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EFEITOS BIOLÓGICOS DAS RADIAÇÕES

Efeitos Biológicos das Radiações

Constantemente estamos expostos a fontes de radiação, como, por exemplo, quando nos submetemos
a radiografias e exames médicos que envolvem radioisótopos; e também através do contato com o gás
radônio, que escapa do solo, depois de ser formado em séries radioativas que se iniciam com o urânio.
O próprio corpo humano é fonte de radiação, em razão dos radioisótopos naturais do organismo, como
o carbono-14.

Portanto, o efeito biológico que essas radiações podem trazer ao organismo dos seres vivos depende
de uma série de fatores. Entre tais, temos quatro principais: o tipo de radiação, o tipo de tecido vivo
atingido, o tempo de exposição e a intensidade da fonte radioativa. Consideremos cada um desses
fatores:

Tipo de radiação: as radiações naturais são três: alfa (α), beta (β) e gama (γ). Dentre essas, a menos
nociva aos seres vivos é a radiação alfa, pois ela tem um baixo poder de penetração, isto é, uma
capacidade muito pequena de atravessar os materiais. A própria pele pode reter essas partículas e
praticamente não se produz nenhum efeito ao organismo.

Entretanto, as radiações beta (β) e gama (γ) podem interagir com as células do organismo, em virtude
das altas energias que apresentam. Assim, essas emissões nucleares podem fazer com que as molé-
culas do corpo percam elétrons, formando íons, ou, ainda, podem fazer com que tenham as suas liga-
ções rompidas, originando radicais livres, que são espécies com elétrons desemparelhados, conforme
exemplificado a seguir no caso de uma molécula de água atingida por radiação:

Os radicais livres formados podem degradar as células, causando até reações químicas nocivas que
causam uma divisão celular acelerada, que, com o tempo, pode gerar a formação de tumores, anemias
e mutações genéticas.

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Exames de raios X (outro tipo de radiação) podem, em excesso, causar efeitos biológicos também.

Tipo de tecido vivo atingido: alguns tecidos são mais sensíveis que outros, como os da medula óssea,
dos órgãos reprodutores, do tecido linfático, das membranas mucosas intestinais, das gônadas, do
cristalino dos olhos e das células responsáveis pelo desenvolvimento em crianças.

Quanto mais jovem for o paciente, maior é o risco de ele sofrer alterações genéticas ao se submeter a
exames, como raios X. É por isso que se aconselha que mulheres em idade fértil somente realizem
exames, como radiografias, quando estiverem menstruadas. Do contrário, é necessário proteger a re-
gião que envolve os órgãos sexuais com um avental de chumbo, pois pode haver uma gravidez ainda
não conhecida. Mulheres grávidas não devem fazer radiografias na bacia ou no abdome.

Além disso, a relação entre dosagem da radiação e efeitos biológicos varia com a espécie de ser vivo.
Por exemplo, espécies mais simples, como as bactérias, são mais resistentes que os mamíferos.

Tempo de exposição: esse fator é especialmente importante para pessoas que trabalham com isótopos
radioativos, pois a radiação recebida é cumulativa e os danos eventualmente provocados são irrepará-
veis. Esses profissionais usam um avental de chumbo e se mantêm afastados do equipamento no
momento do disparo. Além disso, eles realizam exames periódicos para verificar se o nível de radiação
recebida pode ou não pôr em risco a saúde da pessoa.

Pessoas que realizam esses exames somente quando necessário não precisam se preocupar.

Intensidade da fonte radioativa: em casos deacidentes com vazamento em usinas nucleares e de ex-
plosões de bombas atômicas, é liberada uma grande quantidade de isótopos radioativos. A maioria
desses isótopos possui tempo de meia-vida curto, não causando prejuízos. Porém, os isótopos que
possuem uma meia-vida muito longa podem se fixar no solo, na vegetação ou nas águas, permane-
cendo por anos no ambiente e contaminando os organismos vivos.

Dentre esses, os mais perigosos são o 90Sr, que possui meia-vida de 28 anos e seu efeito é substituir
o cálcio dos ossos, tornando o corpo da pessoa em uma fonte de radiação interna. Outro isótopo radi-
oativo nocivo, que possui tempo de meia-vida de 30 anos, é o 137Cs (césio-137). Ele substitui o potás-
sio nos tecidos vivos.

Outro ponto a se considerar sobre a intensidade da fonte radioativa é que se a dosagem de radiação
gama for controlada, é possível usá-la no tratamento de câncer, pois será direcionada para destruir
apenas os tecidos doentes. Abaixo vemos uma figura de um paciente realizando um tratamento de
câncer em um aparelho chamado de bomba de cobalto, onde o isótopo usado é o cobalto 60; e um
diagrama de uma bomba de cobalto de onde se observa a fonte radiativa:

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Efeitos biológicos da radiação

Os efeitos decorrentes do uso das radiações ionizantes sobre o organismo varia de dezenas de minutos
até dezenas de anos, dependendo dos sintomas. As alterações químicas provocadas pela radiação
podem afetar uma célula de várias maneiras, resultando em: morte prematura, impedimento ou retardo
de divisão celular ou modificação permanente que é passada para as células de gerações posteriores.

A reação de um indivíduo à exposição de radiação depende de diversos fatores como:

• quantidade total de radiação recebida;

• quantidade de radiação recebida anteriormente pelo organismo, sem recuperação;

• textura orgânica individual;

• dano físico recebido simultaneamente com a dose de radiação (queimadura, por exemplo) ;

• intervalo de tempo durante o qual a quantidade total de radiação foi recebida.

