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Box Serie Tentacao - Fernanda Veronica
Box Serie Tentacao - Fernanda Veronica
C ©F V
Emocionantee polêmica, estafoi a primeirasérie lançada pela
autoraFernanda Verônica na Amazon. Neste Box, você encontrará
os quatro livros já lançados:
• Doce Tentação, livros 1 e 2.
• Minha Louca Tentação, livro 3.
• Inesquecível eTntação, livro 4.
Clica aqui!
P
Eduardo Toledo
Quando se deu conta de que Bianca não iria evoluir, que não
seria possívelo partodos sonhos dela, já era tarde.Ela começou a
terdificuldade para respirar
, demorou a conseguirficarquietapara a
anestesia. Foi um inferno completo.
Pensamentosdesconfiadoscomeçarama me atormentar
, mas
espantei para aproveitara delícia do momento. No fundo, eu sabia
que estava fazendo merda, mas já não queria mais parar
.
Depois do jantar
, bebemos mais uma taça do vinho e ficamos
na varanda, o ventofrescoestavagostoso.Ela se aconchegou entre
minhas pernas e entrelaçounossas mãos. Coloquei minha taça no
aparadorao lado do sofá e escorregueiuma mão pelo seu cabelo
macio, a puxando para um beijo delicioso.
Quando Edu passou por nós dois, eu cambaleei para trás , mas
recupereio equilíbrioe olhei confusapara o rapaz em minha frente.
Olhei ao redor
, Fred estava em pé com as mãos na cabeça, mas
quando Edu sumiu de vista, ele pareceu relaxar
. Todos naquela
mesa nos olhavam.
— Vamos sair daqui? — pedi. Bernardo assentiu. Parecia
confuso, mas não retrucou.
Ele me levou para dar uma volta pelo jardim, eu sabia que
estava interessado,mas completamenterecluso a tomariniciativa,
então não incitei. Conversamos sobre o trabalhodele na empresa
de DoutorPedro. Chegou a falarde Luísa, a filha frescado chefe,
que todos falavam mal.
— Ela tem uns quinhentos mil seguidores, mas se sente uma
celebridade... Quando o pai nega algo, ela correpro namorado dar
— ele contou,se divertindoe eu fizuma careta,incomodada com as
descobertas.Ele tinha um relacionamentosério e mentiu para mim.
Eu estava completamente enganada em um posto de amante.
— Ela namora há muito tempo? — perguntei,mas iria fuçaras
redes sociais dela depois. Esse pessoal cheio de seguidores,posta
tudo, né? Eu descobriria algo em breve.
— O pessoal do escritóriocomenta que ele namorava e ia
casar com uma amiga dela, mas parece que houve uma troca—
Bernardo riu e eu estava cada vez mais cheia dessa história.
Eduardo era um cretino.Andamos mais um pouco e ele estava lá,
escondido em um dos bancos do jardim, um mais afastad o. Tinha as
pernas esticadas e olhava para cima. Antes que eu pudesse
completarminha análise sobre ele ser gostosoem qualquer ângulo,
a namorada passou trotandopor nós e foi até ele. Ela começou a
falare falar
, mas ele não mudou de posição. Ignorou até mesmo os
tapas de dondoca que ela deu em seu braço.
— Já podemos ir? Eu iria adorarpassarem casa e trocaresse
vestido — eu falei para ele, que assentiu, entrelaçandonossas
mãos.
Demoramos quase meia hora até o meu prédio. Para não ficar
esperando sozinho no carro,Bernardosubiu comigo. Ao entrarno
apartamento,nos deparamoscom vovó no sofávendo TV. Ela sorriu
ao ver Bernardoe o convidou para sentar
. Avisei que seria rápida.
Não dava para encontraramigos em um barzinho usando um
vestido longo de festa.
Fui interrompid
a por Mari batendo na porta e pedindo para
entrar
. Me sentei,a encarando com toda expressãoque expusesse
meu julgamento pela decisão dela na noite passada.
— Eu sou uma idiota — ela falou desinteressada.
— Não adiantaficarfalandomal dele se você vai voltarcom ele
— eu falei o óbvio e ela fez uma careta chorosa.
— Ele quer me levar no jantarde noivado da irmã do Edu,
amanhã — ela falou a encarei — mas não sei... Ele disse que
estava apaixonado.
— Apaixonado ou que te ama? — indaguei. Ela suspirou,
tocando nos bordados do urso na beirada da cama.
— Que não imaginava que fosse ficartão apaixonado assim.
Que não planejou, mas aconteceu, ele não quer parar . Que sabe
dos problemascom a ex-mulher, mas não quer que ela seja o nosso
impedimento.
— Você confia nisso?
— Eu não sei... — ela foi perdendo a entonação da voz —
queria tentar
, mas não quero ser a namorada dele. Que é apenas a
namorada dele.
— Ai, Mari... Eu nem sei o que te dizer. Você quer conheceros
pais dele? A ex dele vai estar nesse jantar?
— Não... Fred disse que Chiara detesta as duas.
— Duas? — perguntei confusa.
— Ela e a tal Luísa...— ela falou e eu revireios olhos — disse
tambémque Edu e Luísanão namoram, ela que paga de louca e ele
deixa.
— E ele deixa — reforcei,mas me levantei, não iria dar
importânciaao assunto — e eu não estou nem aí pra esse cara,
sabe? Eduardo estámuito longe de ser o príncipeno cavalo branco
que eu tanto espero.
— Aposto que Bernardo seria...
— Acho que a July ficou com ele — falei presunçosa— e eu
adorei. Assim, ele não fica mais me pressionando.
— Pelo menos isso — minha amiga revirouos olhos — eu vim
tecarregarpra escolhero vestidocomigo. É um eventode ricos,por
favor
, eu preciso de um vestido a altura.
— Vou só tomar um banho.
C 10
Eduardo Toledo
Mas ela havia se dado bem com os pais e com a irmã de Edu.
Não ficou perto dele, por causa da entojada da namorada.
— Ela estava com lábios terrivelmenteenormes. Todo mundo
comentou— ela falou incrédula, me fazendo rir— Eduardo ficoude
cara fechada e bebendo. Mas eles tiraramvárias fotos.Segundo
Chiara, ela queria mostrar pra todo mundo que estavam bem.
— Que legal — forcei um sorriso, mostrando meu total
desinteresse na vida dele.
— Fred disse que ele não a suporta.Que poderia ver pela
expressãodo Edu que ele queria morrerde ódio bem ali — ela falou
cheia de pretensão e fiz uma careta enojada.
— Não a suporta,mas apostoque dorme com ela, que transa
com ela, que faz planos com ela. E que os chifresque ele coloca
nela são tipo nada perto da vida boa que ela tem.
— E do status.Chiara disse que estão juntos porque tudo o
que o pai dela nega, Edu dá — Mari completou— mas a mãe dele...
— voltei a olhá-la, que continuou a falar:— disse que tem pena por
ela viver esperando, uma vez que ele diz que eles não têm nada.
— Uma pena para ela — eu falei.
— O pai dele acha que ele casa se ela engravidar. Mas Chiara
debochou que ela acabou de colocarsilicone, nunca iria engravidar
.
E Fred emendou que Edu não quer mais ter filhos.
— Nossa, o noivado era da irmã dele e a atração era o
Eduardo — falei sarcástica.
— Na verdade, a atraçãofui eu e Fred — ela foi presunçosa e
eu a olhei, cerrandoos olhos — todos ficaramsurpresos,eu fiquei
com tanto medo. Mas no final foi bem legal.
— Você tá muito apaixonada — eu resmunguei e ela fez uma
careta emocionada.
— Tô, né — Mari levou a mão no peito e franziuo nariz — ah,
marquei com Chiara, vamos fazerum passeio de lancha esse fimde
semana. Vou chamar as meninas.
— Fred vai?
— Sim, o noivo de Chiara também. E alguns amigos dela. Mas
Edu não vai. Ela e a entojada se detestam.
— Eu não sei se vou, amiga.
Eu não sabia se minha raiva maior era por Marina não aceitar
minhas recusas,ou por eu não aguentarsuas insistênciase ceder.
No sábado logo cedo, ela passou para me buscar. Veio dirigindo o
carrode Fred e estavaanimada. Disse que tomoucafécom a sogra
e conheceu a mansão dos pais dele na Gávea.
— Seus pais já sabem? — perguntei e ela quebrou a
animação, me olhando feio.
— Eu toda animada e você falando deles — ela falou brava —
não sabem e eu não vou contar
.
— E se vocês se casarem?
— Ai que horror, Jordana — ela se benzeu — estamosjuntos
tem pouco tempo e você insinuando casamento.Eu quero termeu
emprego dos sonhos, morar sozinha e depois, se eu e Fred
estivermosjuntos e quisermos, pensaremos nisso. Mas eu duvido,
ele acabou de se separar
.
— Só perguntei — eu ergui as mãos, como se me defendesse.
— Ah, sabe quem vai também? — ela perguntoupresunçosa
— Bernardo...Sua avó vai ficar arrasadaquando souberdele com a
July.
— Vai mesmo — concordei e nós rimos.
— Agora ela deveria te agradecer. Só ficou com ele porque
você não quis.
— Eles já tinham se entr eolhado do começo. Rolou um
interesse imediato.
— Mas ele ter ia ficadocom você — ela insistiue eu revireios
olhos.
— Bom que quem sabe assim ela para de implicar comigo —
eu falei e Mari riu.
Atendi a ligação.
— Não podemos nos ver hoje? — ele perguntousorrateiro e eu
suspirei. Eu queria, mas não devia.
— Não sei.
— Quer que eu vá te buscar?Podemos jantarem algum lugar,
dar uma volta...
— Edu, eu não sei — faleibaixo — não acho que seja uma boa
ideia.
— To sentindofaltade você... De beijar você todinha... De... —
ele fez uma pausa e eu fechei os olhos, conseguindo imaginar, era
uma sacanagem sem tamanho o que ele fazia comigo.
— Eu vou jantarcom a minha mãe, depois eu te ligo e nos
encontramos — eu falei ignorando completamente a razão.
Edu foi pegar mais bebidas para nós e Ravi foi com ele, dessa
vez.
— Ele é tão confuso — Mari falou e eu apertei os lábios,
assentindo — age como seu namorado, mas não é um.
— Ele vai agir assim, até que eu encontrealguém que queira
algo que eu quero. Aí vamos parar— expliquei e Mari arqueou as
sobrancelhas,como se duvidasse — posso baixar um aplicativo e
arrumar um encontro.
— Ah, pode. Mas acho mais fácil você enfartarde nervoso
antes de encontrarum estranho — ela falou, começando a rir
imaginando e eu fiz uma careta— Eduardo merecia um susto.Pra
decidir logo o que quer
. Está muito fácil pra ele.
— Está, né — fiz uma careta.
Única coisa que fiz para não gerarmais alarde foi desativar
meu perfil no instagram.Edu perdeu a paciência e começou a
gravar storiesexplicando sua farsacom Luísa, o tempo que não
estavamjuntos,mas ele estressadodesse jeito perderiaainda mais
a razão. Ninguém comprariaa históriado homem injustiçado, nem
eu. O encarei sarcástica quando logo depois de postar os desaforos,
ele saiu apagando.
Eu estava sentadana bancada da cozinha e ele veio, parando
no meio das minhas pernas, fazendo manha por terque lidar com a
confusão. O abracei e fiz carinho em seu cabelo.
— Logo todos esquecem — prometi.
Nós dois estávamos no ato, pela manhã. Ele tinha uma mão
cobrindo meu seio, o rostoafundado em meu pescoço e estocava
devagarinho. Eu estavatão excitada,tão excitadaque queria poder
gemer mais alto, mas ouvimos a portasendo destrancadae mamãe
chamou por mim. Não paramos, nem quando ela deu duas batidas
na porta.Cobri a boca com a mão e mordi as costasdela quando
ele enfiou mais fortee fundo, ficando e estremeceusobre mim.
Apertei os olhos, não querendo fazer barulho.
Fred veio até mim e parou ao meu lado. Ficou quieto por um
momento, mas como era de se esperar
, começou a falar logo:
— Chiara está empurrandoJordana pro irmão do Gabriel. Ela
não parece tão a fim, mas está sendo educada — ele contou
rapidamente, como se fosse uma informação importante.
— Ela não quer rodarpor aí conhecendo gente? Ela que faça
— falei impaciente— e para de me falarsobre a vida alheia, Fred.
Eu não tô nem aí pro que ela faz.
Para o azar dele, Bruna parou em nossa frente.
— Eu não vou aceitar esse acordo ridículo de pensão,
Frederico.Dinheiro pra gastarcom a sua prostitutazinha
você tem!
Pro seu filho não? — ela perguntouexasperada, mas ele fez uma
caretade paisagem e fingiu não ouvir — e não adianta me ignorar
.
Passaremosa vida inteiranessa briga, mas eu não aceitoque você
rejeite o meu filho dessa maneira.
Ele não precisava de mim, era tão óbvio, mas havia essa coisa
destrutiva e maior querendo dar a atenção que ele nem merecia.
— Eu vou precisarir embora logo, tenhoque trabalhar— avisei
e ele suspirou, desanimado. Foi se sentarna cama e bateu ao seu
lado.
— Podemos conversardireito?— perguntousuavementee eu
resmunguei, indo me sentar ao seu lado.
— Pode dizer — eu falei, esperando que ele começasse, afinal
eu não tinhanada para explicar. Antesque ele começasse, se é que
ia, meu celular vibrou trêsvezes e o nome de Teo apareceu na tela.
Ele bisbilhotou sem pudor e o repreendi com o olhar
.
— É sério o seu negócio com esse cara? — perguntou
impaciente.
— Não sei, mas ele não saiu por aí dizendo que apenas me
comia — eu o provoquei e ele fez uma pausa na respiraç
ão, fechou
os olhos por um segundo e voltou a me olhar
.
— Você transou com ele? — ele perguntou, parecendo
incrédulo. O encarei firme.
— Se eu tivesse, não seria um problema seu.
— Mas você fez? — insistiu e eu fiz uma carranca,negando
com a cabeça — está mentindo pra mim?
— Não estoumentindo pra você, Eduardo! — Falei impaciente
— e eu não devo satisfação pra você.
— Me desculpa — ele recuou outravez — me desculpa por
tudo que eu falei, eu não devia, agi como um menino covarde, eu
me arrependo.
— Certo. Eu já posso ir embora? — perguntei friamente.
— Não pode me fazer companhia? — ele perguntou mais
calmo e eu o encarei. Nos encaramos por alguns segundos, ele
parecia mesmo péssimo, mas era muito bem feito.Eduardo devia
ser o tipo de homem que errae coloca a culpa no erro,não nele —
não pode ligar para a sua avó, pedir para faltar hoje?
C 20
Eduardo Toledo
Fred também chegou, junto com seus pais e o filho, que veio
correndo me mostrarum jogo, um mine-game, daqueles bem
antigos. Me distraícom o pequeno, para não terque participardo
teatro.
— Mamãe disse que você deve estarse corroendoporque a tia
Luísaestánamorando outro— o Bruninho falou, fofoqueiroigual ao
pai e o encarei, sorrindopresunçoso — mas eu acho que não tá
não.
— Não to mesmo. Tia Luísaera muito insana — falei e ele riu,
negando com a cabeça.
— Eu sei, mas mesmo assim, gosto dela.
“Saber ela vai. Querervocê dormindo aqui que não, né” — ela
respondeu rapidamente, me fazendo rir . Qualquer mãe iria querera
filha com um cara como eu. Digo bonito, gostoso e milionário... A
mãe e avó dela não. A queriam com alguém pacato, para correr
atrásdos sonhos junto com ela. Um cara como eu poderia comprar
o sonho que ela quisesse.
