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TUTORIA 6

1) Caracterizar radiação quanto à:


Radiações são ondas eletromagnéticas ou partículas que se propagam com
uma determinada velocidade. Contêm energia, carga elétrica e magnética. Podem ser
geradas por fontes naturais ou por dispositivos construídos pelo homem. Possuem energia
variável, desde valores pequenos até muito elevados.
As radiações eletromagnéticas mais conhecidas são: luz, microondas, ondas
de rádio, radar, laser, raios X e radiação gama. As radiações sob a forma de partículas,
com massa, carga elétrica, carga magnética mais comuns são os feixes de elétrons, os
feixes de prótrons, radiação beta, radiação alfa.

a. Tipos (ionizante e não-ionizante)


Dependendo da quantidade de energia, uma radiação pode ser descrita como
não ionizante ou ionizante.
Radiações não-ionizante possuem relativamente baixa energia. Não
possuem energia suficiente para ionizar os átomos e as moléculas com as quais interagem.
De fato, radiações não ionizantes estão sempre a nossa volta. Ondas eletromagnéticas
como a luz visível, infravermelhos, ultravioletas, corrente elétrica, calor e ondas de rádio
são formas comuns de radiações não ionizantes. Sem radiações não ionizantes, nós não
poderíamos apreciar um programa de TV em nossos lares ou cozinhar em nosso forno de
microondas.
Radiações ionizantes possuem altos níveis de energia. São originadas do
núcleo de átomos, podem alterar o estado físico de um átomo e causar a perda de elétrons,
tornando-os eletricamente carregados. Este processo chama-se "ionização". As mais
conhecidas são as radiações eletromagnéticas (raios-x e raios gama) e as radiações
corpusculares (raios alfa, raios beta, neutrôns, prótons). A energia mínima típica da
radiação ionizante é de cerca de 10 eV.
Um átomo pode se tornar ionizado quando a radiação colide com um de seus
elétrons. Se essa colisão ocorrer com muita violência, o elétron pode ser arrancado do
átomo. Após a perda do elétron, o átomo deixa de ser neutro, pois com um elétron a
menos, o número de prótons é maior. O átomo torna-se um cátion (íon positivo).
Radiação Ionizante
A matéria é constituída por átomos que correspondem às unidades estruturais
dos elementos químicos conhecidos.
Os átomos são entidades que resultam da associação de três tipos de
partículas: prótons, nêutrons e elétrons. Os prótons e nêutrons encontram-se agregados
no núcleo do átomo, ao passo que os elétrons se movem em torno do núcleo. De referir
que o núcleo do átomo possui carga elétrica positiva e representa a quase totalidade da
massa do átomo, ao passo que os elétrons são eletricamente negativos.
Se o número de elétrons periféricos de um átomo for igual ao número de
prótons do respectivo núcleo, o átomo tem carga elétrica total nula - trata-se de um átomo
em estado neutro. No caso contrário, o átomo encontra-se no estado ionizado - se o átomo
tiver excesso de elétrons, a sua carga elétrica é negativa e estamos perante um ânion (íon
negativo); se o átomo tiver deficiência de elétrons, a carga do átomo é positiva, tratando-
se assim de um cátion (íon positivo).
Designa-se por radioatividade a propriedade que determinados nuclídeos
(naturais ou artificiais) possuem de emitir espontaneamente radiações corpusculares ou
eletromagnéticas.
De notar que o ser humano tem sempre vivido num mundo radioativo,
encontrando-se continuamente exposto às radiações provenientes do espaço cósmico,
além de que existem radionuclídeos no solo, água, alimentos e até mesmo o corpo humano
tem na sua constituição elementos radioativos.
As radiações ionizantes têm tido crescente utilização em inúmeras atividades,
desde a medicina à indústria. Na indústria de material elétrico e eletrônico têm
nomeadamente aplicação em aparelhos de radiografia para controle de qualidade,
podendo ainda os raios X ocorrer como emissão parasita em certos aparelhos (tubos de
raios catódicos, reguladores de tensão).

Radiação não-ionizante
Radiações não ionizantes são as radiações cuja a energia é insuficiente para
ionizar átomos ou moléculas, ou seja, possuem energia inferior a 10 ou 12 eV. Portanto,
a radiação não ionizante refere-se à radiação eletromagnética que possui comprimento de
onda maior que 100 nm (ou ainda, com frequências menores que 3x1015Hz), abrangendo
todo o espectro eletromagnético com frequências iguais ou inferiores às
do ultravioleta próximo, vide a figura 1.

b. Consequêncas imediatas e tardias – efeitos


Efeitos imediatos e tardios
Efeitos Agudos: são observados em horas, dias ou semanas, após a
irradiação. Eles podem ser produzidos apenas com uma grande quantidade de radiação,
absorvida em uma grande área do corpo e em curto período. O indivíduo irradiado pode
sentir náuseas, vômitos, hemorragias, infecções fortes, diarreia, perda de cabelo etc.
Efeitos tardios: são observados depois de anos, podem ser causados por
grandes exposições em curto espaços de tempo ou por pequenas exposições em longo
período. São eles: aumento na incidência de câncer, indução de cataratas, certas
anormalidades durante o desenvolvimento do embrião e redução da vida média.
Os primeiros efeitos biológicos causados pela radiação, que ocorrem num
período de poucas horas até algumas semanas após a exposição, são denominados de
efeitos imediatos, como por exemplo, a radiodermite. Os que aparecem depois de anos
ou mesmo décadas, são chamados de efeitos retardados ou tardios, como por exemplo
o câncer.
Se as doses forem muito altas, predominam os efeitos imediatos, e as lesões
serão severas ou até letais. Para doses intermediárias, predominam os efeitos imediatos
com grau de severidade menor, e não necessariamente permanentes. Poderá haver,
entretanto, uma probabilidade grande de lesões severas a longo prazo. Para doses baixas,
não haverá efeitos imediatos, mas há possibilidade de lesões a longo prazo.
Os efeitos retardados, principalmente o câncer, complicam bastante a
implantação de critérios de segurança no trabalho com radiações ionizantes. Não é
possível, por enquanto, usar critérios clínicos porque, quando aparecem os sintomas, o
grau de dano causado já pode ser severo, irreparável e até letal. Por enquanto, utilizam-
se hipóteses estabelecidas sobre critérios físicos, extrapolações matemáticas e
comportamentos estatísticos.
http://www.saude.pr.gov.br/modules/conteudo/conteudo.php?conteudo=824

