Você está na página 1de 10

SENADO FEDERAL

COMISSÃO DE EDUCAÇÃO

ATA DA 14º    REUNIÃO , EXTRAORDINÁRIA, DA 3ª SESSÃO LEGISLATIVA


ORDINÁRIA DA 50° LEGISLATURA REALIZADA EM 06 DE NOVEMBRO DE 1997.

Ás dez horas    do dia    06 novembro de mil novecentos e noventa e sete, na sala de reuniões da
Comissão, Ala Senador Alexandre Costa, sob a Presidência do Senhor Senador Joel de
Hollanda e com a presença dos Senhores Senadores Francelino Pereira, Fernando Bezerra,
Waldeck Ornelas, Élcio Álvares, Jonas Pinheiro, Beni Veras, Otoniel Machado, Romeu Tuma,
Édison Lobão, Emília Fernandes, João Rocha, Lúcio Alcântara, Gilberto Miranda, Marina Silva,
José Fogaça, Levy Dias e Sérgio Machado reúne-se a Comissão de Educação. Deixam de
comparecer, por motivo justificado, os Senhores Senadores Júlio Campos, Hugo Napoleão, Romero
Jucá, Roberto Requião, Gerson Camata, José    Sarney, João França, Artur da Távola, Coutinho
Jorge, Teotônio Vilela, Lauro Campos, Abdias Nascimento, Leomar Quintanilha e Odacir Soares.
Havendo número regimental, abrem-se os trabalhos. A Presidência dispensa a leitura da Ata da
reunião anterior, que é dada como aprovada. A seguir, o    Senhor Presidente    submete ao Plenário
da Comissão requerimento de autoria do Senador Romeu Tuma, para que os trabalhos sejam
iniciados pela deliberação da Pauta Extra, o que é aprovado. Passa-se a apreciação das seguintes
matérias constantes da Pauta Extra: Item 01:Projeto de Lei da Câmara dos Deputados nº 042, de
1997, de caráter não terminativo, de autoria do    Poder Executivo, que “Regulamenta o Parágrafo
Único do art. 49, da Lei nº. 9.394, de 20 de Dezembro de 1996”. O relator designado é o Senador
Romeu Tuma e o parecer favorável é aprovado.Item 02 : Projeto de Resolução nº. 126 de 1997, de
caráter não terminativo, de autoria dos Senhores Senadores Abdias Nascimento e Esperidião Amin
que, ”Instituí o Prêmio Cruz e Souza e dá outras providências”. O relator designado é o Senador
Otoniel Machado e o parecer    favorável é aprovado. Item 03: Projeto de Decreto Legislativo nº.
077 de 1997, de caráter não terminativo de autoria do Poder Executivo que, ”aprova o ato que
renova a concessão    da Rádio Ouro Branco L.t.d.a., para explorar serviço de rádiodifusão sonora
em onda média    na cidade de Currais Novos, Estado do Rio Grande do Norte”.O relator designado
é o Senador Édison Lobão e o parecer (lido pelo Senhor Senador Romeu Tuma, em virtude da
ausência momentânea do relator) é aprovado. Assume a Presidência interinamente o Senhor
Senador João Rocha. Item 04: Projeto de    Lei da Câmara dos Deputados nº. 49 de 1997, de
caráter não terminativo, de autoria do Poder Executivo que,”altera a Lei nº. 9.394, de 28 de
Dezembro de 1996, (Lei de Diretrizes e Bases da Educação) para incluir a temática dos Direitos
Humanos nos currículos do ensino fundamental e médio”.O relator designado é o Senador Joel de
Hollanda e o parecer favorável é aprovado. Reassume a Presidência o Senhor Senador Joel de
Hollanda. Item 05: Requerimento de autoria da Senadora Marina Silva, remetendo a Comissão
de Constituição e Justiça e Cidania, Projeto de Lei do Senado nº.010 de 1995, de autoria da
Senadora Benedita da Silva que “Dispõe sobre a presença de negros nas produções das emissoras de
televisão, filmes e peças publicitárias”, para opinar sobre a constitucionalidade e juridicidade da
matéria,    que é aprovado pelos membros da Comissão.Item 06: Projeto de Lei da Câmara nº.