É bom salientar que o efeito biológico constitui a resposta natural de um organismo, ou parte dele, a
um agente agressor ou modificador. O surgimento destes efeitos não significa uma doença. Quando a
quantidade de efeitos biológicos é pequena, o organismo pode recuperar, sem que a pessoa perceba.
Por exemplo, numa exposição à radiação X ou gama, pode ocorrer uma redução de leucócitos, hemá-
cias e plaquetas e, após algumas semanas, tudo retornar aos níveis anteriores de contagem destes
elementos no sangue. Isto significa que, houve a irradiação, ocorreram efeitos biológicos sob a forma
de morte celular e, posteriormente, os elementos figurados do sangue foram repostos por efeitos bio-
lógicos reparadores, operados pelo tecido hematopoiético.

Por outro lado, quando a quantidade ou a frequência de efeitos biológicos produzidos pela radiação
começa a desequilibrar o organismo humano ou o funcionamento de um órgão, surgem sintomas clíni-
cos denunciadores da incapacidade do organismo de superar ou reparar tais danos, que são as doen-
ças. Assim, o aparecimento de um tumor cancerígeno radioinduzido, significa já quase o final de uma
história de danos, reparos e propagação, de vários anos após o período de irradiação.

A ocorrência de leucemia nos japoneses, vítimas das bombas de Hiroxima e Nagasaki, teve um máximo
de ocorrência cinco anos após. As queimaduras originárias de manipulação de fontes de Ir 192, em
acidentes com irradiadores de gamagrafia, aparecem horas após. Porém , os efeitos mais dramáticos,
como a redução de tecido, ou possível perda dos dedos, podem levar até seis meses para acontecer.

Os efeitos radioinduzidos podem receber denominações em função do valor da dose e forma de res-
posta, em função do tempo de manifestação e do nível orgânico atingido. Assim, em função da dose e
forma de resposta, são classificados em estocásticos e determinísticos; em termos do tempo de mani-
festação, em imediatos e tardios; em função do nível de dano, em somáticos e genéticos (hereditários).

Efeitos Estocásticos

São efeitos em que a probabilidade de ocorrência é proporcional à dose de radiação recebida, sem a
existência de limiar. Isto significa, que doses pequenas, abaixo dos limites estabelecidos por normas e
recomendações de radioproteção, podem induzir tais efeitos. Entre estes efeitos, destaca-se o câncer.
A probabilidade de ocorrência de um câncer radioinduzido depende do número de clones de células
modificadas no tecido ou órgão, uma vez que depende da sobrevivência de pelo menos um deles para
garantir a progressão. O período de aparecimento (detecção) do câncer após a exposição pode chegar
até 40 anos. No caso de leucemia, a frequência passa por um máximo entre 5 e 7 anos, com período
de Latência de 2 anos

Efeitos determinísticos

São efeitos causados por irradiação total ou localizada de um tecido, causando um grau de morte ce-
lular não compensado pela reposição ou reparo, com prejuízos detectáveis no funcionamento do tecido
ou órgão. Existe um limiar de dose, abaixo do qual a perda de células é insuficiente para prejudicar o
tecido ou órgão de um modo detectável. Isto significa que, os efeitos determinísticos, são produzidos
por doses elevadas, acima do limiar, onde a severidade ou gravidade do dano aumenta com a dose

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aplicada. A probabilidade de efeito determinístico, assim definido, é nula para valores de dose abaixo
do limiar, e 100% acima.

Exemplos de efeitos determinísticos na pele, são: eritema e descamação seca para dose entre 3 e 5
Gy, com sintomas aparecendo após 3 semanas; decamação úmida acima de 20Gy, com bolhas após
4 semanas; necrose para dose acima de 50Gy, após 3 semanas. Como outros exemplos citamos como
efeitos determinísticos, a esterilidade temporária ou permanente, a opacidade das lentes, catarata, e
depressão do tecido hematopoiético para exposições única e fracionada.

Efeitos somáticos

Surgem do dano nas células do corpo e o efeito aparece ns própria pessoa irradiada. Dependem da
dose absorvida, da taxa de absorção da energia da radiação, da região e da área do corpo irradiada.

Efeitos genéticos ou hereditários

São efeitos que surgem no descendente da pessoa irradiada, como resultado do dano produzido pela
radiação em células dos órgãos reprodutores, as gônadas. Tem caráter cumulativo e independe da
taxa de absorção da dose.

Efeitos imediatos e tardios

Os primeiros efeitos biológicos causados pela radiação, que ocorrem num período de poucas horas até
algumas semanas após a exposição, são denominados de efeitos imediatos, como por exemplo, a
radiodermite. Os que aparecem depois de anos ou mesmo décadas, são chamados de efeitos retarda-
dos ou tardios, como por exemplo o câncer.

Se as doses forem muito altas, predominam os efeitos imediatos, e as lesões serão severas ou até
letais. Para doses intermediárias, predominam os efeitos imediatos com grau de severidade menor, e
não necessariamente permanentes. Poderá haver, entretanto, uma probabilidade grande de lesões
severas a longo prazo. Para doses baixas, não haverá efeitos imediatos, mas há possibilidade de le-
sões a longo prazo.

Os efeitos retardados, principalmente o câncer, complicam bastante a implantação de critérios de se-


gurança no trabalho com radiações ionizantes. Não é possível, por enquanto, usar critérios clínicos
porque, quando aparecem os sintomas, o grau de dano causado já pode ser severo, irreparável e até
letal. Por enquanto, utilizam-se hipóteses estabelecidas sobre critérios físicos, extrapolações matemá-
ticas e comportamentos estatísticos.

Efeitos Biológicos Da Radiação

Estamos anexando esta matéria que alerta sobre as consequências da radiação para nossa saúde. E
para que entendam melhor porque defendemos o uso de métodos de imagem sem radiação, principal-
mente a ultrassonografia, como nosso principal método de diagnóstico por imagem. Não precisamos
prejudicar nosso organismo enquanto detectamos nossas doenças ou realizamos check-ups.

