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O CLUBE RECREATIVO GAÚCHO:

UM CLUBE SOCIAL NEGRO EM JAGUARÃO (1930-40)1

Caiuá Cardoso Al-Alam2

Em novembro de 2014, numa primavera que já fazia menos fria a região fronteiriça do
extremo sul do país, a senhorita Osvaldina Medeiros Soares, destacada clubista negra da cidade de
Jaguarão, recordava da experiência histórica da comunidade negra do lugar e da perversidade do
racismo naquela região. Dizia ela, “[...] nos clubes de brancos não entravam negros [...] havia um
preconceito bárbaro. Porque antigamente era até no cinema, tinha um lado pra entrar os brancos e o
lado pra entrar os negros. Antigamente era... até na igreja[...] era terrível, terrível [...]” 3. Dona Noca,
como é conhecida, recordava também dos clubes sociais negros da cidade. Falava do Clube 24 de
Agosto, do Clube Suburbanos, declarando em certo momento: "E tinha o Gaúcho...". Osvaldina,
querida Dona Noca, recordava pontualmente deste clube negro da cidade.
Além de atestar a existência do Gaúcho, nada mais relembraria Dona Noca de informações
sobre este Clube, assim como outras pessoas da comunidade negra da região que concederam
entrevistas, nada lembravam. Este clube negro, ao contrário dos outros dois existentes, Clube 24 de
Agosto e Clube Suburbanos, é lembrado pontualmente sem informações mais precisas de sua
existência. Talvez um dos motivos seja de que a experiência do Clube Recreativo Gaúcho tenha
ficado distante no tempo, parecendo ter se caracterizado mais entre os anos 1930 e 1950.

1
Texto apresentado no 9º Encontro Escravidão e Liberdade no Brasil Meridional, Florianópolis (UFSC), de 14 a 18 de
maio de 2019. Anais completos do evento disponíveis em http://www.escravidaoeliberdade.com.br/
2
Doutor em História. Professor Adjunto do curso de História-Licenciatura da Universidade Federal do Pampa
(UNIPAMPA). Email: caiuaalam@gmail.com. Atua na área da História Social, dedicando-se ao estudo das experiências
e trajetórias de africanos e descendentes no extremo sul do Brasil. É autor de: A Negra Forca da Princesa: Polícia, Pena
de morte e Correção em Pelotas (1830-1857). Pelotas: Do Autor; Sebo Icária, 2008; Palácio das Misérias: populares,
delegados e carcereiros (1869-1889)São Leopoldo: OIKOS, 2016; AL-ALAM, Caiuá Cardoso; MOREIRA, Paulo
Roberto Staudt; PINTO, Natália. Os Calhambolas do General Manoel Padeiro: práticas quilombolas na Serra dos
Tapes (RS, Pelotas, 1835). São Leopoldo - RS: OIKOS, 2013; e AL-ALAM, Caiuá Cardoso; ESCOBAR, Giane
Vargas; MUNARETTO, Sara (Orgs.). Clube 24 de Agosto (1918-2018): 100 anos de resistência de um clube social
negro na fronteira Brasil-Uruguai. Porto Alegre: ILU, 2018.
3
Banco de História Oral do PET-História UNIPAMPA, Campus Jaguarão. Entrevista com Osvaldina Medeiros Soares.
Dia 29 de novembro de 2014. P.20.

