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All content following this page was uploaded by António Jorge Silvestre on 04 November 2021.
Os Autores,
Foi com enorme surpresa e grande satisfação que vimos a primeira edição
deste livro esgotada decorrido apenas um ano do seu lançamento, em Fe-
vereiro de 2013. Preparar esta segunda edição permitiu-nos rever o texto
e, sobretudo, corrigir os vários erros, gralhas e frases menos claras que
subsistiram na revisão das provas da primeira edição e que tanto nos irri-
taram. Ao longo destes últimos doze meses, foram vários os colegas e
alunos que, generosa e atentamente, nos apontaram muitos desses erros.
A todos eles aqui fica o nosso agradecimento. Mas não temos ilusões,
eliminar todas as gralhas de um livro é tarefa hercúlea e quase impossí-
vel... Deste modo, todo e qualquer erro que venhamos a detectar após a
impressão desta segunda edição será coligido numa errata que poderá ser
consultada no endereço electrónico
http://www.fisica.isel.pt/PDF/Mecanica-uma-introducao/Errata-E2.pdf
Tal como na primeira edição, a segunda edição do presente livro
mantém a ortografia pré-acordo ortográfico.
Os Autores,
Os Autores,
Este livro deve muito a muita gente. Em primeiro lugar aos nossos alu-
nos, que ao longo dos anos nos souberam estimular, não só com as suas
dúvidas, mas também com as suas críticas. É com eles que nos tornamos
melhores professores e foi para eles que escrevemos este livro.
Aos colegas Professor João Paulo Silva e Professor Rui Alberto San-
tos agradecemos, reconhecidos, a leitura atenta de todo o manuscrito, na
sua versão quase final. Os seus pertinentes comentários e oportunas su-
gestões permitiram clarificar ideias e contribuíram de modo precioso para
corrigir e melhorar muitos aspectos do texto final. Partes significativas do
manuscrito foram igualmente lidas pelos colegas Professora Catarina da
Rosa Leal, Professor José Maria Tavares, Professor João Manuel Olivei-
ra, Professor João Paulo Casquilho e Professor Pedro Miguel Ferreira, a
quem também agradecemos as variadíssimas críticas e importantes suges-
tões. O colega Professor Pedro Patrício teve a amabilidade de desenhar o
“atleta” da figura 6.5.
Devemos também uma sincera palavra de gratidão à Gradiva Publi-
cações, na pessoa do seu Editor, Dr. Guilherme Valente, pelo interesse e
o cuidado posto na publicação da 3ª edição desta obra.
Por último, agradecemos o apoio das unidades de investigação a que
pertencemos CeFEMA e CFTC , através dos seus Projectos Estratégi-
cos UID/CTM/04540/2019, UIDB/00618/2020 e UIDP/00618/2020.
Reservando para nós toda a responsabilidade de quaisquer incorrec-
ções que possam subsistir no texto impresso, manifestamos desde já o
nosso interesse em receber comentários, críticas e sugestões que este livro
possa suscitar. Só assim o poderemos melhorar.
A.J.S. dedica o livro à Teresa e à Margarida. P.I.C.T. dedica-o aos
seus Pais.
SÍMBOLOS E ABREVIATURAS
Símbolos
az Componente z da aceleração
A Área de uma superfície
A Amplitude
A Coeficiente da lei de Stokes
A Número de massa
b Distância
c Velocidade da luz no vácuo
CR Coeficiente de restituição
dk Distância de travagem com atrito cinético
ds Distância de travagem com atrito estático
E Energia mecânica
EA Energia de ligação de um núcleo atómico por nucleão
Ef Energia mecânica final
Fij , Fij Força interior exercida sobre a partícula i pela partícula j, norma
ou valor da força interior exercida sobre a partícula i pela
partícula j
Fka , Fka Força de atrito cinético, norma ou valor da força de atrito
cinético
Fmed , Fmed Força média, norma ou valor da força média
FRext , FRext Resultante das forças exteriores, norma ou valor da resultante das
forças exteriores
a a
Freac , Freac Força de reacção de admissão, norma ou valor da força de
reacção de admissão
e e
Freac , Freac Força de reacção de ejecção, norma ou valor da força de reacção
de ejecção
Fres , Fres Força resistente, norma ou valor da força resistente
Fsa , Fsa Força de atrito estático, norma ou valor da força de atrito estático
G Dimensões da grandeza G
h Altura
i Versor do eixo Ox
I Momento de inércia
I CM Momento de inércia em relação a um eixo que passa pelo centro
de massa
I ii Momento de inércia (elemento diagonal da matriz de inércia)
I ij Produto de inércia (elemento não diagonal da matriz de inércia)
I Matriz de inércia
26 MECÂNICA – UMA INTRODUÇÃO
j Versor do eixo Oy
k Versor do eixo Ox
k Constante elástica de uma mola
K Energia cinética
K′ Energia cinética no referencial do centro de massa
K CM Energia cinética do centro de massa
Kf Energia cinética final
Δr Vector deslocamento
R Raio
Rg Raio de giração
t Intervalo de tempo
ua Velocidade relativa da massa admitida
ue Velocidade relativa da massa ejectada
ur Versor radial
us Versor da recta s
ut Versor da tangente
U Energia potencial
Uc Energia potencial associada à força conservativa Fc
U Variação da energia potencial
Ue Energia potencial elástica
Ug Energia potencial gravítica
vz Componente z da velocidade
30 MECÂNICA – UMA INTRODUÇÃO
v0 z Componente z da velocidade v0
Δv Variação da velocidade
x Coordenada cartesiana correspondente ao eixo Ox
xmax Alcance de um projéctil
x0 Valor da coordenada x no instante t0
y Coordenada cartesiana correspondente ao eixo Oy
ymax Altura máxima atingida por um projéctil
y0 Valor da coordenada y no instante t0
W Trabalho
Wc Trabalho total das forças conservativas
Wnc Trabalho total das forças não conservativas
Wm Trabalho motor
Wu Trabalho útil
z Coordenada cartesiana correspondente ao eixo Oz
z0 Valor da coordenada z no instante t0
Z Número de protões
, Aceleração angular, norma ou valor da aceleração angular
Ângulo
solo Ângulo de embate no solo
Ângulo
Ângulo
Momento adimensional das forças de travagem
c Valor crítico do momento adimensional das forças de travagem
Comprimento de onda
Massa linear
Ângulo
Posição angular
SÍMBOLOS E ABREVIATURAS 31
c Ângulo crítico
0 Posição angular no instante t0
Massa reduzida
k Coeficiente de atrito cinético
s Coeficiente de atrito estático
η Viscosidade
Massa volúmica
Raio instantâneo de curvatura
Ângulo
0 Fase inicial
σ Massa superficial
Razão entre a massa total do veículo e a massa das suas rodas (a
menos de uma constante)
, Velocidade angular, norma ou valor da velocidade angular
f Velocidade angular no instante final
Abreviaturas
1 Para um estudo detalhado sobre grandezas físicas e sistemas de unidades, em particular o Sistema
Internacional de unidades, recomendamos vivamente a leitura dos livros de J. Valadares e J. M.