Efeitos Biológicos Da Radiação

As células quando expostas à radiação sofrem ação de fenômenos físicos, químicos e biológicos. A
radiação causa ionização dos átomos, que afeta moléculas, que poderão afetar células, que podem
afetar tecidos, que poderão afetar órgãos, que podem afetar a todo o corpo.

No entanto, tende-se a avaliar os efeitos da radiação em termos de efeitos sobre células, quando na
verdade, a radiação interage somente com os átomos presente nas células e a isto se denomina ioni-
zação. Assim, os danos biológicos começam em consequência das interações ionizantes com os áto-
mos formadores das células.

O corpo humano é constituído por cerca de 5 x 1012 células, muitas das quais altamente especializadas
para o desempenho de determinadas funções. Quanto maior o grau de especialização, isto é, quanto
mais diferenciada for a célula, mais lentamente ela se dividirá. Uma exceção significativa a essa lei
geral é dada pelos linfócitos, que, embora só se dividam em condições excepcionais, são extremamente
radiossensíveis.

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Um organismo complexo exposto às radiações sofre determinados efeitos somáticos, que lhe são res-
tritos e outros, genéticos, transmissíveis às gerações posteriores. Os fenômenos físicos que intervêm
são ionização e excitação dos átomos. Estes são responsáveis pelo compartilhamento da energia da
radiação entre as células.

Os fenômenos químicos sucedem aos físicos e provocam rupturas de ligações entre os átomos for-
mando radicais livres num intervalo de tempo pequeno.

Os fenômenos biológicos da radiação são uma consequência dos fenômenos físicos e químicos. Alte-
ram as funções específicas das células e são responsáveis pela diminuição da atividade da substância
viva, por exemplo: perda das propriedades características dos músculos.

Estas constituem as primeiras reações do organismo à ação das radiações e surgem geralmente para
doses relativamente baixas.

Além destas alterações funcionais os efeitos biológicos caracterizam-se também pelas variações mor-
fológicas. Entende-se como variações morfológicas as alterações em certas funções essenciais ou a
morte imediata da célula, isto é, dano na estrutura celular. É assim que as funções metabólicas podem
ser modificadas ao ponto da célula perder sua capacidade de efetuar as sínteses necessárias à sua
sobrevivência.

Nem todas as células vivas têm a mesma sensibilidade à radiação. As células que tem mais atividade
são mais sensíveis do que aquelas que não são, pois a divisão celular requer que o DNA seja correta-
mente reproduzido para que a nova célula possa sobreviver. Assim são, por exemplo as da pele, do
revestimento intestinal ou dos órgãos hematopoiéticos. Uma interação direta da radiação pode resultar
na morte ou mutação de tal célula, enquanto que em outra célula o efeito pode ter menor consequência.

Assim, as células vivas podem ser classificadas segundo suas taxas de reprodução, que também indi-
cam sua relativa sensibilidade à radiação. Isto significa que diferentes sistemas celulares têm sensibi-
lidades diferentes.

▪ Linfócitos (glóbulos brancos) e células que produzem sangue estão em constante reprodução e são
as mais sensíveis.

▪ Células reprodutivas e gastrointestinais não se reproduzem tão rápido, portanto, são menos sensí-
veis.

▪ Células nervosas e musculares são as mais lentas e, portanto, as menos sensíveis.

As células têm uma incrível capacidade de reparar danos. Por isto, nem todos os efeitos da radiação
são irreversíveis. Em muitos casos, as células são capazes de reparar qualquer dano e funcionarem
normalmente.

Em alguns casos, no entanto, o dano é sério demais levando uma célula à morte. Em outros casos, a
célula é danificada, mas ainda assim consegue se reproduzir. As células filhas terão falta de algum
componente e morrerão. Finalmente, a célula pode ser afetada de tal forma que não morre e é modifi-
cada. As células modificadas se reproduzem e perpetuam a mutação, o que poderá significar o começo
de um tumor maligno.

Efeitos Biológicos

A radiação nuclear não é algo que passou a existir nos últimos 150 anos. Ela faz parte de nossa vida.
A luz solar é uma fonte natural radioativa. Está na areia da praia, na louça doméstica, nos alimentos,
na televisão quando está ligada. Por ano, um ser humano absorve entre 110 milirem a 150 milirem de
radiação de fontes diversas.

Qualquer ser humano submetido a um exame de concentração de possíveis elementos radioativos em


seu corpo obterá um resultado de concentração de potássio radioativo, que foi acumulado pelo con-
sumo de batata. (O cigarro apresenta chumbo e polônio radioativos.)

Em uma explosão nuclear ou em certos acidentes com fontes radioativas, as pessoas expostas rece-
bem radiações em todo o corpo, mas, as doses absorvidas podem ser diferentes em cada tecido. Cada

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órgão reage de certa forma, apresentando tolerâncias diferenciadas em termos de exposição à radia-
ção.

Os efeitos somáticos classificam-se em imediatos e retardados com base num limite, adotado por con-
venção, de 60 dias. O mais importante dos efeitos imediatos das radiações após exposição do corpo
inteiro a doses relativamente elevadas é a Síndrome Aguda de Radiação (SAR). O efeito retardado de
maior relevância é a cancerização radioinduzida, que só aparece vários anos após a irradiação.

O quadro clínico apresentado por um irradiado em todo o corpo depende da dose de radiação absor-
vida. A unidade para expressar a dose da radiação absorvida pela matéria é o Gray (Gy), definido como
a quantidade de radiação absorvida, correspondente a 1 Joule por quilograma de matéria.