1
Nos últimos anos, a partir de trabalhos de pesquisa realizados na UNIPAMPA e
principalmente pelo protagonismo do Presidente do centenário Clube 24 de Agosto, Neir Madruga
Crespo, que tem insistido em fazer do Arquivo Documental do seu Clube o guardião das memórias
de todas as instituições clubistas negras do município, temos sido provocados a buscarmos mais
informações a respeito desta instituição. Neste sentido, o objetivo deste texto é apresentar resultados
de pesquisa que busquem caracterizar esta sociedade recreativa que por muito tempo teve sua
memória, se não esquecida, pouco evidenciada. A história do Clube Recreativo Gaúcho, o segundo
clube negro a ter atividade na cidade fronteiriça de Jaguarão, é um importante referencial para
conhecermos melhor as conexões e experiências das comunidades negras na fronteira do Brasil com
o Uruguai.
Os estudos sobre o associativismo negro no Rio Grande do Sul tem crescido na última
década. Localidades diversas do Estado tem tido suas redes de instituições das comunidades negras
evidenciadas, inclusive em cidades onde era negada a presença de africanos/as e seus/suas
descendentes e que hoje ganham outra dimensão das suas memórias históricas 4. Dentro do
associativismo negro, tem sido estudados cada vez mais os clubes sociais negros. Jaguarão tem sido
um foco destes estudos com o objeto de pesquisa centrado no Clube 24 de Agosto que em 2018
completou cem anos5. Houve pelo menos mais dois clubes sociais negros no município: Clube
Suburbanos e Clube Recreativo Gaúcho. O Suburbanos foi fundado em 1962 e teve suas atividades
encerradas por problemas administrativos no início dos anos 2000. Já foi foco de alguns estudos 6,
mas curioso era o caso do Gaúcho. O Clube aparece nos relatos da comunidade negra com
informações esparsas, o que foi um difícil desafio. Antes de nos atermos a trajetória deste Clube, é
4
Como é o caso da Tese de Doutorado de Magna Magalhães que evidencia a presença do associativismo negro na
cidade de São Leopoldo, território geralmente descrito como exclusivamente de origem alemã. Ver: MAGALHÃES,
Magna Lima. Entre a preteza e a brancura brilha o Cruzeiro do Sul: associativismo e identidade negra em uma
localidade teuto-brasileira (Novo Hamburgo/RS). São Leopoldo: Universidade do Vale do Rio dos Sinos, 2010 (Tese de
Doutorado).
5
Recentemente foi publicado o livro que celebra o centenário do Clube 24 de Agosto. Ver: AL-ALAM, Caiuá Cardoso;
ESCOBAR, Giane Vargas; MUNARETTO, Sara (Orgs.). Clube 24 de Agosto (1918-2018): 100 anos de resistência de
um clube social negro na fronteira Brasil-Uruguai. Porto Alegre: ILU, 2018.
6
Ver: SILVEIRA, Darlize Martinez. “Suburbanos surgiu por que nós era tudo dessa zona, assim, do subúrbio...”: o
Clube Suburbanos enquanto resistência negra. Jaguarão: UNIPAMPA, 2015. (Trabalho de Conclusão de Curso). E
também: LISCANO, Marcel; ROSA, Shirlei Pereira. O Clube Suburbanos: O associativismo negro e o protagonismo
de mulheres negras em espaços clubistas. In: AL-ALAM, Caiuá Cardoso; ESCOBAR, Giane Vargas; MUNARETTO,
Sara (Orgs.). Clube 24 de Agosto (1918-2018): 100 anos de resistência de um clube social negro na fronteira Brasil-
Uruguai. Porto Alegre: ILU, 2018. P. 183-200.

2
importante caracterizar a cidade de Jaguarão, localizada no extremo sul do país, como uma cidade
negra.
A região foi estratégica na ocupação do espaço platino pelos portugueses e desde sua origem
contou com expressiva presença de africanos e africanas 7. Desde o início do século XIX, tanto na
ocupação de tropas militares como no comércio e contrabando, a localidade começou a ganhar
contornos importantes na região. Com a expansão da agricultura e criação de animais, Jaguarão
passou a contar com cada vez maior número de escravizados/as que se ocuparam em diferentes
serviços. Matheus Batalha Bom nos argumenta que havia uma “[…] íntima relação entre posse de
trabalhadores escravizados e a criação de gado vacum” 8, contrariando a historiografia tradicional
que afirmou por muitos anos não ter havido uso disseminado da mão de obra escravizada na zona
campeira. A posse da mão de obra escravizada durante a primeira metade do século XIX foi
centrada em pequenos plantéis, hegemonicamente senhores de 1 até 9 escravizados/as 9. Mas houve
grandes plantéis relacionados principalmente para as atividades fabris e mercantis das charqueadas
que estavam colocadas na orla do Rio Jaguarão. A cidade contou até a década de 1860 com a maior
proporcionalidade de presença de escravizados/as do Rio Grande do Sul, e com alto índice de
presença africana10. Esta presença intensa se explica pela proximidade com a cidade de Rio Grande,
que era um importante entreposto para o mercado interno do tráfico transatlântico de
escravizados/as11. A localidade de Jaguarão estava conectada com o mercado atlântico através das
conexões que haviam entre o Rio Jaguarão - Lagoa Mirim - Lagoa dos Patos - Oceano Atlântico.
7
Para Gabriel Aladrén, além da ocupação militar, a escravidão foi sistema fundamental para a formação e consolidação
da fronteira sul no país. ALADRÉN, Gabriel. Sem respeitar fé nem tratados: escravidão e guerra na formação histórica
da fronteira sul do Brasil (Rio Grande de São Pedro, c. 1777-1835). Niterói/RJ: PPGH/UFF, 2012. (Tese de
Doutorado).
8
BOM, Matheus Batalha. Porosas fronteiras: experiências de escravidão e liberdade nos limites do Império (Jaguarão –
segunda metade do século XIX). São Leopoldo: UNISINOS, 2017. (Dissertação de Mestrado). P. 41.
9
Ver: ALADRÉN, Op. Cit., 2012. E ver também: MOREIRA, Paulo Roberto Staudt. Fragmentos de um enredo:
Nascimento, primeiras letras e outras vivências de uma criança parda numa vila fronteiriça (Aurélio Viríssimo de
Bittencourt/Jaguarão, século XIX). In: PAIVA, Eduardo França; MARTINS, Ilton Cesar; IVO,Isnara Pereira. (Org.).
Escravidão, Mestiçagens, Populações e Identidades Culturais. SP / BH / V. Conquista: ANNABLUME / PPGH UFMG
/ Edições UESB, 2010, v., p. 115-138.
10
AL-ALAM, Caiuá Cardoso; LIMA, Andréa Gama. Territórios negros em Jaguarão: revisitando o Centro Histórico.
In: AL-ALAM, Caiuá Cardoso; SILVA, Adriana Fraga; FRAGA, Hilda Jaqueline; GASPAROTTO, Alessandra;
FERRER, Everton; BERGAMASCHI, Maria Aparecida (Orgs.). Ensino de História no CONESUL: patrimônio cultural
e fronteiras. Porto Alegre: Evangraf, 2013. p. 261-272.
11
BERUTE, Gabriel Santos. O tráfico negreiro no Rio Grande do Sul e as conjunturas do tráfico atlântico, C. 1790 -
C.1830. Anais do 5º Encontro Escravidão e Liberdade no Brasil Meridional. Porto Alegre: UFRGS, 2011. p. 1-17.