Tavares, “Grandezas e Medidas”, edições da Universidade Aberta, nº 254, Universidade Aberta,
Lisboa, 2002, e de G. Almeida, “Grandezas e Unidades Físicas, Sistemas Internacional de
Unidades”, 2ª edição, Plátano Editora, Lisboa, 1997.
34 MECÂNICA – UMA INTRODUÇÃO
Grandeza é portanto algo que se pode medir, ou seja, cujo valor nu-
mérico pode ser determinado. À determinação do valor de uma grandeza
dá-se o nome de medição dessa grandeza. A medição (também dita medi-
ção efectiva) de uma grandeza consiste em comparar o valor dessa gran-
deza com o de outra da mesma natureza e cujo valor se tomou como uni-
dade. Por exemplo, para medir o comprimento de uma folha de papel, o
que fazemos é comparar a distância entre as extremidades da folha com a
distância entre dois traços marcados numa régua, à qual sabemos corres-
ponderem um determinado número de unidades de medida.
O resultado da medição é uma relação do tipo
G G u, (1.1)
1.2 Unidades
r
v , (1.3)
t
r
v 100 . (1.4)
t
r
vk , (1.5)
t
Dimensão de
Grandeza física Unidade (símbolo) Definição da unidade
base
Tabela 1.4. Prefixos de múltiplos de unidades SI. Notar que alguns dos
símbolos são em letra minúscula (por exemplo k) e outros em maiúscula
(por exemplo M).
101 deci d
102 centi c
103 mili m
106 micro
109 nano n
1012 pico p
1015 fento f
1018 ato a
1021 zepto z
1024 yocto y
Exemplo 1.1
A massa volúmica do ferro é 7.87 g cm3. Expressar o valor da
massa volúmica do ferro em unidades SI.
Resolução:
Comecemos por notar que:
Para converter estas unidades para o SI, onde estão gramas, quere-
mos que estejam quilogramas; e onde estão centímetros, queremos
GRANDEZAS E UNIDADES: O SI. CÁLCULO VECTORIAL 45
metros. Mais não temos que fazer que substituir, na expressão aci-
ma, os factores de conversão das unidades de base: 1 g = 103 kg e
1 cm = 102 m. Obtém-se então
Exemplo 1.2
É por vezes conveniente utilizar um sistema de unidades alternati-
vo ao SI, chamado sistema CGS, e cuja designação deriva das ini-
ciais das suas unidades de base para a Mecânica, a saber: o centí-
metro, o grama e o segundo. A unidade de força no sistema CGS
chama-se dine (símbolo dyn). Qual é a relação entre o newton e o
dine?
Resolução:
A equação de definição da grandeza força é a mesma no SI e no
CGS, apenas as unidades são diferentes. Além disso, ambos os sis-
temas são físicos e coerentes. Utilizando a tabela 1.3, teremos en-
tão que
1 dyn 1 g cms 2 .
Procedendo como no exemplo 1.1, tem-se
1 dyn 1 1 g 1 cm 1 s 2 1 103 kg 10 2 m 1 s 2
1 105 1 kg m s 2 105 kg m s 2 .
G T L M I N J , (1.7)
L L1 L, T T 1 T , 1 , etc.. (1.8)
Gm T L M . (1.9)
m m M
ML3 .
V l1 l2 l3 L L L
A massa volúmica tem, portanto, dimensão 1 relativamente à mas-
sa e dimensão 3 relativamente ao comprimento. Dito por outras
palavras, a massa volúmica tem dimensões de massa a dividir por
comprimento ao cubo.
B
v
AB
A
Figura 1.2. O segmento de recta orientado AB é igual ao vector v .
Exemplo 1.5
4f A
f
O
e 3e
50 MECÂNICA – UMA INTRODUÇÃO
z
y
1
1 k j
j 1 O 1 y
O i 1 x i
x
(a) (b)
10 A invenção do sistema de coordenadas cartesianas ficou a dever-se a René Descartes (séc. XVII).
Foi um contributo fundamental para o desenvolvimento da matemática, não só providenciando a
primeira ligação sistemática entre a geometria euclidiana e a álgebra como lançou as bases para o
desenvolvimento da geometria analítica.
