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Aos vinte e cinco dias do mês de maio de dois mil e dez, às onze horas, no Plenário
"D. Pedro I" da Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo, realizou-se a Oitava
Reunião da Comissão Parlamentar de Inquérito constituída pelo ato nº 13, de 2010,
com a finalidade de "investigar supostas irregularidades e fraudes praticadas contra
cerca de três mil mutuários da Cooperativa Habitacional dos Bancários do Estado de
São Paulo - BANCOOP, e propor soluções para o caso", da Quarta Sessão
Legislativa, da Décima Sexta Legislatura, sob a presidência do Deputado Samuel
Moreira. Presentes os Senhores Deputados Bruno Covas, Ricardo Montoro,
Vanderlei Siraque, Vicente Cândido, Waldir Agnello, Roberto Morais (efetivos), e
João Barbosa (substituto eventual, durante o decorrer da reunião). Também
presentes no decorrer da reunião o Senhores Deputados Celso Giglio e Antonio
Mentor. Ausentes os Senhores Deputados Estevam Galvão e Chico Sardelli.
Havendo número regimental, o Senhor Presidente declarou abertos os trabalhos da
reunião e solicitou à secretária a leitura da ata da reunião anterior, que foi
dispensada a pedidos e considerada aprovada. Em seguida, procedeu a verificação
de presença dos convocados e constatou que estavam ausentes os Senhores Andy
Roberto Gurczynska e Valter Amaro da Silva, razão pela qual o Senhor Presidente
optou por ouvir primeiramente o cooperado Adalberto dos Santos Joaquim, que
após tomar assento à mesa apresentou sua qualificação e fez o compromisso de
nada ocultar do que soubesse sobre o objeto desta Comissão Parlamentar de
Inquérito. Após o compromisso, o depoente fez um breve relato referente ao seu
problema junto à BANCOOP, que se referia a uma diferença entre o depósito
realizado pela Caixa Econômica Federal e o valor acusado como recebimento pela
Cooperativa. Para comprovar entregou cópia do extrato de sua conta de FGTS onde
consta a liberação no valor de R$ 11.458, 59 (onze mil quatrocentos e cinquenta e
oito reais e cinquenta e nove centavos) referentes à liberação do FGTS em
construção do empreendimento Horto Florestal, transferido à BANCOOP em
04/07/2003. Todavia o Relatório de Créditos para Imposto de Renda fornecido pela
BANCOOP informa ter recebido na data citada o valor de R$ 4.077, 56 (quatro mil e
setenta e sete reais e cinquenta e seis centavos). Declarou que tal fato foi relatado
ao Ministério Público e que também aderiu à ação judicial que a Associação dos
Moradores move contra a cobrança do resíduo apresentada pela cooperativa. Em
seguida, foi convidado o Senhor Oscar Militão da Costa Júnior, também cooperado,
para tomar assento à mesa e apresentar sua qualificação e prestar o compromisso.
O Senhor Oscar estava acompanhado de seu advogado, Doutor Otávio Vargas
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Presidente
Secretária - ATL
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BANCOOP
25/05/2010
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BANCOOP
Vamos começar então invertendo a ordem das oitivas, ouvindo os que estão
presentes neste momento. Vamos ouvir o Sr. Adalberto dos Santos Joaquim. Pediria que
o senhor se sentasse aqui do nosso lado direito para que nós pudéssemos ouvi-lo.
Passo à leitura do texto que contém o embasamento legal para a oitiva.
“O senhor foi convocado a comparecer a esta CPI, constituída pelo Ato nº 13, de
2010, com a finalidade de investigar supostas irregularidades e fraudes praticadas contra
cerca de três mil mutuários da Cooperativa Habitacional dos Bancários do Estado de
São Paulo – BANCOOP, e propor soluções para o caso. E como testemunha, com
fundamento no art. 213 e 218, ambos do Código de Processo Penal, combinado com o §
2º do art. 3º da Lei Estadual nº 11124, de 10 de abril de 2002, bem como as demais
normas constitucionais e infraconstitucionais aplicáveis à espécie, cumpre-nos adverti-
lo que deve dizer a verdade, não podendo fazer afirmações falsas, calar ou negar a
verdade a respeito dos fatos do seu conhecimento, por incorrer em crime previsto no art.
4º, inciso II da Lei Federal nº 1579, de 18 de março de 1952.”
Gostaria de me dirigir a V. Sa. para que pudéssemos fazer o termo de
qualificação. Vou perguntar ao senhor: Nome completo.