Dei o remédio que ela indicou e fiz um suco verde detox. Edu
bebeu tudo e dormiu um pouco. Tomei um banho e vesti uma
camisetadele. Como ele estavaadormecido, eu saído quartoe fui
para a sala de jogos. Fucei a estanteprocurandoalgum livro legal,
mas havia mais livros clássicos. Entreeles, peguei um álbum, como
se estivesse escondido entre tantos livros de capa dura.
Ao abrir
, eu vi as fotosdele com a mulher loira, de cabelos lisos
e olhos bem verdes, como os dele. Fotos em um centrocirúrgico.
Meu coração falhou uma batida, era o momento do parto?Me deu
certopânico ver e pensar sobre aquilo, mas continueipassando as
fotos.Ele parecia tão animado, sorrindotão bonito e ela também.
Depois dessas, havia mais fotosdo casal, eu não vi todas, estava
doendo em mim, pensar no que ele havia passado, na perda.
Eu perdi meu pai e sabia como era doloroso perder alguém que
amamos, mesmo que com meu pai, nós meio que fomos preparadas
por meses, quase dois anos aliás, de tratamento.Não foi algo
fulminanteou repentino.Era terrível,
não haveria algo pior, mas ele
tinha planos felizes e a perdeu em um momento tão importantee
não esperava.
Torci para ela sair logo, para Edu poder chegar e ficaraqui
comigo por um tempo. Ele chegou logo depois que ela se foi,
trazendoalguns dos petiscosda noite com sua famíliapara mim.
Mas eu coloquei sobre o balcão e fui beijá-lo.
— Estava com saudade? — ele perguntou e eu assenti,
animada para irmos para o quarto.
— E com vontade — eu repliquei e ele me pegou pela cintura,
me levando logo para o meu quarto.Eu fui tirandoa roupa e ele foi
trancar a porta.
— Anda bem safadinha, acho que estragueivocê — ele falou,
enquanto tiravaa própriaroupa. Eu me senteià beirada da cama e
o puxei pelo quadril, segurandoseu membro semieretopara colocá-
lo na boca, fazendo-o gemer .
Quando desci, abri um vinho para nós dois e servi nas taças.
Ficamos agarradosno tapete da sala, bebendo um vinho bom e
conversando. Ela adorava saber sobre o meu dia na empresa, por
isso, sempre que dava, eu a incentivava a voltar para a faculdade.
— Estive com a Mari hoje — ela comentou, colocando a taça
sobre a mesa de centro e se virou para mim.
— Descobriu o motivo do término? — perguntei,bebendo um
pouco mais do vinho e coloquei minha taçaao lado da dela. Jordana
assentiu, suspirando.
— Fred não contou nada?
— Não. Não quer falarsobre. Disse apenas que não vai morrer
de desgosto.
— Ela também está sofrendo.Se ele fosse um pouco mais
maleável, teria entendido os motivos dela.
— E o que houve? — perguntei— não sei se você sabe, mas
eu sou primo carnal de Fred. O sangue fofoqueirocorrenas minhas
veias — tenteibrincar , mas ela parecia séria. Jordana deu um
sorriso doce e acariciou meu rosto.
— Começou com uma desconfiançade gravidez e terminouem
um aborto— a informaçãoveio como uma bomba, eu sequer soube
o que dizer. Pisquei algumas vezes, tentandoabsorvero que havia
descoberto, mas não conseguia elaborar uma frase coerente
sequer.
— Como ele descobriu?
— Ele pegou um exame na bolsa dela — ela contou,
devolvendo a taçapara a mesa de centro— sim, ele bisbilhotou. E
logo depois encontrouo segundo exame, o negativo — ela contou
cautelosa, mas eu estava embasbacado. Consegui me colocar no
lugar de Fred, mas eu teria ficado frustrado ou aliviado?
— Por que ela abortou?Como ela fez isso? Ele teriaapoiado,
você sabe disso? Ela sabia disso?
— Ela tem uma péssima relação familiar, sofremuito com os
pais, sabe? Não iria querer um filho não planejado, estando
desempregada e com um namoro tão recente, de um cara que ainda
sofrepressãoda ex. Na verdade, Mari nunca foi inclinada a querer
filhos.
— Deus, ele está devastado...
— Está agindo como se ela tivesse matado o filho deles —
Jordana resmungou— ela estásofrendo,é um baque muitogrande,
eu acho, passar por isso. E ela não teve apoio de ninguém. Só do
primo médico que fez uma receita,pra ela conseguir compraros
medicamentos.
— Coitada... — sussurrei, completamente sem reação.
— Eu espero que ela fique bem logo. Nunca a vi tão mal... —
ela suspirou e negou com a cabeça — disse que não me contou,
senão eu jamais teria permitido que ela fizesse.
— Ela se arrependeu?
— Não sei, Edu. Ela provavelmentedeve pensar no e se não
tivesse feito,né? Já que agora Fred demonstraque teriaquerido.
Mas ela está nova, tem a vida toda pela frente pra tentar de novo.
— É. — falei, não sabendo como reagir
.
Me levantei e ele veio até mim, não disse nada, mas segurou
meu rosto para selar nossos lábios suavemente,como se soubesse
que não poderia manchar o batom.
— Você está perfeita — ele sussurrou.
— Obrigada — sussurreide volta. Dei uma última olhada no
espelho para conferir que estava tudo no lugar e descemos.
Logo fomos para uma mesa e eles vieram, todos. Luísa toda
hora soltava uma provocação inocente, Edu estava suspirando
impacientee me olhava cauteloso. Eu me aproximei mais dele e fiz
um carinho em seu rosto, estava tudo bem.
— Imagina se ela ficagrávida de surpresa,também? — Luísa
perguntoue Eduardo a olhou subitamente.Eu puxei sua mão, não
queria uma cena na festadele. Pelo amor de Deus, seria tão
vergonhoso. Ela iria logo distorcer e dizer que eu causei tudo.
— Deixa — eu sussurrei— olha lá, Fred chegou — eu falei,
quase aliviada. Fred não era mais o cara animado de semanas
atrás,mas obviamente saberia provocarLuísa de volta. Eduardo
não iria provocá-la de volta, seria grosso, causaria mal estar
.
Fui trabalhar
, tinha uma entrevista
marcada para uma revistae
não poderia me atrasar. Quando cheguei, Fred veio querendo saber
como eu estava. Acenei com a cabeça, não queria preocupá-lo.
“Edu, se você está lendo esta carta, é porque alguma coisa deu
errada. Sei que parece loucura ter deixado uma confissãoescrita,
mas pensei que meu filho pudesse precisar. Como passei parte da
gravidez inteiramente preocupada, e por causa dos últimos
acontecimentos, pensei que poderia ocorrer algo. Não sei, mas
queriadeixaralgopor precaução. E porque você mereciaa verdade.
Nosso últimodesentendimento, por causa dos meus ciúmes e a sua
faltade paciência,eu saí por aí com as meninas. Uma noite de
bebedeira, um homem e, uma noite estranha... Não imaginavaque
nove meses depois eu teria um filho.
Quando voltamos,quando nos propusemos a fazer dar certo,
eu não sabia da gravidez.Se soubesse, não teria te enganado. E
quando descobri, você ficoutão encantando com a notíciaque eu
não tive a coragem de estragar tudo. Nós dois vivemos uma fase tão
bonita, estávamos tão apaixonados, você traçou a linhaperfeita
para o seu futuro tão promissor, eu ia adiando, dia após dia, a
missão de te contar a verdade e estragar nossa felicidade.
Se você está lendo esta carta, foiporque algo deu errado,
então, peço encarecidamenteque não desconte o peso dos meus
erros em meu filho.Entenderei perfeitamentese você não puder
ficarcom ele, assumir um papel que não é seu por obrigação.
Deveriaestar maisotimista,mas diantedos últimosacontecimentos,
deixar tudo esclarecido,dada a minha faltade coragem de contar
toda a verdade, me pareceu uma opção mais fácil.Nós dois
vivemoso amor maislindoque eu poderiaimaginar
, especialmente
nos últimos meses.
Você foi perfeito, e sou muito grata por Deus ter te colocado em
meu caminho. Não tenho dúvidas de que fomos almas gêmeas,
mesmo com os tropeços e erros de ambas as partes. Escrevo isso
aqui torcendo para que você não precise ler, para que eu possa
contar pessoalmente, para que nós dois possamos quem sabe
decidirseguir juntos, criandonosso menino cheiode amor. Você é
um homem bom, sei que posso contar com você para tudo. E sei
que ele também poderá. Com amor, sua Bia.”
Não fui para casa, saí de carro e dirigi sem rumo por um
tempo. Precisava pensar, ou melhor, ignorarqualquer pensamento.
A confusão me rondava, a mulher que eu achava ser perfeitame
traiu,mentiu e me enganou. Eu sentia raiva, culpa, remorso.Ela
talvez não tivesse tido tantas complicações, se não tivesse
carregadoessa mentiraconsigo durantetoda a gravidez. Se estava
inteiramentepreocupada, isso provavelmenteinterferiu
em algo. Eu
não conseguia conter a agonia, tudo se estrangulando por dentro.
Dirigi por muito tempo, mas não queria ficarno Rio, ouvir
condolências ou que eu deveria deixar isso pra lá. Era tãofácildizer,
é tão fácil solucionar problemas de terceiros,quando não é você
que está sentindo toda a dor
.
Mas eu iria parar toda minha vida de novo? Agora por algo
mais importante,mas iria terque viver em funçãodisso? E os meus
planos de voltarà faculdade? Deus, por que fez isso comigo? As
lágrimas silenciosas escorriame eu soluçava, sofrendotanto,tão
apavorada, solitária e confusa.
Fui para a minha cama e chorei até que peguei no sono, mas
sabia que dormir e evitar o problema, não o faria desaparecer
.
CONTINUA...
S :
Após uma descobertadesastrosaque mudaria sua vida para
sempre e cercada de informações que em sua percepção a coloca
em risco, Jordana se vê de mãos atadas e sem saber como agir.
Eduardo continua o homem sedutore volátil, mas lida com seus
própriosdemônios e não quer se envolver de novo. Ignora a falta
que sente dela, o amor e todo o resto,resignado a não viver um
novo amor.
Com Luísa era fácil, porque ela queria apenas essa fanfic,eu
tinha liberdade. Não a suportava,não precisava ser perfeitopara
ela.
Chorei porque não queria terum bebê sem pai, mas queria
menos ainda não tê-lo.
Depois do jantar
, minha mãe avisou que no sábado, iríamos
jantarcom o namorado novo dela. Prometeuque eu iria adorá-lo.
Contou que tinha dois filhos, um de vinte e trêse uma menina de
oito anos.
— Ele se separou há dois anos — ela explicou, parecia
animada — mas eu não queria criaralgum alarde, vai que não dava
certo.
Dei um sorrisoamarelo para ela, assentindo e ela franziuo
cenho, confusa.
— Está acontecendo algo que eu preciso saber? — ela
perguntou,parecendo preocupada, mas suspirei e neguei com a
cabeça — sei que é difícilter
minar, ainda mais porque você apostou
todas as fichas nele, foi contra sua avó... Mas parece tão abatida.
— Está tudo bem — falei baixo, brincando com o restoda
comida no prato.
— Animada pra voltar às aulas? Já sabe quando as aulas
retornam?— ela perguntouanimada. A olhei, sequer estava me
lembrando disso. Teria que trancar
. Depois que o bebê nascesse, e
eu me estabilizasse, eu voltaria. Não teria como sustentara
faculdade e o bebê. Lidar com gravidez, trabalho e estudos.
— Vou procurarsaber — falei, não sabendo como contarpara
ela que teriaque adiar de novo. Por um ano, talvez. Sabia que
quando soubessem, ela e vovó iriam querer que eu procurasse
Eduardo, que ele arcassecom os custosda criança,afinal seriasua
obrigação. Me deu pânico pensar em terque fazer , eu não queria
que ele se metesse, nem que soubesse da gravidez. Eu
definitivamente estava numa sinuca de bico, não sabia o que fazer
.
Sexo casual para mim era bom, antes dela. Mas eu seguiria
resignado, não iria voltare daqui um tempo nos fazersofrerde
novo. Essa dor e esse remorso todoiriam passar. Ela iria ver que foi
melhor assim.
Mari foi logo animada pegar bebidas para nós, mas eu sabia
que não deveria beber nada. Enrolei com a primeirataça cheia de
vodca, o cheiro me dava náusea. Quando consegui um momento e
joguei a bebida no mar, fui eu mesma pegar outra.Pedi para o
Barman não colocar nada alcoólico. Entreino bar junto com ele e
coloquei suco de limão, água com gás, gelo e algumas rodelas de
limão. Peguei um canudo e voltei para onde Mari estava.
Voltei para casa antes que o sol começasse a ficar forte demais
e eu virasseum camarão. Tomei um banho e pela primeiraanalisei
o meu corpo. A diferençaera mínima, tão mínima que poderia ser
confundida com um “eu comi demais”.
Não queríamo
s nos desgrudar
, nos livramos rapidament
e das
roupas e eu caí deitada na cama. Edu veio pelo meio das minhas
pernas, parou com a cabeça em direção ao meu sexo e deu uma
lambida que me pareceu macia e áspera ao mesmo tempo. Ativou
todos os pontos sensíveis em mim. Ele passou a língua macia
devagarinho pelo clitórise eu gemi melodiosa, me abri toda e joguei
a cabeça para trás.Depois deu uma chupadinha tão suave que eu
ondulei, quase gozei bem ali. Ele subiu pelo meu corpo, e eu nos
virei na cama. Beijei a boca dele, o pescoço enquanto acariciavaos
testículossuavemente com a mão. Ele arquejava e estremecia.
Desci os beijos pelo seu corpo inteiro, até chegar ao membro
excitado. Ele gemeu fortequando o coloquei na boca, estava
inquieto. Esticou uma mão e acendeu o abajur, deu um arquejo
melancólico e afundou uma mão no meu cabelo. O levei o quanto
consegui e fiquei brincando com ele, o levando ao limite do prazer
.
Parei para não acabar com tudo agora e Edu foi pegar a camisinha.
Conserteios travesseiros para me apoiar neles e apaguei a luz do
abajur. Ele voltou para a cama e veio, se colocando por cima e
cobriu meu corpo com o seu. Abri as pernas para ele e o abracei.
Ele estremeceu ao me penetrare tombou a cabeça para frente,
depois procurou pela minha boca. Nós dois demos um gemido
longo, era tão delicioso senti-lo ir e vir, assim nem muito rápido nem
devagar demais. Eu estava tão lubrificada que ele deslizava
facilmente,chegava a estalaros barulhos dos nossos sexos em
contato.Ele resfolegoue desencontrouo beijo, apoiou o corpo nas
mãos e olhou para nós dois lá em baixo, não que desse mesmo
para ver. Edu começou a vir mais rápido, dava gemidos ansiosos e
eu me sentiaestranguladade tantoprazer. Dei um gritoalto e cheio
de agonia, ele olhou para mim e deixou beijou meu seio. Tentei
contermeu barulho, mas estava toda melecada lá em baixo, tão
perto do orgasmo que parecia vir pronto para me matar . Ele
choramingou junto comigo, quando desci uma mão para o meio de
nós dois e acaricieimeu clitóris,me comprimindointeirasob ele, me
contorcendo.O aperteicom forçae griteidesesperada,como se não
pudesse mesmo aguentartoda essa onda. Ele como sempre, me
segurou firmee me fez aguentartudo, até o último espasmo de
prazer .
Edu continuoumetendo,atéafundaro rostoem meu pescoço e
ficar
, gozando intensamente para mim.
Então, por esse lado, ele tinha sorte.Mas Chiara não iria me
ouvir. Eu já fui muita coisa erradanessa vida, já apronteie errei
muito, mas não aprovava e muito menos apoiava traição.
— Como estávocê e a Jordana? — Fred quem perguntou,mas
dei de ombros. Jordana estava estranha.Não achava que ainda
estivessecom raiva de mim, nem parecia estarfazendo joguinhos
para me torturar–e eu merecia –,mas não queria simplesmente
voltar
. Havia dias que estávamos próximos, outrosque ela sequer
me respondia. E eu permanecia aqui, esperando.