3
Durante os anos de 1840-50 foi um espaço ainda mais dramático para as famílias negras que
moravam no Uruguai ou haviam migrado para lá em fugas individuais e coletivas 12. Muitas casos de
reescravização de homens e mulheres negras que estavam no território e foram sequestrados para o
Brasil são hoje de conhecimento da historiografia 13. Em Jaguarão muitos senhores de
escravizados/as, vereadores, juízes, advogados, delegados e até mesmo padres, estavam envolvidos
nestes processos de reescravização14.
A região é permeada de diferentes experiências de escravidão e liberdade dos/as africanos/as
e seus/suas descendentes. Como em todo território brasileiro, estratégias de lutas contra a
escravidão e busca de alforria foram intensamente construídas na região. Novos trabalhos, como o
de Matheus Batalha Bom, já citado neste texto, tem abordado estas estratégias, que destacou o alto
índice das alforrias registradas como pagas pelos/as próprios/as escravizados/as ou na articulação
com seus/suas familiares em Jaguarão: de 1830 a 1860 somavam 39%, e de 1870 a 1887 foram
cerca de 28%15. No jogo complexo das alforrias que envolvia as disputas por liberdade e os
diferentes interesses nesta condição, inclusive por senhores/as que por sua iniciativa a concediam,
importante destacar o protagonismo de homens e mulheres negros e negras nestes processos de
conquista da condição de livres, que se dava em estratégias de longa duração, no manejo de forças e
resistências, que envolviam inclusive laços familiares dos/as africanos/as e seus/suas descendentes.
É preciso afirmar também, que Jaguarão foi uma cidade extremamente racializada. Como
em outras localidades do interior do país, a população negra tinha constrangida a circulação por
algumas ruas e calçadas, inclusive sendo proibidas de frequentarem as associações e clubes de
pessoas brancas. A memória coletiva das famílias negras na cidade, apresenta esta forte
caracterização de segregação durante o século XX. Aldaci Machado, destacada clubista negra na
cidade, lembra que havia “[...] muito racismo[...] Porque os negros não entravam no clube dos
brancos”. Ainda, segue seu relato das experiências de intolerância racial vividas em Jaguarão: “[...]
12
SILVA, Tiago Roda da. Uma fronteira negra: resistência escrava através das fugas anunciadas nos jornais jaguarenses
(1855-1873). Jaguarão: UNIPAMPA, 2015. (Trabalho de Conclusão de Curso).
13
CARATTI, Jônatas Marques. O solo da liberdade: as trajetórias da preta Faustina e do pardo Anacleto pela fronteira
rio-grandense em tempos de processo abolicionista uruguaio (1842-1862). São Leopoldo: Oikos; Editora UNISINOS;
2013.
14
LIMA, Rafael Peter de. ‘A nefanda pirataria de carne humana’: escravizações ilegais e relações políticas na fronteira
do Brasil meridional (1851-1868). Porto Alegre: UFRGS, 2010b (Dissertação de Mestrado).
15
BOM, Op. Cit., 2018, P. 146.

