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CPI BANCOOP - 16ª Legislatura

25/05/2010 - Oitiva dos Senhores Adalberto dos Santos Joaquim, Oscar


Militão da Costa Júnior e Andy Roberto Gurczynska.

COMISSÃO PARLAMENTAR DE INQUÉRITOBANCOOP

ATA DA OITAVA REUNIÃO DA COMISSÃO PARLAMENTAR DE INQUÉRITO


CONSTITUIDA PELO ATO Nº 13, DE 2010, COM A FINALIDADE DE INVESTIGAR
SUPOSTAS IRREGULARIDADES E FRAUDES PRATICADAS CONTRA MUTUÁRIOS DA
COOPERATIVA HABITACIONAL DOS BANCÁRIOS DO ESTADO DE SÃO PAULO -
BANCOOP, E PROPOR SOLUÇÕES PARA O CASO.

Aos vinte e cinco dias do mês de maio de dois mil e dez, às onze horas, no Plenário
"D. Pedro I" da Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo, realizou-se a Oitava
Reunião da Comissão Parlamentar de Inquérito constituída pelo ato nº 13, de 2010,
com a finalidade de "investigar supostas irregularidades e fraudes praticadas contra
cerca de três mil mutuários da Cooperativa Habitacional dos Bancários do Estado de
São Paulo - BANCOOP, e propor soluções para o caso", da Quarta Sessão
Legislativa, da Décima Sexta Legislatura, sob a presidência do Deputado Samuel
Moreira. Presentes os Senhores Deputados Bruno Covas, Ricardo Montoro,
Vanderlei Siraque, Vicente Cândido, Waldir Agnello, Roberto Morais (efetivos), e
João Barbosa (substituto eventual, durante o decorrer da reunião). Também
presentes no decorrer da reunião o Senhores Deputados Celso Giglio e Antonio
Mentor. Ausentes os Senhores Deputados Estevam Galvão e Chico Sardelli.
Havendo número regimental, o Senhor Presidente declarou abertos os trabalhos da
reunião e solicitou à secretária a leitura da ata da reunião anterior, que foi
dispensada a pedidos e considerada aprovada. Em seguida, procedeu a verificação
de presença dos convocados e constatou que estavam ausentes os Senhores Andy
Roberto Gurczynska e Valter Amaro da Silva, razão pela qual o Senhor Presidente
optou por ouvir primeiramente o cooperado Adalberto dos Santos Joaquim, que
após tomar assento à mesa apresentou sua qualificação e fez o compromisso de
nada ocultar do que soubesse sobre o objeto desta Comissão Parlamentar de
Inquérito. Após o compromisso, o depoente fez um breve relato referente ao seu
problema junto à BANCOOP, que se referia a uma diferença entre o depósito
realizado pela Caixa Econômica Federal e o valor acusado como recebimento pela
Cooperativa. Para comprovar entregou cópia do extrato de sua conta de FGTS onde
consta a liberação no valor de R$ 11.458, 59 (onze mil quatrocentos e cinquenta e
oito reais e cinquenta e nove centavos) referentes à liberação do FGTS em
construção do empreendimento Horto Florestal, transferido à BANCOOP em
04/07/2003. Todavia o Relatório de Créditos para Imposto de Renda fornecido pela
BANCOOP informa ter recebido na data citada o valor de R$ 4.077, 56 (quatro mil e
setenta e sete reais e cinquenta e seis centavos). Declarou que tal fato foi relatado
ao Ministério Público e que também aderiu à ação judicial que a Associação dos
Moradores move contra a cobrança do resíduo apresentada pela cooperativa. Em
seguida, foi convidado o Senhor Oscar Militão da Costa Júnior, também cooperado,
para tomar assento à mesa e apresentar sua qualificação e prestar o compromisso.
O Senhor Oscar estava acompanhado de seu advogado, Doutor Otávio Vargas
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Valentim, OAB 150490. Relatou que adquiriu uma unidade no empreendimento


Liberty Boulevard, pois confiava no Sindicato dos Bancários, que avalizava o
lançamento conforme placa no local. Como sua aposentadoria não acompanhou os
aumentos das prestações e das intermediárias foi obrigado a recorrer a um
empréstimo bancário para quitar a BANCOOP, que ainda está pagando. O imóvel
deveria ter sido entregue em 2005, mas ele não foi sorteado com uma unidade no
Bloco B, que estava sendo entregue. O Presidente da BANCOOP fez uma reunião
para pedir reforço de caixa, o que não foi aceito pelos cooperados, que obtiveram
na Justiça sentença favorável para não fazer tais pagamentos. Por fim, a BANCOOP
apresentou uma empresa construtora para terminar a obra, sendo que cada
cooperado deverá pagar o valor de R$ 90.000,00 (noventa mil reais). A proposta foi
aceita, mas o declarante não pode aderir, porque encontra-se doente e ainda paga
o financiamento. O terceiro depoente, Senhor Andy Roberto Gurzynska, após
apresentar sua qualificação e assumir o compromisso de nada acultar declarou ser
proprietário da empresa de segurança ARG, que foi prestadora de serviços à
BANCOOP. Relatou que em 2002 foi indicado pelo engenheiro da cooperativa para
fazer a segurança nos empreendimentos em obras e posteriormente foi convidado a
fazer a segurança pessoal do Senhor Luiz Malheiro, então presidente da
cooperativa. Em resposta às questões apresentadas pelos Deputados, apresentou a
rotina de trabalho de escolta do presidente, e, de outros funcionários da
cooperativa quando era requisitado; informou que sua empresa prestou serviços
até a posse do Senhor João Vaccari na presidência em dezembro de 2005,
entretanto, já não fazia segurança do Senhor Luiz Malheiro antes do acidente que
ocasionou seu falecimento; que atualmente suspeitava que vinha sendo perseguido
e que seu telefone havia sido grampeado. Deveria ser ouvido em seguida o Senhor
Marcos Sérgio Migliaccio, convocado na qualidade de cooperado da BANCOOP,
porém o Senhor Deputado Vanderlei Siraque questionou essa condição, uma vez
que a cooperada é a mãe do convocado. O depoente argumentou que é Conselheiro
da Associação Edifício Cachoeira, no entanto sua oitiva não foi possível. Nada mais
havendo a tratar, antes de dar por encerrados os trabalhos, o Senhor Presidente
convocou reunião para o dia vinte e cinco de maio, às 11 horas. A presente reunião
foi gravada pelo Serviço de Audiofonia e após transcrição passará a fazer parte
integrante desta Ata, que eu, Deise Fischetti Delgatto, Agente Técnico Legislativo,
lavrei e assino após sua Excelência. Aprovada em reunião de 01 / 06 / 2010.

Deputado Samuel Moreira

Presidente

Deise Fischetti Delgatto

Secretária - ATL
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COMISSÃO PARLAMENTAR DE INQUÉRITO

BANCOOP

PRESIDENTE – DEPUTADO SAMUEL MOREIRA - PSDB

25/05/2010
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COMISSÃO PARLAMENTAR DE INQUÉRITO

BANCOOP

BK CONSULTORIA E SERVIÇOS LTDA.


25/05/2010

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Havendo número


regimental, declaro aberta a reunião da Comissão Parlamentar de Inquérito constituída
pelo Ato nº 13, de 2010, com a finalidade de investigar supostas irregularidades e
fraudes praticadas contra cerca de três mil mutuários da Cooperativa Habitacional dos
Bancários do Estado de São Paulo – BANCOOP, e propor soluções para o caso.
Registro, com muito prazer, a presença dos Deputados Bruno Covas, Roberto
Morais, Ricardo Montoro, Vanderlei Siraque, Vicente Cândido.
Solicito à Secretária da Comissão que proceda à leitura da ata da reunião
anterior. (Pausa) Pela ordem o Deputado Roberto Morais.

O SR. ROBERTO MORAIS – PPS – Solicito a dispensa da leitura da ata da


sessão anterior.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Os Deputados que


foram favoráveis permaneçam como estão. (Pausa) Aprovada a dispensa da leitura da
ata.
Passamos ao nosso primeiro item da pauta, a oitiva dos Srs. Andy Roberto
Gurczynska, Valter Amaro da Silva, Adalberto dos Santos Joaquim, Oscar Militão
Costa Júnior e Marcos Sérgio Migliaccio.
Gostaria de fazer a verificação de presença e se estiver presente se manifeste o
Sr. Andy Roberto Gurczynska. (Pausa) Ausente. O Sr. Valter Amaro da Silva. (Pausa)
A informação é que estão chegando, mas até o momento estão ausentes. Sr. Adalberto
dos Santos Joaquim, (Pausa) Presente. Sr. Oscar Militão Costa Júnior (Pausa) Presente.
Sr. Marcos Sérgio Migliaccio. (Pausa) Presente também.
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Vamos começar então invertendo a ordem das oitivas, ouvindo os que estão
presentes neste momento. Vamos ouvir o Sr. Adalberto dos Santos Joaquim. Pediria que
o senhor se sentasse aqui do nosso lado direito para que nós pudéssemos ouvi-lo.
Passo à leitura do texto que contém o embasamento legal para a oitiva.
“O senhor foi convocado a comparecer a esta CPI, constituída pelo Ato nº 13, de
2010, com a finalidade de investigar supostas irregularidades e fraudes praticadas contra
cerca de três mil mutuários da Cooperativa Habitacional dos Bancários do Estado de
São Paulo – BANCOOP, e propor soluções para o caso. E como testemunha, com
fundamento no art. 213 e 218, ambos do Código de Processo Penal, combinado com o §
2º do art. 3º da Lei Estadual nº 11124, de 10 de abril de 2002, bem como as demais
normas constitucionais e infraconstitucionais aplicáveis à espécie, cumpre-nos adverti-
lo que deve dizer a verdade, não podendo fazer afirmações falsas, calar ou negar a
verdade a respeito dos fatos do seu conhecimento, por incorrer em crime previsto no art.
4º, inciso II da Lei Federal nº 1579, de 18 de março de 1952.”
Gostaria de me dirigir a V. Sa. para que pudéssemos fazer o termo de
qualificação. Vou perguntar ao senhor: Nome completo.

O SR. ADALBERTO DOS SANTOS JOAQUIM – Adalberto dos Santos


Joaquim.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Idade?

O SR. ADALBERTO DOS SANTOS JOAQUIM – Cinquenta anos.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Estado civil?

O SR. ADALBERTO DOS SANTOS JOAQUIM – Casado.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Endereço da


residência?

O SR. ANTONIO LEONE MOLINA – Avenida Santa Inês nº 1969,


apartamento 11C
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O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Profissão?

O SR. ADALBERTO DOS SANTOS JOAQUIM – Bancário.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Local do trabalho?

O SR. ADALBERTO DOS SANTOS JOAQUIM – Trabalho no Bradesco,


Cidade de Deus, Osasco.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Cargo?

O SR. ADALBERTO DOS SANTOS JOAQUIM – Sub-gerente.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Tem algum grau de


parentesco com alguma das partes, Deputados, diretoria da Bancoop? Alguma
afinidade?

O SR. ADALBERTO DOS SANTOS JOAQUIM – Não, ninguém.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Peço a V. Sa. a


gentileza de relatar o que souber, explicando sempre as razões de sua ciência ou as
circunstâncias pelas quais nós possamos avaliar a sua credibilidade. Passo-lhe também
para que seja lido, para o que o senhor possa fazer o termo de compromisso do
depoente.

O SR. ADALBERTO DOS SANTOS JOAQUIM – “Sob minha palavra de


honra prometo dizer a verdade do que souber e me for perguntado, relacionado com a
investigação a cargo desta Comissão Parlamentar de Inquérito.”

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Nós vamos passar a


palavra ao senhor, para que o senhor, durante um prazo de algo em torno de 10 minutos
o senhor possa relatar o que o senhor conhece, sabe, e gostaria de dizer, relacionados
aos fatos que estamos apurando aqui.
Com a palavra o depoente.
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O SR. ADALBERTO DOS SANTOS JOAQUIM – O que tenho é breve, o


que notei com relação, eu utilizava fundo de garantia para o pagamento do
empreendimento e eu notei, no ano de 2003, uma diferença entre os repasses que a
Caixa Econômica Federal estava fazendo para a Bancoop e o que ela me alegava, que
ela me mandava extratos para imposto de renda, era que ela havia recebido no dia 4 de
julho de 2003, tenho um documento da Caixa, houve um repasse de R$ 11.458.59 para a
Bancoop e ela me alega ter recebido nessa data uma importância de R$ 4.077.00.
Bom, o que tenho mais é isso, que eles não souberam me explicar essa
divergência de valores, o que teria acontecido com essa divergência de valores, de ter
sido feito um repasse maior do que eles receberam.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Pela ordem o


Deputado Bruno Covas.

O SR. BRUNO COVAS – PSDB – Quero me inscrever.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Mais alguma coisa


que o senhor quer manifestar?

O SR. ADALBERTO DOS SANTOS JOAQUIM – Basicamente é isso.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Com a palavra o


Deputado Bruno Covas.

O SR. BRUNO COVAS – PSDB – Bom dia Sr. Adalberto, bom dia Deputados
que estão presentes a esta sessão da CPI. Gostaria de agradecer a presença de V. Sa.
nesta Comissão e vamos então começar a história desde o início.
Como o senhor conheceu a Bancoop?

O SR. ADALBERTO DOS SANTOS JOAQUIM – Eu conheci através do


Sindicato dos Bancários, que foi fundada através do sindicato e eles mandavam as
folhas bancárias que vão para todos os bancos sobre os empreendimentos que iam sendo
lançados.
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O SR. BRUNO COVAS – PSDB – E a partir de que ano o senhor se tornou


cooperado?

O SR. ADALBERTO DOS SANTOS JOAQUIM – 1998.

O SR. BRUNO COVAS – PSDB – O senhor se tornou cooperado para adquirir


um imóvel em que empreendimento?

O SR. ADALBERTO DOS SANTOS JOAQUIM – No Horto Florestal.

O SR. BRUNO COVAS – PSDB – Qual era o valor inicial, quando o senhor
assinou o contrato?

O SR. ADALBERTO DOS SANTOS JOAQUIM – Não tenho certeza, por


volta de 35 mil reais.

O SR. BRUNO COVAS – PSDB – Era o valor previsto do imóvel em 1998. O


senhor parcelou isso em quantas vezes?

O SR. ADALBERTO DOS SANTOS JOAQUIM – Em 72 vezes.

O SR. BRUNO COVAS – PSDB – O senhor pagou as parcelas, não pagou?

O SR. ADALBERTO DOS SANTOS JOAQUIM – Comecei pagando e


depois comecei a utilizar fundo de garantia.

O SR. BRUNO COVAS – PSDB – A partir de quando o senhor começou a


utilizar o fundo de garantia?

O SR. ADALBERTO DOS SANTOS JOAQUIM – Não vou saber precisar as


datas, mas por volta de 2001.
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O SR. BRUNO COVAS – PSDB – Então o senhor foi pagando a partir de 1998
e a partir de 2001 o senhor passou a utilizar o fundo de garantia. Como foi essa
autorização, o senhor precisou pagar uma taxa? Como foi feita essa operação de
utilização de fundo de garantia?

O SR. ADALBERTO DOS SANTOS JOAQUIM – A Caixa Econômica


Federal cobra uma taxa para a abertura desse processo. Também não sei especificar.

O SR. BRUNO COVAS – PSDB – Mas há um contrato assinado pelo senhor,


pela Bancoop e pela Caixa? Como isso se opera? Quais as tratativas para o senhor
utilizar o FGTS? A partir de determinado dia o senhor verificou que estava sendo
utilizado? Como foi feito isso? O senhor solicitou?

O SR. ADALBERTO DOS SANTOS JOAQUIM – Eu fiz uma solicitação. A


própria Bancoop me mandou um formulário para ser enviado para a Caixa Econômica
Federal.

O SR. BRUNO COVAS – PSDB – O senhor solicitou, a Bancoop enviou um


formulário e o senhor enviou o formulário à Caixa?

O SR. ADALBERTO DOS SANTOS JOAQUIM – À Caixa.

O SR. BRUNO COVAS – PSDB – E a partir de então a Caixa passou a efetuar


os depósitos na Bancoop?

O SR. ADALBERTO DOS SANTOS JOAQUIM – Houve um período para


ver se ia ser aceita essa petição.

O SR. BRUNO COVAS – PSDB – Quando ocorreu o fim dessas 72 parcelas?


Até quando foi o pagamento?

O SR. ADALBERTO DOS SANTOS JOAQUIM – Deixa me lembrar. O meu


apartamento saiu em 2002, porque eles vão sendo sorteados. Quando ele saiu eu tinha
um dinheiro meu mesmo e eu fui e quitei.
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O SR. BRUNO COVAS – PSDB – Em 2002 o senhor quitou tudo que tinha?

O SR. ADALBERTO DOS SANTOS JOAQUIM – Teoricamente, achei que


teria quitado.

O SR. BRUNO COVAS – PSDB – O senhor recebeu alguma certidão de


quitação?

O SR. ADALBERTO DOS SANTOS JOAQUIM – Não. Foi assim, para eles
me liberarem o uso do apartamento, como havia prestações a serem pagas, eu tive de
preencher algumas promissórias sobre o restante. Quando eu quitei isso, eles me
devolveram e carimbaram liquidado. Eu considerava isso encerrado.

O SR. BRUNO COVAS – PSDB – Então, em 2002, para receber as chaves do


apartamento o senhor assinou algumas promissórias, que se referiam ao restante a ser
pago, da dívida, quitou. De quanto foram os valores dessa quitação?

O SR. ADALBERTO DOS SANTOS JOAQUIM – Valores próximos, 12 mil


reais.

O SR. BRUNO COVAS – PSDB – E o senhor disse que em 2003, mesmo após
essa quitação de 2002, o recurso do FGTS continuava sendo utilizado?

O SR. ADALBERTO DOS SANTOS JOAQUIM – Não sei informar


precisamente.

O SR. BRUNO COVAS – PSDB – O senhor disse que a Caixa lhe deu um
extrato dizendo que pagou R$ 11.458.59 para a Bancoop.

O SR. ADALBERTO DOS SANTOS JOAQUIM – No dia 4 de julho de 2003.

O SR. BRUNO COVAS – PSDB – Ela havia pago até essa data ou no dia 4 de
julho ela depositou?
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O SR. ADALBERTO DOS SANTOS JOAQUIM – Ela vinha pagando.

O SR. BRUNO COVAS – PSDB – Até 4 de julho de 2003 ela retirou 11 mil
reais em várias parcelas e pagou à Bancoop e a Bancoop alega só ter recebido R$
4.077,00?

O SR. ADALBERTO DOS SANTOS JOAQUIM – Isso.

O SR. BRUNO COVAS – PSDB – O senhor participou de alguma assembleia


da Bancoop? Para eleição de diretoria, aprovação das contas?

O SR. ADALBERTO DOS SANTOS JOAQUIM – Não.

O SR. BRUNO COVAS – PSDB – O senhor foi convocado?

O SR. ADALBERTO DOS SANTOS JOAQUIM – Sim, houve convocações,


mas eu não cheguei a participar.

O SR. BRUNO COVAS – PSDB – O senhor entrou com alguma ação judicial
contra a Bancoop?

O SR. ADALBERTO DOS SANTOS JOAQUIM – Não. Existe uma ação


conjunta, do condomínio. Foi criada uma associação de moradores e existe sim uma
ação conjunta.

O SR. BRUNO COVAS – PSDB – O senhor tem a escritura do imóvel?

O SR. ADALBERTO DOS SANTOS JOAQUIM – Não tenho.

O SR. BRUNO COVAS – PSDB – Essa ação conjunta é para discutir o quê?
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O SR. ADALBERTO DOS SANTOS JOAQUIM – Está sendo cobrado hoje


um resíduo. O que eles alegam é que a gente deve, não só com relação ao nosso
empreendimento, mas para poder tocar os outros empreendimentos.

O SR. BRUNO COVAS – PSDB – Em relação a essa diferença de sete mil


reais de FGTS, o senhor não entrou com nenhuma ação cobrando?

O SR. ADALBERTO DOS SANTOS JOAQUIM – Não. Quando eu percebi


essa diferença eu procurei a Caixa e eles não souberam me informar claramente sobre
isso. Como a gente já estava com a ação, já tinha advogada com essa ação conjunta, eu
passei para ela essa informação e nós fomos ao Ministério Público, em 2008.

O SR. BRUNO COVAS – PSDB – Agradeço, Sr. Presidente.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Com a palavra o


Deputado Roberto Morais.

O SR. ROBERTO MORAIS – PPS – Bom dia a todos, bom dia Sr. Adalberto.
O senhor está residindo no apartamento?

O SR. ADALBERTO DOS SANTOS JOAQUIM – Estou.

O SR. ROBERTO MORAIS – PPS – Qual o valor da sua dívida hoje?

O SR. ADALBERTO DOS SANTOS JOAQUIM – Trinta e dois mil reais.

O SR. ROBERTO MORAIS – PPS – O senhor disse que para mudar para o
apartamento, teoricamente o senhor teria quitado e assinou algumas promissórias?

O SR. ADALBERTO DOS SANTOS JOAQUIM – Seria uma garantia do


pagamento do restante.

O SR. ROBERTO MORAIS – PPS – Quantas promissórias o senhor assinou?


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O SR. ADALBERTO DOS SANTOS JOAQUIM – Não tenho a quantidade


exata.

O SR. ROBERTO MORAIS – PPS – E o valor delas?

O SR. ADALBERTO DOS SANTOS JOAQUIM – Por volta de 700 reais,


umas 20 promissórias.

O SR. ROBERTO MORAIS – PPS – Em que ano?

O SR. ADALBERTO DOS SANTOS JOAQUIM – Em 2002.

O SR. ROBERTO MORAIS – PPS – E hoje a dívida está em?

O SR. ADALBERTO DOS SANTOS JOAQUIM – Eles alegam que está em


32 mil reais.

O SR. ROBERTO MORAIS – PPS – Para dar a quitação do apartamento?

O SR. ADALBERTO DOS SANTOS JOAQUIM – Para dar a quitação.

O SR. ROBERTO MORAIS – PPS – Eles propuseram algum tipo de


negociação, parcelamento?

O SR. ADALBERTO DOS SANTOS JOAQUIM – Eles propuseram um


parcelamento, na época. Teria uma redução desse valor e eles fariam por volta de 24 mil
reais em 24 parcelas de 980 e pouco.

O SR. ROBERTO MORAIS – PPS – E dariam a quitação do apartamento?

O SR. ADALBERTO DOS SANTOS JOAQUIM – Aí dariam.

O SR. ROBERTO MORAIS – PPS – E teria a escritura?


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O SR. ADALBERTO DOS SANTOS JOAQUIM – Eles dizem que sim.

O SR. ROBERTO MORAIS – PPS – No condomínio tem alguém que já


quitou e tem escritura em definitivo?

O SR. ADALBERTO DOS SANTOS JOAQUIM – Não sei informar.

O SR. ROBERTO MORAIS – PPS – Obrigado.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Mais algum


Deputado? (Pausa) Pela ordem o Deputado Vanderlei Siraque.

O SR. VANDERLEI SIRAQUE – PT – Bom dia Sr. Adalberto dos Santos


Joaquim. O senhor prestou algum depoimento ao Ministério Público?

O SR. ADALBERTO DOS SANTOS JOAQUIM – Estive no Ministério


Público em 15 de abril de 2008.

O SR. VANDERLEI SIRAQUE – PT – No Ministério Público o senhor fez


alguma afirmação que a Bancoop fez apropriação indébita do fundo de garantia do
senhor?

O SR. ADALBERTO DOS SANTOS JOAQUIM – Não. Eu simplesmente


quero saber a diferença de valores. Poderia até ser uma falha da Caixa.

O SR. VANDERLEI SIRAQUE – PT – O senhor não fez nenhuma afirmação


que a Bancoop fez apropriação indébita do fundo de garantia do senhor?

O SR. ADALBERTO DOS SANTOS JOAQUIM – Não. Aí seria até leviano


da minha parte.

O SR. VANDERLEI SIRAQUE – PT – Então o senhor não acredita nisso?


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O SR. ADALBERTO DOS SANTOS JOAQUIM – Não sei. Não posso


afirmar coisas.

O SR. VANDERLEI SIRAQUE – PT – O senhor não fez essa afirmação e


nem faz a afirmação que foi feita apropriação indébita do fundo de garantia, porque
apropriação indébita é crime.

O SR. ADALBERTO DOS SANTOS JOAQUIM – Sim, eu sei.

O SR. VANDERLEI SIRAQUE – PT – Não foi feito isso pela Bancoop?

O SR. ADALBERTO DOS SANTOS JOAQUIM – Para afirmar isso, teria de


ter alguma prova disso.

O SR. VANDERLEI SIRAQUE – PT – Só isso.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Mais algum Deputado


gostaria de usar da palavra? (Pausa) Pela ordem o Deputado Ricardo Montoro.

O SR. RICARDO MONTORO – PSDB – Sr. Adalberto, na medida em que o


senhor está afirmando que a Caixa liberou R$ 11.400,00 e a Bancoop registra só quatro
mil, está caracterizado apropriação indébita. Pode não ter sido a acusação formal sua,
mas só a afirmação de que o senhor tem um extrato da Caixa que levantaram 11 mil do
seu fundo de garantia e só depositaram quatro mil, embora não tenha a sua afirmativa de
que houve apropriação indébita, no fundo o senhor não acredita que houve?
Existem trâmites que são exigidos para a formalização da utilização do fundo de
garantia. O senhor tem a informação se esses trâmites foram todos feito pela Caixa com
relação ao saque do seu fundo?

O SR. ADALBERTO DOS SANTOS JOAQUIM – Sim. Foram.

O SR. RICARDO MONTORO – PSDB – E o senhor ficou conformado com


essa diferença?
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O SR. ADALBERTO DOS SANTOS JOAQUIM – Não, por isso nós fomos
até o Ministério Público para tentar ver.

O SR. RICARDO MONTORO – PSDB – E no Ministério Público o senhor


afirmou que havia essa diferença?

O SR. ADALBERTO DOS SANTOS JOAQUIM – Sim, levei inclusive esses


papéis ao Ministério Público.

O SR. RICARDO MONTORO – PSDB – E a Bancoop tem algum tipo de


explicação, ou de defesa com relação a isso? A cooperativa deu-lhe alguma explicação
sobre essa eventual diferença, do que foi levantado e do que está contabilizado?

O SR. ADALBERTO DOS SANTOS JOAQUIM – Para ser sincero, eu fui


com a nossa advogada da associação direto ao Ministério Público e não cheguei a
conversar com a Bancoop.

O SR. RICARDO MONTORO – PSDB – Obrigado.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Pela ordem o


Deputado Vanderlei Siraque.

O SR. VANDERLEI SIRAQUE – PT – Estava ouvindo o Sr. Adalberto e o


senhor afirmou que tinha um valor estimado de 35 mil reais e depois teve um resíduo de
mais 35 mil reais, se não me engano?

O SR. ADALBERTO DOS SANTOS JOAQUIM – Hoje eles dizem que


existe uma coisa por volta de 32 mil reais.

O SR. VANDERLEI SIRAQUE – PT – E a Caixa, desses 35 mil reais, a Caixa


Econômica depositou junto à Bancoop 11 mil reais?

O SR. ADALBERTO DOS SANTOS JOAQUIM – Não. Ela já vinha


depositando antes.
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O SR. VANDERLEI SIRAQUE – PT – Mas aí foi abatido do resíduo do


senhor, ou não?

O SR. ADALBERTO DOS SANTOS JOAQUIM – Não. Esse valor agora foi
gerado depois. A gente foi comunicado disso em 2007.

O SR. VANDERLEI SIRAQUE – PT – Sim, mas o senhor comprou a preço de


custo o apartamento e o custo ficou em torno de 70 mil reais? O senhor pagou 35 e a
Bancoop alega que o custo é em torno de 70 mil reais, é isso?

O SR. ADALBERTO DOS SANTOS JOAQUIM – É.

O SR. VANDERLEI SIRAQUE – PT – Qual o valor de mercado do


apartamento do senhor, o senhor como uma pessoa informada, gerente de banco?

O SR. ADALBERTO DOS SANTOS JOAQUIM – Acredito numa coisa por


volta de 90 mil reais.

O SR. VANDERLEI SIRAQUE – PT – Também, onde estaria a apropriação


indébita? Eu vi o Deputado Montoro falando, se ele está, a Bancoop diz que tem um
resíduo de cerca de 35 mil reais, a Caixa depositou 11 mil reais, onde estaria a
apropriação indébita?

O SR. BRUNO COVAS – PSDB – Um aparte, Deputado?

O SR. VANDERLEI SIRAQUE – PT – Pois não.

O SR. BRUNO COVAS – PSDB – A Bancoop diz que recebeu R$ 4.077,00.


Ela não diz que utilizou os sete mil reais para pagamento de resíduo. Isso são palavras
de V. Exa.

O SR. VANDERLEI SIRAQUE – PT – Não. Palavras de V. Exa., estou com a


palavra, Deputado, e gostaria que o senhor respeitasse.
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O SR. BRUNO COVAS – PSDB – Eu respeitei. Pedi aparte e o senhor.


concedeu.

O SR. VANDERLEI SIRAQUE – PT – Então, mas foi repassado para a


Bancoop, se foi descontado 11 mil reais e foi passado, nas palavras do Deputado Bruno
Covas, foi passo quatro mil, como a Bancoop, então a Bancoop tem a receber, é isso?
Essa é a afirmação que foi feita. Alguém comeu o dinheiro. Está parecendo o Banespa
na época do PSDB, não é Bruno? O gato comeu o dinheiro, cinco milhões de reais.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Pela ordem, Deputado


Siraque. O senhor está perguntando ou afirmando?

O SR. VANDERLEI SIRAQUE – PT – Estou fazendo uma afirmação. Se foi


descontado 11 mil reais, a Bancoop diz que recebeu quatro mil reais, cadê o resto? Essa
é a questão.
Acho que seria interessante, aí tem de ser apurado onde a Caixa colocou o
dinheiro. Então seria interessante juntar os extratos bancários e pedir também, queria
pedir, Sr. Presidente, mas aí quem tem de autorizar é o Sr. Adalberto, tem de ser
quebrado o sigilo da relação do Sr. Adalberto tanto com a Caixa quanto com a Bancoop
e ele precisa autorizar, porque senão nós vamos ficar aqui, tem uma diferença e nós
vamos apurar onde está essa diferença.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Só para alertar sobre


dois aspectos. Ainda que o Sr. Adalberto queira, acredito que não vá fazer objeção, o
senhor fique bem à vontade para responder sim ou não. Aí envolve sigilo e de qualquer
forma passa a ser objeto de requerimento lá na frente, para que seja apreciado pelos
Deputados.

O SR. VANDERLEI SIRAQUE – PT – Queria pedir ao Sr. Adalberto, porque


nós temos de chegar à verdade aqui. Não adianta ficar discutindo os números, se existe
ou não existe. Se o Sr. Adalberto autoriza a quebra do sigilo da relação dele com a
Bancoop e da relação com a Caixa, que é a única maneira de nós chegamos à verdade,
porque senão fica palavra contra palavra.
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O SR. ADALBERTO DOS SANTOS JOAQUIM – Eu autorizo.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Com a palavra o


nobre Deputado Vicente Cândido.
Eu gostaria só de registrar a presença do Deputado João Barbosa e do Deputado
Waldir Agnello.

O SR. VICENTE CÂNDIDO – PT – Bom dia Srs. Deputados, bom dia Sr.
Adalberto. Queria também fazer algumas perguntas para que fiquem, a meu ver, mais
esclarecidos os fatos. Sr. Adalberto, qual o tamanho do imóvel do senhor?

O SR. ADALBERTO DOS SANTOS JOAQUIM – Sessenta metros.

O SR. VICENTE CÂNDIDO – PT – O senhor está com duas divergências


conta a Bancoop, uma é contra o residual e o preço do imóvel total? O senhor está
contestando? O senhor não pagou nenhuma parcela intermediária de residual, só as 72
prestações?

O SR. ADALBERTO DOS SANTOS JOAQUIM – Isso.

O SR. VICENTE CÂNDIDO – PT – A outra divergência é sobre o valor do


fundo de garantia, de transferência. O senhor contabiliza que foi transferido por volta de
11 mil e a Bancoop está dizendo que só recebeu quatro mil e pouco?

O SR. ADALBERTO DOS SANTOS JOAQUIM – Isso.

O SR. VICENTE CÂNDIDO – PT – Agora, o senhor, como bancário, o senhor


sabe como é o procedimento de liberação do fundo de garantia num processo de uma
obra? Como a Caixa, quais os critérios da Caixa?

O SR. ADALBERTO DOS SANTOS JOAQUIM – Não acompanho.


20

O SR. VICENTE CÂNDIDO – PT – O empreendimento está concluído, com


Habite-se?

O SR. ADALBERTO DOS SANTOS JOAQUIM – Ainda existem coisas a


serem feitas.

O SR. VICENTE CÂNDIDO – PT – O senhor não tem escritura e não deve ter
Habite-se?

O SR. ADALBERTO DOS SANTOS JOAQUIM – Ainda restam algumas


obras por fazer.

O SR. VICENTE CÂNDIDO – PT – Que tipo de obras?

O SR. ADALBERTO DOS SANTOS JOAQUIM – A área de lazer não foi


terminada, estacionamentos.

O SR. VICENTE CÂNDIDO – PT – Em linhas gerais, o senhor sabe que a


Caixa libera o fundo de garantia de acordo com a medição. À medida que vai
apresentando medições ela vai liberando proporcionalmente o fundo de garantia e o
senhor sabe que ela retém uma parte dos recursos, e só libera no final, com a entrega da
obra, com o Habite-se da obra, quando está tudo concluído.
Não teria esse procedimento, essa divergência não estaria dentro desse
procedimento, se a obra não está concluída, a Caixa não liberou ainda o total do fundo
de garantia do senhor. Não poderia ser isso?

O SR. ADALBERTO DOS SANTOS JOAQUIM – O que tenho é o contrário,


que ela liberou numa data.

O SR. VICENTE CÂNDIDO – PT – Essa é a divergência do senhor. O senhor


está dizendo que ela liberou tanto e a Bancoop está dizendo que recebeu menos do que o
senhor está achando que ela liberou. Se a obra não está concluída, pelo que eu sei, a
Caixa, até por precaução e por cuidado, ela libera de acordo com a medição, retém uma
parte e libera o resto quando a obra está ok, quando entrega o Habite-se, até por
21

segurança do próprio mutuário do fundo de garantia. Não seria esse o problema? Como
o senhor é do setor bancário, talvez o senhor tenha mais conhecimento do que eu.

