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TEXTO 01- Climatologia

Professor: Rosalve Lucas Marcelino

Historia da climatologia

Desde sempre o ser humano tenta compreender o ambiente em vive pelo fato de que este
condiciona seu modo de vida. Tal tentativa fez com que no decorrer dos séculos obras atribuídas
às forças e entidades sobrenaturais se tornassem uma ciência. Este foi o ocorrido com a
Climatologia, pois de inicio eventos atmosféricos como raios, trovões, chuvas, secas, ventos e etc.
eram consideradas obras divinas que podiam acontecer como benção ou maldição, tanto é que em
algumas culturas eram praticados rituais com oferendas que podiam variar desde frutas e culturas
acreditavam que se estas forças e entidades sobrenaturais estivessem satisfeitas com as
oferendas mandariam chuvas brandas ao invés de tempestades e secas.

Assim foi durante vários séculos ate que na Idade Antiga alguns filósofos gregos começaram a
observar o tempo de uma forma mais reflexiva a fim de entender o como e o porquê de tais
eventos do tempo. As observações feitas pelos filósofos gregos só eram possíveis por que eles
viajavam pelo Mediterrâneo e nestas viagens eles podiam ver as variações na atmosfera de um
lugar para outro. Dentre estes filósofos estavam Hipocrates que escreveu Ares, Águas e Lugares,
e Aristóteles que escreveu Meteorológica. As obras destes e de outros filósofos foram de tamanha
importância já que muitas dessas idéias se tornaram bases para o conhecimento da atmosfera na
atualidade.

Uma notável queda na produção intelectual ocorreu quando o Império Romano fortaleceu seu
poder sobre o mundo grego, isto porque o império romano tinha seu foco volto na expansão
territorial e não para o conhecimento da natureza. Quando a religião cristã avançou sobre a Europa
e se tornou instituição religiosa oficial, houve uma grande queda no conhecimento da atmosfera,
pois após este acontecimento o conhecimento científico passou a ser contestado pela igreja, desse
modo a ciência ficou paralisada durante todo o período do obscurantismo religioso da Idade Media
(aproximadamente mil anos).

Esta fase de paralisia se deu até o Renascimento, período no qual Galileu Galilei inventou o
termômetro em 1593 e Torricelli inventou o barômetro em 1643. A partir desse período, avanços no
conhecimento científico se tornaram muito mais freqüentes por que o capitalismo passou a exercer
influencia sobre a produção científica uma vez que esta era de suma importância para sua
expansão. E pelo fato de que muitos produtos comercializáveis tinham sua origem no campo o
conhecimento a respeito do clima era muito importante para que se pudesse ter a maior
produtividade possível.

Ate mesmo as duas guerras mundiais do século XX tiveram auxílio do conhecimento da atmosfera
visto que a preparação dos ataques só era possível a partir da monitoração das condições
atmosféricas das regiões a serem atacadas. Depois que os períodos de guerra terminaram, foram
criados inúmeros aparelhos mais precisos em termos de análise da atmosfera devido ao avanço
técnico-científico oriundo dos investimentos das grandes nações que estiveram em guerra a fim de
se prevenir de futuros ataques. Os investimentos mais consideráveis foram satélites
meteorológicos que começaram a serem lançamentos na década de 60. Tal fato permitiu que se
estudasse a atmosfera de uma forma muito mais detalhada e em escala global.

Em 1950 foi fundada a Organização Meteorológica Mundial (OMM) que dava continuação a
Organização Meteorológica Internacional (OMI), fundada no século anterior. A OMM é reconhecida
desde 1951 como um órgão das Nações Unidas cujos principais propósitos são o desenvolvimento
de pesquisas científicas e a observação ininterrupta da atmosfera, tais ações são possíveis devido
a uma rede mundial de informação meteorológica formada pelas varias estações meteorológicas
espalhadas pelo mundo.
A internet proporcionou o acesso aos dados destas pesquisas e observações meteorológicas de
forma mais simples e com isso houve um processo de popularização da climatologia, pois é de
grande necessidade ter conhecimento sobre as características da atmosférica no decorrer dos
anos a fim de se ter melhores condições para se planejar as ações das sociedades humanas sobre
o meio ambiente, mas também para auxiliar novas pesquisas que dependem do conhecimento a
respeito do clima.