4
Jaguarense, Harmonia e Caixeiral, todos esses clubes aí, não entrávamos não, ninguém entrava, eles
não íam no nosso e nem nós íamos no deles. Só que eles podiam ficar e olhar [...] lá as vezes
quando tinha baile não podia passar nem na calçada[...]”16.
No período do pós-abolição, foi imposto um padrão de condenação racial que desacreditava
as pessoas negras em viver com liberdade na sociedade, o que levou a comunidade a se organizar
em diferentes níveis. A comunidade negra da região, como no Brasil, buscou construir uma
identidade racial negra positiva perante a ideia de "incapacidade" imposta pela elite intelectual
branca. Neste processo de racialização, que avançava perversamente como conhecimento científico
nas universidades, escolas e museus, a comunidade negra buscou fortalecer uma identidade racial
que afirmasse a sua capacidade de viver na sociedade livre. E não parava por aí pois buscavam
também encontrar estratégias de fortalecimento de suas comunidades, tanto na construção positiva
de sua imagem como negros e negras, no empoderamento de homens e mulheres, como na busca
por formação educacional e de trabalho. Em Jaguarão, os cordões carnavalescos e os clubes sociais
negros foram importantes nestas estratégias. Segundo Fernanda Oliveira da Silva, os clubes negros
“[...] se colocaram como os espaços por excelência de união e discussão dos destinos e melhores
condições de vida para a raça negra que extrapolavam a identificação desses espaços como mera
sociabilidade”17. A construção destas experiências institucionais portanto, não eram simplesmente
respostas às demandas da exclusão realizada pela sociedade branca, mas fundamentalmente uma
forma de organização protagonista da comunidade negra.
Em 1918 surge o primeiro clube negro da cidade: o Clube 24 de Agosto. Esta sociedade tem
origens na mobilização da comunidade negra para o carnaval. O Cordão Carnavalesco União da
Classe tinha papel destacado no reinado de momo jaguarense. Sua organização impecável e
empolgação na folia eram retratadas nos jornais da cidade, ao ponto de em 1930 quando da
inviabilidade de desfile pelas ruas do carnaval, receber destacado elogio no jornal O Liberal:

Cordão União da Classe.


16
Banco de História Oral do PET-História UNIPAMPA, Campus Jaguarão.. Entrevista com Aldaci Machado. Dia 13 de
novembro de 2014. P. 12.
17
SILVA, Fernanda Oliveira da. Contribuições historiográficas sobre cor, raça e identidades negras na perspectiva da
diáspora africana: afrodescendentes ao sul do Atlântico Negro – Rio Grande do Sul (RS) e Uruguai (UY) (1905-1950).
Anais do XI Encontro Estadual de História, ANPUH-RS. Rio Grande: FURG, 2012, p. 343-351.

5
Estamos informados de que o simpático e veterano cordão carnavalesco União da Classe, não nos deleitará este
ano com as suas lindas canções que tem sido até agora, a alma do carnaval popular. É de lastimar esta
resolução tomada por seus diretores, e esperamos que os mesmos resolvam a enfrentarem os motivos que
determinaram a nos privarem de vê-lo este ano nas nossas ruas, proporcionando-nos horas alegres para sairmos
deste marasmo em que nos encontramos atualmente. Que assim seja, são nossos votos.18.

O Clube 24 de Agosto estava organizado para além do carnaval. Em suas ações e estatuto 19
estavam previstas, uma biblioteca, realização de palestras, ensino de primeiras letras, oficinas de
trabalho, o que denotava uma busca por uma maior qualificação da comunidade negra.
Até a década de 1930, o Clube 24 de Agosto teria sido o único clube negro na cidade. A
comunidade negra também estava engajada ou vinculada a outras associações, mas o Clube foi a
principal delas. O Clube 24 nasceu junto a Sociedade Operária Jaguarense, e dividiram inclusive a
primeira sede que ficava no número 120 da atual Avenida 20 de Setembro, antiga Rua da Praia, na
beira do Rio Jaguarão. A Sociedade Operária foi criada em 1911 e estava vinculada às estratégias
políticas e de evangelização da Igreja Católica, combatendo o comunismo, defendendo os valores
da família e da religião 20. A preocupação dos diretores da Sociedade Operária era estabelecer a
instrução de um operariado cristão, moralizado e disciplinado. Em 1913, a Sociedade Operária
deixava explícita esta posição no editorial de seu jornal chamado O Amigo Operário, ainda,
reafirmava os valores morais da entidade: "No socialismo, o operário não passa de um instrumento,
de um escravo. Operários que amais a verdadeira liberdade e prezais a vossa dignidade humana -
alerta! Tudo por Deus, pela Pátria, pela Família; tudo pelo bem e progresso de nossa classe!" 21. Esta
instituição teve intensa articulação com o operariado negro e contou com importantes lideranças
negras, uma delas foi Theodoro Rodrigues. Ele foi um dos fundadores do Clube 24 de Agosto e que
também participava de outras atividades associativas fundamentais para esta comunidade, como a
Irmandade Nossa Senhora do Rosário.
Na década de 1930, surgirá um outro clube social negro: o Clube Recreativo Gaúcho. No
trabalho de pesquisa, descobrimos que o Gaúcho foi fundado no dia 6 de outubro de 1932. Teve

18
Instituto Histórico e Geográfico de Jaguarão. Jornal O Liberal. Dia 24 de janeiro de 1930.
19
Acervo do Clube 24 de Agosto. Estatuto do Clube 24 de Agosto, 1957.
20
Em 1948, a Sociedade Operária Jaguarense passa a se chamar Círculo Operário Jaguarense. DIEHL, Astor Antonio.
Os círculos operários: um projeto sócio político da Igreja Católica no Rio Grande do Sul (1932-1964). Porto Alegre:
EDIPUCRS, 1990.
21
Instituto Histórico e Geográfico de Jaguarão. Jornal O Amigo do Operário, dia 30 de abril de 1913.

