunda. O SR. JOAQUIM PARENTE: – Tem
As florestas com suas ricas essências vegetais tôda a procedência o que acaba de dizer V.
cederam lugar às roças, lavouras, pastagens e campos. Exa. com relação ao Código Florestal. Se me não
Assim se implantou, até nossos dias, falha a memória, data da administração do ilustre
portentosa civilização e progresso agropastoril de Marechal Távora, a instituição do Código Florestal;
modo desordenado e irracional pela incúria de todos portanto já se tornou necessária nova revisão. O
os governantes. meu Estado, o Piauí, se ressente realmente disto.
Em todos os estágios da evolução do gênero Lá existe o Serviço Florestal; Todavia, não tem
humano, clãs, regiões e pátrias têm sofrido os malefícios prestado os serviços necessários. A parte de
e as conseqüências da destruição de suas floras. reflorestamento, notadamente a do Vale do
Civilizações promissoras desapareceram com Parnaíba, não tem sido feita como devia e
a destruição florestal. efetivamente, as verbas que são solicitadas e
Com a observação dêsses fatos históricos os destinadas ao Estado do Piauí não têm sido pagas
povos mais cultos e previdentes têm aprimorado com a pontualidade devida. Assim, congratulo-me
dispositivos legais, visando o aproveitamento com V. Exa. por focalizar um assunto que considero
industrial; a conservação e ampliação de suas áreas da maior importância.
florestais, devido aos sábios ensinamentos O SR. SAULO RAMOS: – Agradeço o
fornecidos pela própria natureza e pelos modernos expressivo aparte em que V. Exa. confirma que
ensinamentos das modificações climatéricas; o Serviço Florestal no Estado do Piauí não atende,
regimes dágua, umidade e fertilidade do solo e, como devia, àquela população e ao mesmo
ainda, as conseqüências relativas à quebra do tempo, esclarece que sob a égide do Ilustre
equilíbrio bioquímico da superfície da terra. General Juarez Távora, Ministro da Agricultura em
Na atualidade brasileira o êrro mais grave e 1934, se instituiu no País, o primeiro Código
merecedor de críticas é a incursa, a inconsciência Florestal. Deve-se também a êsse eminente
nas esferas governamentais para as soluções homem público a criação do Código de Minas e
racionais e técnicas dos problemas agrícolas e da ainda a nacionalização do subsolo para as
própria silvicultura. riquezas minerais passarem a ser patrimônio
Sòmente em 1934 o Presidente Getúlio da União e só poderem ser exploradas, através
Vargas, estadista de visão e clarividência, decretou o de pesquisa e lavra como determinava a
primeiro Código Florestal Brasileiro. Constituição de 1934. Hoje se exploramos o
Apesar dêsse instituto legal petróleo brasileiro através do monopólio
decretado, em defesa das nossas re- estatal, devemos ao saudoso Presidente Ge-
– 556 –

túlio Vargas e ao seu ilustre Ministro Juarez Távora. trolar, debelar crises econômicas e sociais, punir
Por felicidade nossa, ocupa a Presidência da crimes e moralizar esta Nação, S. Exa. enviou ao
República um brasileiro que, como eu, Sr. Jânio honrado Ministro da Justiça Dr. Oscar Pedroso
Quadros, formou ao lado dos defensores da Horta um memorando solicitando providencias e
exploração petrolífera pelo monopólio estatal. estudos para reforma dos vários códigos: Penal,
Quando se desencadeou a grande campanha Comercial, Civil e ainda ontem a inclusão do Código
nacionalista em tôrno dessa forma de exploração de Contabilidade da União. Congratulo-me com S.
petrolífera, o vereador Jânio Quadros, em São Paulo, Exa. formulando veemente e patriótico apêlo para
era uma das vozes que se faziam ouvir apoiando a que o Presidente da República determine
exploração pelo monopólio estatal. No meu Estado, providencias e estudos para o reexame do Código
da mesma forma defendi da Assembléia Legislativa, Florestal existente e a feitura do verdadeiro e
como das tribunas livres, nas praças públicas de atualizado Código Florestal Brasileiro, para que as
vários Estados e até mesmo na capital da República, gerações vindouras, desta nação essencialmente
onde tive a honra de ser o segundo presidente do agrícola, possam projetá-la na sua destinação
grande Congresso do Centro de Estudos e Defesa do histórica.
Petróleo que naquela época teve como Presidente o O SR. NOGUEIRA DA GAMA: – V. Exa.
inesquecível Presidente Arthur Bernardes. focaliza com proficiência o aspecto da nossa riqueza
Friso êste fato para rememorar que o vereador florestal. Seria interessante ponderar que em vez de
bandeirante, nascido em Mato Grosso, é atualmente o uma reforma pura e simples do Código Florestal, o
Presidente da República e como nacionalista saberá novo Govêrno poderia cogitar de elaborar o Código
manter, no seu Govêrno, estou certo, a vontade Rural, do qual já existe anteprojeto elaborado ao
soberana do povo, isto é, exploração petrolífera pelo tempo do Govêrno do Presidente. Getúlio Vargas,
monopólio estatal. E lembro a advertência de Vargas: quando era Ministro da Agricultura o ex-Presidente
permitir a exploração petrolífera por capitais desta Casa, Senador Apolônio Sales. Êsse Código
estrangeiros seria alienar essa riqueza. Rural e velha aspiração de todo nosso país e
Agradeço ao Senador Joaquim Parente o conteria a matéria a que V. Exa. se refere. O Código
aparte esclarecedor que tanto ilustrou meu discurso. Florestal poderia suprir uma lacuna muito sentida no
Ainda não temos novo estatuto Brasil, país de larga base agrícola e que precisa
regulamentando o direito florestal brasileiro, já desse código para solucionar inúmeros de seus
preconizado pelo eminente magistrado Osny Duarte problemas legais referentes à matéria.
Pereira, o que muito auxiliaria o Poder Executivo, o O SR. SAULO RAMOS: – Acolho com
legislador, bem como poderia servir de guia aos muita simpatia o aparte e a sugestão de V. Exa. para
juízes quando chamados a aplicar a lei nos casos que o Govêrno volte a sua atenção para os
específicos, para que os crimes contra ás florestas estudos existentes a fim de que tenhamos um
possam ser punidos como aquêles crimes previstos Código Rural que englobe tôda matéria do Código
pelo Código Penal e outros. Florestal Brasileiro, decretado em 1934 e que não
Sr. Presidente, como um dos primeiros atos do foi pôsto em execução. Se as suas determinações
Sr. Presidente Jânio da Silva Quadros visando con- legais tivessem sido cumpridas, outra seria
– 557 –

a situação nacional face ao devastamento florestal pla, completa e perfeita, é medida de excepcional
das essências vegetais. relevância e grande urgência. Os Parlamentares
Como representante do Estado de Santa brasileiros devem encarar o problema com muito
Catarina e especificando a exploração do pinho, isto carinho e seriedade, porque se não cuidarmos da
é, da araucária brasiliensis, vejo aquêles troncos preservação e defesa das nossas florestas, não
milenários caírem, sem serem substituídos pelo seremos uma terra devastada apenas nas regiões do
replantio, o que provocará, dentro de alguns anos, Estado de Minas Gerais, como demonstrou o
uma crise na indústria extrativa da madeira e, mais Correio da Manhã através das fotografias publicadas,
tarde, haverá na nossa pátria não uma floresta de mas na totalidade do território brasileiro. Por
araucárias brasiliensis e sim o simples vestígio da isso me congratulo com V. Exa. pelo grito de
milenar e portentosa riqueza. alerta que traz ao Senado da República. Todos os
O SR. FILINTO MÜLLER: – Permite V. Exa. Parlamentares brasileiros, que têm sôbre os
um aparte? ombros a responsabilidade do exame dessa matéria,
O SR. SAULO RAMOS: – Com muita honra devem meditar nas palavras que V. Exa. está
aceito o aparte de Vossa Excelência. pronunciando.
O SR. FILINTO MÜLLER: – O Senado ouviu, O SR. SAULO RAMOS: – O aparte de V.
há pouco, o discurso magistral do nobre Senador Exa., Senador Filinto Müller, muito enaltece a minha
Nogueira da Gama. pessoa, porque parte do Presidente do Senado e
O SR. NOGUEIRA DA GAMA: – Obrigado a pela maneira com que V. Exa., ao denunciar os
Vossa Excelência. artigos do Correio da Manhã, dá seu apoio no
O SR. FILINTO MÜLLER: – S. Exa. feriu, sentido de que os legisladores, e também o Sr.
com profundo conhecimento de causa, problema Presidente da República, providenciem a elaboração
vital, não sòmente para o Estado de Minas de um Código Florestal, para evitar que nossa Pátria,
Gerais mas para o Brasil: do ferro gusa. Agora V. que em várias zonas já apresenta êsse aspecto,
Exa. trata, e com proficiência, de questão da observado em algumas regiões de Minas Gerais e
mais alta importância para a sobrevivência do outros Estados, não se torne por tôda a parte uma
País. Não faz muito o Correio da Manhã, em uma pátria de terras devastadas.
série de artigos com fotografias gritantes e sob o Se não tomarmos providências enérgicas e
titulo "Terra devastada", mostrou a devastação punitivas seremos, amanhã, uma nação
florestal que se vem praticando em todo o território completamente devastada e cairá sôbre nossos
nacional. Essa destruição só é possível, nobre ombros o legado do passado e a responsabilidade
Senador Saulo Ramos, porque não contamos com de que nos informa a História, que civilizações
um Código Florestal capaz de coibir êsse crime promissoras desapareceram com a destruição de
contra o futuro do Brasil. A atualização do Código suas florestas. (Muito bem; muito bem. Palmas).
vigente, seja com o exame e votação pelo O SR. PRESIDENTE: – Pelo nobre Senador
Congresso de um Código especifico, seja através Coimbra Bueno foi encaminhado à Mesa discurso
da aprovação de um Código Rural, idéia mais am- para ser publicado, na forma do Regimento Interno.
– 558 –