A Climatologia e a Meteorologia permaneceram juntas por um longo período como único ramo do
conhecimento da atmosfera que teve inicio por volta do século VI a.C ate o século XVIII d.C. Entre
os séculos XVIII e XIX, houve uma sistematização desse conhecimento tudo graças às idéias
positivistas, o que teve um efeito de fragmentação do conhecimento gerando ramos específicos.
Com isso o ramo da Meteorologia ficou pertencendo ao campo das ciências naturais e exatas cujo
principal objetivo era estudar os eventos isolados da atmosfera e o tempo atmosférico, ou seja, as
características físicas e químicas da atmosfera e com os dados obtidos poder prever quais serão
os próximos eventos atmosféricos.

E após a Meteorologia ser sistematizada surgiu a Climatologia, cujo principal objetivo era estudar a
atmosfera e suas características juntamente com sua interação com a superfície terrestre no
decorrer do tempo. Tendo como uma de suas principais características da Climatologia é que ela
está no ponto de encontro entre a Geografia e a Meteorologia. A Meteorologia contribuiu com os
estudos da Climatologia a partir do fornecimento de dados cada vez mais precisos das dinâmicas
atmosféricas em varias escalas e desse modo facilitando o estudo do clima e a Geografia
contribuiu com o estudo das diversas relações entre o homem e a natureza e suas representações
no espaço.

Desde seu surgimento foram cunhadas varias teorias a fim de esclarecer o conceito de clima.
Como o de Julius Hann do final do século XIX que desenvolveu um conceito de clima, no qual era
dito que “o clima é o conjunto de fenômenos meteorológicos que caracterizam a condição média
da atmosfera sobre cada lugar da Terra”. Enquanto Max Sorre idealizou o clima como “a série dos
estados atmosféricos acima de um lugar em sua sucessão habitual”. Já na década de 1980 J.O.
Ayoade desenvolveu um conceito de clima que ate atualmente é a definição mais aceita do
conceito clima, e diz que o clima “é a síntese do tempo num determinado lugar durante um período
de 30-35 anos”.

Além das teorias a fim de esclarecer o conceito clima teve se também varias teorias a respeito da
classificação dos diferentes tipos de climas através de Sistemas de Classificações Climáticas
(SCC). Tais SCC são de grande importância já que seu objetivo é analisar e definir os climas das
diferentes regiões do mundo considerando os vários elementos e fatores do clima. E desse modo
proporcionando uma melhoria dos estudos para os mais diversos propósitos.

Um dos métodos de classificação mais extensivo é o de Köppen (KÖPPEN e GEIGER, 1928), no


qual parte da idéia de que a vegetação natural é a melhor forma de representar o clima de uma
região, Köppen desenvolveu um método que atualmente ainda é utilizado, na geografia, biologia e
ecologia em sua forma original ou com algumas alterações. A mais significativa adaptação no
método de Köppen foi a proposta por TREWARTHA (1954) na qual ele tentou determinar vários
tipos de climas para os Estados Unidos e, de uma forma mais geral ele fez com que o sistema de
Köppen (CARTER e MATHER, 1966) se tornasse mais simplificado e se adaptasse com mais
facilidade a sistemas informatizados. Aqui no Brasil, SETZER (1966) fez com que o método de
TREWARTHA (1954) se tornasse mais simples. A modificação mais recentemente no método de
Köppen foi feita com sucesso para a Austrália (STERN ET AL, 2005), o que mostrou que o sistema
foi consistente e pode ser utilizado em trabalhos científicos sobre as mudanças climáticas caso
haja divergência entre os dados meteorológicos obtidos e os dados de medias históricas.

O outro SCC muito usado é o de Thornthwaite (THORNTHWAITE, 1948), neste metodo de


classificaçao a vegetação não é vista mais como um instrumento de integração entre a atmosfera e
a superfície do Planeta, mas sim, como simplesmente um meio físico pelo qual é possível
transportar água do solo para a atmosfera. Dessa forma, um tipo de clima é definido como seco ou
úmido relacionado às necessidades hídricas das plantas, ou seja, dependente de um balanço
hídrico. Assim, este SCC é considerado um método mais refinado que o de Köppen para
aplicações agrícolas (TREWARTHA, 1954). O mesmo autor, entretanto, critica que a
evapotranspiração potencial utilizada no SCC é estimada em geral somente pela temperatura
devido à falta de disponibilidade de medidas dos outros elementos meteorológicos. Dessa forma,
isso faz com que o SCC de Thornthwaite não traga melhorias na definição dos climas em
comparação à de Köppen, sendo ainda, um sistema muito mais complexo e de difícil
entendimento. BALLING (1984), entretanto, verificou que o sistema de Thornthwaite trouxe uma
sensibilidade muito maior na definição dos climas nos Estados Unidos e que a quantidade de
elementos meteorológicos e de estações meteorológicas levados em consideração, define o grau
de abrangência e de sensibilidade dos SCC.

