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Estudos de Mídia Social 2015; 1(2): 143-149


ISSN: 2147-3366 (Impresso) 2148-7502 (Online)
DOI: 10.15340/2147336612872

Artigo de Pesquisa

Tutoriais no YouTube. Um estudo


na perspectiva das humanidades digitais
Carolina Gruffat1*
1 Universidade de Buenos Aires, Argentina

Resumo: Este artigo estuda a influência da cultura vlogger em vídeos tutoriais do YouTube, sob a perspectiva das
Humanidades Digitais (Manovich, 2011; Moretti, 2007). A amostra estudada consiste em 300 vídeos tutoriais de 30 canais
sobre diferentes assuntos. Da amostra selecionada, 41,33% apresentam duas características distintas dos vlogs (Aymar,
2009): um apresentador na tela que olha para a câmera e fala diretamente com o público e o uso de close-ups e planos
médios. Nossa pesquisa foca no impacto da adoção dos atributos estilísticos dos vlogs nas interações com o público.
Descobrimos que os “vlogs-tutoriais” têm mais visualizações, “curtidas” e comentários do que outros tutoriais, incentivando
uma maior participação dos usuários. Em seguida, analisamos o “tom emocional” da conversa do público a partir de uma
“leitura distante” (Moretti, 2007) utilizando ferramentas de visualização para ver relações entre elementos, padrões e
formas, em vez de detalhes. A última seção analisa qual formato é predominante nos tutoriais: ou uma narrativa, que
tradicionalmente domina a cultura humana, ou um banco de dados, típico da cultura de software (Manovich, 2006). As
noções de paradigma e sintagma de Saussure são usadas para teorizar a relação entre banco de dados e narrativa.

Palavras-chave: Humanidades Digitais, YouTube, Mídias Sociais, Vlogging, Cultura de Software.

* Carolina Gruffat, FCE-Universidade de Buenos Aires, Escola de Pós-Graduação FCE-UBA: Av.


Córdoba 2122, 2º andar (C1120AAQ), Ciudad Autónoma de Buenos Aires, Argentina
E-mail: carogruffat@gmail.com

1. Introdução

Este artigo resume os primeiros resultados de uma pesquisa colaborativa intitulada “Projeto YouTube”, realizada
em 2014 na Universidade de Buenos Aires (UBA) com a participação de estudantes avançados do Bacharelado
em Ciências da Comunicação. O projeto visa estudar o YouTube como um software cultural para “distribuir, acessar
e combinar (ou “publicar”, “compartilhar” e “remixar”) mídias” (Manovich, 2008, p.24). Os estudos de software são
uma alfabetização computacional emergente, transdisciplinar e que necessita de novas metodologias como a
“leitura à distância” (Moretti, 2007) que permite processar e dar sentido a uma grande quantidade de dados.

O YouTube é um elemento-chave na forma como pensamos sobre a nossa experiência online e cultura digital.
Como afirma Uricchio (Op. cit. Kavoori, 2011, p.3), “o YouTube se destaca como um importante site de agregação cultural...
(...) onde vídeos, comentários, ferramentas, dispositivos de rastreamento e lógicas de heirarquização de diversos tamanhos
todos se combinam em um todo dinâmico e contínuo”. Decidimos focar em um tipo específico de conteúdo: vídeos tutoriais.

Dois fenômenos convergem nos tutoriais do YouTube: o “Do It Yourself” (DIY) e a cultura vlogger. Vlogs (logs
de vídeo da Web, blogs de vídeo ou logs de vídeo) são considerados uma expressão de si mesmo.
Espera-se que sejam reflexos de pessoas reais ou, pelo menos, aspectos de personalidades reais. Aymar (2009)
estuda as regras e códigos do vlogging; “um conjunto de padrões que o distingue como “real” e “sincero” versus
“falso”, “insincero” e “profissional”. Centrado em si mesmo e na comunidade em oposição a centrado no público ou
no mercado, para enquadrar de outra forma”.
Este artigo começa questionando se é possível falar em regras semelhantes no caso dos tutoriais do YouTube,
e se existe alguma relação entre a adoção dessas regras e as interações com o público. O problema a examinar
está no cerne das práticas sociais e