Sua Excelência será atendido. O sucessor de Vossa Excelência – de janeiro


É o seguinte: de 1966 a janeiro de 1967 – dará execução ao
O SR. COIMBRA BUENO: – Sr. Presidente – último, isto é, ao 5º ano do Plano, ao mesmo tempo
Em discurso do dia 6 do corrente, apresentei um em que elaborará o "II Plano Qüinqüenal" a vigorar
Substitutivo ao Projeto de Lei do Senado, nº 24 de de 1967 a 1972.
1960, que consta da página 204 do D.C.N. de 7-2- 5. Agora, em face das excepcionais
1961. esperanças do Povo Brasileiro em Vossa
Volto agora ao assunto para dar conhecimento Excelência, testemunhadas com a vitória sem
ao Senado da carta que a "Fundação Coimbra precedentes de 3 de Outubro de 1960, e com o
Bueno pela Nova Capital do Brasil", dirigiu ao então pensamento nos novos rumos e novos tempos,
Presidente eleito Deputado Jânio Quadros, ensejados para as novas gerações, vamos um
sugerindo o estabelecimento desde logo, de um pouco além, sugerindo a Vossa Excelência a
plano "Decenal de Desenvolvimento Econômico e elaboração, desde logo, de um plano decenal, com
Social do Brasil". duas fases qüinqüenais, a primeira a ser cumprida
Tenho grandes esperanças de que o na forma acima e a segunda para servir, nas
Presidente Jânio Quadros enfrente êsse problema, suas linhas mestras, de diretriz para o futuro
estabelecendo para o primeiro período de Govêrno governante.
em Brasília, um plano qüinqüenal ou mesmo decenal 6. Assim, sucessivamente, se estabelecerá
para o Brasil. uma conveniente continuidade administrativa para o
Lerei a seguir a carta de 15-10-60 e seu anexo. Brasil sem prejuízo de cada nôvo Presidente
Rio de Janeiro, 15 de outubro de 1960. introduzir no Plano, no primeiro ano de seu Govêrno,
Excelentíssimo Senhor Deputado Jânio novas idéias ou melhorias que corresponderem aos
Quadros – MD. Presidente eleito do Brasil. anseios do Povo.
Assunto: "1º Plano Decenal" de 7. Mesmo na hipótese em que se venha a
Desenvolvimento Econômico e Social do Brasil, com concluir que não se possa converter em lei, por falta
duas fases qüinquenais. de apoio na Constituição, poderá essa idéia, se
Excelentíssimo Senhor, acolhida por Vossa Excelência, dar inicio a uma
Temos a honra de submeter à apreciação de prática útil e salutar que, certamente, será acolhida
Vossa Excelência a idéia que o Senador Coimbra pelos nossos futuros dirigentes, firmando-se como
Bueno apresentou no Senado (DCN, Seção II, 21-6-60, uma tradição que, em cada lustro, mais se
fls. 1.041 e 1.042), como sugestão ao Poder Executivo. consolidará no consenso do Povo Brasileiro.
2. Em essência, a idéia é a seguinte: – serão Com os nossos respeitosos cumprimentos,
elaborados planos qüinqüenais de Governos, Pela Fundação Coimbra Bueno – Eng.
defasados de um ano, em relação aos qüinqüênios Abelardo Coimbra Bueno.
presidenciais. Anexo à Carta de 15-10-1960, da "Fundação
3. Destarte Vossa Excelência, no próximo ano, Coimbra Bueno pela Nova Capital do Brasil",
em 1961, fará elaborar o "1º Plano Qüinqüenal" que ao então Presidente eleito Deputado Jânio
vigorará de janeiro de 1962 a janeiro de 1967. Quadros.
4. O Govêrno de Vossa Excelência dará O SR. PRESIDENTE: – Não há mais oradores
execução aos quatro primeiros anos. inscritos.
– 559 –

O Sr. 1º Secretário vai proceder à leitura do RESOLUÇÃO


Relatório da Presidência, apresentado pelo Sr. Dr. Nº 3, DE 1961
João Belchior Marques Goulart referente aos
trabalhos da 2º Sessão Legislativa Extraordinária, da Dispõe sôbre a situação dos funcionários julgados
4º Legislatura, de 19 de janeiro a 10 de fevereiro de impedidos nos termos da Resolução nº 10, de 1960.
1961.
O SR. 1º Secretário procede à leitura do Artigo 1º – Ficam em disponibilidade os
referido Relatório, que será publicado em funcionários do Senado Federal constantes da
suplemento. relação anexa que, por decisão da Comissão
Suspendo à sessão por 10 minutos, a fim de Diretora até esta data, com fundamento na
ser lavrada a Ata dos trabalhos de hoje. Resolução nº 10, de 1960, foram julgados impedidos
A sessão é suspensa às 16 horas e 20 de se transferirem do Rio de Janeiro para Brasília.
minutos e reaberta às 16 horas e 25 minutos. Parágrafo único – Os cargos ocupados pelos
O SR. PRESIDENTE: – Está reaberta à funcionários da relação anexa são declarados
sessão. extintos para o efeito exclusivo do disposto no artigo.
Vai-se proceder à leitura da Ata. Artigo 2º – Aos funcionários postos em
O Sr. 1º Secretário procede à leitura da disponibilidade de acôrdo com o artigo anterior fica
Ata, que, posta em discussão, é sem debates assegurado o direito à percepção das vantagens
aprovada. pecuniárias a que têm direito nesta data e à
O SR. PRESIDENTE: – Nada mais havendo a aposentadoria na forma da lei.
tratar, declaro encerrada a sessão, bem como a Artigo 3º – Em qualquer tempo, havendo vaga,
Sessão Legislativa Extraordinária que, nesta data, poderá o funcionário ora pôsto em disponibilidade, obter
termina. o seu aproveitamento no serviço do Senado Federal,
Encerrada a sessão às 16 horas e 30 desde que o requeira comprovando haverem cessados,
minutos. definitivamente, os motivos que determinaram o seu
Faço saber que o Senado Federal aprovou e impedimento para servir em Brasília.
eu, Filinto Müller, Vice-Presidente, no exercício da Artigo 4º – São revogados os artigos 4º 5º, 6º,
Presidência, nos têrmos do art. 47, letra p, do 7º e 8º da Resolução nº 10, de 1960, e demais
Regimento Interno, promulgo a seguinte: disposições em contrário.
– 560 –

FUNCIONÁRIOS DA SECRETARIA DO SENADO FEDERAL QUE SE ENCONTRAM IMPEDIDOS NO


ESTADO DA GUANABARA

Classe ou
NOME CARGO
padrão

1. Maria Tavares Barreto Coelho...................................................... Diretora PL-1


2. Dulce Barbosa da Cruz................................................................. Oficial Legislativo PL-3
3. Arlete de Medeiros Alvim............................................................... Oficial Legislativo PL-3
4. Irene Macedo Ludolf...................................................................... Oficial Legislativo PL-4
5. Arlete Brêtas do Nascimento......................................................... Oficial Legislativo PL-4
6. Adalgisa de Vasconcelos Gonçalves Lima.................................... Oficial Legislativo PL-6
7. Benedita Pinto Arruda................................................................... Oficial Legislativo PL-6
8. Marion Austregésilo de Atayde...................................................... Oficial Legislativo PL-6
9. Cirene Freitas Ferreira.................................................................. Oficial Legislativo PL-6
10. Erzila Luiza de Souza Mendonça.................................................. Oficial Legislativo PL-6
11. Helena Salvo Lagoeiro.................................................................. Oficial Legislativo PL-6
12. Pedro de Carvalho Müller.............................................................. Oficial Legislativo PL-7
13. Nathercia Silva de Sá Leitão......................................................... Oficial Legislativo PL-6
14. Alva Lírio Veríssimo Theóphilo...................................................... Oficial Legislativo PL-7
15. Bibiana de Paula de Marsillac....................................................... Oficial Legislativo PL-7
16. Elza Alves Vasconcelos................................................................ Oficial Legislativo PL-7
17. Lia Pederneiras de Faria............................................................... Oficial Legislativo PL-7
18. Maria Luiza Müller de Almeida...................................................... Oficial Legislativo PL-7
19. Adahy Borborema de Castro......................................................... Oficial Legislativo PL-8
20. Branca Lírio Lima.......................................................................... Oficial Legislativo PL-8
21. Carmem Lúcia de Holanda Cavalcanti Vilhena............................. Oficial Legislativo PL-8
22 Lia da Cunha Fortuna.................................................................... Oficial Legislativo PL-8
– 561 –
(Continuação)

Classe ou
NOME CARGO
padrão

23. Ana Maria Sobral Teixeira Soares............................................. Oficial Legislativo PL-8


24. Onilda Rodrigues de Mello Souza............................................. Oficial Legislativo PL-8
25. Ernestina de Souza Mendes..................................................... Auxiliar Legislativo PL-9
26. Donase Xavier Bezerra............................................................. Auxiliar Legislativo PL-10
27. Maria de Maracajá Daltro.......................................................... Oficial Legislativo PL-6
28. Elena Simas.............................................................................. Taquigrafa Revisora PL-2
29. Laura Bandeira Acioli................................................................ Taquigrafa Revisora PL-2
30. Therezinha de Melo Bobany...................................................... Taquigrafa Revisora PL-2
31. Vera Moreira Ericson................................................................. Taquigrafa Revisora PL-2
32. Acy Fanaia de Arruda................................................................ Taquigrafa PL-6
33. Aurea Carneiro da Cunha......................................................... Taquigrafa PL-6
34. Joaquim Corrêa de Oliveira Andrade........................................ Taquigrafo PL-3
35. Thomaz Pompeu de Accioly Borges......................................... Assessor Legislativo PL-3
36. José Arthur Alves da Cruz Rios................................................ Assessor Legislativo PL-3
37. Helena Collin............................................................................. Oficial Arquivologista PL-3
38. Eleonora Duse Villasbôas de Noronha Luz............................... Oficial Bibliotecário PL-3
39. Myrian Cortes Greig………………………………....................... Oficial Bibliotecário PL-5
40. Caio César de Menezes Pinheiro............................................. Redator PL-3
41. Julieta Lovatini.......................................................................... Redatora PL-4

Senado Federal, em 10 de fevereiro de 1961. – Senador Filinto Müller, Vice-Presidente, no exercício


da Presidência.
DISCURSOS CONTIDOS NESTE VOLUME

Pág. Pág.
AFONSO ARINOS CAIADO DE CASTRO
Sôbre o Requerimento nº 25, de 1961 ........... 127 Sôbre o projeto que assegura estabilidade
A posição da União Democrática em face aos taifeiros das Fôrças Armadas .................. 132
das atividades desenvolvidas pelo Presidente Sôbre o projeto que declara isentos de
da República .................................................. 161 sanções disciplinares os militares reformados
Justificando emenda que ofereceu ao Projeto e das reservas das Fôrças Armadas .............. 219
de Lei do Senado nº 48 de 1956 .................... 218 Sôbre o projeto que regula a inatividade dos
Manifestando pesar pelo falecimento do militares .......................................................... 260
Senhor Carl Douglas ...................................... 306 Congratulando-se com o Senhor Presidente
Sôbre o funcionamento do mecanismo da República ao baixar decreto com relação
democrático no País ....................................... 372 aos funcionários do Tribunal de Contas ......... 267

