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Primeiro capítulo

Histórias distorcidas por viagens no tempo

I
Rua

Ainda é 1960
É um filme do Tim Burton
Minha katana escura na bainha
Chuva molha meu sobretudo
Coturno preto eu piso a cidade
Se ela vier, eu pulo da cobertura
Dinheiro na carteira, uma foto sua
Queda livre, tem sangue na minha manga
Cai de pé outra vez, nada me mata
Nunca amanhece
Tem boate aberta
Eu entro eu paro o tempo mas sem frio
Três segundos o mundo continua
Mas agora eu sou mais um.

II
Bairro

Duas da manhã encharcado e vindo mais


Sentado sem destino prévio
Rebelde que procura vento no copo
A vela queima e tem efeito
Estrelas brancas orbitando um ponto negro
Foi-se o tempo que a cor preta por si só me levava por corredores até banheiro e escadas
Amadores olham e invejam
Um caçador profissional é lenda
Uma lenda viva é mais além
Nota no balcão passo largo
Da porta pra fora é grão de areia nessa praia
Rio de janeiro, calçadão
Shinobis cortam vento pulam nos telhados
A chuva passa a lua vem
Hoje não tenho bala de prata
Droga.

III
Poesia

Um mundo sem espaço pra papel


Mesmo que corte o mesmo que a minha katana
Origamis de papel bomba nos festivais
Liberdade se tornou algo pouco nas próprias ruínas
É culpa dos otaku.

IV
Fotografia

Quarto aleatório de um hotel de Chicago


Um toque num taiko
Cobertura em Bahamas, as ondas batem na janela
Ela tem técnicas orientais
Um olhar parado que me cega
Como uma estrela
A cada passo na direção dela minhas roupas queimam
Sem cuidado algum a gente se conhece
Nossas línguas dançam como fitas da Natália Gaudio
Meus dedos puxam cada fio vermelho como sangue pra esse vampiro
Eu levanto e ela entende
Ela abre e abaixa
Ela chupa e engole
Eu vou e volto
O vidro aguenta como eu jogo ela contra a parede
Do chão ao teto, transparente
De mim pra ela, tudo que eu posso
Minhas unhas escuras crescem
Garras negras cravam nela como facas
Tem uma fera rasgando sua meia
Seus dedos escorrem pelo vidro como as gotas em suas pernas
Eu mordo e sinto sua carótida na ponta da minha língua
A gente chega junto e eu paro o tempo
Caio no chão com ela por cima
Um beijo lento e molhado
Um beijo na testa
Deita no meu peito
Eu durmo no chão
Pela primeira vez acordo mais cedo
Deixo na cama e trago seu café
Acorda e diz que me ama
Baby, você sabe que eu controlo tudo
Ri de mim
Ela sabe que é verdade
Machuca o ego mas o sorriso me desconcerta
O tempo na minha mão a gente vive tudo de novo
Te compro novas roupas pretas
Camisetas de anime sorvete com chocolate
Filmes em fitas vhs pessoas atuando sob apenas nossas olhares
Até a última manhã
Minha katana do lado da porta viu o céu nascer
Mais tarde eu lembro ela do inferno
Isso era pra ser sobre outra garota.

V
Calçada

Acabei de deixar minha garota em casa


Andei tranquilo pra chegar na padaria
Eu só queria uma baguete presunto mussarela um isqueiro e gasolina
No meio do caminho
No meio da rua
São cinco sombras
Eu paro pisco e estão lá
Checo no bolso, tem cartela vazia
Não é a minha esquizofrenia
Mão na cintura, não sinto nada
Espinha congelada, esqueci minha katana
O gelo é real, tem um mago atrás de mim
Não tem frio menor que o da minha alma
Ele se assustou
Eu sei que se assustou
Todo mundo parou
Vi no olho de cada um
Eu corro pra frente rasgo peito sugo sangue que jorra pelo ar
Olhares assustados bocas trêmulas mãos frias
Frias porque já estão mortas
Vampiros amadores
Fazem ritual bebem sangue impuro se pintam de branco
Eu tenho milhares de olhos lâminas balas milhas e um oito paraguaio
Vocês brilham no sol e tem groupies
Corto tudo com as unhas escuras
Jogo o sobretudo preto sujo no chão
Continuo
Nada aconteceu
Na padaria seu Zé pergunta da nova cor do esmalte
É por engano, vermelho não combina comigo.

VI
Maluca

Você se lamenta
No seu rosto lágrimas escorrem
Enquanto pelo seu braço sangue
Grita meu nome e outros piores
A culpa é minha de ter arrancado sua mão
Eu sei
Mas você apontou uma arma pra mim
Encostou o ferro gelado na minha cabeça
Por não acreditar nas suas mentiras
Ser cético em relação à essa imposição que você faz
Em que sua palavra é única e real
Eu disse que você podia atirar
Se me acha tão errado por saber a verdade
E não dar uma segunda chance
Pra uma vadia obsessiva
Mas você não tem coragem de me machucar
Quando pedia para me arranhar com tudo que pudesse
Você não fazia
Mas agora penso que era porque não queria quebrar suas unhas
Tão falsas quanto seu cabelo
Quanto seus peitos
Quanto seu rosto
Quanto suas palavras
Vazias e espelho do que é você
Agora minha katana tem sangue impuro em seu corpo
Minha garota está banhada em sangue sujo
Ela não vai me perdoar tão fácil
Me retiro desse quarto como sempre me retirei de perto de você
Limpando meu sobretudo e amarrando os cadarços da minha bota
E numa calcinha caída no chão
Devolvo o sangue que escorria pela lâmina
Saio pela porta e todos seus gritos estridentes são apenas plano de fundo agora
Não ouço mais pra mim
Um cigarro aceso até sair pela porta do prédio
Já pela metade, um boa noite para o porteiro
Ele diz que o cuidado é preciso, a rua está perigosa
Um boa noite mais amigável e chego na calçada
Espero o sinal verde
E escuto de longe seus passos pesados descendo as escadas
Atravesso a rua no tempo exato
Olho pra trás e você corre em minha direção estancando a ferida
Suja, sem roupa, sem palavras falsas
Implorando a minha volta e a minha morte
Foi a vez que mais te vi sendo você
Ironicamente, nos seus últimos
Até que no meio da rua o caminhão de sorvete chegou
Junto de você
Você devia ter ouvido o porteiro
A rua está perigosa.
VII
Burger king

