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Nicolle Zimmermann1**, Francéia Veiga Lietdke2**, Michelle Bordin Bez³**, André Luiz Moraesª**,
Maria Alice de Mattos Pimenta Parenteº, Lilian Cristine Scherer***, Rochele Paz Fonseca*.
¹
Bolsista PIBIC-CNPq, PUCRS. Graduanda em Psicologia - UNISINOS. ² Graduanda em Psicologia - UFRGS. ³Bolsista BPA, PUCRS. Graduanda em
Psicologia - PUCRS; ªMestrando em Psicologia do Desenvolvimento – UFRGS; ºProfessora Adjunta da Faculdade de Psicologia da UFRGS.
Coordenadora do Laboratório de Neuropsicolinguistica; ***Professora Adjunta do Departamento de Letras e do Mestrado em Letras – UNISC;
*Professora Adjunta da Faculdade de Psicologia da PUCRS e do PPG em Psicologia – ênfase Cognição Humana. Coordenadora do GNCE da PUCRS.
** Membros do GNCE.
Introdução
As tarefas de fluência verbal (TFV) estão entre as mais utilizadas na prática clínica e
na pesquisa em neuropsicologia devido à sua fácil administração e à sua contribuição para o
processo diagnóstico de déficits executivos, léxico-semânticos e/ou mnemônicos. Quanto às
variáveis sociodemográficas que influenciam o desempenho dessa tarefa, atualmente é aceito
na literatura que a escolaridade e a idade em especial, estão entre as mais atuantes. No
entanto, apesar de sua renomada relevância clínica poucos autores referem com detalhamento
os critérios utilizados para a pontuação de acertos e de erros, limitação ainda maior no que
tange à qualificação dos diferentes tipos de erros. Neste sentido, torna-se fundamental
compreender melhor o papel de fatores sociodemográficos e a relação entre processos
cognitivos subjacentes a tais tarefas a partir de um sistema de pontuação cuidadosamente
delineado de acordo com critérios neuropsicolingüísticos. A partir disso, o objetivo desse
trabalho foi verificar se há diferenças entre adultos jovens, de idade intermediária e adultos
idosos no desempenho quantitativo-qualitativo quanto ao número de erros escore total e por
tipos, e ao número de acertos em três modalidades de TFV – livre, ortográfico-fonológica e
semântica.
Método
Para a investigação das estratégias envolvidas nos tipos de erro, foi realizada uma
análise qualitativa dos protocolos de participantes do processo de normatização das três
modalidades de evocação lexical da Bateria MAC (FONSECA et al., 2008): livre (ELL),
ortográfica (ELO) e semântica (ELS). Verificaram-se todos os vocábulos considerados erros.
Participaram dessa análise 102 adultos divididos nos grupos etários: 35 adultos jovens (19 a
39 anos), 34 adultos de idade intermediária (40 a 59 anos) e 33 adultos idosos (60 a 75 anos).
Todos os participantes estudaram no mínimo oito anos regularmente. A partir do
levantamento dos erros, foram criadas classificações de tipos de erros com base na literatura,
na concordância entre dois juízes especialistas e a partir de uma consultoria com um
pesquisador em psicolingüística. Esse procedimento gerou normas de pontuação específicas
ainda inéditas no manual da Bateria MAC que serão acrescentadas posteriormente a este guia.
Deste modo, após a análise qualitativa, fez-se uma análise comparativa entre grupos com o
teste one-way ANOVA, com o procedimento post-hoc Tukey quanto às médias por categoria
de erro e quanto ao total de número de erros e de acertos.
Resultados
Foram criados a partir dos critérios metodológicos descritos, seis tipos de erros: a)
Palavra não válida; b) Palavra inexistente; c) Perseveração; d) Repetição de palavra com
diferentes qualificações do vocábulo; e) Derivado morfológico não aceito; f) Frase. A análise
comparativa entre grupos quanto às seis categorias de erro propostas não revelou diferenças
significativas, exceto na tarefa de ELO. Nesta prova os adultos de idade intermediária
(M=0,62; DP=0,18) tiveram um número de erros significativamente maior que os jovens
(M=0,17; DP=0,45; p=0,036) e idosos (M=0,03; DP=0,17; p=0,004) no tipo de erro “derivado
morfológico não aceito”. Na análise comparativa entre grupos quanto ao número total de
erros, na tarefa de ELL os idosos (M=3,85; DP=3,03) diferenciaram-se significativamente dos
jovens (M=2,26; DP=1,90; p=0,015) e dos adultos de idade intermediária (M=1,79; DP=1,80;
p=0,001). Quanto ao número de acertos, na tarefa de ELL os jovens (M=64,91; DP=23,44)
diferenciaram-se (p=0,001) dos idosos (M=44,61; DP=19,89). Na tarefa de ELO, novamente
o grupo de jovens (M=28,06; DP=6,70) diferenciou-se (p=0,015) do grupo de idosos
(M=22,45; DP=9,97). Na tarefa de ELS, o grupo de idosos (M=22,18; DP=6,59) diferenciou-
se dos grupos de jovens (M=29,00; DP=5,21; p=0,001) e de idade intermediária (M=27,00;
DP=6,21; 0,004).