6
atividades destacadas entre as décadas de 1930 e 1940, mas depois seus indícios desaparecem das
fontes. Talvez possa ter tido uma vida mais curta no seu funcionamento. Em 1940, o município de
Jaguarão contava com 15.704 pessoas, sendo que 5.044 são destacadas como população rural, 8.243
pessoas como Urbana e 2.417 a Suburbana22. Impressiona a existência de dois clubes negros em
uma cidade tão pequena, fora as outras instituições, como a Irmandade Nossa Senhora do Rosário,
que também articulava a comunidade negra: Jaguarão destacava-se por seu associativismo negro.
O Clube Recreativo Gaúcho tinha estreitas relações com o Clube 24 de Agosto, que na
época já era uma sociedade com sólida representatividade. No aniversário de oito anos de
existência, em 5 de outubro de 1940, o convite do Gaúcho estampado no jornal A Folha, trazia um
destaque especial ao Clube 24:

Convite Clube R. Gaúcho.


Convida-se a todos os sócios do Clube Recreativo Gaúcho, para a posse da nova diretoria que realizar-se-á
hoje e para o grande baile que amanhã se efetuará em comemoração do seu 8º aniversário, de fundação.
Também convidamos a distinta diretoria do Clube 24 de Agosto e seus associados . Desde já, contamos com a
presença de todos , para maior brilhantismo e ficamos gratos. A Diretoria.23

Em 6 de outubro de 1940, dia da posse, após o discurso da nova diretoria, foi oferecida uma
mesa de doces. E os diretores do Clube 24 de Agosto, Pery Vargas e Melciades Vargas, realizaram
uma saudação especial ao Gaúcho. Reafirmavam a proximidade dos dois clubes negros.
Ainda, na posse, houve uma saudação aos sócios-fundadores, infelizmente não nomeados na
matéria, mas que ilustram a preocupação em referenciar as pessoas que haviam construído a
instituição. Sem dúvida, uma referência importante ao papel da memória na constituição deste
território negro. Foi ainda servido um chá para a diretoria antiga e discursaram os professores
Nelson Bambá Ricardo, Heitor Moraes e Melciades Vargas. A notícia ainda destaca as presenças de
Nativa Barbosa, Maria Dutra, Maria L. Souza, Florinda da Silva, Santa Avila, Noemia Ferreira,
Martina dos Anjos e João Gonçalves Gomes24.
22
O Censo também destaca a ocupação da classe trabalhadora no município, com grande destaque ao setor da pecuária e
agricultura, como também nas atividades domésticas, seguido do trabalho na Defesa Nacional/Segurança Pública
(Exército, por exemplo), nas chamadas indústrias de transformação (charqueadas, por exemplo) e no comércio de
mercadorias. Todos espaços de intensa atuação da classe trabalhadora negra. Fundação de Economia e Estatística. De
Província de São Pedro a Estado do Rio Grande do Sul - Censos do RS 1303-1950. Porto Alegre, 1981.p. 147; 158-159.
23
Instituto Histórico e Geográfico de Jaguarão. Jornal A Folha. Dia 5 de outubro de 1940.
24
Instituto Histórico e Geográfico de Jaguarão. Jornal A Folha. Dia 8 de outubro de 1940.

7
A nova diretoria que regeria os anos de 1940 e 1941, ficava composta desta maneira:

Presidente: Epaminondas Costa; Vice-presidente: Trajano Soares; 1º Secretário: Clodomir Machado; 2º


Secretário: Cassio Correa; Tesoureiro: Zeferino Duarte; Orador: Alvaro Duarte; Diretor Fiscal: Arnaldo
Ferreira; Diretores de mês: Manoel Silva, Oscar Baptista, Tertuliano Rodrigues, José M. da Costa, João
Batista, Gil da Costa; Suplentes de Diretor:Tites Correa, Dirceu Brum, Guaracy Brito, Conceição da Costa,
Domingos Cardoso, Miguel Gonçalves.