Doses muito elevadas, da ordem de centenas de grays, provocam a morte em poucos minutos, possi-
velmente em decorrência da destruição de macromoléculas e de estruturas celulares indispensáveis à
manutenção de processos vitais.

Doses da ordem de 100 Gy produzem falência do sistema nervoso central, de que resultam: desorien-
tação espaço-temporal, perda de coordenação motora, distúrbios respiratórios, convulsões, estado de
coma e, finalmente, morte, que ocorre algumas horas após a exposição ou, no máximo, um ou dois
dias mais tarde.

Quando a dose absorvida numa exposição de corpo inteiro é de dezenas de grays, observa-se sín-
drome gastrointestinal, caracterizada por náuseas, vômito, perda de apetite, diarréia intensa e apatia.
Em seguida surgem desidratação, perda de peso e infecções graves. A morte ocorre poucos dias mais
tarde.

Doses da ordem de alguns grays acarretam a síndrome hematopoiética, decorrente da inativação das
células sanguíneas (hemácias, leucócitos e plaquetas) e, principalmente, dos tecidos responsáveis pela
produção dessas células (medula).

Para doses inferiores a 10 Gy, as possibilidades de uma assistência médica eficiente são maiores.

As radiações, como diversos agentes químicos, também têm efeito teratogênico, isto é, provocam alte-
rações significativas no desenvolvimento de mamíferos irradiados quando ainda no útero materno.

Inquestionavelmente, as radiações ionizantes são um agente mutagênico, conclusão válida para espé-
cies animais e vegetais, com base em resultados obtidos ao longo de seis décadas de experimentação.

Na espécie humana, a detecção de tais alterações é bastante difícil. Mesmo entre os sobreviventes de
Hiroshima e Nagasaki, a maior população irradiada até hoje e também a mais intensamente estudada,
a ocorrência de mutações radioinduzidas não foi satisfatoriamente demonstrada.

Sensibilidade Orgânica à Radiação

Fatores: Taxa de Reprodução, Suprimento de Oxigênio

A sensibilidade dos órgãos do corpo humano está relacionada ao tipo de células que os compõem. Por
exemplo, se as células formadoras do sangue são as mais sensíveis devido a sua taxa de reprodução
ser rápida, os órgãos formadores do sangue são os mais sensíveis à radiação. As células musculares
e nervosas são relativamente mais resistentes à radiação e, portanto, os músculos e o cérebro são
menos afetados.

A taxa de reprodução das células que formam um órgão não é o único critério para determinar a sen-
sibilidade geral. A importância relativa do órgão para o bem estar do corpo também é importante.

Um exemplo de sistema celular muito sensível é um tumor maligno. A camada externa de células se
reproduz rapidamente e também tem um bom suprimento de sangue e oxigênio. As células são mais
sensíveis quando estão se reproduzindo e a presença de oxigênio aumenta a sensibilidade à radiação.
Células com oxigênio insuficiente tendem a ser inativas, tais como as células localizadas no interior do
tumor maligno.

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Quando o tumor é exposto à radiação, a camada externa de células que estão se dividindo é destruída,
fazendo com que o tumor diminua de tamanho. Se o tumor receber uma alta dose para destruí-lo com-
pletamente, o paciente também poderá morrer. Assim, é aplicado uma dose baixa no tumor a cada dia,
possibilitando que o tecido são tenha chance de se recuperar de qualquer dano enquanto, gradual-
mente, diminui o tumor altamente sensível.

O embrião em desenvolvimento também é composto de células que se dividem muito rapidamente,


com bom suprimento de sangue e rico em oxigênio. Assim como a sensibilidade de um tumor, um
embrião sofre consequências com a exposição que diferem dramaticamente.

Sensibilidade à Radiação do Corpo Inteiro

A sensibilidade à radiação do corpo inteiro depende dos órgãos mais sensíveis, que por sua vez, de-
pende das células mais sensíveis. Como já visto, os órgãos mais sensíveis são aqueles envolvidos
com a formação do sangue e o sistema gastrointestinal.

Os efeitos biológicos no corpo inteiro dependerão de vários fatores, listados abaixo. Se uma pessoa já
é suscetível a uma infecção e receber uma alta dose de radiação pode ser mais afetado por ela do que
uma pessoa saudável.

São estes os fatores: dose total, tipo de célula, tipo de radiação, idade do indivíduo, estágio da divisão
celular, parte do corpo exposto, estado geral da saúde, volume de tecido exposto e intervalo de tempo
em que a dose é recebida.

Níveis de Exposição

Os efeitos biológicos da radiação são divididos em duas categorias. A primeira categoria consiste de
exposição à altas doses de radiação em breve intervalos de tempo, produzindo efeitos agudos de curta
duração. A segunda categoria é formada pela exposição à baixas doses de radiação num período de
tempo mais extenso, produzindo efeitos crônicos ou de longa duração. As altas doses tendem a matar
as células, enquanto as baixas doses tendem a danificar ou modificá-las. As altas doses podem matar
muitas células, danificando tecidos e órgãos. Isto pode provocar uma resposta rápida do corpo, conhe-
cida como Síndrome de Radiação Aguda. As baixas doses recebidas num longo período não causam
um problema imediato. Os efeitos de baixas doses ocorrem no nível celular e os resultados podem ser
observados depois de muitos anos passados.

Efeitos de Altas Doses

Toda exposição aguda não resulta em morte. Se um grupo de pessoas é exposto a doses de radiação,
os efeitos acima podem ser observados. A informação desta tabela foi retirada da NCRP Report No.
89, “Guidance on Radiation Received in Space Activities,” 1989. Na tabela, os valores de dose são o
limiar para início do efeito observado em pessoas mais sensíveis à exposição. Às vezes é difícil enten-
der por que algumas pessoas morrem, enquanto outras sobrevivem depois de serem expostas a
mesma dose de radiação. A principal razão para isto é a saúde dos indivíduos quando expostos e quais
são suas capacidade individuais em combater os efeitos incidentais da exposição à radiação, bem
como suas sensibilidades à infecções.

