Terasfinal 2

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Licensed to Vitória Brandão de Souza - vitoriabrandao2007souza@gmail.c


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Esse livro é dedicado, além de todos os meus inscritos, à todas as
pessoas que fizeram parte da minha história. Sou grata à cada pessoa
que passou pela minha vida, fazendo bem ou não, por tornar isso
possível e por fazer parte da formação da pessoa que eu sou hoje.

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Oi, gente! Tudo bem com vocês? Eu espero que sim, né?! Bom,
se você está lendo isso, quer dizer que agora guardamos segredos. Isso é
importante, não é? Acho que podemos nos considerar próximos. É a
primeira vez que tenho coragem de contar tudo o que vou contar aqui,
então posso dizer que confio em você. E eu não vejo a hora de te contar
as minhas tragédias mais profundas.

Eu tenho apenas 18 anos. Acabei de começar a vida, certo? Isso


até me assusta um pouco, por que se com 18 anos eu tenho tanta história
pra contar, o que mais eu ainda vou viver? Mas por outro lado, uma das
coisas que eu mais gosto de fazer é de me sentar em frente a câmera,
dividir com você todas as minhas histórias e, principalmente, como eu
consegui lidar com elas.

Existem algumas histórias que eu ainda não me sinto pronta para


falar em frente à câmera, e é exatamente por isso que eu resolvi
escrever elas aqui especialmente pra você, meu confidente. São as
histórias que as pessoas mais me pedem e as que mais me machucaram.
Mas o meu objetivo maior é sempre ver o lado bom de tudo, tirar um
aprendizado de cada coisa e me tornar melhor. Muito provavelmente
você pode se identificar com uma das histórias que estão aqui, por isso,
preste muita atenção e faça como eu: tire um aprendizado de cada coisa.
Se eu tivesse um livro pra me ajudar a lidar com cada situação que eu
escrevi aqui, talvez teria sido menos complicado.

O que você está prestes a ler é quase que... O meu diário secreto.
E só você tem a chave. Guarde esses segredos como se fossem seus,
como um bom amigo. E me conte depois, como você agiria se fosse eu?

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Com amor, Ana Laura Lopes

Algumas vezes durante a vida, as pessoas podem nos magoar


muito. Você pode querer muito que algo dê certo, mas simplesmente
por escolha de outra pessoa, as coisas não saem como queremos. Dessa
forma temos em quem depositar a nossa frustração. Porém,
infelizmente, algumas vezes não depende de ninguém. Pode-se culpar o
acaso, mas não uma pessoa específica. Muitas vezes as coisas dão
errado por um motivo maior, algo que está além do nosso entendimento.
E nós precisamos apenas nos conformar e esperar que algo melhor está
por vir.

A história que eu vou contar agora aconteceu quando eu tinha 14


anos. Vocês que são fãs do Terça com T de Tragédia sabem bem que o
meu maior desejo era viajar para a Disney nos meus 15 anos, mas
infelizmente a minha tentativa deu errado. Para quem não assistiu,
resumindo a história, eu comprei o pacote para viajar no meu
aniversário com uma empresa da minha cidade, mas quando fui tirar o
meu passaporte, o nome do meu pai estava escrito diferente na minha
certidão. Por isso, não consegui tirar o passaporte e precisei desistir da
minha viagem. Eu fiquei muito frustrada, pois já tinha criado uma
expectativa enorme, os meus pais estavam muito felizes em poder
realizar um dos meus maiores sonhos. Mas nem sempre as coisas saem
como planejamos.

Então eles me reanimaram totalmente. Minha mãe me deu a


ideia de conseguir parceria com algumas empresas para fazer uma festa
de 15 anos. Eles me convenceram de que eu nunca poderia voltar no
tempo pra comemorar essa data, e que a Disney ainda estaria lá por
muito tempo. Eu então fiquei muito feliz. Comecei a olhar tudo, muito
ansiosa.

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Nessa época, eu estava com o meu primeiro namorado. Vamos
dar o nome pra ele de Y. A minha relação com o Y, apesar de muito
feliz, era muito difícil. Estávamos juntos há pouco mais de 5 meses, e
eu estava muito feliz por isso. Mas era um namoro à distância. E,
realmente, eu acho que só quem já viveu isso pode entender. Havia
quase 7 meses que não nos víamos pessoalmente, e ficava cada vez
mais difícil. Ele morava muito longe, muito mesmo.

Eu comecei a escolher cada detalhe da festa. O lugar, a


decoração, o vestido, as comidas. Me lembro de contar sobre tudo para
Y por Skype, ele participou de cada escolha, e ficava muito feliz por
mim. Aquilo tomava uma parte enorme do meu tempo, mas foi incrível
cuidar de tudo.

Eu estava tão apaixonada pela festa. Queria que tudo fosse


perfeito, mas havia um detalhe que me incomodava muito. A valsa.
Todos os dias eu contava para Y o quanto queria que ele pudesse dançar
comigo, e que seria um momento muito importante pra mim.

Realmente, a valsa dos 15 anos é um marco enorme na vida de uma


garota, principalmente se for com alguém importante, mas era
praticamente impossível pra ele.

Eu continuei olhando tudo e tinha decidido dançar a valsa com o


meu pai. Obviamente eu sentiria muita falta do Y lá, mas eu entendia
completamente que não era uma situação tão simples assim. Eram
milhares e milhares de quilômetros para se percorrer, ele estava no meio
do período de aula, as passagens aéreas estavam caras. Então eu apenas
entendi que precisaria curtir a minha festa de 15 anos sem a presença do
meu namorado.

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Mal sabia eu, que na verdade ele já tinha conversado com a mãe
dele e estava prestes a me contar que eles resolveram comprar as
passagens pra ficar uma semana. Quando eu soube, não consegui
acreditar. Parecia um sonho. Só levei à sério quando ele me mostrou as
passagens compradas. Seria o meu maior presente.

Fiquei tão feliz que toda a organização passou a ser entorno


disso. Nós ensaiamos a valsa por vídeo. A música era “All Of The
Stars”.

“Se você estivesse aqui, cantaria para você

Você está do outro lado do mundo


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E a linha do horizonte se divide

Milhas distante de poder te ver

Eu posso ver as estrelas da América

Eu me pergunto, será que você as vê também?” - Ed Sheeran

Estava tudo indo do jeito que eu havia sonhado. Não estava


acreditando que ele realmente estaria lá comigo. Toda a minha família e
amigos estavam ansiosos para conhece-lo. Todos muito felizes por me
ver tão bem.

Passei noites conversando sobre como seria incrível, pensando


no que faríamos nesses 4 dias tão sonhados. Ele comprou vários
presentes maravilhosos para me trazer de onde ele morava. Eu fiz uma
lista dos lugares que queria que fossemos juntos. Estava tudo planejado.
Seria maravilhoso.

Me lembro de dizer à minha mãe, “eu só acredito quando ele


estiver aqui”. Ela concordava, dizia que parecia um sonho. Enquanto
isso, Y se preparava para viajar, à milhares de quilômetros de mim. Eu
continuei preparando a festa, já havia escolhido tudo. Me lembro da
prova do vestido, ele era branco, com lindas pedras bordadas. Um
corpete e uma saia curta rodada, que desenhava o meu corpo
perfeitamente. Já havia escolhido o salto, que era o mais alto que eu
encontrei, e hoje em dia nem me serve mais. O bolo, a decoração, as
comidas e bebidas, estava tudo praticamente pronto. E cada vez mais
próxima a vinda de Y.