O SR. BRUNO COVAS – PSDB – Bom dia Sr. Adalberto, bom dia Deputados
que estão presentes a esta sessão da CPI. Gostaria de agradecer a presença de V. Sa.
nesta Comissão e vamos então começar a história desde o início.
Como o senhor conheceu a Bancoop?
O SR. BRUNO COVAS – PSDB – Qual era o valor inicial, quando o senhor
assinou o contrato?
O SR. BRUNO COVAS – PSDB – Então o senhor foi pagando a partir de 1998
e a partir de 2001 o senhor passou a utilizar o fundo de garantia. Como foi essa
autorização, o senhor precisou pagar uma taxa? Como foi feita essa operação de
utilização de fundo de garantia?
O SR. BRUNO COVAS – PSDB – Em 2002 o senhor quitou tudo que tinha?
O SR. ADALBERTO DOS SANTOS JOAQUIM – Não. Foi assim, para eles
me liberarem o uso do apartamento, como havia prestações a serem pagas, eu tive de
preencher algumas promissórias sobre o restante. Quando eu quitei isso, eles me
devolveram e carimbaram liquidado. Eu considerava isso encerrado.
O SR. BRUNO COVAS – PSDB – E o senhor disse que em 2003, mesmo após
essa quitação de 2002, o recurso do FGTS continuava sendo utilizado?
O SR. BRUNO COVAS – PSDB – O senhor disse que a Caixa lhe deu um
extrato dizendo que pagou R$ 11.458.59 para a Bancoop.
O SR. BRUNO COVAS – PSDB – Ela havia pago até essa data ou no dia 4 de
julho ela depositou?
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O SR. BRUNO COVAS – PSDB – Até 4 de julho de 2003 ela retirou 11 mil
reais em várias parcelas e pagou à Bancoop e a Bancoop alega só ter recebido R$
4.077,00?
O SR. BRUNO COVAS – PSDB – O senhor entrou com alguma ação judicial
contra a Bancoop?
O SR. BRUNO COVAS – PSDB – Essa ação conjunta é para discutir o quê?
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O SR. ROBERTO MORAIS – PPS – Bom dia a todos, bom dia Sr. Adalberto.
O senhor está residindo no apartamento?
O SR. ROBERTO MORAIS – PPS – O senhor disse que para mudar para o
apartamento, teoricamente o senhor teria quitado e assinou algumas promissórias?
O SR. ADALBERTO DOS SANTOS JOAQUIM – Não, por isso nós fomos
até o Ministério Público para tentar ver.
O SR. ADALBERTO DOS SANTOS JOAQUIM – Não. Esse valor agora foi
gerado depois. A gente foi comunicado disso em 2007.
O SR. VICENTE CÂNDIDO – PT – Bom dia Srs. Deputados, bom dia Sr.
Adalberto. Queria também fazer algumas perguntas para que fiquem, a meu ver, mais
esclarecidos os fatos. Sr. Adalberto, qual o tamanho do imóvel do senhor?
O SR. VICENTE CÂNDIDO – PT – O senhor não tem escritura e não deve ter
Habite-se?
segurança do próprio mutuário do fundo de garantia. Não seria esse o problema? Como
o senhor é do setor bancário, talvez o senhor tenha mais conhecimento do que eu.
O SR. BRUNO COVAS – PSDB – Estou em mãos com o documento que o Sr.
Adalberto acabou de entregar à CPI, que diz o seguinte: “Prezado senhor, conforme
solicitado, informamos que o débito ocorrido em sua conta tal, em 4 de julho de 2003,
no valor de R$ 11.458,59, refere-se ao lançamento de liberação de FGTS em construção
do Empreendimento Horto Florestal.” E aí tem o extrato de débito de R$ 11.458,59, na
conta.
Quer dizer, no dia 4 de julho é que houve essa transação. Não é que no dia 4 de
julho se reconheceu que até aquele momento foi retirado 11 mil. Foi uma retirada de 11
mil na data de 4 de julho.
O SR. BRUNO COVAS – PSDB – Foi a própria Caixa que fez o depósito.
O SR. BRUNO COVAS – PSDB – Diferença de quatro mil? Esses quatro mil
reais que a Bancoop diz ter recebido, já não se referem às melhorias?
O SR. BRUNO COVAS – PSDB – Então o senhor não havia quitado em 2002?
pagar mais nada além do que estava no contrato para a Bancoop. E assim foi feito. Só
que a obra está parada desde então. Não fizeram mais nada.