Efeitos de Altas Doses

Dose (Rad) Efeitos Observados

15–25 Mudança na contagem sanguínea do grupo

50 Mudança na contagem sanguínea de um indivíduo

100 Vômito (limiar)

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150 Morte (limiar)

320–360 DL 50/30* com cuidado mínimo

480–540 DL 50/30* com cuidados médicos

1.100 DL 50/30* com cuidados médicos intensivos (transplante de medula)

*DL 50/30 é a dose letal em que 50% dos expostos àquela dose morrerão dentro de 30 dias.

Além da morte, há outros efeitos de dose de alta radiação.

▪ Perda de Cabelo (epilação) é similar aos efeitos na pele e ocorre depois de doses agudas de cerca
de 500 Rad.

▪ Esterilidade pode ser temporária ou permanente em homens, dependendo da dose. Em mulheres, é


geralmente permanente, mas para isto requer-se doses altíssimas, da ordem de 400 Rad nas células
reprodutivas.

▪ Cataratas (turvamento da lente do olho) surgem para um limiar de dose de 200 Rad. Os nêutrons são
especialmente relacionados com as cataratas, devido ao fato do olho conter água e esta ser absorve-
dora de nêutrons.

Síndrome Órgãos Afetados Sensibilidade

Hematopoiética Órgãos formadores do sangue Altamente sensível

Gastrointestinal Sistema Gastrointestinal Muito sensível

Sistema Nervoso Central Cérebro e Músculos Menos sensível

▪ Síndrome Aguda de Radiação Se vários tecidos importantes e órgãos são danificados, pode-se pro-
duzir uma reação aguda. Os sinais iniciais e sintomas de SAR são náusea, vômito, fadiga e perda de
apetite. Abaixo de 150 Rad, estes sintomas que são diferentes daqueles produzidos por uma infecção
viral podem ser a única indicação externa de exposição à radiação. Acima de 150 Rad, uma das três
síndromes de radiação se manifestam dependendo do nível da dose.

Como visto, nada pode ser feito se a dose for muito alta e destruir o sistema gastrointestinal e o sistema
nervoso central. Por isto, nem sempre um transplante de medula é bem sucedido.

Resposta Biológica à Doses de Radiação

<> Nenhum efeito imediato é observado

5–50 Rad Ligeira variação na contagem do sangue

Ligeira variação na contagem do sangue e sintomas de náusea, vômito, fadiga,


50–150 Rad etc.

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Severas mudanças no sangue serão notadas e os sintomas aparecem imediata-


mente. Aproximadamente 2 semanas depois, algumas pessoas expostas morrem.
Aqueles expostos a 300-500 Rad, até a metade morrerão dentro de 30 dias sem
tratamento médico intensivo. A morte ocorre devido a destruição dos órgãos for-
madores do sangue. Sem glóbulos brancos, as infecções aparecem. Na margem
inferior desta faixa de dose, o isolamento, antibióticos e transfusões podem ajudar
150–1.100 a medula a gerar novas células e o paciente poderá se recuperar totalmente. Na
Rad margem superior desta faixa, é necessário um transplante de medula.

A probabilidade de morte aumenta para 100% dentro de 1 ou 2 semanas. Os sin-


tomas iniciais aparecem imediatamente. Poucos dias depois, há uma piora drás-
tica, devido à destruição do sistema gastrointestinal. Uma vez que o sistema gas-
1.000–2.000 trointestinal pára de funcionar, nada pode ser feito e o tratamento médico é ape-
Rad nas um paliativo para a dor.

A morte é uma certeza. Em doses acima de 5.000 Rad, o sistema nervoso central
(cérebro e músculos) não consegue mais controlar as funções corporais, como
respiração e circulação sanguínea. A morte ocorre dentro de dias ou horas. Nada
> 2.000 Rad pode ser feito.

Determinação dos Efeitos Biológicos

Para qualquer agente biologicamente perigoso é muito difícil correlacionar a dose administrada com a
resposta ou o dano provocado. A quantidade de dano no caso da radiação pode ser a frequência de
uma dada anormalidade na célula de um animal versus a dose recebida.

Há algumas evidências de que os efeitos genéticos da radiação constituem um fenômeno linear e uma
das suposições fundamentais no estabelecimento de normas de proteção radiológica e no controle da
atividade da radiação em programas de saúde pública tem sido levar em conta o efeito linear da radia-
ção. Portanto, é sempre suposto algum grau de dano quando a população é exposta a pequena quan-
tidade de radiação.

Esta suposição torna a tarefa de estabelecer normas de proteção à radiação muito ingrata.

Levando-se em conta que os seres vivos apresentam certo grau de radiossensiblidade ou radioresis-
tência, normalmente, tem-se trabalhado com uma curva de dose e resposta limiar, isto é, a partir de um
determinado valor de dose haverá um efeito associado, e não mais quando a radiação se torna infima-
mente presente.

Modelo de Risco Linear

É de consenso geral entre especialistas que os riscos da radiação estão relacionados a um modelo
linear proporcional e não a um modelo limiar, que a partir de determinado valor comecem a aparecer
os efeitos.

Tais estimativas de risco são estritamente aplicáveis a uma população irradiada e não a um indivíduo.
Para estimativas individuais, a Probabilidade de Causas (PC) é frequentemente usada, levando-se em
consideração não apenas a dose, mas também fatores adicionais que podem influenciar o desenvolvi-
mento de efeitos específicos em determinado indivíduo.