Minha mãe não havia contado nada para vovó ainda. Então o
dia foi tranquilo, corriqueiro.
C 11
Eduardo Toledo
Me assusteiquando interfon
e começou a tocare fui atender
.
Ao ouvir a voz de Eduardo, eu fiquei muda, mas não poderia agora
privá-lo de tudo. Respirei fundo e liberei sua entrada,depois fui
destrancar a porta e deixei entreaberta para ele .entrar
Eu fiqueiassustada,chorosa,sofrendo,estavamais frágil,teria
ficado pior com uma péssima reação. Mesmo que ele tenha
descoberto antes que eu planejasse contar , àquela altura do
campeonatoeu já estavaacostumadae cuidando de tudo,havia me
preparadoparartodasas possibilidades, de qualquer form
a, foimais
fácil.Eletinha que se redimir
, não eu.
Eu sabia que descer para jantar com ele e ficar por aqui vestida
apenas numa camiseta dele era um gatilho para ele. A comida
estava deliciosa, Noêmia sempre fazia algo para me agradar,
segundo Edu, agora até mais do que para ele.
— Pelo menos ela ainda gosta de mim — eu dei de ombro,
mas ele não levou isso como algo para apaziguar e apertouos
lábios, negando com a cabeça. Depois trouxea mão e segurou a
minha, acariciando-a.
— Minha mãe só ficoupreocupada, mas ela sabe que não tem
motivospra desconfiarde você — ele falousuavemente— e ela fica
cedendo as paranoias de meu pai, está com medo de se apegar
demais e... — ele dizer isso foi como uma facadaem mim, eu pareci
estremecer
.
— Eu jamais teriaessa coragem — eu falei, a voz parecia um
pouco presa. Edu deu um sorriso travesso e assentiu.
— Eu sei. Você não teria coragem de ficar com outro homem.
— Eu fiquei com outrohomem — eu revireios olhos — não
transei com ele, mas eu dei uns beijos.
— Isso, Jordana — ele falou afetado— mata o pai da sua filha
— ele teve a coragem de levar a mão ao peito e fazer uma careta de
dor. Eu dei risada e revirei os olhos.
— Ainda bem que voltamos — eu precisei dizer, me
aproximando para acariciarseu rosto.Ele pegou a sua taça com
vinho rosê e bebeu um pouco.
— Ainda bem que voltamos — ele repetiu, carinhoso.
Ficamos ali com Chiara até ela se acalmar. Ela queria reunião
com algum bom arquitetopara um novo apartamentoe eu iria
marcar
, mas fomos interrompidos por toda essa confusão.
Fui levá-la para casa já no fim do dia e mamãe pediu pra que
eu descesse, ao menos por um minuto. Eu iria negar, mas minha
irmã alegou que ela andava tão arrependida que eu me comovi.
Chiara não perdeu tempoem contara sua versãoda briga com
a Luísa, deixando nossa mãe cheia de horror . Ela também não
poupou Luísa de adjetivos pejorativose ainda xingou um pouco
mais o ex. Eles mereciam, eu não iria pará-la. Externartodo o ódio
poderia fazer bem, algo como jogar pra fora e não ficar absorvendo.
— E Jordana, como está? — mamãe perguntou para mim.
— Está bem, tem aproveitadoas fériaspra descansar — eu
falei tranquilamente.
— Vai encontrá-lahoje? — ela perguntou,queria realmentese
aproximare eu estavaficandosem espaço para renegá-la. Balancei
a cabeça, confirmando.
— Vou tomar um banho, não demoro — Chiara falou.
— E eu vou embora — avisei e ia me virando.
— Por favor, Edu, espera — mamãe falou como se suplicasse,
me cort ando por fazeresse papel de vítima— eu não aguento mais
essa situação.Você e seu pai brigados,todaessa confusãoque nos
envolvemos. Por favor... Vamos tentar resolver!
— Mamãe, eu não criei confusão nenhuma.
— Tente ser mais condescendente, tente colaborar para
melhorarmosas coisas — ela falou, chegando mais perto— eu
quero fazerparteda vida da minha neta,quero poder consertar
tudo
isso. Mas eu preciso que vocês me deem a chance.
— Mamãe, por favor— eu pedi me sentindosufocado— eu e
Jordana não vamos proibir ninguém de tercontatocom a nossa
filha, mas eu não quero que ela passe por nenhum estresse
desnecessário durante a gravidez.
— Tente se acertarcom seu pai, por favor. Vocês sempre se
deram tão bem, agora estão como dois inimigos...
— Você não acha grave o que ele insinuou? O que ele falou?
— forcei um riso incrédulo — porque eu não consigo esquecer
.
— Eu não estou defendendo, mas ele está fora de si. Na
cabeça dele, ele está apenas te protegendo.
— Me protegendoenquantomaltratae magoa a mulher que eu
amo? — eu perguntei descrente e mamãe negou com a cabeça.
— Ele só acreditou nas circunstâncias,Luísacriou uma versão
que fazia algum sentido, até eu desconfiei.Mas eu estou tentando
consertar, sei que fui equivocada, que errei.
Eu não sabia o que dizer, ela queria ouvir que estava tudo bem,
mas se eu dissesse isso, estariamentindo. Para piorar , meu pai
chegou e ia subindo as escadas, sem se dar o trabalho de
cumprimentar
, mas minha mãe não aguentou a pressão.
— Por favor, Danilo, pare de agir desse jeito você também! —
ela falou desesperada — nossa famíliaestá sendo arrastadapro
esgoto, estamos todos vivendo um infernoe ninguém quer mais
ceder! Eu não aguento mais!
— O que você quer que eu faça, Nora? — ele perguntou,
dando a volta e chegou mais pertode nós — já soube que Chiara e
Luísabrigaramhoje. A conversachegou rápido na empresa.A troco
de que?
— Pare de agir como se a Luísafossea sua filha — eu rosnei,
porque parecia que era o que ele queria.
— Vocês deviam pararde maltratar
a garota.Chiara terminouo
noivado, ok. Você não quer levar em consideraçãoos argumentos
de Luísa, ok. Mas não custa muito deixá-la em paz.
— Por favor
, parem — mamãe falou,pareciaesgotada,a ponto
de começara chorar— eu não aguento mais ver você desse jeito,
nossos dois filhoschateadoscom você! Por favor , tentemconsertar,
repensar. Luísa não é nossa filha, ela já extrapolou todos os limites.
— Ela só queria proteção, Nora. Coisa que nós dois
deveríamos ter feito por ela, mas Edu conseguiu engravidar outra.
— Eu engravidei outrae nem assim ela nos deixou em paz.
Com essa obsessão em fazerpartedessa família— eu resmunguei.
— Se a nossa famíliaestáconturbada,a culpa é de vocês. De
vocês e das escolhas erradasque fazem — meu pai falou, dono da
razão e ia em direção as escadas, mas minha mãe voltou a falar
antes:
— A culpa é sua! — ela só faltougritar
, até eu me assustei —
era pra estarmosvivendo um momento tranquiloe bom, esperando
nossa neta chegar e você resolveu que a Luísatinha razão, que ela
fazia sentido. Contaminou tudo com a sua desconfiança cega!
Proteçãodemais estraga,Danilo! E eu to cansada de ver você
agindo como o dono da razão, julgando alguém que não conhece,
decidindo verdades por contaprópria!— ela parou e respirou,achei
que iria parar
, mas voltou a falar alterada:
— Eu quero que você peça desculpas ao nosso filho, quero
que consertetodas as ofensasdigeridas à namorada dele, que é a
mãe da nossa neta e a mulher que ele ama! E eu não quero mais
ouvir o nome de Luísa na minha casa! Ela já causou confusão
demais, feriunossos dois filhos e eu não vejo motivospara tê-la por
perto! Não a quero por perto!
Tudo parecia mudo, o mundo pareceu parar
, meu pai a
encarava, as pupilas dilatadas e a respiraçãoacelerada, mas ele
não conseguia dizer nada. Minha mãe, irredutível
que estava,voltou
a dizer:
— Ou é isso, ou quero o divórcio.
C 26
Jordana Testa
Eu poderia tentarentender
, foramanos implorando por algo
que nunca veio. Anos aceitando, anos ele deixando, não deve ter
sido fácil, mas eu não era culpada.
— Melhor irmosembora — Fred falou,entregandoLuísapara o
ex de Chiara, foi no momento que senti uma pressão estranhano
baixo-ventre,por sorteDenise estava bem ao meu lado e eu me
apoiei nela. No segundo seguinte senti escorrero liquido quente
entre as minhas pernas.
Comecei a chorardescontro
lado, o medo era tão grande que
eu me sentia minúsculo. Quando cheguei, liguei para o Fred me
encontrare ele me deu um abraço, ali desmoronei de novo, abraço
desse jeito queria dizer notícia ruim.
— Se você quiser matara Luísaagora, eu deixo — ele falou e
eu o encarei confuso.
— Como Jordana está?
— Está bem, já está no quartoque vocês tinham escolhido,
esperando você chegar. Ela ficou apavorada com medo de tero
parto normal. Falava sobre com muito medo.
— Eu precisovê-la — eu falei e ele assentiu,então seguimos.
Fred me contoupor cima o que havia acontecidoe eu negava com a
cabeça, incrédulo. Luísasó poderia terenlouquecido perversamente
de vez.
— Sabe a melhor parte? Denise fotografoutudo, Marina
gravou. Luísa vai se envolver em uma polêmica feia dessa vez.
— Não quero expor Jordana — eu avisei — vou lidar com
Luísana justiça.Ela estádescontrolada,não vou mais aceitarnada
disso. Já passou de ser só brincadeiraou inconformismo.Há muito
tempo que deixou de ser.
— Pensa nisso depois.
— Acha que essa tensão de hoje pode tercausado alguma
complicação? — perguntei,mas avistei o obstetrade Jordana e fui
até ele. Repeti a perguntae ele torceuos lábios. Abstraí
as transas
na noite passada, já havíamos sido alertados que sexo era um ótimo
indutor de parto, mas Jordana estava tão sedenta e eu era tão
safado que não resisti a ela. Nos convencemos que a única
recomendação para não fazermos era não apressar o parto.
— Talvez, se ela estivesse em casa em repouso, tivesse
prolongado um pouco mais — ele falou tranquilamente— mas eu já
havia dito que poderia acontecer a qualquer momento. Ela só ficou
assustada, mas já está tudo bem, estávamos apenas esperando
você.
— Obrigado — falei um pouco mais aliviado e entreino quarto.
Jordana estava na cama, já vestida na roupa do hospital, o cabelo
preso para trás. Senti tantoalívio, tantoamor ao vê-la e tercerteza
de que estavabem que só fuiatéela e segureiseu rostopara beijá-
la.
— Fiquei tão assustada que desmaiei — ela contou dengosa —
e vovó dizendo que eu aguentaria o parto normal.
— Não sente dor? — perguntei, acariciando a barriga e ela
negou com a cabeça.
— Espero estaranestesiadaantesde sentiralguma contração
— ela falou carrancuda e eu dei um sorriso.
— Vai ser tudo como você quer — prometi— já avisou à sua
mãe e avó?
— Já, estãoa caminho. Fred ligou pros seus pais — ela falou,
trazendouma mão para o meu rostoquando me senteià beirada da
cama — acha que o seu pai virá?
— Azar o dele se não vier — eu falei, segurando a sua mão.
— Preparadopra conhecernossa menininha? — ela perguntou
docemente,fazendotudoembargarpor dentro,meus olhos arderam
e eu funguei, assentindo — estou muito, muito ansiosa.
— Eu te amo muito — sussurreie ela me encarou serena, se
aproximando para beijar minha boca. Eu, não querendo deixar
nenhum sentimento que não esse de paz me dominar, chorei sem
conseguir segurar
, mas fechei os olhos e a beijei de volta.
A mãe dela veio com a avó para irmos juntospara casa. Para
começaro primeirocapítuloda históriada nossa filha. Meu pai não
havia aparecido ainda, eu já não tinha esperança que fizesse.Mas
não iria ficar pensando nisso.
Ele ficou por mais algum tempo, mais que achei que ficaria,
mas quando chegou a hora de Helena mamar, ele se despediu. Não
deixou de perguntarse poderia vir mais vezes e eu fiquei quieto,
mas Jordana respondeu.
— Claro. Venha quando quiser — ela disse, sempre doce.
Noêmia levou meu pai até a porta e Jordana veio se sentarà
cadeira, com nossa filha nos braços.Ela a colocou para mamar ali.
Minha mãe disse que ela quereramamentarsentada em qualquer
lugar poderia afetartambém,mas Jordana era teimosa,achava uma
bobagem ter um lugar especifico para dar leite à nossa filha.
— Você poderia tersido menos sisudo — ela falou para mim,
mas olhava para a nossa filha. Eu não respondi, então ela ergueu o
olhar — pelo menos ele está tentando.
— Sim, ele precisatentar— faleisolenementee ela balançou a
cabeça em negação.
— Você também precisa tentar e deixar
.
— Estou deixando — falei petulante e ela revirou os olhos.
— Eu perdi o meu pai, daria a vida para ele estaraqui. Sabia
que iria babar muito na neta...
— Acha que ele me aprovaria?— pergunteie ela me olhou de
uma maneira travessa.
— Talvez... Não se soubesse de tudo.Mas eu queria muitoque
ele estivesse aqui, que pudesse curtira neta... O seu está — ela
falou, puxando o ar e soltou de uma vez — sei que ele errou,mas
todo mundo erra, Edu. Não gosto de pensar que vamos perder
tempo só cultivando mágoa.
— Mas...
— Mas se ele não quisesse consertar
, mesmo que tenhao jeito
dele te tentar
, mesmo que a sua mãe esteja insistindo,se ele não
quisesse, não estaria aqui. Deixe-o ao menos tentar
.
— Você deveria ser um pouquinho só mais rancorosa— eu
falei e ela me lançou um olhar atrevido.
— Se eu fosse rancorosa, não teria voltado com você.
— Nem fale isso — eu falei e ela riu, assentindo. Noêmia
repreendeu por Jordana estar amamentando numa cadeira
desconfortávele nós fomos para o quarto. Fiquei com as duas,
admirando minha filha que tinha a mãozinha no seio da mãe,
mamando tão perfeitamente.
— Eu gosto que você seja positivamenteobcecado em nós
duas — Jordana falou para mim, que caí deitado na cama e
comecei a rir
. Noêmia havia dito isso para ela e ela zombava
sempre.
C 29
Jordana Testa
Eu sabia que ele era apegado, que amava nossa menina, que
cuidava dela, enquanto poderia tercontratadouma babá para esse
horárioda noite. Mas sabia também que ele ansiava para quando
ela estivesse maiorzinha e entendesse mais as coisas, que
interagissemais do que dar sorrisose risadas.Aos trêsmeses, tudo
que ele conseguia fazer era colocá-la de bruços para vê-la erguendo
o pescoço e algumas interaçõesque bebês nessa idade começam a
fazer
.
De qualquer modo, eu agradecia por tudo ter entrado nos
eixos. Do jeito como as coisas acontecerampara nós dois, eu havia
imaginado que enfrentariatudo sozinha. E sinceramente? Seria
muito azar dele se não tivesse lutado para participardas nossas
vidas. Helena era o motivomaior de todaminha alegria, meu motivo
maior de querer viver e eu era tão feliz por ser a mamãe dela.
Mari disse uma vez, que ela deve quererser a vilã da própria
história,mas não tinha maldade o suficientepara causar o estrago
que queria. E ainda bem que não, ela já me causou muitos danos
sem ser malvada o suficiente.