ALOYSIO DE CARVALHO COIMBRA BUENO


Manifestando pesar pelo falecimento do Rebatendo notícias publicadas na imprensa
Senhor Attílio Vivacqua .................................. 198 a respeito da sua pessoa ............................... 68
Apresentando um substitutivo ao Projeto de
ANTÔNIO BALTAR Lei do Senado nº 24, de 1930 ........................ 443
Sôbre a transferência do Curso de Geologia Sôbre o Projeto de Resoluçâo nº 2, de
de Recife, para Curitiba ................................. 24 1961 ............................................................... 507
Relatando as atividades que desenvolveu, Comentando notícia publicada no "Correio
como representante do Senado, no Encontro
Brasiliense"...................................................... 553
Latino-Americano de Economia Humana ...... 182
Lendo carta que a Fundação Coimbra Bueno
Como entende por nacionalismo o Partido
dirigiu ao Presidente da República ................. 558
Socialista Brasileiro ........................................ 243
Sôbre a atual conjuntura econômica brasileira. 359
CUNHA MELLO
Transmitindo apelos recebidos sôbre o
ARGEMIRO DE FIGUEIREDO
Manifestando pesar pelo falecimento do problema do custo da borracha ...................... 288
Senhor Attílio Vivacqua .................................. 203 Prestando contas dos trabalhos pertinentes à
Comentando a atuação do Govêrno, no transferência do Senado para Brasília ........... 466
término do exercício das suas funções .......... 364
Saudando o Senhor João Goulart ao assumir DANIEL KRIEGER
a Presidência do Senado ............................... 376 Emitindo parecer, pela Comissão de Serviço
Público Civil, Sôbre o Projeto da Lei da
ARY VIANNA Câmara nº 8, de 1981 .................................... 140
Manifestando pesar pelo falecimento do Sôbre a mensagem presidencial indicando o
Senhor Attílio Vivacqua .................................. 194 Senhor Ernani do Amaral Peixoto para
Ministro do Tribunal de Contas ...................... 171
BENEDITO VALADARES Sôbre as diligências feitas pelo Itamarati
Saudando o Senhor João Goulart ao assumir referentes ao caso do navio português
a Presidência do Senado ............................... 380 tomado por Insurretos .................................... 441
Manifestando pesar pelo falecimento do Sôbre o Projeto de ResoluçAo nº 2, de
Senhor Carlos Luz .......................................... 525 1961 ............................................................... 509
– XVIII –

Pág. Pág.
FAUSTO CABRAL Sobre o Projeto de Lei da Câmara que cria a
Sôbre o momento político nacional ................ 270 Universidade do Espírito Santo ...................... 352
Manifestando pesar pelo falecimento do
Senhor Heitor Borges ..................................... 391 JOÃO GOULART
(Como Presidente)
FERNANDES TÁVORA Renovando, ao assumir a Presidência do
Emitindo parecer, pela Comissão de Finanças, Senado, votos de lealdade aos deveres e
sôbre o Projeto de Lei da Câmara nº 8, de 1961. 141 encargos inerentes ao seu mandato .............. 370
Manifestando pesar pelo falecimento do
Senhor Heitor Borges ..................................... 428 JOÃO VILLASBÔAS
Manifestando pesar pelo falecimento do
FERNANDO CORRÊA Senhor Attíllo Vivacqua .................................. 200
Despedindo-se do Senado e comunicando que Sôbre o projeto que declara isentos de
assumirá o Govêrno do Estado de Mato Grosso. 55 sanções diciplinares aos militares reformados
e das reservas das Fôrças Armandas ........... 223
GASPAR VELLOSO Apresentando saudações ao Senhor
Emitindo parecer, pela Comissão de Finanças, Afonso Arinos, escolhido para desempenhar
sôbre o Projeto de Resolução nº 2, de 1961 ....... 498 as funções de Ministro das Relações
Exteriores ..................................................... 375
GILBERTO MARINHO Sôbre o andamento dos projetos de
Comentando a Portaria baixada pelo Ministro Emendas à Constituição ns. 1 e 2 .................. 450
da Agricultura, sôbre a comercialização da
safra do trigo nacional .................................... 63 JOAQUIM PARENTE
Rendendo homenagem ao jornalista Carlos
GUIDO MONDIM Castelo Branco ............................................... 518
O problema da triticultura no Rio Grande do
Sul .................................................................. 104 LIMA TEIXEIRA
Sôbre a tentativa de invasão do Núcleo Colonial Manifestando pesar pelo falecimento do
de Santa Cruz, por parte de pseudo-agricultores 188 Senhor Attíllo Vivacqua .................................. 205
Manifestando pesar pelo falecimento do Alertando as indústrias sôbre a conveniência
Senhor Attílio Vivacqua .................................. 201 da fabricação de tratores de esteira ............... 251
Apresentando e justificando projeto que Levantando questão de ordem sôbre o
concede auxílio aos Municípios ..................... 211 andamento do Projeto de Lei do Senado nº
Saudando o Senhor João Goulart ao assumir 25 ................................................................... 308
a Presidência do Senado ............................... 384 Os problemas da agricultura nacional; o
Manifestando pesar pelo falecimento do Serviço Social Rural e o crédito agrícola ....... 319
Senhor Carlos Luz .......................................... 531 Lendo carta que o Senhor Antônio Bultar
dirigiu ao Senado ........................................... 385
HERIBALDO VIEIRA Sôbre a preocupação do Presidente da
Sôbre o corte do abastecimento de café para República em colhêr dados sôbre os
os moageiros do Estado do Sergipe .............. 66 Escritórios Comerciais do Brasil no Exterior .. 432
Sôbre o Projeto de Resolução nº 2, de 1961
.................................................................498, 510 LOURIVAL FONTES
Comentando a atuação do Governo no
JEFFERSON DE AGUIAR tèrmino do exercício das suas funções .......... 153
Manifestando pesar pelo falecimento do Manifestando pesar pelo falecimento do
Senhor Attílio Vivacqua .................................. 303 Senhor Attílio Vivacqua .................................. 205
Formulando apêlo à Câmara dos Deputados
para que dê rápida tramitação ao Projeto de MEM DE SÁ
Resolução nº 18, de 1959 .............................. 308 Observações sôbre o recenseamento de
Sôbre obras rodoviárias que estão sendo 1960 feito pelo Instituto Brasileiro de
construídas no Estado do Espírito Santo ....... 348 Geografia e Estatística ................................... 124
– XIX –

Pág. Pág.
Manifestando pesar pelo falecimento do NOGUEIRA DA GAMA
Senhor Attílio Vivacqua .................................. 206 Manifestando pesar pelo falecimento do
Comentando os atos publicitários praticados Senhor Carlos Luz ......................................... 527
pelo Chefe do Executivo ................................ 287 O problema do ferro gusa .............................. 538
Saudando o Senhor João Goulart ao assumir
NOVAES FILHO
a Presidência do Senado ............................... 381
Sôbre a greve deflagrada pelos empregados
Sôbre o Projeto de Resolução nº 2, de 1961.. 511
da Rêde Ferroviária do Nordeste ................... 48
Prestando homenagem ao Senhor Fernando
MENDONÇA CLARK Corrêa, no ato da sua despedida do Senado
Sôbre o problema da mortalidade infantil em Federal ........................................................... 61
nosso País ...................................................... 37 Manifestando pesar pelo falecimento do
Congratulando-se com o início do consêrto Senhor Antônio Austregésilo .......................... 88
da ponte sôbre o Rio Parnaíba. Lendo Sôbre o discurso pronunciado pelo Sr. John
telegrama recebido do Diretor do Kennedy, no ato da sua posse como
Departamento Regional dos Corretos e Presidente dos EE. UU. da América do Norte 215
Telégrafos do Piauí ........................................ 144 Prestando homenagem ao Senhor Afonso
Manifestando pesar pelo falecimento do Sr. Arinos ............................................................. 410
Attílio Vívacqua .............................................. 195 Manifestando pesar pelo falecimento do
Senhor Carlos Luz .......................................... 529
Sôbre a visita que fêz à Barragem de Orós ... 267
As sugestões apresentadas pela Comissão PAULO FENDER
Organizadora do Ciclo de Estudos Sôbre a Manifestando pesar pelo falecimento do
Integração do Nordeste visando à Senhor Antônio Austregésilo .......................... 88
colaboração das classes produtoras .............. 331 Sôbre o projeto que provê a Universidade do
Homenageando o Senhor Clovis Salgado Pará de dotações orçamentárias ................... 128
pela sua atuação como Ministro da Educação 394
Manifestando pesar pelo falecimento do PRESIDENTE
Senhor Carlos Luz ......................................... 531 Transmitindo ao Senado a notícia do
falecimento do Sr. Attíllo Vivacqua ................. 192
MENEZES PIMENTEL
Emitindo parecer, pela Comissão de RUI PALMEIRA
Prestando homenagem ao Senhor Fernando
Constituição e Justiça, sôbre o Projeto de
Corrêa no ato da sua despedida do Senado
Resolução nº 2, de 1961 ................................ 498
Federal ........................................................... 58
MIGUEL COUTO RUY CARNEIRO
Sôbre a refinaria da Petrobrás, instalada no Sôbre a mensagem que recebeu da Câmara
Município de Duque de Caxias ...................... 6 Municipal do Piauí, pela aprovação do
projeto que federalizou a Universidade do
MOURA ANDRADE Estado da Paraíba .......................................... 51
Sôbre a renúncia do Senhor Taciano de Tecendo considerações em tôrno do caso da
Mello no mandato de Senador ....................... 22 Importação do feijão americano ..................... 92
Rebatendo as considerações feitas em tôrno Prestando depoimento a favor dos Senhores
da mensagem presidencial indicando o Tosta Filho e Frederico Mindelo ..................... 417
Senhor Ernani do Amaral Peixoto para
SAULO RAMOS
Ministro do Tribunal de Contas ...................... 173
Emitindo parecer, pela Comissão de
Educação e Cultura, sôbre o Projeto de Lei
NELSON MACULAN da Câmara nº 8, de 1961 ............................... 139
Considerações em tôrno do problema do Sôbre o surto da peste suína que ameaça
café ................................................................ 265 avassalar todos os Estados da Federação ..181, 349
Sôbre a situação em que se encontram as Congratulando-se com o Senhor
ferroviárias da Rêde de Viação Paraná-Santa Presidente da Repiública, Senhor
Catarina .......................................................... 392 Jânio Quadros pela sua posse.
– XX –