O SR. ADALBERTO DOS SANTOS JOAQUIM – Acredito que não. Então


ela deveria ter liberado menos e não mais.

O SR. VICENTE CÂNDIDO – PT – É o que a Bancoop está dizendo. Não


seria esse o problema? A Bancoop está dizendo que recebeu menos e o senhor está
dizendo que repassou mais. Mas a obra não está entregue e a Caixa só libera tudo
quando a obra está ok, com Habite-se. Talvez seja esse o caso. Estou trabalhando uma
hipótese. O senhor não tem conhecimento disso?

O SR. ADALBERTO DOS SANTOS JOAQUIM – Não sei informar para o


senhor.

O SR. VICENTE CÂNDIDO – PT – O senhor procurou a Bancoop para


dialogar sobre isso?

O SR. ADALBERTO DOS SANTOS JOAQUIM – Não procurei.

O SR. VICENTE CÂNDIDO – PT – O senhor foi direto ao Ministério


Público?

O SR. ADALBERTO DOS SANTOS JOAQUIM – Eu procurei a nossa


advogada, porque também sou leigo no assunto, para ver o que ela acharia melhor.

O SR. VICENTE CÂNDIDO – PT – O senhor tem certeza, o senhor afirma


aqui que o valor é esse, o recibo é esse? O senhor tem certeza disso?

O SR. ADALBERTO DOS SANTOS JOAQUIM – Tenho inclusive uma carta


da gerente da Caixa, dizendo que transferiu esse dinheiro.

O SR. VICENTE CÂNDIDO – PT – A carta o senhor está deixando de posse


da CPI?
22

O SR. ADALBERTO DOS SANTOS JOAQUIM – Estou deixando aqui.

O SR. VICENTE CÂNDIDO – PT – Ok, Presidente.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Pela ordem o


Deputado Bruno Covas.

O SR. BRUNO COVAS – PSDB – Estou em mãos com o documento que o Sr.
Adalberto acabou de entregar à CPI, que diz o seguinte: “Prezado senhor, conforme
solicitado, informamos que o débito ocorrido em sua conta tal, em 4 de julho de 2003,
no valor de R$ 11.458,59, refere-se ao lançamento de liberação de FGTS em construção
do Empreendimento Horto Florestal.” E aí tem o extrato de débito de R$ 11.458,59, na
conta.
Quer dizer, no dia 4 de julho é que houve essa transação. Não é que no dia 4 de
julho se reconheceu que até aquele momento foi retirado 11 mil. Foi uma retirada de 11
mil na data de 4 de julho.

O SR. ADALBERTO DOS SANTOS JOAQUIM – Sim, porque


anteriormente, para mim, estava tudo regularizado. Foi aí que percebi a divergência.

O SR. BRUNO COVAS – PSDB – Em 4 de julho houve uma retirada de R$


11.458,59, depois da quitação de 2002. E aqui tem o extrato da Bancoop, o relatório de
créditos para imposto de renda, dizendo que no dia 4 de julho de 2003 eles receberam
R$ 4.077,76. Não foi o senhor que pagou 11 mil.

O SR. ADALBERTO DOS SANTOS JOAQUIM – Não.

O SR. BRUNO COVAS – PSDB – Foi a própria Caixa que fez o depósito.

O SR. ADALBERTO DOS SANTOS JOAQUIM – Existe uma confusão. Eu


paguei um outro valor, que não sei informar direito. O apartamento ia ser entregue
básico e para existir umas melhoras nele nós pagamos alguma coisa a mais, mas aí já
não envolvia o fundo. Foi proposto isso e nós pagamos por fora essa diferença.
23

O SR. BRUNO COVAS – PSDB – Diferença de quatro mil? Esses quatro mil
reais que a Bancoop diz ter recebido, já não se referem às melhorias?

O SR. ADALBERTO DOS SANTOS JOAQUIM – Isso é referente à obra


mesmo.

O SR. BRUNO COVAS – PSDB – Então o senhor não havia quitado em 2002?

O SR. ADALBERTO DOS SANTOS JOAQUIM – Teoricamente sim.

O SR. BRUNO COVAS – PSDB – Teoricamente sim porque o senhor pagou as


promissórias. Ainda assim, havia outras cobranças?

O SR. ADALBERTO DOS SANTOS JOAQUIM – Isso.

O SR. VICENTE CÂNDIDO – PT – Relator, pode me dar um aparte?

O SR. BRUNO COVAS – PSDB – Claro.

O SR. VICENTE CÂNDIDO – PT – Desse recibo de 2002, Adalberto, qual foi


o objeto do recibo, foi quitação ou antecipação?

O SR. ADALBERTO DOS SANTOS JOAQUIM – Eu considero quitação,


tanto que na época eu recebi...

O SR. VICENTE CÂNDIDO – PT – Já que o senhor tem dúvidas, o senhor


pode remeter à CPI?

O SR. ADALBERTO DOS SANTOS JOAQUIM – Posso.

O SR. VICENTE CÂNDIDO – PT – O senhor não lembra se foi quitação ou


antecipação?
24

O SR. ADALBERTO DOS SANTOS JOAQUIM – Posso dizer que eles me


devolveram, referente a esse valor, as promissórias que eu havia assinado.

O SR. VICENTE CÂNDIDO – PT – Perante o recibo, o senhor reteve as


promissórias?

O SR. ADALBERTO DOS SANTOS JOAQUIM – Isso.

O SR. BRUNO COVAS – PSDB – Agradeço, Sr. Presidente.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Mais algum


Deputado? (Pausa) Então eu agradeço ao Sr. Adalberto. Obrigado pela sua contribuição
à CPI.
Retomando os nossos trabalhos, gostaria de verificar também se o senhor Andy
Roberto Gurczynska está presente. (Pausa) Continua ausente. Sr. Valter Amaro da
Silva. (Pausa) O Sr. Andy está presente? Está presente. Nós estamos tentando seguir
uma ordem, apesar de já ter um atraso, então nós gostaríamos que o Sr. Andy...
Está aguardando um documento. O senhor acha fundamental para o depoimento
do senhor?
Então nós vamos ouvir o Sr. Oscar Militão. Pediria que o senhor sentasse ao
lado direito.
Passo à leitura do texto que contém o embasamento legal para a oitiva.
“O senhor foi convocado a comparecer a esta CPI, constituída pelo Ato nº 13, de
2010, com a finalidade de investigar supostas irregularidades e fraudes praticadas contra
cerca de três mil mutuários da Cooperativa Habitacional dos Bancários do Estado de
São Paulo – BANCOOP, e propor soluções para o caso. E como testemunha, com
fundamento no art. 213 e 218, ambos do Código de Processo Penal, combinado com o §
2º do art. 3º da Lei Estadual nº 11124, de 10 de abril de 2002, bem como as demais
normas constitucionais e infraconstitucionais aplicáveis à espécie, cumpre-nos adverti-
lo que deve dizer a verdade, não podendo fazer afirmações falsas, calar ou negar a
verdade a respeito dos fatos do seu conhecimento, por incorrer em crime previsto no art.
4º, inciso II da Lei Federal nº 1579, de 18 de março de 1952.”
Gostaria de me dirigir a V. Sa. para que pudéssemos fazer o termo de
qualificação. Vou perguntar ao senhor: Nome completo.
25

O SR. OSCAR MILITÃO DA COSTA JÚNIOR – Oscar Militão da Costa


Júnior.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Idade?

O SR. OSCAR MILITÃO DA COSTA JÚNIOR – Cinquenta e dois anos.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Estado civil?

O SR. OSCAR MILITÃO DA COSTA JÚNIOR – Separado.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Endereço da


residência?

O SR. OSCAR MILITÃO DA COSTA JÚNIOR – Rua Dona Brígida nº 292,


casa 2, Vila Mariana.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Profissão?

O SR. OSCAR MILITÃO DA COSTA JÚNIOR – Aposentado.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Tem algum grau de


parentesco com alguma das partes, Deputados, diretores da Bancoop?

O SR. OSCAR MILITÃO DA COSTA JÚNIOR – Não.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Peço a V. Sa. a


gentileza de relatar o que souber, explicando sempre as razões de sua ciência ou as
circunstâncias pelas quais possamos avaliar a credibilidade dos fato.
Peço então que leia este termo de compromisso do depoente, que está em vossas
mãos.
26

O SR. OSCAR MILITÃO DA COSTA JÚNIOR – “Sob minha palavra de


honra prometo dizer a verdade do que souber e me for perguntado, relacionado com a
investigação a cargo desta Comissão Parlamentar de Inquérito.”

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Vou lhe passar a


palavra por cerca de 10 minutos, para que o senhor fique bem à vontade, diga o que o
senhor sabe sobre este assunto e o que o senhor queira manifestar aqui nesta CPI.

O SR. OSCAR MILITÃO DA COSTA JÚNIOR – Eu conheci a Bancoop


porque eu estava passando pela rua onde estava começando a obra e vi uma placa,
Cooperativa Habitacional dos Bancários. Pensei, se é dos bancários, é segura, porque eu
confiava no Sindicato dos Bancários. E não foi o que aconteceu.
Eu comprei uma unidade no Liberty Boulevard e as prestações, quando
chegaram a quase 80% da minha aposentadoria, eu falei para a minha ex-mulher que a
coisa estava apertando. Mas, eu tinha ajuda da minha mãe, porque eu moro com ela.
Mas quando começaram a chegar as intermediárias, apertou mais ainda, porque
as intermediárias foram no valor de mais de mil e 500 reais.
Eu corri para o banco, fiz um empréstimo e paguei tudo que faltava e mais todas
as intermediárias, até a entrega das chaves. O prazo para entrega do apartamento era
outubro de 2005 e até hoje eu não recebi a unidade.
Nós tivemos uma reunião. Eu nunca participei de assembleia nenhuma com a
Bancoop. O Vaccari solicitou uma reunião com os cooperados do Liberty, na quadra do
sindicato, aonde ele colocou para nós que nós teríamos de pagar um reforço de caixa, ao
qual a maioria presente, quase na sua totalidade, foi contra. Inclusive, nessa mesma
reunião, quando o Vaccari falou que nós estávamos obrigados a pagar esse reforço de
caixa, desde que nós assinamos o termo de adesão, que ele não chamava o contrato
como contrato, termo de adesão.
Nesse momento todas as mulheres ali presentes voaram para cima dele. Ele teve
de correr e se esconder no banheiro. Eu fui lá e falei que não era o jeito de nós tratarmos
a situação. E como nós estávamos perto, levei todo mundo até o 1º DP para fazer um
boletim de ocorrência para preservação de estado de direito. E assim fizemos.
Depois, nós já tínhamos fundado uma associação de adquirentes do Liberty
Boulevard, e nós contratamos um advogado e ganhamos na justiça o direito de não
27

pagar mais nada além do que estava no contrato para a Bancoop. E assim foi feito. Só
que a obra está parada desde então. Não fizeram mais nada.
Por causa disso, a minha mulher me deixou, porque acabou o dinheiro. Ela
simplesmente pegou a trouxa dela e voltou para Guarulhos. E entrou com um processo
contra mim. Por causa disso, eu estive em frente ao Liberty Boulevard, que era só
esqueleto, tinha só as Lages assentadas, e fotografei para a minha advogada juntar aos
laudos do processo, porque ela está pedindo o apartamento da Bancoop, porque ela tem
direitos. Só que eu não tenho.
Na semana seguinte eu passei por lá, tinha peões na obra colocando paredes para
dar a impressão de que está pronta a obra. Mas dentro, não tem nada. Falta toda a parte,
mesmo assim não confio nas paredes que eles colocaram ali, que foi só para fazer vista,
porque houve reclamações que as Lages do prédio que está pronto, a sacada do prédio
que está pronto está com rachaduras e prestes a cair algumas sacadas.
O prédio agora foi entregue para a Tarjab numa assembléia que teve no Liberty.
A Bancoop cobra uma multa no valor exato do reforço de caixa que ela estava pedindo
para se afastar e entregar para a Tarjab, que por incrível que pareça, é só ela e a OAS
que estão trabalhando para a Bancoop, e a Tarjab pediu um valor absurdo. Ela disse que
precisa de 12 milhões de reais, sendo que todas as Lages do bloco B estão totalmente
prontas, o bloco A só falta a parte hidráulica e elétrica e a parte comum, que está
faltando.
Nós fizemos um cálculo na época dessa reunião que ia sair no máximo mil reais
para cada cooperado. Estão pedindo 90 mil. Eu já falei que não tenho esse dinheiro,
porque eu ainda pago o empréstimo que eu fiz para pagar a Bancoop.
Com o rolamento de dívida, e os juros, esse empréstimo cresceu muito. Se não
fosse a casa da minha mãe, eu estaria morando na rua, porque nem dinheiro para aluguel
eu tenho.
Agora eu não sei o que eu vou fazer, porque ninguém recebe a gente,
principalmente eu, na Bancoop. É isso que tinha para dizer.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Obrigado.


Com a palavra os Deputados. (Pausa) Pela ordem o Deputado Bruno Covas.

O SR. BRUNO COVAS – PSDB – Sr. Oscar, agradeço a presença de V. Sa.


aqui hoje. Quanto o senhor já pagou à Bancoop?
28

O SR. OSCAR MILITÃO DA COSTA JÚNIOR – O valor inicial era de 70


mil e já paguei mais de 110 mil.

O SR. BRUNO COVAS – PSDB – E ela hoje cobra 90 mil reais?

O SR. OSCAR MILITÃO DA COSTA JÚNIOR – Para terminar a obra. Ela


não, a Tarjab. Ela está cobrando 35 mil a mais para se afastar e entregar a obra para a
Tarjab.

O SR. BRUNO COVAS – PSDB – E ainda está na fase do esqueleto? Não foi
nem terminada a obra?

O SR. OSCAR MILITÃO DA COSTA JÚNIOR – Não, porque eu tenho


certeza que as paredes que eles colocaram no prédio vão ter de ser derrubadas, porque
se encostar, elas caem.

O SR. BRUNO COVAS – PSDB – E como está hoje a negociação do


empreendimento, dos cooperados do empreendimento com a OAS?

O SR. OSCAR MILITÃO DA COSTA JÚNIOR – É a Tarjab. Foi aprovado


em assembleia, mas eu não confiei muito na assembleia que fizeram, porque como é um
bem comum, acho que deveriam estar todos os cooperados do Liberty presentes e só
deixaram entrar quem fazia parte da associação, para votar. Quer dizer, a maioria que
mora no bloco B, eu fui vencido por uma maioria arrasadora, porque eu sou contra.
Inclusive me candidatei para a presidência da associação e também perdi.

O SR. BRUNO COVAS – PSDB – Quantos blocos são?

O SR. OSCAR MILITÃO DA COSTA JÚNIOR – Dois.

O SR. BRUNO COVAS – PSDB – Bloco A e Bloco B?


29

O SR. OSCAR MILITÃO DA COSTA JÚNIOR – Eu comprei no bloco A


porque pensei que ia ser feito primeiro.

O SR. BRUNO COVAS – PSDB – O pessoal do bloco B já está morando?

O SR. OSCAR MILITÃO DA COSTA JÚNIOR – Já. Ninguém tem escritura.


Nem do bloco B. Eles alegam que a escritura só pode ser passada quando o condomínio
estiver totalmente pronto.

O SR. BRUNO COVAS – PSDB – Agradeço.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Com a palavra o


Deputado Roberto Morais.

O SR. ROBERTO MORAIS – PPS – Obrigado Presidente. Saudamos o Sr.


Oscar. E os moradores do bloco B, o conjunto está totalmente habitado já?

O SR. OSCAR MILITÃO DA COSTA JÚNIOR – Eu não sei se totalmente,


mas grande parte dele está.

O SR. ROBERTO MORAIS – PPS – Eles têm o mesmo imbróglio financeiro


do bloco A, eles continuam devendo?

O SR. OSCAR MILITÃO DA COSTA JÚNIOR – Continuam.

O SR. ROBERTO MORAIS – PPS – Mas receberam as chaves?

O SR. OSCAR MILITÃO DA COSTA JÚNIOR – Sim, porque como estava


pronto, antes da reunião já estava pronto o bloco B, então já tinha gente morando no
bloco B. Mas mesmo assim eles foram cobrados pela Bancoop dos 35 mil a mais para
terminar todo o condomínio.

O SR. ROBERTO MORAIS – PPS – Trinta e cinco a mais por mutuário?


30

O SR. OSCAR MILITÃO DA COSTA JÚNIOR – Por mutuário.

O SR. ROBERTO MORAIS – PPS – Eles pagaram?

O SR. OSCAR MILITÃO DA COSTA JÚNIOR – Não, porque nós tínhamos


ganhado na justiça o direito de não pagar. Mas agora estão pagando, porque eles
aceitaram pagar o valor que a Tarjab pediu.

O SR. ROBERTO MORAIS – PPS – A escritura definitiva só será dada se o


bloco A estiver concluído também e os senhores pago?

O SR. OSCAR MILITÃO DA COSTA JÚNIOR – Acredito que sim, pelo


menos eu espero, porque eu pretendo vender, porque nunca mais quero ouvir falar de
sindicato. Inclusive vou escrever uma carta para o sindicato pedindo para ele parar de
me mandar a revista do sindicato, porque na revista de fevereiro ainda veio propaganda
da Bancoop.

O SR. ROBERTO MORAIS – PPS – O senhor é um bancário aposentado?

O SR. OSCAR MILITÃO DA COSTA JÚNIOR – Sou.

O SR. ROBERTO MORAIS – PPS – Eu vi uma matéria na Veja, o senhor


fique muito à vontade se o senhor quiser tocar nesse assunto ou não. Além de não ter
conseguido o apartamento, o senhor também perdeu a esposa. O senhor tem filhos
também?

O SR. OSCAR MILITÃO DA COSTA JÚNIOR – Não.

O SR. ROBERTO MORAIS – PPS – Parece que o senhor está doente?

O SR. OSCAR MILITÃO DA COSTA JÚNIOR – Como eu falei para o R7,


agora eu sei que o estresse mata, porque eu brigo contra isso há mais de seis anos. Eu já
oporei o cérebro duas vezes. Vou ter de tirar um tumor do pulmão, e depois que eu dei
essa entrevista para a Veja, no fim do ano passado, eu estava só com um tumor no
31

pulmão. Agora eu estou com um tumor no pulmão e na glândula supra-renal, o que me


esculhambou, porque nas primeiras quatro sessões que fiz de quimioterapia, eu não tive
reação nenhuma, e agora eu estou tendo que tomar remédio para pressão, porque eu
fiquei hipertenso. Inclusive ontem a minha pressão estava 20 por 12. Eu hoje, para vir
aqui, tive de tomar remédio para pressão, para manter a minha pressão, que estava em
14 por 9.

O SR. ROBERTO MORAIS – PPS – O senhor ficou doente depois?

O SR. OSCAR MILITÃO DA COSTA JÚNIOR – Depois da entrevista para a


Veja que me apareceu esse outro tumor na supra-renal.

O SR. ROBERTO MORAIS – PPS – O senhor ficou doente depois de ter


entrado para a Bancoop?

O SR. OSCAR MILITÃO DA COSTA JÚNIOR – O tumor apareceu no fim


do ano passado. Já fazia cinco anos que estava brigando com a Bancoop. Em março de
2005 eu já estava brigando, porque eu percebi que não ia dar tempo de entregar a obra
no tempo estipulado no contrato, que eles tinham falado de entregar a obra em outubro
de 2005, e eu passando lá eu vi que não ia dar tempo de eles entregarem, e comecei a
brigar e em março de 2005 eu tive de operar o cérebro para tirar um coágulo de água
que se formou e que estava me dando epilepsia, também por causa disso.

O SR. ROBERTO MORAIS – PPS – Obrigado Sr. Oscar.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Mais algum


Deputado? (Pausa) O Deputado Waldir Agnello.

O SR. WALDIR AGNELLO – PTB – Obrigado Presidente. Sr. Oscar bom dia,
obrigado pela sua presença aqui, nobres pares, apenas para confirmar, na matéria que
acabo de tomar conhecimento e também no seu depoimento, o senhor teria mencionado
que recebeu uma cobrança extra-judicial, é isso?
32

O SR. OSCAR MILITÃO DA COSTA JÚNIOR – Não sei se seria esse


termo.

O SR. WALDIR AGNELLO – PTB – O termo usado na matéria é extra-


judicial, estou só pedindo a confirmação.

O SR. OSCAR MILITÃO DA COSTA JÚNIOR – Uma cobrança extra.

O SR. WALDIR AGNELLO – PTB – O nome do senhor foi a protesto ou o


senhor apenas ficou em dívida com esse resíduo?

O SR. OSCAR MILITÃO DA COSTA JÚNIOR – Chegou a ir para o SPC e


Serasa.

O SR. WALDIR AGNELLO – PTB – Quem enviou foi a Bancoop?

O SR. OSCAR MILITÃO DA COSTA JÚNIOR – Só o banco.

O SR. WALDIR AGNELLO – PTB – Por conta desse empréstimo que o


senhor contraiu?

O SR. OSCAR MILITÃO DA COSTA JÚNIOR – Exato.

O SR. WALDIR AGNELLO – PTB – Só para esclarecer essa parte. Obrigado.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Mais algum


Deputado? (Pausa) Agradeço a presença do Sr. Oscar, obrigado pela contribuição que
deu à CPI.
Retomando então a nossa lista de oitivas, o senhor Andy Roberto está presente?
Valter Amaro está presente? (Pausa) Não. Então vamos ouvir o Andy e depois fica o
último para ser ouvido.
Sr. Andy, gostaria que o senhor sentasse aqui ao nosso lado direito.
Passo à leitura do texto que contém o embasamento legal para a oitiva.
33

“O senhor foi convocado a comparecer a esta CPI, constituída pelo Ato nº 13, de
2010, com a finalidade de investigar supostas irregularidades e fraudes praticadas contra
cerca de três mil mutuários da Cooperativa Habitacional dos Bancários do Estado de
São Paulo – BANCOOP, e propor soluções para o caso. E como testemunha, com
fundamento no art. 213 e 218, ambos do Código de Processo Penal, combinado com o §
2º do art. 3º da Lei Estadual nº 11124, de 10 de abril de 2002, bem como as demais
normas constitucionais e infraconstitucionais aplicáveis à espécie, cumpre-nos adverti-
lo que deve dizer a verdade, não podendo fazer afirmações falsas, calar ou negar a
verdade a respeito dos fatos do seu conhecimento, por incorrer em crime previsto no art.
4º, inciso II da Lei Federal nº 1579, de 18 de março de 1952.”
Vou lhe passar o termo de qualificação e perguntar ao senhor: Nome completo.

O SR. ANDY ROBERTO GURCZYNSKA – Andy Roberto Gurczynska.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Idade?

O SR. ANDY ROBERTO GURCZYNSKA – Trinta e nove anos.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Estado civil?

O SR. ANDY ROBERTO GURCZYNSKA – Separado.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Endereço da


residência?

O SR. ANDY ROBERTO GURCZYNSKA – Comercial, Rua Jandaia do Sul


nº 261C

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Profissão?

O SR. ANDY ROBERTO GURCZYNSKA – Empresário.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Algum cargo


específico?
34

O SR. ANDY ROBERTO GURCZYNSKA – Sou um dos sócios. Sócio-


proprietário.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Tem algum grau de


parentesco com alguma das partes envolvidas neste processo?

O SR. ANDY ROBERTO GURCZYNSKA – Nenhuma.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Peço a V. Sa. a


gentileza de relatar o que souber, explicando sempre as razões de sua ciência ou as
circunstâncias pelas quais possamos avaliar a credibilidade dos fatos. Passo-lhe também
para que seja lido, para o que o senhor possa ler o termo de compromisso do depoente.

O SR. ANDY ROBERTO GURCZYNSKA – “Sob minha palavra de honra


prometo dizer a verdade do que souber e me for perguntado, relacionado com a
investigação a cargo desta Comissão Parlamentar de Inquérito.”

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Pela ordem o


Deputado Vicente Cândido.

O SR. VICENTE CÂNDIDO – PT – Só para fazer uma checagem da presença


dos representantes da Fazenda, e tinha outros representantes de outros órgãos na última
reunião. Estão presentes?

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Procon está presente,


Procurador está presente. Mais algum represente de órgão institucional? Representante
da Fazenda, Polícia Fazendária também presente.

O SR. VANDERLEI SIRAQUE – PT – Sr. Presidente, só para solicitar que o


representante da Fazenda faça parte da Mesa, que ele seja identificado e faça parte, e
que seja registrado em ata também o nome do representante da Fazenda presente. Qual
o nome do representante?
35

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Eurípedes Tozzo.

O SR. VANDERLEI SIRAQUE – PT – Eurípedes Tozzo é o que da Fazenda?

O SR. EURÍPEDES TOZZO – Da Delegacia Fazendária.

O SR. VANDERLEI SIRAQUE – PT – Só para registrar em ata, o


representante da Fazenda, se pudesse apresentar a credencial como representante da
Fazenda para a Mesa e que fosse registrado em ata.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – O senhor gostaria de


verificar, Deputado?

O SR. VANDERLEI SIRAQUE – PT – O senhor é o nosso representante. Só


para registrar que está presente.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Mais alguma


observação?

O SR. VANDERLEI SIRAQUE – PT – Que depois a ata da reunião fosse


encaminhada à Secretaria da Fazenda também.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Então Sr. Andy, nós


passaremos a palavra ao senhor, para que o senhor relate o que o senhor sabe sobre esse
assunto e o que o senhor gostaria de dizer também sobre esse assunto. O senhor fique à
vontade, nós vamos tentar controlar o tempo na ordem de 10 minutos, mas o senhor faça
a sua manifestação e depois os Deputados farão as perguntas.

O SR. ANDY ROBERTO GURCZYNSKA – Primeiro esclarecimento que


vou dizer aqui é que sou cooperado da Cooperativa Habitacional dos Bancários e a
informação que foi passada para os senhores está errada. Sou cooperado do Condomínio
Vila Formosa.
36

O SR. VANDERLEI SIRAQUE – PT – Sr. Presidente, a convocação do Sr.


Andy Garcia é como cooperado ou como prestador de serviços da Bancoop?

O SR. ANDY ROBERTO GURCZYNSKA – É que na verdade o Deputado ao


lado...

O SR. VANDERLEI SIRAQUE – PT – Aqui quem fala são os Deputados. Na


hora que o senhor for solicitado...

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Deputado, só um


minuto.

O SR. VANDERLEI SIRAQUE – PT – Só para a gente saber o termo que


consta no requerimento de convocação.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – É procedente a


pergunta dele, não tem problema de responder. Só um minuto Sr. Andy, quando a gente
solicitar ao senhor, o senhor pode responder ao Deputado. Na verdade, por enquanto o
senhor está com a palavra, mas nós vamos aguardar. Está sendo verificado pela
Secretaria.
“Andy Roberto Gurczynska, segurança que trabalhou para a Bancoop”

O SR. VANDERLEI SIRAQUE – PT – Qual o termo da convocação do Sr.


Andy?

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Um requerimento,


convocado porque ele era segurança que trabalhou para a Bancoop.

O SR. VANDERLEI SIRAQUE – PT – Como empresário de segurança,


prestador de serviço?

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Foi identificado. Ele


foi convocado enquanto cidadão, mas foi identificado como segurança.
37

O SR. VANDERLEI SIRAQUE – PT – Como prestador de serviços. Porque é


importante para nós.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Mas ele pode ser


cooperado, motorista. Não interfere em nada.

O SR. VANDERLEI SIRAQUE – PT – É prestador de serviços?

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Ele está dizendo aqui


que é cooperado também.
Pela ordem o Deputado Bruno Covas.

O SR. BRUNO COVAS – PSDB – O senhor passou a palavra à testemunha


para que ele falasse sobre o que ele tem de conhecimento em relação ao caso. Se ele tem
conhecimento do caso enquanto prestador de serviços, enquanto cooperado, tudo aquilo
que ele tem de conhecimento ele vai passar.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Deputado Bruno


Covas, de qualquer forma ele fez uma pergunta, como teria saído o requerimento para
convocação. Eu já expliquei.

O SR. VANDERLEI SIRAQUE – PT – Saiu como prestador de serviços?

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – No requerimento ele


foi...

O SR. VANDERLEI SIRAQUE – PT – Dá para ler o requerimento, Sr.


Presidente, para tirar a dúvida, por favor?

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – “Requeiro, nos termos


do art. 34B, inciso II, da Consolidação do Regimento Interno, que seja oficializada, com
o objetivo precípuo para auxiliar os trabalhos da presente Comissão Parlamentar de
Inquérito, a CPI constituída com a finalidade de investigar as irregularidades e supostas
fraudes praticadas contra cerca de três mil mutuários da Cooperativa Habitacional dos
38

Bancários do Estado de São Paulo, a convocação das seguintes pessoas: Hélio Malheiro,
Ricardo, Freud e Andy.”
Com a palavra o Sr. Andy.

O SR. ANDY ROBERTO GURCZYNSKA – Em primeiro lugar o senhor me


deu 10 minutos e quando eu entrei o Deputado falou que eu não era cooperado, e eu
falei que sou cooperado. O senhor não tinha essa informação e estou passando uma
informação, que sou cooperado sim.
Então, o meu interesse não é em prejudicar a Bancoop, a quem eu já prestei
serviços, porque eu também estou sendo cobrado em quase 30 mil a mais do que eu
deveria pagar, do que aquilo que foi contratado.
Esse já é um fator indicador que não estou aqui para tentar, digamos assim, fazer
não um tipo de briga com a Bancoop porque ela cortou os meus serviços. Porque
também eu estou pagando mensalmente um valor que eu não concordo, que não é justo
e é correto, até porque eu presenciei e vi parte de quatro anos dentro da Bancoop , então
sei tudo que é certo e errado lá.
Eu só queria falar isso. E como ele falou, acho que o Deputado não poderia, de
forma alguma, se eu tenho os 10 minutos, eu poderia falar nesses 10 minutos aquilo que
viesse à minha cabeça e eu só achei que não é tentar desqualificar a testemunha que ele
vai conseguir alguma coisa.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – O senhor tem mais


alguma informação que o senhor traz?

O SR. ANDY ROBERTO GURCZYNSKA – Agora vou para as perguntas. É


só para deixar claro que também sou cooperado e que não estou aqui procurando
nenhum tipo de justiça porque tiraram a minha empresa da Bancoop. É porque também
simplesmente, no meu bolso, 30 mil reais estão pesando muito.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Então passaremos, já


que o senhor não tem mais nada a dizer, então passaremos às perguntas dos Deputados.

O SR. BRUNO COVAS – PSDB – Bom dia Sr. Andy. Há quanto tempo o
senhor presta serviço de segurança particular?
39

O SR. ANDY ROBERTO GURCZYNSKA – Desde 1994.

O SR. BRUNO COVAS – PSDB – O senhor tem uma empresa ou o senhor


pessoalmente presta serviço?

O SR. ANDY ROBERTO GURCZYNSKA – No início eu prestava como


autônomo.

O SR. BRUNO COVAS – PSDB – O senhor prestava como autônomo e hoje


tem uma empresa que presta esse tipo de serviços. De 1994 para cá o senhor poderia
dizer quais foram os clientes para os quais o senhor prestou serviços?

O SR. ANDY ROBERTO GURCZYNSKA – Alguns clientes que não me


permitem falar pela questão do sigilo. Até com a Bancoop tinha uma questão de sigilo e
algumas coisas têm de ficar guardadas.
Só que tem coisas que, infelizmente ou felizmente, aconteceram e que a gente
tem de falar. Você fala uma parte para ficar vivo, essa é a realidade.
É dessa forma. O pessoal de determinado partido costuma mandar ameaças, já
fui seguido, uma série de coisas. Só eu tomo algumas precauções, tenho a minha equipe
que me assessora, mas na verdade meus telefones foram grampeados, meus carros
seguidos, então eu posso dizer que estou aqui justamente para deixar bem claro que o
que eu sei estou falando até para proteger a minha própria vida.

O SR. BRUNO COVAS – PSDB – E desses clientes que não têm sigilo, que já
se tornaram públicos, o senhor poderia falar, até para que a gente possa qualificá-lo e
conhecer o histórico de serviços do senhor?

O SR. ANDY ROBERTO GURCZYNSKA – Vários condomínios, a gente


trabalha para órgãos públicos, só que prefiro manter o sigilo. Posso apresentar isso para
vocês, mas não queria falar em público, até porque a gente tem filmagem, câmeras, e se
o cliente não me autorizar, eu não posso passar.
40

O SR. BRUNO COVAS – PSDB – Quais clientes foram de conhecimento


público?

O SR. ANDY ROBERTO GURCZYNSKA – Eu trabalhei para uma família


judia em torno de oito anos, depois trabalhei mais seis anos para o vice-presidente do
Chase-Manhatan, agora não existe mais esse banco, e de lá conheci o cunhado dele, que
era engenheiro da Bancoop, que me trouxe para trabalhar na Bancoop.

O SR. BRUNO COVAS – PSDB – O senhor começou a trabalhar na Bancoop


em que data?

O SR. ANDY ROBERTO GURCZYNSKA – Através de indicação, porque


eles estavam tendo muito furto, roubo de material, sumiço, e fui convocado para fazer
uma análise. E fora a análise, acabei ganhando também a segurança do local.

O SR. BRUNO COVAS – PSDB – O senhor começou a prestar serviços para a


Bancoop em que data?

O SR. ANDY ROBERTO GURCZYNSKA – Em 2002. Só nas obras, a


princípio.

O SR. BRUNO COVAS – PSDB – Nesse momento, ainda como autônomo ou


já como empresa?

O SR. ANDY ROBERTO GURCZYNSKA – Já era uma empresa.

O SR. BRUNO COVAS – PSDB – Não era o senhor pessoalmente?

O SR. ANDY ROBERTO GURCZYNSKA – Não. Na Bancoop já como dono


de uma empresa.