c. Relação dose/efeito.
Os efeitos radioinduzidos podem receber denominações em função do valor
da dose e forma de resposta. Assim, em função da dose e forma de resposta, são
classificados em estocásticos e determinísticos.
➱ efeitos probabilísticos ou estocásticos: são aqueles que são tanto mais
prováveis quanto maior for a quantidade de radiação recebida. Ainda que não existam
certezas absolutas, aceita-se que, por muito pequena que seja a quantidade de radiação
recebida, poderá ocorrer algum tipo de efeito, o qual, uma vez que apareça, será sempre
grave. A gravidade desses efeitos é independente da dose.
Nestas situações, são induzidas modificações na estrutura de uma ou mais
células do corpo humano que conduzem a alterações genéticas (mutações
cromossômicas) e ao aparecimento de diversos tipos de neoplasias, tais como, leucemia,
cânceres do pulmão, pele, estômago, cólon, bexiga, mama e ovário, etc.
Por exemplo: uma única célula modificada pode se reproduzir, gerando um
clone de células modificadas que pode, eventualmente, resultar em um câncer (efeito
somático), uma única célula modificada nas gônadas pode transmitir aos descendentes
informações hereditárias incorretas (efeito hereditário).

➱ efeitos deterministas ou não estocásticos: são aqueles que só ocorrem


quando a dose de radiação excede um determinado valor ou limiar e cuja gravidade
depende da dose e do tempo de exposição.
Isto significa que, os efeitos determinísticos, são produzidos por doses
elevadas, acima do limiar, onde a severidade ou gravidade do dano aumenta com a dose
aplicada. A probabilidade de efeito determinístico, assim definido, é considerada nula
para valores de dose abaixo do limiar, e 100%, acima.
Os orgãos e sistemas mais afetados são os olhos (cataratas), a pele
(queimaduras) e os órgãos reprodutores (infertilidade).

Os efeitos das radiações ionizantes podem classificar-se em somáticos, se


aparecerem no indivíduo exposto e em hereditários, se afetarem os descendentes.
➱ efeitos somáticos: surgem do dano nas células do corpo e o efeito aparece
ns própria pessoa irradiada. Dependem da dose absorvida, da taxa de absorção da energia
da radiação, da região e da área do corpo irradiada.
➱ efeitos hereditários: efeitos que surgem no descendente da pessoa
irradiada, como resultado do dano produzido pela radiação em células dos órgãos
reprodutores, as gônadas. Tem caráter cumulativo e independe da taxa de absorção da
dose.
FONTE:
http://www.fiocruz.br/biossegurancahospitalar/dados/material10.pdf

d. Mecanismo de ação
RADIAÇÃO NÃO IONIZANTE (Ultravioleta e Infravermelha)
A principal fonte de exposição natural do corpo humano à RUV é a radiação
solar. A radiação solar que atinge a superfície terrestre compreende a radiação visível
(400 a 800 nm), a RIV (> 800 nm), responsável essencialmente pelo efeito térmico, e a
RUV. Desta, a RUV-C de comprimento de onda inferior a 290 nm é completamente
filtrada pela camada de ozono, pelo que, em condições naturais, o corpo humano está
apenas exposto à RUV-B (290 a 320 nm) e RUV-A (320 a 400 nm). A RUV representa
apenas 5 a 10% da energia que atinge a superfície do planeta, mas, dada a sua maior carga
energética, é aquela cujos efeitos fotobiológicos são mais marcados e aquela que mais
efeito deletério pode causar. Estes efeitos dependem da qualidade e quantidade relativa
da RUV recebida, da área do corpo atingida, do tempo de exposição e dos mecanismos
de reação individual à agressão solar.
A quantidade total de RUV e as quantidades relativas de RUV-A e B variam
ao longo do dia, da estação do ano, da latitude e altitude e das superfícies refletoras que
nos rodeiam. No zênite, 5% da energia UV é RUV-B, percentagem que diminui à medida
que o sol se afasta do zênite e que nos afastamos do equador. Ao inverso, a RUV-B
aumenta cerca de 20% por cada 1.500 m de altitude acima do nível do mar. A reflexão da
RUV pelo solo ou outras superfícies ambientais pode atingir 15 a 30% na areia e 80 a
90% na neve.
Alvos Moleculares e Celulares da RUV
Na pele, a RUV penetra profundidades diferentes de acordo com o
comprimento de onda. O UVB penetra camadas mais superficiais (epiderme, que contém
os queratinócitos e malanócitos), sendo o principal responsável pelas neoplasias de pele.
Já o UVA penetra a camada intermediária (derme, que contém fibroblasto e colágeno),
sendo o principal responsável do fotoenvelhecimento.