039 de 1997, de caráter não terminativo, de autoria do Deputado José Coimbra que,” Dispõe sobre a
prática desportiva de capoeira e dá outras providências”.O relator designado é o Senador Abdias
Nascimento e o parecer favorável ( lido pela Senadora Emília Fernandes) é aprovado. Finda a Pauta
Extra e em virtude de que    no presente    momento não há quorum para deliberação da Pauta
Ordinária, ficam adiadas as sequintes matérias: Plc 014 de 1996, Plc 054 de 1997, Pls 239 de
1996, Pls 263 de 1995, Pls 016 de 1996, Pls 110 de 1995, Pls 230 de 1996, Pls 105 de 1997 e Pls
126 de 1997. O Senhor Presidente determina que as Notas Taquigráficas sejam anexadas a esta Ata
para a devida publicação. Nada mais havendo a tratar, a Presidência encerra a reunião, ás onze
horas e vinte e três minutos, determinando que eu, Júlio Ricardo Borges Linhares, Secretário da
Comissão de Educação, lavrasse a presente Ata que, após lida e aprovada, será assinada pelo
Senhor Presidente

                                                                                                    Senador JOEL DE HOLLANDA


                  Presidente    em exercício

.
NOTAS TAQUIGRÁFICAS

O SR. PRESIDENTE (Joel de Hollanda) - Havendo número regimental,


declaro aberta a Décima quarta reunião extraordinária da 3ª sessão legislativa ordinária
da 50ª legislatura da Comissão de Educação do Senado.
O Senador Romeu Tuma solicitou à Presidência inverter a ordem e começar
pela pauta extra. Submeto a solicitação aos Srs. Senadores e Senadoras.
Os Srs. Senadores que estiverem de acordo queiram permanecer como se
encontram.
Aprovada.
Vamos começar, então, pela pauta extra, tendo em vista que Comissão de
Assuntos Econômicos está reunida, e temos muitos Srs. Senadores e Senadoras
presentes àquela reunião, que não poderão discutir os projetos da pauta normal.
Item 1 da pauta extra: Projeto não terminativo. Projeto de Lei da Câmara nº
42, de 1997, que regulamenta o Parágrafo Único do art. 49, da Lei nº 9.394, de 20 de
dezembro de 1996. Autor: Poder Executivo. Relator: Senador Romeu Tuma, a quem
concedo a palavra.
O SR. ROMEU TUMA - Se V. Exª permitir, farei um resumo do relatório,
tendo em vista que teve o Governo Central o intuito de    corrigir a revogação de uma lei
que impede a transferência ex officio de descendentes de funcionários que são
transferidos e não conseguiam mais a sua transferência escolar em razão da revogação
da Lei 7.037, de outubro de 1982.
Então, o Governo Federal encaminhou esse projeto, sendo aprovado na
Câmara, com uma emenda permitindo àqueles que tenham cargos eletivos e tenham que
exercer a sua atividade legislativa em outro Estado possam exercer também esse direito,
de acordo com os outros organismos de funcionalismo público.
É esse o relatório, Sr. Presidente.
O SR. PRESIDENTE (Joel de Hollanda) - O parecer do relator é favorável.
Os Srs. Senadores e Senadoras que concordam com o parecer
permaneçam como se encontram.
Aprovado.
Item nº 2: Projeto não terminativo. Projeto de Resolução nº 126, de 1997,
que institui o Prêmio Cruz e Sousa e dá outras providências. Autores: Senadores Abdias
Nascimento e Esperidião Amin; Relator, Senador Otoniel Machado, a quem concedo a
palavra. S. Exª poderá ler o seu parecer ou fazer o resumo, se achar conveniente.