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players emergentes na plataforma de mídia. Quais indicadores de análise devemos considerar relevantes
para mostrar aquelas regras utilizadas por diferentes tipos de “uploaders” e bem conhecidas pelo público?
O artigo examina 300 tutoriais em vídeo pertencentes a 30 canais de assuntos diversos -incluindo música, culinária,
maquiagem, videogames, dança, esportes-. De cada canal do YouTube foram selecionados 10 vídeos. Para analisar o
conteúdo visual dos vídeos, foram captadas 10 imagens para cada um. Esse banco de dados de quase 300 imagens foi
processado por softwares de visualização como Many Eyes, Infogr.am, Wordle, Voyant, que permitem estudar os padrões
culturais a partir de uma grande quantidade de dados.

A primeira seção analisa os atributos estilísticos dos tutoriais no âmbito da cultura do “transmitir-se” e do
conjunto de regras e códigos do vlogging (Aymar, 2009). Além disso, como o YouTube se baseia na linguagem
da celebridade (Kavoori, 2011), questionamo-nos se a forte presença do “youtuber” desloca o tema do tutorial
do centro das atenções.
A segunda secção centra-se na cultura participativa em torno do vídeo (Jenkins, 2008) incluindo “gostos”,
comentários e respostas aos vídeos, o que gera um feedback positivo. Analisamos também se essa
participação ainda é vista “fora” do YouTube, em outras redes sociais como Facebook, Twitter e Google+. Os
comentários do público são analisados com ferramentas de visualização para descrever o “tom emocional”
que a conversa do público tem.
A última seção analisa se predomina a narrativa linear ou o formato de banco de dados nos tutoriais,
seguindo a distinção observada por Manovich (2006). Propomos uma categorização de paradigmas de acordo
com o grau de complexidade que cada formato introduz neste quadro.

2. Metodologia A

metodologia utilizada neste artigo corresponde às Humanidades Digitais (DH) (Berry, 2011; Manovich, 2008;
Moretti, 2007) e integra técnicas de estudos de software para a análise de mídias sociais visuais (Hochman &
Manovich, 2013). A mudança epistemológica proposta por DH envolve passar do estudo dos casos
excepcionais -e dos detalhes- a uma grande massa de fatos. Ou seja, trabalhar com abundância e não com
escassez (Berry, 2011).
Moretti (2007) define esse novo método de estudo como “leitura à distância”, em oposição à “leitura
atenta”, tradição anglo-saxônica baseada no estudo de um determinado texto. A leitura à distância utiliza
gráficos, mapas e árvores que são resultado de um processo de abstração e redução da grande quantidade
de informações contidas. Neste novo modelo, a distância não é um obstáculo ao conhecimento, mas é uma
das suas formas específicas, permitindo uma melhor compreensão das relações, padrões e formas (Moretti,
2007). Não precisamos mais escolher entre tamanho e profundidade dos dados, nos termos de Manovich
(2011).
Estudar as mídias sociais implica também a mudança na noção do objeto de estudo, que deixa de ser
estático ou fechado, mas passa a ser um “fluxo” de dados em tempo real, com diferentes modulações e
granularidade (Berry, 2011). Sua análise requer trabalhar com ferramentas de visualização que desenvolvam
modelos abstratos que permitam traçar padrões ou relações entre elementos.
A coleta de vídeos foi organizada em torno das seguintes variáveis: (i) tipo de plano dominante -com os
seguintes valores: close-up, close-up médio, plano médio, plano amplo-, (ii) presença/ausência do apresentador
ou “youtuber” , (iii) tipo de edição - não editada, edição simples, edição complexa, (iv) narrativa (sintagmática) /
base de dados (paradigmática), (v) número de visualizações, (vi) número de “curtidas”, (vii) número de
comentários ou respostas.

