Você está na página 1de 7

Efeitos das radiações ionizantes

1/7

Efeitos das radiações


ionizantes
Efeitos das radiações ionizantes
2/7

INTRODUÇÃO

Radiação é a energia que se propaga através de uma fonte emissora, apresentando-se


em forma de partículas atômicas ou subatômicas energéticas (partículas alfa, elétrons, pósitrons,
prótons, nêutrons, etc.). Essas partículas podem ser produzidas em aceleradores de partículas ou
reatores, ou então podem ser emitidas espontaneamente de núcleos dos átomos radioativos. A
radiação pode se apresentar também em forma de onda eletromagnética, constituída de campo
elétrico e campo magnético oscilantes, que se propagam no vácuo com a velocidade da luz.

A radiação ionizante especificamente é aquela capaz de retirar um elétron do átomo, num


processo chamado ionização. Com isso, forma-se um íon negativo (elétron ejetado) e outro positivo
(átomo que perdeu o elétron). Somente os raios X e gama são radiação ionizante. Em radiobiologia,
considera-se como ionizante a radiação com energia maior que 10eV. Os seres humanos possuem
mecanismos que conferem uma proteção contra as radiações ionizantes.

As fontes de radiação ionizante podem ser naturais ou não naturais. Como exemplos de
fontes naturais temos os raios cósmicos e os radionuclídeos provenientes do centro da terra,
encontrados no solo, rochas, água e no próprio corpo humano. Já as fontes não naturais são
comumente encontradas nos ambientes de saúde (raio-x, tomografia computadorizada e
radioterapia) e na geração de energia (usinas nucleares).

O risco de câncer proveniente dessa exposição depende da dose, da duração da exposição,


da forma de exposição (corpo inteiro ou localizada), da idade em que se deu a exposição e de
outros fatores como, por exemplo, a sensibilidade dos tecidos frente aos efeitos carcinogênicos da
radiação.

Tipos de efeitos biológicos das radiações ionizantes:

● Efeitos estocásticos: Os efeitos estocásticos causam uma alteração aleatória no DNA de


uma única célula que, no entanto, continua a reproduzir-se. Levam à transformação celular,
de forma que os efeitos hereditários são estocásticos. Quanto maior a dose de radiação,
maior a chance que ocorra esse tipo de dano. O organismo tem mecanismos para controlar
as células lesadas, porém, quando há falha, pode haver a evolução para um câncer.

● Efeitos determinísticos: Causam morte celular. Quanto maior a dose, mais severo o dano.
Quando a destruição celular não pode ser compensada, ocorrem os efeitos clínicos.

o Exemplos: leucopenia, náuseas, anemia, catarata, esterilidade, hemorragia, etc.


Efeitos das radiações ionizantes
3/7

SÍNDROME AGUDA DA RADIAÇÃO

Consiste na exposição à radiação num intervalo curto de tempo até alguns dias, tendo
seus efeitos variados conforme a dose. Se a dose total absorvida pelo corpo foi de 0,25 a 1 Gy,
algumas pessoas podem ter náuseas, diarreia e depressão do sistema sanguíneo. Se a dose foi
entre 1 e 3 Gy, além dos sintomas anteriores, pode ter forte infecção causada po oportunistas. Entre
3 e 5 Gy pode ocorrer hemorragia, perda de pelos e esterilidade temporária ou permanente. Ao
redor de 10 Gy ocorre inflamação pulmonar e, para doses maiores, os efeitos são lesões no sistema
nervoso e cardiovascular que podem culminar em morte.

Danos radioinduzidos ao DNA:

O DNA é responsável pela codificação de todas as enzimas celulares, sendo essencial na


manutenção dos processos biológicos. Ao sofrer ação direta das radiações (ionização) ou indireta
(através do ataque de radicais livres) a molécula de DNA expõe basicamente dois tipos de danos:
mutações gênicas e quebras.

Figura 01. Efeitos das radiações sobre a molécula de DNA.

Fonte: Nouailhetas, Y. Comissão Nacional de Energia Nuclear. Apostila educativa – Radiações ionizantes e
a vida.

As mutações gênicas são alterações induzidas na molécula de DNA que resultam na perda ou na
transformação de informações codificadas na forma de genes. A quebra de moléculas resulta na
perda da integridade física do material genético (quebra da molécula).

A quebra do DNA pode levar a morte celular e interfere na reprodução das células. Pode haver
também um rearranjo dos fragmentos resultantes das quebras, surgindo cromossomos aberrantes.
Efeitos das radiações ionizantes
4/7

Efeitos agudos

Náuseas, fraqueza, perda de cabelo, queimaduras na pele ou diminuição da função orgânica.


