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Abóbada Celeste

Reginaldo Sirino de Campos


Aprendiz

Gênesis 1
1
No princípio criou Deus o céu e a terra.
2
E a terra era sem forma e vazia; e havia trevas sobre a face do abismo; e o Espírito de Deus
se movia sobre a face das águas.
3
E disse Deus: Haja luz; e houve luz.
4
E viu Deus que era boa a luz; e fez Deus separação entre a luz e as trevas.
5
E Deus chamou à luz Dia; e às trevas chamou Noite. E foi a tarde e a manhã, o dia primeiro.

I - Introdução

ABÓBADA – Substantivo feminino (do latim: volvita = revirada) – é entre outras coisas, o teto
arqueado e tudo o que é convexo e arredondado, na superfície exterior, e côncava e arqueada na
parte interior: Para alguns Ritos Maçônicos o teto de uma Loja é normalmente arqueado para
simbolizar o firmamento, já que o Templo representa simbolicamente e inversamente uma sessão da
Terra, mais precisamente localizado sobre o equador terrestre e é representado por um quadrilongo
, cujo comprimento (longitudinal) é orientado de Leste para Oeste ou do Oriente para o Ocidente e
sua largura de Norte a Sul (Colunas do Norte e do Sul), determinada pelo eixo longitudinal
representado pelo equador que divide a Terra em dois hemisférios. A abóbada representada
exatamente o céu ou firmamento sob o ponto de vista daquele que do hemisfério Norte terrestre
olha para o céu.
A Abóbada Celeste é um elemento simbólico fundamental presente nos tetos dos templos
maçônicos, desempenhando um papel significativo na rica tapeçaria do simbolismo e ensinamentos
dessa antiga tradição. Este componente inovador transcende sua função estrutural, transformando-
se em um poderoso símbolo que evoca reflexões profundas sobre a natureza do universo, a jornada
do homem em busca do conhecimento e a conexão entre o macrocosmo e o microcosmo.

Ao levantar os olhos para a Abóboda Celeste no interior dos templos maçônicos, os iniciados
são convidados a contemplar não apenas a grandiosidade do espaço celestial, mas também a
vastidão do conhecimento e da sabedoria que se estende diante deles. Este elemento moderno
assume a forma de uma cúpula celestial estrelada, repleta de símbolos astronômicos que remetem
à ordem cósmica e à harmonia do universo.

A Abóbada Celeste também serve como um lembrete constante da busca maçônica pela luz
do entendimento, representada pelas estrelas que pontuam seu firmamento. Nesse contexto, os
templos maçônicos tornam-se espaços sagrados onde os aprendizes, companheiros e mestres
maçônicos buscam iluminar as trevas da iluminação por meio da contemplação, estudo e prática dos
princípios maçônicos.

Esta introdução à Abóbada Celeste nos templos maçônicos sugere a importância profunda
desse elemento inovador na tradição maçônica, destacando como sua presença influência a
experiência ritualística e simbólica dos membros da ordem. A partir desse ponto de partida, é possível
explorar as camadas mais profundos de significados associados a esse símbolo celeste dentro do
contexto maçônico.

II – Representação

No Rito Escocês Antigo e Aceito - REAA, o rito mais difundido no Brasil, os rituais apresentam
a abóbada celeste mantendo os astros e estrelas, sendo a disposição tradicional dos nossos templos.
Um Ritual de Aprendiz de 1904 diz que “o teto figura uma abóbada azulada, com estrelas formando
um grande número de constelações”.