O SR. OTONIEL MACHADO - Projeto de Resolução nº 126, de 1997, que
institui o Prêmio Cruz e Sousa, e dá outras providências.
O Projeto de Resolução nº 126, de 1997, apresentado pelos Srs. Senadores
Abdias Nascimento e Esperidião Amin, institui o Prêmio Cruz e Sousa, destinado a
agraciar trabalhos alusivos à comemoração do centenário de morte do poeta brasileiro,
que será celebrado em março de 1998.
O projeto em tela prevê a constituição de conselho que se incumbirá da
apreciação e seleção dos trabalhos, bem como a definição do formato das regras e dos
critérios que nortearão a apresentação dos concorrentes, devendo contar com ampla
divulgação pública.
Art. 4º: O presente projeto fixa a data de 19 de março de 1998, centenário
da morte do escritor Cruz e Sousa, como prazo para apresentação dos trabalhos à Mesa
Diretora do Congresso Nacional. A láurea será conferida em sessão do Congresso
Nacional, convocada especialmente para esse fim, até junho de 1998, conforme dispõe o
art. 5º.
O projeto estipula ainda que a Diretoria Geral do Senado Federal oferecerá
suporte administrativo ao trabalho do conselho.
Em exame na Comissão de Educação do Senado Federal, o projeto não
recebeu emendas no prazo regimental.
Da análise:
É bastante oportuna a iniciativa do Congresso Nacional, em adiantar as
comemorações do centenário de morte daquele que foi o maior dos nossos poetas
simbolistas. Além de sua importante obra literária aqui reconhecida por destacados
historiadores da Literatura Brasileira, merece destaque sua trajetória de engajamento
contra    as perversas conseqüências do preconceito racial.
Filho de escravos, como bem informa a justificação do Projeto, Cruz e de
Souza teve que buscar, com muita batalha, o seu espaço na sociedade, nas letras
brasileiras, conforme atestam passagens de sua biografia, essa luta foi traduzida em
páginas que refletem o seu espírito literário e a sua competente combatividade. Por tais
méritos, o poeta já se faz merecedor da importante homenagem proposta pelo projeto em
análise.
No entanto, a relevância dessa iniciativa reside, de igual modo, no
imperativo de os Poderes Constituídos tomarem a dianteira do processo de resgate das
figuras importantes da nossa História e da nossa tradição política, além que possa ocupar
a o seu lugar de referência na sociedade brasileira, particularmente para as gerações
mais jovens.
Um País define sua identidade, quando se reconhecem suas destacadas
figura históricas que, no desempenho de diferentes atividades, contribuíram para a
consolidação dos princípios democráticos. Trazer à luz o exemplo das referidas    figuras é
uma prática que merece    inteiro respaldo, pois é por seu intermédio que podemos
exercer plenamente a nossa cidadania.
O presente projeto cumpre esse propósito.
                                                            VOTO
Nesse sentido, por considerarmos que a meritória proposta em exame se
encontra em perfeita consonância com os ditamos constitucionais, além de não
apresentarem óbices de natureza jurídica, pronunciamo-nos favoravelmente à aprovação
do Projeto de Resolução nº 126, de 1967.
O SR. PRESIDENTE (Joel de Hollanda) - O parecer é favorável.
Em votação o parecer.
Os Srs. Senadores    que o aprovam queiram permanecer sentados.
Aprovado o Item    nº 2 da pauta extra.
Item nº 3: Projeto também não terminativo, Projeto de Decreto Legislativo nº
77/97, que aprova o ato que renova    a concessão da Rádio Ouro Branco Ltda. para
explorar Serviço de Televisão Sonora, em onda média, na cidade de Currais Novos,
Estado do Rio Grande do Norte. Autor, Poder Executivo; Relator, Senador Edison Lobão.
Peço ao Senador Romeu Tuma a gentileza de, em nome do Senador Edison
Lobão,    relatar a matéria.