Pacientes tratados com radiação frequentemente experimentam os efeitos agudos, devido à
exposição em altas doses.

Efeitos crônicos

A radiação pode causar alterações no DNA, levando como principal consequência o câncer.

Câncer radioinduzido:

As mutações no genoma causadas pelas radiações podem levar ao câncer. Já são observadas
associações conforme a tabela a seguir:

Tipo de radiação Câncer em humanos

Glândula salivar, esôfago, estômago, cólon,


pulmão, ossos, mama, bexiga, rim, pele,
Raio X e Raios Gama
cérebro e sistema nervoso central (SNC),
tireoide e leucemia.

Partículas alfa Pulmão e leucemia.

Tireoide, leucemia, glândula salivar, osso e


Partículas beta
sarcoma.
Efeitos das radiações ionizantes
5/7

Figura 02. Consequências da irradiação da molécula de DNA.

Fonte: Nouailhetas, Y. Comissão Nacional de Energia Nuclear. Apostila educativa – Radiações ionizantes e
a vida.

Efeitos das radiações nas células e nos tecidos:

Nos seres humanos adultos, grande parte dos tecidos é formado por células diferenciadas, ou seja,
que pouco se dividem (ex: ossos, músculo, fígado, rins, pulmões e coração). No caso das células
nervosas, elas são incapazes de se dividirem. As células que não se dividem podem acumula
quebras de DNA e mutações sem comprometer as funções orgânicas.

As células com alta taxa de divisão são mais susceptíveis aos efeitos das radiações. Quando uma
lesão no DNA resultar quebra da molécula, a célula passa a ter dificuldade em dividir o material
genético entre as células filhas, que podem morrer após uma ou duas divisões subsequentes.

Sistema hematopoiético:

É encontrado no baço, timo, nódulos linfáticos e na medula óssea vermelha, sendo formado por
células tronco pluripotenciais que originam os elementos figurados do sangue (glóbulos brancos,
glóbulos vermelhos e plaquetas). A radiação pode destruir as células tronco pluripotenciais,
causando a Síndrome do Sistema Hematopoiético, em que não há a reposição dos elementos
figurados do sangue. O indivíduo desenvolve um quadro de imunodeficiência grave, anemia e
propensão a hemorragias e infecções.
Efeitos das radiações ionizantes
6/7

Síndrome gastrointestinal:

A radiação ionizante acomete principalmente a camada mais interna dos tecidos de recobrimento
(pele, tecidos de revestimento do sistema gastrointestinal, tecidos de recobrimento das glândulas,
etc.), pois nessa camada que tem células menos diferenciadas. Como essa camada é a responsável
pela reposição de células do tecido, a consequência dessas radiações é a formação de úlceras. As
ulcerações intestinais são praticamente irreversíveis.

Efeito das radiações nas linhagens germinativas:

Feminina. Na fase fetal, devido a intensa proliferação das células germinativas, é o momento em
que as mulheres são mais susceptíveis à ação das radiações. Com isso, pode haver um
comprometimento da fecundidade. Ao nascer, a menina já tem todos os ovócitos primários que
serão recrutados durante sua fase reprodutiva (menacme). A parit daí, se a mulher for exposta a
radiação, esses ovócitos sofrem danos e, se ocorrer a fecundação, dificilmente há uma evolução
satisfatória.

Masculina. A produção de espermatozoide é extremamente vulnerável à ação das radiações, pois


são células em constante proliferação. Porém, como o homem possui células primordiais da
linhagem germinativa durante toda sua vida, sempre haverá reposição dessas células, no caso de
danos secundários à radiação. Para que ocorra a esterilização é necessária uma dose muito alta.

REFERÊNCIAS

1. Nouailhetas, Y. Comissão Nacional de Energia Nuclear. Apostila educativa – Radiações


ionizantes e a vida.
2. Azevedo, ACP. Radioproteção em serviços de saúde. FIOCRUZ.
3. INCA. Radiações ionizantes. Disponível em: <https://www.inca.gov.br/exposicao-no-
trabalho-e-no-ambiente/radiacoes/radiacoes-ionizantes>
4. Okuno, E. Efeitos biológicos das radiações ionizantes. Acidente de Goiânia. Estudos
avançados 27 (77), 2013
Efeitos das radiações ionizantes
7/7

Você também pode gostar