O SR. BRUNO COVAS – PSDB – Mas o senhor, pessoalmente, fazia a


segurança dos dirigentes da Bancoop?
41

O SR. ANDY ROBERTO GURCZYNSKA – Eu fui convocado a prestar, em


primeiro lugar havia alguns problemas com relação à segurança pessoal do Luiz
Malheiro, e ele solicitou que, como eu tinha mais contato com o assessor dele,
Alessandro Bernardino, e o Alessandro me convocou, pediu que eu indicasse uma
empresa, uma escola que fizesse um treinamento de seguranças VIPs. Segurança VIP,
para quem não sabe, são pessoas que fazem acompanhamento de uma pessoa, aonde ela
vai está junto, um segurança pessoal, vamos dizer dessa forma. E eu indiquei a empresa
Uziu, um israelense radicado no Brasil, que prestou segurança para vários banqueiros de
nome, como José Safra, e outros mais, que acabou ficando no Brasil e montou uma
empresa que fazia cursos.
E eu fiz vários cursos nessa área, então indiquei e ele mandou um funcionário.
Só que o funcionário que ele queria colocar lá acabou não desempenhando o papel e ele
acabou desistindo.
Depois disso, eles viram que não tinha como pegar gente de dentro, própria
deles, e acabaram me contratando para fazer essa segurança pessoal.

O SR. BRUNO COVAS – PSDB – Então o senhor fazia segurança pessoal do


Sr. Luiz Malheiro?

O SR. ANDY ROBERTO GURCZYNSKA – Sim. Na verdade eu gerenciava


uma equipe.

O SR. BRUNO COVAS – PSDB – Como era a rotina do Sr. Luiz Malheiro?

O SR. ANDY ROBERTO GURCZYNSKA – Ele morava na Praia Grande. O


problema dele estava no trajeto de subida e cidade de São Paulo, até porque agora é
notório, o sigilo foi quebrado, não fui eu quem quebrou o sigilo, porque eu tenho algum
sigilo profissional que não abro e esse era um que eu jamais faria, é que ele tinha a
secretária como amante dele, então ele gostava de deixar separado São Paulo, residência
no litoral.
Então, a gente deixava ele em determinado ponto, ele ia para a casa dele, e a
gente não conhecia nem a mulher, nem os filhos e nem o resto do pessoal. A gente
pegava ele em determinado local, trazia para São Paulo e à noite fazia a devolução até a
Praia Grande.
42

E quando ele tinha eventos, a gente levava ele aos eventos, os encontros.
Quando ele tinha, geralmente na sexta-feira ele sempre ficava em São Paulo, então a
gente fazia, de segunda a quinta a retirada dele, levava ele a um hotel na Zona Norte,
que ele ia fazer o encontro com a Helena Lage e no sábado de manhã ele ligava.

O SR. BRUNO COVAS – PSDB – Desculpe, com quem era o encontro?

O SR. ANDY ROBERTO GURCZYNSKA – Com a secretária dele, Helena


Lage. E a gente pegava ele e levava para a casa dele no sábado.

O SR. BRUNO COVAS – PSDB – O Deputado Waldir Agnello solicitou um


aparte.

O SR. WALDIR AGNELLO – PTB – O senhor se refere à gente, o senhor


inclusive?

O SR. ANDY ROBERTO GURCZYNSKA – Determinadas coisas ele só


confiava em mim. Então, como eu era o chefe da equipe, determinadas situações ele
confiava na minha pessoa.

O SR. WALDIR AGNELLO – PTB – Essa que o senhor acabou de descrever,


o senhor estava presente?

O SR. ANDY ROBERTO GURCZYNSKA – Nem sempre. Às vezes era a


minha equipe mesmo. Quando falo a gente, é porque a gente era uma equipe coesa e
quando eu falava nós, são todos.

O SR. WALDIR AGNELLO – PTB – Queria pedir, quando for um caso que o
senhor esteve presenciando, o senhor pudesse apenas dizer eu e minha equipe, para ficar
bem claro.

O SR. ANDY ROBERTO GURCZYNSKA – Se for verdadeiro, eu vou falar a


verdade.
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O SR. BRUNO COVAS – PSDB – Um aparte ao Deputado Celso Giglio.

O SR. CELSO GIGLIO – PSDB – Em que ano foi constituída a empresa do


senhor?

O SR. ANDY ROBERTO GURCZYNSKA – Em 2002.

O SR. CELSO GIGLIO – PSDB – Foi exatamente quando o senhor começou a


trabalhar para a Bancoop?

O SR. ANDY ROBERTO GURCZYNSKA – Sim.

O SR. CELSO GIGLIO – PSDB – Mesmo mês?

O SR. ANDY ROBERTO GURCZYNSKA – Um pouco antes.

O SR. CELSO GIGLIO – PSDB – O senhor se refere a uma perseguição e


ameaças de um partido. Qual partido?

O SR. ANDY ROBERTO GURCZYNSKA – Eu só falo aquilo que tenho


certeza absoluta. Mas, para um bom entendedor, desculpa. Eu sou bem claro naquilo.
Eu vivencio uma área de segurança, sei o que é certo e errado, e só posso ter certeza
absoluta se simplesmente forem pegas as pessoas que estão fazendo isso comigo.
Mas, infelizmente, até o momento não foram e eu não posso dizer. Mas eu
imagino.

O SR. CELSO GIGLIO – PSDB – Assim fica complicado.

O SR. ANDY ROBERTO GURCZYNSKA – É, mas eu não posso também


falar nome em vão. Tenho de falar só a verdade.

O SR. BRUNO COVAS – PSDB – Um aparte ao Deputado Roberto Morais.


44

O SR. ROBERTO MORAIS – PPS – Aqui, quando o senhor fala um partido,


aqui nós temos PT, PTB, PSDB, PPS, temos os que compõem o DEM e o PV, que
compõem esta CPI.

O SR. ANDY ROBERTO GURCZYNSKA – Só posso dizer que são partidos


de esquerda. Só quem está alinhado com o Governo.

O SR. ROBERTO MORAIS – PPS – Com qual Governo, Estadual ou


Federal?

O SR. ANDY ROBERTO GURCZYNSKA – Federal.

O SR. VANDERLEI SIRAQUE – PT – Um aparte, Presidente.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – A palavra ainda é do


Deputado Bruno Covas.

O SR. BRUNO COVAS – PSDB – Só terminar, para entender. A rotina que o


senhor acompanhava, o senhor encontrava o Sr. Luiz Malheiro num ponto da estrada?

O SR. ANDY ROBERTO GURCZYNSKA – Na cidade de Praia Grande.

O SR. BRUNO COVAS – PSDB – Na cidade, mas num ponto, porque ele não
permitia o acesso de vocês à casa dele, e trazia para São Paulo. Por que ele precisava de
segurança? Apenas porque ele tinha medo de andar em São Paulo ou porque ele recebia
ameaças ou lidava com muito dinheiro? Qual o motivo que ele precisava de segurança?

O SR. ANDY ROBERTO GURCZYNSKA – O motivo, na minha contratação,


foi a Helena Lage que fez a primeira entrevista comigo e a forma de ela falar comigo e
dela falar dele, eu já imaginei que ele tinha ali uma ligação a mais do que secretária e
diretor.
E o que ela me disse e que eu ouvi dele também, é que tinha um zelador no
condomínio onde a Bancoop tinha sede, e esse zelador tinha roubado alguns
documentos, cheques, e foi preso. E andou ameaçando algumas pessoas.
45

A última vez que me passaram, isso me foi relatado, não tive acesso ao B. O., a
nada, mas relataram que simplesmente ele ameaçou algumas pessoas quando foram
encontrados os documentos com ele.
Então, ela solicitou que a gente fizesse a escola dele em São Paulo com medo
disso, mas também tinha cooperados que eram desligados depois de ficar três meses
sem pagar, tinha dentro do estatuto que ele poderia ser desligado, vendido para outra
pessoa e depois devolvido o dinheiro para ele. E alguns, digamos assim, sem um pouco
de paciência, queriam conversar com ele diretamente, então tinha de ter como se fosse
alguém que impedisse de chegar diretamente à diretoria.
A segurança era tanto pessoal como dele dentro do escritório.

O SR. BRUNO COVAS – PSDB – O Deputado Siraque pediu um aparte e


depois o Deputado Roberto Morais.

O SR. VANDERLEI SIRAQUE – PT – Quero insistir, Presidente, ao


depoente, porque ele tem de dizer, porque aqui nós estamos numa CPI e temos de
apurar qual o partido, porque não dá para ficar fazendo insinuação ao PSDB, ao PTB, a
qual que seja o partido. Nós temos de saber qual é o partido, seja o PT ou qual for. Ele
tem de dizer qual partido, ou então não dá, porque aqui nós não trabalhamos com
insinuações. Aqui nós trabalhamos com a palavra concreta, até porque a declaração é
sob juramento, não é Sr. Presidente? Ou tem ou não tem, até porque se tiver nós temos
de acionar a polícia, ou a Polícia Federal.

O SR. BRUNO COVAS – PSDB – O depoente foi claro que se sente ameaçado
por um partido político. Assim que ele tiver uma prova, ele vai falar qual partido
político.

O SR. ANDY ROBERTO GURCZYNSKA – Não tenho prova, por isso não
estou falando o nome do partido.

O SR. VANDERLEI SIRAQUE – PT – Sr. Presidente, se foi realizado algum


B. O., alguma coisa, um boletim de ocorrência, porque é gravíssimo isso.
46

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – O senhor pode fazer a


pergunta na sua parte. A palavra está com o Deputado Bruno Covas.

O SR. BRUNO COVAS – PSDB – Um aparte ao Deputado Roberto Morais.

O SR. ROBERTO MORAIS – PPS – O senhor se lembra onde o senhor estava


no dia 12 de novembro de 2004? Sei que é uma pergunta esquisita, mas foi o dia do
acidente.

O SR. ANDY ROBERTO GURCZYNSKA – Estava em casa.

O SR. ROBERTO MORAIS – PPS – O senhor não estava fazendo segurança


naquele acidente?

O SR. ANDY ROBERTO GURCZYNSKA – Um pouquinho antes eu já tinha


saído da segurança pessoal. Eu bati de frente com Helena Lage e ela ficou com medo de
perder o controle sobre ele e acabou arrumando uma forma de me destituir como chefe
da equipe. Mantive a segurança do restante das obras, mas a equipe pessoal eu acabei
deixando diretamente com o próprio Luiz.

O SR. ROBERTO MORAIS – PPS – Tinha alguém, algum segurança junto


nesse acidente?

O SR. ANDY ROBERTO GURCZYNSKA – Não tinha.

O SR. ROBERTO MORAIS – PPS – O Deputado Celso Giglio perguntou


quando o senhor fundou a empresa do senhor. O senhor falou que foi um pouco antes de
começar com a Bancoop. O senhor criou a sua empresa para trabalhar com a Bancoop,
foi isso?

O SR. ANDY ROBERTO GURCZYNSKA – Corretamente.

O SR. BRUNO COVAS – PSDB – O Sr. Luiz Malheiro era uma pessoa muito
influente, muito poderosa?
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O SR. ANDY ROBERTO GURCZYNSKA – Não é que ele era influente, mas
ele tinha de dar ciência a outras pessoas de determinadas coisas. Ele tinha de dar ciência
a outras pessoas.

O SR. BRUNO COVAS – PSDB – Que outras pessoas?

O SR. ANDY ROBERTO GURCZYNSKA – Ele tinha de se encontrar com o


Vaccari, com Ricardo Berzoini.

O SR. BRUNO COVAS – PSDB – Ele se encontrava periodicamente?

O SR. ANDY ROBERTO GURCZYNSKA – Sim, senhor.

O SR. BRUNO COVAS – PSDB – Onde ele se encontrava com essas pessoas?

O SR. ANDY ROBERTO GURCZYNSKA – Com o Berzoini, algumas vezes


ele próprio ia até a cooperativa, se encontravam muito na sede do INSS, ali na São
Bento, que era a mais freqüente que a gente levava ele.

O SR. BRUNO COVAS – PSDB – Isso falando de que ano?

O SR. ANDY ROBERTO GURCZYNSKA – Fica difícil dizer, mas acredito


que seja entre 2002 e 2004. Na época em que ele era Ministro da Previdência.

O SR. BRUNO COVAS – PSDB – Na época em que o Dr. Berzoni era


Ministro da Previdência, se reunia periodicamente com o Sr. Luiz Malheiro?

O SR. ANDY ROBERTO GURCZYNSKA – Luiz Malheiro.

O SR. BRUNO COVAS – PSDB – O senhor sabe o conteúdo dessas reuniões,


qual era a pauta?
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O SR. ANDY ROBERTO GURCZYNSKA – Não participávamos. Seria


leviandade da minha parte falar que sei sobre alguma coisa. A gente tinha um trabalho
nosso, pegar o cliente e levar até determinado ponto. Ponto seguro, ele ficava lá e a
gente só acompanhava isso.

O SR. BRUNO COVAS – PSDB – Essas reuniões sempre no sindicato?

O SR. ANDY ROBERTO GURCZYNSKA – No sindicato não era frequente.

O SR. BRUNO COVAS – PSDB – Tem outros lugares?

O SR. ANDY ROBERTO GURCZYNSKA – Como falei, no INSS deve ter


alguma coisa, no final da São Bento, onde tem aquela passarela de ferro, mas não
lembro o nome. Constantemente tinha encontros lá, quando ele estava em São Paulo.

O SR. BRUNO COVAS – PSDB – O senhor já ouviu falar da Germany


Engenharia?

O SR. ANDY ROBERTO GURCZYNSKA – Sim, era do Luiz Malheiro, do


Marcelo Rinaldi e do Alessandro Bernardino.

O SR. ROBERTO MORAIS – PPS – Os três que morreram no acidente?

O SR. ANDY ROBERTO GURCZYNSKA – Sim.

O SR. BRUNO COVAS – PSDB – O senhor já ouviu falar na empresa


Conservix?

O SR. ANDY ROBERTO GURCZYNSKA – Sim. Prestava serviço em


conjunto com a minha. Até achei estranho. Por uns quatro ou cinco meses o pessoal da
Conservix ficou prestando serviço na mesma obra em que eu estava. Eu não achava
necessidade de ter dois, porque estava tendo dois gastos.
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O SR. BRUNO COVAS – PSDB – O senhor sabe quem eram os sócios da


Conservix?

O SR. ANDY ROBERTO GURCZYNSKA – Era o pessoal que gerenciava a


Bancoop, o diretor que não vem o nome agora, o Luiz, o Rinaldi e o Marcelo.

O SR. BRUNO COVAS – PSDB – A empresa do senhor prestava serviços à


Bancoop e devia, portanto, emitir notas fiscais desse serviço?

O SR. ANDY ROBERTO GURCZYNSKA – Emitimos notas fiscais de todos


os serviços realizados.

O SR. BRUNO COVAS – PSDB – Essas notas fiscais eram nos mesmos
valores que os serviços realizados?

O SR. ANDY ROBERTO GURCZYNSKA – Algumas não.

O SR. BRUNO COVAS – PSDB – Eram, portanto, emitidas em valores


superiores aos serviços?

O SR. ANDY ROBERTO GURCZYNSKA – Menores. Valor menor e entrava


na minha conta valor maior e depois tinha de devolver para eles.

O SR. BRUNO COVAS – PSDB – Então, vamos ver se entendi. As notas


fiscais eram emitidas num valor menor do que o efetivamente pago?

O SR. ANDY ROBERTO GURCZYNSKA – Por duas ou três vezes foram


emitidas notas com valor menor, foi depositado na minha conta um valor maior e eu
tive de fazer a reposição do valor para eles.

O SR. BRUNO COVAS – PSDB – Mas quem fazia o depósito?

O SR. ANDY ROBERTO GURCZYNSKA – A Bancoop.


50

O SR. BRUNO COVAS – PSDB – Como a Bancoop pagava um valor a maior,


se ela recebia uma nota de um valor menor?

O SR. ANDY ROBERTO GURCZYNSKA – Aí não sei responder para o


senhor. Eu fazia aquilo que estava à minha frente. Eu achei ilegalidade? Achei.
Perguntei ao Marcelo Rinaldi. Inclusive o Marcelo Rinaldi preencheu a própria nota.
Tem a letra dele de preenchimento da própria nota.

O SR. BRUNO COVAS – PSDB – Então a nota era num valor real e o senhor
recebia um valor a mais e precisava repassar. Para quem o senhor repassava esse valor?

O SR. ANDY ROBERTO GURCZYNSKA – Para o Marcelo Rinaldi e para o


outro que acabei de falar, o Alessandro.

O SR. BRUNO COVAS – PSDB – O senhor repassava em dinheiro ou em


depósito bancário?

O SR. ANDY ROBERTO GURCZYNSKA – Em dinheiro.

O SR. BRUNO COVAS – PSDB – O senhor sabe o que eles faziam com esse
dinheiro ou não?

O SR. ANDY ROBERTO GURCZYNSKA – Não, mas fui ficar sabendo


depois.

O SR. BRUNO COVAS – PSDB – O que o senhor ficou sabendo depois?

O SR. ANDY ROBERTO GURCZYNSKA – Que eles repassavam para uma


terceira pessoa.

O SR. BRUNO COVAS – PSDB – O senhor sabe quem é essa terceira pessoa?
51

O SR. ANDY ROBERTO GURCZYNSKA – Não é que não sei, mas como
não vi o repasse, então não posso falar. Posso falar aquilo que é verdade, aquilo que eu
vi.

O SR. BRUNO COVAS – PSDB – O senhor já ouviu dizer para quem?

O SR. ANDY ROBERTO GURCZYNSKA – Não. Prefiro falar a verdade. Eu


sei, porque falaram, porém eu não presenciei. Se não presenciei, para mim não é
verdade.

O SR. BRUNO COVAS – PSDB – O senhor disse que não acompanhou o Sr.
Luiz Malheiro a Petrolina porque naquela época o senhor já não prestava serviços.
Quando o senhor deixou de prestar serviços à Bancoop?

O SR. ANDY ROBERTO GURCZYNSKA – Deixei em dezembro de 2006. É


que na verdade a segurança pessoal eu deixei uns quatro ou cinco meses antes.

O SR. BRUNO COVAS – PSDB – Um aparte ao Deputado Roberto Morais.

O SR. ROBERTO MORAIS – PPS – Só indo na questão do repasse, o senhor


lembra números, qual era o valor da nota e quanto mais o senhor devolvia?

O SR. ANDY ROBERTO GURCZYNSKA – Era três mil e pouco para 30 mil.
Em torno de 27. De 27 a 30 mil.

O SR. ROBERTO MORAIS – PPS – A nota era de três mil e o senhor


devolvia? A nota era de quanto?

O SR. ANDY ROBERTO GURCZYNSKA – De 33 e eu devolvia em torno de


30 a 27.

O SR. ROBERTO MORAIS – PPS – Eles pagavam 33 mil e o senhor devolvia


30 para eles?
52

O SR. ANDY ROBERTO GURCZYNSKA – Isso.

O SR. BRUNO COVAS – PSDB – O senhor disse que deixou de prestar


serviços à Bancoop por desentendimentos com a Sra. Helena?

O SR. ANDY ROBERTO GURCZYNSKA – Sim, e para mim não era


vantajoso estar lá, porque onde eu tinha um certo lucro era nas obras. A segurança
pessoal dele era mais questão de manter o cliente contente com relação ao serviço que
eu fazia nas obras.
E como ele tinha uma certa, ele confiava muito em mim, tanto é que eu sabia
muita coisa lá e sempre fiquei quieto a tudo que acontecia, e talvez isso seja o fator que
fez até eu sair de lá. Não foi só por causa da Helena, mas uma vontade minha, porque
era muito tempo que eu ficava com ele para cima e para baixo, naquela época eu estava
casado fazia pouco tempo e a mulher estava cobrando muito a minha presença em casa,
e isso também pesou bastante.

O SR. BRUNO COVAS – PSDB – O Sr. Luiz Malheiro, antes de sofrer o


acidente em 2004, ele recebia ameaças de morte?

O SR. ANDY ROBERTO GURCZYNSKA – Ameaças de morte não, mas ele


mexia com muitas pessoas e ele falava que tinha um certo receio, para que a minha
equipe fosse sempre a mesma equipe, para saber com quem ele se encontrava e com
quem ele ia, para ter um conhecimento bem amplo de todos que ele encontrava.

O SR. BRUNO COVAS – PSDB – O senhor sabe se ele viajou para lá


acompanhado de mais pessoas, além das duas que com ele faleceram?

O SR. ANDY ROBERTO GURCZYNSKA – Pela equipe que estava lá, que
continha a minha equipe, vamos colocar dessa forma, sem mais comando, foi o
candidato a Prefeito de Praia Grande, que era um médico e não lembro o nome dele
agora.

O SR. BRUNO COVAS – PSDB – Candidato a Prefeito de que ano?


53

O SR. ANDY ROBERTO GURCZYNSKA – De 2004, se não me engano.

O SR. BRUNO COVAS – PSDB – Dr. Hélder?

O SR. ANDY ROBERTO GURCZYNSKA – Isso. E foram os três. Eles foram


fazer a compra de uma fazenda.

O SR. BRUNO COVAS – PSDB – Os três e o Dr. Hélder?

O SR. ANDY ROBERTO GURCZYNSKA – O Dr. Hélder foi mais


acompanhando. Os três iam comprar uma fazenda para plantação de frutas.

O SR. BRUNO COVAS – PSDB – Qual era o relacionamento do Sr. Malheiro


com o Dr. Hélder? Era uma amizade?

O SR. ANDY ROBERTO GURCZYNSKA – Não poderia dizer que era


amizade, porque tive pouco contato com eles, mas era uma coisa mais que começou na
base da campanha e foi crescendo depois para uma amizade um pouco maior.

O SR. BRUNO COVAS – PSDB – Um aparte ao Deputado Roberto Morais.

O SR. ROBERTO MORAIS – PPS – Ainda sobre o acidente, confesso que


não tenho informações. O senhor tem informações de como foi, porque ele era uma
pessoa que tinha contato com muitas outras pessoas, tinha alguns receios. Como foi esse
acidente? O senhor se recorda, tem alguma dúvida sobre a maneira como aconteceu o
acidente? A sua cabeça criou algum quadro?

O SR. ANDY ROBERTO GURCZYNSKA – Para quem estava habituado a


lidar com o Luiz Malheiro, ele pegava o carro e andava a 200 por hora e a gente tinha de
estar atrás dele. Só que nesse dia ele não estava dirigindo. Ele era um exímio motorista.
Quem estava dirigindo era o Marcelo Rinaldi.
E um pouco antes o Marcelo Rinaldi, por questão de estresse, teve um problema
de saúde, que não sei dizer qual. E, provavelmente, a minha percepção foi que o
Marcelo estava ao volante desse carro, não tenho certeza absoluta, são as informações
54

que chegaram para mim, e que provavelmente deve ter passado mal, caído no volante e
bateu de frente com um caminhão. Isso foi que chegou para mim.

O SR. BRUNO COVAS – PSDB – O Sr. Luiz Malheiro tinha conhecimento de


que o senhor emitia notas fiscais diferentes do valor do serviço?

O SR. ANDY ROBERTO GURCZYNSKA – Com certeza, porque a própria


Germanuy, Conservix, Mizuo, Mirante, todas saíram do braço da Bancoop. Pode ser
que não tenha desvio de dinheiro, vamos colocar assim, mas tem, no mínimo, uma coisa
chamada a seguinte, como que o cara que é presidente de uma cooperativa, e ele monta
uma série de empresas para atuar dentro da própria cooperativa? É básico.

O SR. BRUNO COVAS – PSDB – O Sr. Luiz Malheiro era filiado a algum
partido político?

O SR. ANDY ROBERTO GURCZYNSKA – Pelo que sei, ao PT. Isso ele me
disse. Não ouvi de ninguém, mas dele próprio.

O SR. BRUNO COVAS – PSDB – O senhor trouxe algum documento?

O SR. ANDY ROBERTO GURCZYNSKA – O documento que eu precisava


era só para tirar uma dúvida.

O SR. BRUNO COVAS – PSDB – O senhor pode juntar?

O SR. ANDY ROBERTO GURCZYNSKA – Já foi juntado. É o depoimento


ao Ministério Público.

O SR. BRUNO COVAS – PSDB – O depoimento que o senhor deu ao


Ministério Público?

O SR. ANDY ROBERTO GURCZYNSKA – Que eu dei e não fui chamado.


Dei espontaneamente, até porque estou sendo lesado, como falei, em razão de ser
também um dos cooperados.
55

O SR. BRUNO COVAS – PSDB – Só para abordar isso, o senhor já pagou


quanto à Bancoop como cooperado?

O SR. ANDY ROBERTO GURCZYNSKA – Quase 100 mil reais.

O SR. BRUNO COVAS – PSDB – E o senhor já recebeu o seu apartamento?

O SR. ANDY ROBERTO GURCZYNSKA – Eu sou privilegiado em


detrimentos aos outros, porque eu recebi o apartamento pronto, e já tem um parente meu
morando lá.

O SR. BRUNO COVAS – PSDB – A diretoria da Bancoop, o Sr. Luiz


Malheiro, os diretores, também eram cooperados e também receberam as suas
unidades?

O SR. ANDY ROBERTO GURCZYNSKA – Não sei dizer. Aí seria leviano,


porque não tenho essa informação. Mas sei que um deles tinha um apartamento na Santa
Cruz, que era o Alessandro Bernardino. O Luiz também tinha um, que era em Moema.
Lembrei pelo fato que a gente levava ele para visitar, para ele ver como estava o
andamento das obras.

O SR. BRUNO COVAS – PSDB – Sr. Presidente, eu agradeço, mas eu gostaria


de solicitar que o depoente pudesse ler esse depoimento que ele trouxe aos autos.

O SR. ANDY ROBERTO GURCZYNSKA – É um termo de declaração que


compareci à Promotoria de Justiça. “28 de janeiro de 2008, Sr. Andy Roberto
Gurczynska, portador da cédula de identidade, casado, endereço tal, sob as penas da lei
passou a declarar que o declarante exerce a atividade empresarial no ramo de segurança
privada, sendo que no período de 2000 até 2003, conforme contrato de prestação de
serviços, que o declarante apresentará posteriormente, realizava a segurança pessoal do
Dr. Eduardo Saeger Malheiro, na época presidente da Bancoop, sendo que o declarante
iniciou a prestação de serviços no ano de 2000 realizando a segurança de um engenheiro
da Bancoop e depois foi chamado por Luiz Eduardo Malheiro, em 2001 até 2003, fazia
56

a segurança pessoal do presidente da Bancoop, porque este temia por sua vida em
relação ao zelador da sede da Bancoop, que teria subtraído documentos da entidade. O
declarante, nesse período em que realizou a segurança pessoal de Luiz Eduardo Saeger
Malheiro, presidente da Bancoop, presenciou inúmeros encontros deste com Ricardo
Berzoini, em regra, tais encontros aconteciam em uma churrascaria do Center Norte, na
sede do Sindicato dos Bancários, na própria Bancoop e no Hotel Unique. Desses
encontros de Luiz Eduardo Malheiro com Ricardo Berzoini, o declarante sempre ouvia
do presidente da Bancoop que teria de dar conhecimento dos negócios da cooperativa
para o chefe, como Luiz Eduardo Malheiro chamava Ricardo Berzoini, à época Ministro
da Previdência Social do Governo Federal. O declarante afirma que Luiz Eduardo
Malheiro, presidente da Bancoop, tinha muitos encontros com João Vaccari Neto fora
da sede da Bancoop, apesar de Vaccari, à época, exercer o cargo de diretor
administrativo financeiro. Os encontros entre Malheiro e Vaccari se davam no período
da manhã e no período da tarde, e tais reuniões ocorriam com muita frequência no
Sindicato dos Bancários, sendo que Luiz Eduardo Malheiro determinava ao declarante
que entregasse envelopes lacrados, retirados do Banco Bradesco, Agência Líbero
Badaró. E tais envelopes eram entregues na mão de Helena da Conceição Pereira Lage,
que por seu turno, entregava na mão de Luiz Eduardo Malheiro, sendo que o declarante
então escutava então do presidente da Bancoop, Luiz Eduardo Malheiro, de que
entregava tais envelopes a João Vaccari Neto na sede do Sindicato dos Bancários. O
declarante afirma que essas reuniões em que Luiz Eduardo Malheiro levava envelopes
lacrados, retirados da agência Líbero Badaró do Banco Bradesco S.A., para João
Vaccari Neto, aconteciam todas as semanas durante os anos de 2003 a 2004. O
declarante afirma que existiam negócios comuns entre Vaccari e Malheiro, sendo que
tem conhecimento de que a Germany pertencia a integrantes da diretoria da Bancoop, e
o declarante ouviu várias conversas entre Malheiro, Marcelo Rinaldi e Alessando
Bernardino pouco antes da criação da Germany, que muitas empreiteiras de construção
civil ganhavam muito dinheiro e a criação de uma construtora pelo grupo formado por
Malheiro, Marcelo Rinaldi, Alessandro Bernardino geraria muitos lucros para eles. O
declarante inclusive, como prestador de serviços, foi obrigado a emitir notas fiscais de
valores distintos dos serviços prestados à Bancoop, porque o declarante, por
determinação de Luiz Malheiro, Marcelo Rinaldi, e Alessandro Bernardino, o declarante
apresentava nesses autos notas divergentes que foram emitidas para a Bancoop, sendo
que certa parte dos valores era paga ao declarante com dinheiro não contabilizado, o que
57

tudo indica, porque eram contabilizados valores menores de acordo com as notas fiscais
emitidas e cujas cópias nesses autos foram fornecidas pelo declarante. As notas fiscais
de nº 7, 8, 64, 46, 91, 73, 120, 83, 64, emitidas entre 3 de janeiro de 2005 a 1º de julho
de 2006, o declarante esclarece que outras notas fiscais emitidas tiveram seus valores
lançados a menor com relação aos serviços efetivamente prestados à Bancoop, a saber, a
nota fiscal 8, de 01/09/2004, no valor de R$. 3.814,85, omitia o valor real da prestação
de serviços que foi de R$ R$ 38.148,50. O mesmo ocorreu com relação às notas fiscais
nº 4, 21, 28, 381 e 71,73, 90 e 96, que tiveram suas emissões também subfaturadas e
emitidas no valor correspondente a 10% do valor real das notas fiscais de prestação de
serviços, não sabendo o declarante a razão de ser obrigado por Marcelo Rinaldi e
Alessandro Bernardino a emitir tais notas em valor abaixo do que efetivamente foi
prestado, representando valores recebidos pelo declarante que podem ser considerados
como não contabilizados pela Bancoop. O declarante informa que os valores reais eram
revistos através de depósito bancário e dinheiro nas contas correntes, que o declarante se
compromete a apresentar dados para comprovação desses fatos. O declarante pode
informar que na morte de Luiz Malheiro ocorreram uma série de coincidências
relacionadas com a segurança pessoal, sendo que o declarante, nessa época, não
prestava mais serviços para a Bancoop, porém, a equipe de segurança foi mantida por
Luiz Malheiro, que sempre solicitava acompanhamento desses seguranças para
determinadas viagens e compromissos. Porém, nessa viagem os seguranças foram
dispensados e Eduardo Malheiro embarcou para Petrolina em companhia de Marcelo
Rinaldi e Alessandro Bernardino, da Bancoop, bem como o ex-candidato à Prefeitura de
Praia Grande que compôs a chapa juntamente com Luiz Malheiro em 2004 pelo Partido
dos Trabalhadores. O declarante informa que pouco antes da candidatura para a
Prefeitura de Praia Grande, as empresas Germany e Conservix estavam em nome de
Luiz Malheiro, Marcelo Rinaldi e Alessandro Bernardino, e foram as suas cotas
transferidas para Helena Lage, para a esposa de Marcelo Rinaldi e Alessandro
Bernardino. O declarante presenciou, quando prestava segurança para Luiz Malheiro,
presidente da Bancoop, a compra de um veículo Toyota Corolla numa concessionária
situado no Bairros dos Jardins, nesta Capital, entre os anos de 2003 e 2004, cujo valor
da compra foi realizado com dinheiro da Bancoop, através de transferência bancária,
sendo que esse veículo Corolla era de uso pessoal de Luiz Malheiro no período em que
o declarante prestava segurança. Nada mais lhe foi perguntado e o termo de declaração
58

foi assinado pelo declarante e pelo Promotor de Justiça José Carlos Blat, que redigiu o
presente termo.”

O SR. BRUNO COVAS – PSDB – Agradeço.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Com a palavra o


Deputado Waldir Agnello.

O SR. WALDIR AGNELLO – PTB – Quero agradecer a presença do Sr.


Andy. Teria algumas perguntas, mas que meu colega Bruno Covas já fez, então vou
passar para não ser repetitivo.
Queria ouvir de V. Sa. se o senhor tinha conhecimento, ou tem conhecimento, de
onde vinham os valores que eram levantados nesses envelopes, desses saques que eram
feitos, se tem idéia, noção?

O SR. ANDY ROBERTO GURCZYNSKA – Vou explicar, para o senhor


entender por que dei essa declaração.
Eu, como chefe de segurança, sou responsável pelo meu cliente. A secretária do
meu cliente solicita que em determinado horário mande dois seguranças armados para
buscar um dos funcionários subalternos que está com um certo valor em dinheiro,
escoltar até a sede da Bancoop. Quando eu não fazia pessoalmente, minha equipe fazia e
automaticamente, nesse mesmo dia o Luiz saia, num período mais tarde, para ir até o
sindicato.
Essa é a logística da situação. Se me perguntar se vi o dinheiro, eu sei os valores,
a quantidade, não. Estou aqui para falar a verdade.

O SR. WALDIR AGNELLO – PTB – Mas o senhor tem, visualmente, uma


noção que eram pacotes?

O SR. ANDY ROBERTO GURCZYNSKA – Se o funcionário subalterno não


tivesse com certa quantidade, um valor em dinheiro, não precisa ser um segurança, não
precisava ser armado. Poderia ser qualquer pessoa que acompanhasse ele de lá para cá.
E tem mais, o banco fica a menos de 200 metros da Bancoop, e geralmente, quando a
59

gente descia no andar de baixo, que era a parte onde ficava a tesouraria. E quem vai à
tesouraria vai sair com alguma coisa de valor.

O SR. WALDIR AGNELLO – PTB – O senhor, como trabalhador do


segmento de segurança, suponho que seja uma pessoa muito bem informada, uma
pessoa que detém o domínio sobre essa área, ouve muita coisa, vê muita coisa, e na sua
discrição, o senhor acaba apenas peneirando aquilo que pode ser dito, aquilo que deve e
pode ser reproduzido ou não.
Nessa linha, gostaria de perguntar-lhe se em algum momento após a morte
desses três integrantes da Bancoop, se o senhor ouviu algum comentário que pudesse ter
sido não um mero acidente, ma algo estranho nesse acidente?