Ele chegaria na semana da festa e iria embora no dia seguinte.


Estava tudo preparado. Na semana da viagem, eu mal conseguia dormir.
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Passava horas conversando com ele, os dois mais ansiosos do que
nunca. E foi a semana mais demorada de todas. Os dias pareciam
eternos.

E então, finalmente chegou o momento. Ele viajaria num dia e


eu buscaria ele no aeroporto no outro. Ainda não conseguia acreditar
que no dia seguinte, Y estaria ali comigo. Eu escolhi a roupa que
buscaria ele, passei o dia hidratando o cabelo, fazendo as unhas e me
preparando para vê-lo. Não podia estar mais feliz.

Foi então que aconteceu. Me lembro de estar deitada no meu


quarto, arrumando os últimos detalhes da festa. Faltavam poucos dias. E
algumas horas para encontrar Y. A minha mãe entrou no meu quarto,
com uma expressão terrível. Eu não fazia ideia da notícia que estava
prestes a ouvir.

Ela me disse que Y e sua mãe não poderiam mais vir. Eu


inicialmente pensei que fosse algum tipo de brincadeira sem graça, e
não acreditei. Ela me mostrou a mensagem que a minha ex-sogra havia
enviado, dizendo que eles chegaram no aeroporto, prontos para viajar, e
quando fizeram o check-in descobriram que a passagem de volta estava
com data errada. Faltavam poucas horas para o voo e o preço para
mudar a data era altíssimo. Ele passaria uma semana aqui, e na
passagem seria mais de um mês. Era impossível. Ele não podia perder
tantas aulas, não podia ficar aqui por tanto tempo, não podia pagar pela
mudança da data.

O sonho então se tornou um pesadelo terrível. Eu nunca poderia


imaginar que aquilo aconteceria. Faltavam poucas horas para que tudo

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acontecesse e, de repente, nada aconteceria mais. Que sensação
horrível. Foi como um balde de água fria. Acho que nunca tinha ficado
tão frustrada na vida. Eu chorei, por horas seguidas. A minha mãe mal
sabia como me consolar.

Do outro lado, Y também desabava em lágrimas. Algo tão


esperado, sem chances de dar errado, mas não podemos ter certeza
sobre nada na vida. Nesse caso, era simplesmente impossível não criar
expectativas. As passagens já estavam compradas, estava tudo certo. E
em questão de segundos nenhuma certeza existia mais.

Não havia nada que podíamos fazer, a não ser nos conformar.
Mas parecia uma tarefa improvável. Eu chorei até dormir, e acordei no
outro dia, faltando apenas uma semana para a festa. Eu realmente não
conseguia ficar bem. Passei o dia todo deitada, sem esboçar um sorriso
sequer.

Minha mãe perguntou se eu queria cancelar a festa, por me ver


tão triste. De início eu achei que poderia ser uma boa ideia. Pensar em
comemorar e parecer feliz em uma semana depois daquilo, não era algo
que eu conseguiria fazer. Eu disse que sim, e fiquei conformada de que
seria melhor ficar em casa por alguns dias, me recuperando de tudo o
que havia acontecido. Eu realmente não conseguia me imaginar feliz em
uma semana. Fiquei o resto da noite ouvindo “All Of The Stars”,
ficando mais triste do que já estava.

Me lembro de ter um sonho naquela noite. Aquele tipo de sonho


que revela qual caminho seguir. Sonhei que a festa tinha acontecido,
que havia sido maravilhosa, eu tinha me divertido muito e Y ficava feliz
por mim, mesmo longe. Toda a minha família estava lá, me apoiando

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E então, no dia seguinte, eu acordei mais disposta. Comecei a
pensar em tudo o que eu já tinha organizado. Pensei nas pessoas que
esperavam ansiosas pela festa. Pensei muito em tudo. E decidi que a
melhor escolha era continuar com a festa. Os meus pais ficaram muito
felizes e fizeram de tudo para me ajudar.

O dia da festa chegou. Eu me arrumei da forma como havia


sonhado, estava tudo lindo, como o planejado. A não ser, bom, o
“príncipe encantado” da festa. Troquei a dança que estava ensaiando
virtualmente com ele, por uma valsa com o meu pai, meu irmão, meus
tios e avô, até mesmo a minha mãe dançou valsa comigo. Eu e minhas
amigas também preparamos uma coreografia ótima para a hora da
abertura da boate.

Me lembro que, no início da festa, pensei em como seria se Y


estivesse ali. Todos que estavam ali sabiam da minha frustração, me
olhavam com um olhar de pena. Eu fui ao banheiro, para que ninguém
me visse mal lá. Minha mãe percebeu e foi atrás de mim.

Ela teve uma conversa muito importante comigo, uma que eu


nunca vou esquecer. Disse que nem sempre entendemos o motivo real
de as coisas acontecerem, mas que eu precisava ser forte. Precisava
olhar a minha volta, para perceber quantas pessoas incríveis, que me
amavam muito, estavam ali torcendo pela minha felicidade. Disse que
eu precisava ser grata, precisava tentar fazer daquele momento uma
lembrança feliz para guardar comigo pra sempre.

Eu respirei fundo, sai do banheiro de cabeça em pé e curti a


minha festa como nunca. Passei o tempo todo rodeada de pessoas que
me queriam bem e fiquei muito feliz. Foi maravilhoso. Eu realmente me
diverti muito.

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Depois de mais 6 longos meses, Y conseguiu comprar outra
passagem. Ele e sua mãe vieram e ficaram um mês aqui. A festa já
havia acontecido há muito tempo e só restavam vídeos e fotos para que
Y pudesse ver. Durante o tempo em que ele esteve aqui, tudo foi muito
bom. Mas o tempo acabou, e ele precisou voltar pra casa.

Depois de alguns meses separados de novo, nós dois


percebemos que a distância não valia à pena, que o nosso futuro juntos
poderia nunca acontecer. Preferimos evitar o sofrimento e terminar o
namoro. Um namoro à distância é realmente muito complicado e creio
que apenas quem já passou por isso um dia consiga entender. Existem
casos que dão certo sim, mas é preciso muita paciência e maturidade.
Nós éramos muito novos na época e tínhamos muito à aprender com a
vida. Sou muito grata ao Y, por todos os momentos bons e por tudo o
que ele me ensinou, mas a nossa história ficou pra trás quando parou de
existir sentido em lutar por ela.

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Não fique frustrado se algo que você esperava muito que
acontecesse, não der certo. As coisas acontecem da forma que precisam
acontecer e a vida sempre encontra uma forma de nos mostrar o motivo
depois. Apenas aproveite os momentos bons da melhor forma possível,
assim como eu fiz na minha festa de 15 anos.

Se você já passou por algo parecido, com certeza vai me


entender. Bom, pode ser que tenhamos algumas coisas em comum, não
é? Como você lida quando se frustra com alguma coisa? É parecido
com o meu jeito?

Aqui vai algo para você me conhecer melhor e comparar quantas


coisas nós temos em comum. Não esquece de me contar depois, ok?