GRANDEZAS E UNIDADES: O SI. CÁLCULO VECTORIAL 51
v vx i v y j v z k , (1.10)
v vx , v y , vz . (1.11)
v v vx i v y j vz k
vers v uv . (1.13)
v v vx2 v y2 vz2
Exemplo 1.6
Considere-se o vector v 2i 4 j 4k . Determinar a) a norma do
vector v e b) o versor do vector v .
Resolução:
a) v v 22 42 42 6.
v 1 2 2
b) vers v uv i j k.
v 3 3 3
52 MECÂNICA – UMA INTRODUÇÃO
v v uv . (1.14)
AB B A bx ax , by a y , bz az
. (1.15)
bx ax i by a y j bz az k
vy
j
O i vx x
vx v cos
. (1.16)
v y v sin
vy vy vx
arctan ; arcsin ; arccos . (1.17)
vx v v
vz
v
k
j vy
O
j
y
vx
vy vz
arctan ; arccos . (1.19)
vx v
GRANDEZAS E UNIDADES: O SI. CÁLCULO VECTORIAL 55
v
u uv u
uv
v
(a) (b)
v
u v v
u u v
v u
v
(a) (b)
u v u x vx , u y v y , u z vz
(1.20)
u x vx i u y v y j u z vz k
u u x , u y , u z u x i u y j u z k ku ku x i ku y j ku z k . (1.21)
kux ku y ku z k 2 u x2 u y2 u z2
2
ku
2 2
. (1.22)
k u u u k u
2
x
2
y
2
z
ku u
u
k>1 ku
k < 1
(a) (b)
versor este que sabemos ter norma 1. Para o transformarmos num vector
com norma λ qualquer, basta multiplica-lo por λ:
V vers v v, (1.24)
v
U vers v v. (1.25)
v
GRANDEZAS E UNIDADES: O SI. CÁLCULO VECTORIAL 59
u v u v cos u ^ v , (1.26)
u u
u ^ v rad v u ^ v rad
2 2
v
(a) (b)
u u u u x2 u y2 u z2 .
2
(1.27)
u v u x vx u y v y u z vz uv .
i x, y, z
i i (1.28)
u v
u ^ v arccos . (1.29)
u v
uy
cos u ^ i ; cos u ^ j
ux u
; cos u ^ k z . (1.30)
u u u
Exemplo 1.7
Sejam os vectores a 3 i 4 j e b 2 i 3 k . a) Determinar o
ângulo formado pelos vectores a e b ; b) calcular os ângulos for-
mados pelo vector a e os eixos Ox, Oy e Oz.
GRANDEZAS E UNIDADES: O SI. CÁLCULO VECTORIAL 61
Resolução:
a) O valor do ângulo é calculado com base na expressão (1.29).
Calculamos primeiro as normas dos dois vectores:
a a 32 4 5 e b b 2 3 3.6 .
2 2 2
cos a ^ i
ax 3
0.6 a ^ Ox arccos0.6 53.1º ,
a 5
ay 4
cos a ^ j
a
5
0.8 a ^ Oy arccos 0.8 143.1º ,
a 0
cos a ^ k z 0 a ^ Oz arccos 0 90º.
a 5
11 É também frequentemente usada a notação u v para designar o produto externo ou vectorial dos
dois vectores. Não a usaremos por considerarmos que se pode confundir com a notação usada para
representar o ângulo entre dois vectores.
62 MECÂNICA – UMA INTRODUÇÃO
u v u v
u v u v
u v
(a) (b)
u v u v sin u ^ v . (1.31)
i j k
u v ux uy uz
vx vy vz
(1.32)
u y vz u z v y i u x vz u z v x j u x v y u y v x k
Exemplo 1.8
Sejam os vectores a 2i 2 j e b i 2 j 3 k . a) Determinar
o vector c a b ; b) calcular a área A do paralelogramo definido
pelos vectores a e b .
Resolução:
a) Pela expressão (1.32) vem
i j k
c a b 2 2 0
1 2 3
(6 0) i (6 0) j (4 2) k 6 i 6 j 6 k .
A c a b 6 6 6 10.4.
2 2 2
PROBLEMAS
1.1. A intensidade da força gravítica, Fg, entre duas massas m1 e m2 que
se encontram à distância d uma da outra é dada pela lei da gravitação
universal
mm
Fg G 1 2 2 ,
d
onde G é a chamada constante de gravitação universal. Com base nesta
expressão e na informação contida nas tabelas 1.1 e 1.3, determine as di-
mensões da constante G, bem como as unidades em que deve ser expressa
no SI.
1.2. Como referido no exemplo 1.2, é por vezes conveniente utilizar um
sistema de unidades alternativo ao SI, chamado sistema CGS, e cujas
unidades de base para a Mecânica são o centímetro, o grama e o segundo.
A unidade de energia no sistema CGS chama-se erg (símbolo erg). Qual é
a relação entre o joule e o erg?
1.3. Sabendo que as dimensões lineares das bactérias são da ordem de
1 m, estime a massa de uma bactéria. Sugestão: de que substância são,
essencialmente, constituídas as bactérias? Dado: a massa volúmica da
água é H2O = 1 g cm3.
1.4. A Antárctida é um continente aproximadamente semicircular, com
um raio de 2000 km e coberta com uma camada de gelo de espessura
3000 m. Ignorando a curvatura da Terra, estime o volume de gelo na An-
tárctida em centímetros cúbicos.
1.5. A unidade astronómica (au) é definida como a distância média entre
a Terra e o Sol. O seu valor é aproximadamente 1.50108 km. Sabendo
que a velocidade da luz é aproximadamente 3.0108 m s1, determine o
valor da velocidade da luz em unidades astronómicas por minuto.
1.6. A relação entre a unidade de massa atómica (u) e o quilograma é
1 u = 1.660571027 kg. Sabendo que a massa da Terra é de 5.981024 kg
e que a massa média dos átomos que a constituem é de 40 u, estime o
número de átomos que existem na Terra.