Pág. Pág.
Abordando a situação dos pescadores VENÂNCIO IGREJAS
brasileiros ....................................................... 424 Saudando o Senado no ato da sua posse
Assinalando a data da instalação da como Senador ................................................ 512
siderurgia nacional, em Volta Redonda ......... 430
Sôbre a transferência da direção do Plano do VICTORINO FREIRE
Carvão Nacional para Santa Catarina ............ 455 Manifestando pesar pelo falecimento do
Debatendo o problema da devastação do Senhor José Neiva de Souza ......................... 27
patrimônio florestal do País ............................ 555 Prestando homenagem ao Senhor Fernando
Corrêa, no ato da sua despedida do Senado
SÉRGIO MARINHO Federal ........................................................... 59
Congratulando-se com a denominação dada a
Manifestando pesar pelo falecimento do
um Município do Piauí, de Francisco Santos ... 74
Senhor Carlos Luz .......................................... 526
Sôbre os danos causados pelas enchentes
no Estado do Maranhão ................................. 84
SILVÉRIO DEL-CARO Rebatendo as considerações feitas pelo
Rendendo homenagem ao Senhor Attílio Senhor Lourival Fontes a respeito do Govêrno . 156
Vivacqua ......................................................... 455 Sôbre a mensagem presidencial indicando o
Senhor Ernani do Amaral Peixoto para
SILVESTRE PÉRICLES Ministro do Tribunal de Contas ...................... 175
Defendendo-se contra publicações feitas à Abordando o caso do General Delgado ..429, 519
sua pessoa, pela imprensa ............................ 425
VIVALDO LIMA
TACIANO DE MELLO Sôbre o editorial publicado no "O Globo" a
Comunicando ao Senado que renunciará ao respeito da vitória eleitoral obtida pelo
mandato de Senador ...................................... 10 Senhor Jânio Quadros ................................... 378
MATÉRIA CONTIDA NESTE VOLUME

Pág. Pág.
AFONSO ARINOS – da 8ª sessão, da 2ª sessão legislativa, da
Apresentando saudações ao Senhor – 4ª legislatura, em 17 de janeiro de 1961......... 98
escolhido para desempenhar as funções de – da 9ª sessão, da 2ª sessão legislativa, da
Ministro das Relações Exteriores; discurso 4ª legislatura, em 18 de janeiro de 1961......... 112
do Senhor João Villasbôas ............................. 375 – da 10ª sessão, da 2ª sessão legislativa, da
Prestando homenagem ao Senhor –; 4ª legislatura, em 19 de janeiro de 1961......... 146
discurso do Senhor Novaes Filho .................. 410 – da 11ª sessão, da 2ª sessão legislativa, da
4ª legislatura, em 19 de janeiro de 1961......... 170
AGRICULTURA – da 12ª sessão, da 2ª sessão legislativa, da
Os problemas da – nacional; discurso do 4ª legislatura, em 20 de janeiro de 1961......... 177
Senhor Lima Teixeira ..................................... 319 – da 13ª sessão, da 2ª sessão legislativa, da
4ª legislatura, em 23 de janeiro de 1961......... 192
ANTÔNIO AUSTREGÉSILO – da 14ª sessão, da 2ª sessão legislativa, da
Manifestando pesar pelo falecimento do 4ª legislatura, em 21 de janeiro de 1961......... 209
Senhor –; discurso do Senhor Novaes Filho .. 88 – da 15ª sessão, da 2ª sessão legislativa, da
Idem; discurso do Senhor Paulo Fender ........ 88 4ª legislatura, em 24 de janeiro de 1961......... 234
– du 10ª sessão, da 2ª sessão legislativa, da
ANTÔNIO BALTAR 4ª legislatura, em 25 de janeiro de 1961......... 250
Lendo carta que o Senhor – dirigiu ao – da 17ª sessão, da 2ª sessão legislativa, da
Senado; discurso do Senhor Lima Teixeira.... 385 4ª legislatura, em 25 de janeiro de 1961......... 262
– da 18ª sessão, da 2ª sessão legislativa, da
ATA 4ª legislatura, em 26 de janeiro de 1961......... 275
– da 1ª sessão, da 2ª sessão legislativa, da – da 19ª sessão, da 2ª sessão legislativa, da
4ª legislatura, em 10 de janeiro de 1961......... 1 4ª legislatura, em 20 de janeiro de 1961......... 315
– da 2ª sessão, da 2ª sessão legislativa, da – da 20ª sessão, da 2ª sessão legislativa, da
4ª legislatura, em 11 de janeiro de 1961......... 30 4ª legislatura, em 27 de janeiro de 1961......... 330
– da 3ª sessão, da 2ª sessão legislativa, da – da 21ª sessão, da 2ª sessão legislativa, da
4ª legislatura, em 12 de janeiro de 1961......... 53 4ª legislatura, em 27 de janeiro de 1961......... 356
– da 4ª sessão, da 2ª sessão legislativa, da – da 22ª sessão, da 2ª sessão legislativa, da
4ª legislatura, em 13 de janeiro de 1961......... 66 4ª legislatura, em 1º de fevereiro de 1961...... 368
– da 5ª sessão, da 2ª sessão legislativa, da – da 23ª sessão, da 2ª sessão legislativa, da
4ª legislatura, em 16 de janeiro de 1961......... 76 4ª legislatura, em 2 de fevereiro de 1961....... 389
– da 6ª sessão, da 2ª sessão legislativa, da – da 24ª sessão, da 2ª sessão legislativa, da
4ª legislatura, em 17 de janeiro de 1961......... 82 4ª legislatura, em 2 de fevereiro de 1961........ 406
– da 7ª sessão, da 2ª sessão legislativa, da – da 25ª sessão, da 2ª sessão legislativa, da
4ª legislatura, em 17 de janeiro de 1961 ........ 87 4ª legislatura, em 2 de fevereiro de 1961........ 415
– XXII –

Pág. Pág.
– da 20ª sessão, da 2ª sessão legislativa, da – do Banco de Crédito da Amazônia S. A.
4ª legislatura, em 3 de fevereiro de 1961........ 422 prestando as informações requeridas pelo
– da 27ª sessão, da 2ª sessão legislativa, da Senhor João Villasbôas................................... 118
4ª legislatura, em 6 de fevereiro de 1961........ 436 – do Banco do Brasil S. A. prestando as
– da 28ª sessão, da 2ª sessão legislativa, da informações requeridas pelo Senhor Nelson
4ª legislatura, em 7 de fevereiro de 1961........ 449 Maculan........................................................... 118
– da 29ª sessão, da 2ª sessão legislativa, da – do Senhor Ministro da Viação e Obras
4ª legislatura, em 8 de fevereiro de 1961........ 460 Públicas, prestando as informações
– da 30ª sessão, da 2ª sessão legislativa, da requeridas pelo Senhor Gilberto Marinho....... 121
4ª legislatura, em 9 de fevereiro de 1961........ 523 – do Senhor Ministro da Marinha, prestando
as informações requeridas, pelo Senhor
– da 31ª sessão, da 2ª sessão legislativa, da
Saulo Ramos................................................... 330
4ª legislatura, em 10 de fevereiro de 1961...... 534
– do Senhor Ministro da Fazenda, esclarecendo
que prestará, oportunamente, as informações,
ATTÍLIO VIVACQUA requeridas pelo Senhor Cunha Mello 368
Transmitindo ao Senado a notícia do – do Senhor Ministro do Trabalho,
falecimento do Senhor. –; discurso do encaminhando cópias do Relatório da Comissão
Senhor Presidente .......................................... 192 de Inquérito ............................................................ 369
Manifestando pesar pelo falecimento do Senhor Ministro da Fazenda; encaminhando
do Senhor –; discurso do Senhor Ary cópias de pareceres da Superintendência da
Vianna............................................................. 194 Moeda e do Crédito................................................ 415
Idem, discurso do Senhor Mendonça Clark.... 195
Idem, discurso do Senhor Aloysio de BARRAGEM DE ORÓS
Carvalho.......................................................... 198 Sôbre a visita que fêz à –; discurso do
Idem, discurso do Senhor João Villasbôas..... 200 Senhor Mendonça Clark.................................. 267
Idem, discurso do Senhor Guido Mondim....... 201
Idem, discurso do Senhor Argemiro de BORRACHA
Figueiredo....................................................... 203 Transmitindo apelos recebidos sôbre o
Idem, discurso do Senhor Lourival Fontes...... 205 problema do custo da –; discurso do Senhor
Idem, discurso do Sr. Lima Teixeira................ 205 Cunha Mello.................................................... 266
Idem, discurso do Senhor Mem de Sá............ 206
Idem, discurso do Senhor Jefferson de BRASÍLIA
Aguiar.............................................................. 303 Prestando contas dos trabalhos pertinentes à
Rendendo homenagem ao Senhor –; transferência do Senado para –; discurso do
discurso do Senhor Silvério Del-Caro............. 455 Senhor Cunha Mello........................................ 466

CAFÉ
AUXÍLIO AOS MUNICÍPIOS
Sôbre o corte de abastecimento de para os
Apresentando e justificando projeto que
moageiros do Estado de Sergipe; discurso do
concede –; discurso do Senhor Guido Senhor Heribaldo Vieira.................................. 66
Mondim............................................................ 211 Considerações em tôrno de problema do –;
discurso do Senhor Nelson Maculam.............. 265
AVISO
– do Senhor Ministro do Trabalho, prestando CÂMARA DOS DEPUTADOS
informações requeridas pelo Senhor Gilberto Formulando upêlo à – para que dê rápida
Marinho........................................................... 55 tramitação ao Projeto de Resolução nº 18, de
– do Senhor Ministro da Fazenda, prestando 1959; discurso do Senhor Jefferson de Aguiar.. 308
as informações requeridas pelo Senhor João
Villasbôas........................................................ 55 CÂMARA MUNICIPAL DO PIAUÍ
– do Senhor Ministro da Fazenda, prestando Sôbre a mensagem que recebeu da
as informações requeridas pelo Senhor – pela aprovação do projeto
Gilberto Marinho.............................................. 116 que federalizou a Universidade do
– XXIII –

