Você está na página 1de 120

Paixão Proibida

Pamela Kondras

Índice
Nota da Autora.
Capítulo 1
Capítulo 2
Capítulo 3
Capítulo 4
Capítulo 5
Capítulo 6
Capítulo 7
Capítulo 8
Capítulo 9
Capítulo 10
Capítulo 11
Capitulo 12
Capitulo 13
Capítulo 14
Existem vários tipos de leitores, aqueles que se
emocionam e suspiram pelo livro. Tem aqueles que leem
porque se sentem bem e querem se distrair. Assim como
tem aqueles que buscam um refúgio nos livros.
Independente de que tipo de leitor você for, saiba que esse
livro foi escrito com carinho para você.

P.S: Não se esqueça de fazer sua avaliação.


Capítulo 1
Amber

Nove horas e eu estou acordando, não acredito que dormi até tão tarde!
Considerando que nunca acordo depois das seis, nove horas é muito tarde.
Aposto que você quer saber por que estou tão preocupada com a hora, se hoje
é sábado e eu não tenho nada para fazer.

Poderia dizer que gosto de acordar cedo e aproveitar o café da manhã com
minha família, mas isso seria mentira. Aqui nesta casa tudo é controlado,
desde o horário de acordar, o horário das refeições, o horário de sair e chegar.

Minha madrasta diz e meu pai concorda, é assim que funcionam as coisas.
E o pior é que minha cabeça está doendo como se estivesse prestes a
explodir. E não, eu não estou de ressaca como qualquer outra adolescente da
minha idade, na verdade nem parece que tenho 17 anos, enquanto outras
adolescentes estão se divertindo em festas e bebendo até não perceber com
quem realmente estão se agarrando eu estou aqui, com dor de cabeça por uma
discussão que tive com meu pai na noite passada, odeio desentendimentos,
ainda mais quando estou envolvida diretamente.

Não é que eu seja uma menina má nem nada, mas tudo tem um limite, e
quando meu pai disse que colocaria um segurança junto comigo 24 horas por
dia, eu cheguei ao meu limite! Entendo que muita gente não gosta do meu
pai, afinal ele é um juiz, e um juiz bem durão.

Depois que um chefe de gangue foi preso, apareceram algumas cartas com
ameaças direcionadas a sua família, no caso eu e a mulher com quem ele se
casou há longos nove anos, ela se chama Liza, mas eu prefiro chamá-la de
vacadrasta. A única pessoa que sabe do apelido não carinhoso que dei a
minha madrasta é Janice.

Janice é minha melhor amiga, tá certo, Janice é minha única amiga,


apenas digamos que eu não sou muito popular, como não posso ir a festas ou
assistir aos jogos do nosso time de futebol, fico um tanto excluída do resto do
grupo.

E por dois únicos motivos aceitei que meu pai colocasse um gorila
qualquer me vigiando o tempo inteiro.

Motivo um: ele aceitou a condição de que se eu tivesse um segurança


particular grudado em meu pé eu poderia assistir aos jogos do nosso time e
quem sabe ir a uma festa ou outra.

Motivo dois: a carta que minha mãe deixou antes de partir, uma carta que
dizia que ela não estaria por perto, que eu teria que obedecer a meu pai acima
de tudo.

Quando eu tinha sete anos perdi minha mãe para o câncer, nunca soube
que ela estava doente, até morrer. Ela era sempre tão alegre e cheia de vida,
foi um baque quando meu pai disse que ela tinha morrido, nem mesmo no
velório eu pude ir. Meu pai me explicou que eles esconderam a doença para
que eu não sofresse e a pedido de minha mãe ela não queria que eu a visse em
um caixão, queria que me lembrasse dela alegre e brincalhona, não imóvel
em uma caixa de madeira. Como ela expressou isso em uma carta de
despedida eu não pude ignorar seus últimos desejos.

— Amber, você está acordada? — meu pai perguntou do outro lado da


porta.
— Sim, já estou levantando.

— Ótimo, venha a meu escritório quando estiver pronta.

Meu pai não parecia estar nervoso ou de mau humor como ele
normalmente ficaria se eu acordasse tão tarde, talvez não ia ser tão difícil,
poderíamos conversar e esquecer a briga de ontem.

Levantei da cama, que é grande demais para uma pessoa só, não que eu
tivesse pensando em ter companhia nem na minha cama nem em qualquer
outra, é só que meu quarto é muito exagerado, uma cama king size com
lençóis e fronhas rosa-claro acompanhadas de um edredom igualmente
enjoativo na mesma cor, as paredes são amarelo-palha, o que é mais
agradável, um criado-mudo de cada lado da cama com um abajur para cada,
um computador de última geração ocupa minha mesa de estudos que fica
perto da janela de vidro temperado, que é grande o suficiente para o sol
iluminar todo o meu quarto pela manhã, um closet do qual não uso nem
metade do espaço, não gosto de sair às compras.

Sempre que vou comprar alguma roupa meu pai faz questão de que a
vacadrasta me acompanhe, está aí o motivo por eu não gostar de sair para
fazer compras.

E como se tudo isso não fosse o suficiente ainda tem uma porta que dá
para meu banheiro com hidromassagem.

O sonho de quase toda adolescente para mim é só mais um quarto, não me


impressiona o tamanho ou qualquer coisa que tenha aqui, eu daria tudo isso
para ter uma vida normal, queria que meu pai ficasse mais tempo em casa, ter
minha mãe para me explicar coisas de menina, ir à escola a pé ou mesmo de
ônibus, poder reclamar por querer um celular novo, ir a festas nem que fosse
escapando pela janela do meu quarto, ter um relacionamento legal, afinal sou
uma menina de 17 anos, os hormônios às vezes ficam fora de controle, queria
poder bancar a adolescente rebelde de vez em quando, mas nada disso é
possível para mim.

Meu pai é um homem muito ocupado e me surpreende por ele ainda estar
em casa em pleno sábado de manhã. Não posso ter uma conversa feminina
com minha mãe, pois ela já se foi, e a mulher com quem meu pai se casou
não é alguém com quem eu queira ter qualquer tipo de conversa, e como se
eu já não fosse uma derrota social ainda tem um motorista que me leva pra
escola e possivelmente logo um segurança também, tenho o celular e o
computador mais modernos, mas ninguém além de Janice para mandar
mensagens, e um namorado está fora de questão.

Ninguém se dá ao trabalho de me conhecer de verdade, os caras só


chegam a falar comigo por causa da minha aparência, e quando descobrem de
quem sou filha eles caem fora; na escola é caso perdido, ninguém tem
interesse em mim, eu sou a esquisita que nunca vai a festas, a filha do juiz
com quem ninguém pode mexer.

Mesmo que arrumasse um cara legal, meu pai nunca me deixaria namorar,
então me apaixonar é tempo perdido para mim.

Antes que meu pai viesse me chamar novamente fui até o banheiro, lavei
meu rosto, amarrei meus cabelos em um coque alto, tenho cabelos compridos
cacheados e castanhos. Meus cabelos são do tipo “tem dia”. Tem dia que
estão comportados, e tem dia que não estão. Tenho inveja daquelas meninas
que acordam com os cabelos lindos e maravilhosos, que só um passar de
mãos e parece que acabaram de sair do salão. Dei uma boa olhada no
espelho, minha boca está inchada, sempre que fico nervosa mordo os lábios, e
como noite passada não foi nada fácil... Meus olhos também estão inchados,
quase não dá para perceber o leve tom de verde misturado no castanho. Eu
não sou uma chorona, mas ontem meu pai foi muito rude comigo, falou
muitas coisas que não eram necessárias, é claro que uma hora ou outra eu iria
fraquejar e o lado emocional tomaria conta.

Tirei meu pijama, que consistia em uma camisa larga e uma calcinha
confortável, coloquei uma calça de moletom e uma camisa um pouco menos
larga e depois de soltar o ar que prendia no peito fui até o escritório do meu
pai, bati na porta e pedi licença para entrar.

— Entre — meu pai respondeu de dentro do escritório.

Quando entrei meu pai fez sinal para que me sentasse, ele está no telefone
falando com alguém.

— Certo, John, mande que ele venha antes das quatro da tarde, tenho um
jantar importante e quero avaliar bem esse sujeito antes de sair, não posso
cometer nenhum erro. Está bem, vou confiar na sua palavra — meu pai
encerrou a ligação.

Não queria que um silêncio desconfortável nascesse entre nós, então me


apressei em falar.

— Sobre o que o senhor quer falar comigo?

— Te peço desculpas por ontem, não devia falar daquele jeito com você,
apenas quero que entenda que me preocupo com minha filha, não vou deixar
que ande por aí correndo perigo. Acabei de falar com o John, ele conhece
alguns seguranças e disse que tem o homem perfeito para nós.

— Com isso o senhor prometeu me deixar assistir aos jogos de futebol e ir


a festas — não pude deixar de lembrá-lo.

— Vai, com calma mocinha, não vou deixar você fazer o que bem
entende, antes de qualquer jogo vai ter que me avisar a que horas vai chegar e
quero saber a que tipo de festa você vai, se eu não achar apropriado, nada
feito.

Bom, isso já é melhor do que nada.

— Entendido, agora se o senhor me der licença vou me retirar.

As conversas com meu pai são sempre assim, formais demais.

— Antes de você sair quero lembrar-lhe a importância de acordar cedo,


Liza gosta que todos façamos as refeições juntos. Eu concordo com ela, hoje
você perdeu o café, acho que deveria se desculpar.

— Claro pai.

Seria tempo perdido tentar explicar que Liza, mais conhecida como
vacadrasta, é uma manipuladora e falsa.

A briga da noite passada já foi tensa demais, é melhor apenas concordar,


como sei que ela vai estar esperando vou acabar com isso de uma vez. Fui até
a sala de estar, onde sabia que Liza estaria assistindo a algum programa de
televisão e trocando mensagens com um dos amantes, é claro que quando
descobri as malandragens da minha madrasta tentei avisar meu pai sobre seu
novo enfeite de cabeça, mas acho que seria pedir demais que ele acreditasse
em mim, a única coisa que ganhei foi uma semana de castigo sem meu
celular e computador.

E lá está ela, sentada no sofá fingindo assistir à televisão enquanto manda


mensagens.

— Bom dia, Liza! Vim pedir desculpas por ter perdido o café, não vai se
repetir.

— Espero que não se repita mesmo, se você parar de fazer as refeições


conosco logo seu pai também para.

Liza tem a voz mais enjoativa do mundo.

— Para você isso ia ser bom, aí teria mais tempo com seus amantes.

Antes que percebesse eu estava falando, sabe aquele pensamento que


ganha voz por vontade própria?

— Você se engana, não seria bom para mim se seu pai parasse de fazer as
refeições conosco, eu preciso de pelo menos o horário das refeições para
fingir que sou uma boa madrasta.

Liza nem se importou em negar e vou aproveitar essa chance.

— Não entendo por que faz questão de fingir que gosta de mim.

— Querida, seu pai é um homem muito rico e eu preciso de um homem


assim, se ele achar que não gosto da filhinha dele vai me largar, agora saia
daqui, está acabando com minha paciência!

No começo Liza tentava me enganar dizendo que amava meu pai, agora
ela sabe que de boba eu não tenho nada e por isso nem tenta.

Retornei a meu quarto e me enfiei embaixo do chuveiro, nada como um


bom banho quente para relaxar. É claro que a banheira de hidromassagem
seria muito mais relaxante, mas não estou com muito tempo para esperar a
banheira encher e assim poder relaxar de verdade, então tenho que me
contentar apenas com o chuveiro.

Depois de um bom banho vesti minha calça jeans e uma camiseta de


manga curta. Hoje é sábado, de forma que não preciso ir à escola, mas
mesmo estando em casa gosto de estar apresentável, por isso não hesitei em
delinear de leve meus olhos, nada muito exagerado, apenas para dar um
destaque, passei um batom de cor clara para esconder as marcas de mordidas
e estou pronta.
Capítulo 2
Derek
Pouco antes do meio dia John me ligou dizendo que eu teria uma
entrevista de emprego. Costumo trabalhar em boates, festas e até em alguns
eventos, esse de agora poderia ser um emprego fixo, o que seria muito
melhor, afinal o aluguel não se paga sozinho.

Depois que falei com John vi aquela mulher em meu sofá, ela estava
fingindo que dormia, talvez achou que eu iria acordá-la de uma maneira
carinhosa, ou mesmo fazer café para ela. Bom, é melhor ela esperar sentada,
não prometi nenhum tipo de relacionamento ou carinho.

— Ei, levanta, logo vou sair e você cai fora daqui! — falei enquanto
puxava o lençol que a cobria.

— Bom dia para você também, não quer tomar um café primeiro? Posso
fazer alguma coisa...

A loira ainda acha que vai conseguir alguma coisa.

— Não precisa fazer nada, apenas vista sua roupa e vá embora!

Depois de se vestir muito devagar, a loira voltou a falar. Qual é o nome


dela mesmo? Amanda? Luana? Ah, isso não importa.

— Você ainda não pediu o número do meu telefone — ela falou como se
estivesse me lembrando de respirar.

— Pra que vou querer seu número se não pretendo te ligar...

— Depois desta noite incrível está dizendo que me usou? Você não sabe
respeitar uma mulher?

— Esta noite foram dois adultos se divertindo, nada mais, não te prometi
nada nem antes nem depois de fazer sexo com você, se está procurando um
relacionamento, te aconselho a não ir para a cama de um homem que você
nem conhece, agora vou pedir que saia, tenho outras coisas a fazer.

Reconheço que às vezes sou um canalha, mas, melhor assim do que ficar
iludindo mulheres que vão esperar por um cara que nunca vai querer nada
com elas além de prazer.

A loira cujo nome não me lembro substituiu seu olhar de gatinha manhosa
por um olhar de leoa pronta para atacar. Nem fiz questão de desviar, deixei
que me acertasse um tapa que pegou em cheio meu rosto.

— Cretino! — ela esbravejou antes de sair da minha casa.

É claro que eu poderia ser mais gentil com as mulheres e até tentar alguma
coisa além de uma relação carnal, a questão é que eu não quero uma relação
de outro tipo com ninguém.

Depois de um bom banho, vesti uma calça jeans escura que estava jogada
em cima de uma cadeira no canto do meu quarto e uma camiseta cinza. John
me explicou que esse cara é um juiz e procura um segurança particular para a
filha de 17 anos. O sonho de toda adolescente é ter alguém roubando toda sua
privacidade; geralmente é bem difícil lidar com mulheres,
independentemente[U1][U2][U3] da idade, tudo que eu tenho que fazer é
ficar quieto, na minha, e observar a filha de um ricaço, vai dar tudo certo.

Embarquei na minha moto e fui para a casa de Marcus Valentine, o tal


juiz.

É uma casa enorme, se é que posso chamar isso de casa, está mais para
uma mansão. Um muro alto rodeia toda a propriedade; estacionei na frente do
portão e apertei a campainha. Pouco tempo depois apareceu um senhor que
deveria ser o jardineiro, deduzi isso por suas roupas sujas, ele não estava
malvestido nem nada, é só bem visível que estava fazendo um trabalho
braçal.

— Posso ajudar?

O possível jardineiro que aparentava ter por volta de 50 anos perguntou


desconfiado.

— Tenho uma entrevista de emprego com o senhor Valentine, é sobre a


vaga de segurança.

— Claro, aguarde um momento que vou informar que está aqui — o


homem me deu um leve sorriso antes de se afastar.

Pouco mais de dez minutos e o jardineiro estava de volta.

— Me acompanhe, vou levá-lo até o escritório.

Acompanhei aquele senhor, em um passo um tanto devagar, a idade já


estava limitando sua condição física, mas não me importei com isso, muito
pelo contrário, dessa forma pude observar tudo ao meu redor.

A casa era muito sofisticada tanto por fora quanto por dentro. Quando
entramos pude ver uma sala de estar muito bem arrumada, um conjunto de
estofado que parece muito macio, tapete marrom mais escuro que o tom do
sofá, mesa de centro e uma televisão grande. Tudo muito limpo e arrumado.

Ouvi vozes vindas de onde provavelmente é a sala de jantar, duas


mulheres estariam conversando, não parecia ser uma conversa amigável.
Tomei cuidado para não ouvir nada que não fosse da minha conta,
concentrei-me no homem à minha frente para bloquear as vozes.
Acompanhei-o pela escada dando de frente para um corredor. Fomos até
uma das portas e o jardineiro fez sinal para que eu entrasse, a porta estava
aberta de modo que não precisei bater.

— Com licença, senhor Valentine?

O homem grisalho atrás da mesa carrega um olhar cansado e uma feição


carrancuda, nada que me incomode, não tenho medo de cara feia, mas como
esse é meu possível futuro patrão seria melhor tratá-lo com educação e
respeito.

— Sim, sente-se — ele indicou uma cadeira à sua frente.

Depois que eu já estava acomodado ele voltou a falar.

— John te falou das exigências que procuro em um segurança?

— Não, senhor, apenas me passou o endereço e me disse para vir antes das
quatro.

Na hora me deu uma súbita vontade de esganar John, ele bem que podia
ter me adiantado alguma coisa.

— Procuro alguém sem nenhum tipo de compromisso, nada de esposa ou


filhos, nem namorada, para ser mais exato, preciso que esse alguém vigie
minha filha em tempo integral, vai passar a dormir em minha casa no quarto
de hóspedes, ganhará comida e roupa lavada e terá direito a um dia de folga
por mês. Diga-me, qual o seu nome?

— Derek Connor.

— Você corresponde às minhas exigências, Derek?

— Sim, senhor, não tenho nenhum tipo de compromisso e estou disposto a


passar as noites aqui, vigiando sua filha por tempo integral como solicitado.
Isso é mais do que bom, eu ganharia comida, roupa lavada e ainda uma
cama, fora o salário que obviamente não seria pouco.

— Ótimo, você tem algum conhecimento sobre artes marciais? Preciso de


alguém qualificado para proteger minha filha.

— Pratiquei krav maga por cinco anos e pratiquei jiu-jítsu por um bom
tempo, senhor.

— Qual a sua idade?

— Tenho 25 anos.

— Bem, se você concordar com tudo que eu vou explicar está contratado.

Valentine escreveu alguma coisa em um papel e passou para mim.

— Esse vai ser o valor do seu salário.

É três vezes mais do que eu estava esperando, e eu já esperava por uma


quantia alta, ele pode falar qualquer coisa, o emprego já é meu.