A festavoltou a acontecer
, Edu subiu comigo, para colocarmos
a Helena para dormirde novo. Dessa vez, eu troqueia roupa dela,
por um pijama bem confortável. Edu ficou abaixado ao nosso lado,
enquanto eu estavasentadana poltronaconfortáveldo quartodela
na casa dos avós. Ela já cedia ao sono, eu a acariciava e falava
carinhosamentecom ela. Olhei para Edu e trocamosum sorriso
cúmplice. Eu amava esse homem, mais do que deveria, talvez. Mas
não iria me vestircom alguma insegurança. Eu queria confiarnele,
viver o nosso amor.
C 32
Jordana Testa
Edu veio com ela e eu a peguei, ele queria dar o banho, mas
era a minha parte preferida.
— Todas as partessão as suas preferidas— ele falou sem
emoção e eu o olhei, fazendo pouco caso. Às vezes parecia que
estávamos competindo quem fazia mais coisas por Helena e ele
reclamava que eu estava na vantagem, já que ele passava o dia
forae ela dependia de mim para comer. Eu logo retrucavaque ele
tinha a noite sozinho com ela, até eu voltar da aula.
Como deixei Helena com Edu para vir com a Mari, viemos no
carrodele. Deixei Mari no apartamentode Fred e segui para casa.
Quando cheguei, encontreiEdu sentado no sofá com a Helena no
colo, o queixo dele apoiado no topo da cabeça dela e ele olhava
atento para Noêmia, que dizia algo e parou ao me ver
.
Deixei que Edu a levasse para a empresa, já que ele não teria
algum compromisso sério e isso me daria tempo para arrumar tudo
para o jantar mais tarde. Ele logo postou uma foto com a nossa filha,
em seu escritório.Na legenda, ele colocou: trabalhando com o
papai.
Eu me derretiainteira,era uma patéticaapaixonada por eles
dois. Comentei que os amava muito. Mas larguei o celular, antes
que passasse para ver todo o feed dele, que era todo da Helena.
O pessoal que viria arrumare serviro jantarchegou seis da
tarde.Entãoeu fuitomarum banho e arrumaro cabelo. Edu chegou
e eu fui aprontara Helena. Minha filha ficou linda no vestido azul
com o laço nas costas,a meia calça e o sapatopreto,como os de
boneca. Eu adorava vesti-la assim, bem embonecada. Chiara já
gostavade algo mais estiloso.Era só passaruma tardecom a tia e
madrinha, para Helena voltar de calça jeans, all-star e uma boina.
FIM!
E
Jordana Testa
Eduardo Toledo
Quando ela recusou a taça de vinho que servi para nós dois,
eu já sabia. Comecei a desconfiarmuito antes dela, quando ela
começou a acordarindisposta e parou de competircom Fred pelos
projetosque ela adorava fazer sozinha, por estarexausta demais,
eu soube do que se tratava. Mas não a pressionei.
FIM!
Mas Deus já falou:Não fui eu que ordenei a você? Seja forte e corajoso! Não se
apavore nem desanime, pois o Senhor, o seu Deus, estará com você por onde
você andar". Josué 1:9
P
Clica aqui!
S
Chega um dia na vida de um homem em que ele entranuma
sala, com a esperança inundando o coração e um anel no bolso,
completamentepreparadopara se ajoelhar e prometersua eterna
devoção e lealdade à mulher amada.
Ele sente que chegou a hora de fazer aquela pergunta,
prometeramá-la e adorá-la para sempre,atéque a morteos separe
e amém.
Mas quando FredericoToledo encontroua mulher da sua vida,
a sua cara metade, esse dia nunca chegava. Marina já conhecia as
expressões do namorado, a cada vez que ela o via prontopara
colocá-la contr
a a parede e fazero maldito pedido, saíacorrendo–
feito uma maluca.
Talvez seja mesmo um desafio conviver com uma pessoa tão
igual e tão diferenteao mesmo tempo. Não tem essa de “se forpra
dar certo,atéos ventossopram a favor”,só dá certoquando os dois
lados enfrentam as dificuldades e tentam o impossível.
P
Como tudo começou
Marina Marques
[...]
[...]
Sei que tudo pareceu quererpegar fogo entrea gente ali. Mas
não quis apressarnada, pelo amor, era o primeiro encontrocom
esse cara. Se ele queria sexo agora, teriaque tomaro primeiro
passo.
Fomos embora quando Ravi saiu por alguns minutos e voltou,
não só com a modelo loira que o acompanhava, mas duas delas.
Achei divertidoo fatode Fred achar que eu me assustariacom
aquilo. Não que fosseadepta a esses fetichesou orgias, mas não
iria condenar ou me assustar com quem praticava.
Dias atuais...
[...]
Pela manhã, acordamos com sua mãe avisando que viria tomar
café conosco. Fred relutou, mas já havíamos acordado, de qualquer
jeito. Deveríamos ter levantado, tomado banho e descido para
esperar sua mãe, mas estava tão gostoso sob os lençóis que
começamos e nos agarrar
. Eu só me empurrei um pouquinho e
empinei o bumbum, o bastantepara o pau vir no caminho certo,
todinho para dentro.A mão dele estava na minha coxa e o rosto
afogado em minha nuca. Ele dava gemidinhos curtos, me apertava e
puxava para vir mais fundo.
Não estávamos nem perto de gozar, quando a mãe dele
começou a bater na porta. Não respondemos, por isso, ela entrou.
[...]
[...]
[...]
C 04
Frederico Toledo
[...]
[...]
Eu e Fred tínhamosum defeito.Quando ficávamosnervosos,
estressadosou refémde algum sentimentoque não conseguíamos
assimilar nem resolver , descontávamos no sexo. Para sanar a
vontade dele, deixei que ele marcasse um maldito almoço com
meus pais e irmã. Pedi para que não fosse forae vetei qualquer
possibilidade de ele levar a mãe dele. Seria um pratocheio a minha
mãe conseguir disseminar qualquer mal estarentremim e minha
sogra.E convenhamos que a Nair tivessemotivosde sobra para me
querer longe de seu filho. Não que quisesse, não era esse o ponto.
“Eu acho que ele tem certez a que vocês dois vão viver como
príncipee princesadepois que almoçarcom seus pais...” — Jordana
enviou e continuou digitando — “E acho que vai tranquilizá-loum
pouquinho... O homem anda louco por aíquerendo que vocês deem
um avanço no namoro”
Mais pergunta
s vieram, sobre emprego, idade, por que
escondemos e tudo que elas poderiam querer saber, sendo
muuuuuitosimpáticas,para ele nunca achar que elas eram as vilãs.
Eu suspirava e reviravaos olhos, mesmo Fred me olhando feio por
causa disso.
— Então você e o namorado da Jordana são sócios — minha
mãe falou, não conseguindo esconder a surpresa.
— E primos — Fred contou divertido,logo acrescentandoque
formavamuma pela dupla profissionalmente.Tereza, inconveniente,
perguntouse tudo era dividido meio a meio e ele disse que sim, se
divertindocom essas curiosidadesridículas.Não era perguntade se
fazer
.
Quando ele contou sobre o filho, que completariaonze anos
daqui a pouco, elas ficaramalertas.Nada que Fred perceberia,só
que eu já vivia na defensiva.
— Então você se separou há pouco tempo? — minha mãe
perguntou,nos analisando. Pelo seu olhar, era como se ela tivesse
encontrado a falha que queria, mas Fred logo cortou isso dela.
— Me separei meses antesde conhecerMarina — ele contou,
omitindoporque foimelhor assim, me olhando confiantee eu apertei
os lábios.
— Ela e o seu filho se dão bem? — Tereza perguntoucuriosa,
chegando mais perto de nós dois, mesmo sentada no outro sofá.
— Muito, graças a Deus — Fred deu um riso. Peguei meu
celular e fiquei contando para Jordana tudo que estava
acontecendo. Ela logo achou que tudo daria super certoe que
ficariatudo bem, afinalelas não iriam quererespantarum milionário.
Jordana disse que eu era muito maluca, isso sim. Mas ela
sempre sonhou com o que vivia. Talvez não esperasse ser a
princesa de um milionário, mas ela queria viver um amor tranquilo,
se casar e terfilhos. E para ela era tudo mais fácil, por isso suas
opiniões nunca iriam combinar com as minhas escolhas.
[...]
Ficou acertadocom Dona Margareteque nos encontraríamos
na quinta-feira.Marina parecia uma maluca pelo meu apartamento,
com pouca paciência para mim e minha insistência.Para sortedela,
eu estavamesmo empenhado em fazerisso entrenós dois avançar
mais um pouco, então não iria começar a brigar
.
Ela falava brava, algo como eu estarfazendo tudo que a mãe
dela queria, que era ganhar minha confiança para nos afastar
.
— Que mãe faria isso? — perguntei indignado e ela me
encarou irritada — e ninguém vai me colocar contra você.
— Você não convidou seus pais, né? — ela perguntouazeda e
eu a olhei, ficando sufocado com os seus bloqueios.
— Não, Marina.
— Tudo que eu não queria era um jantarcom meus pais. Por
favor, você acha que eles fazem essas coisas?
— Na minha casa, fazem — falei friamentee fui para o
banheiro.
[...]
Não deu meia hora e Jordana veio avisar que iria embora, o
que era óbvio, já que Edu não parava de provocá-la.
— Me desculpe — ela falou pesarosa, mas sacudi a cabeça.
— Tudo bem — falei tranquilamente.
— Saudade de quando estávamosassim — Fred falou e eu o
olhei. Ele passou um braço em tornoda minha cinturae depositou
um beijo em minha têmpora— sem freio,não conseguíamosficar
muito tempo num lugar, precisávamossair pelo menos pra aliviar a
vontade e voltar depois.
— As coisas mudam, Fred — eu faleie ele assentiu— embora
eu sinta falta disso.
— Agora que Jordana e Edu se foram,to com medo de ir e
deixar Ravi com Denise, sozinhos.
— Eles não vão fazernada demais — falei confusa— a não
ser que ele faça.
— Esse é o ponto... Chiara estáaí também. Com outrocara —
ele falou, como se Ravi se importassepor Chiara ficarcom outros
caras.
— Coitada da Denise — sussurrei. Ficamos com eles,
conversamos,nos divertimos.O outrocasal foi embora primeiro,e
logo depois, eu e Fred saímos.
[...]
Acordei primeiro na manhã seguinte, com a dor de cabeça
insistente voltando. Fred se mexeu, mas milagrosamente não
despertou. Com o seu movimento, o lençol embolado entre as
pernassaiu de cima do membro que estavaeretoe eu o olhei. Olhei
esse homem todo, tão gostosoe intensivo,inconstante.Me levantei
para ir ao banheiro, mas isso deve tê-lo acordado de vez e ele veio
atrás.
— Intimidade é uma merda — eu reclamei para ele, enquanto
fazia xixi, mas ele não se importavacom essas coisas há muitos
meses. Ele negou com a cabeça e jogou uma água no rosto,depois
escovou os dentes.
Fiz o mesmo quando acabei, mas quando pensei em voltar
para o quarto,doida para dormir mais um pouco, ele me puxou,
escorregando uma mão pelo meu cabelo, emaranhando ali e
começou um beijo delicioso na minha boca. Depois me sentou na
bancada, afastando minhas coxas para se colocar no meio.
— Eu transeicom você a noitetodae ainda sonhei com isso —
ele resmungou, me puxando e forçouo membro excitadona minha
entrada,vindo devagar e exalando seu alívio — porque eu sou um
condenado e viciado em você.
— Que gostoso— eu sussurrei,o abraçando e ele passou os
braçosem volta do meu corpo, me puxando para mais pertoe veio
todinho para dentro, deliciosamente.
— Ainda bem que você é safada — ele falou, me fazendo rir,
mas deslizou para forae veio forte,me arrancandoum gemido alto.
O apertei mais no abraço, as mãos enlaçadas no seu pescoço e
afundei o rostoali, fechei os olhos, me deliciando toda dele. Logo
ele me ergueu no colo e me levou para cama, vindo por cima. Fred
levou uma mão para o meu rosto,me segurando para me beijar e
logo estávamos fazendo amor outra vez.
Eu gostaria que tudo fosse assim tão fácil. Para minha mãe, ele
comprou um par de brincos. A mãe dele tinha razão quando dizia
que tinha bom gosto, mas zero controle com gastos.
Paramospara comeralguma coisa e por azar Luísachegou ali,
e, para cumprimentaro Bruninho, acabou se sentando na mesa
conosco, a convite dele, e pediu uma salada.
— Uau, só coisa de grife— ela falou, olhando superficialmente
as sacolas.
— Faltou o presente da Jordana — meu filho falou, como se
lembrasse de repentee eu comecei a rir . Luísa fez uma caretade
desgosto,mas não se deixou abater— o que foi? — ele perguntou
para mim, completamente confuso.
— Nada, meu filho — falei, mas não conseguia pararde rir .
Luísa perguntoupara ele sobre o presenteda Bruna, que já havia
deixado predefinido. Uma bolsa cara que me custou milhares.
— E você quer que o papai e a mamãe voltem? — ela
perguntou e eu a encarei sério.
— Não. Eles só brigam — Bruninho falou o óbvio — e eu
prefiro muito mais meu pai com a Mari.
— Sério? — Luísa perguntou entojada — acho ela tão chata.
— Eu não acho — meu filho retrucou— e eu não quero falar
dela com você.
— Tá bom... — Luísa revirouos olhos e os dois mudaram de
assunto.
Minha vontade foi dizer que não colocaria esse fardona vida
dela, como ela quase mencionou dessa maneira outrodia, mas não
queria estragara bolha de Fred na véspera da nossa viagem. Ele,
comunicativoe simpático,tambémtentavaconversarcom meu pai e
o Lucas.
Depois ainda conseguiram tempo pra falar sobre Jordana,
Tereza perguntando se ele não havia se interessadopela minha
amiga primeiro.Eu suspirei impaciente, ela sempre procuravaum
jeito de me fazer parecer inferior
.
— Na verdade, Edu se interessoupor Marina primeiro— Fred
faloue eu o olhei, crescendoos olhos incrédula— Mari apareceuna
empresa, precisando entrevistá-loe ele até cogitou chamá-la pra
sair, mas eu corri e tomei a frente.
— Ainda bem — falei incrédula, começando a rir dessa
babaquice.
— Jordana sabe disso? — Tereza perguntoue eu revireios
olhos.
— Nunca falamos disso... — Fred constatou.
— Então você quase roubou o marido da amiga — Ela falou
como se estivessebrincando, apontando o garfoem minha direção.
Respirei fundo, Fred nunca entenderiaque qualquer brincadeirase
transformaria em ofensa aqui.
[...]
C 12
Frederico Toledo
A noite por ali foi até quase três da manhã. Fred e Edu
começaram a degustaro cardápio de uísques caros, o que os
deixou embriagados. Jordana ficou brava, porque tudo bem, Fred
ficava engraçado bêbado e no dia seguinte superaria a ressaca
naturalmente. Eduardo, não. Ele iria ficar doente e fazendo drama.
— Pelo menos ele é um dramáticoque quis casarcom você —
Fred falou para Jordana, quase começando a embolar a voz —
Marina não quer casar comigo — Jordana riu do drama da vida
desse meu namorado, mas eu revirei os olhos. Peguei o olhar
desgostoso da minha mãe em mim, mas desviei e olhei para Fred.
— Vocês precisam casar e ter filhos, porque Jordana só quer
teroutrofilho depois de vocês — Eduardo quem falou dessa vez e
Jordana me lançou um olhar se desculpando.
— Hora de colocar esses dois na cama — Nora quem falou,
conhecendo as duas peças — boa sortepra vocês duas — ela
lançou um sorriso apertado para mim e Dana.
— Eu gostode beber pouco — meu sogro falou e Fred ergueu
o olhar, o olhando atencioso — pra aproveitarbem a noite com a
minha gata.
— Que isso, papai — Fred falou irreverente
— um banho e eu
a deixo acordada o resto da noite.
— Fred — faleiincrédula,porque tudobem, esses comentários
eram bem aceitosna famíliadele. Mas minha mãe pegaria qualquer
falha para reclamar de mim depois.