A exposição à radiação não é garantia de males. Mas, devido a um modelo linear, quanto mais expo-
sição, mais risco e não há dose de radiação tão pequena que não produza um efeito colateral.

Efeitos da Exposição à Baixas Doses de Radiação

Há três categorias gerais para os efeitos resultantes à exposição à baixas doses de radiação.

▪ Efeitos Genéticos –sofrido pelos descendentes da pessoa exposta

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EFEITOS BIOLÓGICOS DAS RADIAÇÕES

▪ Efeitos Somáticos –primariamente sofrido pelo indivíduo exposto. Sendo o câncer o resultado primá-
rio, diz-se muitas vezes Efeito Carcinogênico.

▪ Efeitos In-Utero –Alguns erradamente consideram estes como uma consequência genética da expo-
sição à radiação, porque o efeito é observado após o nascimento, embora tenha ocorrido na fase em-
brionária/fetal. No entanto, trata-se de um caso especial de efeito somático, porque o feto é exposto à
radiação.

Efeitos Genéticos: mutação da células reprodutivas transmitidas aos descendentes de um indi-


víduo exposto

Os efeitos genéticos atingem especificamente as células sexuais masculinas e femininas, espermato-


zóides e óvulos. As mutações são transmitidas aos descendentes dos indivíduos expostos.

A radiação é um agente mutagênico físico. Há também agentes químicos, bem como agentes biológi-
cos (vírus) que causam mutações.

Um fato importante a lembrar é que a radiação aumenta a taxa de mutação espontânea, mas não
produz quaisquer novas mutações. Entretanto, uma possível razão para que os efeitos genéticos re-
sultantes de exposição a baixas taxas de dose não tenham sido observados é que as células reprodu-
tivas podem espontaneamente absorver ou eliminar estas mutações nos primeiros estágios da fertili-
zação.

Nem todas as mutações são letais ou prejudicam o indivíduo, porém é mais prudente considerar que
todas as mutações são ruins, e assim, pela norma NRC (10 CFR Part 20), a exposição à radiação deve
ser a mínima absoluta ou As Low As Reasonably Achievable (ALARA). Isto é particularmente impor-
tante, pois qualquer que seja a dose sempre haverá um efeito proporcional à ela, sem haver um limiar
para início dos efeitos.

Efeitos Somáticos em Indivíduos Expostos

O resultado primário é o câncer. Os efeitos somáticos (carcinogênicos) são, de uma perspectiva ocu-
pacional de risco, os mais significativos, principalmente para os trabalhadores da área que podem ter
consequências na sua saúde, a saber, o câncer. A radiação é um exemplo de agente físico carcinogê-
nico, enquanto o cigarro é um exemplo de agente químico que causa câncer e os vírus, agentes bioló-
gicos. Diferente dos efeitos genéticos da radiação, o câncer radioinduzido é bem documentado. Muitos
estudos foram realizados que indicam a relação entre radiação e o câncer. Alguns indivíduos estudados
e os cânceres induzidos:

▪ câncer de pulmão–trabalhadores de minas de urânio

▪ câncer dos ossos–pintores de mostrador de relógio à base de rádio

▪ câncer de tiróide–pacientes em terapia

▪ câncer de seio–pacientes em terapia

▪ câncer de pele–radiologistas

▪ leucemia–sobreviventes de explosões de bombas, exposição intra-uterina, radiologistas, pacientes


em terapia

Efeitos intra-uterinos em Embriões/Fetos

Os efeitos podem ser

▪ morte intrauterina

▪ retardamento no crescimento

▪ desenvolvimento de anormalidades

▪ cânceres na infância

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EFEITOS BIOLÓGICOS DAS RADIAÇÕES

Os efeitos intrauterinos envolvem a produção de mal formações em embriões em desenvolvimento. A


radiação é um agente físico teratogênico. Há muitos agentes químicos (como a talidomida) e muitos
agentes biológicos (como os vírus que causam sarampo) que também podem produzir mal formações
enquanto o bebê ainda está no estágio de desenvolvimento embriônico ou fetal. Os efeitos da exposi-
ção intra-uterina podem ser considerados como subconjunto de uma categoria geral de efeitos somá-
ticos. As mal formações produzidas não indicam um efeito genético, pois quem está sendo exposto é
o embrião e não as células reprodutivas dos pais. Os efeitos da exposição intra-uterina dependerão do
estágio de desenvolvimento fetal.

Semanas após a concepção Efeito

0-1 (pré-implantação) morte intrauterina

retardamento no crescimento/desenvolvimento
2-7 (organogênese) de anormalidades/câncer

o mesmo acima com menor risco, associado com


8-40 (estágio fetal) possíveis anomalias funcionais

Risco de Radiação

Há riscos associados com qualquer valor de exposição à radiação. Os riscos aproximados para as três
categorias de efeitos de exposição a baixos níveis de radiação são:

Efeito Casos de Excesso para 10.000 por Rad

Genético 1 para 2

Somático (câncer) 2 para 10

In-Utero (câncer) 2 para 6

Intra-uterino (todos os efeitos) 10 para 100

Genético

Os riscos de exposição a 1 Rem de radiação aos órgãos reprodutores são de aproximadamente 50 a


1.000 vezes menor que o risco espontâneo para várias anomalias.

Somático

Para cânceres radioinduzidos, o risco estimado é pequeno se comparado a uma incidência normal de
1 a 4 chances de desenvolver qualquer tipo de câncer. No entanto, nem todos os cânceres estão as-
sociados à exposição à radiação. O risco de morte devido a um câncer radioinduzido é a metade do
risco de adquirir um câncer.