A RUV-B dispersa mais de 90% da energia a nível da epiderme, a RUV-A


perde cerca de 50% da energia nas células epidérmicas, mas penetra profundamente na
derme e a RIV atinge a hipoderme. São, assim, afetados pela RUV queratinócitos, células
de Langerhans, melanócitos, fibroblastos, células endoteliais, linfócitos-T e mastócitos.
No núcleo, citoplasma e membranas destas células existem moléculas que absorvem e
são especificamente excitadas pela energia eletromagnética da RUV, sofrem reações
fotoquímicas ou perdem a energia recebida sob a forma de calor, fluorescência ou
fosforescência. Os principais cromóforos naturais da pele são as bases do DNA e RNA
(particularmente as pirimidinas), aminoácidos aromáticos (triptofano, histidina, tirosina),
esteróides (7-dehidrocolesterol), ácidos gordos insaturados, NADH e flavinas.
Ocasionalmente, outras moléculas fotossensíveis transitoriamente presentes na pele
(fármacos, porfirinas da degradação do heme) podem, pela capacidade de absorver e
concentrar maior quantidade de energia, acentuar os efeitos fotobiológicos da RUV.
Uma das marcas bioquímicas da agressão UV é a formação de dímeros de
pirimidinas, em que duas bases adjacentes na cadeia de DNA fazem fotoadições estáveis
(habitualmente formando ligações do tipo ciclobutano entre timina-timina, citosina-
citosina ou citosina-timina), modificando o posterior reconhecimento do gene codificado
por aquele conjunto de bases.

A RUV interfere diretamente com os fatores de transcrição nuclear, NF-


kB e AP-1, que sofrem translocação para o núcleo e promovem a transcrição de genes de
fatores de crescimento, citocinas, receptores celulares e enzimas (metaloproteinases e
colagenases), o que confere novas características funcionais às células. Espécies reativas
de oxigênio induzidas pela RUV-B e A são também responsáveis pela resposta cutânea à
exposição solar:
• Libertação de ácido araquidônico e síntese de prostaglandinas a partir de
fosfolípidos da membrana celular, principais responsáveis pelo eritema solar.
• Aumento do diacilglicerol (DAG) que ativa a proteína cinase C (PKC) e
regula a proliferação e diferenciação celular.
• Peroxidação lipídica de membranas celulares, nucleares, lisossomais e
mitocondriais.
• Ocasionalmente, oxidação de bases púricas com rupturas na cadeia de DNA.
Da excitação destas moléculas pela RUV e da resposta das células cutâneas-
alvo, resultam os efeitos fotobiológicos da radiação solar, uns benéficos outros deletérios,
que ocorrem de forma precoce, retardada ou a longo prazo.

Efeitos Imediatos
Os efeitos precoces, em regra benéficos, consistem na produção de calor,
dependente sobretudo da RIV, na síntese de pré-vitamina D3 a partir do 7-
dehidrocolesterol dos ceratinócitos basais sob o efeito da RUV-B e na pigmentação
imediata. Esta pigmentação resulta da oxidação dos precursores da melanina e
transferência e dispersão dos melanossomas (armazenam melanina) nos ceratinócitos sob
o efeito da RUV-A; é transitória (< 24 horas) e não confere proteção contra uma exposição
solar adicional.

Efeitos Retardados
Nas horas e dias seguintes a uma exposição solar aguda surgem efeitos
retardados, como o eritema solar, a pigmentação tardia, a proliferação epidérmica e a
imunossupressão.
- Eritema Solar: O eritema solar, vermelho vivo e doloroso, atinge
a máxima intensidade pelas 24 horas e pode associar-se a manifestações sistêmicas como
febre, mal-estar geral, náuseas e vômitos, completando assim o quadro do “golpe de sol”.
Estas alterações, dependentes essencialmente da RUV-B, ocorrem na sequência da
ativação do NF-kB e de lesões do DNA (dímeros de timina) das células epidérmicas e
libertação de mediadores inflamatórios dos ceratinócitos, como prostaglandinas (PgD2
e PgE2) e citocinas (IL-1, IL-6, IL-8, TNF-α). Quando difundem para a circulação
sanguínea estes mediadores causam efeitos sistêmicos (“golpe de calor”) e, na derme,
provocam vasodilatação e aumento da permeabilidade capilar, turgescência e aumento da
expressão de moléculas de adesão nas células endoteliais e infiltração celular,
inicialmente de neutrófilos e posteriormente de linfócitos-T. A marca histológica da
agressão UV é a presença, na epiderme, de sunburn cells, ceratinócitos que sofreram
apoptose quando as alterações do DNA ultrapassam a capacidade de reparação da célula.
Em situações de agressão extrema, além da morte de ceratinócitos, a inflamação dérmica
provoca edema e descolamento dermo-epidérmico, traduzido clinicamente por vesículas
ou bolhas de conteúdo citrino e, nos dias seguintes, descamação em lamelas epidérmicas
secas, mais ou menos espessas e de coloração acastanhada. Ainda que estes efeitos sejam
atribuídos quase exclusivamente à RUV-B, é importante o contributo adicional da RUV-
A que lesa a pele de forma mais retardada e mais profundamente. Este efeito torna-se
evidente numa exposição seletiva aos RUV-A (solários) ou após intensa exposição solar
sob fotoprotetores que filtram essencialmente a RUV-B (Figura 7.2).
- Pigmentação Tardia: Paralelamente, ocorrem alterações nos
melanócitos traduzidas clinicamente por aumento da pigmentação, que se inicia pelas 48
horas e persiste durante semanas. Os melanócitos são afetados por ação direta dos RUV
e por efeito dos ceratinócitos vizinhos. Em resposta à agressão do DNA dos ceratinócitos
e à libertação de citocinas e hormona melanoestimulante (MSH – melanocyte stimulating
hormone), os melanócitos aumentam a expressão de receptores para a MSH e esta
hormona induz toda uma sequência de fenômenos que conduzem ao aumento da
pigmentação cutânea: síntese de melanina a partir da tirosina, acumulação de melanina
nos melanossomas, transporte dos melanossomas ao longo dos prolongamentos dos
melanócitos e transferência para os ceratinócitos, onde os melanossomas se dispõem de
forma a proteger o núcleo dos ceratinócitos basais de posteriores agressões solares (Figura
7.2).
A melanina, nomeadamente a eumelanina ou melanina castanha, absorve e
dispersa a RUV e atua como varredor de radicais livres. Desta forma, a
hiperpigmentação retardada surge como resposta à agressão do DNA, mas tem um
efeito fotoprotetor em particular nos indivíduos de fototipo mais elevado. Nos
indivíduos de fototipo mais claro (ruivos), em que predomina a feo-melanina ou melanina
vermelha, este efeito é muito menos marcado, pois esta melanina rica em cisteína poderá
ser uma fonte adicional de radicais livres.