O SR. ROMEU TUMA    - Sr. Presidente, como todas as mensagens
presidenciais de renovação    da concessão de funcionamento de rádios nos Estados
brasileiros, essa é da Rádio Ouro Branco em Currais Novos, no Estado do Rio Grande
do    Norte. Todos os requisitos legais foram preenchidos, o Relator Senador Edison Lobão
aprova e    análises dos documentos e os aspectos técnicos e legais, para habilitar-se à
renovação da concessão.
O SR. PRESIDENTE    (Joel de Holanda) - O parecer do Senador Edison
Lobão, lido e resumido pelo Senador Romeu Tuma , é favorável.
Em votação.
Os Srs. parlamentares que o aprovam, queiram permanecer sentados.
(Pausa)
Aprovado.
Peço ao Senador João Rocha que assuma a Presidência desta Comissão,
já que terei que relatar o próximo projeto. (Pausa)
O SR. PRESIDENTE (João Rocha) - Item 4 : Projeto de Lei da Câmara nº
049/97, que altera a Lei nº 9.394, de 28 de dezembro de 1996, Lei de Diretrizes de Base
da Educação, para incluir a Temática Direitos Humanos nos Currículos do Ensino
Fundamental e Médio.
Concedo a palavra ao nobre Relator Senador Joel de Hollanda, para relatar
a matéria.
O SR. JOEL DE HOLLANDA - Sr. Presidente, Srªs. e Srs. Senadores, o
Projeto de Lei da Câmara nº 49, de 1997, (nº 2.369, de 1996, na Casa de origem), tem em
vista acrescentar dispositivos à Lei de diretrizes e Bases da Educação Nacional, Lei nº
9.394, de 20 de dezembro de 1996, estabelecendo a inclusão do conteúdo sobre Direitos
Humanos nos Currículos do Ensino Fundamental e Médio. Para tanto, acrescenta
diversos dispositivos àquela lei, obrigando a incluir aspectos como reconhecimento e a
definição dos Direitos Humanos, a cidadania como direito a ter direito e a igualdade entre
as pessoas. Além disso, adiciona um artigo criando o Dia Mundial dos Direitos Humanos,
a ser comemorado em todas as escolas.
A justificativa original do projeto declara que este tem por objetivo
implementar dispositivo consagrado na Constituição federal e ainda não garantido na
realidade educacional do País. Destaca, ainda, que a introdução da matéria de Direitos
Universais do Homem é uma necessidade assumida pela humanidade, tendo em vista
desenvolver a consciência de que a situação social é passível de    mudanças pela
organização democrática.
                                                                    ANÁLISE
A iniciativa é das mais elogiáveis, ao estatuir que os estabelecimentos de
ensino tratem de conteúdos que tocam fundo a pessoa humana, em geral,    e a nossa
realidade social em particular. Parte pouco visível da nossa convivência, a preocupação
com os Direitos Humanos com freqüência    tende a emergir quando os mesmos são
desrespeitados, ou seja, quando fazem falta. Sendo as instituições educativas locais de
preparação e ação para a vida, nada mais relevante que tratem de tais direitos como,
aliás, costumam fazer.
Portanto, a proposição merece ser agasalhada. Todavia, é importante
destacar que as mesmas, ao acrescentar novos dispositivos à Lei de Diretrizes e Bases,
também conhecida como Lei Darcy Ribeiro, precisam se compatibilizar com o Diploma
Legal vigente.    É altamente    conhecido que tal lei resultou    de longa tramitação por 8
anos nas duas Casas do Poder Legislativo. Ao fim de profícuos debates, prevaleceu a
intenção dos legisladores de oferecer ao País uma lei geral da educação, evitando
pormenores e incentivando a liberdade e a criatividade dos agentes educacionais, das
comunidades e da sociedade.
Desse modo foi que os Srs. senadores e Deputados interpretaram a
competência legislativa da União no regime federativo, no sentido de fixar exclusivamente
as diretrizes e bases da educação nacional.