— Minha filha acorda às 5h30, nesse horário você vai verificar como ela
está, é claro que sempre vai bater na porta de seu quarto antes de entrar. Às
6h50 vai levá-la pra escola com um de nossos carros, vai ficar perto dela o
tempo todo, inclusive no meio das aulas; quando acabar o dia escolar vai
trazê-la direto pra casa, só tem autorização de levá-la a algum lugar se ouvir
isso da minha boca. Depois de estarem em casa você vai vê-la a cada 15
minutos, sei que parece exagerado, mas estamos falando de uma psicopata
que é capaz de tudo.

Valentine me passou a foto de uma mulher muito bonita antes de voltar a


falar.

— Essa é a pessoa que quer alcançar Amber e isso não pode acontecer,
minha filha não sabe sobre essa mulher e deve permanecer assim. Alguma
dúvida, Derek?

— Não, senhor.

— Você vai dormir no quarto ao lado do da Amber, esteja atento a


qualquer coisa. Vai aceitar o emprego?

Ele perguntou como se tivesse medo da minha resposta, eu também achei


um pouco de exagero acompanhar uma adolescente o dia todo, mas posso ver
a preocupação no olhar desse homem, ele quer ter certeza de que a filha está
em segurança, e pelo valor que me ofereceu é claro que vou aceitar o
emprego.

— Sim, senhor, quando começo?

— Se possível ainda hoje. Vou sair às seis, você pode ir buscar suas coisas
e voltar aqui antes desse horário?

— Posso.

— Então pode sair. Procure por Clarisse na cozinha, ela vai mostrar seu
quarto e te dar um uniforme provisório até o seu chegar.

Valentine parecia mais tranquilo agora que eu já aceitara o emprego.


Depois de fazer um aceno me retirei. Fui para o primeiro andar, onde
encontrei a cozinha.
Capítulo 3
Amber
Estou na cozinha com Clarisse, uma das poucas pessoas que me entendem,
ela é uma empregada da casa, mas gosto de conversar com ela. O dinheiro
que meu pai tem não me faz melhor do que os empregados, então eu posso
muito bem conversar com ela sempre que quiser. Eu tinha acabado de ter um
desentendimento com a vacadrasta e Clarisse estava tentando fazer-me sentir
melhor.

— Não dê bola para as coisas que ela te disse, não deixe isso alcançar
você — Clarisse falava enquanto lavava a louça.

— Não sei por que meu pai casou com ela — eu disse emburrada
enquanto guardava os pratos que estavam na pia, mesmo Clarisse insistindo
para que eu não fizesse nada eu fazia, gosto de ajudar.

— Algum dia você vai entender essas coisas, menina.

— E tem mais, você acredita que daqui para a frente vou ter um guarda-
costas, minha privacidade vai sumir!

— Isso é para o seu bem, seu pai está preocupado com você — Clarisse
justificou.

Antes que eu pudesse reclamar mais um pouco, ouvi a porta da cozinha se


abrir, virei esperando encontrar Hector, nosso jardineiro, mas não foi ele
quem meus olhos viram. Um homem de barba rala, com olhos de um azul-
acinzentado que lhe davam uma boa aparência estava em nossa cozinha.

— Estou procurando por Clarisse — o homem anunciou ao entrar.


— No que posso ajudar? — Clarisse perguntou ao meu lado.

— Eu sou o segurança, o senhor Valentine me disse que você iria me


mostrar onde vou dormir e me arrumar um uniforme provisório.

Não acredito que aquele pedaço de mau caminho iria ficar junto comigo o
dia inteiro, já estou arrependida de ter reclamado quando meu pai insistiu que
eu tivesse um guarda-costas!

— Estávamos justamente falando de você, como se chama? — Clarisse


perguntou.

— Derek, espero ouvir coisas boas a meu respeito.

Ele cravou os olhos em mim e deu um sorriso malicioso.

— Espero ter coisas boas para falar a seu respeito — Clarisse retrucou.

Derek nem sequer respondeu, não tirava os olhos de mim, e eu também


não conseguia parar de olhá-lo, tudo nele me chamava.

— É bom que já tenha conhecido Amber, a filha do senhor Valentine.

Clarisse falou como se para cortar o olhar que aquele homem estava me
dando e isso funcionou, quase imediatamente Derek assumiu uma posição
completamente diferente, ele desviou o olhar de mim antes de falar.

— Prazer em conhecê-la, senhorita Valentine. Agora, se não se importa,


gostaria que Clarisse fizesse o que pedi.

Derek não falou de um jeito grosso nem mal-educado, apenas muito


formal.

— Me acompanhe — aparentemente Clarisse não gostou muito de Derek.

Derek saiu da cozinha acompanhado de Clarisse. Mesmo de costas aquele


homem é de tirar o fôlego. A camisa marca muito bem seus músculos, não
consigo parar de imaginar como seria vê-lo sem a camisa. Seu cabelo é curto
e cheio, dá uma enorme vontade de enroscar meus dedos nele só para saber se
é tão macio como parece.

Só não entendo por que meu pai contratou um cara tão gostoso para ficar o
dia todo comigo, é claro que meu pai não tem um olhar crítico para homens
bonitos, mas, mesmo assim, sou uma adolescente com os hormônios à flor da
pele.

Depois de certo tempo Clarisse voltou para a cozinha.

— Tenho que agradecer meu pai pelo meu novo guarda-costas — falei
quando Clarisse estava perto o suficiente para ouvir.

— Não acho uma boa ideia ir por esse caminho, menina.

— Por quê? Vá me dizer que você não viu o quão bonito ele é!

— A única coisa que vi foi um homem que usa mulheres como objetos e
depois as descarta, conheço esse tipo de homem de longe.

Clarisse tinha certo tipo de experiência com homens, afinal, ela é uma
mulher de seus quase 40 anos e, segundo o que me disse, viveu muitas
desilusões.

— Não precisa se preocupar, ele é um homem feito e muito bonito, deve


ter quantas mulheres quiser, não é como se ele fosse se interessar por mim.

— Depois do olhar que ele te deu não diria isso, ele me pareceu muito
interessado.

— Impressão sua, ele me tratou de um jeito bem formal, me chamou pelo


sobrenome e nem se dirigiu diretamente para mim.
Será que ele tinha me lançado um olhar? Não, devia ser a imaginação fértil
da nossa governanta.

— Cuidado menina, homens desse tipo são perigosos, podem destruir


corações sem nem perceber.

Acenei em confirmação apenas para tirar o olhar de preocupação


estampado no rosto de Clarisse, afinal, não é como se eu fosse entregar meu
coração para um desconhecido, por mais atraente que ele é, isso não vai
acontecer.
Derek

Depois de arrumar uma bolsa com objetos pessoais voltei para minha
moto, iria começar a trabalhar na casa do juiz Marcus Valentine, vigiando
aquela deusa das curvas, depois que meus olhos alcançaram aquele corpo
escultural foi quase impossível parar de olhar, e não é só o corpo, tudo nela é
perfeito, seu rosto de anjo a faz ainda mais linda, como se só o físico já não
chamasse atenção suficiente.

Uma menina no corpo de uma mulher, quase não acreditei quando a


empregada me disse que aquela menina era a filha do chefe, ela não parece
ter só 17 anos, e por que a filha daquele homem rico estaria na cozinha
guardando pratos?

Assim que a empregada, cujo nome é Clarisse, disse quem era aquela
menina foi como se eu tivesse sido espetado por uma agulha, falei do jeito
mais formal possível, a última coisa de que preciso é perder esse emprego
que está pagando muito mais do que qualquer outro, além do mais, o cara é
um juiz, eu seria preso se colocasse minhas mãos na sua filha, que ainda é
menor de idade.

Embarquei em minha moto e voltei para a casa do senhor Valentine o mais


rápido que pude, disse a mim mesmo que só estava querendo causar uma boa
impressão, mas, no fundo, não pude negar que queria colocar meus olhos
naquele anjo, decidi que olhar discretamente não faria mal, tudo que eu tenho
que fazer é não deixar passar disso.

Mais cedo, quando Clarisse me levou para ver meu quarto, ela me
entregou uma chave do portão, assim não teria que tocar a campainha para
entrar, e como eu teria que levar a menina para a escola seria melhor se
tivesse uma chave. Segunda-feira pela manhã me entregariam meu uniforme
e um carro, é claro que eu só poderia usar o carro para levar a filha do senhor
Valentine aonde ela precisasse ir, não poderia fazer uso pessoal dele.

Depois de estacionar na frente do portão não sabia o que fazer com minha
moto, será que eu poderia estacioná-la na garagem deles ou isso seria um
abuso? Queria chamar alguém para fazer essa pergunta. Antes que pudesse
decidir o que fazer uma BMW muito luxuosa se aproximou, deveria ser o
senhor Valentine, não pude dizer com certeza, não dava para ver mais do que
uma silhueta pelo vidro escuro. O motorista parou ao meu lado antes de
abaixar o vidro.

— Que bom que já está de volta, Derek, pode entrar e se apresentar para
minha filha, se precisar de alguma coisa pode me chamar, Clarisse vai te
passar meus números para contato.

Valentine parecia estar com um humor melhor do que estava de manhã.

— Eu gostaria de saber onde posso deixar minha moto, senhor.

— Estacione na nossa garagem, hoje estou muito ocupado, mas amanhã


falaremos sobre o carro que vai usar para levar minha filha para a escola —
Valentine olhou para o vazio por um instante antes de voltar a falar. — Liza,
minha mulher, está em casa, apenas cuide para não esquecer que seu serviço
é vigiar minha filha e não minha esposa.

— Senhor Valentine, posso lhe garantir que mulheres não me faltam, não
vou atrás da sua

Eu sei que fui desrespeitoso ao falar assim, mas nem por todo dinheiro do
mundo vou deixar que alguém me destrate.
— Ótimo, fale com Clarisse, ela vai te explicar tudo que precisar saber,
fico feliz em tê-lo conosco, Derek.

Valentine deu um breve aceno antes de partir.

Das duas uma, ou Valentine é um homem muito ciumento ou sua esposa é


uma mulher muito linda.

Guardei minha moto em um canto da garagem, usei pouco espaço,


esperando que ela passasse despercebida, é claro que ela não chamaria
atenção, mais dois carros ocupavam a garagem muito espaçosa, uma Land
Rover enorme e um carro esportivo. Não sou um fanático por carros, mas
reconheci que é um Citroën DS3, um carro realmente muito bonito, e parece
ser novinhom intocado.

Estava indo para meu quarto na casa dos Valentine, deixaria minha bolsa
com meus pertences lá e colocaria o uniforme provisório que Clarisse me
dera, um terno que caía muito bem em mim. Mal entrei na casa e uma mulher
se atirou em cima de mim.

— Você deve ser o novo segurança da família, eu sou Liza.

A mulher até é bonita, um loiro-acinzentado faz um véu em suas costas e


ela tem olhos de um azul bem claro, mas, como eu nunca gostei de mulheres
assanhadas, sua beleza não me despertou nenhum interesse.

— Sou Derek, o segurança da senhorita Valentine.

Apesar de não gostar de mulheres assanhadas, nunca fujo de um sexo


fácil, apenas cortei a mulher porque no momento que me disse seu nome eu
soube que era a mulher do Valentine. Então eu soube o motivo de ele ter me
falado aquilo no portão, só não entendo por que um homem fica com uma
mulher assim.
— Meu marido não está em casa, pode relaxar.

Que mulherzinha mais baixa, estava disposta a trair o marido em sua


própria casa!

— Senhora Valentine, estou aqui a trabalho, então, se me dá licença, vou


vestir meu uniforme e fazer o que fui contratado para fazer

Não me importei em ser estúpido, afinal, é isso que eu faço de melhor,


dispensar mulheres. Geralmente as dispenso depois do sexo, mas esse é um
caso diferente.

Não esperei por uma resposta, aquela mulher aparentemente não sabia o
que falar depois disso. Deve ter sido a primeira vez que um homem a tratou
assim.

Subi as escadas e depois de colocar minha bolsa em cima da cama vesti


meu uniforme e fui à procura da senhorita Valentine. Bati à porta de seu
quarto, deduzi que ela estaria ali, e acertei.

— Pode entrar — ela falou em tom despreocupado.

Puxei o trinco e me apressei em me apresentar, mais cedo ou mais tarde


teria que fazer isso.

— Senhorita Valentine, estou aqui como seu segurança pessoal.

Ela estava em cima da cama lendo um livro, tomei o cuidado de não olhar
diretamente para ela.

— Pode me chamar de Amber, Derek, certo?

— Prefiro chamá-la de senhorita Valentine — não podia deixar ter


qualquer intimidade entre nós.
— Olha, vamos passar um bom tempo um na companhia do outro, então
não precisa ser tão formal, eu sinceramente não queria um guarda-costas
tirando minha privacidade, e acho que não deve ser muito emocionante ficar
junto com uma adolescente sem graça, mas podemos nos dar bem.

— Não estou aqui para me dar bem com ninguém, meu serviço é mantê-la
em segurança, senhorita Valentine.

Novamente estou sendo um cretino. Pensando bem, até seria legal se eu


pudesse me dar bem com essa garota, o fato é que se eu não me controlar ao
máximo vou acabar passando dos limites. Tudo nela me atrai, estar aqui em
seu quarto me faz ter uma série de pensamentos sujos, e ela parece tão pura e
inocente que eu não teria coragem de usá-la para mais tarde jogar fora, assim
como faço com todas as outras, e não posso me esquecer de que estou aqui
para trabalhar.
Capítulo 4
Amber
Quem esse cara pensa que é? Como ele pode me humilhar dessa maneira
depois de eu tentar ser legal com ele? Deve ter percebido que olho para ele
como uma boba, é claro que ele é bonito e desperta em mim vários tipos de
interesses, mas não estava dando em cima dele, apenas quis ser legal como
sou com qualquer outro funcionário. Sei bem que ele é o tipo de homem que
só posso ter na imaginação.

— Onde o senhor esqueceu sua educação, Derek? — perguntei da forma


mais rude que pude.

— Esqueci-a no útero da minha mãe, senhorita Valentine.

Estava me sentindo sufocada nesse quarto com esse homem desrespeitoso,


larguei o livro que estava lendo e fui em direção à porta, antes de sair fuzilei-
o com o olhar, por um breve segundo ele pareceu congelar; não dei bola para
isso, ele provavelmente queria rir da minha cara. Estava indo às pressas pelo
corredor, mas parei quando ouvi barulhos de pés atrás de mim.

— O que está fazendo? — perguntei com raiva.

— Seu pai me contratou para que eu a acompanhasse em tempo integral,


estou fazendo meu serviço — Derek falou com zombaria, parecia gostar de
me ver nervosa.

— Então eu te demito, pode ir embora!

— Meu acordo é com seu pai, senhorita.


Eu preciso ficar sozinha só um pouco, será que ele não podia entender
isso?

— Eu vou voltar para o meu quarto, tomar banho, posso ir sozinha ou


você tem que me acompanhar também? — cuspi as palavras com tanta raiva
que só me arrependi depois que já tinham saído, pude sentir meu rosto
esquentar, até onde essa humilhação iria?

— Pode ir sozinha, mas em 15 minutos irei verificar se está tudo bem,


como seu pai solicitou.

Derek deve ter percebido a vergonha em meu rosto, ele não conseguiu
segurar um breve sorriso.

— Para sua informação eu vou trancar a porta.

— Uma porta não pode me impedir, senhorita Valentine.

— Eu entendi, você não quer se dar bem comigo e gosta de me irritar, mas
por favor me deixe sozinha, depois que eu sair do banho te aviso que estou
bem, eu só preciso de um tempo.

Não sei se foi a súplica em meu olhar ou minhas palavras, mas Derek
concordou e com um aceno voltou para seu quarto, que ficava ao lado do
meu.

Toda felicidade em ter aquele deus grego como segurança sumiu assim
que conversei com ele, se é que posso chamar aquilo de conversa. Que
homem irritante e cheio de si, agora ele deve estar debochando de mim, quão
estúpida posso ser? Não! Eu não fui estúpida, estava apenas usando a boa
educação que meu pai me deu.

Depois de voltar para meu quarto liguei a água na banheira, o chuveiro


não seria o suficiente para me acalmar; antes de tirar minha roupa me
certifiquei de que a porta estivesse bem trancada, só para garantir.

Coloquei sais de banho na água quente e me afundei na banheira, incrível


como um bom banho pode resolver tantos problemas. Só por um momento
me deixei levar pelo pensamento de como seria ter Derek junto comigo; logo
parei de pensar bobagens, o cara é um completo idiota, eu nunca deixaria que
ele se aproximasse de mim de outra forma. É claro que, mesmo sendo um
idiota ele ainda é muito bonito, eu não sou uma menina superficial nem nada,
mas ele tem uma boa aparência, isso eu não posso negar.

Outro pensamento que sondou minha mente foi a preocupação de como


seria segunda-feira, ir para a aula com um segurança, minha vida social vai
afundar mais ainda, se é que isso é possível. Como qualquer outra menina no
meio de uma crise de nervos, peguei meu celular e enviei uma mensagem
para minha melhor amiga.

Amber: “Meu guarda-costas já chegou, não gosto dele”.

Não demorou para Janice responder.

Janice: “O que aconteceu? Você é sempre tão compreensiva, o que ele fez
para ganhar sua raiva?”.

Amber: “Ele é um completo idiota, foi muito rude quando eu tentei ser
legal”.

Janice: “Se coloca no lugar dele, o que acha que seu pai ia pensar ao ver
vocês amiguinhos? Às vezes o cara precisa do emprego e não pode deixar o
patrão pensar que ele quer entrar nas suas calças”.

Eu não tinha pensado por esse lado, e Janice tem certa razão, mas isso não
muda o fato de eu ter ficado muito aborrecida.

Amber: “Você está certa, eu estou exagerando. Como foi o jogo sexta-
feira?”.

Janice: “Muito bom, Taylor fez dois gols”.

Taylor é minha paixonite secreta.

Amber: “Quem sabe posso assistir ao próximo jogo, estou fazendo uns
acordos com meu pai”.

Janice: “Tomara que consiga, vou adorar assistir aos jogos junto com
minha melhor amiga”.

Amber: “ J Conversamos mais tarde, vou fazer a tarefa de matemática”.

Janice: “Só você para fazer tarefas em pleno sábado. Até mais, sua
maluca”.

É bom ter uma amiga como Janice, ela é descontraída, divertida e ousada,
o total oposto de mim. Ela sempre diz que deve se divertir por mim também,
já que eu não posso. Tudo seria muito diferente se meu pai fosse mais
compreensivo.
Capítulo 5
Derek
Já faz quase uma hora que Amber está trancada naquele quarto, isso me
leva a ficar preocupado, seria exagero do senhor Valentine ou essa pessoa
que está atrás de Amber é realmente perigosa?

