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COMO SE FAZ UMA TESE: HUMBERTO ECO

AS CITAÇÕES

QUANDO E COMO SE CITA:


DEZ REGRAS

HIAGO LACERDA DA SILVA ABRIL 2024


“(a) cita-se um texto sobre o qual nos “(b) cita-se um texto para apoio da
debruçamos interpretativamente” nossa interpretação”
Regra 1 - “Os trechos objeto de análise interpretativa são citados com uma extensão razoável.”
“se o trecho a analisar ultrapassa a meia página, isso significa que algo não funciona: ou se tornou uma unidade de
análise demasiada extensa, [...]”
Regra 2 - “Os textos da literatura crítica só são citados quando, com a sua autoridade corroboram ou
confirmam uma afirnação nossa. [...]”
“[...] quando se cita a literatura crítica, devemos estar certos de que a citação diz algo de novo ou que confirma o
que se disse com autoridade. [...]”
Regra 3 - “A citação pressupõe que se partilha a ideia do autor citado, a menos que o trecho seja precedido
e seguido de expressões críticas”
Regra 4 - “De todas as citações devem ser claramente reconhecíveis o autor e a fonte impressa ou manuscrita”
“a) com chamada e referência em nota¹, [...]
b) com o nome do autor e a data de publicação da obra, [...]”. Ex.: (ECO, 2007).
c) um simples parêntese que refere o número da página. [...]”. Ex.: (p.173).
Regra 5 - “As citações de fontes primárias são feitas, na medida do possível, com referência à edição crítica ou
à edição mais reputada [...]”
Recorrer à obra original.
Especificar qual edição se cita.

¹ECO, Humberto. Como se faz uma tese em ciências humanas. Editorial Presença; 13ª edição, Lisboa, Fevereiro 2007, p. 171-194.
Regra 6 - “Quando se estuda um autor estrangeiro, as citações dever ser na língua original. [...]”
a) Se tratando de obras literárias, a tradução deve estar entre parênteses ou em nota.
b) Ao abordar “a expressão precisa do pensamento” do autor, “é conveniente trabalhar com o texto original”.
Porém, se aconselha acrescentar entre parênteses uma tradução para indicar o exercício interpretativo.
c) Ao citar informação, dados estatísticos ou históricos, uma boa tradução basta.
d) No caso de poetas ou prosadores, uma boa tradução e inserção de breves trechos originais sublinhando “o
uso específico de uma certa palavra.” [...]
Regra 7 - “A referência ao autor e à obra deve ser clara. [...]”
a) Idem significa mesmo autor e sua abreviação é "id." Será usado quando a citação subsequente
originar-se de uma obra de mesma autoria da citação anterior.
b) Ibidem significa na mesma obra e sua abreviação é "ibid." Usado quando a citação subsequente
for originária da mesma obra da citação anterior.
c) Opus citatum significa obra citada e sua abreviação é "op. cit." Usado para referenciar uma obra
de mesmo autor já citada anteriormente, mas em caso de citações intercaladas.
Regra 8 - “Quando uma citação não ultrapassa as duas ou três linhas, pode inserir-se no corpo do paragráfo,
entre aspas, [...]”
Quando mais longa, colocá-la recolhida.
Regra 9 - “As citações devem ser fiéis. [...]”
“No meio do caminho tinha [e ainda tem] uma pedra...”
Aquilo que for comprovadamente incorreto deve ser seguido pelo termo latino sic entre parênteses, em itálico – o
termo sic, em latim, significa “assim mesmo; nem mais, nem menos”.
Regra 10 - “Citar é como testemunhar num processo. Temos de estar sempre em condições de encontrar as
testemunha e de demonstrar que são dignas de crédito. [...]”
Regras secundárias - Ao inserir reticência:
1. Ao omitir uma parte pouco importante,... se deve seguir à pontução da parte completa. Omitindo uma parte
central..., se procede a vírgula.
2. Barra oblíqua [/]
a) disjunção e exclusão;
b) inclusão;
c) itens com relação entre si;
d) separar versos de poesia;
e) escrita abreviada;

CITAÇÃO, PARÁFRASE E PLÁGIO


Com a ficha de leitura, é importante se atentar à redação da tese. Se certifique de que os trechos copiados são
“verdadeiramente paráfrases e não citações sem aspas. Caso contrário, terão cometido um plágio.”

“Como ter a certeza de que uma paráfrase não é um plágio?”

1. ”se for muito mais curta do que a original, [...]”


2. não há necessidade de uma preocupação doentia pela substituição das palavras, inclusive, “por
vezes é inevitável ou mesmo útil que certos termos permaneçam imutáveis”.
AS NOTAS DE RODAPÉ

PARA QUE SERVEM AS NOTAS


a) “... indicar as fontes das citações”
b) “... acrescentar outras indicações bibliográficas de reforço a um assunto discutido no texto¹”
c) “... referências externas e internas.”
Usa-se para remeter para outra coisa, uma obra ou um autor, por exemplo.
Confronte² é abreviado como “cf.” e não precisa ficar em itálico.
d) “... introduzir uma citação de reforço que, no texto viria a perturbar a leitura.”
Não “perder o fio da meada”.
e) “... ampliar as afirmações que se fizeram no texto.”
Notas de contéudo para discutir ou ampliar pontos do texto³.
f) “... corrigir as afirmações do texto ...”
Estar seguro do que afirma, mas consciente de que há quem não esteja de acordo ou tenha objeções.
g) “... fornecer tradução de uma citação ...”
h) “... pagar as dívidas.”
Uma ideia exposta que surgiu a partir de estímulos recebidos da leitura de uma obra específica.

¹sobre este assunto ver o livro tal.


²Cf. Eco, 2007.
³Eco (op. cit., p. 183) ressalta a importância das notas de observações pois, complementem o texto, sem sobrecarregá-lo.
Sistema citação-nota
a) “... nota como meio para a referência bibliográfica ...”;
b) devem estar na bibliografia final;
c) bibliografia final dá mais informações. Consequemente, as notas são menos precisas do
que a bibliografia;

Sistema autor-data
(ECO, 2007)

a) bibliografia homogênea, sobre uma disciplina específica;


b) bibliografia moderna;
c) “bibliografia científica-erudita”;

ADVERTÊNCIAS, RATOEIRAS, COSTUMES


a) “não indicar referências e fontes para noções de conhecimento geral.”

b) “não atribuir a um autor uma ideia que ele apresenta como ideia de outrem.”

c) se evita, mas se não houver escapatória, utilizar “apud”, quer dizer "citado
por", "conforme", "segundo".

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