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Homenagem à recordação das Trinta e quatro histórias de nascimento
no Jataka-mala de Aryasura
Certa vez, quando nasceu como um brâmane, por compaixão, não suportando a
miséria de uma tigresa e seus filhotes, o Senhor lhes entregou o seu corpo.
Àquele que cura as aflições, rendo homenagem.
Certa vez, quando renasceu como o rei Sibi, sem se arrepender, doou todas as
suas posses. A um brâmane cego, entregou seus dois olhos. Ao que fez o cego
enxergar, rendo homenagem.
Certa vez, quando renasceu como o rei de Kosala, lembrando a vida passada,
disse: ‘Eis o grande resultado de doar apenas um pouco de mingau azedo!’
Ao que ensinou ao povo o verdadeiro Dharma, rendo homenagem.
Certa vez, quando nasceu como um rei justo, salvou incontáveis vidas de
animais, sem permitir seu sacrifício, estabelecendo o seu povo na lei das dez
virtudes. Ao que é perfeito em generosidade, rendo homenagem.
Quando nasceu rei dos deuses, em meio a uma batalha contra asuras, viu um
ninho de pássaros e salvou a vida dos filhotes, negligenciando a própria vida. Ao
detentor da moralidade, rendo homenagem
Quando nasceu como rei dos Sibis, o ministro ofereceu-lhe a bela Unmadayanti,
e ele respondeu: ‘Nem que custe a minha vida, jamais cometerei adultério’,
Ao detentor da moralidade pura, rendo homenagem.
Quando era rei de peixes, e os pequenos peixes eram feridos pela secagem do
lago e por vários pássaros, o Senhor salvou-os com palavras verdadeiras que
fizeram chover. Ao habilidoso e compassivo, rendo homenagem.
Quando era uma codorna e ficou cercado por um incêndio, emitiu as palavras
da verdade, fez o fogo retroceder e salvou inúmeras vidas, tornando os seres
felizes. Àquele que tem a força da verdade, rendo homenagem.
Certa vez, foi um Shakra, rei dos deuses, que, ao ver o rei e seu tribunal desfeito
pelo álcool, ensinou-lhes com uma hábil transformação, estabelecendo-os na
virtude. Ao inigualável, o melhor guia dos seres, rendo homenagem.
Certa vez, o Senhor, quando nasceu como um rico kshatriya, exortado pelo
desapego, ao perceber as falhas do desejo abandonou todos os prazeres do
samsara. Ao que tomou o caminho puro, rendo homenagem.
Certa vez, quando era tesoureiro de um rei, ao ouvir suas virtudes proclamadas
pelos outros, abandonou aquela vida e, feliz, partiu. Ao que é perfeito em
moralidade, rendo homenagem.
Quando nasceu como rei dos gansos, embora preso em uma armadilha, não teve
medo nem ira. Àquele que, com habilidade e coragem, girou a roda do Dharma
para o Rei Brahmadatta e seus atendentes, rendo homenagem.
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precipício. Quando esse homem perverso pagou com o mal a sua bondade, foi
paciente. Àquele que é o resgatador excepcionalmente solícito, rendo
homenagem.
Quando, por compaixão, nasceu, como uma besta sarabha, o rei que o atacou
caiu em um despenhadeiro. No entanto, colocando-o sobre o seu próprio corpo,
ergueu o rei. Ao único amigo dos seres migrantes, rendo homenagem.
Quando era chefe dos macacos e um exército atacou sua tribo de macacos, por
compaixão transformou seu próprio corpo em uma ponte e salvou a tribo. Ao
surpreendentemente grande ser, rendo homenagem.
Quando era o asceta Kshantivadin, embora um rei tivesse mandado cortar o seu
corpo em pedaços, não se indignou contra ele. Àquele que mais uma vez pagou
com compaixão, retribuindo a maldade com bondade, rendo homenagem.
Nascido como elefante em uma selva terrível, por compaixão, e por não suportar
o sofrimento de setecentas pessoas que um rei havia banido, deu seu próprio
corpo para alimentá-las. Ao que é perfeito em paciência, rendo homenagem.
Por amor aos seres, tomou o corpo de um pássaro, curou um leão atormentado
e ensinou a alguns deuses o virtuoso caminho que agrada os conquistadores. Ao
inigualável e supremo guia dos seres, rendo homenagem.
Com nuvens dos mais finos oferecimentos, mares da natureza das joias,
montanhas de joias e coisas assim, em todas as regiões, farei oferecimentos.
Trupes das mais afeiçoadas à diversão e ao prazer de rir, graciosas, e assim por
diante, as mais alegres que houver, envio a todas as regiões.
Fontes de adornos, roupas e coisas assim, como árvores que realizam desejos,
ofereço, recitando mantras vajra a todos os buddhas.
(Generosidade)
Por meu oferecimento da perfeição da generosidade, possam todos os seres
sencientes obter riqueza e abundância. Que nada falte à felicidade deles.