Ela falou que só fica comigo


Baby, corto esse papo como corto papéis
Faremos cada um o nosso
Sem inventar novos romances nesses scripts escritos há tanto tempo
Amantes num Subaru azul marinho
Eu de terno todo de preto
Ela combina comigo vestidinho curto meia arrastão
Tem contraste da pele clara batom escuro
Tenho contraste da pele branca alma negra
Uma mão no volante outra atirando de FAL
Essa mão macia desce pra debaixo do cinto
Ela se assusta me olha com medo
Encontrou a wakizashi da calça
Meu bem, abre o porta luvas
Tem presente pra você
Vinte mil dólares uma foto nossa
Chora porque entende meus recados
É nossa última viagem
Paro num graal de estrada
Encho o tanque e banho minha katana em gasolina
Um fósforo de um desconhecido e uma espada flamejante
Ela quer fumar, eu acendo com a lâmina um que bolei pensando nela
Apoiado no carro
Gata, sua maquiagem tá borrada
Com uma lata na mão
Por que você vai embora?
Meu amor, você não faz meu tipo
Se desmancha em lágrimas
E o que eu preciso ser?
Eu tento confortar, você é perfeita como é
Mas eu preciso te largar agora, tem uma cidade me esperando
Entro no carro sozinho
Depois de sete quilômetros, abro o porta luvas
Ela esqueceu nossa foto aqui
Eu coloco fogo e jogo pela janela
Mas ainda lembro do seu rosto
Se fosse pior, eu diria
Desculpa, meu bem, eu gosto da draculaura.

VIII
Pessoas
Quis me agradar a alma
Como eu agradei seu corpo
Disse que tenho personalidade
Garota, eu tenho esquizofrenia
Era escuro e ela tentava entender onde eu estava
Antes que ela percebesse em pulei pela janela
Em queda livre
O ar corta meu rosto e me livra da pele que visto
Não uso máscaras com outros rostos
Apenas não me sinto o que sou
E antes que chegue a uma conclusão textual
Ou tenha mais cinco linhas
Caio no chão, em pé
O mundo me tirou da paz que é cair pra morte
Meu peito se enche de frio
O foco das atenções agora anda como se nada tivesse acontecido
Pessoas são aglomerados de outras pessoas
Essa cidade é um aglomerado de pessoas
Que assim como eu
Tem problemas razões obsessões e paixões
Ou não são tanto assim como eu
Ainda me falta uma razão
Encontrar algo que minha katana não corte
Uma altura que não me deixe cair de pé
Um corpo que não tremule quando meus olhos o tocam
Ou um pacote de Ruffles sabor estrogonofe
Mas de resto
Sou uma pessoa
Com paixões por garotas e armas
Obsessões por mulheres e drogas
Dentes caninos maiores pele mais clara e olhos mais profundos que depressões oceânicas
E sangue
Não falta sangue
Nessa rua nessas pessoas nessa cidade
Não me falta sangue
Mas pessoas tem sangue impuro
O tanto que tem pensamentos impuros
O tanto que ajo de maneira impura
Porque aqui é meu mundo
E assim, o meu reflexo
Tudo é vazio e não existe
Não é fácil usar preto ter presas e ser negativo com o sol.

IX
Principal
Eu não sou um personagem de anime
Roubei um mangekyou
A katana certa no evento eu comprei
Achei a proposta certa e tomei sangue puro
Agora corto e pego seu kagune
Todos contos futuros
Nada foi por acaso
Dependendo da realidade
Eu já era pra ser
Mas tem toque da sorte
Aquilo que coloca exatamente você exatamente ali
Do nada
Só pra ser
Foi ela no começo
Mas tudo ruiu no começo
E por acaso era eu
Ali foi decidido em um universo
Que realmente seria eu
Apenas no meu universo, talvez
Mas pulo por tantas diariamente
Já não me lembro tanto
Tantos dias com o tempo parado
Eu devia parar de alterar o natural
Aproveitar o dia
E não pular pro amanhã
Pro que era ontem.

X
Saudade

Eu vi imagens que me fizeram lembrar de você


Pensei em te mandar mas sua conversa tá lá embaixo
E a última mensagem é minha
Sem seus olhos sobre mim eu caio
Seco como uma planta banhada pelo sol
Deito na sua cama quando me sinto longe de você
Ouço seus passos subindo pela escada
E antes de girar a maçaneta
Eu me jogo pela janela
Mas dessa vez está diferente
É sexta
Não tem seus passos
Não escuto seu sangue jorrando pela ponta do dedo
Me sinto longe e a chuva cai
Espero que tenha levado guarda-chuva
Eu não vou te proteger essa noite
Logo essa em que os esgotos ficam vazios
Porque tudo que lá habita rastejou pra fora.