Intra-uterino

Os riscos espontâneos de anormalidades fetais é de cerca de 5 a 30 vezes maior do que o risco de


exposição a 1 Rem de radiação. No entanto, o risco de câncer em crianças devido à exposição intra-
uterina é quase o mesmo que o risco para adultos expostos à radiação. Devido a sensibilidade intrau-
terina, a NRC, em 10 CFR Part 20, requer que em mulheres grávidas, a dose de radiação seja mantida
abaixo ou igual a 0.5 Rem durante toda a gestação, o que é um décimo da dose anual permitida para

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EFEITOS BIOLÓGICOS DAS RADIAÇÕES

trabalhadores ocupacionais. Este limite se aplica para a trabalhadora que declarar por escrito seu es-
tado de gravidez, senão aplicam-se os limites convencionais.

Obs.: Unidades de Atividade e Exposição.

A atividade de uma amostra com átomos radioativos (ou fonte radioativa) é medida em:

▪ 1 Bq (Becquerel) = uma desintegração por segundo

▪ 1 Ci (Curie) = 3,7 x 1010 Bq

▪ 1 Sievert = 100 rem

▪ 1 Gray = 100 rad

Efeitos biológicos da radiação ionizante

É de conhecimento de todos que os raios X, por serem radiação ionizante, são bastante prejudiciais à
saúde do ser humano. No entanto, ainda não se sabe qual o grau de nocividade dos raios X nos níveis
de diagnóstico. Como os benefícios do radiodiagnóstico são muito grandes, é muito importante que
físicos médicos, técnicos de radiologia e médicos radiologistas trabalhem com o objetivo de obter ima-
gens radiográficas de boa qualidade com a menor exposição possível do paciente.

Quando expostas à radiação ionizante, as células podem sofrer danos devido à ação de eventos físicos,
químicos e biológicos, que começam com a interação da radiação com os átomos que formam essas
células. A ionização dos átomos afeta as moléculas, que poderão causar danos às células e, conse-
quentemente, aos tecidos e órgãos, até afetarem o funcionamento do corpo inteiro.

Os eventos físicos são sofridos pelos átomos e incluem ionização e excitação. Esses eventos podem
levar à ruptura de ligações moleculares e formação de radicais livres, que são os eventos químicos.
Tanto os eventos físicos quanto os químicos podem levar aos efeitos biológicos. Entretanto, alguns
eventos não prejudiciais podem ocorrer, como: a radiação atravessa o corpo do paciente sem sofrer
interações ou causar danos; a radiação danifica a célula, mas esta é reparada adequadamente; ou a
radiação mata a célula ou impede que ela se reproduza, mas sem provocar maiores danos aos teci-
dos. O problema maior acontece quando os eventos físicos e químicos provocam a reprodução er-
rada das células, podendo causar aberrações ou mutações celulares, que podem levar à carcinogê-
nese, por exemplo.

Nesse contexto, há a radiobiologia, que é o estudo dos efeitos da radiação ionizante no tecido bioló-
gico. Seu objetivo é descrever com maior precisão os efeitos da radiação nos seres humanos para
que ela possa ser usada com mais segurança para o diagnóstico e com mais eficiência para a tera-
pia. Para isso, estuda-se a interação da radiação com as células, tecidos e órgãos através da análise
de DNA e RNA, sobrevivência celular, cinética do ciclo celular, aberrações e rearranjos cromossômi-
cos, e indução de morte celular (apoptose e necrose).

Os efeitos biológicos podem ocorrer após exposição do corpo inteiro ou de partes do corpo a doses
de radiação não necessariamente muito altas. Por isso, o cuidado que se deve ter mesmo com níveis
baixos de radiação, como no caso do radiodiagnóstico. Esses efeitos podem ser divididos em efeitos
somáticos e hereditários.

• Efeitos somáticos:

São aqueles que surgem apenas na pessoa que sofreu a exposição à radiação, não afetando futuras
gerações. A gravidade desses efeitos depende basicamente da dose recebida e da região atingida.
Exemplos de efeitos somáticos incluem queimaduras, vômitos, cefaleia, diarreia, infecções, anemia,
obstrução de vasos, ou em casos mais graves de exposição, mutações do DNA, morte celular e cân-
cer.

• Efeitos hereditários:

São resultados de danos em células de órgãos reprodutores e atingem os descendentes da pessoa


que sofreu a irradiação. Eles incluem as mutações celulares.

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EFEITOS BIOLÓGICOS DAS RADIAÇÕES

Os efeitos somáticos classificam-se em imediatos e tardios. Quando os efeitos biológicos surgem em


até alguns dias após a exposição, eles são chamados de efeitos imediatos. A Síndrome Aguda de
Radiação é um desses efeitos. Quando há exposição do corpo inteiro a doses elevadas de radiação,
vários tecidos e órgãos são danificados, podendo causar uma reação aguda, cujos sintomas são náu-
sea, vômito, fadiga e perda de apetite.

Por outro lado, há efeitos que surgem apenas meses ou anos após a irradiação, e são chamados de
efeitos tardios. O efeito tardio de maior importância é o câncer.

Relação dos efeitos

Efeitos imediatos:

- Síndrome aguda de radiação


• Síndrome hematológica
• Síndrome gastrointestinal
• Síndrome do sistema nervoso central

- Dano tecidual local


• Pele
• Gônadas
• Extremidades
• Medula óssea

- Dano citogenético

Efeitos tardios:

- Leucemia

- Outras doenças malignas:


• Câncer ósseo
• Câncer de pulmão
• Câncer de tireoide
• Câncer de mama

- Dano tecidual local


• Pele
• Gônadas
• Extremidades

- Redução do tempo de vida

- Dano genético Como dito anteriormente, a irradiação do corpo inteiro pode causar uma reação
aguda, que tem sintomas menos graves como vômito ou perda de apetite. Entretanto, se a dose for
bastante alta, as síndromes abaixo podem se manifestar:

• Síndrome hematológica: afeta as estruturas que formam o sangue e são altamente sensíveis à radi-
ação. É caracterizada pela redução de leucócitos, hemoglobina e plaquetas.