100 fatos sobre mim

1. Meu nome completo é Ana Laura Lopes de Faria.


2. Eu tenho 1, 52 de altura.
3. Eu nasci no dia 24 de Fevereiro de 2002.
4. Mais especificamente às 8 da manhã.
5. Ou seja, meu signo é Peixes.
6. E meu ascendente é Áries.
7. Nasci em Belo Horizonte.
8. Eu peso 51kg.
9. Eu tenho um irmão mais novo, chamado Eduardo Henrique.
10. Inclusive, eu que escolhi o nome dele.
11. Eu tenho uma marca de nascença do lado esquerdo do quadril.
12. E uma cicatriz no joelho direito, como vocês já devem saber.

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13. Eu sou a menina mais romântica e sensível que você pode
conhecer.
14. Inclusive, eu choro muito fácil.
15. Quando eu era criança, assisti “Barbie e as 12 princesas
bailarinas” toda noite durante quase 1 ano.
16. Minha comida preferida é estrogonofe de frango.
17. E minha viagem dos sonhos é pra Disney, sem sombra de
dúvidas.
18. Inclusive, eu nunca saí do Brasil.
19. Apesar de ter certificado de fluência em Inglês.
20. Também sei me virar no Espanhol.
21. A coisa que eu mais amo fazer é cantar.
22. E se pudesse, trabalharia com arte o resto da vida.
23. Eu fiz 3 anos de curso de teatro.
24. E quase fui para São Paulo pra tentar ser atriz.
25. Além do teatro, já fiz aula de ballet, jazz, circo, dança de rua,
piano, violão, canto, inglês, natação e vôlei. Sim, eu fiz aula de
vôlei com 1,52 de altura.
26. Eu ainda quero ser fluente em Espanhol, Francês e Libras.
27. Eu tenho dificuldade de dizer não.
28. Eu amo açaí, muito mesmo e sempre coloco calda de morango
no açaí.
29. Minha série favorita é Friends, já assisti 3 vezes.
30. E é daí que eu tiro meu gosto por anos 90.
31. Ah, e eu também amo bandas antigas.
32. As minhas preferidas são o Queen, Pink Floyd, U2, Gun’s e Led
Zeppelin.
33. E se eu pudesse escolher uma música para ouvir pra sempre
seria “Every Breath You Take”, do The Police.
34. Isso mesmo, eu amo rock. Graças aos meus pais.
35. A minha mãe era atriz antes de eu nascer.
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36. O meu pai é músico.
37. Eu já estudei em 4 escolas.
38. A minha matéria preferida era geometria.
39. Inclusive, eu seria arquiteta se não fosse cantora.
40. O filme que eu vi mais vezes foi “Jogos Vorazes” e a triologia.
41. E foi também o primeiro livro que eu li, com 11 anos.
42. Eu era muito fã do Josh Hutcherson. Já tive até um fã clube pra
ele no Facebook e escrevi várias fanfics.
43. A minha princesa preferida é a Branca de Neve.
44. O meu aniversário de 1 ano foi da Minnie.
45. Quando eu era criança eu amava ir ao médico.
46. Então decidi que seria médica com 7 anos.
47. Até eu mesma descobrir que não consigo ver pessoas
machucadas ou passando mal.
48. Eu sempre tenho crises de riso e me fazer rir é a coisa mais fácil
do mundo.
49. Eu também tenho uma facilidade enorme em ficar perdida,
desde criança.
50. Eu odeio que as pessoas sejam grossas ou secas comigo.
51. Eu sempre mando “kkk” no final da mensagem no What’s App.
52. Eu fiquei 10 anos sem comer camarão por que tive uma reação
alérgica.
53. E também tenho alergia de sabonete que não seja neutro.
54. Eu tenho laringite crônica, e sofro com isso desde os meus 10
dias de vida.
55. Tenho medo de elevador.
56. E muito medo de abelha.
57. Quando eu era criança eu tinha a língua presa e falava “S” com a
língua pra fora. Só melhorou depois de 3 anos de aparelho.
58. Eu já tive mais de 20 gatos durante a vida.
59. Mas só tive 1 cachorro. O nome dele era Doki.
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60. Eu sabia todas músicas e coreografias do filme da Hannah
Montana. Grande dom.
61. E minha paixão de infância era o Zac Efron.
62. Eu era muito viciada em High School Musical e choro até hoje
quando assisto o terceiro.
63. O meu cantor preferido é o Ed Sheeran.
64. E a minha cantora preferida é a Billie Eilish.
65. Fui no meu primeiro show com 16 anos. Era um show sertanejo.
66. Eu amo ir em shows e em lugares cheios de pessoas felizes.
67. Também amo ir ao shopping sozinha pra editar vídeo no meu
café preferido. Dois extremos, não?
68. Não tem nada que me relaxe mais do que nadar. Eu amo
cachoeiras, rios, piscina, mar...
69. Outra coisa que me relaxa muito é andar de carro. Eu sempre
durmo no caminho.
70. Inclusive, quando eu era bebê e não queria dormir, a minha mãe
fazia o meu pai dar voltinhas de carro comigo pelo quarteirão.
71. Minha primeira palavra foi “Piopi”, que é o “nome” do meu tio.
Ele se chama Robson, na verdade.
72. E os meus primeiros passinhos foram dentro de um salão de
sinuca, vendo o meu pai jogar.
73. Eu era uma criança muito tranquila e quase nunca fazia bagunça.
74. O meu desenho preferido era “Os Padrinhos Mágicos”.
75. Um dia assisti uma maratona de 72 horas que passou na TV.
76. Eu não gosto muito de chuchu, nem de carambola.
77. E prefiro mil vezes chocolate branco.
78. Eu faço coleção de All Star. Tenho de várias cores diferentes.
79. É muito raro me ver usando salto ou vestido.
80. Eu passo mais parte do meu dia ouvindo música do que sem
ouvir.
81. Eu também não tenho um estilo musical favorito.
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82. Eu só componho as minhas música de madrugada. A inspiração
nunca veio de dia.
83. Nem todas as minhas músicas são sobre mim.
84. Quando eu tinha 12 anos escrevi um livro que tem uma história
linda. Tenho o sonho de publica-lo ou transforma-lo em filme.
85. A coisa que eu mais reparo nas pessoas são os olhos.
86. E na personalidade é a gentileza com qualquer pessoa. Qualquer
pessoa mesmo.
87. Eu chamo a minha mãe de “mamãe” ou “mami” e o meu pai de
“papai” ou “papi”. Nunca conseguir falar com eles chamando de
mãe e pai.
88. Toda a minha família me chama de “Lála” ou “Tutty”.
89. Eu amo crianças. De qualquer idade. Sempre me dou bem com
elas.
90. Eu tenho um afilhado, o nome dele é Lucas e ele tem 8 meses.
91. Eu sou muito apegada à minha família, amo passar tempo com
eles.
92. E uma curiosidade sobre a minha família é que, no natal, todo
mundo tem que estar vestido de vermelho e branco. Eu amo
isso, as fotos ficam super engraçadinhas.
93. Eu amo natal, é uma das minhas épocas preferidas do ano.
94. Eu também adoro comemorar meu aniversário.
95. Eu já tive uma festa surpresa, no meu aniversário de 7 anos.
96. Eu AMO surpresas. Qualquer mínima coisinha que a pessoa
demonstra que lembrou de mim me derrete toda.
97. Eu também adoro olhar pra lua. Sempre me acalma.
98. Eu gosto mais de dormir do que de comer.
99. E gosto mais de salgado do que de doce.
100. Eu amo poder trabalhar com o que me faz feliz.