Com a foto daquela mulher nas mãos analisei bem, ela não aparenta ser
uma psicopata, apenas uma mulher muito bonita com os olhos indecisos entre
o marrom e o verde, um sorriso largo que fazia covinha no canto de sua
bochecha, cabelo castanho bagunçado com o vento e só isso. Será que ele não
tinha nenhuma foto mais intimidadora dela? Ou pelo menos uma em que essa
mulher não parecesse ser tão alegre?

O que não sai de minha cabeça é a pergunta de quem é essa mulher. E por
que está atrás de Amber? Seja ela quem for o senhor Valentine parecia muito
preocupado.

Eu estava subindo pelas paredes de preocupação, fui pago para vigiar essa
garota a cada 15 minutos e agora faz uma hora que ela não dá nem sinal de
vida. Saí para o corredor me perguntando se devia bater na porta ou
simplesmente derrubá-la; resolvi bater.

— Já estou indo — Amber respondeu de dentro do quarto.

Esse “já estou indo” levou uma eternidade, aquela garota só podia estar
fazendo isso para me provocar. Quando estava prestes a bater novamente ela
saiu.

— Viu, não aconteceu nada por me dar o mínimo de privacidade.


— Não estou aqui para cuidar de sua privacidade, meu serviço é protegê-
la — respondi carrancudo.

Para começo de conversa nem sei por que deixei que ela ficasse tanto
tempo sozinha, talvez fiquei arrependido por ter sido estúpido com ela, ou
talvez fui fisgado quando ela me encarou daquela maneira e não consegui
dizer “não”, seja o que for já passou, tomei meu foco novamente e não ia
desgrudar os olhos dela, e isso eu faria com prazer.

Depois do jantar Amber foi para sala de estar e ficou mexendo com alguns
livros, aparentemente fazendo deveres de escola; depois assistiu a um filme
extremamente chato, um romance muito meloso em que a mocinha
encontrava o príncipe encantado. Ah, que porra! Por que fazem filmes assim?

É por isso que essas mulheres andam pela vida procurando príncipes que
vão casar com elas e fazê-las felizes para sempre, até seria legal se os
relacionamentos fossem perfeitos, mas não são! Vi com meus próprios olhos
como a união de duas pessoas pode ser destrutiva, minha mãe teve três
casamentos que não foram apenas ruins, foram péssimos, infelizmente ela
não resistiu ao terceiro, deixando-me sozinho no mundo. Com 14 anos de
idade passei por muitas dificuldades.

Pela minha mãe procuro fazer as coisas certas. Mesmo ela tendo se
relacionado com merdas uns piores que os outros, nunca me colocou em
segundo plano, mesmo quando aos dez anos eu a chamei de covarde; a única
resposta que ela me deu foi “Eu te amo filho, nunca seja um homem mau”. E
pela minha mãe sou como sou hoje, mesmo sendo um canalha não minto para
as mulheres, deixo que elas saibam com quem estão lidando, nunca me fiz de
bonzinho para enganar uma mulher e acima de tudo nunca encostei um dedo
em nenhuma delas.
Amber

Os primeiros raios de sol se esgueiravam pela janela do meu quarto. Que


amanhecer bonito, essa é a vantagem de acordar cedo, nada é tão lindo como
o começo de um novo dia. Eu me levantei da cama e fui para perto da janela,
esse é um amanhecer que merece ser admirado.

Fiquei tão perdida em meus próprios pensamentos que quase não ouvi
quando alguém bateu à porta, deve ser Clarisse com um remédio para dor de
cabeça, ela me conhece bem e sabe que quando estou nesses dias tenho muita
dor de cabeça, principalmente quando acordo.

Até estou com um pouco de dor, mas ela podia esperar eu descer para me
entupir de analgésicos; no fundo gosto de como ela cuida de mim, é como
uma mãe. Com a voz ainda enrolada por causa do sono mandei-a entrar.

— Bom dia, senhorita... — Derek não terminou de falar, apenas ficou


olhando boquiaberto.

Foi quando realmente vi o que estava usando, uma camiseta folgada dos
Smurfs e uma calcinha superconfortável de algodão. Peguei um travesseiro
que primeiramente usei para tampar minhas pernas, em seguida[U4] atirei em
Derek.

— Sai daqui!

Aposto que minhas bochechas estão mais vermelhas do que pimenta.

Como se já não bastasse o jeito que ele me trata e eu ainda o deixo me ver
quase sem roupas! Ah! Que inferno, até onde posso me afundar?!
Reconheço que a culpa não é dele, fui eu quem o mandou entrar, sem
perceber com que roupa estava, e nem perguntei quem era, mas isso não
muda o olhar que ele me deu, é claro, ele é um homem e eu uma garota que
está seminua.

Depois de me vestir mais adequadamente, ajuntei o resto de dignidade que


me sobrava e saí para o corredor.

— Vai me devolver meu travesseiro? — perguntei sem olhar para ele.

Depois que ele me devolveu, senti uma enorme vontade de me jogar junto
com o travesseiro na cama e não sair dali pelos próximos 100 anos.

— Olha, me desculpe, eu não deveria ter entrado no seu quarto — Derek


começou a se desculpar.

— A culpa foi minha, achei que fosse a Clarisse, mas você não precisava
ter me olhado daquele jeito, devia ter saído assim que percebeu como eu
estava.

Por que eu falei isso? Bom, digamos que tive vontade de repreendê-lo.

— Sabe o que eu acho, senhorita Valentine? Acho que estava tentando me


seduzir, se vestiu daquele jeito e me mandou entrar apenas para me provocar,
mas já vou avisando que garotinhas da sua idade não fazem meu tipo.

Levei um tempo para acreditar que ele realmente falou aquilo.

— Você é tão cheio de si! Até parece! Não importa que você seja bonito,
eu nunca iria querer alguém como você!

Que homem mais irritante e atrevido!

— Então me acha bonito, senhorita Valentine? Ah! Como eu queria poder


apreciar sua beleza em minha cama!
Ele não falou isso, meus ouvidos estão me enganando. Tenho certeza de
que ele só falou aquilo para me provocar e me deixar sem palavras, e
conseguiu. A única coisa que meu cérebro conseguiu ordenar meu corpo a
fazer foi mostrar-lhe meu dedo mindinho e depois sair correndo.

Lembro que um namorado que Janice teve andou espalhando boatos


obscenos sobre ela, então em um dia que ele estava com os amigos dando
risada da minha amiga ela foi até eles e fez o mesmo gesto, mostrou o dedo
mindinho e deu risada, e funcionou, ele nunca mais falou nada sobre ela,
apenas tenho que me lembrar de perguntar o que esse gesto significa.
Capítulo 6
Derek
Se Amber soubesse o quanto está errada em fazer aquele gesto, minha
vontade é de ir atrás dela e lhe mostrar o quanto se enganou sobre meu
tamanho, mas, também, por que eu falei em levá-la para minha cama?

Primeiro ela tentou me repreender por olhá-la e depois disse que gosta da
minha aparência, eu simplesmente não resisti, as palavras saíram antes que eu
pudesse impedir; além do que, adoro vê-la nervosa.

Não posso negar que o travesseiro que ela jogou em mim foi muito útil, no
instante em que coloquei os olhos nela não pude evitar a reação de meu
corpo, pelo menos tinha um travesseiro para usar como escudo, seria
desastroso se ela percebesse minha ereção. Conheço a garota não faz nem um
dia e ela já tem esse controle sobre mim, isso me deixa irritado.

Desci as escadas atrás de Amber, ela já estava na sala de jantar com seu
pai e sua mãe tomando café. Depois de cumprimentar o senhor e a senhora
Valentine fui para a cozinha, mas não antes de lançar um olhar ameaçador
para Amber.

Uma cozinha grande e completa, não havia reparado muito da última vez
que estive aqui. Agora, olhando melhor, ela é muito bem iluminada, as
paredes e o chão igualmente brancos ajudam na claridade. Alguns detalhes
pretos se estendem pelo azulejo das paredes e do chão, fazendo contraste com
os móveis brancos e os eletrodomésticos todos de inox. Perto da pia uma
janela larga deixa o vento fresco da manhã de primavera entrar.

Há uma bancada branca no centro da cozinha com o mesmo tampo de


granito preto que cobre a pia e os balcões; nessa bancada estavam Clarisse,
que aparenta não gostar de mim, um homem loiro com um terno parecido ao
meu e o homem que julguei ser o jardineiro noutro dia.

— Bom dia! — disse o homem que pensei ser o jardineiro.

— Bom dia, eu sou Derek! — estendi a mão para ele.

— Sou Hector, o jardineiro, este outro aqui é Pier, o motorista, e Clarisse,


a governanta.

Hector fez sinal para que me sentasse junto a eles. No meio da bancada
tinha um bule de café, um jarro com suco de laranja, pães de queijo e um
bolo seco, além de outras coisas que eu considero demais para um café da
manhã.

Pier me deu um sorriso que não pareceu ser verdadeiro e Clarisse me deu
um olhar mal-humorado.

— Você vai gostar de trabalhar para o senhor Valentine, ele paga bem, é
muito compreensivo e Amber é uma boa menina — Hector falou empolgado.

— O senhor Valentine parece ser um homem bem fechado, e acho que a


senhorita Valentine não vai muito com minha cara.

— Não se preocupe com isso, o senhor Valentine apenas é um homem


muito ocupado, e Amber é muito madura para a idade, apenas leva um tempo
para que vocês se acostumem com a companhia um do outro.

Dei um breve sorriso para Hector antes de começar a comer. Não lembro
quando foi a última vez que tive um café da manhã tão farto, talvez não me
lembre porque nunca tive um café da manhã decente. Minha mãe sempre se
esforçou para fazer coisas de que eu gostasse, mas ela não tinha muito
dinheiro para gastar com comida, teve três casamentos com bêbados
desprezíveis que achavam que a comida não era tão importante quanto um
litro de pinga.

Estava quase terminando de comer quando Amber entrou na cozinha; ela


cumprimentou Clarisse com um beijo na bochecha e depois com um largo
sorrindo disse “bom dia” para Hector, com um sorriso forçado cumprimentou
Pier.

— Aqui, menina, tome.

Clarisse entregou um comprimido para Amber, será que ela está doente? E
por que diabos eu me preocupo se essa menina está doente ou não?

Depois de tomar o comprimido Amber se virou para mim.

— Venha, vamos para garagem, meu pai quer falar com você. pediu para
que te levasse lá.

Se ela continuasse com aquele sorriso eu iria a qualquer lugar. Amber


parece estar realmente feliz, e eu quero que ela continue assim.
Amber

Derek me acompanhou em direção à garagem, nenhum de nós falou nada,


não era um silêncio desconfortável, apenas estávamos quietos. Eu fiquei
muito feliz quando vi meu pai com um sorriso no rosto, a última vez que me
lembro de o ter visto assim, de bom humor, eu tinha 8 anos, também fazia
muito tempo que eu não me alegrava na companhia do meu pai.

Hoje de manhã, quando ele falou que queria que eu fosse até a garagem,
ele estava feliz. Não pude segurar meus lábios, que automaticamente se
voltaram para cima, não fiquei feliz por imaginar o que teria na garagem, o
simples fato de ver meu pai contente fez com que eu sentisse uma grande
emoção crescer em meu peito.

Eu sei que pode parecer estranho me animar em ver meu pai de bom
humor, mas fazia muitos anos que eu não o vi tão bem, ele parece estar
calmo, eu iria para a garagem ou a qualquer outro lugar desde que meu pai
fosse sorrir daquela maneira só mais uma vez.

Na verdade, pouco me importa o que ele quer me mostrar, minha


animação é pelo seu bom humor.

Finalmente chegamos à garagem. Meu pai esperava junto de Liza, não que
tivesse sido convidada a nos acompanhar, mas lá estava ela.

— Está pronta? — meu pai perguntou com um brilho no olhar.

Eu acenei com a cabeça, as palavras não conseguiam sair, quem era esse
homem bem-humorado e sorridente que estava na minha frente? Das duas
uma, ou meu pai sofreu uma lavagem cerebral ou foi abduzido por
alienígenas e esse era um impostor em seu corpo.

Sem mais delongas meu pai abriu a porta da garagem e segurou Liza pelo
antebraço para que eu fosse a primeira a entrar.

Olhando diretamente para mim, mudo, mas me chamando, um carro


perfeito, nem muito grande nem muito pequeno, com uma fita vermelha
fazendo contraste contra a lataria amarela... Lá está o carro mais convidativo
que eu já vira. Procurei pelo olhar de meu pai em busca de respostas.

— Eu sei que ainda faltam seis meses para você fazer 18 e ter sua carteira
de motorista, mas até lá Derek vai dirigi-lo e te levar onde você precisar ir.

Abracei meu pai, um abraço apertado e cheio de emoção. Palavras não


podiam expressar minha gratidão e não estava grata apenas pelo carro, é bem
visível que meu pai está tentando me mostrar que me ama e confia em mim e
não está fazendo isso tentando me comprar com presentes; um carro significa
que ele confia em mim, além disso está me dando liberdade para sair sem a
vacadrasta grudada em meu pé.

— Fico feliz que tenha gostado.

Meu pai deu algumas batidinhas com a mão em minhas costas antes que
eu me afastasse.

— Querido, não acho que seja a hora de Amber ganhar um carro, seis
meses demoram a passar, além do que precisamos comprar um carro novo
para a família, o Land Rover já tem quase três anos de uso e a Amber pode
usar o mesmo carro que eu uso, o Pier pode levá-la aos lugares.

Essa mulher não podia simplesmente se afogar? Como tem coragem de


estragar um momento como esse que não acontecia há anos? E só para
constar o Land Rover não é da família, é da Liza, eu o uso apenas para ir à
escola, além das vezes que meu pai me obrigou a acompanhar Liza nas
compras. Eu nunca o usei para lazer e fazer compras com a vacadrasta não
pode ser considerado nem de longe como um momento de prazer.

Eu não precisava de uma bola de cristal nem nada parecido para saber o
que aconteceria a seguir, meu pai iria concordar com a Liza e eu teria direito
de permanecer em silêncio, tudo que eu dissesse poderia e seria usado contra
mim em uma discussão.

— Seis meses passam rápido, e não vejo mal algum em Amber ter um
carro. Como ela poderia ir aos jogos de futebol da escola ou sair com as
amigas sem um carro?

Alguém pode me avisar que o inferno congelou e eu sou a única que ainda
não sabe?

— Pier pode levá-la aos jogos e a qualquer outro lugar.

Liza também parecia não acreditar no que estava acontecendo.

— Não, Pier não pode levá-la a lugar algum, pois sempre está ocupado
levando você sabe-se lá aonde...

Essa foi a primeira vez que vi meu pai contrariar Liza, ela estava tão
perplexa quanto eu.

— E o que vai acontecer com Pier? Eu preciso de um motorista.

— Pode ficar com ele, e também faça o que quiser com o Land Rover, se
quiser trocar, ou vender e comprar um novo, fica à sua escolha, apenas fique
ciente de que não vou dar um centavo para que você troque de carro.

Meu pai olhou para mim e suavizou o rosto antes de voltar a falar.

— Quer dar uma volta?


— Claro, mas você não está ocupado com o serviço ou outra coisa?

Está difícil de acreditar.

— Amber, apenas entre no carro. Derek, você pode dirigir?

— Posso, sim, senhor.

Eu estava tão perplexa com esse ser que colocaram no lugar do meu pai
que quase esqueci que Derek estava ali (quase). Quando Derek passou por
Liza seus lábios se dobraram, não como um sorriso de flerte, estava mais para
uma risada de deboche.
Capítulo 7
Derek
As semanas seguintes passaram rápido, nem parece que trabalho aqui já
faz mais de um mês. Os dias são calmos, Amber é uma menina tranquila,
passa a maior parte do tempo lendo, estudando ou assistindo à TV.

Eu passo a maior parte do tempo tendo fantasias com essa menina, já me


acostumei com isso, não posso negar a beleza de Amber, então me deixo
vagar por pensamentos que guardo só para mim.

Marcus é um homem muito ocupado, mal olha a filha ou a esposa, quem


dirá ter tempo para questionar como vigio sua filha. Ah! Se ele soubesse do
jeito que a vigio...

No começo Liza se jogava em cima de mim sempre que possível, agora


ela está mais calma. Até mesmo eu percebi que ela trai o marido, mas não
contei nem a Amber nem ao pai dela, não gosto de me envolver em coisas
que não são da minha conta, fui contratado para cuidar da segurança de
Amber, não tenho que me preocupar com a relação conjugal do juiz.

Os outros empregados me tratam bem, Hector é o mais simpático. Pier é


educado, mas não temos muitos assuntos em comum. Clarisse ainda não
gosta muito de mim, ela acha que vou me aproveitar da Amber; bem que
gostaria, só não acho certo brincar com os sentimentos de uma menina de 17
anos.

As mulheres com quem saio são experientes e sabem que esse papo de
príncipe encantado não existe. Eu me envolver com uma menina inocente e
sonhadora seria complicado, além de que, antes mesmo de tocar os lábios
dela, estaria preso.

Nem sei por que estou pensando em Amber e envolvimento ao mesmo


tempo, deve ser aquele corpo dela me confundindo de novo.
Amber
Havia um braço quente em torno de mim, o corpo dele estava grudado no
meu como se qualquer espaço entre nós fosse inadmissível, a respiração
quente na minha nuca aquecia vários outros lugares, e antes de me virar eu já
sabia quem estava ali. Derek me deu um sorriso malicioso antes de afundar
seus lábios nos meus, seu beijo me aqueceu por inteira e, como se isso já não
bastasse para me provocar, ele ainda percorria sua mão por todo o meu corpo
com tanta intimidade que me fez soltar um gemido.

Ele se colocou em cima de mim se apoiando com os braços, corri meus


dedos por seu cabelo puxando-o em minha direção e o tomei novamente em
um beijo urgente, meu corpo todo pegou fogo, pressionei-me com força
contra sua ereção, Derek percebeu o que eu queria. Não, é mais do que
querer. Eu preciso! Ele tirou a camisa e... O despertador tocou!

Eu disse a mim mesma que fiquei feliz em acordar, não consegui me


enganar com essa mentira, mas ia continuar repetindo até acreditar. “Fiquei
feliz em acordar.” “Fiquei feliz em acordar.” E continuei repetindo
mentalmente a mesma frase.

Meus cabelos estavam incontroláveis nessa manhã. Fiz um rabo de cavalo


alto, lavei meu rosto e vesti meu uniforme, que consistia em uma calça jeans
e uma camiseta branca com o símbolo da nossa escola; coloquei uma
sapatilha bem discreta e dei uma olhada no espelho, eu nunca fui de me
arrumar muito para ir para escola, mas hoje parecia um dia diferente, resolvi
que um pouco de maquiagem não faria mal. (Tá certo, eu caprichei na
maquiagem, quase parecia outra pessoa e isso me deixou feliz.)