Por causa disso, a minha mulher me deixou, porque acabou o dinheiro. Ela
simplesmente pegou a trouxa dela e voltou para Guarulhos. E entrou com um processo
contra mim. Por causa disso, eu estive em frente ao Liberty Boulevard, que era só
esqueleto, tinha só as Lages assentadas, e fotografei para a minha advogada juntar aos
laudos do processo, porque ela está pedindo o apartamento da Bancoop, porque ela tem
direitos. Só que eu não tenho.
Na semana seguinte eu passei por lá, tinha peões na obra colocando paredes para
dar a impressão de que está pronta a obra. Mas dentro, não tem nada. Falta toda a parte,
mesmo assim não confio nas paredes que eles colocaram ali, que foi só para fazer vista,
porque houve reclamações que as Lages do prédio que está pronto, a sacada do prédio
que está pronto está com rachaduras e prestes a cair algumas sacadas.
O prédio agora foi entregue para a Tarjab numa assembléia que teve no Liberty.
A Bancoop cobra uma multa no valor exato do reforço de caixa que ela estava pedindo
para se afastar e entregar para a Tarjab, que por incrível que pareça, é só ela e a OAS
que estão trabalhando para a Bancoop, e a Tarjab pediu um valor absurdo. Ela disse que
precisa de 12 milhões de reais, sendo que todas as Lages do bloco B estão totalmente
prontas, o bloco A só falta a parte hidráulica e elétrica e a parte comum, que está
faltando.
Nós fizemos um cálculo na época dessa reunião que ia sair no máximo mil reais
para cada cooperado. Estão pedindo 90 mil. Eu já falei que não tenho esse dinheiro,
porque eu ainda pago o empréstimo que eu fiz para pagar a Bancoop.
Com o rolamento de dívida, e os juros, esse empréstimo cresceu muito. Se não
fosse a casa da minha mãe, eu estaria morando na rua, porque nem dinheiro para aluguel
eu tenho.
Agora eu não sei o que eu vou fazer, porque ninguém recebe a gente,
principalmente eu, na Bancoop. É isso que tinha para dizer.
O SR. BRUNO COVAS – PSDB – E ainda está na fase do esqueleto? Não foi
nem terminada a obra?
O SR. WALDIR AGNELLO – PTB – Obrigado Presidente. Sr. Oscar bom dia,
obrigado pela sua presença aqui, nobres pares, apenas para confirmar, na matéria que
acabo de tomar conhecimento e também no seu depoimento, o senhor teria mencionado
que recebeu uma cobrança extra-judicial, é isso?
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“O senhor foi convocado a comparecer a esta CPI, constituída pelo Ato nº 13, de
2010, com a finalidade de investigar supostas irregularidades e fraudes praticadas contra
cerca de três mil mutuários da Cooperativa Habitacional dos Bancários do Estado de
São Paulo – BANCOOP, e propor soluções para o caso. E como testemunha, com
fundamento no art. 213 e 218, ambos do Código de Processo Penal, combinado com o §
2º do art. 3º da Lei Estadual nº 11124, de 10 de abril de 2002, bem como as demais
normas constitucionais e infraconstitucionais aplicáveis à espécie, cumpre-nos adverti-
lo que deve dizer a verdade, não podendo fazer afirmações falsas, calar ou negar a
verdade a respeito dos fatos do seu conhecimento, por incorrer em crime previsto no art.
4º, inciso II da Lei Federal nº 1579, de 18 de março de 1952.”
Vou lhe passar o termo de qualificação e perguntar ao senhor: Nome completo.
Bancários do Estado de São Paulo, a convocação das seguintes pessoas: Hélio Malheiro,
Ricardo, Freud e Andy.”
Com a palavra o Sr. Andy.
O SR. BRUNO COVAS – PSDB – Bom dia Sr. Andy. Há quanto tempo o
senhor presta serviço de segurança particular?
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O SR. BRUNO COVAS – PSDB – E desses clientes que não têm sigilo, que já
se tornaram públicos, o senhor poderia falar, até para que a gente possa qualificá-lo e
conhecer o histórico de serviços do senhor?
O SR. BRUNO COVAS – PSDB – Como era a rotina do Sr. Luiz Malheiro?
E quando ele tinha eventos, a gente levava ele aos eventos, os encontros.
Quando ele tinha, geralmente na sexta-feira ele sempre ficava em São Paulo, então a
gente fazia, de segunda a quinta a retirada dele, levava ele a um hotel na Zona Norte,
que ele ia fazer o encontro com a Helena Lage e no sábado de manhã ele ligava.