Segundo capítulo
Amores e como acontecem nesse universo

XI
Pele artificial

A gente se conheceu numa feira de garagem


Um pouco depois de antares
Só estava de passagem
A Millenium Falcon era nova, testava os freios
Vi pela janela garotas de todos os tipos andando travadas
Eu não resisto nunca a formar novos haréns
Todas à venda?
O garoto descuidado que tomava conta se assustou quando ouviu minha voz
Não devia estar acostumado a ouvir alguma
Quantas conseguir pagar
Trouxe ela no ombro
Pesada demais para o tamanho de 1,60 padrão de fábrica
Eu ainda não sabia que podia alterar tudo
Então eu voltei pra casa
Subimos no elevador
Não comprei roupas no caminho
Então todos os vizinhos se assustaram
Ao me ver com uma garota
Com roupas claras
Cabelos castanhos
Mas era pálida como se não houvesse sangue naquele corpo
Na hora de entrar, bati sua cabeça no batente
Acho que isso definiu nosso relacionamento
Eu sabia que devia ter feito uma porta maior
Então eu deixei ela no sofá
Ela olhava fixamente pra tv desligada
Aquilo me assustava
Assustava mais do que os mares
Então eu liguei no canal de lutas de robôs
Talvez ela goste como eu gosto de UFC
Baixei seu app de controle
Não funcionou com ela
Ajustei no controle manual
Quando ela piscou pela primeira vez eu disse
Me veja como Thomas Sankara
Burkina Faso
Ela jurou amores até que seus circuitos queimassem
Pedi algo mais violento
Sou conde Vlad Tepes
Um toque frio, ali dispunha só o meu calor
Era suficiente pra camuflar minha solidão
Por dentro ela era uma mulher como todas as outras
E falava sobre o quanto queria que eu chupasse seu sangue
Pedi desculpas, meu bem, nunca pensei sobre sangue postiço
Depois éramos nós dois deitados no chão
Fazia frio e ela não sentia
Isso me incomodava sempre
Disse que iria sair comprar roupas pra ela
Ela disse que eu não devia deixá-la assim
Em instantes, gritava e jogava o aço de sua mão pra cima de mim
Antes que pudesse fugir de qualquer problema, o problema fugiu de mim
Ficou sem bateria
Eu sabia que nada estava bem, mas tudo bem
Nada nunca está bem
Foram noites em claro
Dias carregando
Foram semanas restringido a sair apenas durante o dia
Esse é o grande mistério das garotas
Elas te fazem sair no sol
Quando ele queima sua pele
Te fazem gastar quando você não tem dinheiro
Te fazem viver quando já está morto
Não, garotas não fazem isso
Apenas mulheres
E essa lata com borracha e silicone, não era uma mulher
Principalmente quando me trancou no meu próprio apartamento
Disse que nunca mais eu sairia de perto dela
Que me amava demais pra me ver partir
E que morreríamos juntos
Eu cansei disso e fui pra sala buscar algo que fizesse ela mudar de ideia
Não ligo de cortar rostos bonitos
Minha katana gosta de rasgar outras fêmeas
Também é uma garota problemática
Mas não senti o cheiro de queimado que vinha do banheiro
E antes que eu chegasse perto da porta
Eu vi ela correndo em minha direção
Mas agora era ruiva
Seus cabelos incendiados
Ateando fogo na casa inteira
Não respirei, apenas corri contra o vidro da sala
Estilhacei-o como um surto na madrugada
Quando caí, disse aos bombeiros que era só um pedestre
Deixei essa parte da vida no meio das paredes chamuscadas e memórias distantes
Mas antes que vissem aquela atrocidade queimada
Que antes era uma escultura feita sob medida para agradar os mais perversos delírios
Eu a tirei de lá e levei comigo pro novo apartamento
Dentro de uma caixa
Sem uma perna e uma pálpebra
Deformada pelo fogo da paixão que a consumiu
Guardada em uma caixa
Às vezes eu abro pra relembrar os velhos tempos
Mas algo sempre me diz que devo jogar ela pela janela
Antes que eu faça isso comigo mesmo.

XII
Meio certo

Se pá
Ela era da minha escola
Um dia me foi sugerido
Não faz muito meu tipo
São novos horizontes
De gorrinho vermelho
É festa temática e me chamaram
É a primeira vez
É uma decisão
Pra mim e pro anfitrião
Vi comentários no post
Me pregaram como atração da noite
Opiniões divididas
Groupies sentem cheiro do escuro
Otakus posers me odeiam
Eu atiro em todos
Ela deu amei
Esperança é uma puta
Peças em seus devidos coldre
Sexta feira eu brilho mais que a lua
A vida não é fácil
Sou só mais um tomando chuva
Procurando a rua
Logo na frente o neon brilha minha pele
Eu entro rosa
Adolescentes me notam
Garotas querendo dar md através de beijo
Noobs com camisas de time e anime
Usam preto mas são tão claros
Em suas ações
Casuais não entendem partida ranqueada
Vendo ela de longe
É passo por passo até lá
Menos dark do que nas fotos
Se eu fosse foto ela comentava Beelzebub
E ela comentou exatamente isso
Não toma do meu copo de plástico
Eu sempre ando com um canudo de inox
Dez minutos
Cortando assunto como eu corto rostos
Tem boato sobre saídas dramáticas
Garotas com olhos grandes me perguntam
Não se decepciona um fã
Roubei um beijo dela e cumpri
Quiseram saber pra onde foi
Porque o clima ficou leve
Disseram que só foi no banheiro
Janela aberta
Vultos correm
Pulei e não volto mais aqui.