O SR. ANDY ROBERTO GURCZYNSKA – Eu posso dizer que a gente só


pode falar aquilo que a gente tem conhecimento. No meu ponto de vista, isso é um
ponto de vista meu, eu acho muito estranho que um acidente com três pessoas, em
determinado lugar, determinada cidade e não ter nenhum, não sei se foi feito ou não, e
automaticamente esses corpos serem enterrados logo dois dias depois.
Por tudo que me falaram foi um acidente mesmo.

O SR. WALDIR AGNELLO – PTB – O procedimento não é o normal?

O SR. ANDY ROBERTO GURCZYNSKA – O procedimento não foi seguido


como deveria. Isso é o meu ponto de vista meu, e cada um tem o seu, mas não significa
que tenha alguma coisa de errado. Eu só acho que é um ponto de vista da minha pessoa
e ninguém pode seguir, porque eu não tenho conhecimento e nem sou médico-legista.
A outra coisa é que assim, o candidato a Prefeito estava no carro de trás e ele
presenciou tudo e viu que o acidente foi um acidente que ocorreu sem nenhum tipo de
agente externo envolvido.

O SR. WALDIR AGNELLO – PTB – Sobre esses valores ainda, o senhor


acredita ou tem algum conhecimento que se tratava de doações ou algum repasse de
alguma empresa construtora?
60

O SR. ANDY ROBERTO GURCZYNSKA – Eu posso dizer o que eu


presenciei. Eu não posso dizer o que eu vi, mas não tenho provas. Eu posso só dizer que
é muito estranho, isso eu posso dizer hoje e naquela época eu não podia dizer, porque
era prestador de serviços. É muito estranho que o pessoal não tenha conhecimento de
que eles tinham várias empresas.
Tinha a Masterfix ou Masterchix, que era um pesqueiro. Todas as empresas
montadas lá dentro, dinheiro de formação, de onde saiu, só saiu da Bancoop. Não tem
por que ter saído de outro lugar, porque é simples. A Mirante era o lugar que a gente
mais tinha encontros, tinha sempre churrascos de fim de semana, então eles ficavam
sempre rodeados, os três, às vezes me chamavam para fazer parte da mesa, eu sentava, e
eles ficavam falando de negócios.
Um investimento lá na Mirante não é menos do que 100 a 200 mil, terreno,
maquinário, local, infraestrutura. De uma forma ou de outra, o dinheiro saiu da
Bancoop.

O SR. WALDIR AGNELLO – PTB – Um aparte ao Deputado Bruno Covas.

O SR. BRUNO COVAS – PSDB – O senhor afirma que acompanhava o


funcionário que retirava recursos no banco?

O SR. ANDY ROBERTO GURCZYNSKA – Não era um só, tinha vários a


que era solicitado ir buscar determinada coisa num banco.

O SR. BRUNO COVAS – PSDB – O senhor poderia dar o nome desses


funcionários?

O SR. ANDY ROBERTO GURCZYNSKA – Quero preservar as pessoas. São


pessoas muito humildes. Algumas nem estão mais na empresa. Conforme o pessoal do
Vaccari entrou, tirou todo mundo.

O SR. BRUNO COVAS – PSDB – Mas seria importante para a CPI.


61

O SR. ANDY ROBERTO GURCZYNSKA – Seria leviandade da minha parte


falar um nome no chute. Posso até tentar fazer um levantamento e passar a posterior,
mas não lembro agora. Eram três pessoas.

O SR. BRUNO COVAS – PSDB – O senhor lembra que eram três, mas não
lembra o nome?

O SR. WALDIR AGNELLO – PTB – Ele lembra, mas não quer declinar, não
quer citar o nome, não é isso?

O SR. ANDY ROBERTO GURCZYNSKA – Não lembro mesmo. Tenho


dificuldade de lembrar até o nome do outro que tinha contato direto.

O SR. BRUNO COVAS – PSDB – Agradeço ao aparte.

O SR. WALDIR AGNELLO – PTB – Um aparte ao Deputado Siraque.

O SR. VANDERLEI SIRAQUE – PT – O senhor afirma para o Ministério


Público que tinha retirada, que era entregue envelope lacrado e agora o senhor fala que
tinha funcionários. O senhor estava presente no local?

O SR. ANDY ROBERTO GURCZYNSKA – O senhor não entendeu bem.

O SR. VANDERLEI SIRAQUE – PT – Estou fazendo uma pergunta se o


senhor estava presente.

O SR. ANDY ROBERTO GURCZYNSKA – Algumas vezes sim, mas não era
100%. Mas mais de 50% sim.

O SR. VANDERLEI SIRAQUE – PT – O senhor estava presente. E o que


tinha dentro dos envelopes?

O SR. ANDY ROBERTO GURCZYNSKA – Não sei a quantidade que tinha


dentro do envelope.
62

O SR. VANDERLEI SIRAQUE – PT – Mas o que constava dentro do


envelope? O senhor viu alguma coisa?

O SR. ANDY ROBERTO GURCZYNSKA – Eu vou responder da mesma


forma. Eu vou a um banco, à tesouraria do banco.

O SR. VANDERLEI SIRAQUE – PT – Só fiz uma pergunta ao senhor e o


senhor me responda essa pergunta, por favor.

O SR. ANDY ROBERTO GURCZYNSKA – Esse envelope vinha do banco e


se ele vinha do banco, tinha alguma coisa de dinheiro do banco.

O SR. VANDERLEI SIRAQUE – PT – Mas tinha dinheiro, bolo, alguma


coisa?

O SR. ANDY ROBERTO GURCZYNSKA – Não iam pedir para escoltar


papéis.

O SR. VANDERLEI SIRAQUE – PT – Mas o senhor nunca viu o que tinha


dentro do envelope?

O SR. ANDY ROBERTO GURCZYNSKA – Jamais podia abrir o envelope. O


meu sigilo era pegar e escoltar.

O SR. VANDERLEI SIRAQUE – PT – O senhor nunca viu o que tinha dentro


dos envelopes?

O SR. ANDY ROBERTO GURCZYNSKA – Valor, dinheiro não.

O SR. VANDERLEI SIRAQUE – PT – Nem o que tinha dentro do envelope?


O senhor só imagina?
63

O SR. ANDY ROBERTO GURCZYNSKA – Eu afirmei aqui que não via o


que tinha dentro do envelope.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Com a palavra o


Deputado Waldir Agnello.

O SR. WALDIR AGNELLO – PTB – Obrigado Presidente.


Continuando nessa rota de construtoras, o senhor tem algum conhecimento de
que algum membro da diretoria da Bancoop também fazia parte da diretoria de algumas
dessas construtoras prestadoras de serviço para a Bancoop?

O SR. ANDY ROBERTO GURCZYNSKA – Marcelo Rinaldi e o Alessandro


Bernardino.

O SR. WALDIR AGNELLO – PTB – O senhor sabe o nome da construtora?

O SR. ANDY ROBERTO GURCZYNSKA – Germany, Mizuo, Conservix. A


Conservix era prestadora de serviços, inclusive trabalhou para um projeto da Prefeitura,
na área de limpeza.

O SR. WALDIR AGNELLO – PTB – Prefeitura da Cidade de São Paulo?

O SR. ANDY ROBERTO GURCZYNSKA – São Paulo, na época gerida pela


Marta Suplicy. Acho que é o Projeto Travessia.

O SR. WALDIR AGNELLO – PTB – Essa Conservix fazia?

O SR. ANDY ROBERTO GURCZYNSKA – Fazia a limpeza do Sindicato


dos Bancários, da quadra do sindicato, que tem ali na saída do Tribunal de Justiça.

O SR. WALDIR AGNELLO – PTB – O senhor sofreu algum tipo de


perseguição, de ameaças, por ter conhecimento dessas transações de banco, via algum
diretor da Bancoop, esses documentos?
64

O SR. ANDY ROBERTO GURCZYNSKA – Deixa eu tentar deixar claro para


o senhor. Não é uma ameaça com nomes, com telefonemas. Só o fato de você seguir
uma pessoa, você está querendo saber da vida dela, o que ela faz ou deixa de fazer. Só o
fato de o seu celular estar grampeado, tem alguma coisa errada.

O SR. WALDIR AGNELLO – PTB – E o senhor se sentiu seguido e teve seu


aparelho grampeado?

O SR. ANDY ROBERTO GURCZYNSKA – Sem dúvida.

O SR. WALDIR AGNELLO – PTB – E o senhor informou a algum órgão?

O SR. ANDY ROBERTO GURCZYNSKA – Informei ao Blat sobre isso.


Inclusive esta semana vai ser um tema de conversa entre eu e ele.

O SR. WALDIR AGNELLO – PTB – No momento o senhor está, se sente


ameaçado, perseguido?

O SR. ANDY ROBERTO GURCZYNSKA – Eu tenho uma vida só. Se chegar


a hora não tenho o que fazer. Já tive situações adversas e consegui sobreviver. Então, a
única coisa que eu deixo é simplesmente que estou falando a verdade.

O SR. ROBERTO MORAIS – PPS – Só um aparte? Que situação adversa o


senhor teve, que o senhor conseguiu sobreviver?

O SR. ANDY ROBERTO GURCZYNSKA – Em questão de trabalho, fazendo


segurança, fazendo trabalho.

O SR. ROBERTO MORAIS – PPS – Não foi nada contra o senhor?

O SR. ANDY ROBERTO GURCZYNSKA – Foi contra um cliente, e a gente


conseguiu evitar.
65

O SR. WALDIR AGNELLO – PTB – O senhor está numa CPI falando até sob
juramento. O senhor, em algum momento, foi procurado por integrantes da Bancoop ou
de algum partido político para tentarem comprar o seu silêncio?

O SR. ANDY ROBERTO GURCZYNSKA – De forma alguma. Fui chamado


na Bancoop para tentar quitar o meu apartamento. Estava muito obscuro por que eles
queriam que eu quitasse o meu apartamento. Eu só achei meio estranha a conversa, mas
de qualquer forma foi só sobre o apartamento e mais nada.

O SR. WALDIR AGNELLO – PTB – Mas o senhor estava em dia com as suas
prestações?

O SR. ANDY ROBERTO GURCZYNSKA – Na verdade eu passei uma certa


dificuldade e estou devendo em torno de dois meses. Mas não neste ano.

O SR. WALDIR AGNELLO – PTB – E o senhor foi chamado para quitar o


apartamento?

O SR. ANDY ROBERTO GURCZYNSKA – Na verdade, tem praticamente


em torno de uns 70 mil reais de notas fiscais a receber, que eles não pagaram até hoje e
isso foi mérito de ação, e essa ação ainda está, a gente perdeu em primeira instância.
Vou até falar. O juiz deu ganho de causa da seguinte forma. Quando a gente protestou, a
gente protestou erroneamente. Na verdade foi o banco, a Caixa Econômica, que
protestou erroneamente. Como a gente era prestador de serviços, a nota fiscal e o boleto
de cobrança tinham de sair por nota fiscal, só que saiu como se fosse transação
mercantil, então o erro estava somente nisso.
Mas o serviço foi prestado e era devido. E o juiz condenou a gente em 10% do
valor, que a gente tinha de pagar para a Bancoop. A gente tinha uma nota, um exemplo,
de 11 mil, a gente tinha então de pagar mil e 100 reais. Só que entraram na nossa conta,
via BACEN on line, e tiraram sete mil reais.

O SR. WALDIR AGNELLO – PTB – V. Sa. teria conhecimento de que outras


empresas pudessem estar emitindo notas fiscais frias, ou seja, sem a devida prestação do
serviço?
66

O SR. ANDY ROBERTO GURCZYNSKA – Isso não posso falar. Ouvi falar,
tenho noção de quem seja, mas naquele momento, naquela época, não tinha
conhecimento. Tenho hoje, porque as coisas, digamos assim, a gente acaba ouvindo
aqui e ali.

O SR. WALDIR AGNELLO – PTB – Quais empresas o senhor tem


conhecimento?

O SR. ANDY ROBERTO GURCZYNSKA – É que o meu conhecimento é


subjetivo, de alguém falando. Eu não posso afirmar e não dou 100% de certeza.

O SR. WALDIR AGNELLO – PTB – Pelo menos de algum nome?

O SR. ANDY ROBERTO GURCZYNSKA – De alguns empreiteiros na área


de pintura, porque não posso afirmar porque não presenciei.

O SR. WALDIR AGNELLO – PTB – Falando um pouco da emissão das notas


fiscais da sua empresa, gostaria de recapitular essa questão que me parece ser nebulosa
ainda. O senhor emitia uma nota fiscal de três mil reais e recebia 30 mil reais, era isso?

O SR. ANDY ROBERTO GURCZYNSKA – Eles exigiram que eu lançasse


nota para a Bancoop, para a Mizuo e mais uma empresa que não lembro o nome. Eu
tinha de soltar nota para três empresas. Não era só para a Bancoop. E muitas vezes, em
algumas delas, pediam para eu fazer num valor maior ou menor. Geralmente era para a
Bancoop e para as outras era o valor real.

O SR. WALDIR AGNELLO – PTB – O senhor falou que recebia um


numerário superior ao valor da nota. Eu entendi isso. Foi isso?

O SR. ANDY ROBERTO GURCZYNSKA – Algumas notas sim.


67

O SR. WALDIR AGNELLO – PTB – E esse valor a maior o senhor devolvia,


o senhor chegou a citar de 27 ou 30 mil reais, que o senhor devolvia para alguém da
Bancoop.

O SR. ANDY ROBERTO GURCZYNSKA – Para o Alessandro ou o Marcelo


Rinaldi.

O SR. WALDIR AGNELLO – PTB – O senhor então compactuava com esse


tipo de coisa ou era feito, o senhor entregou o talão de notas?

O SR. ANDY ROBERTO GURCZYNSKA – A realidade é uma só. Eles, às


vezes, preenchiam as notas.

O SR. WALDIR AGNELLO – PTB – Isso não é estranho para o senhor?

O SR. ANDY ROBERTO GURCZYNSKA – Na verdade é estranho, não vou


dizer que não, mas eu precisava trabalhar, precisava ganhar meu dinheiro honestamente,
que é o que eu sempre fiz. Inclusive, se eu fosse desonesto, teria anotado datas, horários
com quem ele se encontrava. Por questão do meu sigilo, eu não fazia isso, e meu foco
era só o trabalho e era isso que eu fazia, o trabalho.

O SR. ANTONIO MENTOR – PT – Me dá um aparte Deputado? Apenas para


perguntar, evidentemente que a emissão de uma nota fiscal...

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Quero aproveitar para


agradecer a presença do Deputado Antonio Mentor.

O SR. ANTONIO MENTOR – PT – Obrigado Presidente. Evidentemente que


a emissão de um nota fiscal implica em despesas relativas aos tributos que incidem
sobre a nota fiscal, sobre o faturamento. O senhor nos revela que emitia uma nota de
três e recebia 30 ou o senhor emitia uma nota de 30 e só recebia três? Como fica a
despesa?
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O SR. ANDY ROBERTO GURCZYNSKA – A nota era menor e eu recebia a


maior. É diferente. A nota era de três mil e eu recebia 30 na minha conta.

O SR. ANTONIO MENTOR – PT – Só um minuto. Deixa eu terminar. O que


me importa saber é que o senhor disse que precisava ganhar seu dinheiro honestamente.
O senhor considera que seja honesto emitir uma nota fiscal por um valor e receber
outro? Os tributos relativos a essa nota fiscal eram, quem se encarregava de fazer o
recolhimento desses tributos?

O SR. ANDY ROBERTO GURCZYNSKA – A própria Bancoop, o Marcelo


Rinaldi e o Alessandro faziam o recolhimento. A nota fiscal era menor do que o valor
que eu recebia. Então, se eu jogava três mil de nota, eu recebia 30 na minha conta. E
foram só quatro ou cinco vezes, no máximo.
Então, não houve subfaturamento. Ao contrário, uma nota menor com um valor
maior depositado na minha conta.

O SR. ANTONIO MENTOR – PT – O valor lançado no talão de notas?

O SR. WALDIR AGNELLO – PTB – Dez por cento do valor que era
depositado.

O SR. ANTONIO MENTOR – PT – Essa operação chama-se nota espelhada,


sabia disso?

O SR. ANDY ROBERTO GURCZYNSKA – Não.

O SR. ANTONIO MENTOR – PT – Deveria saber, pois se fez, devia saber.


Chama-se nota espelhada. É uma das maneiras que as pessoas se utilizam para sonegar e
para burlar o Fisco. Isso é crime.

O SR. ANDY ROBERTO GURCZYNSKA – Sem dúvida.

O SR. WALDIR AGNELLO – PTB – Um aparte ao Deputado Morais.


69

O SR. ROBERTO MORAIS – PPS – Nota de três, o senhor recebia 30. Desses
27, o senhor entrava também no bolo, na divisão?

O SR. ANDY ROBERTO GURCZYNSKA – Não. Eu recebia só os três.


A minha parte era prestar o serviço, fazia uma nota, eles falavam que eu tinha de
fazer uma nota de tanto, entrava na minha conta, eu devolvia e recebia só os três.

O SR. ROBERTO MORAIS – PPS – Essa nota era adulterada depois, de três
passava para 30?

O SR. ANDY ROBERTO GURCZYNSKA – Não posso te afirmar nada. Só


posso afirmar o que presenciei e ouvi.

O SR. VANDERLEI SIRAQUE – PT – Um aparte, Deputado Waldir Agnello.

O SR. WALDIR AGNELLO – PTB – Pois não, Deputado Siraque,

O SR. VANDERLEI SIRAQUE – PT – É que consta aqui no depoimento do


Sr. Andy ao Ministério Público do Estado de São Paulo, que a nota fiscal nº 00008, de
01/09/04, no valor de R$ 3.814.85 na verdade ele emitiu uma nota de R$ 38.148,50 e
depois espelhou a nota a 10% do valor. Essa foi a declaração.
Agora, consta que não teve nenhum benefício para a Bancoop. A Bancoop
depositou os R$ 38.148,50, mas na verdade foi declarado R$ 3.814,85, numa evidente
sonegação de tributos Sr. Representante da Fazenda do Estado, ou no caso aqui seja
ISS, também do Município, Sr. Presidente e teria de verificar isso, porque se a Bancoop
pagou 38 mil e foi emitida uma nota de três, temos uma diferença. Aqui não é o caso do
superfaturamento, mas de subfaturamento, o inverso do que ocorre em alguns Governos
por aí. A gente ouve falar de superfaturamento e aqui parece que tem subfaturamento,
não é isso Sr. Andy?

O SR. ANDY ROBERTO GURCZYNSKA – Foi isso que aconteceu. Eu dei


uma nota de R$ 3.814,85 e entrou 38 mil na minha conta.

O SR. VANDERLEI SIRAQUE – PT – A Bancoop pagou 38?


70

O SR. ANDY ROBERTO GURCZYNSKA – E foi devolvido para eles o


restante do dinheiro.

O SR. VANDERLEI SIRAQUE – PT – Para eles quem? Porque eles, fica


muito genérico.

O SR. ANDY ROBERTO GURCZYNSKA – Para o Alessandro, para o Luiz


Malheiro, para o Marcelo Rinaldi, para todos eles.

O SR. VANDERLEI SIRAQUE – PT – E como o senhor devolveu, em


dinheiro, depositou na conta de alguém?

O SR. ANDY ROBERTO GURCZYNSKA – Saquei e depositei em dinheiro.

O SR. VANDERLEI SIRAQUE – PT – Entregou para quem?

O SR. ANDY ROBERTO GURCZYNSKA – Entreguei na mão do Sr.


Marcelo Rinaldi, do Sr. Alessandro.

O SR. VANDERLEI SIRAQUE – PT – O senhor não fez nenhum depósito em


conta corrente?

O SR. ANDY ROBERTO GURCZYNSKA – Não.

O SR. VANDERLEI SIRAQUE – PT – Não fez essa declaração ao Ministério


Público?

O SR. ANDY ROBERTO GURCZYNSKA – Eles pediram que fosse sempre


em dinheiro, numerário.

O SR. VANDERLEI SIRAQUE – PT – Nunca quiseram deixar prova. E o


senhor tem prova dessa entrega?
71

O SR. ANDY ROBERTO GURCZYNSKA – Desculpa Deputado, só se a


gente for fazer um despacho, porque todos estão mortos.

O SR. VANDERLEI SIRAQUE – PT – Não, mas quem entregou foi o senhor.


Eles morreram.

O SR. ANDY ROBERTO GURCZYNSKA – Essa pergunta não tem


pertinência, porque estou falando, a minha palavra é que entreguei para eles.

O SR. VANDERLEI SIRAQUE – PT – É a palavra do senhor e não existe


nenhuma prova real, concreta?

O SR. ANDY ROBERTO GURCZYNSKA – A minha palavra, que estou aqui


para falar a verdade.

O SR. VANDERLEI SIRAQUE – PT – O senhor nunca fez depósito na conta


de ninguém?

O SR. ANDY ROBERTO GURCZYNSKA – Não.

O SR. VANDERLEI SIRAQUE – PT – Nenhum depósito?

O SR. ANDY ROBERTO GURCZYNSKA – Não.

O SR. BRUNO COVAS – PSDB – Um aparte?

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Com a palavra o


Deputado Waldir Agnello.

O SR. VANDERLEI SIRAQUE – PT – Waldir Agnello, é que tinha mais um


parte. Eu não tinha concluído, Deputado Covas.

O SR. VANDERLEI SIRAQUE – PT – O senhor tem o contrato da prestação


de serviços da empresa do senhor com a Bancoop e podia juntar esse contrato?
72

O SR. ANDY ROBERTO GURCZYNSKA – Tenho. Inclusive é interessante,


vou até falar que não sei como não me fizeram essa pergunta ainda, mas o fato de eu ter
saído da Bancoop...

O SR. VANDERLEI SIRAQUE – PT – Eu só fiz uma pergunta do contrato. É


possível nós juntarmos o contrato?

O SR. ANDY ROBERTO GURCZYNSKA – Se não puder explanar, não vou


conseguir responder ao senhor.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Um minutinho, Andy.


O Deputado fez uma pergunta e quer uma resposta objetiva sobre o assunto.

O SR. ANDY ROBERTO GURCZYNSKA – É que são vários contratos.

O SR. VANDERLEI SIRAQUE – PT – Solicito a juntada de todos os


contratos, só isso.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Só um minutinho.


Num outro momento talvez outro Deputado lhe permita fazer essa consideração.
Mas só a pergunta que o Deputado fez, é possível o senhor juntar os contratos ao
processo da CPI?

O SR. ANDY ROBERTO GURCZYNSKA – É possível.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – O Deputado Waldir


Agnello está com a palavra.

O SR. WALDIR AGNELLO – PTB – O Deputado Mentor sinalizou que


queria usar a palavra, mas o Deputado Bruno tinha pedido a palavra. Em seguida do
Deputado Bruno.
73

O SR. BRUNO COVAS – PSDB – Agradeço ao aparte, Deputado Waldir


Agnello.
Só para que então fique registrado, o que o depoente gostaria de dizer, V. Sa. iria
complementar que existe mais de um contrato, é isso?

O SR. ANDY ROBERTO GURCZYNSKA – Isso. Existe o contrato com as


obras e o contrato com a segurança pessoal. Inclusive esse contrato, quando aconteceu o
acidente de 12 de novembro, em dezembro eu fui solicitado a encerrar todos os meus
contratos com as obras da Bancoop porque o Vaccari estava assumindo e queria trazer o
pessoal dele. Essa era a conversa direta.
Só que tinha um detalhe. Eu não faço nada sem documentar em relação aos meus
trabalhos. E nós tínhamos os contratos, a gente tinha um contrato longo, porque para
qualquer entendedor, a segurança pessoal do Malheiro não tinha um valor grande,
porque na média, custava 10 mil, e estava cobrando seis, porque o contrato das obras
estava subsidiando o contrato da segurança pessoal.
O fator disso fez a gente fazer um contrato longo, de 36 meses. Quando o
pessoal do Vaccari, Maria Érnica, e mais o restante do pessoal me chamou para uma
reunião, eu apresentei aquilo e eles ficaram totalmente perdidos. Eles não tinham onde
se esconder, porque não sabiam daquele contrato que eu tinha em mãos.
E quando eles assumiram, acho que muita coisa na Bancoop não tinha
documento, vamos colocar dessa forma. E eles foram obrigados a me engolir até
dezembro de 2005.
Então, eu acho que nesse caso é pertinente mandar todos esses documentos,
inclusive um novo contrato que a gente fez com eles, porque eles exigiram que a gente
fizesse um novo contrato.
O que o Vaccari falou na CPI não tem nenhum tipo de verdade. A Caso não
entrou para trabalhar com homem armado, porque ela nunca trabalhou com homem
armado lá. É simples, basta entrar no site da Polícia Federal e ver quantas armas eles
tinham e já vai cair por água abaixo essa mentira dele.
A outra coisa é que eles não fizeram, eles simplesmente colocaram, onde eu
tinha dois homens à noite, eles colocaram quatro. O meu contrato era de 60 mil, vamos
colocar assim, passou para 120. Então tem essa diferença.
74

Então, não trocou porque a empresa não foi feliz, não fez um bom trabalho.
Trocou para colocar o pessoal dele, por um valor maior, e cabe a vocês investigar, não
cabe a mim falar porque não tenho conhecimento, não participei.
Mas, como empresário e como uma pessoa que tem noção de custos, de 60 para
120 praticamente é 100%. Independente ser era porteiro ou não, eles colocaram na
segurança muita gente que não tinha preparação. Alguns deles depois foram trabalhar
para nós e nem curso de vigilante tinham. A gente tem de falar a verdade.
E o fato maior, quando o Vaccari assumiu, a Caso já prestava serviços ao PT.
Então, trouxe, é natural que quando você troca o comando você quer trazer todo mundo
do seu lado. Isso é normal. Mas não é normal trocar e aumentar, sendo que, se a
situação da Bancoop estava em dificuldade, por que aumentar o custo e não diminuir?

O SR. WALDIR AGNELLO – PTB – O nome da sua empresa é Caso?

O SR. ANDY ROBERTO GURCZYNSKA – Não. A Caso é do Freud Godoy.

O SR. WALDIR AGNELLO – PTB – Qual o nome da sua empresa?

O SR. ANDY ROBERTO GURCZYNSKA – ARG.

O SR. WALDIR AGNELLO – PTB – E o valor do seu contrato, do contrato da


ARG com a Bancoop era de quanto?

O SR. ANDY ROBERTO GURCZYNSKA – Girava em torno de 60 mil reais,


mensal.

O SR. WALDIR AGNELLO – PTB – O senhor tem conhecimento de qual


empresa que sucedeu a ARG e qual o valor do contrato?

O SR. ANDY ROBERTO GURCZYNSKA – Caso. Não tenho noção do valor,


mas fiquei sabendo que é em torno de 120 mil.

O SR. WALDIR AGNELLO – PTB – Então os números que o senhor citou


não são hipotéticos?
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O SR. ANDY ROBERTO GURCZYNSKA – Se não são reais, são diferenças


de valores próximas.

O SR. WALDIR AGNELLO – PTB – O Deputado Bruno estava em aparte e


vou devolver o aparte.

O SR. BRUNO COVAS – PSDB – Só para registrar. Essa questão, o senhor já


leu o depoimento, o senhor disse ao promotor que prestava um serviço que valia três e
recebia 30.

O SR. ANDY ROBERTO GURCZYNSKA – Falei. Por que iria ao Ministério


Público? Porque se estou falando a verdade, eu tenho de colocar aquilo que também foi
erro da minha parte. E eu já falei aqui, eu tenho de falar para me manter vivo, é isso.

O SR. BRUNO COVAS – PSDB – Essa operação de receber 30 e dar nota de


três, o senhor que criou ou lhe foi imposto?

O SR. ANDY ROBERTO GURCZYNSKA – Não. O Marcelo e o Alessandro


falaram assim: “A gente vai emitir uma nota por outra empresa. Você deixa o talão, o
Marcelo vai emitir e depois vai te mostrar e chamar para conversar.” Perfeito, o valor
estava correto. Só que ele falou assim: “Só que vai entrar um dinheiro na sua conta e
você tem de devolver porque foi um erro de contabilidade.”
Passou a primeira, eu entendi que foi um erro. A segunda em diante eu vi que já
não era erro, era esperteza. Mas como não estava me prejudicando, porque se parar para
imaginar, a nota era de três mil, eu recolhia imposto sobre três mil, o dinheiro entrava
na minha conta, eu devolvia e ficava só o que era da nota. Então, para mim, eu não
estava me prejudicando.

O SR. BRUNO COVAS – PSDB – Nem sonegando?

O SR. ANDY ROBERTO GURCZYNSKA – Nessa parte eu posso, eu não fui


inocente. Não fui, mas também não me senti prejudicado porque não estava
76

prejudicando ninguém. Até eu conhecer e saber por que o dinheiro saía de um lado e de
outro.

O SR. BRUNO COVAS – PSDB – Agradeço o aparte.

O SR. VANDERLEI SIRAQUE – PT – Um aparte Waldir Agnello.

O SR. WALDIR AGNELLO – PTB – Um aparte ao Deputado Siraque.

O SR. VANDERLEI SIRAQUE – PT – O senhor estava prejudicando sim,


prejudicando aos cooperados, que não receberam os seus imóveis. Se era 3.800 e estava
recebendo 38, o senhor estava colaborando para faltar dinheiro para os cooperados que
estão sem apartamento.
Mas a pergunta é assim, quantas pessoas trabalhavam? Quantos eram os
trabalhadores de segurança nesse valor de 38 mil reais e qual era o salário deles?

O SR. ANDY ROBERTO GURCZYNSKA – Posso responder para o senhor?


Vou responder com uma pergunta. Significa então que tudo que estão apurando é
verdade? O senhor falou que eu prejudiquei os cooperados?

O SR. VANDERLEI SIRAQUE – PT – O senhor está aqui para responder as


minhas questões. O senhor é o depoente aqui e não eu. Eu fiz uma pergunta para o
senhor. Quantos trabalhadores tinham nesse contrato de R$ 38.148,50? Essa é a
pergunta. E qual era o salário? O senhor me responda.

O SR. ANDY ROBERTO GURCZYNSKA – Tinha a escolta do presidente


Malheiro, que ficava em torno de três mil a cinco, dependendo da situação.

O SR. VANDERLEI SIRAQUE – PT – Quantas pessoas, perguntei, não o


valor.

O SR. ANDY ROBERTO GURCZYNSKA – Acabei de falar para o senhor, se


o senhor ouviu bem. Eu subsidiava a segurança pessoal porque as obras cobriam o
restante.
77

O SR. VANDERLEI SIRAQUE – PT – Eu fiz a pergunta objetiva.

O SR. ANDY ROBERTO GURCZYNSKA – Quatro pessoas.

O SR. VANDERLEI SIRAQUE – PT – E qual era o salário dessas pessoas?

O SR. ANDY ROBERTO GURCZYNSKA – Em torno de mil a 1.200 reais.

O SR. VANDERLEI SIRAQUE – PT – E os encargos sociais?

O SR. ANDY ROBERTO GURCZYNSKA – Não tinha encargos sociais. Eles


estavam fazendo bico, Sr. Deputado.

O SR. VANDERLEI SIRAQUE – PT – O senhor não recolhia os encargos


sociais também? O senhor trabalhava honestamente?

O SR. ANDY ROBERTO GURCZYNSKA – Posso falar ou não?

O SR. VANDERLEI SIRAQUE – PT – Estou perguntando. O senhor não


recolhia os encargos sociais também?

O SR. ANDY ROBERTO GURCZYNSKA – Recolhia os encargos sociais.

O SR. VANDERLEI SIRAQUE – PT – O senhor está aqui para falar a


verdade.

O SR. ANDY ROBERTO GURCZYNSKA – Eu recolhia os encargos sociais


sim senhor, só que alguns dos meus trabalhadores eram policiais militares em bico, para
complementar.

O SR. VANDERLEI SIRAQUE – PT – Então tem bico também na empresa do


senhor? Tem bico então?
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O SR. ANDY ROBERTO GURCZYNSKA – Desculpa Deputado, naquela


época...

O SR. VANDERLEI SIRAQUE – PT – O senhor diga a verdade, porque aqui


é uma CPI.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Vamos esperar o


Deputado concluir a pergunta. Conclua objetivamente a pergunta.

O SR. VANDERLEI SIRAQUE – PT – Quantos trabalhadores tinha nesse


contrato e qual era o salário e quais os encargos sociais desse salário?

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – A pergunta é quantos


funcionários e qual o salário?

O SR. ANDY ROBERTO GURCZYNSKA – Na área de segurança pessoal


eram quatro funcionários contando comigo, três mais um.

O SR. VANDERLEI SIRAQUE – PT – Quatro funcionários e eram três mil


reais, que o senhor disse, com encargos sociais e tudo?

O SR. ANDY ROBERTO GURCZYNSKA – Três policiais militares.

O SR. VANDERLEI SIRAQUE – PT – E tinha policiais militares e tudo


também trabalhando na empresa do senhor. Tinha ou tem ainda?

O SR. ANDY ROBERTO GURCZYNSKA – Tinha.

O SR. VANDERLEI SIRAQUE – PT – Não tem mais?

O SR. ANDY ROBERTO GURCZYNSKA – Não.

O SR. VANDERLEI SIRAQUE – PT – Obrigado, Presidente.


79

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Com a palavra o


Deputado Waldir Agnello.

O SR. WALDIR AGNELLO – PTB – Cedo um aparte do Deputado, líder,


Mentor.

O SR. ANTONIO MENTOR – PT – Agradecendo a gentileza do Deputado


Waldir Agnello.
Evidentemente que nós não temos aqui a possibilidade de convocar aqueles aos
quais o senhor entregava recursos, porque eles já não estão mais entre nós. Porém, a
movimentação bancária existe e está viva até hoje. Gostaria de questionar o Sr. Roberto
se o senhor abre mão do seu sigilo bancário e fiscal?

O SR. ANDY ROBERTO GURCZYNSKA – Totalmente.

O SR. ANTONIO MENTOR – PT – Ótimo. Isso já é um avanço importante


para esta CPI e completando, como o senhor fazia o pagamento dos seus funcionários,
mesmo aqueles que faziam bico?