3
1.7. Um depósito com 5700 m de água demorou 10 h a ser esvaziado.
Determine o fluxo mássico de saída da água expresso em quilogramas por
segundo. Dado: a massa volúmica da água é H2O = 1 g cm3.
1.8. A Hesperoyucca whipplei é uma planta cuja inflorescência (flor)
cresce muito rapidamente, tendo sido registado num espécime o recorde
66 MECÂNICA – UMA INTRODUÇÃO
1.18. Calcule a área do paralelogramo cujos lados são definido pelos vec-
tores a 2 i 3 j k e b i j 2 k .
1.19. Recorrendo apenas à operação produto externo, determine a área do
triângulo de vértices A(1,1), B (3,3) e C (2,0) . Qual é o valor do ângulo
no vértice A?
1.20. Determine a distância entre o ponto P de coordenadas (4, 1,5) e a
recta definida pelos pontos P1 (1, 2,0) e P2 (1,1, 4).
1.21. Dados os vectores a 3 i 4 j 5 k e b i j 2 k calcule:
a) A norma e os ângulos que vector v a b forma com os eixos
coordenados.
b) A norma e os ângulos que o vector u a b forma com os eixos
coordenados.
c) O ângulo entre a e b .
1.22. Sejam a , b e c três vectores que satisfazem a b c 0. Que se
pode concluir acerca destes vectores?
1.23. Prove que dois vectores a e b têm a mesma norma quando o vector
soma a b é perpendicular ao vector diferença a b .
r (t ) x(t ) i y (t ) j z (t ) k , (2.1)
r r2 r1 . (2.2)
70 MECÂNICA – UMA INTRODUÇÃO
P1 P2
r
P0 r1
r2
r0
O
Figura 2.1. Representação do movimento de uma partícula material ao
longo de uma determinada trajectória (linha a tracejado). O vector
deslocamento r representado é determinado pela diferença entre as
posições P2 e P1.
x x(t )
y y (t ) , (2.3)
z z (t )
12 O leitor deve certamente recordar que no estudo da geometria analítica nunca utilizou a variável
tempo para descrever, por exemplo, a equação de uma recta ou de uma circunferência. As relações
que permitem descrever estas curvas são relações apenas entre coordenadas espaciais.
CINEMÁTICA DO PONTO MATERIAL 71
exemplo:
Exemplo 2.1
Uma partícula descreve um movimento de tal modo que o seu vec-
tor posição é r (t ) 2t i 5 j 4t 2 k m. Determinar a equação da
trajectória da partícula.
Resolução:
As equações paramétricas do movimento são as seguintes:
x 2t
y 5 . z
z 4t
2
z = x2
Eliminando t do sistema
de equações, resulta
y=5 y
y 5 x
,
z x
2
r
vm . (2.4)
t
r dr
v (t ) lim . (2.5)
t 0 t dt
72 MECÂNICA – UMA INTRODUÇÃO
v1
P1 P2
v2
P3
vm14
v3
r2
r3 r14 P4
r1
r4 v4
13 No que se segue, utilizaremos frequentemente o símbolo de uma grandeza vectorial sem o sinal de
vector para representar o seu módulo ou norma; por exemplo v v é o módulo, norma ou valor
da velocidade instantânea.
CINEMÁTICA DO PONTO MATERIAL 73
v
am . (2.6)
t
v dv d 2 r
a lim . (2.7)
t 0 t dt dt 2
dx v dt
dx v dt ,
x0 t0
(2.8)
x(t ) x0 v (t t0 ) , (2.9)
x(t ) x0 v t . (2.10)
x v a
v>0
x0
v>0
a=0
t t t
v<0 v<0
Exemplo 2.2
Uma partícula movimenta-se com velocidade constante de 4 m s1
segundo a direcção e sentido positivo do eixo dos xx. a) Determinar
a equação do movimento sabendo que no instante t = 0 a partícula
se encontrava na posição x = 3 m. b) Calcular a posição da partícu-
la no instante t = 4 s. c) Calcular a distância percorrida pela partí-
cula entre os instantes t = 0 e t = 4 s.
Resolução:
a) Como se conhece a posição da partícula em t = 0, a lei dos espa-
ços do movimento é
x t x0 vt 3 4t.
b) x(t 4) 3 4 4 19 m.
c) x x(t 4) x(t 0) 19 3 16 m.
Exemplo 2.3
Uma partícula movimenta-se com velocidade constante de 2 m s1
segundo a direcção e sentido positivo do eixo dos xx. a) Determinar
a equação do movimento sabendo que no instante t = 1 s a partícu-
la se encontrava na posição x = 4 m. b) Calcular a posição da partí-
cula no instante t = 0 s. c) Calcular a distância d percorrida pela
partícula entre os instantes t = 0 e t = 4 s.
Resolução:
a) Como neste caso não se conhece a posição da partícula no ins-
tante t = 0, a lei dos espaços do movimento é calculada através
da integração da velocidade:
x (t ) t x (t ) t
dx v dt
x ( t 1)
dx
t 1
v dt
4
dx 2 dt ,
1
76 MECÂNICA – UMA INTRODUÇÃO
donde,
x(t ) 4 2(t 1) x(t ) 2 2 t .
c) x t 4 10 m; d x x(t 4) x(t 0) 10 2 8 m.
dv a dt
dv a dt ,
v0 t0
(2.11)
v t v0 a t t0 , (2.12)
v t v0 a t . (2.13)
dx v dt
x0
dx v dt
t0
x0
dx
v
t0
0 a (t t0 ) dt , (2.14)
1
x t x0 v0 t t0 a t t0 ,
2
(2.15)
2
1
x t x0 v0 t a t 2 . (2.16)
2
v0 v t v0 v0 a t t0
x t x0 x t t0 t t0 , (2.17)
2 2
logo,
1
x t x0 v0 t t0 a t t0 ,
2
(2.18)
2
que é a lei dos espaços do movimento anteriormente obtida.