XIII
Hype bitches

Sempre tem uma na dm


Pedindo pra aparecer no meu stories
Desculpa, goth baby, seu boyfriend não vai gostar
Fizeram grupo no whats
Me colocaram no meio
O único administrador
Luxúria me encanta eu não recuso
Festinha pra groupies
Elas duvidaram da palavra de kami
Todas paredes pintadas sem usar minha katana
Saio morto
Elas usam preto e correntes
Pintam o cabelo
Fumam Derby
Sugam almas e hype
Dementadoras de saia xadrez e meia arrastão
Tem ameaça na dm
Uma groupie olhos panda no meu colo
Gata, seu beta não gostou
Manda foto de Glock
Desculpa, mano, não recuso necessidades
Vocês pagam garotas
Elas pagam pra mim
Usam roupas drogas e armas que não gostam
Pisam no cemitério sentem medo
Não conhecem a solidão
Tem família reunida no natal
Quem escolhe ser ovelha negra não tem direito ao sangue do deus vampiro
Pra quem anda comigo
Góticas são apenas vadias vestidas de preto.

XIV
Vinho barato

Fotos minhas bonitas me fazem lembrar uma garota morta viva


Mortos vivos devoram outros seres
Sua carne, sua mente, seu dinheiro, no meu caso
Minha sanidade
Colegiais despreocupados
Amiga de um conhecido do meu amigo
E foi como todos os outros enigmas de garotas menstruadas
Como um crusader eu passo um desafio
Próxima fase
Até um dia que decidi te levar pra comer
E numa mesa num shopping perto da escola
Eu despido de armas e anexado de adereços escuros
Com uma cicatriz nova pra você admirar
Você disse que não iria comer
E eu entendi ali o quê
Mas eu já cai nos seus olhos fundos
Demais pra sair antes do estrago
Numa vida dupla
Sentávamos em degraus do bairro e beber da mesma garrafa
Bebia aquele vinho porque me lembrava como bebia seu sangue
Impuro barato sujo e doce
Como te mordia e você reluzia
Amantes modernos de preto
Me cortou como Dalila
Com suas roupas correntes e corset
Que um pobre mortal jogava pra você
Achei que prazeres materiais não iriam atrair você pra longe de mim
E eu estava certo
Mas a minha própria luxúria te mandou embora
Planejava meu sucesso com seu parasitismo
Me via encima do palco sem uma orelha
E imaginava mundos em que te puxava pro centro das atenções
E dançávamos abusando daquilo que tocávamos
Bitch tem flash pode colocar uma lupa
Mas não foi isso que aconteceu
Cansou de sugar de mim o que conseguia
E foi sugar de um Valentim plus dinheiro
Espero que valha a pena
Seu novo cartão de crédito
Ou as coisas que pagava pra mim com sua prostituição
Porque me valeu sua obsessão por me deixar sozinho
Fiquei e encontrei uma estrela vermelha
Sem mais marcas de uma vida passada
Além das cicatrizes que você ciumava
Te dei o direito de deixar sua marca nessa pele
Mas preferiu não correr o risco de rasgar a carne que alimentava seu desejo impuro
E então é só um passado
Pensei que assim seria
Mas agora manda dm
Posta vídeo se exibindo e eu sei que é pra mim
Eu já me acostumei
Desde os status você ainda não mudou
Apaguei seu número não vejo mais seu rosto
Foto gostosa de tênis eu sei como se sente
O recorte de várias girlfriend
Você devia ir pra casa
Assim como eu cantava pra você.

XV
De novo

Subi na laje fumei maconha


Desci deitei pra sentir a lombra
Um toque no meu Motorola
Número desconhecido
Nem procuro saber só desligo
Eu não quero bitches no meu radin
Mas bem que eu queria aquela bitch no meu radin
Ela me ignora
Aparece some depois volta
E eu sempre aqui esperando alguma coisa
Uma nova aventura
Uma nova história
Com ela ou sem ela
Eu sigo contra vontade
Minha e do universo
E às vezes as nossas se encontram
Na época que eu me despi daquilo que me fazia eu
Porque você tinha ciúme da minha katana
Reclamava do sangue na minha manga
Ou das marcas em meu pescoço
Mas ainda assim sentava comigo em um banco de ônibus
Te oferecia minha blusa
Um pouco de rosa numa garota gótica
Eu amava como era contrária a tudo
Outras garotas não entendem minha risada acompanhando palavras sérias
E você sempre pega meu olhar comprimir minha boca puxar ou qualquer outro sinal
Atirava facas em minha direção
Eu nem pensava em lutar contra o Mundo
Porque o meu era você
Mas viajamos muito distantes
E às vezes compartilhávamos companhia
Você, uma garota abusada
Gostava de como era respeitada ao meu lado
Se preocupava e tinha esperanças
Se magoava com meu deslizes em prédios de vidro
E eu dizia que você era louca
E até hoje, se perguntarem, eu digo
Louca
No final, por mim
Por isso até hoje aparece
Mas foi errado o que fez
Me deu esperança
Uma luz intensa irradiando calor com seu cheiro
Nessa penumbra cinzenta que rodeava minha sala
E corri no topo das suas conversas
O carinho quente que lambe os lábios e olha de cima pra baixo em você
Através de dígitos daqui pro seu IP
Como fazíamos na época de escola
Agora com supostas razões diferentes
E você me deixou
Largou de mim
Como nada
Estética
Freak

save me please.