Sendo assim, este autor propõe a utilização de classificações baseadas em análise de cluster
(TYRON, 1939) em que é possível a determinação numérica da similaridade entre os climas,
considerando mais elementos meteorológicos ao mesmo tempo. No Estado de São Paulo, devido
ao seu relevo acidentado, posição geográfica e diferentes influências de massas de ar, constata-se
grande diversidade climática, sendo complexo seu estudo. Segundo PINTO E ALFONSI (1972), o
próprio tipo e desenvolvimento da agricultura paulista são reflexos desta complexidade,
acarretando diferenças significativas em potenciais de produtividades agrícolas. SETZER (1966)
realizou o último mapeamento dos tipos de clima para o Estado de São Paulo usando o SCC de
Köppen

A Climatologia Brasileira O Brasil está situado na área que mais recebe radiação do planeta, a
zona intertropical que se localiza entre os trópicos. Portanto, podemos dizer que o Brasil é um país
tropical, graças a sua localização.

A zona intertropical começou a ser estudada tardiamente, pois a parte tropical do Planeta somente
veio a ser anexada ao processo produtivo mundial muito recentemente. Os primeiros estudos de
Climatologia tropical foram elaborados acerca do regime de monções na Ásia e no clima do norte
da África, por estudiosos ingleses e franceses, no momento em que os países europeus
consolidavam sua dominação colonial-neocolonial sobre essas novas áreas, novos mercados. Por
muito tempo, a observação meteorológica e climática da atmosfera tropical foi cercada por
equívocos e imprecisões, o que levou a um descrédito generalizado. Além disso, os estudiosos
estavam acostumados com outras condições atmosféricas – a zona temperada – e por isso a
atmosfera da zona intertropical era desafiadora para eles. As teorias usadas para explicar o
dinamismo do clima brasileiro são baseadas naquelas produzidas pela análise e observação na
zona temperada, fazendo com que muitas vezes, os trabalhos de climatólogos deixem a desejar e
fazendo com que suas previsões não se efetivem. O Brasil é um dos poucos países tropicais a
possuir grande quantidade de documentos sobre a caracterização e configuração atmosférica e
climática. Os primeiros trabalhos contribuíram muito para a sistematização dos dados
meteorológicos. A instalação das primeiras estações meteorológicas no país data-se do século
XIX, e se concentravam na Região Centro-Sul do País.

A criação do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), impulsionou a climatologia


brasileira na década de 1940 e com maior participação de geógrafos das universidades de São
Paulo e do Rio de Janeiro. Já na década de 50, os estudos sobre o clima se deslocam para as
Regiões Nordeste e Centro-Oeste do País. Carlos Augusto de Figueiredo Monteiro criou o conceito
de análise rítmica em Climatologia. A enorme quantidade de estudos elaborados sob sua
orientação e as suas proposições teórico-metodológicas acabou por criar a “escola de climatologia
urbana brasileira” (Francisco Mendonça, 1995) e a “escola de climatologia dinâmica brasileira”
(João Afonso Zavatini, 1996). A partir da década de 1960, a Climatologia brasileira passou a
registrar a produção de trabalhos de cunho regional e local. Passa-se a observar a profusão de
estudos enfocando a interação do clima (natureza) com as atividades humanas (sociedade), em
um jogo mútuo de influências. “A evolução do sistema produtivo, a intensificação da urbanização e
a eclosão da questão ambiental tornaram evidentes os problemas sociais derivados da degradação
da qualidade de vida e do ambiente. Esse contexto, trazido à pauta de preocupações pelos
movimentos socioambientais dos anos de 1960 e 1970, exigiu dos climatólogos uma maior
participação no equacionamento da problemática, fazendo com que o clima passasse a ser
abordado de um ponto de vista mais holístico, ou seja, o ambiente climático.” (pg. 19). A evolução
da tecnologia promoveu o avanço da climatologia no Brasil, com aparelhos mais sofisticados e
mais precisos. A climatologia brasileira conta com inúmeros documentos, porém, ainda está
bastante longe de permitir um conhecimento detalhado do clima do País. A climatologia brasileira
ainda tem muitos desafios a serem enfrentados, tanto no que se refere ao detalhamento da
dinâmica atmosférica quanto à diversidade climática do País.