Pág. Pág.
Estado da Paraíba; discurso do Senhor Ruy COMISSÃO DE SERVIÇO PÚBLICO CIVIL
Carneiro........................................................... 51 Emitindo parecer, pela –, sôbre o Projeto de
Lei da Câmara nº 8, de 1961; discurso do
CARL DOUGLAS Senhor Daniel Krieger..................................... 140
Manifestando pesar pelo falecimento
do Senhor –; discurso do Senhor Afonso COMUNICAÇÃO
Arinos.............................................................. 306 – do Senhor Taciano de Mello, renunciando
ao mandato de Senador.................................. 24
CARLOS CASTELO BRANCO
Rendendo homenagem ao jornalista "CORREIO BRASILIENSE"
–; discurso do Senhor Joaquim Parente......... 518 Comentando notícia publicada no –; discurso
do Senhor Coimbra Bueno.............................. 553
CARLOS LUZ
Manifestando pesar pelo falecimento do CRÉDITO AGRÍCOLA
Senhor –; discurso do Senhor Benedito Sôbre o –; discurso do Senhor Lima Teixeira. 319
Valadares........................................................ 525
Idem, discurso do Senhor Sérgio Marinho...... 526 CURSO DE GEOLOGIA
Idem, discurso do Senhor Nogueira da Sôbre a transferência do – de Recite, para
Gama.............................................................. 527 Curitiba; discurso do Senhor Antônio Baltar... 24
Idem, discurso do Senhor Novaes Filho......... 529
Idem, discurso do Senhor Guido Mondim....... 531 DISCURSO
Idem, discurso do Senhor Mendonça – proferido pelo Senhor Antônio Baltar, que
Clark................................................................ 531 se publica nos têrmos do Requerimento nº
41, de 1961..................................................... 309
CLOVIS SALGADO – proferido pelo Senhor Afonso Arinos que se
Homenageando o Sr. – pela sua atuação publica nos têrmos do Requerimento nº 47,
como Ministro da Educação; discurso do de 1961........................................................... 400
Senhor Mendonça Clark.................................. 394
DOTAÇÕES ORÇAMENTÁRIAS
COMISSÃO DE CONSTITUIÇÃO E JUSTIÇA Sôbre o projeto que provê a Universidade do
Emitindo parecer, pela –, sôbre o Projeto de Pará, de –; discurso do Senhor Paulo Fender 128
Resolução nº 2, de 1961; discurso do Senhor
Meneses Pementel.......................................... 498 DUQUE DE CAXIAS
Sôbre a refinaria da Petrobrás, instalada no
COMISSÃO DE EDUCAÇÃO E CULTURA Município de. –; discurso do Senhor Miguel
Emitindo parecer, pela –, sôbre o Projeto de Couto............................................................... 6
Lei da Câmara nº 8, de 1961; discurso do
Senhor Saulo Ramos...................................... 139 ENCHENTES
Sôbre os danos causados pelas – no Estado
COMISSÃO DE ESTUDOS SÔBRE A do Maranhão; discurso do Senhor Victorino
INTEGRAÇÃO DO NORDESTE Freire............................................................... 84
As sugestões apresentadas pela – visando a
colaboração das classes produtoras............... 331 ENCONTRO LATINO-AMERICANO DE
ECONOMIA HUMANA
COMISSÃO DE FINANÇAS Relatando as atividades que desenvolveu,
Emitindo parecer, pela –, sôbre o Projeto de como representante do Senado, no –;
Lei da Câmara nº 8, de 1961; discurso do discurso do Senhor Antônio Baltar.................. 182
Senhor Fernandes Távora.............................. 141
Emitindo parecer, pela –, sôbre o Projeto de ERNANI DO AMARAL PEIXOTO
Resolução nº 2, de 1961; discurso do Senhor Sôbre a mensagem presidencial
Gaspar Velloso................................................ 498 indicando o Senhor – para Minis-
– XXIV –

Pág. Pág.
tro do Tribunal de Contas; discurso do HEITOR BORGES
Senhor Daniel Krieger..................................... 171 Manifestando pesar pelo falecimento
Rebatendo as considerações feitas em tôrno do Senhor –; discurso do Senhor Fausto
da mensagem presidencial indicando o Cabral....................................................... 391
Senhor – para Ministro do Tribunal de Idem, discurso do Senhor Fernandes Távora. 428
Contas; discurso do Senhor Moura Andrade.. 173
HOMENAGEM
ESTABILIDADE Prestando – ao Senhor Fernando Corrêa, no
Sôbre o projeto que assegura – aos taifeiros ato da sua despedida do Senado Federal;
das Fôrças Armadas; discurso do Senhor discurso do Senhor Rui Palmeira.................... 58
Caiado de Castro............................................ 132 Idem, discurso do Senhor Victorino Freire...... 59
Idem, discurso do Senhor Novaes Filho......... 61
FEIJÃO Rendendo – ao Senhor Attílio Vivacqua;
Tecendo considerações em tôrno do caso da discurso do Senhor Silvério Del-Caro............. 455
importação do – americano; discurso do Rendendo – ao jornalista Carlos Castelo
Senhor Ruy Carneiro...................................... 92 Branco; discurso do Senhor Joaquim
Parente..................................................... 518
FERNANDO CORRÊA
Prestando homenagem ao Senhor – no ato IMPRENSA
da sua despedida do Senado Federal; Sôbre notícias publicadas pela – respeito da
discurso do Senhor Rui Palmeira.................... 58 sua pessoa; discurso do Senhor Coimbra
Idem, discurso do Senhor Victorino Freire...... 59 Bueno.............................................................. 68
Idem, discurso do Senhor Novaes Filho......... 61 Idem, discurso do Senhor Silvestre Péricles... 425

FERRO GUSA INATIVIDADE DOS MILITARES


O problema do –; discurso do Senhor Sôbre o projeto que regula a –; discursso do
Nogueira da Gama.......................................... 538 Senhor Caiado de Castro................................ 260

FERROVIÁRIOS INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA


Sôbre a situação em que se encontram os – E ESTATÍSTICA
da Rêde Paraná-Santa Catarina; discurso do Sôbre o recenseamento de 1960, feito pelo –
Senhor Nelson Maculan.................................. 392 ; discurso do Senhor Mem de Sá.................... 124

FREDERICO MINDELO ITAMARATI


Prestando depoimento a favor do Senhor –; Sôbre as diligências feitas pelo – referentes
discurso do Senhor Ruy Carneiro................... 417 ao caso do navio português tomado por
insurretos; discurso do Senhor Daniel Krieger 441
FUNDAÇÃO COIMBRA BUENO
Lendo carta que a – dirigiu ao Presidente da JÂNIO QUADROS
República; discurso do Senhor Coimbra Bueno 558 Sôbre o editorial publicado no "O Globo" a
respeito da vitória eleitoral obtida pelo
GENERAL DELGADO Senhor –; discurso do Senhor Vivaldo Lima... 378
Abordando o caso do –; discurso do Senhor Congratulando-se com o Presidente da
Victorino Freire ........................................429, 519 República, Senhor – pela sua posse;
discurso do Senhor Saulo Ramos................... 424
GREVE
Sôbre a – deflagrada pelos empregados da JOÃO GOULART
Rêde Ferroviária do Nordeste; discurso do Saudando o Senhor – ao assumir a
Senhor Novaes Filho....................................... 48 Presidência do Senado; discur-
– XXV –

Pág. Pág.
so do Senhor Argemiro de Figueiredo............ 376 Conselho Nacional de Economia ............115, 169
Idem, discurso do Senhor Benedito Valadares. 380 – ns. 35, 36, 37 e 38, de 1961, do Senhor
Idem, discurso do Senhor Mem de Sá............ 381 Presidente da República, acusando o
Idem, discurso do Senhor Guido Mondim....... 384 recebimento das de números SP-105, SP-
106, NX-199 e CN-63, de 1960....................... 115
JOHN KENNEDY – n 41, de 1961, do Senhor Presidente da
Sôbre o discurso pronunciado pelo Senhor –, República, submetendo à apreciação do
no ato da sua posse como Presidente dos Senado à escolha do Senhor João
Estados Unidos da América; discurso do Kubitschek de Figueiredo para Ministro do
Senhor Novaes Filho....................................... 215 Tribunal de Contas.......................................... 234
– nº 42, de 1961, do Senhor Presidente, da
JOSÉ NEIVA DE SOUZA República, restituindo autógrafo de projeto de
Manifestando pesar pelo falecimento do lei..................................................................... 368
Senhor –; discurso do Senhor Victorino – nº 43, de 1961, do Sr. Presidente da
Freire............................................................... 27 República, submetendo à apreciação do
Senado a escolha do Senhor Paulo de Tarso
MENSAGEM Santos para exercer o cargo de Prefeito do
– ns. 1 a 3, de 1961, do Senhor Presidente Distrito Federal................................................ 390
da República, enviando autógrafos de – nº 44, de 1961, do Senhor Presidente da
projetos de lei.................................................. 1 República, acusando o recebimento da de nº
– nº 4, de 1961; do Senhor Presidente da SP-3, de 1961................................................. 422
República, submetendo à apreciação do – nº 45, de 1961, do Senhor Presidente da
Senado a escôlha do Senhor Frederico de República, solicitando tornar sem efeito a
Chermont Lisboa, para a função de Mensagem nº 31, de 1961.............................. 422
Embaixador do Brasil junto ao Govêrno da – ns. 46 a 64, do Senhor Presidente da
União-Sul-Africana.......................................... 2 República, restituindo autógrafos de projetos
– nº 5, de 1961, do Senhor Presidente da de lei já sancionados....................................... 436
República, comunicando que vetou, – nº 65, de 1961, do Senhor Presidente da
parcialmente, o Projeto de Lei da Câmara nº República, restituindo autógrafos de projeto
399, de 1959................................................... 2 de lei................................................................ 449
– ns. 6 a 23 e 25 a 32, de 1961, do Senhor
Presidente da Repúbllca restituindo MINISTRO DA AGRICULTURA
autógrafos de projeto de lei............................. 53 Comentando a Portaria baixada pelo – Sôbre
– nº 24, de 1961, do Senhor Presidente da a comercialização da safra do trigo nacional;
República restituindo autógrafos de discurso do Senhor Gilberto Marinho.............. 63
substitutivos vetados da Lei nº 3.789, de
1960................................................................ 66 MOAGEIROS DO ESTADO DE SERGIPE
– nº 33, de 1961, do Senhor Presidente da Sôbre o corte do abastecimento de café para
República, submetendo à apreciação do os –; discurso do Senhor Heribaldo Vieira...... 66
Senado a escôlha do Senhor Fanor
Cumplido Júnior para membro do Conselho MORTALIDADE INFANTIL
Nacional de Economia ........................82, 97, 110 Sôbre o problema da – em nosso País;
– nº 34, de 1961, do Senhor Presidente da discurso do Senhor Mendonça Clark.............. 37
República, submetendo à apreciação do
Senado a escolha do Senhor Ernani do NACIONALISMO
Amaral Peixoto para Ministro do Tribunal de Como entendo por – o Partido Socialista
Contas da União............................................. 83 Brasileiro; discurso do Senhor Antônio Baltar. 243
– nº 34, de 1961, do Senhor Presidente
da República, submetendo à apreciação NÚCLEO COLONIAL DE SANTA CRUZ
do Senado a escolha do Senhor Vicente Sôbre a tentativa de Invasão do –,
de Paulo Galliez, para membro do por parte de pseudo agriculto-
– XXVI –