- Proliferação Queratinocitária: Também com o intuito de


melhorar a proteção contra posteriores exposições, nos dias seguintes à exposição solar,
os ceratinócitos aumentam a sua proliferação, o que conduz a um aumento da espessura
da epiderme, em particular da camada córnea, um dos obstáculos mais significativos à
penetração cutânea da RUV. Dependente essencialmente da RUV-B, nas horas seguintes
à exposição solar, os ceratinócitos aumentam a expressão de receptores para o fator de
crescimento epidérmico, libertam ácido araquidónico e DAG das membranas celulares
agredidas e ativam o sistema da PKC e as enzimas reguladoras da proliferação celular,
como a ornitina descarboxilase (Figura 7.2).
- Fotoimunossupressão: Nas horas e dias seguintes, em resposta à
RUV-B e A, inicia-se uma fase de imunossupressão de duração difícil de estabelecer no
homem, mas que pode atingir duas a três semanas. A pele, órgão imunológico por
excelência e que nos protege na interação com o ambiente, torna-se incapaz de reagir
de forma adequada a neo-antigênios cutâneos formados pela agressão solar ou a
antigênios exógenos aplicados na pele. Na sequência da lesão do DNA e de citocinas
libertadas pelos ceratinócitos (IL-10), as células de Langerhans, as principais células
cutâneas apresentadoras de antigénios, sofrem alterações estruturais e funcionais (perda
de dendritos, redução da expressão de moléculas HLA, de moléculas de adesão e de co-
estimulação) e abandonam a epiderme em direção aos gânglios linfáticos. O sistema
imunitário da pele torna-se, assim, incapaz de apresentar novos antigénios e ativar
linfócitos Th1 eficazes na hipersensibilidade retardada e de contato e na resposta a
antigénios tumorais e microbianos, e favorece a indução de uma tolerância imunológica
específica aos antigénios apresentados nesse momento a nível cutâneo.
O ácido urocânico, metabólito da histidina presente na camada córnea, sofre
fotoisomerização em ácido cis-urocânico e, diretamente ou por intermédio do ambiente
de citocinas cutâneas libertadas na sua presença (aumento de IL-10 e redução de IL-12),
favorece respostas imunológicas do tipo Th2, contribuindo também para a
imunossupressão (Figura 7.2).
Com doses elevadas de RUV, o efeito imunossupressor ocorre não só no local
irradiado, mas também na pele não exposta e a nível sistêmico. Este efeito
imunossupressor justifica a eficácia da fototerapia em patologias imunologicamente
mediadas como a psoríase, a dermatite atópica e a doença do enxerto versus hospedeiro.

Efeitos Fotobiologicos a Longo Prazo


Os efeitos tardios – o fotoenvelhecimento e a fotocarcinogênese – resultam
da exposição crônica e repetida à radiação solar, por um mecanismo cumulativo,
dependente da dose total de radiação recebida, mas também dos mecanismos de
fotoproteção natural do indivíduo. Ocorrem ao fim de anos ou décadas.
a) Fotoenvelhecimento: O fotoenvelhecimento é uma forma
particular de envelhecimento que modifica e se sobrepõe ao envelhecimento cronológico
da pele. Manifesta-se, nos indivíduos de fototipo claro por atrofia da pele, rugas finas,
eritema com telangiectasias e alterações da pigmentação (efélides, lêntigos,
hipopigmentação em gotas e pseudocicatrizes amelanóticas) e nos indivíduos de pele
mais escura, essencialmente por hiperpigmentação difusa, pele rugosa, sem brilho,
espessada por acumulação de material elastótico de coloração amarelada na derme e rugas
mais profundas.
O fotoenvelhecimento cutâneo resulta de um conjunto complexo de efeitos
da agressão repetida e cumulativa da RUV-A, e em menor grau da RUV-B e RIV:
• Alterações na expressão de genes, com displasia progressiva e apoptose
precoce de ceratinócitos e melanócitos.
• Degradação progressiva de proteínas, lípidos e DNA provocado por espécies
reativas de oxigênio.
• Síntese de elastina e colágeno anômalos pelos fibroblastos.
• Produção de metaloproteinases que degradam o colágeno e elastina, a que
se adiciona o efeito de enzimas proteolíticas de neutrófilos e macrófagos que
repetidamente são chamados à pele em resposta à agressão da RUV.

b) Fotocarcinogênese: A neoplasia mais frequentemente


relacionada com a exposição crônica à RUV é o carcinoma basocelular (CBC), a mais
frequente e menos agressiva das neoplasias cutâneas. Contudo, é no carcinoma
espinhocelular (CEC) que se encontra mais regularmente a “assinatura” da agressão UV
(mutações relacionadas com os dímeros de timina) e que o mecanismo fotocarcinogênico,
sobretudo da RUV-B, está mais bem caracterizado. Tanto nas lesões precursoras, a
queratose e queilite actínicas, como no CEC detecta-se a mutação da proteína p53 típica
da agressão UV e existem modelos animais experimentais reprodutíveis de indução de
lesões pré-neoplásicas e de CEC pela exposição repetida aos RUV.
O melanoma maligno (MM), a neoplasia cutânea de pior prognóstico cuja
incidência aumentou nas últimas décadas do século XX, relaciona-se também com a
RUV, mas os modelos experimentais não explicam ainda completamente o mecanismo
fotocarcinogênico envolvido. Os dados epidemiológicos relacionam o MM
essencialmente com exposições agudas intermitentes associadas a queimadura solar
ocorridas na infância ou adolescência em indivíduos de fototipo mais claro e apontam
para o contributo particular da RUV-A, em férias de praia com protetores solares eficazes
essencialmente face à RUV-B: estes evitam o eritema solar, anulando o principal sinal de
alarme de exposição solar excessiva, e permitem prolongar a exposição à RUV (Figura
7.3).