Após a posse, seguiu o baile até a madrugada do dia 7, "[...] sempre com desusada
animação, reinando entre a assistência a maior alegria e cordialidade. Abrilhantou a festa a
excelente orquestra Rio-grandense dirigida pelo maestro Martim Maciel tendo também se feito
ouvir com geral agrado a Orquestra Geral da Alegria, composta de quatro meninas, dirigida pelo Sr.
Justino Correa".
Ainda na notícia do seu oitavo aniversário 25, observamos que o Clube tinha sede própria. Na
notícia do jornal, saúda a data outra associação, o time de futebol chamado Jaguarão Futebol Clube.
Este parece estar associado, ou pelo menos, ter vínculos com a comunidade negra da cidade,
contando com jogadores negros em seu elenco, por exemplo. Esta questão da atuação de entidades
negras no futebol da cidade ainda está sendo pesquisada e por enquanto não encontrei nenhuma liga
específica para jogadores negros, como foi no caso a chamada Liga da Canela Preta em Porto
Alegre e a Liga José do Patrocínio em Pelotas. Mas destaca-se no Jornal a vinculação do Jaguarão
Futebol Clube com os dois clubes sociais negros, evidenciando uma rede destas associações, talvez,
como já comentado, por contar com alguns jogadores negros. Existiu na cidade um time de futebol
com bastante expressão e que foi fundado em 1940, chamado Esporte Clube Jaguarão 26. Ainda não
sabemos ao certo se é a mesma agremiação, mas este último acabou fechando e sendo agregado o
seu estádio ao Clube Harmonia, da elite branca jaguarense. Outra evidência torna-se importante
para pensarmos a atuação de associações negras no esporte. Em 1933, foi fundado um time de
futebol chamado Gaúcho Footbal Club, que disputou o campeonato municipal de Jaguarão durante
a década de 193027. O time de futebol foi criado um ano depois do Clube Recreativo Gaúcho.

25
Idem.
26
ORCELLI, José Nunes. Os 103 anos do futebol jaguarense. Jaguarão: Pallotti, 2005. p.57-60.
27
Instituto Histórico e Geográfico de Jaguarão. Jornal A Situação. Dia 20 de abril de 1933. Teve como Presidente,
Alfredo Mendes, e Vice-presidente, Alcebiades C. Ramos.

8
Provavelmente pertenciam a mesma comunidade, e consta um indício importante. Que foi a
excursão do time Gaúcho em outubro de 1933 até a cidade de Arroio Grande para realizar uma
partida amistosa contra o time local chamado José do Patrocínio 28. Evidência explícita da
representatividade da luta pela abolição da comunidade negra.
O Clube Recreativo Gaúcho também teve suas raízes ligadas ao carnaval. Foi formado por
integrantes do Cordão Carnavalesco Malandros do Amor29, e teve destacada atuação durante a
década de 1940, inclusive bastante exaltada pela imprensa da cidade.
Juliana Nunes abordou a trajetória do Cordão Carnavalesco União da Classe, fundado em
1924 junto ao Clube 24 de Agosto, e que teria saído naquele ano descrito como uma "comparsa". A
comparsa é uma forma de exposição pública do Candombe nas ruas, manifestação carnavalesca afro
uruguaia, e que segundo a autora parece ter influenciado bastante a comunidade fronteiriça de
Jaguarão30. Importante lembrar as conexões entre famílias negras nos dois lados da fronteira nas
experiências de escravidão e liberdade, vivenciadas no século XIX e também no século XX31. É
assim que a autora caracteriza o carnaval na fronteira, tratando os manejos entre a comunidade
negra brasileira e a uruguaia. Segundo a autora, os cordões carnavalescos teriam três influências:
"[...] as antigas festas de coroação dos reis congos, as procissões religiosas do século XVIII e os
cordões funerários africanos"32.
Os cordões carnavalescos em Jaguarão receberam portanto ainda a influência do Candombe.
Era um manejo impressionante das experiências atlânticas de africanos e africanas na região
fronteiriça entre Brasil e Uruguai. Outros cordões destacavam-se pela vinculação a experiência
africana transatlântica, como foi o caso do Cordão das Minas: "Cordão das Minas. Sairá também
este ano à rua, tomando parte nas festas de deus Momo, o popular Cordão das Minas, que está
ensaiando alegres canções carnavalescas"33.

28
Instituto Histórico e Geográfico de Jaguarão. Jornal A Situação. Dia 19 de outubro de 1933.
29
Instituto Histórico e Geográfico de Jaguarão. Jornal A Folha. Dia 19 de fevereiro de 1941.
30
NUNES, Juliana dos Santos. “Somos o suco do carnaval! ”: A marchinha Carnavalesca e o Cordão do Clube Social
24 de Agosto. Pelotas: Universidade Federal de Pelotas, 2010. (Trabalho de Conclusão de Curso). P. 47-48.
31
SILVA, Fernanda Oliveira da. As lutas políticas nos clubes negros: culturas negras, racialização e cidadania na
fronteira Brasil-Uruguai no Pós-abolição (1870-1960). Porto Alegre: UFRGS, 2017. (Tese de Doutorado).
32
NUNES, op. Cit., 2010, P. 54.
33
Instituto Histórico e Geográfico de Jaguarão. Jornal A Situação. Dia 23 de fevereiro de 1933.