Pág. Pág.
res; discurso do Senhor Guido Mondim.............. 188 Projeto de Lei da Câmara nº 167, de 1959......... 147
– nº 12, de 1961, da Comissão de Constituição
"O GLOBO" e Justiça sôbre o Projeto de Lei da Câmara nº
Sôbre o editorial publicado no – a respeito da 17, de 1960......................................................... 148
vitória eleitoral obtida pelo Senhor Jânio – nº 13, de 1961, da Comissão de Finanças,
Quadros; discurso do Senhor Vivaldo Lima........ 378 sôbre o Projeto de Lei da Câmara nº 17, de 1960.. 149
– nº 14, de 1961, da Comissão de Finanças,
OBRAS RODOVIÁRIAS sôbre o Projeto de Lei da Câmara nº 43, de 1960.. 149
Sôbre – que estão sendo construídas no – nº 15, de 1961, da Comissão de Constituição
Estado do Espírito Santo; discurso do Senhor e Justiça, sôbre o Projeto de Lei da Câmara nº
Jefferson de Aguiar............................................. 348 51, de 1960......................................................... 150
– nº 16, de 1961, da Comissão de Finanças sôbre
OFÍCIO o Projeto de Lei da Câmara nº 51, de 1960............ 150
– da Câmara dos Deputados encaminhando – nº 17, de 1961, da Comissão de Finanças
autógrafos de projeto de lei ............................... sôbre o Projeto de Lei da Câmara nº 99, de
...................3, 76, 170, 209, 250, 262, 275, 389, 534 1960.................................................................... 151
– do Supremo Tribunal Federal, solicitando ao – nº 18, de 1961, da Comissão de Finanças,
Senado informações sôbre as alegações sôbre o Projeto de Lei da Câmara nº 1, de 1961 151
constantes da petição inicial do Mandado de – nº 19, de 1961, da Comissão de Constituição
Segurança nº 8.505............................................. 30 e Justiça, sôbre o Ofício nº 30-P (d), de 1960,
do Supremo Tribunal Federal.............................. 152
PARECER – nº 20, de 1961, da Comissão de Economia
– nº 1, de 1961, da Comissão de Redação, sôbre o Projeto de Lei da Câmara nº 116, de
sôbre o Projeto de Resolução nº 44, de 1960.................................................................... 186
1960............................................................. 5 – nº 21, de 1961, da Comissão de Finanças,
– nº 2, de 1961, da Comissão de Finanças, sôbre o Projeto de Lei da Câmara nº 116, de
sôbre o Projeto de Lei da Câmara nº 2, de 1960.................................................................... 187
1961............................................................. 55 – nº 22, de 1961, da Comissão de Finaças,
– nº 3, de 1961, da Comissão de Economia, sôbre o Projeto de Lei da Câmara nº 12, de
sôbre o Projeto de de Lei da Câmara nº 55, de 1961.................................................................... 210
1960.................................................................... 98 – nº 23, de 1961, da Comissão de Constituição
– nº 4, de 1961, da Comissão de Transportes, e Justiça, sôbre o Projeto de Lei da Câmara nº
Comunicações e Obras Públicas, sôbre o 129, de 1959....................................................... 235
Projeto de Lei da Câmara nº 55, de 1960........... 99 – nº 24, de 1961, da Comissão de Educação e
– nº 5, de 1961, da Comissão de Finanças, Cultura, sôbre o Projeto de Lei da Câmara nº
sôbre o Projeto de Lei da Câmara nº 55, de 129, de 1950....................................................... 235
1960.................................................................... 100 – nº 25, de 1961, da Comissão de Finanças,
– nº 6, de 1961, da Comissão de Segurança sôbre o Projeto de Lei da Câmara nº 129, de
Nacional, sôbre o Projeto de Lei da Câmara nº 1959.................................................................... 236
79, de 1960......................................................... 101 – nº 26, de 1961, da Comissão de Finanças,
– nº 7, de 1961, da Comissão de Finanças, sôbre, o Projeto de Lei da Câmara nº 7, de 1961... 236
sôbre o Projeto de Lei da Câmara nº 79, de – nº 27, de 1961, da Comissão de Constituição
1960.................................................................... 102 e Justiça, sôbre o Projeto de Lei da Câmara nº
– nº 8, de 1961, da Comissão de Finanças, 70-C, de 1959...................................................... 237
sôbre o Projeto de Lei da Câmara nº 75, de – nº 28, de 1961, da Comissão de Serviço
1960.................................................................... 103 Publico Civil, sôbre o Projeto de Lei da Minora
– nº 9, de 1961, da Comissão de Redação, nº 9, de 1961....................................................... 238
sôbre o Projeto de Lei do Senado nº 10, de – nº 29, de 1961, da Comissão de Finanças,
1960.................................................................... 121 sôbre o Projeto de Lei da Câmara nº 9, de 1961 238
– nº 10, de 1961, da Comissão de Redação, – nº 30, de 1961, da Comissão de Educação e
sôbre o Projeto de Decreto Legislativo nº 2, de Cultura, sôbre o Projeto de Lei da Câmara nº
1957.................................................................... 121 13, de 1961......................................................... 239
– nº 11, de 1961, da Comissão de – nº 31, de 1961, da Comissão de
Constituição e Justiça, sôbre o Serviço Público Civil, sôbre o
– XXVII –

Pág. Pág.
Projeto de Lei da Câmara nº 13 de 1961............ 241 – nº 51, de 1961, da Comissão de Finanças,
– nº 32, de 1961, da Comissão de Finanças, sôbre o Projeto de Lei da Câmara nº 20, de
sôbre o Projeto de Lei da Câmara nº 13, de 1961.................................................................... 358
1961.................................................................... 241 – nº 52, de 1961, da Comissão de Economia,
– nº 33, de 1961, da Comissão de Segurança sôbre o Projeto do Decreto Legislativo nº 1, de
Nacional, sôbre o Projeto de Lei da Câmara nº 1961.................................................................... 406
de 1961............................................................... 242 – nº 53, de 1961, da Comissão de Relações
– nº 34, de 1961, da Comissão de Constituição Exteriores, sôbre o Projeto de Decreto
e Justiça, sôbre o Projeto de Lei da Câmara nº Legislativo nº 1, de 1961..................................... 409
16, de 1961......................................................... 280 – nº 54, de 1961, da Comissão de Finanças,
– nº 35, de 1961, da Comissão de Economia, sôbre o Projeto de Decreto Legislativo nº 1, de
sôbre o Projeto de Lei da Câmara nº 16, de 1961.. 282 1961.................................................................... 409
– nº 36, de 1961, da Comissão de Finanças, – nº 55, de 1961, da Comissão de Constituição
sôbre o Projeto de Lei da Câmara nº 16, de 1961.. 283 e Justiça sôbre o Projeto de Lei da Câmara nº
– nº 37, de 1961, da Comissão de Redação, 3, de 1961........................................................... 415
sôbre o Projeto de Lei da Câmara nº 55, de 1960.. 284 – nº 56, de 1961, da Comissão de Finanças,
– nº 38, de 1961, da Comissão de Educação e sôbre o Projeto de Lei da Câmara nº 3, de
Cultura, sôbre o Projeto do Lei da Câmara nº 1961.................................................................... 416
17, de 1961......................................................... 284 – nº 57, de 1961, da Comissão de Redação,
– nº 39, de 1961, da Comissão de Serviço sôbre o Projeto de Decreto Legislativo nº 1, de
Público Civil, sôbre o Projeto de Lei da Câmara 1961.................................................................... 423
nº 17, de 1961..................................................... 285 – nº 58, de 1961, da Comissão de Redação,
– nº 40, de 1961, da Comissão de Finanças, sôbre o Projeto de Resolução nº 60, de 1960..... 437
sôbre o Projeto de Lei da Câmara nº 17, de 1961.. 285 – nº 59, de 1961, da Comissão de Redação,
– nº 41, de 1961, da Comissão de Economia, sôbre o Projeto de Resolução nº 61, de 1960..... 438
sôbre o Projeto de Lei da Câmara nº 18, de 1961.. 286 – nº 60, de 1961, da Comissão de Redação,
– nº 42, de 1961, da Comissão de Constituição sôbre o Projeto de Resolução nº 48, de 1960..... 461
e Justiça, sôbre o Projeto de Lei do Senado nº – no 61, de 1961, da Comissão de Redação,
20, de 1959......................................................... 315 sôbre o Projeto de Resolução nº 58, de 1960..... –
– nº 43, de 1961, da Comissão de Constituição – nº 62, de 1961, da Comissão de Redação,
e Justiça, sôbre o Projeto de Decreto sôbre o Projeto de Resolução nº 67, de 1960..... 462
Legislativo nº 4, de 1960..................................... 316 – nº 63, de 1961, da Comissão Diretora, sôbre
– nº 44 de 1961, da Comissão de Finanças, a Indicação nº 3, de 1960................................... 464
sôbre o Projeto de Decreto Legislativo nº 4, de – nº 64, de 1961, da Comissão de Redação,
1960.................................................................... 317 sôbre o Projeto de Decreto Legislativo nº 4, de
– nº 45, de 1961, da Comissão do Educação e 1960.................................................................... 465
Cultura, sôbre o Projeto de Lei da Câmara nº – nº 65, de 1961, da Comissão Diretora, sôbre
22, de 1961......................................................... 317 o Projeto de Resolução nº 2, de 1961................ 521
– nº 46, de 1961, da Comissão de Serviço – nº 66, de 1961, da Comissão de Saúde
Público Civil, sôbre o Projeto de Lei da Câmara Pública, sôbre o Projeto de Lei da Câmara nº
nº 22, de 1961..................................................... 318 128, de 1959....................................................... 523
– nº 47, de 1961, da Comissão de Finanças, – nº 67, de 1961, da Comissão de Finanças
sôbre o Projeto de Lei da Câmara nº 22, de 1961. 319 sôbre o Projeto de Resolução nº 128, de 1959... 524
– nº 48, de 1961, da Comissão de Finanças,
sôbre o Projeto de Lei da Câmara nº 19, de 1961.. 356 PARTIDO SOCIALISTA BRASILEIRO
– nº 49, de 1961, da Comissão de Transportes, Como entende por nacionalismo o –; discurso
Comunicações e Obras Públicas, sôbre o do Senhor Antônio Baltar.................................... 243
Projeto de Lei da Câmara nº 20, de 1961........... 357
– nº 50, de 1961, da Comissão do Serviço PATRIMÔNCO FLORESTAL
Público Civil, Sôbre o Projeto de Lei da Câmara Debatendo o problema da devastação do – do
nº 20, de 1961..................................................... 357 País; discurso do Senhor Saulo Ramos............. 555
– XXVIII –

