Mais conhecido como Firmamento para o público em geral, a Abóbada
Celeste define-se como o hemisfério celeste visível. Os povos antigos acreditavam
que o céu era uma cúpula (ou seja, uma construção curvada, uma abóboda) sólida, fixa, com o Sol, a Lua, planetas e estrelas embutidos nele. Quando falamos de maçonaria, precisamos entender que temos uma cultura que se apropriou de várias correntes místicas e filosóficas, com influências vindas desde a civilização egípcia, passando pela astrologia, alquimia, costumes medievais, pensamento iluminista, então veremos muitos símbolos das origens mais diferentes, alguns que podem estar defasados em relação ao conhecimento científico atual, mas que estão enraizados pela tradição e pelo significado que carregam. Como falei em meu último trabalho, por um tempo achei que os desenhos do teto eram aleatórios, com função meramente decorativa, porém todos tem uma função e uma simbologia. Com a abóboda celeste e seus símbolos, se pretende criar um ambiente fraternal e propício para que possamos concentrar nossa atenção na melhoria do caráter, da vida espiritual e desenvolver um sentimento de responsabilidade, fazendo os maçons meditarem sobre a missão do homem na vida, recordando constantemente os valores pregados por nós. Ela também simboliza a abertura da consciência do homem, a sua transcendência, como que um passo a mais na percepção da existência de um ser supremo (arrumar concordância) e fomenta a formação de uma energia, uma egrégora na loja. Sobre o detalhamento exato da abóboda celeste de cada templo, não há um manual oficial nem regras exatas que tenham sido estabelecidas para a formação de um desenho único entre os diversos ritos. Por exemplo, algumas lojas do hemisfério sul optam por substituir a ursa maior (vista somente no hemisfério norte) pelo cruzeiro do sul, que não é o caso da nossa. Nosso próprio manual mostra um figura com algumas diferenças do nosso teto. Para não tornar o trabalho muito prolongado e chato, irei focar nos quesitos que são mais marcantes, com maior consenso entre os estudiosos e que tenham uma simbologia mais útil para nós. Um deles é que na abóboda celeste não se representam figuras humanas, deuses ou santos, mas simplesmente a imagem do universo estrelado com o sol, lua, planetas do nosso sistema, constelações e nuvens. No Rito Escocês Antigo e Aceito existem 35 astros (alguns em formato de constelações) que formam 17 objetos com significado próprio e que regem os cargos em Loja. 1. O sol: está no oriente, acima do venerável mestre, pois representa a luz e o conhecimento que este ensina aos irmãos. Como está escrito em nosso rito, assim como o sol nasce no oriente, ali é colocado o Venerável Mestre para abrir a loja, dirigi-la e esclarecê-la com as luzes da sabedoria 2. A lua: representa o primeiro vigilante. 3. A estrela flamígera (ou flamejante) também chamada de Stella Pitagoris: é colocada sobre o segundo vigilante. Essas três possuem localização exatamente acima do cargo que representam, as demais, muitas vezes coincidem, mas não tem essa obrigação 4. Saturno com seus satélites: (são mais de 80, porém somente 9 possuem um tamanho maior e eram conhecidos na época em que os rituais foram escritos). Ele está no centro geométrico do ocidente. Classicamente é desenhado com 3 anéis, representando os Aprendizes, Companheiros e Mestres. Seus 9 satélites representam 9 cargos: Venerável Mestre, Primeiro Vigilante, Segundo Vigilante, Secretario, Orador, Tesoureiro, Chanceler, Mestre de Cerimonias e Guarda do Templo. 5. Mercúrio: é o planeta mais próximo do Sol (Venerável Mestre), e pelos gregos tinha o encargo de mensageiro dos deuses, simbolizando assim o Primeiro Diácono 6. Vênus: surge sempre próximo à lua, era um dos primeiros astros a aparecer no céu, sendo considerado o “mensageiro do dia”, anunciava a hora de começar e encerrar os trabalhos, sendo o astro do Segundo Diácono 7. Júpiter: era Zeus para os gregos, o maior planeta do sistema solar, o defensor do Estado, rege o ex-venerável 8. Arcturus: corresponde ao cargo de Orador 9. Aldebaran: Tesoureiro 10. Fomalhault: Chanceler 11. Regulus: é a estrela mais brilhante da constelação de Leão. Na astrologia sempre teve posição de comando, dirigindo os trabalhos do paraíso. Foi batizada por Copérnico, significa “regente” e corresponde ao Mestre de Cerimônia. Não está acima dele ?? 12. Spica: significa “espiga do trigo”, representa o cargo do Secretário. Algumas referências dizem que os primeiros instrumentos de escrita dos gregos e romanos eram uma espécie de caneta feita de caule de vegetais, como do trigo, e assim teria uma relação com esse cargo.* Por curiosidade, essa é a estrela que está em nossa bandeira acima da frase Ordem e Progresso. Representa o estado do Pará 13. Antares: é uma estrela vermelha muito grande, que muitas vezes era confundida com Marte, razão pela qual era chamada de “O rival de Marte”. Marte era o deus da guerra para os gregos, por isso não está representado em nosso teto, visto que não poderia estar entre aqueles que buscam paz e harmonia, ficando então supostamente do lado de fora, tendo a incumbência de cobrir o templo, sendo assim o astro do Cobridor Externo. Já Antares, “o rival de Marte” representa então o Cobridor Interno, responsável por garantir a fronteira com o mundo profano, protegendo os irmãos. Temos também algumas constelações. Interessante notar que elas não ficam próximas ao oriente, pois é iluminado e elas não serias vistas. São em um total de 4: 14. Orion: um conjunto de várias estrelas mas que está representada em nosso teto somente pelas três estrelas do chamado “Cinturão de Orion” ou também conhecidas como “Três Marias”. Pelo número três, representa os Aprendizes (a idade do Aprendiz) 15. Híadas: formadas por 5 estrelas, representam os Companheiros 16. Plêiades: as sete irmãs, representam os Mestres 17. Ursa Maior: Mestres instalados A ABÓBADA CELESTE NO R.:E.:A.:A.: Ir.: Antonio Rodiguero