v
v t v0 a (t t0 )
v0
Δx
t0 t
a v
Movimento acelerado, no sentido positivo
x
v a
Movimento acelerado, no sentido negativo
x
a v
Movimento retardado, no sentido positivo
x
v a
Movimento retardado, no sentido negativo
x
1
x t x0 v0 t t0 a t t0
2
2
v t v0 a t t0
, (2.19)
v t v0
t t0
a
x t x v v t v0 1 a v t v0
2
0 0
a 2 a
v 2 v0 2 2a x x0 . (2.20)
Exemplo 2.4
Uma partícula movimenta-se com aceleração constante de 2 m s2
ao longo do eixo dos xx. Sabe-se que no instante t = 1 s a partícula
se encontrava na posição x = 0 com velocidade v = 2 m s1.
a) Determinar a lei das velocidades e a lei dos espaços do movi-
mento. b) Calcular o instante em que a partícula inverte o sentido
do movimento, indicando quando se movimenta no sentido positi-
vo do eixo e quando se movimenta no sentido negativo. c) Calcular
o deslocamento x sofrido pela partícula no intervalo de tempo
[0, 5] s. d) Determinar a distância s percorrida pela partícula no
mesmo intervalo de tempo referido na alínea anterior.
Resolução:
a) A lei das velocidades do movimento é calculada através da inte-
gração da aceleração. Neste caso conhece-se a posição da partí-
80 MECÂNICA – UMA INTRODUÇÃO
dv a dt
v ( t 1)
dv
a dt dv 2 dt ,
t 1 2 1
donde vem
v(t ) 2 2(t 1) v(t ) 4 2 t .
A lei dos espaços é determinada integrando a velocidade
x (t ) t x (t ) t
dx v dt
x ( t 1)
dx
v(t ) dt dx ( 4 2t ) dt ,
t 1 0 1
resultando
t
t 2
x(t ) 4 t 1 2 x t 3 4t t 2 .
t
2 1
b) O instante em que há inversão do sentido do movimento é o ins-
tante que verifica v(t) = 0, isto é,
v(t ) 4 2 t 0 t 2 s.
A partícula movimenta-se no sentido positivo do eixo dos xx
(v > 0) para t > 2 s e no sentido negativo (v < 0) para t < 2 s.
c) x = x(t = 5) x(t = 0) = 8 3 = 5 m.
d) Como no intervalo de tempo considerado há inversão do sentido
de movimento, a distância percorrida pela partícula é diferente
da norma do deslocamento correspondente ao mesmo intervalo
de tempo (calculado na alínea anterior). Nestes casos deveremos
considerar dois intervalos de tempo: o primeiro entre o instante
inicial e o instante em que ocorre a inversão do movimento e um
segundo intervalo entre este último instante e o instante de tem-
po final. No presente caso, estes intervalos são [0, 2] s e [2, 5] s.
Em seguida, calcula-se a distância mediante a soma das normas
dos deslocamentos correspondentes aos dois intervalos de tempo
(as quais, neste caso unidimensional, coincidem com os respec-
tivos módulos):
s x(t 2) x(t 0) x(t 5) x(t 2)
(1) 3 8 (1) 13 m.
CINEMÁTICA DO PONTO MATERIAL 81
1 0 3 8 x (m)
r t r0 v t t0 , (2.21)
r t r0 v t . (2.22)
v t v0 a t t0 , (2.23)
v t v0 a t . (2.24)
1
r t r0 v0 t t0 a t t0 ,
2
(2.25)
2
expressão cuja forma se simplifica caso t0 = 0
1 2
x t x0 v0 x t 2 ax t
1 2 1
r t r0 v0 t at y t y0 v0 y t a y t 2 . (2.26)
2 2
1 2
z t z0 v0 z t 2 az t
v t 2t i 4 j , (2.27)
t t
t0
x t x0 vx t dt 1 2t dt 1 t 2
0
t t
, (2.28)
t0
y t y0 v y t dt 0 4 dt 4t
0
isto é,
r t 1 t 2 i 4t j . (2.29)
y2
x 1 , (2.30)
16
que neste caso é uma parábola. Veremos outros exemplos quando abor-
darmos o movimento dos projécteis.
É importante ter sempre presentes as seguintes propriedades do mo-
vimento, qualquer que seja o espaço dimensional em que ocorra:
i. O vector velocidade é tangente à trajectória em cada ponto.
ii. O vector aceleração é tangente à curva da velocidade em cada
ponto (não à trajectória).
iii. Mesmo que, num dado movimento, o valor de v não mude, a sua
direcção pode mudar, razão pela qual a aceleração a não é ne-
cessariamente nula. Por esta razão, o vector aceleração, tem, no
caso mais geral, uma componente paralela e uma componente
perpendicular ao vector velocidade15.
15 Qualquer vector pode ser escrito como a soma de dois vectores perpendiculares entre si.
84 MECÂNICA – UMA INTRODUÇÃO
dv
at , (2.31)
dt
a an at , (2.32)
da qual decorre
v
at
trajectória
P
an a
C
v2
. (2.34)
an
Note-se que ρ pode variar no tempo, uma vez que nada obriga a que os
valores de v ou de an sejam constantes; trata-se, portanto, de um raio de
curvatura instantâneo. No caso particular de ρ ser constante no tempo, a
trajectória da partícula é circular.
A aceleração tangencial tem a mesma direcção que a velocidade. Se,
além disso, tiver o mesmo sentido (sinal) que a velocidade, o movimento
diz-se acelerado; se tiver sentido contrário, o movimento diz-se retardado.