A RUV tem um potencial carcinogênico completo (indutor e promotor),


sendo vários os mecanismos fisiopatológicos que conduzem à neoplasia. A RUV provoca
lesões no DNA, por ação direta (dímeros de pirimidinas) ou indireta através das espécies
reativas de oxigênio (8-desoxiguanina e ruptura da cadeia de DNA). Algumas lesões do
DNA traduzem-se na perda da funcionalidade de genes supressores de tumores ou na
amplificação de oncogenes.
Por exemplo, os dímeros de pirimidina afetam o gene que codifica a
proteína p53 que perde a sua funcionalidade, tornando-se incapaz de induzir a apoptose
das células mais lesadas ou de parar o ciclo celular na fase G1 necessário à reparação das
lesões genéticas.
O DAG e PKC ativados pela RUV promovem a proliferação celular,
incluindo a das células portadoras de dano genético que, assim, perpetuam as mutações
fotoinduzidas.
O efeito imunossupressor da RUV desempenha também um papel importante
na manutenção e proliferação das neoplasias cutâneas fotoinduzidas, em particular do
CEC. No Homem, a resposta imunitária antitumoral dependente da célula T está bem
evidente no aumento do número e agressividade dos CEC em áreas foto-expostas em
indivíduos sob imunossupressão iatrogênica por transplante de órgãos sólidos. Os
indivíduos com neoplasias cutâneas foto-induzidas parecem mais sensíveis à foto-
imunossupressão, pois não se sensibilizam a novos antigênios aplicados na pele irradiada
e não desenvolvem hipersensibilidade de contato ou retardada face a esses novos
antigênios.
Em resumo, a RUV induz mutações que atingem genes supressores tumorais
ou oncogenes, promove a proliferação das células lesadas e evita uma resposta imunitária
adequada aos antigênios tumorias.
http://rihuc.huc.min-saude.pt/bitstream/10400.4/1338/1/2007%20-
%20Radia%C3%A7%C3%B5es%20e%20electricidade%20-
%20livro%20Fisiopatologia%2079-102-CAP.7.pmdMG-FB.pdf

RADIAÇÃO IONIZANTE
Interação da Radiação com o Tecido Biológico
A exposição do homem ou parte de seus tecidos à radiação, pode ter
resultados bastante diferenciados, se ela ocorreu de uma única vez, de maneira fracionada
ou se periodicamente. As exposições únicas podem ocorrer em exames radiológicos,
como por exemplo, uma tomografia; de maneira fracionada, como no tratamento
radioterápico; ou periodicamente, como em certas rotinas de trabalho com material
radioativo em instalações nucleares.
Para uma mesma quantidade de radiação, os efeitos biológicos resultantes
podem ser muito diferentes. Assim, se ao invés de fracionada, a dose aplicada num
paciente em tratamento de câncer fosse dada numa única vez, a probabilidade de morte
seria muito grande. A exposição contínua ou periódica que o homem sofre da radiação
cósmica, produz efeitos de difícil identificação. O mesmo não aconteceria se a dose
acumulada em 50 anos fosse concentrada numa única vez.

Danos Celulares
O processo de ionização ao alterar os átomos, pode alterar a estrutura das
moléculas que os contêm. Se a energia de excitação ultrapassar a energia de ligação entre
os átomos, pode ocorrer quebra das ligações químicas e consequentes mudanças
moleculares.
Se as moléculas alteradas compõem uma célula, esta pode sofrer as
consequências de suas alterações, direta ou indiretamente, com a produção de radicais
livres, íons e elétrons. Os efeitos da radiação dependem da dose, taxa de dose, do
fracionamento, do tipo de radiação, do tipo de célula ou tecido e do indicador (endpoint)
considerado. Tais alterações nem sempre são nocivas ao organismo humano. Se a
substância alterada possui um papel crítico para o funcionamento da célula, pode resultar
na alteração ou na morte da célula. Em muitos órgãos e tecidos o processo de perda e
reposição celular, faz parte de sua operação normal. Quando a mudança tem caráter
deletério, ela significa um dano.
Na Figura 4.6 tem-se um quadro representativo dos diversos processos
induzidos pelas interações da radiação ionizante no tecido humano e a estimativa de
duração de cada processo.
Dos danos celulares, os mais importantes são os relacionados à molécula do
DNA. As lesões podem ser quebras simples e duplas da molécula, ligações cruzadas
(entre DNA-DNA, entre DNA-proteínas), alterações nos açúcares ou em bases
(substituições ou deleções). Alguns tipos de alterações que podem ser induzidas por
radiação ionizante são ilustrados na Figura 4.7.
As aberrações cromossômicas são o resultado de danos no DNA,
principalmente devido às quebras duplas.
As células danificadas podem morrer ao tentar se dividir, ou conseguir
realizar reparos mediados por enzimas. Se o reparo é eficiente e em tempo curto, o DNA
pode voltar à sua composição original, sem consequências posteriores. Num reparo
propenso a erros, pode dar origem a mutações na sequência de bases ou rearranjos mais
grosseiros, podendo levar à morte reprodutiva da célula ou a alterações no material
genético das células sobreviventes, com consequências a longo prazo.