Derek já estava me esperando no corredor, disfarcei quando senti meu


rosto corar.

— Bom dia, senhorita Valentine, dormiu bem?

Será que tinha como ele saber que sonhara com ele? Não, ele só estava
sendo simpático. Mas por que ele estaria sendo simpático comigo? Será que
eu estava sendo neurótica?

Como eu não respondi, Derek voltou a falar.

— O gato comeu sua língua, senhorita Valentine?

— E se comeu, o que você tem a ver com isso?

— Se quiser posso te emprestar a minha.

Derek lambeu os lábios, ele provavelmente não soube o quando gostei


desse gesto.

— Como se eu fosse querer essa sua língua nojenta.

Ah! Como eu queria aquela língua nada nojenta, mas isso eu nunca ia
admitir, pelo menos não em voz alta.

— Acho melhor você descer, logo seu pai vem aqui ver o que estou
fazendo com a filhinha dele, e se continuar aqui vou acabar fazendo alguma
coisa mesmo.

Por que ele tinha que me provocar tanto? Eu bem queria continuar ali e
desafiá-lo a fazer algo, mas sei que não passava de uma brincadeira boba, dei
as costas para ele e desci a escada.

Liza e meu pai já estavam tomando café quando me sentei junto à mesa,
peguei uma tigela e juntei o leite com cereal e comecei a comer bem rápido.

— Por que a pressa, Amber? — Liza perguntou com aquela vozinha


enjoada.

— Quero passar na casa da Janice e dar uma carona para ela.

O que eu realmente queria falar é “Isso não é da sua conta”, mas, como sei
a confusão que essa resposta ia provocar, preferi ser educada com ela.

— Não acho que essa menina seja uma boa escolha de amiga, ela é tão
vulgar.

Liza com certeza queria me tirar do sério.

— Olha só quem fala, você já se olhou no espelho?

— Você que deveria procurar um espelho, já viu como está seu rosto?
Uma menina como você não deveria usar tanta maquiagem.

Mesmo tendo me arrumado um pouco melhor, cuidei para não passar dos
limites, um batom claro, os olhos levemente delineados e uma sombra clara.
O que tinha de errado nisso?

— Então eu deveria ser mais como você? Só para te informar suas pernas
são muito finas para usar tanta roupa curta, e esse seu decote mostra
desespero por não ter mais nada a oferecer.

Eu sei que peguei pesado, mas não ia deixá-la ofender minha melhor
amiga, uma das poucas pessoas que me entende e apoia.

— Marcus! — a vacadrasta buscou por reforço.

— Amber, não fale assim com a Liza, não foi essa educação que você
recebeu, e sei que não faria mal lavar o rosto.

Tudo que é bom dura pouco, meu pai tinha voltado a ser como sempre foi
desde que minha mãe morreu.
— Você percebeu que ela ofendeu a Janice e depois tentou me ofender?
Quer saber, continue com sua esposa perfeita, eu estou saindo, daqui a seis
meses saio para sempre da vida de vocês.

Não costumo responder a meu pai, mas dessa vez não pude me controlar.

Subi as escadas para pegar minha mochila e quando desci fiquei feliz ao
ver que Derek já estava me esperando pronto para sair, assim não teria que
passar por meu pai e Liza novamente. Meu pai não tentou vir atrás de mim,
pude ouvir enquanto Liza falava o quanto eu estava instável. Que vão à
merda eles!
Derek
Antes que Amber embarcasse no carro dei uma boa olhada em seu rosto à
procura de lágrimas, mesmo sendo sem querer ouvi a discussão que se
passara. Ela não estava chorando, nem parecia estar chateada. Ela me passou
o endereço da amiga e ficou em silêncio.

Poucos minutos se passaram e eu tive que perguntar.

— Você está bem? Eu ouvi a discussão.

— Esse tipo de coisa já não me atinge mais.

Confesso que fiquei surpreso com sua resposta, ela é mais forte do que
aparenta.

— Por que sua mãe te trata assim?

— Ela não é minha mãe, meu pai se casou com a vacadrasta há nove
anos.

— Vacadrasta?! — arqueei uma sobrancelha. — Bom apelido.

Amber respondeu com um sorriso travesso que fez uma corrente elétrica
correr pelo meu corpo.

— A casa da Janice é ali na frente, estou mandando uma mensagem para


ela vir aqui.

Encostei o carro na calçada, esperando pela tal amiga de Amber. Pouco


tempo depois uma menina loira saiu da casa. Conforme ela se aproximava do
carro pude vê-la melhor, seu cabelo não parecia ser natural, usava uma
maquiagem forte e brincos grandes, com certeza esse não é o jeito de uma
menina que está indo para a escola em busca de aprendizado. Amber abriu a
porta do carro e a menina se acomodou no banco de trás.

As duas estavam conversando muito animadas, Amber falou sobre o carro,


Janice falou sobre seu fim de semana e de um jogo de futebol.

— Estou vendo que está maquiada, tudo isso é para o Taylor? — ouvi
Janice perguntar.

“Quem é Taylor?” A pergunta surgiu em minha cabeça acompanhada de


uma raiva quase incontrolável.

— Deu uma confusão por eu sair de casa maquiada, a vacadrasta fez uma
cena daquelas! — Amber desviou o assunto.

Amber e Janice continuaram conversando sobre a discussão que houvera


mais cedo. Eu deixei de prestar atenção à conversa, ainda estava me
perguntando quem era Taylor, é claro que uma menina bonita como ela teria
vários pretendentes, mesmo assim continuei nervoso.

Chegamos à escola e estou tão carrancudo quanto possível. O sinal


anunciou o começo da aula, posicionei-me no fundo da sala enquanto Amber
sentou-se em uma cadeira. Fiquei de pé, um sujeito do meu tamanho não
ficaria bem sentado nessas carteiras escolares.

As três primeiras aulas foram tão tediosas quanto poderiam ser; no final da
terceira aula um garoto passou pela carteira de Amber e entregou-lhe um
bilhete. Soltei uma tossida rouca, tive que fazer isso para ter um tempo para
recuperar o controle. Quando Amber se virou evitei seu olhar de
interrogação, não queria que ela visse a raiva misturada ao ciúme em meus
olhos.
Capítulo 8
Amber
Taylor passou por minha mesa e deixou um bilhete, o que seria? Apesar de
ter uma paixonite por ele nós nunca conversamos. Antes que eu pudesse ler o
que estava escrito ouvi alguém tossir no fundo da sala, mais parecia que
estava incomodado com alguma coisa, e como sei que os meninos da minha
sala nunca iriam tossir desse jeito rouco e sexy, lancei a Derek um olhar de
interrogação, será que a aula estava tão chata que ele estava se afogando? Ele
não me olhou, deve ter feito isso para me provocar, e conseguiu.

Olhei para os lados apenas para verificar se ninguém estava me olhando e


então discretamente abri o bilhete de Taylor.

Vou dar uma festa no sábado, gostaria que você fosse. Aliás, você está
bonita hoje.

Esse é o poder da maquiagem, sabia que deveria me arrumar melhor hoje,


apesar de não ter feito isso pensando em Taylor, mas, mesmo assim valeu a
pena.

Na hora do intervalo eu e Janice conversávamos contentes, ela me


informou que também iria a essa festa, mas não recebeu um convite como o
meu. Derek estava extremamente mal-humorado. Estávamos atrás da escola,
onde nós duas costumávamos passar o tempo, é o lugar onde o sol pega
melhor e por isso gostamos de ficar aqui.

Quando Janice teve que voltar para a sala por ter esquecido seu celular na
bolsa, aproveitei para perguntar por que Derek estava de mau humor, não que
eu me importasse (tá bem, eu me importo.)
— Por que essa cara amarrada?

— Por que deveria contar a você sobre meu dia nada agradável?

Derek estava mais mal-humorado do que imaginara e estava descontando


em mim, que não tenho culpa de nada.

— Eu estou fazendo um bom gesto sendo legal com um idiota, então você
deveria reconhecer isso e ser grato.

— Está bancando a boa samaritana? Olha que eu posso me acostumar.

Ele ainda não estava sorrindo, mas pude ver um leve vestígio de humor
voltando a seu rosto.

Antes que eu pudesse responder vi Taylor vindo em minha direção.

— Eu queria saber se você vai sábado, vai ser na minha casa — Taylor
falou com confiança, como se já soubesse a resposta.

Derek voltou a seu mau humor, só que dessa vez estava pior, até Taylor
percebeu, pois deu um passo para trás e de repente já não estava tão
confiante, ou estaria assustado? Bom, qualquer um ficaria sem jeito na frente
de um homem musculoso e mal-encarado.

— Estarei lá, obrigada pelo convite — dei um sorriso exagerado,


esperando poder amenizar o ar em volta de Derek.

— Então até!

Tive a impressão de que Taylor queria conversar, só que isso foi


impossível por ter um segurança com olhar assassino atrás de mim, e
depressa demais Taylor se afastou.

Cerrei os olhos para Derek antes de dar um passo para mais perto dele,
minha intenção foi soar intimidadora.

— Qual é o seu problema? — cuidei para não falar alto demais.

— Não sei do que está falando — Derek desviou o olhar.

— Você precisa ser assim com meus amigos? Ainda mais com o Taylor?

Percebi que falei a coisa errada, pois Derek deu um passo à frente, seu
rosto ficando a centímetros do meu.

No começo nós dois estávamos tensos e nos encarando com desafio e


nervosos, mas aos poucos o rosto de Derek foi suavizando e o meu também,
no fundo de seu olhar pude detectar uma faísca de vulnerabilidade, tive
vontade de passar a mão em seu rosto e antes que pudesse me impedir minha
mão já estava levantada bem perto dele. Ele se aproximou mais, pude sentir
sua respiração em minha pele, fiquei imaginando como seria sentir seu beijo,
eu queria que ele me beijasse e no fundo pude ver que ele também queria...
Talvez ele tivesse me beijado se não tivéssemos ouvido o barulho das botas
de Janice se aproximando. Nós nos afastamos o mais rápido possível.

— Minha bolsa está uma bagunça, quase não encontrei meu celular, e
quando estava voltando ouvi Taylor comentando que tinha vindo falar com
você, me conte tudo e não me poupe dos detalhes.

Janice não percebeu o que estava acontecendo entre eu e Derek, na


verdade nem eu mesma acreditei nisso que estava presente o tempo todo, pelo
menos de corpo, porque minha mente ficou fixada na boca de Derek e
imaginando muitas coisas.

— Ele veio perguntar se eu iria à festa, eu falei que “sim” e agradeci o


convite, ele pareceu contente e foi embora — falei de um jeito bem robótico,
não que fosse minha intenção, ainda estava sob os efeitos de Derek.
— Sábado você vai até minha casa para nos arrumarmos. O segurança vai
vir junto?

Janice pareceu levemente desconfortável, eu entendi que não foi por mal,
afinal Derek é um homem reservado e esse olhar que ele tem de mau pode ser
excitante para mim, mas alguns o veem de forma intimidadora.

— Ele vai aonde eu for, ordens do meu pai. Não precisa se preocupar, ele
tem essa cara fechada, mas é legal.
Capítulo 9
Derek
O restante da semana se passou em silêncio. Não conversei muito com
Amber, ela parecia estar desconcertada com o clima que houve entre nós no
outro dia.

Evitei provocá-la; não tenho controle suficiente para me afastar dela, seria
um grande problema se eu a tivesse beijado. Quando percebi que ela levantou
a mão para me tocar quase perdi o controle, naquele momento mais do que
tudo eu queria sentir seu toque.

Sempre olhei mulheres como diversão, não precisava ser complicado, eu


deixava claro que não queria nada sério, às vezes levava algum tapa ou
xingamento e pronto. Por que com Amber é tão difícil?

Nunca ansiei tanto pelo beijo de uma mulher, nunca quis tanto ver o
sorriso de uma mulher e nunca tive tantos ciúmes de uma mulher. Na
verdade, nunca senti ciúmes antes. E, agora, aqui estou eu, sentindo falta de
conversar com ela, nossos joguinhos de ver que tem a resposta mais rápida
estavam ficando divertidos.

Só agora, depois de dias sem falar com ela, que percebo quanta falta isso
me faz.

E ainda tenho que aguentar os olhares maldosos que outros dão a ela.
Noutro dia, quando ela e a amiga saíram para as compras, tive que me
controlar para não a jogar nas costas e a levar para casa, não entendo por que
saiu de casa com aquela saia. No momento em que a vi vestida daquele jeito
é claro que fiquei feliz, mas minha felicidade sumiu quando outros homens
também a olhavam.

É sábado e Amber está tomando banho, depois vamos até a casa daquela
amiga dela e ainda terei que aguentar uma festa chata com adolescentes se
embebedando. Minha noite não tem como ficar pior, ou tem?

Uma batida na porta me puxou de meus pensamentos depressivos, é


Amber. Nossa, como ela cheira bem! Os cabelos ainda molhados me fazem
engolir em seco. Ah! Que vontade de passar minhas mãos por esse corpo,
colocar essa mecha de cabelo atrás de sua orelha e beijá-la nesse ponto bem
embaixo do maxilar!

Ela ainda não me olha nos olhos. Deve pensar em quanto fui desrespeitoso
ao me aproximar tanto no outro dia. Inferno, eu quase a beijei! Se não fosse
por Janice aparecer eu a teria beijado, naquele momento me esqueci do
mundo à minha volta, até mesmo esqueci que estávamos na escola, onde
qualquer um poderia ver, e assim o juiz Marcus Valentine se certificaria de
que eu fosse preso por beijar sua filha, que ainda é menor de idade.

— Estou pronta, podemos ir — Amber anunciou.

Por que tudo não podia voltar a ser como antes?

Amber saiu sem se despedir da madrasta ou do pai. O relacionamento


deles parece ser conturbado, mas isso não é da minha conta.

Chegando à casa de Janice, deixei que Amber se trancasse no quarto com


a amiga, afinal elas vão trocar de roupas e mesmo tendo uma vontade enorme
de vê-la despida isso não vai acontecer desse jeito, espiar uma mulher se
trocando não é uma coisa legal.

Fiquei no corredor esperando por mais de uma hora, o que as mulheres


têm que precisam demorar tanto para se vestir? A porta enfim se abriu e
Janice saiu primeiro, com um vestido revelador demais para uma menina da
idade dela, e em seguida veio Amber. Meu queixo deve ter caído por
quilômetros, se antes não achava que Amber tinha só 17 anos, agora de vez
não dava para acreditar na idade dela.

Um vestido preto abraça suas curvas perfeitas, não curto como o vestido
de Janice, e nem tão decotado, é um vestido que a deixa sexy ao extremo.
Quando Amber passou por mim pude ver o decote em suas costas, e que
costas! O decote não mostrava muito, mas deixava a mente a imaginar várias
coisas. O cabelo dela está solto, dando a ela um ar de mistério, há apenas um
enfeite preso em seus longo cabelo sedoso. Ela está muito bem maquiada,
destacando tudo que tem de bonito.

— Espera um pouco, preciso falar com minha mãe antes de sairmos —


Janice se afastou, deixando eu e Amber sozinhos.

— Por que está me olhando? — Amber percebeu que eu não conseguia


tirar os olhos dela.

Tenho duas opções de resposta.

Opção 1: digo quanto está linda, que nunca em toda minha vida vi criatura
mais bela.

Opção 2: faço uma piadinha bem sem graça e não deixo ela perceber que
estou babando.

Se escolher a opção 1 ela vai se afastar ainda mais de mim.

Que resposta acha que vou dar?

Se escolheu a opção 2, parabéns, você acertou.

— Estou te olhando porque tenho olhos — falei com deboche.


— Quase esqueci que você é um idiota, obrigada por me lembrar —
Amber bufou de um jeito extremamente sexy.

— Não me diga que achou que eu estava te olhando com desejo?

— Como se eu quisesse seu desejo.

— Às vezes acho que você quer mesmo, se arrumou toda para me


impressionar — e dei uma piscada para Amber, que por sua vez corou.

— Quem disse que quero impressionar você? Posso ter me arrumado para
outra pessoa — Amber provocou.

Prendi-a na parede, só não esperava ouvi-la ofegar quando fiz isso.

— Não me provoque, saiba que sou ciumento.

Apesar de ter falado em tom de brincadeira, era a mais pura verdade.

— Não me arrumei para ninguém em especial, pode ficar tranquilo —


Amber falou ainda brincando, mas sua respiração ficou pesada.

— Seja uma menina boazinha, caso contrário, terei que te castigar.

— Talvez eu mereça o castigo — a voz de Amber está rouca, e sua


respiração acelerada.

Só então me dei conta de quão próximos estamos, meu corpo está quase
pressionado contra o dela, podia sentir seu calor. Sua respiração me lançou
um aroma doce, aproximei–me, preciso sentir mais isso, nem me incomodei
se Amber percebesse a ereção que começava dentro de minhas calças. Deixei
meus braços se soltarem da parede e se envolverem na cintura dela, senti sua
delicadeza embaixo de mim, senti sua respiração presa, a última coisa que eu
esperava era sentir seu toque e quase não acreditei quando ela passou a mão
pela minha barba rala, seus dedos delicados me provocando mesmo estando
só em meu rosto. Quando olhei em seus olhos vi que ela queria isso tanto
quanto eu.

Dessa vez não conseguimos no afastar a tempo, a amiga de Amber estava


no corredor com a boca aberta. Amber só percebeu que tínhamos plateia
quando acompanhou meu olhar.
Amber

Derek me soltou e deu um passo para trás, nem parecia que estávamos
prestes a nos beijar. Será que foi tudo imaginação minha? Ele ia me beijar,
não ia? E a pergunta mais importante: eu queria que ele me beijasse?

Janice percebeu que estava acontecendo alguma coisa entre eu e Derek,


mas eu não ia conversar sobre isso na frente dele. Fiz cara de inocente e dei
um leve sorriso antes de falar.

— Pronta para irmos?

— E eu achando que você era uma menina inocente... Mas, respondendo à


sua pergunta, sim, estou pronta para irmos. Só não comecem a se agarrar na
minha frente, não gosto de ficar de vela.

Não respondi nada, apenas passei por Janice. Ela felizmente é legal
quando quer ser. Entendendo que eu não queria falar sobre Derek na frente
dele, ela me seguiu e mudou de assunto.

Chegando à festa fiquei admirada com o tamanho da casa de Taylor.