A aceleração tangencial não afecta a direcção da velocidade, apenas o seu
valor. Logo, um movimento curvilíneo pode ter aceleração tangencial nu-
la (se for uniforme), mas a aceleração normal só é nula se o movimento
for rectilíneo (mesmo não sendo uniforme).
O facto de a aceleração ter, em geral, duas componentes, pode ser
facilmente deduzido tendo em conta que o vector velocidade é sempre
tangente à trajectória, ou seja
v v ut , (2.35)
dv dv du
a t ut v t at an , (2.36)
dt dt dt
Exemplo 2.5
Um ponto material percorre uma curva plana de tal modo que as
suas coordenadas cartesianas são dadas pelo vector posição
r (t ) 5t 2 i 12t j (SI). a) Determinar a equação da trajectória do
ponto material; b) calcular os vectores velocidade e aceleração do
ponto material; c) calcular as componentes normal e tangencial da
aceleração do ponto material; d) calcular o raio de curvatura da tra-
jectória no instante t = 2 s.
Resolução:
86 MECÂNICA – UMA INTRODUÇÃO
60
an t 2 5.145 ms 2 .
25t 36 t 2
2
CINEMÁTICA DO PONTO MATERIAL 87
Temos finalmente
v2 544
t 2 105.7 m.
an t 2 5.145
ax 0
ag j , (2.37)
a y g
v t v0 a t t0 . (2.38)
vx t v0 x v0 cos
. (2.41)
v y t v0 y g t t0 v0 sin g t t0
po; é constante e sempre igual v0x. A razão deste facto é simples: após o
seu lançamento, o projéctil fica submetido apenas à aceleração gravítica e
esta só tem componente segundo yy (direcção da vertical do lugar). Note-
se que estamos a desprezar a curvatura da superfície terrestre. Logo só
pode haver variação da componente vy da velocidade, como está explici-
tamente indicado na segunda equação do sistema (2.41).
v v0 x
ymax
v0 vx v0 x
v0 y vy
ymax v
y0
v0 x
r0
xmax x
x0
1 2
r (t ) x0 v0 x t t0 i y0 v0 y t t0 g t t0 j . (2.43)
2
x t x0 v0 x t t0
1 , (2.44)
y t y0 v0 y t t0 g t t0
2
2
g
y y0 tan x x0 x x0 ,
2
(2.45)
2v cos
2
0
2
y
v0 v0 i
y0
ag j vx v0
ag j v
vy
(0,0) xmax x
vx t v0
, (2.46)
v y t gt
v t v0 i g t j . (2.47)
x t v0 t
1 2, (2.48)
y t y0 g t
2
1
r (t ) v0 t i y0 g t 2 j . (2.49)
2
1 x2
y y0 g , (2.50)
2 v02
1 2 y0
y t y0 g t 2 0 tvoo . (2.51)
2 g
2 y0
xmax x tvoo v0 . (2.52)
g
v y , solo 2 y0 g
solo arctan arctan . (2.54)
vx , solo v0
v v0x
ymax
vx v0 x
ymax vy
v0 v
v0 y
(0,0) v xmax x
0x
vx t v0 x v0 cos
, (2.55)
v y t v0 y g t v0 sin g t
x t v0 x t v0 cos t
1 2 1 2, (2.57)
y t v0 y t g t v0 sin t g t
2 2
1
r t v0 cos t i v0 sin t gt 2 j . (2.58)
2
1 2 2v0 sin
y t v0 sin t gt 0 tvoo . (2.59)
2 g
v0 sin
v y t v0 sin g t 0 tsub . (2.61)
g
1 2 1 v 2 sin 2
ymax y tsub v0 sin tsub g tsub 0 . (2.62)
2 2 g
x t v0 cos t
1 2, (2.64)
y t y0 v0 sin t gt
2
conduzindo à lei dos espaços
1
r t v0 cos t i y0 v0 sin t gt 2 j . (2.65)
2
Calculemos em seguida os parâmetros característicos do movimento.
i. Tempo de voo do projéctil (tvoo). É calculado fazendo y(t) = yf na
segunda das equações (2.64):
1 2
y t y0 v0 sin t gt y f
2
. (2.66)
v sin v02 sin 2 2 g ( y f y0 )
tvoo 0
g g
v02 sin 2 2 g ( y f y0 )
tdesc . (2.67)
g
v02 sin 2 2 g ( y f y0 )
xmax x tvoo 1 1 2 2 . (2.68)
2g v0 sin
90
(graus)
80
70
60
50
40
30
20
-5 -4 -3 -2 -1 0 1 2
y*
iv. Altura máxima atingida (ymax). Substituindo tsub dado por (2.61)
na segunda das equações (2.64), obtém-se
1 v02 sin 2
ymax y0 (2.69)
2 g
1 2 F0 c l
Fl mv02 v0 (2.70)
2 m
17 Vide N. P. Linthorne e D. J. Everett, “Release angle for attaining maximum distance in the soccer
throw-in”, Sports Biomechanics 5, 243-260 (2006). Ver também N. P. Linthorne, “A new angle
on throwing”, Physics World, June 2006, pp. 29-30.
CINEMÁTICA DO PONTO MATERIAL 97
20
16
12
x max (m)
4 yf y0 = 2.3 m
yf y0 = 0
0
0 10 20 30 40 50 60 70
(graus)
18 Como veremos no capítulo 4, o produto Fl é o trabalho realizado pela força F, o qual, supondo
que não existem outras forças a actuar sobre o projéctil, é igual à variação da energia cinética do
projéctil.