O SR. ANDY ROBERTO GURCZYNSKA – Em dinheiro.

O SR. ANTONIO MENTOR – PT – Esse dinheiro que o senhor retirava do


banco?

O SR. ANDY ROBERTO GURCZYNSKA – Algumas vezes em dinheiro e


algumas vezes em cheque. Não era constante.

O SR. ANTONIO MENTOR – PT – O senhor nos disse aqui que como


empresário o senhor tem noção de custos e insiste em colocar que o senhor trabalhava
honestamente e essas notas fiscais com duplo valor aqui que o senhor mesmo
mencionou, não dão essa impressão para todos nós que estamos aqui.
O senhor recebia 38 mil, devolvia a diferença entre 3.800 e 38 mil? Como era
possível uma empresa funcionar recebendo 10% do valor faturado para pagar todas as
suas despesas, porque a despesa de uma empresa não é só salário. O senhor, como
80

empresário bem sucedido, com muitos contratos, o senhor sabe que as empresas, além
da folha de pagamento, ou até mesmos dos bicos, elas têm outros custos que ela precisa
assumir. Então, com 3.800 reais para pagar três funcionários a 1.200 reais, dá 3.600
reais e sobram 200 reais para o senhor. A margem que o senhor tem, num cálculo
superficial, é de 200 reais por mês para pagar todos os outros custos e evidentemente
que uma empresa também precisa gerar lucro. É uma matemática que não está
fechando.

O SR. ANDY ROBERTO GURCZYNSKA – Não era uma só nota que era
lançada. Era mais de uma nota, Deputado. No mesmo mês eram lançadas de duas a três
notas.

O SR. VANDERLEI SIRAQUE – PT – Deputado Waldir Agnello, mais um


aparte?

O SR. ANDY ROBERTO GURCZYNSKA – Posso terminar de responder?


Além de não ser só uma nota, eram duas, três, até chegar a quatro, ainda tinha a situação
que eu só trabalhava para a Bancoop naquele exato momento e eu tinha um outro
trabalho, que continuei deixando a minha equipe trabalhando para o Vice-Presidente do
Chase-Manhatan.
Então, recebia de lá também, registrado em carteira e comprovação para quem
quiser ver.

O SR. ANTONIO MENTOR – PT – O senhor nos disse que foram feitas


nessas condições três ou quatro notas e agora o senhor nos diz que foi um mês que isso
aconteceu. Então essas três ou quatro notas, o senhor está aqui, por conclusão, nos
dizendo que elas foram emitidas num único mês?

O SR. ANDY ROBERTO GURCZYNSKA – O senhor tem de imaginar o


seguinte.

O SR. ANTONIO MENTOR – PT – Não quero imaginar nada. Quero saber.


Quero que o senhor me responda e não quero imaginar nada. Aqui quem está
imaginando coisas...
81

O SR. ANDY ROBERTO GURCZYNSKA – O senhor me fez uma pergunta e


estou respondendo.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Com a palavra o


Deputado Antonio Mentor, para concluir a sua pergunta.

O SR. ANTONIO MENTOR – PT – Apenas fazer um comentário, Sr.


Presidente, porque não estou imaginando nada e estou me baseando nas respostas que
foram oferecidas pelo depoente, que imagina muitas coisas. Ele imagina que várias
coisas aconteceram, ele ouviu falar de várias coisas e a sua imaginação leva a
conclusões de outras coisas, portanto quem está imaginando não sou eu.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Com a palavra o


Deputado Waldir Agnello.
O depoente gostaria de fazer um esclarecimento.

O SR. ANDY ROBERTO GURCZYNSKA – Vamos tirar a imaginação e


vamos logo para a coisa real. Em um mês eram lançadas de três a quatro notas. Como o
senhor falou que uma das notas era de 38 mil, e só ficava 200 para mim, o senhor está
enganado. Se tinha outra três notas, davam subsídio para pagar todos os funcionários.
Ficou claro agora? Então não era uma só nota lançada pela Bancoop. Eram duas,
três, quatro notas. Pela Mizuo, pela Mirante, e por outras empresas. O que significa que,
do bolo total, mesmo que eu recebesse a menor, eu tinha as outras notas para pagar os
funcionários e sobrar o meu lucro.

O SR. ANTONIO MENTOR – PT – Então o senhor tinha lucro nessa operação


toda?

O SR. ANDY ROBERTO GURCZYNSKA – Sem dúvida. Eu sou um


empresário que visa o lucro.

O SR. ANTONIO MENTOR – PT – Mesmo nessas condições, espelhando


nota, o senhor tem de ganhar, é lógico. Senão, o senhor não correria esse risco de incidir
82

numa fraude fiscal como essa que o senhor está reconhecendo que a sua empresa
cometeu, por nada.

O SR. ANDY ROBERTO GURCZYNSKA – Eu já esperava isso de vocês. Já


esperava.

O SR. VANDERLEI SIRAQUE – PT – Aqui o senhor não tem de esperar


nada.

O SR. ANTONIO MENTOR – PT – O senhor não tem de esperar nada. O


senhor tem apenas de responder as perguntas.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Só um minuto. Quem


está com a palavra é o Deputado Waldir Agnello, tinha um aparte cedido.

O SR. VANDERLEI SIRAQUE – PT – Sr. Presidente, aqui estamos colhendo


o depoimento.
Essa segurança era feita a pé ou era utilizado veículos?

O SR. ANDY ROBERTO GURCZYNSKA – Os dois, Deputado.

O SR. VANDERLEI SIRAQUE – PT – Quantos veículos?

O SR. ANDY ROBERTO GURCZYNSKA – Dois, três veículos.

O SR. VANDERLEI SIRAQUE – PT – Os veículos eram próprios ou


alugados?

O SR. ANDY ROBERTO GURCZYNSKA – Eram próprios.

O SR. VANDERLEI SIRAQUE – PT – Então com três mil reais tinha cinco
seguranças e três veículos?
83

O SR. ANDY ROBERTO GURCZYNSKA – Vou retificar. Um veículo


próprio e dois veículos locados pela Bancoop ou disponibilizados pela Bancoop.

O SR. WALDIR AGNELLO – PTB – Deputado Bruno.

O SR. BRUNO COVAS – PSDB – Só para deixar claro, todo mês o senhor
recebia por diversos caixas, da Bancoop, da Mizuo, o senhor recebia por diversas
fontes, é isso?

O SR. ANDY ROBERTO GURCZYNSKA – Exatamente.

O SR. BRUNO COVAS – PSDB – A fonte da Bancoop, teve mais de uma


oportunidade de, em relação a esta fonte, o senhor emitir uma nota a menor?

O SR. ANDY ROBERTO GURCZYNSKA – Isso.

O SR. BRUNO COVAS – PSDB – Em relação às outras fontes continuava a


receber?

O SR. ANDY ROBERTO GURCZYNSKA – Exatamente.

O SR. BRUNO COVAS – PSDB – Agradeço.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Com a palavra o


Deputado Waldir Agnello.

O SR. WALDIR AGNELLO – PTB – Quero, para finalizar essa questão da


nota fiscal, que eu considero um assunto delicado, solicitar, se é que já não foi
providenciado, a juntada no processo de cópias dessas notas fiscais que o senhor,
inclusive no seu depoimento, citou número, valor e data, para que nós possamos ter esse
documento aqui na CPI, porque está caracterizada uma adulteração ou algum
procedimento fraudulento. No caso, vão ser apuradas as responsabilidades.
E mudando o eixo das últimas perguntas, queria saber, Sr. Andy, se o senhor já
ouviu falar no nome da empresa Garanhuns?
84

O SR. ANDY ROBERTO GURCZYNSKA – Não.

O SR. WALDIR AGNELLO – PTB – Uma construtora?

O SR. ANDY ROBERTO GURCZYNSKA – Não tenho conhecimento.

O SR. WALDIR AGNELLO – PTB – O nome Ricardo Secco foi ventilado em


alguma dessas conversas que o senhor tenha participado?

O SR. ANDY ROBERTO GURCZYNSKA – Não. Infelizmente, não.

O SR. WALDIR AGNELLO – PTB – Queria chamar a atenção do relator para


um detalhe. O Sr. Ricardo Berzoini, quando Ministro da Previdência, foi citado aqui
pelo Sr. Andy como assíduo freqüentador das reuniões lá.

O SR. ANDY ROBERTO GURCZYNSKA – Além de ser assíduo, ele tinha


uma, não sei se era filha ou enteada que trabalhava dentro da Bancoop, por um certo
tempo.

O SR. WALDIR AGNELLO – PTB – Sr. Relator Deputado Bruno Covas, um


dos depoentes aqui, cooperados da Bancoop, citou uma grande facilidade que ele
encontrou para uso do fundo de garantia, que chamou a atenção na ocasião, não sei se
duas reuniões atrás, não lembro o nome do depoente, onde ele achou muito fácil usar o
fundo de garantia, como se tivesse tudo preparado para que pudesse ser forçada essa
utilização daquele valor.
Acho que nós devemos nos aprofundar um pouquinho nessa questão, qual a
relação do Ministro da Previdência com a Bancoop, como agente facilitador, em
demasia, deve ser mesmo, mas dentro dos preceitos legais. Me chamou a atenção essa
questão e acredito que podemos colaborar depois com algumas conversas mais
detalhadas.
E por fim, apenas agradecer o depoimento do Sr. Andy, porque ele trouxe aqui
algumas questões corajosas até de serem abordadas. Ele está trazendo não só detalhes da
sua empresa, que seguramente deve estar sendo vasculhada pelos órgãos competentes e
85

tal, mas está fazendo o papel de cidadão e espero que daqui para a frente a gente possa
continuar contando com a sua cooperação.

O SR. ANDY ROBERTO GURCZYNSKA – Queria só ter um aparte para


dizer que quando fui dar a minha declaração ao Ministério Público, o Blat me alertou do
que eu estava falando ia me imputar em algum tipo de problema. E mesmo assim eu dei
a declaração e mesmo assim eu vim aqui. Porque não adianta eu simplesmente falar
meia palavra se tenho de falar a verdade. Eu tenho de falar a verdade.
Agora, tentar destituir a minha verdade com palavras fica difícil, porque eu estou
aqui para responder as perguntas. Agora, tentar transformar eu em réu e não em
depoente, é uma coisa um pouquinho diferente.

O SR. WALDIR AGNELLO – PTB – Ok. Eu encerro a minha fala, Presidente.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Pela ordem o


Deputado Vanderlei Siraque.

O SR. VANDERLEI SIRAQUE – PT – O depoimento do Sr. Andy é muito


importante, inclusive trouxe à tona não só para a CPI, mas para a Assembleia
Legislativa como um todo, achei interessante, que as empresas de segurança privada
têm de se utilizar dos policiais do Estado de São Paulo, que forma os policiais, paga
míseros salários, salários de fome para os policiais civis e militares do Estado de São
Paulo, e eles têm de complementar a sua renda nas empresas privadas de segurança. E
policiais formados pelo Poder Público, com dinheiro público.
Então, é bom para que a Secretaria de Segurança cuide melhor dos nossos
policiais, alguns inclusive deficientes.

O SR. BRUNO COVAS – PSDB – Me permite um aparte, Deputado?

O SR. VANDERLEI SIRAQUE – PT – Pois não.

O SR. BRUNO COVAS – PSDB – Só para entender, V. Exa. agora vai fazer
discurso ou vai inquirir a testemunha?
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O SR. VANDERLEI SIRAQUE – PT – Olha, estou copiando um pouco de V.


Exa. que é acostumado a sempre fazer discurso, em toda CPI...

O SR. BRUNO COVAS – PSDB – Então vai fazer discurso?

O SR. VANDERLEI SIRAQUE – PT – Que está preocupado com a questão


política e não com a apuração da verdade, até porque não é prática do PSDB. Os
policiais recebem salários miseráveis do Estado de São Paulo graças ao seu partido. E
fazem bico graças ao descaso.

O SR. BRUNO COVAS – PSDB – Se vai começar a fazer discurso, pode


dispensar a testemunha.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Pela ordem, com a


palavra o Deputado Vanderlei Siraque.

O SR. VANDERLEI SIRAQUE – PT – Não interfira na minha questão que eu


não interfiro nas suas. Diferente da falta de ética sua, que vai primeiro para a imprensa e
depois traz aqui o que tem de ser de falado aqui, tá bom.

O SR. BRUNO COVAS – PSDB – Que falta de ética Deputado. Que falta de
ética?

O SR. VANDERLEI SIRAQUE – PT – Depois nós vamos discutir, no final.

O SR. BRUNO COVAS – PSDB – Vamos discutir agora.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Queria garantir a


palavra do Deputado Vanderlei Siraque.
Deputado Bruno Covas e Deputado Vanderlei Siraque, com a palavra um de
cada vez, por favor.
O Deputado Bruno Covas terá oportunidade.

O SR. VANDERLEI SIRAQUE – PT – Aprenda a ser Deputado.


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O SR. BRUNO COVAS – PSDB – Quem é V. Exa. para julgar meu mandato?

O SR. VANDERLEI SIRAQUE – PT – Quem é você?

O SR. BRUNO COVAS – PSDB – Que moral o senhor tem para julgar meu
mandato?

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Deputado Vanderlei


Siraque, só um minutinho. O senhor está com a palavra garantida.
Deputado Bruno, a palavra está garantida ao Deputado Vanderlei Siraque, que
deve se ater, com o maior respeito, ao dirigir palavras ao Deputado Bruno Covas.
Com a palavra.

O SR. VANDERLEI SIRAQUE – PT – Exijo respeito aqui.

O SR. BRUNO COVAS – PSDB – Quem está sendo desrespeitado sou eu e não
V. Exa.

O SR. VANDERLEI SIRAQUE – PT – O senhor peça aparte e não interfira na


minha fala.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – O senhor encerrou?

O SR. VANDERLEI SIRAQUE – PT – Não encerrei. Eu estava com a


palavra.
Sr. Presidente, o depoente não é de nenhum partido, espero. O senhor tem algum
contrato na área da segurança com o Governo do Estado de São Paulo?

O SR. ANDY ROBERTO GURCZYNSKA – Governo do Estado, com


Prefeituras do PT, com todos.

O SR. VANDERLEI SIRAQUE – PT – A partir de quando o senhor realizou


contratos com o Governo do Estado?
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O SR. ANDY ROBERTO GURCZYNSKA – A partir do ano passado.

O SR. VANDERLEI SIRAQUE – PT – A partir do pedido de CPI nesta Casa?

O SR. ANDY ROBERTO GURCZYNSKA – O senhor está mal informado.


Quando se tem uma licitação pública...

O SR. VANDERLEI SIRAQUE – PT – Eu não estou mal informado e o


senhor aqui está para responder. Agora vai inverter?

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Deputado Vanderlei


Siraque, eu peço ao senhor que, ao perguntar, dê o tempo para que se responda. O
senhor pergunta e continua fazendo comentários.

O SR. VANDERLEI SIRAQUE – PT – Um sonegador de impostos vem dizer


que eu estou mal informado?

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Pediria que o senhor


se controlasse e peço que o senhor se comporte e não faça acusações especialmente às
testemunhas antes delas se manifestarem.

O SR. VANDERLEI SIRAQUE – PT – Nós temos as nossas prerrogativas e


gostaria que o senhor pudesse respeitar, Sr. Presidente.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – O senhor não para de


falar. É impressionante.
Um fala de cada vez. Então o senhor fala. Qual é a sua fala?

O SR. VANDERLEI SIRAQUE – PT – Sr. Presidente, só para informar à CPI,


depois do pedido de abertura da CPI o depoente começou a prestar serviços ao Governo
do Estado de São Paulo, Instituto de Previdência do Estado de São Paulo, 217 mil reais,
Departamento de Estradas de Rodagem, DER, 170 mil reais, Nossa Caixa
Desenvolvimento Agência de Fomento, que até agora só está no papel, 546 mil reais,
89

Companhia de Processamento de Dados do Estado de São Paulo, PRODESP, 464 mil


reais, Fundo Pró-Sangue, Hemocentro, 278 mil reais.
A pergunta que faço ao depoente, também nesse caso é só emitido 10% do valor
da nota ou não? Como é costume de vossa senhoria?

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Precisa deixar ele


responder.

O SR. ANDY ROBERTO GURCZYNSKA – O IPESP não começou ainda


porque não teve ação judicial de despejo das famílias que se encontram lá. Foi assinado
o contrato, ganhei a licitação, mas não assumimos. PRODESP, não assumimos, não
assinei nem o contrato.
Em segundo lugar, presto serviços para Prefeituras do PT também. Será que o
PT é a mesma coisa? O senhor quer dizer isso? É isso?

O SR. VANDERLEI SIRAQUE – PT – Eu fiz uma pergunta ao senhor e o


senhor não entre em subjetividade aqui.

O SR. ANDY ROBERTO GURCZYNSKA – Estou respondendo e o senhor


aguarde.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Deputado, o senhor


fez a pergunta e ele está respondendo.

O SR. ANDY ROBERTO GURCZYNSKA – Outra coisa, o que o PT fez na


Prefeitura de São Paulo, deixando todas as empresas de segurança sem nenhum valor,
isso que está errado.

O SR. VANDERLEI SIRAQUE – PT – Sr. Presidente, eu quero saber se vai


ser a mesma coisa que foi com a Bancoop os contratos com o Governo do Estado.

O SR. ANDY ROBERTO GURCZYNSKA – Sr. Deputado, tudo 100%


transparente, aberto, tanto é que o senhor teve acesso. Só que o senhor não teve acesso
90

que eu presto serviços para o PT. O senhor teve acesso? Gozado, o senhor só se
preocupa com o Governo do Estado.

O SR. VANDERLEI SIRAQUE – PT – Eu não tenho de responder perguntas.


O senhor se coloque no seu lugar de depoente.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Deputado Vanderlei


Siraque, objetivamente o senhor fez uma pergunta. Vai ser igual à Bancoop?

O SR. ANDY ROBERTO GURCZYNSKA – Jamais, tudo transparente.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Está respondida a


pergunta. O senhor tem mais perguntas?

O SR. VANDERLEI SIRAQUE – PT – Eu acho uma falta de respeito à CPI,


mas tudo bem.

O SR. ANTONIO MENTOR – PT – Sr. Presidente, gostaria que o senhor


orientasse o nosso depoente para se ater às respostas às perguntas que lhe forem
formuladas, para não fazer nenhuma alusão que não corresponda àquilo que está sendo
discutido nesta CPI, sob a condição em que ele se encontra, como depoente, e
evidentemente, ao início do seu depoimento, leu o compromisso do depoente.
Portanto, nós não vamos aceitar, nem admitir, que o depoente se coloque aqui
como o acusador. Ele está aqui para prestar esclarecimentos. Ele não é réu, ele não é
vítima, ele é apenas um depoente e deve se comportar como tal.
Gostaria que o Presidente insistisse com o depoente para que ele se comporte na
maneira adequada com esta CPI, respeitosamente às pessoas e aos partidos políticos que
fazem parte desta Casa.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Nós não estamos


vendo nenhum desrespeito do depoente, por enquanto.
E outra coisa que gostaria de alertá-los, na medida em que forem feitas
perguntas, não dá para, previamente, cercear a testemunha das suas colocações.
91

Obviamente que estamos fazendo reparos o tempo todo, mas o depoente tem todo o
direito de fazer aqui as suas manifestações.
Portanto, nós vamos continuar com o mesmo procedimento.
Está com a palavra o Deputado Antonio Mentor.

O SR. ANTONIO MENTOR – PT – Sr. Presidente, apenas para insistir,


evidentemente que o senhor não pode prever o que sairá da boca do depoente, mas que
o senhor pode sim, e deve, por obrigação, enquanto coordenador dos trabalhos desta
CPI, advertir e recomendar ao depoente que se mantenha dentro do tema que lhe for
perguntado sem fazer comentários e atingir, porque aqui nós não vamos aceitar esse tipo
de alusão que ele está deixando no ar, fazendo suposições, fazendo perguntas para os
Deputados. Ele não tem de fazer pergunta nenhuma. Ele tem de responder as perguntas,
apenas.
Agora, é muito fácil, Sr. Presidente, a pessoa vir aqui e fazer ilações a questões,
como era em tal lugar, como foi em tal outro lugar. Nós não estamos discutindo isso.
Agora, eu não fiz aqui nenhuma avaliação a respeito do que significa espelhar
nota fiscal. Eu não fiz aqui, não tirei nenhuma conclusão. E na verdade nós sabemos o
que é isso, isso é fraude, isso é picaretagem e ainda vir aqui dizer como era em tal
lugar? Isso aqui nós não vamos aceitar. O depoente tem de se comportar aqui nesta
Casa, tem de respeitar as pessoas e os partidos.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Com a palavra o


Deputado Vicente Cândido.

O SR. VICENTE CÂNDIDO – PT – Sr. Presidente, queria entender do


depoente, acho que está mais confuso aqui do que no início do depoimento.
Primeiro o senhor disse que um engenheiro indicou o senhor para trabalhar na
Bancoop, é isso?

O SR. ANDY ROBERTO GURCZYNSKA – Sim.

O SR. VICENTE CÂNDIDO – PT – A relação começa por aí. Tem o nome do


engenheiro? Era amigo do senhor?
92

O SR. ANDY ROBERTO GURCZYNSKA – Esse engenheiro era cunhado do


vice-presidente do banco Chase-Manhatan. Na verdade ele não me contratou, ele
apresentou à diretoria da Bancoop, que depois de duas ou três entrevistas, fez a
contratação dos meus serviços. Ele só teve a parte de fazer as apresentações.

O SR. VICENTE CÂNDIDO – PT – Me parece que a grande motivação da


vinda do senhor aqui, do depoimento do senhor ao Ministério Público é um suposto
caixa dois, que o senhor está envolvido de alguma forma, é isso?

O SR. ANDY ROBERTO GURCZYNSKA – Não. Está enganado, Deputado.


Eu estou aqui porque também sou cooperado.

O SR. VICENTE CÂNDIDO – PT – Mas o senhor não veio aqui por esse
motivo. Isso o senhor já falou.

O SR. ANDY ROBERTO GURCZYNSKA – Eu vim por todos os motivos


possíveis.

O SR. VICENTE CÂNDIDO – PT – O senhor já falou da situação do senhor,


de cooperado.

O SR. ANDY ROBERTO GURCZYNSKA – Todos os motivos possíveis. O


mais grave eu deixei claro aqui.

O SR. VICENTE CÂNDIDO – PT – Qual é o mais claro?

O SR. ANDY ROBERTO GURCZYNSKA – Que é ficar vivo por tudo que eu
sei.

O SR. VICENTE CÂNDIDO – PT – Questão de segurança então? Não é nem


do suposto caixa dois? O senhor veio fazer uma denúncia de que o senhor está sendo
ameaçado de morte?
93

O SR. ANDY ROBERTO GURCZYNSKA – Não seria caixa dois, na minha


concepção. Foram três ou quatro notas. Caixa dois, Deputado, que eu entendo, posso
falar, é simplesmente eu ter um faturamento à parte e ter esse dinheiro à parte. Esse
dinheiro não entrava na minha conta e era repassado.

O SR. VICENTE CÂNDIDO – PT – No depoimento está dizendo que é


dinheiro não contabilizado ou tem alguma irregularidade, porque o senhor emitia uma
nova de um valor e recebia 10 vezes mais o valor, não é isso?

O SR. ANDY ROBERTO GURCZYNSKA – É o contrário. Emitia 10% do


valor e recebia na conta a maior e devolvia para eles. O senhor concorda comigo que
não é caixa dois?

O SR. VICENTE CÂNDIDO – PT – A denominação não importa. O que nós


queremos saber aqui é quem está lesado nessa situação.

O SR. ANDY ROBERTO GURCZYNSKA – Acho que os cooperados, a


Bancoop, eu. Se eu lesei alguém, eu vou pagar pelos meus erros. Eu estou pronto para
pagar os meus erros.

O SR. VICENTE CÂNDIDO – PT – Não estou aqui acusando o senhor. Nós


estamos querendo apurar...

O SR. ANDY ROBERTO GURCZYNSKA – Alguns dos seus colegas estão


tentando desfazer da minha pessoa.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Só um minutinho, Sr.


Andy. Deixe o Deputado concluir.

O SR. VICENTE CÂNDIDO – PT – O objetivo da CPI aqui é apurar a lesão.


O senhor veio aqui por esse motivo. Quem convocou o senhor, a CPI convocou o
senhor com a presunção de que tem parte lesada nessa transação entre o senhor e a
Bancoop. Pelo que entendi, a priori, a princípio o Fisco Municipal, porque o senhor é
prestador de serviço e é contribuinte de ISS,é isso?
94

O SR. ANDY ROBERTO GURCZYNSKA – Sem dúvida.

O SR. VICENTE CÂNDIDO – PT – O principal imposto que o senhor recolhe,


não é isso? E o senhor tirava nota de um valor, recebia 10 vezes mais o valor, que o
senhor não deve ter declarado no imposto de renda da empresa, não é isso?

O SR. ANDY ROBERTO GURCZYNSKA – Tenho de verificar com meu


contador, mas acredito que não.

O SR. VICENTE CÂNDIDO – PT – Aí também tem...

O SR. ANDY ROBERTO GURCZYNSKA – Estou pronto para pagar pelos


meus erros. A minha preocupação não é essa.

O SR. VICENTE CÂNDIDO – PT – Calma. Estou querendo entender aqui e


concluir meu raciocínio, para ver se entendo um pouco mais aqui o objetivo da vinda do
senhor aqui.

O SR. ANDY ROBERTO GURCZYNSKA – É o que falei, para me manter


vivo. Essa é a única realidade.

O SR. VICENTE CÂNDIDO – PT – Entendi. O senhor está fazendo uma


denúncia pública aqui. O senhor precisa de segurança pessoal?

O SR. ANDY ROBERTO GURCZYNSKA – Já tenho minha empresa.

O SR. VICENTE CÂNDIDO – PT – Então o senhor está seguro. O senhor só


vem aqui fazer uma denúncia pública de que o senhor está sendo ameaçado de morte.

O SR. ANDY ROBERTO GURCZYNSKA – Ninguém vai matar um cara que


está na mídia falando o que está acontecendo. Se matar, simplesmente vão aceitar que é
verdade tudo aquilo que estou dizendo aqui.
95

O SR. VICENTE CÂNDIDO – PT – O senhor está litigando conta a Bancoop,


judicialmente?

O SR. ANDY ROBERTO GURCZYNSKA – Sim, sem dúvida.

O SR. VICENTE CÂNDIDO – PT – Qual o objeto da ação?

O SR. ANDY ROBERTO GURCZYNSKA – Recebimento de duas notas


fiscais que não me pagaram, novembro e dezembro de 2005.

O SR. VICENTE CÂNDIDO – PT – A Bancoop está inadimplente com o


senhor?

O SR. ANDY ROBERTO GURCZYNSKA – Setenta mil reais.

O SR. VICENTE CÂNDIDO – PT – Por essas outras questões aqui não tem
nenhum litígio?

O SR. ANDY ROBERTO GURCZYNSKA – Que eu saiba, não.

O SR. VICENTE CÂNDIDO – PT – E o senhor procurou regularizar a


situação do senhor com o Fisco?

O SR. ANDY ROBERTO GURCZYNSKA – Que eu saiba, não.

O SR. VICENTE CÂNDIDO – PT – Então o senhor também, a priori, está


irregular?

O SR. ANDY ROBERTO GURCZYNSKA – Sim, estou irregular.

O SR. VICENTE CÂNDIDO – PT – No depoimento do senhor ao Ministério


Público o senhor cita várias notas, e aqui o senhor citou duas ou três notas. Aqui tem
quase 18 notas.
96

O SR. ANDY ROBERTO GURCZYNSKA – São as várias notas que emiti


naquela época. Não estou falando que todas elas são. Algumas delas são e não sei te
numerar. Em torno de três ou quatro.

O SR. VICENTE CÂNDIDO – PT – Algumas tinham irregularidades.

O SR. ANDY ROBERTO GURCZYNSKA – No máximo isso.

O SR. VICENTE CÂNDIDO – PT – No máximo três. Eram todas contra a


Bancoop?

O SR. ANDY ROBERTO GURCZYNSKA – Todas contra a Bancoop. Eu vou


deixar claro. Não teve nenhum tipo de espelho, como o Mentor falou, em relação à
notas. Somente a Bancoop e somente o Alessandro, o Eduardo e o Marcelo Rinaldi.
Foram eles que fizeram esse sistema. Não fui eu que criei. Eu dei só as notas, que era
um talão, para eles preencherem. Só. Não tem outro tipo de sistema. Eu deixo aberto
para a CPI verificar todas as notas da minha empresa.

O SR. VICENTE CÂNDIDO – PT – Sr. Andy, as notas que o senhor cita no


Ministério Público, no relato, são contra a Bancoop, é isso?

O SR. ANDY ROBERTO GURCZYNSKA – Só à Bancoop.

O SR. VICENTE CÂNDIDO – PT – O senhor tinha notas com outros


terceirizados da Bancoop?

O SR. ANDY ROBERTO GURCZYNSKA – Mas não tenho nenhum tipo de


problema e deixo aberto para verificar.

O SR. VICENTE CÂNDIDO – PT – Nessas aqui, algumas tinham essa


irregularidade?

O SR. ANDY ROBERTO GURCZYNSKA – Só da Bancoop.


97

O SR. VICENTE CÂNDIDO – PT – E o valor do litígio?

O SR. ANDY ROBERTO GURCZYNSKA – Setenta mil.

O SR. VICENTE CÂNDIDO – PT – De duas notas?

O SR. ANDY ROBERTO GURCZYNSKA – De novembro e dezembro de


2005, que foi encerramento de contrato. Não recebi e ainda perdi em primeira instância.
No caso eles entraram porque tinha protestado, então eles estavam pedindo a sustação
do protesto. Até para entender, o juiz nos condenou a pagar 10% o valor da nota. Então
tinha uma nota que era de 11 mil e supostamente eu tinha, 10% de 11 mil seriam 1,100
reis e aí o BACEN Júdice foi lá, que é o sistema on line, e retirou da conta da empresa
em torno de sete mil reais. Você já tem uma coisa meio esquisita aí. Se o juiz
determinou uma coisa, como que saiu outra?

O SR. VICENTE CÂNDIDO – PT – O senhor perdeu na primeira instância?

O SR. ANDY ROBERTO GURCZYNSKA – Estou recorrendo.

O SR. VICENTE CÂNDIDO – PT – Queria, Sr. Presidente, requerer do


depoente cópia da declaração de renda da empresa e cópia dessa regularidade dele com
o Fisco, tanto Municipal como Federal. Aqui não inclui Fisco Estadual. Ele não é
contribuinte de ICMS, então está dispensado.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Quer requerer ou


solicitar ao depoente?

O SR. VICENTE CÂNDIDO – PT – Requerendo ao depoente que entregue à


CPI. Se tiver já.
O senhor ganhou algumas licitações, foi lá, disputou dentro da regra do mercado.
Agora, até novembro do ano passado o senhor estava suspenso aqui na Prefeitura de São
Paulo para participar de certame público.

O SR. ANDY ROBERTO GURCZYNSKA – Perfeito.


98

O SR. VICENTE CÂNDIDO – PT – Qual era o motivo dessa suspensão?

O SR. ANDY ROBERTO GURCZYNSKA – Débitos de INSS que a gente


parcelou.
Vou ser bem claro. Já que é para jogar, desculpe a palavra, merda no ventilador,
a Bancoop...

O SR. VICENTE CÂNDIDO – PT – Não estou pedindo que o senhor jogue


isso. Estou querendo alguns esclarecimentos.

O SR. ANDY ROBERTO GURCZYNSKA – Quando em dezembro de 2005


se encerrava o contrato, 70 mil reais praticamente era 90% do meu faturamento à época.
A Bancoop não me pagando eu tive de pegar empréstimo em banco, eu tive de socorrer,
vender bens para poder pagar os funcionários, que precisavam receber, fora as ações na
justiça que entraram.
Então, a gente ficou, só para responder a pergunta do senhor, para eu chegar
nesse termo, eu fiquei devendo INSS, fiquei devendo Receita Federal, uma série de
coisas.
Conforme a gente foi capitulando novos clientes privados, eu consegui entrar
com re-parcelamento de todos os meus débitos e o da Prefeitura era um deles.

O SR. VICENTE CÂNDIDO – PT – Até novembro o senhor não tinha CND, o


senhor foi e parcelou os débitos junto à Prefeitura de São Paulo e conseguiu a CND?

O SR. ANDY ROBERTO GURCZYNSKA – Por isso que estamos com várias
estações em andamento.

O SR. VICENTE CÂNDIDO – PT – E o senhor acha, com todo esse


depoimento aqui, de nota subfaturada, de nota espelho, que nome que seja, tendo
irregularidade...

O SR. ANDY ROBERTO GURCZYNSKA – Quem me causou isso foi a


Bancoop.
99

O SR. VICENTE CÂNDIDO – PT – Tem uma irregularidade, o senhor era


parte dessa irregularidade, na época o senhor não denunciou, o senhor foi conivente.

O SR. ANDY ROBERTO GURCZYNSKA – Não fui conivente. Eu fui, dei


meu depoimento e simplesmente coloquei o meu na reta aqui. Se fui no Ministério
Público...

O SR. VICENTE CÂNDIDO – PT – Na época o senhor foi conivente. Se está


arrependido agora, é outro problema. Estou fazendo aqui o meu juízo de valor e não
estou nem perguntando ao senhor.
À época o senhor foi conivente, e o senhor acha agora que o senhor está apto a
licitar, a participar de uma licitação pública e ganhou quatro contratos aqui junto ao
Governo do Estado, e mais um junto à Prefeitura do PT. Qual Prefeitura?

O SR. ANDY ROBERTO GURCZYNSKA – Se ele descobriu do Estado, ele


descobre a do PT.

O SR. VICENTE CÂNDIDO – PT – O senhor que falou, eu não descobri.

O SR. ANDY ROBERTO GURCZYNSKA – Ele que procure. Eu falei, é só o


senhor procurar.

O SR. ANTONIO MENTOR – PT – Ele precisa responder. O senhor fez uma


afirmação e agora precisa responder.

O SR. ANDY ROBERTO GURCZYNSKA – Preciso perguntar se a Prefeitura


me autoriza fazer.