Corrigindo: o tamanho da casa dos pais de Taylor.

Janice, como é a mais extrovertida, chegou cumprimentando todo mundo,


eu fui atrás dela sorrindo para alguns rostos conhecidos. Tinha muitas
pessoas ali, todos mais ou menos da minha idade.

A música agitada está alta demais para meu gosto, claro que se alguém
me perguntar vou dizer que está maravilhoso. Adoro uma música tão alta que
é impossível conversar, é incrível a maneira como esse cantor desafinado
grita palavras que eu não consigo entender. E a bebida? Hum! Excelente!
Quem não gosta de cerveja quente, preciso falar que o refrigerante está tão
quente quanto a cerveja?

E não para por aí, as meninas acham que estão dançando. Acredite,
quando eu digo que é impossível tirar algum ritmo dessa música essas garotas
apenas estão se esfregando de uma maneira bem inapropriada, elas devem
achar que estão sendo sexy. Elas querem chamar a atenção dos garotos e por
incrível que pareça conseguem a atenção tão desejada.

Os meninos estão apenas tentando se dar bem. Quando vi um casalzinho


se agarrando no meio de todo mundo apenas desviei o olhar, aquilo não era
um amaço inocente, o garoto já estava com a mão por dentro da saia curta
daquela menina, que estava bêbada demais para perceber que estava quase
tendo uma relação sexual no meio de um monte de adolescentes com
hormônios descontrolados.

Janice logo encontrou um cara em quem se esfregar e eu fiquei ali parada


sem saber o que fazer. Já tinha pegado uma lata de cerveja, a qual eu
descartei logo depois do primeiro gole; o refrigerante estava igualmente ruim
e eu definitivamente não queria me esfregar em ninguém. Como não costumo
me enturmar com facilidade, fiquei ali perdida por um tempo.

Olhei para trás, sabia que encontraria Derek.

— Não é bem o que você esperava — ele parecia tão animado quanto eu.

Apenas balancei a cabeça.

— Quando você for a uma festa de verdade vai ser melhor.

— Eu não consigo ser como eles, eu queria ser normal e me enturmar —


desabafei.

— Eu também queria que você fosse como as outras meninas da sua


idade, seria muito mais fácil.

Derek me deu um olhar profundo antes de me dar um beijo leve no topo


da cabeça.

— Se importa em me levar para casa?

— Acho uma ótima ideia, outro dia levo você e sua amiga a uma festa de
verdade — Derek ficou aliviado.

— Vou procurar a Janice para avisar que estou indo, talvez ela queira uma
carona.

Fiquei feliz ao ver Derek tentando ser gentil comigo.

— Vá para o carro e me espere lá, eu procuro sua amiga.

Estava perto do carro, a música já não estava tão alta, e ouvi alguém se
aproximar, antes de me virar já sabia que não era Derek, essa pessoa que
estava atrás de mim andava desengonçada e barulhenta, muito diferente do
andar de Derek.

— Ei, Amber, que bom que você veio! — Taylor me cumprimentou.

— Eu já estou indo.

— Mas você nem bebeu nada, ainda, volta comigo e vamos aproveitar a
festa — Taylor está tão bêbado que mal entendo o que ele fala.

— Eu sou menor de idade, não posso beber — estou procurando por


qualquer desculpa que o faça me deixar sozinha.

— Não seja careta, vamos lá! Você vai gostar!

— Onde estão seus pais? Eles sabem que tem um monte de adolescentes
enchendo a cara na casa deles?
Eu sei que fui rude ao falar assim, só achei que depois de falar isso Taylor
fosse me deixar em paz.

— Você não gostou da festa, mas não vou deixar que vá sem antes
conhecer um amigo meu.

Que ótimo, eu achando que Taylor estava a fim de mim, mas tudo que ele
queria era ajudar um amigo.

Sendo bem sincera comigo mesma posso dizer que não tenho mais aquela
paixonite por ele, acho que ela morreu no dia em que conheci meu segurança
particular.

— Eu realmente estou cansada, não quero conhecer ninguém hoje.

Eu ia entrar no carro, não gostei do olhar de Taylor, acho que me sentiria


mais segura dentro do meu carro, só então lembrei que as chaves estavam
com Derek.

— Você vai vir comigo e depois você pode ir para casa.

Pensei por um minuto, tudo seria mais rápido se eu conhecesse esse


amigo de Taylor, eu dispensava o cara e depois ia tranquilamente para casa.
Naquele momento pareceu ser uma boa ideia.

Segui-o pelo pátio e só comecei a me preocupar quando vi que não


estávamos voltando para junto dos outros, estávamos nos afastando do meu
carro. Merda, eu devia ter pensado por mais de um minuto!

Quando tentei voltar Taylor me segurou pelo braço.

— Aonde pensa que vai?

— Taylor, me solta, eu quero ir embora!


Ele não respondeu, apenas avançou em minha direção. Gritar seria perda
de tempo, com aquela música alta ninguém iria me ouvir. Poderia tentar lutar
ou resistir, mas só gastaria energia, Taylor é muito mais forte do que eu. Fiz a
única coisa que poderia fazer: nada.

Quando ele me beijou pude sentir o gosto de cerveja, um beijo babado e


nojento. Eu não cedi ao beijo, mas também não lutei, estava esperando pelo
momento certo, quando ele baixasse a guarda eu lhe daria uma joelhada, ou
quando alguém se aproximasse eu pediria ajuda.

Mas, e se ele não baixasse a guarda? E se ninguém aparecesse para me


ajudar?

Fechei os olhos com força e quando Taylor passou a mão pelo meu corpo
rezei em silêncio para que ele parasse. Pensei em como isso acabaria, eu
definitivamente não queria perder minha virgindade com esse babaca e muito
menos queria ser obrigada a dar um pedaço de mim a alguém que eu não
gosto.

Acabou, não tinha mais as mãos de Taylor em cima de mim, nem estava
mais babando na minha boca, arisquei abrir os olhos para ver o que
aconteceu.

Taylor estava caído no chão, não parecia machucado, mas pude ver o
medo em seus olhos. Meu coração tropeçou em um ritmo desenfreado
quando vi de quem Taylor tinha tanto medo.

Derek! Ele veio me salvar! Queria correr para seus braços, queria abraçá-
lo e até mesmo queria beijá-lo. Parei quando percebi que ele estava nervoso.
E, pior, essa raiva que ele tem parece direcionada a mim, eu fiz alguma coisa
de errado?
Antes que pudesse perguntar Derek me pegou pela cintura e me jogou em
seu ombro, por que ele está nervoso comigo? Eu não fiz nada. Fui agarrada
contra minha vontade e ele me trata assim?
Capítulo 10
Derek
Cheguei ao carro e não encontrei Amber. Quase enlouqueci, será que ela
foi para outro lugar? Ou, pior, aquela mulher a encontrou? Comecei a andar
pelo estacionamento olhando para todos os lados, tenho que encontrá-la. Não
é porque o pai dela está me pagando, mas tudo que importa agora é Amber,
que ela esteja bem.

Alguma coisa chamou minha atenção, um objeto brilhante caído no chão,


é um enfeite de cabelo e é da Amber, tenho certeza que ela o estava usando
nesta noite, mas por que está aqui? Se eu seguir nessa direção vou me afastar
do estacionamento e da festa, só não entendo por que Amber teria seguido
esse caminho.

Não tenho tempo a perder. Conforme me afastei do estacionamento foi


ficando mais escuro. Vi a sombra de duas pessoas, um casalzinho que estava
se amassando e me aproximei deles.

Congelei quando vi quem era a menina que estava se agarrando com


aquele garoto.

Era Amber! Perdi o controle ao vê-lo passar as mãos no corpo dela e sem
pensar duas vezes avancei contra ele, puxei-o e dei-lhe um bom soco antes de
jogá-lo ao chão. Minha vontade é de dar uma boa surra nele, mas, não sou
covarde, o garoto está bêbado e mesmo que estivesse sóbrio seria um
massacre se eu descontasse minha raiva nele.

Amber sorriu quando me viu, ela fez isso para me provocar?

Não vou deixá-la fazer joguinhos comigo. Agarrei sua cintura e a joguei
em cima do ombro. Caminhei em passos largos, quando chegamos ao carro
abri a porta e a joguei no banco. Entrei no carro e sai às pressas do
estacionamento, tive que sair o mais rápido possível para evitar a tentação de
voltar lá e dar uma surra naquele garoto abusado.

Meus pensamentos estão correndo a mil por hora, será que fui muito rude
com ela? Eu sei que não tenho o direito de cobrar nada, afinal, não é como se
fossemos um casal. Apenas não consegui ficar parado ao ver outro passando
a mão nela.

— Por que não me esperou no carro? — perguntei na tentativa de quebrar


aquele silencio torturador.

Ela não respondeu e foi assim o resto do caminho, ela não falou nada e eu
sou muito orgulhoso para insistir.

Quando estacionei o carro na garagem ela saiu apressada. Não vou deixá-
la fugir. Ah! Não vou mesmo! Segurei Amber pelo braço e a obriguei a olhar
pra mim.

— O que acha que está fazendo bancando a menina mimada?

Eu não quero discutir, só estou tentando fazê-la voltar a falar comigo, nem
que seja para brigar.

— Você não entende nada, mesmo! Apenas me deixe passar.

— Você não vai sair daqui até me pedir desculpas por não ter me esperado
no carro.

— NÃO VOU PEDIR DESCUPAS, NÃO FIZ NADA DE ERRADO! —


Amber se irritou e aumentou a voz.

Ela gritou comigo e eu a beijei. Não me pergunte por que eu fiz isso,
poderia dizer que nunca tinha imaginado que isso fosse acontecer, mas a
verdade é que desde que a vi pela primeira vez tudo que queria era beijá-la.
Quantas noites perdi o sono pensando nela, muitas vezes fantasiei sobre ela
no banho junto comigo e mais ainda as vezes que penso em como a quero.

Nosso beijo começou forte e intenso, posso dizer que foi nosso beijo
porque ela correspondeu. No momento em que a tomei em meus lábios ela
entrelaçou as mãos na minha nuca. Nunca um beijo foi tão devastador, ela
pressionou o corpo contra o meu e eu a apertei mais forte. Não me importei
que ela fosse perceber minha ereção, muito pelo contrário, pressionei com
mais força, preciso que ela entenda o que faz comigo, e eu também preciso
entender por que ela me deixa assim.

Quando ela soltou um gemido e correu as mãos pelo meu peito segurei sua
bunda e apertei minha ereção em sua barriga. Tenho que pôr um fim nisso,
não posso passar dos limites, seria um caminho sem volta, se bem que eu sei
que as coisas não seriam como antes, esse beijo já mudou tudo.

Afastei-me de Amber enquanto ainda tinha forças para isso e ela me olhou
atônita, o que eu iria fazer? Ou melhor, o que eu poderia fazer?

— Se você foi a essa festa pra ficar se agarrando com alguém, pronto, já
conseguiu o que queria, agora vá dormir.

Sim, às vezes eu consigo fazer muita merda.

Amber não me respondeu, mas me arrependi de ter falado assim que vi


lágrimas se acumularem em seus olhos. Acho que passei dos limites, até
mesmo para mim falar aquelas coisas foi muita idiotice, antes que eu pudesse
me desculpar Amber passou correndo por mim.

Não consegui dormir, a imagem dos olhos de Amber cheios de lágrimas


não saíam da minha mente. Eu queria bater na porta do quarto dela para me
desculpar, mas assim acabaria fazendo barulho e acordaria o pai dela, não
queria ter que explicar que beijei Amber como nunca tinha beijado outra
mulher e depois que esse beijo bagunçou minha cabeça e fui um completo
idiota.

Amanheceu e fui esperar por Amber no corredor. Quero muito vê-la, ao


mesmo tempo não quero. Preciso me desculpar, ver se ela está bem, mas não
sei como vou olhar nos olhos dela e como vou fazer para ficar longe daquela
boca tão macia.
Amber

Encostei a testa na janela do meu quarto na tentativa de organizar meus


pensamentos. Não funcionou.

Ainda posso sentir meus lábios inchados. Passei a ponta dos dedos de leve
em minha boca, lembrei do nosso beijo, eu já tinha beijados alguns garotos
antes, mas Derek foi diferente, não tinha aquela hesitação que a maioria dos
garotos da minha idade tem, ele estava no controle, com apenas um beijo me
fez sentir várias partes do meu corpo. Quando ele me segurou pela bunda e se
esfregou em mim eu senti um calor que nunca tinha sentido antes, algo
nasceu aqui dentro implorando por mais, naquele momento eu estaria
disposta a tudo, desde que ele continuasse com o que estava me fazendo
sentir.

Foi muito mais intenso do que esses sonhos que ando tendo ultimamente,
mas, como nos sonhos, chegou a hora de acordar.

Derek me afastou e foi muito rude comigo, é óbvio que ele me beijou e
depois falou daquele jeito para me castigar, afinal eu não estava esperando no
carro como ele mandara.

Quando ele afastou Taylor e me olhou daquele jeito, não senti vontade de
explicar que aquele beijo fora contra minha vontade, como ele pôde imaginar
que eu iria sair por aí beijando e deixando alguém que eu mal conheço
apalpar meu corpo?

Tá certo, eu deixei Derek me beijar e pegar o meu corpo, e eu mal o


conheço, a única coisa que sei é seu nome e sua profissão.
Dei uma respiração bem longa e falei comigo mesma “Ele nunca mais vai
me beijar. Eu não vou deixar que essa atração continue, não vou pôr meu
coração em perigo por Derek, sei que ele é do tipo gostosoperigoso”.

Apesar de sentir que sem seus lábios um pedacinho do meu coração vai se
partir, limpei os pensamentos de Derek me beijando e abri a porta.

— Bom dia, senhorita Valentine — ele me cumprimentou como se nada


tivesse acontecido.

Passei por ele sem responder, ele está muito enganado se acha que vai ser
fácil assim, eu não vou esquecer o que aconteceu (nem se eu quisesse poderia
esquecer).

— Me desculpe por ontem.

— Pelo que está pedindo desculpas? Por ter me jogado em seus ombros e
me tratar como se eu tivesse feito alguma coisa errada, ou por ter me beijado?

Antes que ele pudesse responder, falei:

— Não preciso das suas desculpas, apenas saiba que a partir de hoje você
nunca mais vai encostar em mim — não soei tão confiante quanto queria.

— Está me desafiando a tentar, senhorita Valentine? — Derek sorriu de


um jeito travesso.

Eu não respondi. Mais um minuto nesse corredor e não vou conseguir me


controlar. Desci as escadas e me juntei ao meu pai e à vacadrasta para o café
da manhã.

Enquanto comia minha torrada com geleia deixei meus pensamentos


vagarem e como sempre minha mente procurava por Derek. Como pode, um
sujeito do qual não sei quase nada me afetar assim?
Ele parece diferente hoje, está usando o mesmo terno que já vi tantas
vezes, que o faz parecer elegante e charmoso. Ainda que esteja de terno
parece selvagem, a barba rala como sempre, um sorriso de tirar o fôlego, e
esse olhar matador, mas por que parece que tem alguma coisa nova? Será que
estou imaginando coisas pelo beijo de ontem? Não, tenho certeza de que não
é apenas minha imaginação, Derek definitivamente está diferente, tem um
certo brilho a mais.

Depois de tomar café meu pai se retirou da mesa. Não conversamos muito
durante a refeição, na verdade não conversamos nada, apenas nos
cumprimentamos. Também não troquei nenhuma palavra com Liza além de
“bom dia”. Considerando que passei uma refeição completa sem nenhuma
discussão, parece ser um bom início de dia. Estaria mentindo se dissesse que
concordo com essa última frase. Um dia feliz deveria começar com uma
família conversando e rindo, em que todos se desejassem um “bom dia”
sincero.

Sinto inveja quando Janice me conta sobre como seu pai é chato,
perguntando-lhe todos os dias o que ela fez. Sinto tristeza quando ela conta
que ele vai toda noite a seu quarto, apenas para ver se ela não fugiu atrás de
aventuras. E finalmente sinto vergonha desses sentimentos.

Tudo que eu queria era que meu pai olhasse para mim de vez em quando.
Eu perdi minha mãe, que agora descansa em paz, e perdi meu pai também,
mesmo ele estando vivo.

O que eu mais me pergunto é se eu o perdi, ou se algum dia eu sequer o


tive? Porque não se pode perder aquilo que você não tem...

Encontrei um cantinho atrás da casa e me sentei na grama, estava curtindo


cada minuto da melancolia que sempre me devasta toda vez que penso em
como minha vida é quebrada. Sem mãe e com um pai ausente.

Derek, que está comigo pareceu preocupado, e como não ficaria? Ele tem
que ficar de olho em uma adolescente problemática.

— Não sabia que seu pai trabalhava aos domingos.

— Os domingos são quase os únicos dias em que ele não trabalha, mas
sempre tem alguma coisa mais importante para fazer — admitir isso em voz
alta doeu mais do que eu imaginava.

— Você sabe aonde ele vai?

Acho que Derek perguntou apenas para puxar conversa, é claro que ele
sabe que eu não sei nada da vida do meu pai.

— Não faço ideia de onde ele está.

— O que você me diz de sair para se divertir um pouco? — Derek


perguntou esperançoso.

— Defina se divertir um pouco — eu incentivei.

— Tem um parque na cidade, talvez você tivesse interesse em conferir.

— Não tenho idade para ir ao escorregador ou à balança, talvez fosse legal


brincar na caixa de areia, mas não acho que seja bem-vinda a brincar com
crianças que são 12 anos mais novas do que eu.

— Não é esse tipo de parque, apenas diga “sim” e vamos nos divertir —
Derek sorriu.

Tem como dizer “não” a esse deus grego? Se tem, eu ainda não descobri
como.

— Está bem, mas primeiro vou ligar pro meu pai, e pode tirar esse sorriso
de vitória, eu não disse “sim” a você, disse “sim” para a diversão.

— Preciso te contar que eu e a diversão somos o mesmo — Derek estufou


o peito e me olhou de soslaio.

Nós dois começamos a rir.

Depois de conversar com meu pai ao telefone, fui me arrumar. Vesti um


vestido bem soltinho, está um dia muito quente; amarei meu cabelo em um
rabo de cavalo e passei uma maquiagem leve, meu visual não está nada de
muito diferente, mas quando vi Derek me esperando no corredor me
surpreendi. Nada do terno de sempre; uma camiseta branca aperta os
músculos de seus braços e uma calça jeans escura se pendura em sua cintura.

— O que aconteceu com seu uniforme? — perguntei tentando ao máximo


não começar a babar em cima dele.