3. Breve genealogia da cultura do “transmita-se”


Este artigo inclui estudos de diversas disciplinas. Em primeiro lugar, o texto de Aymar (2009), intitulado Vlogs
reais: as regras e os significados dos vídeos pessoais online, examina o conjunto de regras e códigos do
vlogging a partir de uma perspectiva de literacia cultural e mediática. Sua análise descreve o conjunto de
regras que constroem o vlogging como uma expressão de sinceridade, com foco na comunidade; em oposição
a produções profissionais e focadas no mercado.
Aymar (2009) argumenta que há uma expectativa de realismo nos vlogs, de mostrar e ver algo “real”
-uma espécie de “honestidade” revolucionária (Serfaty, 2004. Op. cit. Aymar, 2009)-. Reforçando esta ideia,
White (2006), autora de um estudo sobre mulheres e webcams, afirma que assistir a uma webcam é uma
atividade “íntima”, na qual o espectador é envolvido pela imagem. Contudo, este “realismo” é construído a
partir de uma série de convenções, algumas das quais advêm do movimento do

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webcam – como levar a câmera até o ator ou seu olhar para a câmera – enquanto outros vêm do cinema e da televisão.

Os primeiros vlogs são os exemplos mais próximos do slogan do YouTube “transmita-se” e têm quatro características
em comum, que lançaram as bases para a sua própria estética: (i) o vlogger está olhando para a câmera, (ii) a perspectiva
visual mais comum são os planos em close e médio close, (iii) fornecem informações sobre si mesmos, incluindo opiniões,
gostos, hobbies, etc., e (iv) os vídeos são editados (com pelo menos dois cortes) (Aymar, 2009).

Outros recursos menos comuns, mas populares, são o uso de texto na tela, o uso de efeitos que manipulam a
imagem ou o som, o uso de música, discussões sobre o futuro do canal e a autorreflexão sobre vlogging. Esses aspectos
mostram que o vlogger tem mais consciência de como devem ser seus vídeos ou canal. Por fim, cabe destacar que os
vloggers não movimentam a câmera, filmam no local ou utilizam fotografias (Aymar, 2009).

Outra referência significativa ao presente trabalho é feita por Burgess & Green (2009), que estudam a cultura popular
do YouTube utilizando uma metodologia baseada em categorias definidas na plataforma - o “mais visto”, o “mais curtido”,
o “mais respondido”. ”, o “mais discutido”-. Procura relacionar essas categorias com o tipo de usuário que enviou o vídeo
-seja mídia tradicional ou usuário amador-, gênero e temas. Vale ressaltar que esses indicadores envolvem algum grau
de participação do público e são considerados parte da nova cultura midiática que define o usuário como um “prosumidor”.

O estudo de Burgess & Green (2009) mostra que o conteúdo criado pelos usuários ocupa dois terços dos vídeos
“mais respondidos” e “mais discutidos” -63% e 69% respectivamente-, enquanto os conteúdos da mídia tradicional estão
entre os “mais discutidos”. assistido". A amostra utilizada por Burgess & Green (2009) incluiu um grande número de
formas típicas de vídeos criados por usuários, como curtas-metragens, fanvids, mashups, animes musicais e tutoriais de
videogames.
Além da diversidade de formatos, os vlogs dominaram a amostra, ocupando 40% dos vídeos “mais discutidos” e
mais de um quarto dos vídeos “mais respondidos” (comentados). O vlogging é caracterizado pelo imediatismo, feedback
direto do público e conversa: todos esses aspectos são típicos do conteúdo criado pelo usuário.

Além disso, o texto de Burgess & Green (2009) desenhou seu estudo sobre a cultura popular no YouTube focando
no público e em suas práticas de criação de valor. Ou seja, não só percebe o YouTube como um novo agente no contexto
mediático -com uma visão “top-down”- mas também destaca a criatividade amadora -“bottom up”- como uma dimensão
importante na luta pela significado desta plataforma.

4. “Tutorial-vlogs”: novas formas de autoexpressão?