Pág. Pág.
PESTE SUÍNA das à Universidade do Pará .103, 110, 127, 128, 130
Sôbre o surto da – que ameaça avassalar – nº 79, de 1960, que assegura estabilidade
todos os Estados da Federação; discurso do aos taifeiros das Fôrças Armadas
Senhor Saulo Ramos...............................181, 349 .........................................101, 102, 110, 132, 138
– nº 99, de 1960, que abre crédito especial
PLANO DO CARVÃO NACIONAL ao Poder Judiciário...................151, 274, 306, 307
Sôbre a transferência da direção do – para – nº 116, de 1960, que isenta do impôsto do
Santa Catarina; discurso do Senhor Saulo sêlo os contratos de financiamento em que
Ramos............................................................. 455 sejam mutuárias as sociedades cooperativas
.................................................176, 186, 187, 188
PORTARIA – nº 1, de 1961, que abre crédito destinadas
Comentando a – baixada pelo Ministro da à obras do Tunel Palatinato, em Petrópolis
Agricultura, sôbre a comercialização do trigo .....................................................4, 151, 274, 307
nacional; discurso do Senhor Gilberto – nº 2, de 1961 que revigora, por dois
Marinho........................................................... 63 exercícios, a autorização concedida pela Lei
nº 3.317, de 18 de novembro de 1957
PROJETO DE DECRETO LEGISLATIVO .....................4, 55, 64, 65, 74, 75, 80, 81, 86, 96
– nº 2, de 1957, que determina o registro do – nº 3, de 1961, que destaca, dos recursos de
contrato celebrado entre o Ministério da que trata a Lei nº 2.976, de 1956, importância
Agricultura e Antônio Reis Lima e sua anual para os Institutos de Patologia e de
mulher......................................................121, 261 Pesquisas Bioquímicas da Faculdade de
– nº 4, de 1960, que aprova decisão Medicina de Santa Maria, Estado do Rio
do Tribunal de Contas denegatória de Grande do Sul .................4, 415, 416, 421, 431, 432
registro de contrato que especifica – nº 4, de 1961, que concede pensão vitalícia
.........................................316, 317, 421, 431, 465 a Ana Aguiar Barbosa da Cruz........................ 5
– nº 1, de 1961, que estabelece uma zona – nº 5, de 1961, que concede pensão
livre de comércio......370, 406, 409, 414, 420, 423 especial a Hercília Carpes de Medeiros.......... 5
– nº 6, de 1961, que isenta de impostos
PROJETO DE LEI DA CÂMARA equipamento destinado à Telefônica de Jataí
– nº 128, de 1959, que abre crédito em favor S. A.................................................................. 76
do Hospital Espírita André Luís, de Belo – nº 7, de 1961, que abre crédito destinado
Horizonte...................................................523 524 ao Instituto Brasileiro de Educação, Ciência e
– nº 129, de 1959, que concede auxílios às Cultura........................................76, 236, 261, 272
Prefeituras de Guimarães e Arari, no Estado – nº 8, de 1961, que cria a Universidade de
do Maranhão............235, 236, 247, 249, 258, 324 Alagoas....................................122, 127, 139, 142
– nº 167, de 1959, que dispõe sôbre – nº 9, de 1961, que cria no Tribunal
a inscrição de funcionários e serventuários Regional do Trabalho da 2ª Região Juntas de
da Justiça em concursos públicos Conciliação e Julgamento ..............................
.........................................................148, 309, 324 .................................170, 237, 238, 261, 272, 273
– nº 17, de 1960, que concede pensão – nº 10, de 1961, que cria a Estação
especial a Aurora Braga da Silva.............148, 149 Aduaneira de Belo Horizonte.......................... 177
– nº 43, de 1960, que abre crédito como – nº 11, de 1961, que dispõe sôbre a
auxílio à Prefeitura Municipal de Russas, situação e o aproveitamento dos servidores
Ceará................................................149, 328, 351 da Novacap..................................................... 179
– nº 51, de 1960, que cria uma Coletoria – nº 12, de 1961, que abre crédito destinado
Federal no Município de Vicência, em ao pagamento de diferenças de remuneração
Pernambuco.....................................150, 328, 351 de pessoal das ferrovias...........170, 210, 233 248
– nº 55, de 1960, que autoriza a construção – nº 13, de 1961, que cria a Faculdade de
de uma companhia hidrelétrica no Estado da Filosofia, Ciências e Letras da Universidade
Paraíba.........................98, 99, 100, 110, 131, 284 do Ceará...........180, 239, 241, 247, 249, 258, 259
– nº 75, de 1960, que provê as – nº 14, de 1961, que dá nova
dotações orçamentárias destina- redação a dispositivo da Lei
– XXIX –

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nº 2.370, de 1954.....209, 242, 247, 249, 259, 260 fomento da produção agropecuária 217
– nº 15, de 1961, que concede no Museu de – nº 2, de 1961, que concede isenção de
Arte de São Paulo, subvenção anual impôsto às vendas de imóveis rurais até de
.........................................250, 279, 309, 324, 325 valor Cr$ 500.000,00 (quinhentos mil
– nº 16, de 1961, que modifica a Lei nº 3.643, cruzeiros) ........................................................ 423
de 1959....................262, 280, 282, 283, 309, 325 – nº 3, de 1961, que autoriza a criação da
– nº 17, de 1961, que federaliza a Escola Companhia de Aços Minas Gerais.................. 552
Superior de Veterinária da Universidade
Rural de Minas Gerais .................................... PROJETO DE RESOLUÇÃO
.........................203, 284, 285, 309, 326, 328, 350 – 44, de 1960, que suspende a execução de
– nº 18, de 1961, que altera a redação de dispositivo da Constituição do Estado do
dispositivo do Decreto-lei nº 1.344 de 1939 Piauí.....................................................5, 145, 168
..........................................264, 286, 309, 327 328 – nº 48, de 1960, que suspende a execução
– nº 19, de 1961, que abre crédito destinado de dispositivo da Lei nº 64, de 1948, do
à transferência do Tribunal Federal de Estado do Paraná ...........................................
Recursos para Brasília ................................... .........................400, 412, 413, 461, 522, 532, 553
.........................275, 356, 435, 443, 448, 458, 488 – nº 49, de 1960, que suspende a execução
– nº 20, de 1961, que aprova o acôrdo de dispositivo da Lei nº 64, de 1948, do
firmado entre o Govêrno Federal e o Estado Estado do Paraná....................................400, 413
do Rio Grande do Sul.......276, 357, 358, 414, 420 – nº 58, de 1960, que suspende a execução
– nº 21, de 1961, que fixa um teto máximo de dispositivo da Constituição do Estado do
para as tarifas de energia elétrica nas Ceará........................400, 413, 462, 522, 532, 553
cidades de Fortaleza e Natal........................... 276 – nº 60, de 1960, que suspende a execução
– nº 22, de 1961, que cria a Universidade do de disposiivo do Decreto nº 457, de 1950, do
Espírito Santo ................................................. Estado de Pernambuco ............................
.................277, 317, 318, 319, 324, 329, 352, 353 355, 364, 367, 388, 399, 437, 438, 522, 532, 553
– nº 23, de 1961, que concede pensão – nº 61, de 1960, que suspende a execução
especial a Pedro Leme de Assis e Décio da Lei nº 1.027, de 1953, do Estado do Rio
Fiorante........................................................... 369 Grande do Norte .............................................
– nº 24, de 1961, que inclui, na Reserva do .................355, 364, 367, 388, 399, 522, 532, 553
Serviço de Saúde do Exército, no posto de 2º – nº 67, de 1960, que põe em disponibilidade
tenente, as enfermeiras convocadas pela F.E.B.. 369 funcionários do Senado, impedidos de se
– nº 25, de 1961, que incorpora à transferirem para Brasília.........................462, 487
Universidade do Paraná a Escola Superior – nº 1, de 1961, que dá nova redação ao art.
de Agricultura e Veterinária............................. 534 245 da Resolução nº 6, de 1960..................... 79
– nº 2, de 1961, que estende aos servidores
PROJETO DE LEI DO SENADO ativos e inativos do Senado Federal, o
– nº 48, de 1956, que declara isentos de aumento concedido pela Lei nº 3.826, de
sanções disciplinares os militares reformados 1960.........................................................485, 521
e os das reservas das Fôrças Armadas – nº 3, de 1961, que altera o quadro do
.............................................51, 65, 191, 208, 218 pessoal da Secretaria do Senado Federal...... 538
– 20, de 1959, que altera dispositivo da Lei nº
970, de 1949....315, 435, 443, 448, 459, 488, 489 QUESTÃO DE ORDEM
– nº 38, de 1959, que isenta de direitos Levantando, o Senhor Lima Teixeira – sôbre
material importado pelo Colégio Santa o andamento do Projeto de Lei do Senado nº
Marcelina, do Rio de Janeiro................29, 48, 208 25.................................................................... 308
– nº 10, de 1960, que autoriza o Poder
Executivo a emitir uma série de selos RECENSEAMENTO
postais, comemorativos...121, 191, 261, 271, 272 Observações sôbre o – de 1960, feito pelo
– nº 1, de 1961, que concede Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística;
auxílios aos Municipios para o discurso do Senhor Mem de Sá...................... 124
– XXX –