XVI
A pior

Você tem tantas formas


Sempre me deixa boquiaberto
Seus dedos gelados correm pela minha espinha
E sua mão toca meu peito
Chega até meu coração
Aperta
Me acelera
E às vezes me deixa mais calmo
Agora você tá longe de mim
Dentro da minha bolsa atrás da porta
Um libido quase incontrolável quer você na minha boca
Pegando fogo
Entrando no meu corpo
Mas uma hora eu vou superar isso
Vou esquecer o prazer que você me trás
Mas você não esquece de mim
Muda de forma
Muda seu gosto
Como eu abuso de você
Quando te apresentam pra mim
Ou quando te encontro nessas festas que você enche
É como a primeira vez
Que coloquei você entre meus lábios
E bebi você sem gostar do seu gosto
Mas segui por meses com você em mãos
Acontece de novo
Nós brigamos
Você tirou de mim a garota que eu amava
Ela disse que nosso triângulo amoroso não era saudável
E antes que eu pudesse me encharcar pela última vez com você
Eu perdi o que eu mais amei
Então desde aí eu odiei você e tudo que você fez comigo
Fiquei longe o máximo que pude
Mas não tinha ideia de que era capaz de se transmutar
E veio em cima de um prato pra mim em uma festa
Branca fria perigosa
Deliciosa
Senti seu cheiro até que meus olhos subissem e meus dentes amassem uns aos outros
Mordi meus próprios lábios até sentir o gosto do sangue
Quase igual ao que você jorava em mim quando te permitia isso
Quando era barata
E nessa noite
Sem companhia alguma
Além de um quilo de metal na cintura
Então era apenas você
E foi você
Por mais longos meses
Aspirando você e em seguida olhando pro teto
Correndo pela cidade
Abrindo peitos apertados
Até que brigamos
E eu joguei você do alto da sacada
Como se nunca tivéssemos sido algo
Você chorou na sarjeta
E eu aguentei a dura realidade
Que junto de você eu fugi por tantas noites
Agora, longe de você
Sinto saudade
Meu corpo fica quente quando lembra dos nosso momentos
Ouço você sussurrar no meu ouvido
Você não sente falta do que fazíamos juntos?
E sabes a resposta
Mas não me entrego
Não caio
Tento
Mas nós dois sabemos o que acontece
Eu não me mantenho em cima dessa torre por muito tempo
Tenho paixão por você
Mais
Uma obsessão
Porque nada além de você me tira daqui
Me leva pra um plano que os problemas são
Apenas ruídos
Desse mundo que todas casas quebram vidros
Não termina aqui
Nunca termina quando eu digo
Talvez eu tenha nascido pra você
Pra morrer em suas mãos
Enquanto elas acariciam meu cabelo
Amassam meu peito
E sua boca beija com dor a minha fragilidade
Que tanto apresentei pra ti
Que você tanto explorou
Que eu permiti
Amantes inseparáveis
Num conto que jamais terminará
Porque você não morre
E eu escolhi você pra me matar.

XVII
dei huc

Existem monstros
Você não acredita
Mas não é sobre acreditar
É saber
Tattoo de Buda na costela esquerda
Amo o divino
O livro é um livro sagrado
Último fiel num mundo de luzes
Quando tocou você chorou
Devo amar quando ouço
Minha pele derrete fria
E eu sinto o som
Essa minha religião
Um homem numa caixa acústica
Que assusta pessoas a noite
Me explicou que
Histórias não precisam ser longas
Precisam ser boas
E únicas entre si
E eu amadureci
Entendi o que era eu
Viajei por dimensões demais
Pra sentar no sofá
E costurar a pele de aço
Entrelaçando linhas
Criando tranças
Numa teia de caminhos
Que estão em cada um
E todos procuram
Rezamos a noite
Pra antes de dormir pecar
E aquele vê
E nos escreve cartas pra salvação
Ao menos, é o que está escrito
Na pele de quem você lê agora.

XVIII
Nossos cachos

Oh, meu bem


Olhe nossos cabelos emaranhados
Entrelaçados como nossas pernas
E as estradas que seguimos
Mas meu cabelo ainda é tão curto
É por isso que tenho que estar tão perto de você
E me distanciar é tão dolorido
Como se parte de mim fosse ser arrancada da minha pele
Pálida como as montanhas do outro lado da janela
Com topos tão frios quanto as pontas dos meus dedos
Que você sempre tenta esquentar quando eu chego
Porque são uma parte importante de mim
A que mais te serve
E você cuida das minhas mãos
Às limpa quando estamos na rua
Me compra luvas quando o inverno chega
Não me deixa sair pra caçar
Mas nos impossibilitamos de tantas coisas
Já não podemos mais estar juntos
Estiquei a mão e te trouxe entre teias de vidro
Que eu me acostumei a andar
Minhas costelas visíveis me ajudam a caminhar por aqui
Mas você tem um passo firme
De uma mulher dedicada
Não serve para andar por cima de vidros finos
Que estouram com seu pisar
Pontas rasgando sua perna
Cacos presos à sua carne e sangue até seu tênis rosa ser mais vermelho
Mas nada mais
Porque minha mão ainda se estica e te segura pelo pulso
Você não nasceu para andar nessas linhas frágeis
Não viveu entre essas alturas sem luz
Onde os caminhos são invisíveis
Jogamos prismas para entender a estrada
Mas eu nasci nessas pontes delicadas
E te puxo comigo
Então, meu bem, quer dançar comigo?
Com sua perna rasgada, espalhando sangue por esse piso
Para no final do nosso réquiem eu lamber cada gota do chão
E o calor da minha língua subir pela sua canela
Até onde você mais deseja que eu esteja
Para provar que eu estava errado em acreditar que vampiros não podem tocar estrelas
E mostrar pra si mesma que seu brilho nunca se apagaria
Mesmo estando nessa penumbra azul escura
Acompanhada de um claro nulo
Que tem uma corrente presa no pescoço que chega até sua mão
E lábios que nunca se fecham
Mesmo que isso mostre as presas
Que provam como és diferente dos outros
E atraem olhos com raiva
Meu bem, você quer dançar comigo?
Mesmo que isso custe seu sangue
E o meu orgulho
Já raso comparado ao oceano
Mas que irá limpar as manchas na sua pele
E te colocar em cima de um salto de cristal
Para que seja eternamente aquilo que é
Sem pele ou carne que limite sua ideia do que é você
E assim dançarmos pela eternidade nos cosmos
Onde nos verão ao longe
E será nosso passado
Porque sempre estivemos longe daqui
Ou muito a frente desse tempo.