O SR. ANTONIO MENTOR – PT – Absolutamente. É um contrato público.

O SR. VICENTE CÂNDIDO – PT – A licitação é pública, não tem nenhum


sigilo.
100

O SR. ANDY ROBERTO GURCZYNSKA – Guarulhos.

O SR. VICENTE CÂNDIDO – PT – O meu questionamento é o seguinte. Em


novembro o senhor estava inadimplente com o Fisco, o senhor quitou seu débito,
parcelou, em dezembro o senhor ganhou quatro ou cinco contratos junto ao Governo do
Estado e agora mais um com a Prefeitura e está participando de outros certames, não é
isso?

O SR. ANDY ROBERTO GURCZYNSKA – Na verdade eu ganhei com o


Governo Federal, só que alguns a gente não conseguiu mostrar determinada
regularidade que precisava.
A gente participa de Prefeituras. Para mim partido político não é, para mim é
trabalho.

O SR. VICENTE CÂNDIDO – PT – Isso não está em debate. O senhor é um


empresário prestador de serviços. O senhor pode trabalhar para qualquer um.

O SR. ANDY ROBERTO GURCZYNSKA – Pelo Estado de São Paulo ser


grande e amplo, são as Secretarias do Estado de São Paulo que geram a maior mão-de-
obra terceirizada de serviços. Depois do Estado, é a Prefeitura de São Paulo.

O SR. VICENTE CÂNDIDO – PT – Sr. Presidente, então requeiro e vou


apresentar por escrito na semana que vem, que verifique a legalidade do Fisco
Municipal, da Prefeitura de São Paulo com o empresário, e que a gente comunique
também aos órgãos licitantes dos contratos do ganhador, já que ele está dizendo que
ainda não foi adjudicado em nenhuma dessas licitações.

O SR. ANDY ROBERTO GURCZYNSKA – Mas qual é o problema? Se eu


vou pagar, eu vou ter de pagar isso.

O SR. VICENTE CÂNDIDO – PT – Eu fiz a pergunta ao senhor, tentei


entender o processo, tem irregularidades na transação do senhor com a Bancoop, em
valores e notas e eu acho, eu julgo...
101

O SR. ANDY ROBERTO GURCZYNSKA – Em 2003?

O SR. VICENTE CÂNDIDO – PT – Não interessa.

O SR. ANDY ROBERTO GURCZYNSKA – O senhor está enganado.


Provavelmente, eu tenho, são duas empresas...

O SR. VICENTE CÂNDIDO – PT – Não estou discutindo provavelmente.


Pelo que entendi até agora, tem uma irregularidade do senhor com a Bancoop, na
transação de notas que ao meu ver...

O SR. ANDY ROBERTO GURCZYNSKA – De recebimento também.

O SR. VICENTE CÂNDIDO – PT – O senhor aprende a ouvir um pouco. O


senhor está nervoso, não sei por quê. Eu esperei até agora, não fiz nenhuma intervenção,
não pedi aparte, porque estou querendo concluir meu raciocínio.
No meu entender, tem Fisco lesado, Fisco Municipal ou Fisco Federal. O senhor
disse que não declarou isso nas declarações de renda da empresa. Então estou
requerendo à CPI que levante a situação, porque se for o caso, convocamos alguém aqui
da Fazenda Municipal de São Paulo para verificar a regularidade do senhor perante a
Fazenda e se tiver irregularidade, que comunique aos órgãos que estão contratando o
senhor. Só isso.

O SR. ANDY ROBERTO GURCZYNSKA – Perfeito.

O SR. VICENTE CÂNDIDO – PT – Um aparte ao Deputado Mentor.

O SR. ANTONIO MENTOR – PT – O senhor depoente afirmou aqui que o


faturamento que a sua empresa tinha em 2005 era originário de alguns clientes, não
apenas da Bancoop. Confirma isso?

O SR. ANDY ROBERTO GURCZYNSKA – Três clientes.


102

O SR. ANTONIO MENTOR – PT – Na sequência, e agora há poucos minutos,


o senhor afirmou que 90% do seu faturamento era da Bancoop. Na ocasião em que eu
lhe perguntei se com 3.700 reais o senhor pagava todos os custos...

O SR. ANDY ROBERTO GURCZYNSKA – Estou só indignado comigo


mesmo. O senhor não ouviu eu terminar de falar.

O SR. ANTONIO MENTOR – PT – Aqui está todo mundo muito tranquilo, o


senhor também pode ficar. Nós estamos totalmente tranquilos.

O SR. ANDY ROBERTO GURCZYNSKA – Posso dar uma sugestão? É


simples. Eu apresento as notas e o senhor vai entender. Eu lançava três ou quatro notas
para a Bancoop.

O SR. ANTONIO MENTOR – PT – Sr. Presidente.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Sr. Andy, só um


minutinho. O Deputado ainda está com a palavra. Na hora em que ele concluir a
pergunta nós vamos passar a palavra para você.

O SR. ANTONIO MENTOR – PT – O depoente está muito ansioso, Sr.


Presidente. Eu quero dizer a ele que pode ficar tranquilo. Aqui ninguém faz mal para
ninguém e nós queremos buscar a verdade.
O seu depoimento é altamente contraditório e eu estou apontando aqui uma das
muitas contradições em que o senhor incorreu, por exemplo esta, quando o senhor disse
que com 3.800 reais não dava para pagar os custos da sua empresa, e não dá mesmo. Só
três funcionários dava 3.600 reais e ia sobrar 200 reais para o senhor fazer frente às suas
despesas.
Agora o senhor diz que 90% do seu faturamento, à época, era da Bancoop,
portanto nós tínhamos, além dos 37 mil reais, algo como mais três mil reais.

O SR. ANDY ROBERTO GURCZYNSKA – Em 2005, Deputado. Tudo que


mencionei aqui foi de 2002 a 2004. Outra coisa, era 90% independente se eu lançava
três, quatro ou uma nota. Sempre foi 90% até 2005.
103

O SR. ANTONIO MENTOR – PT – O senhor nos disse aqui também que há


uma pendência no valor de 70 mil reais.

O SR. ANDY ROBERTO GURCZYNSKA – Sem correção monetária.

O SR. ANTONIO MENTOR – PT – São valores parecidos, 37, 35. Daqui, o


senhor tem de devolver alguma coisa para alguém, ou não?

O SR. ANDY ROBERTO GURCZYNSKA – O senhor está faltando com a


palavra comigo. Desculpa, mas é um tipo de pergunta que não tem subsídio.

O SR. ANTONIO MENTOR – PT – Quem tem de dizer... Sr. Presidente, eu


insisto...

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – É uma pergunta.


Andy, só um minutinho.
Com a palavra o Deputado Antonio Mentor e é uma pergunta objetiva.

O SR. ANDY ROBERTO GURCZYNSKA – Como eu vou devolver se eu


tenho de receber aquele valor? Aquele valor é o valor que eu deveria ter recebido em
2005 por serviço prestado. Em 2005 eu não recebi, encerrou-se o contrato e não me
pagaram. Eu teria de pagar sabe para quem? Para as duas ações judiciais que falta eu
pagar, que está em segunda instância.
São as únicas pessoas que tenho para pagar, para eles, que entraram e não
receberam porque não tinha dinheiro para pagar.

O SR. ANTONIO MENTOR – PT – Sr. Roberto, são valores semelhantes


àqueles que o senhor mencionou no seu depoimento.

O SR. ANDY ROBERTO GURCZYNSKA – Está numa questão dúbia...

O SR. ANTONIO MENTOR – PT – Deixa eu terminar para nós nos


entendermos aqui. Nós precisamos nos entender. Nós queremos esclarecer os fatos.
104

Lá atrás o senhor nos disse que emitiu uma nota de três e recebia 37.
Evidentemente que a primeira via dessa nota, para ser contabilizada em qualquer
empresa, ou na Bancoop ou em qualquer outra empresa, o valor tem de ser de 37 e não
pode ser de três, senão ele não tem como lançar a saída do dinheiro.
Esse valor é um valor semelhante, 35 e 37, é o valor que o senhor recebia
mensalmente da Bancoop, 35 mil reais.

O SR. ANDY ROBERTO GURCZYNSKA – Cinquenta e quatro mil e 16 mil.

O SR. ANTONIO MENTOR – PT – Se ela não pagou o senhor, se ela não


pagou o senhor duas faturas, dois meses, é porque o senhor tinha direito a receber da
Bancoop 35 mil reais por mês, um valor muito semelhante àquele que o senhor disse
que tinha de devolver 90% para alguém.

O SR. ANDY ROBERTO GURCZYNSKA – Posso responder?

O SR. ANTONIO MENTOR – PT – Vou encerrar e vou ouvir calmamente a


sua colocação.
O senhor nos disse aqui que o senhor veio na qualidade de depoente e também
de cooperado. Essa atitude de dinheiro por fora, nota fiscal por baixo, essa coisa toda,
ele feriu os interesses de quem?

O SR. ANDY ROBERTO GURCZYNSKA – De todos, dos cooperados.

O SR. ANTONIO MENTOR – PT – Do senhor também. Portanto, se a


Bancoop...

O SR. ANDY ROBERTO GURCZYNSKA – Estou aqui para pagar o que eu


devo. Quero saber se alguém da Bancoop está aqui para pagar os erros dela.

O SR. ANTONIO MENTOR – PT – Se a Bancoop cometeu irregularidades, e


feriu, e é isso que nós estamos buscando, nós queremos fazer justiça com os cooperados
da Bancoop, não queremos atacar nem defender ninguém.
105

O SR. ANDY ROBERTO GURCZYNSKA – O que estão fazendo é só me


atacar.

O SR. ANTONIO MENTOR – PT – Nós queremos fazer justiça para aqueles


homens e mulheres, pais de família, que durante muito tempo das suas vidas dedicaram
parcela dos seus rendimentos a uma cooperativa imobiliária, à Bancoop. A esses que
nós temos de fazer justiça.
E o senhor foi um dos instrumentos dos prejuízos que esses cooperados tiveram.
É isso que eu queria dizer.

O SR. ANDY ROBERTO GURCZYNSKA – É simples achar um bode


expiatório.

O SR. ANTONIO MENTOR – PT – Primeiro que aqui não tem bode e nem
expiatório, Sr. Roberto.
Então, quero que o senhor se coloque à frente desta CPI como um daqueles que
causou prejuízos para os cooperados da Bancoop. Só isso.

O SR. ANDY ROBERTO GURCZYNSKA – Coloca o Vaccari aqui e a gente


debate nós dois e a gente vai ver quem...

O SR. ANTONIO MENTOR – PT – Não estou falando de Vaccari e o senhor


não inclua nas suas respostas nenhum comentário além daquilo que foi perguntado. O
senhor se comporte educadamente aqui perante esta CPI.

O SR. ANDY ROBERTO GURCZYNSKA – Estou sendo educado, não estou


maltratando ninguém e nem falando palavras de baixo calão.

O SR. ANTONIO MENTOR – PT – O senhor está falando de pessoas que não


estão aqui para poder se defender. Ele vai estar aqui, já foi convocado também, vai
prestar depoimento a esta CPI e quando ele estiver aqui o senhor pode vir assistir, e nós
vamos perguntar a ele da mesma forma que estamos perguntando ao senhor.
106

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – O Deputado Antonio


Mentor concluiu. Algum Deputado mais gostaria de fazer uso da palavra? (Pausa) Você
vai poder concluir, Sr. Andy.

O SR. VANDERLEI SIRAQUE – PT – Pela ordem, Sr. Presidente. Mais


alguma pergunta, Mentor?
Sr. Andy, o senhor afirmou diversas vezes que o valor pago era 38 mil reais,
depositado na conta do senhor, mas que efetivamente o senhor ficava com R$ 3.814,00,
e o resto do recurso era distribuído.
Ao final, teve divergências, existiu um conflito jurídico e o senhor entrou com
uma ação judicial contra a Bancoop. Tem uma ação judicial, é isso? Existe uma ação
judicial?

O SR. ANDY ROBERTO GURCZYNSKA – Posso responder agora a


pergunta do senhor?

O SR. VANDERLEI SIRAQUE – PT – Sim. Existe uma ação judicial?

O SR. ANDY ROBERTO GURCZYNSKA – Existe uma ação judicial por


duas coisas distintas, na sua pergunta.
Em primeiro lugar, o valor de prestação de serviços não era excepcionalmente,
José Mentor, 38 mil. Ele variava dependendo da situação, se tinha mais obra, mais
valor. Por isso que deu 70 mil, porque deu 54 mil do mês de novembro, 30 dias inteiros,
e 10 a 12 dias deu 16 mil. Por isso chegou a 70 mil, e não como o senhor salientou, que
é metade de 38 ou 36.
Para o senhor entender, os 70 mil são devidos por serviços prestados em
novembro de 2005 e dezembro de 2005.
Em relação ao que o senhor falou, os valores são simplesmente, não são sempre
iguais, porque se variava 31 dias, 30 dias, o valor era mais ou menos.

O SR. VANDERLEI SIRAQUE – PT – Sr. Andy, o senhor falou que um


contrato só equivalia a 10% do valor efetivamente pago. Então tinha um contrato que
era desonesto e os outros, que o senhor entrou com ação judicial, eram contratos
honestos?
107

O SR. ANDY ROBERTO GURCZYNSKA – São três contratos, duas


empresas. Ficou claro para o senhor? Quem solicitou que eu abrisse a outra empresa foi
o pessoal da Bancoop, já na época do Vaccari. É fácil verificar isso. É só verificar
quando foi feita a entrada.

O SR. VANDERLEI SIRAQUE – PT – A pergunta é muito clara. Esse


contrato, os outros contratos eram, vamos dizer, desonestos, porque o senhor disse que
distribuía 90% não sei para quem, não trouxe as provas, mas é uma afirmação do
senhor.
Agora, os contratos que o senhor entrou com ação judicial, esses são contratos
honestos?

O SR. ANDY ROBERTO GURCZYNSKA – O desonesto fica por conta e


risco do senhor. Os dois contatos que tenho são totalmente honestos, reconhecido firma
e foram cumpridos conforme a determinação assinada pelas partes.

O SR. VANDERLEI SIRAQUE – PT – Agora, ouvimos aqui, Srs. Deputados,


o senhor também teve a oportunidade de presenciar, nós ouvimos um cooperado que
não consegue pagar, que tem câncer nos pulmões, outro dia tinha outro com câncer
também, que teve conflitos familiares. O senhor acha que é justo ter contrato dessa
maneira, distribuir recursos num acordo, que o senhor deve ter feito não sei com quem,
o senhor acha que isso é correto? Enquanto que os cooperados, enquanto que a Bancoop
hoje não tem recurso para concluir as suas obras? O senhor acha que isso é honesto, é
justo?

O SR. ANDY ROBERTO GURCZYNSKA – Eu não acho justo a Bancoop


tirar a minha empresa, que custava 60 mil, e colocar a Caso que custa 120 mil e dobrar
100% e tirar dos cooperados.
Se as minhas notas, foram duas ou três notas, eu vou pagar pelo meu erro. Que a
Receita Federal, que a Fazenda façam em pagar. Eu pago. Agora, a Caso vai devolver o
dinheiro?
108

O SR. VANDERLEI SIRAQUE – PT – Mas o senhor errou, então? O senhor


sonegou?

O SR. ANDY ROBERTO GURCZYNSKA – Eu não soneguei. Eu errei. É


diferente. Eu estou aqui com o peito aberto para dizer que eu errei e que vou pagar pelo
meu erro. E estou junto com os cooperados porque sou um deles.
Mas o senhor não venha tirar a minha credibilidade como pessoa.

O SR. VANDERLEI SIRAQUE – PT – Bom Sr. Presidente, nós estamos aqui


só para ouvir o depoimento de V. Sa., e aqui nós só queremos chegar à verdade, doa a
quem doer, inclusive ao senhor.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Mais alguma


pergunta, algum Deputado?
Gostaria de dirigir algumas perguntas ao senhor.
Em que pese a possibilidade aqui do senhor até imaginar algumas coisas, mas eu
acho que pode existir uma confusão entre imaginar e o próprio sentimento de quem
esteve lá dentro. Ou seja, o senhor é uma testemunha, para nós, muito preciosa, porque,
diferente de todos, o senhor trabalhou lá dentro, o senhor estava dentro da cooperativa
prestando serviços e tendo relacionamento com os diretores da Bancoop.
Eu poderia perguntar ao senhor se o senhor tem condições de afirmar, e afirmar
incisivamente, não só como uma imaginação, mas com o sentimento de quem esteve lá
dentro, havia prestação de serviços com emissão de notas que não eram pagas no valor,
portanto havia crime do ponto de vista de notas fiscais e sonegação de impostos.
Independente do senhor já ter dito aqui, que o senhor está disposto a pagar pelos
seus erros, eu sei que a liderança desse processo, e mais do que o senhor, quem
sonegava era a Bancoop. Ela que também está sendo investigada, todos aqueles que
contribuíram para eventuais irregularidades, e a Bancoop cometia esse crime.
Eu quero saber o seguinte, o senhor pode afirmar que havia notas e que essas
notas não eram pagas nos devidos valores?

O SR. ANDY ROBERTO GURCZYNSKA – Posso afirmar duas coisas,


Presidente. O fato que eu poso ser condenado por, na verdade, ter compactuado, mas
não criado a fórmula.
109

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – A Bancoop liderava o


processo e era quem pagava os serviços.

O SR. ANDY ROBERTO GURCZYNSKA – Como eu precisava do trabalho,


como já salientei, 90% do meu ganho estava ali dentro...

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Havia notas abaixo?

O SR. ANDY ROBERTO GURCZYNSKA – Independente, não tem ninguém


aqui que não faria a mesma coisa para poder sobreviver e poder pagar a família. Eu não
estava matando ninguém, não estava fazendo nada de errado do ponto de vista meu e de
muitas pessoas de bem, que querem o bem para outras pessoas.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Independente dessa


opinião, só queria a constatação do senhor. Eu acho que o senhor pode ter transparecido
um clima de que o senhor é réu, e pode até a vir a ser e o senhor já se dispôs a pagar
pelos seus erros e já disse que queria trabalhar e que estava ali compactuando,
provavelmente com um crime, que tinha diretores da Bancoop que emitiam notas e
contratavam os serviços.
A pergunta é bem objetiva. Então eram emitidas notas irregulares pela Bancoop
para pagamento de serviços?

O SR. ANDY ROBERTO GURCZYNSKA – Pelo menos três notas, tenho


certeza.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Havia realmente o


pagamento de notas que não eram do valor.

O SR. ANTONIO MENTOR – PT – Pela ordem, Sr. Presidente.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Um aparte ao


Deputado Mentor.
110

O SR. ANTONIO MENTOR – PT – É pela ordem mesmo. Apenas para


esclarecer, pela ordem mesmo porque V. Exa. fez uma afirmação de que as notas eram
emitidas pela Bancoop. As notas não eram emitidas pela Bancoop, mas emitidas pelo
depoente.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Pagas e contratadas


pela Bancoop, é isso?

O SR. ANDY ROBERTO GURCZYNSKA – A parte, Sr. Mentor, era escrita


pelo Marcelo Rinaldi. A nota era minha e eles que emitiam.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Essa prática de crime


para sonegar impostos é normalmente mais feita até por quem contrata do que pelo
contratante, que é exatamente para diminuir os impostos que deveria pagar.
Mas, de qualquer forma, é uma forma de prática de crime, e eu só queria saber se
essa prática, já que foi contratada pela Bancoop, se ela havia. É uma pergunta bem
objetiva.

O SR. ANTONIO MENTOR – PT – Ainda pela ordem, Sr. Presidente, apenas


para ficar clara essa questão, quem recolhe os impostos é o contratado e não o
contratante.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Que obviamente paga


um preço menor. Acaba levando uma vantagem.

O SR. ANDY ROBERTO GURCZYNSKA – Previdência Social e ISS é o


próprio contratante.

O SR. ANTONIO MENTOR – PT – Estou me dirigindo ao Presidente.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Deputado Antonio


Mentor, o senhor acha então que o contratante não leva vantagem fazendo notas mais
baixas?
111

O SR. ANTONIO MENTOR – PT – Não digo vantagem. Estou apenas


querendo usara nomenclatura correta para cada um dos fatos.
Primeiro, quem emite a nota é o contratado, quem recolhe os impostos é o
contratado.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Não estou discutindo


quem é que vai levar a pena maior ou menor, se é o contratante ou o contratado.

O SR. ANTONIO MENTOR – PT – Aqui nós não estamos julgando ninguém.

O SR. VANDERLEI SIRAQUE – PT – Pela ordem, Sr. Presidente. O senhor


tem alguma prova nesse sentido, porque parece que tem tanta certeza. O senhor fez uma
afirmação.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Estou fazendo uma


afirmação.

O SR. VANDERLEI SIRAQUE – PT – Então tem uma afirmação, nesse


sentido, de V. Exa.?

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Estou fazendo uma


afirmação dizendo o seguinte. Pelo que ele...

O SR. VANDERLEI SIRAQUE – PT – O senhor conhece bem essa questão,


então?

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Posso concluir? Estou


com a palavra. Eu fiz uma pergunta objetiva ao depoente.

O SR. VANDERLEI SIRAQUE – PT – O senhor fez uma afirmação. O senhor


deve ter um conhecimento e pode dar um esclarecimento para nós aqui.
112

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Estou fazendo uma


pergunta objetiva para poder fazer a afirmação. Segundo o depoente, havia prática de
crime entre quem contrata e quem é contratado. É isso.

O SR. VANDERLEI SIRAQUE – PT – Segundo o depoente.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – É uma pergunta bem


objetiva.

O SR. ANDY ROBERTO GURCZYNSKA – Só quero dar um aparte. Quando


você lança nota fiscal...

O SR. VANDERLEI SIRAQUE – PT – Sr. Presidente, o senhor está


conduzindo os trabalhos ou não?

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Estou com a palavra.

O SR. VANDERLEI SIRAQUE – PT – Então conduza, para não ser


conduzido.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Se o senhor deixar, eu


estou com a palavra e vou ceder um aparte para o depoente. Tem o aparte.

O SR. ANDY ROBERTO GURCZYNSKA – Para quem não sabe, quando


você lança uma nota fiscal hoje, você automaticamente tem de deduzir os 11% da
prestação de serviços para o INSS, e você abate do valor e recebe o líquido. E o ISS
também. E automaticamente quem recolhe é o tomador.

O SR. ANTONIO MENTOR – PT – Atualmente. À época não. Essa é uma


legislação bem posterior.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – A minha pergunta


está contemplada, porque ela objetivamente quer saber se nessa relação entre
contratante e contratado, havia crime na emissão das notas.
113

O SR. ANTONIO MENTOR – PT – Lesão fiscal.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Havia. Está


respondido.
Vou passar para uma segunda pergunta, porque não conclui ainda as minhas
questões.

O SR. ANTONIO MENTOR – PT – Apenas um breve comentário em poucas


palavras. O que o Deputado Vanderlei Siraque está mencionando é que está difícil nós
entendermos se o Presidente está perguntando ou se está respondendo. Essa que é a
questão que o Deputado Siraque levantou.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Eu fiz uma pergunta a


ele. Eu fiz uma pergunta bem objetiva a ele, se ele, por trabalhar lá dentro, ter emitido
notas, se ele pode afirmar que havia uma relação de crime na emissão de notas entre os
contratantes e o contratado.

O SR. ANDY ROBERTO GURCZYNSKA – Havia, e havia no mínimo algum


crime, que não sei falar o nome agora, do dinheiro que era tirado da Bancoop para as
outras empresas, que todos, tanto Berzoini quanto Vaccari tinham ciência disso, porque
se o Berzoini era o chefe, o Vaccari era um dos adjuntos financeiros, como que não vai
saber o que entra e o que sai?

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Havia mais o quê?


Não entendi o começo.

O SR. ANDY ROBERTO GURCZYNSKA – O fato de os diretores


comprarem, montarem empresas dentro da Bancoop, como que o Vaccari, que era, não
sei se era adjunto financeiro, não tinha conhecimento?

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Coincidentemente,


essa era a minha segunda pergunta.
Um aparte ao Deputado Bruno Covas.
114

O SR. BRUNO COVAS – PSDB – Sr. Andy, só para esclarecer, o talão de


notas ficava com a Bancoop, o talão de notas da sua empresa?

O SR. ANDY ROBERTO GURCZYNSKA – Em determinado período, uns


dois ou três meses, ficou.
É bem simples. Não sou nenhuma pessoa que não tem conhecimento jurídico,
mas naquela época, em 2002, eu tinha montado a empresa e pouco conhecia. O Marcelo
Rinaldi, para quem não conhecia, era um contabilista. Ele que fazia a contabilidade de
todas as empresas ali dentro. Mais justo, eu perguntei se ele me ensinava. Ele falou para
eu deixar o talão e quando fosse emitir a nota ele emitia junto comigo. É essa a relação
que eu tinha. Por que eu deixava o talão com ele? Porque tinha pouco conhecimento.
Fui adquirir depois de um certo tempo.
Você adquire vivência você vivendo com a situação.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Eu fiz uma pergunta


ao senhor, o senhor respondeu e vou fazer uma segunda pergunta.
O senhor pode afirmar, por estar lá dentro, pode afirmar categoricamente que as
empresas prestadoras de serviço, algumas delas, eram de dirigentes da Bancoop?

O SR. ANDY ROBERTO GURCZYNSKA – Sem dúvida. Conservix,


Germany, Mirante, Mizuo, tem mais umas duas que não lembro o nome. A Mirante
ficava na Rua Projetada nº 100, Mairiporã. O pesqueiro ficava em Mongaguá. A
Germany começou na Zona Norte depois ela pulou lá para a Zona Sul, Santa Cruz.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Quantas empresas o


senhor acha que tem conhecimento de que eram de diretores?

O SR. ANDY ROBERTO GURCZYNSKA – Tenho certeza que eram, Mizuo,


Mirante, Germany, Conservix.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – E dos mesmos


diretores?
115

O SR. ANDY ROBERTO GURCZYNSKA – Muitas vezes mudava só a


gerência. Muitas vezes eram dois, muitas vezes eram três, muitas vezes era um.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Vou fazer uma


terceira pergunta para o senhor.
O senhor pode afirmar, por ter trabalhado lá dentro, que havia movimentações
de pacotes, que saíam de dentro de um banco e iam para as mãos de diretores da
Bancoop. O senhor não sabe afirmar se é dinheiro?

O SR. ANDY ROBERTO GURCZYNSKA – O termo correto é o seguinte,


Helena Lage, dificilmente o Luiz chegava para a gente e dava uma ordem, sempre a
Helena que executava essa ordem primeiro, pedia que a gente fosse buscar funcionários,
para escoltar os funcionários. A gente descia na parte de baixo, agência em cima, tem
uma parte embaixo e mais no fundo tinha a tesouraria. Ele ficava esperando a gente lá e
a gente só escoltava.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – O senhor pode


afirmar que pegavam pacotes de banco e levavam para a Bancoop.

O SR. ANDY ROBERTO GURCZYNSKA – Se fosse documento, não ia


precisar de escolta. Isso é lógico e notório. Não estou falando que lá tinha dinheiro, mas
para um bom entendedor, basta...

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Mas saía de um banco


e levavam para os diretores?

O SR. ANDY ROBERTO GURCZYNSKA – Banco Bradesco. Inclusive tinha


um PAB do Bradesco dentro da Bancoop. Então, se tinha um PAB, por que o dinheiro
não saía de lá?

O SR. BRUNO COVAS – PSDB – Um aparte, Presidente.


Isso ocorreu uma vez?

O SR. ANDY ROBERTO GURCZYNSKA – Não, várias vezes.


116

O SR. BRUNO COVAS – PSDB – Tinha alguma periodicidade nisso?

O SR. ANDY ROBERTO GURCZYNSKA – Como sou um cara meticuloso


no meu trabalho, eu tomava conta do meu trabalho. Eu não me preocupava se ele se
encontrava com o Presidente, que já foi se encontrar com o Presidente em determinado
momento. Se foi, para mim, eu tinha de deixar o meu cliente vivo e inteiro, da casa dele
ao trabalho dele. Essa que era a minha tranquilidade.
Nunca me preocupei em guardar nomes, por isso tenho essa dificuldade muitas
vezes de lembrar, porque tem de vir na memória porque não tenho nada anotado. Isso
são coisas que ocorreram realmente. Não estou aqui para falar mentira. Tanto que se
fosse outra pessoa, falaria que pegou tanto de dinheiro. Não. Dinheiro jamais vi, mas
para um bom entendedor, é simples, entrou no banco, vai na tesouraria e vai escoltar
alguma pessoa, você está escoltando dinheiro.
E a lembrança era bem assim, manda dois homens armados buscar tal pessoa em
tal lugar.

O SR. BRUNO COVAS – PSDB – Já que o senhor tem a lembrança inclusive


da frase, apenas para que a gente possa registrar...

O SR. ANDY ROBERTO GURCZYNSKA – Não lembro os nomes.

O SR. BRUNO COVAS – PSDB – Não. Já perguntei os nomes e V. Sa. disse


que não se recorda.
Mas o senhor disse que isso ocorreu várias vezes, o que significa várias vezes?
Duas, 10, 50, todo mês?

O SR. ANDY ROBERTO GURCZYNSKA – Se eu falasse uma quantidade,


estaria sendo mentiroso, porque nunca me preocupei.

O SR. BRUNO COVAS – PSDB – A gente quer algo aproximado.

O SR. ANDY ROBERTO GURCZYNSKA – Nunca me preocupei. Veio a


lembrança quando as pessoas foram me perguntando. Aí foi vindo na lembrança o
117

passado que vivi lá. Só que não tem como numerar quantas vezes seriam. Seria
leviandade da minha parte.

O SR. BRUNO COVAS – PSDB – Certamente o senhor não vai falar que
foram um milhão de vezes, nenhuma vez?

O SR. ANDY ROBERTO GURCZYNSKA – Não posso falar categoricamente


que foram mais de 200, nem menos de 50.

O SR. BRUNO COVAS – PSDB – Perfeito. Mais de 50 e menos de 200, com


certeza?

O SR. ANDY ROBERTO GURCZYNSKA – Para ser mais exato, entre 50 e


100, mas aí não dá para te dar a periodicidade.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Pela ordem o


Deputado Antonio Mentor.

O SR. ANTONIO MENTOR – PT – O Deputado Bruno Covas está induzindo


a uma resposta que o depoente se nega a dar. Ele está induzindo o depoente a falar um
número que o tempo todo o depoente está dizendo que não pode afirmar. Não posso
afirmar, não posso afirmar. E ele foi reduzindo. Daqui a pouco ele chega num número e
vai falar que é 134 e o depoente vai falar que é. O que é isso?

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – O depoente se sente


seguro para afirmar esse número ou quer retirar essa informação?

O SR. ANDY ROBERTO GURCZYNSKA – Está entre 50 e 100.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Deputado Antonio


Mentor, o Deputado está com a palavra. Se o senhor acha que o procedimento dele é um
procedimento inadequado, é dele. A gente até registra, mas o Deputado tem o direito de
perguntar. Ele está com a palavra. Eu cedi um aparte a ele.
118

O SR. ANTONIO MENTOR – PT – O depoente foi induzido.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Vai ficar registrado. É


uma opinião sua.

O SR. ANTONIO MENTOR – PT – Não é opinião. É um fato. O fato ocorreu


aqui.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Opinião sua. Eu


acabei de perguntar ao depoente se ele se sente seguro ou quer retirar a afirmação.

O SR. ANTONIO MENTOR – PT – Não quero polemizar com V. Exa. Eu vou


apenas dar aqui uma constatação de um fato que ocorreu nesta reunião da CPI,
protagonizado pelo Deputado Bruno Covas, que insistiu mais de 10 vezes para que o
depoente fosse levado a dizer um número.
Ora, isso é um verdadeiro absurdo. Isso é inaceitável e quero que fique
registrado aqui. Nós desta CPI não podemos conduzir uma resposta de nenhum
depoente dessa forma como o Deputado Bruno Covas fez nessa vez.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Está registrada a sua


manifestação. Eu ainda estou, gostaria de lembrá-los que estou com a palavra ainda.

O SR. BRUNO COVAS – PSDB – Pedi um aparte a V. Exa.

O SR. VICENTE CÂNDIDO – PT – Também estou me inscrevendo, nobre


Deputado.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Cedo um aparte do


Deputado Bruno Covas.
Eu ainda estou com a palavra. Não concluí ainda as minhas perguntas.

O SR. BRUNO COVAS – PSDB – Sr. Presidente, gostaria de deixar registrado


aqui até a estranheza da fala do Deputado Antonio Mentor. As perguntas feitas pelos
119

Deputados aqui são exatamente para que a gente chegue à verdade, para que a gente
possa retirar da testemunha aquilo que ele sabe.
Chegamos a uma afirmação que não foi minha, foi da testemunha, que mais de
50 vezes, pelo menos, isso ocorreu. Acho importante isso.

O SR. VANDERLEI SIRAQUE – PT – O que é isso, Presidente?

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – De qualquer forma,


quem está com a palavra... Eu não vou permitir um debate sobre esse assunto, mas eu já
registrei a manifestação e vou ceder um aparte do Deputado Vicente Cândido.
Rapidamente vou ceder um aparte ao Sr. Andy e depois ao Deputado Vicente Cândido.

O SR. ANDY ROBERTO GURCZYNSKA – Só para dizer, quando falei entre


50 e 100, só explicar para ficar bem claro. Da minha permanência até a minha saída, foi
pelo menos umas 30 vezes. As outras 20 ou mais, ficou por conta das pessoas que
continuaram lá, que me falaram que continua.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Com a palavra o


Deputado Vicente Cândido.

O SR. VICENTE CÂNDIDO – PT – Presidente, prefiro que o senhor conclua e


eu me inscrevo.

Manifestação fora do microfone.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Deputado Antonio


Mentor, eu estou cedendo o aparte ao Deputado Vicente Cãndido.

O SR. ANTONIO MENTOR – PT – Sr. Presidente, é de causar uma


verdadeira indignação a irresponsabilidade do depoente.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Deputado Antonio


Mentor, o depoente está procurando ser prudente. Ele fez um registro.
120

O SR. ANTONIO MENTOR – PT – Está sendo irresponsável.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Ele fez um registro


final, para esclarecer, cada vez mais, esse assunto.
Todas as palavras do depoente estão registradas.
Eu fiz uma pergunta sobre crime de notas, que foi respondida. Fiz uma pergunta
sobre formação de empresa pelos diretores, pelo fato do senhor estar lá dentro o senhor
respondeu. Fiz uma pergunta sobre os pacotes de dinheiro e o senhor também respondeu
e já me sinto contemplado, e gostaria de fazer mais uma pergunta.
O senhor, pelo fato de estar lá dentro, ter vivido lá dentro, o senhor pode afirmar
que havia um esquema, que no fundo, fraudava os cooperados?

