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Matrícula: Polo:

AP 1 ( ) AP 2 ( X ) AP 3 ( ) AP-E ( ) - 2023/2

DISCIPLINA: PORTUGUÊS INSTRUMENTAL


CÓDIGO: EAD08103

Coordenação: Prof.ª Bárbara Tavela, Prof.ª Camila Gigante, Prof.ª Diana Pinto,
Prof.ª Lucia Moutinho e Prof. º Tiago Santos

Prova com consulta de material impresso: ( ) Sim ( X ) Não

Prezados Discentes,

Esta é a sua segunda Avaliação Presencial, denominada AP2, de Português


Instrumental.

TEXTO I

Racismo escancarado

Flávia Oliveira
15 de setembro de 2023

Em 132 anos, o STF teve 171 ministros. Apenas três eram homens negros e três
mulheres brancas.

Duas décadas atrás, na esteira da Conferência Mundial contra a Discriminação Racial,


em Durban (África do Sul), um conjunto de organizações da sociedade civil, sob
protagonismo do movimento de mulheres negras, pôs na rua a campanha “Onde você
guarda o seu racismo”. Até o lançamento, em 2004, a iniciativa colheu, em espaços
públicos do Rio de Janeiro, três centenas de depoimentos, transformados em anúncios
de TV, spots para rádios, outdoors, cartazes. A enquete tinha a intenção de tirar o véu da
democracia racial e provocar brasileiros e brasileiras sobre o preconceito que levavam.
Afinal, só guarda quem tem.
Hoje, a pergunta que cabe é outra: “Quando você libera o seu racismo?”. E já respondo.
O racismo explode no momento em que organizações sociais, celebridades e formadores
de opinião ousam apresentar uma campanha pela indicação de uma mulher negra para a
vaga do Supremo Tribunal Federal em substituição à ministra e presidente da corte,
Rosa Weber, que se aposenta mês que vem. Em 132 anos, o STF teve 171 ministros.
Apenas três eram homens negros (Pedro Lessa, Hermenegildo de Barros e Joaquim
Barbosa) e três mulheres brancas (Ellen Gracie, Cármen Lúcia e Rosa Weber).

O ativismo por identidade racial, bandeira histórica do movimento negro, alcançou as


pesquisas do IBGE. Tanto assim que, no Censo Demográfico 2010, pela primeira vez,
os negros (soma de pretos e pardos) tornaram-se maioria na população brasileira. Os
brancos, que beiravam dois terços dos habitantes em meados do século passado,
chegaram a 42,8% no ano passado, informou o órgão oficial de estatísticas em julho.
Em 2022, 10,6% se declaravam pretos; 45,3%, pardos. Mulheres também somam mais
da metade da população.

Nada mais natural que negros e mulheres, as maiorias minorizadas por um poder
masculino, branco e hétero, reivindiquem democraticamente presença nos espaços de
poder. Assim, crescem e se fortalecem as candidaturas diversas para cargos do
Executivo e do Legislativo; multiplicam-se os programas em empresas e na produção
cultural. Igualmente, ganha tração o esforço por representatividade no Judiciário, que
tanta desigualdade produz ou confirma. Diversidade é riqueza, inovação, justiça.

Luiz Inácio Lula da Silva, em todas as pesquisas da disputa pelo terceiro mandato, tinha
a preferência das ditas minorias. Foram as mulheres, os negros, os pobres que
pavimentaram o caminho do presidente ao Planalto. Também eles, com indígenas,
pessoas com deficiência e LGBTQIA+, subiram a rampa em cerimônia tão simbólica
quanto comovente no primeiro dia de 2023.

Desde o início do governo, é constante a cobrança por diversidade nas escolhas de Lula.
A primeira-dama, Janja da Silva, costuma manifestar publicamente satisfação pela
nomeação de mulheres. Na origem, eram 11 em 37 pastas, recorde que ultrapassou as
dez ministras do primeiro governo de Dilma Rousseff (2011-2014). Passados oito
meses, restam nove em 38, porque o presidente cedeu à pressão de cartolas do Centrão e
limou Daniela Carneiro do Turismo e Ana Moser do Esporte. Medalhista olímpica, com
duas décadas de ativismo em programas de inclusão pelo esporte, a ex-ministra era a
legítima encarnação do que significa representatividade feminina em espaços de poder.

O presidente entregou um tanto de diversidade nos gabinetes da Esplanada. Indicou


Daniela Teixeira, uma mulher branca, para o STJ, e Edilene Lobo, negra, como
substituta no TSE. Escolheu Marcelise Azevedo, negra, para o Conselho de Ética
Pública da Presidência e Cristina Nascimento de Melo, branca, como desembargadora
no TRF 3ª Região. São nomeações bem-vindas, mas não suprem a lacuna que Lula
produzirá se apresentar um homem para o lugar de Rosa Weber, tal como já fez ao pôr
Cristiano Zanin em substituição a Ricardo Lewandowski. No colegiado de 11, restaria
uma só ministra, Cármen Lúcia.