Mecanismo de Ação
As radiações ionizantes podem interagir diretamente com componentes
celulares como DNA, proteínas e lipídios, provocando alterações estruturais. É o
chamado efeito direto e constitui cerca de 30% do efeito biológico das radiações. Podem
também interagir com o meio onde constituintes celulares e as próprias células estão
suspensas, ou seja, a água, produzindo radicais livres. Neste caso, temos o efeito indireto
que corresponde a cerca de 70% do efeito biológico produzido pelas radiações. A maior
probabilidade de ocorrência do efeito indireto deve-se ao fato de a água ocupar parcela
substancial da composição celular. Além disto, os radicais livres também podem ser
produzidos devido à ionização de outros constituintes celulares, particularmente os
lipídios.
Para a radiólise da água, são necessários 32 eV. O elétron arrancado pode ser
capturado por outra molécula de água. Os íons assim formados H2O - e H2O + interagem
com moléculas e geram no balanço final radical livres H e OH. Em certas situações menos
frequentes, o elétron pode ser capturado pela própria molécula de água que o ejetou,
causando rápida formação de H e OH. O elétron ejetado pode ainda ser capturado por
uma rede de moléculas de água, originando outro radical livre, o elétron aquoso.
O principal radical livre oxidante resultante da radiólise da água é o hidroxil.
A recombinação dos radicais livres leva à formação de outros componentes, como o
peróxido de hidrogênio (H2O2). Quando os radicais hidroxil reagem com moléculas
orgânicas, são formados radicais livres orgânicos.
A presença de oxigênio induz a formação de radicais livres perioxidantes, os
quais não permitem a recombinação para a molécula original e levam ao aumento de
radicais livres no meio e maior potencial lesivo.
As radiações ionizantes provocam nas células diversas respostas que podem
ou não as levar à morte.

Resposta das Células à Radiação:


DNA
O DNA é um dos alvos mais importantes para os efeitos citotóxicos da
radiação. A quebra dupla do DNA é a mais prejudicial, podendo levar a célula à morte.
O que diferencia a sensibilidade, ou resposta das diferentes células, é a capacidade de
reparo das quebras duplas. O reparo das lesões radioinduzidas ocorre entre 4 a 6 horas
após à irradiação.

Cromossomos
As radiações ionizantes podem induzir quebras cromossômicas e,
consequentemente, os respectivos rearranjos. Dessa forma, são formados fragmentos
acêntricos, dicêntricos e anéis (mutações instáveis), e translocações e inversões (mutações
estáveis). As radiações aumentam principalmente a quantidade estruturais instáveis,
como os dicêntricos e anéis, cuja contagem é usada como parâmetro de dosimetria
biológica após exposições acidentais às radiações.

Membranas
As membranas constituem importantes locais de interação com a radiação.
Nas membranas, a radiação interage com as proteínas estruturais e com lipídios,
provocando a perioxidação lipídica. Sugere-se que, como consequência da perioxidação
lipídica, a membrana apresente enfraquecimento em sítios especiais, enquanto e a maior
parte dela apresenta aumento e rigidez, prejudicando assim sua função.
FONTES:
http://www.iaea.org/inis/collection/NCLCollectionStore/_Public/45/073/45073469.pdf
http://www.saude.pr.gov.br/modules/conteudo/conteudo.php?conteudo=824
http://www.fiocruz.br/biosseguranca/Bis/lab_virtual/radiacao.html#Tipos
de Radiação

e. Aspectos físicos (comprimento de onda, frequência, energia,


amplitude)
Radiação eletromagnética é a definição dada às ondas que se propagam no
vácuo ou no ar com velocidade de 300.000 km/s, ou seja, com a velocidade da luz (v),
que também é uma radiação eletromagnética. Uma outra característica das ondas
eletromagnéticas é a capacidade de transportar energia e informações.
O que diferencia uma radiação eletromagnética da outra é o seu comprimento
de onda.
A relação entre a velocidade da luz, comprimento de onda e frequência, é:
v = λ.f

A energia de um fotão depende da frequência da oscilação:


E = h.f = h.v/λ
onde h é a constante de Planck (6,63x10-34 J·s).

Todas estas formas de radiação se distribuem por um espectro de energias,


que vão desde as ondas de rádio (as menos energéticas – maior comprimento de onda),
as microondas, a radiação infravermelha (RIV), a radiação visível, a radiação ultravioleta
(RUV), os raios X, os raios γ até aos raios cósmicos (os mais energéticos – menos
comprimento de onda) (Figura 7.1).
Uma onda tem um vale (ponto mais baixo) e uma crista (ponto mais alto). A
distância vertical entre a extremidade de uma crista e o eixo central da onda é chamada
de amplitude. Esta é a propriedade associada à intensidade da onda. A distância
horizontal entre dois vales ou cristas consecutivas é conhecida como comprimento de
onda da onda. Essas medidas podem ser vistas da seguinte maneira:

Lembre-se de que algumas ondas (inclusive as eletromagnéticas) também


oscilam no espaço e, sendo assim, elas oscilam em uma determinada posição conforme o
tempo passa. A grandeza conhecida como frequência da onda diz respeito ao número de
comprimentos de onda completos que passam por um determinado ponto no espaço a
cada segundo. A unidade do SI para frequência é Hertz (Hz), que equivale a “por
segundo”. Como você deve imaginar, o comprimento de onda e a frequência são
inversamente proporcionais, isto é, quanto menor o comprimento de onda, maior será a
frequência, e vice-versa. A relação é dada pela seguinte equação:
V= λ.f
em que λ é o comprimento de onda (em metros), e f é a frequência (em Hertz).

A última grandeza a ser considerada é o período de uma onda. O período de


uma onda é a duração de tempo que leva para que um comprimento de onda passe por um
determinado ponto no espaço. Matematicamente, o período (T) é simplesmente o inverso
da frequência da onda (f).

As ondas eletromagnéticas podem ser classificadas e organizadas de acordo


com seus diversos comprimentos de onda/frequências. Esta classificação é conhecida
como o espectro eletromagnético. A tabela a seguir nos mostra este espectro, que é
formado por todos os tipos de radiação eletromagnética que existem no nosso universo.