— Eu também— Edu falou,soluçando e seus pais começaram
a rir
.
— Seu problema é o amanhã, Eduardo — Danilo falou
descontraído.
Eu tinha certezaque Jordana estariapara explodir de
vergonha.
— Que conversaconstrange
dora — Jordana sussurroue eu a
olhei, mais corada do que minutos antes.
[...]
[...]
Isso foi uma merda, porque fez Fred acreditarque ele tinha
razão em quererconhecer e se aproximarda minha família.Minha
mãe soltou coisas como eu ser preguiçosa,desleixada, bagunceira
e não ajudar em nada. Como se fosse algo engraçado, mas me
incomodou. Não era verdade. Quando eu não trabalhava fora,
ajudava nas tarefasde casa, por exemplo. Hoje em dia não dava
tempo, mas ainda assim, partedo meu salário que não era muito
alto, ia para ajudar nas despesas. Meu pai era aposentado, não
ganhava muito, mas o suficientepara termosuma vida confortávele
sem faltarnada, ajudar nas despesas era o mínimo que eu poderia
fazer
. Na verdade, eu não achava que minha mãe aceitaria que eu
morasse aqui sem colaborar
.
[...]
Ravi insistiaque era faltade sexo, mas não era. Eu não estava
a fim de sexo com qualquer mulher, eu sabia que conseguiria isso
facilmente, se fosse.
[...]
[...]
Fred ligou mais tarde, mas não atendi. Depois enviou uma
mensagem, disse que só queria conversar , ouvir minha voz, poderia
ser por telefone,por ele tudo bem. Comecei a chorar , não teria
condição nenhuma de falar com ele. Os próximos dias seriam
caóticos e eu não queria que ele quisesse me ver nem tão cedo.
[...]
Não dava para acreditarem quem diz que não iria, quem iria
me garantir?Se tivessem dito para minha mãe que ela me
desprezaria tanto, ela teria me tido? Eu duvido muito.
— Mari — fuitiradados meus devaneios malucos quando Fred
me chamou — te amo.
Não disse nada, mas me aconcheguei no corpo dele, fui
abraçada e ele deu um beijo no topo da minha cabeça. Virei o rosto
e ele deu um beijo na minha testa,entreos olhos e virei mais um
pouquinho, queria o beijo gostoso na boca.
Eu queria retrucar
, estava tremendo, nervosa, os olhos ardendo
e eu não queria chorarna frentedeles, porque iriam dizer que eu
estava chorando para me fazerde vítima.Quando me virei e fui
rapidamenteaté meu quarto,ela começou a gritarque eu a deixo
nesse estado e me tranco, para me divertirà custa do seu
sofrimento.
Não satisfeita,
ela começou a baterna porta,gritandoque se
eu estava pensando que atrapalharia o homem a reatar o
casamento, estava muito enganada.
Enviei uma mensagem para ele, contando que alguém veio
dizer à minha mãe que eu estava me tornandoamante dele. Não
preciseidizer nomes, a única pessoa que nos viu juntos,sendo que
nos reencontramosapenas ontem, foi a Bruna. E a única que tinha
interesse em nós dois separados, era ela.
Os preparativo
s do casamentode Jordana e Edu estavamindo
a todo vapor, então eu já esperava que Fred pudesse voltarcom
essa conversa em breve.
[...]
No nosso último dia em Petrópolis, dia exato do meu
aniversário,minha mãe enviou uma mensagem me parabenizando e
dizendo que estava com saudade. Eu queria e deveria guardar
mágoa dela, mas ainda era difícilser dura assim. Agradeci, assim
como as mensagens de alguns familiarese comentei com Fred
sobre. Não imaginava que ela, meu pai ou minha irmã fossemfalar
comigo, por causa dos últimos acontecimentos.
Fred ficou com ela por mais de meia hora. Quando voltou,
perguntou ao filho se queria falar com a mãe, antes que ela
precisassedescansar. Logo seria liberada para ir pra casa também,
os médicos só queriam mantê-la em observação mais algumas
horas.
Ele levou o filho até o quartoque a mãe estava e voltou, se
sentando ao meu lado.
— Com tudo isso e ela não falou nada — Fred falou frustrado,
correndoas mãos no rostoe apoiou o cotovelonos joelhos. Depois
virou o rosto para mim.
— O que ela contou?
— Que descobriutrêsnódulos. Dois em um lado, um em outro.
A médica dela aqui no Rio disse que era algo hormonal, mas ela
não se convenceu, porque a avó tevea doença muitonova também,
então foi em outromédico, em São Paulo. Não queria causaralarde
aqui. Lá descobriramque era maligno, em um estágio avançado,
mas os médicos com quem ela passou ainda deram esperanças.
— Que coisa louca... — falei embasbacada — ela está bem?
— Disse que estava fraca,tem acontecido porque ela não
sente vontade de se alimentar direito. E agora vai fazer mais
exames pra cirurgia.
— Ela estáotimista?— pergunteie ele suspirou,como se não
soubesse.
— Espero que sim, que dê tudocerto— ele faloumais baixo —
vai dar tudo certo.Ela vai ser assistidapelos melhores médicos que
puder ter, quero que tenha o melhor tratamento. Se os pais dela
soubessem, teriamprovidenciado tudo, tenho certeza.Mas Bruna é
assim, quer sempre estarpor cima, aposto que se não fosseisso,
nunca contaria pra ninguém.
— Devia estar sendo difícil passar por isso sozinha — eu falei e
ele concordou.
— Prometi ir com ela à São Paulo daqui a dois dias, você se
importa? — Fred perguntou, me encarando firme para poder
analisar todas as minhas reações. O encarei de volta, querendo
dizer que sim, eu me importava. Eu não queria, não o queria perto
da ex, mas não seria justo.Era a mãe do filho dele, se ela queria o
apoio dele e ele se sentia capaz de fazer isso por ela, eu não
poderia me colocar contra.
C 22
Frederico Toledo
Coloquei um travesseiro
sobre a cabeça e o aperteicom força.
Eu estava escancarada sobre a cama e Fred me chupava muito,
sempre impetuoso e gostoso demais. Tudo o que eu queria era
poder gritar
, mas era impossível. Eu sentiaque não suportariatoda
essa tensão maravilhosa quando ele viesse me penetrar
.
Fred abafou qualquer eventual gemido beijando minha boca,
meteu fundo na minha boceta molhada e eu me agarreitoda nele.
Os movimentos eram curtos,ele quase não saía de dentroe isso
me estimulavapor todosos lados. Nosso beijo estavasincronizado,
por algum milagre, mas era muito gostoso. Ele chupou meu lábio
inferior e voltou ao beijo profundo.
— Me coloca por cima — eu pedi, louca para gozar, mas queria
aproveitaressa pressão no meu ventrepor mais um momento. Ele
assentiu,nos virando na cama e eu rebolei devagar, o acomodando
dentro.Depois levou as mãos para minhas coxas e eu apoiei as
mãos no seu abdome. Mantive o olhar firmeno dele, me deliciando
e satisfazendo, rebolando devagarinho.
— Assim é maldade, amor — ele falou manhoso, mas eu não
queria aumentar. Fiz desse jeito e depois apoiei os pés no colchão,
comecei a quicar do jeito que ele amava e ele mordeu as costasda
mão, incrivelmente duro, estava maravilhoso cavalgá-lo. Fred
apertouos olhos, apertoua mão que estavana minha coxa e virou o
rosto, como se fosse incapaz de me assistir, mas no segundo
seguinte, quando eu me contorciinteira em cima dela e gozei,
peguei seu olhar em mim, nos nossos sexos.
— Eu vou gozar muito agora — ele falou desnorteado,mordeu
as costas da mão de novo, apertouos olhos e franziuo cenho,
fazendo uma caretade puro prazere eu continuei,olhei para baixo
a tempo de ver o sêmen escorrendopelo pau eretoe de dentrode
mim.
[...]
[...]
[...]
[...]
Depois do jantar
, os mais velhos foramembora e a mãe de
Jordana levou Helena, para o casal poder aproveitarmelhor a noite.
Era engraçado como Jordana corava quando falavam algo que
insinuava sua vida sexual.
— Por que não foi ficar com Fred, Mari? — Ravi quem
perguntou, ao servir mais vinho na minha taça.
— Porque não achei que seria justocom a Bruna. Ela saberia
que eu estava lá, ela não gosta de mim e está em um momento
difícil.
— Ele também está em um momento difícil — Ravi protestou.
— Eu acho que pelo temperamentodela, foi melhor não terido
— Edu quem falou — sei que Fred está mal com tudo isso, quem
não ficaria,afinal? Mas é melhor evitarqualquer estressepra ela
nesse momento.
— Não vamos falarsobre isso, por favor— eu pedi, era um
assunto que me deixava muito mal.
— Como tem sido a vida de morar em dois lugares? — Jordana
perguntouforçandomais animação, para nos tirarmesmo daquela
conversa.
— Eu não sei como enfrentar e contarque me mudei — eu
reclamei — mas vai dar tudo certo.
— Claro que vai, amiga — ela falou o óbvio — ainda mais
agora que você é famosa.
— Aposto que a Luísa está se corroendo — Chiara falou
empolgada — e eu amei. Sério, você é muito mais querida do que
ela.
— Mas isso não é uma competição — eu falei.
— Quando uma marca deixa de contratá-lapra contratarvocê,
é, sim, uma competição — ela retrucou petulante.
— Já foi reconhecida na rua, Mari? — Eduardo perguntoue eu
dei risada, mas neguei com a cabeça.
Fui para casa quase duas da manhã. Para a casa dos meus
pais, por receiode não acordar em casa depois de passaruma noite
fora.
Como ela mesma disse: fazia mal para ela me olhar, não
suportava ouvir minha voz. E os motivos eu jamais entenderia.
Não chorei ali, por sorte,eu tinha agora como viver sozinha.
Terminei de arrumartudo, muita coisa ainda ficou, mas não faria
falta.Pedi um carropor aplicativo e fui embora. Chorei durantetodo
o caminho, como se tivesse cortadoum laço. Mas eu precisava
aceitar
, entender
, colocar um curativo nessa ferida de uma vez.
[...]
Quando Fred ligou, numa terça-feira, eu acabei cedendo. Disse
que iria e voltaria em dois dias. Afinal tinha trabalhospara cumprir
.
Quando ele avisou que resolveriatudo para mim, eu vetei, poderia
muito bem pegar um voo, ele me pegaria no aeroporto.
Comecei a rir
, porque meu namorado se sentou e colocou a
jaqueta sobre o colo. Fiquei com medo de, por causa do que
tomamos, ele três vezes ainda, não relaxasse e ficasse assim,
completamente duro até irmos embora.
[...]
A mãe dela tinha razão, quando disse para Fred que ela sairia
dessa uma pessoa melhor. Por isso, eu disse a ele, que ela merecia
a cura. Era como se ela estivesse passando por uma provação, e
aprendido tudo. E ensinado muito também. Sobre pessoas
mudarem, se entenderem, se perdoarem e se darem segundas
chances.
C 28
Frederico Toledo
Na sexta-feira,
quase nove horas da manhã, ela se foi. Eu não
estava no quarto, não conseguiria. Meu filho ficou com ela,
segurando sua mão e rezando até o fim. Preciseido colo de minha
mãe, que me abraçava apertado,tentandome dar um pouco de
conforto.
Bruninho parecia terentendidotudoisso melhor do que eu, era
bizarro. Ele saiu do quarto meio desnorteado,mas não chorou.
Estava com o olhar vago, disse estarmuito triste.Mas a mãe dele
vinha explicando que insistirno tratamentoestava sendo muito
doloroso, e não estava resolvendo. Se estivesse,se ela estivesse
melhorando, lutaria até o fim.
Mari pensou que seria melhor ir embora, mas meu filho insistiu
para ela ficar
.
— Você não vai ficar com meu pai? — ele perguntou,
segurando uma mão dela, que encarou e balançou a cabeça —
então fica, a gente precisa de você.
Ela olhou para mim, como se não soubesse o que fazer .
Havíamos prometido para Bruna que cuidaríamos de Bruninho
juntos,que faríamos o melhor para ele. Que Mari cuidariadele como
se fossefilho dela. O que foi bizarro,Marina nem queria ser mãe.
Mas acatou o pedido e prometeu dar o seu melhor .
[...]
[...]
O amor
É como um pedacinho de céu
Sou todo love love
São lábios de mel a esconder você
Onde é que foi parar?
Por que será?
Amor é onde eu queria estar com você
E amar, espalha a brisa em alto mar
E conseguimos.
FIM!
E
Marina Marques
Ser a filha famosa que ela pode se gabar era muito melhor.
Conviver, admirar e tratarbem, ser uma boa mãe, jamais. Mas
estava tudo bem. Tem coisas que aprendemos a lidar sem sofrer
tantopela falta. Talvez o que mantivessea minha forçade vontade
em não encerrartodo o vínculo fosseo apego ao laço sanguíneo,
não era fácil anular
.
Comecei a rir
, porque provavelmenteele me engravidou bem
ali, mesmo.
Frederico Toledo
[...]
Ele pediu para ela não me contarnada ainda, não queria que
eu comemorasse na cara dele, já que eu parecia tão contra.Isso foi
como uma facada no peito, mas eu mereci. Depois, ela disse que
ele podia confiar nela, afinal era como o filho mais velho dela.
“E você como uma mãe pra mim. Obrigado” — joguei o celular
para longe de mim na cama e ela voltou, resmungando de ter enjoos
nessa faseda gravidez. Já faltavapouco para nossa menina chegar.
Eu e Jordana duelamos o projetodo quartoda Aurora,e dessa
vez eu aceitei a derrota.Mostramoso resultadofinal para Marina
escolher, sem dizer de quem era cada um e ela escolheu o da
amiga.
FIM!
Amar dói tanto que você fica humilde e olha de verdade para o mundo, mas ao
mesmo tempo fica gigante e sente a dor da humanidade inteira.
— Tati Bernardi
P
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V 4
S
Ele é um lindo mentiroso, um valentao, um salvador, um
monstro e um perfeito amante.
Quando na sexta-feira
vi foto
s dele em um bar com os amigos,
e depois ele não apareceu, nem me convidou, eu fiquei irritada,
decidi que ainda bem que não passamos de masturbaçãoe sexo
oral incrível.
No sábado a noite ele apareceu, falando sobre a ressaca
desgraçada,como se fossedivertido.Eu o encarava séria, mas não
havia motivos para cobrar alguma coisa.
— Esteve com outra? — perguntei e ele me encarou
minucioso, torceuos lábios e negou com a cabeça. Eu o encarei
entediada, não estava acreditandoe ele segurou o riso — é sério,
vida. Não fiquei com ninguém.
— Não estou cobrando nada de você. Não precisa mentirpra
mim — eu faleiimpacientee ele me puxou, me fazendocair sentada
ao seu lado no sofá.
— Eu sei — ele falou tranquilamente— eu só bebi demais.
Não quero outra mulher
.
— Sei — falei, duvidando.
— Só penso no dia que vou transarcom você — ele falou e eu
o encarei séria, enciumada também — quero te terlouca grudada
no meu pau, te encher com minha porra.
— Você é muito pervertido— eu falei incrédula, mas vivia
pensando nisso.
— Eu sei — ele confirm ou descaradamente — e você
potencializouisso em mim. Não paro de pensarna gente.A imagem
da tua boceta perfeita tá impregnada na minha mente.
[...]
Chiara não demorou ali com as amigas, sabia que iriam para
algum lugar mais animado e deveria terido junto,pelo menos assim
eu matariaminha vontade de encher a cara, estava sendo uma
desgraçalidar com os efeitosde abstinência,a cada dia se tornava
pior e torturante, como se estivesse faltandoalgo que me dava
prazer. Eu só queria o alíviode poder sanarminha vontade,o prazer
de poder beber em paz. Queria ter coragem de deixar Denise
bancando a orgulhosa sozinha, mas eu não conseguiria magoá-la
ainda mais. Eu não sabia o que era pior, pararde beber ou ficarsem
ela, sem poder afundaro rostoem seu pescoço e ganhar seus
carinhos,sentir seu amor genuíno e fazero sexo perfeitoque só eu
e ela fazíamos. Era uma verdadeira guerra dentro de mim.