O SR. WALDIR AGNELLO – PTB – Queria pedir, quando for um caso que o
senhor esteve presenciando, o senhor pudesse apenas dizer eu e minha equipe, para ficar
bem claro.
O SR. BRUNO COVAS – PSDB – Na cidade, mas num ponto, porque ele não
permitia o acesso de vocês à casa dele, e trazia para São Paulo. Por que ele precisava de
segurança? Apenas porque ele tinha medo de andar em São Paulo ou porque ele recebia
ameaças ou lidava com muito dinheiro? Qual o motivo que ele precisava de segurança?
A última vez que me passaram, isso me foi relatado, não tive acesso ao B. O., a
nada, mas relataram que simplesmente ele ameaçou algumas pessoas quando foram
encontrados os documentos com ele.
Então, ela solicitou que a gente fizesse a escola dele em São Paulo com medo
disso, mas também tinha cooperados que eram desligados depois de ficar três meses
sem pagar, tinha dentro do estatuto que ele poderia ser desligado, vendido para outra
pessoa e depois devolvido o dinheiro para ele. E alguns, digamos assim, sem um pouco
de paciência, queriam conversar com ele diretamente, então tinha de ter como se fosse
alguém que impedisse de chegar diretamente à diretoria.
A segurança era tanto pessoal como dele dentro do escritório.
O SR. BRUNO COVAS – PSDB – O depoente foi claro que se sente ameaçado
por um partido político. Assim que ele tiver uma prova, ele vai falar qual partido
político.
O SR. ANDY ROBERTO GURCZYNSKA – Não tenho prova, por isso não
estou falando o nome do partido.
O SR. BRUNO COVAS – PSDB – O Sr. Luiz Malheiro era uma pessoa muito
influente, muito poderosa?
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O SR. ANDY ROBERTO GURCZYNSKA – Não é que ele era influente, mas
ele tinha de dar ciência a outras pessoas de determinadas coisas. Ele tinha de dar ciência
a outras pessoas.
O SR. BRUNO COVAS – PSDB – Onde ele se encontrava com essas pessoas?
O SR. BRUNO COVAS – PSDB – Essas notas fiscais eram nos mesmos
valores que os serviços realizados?
O SR. BRUNO COVAS – PSDB – Então a nota era num valor real e o senhor
recebia um valor a mais e precisava repassar. Para quem o senhor repassava esse valor?
O SR. BRUNO COVAS – PSDB – O senhor sabe o que eles faziam com esse
dinheiro ou não?
O SR. BRUNO COVAS – PSDB – O senhor sabe quem é essa terceira pessoa?
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O SR. ANDY ROBERTO GURCZYNSKA – Não é que não sei, mas como
não vi o repasse, então não posso falar. Posso falar aquilo que é verdade, aquilo que eu
vi.
O SR. BRUNO COVAS – PSDB – O senhor disse que não acompanhou o Sr.
Luiz Malheiro a Petrolina porque naquela época o senhor já não prestava serviços.
Quando o senhor deixou de prestar serviços à Bancoop?
O SR. ANDY ROBERTO GURCZYNSKA – Era três mil e pouco para 30 mil.
Em torno de 27. De 27 a 30 mil.
O SR. ANDY ROBERTO GURCZYNSKA – Pela equipe que estava lá, que
continha a minha equipe, vamos colocar dessa forma, sem mais comando, foi o
candidato a Prefeito de Praia Grande, que era um médico e não lembro o nome dele
agora.
que chegaram para mim, e que provavelmente deve ter passado mal, caído no volante e
bateu de frente com um caminhão. Isso foi que chegou para mim.
O SR. BRUNO COVAS – PSDB – O Sr. Luiz Malheiro era filiado a algum
partido político?
O SR. ANDY ROBERTO GURCZYNSKA – Pelo que sei, ao PT. Isso ele me
disse. Não ouvi de ninguém, mas dele próprio.