A Abóbada, de cor azulada, está decorada com astros, estrelas e nuvens. É a representação
do firmamento celeste. Não apenas na Maçonaria, como também em várias religiões. O Templo
significa o Cosmo, é o símbolo da universalidade. Está atribuída à construção da primeira abóbada
aos romanos, que tiveram influência dos etruscos e gregos na arquitetura, construindo-a com tal
habilidade e beleza que, naquela época, foi considerada como inspirada pelos deuses.
III - As luminárias

O Sol e a Lua – O primeiro estará no Oriente e a segunda no Ocidente, mostrando com isso a
transição do dia (Oriente) para a noite (Ocidente). É importante se observar que o Sol estará próximo
ao Dossel do Altar ocupado pelo Venerável Mestre, mas não propriamente sobre o zênite e sim
levemente deslocado para Sudeste, considerando-se o ponto de vista do hemisfério Norte onde
nasceu a Sublime Instituição e o Sul (Meio-Dia), mais iluminado que o Norte. Quanto a Lua, em
quarto-crescente, estará na Abóbada, sobre a mesa ocupada pelo Primeiro Vigilante.

IV – Constelações

Orion – Localizada na porção mediana entre a estrela Aldebaran e o meridiano do Meio-Dia,


do zênite para o quadrante Sul. Essa constelação é composta por três estrelas alude, dentre outros,
ao número correspondente ao Grau de Aprendiz.

Híadas – Localizada no quadrante Norte-Nordeste, próxima ao horizonte boreal e da estrela


Arcturus. Essa constelação é composta por cinco estrelas alude, dentre outros, ao número
correspondente ao Grau de Companheiro.

Pléiades – Localizadas no quadrante Norte, entre o zênite e a linha do horizonte boreal,


perpendicular à constelação do Órion e um pouco próximo à estrela Aldebaran. Essa constelação é
composta por sete estrelas que contornam uma central (sete ou mais) alude, dentre outros, ao
número correspondente ao Grau de Mestre.

Logo, a alude, Três governam a Loja (Órion), cinco a compõem (Híadas) e sete ou mais
completam e a tornam justa e perfeita (Plêiades).

Ursar Maior – É a constelação visível apenas no hemisfério norte e exprime um sentido de


orientação, tal qual o Cruzeiro do Sul está para o hemisfério sul. Partindo-se da premissa de que
nosso ponto de observação é o do hemisfério norte, obviamente a sua representação encontra-se
presente. Composta por sete estrela encontra-se localizada bem próxima a linha do horizonte boreal,
no quadrante Norte-Noroeste da Abóbada.

V - Os Planetas

Mercúrio – Planeta que é representado por uma estrela que está localizada na Abóboda na
sua porção oriental, quadrante nordeste, próximo ao Sol. Por ser o planeta que mais rapidamente
circula em torno do Sol, cujo nome corresponde a um deus mitológico veloz e astuto, representa o
Mestre de Cerimônias, pois esse Oficial maçônico, sempre circulando pelo Templo, como elemento
de ligação, imita o planeta.
Júpiter – Planeta também representado por uma estrela que se encontra localizada na
Abóboda em sua porção oriental, quadrante Sudeste, entre o Sol e a linha do horizonte austral,
entretanto mais afastada da linha do horizonte oriente do que Mercúrio. Júpiter no panteão dos
deuses babilônicos representava o régio senhor dos homens, associado à força, simboliza o Primeiro
Vigilante.

Vênus – Representada por uma estrela, o planeta encontra-se situado no zênite da Abóbada,
na porção ocidental próximo a linha do horizonte.
Vênus, feminilizado na mitologia babilônica e sendo a deusa mágica da fertilidade e do amor,
simboliza a beleza, por conseguinte o Segundo Vigilante.

Saturno – O planeta é representado com os seus anéis e circundado pelos nove satélites
naturais (luas). Está situado na porção ocidental da Abóbada, próximo ao Oriente entre o zênite e a
linha do horizonte austral, próximo da estrela Spica. Corresponde ao deus babilônico frio e cruel, com
seus “anéis”, simboliza a riqueza (metais), por conseguinte, por esse aspecto, simboliza o Tesoureiro.

VI - As Estrelas.

Arcturus – Situada o mais próximo possível da linha do horizonte boreal a Norte – Nordeste.
É também conhecida como Estrela Polar.