Joguei a bituca do cigarrono chão e pisei para terminarde
apagar. Voltei para a mesa e, dessa vez, o amigo dela não estava.
Achei que ele tivesseido embora, mas quando voltou, Denise
se levantou. Ela ia deixar algum dinheiro com Marina, para pagar o
que havia consumido, mas eu não deixei.
— Vida — falei sérioe ela me olhou desinteressada— você vai
pra onde?
— Vou sair — ela falou confusa — nos falamos depois.
Ela acenou para Fred e deu um abraço e beijo no rostode
Marina. Para mim, nada. Antônio entrelaçouo braço dela no dele e
os dois se foram.
— Que inferno— disparei sem querere peguei um olhar de
deboche para Marina em minha direção — eu não me importo,
Marina. Se ela quer fazer isso, que faça.
— Tá bom — ela falou, começando a rir— tomaraque ela
fique com outro.É um desperdício,Denise bonita desse jeito presa
a um homem só.
— Mari — Fred a repreendeu.
— Ué, ele não adora as festinhas privadas com Chiara? Não
deveria se incomodar se Denise fizer o mesmo.
— Ela não vai fazer— eu rosnei, queimando atordoadosó por
pensar na possibilidade.
Eu queria terido para outrolugar, fazermais merdas e beber
até não conseguir mais levantarda mesa, assim ela se comoveria
também. Mas não queria desse jeito, queria consertaras coisas,
então fui para meu apartamento.
“Tá bom... Quero ver quanto tempo você vai aguentar sem
sentir a minha falta hahaha” — era mensagem dela.
Ravi ia vir atrás,mas minha tia interviue pediu para ele ir, que
quando eu estivesse mais calma, nós conversaríamos.
[...]
A noite com nossos amigos não era a mesma coisa para mim,
o cara escondendo duramenteos efeitossombrios da abstinência.
Ansiava por chegar em casa, pelo menos durante o sexo eu
esquecia tudo isso um pouco, o tesão incontrolávelque ela me
causava, ajudava a me manter na linha, às vezes até mesmo
reclamando do nosso ritmo frenético.
Eu já estava ansioso, torcendo para que conseguíssemos
assim, no primeiromês tentando.Não ficamosmuitocom o pessoal,
eu quis ir embora logo e ela não se opôs.
“Denise”
[...]
Depois do jantar
, eu fui lavar a louça e ele me ajudou, secando
e guardando. Ficamos estranhospor alguns segundos, mas ele
manobrou isso, me puxou pela cinturae eu o abracei pelo pescoço.
Afundeio rostoem seu peitoe respirei,querendo decidirseguirsem
culpa e mágoa, por mais que parecesse difícil,porque o amava
demais, porque eu e sua família acreditávamos que assim
freávamos um pouco o problema.
[...]
Pedro quem ligou para saber dele, uma vez que não estava
atendendoas ligações de Silvia e ela sempreficavapreocupada aos
fins de semana. Principalmente quando terminávamos.
Nos dois primeiros dias, Ravi não falou comigo. Achei que
estava encarando o fim como o fim real, assim como eu estava
tentandofazer
. No terceirodia, eu pergunteipara Pedro sobre ele.
Meu ex-cunhado respondeu que estava bem, meio pra baixo, mas
ao menos estava mergulhado no trabalho.
Na sexta-feira,
quando Jordana postouuma foto,saindo com o
noivo, fiqueiapreensiva.Ravi iria também?Estariacom Chiara? Era
duro pensar. Ele iria beber? Eu tinhaque me preocupartanto?Achei
melhor não sair, mas ao ver que ele estavaarrumado,em uma foto
com Silvia na casa dela, meu coraçãose comprimiu. Eu começaria
a sentir falta dele, era isso?
[...]
[...]
Deixei Denise desfalecidae estremecendosobre minha cama,
na manhã da segunda-feira . Eu tinha audiência logo cedo e não
poderia ficarcom ela aproveitandoaté mais tardecomo queria. Ela
estavatão mole, que nem veio para o banho comigo. Me troqueino
closete saíabotoandoa camisa branca.Ela ainda estavalá, jogada
na cama, uma perna dobrada e a outraesticada,aberta s, do jeito
que deixei. Dei um sorrisopresunçoso, eu adorava esse domínio
que tinha sobre o prazer dela. Se eu quisesse, a deixava louca,
completamenteperdida e depois incrivelmentesaciada. Parei na
beirada da cama, a olhando e desci o olhar para o meio das pernas,
estava cheia do meu sêmen, o que me frustrava. Ela já deveria ter
engravidado.
Terminei de vestira camisa e coloquei a gravata,dando o nó
habilidoso. Vesti o paletó, depois passei perfume.Só então fui até
ela, me sentei na beirada da cama e me inclinei para beijar seus
lábios.
— Vai dormir?
— Vou — ela falou manhosa — só um pouco.
— Vou te levar pra almoçar com meus pais hoje — avisei e ela
balançou a cabeça, concordando — vão receberalguns amigos,
minha mãe quer que a gente vá.
— Tá bom — ela falou cansada.
— Qualquer coisa me liga.
— Juízo — ela falou e eu dei um riso, a beijando uma última
vez.
[...]
Foquei no trabalhoa manhã inteira.Passei para buscarDenise
onze horas. Ela desceu, arrumada em um vestido longo de alças
finas, linda como sempre. Demos um beijo demorado quando ela
entrou no carro e seguimos para a casa dos meus pais.
Ficamos algum tempo ali ainda, mas logo recebi uma ligação
urgentedo escritório,precisava assinar uns documentosantes das
três da tarde. Denise respirou aliviada por irmos logo embora.
A levei para a firmacomigo e ela pareceu surpresaao ver uma
foto nossa no porta-retrato em minha mesa.
Minha secretáriatrouxeos papeis e eu li tudo minuciosamente,
antes de assinar. Denise se sentou na cadeira do outro lado da
mesa e mexia no celular, concentrada.Quando acabei, a observei
por um momento, estavatensa,mas eu não sabia se era momento
de ter uma conversa mais séria.
— Não pensa mesmo em ser advogada?
— Não — ela deu um sorris o falso — se um dia despertara
vontade em mim, eu insisto na carreira.
— Você está bem?
— Me sentindopressionada— ela confessou,suspirando— e
não gostei de como foi no almoço.
— A culpa foi minha. Me desculpe — eu pedi e ela negou com
a cabeça, como se não quisesse falardisso. Acariciei sua coxa
sobre o tecido macio do vestido e rocei o nariz na curva de seu
pescoço. Ela ficou arrepiada e escorregouuma mão pelos meus
cabelos, me puxando e juntou nossos lábios.
Demos um beijo demorado e gostoso,ficamosnos acariciando
e namorando por um tempo, até que eu tive reunião marcada com
cliente e ela se foi levando meu carro.
C 14
Denise Malta
[...]
Saí com Denise para jantar, junto com Eduardo e Jordana. Por
azar, Chiara veio junto com o casal, o que deixava Denise furiosa.
Eu já começava a acreditarque Chiara estava fazendo para
provocar
, já que eu estava firme em manter distância. Não
respondia mais as mensagens, com o passar das semanas ela
finalmenteparou de mandar e provocar , ou então era indiferente
para ela. De qualquer maneira, Denise precisava entender que eu
não controlava os outros. Eu estava fazendo a minha parte,
tentandome redimira todo custo,provarpara ela o amor e agora, a
minha lealdade.
E ele ficou, minha tia voltou, fez o jantar e ele ficou ali,
esperando que eu deixasse tudo para trás.Mas eu não saí do
quarto. Ela enviou mensagens dizendo que ele não iria mesmo
embora sem se acertarcomigo, mas eu falei que não iria acontecer
.
E era muito mais fácil terminarcom ele no calor da raiva. Eu
precisava fazer isso
agora.
Mais tarde,Mari enviou uma mensagem, chamando para sair.
Eu não estava com vontade, mas me arrumare sair, deixá-lo aí
sozinho, seria uma ótima desculpa para fazê-lo acreditarque eu
estava resignada a terminar
.
[...]
C 17
Denise Malta
Minha sogra, quando veio aqui, logo notou meu humor baixo,
mas tentei disfarçar
.
— Ela não está meio verde? — Jordana perguntoue eu revirei
os olhos.
— Só um pouco desanimada.
— Não quer descansar um pouco? — Silvia perguntou
carinhosamente.
— Vida, se quiser, vou com você — Ravi falou.
— Assim conseguimos aproveitarmelhor a noite — Jordana
falou, incentivando e eu me levantei. Ravi bebeu o restoda água,
antes de me puxar pela mão e descemos.
[...]
E mesmo depois de deixar rolar por meses, ela agora deu essa
de não querermais? Soltei o ar, exalando toda a fumaçado cigarro
e o apaguei no cinzeiro do balcão, soltando ali ao ver Denise se
aproximar. Ela passou os braços em volta do meu corpo, se
aninhando e eu passei um em volta da sua cintura,não disse nada.
Estavaansioso, querendo, mas ao mesmo tempo preocupado. Não
a queria infeliz se estivessegrávida, queria que fosseperfeitopara
nós dois.
[...]
Ela pareceu mais chocada do que feliz. Quer dizer, ela queria
muito um neto, mas quando me via completamente louca e
apaixonada por Ravi, a mulher capaz de tudo por ele. Alguma coisa
havia esfriado.Eu estava lidando com a realidade dura de que
minha vida passou a girar demais em torno apenas de Ravi.
Praticamenteabandonei meu trabalho,não focava em mais nada,
era só ele, ele e ele. E preocupações sobre ele. Era como se eu
estivesseme cansando de me anular em prol de uma cura que não
existia. De amar demais e esquecer que só amor não salva
ninguém.
Meu pai veio ao Rio para conhecer o pai do meu bebê, mas o
encontronão foi nada como eu queria. Descobri um grupo onde
estava Ravi, Chiara, mais duas mulheres e uma delas enviou um
vídeo pornô. Tudo estralav a por dentro, a língua tinha estalos
doloridos. As duas conversavam, reclamavam que Ravi não
respondia e zombavam sobre ele querer ser homem de família.
Chiara logo começou a mandar fotosdo seu estoque de uísques
caros, claro, isso iria subornarRavi, que estava tentando,como
sempre, não beber. As crises de abstinências eram cruéis, eu
condenava que Chiara soubesse da doença dele e usasse isso a
seu favor
. Eu não deveria fazerisso, mas saído grupo e deixei lá a
conversa para ele ver o que eu havia feito.Bloqueei o celular e
deixei onde estava.Fui retocaro batome volteipara a cama, estava
me sentindo cansada esta noite.
Encontraríamos
meu pai e Estela, sua esposa, no restaurante
que ele escolheu. Ravi pegou o celular e eu me levantei,
desentendidae fui me olhar no espelho. Usava uma calça jeans de
cinturaalta, a lavagem escura e uma camisa de linho, branca de
botões. Coloquei uma sandália alta de salto fino e os cabelos
estavamsoltos. Passeei a mão pelo ventreque ainda não mostrava
nada, era bem recente,de qualquer maneira. Ravi veio até mim e
me abraçou por trás,pegou o celular e posamos para a foto.Ele
escorregou a mão para o meu ventre e tirou outra.
— Te amo, amor da minha vida — sussurroue eu virei o rosto
para ele, que selou nossos lábios ternamente.
Chegamos no horáriomarcado e eu os apresentei.Estela já
conhecia Ravi por foto,me lançou um olhar significativoe depois
sussurrou que ele era mesmo bonitão.
Meu pai perguntousobre o bebê, expliquei que eram poucas
semanas ainda, não havia muito o que dizer. Ravi complementou
que estávamos muito felizes e animados, tentamos por meses.
— Sério mesmo? — meu pai perguntou surpreso, não
imaginava que havia sido planejado. Mas não havia nem o que
cobrar
. Não éramos nada próximos. A conversa rendeu, os dois
encontrarammuito sobre o que conversar
, o que foi bom. Era bom
que ele causasse boa impressão.
[...]
C 20
RaviFerrari
Mais cedo ela havia saídode um grupo que Chiara criou, com
mais duas amigas dela. Eu não havia respondido, sem tempo e
vontade para isso, mas havia visto as fotos das bebidas, me
tentando. Era inevitável, inexplicável a tentaçãodaquilo. Queria
poder fazersem culpa, sem me sentirum viciado, um doente de
merda. Mas não iria voltar
, recair. Precisavafocarno meu presente,
Denise estava grávida e não merecia que eu fizesse isso apenas
por não conseguir lidar com os meus demônios.
[...]
Deixei pra lá, eram oito da manhã ainda, não haveria chance
de ele estar acordado mesmo.
“Que merda, Dê... To indo jogar tênis na praia, não quer vir?
Passo pra te buscar”
Eu nem queria, para ser sincera. Mas sabia que Ravi viria para
cá bancar o arrependidoque estava em processo de mudança e
fazer mais promessas mentirosas,então era bom que ele nem
soubesse onde eu estava.
Avisei que era só o tempo de eu trocarde roupa. E era bom
tomarum sol, ar fresco,esquecer que eu estava completamente
ligada a um homem que não fazia o menor esforço para me ver feliz.
Mas de maneira nenhuma imaginei que Ravi viria com Edu. Ele
não tinha como saber que estávamos brigados. Ao contráriode
Eduardo, Ravi não tinhaproblemasem driblaros efeitosda ressaca.
Mas a sua aparência entregava.Os olhos avermelhados de quem
não estava cem por cento sóbrio, o olhar cansado e enérgico,
deveria terusado cocaína, obviamente, ou sei lá mais o que. E
claro, não havia dormido.
Ao ver que não estavatudobem entrenós dois, Edu me lançou
um olhar de desculpas.
— Eu não quero conversar
, Ravi — falei rapidamente, me
levantando e procurei pelo meu short jeans na bolsa.
— Denise, não faz isso — ele falou, meio que me cercando, me
deixando irritada.
— O que você quer falar? — perguntei mais alto do que
gostaria.Nunca fiz cena em público, sempre me controlava,engolia
o que sentia, mas talvez os hormônios da gravidez estivessemme
afetando.
— Podemos conversarcom calma? — ele perguntou,olhando
rapidamenteao redor
. Edu e Jordana fingiam não prestaratenção.
July e Bernardojá nem estavam mais aqui. Mas Mari deixava claro
que observava tudo. Ela e Ravi se desentendiamas vezes, porque
ela era diretasobre o que pensava dele e ele retrucava,como se
pudesse se defender
.
— Não quero conversarcom calma. Não quero conversarcom
você!
— Não tem motivo pra isso tudo, amor — ele falou, voltando a
me cercar e eu grunhi irritada.
— Não tem? Você me traiu, escancaradamente,pra quem
quisesse ver! — eu estava quase gritando, completamente
descontrolada— entãovoltepra sua amante,façao que tefazfeliz!
Me deixa em paz! — eu falei com forçae me virei para passar por
ele, mas ele me segurou pelo braço. Eu olhei incrédula e olhei para
a mão em meu braço, mas ainda assim ele não soltou.
— Eu não traívocê. Juro por Deus, Denise, eu não estivecom
ninguém na noitepassada — ele faloubaixo e firme— porque eu te
amo, por favor
, vamos conversar
.
— Não vou! — eu falava alto, não conseguindo colocar acima
da minha raiva, os nossos amigos presenciando essa cena — vai
me obrigar?
— Ravi, depois vocês conversam, cara — Edu quem falou
dessa vez, mas ele negou com a cabeça, então Eduardo se
aproximou e colocou uma mão em seu ombro — ela está grávida,
não a deixe mais irritadae nervosa, pode não fazerbem ao bebê.