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E, aí?! Se identificou com alguma coisa? Aposto que nós somos
pelo menos um pouco parecidos. Faz muito bem pra uma amizade ter
coisas em comum. Inclusive, já que entramos nesse assunto... Me deixe
te contar sobre uma amizade que eu tive uma vez.

Eu acho que perdi a conta de quantas vezes eu me decepcionei


com amizades ao longo da minha vida. Mas essa história em especial
foi a mais difícil de superar. Decepções são muito difíceis, mas quando
vem da pessoa que você costuma desabafar sobre as suas decepções,
acho que dói em dobro.

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Tudo começou quando eu mudei de escola. Acho que quem já
passou por isso sabe o quanto é complicado. Novas pessoas, novos
ambientes, pessoas que já estão acostumadas com aquele lugar, mas não
estão acostumadas com você. Acho que por eu não ser tímida e adorar
conhecer pessoas novas, tudo fica um pouco mais simples. Quando eu
entrei nessa escola nova, não demorei muito pra fazer amigos, me senti
inclusa em um grupo bem rápido. Era um bom grupo de amigos, disso
eu tenho certeza. Tudo estava indo muito bem.

Nesse grupo de amigos tinha uma pessoa (vamos usar a letra


“X”). X era uma pessoa muito extrovertida, aquele tipo de pessoa de
muitos amigos e que todo mundo quer por perto. A escola toda tinha
uma enorme afinidade por X e eu, obviamente, acabei me aproximando
também. Desde então tudo começou a mudar.

No início, X não parecia se importar muito se eu estava ali ou


não. Era indiferente em relação à mim, pois havia realmente muitas
pessoas à sua volta, o tempo todo. Porém, eu sempre andava com as
mesma pessoas que ele, então foi inevitável que começássemos a nos
falar e a nos conhecer melhor. Foi então que percebemos quantas coisas
em comum nós tínhamos, chegava a ser impressionante. Naquele
momento, parecia que a nossa amizade estava predestinada, e foi
realmente muito bom.

A nossa amizade começou a se tornar uma prioridade na nossa


vida. Nos víamos todos os dias na escola e começamos a fazer tudo fora
dela juntos também. Fazíamos literalmente tudo juntos e eu nunca me
sentia sozinha. Eu me aproximei da família de X, assim como X se
aproximou da minha. Foi impressionante a rapidez em que nos unimos.

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Passaram-se alguns meses, e a nossa união começou a ficar cada
vez mais forte. As pessoas percebiam que a nossa amizade havia se
tornado inseparável. Nós não só ficávamos o tempo todo juntos e
fazíamos tudo juntos, como também começamos a fazer planos para o
futuro.

Não nos enxergávamos em uma realidade em que a nossa


amizade não existisse. Isso fazia total sentido no nosso planejamento.
Afinal, não é sempre que se tem a sorte de se construir um
relacionamento assim. Era tudo incrível.

Já havia se passado pouco mais de um ano, e eu comecei a


conhecer pessoas novas e querer fazer mais amizades além das que eu
já tinha. Foi quando X demonstrou o seu lado possessivo. X começou a
afastar qualquer pessoa que quisesse se aproximar de mim. Fazia eu me
sentir mal e ingrata por querer trocar a nossa amizade e demonstrava
explicitamente para qualquer pessoa que ela não era bem vinda. Eu me
sentia mal por isso, mas pensava que era apenas um certo medo de me
perder. Então eu fui me afastando, um por um, de cada amigo que eu
tinha e que queria o meu bem. X chegou a falar coisas horríveis pra
mim, coisas que realmente ninguém deveria falar para outra pessoa,
tudo por ciúmes. X tinha ciúmes de outras amizades que eu tinha, de
qualquer garoto que eu me apaixonava e de qualquer atividade que eu
fazia sozinha. Eu me afastei de tudo, como X me pediu. Eu pensava que
tudo que X fazia era pelo meu bem e pela nossa amizade.

Foi então que X começou a querer mudar o meu jeito. Criticava


a minha forma de falar, de andar, de pensar, de me sentar, o meu gosto
musical e o jeito de me vestir. Nada do que eu fazia deixava X
satisfeito. X queria me moldar de acordo com o seu gosto e, por mais
incrível que pareça, conseguiu me convencer de que eu realmente

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deveria ouvir os seus conselhos. “Só assim as pessoas vão gostar de
você, Ana. Só assim você vai ser aceita. Se você não mudar esse seu
jeito, não vai chegar à lugar nenhum.” E eu aceitei.

Comecei a arrumar meu cabelo do jeito que X gostava, comecei


a ouvir as suas músicas preferidas, comecei a não gostar de mais nada
que fosse autenticamente meu. X me mudou por completo. Me moldou
como alguém que queria que eu fosse. Ignorou todas as minhas
vontades. E eu aceitei.

Tudo começou a ficar muito estranho. As pessoas já percebiam


o quão codependentes nós éramos e tentaram nos avisar. Eu nunca dava
ouvidos quando alguém me dizia que a amizade não era mais saudável.
Eu queria acreditar que era normal, que melhores amigos são assim
mesmo. Mas as coisas ficavam cada vez mais difíceis. Já haviam se
passado 2 anos de amizade, e a única pessoa com quem eu podia contar
era X. Eu tinha me afastado de quase todo mundo, só era amiga de
quem X confiava o suficiente pra deixar eu me aproximar.

Foi aí que aconteceu a decepção. Eu e X fomos à uma festa.


Estava sendo ótimo e nos divertimos muito. Conversei com todas as
pessoas na festa, ri bastante e me senti muito bem. Porém, X se sentiu,
de alguma forma, incomodado com a situação. Foi quando X disse que
precisávamos ir embora dali. Eu não aceitei. Disse que queria ficar e me
divertir, que eu precisava daquilo.

“Tudo bem, a gente fica só mais um pouco e vai embora. Mas eu


preciso conversar com você sobre uma coisa importante.” – disse, X.

“Obrigada por entender. Você sabe que pode falar o que quiser
comigo, o que foi?” – Eu respondi.

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“Eu sei que posso, mas não pode ser aqui. Por isso queria que a
gente fosse embora agora.”

“X, eu não quero ir agora. O que tem de tão sério que você não
pode me falar aqui?”

“Então vamos para o fundo da casa, lá a gente pode conversar.”


– X parecia aflito.

Nós caminhamos até o outro lado da casa, onde não havia


ninguém. Eu estava preocupada com o que X queria me falar, pensando
se eu podia ter feito algo de errado. Inconscientemente eu já colocava a
culpa em mim, sem mesmo saber o que era. Era sempre assim.

Algo completamente inesperado aconteceu. Algo que eu nunca


poderia imaginar. X tentou me beijar. Na mesma hora eu levei um susto
e recuei. X tentou mais uma vez e, da mesma forma, eu recuei. X
continuou insistindo, mesmo eu dizendo não e tentando me afastar. Eu
fiquei em choque. Nunca tinha enxergado X dessa forma, nós havíamos
nos tornado família. Eu não queria, de forma alguma, magoar X. Tentei
me convencer de que era só uma confusão e tudo ficaria bem. Na
mesma hora, X ficou com muita raiva por eu não me sentir da mesma
forma. E eu pensava que tudo poderia se resolver. X foi embora da
festa, e eu também.

Ficamos alguns dias sem nos falar, foi muito difícil. Eu queria
dar ao X o tempo que precisasse para me perdoar por não sentir o que
queria que eu sentisse. Mesmo não sendo minha culpa não compartilhar
dos mesmos sentimentos. Mas isso nunca aconteceu. X nunca voltou.