Foi assim, aliás, desde    a primeira Lei, de nº 4.024, de 20 de dezembro de
1961, criando tradição no Direito brasileiro. Portanto, há décadas, os legisladores têm
deixado matérias curriculares mais específicas para as normas infralegais,
particularmente para os Conselhos de Educação.
Dessa forma, considerando que a própria Lei de Diretrizes e Bases enfatiza,
em diversos dispositivos, a formação para a cidadania e valores como a igualdade, a
participação democrática, a solidariedade e a justiça, caso proponha a compatibilização
entre a norma aprovada pela Câmara dos Deputados e a citada Lei Diretrizes e Bases da
Educação Nacional, além de aperfeiçoar diversos aspectos formais.
Portanto, somos pela aprovação do projeto da Câmara, de 1997, na forma
do projeto de lei em anexo.
É o parecer, Sr. Presidente.
O SR. PRESIDENTE (João Rocha) - Em discussão o parecer lido pelo
Senador Joel de Hollanda. (Pausa)
O SR. ROMEU TUMA - Sr. Presidente, peço a palavra, para discutir o
parecer.
O SR. PRESIDENTE (João Rocha) - Com a palavra o Senador Romeu
Tuma.
O SR. ROMEU TUMA - Quero apenas cumprimentar o Senador Joel de
Hollanda pela Relatoria. Parece-me que o projeto é de autoria do Deputado    José Anibal.
É uma iniciativa do Poder Legislativo tem que ser aplaudida.
O relatório do Senador Joel de Holanda, enfatiza bem a importância da
criação da Cadeira dos Direitos Humanos. Pedi a palavra para cumprimentar V.Exª e
informar que, há cerca de 8 anos, instituímos    na Academia Nacional de Polícia a Cadeira
de Direitos Humanos. As últimas turmas que por lá passaram sentiram a importância do
efeito desta matéria. Direitos Humanos não se restringem à proteção física do cidadão,
mas à formação da própria cidadania, como V.Exª destaca em seu relatório.
Pediria aos companheiros que aprovassem este projeto, dando um efeito
sumário para sua aprovação definitiva. Temos certeza de que, em vários segmentos
nacionais, ela terá    a importância que V.Exª deu no seu relatório.
Era o que tinha a dizer.
O SR. PRESIDENTE (João Rocha) - Com a palavra a Senadora Emília
Fernandes.
A SRª. EMILIA FERNANDES    - Sr. Presidente, Srªs. e Srs. Senadores, Sr.
Relator, nosso Presidente hoje relata    matéria da mais alta importância. Queremos
cumprimentar V.Exª pelo parecer, porque entendemos que é através do trabalho, do dia-a-
dia, do conhecimento e acima, de tudo, do compromisso coletivo com a questão dos
direitos humanos, que passa pela educação, pelas nossas salas de aula, atinge os
nossos trabalhos, o dia-a-dia de cada um de nós, as ruas, enfim, todo o País, é que se
constrói uma consciência e um compromisso em relação aos direitos humanos.
Então, sou plenamente de acordo de que se adote, desde já, no ensino
fundamental, matéria tão importante. Há uma visão, às vezes equivocada, de que
determinados assuntos, determinadas questões de línguas estrangeiras, devem começar
no ensino médio.
Hoje, os avanços, os desafios, as questões são tão graves e chegam, no
dia-a-dia das casas de cada um, atingindo as pessoas, indiferentes até mesmo à situação
econômica. As necessidades precisam ser atendidas com visão de prevenção. Quanto
mais cedo tomarmos conhecimento de determinados assuntos, podemos nos preparar
melhor para os desafios que estão postos. Que se comece pelo ensino fundamental
também.
Sr. Relator, objetiva-se estabelecer na lei o dia dez dezembro como data
comemorativa, em todos os estabelecimentos de ensino, do Dia Mundial dos Direitos
Humanos.