O SR. ANDY ROBERTO GURCZYNSKA – Vou me abster dessa pergunta


por dois motivos. Eu não posso concluir porque eu não tinha o conhecimento de tudo
que acontecia lá, de 100%. Mas eu posso dizer, vou dizer com as minhas palavras, que
enquanto o Eduardo Luiz Malheiro foi presidente, a maioria dos empreendimentos, se
não foram completados, foram pelo menos entregues. E enquanto ele estava lá, os
cooperados eram atendidos e eram ouvidos. Só posso dizer isso.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – O senhor, em função


de movimentação de dinheiro, nota fria, diretores formando empresas...

O SR. ANDY ROBERTO GURCZYNSKA – Tenho a minha visão que tinha


alguma coisa errada, mas eu também não posso simplesmente vir aqui e falar mal de
quem já está lá em cima.

O SR. VANDERLEI SIRAQUE – PT – Pela ordem, Sr. Presidente. O senhor


poderia repetir a pergunta que o senhor fez? O senhor fez uma pergunta e o senhor
colocou na boca do depoente que ele disse que tinha pacote de dinheiro. O depoente em
nenhum momento falou. Falou que tinha pacote.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Talvez eu tenha me


manifestado um pouco de maneira...
121

O SR. VANDERLEI SIRAQUE – PT – Como sempre, de maneira acintosa. O


senhor não está presidindo CPI de forma adequaqda. O senhor colocou na boca do
depoente. O senhor afirmou sim, Sr. Presidente. Quero que o senhor repita.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Estou, na verdade,


fazendo uma auto-crítica de que realmente eu não posso afirmar que havia dinheiro,
mesmo sabendo que saiam da tesouraria de um banco pacotes e mais pacotes, por mais
de 30 vezes...

O SR. VANDERLEI SIRAQUE – PT – O senhor pode conhecer essa prática.


Aqui não tem essa prática.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Deputado, estou com


a palavra.

O SR. VANDERLEI SIRAQUE – PT – Sr. Presidente, só o senhor que fala


aqui?

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Então fale. O senhor


quer falar, que fale. Estou dando um aparte ao senhor. A palavra está comigo.

O SR. VANDERLEI SIRAQUE – PT – O senhor devia conduzir para que nós


possamos chegar na verdade.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Nós estamos


conduzindo. O senhor quer um aparte da minha fala.

O SR. VANDERLEI SIRAQUE – PT – Não, obrigado.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Então vou fazer uma


auto-critica, que realmente eu usei a expressão pacote de dinheiro, que eu não deveria
ter usado, porque o depoente não disse isso. O depoente disse: Pacotes e mais pacotes
que saíam, por mais de 30 vezes. Ele viu, saíam da tesouraria do banco e circulavam.
122

O SR. VANDERLEI SIRAQUE – PT – De 50 a 100.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Ele disse isso. Talvez


eu tenha avançado, realmente no sentido de uma conclusão que a gente não pode ter
provas, mas, de qualquer forma, o que eu quis dizer foi isso. Diante disso tudo, o senhor
ainda...

O SR. ANDY ROBERTO GURCZYNSKA – Quero deixar claro. Quando eu


falei lá, limitei entre 30, pode ser que a metade disso seja realmente para pagar alguma
coisa. Mas, com certeza, a maioria não era só para pagar alguma coisa.
Vamos ser honestos. Quando eu me posicionei aqui, eu me posicionei com a
verdade. Então, o que espero de vocês é que vão se posicionar com a verdade e não
fazerem comigo, tirarem da Prefeitura de Guarulhos.
Espero o seguinte, que a gente seja honesto e verdadeiro, porque se estou
prestando serviço para o Governo do Estado, estou também prestando serviço para o PT
e lá está tudo correto. Foi ganha a licitação com 10, 15 empresas participando. Espero
que vocês entendam que se a gente está procurando a verdade, a gente tem de ouvir a
verdade aqui, independente de quem goste e quem não goste.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Me sinto contemplado


com a quarta pergunta. Vou fazer a quinta e última pergunta.
O senhor disse aqui que tem colocado essas questões, fala uma parte, não fala o
todo, para poder ficar vivo. O senhor tem receio de morrer, está sendo perseguido. O
senhor tem receio de sofrer algum tipo de violência, sente algum tipo de perseguição?

O SR. ANDY ROBERTO GURCZYNSKA – Para eu chegar nesse nível, é


porque realmente aconteceu. Só que não posso delimitar quem foi mandante.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Me sinto


contemplado.
Mais algum Deputado? (Pausa) Pela ordem o Deputado Antonio Mentor.

O SR. ANTONIO MENTOR – PT – Sr. Presidente, o depoente fez afirmações


importantes para a CPI. Uma delas diz respeito a empresas de sócios da Bancoop que
123

tinham relações comerciais, prestavam serviços, forneciam materiais para a Bancoop. O


senhor revelou aqui o nome de três. O senhor disse que eram quatro e disse o nome de
três.
Quem eram os sócios que faziam parte dessas empresas e que eram diretores da
Bancoop?

O SR. ANDY ROBERTO GURCZYNSKA – Vou falar para o senhor o que eu


ouvia na conversa entre todos ali, quando a gente ia para a Mirante, que tinha o
churrasco.
Conservix, participava o diretor que não lembro o nome, mas posso dar uma
verificada aqui. O Marcelo Rinaldi, o Alessandro e o Luiz fizeram essas empresas para
poder estar operando dentro da Bancoop.

O SR. ANTONIO MENTOR – PT – Em nome deles mesmos?

O SR. ANDY ROBERTO GURCZYNSKA – Se não for deles, é da mulher. A


Helena Lage tinha parte, a mulher do Marcelo Rinaldi tinha parte. Era muito estranho
ele colocar no nome de uma pessoa desconhecida. Geralmente era no nome deles
mesmos.

O SR. ANTONIO MENTOR – PT – Mas nós vamos conferir para ter certeza.
Pode ser que tenha sido uma conversa da roda de churrasco, num final de semana,
tomado uma cervejinha e não corresponder, efetivamente, à verdade.
Eu gostaria, se o senhor puder nos informar, qual era a sua atividade nas suas
empresas. O que o senhor fazia, na prática, qual era o seu trabalho nas empresas?

O SR. ANDY ROBERTO GURCZYNSKA – Respondendo à primeira


pergunta, o senhor está falando que não é verdade. Eu estava presente, o senhor não
estava. Eu posso afirmar, de bate pronto, que jamais eles não seriam donos se eles não
assinassem cheque, se eles não liberassem funcionário, e eles não autorizassem
contratações, se eles não fizessem compra de equipamentos.

O SR. ANTONIO MENTOR – PT – Nós vamos conferir.


124

O SR. ANDY ROBERTO GURCZYNSKA – Isso está bem aberto para que
todos vejam, porque basta sair procurando.

O SR. ANTONIO MENTOR – PT – Para quem quer apurar a verdade, como


nós, nós vamos sair procurando.

O SR. ANDY ROBERTO GURCZYNSKA – Vocês vão achar muito fácil.

O SR. ANTONIO MENTOR – PT – A pergunta que fiz, anteriormente não


tinha feito pergunta nenhuma, só uma constatação. Eu queria saber qual era a sua
atividade nas suas empresas.

O SR. ANDY ROBERTO GURCZYNSKA – Pelo fato de eu não ter um tino


empresarial, meu tino era mais operacional, então quem ficava cuidando dessas coisas
era minha ex-esposa. Então, eu trabalhava mais no operacional e só fui tomar conta da
minha empresa em 2006, quando vi que estava quase na falência e consegui levantar de
novo, fazer o parcelamento dos débitos existentes com a Receita, com a Fazenda, com a
Prefeitura, e aí sim eu fui tomar conta e realmente vivenciar a minha empresa 100%.

O SR. ANTONIO MENTOR – PT – Isso quer dizer que o senhor ficava


também à disposição da Bancoop?

O SR. ANDY ROBERTO GURCZYNSKA – À disposição do Sr. Eduardo


Malheiro, quase praticamente de 12 a 14 horas por dia, de segunda a sexta e às vezes
aos sábados, para levar ele embora, porque ele só confiava em mim para pegar ele no
hotel, quando ele estava com a Helena Lage. Eu posso abrir, não estou quebrando sigilo,
porque a mulher dele descobriu, quando ele morreu, que ele tinha a Helena. Então,
estou falando aqui porque o sigilo foi quebrado por outra pessoa e não por mim. Se é
notório, eu posso falar.

O SR. ANTONIO MENTOR – PT – É desnecessário, mas o senhor pode. É


desnecessário o senhor faz esse comentário, mas o senhor pode fazer.
125

O SR. ANDY ROBERTO GURCZYNSKA – Se estou aqui para falar a


verdade, tenho de falar a verdade do princípio ao fim.

O SR. ANTONIO MENTOR – PT – O senhor fale a verdade quando for


perguntado. Ninguém perguntou sobre a vida particular de ninguém.

O SR. ANDY ROBERTO GURCZYNSKA – O senhor me perguntou qual a


minha função com a minha empresa.

O SR. ANTONIO MENTOR – PT – Perguntei o que o senhor fazia nas suas


empresas, só isso.

O SR. ANDY ROBERTO GURCZYNSKA – Então, eu respondi.

O SR. ANTONIO MENTOR – PT – Então o senhor deve saber nos responder,


dessas 30 vezes, que eram 70, baixou para 50, agora 30, das 30...

O SR. ANDY ROBERTO GURCZYNSKA – Eu retifiquei para deixar bem


claro o que foi 30 e o que foi...

O SR. ANTONIO MENTOR – PT – Sr. Roberto, não tem problema nenhum.


Eram 70, baixou para 50, baixou para 30.

O SR. ANDY ROBERTO GURCZYNSKA – Não houve 70. Foi de 50 a 100.

O SR. ANTONIO MENTOR – PT – De 50 a 100 eu tirei um número médio de


70, em seu benefício, aliás, para não ser 100. Era de 50 a 100, baixou para 30 e agora o
senhor nos diz que são 15, que com certeza...

O SR. ANDY ROBERTO GURCZYNSKA – Palavras do senhor. Eu não falei


15.

O SR. ANTONIO MENTOR – PT – Falou agora, ao menos 15 vezes.


126

O SR. ANDY ROBERTO GURCZYNSKA – O senhor verifica na gravação.

O SR. ANTONIO MENTOR – PT – Vou ver na gravação com toda certeza.


Pelo menos 15 vezes era para pagar conta, realmente, ou saques em dinheiro, que se
supõe que fossem saques em dinheiro para pagar despesas, etc. E as outras 15 o senhor
deixou no ar qual era a finalidade.
O senhor poderia, num esforço de memória, relacionar para nós essas vezes em
que foram feitas essas visitas ao banco e à tesouraria do banco, quem foram as pessoas
que o acompanharam, se é que o senhor estava junto, ou eram funcionários seus,
policiais fazendo bico, ou funcionários contratados pela sua empresa que faziam esse
acompanhamento, homens armados, como o senhor falou, que faziam esse
acompanhamento dessas visitas à tesouraria para retirar, supostamente, valores, ou
documentos, ou recursos, seja lá o que for? O senhor poderia fazer um esforço de
memória, porque aqui não adianta só o achismo. Eu acho que foi isso, eu acho que era
aquilo. Isso aqui ao adianta nada para nós.
Então, queria que o senhor fizesse um esforço de memória para poder comprovar
aquilo que o senhor está dizendo que acha que aconteceu. Queria que o senhor pudesse
nos ajudar nesse sentido.

O SR. ANDY ROBERTO GURCZYNSKA – Estou disposto a fazer uma


acareação com o Vaccari, se todas as vezes que eu pegava... Estou respondendo a
pergunta do senhor.

O SR. ANTONIO MENTOR – PT – O senhor não está respondendo. Eu não


falei uma palavra sobre Vaccari aqui. O senhor está fazendo sugestões.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Ele está manifestando


uma forma de comprovar. É uma opinião dele.

O SR. ANTONIO MENTOR – PT – Sr. Presidente, eu fiz uma pergunta


objetiva e não induzi ninguém à resposta.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Qual a objetividade


da pergunta?
127

O SR. ANTONIO MENTOR – PT – A pergunta é, se ele pode, num esforço de


memória, relacionar as 15, ou 30, ou 50 vezes em que funcionários dele ou ele mesmo
esteve em visita á tesouraria do banco par a retirar documentos, valores ou seja lá o que
for. Ele pode relacionar essas vezes.
E mais, se ele pode dizer quais eram essas pessoas, porque ele disse que eram
dois, sempre dois homens armados. Quem eram esses dois homens armados que faziam
esse acompanhamento através das solicitações da Bancoop.

O SR. ANDY ROBERTO GURCZYNSKA – Todas as vezes que eu fui até a


tesouraria do banco, eu fui solicitado pela Helena Lage para que fosse retirar um
representante da Bancoop que estava com determinado valor, para ser escoltado até a
base da Bancoop.
O banco fica no Viaduto do Chá e a Bancoop fica na Líbero Badaró. Não dá 200
metros, Deputado. Se não tivesse dinheiro, não precisava fazer escolta. Pelo fato de não
ter visto o que estava no envelope, na caixa, no pacote, não significa que lá não era
dinheiro. Isso não precisa eu achar.

O SR. ANTONIO MENTOR – PT – Sr. Presidente, eu não fiz essa pergunta.


Essa questão já está vencida. Ele está tangenciando a resposta.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Ele está te


respondendo, mas ele não concluiu. Ele perguntou quantas vezes o senhor acha que foi.

O SR. ANDY ROBERTO GURCZYNSKA – Três vezes por semana. Está


bom para o senhor? Três vezes por semana.

O SR. ANTONIO MENTOR – PT – Eu perguntei com quem.

O SR. ANDY ROBERTO GURCZYNSKA – Eu não vou soltar o nome das


pessoas. Se tiver sigilo de justiça eu solto. Aqui não solto.

O SR. ANTONIO MENTOR – PT – É tudo muito sigiloso.


128

O SR. ANDY ROBERTO GURCZYNSKA – Não quero prejudicar ninguém


pelo meu erro.

O SR. ANTONIO MENTOR – PT – Sr. Presidente, é uma coisa muito


nebulosa, cheia de segredos, altamente discutível, com opiniões apenas. Eu ouvi um
comentário e por isso estou repetindo aqui, alguém me falou, por isso estou repetindo
aqui, eu soube por intermédio de alguém. Não há nada de concreto.
Eu estou pedindo a ele concretamente que nos diga quantas vezes ele foi.

O SR. ANDY ROBERTO GURCZYNSKA – Está bem, Leucileno é um dos


nomes. Eu e o Leucileno, eu e o Marcelo. Vai mudar eu falar o nome ou não?

O SR. ANTONIO MENTOR – PT – Claro que vai. É apenas isso. Não é nada
de segredo. Segredos todos já passaram da hora.

O SR. ANDY ROBERTO GURCZYNSKA – A questão Deputado, eu sei me


defender. Algumas pessoas não sabem.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – De qualquer forma o


senhor é uma testemunha e esteve, está afirmando que esteve. Outras pessoas o senhor
está complementando.

O SR. ANDY ROBERTO GURCZYNSKA – Presenciei, na verdade.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Ok.


Pela ordem o Deputado Vanderlei Siraque.

O SR. VANDERLEI SIRAQUE – PT – Eu estava ouvindo ele ir retirar


pacotes, se tinha dinheiro ou não tinha dinheiro, para nós, se tinha ou não tinha, mas eu
insisto que tinha de provar se tinha ou não tinha, não é esse o nosso objeto.
O nosso objeto é saber, em se tendo dinheiro, se era destinado para questões
legais ou para alguma questão ilegal. Esse é o nosso objeto, deve ser objeto do
Ministério Público e da justiça criminal.
129

Acho que nós estamos numa polêmica, até eu acabei entrando nessa polêmica,
porque a questão, porque aí fica a insinuação, e se tivesse dinheiro, o senhor, era para
alguma questão irregular, para que eram esses pacotes?
Porque teve tanta insinuação aqui de alguns Deputados, não de V. Sa., era para
alguma questão irregular, o senhor tem conhecimento, ou não, ou não tem
conhecimento? O senhor imagina alguma coisa?

O SR. ANDY ROBERTO GURCZYNSKA – Eu prefiro me resguardar dessa


pergunta.

O SR. VANDERLEI SIRAQUE – PT – Mas o senhor tem alguma, não sabe?

O SR. ANDY ROBERTO GURCZYNSKA – Não sei te dizer. Eu posso


levantar da minha fonte e dizer numa próxima ocasião. E essa informação que eu vou
trazer pode ser um pouquinho forte.

O SR. VANDERLEI SIRAQUE – PT – Obrigado Sr. Andy. Outra coisa. Esse


Marcelo Rinaldi, ele era sócio do senhor, pelo menos informalmente, ou não?

O SR. ANDY ROBERTO GURCZYNSKA – O único sócio que tem é outra


pessoa chamada Marcelo, que é meu irmão. Se você verificar atento, Marcelo Rinaldi
não se chama Marcelo Gurcynska.

O SR. VANDERLEI SIRAQUE – PT – Ele não formou a sua empresa?

O SR. ANDY ROBERTO GURCZYNSKA – De forma alguma. O senhor está


tentando fazer eu cair em algum tipo de armadilha. Desculpe.

O SR. VANDERLEI SIRAQUE – PT – Não era sócio do senhor?

O SR. ANDY ROBERTO GURCZYNSKA – Não.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Ele já respondeu.


130

O SR. VANDERLEI SIRAQUE – PT – Outra coisa. O senhor disse que foi


grampeado. Quem grampeou o senhor e como o senhor sabe que o senhor estava
grampeado?

O SR. ANDY ROBERTO GURCZYNSKA – Eu trabalho com segurança,


Deputado.

O SR. VANDERLEI SIRAQUE – PT – E o pessoal da segurança costuma


grampear telefone de alguém?

O SR. ANDY ROBERTO GURCZYNSKA – Não, mas a gente trabalha com


empresas que vão verificar se alguma empresa está grampeada.

O SR. VANDERLEI SIRAQUE – PT – E a do senhor estava grampeada? Qual


empresa que comprovou?

O SR. ANDY ROBERTO GURCZYNSKA – Isso é uma pessoa que fez, que
verificou isso para mim, da polícia.

O SR. VANDERLEI SIRAQUE – PT – O senhor poderia juntar à CPI, porque


é importante para nós?

O SR. ANDY ROBERTO GURCZYNSKA – De forma alguma. A pessoa fez


sigilosamente, em caráter de amizade, para saber se estava ou não.

O SR. VANDERLEI SIRAQUE – PT – A polícia não pode agir com amizade.


A polícia tem de agir com o interesse público e tem de prestar...
Qual foi o policial que disse que estava grampeado, porque a Polícia é do
Estado.

O SR. ANDY ROBERTO GURCZYNSKA – Quem disse que foi Polícia Civil
ou militar?

O SR. VANDERLEI SIRAQUE – PT – O senhor disse que foi um policial.


131

O SR. ANDY ROBERTO GURCZYNSKA – Foi policial, mas não disse qual.

O SR. VANDERLEI SIRAQUE – PT – Mas qual policial, civil ou militar?

O SR. ANDY ROBERTO GURCZYNSKA – Não vou abrir, Deputado.

O SR. VANDERLEI SIRAQUE – PT – Sr. Presidente, nós estamos numa CPI.

O SR. ANDY ROBERTO GURCZYNSKA – Estou preservando a minha


fonte. Estou no meu direito.

O SR. VANDERLEI SIRAQUE – PT – Então tem pessoas da Polícia Civil ou


Militar que fazem?

O SR. ANDY ROBERTO GURCZYNSKA – Por que o senhor não faz um


requerimento?

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – O depoente


respondem a sua pergunta dizendo o seguinte, que ele foi grampeado e o senhor
perguntou quem está dizendo isso para o senhor. O senhor poderia responder?

O SR. ANDY ROBERTO GURCZYNSKA – Não.

O SR. VANDERLEI SIRAQUE – PT – Ele disse que foi um policial. Acho


que seria interessante verificar, porque não sabia que a polícia fazia trabalhos
particulares.

O SR. ANDY ROBERTO GURCZYNSKA – Mas o Freud Godoy faz. Ele tem
500 mil e faz.

O SR. VANDERLEI SIRAQUE – PT – Foi dito que é policial e nós temos de


pedir à Secretaria de Segurança Pública.
132

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Acho que a gente


pode tentar contribuir com essa questão, se ela é relevante, talvez realmente...

O SR. ANDY ROBERTO GURCZYNSKA – Ele faz uma verificação se foi ou


não grampeado...

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Com a palavra o


Deputado Vanderlei Siraque.

O SR. VANDERLEI SIRAQUE – PT – Acho que ninguém pode grampear


ninguém, não pode quebrar sigilo fiscal, sigilo telefônico, a não ser através de
autorização judicial.
Agora, se tem policial que verifica isso de forma particular, ou se faz, acho que é
grave. Não é objeto desta CPI, mas é grave.
Uma outra questão Sr. Presidente, perguntando ao depoente, o senhor tem
bronca do Partido dos Trabalhadores?

O SR. ANDY ROBERTO GURCZYNSKA – De forma alguma. Quem está


tentando jogar eu contra o partido são vocês três. Na verdade vocês dois, porque o do
meio, praticamente, sempre...

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Sr. Andy, só um


minutinho.

O SR. VANDERLEI SIRAQUE – PT – Sr. Presidente, respeito, Sr. Presidente.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Deputado Vanderlei


Siraque, o senhor fez uma pergunta.

O SR. VANDERLEI SIRAQUE – PT – Pela ordem. Eu fiz uma pergunta e


quero uma resposta. O senhor tem bronca de algum partido?

O SR. ANDY ROBERTO GURCZYNSKA – Falei que não. Eu sou anti-


partidário, eu não tenho filiação a nenhum partido.
133

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Deputado, ele


respondeu que não, e ele quis explicar um pouco mais que isso. Mas tudo bem, se o
senhor não quer as explicações, tudo bem.

O SR. VANDERLEI SIRAQUE – PT – Sr. Presidente, será que eu vou ter de


chamar a Comissão de Prerrogativas da Assembleia, Sr. Presidente?

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Ele quer a resposta,


sim ou não?

O SR. ANDY ROBERTO GURCZYNSKA – Vou responder a pergunta.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Qual a próxima


pergunta?

O SR. VANDERLEI SIRAQUE – PT – Sr. Presidente, o senhor tem de


garantir a minha prerrogativa, Sr. Presidente.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – O senhor está com a


palavra.

O SR. VANDERLEI SIRAQUE – PT – Uma outra questão, o senhor tem


alguma bronca em relação ao senhor João Vaccari Neto?

O SR. ANDY ROBERTO GURCZYNSKA – Nenhuma. Só acho que ele não


está sendo correto na relação dos cooperados com a Bancoop. E na relação que teve
com a nossa empresa.

O SR. VANDERLEI SIRAQUE – PT – Com o senhor, sempre foi correto?

O SR. ANDY ROBERTO GURCZYNSKA – Sempre foi correto.


134

O SR. VANDERLEI SIRAQUE – PT – Uma outra questão. O Sr. João


Vaccari Neto entrou com alguma interpelação judicial contra o senhor?

O SR. ANDY ROBERTO GURCZYNSKA – Entrou, e foi respondida.

O SR. VANDERLEI SIRAQUE – PT – E?

O SR. ANDY ROBERTO GURCZYNSKA – Foi respondida.

O SR. VANDERLEI SIRAQUE – PT – Sim, mas teve alguma, qual foi o


motivo?

O SR. ANDY ROBERTO GURCZYNSKA – Isso é natural de vocês.


Basicamente, vocês querem sempre, qualquer testemunha vocês querem desfazer.

O SR. VANDERLEI SIRAQUE – PT – Sr. Presidente...

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Deputado Vanderlei


Siraque, eu queria então que o senhor fizesse a pergunta objetiva e desse uma pausa
para ele responder, porque eu percebo que o senhor continha perguntando.

O SR. VANDERLEI SIRAQUE – PT – Sr. Presidente, não é mais uma


pergunta, mas tendo em vista que o depoente se sentiu ameaçado por pessoas, ele não
disse quem, nem onde, queria que o senhor, enquanto Presidente da CPI, comunicasse
ao DHPP, que é o Departamento de Proteção à Pessoa da Polícia Civil, comunicando o
fato, para que eles pudessem ouvir o Sr. Andy Roberto Gurczynska, porque nós,
enquanto Deputados, Deputado Montoro, se tem ameaças contra a pessoa, o que
compete à Assembleia Legislativa é comunicar ao órgão competente, porque nós não
temos essa condição, nem enquanto Assembleia e nem enquanto CPI.
Eu acho que é extremamente grave, acho que qualquer cidadão tem o direito, e
pediria que fosse comunicado ao DHPP por V. Exa. Obrigado.

O SR. ANDY ROBERTO GURCZYNSKA – Isso está sendo solicitado já


junto ao Ministério Público.
135

O SR. VANDERLEI SIRAQUE – PT – Mas nós também vamos solicitar e


encaminhar ao Ministério Público.

O SR. WALDIR AGNELLO – PTB – Um aparte, Deputado?

O SR. VANDERLEI SIRAQUE – PT – Sim.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Pediria que o


Deputado Montoro me substituísse por apenas três minutos na Presidência.

O SR. WALDIR AGNELLO – PTB – Posso ter o aparte que o Deputado


Siraque me concedeu?

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Sim.

* * *

Assume a Presidência o Sr. Ricardo Montoro.

* * *

O SR. WALDIR AGNELLO – PTB – Sr. Andy, o senhor disse à CPI o nome
de dois funcionários que o acompanharam nessas idas até o banco. O senhor poderia
repetir o nome desses dois funcionários?

O SR. ANDY ROBERTO GURCZYNSKA – Marcelo e Leucileno.

O SR. WALDIR AGNELLO – PTB – Foram seus funcionários ou são seus


funcionários?

O SR. ANDY ROBERTO GURCZYNSKA – Foram meus funcionários.


136

O SR. WALDIR AGNELLO – PTB – Mais uma pergunta. Uma vez que vocês
acompanhavam algum funcionário da Bancoop nessas retiradas, o senhor era acionado
por uma secretária e então o senhor, prontamente, junto com a sua equipe, ia
acompanhar esse funcionário. A pessoa da Bancoop, sempre tinha uma pessoa da
Bancoop fazendo a transação na tesouraria do banco, é isso, ou vocês mesmos que
faziam a transação?

O SR. ANDY ROBERTO GURCZYNSKA – Algumas vezes, não dá para


salientar a quantidade de vezes, a gente foi buscar diretamente envelope lá sem ter
ninguém. Ia eu e mais um buscar o envelope, mas a maioria, vamos colocar que 80%,
era feito com uma pessoa já pronta para sair de lá de dentro e a gente só escoltar.

O SR. WALDIR AGNELLO – PTB – Essa pessoa, Sr. Andy, era funcionário
da Bancoop?

O SR. ANDY ROBERTO GURCZYNSKA – Era funcionário da Bancoop.

O SR. WALDIR AGNELLO – PTB – O nome dessa pessoa?

O SR. ANDY ROBERTO GURCZYNSKA – Não tenho o nome, preciso


verificar. Não tenho. Faz muito tempo. De 2002 a 2004, se eu for lembrar, 2002 a 2004
é um período longo, quase seis anos.

O SR. WALDIR AGNELLO – PTB – Para a gente pegar o fio da meada, um


nome, para nós.

O SR. ANDY ROBERTO GURCZYNSKA – Não lembro. Estaria sendo


leviano se falasse o nome aqui.

O SR. WALDIR AGNELLO – PTB – O senhor é uma pessoa que está


demonstrando, não só cooperar, mas que tem uma memória muito boa. É importante
nós termos o nome de um funcionário
137

O SR. ANDY ROBERTO GURCZYNSKA – Mas eu preciso ter a verdade


como prioridade. Se eu falar um nome, e aquela pessoa fez uma ou duas idas e depois
chegar aqui e falar que não é verdade.

O SR. WALDIR AGNELLO – PTB – Um nome apenas, de um funcionário da


Bancoop?

O SR. ANDY ROBERTO GURCZYNSKA – A Helena Lage era uma delas.


Muitas vezes eu tinha de ir buscar ela.

O SR. WALDIR AGNELLO – PTB – O senhor pode repetir?

O SR. ANDY ROBERTO GURCZYNSKA – Helena Lage.

O SR. WALDIR AGNELLO – PTB – Essa pessoa estava na tesouraria e ela é


quem portava esse pacote?

O SR. ANDY ROBERTO GURCZYNSKA – Posso falar dela, porque ela


quem dava a ordem e muitas vezes ela estava lá também.

O SR. WALDIR AGNELLO – PTB – Além dela havia outras pessoas que o
senhor vai tentar se lembrar?

O SR. ANDY ROBERTO GURCZYNSKA – Outros subalternos, que não


lembro aqui. O nosso foco, só tínhamos três andares, o quinto, o décimo e o décimo
primeiro.

O SR. WALDIR AGNELLO – PTB – No prédio da Bancoop?

O SR. ANDY ROBERTO GURCZYNSKA – Isso. A gente ficava no décimo


andar. Então, no décimo andar ficava a Presidência e algumas pessoas do décimo
primeiro, do quinto. Eu vou tentar, com os meus contatos, verificar, mas nem sempre
vou conseguir os nomes, porque eu lembro da pessoa, da fisionomia, porém não do
nome, porque a gente só ia fazer o trabalho.
138

O SR. WALDIR AGNELLO – PTB – Como bom fisionomista, se essas


pessoas estivessem numa sala, o senhor reconheceria?

O SR. ANDY ROBERTO GURCZYNSKA – Com certeza.

O SR. WALDIR AGNELLO – PTB – O senhor pensa que essas pessoas agora,
é também um palpite, uma hipótese, eram pessoas de alto escalão ou de escalão médio?

O SR. ANDY ROBERTO GURCZYNSKA – Subalternos. Como se fosse boy,


como se fosse auxiliar administrativo. São pessoas de nenhuma expressão dentro da
Bancoop. Não desmerecendo nenhuma profissão, porque todas têm seu valor.

O SR. WALDIR AGNELLO – PTB – Eram usadas para fazer o transporte


desse pacote, é isso?

O SR. ANDY ROBERTO GURCZYNSKA – Quando falo pacote, mas muitas


vezes era envelope de médio porte, A4. Falo pacote numa definição geral da situação.

O SR. VANDERLEI SIRAQUE – PT – Terminou o aparte? Eu dei um aparte.

O SR. PRESIDENTE RICARDO MONTORO – PSDB – Continua com a


palavra.

O SR. VANDERLEI SIRAQUE – PT – Sr. Andy, o senhor fez algum boletim


de ocorrência com relação às ameaças?

O SR. ANDY ROBERTO GURCZYNSKA – Esta semana vou me encontrar


com o José Carlos Blat e vou pedir uma situação para ele, que não cabe falar aqui, para
que ele peça à Polícia Federal autorização desse tipo de situação, para eu poder ficar
mais tranquilo.

O SR. VANDERLEI SIRAQUE – PT – Mas o senhor não fez, nunca fez um


B.O.?
139

O SR. ANDY ROBERTO GURCZYNSKA – Como vou fazer um B. O. para


um fantasma que não sei quem é, não vi quem é? Fica difícil.

O SR. VANDERLEI SIRAQUE – PT – Então é uma ameaça, como o senhor


falou, subentendida?

O SR. ANDY ROBERTO GURCZYNSKA – Ameaça velada. Vamos colocar


dessa forma. Não está bem claro.

O SR. VANDERLEI SIRAQUE – PT – O senhor se sente ameaçado? Não


existe nada de concreto?

O SR. ANDY ROBERTO GURCZYNSKA – Eu não posso induzir a erro de


falar, porque estou fazendo um depoimento contra esse partido ou aquele, que sejam
eles. Podem ser outras pessoas.

O SR. VANDERLEI SIRAQUE – PT – Obrigado Sr. Andy.

O SR. PRESIDENTE RICARDO MONTORO – PSDB – Com a palavra o


Deputado Vicente Cândido.

O SR. VICENTE CÂNDIDO – PT – Sr. Presidente, eu confesso que o Sr.


Andy traz aqui uma forma bastante inusitada de prática de irregularidade, ou de
corrupção, de caixa dois e o que for aí classificado, porque é natural, pela experiência
das investigações, de quem já investigou e de quem acompanha pela imprensa, de que
você repassa dinheiro de nota superfaturada, ou seja, você prestou serviço de X,
mandam colocar mais algum Y e devolve a diferença. Ainda mais se tratando de uma
cooperativa que movimentava valores altos, que tinha cooperados, vários sócios.
E o depoente traz uma forma que ainda me deixa muito intrigado. Ou seja, eu
emito uma nota de três mil, a empresa deposita na minha conta, gratuitamente, 10 vezes
o valor e eu devolvo essa diferença.
140

Eu nunca vi isso em nenhum depoimento nas CPIs nesta Casa, no Congresso


Nacional, esse tipo de prática. Para não ficar só nas palavras, o senhor fez um
depoimento ao Ministério Público.
Que tipo de comprovação o senhor está remetendo ao Ministério Público que o
senhor possa remeter à CPI, dessa prática?

O SR. ANDY ROBERTO GURCZYNSKA – Meu sigilo bancário, que já


deixei aberto integralmente, para demonstrar o que entrou, o que saiu, para onde foi e
que eu não peguei esse dinheiro para mim.

O SR. VICENTE CÂNDIDO – PT – O senhor não levou ainda, só colocou à


disposição, é isso? O senhor pode trazer para nós, por exemplo, a nota?

O SR. ANDY ROBERTO GURCZYNSKA – É mais fácil você quebrar o


sigilo porque tem algumas contas que não existem mais abertas. Se eu for pedir para o
banco, vai demorar. Se você quebrar o sigilo, o Banco Central vai te mandar tudo que
tem na mão, toda a minha parte fiscal desde que eu nasci. Pelo CPF e CNPJ vai aparecer
tudo.
Essas notas foram depositadas na minha conta pessoal e depois eu repassava.