Ainda mais no começo da gravidez.
— Vamos pra casa comigo? — Ravi perguntou,mas eu puxei
meu braço e fui para o lado de seu irmão, um pouco atrás,sabia
que ele não iria enfrentar
.
— Eu não vou com você — falei na defensiva,indo mais para
trás de Pedro, detestando colocá-lo nessa situação.
— Não precisadisso tudo, Denise — Ravi falou contrariado—
não precisava dessa cena, eu não fiz nada demais.
— Eu quero terminar— falei quando ele estava se virando.
Falei no impulso, todos ficaram olhando, dessa vez, sem reação.
Meu coração batia acelerado, eu estava suando nas mãos e
tremendo,a respiraçãocomeçou a se perder
, era como se eu fosse
começar a chorar a qualquer momento.
— O que? — ele perguntou,foi quase um sussurromudo, mas
continuei o encarando firme. Jordana começou a ficar nervosa,
balançava Helena no colo e estava agitada, como se ela fosse
refém da situação toda.
[...]
Eu e Ravi conversamos somente na quarta-feira.Ele ficou
nervoso quando se deu contade que eu não cairia na sua conversa
mole. E começou a chorar
, dizendo que iria mudar, que dessa vez
era sério.
Fiquei no sofáconfortável
da sala, Pedro e seu pai apreciaram
um uísque caro, eu bebi um suco de laranja com beterr
aba, Silvia
disse sermuitonutritivo.Não reclamei,mesmo que não fosseo meu
preferido. Ela logo foi bisbilhotar o almoço na cozinha.
Ele se enrolou num roupão e foi para a sala. Não fui atrás,
fiquei deitada na cama, olhando para cima, tão angustiada. Me
levantei só para desligar a música. Voltei para a cama e fiquei um
tempo ali deitada, inquieta e angustiada.
Me levantei e coloquei um roupão também, passei para a sala
e lá estavaele, no sofá,com o corpoinclinado e os braços apoiados
nas pernas, o rostoescondido entreas mãos. Esbarreicom uma
mesinha de canto e segurei o arranjo que estava sobre ela. Ele
ergueu o rostoe eu não aguentei,fuiatéele e me senteide lado em
seu colo. Ravi me segurou e afundou o rostoem meu pescoço, me
deixando sem reação porque começou a chorar .
Não falei nada, não iria consolá-lo, eu não era a vilã de nós
dois. Ele era.
Corri meus dedos pelo seu cabelo, na nuca e ele afastouo
rosto,nos encaramos por um momento, levei a mão para o seu
rosto,limpei as lágrimas com o polegar e o encarei de novo, séria.
Pisquei algumas vezes, decepcionada com tudo isso, por tudo que
viramos.
— Eu não quero te perder— ele sussurrou,derramandomais
lágrimas, que não me comoviam mais. Suspirei e empurrei tudo
para longe, o encarando, me aproximei e beijei seus lábios. Ele
fechou os olhos, mas eu não, estava o olhando, que me
correspondia, eu não conseguia aprofundar o beijo.
— Quero ir pra casa — sussurrei,me sentindo despedaçada,
mas não queria mais ficar aqui.
— Por favor, fica comigo — ele falou, me segurando firmeem
seus braços — eu prefiro morrer a perder você.
— Tudo bem, vamos pra casa — eu pedi.
— Vamos ficarbem? — Ravi perguntou,como se dependesse
de mim. Eu suspirei e acariciei seu rostooutra vez. Pressionei
nossas bocas e assenti, era mais fácil assim.
[...]
Silvia quem ligava para saber sobre o bebê, ela e Pedro, todos
os dias. Pedro ainda se incomodava em me levar para comer, me
distrair
, achava que eu não precisava viver trancadae sofrendo,o
errado nisso tudo era Ravi.
[...]
“Eu vou com Jordana, nos vemos lá” — falei, para evitá-lo.
Dessa vez, Pedro chegou, junto com os seus pais. Ele nunca
vinha nesses eventos, era bem raro, e agora eu até entendia o
motivo. O acompanhei com o olhar, os trêscumprimentavampor
quem passava, tão elegantes. Era bom que ele estivesse aqui,
assim frearia qualquer tentativa insistente de Ravi.
Chiara veio trazerHelena para a mãe, e se sentiuno direitode
me lançar um olhar asqueroso, que eu ignorei. Em outr os tempos
isso iria me machucar, eu tomaria como provocação, mas senti
apenas desprezo.Por ele e por ela. Depois disso, Ravi chegou para
mais pertoe passou um braço em volta da minha cadeira. Jordana
notou meu desconfortoe me chamou para darmos uma volta, ela
queria colocar Helena para brincar num pula-pula.
Eu ia retrucar
, me defendere explicar, mas fiquei quieto. Elas
não iriam me dar razão. Eduardo tentouremediar , disse que nada
poderia estartão perdido assim, eu só precisava mudar e correr
atras do tempo perdido. Eu concordei com ele.
Peguei um taxi e fui para o hospital que ele estava. Sua mãe
me encontroue me levou até o quarto.Nem me dei ao trabalhode
perguntaro que ele havia aprontado,nos últimos tempos nem o
próprio corpo dele estava aguentando tudo que ele queria fazer
.
— Você vai acabar se matando — eu falei inconform ada.
Estava pálido, o acesso venoso na mão direita e a expressão
cansada.
— Eu não consigo viver sem você — ele falou baixinho e eu
neguei com a cabeça. Olhei para Silvia, cansada de ela depositar
em mim a expectativade salvar seu filho disso. Eu não tinha esse
poder. Talvez eu tivesseme feitoacreditarque o freavaum pouco,
mas não, ele sempre me deixava e ia atrásde quem o apoiava para
sanar essas vontades.
— Você vai acabar se matando, Ravi — eu falei de novo e me
aproximei — o que você fez?
— Nada, só bebi um pouco — ele resmungoue eu o encarei—
é sério, eu bebi pouco, não sei porque passei tão mal.
— Não sabe? — insisti e ele me encarou condescendente.
Pedro chegou logo depois e nós dois o olhamos.
— Então, já sabe o que teve? — ele perguntoupara o irmão,
que negou com a cabeça.
— Estourezando pra que não seja nada grave — Silvia falou e
eu olhei para trás, para ela, parecia tão preocupada.
— Não vai ser, mamãe — Ravi falou tranquilamente,fazendo
uma careta, como se segurasse alguma dor .
— Está tudo bem, Ravi? — pergunteie ele assentiu. Nesse
momento, o doutorchegou, com uma pranchetae os exames que
ele havia feito.
Ele nos olhou e depois para Ravi.
— Pode dizer, doutor — ele falou.
— Os resultadosdo hemograma não são nada animadores —
o médico disse cauteloso — quero alguns exames, pra confirmar
minhas suspeitas e assim começarmos um tratamento... Logo.
Silvia veio nos chamar para almoçar, mas Ravi pediu para
comer no quarto, mimado que sempre foi.
— Vai ficarcom ele? — ela perguntoupara mim, que assenti,
não queria enfrentar Chiara.
Odiava me colocar nessa posição de parecer estar ao lado dele
e não limpar a barradela, mas não estava dessa maneira. Eu não
estava apoiando Ravi para que ficássemosjuntos, mas porque eu
estavagrávida dele e queria que a minha filha tivesseum pai. Não
um homem dependente de álcool e drogas, mas um pai sóbrio,
presente, amoroso, que a tem como prioridade sempre.
[...]
C 33
Denise Malta
Era dilacerante ver de perto, ver que ele não aceitava que
precisava de ajuda médica e psicológica. O seu esforçopara não
ceder ao víciodoía em todosnós. E talvez tenha sido isso que nos
trouxe até aqui.
Voltei para o quartoe Silvia estava lá. Estava tensa, mas não
mencionou sobre o tal vídeo. Marina e Jordana vieram um pouco a
tarde, Jordana completamente desconfortável,ninguém queria
mencionar sobre o vídeo ter sido compartilhado.
— Eu já sei sobre o vídeo — eu falei e ficamos em silêncio.
— Sinto muito, amiga — Mari falou e eu neguei com a cabeça.
— Tudo bem... Alguém sabe onde ele está? — perguntei,me
sentindo completamentehumilhada. Ela negou com a cabeça e
apertou os lábios.
— E como você está? Isso que importa,não é? — Jordana
perguntou.
— Vou ficar bem — resmunguei — como Chiara está?
— Arrasada,né — Jordana falou lamentosa — mas fazero
que?
— As pessoas colhem o que plantam. Eu achei bem feito,pra
ver se ela acorda — Marina falou, não se intimidando com o olhar
de Jordana — Edu concordae pensa como eu. A gente sabe como
o mundo é machista e como vão venerar ou vitimizar Ravi e
humilhá-la. Eu defenderiaChiara se a situação fosse outra,mas
olha tudo o que ela ajudou a causar. Ela mereceu. Teve apoio de
todos quando foi traída,quando terminou o noivado, não tinha
motivo para agir como uma desalmada. Ela colheu pouco pertodo
que plantou.
— Estou colhendo a plantação de alguém, então — eu falei e
ela fez uma careta.Para não ficarmosnesse clima ruim, trateide
mudar de assunto.Falamos sobreos preparativosdo casamentode
Jordana, a marcaram a data para dezembro.
[...]
E sabia que esse era o passo principal para fazer Denise voltar
.
Ninguém acreditavamais nisso, ela parecia resignada, mas eu não
iria desistir
.
— Estátudo bem? — ela perguntouao chegar mais pertoe eu
a olhei, balançando a cabeça positivamente.
— Está. E você, animada?
— Estou, ela está tão feliz e esperta— ela falou derretida,
agora era tudo sobre a nossa pequena — espero que Chiara não
venha.
— Ninguém a convidou — eu falei incomodado. Se não fosse
isso, eu e Chiara, eu duvidava que Denise tivesse terminado
comigo.
— Pensou na minha proposta?— eu perguntei,mas ela deu
um sorriso indignado.
— A respostacontinua sendo não. Não vou viajar com você,
Ravi. A boa relação que eu tento manter é por causa da nossa filha.
Ela ia se virando para sair
, mas questionei:
— Então não me ama mais? — ela parou ao ouvir e me
encarou séria, fez um barulho de descontentamentoe saiu da
cozinha.
Suspirei com força e bebi mais água.
Quando saí, ele não estava mais na sala. Respirei fundo, ele
precisava parar de se jogar em um sofrimentoque ele mesmo
causou. Deveria começara enfrentar tudocom mais clareza.Ele me
traiu.Não foiuma simples traição,não foiapenas traição,ele repetiu
o mesmo erroincontáveisvezes. Ele recaiu incontáveisvezes, me
enganou, tentoumentir. Mas para ele, eu tinha que voltar e aceitar
que ele continuassefazendo. Eu havia conversado com o médico
dele, apesarde tudo,ainda era o pai da minha filha,eu queria saber
como estava indo, precisava saber como ele estava indo, do
contrário não confiaria em deixá-lo sozinho com Olívia.
— Se você não vai voltarpra ele, continua aqui rodeando a
famíliadele por quê? — a voz de Chiara veio de uma maneira
invicta e eu franzi o cenho, me virando para ela.
— Já pensou em fazerterapia?— pergunteisarcásticae ela
chegou mais perto— porque você precisa.Sei que seu ex-noivo te
traiu,que te enganou, mentiu pra você. Eu também passei por isso.
Você — enfatizei— me fezpassarpor tudoque tefezsofrer , só que
pior. E nem por isso eu fico condenando e descontando em outra
pessoa. Eu sintopena de você, Chiara. Poderia tersido mais lúcida,
sei lá. Poderia terfeitomais por você mesma, do que se tornara
amantede Ravi, do que se tornarisso aíque você virou. Eu não sou
uma cega que não via todos os errosde Ravi, mas eu não vejo
vitórianas suas atitudes.Você só manipulava um cara doente, que
estava com hepatitealcoólica, com a vida comprometida.Ele não
conseguia parar e você achava que estava ganhando, aliás, ao
contráriodo seu noivo, Ravi largava tudopra beber com você — dei
um riso cansado e neguei com a cabeça — pra se destruirao seu
lado. Se ele não tivesse parado a tempo, se ele tivesse morrido,
qual seria a sua reação agora? A de que não sabia a gravidade da
doença dele? Ou vir aqui, onde voce não é bem vinda, pra tentar
invertera situação?Eu não sou culpada, Chiara. Você é. Você e ele.
A minha filha correuriscode vida por causa de vocês! Eu não tinha
complicação de saúde nenhuma, deveria terlevado uma gravidez
saudável, tranquilae por causa de vocês dois eu quase perdi a
minha filha! Enquanto vocês estavamse destruindo,enquanto voce
ajudava Ravi a se matar, eu estavaem uma cama de hospital,sem
poder nem falar direito. Ravi foi canalha, egoísta,inescrupuloso
comigo. Eu o perdoava, eu tentavasalvá-lo, eu queria, eu queria
muito que nosso amor tivesse sido de outramaneira, mas eu já
entendi que não deu certo.E eu já disse pra ele, que ele está
completamentelivre pra se destruirao seu lado. Não me importo
mais. Não estou rodeando a famíliadele, não estou forçandoa
minha presença aqui. Você está. Estou aqui comemorando a vida da
minha filha ao lado da famíl
ia dela e dos meus amigos. Você nem
devia estar aqui.
— Você acha que venceu porque vai passar a noite com ele?
— ela perguntou sarcástic a e eu deixei escapar uma risada,
desacreditadado que estava ouvindo. Foi como terfalado para as
paredes, completamente.
— Não vou passar a noite com ele — falei o óbvio, era bom
que ficasse claro para ela, que soubesse que eu não estava
competindoninguém — sabe quem você estáparecendo? Luísa.A
despreza tantoe está aí, ficando amarguradaigual a ela. O que te
tornouassim? As traiçõesdo seu ex? As provocaçõesdela? O fato
de seus pais terem te privado de um relacionamentoque você
queria, só por preferirem
Eduardo? Por priorizarema felicidadedele
a sua? Acha que me fazendo sofrervai mudar alguma coisa? A sua
vida é tãovazia assim? Ah, claro! Participarde uma orgia é o que te
faz feliz. Deixar que te gravem transandocom um cara que estava
completamentefora de si inflou seu ego. Ah, não — eu falei,
fingindo me lembrar— ligar pra um cara que dá sinais clarosde ser
um dependente alcoólico, que sempre precisa complementarisso
com drogas e saber que ele não resiste às suas propostas
indecentes te faz feliz? Você sentia que pelo menos alguém se
deixava manipular por voce, não é? Eu não sou uma iludida que
inocentou Ravi, Chiara. E nem condenei você. Quem criou uma
ilusão foi você, que ficou desesperada, se perdeu e achou que
descontar em mim te aliviava em alguma coisa. Eu não vou mais dar
espaço pra serprovocadapor você. Vai dizer o que? Que fuitraída?
Que fui enganada? Que dei inúmeras chances pra um homem que
não aproveitounenhuma delas? Eu sei disso. Não me arrependode
tentadosalvaro homem que eu amei, mas que fiqueclaropra você:
isso acabou aqui. Se você quer Ravi, não é me irritando,
importunandoque vai conseguir. Eu não sou seu saco de pancadas,
não sou sua inimiga, eu só tenho pena de você. E sinceramente?
Espero que você se reencontree não desperdice sua vida, não
chegue ao fundo do poço, porque Ravi chegou e só ele sabe como
tem sido difícil lutar pra sair de lá.
[...]
Olívia acordou pouco durante a noite. Pela manhã, quando
despertei,Ravi não estavamais na cama. Levantei apressadapara
o banheiro, apertadapara fazerxixi. Mas ele estava lá, dentrodo
Box, de olhos fechadose esfregavao membro ereto.Eu me senti
comprimir inteira por dentro, mordi a bochecha por dentro, me
segurando para não fazer barulho. Ele afastoumais as pernas,
aumentando o ritmoe deu um gemido áspero, investindoum pouco
contraa própriamão. O abdome contraiuum pouco e ele mordeu o
lábio inferior
. O observava inteiro,tão dividida entremágoa e tesão.