(Moralidade)
Que todos os seres se estabeleçam em seus votos e na bodhichitta. Envio a
todos os lugares a pacificação das grandes faltas, como a violência.
(Paciência)
Que os sofrimentos da malícia, do medo e de outras coisas sejam pacificados.
Possam os iogues praticar o Dharma com amabilidade e imparcialidade.
(Esforço)
Que eu não alcance a budeidade até que o samsara chegue ao fim.
Que todos os seres sencientes também possam praticar com a mesma energia.
(Concentração)
Que as grandes contaminações de todas as criaturas, como a ganância, sejam
pacificadas. Possam todos os seres, sem distrações, ter as quatro dhyanas.
(Sabedoria)
Puro pela sabedoria, a grande sabedoria da gnose dos buddhas, a melhor para
cortar o sofrimento, possam todos os seres tornarem-se buddhas puros.
Oferecimento de mandala
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Zhing kham ül war gyi wo
OM vajra bhumi AH HUM / wang chhen ser gyi sa zhi
OM vajra rekhe AH HUM / chhi chag ri khor yug gi kor wäi ü su / rii gyäl po ri rab / shar
lü phag po / lho dzam bu ling / nub ba lang chö / jang dra mi nyän / lü dang lü phag /
nga yab dang nga yab zhän / yo dän dang lam chhog dro / dra mi nyän dang dra mi nyän
gyi da
Rin po chhei ri wo / pag sam gyi shing / dö jöi ba / ma mö pa’i lo tog / khor lo rin po
chhe / nor bu rin po chhe / tsün mo rin po chhe / lön po rin po chhe / lang po rin po
chhe / ta chog rin po chhe / mag pön rin po chhe / ter chen pö’i bum pa
Geg ma / threng wa ma / lu ma / gar ma / me tog ma / dug pö ma / nang säl ma / dri
chhab ma / nyi ma / da wa / rin po chhei dug
chhog lä nam par gyäl wäi gyän tshän / ü su lha dang mii yi päl jor phün sum tshog pa ma
tshang wa me pa tsang zhing yi du ong wa di dag drin chen tsa wa dang gyü par che päi päl
dän la ma dam pa nam dang khyä par dü yang la ma lo zang thub wang dor je chang / chen
pö lha tshog kor dang chä päi nam la zhing kham ül war gyi wo
Thug je dro wäi dön du zhe su söl / zhe ne kyang dag sog dro wa ma gyur nam khäi tha
dang nyam päi sem chen tham chä la thug tse wa chhen pö go nä jin gyi lab tu söl
Sa zhi pö kyi jug shing me tog tram
Ri rab ling zhi nyi dä gyän pa di
Sang gyä zhing du mig te ül wa yi
Dro kün nam dag zhing la chö par shog
De tar lam zang lön pä she nyän dang
Tsäl zhin drub päi drog nam zhab ten ching
Chi dang nang gi bar du sho pä tsog
Nye war zhi war jin gyi lab tu söl
Tradução
Por favor, ofereça uma terra búdica!
OM terra vajra AH HUM, poderosa terra dourada. OM muro vajra AH HUM.
Por fora, um muro a circunda, no centro o monte Sumeru, Rei das
Montanhas; a Leste, o continente Videha (Terra do Corpo Nobre); ao Sul,
Jambudvipa (Terra da Rosa-Maçã); a Oeste, Godaniya (Terra do Gado Doador),
a Norte, Kuru; [Os pequenos continentes do Leste] Deha e Videha, [ao sul],
Camara e Apara-camara (Terra do Iaque e Terra a Oeste do Iaque), [ao Oeste],
Satha e Uttara-mantrin (Terras dos enganos e do Habilidoso em Mantra), [e ao
Norte], Kuru e Kaurava. [Nos quatro continentes estão]: [A Leste] a montanha
preciosa, [ao Sul] a árvore que concede desejos, [a Oeste] a vaca que realiza
desejos, [a Norte] a colheita não cultivada.
[No primeiro nível estão]: A roda preciosa, a joia preciosa, a rainha preciosa, o
ministro precioso, o elefante precioso, o cavalo precioso, o general precioso e o
grande vaso do tesouro.
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No centro, as mais perfeitas riquezas de deuses e humanos, puras e agradáveis,
em que nada falta.
Por favor, aceitem-nos com compaixão pelo bem dos seres migrantes.
Ao aceitá-los, a mim e a todos os seres migrantes, mães sencientes ilimitadas
como o espaço, por sua grande compaixão, concedam-nos a inspiração!
Oferecimentos
Tho pa gya tshöi chhö yön dün na khyil
Yön tän me tog tshül thrim dug po thrin
She rab drön me da pa po chhüi tsho
Ting dzin du tsi zhäl zä dam pa dang
To yang nyän pai sil nyän dra jin ching
Dün nä nying tse nam chö pob pa yi
Dug dang gyäl tshän ba dän dreng ja pa
Dag lü zhäl me khang tseg rab gyän na
Confissão
Com as mãos postas, faço súplicas aos plenamente despertos que estão em
todas as direções e aos bodhisattvas extremamente compassivos.