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No início, foi muito difícil pra mim. Eu não conseguia aceitar
que perderia uma amizade tão importante, de tanto tempo. Pensava que
seria pra sempre. Mas o tempo foi passando e, cada vez mais, eu fui
percebendo o quão abusiva era a minha relação com X. Muitas vezes
nós pensamos que os relacionamentos abusivos acontecem apenas
amorosamente, mas nem sempre é assim. A amizade de X me fazia
extremamente mal, me sugava e tirava de mim a minha essência.
Quando tudo teve um fim, eu voltei a ser quem eu sempre fui. Foi
libertador.

Hoje em dia, eu e X não nos falamos mais. Por um bom tempo


eu me senti bastante só, por ter me afastado de muitas pessoas que se
importavam comigo. X ainda tinha seus amigos, mas eu só tinha X.
Essa foi a parte mais complicada, me sentir sozinha. Mas tudo ficou
bem, hoje eu posso ver que as pessoas que realmente se importavam
comigo, permanecem aqui agora.

Apesar de tudo, obrigada, X. Por me fazer enxergar que existem


pessoas que cumprem o seu papel durante um tempo na nossa vida, mas
esperar que elas permaneçam não é o melhor a se fazer. As pessoas vem
e vão, e cabe a nós aprendermos a depositar a nossa felicidade apenas
em nós mesmos.

Seja feliz com a sua própria companhia.

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Eu vejo que faz parte da vida. À medida que nós vamos
crescendo, o nosso ciclo de amizades se torna mais selecionado. Não
nos importamos tanto em agradar as pessoas, por isso os que ficam são
os que gostam de você por quem você realmente é.

É difícil entender, ao longo do nosso crescimento. Mas quanto


antes você percebe isso, melhor. Ou então, você aprende do jeito
complicado, como eu.

Eu não sabia se contaria essa história aqui pra vocês, porque ela
é realmente muito recente. Mas pensei bem e acho que eu já consigo
falar sobre isso. Eu não participei da minha formatura do ensino médio,
finalmente vocês vão saber o motivo.

A última escola que eu estudei era incrível. Eu entrei no 9º ano e


fiz amizade bem rápido. Os professores eram ótimos e eu não tive
nenhum problema por lá. Bom, até o meu último ano. Acho que a gente
sempre espera que o nosso último ano na escola seja o mais memorável.
Com todos aqueles filmes sobre colegial e formatura, quem é que não
espera ter um 3º ano incrível? Pelo menos eu sempre sonhei com isso,
como a boa fã de High School Musical que eu sou.

No final do 2º ano estava tudo bem. Eu era amiga de muitas


pessoas e o pessoal era bem unido. Porém, grande parte da turma
mudou de escola, e eu continuei lá. Quando se fala em um grupo
grande, sempre existem as pessoas que temos mais afinidade e aquelas
que nem tanto. O problema é que as pessoas que eu mais me
identificava, foram exatamente as que saíram da escola.

Eu imaginei que ficaria tudo bem, afinal eu sou bem


comunicativa e nunca tive problemas em fazer amigos. A única coisa

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que eu precisava fazer era me enturmar com o lado da sala que eu não
tinha tanto costume de conversar. Era uma tarefa fácil, eu não precisava
mudar de escola por isso.

Quando o ano começou estava tudo indo bem. Queria participar


de todas as atividades e estava muito empolgada com a formatura. E
então começaram a surgir alguns problemas na minha família, como o
divórcio dos meus pais. Eu pensei bem e resolvi abrir mão da formatura
para que isso não se tornasse um fardo para os meus pais num momento
tão delicado, logo no começo do ano. Foi uma decisão completamente
minha e eu tinha certeza de que era o certo a se fazer.

O número de formandos estava muito baixo, pois realmente


muitos alunos haviam deixado a escola no último ano. Era uma turma
de 22 pessoas e eles precisavam de pelo menos 15 formandos. Um
número alto para uma turma pequena. Foi então que a comissão
começou a recrutar e fazer de tudo para que os alunos quisessem
participar. Quando ficaram sabendo o motivo da minha desistência,
fizeram um discurso lindo sobre o quanto eles queriam que eu
participasse também e eu acabei me rendendo.

A comissão disse que eu faria muita falta e que seria perfeita


para substituir um deles que precisava desistir. Eles então conversaram
com a empresa do cerimonial e eu consegui um ótimo desconto no
preço da formatura em troca de divulgar a empresa. Além disso eu
também poderia conseguir algumas parcerias pra ajudar na festa, o que
era ótimo para a turma toda.

Eu fiquei muito animada no início e muito feliz com a iniciativa


da minha turma, me senti completamente abraçada. Foi uma distração
incrível pra tudo o que estava acontecendo na minha vida naquele

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momento. Comecei a participar de toda a organização da festa e
arrecadação de dinheiro. Era tudo muito trabalhoso, mas me distraia
muito e eu acabava me divertindo. Fui planejando tudo para o dia,
escolhi um vestido, um penteado, uma maquiagem. O meu último ano
estava sendo incrível.

Depois de um tempo as coisas começaram a ficar complicadas.


Eu fiquei alguns dias afastada da escola quando fraturei a costela. Quem
é fã do Terça com T de Tragédia deve se lembrar dessa história. Por
isso, deixei de ir em algumas reuniões da comissão e não consegui
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ajudar com algumas coisas. Mas isso não foi um problema tão grande,
depois de alguns dias eu já estava bem e pude voltar a ajudar eles. O
problema real foi quando eu precisei fazer a minha cirurgia no joelho, a
que vocês sabem bem.

Eu precisei ficar muitos dias afastada da escola. Muitos dias


mesmo. Nessa época, eu não conseguia fazer quase nada sozinha.
Precisava de ajuda pra fazer coisas muito simples. No tempo que eu não
fui pra aula, eu me afastei um pouco dos assuntos da formatura, até por
não conseguir fazer muita coisa pra ajudar a comissão. Nesse tempo, eu
me desliguei completamente do pessoal da minha sala. Não sabia nada
sobre o que acontecia entre eles, principalmente por não poder estar lá.
Eles fizeram várias festas juntos, e eu ficava sabendo pelos stories do
Instagram. Eles estavam mais unidos do que nunca, e eu assistia tudo de
fora.

Enquanto eu não voltava pra escola, eu imaginava que eles não


faziam por mal. Eu acreditava que era só por eu não estar presente.
Pensava que eu não era convidada para as festas por estar de atestado.
Mesmo quando eu tentava falar com alguém e era ignorada, mesmo
sabendo no fundo que quando eu voltasse às aulas, nada seria como
antes.

Foi então que o meu atestado acabou. Eu precisei voltar. Eu


fiquei com um pouco de medo, mas não via a hora de ter a minha rotina
de novo. Eu ainda usava as muletas pra andar e ainda não tinha tirado os
pontos, então precisava bastante de ajuda.

Foi uma sensação tão ruim. Eu entrei na sala e pouquíssimas


pessoas me deram oi, perguntaram se eu estava bem ou quiseram me

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ajudar. A grande maioria sequer me cumprimentou. Eu acho que nunca
tinha me sentido tão sozinha.

Eu lembro bem de pensar que podia ser apenas uma impressão


minha, pensar que as pessoas voltariam a falar comigo, pensar que era
só uma questão de tempo. Mas o tempo foi passando e tudo só ficava
pior. Eu continuei não sendo chamada pra festas que a turma toda fazia.
Continuei sendo ignorada, me sentindo sozinha o tempo todo.