98 MECÂNICA – UMA INTRODUÇÃO
y v (t )
ut
r (t ) s(t)
ur
(t)
x
r R. (2.71)
s t R t , (2.72)
19 Vide N. P. Linthorne, “A new angle on throwing”, Physics World, June 2006, pp. 29-30.
CINEMÁTICA DO PONTO MATERIAL 99
ou
com
d d d
v t r t R cos t i R sin t j
dt dt dt
d d
R sin t i R cos t j . (2.76)
dt dt
d
R sin t i cos t j
dt
20 Recordamos que é por se verificar a expressão (2.72), entre o arco de circunferência, s, e o ângulo ,
por ele subtendido que o radiano é a medida natural dos ângulos planos. A expressão não é válida se
for expresso em graus ou grados.
21 Exercício: mostre que u tem norma 1 e é colinear com o vector r .
r
100 MECÂNICA – UMA INTRODUÇÃO
e a grandeza
d
t t , (2.78)
dt
v t R t ut t . (2.79)
v t v t ut t , (2.80)
v t R t . (2.81)
d d d du
a t v t R t ut t R ut R t
dt dt dt dt
d d
R ut R sin i cos j . (2.82)
dt dt
d d d
R ut R cos i sin j R ut R 2 u r
dt dt dt
A grandeza
d
t t , (2.83)
dt
é denominada aceleração angular; mede a variação instantânea da velo-
CINEMÁTICA DO PONTO MATERIAL 101
a t R ut R 2 ur . (2.84)
at R
v2 , (2.85)
n
a R 2
R
22 Diz-se componente centrípeta da aceleração porque tem sentido contrário a u , apontando, por
r
e o vector velocidade será dado pela relação (2.79), que aqui repetimos:
v (t ) R ut (t ) . (2.87)
at R 0 . (2.88)
y
v1
P2 P1
v2 a1
a2
r2 r1
d dt
d dt ,
0 0
(2.90)
t 0 t , (2.91)
2 R
v , (2.92)
T
donde se deduz
2 R 2
T . (2.93)
v
A frequência, designada por f ou , mede o número de rotações divi-
dido pelo tempo em que ocorrem: é simplesmente o inverso do período,
1
f , (2.94)
T
2
2 f . (2.95)
T
104 MECÂNICA – UMA INTRODUÇÃO
d dt
0
d dt ,
0
(2.96)
(t ) 0 t , (2.97)
d dt
d dt d (
0 0 0 0
0 t ) dt , (2.98)
donde se obtém
1
t 0 0 t t 2 , (2.99)
2
que é a lei dos ângulos do m.c.u.v.. É esta a expressão que permite o cál-
culo da posição angular da partícula em qualquer instante t. Os vectores
posição, velocidade e aceleração, definidos por (2.73), (2.76) e (2.82),
CINEMÁTICA DO PONTO MATERIAL 105
Exemplo 2.6
Uma roda de bicicleta de 66 cm de diâmetro é montada num eixo
ligado a um motor que a faz girar. Durante um intervalo de 10 s o
motor fornece à roda uma aceleração angular constante. Sabendo
que a roda estava inicialmente em repouso e que ao fim de 10 s a
velocidade linear de um ponto da sua periferia é de 28.05 m s1,
calcular: a) a velocidade angular da roda ao fim dos 10 s; b) a ace-
leração angular constante durante o mesmo intervalo de tempo; c) a
aceleração tangencial de um ponto da periferia da roda; d) o número
de rotações realizadas pela roda durante os 10 s
Resolução:
v(t ) 28.05
a) Por (2.81) resulta 85 rad s1.
R t 10 0.33
b) Trata-se de um movimento circular uniformemente acelerado
(α é constante). Deste modo, usando a lei das velocidades angu-
lares (2.97) vem
(t ) 0 85 0
8.5 rad s2.
t t 10 10
1 1
(t 10) 0 0 t t 2 t 2
2 2 t 10
1
8.5 102 425 rad.
2
Como uma rotação corresponde a um ângulo varrido de 2π rad,
o número de rotações ao fim de 10 s é 425/2π = 67.64 rotações.
106 MECÂNICA – UMA INTRODUÇÃO
m.r.u.v m.c.u.v.
r t r t T
v t v t T , (2.100)
a t a t T
24 As grandezas posição, velocidade e aceleração introduzidas nas secções 2.1, 2.2 e 2.3 são
chamadas lineares sempre que houver necessidade de as distinguir das grandezas posição,
velocidade e aceleração angulares introduzidas nesta secção.
CINEMÁTICA DO PONTO MATERIAL 107
x0 A x0 x0 + A
(a) (b)
r t x t i y t j z t k , (2.101)
onde
25 Nos exemplos referidos admitimos, de forma ideal, que não existe atrito. É a condição para que o
movimento se perpetue ad aeternum sem a intervenção de um agente exterior. Caso exista atrito
(sistemas reais) os sistemas realizam um movimento oscilatório amortecido, cuja amplitude tende
para zero com o tempo.
108 MECÂNICA – UMA INTRODUÇÃO
x t Ax sin x t 0 x
y t Ay sin y t 0 y . (2.102)
z t Az sin z t 0 z
d
v t x t A cos t 0 , (2.104)
dt
e a aceleração derivando a expressão da velocidade,
d
a t v t A 2 sin t 0 2 x t . (2.105)
dt
vmax A , (2.106)
amax A 2 . (2.107)
5
x(t) = 5 sin(2t)
4 x(t) = 5 sin(2t + /4)
3 x(t) = 5 sin(2t /4)
2
1
x (m)
0
-1
-2
-3
-4
-5
0 /4 /2 /4
t (s)
Exemplo 2.7
Uma partícula descreve um movimento harmónico simples cuja
posição é definida pela equação x (t ) 4sin ( t /2) (SI). Calcu-
lar: a) as expressões da velocidade e da aceleração do movimento
em função do tempo; b) a frequência e o período do movimento; c)
os instantes em que a partícula passa pela posição de equilíbrio no
110 MECÂNICA – UMA INTRODUÇÃO
Resolução:
d
a) Velocidade: v(t ) x(t ) 4 cos ( t /2) m s1.
