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RESUMO
O presente artigo tem como objetivo apresentar um dos argumentos que serviram de
apoio no governo do então Presidente da República, Michel Temer, para que fosse
aprovada a MP 746/2016 (Lei n° 13.415/2017) que provocou mudanças na Lei de
Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB n° 9394/96 e n° 11.494/2007) e
discutir sobre o projeto neoliberal por trás dessa reforma do ensino médio a partir do
financiamento do Banco Mundial e as consequências dessa estrutura de caráter
tecnicista para o ensino de filosofia. A metodologia empregada para a elaboração
desse artigo foi a Pesquisa bibliográfica e documental com abordagem qualitativa.
1. INTRODUÇÃO
2022, ano que começa a ser oficialmente implementado em todas as escolas para
as turmas de 1° ano o que o MEC anuncia como “Novo Ensino Médio”, será também
ano de mais uma jornada de lutas para que a filosofia não seja extinta da grade
curricular assim como ocorreu em 1972, no contexto de ditadura militar. A análise
aqui levantada em torno dessa problemática, visa trazer reflexões partindo de
questões relacionadas ao sistema educacional brasileiro e sua relação com o
financiamento do Banco Mundial, um projeto da elite que põe em risco todas as
disciplinas que “não servem" e que ousam questionar seus métodos.
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Acadêmica do Curso de Graduação em Filosofia, na Universidade Federal do Maranhão.
2
2
Formam a maior parte das matrículas do Ensino Médio no País.
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Em depoimento feito pela aluna Rebeca Costa Prado, do segundo ano do ensino
médio da escola CEAG (Centro de Ensino Anjo da Guarda) para a elaboração desse
artigo, ela respondeu as seguintes perguntas feitas por mim:
- Quais foram as primeiras mudanças que você percebeu em sua escola nesse ano?
mudanças, meus professores já falaram disso nas aulas e eu, meus colegas e até
aqueles alunos “mais destacados” percebemos que na teoria é lindo, mas a prática é
triste. A gente nem tem aula prática também porque não tem verba e nem material.
- Nesse ano a carga horária diminuiu bastante. Tenho uma aula de 40 minutos por
semana, ano passado tinha duas ou três.
O Banco age, desde as suas origens, ainda que de diferentes formas, como
um ator político, intelectual e financeiro, e o faz devido à sua condição
singular de emprestador, formulador de políticas, ator social e produtor e/ou
veiculador de ideias em matéria de desenvolvimento capitalista, sobre o que
fazer, como fazer, quem deve fazer e para quem fazer. Ao longo de sua
história, o Banco sempre explorou a sinergia entre dinheiro, prescrições
políticas e conhecimento econômico para ampliar sua influência e
institucionalizar sua pauta de políticas em âmbito nacional, tanto por meio da
coerção (influência e constrangimento junto a outros financiadores e bloqueio
de empréstimos) como da persuasão (diálogo com governos e assistência
técnica). (PEREIRA, 2010, p.29).
Críticos da reforma argumentam que esse projeto cria uma falsa narrativa de que
todo aluno terá possibilidade de escolher um dos cinco itinerários formativos. No
entanto, o projeto de lei não obriga todas as escolas a oferecerem essas cinco
disciplinas eletivas e escolas que carecem de professores e recursos básicos, não
teriam condições de oferecê-las. Além disso, os contrários à reforma também
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BRASIL. Ministério da Educação.
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3. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Diante das discussões levantadas, pôde-se observar como essas interferências do
Banco Mundial no sistema educacional brasileiro, os chamados “acordo de
cooperação”, tem um único propósito: como as alterações feitas na grade curricular,
que rebaixa a filosofia, as ciências humanas e sociais (antes obrigatórias) a “estudos
e práticas”, prejudica tanto professores formados na área (já que qualquer professor
de outra área pode ministrar essas aulas) quanto alunos, que, na maioria das vezes
já veem a disciplina como “desinteressante”, então a não obrigação destas no
currículo reforça essa ideia; formando ideológica e tecnicamente a mão de obra
barata e fundamental para o funcionamento da lógica capitalista.
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REFERÊNCIAS
Banco Mundial libera US$ 10 milhões para apoiar reforma do ensino médio. MEC,
18 de Nov. de 2020. Disponível em:
<https://www.gov.br/mec/pt-br/assuntos/noticias_1/banco-mundial-libera-us-10-
milhoes-para-apoiar-reforma-do-ensino-medio#:~:text=Uma%20nova%20rodada
%20de%20encontros,vig%C3%AAncia%20de%202018%20a%202023>
BRASIL. Presidência da República. Casa Civil. Subchefia para Assuntos Jurídicos. Lei nº
13.415, de 16 de fevereiro de 2017. Brasília, DF, 2017a. Disponível
em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2017/Lei/L13415.htm. Acesso em:
07 de dez. de 2022.
MANACORDA, Mario. Marx e a pedagogia moderna. 2. ed. Campinas: Alínea,
2010.
MSF 19/2018. Presidência da República. 12 de abr. de 2018
PEREIRA, João Márcio Mendes. O Banco Mundial como ator político, intelectual
e financeiro - 1944 – 2008. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2010.