Ao fim dos trabalhos do governo de transição, em 2022, foi Lula quem declarou que
“um governo tem que ser cobrado”. E pediu isso. Organizações sociais que reivindicam
a indicação de uma jurista negra para o STF — como Coalizão Negra por Direitos,
IDPN, Mulheres Negras Decidem, Instituto Marielle Franco, Instituto Peregum, Nossas
— estão fazendo em declarações, textos, outdoor e vídeo exatamente o que Lula
sugeriu. Dentro e fora do país, cobram publicamente do presidente, tal como fazem,
quase sempre em privado, líderes de União Brasil, PP, Republicanos, representantes do
empresariado, figurões do Judiciário.

Na ágora moderna, a platitude sobre uns contrasta com os ataques àqueles, inclusive à
esquerda, que defendem a primeira mulher negra no STF. Democracia pressupõe troca
de ideias e disputas, vitórias e derrotas. Mas, toda vez que pessoas negras se levantam
por direitos, emerge a ira dos que não abrem mão de ocupar o topo e nem sequer se
enxergam como identitários. O racismo, de nós, quer obediência. Em silêncio.
Fonte: https://oglobo.globo.com/opiniao/flavia-oliveira/coluna/2023/09/racismo-escancarado.ghtml.
Acesso em 24.09.23.

1) (Valor: 2,0 pontos) Retire, do texto I, dois argumentos favoráveis apresentados pela
jornalista Flávia Oliveira a que o presidente Lula indique uma mulher negra para a vaga
de ministra do STF.

1:_____________________________________________________________________
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2:_____________________________________________________________________
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2) (Valor: 2,0 pontos) Existem vários mecanismos de coesão textual na língua


portuguesa. Um deles é o uso de expressões referenciais nominais. As escolhas de
determinados nomes também apresentam o ponto de vista do produtor do texto. Em
“Passados oito meses, restam nove em 38, porque o presidente cedeu à pressão de
cartolas do Centrão e limou Daniela Carneiro do Turismo e Ana Moser do Esporte.
Medalhista olímpica, com duas décadas de ativismo em programas de inclusão pelo
esporte, a ex-ministra era a legítima encarnação do que significa representatividade
feminina em espaços de poder”.

a) (Valor: 1,0 ponto) Retire do trecho anterior todas as expressões nominais que fazem
referência à Ana Moser.

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b) (Valor: 1,0 ponto) As referências nominais escolhidas pela jornalista apontam para
características positivas ou negativas de Ana Moser? Justifique sua
resposta._______________________________________________________________
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3) (Valor: 2,0 pontos) Flávia Oliveira escolheu um título para seu texto que funciona
como síntese da ideal central de seu texto. Crie um novo título para o texto I,
preocupando-se em manter a coerência com a ideia central e os argumentos
desenvolvidos pela jornalista.

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4) (Valor: 2,0 pontos) Tanto o conectivo mas quanto o embora servem para expressar a
contraposição de ideias. Há, no entanto, uma diferença na forma pela qual operam em
relação à argumentação. Reescreva o período a seguir, substituindo mas por embora.

“São nomeações bem-vindas, mas não suprem a lacuna que Lula produzirá se
apresentar um homem para o lugar de Rosa Weber (...)”.

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5) (Valor: 1,0 ponto) Analise a regência do verbo querer no penúltimo período do texto
I. O verbo querer NÃO se apresenta com a mesma regência com que aparece no texto
em:

a) Eu quero chocolate de sobremesa todos os dias.

b) Os pais querem muito a seus filhos.

c) Queremos muito o prêmio de melhor filme.

d) Minha esposa quer um celular novo.

6) (Valor: 1,0 ponto) Em “Na ágora moderna, a platitude sobre uns contrasta com os
ataques àqueles, inclusive à esquerda, que defendem a primeira mulher negra no STF”,
o que é empregado com a função de retomar um nome antecedente e ligar duas orações,
formando um enunciado mais complexo. Assinale a opção em que o termo destacado
NÃO é usado da mesma forma.

a) “A enquete tinha a intenção de tirar o véu da democracia racial e provocar brasileiros


e brasileiras sobre o preconceito que levavam”;
b) “O racismo explode no momento em que organizações sociais, celebridades e
formadores de opinião ousam apresentar uma campanha pela indicação de uma mulher
negra para a vaga do Supremo Tribunal Federal (...)”;
c) “Os brancos, que beiravam dois terços dos habitantes em meados do século passado,
chegaram a 42,8% no ano passado (...)”;
d) “Ao fim dos trabalhos do governo de transição, em 2022, foi Lula quem declarou que
“um governo tem que ser cobrado”.

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