a segurança pessoal do presidente da Bancoop, porque este temia por sua vida em
relação ao zelador da sede da Bancoop, que teria subtraído documentos da entidade. O
declarante, nesse período em que realizou a segurança pessoal de Luiz Eduardo Saeger
Malheiro, presidente da Bancoop, presenciou inúmeros encontros deste com Ricardo
Berzoini, em regra, tais encontros aconteciam em uma churrascaria do Center Norte, na
sede do Sindicato dos Bancários, na própria Bancoop e no Hotel Unique. Desses
encontros de Luiz Eduardo Malheiro com Ricardo Berzoini, o declarante sempre ouvia
do presidente da Bancoop que teria de dar conhecimento dos negócios da cooperativa
para o chefe, como Luiz Eduardo Malheiro chamava Ricardo Berzoini, à época Ministro
da Previdência Social do Governo Federal. O declarante afirma que Luiz Eduardo
Malheiro, presidente da Bancoop, tinha muitos encontros com João Vaccari Neto fora
da sede da Bancoop, apesar de Vaccari, à época, exercer o cargo de diretor
administrativo financeiro. Os encontros entre Malheiro e Vaccari se davam no período
da manhã e no período da tarde, e tais reuniões ocorriam com muita frequência no
Sindicato dos Bancários, sendo que Luiz Eduardo Malheiro determinava ao declarante
que entregasse envelopes lacrados, retirados do Banco Bradesco, Agência Líbero
Badaró. E tais envelopes eram entregues na mão de Helena da Conceição Pereira Lage,
que por seu turno, entregava na mão de Luiz Eduardo Malheiro, sendo que o declarante
então escutava então do presidente da Bancoop, Luiz Eduardo Malheiro, de que
entregava tais envelopes a João Vaccari Neto na sede do Sindicato dos Bancários. O
declarante afirma que essas reuniões em que Luiz Eduardo Malheiro levava envelopes
lacrados, retirados da agência Líbero Badaró do Banco Bradesco S.A., para João
Vaccari Neto, aconteciam todas as semanas durante os anos de 2003 a 2004. O
declarante afirma que existiam negócios comuns entre Vaccari e Malheiro, sendo que
tem conhecimento de que a Germany pertencia a integrantes da diretoria da Bancoop, e
o declarante ouviu várias conversas entre Malheiro, Marcelo Rinaldi e Alessando
Bernardino pouco antes da criação da Germany, que muitas empreiteiras de construção
civil ganhavam muito dinheiro e a criação de uma construtora pelo grupo formado por
Malheiro, Marcelo Rinaldi, Alessandro Bernardino geraria muitos lucros para eles. O
declarante inclusive, como prestador de serviços, foi obrigado a emitir notas fiscais de
valores distintos dos serviços prestados à Bancoop, porque o declarante, por
determinação de Luiz Malheiro, Marcelo Rinaldi, e Alessandro Bernardino, o declarante
apresentava nesses autos notas divergentes que foram emitidas para a Bancoop, sendo
que certa parte dos valores era paga ao declarante com dinheiro não contabilizado, o que
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tudo indica, porque eram contabilizados valores menores de acordo com as notas fiscais
emitidas e cujas cópias nesses autos foram fornecidas pelo declarante. As notas fiscais
de nº 7, 8, 64, 46, 91, 73, 120, 83, 64, emitidas entre 3 de janeiro de 2005 a 1º de julho
de 2006, o declarante esclarece que outras notas fiscais emitidas tiveram seus valores
lançados a menor com relação aos serviços efetivamente prestados à Bancoop, a saber, a
nota fiscal 8, de 01/09/2004, no valor de R$. 3.814,85, omitia o valor real da prestação
de serviços que foi de R$ R$ 38.148,50. O mesmo ocorreu com relação às notas fiscais
nº 4, 21, 28, 381 e 71,73, 90 e 96, que tiveram suas emissões também subfaturadas e
emitidas no valor correspondente a 10% do valor real das notas fiscais de prestação de
serviços, não sabendo o declarante a razão de ser obrigado por Marcelo Rinaldi e
Alessandro Bernardino a emitir tais notas em valor abaixo do que efetivamente foi
prestado, representando valores recebidos pelo declarante que podem ser considerados
como não contabilizados pela Bancoop. O declarante informa que os valores reais eram
revistos através de depósito bancário e dinheiro nas contas correntes, que o declarante se
compromete a apresentar dados para comprovação desses fatos. O declarante pode
informar que na morte de Luiz Malheiro ocorreram uma série de coincidências
relacionadas com a segurança pessoal, sendo que o declarante, nessa época, não
prestava mais serviços para a Bancoop, porém, a equipe de segurança foi mantida por
Luiz Malheiro, que sempre solicitava acompanhamento desses seguranças para
determinadas viagens e compromissos. Porém, nessa viagem os seguranças foram
dispensados e Eduardo Malheiro embarcou para Petrolina em companhia de Marcelo
Rinaldi e Alessandro Bernardino, da Bancoop, bem como o ex-candidato à Prefeitura de
Praia Grande que compôs a chapa juntamente com Luiz Malheiro em 2004 pelo Partido
dos Trabalhadores. O declarante informa que pouco antes da candidatura para a
Prefeitura de Praia Grande, as empresas Germany e Conservix estavam em nome de
Luiz Malheiro, Marcelo Rinaldi e Alessandro Bernardino, e foram as suas cotas
transferidas para Helena Lage, para a esposa de Marcelo Rinaldi e Alessandro
Bernardino. O declarante presenciou, quando prestava segurança para Luiz Malheiro,
presidente da Bancoop, a compra de um veículo Toyota Corolla numa concessionária
situado no Bairros dos Jardins, nesta Capital, entre os anos de 2003 e 2004, cujo valor
da compra foi realizado com dinheiro da Bancoop, através de transferência bancária,
sendo que esse veículo Corolla era de uso pessoal de Luiz Malheiro no período em que
o declarante prestava segurança. Nada mais lhe foi perguntado e o termo de declaração
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foi assinado pelo declarante e pelo Promotor de Justiça José Carlos Blat, que redigiu o
presente termo.”