O SR. JOEL DE HOLLANDA - O art. 2º diz o seguinte: "O dia dez de
dezembro de cada ano, Dia Mundial dos Direitos Humanos, será comemorado em todos
os estabelecimentos de ensino."
A SRª EMILIA FERNANDES - A cada dia estamos vivendo problemas de
violação dos direitos humanos. Há necessidade de que se crie essa consciência e essa
expansão    de oportunidade para que as pessoas, desde cedo, conheçam seus direitos,
lutem pelos seus direitos e tenham consciência da formação da cidadania, afirmação da
consciência crítica, do próprio sentimento humanista que, muitas vezes, tem que se dá
para o tratamento das questões sociais, públicas, de segurança.
Então, quero cumprimentar o relator e deixar aqui registrado o meu voto
favorável.
O SR. PRESIDENTE (João Rocha) - Continua em discussão o relatório do
Senador Joel de Hollanda.
Concedo a palavra ao Senador Otoniel Machado.
O SR. OTONIEL MACHADO - Gostaríamos, nesta oportunidade, de
ressaltar a importância da inclusão dos direitos humanos no currículo escolar.
Foi uma idéia muito feliz do Deputado José Anibal a iniciativa da inclusão
dos direitos humanos. Achamos uma idéia muito interessante, tendo em vista que o Brasil,
na fase atual, está necessitando mesmo da prática da cidadania do nosso País.
De maneira que gostaríamos de parabenizar o autor e o nosso relator, que
colocou muito bem as suas idéias.
Muito obrigado.
O SR. PRESIDENTE (João Rocha) - Continua em discussão o relatório do
Senador Joel de Hollanda. (Pausa)
Não havendo quem queira discutir, encerro a discussão.
Em votação.
Os Srs. que o aprovam queiram permanecer sentados. (Pausa.)
Aprovado.
Passamos novamente a Presidência dos trabalhos da Comissão ao Senador
Joel de Hollanda.
O SR. PRESIDENTE (Joel de Holanda) - A Presidência agradece o Senador
João Rocha.
Item nº 5:
Requerimento: Remete à CCJ para opinar sobre a constitucionalidade e
juridicidade da matéria. Autor do projeto, Senadora Benedita da Silva; Relatora e autora
do requerimento Senadora Marina Silva.
Com a palavra a Senadora Marina Silva.
A SRª. MARINA SILVA - Sr. Presidente, tendo sido designada relatora,
nesta Comissão, do Projeto de Lei nº 10, de 1995, de autoria da Senadora Bendita da
Silva, que dispõe sobre a presença dos negros nas produções das emissoras de
televisão, filmes e peças publicitárias, solicito, com respaldo no disposto do inciso Iº, do
art. 101 do Regimento Interno, seja feita consulta preliminar à Comissão de Constituição,
Justiça e Cidadania sobre a constitucionalidade e juridicidade da matéria, para que eu
possa formar um juízo técnico sobre essa proposição.
Do ponto de vista do mérito do que a Senadora Benedita da Silva está
propondo, é altamente relevante a sua iniciativa de inclusão obrigatória de pessoas
negras tanto em filmes, peças publicitárias, enfim, nas mais diferentes formas de
manifestação cultural e de publicidade, para diminuir a discriminação racial e fazer com
que a nossa cultura e a nossa formação econômica, social e racial seja realmente uma
formação horizontalizada, sem nenhum tipo de discriminação.
No entanto, no tramitar da matéria, houve algumas observações de técnicos,
juristas e pessoas que levantaram dúvidas quanto à constitucionalidade do que está
propondo a Senadora Benedita da Silva.
Para que não tomemos uma decisão precipitada, estou encaminhando
projeto para que seja ouvida a Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania, nos termos
em que propõe o requerimento.
O SR. PRESIDENTE (Joel de Hollanda) - Concedo a palavra ao Senador
Romeu Tuma, para discutir.