Eu cheguei a ouvir palavras horríveis, pessoas dizendo


diretamente pra mim: “ninguém gosta de você” e “você devia ficar
calada”. Eu não conseguia participar de mais nada com eles, tudo era
uma tortura. As pessoas me olhavam como se eu fosse completamente
insignificante e isso me machucava muito. E eu simplesmente não
entendia o porquê. Eu cheguei a pensar em desistir da escola, me formar
por algum outro recurso. Mas eu me convenci de que precisava
enfrentar aquilo.

Eu passei todo o resto do ano tentando entender o que estava


acontecendo. Algumas pessoas me diziam que podia ser complicado pra
eles, ter que conviver com alguém que seja conhecido na internet,
alguém que tenha a vida exposta o tempo todo e com fãs que
demonstram tanto carinho, até mesmo na escola. Mas mesmo assim
aquilo me machucava muito, isso não justificaria.

Eu já estava bem afastada dos assuntos da formatura, foi então


que eu decidi desistir. Pra ser sincera, eu precisei. Eu nunca iria me
sentir bem naquela festa, vendo a turma tão unida e eu, como sempre,
olhando tudo de fora. Eu não queria ter lembranças ruins de um dia que
deveria ser tão marcante na vida de qualquer pessoa. E eu não diria que
foi uma decisão fácil.

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Os últimos dias de aula foram se aproximando, cada dia eu me
sentia mais sozinha dentro da escola. Todo mundo animado com a festa
de formatura, era o único assunto que as pessoas conversavam.
Enquanto eu só queria que as provas acabassem logo, pra que eu
pudesse me afastar deles de uma vez por todas. E foi exatamente o que
eu fiz.

Eu me lembro bem de ter ficado muito mal no dia da colação de


grau. Fiquei imaginando como seria se eu estivesse lá e pensando se eu
tinha feito a decisão certa. Eu já imaginava que podia ficar assim,
quando tomei a decisão de não participar da formatura, eu tinha muita
certeza do que estava fazendo, mas uma parte de mim só queria que
nada daquilo tivesse acontecido, para que eu pudesse comemorar e
curtir como todo mundo, sem me sentir sozinha. Naquele dia eu sai pra
comer alguma coisa com a minha mãe, e tentei me distrair o máximo
possível. Mesmo assim, eu fiquei mal.

*Essa foto é o print de um


vídeo que eu gravei no dia
da colação*

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E então chegou o dia da formatura. Foi quando eu vi que sim, eu
tinha feito a escolha certa. Meus amigos ficaram sabendo o motivo de
eu não estar participando da formatura. Amigos que não eram da escola,
que eu sei que posso contar. Amigos de verdade. Eles me procuraram e
me convenceram a fazer algo naquela noite. Éramos 4 pessoas,
procurando um lugar legal em BH pra comemorar o fim do meu ensino
médio.

O primeiro lugar, na verdade, deu errado. Essa é até uma parte


engraçada da história. Já era tarde da noite e os lugares abertos eram
para pessoas com mais de 18 anos, e ainda faltavam mais de 2 meses
para o meu aniversário. Eu escolhi um lugar que já tinha ido muitas
vezes, um dos poucos que não tinha restrição de idade. Quando nós
chegamos lá, o segurança pediu a minha identidade, checou o meu
ingresso e nos deixou entrar. Depois de um tempo lá dentro, o
segurança me encontrou e perguntou: “Moça, você nasceu em 2002,
você tem 17 anos, certo?”. Eu respondi que sim. Ele me disse que não
tinha feito as contas muito bem na portaria, e que eu só podia estar ali
acompanhada dos meus responsáveis. Ele então disse que eu teria que
deixar o estabelecimento. Eu e os meus amigos ficamos bem
inconformados de início, mas depois rimos muito e decidimos procurar
algum outro lugar para comemorar. No final, nós encontramos sim um
lugar legal.

Eu comi muito, cantei muito, dancei muito, ri muito. Naquela


noite eu agradeci por ter amigos de verdade, eu vi que eu nunca estive
sozinha. Eu sempre serei grata a eles por terem feito eu me sentir tão
amada. Foi tão divertido que eu nunca trocaria por aquela festa de
formatura. Eu nem sequer lembrei que, num outro lugar, naquela
mesma hora, toda a turma que eu estudei durante 4 anos estava
comemorando o fim do ensino médio sem mim.

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Hoje, depois de algum tempo que isso passou, eu me sinto
completamente livre de todo mal que eu senti naquela época. Eu sou
muito grata por algumas pessoas daquela sala, que não me deixaram
desistir quando eu mais quis. Com essas pessoas sim eu mantive o
contato, e pretendo manter enquanto elas continuarem me fazendo o
bem que fazem. Não convivo mais com as pessoas que foram más
comigo. Eu me sinto livre. Eu sei que as amizades que eu mantive, são
muito mais verdadeiras e serão muito mais duradouras. Valorizem as
amizades de vocês, as que realmente te fazem sentir bem, pois em
momentos ruins você sempre sabe com quem pode contar de verdade. E
saiba que, por mais que o momento pareça difícil, tudo pode mudar e te
surpreender.

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Eu inclusive recebi uma história no meu e-mail e resolvi contar
aqui. Se foi você que me mandou essa história, você vai saber. E eu
diria que posso até te chamar de amigo, já que você conhece as minhas
histórias e eu conheço a sua. Temos muito em comum, eu posso te
afirmar. E além disso, obrigada por contribuir para o livro, todas as
histórias foram importantes.

Essa história em especial, eu resolvi contar como mais um


exemplo de superação. Vamos dar o nome da pessoa de “Z”, para que
ela não seja exposta sem querer. Bom, Z me contou a sua história e
agora vou reconta-la para você que está lendo o livro, com as minhas
palavras.

Z teve uma vida escolar bem tranquila até o final do


fundamental I. Tinha muitos amigos e adorava a escola onde estudava.
Infelizmente, quando Z completou 11 anos, o seu pai foi transferido do
trabalho, para outra cidade.

No início Z ficou bem assustada. Não queria se mudar de onde


estava acostumada e tinha medo de se sentir só, porém, após pensar
bastante sobre, imaginou o quanto poderia ser bom. Fazer novos
amigos, conhecer novas pessoas, viver em um novo ambiente. Então ela
se animou.

Seus pais começaram a organizar a mudança e ela ficava cada


dia mais ansiosa para conhecer sua nova cidade. Eles haviam escolhido
uma escola incrível e ela sonhava com os novos amigos que faria lá.
Mudar de escola é algo assustador, mas ao mesmo tempo bom. É como
o frio na barriga ao andar de montanha-russa.

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Eles se mudaram e logo em seguida começaram as aulas. Na
escola nova, Z fez amizade com uma garota. Essa garota era nova
também, então elas se deram muito bem. A grande maioria da turma já
se conhecia há alguns anos, então ela não conseguiu se enturmar muito
bem.

O tempo foi passando, e nada acontecia da forma como ela havia


esperado. Mas a sua amiga, a sua “única amiga” – foi exatamente assim
que Z à descreveu para mim – estava ali pra ela sempre que precisasse.
Ela sentia ser uma amizade de verdade.