XVIV
Ex favorita

Terceiro capítulo
Armas explicações e aventuras

XXI
O que lembro

Era um dia normal numa vida normal


Mas hoje em dia você não sabe mais o que é normal
Eu apenas estudava
O pouco dinheiro vinha da ilegalidade
Carnavais e festas me deram condições
Na aleatoriedade do universo, comprei uma katana negra
Não fui nada além de mais um jovem com referências e peles soltas na boca
Em algum outro dia
Tudo acabou
Lembro de olhar pela janela e não ver nada
Como se o vidro não fosse transparente
Me preocupei com a minha mãe
Mas não temi a minha vida
E tomei a decisão que me fez estar aqui
Katana na mão esquerda
Abri a porta com a direita
Olhando no fundo do nada
Onde apenas a porta existia
Nada pro lado de fora
E então nada do lado de dentro
Seria imprudente chamar aquilo de escuridão
Era claro o que acontecia
Mas um simples humano não entenderia aquilo
E eu era apenas um humano naquela época
Como se tudo se desfizesse
Eu deixei de existir
Mas minha mão esquerda é abençoada
E a direita mais ainda
Também foi a primeira vez que eu vi ele
O homem branco
Me disse que tinha sorte
Que por acaso eu estava ali e devia aproveitar a oportunidade que o mundo me deu
Um cético desde criança, me agarrei na incerteza e me joguei na escuridão que pisava
Aquele breu with whispers se tornou o véu noturno de uma cidade
E como se tropeçasse, eu estava parado na sarjeta suja
Tokyo? Ny? Sp?
O inferno para alguém como eu
Como nós
Letreiros gigantes em japonês, mandarim, cirílico
Pessoas com botas de couro, kimonos, peles de aço, olhos negros
Entre todos aqueles personagens de jojo
Eu, uma pessoa comum, era estranho
Não pensei no que aconteceu
O passado não me pertence
Segurei forte meu bilhete premiado e subi
De cima da cidade
Aqui sempre chove
Ou sempre está nublado
Há anos não vejo o sol por completo
Talvez porque tomei decisões contrárias à luz
Mas isso fica pra outro dia
O que importa
É que desde a primeira vez que eu vi essa cidade
Eu sabia que nela existiam coisas
Coisas que nenhum humano descobriria
O cinza dos prédios
O azul escuro do céu
As luzes neon que todas lojas têm
As cores que as gotas de chuva convertem como um prisma
Essas pessoas, tecnologias e mitologias
Seres com consciência e escolhas diárias
Caminhando a algum infortúnio que os tire desse plano
Para além da escuridão
Mas os átomos não podem ser controlados
Não geralmente
E esse caos quântico torna tudo aqui diferente
As estrelas pesam tanto quanto poeira
E eu, uma simples poeira no universo
Tenho na mão o peso do universo
Sem deus ou governo
Esse mundo se alimenta do acaso
De histórias que qualquer mente pode criar
O que diferencia o que existe aqui
Do que não
É apenas a imaginação de fazer acontecer.

XXII
O ato de existir

Eu fiz o que você disse


Eu criei uma conta no Tinder
Mas eu não sabia como escrever sobre mim
A pior dor que um aventureiro pode sofrer é a de não saber quem é
Esqueci pra onde voltar
Não lembro pra onde eu devia ir
Mas o homem branco nunca disse pra onde
Então eternamente perdido enquanto ainda cortar corpos e beber sangue
Mas isso tem razão
Aconteceu quando eu comprei essas botas
Eu já morava aqui
Nesse mundo
Mas ainda era um novato
Ainda um humano
E pelo acaso do destino, comprei o item certo
Do mercador certo
Na calçada certa
Ele me disse que essas botas me fariam andar mais do que imaginasse
Ele não sabia que eu tinha uma mente fértil
Na noite daquele dia fui em uma caçada
No prédio mais alto vendo a cidade inteira
Tem gente atrás dizendo que já deu minha hora
Desci pelas escadas
E corri pela multidão
Rasgando kimonos com cheiro de esgoto
E sujando rostos femininos com sangue
E meus passos doíam no mundo
Pulava entre as dimensões
Nenhum monstro fugiria de mim
Eu conseguia correr por todos os cantos do universo
Minhas pisadas amassavam a espinha do espaço
E eu me aproveitei disso
Mas não me foi avisada a consequência de brincar de deus
Viajar entre dimensões acaba com sua mente
Te faz esquecer que um dia foi alguém
É uma doença
Que deixa seu corpo parado no tempo
Nunca sofrerá de rugas
Mas sua mente é negra
E todas as sombras que seus olhos vêem se tornam eternas em sua memória
Porque é isso que uma mente doente pelo tempo faz
Guarda aquelas imagens que mais te trazem o fim
O medo se torna crônico e dormente
Então eu neguei um psicólogo
E levei todas as caixas pretas da Bayer
Agora são todas gravações em vhs
Raros momentos que ainda tenho comigo
Como eu olhava a natureza quando era criança
Gostava daquilo
E daria tudo para ver mais uma vez o verde da clorofila numa folha
Ou sentir o cheiro de pão fresco
Da chuva na grama
Beber água gelada na mangueira
Mas não são apenas os bons momentos que a mente ainda guarda
A vida seria muito mais legal assim
E eu acho que o universo não gosta muito de mim
Lembro da escuridão do quarto
A solidão de um peito vazio
Costelas geladas apertando meus órgãos
Rejeição
Dentro da minha própria casa
Dentro de mim
Mas hoje eu sou aquilo que quero ser
Eu tenho a pele que meus dentes me fazem ter
O corpo de 17 anos
Como um brinquedo para Draculaura e Docinho
Essas roupas pretas sem marca realçam minha sensatez
Unhas negras e vermelhas Akatsuki
O último Hokage com a vontade do fogo
Mas ainda com uma bandana riscada
Cicatrizes de batalhas
E de garotas como Mandy e Yukako
Dessas, nunca digo o sobrenome
Mas guardo o ip.