O que chamamos de “tutoriais-vlogs” pega o slogan do YouTube de “transmita você mesmo” e, ao mesmo tempo em
que ensinam alguma técnica, também são autorreferenciais e apresentam características de vlogs.
Entre eles: a presença do “youtuber” na maior parte da tela do vídeo, que olha para a câmera e fala diretamente com o
público, e a predominância de planos close-up ou médio close-up sobre outros tipos de planos.

Do total de 300 vídeos analisados, 124 apresentavam aquelas características de “tutoriais-vlogs”. Os principais temas
abordados são maquiagem, moda e beleza, 34%, e tutoriais de música, 18%, mas se estende a outros temas como esportes, 14%,
artesanato, 11%, técnicos, 11%, dança, 6%, cozinha, 2%, e outros, 4%.

Neste subgrupo de 124 vídeos que possuem características de “tutoriais-vlogs” investigamos o tipo de edição
utilizada, aspecto que está relacionado ao realismo do vídeo. Isto gerou alguma controvérsia entre os teóricos: alguns
deles são a favor, enquanto outros são contra. Aymar (2009) argumenta que quem é a favor da edição está ganhando o
debate. Nesse contexto, indagamos se o tipo de edição predominante nos “vlogs-tutoriais” é simples ou complexo, com
maior presença de recursos de edição como o uso da tela dividida, links ou sobreposições na imagem publicada.

A amostra mostrou que todos os “tutoriais-vlogs” são editados; 60% possuem edição complexa e 40% possuem
edição única, o que confirma a tese de Aymar (2009). O texto na tela é o recurso mais utilizado na edição para reforçar
informações pessoais do “youtuber”.
Como o estudo dos vídeos mostrou uma clara marca autorreferencial do vlogger, analisamos as “tags” que eles
usaram para enviar os vídeos, o que também é uma chave para entender os critérios de pesquisa dos usuários. Utilizamos
a ferramenta VidIQ para recuperar “tags” em forma de texto e processá-las de acordo com um método de leitura à distância.

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A análise mostrou que embora as palavras relacionadas ao formato e tema -“como fazer”, “aprender”,
etc.- tenham clara predominância, as palavras que fazem referência à pessoa do “youtuber” -como o nome
do canal- também têm presença significativa. Os temas mais recorrentes referem-se a tutoriais de
maquiagem, moda e beleza.

5. “YouTubers” solidários e públicos participantes


A segunda dimensão da nossa análise questiona a relação entre os “tutoriais-vlogs” e os seus públicos. Ao
fazer isso, examinamos os modos de interação que aparecem na visualização de vídeos por meio de
“curtidas” e comentários. Em outras palavras, nos perguntamos se o uso de regras de vlogging envolve a
participação do público. Nesta fase a investigação foi alargada a outras redes como Facebook, Twitter e
Google+, como referimos anteriormente.
Durante a análise, observamos que existe uma relação entre a quantidade de visualizações e a cultura
participativa em torno do vídeo nos “vlogs-tutoriais”: mais visualizações implicam em maior número de
“curtidas” e comentários ou respostas. O total de visualizações de “tutoriais-vlogs” totalizou 1.900.000
enquanto o restante dos tutoriais somou 462.700. Portanto optou-se por considerar vídeos que tiveram
1.000.000 de visualizações para comparar “curtidas” e comentários em “tutoriais-vlogs” e o restante dos
tutoriais analisados. Nesta nova pesquisa, diferentemente da anterior, a participação do público foi
praticamente a mesma nos dois grupos.
Ao considerar a circulação dos vídeos em outras redes sociais a tendência é a mesma: “tutoriais-vlogs”
têm mais visualizações, “curtidas” e comentários. Porém, se levarmos em conta a mesma quantidade de
visualizações, os vlogs não possuem mais “curtidas” e “compartilhamentos”. Mantêm uma participação um
pouco maior por meio de comentários.

Prometo por vídeo Um vídeo com 1 milhão de visualizações

Figura 1. Participação do público em tutoriais-vlogs e Figura 2. Participação do público em tutoriais-vlogs e outros


outros tutoriais através de diversas redes sociais. tutoriais do mesmo nível de visualizações (1.000.000 de
visualizações) através de diversas redes sociais.