— Você seria uma pessoa muito má se me obrigasse a ir a um parque


vestindo terno.

— Se meu pai descobrir...

Derek me interrompeu colocando seu dedo indicador em meus lábios.

— Seu pai não precisa saber de tudo. Se não contarmos, ele não vai saber.

Não sei se Derek falou isso se referindo ao uniforme ou se sua intenção foi
falar do beijo.

Ao me lembrar de seus lábios nos meus, de suas mãos em meu corpo...


minhas bochechas coraram. Mordi meus lábios para me impedir de implorar
para que Derek me beijasse de novo.

— No que você está pensando, senhorita Valentine? Porque preciso lhe


avisar que se você não parar de morder os lábios eu também vou querer
mordê-los.

Eu poderia ter me recomposto e dito a Derek para se comportar, ou eu


poderia simplesmente ter parado de morder os lábios, mas não fiz isso; bem
pelo contrário, prendi meus dentes no meu lábio inferior e encarei Derek,
talvez eu quisesse ver se ele estava falando a verdade ou talvez eu quisesse
mais um beijo.

Sem aviso ou hesitação, Derek me tomou em seus braços e o beijo mais


profundo da minha vida tomou conta do meu coração e de meu corpo. Em um
piscar de olhos eu estava em meu quarto novamente, Derek me segurou pela
bunda, entrelacei minhas pernas em sua cintura, minhas costas estavam na
parede e estava literalmente pendurada nesse homem que é gostoso demais
para se pôr em palavras. Sua boca hábil só deixou a minha para percorrer
meu maxilar. Derek me deu uma mordida na ponta da orelha e depois passou
para meu ombro. Joguei minha cabeça para trás enquanto aproveitava as
ondas de calor que cresciam dentro de mim, as mãos dele sempre percorrendo
vários lugares ao mesmo tempo.

O mundo parou quando senti sua dureza roçar minha vulva que já implora
por mais. Senti minha calcinha se encharcar conforme Derek me pressionava,
ele passou a mão pela parte interna da minha coxa e algo começou a crescer
dentro de mim, não sei o que é, apenas não consigo conter. Quando Derek
passou a língua pela parte superior do meu peito não consegui prender o
gemido que insistia em sair. Sua língua percorreu o decote do meu vestido e
me pressionei com mais força contra sua ereção. Eu preciso, é mais do que
apenas necessidade. Sem pudor passei minha mão por seu membro rijo.
Derek também soltou um gemido de puro prazer. Quis ouvi-lo gemer
novamente, subi minha mão para o botão de sua calça e antes que eu pudesse
desabotoá-la Derek se afastou, percebi que ele precisou de muita força para
conseguir se afastar. Eu não teria tal força, entregaria minha virgindade ali
mesmo, se ele quisesse. Derek encostou sua testa na minha.

— Amber, eu não vou tirar sua virgindade aqui, com sua madrasta e todos
os empregados no andar de baixo — ele falou, sua voz estava rouca, quase
sem fôlego.

— Quem disse que sou virgem?

Sim, eu sou virgem, mas como ele sabia disso?

— Eu sou um homem experiente, sei quando estou na companhia de uma


menina pura. Para começo de conversa nem é certo estarmos fazendo isso.

— Isso o quê? Não estamos fazendo nada.

— Quase fizemos, e não se faça de inocente, você é virgem e não ingênua.

Derek passou a mão pelo meu rosto antes de se afastar mais.

— Se tivéssemos feito, qual seria o problema?

— Você tem só 17 anos e eu já sou um homem feito, você nunca teve uma
relação, enquanto eu nem costumo lembrar o nome das mulheres com quem
já estive.

Alguma coisa doeu em meu peito, seria isso o ciúme? Por que ele tem que
me falar que já esteve com outras. Não tenho uma resposta, e por isso ele
voltou a falar.

— Eu disse que a levaria ao parque, é isso que vou fazer. Estarei te


esperando no corredor, quando estiver pronta nós vamos.

— Já estou pronta — respondi.

Derek apontou em direção ao espelho. No momento em que me olhei,


fiquei embaraçada. Meu cabelo, que antes estava em um perfeito rabo de
cavalo, estava torcido em bagunça, meu vestido todo amassado e meu rosto
muito vermelho, com certeza preciso de um tempo para me recuperar.
Capítulo 11
Derek
Passei dos limites, não deveria ter voltado a beijar Amber . Não posso
continuar com essa loucura, e mesmo querendo resistir não paro de pensar em
seu corpo pequeno e frágil, em como ela se encaixa perfeitamente em mim,
seus gemidos quando a toco. Ah! Isso é demais para aguentar, se eu não parar
de pensar nela vou perder o controle e entrar em seu quarto novamente, aí
sim para terminar o que comecei.

Quando eu já estava ficando inquieto, Amber saiu de seu quarto, usando


um vestido verde que realça sua pele. Esse é um pouco mais curto do que o
vestido anterior, o que não é bom. Gosto de ver suas pernas lisas e perfeitas,
mas me incomodo se outros homens as veem. É claro que não vou mencionar
que achei sua roupa curta, não sou namorado e nem nada dela para cobrar, e
mesmo que fosse não cobraria, acho que as mulheres devem vestir o que
gostam.

— Podemos ir? — perguntei quando percebi que ela estava tão inquieta
quanto eu.

Ela concordou. Pude ver que estava envergonhada, e como não estaria?
Depois do que aconteceu no quarto é claro que ela ficaria acanhada.

No momento em que chegamos ao parque Amber estava mais à vontade.

— Este parque é diferente do que eu imaginava — Amber falou sorrindo.

— Pensou que viríamos a um parquinho com escorregador e gangorra?

— Podemos ir à roda-gigante? — Amber pediu animada.


— Só se você segurar a minha mão. Sabe, tenho medo de altura.

— Sério?

— O quê? — perguntei distraído.

— Você tem medo de altura?

— É mentira, só falei isso para usar de desculpa para segurar a minha


mão.

Dei uma risada provocativa para Amber. Mas, no fundo admito que quero
que ela pegue a minha mão. Isso me deixa confuso, nunca antes quis que uma
mulher pegasse minha mão, a única coisa que importava era que pegassem
meu membro, nunca quis ver o sorriso de uma mulher como quero ver o de
Amber, o que importava era cumprir meu papel como um bom fodedor, fazê-
las ter prazer era o único compromisso. Com Amber é mais do que isso, será
que se eu fizer sexo com ela esse sentimento vai mudar? E, o mais
importante, eu quero que mude?

Chegamos à roda-gigante e estamos sentados um do lado do outro, quando


começamos a subir. Amber pegou minha mão, mas não olhou para mim, nem
falou nada.

Senti o calor de sua pequena mão na minha e assim curtimos o passeio na


roda-gigante, ela segurando minha mão com ternura e admirando a paisagem
que se via lá de cima e eu aproveitando seu toque e admirando sua beleza.

Fomos a outros brinquedos. Na montanha-russa, Amber passou a maior


parte do tempo gritando e rindo. Nos carinhos bate-bate, ela reclamou um
pouco por eu não ter lhe dado nem uma chance de me acertar. Na casa dos
horrores foi divertido, Amber agarrava meu braço a cada passo e não vou
dizer que não gostei disso. Mas o brinquedo que mais gostei foi o barco
viking, Amber se agarrou a mim com muita força, o que me deixou
extremamente feliz.

Depois de muito nos divertimos, fomos fazer um lanche.

— Obrigada por me trazer aqui, fazia muito tempo que não me divertia
tanto! — Amber está radiante.

— Eu que agradeço, gostei muito do nosso passeio.

O clima estava gostoso, na verdade estava tudo muito bom, até ouvir
alguém chamar meu nome.

— Derek! Nossa, há quanto tempo não te vejo, senti sua falta!

Uma morena toda sorridente me cumprimentou.

Forcei meu cérebro a lembrar quem era ela, depois de um pouco de


esforço lembrei: Cátia, uma mulher com que tive uma aventura sexual que
durou um pouco mais de uma semana. Nossa aventura durou tanto porque,
apesar de ser chata, Cátia era uma mulher muito bonita. Olhando agora pra
ela não vejo por que a achei tão bonita, depois de conhecer Amber as outras
mulheres são apenas comuns.

— E quem é essa? — Cátia perguntou com desdém.

Se dependesse dela estaríamos juntos até hoje, aposto que não gostou de
me ver com Amber, que é muito mais bonita e está me acompanhando em um
lugar público, à luz do dia, e não num motel qualquer.

— Esta é Amber, uma amiga.

Amber a cumprimentou com simpatia. Pude ver o ciúme em seus olhos,


mas mesmo assim cumprimentou Cátia com um sorriso.
— Eu sou Cátia. Costumava transar com Derek... E você, Amber, deve ser
o brinquedinho da vez.

Sabia que Cátia não cumprimentaria Amber com a mesma educação e


simpatia com a qual fora tratada, mas não esperava por isso.

Eu não deixaria que essa mulher tratasse Amber desse jeito, antes que
Amber respondesse eu passei a mão em sua cintura.

— Como você disse, Amber está na vez, quando tem um brinquedo que
não gosto deixo para alguma outra criança brincar, então, se nos dá licença,
vamos continuar aproveitando o dia.

Puxei Amber comigo e nos afastamos.


Amber

Que mulherzinha mais mal-educada, não gostei dela, e não é só por que
ela esteve com Derek e é muito bonita, ela é aquele tipo de mulher
desesperada, e esse tipo de mulher só mancha a reputação feminina de todas
em volta.

— Não precisava dispensar a pobre moça, eu podia ter me retirado e assim


vocês conseguiriam matar a saudade — ainda estou com ciúmes.

— Pareceu que eu estava com saudades?

— Talvez.

Não pareceu que ele quisesse conversar com ela, mas, mesmo assim...

— Por acaso está com ciúmes?

Vi humor no rosto de Derek

— Por que estaria? — fiz um beicinho.

— Me responda você, por que teria ciúmes?

— Não tenho ciúmes de você.

Mentira!

— Vou fingir que acredito, senhorita Valentine.

— Dá pra parar de me chamar assim?

— Adoro te ver irritada — Derek me deu uma piscadela.

— Vai me ver bem mais do que irritada se não se comportar.


— Isso é um desafio?

Como pode um homem ser tão gostoso e intrigante e tão cara de pau ao
mesmo tempo?

— Como você sabia que teria um parque aqui? — tentei mudar de assunto.

— Minha casa é aqui perto, vi os cartazes pouco antes de eles montarem o


parque.

— Me deixa ver como é sua casa?

— Não acho que seja uma boa ideia — Derek recuou.

— Por quê?

— Não acho que seja sábio que fiquemos sozinhos.

— Então não seremos sábios. Ah! Qual é?! Não confia em mim? — foi a
minha vez de provocar.

— É em mim que não confio, Amber.

— Quero conhecer sua casa.

— Tem alguma chance de eu conseguir te fazer mudar de ideia? — Derek


falou relutante.

— Nenhuma chance de isso acontecer.

E assim fomos até a casa de Derek. Uma casa simples e bagunçada, não
bagunçada como um lugar malcuidado, apenas não tão organizada como
minha casa. Uma sala com cozinha conjugada, um corredor com uma porta
que provavelmente dá no banheiro e no fim do corredor o quarto.

— Agora que já viu, podemos ir embora? — Derek perguntou tenso.


— Ainda não, quero ver mais.

Na estante da televisão tinha alguns DVDs espalhados, filmes de ação e


alguns de comédia. Na cozinha, apenas o fogão e a pia, nada de forno,
liquidificador ou qualquer outro eletrodoméstico, bem como eu imaginei que
seria a casa de um homem solteiro. Passei pelo corredor e fui direto ao
quarto, lá com certeza encontraria mais coisas sobre Derek.

A cama está arrumada, uma cama de casal, não tão grande quanto a minha,
mas parece ser bem mais confortável, tem um edredom verde e travesseiros
brancos. Uma escrivaninha com computador e alguns CDs de música. Não
tem roupas espalhadas pelo chão, mas dá para ver um pouco de pó.

O que mais me chamou a atenção foi a cama dele, parece tão convidativa.

— Por que está olhando desse jeito para minha cama? — Derek se
aproximou.

— Quantas mulheres já passaram por aí?

Não era o que eu queria falar, mas saiu.

— Nenhuma.

Arqueei a sobrancelha, não acredito que ele vai mentir assim na cara dura.

— Não gosto de trazer mulheres a meu quarto, geralmente faço o serviço


no sofá ou em algum motel — Derek explicou.

Senti-me desconfortável por entrar em seu quarto sem pedir, ele


obviamente não queria uma adolescente xeretando suas coisas. Apressei-me
em sair, mas quando cheguei à porta trombei com Derek.

— O que aconteceu? — ele me perguntou.


— Nada. Vem, vamos pra casa.

— Aconteceu alguma coisa e não vou deixar que passe até me contar o
que foi, eu falei alguma coisa errada? — Derek se preocupou.

— Você não falou nada de errado, sinto muito por ter entrado em seu
quarto sem pedir.

— Não me importo que você esteja em meu quarto, não gosto de trazer
mulheres aqui, mas com você é diferente.

Derek afastou de meu rosto uma mexa de cabelo e isso me provocou


arrepios.

Aproximei-me dele, queria sentir seu calor, queria sentir seu toque.

— Amber, acho melhor nós irmos — Derek falou enquanto tenta se


controlar.

Posso ver o desejo em seus olhos, ele me quer tanto quanto o quero.

Não respondi, apenas me aproximei e pousei a mão em seu peito largo.


Derek me olhou buscando afirmação e quando lhe dei um olhar firme ele não
se segurou, tampou minha boca com a sua, um beijo ardente e feroz.

Derek segurou meus quadris com as duas mãos e me guiou até a cama. Ele
se posicionou em cima de mim, mas sem derrubar seu peso. Beijou-me com
urgência e paixão, enquanto suas mãos mapeavam meu corpo. Abri as pernas
e Derek ficou no meio delas, ele me beijava e acariciava.

Seus beijos cada vez mais fortes, ondas de excitação percorreram meu
corpo e senti um formigamento entre minhas pernas. Gemi e me agarrei a
seus ombros. Instintivamente ergui meu quadril, Derek se pressionou contra
mim, senti sua dureza através da calça jeans. Seus beijos passaram para meu
pescoço, percorreram uma trilha até o decote do meu vestido, sua mão que
estava apertando a lateral de meu corpo subiu e abaixou o tecido do meu
vestido. Derek roçou a ponta do nariz em cima de meu sutiã, meus mamilos
que já estavam duros latejaram.

— Hum, você tem um cheiro tão doce, preciso saber se seu gosto também
é assim — Derek falou com a voz rouca, aumentando ainda mais meu desejo.

Ele abaixou a taça do meu sutiã e passou a ponta da língua na parte


superior do meu peito e foi contornando até chegar a meu mamilo latejante,
não sabia que era possível sentir tanto desejo por outra pessoa. Quando senti
sua língua esfreguei minha boceta já encharcada em sua ereção. Derek gemeu
e passou a chupar meus seios com força, agarrei suas costas e soltei um grito
de prazer, com agilidade Derek me ergueu e puxou meu vestido por cima da
cabeça.

Eu deveria estar com vergonha por ele me ver só de calcinha e sutiã, mas
não estou, o prazer é grande demais para sentir vergonha ou hesitação.

Derek tirou meu sutiã, deixando meus peitos expostos. Ele olhou para
mim com admiração e depois voltou a me beijar, já não estou aguentando
mais, o prazer cresce dentro de mim e sinto que preciso de Derek, preciso que
ele me satisfaça.

Puxo sua camisa revelando um belo tórax, com direito a barriga de


tanguinho e músculos bem definidos. Derek me aperta contra si e sinto o
calor de seu corpo no meu. Sem perder tempo desabotoo sua calça e passo
minha mão por dentro, encontro seu membro grande e grosso latejando por
baixo da cueca.

Derek me ajuda a tirar sua calça e agora a única coisa que nos separa é um
pouco de pano. Quando ele volta a me beijar e encosta sua ereção em minha
vulva eu gemo e peço por mais.

— Derek, eu quero...

— Me diga o que você quer.

— Quero sentir você, quero que entre em mim e me faça gozar — pedi
com a respiração ofegante.

Derek geme em aprovação e solta minha boca. Agora ele está


mordiscando a parte interna de minha coxa, ele varia entre lamber, chupar e
morder. Aos poucos vai subindo e quando chega a minha virilha minha
ansiedade aumenta, ergo meu púbis em direção à sua boca. Olhando em meus
olhos Derek arranca minha calcinha, ele a amassa em suas mãos e esfrega em
seu nariz, o gemido que ouço sair de sua garganta é selvagem. Torna a beijar
minha virilha e depois de me provocar muito passa a lamber com a ponta da
língua meu clitóris, eu gemo alto e amasso os cabelos de sua nuca,
pressionando-o em mim.

Novamente aquela sensação, alguma coisa cresce dentro de mim, sinto


formigar e me arrepiar, nunca senti nada assim. Conforme Derek golpeia
minha boceta com a língua essa sensação aumenta e vai aumentando até que
se torne insuportável, eu preciso de alívio, preciso que Derek continue com o
que está fazendo. Ele parece perceber e sem parar de lamber minha entrada
começa a esfregar meu clitóris.

— Goza na minha boca, me deixa sentir o sabor do seu desejo — Derek


fala, me provocando ainda mais.

Até que meu corpo não aguenta e explode em prazer. Começou com um
formigamento nas pontas dos pés e acima do púbis, até que essa sensação
aumentou em um prazer líquido dentro de mim, acumulou-se em um lugar só
e saiu, provocando espasmos e arrepios por todo meu corpo. Derek chupa
quando sente meu orgasmo. Meu corpo se solta leve quando os espasmos de
prazer diminuem.
Derek

Quando sinto o gosto doce de Amber em meus lábios a chupo com força,
querendo sentir o máximo que puder. É perigoso uma garota ter um gosto tão
viciante.

Amber está aliviada, mas ainda não terminei, tiro minha cueca e volto a
beijar sua boca, corro minha mão por seu corpo, aliso sua bunda e sua coxa,
passo a mão por sua cintura fina e chego a seus peitos, esfrego seus mamilos
com delicadeza e depois um pouco mais forte, um gemido escapa de sua
boca.

Mordisco a ponta da orelha dela e chupo seu pescoço delicado, vou


descendo até chegar a seu ombro e depois em seus seios novamente. Lambo
seu mamilo e Amber se contorce em prazer, meu pau já está latejando, pronto
para entrar, mas tenho que ir com calma, sei que Amber é virgem e só vou
meter quando ela estiver preparada.