dt
d
Aceleração: a(t ) v(t ) 4 2 sin ( t /2) m s2.
dt
b) A relação entre a frequência angular, o período e a frequência do
movimento é dada pela expressão = 2 / T = 2f. Logo:
f = /2 = /2 = 0.5 Hz e T = 1 /f = 2 s.
c) Os instantes em que a partícula passa pela posição de equilíbrio
são definidos pela igualdade x(t) = 0. Temos, portanto, que re-
solver a equação trigonométrica
4sin( t /2) 0 sin( t /2) 0
cujas soluções são definidas pelas igualdades:
t /2 0 t /2 t = 0.5 s t = 1.5 s
isto é, a partícula passa pela posição de equilíbrio, durante o
primeiro período do movimento, nos instantes 0.5 s e 1.5 s.
d) v(t 1) 4 cos ( /2) 4 cos 0.
2
e) Velocidade máxima: vmax = A = 4 m s1 = 12.57 m s1.
Aceleração máxima: amax = A2 = 42 m s2 = 39.48 m s2.
t t 0 , (2.108)
CINEMÁTICA DO PONTO MATERIAL 111
x t R sin t 0 , (2.110)
2
x t Ax sin x t 0 x
, (2.111)
y t Ay sin y t 0 y
a t 2 r t , (2.112)
d2
r t 2 r t , (2.113)
dt 2
d2
2
x t 2 x t , (2.114)
dt
x (m) x (m)
2
5
3 1
0
4 8 0
/8 /4 /8 /2 /8 /4 /8
t (s)
5 7 -5
6
z′ r21 P2
P1
x′ y′ z
O′
r2
r1
O y
x
r21 r2 r1 . (2.115)
d d
v21 r21 (r2 r1 ) v2 v1 . (2.117)
dt dt
d d
v12 r12 (r1 r2 ) v1 v2 , (2.118)
dt dt
verificando-se, evidentemente,
d d
a21 v 21 (v 2 v1 ) a2 a1 (2.120)
dt dt
d d
a12 v12 (v1 v 2 ) a1 a2 . (2.121)
dt dt
é a aceleração da partícula P1 medida pelo observador 2, verificando-se que
d d d d
a21 v 21 (v 2 v1 ) v 2 v1 a2 (2.123)
dt dt dt dt
Nesta situação, o referencial da partícula 1 diz-se um referencial de inér-
cia. Todo e qualquer referencial em repouso ou em movimento rectilíneo
uniforme é um referencial de inércia. A noção de referencial de inércia é
de importância fundamental, quer em Mecânica Clássica quer em Mecâ-
nica Relativista. Voltaremos a abordar com mais pormenor a noção de re-
ferencial de inércia no último capítulo deste livro.
Exemplo 2.8
Um avião voa de Lisboa para o Porto (sentido sul-norte) à veloci-
dade de 900 km h1 relativamente ao ar. Se soprar um vento de les-
te de 80 km h1, para onde deve o piloto apontar o nariz do avião
para conseguir chegar ao destino?
Porto var /Terra
Resolução:
A velocidade do avião relativamente à
Terra, que é a que interessa para que
ele atinja o destino, tem de apontar de
vavião /Terra
Lisboa para o Porto, ou seja, de sul pa-
ra norte. Esta velocidade é igual à so-
vavião / ar
ma vectorial da velocidade do avião α
em relação ao ar com a velocidade do
ar (vento) relativamente à Terra (vide
esquema ao lado):
vavião /Terra vavião / ar var/Terra Lisboa
PROBLEMAS
2.1. Uma partícula material move-se ao longo do eixo dos yy segundo a
lei y(t) = 2t3 + 4t2 + 4 (SI). Determine o valor da velocidade média e da
aceleração média da partícula entre os instantes t = 1 s e t = 4 s.
2.2. Uma partícula material move-se ao longo do eixo dos xx segundo a
lei: x(t) = 4t3 + 4t2 + 6 (SI). Calcule a posição, a velocidade e a aceleração
da partícula no instante t = 2 s.
2.3. A posição de um ponto material que se desloca ao longo do eixo dos
xx é definida pela relação x(t) = t3 6t2 15t + 40 (SI). Determine:
a) O instante em que a velocidade do ponto material se anula.
b) A posição e a distância percorrida pelo ponto material até ao ins-
tante em que v = 0.
c) A aceleração do ponto material no instante em que v = 0.
d) A distância percorrida pelo ponto material entre os instantes t = 3
s e t = 8 s.
2.4. Considere a queda livre (v0 = 0) de um corpo sujeito à aceleração da
gravidade g. Tome como referencia o eixo dos yy orientado de baixo para
cima e considere que o corpo é lançado de uma altura h. Mostre que:
a) O tempo de queda ou tempo de voo do corpo é tvoo 2h / g .
b) A velocidade de embate no solo ou velocidade final do corpo é
v f 2hg .
2 x2t1 x1t2
a
t1t2 t2 t1
5
D E
4
3
v (m s )
2
-1
1
C
0
1 2 3 4 5 6
-1 t (s)
A B
-2
r t t 2 1 i t 2 1 j (SI).
2 2
2.54. Uma partícula descreve uma trajectória circular com uma velocida-
de angular dada pela expressão (t) = t/(t2 + 1). Determine o instante em
que a aceleração se reduz apenas à componente normal.
2.55. Uma partícula material descreve uma trajectória circular de raio 2 m
128 MECÂNICA – UMA INTRODUÇÃO