A leitura à distância dos comentários permitiu-nos examinar e acompanhar os tópicos sobre os quais o
público fala, o que está a dizer e que emoções ou sentimentos incorporam esses comentários. Aqui é
revelada a natureza fluida e dinâmica dos dados com os quais estamos lidando. Analisamos a primeira
página de comentários de cada “tutorial-vlog”, investigando se eles se referem ao “youtuber” ou ao assunto
do tutorial.
A análise mostrou que em 30% dos comentários o vlogger foi mencionado enquanto nos demais o
tema foi predominante. Estes resultados confirmam o que mostrou a análise das “tags”.
Somente nos tutoriais de maquiagem os comentários sobre a presença do “youtuber” e do sujeito se casam,
reafirmando este subgênero como caso paradigmático dos “tutoriais-vlogs”.
O “tom emocional” dos comentários nesses tutoriais mostrou um alto grau de satisfação do público.
Suas opiniões são em grande parte positivas, expressando apreço e referindo-se ao “youtuber” com tom
pessoal. O uso de palavras como “amei”, “gostei” e “obrigado” são as que aparecem com mais frequência.

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Figura 3. O “tom emocional” dos comentários em tutoriais-vlogs.

6. Sintagma vs. Paradigma. Outra abordagem para o estudo de tutoriais


Antes de introduzir as categorias de sintagma e paradigma é necessário explicar a distinção entre narrativa e base
de dados proposta por Manovich (2006). O banco de dados, como forma cultural, representa o mundo como uma
lista de itens que se recusa a ordenar. Por outro lado, a narrativa cria uma linha de causa e efeito. Nesse sentido,
são categorias opostas.
No entanto, com os novos meios de comunicação, a base de dados é capaz de assumir uma variedade de
formas culturais, que vão desde a tradução direta - na qual uma base de dados permanece uma base de dados -
até uma narrativa cuja lógica é o oposto da sua própria forma material (Manovich, 2006). O autor utiliza a noção de
paradigma de Saussure para se referir à base de dados e o sintagma para representar a narrativa.
“O sintagma é uma combinação de símbolos cujo suporte é o espaço (...) o locutor gera uma expressão
através do estabelecimento de uma sucessão de elementos, um após o outro numa sequência linear” (Manovich,
2006, 297). Cada elemento é escolhido a partir de um conjunto de elementos que estão relacionados: essa é a
dimensão paradigmática. Dessa forma, o sintagma é explícito e o paradigma é implícito. No entanto, os novos
meios de comunicação parecem inverter esta relação, dando ao paradigma uma existência material -e
desmaterializando o sintagma-.
Dado que os vlogs são um terreno fértil para experimentação técnica (Burgess & Green, 2009)
observamos as formas como essa tensão aparece nos tutoriais.
Desenvolvemos uma tipologia para descrever uma gama de possibilidades entre o sintagma e o paradigma:

Grau 0: o formato possui características sintagmáticas: narrativa linear e sucessão de elementos;

Grau 1: com informações adicionais, tanto visuais quanto auditivas, que auxiliam na compreensão;

Grau 2: implementação de links internos e externos no vídeo para promover interação com o produtor
e/ou plataforma;

Grau 3: utilização da fragmentação de tela como recurso: pode conter diferentes níveis ou também
utilizar o software como complemento,

Grau 4: implementação de software de produção digital, que passa a ser o centro do vídeo.

A pesquisa foi realizada em 139 vídeos do banco de dados original, incluindo exemplos de tutoriais que não
são vlogs e temas diversos como dança, culinária, esportes, maquiagem, música e software. Para mitigar o efeito
dos avanços tecnológicos e das mudanças nos métodos de produção de vídeos, as categorias foram desenvolvidas
a partir dos vídeos do ano de 2013 até o momento.
O estudo mostrou que os vídeos paradigmáticos predominam amplamente sobre os vídeos sintagmáticos ou
de grau 0. O gênero predominante para este curso foram os tutoriais esportivos. O grau 1 é o mais

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amplamente utilizado, que domina 66% dos gêneros de vídeo: culinária, dança, maquiagem e software.
O menos utilizado é o grau 4 devido à sua complexidade e predomina em tutoriais musicais.