Amber se esfrega em meu membro, nunca imaginei que sentiria tanto


desejo por uma mulher, mas aqui estou eu, enlouquecendo em cima do corpo
dessa deusa.

— Derek, eu quero mais, eu quero que você entre em mim!

Depois de colocar o preservativo começo bem devagar esfregando meu


pau em sua boceta quente e úmida, estou adorando vê-la com tanta luxúria.
Conforme a sinto relaxar vou pressionando mais, ela está toda molhadinha
para mim, o que torna tudo mais fácil e mais difícil. Mais fácil porque vou
entrar melhor ela estando assim toda encharcada e mais difícil porque é
custoso me controlar sabendo o quanto ela me deseja.
Amber fica um pouco desconfortável, deve estar começando a doer.

— Quer que eu pare? — pergunto preocupado, é claro que quero


continuar, mas nunca vou forçar Amber.

— Continua, sinto que já vai passar.

Embalo em um ritmo e continuo a mexer, sempre prestando atenção em


Amber, ela começou a relaxar novamente.

Sinto o calor dela aumentar e seus gemidos cada vez mais intensos.
Começo a ir mais rápido e Amber aranha minhas costas, meu tesão aumenta.
Abraço-a com força, conforme aumento o ritmo de minhas estocadas. Amber
também me aperta forte, posso sentir o calor de seu corpo.

Ela joga a cabeça para trás, sei que logo vai gozar novamente. Com meu
polegar fricciono seu clitóris, ela geme com mais força e começa a rebolar em
meu pau. Quando ela derrama seu prazer em mim e chama pelo meu nome,
perco o controle e meto com força, minhas estocadas ficam mais selvagens e
animalescas, meto nela até alcançar minha satisfação. Solto um gemido
gutural quando alcanço a libertação.

Os dois deitamos na cama, apenas curtindo a sensação que vem depois do


orgasmo, aquele sentimento de leveza por dentro e o corpo pesado. Ergo meu
braço para que ela se acomode em meu peito.

Nunca fiquei curtindo com uma mulher, geralmente acabava o serviço e ia


tomar banho, assistir à TV ou qualquer outra coisa, mas com Amber é
diferente, quero ficar aqui, apreciando sua feição de satisfeita, sabendo que
fui eu que a fiz ficar assim.

Depois de alguns minutos convido Amber para irmos tomar banho.


Esfrego todo seu corpo com delicadeza e ela também faz o mesmo comigo.
Pedimos uma pizza e agora estamos deitados na cama comendo e
assistindo a um filme, está tudo indo muito bem até o momento em que o
celular de Amber toca.

“Oi, pai! Já estou indo, vim à casa da Janice, depois que terminamos de
assistir ao filme peço para Derek me levar pra casa.”

“Está bem, tchau!”

— Você está na casa da Janice? — perguntei sorrindo.

— Meu pai não precisa saber de tudo. Se não contarmos, ele não vai saber.

— Por que tenho a impressão de que já ouvi isso em algum lugar?

— Por que será, né? — Amber sorriu e me beijou.


Capítulo 12
Derek
Tive a melhor foda da minha vida com uma menina de 17 anos, uma
menina inexperiente e proibida para mim.

Chegamos à casa do senhor Valentine e Amber foi distrair o pai enquanto


eu subi as escadas de mansinho. Saí com Amber sem meu uniforme e isso é
contra as regras, acho que levar a filha do patrão para a cama também é
contra as regras, é só não deixá-lo saber, nem do uniforme e nem do que
acabei de fazer.

Peguei meu terno, que estava pendurado no cabide do guarda-roupa e me


chamou atenção quando vi que alguma coisa caiu do bolso. A foto daquela
mulher, Valentine disse para eu ter essa foto junto comigo, assim não
esqueceria o rosto dela, mas, quem é essa mulher? O que quer com Amber? E
por que Amber não pode saber sobre ela?

Poderia dizer que fiquei curioso ou que estava entediado, mas não posso
mentir nem para mim mesmo e tenho que admitir que me preocupo com
Amber, por isso vou descobrir quem é essa mulher.

Com meu celular tirei uma segunda foto dela, não ficou tão bem definida,
mas dava para o gasto. Enviei a foto para Dan, ele pode conseguir
informações de qualquer pessoa, além de esperto Dan é discreto e um grande
amigo, sei que ele vai conseguir alguma coisa sobre essa mulher. Junto com a
foto enviei um texto explicando o pouco que sei e dizendo o que quero
descobrir.

Agora tudo que tenho que fazer é esperar.


Amber

Um largo sorriso estampa meu rosto, estou assistindo a um filme de


comédia, mas o sorriso não tem nada a ver com o filme. Derek está ao meu
lado fazendo a pose de segurança mal-encarado, mas logo meu pai e a
vacadrasta vão se recolher em seu quarto, hoje é domingo e eles vão dormir
cedo. Está aí o motivo do meu sorriso, logo eles vão dormir e vou poder ficar
com Derek.

Dito e feito, assim que eles foram para o quarto Derek relaxou.

— Posso saber o motivo dessa alegria? — Derek perguntou sorrindo.

— Senta aqui do meu lado e eu te conto — provoquei.

— Você não se preocupa, não?

— Eles foram dormir, não vão voltar aqui — falei com a voz mansa.

— Não deve se preocupar se seu pai nos pegar, sua preocupação deveria
ser o que vou fazer com você quando ele não está — Derek me olhou de cima
a baixo de um jeito malicioso.

— Estou disposta a correr o risco — incitei-o.

— Você não deveria ter falado isso — Derek diminuiu o espaço entre nós
com passos largos.

— O que pretende fazer comigo?! — fiz uma cara de falso espanto.

Derek não respondeu, apenas segurou meu cabelo na parte da nuca e me


conduziu a beijo de tirar o fôlego. Aquele calor entre minhas pernas surgiu
novamente, faz poucas horas que me entreguei para ele e meu corpo já
implora por mais.

Passei minha mão por dentro de sua camisa esfreguei suas costas... seu
peitoral... sua barriga... e quando passei os dedos no cós de sua calça Derek
me apertou.

— Acho que corrompi a filha do patrão — Derek falou entre os beijos.

— Exatamente isso, agora vai ter que me satisfazer — queria que soasse
como uma ordem, mas saiu como um pedido.

Pedido que Derek não ignorou.

Seus beijos ficaram mais intensos, seu toque mais forte e sua respiração
mais pesada. Esfregou sua mão por cima da minha calça, gemi quando o
calor começou a aumentar.

— Quietinha, sem fazer barulhos, senão vou ter que parar por aqui.

— Não para, por favor, continua! — implorei já com a respiração pesada.

Derek beijou meu pescoço e meu ombro, depois passou para meus seios,
levantou minha camiseta e meu sutiã e me chupou com vigor, mais um
gemido escapou de minha garganta. Sua mão entrou dentro de minha calça e
me esfregou.

— Gosto de te ver assim toda molhadinha — Derek chupou o dedo que há


pouco tempo estava dentro de mim.

Ergui meu quadril e me esfreguei em Derek, senti sua ereção pulsando


contra mim. Derek voltou a me beijar enquanto esfregava meus peitos e
passou a esfregar minha vulva novamente.

O calor crescendo cada vez mais, aquela sensação de formigamento


aumentando a cada vez que Derek me esfregava.
— Goza pra mim, meu anjo — Derek cochichou em meu ouvido.

Rebolei enquanto Derek estava com as mãos em mim, é como se meu


corpo ganhasse vida própria e dançasse em busca do prazer. Derek mexeu
com mais força até que não me aguentei e me libertei em sua mão, chamando
seu nome e me contorcendo.

Derek me aninhou em seu peito e passou a mão pelos meus cabelos.

— Queria entrar em você aqui e agora, mas se fizermos isso sei que não
vamos conseguir controlar o barulho, se seu pai nos pegar a diversão acaba
— Derek falou e eu concordei.

Fiquei ali por um bom tempo apenas apreciando a companhia de Derek,


gosto de estar em seus braços, gosto quando ele me dá prazer e acima de tudo
gosto dele. Não posso exigir que se apaixone por mim como estou por ele,
mas queria que fosse mais do que apenas sexo, quero saber o que sou para
ele, mas tenho medo da resposta e por isso não tenho coragem de perguntar.

— Sei que sua cama é mais confortável do que o sofá. Está tarde, então
vamos dormir — Derek falou com carinho, pelo menos eu imaginei que fosse
carinho isso em sua voz.

Ele entrou em meu quarto e me acompanhou até que eu deitasse em minha


cama, deu-me um beijo casto e se levantou para sair, mas congelou quando
viu a foto em cima do meu criado-mudo.

— Quem é essa? — Derek parecia tenso.

— Ah, essa — peguei o retrato em minha mão e depois voltei a falar — é


minha mãe.

Derek arregalou os olhos.


— Ela e seu pai são separados?

— Ela morreu quando eu tinha 7 anos.

Não gosto de dizer que minha mãe está morta, para mim ela ainda vive em
meu coração.

— Do que ela morreu? — a curiosidade de Derek está começando a ficar


estranha.

— Ela tinha câncer — respondi melancólica.

— Tem certeza?

Pronto, agora está bem estranho.

— Por que está me fazendo essas perguntas? — não consegui esconder a


irritação.

— Desculpe, não quis te aborrecer, só estava curioso — Derek pareceu tão


desconfortável quanto eu.

— Está tudo bem — respondi.

Derek saiu do meu quarto sem falar mais nada. Das duas uma, ou eu falei
alguma coisa errada, ou Derek tem algum problema.
Derek

Peguei a foto no bolso do meu terno mais uma vez apenas para ter certeza,
não restam dúvidas, a mulher desta foto é a mesma mulher da foto do quarto
de Amber. Esta mulher é a mãe da Amber!

Pouco tempo depois recebi um e-mail de Dan com as informações que


pedi, parecia ser uma ficha, como aquelas que os psicólogos têm de seus
pacientes.

Silvia Fischer, 1,65 metros de altura, pesa por volta de 65 quilos, pouco
tempo de casamento e engravidou do juiz Marcus Valentine, tem uma filha, é
divorciada, além da filha nenhum membro da família vivo.

Até aí estava tudo bem normal, não conseguia compreender o porquê de


Marcus fazer Amber acreditar que a mãe está morta. Continuei lendo, teria
que ter alguma coisa mais para frente, não demorou para que encontrasse.

Silvia apresenta traços de psicopatia, depois de se envolver com drogas


foi internada pelo marido em uma clínica de reabilitação onde permaneceu
por seis meses; depois de fugir da clínica, Silvia tentou matar a filha que
tinha 7 anos, Amber Valentine, que estava sozinha com Liza Rederson, uma
antiga amiga de Silvia. Foi salva quando a senhorita Rederson se trancou em
um banheiro junto com a menina e em seguida ligou para a polícia. Quando
os policiais chegaram encontraram vários objetos da casa quebrados. Amber
Valentine e Liza Rederson ainda estavam trancadas no banheiro, Silvia
Fischer havia fugido. Dois meses depois Silvia foi encontrada e presa em
uma clínica para pessoas com problemas mentais.

Meus pensamentos estão desordenados, a mãe de Amber é uma psicopata,


é isso mesmo que acabei de ler?

A psicopatia pode ser definida de várias formas. Doentes mentais vivem


em um mundo paralelo, onde não sabem e nem entendem o que estão
fazendo, enquanto psicopatas sabem exatamente o que estão fazendo,
entendem que é errado e mesmo assim continuam fazendo, e continuam
porque não têm emoções, o cérebro deles não funciona da mesma maneira
que o das outras pessoas. Os seres humanos têm o chamado sistema límbico,
a estrutura cerebral responsável por nossas emoções, o coração da mente. O
sistema límbico não funciona em certas pessoas e estas pessoas são os
psicopatas.

Independente de como for, essa mulher não tem emoções ou sentimentos e


está atrás de Amber. É um perigo que não pode ser ignorado e Amber precisa
saber disso.

Mas, será que vou conseguir contar a ela?


Capítulo 13

Amber
Hoje tinha tudo para ser um dia bom, o clima está gostoso, o sol faz minha
pele formigar e o leve vento me faz cócegas. Estou com Janice em nosso
lugar habitual de passar o intervalo, ela está falando sobre o quanto se
divertiu na festa de Taylor, não contei pra ela o que ele tentou fazer comigo,
nem Derek sabe o que realmente aconteceu, ele pensa que eu estava me
agarrando com Taylor por livre e espontânea vontade.

— Nem vai acreditar no que aconteceu — Janice ligou seu modo fofoca.
— Taylor foi até o estacionamento procurar você e um ladrão o atacou, ele
disse que não era nenhum convidado da festa e era um homem muito grande,
o ladrão deu um soco nele, mas ele surrou o cara, que fugiu.

Percebi que Derek estava segurando a risada, também tive que me


controlar para não começar a gargalhar.

Antes que Janice pudesse continuar a contar como Taylor surrou o


bandido, ouvi o próprio Taylor chamar meu nome.

— Amber!

Quase dei risada quando vi seu olho roxo.

— Posso falar com você?

Derek se aproximou de mim, ele não está feliz em ver Taylor.

— Estou te ouvindo — fui rude de propósito.

— Janice, você pode nos dar licença?


Taylor sabia que comigo seu charme não iria funcionar e por isso pediu
para que Janice se afastasse e ela o fez sorrindo e saltitando.

Depois que Janice se afastou, o Taylor bonzinho e charmoso foi junto,


dando lugar ao Taylor idiota e cheio de si.

— Como quero seu bem vou te avisar que se livre desse seu segurança, eu
e meu pai vamos abrir um processo por ele ter me batido, eu sou menor de
idade e ele não pode me bater, se você não quiser chamar atenção para o
nome do seu pai, demita esse homem o quanto antes — Taylor estufou o
peito como se me tivesse na palma de sua mão.

Derek se aproximou mais ainda, pude ver a raiva em seus olhos.

— Avisa seu papaizinho por que Derek te acertou, você se lembra o que
tentou fazer comigo, não lembra? Se vocês tentarem qualquer coisa contra
Derek terei que contar a meu pai tudo que aconteceu naquela noite. Agora
que estamos resolvidos me dê licença, preciso fazer outras coisas.

Minha ameaça funcionou, porque Taylor está branco como um fantasma,


mas Derek está começando a ligar os pontinhos, por isso peguei sua mão e
me afastei o mais rápido que pude.

— O que ele tentou fazer com você?

A raiva de Derek é quase palpável.

Não respondi, tinha a esperança de que Derek fosse deixar para lá, mas
não funcionou.

— Me responda, Amber.

— Eu não estava me agarrando com Taylor, ele me arrastou até lá e me


agarrou — falei bem rápido, esperando que Derek não entendesse as
palavras.

— Mas você não estava tentando se afastar — infelizmente Derek


entendeu.

— Do que adiantaria tentar lutar? Ele é bem mais forte do que eu, estava
esperando ele abaixar a guarda para lhe acertar uma joelhada ou coisa assim.

Derek deu a volta e estava indo para Taylor, mas me agarrei a seu braço e
supliquei.

— Não faça isso, não quero ninguém te processando por agressão.

— Não me importo com isso — Derek respondeu frio.

— Se fizer isso meu pai vai saber o que aconteceu na festa, por favor, não
deixe meu pai saber!

Fiquei apavorada e Derek deve ter percebido isso, porque parou


imediatamente e se virou pra mim.

— Por que seu pai não pode saber?

— Ele é muito ocupado, mal tem tempo de ficar em casa, depois que
minha mãe se foi ele ficou diferente, não quero que ele tenha que se
preocupar com mais isso.

É verdade o que acabei de falar, mas também tem outro motivo, se Derek
surrar Taylor, meu pai vai mandá-lo embora, e isso não pode acontecer.

— Como era o relacionamento do seu pai e da sua mãe?

Derek quer me contar alguma coisa e se isso vai fazê-lo se acalmar, não
vou reclamar.

— Não lembro muito porque era pequena, mas eles se davam bem. Ela
não era muito carinhosa, mas era bem divertida, sempre fazia meu pai sorrir,
e quando ele ficava feliz eu também ficava. De repente ela começou a se
distanciar, acho que era por causa do câncer.

— E como seu pai ficou com a Liza?

Derek está de novo com uma curiosidade estranha.

— Ela era amiga da minha mãe, pouco tempo depois que minha mãe
morreu nossa casa foi invadida por bandidos, Liza se trancou no banheiro
junto comigo e chamou a polícia. Depois disso ela e meu pai ficaram bem
próximos.

— Você viu quem invadiu sua casa naquele dia? — Derek perguntou
preocupado.

— Não vi quem era, me tranquei com Liza antes que eles nos
alcançassem, mas naquele dia ouvi a voz de minha mãe me chamando, acho
que era o espírito dela me protegendo.

Lágrimas brotaram em meus olhos ao me lembrar de minha mãe.

— Amber, preciso te contar uma coisa... — Derek ficou inquieto.

— Você tá tão estranho, o que aconteceu? — comecei a me preocupar, é a


primeira vez que vejo Derek assim.

— Deixa pra lá, não é nada demais — Derek disfarçou.

— Ajoelhou, agora reza. Se começou pode contar, quero saber o que é —


dei um sorriso para tentar aliviar o clima entre nós.

— Te conto outra ora, logo você tem que voltar pra sala de aula.

Derek tem razão não posso ficar de bobeira e perder a aula, mas senti que
ele está escondendo alguma coisa e vou descobrir o que é.
Derek

Não consegui contar a ela, cheguei tão perto de falar, mas quando lágrima
em seus olhos minha voz se prendeu. Amber tem idade de uma menina, mas
naquele corpo vive uma mulher, ela é mais madura do que muitas mulheres
da minha idade, é também mais esperta e bonita.

Confesso que no começo me perdi naquelas curvas e naquele rosto de


anjo, mas hoje vejo que há mais do que aparência, ela é meiga, mas sabe se
defender se for preciso, é carinhosa e inteligente. Passou por tantas coisas e
isso a fez amadurecer mais cedo.

Passei o resto do dia pensando em como contar a Amber que sua mãe
ainda está viva e que é uma psicopata.

Depois do jantar vi que Amber estava lendo um livro. Passei por ela em
silêncio, tenho que aproveitar agora que ela está distraída. Fui para o segundo
piso da casa, bati à porta do escritório de Marcus.

— Entre — Marcus falou de dentro do escritório.

— Senhor Valentine, precisamos conversar sobre a mulher da foto que me


entregou — falei sério.

— Você a viu? Ela viu Amber? — Marcus levantou de sua cadeira


preocupado.

— Eu não a vi e nem ela viu Amber, mas quero saber por que Amber acha
que a mãe dela está morta.