gente descia no andar de baixo, que era a parte onde ficava a tesouraria. E quem vai à
tesouraria vai sair com alguma coisa de valor.
O SR. BRUNO COVAS – PSDB – O senhor lembra que eram três, mas não
lembra o nome?
O SR. WALDIR AGNELLO – PTB – Ele lembra, mas não quer declinar, não
quer citar o nome, não é isso?
O SR. ANDY ROBERTO GURCZYNSKA – Algumas vezes sim, mas não era
100%. Mas mais de 50% sim.
O SR. WALDIR AGNELLO – PTB – O senhor está numa CPI falando até sob
juramento. O senhor, em algum momento, foi procurado por integrantes da Bancoop ou
de algum partido político para tentarem comprar o seu silêncio?
O SR. WALDIR AGNELLO – PTB – Mas o senhor estava em dia com as suas
prestações?
O SR. ANDY ROBERTO GURCZYNSKA – Isso não posso falar. Ouvi falar,
tenho noção de quem seja, mas naquele momento, naquela época, não tinha
conhecimento. Tenho hoje, porque as coisas, digamos assim, a gente acaba ouvindo
aqui e ali.
O SR. WALDIR AGNELLO – PTB – Dez por cento do valor que era
depositado.
O SR. ROBERTO MORAIS – PPS – Nota de três, o senhor recebia 30. Desses
27, o senhor entrava também no bolo, na divisão?
O SR. ROBERTO MORAIS – PPS – Essa nota era adulterada depois, de três
passava para 30?
Então, não trocou porque a empresa não foi feliz, não fez um bom trabalho.
Trocou para colocar o pessoal dele, por um valor maior, e cabe a vocês investigar, não
cabe a mim falar porque não tenho conhecimento, não participei.
Mas, como empresário e como uma pessoa que tem noção de custos, de 60 para
120 praticamente é 100%. Independente ser era porteiro ou não, eles colocaram na
segurança muita gente que não tinha preparação. Alguns deles depois foram trabalhar
para nós e nem curso de vigilante tinham. A gente tem de falar a verdade.
E o fato maior, quando o Vaccari assumiu, a Caso já prestava serviços ao PT.
Então, trouxe, é natural que quando você troca o comando você quer trazer todo mundo
do seu lado. Isso é normal. Mas não é normal trocar e aumentar, sendo que, se a
situação da Bancoop estava em dificuldade, por que aumentar o custo e não diminuir?
prejudicando ninguém. Até eu conhecer e saber por que o dinheiro saía de um lado e de
outro.
empresário bem sucedido, com muitos contratos, o senhor sabe que as empresas, além
da folha de pagamento, ou até mesmos dos bicos, elas têm outros custos que ela precisa
assumir. Então, com 3.800 reais para pagar três funcionários a 1.200 reais, dá 3.600
reais e sobram 200 reais para o senhor. A margem que o senhor tem, num cálculo
superficial, é de 200 reais por mês para pagar todos os outros custos e evidentemente
que uma empresa também precisa gerar lucro. É uma matemática que não está
fechando.
O SR. ANDY ROBERTO GURCZYNSKA – Não era uma só nota que era
lançada. Era mais de uma nota, Deputado. No mesmo mês eram lançadas de duas a três
notas.
numa fraude fiscal como essa que o senhor está reconhecendo que a sua empresa
cometeu, por nada.