7. Conclusões
Da “leitura à distância” de Humanidades Digitais, a presença de regras de vlogging é percebida em muitos tutoriais
-41,33% do total- em diversas disciplinas, mas principalmente no subgrupo de tutoriais de maquiagem e música. As
características mais marcantes dos tutoriais retirados de vlogs são o apresentador ou “youtuber” na tela olhando para a
câmera e conversando com o público e o uso de close-ups e close-ups médios.

“Tutoriais-vlogs” – um subgrupo de 124 de 300 vídeos – são totalmente editados. Observa-se predomínio da edição
complexa em 60% dos casos sobre a edição simples. A edição complexa utiliza recursos como tela dividida, links e
sobreposições de imagens. O texto na tela é o recurso mais utilizado para reforçar informações pessoais. Estas
características são reconhecidas por Aymar (2009) como pertencentes aos vlogs.

A análise das “tags” mostrou que as palavras relativas ao formato e tema – “como fazer”, “aprender” - têm clara
predominância. Porém palavras que fazem referência ao “youtuber” como o nome do canal também têm presença
significativa. Os temas mais recorrentes referem-se a tutoriais sobre maquiagem, moda e beleza.

O uso desse estilo em vlogs tem implicações nas interações com o público. As visualizações de “tutoriais-vlogs”
somaram 1.900.000 enquanto o restante dos tutoriais atingiu apenas 462.700. Essa diferença implica um maior número
de “curtidas” e comentários. Porém, se você fizer uma média de visualizações, a participação do público foi praticamente
a mesma nos dois grupos de tutoriais.
O mesmo padrão é observado em outras redes como Facebook, Twitter e Google+.
“Tutoriais-vlogs” têm mais visualizações, “curtidas” e comentários. Porém, eles não possuem mais curtidas e
compartilhamentos se considerarmos a mesma quantidade de visualizações (1.000.000). Há uma participação um pouco
maior de telespectadores por meio de comentários.
A análise dos comentários mostrou que embora haja forte presença do “youtuber” -30% dos comentários- a pessoa
não se impõe sobre o assunto que domina -70% dos casos-. Somente no caso dos tutoriais de maquiagem a relação
entre a autorreferência e o assunto é nivelada. Este resultado confirma o que a análise das “tags” mostrou; que a função
autorreferencial não anula a função docente dos tutoriais.

O “tom emocional” dos comentários neste tipo de tutoriais é maioritariamente positivo, expressando
apreciação ao “youtuber” através de uma linguagem emocional e pessoal.

8. Agradecimentos
Este artigo se baseia na pesquisa realizada por alunos avançados do Bacharelado em Ciências da Comunicação da
Universidade de Buenos Aires (UBA) sobre o “Projeto YouTube”, realizada durante 2014 no seminário de Processamento
de Dados dirigido por Alejandro Piscitelli e Gabriela Sued. Gostaria de agradecer às minhas colegas Sophie Alamo,
Agustina Migliorini e Sabrina Valenzuela pelas suas inestimáveis contribuições para o processo de pesquisa e resultados
finais, bem como a Florence Zanocchi pela revisão deste artigo.

Agradecimentos especiais aos alunos que participaram desta pesquisa: Florencia Abel, Julián Barbieri, Brenda
Caplán, Lucía De Dominicis, Manuela Díaz, Agustín Fama, Laura Figueroa, Facundo Guldris, Oriana Guzzo, Lara
Herrador, Jeremías Herrera, María Florencia Iarlori, Marina Jimenez Conde, Mercedes Marchisio, Nieves Melo, Manuel
Oubiña, Andrés Perrone, Estefanía Rocha, Jean Rodrigues de Oliveira, Camilo Rodriguez Bastos, Pedro Ruiz de Galarreta,
Camila Trama, Melisa Túrtula, Micaela Ulla, Erika Vaicatis, Salome Valderrama Barrera, Juan Manuel Villareal, Nadia
Wojszko e Rodrigo Wolfthal.

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