Fui direto ao ponto. Marcus fez uma cara feia e eu fiz uma carranca pior,
não estou para brincadeiras.
— Você foi contratado para proteger minha filha, não para se interferir em
meus assuntos — Marcus voltou a se sentar.

— Senhor Valentine, não vou sair daqui até que me conte o motivo, ou se
preferir conte diretamente a Amber — estreitei os olhos.

— Como se atreve? Saia imediatamente daqui, ou o mandarei embora —


Marcus aumentou a voz e começou a ficar vermelho.

— Não me importa que me demita, o senhor conta a ela ou eu conto?

Aproximei-me de Marcus e fiquei bem a altura de seus olhos.

— Por que insiste que conte a ela? O que você tem a ver com isso?

— Não acha que Amber merece saber sobre a mãe? Sei que o senhor quer
protegê-la, eu também quero, mas esse não é o jeito certo.

— Saia desta casa e fique longe da minha filha!

Marcus bateu a mão na mesa e ficou em pé, a vermelhidão em seu rosto


mostrava raiva.
Amber

Estava lendo quando percebi que Derek não estava em volta de mim como
de costume. Fui até seu quarto, ele provavelmente estaria tomando banho se
eu tivesse sorte e seria mais sorte ainda entrar lá sem que meu pai nos
flagrasse.

Derek não se encontrava no quarto e nem estava tomando banho. Pensei


que seria legal esperar por ele ali, queria ver sua cara de surpresa quando me
encontrasse em sua cama.

É entediante ficar sem fazer nada e comecei a vasculhar as coisas de


Derek. Um livro de mistério em cima do criado-mudo, um jogo de caça-
palavras, uma revista de carros e uma foto.

Por que Derek tem uma foto da minha mãe? E por que essa foto parece tão
recente?

Saí do quarto, comecei a me sentir sufocada, teria passado direto pelo


escritório de meu pai se não tivesse ouvido a discussão.

Empurrei a porta sem bater como era de costume. Meu pai e Derek
ficaram em silêncio quando eu entrei, os dois me olharam espantados. Eles
não falaram nada, eu também não. Apenas coloquei a foto sobre a mesa e
olhei para eles.

— Você contou a ela? — meu pai perguntou a Derek.

Meu pai está muito irritado, nunca o vi assim antes.

— Eu ia te contar, não queria que fosse assim.


Derek se aproximou de mim e eu recuei, vi a dor em seus olhos.

— Por que você tem uma foto da minha mãe? E por que essa foto parece
ser recente?

Minha voz fria poderia fazer parecer que não estou sentindo nada, mas é
muito pelo contrário, sinto tudo ao mesmo tempo, as emoções estão
embaralhadas em minha cabeça e por isso elas não saem na voz.

— Sua mãe está viva, ela tem um problema, fui contratado para te
proteger dela. Eu não sabia que era sua mãe, descobri há pouco tempo —
Derek se explicou ainda com dor no olhar.

— Você sabia e não me contou! — dei um último olhar para Derek e


procurei por meu pai.

— Sua mãe é uma psicopata, e isso não tem cura, eu tinha que te proteger.

Meu pai se justificou, mas ele não tinha mais aquela autoridade para falar;
mesmo que tivesse, eu não teria me importado.

— Não precisava ter mentido para me proteger, você nunca se importou


comigo, apenas não queria perder o controle — minha voz começou a subir
junto com minha fúria.

— Sabe que me importo, você é meu bem mais precioso!

— Se você se importasse não teria me enganado, não teria se casado com


aquela mulher, se gostasse de mim passaria mais tempo comigo ou pelo
menos confiaria em mim!

— Tente me entender, eu tive que fazer isso!

Meu pai esticou o braço para me alcançar, mas dei alguns passos para trás.
— Você sabe o que é psicopatia?

Meu pai começou a ficar nervoso, mas ele não tem direito de ficar irritado
comigo.

— É um maldito pedaço de cérebro com defeito, e por isso a pessoa não


tem emoções, é a mesma coisa que julgar uma pessoa por ter um dedo a mais
ou a menos, não é culpa dela ter nascido assim.

— Não é tão simples, sua mãe é perigosa! — meu pai retrucou.

— Você sabe quanto chorei por achar que ela tinha morrido? Sabe quanto
sofri por ter crescido neste inferno de vida, sem mãe e sem pai, porque depois
que ela se foi você esqueceu que eu existo e ainda por cima se casou com
uma mulher que me odeia.

— A Liza não te odeia, você está passando por uma fase difícil, é normal
se estressar com sua madrasta, sei que teria sofrido bem mais se tivesse
crescido com uma mãe psicopata — meu pai assumiu sua voz de sermão, a
voz que ele sempre assumia para defender sua esposa querida.

— E você sabe de tudo isso por que me perguntou, sempre se preocupando


com o que eu penso — falei com sarcasmo.

Não esperei que meu pai continuasse com suas explicações, não adiantaria
de nada argumentar. Passei para sair de seu escritório, mas Derek me segurou
pelo braço.

— Se acalme, sente e converse com seu pai.

Derek está preocupado, posso ver sua agonia em me ver descontrolada,


mas não posso continuar aqui, preciso de ar fresco.

— Me deixa sozinha!
Não consegui controlar as lágrimas que começaram a rolar pelo meu rosto,
puxei meu braço e sai o mais rápido que pude.

Derek não me seguiu e eu agradeci por isso, quando passei pelo portão de
casa soltei o ar que nem percebi que estava preso.

O vento da noite secou minhas lágrimas e a brisa gelada me acalmou.


Estava andando por uma calçada não muito longe de casa, meus pés
ganharam vida própria e me levaram até um parque onde eu e minha mãe
costumávamos vir quando eu era criança.

Sentei-me no balanço e deixei meus pensamentos vagarem. Está escuro,


mas a iluminação cálida do parque me faz sentir confortável, mesmo com o
vento frio estou mais confortável aqui do que em casa.

Estava perdida em tantos pensamentos que quase não percebi quando


alguém se sentou no balanço ao lado.

— Dia difícil?

A pessoa que sentou do meu lado é uma mulher, soube pela sua voz doce e
aveludada.

Não respondi, apenas assenti.

— Dias difíceis vêm e vão, é assim mesmo, eu mesma passei por muitos
dias e anos difíceis.

Eu não estou em um bom estado de espírito para ouvir o desabafo de uma


desconhecida, limitei-me a balançar a cabeça, acho que se ela ficar aqui
falando a única coisa que consigo fazer é assentir.

— Veja como uma hora ou outra as coisas se ajeitam, passei dois meses
querendo chegar a uma pessoa e não conseguia, ela nunca estava sozinha, um
homem muito bonito a acompanhava, não imagina como fiquei feliz ao vê-la
sair sozinha — a mulher sorriu.

Lentamente me virei para encarar a desconhecida e me surpreendi ao ver


que não era tão desconhecida, é minha mãe! Ela está aqui!

Sem hesitar lancei meus braços ao redor dela, ela me abraçou e riu alto.

— Não imagina como estou feliz — ela falou e eu concordei. — Achei


que tinha perdido minha chance quando aquela puta se trancou no banheiro
com você, ela chamou os policiais e tive que fugir, mas aqui estou eu, o
universo está me dando mais uma chance!

Ela me apertou com muito mais força do que o necessário.

Quando consegui me afastar vi o que ela tinha na mão, o metal brilhou


contra a noite. Tentei correr, mas ela me segurou pelos cabelos.

— Você acha que vou te deixar fugir? Esperei tanto por este momento e
agora você acha que pode escapar? — sua voz não era doce como antes, um
sorriso esganiçado fazia fundo sonoro ao meu medo.

Com facilidade ela me derrubou ao chão, nunca briguei e meus reflexos


não são dos melhores. Caí de bruços e ela firmou o joelho em minhas costas
me impossibilitando de levantar.

— Por que está fazendo isso?

Sei que ela não tem emoções, culpa ou remorso, mas tem que ter um
motivo para ela querer me matar.

— Quando comecei a usar drogas Marcus me obrigou a fazer exames e


também me levou a psicólogos e psiquiatras, eles disseram que sou um perigo
para todos. Seu pai me internou em uma clínica onde passei seis meses, e
sabe por que ele me internou? É porque não queria que eu machucasse sua
filha preciosa.

— Não precisa ser assim, a gente pode dar um jeito, eu vou te ajudar a
passar por isso — apesar do medo eu não chorei, preciso ficar calma.

— Depois que tentei te matar Marcus me internou em uma clínica para


doentes mentais, se eu for pega agora vou para um presídio. Nunca quis achar
um jeito para tudo isso, só quero tirar o que ele tem de mais valor, mas não se
preocupe, vou ser rápida.

Fechei meus olhos com força esperando pela dor que viria, mas a dor não
veio, senti o peso de seu joelho ceder. Quando abri os olhos ela já não estava
em cima de mim.

Derek a imobilizou no chão com uma das mãos enquanto ligava para a
polícia. Minha mãe não pareceu nervosa nem preocupada por Derek ter
ligado para a polícia, ela riu e o ameaçou.

Não demorou muito para que os policiais a levassem.


Capitulo 14
Derek
Amber me olhou assustada e se jogou em meus braços. Acariciei seus
cabelos e dei um beijo em seus lábios. O doce mel de sua boca se apoderou
de mim, já era pra ter me acostumado com seu cheiro, seu gosto e seu toque,
mas a cada vez que estou com ela sinto como se fosse a primeira vez. Seus
beijos embriagam e seus toques são viciantes.

— Desculpe ter demorado para vir te buscar — sussurrei em seu ouvido.

— Sinto muito por ter saído como uma descontrolada, eu estava confusa e
precisava ficar sozinha, mas não foi uma boa ideia escolher um parque vazio
e mal iluminado para passar um tempo.

— Agora está tudo bem, já passou, mas acho que você deveria voltar pra
casa, seu pai teve um mal-estar, nada sério, Clarisse cuidou dele — passei a
ponta dos dedos em seu rosto e enxuguei suas lágrimas.

— A culpa é minha, ele ficou mal porque eu não quis entender, ele ficou
magoado comigo.

Amber abaixou a cabeça, pude ver a tristeza em seus olhos.

— Ele não está magoado, não é culpa sua, uma hora ou outra ele teria que
te contar sobre sua mãe. Isso poderia ter acontecido de uma maneira melhor,
mas agora já passou.

Pousei a mão em seu rosto e a fiz olhar pra mim, sorri quando a expressão
dela se suavizou.

Coloquei meu paletó em seus ombros, confortei-a com um abraço e fomos


para casa.
Marcus

— Tome isso, logo estará melhor — Clarisse me passou um copo de agua


com açúcar e um comprimido.

— O que é isso? — estreitei os olhos.

— Não seja teimoso, tome logo, é um calmante, vai te fazer sentir melhor.

Engoli o comprimido e tomei um gole de água. Clarisse me deu um olhar


de repreensão e achei que seria melhor tomar toda água do copo. Funcionou,
ela sorriu.

— Amber me odeia — falar isso em voz alta doeu mais do que eu


imaginava.

— Ela não te odeia, apenas está confusa. Derek vai trazê-la para casa e
você vai conversar melhor com ela — Clarisse tentou me acalmar, mas só em
ouvir o nome dele fiquei irritado.

— Vou mandar ele embora e farei o possível para ter certeza de que ele
não vai se safar, como ousa pôr as mãos na minha filha?! Ela é apenas uma
criança! — esbravejei.

— Me desculpe a intromissão, senhor, mas Amber não é uma criança, não


sei até onde foi o relacionamento dos dois, mas sei que ele não a obrigou a
fazer nada.

— Como assim relacionamento? Por que não me contou isso antes? —


repreendi Clarisse.

— Não é da minha conta o que acontece nesta casa, sabia sobre a mãe da
Amber e não contei nada a ela e soube dos sentimentos dela por Derek e
também não contei, sou apenas uma empregada.

— O que você pensa de Derek? — não sei por que fiz essa pergunta,
talvez porque Clarisse parecesse ser a pessoa mais bem informada desta casa.

— Não gosto dele, mas Amber gosta e ele a faz sorrir, não vejo por que
não dar uma chance a ele — Clarisse pareceu sincera ao falar sobre Derek,
mas ainda não gosto e não vou aceitar aquele homem perto da minha filha.

Fiz uma carranca e discordei.

— Em breve Amber vai completar a maioridade e vai tomar suas próprias


decisões, se ela quiser ficar com Derek, cedo ou tarde isso vai acontecer —
Clarisse explicou de um jeito direto.

Nunca reparei em como Clarisse é atenciosa e inteligente, além do que é


ela que mantém tudo em ordem nesta casa. Também é compreensiva, todas as
qualidades que procuro em uma esposa, quando conheci Silvia achei que ela
fosse assim.

Casei com Liza por Amber, não queria que minha menina crescesse sem
uma mãe, não queria que ela se sentisse sozinha e confusa, não queria que ela
tivesse que passar por fases de meninas sem um conselho ou pelo menos uma
explicação e eu não sou a melhor pessoa para explicar coisas de meninas para
minha filha. Ou talvez eu simplesmente quisesse uma ajuda, mas não sei se
Liza foi a escolha certa para me ajudar.

Estava gostando de conversar com Clarisse, ela é o tipo de mulher que faz
ver que os problemas não são tão grandes e para cada problema existe pelo
menos uma solução.

— Querido, o que aconteceu? — Liza perguntou com uma falsa


preocupação.

— Amber descobriu sobre a mãe, acho que as emoções foram fortes para
nós dois — respondi de um jeito evasivo.

— Amber é uma menina perturbada, talvez fosse melhor procurar um


médico, ela pode ter o mesmo problema da mãe — dessa vez Liza não
consegui fingir preocupação.

— Amber não tem problema nenhum, mas eu tenho, quero que você junte
suas coisas e saia desta casa. Você tem até o meio-dia de amanhã para estar
fora daqui, assim que possível irei lhe enviar os papéis do divórcio! —
comecei a ficar nervoso novamente, não vou deixar que ninguém fale da
minha filha como Liza fez.

— Não vou deixar que se divorcie! — Liza perdeu aquela máscara de


calma e tranquilidade.

— Você violou os nossos valores conjugais quando me traiu. Não que eu


me importe com quem você sai, sabe que nos casamos por causa da Amber,
mas essas traições me dão o direito de pedir o divórcio e não tem nada que
você possa fazer para recorrer — falei com a mesma voz firme e autoritária
que uso nos tribunais.

— Casamos com separação de bens, você me garantiu que nada me


faltaria se eu aceitasse cuidar da sua filha — Liza choramingou.

— Eu e você sabemos que nunca cuidou da Amber, mas não se preocupe,


sei que logo vai conseguir outro marido rico — descontei todas as vezes que
Liza maltratou Amber, deveria ter feito isso há muito tempo.

Liza correu para o quarto com lágrimas descendo pelo rosto, lágrimas que
sei que são por estar perdendo um marido com dinheiro. Espero que algum
dia ela veja que essa ganância não leva a lugar nenhum, nesse dia Liza
encontrará a felicidade.

Ouvi a porta da frente se abrir, seria Amber que teria voltado? Busquei
pelo olhar encorajador de Clarisse e fui até lá receber minha filha.
Amber

Quando entrei pela porta da sala corri para os braços de meu pai, ele me
abraçou com força.

— Desculpa! — foi a única coisa que consegui dizer.

— Me desculpe por ter mentido para você! Vamos sentar e vou te explicar
tudo, contar tudo que quiser saber. — meu pai passou a mão por minha
cabeça, olhou em meus olhos e voltou a me abraçar.

— Senhor Valentine! — Derek chamou.

Meu pai me soltou e deu um passo à frente, ele definitivamente não está
contente com Derek.

— Amber encontrou com a mãe dela. Silvia foi levada algemada, avisei
aos policiais que eu mesmo contaria ao senhor. Você deve ir até a delegacia
para resolver o que falta — Derek explicou em tom seco, vejo que ele e meu
pai têm alguns problemas.

— Ela fez alguma coisa com você? — meu pai me perguntou aflito.

— Ela tentou me matar, tive tanto medo! Mas Derek me salvou! — olhei
para trás em busca do meu salvador e dei-lhe um sorriso.

O rosto de meu pai suavizou, mas não o suficiente, ele deu um passo em
direção a Derek antes de voltar a falar.

— Agradeço por ter cuidado de minha filha, mas seus serviços acabam
aqui, vou pagar o valor que te devo e está dispensado.
Meu pai falou e Derek assentiu. Isso não pode acontecer, sei que meu pai
descobriu sobre meu relacionamento com Derek. Derek me contou que ele
não aceitou muito bem.

— Pai, não faça isso! — pedi com os olhos cheios de lágrimas prestes a
cair, parece que não chorei o suficiente por hoje.

— Fazer o quê? Você não está mais em perigo, não precisa de um


segurança, estou demitindo um funcionário e não a impedindo de vê-lo.

Percebi que meu pai ainda está digerindo a ideia de ver eu e Derek juntos,
mas tenho que dizer que isso é um ótimo começo.

— Vou para a delegacia, quero resolver isso o quanto antes.

Meu pai parece mais confiante. Ele sempre andou com o mundo sobre
suas costas e agora parece que finalmente pode descansar um pouco. O que o
teria deixado ele mais tranquilo?

— O senhor acabou de passar mal, não deveria ir sozinho — Clarisse


como sempre prestava atenção em tudo.

— Então venha comigo — o convite de meu pai espantou a todos na sala.

Clarisse, que ficou com as bochechas vermelhas, concordou sem jeito.

Derek e eu estávamos sozinhos novamente.

— Sabe eu acho que você merece uma recompensa por ter me salvado? —
falei com um sorriso maroto.

— E o que você tem em mente? — Derek me devolveu o sorriso.

— Não sei, talvez uns beijinhos? — disse e beijei seu pescoço.


— Acho que eu mereço um pouco mais — Derek resmungou enquanto
passou a mão pelo meu corpo.

— Hum! Está me dando ideias, acho melhor te mostrar essas ideias lá no


meu quarto — sussurrei contra sua boca.

— Estou ansioso por essas ideias — Derek respondeu enquanto depositava


beijos e mordidas em meu ombro.

Encarei Derek por um momento pensando se deveria falar, sei que está
cedo para falar isso e sei que tem grandes chances de ele se assustar, mas está
preso em minha garganta e não vou conseguir relaxar enquanto não falar.

— Eu te amo! — falei olhando em seus olhos.

— Eu te amo! — ele respondeu.

A princípio achei que fosse eco, mas não, Derek também disse que me
amava.

Derek encostou sua testa na minha e nós dois demos uma risada gostosa.

[U1]
[U2]
[U3]
[U4]

Você também pode gostar