O SR. VANDERLEI SIRAQUE – PT – Então com três mil reais tinha cinco
seguranças e três veículos?
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O SR. BRUNO COVAS – PSDB – Só para deixar claro, todo mês o senhor
recebia por diversos caixas, da Bancoop, da Mizuo, o senhor recebia por diversas
fontes, é isso?
tal, mas está fazendo o papel de cidadão e espero que daqui para a frente a gente possa
continuar contando com a sua cooperação.
O SR. BRUNO COVAS – PSDB – Só para entender, V. Exa. agora vai fazer
discurso ou vai inquirir a testemunha?
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O SR. BRUNO COVAS – PSDB – Que falta de ética Deputado. Que falta de
ética?
O SR. BRUNO COVAS – PSDB – Quem é V. Exa. para julgar meu mandato?
O SR. BRUNO COVAS – PSDB – Que moral o senhor tem para julgar meu
mandato?
O SR. BRUNO COVAS – PSDB – Quem está sendo desrespeitado sou eu e não
V. Exa.
que eu presto serviços para o PT. O senhor teve acesso? Gozado, o senhor só se
preocupa com o Governo do Estado.
Obviamente que estamos fazendo reparos o tempo todo, mas o depoente tem todo o
direito de fazer aqui as suas manifestações.
Portanto, nós vamos continuar com o mesmo procedimento.
Está com a palavra o Deputado Antonio Mentor.
O SR. VICENTE CÂNDIDO – PT – Mas o senhor não veio aqui por esse
motivo. Isso o senhor já falou.
O SR. ANDY ROBERTO GURCZYNSKA – Que é ficar vivo por tudo que eu
sei.
O SR. VICENTE CÂNDIDO – PT – Por essas outras questões aqui não tem
nenhum litígio?
O SR. ANDY ROBERTO GURCZYNSKA – Por isso que estamos com várias
estações em andamento.
Lá atrás o senhor nos disse que emitiu uma nota de três e recebia 37.
Evidentemente que a primeira via dessa nota, para ser contabilizada em qualquer
empresa, ou na Bancoop ou em qualquer outra empresa, o valor tem de ser de 37 e não
pode ser de três, senão ele não tem como lançar a saída do dinheiro.
Esse valor é um valor semelhante, 35 e 37, é o valor que o senhor recebia
mensalmente da Bancoop, 35 mil reais.
O SR. ANTONIO MENTOR – PT – Primeiro que aqui não tem bode e nem
expiatório, Sr. Roberto.
Então, quero que o senhor se coloque à frente desta CPI como um daqueles que
causou prejuízos para os cooperados da Bancoop. Só isso.
passado que vivi lá. Só que não tem como numerar quantas vezes seriam. Seria
leviandade da minha parte.
O SR. BRUNO COVAS – PSDB – Certamente o senhor não vai falar que
foram um milhão de vezes, nenhuma vez?
Deputados aqui são exatamente para que a gente chegue à verdade, para que a gente
possa retirar da testemunha aquilo que ele sabe.
Chegamos a uma afirmação que não foi minha, foi da testemunha, que mais de
50 vezes, pelo menos, isso ocorreu. Acho importante isso.
O SR. ANTONIO MENTOR – PT – Mas nós vamos conferir para ter certeza.
Pode ser que tenha sido uma conversa da roda de churrasco, num final de semana,
tomado uma cervejinha e não corresponder, efetivamente, à verdade.
Eu gostaria, se o senhor puder nos informar, qual era a sua atividade nas suas
empresas. O que o senhor fazia, na prática, qual era o seu trabalho nas empresas?
O SR. ANDY ROBERTO GURCZYNSKA – Isso está bem aberto para que
todos vejam, porque basta sair procurando.
O SR. ANTONIO MENTOR – PT – Claro que vai. É apenas isso. Não é nada
de segredo. Segredos todos já passaram da hora.
Acho que nós estamos numa polêmica, até eu acabei entrando nessa polêmica,
porque a questão, porque aí fica a insinuação, e se tivesse dinheiro, o senhor, era para
alguma questão irregular, para que eram esses pacotes?
Porque teve tanta insinuação aqui de alguns Deputados, não de V. Sa., era para
alguma questão irregular, o senhor tem conhecimento, ou não, ou não tem
conhecimento? O senhor imagina alguma coisa?
O SR. ANDY ROBERTO GURCZYNSKA – Isso é uma pessoa que fez, que
verificou isso para mim, da polícia.