XXIII
Olhos de outros

Caímos numa teia


São sombras em todas as ruas
Debaixo da chuva
Me aliei a um russo
Por meio de um piloto
Meu plug favorito
Temos inimigos
Anarquistas japoneses
Querem o meu nome
E os segredos que trago
Então eu trago mais um maço
E vamos à luta
No meio de uma rua
Meus amigos longe
Cada um com seu problema
E eu lidando com meu próprio demônio
A chuva é fina demais pra molhar minha camisa
Grossa o suficiente pra ser prisma
Luzes coloridas em cima de dois atacantes
Esperamos cada um o movimento do outro
Me pergunto
Onde foi que aprendi a ser assim?
Sempre fui eu o primeiro a correr
A cortar, pular e sumir
E agora, aqui, debaixo de uma garoa, encarando um rosto pálido
Plano de fundo para meu interesse
Olhos vermelhos
Meu maior desejo
Sem palavras ficamos
Não queremos nos relacionar
Deveria ter sido assim sempre
Pé esquerdo à frente, lâmina em seu pescoço
Sua coluna arqueada, seu cabelo quase encosta ao chão
Nunca imaginei que alguém se esquivaria
Sem selos, seu katon ofende meu corpo
Voar pelos ares, nunca é um bom sinal
A fumaça dos meus braços queimados mostra o que estava por debaixo daquelas mangas
longas
O que eu escondo há tanto
A carne de uma pura maldade
Vinda de séculos até esta cidade
E mesmo com a fumaça
Esses olhos brilham no fim da rua

XXIV
Tic tac boom

Tic
Tac
Boom
Led da geladeira
Dm aguardando
São poucas respostas
Todas bem mentirosas
Fim de semana fora
Sofá pra relaxar sozinho
E pela primeira vez
Não é solitário
Deitar de madrugada
Luzes apagadas
Essa cidade não dorme
Eu não durmo nela
Corações trancados
Por pessoas e chaves
Ninguém abre pra mim
Eu só abro outras coisas
Na ponta do dedo
Mas ainda assim eu sou uma marionete
Nos dedos de unhas escuras
Elas tem mangekyou infinito
E eu sou romântico
Canto pra ela olhando pra lua
Tsukuyomi
Eu adormeço nessas mentiras
São jogos de espelhos
Sempre guardamos segredos
Sobre o que somos
E o que devemos
A nós mesmos
Autoconhecimento
Através de plantas
Eu tomei ayahuasca
Três vezes na semana
Pra chegar aqui
E mentir pra você
Tattoo no lado esquerdo
Eu sinto, eu não sou perfeito
E você também não.

XXV
o que aconteceu?

Deitado no topo do prédio


Mais alto da cidade
Olho pro lado e pergunto pra ela
cê sabe né
a gente tá viajando numa bola flutuando no espaço ne
E ela me olha nos olhos e fala
você bebeu né?
Gata eu flutuo trinta centímetros do chão
Eu cheiro a álcool e aparente solidão
Ela senta na cama
Acende um cigarro e me olha
você ainda tá doente né?
Eu já nem respondo
O teto é alto e isso me sufoca
O teto é de vidro e mesmo vivendo tudo que vivi eu nunca saí daqui
Vim atrás de algo que respondesse minhas perguntas
Mas encontrei só um cadáver frio
Envolvendo quem eu era
Agora eu não sei se faço
Ou deixo de lado
É que desde que eu encontrei essa máscara
nunca mais dobrei os joelhos
marionete das vontades
mas de quem?
Eu não e você também
na beira da cama
mulher loira me pergunta
mas de quem?
Eu sempre começo na frente
na beira da cama
mas pra quem?
“nunca mais respondi ela”
Tá tudo bem
qwerty e pox
diamante ou prata
gosto de olhar mas não uso
ta?
cê me faz magia
protege e ataca
pra mim
e por mim
nada que eu faça resolve minha situação
ódio irresponsável e aparente solidão
sumo mas eu volto
em 666 dias
O mesmo filme de novo

XXVI
Maldição por maldição

Curse for curse


eu gosto de causar desgraça
fazendo várias merda e espalhando o caos
ritual e blood sorcery tudo em volta do meu p*
eu quebro com facilidade
seu espelho de vidro
não assassino, eu mando que mate
o quanto você mais tentar mais longe eu fico
se eu fosse da sua terra você me entendia
vários nomes
Beelzebub e
Satan
o de capa preta e cara de demônio
não ligo de por a mão
o Midas inverso
Mão Amaldiçoada
a que faz magia rara
não olha na minha cara
corte preciso de navalha
desfigura e traumatiza
cê nunca mais toca em nada