9
O Cordão das Minas já era famoso na década de 1930 e estava vinculado a tradição de um
importante território negro, a Rua do Cordão, que desde o século XIX e até hoje, é local de
residências de famílias negras da cidade. Foi lá que moraram Mestre Vado e Nergipe, importantes
clubistas negros da cidade34.
O Cordão das Minas, estava vinculado a tradição das africanas minas, que se destacavam no
comércio de rua e também pelo protagonismo na busca de compra das alforrias para si e seus/suas
familiares35.
Assim, retomando a trajetória do Gaúcho, este teve sua origem no Cordão Carnavalesco
Malandros do Amor, que é citado em matéria do jornal A Folha:

Carnaval
Sábado às 21 horas, percorrerá as ruas da cidade, o aplaudido Cordão Carnavalesco "Malandros do Amor",
composto de elementos do simpático "Clube Recreativo Gaúcho" , o qual entoando belas canções burlescas, se
fará acompanhar de excelente orquestra. Sabemos que outros blocos se estão organizando, afim de dar ao
carnaval popular do corrente ano , a nota alegre de que sempre se reveste o reinado da folia entre nós.36

Juliana Nunes ao analisar o Cordão Carnavalesco União da Classe, já havia chamado


atenção para a forma como este era tratado pela imprensa, com a nomenclatura de "elementos"
enquanto distinção pejorativa das pessoas que estavam organizadas nos cordões. Aqui nesta matéria
de jornal apresentada, aparece ainda a expressão "simpático", em outra postura de qualificação dos
sujeitos, e fica evidente a descrição do carnaval dos cordões como "popular".
O carnaval daquele ano de 1941 foi bastante celebrado pela imprensa da cidade: “Diversos
cordões percorreram as ruas da cidade, cantando alegres canções burlescas, ao som de boas
orquestras”37. O discurso da ordem, vinculado ao que se esperava da classe trabalhadora, era
destacado na matéria: "Grande multidão movimentou-se todas as noites na Praça 13 de Maio e nas
adjacentes, sem que se tenha registrado o menor incidente, fato esse, que muito recomenda a boa
34
AL-ALAM, Caiuá Cardoso; LIMA, Andréa da Gama. Territórios Negros em Jaguarão. In: AL-ALAM, Caiuá
Cardoso; ESCOBAR, Giane Vargas; MUNARETTO, Sara (Orgs.). Clube 24 de Agosto (1918-2018): 100 anos de
resistência de um clube social negro na fronteira Brasil-Uruguai. Porto Alegre: ILU, 2018b. P. 47.
35
Jovani Scherer destaca a presença e protagonismo da "nação" Mina na obtenção de alforrias na cidade de Rio Grande,
devido principalmente a sua dedicação às atividades de comércio urbano. Ver: SCHERER, Jovani de Souza.
Experiências de busca da liberdade: alforria e comunidade africana em Rio Grande. São Leopoldo: UNISINOS/PPGH,
2008 (Dissertação de Mestrado). Capítulo 3.2.
36
Instituto Histórico e Geográfico de Jaguarão. Jornal A Folha. Dia 19 de fevereiro de 1941.
37
Instituto Histórico e Geográfico de Jaguarão. Jornal A Folha. Dia 26 de fevereiro de 1941.

10
índole e educação do povo conterrâneo"38. A Praça 13 de Maio, é a atual Praça Alcides Marques
localizada no centro da cidade. O primeiro nome foi colocado em alusão a abolição da escravidão.
A troca de nome da Praça remete às batalhas monumentais do poder público, entre a memória e o
esquecimento. Naquele ano de 1941, o poder municipal erigiu um coreto na Praça das Bandeiras,
que seria hoje o Largo das Bandeiras defronte a Igreja Matriz, para ali ter a execução de bandas de
música durante o carnaval. Durante as três noites de carnaval, tocou naquele coreto a Banda
Operária Jaguarense. Esta banda foi formada pela Sociedade Operária Jaguarense. Já comentei neste
texto anteriormente, que durante seus mais de 40 anos de existência, teve grande participação de
trabalhadores/as negroas/as em suas atividades. Objetivava impor à classe trabalhadora, uma moral
cristã e disciplinamento para o trabalho, buscando distanciá-los/las inclusive de comportamentos
subversivos e de contatos com organizações socialistas. No carnaval de 1941, a Banda da Sociedade
Operária, chamada pelo jornal de Operária Jaguarense, ganhava destaque no coreto da Praça central
da cidade. Era a conjuntura do Estado Novo, o disciplinamento da classe trabalhadora e o
distanciamento das ideias socialistas eram as pautas do regime: de fato, o destaque conferido pela
matéria do jornal ao comportamento da população naquele carnaval de 1941, e também na situação
de evidência da Banda da Sociedade Operária no coreto da Praça 13 de Maio, não seriam uma mera
coincidência. Ainda assim, mesmo que estas entidades impusessem estratégias de apassivamento da
classe trabalhadora, devemos enxergar as formas de manejo das experiências de, no caso aqui,
trabalhadores/as negros e negras realizavam das atividades deste tipo de instituição, buscando
letramento, aprendizado de ofícios de trabalho, organização de classe, dentre outras expectativas
que visassem instrumentalização de sua comunidade.
O Gaúcho além de estar organizado enquanto Cordão Carnavalesco Malandros do Amor,
também mantinha uma série de bailes a fantasia em sua sede durante o carnaval 39. Esta é uma
característica dos clubes sociais negros, a atividade intensa na festa popular.
O Clube Recreativo Gaúcho, tinha protagonismo forte na construção de atividades culturais
no município. Na década de 1940, o Clube também organizava festivais culturais no principal teatro
da cidade, o Teatro Esperança. Esta casa de espetáculos foi inaugurado em 1898 e foi construído