O SR. ANDY ROBERTO GURCZYNSKA – Quem disse que foi Polícia Civil
ou militar?
O SR. ANDY ROBERTO GURCZYNSKA – Foi policial, mas não disse qual.
O SR. ANDY ROBERTO GURCZYNSKA – Mas o Freud Godoy faz. Ele tem
500 mil e faz.
* * *
* * *
O SR. WALDIR AGNELLO – PTB – Sr. Andy, o senhor disse à CPI o nome
de dois funcionários que o acompanharam nessas idas até o banco. O senhor poderia
repetir o nome desses dois funcionários?
O SR. WALDIR AGNELLO – PTB – Mais uma pergunta. Uma vez que vocês
acompanhavam algum funcionário da Bancoop nessas retiradas, o senhor era acionado
por uma secretária e então o senhor, prontamente, junto com a sua equipe, ia
acompanhar esse funcionário. A pessoa da Bancoop, sempre tinha uma pessoa da
Bancoop fazendo a transação na tesouraria do banco, é isso, ou vocês mesmos que
faziam a transação?
O SR. WALDIR AGNELLO – PTB – Essa pessoa, Sr. Andy, era funcionário
da Bancoop?
O SR. WALDIR AGNELLO – PTB – Além dela havia outras pessoas que o
senhor vai tentar se lembrar?
O SR. WALDIR AGNELLO – PTB – O senhor pensa que essas pessoas agora,
é também um palpite, uma hipótese, eram pessoas de alto escalão ou de escalão médio?
depoente não pode se furtar a falar sobre o que sabe, não pode negar ou calar a
verdade”, portanto não pode fazer afirmação falsa, sob pensa de cometer crime.
Eu gostaria que o Presidente alertasse o depoente sobre o juramento que o
depoente prestou ao início das suas declarações, para que ele nos diga se ele está
mentindo agora ou se mentiu anteriormente, quando afirmou que sabia quem era e disse
que não falaria o nome. Ele não pode se furtar dessa maneira.
* * *
* * *
O SR. ANTONIO MENTOR – PT – Claro que pode. Não é que o senhor pode
ou não pode.
O SR. ANTONIO MENTOR – PT – Como foi isso? Relata para nós aqui, para
nós sabermos. Nós queremos defender a sua ecolomidade.
O SR. ANTONIO MENTOR – PT – Então foi uma manobra que o senhor fez
para escapar da perseguição?
O SR. ANDY ROBERTO GURCZYNSKA – Tem certas coisas que não tem
como explicar para o senhor. Eu tenho a minha forma de agir, a minha forma de
trabalho. A partir do momento que eu sofri esse possível atentado, ou poderia ser um
roubo, mas é muito difícil um roubo com três carros em andamento. Então ficou bem
claro para mim que não era só isso.
E como inimigo todo mundo tem, eu não saberia qual deles.
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O SR. ANDY ROBERTO GURCZYNSKA – Não tem pedágio daqui para lá.
Não tem.
O SR. VANDERLEI SIRAQUE – PT – Como que o depoente fala que não vai
chegar ao nível de um líder de um partido político aqui, Sr. Presidente? Isso aqui não é
uma brincadeira, Sr. Presidente.
E outra, vou apresentar uma questão de ordem, com fundamento no art. 65, da
13ª Consolidação do Regimento Interno. “Formulamos a V. Exa. questão de ordem para
obter esclarecimentos acerca da pauta da reunião convocada para esta data. Conforme
consta da convocação, devidamente publicada, encaminhada aos membros desta CPI,
esta reunião tem por objeto, dentre outros, a oitiva do Sr. Marcos Sérgio Migliaccio, na
condição de cooperador da Bancoop. É de nosso conhecimento, entretanto, que tal fato
não corresponde à realidade, como ficou agora esclarecido pelo depoente. Entendemos
que o senhor Marcos Sérgio Migliaccio não mantém com a Bancoop qualquer relação
jurídica que justifique sua oitiva. Até por uma questão de economia processual,
requeremos, portanto, a V. Exa. que em nome da celeridade dos nossos trabalhos,
dispense o convocado dos depoimentos.”
Até porque não vejo relação com os fatos, com o objeto, e até em decorrência do
depoente não ficar mais tempo na CPI, já que entendo, nunca vi depoimento por
procuração.
Quero entregar a V. Exa. e protocolar, Sr. Presidente.
avaliar, em profundidade, eventuais danos por ele sofridos, e eventuais ônus acarretados
aos cofres públicos e aos demais cooperados e cidadãos.”
* * *