O SR. ROMEU TUMA - Sr. Presidente, lendo aqui a exposição de motivos
da Senadora Benedita da Silva, vemos a importância do seu projeto. Até pela dimensão
que toma quando propõe a defesa da raça -    como disse a Senadora Marina -, acredito
que a Senadora Marina tem razão em pedir a apreciação pela Comissão de Constituição,
Justiça e Cidadania quanto à juridicidade e constitucionalidade do projeto.
Sou favorável a que se aprove o requerimento da Senadora Marina, tendo
em vista que o assunto discriminação racial é um assunto delicado, e o Brasil atravessa
uma fase importante para que se diminua essa situação desagradável, no contexto até do
que discutimos no projeto anterior, que V. Exª relatou, que é o problema dos direitos
humanos.
Então, sou favorável ao encaminhamento à Comissão de Constituição,
Justiça e Cidadania, como requerido pela Senadora Benedita.
O SR. PRESIDENTE (Joel de Hollanda) - A matéria continua em discussão.
Não havendo quem peça a palavra, encerro a discussão.
Em votação o requerimento da Senadora Marina Silva solicitando audiência
na CCJ.
Os Srs. Senadores que o aprovam queiram permanecer sentados.(Pausa)
Aprovado.
Passamos ao item 6, último item da nossa pauta extra.
Projeto não terminativo.
Projeto de Lei da Câmara nº 39 de 1997, que dispõe sobre a prática
desportiva da capoeira e dá outra providências. Autor, Deputado José Coimbra; Relator,
Senador Abdias Nascimento.
Peço à Senadora Emilia Fernandes que faça o resumo do parecer do
Senador Abdias Nascimento.
A SRª EMILIA FERNANDES - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, lógico
que o parecer está muito bem fundamentado com dados, nomes, porque é de origem do
Senador Abdias Nascimento. Não vamos ter a pretensão de defendê-lo com a capacidade
que, certamente, o nosso Senador teria.
Peço o apoio dos Srs. Senadores para esse projeto, tendo em vista que no
seu art. 1º determina ser a capoeira manifestação desportiva de criação nacional e inclui-
se entre os bens que constituem patrimônio cultural do País. No art 2º, dispõe que o
Poder Executivo protegerá e incentivará o mencionado esporte, na forma da legislação
pertinente; no art. 3º, confere o prazo de 90 dias para o citado poder regulamentar a lei.
Na sua justificação, o autor afirma que algumas das principais tradições da
cultura brasileira estão sendo esquecidas e relegadas ao abandono, como é o caso da
capoeira. Estão sendo muito divulgadas no País lutas e atividades de competição de
origem estrangeira. Lembra que um povo que não cultua suas tradições torna-se um povo
amorfo.
De fato, a capoeira representa uma das manifestações mais tradicionais da
cultura brasileira. Há notícias da sua prática desde 1763, mesmo antes da transferência
da Capital do Brasil, da Bahia para o Rio de Janeiro.
As limitações impostas às manifestações dos negros brasileiros - a História
nos mostra - incluíram várias manifestações de repressão, inclusive    repressão à própria
capoeira.
Defendemos, então, que atualmente o jogo da capoeira, que ao mesmo
tempo engloba a dança, o canto e a luta, seja praticada em academias. Conquanto seja
forçoso reconhecer a predominância dos esportes ditos marciais praticados mundialmente
e reconhecidos como de competição internacional, a capoeira impõe-se como forma de
resistência cultural da nacionalidade.
Em boa hora o projeto em análise propõe diretrizes com o fim de proteger e
incentivar manifestação tão cara e importante à cultura brasileira. O Senador Abdias
Nascimento ainda rendeu um tributo aos capoeiristas brasileiros, registrando o nome de
grandes mestres do nosso País.
Com esse parecer, nos somamos pela aprovação do projeto, pedindo o
apoio dos demais Srs. Senadores desta Comissão.
O SR. PRESIDENTE (Joel de Hollanda) - Em discussão. (Pausa)
Concedo a palavra a nobre Senadora Marina Silva.