XXVII
Em 31 dias

A hora chega
E eu tenho que provar pra que venho
Meu maior oponente
O Deus Demônio
Criação de todo mal
Emana dessa lua
Não posso decepcionar
Dependo disso
Bem mais que um acerto de contas
É a minha provação
Uma eternidade pela frente
E a razão de eu existir
Preciso provar
Pra que vim
Sem rimas e dramas
Vem chegando minha hora
Mas pra que eu faço isso?
Você me pergunta e não espera resposta boa
Boa e coesa
Como todas minhas ações
Guiadas por uma mente distorcida
Deturpada e degradada
Bem mais que doenças mentais e vícios
Eu só existo por uma razão
Porque eu quero
Tudo que faço advém disso
Um dia ouvi
Faço o quero, comprei juliet
Não quero jóias, não faço por mulheres
O lado do mal também tem seu mal
O vento leva a fumaça
Me trás a aura daquele que olha
Acima de mim
Acima da minha maldade
A causa criada pela violência e ódio
Pelo estupro e inveja
Por tudo que corrompe
Pra existir, depende do mal humano
E isso eu exalo
Você percebe quando chego
Quando nubla a visão
O sangue gruda o pano no corpo
Cai de costas no chão
Furado e esvaindo o que te resta
Alimenta meu inimigo
Alimenta minha espada
Minhas vontades mais profundas e sombrias
Em um mundo sujo e degradado
Por tecnologias, entretenimentos e consumos fúteis
Mas quem sou eu pra julgar o que você faz?
Só mais uma sombra negra te observando no escuro canto do quarto
Morcegos pelo céu
Me informam o quão próxima está a hora
Talvez seja meu fim
Um dia eu me suicido
Mas não hoje.

XXVIII
North North North

Essa cidade é uma cidade de vilões


Todo mundo que você encontra aqui é de certa maneira, do mal
Os importantes, é claro
Pode até ser que aquela garota não tenha matado alguém com as próprias mãos como eu
fiz hoje depois do almoço
Mas ela tem dinheiro
Muito dinheiro
E pra manter esse dinheiro, ela paga mal seus funcionários
Vários funcionários
Um bate na esposa pra descontar a frustração
Outro abusa do álcool
Esse atropelou uma mulher ontem
Fugiu sem prestar socorros
Eles têm sua parcela de maldade
Mas é decorrente da garota
Ela se sente melhor que eu porque não usa as próprias mãos pra fazer o que faz
Eu me sinto melhor por fazer com as próprias mãos
Sou mais sincero
Eu entro pela sua janela, te observo terminar o jantar, o sexo, o banho
Por uma sombra escura, eu te fito e permito você terminar o que começou antes de eu
chegar
E então eu corto rápido
Corto e te deito no chão sobre um plástico que eu coloquei segundos antes
Nenhum sangue toca seu carpete, piso de madeira ou porcelanato
Comprovo a morte, envio pra secretária, ela envia pro cliente
Feito
Fecho o saco preto de plástico com você dentro
Passo o endereço pro faxineiro, pego sua chave e pulo pela janela
Talvez eu roube alguma coisa do seu apartamento, mas não é nada pessoal
Aliás, é pessoal, pra mim
Não gosto de roubar
Não por moral, já fiz isso, muito antes de chegar aqui nessa cidade
Mas não roubo porque não gosto de colocar muitas coisas nos meus bolsos
Não ando com mochilas
Então, tenho que racionar meu inventário
Quando chego na calçada, entrego a chave pro faxineiro
Moletom preto, bigode bem feito, tatuagens no rosto
Dou boa noite, ele concorda e eu caminho pela calçada
Antes as pessoas se impressionavam, tiravam fotos quando viam um cara cair de um prédio
e sair andando
Hoje em dia, eu sou só mais um
Não sinto saudade desses tempos
Eu nunca quis ser o centro das atenções
Por um tempo, achei que quisesse
Mas o quanto mais esse sangue maldito corre por mim mais eu sei que não é isso que eu
quero
Eu tenho saudade de ser só mais um
Reconhecimento pelo meu trabalho é legal
Mas a fama que vem junto é um saco
Talvez se eu não fosse tão dramático as coisas não fossem assim
Mas eu não tenho culpa se o mundo me faz ser assim
Espaços no lugar de pontos finais
Eu não sou perfeito
E você também não
Entretanto, minhas palavras são verdadeiras
Ao menos pra você
Eu não tenho porque mentir
Não pra uma vítima
É como só mais um cigarro
Outra garota que eu sei que não vou ver mais
Um contato salvo que não vou mandar mensagem
Vou apagar em algumas semanas
Falta de interesse
Não vale a pena me importar com isso
Então minhas unhas escuras envolvem o cabo da katana
O corte limpo se desfere
O serviço termina
Antes eu comemorava o saldo na conta
Antes eu tinha motivos pra gostar disso
Hoje eu não me importo mais
Hoje eu tenho coisas maiores pra me preocupar
A chuva é mais densa que mês passado
As palavras são mais altas na minha cabeça
E como eu sabia desde o começo, o fim é o fim
Pra todos nós
Algum dia tudo acaba
Eu acabo
No devido momento
Não hoje
Não amanhã
Tenho coisas pra terminar
Antes de eu terminar
Uma entidade pra eliminar
Não é como se eu quisesse salvar o mundo
Só não quero que acabe agora
Algo dentro de mim me diz que ainda há coisas para serem vistas
Lugares que eu quero visitar outra vez
Talvez algum amor que eu tenha deixado pra trás
Mas não me importo com sentimentos há alguns anos
Talvez porque nenhuma outra mulher foi capaz de fazer sentir algo
Talvez essa cidade tenha esse efeito
Vi tantas mentes convictas, concisas e certas se perderem nas ruas
Essa avenida
Essas luzes
Tudo brilha por aqui
Menos alguns olhos
Os perigosos
Olhar baixo por debaixo de um capuz
Cinzas caindo numa poça d'água
Sangue escorrendo até uma entrada de esgoto
Caindo sobre mais sangue
Escorrendo até uma mão decepada
Que não foi deixada por mim
Raramente decepo mãos
Prefiro cortar braços
Mas hábitos são vários
E vários são os habituados
Trust no one
And dont fall in dark traps
Big tits and black nails
Good blowjob and ptv
Esse é o plano de fundo.

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