Depois de alguns meses no 6° ano, Z percebeu sua amiga se


afastando um pouco, após ela começar a fazer amizade com o resto da
sala. Z me disse que nunca sentiu ciúmes por ela estar se enturmando,
apenas não queria ser deixada de lado. E foi o que ela foi percebendo
cada vez mais.

Até que um dia, ouviu sua amiga falando com o resto da sala
coisas horríveis sobre ela. Foi então que Z percebeu que sua amiga não
era mais quem ela havia conhecido e se aproximado. Ela havia se
tornado outra pessoa. Uma pessoa má.

Z se afastou dela e, com isso, ficou sozinha. No e-mail ela conta


sobre as horríveis situações que passou. Sobre lanchar sozinha durante o
intervalo, sobre quando colocavam o pé para que ela caísse, quando
zombavam dela em público, sem mesmo ela ter feito nada de errado. Z
se sentia sozinha e rejeitada o tempo todo. Era horrível.

E assim passaram-se os seus próximos 4 anos. Isso mesmo, 4


anos. Z passou por coisas horríveis até o início do ensino médio.

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Ninguém se aproximava dela, ou procurava conhece-la melhor. As
pessoas apenas a ignoravam, quando não estava tratando-a mal.

Z me contou também sobre ter feito uma festa no seu aniversário


de 14 anos. Z convidou toda a sua turma, eram aproximadamente 30
pessoas. Ela diz ter organizado tudo da melhor forma possível, e ter
pensado que naquela noite ela finalmente se aproximaria de sua turma.

Infelizmente, apenas 3 pessoas apareceram, e foram embora


logo em seguida. Foi uma grande decepção para Z. Ela fez de tudo para
ser inclusa, mas sempre acabava sozinha sem motivo algum.

Ela então desistiu de fazer sua festa de 15 anos, pois ficou com
muito medo de ninguém aparecer, assim como o seu aniversário de 14.
Foi um sonho que ela precisou abrir mão, assim como eu abri mão da
minha formatura. Imagino que ela deve ter ouvido muito de outras
pessoas sobre como era uma “besteira” e que ela deveria sim ter feito
sua festa, independente de tudo. Mas Z, eu te entendo completamente.
Nós sentimos um enorme medo de organizar tudo, criar grandes
expectativas, e no final aquilo se tornar uma memória ruim.

Z encontrou uma outra forma de comemorar seus 15 anos, assim


como eu encontrei outra forma de comemorar a minha formatura. E
também foi incrível, um momento que ela nunca vai esquecer. Tenho
muito orgulho de você por isso, Z!

Ela continuou indo para a escola, e continuou sendo ignorada e


se sentindo sozinha. Até que um dia, ela recebeu uma notícia que
melhorou a sua vida de todas as formas. Ela descobriu que seu pai havia
sido transferido novamente.

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Ela se sentiu bem novamente. Eles se mudaram e ela terminou o
ensino médio em uma nova escola, numa nova cidade, com novos
amigos. Amigos de verdade. Ela foi muito feliz, como não havia sido há
um bom tempo. Isso fez tudo valer à pena.

Z se tornou mais forte, uma mulher incrível que sabe lutar pelos
seus sonhos e que sabe ser feliz consigo mesma. Hoje em dia ela vai
começar a faculdade de design. É um novo frio na barriga, uma nova
sensação de medo e felicidade. Mas ela está feliz, é isso o que importa.
Z, você é um exemplo, nunca se esqueça disso.

Nós já sabemos que somos fortes e podemos superar qualquer


coisa, certo? Faça o seguinte. Pense na sua história mais difícil de
superar. Pensou? Bom, agora eu vou te contar a minha.

A história que vou contar pra vocês foi, sem dúvida alguma, a
mais difícil. Até algum tempo atrás era complicado falar desse assunto,
e eu sei que muitos de vocês vão me entender, por que, infelizmente, é
uma coisa muito comum de acontecer. Eu resolvi colocar essa história
aqui, tão pessoal e complicada, por que eu quero muito mostrar pra
vocês que esse tipo de situação não é o fim do mundo, por mais que
pareça ser.

Vocês costumam me perguntar bastante sobre os meus pais. Eu


sei que isso tudo ficou muito confuso pra vocês, por que durante um
bom tempo eu postei vídeos da minha família, e parecia tudo perfeito.
E, de repente, tudo se desconstruiu. Mas foi exatamente assim pra mim
também. Num dia a minha família era perfeita, no outro dia tudo
desmoronou.

O dia em que os meus pais se separaram.

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Eu cresci ouvindo a minha mãe dizendo o quão incrível era a sua
relação com o meu pai. Tudo isso me deixava muito segura com a
minha família. É estranho pensar na forma como eu dava certeza para
qualquer pessoa que me perguntasse sobre o amor inseparável dos meus
pais e sobre como eles nunca se divorciariam.

Divórcio. Que palavra estranha. Já ouvi essa palavra inúmeras


vezes, porém nunca pensei que fosse realmente entender o seu
significado.

Antes de tudo isso acontecer, eu costumava ser uma menina


muito esperançosa no amor, via os meus pais como um exemplo. Um
marido engraçado e comunicativo; uma esposa liberal e compreensiva.
Que meta de vida incrível.

Era tudo muito natural desde o início. Os meus pais brigavam de


vez em quando, mas todos os pais brigam, não é? Quando uma
discussão começava e eu ficava mal, a minha mãe sempre vinha me
consolar dizendo que “a última coisa que aconteceria na vida, seria uma
separação nessa família, afinal, nós nos amamos muito”.

Em 2018, quando eu tinha 16 anos, o sinais começaram a


aparecer pra mim. E eu fui percebendo aos poucos.

Comecei a perceber os meus pais distantes um do outro. Eles


não dormiam mais na mesma cama, não se beijavam mais. A minha
mãe começou a se afastar um pouco da família do meu pai e ele da
família da minha mãe. Nós não viajávamos mais juntos, não saíamos
mais juntos. Isso tudo foi muito turbulento pra mim no início, pois nós
sempre fomos muito unidos. Eu não entendia o porquê, só queria que as
coisas voltassem a ser como antes. Isso tudo me deixou muito

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preocupada. Porém, algo que me acalmava, era o fato de eu conseguir
perceber uma mudança enorme no humor dos dois. Eles nem sequer
brigavam mais.

Um tempo depois, eu comecei a ter mais curiosidade sobre o que


estava acontecendo. Eu comecei a desconfiar de algo, na verdade eu não
sabia bem o que, mas comecei a pensar que poderia ser alguma coisa
séria. Aquilo começou a me preocupar muito, mas eu havia decidido
não me envolver. Isso é um problema que eu tento muito mudar em
mim. Eu tenho muita dificuldade em falar o que eu sinto e guardo tudo
pra mim. Acho que tudo vira uma bola de neve no final, até mesmo os
nossos sentimentos escondidos.

Eu passei os dias sendo extremamente diferente. Não


demonstrava nenhum carinho pelos os meus pais, o que é muito
estranho pra mim. Dava respostas curtas e nunca passava muito tempo
no mesmo ambiente que eles. Eles, com certeza, pensaram que havia
algo errado. Mas eu estava simplesmente tentando ignorar o problema,
pois assim talvez ele não se tornasse real. Talvez fosse apenas uma
impressão minha.

Foi muito difícil pra mim. Sempre que eu ficava sozinha eu


chorava muito. Nada conseguia me deixar feliz e eu não conseguia me
concentrar em nada. Sentia como se a minha família estivesse se
desmoronando aos poucos, era só questão de tempo e não havia nada
que eu podia fazer. Eu passava o tempo todo pensando em como seria a
minha vida a partir dali, o que seria de mim e do meu irmãozinho. Era
um fardo que eu nunca escolhi carregar.