O SR. VICENTE CÂNDIDO – PT – O senhor colocou o sigilo à disposição. O


senhor não levou os documentos, extratos bancários, as notas e depósitos ao Ministério
Público?

O SR. ANDY ROBERTO GURCZYNSKA – Deixei aberto o sigilo para que


verificassem. Não tem porque eu levar, porque algumas contas já estão encerradas faz
certo tempo.

O SR. VICENTE CÂNDIDO – PT – O Ministério Público já está de posse


desses documentos?

O SR. ANDY ROBERTO GURCZYNSKA – Não sei te dizer. Teria de


perguntar para ele.
141

O SR. VICENTE CÂNDIDO – PT – Ele está requisitando esses documentos


para comprovar esse valor de depósito com esse valor de nota?

O SR. ANDY ROBERTO GURCZYNSKA – Para comprovar o depoimento,


deixei aberto o sigilo, para comprovar a qualquer momento.

O SR. PRESIDENTE RICARDO MONTORO – PSDB – Deputado Antonio


Mentor.

O SR. ANTONIO MENTOR – PT – Sr. Presidente, quero saudá-lo. Pela


primeira vez o vejo Presidindo os nossos trabalhos, o que é uma alegria para nós, por
ser V. Exa. um homem absolutamente ponderado e nos dá bastante segurança na
condução desta CPI.
Sr. Presidente, gostaria de saber do depoente se ele sabe nos dizer quem foi a
pessoa que fez a verificação dos grampos nos seus telefones?

O SR. ANDY ROBERTO GURCZYNSKA – Não sei.

O SR. ANTONIO MENTOR – PT – Novamente, Sr. Presidente, o depoente


está caindo em contradição. Há pouco ele nos disse...

O SR. ANDY ROBERTO GURCZYNSKA – Posso retificar meu depoimento


antes de terminar.

O SR. ANTONIO MENTOR – PT – Um momento.

O SR. PRESIDENTE RICARDO MONTORO – PSDB – Com a palavra o


Deputado Mentor.

O SR. ANTONIO MENTOR – PT – Há pouco, Sr. Presidente, ele nos disse


que sabia quem era, nos disse que era um policial, e agora diz que não sabe. Quero saber
se agora ele está mentindo ou se mentiu anteriormente? Porque nas duas hipóteses, pelo
Regimento Interno da Casa e a Legislação que rege esta CPI, que vou passar a ler, “o
142

depoente não pode se furtar a falar sobre o que sabe, não pode negar ou calar a
verdade”, portanto não pode fazer afirmação falsa, sob pensa de cometer crime.
Eu gostaria que o Presidente alertasse o depoente sobre o juramento que o
depoente prestou ao início das suas declarações, para que ele nos diga se ele está
mentindo agora ou se mentiu anteriormente, quando afirmou que sabia quem era e disse
que não falaria o nome. Ele não pode se furtar dessa maneira.

* * *

Assume a Presidência o Sr. Samuel Moreira.

* * *

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Se o senhor realmente


sabe, se lembra, gostaria que o senhor...

O SR. ANDY ROBERTO GURCZYNSKA – Na verdade vou retificar da


seguinte forma. Eu solicitei a um amigo que fizesse uma verificação se o meu Nextel,
meu celular, estava grampeado. Ele só falou que estava. O que ele fez ou deixou de
fazer, não sei.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – E quem é essa


pessoa?

O SR. ANDY ROBERTO GURCZYNSKA – Se tiver sigilo de justiça, porque


não tem sigilo aqui. Não posso abrir, para não prejudicar ele. Não sei nem se ele fez.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Não vai prejudicar


ele.

O SR. ANDY ROBERTO GURCZYNSKA – Jarbas é o nome dele, Jarbas.

O SR. ANTONIO MENTOR – PT – Jarbas do quê?


143

O SR. ANDY ROBERTO GURCZYNSKA – Não sei o sobrenome.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Ele está dizendo que


não sabe o sobrenome dele.

O SR. ANTONIO MENTOR – PT – Ele é um policial?

O SR. ANDY ROBERTO GURCZYNSKA – Que eu saiba, sim.

O SR. ANTONIO MENTOR – PT – Policial Civil ou Militar?

O SR. ANDY ROBERTO GURCZYNSKA – Civil.

O SR. ANTONIO MENTOR – PT – Presta serviços aonde?

O SR. ANDY ROBERTO GURCZYNSKA – Não sei informar ao senhor.

O SR. ANTONIO MENTOR – PT – Na época, aonde ele prestava serviços?

O SR. ANDY ROBERTO GURCZYNSKA – Não sei informar ao senhor.

O SR. ANTONIO MENTOR – PT – Ele é seu amigo?

O SR. ANDY ROBERTO GURCZYNSKA – Um conhecido meu. Temos


negócios em comum.

O SR. ANTONIO MENTOR – PT – Que negócios o senhor tem em comum


com o Sr. Jarbas?

O SR. ANDY ROBERTO GURCZYNSKA – Ele é síndico de um condomínio


onde a gente toma conta.

O SR. ANTONIO MENTOR – PT – Qual o condomínio?


144

O SR. ANDY ROBERTO GURCZYNSKA – Não posso falar essa


informação.

O SR. ANTONIO MENTOR – PT – Claro que pode. Não é que o senhor pode
ou não pode.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Deputado Antonio


Mentor, só uma observação.
Se o senhor sabe, o senhor é obrigado a falar.

O SR. ANDY ROBERTO GURCZYNSKA – Não significa que ele fez. Eu só


perguntei e ele falou que estava.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – É que ele estava


perguntando se o senhor sabe onde mora. Se o senhor sabe onde ele mora, o senhor
poderia dizer. Não significa que vá ter...

O SR. ANDY ROBERTO GURCZYNSKA – Na Mooca.

O SR. ANTONIO MENTOR – PT – Em qual condomínio?

O SR. ANDY ROBERTO GURCZYNSKA – Itaparica.

O SR. ANTONIO MENTOR – PT – Sr. Jarbas, que mora no Condomínio


Itaparica, lhe disse que o seu telefone estava grampeado. E a partir daí...

O SR. ANDY ROBERTO GURCZYNSKA – Gostaria que o senhor fizesse


uma solicitação para verificar se meus telefones estão grampeados ou não, para ter
certeza absoluta.

O SR. ANTONIO MENTOR – PT – A partir daí o senhor chegou à conclusão


que a sua vida estava sob ameaça, a partir da verificação?
145

O SR. ANDY ROBERTO GURCZYNSKA – Não. Eu fui seguido, teve


tentativa de emboscada em determinada estrada do Estado de São Paulo.

O SR. ANTONIO MENTOR – PT – Qual estrada?

O SR. ANDY ROBERTO GURCZYNSKA – D. Pedro.

O SR. ANTONIO MENTOR – PT – Quando?

O SR. ANDY ROBERTO GURCZYNSKA – Faz uns dois meses e meio.

O SR. ANTONIO MENTOR – PT – Como foi isso? Relata para nós aqui, para
nós sabermos. Nós queremos defender a sua ecolomidade.

O SR. ANDY ROBERTO GURCZYNSKA – Estava seguindo com meu carro


e eu tenho o hábito, por cursos, situações, verificar, nunca paro no mesmo lugar, sempre
saio e paro em vários lugares, e senti que estava sendo seguido. E alternava, carro,
moto, van.
Quando eles sentiram que eu tinha visto eles, eles tentaram me abordar, e aí eu
usei as técnicas que eu sabia.

O SR. ANTONIO MENTOR – PT – Que altura da D. Pedro o senhor estava?

O SR. ANDY ROBERTO GURCZYNSKA – Um pouco antes do posto que


tem, você passa o posto policial, saindo da Fernão Dias, sentindo Jacareí.

O SR. ANTONIO MENTOR – PT – O senhor podia nos dizer, o senhor estava


vindo de onde, indo para onde?

O SR. ANDY ROBERTO GURCZYNSKA – Aí é uma coisa pessoal minha,


que não posso falar.

O SR. ANTONIO MENTOR – PT – O senhor pode sim. Não só pode, como


deve.
146

O SR. ANDY ROBERTO GURCZYNSKA – Estava a trabalho, indo fazer


uma verificação numa cidade, fazer uma vistoria.

O SR. ANTONIO MENTOR – PT – Qual a cidade que o senhor estava saindo


e para onde estava indo?

O SR. ANDY ROBERTO GURCZYNSKA – Saindo de Joanópolis e vindo


para São Paulo.

O SR. ANTONIO MENTOR – PT – Mas o senhor estava na pisa de Jacareí,


vindo para São Paulo?

O SR. ANDY ROBERTO GURCZYNSKA – É simples, Deputado. Eu falo o


dia e o senhor verifica junto à operadora do radar, no meu GPS do meu carro, o senhor
verifica.

O SR. ANTONIO MENTOR – PT – Vou continuar fazendo as perguntas e vou


chegar à data também.
É que o senhor disse agora que o senhor estava na pista em direção a Jacareí e
em seguida o senhor disse que estava indo para São Paulo. Eu fiquei confuso, apenas
isso.

O SR. ANDY ROBERTO GURCZYNSKA – Quando você sai de São Paulo


para outra cidade, você está na pista sentido interior. Quando você está voltando, você
está sentido interior/São Paulo. Para eu poder escapar, eu tive de fazer uma manobra e
voltar na outra pista, entendeu agora?

O SR. ANTONIO MENTOR – PT – Então foi uma manobra que o senhor fez
para escapar da perseguição?

O SR. ANDY ROBERTO GURCZYNSKA – Sim.


147

O SR. ANTONIO MENTOR – PT – Qual era o veículo que estava


perseguindo o senhor?

O SR. ANDY ROBERTO GURCZYNSKA – Uma moto, um veículo tipo um


sedã preto e tinha mais um veículo como se fosse um microônibus.

O SR. ANTONIO MENTOR – PT – Três veículos.

O SR. ANDY ROBERTO GURCZYNSKA – No jargão nosso significa,


quando você está perseguindo uma pessoa, se você vai só com um carro você é
detectado rapidamente. Se você troca as posições, você não fica visível. Só que para
quem já tem treinamento, sabe que está sendo seguido.

O SR. ANTONIO MENTOR – PT – O senhor, com o treinamento que o


senhor já tem, sabe identificar, pelo menos, a cor, o modelo desses carros e dessa moto,
que estavam seguindo o senhor, ou não?

O SR. ANDY ROBERTO GURCZYNSKA – Sim.

O SR. ANTONIO MENTOR – PT – Poderia falar?

O SR. ANDY ROBERTO GURCZYNSKA – É uma moto de 150 cilindradas.


Isso posso dizer porque ela era alta, não era baixinha, e o carro deveria ser ou um
Chevrolet ou um Meriva, porque tinha um símbolo e era preto, não deu para eu ver
porque estava a uma certa distância e estava mais preocupado em sair da situação. E o
motoqueiro já estava pronto para fazer a abordagem quando eu inverti e passei para a
outra pista.

O SR. ANTONIO MENTOR – PT – O senhor passou para a outra pista pelo


canteiro central? E aí eles desistiram?

O SR. ANDY ROBERTO GURCZYNSKA – Eles sentiram que eu já estava


abordado, já chamei meu irmão, já passei algumas informações para ele.
148

O SR. ANTONIO MENTOR – PT – Ali também há um posto, próximo, da


Polícia Rodoviária.

O SR. ANDY ROBERTO GURCZYNSKA – Sete quilômetros.

O SR. ANTONIO MENTOR – PT – O senhor foi lá, avisou a Polícia


Rodoviária que aqueles veículo estavam em perseguição ao senhor, que a sua vida
estava em risco?

O SR. ANDY ROBERTO GURCZYNSKA – A partir do momento em que eu


saí daquela situação, eu já estava precavido a receber a reação, entendeu. Enquanto eu
estava sendo seguido, eu era alvo, porque eu estava na frente. A partir do momento em
que eu passei para o outro lado, se tivesse de vir, eles teriam de vir de frente, e aí eu
estava preparado.

O SR. ANTONIO MENTOR – PT – Porque qualquer pessoa, qualquer


cidadão...

O SR. ANDY ROBERTO GURCZYNSKA – É que cada um tem um


treinamento. O meu treinamento diz: Se defenda primeiro e se protege depois.

O SR. ANTONIO MENTOR – PT – Mas ainda uma pessoa com treinamento,


experiência, que o senhor já demonstrou aqui no seu depoimento, várias vezes falando
sobre isso, seguramente o senhor ia se dirigir imediatamente à polícia para relatar o
ocorrido. O senhor não fez isso.

O SR. ANDY ROBERTO GURCZYNSKA – Tem certas coisas que não tem
como explicar para o senhor. Eu tenho a minha forma de agir, a minha forma de
trabalho. A partir do momento que eu sofri esse possível atentado, ou poderia ser um
roubo, mas é muito difícil um roubo com três carros em andamento. Então ficou bem
claro para mim que não era só isso.
E como inimigo todo mundo tem, eu não saberia qual deles.
149

O SR. ANTONIO MENTOR – PT – Ainda, novamente, agora para finalizar,


Sr. Presidente, o dia, a data completa dessa ocorrência?

O SR. ANDY ROBERTO GURCZYNSKA – Não tenho isso na memória.

O SR. ANTONIO MENTOR – PT – O senhor disse que no seu GPS,


passagens pelos pedágios, etc?

O SR. ANDY ROBERTO GURCZYNSKA – Não tem pedágio daqui para lá.
Não tem.

O SR. ANTONIO MENTOR – PT – Depois dali o senhor veio para São


Paulo?

O SR. ANDY ROBERTO GURCZYNSKA – Estava indo e aí tive de voltar.

O SR. ANTONIO MENTOR – PT – Nesse trecho, na volta, o senhor pegou


pedágio?

O SR. ANDY ROBERTO GURCZYNSKA – Não tem pedágio nessa estrada.


Fernão Dias até a D. Pedro, esse trajeto não tem pedágio.

O SR. ANTONIO MENTOR – PT – Dali o senhor pegou a Fernão Dias,


então?

O SR. ANDY ROBERTO GURCZYNSKA – Não. Saí da Fernão Dias e


peguei a D. Pedro. Estava em sentido à cidade em que ia fazer a vistoria. Tive de voltar,
não fiz a vistoria, e voltei embora para a minha residência, justamente porque estava
preocupado com essa situação.
Então, ao sair de lá e fazer esse trajeto, não tem pedágio ainda. Está em
formação o pedágio da Fernão Dias e o pedágio da D. Pedro é um pouco mais para a
frente, quase perto de Nazaré.
150

O SR. ANTONIO MENTOR – PT – O seu GPS pode nos dar essa


comprovação?

O SR. ANDY ROBERTO GURCZYNSKA – Na verdade o carro, eu posso


dar, mas eu só dou em sigilo, porque qualquer um que tiver acesso vai saber onde vou
estar.

O SR. ANTONIO MENTOR – PT – Mas essa informação, sigilosamente...

O SR. ANDY ROBERTO GURCZYNSKA – Está com a seguradora que


instalou o equipamento para rastrear o veículo, caso ele for roubado, e também por uma
questão de segurança da minha parte.

O SR. ANTONIO MENTOR – PT – Mas de forma sigilosa, e aí eu


compreendo a sua situação, de forma sigilosa o senhor nos deixa disponível o acesso a
essa informação, para que nós possamos ajudá-lo, proteger sua vida.

O SR. ANDY ROBERTO GURCZYNSKA – Não precisa. Já tomei as devidas


providências.

O SR. ANTONIO MENTOR – PT – Precisa sim. O senhor está aqui nos


dizendo que o principal objetivo do seu depoimento é proteger a sua vida e agora o
senhor diz que não precisa mais proteger sua vida?

O SR. ANDY ROBERTO GURCZYNSKA – Estou tomando as medidas junto


com o Ministério Público.

O SR. ANTONIO MENTOR – PT – Novamente em contradição.

O SR. ANDY ROBERTO GURCZYNSKA – O senhor está querendo induzir


que eu fale alguma coisa que o senhor está querendo ouvir, mas não vai conseguir.

O SR. ANTONIO MENTOR – PT – Não. Eu quero ouvir a verdade. Está


difícil, mas eu quero. Mas eu vou insistir. Novamente o seu depoimento, nessa questão,
151

cercado por várias questões nebulosas, de difícil comprovação. Evidentemente o senhor


estava sozinho, não há ninguém que pudesse ajudá-lo a testemunhar esse episódio.

O SR. ANDY ROBERTO GURCZYNSKA – O senhor está tentando fazer o


seguinte, que eu desmereça a minha palavra. Eu não vou chegar ao seu nível.

O SR. ANTONIO MENTOR – PT – Agora sou eu que estou falando.

O SR. VANDERLEI SIRAQUE – PT – Pela ordem, Sr. Presidente.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Calma.

O SR. VANDERLEI SIRAQUE – PT – Como que o depoente fala que não vai
chegar ao nível de um líder de um partido político aqui, Sr. Presidente? Isso aqui não é
uma brincadeira, Sr. Presidente.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Calma. Ele se


expressou ao nível que ele queira de argumentação.

O SR. ANTONIO MENTOR – PT – Eu vou relevar, Sr. Presidente.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Deputado Mentor, o


senhor acha que ele quis desqualificar o senhor?

O SR. ANTONIO MENTOR – PT – Absolutamente. Eu vou relevar porque eu


senti, nesta parte do depoimento, que nosso depoente se sentiu acuado, com várias
indecisões, vários aspectos nebulosos dessa suposta tentativa de ataque à pessoa dele, e
isso provavelmente deve ter provocado essa reação, que eu vou desconsiderar. Vou
desconsiderar.
Não vou, absolutamente, me rebelar em relação a essa afirmação, porque não
vale a pena. Eu compreendo perfeitamente a situação delicada em que se encontra o
nosso depoente neste momento.
Nós vamos averiguar sim. Eu quero ir a fundo, porque nós estamos em busca da
verdade e nós queremos proteger as pessoas.
152

A primeira manifestação do depoente, Sr. Presidente, aqui, foi no sentido de que


seu objetivo principal era proteger a sua vida. Aí ele nos diz que foi ameaçado porque
tinha os telefones grampeados, agora já não tem certeza se o telefone estava grampeado.
Na sequência ele nos diz que foi objeto de um ataque numa rodovia e num primeiro
momento disse que era possível verificar a veracidade dos fatos através de uma
investigação nos eu GPS, enfim, de várias formas. Terceiro, ele não se socorreu da
polícia, como qualquer cidadão comum faria num momento como esse, até porque o
estado de tensão de qualquer ser humano, numa situação como essa, Deputado Montoro,
é um estado crítico, de tensão emocional, até de descompensação emocional. Ele não,
ele ligou para o irmão. Onde estava o irmão? Estava tão perto assim que poderia ir em
socorro do depoente?
Quer dizer, um depoimento, Sr. Presidente, Srs. Deputados, cercado de aspectos
nebulosos, cercado de contradições, cercado de ilações, imaginações, de ouvir dizer.
Portanto, evidente que vai nos servir, não tenho dúvidas sobre isso, mas com as reservas
necessárias, Sr. Presidente.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Mais algum Deputado


gostaria de fazer uso da palavra? (Pausa) Então quero agradecer a presença do Sr. Andy.

O SR. ANDY ROBERTO GURCZYNSKA – Só responder ao Sr. Mentor que


não foi só uma vez só, Sr. Mentor. Deputado.

O SR. ANTONIO MENTOR – PT – Eu não tenho perguntas, Sr. Presidente.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Mas se ele quiser


prestar algum esclarecimento, não vou cerceá-lo.

O SR. ANDY ROBERTO GURCZYNSKA – Por várias vezes eu fui seguido


em São Paulo, várias vezes foram até a minha empresa, vários carros parados
verificando, tirando foto.
Quer dizer, para quem está lá...

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Tudo bem, o senhor


tem a impressão de que está sendo seguido. É uma manifestação do senhor, tudo bem.
153

O SR. ANDY ROBERTO GURCZYNSKA – Ele está querendo desqualificar


a minha palavra. Aí é a palavra dele contra a minha.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Não vamos entrar em


debate.
Quero agradecer a você.

O SR. ANDY ROBERTO GURCZYNSKA – Espero, Srs. Deputados, que


vocês não façam comigo, que façam com a minha empresa o que fizeram comigo, tentar
desmoralizar a minha empresa junto a Guarulhos.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Andy, a sua


contribuição foi muito importante. Você é uma pessoa que viveu dentro, prestando
serviços, então você é uma testemunha preciosa para nós. Muita coisa do que foi dito
aqui vai contribuir demais com as investigações. Pode ficar tranquilo, a gente só te a
agradecer a sua presença aqui. Obrigado.

O SR. ANDY ROBERTO GURCZYNSKA – Se precisar chamar para alguma


acareação, estou à disposição. Obrigado.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Obrigado pela sua


presteza conosco.
Srs. Deputados, eu não sei se partimos para o último depoimento. Pela minha
lista, falta o Valter Amaro e o Marcos. O Valter veio? Não veio ainda, então
provavelmente não virá mais. E falta o Marcos, que está presente.
Vocês querem suspender por 10 minutos para um lanche?

O SR. VICENTE CÂNDIDO – PT – Vinte minutos.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Só falta um. Não dá


para suspender por 10 minutos, para um lanche rápido, alguma coisa?
A minha sugestão era parar por 15 minutos para comer alguma coisa.
154

O SR. VICENTE CÂNDIDO – PT – Vamos resolver.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Então eu chamo aqui


o Sr. Marcos Sérgio Migliaccio, para que fique aqui ao nosso lado direito.
Passo à leitura do texto que contém o embasamento legal para a oitiva.
“O senhor foi convocado a comparecer a esta CPI, constituída pelo Ato nº 13, de
2010, com a finalidade de investigar supostas irregularidades e fraudes praticadas contra
cerca de três mil mutuários da Cooperativa Habitacional dos Bancários do Estado de
São Paulo – BANCOOP, e propor soluções para o caso. E como testemunha, com
fundamento no art. 213 e 218, ambos do Código de Processo Penal, combinado com o §
2º do art. 3º da Lei Estadual nº 11124, de 10 de abril de 2002, bem como as demais
normas constitucionais e infraconstitucionais aplicáveis à espécie, cumpre-nos adverti-
lo que deve dizer a verdade, não podendo fazer afirmações falsas, calar ou negar a
verdade a respeito dos fatos do seu conhecimento, por incorrer em crime previsto no art.
4º, inciso II da Lei Federal nº 1579, de 18 de março de 1952.”
Gostaria de me dirigir a V. Sa. para que pudéssemos fazer o termo de
qualificação. Vou perguntar ao senhor: Nome completo.

O SR. MARCOS SÉRGIO MIGLIACCIO – Marcos Migliaccio.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Idade?

O SR. MARCOS SÉRGIO MIGLIACCIO – Quarenta e cinco anos.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Estado civil?

O SR. MARCOS SÉRGIO MIGLIACCIO – Solteiro.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Endereço da


residência?

O SR. MARCOS SÉRGIO MIGLIACCIO – Avenida Guacá nº 291.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Profissão?


155

O SR. MARCOS SÉRGIO MIGLIACCIO – Técnico eletrônico.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Local de trabalho?

O SR. MARCOS SÉRGIO MIGLIACCIO – Próprio endereço da residência.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Tem algum grau de


parentesco com alguma das partes, Deputados, diretores da Bancoop?

O SR. MARCOS SÉRGIO MIGLIACCIO – Não.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Peço a V. Sa. a


gentileza de relatar o que souber, explicando sempre as razões de sua ciência ou as
circunstâncias pelas quais nós possamos avaliar a credibilidade dos fatos. Passo-lhe
também para que seja lido o termo de compromisso.

O SR. MARCOS SÉRGIO MIGLIACCIO – “Sob minha palavra de honra


prometo dizer a verdade do que souber e me for perguntado, relacionado com a
investigação a cargo desta Comissão Parlamentar de Inquérito.”

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Vou passar a palavra


a V. Sa. por aproximadamente...

O SR. VANDERLEI SIRAQUE – PT – Pela ordem, Sr. Presidente. É Marcos


ou Marcos Sérgio Migliaccio?

O SR. MARCOS SÉRGIO MIGLIACCIO – Isso.

O SR. VANDERLEI SIRAQUE – PT – Sr. Presidente, antes é uma pergunta,


porque eu li requerimento, que o senhor Marcos Sérgio Migliaccio é cooperado. Queria
saber se ele é cooperado, porque no requerimento está dito que seria ouvido o
cooperado Marcos Sérgio Migliaccio.
156

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Pela ordem o


Deputado Bruno Covas, que é o autor do requerimento e talvez possa responder melhor.

O SR. VANDERLEI SIRAQUE – PT – Não. Eu estou perguntando para ele e


não para o autor, se ele é cooperado da Bancoop.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – A pergunta é direta,


então.

O SR. VANDERLEI SIRAQUE – PT – Antes de começar, porque nós estamos


ouvindo os cooperados.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Achei que a pergunta


era para saber como ele tinha sido convocado. Se era como cooperado.
A pergunta é se você é cooperado.

O SR. VANDERLEI SIRAQUE – PT – A pergunta é objetiva. É ou não é?

O SR. MARCOS SÉRGIO MIGLIACCIO – Diretamente da Bancoop não. A


cooperada original é a minha mãe e estou representando ela aqui.

O SR. VANDERLEI SIRAQUE – PT – Tem procuração, Sr. Presidente?

O SR. MARCOS SÉRGIO MIGLIACCIO – Sim, senhor.

O SR. VANDERLEI SIRAQUE – PT – Vale depoimento por procuração?

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Tem uma procuração


aqui. Mas nós já abrimos um precedente aqui de ouvir um marido.

O SR. VANDERLEI SIRAQUE – PT – São duas questões de ordem. Uma, se


é permitido, até ouvir a Procuradoria da Casa, se é permitido depoimento por
procuração, que não conheço em nenhum lugar do mundo, mas podemos inovar aqui.
157

E outra, vou apresentar uma questão de ordem, com fundamento no art. 65, da
13ª Consolidação do Regimento Interno. “Formulamos a V. Exa. questão de ordem para
obter esclarecimentos acerca da pauta da reunião convocada para esta data. Conforme
consta da convocação, devidamente publicada, encaminhada aos membros desta CPI,
esta reunião tem por objeto, dentre outros, a oitiva do Sr. Marcos Sérgio Migliaccio, na
condição de cooperador da Bancoop. É de nosso conhecimento, entretanto, que tal fato
não corresponde à realidade, como ficou agora esclarecido pelo depoente. Entendemos
que o senhor Marcos Sérgio Migliaccio não mantém com a Bancoop qualquer relação
jurídica que justifique sua oitiva. Até por uma questão de economia processual,
requeremos, portanto, a V. Exa. que em nome da celeridade dos nossos trabalhos,
dispense o convocado dos depoimentos.”
Até porque não vejo relação com os fatos, com o objeto, e até em decorrência do
depoente não ficar mais tempo na CPI, já que entendo, nunca vi depoimento por
procuração.
Quero entregar a V. Exa. e protocolar, Sr. Presidente.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Só para esclarecer,


Deputado Vanderlei Siraque, para ver se isso contribui.
O requerimento que foi aprovado, de nº 54/2010, de autoria do Deputado
Ricardo Montoro, aprovado pelos membros desta CPI, “solicita a convocação para esta
Comissão do Sr. Marcos Sérgio Migliaccio, residente à Avenida Guacá nº 291, São
Paulo, conselheiro da Associação Edifício Cachoeira”, que é pertencente à Bancoop?

O SR. MARCOS SÉRGIO MIGLIACCIO – A Associação Cachoeira foi


instituída no Condomínio Parque Mandaqui, Edifício Cachoeira, e os dirigentes de lá
me autorizaram a falar como conselheiro em nome da associação.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Que é relacionado à


Bancoop?

O SR. MARCOS SÉRGIO MIGLIACCIO – Empreendimento Bancoop.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Associação de


membros da Bancoop?
158

O SR. MARCOS SÉRGIO MIGLIACCIO – Sim.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – O senhor é


conselheiro?

O SR. MARCOS SÉRGIO MIGLIACCIO – Isso.

O SR. VANDERLEI SIRAQUE – PT – Mas é conselheiro? Queria que lesse a


justificativa do requerimento do nobre Deputado Ricardo Montoro, a justificativa do
requerimento.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – De qualquer forma já


foi discutido e aprovado. O senhor não quer debater o requerimento de novo?

O SR. VANDERLEI SIRAQUE – PT – Não foi nem aprovado e nem rejeitado


hoje. Foi aprovado o requerimento para ouvir um cooperado.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – O senhor acha que a


partir da aprovação, não deveria convocá-lo?

O SR. VANDERLEI SIRAQUE – PT – Sr. Presidente, tem algo, não vou


explicar para o senhor, o senhor pode consultar os advogados da Casa, é que nós fomos
induzidos a convocar um cooperado e nós confiamos nos Deputados e o Deputado
também pode ter sido levado a erro.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – O senhor quer discutir


o requerimento? Acho que não é o momento.

O SR. VANDERLEI SIRAQUE – PT – Não quero discutir. Quero que o


senhor leia a justificativa, por favor.
159

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Vou atendê-lo, mas eu


vou ler para o senhor porque o senhor está pedindo e não estou vendo muita justificativa
nisso.
Pela ordem o Deputado Vicente Cândido.

O SR. VICENTE CÂNDIDO – PT – O requerimento é bem claro. Ele foi


convocado como cooperado e não é cooperado. Não existe depoimento em CPI por
procuração. Ele está vindo em outra condição, então tem erro.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Não estou vendo


nenhuma contradição no requerimento.

O SR. RICARDO MONTORO – PSDB – Nenhum empecilho.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – A justificativa pode


até ter mencionado ele como cooperado, mas a base do requerimento em aprovação diz
claramente que ele é um conselheiro da Associação Edifício Cachoeira.

O SR. VANDERLEI SIRAQUE – PT – Sr. Presidente, o motivo vincula, Sr.


Presidente.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Deputado, eu pediria


ao senhor então, que o Deputado se ativesse mais aos requerimentos, procurasse se ater
e até aprofundar nos debates. Este requerimento foi aprovado, nós vamos ouvir o
depoente e a questão de ordem será analisada, será respondida ao senhor e caso haja
alguma dificuldade, nós podemos trabalhar com a anulação do depoimento, mas não
que nós deixaremos de ouvi-lo, já que o requerimento foi aprovado.

O SR. VANDERLEI SIRAQUE – PT – Sr. Presidente, eu solicitei para o


senhor ler o motivo do requerimento, só isso.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Vou ler para o senhor.


“Tendo em vista o objeto da presente Comissão Parlamentar de Inquérito,
justifica-se a convocação do mencionado cooperado a fim de que esta Comissão possa
160

avaliar, em profundidade, eventuais danos por ele sofridos, e eventuais ônus acarretados
aos cofres públicos e aos demais cooperados e cidadãos.”

O SR. VANDERLEI SIRAQUE – PT – Então, foi convocado na qualidade de


cooperado. Esse foi o requerimento que eu ajudei a aprovar. Está escrito aí, Sr.
Presidente.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Deputado Vanderlei


Siraque, vou repetir novamente ao senhor. O requerimento que foi aprovado.

O SR. VANDERLEI SIRAQUE – PT – Averbar folen, script manen¸, Sr.


Presidente, está escrito, está permanecido.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Tem uma justificativa


que embasa os argumentos para aprovação do requerimento.
O requerimento propriamente dito diz, sobre “a convocação do Sr. Marcos
Sérgio Migliaccio, conselheiro da Associação Edifício Cachoeira”. Esse foi o
requerimento que foi aprovado, com a justificativa que é regimental. Poderia até
dispensar a justificativa.
Mas, de qualquer forma, está aprovado o requerimento.

O SR. VANDERLEI SIRAQUE – PT – Sr. Presidente, isso é comezinho na


área do direito, principalmente público. Os motivos vinculam os atos.
Eu, inclusive, não vou nem ouvir, porque acho que o senhor tem de ter mais
respeito com os Deputados desta Casa.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Eu só pediria que o


senhor, Deputado... Deputado Vanderlei Siraque, não quer ouvir?
Eu acho que o Deputado usou de um instrumento regimental, e que ele poderia
até ter sido mais transparente para derrubar o quorum. Eu acho que em função da
ausência de quorum nós não vamos poder ouvi-lo.
Pela ordem o Deputado Bruno Covas.
161

O SR. BRUNO COVAS – PSDB – Sr. Presidente, houve alguma solicitação de


verificação de presença?

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Ainda não.

O SR. BRUNO COVAS – PSDB – Então, podemos continuar.

O SR. VICENTE CÂNDIDO – PT – Presidente, o Deputado Montoro tinha


pedido a palavra.

O SR. RICARDO MONTORO – PSDB – Eu queria deixar claro o seguinte. Já


houve nesta CPI o escritor Loyola Brandão também que estava representando a mãe.

O SR. VICENTE CÂNDIDO – PT – Esposa.

O SR. RICARDO MONTORO – PSDB – Acho que se prender a um detalhe, o


senhor Marcos Migliaccio é mais do que um cooperado, ele representa uma associação
de cooperados. A contribuição que ele pode dar à CPI, esclarecendo alguns fatos, é
muito grande, até mais do que de um cooperado.
Portanto, se nós estamos a fim de realmente verificarmos e realmente irmos a
fundo com esses depoimentos que cada vez estão surgindo, acho que essa CPI vai
perder muito se não puder ouvir uma pessoa que representa uma associação de
cooperados.
Para o bem da CPI acho que nós devemos iniciar imediatamente a oitiva, Sr.
Presidente.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Eu acho que nós já


constatamos aqui uma ausência de quorum manifestada por mim, e eu vou me permitir,
em função dessa ausência de quorum, não proceder à nossa sessão.
Acho que há uma ausência de quorum, foi derrubado o quorum, mas nós não
abriremos mão de ouvi-lo, dentro da nossa convicção de que houve um requerimento
aprovado e passaremos a ouvi-lo simplesmente numa outra sessão.
162

O SR. MARCOS SÉRGIO MIGLIACCIO – Por mim não tem problema


nenhum.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Não havendo mais


quorum regimental, declaro encerrada a nossa reunião, lembrando a todos que na
próxima terça-feira, dia primeiro, estaremos todos novamente convocados para a
reunião da CPI da Bancoop.

* * *

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