A SRª MARINA SILVA - Sr. Presidente, para registrar a importância desse
projeto, a capoeira, além de ser uma das manifestações culturais mais ricas do povo
negro brasileiro e também de brancos, porque passou a ser um esporte universal,
praticado inclusive fora do Brasil com grande intensidade, foi uma das manifestações
mais importantes na resistência do povo negro pela sua libertação. Nas práticas de
defesa dos negros, no processo de resistência à escravidão praticada pelos brancos
durante o sistema colonial, era exatamente a capoeira que dava essa fundamentação
bélico-militar, que tinha como pano de fundo também algo muito bonito, que é a arte, a
cultura, a dança, a musicalidade. A capoeira, enfim, é um esporte que, no decorrer do
tempo, perdeu a sua função de agressividade e de resistência e passou a ser uma
expressão cultural que consegue    compatibilizar movimentos de luta com outras
manifestações culturais.
O projeto é, então, de alta relevância e deve ter o apoio desta Comissão.
Ninguém melhor do que o Senador Abdias para relatar o projeto e tão bem enriquecê-lo
do ponto de vista de sua fundamentação histórica e teórica durante toda a trajetória dessa
manifestação cultural no Brasil.
O SR. PRESIDENTE (Joel de Hollanda) - Continua em discussão. (Pausa)
Não havendo quem peça a palavra, encerro a discussão.
Os Srs. Senadores que o aprovam queiram permanecer sentados. (Pausa)
Aprovado.
O SR. PRESIDENTE (Joel de Hollanda) - É intenção nossa voltar à pauta
normal. Todavia, como a maioria dos itens, com exceção de um, trata de projetos de
caráter terminativo e como tanto o relator como o autor dos destaques, Senador Waldeck
Ornelas, do item nº 1, que diz respeito à software, não podem comparecer, fica
prejudicada essa pauta e adiada para a próxima reunião.
Informo aos membros da Comissão de Educação que a Presidência recebeu
convite do Presidente do Parlamento Cultural do Mercosul para participar da inauguração
da sede desse Parlamento, nos dias 12 e 13 de novembro próximo. A Câmara dos
Deputados e o Ministério da Cultura estão enviando representantes e foi solicitado um
representante do Senado. A idéia seria a Comissão enviar um representante à
inauguração. Se algum dos Srs. Senadores se interessar em representar o Senador, em
Buenos Aires, na inauguração da sede cultural do Mercosul, que procure imediatamente a
Secretaria da Comissão para as providências cabíveis.
O SR. EDISON LOBÃO - Sr. Presidente, pela ordem.
O SR. PRESIDENTE (Joel de Hollanda) - Concedo a palavra a V. Exª.
O SR. EDISON LOBÃO - Indago a V. Exª se não seria possível votarmos,
em caráter preferencial, o item nº 2 da pauta normal, uma vez que se trata de um projeto
que não me parece polêmico e que já se encontra na Comissão de Educação há muitos
meses sem decisão. É o projeto que dispõe sobre a reutilização de livros didáticos no
ensino fundamental e médio e dá outras providências.
O SR. PRESIDENTE (Joel de Hollanda) - Senador Edison Lobão, considero
esse projeto de iniciativa de V. Exª da maior importância e sei o que representa a
reutilização dos livros didáticos. A Presidência teria o maior interesse em votá-lo o mais
rápido possível. Contudo, lamentavelmente, estamos sem número para deliberar, pois,
tratando-se de projeto terminativo, precisaríamos de quorum qualificado para a sua
votação. Lamentavelmente, então, não poderia atender V. Exª. Comprometo-me a colocá-
lo como primeiro item na próxima reunião.
Nada mais havendo a tratar, agradeço a presença de todos e declaro
encerrada a presente reunião. Muito obrigado.
Está encerrada a reunião.
(Levanta-se a reunião às 11h23min.)

Você também pode gostar