Spica – Situada no zênite da Abóbada em sua porção Inicial do Ocidente, o mais próximo
possível de uma linha imaginaria que se projeta da entrada do Ocidente do Templo e perpendicular
ao zênite.

Aldebaran – Essa estrela está situada no Ocidente e próxima à constelação de Órion, mais
precisamente no eixo longitudinal da Abóbada (zênite), mais próxima ao meridiano do Meio-Dia em
sua porção anterior ao meridiano citado observado a marcha aparente do Sol.

Régulus – Situada no quadrante Noroeste da Abóbada, próxima a Lua e quase sobre a mesa
ocupada pelo Primeiro Vigilante.

Fomalhaut – Situada próxima à linha do horizonte austral, mais precisamente a Sul – Sudoeste
da Abóbada, próximo ao meridiano do Meio-Dia, aproximadamente a retaguarda do Segundo
Vigilante.

Antares – Situada no Ocidente entre o horizonte austral e a linha do zênite, Sudoeste da


Abóbada, aproximadamente a esquerda do Segundo Vigilante.
VII – Considerações finais.

Finalizando, cabe observar a importância do tema discutido, para a evolução do aprendizado


deste aprendiz em compreender o simbolismo que a Abóbada Celeste tem no contexto do templo
maçônico, a qual representa um símbolo de profundo significado esotérico e filosófico. Ela é uma
representação simbólica do universo e da ordem cósmica que nós maçons buscamos compreender
e harmonizar em nossas vidas. A abóbada celeste é frequentemente associada ao G.A.D.U. (Grande
Arquiteto do Universo), uma entidade divina reverenciada na Maçonaria.

No interior do templo maçônico, a abóbada celeste serve como um lembrete constante da


busca pela transcendência espiritual e do papel do homem no vasto cosmos. Ela simboliza a aspiração
do maçom em elevar sua consciência para além das preocupações terrenas e conectar-se com uma
compreensão mais profunda da existência.

A disposição meticulosa da Abóbada Celeste no templo maçônico também reflete a


importância da ordem e da simetria na busca pela sabedoria e iluminação. Cada detalhe é projetado
para inspirar reverência e contemplação, incentivando os maçons a refletirem sobre a natureza da
vida e a busca pelo conhecimento.

Em última análise, a Abóbada Celeste no templo maçônico é mais do que uma representação
arquitetônica; é um símbolo enraizado em tradições antigas e permeado de significados profundos.
Ela nos (maçons) convida a explorarem os mistérios do universo e a trilharem um caminho de
autodescoberta e elevação espiritual, reforçando os valores fundamentais da Maçonaria.

VIII - Referências bibliográficas.

ARAÚJO, Edilson. A Abóbada celeste e seu significado na Maçonaria. In


https://docslide.com.br/documensts/a-abobada-celeste-e-seu-significado-namaconaria.html.
Acessado em 29.11.2023.
SOUSA, Ailton Elisiário de. Governo do Rito Escocês Antigo e Aceito. In Revista O Buscador. N° 2. Loja
Renascença. Campina Grande. PB. Págs. 9-34. dezembro de 2009.
CASTELLANI, José. Liturgia e Ritualística do Grau de Aprendiz Maçom. A Gazeta Maçônica. São Paulo.
SP. 1987.
CASTELLANI, José. O Rito Escocês Antigo e Aceito. Editora Maçônica A Trolha. Londrina. PR. 1988.
CASTELLANI, José. Maçonaria e Astrologia. Editora Madras. São Paulo. 1997.
CONHECENDO AS CONSTELAÇÕES – Sírius – Constelação de Canis Major –
Inhttps://portal2013br.wordpress.com/2015/11/08/conhecendo-as-contelacoes-siriusconstelacao-
de-canis-major/– Acessado em 29.11.2023.
Anexos
Disposição dos elementos da Abóbada Celeste

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