Como podemos ver, o espectro visível — ou seja, a luz que podemos enxergar
com nossos olhos — compõe apenas uma pequena fração dos diferentes tipos de radiação
que existem. À direita do espectro visível, encontramos os tipos de energia de frequência
mais baixa (e, portanto, de maior comprimento de onda) que a luz visível. Esses tipos de
energia incluem os raios infravermelhos (RI), que são ondas de calor emitidas por corpos
térmicos, as microondas e as ondas de rádio. Esses tipos de radiação estão constantemente
ao nosso redor e não são prejudiciais, pois suas frequências são muito baixas. Como
veremos na próxima seção, "O fóton", ondas de frequência mais baixa têm menos energia
e, sendo assim, não oferecem perigo à nossa saúde.
À esquerda do espectro visível, temos os raios ultravioletas (UV), raios X e
raios gama. Esses tipos de radiação são prejudiciais para os organismos vivos, devido às
suas frequências extremamente altas (e, consequentemente, altas energias). É por isso que
passamos protetor solar na praia (para bloquear os raios UV do Sol) e é por isso também
que o radiologista coloca protetores de chumbo em nós, para evitar que os raios X entrem
em qualquer lugar diferente da área do nosso corpo que está sendo examinada. Os raios
gama, de maior frequência e energia, são os mais prejudiciais. Mas, felizmente, nossa
atmosfera absorve os raios gama do espaço, protegendo-nos dos possíveis danos.
2) Identificar as lesões benignas, ressaltando as lesões pré-cancerosas.
A maioria dos tumores de pele são benignos, dificilmente se transformam em
câncer, mas é um sinal de que alguma coisa está errada em sua pele e você deve procurar
um especialista.

Queratose actínica (pré-cancerosa)


É a lesão pré-cancerígena epitelial mais comum em indivíduos de pele clara.
É também chamada de ceratose solar ou ceratose senil. Este último é um termo
inadequado, já que o desenvolvimento da lesão está relacionado à exposição solar e não
à idade em si.
São lesões cutâneas pré-malignas que consitem da proliferação de
queratinócitos aberrantes que se densenvolvem em resposta à exposição prolongada à
radiação ultravioleta. Caracterizam-se por pequenas placas hiperceratóricas descamativas
em base eritematosa, de 2-6 mm, geralmente múltiplas e localizadas em áreas
fotoexpostas, como cabeça, pescoço, antebraços e dorso das mãos, sendo que 65%
localizam-se nos membros superiores. À palpação, as lesões apresentam uma aspereza e
algumas vezes as lesões são mais sentidas do que vistas. A ceratose actínica do lábio é
conhecida como queilite actínica e geralmente afeta mais o lábio inferior pois recebe uma
quantidade maior de exposição solar.
As lesões podem persistir indefinidamente ou transformar-se em carcinoma
espinocelular (CEC), com baixo risco de metástase. Por estarem relacionadas à
fotoexposição cumulativa, são marcadores de risco para CEC, carcinoma basocelular
(CBC) e melanoma.
São lesões pré-cancerosas provocadas pelo efeito cumulativo da exposição
aos raios ultravioleta. Caracteriza-se pelo aparecimento de pequenas lesões ásperas,
avermelhadas ou cor da pele, no rosto, orelhas, dorso da mão, braços e até na cabeça de
homens calvos. É mais comum em pessoas de meia-idade e pele clara. São classificadas
histologicamente em cinco tipos: hipertrófica, atrófica, bowenóide, acantolítica e
pigmentada. Pode apresentar transformação desenvolvendo o carcinoma espinocelular.
Carcinoma espinocelular in situ ou doença de Bowen (pré-cancerosa)
É o estágio inicial do câncer de pele de células escamosas, podendo evoluir
para a forma invasiva em 5% dos casos. In situ significa que o câncer ainda está restrito
ao local onde se originou e se caracteriza pelo aparecimento de manchas rosadas na pele,
também provocadas pela exposição ao sol. Mais comum em caucasianos, idosos e ocorre
principalmente em mulheres.
Clinicamente, caracteriza-se por uma placa eritematosa coberta por crostas,
com lesões bem definidas com bordas irregulares e crescimento lento e progressivo.
Usualmente, é uma lesão única, mas em 10-20% dos casos podem ser mútiplas. A maioria
dos pacientes são idosos (acima dos 60 anos) e, em um terço deles as lesões são múltiplas.
Localiza-se tanto em áreas fotoexpostas como não fotoexpostas, principalmente em
cabeça, pescoço e pernas.

Leucoplasia oral (pré-cancerosa)


É caracterizada por mancha ou placa branca localizada na mucosa oral ou
língua. As lesões são desencadeadas por trauma mecânico (próteses dentárias) ou trauma
químico (fumo). A transformação maligna é rara, mas toda lesão leucoplásica na cavidade
oral deve ser biopsiada. O tratamento consiste no afastamento do mecanismo de trauma,
seja ele mecânico ou químico, e avaliação periódica. Cirurgicamente, podemos realizar
biópsia excisional para lesões pequenas e a crioterapia ou eletrocoagulação para lesões
maiores.

Carcinoma in situ da mucosa oral (pré-cancerosa)


Ou papilomatose oral florida. O diagnóstico histológico é obrigatório. No
tratamento cirúrgico das formas localizadas podemos utilizar a crioterapia ou curetagem
e eletrocoagulação.

Queratoacantoma (controverso)
Assemelha-se clínica e histopatologicamente ao carcinoma espinocelular.
Localiza-se de preferência em áreas descobertas como face, antebraço, dorso das mãos e
pescoço. É uma lesão benigna. Não é pré-maligna.
**Verifica-se que, desde sua identificação, o ceratoacantoma vem sendo
estudado sob seus aspectos clínico e principalmente histopatológico. As controvérsias
vêm se sucedendo e um critério definitivo para sua identificação, no que se refere à
malignidade, ainda não foi estabelecido.
Existem formas solitárias ou múltiplas. Há fase de crescimento rápido (4 a 8
semanas), período estacionário e involução espontânea (4 a 6 meses). A exérese total da
lesão é importante para o diagnóstico e o exame histopatológico é imperativo.