Análise rítmica em Climatologia A análise rítmica é um método de análise diária dos elementos do
clima de um determinado local. Esse método foi criado pelo geógrafo brasileiro Carlos Augusto de
Figueiredo Monteiro e consiste em analisar diariamente variáveis meteorológicas, como os
montantes de precipitação, umidade relativa do ar, temperaturas máximas, médias e mínimas e os
sistemas atmosféricos atuantes. A partir da obtenção e filtragem dos dados, constrói-se um gráfico
com escala diária, onde barras representam os montantes precipitados e linhas as temperaturas
mínimas e máxima. Acima desse gráfico há uma linha representando a umidade em percentagem
e abaixo uma barra colorida que indica os sistemas atmosféricos atuantes em cada período
analisado.

Essa análise é muito útil para os estudos de climatologia geográfica, pois através da comparação
entre diferentes períodos é possível identificar-se as anomalias climáticas, através da definição de
qual situação pode ser considerada a habitual para a área estudada.

Escalas de estudo em Climatologia

A escala de estudo de qualquer objeto, delimita sua dimensão. A definição de escala do clima
impõe-se a todo estudo ligado a esse ramo do conhecimento, uma vez que ele se manifesta em
todos os lugares do Planeta. A delimitação da área (tridimensional) de estudo constitui um dos
primeiros passos do trabalho em Climatologia. A escala climática diz respeito à dimensão, ou
ordem de grandeza, espacial (extensão) e temporal (duração), segundo a qual os fenômenos
climáticos são estudados. Há mecanismos atmosféricos que determinam os climas de toda uma
zona planetária, como é o caso da intensa radiação solar (insolação) nas baixas latitudes da zona
intertropical. O clima pode ser estudado por meio de duas dimensões: espacial e temporal, ambas
sendo empregadas, de modo geral, nos mais variados estudos. As escalas espaciais ganham
maior destaque na abordagem geográfica do clima, sendo as mais conhecidas: macroclimática,
mesoclimática e microclimática; as escalas temporais mais utilizadas são: geológica, histórica e
contemporânea.

O microclima está inserido no mesoclima, que, por sua vez, está inserido no macroclima; este
somente existe com base mas grandezas inferiores. A escala contemporânea está sobreposta na
histórica, que está sobreposta na geológica e viceversa.

Escalas espaciais do clima Macroclima, ou clima regional, que corresponde ao clima médio
ocorrente num território relativamente vasto, exigindo, para sua caracterização, dados de um
conjunto de postos meteorológicos; em zonas com relevo acentuado os dados macroclimáticos
possuem um valor apenas relativo, especialmente sob o aspecto agrícola. Inversamente, um
mesmo macroclima poderá englobar áreas de planície muito extensas.

Mesoclima: unidade intermediaria entre a grandeza superior e inferior do clima.

Florestas, extensos desertos ou pradarias etc. são exemplos dessa subunidade. A extensão do
mesoclima é bastante variável, sendo mais definidas as subunidades clima local e topoclima, que
se enquadram de km² a dezenas de km², enquanto clima regional se situa em dimensões
superiores a esta. Microclima: é a menor e mais imprecisa unidade escalar climática, sua extensão
pode ir de alguns cm a até algumas dezenas de m². Os fatores que definem essa unidade dizem
respeito ao movimento turbulento do ar na superfície (circulação terciaria), a determinados
obstáculos à circulação do ar, a detalhes de uso e da ocupação do solo, entre outros. Construções
(uma sala de aula, um apartamento), o clima da rua, a beira de um lago, etc.

Escalas temporais do clima

Escala geológica: neste tipo de escala se estudam os fenômenos climáticos que ocorreram no
Planeta desde a sua formação. São desenvolvidos os estudos ligados à Paleoclimatologia, ou seja,
estudos dos climas do passado. Essa escala permite a identificação dos ambientes terrestre
anteriores ao aparecimento do homem, e é dentro dessa escala que se identifica a variação do
clima em centenas de milhões de anos atrás. Escala histórica: estuda o clima do passado, porém
somente do período da história registrada pelo homem. Viagens, descrições, desenhos nas
cavernas, auxiliam no estudo do clima em escala histórica. Escala contemporânea: escala em que
a maioria dos climatólogos trabalha atualmente. Estações meteorológicas contribuem com seus
dados para o estudo em escala contemporânea. Só os países contam com dados precisos, de
longo tempo e confiáveis, pois no Brasil a chegada dessas estações só ocorreu em 1950.

As escalas geológicas e históricas são importantes no estudo do clima, elas são complementares,
porém é um dos fatores mais relevantes para o bom desenvolvimento dos trabalhos.

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