Ele gemeu aliviado e no segundo seguinte o membro começou a
esguichar intensamente, enquanto ele se deliciava do orgasmo.
Ele deu risada para o celular e pegou meu olhar curioso nele.
— Pedro vai levar a namorada pra jantarcom nossos pais hoje
— ele contou — acho que mamãe vai fazer um show .
— Quatorzeanos de diferença,né — eu lembrei — mas acho
que isso não muda nada, também. Ela já é maior de idade, parece
ser legal...
— Isso me deixa aliviado — ele falou e eu franzi o cenho
confusa. Mas nos encaramos e eu fiz uma careta desgostosa.
— Você é muito louco de maldar seu irmão e eu. Foi a única
pessoa que realmenteficou ao meu lado quando precisei — falei
ácida e ele ficouquieto— ele é meu amigo, padrinho da nossa filha,
seu irmão — enfatizeiainda mais o final. Ravi não falou nada,
deveria terse arrependidode tertocadono assunto,entãocontinuei
— as pessoas só desconfiam dos outrosquando são capazes de
fazerigual. Eu nunca maliciei você e a minha tia, por exemplo. E
vocês têm a mesma idade.
— Me desculpa, Denise — ele falou um tempo depois.
— É melhor você ir — falei e ele balançou a cabeça.
— Posso vir vê-la amanhã?
— Pode vir quando quiser— faleimais tranquilae ele assentiu,
se levantando. Ele foi para o quartose trocar, mas não se deu o
trabalho de levar suas coisas.
— Quer ir ao jantarhoje? — ele perguntouao voltardo quarto
— eles vão gostar de te ver e ver a Olívia.
— Tudo bem.
[...]
Esperei alguns minutos, mas logo falei que não queria chegar
muito tarde em casa.
— Aliás, se Silvia estiveracordada, quero passarpara pegar a
Olívia — falei, já me levantando — não vou suportara noite inteira
longe dela.
— Jordana era igual — Edu falou e eu dei um sorrisoapertado.
— Vamos marcaralguma coisa qualquer dia... Vocês andam
tão sumidinhos — Jordana falou, se levantando para me abraçar
.
— Quero vocês em meu aniversário — Fred falou, se
levantando para se despedir de nós. Abracei Marina também, antes
de irmos. Ela me lançou um olhar significativo,mas apertei os
lábios, queria que ela entendesse como eu estava confusa e
preocupada.
— Se quiser conversardepois... Prometo que não vou ser
brava — ela falou e eu balancei a cabeça.
— Obrigada.
— Parecepreocupada...— ela falou,colocando uma mecha do
meu cabelo para trás da orelha.
— E estou— falei, olhando Ravi rapidamente— mas vou ficar
bem.
— Se cuidem — ela falou para mim e ele.
Quando notei que ele não tinha intenção de vestir mais nada, ia
vir para a cama também, questionei:
— Não vai se vestir?— perguntei indignada. Ele olhou para si
mesmo, parecendo confuso.
— Estou vestido — ele falou o óbvio — você sabe que eu gosto
de dormir pelado.
— Não, Ravi — eu falei brava, mas ele não se incomodou,
apagou as luzes e veio deitar
. Estávamossob o mesmo cobertor ,o
ar gelava o quarto,mas me mantivelonge. Ficamos em silêncio, até
ele quebrar:
— Obrigado, vida — ele falou e eu fiquei confusa— por terme
notado... Segurado a barra comigo. Não foi fácil... Imaginei que seria
mais fácil— a voz embargou um pouco, mas ele conseguiu segurar .
— Eu vou apoiar você, Ravi. Quero que você saia dessa, não
precisamos estar juntos pra que eu queira o seu bem.
— Eu não sei como seria se eu não tivesse você... Me
entendendo, apesar de tudo.
— Você é o pai da minha filha — falei, como se só isso
bastasse— quero que seja exemplo pra ela. E torçopra que seja.
De mudança, superação.
— Ter você acreditandoque vou conseguir, me deixa mais
forte.De verdade. Não estou falando por falar
, não quero te
enganar, nem comover, mas porque quero que saiba que você é
tudo pra mim. De tudo que eu vivi na vida, terme apaixonado por
voce foi o que me salvou e eu sou muito gratopor voce não terme
virado as costas, mesmo quando eu mereci que fizesseisso — ele
falava baixinho, a voz quase rouca embargando. Minha respiração
ficou descompassada, tudo se comprimindo por dentro. Fiquei
quieta, deveria tersido forte,terido pra casa. Não era justoque eu
precisassesegurara barracom ele, depois de tudoque me fez.Não
era justo que eu o amasse tanto, depois de tudo que passamos. Eu
iria fazer o que? Bancar a tola que acredita na mudança?
Ela nos olhou curiosa,mas não disse nada além de bom dia e
foi até o carrinho da Olívia, para falar com ela.
Pela tarde, saí para dar uma volta com Marina, que
milagrosamente estava ociosa hoje. Na orla da praia, algumas
pessoas pediam para tirarfotocom ela, era até bizarro como a
pessoa fica conhecida de uma hora para outra.
Voltamos para o apartame nto dela e de Fred, Olie ainda
dormia, mas quando acordou, Bruninho pediu para pegá-la.
— Eu e meu pai queríamosmuito um bebê — ele comentou e
Marina fezuma caretasarcástica,foiuma nada indiretae eu segurei
o sorriso — mas Mari não quer .
— Denise está sem dormir desde que ela nasceu — minha
amiga disparou, como se isso fosseo motivo para não se terfilhos.
O garoto deu um riso e ficou olhando para minha filha, tão
pequenininha em seus braços.
— Ela se parece muito com você — ele falou para mim — tem
algo que lembra tio Ravi... Mas parece mais você.
— Todos ficamimpressionados — Mari comentou— Helena foi
uma xérox de Eduardo...
— Eu amo que ela se pareça comigo — eu falei convencida.
Como ele tinha aula particularde matemática,quando a professora
chegou, os dois foram para o escritório de Fred.
— Não quer mesmo um bebê? — perguntei para Marina,
consertando a minha filha nos meus braços e acariciei seu cabelo.
— Por agora não. E nem sei quando — ela falouincerta— não
veto completamentea possibilidade, mas Fred sabe que não estou
pronta.
— Se surgiruma vontade,já sabe que seráincrivelmentebem-
vindo.
— Exatamente — ela deu um sorrisofraco— e você e Ravi?
Voltaram mesmo, né?
— Não sei — falei sufocada — eu ainda o amo... Mas não
posso me apegar às chances de ele mudar. Mas ao mesmo tempo,
é como se eu precisasse ficar ao lado dele, sabe? Ajudá-lo...
— Ajudá-lo pra quando ele se livrardo víciote traircom outra?
— ela disparou, mas fez uma careta,como se se arrependesse—
me desculpa, amiga... Sério, eu sei que sou muito dura as vezes,
mas eu já comenteicom Fred, você seria a mulher perfeitapra ele.
Ravi não merece as chances que você dá pra ele.
— Eu sou muito tola por apoiá-lo? — fiz uma careta— queria
saberse ele vai controlaro vício,como vai se comportar ... Acha que
vai continuar um traidor? — doía externar essas dúvidas.
— Ninguém pode prever ... É difícildizer que um homem que
feztudoo que ele fezvai mudar. Isso acontecenos contosde fadas,
o mocinho se regenerae faz tudo pra consertar . Mas Ravi é um
alcoólatra, talvez a raiz do problema esteja sendo tratada.
— Estoutão confusa.Ele ficou angustiadoquando viemos pra
cá, achou que teria sido mais fácil.
— Se você não estivessecom ele, certezaque teriabebido. E
sabe-se lá como teria terminado a noite — ela falou e nos
encaramospor um momento, como se ela entendesseo meu ponto
— mas você não tem que seguraressa barracom ele. Você já fez
muito.
— Eu o amo — falei mais baixo, sufocada.
— É muito arriscadoo que você está fazendo. Cedendo todo
seu cuidado, paciência, amor e esperança sem poder tera certeza
de que quando tudoisso acabar, ele vai mudar e teamar como você
merece. Mas eu te conheço e sei que você vai pagar pra ver.
— Me sinto com tantomedo... Mas ao mesmo tempo não
consigo mais lidar com a possibilidade de deixá-lo. Não agora.
— Tudo bem, amiga. Você está dando o seu melhor, restaa
genteacreditarque ele vai fazer o mesmo. Edu mudou por Jordana,
não foi? Eu também mudei por Fred — ela tentouremediare eu dei
um sorriso triste.
[...]
C 41
Denise Malta
[...]
[...]
“tá todo mundo dormindo, não sei por qual milagre não
desligaram o wifi kkkk” — revirei os olhos e ele continuou
provocando, logo enviou um vídeo, me matando porque ele não
estariaaqui para aliviar minha vontade. O que beirava a loucura,
passamos a noite juntos.
[...]
[...]
Voltei para casa dos pais de Ravi, para buscar Olívia. Estava
leve, confiantee relaxada. Em momentos assim, eu validava a
minha decisão de ficarao lado dele. Posso tersido teimosa,talvez
eu quebre a cara, teriasido mais corajosoe frioda minha parteter
apenas seguido em frente, mas eu me sentia segura para tentar
.
Estavadistraíd
o com o álbum da Olívia, revendo as fotosmais
uma vez, quando fui pego de surpresapor Chiara. Era dia de visita,
Denise deveria estarpara chegar, dessa vez, junto com mamãe e
nossa filha.
[...]
Não contei nada para Denise, não achava justo que ela
soubesse por telefone,distantesem poder me ver e tercertezaque
eu estou bem. A conhecia o bastantepara saber como ela ficaria
chateada e cheia de preocupação. Mal havia me recuperadoda
hepatite alcoólica, não queria preocupar mais ninguém.
Ravi foi ver seu pai, contarque estavade volta. Mas Vincenzo
e ele nunca foram melhores amigos.
Eu já quis desistir
, mas ainda bem que resolvificare lutarjunto
com ele, por ele.
[...]
C 45
Denise Malta
FIM!
E
RaviFerrari
FIM!
Uma históriamemorável de paixão se recusaa ficarapenas na
memória. O destino assumiu o controleou ela apenas entregou
todas as suas decisões? Sem planos, Chiara deixou que os
acontecimentos decidissem por si só.
Tem que serbom, temque dar certo.Camuflare enterrar
o seu
passado era a missão principal.
Ela não era mais a mesma mulher despreocupada. A vida
mudou. Ela mudou. Ele mudou. Nada seria como antes.
Tinhaque ser bom, tinhade dar certo, mas o que ela não sabe,
é que não acreditarem destino e pessoas predestinadasa ficarem
juntas, não a desviaria do que era para ser seu.
Talvez eles não fossemcertosum para o outro,mas por quanto
tempo os corpos suportariam a decisão?
Amor pode ser imprevisível, não?
O
Eu sou seu
Você passaria o resto da sua vida com o seu primeiro amor?
ocêV
seria capaz de perdoar todos os erros para tentarem de novo?
Mudanças – V
ol 1
Anna e Bruno se esbarraram por uma coincidência, não imaginando
que a breve história de amor que viveram mudaria as suas vidas
para sempre.
Mudanças – V ol 2
Após perder um grande amor da adolescência, Bruno encontrou um
jeito meio torto de seguir a vida. Depois de três anos seguindo em
frente, uma nova namorada e um estilo inconsequente de viver, ele
recebe a notícia de que Anna está voltando.
Ele só não contava que ela não estava voltando sozinha. E nem que
isso mudaria a sua vida para sempre.
Viradas de Jogo
Danilo e Duda estavam com a vida em ordem até tudo conspirar
contra e os incitar a nadar contra a maré. Ela tinha uma visão
frustrada do amor, ele não queria amar ninguém, mas de repente,
estava apaixonado pela namoradinha do melhor amigo. Sob o mais
difícil disfarce, eles embarcam numa história intensa a fim de
descobrir se vale a pena lutar por esse amor
. Mas esconder pra
que? Uma hora o que se sente é descoberto.
Virada de jogo – o
Vl 2
Duda e Danilo descobriram juntos que cumplicidade e confiança são
coisas impagáveis, que dividir a vida um com o outro não era fácil,
mas os deixava cara a cara com a f-e-l-i-c-i-d-a-d-e. O difícil mesmo
vai ser lidar com as reviravoltas, porque é como se o passado
retornasse, trazendo uma pessoa diferente, para revirar o que
parecia estar perfeito.
No Limite da Razão
"Henrique e Drica caíram numa dessas pegadinhas da vida. Havia
amor, mas tudo conspirava contra. Será que eles conseguem driblar
todos os obstáculos para viver esse amor?"
Golpe do Destino
Existem coisas maravilhosas na vida, mas nada é melhor do que
dormir de consciência limpa. É assim que Anna se sente após se
considerar sabotada pelos amigos e ex-namorado. Com o coração
fechado para novas descobertas, se recusa a ceder para alguém
que tanto mexe com ela, não quer saber de rimas ou metáforas, não
quer saber de amar ninguém. Nunca mais, se possível.
Ben, o divorciado
Bento se viu no impasse da terceira separação e pensou que
apenas superar os seus erros para tentar de novo fosse a escolha
certa. Mas a vida lhe reserva surpresas. Quando ele conhece a
menina do passado agitado, não imagina que ela esconde tantos
segredos e a cada nova descoberta, ele percebe que a história dela
esconde bem mais do que ele pensava.
Jorge Maravilha
Cecília passou sete anos dividindo a vida com um cara que ao
terminar com ela, a fez concluir que ele não era mesmo o que ela
queria para o futuro. Em contrapartida, o neto do bilionário Arnaldo
Dellare cai de paraquedas em seu caminho. Ele é irmão mais velho
da sua melhor amiga e fez parte da sua grande paixão platônica da
adolescência. Dela e de todas as garotas de sua cidade.
Jorge não quer deixar a vida que escolheu viver para seguir os
passos de seu avô e não imagina que as confusões em que vem se
metendo constantemente são completamente premeditadas. Ele luta
com a razão e emoção, mas seu grande vício por mulher sempre o
leva para o mau caminho. Quando ele decide brincar com Ceci para
provocar o ex-namorado dela, a quem ele detesta gratuitamente,
não imagina que perderia o controle das suas decisões.
Dividida em dois
Murilo Pacheco sempre foi o típico cara charmoso-sedutor
,
acostumado a chamar atenção por onde passa. Quem vê o charme
e a polidez do homem, não imagina as batalhas que ele enfrenta
para se libertar de um relacionamento cheio de perdas e fracassos.
Ellen não aceita o divórcio e joga todas as cartas que tem na mão
para não perder o marido.
Felipe Sodré não é mais o demônio mirim que Iasmin odiava tanto,
mas ela não está nem um pouco interessada e descobrir
.
Por trás do charme, beleza e ousadia, tudo o que ele queria era
recomeçar a vida com leveza. Mas vai cair nas garras (e na cama)
de uma mulher que cresceu acostumada a dar a palavra final em
tudo. Se não for do jeito dela, não vai ser de jeito nenhum. Iasmin
tem seus traumas, mas não quer ninguém se lamentando por ela. A
máscara de quem quer mandar em absolutamente tudo, esconde
muito bem a garota desamparada que ela ainda é.
Talvez seja mesmo um desafio conviver com uma pessoa tão igual e
tão diferente ao mesmo tempo. Não tem essa de “se for pra dar
certo, até os ventos sopram a favor”, só dá certo quando os dois
lados enfrentam as dificuldades e tentam o impossível.
Inesquecível T
entação
Ela pagou o preço. Eles estão fora dos limites. Ele trava uma luta
contra seus próprios vícios e isso deveria fazê-la desistir
, mas sente
que cabe a ela protegê-lo e salvá-lo.
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