Que toda negatividade que eu, um bruto, tiver cometido, ou tiver feito com que
outros cometessem nesta e em outras vidas ao longo do ciclo sem fim da
existência,
Seja qual for a ofensa que cometi contra as Três Joias, contra meus pais,
mentores espirituais e outros, por falta de respeito com meu corpo, palavra e
mente,
E sejam quais forem os terríveis vícios que eu, um pecador, poluído por muitas
faltas, tenha realizado, ó guias, eu os confesso.
A morte não distingue as tarefas realizadas das não realizadas. Essa traidora
não merece a confiança dos que são saudáveis e dos doentes, pois é como um
grande raio inesperado que sobrevém.
Cometi muitos vícios por causa de amigos e inimigos. Isto não reconheci:
‘Deixando todos para trás, devo fazer minha passagem’.
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Até mesmo nesta vida, enquanto permaneci, muitos amigos e inimigos
passaram, mas as terríveis negatividades induzidas por eles permanecem
defronte a mim.
Dia após dia, noite após noite, a vida diminui sem cessar, e para a vida não há
acréscimo possível. Então, eu não morrerei?
Deprime-se a pessoa que é levada hoje para ter amputados os membros de seu
corpo. Ressecada, sedenta, com olhos chorosos, a pessoa vê o mundo
diferentemente.
Com olhares aflitos eu busco proteção nas quatro direções. Que boa pessoa será
minha proteção contra esse grande medo?
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Inclino-me a Vajri, sob cuja visão os mensageiros da morte e outros seres
malévolos fogem de terror para as quatro direções.
Após ter negligenciado o seu conselho, com terror busco refúgio agora enquanto
enfrento tanto medo. Rapidamente, eliminem o meu medo!
Até mesmo alguém aterrorizado por uma doença fugaz não ignoraria o conselho
do médico: quanto mais alguém que é afligido pelas quatrocentas e quatro
doenças,
Dentre as quais uma única pode aniquilar todas as pessoas que vivem em
Jambudvipa, e para qual doença não há medicamento em lugar algum.
Se fico muito atento enquanto estou sobre um penhasco menor, quanto mais
ficaria sobre um imenso abismo de mil léguas?
Não é correto pensar: ‘Só por hoje a morte não virá’. O tempo em que eu não
mais existirei é inevitável.
Ao abandonar meus parentes e amigos e este mundo dos vivos, sozinho vou
para outro lugar. De que adiantam todos os meus amigos e inimigos?
Qualquer vício, ação negativa e qualquer ato proibido que eu, um tolo ignorante,
tenha acumulado,
Aterrorizado pelo sofrimento, tudo isso eu confesso, de pé, com as mãos postas
na presença dos Protetores, inclinando-me repetidamente.
Regozijo
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Eu me alegro por todo o mérito de todos os conquistadores, dos filhos
dos buddhas, Pratyekas, aryas em treinamento e já treinados,
e dos seres mundanos ao longo das dez direções.
Rejubilo-me em todos eles.
Solicitando ensinamentos
Dedicação
Qualquer pequena virtude que tenha acumulado ao me prostrar,
fazer oferecimentos, confessar e me regozijar, exortar e pedir,
dedico tudo isso ao despertar.
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Por ter entregue a minha carne,
Sangue e vida por causa do amor,
E por doar membros e partes menores,
Que o método do Dharma possa prosperar.
Versos auspiciosos
Che wäi che chog tön pa la na me
Che je nyi ma gyäl wä jin lab kyi
Du dang gag rig mo pä dar zhi te
Tag tu päl na nyin tshän tra shi shog
Concedendo generosidade,
mantendo a moralidade,
A prática de paciência, o esforço,
A concentração e realizando o verdadeiro modo de ser
Que aqui e agora tenhamos as bênçãos dessas seis virtudes.
Dedicação
Ge wa di yi nyur du dag
La ma sang gyä drub gyur nä
Dro wa chig kyang ma lü pa
De yi sa la gö par shog
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Que a suprema joia da bodhichitta que ainda não surgiu,
Surja e cresça;
E que a que já surgiu nunca diminua,
Mas aumente cada vez mais e mais.
Colofão:
O puja original foi composto por Ngawang Palden de Urga e traduzido para o inglês por
Martin Willson. A versão completa foi publicada em 1980 pela Wisdom Publications,
Londres, Inglaterra. Geshe Tashi resumiu este puja para facilitar a prática de alunos da
FPMT no Centro Budista Jamyang em junho de 1998. Este puja é praticado nos dias
auspiciosos e especiais do ano, em particular no Saka Dawa, o dia da iluminação de
Buddha.
Traduzido para português do Brasil pelo grupo de tradutores do Shiwa Lha Centro de
Estudo do Budismo Tibetano, Rio de Janeiro, em 2017.
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