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Depois de bastante tempo sofrendo muito com isso, eu resolvi
que precisava fazer alguma coisa. Decidi que conversaria com a minha
mãe, afinal eu queria entender melhor a história.

Eu pensei um milhão de vezes e então resolvi tomar coragem.


Ela havia saído de casa depois do almoço. As horas foram se passando e
eu ficando cada vez mais ansiosa. Treinei mil formas de perguntar pra
ela sobre o que realmente estava acontecendo, mas nada parecia bom o
suficiente. Eu estava com muito medo. Eu tinha medo da resposta.

Liguei pra ela algumas vezes, perguntando se ela voltaria logo.


E quando ela finalmente chegou, eu já tinha perdido bastante a
coragem. Ela passou pelo meu quarto algumas vezes e em nenhuma
delas eu disse que precisava conversar. Respirei fundo e pensei no
quanto queria pôr um fim naquilo. E então, eu finalmente pedi pra que
ela se sentasse um pouco na minha cama.

“Sobre o que você quer conversar, filha?”

“Então, mãe... Eu preciso falar sobre isso. Tô sentindo a nossa


família um pouco diferente ultimamente.”

“Diferente? Nós estamos sim, mais felizes... Você não acha?” –


ela disse, quase que tentando disfarçar a preocupação.

“Não é nesse sentido. É sobre você e o papai. Estou sentindo


vocês muito mais distantes. Eu quero saber se aconteceu alguma coisa.”
– eu disse, tentando olhar bem nos olhos dela.

“Alguma coisa? Pode me perguntar o que você quer saber.” –


ela disse, já imaginando o que eu iria perguntar.

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“Eu quero saber se está tudo bem no casamento de vocês, mãe.
Eu tô totalmente perdida, ninguém me explica nada.”

“Bom, não era assim que queríamos que você soubesse” – ela
respondeu num tom relativamente calmo. – “Eu e o seu pai nos
separamos.”

Nesse momento eu desabei. Já sabia a resposta, mas ouvir aquilo


doeu muito. Eu não conseguia conter as lágrimas. Nunca pensei que
passaria por aquilo. E o pior de tudo foi o fato de eles terem se separado
sem me contar. Eu não sabia de nada, sequer imaginava o que estava
acontecendo. Pensei que poderia ser apenas mais uma briguinha que se
resolveria, mas eles já haviam se separado, sem nem sequer me avisar.

Perguntava o motivo daquilo, e ela não dizia nada. Apenas esperou que
eu me acalmasse pra continuar a história.

Os meus pais tinham tomado a decisão de se separar há alguns


meses antes de isso tudo acontecer. Eles decidiram não me contar e não
contar para o meu irmão, pelo menos por um tempo. Queriam deixar as
coisas se acertarem primeiro. Ela me contou que o amor apenas esfriou.
Eles se tornaram dois amigos, não conseguiam mais se considerar
marido e mulher. As coisas esfriaram ao ponto de não serem mais reais.
Eu passei toda a minha vida idealizando algo que no final acabou.

No início foi muito difícil de entender. Eu sentia como se não


soubesse de nada sobre a minha própria família. Foi com certeza a
época em que eu mais sofri. Eu simplesmente não conseguia ficar
sozinha por um tempo sem desabar em lágrimas. Ficava preocupada
com a minha família, sobre o que seria de mim e do meu irmão, sobre
onde iríamos ficar e como iríamos lidar com isso. Mas o tempo foi

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passando, e eu fui me conformando mais com a situação. Hoje eu
entendo completamente que a separação dos meus pais não diz respeito
à mais ninguém. Isso é uma escolha totalmente deles. A felicidade deles
é uma escolha deles. Eu não preciso interferir, apenas dar o apoio que
eles precisam. O divórcio já um momento extremamente difícil para os
pais, a minha função foi apenas não me tornar mais um problema pra
eles. Eu fui a melhor filha que pude, dei o melhor de mim. Ouvi os dois
lado e apoiei cada decisão deles. Tudo ficou mais fácil dessa forma.

Minha mãe, depois de um tempo, me contou que se apaixonou


por outra pessoa. Os dois sabiam que eram livres para amar novamente,
e nunca houve raiva um do outro. Eu conheci essa pessoa e hoje posso
chama-lo de padrasto. Ele é uma pessoa incrível e faz ela muito feliz. É
extremamente gratificante poder ver a minha mãe amando de novo.

O meu pai também se apaixonou novamente. Por uma pessoa


maravilhosa que também faz muito bem pra ele. Eu e o meu irmão
temos uma relação ótima com ela. Eu fico muito feliz por isso.

Depois de bastante tempo, eu pude me recompor de toda essa


história. Aprendi muito sobre o amor, vendo os meus pais. Até mesmo
durante a separação. Divórcio é muito complicado para todas as pessoas
que estão envolvidas, isso é um fato. Mas o tempo cura tudo, e as coisas
acontecem por um motivo. O amor foi verdadeiro enquanto durou e
trouxe coisas boas para a vida de cada um deles.

Hoje em dia, todos nós estamos bem. A nossa vida se


reinventou, e mudanças podem sim ser boas. Os meus pais se dão muito
bem, e isso foi perfeito para mim e para o meu irmão. Nós nunca
precisamos escolher um lado, podemos contar com os dois. O divórcio é

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difícil sim, mas seja paciente, afinal, os nossos pais sabem sempre o que
é melhor pra nós.

Eu imagino que você possa ser a pessoa que os pais se


divorciaram ou ao menos conheça alguém que tenha passado por essa
situação. A questão é que muitas vezes nós pensamos que não somos
capazes de superar alguma coisa, mas a vida sempre nos capacita,
entende? Antes de passar por cada uma dessas coisas, eu com certeza
era uma pessoa diferente. Lidava de uma forma diferente com os meus
problemas.

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Cada situação dessa foi me amadurecendo e me tornando uma pessoa
melhor e mais forte. Sinto como se de tudo fosse possível tirar um
aprendizado. E é isso o que eu quero passar pra vocês de mensagem
final. Que vocês saibam ter resiliência.

Resiliência. O quão importante isso é pra mim. No dicionário,


significa “capacidade de se recuperar facilmente ou se adaptar às
mudanças.” Eu gosto mais do significado que o livro do Akapoeta deu:

“É apanhar de todo o lado e levantar. É quem cai sete vezes e


levanta oito. É limpar o rosto depois do choro. É ter uma alma água,
que se adapta ao co(r)po em que estiver, da melhor forma que puder.”

Eu espero muito que esse livro tenha ajudado você de alguma


forma, seja à superar algum problema, ou até mesmo à passar o tempo.
Também peço desculpas caso haja algum erro de português por aqui.
Como você sabe, eu escrevi como o meu diário pessoal, e me emocionei
muito. Por isso resolvi deixar assim, do jeitinho que eu escrevi mesmo.
Se você chegou até aqui, você me conhece bem mais do que conhecia
antes, certo? Eu te contei os meus segredos. E espero que continue
sendo o nosso segredo.

Foi um prazer te contar sobre a minha vida, confidente. E não se


esqueça, quando passar por alguma situação parecida com as que eu te
contei aqui... Volte quando quiser, você tem a chave.

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