38
Idem.
39
Instituto Histórico e Geográfico de Jaguarão. Jornal A Folha. Dias 19 de fevereiro e 5 de março de 1941.

11
para ser a principal referência do discurso das elites do Partido Republicano Riograndense em
âmbito cultural no município 40. É fundamental ressaltar que no final do século XIX e início do
século XX, Jaguarão era um importante entreposto das companhias artísticas. Participava de um elo,
de uma espécie de um corredor cultural que ligava Montevidéu, Buenos Aires, Porto Alegre e as
principais cidades brasileiras. Não há como desconectar as experiências culturais da comunidade
negra e de suas instituições, como o Clube Recreativo Gaúcho, destas trocas de experiências
culturais que conectavam a América do Sul.
Os festivais de cultura eram organizados pelos clubes sociais negros, como o 24 de Agosto e
o Gaúcho, mas também por outras entidades como os times de futebol, inclusive instituições ligadas
às elites da cidade. Iniciativas que buscavam arrecadar fundos para as instituições.

Clube Recreativo Gaúcho


Todo um acontecimento artístico promete ser o espetáculo que se realizará no dia 7 do corrente no Teatro
Esperança , a benefício do Clube que nos serve de epígrafe. Como primeira parte do programa será levada a
cena a gozadíssima comédia intitulada "Companhia do compadre Juca". A segunda parte estará a cargo de um
interessante grupo de meninas que com as suas danças ao "passo do canguru" deleitarão os espectadores. Com
toda certeza que a sala do Esperança será pequena para conter o numeroso público que assistirá ao festival do
Gaúcho.41

O Clube Recreativo Gaúcho, segundo o que temos de registro até o momento, foi o segundo
clube social negro em atividade da cidade de Jaguarão. Teve atuação destacada no carnaval, em
festivais de cultura e, pelo que temos de indícios, no futebol também. Hoje, a memória de sua
existência está um pouco distanciada, mas ele continua como referência de atuação enquanto uma
sociedade com uma identidade racial positiva para a comunidade negra da região. Sem dúvida,
outros elementos riquíssimos da experiência histórica desta sociedade serão abordados no futuro,
fortalecendo o mapeamento do protagonismo das entidades negras no período do pós-abolição.

40
CUNHA, Carlos Otoniel Pacheco da. "Nos julgamos compensados com o regosijo de ver nossa terra natal dotada de
um Theatro": A trajetória do Teatro Esperança (1886-1929). Jaguarão: UNIPAMPA, 2015. (Trabalho de Conclusão de
Curso).
41
Instituto Histórico e Geográfico de Jaguarão. Jornal A Folha. Dia 5 de agosto de 1941.

12
Fontes

Acervo do Clube 24 de Agosto

Estatuto do Clube 24 de Agosto, 1957.

Banco de História Oral do PET-História UNIPAMPA, Campus Jaguarão.

Entrevista com Osvaldina Medeiros Soares. Dia 29 de novembro de 2014.


Entrevista com Aldaci Machado. Dia 13 de novembro de 2014.

Instituto Histórico e Geográfico de Jaguarão.

Jornal O Liberal. Dia 24 de janeiro de 1930.


Jornal O Amigo do Operário, dia 30 de abril de 1913.
Jornal A Situação. Dia 20 de abril de 1933.
Jornal A Situação. Dia 19 de outubro de 1933.
Jornal A Situação. Dia 23 de fevereiro de 1933.
Jornal A Folha. Dia 5 de outubro de 1940.
Jornal A Folha. Dia 8 de outubro de 1940.
Jornal A Folha. Dia 19 de fevereiro de 1941.
Jornal A Folha. Dia 19 de fevereiro de 1941.
Jornal A Folha. Dia 26 de fevereiro de 1941.
Jornal A Folha. Dias 19 de fevereiro e 5 de março de 1941.
Jornal A Folha. Dia 5 de agosto de 1941.

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13
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