• Síndrome gastrointestinal: afeta órgãos do sistema gastrointestinal que são muito sensíveis à radia-
ção. É caracterizada principalmente por danos severos a células que revestem o intestino.

• Síndrome do sistema nervoso central: afeta cérebro e músculos que são menos sensíveis à radia-
ção. É caracterizada pelo aumento da pressão intracraniana, inflamação dos vasos sanguíneos e me-
ningite.

Como o cérebro e os músculos são menos sensíveis à radiação, é necessária uma dose extrema-
mente alta para causar a síndrome do sistema nervoso central. Nesses casos, o tempo de vida da
pessoa exposta é extremamente curto.

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EFEITOS BIOLÓGICOS DAS RADIAÇÕES

Danos locais também podem ocorrer devido à irradiação. Nesses casos, a dose a que apenas uma
parte do copo é exposta para produzir um efeito biológico deve ser maior do que no caso de irradia-
ção do corpo inteiro. Os tecidos que são afetados imediatamente após a irradiação são pele, gônadas
e medula óssea.

A exposição de mulheres grávidas à radiação pode causar sérios efeitos biológicos ao feto, que não
são efeitos hereditários, mas sim somáticos, pois o próprio feto é exposto à radiação:

• Morte pré-natal
• Morte neonatal
• Má formação congênita
• Câncer infantil
• Desenvolvimento e crescimento diminuídos

Outro ponto importante desse tópico é a radiossensibilidade celular, ou seja, diferentes tipos de célu-
las do corpo humano possuem diferentes respostas à radiação. A sensibilidade da célula à radiação é
determinada pela sua maturidade, taxa de reprodução e função. Células que estão em constante re-
produção são altamente sensíveis à radiação, podendo sofrer morte ou mutação. Já células mais len-
tas são menos sensíveis e sofrem efeitos de menor seriedade; elas precisam ser exposta à radiação
bastante alta para sofrerem danos mais graves.

Como dito anteriormente, ainda não se sabe quais são os reais riscos da irradiação de baixa dose,
como no caso da exposição durante exames radiográficos. Entretanto, sabe-se que os riscos de apa-
recimento de efeitos biológicos não segue um modelo de limiar, ou seja, eles não se manifestam a
partir de um determinado valor de dose absorvida. Na verdade, há um risco linear, ou seja, quanto
mais os tecidos são expostos, maiores os riscos.

Portanto, desde o surgimento dos primeiros efeitos biológicos da radiação ionizante, há um grande
esforço no desenvolvimento de equipamentos, técnicas e procedimentos para o controle dos níveis
de exposição de pacientes, trabalhadores e público em geral à radiação.

Efeitos Biológicos da Radiação

Organismos expostos aos efeitos da radiação sofrem algumas alterações estruturais. As fontes de
radiação, como as radiografias e outros exames médicos de diagnóstico, colocam os seres humanos
em contato direto com radiações ionizantes capazes de causar, no longo prazo, algumas alterações
químicas nas células.

Os efeitos biológicos da radiação podem variar de acordo com a quantidade de radiação recebida
pelo organismo, o tempo de exposição à radiação, entre outros fatores. O efeito biológico da radiação
sobre os indivíduos pode levar ao surgimento de doenças, como o câncer, por exemplo.

A exposição à radiação X ou gama tem o potencial de reduzir os leucócitos, hemácias e plaquetas,


alterando a contagem dos elementos no sangue e causando a morte celular. A radiação causa um
desequilíbrio no organismo e altera as funções de alguns órgãos. Uma das principais consequências
é o aparecimento de um tumor cancerígeno.

O exemplo do Japão

Um exemplo bastante conhecido de exposição em massa à radiação aconteceu no Japão, depois


dos ataques norte-americanos em Hiroshima e Nagasaki. Nestas regiões, os japoneses desenvolve-
ram leucemia e outros tipos de câncer. Os danos e efeitos biológicos foram proporcionais ao nível
de radiação recebido por cada indivíduo

Informações importantes sobre a radiação

Em média, o tempo para o desenvolvimento e detecção de um câncer por causa de radiação é de até
40 anos, mas nos casos de leucemia, o tempo máximo varia de 5 a 7 anos.

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EFEITOS BIOLÓGICOS DAS RADIAÇÕES

A radiação provoca prejuízos diretos aos tecidos e órgãos. Além disso, esse contato também gera
efeitos genéticos e hereditários, o que significa que uma pessoa exposta à radiação tem chances de
transmitir aos seus descendentes os danos causados às células.

Os primeiros efeitos biológicos da radiação incluem a radiodermite, que se manifesta na pele por
meio de lesões. A longo prazo, o organismo sofre danos severos e irreparáveis, que podem levar à
morte.

Até as fontes mais cotidianas de radiação, como os raios-X, podem causar uma divisão celular ace-
lerada, com potencial para a formação de tumores, anemias e mutações genéticas com o passar dos
anos. Por isso, é essencial garantir níveis seguros de radiação e evitar o contato constante dos seres
humanos com esse tipo de isótopo radioativo.

Vale lembrar que toda radiação recebida é cumulativa. Por essa razão, os profissionais que traba-
lham com radiografias e exames médicos necessitam de um avental de chumbo para proteção pes-
soal. A intensidade da fonte radioativa também precisa ser controlada, a fim de evitar os efeitos
biológicos nocivos.

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