Pág. Pág.
RÊDE DE VIAÇÃO PARANÁ – SANTA – nº 16, de 1961, solicitando informações ao
CATARINA Senhor Ministro do Trabalho............................... 36
Sôbre a situação em que se encontram os – nº 17, de 1961, solicitando adiamento da
ferroviários da –; discurso do Senhor Nelson discussão do Projeto de Lei do Senado nº 38,
Maculam.............................................................. 392 de 1959............................................................... 48
– nº 18, de 1961, solicitando dispensa de
RÊDE FERROVIÁRIA DO NORDESTE interstício para o Projeto de Lei da Câmara nº
Sôbre a greve deflagrada pelos empregados 2, de 1961........................................................... 64
da –; discurso do Senhor Novaes – nº 19, de 1961, solicitando adiamento da
Filho............................................................. 48 discussão do Projeto de Lei do Senado nº 48,
de 1959............................................................... 65
REFINARIA – nº 20, de 1961, solicitando urgência para o
Sôbre a – da Petrobrás, instalada no Município Projeto de Lei da Câmara nº 116, de 1960......... 95
de Duque de Caxias; discurso do Senhor – nº 21, de 1961, solicitando dispensa de
Miguel Couto....................................................... 6 interstício para o Projeto de Lei da Câmara nº
55, de 1960......................................................... 110
REQUERIMENTO – nº 22, de 1961, solicitando dispensa de
– nº 1, de 1961, solicitando voto de pesar pelo interstício para o Projeto de Lei da Câmara nº
falecimento do Senhor José Neiva de 79, de 1960......................................................... 110
Souza.................................................................. 28 – nº 23, de 1961, solicitando dispensa de
– nº 2, de 1961, solicitando informações ao Sr. interstício para o Projeto de Lei da Câmara nº
Ministro da Agricultura......................................... 32 75, de 1960......................................................... 110
– nº 3, de 1961, solicitando informações ao Sr. – nº 24, de 1961, solicitando urgência para o
Ministro da Agricultura......................................... 33 Projeto de Lei da Câmara nº 8, de 1961............. 127
– nº 4, de 1961, solicitando informações – nº 25, de 1961, solicitando preferência para o
ao Senhor Ministro da Educação e Projeto de Lei da Câmara nº 75, de 1960........... 127
Cultura......................................................... 33 – nº 26, de 1961, solicitando informações ao
– nº 5, de 1961, solicitando informações Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística..... 152
no Senhor Ministro da Viação e Obras – nº 27, de 1961, solicitando informações ao
Públicas....................................................... 33 Senhor Ministro da Viação e Obras Públicas...... 184
– nº 6, de 1961, solicitando informações ao – nº 28, de 1961, solicitando informações ao
Senador Ministro da Agricultura.......................... 33 Senhor Ministro da Fazenda............................... 185
– n 7, de 1961, solicitando informações ao – nº 29, de 1961, solicitando homenagens de
Senhor Ministro da Agricultura............................ 34 pesar pelo falecimento do Senhor Attílio Vivacqua 193
– nº 8, de 1961, solicitando informações ao – nº 30, de 1961, solicitando, o Senhor Leônidas
Senhor Ministro do Trabalho............................... 34 de Castro Mello, prorrogação da sua licença.......... 217
– nº 9, de 1961, solicitando informações ao – nº 31, de 1961, solicitando dispensa de
Senhor Ministro do Trabalho............................... 34 interstício para o Projeto de Lei da Câmara nº
– nº 10, de 1961, solicitando informações ao 12, de 1961......................................................... 217
Senhor Ministro do Trabalho............................... 34 – nº 32, de 1961, solicitando dispensa de
– nº 11, de 1961, solicitando informações ao interstício para o Projeto de Lei da Câmara nº
Senhor Ministro do Trabalho............................... 35 14, de 1961......................................................... 247
– nº 12, de 1961, solicitando informações ao – nº 33, de 1961, solicitando dispensa de
Senhor Ministro do Trabalho............................... 35 interstício para o Projeto de Lei da Câmara nº
– nº 13, de 1961, solicitando informações ao 13, de 1961......................................................... 247
Senhor Ministro do Trabalho............................... 35 – nº 34, de 1961, solicitando dispensa de
– nº 14, de 1961, solicitando informações ao interstício para o Projeto de Lei da Câmara nº
Senhor Ministro do Trabalho............................... 36 129, de 1959....................................................... 247
– nº 15, de 1961, solicitando informações ao – nº 35, de 1961, solicitando inclusão
Senhor Ministro do Trabalho............................... 36 em Ordem do Dia do
– XXXI –

Pág. Pág.
Projeto de Decreto Legislativo nº 3, de 1960.. 248 – nº 53, de 1961, solicitando informações ao
– nº 36, de 1961, solicitando tramitação em Senhor Ministro da Fazenda........................... 438
conjunto dos Projetos de Lei da Câmara ns. – nº 54, de 1961, solicitando informações ao
76 e 41, de 1960............................................. 258 Conselho Nacional do Petróleo....................... 484
– nº 37, de 1961, solicitando dispensa de – nº 55, de 1961, solicitando informações à
interstício para o Projeto de Lei da Câmara nº Petróleo Brasileiro S.A.................................... 484
16, de 1961..................................................... 305 – nº 56, de 1961, solicitando informações à
– nº 38, de 1961, solicitando dispensa de Carteira de Câmbio do Banco do Brasil.......... 485
interstício para o Projeto de Lei da Câmara nº – nº 57, de 1961, solicitando informações
15, de 1961..................................................... 305 à Superintendência da Moeda e do
– nº 39, de 1961, solicitando dispensa de Crédito...................................................... 485
interstício para o Projeto de Lei da Câmara nº – nº 58, de 1961, solicitando dispensa de
17, de 1961..................................................... 305 publicação da Redação Final do Projeto de
– nº 40, de 1961, solicitando dispensa de Resolução nº 67, de 1960.............................. 487
interstício para o Projeto de Lei da Câmara – nº 59, de 1961, solicitando urgência para o
nº de 1961....................................................... 305 Projeto de Resolução nº 2, de 1961............... 487
– nº 41, de 1961, solicitando transcrição nos – nº 60, de 1961, solicitando, para rejeição,
Anais de discurso pronunciado pelo Senhor de palavras do artigo 3º, do Projeto de
Antônio Baltar.................................................. 305 Resolução nº 2, de 1961................................. 508
– nº 42, de 1961, solicitando dispensa de – nº 61, de 1961, solicitando homenagens de
interstício para o Projeto de Lei da Câmara nº pesar pelo falecimento do Senhor Carlos
22, de 1961..................................................... 324 Coimbra da Luz............................................... 525
– nº 43, de 1961, solicitando seja retirado da
Ordem do Dia o Projeto de Lei da Câmara nº SANÇÕES DISCIPLINARES
167, de 1959................................................... 324 Sôbre o projeto que declara isentos de – os
– nº 44, de 1961, solicitando seja retirados os militares reformados e das reservas das
pedidos de informações contantes dos Fôrças Armadas; discurso do Senhor Caiado
Requerimentos ns. 374, 464, 466, 467 e 503, de Castro......................................................... 219
de 1960........................................................... 350 Idem, discurso do Senhor João Villasbôas..... 223
– nº 45, de 1961, solicitando não funcione
nos dias 30 e 31.............................................. 363 SERVIÇO SOCIAL RURAL
– nº 46, de 1961, solicitando informações ao Sôbre o –; discurso do Senhor Lima Teixeira. 319
Senhor Ministro do Trabalho........................... 370
– nº 47, de 1961, solicitando transcrição nos SIDERURGIA NACIONAL
Anais do discurso proferido pelo Senhor Assinalando a dada da instalação da –, em
Afonso Arinos ao ser empossado no cargo Volta Redonda; discurso do Senhor Saulo
de Ministro das Relações Exteriores............... 398 Ramos............................................................. 439
– nº 48, de 1961, solicitando dispensa de
interstício para o Projeto de Decreto SUBSTITUTIVO
Legislativo nº 1, de 1961................................. 412 Apresentando um – ao Projeto de Lei do
– nº 49, de 1961, solicitando dispensa de Senado nº 24, de 1960; discurso do Senhor
intersticio para o Projeto de Lei da Câmara nº Coimbra Bueno............................................... 443
20, de 1961..................................................... 412
– nº 50, de 1961, solicitando dispensa de TAIFEIROS
publicação da Redação Final.......................... 417 Sôbre o projeto que assegura estabilidade
– nº 51, de 1961, solicitando dispensa de nos – das Fôrças Armadas; discurso do
intertívcio para o Projeto de Lei da Câmara nº Senhor Caiado de Castro................................ 132
3 de 1961........................................................ 417
– nº 52, de 1961, solicitando dispensa de TOSTA FILHO
publicação para a Redação Final do Projeto Prestando depoimento a favor do Senhor –;
de Decreto Legislativo nº 1, de 1961............... 431 discurso do Senhor Ruy Carneiro................... 417
– XXXII–

Pág. Pág.
TRATORES UNIÃO DEMOCRÁTICA NACIONAL
Alertando as indústrias sôbre a conveniência A posição da – em face das atividades
da fabricação de – de esteira; discurso do desenvolvidas pelo Presidente da
Senhor Lima Teixeira...................................... 251 República; discurso do Senhor Afonso
Arinos........................................................ 161
TRIBUNAL DE CONTAS
Congratulando-se com o Senhor Presidente UNIVERSIDADE DO ESPÍRITO SANTO
da República ao baixar decreto com relação Sôbre o projeto que cria a –; discurso do
aos funcionários do –; discurso do Senhor Senhor Jefferson de Aguiar............................. 352
Caiado de Castro............................................ 267
UNIVERSIDADE DO ESTADO DA PARAÍBA
TRIGO Sôbre a mensagem que recebeu da Câmara
Comentando a Portaria baixada pelo Ministro Municipal de Piauí, pela aprovação do
da Agricultura, sôbre a comercialização da projeto que federalizou a –; discurso do
safra do – nacional, discurso do Senhor Senhor Ruy Carneiro....................................... 51
Gilberto Marinho.............................................. 63
UNIVERSIDADE DO PARÁ
TRITICULTURA Sôbre o projeto que provê a – de dotações
O problema da – no Rio Grande do Sul; orçamentárias; discurso do Senhor Paulo
discurso do Senhor Guido Mondim................. 104 Fender............................................................. 128

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