Nevos
Representam a neoplasia benigna cutânea mais comum.
Pelo menos um nevo é encontrado virtualmente em todas as pessoas.
Clinicamente, são manchar hipercrômicas, quase sempre de cor
homogênea, acastanhada ou enegrecida. Podem ser planos ou
elevados. O nevo mais comum é o nevo melanocístico. Geralmente
são múltiplos, pequenos (<6 mm) e predominam nas regiões fotoexpostas.
Uma grande profusão desses nevos indica risco para melanoma (acima de 50
nevos). É muito raro estes nevos se transformarem em melanoma, porém são marcadores
de risco indireto.
Os nevos displásicos caracterizam-se por um tamanho um pouco maior que
os menocíticos, pela variação de cor, geralmente duas cores e de bordas irregulares. O
risco de melanoma é baixo quando existem poucas lesões. O grande problema desses
nevos é a confusão diagnóstica com melanoma e, portanto, na maioria das vezes
necessitam de biópsia confirmatória.
Os nevos congênitos aparecem ao nascimento e se desenvolvem em volta dos
apêndices cutâneos e infiltram o tecido subcutâneo. São placas hiperpigmentadas pilosas,
de variados tamanhos. Os nevos congênitos gigantes, entretanto, são maiores que 20 cm
e tem 4-20% de risco de malignização.

Ceratose Seborreica
Esses tumores epidérmicos comuns ocorrem com mais frequência em
indivíduos de meia-idade ou mais velhos. Surgem espontaneamente e são particularmente
numerosos no tronco, embora as extremidades, cabeça e pescoço também possam estar
envolvidos.

Acantose Nigricans
A acantose nigricans pode ser um sinal cutâneo importante de várias doenças
benignas e malignas subjacentes. A acantose nigricans é uma condição marcada pela
presença de pele hiperpigmentada e espessa com textura do “tipo aveludada” que
frequentemente aparece nas áreas flexoras (axilas, dobras da pele nas regiões do pescoço,
virilha e anogenital). Está dividida em dois tipos com base na doença subjacente.
 Em 80% dos casos, a acantose nigricans está associada a doenças benignas
e se desenvolve gradualmente, em geral durante a infância ou a puberdade.
 No restante dos casos, a acantose nigricans surge em associação com
neoplasias malignas, mais comumente adenocarcinomas gastrointestinais, geralmente em
indivíduos de meia-idade e mais velhos. Nesse cenário, a acantose nigricans é considerada
mais um processo paraneoplástico que provavelmente é estimulado por fatores de
crescimento liberados a partir das células tumorais.

Pólipo Fibroepitelial
O pólipo fibroepitelial tem muitas denominações (acrocórdone, papiloma
escamoso, pólipo cutâneo) e é uma das lesões cutâneas mais comuns. Ele geralmente
chama a atenção em indivíduos de meia-idade e mais velhos em áreas do pescoço, do
tronco, da face e partes intertriginosas.

Cisto de Inclusão Folicular ou Epitelial


Os cistos epiteliais são lesões comuns formadas pela invaginação e expansão
cística da epiderme ou de um folículo piloso. O termo popular é “cisto”. Quando
grandes, podem estar sujeitos a ruptura traumática, que pode extravasar queratina na
derme, estimulando uma resposta inflamatória granulomatosa extensa e muitas vezes
dolorosa.

Eritroplasia de Queyrat e Papulose de Bowenoide


São duas formas de carcinoma espinocelular in situ do pênis. A papulose
bowenoide afeta o corpo, e a eritroplasia de Queyrat, a mucosa (glande, prepúcio, uretra).
Esta última caracteriza-se por placa bem delimitada, brilhante, de superfície aveludade,
eritematosa, de crescimento lento.
Acomete mais homens não circuncisados, acima de 40 anos. O traumatismo,
higiene ruim, herpes simples genital, HPV 16 e 18 têm sido identificados como fatores
de risco.
Tem chance de transformar-se em CEC invasor em 33% dos casos. Ambas as
doenças podem ser causadas por HPV, sendo os subtips 16, 18, 31 e 35 os mais
prevalentes.

Corno Cutâneo
É uma designação morfológica para um nódulo hiperceratótico denso e
cônico que se assemelha a um chifre de um animal. É o resultado de uma aderência
incomum de material ceratinizado. Um grande número de desordens pode provocar essas
lesões, porém na maioria dos casos de corno cutâneo encontramos a ceratose actínica.
São mais encontrados na face e couro cabeludo, porém também podem ser
encontrados nas mãos e pênis. Essas lesões podem variar de tamanho de poucos
milímetros a vários centímetros. Podem ser brancas ou amareladas, retas, curvadas ou
retorcidas.

Ceratose Arsenical
São resultantes da exposição crônica ao arsênico. Se desenvolvem nas áreas
de fricção e trauma, principalmente nas palmas e plantas, como pápula em forma de calo,
geralmente simétricas, amareladas, duras, pontudas, múltiplas.
Podem lembrar verrugas. Outra forma clínica é o aparecimento de lesões
eritematoescamosas, geralmente em áreas fotoprotegidas, mas podem surgir em áreas
fotoexpostas.

Ceratose Térmica
Produzidas por estimulação crônica da radiação infravermelha, apreciadas na
pele por uma sensação agradável de calor.
Eritem ab igne, um padrão pontilhado, reticulado de hiperpigmentação é
observado naqueles pacientes que aplicam almofadas de calor no corpo.

Ceratose de radiação crônica


Aparecem como ceratoses discretas, placas hiperceratósicas ou lesões
exulceradas após a exposição aos raios X.

FONTE: http://www.accamargo.org.br/tudo-sobre-o-cancer/pele-nao-
melanoma/44/

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